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AULA 6 NOVAS TECNOLOGIAS EM PESQUISA MERCADOLÓGICA Profª Shirlei Camargo 2 INTRODUÇÃO Querido aluno(a), você aprendeu tantas formas diferentes de fazer pesquisa, não é? Para escrever este material, tivemos que pesquisar bastante em sites, revistas e artigos da Europa e Estados Unidos para trazer as últimas novidades para você. E, agora, vamos conversar sobre outros meios e aplicações de pesquisas. Primeiramente, falaremos sobre mercado de previsões, que são uma espécie de bolsa de apostas que pode ajudar as empresas a prever, por exemplo, como será o lançamento de um novo produto. Na sequência, vamos conversar sobre as redes sociais, um meio super atual e importante de se obter informações dos consumidores. Finalizaremos com o que há de mais moderno em pesquisas: as pesquisas em neuromarketing. Vamos lá? TEMA 1 – MERCADOS DE PREVISÃO Originados no setor financeiro, os mercados de previsão são mercados especulativos utilizados para prever interesses ou tendências. A ideia é usar o "poder das pessoas" para determinar a probabilidade de alguma coisa acontecer ou não (Zappi, 2017). Foi a Universidade de Iowa (EUA) que criou o primeiro mercado de previsão (1988) com o intuito de prever o resultado das eleições americanas, obtendo resultados melhores do que as pesquisas de intenção de voto. Diferentemente das pesquisas de opinião que fazem perguntas como “se as eleições ocorressem hoje, você acha que votaria no candidato democrata ou no candidato republicano?”, no mercado de previsões os participantes recebem retorno financeiro ao responder corretamente à pergunta “em quem todos votarão no dia das eleições?” (Santos, 2015). É importante diferenciar os mercados de previsões, as bolsas de valores e os mercados de apostas. A bolsa de valores tem a função de alocar recursos, partilhar riscos e levantar capital. Isso significa que o investidor coloca dinheiro real na(s) empresa(s) que acha que serão bem sucedidas e o trarão retorno. Já a diferença entre o mercado de previsões e o mercado de apostas é sutil. Os mercados de apostas são voltados para o entretenimento, no qual os riscos assumidos podem ser interpretados como diversão, enquanto a função fundamental dos mercados de previsão é a própria previsão (Santos, 2015). 3 Ainda, diferente dos bolões, no mercado de previsão os participantes podem atualizar seus palpites em tempo real, dependendo de como percebem novas informações (Mundo Marketing, 2019). Os mercados de previsão têm uma vantagem em relação aos demais métodos de pesquisa de mercado: o participantes da pesquisa não "prediz" de forma totalmente racional o seu próprio comportamento, mas sim o comportamento das outras pessoas. Ou seja, o mercado de previsões recebe informações de grande número de pessoas (Zappi, 2017). O mercado de previsões pode, ainda, ser empregado em uma grande variedade de situações: teste de novos produtos, embalagem e rótulos, campanhas publicitárias etc., pois é uma abordagem confiável para testar ideias inovadoras. E ele tem sido usado nos mais variados setores, desde o educacional até o farmacêutico (Santos, 2015). A ideia é pedir que os entrevistados "façam apostas" em vez de responder a perguntas, o que lembra um pouco um jogo. Os usuários apostam na opção que eles acreditam que irá “ganhar”(Zappi, 2017). Algumas empresas que utilizam esse tipo de pesquisa podem inclusive cruzar dados e analisar quem optou pelo que e se fez a escolha de forma mais rápida ou hesitou um pouco. Ainda, pode-se pedir para o respondente justificar sua resposta. Por fim, a pesquisa de previsão de mercado também é um método econômico quando comparado aos demais (Zappi, 2017). Um mercado de previsão é composto por quatro elementos básicos (figura 1): • Um evento a ser previsto; • Títulos disponíveis para comercialização (como dinheiro real ou não); • Participantes que compram e vendem esses títulos; • Um sistema responsável por gerenciar as negociações. 