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LIDERANÇA COMO ESSÊNCIA DA GESTÃO 2 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................................................................................ 3 2. O AMBIENTE ATUAL .............................................................................................................................................................................................................. 4 2.1 A inovação e seus impactos ................................................................................................................... 5 2.2 As gerações e o Impacto das tecnologias sociais ........................................................................... 6 2.3 Reciprocidade e Inovação ..................................................................................................................... 8 2.4 - E como está o Brasil? ............................................................................................................................ 9 3. Liderança Autêntica ............................................................................................................................................................................................................ 12 3. 1- DOMÍNIO PESSOAL ............................................................................................................................. 12 3.1.1. Crenças Pessoais ............................................................................................................................................... 13 3.1.2. Estratégias de Poder ...................................................................................................................................... 17 5.1.1 - DOMÍNIO DO PROPÓSITO ........................................................................................................................... 18 5.1.2 – DOMÍNIO DA RESILIÊNCIA ........................................................................................................................ 29 ENFIM ... ....................................................................................................................................................................................................................................... 35 5.1.3 DOMÍNIO DO SER ............................................................................................................................................... 36 5.2 DOMÍNIO INTERPESSOAL ................................................................................................................... 50 5.3 DOMÍNIO DA MUDANÇA ...................................................................................................................... 58 5.3.1 CURVA DE TRANSIÇÃO (ou Casa de Mudança) .................................................................................... 60 AS QUATRO FASES DA MUDANÇA ............................................................................................................ 60 5.3.2 LIDANDO COM A MUDANÇA ......................................................................................................................... 63 5.3.3 – GESTÃO ASCENDENTE ................................................................................................................................. 65 5.4 DOMÍNIO DA AÇÃO ................................................................................................................................ 69 Perguntas Poderosas para o Monitoramento ..................................................................................... 74 6. PLANEJANDO O RETORNO ................................................................................................................................................................................................. 76 3 1. INTRODUÇÃO1 Segundo Kouzes e Posner, toda organização, todo movimento social, começa com um sonho. O sonho , ou visão, é a força que constrói o futuro. Os líderes enxergam além do horizonte do tempo e identificam as oportunidades que ali cintilam, possuem o desejo de fazer com que algo aconteça, de mudar o jeito das coisas, de criar algo novo. Para atrair pessoas para sua visão, os líderes devem conhecer seus seguidores e falar a linguagem deles. As pessoas devem acreditar que os líderes compreendem suas necessidades e levam em conta seus interesses. A liderança é um diálogo, não um monólogo. É um esforço coletivo. Os líderes efetivos arregimentam o apoio e a colaboração de todas as pessoas que devem fazer com que o projeto funcione. Esse senso de trabalho em equipe vai muito além de uns poucos relatórios diretos e de um círculo de confidentes mais próximos. Eles permitem que as pessoas ajam. Em uma investigação sobre a efetividade organizacional patrocinada pela Organização Gallup, ocorrida entre 1975 e 2009 - foram identificados pontos que influenciam a percepção de ganho dos funcionários. Com base na premissa de que os empregados talentosos são o fundamento de uma organização bem-sucedida e inovadora. O primeiro estudo se concentrou na pergunta: “o que tais empregados esperam e necessitam de seus empregadores?” Foram entrevistados mais de um milhão de empregados de uma ampla gama de empresas, indústrias e países. Um ponto chamou a atenção: o A descoberta mais importante é que “os empregados talentosos necessitam de chefes excelentes. O empregado talentoso pode ingressar numa empresa por causa de seus executivos carismáticos, seus benefícios generosos e seus notáveis programas de treinamento, mas quanto tempo ele ficará e quão produtivo será enquanto estiver na empresa são fatores determinados pela sua relação com o chefe imediato.” 1 Kouzes e Posner; O Desafio da Liderança 1. Liderar é ... 2. Diante da mudança minha postura é ... 4 2. O AMBIENTE ATUAL2 Não é o ambiente das organizações que está mudando. A mudança é o ambiente das interações humanas. E não se trata de que todas as empresas e organizações estejam mudando. A mudança se apossou de todas as estruturas humanas. Criar mudança, gerenciá-la, dominá-la e sobreviver a ela é a pauta de todos os que, no mundo, desejam fazer diferença. A mudança hoje é intrínseca ao mundo das organizações, uma manifestação integral do sucesso do funcionamento das tecnologias sociais. Criar mudanças é uma habilidade. Mas fazer com que as coisas aconteçam e levar uma organização para a frente é paixão. A natureza não muda simplesmente substituindo o velho pelo novo, como sugere a lógica mecanicista. Peter Senge, inspirado nas ideias do importante biólogo chileno Humberto Maturana, tem escrito muito sobre o tema. Ao examinar o processo de evolução da natureza, ele diz que se trata de um processo que mescla transformação e preservação. Quando a natureza evolui, ela transforma algumas coisas, mas preserva outras. Desde a época de Heráclito a ideia de que “a única coisa constante é a mudança” tem sido um truísmo de vida. Atualmente nas organizações a palavra mudança tem conotações frequentemente contraditórias. Às vezes se refere a mudanças externas - em tecnologias, nos cidadãos, nos parceiros, no mercado, no ambiente sociopolítico, etc. Também se refere a mudanças internas – como a organização se adapta a mudanças no ambiente organizacional, nas práticas, visões e estratégias. O importanteé perceber que essas mudanças se correlacionam entre si. A mudança organizacional combina alterações internas nos valores, aspirações e comportamento das pessoas com alterações externas nos processos, nas estratégias, nas práticas e nos sistemas. Na mudança profunda ocorre aprendizagem, pois a organização não realiza simplesmente algo de novo, ela constrói a capacidade de mudar constantemente. As mudanças visam agregar valor para os indivíduos e sociedades. Mas antes de tudo, a mudança é o território da liderança, pois tendem a trazer inovações e valor. 2 A. Cohen e S. Fink ; Comportamento Organizacional 5 2.1 A inovação e seus impactos3 Há dois tipos de tecnologia fundamentais para a inovação. As primeiras são as tecnologias físicas. Essas são o que, em geral, temos em mente quando usamos o termo tecnologia: ferramentas de pedra lascada, foguetes espaciais, motores a explosão, microchips. Mas há outro tipo, ao qual geralmente não damos importância – as tecnologias sociais, maneiras de se organizar pessoas para colaborar em empreendimentos comuns. Por exemplo, a linha de montagem, as lei, a república, o dinheiro, a empresa em si, o sistema de franquia, os exércitos... É claro que as tecnologias físicas têm sido enormemente importantes, mas sem as sociais nada teria acontecido em larga escala. Eis o segredo, então: as tecnologias sociais são mais importantes para a inovação (geração de riqueza) do que as físicas. Sem tecnologias sociais o país tem de ficar na dependência de gênios para inventar artefatos que, eventualmente (um dia, talvez, quem sabe), serão usados para gerar riqueza. Apostar em gênios fora da média (para qualquer coisa) é uma péssima ideia. Sem as tecnologia sociais não teríamos conseguido construir as pirâmides, a muralha de China e nem mesmo saído da Idade da Pedra. Tecnologias físicas e sociais co-evoluem. Henry Ford não inventou o automóvel (uma tecnologia física), mas, sim, uma forma de produzir automóveis por meio da organização do trabalho em linhas de montagem (uma tecnologia social). A General Motors tomou a liderança da Ford nos anos 20 graças a uma inovação na forma de organizar a empresa em divisões (uma tecnologia social). A Toyota tomou a liderança da GM, neste ano, graças a formas inovadoras de produção e relacionamento com fornecedores (idem). Em 2002, fizeram uma pesquisa com 72 países ricos e pobres. O que se investigava era aquilo de sempre: “O que torna um país mais rico que outro?”. Eric Beinhocker, da consultoria de negócios McKinsey, e autor de The Origin of Wealth (“A origem da riqueza”), comenta: “Talvez se imaginasse que os fatores determinantes da riqueza de um país fossem coisas como a existência ou não de recursos naturais, a competência das políticas de governo, ou a sofisticação de suas tecnologias físicas. Tudo isso conta, mas não é o principal. O fator mais importante são as tecnologias sociais do país. A regra da lei, a existência de direitos de propriedade, um sistema bancário organizado, transparência econômica, ausência de corrupção. Essas coisas desempenham um papel muito mais importante para o sucesso econômico do que qualquer outra categoria de fatores! Mesmo países com poucos recursos naturais e governos incompetentes se saem razoavelmente bem se têm tecnologias sociais fortes e bem desenvolvidas! O oposto é verdade – não há país com tecnologias sociais ruins que seja bom em inovação, independentemente de seus recursos naturais, e de suas políticas macroeconômicas. Tecnologias sociais têm uma influência enorme, e não só na escala dos países, mas na das empresas também...”. As tecnologias sociais é que dão as cartas em qualquer escala em que haja humanos 3 Yuval Harari – Homo Deus 6 trabalhando para produzir algo juntos. Pode ser uma organização, pode ser um país ou uma associação deles, como a zona do euro. 2.2 As gerações e o Impacto das tecnologias sociais As ondas geracionais causam forte impacto nas tecnologias sociais, pois “modelam” a realidade, a forma como nos organizamos no trabalho, na família e na sociedade. Vejamos a contribuição de cada uma das recentes ondas geracionais. A Geração X (1965-1980) cresceu em processo de transformação, principalmente em relação à força de trabalho feminina, tendo preferência pela administração e economia. Esta geração tende a ter o foco em resultados, tem uma visão empreendedora e desenvolveu habilidade para aprender novas tecnologias para se manter no mercado” afirma Khoury (2009, p.124). Os membros valorizam títulos acadêmicos e entendem cargos hierárquicos como resultados de muito esforço, também são caracterizados pelo imediatismo, mas os sujeitos são otimistas e confiantes demonstrando flexibilidade e criatividade (ROBBINS, 2005). Essa postura individualista com forte apelo à meritocracia gerou pouco impacto em nossa cultura e tecnologia social presente. A Geração Y (1978-1989) é conhecida identicamente como Geração Internet e ‘Generationwhy’ (a “geração do por que”, pois são muito questionadores e cresceram usufruindo as facilidades da tecnologia, além disso, gostam de receber atenção, creem em mudanças constantes e o foco está sempre no curto prazo afirma Engelmann (2007)), estes indivíduos cresceram expostos às doenças, por exemplo, a Síndrome de Deficiência Imunológica Adquirida (AIDS), presenciam o terrorismo como fenômeno mundial, vivenciam a evolução tecnológica e é a geração mais conectada as redes e tecnologias móveis. A proatividade, a ambição, o otimismo e a valorização do trabalho em equipe são algumas das características desta geração, uma vez que está sempre ávida por desafios e consegue desenvolver multitarefas simultaneamente (KHOURY, 2009). Por essa razão estes sujeitos não são adeptos às regras pré-estabelecidas e a troca frequente de trabalho é compreendida como algo natural, não estão habituados a enfrentar 7 ambientes autoritários, bem como a esperar, também necessitam de estímulos para exibirem reação. A característica que mais se destaca na Geração Y é o pensamento voltado para à diversidade, em que se aceita bem as diferenças étnico-raciais, sexuais, religiosas (ENGELMANN, 2007). Esse perfil mais questionador e com o acesso à informação inicia um processo de transformação em nosso organização social – questionamentos são feitos e compartilhados. São os jovens que questionam a organização do Estado, os privilégios, os desvios, a corrupção. Ainda permanecem moldando as tecnologias sociais em nosso país. A Geração Z (a letra que dá nome a esse grupo vem do termo “zapear”, que é o ato de trocar de canal de TV constantemente pelo controle remoto), nascidos em meados dos Anos 90, chegam ao mercado de trabalho esperando por um mundo semelhante ao seu, conectado, aberto ao diálogo, veloz e global. Com isso, as organizações se deparam com um desafio, o de se adaptar as mudanças e atualizar seus negócios, criando novas formas de liderança e motivação. Tendo em vista que estão constantemente presenciando mudanças, desenvolvem multitarefas e buscam por desafios constantes. Dessa maneira, a Geração Z não apresenta o foco como característica, eles podem se tornar profissionais dispersos e isso exige dos gestores uma excelente relação inter e intrapessoal. A Revista Exame, 30 de novembro de 2017 evidencia que a geração Z começaráa exercer maior influência. Segundo Kit Yarrow, psicóloga especialista em consumo, “Os jovens desta geração são mais realistas e pragmáticos do que os millennials. E por sua proximidade maior com os pais (compradores) já surgem com grande “poder”. Por exemplo, se há poucos anos, a tendência era procurar grandes influenciadores que levassem a imagem da marcadas empresas para milhões de seguidores. Hoje temos o surgimento dos microinfluenciador, a nova moda do marketing digital que surgiu da demanda dos Zs – e agora de toda a sociedade – por autenticidade e proximidade. “Eu me interesso por pessoas com as quais tenho algum contato ou de quem gostaria de ser amiga”, diz Luiza Yoshida, de 16 anos. Essa nova geração poderá consolidar as conquistas da Geração Y (ou millennials) e fortalecer um ambiente mais confiável e justo, onde a colaboração se faça mais presente. Mas qual a relevância da cooperação nas mudanças por inovação? 8 2.3 Reciprocidade e Inovação4 Antes da agricultura, só havia colaboração dentro de pequenos bandos que vagavam pela Terra em busca de alimento. Estranhos não entravam. Sobreviver exigia respeito a certas normas que eram instintivas, porque as pessoas do bando, como parentes, tinham genes em comum. Nesse caso, como a ciência mostra, a colaboração se instaura de modo muito mais natural do que entre estranhos genéticos. Todo mundo conhecia todo mundo, por isso, os fraudadores – aqueles que não faziam sua parte na empreitada comum – eram expulsos ou mortos. Para caçar animais grandes, como uma girafa, trabalhar em equipe trazia grande vantagem. É preciso coordenar esforços – alguém cerca, alguém comanda os movimentos, determina o timing certo do ataque etc. Uma girafa fornecia mais carne do que uma família conseguia comer, os caçadores tinham um incentivo extra para colaborar com outras famílias do mesmo clã. Abatida a presa, era preciso dividi-la rapidamente antes que chegassem animais que se alimentavam de bichos mortos. Como a carne estragava se não fosse consumida logo, caçadores e suas famílias se empanturravam e presenteavam com o que sobrava outras famílias do bando, cujos participantes não foram tão bem sucedidos na caça. Esse “presente” era interesseiro: “se amanhã for meu grupo a não ter sucesso, eu espero que você retribua minha “generosidade” de ontem. Se você, ingrato, “esquece” o que fiz por você no passado e não retribui, todo mundo fica sabendo e sua reputação no bando sofre. Você pode acabar expulso e, sozinho, não conseguirá caçar. Você simplesmente não pode dar-se ao luxo de não retribuir". A reciprocidade veio sendo programada em nós desde tempos ancestrais. Uma descoberta recente é a importância disso que podemos chamar de “senso de justiça”, algo baseado na noção de reciprocidade. “Eu te ajudo hoje, mas espero a contrapartida amanhã.” Numa série muito engenhosa de experimentos, Leda Cosmides e John Toby, da Universidade da Califórnia, mostraram que o animal humano é programado pela evolução para detectar injustiça. Quando estamos em ambientes em que se exercita cooperação e reciprocidade, nosso instinto de cooperação nos levará a cooperar também. Nossas mentes tiram uma amostra da população ao redor e, se as pessoas são cooperativas, tornamo-nos como elas. Em um ambiente trambiqueiro, porém, cujas normas sociais não dão suporte à cooperação, nosso software nos torna permanentemente desconfiados. Todo mundo protege o próprio traseiro. Países inovadores têm sistemas operacionais que levam a tecnologias sociais robustas, que 4 Yuval Harari – Homo Deus 9 garantem alto nível de cooperação baseada em reciprocidade. Não há nenhum país com cultura forte em todos os elementos do sistema operacional. Também não há maneira única de implementar esses elementos. O que estou dizendo é que todos os países inovadores têm, em média, registros favoráveis em todos os elementos, mesmo que seus sistemas operacionais sejam, como são, bem diferentes. Países inovadores valorizam a mentalidade científica e a racionalidade na busca de soluções; sociedades pobres tendem a abraçar o oculto e o mágico. Nessas, o religioso e o político se misturam. Acham que seu destino depende de salvadores messiânicos, ou da boa vontade dos deuses, não de seus esforços pessoais. Países inovadores têm lideranças mais pragmáticas e menos ideológicas, que não hesitam em assumir posições impopulares para fazer o que deve ser feito. Países pobres têm versões diferentes daquilo que os antropólogos chamam de big men – lideranças truculentas que se impõem pela força, ou então populistas e carismáticos que manipulam a fraqueza e ignorância das multidões. Big men se especializam em conchavos com grupos de interesses diversos, e seu objetivo único é ficar no poder (precisa de exemplos?). Em países inovadores, a mentalidade “soma não zero” permeia toda a sociedade. Essa é uma norma cultural que diz que o bolo que existe hoje poderá crescer se houver colaboração. Minha vitória pessoal não se dá à custa da derrota de outro. A mentalidade oposta, “soma zero”, diz que o melhor é garantir logo sua fatia do bolo antes que outro o faça. Não há visão de destino compartilhado, ganha quem tirar mais para si. 2.4 - E como está o Brasil? Há ambientes em que você não consegue não ser corrupto, mesmo que queira. Num ambiente trambiqueiro, todo mundo vira “esperto”. Nesse tipo de ambiente, corrupção, desonestidade e roubalheira são normas culturais. Todas as sociedades “soma zero” são assim. Imagine uma população na qual alguns agentes têm mentalidade “soma zero” e outros, mentalidade “não zero”. À medida que o tempo passa, os agentes “não zero” descobrem que podem ficar mais ricos cooperando uns com os outros. Nesse ponto, eles começam a ser atacados pelos “soma zero”, que vão querer sua fatia do bolo sem ter colaborado para que ele crescesse (é da natureza deles, entende?). Esse conflito vai baixar os retornos propiciados pela cooperação, e pode levar a uma situação em que os agentes “não zero” se convencem de que cooperação não vale a pena; aí eles se transmutam em “soma zero” também. Não é uma tragédia? Quando os pesquisadores modelaram essa dinâmica, descobriram que existe um ponto 10 limite. Quando, numa sociedade, os não cooperadores ultrapassam os cooperadores, a colaboração não se sustenta mais no nível necessário para produzir riqueza, e o país cai no que chamam de “armadilha da pobreza”. Aí está a razão pela qual países inovadores prezam tanto a “regra da lei” – é ela que garante que o pessoal “soma zero” será contido, e não conseguirá contaminar o país. Regra da lei é condição para inovação. Em 1996, uma pesquisa perguntou o seguinte a pessoas de vários países: “De modo geral, você acha que, em seu país, a maioria das pessoas é confiável?”