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CENTRO UNIVERSITÁRIO BARÃO DE MAUÁ CURSO DE PSICOLOGIA CAMILA OLIVEIRA DE LUIZ – 1986135 EVELYN ALBUQUERQUE - 1889023 MICHELY NOVAIS DE JESUS - 1983029 MURILO HENRIQUE DE OLIVEIRA – 1894192 NAIARA TAUANE LUCAS SILVA - 1968088 NICOLAS BIANCHI PUGA - 1895029 RAFAELA DA SILVA MONDINE -1886711 SOPHIA ARAÚJO DA SILVA - 1886711 TEMA: O FAMILIAR DO PORTADOR DE SOFRIMENTO MENTAL: SOBRECARGA CORRESPONSABILIZAÇÃO E PARCERIA; INTERVENÇÕES DE ORIENTAÇÃO E ACOLHIMENTO. RIBEIRÃO PRETO 2023 CAMILA OLIVEIRA DE LUIZ EVELYN ALBUQUERQUE MICHELY NOVAIS DE JESUS MURILO HENRIQUE DE OLIVEIRA NAIARA TAUANE LUCAS SILVA NICOLAS BIANCHI PUGA RAFAELA DA SILVA MONDINE SOPHIA ARAÚJO DA SILVA TEMA: O FAMILIAR DO PORTADOR DE SOFRIMENTO MENTAL: SOBRECARGA CORRESPONSABILIZAÇÃO E PARCERIA; INTERVENÇÕES DE ORIENTAÇÃO E ACOLHIMENTO. Experiência de aprendizagem entregue como parte das exigências da disciplina de Prevenção e promoção da saúde mental, apresentada ao curso de Psicologia do Centro Universitário Barão de Mauá. Profa. Dra. Ana Paula Casagrande Silva Rodrigues. RIBEIRÃO PRETO 2023 Introdução: O que é família e abordagem psicossocial? Família é um conceito amplo e complexo. Antes de realizar qualquer trabalho ou intervenção relacionado à esta temática, é necessário ter o cuidado de entender que cada família é única dentro de sua própria complexidade. Sendo assim, não existe um conceito simplista e reducionista de configuração familiar. Cada família se configura de modo singular, em um habitat diferente, montando suas estruturas com suas próprias regras de convivência, modo de significar as coisas e modo de estabelecer vínculos. Apesar dessas singularidades, podemos dizer que as famílias compartilham de uma característica em comum: todas elas se situam conectadas com as demais estruturas que compõem a sociedade. Toda família encontra-se condicionada a refletir os valores socioeconômicos e culturais do contexto onde ela encontra-se estabelecida. Foi pensando nessa intersecção que as famílias fazem com a sociedade que a abordagem psicossocial foi inserida instrumento de manejo familiar. Esta abordagem visa atender sujeitos que estejam enfrentando demandas vindas da dificuldade em lidar com o contexto social e socioeconômico em que estão inseridos. Essa é uma estratégia que tem sido usado amplamente nos CREASs e nos NASFs. O CREAS surgiu com a intenção de atender a demanda governamental de atender pessoas em risco pessoal e social em função de questões socioeconômicas, como abandono, violência (seja de natureza psíquica, física ou sexual), uso de substancias psicoativas etc. Já o NASF, inserido no SUS, vêm com a intenção de atender a demanda de aumentar a atenção na saúde básica e atender grupos específicos de pessoas. Família e sofrimento psíquico: o desafio do protagonismo família No Brasil, os primeiros pacientes que foram internados e reclusos da sociedade, eram aqueles que eram inferiorizados pela sociedade, ou seja, pessoas em situação de rua, negros, dependentes químicos, e também, haviam aqueles que não aceitaavam os princípios morais impostoas pela sociedade e acabam “deformando a imagem da família tradicional”. Então a institucionalização, era a forma que as autoridades encontraram para silenciá-los e privá-los. Em decorrência a esses fatos expostos, muitas marcas acabaram permanecendo na assistência psiquiátrica, pois, a numeração de pacientes crônicos que foram abandonados por suas famílias, representam uma numeração significativa até os dias atuais de moradores de hospitais psiquiátricos. A reforma psiquiátrica brasileira, trouxe grandes contribuições na forma de perceber a família no contexto de saúde mental. Antes disso, a forma que as pessoas em sofrimento psíquico eram tratadas, era baseada no isolamento e exclusão, deixando esses indivíduos privados de contato com a família e O FAMILIAR DO PORTADOR DE SOFRIMENTO MENTAL: SOBRECARGA CORRESPONSABILIZAÇÃO E PARCERIA; INTERVENÇÕES DE ORIENTAÇÃO E ACOLHIMENTO. toda sociedade. A família não era vista como um investimento na mobilização de participantes importantes para o tratamento, já que essas pessoas em sofrimento, eram vistas como doentes. A principal diretriz da Política Nacional de Saúde Mental, inspirada na reforma psiquiátrica brasileira, vai consistir na redução de forma gradual