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DESCRIÇÃO Estudo com enfoque nos fundamentos do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT), com informações sobre padronização das atividades que integram esse serviço, gerenciamento de risco, segurança do paciente adulto e idoso e legislação aplicada à área. PROPÓSITO Proporcionar ao estudante conhecimento adequado para uma boa atuação profissional, tendo como base os fundamentos do Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT). O acesso às informações contribuirá para a realização de atendimentos seguros e livres de riscos nas unidades de saúde. PREPARAÇÃO Ao iniciar o estudo, tenha em mãos um dicionário de termos médicos para a compreensão do que é usado especificamente na área da saúde. OBJETIVOS MÓDULO 1 Identificar a importância da estratégia SADT e da padronização das atividades MÓDULO 2 Reconhecer as premissas do gerenciamento de risco e segurança do paciente adulto e idoso MÓDULO 3 Reconhecer a legislação aplicada ao SADT INTRODUÇÃO O Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (SADT) faz parte da assistência prestada em nível secundário no Brasil, mas é responsável por inúmeros atendimentos diários em todo o país. Os atendimentos são realizados com o auxílio de máquinas que, na maioria das vezes, são automatizadas e capazes de gerar vários diagnósticos ao mesmo tempo, diminuindo custos com recurso pessoal (em escala de trabalho), além de ofertar mecanismos de apoio e suporte de vida para os pacientes. Por esse motivo, desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso ao serviço de saúde tem sido constantemente alterado pelos gestores, em todas as esferas governamentais, após realizarem análises periódicas para identificar os problemas que afetam diretamente o funcionamento das unidades de saúde. Em virtude dessa situação, a elaboração de instrumentos para avaliação e mensuração se faz necessária para auxiliar os gestores na criação do planejamento estratégico, priorizando o atendimento ao paciente com base nos princípios do SUS: integralidade, equidade e universalidade. javascript:void(0) SERVIÇO DE SAÚDE De acordo com a ANVISA, são estabelecimentos destinados a promover a saúde do indivíduo, protegê-lo de doenças e agravos, prevenir e limitar os danos a ele causados e reabilitá-lo quando sua capacidade física, psíquica ou social for afetada, inclusive o SADT. MÓDULO 1 Identificar a importância da estratégia SADT e da padronização das atividades ESTRATÉGIA A palavra estratégia ((stratēgia)) , de origem grega, era utilizada para designar o militar no ato de liderar e comandar uma tropa. Há 2500 anos, o general, filósofo e estrategista chinês Sun Tzu (544-496 a.C.) foi o primeiro, que se tem notícia na história, a falar sobre assuntos estratégicos. Como autor do manuscrito A Arte da Guerra , um tratado no qual abordava como se preparar, de forma enfática, para a guerra, ele descreveu como elaborar as estratégias militares, dizendo que era necessário primeiro conhecer o inimigo e seu modo de ataque para depois elaborar a estratégia a ser utilizada no campo de batalha. De acordo com Tzu, a ordem e a desordem na organização, bem como a força e a fraqueza, dependem da disposição e das circunstâncias encontradas. Organizar ações, portanto, requer conhecer conceitos que sejam aplicáveis na elaboração de planos e estratégias. Muitos têm buscado o conceito que melhor define o que é estratégia. Alguns autores afirmam que depende do contexto em que a ação será empregada, podendo então ter significado político, tático, objetivo, entre outros. Em virtude da amplitude de significados e significância, o termo estratégia tem sido utilizado de forma indiscriminada nos meios administrativos e acadêmicos. Assim como os militares necessitam identificar fatores que favorecem o ataque, também é preciso que haja mudança de postura e organização tática para que o sucesso seja iminente. De igual modo, o gestor de saúde também necessita conhecer a problemática que interfere no bom funcionamento do serviço e, assim, planejar as ações para corrigir a situação. Desse modo, a estratégia precisa ser planejada após a realização de estudos exaustivos da situação e levantamento das necessidades encontradas. Portanto, a estratégia pode ser conceituada como uma “mudança de ação”. É dessa atitude que surgem: Planejamento Objetivos a serem alcançados Metas Missão Posicionamento Podemos classificar a estratégia como direta e indireta. Na estratégia direta estão presentes ações com foco na identificação dos pontos fortes do problema encontrado para, assim, solucionar a situação. A estratégia indireta tem o objetivo de criar um ambiente desfavorável ao problema identificado, estimulando ações inovadoras no serviço. Do ponto de vista administrativo, os termos estratégia e planejamento estratégico nos serviços de saúde são amplamente utilizados. ATENÇÃO A estratégia é uma síntese da ideia, enquanto o plano estratégico envolve uma análise mais fundamentada na situação encontrada, tendo como base os recursos humanos e materiais disponíveis para estruturar as ações futuras e, assim, alcançar as metas estabelecidas. De acordo com Kurcgant (1991), o Planejamento Estratégico ((PE)) é formado por um plano de longo alcance, em um nível mais global, visando a ações que serão executadas em nível tático. Por ter longo alcance, necessita de flexibilidade para se adaptar às mudanças futuras, respondendo à seguinte questão: o que deve ser feito? Para que haja sucesso na efetivação de um plano no SADT, alguns fatores devem ser observados como: compromisso dos dirigentes com o plano proposto e ampla participação dos profissionais envolvidos com a assistência – cabe a eles a responsabilidade quanto à qualidade e segurança dedicadas ao cuidado dos pacientes. Um dos parâmetros utilizados para mensurar a segurança dos pacientes é o número de notificações mensais de eventos adversos na unidade de saúde. Baseando-se nesse dado, medidas serão tomadas para minimizar o risco de novas ocorrências. COMENTÁRIO Nem sempre investir em saúde é uma solução imediata. Por esse motivo, é preciso identificar onde se encontram as causas do problema para que não haja investimento incoerente, prejudicando o alcance dos objetivos