. A diversidade das respostas foi impressionante. Os países em que a confiança é mais arraigada são Noruega (65%) e Suécia (60%). No Peru, 5%, e no Brasil (o lanterninha absoluto), 3%. Somos ruins em inovação porque em nosso país não existe confiança baseada em reciprocidade em nível suficiente. Nossas tecnologias sociais para garantir isso são deficientes. Em qualquer país há os que enxergam o mundo como um “jogo de soma zero” e os que o veem como “jogo de soma não zero”. Lembre-se: se sua mentalidade é “soma zero”, você vai agir para pegar a maior fatia possível do bolo, antes que outro o faça. Você acha que só pode ganharse outro perder. Em vez de investir suas energias na busca de possibilidades (necessariamente cooperativas) de se dar bem, você opta por ser um predador. Enquanto um equivalente seu, que vive na Noruega ou no Vale do Silício, empreende, arrisca e inova, você está preso à lógica “soma zero”. Não é só sua culpa. A corrupção, em qualquer sociedade, é resultado de duas coisas: escolhas individuais e normas sociais. Juntas, as duas definem o nível de corrupção de um país. De acordo com a edição 2017 do Global Innovation Index (GII), o Brasil segue estagnado na 69ª posição do ranking mundial da inovação. Para efeito de comparação, na América Latina somos apenas o sétimo colocado (Chile lidera com a 46ª posição no ranking geral), no BRICs somos os últimos e, no geral, estamos atrás de países como Kuwait, Grécia e Sérvia. A décima edição do GII, ranking desenvolvido pela Cornell SC Johnson College of Business, INSEAD e WIPO (organização responsável por registro de propriedade intelectual no mundo), com a participação de 127 países. São sete dimensões divididas em dezenas de indicadores e sub-indicadores, detalhamento que permite uma análise em profundidade sobre a situação da inovação em um país, os pontos fortes e fracos de cada um e um olhar sobre as boas práticas que podem ser adaptadas em outros mercados. • Instituições; • Capital humano e pesquisa; • Infraestrutura; • Sofisticação do mercado; • Sofisticação dos negócios; • Conhecimento e tecnologia; • Bens e serviços criativos. 11 Não se trata apenas de uma disputa por posições. Países inovadores oferecem melhor qualidade de vida para a população, um ambiente de negócios favorável para os investimentos privados e educação de alto padrão, tanto no nível básico quanto no superior. Reformar os sistemas jurídico e político do Brasil é mais importante para a inovação do que “investimentos em inovação”. Consolidar as agências reguladoras (que todo país inovador valoriza, mas que nossos governantes desdenham). Essas “coisinhas” produziriam mais efeito sobre a inovação do que todos os investimentos em “tecnologia” que possamos fazer, porque atuariam diretamente no coração do problema: nossa visceral falta de confiança. Por aqui, investimento em tecnologias sociais tem de vir antes. Alta confiança, alta cooperação que gera mais confiança, mais inovação etc. Infelizmente, para nós, o contrário também é verdade. A relação de causa e efeito entre confiança e riqueza não é perfeita (pois confiança não é o único fator que determina os níveis de cooperação de um país) mas abre reflexões para melhorias. Posição do Brasil : 64 Global Innovation Index 2018 (em 126 países) 12 3. Liderança Autêntica5 3. 1- DOMÍNIO PESSOAL Como lidamos com os outros e com nós mesmos em períodos difíceis, nós nos baseamos em recursos internos de nosso caráter ou nos perdemos nas pressões das situações? Cada um de nós é chamado a liderar autenticamente conectando nossas próprias experiências de vida, valores e talentos às circunstâncias especiais que enfrentamos. O domínio pessoal não é um processo simplista que afirma meramente nossas forças enquanto ignoramos nossas fraquezas. É reconhecer nossos talentos e forças enquanto enfrentamos nosso lado sombrio, oculto subdesenvolvido. É encarar e reconciliar honestamente todas as facetas do eu. Todos nós nos comportamos em perfeito alinhamento ao nosso atual nível emocional, psicológico e de evolução espiritual. Todas as nossas ações e relacionamentos, bem como a qualidade e o poder de nossa liderança, expressam precisamente a pessoa que nos tornamos. Enquanto somos verdadeiros e autênticos ao nosso estado atual de desenvolvimento, nós somos inautênticos ao nosso estado potencial de desenvolvimento. Assim como Shakespeare escreveu tão eloquente em Hamlet, “Nós conhecemos o que somos, mas não o que podemos ser”, como humanos e líderes, temos uma habilidade infinita para crescer, ser e nos tornar melhores. Aprofundar a autenticidade, cultivar a liderança de dentro para fora demanda tempo e atenção. John Gardener escreve: Os seres humanos têm sempre empregado uma enorme variedade de dispositivos inteligentes para fugir de si mesmos. Podemos manter-nos ocupados, preencher nossas vidas com muitas diversões, outras atividades que exigem muito conhecimento, envolver-nos com muitas pessoas e descobrir que nunca tivemos tempo para investigar um mundo interior temeroso e poderoso. 5 Kevin Cashman; Liderança Autêntica 13 Definimos autenticidade como o processo contínuo de construção da autoconsciência de nossa personalidade total – forças e limitações. Como resultado dessa consciência , as crenças, os valores, os princípios e o comportamento da pessoa autêntica tendem a se alinhar. A maioria das pessoas sinceras, verdadeiras e reais tende a conhecer suas capacidades e vulnerabilidades. Malcon Forbes elucida: “Muitas pessoas supervalorizam o que elas não são e desvalorizam o que são. A autocompaixão, estar aberto e receptivo às nossas vulnerabilidades, é um aspecto importante de autenticidade.” A consciência dual de suas próprias forças e vulnerabilidades permite que os líderes autênticos enfoquem a equipe, empresa e mercados, e não eles mesmos. As crenças literalmente criam nossa realidade; elas são as lentes ou filtros por meio dos quais interpretamos o mundo. Algumas dessas “lentes” focalizam e abrem novos horizontes; outras escurecem nosso visão e limitam possibilidades. As crenças são transformadoras. Toda crença que temos transforma nossa vida em riqueza ou limitação. Embora possamos acessar essas crenças em um nível consciente, isso não significa que estamos sempre cientes delas. 3.1.1. Crenças Pessoais6 As teorias gerenciais desde o seu surgimento até os dias atuais, ora estão voltadas para o eixo mecanicista “X”, ora para o eixo humanista “Y”. Por volta da década de 1970, tínhamos como ferramenta gerencial o CCQ – Círculo de Controle da Qualidade. Essa ferramenta valorizava o lado humano, porque os próprios trabalhadores procuravam melhores soluções para o seu trabalho. Reuniam-se, discutiam e criavam soluções. Era o enfoque humanista “Y”. Na década de 1990, surgiu a reengenharia. Segundo Michael Hammer, a empresa à medida que cresce, agrega departamentos e pessoas para alcançar seus objetivos. Portanto, a empresa obedece a um processo de inchaço organizacional e tornando-se pesada, lenta e burocrática. A reengenharia racionalizava a empresa dizendo: se o caminho mais curto entre dois pontos é uma reta, então, deve-se traçar essa reta adquirindo para isso a tecnologia necessária, ou seja, informatização, a automação e a simplificação dos processos. Dessa forma a empresa seria enxugada, dispensando pessoas e privilegiando os processos. Para entender melhor, imaginemos uma montanha e no topo dela uma bandeira. 6 A.J. Ervilha; Liderando Equipes 14 A organização é como essa montanha. Para alcançar o objetivo, a bandeira, a organização vai desenvolvendo caminhos para vencer o aclive, deixando para trás pessoas e equipamentos, e tornando o caminho sinuoso. A estrutura torna-se pesada, truncada e burocrática. Se o caminho maiscurto é uma reta, então, traça-se uma linha do sopé até o cume da montanha e instala-se um teleférico. O teleférico é o somatório da tecnologia e dos processos. É isso que disse reengenharia: elimine os obstáculos até o objetivo da organização, isto é, elimine aclives e pessoas. A reengenharia é uma ferramenta gerencial do eixo “X”. Se elimina pessoas e privilegia o processo, é mecanicista. O que se diz hoje em termos de ferramenta gerencial? Fala-se em capital intelectual nas empresas, como obtê-lo, como desenvolver e reter talentos nas organizações. Portanto, volta-se à teoria humanista do eixo “Y”. Neste curto histórico, vemos que quando surge uma ferramenta gerencial mecanicista, segue-se outra humanista e assim sucessivamente. Uma se contrapondo à outra. Nesse espectro, todo o desenvolvimento de teorias administrativas em quaisquer áreas está nesse campo bidimensional dos eixos “X” e “Y”. No questionário que você respondeu, encontrou duas coordenadas: do pensar e do agir. Pegue os valores da primeira coordenada (do pensar) e encontre sua posição a partir dos pontos X e Y. Marque esse ponto com o círculo ! Em seguida, faça o mesmo para a coordenada do agir, mas registre o ponto correspondente com um quadrado: ☐. Com esse gráfico você poderá melhor observar a distância entre o seu pensar e o seu agir. Gráfico: pensamento X ação 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Eixo X Voltado para o comado e controle Ei xo Y Vo lta do p ar a o re la ci on am en to h um an o 15 Se sua marcação tende para eixos diferentes, significa que pensa de uma forma, mas age de maneira diferente quando à frente de uma equipe na busca por resultados. Essa teoria foi inicialmente formulada na década de 1960 e vem sendo revisitada desde então. As pessoas que pensam de modo X, fazem seu trabalho aplicando as ferramentas administrativas. Elas defendem o ponto de vista convencional e são voltadas para a execução da tarefa, processos e organização do trabalho. Baseiam-se em dez proposições: 1. A administração dispõe os recursos necessários para a produção de resultados na empresa – financeiro, pessoal, técnico – equipamentos e materiais; 2. Quanto ao pessoal, este deve ser direcionado em seus esforços para empreender e buscar os resultados, sendo controlado para que mude seu comportamento e assuma suas ações; 3. A administração deve intervir, pois o pessoal tende à passividade e tem desinteresse pelos objetivos da empresa; 4. A forma de fazer essa intervenção: pelo controle, pela punição e pela coação; 5. A administração deve concentrar sua energia em fazer-fazer; 6. As pessoas trabalham o mínimo que podem; 7. As pessoas fogem às suas responsabilidades e gostam que se lhes diga o que fazer. Não tem ambição; 8. As pessoas resistem a situações novas e às mudanças; 9. As pessoas acreditam que os outros são crédulos e submetem-se a demagogos; 10. As pessoas são ingênuas e pouco inteligentes. As pessoas “X” podem ser “duras” ou “moles”. O primeiro extremo é o tratamento duro ou forte e os métodos adotados para obter resultados incluem coação e ameaça, supervisão próxima e controle rígido do comportamento. Num outro extremo a administração pode ser “mole” ou “suave” e os métodos são de liberalidade para atender às exigências. Dessa forma busca-se controlar as pessoas ao torna-las receptivas à sua supervisão. O gerente utiliza a manipulação, acreditando que as pessoas são inferiores e só fazem a tarefa se tiverem seu interesse particular atendido. O foco aqui são os prazos e resultados mas com um viés de “controle”. 16 O pensamento Y parte das seguintes premissas: 1. A administração oferece condições de trabalho por meio de recursos financeiros, humanos e materiais – equipamentos; 2. As pessoas são capazes, ativas e receptivas aos objetivos da empresa; 3. Se elas ficaram resistentes é devido ao ambiente das outras empresas e à vivência que tiveram nelas; 4. A motivação e potencial estão presentes nas pessoas; 5. Elas são capazes e querem assumir responsabilidades; 6. A capacidade e o interesse estão presentes nas pessoas; 7. A gerência deve identificar e reconhecer essas caraterísticas; 8. A gerência deve dar oportunidade e condições para as pessoas atingirem a melhor performance; 9. As pessoas devem ser encorajadas no seu crescimento; 10. As pessoas têm autocontrole e autodireção Nesta perspectiva, a função administrativa é criar oportunidades para que as pessoas atinjam seu objetivos a partir do seu próprio potencial, eliminado as dificuldades e as barreiras. A administração encoraja o crescimento e promove a liderança em todos os níveis. Enquanto a teoria X entende que o controle é externo, no pensamento Y, acredita-se no controle interno, no autocontrole e no autogerenciamento. Isso significa tratar as pessoas como gente grande e não como criança. A proximidade com o eixo Y, revela um cuidado com as pessoas, uma escuta e abertura para com a equipe – uma aposta maior nesta dimensão. Uma proximidade maior com o Eixo X, revela um foco maior em prazos, tarefas (processos e Organização do Trabalho) – uma aposta maior no controle e comando. Na gestão de pessoas encontramos pessoas que estão ansiosas por fazer sua auto-gestão, que querem espaço e liberdade para inovar mas há aquelas que por estarem inseguras (início de carreira ou começando na função ou momento de vida, entre outros) anseiam por diretrizes claras, um “comando” seguro. O ideal é caminhar então pela diagonal do “quadrado”, equilibrando tarefas/prazos e pessoas. E que as duas marcações: pensar e agir fiquem próximas, uma da outra. Esta proximidade, significa que poucas “surpresa” diante de prazos e entregas, um ambiente mais seguro para se inovar e interagir. Quanto maior a pontuação, mais intensa é a presença destas características. O ideal é ficar no quadrante superior, próximo da diagonal. 17 3.1.2. Estratégias de Poder 7 • Poder Legítimo (Formal/ Posição) o Seu cargo e sua posição na organização o distinguem como alguém que alcançou status e exerce certa influência. Quando necessário, você pode dar uma ordem. Seu voto pode vencer os dos outros e você pode dar a última palavra. Essa é a fonte de poder que permite que você diga: “façam isso porque estou mandando!” sempre que quiser. Mas se você utilizar esse recurso em excesso, o “tiro pode sair pela culatra”. • Poder Especialista (Competência) o É o conhecimento que você traz consigo, demonstrado em algumas situações anteriores, que provavelmente contribuiu para que você chegasse a chefe. É esse poder que faz com que as pessoas o procurem para ouvirem sua sugestão ou orientação. Conhecimento realmente é poder. Mas cabe cuidar com o lado “negro” do especialista que pode ser o “sabe tudo” ou o “chefe controlador”. Não busque ser a pessoa mais inteligente em todas as áreas e facetas do trabalho, pois isso é impossível. Assim, não tenha medo de dizer: “eu não sei” ou ainda “o que você acha disso?”. É bom ser consultado pela equipe, mas se isso é tudo que sua equipe consegue fazer, eles não estão desenvolvendo um pensamento crítico que os permita inovar e resolver problemas por si próprios. 7 Jill Geisler; Como tornar-seum ótimo Chefe. 1. Como você avalia o seu alinhamento quanto ao pensar e agir? 2. Como isso interfere na sua gestão? 18 • Poder Coercitivo (Punitivo). o É a sua capacidade de ameaçar e depois punir. Sem dúvida é um recurso importante para os chefes. Mas você precisa utilizá-lo no momento certo, pelos motivos adequados e com a necessária quantidade de força. Um bom uso é para lidar com transgressões graves, ou para alertar alguém sobre as consequências do mau desempenho sistemático ou punir os que causam danos graves. Mas atenção, Robert Sutton, professor na Universidade de Stanford evidenciou em pesquisas que funcionários com chefes agressivos tendem a reduzir o ritmo de trabalho ou cometer erros intencionais, fazem corpo mole e entrar em licença médica sem estarem doentes. • Poder de Recompensa (Premiação) o Essa é a sua capacidade de fornecer algo de valor em troca do desempenho. Poucas pessoas rejeitarão um bônus ou um prêmio mas isso não significa que terão o chefe em alta estima só porque ele distribui gratificações. Mas não pense que terá sucesso só porque dá gratificações. O desafio para os líderes é entender o que é valioso para cada funcionário e como entregar as recompensas de forma útil, sustentável e significativa. • Pode Referente (Identificação) o Os chefes que se destacam utilizam esse poder, seu intelecto e a integridade que trazem às suas interações nas verdade inspiram confiança nos profissionais que lideram, fazendo com que se sintam competentes e empenhados. À semelhança do poder especialista, o poder referente é algo que você conquista pelo estudo e trabalho duro. 5.1.1 - DOMÍNIO DO PROPÓSITO O propósito principal é a intersecção da alta performance onde nossos talentos e nossos valores caminham juntos. É o momento catalítico e de criação de valor quando nossos dons fazem a diferença. Quando separamos nossos valores de nossos talentos, ou vice versa, comprometemos o propósito ... e a performance duradoura. Quando identificamos nossos talentos principais e nossos valores principais, começamos a articular nosso propósito principal – o ponto crucial onde alinhamos nossos talentos para satisfazer nossos valores, e assim, otimizamos nossos dons e nossas contribuições. 