Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Precedentes jud 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 2 
1. PRECEDENTE ....................................................................................... 3 
1.1 TÉCNICAS DE SUPERAÇÃO DE PRECEDENTES ............................. 5 
1.2 Princípios da segurança jurídica e da boa-fé objetiva ......................... 10 
2. O INCIDENTE PROCESSUAL DE DEMANDAS REPETITIVAS ........ 16 
2.1 Legitimidade: ....................................................................................... 22 
2.2 A desistência do IRDR e seu julgamento ............................................ 23 
2.3 Efeitos .................................................................................................. 31 
2.4 Reclamação ......................................................................................... 35 
2.5 Eficácia vinculante ............................................................................... 39 
4 Referências bibliográficas: ............................................................... 42 
 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
 
 
Prezado aluno! 
 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao 
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o 
tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos 
ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não 
hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de 
atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso 
da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. 
 A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe 
convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma 
sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
3 
 
 
1. PRECEDENTE 
 
 
Precedente é qualquer julgamento utilizado como fundamento para 
postular outro julgamento proferido em um momento futuro. O precedente 
possui caráter objetivo, pois se trata de uma decisão específica a qual será 
utilizada como fundamento de outras decisões. 
Neste sentido, o doutrinador Assumpção explica o seguinte: 
 
 
Dessa forma, sempre que um órgão jurisdicional se valer de uma 
decisão previamente proferida para fundamentar sua decisão, 
empregando-a como base de tal julgamento, a decisão anteriormente 
prolatada será considerada um precedente. (Assumpção, 2016. 
p.1973) 
 
 
 
Ainda assim o doutrinador Didier, tem também um excelente 
conceito relativo aos precedentes: 
 
 
À luz das circunstâncias específicas envolvidas na causa, 
interpretam-se os textos legais (lato sensu), identificando a norma 
geral do caso concreto, isto é, a ratio decidendi, que constitui o 
elemento nuclear do precedente. Um precedente, quando 
reiteradamente aplicado, se transforma em jurisprudência, que, se 
predominar em tribunal, pode dar ensejo à edição de um enunciado 
na súmula da jurisprudência deste tribunal (…). Demandas repetitivas 
são aquelas ações cujo aspecto objetivo: causa de pedir e pedido 
envolvam questões essencialmente de direito. (DIDIER, 2015. p. 487) 
 
 
Já a jurisprudência, é genérica, possui caráter abstrato. Refletindo, em um 
conjunto, ou seja, uma quantidade de decisões judiciais as quais foram 
 
4 
 
proferidas pelos tribunais em um mesmo sentido diversas vezes sobre a mesma 
matéria. 
O doutrinador Peixoto explica a diferença entre jurisprudência e 
precedentes da seguinte forma: 
 
 
Não pode ser confundido com o termo jurisprudência, utilizado para 
definir um conjunto de decisões judiciais. A diferenciação é 
essencialmente quantitativa, já que a utilização do termo precedente 
faz referência a uma decisão relativa a um caso particular, enquanto 
na utilização de jurisprudência essa referência se dirige a uma 
“pluralidade, frequentemente bastante ampla, de decisões relativas a 
vários e diversos casos concretos”. (PEIXOTO, 2016. p. 137-138) 
 
 
 
Diferenciando ainda as súmulas do precedente, Didier especifica: 
 
 
[...} como já colacionado anteriormente, traduzem-se em um 
enunciado que expressa a razão de decidir ou o fundamento da 
jurisprudência dominante de um determinado tribunal sobre 
determinada matéria, jurisprudência esta que é, por sua vez, a 
aplicação de um determinado precedente de forma repetida, sob o 
ponto de vista de (DIDIER, 2015. p. 487). 
 
 
Para que se crie um precedente, no entanto é necessário que se parta 
dos conceitos supra- citados até a criação de uma súmula, portanto, é possível 
observar que cada um dos conceitos originalmente analisados constituem 
progressões. 
 Progressões estas que seguem uma ordem crescente, da 
fundamentação de uma decisão até se tornar um precedente, o qual foi acolhido 
e aplicado diversas vezes por um tribunal até se consolidar como jurisprudência. 
 Uma vez esta jurisprudência, prevalecendo como a dominante e 
permanecendo relevante, é consagrada em uma súmula. 
Súmula essa que possui, assim, a finalidade última de cristalizar um 
entendimento primeiramente estabelecido por um precedente. 
 
5 
 
 
 
Fonte: https://www.istockphoto.com/br/foto/ 
 
 
 
1.1 TÉCNICAS DE SUPERAÇÃO DE PRECEDENTES 
 
 
Para se superar um precedente parte-se de três modalidades: distinção 
(Distinguishing); superação (Overruling); e overriding. 
 
a) Distinção ou Distinguishing: A Distinção, ou Distinguishing no direito 
norte-americano, é a comparação entre o caso concreto e o paradigma ou 
seja ao precedente utilizado como referência, que permite ao magistrado 
deixar de aplica-lo em virtude da existência de alguma distinção entre o caso 
concreto e o precedente. 
 
 
6 
 
 
Conforme o entendimento de Assumpção: nesta hipótese a aplicação 
do precedente será excluída em razão de “determinadas peculiaridades 
fáticas e/ou jurídicas, mantendo-se o precedente válido e com eficácia 
vinculante para outros processos”. (ASSUMPÇÃO, 2016. p. 1.818) 
 
 
Para realizar a distinção deverá ser realizada quando um dos sujeitos 
processuais invocar um precedente e alegar sua aplicabilidade ao 
caso concreto. Dentro do direito processual, caberá à parte contrária 
argumentar pela não aplicação deste precedente, caso este seja seu 
interesse. E ao juiz restará, enfim, o dever de decidir sobre a 
adequação do precedente invocado ao caso concreto. (PEIXOTO, 
2016, p. 187). 
 
 
Caso haja necessidade de se afastar o precedente pela distinção, caberá 
ao magistrado proferir decisão diversa daquela enunciada no precedente 
invocado pela parte. 
 No entanto, a doutrina ensina que a distinção pode ser aplicada também 
de forma ampliativa ou restritiva. 
Nos casos, onde houver a necessidade de ampliar ou restringir o 
precedente não haverá a criação de uma tese jurídica nova, nem mesmo o 
precedente deixará de ser aplicado em virtude da distinção, haverá sim, uma 
modificação no âmbito de sua incidência. 
 
Distinção ampliativa e distinção restritiva 
 
 
Quanto a distinção ampliativa ou restritiva, Peixoto preleciona: 
 
 
A denominada distinção ampliativa ocorre quando um determinado 
precedente passa a ser aplicado, por meio de decisões posteriores, a 
fatos em relação aos quais não tinha a decisão originária feita 
 
7 
 
menção. Nessa situação ocorre uma expansão silenciosa do 
precedente originário. Por outro lado, a distinção restritiva será 
identificada quando fatos substanciais sejam retirados de uma ratio 
decidendi, diminuindo, assim, o seu âmbito de incidência, técnica que 
deve ser utilizada com cuidado, sob pena de haver tentativade 
superação por órgão jurisdicional incompetente para tanto. 
(PEIXOTO, 2016. p. 191) 
 
 
Peixoto, ainda distingue o risco de superação que, diferentemente da 
superação, a distinção não possui uma competência específica. 
Destarte, Didier entende que 
 
 
o distinguishing é considerado uma técnica de confronto, 
interpretação e aplicação do precedente. Ou seja, não de sua 
superação, porque o precedente apenas deixará de ser aplicado, 
sem, contudo, ser superado. (DIDIER, 2015. p. 491) 
 
 
Entende-se, então que a distinção nada mais é que a forma através do 
qual é feito o confronto entre o caso concreto e o paradigma o qual objetiva 
verificar a possibilidade da aplicação deste último ao caso concreto. 
 Todavia, caso deste confronto advenha um resultado negativo, ter-se-á 
a “distinção” dos elementos confrontados. E isto permitirá ao magistrado afastar 
o precedente ou justificar sua não aplicação em virtude da superação deste. 
 
b) Superação ou Overruling: A técnica da Superação também 
conhecida como Overruling no direito norte-americano, é 
considerada um dos institutos mais importantes no sistema de 
precedentes vinculantes (stare decisis). 
 E permite, dessa maneira, a evolução do sistema ao trazer a 
possibilidade de superação de um precedente. Retira-lhe, então, os efeitos 
vinculativos e substitui-os por outro sobre o mesmo objeto em julgamento. 
(PEIXOTO, 2016, p. 170). 
 
