Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

ENFERMAGEM 
EM SAÚDE 
MENTAL 
Carolina Abbud
Processo de enfermagem 
em saúde mental
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever o processo de enfermagem em saúde mental.
 � Definir histórico de enfermagem, diagnósticos de enfermagem e 
planejamento/prescrição de enfermagem.
 � Realizar anotações e evolução de enfermagem utilizando nomencla-
tura específica da área.
Introdução
O processo de enfermagem em saúde mental está relacionado à estru-
turação do cuidado ao paciente em sofrimento psíquico, de forma que 
a atuação do enfermeiro seja praticada por meio de uma postura de 
agente terapêutico, compreendendo o indivíduo e suas necessidades e 
experiências, para que possa contribuir para a promoção da saúde e do 
desenvolvimento da autonomia.
Processo de enfermagem em saúde mental
O processo de enfermagem é uma prática do profissional dessa área e deve 
ser realizada em todas as áreas da atuação do enfermeiro, o que compreende 
o campo da saúde mental. 
Essa prática deve ser realizada de forma sistemática e cíclica, ou seja, 
seguindo a ordem das etapas do processo de enfermagem, e, ao finalizar a 
aplicação do processo, as etapas anteriores devem ser revisitadas para que 
o processo de cuidado do paciente em saúde mental seja pensado de forma 
contínua.
As etapas do processo são interdependentes, o que exige do enfermeiro 
muita atenção e cuidado ao executar cada uma das etapas, pois o sucesso da 
etapa posterior depende da forma como foram realizadas as etapas anteriores, 
pois, caso haja um erro, ocorrerão erros em cadeia.
Conforme a Resolução 358/2009, do Conselho Federal de Enfermagem 
(COFEN), o processo de enfermagem tem cinco etapas: 
 � coleta de dados de enfermagem ou histórico de enfermagem;
 � diagnóstico de enfermagem;
 � planejamento de enfermagem ou prescrição de enfermagem;
 � implementação;
 � avaliação (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009).
O enfermeiro é o responsável por liderar o processo de enfermagem, su-
pervisionar e orientar os técnicos e os auxiliares de enfermagem dentro das 
ações que são pertinentes a eles no processo, como: aferição de sinais vitais, 
punção, realização de curativo, entre outros. 
Como ação privativa do enfermeiro, além das ações descritas anteriormente, 
a realização do diagnóstico de enfermagem e a prescrição de enfermagem são 
atribuições que apenas esse profissional poderá executar.
Confira o que o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) aborda na Resolução 358, 
de 2009, que dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a 
implementação do Processo de Enfermagem.
Definições das etapas do processo 
e forma de registro
Para executar o processo de enfermagem, o enfermeiro precisa conhecer cada 
uma das etapas que compõem o processo. Conheça agora como cada uma 
delas é praticada na atuação desse profissional.
Processo de enfermagem em saúde mental2
A coleta de dados ou o histórico de enfermagem é a primeira etapa do 
processo de enfermagem realizada para buscar informações sobre paciente, 
família, doença, contexto social, entre outros fatores que irão interferir no 
processo de saúde e doença. 
Para realizar a coleta de dados, pode-se utilizar: busca de informações no 
prontuário do paciente, em reunião de equipe, conversa com profissionais da 
saúde que estão atendendo o paciente, observação dos exames, realização da 
anamnese e exame físico. Com as informações em mãos, o enfermeiro pode 
compreender melhor o estado de saúde do paciente e passar para a próxima 
etapa do processo de enfermagem, que é o diagnóstico de enfermagem. 
O diagnóstico de enfermagem é pensado a partir da análise dos dados 
coletados, decidindo sobre o conceito diagnóstico que será atribuído ao mo-
mento do processo de saúde e doença do paciente. 
A definição do diagnóstico de enfermagem é realizada baseando-se nos 
diagnósticos previstos pelo NANDA International, que possui duas partes – 
uma é o descritor (também pode ser encontrado como modificador) e a outra 
é o foco diagnóstico, conforme mostra o Quadro 1.
Fonte: Nanda International (2015, p. 47).