propostos. Assim, antes de intervir no serviço de saúde, é importante avaliar também a capacidade de quem planeja o que será feito em cada situação. Para que a ação a ser executada possa alcançar – e solucionar – futuros problemas, o plano a ser elaborado necessita ter flexibilidade para que todos os setores envolvidos no processo de gestão sejam incorporados nos diversos níveis de implementação. Ao planejar ações estratégicas nos serviços de saúde, é importante compreender que estamos diante de uma problemática que envolve vidas que, por sua vez, dependem dessa assistência para serem mantidas. Segundo Kuschinir (2012), para construir um planejamento adequado, é necessário identificar os seguintes fatores: Problemas atuais e futuros; Fatores que contribuem para a situação atual; Identificar as prioridades de intervenção para implementar soluções; Identificar as estratégias/cursos de ação que podem ser seguidos para solucionar os problemas; Definir os responsáveis por desenvolver as ações; e Definir os procedimentos de avaliação que permitirão o monitoramento da implementação da ação para saber se o que foi proposto realmente está adequado aos objetivos e se os resultados são mesmo os esperados. Imagem: Shutterstock.com Diante das necessidades de saúde da população brasileira, os profissionais do SUS implementaram uma gestão voltada para alcançar resultados que visam atender às necessidades apresentadas e garantir acessibilidade com qualidade aos serviços de saúde. O planejamento estratégico tornou-se, então, um instrumento primordial nos serviços de saúde. Todo serviço de saúde, e entre eles o SADT, necessita de monitoramento para garantir a eficiência da assistência prestada, bem como viabilizarà gestão o controle de dados e o suprimento de deficits que surgirão no período. Por isso, o Ministério da Saúde criou o Planejamento Estratégico Situacional ((PES)) , com o objetivo principal de definir prioridades pós- análise situacional. Elaborar estratégias no serviço de saúde vai além de estimar a melhoria da assistência prestada. Tem como proposta também modificar ações obsoletas e inadequadas para a realidade da população ampliando, assim, o acesso dos usuários aos serviços. Isso se dá, entre outras questões, pela qualificação dos profissionais especializados e mantendo-se o controle dos recursos materiais e distribuição desejável aos serviços. Sendo assim, a estratégia é um elemento da gestão totalmente maleável e em constante mudança. O momento estratégico é o passo que fornece parâmetros para a elaboração do planejamento de todas as ações, metas e prioridades que devem ser definidas contemplando as mudanças estruturais e organizacionais a médio e longo prazo. É nesse momento que também são analisados os recursos disponíveis necessários para alcançar os objetivos propostos. Esse passo vai definir como será a intervenção, baseando-se no diagnóstico da situação do serviço para que a sua construção seja adequada às necessidades. É a partir desse ponto que é possível estabelecer as prioridades para, assim, construir as metas a serem alcançadas. O momento denominado tático-operacional é a programação propriamente dita, que tem o objetivo de definir como as ações serão executadas para alcançar os objetivos gerados no momento estratégico. Neste ponto, os objetivos da etapa anterior precisam estar mais definidos e quantificados para que as ações a serem executadas possam maximizar os recursos viáveis. A diferença que existe entre momento estratégico e momento tático é a seguinte: na primeira etapa deve haver maior exploração das possibilidades, de forma mais ampla, enquanto na segunda etapa as ações são mais restritas e limitadas por leis e normas. Por esse motivo, há maior refinamento dos detalhes, orientando com mais precisão as ações a serem executadas. Resumo das etapas da construção do planejamento estratégico em : Fase Ações desenvolvidas Resultados esperados Momento explicativo Identificação e descrição dos problemas Levantamento dos nós críticos (centros práticos de ação) Identificação das causas Levantamento dos problemas Momento normativo Definição de objetivos Previsão da estratégia Definição de resultados a serem entregues Momento estratégico Análise dos recursos necessários (políticos, econômicos e social) Intervenção nos problemas encontrados Momento tático- operacional Programação da implementação das propostas Garantir a efetividade da estratégia Análise das informações prestadas Garantir a eficácia do processo Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro Etapas da construção do planejamento estratégico em saúde. Elaborado por Michele Andrade. Após a realização do planejamento estratégico, é necessário monitorar o andamento do serviço, com o propósito de acompanhar o desenvolvimento do plano para antecipar imprevistos a tempo de corrigir. Durante todo planejamento, monitoramento e avaliação deve haver alinhamento entre as partes em favor da transparência e da visibilidade do resultado das ações em prol da saúde da população. Há mais de duas décadas, o monitoramento tem sido realizado pelos gestores, que contam, para isso, com os mais diversos instrumentos, conceitos e metodologias. Isso permite a disseminação das informações obtidas, contribuindo para a implantação das políticas do SUS. O monitoramento do planejamento estratégico é realizado pelo controle, acompanhamento e pela avaliação de resultados. É preciso compreender que no centro do monitoramento do planejamento são encontrados pareceres técnicos que precisam informar sobre o cenário atual, os pontos críticos e as recomendações. O gestor não deve se esquecer de informar como está a situação do item monitorado, conforme os símbolos . Imagem: Asafe Ferreira. O monitoramento deve coexistir com o planejamento estratégico para garantir a avaliação e as adaptações durante todo o processo da estratégia. Uma das maneiras de monitoramento, amplamente utilizada pelo Ministério da Saúde, é a rede de informação do governo ((SIAH-SUS)) e o sistema e-Car onde são encontrados dados de todo atendimento prestado ao paciente no SUS. Além disso, a cada novo ciclo, os avanços deverão ser registrados e avaliados para que se obtenham ações mais eficientes. Em caso de falhas no alcance dos objetivos