 
8 
 
 Didier utiliza simples palavras ao dizer que “overruling é a técnica 
através da qual um precedente perde a sua força vinculante e é substituído 
(overruled) por outro precedente”. (DIDIER, 2015, p. 494) 
 
Neves ainda traz o seguinte entendimento: 
 
 
[...] o precedente superado é na realidade uma decisão judicial 
transitada em julgado. E somente perderá seus efeitos vinculantes e 
persuasivos enquanto precedente invocado para as causas futuras, e 
não as já resolvidas de forma definitiva. (NEVES, 2016, p. 1.819), 
 
 
A superação em contrapartida ao que ocorre na distinção, possui um 
critério de competência, onde somente a Corte é competente para criar o 
precedente e a Corte a ela superior detêm competência para superá-lo. 
Assim, Peixoto traz o entendimento de que: 
 
 
Ao ser utilizada a técnica da superação, são criadas duas novas 
regras impositivas: uma relativa ao entendimento superado e uma de 
natureza processual, relativa ao precedente, afirmando que agora 
este é o novo precedente e que deterá eficácia concedida pelo 
ordenamento jurídico. Tal formulação tem por objetivo ressaltar que 
apenas a Corte competente para fixar aquele entendimento ou a 
Corte a ela superior (ao menos em termos de matéria) poderá alterá-
lo. Mesmo que uma determinada Corte incompetente para tanto não 
adote aquele entendimento, ela não terá poder para modificar a 
eficácia do precedente, inexistindo, por consequência, sua 
superação, permanecendo a ratio decidendi em vigor. No máximo, 
essa não aplicação será caracterizada como uma superação 
antecipada. Em sendo aplicável, e não sendo a hipótese de 
superação antecipada, tratar-se-á de decisão em error in judicando 
ou in procedendo. (PEIXOTO, 2016. p. 171): 
 
 
É possível concluir então que os tribunais inferiores não possuem 
competência para superar precedentes das cortes a eles superiores, sob pena 
de tornar facultativo aquilo que deveria ser obrigatório. 
 
9 
 
 
 
Da mesma forma que o Poder Judiciário “não pode deixar de aplicar 
a legislação por discordar de seus méritos (salvo situações de 
inconstitucionalidade), as Cortes inferiores não possuem 
competência para questionar os méritos dos precedentes das Cortes 
superiores por meio da superação”. (Peixoto, 2016 p. 171) 
 
 
 
A nova redação do art. 927 do Novo CPC para Assumpção chama a 
atenção para o §4º do art. 927 do Código de Processo Civil. 
 
 
O dispositivo estabelece, assim, que a modificação de enunciado de 
súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em 
julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de 
fundamentação adequada e específica. E considerando, enfim, os 
princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da 
isonomia. (ASSUMPÇÃO, 2016. p. 1821, 1822) 
 
Este dispositivo supra- citado veio para fortalecer art. 93, IX, da 
Constituição da República, o qual institui a obrigatoriedade de todas as decisões 
judiciais serem devidamente motivadas. 
 Mas Assumpção, observa-se que a fundamentação requerida para 
motivar a superação de um precedente deve ser ainda mais aprofundada. 
 
 
Mas ao exigir que a fundamentação seja específica o legislador 
parece realmente ter inovado, criando uma especialidade quanto à 
motivação da decisão que supera súmula com eficácia vinculante e 
precedente obrigatório. Entendo que essa fundamentação específica 
exija do tribunal a demonstração de que a nova tese adotada em 
superação da anterior é melhor e/ou mais adequada, além de 
existirem mais fortes razões para alterar o entendimento do que para 
mantê-lo, mesmo que com sacrifício da ideia de segurança jurídica. 
(Assumpção, 2016. p. 1.822) 
 
 
 
10 
 
1.2 Princípios da segurança jurídica e da boa-fé objetiva 
 
 
 
Fonte:https://stock.adobe.com/pt/search? 
 
 
O motivo pelo qual o processo de superação deve ser realizado com 
extremo cuidado e ponderação. E deve-se pautar vez que pautado nos princípios 
da segurança jurídica e boa-fé objetiva. 
 
 
Se o principal objetivo do sistema de precedentes é que os tribunais 
uniformizem sua jurisprudência, mantendo-a estável, íntegra e 
coerente, nos moldes do art. 926 do Código Processual, a mudança 
de um entendimento sem a devida motivação poderia gerar a quebra 
da confiança dos jurisdicionados e operadores do Direito em relação 
ao Poder Judiciário. Aliás, ao sistema de precedentes como um todo. 
Afinal, estariam concretizando o oposto daquilo que seria o ideal, a 
violação da segurança jurídica ao invés de sua promoção. (NEVES, 
2016, p. 1.819-1.823). 
 
 
Peixoto e Didier ensinam que a doutrina classifica a técnica de 
superação de precedentes em várias categorias. É possível classificá-la, por 
exemplo, em: explícita e implícita; difusa e concentrada; ou ainda antecipada. 
 
11 
 
A primeira classificação diz respeito à forma como a superação é 
realizada. Já a segunda tutela a instância ou local, semelhantemente ao que 
ocorre nos controles de constitucionalidade difuso e concentrado. 
 Para finalizar, a antecipação traz regras específicas as quais regem 
tanto uma forma especial de superação quanto as instâncias envolvidas, vez que 
requer a participação da Corte superior competente para a criação do precedente 
juntamente com as inferiores deixando de aplicá-lo. 
Didier leciona que 
 
 
[...] a superação será expressa quando determinada Corte resolve, 
expressamente, adotar uma nova orientação jurídica, abandonando a 
anterior. Já a superação tácita ou implícita ocorre quando a Corte 
adota um posicionamento contrário ao seu próprio precedente sem, 
porém, substituí-lo. (DIDIER, 2016, p. 494) 
 
 
 
Ainda de acordo com o entendimento de Didier: 
 
 
Quando se fala em superação difusa e concentrada, conforme supra- 
citado, equiparam-se aos sistemas de controle de 
constitucionalidade, no sentido de que superação difusa pode ocorrer 
em qualquer processo que, chegando ao tribunal competente, permite 
a superação do precedente anterior, já a concentrada se dará em 
virtude da instauração de procedimento próprio, o qual será definido 
pelo regimento interno de cada tribunal, com o objetivo específico de 
discutir a revisão de um entendimento consagrado no tribunal. 
(DIDIER, 2015. p. 496). 
 
 
Peixoto preleciona sobre o assunto da seguinte forma: 
 
 
Quando se fala em superação antecipada, esta ocorre quando as 
Cortes inferiores são induzidas pelas Cortes superiores a deixar de 
aplicar um precedente supostamente vinculante ao caso concreto 
como meio de antecipar umasuperação futura pelas Cortes 
competentes. (PEIXOTO, 2016. p. 203 e 204) 
 
 
12 
 
 
O que não significa uma permissão para a não aplicação de precedentes 
vinculantes pela discordância quanto ao seu conteúdo. Independentemente do 
grau da mera discordância, não autoriza às Cortes inferiores a não aplicação do 
precedente, quando aplicável ao caso em julgamento. 
Uma vez que o precedente seja vinculante, ele só não será aplicado 
quando demonstrada a distinção, assim, não cabe aos órgãos a ele sujeitos a 
elaboração de um juízo de valor. 
Quanto a superação antecipada ela é uma medida que possui requisitos 
diferentes dos da superação, que lida com a própria discussão do conteúdo da 
decisão, uma discordância quanto a ela. O que se pode entender como uma 
espécie de exercício de previsibilidade, justamente porque não incumbe aos 
tribunais inferiores o poder de superar os precedentes das Cortes superiores. 
 
 
Ainda há muita polêmica quanto à aceitação da técnica de superação 
antecipada pelo ordenamento jurídico brasileiro, vez que deveria 
caber somente às Cortes superiores decidir sobre a superação de 
seus próprios precedentes. Todavia, como muito bem apontado por 
um dos principais elementos do sistema de precedentes é a 
promoção do princípio da segurança jurídica, o qual permite a 
previsibilidade das ações ou posicionamentos do Poder Judiciário. 
(PEIXOTO, 2016. p. 206) 
 
 
Existem ainda algumas categorias da superação e evolução do Direito 
conforme o doutrinador especifica: 
 
 
Nestes termos, quando uma Corte inferior prediz uma possível 
alteração do precedente pela Corte superior, ela estará agindo dentro 
dos limites daquilo que o próprio sistema defende como um todo, 
utilizando-se da possibilidade de prever o que poderá acontecer no 
futuro, em termos de segurança jurídica, ante a constante evolução 
do Direito. (PEIXOTO, 2016. p. 206). 
 
 
 
 
13 
 
Entende-se que as técnicas de superação são o elemento essencial para 
que o sistema de precedente permita a evolução do Direito, adaptando o 
entendimento das Cortes às mudanças sociais, políticas, econômicas e 
legislativas do país, sempre visando promover, como objetivo máximo, a 
segurança jurídica dos jurisdicionados e demais operadores do direito. 
 
 
Similarmente à superação e à distinção, há o instituto do Overriding, 
sem tradução conferida pela doutrina. Este é o nome dado à 
adequação de um precedente a uma nova realidade jurídica, a qual 
pode ter sido modificada pela superveniência de uma regra ou um 
princípio legal. (NEVES, 2016. p. 1.820). 
 
 
Por tratar-se de uma adequação Neves defende não tratar- se de 
superação do precedente, mas quando muito, apenas uma superação parcial, 
motivo pelo qual o instituto não deve ser confundido com o Overruling, a técnica 
de superação propriamente dita. (NEVES, 2016. p. 1.820) 
Segundo o posicionamento de Didier o qual é semelhante ao de 
Assumpção, explicam que na aplicação do Overriding não há a substituição da 
norma contida no precedente, de forma que a tese jurídica (ratio decidendi) 
permanece a mesma, havendo a restrição de sua incidência sob o caso concreto, 
sendo esta técnica muito mais assemelhada à técnica da distinção do que à da 
superação. 
 
