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Open innovation Apresentação A inovação ganhou destaque nos últimos anos como eixo estruturante da competitividade, crescimento e rentabilidade das empresas. Muitos são os conceitos e os entendimentos acerca do tema, mas, de forma geral, a capacidade de inovar envolve estratégia, processos, cultura e clima organizacional, desde inovações incrementais em produtos e serviços até inovações que modificam o modelo de gestão ou de negócios da empresa. Até pouco tempo atrás, grandes empresas em todo o mundo geravam inovações como resultado de seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como o conhecimento de diversos profissionais qualificados para esse fim. As inovações chegavam ao mercado protegidas por patentes, às quais tinham como objetivo premiar os esforços da empresa e ganhar vantagem competitiva. Entretanto, muitas dessas empresas que buscavam inovar com base no modelo fechado, baseadas no controle e na integração vertical tradicional, acabavam perdendo oportunidades de negócios por deixarem de acessar uma grande variedade de conhecimentos e competências externos à organização. Com base nisso, surge uma nova abordagem para a otimização dos processos inovativos, a inovação aberta. Assim, essa nova abordagem assume que ideias internas podem ser levadas para o mercado por meio de canais externos que não pertencem ao core business da empresa. Com isso, as fronteiras das empresas tornam-se mais flexíveis e os caminhos internos e externos desempenham o mesmo nível de importância. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre as mudanças no paradigma da inovação fechada para a inovação aberta, o que é a inovação aberta e os impactos da gestão da propriedade intelectual sobre o modelo de negócio. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as mudanças no paradigma da inovação: da inovação fechada à inovação aberta (open innovation). • Explicar o que é inovação aberta (open innovation).• Descrever os impactos da gestão da propriedade intelectual sobre o modelo de negócio.• Desafio O processo de inovação teve, por muito tempo, a premissa de que os conhecimentos deveriam ser protegidos e limitados às fronteiras da empresa para se transformarem em vantagem competitiva. Porém, ao adotar um sistema fechado de inovação, algumas empresas acabavam perdendo oportunidades de negócios por deixar de acessar uma grande variedade de conhecimentos e competências externos à organização. Levando em consideração as empresas do ramo automotivo, é interessante notar, por exemplo, que apesar de ser um segmento que sempre evoluiu rapidamente em termos de tecnologia, lançando veículos mais potentes, com design diferenciado e tecnologias integradas, o setor automobilístico também precisa inovar com novos produtos e serviços que se alinhem às necessidades atuais dos clientes. Em uma pesquisa feita pela Deloitte, em 2018, com 4 mil compradores de veículos, foi perguntado se eles achavam “eficiente e satisfatório” a atual experiência de compra. Como resultado, apenas 17 disseram que estavam, o que representa 0,4% da amostra. O restante respondeu que estava insatisfeito com o modelo de varejo automotivo tradicional. Isso, porque o modo de compartilhamento de veículos, serviços como Uber e até mesmo os carros elétricos estão mudando o comportamento dos consumidores. Nesse sentido, responda como a BEST CAR poderá criar relações mais colaborativas para a inovação com: a) Clientes b) Universidades Infográfico O processo de geração e difusão de inovações é importante para o progresso das organizações, principalmente para o aumento da competitividade. Esse processo mudou ao longo do tempo, passando de um entendimento baseado em uma lógica linear e mais fechada de atividades para sistemas mais complexos, integrados e abertos de inovação. Os ciclos de vida dos produtos cada vez mais curtos e os custos cada vez mais altos inerentes ao processo de pesquisa e desenvolvimento são alguns dos motivos pelos quais as empresas vêm procurando novas estratégias para a geração de inovações. Neste Infográfico, você vai compreender de forma simplificada as características da inovação aberta e fechada, assim como as suas principais diferenças. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/ae776f1a-3ddb-4acf-8d1b-88d13ba74925/3c8ae8a3-2ed7-4495-832b-ada2970eea3c.png Conteúdo do Livro A inovação é fator essencial para a competitividade e para a sobrevivência das empresas no mercado. Na medida em que a dinâmica competitiva impele as organizações para a busca de alternativas para o crescimento, o processo de inovação é constantemente modificado, e novas formas de desenvolver produtos, processos, serviços e negócios são buscadas. Assim, a gestão da inovação se volta para alternativas que possibilitam acelerar o processo de criação, gerar e absorver conhecimentos, otimizar os investimentos e reduzir os riscos. Uma das modificações observadas é a transição de um modelo fechado de pesquisa e desenvolvimento para um modelo aberto e interativo de busca de inovações. As relações interorganizacionais assumem papel relevante, que se volta para as parcerias e as alianças estratégicas entre universidades, clientes, fornecedores, pequenas empresas, concorrentes, etc. Estes são alguns exemplos de outras fontes de conhecimento que podem ser acessadas para o processo de inovação. No capítulo Open Innovation, da obra Modelos de Negócios, você vai aprender sobre as mudanças no paradigma da inovação fechada para a inovação aberta, o que é a inovação aberta e os impactos da gestão da propriedade intelectual sobre o modelo de negócio. Boa leitura. MODELOS DE NEGÓCIOS Janaina Mortari Schiavini Open