e das metas traçados, deve haver uma reformulação dos objetivos e das metas e treinamento/capacitação das pessoas envolvidas na execução do plano. PADRONIZAÇÃO DAS ATIVIDADES NO SADT Uma estratégia bastante utilizada pelos gestores é a padronização das atividades executadas diariamente. Essa ferramenta vem se mostrando cada vez mais útil na rotina das equipes de saúde, uma vez que é realizada grande variedade de tarefas. A padronização começou a ser utilizada na época da Revolução Industrial, permitindo aos fabricantes manter a qualidade do produto final. De igual modo, a manutenção de um serviço adequado no SADT também necessita de padronização para que resulte em um atendimento de qualidade, com base em procedimentos corretamente executados em favor da segurança do paciente. COMENTÁRIO Na realidade, a padronização é um processo que segue à risca todo detalhamento de cada atividade, baseando-se em pesquisas científicas. Portanto, o responsável por sua implementação deve, antes de tudo, pesquisar de forma exaustiva todo o processo que envolve cada procedimento. Sendo assim, o gestor, além de implementar medidas de boas práticas, deverá iniciar estratégias para minimizar as ocorrências no serviço. Dois passos principais orientados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ((ANVISA)) que visam à redução de agravos são: realização de qualificação da equipe e atualização de conhecimentos e implantação de Procedimento Operacional Padrão ((POP)) . Imagem: Shutterstock.com O PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO (POP) O Procedimento Operacional Padrão ((POP)) é um documento formulado por meio das rotinas que devem ser executadas de forma metódica e constante, dando continuidade a uma assistência homogênea e segura. Esse documento é composto pelos seguintes itens: Cabeçalho Descrição da técnica Assinatura de aprovação do comitê interno Assinatura do responsável pela pesquisa Referências bibliográficas Após a confecção, o POP é analisado por um comitê que sinaliza a necessidade de alterações ou se já está apto para consulta. É dever do gestor manter esse documento visível para que toda equipe possa consultá-lo. DICA A execução das tarefas seguindo o POP estimula os membros da equipe a darem continuidade à assistência prestada. Entretanto, a resistência de alguns profissionais em seguir a rotina do POP ainda é um grande desafio para o gestor. Estimular essa adesão não é tarefa fácil, uma vez que alguns membros da equipe preferem adotar postura defensiva alusiva aos fatores ligados à sua formação técnica. De acordo com Richa (2014), a diversidade de formações, cultura e ideias são os principais fatores que têm dispersado a atenção da equipe. Seguir as orientações do POP deve ser feito de forma voluntária e consciente, nunca imposta. Diante disso, o gestor deve buscar formas de conscientizar a equipe da importância em seguir a padronização existente no serviço. Com a crescente demanda nos serviços de saúde e a presença de vários profissionais na equipe, a utilização do POP tornou-se ainda mais necessária. Afinal, otimizar o serviço implementando rotinas e assegurando ao usuário uma assistência livre de erros e descontinuidade é a meta a ser alcançada pelo gestor e sua equipe. Por isso, profissionais como farmacêuticos e enfermeiros devem utilizar constantemente o POP. TEORIA NA PRÁTICA Este exemplo ilustrabem a eficácia do POP: Numa farmácia hospitalar, várias medicações são armazenadas em um refrigerador e é necessário registrar as temperaturas diariamente, pois qualquer alteração pode afetar a composição dos conteúdos ali resfriados. De acordo com esse contexto, qual o procedimento que poderia ser aplicado? RESOLUÇÃO Diante desse fato, foi pesquisado e elaborado um POP sobre registro da temperatura, que estabeleceu a realização de leituras diárias no início da manhã, à tarde e à noite, com registro das temperaturas mínimas e máximas. acidentes anulação assistência desperdício padronização A implementação de nos SADT pode gerar bons resultados a médio e longo prazo. Podemos citar a assistencial, a manutenção de um padrão de atendimento, a minimização de de material e a de riscos de acidentes para o paciente como os esperados quando se utiliza o POP no serviço. Além disso, seguir uma resultados rotina sequência complexa a ser executada por toda equipe também assegura ao paciente um atendimento sem risco de e, além disso, uma qualificada. RESPOSTA A sequência correta é: A implementação de padronização nos SADT pode gerar bons resultados a médio e longo prazo. Podemos citar a sequência assistencial, a manutenção de um padrão de atendimento, a minimização de desperdício de material e a anulação de riscos de acidentes para o paciente como os resultados esperados quando se utiliza o POP no serviço. Além disso, seguir uma rotina complexa a ser executada por toda equipe também assegura ao paciente um atendimento sem risco de acidentes e, além disso, uma assistência qualificada. Na realidade há pouco material científico produzido recentemente que aborde a padronização nos serviços de saúde, embora seja de conhecimento de todo gestor. Mas é importante entender que essa área precisa, cada vez mais, de materiais atualizados. Podemos dizer que a falta de pesquisas no âmbito dessa temática nos chama atenção para a significância dos serviços nas unidades de saúde. Grande oportunidade para você, aluno, que gostou deste assunto! É uma especial oportunidade de produzir novas pesquisas sobre a temática! Diante da realidade aqui apresentada, um dos maiores problemas enfrentados pelo gestor em um serviço de saúde é a ocorrência de acidentes resultantes de uma ação mal executada. Por isso, a necessidade de utilizar o POP para executar as tarefas, mesmo que seja de uma simples lavagem das mãos até técnicas mais complexas, como troca de dispositivos urinários, deve ser seguida de forma prioritária. POR QUE É IMPORTANTE PADRONIZAR AS ATIVIDADES DO SADT? O especialista Rodrigo Lima faz uma contextualização sobre a importância da padronização dos serviços no SADT. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NO MUNICÍPIO DE PEQUENÓPOLIS, O SR. X. FOI CONTRATADO COMO GESTOR DE SAÚDE DA PREFEITURA LOCAL. DURANTE A AVALIAÇÃO DO SADT PRINCIPAL, O GESTOR FOI CERCADO POR VÁRIOS USUÁRIOS QUE, ENTRE MUITAS RECLAMAÇÕES, REFERIRAM-SE A UMA AGENDA COM PRAZO PARA EXAMES MAIOR QUE 180 DIAS, GERANDO ATRASO NO DIAGNÓSTICO DE ALGUNS PACIENTES COM SUSPEITA DE CÂNCER. PARA AMENIZAR A SITUAÇÃO, O SR. X VAI ELABORAR UMA ESTRATÉGIA. DIANTE DO FATO MENCIONADO, PODEMOS AFIRMAR QUE: A) A estratégia precisa ser maleável para abranger igualmente os futuros usuários. B) O planejamento estratégico não necessita de prévia avaliação para sua construção. C) A estratégia não irá atender às necessidades do município por ter amplo alcance. D) Será preciso adotar medidas políticas antes que se inicie a construção da estratégia, não dependendo assim da atuação do gestor local. E) O município deverá encerrar todas as atividades do SADT porque a estratégia não vai alterar o quadro atual da saúde dos usuários. 2. A PADRONIZAÇÃO TEM SIDO CADA VEZ MAIS UTILIZADA NOS SERVIÇOS DE SAÚDE, DESDE PEQUENOS AMBULATÓRIOS ATÉ HOSPITAIS DE GRANDE PORTE. A EXECUÇÃO DAS TAREFAS SEGUINDO UMA ROTINA PREDETERMINADA SERVE COMO GUIA PARA TODA A EQUIPE. QUANTO À PADRONIZAÇÃO, O QUE SE ESPERA ALCANÇAR COM SUA IMPLEMENTAÇÃO? A) Reduzir o tempo de atendimento. B) Diminuir as filas de espera nos SADT. C) Continuidade e qualidade na assistência prestada. D) Alocação de verba utilizada na assistência. E) Minimizar o número de queixas dos pacientes. GABARITO 1. No município de Pequenópolis, o Sr. X. foi contratado como gestor de saúde da prefeitura local. Durante a avaliação do SADT principal, o gestor foi cercado por vários usuários que, entre muitas reclamações, referiram-se a uma agenda com prazo para exames maior que 180 dias, gerando atraso no diagnóstico de alguns pacientes com suspeita de câncer. Para amenizar a situação, o Sr. X vai elaborar uma estratégia. Diante do fato mencionado, podemos afirmar que: A alternativa "A " está correta. O gestor deverá elaborar uma estratégia que seja eficaz para mudar o quadro atual da assistência prestada, mantendo-se maleável todo o tempo para que possa ser adaptada a prováveis alterações na procura pelo serviço. 2. A padronização tem sido cada vez mais utilizada nos serviços de saúde, desde pequenos ambulatórios até hospitais de grande porte. A execução das tarefas seguindo uma rotina predeterminada serve como guia para toda a equipe. Quanto à padronização, o que se espera alcançar com sua implementação? A alternativa "C " está correta. Ao padronizar o serviço, o gestor busca fornecer ao público um atendimento de qualidade e que mantenha a continuidade de forma homogênea. MÓDULO 2 Reconhecer as premissas do gerenciamento de risco e segurança do paciente adulto e idoso GERENCIAMENTO DE RISCOS E SEGURANÇA DO PACIENTE ADULTO E IDOSO O Serviço de Apoio Diagnóstico e Terapêutico ((SADT)) forma um grupo complexo de procedimentos que visam à saúde do paciente pela utilização de exames ou terapias, principalmente em média e alta complexidade de atendimento. Podemos citar aqui alguns dos seguintes serviços componentes dos SADTs como: “[...] diagnóstico laboratorial clínico de anatomia patológica e de imagem (radiologia, endoscopia digestiva, hemodinâmica, entre outros). Os de terapia, mais comumente referidos, são os de quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e hemoterapia” (KUSHNIR, 2012, p. 56). Mendes (2011) ressalta que o SADT deve estar integrado à Rede de Apoio à Saúde ((RAS)) , conjugando escalas, qualidade e acesso distribuídos pelo território local em micro ou macrorregiões, conforme disponibilidade e densidade local para operar. Na figura 1, observamos a pirâmide de hierarquização e regionalização do SUS. O SADT está localizado juntamente com os centros de especialidades que atendem em nível secundário. Imagem: Asafe Ferreira, adptado de GONÇALVES (2014, p. 52) Figura 1- Pirâmide de hierarquização e regionalização do SUS Nesse nível de atenção, a complexidade do atendimento em nível ambulatorial será uma das responsáveis pela recuperação da saúde do paciente pelo uso de recursos tecnológicos (quando necessário) e assistência reforçada. Os profissionais de saúde que trabalham nesse nível de atenção são preparados para a realização de um atendimento mais complexo, voltado para pacientes com doenças crônicas ou agudas ainda no nível ambulatorial. VOCÊ SABIA Por se tratar de um serviço de apoio, os SADTs no Brasil ofertam menos serviços do que o necessário para atender à população em níveis epidemiológicos. Basta observar a elevação na demanda ambulatorial de média complexidade e a procura por especialidades médicas e terapêuticas como fisioterapia, ultrassonografia, radiologia, laboratórios de anatomia patológica, entre outras. No entanto, a elevada demanda nos SADTs e a longa fila de espera pelo atendimento têm direcionado os pacientes para serviços privados, tornando-se oneroso para eles. Na realidade, procurar por atendimento nos SADTs tem se tornado tarefa árdua para os usuários tanto em unidades públicas quanto no atendimento privado, não fugindo à regra dos conflitos gerados entre os pacientes e o sistema de saúde no Brasil, quetem apresentado quadro de sobrecarga desde a criação do SUS, em 1990. A burocracia no agendamento, somada aos prazos extensos, é desgastante e tem causado elevado número de ausência. As terapias como quimioterapia, radioterapia e hemoterapia sofrem com a falta de recursos, estrutura inadequada e equipamentos em péssimo estado de conservação, resultando em sucessivos adiamentos e causando prejuízos à saúde do paciente. Entre os desafios relacionados à estratégia nos serviços de saúde, o maior deles está diretamente relacionado aos riscos resultantes da assistência prestada e à manutenção da segurança de adultos e idosos. Quanto maior o grau de complexidade da assistência prestada, maior é o grau de periculosidade resultante deste. Agulhas, bisturis, acessos venosos, macas, camas podem causar grandes danos ao paciente se houver imprudência durante os atendimentos. Portanto, a qualidade do serviço de saúde está diretamente relacionada à manutenção da segurança do paciente que chega ao SADT. Diante desse quadro, o gestor deve implementar um plano de segurança com foco nos pacientes para minimizar os riscos de acidentes operacionais. Além disso, o excesso de oferta de procedimento