19 Propósito e Felicidade8 Acreditava-se que o sucesso era o ponto fixo do universo do trabalho, com a felicidade gravitando em torno dele. Agora, graças às descobertas revolucionárias do campo emergente da psicologia positiva, estamos aprendendo que o que acontece na verdade é o contrário. Quando estamos felizes – quando a nossa atitude e estado de espírito são positivos –, somos mais inteligentes, mais motivados e, em consequência, temos mais sucesso. A felicidade é o centro, e o sucesso é que gira em torno dela. Como os cientistas definem a felicidade? Basicamente, como a experiência de emoções positivas – prazer combinado com um senso mais profundo de sentido e propósito. A felicidade implica um estado de espírito positivo no presente e uma perspectiva positiva para o futuro. Martin Seligman, o pioneiro da psicologia positiva, a segmentou em três componentes mensuráveis: prazer, envolvimento (fluxo) e senso de propósito. Seus estudos confirmaram (apesar de a maioria de nós já saber disso intuitivamente) que as pessoas que buscam apenas o prazer vivenciam somente parte dos benefícios que a felicidade pode trazer, enquanto aquelas que buscam os três caminhos têm a vida mais plena. Talvez o termo mais preciso para a felicidade, portanto, seja o termo utilizado por Aristóteles: eudaimonia, que não quer dizer exatamente “felicidade”, mas, sim, algo como “prosperidade humana”. Essa definição faz muito sentido para mim por reconhecer que a felicidade não se restringe a carinhas sorridentes amarelas e arco-íris coloridos. Para mim, felicidade é a alegria que sentimos quando buscamos atingir nosso pleno potencial. O principal propulsor da felicidade são as emoções positivas, já que a felicidade é, acima de tudo, um sentimento. Em resumo, com base no enorme volume de dados compilados, eles descobriram que a felicidade leva ao sucesso e à realização, e não o contrário. Pesquisas demonstram que colaboradores infelizes tiram mais dias de afastamento por doença, deixando de trabalhar em média 1,25 mais dias por mês ou 15 dias de afastamento a mais por ano. Os psicólogos já sabem há um bom tempo que as emoções negativas limitam nossos pensamentos e amplitude de ações, o que teve um importante propósito evolucionário. Na época pré-histórica, se você visse um tigre dentes-de-sabre correndo em sua direção, o medo e o estresse ajudavam a liberar substâncias químicas para prepará-lo para lutar contra o tigre (o que nem sempre levava a um final feliz) ou fugir dele. 8 S. Achor; O Jeito Harvard de Ser Feliz 20 Barbara Fredrickson, pesquisadora da University of North Carolina e talvez a maior especialista do mundo sobre o tema, descreve as dez emoções positivas mais comuns: “alegria, gratidão, serenidade, interesse, esperança, orgulho, divertimento, inspiração, maravilhamento e amor”. Essas emoções nos dão uma ideia muito mais rica da felicidade do que a carinha sorridente amarela que não deixa muito espaço para sutilezas Há um enorme volume de dados demonstrando que trabalhadores felizes apresentam níveis mais elevados de produtividade, fecham mais vendas, são mais eficazes em posições de liderança, recebem uma melhor avaliação de desempenho e são mais bem remunerados. Eles também usufruem de maior segurança no emprego e são inclinados a tirar menos dias de afastamento por doença, pedir demissão ou ficar estafados. CEOs felizes são mais propensos a liderar equipes ao mesmo tempo mais felizes e saudáveis e criar um ambiente de trabalho propício ao alto desempenho. A lista de benefícios da felicidade no trabalho é praticamente interminável. Se a felicidade fosse apenas o resultado final do sucesso, a crença predominante em empresas e instituições de ensino estaria correta: concentre-se na produtividade e no desempenho, mesmo em detrimento do nosso bem-estar emocional e físico, e mais cedo ou mais tarde seremos mais bem-sucedidos e, em consequência, mais felizes. Mas, graças aos avanços da psicologia positiva, esse mito foi derrubado. Como os autores do levantamento puderam afirmar conclusivamente, “estudo após estudo demonstra que a felicidade precede importantes resultados e indicadores da prosperidade”. Em resumo, com base no enorme volume de dados compilados, eles descobriram que a felicidade leva ao sucesso e à realização, e não o contrário. IDENTIFICANDO TALENTOS Todos nós possuímos habilidades particulares ou domínios da vida em que nos sobressaímos. Alguns vêm para nós quase naturalmente, outros exigem estudo e trabalho árduo. Em sua pesquisa e manuscritos sobre “fluxo” ou “experiência ótima”, Mihaly Csikszentmihalyi explica que, entre outras coisas, quando em “fluxo” perdemos a autoconsciência. Podemos perder um período de tempo e nem sequer perceber quanto tempo e quão árduo estamos trabalhando. A experiência é muito prazerosa, de modo que faríamos mesmo se não tivéssemos de fazê-la. O dr. Martin Seligman denomina os talentos principais de “forças da assinatura”. Ele diz que quando usamos nossas “forças da assinatura” no trabalho aumentamos nossas oportunidades para maior felicidadeem nossas vidas. Quando tornamos nossa tarefa em nosso “trabalho de vida”, é mais gratificante porque é feito para o seu bem e para as pessoas a quem ele serve, em vez de ser apenas uma recompensa extrínseca. 21 Cinco habilidades/ talentos de liderança são solicitadas para navegar os desafios complexos: • Colaboração; • Construção e reparação de relacionamentos • Gerenciamento participativo; • Gerenciamento de mudança e adaptabilidade; • Assumir riscos. Além destas habilidades, outros autores trazem talentos relevantes: • Dar o bom exemplo • Capacidade analítica • Foco nos resultados • Habilidade de comunicação e escuta • Conhecimento técnico • Habilidade em delegar • Capacidade de atuar em equipe • Reconhecer e promover o potencial • Tolerar erros • Estimular a criatividade • Definir objetivos e expectativas • Exigência de qualidade • Capacidade de planejamento • Habilidade de gerar rede de parceiros 1. Quando estou fazendo a diferença/ criando valor, meus talentos que se sobressaem são: 2. Outras pessoas me dizem sempre que eu faço a diferença em: 22 IDENTIFICANDO VALORES 1. O que sua vida o ensinou sobre o que é precioso e valioso? 2. Em resumo, meus valores principais – o que eu valorizo e dou importância como pessoa/ líder – são : 23 A FORÇA DO PROPÓSITO Nelson Mandela Em 1964, o ativista sul-africano Nelson Mandela foi condenado à prisão perpétua. Ele recebeu a pena após ter sido considerado culpado por sabotagem e conspiração. Durante o julgamento, Mandela admitiu a culpa por sabotagem, mas negou a participação em uma guerrilha para derrubar o governo da África do Sul. Mandela aproveitou a oportunidade para defender sua causa diante do júri. Ele falou por quatro horas, concluindo: "Durante a minha vida, dediquei-me a essa luta do povo africano. Lutei contra a dominação branca, lutei contra a dominação negra. Acalentei o ideal de uma sociedade livre e democrática na qual as pessoas vivam juntas em harmonia e com oportunidades iguais. É um ideal para o qual espero viver e realizar. Mas, se for preciso, é um ideal pelo qual estou disposto a morrer". Enviado para a prisão da Ilha Robben, Mandela ocupou a cela com número 466/64, que tinha as dimensões reduzidas de 2,5 metros por 2,1 metros, com uma pequena janela de 30 cm. Em 1982, Mandela foi transferido, junto a outros companheiros, para a Prisão de Pollsmor, de segurança máxima. Seis anos depois foi novamente transferido, desta vez para um presídio de segurança mínima: a Prisão de Victor Verster, onde passou a morar numa cabana no complexo penitenciário. Em 11 de fevereiro de 1990, após anos de negociações com o governo, Mandela finalmente foi solto. Quatro anos depois, foi eleito presidente da África do Sul. INVICTUS “Da noite que me cobre, negra como um poço de alto a baixo, Agradeço quaisquer deuses que existam Pela minha alma inconquistável. Na garra cruel da circunstância Eu não recuei nem gritei. Sob os golpes do acaso Minha cabeça está sangrenta, mas ereta. Além, deste lugar de fúria e lágrimas Só o eminente horror matizado, E, contudo a ameaça dos anos me Encontra e encontrar-me-á, sem temor. Não importa a estreiteza do portão, Quão cheio de castigos o pergaminho (caminho). Sou dono do meu destino: Sou o capitão da minha Alma.” - William Ernest Henley (1849 -1903) 24 PILOTO DO CERRADO – Propósito Reportagem do Correio Braziliense – Ago/ 2002 Conceição Freitas Cotidiano: Motorista que faz a linha Brasília – Goiânia recepciona e trata os passageiros do ônibus como se tivesse na primeira classe de um Boeing 727 Desde moleque, ainda na Paraíba, Elizóstio Vicente da Silva sonhava em ser motorista de ônibus: Cordialidade e bom-humor no percurso. Era a melhor hora do dia, bem no meio da tarde, sol a 45 graus do horizonte. Depois de seus muitos mergulhos no rio do qual ele não lembra o nome, o moleque Elizóstio Vicente da Silva sentava-se numa pedra quase debaixo da ponte perto de sua casa, em Piancó, na Paraíba, ficava esperando o ônibus passar. “Era a coisa mais linda que eu achava na vida; chamava jardineira na época, não tinha janela... Eu ficava pensando: quando crescer, vou ser motorista de jardineira.” Não é que o querer de moleque Elizóstio deu certo? Mais de meio século depois, cabelos encanecidos, bigode espesso, óculos de grau e palito de dente na boca, ele faz a linha Brasília- Goiânia, ida e volta, pela viação Araguarina, três vezes por dia. Elizóstio já se sentia feliz da vida pilotando um ônibus Mercedes Benz quando fez uma viagem de avião – primeira e única, até agora – de Brasília para Crato, no Piauí, vinte anos atrás, “ouvi o comandante falando aquelas coisas, temperatura, altitude, dizendo senhoras e senhores. Achei tudo muito bonito, tudo muito educado.” Os passageiros do ônibus da linha executiva Brasília- Goiânia- Brasília ganharam, então, um motorista quase tão cerimonioso quanto um comandante de Boeing 737. Empunhando um microfone (é o único da empresa a dispor desse equipamento), Elizóstio apresenta-se às senhoras e senhores deseja a todos uma boa viagem e que todos sejam acompanhado pela proteção divina. Ao que os passageiros respondem com um contrito “amém”. Caso haja algum aniversariante a bordo – e isso Elizóstio fica sabendo antes, na porta do ônibus, quando o passageiro lhe apresenta a carteira de identidade, o comandante convida todos a cantarem o parabéns e oferece uma lembrança ao aniversariante. Uma rosa, um bibelô, um relógio despertador, bugigangas de R$1,99 que ele compra na Rodoviária. Na viagem Goiânia- Brasília (13 horas, de quarta-feira passada), como não havia aniversariante nem era dia das crianças, menos ainda dia das mães, Elizóstio decidiu presentear o passageiro mais velho, do qual sabia o nome e a idade. Chamou Iraide Maria Almeida, 55 anos, puxou a cantoria de aniversário e deu a ela o presente, que veio dentro de um saco plástico chinfrim. A reação bem podia ser indiferente ou insossa, mas foi alegre como uma farra de colegial. A homenageada agradeceu: “que boa surpresa. O senhor é muito acolhedor. Que gesto de delicadeza que hoje se vê tão pouco...” Paulista de Bebedouro, Iraide é freira da congregação de Santa Dorothéia em Minaçu, Goiás, e acompanhava um jovem que ia para um retiro espiritual. 25 Só falta o termômetro. A cada cidade do percurso, o comandante Elizóstio informa de sua cabine o horário e o nome da localidade, em seu português de pouca escola, de plurais engolidos e tosca conjugação verbal. “Queria dizer a temperatura igual dizem nos aviões, mas não tenho o termômetro”, queixa-se, mas é queixa pouca, porque ele não é homem de reclamar. Sou pobre, como se diz, mas vivo satisfeito. Tenho minha vidinha boa, minha mulher, minha cerveja nas folgas e meus dois cachorrinhos, Fadinha e o Fumaça.” O comandante Elizóstio mora com a mulher, Irani, em Goiânia, numa casa que de vez em quando amanhece com um par de sapatos, uma calça ou uma camisa pendurada no portão, com um aviso: “é número 41, se for o seu, pode levar”. Nunca sobrou nada. “Se eu fosse rico, ganhasse na Mega-sena, só queria uma coisa: encher uma carreta de brinquedo e distribuir para as crianças pobres da minha cidade.” São assim os sonhos do comandante, simples como ele. Há treze anos, numa das viagens, notou que uma passageira não tirava o olho do retrovisor. Tanto insistiu que por três vezes Elizóstiodeixou o ônibus escorregar para o acostamento. “Perigava eu ir para riba de outro carro. Aí, entortei o retrovisor e quando chegamos ela me perguntou se era tão feia assim para eu não olhar mais para ela.” A moça do retrovisor é hoje sua mulher. Quando vai chegando a Brasília, Elizóstio (que assim se chama porque o pai viu esse nome escrito num papel e guardou as letras) abre o microfone: “senhoras e senhores, são 15:55h. As mulheres podem pentear os cabelos, passar o “batam” que daqui a pouco chegaremos ao nosso destino. Os que vêm a passeio, bom passeio. Os que vêm a negócio, bom negócio. Quem está voltando para casa, que Deus ajude e que encontre tudo em paz. Esperamos você muito em breve, de coração. São os nossos desejos. Boa tarde e obrigado.” Cumprimenta um a um, recebe abraços, apertos de mão, agradecimentos. Elizóstio arrumou seu jeito de ser importante, de fazer a diferença. Visualização dirigida A visualização, como o nome sugere, está relacionada com a representação imagética de um acontecimento, de um objeto ou de uma sensação na ausência dos mesmos. Etimologicamente, visualização significa ação ou efeito de visualizar, ou seja, a transformação de conceitos em imagens reais ou mentalmente visíveis (Koogan Larousse, 1979). No contexto de treinamentos, a visualização reporta-se essencialmente a um processo de imaginação guiada, em que o foco da concentração é colocado em imagens mentalmente formadas (Bazzo & Moeller, 1999). 26 A metáfora principal do pensamento junguiano é o diálogo entre o consciente e os processos inconscientes, favorecendo a autorregulação entre estas duas instâncias, além do desenvolvimento do ego, de maneira criativa e imaginativa, de modo a alcançar um todo integrado. A imaginação dirigida ou imaginação guiada é uma técnica bastante flexível para utilização. Onde são feitas sugestões verbais que facilitam tanto o relaxamento quanto a imaginação em si, de modo a buscar novos caminhos para antigos problemas, ou mesmo novas formas de ver uma mesma. RODA DE CONVERSA 1. Com que frequência você como líder se “move” tão rapidamente que se distância dos outros? 2. Quais estratégias busca ter para manter conexão com os outros? 3. Os distúrbios são “mestres”, é preciso mudar para que haja constante felicidade e sabedoria. Como você tem lidado com eles? 27 LAPIDANDO O PROPÓSITO9 O propósito é o fluxo da vida por meio de nós que serve a tudo o que toca. Às vezes podemos inibir ou ignorar este fluxo mas ele está sempre lá buscando expressão. A manifestação do propósito está sempre mudando. Quanto mais profundo o propósito, maior a energia por ele liberada. Quanto mais profundo o propósito, maior a sensação de liberdade. O propósito abre possibilidade. Obsessão ou compulsão drenam nossa energia e vinculam a nossa própria atividade. Quando estamos mais certos do que acreditamos, o que é verdadeiramente importante, então, é muito mais difícil sermos impedidos de atingir nossos propósito. Um líder com propósito oferece às pessoas uma razão para vinculá-las a algo muito maior do que elas mesmas; um líder sem propósito pode ter o poder relativo à posição, porém faltam autênticos seguidores. O propósito principal é o impulso profundamente semeado que todos nós temos para fazer a diferença. O propósito principal delimita toda nossa vida e experiência profissionais em um conjunto significativo. Quando compreendemos o propósito, todas as experiências desafiadoras de nossas vidas servem para forjar a identidade, o caráter e o significado. Embora a vida possa ser desafiadora, cada experiência se torna nosso mestre; e cada desafio, uma oportunidade por meio do qual aprendemos e vivemos mais intencionalmente. Theilhard de Chardin escreveu: “Não somos seres humanos que têm uma experiência espiritual. Somo seres espirituais que têm uma experiência humana.” O propósito é o espírito buscando expressão; a consciência que nos permite enxergar nossa vida mais claramente de dentro para fora. O propósito é transformador e converte as organizações de desempenho médio, equipes, famílias e relacionamentos em organizações altamente energizadas e eficazes. Isso transforma funcionários, membros da equipe, cônjuges ou amigos em parceiros. Com propósito, os gestores se tornam líderes. Com propósito, entretanto, nós não nos tornamos somente líderes das organizações, tornamo-nos líderes da vida. Estar alinhado ao “servir o outro” faz desabrochar uma certa felicidade. A felicidade precede o sucesso, e não resulta dele – é isso que a ciência da psicologia positiva e a neurociência tem nos mostrado. 9 Achor, S. O Jeito Harvard de Ser Feliz K. Cashman; A Liderança Autêntica 28 Propósito Pessoal Missão da Organização 1. Como você avalia o alinhamento entre seu propósito pessoal e a missão/ propósito de sua Organização, numa nota de 0 a 10? Por que? 2. Quais novos compromissos quer assumir? 3. Quais práticas pretende começar? 29 5.1.2 – DOMÍNIO DA RESILIÊNCIA10 Cada vez mais, a maioria das pessoas diz que a vida é um fluxo intenso de “ter de fazer” em vez de “querer fazer”. A cada nova “conveniência”, como smartphones, aplicativos, plataformas, redes sociais e outros, simultaneamente sobra algum “tempo livre” com dez novas coisas a fazer. É possível que fazer cada vez mais não seja a resposta? As pessoas com alto desempenho naturalmente querem atingir mais e mais. As empresas de alto desempenho mostram um desejo insaciável de “empilhar” mais e mais responsabilidade em pessoas-chave. Mas o tempo é um recurso finito, como fazer? Talvez o caminho esteja em investir na nossa energia. Definida na física como a capacidade para trabalhar, a energia provém de quatro grandiosas dimensões nos seres humanos: corpo, emoções, mente e espírito. Segundo pesquisa de Tony Schwartz e Catherine McCarthy, no artigo da Harvard Business Review de 2007, “para reenergizar eficazmente suas forças de trabalho, as empresas precisam mudar o conceito de tirar proveito das pessoas para investir mais nelas, de modo que elas se tornem mais motivadas – e capazes – de trazer mais de si para o trabalho diário.” A incorporação de práticas de resiliência (energia) em nosso estilo de vida não é um luxo, é uma necessidade. Como líderes, a resiliência nos permite em primeiro lugar sobreviver e , em segundo, prosperar. O domínio da resiliência é um tipo de fluido concentrado que nos permite ir a qualquer direção com facilidade e agilidade. Ser resiliente significa que podemos recuperar nosso equilíbrio até mesmo no meio da ação. Separar nossa carreira, vida pessoal, família, emocional e espiritual em partes distintas e então tentar equilibrar as partes em uma escala não funciona. Gerenciar toda a dinâmica é a chave. VETORES PARA O DOMÍNIO DA RESILIÊNCIA 1. Alimente sua energia em vez de gerenciar seu tempo. O gerenciamento do tempo é uma função do relógio, ele está fora de nós. O gerenciamento de energia é o domínio da liderança. Ela vem de dentro, tem a capacidade de aumentar, ir além do que é. Quando nossa energia está forte, podemos enfrentar tremenda pressão e desafios e ainda assim, prosperar. Quais práticas que você abandonou que eram seus carregadores de energia? Quais pessoas em sua vida que geram energia? Quais as pessoas que drenam sua energia? Qual condicionamento físico, diversão ou práticas espirituais lhe dão maior elevação? Coloque-os juntos em um plano de energia. 10 K. Cashman; A Liderança Autêntica 30 1. Faça atividades físicas adequadas. Precisamos ir num nível mais profundo e nos perguntas: ”Qual é o propósito de exercitarmo-nos?” Perder peso, parecer melhor, definir um novo recorde pessoal são alguns propósitos superficiais. Talvez considere que o propósito de se exercitar é fortalecer seu veículo/corpo de modo que ele possa suportar de forma mais eficaz todo o seu propósito de vida. Encontrar atividades físicas que você goste de fazer irá lhe trazer energia e resiliência. As atividades que você não gosta criam desgaste e desequilíbrio de energia. 