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Contabilidade de Custos Anita Poerner Daniel Hofer Bastos Julio Ernesto Colla Anita Poerner Daniel Hofer Bastos Julio Ernesto Colla Belo Horizonte Janeiro de 2018 ContABiliDADE DE Custos COPYRIGHT © 2018 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Diretora Ănima Digital Patricia Fumagalli Gerente de Gestão de Conteúdo Carolina Alcântara de Araújo Lopes Ilustração e Capa Alexandre de souza Paz Monsserrate Equipe EaD Conheça o(a) Autor(a) Mestre em Educação e Cultura pela universidade Estadual de santa Catarina (UDESC), especialista em Contabilidade Gerencial e Controladoria pelo Centro Universitário de Jaraguá do Sul (UNERJ), especialista em Docência Inovadora pela SOCIESC (unidade Joinville) e graduada em Ciências Contábeis pela Universidade da Região de Joinville (uniVillE). Professora virtual de cursos de graduação e técnicos com aulas gravadas e aulas ao vivo na modalidade à distância (EAD). Dentre as disciplinas ministradas, destaca- se a administração financeira e tributária, contabilidade, contabilidade comercial, contabilidade de custos, contabilidade gerencial, elaboração das demonstrações contábeis, jogos de empresas, obrigações fiscais, teorias e normas da contabilidade. Produção e revisão de materiais EAD, assim como elaboração de questões de exercícios e provas. Professora de ensino presencial durante 13 anos, modalidades técnico e graduação na UNISOCIESC, nas disciplinas contabilidade, custos e empreendedorismo, como também na Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE), durante 11 anos, na disciplina de custos, nos cursos de administração, comércio exterior e logística. Trabalho em indústria durante 13 anos, nas áreas de custos e finanças. Conheça o(a) Autor(a) Daniel Hofer Bastos Engenheiro Industrial Mecânico. Mestre em Administração e especialista em Administração Financeira, em Gestão de Projetos e em Tecnologia do Ensino Superior. Professor do Centro Universitário UNA nos cursos de pós- graduação lato sensu, graduação e graduação tecnológica. Atua há mais de 20 anos na área acadêmica e há mais de 30 no setor industrial- siderúrgico, passando pela produção, pelo financeiro e pelo comercial. É auditor da Qualidade, sendo certificado pela ABCQ, e Engenheiro da Qualidade pela American Society for Quality. Conheça o(a) Autor(a) Julio Ernesto Colla Doutor em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2014). Mestre em Administração pela Universidade Federal do Paraná (2009). Atualmente é professor do Curso de Administração da UNESPAR, Campus de Paranavaí. Tem experiência em pesquisa em Estratégia, especialmente em empresas familiares de pequeno porte. Apresentação da disciplina VÍDEO Nível de eNsiNo Graduação Carga horária 80h Um bom gestor de custos é com certeza um bom gestor! Vivemos em um ambiente de competição acirrada, no qual as organizações lutam por melhores resultados. Nesse contexto, as empresas precisam contar com colaboradores eficientes e que apresentem um trabalho eficaz – características que se fazem cada vez mais necessárias. A contabilidade é uma ciência que utiliza uma série de técnicas para manter controle permanente do patrimônio da empresa. É uma ferramenta eficiente para gerar informações gerenciais, fiscais, econômicas e financeiras. A disciplina contabilidade de custos tem o objetivo de preparar o docente para atuar e contribuir com as organizações, entendendo os processos, a fim de modelá-los. Além disso, para que se obtenha uma melhor contabilização e determinação dos custos, pretende- se capturar os seus elementos formadores, contribuindo para a construção das competências necessárias ao gestor e também para conhecimentos pessoais. A contabilidade de custos não está presa aos requisitos legais ou fiscais, nem a convenções padronizadas. Dessa forma, um sistema de custos eficiente deve constituir-se em prioridade nas empresas e ter instrumentos que auxiliem os controles e as tomadas de decisões. Para isso, na unidade 1, discorreremos sobre a origem e a evolução da contabilidade de custos, visto que com o surgimento das indústrias no século XVIII, a principal preocupação dos contadores e dos governos foi a de determinar como mensurar os estoques dos produtos fabricados, assim como a forma de apuração do resultado das empresas industriais. Antes dessa época, existia apenas a contabilidade financeira. Naquela época, chegou-se à conclusão que no valor dos estoques deveriam ser incluídos, além dos materiais utilizados para fabricação dos produtos, todos os outros gastos necessários à sua fabricação, como mão de obra, energia elétrica, aluguel da fábrica, depreciação das máquinas utilizadas na produção, entre outros, e assim surgiu a necessidade da utilização da contabilidade de custos, com a finalidade de fornecer aos administradores condições para tomada de decisões. O aparecimento que hoje conhecemos como contabilidade gerencial nada mais é do que um novo ramo da contabilidade de custos, dada sua extensão e evolução, que deixou de se limitar à mera apuração dos valores dos estoques e dos resultados das empresas industriais, passando a ser utilizada como ferramenta para tomada de decisões da alta administração. A contabilidade de custos também pode ser considerada um ramo da contabilidade financeira, visto que a contabilidade financeira engloba todas as outras. Entretanto, quando utilizamos a expressão contabilidade financeira, em geral, estamos excluindo o estudo detalhado da contabilidade de custos, apesar de esta ser parte daquela. na unidade 2, estudaremos conceitos básicos utilizados na contabilidade de custos, e as principais terminologias, como gastos, desembolsos, investimentos, custos, despesas, perdas, desperdícios, custos diretos, indiretos, custo primário, fixos e variáveis, custo de oportunidade, como também fórmulas para apuração dos custos. Para o controle contínuo ao longo do período de produção dos estoques, conheceremos na unidade 3 os critérios de avaliação mais usados, que são: PEPS, UEPS e custo médio. Nível de eNsiNo Graduação Carga horária 80h Dando sequência, na unidade 4, estudaremos critérios de rateio dos custos indiretos de fabricação aos diversos produtos fabricados, visto que esses custos são primeiramente rateados aos departamentos, para depois serem distribuídos aos produtos. na unidade 5, entenderemos também o sistema de custeio por absorção e o sistema variável. O sistema de custeio por absorção é aquele utilizado para fins de escrituração contábil. É também chamado de custeio pleno, pois por esse sistema são absorvidos todos os custos de produção, sejam fixos ou variáveis. O sistema de custeio variável considera como custos dos produtos fabricados somente os variáveis. Os custos fixos, juntamente com as despesas fixas, são tratados como despesas operacionais e apropriados ao resultado, independentemente da venda dos produtos. Estudando o custeio ABC na unidade 6, perceberemos que é um sistema mais preciso de se apropriar dos custos indiretos aos produtos fabricados, por meio da identificação das atividades dentro de cada departamento que se relacionam de alguma forma na fabricação de cada produto. Em relação aos custos de material e mão de obra, na unidade 7, vamos conhecer e saber calcular os custos dos materiais diretos e indiretos, bem como os custos da mão de obra direta e indireta. na unidade 8, será abordada a produção por ordem ou encomenda,que ocorre quando a empresa programa sua atividade produtiva a partir de encomendas específicas de cada cliente. Ao final das unidades, você irá conhecer a evolução da contabilidade, custos, conceitos e nomenclaturas, saber identificar os componentes do custo, conhecer os critérios de avaliação dos estoques, o rateio dos custos indiretos de fabricação, os métodos de custeio, custo dos materiais e da mão de obra, como também de produção por encomenda. Assim, estará apto a compreender os custos dos produtos e sua alocação dentro do contexto empresarial Nível de eNsiNo Graduação Carga horária 80h de forma adequada, com a finalidade de atuar no planejamento da organização e na melhoria dos seus resultados. De forma geral, pretende-se abordar os conteúdos com linguagem acessível e cotidiana, a fim de demonstrar a importância do estudo da contabilidade de custos para o leitor, tornando o estudo mais atrativo e conectado com o dia a dia do docente e com o contexto atual das empresas contemporâneas. Nível de eNsiNo Graduação Carga horária 80h UNIDADE 1 .................................................................................................................. 003 Introdução à contabilidade de custos ��������������������������������������������������������������������������004 Introdução à contabilidade de custos ��������������������������������������������������������������������������005 Relações entre contabilidade financeira, de custos e gerencial ��������������������������019 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������029 UNIDADE 2 .................................................................................................................. 031 Conceitos básicos da contabilidade de custos ���������������������������������������������������������032 Conceitos de custos �����������������������������������������������������������������������������������������������������������033 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������058 UNIDADE 3 .................................................................................................................. 060 Critérios na avaliação dos estoques �����������������������������������������������������������������������������061 Princípios da avaliação dos estoques ��������������������������������������������������������������������������063 PEPs – Primeiro que entra, primeiro que sai �������������������������������������������������������������069 uEPs – Último que entra, primeiro que sai �����������������������������������������������������������������069 Custo médio ponderado ����������������������������������������������������������������������������������������������������070 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������082 UNIDADE 4 .................................................................................................................. 084 Critérios de rateio ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������� 085 Rateio dos custos por departamento �������������������������������������������������������������������������� 086 Impacto da inconsistência dos critérios de rateio �������������������������������������������������� 105 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������113 UNIDADE 5 .................................................................................................................. 