Há aproximação, porém não identidade; trata-se de técnicas distintas. 
Verifica-se que, ao passo que no distinguishing, uma questão de fato 
impede a incidência da norma, no overriding é uma questão de direito 
(no caso, um novo posicionamento) que restringe o suporte fático. Ou 
seja, no primeiro são os fatos materialmente relevantes do novo caso 
concreto que afastam o precedente, por não terem sido considerados 
quando da sua formação, enquanto que, no segundo, o afastamento 
é decorrente de um novo entendimento; portanto, de um elemento 
externo à relação jurídica discutida. (DIDIER JR. 2015, p. 507). 
 
 
 
14 
 
Destarte, cada técnica analisada possui características próprias, apesar 
de haver algumas semelhanças existentes, as quais permitem, portanto, sua 
distinção. Tornando possível defini-las como um meio próprio de proceder à 
análise, aplicação, interpretação, distinção e superação dos precedentes. 
 
Quando se fala em superação de precedentes em face da segurança 
jurídica 
 
 
Como já mencionado anteriormente, o principal objetivo da instituição 
de um sistema de precedentes vinculativos é o de promover a 
segurança jurídica, conferindo aos jurisdicionados a possibilidade de 
prever o comportamento das Cortes ao passo em que estas cumprem 
com seu dever de uniformizar sua jurisprudência. A uniformização da 
jurisprudência pelas Cortes gera nos jurisdicionados uma expectativa 
legítima de que o Poder Judiciário continuará a pautar-se de acordo 
com suas súmulas e seus precedentes. Todavia, é necessário que o 
sistema evolua. E do mesmo modo, que se adapte às novas 
realidades enfrentadas pelo Direito. Ao superar um entendimento, 
corre-se o risco de romper com a segurança das pessoas que 
pautaram suas condutas baseadas em um entendimento que deixará 
de ter eficácia vinculante, sendo substituído por outro com 
fundamentações diversas daquela anteriormente esperada. (NEVES, 
2016, p. 1.822-1.823). 
 
 
Com o fim de solucionar esta quebra de confiança, no NCPC de 2015, 
instituiu-se o §3º do art. 927, o qual estabelece que: 
 
 
“[...] na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do 
Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela 
oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação 
dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança 
jurídica”. (BRASIL, 2015.) 
 
 
Como bem fundamentado por Didier 
 
 
 
15 
 
[...] o Poder Judiciário, como ente da Administração Pública, deve 
sujeitar-se ao princípio da não-surpresa. E por isso, velar pela 
preservação da confiança depositada na Administração pelo 
administrado. Para reforçar seus argumentos, o doutrinador lembra 
que há dispositivos de lei sobre a sujeição da Administração Pública 
ao princípio da confiança. É o caso, por exemplo, do art. 2º, parágrafo 
único, XIII, da Lei n. 9.784/1.999 e o art. 146 do Código Tributário 
Nacional. Os dispositivos, dessa maneira, prescrevem, 
respectivamente: (DIDIER, 2015. p. 500 e 503), 
 
 
Conforme versa o art. 2º da Lei 9784 de 1999   
 
 
A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da 
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, 
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse 
público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos 
serão observados, entre outros, os critérios de: XIII – interpretação 
da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento 
do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova 
interpretação. (BRASIL, 1999) 
 
 
Existe ainda o princípio da irretroatividade o qual não permite que a 
lei retroaja de forma a prejudicar 
 
 
Semelhantemente, o próprio princípio da irretroatividade da lei pode 
ser considerado como derivado ou vertente da segurança jurídica, da 
boa-fé e da confiança impostas à Administração pela sociedade. 
(DIDIER JR., 2015, p. 501). 
 
 
Assim, alinhando os efeitos da superação ante a segurança jurídica, 
Assumpção observa o seguinte: 
 
Registre-se que, além de preservar a confiabilidade e a segurança 
jurídica, a possibilidade de modulação de efeitos da superação do 
precedente permite aos tribunais uma superação com mais 
tranquilidade, porque em sistemas em que não se admite tal 
modulação o trauma gerado pela superação do precedente funciona 
como impeditivo de tal superação. No direito pátrio, o tribunal poderá 
 
16 
 
dimensionar temporalmente o alcance da quebra da confiança no 
entendimento consolidado e pela modulação limitar os problemas 
advindos pela superação para aqueles sujeitos que se portaram no 
sentido do precedente ou súmula superada. (ASSUMPÇÃO, 2016. p. 
1.823)A partir da aplicação das técnicas de superação de precedentes, a 
possibilidade da modulação de efeitos permitirá, de certo, uma nova conduta 
ainda mais segura para o jurisdicionado o qual em face da mutação de um 
precedente, permitirá, assim, que o sistema evolua sem muitos impactos 
traumáticos no decorrer dos processos. 
 
2. O INCIDENTE PROCESSUAL DE DEMANDAS REPETITIVAS 
 
 
Fonte:https://stock.adobe.com/pt/search?filters 
 
 
 
A instauração do incidente processual de demandas repetitivas se dá 
quando existe um número considerado de ações iguais as quais serão definidos 
pelas jurisprudências dos tribunais superiores. 
O chamado incidente processual de demandas repetitivas é de 
competência dos tribunais de segundo grau os quais objetivam à criação de uma 
tese jurídica para aplicação obrigatória em processos repetitivos. 
 
17 
 
Criou-se a partir do CPC de 2015 o mecanismo de resolução de 
demandas repetitivas, com o objetivo de acabar com o abarrotamento de 
processos: 
 
O Conselho Nacional de Justiça revela que a quantidade de casos 
pendentes de solução definitiva (estoque de processos) nos tribunais 
brasileiros tem crescido, em média, 3,4% por ano desde 2009. Em 
2013, o número de processos acumulados e que aguardavam uma 
decisão final no Judiciário chegou a 66,8 milhões. (TEIXEIRA, 2016. 
p. 2) 
 
 
Por causa do excesso de processos o Estado precisou criar mecanismos 
buscando dar celeridade a máquina jurisdicional, observe a constatação de 
Teixeira sobre a necessidade da instauração deste. 
 
 
O panorama atual é de visível incompatibilidade entre litigiosidade a 
capacidade do Poder Judiciário em absorver tal demanda. Mais do 
que um problema de natureza processual, trata-se de um problema 
de Estado, que presta jurisdição morosa, descumprindo direito 
fundamental do cidadão. Trata-se, ainda, de um problema de 
governo, vez que parte da solução deveria advir de um melhor 
aparelhamento do Judiciário, em nível federal e especialmente 
estadual. Curioso constatar que a facilitação do acesso à Justiça 
verificado nas últimas décadas sob o estímulo do Estado, em 
realização de sua própria incumbência constitucional, com medidas 
exitosas como o fortalecimento das defensorias públicas, ampla 
concessão da gratuidade da Justiça, implementação do procedimento 
sumaríssimo (Juizados Especiais), é justamente uma das principais 
causas do abarrotamento do Judiciário. A ampliação do acesso à 
Justiça desacompanhado de uma gestão eficiente acarretou prejuízo 
à qualidade e à tempestividade da jurisdição. A solução virou 
problema. O Estado não está obrigado a prestar qualquer jurisdição 
mas uma tutela justa, efetiva e adequada. Como sabido, a garantia 
do acesso à Justiça não se resume a acessar o Judiciário em busca 
de tutela (acesso formal), mas a receber uma resposta efetiva e 
tempestiva, representativa do conceito atual do acesso à Justiça em 
sentido material e substancial. (TEIXEIRA, 2016. p. 2) 
 
 
 
Com o objetivo de tentar resolver o problema do excesso de demandas 
que versam sobre o mesmo tema, uniformizando assim o entendimento criou-se 
o instrumento chamado incidentes processuais de demandas repetitivas. 
 
 
18 
 
 
 O novo Código de Processo Civil reconhece, de modo expresso, sua 
função de concretizar o modelo constitucional de jurisdição e do 
processo, a servir de instrumento idôneo para a solução de conflitos 
e tutela adequada dos mais variados direitos, aí incluídos os direitos 
individuais homogêneos, presentes no fenômeno da proliferação de 
demandas repetitivas. Nesse diapasão, um dos principais eixos do 
novo Código de Processo Civil consiste na valorização de 
precedentes, mediante diferentes mecanismos, todos vinculantes, 
dentre estes o incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR) 
objeto do presente artigo. Privilegia-se, aqui, o valor segurança 
jurídica valorizando-se a previsibilidade e a estabilidade das decisões 
judiciais. Neste incremento da autoridade dos precedentes judiciais 
percebe-se certa aproximação entre os sistemas jurídicos da civil law 
e da common law. (TEIXEIRA, 2016. p. 4) 
 
 
 
No entendimento de Teixeira o NCPC criou uma terceira via de tutela, 
um incidente específico 
 
 
[...] instaurado a partir de um processo individual representativo da 
controvérsia, para firmar o precedente vinculante para a tutela 
uniforme de direitos individuais repetitivos e homogêneos, 
disciplinado nos arts. 976-986 do CPC/2015. Desse modo, o IRDR 
destina-se a trazer solução parcial aos males de insegurança jurídica, 
associados à ausência de previsibilidade e estabilidade da jurisdição 
diante de demandas individuais repetitivas, com idêntica questão de 
direito. Trata-se de incidente em demanda individual (causa-piloto) 
vocacionado para firmar a tese jurídica a respeito de determinada 
controvérsia. (TEIXEIRA, 2016. p. 5) 
 
 
 
Esse incidente de demandas repetitivas foi criado então com o objetivo 
de uniformizar jurisprudência mediante estabilização da tese jurídica firmada em 
precedente vinculante, em controvérsias que são individuais, porém com a 
mesma questão de direito. 
Com o objetivo de assegurar garantias constitucionais: segurança 
jurídica, isonomia e duração razoável do processo. 
 