innovation Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as mudanças no paradigma da inovação: da inovação fechada à inovação aberta (open innovation). Explicar o que é inovação aberta. Descrever os impactos da gestão da propriedade intelectual sobre o modelo de negócio. Introdução As estratégias que as empresas têm adotado para promover inovações tecnológicas de produtos e serviços vêm mudando significativamente nos últimos anos. Um dos elementos de notável evolução é a maneira como as empresas conduzem a etapa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de novos produtos, serviços, processos e modelos de negócio. Atualmente, a geração, a difusão e o acesso ao conhecimento têm levado as empresas a interagir com os diferentes agentes envolvidos na criação e no compartilhamento de novas tecnologias e conhecimentos. Os primeiros estágios do processo de inovação tecnológica, alcança- dos até a década de 1980, foram realizados de maneira eminentemente interna à empresa, para gerar conhecimento, desenvolver produtos e comercializá-los no mercado. Porém, com a crescente complexidade tecnológica no desenvolvimento de novos produtos, a necessidade de acesso a conhecimentos externos por meio de relacionamentos colabo- rativos com outros agentes vem aumentando nas organizações. Chesbrough (2003) denominou essa mudança de perspectiva de “inovação aberta”, em alternativa ao modelo dominante de “inovação fechada”. Ao abrir-se para o ambiente externo, a empresa pode acessar conhecimentos relevantes para o processo de inovação por meio da colaboração com outras instituições. Assim, a multiplicação das cola- borações entre empresas, universidades e laboratórios governamentais vem transformando o sistema de pesquisa e de inovação dos países industrializados num sistema altamente cooperativo. Neste capítulo, você vai estudar as mudanças que levaram do pa- radigma da inovação fechada ao paradigma da inovação aberta. Você também vai conhecer as características da inovação aberta. Além disso, vai ver quais sãoos impactos da gestão da propriedade intelectual sobre o modelo de negócio aberto. 1 Da inovação fechada à inovação aberta Até pouco tempo atrás, grandes empresas em todo o mundo geravam inovações como resultado de seus investimentos em P&D e no conhecimento de diversos profi ssionais qualifi cados. Quando necessário, as empresas buscavam auxílio em alguma universidade ou instituto de pesquisa para resolver difi culdades pontuais no processo. Assim, as inovações chegavam ao mercado protegidas por patentes, que tinham como objetivo premiar os esforços da empresa e proporcionar vantagem competitiva a ela em relação aos concorrentes. Esse é o modelo de inovação fechada (STAL; NOHARA; CHAGAS JR., 2014). De acordo com Chesbrough (2012), a inovação fechada requer maior con- trole sobre todas as etapas do processo de inovação, como desenvolvimento de ideias, protótipo, manufatura, mercado, distribuição e serviço. Esse controle funciona como uma barreira à entrada de concorrentes, limitando o acesso à inovação às grandes empresas com recursos significativos e programas de P&D. Inicialmente, as organizações mantinham seus próprios laboratórios de pesquisa e realizavam as atividades de forma isolada, pois a P&D interna era considerada um ativo estratégico. A fonte de conhecimento era a própria organização e seus recursos internos; os melhores profissionais eram contratados para atuar como pesquisadores. Segundo Chesbrough (2003), na inovação fechada, predomina a noção de que a empresa deve gerar suas próprias ideias e então desenvolvê-las, construí-las, levá-las ao mercado, distribuí-las, assisti-las, financiá-las e patrociná-las. Na inovação fechada, todos os projetos de P&D entram no início do processo de inovação e ao longo dele. Os possíveis resultados de cada projeto são o seu cancela- mento ou o seu lançamento no mercado, como você pode ver na Figura 1. Nenhum projeto entra na organização em outro estágio do processo de P&D, da mesma forma que nenhum projeto em andamento deixa a organização para ser negociado com outra empresa antes de sua comercialização. Os projetos são realizados com o objetivo de serem lançados pela organização que os iniciou, sem a possibilidade de o desenvolvimento ser feito por outra empresa (CHESBROUGH, 2003). Open innovation2 Figura 1. Modelo fechado de inovação. Fonte: Adaptada de Chesbrough (2003). Esse modelo de inovação fechada era característico dos setores industriais no século XX, vigorando em algumas organizações até o final do século, quando foi sendo desafiado por uma série de fatores. Tradicionalmente, o mo- delo de inovação mais utilizado pelas indústrias farmacêuticas, por exemplo, é o modelo de inovação fechada, ou seja, a pesquisa e o desenvolvimento industrial dos produtos são realizados totalmente dentro da empresa (CHESBROUGH, 2003). Entretanto, o aumento dos cursos e da qualificação dos trabalhadores, o direcionamento de capital de risco a pequenas empresas de tecnologia, o surgimento de empreendimentos direcionados a produzir e comercializar pesquisas e os ciclos de vida cada vez mais curtos das tecnologias fizeram emergir uma forma mais aberta de realizar as atividades de inovação (BA- LESTRIN; VERSCHOORE, 2016). Segundo Chesbrough (2003), as empresas que buscavam inovar a partir do modelo fechado, baseadas no controle e na integração vertical tradicional, acabavam perdendo oportunidades de negócios por deixarem de acessar uma grande variedade de conhecimentos e competências externos à organização. Com base nisso, o autor propõe uma nova abordagem para a otimização dos processos inovadores, a inovação aberta. Essa nova abordagem assume que ideias internas podem ser levadas para o mercado por meio de canais externos que não pertencem ao core business da empresa, para gerar valor adicional. Com isso, as fronteiras das empresas tornam-se mais flexíveis e os caminhos internos e externos adquirem o mesmo nível de importância (CHESBROUGH, 2012). 