114 Métodos de custeio ���������������������������������������������������������������������������������������������������������� 115 o método de custeio por absorção �������������������������������������������������������������������������������118 o método de custeio variável ������������������������������������������������������������������������������������������122 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������133 Referências ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������135 UNIDADE 6 .................................................................................................................. 137 Custeio baseado por atividades (ABC) ������������������������������������������������������������������������ 138 Conceitos básicos do custeio baseado por atividade ��������������������������������������������140 Aplicação do custeio ABC �������������������������������������������������������������������������������������������������146 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������156 Referências ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������159 UNIDADE 7 .................................................................................................................. 163 Custos de material e mão de obra �������������������������������������������������������������������������������� 164 Considerações sobre o custo de materiais diretos ��������������������������������������������������165 Considerações sobre os custos de mão de obra������������������������������������������������������174 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������183 Referências ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������186 UNIDADE 8 .................................................................................................................. 189 Produção por ordem ou encomenda �������������������������������������������������������������������������� 190 Conceitos básicos de produção por ordem ou encomenda ���������������������������������192 Encomendas de longo prazo �������������������������������������������������������������������������������������������200 Critérios de contabilização da produção ordem de encomenda ������������������������205 Revisão ������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������210 Referências ����������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������212 • Introdução à contabilidade de custos • Relações entre contabilidade financeira, de custos e gerencial • Revisão Introdução à contabilidade de custos Nesta unidade, abordaremos a evolução da contabilidade desde os primórdios do mercantilismo até os dias atuais. Veremos que, nas grandes corporações, os gestores se afastaram do processo produtivo e do chão de fábrica, mas não se afastaram do controle das organizações. Conheceremos a relação entre a contabilidade financeira, de custos e gerencial. Identificaremos também alguns controles e algumas análises disponibilizadas pela contabilidade gerencial e de custos que auxiliam o processo decisório e desempenham um papel fundamental como ferramentas de gestão. Contabilidade de Custos unidade 1 005 O processo administrativo é um processo decisório por natureza. Constantemente, o gestor é abordado por pares ou subordinados que levam alguma questão a ele e aguardam ansiosamente pela resposta – que esteja, de preferência, na ponta da língua do administrador e seja certeira para solucionar definitivamente o problema apresentado. Sabe-se, no entanto, que o ser humano tem capacidade limitada para tomar decisões. Por mais inteligente ou cultoque ele seja, a sua capacidade cerebral para o processamento das informações é limitada, embora, em contrapartida, a quantidade de informação e dados disponíveis à humanidade hoje seja gigantesca. Assim, quanto mais ferramentas o gestor tiver disponível para associar dados, gerando informações de qualidade para que o auxiliem nas tomadas de decisão, mais efetivo será o resultado da sua sentença. A contabilidade de custos tenta cumprir esse papel de auxiliadora do processo de gestão, munindo o administrador com ferramentas capazes de processar previamente dados e informações, a fim de descomplicar o processo administrativo. Nesta unidade, abordaremos a evolução da contabilidade desde os primórdios do mercantilismo até os dias atuais. Veremos que, nas grandes corporações, os gestores se afastaram do processo produtivo e do chão de fábrica, mas não se afastaram do controle das organizações. Conheceremos a relação entre a contabilidade financeira, de custos e gerencial. Identificaremos também alguns controles e algumas análises disponibilizadas pela contabilidade gerencial e de custos Introdução à contabilidade de custos Contabilidade de Custos unidade 1 006 que auxiliam o processo decisório e desempenham um papel fundamental como ferramentas de gestão. Evolução da contabilidade Não se sabe ao certo em que época se deu o uso da contabilidade. Alguns autores relatam sua utilização já na civilização egípcia – época em que a humanidade sequer sonhava com o atual patamar de desenvolvimento. Com o progresso do mercantilismo, os comerciantes necessitavam controlar minimamente seu desempenho, como demonstra MARTINS (2010). A partir de registros simplificados, como estoques iniciais, compras e estoques finais, conseguiam identificar o custo das mercadorias vendidas, que podem ser demonstradas na tabela apresentada a seguir. TABELA 1 - Cálculo do custo das mercadorias vendidas - Simplificado Fonte: MARTINS, 2010 p.19. (Adaptado). Veja: A tabela é organizada em 3 colunas e 4 linhas. Na 1ª linha, temos o valor dos estoques iniciais de R$ 2.000,00, na 2ª linha, o valor das compras de mercadorias de R$ 3.000,00, na 3ª linha, o valor dos estoques finais de R$ 4.000,00 e, na 4ª linha, o valor do custo das mercadorias vendidas. Importante: Para encontrar o resultado (valor do custo das mercadorias vendidas), devemos observar os sinais de adição e de subtração da 1ª coluna da tabela. Então: Estoques iniciais R$ 2.000,00 + compra de mercadorias R$ 3.000,00 – estoques finais R$ 4.000,00 = custo das mercadorias R$ 1.000,00. Contabilidade de Custos unidade 1 007 O total é chamado de custo das mercadorias vendidas, na 4ª linha, que corresponde a R$ 1.000,00. Segundo Martins (2003, p. 19-20), na era mercantilista, a contabilidade financeira estava bem estruturada para atender às empresas comerciais, pois até a revolução industrial, ela apurava o custo das vendas mediante o levantamento físico dos estoques, já que a sua medida em valores monetários era extremamente simples: verificava-se o montante pago pelo item estocado e, dessa maneira, valorava as mercadorias. Ao fazer o cálculo basicamente por diferença, computar o quanto possuía de estoques iniciais, adicionar as compras do período e comparar com o que ainda restava, apurava o valor de aquisição das mercadorias vendidas, na clássica disposição: CMV = EI + compras – EF Em que: CMV = Custo das mercadorias vendidas EF = Estoque final Confrontando o custo com as receitas auferidas na venda dos produtos, obtinham a informação do resultado, lucro ou prejuízo, que simplificadamente nada mais é do que uma demonstração de resultado auferido. TABELA 2 - Demonstração do resultado do exercício (DRE) - Simplificada Fonte: MARTINS, 2010 p.20. (Adaptado). Contabilidade de Custos unidade 1 008 Veja: A tabela é organizada em 3 colunas e 7 linhas. Na 1ª linha, temos o valor da venda das mercadorias de R$ 6.000,00, na 2ª linha, o valor do custo das mercadorias vendidas de R$ 1.000,00, na 3ª linh,a o valor do lucro bruto apurado de R$ 5.000,00. Na 5ª, o valor das despesas comerciais de R$ 1.000,00, na 6ª linha, o valor das despesas administrativas de R$ 500,00, na 7ª linha, o valor das despesas financeiras de R$ 500,00, por último, na 8ª linha, o valor do resultado de R$ 3.000,00. Importante: Para encontrar o resultado (valor do lucro ou prejuízo), devemos observar os sinais de subtração e de igualdade da 1ª coluna da tabela. Então: Venda de mercadorias R$ 6.000,00 – custo das mercadorias vendidas – R$ 1.000,00 = Lucro bruto R$ 5.000,00 Agora, do lucro bruto de R$ 5.000,00, vamos subtrair o valor das despesas comerciais R$ 1.000,00 – despesas administrativas R$ 500,00 – despesas financeiras R$ 500,00 e, assim, encontraremos o resultado de R$ 3.000,00. OBS.: Como o resultado apurado é positivo, significa que a empresa obteve lucro de R$ 3.000,00. Como demonstrado, o resultado era obtido subtraindo-se o custo das mercadorias vendidas, da receita obtida pela empresa. Do lucro bruto, eram deduzidas as despesas incorridas com o funcionamento da empresa. Naquela época, o mercador conhecia o preço do produto, porque o adquiria diretamente do artesão. Assim, o fornecedor estabelecia o preço e o mercador o contabilizava como mercadoria adquirida. Isso ainda ocorre na atualidade, nas empresas comerciais, por exemplo. Nas lojas do comércio de varejo, os lojistas adquirem produtos industrializados para sua comercialização no varejo por um Contabilidade de Custos unidade 1 009 preço que o produtor tenha estabelecido. Esse valor é reconhecido pelo lojista como sendo o custo da mercadoria a ser vendida ou simplesmente o custo da mercadoria vendida (CMV). Vamos praticar? A empresa comercial “Vende Bem” adquiriu mercadorias no valor de R$ 10.000,00, tinha em seu estoque mercadorias no valor de R$ 2.000,00 e em seu estoque final R$ 7.000,00. O valor das despesas operacionais foi de R$ 500,00. Durante o mês, vendeu R$ 9.000,00. Pede-se: Calcular o valor do custo das mercadorias vendidas e apurar o lucro do período. Resolução: 1º Passo: Calcular o valor do custo das mercadorias vendidas (CMV) CMV = EI + compras – EF CMV = R$ 2.000,00 + R$ 10.000,00 – R$ 7.000,00 = R$ 5.000,00 2º Passo: Como já conhecemos o valor do CMV, vamos calcular o valor do lucro do período. Apuração do Lucro Receita de Vendas R$ 9.000,00 ( - ) CMV R$ 5.000,00 ( - ) Despesas operacionais R$ 500,00 = Lucro do período R$ 3.500,00 Respostas CMV = R$ 5.000,00 Lucro do período = R$ 3.500,00 Contabilidade de Custos unidade 1 010 Com o enriquecimento dos mercadores e com o aumento da demanda por produtos, principalmente no final do século XVIII, época do advento da Revolução Industrial, esses comerciantes iniciaram um movimento cuja finalidade era produzir o próprio produto e não mais comprá-lo pronto. Assim foram surgindo as primeiras fábricas, e os artesões acabaram por trabalhar nesses ambientes em troca do salário. Em decorrência dessa migração, o produto que antes era adquirido pronto e por um preço determinado passou a ser fabricado, desencadeando o problema de valoração: como determinar o valor de um produto que agora não se adquire mais pronto? O antigo