 
 
19 
 
 
Atenta a tal realidade, o rol de garantias constitucionais foi ampliado 
por força de EC 45/2014, garantindo a todos, no plano ideal dos 
princípios, "a razoável duração do processo e os meios que garantam 
a celeridade de sua tramitação." Imbuído desse propósito, o Código 
de Processo Civil de 1973 recebeu inúmeras reformas voltadas a 
incrementar a efetividade, entendida como aptidão do processo em 
produzir resultados. Foi e será preciso racionalizar a distribuição da 
tutela jurisdicional, cuidando-se de solucionar questões de direito 
repetitivas de modo eficiente, assegurando igualdade, previsibilidade 
e relativa estabilidade na resposta jurisdicional, tutelando de forma 
idêntica controvérsias jurídicas idênticas, típicas da sociedade de 
massa, sob pena de grave descrédito do sistema judicial de resolução 
de conflitos. Concorda-se com o diagnóstico de que "sendo o 
processo instrumento de pacificação social, a adoção de soluções 
jurídicas diversas para uma mesma situação jurídica acarreta 
inegável insegurança jurídica, incerteza do direito e efetivo descrédito 
no Poder Judiciário" (TEIXEIRA, 2016. p. 6) 
 
 
O propósito é a busca da valorização da jurisprudência, adotada como 
precedente, verificável como dominante ou transformada em súmula. Para 
alcançar tal objetivo criou-se normas que vão direcionar o incidente de 
resolução de demandas repetitivas. 
A exemplo do que institui o art. 978 do NCPC de 2015: 
 
 
O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo regimento 
interno dentre aqueles responsáveis pela uniformização de 
jurisprudência do tribunal. Parágrafo único. O órgão colegiado 
incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará 
igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de 
competência originária de onde se originou o incidente. 
(BRASIL,2015) 
 
 
Este tipo de julgamento cria um precedente vinculante que contém 
eficácia limitada à competência territorial do tribunal de segundo grau 
competente para seu julgamento. 
A eficácia vinculante nacional do precedente formado no IRDR é obtida 
através do julgamento do recurso especial e/ou extraordinário cabível contra o 
acórdão que julga o incidente. 
 
20 
 
Os requisitos para o cabimento do incidente processual de demandas 
repetitivas estão previstos no art. 976, do CPC de 2015: 
 
 
Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de 
demandas repetitivas quando houver, simultaneamente: I - efetiva 
repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma 
questão unicamente de direito; II - risco de ofensa à isonomia e à 
segurança jurídica. § 1º A desistência ou o abandono do processo 
não impede o examede mérito do incidente. § 2º Se não for o 
requerente, o Ministério Público intervirá obrigatoriamente no 
incidente e deverá assumir sua titularidade em caso de desistência 
ou de abandono. § 3º A inadmissão do incidente de resolução de 
demandas repetitivas por ausência de qualquer de seus pressupostos 
de admissibilidade não impede que, uma vez satisfeito o requisito, 
seja o incidente novamente suscitado. § 4º É incabível o incidente de 
resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais 
superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado 
recurso para definição de tese sobre questão de direito material ou 
processual repetitiva. § 5º Não serão exigidas custas processuais no 
incidente de resolução de demandas repetitivas. (BRASIL, 2015) 
 
 
 
A ofensa à isonomia decorrente de decisões desiguais sobre idêntica 
questão de direito estará sempre presente diante da multiplicação de 
demandas repetitivas. 
 
 
O risco à isonomia, portanto, será uma decorrência natural dos 
pressupostos legais antecedentes (demandas repetitivas e 
controvérsia sobre idêntica questão de direito). Diante da proliferação 
de dezenas, centenas, milhares de processos sobre idêntica questão 
de direito será difícil negar o risco de decisões divergentes, a partir da 
natural abertura do direito, do emprego de conceitos indeterminados, 
do princípio do livre convencimento, da diversidade de princípios 
invocáveis, da possível colisão entre normas, ou seja, dentre tantas 
intepretações e respostas possíveis. (TEIXEIRA, 2016. p. 6) 
 
 
 
Para que haja um entendimento melhor sobre o incidente processual 
de demandas repetitivas Neves explica: 
 
21 
 
 
 
Há dois requisitos cumulativos positivos e um requisito negativo de 
cabimento do IRDR. O art. 976 do Novo CPC prevê em seus dois 
incisos os requisitos positivos. A efetiva repetição de processos que 
contenham controvérsia sobre a mesma questão unicamente de 
direito afasta do IRDR natureza preventiva, porque exige que 
efetivamente a mesma questão esteja sendo discutida em múltiplos 
processos em trâmite. O risco de ofensa à isonomia e à segurança 
jurídica pode ser compreendido de duas formas: considerado em 
abstrato, o risco existirá pela mera razão de uma mesma questão 
jurídica estar sendo discutida em múltiplos processos; considerado 
em concreto, será necessária não só uma quantidade razoável de 
decisões sobre a mesma questão jurídica, mas que tais decisões não 
tenham uma solução uniforme. Entendo que o risco de dano deva ser 
considerado em concreto, porque sua consideração em abstrato torna 
o requisito inútil, já que contemplado pelo preenchimento do requisito 
previsto no art. 976, I, do Novo CPC. O requisito negativo está 
disposto no art. 976, § 4º, do Novo CPC, que prevê a inadmissão do 
IRDR quando um dos tribunais superiores, no âmbito de sua 
respectiva competência, já tiver afetado recurso para definição de 
tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva. 
(NEVES, 2018. p. 412). 
 
 
Entende-se por esse requisito negativo pelo fato de que o precedente 
criado no IRDR terá eficácia vinculante nos limites territoriais do tribunal de 
segundo grau, já quanto ao recurso especial ou extraordinário repetitivo 
 
22 
 
precedente formado terá eficácia vinculante em todo o território nacional. 
 
 
Fonte:https://www.google.com/search?q=precedentes+judiciais+e+demandas+repetitivas 
 
2.1 Legitimidade: 
 
Quem tem legitimidade para propor o incidente processual de demandas 
repetitivas estão elencados no art. 977 do NCPC de 2015: 
 
 
Art. 977. O pedido de instauração do incidente será dirigido ao 
presidente de tribunal: I - pelo juiz ou relator, por ofício; II - pelas 
partes, por petição; III - pelo Ministério Público ou pela Defensoria 
Pública, por petição. Parágrafo único. O ofício ou a petição será 
instruído com os documentos necessários à demonstração do 
preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente. 
(BRASIL, 2015) 
 
 
 
23 
 
 
O entendimento de Neves sobre a legitimidade para propor o 
incidente processual de demandas repetitivas é de 
 
 
[...] que, sendo o objetivo do incidente ora estudado a formação de 
um precedente vinculante, com o que se estará preservando a 
previsibilidade, a segurança jurídica e a isonomia, a legitimidade do 
Ministério Público para suscitar o incidente de assunção de 
competência é universal, já que, sendo fiscal da ordem jurídica, 
poderá sempre atuar para preservar os valores que justificam a 
criação de um precedente vinculante. Não é essa, entretanto, a 
conclusão quanto à legitimidade da Defensoria Pública, que não tem 
entre suas finalidades institucionais a defesa da ordem jurídica. Não 
tenho dúvida de que, sendo a questão jurídica a ser resolvida de 
interesse de hipossuficientes econômicos, a Defensoria Pública terá 
legitimidade para suscitar o incidente, não sendo nesse caso 
necessário que todos os interessados sejam hipossuficientes 
econômicos e muito menos que as partes do processo tenham tal 
espécie de hipossuficiência. Mais polêmica será a defesa de 
legitimidade da Defensoria Pública no caso de admitir-se entre suas 
funções atípicas a defesa do hipossuficiente organizacional. Entendo 
que um bom parâmetro para a definição dos contornos da 
legitimidade da Defensoria Pública para suscitar o incidente de 
assunção de competência seja sua competência para a propositura 
de ação coletiva. (NEVES, 2018. p. 414) 
 
 
Por se tratar de uma ação de grande previsibilidade e como dito 
anteriormente, que se tornará com eficácia vinculante imutável é necessário 
para que haja segurança jurídica um rol específico de interessados em 
garantir essa segurança. O art. 976, § 5º, do Novo CPC prevê expressamente 
que não serão exigidas custas processuais no incidente de resolução de 
demandas repetitivas. Também não haverá condenação ao pagamento de 
honorários advocatícios. 
 
2.2 A desistência do IRDR e seu julgamento 
 
 
Caso o autor do processo o qual foi instaurado o IRDR venha a desistir 
do processo, não poderá evitar que o tribunal julgue o incidente, o art. 976, § 
 
24 
 
1º, do Novo CPC prevê que a desistência ou abandono do processo não 
impede o exame do mérito do incidente. 
Assim como a inadmissão da propositura do incidente processual de 
demandas repetitivas é de competência exclusiva do órgão colegiado, não 
sendo competente, portanto, o relator do incidente para inadmiti-lo 
monocraticamente. 
 