3Open innovation Assim, o conceito de inovação aberta pode ser definido como a busca de conhecimentos, ideias e tecnologias independentemente de sua localização, ou seja, o conhecimento pode estar dentro e fora da empresa (CHESBROUGH, 2012). Universidades, clientes, fornecedores, pequenas empresas, empresas relacionadas e concorrentes são exemplos de outras fontes de conhecimento que podem ser acessadas para o processo de inovação. Além disso, o paradigma da inovação aberta assume que as empresas podem adotar caminhos internos e externos para a comercialização no mercado, atendendo a seus próprios mercados, a um novo mercado ou ao mercado de outras empresas (CHES- BROUGH, 2012). Na Figura 2, você pode ver o modelo de inovação aberta. Figura 2. Modelo aberto de inovação. Fonte: Adaptada de Chesbrough (2003). Compare a Figura 1 com a Figura 2 (inovação fechada versus inovação aberta). Como você pode perceber, na inovação aberta, além de as fronteiras da empresa não serem rígidas, os projetos entram em qualquer estágio no pro- cesso de P&D e podem deixar a organização antes do lançamento no mercado sem serem necessariamente cancelados. É importante ressaltar que muitas empresas estão adotando práticas de caráter misto, ou seja, conjugando os procedimentos tradicionais da inovação fechada com as várias possibilidades da atuação aberta a fim de encontrar o melhor caminho para inovar (STAL; NOHARA; CHAGAS JR., 2014). No Quadro 1, a seguir, veja as principais características dos dois tipos de inovação. Open innovation4 Fonte: Adaptado de Chesbrough (2003). Inovação fechada Inovação aberta A empresa precisa reter interna- mente as pessoas mais talentosas. A empresa deve trabalhar com pessoas talentosas interna e externamente. Para lucrar com P&D, a empresa deve manter internamente a pesquisa, o desenvolvimento e a comercialização. O P&D externo pode gerar va- lor significativo, enquanto o P&D interno é necessário para garan- tir a realização desse valor. A empresa quer ser pio- neira no mercado. A empresa não precisa originar a pesquisa para obter lucro com ela. A empresa acredita que quem lança uma inovação no mercado mais cedo obtém mais sucesso. A empresa acredita que construir um modelo de negócio é melhor e mais importante do que ser a primeira a entrar no mercado. A empresa se preocupa em criar maiores e melhores ideias no mercado. A empresa acredita que, se fizer um uso mais eficiente das ideias internas e externas, terá sucesso. A empresa controla suas patentes, de modo que os competidores não possam tirar vantagem das suas ideias. A empresa utiliza suas patentes e tam- bém as de terceiros, licenciando tecno- logias desenvolvidas externamente. Quadro 1. Principais características da inovação aberta e da inovação fechada Com o passar do tempo, vários fatores têm levado à redução da importância da inovação fechada, como o aumento da disponibilidade e da mobilidade de recursos humanos altamente qualificados. Como você pode imaginar, isso dificulta cada vez mais que as organizações controlem ideias e habilidades (CHESBROUGH, 2012). Ao mudarem de emprego, os profissionais qualificados levam seu conhecimento de forte componente tácito para outras empresas, muitas vezes concorrentes. Rigby e Zook (2002) observam que o mercado aberto à inovação é uma abordagem que usa ferramentas como a transferência de recursos físicos e tácitos por meio de redes de inovação colaborativa — por exemplo, licenças, joint ventures e alianças estratégicas. Tais ferramentas trazem benefícios do livre comércio para o fluxo de novas ideias, de modo que atores diferentes interagem para o desenvolvimento de inovações. Isso pode envolver, segundo Rigby e Zook (2002), parcerias com startups (que podem ser financiadas com algum funcionário da empresa), convênios com universidades, acordos de licença, etc. 5Open innovation Uma vez que as organizações estão colaborando umas com as outras cada vez mais a fim de otimizarem seusprocessos de inovação, na próxima seção, você vai estudar a inovação aberta com mais profundidade, verificando como ela funciona (TIDD; BESSANT, 2015). 2 Inovação aberta Como você viu, não apenas os produtos, processos e métodos de gestão da organização sofrem mudanças, mas também as próprias atividades de ino- vação se alteram com o passar do tempo. Como consequência, a capacidade essencial de uma empresa é baseada cada vez mais em buscar parcerias e conhecimentos, pois a inovação surge de um novo conhecimento que com- bina o que diferentes indivíduos conhecem e sabem fazer (NONAKA; VON KROGH; VOELPEL, 2006). Assim, a inovação aberta trata não apenas das relações entre organizações, mas de uma nova maneira de gerenciar a inovação. De acordo com Chesbrough (2012), a inovação aberta é o uso de fluxos intencionais de conhecimento para dentro e para fora da empresa com o intuito de acelerar a inovação interna e expandir os mercados para o uso externo da inovação. Esse é um novo paradigma que assume que as empresas podem e devem usar ideias externas e caminhos internos e externos ao mercado quando buscam inovar suas tecnologias. Nesse contexto, Van der Meer (2007) identificou que, na fase inicial de desenvolvimento do conceito do produto, as empresas acessam ideias principal- mente por meio de conferências, feiras, contatos com fornecedores e clientes e relações com universidades e institutos de pesquisa. Na fase de desenvolvimento, a empresa realiza licenciamento de patentes e estabelece parcerias. Entre os principais agentes externos que contribuem para os processos de inovação, destacam-se os listados a seguir (CHESBROUGH, 2012). Fornecedores: auxiliam na criação de novos produtos que deman- dam tecnologias complexas, gerando forte impacto nos resultados de inovação. Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs): facilitam o acesso a novas pesquisas e a pesquisadores, fontes valiosas para auxiliar na solução de problemas e na geração de inovações. Consumidores: contribuem para a redução de riscos de fracasso de um novo produto no mercado, constituindo-se em uma das principais fontes de ideias novas para o processo de P&D. Open innovation6 Competidores: promovem ganhos de escala em pesquisas básicas conjuntas, com a diminuição de custos de P&D e a combinação de competências únicas de cada empresa. Intermediários: identificam e conectam atores com interesses comuns para troca ou comercialização de ideias ou tecnologias desenvolvidas. A forma de desenvolver a inovação aberta não representa um fenômeno completamente novo. Autores como Christensen, Olesen e Kjær (2005) rela- cionam o conceito de inovação aberta ao conceito de capacidade absortiva, que se refere à competência das empresas não apenas de gerenciar inovações internas, mas também de acessar e absorver ideias, ciências e outros tipos de conhecimentos como recursos externos à inovação. Ou seja, a capacidade absortiva é a habilidade da empresa de reconhecer o valor das informações novas e externas, assimilá-las e aplicá-las para fins comerciais. Empresas com alta capacidade absortiva são proativas e hábeis em explorar oportunidades, enquanto empresas com baixa capacidade absortiva tendem a ser mais reativas. Porém, o conceito de capacidade absortiva trata apenas da utilização de conhecimento externo nos processos internos de inovação. A inovação aberta considera também a exteriorização de conhecimento interno como forma de gerar lucro para a organização (CHRISTENSEN; OLESEN; KJÆR, 2005). Para Chesbrough (2003), a inovação aberta pode ser analisada sob três dimensões: processos, atividades e desenvolvimento de mercados. Você vai conhecer melhor essas dimensões a seguir. Dimensão de processos A inovação aberta divide-se basicamente em dois processos: processo outside-in, que representa a busca e a aquisição de fontes externas de inovação na perspectiva de “compradora”; processo inside-out, que envolve a comercialização de ideias ou processos de inovação e tecnologias que não foram incorporadas à estratégia da empresa e ao seu modelo de negócio, representando a perspectiva de “ven- dedora” (CHESBROUGH, 2003; SANDULLI; CHESBROUGH, 2009). Na perspectiva de compradora, a empresa pode buscar fontes externas para ter acesso a conhecimentos novos e complementares e a recursos únicos, uma vez que pessoas e organizações externas são fontes de novas ideias e novas oportunidades de negócios (SANDULLI; CHESBROUGH, 2009). As empre- 7Open innovation sas que utilizam esse processo normalmente não dispõem das capacidades necessárias para desenvolver determinado recurso. Dessa forma, o processo de busca e aquisição de conhecimento por meio de fontes externas acontece via: integração com clientes e fornecedores, por meio de aquisição de tec- nologias externas na forma de licenciamento e compra de propriedade intelectual; patentes, aquisição de outras empresas com potencial de inovação (como startups); investimentos de capital de risco em incubadoras ou empresas promis- soras, ou seja, com potencial de inovação; parcerias de P&D firmadas com outros stakeholders (CHESBROUGH, 2003). Nesse processo, há maior integração com clientes, fornecedores e parceiros externos, incluindo-se concorrentes, para a ampliação da base de conhecimento da empresa, o que promove uma maior capacidade de inovação. Cabe destacar que a empresa deve desenvolver relacionamentos para integrar os recursos internos aos recursos advindos de membros da cadeia de suprimentos que contribuem para o processo de inovação, de forma que haja maior agregação de valor ao produto (GASSMANN; ENKEL, 2004). Dessa forma, os clientes e fornecedores são fontes de conhecimentos e competências valiosas para o desenvolvimento de produtos. Além disso, a articulação com clusters de inovação, como universidades, permite o acesso ao conhecimento por meio de acordos de licenciamento de marcas. No processo inside-out, perspectiva de quem vende inovações, as empresas compartilham parte de seus recursos inovadores com outras organizações. A partir disso, elas têm em vista: a maximização da taxa de utilização dos recursos; a redução do excesso de capacidade dos recursos; a obtenção de economias de maior alcance; e a maximização de ativos complementares (SANDULLI; CHESBROUGH, 2009). As empresas também podem gerar valor por meio da comercialização e do compartilhamento de recursos complementares e coespecializados (TEECE, 1986). Nesse sentido, as empresas podem formar alianças para comercializar ativos complementares, o que pode envolver o compartilhamento de recursos específicos, como marca, e/ou recursos altamente escaláveis, como infraes- trutura tecnológica (SANDULLI; CHESBROUGH, 2009). Assim, as empresas que adotam os processos de inside-out se beneficiam da redução dos custos fixos e do compartilhamento de riscos com outras empresas, Open innovation8 ou ainda da redução do tempo — quando há a necessidade de aprendizagem de competências para a comercialização em outras regiões ou nacionalidades não conhecidas, por exemplo (GASSMANN; ENKEL, 2004). Outros aspectos que determinam a terceirização da comercialização são a configuração de padrões tecnológicos e a configuração de parcerias na cadeia de valor, no que tange à propagação do avanço tecnológico (SANDULLI; CHESBROUGH, 2009). As