sem regulação adequada e a dificuldade em adquirir novos serviços tornaram-se os principais motivos para saturação nesse tipo de assistência, aumentando o número de pacientes transferidos para o atendimento de alta complexidade. Esse problema se tornou um dos pontos de estrangulação nos serviços de saúde, sendo o maior responsável pela elevação de custos e prejuízos na saúde do paciente. Todos esses fatores agravam o quadro da saúde no país, principalmente quando o gestor não prioriza as necessidades da população local. Cada serviço, tanto diagnóstico quanto de apoio ou terapêutico, passou por sucessivo aumento na demanda, agravado pelo acentuado envelhecimento da população e, consequentemente, novos casos de doentes crônicos que necessitam de apoio. De acordo com o Instituto de Medicina, os atributos apresentados a seguir estão relacionados com a manutenção da segurança do paciente. Atributos Definição Segurança O objetivo aqui é ajudar o paciente para reduzir os danos e riscos de lesão decorrentes da prática da assistência. Efetividade É a realização do cuidado com fundamento científico para evitar subutilização ou sobreutilização por terceiros. Cuidado centrado no paciente Atendimento voltado para ações respeitosas, baseado nas necessidades referidas pelos pacientes, respeitando os valores e as culturas individuais. Oportunidade Redução do aprazamento, minimizando danos à saúde do paciente. Eficiência Prestação de assistência livre de desperdícios. Equidade Manutenção da qualidade da assistência prestada, independentemente de etnia, religião, condição socioeconômica, aspectos físicos ou localização geográfica. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal Quadro BRASIL. Ministério da Saúde. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Fundação Oswaldo Cruz, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 40 p.: il. DIAGNÓSTICOS SITUACIONAIS Todos estes diagnósticos situacionais encontrados durante a avaliação do serviço precisam resultar em um plano para cumprir os objetivos propostos. No entanto, descrever a situação e o problema em nada adiantará se não forem identificados os fatores envolvidos e então, neste ponto, eleger a melhor estratégia a ser executada. Analisar os condicionantes dos fatores encontrados nos problemas nos permitirá agir de forma mais focada e eficaz. Desse modo, após o gestor tomar conhecimento dos fatores envolvidos na problemática do serviço de saúde, eles são delimitados, o que permite identificar as causas imediatas que estão interferindo e prejudicando a acessibilidade do paciente ao atendimento para, a partir desse momento, montar uma estratégia eficaz. Além dos fatores estruturais, é necessário minimizar os riscos de acidentes com pacientes decorrentes da complexidade da assistência prestada. Os conceitos-chaves utilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na classificação internacional de segurança do paciente são: Segurança do paciente Dano Risco Incidente Circunstância notificável Near Miss Incidente sem lesão Evento adverso Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal SEGURANÇA DO PACIENTE Reduzir ao máximo o risco de acidentes decorrentes do atendimento. DANO javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) É o resultado do acidente ocorrido após a assistência prestada, podendo causar desde a diminuição da funcionalidade de um membro ou órgão até a morte do paciente. RISCO Probabilidade de ocorrer o acidente. INCIDENTE Evento do qual resultou ou poderia ter resultado danos ao paciente. CIRCUNSTÂNCIA NOTIFICÁVEL Incidente com potencial risco de lesão. NEAR MISS Risco que não resultou em danos ao paciente. INCIDENTE SEM LESÃO É o incidente que atingiu o paciente, mas sem causar danos a ele. EVENTO ADVERSO Incidente que causou dano ao paciente. Uma das ações priorizadas pela OMS para minimizar o risco de evento adverso é a higienização das mãos para reduzir as chances de infecção nos pacientes. Outras medidas têm sido priorizadas pela organização e até transmitidas aos profissionais da saúde ainda na formação acadêmica como, por exemplo, não trocar o nome dos pacientes, atentar para medicamentos com embalagens e nomes parecidos, utilizar comunicação correta na hora de transmitir o caso do paciente para outro profissional, atentar para conexões de tubos de alimentação, acessos venosos etc. Foto: Shutterstock.com Visando avaliar as unidades de saúde quanto à prestação dos atendimentos com qualidade e segurança, o Ministério da Saúde (MS) criou a rede sentinela voltada para avaliar o processo de implementação de medidas minimizadoras de eventos adversos. Contudo, alguns eventos adversos estão diretamente ligados à sobrecarga no atendimento dos SADT e à necessidade de reduzir o tempo de atendimento dos pacientes, aumentando o risco de acidentes assistenciais. Em um SADT podem ocorrer os seguintes eventos em caso de imprudência: extravasamento de medicamento através do acesso venoso, desconexão de tubos de alimentação ou drenos na transferência da maca para aparelhos de diagnóstico, quedas de macas e abertura de lesão por pressão (escara), resultante do longo período de espera (sentado ou deitado) para o atendimento. Importante: esses exemplos são baseados em experiência profissional. EXEMPLO Sr. D.M.S., 71 anos, é um paciente portador de hemiplegia à direita do corpo (paralisia cerebral que atinge um lado completo do corpo), resultante de um AVC isquêmico que ocorreu em 2016. É um paciente lúcido, orientado e fala com coerência. Foi encaminhado para o serviço de ressonância magnética para investigação de uma massa que apareceu na região abdominal. Como o paciente estava internado para fazer o exame, foi encaminhado ao SADT em companhia do maqueiro. Ao chegar no setor do exame, o paciente foi entregue aos cuidados da equipe. Como estava dormindo, o técnico responsável o deixou por uns minutos e foi terminar de realizar outro exame que estava em andamento. No entanto, quando saiu de perto do paciente, este virou-se na maca e caiu no chão, resultando em traumatismo cranioencefálico. Em virtude desse acidente, o Sr. D.M.S. não fala mais e nem interage. A unidade está sendo processada pela família por imprudência. Se o setor não tivesse solicitado o paciente enquanto fazia outro exame, provavelmente ele estaria sob vigilância de algum técnico e o evento adverso não teria ocorrido. Enfermeiros e farmacêuticos têm se organizado em entidades voltadas a adotar as medidas propostas pelo MS para evitar os riscos de acidentes. “Casos envolvendo administração endovenosade medicamentos com mortes realçam o problema no Brasil, como a administração de vaselina, de fluido de lubrificação do aparelho de ressonância magnética, em vez de solução fisiológica, e prescrição de dose exagerada de adrenalina mostram a relevância do problema e a necessidade da mudança da atuação dos gestores da saúde nesta questão” (BRASIL, 2014, p. 12). POR QUE GERENCIAR RISCOS E SEGURANÇA DO PACIENTE ADULTO E IDOSO? O especialista Rodrigo Lima faz uma contextualização sobre a importância de gerenciamento de riscos em unidades de saúde. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. UM DOS MAIORES PROBLEMAS ENCONTRADOS NO SERVIÇO DE SAÚDE É A OCORRÊNCIA DE ACIDENTES RESULTANTES DA EXECUÇÃO DE UM PROCEDIMENTO. DIANTE DESSE FATO, UMA DAS FORMAS DE MINIMIZAR A OCORRÊNCIA DE EVENTOS ADVERSOS (ACIDENTES) É: A) Registro do acidente ocorrido. B) Monitorizar a assistência que tem sido prestada. C) Orientar as equipes sobre os riscos e como minimizá-los. D) Acionar o gestor sempre que ocorrer um acidente. E) Abrir sindicância para apurar os culpados e aplicar medidas cabíveis. 2. O INCA DE RIO DOCE É A ÚNICA UNIDADE QUE OFERECE TRATAMENTO PARA CÂNCER DE MAMA E COLO DO ÚTERO. DIARIAMENTE, VÁRIAS PACIENTES PROCURAM O SERVIÇO PARA REALIZAÇÃO DE RADIOTERAPIA. INFELIZMENTE, UMA PEÇA DO APARELHO DE RADIOTERAPIA QUEBROU E, EM VIRTUDE DO ALTO VALOR DE REPARO, MUITOS PROCEDIMENTOS FORAM ADIADOS, SEM PREVISÃO DE RETORNO. O TÉCNICO FOI AO HOSPITAL E DISSE QUE O PROBLEMA NÃO TERIA OCORRIDO SE A MANUTENÇÃO PERIÓDICA FOSSE FEITA. DIANTE DESSA SITUAÇÃO, O QUE PODERIA TER SIDO FEITO DE IMEDIATO PARA AMENIZAR O OCORRIDO? A) Provisão de verba extra para manutenção periódica. B) Solicitar aquisição imediata de um novo aparelho de radioterapia em caráter emergencial. C) Referenciar as pacientes, de forma imediata, para outras instituições de radioterapia. D) Fechar o serviço de forma permanente, pois o reparo de um aparelho ou a aquisição de um novo será oneroso para o município. E) Solicitar intervenção do Estado, visando à liberação de verba para manutenção do equipamento. GABARITO 1. Um dos maiores problemas encontrados no serviço de saúde é a ocorrência de acidentes resultantes da execução de um procedimento. Diante desse fato, uma das formas de minimizar a ocorrência de eventos adversos (acidentes) é: A alternativa "C " está correta. Toda equipe deve ser orientada sobre os riscos de acidentes decorrentes da má execução de algumas tarefas e sobre como evitá-los. 2. O INCA de Rio Doce é a única unidade que oferece tratamento para câncer de mama e colo do útero. Diariamente, várias pacientes procuram o serviço para realização de radioterapia. Infelizmente, uma peça do aparelho de radioterapia quebrou e, em virtude do alto valor de reparo, muitos procedimentos foram adiados, sem previsão de retorno. O técnico foi ao hospital e disse que o problema não teria ocorrido se a manutenção periódica fosse feita. Diante dessa situação, o que poderia ter sido feito de imediato para amenizar o ocorrido? A alternativa "C " está correta. Quando o serviço apresenta problemas que dificultam o funcionamento como, por exemplo, falta de profissionais e insumos insuficientes, a solução imediata é realizar referência e contrarreferência. É importante ressaltar que o serviço deve estar cadastrado na Rede de Atenção à Saúde (RAS). MÓDULO 3 Reconhecer a legislação aplicada ao SADT LEGISLAÇÃO APLICADA AO SADT As áreas de serviço no Brasil são regidas por leis, normas e resoluções responsáveis por regulamentar o seu funcionamento e orientar a execução de ações de cada profissão. Na área da saúde não é diferente e esse grupo de ordenanças é regulado principalmente pelo Ministério da Saúde, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária ((ANVISA)) e Agência Nacional de Saúde Suplementar ((ANS)) . A maioria das normas regulatórias do SADT são, na verdade, resoluções ((RDC)) . As Resoluções da Diretoria Colegiada ((RDC)) são normas que objetivam transferir para as empresas e profissionais as responsabilidades na manutenção da qualidade de produtos/serviços aliados às boas práticas. Nos SADTs existem algumas RDC aplicáveis nos serviços de saúde que regulamentam suas ações e funcionalidade. As RDC elaboradas para o SADT se dividem em: Regulamentadora de serviços de imagens. Exames laboratoriais e anatomia patológica. Terapias antineoplásicas. 4. Hemoderivados. Gerenciamento de resíduos de saúde. 1 Dos serviços de imagem e radiodiagnóstico (RDC 330): trata do funcionamento e dá as medidas necessárias para seu funcionamento. O art. 4º faz referência às ações de medidas administrativas e de proteção que devem ser introduzidas para evitar acidentes. Para que o SADT tenha seu funcionamento liberado pela ANVISA, torna-se OBRIGATÓRIA a apresentação de um detalhamento da estrutura física por meio de layout para visualização de toda a estrutura física, posicionamento de equipamentos e visores, mesas e mobiliários. Além disso, deverá apresentar um projeto de blindagem a ser instalado nos setores de exames de radiações eletromagnético ionizante ou não ionizante, ficando dispensados da aprovação desse projeto os setores de densitometria óssea, ultrassonografia e consultórios isolados de odontologia. Cada setor deverá nomear um responsável habilitado para assumir a responsabilidade pelos procedimentos realizados no serviço – o responsável técnico. De igual modo, outro profissional será designado como supervisor da proteção radiológica. Na ausência deste último, a substituição deve ser imediata. Esse documento contempla também a obrigatoriedade da capacitação da equipe por meio de treinamentos e cursos abrangendo os seguintes tópicos: “normas, rotinas, protocolos e procedimentos operacionais; segurança do paciente; gerenciamento dos riscos inerentes às tecnologias utilizadas; Programa de Garantia da Qualidade; Programa de Proteção Radiológica, quando couber; e normativas aplicáveis” (ANVISA, 2019). 