 
Desse acórdão será cabível apenas o recurso de embargos de 
declaração, não sendo cabíveis os recursos especial e extraordinário, 
porque a decisão não decide a causa, limitando-se apenas a decidir 
pela não solução do mérito do incidente diante do não preenchimento 
de seus requisitos positivos (incisos do art. 976 do Novo CPC) ou da 
presença de seu requisito negativo (art. 976, § 4º, do Novo CPC). 
Como o julgamento não será de mérito, é possível a repropositura do 
IRDR, mas para tanto o art. art. 976, § 3º, do Novo CPC prevê que 
ela está condicionada à presença dos requisitos faltantes no primeiro 
julgamento. (NEVES, 2018. p. 415) 
 
 
 
Já o art. 978 vai informar que o órgão colegiado incumbido de julgar 
o incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa 
necessária ou o processo de competência originária do qual se originou o 
incidente 
 
 
Art. 978. O julgamento do incidente caberá ao órgão indicado pelo 
regimento interno dentre aqueles responsáveis pela uniformização de 
jurisprudência do tribunal. Parágrafo único. O órgão colegiado 
incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará 
igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de 
competência originária de onde se originou o incidente. (BRASIL, 
2015) 
 
 
 
No entender de Neves, essa regra gera duas dificuldades práticas 
consideráveis: 
 
25 
 
 
 
A primeira é explicar a legitimidade do juiz de suscitar o incidente, jáque o dispositivo sugere que ele só pode ser suscitado em segundo 
grau de jurisdição, por depender da existência de um recurso, 
reexame necessário ou processo de competência originária do 
tribunal. Entendo que a legitimidade do juiz é limitada ao momento 
posterior à interposição de apelação contra sua sentença, porque 
nesse caso, ainda que o processo ainda esteja no primeiro grau, será 
necessariamente remetido ao tribunal de segundo grau diante da falta 
de competência do juízo sentenciante para analisar a admissibilidade 
do recurso de apelação. A segunda dificuldade é a suscitação do 
IRDR nos Juizados Especiais, porque nesse caso, mesmo que haja 
recurso inominado em trâmite, o tribunal de segundo grau é 
absolutamente incompetente para o seu julgamento. (NEVES, 2018. 
p. 416) 
 
 
 
Os processos em tramite perante os juizados especiais serão 
afetados pelo incidente processual de demandas repetitivas dar-se-á em dois 
momentos. 
No primeiro momento, com a suspensão dos processos repetitivos 
determinada pelo relator conforme versa o inciso I do art. 982, do 
Novo CPC: “Admitido o incidente, o relator: I - suspenderá os 
processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitam no Estado ou na 
região, conforme o caso”. 
 
 
Os processos pendentes serão suspensos pelo prazo de 1 (um) ano, 
ressalvados aqueles que envolvem réu preso ou habeas corpus. 
Superado este prazo cessará a suspensão, salvo decisão 
fundamentada do relator (art. 980, caput). A limitação do prazo de 
suspensão dá-se pela razão de que repercutirá - e retardará – o 
trâmite de todos os processos pendentes. Sob pena de ofensa ao 
princípio da duração razoável do processo, não se poderá admitir a 
postergação indefinida ou irrazoável do julgamento, que inclusive 
deverá ter preferência sobre os demais processos. Ultrapassado o 
prazo de suspensão e não fundamentada sua postergação, será 
natural que os julgadores dos processos inicialmente suspensos não 
se sintam "estimulados" a decidir, cientes de que seu entendimento 
pessoal poderá ser revisto quando da fixação da tese no incidente. 
Discute-se, acerca da inconstitucionalidade da suspensão 
compulsória das demandas repetitivas e de seu efeito vinculante, 
 
26 
 
ambos destituídos de prévia autorização constitucional, tal como 
ocorre em relação às sumulas vinculantes (CF, art. 103-A). Com 
efeito, a decisão firmada em IRDR apresenta a mesma carga de 
eficácia das súmulas vinculantes, contudo, sem autorização 
constitucional. A questão requer maior aprofundamento para a devida 
análise, escapando aos limites deste breve artigo. Note-se que o 
fenômeno da suspensão compulsória de casos repetidos e sua 
eficácia vinculante também ocorre no julgamento de recursos 
extraordinário e especial repetitivos (art. 1.036, § 1.º), que também 
não apresentam permissão constitucional, a merecer, por coerência, 
igual solução na análise de sua compatibilidade com a Constituição. 
 
 
Ou ainda pelo tribunal superior conforme institui o art. 982, §§ 3º a 5º, 
do Novo CPC: 
 
 
§ 3º Visando à garantia da segurança jurídica, qualquer legitimado 
mencionado no art. 977, incisos II e III, poderá requerer, ao tribunal 
competente para conhecer do recurso extraordinário ou especial, a 
suspensão de todos os processos individuais ou coletivos em curso 
no território nacional que versem sobre a questão objeto do incidente 
já instaurado. § 5º Cessa a suspensão a que se refere o inciso I do 
caput deste artigo se não for interposto recurso especial ou recurso 
extraordinário contra a decisão proferida no incidente. (BRASIL, 
2015) 
 
No segundo momento, com a eficácia vinculante do precedente a ser 
criado pelo julgamento do IRDR de acordo com o inciso I do art. 985, do Novo 
CPC: 
 
 
Art. 985. Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada: I - a todos 
os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica 
questão de direito e que tramitem na área de jurisdição do respectivo 
tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do 
respectivo Estado ou região; (BRASIL, 2015) 
 
 
Ainda segundo o art. 980, caput, do Novo CPC, existe o prazo de um 
ano para o julgamento do IRDR e, para que o mesmo possa ser cumprido, o 
mesmo dispositivo prevê a preferência em seu julgamento, salvo nos 
processos que envolvam réu preso e nos pedidos de habeas corpus. 
 
27 
 
Uma vez vencido esse prazo sem o julgamento do incidente, o 
parágrafo único do art. 980 do Novo CPC prevê a cessação da suspensão dos 
processos repetitivos. 
Para Neves, esse efeito previsto no caput do art. 980, do NCPC/15 
 
 
 Ocorre, entretanto, que esse efeito não é inexorável, porque o 
mesmo dispositivo legal estabelece que, havendo decisão 
fundamentada do relator justificando o não cumprimento do prazo, os 
processos repetitivos continuarão suspensos. (NEVES, 2018. p. 418) 
 
 
 
Ainda, o art. 982, I, do Novo CPC de 2015 dispõe que, em decorrência 
da admissão do incidente pelo órgão colegiado, o relator suspenderá os 
processos pendentes, individuais ou coletivos que tramitam no Estado ou na 
região, conforme o caso. 
Ainda nos dizeres de Neves: 
 
 
O ministro relator do tribunal superior poderá suspender os processos 
repetitivos em razão do IRDR em dois momentos: quando for 
provocado a tanto, nos termos dos §§ 3º e 4º do art. 982 do Novo 
CPC, mesmo antes da interposição de recurso especial ou 
extraordinário, ou com a remessa ao tribunal superior de tais recursos 
quando a suspensão ainda estiver limitada pela competência 
territorial do tribunal de segundo grau. No primeiro caso, entendo 
tratar-se de decisão interlocutória monocrática, porque o ministro do 
tribunal superior estará efetivamente sendo chamado a proferir uma 
decisão sobre a expansão da suspensão dos processos repetitivos 
para todo território nacional. E, tratando-se de genuína decisão 
interlocutória monocrática, entendo ser cabível o agravo interno, nos 
termos do art. 1.021, caput, do Novo CPC. No segundo caso, acredito 
tratar-se de mero despacho, porque, sendo admitido o recurso 
especial ou extraordinário interposto contra o acórdão que julgou o 
IRDR, a suspensão dos processos repetitivos em todo território é 
imperativa, não cabendo ao relator do recurso excepcional decidir 
sobre o tema, apenas determinar a suspensão em estrito 
cumprimento da exigência legal. (NEVES, 2018. p. 419) 
 
 
 
 
28 
 
 Destarte, não será cabível o agravo interno, nos termos do art. 1.001 
do Novo CPC. 
Cabe ainda observar que por ser um caso de grande visibilidade e 
repercussão a intervenção de amicus curiae no incidente de processual de 
demandas repetitivas observa-se o art. 138, caput, do Novo CPC, o qual prevê 
a admissão do amicus curiae em razão da relevância da matéria, da 
especificidade do tema objeto da demanda ou da repercussão social da 
controvérsia. 
Observa-se ainda no art. 983, caput, do Novo CPC, onde a previsão 
de que o relator do incidente processual de demandas repetitivas deverá ouvir 
os órgãos e entidades com interesse na controvérsia. 
 Conclui-se então pela admissão do amicus curiae no IRDR, de 
acordo com Neves que: 
 