4 Figura 1 – Representação de um mercado de previsões SISTEMA Crédito: Camargo, 2021, com base em Santos, 2015; Oohyperblaster/Shutterstock. Surowiecki (2004, citado por Santos, 2015) argumenta por meio de seus diversos estudos que uma multidão é melhor em realizar previsões do que especialistas isolados. Como seres humanos, lidamos diariamente com situações em que a sabedoria coletiva é utilizada, e, em muitos casos, isso não é percebido. Assim sendo, o mercado de previsões pode ser uma excelente forma de prever resultados em pesquisas. TEMA 2 – REDES SOCIAIS – PARTE 1 Você certamente está em alguma rede social, certo? Não sabemos qual é a sua idade, mas, para algumas gerações, é muito estranho constatar que as mídias e redes sociais mudaram completamente a forma como a sociedade vive, se informa, interage, se diverte, e, logicamente: compra! Obviamente, as empresas perceberam que as redes sociais vêm se tornando um vasto campo a ser explorado a fim de conhecer seu tão sonhado consumidor, e, por conta disso, surgiram as pesquisas nas redes sociais. Apesar de algumas vezes as empresas criarem e impulsionarem as redes sociais, geralmente elas se desenvolvem de forma orgânica (espontânea). E, a cada dia, mais e mais pessoas que têm as mesmas ideias, opiniões e interesses vão se conectando. Logo, é bem provável que o público de uma empresa esteja nas redes sociais. As principais redes sociais são Facebook, Twitter, LinkedIn, Pinterest, Instagram, entre outras. E as pesquisas podem ser enviadas por e- mail, incorporadas diretamente no Facebook ou compartilhadas como um link no Twitter ou LinkedIn. Evento 1 A B Títulos Participantes 5 Mas vamos começar pelo início, entendendo alguns conceitos e conhecendo como as redes sociais surgiram e modificaram tanto nossas vidas. Antes de tudo, vamos falar de dois termos que são usados como sinônimos, embora não sejam: redes sociais e mídias sociais. O termo Rede Social, apesar de ter ganhado novo significado nos últimos anos, sempre existiu. As redes sociais existem desde que o mundo é mundo e têm como principal objetivo aproximar pessoas que possuem interesses em comum. Não sabemos se na sua cidade tem o Clube do Fusca, que é formado por aqueles que possuem esse carro icônico e se encontram para exibir seu tesouro, trocar ideias, conversar e negociar. Mas com a popularização da internet, as redes sociais migraram também para o espaço on-line, em que pessoas interagem, expõem suas ideias e partilham de interesses em comum (RGB, 2021). Por sua vez, as Mídias Sociais – termo surgido em 1990 quando as empresas de mídias tradicionais começaram a perder a hegemonia para a tecnologia digital – são, na verdade, um canal (assim como temos mídia impressa, mídia televisiva...) de descentralização e veiculação de informações. O principal objetivo das mídias sociais é a produção, divulgação e compartilhamento de conteúdos, em que ocorre a interação como o público. No entanto, diferentemente das redes sociais, as relações ficam em segundo plano (RGB, 2021). O que causa confusão é que as redes sociais são parte das mídias sociais, como se fossem uma subcategoria, pois, ao mesmo tempo em que as pessoas se relacionam, também usam a ferramenta para produção e divulgação de conteúdo. Ou seja, dependendo dos usuários, é possível usar a ferramenta somente para se relacionar ou para produzir e compartilhar conteúdos, ou as duas coisas! Enfim, a diferença é tênue e gera ainda muita discussão. Mas agora pelo menos você tem argumentos para entender melhor essas diferenças (RGB, 2021). Vamos conhecer um pouco sobre cada uma dessas redes sociais. O Facebook iniciou no ano de 2003 quando três estudantes de Harvard (Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz e Chris Hughes) criaram uma rede social exclusiva para o campus da Universidade.Mas foi em 2004 que Zuckerberg criou o thefacebook.com, que se tornou o Facebook no ano seguinte. 6 Contudo, no Brasil essa rede chegou apenas em 2007. Atualmente, o Facebook é a maior rede social do mundo, com 2.740 bilhões de usuários (Beling, 2021). Nele, as pessoas criam perfis ou uma fanpage, interagindo por meio de curtidas, mensagens e compartilhamentos de imagens e textos. Segundo seu fundador, o objetivo do Facebook é conectar pessoas, criando um mundo mais transparente. Entre os valores da companhia estão a liberdade de compartilhamento de informações e de conexão, respeito à privacidade dos usuários, liberdade e fluxo livre de informações, igualdade de fundamentos, responsabilidade e transparência. O LinkedIn é uma rede social mais voltada para a vida profissional, tendo mais de 690 milhões de seguidores (Priscila, 2020). Essa grande “amostra” é formada por muitos profissionais, vários deles podem estar ansiosos para compartilhar informações e responder perguntas. Ou seja, a maioria dos participantes do LinkedIn simplesmente deseja ajudar, portanto, é um ótimo lugar para fazer uma pesquisa exploratória (Como Utilizar..., 2021). A Opinion Box, entrevistando 2.196 internautas, descobriu que 22% dos brasileiros acessam o LinkedIn ao menos uma vez por semana. A maior parte dos respondentes (65%) usa o LinkedIn para acompanhar conteúdos que lhe interessam. 