2 Serviços de exame laboratorial e anatomia patológica (RDC 302): das condições gerais desta resolução dá ciência quanto à obrigatoriedade de inscrição no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES. A estrutura organizacional desses estabelecimentos de saúde deve ser documentada. Todo laboratório deverá ter um responsável técnico, que poderá assumir essa responsabilidade por até dois estabelecimentos de coleta, dois laboratórios clínicos ou um estabelecimento de coleta e um laboratório clínico, sendo que esses locais devem estar sob a supervisão durante todo o funcionamento. É responsabilidade do laboratório manter disponível o registro de todo profissional ali alocado, assim como de suas qualificações. Esse serviço deve implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde (PGRSS), conforme preconiza a RDC 306 da ANVISA. 3 Serviço de terapia antineoplásica (RDC 220): trata-se do serviço voltado para tratamento de pacientes portadores de cânceres ou tumores benignos que necessitem de terapia com medicamentos quimioterápicos. A realização da quimioterapia deve obedecer às seguintes etapas: admissão, avaliação, prescrição médica, preparação do quimioterápico (realizada por pessoal devidamente protegido por equipamento de proteção individual [EPI] e em local específico para esse tipo de manuseio com químicos tóxicos), transporte, administração do medicamento, descarte de acordo com a RDC 306 e registro de todo processo ocorrido. Os profissionais ali instalados devem ter registro em seus respectivos Conselhos, assim como o médico deve ter especialização em oncologia clínica, pediátrica ou em hematologia. Todo produto manipulado tem a validade de no máximo 48 horas desde o início até o final da sua administração para que sejam reduzidos os riscos de contaminação decorrentes da manipulação. 4 Serviço de hemoderivados: é o serviço responsável pela manipulação e consequente administração dos hemocomponentes, bem como da captação de doadores para sua manutenção. São procedimentosdo serviço de hemoterapia: coleta, testagem sanguínea, processamento, armazenamento, distribuição e transporte das bolsas de hemoderivados, controle de qualidade, hemotransfusão e a proteção do doador durante a coleta. O serviço de hemoterapia, obrigatoriamente, deve estar sob a responsabilidade técnica de um médico hematologista, hemoterapeuta ou qualificado por algum órgão competente. A unidade deve manter capacitação constante de sua equipe, de todos os envolvidos diretamente com procedimentos, além de mantê-los descritos no Procedimento Operacional Padrão (POP). As atividades realizadas na hemoterapia devem ser registradas diariamente. O descarte de todo resíduo gerado no serviço deve ser realizado conforme o PGRSS. 5 Plano de Gerenciamento de Resíduo dos Serviços de Saúde (PGRSS) - (RDC 306): os serviços de saúde são um dos maiores geradores de resíduo contaminante – só ficam atrás das grandes indústrias. O objetivo desse plano é evitar o descarte deste material em local impróprio e de forma inadequada. Um exemplo bastante conhecido no Brasil de descarte inadequado foi o acidente com o Césio-137, que ocorreu em 1986, em Goiânia. Um hospital abandonado manteve seus equipamentos dentro da estrutura do prédio que estava em ruínas. Duas pessoas entraram no prédio atrás de sucata para vender e encontraram no setor de radiologia um objeto metálico, que continha uma substância sólida, com um brilho fora do normal. Ao levarem para casa, contaminaram um bairro inteiro – esse acontecimento se transformou no maior acidente nuclear da história do Brasil. Outro caso revelado em uma reportagem ocorreu em um lixão, em São Paulo, quando uma das catadoras encontrou um seio humano. Esses descartes inadequados oferecem risco de vida iminente tanto para quem descarta quanto para os transeuntes. Diante desse fato, a ANVISA identificou a necessidade de construir locais de descarte, assim como realizar a segregação de forma correta. Desse modo, elaborou-se o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Saúde (PGRSS), um conjunto de medidas fundamentadas com base científica que orienta os serviços quanto ao processo correto de descarte dos resíduos desde a geração até o armazenamento final ou incineração. Os resíduos de saúde passam pelas seguintes etapas no seu processamento: segregação (separação do resíduo no local da geração conforme suas características físicas), acondicionamento (é a forma de embalar o resíduo após sua geração utilizando sacos, caixas de papelão, recipiente de vidro ou chumbo etc.), identificação (são as medidas utilizadas para informar o componente do resíduo), transporte interno (é a retirada do resíduo do setor de origem até o armazenamento temporário), armazenamento temporário (trata-se do acondicionamento em abrigo temporário até o período de tratamento), tratamento (é o processo de redução de contaminantes para evitar a contaminação do meio ambiente), armazenamento externo (coleta e transporte externos) e disposição final. Os resíduos de saúde são identificados em cinco grandes grupos: A, B, C, D e E. Grupo A são todos os resíduos biológicos como restos de vacina, componentes hemoterápicos, animais de laboratório, restos humanos, restos animais, entre outros. Grupo B é composto por todos os resíduos químicos (sólidos e líquidos) como quimioterápicos, medicamentos, cosméticos, entre outros. Grupo C são os rejeitos radioativos no estado físico de origem, além de material perfurocortante contaminado com radionuclídeo. Grupo D é considerado como grupo comum por ser composto pelo lixo que será destinado à reciclagem como papel, metais, plástico, vidro e resíduos orgânicos. E, finalmente, o Grupo E, composto pelos materiais perfurocortantes, exceto os contaminados com sangue ou com radionuclídeos, que devem ser incluídos em outro grupo de manejo. As principais RDC aplicadas ao SADT apresentam vários pontos em comum, como a necessidade de um responsável técnico pelos procedimentos realizados, bem como a realização de educação continuada e implementação de POP. São essas as recomendações da Organização Mundial de Saúde que, unidas às boas práticas, aumentam a segurança do paciente no serviço e minimizam os riscos à saúde. A APLICABILIDADE DAS RDC NOS SERVIÇOS DE SAÚDE. O especialista Rodrigo Lima fala sobre a importância das RDC no funcionamento dos SADT. Vamos Lá! VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. DE ACORDO COM A RDC 330, O RESPONSÁVEL TÉCNICO PODERÁ ASSUMIR A RESPONSABILIDADE POR QUANTOS ESTABELECIMENTOS? A) Nenhum, pois quem assume a responsabilidade é o farmacêutico do setor. B) Somente uma unidade. C) Até três unidades por vez, sendo uma de coleta e duas de análise. D) No máximo duas unidades. E) De uma ou duas unidades, podendo ser uma de análise e outra de coleta. 