 
O art. 938, caput, do Novo CPC é o interesse institucional na melhor 
qualidade possível da prestação da tutela jurisdicional, e não um 
interesse pessoal, o que desvirtuaria a função do amicus curiae no 
processo. Nunca é demais lembrar que o julgamento do IRDR será 
um precedente vinculante, a ser utilizado como fundamento do decidir 
em múltiplos processos, afetando dessa forma muitos sujeitos que 
não terão participado do IRDR. Essa eficácia ultra partes do 
precedente vinculante formado no IRDR exige a qualificação da 
formação do convencimento dos julgadores, sendo justamente nesse 
sentido a justificativa da intervenção de terceiro como amicus curiae. 
(NEVES, 2018. p. 421) 
 
 
 
O Julgamento acontecerá da seguinte forma nos dizeres de Sales: 
 
 
 
O relator, lerá seu relatório onde fará a exposiçãodo objeto do 
incidente em seguida as partes do processo original poderão fazer 
sustentação oral pelo prazo de 30 minutos para cada um sendo, 
primeiro o autor e depois o réu, em seguida o Ministério Público 
poderá sustentar pelo prazo de 30 minutos. Todos os interessados 
poderão ainda fazer sustentação oral, desde que se inscrevam com 
dois dias de antecedência, pelo prazo de 30 minutos, minutos estes 
que serão divididos entre todos os inscritos. Após o ato contínuo 
passa-se a colheita dos votos dos desembargadores, formando assim 
 
29 
 
o acórdão, que deverá abranger a análise de todos os fundamentos 
levantados pelas partes e pelos intervenientes, referentes à tese 
debatida, seja, eles favoráveis ou não. (SALES, 2018. p. 533) 
 
 
O julgamento do IRDR será recorrível por meio de embargos de 
declaração, sendo também cabível o recurso especial e extraordinário, por 
expressa previsão do art. 987, caput, do Novo CPC. 
Assim, é interessante a necessidade de alterar o conceito de causa 
para afastar o dispositivo legal de inconstitucionalidade, uma vez que o texto 
constitucional exige a decisão da causa para o cabimento dos recursos 
excepcionais. 
Quando se fixa uma tese jurídica no julgamento do IRDR não gera 
tecnicamente sucumbência a nenhuma das partes do processo no qual foi 
instaurado o incidente, porque, segundo Neves: 
 
 
[...]ao fixar tese jurídica, o tribunal não frustra qualquer pretensão das 
partes. Dessa forma, o interesse recursal para os recursos especial e 
extraordinário contra o acórdão que julga o IRDR não pode ser 
analisado sob a ótica da sucumbência. Correta lição doutrinária 
ensina que o interesse recursal é demonstrado quando o provimento 
do recurso é capaz de melhorar a situação prática do recorrente, e, 
sendo a parte envolvida no incidente afetada em outros processos em 
razão do precedente vinculante, não tenho dúvida de seu interesse 
recursal, ainda que a tese jurídica lhe beneficie, na interposição do 
recurso especial e extraordinário. Não custa lembrar que o IRDR, ao 
ser julgado pelo tribunal de segundo grau, cria um precedente 
vinculante com efeitos limitados à competência territorial desse 
tribunal, só havendo eficácia nacional com o julgamento dos recursos 
excepcionais nos tribunais superiores. (NEVES, 2018. p. 422) 
 
 
 
Dessa forma entende-se que o processo em que foi instaurado o 
IRDR quando demonstrar que também é parte em processos repetitivos em 
trâmite em estados ou regiões distintas daqueles em que foi julgado o IRDR, 
o interesse de agir pode se limitar a tornar nacional a eficácia local do 
precedente. 
 
30 
 
Quanto a possibilidade de se afastar a suspensão do processo gerado 
pela instauração do IRDR Neves explica: 
 
 
A única forma é a parte interessada convencer o juiz do processo da 
distinção, ou seja, demonstrar que o processo suspenso tem alguma 
especialidade fática ou jurídica que o distingue da situação fático-
jurídica que será resolvida pelo IRDR. Nesse caso, havendo 
realmente causa para a distinção, a decisão do processo não estará 
vinculada ao precedente a ser criado no IRDR, não tendo sentido, 
portanto, mantê-lo suspenso à espera de um julgamento que não o 
afetará. O pedido de afastamento da suspensão do processo deve 
ser feito por meio de mera petição, devidamente fundamentada. 
Sendo elaborada em primeiro grau de jurisdição, a decisão 
interlocutória que o resolver não é recorrível por agravo de 
instrumento, já que não há previsão expressa nesse sentido e tal 
decisão não consta do rol do art. 1.015 do Novo CPC. Como deixar 
para impugnar tal decisão na apelação ou contrarrazões, nos termos 
do art. 1.009, § 1º, do Novo CPC, parece ser inútil, pode-se cogitar do 
cabimento de mandado de segurança contra a decisão. (NEVES, 
2018. p. 425) 
 
 
 No em que o processo suspenso esteja no tribunal, a decisão que 
resolver o pedido será monocraticamente proferida pelo relator, sendo nesse 
caso cabível o recurso de agravo interno, nos termos do art. 1.021, caput, do 
Novo CPC. 
Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno 
para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao 
processamento, as regras do regimento interno do tribunal. § 1º Na 
petição de agravo interno, o recorrente impugnará especificadamente 
os fundamentos da decisão agravada. § 2º O agravo será dirigido ao 
relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o recurso 
no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, 
o relator levá-lo-á a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão 
em pauta. § 3º É vedado ao relator limitar-se à reprodução dos 
fundamentos da decisão agravada para julgar improcedente o agravo 
interno. § 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente 
inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão 
colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar 
ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor 
atualizado da causa. § 5º A interposição de qualquer outro recurso 
está condicionada ao depósito prévio do valor da multa prevista no § 
4º, à exceção da Fazenda Pública e do beneficiário de gratuidade da 
justiça, que farão o pagamento ao final. (NEVES, 2018.p. 426) 
 
 
 
 
31 
 
Assim, após decisão final o incidente processual de demandas 
repetitivas gera então um precedente vinculante de eficácia geral. 
 
2.3 Efeitos 
 
 
Fonte:https://www.google.com/search? 
 
Após o julgamento do incidente de demandas repetitivas, firma-se a 
tese jurídica, assim, essa decisão deverá ser aplicada: a todos os processos 
pendentes que tratam da mesma matéria, na área de competência do tribunal, 
inclusive dos juizados especiais; aos processos futuros que tratam da mesma 
matéria e que venham a tramitar na área de competência do tribunal, a não 
ser que haja revisão da tese, na forma do art. 986 do Novo Código de 
Processo Civil. (SALES, 2018. p. 533) 
 
 
Em relação aos casos futuros, deverá o julgador do caso concreto 
aplicar eventual distinção do julgado em exame em relação à tese 
firmada no IRDR (arts. 489, § 1.º, V e VI, art. 927, § 1.º). Se for este 
o caso, o precedente não deverá ser aplicado. Do contrário, tratando-
se de julgado sobre idêntica questão de direito fixada no precedente, 
este deverá ser aplicado, de modo que "a fundamentação originária 
do julgamento do incidente se incorporará automaticamente à própria 
 
32 
 
decisão que o invoca, sem a necessidade de repeti-la ou elaborá-la, 
razão pela qual não é exigível a observância do art. 489, § 1.º, IV". 
Em síntese, o precedente firmado no âmbito do IRDR é dotado de 
autoridade vinculante (binding autority), produzindo o efeito de 
vincular os julgados que, em situações idênticas, lhe forem 
supervenientes. A norma geral estabelecida na fundamentação deste 
julgado (ratio decidendi) terá a eficácia de vincular decisões 
posteriores, obrigando os órgãos jurisdicionais a adotarem aquela 
mesma tese na fundamentação dos julgados sob sua jurisdição, 
conquanto repouse a controvérsia sobre idêntica questão de direito, 
em obediência aos princípios da isonomia e segurança jurídica. 
(TEIXEIRA, 2016. p. 10) 
 
 
 
Art. 986. A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo 
mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento dos legitimados 
mencionados no art. 977, inciso III. (BRASIL, 2015) 
 
 
Art. 489. São elementos essenciais da sentença: § 1º Não se 
considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à 
reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação 
com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos 
indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no 
caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra 
decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no 
processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotadapelo 
julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, 
sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que 
o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de 
seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado 
pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento.(BRASIL, 2015) 
 
 
 
Os juízes deverão observar a partir de então a tese firmada pelo 
tribunal conforme se lê no artigo que se segue: 
 
 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do 
Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de 
constitucionalidade; II - os enunciados de súmula vinculante; III - os 
 
33 
 
acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução 
de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário 
e especial repetitivos; IV - os enunciados das súmulas do Supremo 
Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de 
Justiça em matéria infraconstitucional; V - a orientação do plenário ou 
do órgão especial aos quais estiverem vinculados. § 1º Os juízes e os 
tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º, quando 
decidirem com fundamento neste artigo. § 2º A alteração de tese 
jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos 
repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da 
participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir 
para a rediscussão da tese. § 3º Na hipótese de alteração de 
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos 
tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos 
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no 
interesse social e no da segurança jurídica. § 4º A modificação de 
enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese 
adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade 
de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios 
da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. § 5º 
Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os 
por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na 
rede mundial de computadores. (BRASIL, 2015) 
 