mercador, agora industriário, compra matéria-prima, contrata mão de obra, adquire máquinas – enfim, investe na fábrica. Ele deve considerar todos esses gastos na composição do custo do produto, tornando agora a contabilização uma tarefa mais complexa. A contabilidade de custos surgiu na revolução industrial, em que, com o surgimento das indústrias, foi necessário determinar os custos dos produtos produzidos. Anterior a este período, os produtos eram feitos pelos próprios artesãos e as empresas eram comerciais, com isso, a contabilidade de custos era utilizada somente para avaliaro patrimônio e apurar o resultado do período (BÓRNIA, 2009, p.12). As empresas, com a utilização de máquinas, passaram a produzir em grande quantidade e na apuração do custo dos produtos vendidos deveriam adicionar todos os elementos utilizados na fabricação dos produtos. Basicamente, os elementos formadores do custo industrial são: • Material direto aplicado, por exemplo, a matéria-prima. • Mão de obra direta empregada para a fabricação dos produtos, que é aquela aplicada pelos funcionários que trabalham diretamente na fabricação dos produtos. Contabilidade de Custos unidade 1 011 • Custos indiretos de fabricação, por exemplo, aluguel de fábrica, depreciação das máquinas utilizadas na fábrica, seguro da fábrica, manutenção e limpeza da fábrica, entre outros. Para fabricar 10.000 unidades do produto “A” em um determinado mês, foram apurados os seguintes gastos: Materiais diretos aplicados: R$ 2.800,00 Mão de obra direta: R$ 2.300,00 Custos indiretos de fabricação: R$ 1.400,00 Como será calculado o custo de produção, também chamado de custo de fabricação? Resposta: Vamos somar os três elementos formadores do custo industrial: Materiais diretos aplicados R$ 2.800,00 + mão de obra direta R$ 2.300,00 + custos indiretos de fabricação R$ 1.400,00 = R$ 6.500,00 (O valor apurado é o total do custo de produção ou fabricação). Se queremos saber o valor unitário, basta fazer o seguinte: Valor total R$ 6.500,00 dividir pela quantidade produzida de 10.000 unidades = R$ 0,65 unitário. Supondo que fossem vendidas 7.500 unidades do produto “A”, o custo dos produtos vendidos (CPV) seria de: CPV = Valor unitário R$ 0,65 multiplicado pela quantidade vendida de 7.500 unidades = 4.875,00 Objetivos da contabilidade de custos De acordo com Crepaldi (2018, p. 2-3), a contabilidade de custos surgiu da necessidade de se conhecerem os custos dos produtos Contabilidade de Custos unidade 1 012 para avaliar estoques e apurar o resultado das indústrias, tornando-se esse o seu principal objetivo. Tornou-se cada vez mais importante, principalmente para tomada de decisões na área gerencial, em função das complexidades enfrentadas pelas empresas, sendo utilizada no controle dos custos, no planejamento e também para atender as exigências fiscais e legais. Com a utilização da contabilidade de custos, a empresa tem a possibilidade de: • No caso de empresas comerciais, apurar o custo das mercadorias vendidas (CMV); no caso de indústrias, apurar o valor do custo dos produtos vendidos; e, sendo prestadora de serviços, apurar o custo dos serviços prestados. • Avaliar estoques. • Acompanhar gastos ocorridos e compará-los com valores anteriormente definidos. • Calcular preços de vendas de acordo com o mercado em que atua. • Reduzir custos. • Apurar resultados. • Conhecer a lucratividade dos produtos. • Calcular ponto de equilíbrio, entre outros. Conceito de contabilidade de custos Segundo Crepaldi (2018, p. 3), a contabilidade de custos é uma técnica utilizada para identificar, mensurar e informar os custos dos produtos e/ou serviços. Tem a função de gerar informações precisas e rápidas para a administração, para a tomada de decisão. É voltada para a análise de gastos da entidade no decorrer de suas operações. Planeja, Contabilidade de Custos unidade 1 013 classifica, aloca, acumula, organiza, registra, analisa, interpreta e relata os custos dos produtos fabricados e vendidos. Para ilustrar a evolução da contabilidade de custos, assim como seus objetivos e conceito, desenvolvemos um texto que permite identificar as diversas fases de uma organização e como essas mudanças interferem nos mecanismos de controle. “Evolução da Contabilidade” Videoaula o Castelo dos Bolos FIGURA 1 – Bolo caseiro Fonte: Acervo institucional. https://player.vimeo.com/video/146764457 Contabilidade de Custos unidade 1 014 Claudia sempre gostou de fazer bolos caseiros, mas a “arte” da sua culinária era aplicada especificamente para sua família. Entre os afazeres domésticos, realizava um trabalho, em período parcial, em uma entidade de origem japonesa, ensinando algumas disciplinas para crianças e adultos. Mas, com o objetivo de aumentar sua renda, Claudia resolveu investir em suas habilidades culinárias: começou a produzir bolos para venda, dedicando-se à produção dos sabores dos quais gostava, acreditando que os outros também poderiam gostar. No início, as vendas se limitavam ao edifício onde morava e ao ambiente de trabalho do esposo. Os colegas dele sempre elogiavam os produtos, inclusive por terem sido feitos com métodos absolutamente artesanais. Na busca de novos consumidores, ela e o marido fizeram uma pesquisa em alguns empórios localizados próximos à residência deles. Queriam saber se algum teria interesse em adquirir os bolos. A resposta foi positiva, fazendo com que a produção aumentasse, concentrando os pedidos no início e no fim da semana, mais especificamente às segundas e sextas- feiras. Mais adiante, consultando mais comércios, conseguiram algumas encomendas para as terças e quartas também. No entanto, o tempo foi passando e Cláudia se viu limitada ao atendimento dos pedidos. Trabalhando sozinha, conseguia atender a uma demanda de 50 bolos semanais. Seus produtos eram realmente de qualidade e, por isso, a demanda só crescia. Então, com o intuito de aumentar o seu faturamento, decidiu contratar uma assistente, a Daisy. A nova assistente não tinha prática nenhuma na arte de produzir bolos caseiros. Por conta disso, Claudia atribuiu-lhe a função de preparar as formas, separar os ingredientes e embalar os bolos prontos, enquanto ela mesma preparava as misturas, desenformava os bolos prontos e fazia as entregas. Esse ajuste foi suficiente para que a pequena fábrica elevasse a produção para quase o dobro. Contabilidade de Custos unidade 1 015 FIGURA 2 – Separação dos ingredientes Fonte: Acervo institucional. Com o negócio indo bem, o marido decidiu investir um pouco mais: produziu cartões de visita e folders para que fossem distribuídos em toda a região do bairro onde residiam, que era de classe média alta. Acreditava que ali a demanda pelos bolos caseiros seria elevada, uma vez que seus moradores pareciam ser pessoas preocupadas com a saúde, que valorizavam produtos de qualidade. E ele não estava enganado. As vendas foram aumentando de tal forma que, juntamente com a esposa, decidiu abrir o próprio empório. Foi preciso, para isso, contratar três novos funcionários, mas, dessa vez, optou por escolher alunos egressos de cursos de confeitaria, para poder inclusive diversificar sua produção para bolos confeitados. Satisfeitos com o empreendimento, Claudia e o marido foram, um dia, surpreendidos com o desfecho de uma solicitação recebida. O pedido realizado por uma empresa, que desejaria oferecer um café da manhã para os seus funcionários, não foi atendido. O motivo foi a falta de coordenação entre os funcionários. A partir desse momento, Cláudia passou a se ocupar em anotar os pedidos e controlar a entrega, nomeando Daisy a chefe da produção. Contabilidade de Custos unidade 1 016 FIGURA 3 – Controle de produção Fonte: Acervo institucional. Mas esse imprevisto não apagou a qualidade do trabalho de Claudia e de seu marido. As vendas continuavam a aumentar e, como não gostavam de perder oportunidades, resolveram abrir mais uma loja, em outro bairro. Resolveram também que cada loja produziria os próprios bolos. Só que, com o passar do tempo, começaram a surgir relatos de fregueses dizendo que os bolos da segunda loja não tinham a mesma qualidade dos da primeira. Isso lhes trouxe uma preocupação enorme, levando- os a buscarem orientação com um consultor. Esse profissional sugeriu a contratação, mesmo que temporária, de um técnico em processos, que pudesse elaborar normas e procedimentos, a fim de garantir a padronizaçãoentre os produtos das duas lojas. Claudia, nessa etapa do processo, praticamente se ocupava em fechar novos negócios, enquanto o seu marido havia deixado o emprego formal para auxiliar a esposa mais de perto, uma vez que o empreendimento dela havia dado tão certo. Com dois anos após a abertura da segunda loja, já estavam no nono estabelecimento e a empresa já contava com cinquenta e cinco funcionários. Começaram então a preparar a empresa para um processo de expansão ainda maior: instalar lojas próprias em todo o estado. Para isso, contrataram uma empresa especializada nesse tipo de estratégia e com pouco mais de seis anos de existência, estavam em funcionamento mais de 130 lojas, com um faturamento anual de R$ 14.000.000 aproximadamente. Seu Contabilidade de Custos unidade 1 017 quadro total de funcionários já somava mil empregados, tornando-se a maior empresa do ramo de bolos caseiros do estado. FIGURA 4 - Vitrine de bolos Fonte: Acervo institucional. O exemplo acima é uma ficção, mas as situações relatadas são passíveis de ocorrer em várias empresas. De acordo com o exemplo, a farinha de trigo é a matéria-prima, visto que entra em maior quantidade na fabricação dos bolos. Ovos, açúcar, manteiga, fermento, entre outros, podem ser considerados materiais secundários diretos. Em decorrência do exposto, podemos dizer que os componentes dos custos dos bolos são as matérias-primas, a mão de obra direta e os custos indiretos de fabricação, ou seja, nada mais é do que o custo de produção ou fabricação. O que queremos salientar é a necessidade de evolução dos controles e dos métodos de gestão disponíveis, por exemplo, dos controles contábeis financeiros para que o administrador, mesmo com sua capacidade limitada de processamento das informações, mas com necessidade cada vez maior de velocidade de tomada de decisão acertada, possa fazer as melhores escolhas para o seu negócio. Contabilidade de Custos unidade 1 018 Grandes corporações, como a General Motors (GM), Hewlett Packard (HP), Apple, possuem unidades localizadas em muitos países. Por esse motivo, os gestores corporativos que, em muitos casos, estão distantes do processo produtivo (chão de fábrica), necessitam de recursos que facilitem o gerenciamento à distância, permitindo-os avaliar os resultados por região, setor, gerência, dotando-os de recursos para medir a eficiência, cobrar e/ou premiar o desempenho de