e planejada de leitos em hospitais psiquiátricos, priorizando a implantação de serviços e ações de saúde mental de base comunitária, que serão capazes de atender esses pacientes que necessitam de serem assistidos. Segundo ROSA, 2004, dentro dessa perspectiva, a família é vista como parceira dos novos serviços e reafirmada como um dos possíveis espaços de fornecimento de cuidado. Sendo assim, a família tem um grande papel, sendo necessária e aliada no cuidado com o familiar que está em sofrimento psíquico. Desta maneira, não se espera que os cuidados com esse paciente fique sob responsabilidade total de seus familiares ou por conta própria, espera-se que se tenha o estabelecimento de sua cidadania, ou seja, respeito a sua singularidade e subjetividade tornando-o como sujeito de seu próprio tratamento sem a ideia de cura como o único horizonte. Espera-se, assim, a autonomia e a reintegração do sujeito à família e à sociedade” (GONÇALVES; SENA, 2001, p. 51). Para os profissionais de Saúde, o que geralmente eles espera, é que a família aceite e cuide da pessoa em sofrimento psíquico, porém, não se dão conta que muitas das vezes, esse familiar não foi orientado adequadamente, ou vão perceber o familiar apenas como um informante da situação do paciente, e que deve seguir as prescrições de tratamento. Sendo assim, vai se falar que considerar a família também como um protagonista, será um desafio. No momento que se acolhe as demandas e dificuldades do convívio dessa família com uma pessoa em sofrimento psíquico intenso, o papel do profissional vai ser de promover o suporte possível para as demandas presentes (COLVERO et. al., 2004). Essas famílias irão apresentar diversas demandas, sendo elas a dificuldade de lidar com as situações de crise, com os conflitos familiares emergentes, com a culpa, com o pessimismo por não conseguir vislumbrar saídas para os problemas, pelo isolamento social a que ficam sujeitos, pelas dificuldades materiais da vida cotidiana, pelas complexidades do relacionamento com esse familiar, pela expectativa frustrada de cura e pelo desconhecimento da doença propriamente dita (COLVERO et. al., 2004). Fica nítido que é fundamental a consideração de que o cuidado da pessoa em sofrimento psíquico, juntamente com a participação ativa de seus familiares, é um trabalho de muita complexidade, que historicamente foi um papel retirado da família e que atualmente está sendo restituído. Esse cuidado necessitará de disponibilidade, esforço, compreensão, capacitação mínima, inclusive para que os cuidadores encontrem estratégias para lidar com frustrações, sentimentos de impotência e culpa, ou seja, com suas próprias emoções. Abordagem psicossocial com possibilidade interativa A abordagem psicossocial é uma perspectiva que reconhece a interação entre fatores psicológicos e sociais na compreensão e intervenção em questões de saúde mental e bem-estar. Essa abordagem oferece uma visão holística das pessoas, considerando não apenas os aspectos individuais, mas também os contextos sociais em que estão inseridas. Uma abordagem psicossocial com possibilidade interventiva busca identificar e abordar os fatores psicológicos e sociais que contribuem para o problema de uma pessoa. Por meio de intervenções psicossociais, como aconselhamento, terapia cognitivo-comportamental, apoio social e educação, busca- se promover mudanças positivas no indivíduo e em seuambiente. Essa abordagem enfatiza a importância de compreender as influências sociais, como a família, a comunidade e os sistemas institucionais, na saúde mental das pessoas. Além disso, busca fortalecer a capacidade das pessoas para lidar com desafios e promover a inclusão social e a autonomia. Ao adotar uma abordagem psicossocial com possibilidade interventiva, profissionais de saúde mental, assistentes sociais e outros envolvidos no cuidado das pessoas são encorajados a trabalhar em colaboração, identificando recursos e desenvolvendo estratégias que abordem tanto os aspectos psicológicos como os sociais dos problemas. A lógica da atenção básica à saúde A estratégia Saúde da Familia (ESF) adota um abordagem integral e sistêmica considerando a família como espaço de desenvolvimento individual e grupal. O vinculo entre os profissionais de saúde, a família e a comunidade é fundamental para promover a saúde da população, fortalecido