2. Evite hábitos prejudiciais à vida. Escolhas danosas de estilos de vida provocam mais miséria, sofrimento, morte e desequilíbrio. O tabagismo, por exemplo, é a causa de mais de 420.000 mortes por ano somente nos EUA. Isso é sete vezes maior do que o número de americanos que morreram em toda a Guerra do Vietnã. A OMS (Organização Mundial de Saúde) identificou que fumar é o assassino número 1 do planeta. Isso é tão somente resultado de um escolha de estilo de vida! É estimado que mais de 70% de todas as doenças tenham origem em decisões danosas de estilos de vida: drogas, álcool, alimentação desequilibrada, relacionamentos tóxicos e outros. É difícil por vezes, entender que os hábitos prejudiciais à vida, causam tanto desequilíbrio. O problema é que temos alguns hábitos que atrapalham nossa felicidade. Observar os feedbacks de nosso corpo. Nosso corpo é o mecanismo primário onde se manifestam os feedbacks do impacto positivo ou negativo de nossos pensamentos, emoções ou escolhas. Ele fala quando irradia energia. Querendo dizer: Faça mais isso! Ele fala quando está em fadiga. Querendo dizer: corte isso e dê-me um descanso! Ele envia mensagens de dor quando quer dizer: estou lhe avisando gentilmente, mas se você me ignorar, eu falarei um pouco mais alto. Pare de fazer isso! 3. Cultive o senso de humor, não leve a vida tão a sério. Humor e leveza energizam a mente, o corpo e o espírito. Quanto mais rígido e autocentrados formos, mais desequilibrados seremos. Quando cultivamos a felicidade, nosso cérebro entra num modo “positivo” de funcionamento que nos torna mais produtivos e criativos. Uma confissão: atividade física não é algo que de fato me encante. Aprecio e identifico os inúmeros ganhos oriundos de sua prática. Assim, não vibro ao ir para musculação mas consigo apreciar as músicas ligeiramente meditativas que escuto somente quando estou na academia. Termino me energizando. 31 4. Gerencie o estresse mais eficazmente. O estresse é uma realidade totalmente subjetiva. Se duas pessoas estão estressadas do mesmo modo, uma pode ter um colapso e a outra pode crescer vendo no estresse, uma oportunidade desafiadora. Janet Feldman desenvolveu o “Modelo CIA” para “processar o nosso mundo”, discernindo entre três aspectos em cada situação estressante: a. O que posso controlar? b. O que posso influenciar? c. O que devo aceitar? A cada circunstância, tome as providências quanto ao que você pode controlar ou influenciar e enfrente mais claramente o que você deve aceitar. Considerando o que foi ponderado aqui, tenha o hábito de refletir sobre sua vida em todos os aspectos e posicionar os fatores importante para aumentar sua energia, nos círculo do Modelo CIA. Aceitação Influência Controle Em seu livro, o Jeito Harvard de ser feliz, Shawn Achor afirma que nossa felicidade é 10% predita pelo nosso mundo externo. Nossa forma de ver o mundo, nossa visão interna, interfere em 90% de nossa felicidade. A felicidade é possível ser cultivada, como um hábito a ser adquirido. Achor indica que diariamente tenhamos o compromisso de: • Agradecer por três coisas que nos aconteceram no dia; • Praticar alguma ação de gentileza – inclusive desejar que os outros sejam felizes. • Estabelecer uma conexão com o sagrado: oração, meditação, contemplação e outros. Como é a sua forma de cultivar a felicidade? 32 5. Nutra seus relacionamentos próximos. Poucas coisas na vida podem equilibrar- nos tão rápido quanto amar. Os relacionamentos próximos podem ser nossas âncoras no mar da mudança. O amor puro e inocente de uma criança pode rapidamente nos fazer esquecer momentos de tormenta no trabalho, da mesma forma que o apoio e suporte do cônjuge ou amigo. Mas esta relação com o outro, começa numa relação sincera conosco mesmo. Só podemos oferecer o que temos. 6. Simplifique sua vida. Quais são os princípios fundamentais para simplificar a vida? Classifique as necessidades versus desejos e conecte ao seu propósito. Compreender e viver nossa vida de modo consistente com o que é realmente importante para nós é o processo necessário para voltar à base fundamental. Faça a si mesmo estas três perguntas essenciais: a. Focar na satisfação dos meus desejos (versus necessidades) é complicar minha vida desnecessariamente? b. Minha busca de desejos está me afastando da vida que eu realmente desejo viver? c. Eu estou vivendo meu propósito? Se alguma das respostas for “não”, não entre em pânico. Sinta-se aliviado finalmente em ter enxergado as coisas mais claramente, e lembre-se de que você não tem de mudar tudo imediatamente. Dê alguns pequenos passos. O problema na vida não são as posses. A questão é: as posses apoiam sue propósito? Comece a simplificar sua vida fazendo mais escolhas que apoiem a visão da vida que você realmente deseja viver. 7. Tire férias verdadeiras. Com que frequência tiramos férias apenas para retornar mais cansados e desgastados do que quando saímos? Por que não tentar férias verdadeiras da próxima vez? Alguns exemplos dos melhores exemplos de férias verdadeiras são: a. Vá a um SPA de saúde. Reserve alguns dias para uma boa alimentação, massagem e descanso. Caso não possa viajar para um, considere em fazer seu próprio SPA, desligando a TV, descansando mais, fazendo uma caminhada longa, lendo um assunto favorito. b. Vá a um retiro. Transforme sua perspectiva em uma rotina espiritual silenciosa e tranquila ou um retiro pessoal. Não vá a um retiro que preencha seu dia com atividades. c. Tire férias por conta própria. Se seu cônjuge ou outra pessoa importante estiver seguro o suficiente para deixar você ir sozinho, isso poderá ser um importante modo de se reconectar. d. Fique em casa por uma semana. Em especial, se você viaja muito, esta pode ser a forma mais luxuosa para fugir. 33 8. Integre mais reflexão e introspecção ao seu estilo de vida. Apesar de serem pensadores estratégicos em suas empresas, com que frequência se tira um tempo para realmente repensar a si mesmo, sua vida e empresas? Quanto mais dinâmicos e eficazes quisermos ser na vida exterior, mais calmos e tranquilos precisaremos ser interiormente. Considere integrar meditação, reflexão, oração, leitura, diário, música, natureza ou outro processo que traga energia à sua vida dinâmica. O NÚCLEO DA RESILIÊNCIA11 Na caverna que Don Diego usa como esconderijo, o mestre espadachim dá início ao treinamento de Alejandro traçando um círculo no chão. Alejandro é forçado a combater durante horas restrito aos limites daquele pequeno círculo. Como Don Diego diz sabiamente a seu protegido, “este círculo será o seu mundo. Sua vida toda. Não existe nada fora dissoaté eu dizer o contrário”. O conceito do Círculo de Zorro é uma poderosa metáfora de como podemos atingir nossas metas mais ambiciosas no trabalho, na carreira e na vida. É a crença de que o nosso comportamento faz a diferença, de que temos controle sobre o nosso futuro. 11 Achor, S. O Jeito Harvard de Ser Feliz 1. Refletindo sobre as estratégias para aumentar a energia pessoal, quais práticas quero introduzir no meu cotidiano? 2. Quais práticas quero abandonar de forma a ter mais energia pessoal para alcançar os resultados que desejo? 3. Quais obstáculos posso enfrentar? 34 Ao restringir o escopo dos nossos esforços primeiro e depois observar esses esforços produzirem o efeito pretendido, acumulamos os recursos, o conhecimento e a confiança necessários para expandir o círculo, conquistando aos poucos uma área cada vez maior. Um estudo conduzido em 2002 com cerca de 3 mil trabalhadores assalariados para a elaboração do National Study of the Changing Workforce revelou que sentimentos de controle maiores no trabalho indicavam uma maior satisfação em praticamente todos os aspectos da vida: família, emprego, relacionamentos, estresse, menos conflito entre trabalho e família e menos rotatividade de empregos. Bem, as pessoas mais bem-sucedidas, no trabalho e na vida, são aquelas que possuem o que os psicólogos chamam de um “lócus de controle interno”, a crença de que suas ações têm um efeito direto sobre os resultados. Acreditar que, em geral, as nossas ações decidem o nosso destino na vida só pode nos instigar a nos empenhar mais; e, quando vemos os resultados desse empenho, nossa crença em nós mesmos se fortalece ainda mais. Pesquisas demonstram que as pessoas que acreditam que têm algum controle sobre os resultados apresentam maiores realizações acadêmicas, maiores realizações na carreira e são muito mais felizes no trabalho. Os “internos”, como algumas vezes são chamados, até chegam a ter relacionamentos mais sólidos – o que faz sentido, considerando que estudos demonstram que eles são muito mais eficientes na comunicação, na resolução de problemas e em atingir metas mútuas. Eles também são ouvintes mais atentos e mais versados em interações sociais Um extenso estudo envolvendo 7.400 trabalhadores revelou que aqueles que sentiam ter pouco controle sobre os prazos impostos pelos outros apresentavam 50% mais risco de doença cardíaca que os colegas. Em um estudo incrível, pesquisadores descobriram que, quando davam a um grupo de idosos de um asilo mais controle sobre tarefas simples de sua vida cotidiana – como encarregá-los de cuidar das próprias plantas –, o nível de felicidade dessas pessoas não apenas aumentava como sua taxa de mortalidade caiu pela metade. Alguns de nós são inerentemente propensos a um lócus externo e o resto de nós pode cair nessa atitude mental no instante em que nos sentimos sobrecarregados uma análise mais profunda do que acontece dentro do cérebro. 35 O BURACO Ando pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu caio... Estou perdido... Sem esperança. Não é culpa minha. Leva uma eternidade para encontrar a saída. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Mas finjo não vê-lo. Caio nele de novo. Não posso acreditar que estou no mesmo lugar. Mas não é culpa minha. Ainda assim leva um tempão para sair. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Vejo que ele ali está. Ainda assim caio... É um hábito. Meus olhos se abrem. Sei onde estou. É minha culpa. Saio imediatamente. Ando pela mesma rua. Há um buraco fundo na calçada. Dou a volta. Ando por outra rua. Texto extraído de O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, de Sogyal Rinpoche (Ed. Talento/Palas Athena) ENFIM ... Cabe assumirmos a postura do aprendiz que é a figura da consciência ativa que assume responsabilidade por suas escolhas e se vê em condições de lidar com os riscos que essa decisão implica. Ele se vê como protagonista. Ao buscar explicações geradoras, o aprendiz aceita a realidade da situação em que se encontra, mas, em vez de se submeter a ela, considera-se com o poder necessário para modifica-la com base nas suas ações e valores. Para fortalecer essa posição, a linguagem é um poderoso instrumento, consolidando o “protagonismo” pessoal frente a situação. 36 Por exemplo: - Eu me atrasei para a reunião, irei cuidar um pouco mais do tempo que despendo no trânsito e sair antes.” - Eu não consegui ter uma linguagem mais assertiva e perdi meu controle emocional, desculpe” - Não cuidei do tempo de cada assunto e avançamos na duração da reunião. O fundamental não são as palavras, mas a maneira de pensar que elas refletem. Ao assumir o protagonismo da ação, você começa a gerar possibilidades de aperfeiçoamento. Talvez uma das melhores medidas da maturidade seja essa capacidade de nos tornarmos incondicionalmente responsáveis pelas situações que a vida nos apresenta. Se você não é parte do problema, não poderá ser parte da solução! 5.1.3 DOMÍNIO DO SER12 Quase todos nós já tivemos a experiência de buscar uma solução ou criar algo novo e tudo parece fechado ou confuso e quando saímos para caminhar ou nos centramos na respiração, enfim, quando deixamos a mente livre e relaxada, a solução surge! Como sinais de insight intuitivo, consciência do Ser, paz, espírito ou qualquer coisa que desejamos chamar, vem até nós em um momento calmo. À medida que avançamos para dentro, o poder do pensamento é maior. Se liderança é o ato de ir além do que se é, buscar novas fontes de inspiração é necessário. O pesquisador Richard Davidson comparou os cérebros do monges tibetanos, que são meditadores veteranos, com os cérebros de estudantes de primeiro ano de faculdade e viu muitas diferenças. Foi feita então uma pesquisa que comparava um grupo de estudantes que estudaram e praticaram a meditação de atenção por até oito semanas com outro de controle (que não recebeu o treinamento), foi observado que o grupo treinado teve um aumento significativo em focar a atenção prolongada e mais rapidamente quando distraído. Essa capacidade contribui para manter calma a região da amigdala (que estimula o estresse) e aumentar o funcionamento da região do córtex pré-frontal – região do processador analítico do cérebro. 12 K. Cashman; A Liderança Autêntica 37 Em seu livro Presença, Peter Senge e demais autores, fizeram entrevistas com mais de 150 cientistas renomados, líderes sociais e empresários e concluíram que nós o precisamos da habilidade de visualizar os problemas usuais sob uma nova perspectiva para melhor compreender como as partes e a totalidade estão relacionadas. Senge e os outros discutem que é essencial dar um passo atrás para se obter uma perspectiva maior do todo – chamam isso de “presenciar”. Isso ocorre quando nos retiramos e refletimos. Ken Brousseau e Addy Chulef da Decision Dynamics nos dizem que “os líderes necessitam compreender o contexto, o significado do negócio, a complexidade e o desconhecido, enquanto escutam abertamente, ao mesmo tempo mantendo um “norte verdadeiro” e sendo flexíveis.” O “ruído” do primeiro plano e do segundo plano de nossa vida é tão dominante que raramente temos a chance de conectar com qualquer silêncio dentro de nós. De fato, tornamo-nos tão orientados ao estímulo que até a nossa “diversão”e “felicidade” se associam às altas doses crescentes de distração artificial. Apesar de diversão, trabalho, realização, brincadeira e satisfação serem partes importantes de uma vida completa, muitas vezes essas experiências são uma busca viciante à próxima experiência estimulante para preencher o vazio interior. Nós nos tornamos um mundo de fazedores humanos perdendo a conexão com a nossa herança como seres humanos. Os líderes provavelmente concordariam com Descartes: “Penso, logo existo.” Porém, o domínio do Ser tem uma visão diferente: “Eu sou, logo penso.” Estar vivo, ser eficaz, ser realizado, primeiro requer um estado do Ser. Pensar é o efeito; Ser é a causa. Ser é a consciência em sua pura forma, a fonte do pensamento. Não é um pensamento; é a fonte do pensamento. Não é uma experiência; é a própria experiência. Estudo de Caso : Dan Harris é coâncora do programa Nightline e da edição de fim de semana do Good Morning America, da rede americana ABC News. Já fez reportagens em todos os cantos do mundo, como correspondente de guerra no Afeganistão, em Israel, na Palestina e no Iraque, além de produzir matérias investigativas no Haiti, no Camboja e no Congo. Quando era um jornalista promissor, que construía com garra sua carreira de apresentador na rede de televisão ABC News. A obsessão pelo trabalho, a autocrítica exagerada e a extrema 38 competitividade o levaram a um ponto sem volta: o dia em que teve um ataque de pânico ao vivo, diante de milhões de telespectadores. Com certa relutância, descobriu que a fonte de seus problemas era justamente aquilo que considerava seu maior aliado: a voz incessante dentro da sua cabeça, que o impelia sempre a querer mais, fazer mais, se esforçar mais. Todos nós temos essa voz. É ela que nos leva a ter preocupações excessivas, julgar os outros, ruminar o passado e temer o futuro. É ela que nos deixa tensos, ansiosos , irritados e frustrados. “Lembro quando em busca de novas pautas sobre gurus de autoajuda, terminei por comprar um livro de Eckhart Tolle - um novo mundo: o despertar de uma nova consciência. No início o livro me pareceu uma baboseira pseudointelectual. Eu revirava os olhos enquanto lia as primeiras páginas, amaldiçoando a pessoa que tinha me recomendado tal leitura. Então Tolle começou a desenvolver uma tese fascinante. Nossa vida inteira, segundo ele, é governada por uma voz que existe dentro de nossa cabeça Essa voz passa o dia inteiro criando uma torrente incessante de pensamentos – a maioria deles negativos, repetitivos e autorreferentes. Ela está constantemente julgando e rotulando tudo o que aparece em seu campo de visão Tolle dava um sentido muito maior à palavra; de acordo com ele, o ego é nosso narrador interno, nossa noção do “eu”. O ego nunca está satisfeito. Não importa quanto compramos, quantas refeições deliciosas consumimos, quantas batalhas vencemos: o ego nunca se sente completo. O ego adora um drama. Mantém nossas queixas e nossos ressentimentos por meio dos pensamentos compulsivos. Será por isso que eu voltava para casa e continuava irritado por causa dos problemas do trabalho? Terminei por buscar entrevistar o próprio autor. Ele disse algo que suscitou meus julgamentos e depois novas reflexões: “Muita gente acha que, se você está em paz, nunca irá fazer nada. Mas não é o que acontece. Ações de grande impacto podem se originar desse estado de tranquilidade. Muitas pessoas vivem como se o momento presente fosse um obstáculo que precisam superar a fim de chegar ao momento seguinte. Imagine passara a vida dessa maneira, acreditando que o Agora nunca é bom o bastante. Isso é um estresse continuo.” - Eckhart Tolle. Por fim, entrevistei outro estudioso: “Estamos constantemente murmurando, resmungando, arquitetando ou perguntando coisas a nós mesmos em silêncio. Eu gosto disso. Não gosto daquilo. Ela me magoou. Como posso obter aquilo? Grande parte de nosso diálogo interior é feito por um protagonista infantil e egoísta que reage às nossas experiências.” – Dr. Mark Epstein – Universidade de Harvard. 39 Texto 1: O EGO COMO SABOTADOR13 Esse é o papel inicial dos Sabotadores: nos ajudarem a sobreviver. A formação do Sabotador é um processo normal e é o primeiro estágio em nosso desenvolvimento mental, quando formulamos estratégias de sobrevivência. Os melhores pais e a melhor criação não podem nos salvar desse drama mental. A formação dos Sabotadores começa a fazer sentido depois que você percebe que o objetivo principal dos primeiros 15 a vinte anos de vida é sobreviver tempo o bastante para passar seus genes adiante. Para a criança humana, a sobrevivência tem um componente que vai além da sobrevivência física. Também precisamos sobreviver emocionalmente. Mesmo se você não teve uma infância difícil, a vida ainda assim apresentou muitos desafios para os quais os seus Sabotadores foram incialmente desenvolvidos. Você pode ter tido pais amorosos, mas ainda havia o medo de sua mãe ficar doente, ou morrer. Poderia ter tido um irmão preferido, e claro tinha as outras crianças na escola, ou um momento que tenha fracassado publicamente, ou foi traído ou rejeitado. Houve um momento que teve pavor da ideia da fome ou da morte, ou um dos incontáveis perigos deste mundo caótico. A infância é um campo minado emocional, independente do quão bom seus pais eram. Os Sabotadores são um fenômeno universal. O fato de você não estar ciente deles não significa que não existam. O desafio é que depois de formados, os Sabotadores não somem voluntariamente. Eles ficam em nossa cabeça e se entranham. Cabe lembrar que os Sabotadores raramente são formados de maneira consciente. O Crítico é o Sabotador universal, o que todos temos; uma predisposição para exagerar o negativo e supor o pior é uma coisa boa para a sobrevivência. O crítico de cada pessoa desenvolve suas características particulares em resposta às necessidades específicas de sobrevivência daquele indivíduo. A interpretação do Crítico é sempre cheia de defeitos e tendências negativas, mas no começo da vida isso pode ser útil para entender o mundo ao nosso redor e criar uma construção mental coerente a partir de nossa experiência. 