empresas que decidirem compartilhar seus recursos precisam considerar a amplitude (o número de agentes com os quais um recurso é compartilhado) e a profundidade dos negócios (a intensidade da relação entre as organizações). As relações em amplitude e profundidade requerem altos custos de coorde- nação, por isso as empresas tendem a empreender negócios amplos, porém não profundos (sem coordenação), ou negócios estreitos e em profundidade (LAURSEN; SALTER, 2006). Ao comparar os processos de “comprador” e “vendedor”, Mortara e Minshall (2011) argumentam que geralmente ambientes menos turbulentos focamem atividades outside-in, enquanto ambientes turbulentos e incertos levam as empresas a adotar ambos os processos (inside-out e outside-in). Essas práticas podem ser dificultadas por algumas barreiras, por exemplo: fatores internos às empresas que influenciam as demandas por práticas de inovação aberta, como intensidade de P&D e disponibilidade de tecnologias; e políticas públicas que não incentivam tais práticas (SAVITSKAYA; SALMI; TORKKELLI, 2010). Dimensão de atividades Gassmann e Enkel (2004) destacam que as empresas podem capturar valor de uma nova tecnologia por dois meios: incorporação da tecnologia em seu modelo de negócio e lançamento de novos empreendimentos que fazem uso da tecnologia em novos negócios (exploitation). As equipes de P&D em inovação aberta não são apenas desenvolvedoras de tecnologias e produtos, mas também integradoras de tecnologias encontradas em qualquer lugar da rede de valor da organização e no mundo globalizado (SANTOS; DOZ; WILLIAMSON, 2004). Como você já viu, as empresas podem empreender atividades de inovação para proporcionar tanto o desenvolvimento de novos produtos ou serviços, na perspectiva compradora, quanto a comercialização de tecnologias no mer- 9Open innovation cado, na perspectiva vendedora. As atividades empreendidas na perspectiva compradora, para busca e aquisição de recursos, podem ser: desenvolvimento interno; aquisições; investimentos em capital de risco; e práticas colaborativas em P&D, como integração com clientes e fornecedores, compras de licenças, consórcios, alianças estratégicas, joint ventures e redes (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Na perspectiva vendedora, as atividades para criação e captura de valor podem ocorrer via: canais de distribuição internos; licenciamento de proprie- dade intelectual para outras empresas relacionadas ou não; criação de uma nova empresa, via spin-offs (subsidiárias); ou alianças tecnológicas e joint ventures (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). O Quadro 2, a seguir, elenca as principais atividades em ambas perspectivas. Fonte: Adaptado de Santos (2012) e Chesbrough (2003). Perspectiva compradora Perspectiva vendedora Desenvolvimento interno Canais de distribuição internos Aquisições Criação de uma nova empresa (spin-off ) Investimentos em capital de risco Licenciamento de propriedade intelectual Práticas colaborativas (consórcios, alian- ças estratégicas, joint ventures, redes) Práticas colaborativas (consórcios, alian- ças estratégicas, joint ventures, redes) Quadro 2. Atividades da inovação aberta Dimensão de mercados Segundo a abordagem da inovação aberta, os resultados da inovação podem ser abertos ou fechados ao mercado. A partir disso, são instituídas as possi- bilidades de crescimento: via desenvolvimento de produtos (produto novo versus mercado atual); via diversificação (produtos novos versus mercados novos); via penetração no mercado (produto atual versus mercado atual); via desenvolvimento de mercados (produto atual versus mercados novos) (AAKER, 2012). Open innovation10 No desenvolvimento de produtos, a empresa desenvolve novos produtos ou adiciona melhorias de qualidade para atender a um mercado atual. Na diver- sificação, a empresa desenvolve novos produtos para ampliar seus negócios em novos mercados. Nesse caso, a diversificação pode ocorrer por meio do desenvolvimento interno ou da aquisição de outras empresas, que podem ser relacionadas ou não ao core business da organização. Na penetração de mer- cado, a empresa fornece produtos atuais para mercados existentes, tentando melhorar o seu posicionamento sem atender a novos segmentos, ampliando o uso do produto e a sua frequência e buscando novas aplicações para ele, sem desenvolver novos produtos. Por fim, no desenvolvimento de mercado, a empresa busca explorar novos mercados, expandindo-se geograficamente ou definindo novos segmentos-alvo e comercializando um produto já existente (AAKER, 2012). As empresas que adotam uma inovação fechada ao mercado na perspectiva vendedora têm os resultados da inovação limitados aos canais de distribuição internos, de forma a atender ao mercado atual e novos mercados, podendo expandir-se geograficamente. Já as empresas que adotam uma inovação aberta têm os resultados da inovação pulverizados no mercado, de forma a atender ao mercado atual, a novos mercados e aos mercados de outras organizações (SANTOS, 2012). No Quadro 3, a seguir, veja os elementos da dimensão de mercados da inovação aberta. Fonte: Adaptado de Santos (2012) e Chesbrough (2003). Fechado Aberto (inside-out) Inovação fechada Inovação aberta pública Inovação aberta privada Inovação open source Mercado atual e novos Mercado atual, novos e de outras empresas Quadro 3. Dimensão de mercados da inovação aberta Santos (2012) ressalta que a inovação na dimensão de mercados considera tanto as possibilidades de crescimento interno quanto a adoção de estratégias de crescimento no âmbito corporativo. É o caso de: investimentos, fusões e aquisições, integração vertical/horizontal, alianças tecnológicas (parcerias 11Open innovation com stakeholders, alianças estratégicas com ou sem participação acionária, expansão geográfica, diversificação ou joint ventures) e estratégias de cres- cimento e desenvolvimento sob o escopo produto–mercado. 