através da escuta e do acolhimento. No trabalho das equipes ESF, o cadastramento das familias e o diagnostico da situação de saude permitem uma atenção diferenciada às famílias em situação de risco e vulnerabilidade, incluindo aquelas com membros em sofrimento psíquico e usuarios de substâncias. As visitas mensais possibilitam alcançar as pessoas em maior risco, que muitas vezes não buscam ajuda. O prontuario familiar facilita o acesso às informações relevantes da família, enquanto as reuniões de equipe e o acolhimento promovem a abordagem interdisciplinar e humanizada. É importante garantir a participação da familia no processo de cuidado, assim como estimular sua contribuição para as políticas de saúde mental. A educação permanente e o apoio familiar são estrategias de suma importancia para os profissionais e promover intervenções baseadas na abordagem familiar. A família na política pública Nos dias de hoje, a família tem sido o foco das políticas públicas de saúde e assistência social, o que pede que as ações dessas políticas sejam dirigidas na família. Vê-se que o objetivo principal é a prevenção e preservação das relações familiares. Por isso a política de Atenção Básica à Saúde tenta proteger a saúde e prevenir pioras do sujeito acometido, além de reduzir danos que podem comprometer o bem-estar das pessoas (sujeito afetado, família, amigos). Outro fundamento importante é a promoção da saúde por meio da educação junto com as famílias, com a intenção de prevenir doenças e abordar questões como violência e uso de drogas. É recomendado que os atendimentos às famílias nas instituições de Assistência Social e na Atenção Básica à Saúde, sejam realizados em grupo. É importante que se criem protocolos de atendimento com temas bem definidos, como alguns países de língua inglesa, que possuem manuais descritivos de operação, que são avaliados constantemente. O planejamento das atividades do grupo deve ser adequado aos recursos da instituição em que esse atendimento ocorrerá, com objetivos claros. Por isso, é necessário realizar um levantamento das necessidades e dos recursos disponíveis na comunidade, a fim de enriquecer as atividades. Esse planejamento prévio é essencial para evitar possíveis dificuldades num contexto comunitário. A modalidade de grupo conhecida como GM (Grupo Multifamiliar) surgiu como uma adaptação da técnica de grupo ao tratamento de famílias de pacientes psicóticos na década de 1950, onde estudos mostraram que as famílias se sentiam mais à vontade e interagiam de maneira melhor quando estavam reunidas em grupo. Essas famílias apresentavam mudanças mais rápidas em comparação com famílias tratadas individualmente. Os grupos eram abertos, onde a entrada e saída das famílias são permitidas conforme se faça necessário, as sessões eram feitas semanalmente com uma equipe terapêutica composta por terapeuta, coterapeutas (participantes de famílias que já alcançaram mudanças e funcionam como modelos, motivando o grupo) e observadores. Os participantes do grupo são famílias que possuem problemas semelhantes ou aleatoriamente, o que vai enriquecer a discussão por meio de pontos de vistas diferentes. As famílias aprendiam novos comportamentos por meio da pressão ou aprovação do grupo. Elas presenciavam os conflitos de outras famílias semelhantes e aprendiam novas soluções encontradas por outros pais e mães. É observada a quebra do código rígido familiar, pois as famílias conviviam com outras famílias no grupo, o que facilitava novas interações. Cada encontro do GM tem uma duração média de 3 horas e ocorre quinzenalmente. A sessão é dividida em três momentos: aquecimento, discussão e conclusão. • Aquecimento: tem o objetivo de integrar o grupo e estimular a discussão do tema do dia. Feito por jogos dramáticos. • Discussão: aprofunda a conversa sobre o tema, melhorando a capacidade de reflexão por meio de perguntas reflexivas e acolhendo o sofrimento psicológico sobre o tema. Formados subgrupos por faixa etária. • Conclusão: resume o que foi falado sobre o tema, avalia a aprendizagem e oferece sugestões às famílias. Aqui os subgrupos se juntam e compartilham suas discussões sobre o tema do dia. A escolha do tema é feita em conjunto, considerando as demandas das famílias e os aspectos conflitantes observados pelos profissionais da instituição. Por serem