13 Chamine. S. Inteligência Positiva 40 CRÍTICO – O SABOTADOR PRINCIPAL O Crítico consegue sua incrível sabotagem destrutiva nos fazendo sentir negativos e infelizes, por meio de constante indicação de defeitos: 1. Em nós mesmos 2. Nos outros 3. Nas nossas circunstâncias Ele faz isso sob a desculpa de ser racional e sensato e tentar ajudar. O Crítico sabe se esconder bem e pode ter se tornado tão invisível que não temos ciência de sua existência. O Sabotador Crítico usa pelo menos um Sabotador cúmplice para garantir a sobrevivência física e emocional quando você é pequeno. Nossas personalidades únicas acabam influenciando qual Sabotador cúmplice desenvolvemos. Duas dimensões de nossa personalidade em particular tem efeito: nossas motivações e nossos estilos pessoais de lidar com desafios. • MOTIVAÇÃO – Há três motivações primárias que servem de base para nossas necessidades de sobrevivência emocional. Cada pessoa tende para uma dessas três motivações. o Independência – uma necessidade de limites em relação aos outros e de manter independência deles. o Aceitação – uma necessidade de manter uma imagem positiva aos olhos dos outros, de ser aceito por eles e conquistar a afeição deles. o Segurança – uma necessidadede controlar as ansiedades da vida e afastá-las ou minimizá-las. • ESTILO – você manifesta um dos três estilos diferentes para satisfazer sua necessidade básica de independência, aceitação ou segurança. o Afirmar – esse é o mais ativo e controlador dos três estilos. Você toma atitudes que exigem a realização da sua necessidade principal de independência, aceitação ou segurança. o Conquistar – você se dedica para conquistar a realização da sua necessidade de independência, aceitação ou segurança. Isso se contrasta com a natureza mais “exigente” do estilo Afirmar. o Evitar – você se afasta ou afasta sua atenção das atividades, pensamentos, sentimentos ou outras pessoas para realizar sua necessidade de independência, aceitação ou segurança. 41 A interseção entre sua Motivação principal e o seu Estilo principal determina seu Sabotador Cúmplice mais provável. Algumas crianças imitam os pais e desenvolvem Sabotadores similares e algumas desenvolvem Sabotadores complementares aos dos pais. Cada sabotador atrapalha a tomada de ação pura. O Crítico desperdiça sua energia provocando medo, estresse, raiva, decepção, culpa ou vergonha no mesmo momento em que você está agindo. O Esquivo e o Inquieto fazem com que você evite lidar com uma situação dolorosa, por meio de táticas diferentes. O Controlador e o Insistente fazem com que sua ação seja rígida e limitam a contribuição útil dos outros. O Hiper-Realizador quer que você tenha ações unicamente concentradas em um objetivo focado em realizações que ignora prioridades mais importantes, como relacionamentos. O Hiper-Racional faz você não ver sinais emocionais críticos vindos de você mesmo e de outros conforme você age. A Vítima convence você de ficar inativo para garantir que se torne vítima e prove que ela está certa. O Prestativo faz você central sua ação apenas nas atividades que agradem os outros e ganhem aceitação. O Hipervigilante desperdiça enorme quantidade da energia se preocupando com possibilidades, criando ansiedades que não são justificadas pelos riscos reais. Faça o teste para saber mais sobre seus sabotadores: https://www.companhiadasletras.com.br/testeinteligenciapositiva/ ESTILO MOTIVAÇÃO Independência Aceitação Segurança Afirmar Controlador Hiper - Realizador Inquieto Conquistar Insistente Prestativo Hiper- vigilante Evitar Esquivo Vítima Hiper- Racional 42 Texto 2: MÉTODO ATENÇÃO PLENA14 Alguns médicos reconhecem que a vida moderna tem despertado nosso instinto primitivo de ataque e fuga com demasiada frequência – em engarrafamentos, reuniões com chefe e outros. Por vezes somos tomados pelo anseio de “ocupar nossos tempos vagos”: olhar o celular quando se para no sinal vermelho, levar papéis do trabalho para ler na sala de espera do médico, assistir a vídeos no telefone quando se anda de táxi e outros. Contribui para nossa eficiência observar os minutos entre uma atividade e outra – concentrando-se na respiração ou apenas observar tudo à nossa volta. A meditação busca fortalecer a Atenção Plena. Segundo Buda, temos usualmente três respostas habituais para todas as experiências: nós queremos, rejeitamos ou ignoramos. Biscoitos: que quero. Mosquitos: eu rejeito. Instruções de segurança no avião: eu ignoro. A atenção plena é uma quarta opção, uma forma de ver o conteúdo de nossa mente sob uma perspectiva não julgadora. Por vezes, passamos muito tempo nos deixando levar por uma onda de impulsos habituais. É o que nos faz comer demais por ansiedade, sermos grosseiros com as pessoas próximas por problemas no trabalho (ou vice versa). A atenção plena representa uma alternativa a essa maneira de viver por reflexo. A contemplação é um traço inato, é algo que nos torna humanos. Taxonomicamente, somos classificados como Homo sapiens sapiens , “o homem que pensa e sabe que pensa”. Ou seja, podemos fazer mais do que pensar: também podemos estar conscientes das coisas sem julgá-las. O pensamento sem consciência pode ser um vilão implacável. Por exemplo, comer de forma consciente, nos leva a descansar o talher no prato entre uma garfada e outra, em vez de usar o garfo para mexer na comida e preparar a próxima garfada enquanto se mastiga. O resultado é que abrimos a possibilidade de pararmos de comer quando estamos satisfeitos em vez de se empanturrar até ficar enjoado - como muitas vezes ocorre. 14 Chamine. S. Inteligência Positiva 43 MÉTODO RAIN. R- Reconheça. É reconhecer, tomar consciência dos sentimentos experimentados. Simplesmente admitir o que está acontecendo interiormente. A – Aceite. Oferecer o murmúrio interior do sim. As coisas são como são e está tudo bem. I – Investigue. Observar como estes estados emocionais (raiva, medo, ressentimento, etc) afetam seu corpo. Estariam deixando seu rosto vermelho, seu coração acelerado, ou sua cabeça doendo. N – Não se identifique. Significa entender que quando alguém está furioso, com ciúmes ou com medo, isso não o torna alguém permanentemente furioso, ou ciumento ou medroso. São apenas estados mentais passageiros. O que a Atenção Plena faz é criar um espaço em sua mente para que você possa “responder” em vez de simplesmente “reagir”. Perdemos muito tempo julgando a nós mesmos por sentimentos que não surgiram por vontade própria. A única coisa que podemos controlar é a maneira como lidamos com esses sentimentos. Observar os sentimentos não fará com que nossos problemas desapareçam ou se resolvam mas pode fazer com que possamos não agir às cegas. Não há problemas em planejar e se preocupar mas só enquanto for útil. Ficar ruminando o problema sem avançar mais, em nada agrega. Fechamos uma estratégia, é hora de avançar ou simplesmente se conectar a atividade do aqui e agora – excesso de maquinação mental é contraproducente. Uma explosão de pesquisas começou com Jon Kabat –Zinn – um microbiólogo do MIT em 1979. Criou um método de oito semanas chamado Redução do Estresse Baseada na Atenção Plena. (MBSR). Estudo mostraram que a meditação reduz os níveis dos hormônios do estresse, reforça o sistema imunológico, aumenta o foco e a concentração e melhora o desempenho de estudantes. Um estudo de Harvard descobriu que as pessoas que participavam do curso de oito semanas de Kabat-Zinn tinham mais massa cinzenta nas áreas do cérebro associadas à autoconsciência e à compaixão, enquanto as áreas associadas ao estresse diminuíam. As regiões em que a massa cinzenta encolheu eram, em termos evolutivos, as partes mais antigas do cérebro humano, que guardam nossos instintos mais básicos, primitivos. Por outro lado, as partes que cresciam eram as partes mais novas do cérebro, como o córtex pré- frontal. Há um novo paradigma na ciência sobre o cérebro. Era um dogma por gerações que na fase adulta o cérebro parasse. Mas na verdade, o cérebro está constantemente se modificando em repostas às nossas experiências. É possível esculpí-lo com a meditação, assim como aumentamos e tonificamos os músculos por meio de exercícios físicos. 44 A ciência está mostrando que nossos níveis de bem-estar, resiliência e controle de impulsos não são traços de nascença, parte de nós que devemos aceitar como fato consumado. O cérebro pode ser treinado. A felicidade é algo que aprendemos a cultivar. ARMADILHAS NO CAMINHO: • Ter um compromisso com a meditação ou contemplação não é tornar-sesubmisso ou fraco. Devemos ainda buscar dar no nosso melhor e a competição saudável ajuda nisso. • Evitar construir um muro para se “defender” do mundo, afinal “nada importa” – Nos proteger do que nos deixa com raiva ou medo não é a melhor forma de nos conhecer e nos aprimorar. • Tudo é impermanente, é fato mas, dar nosso melhor é o nosso papel, até o fim. Manter equilíbrio entre os princípios do budismo e a ambição. Tudo bem lutar pelo que se quer, contanto que isso seja temperado pela compreensão que o resultado de seus esforços está fora do seu controle. Texto 3 – MÉTODO DE FORTALECER O SÁBIO15 O SÁBIO Seu Sábio representa a parte mais profunda e inteligente de você. Ele é a parte que pode se elevar acima da confusão e não permitir se deixar levar pelo drama e pela tensão do momento e nem ser vítima das mentiras do Sabotadores. A ansiedade, a decepção, a frustração, a vergonha, a censura e a culpa, os sentimentos favoritos do Crítico, nunca são o melhor combustível para a ação. Esses combustíveis podem fazer você sair do lugar, mas com uma enorme quantidade de poluição e atrito desnecessários no caminho. Neste tipo de conduta, seu cérebro angustiado se concentra em problemas, em vez de em oportunidades. Seu Sábio entra em ação não por se sentir mal, mas por empatia, inspiração, alegria da exploração, desejo de criar, desejo de contribuir e ímpeto de encontrar significado no meio até da pior das crises. 15 Chamine. S. Inteligência Positiva 45 OS CINCO PODERES DO SÁBIO 1. EMPATIA : Ter empatia é sentir e mostrar apreciação, compaixão e perdão. A empatia tem dois alvos: Você mesmo e os outros. Uma empatia mais profunda por você mesmo costuma tornar possível ter maior empatia pelos outros. A maior parte de nós faz o que pode para ser o melhor ser humano que imaginamos. Somos imperfeitos, todos nós. Como resultado, somos amolados pelo nosso Crítico e pelos Críticos dos outros quase constantemente. A empatia recarrega baterias e renova a vitalidade que é sugada pela violência do Crítico contra nós mesmos. Pense na empatia como o poder que você deve usar quando a reserva emocional está baixa. O Crítico avisa que, se você tiver empatia demais por si mesmo ou pelas dificuldades contornáveis dos outros, está encorajando mais esse comportamento que causou a dificuldade. É melhor punir em vez de ter empatia, diz ele. Uma falácia- chave desse argumento é a crença de que ter empatia pelo sofrimento significa tolerar a ação que gerou a dor. Se seu filho brinca na parte do parquinho que você falou para ele não ir e quebra a perna, você primeiro o levaria para engessar a perna e teria empatia pela dor dele. Depois que a dor diminuísse, você teria uma conversa sobre lições aprendidas e como evitar o mesmo erro no futuro. Visualize a si mesmo como uma criança com cinco anos – idade em que ainda irradiamos muito da essência do Sábio, pois nossos Sabotadores não estão ativos. Use esta imagem para gerar empatia por si mesmo e pelos outros. Será um lembrete de que sua verdadeira essência merece amor e empatia incondicionais quando você estiver sendo maltratado por seu Crítico, pelos dos outros ou pelos problemas da Vida. 2. EXPLORE : A energia e a emoção puras que o modo explorador do Sábio gera são baseadas em curiosidade, franqueza, assombro e fascinação pelo que está sendo explorado. Explorar é útil quando entender um problema ou situação mais profundamente pode colocar você em um caminho melhor. A pergunta do Sábio é: o que mais posso descobrir? Nosso campo de exploração é significativamente reduzido pelos nossos Sabotadores. Costumamos estar ocupados demais tentando prever o passo seguinte ou fazendo manobras para ganhar uma discussão para deixar o Sábio explorar. O Crítico nos faz procurar apenas o que prova que o outro está errado. O Controlador só seleciona evidencia que insistam no jeito dele. O Hipervigilante só captura sinais de perigo e ignora todas as indicações do contrário. O Esquivo tenta ignorar todos os sinais de que uma coisa difícil deve ser enfrentada. E assim por diante. 46 Deixamos de aprender muito sobre nós mesmos e os outros quando não exploramos. O objetivo não é concordar com o outro, suprimindo suas necessidades mas é compreender melhor o outro e suas demandas. Por exemplo, um convite seria deixar de focar suas necessidades por três minutos durante uma conversa e permitir-se descobrir por que a outra pessoa está se sentindo exatamente como se sente naquele momento. 3. INOVE : Enquanto o poder de explorar procura descobrir o que é; o poder de inovar quer inventar o que não é. A inovação verdadeira é questão de sair dos parâmetros convencionais, das suposições e dos hábitos que nos seguram. Estamos todos presos o tempo todo dentro de parâmetros preexistentes. O grupo de crenças e suposições sob os quais operamos forma os limites dos nossos parâmetros. Muitas dessas crenças e suposições limitadoras, todas produzidas por nossos Sabotadores, não foram examinadas e nem são conhecidas. Quando tentamos abordar a inovação de uma forma estritamente racional, só chegamos onde sempre estivemos. Para evitar a interferência dos Sabotadores durante o processo de inovar, precisamos dar uma única instrução: Tenha o máximo de ideias possível. Ponto. Nada de avaliar as ideias conforme surgem. A questão é que nenhuma avaliação deve ser permitida durante o modo de inovação. O objetivo neste momento é o volume de ideias e não a qualidade. Uma boa atividade para esta etapa é o Jogo do poder: “Sim o que gosto nesta ideia é .....e...” Em círculo pode uma pessoa voluntária começar a falar: “talvez possamos colocar música tranquila no saguão” . o outro voluntário poderia falar: “sim, o que gosto neste ideia é que relaxa nossos clientes e acredito que poderíamos também trabalhar com aromaterapia”. E ir seguindo com todo o grupo. Alguém pode ficar como pessoa de registro. 4. NAVEGUE : O poder de navegação do Sábio lida com a escolha entre vários caminhos e alternativas com base em uma consistente bússola interna. As coordenadas dessa bússola são seus valores mais profundos ou o que dá sentido de propósito e significado à sua vida. Se você continuar navegando com essa bússola, suas escolhas cumulativas vão gerar a satisfação que advém de viver a vida em harmonia com seus ideais e princípios. Essa bússola é especialmente importante quando vários caminhos estão disponíveis, e é preciso decidir. Muitas pessoas acham que a resposta do sentido da vida vai surgir um dia com trombetas e fogos de artifício. Elas se sentem empacadas porque não tem clareza completa de seu propósito na vida e nem do que tornaria suas vidas mais felizes ou mais importantes. Sugiro que elas consultem a bússola de navegação do Sábio para dar cada pequeno passo. 47 Nossos valores mais profundos e as coisas que trazem significado e propósito às nossas vidas não ficam na mente racional, mas sim em nossos “corações”. Para poder de navegação do Sábio ter um impacto significativo é preciso haver uma conexão. Quando encontrar bifurcações em suas “estrada”, se imagine no final da vida, revendo suas escolhas que tem que enfrentar agora. No final da nossa vida, muitas das preocupações triviais relacionadas aos “Sabotadores” desaparecem e se revelam como falsas.5. ATIVE. Alguns tem medo de que a atitude do Sábio de aceitar tudo como dádiva e oportunidade acabe levando à passividade, preguiça e falta de ambição e ação. A realidade é exatamente o oposto. O poder de ativar do Sábio leva você à ação pura, na qual todas as suas energias mentais e emocionais estão direcionadas com mira laser para a ação e não são distraídas pelos Sabotadores. O Sábio observa estar sob ataque de todos os lados pelos Sabotadores, ele sabe que o único meio de sobreviver é ficando completamente quieto e centrando a mente. Uma boa tática neste momento é buscar prever como seus Sabotadores irão buscar boicotar suas ações. Depois que você prevê a sabotagem dele, você consegue interceptar e se libertar desses pensamentos facilmente quando surgem no meio da sua ação. Um componente-chave para a derrota de qualquer inimigo é prever e se preparar para o movimento dele. 1. Você consegue identificar a tendência do Crítico (Sabotador principal) em continuamente indicar defeitos? Dê exemplos do seu cotidiano. 2. Quais outros sabotadores identificou em si mesmo? 3. O Método da Plena Atenção e os passos do Método RAIN podem ser inseridos no seu cotidiano? Como? 4. Quais poderes do Sábio quer fortalecer? 48 TÉCNICAS PARA REVELAR O SER. O importante aqui é você encontrar seu caminho para entrar no seu próprio Ser, à medida que isso ocorre você se tornará naturalmente, mais e mais você mesmo. Tal como tinha sido dito anteriormente, a meditação não é o único caminho, segue a descrição de mais alguns: Reverência à natureza. Quando olhamos para o céu em uma noite completamente estrelado, mergulhamos no mar, caminhamos ao longo de uma riacho , experimentamos um momento de admiração além da nossa compreensão intelectual. Esses momentos profundos, silenciosos e ilimitados de apreciação que vai além e entre nossos pensamentos é a experiência do Ser interior. Música. A música por nos comover direta e profundamente, é provavelmente a arte mais poderosa. Ela pode abrir os portões da alma diretamente com as vibrações organizadas. A música suave pode ser um caminho maravilhoso para explorar o seu Ser. Consciência do momento Presente. Raramente compreendemos o momento presente plenamente, vivemos frequentemente nossa vida no passado ou no futuro. O Ser é o infinito contido no momento presente eternamente. Pensar sobre o Ser no presente não é Ser no presente – é pensar sobre o Ser no presente. Gay Hendricks e Kate Ludeman ensinam em The Corporate Mystic: “Os místicos corporativos colocam uma grande atenção em aprender a estar no momento presente porque eles descobriram que este é o único lugar em que o tempo pode ser ampliado. Ser você estiver no presente – não pego no pesar do passado ou na ansiedade do futuro -, o tempo se tornará essencialmente maleável”. Crianças em jogo. Quão profunda é a meditação de uma criança no jogo? É puro Ser em ação. A alegria, a energia, o foco, a espontaneidade e a vivacidade das crianças podem ensinar a todos nós a atingir nosso objetivo. Amor. O amor é a união transcendental do universo. O amor unifica e conecta tudo. É a vibração do Ser em nossa vida. No momento de puro amor e apreciação, transcendemos nossas limitações e conectamos com tudo o que há. O amor é o caminho para o Ser e o caminho do Ser para o mundo. Leitura inspiradora. Ler relatos das pessoas em sua jornada à realização pode ser uma ajuda útil em nosso caminho. Apesar de lermos sobre as experiências das pessoas, os insights podem ser colaboradores e motivacionais à medida que avançamos. O SER E A PRESENÇA EXECUTIVA As pessoas eficazes frequentemente têm um grau de competência nessa área do Ser. Elas têm o que as pessoas chamam “presença executiva” – um comportamento sólido, confiante, 49 calmo não facilmente abalado por circunstâncias externas. Apesar de experimentarem alguns benefícios do Ser, elas não fazem a conexão conscientemente. Embora não estejam completamente conscientes disso, o seu Ser – sua presença interior – alimenta a confiança em outros para segui-los. Ajudar as pessoas a mudar da competência inconsciente à competência consciente quando se trata do domínio do Ser é fundamental. Desprovido da competência consciente, nossa conexão com os benefícios do Ser é casual e esporádica. Como resultado, é provável permanecer em nosso nível atual de realização e assim limitar nosso desempenho externo. Como líderes, quais são alguns dos benefícios práticos em trazer consciência do Ser à nossa experiência cotidiana consciente? o Nossa calma interior atrai as pessoas para nós. Elas ficam mais confortáveis com a nossa presença cada vez mais calma e dinâmica. As pessoas tendem a procurar seriamente nosso conselho e recomendação o Estamos mais bem preparados para lidar com as mudanças repentinas porque estamos mais calmos e centrados; o Nossa direção ao sucesso externo é reforçada pela nossa consciência mais profunda e por valores fundamentais. Como resultado, nosso sucesso externo terá mais significado, contexto e profundidade; o Podemos resolver problemas difíceis e desafiadores mais facilmente. Nossa mente pode ficar acima, abaixo e ao redor de situações aparentemente difíceis; o O descanso profundo do Ser nos oferece a habilidade de revigorar-nos e nos permite atingir mais com menos esforço; o Mais equilíbrio de vida é alcançado porque temos a energia e a tranquilidade de lidar dinamicamente com os desafios da vida. As pessoas sentem nosso equilíbrio e confiam em nossa conduta calma e profunda; o Temos a percepção distinta que estamos crescendo para nos tornar mais originais e autênticos. As qualidades de caráter fluem por meio de nós mais frequente e naturalmente. Se quisermos fazer mais, primeiro, precisamos ser mais. QUATRO PONTOS DE CONSCIÊNCIA PARA LIDERAR COM PRESENÇA. 