3 Gestão da propriedade intelectual A constante busca pela competitividade conduz as empresas a criar e de- senvolver competências que lhes permitam obter maiores ganhos a partir do conhecimento gerado. Nesse sentido, a propriedade intelectual opera como um dos mecanismos fundamentais para a apropriação do conhecimento e a geração de valor em ambientes inovadores. Partindo do pressuposto de que o conhecimento está disperso no mundo — em documentos (artigos científicos, relatórios, patentes, etc.), competên- cias, indivíduos especializados, instrumentos técnicos, máquinas, etc. —, as empresas podem e devem buscá-lo, ampliando a sua interlocução com dife- rentes agentes. Isso pode ocorrer por meio de alianças estratégicas, parcerias e redes de relacionamento, numa associação de esforços e competências para a promoção da inovação (CHESBROUGH, 2012). A propriedade intelectual, de acordo com a World Intellectual Property Organization (WIPO, 2020), pode ser entendida como as criações da mente, como invenções, obras literárias e artísticas, desenhos e símbolos, nomes e imagens usados no comércio e protegidos por lei. São exemplos de propriedade intelectual as patentes, os direitos autorais e as marcas comerciais, que permitem que as pessoas obtenham reconhecimento ou benefício financeiro com o que inventam ou criam. Ao encontrar equilíbrio entre os interesses dos inovadores e o interesse público, o sistema de propriedade intelectual visa a promover um ambiente no qual a criatividade e a inovação possam florescer (WIPO, 2020). Assim, a propriedade intelectual tem como principal objetivo garantir aos inventores ou responsáveis por qualquer produção do intelecto o direito de auferir, ao menos por determinado período, recompensa pela própria criação, permitindo a eles excluir terceiros da exploração comercial da sua propriedade. A proteção à propriedade intelectual dificulta a imitação e o “oportunismo” em contratos que envolvem tecnologia, transferência ou licenciamento da matéria protegida por aquelas empresas que investem capital em P&D (OLIVEIRA, 2013). Entretanto, muitas empresas utilizam a propriedade intelectual não somente como um instrumento capaz de gerar valor, mas como um ativo transacionável. Nesse modelo, são realizadas diferentes negociações para o compartilhamento de conhecimento entre diferentes agentes, geralmente oriundos de práticas Open innovation12 colaborativas (redes de inovação, joint ventures, alianças estratégias, etc.). Porém, a configuração de tais parcerias depende essencialmente do modelo de negócio adotado (OLIVEIRA, 2013). Para Osterwalder e Pigneur (2020), um modelo de negócioé uma ferramenta conceitual que descreve como uma empresa oferece valor aos seus clientes e parceiros, ou seja, como cria, comercializa e entrega esse valor. Portanto, por ser uma ferramenta conceitual, permite uma simulação do modelo, melhorando a forma de observar e mensurar informações coletadas, o que contribui para a análise lógica da empresa. Como aponta Chesbrough (2012), o desenvolvimento da inovação aberta parte da evolução dos modelos de gestão de inovação e da crescente adoção de modelos colaborativos. Desse modo, é necessário que o posicionamento estratégico e o modelo de negócio das empresas inovadoras estejam alinhados às mudanças e tendências de mercado. A empresa Procter & Gamble (P&G), do segmento de bens de consumo, que operava no modelo fechado de inovação, alterou seu modelo de negócio para aumentar o crescimento por meio da inovação, implementando uma nova estratégia chamada Organisation 2005 (DODGSON; GANN; SALTER, 2006). Segundo os autores, o conceito de Connect & Develop (C&D — “conectar e desenvolver”), parte integrante da nova estratégia, tem sido fundamental para a Organisation 2005, uma vez que ela se fundou na reorganização integrada de estrutura e cultura organizacionais, promovendo inova- ções via estabelecimento de conexões internas e externas à empresa (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2020). Nesse contexto, a abordagem de colaboração e integração da propriedade intelectual traz uma mudança na forma como a empresa vê e explora seus resultados de inovação, ou seja, ocorre a internalização e a externalização de conhecimentos e tecnologias por meio de outros agentes (CHESBROUGH, 2012). Para algumas empresas, o grande valor que pode ser obtido está na comercialização do próprio conhecimento. Nesse caso, as patentes deixam de ser tratadas como ferramentas de competição e passam a ser os produtos em si. Porém, para se criar valor a partir de propriedade intelectual, não basta ter a capacidade de gerar grandes inovações tecnológicas de forma sistemática internamente; a empresa deve ter a capacidade de absorver e explorar devi- 13Open innovation damente o conhecimento disponível no ambiente externo (CHESBROUGH, 2012). Essa competência é definida por Teece e Pisano (1994) como a aptidão, por parte das empresas, de adaptar, integrar e reconfigurar suas habilidades organizacionais, seus recursos e suas competências em resposta às mudanças no ambiente. Para Chesbrough (2012), a empresa deve saber fazer uso da propriedade intelectual de terceiros, assim como saber comercializar a sua própria. Na visão do autor, nem sempre o pioneirismo é vantajoso; ter o melhor modelo de negócio é melhor do que ser o primeiro a chegar ao mercado. Um dos principais objetivos de quem investe em P&D é evitar ser copiado pelos concorrentes. Assim, a abordagem da inovação aberta da propriedade intelectual, principalmente das patentes, poderia prevenir