temas que podem ser considerados difíceis e podem trazer sofrimento aos participantes, é preferível que se usem de brincadeiras para abordar o tema. Abordagem Familiar: Ferramentas e Recomendações Segundo o caderno de atenção básica saúde mental, a Estratégia de saúde da família (ESF) a família é um eixo estruturante da atenção básica à saúde, e considera a família de forma integral e sistêmica, sendo assim para uma abordagem familiar não é necessário apenas conhecimentos médicos e científicos, mas também comunicação e empatia. É importante considerar também que as estruturas familiares têm mudado ao longo do tempo, além de levar em conta o meio social e cultural em que a família está inserida. Para a criação de estratégias adequadas para o manejo com as famílias existem critérios para a avaliação. É sugerido que as equipes multidisciplinares fortaleçam as competências da família em garantir a sobrevivência material de seus membros utilizando sua rede social primária, instituições e redes comunitárias, e suas relações afetivas e novas possibilidades de agir, pensar e conviver, isso pode ser feito oferecendo acolhimento, escutas regulares e periódicas, com grupos de orientação aos familiares, entre outros meios. Existem ferramentas usadas para o trabalho com a família, porém como cada família assim como cada indivíduo é singular, muitas vezes é necessário usar ou até mesmo criar outras ferramentas. 1. Entrevista Familiar: caracterização do sistema familiar, sua estrutura, desenvolvimento, funcionamento, condições financeiras e de saúde dos integrantes. 2. Genograma: É a representação gráfica da família, identifica suas relações e ligações dentro de um sistema multigeracional 3. Ecomapa: identifica as relações e ligações da família com o meio onde ela vive. 4. F.I.R.O (Fundamental interpersonal Relations Orientation): Busca compreender melhor o funcionamento da família estudando suas relações de poder, afeto e comunicação 5. P.R.A.C.T.I.C.E: Avalia o funcionamento da família de um paciente específico. Fornecendo informações sobre a organização familiar e o posicionamento da família diante dos problemas. 6. Discussão e Reflexão de casos clínicos: com a equipe multiprofissional 7. Projeto terapêutico de cuidado com a família: É um conjunto de propostas de condutas terapêuticas elaboradas a partir da discussão em equipe interdisciplinar, com apoio matricial e com a participação da família na elaboração. Algumas recomendações para o trabalho com família Trabalhar com família requer aperfeiçoamentoem alguns conceitos como: existência sem preconceitos, disponibilidade para os outros e a capacidade de se desfocar do problema. Existência sem preconceitos: Exige compreender o que ocorre em detrimento daquilo que se deseja, olhando a pessoa de modo completo e não a classificar por suas fraquezas ou doenças. Disponibilidade para os outros: Significa uma tolerância pessoal em relação ao tempo e lugares das pessoas e de sua família. Capacidade de se desfocar do problema: Significa não se centrar apenas no problema, mas sim nas possibilidades que as pessoas e as suas famílias tem a oferecer. Possibilitando a própria família a encontrar meios, estratégias para o enfrentamento desta situação. O texto aborda outros temas que auxilia no manejo com o trabalho em família como: • Colocar-se na situação da família, relembrando experiências pessoais em relação ao sofrimento psíquico e/ou uso de álcool e drogas de parentes, amigos e etc, no intuito de identificar sua reação diante dessa realidade, identificar seus valores, crenças. Fazer essa análise individual e em equipe de saúde. • Não julgar ou estigmatizar as famílias, possibilitando assim um bom desenvolvimento de estratégias e manejos para com eles. • Atendimentos de forma mais rápida para famílias com maiores dificuldades psicossociais. • Procurar a identificar pessoas para ajudar no processo, podendo ser pessoas que não pertencem ao grupo familiar de origem. • Observar como a família se comporta no espaço físico, observando se os papéis de cada membro da família são cumpridos da forma correta. • A comunicação é algo essencial para família, observar se essa comunicação é clara ou obscura, se necessários, auxilie a comunicação. • Trabalhar a expressão dos sentimentos com os familiares, que muitas vezes se sentem desesperançosos, culpados