 
Caso os juízes entendam por não seguir a tese firmada a parte 
inconformada poderá interpor Reclamação conforme versam os arts.988 a 
993 do NCPC/15. 
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério 
Público para: I - preservar a competência do tribunal; II - garantir a 
autoridade das decisões do tribunal; III - garantir a observância de 
decisão do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de 
constitucionalidade; III – garantir a observância de enunciado de 
súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em 
controle concentrado de constitucionalidade; (Redação dada pela Lei 
nº 13.256, de 2016) (Vigência) IV - garantir a observância de 
enunciado de súmula vinculante e de precedente proferido em 
julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de 
competência IV – garantir a observância de acórdão proferido em 
julgamento de incidente de resolução de demandas repetitivas ou de 
incidente de assunção de competência; (Redação dada pela Lei nº 
13.256, de 2016) (Vigência) § 1º A reclamação pode ser proposta 
perante qualquer tribunal, e seu julgamento compete ao órgão 
jurisdicional cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade 
se pretenda garantir. § 2º A reclamação deverá ser instruída com 
prova documental e dirigida ao presidente do tribunal. § 3º Assim que 
recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do 
processo principal, sempre que possível. § 4º As hipóteses dos 
incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da tese jurídica e 
sua não aplicação aos casos que a ela correspondam. § 5º É 
inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em julgado da 
decisão. § 5º É inadmissível a reclamação: (Redação dada pela Lei 
 
34 
 
nº 13.256, de 2016) (Vigência) I – proposta após o trânsito em julgado 
da decisão reclamada; (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) 
(Vigência) II – proposta para garantir a observância de acórdão de 
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de 
acórdão proferido em julgamento de recursos extraordinário ou 
especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias ordinárias. 
(Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) § 6º A 
inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a 
decisão proferida pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação. 
(BRASIL,2015) 
 
 
Conforme mencionado acima, um dos objetivos de se interpor a 
reclamação é para manter a ordem jurídica, preservando a competência do 
tribunal, a qual busca garantir a autoridade das decisões do tribunal. 
 
 
Art. 989. Ao despachar a reclamação, o relator: I - requisitará 
informações da autoridade a quem for imputada a prática do ato 
impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez) dias; II - se 
necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado 
para evitar dano irreparável; III - determinará a citação do beneficiário 
da decisão impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para 
apresentar a sua contestação. (BRASIL, 2015) 
 
 
O relator deverá observar os prazos ao despachar a reclamação. 
O fato de se interpor a reclamação porque a decisão do juízo não foi 
de acordo com a tese firmada de incidente de resolução de demandas 
repetitivas não quer dizer que o tribunal irá decidir da mesma forma, pois a 
tese poderá ser revista, uma vez que o conforme preleciona Sales: 
 
 
O direito é uma ciência social e, como tal, está sujeito a mudanças 
conforma mude a própria sociedade. Assim também ocorre as 
decisões judiciais. Por isso não é de se imaginar que a tese firmada 
no IRDR seja eterna e permanente. Ela também está sujeita a 
alterações, podendo ser revista. A revisão da tese pode ser feita pelo 
próprio tribunal, que proferiu a decisão no IRDR que a originou. Ela 
pode se dar de ofício, ou seja, por iniciativa do próprio tribunal, ou por 
requerimento do MP ou da Defensoria Pública. (SALES, 2018. p. 533, 
534) 
 
 
35 
 
Fonte: SALES, manual de direito processual civil, 2018. P.531. 
 
 
Contra o acórdão que julga o incidente de resolução de demandas 
repetitivas, caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o caso se trate 
de matéria constitucional ou infraconstitucional, de forma excepcional, nesses 
casos o recurso especial e extraordinário será dotado de efeito suspensivo, 
para fins de conhecimento do recurso extraordinário, haverá então a presunção 
de repercussão geral da questão constitucional eventualmente discutida. 
Quando acontecer de os recursos serem conhecidos e apreciados pelo 
mérito, a decisão adotada pelo STF ou STJ, conforme o caso, será aplicada em 
todo o território nacional, em todos os processos que versem sobre a mesma 
matéria, sejam eles individuais, sejam eles coletivos. (SALES, 2018. p. 534) 
 
 
 
 
2.4 Reclamação 
 
A partir do advento do Novo Código de Processo Civil, a reclamação 
ganha novos contornos, cabendo para todo e qualquer tribunal, e não apenas 
para os superiores sempre que houver pretensão. 
 
36 
 
Essa reclamação como supra- citado visa: 
 
 
a) preservar a competência do tribunal, quando o juiz ou tribunal, 
julga causa ou recurso de competência deste; b) garantir a 
autoridade das decisões do tribunal, quando decisão, 
monocrática ou colegiada, do tribunal não estiver sendo 
respeitada ou cumprida por autoridades judiciárias ou 
administrativas; c) garantir a observância do enunciado de 
súmula vinculante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em 
controle concentrado de constitucionalidade, quando uma 
súmula vinculante ou uma decisão não estiver sendo respeitada 
ou cumprida por autoridades judiciárias ou administrativas; d) 
garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de 
precedenteproferido em julgamento de casos repetitivos ou em 
incidente de assunção de competência, quando a súmula ou 
precedente não estiver sendo cumprido ou respeitado por 
autoridades judiciárias ou administrativas; e e) garantir a 
observância de acórdão proferido em julgamento de IRDR ou de 
assunção de competência. As hipóteses c e d compreendem 
tanto a aplicação indevida da tese jurídica quanto a sua não 
aplicação aos casos que a ela correspondam. (SALES, 2018. p. 
535) 
 
 
Com estes novos contornos objetiva-se dar garantia jurídica as teses 
formadas pelos tribunais. 
Quanto a competência e processamento da reclamação, ela deverá 
ser ajuizada, pela parte interessada, perante qualquer tribunal, cabendo o seu 
julgamento ao órgão cuja competência foi usurpada ou cuja autoridade se 
quer garantir, visto que, ao ser recebida e atuada, ela deverá ser distribuída, 
sempre que possível, ao relator do processo principal. 
A reclamação deve ser distribuída, sempre que possível, ao relator do 
processo principal, devendo ser instruída com os documentos necessários a 
fim de comprovar a matéria alegada e ser dirigida ao Presidente do tribunal. 
Conforme o entendimento do STF: 
 
 
STF, Súm. Nº 734. Não cabe reclamação quando já houver transitado 
em julgado o ato judicial que se alega tenha desrespeitado decisão 
do Supremo Tribunal Federal. (SALES, 2018. p. 536) 
 
 
37 
 
 
 
Também não caberá reclamação para garantir observância de 
acórdão de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de 
acórdão proferido em julgamento de recurso especial ou extraordinário 
repetitivo, quando não esgotadas as instâncias ordinárias. 
 
 
Interessa observar a preocupação do legislador para com a coerência 
do microssistema de vinculação aos precedentes (art. 927) ao dispor 
que será incabível o IRDR quando tribunal superior já tiver afetado 
recurso repetitivo (arts. 1.036-1.042) sobre a mesma questão de 
direito objeto do incidente posteriormente instaurado (art. 976, § 4.º). 
Neste caso, em favor da racionalidade da jurisdição, prevalecerá a 
decisão do recurso repetitivo somente porque afetado anteriormente, 
uma vez que inexiste hierarquia entre tais mecanismos de 
uniformização de jurisprudência, inseridos - não por acaso - no 
mesmo inciso do art. 927, ao estabelecer a ordem dos precedentes à 
brasileira. A propósito, em breve parêntesis, a expressão precedentes 
à brasileira bem denota a existência de uma sistema de precedentes 
único, com peculiaridades distintas daquelas observadas em países 
com maior tradição no assunto. Verifica-se, exemplificativamente, em 
relação ao IRDR, um precedente fruto de um único julgamento e cuja 
decisão será de aplicação obrigatória a todos os demais, em qualquer 
grau de jurisdição, sob pena de reclamação ao órgão jurisdicional que 
firmou o precedente. Já em relação às súmulas, presentes no topo da 
cadeia do sistema de uniformização brasileiro, impõe-se admitir sua 
pobreza de sentido diante da riqueza presente na ratio decidendi de 
um precedente. As súmulas são naturalmente generalizantes e 
abstratas, especialmente se ignorados os julgados que lhe deram 
sustentação. Como bem adverte Lênio Luiz Streck acerca do 
objetivismo das súmulas, eles são "respostas a priori, oferecidas 
antes das perguntas", são uma espécie "de 'antecipação de sentido, 
uma tutela antecipatória das palavras', ou, ainda, uma atribuição de 
sentido inaudita altera parte". O tema escapa aos modestos limites do 
presente artigo e requer maior aprofundamento. Ressente-se, na 
realidade, de uma teoria própria de precedentes conforme as 
particularidades do ordenamento jurídico nacional. (TEIXEIRA, 2016. 
p.7) 
 
 
 
Relativo ao processamento, uma vez recebida e distribuída a 
reclamação, o relator deverá despachá-la adotando as providências que se 
seguem: 
 
38 
 
 
a) requisitará informações à autoridade a quem foi imputada a 
prática do ato impugnado, providência essa que é obrigatória. 
As informações deverão ser prestadas no prazo de dez dias; 
b) poderá ordenar a suspensão do processo ou do ato 
impugnado, para evitar dano irreparável, se entender 
necessário, sendo isso ato discricionário do relator, que 
deverá, em todo caso, fundamentar a decisão; e c) 
determinará a citação do beneficiário do ato impugnado, para 
que apresente contestação no prazo de 15 dias, ato 
obrigatório do relator para garantir o direito ao contraditório. 
(SALES, 2018. p. 536) 
 