1. Tenha seu próprio caminho do Ser. É a sua estrada, e somente você pode viajar nela. Somente você pode julgar quais “veículos” ou “técnicas” que o ajudarão em sua jornada. Comece a caminhar, isso já representa mais da metade da jornada. 2. Resolva os desafios da vida indo ao nível mais profundo. Os problemas são raramente resolvidos em seu próprio nível. Aprenda ir ao nível mais profundo para visualizar as coisas de um modo mais compreensível. Compreenda o poder 50 do não fazer – aqueles momentos exclusivamente abertos e relaxados quando complexo se torna simples, e o insolúvel é solucionado. 3. Aprenda a meditar. Considere, pelo menos, a possibilidade de aprender a meditar adequadamente. Pode ser o melhor investimento em seu desenvolvimento que você já fez. Se você tiver particularmente uma forte resistência em passar um tempo com você mesmo em reflexão ou meditação, então, a necessidade de fazê-lo provavelmente é grande. 4. Integre a reflexão à sua vida. Trilhar o caminho do Ser envolve comprometer- se a um estilo de vida que valoriza mais a solidão, a reflexão e a meditação. Faça algumas “pausas” do Ser investindo algum tempo em interiorizar-se. Reduzir o “barulho” da vida normal e ficar em contato com a natureza poderá ajudá-lo a conectar-se. Tente não preencher todo seu tempo com distrações sem fim. É a preparação para uma vida mais dinâmica e poderosa. Não é uma fuga, mas sim uma descoberta – um processo de encontrar e conectar-se com a essência da vida. 5.2 DOMÍNIO INTERPESSOAL16 John Zenger e Joseph Folkman relatam os resultados de sua pesquisa baseada em 400.000 avaliações 360º que, dos líderes de alto desempenho possuem duashabilidades que impulsionam o desempenho da liderança: foco em resultados e habilidades interpessoais. A primeira é muito comum, por vezes a competência que conduz o profissional à cargos mais elevados mas quando é seu único ponto forte, tende a desgastar a equipe. A outra competências (habilidades interpessoal – capacidade de dizer “Nós”) quando é o único pilar da liderança, pode comprometer a força do líder em usar o “Eu” – levando a perder coragem e força. Se aspirarmos a uma liderança verdadeira, de classe exponencial, precisaremos desenvolver os dois tipos de habilidade, fluxos do “poder da palavra”(Eu) e o “poder da conexão” (Nós). O que você precisa a mais, ou a menos ou diferente em relação a estes dois fluxos de desenvolvimento? Essa não é uma tarefa fácil, na verdade, é um grande desafio. A cultura - corporativa e social – nos influencia poderosamente de fora para dentro em relação às abordagens de liderança do “Eu” ou “Nós”. Ambas as abordagens têm vantagens e desvantagens. Assim, tão resistente, a cultura direcionada aos resultados tem suas desvantagens ou consequências sombrias, do mesmo modo que a cultura apoiada em muita gentileza e educação. Essas empresas são locais prazerosos e excelentes para trabalhar. Porém, a sombra é que as pessoas podem ser demasiadamente amáveis ou agressivamente passivas. Com frequência, elas evitam as conversas difíceis e conflitos construtivos. A 16 K. Cashman; A Liderança Autêntica 51 influência autêntica pode ser sacrificada no altar da gentileza. Como resultado, os pontos de vista individuais podem não avançar, e a inovação pode ser comprometida. A liderança de classe exponencial opera em uma junção dinâmica de autenticidade pessoal e conexão interpessoal. CONSTRUINDO PONTES DE RELACIONAMENTOS Os relacionamentos são as pontes que conectam autenticidade para influenciar e agregar valor. A liderança não é a influência para seu próprio objetivo; é a influência que faz diferença, que enriquece a vida das pessoas. O Saratoga Institute entrevistou 19.700 pessoas – ex-funcionários e seus chefes. Os resultados indicaram que 85% dos chefes disseram que seus ex-funcionários deixaram a empresa por mais salário e oportunidades. Por outro lado, 80% dos ex-funcionários disseram que deixaram a empresa por causa do relacionamento improdutivo, do desenvolvimento insignificante e a gestão ineficaz do chefe. DESAFIOS GERENCIAIS17 Assumir a função de chefia é colocar-se no ápice da exposição. Usualmente uma posição solitária que tende a concentrar muitos desafios. Abaixo destacamos alguns: 1. Gerentes decepcionam as pessoas diariamente. Isso acontece de várias maneiras. Você critica e corrige o trabalho dos integrantes da sua equipe. Delega tarefas e oferece promoções que muitos querem e poucos conseguem. Aprova certas ideias em detrimento de outras. Toma partido em conflitos. Enfrenta situações menor rotineiras mas realmente difíceis: corta horas extras, salários e benefícios e até demite funcionários. a. Reflexão: Sim, é possível que você desaponte várias pessoas mas nem por isso deve fechar-se em seu “mundo”. Desenvolver a confiança da equipe é fundamental. Existem indícios de que, mesmo quando as pessoas não gostam do resultado de uma decisão gerencial, elas reagem menos negativamente e se mostram receptivas se acreditam que o processo decisório foi justo. O professor Joel Brockner, da Columbia Business School, estou o conceito de “justiça do processo”. Há três fatores que influenciam a percepção de justiça dos funcionários quanto a uma decisão ter sido tomada em um processo justo ou não: - Quando suas ideias e considerações são solicitadas e ponderadas previamente; 17 Geisler, J. Como se tornar um ótimo chefe. 52 - Quando o processo de tomada de decisão é transparente e baseado em fatos e não num viés pessoal; - Se ao comunicar a decisão, a postura do gerente é respeitosa e empática. 2. Gerentes forçam as pessoas a sair de sua zona de conforto. Isso é percebido de várias formas, afinal com tantas mudanças você irá cobrar que sua equipe aprenda uma nova ferramenta ou tecnologia, que desenvolvam novas habilidades ou conhecimentos que elas consideram assustadores. Modifica processos e questiona procedimentos tradicionais. Pode também pedir que alguém mais velho se reporte à outro mais jovem, se não for você mesmo a pessoa mais jovem em questão. a. Reflexão: Não acredite que seu papel é promover “terapia de choque”, para mudar o pensamento de seus funcionários. O terror raramente é um bom motivador. Exerça a pressão adequada a cada pessoa. Os chefes por vezes, costumam se mostrar fortes em excesso, o que atrapalha sua própria b. eficiência. Por outro lado, alguns são fracos demais e perdem o respeito. O segredo é ser moderadamente assertivo na maior parte do tempo. Porém, você precisa estar preparado e ser capaz de aumentar ou reduzir a pressão de acordo com cada situação e com todos os envolvidos. 3. Os gerentes são pressionados por todos os lados. Você sofre pressões de todos os lados. De cima, é pressionado a alcançar as metas cada vez mais elevadas e a cobrar maior produtividade de seus funcionários. Seu papel é de negociador e amortecedor de choques, enquanto procura satisfazer e conciliar essas exigências conflitantes. a. Reflexão: Cuidado para não cair na tentação de jogar chefes, colegas gerentes e funcionários uns contra os outros. Não desrespeite os demais gerentes nem se distancie das decisões deles falando para sua equipe que: “as decisões vieram de quem realmente manda”. Se você precisa se dissociar sistematicamente das decisões tomadas é sinal que está trabalhando no lugar errado. Mantenham sempre seu superior informado dos avanços de sua equipe, do potencial do seu pessoal. Estabeleça aliança com os demais gerentes e firme um exemplo de colaboração que possa ser seguido por toda a equipe. 4. Os gerentes nem sempre podem contar aos funcionários o que eles querem saber. As pessoas procuram você em busca de informações. Contam com você para mantê-las informadas, porque quem tem conhecimento tem poder. Por outro lado, você tem a responsabilidade de ser discreto nas questões delicadas relacionadas à 53 empresa e ao pessoal. Como chefe, você está constantemente equilibrando duas metas conflitantes: ser o mais transparente possível com sua equipe e manter em sigilo as informações confidenciais da empresa. a. Reflexão: Vença a tentação de ocultar informações para fortalecer seu poder e nem de compartilhar de forma seletivas as mesmas. Não divulgue e nem propague fofocas e rumores. Conscientize as pessoas de sua equipe que você não divulgará estratégias confidenciais da empresa ou dados que possam favorecer a concorrência e mesmo informações pessoais de colaboradores. Certifique-se de ser o primeiro a divulgar as más notícias. Se você tiver o compromisso em ser um comunicador proativo, direto e confiável, as pessoas saberão entender quando não divulgar determinadas informações. 5. Os gerentes cometem erros. Por mais dedicado e meticuloso que você possa ser, você é humano e cometerá erros. Sua maneira de administrar o resultado de seus erros é o que irá determinar se você continuará a ter credibilidade – e até se ela aumentará graças à sua eficácia em lidar com os erros.a. Reflexão: Não pense que pedir conselhos ou admitir que não sabe algo dará a seus funcionários a impressão de que você é um gerente fraco. Não tenha medo de pedir desculpas por um erro que tenha cometido, isso não irá ameaçar sua posição como líder. Reconheça que a forma como você reage aos erros dos seus funcionários determina a maneira como eles enxergam os seus erros. Se você perde as estribeiras com facilidade e é afeito a discussões ou demora a perdoar, suas ações voltarão para assombrá-lo quando você errar. Quando cometer um erro, peça desculpas sinceras e diretas. O chefe está sempre em evidência. As pessoas o observam e interpretam suas ações, correta ou equivocadamente. Existem duas situação em que os gerentes costumam ser observados ainda com mais atenção. Uma é rara: quando ocorre uma crise. Porém a outra é tão corriqueira que os gerentes podem nem se lembrar dela: quando estão perto de seus superiores. Com os detectores de hipocrisia ativados, seus funcionários observam você interagir com seus pares, demais funcionários e superiores. Três questões eles nunca perdoam em um chefe: 1. O chefe mente. Agir com base em dissimulação consciente não deve ser uma estratégia. Fica ainda pior quando o chefe joga a culpa em outras pessoas; 2. O chefe fica com o mérito pelo trabalho ou pelas ideias da equipe. Usualmente os funcionários observam que os feedbacks positivos são raros nas empresas, por isso, bons chefes não perdem uma oportunidade de destacar os bons trabalhos dos seus funcionários e não se intimidam quando os membros da equipe ganham visibilidade. É lamentável quando o chefe acredita que o bom trabalho fala por si mesmo e que a distribuição criteriosa do reconhecimento é pura politicagem, algo desprezível. 54 3. O chefe é uma pessoa quando está com a equipe e outra na companhia de seus superiores. Eles irão observar quem é você quando tema acesso aos detentores do poder, está representando a equipe ou apenas você mesmo? Se der à sua equipe razões para acreditar que está trilhando carreira solo, ela o considerará suspeito. Falar mal das decisões do alto escalão mas não confrontá-las quando tiver oportunidade é forma de perder a confiança da equipe. CUIDADO COM O IRMÃO GÊMEO MALIGNO ou seu EGO: Na cabeça dos chefes e funcionários, as qualidades dos ótimos gerentes são claras. Entre elas estão: • Inteligência • Padrões elevados; • Integridade • Determinação • Visão Mas quando se escuta os funcionários, em situações onde os chefes os decepcionaram, raramente os relatos apontam comportamentos ou traços que sejam o oposto dessas boas qualidades. Observe o quadro abaixo: Raramente quando criticados os ”maus” gerentes são descritos com termos descritos na segunda coluna, ao invés disto, é comum serem conhecidos por traços normalmente admirados mas levados à extremos, ou por boas intenções mal executadas, tais como descrito nos exemplos do quadro abaixo: Qualidade Característica Oposta Inteligência Ignorância Padrões elevados Padrões baixos Integridade Corruptibilidade Determinação Fraqueza Visão Miopia 55 É comum vermos chefes bem intencionados descobrirem que o que pensam que estão dizendo e fazendo não corresponde à percepção que a equipe tem deles. Alguns exemplos: • Um gerente que se preocupe muito com o controle da qualidade e a eliminação dos erros vê a si mesmo como vigilante. Os funcionários veem seu “irmão maligno” ou seu ego: alguém implacavelmente negativo, sempre colocando defeito em tudo e em todos. • Um chefe com um monte de tarefas por realizar diariamente, e que mantém conversas breves e objetivas, vê a si mesmo como “eficiente e trabalhador”. Os funcionários veem seu “irmão maligno” – impaciente e hostil. • Uma coordenadora que quer que seus colaboradores sintam que tem voz ativa nas decisões diárias e sempre pede opiniões antes de agir vê a si mesmo como participativa. Seus subordinados veem sua irmã gêmea (seu Ego) maligna “indecisa”. Agora construa sua própria versão do seu EGO. Quais qualidade gerenciais você acredita ter e como seu uso extremo pode comprometer seu desempenho como gestor. Qualidade “EGO” Inteligência Inteligente em benefício próprio Altos Padrões Impossível de satisfazer Integridade Soberba Determinação Intransigência Visão Delírio Qualidade “EGO” Ao refletir sobre suas qualidades, resgate os talentos que identificou em si mesmo anteriormente. 56 EFEITO PIGMALEÃO18 Quando um gestor expressa abertamente sua crença na capacidade de um colaborador, ele não apenas melhora o estado de espírito e a motivação como efetivamente melhora as chances de sucesso do colaborador. O que esperamos das pessoas (e de nós mesmos) se manifesta nas palavras que usamos e essas palavras podem ter um poderoso efeito nos resultados finais. Os pesquisadores disseram aos professores de cada turma quais alunos – digamos, Sam, Sally e Sarah – os dados identificaram como gênios acadêmicos. Os pesquisadores escolheram os nomes aleatoriamente e mentiram para os professores sobre os resultados. Mas, ao final do experimento, eles de fato haviam se transformado em gênios acadêmicos. Então, o que fez esses alunos medianos se tornarem extraordinários? A crença de que os professores tinham no potencial daqueles alunos foi expressa, mesmo que de forma não verbal e inconsciente. E, o mais importante, essas mensagens não verbais foram captadas pelos alunos e transformadas em realidade. Esse fenômeno é chamado de Efeito Pigmaleão: As expectativas que temos em relação aos nossos filhos, colegas de trabalho e parceiros – não importa se essas expectativas são ou não diretamente expressas – podem muito bem se transformar em realidade. Nos anos 1960, Douglas McGregor, professor de administração do MIT, ficou famoso ao argumentar que os gestores necessariamente adotam uma das duas teorias de motivação humana. A Teoria X sustenta que as pessoas trabalham porque são pagas para isso e, se você não as monitorar, elas pararão de trabalhar. Já a Teoria Y sustenta o contrário: que as pessoas trabalham movidas por motivações intrínsecas, Os funcionários normalmente se transformam no tipo de trabalhador que seu chefe espera que eles sejam. Estamos falando do Efeito Pigmaleão na prática. Os colaboradores acabam adotando a mesma visão que seus líderes. Toda segunda-feira, responda estas três perguntas: (1) Será que eu acredito que a inteligência e as habilidades da minha equipe não são estanques e que podem ser melhoradas com o empenho?; (2) Será que eu acredito que a minha equipe deseja se esforçar para melhorar, da mesma forma como deseja encontrar propósito e realização no trabalho realizado?; e (3) Como estou expressando essas crenças com as minhas palavras e ações no dia a dia? Apesar de ser importante mover nosso ponto de apoio para uma atitude mental mais 18 Achor S. – O Jeito Harvard de Ser Feliz 57 positiva, precisamos tomar cuidado para evitar expectativas não realistas em relação ao nosso potencial. E, como a ciência tem mostrado, quando acreditamos que podemos fazer mais e realizar mais (e quando os outros acreditam no nosso potencial), muitas vezes este é precisamente o motivo que nos faz alcançar mais. É assim que o nosso cérebro funciona: ele fica preso muito facilmente a padrões de visão de mundo, alguns mais benéficosdo que outros. Na verdade, o cérebro delas apenas se destaca em encontrar elementos negativos no ambiente – em identificar imediatamente motivos de aborrecimento, contrariedade e estresse. O problema é que, se ficamos presos apenas nesse padrão, sempre procurando e identificando o negativo, até o paraíso pode se transformar em um inferno. Procurar constantemente o negativo no mundo implica um custo muito alto. Esse hábito desgasta a nossa criatividade, eleva nossos níveis de estresse e reduz nossa motivação e nossa capacidade de atingir metas. CASE: A KPMG, empresa global de consultoria na área de contabilidade para ajudar seus auditores fiscais e gestores a se tornarem mais felizes, Muitos deles precisavam passar de 8 a 14 horas por dia analisando formulários fiscais em busca de erros. Eles desenvolveram tanto a habilidade de identificar erros e armadilhas potenciais que esse hábito se estendeu a outras áreas da vida deles. Em avaliações de desempenho, eles só enxergavam os defeitos dos membros de sua equipe, nunca os pontos fortes. Quando eles voltavam para casa, eles só reparavam nas notas baixas dos filhos, nunca as notas altas. “As faculdades de direito ensinam os estudantes a procurar defeitos na argumentação e os treinam a serem críticos e não tolerantes”. Quando essa forma de pensar começa a se estender para além dos tribunais, atingindo a vida pessoal desses profissionais, isso pode ter “significativas consequências negativas”. Da mesma forma como os contadores identificadores de erros, o cérebro desses advogados estava preso em um padrão. E o mesmo acontece com qualquer profissão ou área de atuação. Da mesma forma como o nosso cérebro pode ser configurado de maneira que nos restrinja, podemos retreiná-lo para procurar as coisas boas da vida – para nos ajudar a enxergar mais possibilidades, nos sentir mais energizados. FECHANDO ... A maior parte dos chefes não pretendem desenvolver uma reputação negativa. Eles acreditam estar fazendo a coisa certa. Como podemos minimizar a presença do EGO – o irmão(a) gêmeo (a) maligno(a) e estar alerta para o efeito Pigmaleão? 