cada sítio. Da mesma forma, com o atual desenvolvimento dos mercados e da possibilidade de as pessoas físicas exercerem participação acionária em empresas, os detentores de capital, mesmo que não tenham o menor conhecimento sobre determinados setores industriais (e principalmente por isso), muitas vezes requerem informações sobre questões como o desempenho da organização de seu interesse e a distribuição de dividendos. Muitas vezes, tais informações têm caráter financeiro. Os empregados, também com os atuais programas de participação nos lucros e resultados muito difundidos nas empresas mais modernas, acabam por despertar maior interesse sobre o desempenho organizacional, visando ao fruto que por ventura colherão quando houver um melhor resultado apresentado pela organização. O próprio governo é parte interessada nos resultados das organizações, uma vez que o recolhimento de tributos e impostos sobre vendas é fonte de arrecadação para as diversas esferas administrativas. Podemos perceber, a partir dos exemplos citados, que existem vários e distintos clientes interessados nas informações financeiras/operacionais das empresas, seja para o interesse em investimento, seja para obter algum rendimento a partir de sua atividade econômica. Contabilidade de Custos unidade 1 019 Relações entre contabilidade financeira, de custos e gerencial Para entendermos melhor a distinção entre as áreas financeira, de custos e gerencial, devemos pensar que essas três dimensões não representam disciplinas distintas e são apenas enfoques diferentes dados à contabilidade. Nesse contexto, a contabilidade financeira é obrigatória, legal e com objetivos nitidamente claros, como: controlar o patrimônio das empresas e apurar o resultado (variação do patrimônio). Assim, a contabilidade financeira presta informações a usuários externos que tenham interesse em acompanhar a evolução da empresa. Seu objetivo maior está associado ao passado e seus atos e práticas são estabelecidos por meio de princípios e regras normativas. Exemplo: Entidade financeira que irá conceder empréstimos ou qualquer pessoa que deseja adquirir ações da empresa. na contabilidade de custos, a questão está na avaliação de estoque, pela apuração dos gastos incorridos na empresa, ou seja, mensura e avalia custos de acordo com os princípios de competência. Engloba técnicas de contabilidade geral e outras técnicas extra contábeis para o registro, organização, análise e interpretação dos dados relacionados à produção ou à prestação de serviços, podendo ser aplicada igualmente como detalhe da contabilidade industrial, bancária, de transportes, entre outras. A contabilidade de custos centra sua atenção no estudo da composição e no cálculo dos custos, também observa o resultado dos centros ou dos agentes do processo produtivo. A contabilidade de custos tem como característica ser de caráter interno. Fornece os dados detalhados Contabilidade de Custos unidade 1 020 sobre custos que a gestão precisa para controlar as operações atuais e planejar para o futuro. A contabilidade de custos fornece as informações que permitem à gerência alocar recursos para as áreas mais eficientes e rentáveis da operação. Já a contabilidade gerencial, voltada para o fornecimento de informações relevantes ao processo de tomada de decisões, se preocupa especificamente com a forma como as informações sobre custos e outras informações financeiras e não-financeiras devem ser usadas para o planejamento, controle e tomada de decisão Figura 3 - As diferentes contabilidades e os custos Fonte: Adaptada do livro “Gestão de custos e formação de preços com aplicação na calculadora HP 12C e Excel, 2007, p. 20 De acordo com o que mostra a figura, a contabilidade de custos encontra-se entre a contabilidade financeira e a contabilidade gerencial. Isso significa que deverá atender às normas legais da contabilidade financeira e, em outras ocasiões, deverá atender à demanda de informações que suportem o processo de tomada de decisões, cuja responsabilidade é da contabilidade gerencial. O quadro a seguir apresenta as principais características da contabilidade financeira e gerencial. Contabilidade de Custos unidade 1 021 QUADRO 1 – Características dos tipos de contabilidade Fonte: DUBOIS et. al., 2006, p. 11. A importância da contabilidade gerencial Para as empresas com fins lucrativos, um dos principais objetivos, se não for o principal, é a obtenção de lucro. Conforme demonstrado na figura abaixo, tanto nas empresas comerciais, industriais, quanto nas de prestação de serviço, um dos relatórios mais avaliados é a demonstração do resultado do exercício (DRE). Seu valor é encontrado a partir da dedução dos custos calculados da receita auferida nas vendas dos produtos ou serviços. Contabilidade de Custos unidade 1 022 TABELA 3 - Demonstração do resultado do exercício (DRE) da empresa Alfa Fonte: Elaborado pela autora. Como constatado no demonstrativo de resultado do exercício (DRE) no Ano X e Ano X1, podemos fazer análise baseada na evolução dos saldos das contas ano após ano. O objetivo é evidenciar o crescimento ou a redução ao longo do tempo da sua empresa. Para fazer essa análise, basta comparar os mesmos elementos patrimoniais, porém em diferentes épocas. Um indicador bastante utilizado é conhecido como retorno sobre as vendas. Você consegue com ele o percentual de faturamento realizado e que setornou resultado (lucro). Retorno sobre vendas = Lucro (resultado) / Vendas x 100 Ano X Retorno sobre vendas = Lucro (resultado) / Vendas x 100 Retorno sobre vendas = R$ 2.000,00 / R$ 10.000,00 x 100 = 20,00% Ano X1 Retorno sobre vendas = Lucro (resultado) / Vendas x 100 Retorno sobre vendas = R$ 2.200,00 / R$ 12.000,00 x 100 = 18,33% Por meio dessa simples análise, percebemos que houve um ligeiro declínio no percentual do lucro no ano X1. Contabilidade de Custos unidade 1 023 Neste caso, os gestores devem ficar atentos e procurar fazer outras análises em busca de resposta para esta diminuição e solução para aumentar o resultado da empresa. Além do objetivo de determinar o resultado (lucro/prejuízo), outros também são apontados por Meglirioni (2012). Veja a lista abaixo. • Computar o custo dos insumos e materiais utilizados no processo produtivo. • Calcular o custo dos diversos setores que integram a empresa. • Reduzir o custo dos insumos aplicados na produção ou das diversas áreas que compõem a empresa. • Gerenciar operações e atividades. • Auxiliar as tomadas de decisão (inclusive em questões especiais) quanto à gestão. • Construir orçamentos. • Resolver questões relacionadas ao preço de venda. • Calcular a contribuição de cada produto para a lucratividade da empresa. • Determinar o preço mínimo dos produtos em condições especiais. • Alcançar o patamar mínimo do ritmo de produção, para que a empresa possa ser viável. • Gerir custos. Diante dessas informações, a contabilidade gerencial tem como objetivo chegar a um controle eficaz a fim de permitir a alta administração ter conhecimento dos fatos administrativos e de seus resultados para tomada de decisões assertivas. Contabilidade de Custos unidade 1 024 Algumas análises preliminares da contabilidade de custos Já dissemos anteriormente que um bom gestor de custos é um bom gestor. Tentaremos agora descrever alguns recursos e mecanismos muito utilizados nas empresas mais organizadas, que muito auxiliam o gestor no dia a dia do processo administrativo. Uma organização pode ter sua constituição mais simplificada ou mais complexa, dependendo do seu porte, mesmo as mais simplificadas necessitam do mínimo de controle de custo, para que o gestor possa administrar o seu desempenho. Como a contabilidade de custos poderia auxiliar cada gestor no alcance do resultado esperado? A resposta pode ser: fornecendo informações para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras previsões, visto ser efetiva para comparar e auxiliar a tomada de decisões, como lançar novos produtos ou cortar produtos já existentes, analisar preços de vendas, manter estoque ou não, contratar ou demitir funcionários, entre outros. Para melhor compreensão, vamos explicar orçamento empresarial na gestão de custos. Normalmente, nas empresas mais organizadas, no segundo semestre de cada ano, concentram-se, além das atividades de rotina, em uma em especial, que consome muito recurso de planejamento. Trata-se da construção do orçamento empresarial. O orçamento, em uma visão simplificada, é um planejamento futuro que envolve toda a organização de forma a quantificar as ações futuras. Contabilidade de Custos unidade 1 025 Para que o orçamento aconteça, uma série de tarefas deve ser cumprida. As áreas de estratégia de negócios, por exemplo, devem construir e avaliar cenários econômicos e de mercado do setor em que a empresa atua, para desenhar o ambiente em que a organização irá operar. Esse desenho normalmente leva em consideração um cenário mais pessimista, um mais provável e um outro mais otimista. Nesse ponto, uma informação crucial seria o nível de demanda por produtos ou serviços dessa empresa em cada um dos cenários. Após essa fase, a área comercial, a partir da demanda projetada, pode determinar, com maior probabilidade de acerto, e a partir de dados históricos de participação de mercado, que a organização já possui um volume de vendas também projetado para cada um dos cenários. Em uma nova etapa, as áreas de planejamento da produção, juntamente com as áreas produtivas ou de prestação de serviço, a partir da sua estrutura e capacidade, podem calcular os volumes a serem ofertados de produtos e serviços. Por sua vez, as áreas de apoio, tais como suprimentos, manutenção etc., podem determinar, para os volumes de produção e venda planejados, as quantidades de compra de matéria-prima, necessidade de contração de mão de obra ou serviços de terceiros, necessidade de períodos de parada de equipamentos para manutenção, enfim, uma série de atividades paralelas necessárias para que o processo produtivo ocorra. Posteriormente a essas etapas, o fechamento do orçamento é costurado pelo setor financeiro, que quantificará financeiramente todos os custos envolvidos na operação da empresa e determinará o custo dos produtos vendidos ou serviços prestados. E, além disso, o que nos interessa realmente: quantificar quanto cada setor da empresa terá de previsão de gastos para conseguir concluir suas atividades no próximo ano. Contabilidade de Custos unidade 1 026 A área financeira, na maior parte das empresas, após a conclusão da fase de orçamento, já tem à disposição de cada gestor um relatório com a previsão do tipo de gasto e do que poderá ser utilizado. Além disso, acompanhará, mês a mês, a partir de reuniões formais, a evolução dos gastos realizados contra os gastos previstos. “Relacionamento entre a