 
 
Conforme versa o inciso III, do art. 989, do NCPC além do beneficiário, 
que será citado para apresentar contestação, qualquer pessoa que tiver 
interesse jurídico na questão reclamada poderá impugnar o pedido do 
reclamante. 
Quando o Ministério Público não for o autor da reclamação, o relator 
deverá intimá-lo tendo vista dos autos pelo prazo de 5 (cinco) dias, após o 
prazo das informações e da contestação, podendo, se quiser, manifestar-se 
no feito, uma vez que a manifestação do Ministério Público não é obrigatória, 
construindo ato discricionário. 
Já conforme os atos do julgamento da reclamação, o tribunal poderá 
adotar, em face do ato impugnado, a medida que entender adequada para 
solucionar a controvérsia. 
De acordo com o que institui o art. 922 do NCPC/15, 
 
 
 Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o 
prazo concedido pelo exequente para que o executado cumpra 
voluntariamente a obrigação. Parágrafo único. Findo o prazo sem 
cumprimento da obrigação, o processo retomará o seu curso. 
(BRASIL, 2015) 
 
 
Uma vez julgada procedente a reclamação, o tribunal, fará cessar a 
decisão exorbitante de seu julgado determinando à medida adequada a 
 
39 
 
solução da controvérsia, o que possibilita o tribunal a agir da maneira mais 
ampla possível, a fim de coibir a usurpação da sua competência, ou, a não 
observância de suas decisões ou das súmulas e precedentes dos tribunais 
superiores. 
Depois de julgada procedente a reclamação, o presidente do tribunal 
fará com que se cumpra de imediato, deixando o acórdão para ser lavrado em 
momento posterior. (SALES, 2018. p. 536) 
 
2.5 Eficácia vinculante 
 
 
 
Fonte:https://www.google.com/search? 
 
O precedente gerado pelo IRDR produz uma força vinculante do 
precedente gerado a partir do julgamento do mérito que se revela na 
afirmação textual contida no art. 985 
 
 
[...] de que a tese fixada será aplicada (i) a todos os processos 
individuais e coletivos que versem sobre idêntica questão de direito, 
(ii) aos processos no âmbito dos juizados especiais do respectivo 
Estado ou região; (iii) aos casos futuros que versem sobre idêntica 
questão de direito; (iv) caso o precedente não seja observado caberá 
reclamação; (v) terá sua aplicação fiscalizada pela agência 
reguladora competente caso o precedente firmado diga respeito à 
 
40 
 
prestação de serviço público concedido, permitido ou autorizado; (v) 
terá aplicação obrigatória salvo revisão do próprio tribunal que julgou 
o incidente em definitivo. A força vinculante do precedente firmado em 
IRDR dependerá apenas do julgamento do mérito do mesmo, não 
obstante em favor ou em desfavor dos interesses do autor da 
demanda originária. Registre-se que ao autor da demanda individual 
ou coletiva suspensa por versar sobre idêntica questão não será 
outorgado a possibilidade direito de fugir à eficácia vinculante da 
decisão fixada no IRDR (coisa julgada pro et contra). Trata-se de 
característica diversa do que se observa no microssistema processual 
das ações coletivas, no qual é reconhecido ao autor o direito de opt-
out, ou seja, de prosseguir com a sua demanda e não sujeitar-se aos 
efeitos da sentença coletiva caso lhe seja desfavorável (coisa julgada 
secundum eventum litis). Ataca-se, com isso, uma das principais 
causas da ineficiência do ordenamento processual no trato de litígios 
individuais massificados. Cuida-se de decisiva diferenciação do 
precedente firmado no âmbito do IRDR em comparaçãoà coisa 
julgada formada em ação coletiva, outorgando-se àquele capacidade 
infinitamente superior de racionalizar o sistema e uniformizar a 
jurisdição, ao negar ao jurisdicionado o direito de não se submeter à 
tese fixada no incidente. (TEIXEIRA, 2016. p. 12) 
 
 
 
Essa eficácia sustenta-se de forma saudável e necessária com 
eficiência estabilizadora, em muito superior à organização das ações 
coletivas. 
O IRDR foi criado como uma ferramenta eficaz que busca trazer 
eficiência a prestação jurisdicional a principal contribuição do incidente de 
resolução de demandas repetitivas ao aperfeiçoamento da prestação da tutela 
jurisdicional no Brasil 
 
 
Nossa convicção parte da constatação de que a tese fixada no IRDR 
não afastará a necessidade de que os titulares do direito reconhecido 
no precedente repetitivo tenham que ajuizar suas ações individuais 
ou mesmo coletivas a fim de obter o reconhecimento judicial do seu 
direito, para só então efetivá-lo. Significa dizer que o julgamento da 
questão de direito repetitiva via IRDR não importará em uma redução 
no número de ações futuras em torno daquela mesma questão. Ao 
inverso, um muitos casos, a solução afirmativa de um direito 
homogêneo provocará um incremento de ações individuais de parte 
de todos os seus titulares em busca de seu reconhecimento 
efetivação judicial. Desnecessário esforço de imaginação para 
projetar-se um IRDR afirmativo de direito de consumidor, de larga 
escala, para que milhares de demandas repetitivas desaguem no 
Judiciário, fortemente estimuladas pela classe dos advogados. Não 
resta dúvida, entretanto, que esta corrida ao Judiciário será por 
 
41 
 
demais salutar à realização de direitos subjetivos, distribuindo-se farta 
e igualitária jurisdição. O que não se pode imaginar, no entanto, é que 
a fixação de tese em IRDR irá reduzir a litigiosidade, irá, isso sim, 
racionalizar e tornar mais igualitária a distribuição da Justiça. 
(TEIXEIRA, 2016. p. 12) 
 
 
Vale reforçar que as demandas suspensas deverão seguir seu trâmite 
regular tão logo cessado sua interrupção, mesmo que somente para aplicar a 
tese firmada no incidente. 
 
 
 Em poucas palavras, a fixação da tese via IRDR não afastará a 
necessidade de que as ações suspensas sejam julgadas até seu 
trânsito em julgado, com a apresentação de todos os recursos 
previstos. A preexistência de tese fixada em IRDR trará, contudo, 
consequências em favor da celeridade do procedimento, podendo 
ensejar (i) o deferimento de tutela da evidência quando o pedido 
estiver fundado em tese firmada no precedente; (ii) a dispensa de 
remessa necessária quando a sentença estiver alinhada ao 
precedente (art. 496, § 4.º, II); (iii) a improcedência liminar do pedido 
(art. 332, III), (iv) o julgamento monocrático do mérito de parte do 
relator (art. 932, IV, b e V, c); bem como (iv) a dispensa de caução no 
cumprimento provisório de sentença alinhada ao precedente (art. 
521,IV (TEIXEIRA, 2016. p. 12) 
 
 
 
Uma vez firmada a tese jurisprudencial todos os demais juízes dentro 
do mesmo tribunal deverão observa-las a fim de dar celeridade e eficácia a 
demanda analisada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
4 Referências bibliográficas: 
 
 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC para Advogados: 
perguntas e respostas para a prática profissional. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018. 
 
SALES, Fernando Augusto de Vita Borges de. Manual de direito de 
processo civil. 2 ed. São Paulo: Rideel. 2018. 
 
TEIXEIRA, GUILHERME PUCHALSKI. Incidente de resolução de 
demandas repetitivas: Projeções em torno de sua eficiência. In: Revista 
de Processo. Repro vol. 251. 2016. 
 
JESUS, Priscilla S. Teoria do precedente judicial e o Novo Código de 
Processo Civil. Revista Direito UNIFACS – Debate Virtual, n. 170, 2014. 
Disponívelem:<http://www.revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/324
0/2321>. Acesso em 18 de novembro de 2017. 
 
DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula S.; OLIVEIRA, Rafael A. Curso de direito 
processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, 
decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 
10ª ed. Salvador: vol. 2. JusPodvim. 2015. 
 
CUNHA, Leonardo C. Curso de direito processual civil: Meios de 
impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. 13ª ed. 
reform. v.3 Salvador: JusPodvim. 2016. 
 
 
43 
 
NEVES, Daniel A. A. Manual de Direito Processual Civil – Volume Único. 8ª 
ed. Salvador: JusPodvim. 2016. 
 
PEIXOTO, Ravi M. Superação do precedente e segurança jurídica – 
Conforme Novo CPC. 2ª ed. rev. amp. e atual. Salvador: JusPodvim. 2016. 
Henrique Castro Santos, graduado em Direito pela Universidade Paulista – 
UNIP. Pós-graduando em Direito Tributário. Advogado. Técnicas de 
superação de precedentes no Novo CPC. E-mail: 
henriquehcsd@gmail.com.disponível em: 
https://blog.sajadv.com.br/superacao-de-precedentes/ 
 
BRASIL, Lei 9.784 de 29 de janeiro 1999. Lei de Administração Pública 
Federal. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm. 
 
BRASIL, Lei 13.105 de Março de 2015, Código de Processo Civil. 
Promulgada em 16 de março http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm.

Mais conteúdos dessa disciplina