Modificador Foco do diagnóstico
Ineficaz Enfrentamento
Ineficaz Desobstrução de vias aéreas
Risco de Sobrepeso
Disposição para melhorado Conhecimento
Prejudicada Memória
Quadro 1. Estrutura do título do diagnóstico de enfermagem.
Cabe ressaltar que o foco do diagnóstico de enfermagem está voltado ao 
processo de saúde e doença, e não à doença em si, pois a atuação dos enfer-
meiros está voltada aos cuidados para a promoção da saúde, e não à cura. Por 
isso, além de conhecer e identificar o título do diagnóstico de enfermagem, 
3Processo de enfermagem em saúde mental
o enfermeiro precisa descrever as características que o levaram a definir o
diagnóstico e os fatores relacionados, sustentando o diagnóstico definido.
Veja o Quadro 2 para compreender a estrutura da descrição do diagnóstico
no processo de enfermagem.
Fonte: Nanda International (2015, p. 47).
Termo Descrição breve
Diagnóstico de 
enfermangem
Problema, potencialidade ou risco identificado 
em indivíduo, família, grupo ou comunidade
Característica definidora Sinal ou sintoma (indicador objetivo ou subjetivo)
Fator relacionado Causa ou fator contribuinte (fator etiológico)
Quadro 2. Estrutura do diagnóstico de enfermagem.
Para saber mais sobre o diagnóstico de enfermagem, leia o livro “Diagnósticos de 
enfermagem da NANDA – Definições e Classificação 2015-2017”.
Após definir o diagnóstico de enfermagem, baseando-se nos resultados 
obtidos, deve-se planejar as ações e intervenções que serão realizadas para 
auxiliar o paciente a atingir uma qualidade de vida melhor. O planejamento 
das ações também é conhecido como prescrição de enfermagem. 
Com o planejamento definido, inicia-se a etapa de implementação, na qual 
são executadas as ações prescritas pelo enfermeiro.
Por fim, o processo de enfermagem precisa ser reavaliado, observando o 
que o paciente conseguiu desenvolver e evoluir com as ações prescritas pelo 
enfermeiro, iniciando um novo ciclo do processo de enfermagem por meio da 
coleta de informações com o paciente, modificação do diagnóstico, quando 
for pertinente, estruturação de um novo planejamento e implementação das 
novas ações. 
Processo de enfermagem em saúde mental4
Como realizar as anotações 
e a evolução de enfermagem
O processo de enfermagem precisa ser registrado no prontuário do paciente 
para que fiquem evidenciados os cuidados que estão sendo prestados pela 
equipe de enfermagem, além de respaldar os profissionais, caso haja denúncia 
de negligência, por exemplo. 
Quando o enfermeiro realiza as anotações ou a evolução de enfermagem, 
deve inserir informações que descrevam o período em que foi realizado o 
registro, inserindo data e hora, lembrando-se que todo o registro de enferma-
gem deve ser realizado imediatamente após a realização de procedimentos. 
Também deve constar no registro um resumo do que foi coletado quando 
realizado o histórico de enfermagem, trazendo informações sobre as condi-
ções gerais do paciente, ou seja, se está lúcido, orientado e consciente, se está 
usando algum dispositivo como cateteres ou sonda, suas condições de higiene, 
seu estado nutricional, suas queixas, seu humor, suas atitudes, a coloração de 
sua pele, seu ritmo cardíaco, sua ausculta pulmonar, sua percussão e ausculta 
abdominal, entre outros dados da anamnese e do exame físico.
Deve-se descrever o diagnóstico de enfermagem informando o diagnóstico, 
a característica definidora e os fatores relacionados. Deve-se, também, inserir 
a prescrição das ações e as intervenções planejadas para o paciente, relatando 
as orientações que foram passadas a ele e aos seus familiares. 
Caso o enfermeiro já tenha realizado anteriormente o processo de enfer-
magem com o paciente, é possível descrever os resultados obtidos na imple-
mentação das ações descritas e as intercorrências que ocorreram ao longo do 
processo. Essas sãoinformações extremamente relevantes para a reavaliação 
da conduta dos cuidados prestados pela equipe de enfermagem para redefinir 
os cuidados que serão oferecidos. 