algumas ameaças das instituições especializadas em licenciamento de propriedade intelectual. A grande importância das patentes é consequência do fato de essa proteção ser concedida na forma de direitos exclusivos de exploração, permitindo excluir terceiros da produção ou do uso do processo de produtos patenteados. Portanto, dentro da abordagem da inovação aberta, um dos grandes interesses da utilização das patentes está não só nos rendimentos advindos da comercia- lização delas, mas na revelação segura do conhecimento, de forma a permitir o avanço da ciência e da tecnologia (CHESBROUGH, 2012). Nesse contexto, as principais estratégias de utilização de patentes são a formação de consórcios de patentes (patent pools) e o uso de licenças cruzadas (cross licences). Além disso, há os “emaranhados” de patentes (patent thickets). A seguir, veja as principais características dessas estratégias (OLIVEIRA, 2013). Cosórcios de patentes: envolvem uma única entidade, nova ou detentora de algumas patentes do consórcio, que licencia as patentes de duas ou mais empresas para terceiros em um pacote fechado. Licenças cruzadas: são baseadas na troca de um ativo protegido por outro, de modo que duas ou mais empresas compartilham suas patentes entre si. “Emaranhados” de patentes: podem ser formados tanto por patentes de uma mesma empresa quanto pela sobreposição de patentes de pro- prietários distintos. Assim, criam-se redes e direitos sobrepostos que constituem barreiras de entrada no mercado, podendo inviabilizar o lançamento de um novo produto. Open innovation14 A utilização e a comercialização de patentes não são exclusivas às grandes organizações. Contudo, o uso dessas ferramentas ainda é muito restrito nas pequenas empresas, devido à limitação de recursos e à falta de prática para a gestão profissional da propriedade intelectual (EPPINGER; VLADOVA, 2013). Ainda assim, é possível que pequenas empresas usem patentes para: levantar recursos; estabelecer parcerias com universidades, outras empresas e instituições de pesquisa; e aperfeiçoar tecnologias e produtos existentes a partir do desenvolvimento de novas invenções e do seu registro formal (PETTA et al., 2018). Em modelos de negócio abertos, há empresas que utilizam a inovação aberta para criar e capturar valor sistematicamente colaborando com par- ceiros externos, podendo ocorrer de fora para dentro, explorando ideias externas dentro da empresa, ou de dentro para fora, fornecendo a grupos externos ideias ou recursos internos (OSTERWALDER; PIGNEUR, 2020). Assim, a gestão da propriedade intelectual impacta o modelo de negócio das organizações, uma vez que produtos, tecnologias, conhecimentos, patentes, etc. podem ser monetizados ao serem disponibilizados para grupos externos por meio de licenciamentos, empreendimentos conjuntos ou ramificações. Por outro lado, a propriedade intelectual também pode ser adquirida de fontes externas, uma vez que a empresa decida que obter novas tecnologias de fontes externas pode ser menos dispendioso, resultando em prazos mais curtos para entrar no mercado. Inovações não exploradas têm potencial para gerar mais receita quando comercializadas (OSTERWALDER; PIG- NEUR, 2020). Leia o artigo de Arnaldo Di Petta, Renato Ribeiro Nogueira Ferraz, Cristiane Drebes Pedron e Luc Quoniam “Mineração de patentes e pequenas empresas: uma revisão sistemática da literatura sobre oportunidades de negócio sob a ótica da inovação aberta”, disponível no link a seguir. https://qrgo.page.link/pi9f8 15Open innovation AAKER, D. A. Administração estratégica de mercado. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. BALESTRIN, A.; VERSCHOORE, J. Redes de cooperação empresarial: estratégias de gestão na nova economia. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016. CHESBROUGH, H. Inovação aberta: como criar e lucrar com a tecnologia. 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Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/1ac2787cfd85ba38fb3af907881809ec Exercícios 1) O processo de inovação nas empresas sofreu modificações ao longo do tempo. Sobre a mudança de paradigma da inovação fechada para a inovação aberta, é correto afirmar que: A) Na inovação aberta, as empresas buscam auxílio a universidades ou institutos de pesquisa apenas para a resolução de dificuldades pontuais no processo de inovação. B) Na inovação fechada, o processo requer maior controle sobre todas as etapas do processo de inovação, como o desenvolvimento de ideias, protótipo, distribuição, etc. C) Na inovação aberta, as organizações mantêm seus laboratórios próprios de pesquisa e realizam as atividades de forma isolada, pois a P&D é um ativo estratégico da empresa. D) Na inovação fechada, a empresa busca por conhecimentos e tecnologias independentemente de sua localização, ou seja, dentro e fora da empresa. E) Na inovação aberta, os projetos são realizados com o objetivo de serem lançados pela própria organização, sem a possibilidade de serem lançados por outra empresa. 2) Sabendo que as organizações estão cada vez mais se unindo em colaboração para otimizar os seus processos de inovação de forma aberta, por meio de parcerias com universidades, empresas, governo, etc., é correto afirmar que: A) A inovação aberta é um novo paradigma que assume que as empresas usam predominantemente ideias e caminhos externos para avançar em suas tecnologias. B) A inovação aberta parte da ideia de que o P&D interno pode gerar valor significativo, enquanto o P&D externo é necessário para garantir a realização desse valor. C) A inovação aberta tem a premissa de que é mais importante ser pioneiro no lançamento de novas tecnologias do que inovar o modelo de negócios. D) A inovação aberta está relacionada ao uso de conhecimentos internos e externos à empresa, com o objetivo de acelerar a inovação e expandir os seus mercados. E) A inovação aberta faz uma gestão mais controladora de suas patentes, de modo que os competidores não possam tomar vantagem das suas ideias. 