contabilidade de custos e a gestão” Videoaula Um modelo de relatório é apresentado no quadro a seguir. QUADRO 2 – Modelo de relatório de acompanhamento de custos Fonte: Elaborado pelo autor. Serviços Imaginemos que o relatório da tabela anterior se refira ao mês de março do ano X, conforme previsto no orçamento feito a partir do planejamento que o próprio gestor de manutenção ajudou a construir. Na época em que o orçamento estava sendo construído, esse gestor já sabia do plano de produção da empresa e do plano de manutenção dos equipamentos, bem como foi informado do quadro efetivo com o qual iria contar durante o ano do exercício X. Disso conclui-se que o orçamento do mês de março foi construído em condições normais. https://player.vimeo.com/video/146764452 Contabilidade de Custos unidade 1 027 O ano efetivamente começou e o mês de março já foi finalizado. No início do mês de abril, quando todos os dados de produção e consumo do mês de março já estão apurados, o setor financeiro constrói o referido relatório, que demonstra para cada grupo de contas o plano de contas da empresa, o que estava previsto para ser gasto, se tudo ocorresse como o previsto e, em uma coluna adjacente, o gasto que foi efetivamente realizado, com as respectivas variações em R$ e em %. A partir desse relatório, o gestor pode analisar o que ocorreu em termos de variação em relação ao previsto e realizar as atividades administrativas. Observa-se, por exemplo, uma variação negativa extremamente elevada na conta de energia elétrica do setor de manutenção. Isso deve chamar a atenção do gestor para avaliar o que teria provocado um consumo tão mais elevado do que foi planejado. Será que algum equipamento necessita de manutenção? Será que os funcionários precisam ser alertados/treinados para o desligamento das lâmpadas se os ambientes estão desocupados? Será que há necessidade de investimento em novos equipamentos mais eficientes energeticamente? Da mesma forma, existe uma variação positiva de 10% na conta de materiais elétricos, isto é, estava previsto um gasto desse tipo que não foi realizado – será que o orçamento foi superdimensionado? Esse tipo de relatório pode ser acompanhado pelo gestor da área em questão (manutenção), para direcionar as ações administrativas aos seus subordinados, ou pelo gestor principal da organização, que pode solicitar a cada gestor de áreas específicasações administrativas o controle dos custos que ao final culminarão na apuração do resultado de toda a empresa. É possível identificar, por exemplo, que análises suportadas por relatórios relativamente simples auxiliam o atingimento dos objetivos já mencionados anteriormente, como: Contabilidade de Custos unidade 1 028 • calcular o custo dos diversos setores que integram a empresa; • reduzir o custo dos insumos aplicados na produção ou das diversas áreas que compõem a empresa; • gerenciar operações e atividades; • auxiliar as tomadas de decisão (inclusive em questões especiais) quanto à gestão; • construir orçamentos; • gerir custos, entre outros. Quantos de nós, como atores nas nossas organizações, recebemos, a cada início ou final de mês, um relatório contendo as principais variações dos custos em relação ao orçamento, para que possamos ajudar a justificá-las? E, se não existem justificativas, elaborarmos um processo de investigação da causa-raiz do problema, a fim de gerarmos um plano de ação para garantir que a ocorrência não se repita? “O impacto da competição de mercado nas organizações” Videoaula O objetivo desta unidade foi o de dar uma visão geral da evolução da contabilidade, conhecer a relação existente entre contabilidade financeira, de custos e gerencial e associar teoria à prática do dia a dia das organizações. Isto é, mostrar que o que ocorre na nossa vida cotidiana é o que acontece na maioria das organizações, e que a contabilidade de custos está presente nessa rotina, gerando relatórios e ferramentas com o objetivo de auxiliar o gestor na inexorável tarefa de administrar. No texto “O Castelo dos Bolos”, percebemos o surgimento de uma organização, os problemas enfrentados no decorrer da sua evolução https://player.vimeo.com/video/146764454 Contabilidade de Custos unidade 1 029 e como se deu o crescimento da empresa. Foi possível entender como os controles e as ferramentas utilizados pela administração devem evoluir, para tornar menos complexas as atividades que vão sendo agregadas às funções do administrador à medida que o negócio prospera. “Fechamento da unidade” Videoaula Revisão A contabilidade evoluiu por necessidade das organizações, que também apresentaram grande evolução ao longo da história. Os gestores, que são seres humanos e têm capacidade limitada de processamento das informações, necessitam de mecanismos e ferramentas que os auxiliem no processo administrativo. A contabilidade de custos, juntamente com contabilidade gerencial e financeira, auxilia esses processos a partir de controles, como os relatórios financeiros que ressaltam variações nos processos produtivos ou de prestação de serviço, devendo ser o foco da atenção dos administradores. Assim, será possível ajudar a empresa a crescer sem tentar alcançar um objetivo ainda inalcançável, com ótimas possibilidades para alcançar as metas previstas, a fim de garantir melhores retornos às organizações e à sociedade como um todo. O artigo a seguir aborda a evolução da histórica da Contabilidade, mostrando as suas teorias e o seu valor. https://player.vimeo.com/video/172144073 Contabilidade de Custos unidade 1 030 IUDÍCIBUS, Sérgio de. et. al. Contabilidade: Aspectos relevantes da epopeia de sua evolução. Revista contabilidade Financeira. USP, São Paulo, n. 38, p. 7-19, Mai-Ago 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rcf/v16n38/ v16n38a02.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2016. Para saber mais sobre contabilidade gerencial, acesse: https://www. grupometa.com/contabilidade/importancia-da-contabilidade-gerencial- para-meu-negocio.html Para entender mais sobre a importância da contabilidade de custos para seu negócio, acesse: http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/contabilidade-de-custos/ Há ainda o capítulo 1 do livro Contabilidade de Custos, que pode ser encontrado na biblioteca virtual da Una. STARK, José Antônio. Contabilidade de Custos. São Paulo: Prentice Hall, 2007. • Conceitos de custos • Revisão Conceitos básicos da contabilidade de custos Nesta unidade, procuraremos abordar as principais definições pertinentes à contabilidade de custos, para que o leitor possa doravante efetuar a correta determinação dos gastos em função da sua natureza, forma de apropriação e variabilidade. Trataremos de conceitos como custos, despesas, investimentos, desembolso, perdas, desperdícios. Esses conceitos, com a prática, devem se tornar automáticos na mente do responsável pela apuração dos custos e das despesas das organizações. Ressaltaremos a importância do conhecimento do processo produtivo para a correta estruturação do sistema de custo da empresa, já que esse pré-requisito facilitará grandemente o trabalho de modelamento matemático do sistema produtivo dentro de um sistema informatizado. Nesta unidade, faremos ainda as primeiras abordagens sobre os cálculos dos custos dos produtos e verificaremos como, a partir das informações organizadas pela contabilidade de custos, contribuem para a apuração do resultado (lucro bruto, lucro operacional) das empresas, por meio da construção das demonstrações de resultado do exercício. Contabilidade de Custos unidade 2 033 Conceitos de custos Existem diversas definições de custo. A seguir, apresentamos algumas consagradas: Gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. Um sacrifício ou desistência do uso de recursos para usá-los em determinado fim. Os custos são, em geral, medidos pelas unidades monetárias. HORNGREN, Charles T. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1978. Segundo Padoveze (2004, p. 270), podemos dizer que os custos são gastos relacionados com os produtos, posteriormente ativados quando os produtos objeto desses gastos forem gerados. De modo geral, são gastos ligados à área industrial da empresa. Terminologia e classificação dos custos Nos relatórios contábeis financeiros, encontramos alguns termos que são aplicados a empresas de qualquer natureza: comercial, serviços ou industrial. Custos ou despesas são palavras muito comuns e muitas vezes causam confusão para os usuários com pouca experiência acadêmica. Em várias ocasiões, os termos são utilizados de forma errônea, e nosso objetivo aqui é diminuir as dúvidas que possam ocorrer acerca desses conceitos. Nesta unidade, utilizaremos conceitos que julgamos serem mais coerentes e mais inteligíveis sobre os termos amplamente usados na contabilidade de custos. Gasto – qualquer sacrifício financeiro realizado por uma empresa para a aquisição de produtos ou serviços a serem utilizados pela Contabilidade de Custos unidade 2 034 organização sob o compromisso de entrega de ativos (normalmente dinheiro). Se, por exemplo, no momento da obtenção do bem houver pagamento, dizemos que o gasto ocorreu à vista, pois houve desembolso de numerário. Agora, se no momento da compra não houve pagamento, dizemos que o gasto ocorreu a prazo, pois não houve desembolso de numerário no momento da compra, visto que será feito posterirmente. Exemplos de gastos: • compra de matéria-prima; • pagamento de mão de obra; • contratação de serviços de terceiros; • pagamento de aluguéis, IPTU, entre outros. A primeira classificação que faremos será quanto à natureza dos gastos, ou seja, onde e como eles acontecem dentro de uma organização. Dessa forma, podem ser classificados conforme apresentação abaixo. Custos – são os gastos realizados para a produção de outros bens ou serviços. É a parcela dos gastos consumida no ambiente fabril, no processo produtivo dos produtos ou na prestação dos serviços. Exemplos de custos: • utilização da matéria-prima; • utilização da mão de obra no processo produtivo ou na prestação do serviço; • gasto com manutenção dos equipamentos, entre outros. Despesas– são os gastos realizados para a obtenção de receitas, ou seja, para a realização das vendas ou para o processo administrativo da organização. Esse conceito é utilizado para identificar os gastos que se referem às atividades não produtivas da empresa. Contabilidade de Custos unidade 2 035 Exemplos de despesas: • honorários da alta administração; • salário do pessoal da contabilidade; • frete para entrega do produto; • comissão dos vendedores, entre outros. Investimentos – representam a parcela dos gastos registrada nas contas do ativo da empresa. São gastos realizados para atribuir benefícios futuros à organização ou em função da vida útil do bem. Exemplos de