Por fim, o enfermeiro deve assinar e inserir o número do Conselho Regional 
de Enfermagem (COREN), caso não utilize carimbo com o número de registro 
no Conselho (lembrando que o uso do carimbo pelo enfermeiro é facultativo). 
Todo o registro do processo de enfermagem deve ser realizado com letra 
legível, sem deixar linhas ou espaços em branco e sem utilizar asterisco para 
inserir informações ou observações, pois caso essas orientações não sejam 
seguidas, o registro torna-se inválido e o enfermeiro perde o respaldo das 
ações desenvolvidas que constam no registro. 
5Processo de enfermagem em saúde mental
Conheça melhor o registro de enfermagem lendo o “Guia de Recomendações 
para Registro de Enfermagem no Prontuário do Paciente e outros Documentos de 
Enfermagem”.
Processo de enfermagem em saúde mental6
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (Brasil). Resolução nº 358, de 2009. Dispõe sobre 
a sistematização da assistência de enfermagem e a implementação do processo de en-
fermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional 
de enfermagem, e dá outras providências. Brasília, DF, 2009. Disponível em: <http://
www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html>. Acesso em: 23 ago. 2017.
NANDA INTERNATIONAL. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classifi-
cação 2015-2017. Porto Alegre: Artmed, 2015. e-PUB. Disponível em: <http://www.uni-
vale.br/sites/biblioteca/biblioteca_online_enfermagem/livrosbiblioteca/NANDA%20
2015-2017-EBOOK-1-1.pdf>. Acesso em: 17 ago. 2017.
Leituras recomendadas
ALVIM, A. L. S. O Processo de enfermagem e suas cinco etapas. Enfermagem em Foco, 
Brasília, DF, v. 4, n. 2, p. 140-141, 2013. Disponível em: <http://revista.cofen.gov.br/index.
php/enfermagem/article/view/531>. Acesso em: 15 ago. 2017.
ARAÚJO, D. D. Sistematização da assistência de enfermagem e processo de enferma-
gem: aspectos conceituais. RENOME, Montes Claros, v. 5, n. 1, p. 1-4, 2016. Disponível 
em: <http://www.renome.unimontes.br/index.php/renome/article/view/181/141>. 
Acesso em: 16 ago. 2017. 
BARROS, A. L. B. L. de. Classificações de diagnóstico e intervenção de enfermagem: 
NANDA-NIC. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 22, n. esp., p. 864-867, 2009. 
Disponível em: <http://ref.scielo.org/ngjr7z>. Acesso em: 18 ago. 2017. 
BRASIL. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do 
exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 26 jun. 1986. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7498.
htm>. Acesso em: 23 ago. 2017.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM (Brasil). Câmara Técnica de Legislação e Nor-
mas. Guia de recomendações para registro de enfermagem no prontuário do paciente e 
outros documentos de enfermagem. Brasília, DF, [2012]. Disponível em: <http://www.
cofen.gov.br/wp-content/uploads/2016/08/Guia-de-Recomenda%C3%A7%C3%B5es-
-CTLN-Vers%C3%A3o-Web.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2017.
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Câmara Técnica de Atenção 
à Saúde. Parecer COREN-SP 056/2013 – CT. Utilização do método SOAP (Subjetivo, Ob-
jetivo, Avaliação e Plano) no processo de enfermagem. São Paulo, 2013. Disponível 
em: <http://portal.coren-sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2013_056.
pdf>. Acesso em: 19 ago. 2017. 
GARCIA, A. P. R. F. et al. Processo de enfermagem na saúde mental: revisão integrativa 
da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 70, n. 1, p. 220-230, jan./
fev. 2017. Disponível em: <http://ref.scielo.org/yqr7b3>. Acesso em: 14 ago. 2017.
TAKEMOTO, M. L. S.; SILVA, E. M. Acolhimento e transformações no processo de tra-
balho de enfermagem em unidades básicas de saúde de Campinas, São Paulo, Brasil. 
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 2, p. 331-340, fev. 2007. Disponível 
em: <http://ref.scielo.org/g7npgj>. Acesso em: 14 ago. 2017.
Processo de enfermagem em saúde mental7

Mais conteúdos dessa disciplina