e perdidos diante as crises de pessoas com sofrimento psíquico. • Reconhecer e valorizar os meios estratégicos que a família encontrou para lidar com a pessoa em sofrimento psíquico. • O diálogo é sempre uma ótima alternativa para o relacionamento da família, com isso é sempre bom o promover, facilitando a troca de experiencias entre todos. Buscando um meio de todos terem a oportunidade de expor mudanças e compreender o que está acontecendo. Ampliando possibilidade de resultados eficazes. • Fazer anotações sobre cada atendimento realizado, discutir com colegas de equipe e compartilhar dúvidas, certezas, limites e possibilidades, promove ao profissional um melhor aproveitamento de seu serviço. • Não permitir que seus sentimentos possam ser percebidos diante determinadas ações que pessoas e famílias mobilizam. Nessas situações, melhor será adiar uma resposta ou conduta clínica e buscar ajuda de sua equipe de Saúde ou supervisão especializada. • Caso seu município possua Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Nasf ou equipes de Saúde Mental, busque discutir situações em que você tem mais dificuldade de manejo clínico. As equipes desses serviços, além de auxiliar na conduta clínica, também podem apoiar na organização e na realização de ações de saúde mental envolvendo a família no território. Visitas domiciliares são também importantes meios de cuidado para com a família, entre essas questões é importante que o profissional aborde os seguintes pontos: • Identificação de quem são os cuidadores das pessoas com sofrimento psíquico e/ou uso de álcool e drogas, e envolvê-las na conversa. • Elabore uma lista de cuidados que a pessoa com sofrimento psíquico e/ou uso de álcool e drogas recebe deles. • Organize a lista de cuidados de acordo com as prioridades discutida entre a equipe de saúde os familiares cuidadores. • Observe e registre os cuidados que estão faltando. • Dialogar com os familiares cuidadores, para juntos identificarem as dificuldades e procurarem uma melhor alternativa. Conclusão O trabalho do profissional da saúde com os sofrimentos subjetivos que ocorrem no âmbito familiar da pessoa em sofrimento mental é acometido de diversos desafios. Não há uma solução pronta para lidar com a dor vivenciada pela família, os meios para ajudar-los a mudar sua condição atual de vulnerabilidade é um campo aberto que necessita de um suporte que transgride ao trabalho convencional do Psicólogo, uma vez que, por mais que existam os conflitos internos em cada integrante, o modo de lidar não pode ser restringido ao campo de atendimento clínico. Entende-se que o fortalecimento da cidadania em cada integrante é um caminho viável para atuação na lida com as dificuldades presentes, aqui exalta-se seus recursos existentes. Esse olhar vai em contrapartida a excessiva atenção dada às faltas presentes no comboio familiar, a proposta de devolver protagonismo e corresponsabilidade para cada participante possibilita estruturar uma compreensão acerca de suas relações intersubjetivas e de seu local social, entendendo neste enfoque, portanto, suas possibilidades. Para tanto, notou-se a necessidade do desenvolvimento de uma intervenção psicossocial que vá de encontro com a integração de outras esferas da saúde, para obtenção de um suporte imediato e efetivo. A busca pela minimização dos efeitos é prioritariamente, no contexto de saúde mental, exercida através do acolhimento e observação do sofrimento ali exposto. É através da escuta que a equipe conseguirá oferecer suporte frente à demanda subjetiva e/ou material apresentada. Entretanto, a existência de múltiplas carências da população abre espaço para o repensar da prática psicológica e os modelos teóricos existentes que servem como base para o auxílio dos familiares no enfrentamento de seus percalços. Fica o incentivo as mudanças nas práticas de saúde e ao buscar de ações que propiciem a inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade social a um cuidado integral. Referências Ministério da Saúde. Cadernos de Atenção Básica: saúde mental. 34. ed. Brasília: Departamento de Atenção Básica, 2013, p. 63-71. MURTA, S.; LEANDRO-FRANÇA; SANTOS, K. B.; POLEJACK, L. Prevenção e promoção em saúde mental: fundamentos, planejamento e Estratégias de intervenção. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2015, p. 510-519.