54% dessas pessoas afirmam que utilizam a rede para se conectar com empresas e acompanhar seus conteúdos. Assim sendo, explorar o LinkedIn para gerar mais leads e se relacionar com seus consumidores é uma excelente ideia (D'Angelo, 2018). Vamos dar continuidade ao nosso tema falando agora de uma importante rede social que a cada dia ganha mais espaço: o Instagram. TEMA 3 – REDES SOCIAIS – PARTE 2 O Instagram foi criado por Kevin Systrom e por um brasileiro chamado Mike Krieger no ano de 2010. Em 2011, já tinha mais de dez milhões de usuários (e isso que ainda era disponível nessa época apenas para quem tinha celulares da Apple). Em 2012, depois que o Facebook comprou o Instagram por cerca de um bilhão de dólares, ele passou a ser disponibilizado para celulares com outros dispositivos, como o Android. Aqui no Brasil, ela surgiu em 2015, mas a participação dos brasileiros é maior que a média global. Trata-se de uma rede social que permite o compartilhamento de fotos e vídeos, além de ter uma integração com outros aplicativos. Além disso tem várias funcionalidades, como aplicação de filtros nas fotos, o Boomerang, os https://www.oficinadanet.com.br/sobre/fernanda-beling 7 Stories, além das gravações e transmissões de vídeos ao vivo. Atualmente, o Instagram também é um dos principais veículos para a publicidade de empresas no mundo. Atualmente, tem 1.221 bilhão de usuários (Beling, 2021). Para dar conta do crescimento e da intensa atividade, a companhia se baseia em valores como simplicidade, criatividade e privacidade. Ao contrário do que pode parecer, as redes sociais podem ser utilizadas para realizar não somente pesquisas quantitativas, mas também qualitativas. Veja só um exemplo: em 2016, a Dove lançou uma campanha #SpeakBeautiful utilizando pesquisas de mercado nas redes sociais para compilar os dados de que precisava para sua estratégia nas próprias redes sociais. Foram analisados mais de cinco milhões de menções no Twitter, e a empresa descobriu que aproximadamente 80% das usuárias on-line tiveram comentários negativos sobre seu corpo. Na sequência, ela desenvolveu uma das campanhas de marketing on-line mais eficazes do século 21 (Coombs, 2017): • 36% de redução nos comentários de vergonha do corpo no Twitter; • Aumento de 63% nas vendas; • 168.000 menções com a hashtag em um ano. O que Dove e o Twitter usaram a seu favor, as empresas agora estão recorrendo em massa – usando a mídia social para pesquisas de mercado. Vamos, agora, conferir algumas vantagens e desvantagens da pesquisa de mercado em redes sociais (Schermann, 2021): • Preço: sem dúvida, trata-se da forma mais barata de se conseguir dados e informações. A empresa desenvolve um formulário eletrônico (como vimos nas nossas outras aulas) e disponibiliza nas redes sociais; • Velocidade: as pesquisas em redes sociais são muito rápidas, principalmente quando se pede a ajuda das pessoas para compartilhar o link das mesmas. Importante: não esqueça de fazer um texto bem convidativo para instigar as pessoas (certas) a responderem à pesquisa (também já falamos sobre isso nas outras aulas, lembra?); • Facilidade: além de rápido e barato, as pesquisas por link são as mais fáceis de fazer, pois não há necessidade de preparar um mailing ou selecionar o público específico: basta compartilhar o link da pesquisa e aguardar os resultados; https://www.oficinadanet.com.br/sobre/fernanda-beling 8 • Amostra: uma consequência dessa facilidade é justamente a falta de controle sobre a amostra, em que qualquer pessoa que tiver acesso ao link pode responder à pesquisa, independentemente do seu perfil. Uma ideia para reduzir este viés é no texto de chamada deixar bem claro quem pode responder a essa pesquisa, além de incluir dentro do questionário perguntas “filtro”, de modo que se o pesquisador notar que alguém que não era do público respondeu, ele simplesmente pode descartar esse respondente; • Parcialidade: quando a empresa compartilha a pesquisa nas redes sociais, corre o risco de a mesma ser respondida por pessoas que já conhecem a empresa que está realizando a pesquisa, o que pode levar essas pessoas a darem respostas menos imparciais do que os consumidores em geral dariam. Por