58 Há alguns pontos relevantes neste caminho: • Não pressuponha que as pessoas conseguem ler seus pensamentos ou que suas ações falam por si sós. • Explique suas intenções. Seja claro; • Não hesite em compartilhar o “porquê” por trás das decisões que você tomar • Certifique-se de que seus assistentes se sintam livres para alertá-lo quando algo que você pretende fazer tiver o potencial de ser mal interpretado; • Cuide bem de seus melhores funcionários para que eles se tornem seus conselheiros sinceros. Eles veem como sua liderança afeta a equipe e tem mais segurança do que a maioria para desafiá-lo quando necessário. • Agradeça a qualquer um que tenha a coragem de alertá-lo quando seu irmão gêmeo maligno estiver em ação. 5.3 DOMÍNIO DA MUDANÇA19 Nossa vida é como nadar num lago. Mergulhamos na água e nunca sabemos realmente o que acontecerá depois. Operamos com a ilusão de que a vida permanece constante, porém, na realidade, tudo está sempre mudando. A cada respiração, trocamos tantos átomos de modo que alteramos a composição da nossa fisiologia naquele momento. No período de um ano, 98% de todos os nossos átomos são substituídos por novos; somos literalmente novas pessoas a cada ano. Nossa vida é um fluxo infinito de mudança. Desde o nascimento, temos nadado em um fluxo agitado de experiência , constantemente em mudança e sem fim. Algumas pessoas amam o fluxo da vida; outras odeiam e resistem. Por causa de um fluxo do rio ser uma constante, não temos escolha nesse assunto. Temos que mudar. É parte do preço da admissão à vida. A cada momento nossos átomos são substituídos; nossos pensamentos são mudados; nossas emoções são mudadas ou nossos relacionamentos, nosso mercado, nossas finanças – a mudança é constante e infinita. Não temos escolha nesse assunto, exceto em um aspecto – dominar nossa habilidade para se adaptar e aprender. Ao subir a escalada executiva precisamos nos tornar cada vez mais confortáveis com as incertezas e as mudanças rápidas. Como líderes, devemos ter a “capacidade de integração” para tecer junto e dar sentido às peças aparentemente desconectadas, a elaboração de soluções originais e inovadoras. 19 K. Cashman; A Liderança Autêntica 59 Certamente, vocês encontrarão muitas pessoas que não conseguirão lidar com a ambiguidade, pessoas que sempre desejarão simplicidade e clareza. Então, vocês como líderes terão de criar a direção clara para elas. A mudança positiva exige o desapego de antigos padrões e tem uma nova abordagem. Ela demanda ir além das nossas ideias preconcebidas. Infelizmente, a resistência é uma batalha perdida, porque a mudança é um oponente implacável. Quando resistimos à mudança, qual é a dinâmica oculta? Somos geralmente tentados a nos defender do medo da perda. Temos medo de não sobreviver à mudança sem algo conhecido a perder. Essa é uma percepção verdadeiramente exata. Nós perderemos algo, mas ganharemos algo também. Isso pode ser algo melhor, se estivermos abertos ao importante aprendizado atual. Então se a mudança é tão grande, porque temos medo dela? Temos medo porque a mudança sempre envolve a criação e a destruição. Algo novo é criado, algo antigo é destruído. O broto é destruído quando a flor desabrocha. O casulo é destruído quando a borboleta ascende. Nosso inibição surge quando encaramos a perspectiva de substituir o conhecido pelo desconhecido. Um trabalho é perdido e uma nova carreira começa. CRIANDO UMA IMAGEM DE SUA CURVA DE TRANSIÇÃO Para melhor compreender sua pontuação, comece por transcrever sua pontuação para o quadro abaixo. Fase 1 = Negação Fase 2 = Resistência Fase 3 = Exploração Fase 4 = Compromisso Elevada intensidade = Acima de 17 Elevada intensidade = Acima de 18 Elevada intensidade = Acima de 23 Elevada intensidade = Acima de 24 60 5.3.1 CURVA DE TRANSIÇÃO (ou Casa de Mudança) A curva de transição consiste em quatro fases que usualmente acontece em sequência. Enquanto você pode se mover mais lentamente ou mais rapidamente através da mudança, a complete gestão da mudança envolve a transição através de cada uma das fases, especialmente se não foi você que deu início ao processo de mudança. Isso não significa que todo o indivíduo irá mover-se por cada fase em uma mesma ordem. Algumas pessoas movem-se para trás, voltando a uma fase anterior ou permanece travado em uma certa fase. Apesar desse diferente padrões, é necessário alcançar a fase de compromisso para atuar de forma efetiva dentro do processo de mudança. AS QUATRO FASES DA MUDANÇA FASE 1 : NEGAÇÃO Ao negar a realidade da mudança, a pessoa não “mergulha” no processo e não acredita que a mudança é real. De fato, a pessoa está em “choque” e pode agir como se nada fosse mudar. A pessoa pode continuar fazendo suas coisas e evitando pensar sobre a iminente mudança. Na fase de negação, a pessoa fica focada no que está acontecendo fora de si mesma, ignorando suas próprias reações e mantendo-se apegada ao passado. COMO DIAGNOSTICAR ESSA FASE: • É comum observar: retraimento, uma atitude de “deixar as coisas como estão”, enfoque no passado. • Há atividade mas não se logra muito. Cynthia Scott e Dennis Jaffee (1988) 61FASE 2: RESISTÊNCIA A pessoa alcança a fase de Resistência quando “acorda” da sua negação e descobre que a mudança irá ocorrer. É possível surgir sentimentos de raiva, medo ansiedade sobre o que está acontecendo e certa incerteza pode ser experimentada à medida que se busca responder à mudança. Quando se está em resistência, a pessoa pode se sentir inábil e relutante para mudar. A pessoa pode permanecer vinculada ao passado, às formas confortáveis e conhecidas de como as coisas eram feitas, mas começará a olhar para dentro e descobrir uma gama de sentimentos e reações aos desafios da mudança. Ao final da fase de resistência, a pessoa alcançará um ponto de aceitação. Tem início o abandono do passado, e a pessoa começa a considerar como irá fazer a mudança funcionar para si, pessoalmente. COMO DIAGNOSTICAR ESSA FASE: É possível ver as pessoas expressarem: raiva, acusações, ansiedade, depressão e até desistências. “Que diferença faz? Esta organização não quer saber de mais nada!” FASE 3: EXPLORAÇÃO Na fase de exploração, a pessoa começa a ter algumas iniciativas, a aprender novas formas de fazer as coisas e decide como irá responder à mudança. É uma fase na qual a pessoa para de argumentar e lutar contra o processo de mudança, e começa a perguntar como poderá fazer as coisas funcionar. É um período de “excitação construtiva”, planejando e repensando como aprender e estabelecer novas formas de fazer as coisas. Na fase da Exploração, a pessoa permanece focada em si mesma, mas há uma mudança no foco que sai do passado e se concentra no futuro. A pessoa começa a resgatar o interesse na organização e pensa como poderá contribuir para fazer a mudança funcionar. COMO DIAGNOSTICAR ESSA FASE: É possível observar confusão, caos, energia. Frases como : “Vamos tentar fazer isso, aquilo e aquilo mais a respeito disso ...” Muita vitalidade e novas ideias, mas sem um foco preciso. FASE 4: COMPROMISSO Quando se alcança a fase de Compromisso, a pessoa atinge o ponto de decisão sobre quais ações tomar para melhor conduzir os novos caminhos. A pessoa recobra sua produtividade e senso de controle, autonomia. Provavelmente também sente “atravessou” a mudança – que a mudança acabou. Entretanto, uma vez que a mudança é contínua, a pessoa também começa a se preparar para a próxima mudança. Nesta fase, a pessoa firmemente conecta-se com o futuro. A atenção está totalmente voltada para a organização e longe do próprio ser. 62 COMO DIAGNOSTICAR ESSA FASE: As pessoas começam a trabalhar juntas nos novos processos. Há cooperação e uma maior concentração. “Como podemos trabalhar esse tema?” Os comprometidos procuram identificar o desafio seguinte. 1. NEGAÇÃO Práticas Dinâmicas: - A conceitualização - A conscientização e a percepção - O respeito ao caos e permissão para que a ordem surja a partir dele. Por meio do seguinte: - Apresentações abertas - Cotejos com informações - Informando / explicando - Dando tempo - Movendo-se não contra o caos, mas por meio dele, ultrapassando-o 4. COMPROMISSO Práticas Dinâmicas: - Stewardship** - O compromisso com o crescimento das pessoas - O desenvolvimento de comunidades Por meio do seguinte: - Enfocando e estabelecendo metas de longo prazo - Inspiração - Desenvolvimento de equipes - Validação/ recompensas 2. RESISTÊNCIA Práticas Dinâmicas: - O ouvir e o dialogar - A empatia - A cura Por meio do seguinte: - Ouvindo para compreender e dialogar - Respeitando perdas - Apoiando - Estimulando o espírito inquisitivo - Promovendo a participação grupal - Reconhecendo que desapontamento são inevitáveis. 3. EXPLORAÇÃO Práticas dinâmicas: - A presciência* - A persuasão - O empoderamento grupal Por meio do seguinte: - Brainstorming - Visão - Metas de curto prazo - Levando adiante projetos em andamento - Oferecendo treinamento - Enfocando prioridades - Aceitando erros * Presciência – conhecimento do futuro, previsão, pressentimento. ** Stewardhip – é uma ética que busca ser responsável em planejar e gerenciar os recursos. Gestão ou administração ética. 63 5.3.2 LIDANDO COM A MUDANÇA Os líderes que melhor lidam com a mudança são aqueles capazes de manter um foco perspicaz e uma compreensão complexa simultaneamente, essa é uma das qualidades mais importantes da liderança eficaz. O obstáculo mais fatal para uma vida eficaz é um ponto de vista fixo e inflexível. Se visualizarmos a vida de uma maneira unidimensional, ficaremos sempre desapontados e frustrados. Com tal visão rígida e fixa, a vida nunca “ativará” as nossas definições limitadas. A mudança é um processo que envolve aprendizado e o aprendizado é uma porta que se abre de dentro para fora. Ainda assim, muitos gestores não fazem conexão entre seu próprio aprendizado e a transformação com a sua organização. Se você quiser desenvolver sua equipe e organização, desenvolva o que você quer ver. Segundo Peter Block, “ se não houver transformação interior em cada um de nós, todas as mudanças estruturais no mundo não terão impacto em nossa instituição.” Mover nosso conceito de mudança de um paradigma de fora para dentro para um paradigma de dentro para fora tem profundas implicações. Nessa perspectiva, vemos a mudança como um dinâmica interna – um processo interno de aprendizado e desenvolvimento. Para Robert Greenleaf: “ao líder servidor, o processo de mudança inicia aqui dentro e não lá fora.” A transformação não é um evento, porém um processo contínuo de conhecimento de quem somos nós, mantendo uma clara visão do que queremos criar, e então prosseguirmos. A maioria das iniciativas de mudança nas organizações não é bem sucedida. Alguns pesquisadores da neurociência identificam três razoes para as iniciativas de mudanças falharem: 1. A resistência à mudança é real: ela torna as pessoas fisiologicamente desconfortáveis e “aumenta o stress”. 2. Os modelos típicos e comportamentais de fora para dentro não funcionam a longo prazo porque eles confiam nos recursos externos em vez dos internos; 3. Tentar persuadir as pessoas a abraçar a mudança por meio de inciativas de comunicação de fora para dentro ou apresentações não é atrativo e cativante o suficiente para as pessoas. Algumas razões pelas quais as pessoas resistem à mudança e o que o gerente pode fazer: 1. A mudança pode parecer ameaçadora. A mudança exige renunciar ao passado (conhecido) e ao presente visando ir para o futuro. Essa passagem para o desconhecido pode gerar inúmeras resistências. Nesses casos, informação, explicação e tempo, podem ser o suficiente para dar conta da resistência. É por isso que gestores de mudança eficazes "plantam sementes “ desde cedo, para permitir que as ideias germinem e se tornem familiares. 64 2. Mudança pode significar perda direta. Podemos supor, com bastante certeza, que quem acreditar que as mudanças o farão ficar em má situação ou levarão à perda de poder, renda, status, privilégios, mordomias, amigos e afins resistirá à mudança. Em tais situações pode ser necessário negociar com aqueles que serão afetados, fazendo concessões sempre que possível. Isso às vezes passa uma mensagem equivocada para outras pessoas que consideram que nada mudou, mas com cuidado, é possível preservar a dignidade ao tempo em que se altera significativamente o grau de influência. 3. A mudança pode prejudicar o sistema social. Os gestores que tentam fazer mudanças muitas vezes esquecem que há sistemas sociais emergentes, que também podem ser afetados por mudanças tecnológicas "puras" ou outras alteraçõesno sistema. Um novo conjunto de máquinas para otimizar a prestação de um serviço com menor utilização de mão de obra força novos agrupamentos sociais, perturbando amizades e relações existentes. Isso pode gerar uma resistência voltada para as máquinas ou para o gestor. Muitas vezes, os afetados nem percebem conscientemente a fonte de sua resistência ou se sentem pouco à vontade para expressar-se diretamente. Baseado na neurociência, esses pesquisadores identificam quatro elementos-chave para a mudança bem-sucedida: 1. Focar a atenção das pessoas na ideia nova e ajuda-las a projetar uma visão clara do que seu mundo se parecerá de dentro para fora; 2. Criar um ambiente no qual falar e compartilhar essa visão seja parte da experiência cotidiana; 3. Dar espaço às pessoas para reflexão e insight para assimilar as possibilidades de mudança de dentro para fora; 4. Recordar as pessoas do que é importante: deixar os problemas no passado e focar na identificação e criação de novos comportamentos e soluções. SETE MUDANÇAS NECESSÁRIAS: • Mudar do foco no problema para o foco na oportunidade; • Mudar do foco a curto prazo para o foco a longo prazo. • Mudar do foco circunstancial para o foco do propósito. • Mudar do foco no controle para o foco da adaptabilidade (com agilidade, flexibilidade e inovação) • Mudar do autofoco para o foco do servir • Mudar do foco do conhecimento para o foco do escutar. • Mudar do foco da dúvida (vazão da ansiedade) para o foco da confiança. 65 5.3.3 – GESTÃO ASCENDENTE20 Não quer dizer bajulação dos superiores hierárquicos. Não é para ser um puxa-saco sem vontade própria. Trata-se da complicada tarefa de desenvolver um relacionamento com alguém que não é perfeito, tal como você. Em um artigo da Harvard Business Review , o conceito fica mais claro: Sem dúvida alguns subordinados se ressentirão de que, além de todas as suas outras funções, também precisam dedicar tempo e energia a gerenciar o relacionamento com seus chefes. Tais gerentes não percebem a importância dessa atividade e como ela pode simplificar suas tarefas de eliminar problemas potencialmente graves. Pontos relevantes nesta relação: • Cabe a você se adaptar ao seu chefe. Suas personalidades podem variar, assim como seus hábitos de trabalho e estilos de comunicação. Suas diferenças serão bem menos problemáticas se você partir do pressuposto de que é sua responsabilidade se adaptar ao jeito como seu chefe faz as coisas. Por exemplo, se ele não é um bom ouvinte, cabe a você enviar bilhetes recapitulando os principais pontos discutidos em uma conversa. Se ele pensa a longo prazo, talvez você precise aprimorar suas habilidades de planejamento. Se ele é extrovertido e você é introvertido talvez precise se desafiar em expor mais seus pontos de vista. Guarde para divergir e marcar “território” em pontos relevantes e não somente em detalhes de estilo. • Nada de surpresas: Altos dirigentes não querem ser pegos de surpresa por más notícias. Eis os cenários que mais temem: o Você demora para informá-los de um problema, que logo se transforma num desastre; o Eles são confrontados por seus próprios superiores com um problema que está se agravando e sobre o qual não sabem nada a respeito; o Um cliente importante entra em contato com eles para fazer uma queixa e eles são pegos desprevenidos – despreparados para responder e carentes de informações básicas que você poderia ter fornecido; o Um bom colaborador pede demissão/ remoção por causa de um problema não resolvido que poderia ter sido evitado se a alta direção tivesse sido alertada. 20 j.Geisler; Como se tornar um ótimo chefe 66 Ao tentar seguir esta diretriz você irá “esbarrar” em dois desafios: i. Saber até que ponto seu chefe quer ser informado. Cada chefe tem um limiar pessoal ligeiramente diferente de “necessidade de saber”. Cabe a você descobrir esses parâmetros. ii. Dar más notícias pode ser arriscado. Essa atitude pode requerer uma confissão de um erro que você cometeu ou – o que é ainda mais arriscado – a revelação de que algo que seu chefe fez vem causando problemas. Se o erro for seu, seja proativo. Confesse francamente e esteja preparado para acrescentar o que você planeja fazer o respeito. Quando alerta prematuro é sobre algo de que seu chefe é responsável, transforme má notícia numa mensagem de apoio: “chefe, acho que lhe devo um alerta.... e sei que você gostaria de saber disso agora, e não tarde demais.” Em caso de dúvida, informe. • Permaneça no radar do seu Chefe. É de senso comum imaginar que somente três razões justificaria buscar encontrar o superior: quando convocado pelo superior, quando se tem um problema grande demais para resolver sozinho ou quando precisa informar algo extraordinário. No entanto, é parte das suas responsabilidade manter-se em contato com seu superior – conversar sobre problemas que você e sua equipe resolveram ou oportunidades que aproveitaram – isso não é se vangloriar é somente informar. Ao fazer isso, você poderá inclusive dar ao seu superior a chance de dar feedbacks assertivos, ao evidenciar membros de sua equipe que fizeram um bom trabalho e mereceriam esse tipo de reconhecimento. Enfim, o trabalho que você e seus colaboradores fazem não “fala por si”. Você é a voz. • Gerencie em seu próprio nome. Se você quer manter um relacionamento sólido com seu chefe, não invoque o nome dessa pessoa sempre que precisar dar notícias impopulares. É tentador dizer: “o chefe quer que seja assim” ou “eles decidiram mudar as regras”, mas se você fizer isso com frequência, estará criando uma cultura de “nós contra eles” – e estará se posicionando fora da equipe gerencial, o que não é bom. É claro que poderá ter uma posição diferente de seu superior, mas anuncie sua posição como se seu superior estivesse presente. Existe uma grande diferença entre “lutei contra o chefe em relação a isso e fui esmagado como um inseto” e “tínhamos opiniões divergentes sobre isso. Não é minha opção preferida, mas mesmo assim essa será a solução que iremos adotar”. 