investimentos: • aquisição de matéria-prima; • estoque de materiais adquiridos e não utilizados; • gastos com projetos que estão em andamento mas ainda não entraram em produção, entre outros. Perda – gasto anormal ou involuntário de recursos. Exemplos de perdas: • perda de material por enchente; • rompimento de barragem e consequente paralisação das operações da empresa de mineração. Desperdício – gasto inerente ao processo produtivo, mas que deve ser o foco do gestor na redução de gastos. Pode ser considerado custo ou despesa, dependendo de onde ocorrer. Exemplos de desperdícios: • geração de sucata no processo produtivo; • retrabalho; • vazamentos. Contabilidade de Custos unidade 2 036 Caro estudante! Muitas vezes temos o mesmo entendimento de custos e despesas, ou seja, não sabemos quando terminam os custos e iniciam as despesas. Para esse esclarecimento, convido-o a ouvir o Podcast “A difícil separação entre custos e despesas” no endereço que segue: https://soundcloud.com/animaead/podcast-a-dificil-separacao- entre-custos-e-despesas Alguns outros conceitos também são muito importantes para a contabilidade de custos. Desembolso – é “tirar o dinheiro do bolso”. Para as empresas, é a saída de ativos do caixa ou banco, para o pagamento efetivo de um gasto realizado. Pode acontecer concomitantemente com a aquisição ou não de um bem/serviço, ou seja, pode ser à vista ou a prazo. Depreciação – é o reconhecimento contábil do desgaste de um bem que foi adquirido e, em algum momento, sofreu desgaste, naturalmente ou por obsolescência. Tal desgaste poderá ser reconhecido contabilmente como custo ou despesa, dependendo de onde o bem esteja sendo empregado, e essa cota elevará o total dos custos ou das despesas da organização. As regras de depreciação estão disponíveis no anexo 1 da IN SRF 162/1998. “Conceitos de custos e terminologias contábeis” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 2 037 TABELA 1 - Terminologias contábeis Para melhor compreensão, vamos explicar os itens de nº 1 até 12. Para os demais, seguir o mesmo raciocínio. Vamos praticar? Com base nos dados a seguir, classifique como: Investimentos, Despesas ou Custos. OBS.: Trata-se de indústria de confecção de camisas. Contabilidade de Custos unidade 2 038 TABELA 2 – Classificando investimentos, despesas ou custos Outra forma de classificação dos gastos está relacionada além dos conceitos iniciais, que são muito importantes para a melhor organização da contabilidade. Os gastos são classificados quanto à forma de apropriação, conforme apresentado abaixo. Em relação aos produtos fabricados, acompanhe a classificação a seguir: Diretos – são aqueles facilmente associados aos produtos. Normalmente, os gastos diretos são conhecidos para cada unidade Contabilidade de Custos unidade 2 039 produzida ou vendida, não necessitando de nenhum critério de rateio para sua apropriação ao custo do produto. Exemplos: • consumo de matéria-prima (custo direto); • consumo de mão de obra direta na ordem de produção (custo direto); • materiais secundários diretos aplicados (quando for relevante e de fácil identificação em relação aos produtos, caso não, pode ser comsiderado como custo indireto); • materiais de embalagem aplicados (no processo de fabricação). Primários – nesse ponto, é interessante destacarmos o conceito de custos primários, comumente utilizados na contabilidade de custos, que é a soma do custo de matéria-prima e da mão de obra direta. Posteriormente, quando estivermos tratando de departamentalização e rateio do custo indireto, apresentaremos outra abordagem para custos primários e secundários. Indiretos – são os gastos que, por não serem facilmente determinados para cada produto, necessitam de algum critério de distribuição denominado rateio. Os gastos indiretos estão se tornando cada vez mais representativos à medida que os processos são mais automatizados, ou seja, menos artesanais. Nesse sentido, como são aplicados critérios de rateio para a distribuição dos gastos indiretos aos produtos, é mister que esses critérios sejam os mais justos possíveis, para que, ao final, não haja privilégio (viabilização) de um produto em detrimento de outro. Exemplos: • salários dos supervisores da operação; • aluguel da fábrica (produção); Contabilidade de Custos unidade 2 040 • manutenção das máquinas da fábrica; • energia elétrica consumida na fábrica (quando não há medidores individuais para cada tipo de produto); • depreciação das máquinnas utilizadas na fabricação dos produtos (quando são usadas na fabricação de mais de um tipo de produto), entre outros. Vamos praticar? Nosso próximo passo será a apuração do valor dos custos diretos e indiretos com base nos dados abaixo: TABELA 3 – Custos diretos e indiretos Resolução: 1º Passo – Selecionar os custos diretos, ou seja, aqueles facilmente identificados em relação a fabricação dos produtos. Contabilidade de Custos unidade 2 041 TABELA 4 – Custos diretos TABELA 5 – Custos indiretos de fabricação Custos Diretos = 12.100,00 + 7.700,00 + 7.000,00 = 26.800,00 2º Passo – Selecionar os custos indiretos de fabricação, aqueles que temos dificuldade em identificar em relação à fabricação dos produtos. Para serem apropriados aos produtos, necessitam de algum critério de rateio. Custos indiretos = 2.700,00 + 250,00 + 800,00 + 6.000,00 + 5.100,00 + 850,00 + 180,00 = 15.880,00 Por que sobraram alguns itens? Porque no exercício solicitamos apurar o valor dos custos diretos e indiretos e não o valor das despesas. OBS.: Antes de iniciar a resolução do exercício, é importante ler atentamente o enunciado e o que está sendo solicitado para apurar. No enunciado, inserimos algumas contas de despesas. Estas não fazem parte da apuração dos custos, portanto, não serão utilizadas. Contabilidade de Custos unidade 2 042 Por último, mas não menos importante, outra classificação dos gastos se dá quanto a variabilidade. Em relação à apropriação dos produtos fabricados, temos os seguintes conceitos: Variável – são gastos que apresentam uma forte correlação com o volume de produção ou de venda. Se os volumes aumentam, os gastos também aumentam; se os volumes decrescem, os gastos decrescem proporcionalmente. Logo, os custos variáveis, no montante, são sensíveis aos aumentos ou diminuições de produção. Para a maioria da empresas, o principal custo variável é o custo de material. Exemplos • Matéria-prima aplicada; • Mão de obra direta, entre outros. Comportamento do custo fixo Fixo – Independe da quantidade que vem a ser produzida dentro do limite da capacidade instalada. Não apresenta correlação com o volume de produção ou venda, podendo, no entanto, oscilar o valor ao longo do exercício (ano contábil). No entanto, se essa oscilação não tiver relação com o volume, o gasto é tratado como fixo. Exemplos: • Aluguel da fábrica; • Seguros da fábrica; • Depreciação de máquinas pelo método linear; • Mão de obra indireta, entre outros. Contabilidade de Custos unidade 2 043 OBS.: É importante lembrar que o custo é fixo em realação à quantidade de bens ou serviços produzidos, pois podem variam por ocasião de aumento dafábrica, inflação, mudança de tecnologia, entre outros. “Custos diretos indiretos, variáveis e fixos” Videoaula Outras nomenclaturas importantes para a contabilidade de custo são CPP (custo de produção do período), CPA (custo do produto acabado) e CPV (custo dos produtos vendidos), as quais descreveremos a seguir. Mas antes pensemos em uma fábrica de móveis planejados, a marcenaria Serra Verde. Essa fábrica está iniciando suas operações, suponhamos, no dia 20 de determinado mês. Então, o seu primeiro cliente vai até a loja e solicita a confecção de armários de cozinha. Evidentemente, o projeto precisa ser construído e, para isso, o fabricante visitará o local para conferir as medidas. E, como já estamos no dia 20 do mês, a confecção pode até ser iniciada imediatamente, mas com grande chance de ser concluída apenas no próximo período. Isso ocorre em grande parte das empresas produtivas ou prestadoras de serviços, pois a produção não segue o calendário gregoriano. Vamos considerar as seguintes informações para o primeiro mês de operação da fábrica. Contabilidade de Custos unidade 2 044 TABELA 6 – Informações disponíveis no mês X da marcenaria Serra Verde Fonte: Elaborado pelo autor. Tomando como base os gastos acima, o proprietário da marcenaria gostaria de implementar alguns controles financeiros e, para isso, preparou uma planilha com a composição dos custos de produção do período (CPP). Cálculo do custo de produção do período (CPP) Para a composição desse custo, o primeiro passo a ser executado é a classificação com base no que já foi visto: informações sobre o que é gasto e o que não é. Nesse caso, podemos extrair a tabela 7. Contabilidade de Custos unidade 2 045 TABELA 7 – Classificação dos gastos do mês X da marcenaria TABELA 8 – Composição dos custos de produção do período X, excluindo a matéria-prima Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor. Tomando como base a tabela 7, pode-se calcular o total dos custos do período X, excluindo a matéria-prima e somando-se os custos, conforme apresentado na tabela 8. Contabilidade de Custos unidade 2 046 Posteriormente, o segundo passo será o cálculo do custo da matéria-prima, a partir das informações fornecidas na tabela 6, pelo balanço de massa, conforme apresentado a seguir. FIGURA 1 – Esquema para determinação do custo de matéria-prima FIGURA 1 – Esquema para determinação do custo de matéria- prima Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor. Matematicamente, podemos estabelecer uma fórmula para o cálculo do custo de matéria-prima aplicada, conforme detalhado abaixo. MP aplicada = EIMP + Compra MP – EFMP Em que: MP aplicada = Matéria-prima aplicada EIMP = Estoque inicial de matéria-prima EFMP = Estoque final de matéria-prima Então: MP aplicada = EIMP + Compra MP - EFMP MP aplicada = 0 + R$ 5.500,00 – R$ 2.500,00 = R$ 3.000,00 Contabilidade de Custos unidade 2 047 O que preciso para transformar matéria-prima em produto? Resposta: Preciso de mão de obra direta, mais todos os custos indiretos de fabricação, que nada mais é do que o custo de transformação. Qual é a fórmula utilizada para calcular o custo de produção do período ou fabricação? CPP = MP aplicada + MOD + CIF Em que: CPP = Custo de produção do período ou fabricação MP aplicada = Matéria-prima aplicada MOD = Mão de obra direta CIF = Custos indiretos de fabricação Com base nos dados do enunciado, temos: TABELA 9 – Custos de produção do período ou fabricação Fonte: Elaborado pelo autor. Contabilidade de Custos unidade 2 048 Resolução: MP aplicada R$ 3.000,00 + MOD R$ 2.500,00 + CIF R$ 4.170,00 (1.000,00 + 2.000,00n + 570,00 + 250,00 + 350,00) = CPP R$ 9.670,00 ( valor total do custo de produção