3) A inovação aberta divide-se, basicamente, em dois processos: o outside-in e o inside-out. Sobre estes dois conceitos, é correto afirmar que: A) O processo outside-in envolve a comercialização de ideias ou processos de inovação e tecnologias que não foram incorporadas à estratégia da empresa. B) No processo inside-out, pessoas e organizações externas são fontes de novas ideias e oportunidades de negócios para as empresas. C) No processo outside-in, as empresas normalmente não dispõem das capacidades necessárias para desenvolver um determinado recurso tecnológico. D) No processo inside-out, a busca e a aquisição de conhecimento acontecem por meio de fontes externas, como a aquisição de tecnologias na forma de licenciamento. E) No processo outside-in, é comum a criação de novas empresas (spin-offs) e o licenciamento de propriedades intelectuais. 4) A propriedade intelectual opera como um dos mecanismos fundamentais para a apropriação do conhecimento e a geração de valor em ambientes inovadores. Sobre o impacto da propriedade intelectual no modelo de negócios, é correto afirmar que: A) A colaboração e a integração da propriedade intelectual permitem que as patentes deixem de ser tratadas como ferramentas de competição e passam a ser os produtos em si. B) A propriedade intelectual tem como principal objetivo não permitir a utilização de tecnologias por outras empresas que não investem em P&D. C) Muitas empresas utilizam a propriedade intelectual somente como instrumento capaz de gerar valor, mas como um ativo intransacionável. D) O desenvolvimento da inovação aberta parte de uma evolução dos modelos de gestão da inovação e da crescente adoção de um modelo mais centralizado. E) Para se criar valor a partir de propriedade intelectual, basta ter a capacidade de gerar grandes inovações tecnológicas de forma sistemática internamente. 5) Dentro da abordagem da inovação aberta, um dos grandes interesses da utilização das patentes não está apenas nos rendimentos advindos da comercialização delas, mas na revelação segura do conhecimento de forma a permitir o avanço da ciência e da tecnologia. Sobre as estratégias na utilização de patentes, é correto afirmar que: A) O uso de licenças cruzadas envolve uma única entidade quelicencia as patentes de duas ou mais empresas para terceiros com um pacote fechado. B) Os consórcios de patentes podem ser formados tanto por patentes de uma mesma empresa quanto por sobreposição de patentes de proprietários distintos. C) A utilização e a comercialização de patentes são algo exclusivo das grandes organizações, devido à limitação de recursos das pequenas organizações. D) As patent thickets são baseadas na troca de um ativo protegido por outro, em que duas ou mais empresas permitem que suas patentes possam ser utilizadas entre si. E) Os "emaranhados” de patentes formam redes de direitos sobre postos que constituem barreiras de entrada no mercado, podendo inviabilizar o lançamento de um novo produto. Na prática A inovação aberta pode trazer diversos benefícios para as organizações que precisam e desejam inovar com mais facilidade e flexibilidade. Entretanto, a gestão da propriedade intelectual em modelos de inovação aberta precisa ser muito bem definida e acordada para não apresentar dificuldades na hora de usufruir das inovações construídas colaborativamente. Veja, Na Prática, o caso da gestão da propriedade intelectual de uma Instituição Científica e Tecnológica (ICT) na sua relação com empresas privadas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Saiba mais Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Conheça o potencial da inovação aberta: 6 lições para gerar mais resultados O link a seguir traz uma matéria com dicas para atingir resultados positivos com a inovação aberta, uma vez que grandes empresas vêm obtendo ROI’s acima de 100% em projetos que envolvem inovação aberta. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Inovação aberta na gestão pública: análise do plano de ação brasileiro para a Open Government Partnership Veja no link a seguir o artigo no qual são analisados o Plano de ação brasileiro para o governo aberto, baseado na teoria da inovação aberta na gestão pública. Além disso, o material traz as principais políticas públicas relacionadas à inovação aberta brasileira. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Colaboração e inovação aberta: uma estratégia para enfrentar crises No vídeo a seguir, você poderá assistir ao TED Talk com a Yara Senger (coordenadora do maior evento de TI do Brasil, o TDC), que compartilha histórias e insights sobre como descobriu que o modelo de inovação aberta revolucionaria a sua empresa. Além disso, ela ressalta o papel da colaboração entre os diversos players do ecossistema. https://endeavor.org.br/inovacao/inovacao-aberta-licoes/ http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-76122014000400004&script=sci_arttext Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Redes de inovação aberta e compartilhamento do conhecimento: aplicações em pequenas empresas O link a seguir traz um artigo da Revista de Administração e Inovação (RAI) com o objetivo de mostrar os desafios e os caminhos das pequenas empresas para captar inovações por meio de redes de inovação aberta que possibilitam o compartilhamento e a transferência de conhecimento tecnológico. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/eVRQQGKRGck https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1809203916300730