exemplo, elas podem dar repostas mais positivas do que um outro consumidor daria. Para reduzir isso, é uma boa estratégia divulgar a pesquisa em diferentes grupos, assim, é possível alcançar um público maior. Agora, vamos falar sobre como o neuromarketing e suas pesquisas podem ajudar a entender os consumidores, haja vista que, muitas vezes, esses não revelam o que realmente sentem, seja por não quererem expressar suas opiniões ou por simplesmente não terem consciência real de suas escolhas. TEMA 4 – PESQUISAS EM NEUROMARKETING – PARTE 1 Leitor(a), você já deve ter escutado várias palavras como o prefixo “neuro”: neurolinguística, neurovendas, neurociência, neuromarketing. Isso porque nos últimos anos a neurociência evoluiu e seus conhecimentos estão sendo utilizados em várias áreas. A neurociência é a área que estuda o cérebro, o sistema nervoso e a relação desses com os nossos comportamentos. É por isso que vemos tanta gente interessada em neurociência! Lógico, o marketing também se interessou, pois o cerne da estratégia de marketing é entender o comportamento dos consumidores. Portanto, neuromarketing é uma junção das duas áreas: neurociência e marketing. Trata-se de uma disciplina bem recente (início dos anos 2000). Antigamente, acreditava-se que as decisões dos consumidores eram sempre racionais, no entanto, percebeu-se que isso não é verdade (Genco; Pohlmann, 9 2013). Muitas vezes, nem mesmo os consumidores sabem o porquê de agirem de determinada maneira. Daniel Kahneman (2002), prêmio Nobel de Economia, ao estudar os processos de tomada de decisão, desenvolveu um modelo para explicar como o ser humano toma decisões: o sistema 1 e o sistema 2. O sistema 2 monitora e, às vezes, até se sobrepõe ao sistema 1. Mas esse monitoramento é muito fraco e, frequentemente, o sistema 2 permite que o sistema 1 atue por meio de julgamentos intuitivos, sem fazer muita verificação de erros. Este ponto é fundamental para entendermos como os consumidores decidem. • O sistema 1: age de forma automática e muito rápida, com pouco ou nenhum controle ou percepção. Exemplo: detectar qual objeto está mais próximo; identificar hostilidade na fala de alguém; responder quanto é2 + 2; fazer cara de aversão quando vemos uma imagem chocante (Kahneman, 2012). As decisões do Sistema 1 são espontâneas (pensamentos surgem por si próprios) e sem esforço; • O sistema 2: é acionado de forma consciente e necessita de atenção e concentração nas atividades mentais. Exemplo: colocar o carro em uma vaga apertada; contar o número de letras “a” em um texto; comportar-se de forma adequada em uma situação social (Kahneman, 2012). No sistema 2, nada acontece automaticamente e as operações são mais lentas e requerem esforço mental consciente. Além disso, nessas tomadas de decisões inconscientes, nem sempre as pessoas dizem o que pensam. Por exemplo, muitas vezes em uma pesquisa as pessoas falam aquilo que acham que devem falar por ser mais correto na visão da sociedade ou até porque gostariam que fosse realidade, embora não seja. Um exemplo clássico sobre isso é o case da empresa Frito-Lay, detentora de várias marcas de salgadinhos, entre elas a Cheetos. A empresa queria analisar a eficiência de um novo anúncio. Na peça publicitária, duas mulheres entram em uma lavanderia que tem somente uma máquina de lavar roupas. Uma das mulheres sai na frente e pega a máquina primeiro. A outra, indignada, derruba seu Cheetos dentro da máquina da “rival”, cheia de roupas brancas, sem ela perceber. Primeiramente, a empresa realizou grupos focais em que os participantes afirmaram que detestaram o comercial, pois se tratava de uma atitude mesquinha. Ou seja, segundo esses participantes, a propaganda não faria sucesso (Ariano, 2015). 10 Contudo, a empresa apelou também para o neuromarketing e utilizou o EEG (eletroencefalograma), descobrindo que, na verdade, as mulheres achavam a propaganda muito engraçada, ao contrário do que tinham afirmado no grupo focal. Por fim, a empresa confiou no resultado da neurociência e colocou a propaganda no ar, a qual acabou sendo um sucesso. Ou seja, esse caso ilustra aquilo que comentamos acima: muitas vezes, o que a pessoa fala é diferente do que ela pensa, principalmente em situações em que ela pode ser julgada socialmente. Logo, o objetivo do neuromarketing é entender os processos inconscientes dos consumidores e as suas aplicações em marketing, a fim de explicar motivações, preferências e expectativas do