67 • Aprenda a apresentar uma ideia de modo que seu superior compre. Algumas dicas: o Vá direto ao ponto: procure enunciar sua ideia em uma frase curta e clara. Tenha em mente o teste do elevador (elevator pitch) o Enquadre sua ideia de forma positiva. Se você começa com “todo mundo sabe que temos um problema com ...” , seu superior pode ver nessa fala uma acusação pessoal, tente: “gostaria da sua opinião sobre uma ideia que desenvolvi ...” ou ainda “acredito que tenho um meio de ajudar ...” Busque incluir-se nas implementações, evitando frases como : “alguém deveria ...” o Seja sensível aos desafios do seu superior. Busque alinhar suas ideias e projetos às prioridades atuais de seu superior ou aguarde um momento oportuno. o Escolha o momento propício. Ou seja, busque momentos de baixa tensão para vender sua ideia. o Conheça os valores do seu superior. Se seu superior declarou fortes valores básicos para sua organização, faça questão de mantê-los em mente e busque alinhar suas ideias e projetos a estes valores. o Esteja preparado para listar benefícios e reconhecer desafios. Prepare- se para responder questões quanto aos custos e benefícios , de forma específica e mensurável. Reconheça problemas ou preocupações razoáveis que podem representar obstáculos ao seu projeto, bem como, evidencie de que forma pretende lidar com eles. o Esteja preparado para um próximo passo. Seu superiorpode sugerir um próximo passo. Esteja preparado para fazer parte dele, mesmo que considere que poderá demandar mais tempo do que tinha imaginado. Se seu superior não apontar um próximo passo, esteja preparado para sugerir um que seja prático e inclua pessoas apropriadas em seu planejamento. Lembre-se: boas ideias definham quando ninguém sugere o passo que transforma a conversa em ação. o Acompanhe a execução da ideia. Com um sim confirmado, vá em frente! Envie uma mensagem ao seu superior recapitulando a conversa e os próximos passos. Um agradecimento é um gesto simpático, pois os chefes apreciam feedback positivo, também. É comum termos dificuldade de exercer a empatia com superiores (ou mesmo, com pessoas que consideramos bem-sucedidas). Parta para a ação. 68 O QUE FAZER COM UM SUPERIOR REALMENTE RUIM? Barbara Kellerman, que estuda liderança em Harvard, lista sete tipos da má liderança, os piores chefes podem se enquadrar em mais de um dos listados abaixo: • Incompetente: falta habilidade ou vontade para sustentar a ação eficaz. • Rígido: inflexível na oposição à mudança positiva; • Destemperado: carece de autocontrole; • Rude: indiferente ou indelicado em relação aos outros; • Corrupto: mente, engana ou rouba; • Insular: minimiza ou ignora o bem-estar daqueles fora de seu círculo; • Mau: usa a dor como instrumento de poder e domínio. Como esses indivíduos permanecem no poder? Podem ser proprietários da empresa, iludir seus próprios chefes ou cegá-los com ótimos resultados de curto prazo. Algumas sugestões de sobrevivência: • Certifique-se de que você não faz parte do problema. Continue realizando um bom trabalho mesmo sob pressão; • Use sua inteligência emocional para reagir racionalmente à conduta irracional; • Procure mentores e orientadores para ajudá-lo. • Deserte se preciso, mas faça-o com um plano, não por impulso; Às vezes, você precisará neutralizar um chefe realmente ruim: • Forme alianças com outros bons gerentes na empresa • Mantenha registros meticulosos do desempenho de seu superior; • Converse com os profissionais do setor de RH, especialmente se você crê que as condutas de seu superior violam a política da empresa ou são antiéticas ou ilegais; • Consulte um advogado se as questões forem graves e você não tiver confiança absoluta nos sistemas de autopoliciamento da empresa. 69 5.4 DOMÍNIO DA AÇÃO O domínio da ação é um processo contínuo, por meio do mentoring de nós mesmos e dos outros, para reunir nossas potencialidades a fim de ir além do que está ... dentro e fora. Qual é a nossa potencialidade para a realização de dentro para fora? A vida tem realmente infinitas possibilidades como os grandes sábios e pensadores disseram na história? Nosso mundo é realmente o campo de todas as possibilidades, um time com vida, energia e opções aparentemente sem fim? Ou nossa vida tem um horizonte limitado de sucesso e possibilidade? Os pesquisadores em neurofisiologia do cérebro estão começando a nos fornecer alguns insights profundos sobre a nossa verdadeira potencialidade. Usando estimativas conservadoras, os pesquisadores projetaram que há 100 trilhões de junções de neurônios no cérebro humano. Isso significa que nossos estados mentais possíveis são maiores do que o número total de átomos do universo. Pense sobre isso...a potencialidade do nosso cérebro pode encontrar mais possibilidades do que a quantidade de átomos do universo. É possível compreendermos o infinito? Talvez. O nosso campo de possibilidades é imensamente maior do que pensamos? Definitivamente. TRÊS PASSOS PARA O DOMÍNIO DA AÇÃO. Para que o processo de mentoring (consigo e com outros) obtenha um maior impacto transformador e duradouro, três caminhos inter-relacionados necessitam ser mesclados: consciência, compromisso e prática. Se os três passos estiverem presentes e operacionais, as importantes descobertas ocorrerão e o crescimento será mantido. Se um dos três estiver ausente, os resultados se dissiparão ao longo do tempo. PASSO UM: CONSTRUIR CONSCIÊNCIA. Construir consciência é o processo de trazer novas informações ao nosso campo de visão. Ela pode manter nossa atenção em um talento recentemente enaltecido ou, ainda, pode envolver o processo mais doloroso de conhecimento em que o comportamento seja intencionalmente autodestrutivo ou que afeta outros de um modo prejudicial à vida. 70 A consciência engloba a disciplina interior em olhar dentro de nós mesmos e iluminar nossas forças e nossos desafios de crescimento, e a disciplina exterior em observar nós mesmo por meio de nossos olhos e os olhos dos outros, assim como nos engajamos em fazer uma importante mudança de comportamento. Tente criar um inventário. Procure reunir os comentários e feedbacks recebidos ao longo de sua vida: forças, talentos, necessidade de desenvolvimento, personalidade e valores. Esse feedback pode vir de colegas, chefes, pessoas que trabalharam para você, amigos ou cônjuge. É importante não apenas tentar se descobrir, mas ouvir atentamente o que os outros dizem. Tipicamente existe uma “diferença de percepção” entre como nos vemos e como os outros nos veem. Esse não é apenas um bom exercício psicológico; é fundamental para a liderança e alto desempenho. Conhecer suas forças e fraquezas, elaborar este inventário é antes de tudo, um ato de coragem. Ver, conhecer e abraçar os aspectos positivos e negativos de quem somos exige bravura contínua. Porém vale a pena o esforço. Como líderes, nosso impacto encolhe ou expande na proporção direta de como olhamos corajosamente a nós mesmos – luz e sombra. Construir consciência é o caminho da coragem. PASSO DOIS: CONSTRUIR COMPROMISSO. Temos de sentir isso. Quando temos uma conexão emocional profunda com o impacto de um comportamento, nossa vida pode mudar permanentemente. A consciência abre as portas para níveis mais elevados de performance. Entretanto, a consciência por si própria não é suficiente. Construir compromisso inicia pela compreensão das consequências de nossas ações. Entretanto, não é suficiente apenas compreender intelectualmente se nós continuarmos no mesmo curso, ficaremos aquém dos nossos objetivos, se prejudicaremos a nós ou aos outros É importante reconhecer as consequências de qualquer comportamento prejudicial à vida que podemos ter, porém é igualmente valioso compreender os benefícios ricos à vida em fazer algo a mais, menos ou diferente. A motivação acontece quando experimentamos emocionalmente as razões positivas e persuasivas de fazer algo, bem como as razões dolorosas de evitar a consequência desvantajosa. Ambas devem ser evidentes para fomentar a força criativa necessária para sustentar nossa motivação. O que nós ganharemos? O que podemos perder?. Em ambas situações , permita que as visões de possibilidade fiquem bem nítidas e claras. Vivencie a experiência de ambas realidades – tanto positiva quanto negativa. Fixe-se na visão positiva e negativa e tome sua decisão no presente. 71 PASSO TRÊS: CONSTRUIR A PRÁTICA. É o processo de engajamento consistente em novos comportamentos para enriquecer nossa vida. Admirar nossos grandes insights e sentir orgulho de nossos novos compromissos novos, por si mesmos, não nos levará ao nosso destino desejado. Lao Tsé, que escreveu possivelmente o texto mais profundo sobre liderança e vida – Tao Tè Ching – refletiu: “Um sábio praticará o Tao. Um tolo somenteo admirará.” Encontrei um grande jogador da NBA que havia elevado seu jogo ao próximo nível. Ele já era excelente, um dos melhores jogadores da liga. Entretanto, seu arremesso não era grandioso. Felizmente, ele estava consciente desse aspecto negativo e diligentemente focou sua prática com 2.500 arremessos – quatro a seis horas contínuas de arremessos diariamente. Ele fez disso sua rotina diária sete dias por semana durante nove meses. O resultado: seu jogo se tornou excelente. Seu jogo interno estava melhor porque ele agora tinha um jogo externo, também. O que você precisa praticar 2.500 vezes por dia, ou mesmo dez vezes por dia, para levar seu “jogo “ ao próximo nível? Você precisa reforçar seu “jogo interno” ou seu “jogo externo”? Qual o novo comportamento que você pode praticar que, ao longo do tempo, o moverá adiante? Escolha bem. Fique com esta escolha. O que você praticar, você se tornará. CONDUZINDO MENTORING COM OUTROS: Mentoring é a arte de desenhar, mediante o potencial, na tela da alta performance. É a mão suave, mas firme de liderança que orienta o caminho como um amigo, cuidadoso e ajuda o “aprendiz” a ver com clareza o perigo ou definir um curso mais positivo. O mentoring eficaz é uma generosa contribuição para o crescimento e a realização de cada indivíduo. Ao mesmo tempo, é uma das estratégias mais práticas para maximizar a eficácia e o sucesso do grupo. Cada pessoa do grupo que não esteja vivenciando suas capacidades, está arrastando o grupo para baixo, diminuído sua eficácia. O mentor verdadeiro tem um interesse mais amplo e uma regra mais refinada do que dar ordens. O guia tem a experiência, a perspectiva e o conhecimento fundamental que você não tem. Quando a maioria das pessoas pensa no aprendizado, não pensa em ter de mudar a si mesma. Elas tendem a pensar no aprendizado como ... adquirir ideias, dicas, técnicas, etc. Raramente, ocorre a elas que os problemas que estão enfrentando são inseparáveis de quem são ou do modo como pensam e interagem com as outras pessoas. O mentoring nos 72 ajuda a ver mais a pessoa por inteiro e a situação completa, bem como a dinâmica entre os dois aspectos. CONSTRUINDO CONSCIÊNCIA COM OS OUTROS: Como líderes somos constantemente confrontados com a tarefa de construir consciência (novo mindset, compreensão). A consciência da mudança das condições de mercado, das emergentes realidades econômicas, da necessidade de novo capital, da cultura ágil, de preocupações com o custo operacional. Geralmente, a maior tarefa para construir consciência está no domínio humano e interpessoal. Para orientar sua habilidade em construir consciência com as pessoas a quem você realiza mentoring, mantenha os seguintes princípios em mente: • Permaneça aberto e traga clareza: muitas das “respostas” estão dentro da pessoa, equipe e empresa; seu trabalho é ajudar a esclarecer e revelá-las. • Use perguntas para ajudar a pessoa identificar a situação atual: antes de avançar, precisamos saber onde estamos, compreendendo os comportamentos e crenças benéficos à vida e prejudiciais à vida. Perguntas são a linguagem do mentoring. Elas são as ferramentas poderosas à transformação. • Seja corajoso: afinal, neste processo, você precisará discutir o indiscutível. O trabalho do mentor é iluminar regiões obscuras previamente inexploradas. • Pratique a conversa direta, mas com cuidado: ajude os aprendizes com compaixão e veja tanto suas limitações quanto seus dons. Tenha em mente: franqueza sem cuidado criará resistência, enquanto a franqueza com compaixão criará abertura. Confronte-a de uma maneira cuidadosa. • Ajude os aprendizes a explorar as diferenças entre suas intenções e as percepções das outras pessoas: discrepâncias entre como as pessoas veem a si mesmas versus como as outras pessoas as percebem, geralmente, retêm a chave para o novo autoconhecimento e para superação de pontos obscuros. • Construa consciência pelo exemplo: os maiores professores e mentores ensinam muito bem tanto pelo seu ser quanto pelo que fazem, Se você estiver se esforçando por autenticidade, abra-se para suas forças e deficiências, alinhe-se ao seu propósito de vida, e sirva as outras pessoas, você criará constantemente mais valor em tudo o que fizer. Aqueles aos quais você realizar o mentoring modelarão sua vida em relação ao que você está vivendo. • Ajude as pessoas a descobrir e alinhar-se ao que é significativo e importante para elas: quando os aprendizes descobrirem os princípios essenciais que orientam suas contribuições significativas no mundo, ajude-os a explorar quão alinhadas ou desalinhadas as várias partes de usa vida (por exemplo: pessoal, familiar, comunidade, carreira, espiritual) estão com esses valores. 73 MENTORING PARA CONSTRUIR COMPROMISSO Para orientar sua habilidade em construir compromisso com as pessoas a quem você realiza o mentoring, mantenha os seguintes princípios em mente: • Ajude as pessoas a classificar as consequências: ao orientar as pessoas a compreender as consequências benéficas e prejudiciais à vida a partir de seu comportamento ou caminho atual. Lembre-se de que a pessoa deve compreender e sentir essas consequências por ela mesma e não apenas perceber sua versão das consequências. • Permita que seu compromisso reaja com os compromissos dos outros: normalmente, é o engajamento emocional do mentor que serve como impulso para a transformação ocorrer. • Procure por aberturas: o compromisso é muito mais provável ocorrer quando a vulnerabilidade estiver suficientemente elevada. A situações que podem tornar as pessoas mais abertas ao compromisso incluem menos avaliações positivas, feedback 360º intenso, traumas na vida, contratempos de carreira, separações conjugais, compromissos desfeitos por outros, desafios novos, necessidade por novas habilidades, falta de preparação, medo do fracasso e responsabilidades de nova carreira ou vida pessoal. • Tenha certeza de que o compromisso lida com a prática: o compromisso sem a prática é como um explorador que analisa os mapas da expedição, mas nunca de fato parte, dá o primeiro passo. • Seja paciente: cada um tem seu próprio tempo. Se você for impaciente, seja impaciente em desenvolver suas próprias habilidades; • Lembre-se do porquê: Use o poder do “porquê” para descobrir os medos ocultos da pessoa, suas pretensões, crenças e motivações. Espere o momento certo e pergunte carinhosamente: “porquê?” a fim de mergulhar profundamente na conversa. Os sábios antigos diziam que cinco “porquês” normalmente o levariam à essência de tudo. MENTORING AOS OUTROS PARA CONSTRUIR PRÁTICA Podemos estar completamente cientes e comprometidos com objetivos nobres, mas se falharmos em praticá-los, é provável que alguém acenda as luzes e então feche os olhos”. “Enfim”, disse Max De Pree, “é importante lembrar que não podemos nos tornar o que desejamos ser permanecendo como somos”. 74 Para orientar sua habilidade em construir prática com as pessoas com as quais você realiza o mentoring, mantenha os seguintes princípios em mente: • Crie a prática junto com a pessoa: uma prática deve impulsionar limites, mas também ser adequada à pessoa. Pergunte à pessoa a quem você está realizando o mentoring: “qual o novo comportamento que você pode praticar e que, ao longo do tempo, o ajudará a avançar?” Mantenha as práticas simples e definidas. • Mantenha a pessoa responsável: defina a frequência com que a pessoa fará a prática e qual a duração. Reúna-se com a pessoapara auditar o progresso e a falta de progresso. Mantenha a pessoa responsável, defina novos objetivos e crie novas práticas se necessário; • Evite intelectualizar: pensar em fazer algo não é o mesmo que fazer algo. Então certifique-se de que suas práticas sejam comportamentos que envolvem a pessoa em um novo modo, que a conduza à ação. • Simplesmente faça... ou faça algo mais: enquanto algumas práticas são mais dinâmicas (exercitar, declarar nosso ponto de vista, expressar nossos valores) e outras são mais reflexivas (parar para nos centrar, refletir sobre nosso dia), a chave para a prática é tomar atitude. Perguntas Poderosas para o Monitoramento21 1. Como posso ajudá-lo? Este é um começo de conversa amigável com um propósito. A intenção é claramente fazer com que as pessoas enunciem seus objetivos claramente. A pergunta convida a uma fala mais objetiva e propositiva , encurtando histórias. 2. Qual a pior coisa que poderia acontecer?- Essa pergunta funciona quando você está orientando pessoas com pouca autoconfiança ou sensíveis aos riscos. Esta pergunta pode de fato, liberar as pessoas para falar sobreo que julgavam indizível. 3. Poderia me contar mais sobre como você sabe disso? Essa pergunta termina por abrir espaço para mais perguntas – e respostas. É uma típica pergunta de exploração; 21 Tulgan, B. Não tenha medo de ser chefe 75 4. O que esta pessoa sabe fazer bem? Essa pergunta costuma permitir aos gestores rever algumas de suas posições e crenças. 5. Sabendo o que sabe hoje, você contrataria essa pessoa? Esta é uma pergunta fechada mas pode contribuir para uma tomada de decisão mais racional e menos emocional. Sempre cabe lembrar que nossas decisões tem um impacto sobre toda a equipe, logo precisamos ponderar cuidadosamente. 6. Quem mais tem interesse nisso? Essa pergunta contribui para que o outro reflita que não estamos sozinhos em uma empresa. É um estímulo para que olhem em todas as direções no intuito de verificar como um problema afeta os outros. Contribuir para que o colaborador identifique outros interessados é uma das coisas mais importantes que você como gestor pode fazer. 7. Quais poderiam ser seus aliados nisso? Se um problema ou desafio afeta várias áreas de uma empresa, não é preciso agir sozinhos. É importante tanto colaborar com os outros quanto saber identificar e solicitar a ajuda dos demais interessados. 8. O que acontecerá se você não fizer nada? Os recursos são usualmente escassos, assim a decisão por agir envolve custos e deve ser refletida, logo a pergunta conduz a uma chamada para a ação ou para a inércia. 9. Então como alcançará o sucesso (ou o resultado desejado)? Aqui é sua oportunidade como gestor de novamente ouvir o objetivo a ser alcançado – por vezes, ao longo da conversa, este objetivo sofre algumas mudanças, sendo refinado. Cabe uma pressão para tornar o objetivo bem específico. 10. Quais serão seus próximos passos? Toda subida de montanha começa com pequenos passos. Eles são fundamentais para ditar o ritmo e nos colocar em ação. Devem ser mensuráveis. Dicas Importantes: • Um orientador deve ser um bom ouvinte e se concentrar totalmente na outra pessoa. Precisa conseguir ouvir o que o outro está dizendo – e no que não estão dizendo. Para uma boa escuta: o Faça contato visual e evite se distrair com outras pessoas ou coisas; o Verifique sua linguagem corporal, para que seja aberta e amigável; o Repita as ideias-chave para se assegurar de que ouviu direito e mostrar que está sintonizado. • O tom de voz também é um elemento importante. Ao fazer as perguntas, não se esqueça disto. As melhores perguntas perderão eficácia se parecerem punitivas ou indulgentes. • Não se esqueça que seu objetivo é orientar as pessoas, levando-as a descobrir as próprias respostas. Valorize-as pois elas estão descobrindo suas respostas. 76 6. PLANEJANDO O RETORNO A volta ao ambiente de trabalho é usualmente algo desafiador, a rotina, a cultura costumam ser poderosas barreiras à implementação de novos hábitos. Assim, é interessante preparar- se para esse retorno. O desenvolvimento dos domínios pessoal, interpessoal, da mudança e da ação requerem persistência e foco e são a base da Liderança. Tendo isso em mente, planeje seus próximos passos. 1. Dos temas abordados, quais considera de maior impacto na melhoria de sua liderança? 2. Quais compromissos quer assumir consigo mesmo para implementar pequenas mudanças? 3. Compartilhe em trios. Caso surja novas ideias, registre. 4. Nossos avanços e aprendizados são fortalecidos pelas trocas. Em seu trio, marque um novo encontro para 21 dias após esta data. O objetivo é compartilhar o que cada um conseguiu implementar/ aprender. Seu trio: Data do encontro: Local: Horário: 77