do período ou fabricação). Como podemos observar, a empresa inicia o período com o estoque de matéria-prima vazio. Posteriormente, são adquiridos R$ 5.500,00, que compõem um saldo de R$ 5.500,00. Se o saldo do estoque final é de R$ 2.500,00, significa que houve um consumo de R$ 3.000,00 e, como sabemos, o consumo de matéria-prima é tratado como custo, o que, nesse caso, foi de R$ 3.000,00. Esse valor adicionado aos custos já identificados na tabela 7 totalizam R$ 9.670,00. Cálculo do custo do produto acabado (CPA) Essa informação é extremamente relevante, uma vez que os produtos acabados são levados para o estoque para posterior venda. Pelo princípio contábil do custo histórico como base de valor (um dos princípios da contabilidade aplicados a custos), no momento da venda, o CPV considerado para a apuração do resultado é o próprio custo de produção. Esse aspecto será mais bem detalhado ainda neste capítulo. A marcenaria Serra Verde é uma indústria de produção de móveis, da qual se espera o recebimento de muitos pedidos. Sendo assim, muitos deles podem ser iniciados em um mês e passarem para o outro em processo de fabricação: uma matéria-prima inserida no processo produtivo, por exemplo, no dia 25 não teve sua produção concluída no mesmo período, mas somente no seguinte, pelo princípio contábil da competência (também um princípio da contabilidade aplicado a custos). No momento da apuração do Contabilidade de Custos unidade 2 049 custo do produto acabado, essa parte do custo que não teve sua produção acabada no mês é considerada estoque de produtos em processo, não sendo contabilizada como CPA. Veja então como ficaria o cálculo do custo dos produtos acabados (CPA) no mês X para a empresa Serra Verde. Como é o primeiro mês de operação da empresa, verificamos na tabela 5 que o estoque inicial de produtos em processo é igual a 0 (zero) durante o mês X. Vários custos foram adicionados ao processo produtivo, que já foram calculados anteriormente (o CP), totalizando R$ 9.670,00. No entanto, nem todos os materiais e insumos que foram inseridos no processo produtivo constituíram produtos acabados. Alguns materiais ficaram por acabar no próximo período (mês) de produção e, nesse caso, são contabilizados como estoque final de produto em processo no mês X, entrando na contabilidade como estoque inicial de produtos em processo no cálculo do CPA do mês seguinte. Para melhor entendimento, faremos um esquema parecido com o que fizemos para o CP. FIGURA 3 – Esquema para determinação do custo do produto acabado (CPA) Fonte: Elaborado pelo autor. No caso da Serra Verde, a empresa é nova, isto é, é o primeiro mês de seu funcionamento, o que faz com que o estoque inicial de produtos em processo seja igual a 0 (zero). Contudo ocorreu o custo de produção no período, agregando valor aos produtos que estão sendo produzidos, embora nem todos os materiais, matérias- Contabilidade de Custos unidade 2 050 primas e insumos, tenham sido convertidos em produtos acabados. No mês X, ainda restaram R$ 1.800,00, que permaneceram inacabados na linha de produção para o próximo período. Esse cálculo e o resultado são apresentados a seguir. CPA = CP + EIPP – EFPP Em que: CPA = Custo dos produtos acabados CP = Custo de produção EIPP = Estoque inicial de produtos em processo ou elaboração EFPP = Estoque final de produtos em processo Para a marcenaria Serra Verde, o valor do CPA no mês X foi de: CPA = CP + EIPP - EFPP CPA = R$ 9.670,00 + 0 – R$ 1.800,00 = R$ 7.870,00 Por fim, descreveremos o método para o custo dos produtos vendidos – é, dos três, o mais simples. Uma vez que já calculamos o custo dos produtos acabados no período, estes serão colocados no estoque para venda. Se houver mais produtos já acabados no estoque, estes serão adicionados ao cálculo do total de produtos acabados disponíveis para venda. No caso da marcenaria Serra Verde, do total de produtos acabados disponíveis, 80% foram vendidos e o faturamento total foi de R$ 10.500,00 conforme tabela 5. Entretanto o custo dos produtos vendidos foi 80% deR$ 7.870,00 que é igual a R$ 6.296,00, uma vez que não haviam estoques iniciais de produtos acabados. De posse dessas informações, o administrador pode determinar uma das mais importantes informações para uma organização: seu resultado ao final do período, ou seja, o lucro ou o prejuízo. Para a marcenaria Serra Verde, a demonstração simplificada de apuração do lucro bruto ficaria da seguinte forma: Contabilidade de Custos unidade 2 051 TABELA 10 – Resultado bruto da marcenaria Serra Verde TABELA 11 – Resultado operacional da marcenaria Serra Verde TABELA 12 – Custo do produto vendido Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor. Com a apuração do resultado bruto, que no exemplo foi um lucro de R$ 4.204,00, o administrador ainda pode auferir o resultado operacional, deduzindo do resultado bruto apresentado na tabela 6, as despesas operacionais. A demonstração pode ser acompanhada na tabela 7 abaixo. Após a resolução do exemplo passo a passo, segue a seguir a fórmula completa para do custo do produto vendido. Contabilidade de Custos unidade 2 052 Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor. Fonte: Elaborado pelo autor. “Cálculo do custos dos produtos vendidos” Videoaula Agora chegou a hora de praticar. Vamos lá! Eventos ocorridos na Indústria de Móveis de Madeira Bela Arte Ltda. TABELA 13 - Saldos em 01.01.XX na Indústria de Móveis de Madeira Bela Arte TABELA 14 - Ocorrências no mês de janeiro de XX na Indústria de Móveis de Madeira Bela Arte TABELA 15 - Estoques Finais em 31.01.XX na Indústria de Móveis de Madeira Bela Arte Contabilidade de Custos unidade 2 053 Com os dados apresentados calcule e responda às seguintes perguntas: 1. Qual foi o custo das matérias-primas aplicadas na produção do período? 2. Qual foi o custo de produção? 3. Qual foi o custo da produção acabada? 4. Qual foi o custo dos produtos vendidos? 5. Qual foi o custo de transformação? 6. Qual foi o valor do lucro do período? Composição do CIF (7.100,00 + 1.200,00 + 3.000,00 + 2.150,00) = 13.450,00 IMPORTANTE: No valor do CIF, devem ser somados somente os valores aplicados no setor produtivo e que são aplicados de forma indireta. Lembrete: Despesas não fazem parte da produção, portanto não fazem parte da apuração do custo, fazem parte do demosntratrivo de resultado do exercício (DRE). Contabilidade de Custos unidade 2 054 Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Venda de produtos (receita) R$ 83.000,00 (-) CPV R$ 38.980,00 = Lucro bruto R$ 44.020,00 (-) Despesas com vendas R$ 11.000,00 (-) Despesas administrativas R$ 14.620,00 (-) Despesas financeiras R$ 750,00 = Lucro operacional R$ 17.650,00 Respostas 1) Qual foi o custo das matérias-primas aplicadas na produção do período? Resp: MP aplicada = R$ 12.990,00 2) Qual foi o custo de produção? Resp: CPP = R$ 36.840,00 3) Qual foi o custo da produção acabada? Resp: CPA = R$ 37.780,00 4) Qual foi o custo dos produtos vendidos? Resp: CPV =R$ 38.980,00 5) Qual foi o custo de transformação? Resp: É a soma da MOD + CIF Então: 10.400,00 + 13.450,00 = R$ 23.850,00 6) Qual o valor do lucro do período? Resp: Lucro = R$ 17.650,00 Contabilidade de Custos unidade 2 055 Desta forma, demonstramos e realizamos cálculo do custo dos produtos nas indústrias. Na unidade 1 da nossa disciplina, já demonstramos como calcular o custo das mercadorias vendidas e vamos agora relembrar. Empresas Comerciais – a fórmula é simples, pois as entradas são representadas somente pelas compras de mercadorias destinadas à revenda. Fórmula: CMV = EI + Compras – EF Em que: CMV = Custo das mercadorias vendidas EI = Estoque inicial EF = Estoque final A empresa comercial “Vende Bem” adquiriu mercadorias no valor de R$ 12.000,00, tinha em seu estoque mercadorias no valor de R$ 2.000,00 e em seu estoque final R$ 8.000,00. As despesas administrativas totalizaram R$ 300,00. Durante o mês, vendeu R$ 10.000,00. Pede-se: Calcular o valor do custo das mercadorias vendidas e apurar o lucro do período. Resolução: 1º passo – calcular o valor do CMV CMV = EI + compras – EF = CMV = R$ 2.000,00 + R$ 12.000,00 – R$ 8.000,00 = R$ 6.000,00 Contabilidade de Custos unidade 2 056 2º passo – calcular o lucro Receita de Vendas R$ 10.000.00 ( - ) CMV R$ 6.000.00 ( - ) Despesas Admin. R$ 300,00 = Lucro do período R$ 3.700,00 Como calcular o custo nas empresas prestadoras de serviços? Empresas Prestadoras de Serviços – são os valores gastos especificamente na realização do serviço. São os gastos com a mão de obra (interna e externa, se for o caso) e o material aplicado (peças, produtos, componentes, entre outros). O raciocínio aqui é o seguinte: de quanto é o gasto somente para executar o serviço solicitado pelo cliente. Exemplo: Custo da mão de obra R$ 85,00 + Custo do material aplicado R$ 51,70 = Custo do Serviço R$ 136,70 Custo de oportunidade Esse conceito está mais associado à economia do que à contabilidade geral ou de custos. Talvez por isso sua abordagem não tenha tanto destaque nessa área, embora sua formulação esteja muito associada à tomada de decisão. Por exemplo: uma empresa tem à disposição determinado capital, que pode ser aplicado no mercado financeiro ou ser investido no processo produtivo para ampliação do negócio. O mercado financeiro costuma remunerar o capital em 10% ao ano, e o capital disponível pela empresa é de R$ 100.000,00. Nesse caso, desconsiderada a inflação no período (para facilitar o entendimento), o rendimento seria de R$10.000,00 nessa aplicação. Contabilidade de Custos unidade 2 057 Contudo se a empresa decidir investir na elevação da produção, o resultado projetado para a operação será conforme a representação abaixo. TABELA 16 - Resultado projetado Fonte: Elaborado pelo autor. Numa avaliação mais descuidada, o administrador poderia decidir pelo investimento no aumento da produção, já que o resultado é superior ao obtido com a aplicação financeira. Contudo, há que se pensar no risco das duas operações se a probabilidade de investir no aumento da produção for muito maior do que o da aplicação financeira – e normalmente é isso o que acontece. A diferença do ganho (R$ 11.00,00 - R$ 10.000,00 = R$ 1.000,00) obtido com o investimento pode desequilibrar a decisão, tornando-a desequilibrada em favor da aplicação financeira. Nesse caso, o custo de oportunidade é exatamente o valor de R$ 10.000,00 da aplicação, ou seja, o custo de oportunidade é o quanto a empresa abriu mão de uma decisão para privilegiar outra. A correta classificação dos gastos é primordial para a exatidão no cálculo dos custos dos produtos. No entanto, essa separação entre o que é custo e o que é despesa pode variar de empresa para empresa. Nesse sentido, chamamos a atenção para que o docente concentre-se em apreender os conceitos e a