consumidor, tanto para ajudar a prever o seu comportamento como também para avaliar a eficiência das mensagens de Marketing (Lima, 2016). Agora, vamos conhecer algumas técnicas que podem ser utilizadas. TEMA 5 – PESQUISAS EM NEUROMARKETING – PARTE 2 As pesquisas em neuromarketing podem ser divididas em dois grandes grupos: as que usam técnicas de biofeedback (biometria) e analisam as repostas fisiológicas do corpo; e as que utilizam técnicas de neurofeedback – que se preocupam em analisar as reações obtidas diretamente do cérebro (Fidelis, 2015). Vamos primeiramente falar das técnicas biométricas: • Eye-tracking: trata-se de um método que utiliza um óculos especial para analisar o movimento do globo ocular. O indivíduo coloca um óculos com uma câmera que transmitirá os pontos focalizados pela pessoa em um anúncio apresentado ou em um ponto de venda, ou até num site de e- commerce. O óculos também medirá os pontos mais vistos, conhecidos como mapa de calor (figura 2), além de informar qual é a sequência da visualização. Assim, o pesquisador poderá saber as áreas de interesse e o que chama mais atenção (Oda, 2013); • Atividade eletrodérmica: conhecida também como resposta galvânica da pele (Galvanic Skin Response – GSR), mede a condução elétrica na superfície da pele por meio de eletrodos que passam uma pequena quantidade de corrente elétrica pelas pontas dos dedos. Isso porque as glândulas de suor presentes nas mãos e nos pés podem aumentar a produção de suor quando as pessoas são expostas a estímulos 11 psicologicamente relevantes (Oda, 2013). Portanto, medir a condutância da pele é uma forma indireta de quantificar estados de alta relevância emocional (positivos ou negativos). Figura 2 – Uso de eye-tracking Crédito: Monopoly919/Shutterstock. • Variabilidade de frequência cardíaca (VFC): conhecido também como HRV (Heart Rate Variability), trata-se de um sensor de pulso preso nos dedos e conectado a um computador que mostra o ritmo cardíaco. O resultado é um gráfico, em que quanto mais picos e vales, maiores os níveis de estresse e ansiedade. Por sua vez, um gráfico com ondas suaves significa bem-estar e menos estresse. Ainda temos mais métodos, geralmente utilizados junto com o VFC, como o RSA (Respiratory Sinus Arhythmia), que mede a variação da frequência respiratória (Lantyer et al., 2013). Agora, vamos aos métodos de neurofeedback: o PET (Positron Emission Tomography): resulta em imagens da atividade cerebral (não da estrutura do cérebro). A técnica consiste na aplicação de uma substância na artéria carótida, que, por ser parecida com a glicose – principal combustível do cérebro – é 12 absorvida pelos neurônios ativos enquanto o indivíduo está desenvolvendo alguma atividade (falando, lendo ou ouvindo música). Assim, indicam-se as áreas em que o fluxo sanguíneo aumenta durante determinada atividade (Soares Neto; Alexandre, 2007); o SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography): assim como o PET, a SPECT também injeta substâncias para permitir a visualização de mudanças cerebrais. Tais substâncias, quando entram em contato com o cérebro, “marcam” as regiões que estão sendo mais estimuladas. Tanto o PET quanto o SPECT são técnicas invasivas e de alto custo, não sendo utilizadas com frequência para estudos do comportamento do consumidor (Fidelis, 2015); o EGG: conhecido como eletroencefalograma (figura 3), é muito utilizado pelos pesquisadores de neuromarketing. Ele mede as reações cerebrais por meio de ondas elétricas através de eletrodos colocados na cabeça do indivíduo, de modo que se pode medir a amplitude das ondas cerebrais (não é uma técnica invasiva) (Fidelis, 2015); o MEG (Magnetoencephalography): também é uma técnica não invasiva parecida com a EGG, mas em vez de medir os impulsos elétricos produzidos no cérebro, mede os impulsos magnéticos gerados por essa atividade elétrica cerebral (Matos, 2018). 13 Figura 3 – Realização de um eletroencefalograma Crédito: Yakobchuk Viacheslav/Shutterstock. • fMRI (Functional Magnetic Ressonance Imaging): também conhecida como imagem por ressonância magnética funcional (figura 4), é bem comum no neuromarketing (também é um meio não invasivo). Ela analisa o fluxo sanguíneo cerebral, que é maior em áreas com intensa atividade (Soares Neto; Alexandre, 2007). 14 Figura 4 – Equipamento de ressonância magnética Crédito: Stoyan Yotov/Shutterstock. 15 REFERÊNCIAS ARIANO, E. 2015. 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