2. A RDC 306 TRATA: A) Estratégia de Gerenciamento de Resíduos Domésticos. B) Plano de Gerenciamento de Resíduo dos Serviços de Saúde. C) Plano de Gerenciamento de Resíduos de Clínicas Veterinárias. D) Plano de Gerenciamento de Serviços Radiológicos. E) Plano de Gerenciamento de Consultórios Dentários. GABARITO 1. De acordo com a RDC 330, o responsável técnico poderá assumir a responsabilidade por quantos estabelecimentos? A alternativa "E " está correta. Os laboratórios que têm um responsável técnico podem autorizá-lo a assumir a responsabilidade por mais duas unidades de coletas ou dois laboratórios clínicos ou ainda uma unidade de coleta e um laboratório clínico, conforme necessidade do serviço. 2. A RDC 306 trata: A alternativa "B " está correta. A RDC trata do Plano de Gerenciamento de Resíduo dos Serviços de Saúde (PGRSS), ou seja, de todos os resíduos gerados nos serviços de saúde e não somente determinadas áreas. São necessários a coleta, o armazenamento, o transporte e o descarte correto de todo e qualquer resíduo de saúde. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base no que foi estudado, aprendemos que a estratégia sempre foi necessária para a elaboração de qualquer tipo de planejamento que envolva problemas para serem resolvidos, inclusive nos serviços de saúde, para que seja possível mudar ações e assim viabilizar o acesso dos pacientes a todas as especialidades. Para que essa ação seja eficaz, serão necessárias mudanças de todo o contexto atual, uma vez que, em todo país, foi observado pelo Ministério da Saúde um atendimento ineficaz e oneroso para os cofres públicos. Além disso, o perfil de cada região apresenta diferentes tipos de demandas em saúde, diretamente associados ao perfil epidemiológico local. Essas demandas se elevam mais se as relacionarmos aos fatores indiretamente influenciáveis na saúde da população, como falta de atendimento médico especializado, exames diagnósticos com espera maior que o usual, recursos materiais insuficientes para atender às necessidades dos setores e maior número de usuários que buscam atendimento especializado ambulatorial. Embora o governo apresente esforços para contornar a situação da saúde do Brasil, ainda há muitos problemas administrativos para serem resolvidos. A junção de fatores limitadores, como política institucional e nacional, somada à verba mal utilizada e à falta de comunicação entre os administradores e gestores nas unidades de saúde são, atualmente, um dos grandes desafios para a gestão em saúde. Esperamos, assim, que a elaboração de estratégias e acordos de cooperação entre os atores possa viabilizar o acesso da população aos SADTs. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO - RDC Nº 154, DE 15 DE JUNHO DE 2004. Estabelece o Regulamento Técnico para o funcionamento dos Serviços de Diálise. 2004. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO - RDC Nº 220, DE 21 DE SETEMBRO DE 2004. Regulamento técnico de funcionamento para os serviços de terapia antineoplásica. 2004. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO - RDC Nº 306, DE 7 DE DEZEMBRO DE 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamentode resíduos de serviços de saúde. 2004. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº. 302, DE 13 DE OUTUBRO DE 2005. Dispõe sobre Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos. 2005. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO - RDC Nº 57, DE 16 DE DEZEMBRO DE 2010. Determina o Regulamento Sanitário para Serviços que desenvolvem atividades relacionadas ao ciclo produtivo do sangue humano e componentes e procedimentos transfusionais. 2010. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO-RDC Nº 6, DE 1O DE MARÇO DE 2013. Dispõe sobre os requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os serviços de endoscopia com via de acesso ao organismo por orifícios exclusivamente naturais. 2013. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO - RDC Nº 330, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2019. Instruções Normativas que estabelecem requisitos e regulamentam serviços de radiologia diagnóstica e intervencionista. 2019. Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS. Planejamento estratégico do Ministério da Saúde: 2011 – 2015: resultados e perspectivas. Ministério da Saúde, Secretaria-Executiva, Departamento de Monitoramento e Avaliação do SUS. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. 160 p. Brasil. Ministério da Saúde. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente. Fundação Oswaldo Cruz, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia e-Saúde para o Brasil. Comitê Gestor da Estratégia e Saúde. Brasília, 2017. 80p. BRASIL. LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e de outras providências. 1990. BRASIL. PORTARIA Nº 1.675, DE 7 DE JUNHO DE 2018. Altera a Portaria de Consolidação nº 3/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, e a Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre os critérios para a organização, funcionamento e financiamento do cuidado da pessoa com Doença Renal Crônica - DRC no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS. 2018. CAMARGOS, M. A.; DIAS, A. T. Estratégia, administração estratégica e estratégia corporativa: uma síntese teórica. Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 10, nº 1, jan./mar., 2003. Consultado na internet em: 8 mar. 2021. 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Conheça as normas e leis que regem este assunto: NR 32 - Segurança e saúde no trabalho em serviço de saúde NR 24 - Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho Lei nº 8080 CONTEUDISTA Michele Alves Garcia Andrade CURRÍCULO LATTES javascript:void(0); javascript:void(0);