praticá-los, refletindo sobre o que ocorre na empresa em que trabalha ou em alguma Contabilidade de Custos unidade 2 058 outra na qual tenha a oportunidade de conhecer com mais detalhe. Problemas decorrentes de classificação equivocada quanto à variabilidade podem provocar distorções de tal modo que o gestor poderá, por exemplo, acreditar que a empresa está trabalhando em uma zona de lucro, enquanto na verdade seu resultado é deficitário, levando a tomadas de decisão distorcidas e equivocadas. Na prática, o ideal é que aquele que irá determinar a estruturação dos custos de uma organização tenha muito conhecimento dos conceitos aqui aplicados, além de dominar o processo produtivo, já que a construção de um sistema de custos nada mais é do que o modelamento matemático em um sistema informatizado, dos processos que ocorrem dentro das empresas.Quanto mais o responsável pela estruturação do sistema de custos conhecer do processo, mais fácil será sua atividade de construção. Reforçamos o fato de que a árdua tarefa de construção do sistema de custo será realizada uma única vez, cabendo depois apenas algumas modificações que se façam necessárias. Mas se esse modelamento estiver equivocado, o resultado pode ser desastroso e por tempo prolongado, até que os eventuais erros sejam descobertos. “Cálculo custo das mercadorias vendidas, dos serviçoes prestados e custo de oportunidade”Videoaula Revisão Nesta unidade, foram apresentados os principais e fundamentais conceitos utilizados para uma correta contabilização do custo dos produtos. Verificamos também, a partir de alguns exemplos, como se dá a composição dos custos dos produtos, que pode Contabilidade de Custos unidade 2 059 ser aplicada à prestação de serviços, isto é, a matéria-prima é inserida no processo produtivo, é transformada e esse processo de transformação utiliza recursos da organização, agregando valor ao produto. Posteriormente, os produtos são colocados no estoque e ficam à disposição do setor comercial. Ao vendê-los, esse setor realiza a receita, que, confrontada com os custos e as despesas, permite a determinação do resultado (lucro ou prejuízo). Apresentamos preliminarmente como se pode calcular o custo de produção do período (CPP) de forma simplificada, bem como o cálculo do custo dos produtos acabados (CPA) e o custo dos produtos vendidos (CPV). Sugerimos a leitura dos quatro primeiros capítulos do livro abaixo: MEGLIORINI, Evandir. Custos. São Paulo: Macronbooks, 2001. Embora seja da data de 1990, o artigo seguinte esclarece um tema muito atual, que é o custo de oportunidade. Acesse o link: http://www.scielo.br/ pdf/cest/n2/n2a02.pdf PEREIRA, Anísio Cândido. et al. Custo de Oportunidade: Conceitos e Contabilização. Caderno de Estudos. n 02, São Paulo, FIPECAFI. abr. 1990 • Princípios da avaliação dos estoques • PEPS – Primeiro que entra, primeiro que sai • UEPS – Último que entra, primeiro que sai • Custo médio ponderado • Revisão Critérios na avaliação dos estoques Estudaremos os principais critérios utilizados para avaliação dos materiais (as mercadorias) estocados na empresa, lembrando que a eficácia na gestão de estoque é essencial para garantir o uso dos recursos de forma otimizada e, por consequência, custos de produção menores. As empresas, ao final de cada período de apuração, devem fazer o levantamento e a avaliação dos estoques não somente para atender à legislação fiscal, mas, principalmente, para controle. No caso de indústria, realiza-se o inventário das matérias-primas, materiais secundários (e outros materiais empregados na produção), produtos em elaboração, produtos acabados, como também outros bens existentes em almoxarifado. Já o comércio deverá realizar o levantamento das mercadorias adquiridas para revenda. Tanto a indústria como o comércio precisam de uma posição atual do estoque e, normalmente, é feita a contagem física, que pode ser mensal, trimestral, semestral ou anual, sendo uma das principais técnicas para a manutenção de inventários mais exatos. A contagem física é comparada com os registros contábeis para medir a eficiência dos processos, identificar possíveis falhas e fazer os ajustes necessários. O custo das mercadorias ou dos produtos estocados é determinado com base no valor de aquisição constante nas notas fiscais de compra, acrescido das despesas acessórias e dos impostos, taxas e contribuições que não forem recuperados pela empresa no momento da venda das mercadorias ou produtos. As aquisições pelo comércio e indústria podem ser feitas em datas diversas durante o mês, e os preços pagos podem ser diferentes. Para fazer o controle dessas aquisições, e também das vendas, a empresa precisa adotar algum critério. Alguns fatores devem ser levados em conta para escolher o critério de avaliação de estoques pela empresa, tais como: legalidade do critério diante da legislação, execução do método, lucro esperado, entre outros. Diante disso, estudaremos os critérios mais conhecidos para a avaliação dos estoques, que são: PEPS, UEPS, Custo Médio Ponderado Permanente e Preço Médio Ponderado Mensal. Então, bons estudos! Contabilidade de Custos unidade 3 063 Princípios da avaliação dos estoques Os princípios de contabilidade são regras nas quais se encontram todas as bases teóricas para a escrituração contábil, que devem ser seguidas a fim de que os registros contábeis possam chegar aos usuários externos de forma clara e objetiva. Os princípios padronizam as técnicas a serem seguidas na contabilização dos fatos contábeis. Por outro lado, as convenções representam o complemento dos princípios, são conceitos que servem como um guia para o profissional da área contábil. Tem por objetivo restringir a abrangência dos princípios contábeis, definindo com maior precisão e clareza o seu alcance e significado, como normas de caráter prático, que devem ser observadas. As convenções não são geradoras de critérios contábeis. Vale ressaltar que a observância dos princípios fundamentais de contabilidade é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade - NBC. Sua aplicação em situações concretas, a essência das transações, deve prevalecer sobre seus aspectos formais. Princípio do custo histórico como base de valor Martins (2003) explica que, por esse princípio, os ativos são registrados contabilmente pelo seu valor original de entrada, ou seja, histórico. A adoção do custo histórico está ligada à continuidade da empresa, não interessando os valores de saída, de venda, mas sim os valores Contabilidade de Custos unidade 3 064 de entrada, de compra. Nos valores de compras devem ser incluídos todos os gastos necessários para colocar o bem em condições de gerar benefícios para a empresa. Os princípios ativos serão contabilizados pelo valor da nota fiscal ou custo de aquisição. Por exemplo, a empresa compra mercadoria no valor de R$ 250,00 no mês de janeiro e, ao final do ano, ela continua estocada, mas o forncedor está vendendo por R$ 280,00. Na contabilidade, a mercadoria continua registrada pelo valor da época da aquisição, ou seja, pelo valor histórico. Princípio da realização da receita Segundo Martins (2003), o princípio da realização da receita determina que o reconhecimento contábil do resultado (lucro ou prejuízo) deve ocorrer apenas na sua realização. E ocorre, em regra, quando há transferência do bem ou do serviço para terceiros. Um bom exemplo é imaginar que uma empresa vendeu 200 unidades de uma mercadoria a 88,00, cada unidade, e o custo de cada unidade é de R$ 46,00. Pelo princípio da realização da receita, a empresa tem registrado como receita R$ 17.600,00 (200 unidades x 88,00) e, consequentemente, como custo das mercadorias vendidas, R$ 9.200,00 (200 unidades x 46,00). Princípio da competência Para Crepaldi (2018), o princípio da competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou do pagamento. Contabilidade de Custos unidade 3 065 Para compreender melhor o princípio da competência, veja os seguintes exemplos: 1) As vendas a prazo realizadas no mês de outubro, com vencimento em novembro e dezembro, competem e devem ser registradas como receitas no mês de outubro, mesmo que o recebimento dessas vendas ocorra em novembro e dezembro. 2) O consumo de energia elétrica do mês de outubro compete e deve ser apropriado no mês de outubro, mesmo que o vencimento e pagamento da fatura seja no mês de novembro. Pois bem, agora vamos direcionar nossos estudos para as conveções contábeis, lembrando que elasrepresentam o complemento dos princípios contábeis, facilitando o trabalho do contador. Convenção da consistência ou uniformidade A empresa terá de escolher um critério e adotá-lo, entre vários que existem, para fazer o lançamento contábil, não podendo mudá-lo em cada período. Poderá ser feita a mudança de critério em caso de necessidade. Deverá ser um fato relevante que se justifique e também ser informado o fato da mudança, e o valor da diferença no lucro, se não houver a quebra da consistência. Por exemplo, se a empresa adotar o critério de avalição de estoques PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai), deverá ser usado sempre o mesmo critério nos outros períodos. Caso tenha que mudar o critério por alguma razão, o profissional deverá informar a modificação e apresentar os reflexos que a mudança poderá causar. A quebra da consistência tem influência nos demonstrativos contábeis, o que prejudica a análise clara e eficiente em comparação com os demonstrativos de exercícios anteriores. Contabilidade de Custos unidade 3 066 Convenção do conservadorismo ou prudência Martins (2003) estabelece que o conservadorismo obriga a adoção de um espírito de precaução por parte do contador. Quando ele tiver dúvida de como tratar determinado gasto como ativo ou redução de patrimônio líquido (normalmente despesa), deve optar pela forma de maior precaução, ou seja, pela despesa. Por exemplo, na indecisão para tratar um gasto como ativo ou despesa, deve-se considerá-lo despesa. Convenção da materialidade ou relevância Conforme Martins (2003), esse princípio desobriga um tratamento mais rigoroso para aqueles itens cujo valor monetário é pequeno dentro dos gastos totais. Pequenos materiais de consumo no processo industrial precisariam ser tratados como custo na proporção de sua utilização. Porém, se os valores forem pouco representativos (irrisórios), podem ser considerados como custos no período de aquisição, evitando, assim, seu controle no estoque e sua baixa nos períodos em que serão utilizados. Assista agora a uma videoaula que auxiliará na melhor compreensão dos princípios e convenções contábeis. Veja que os princípios da Contabilidade regem o exercício da profissão contábil, através de suas normas, e as convenções são mais objetivas, definindo com maior clareza o alcance dos princípios contábeis. Contabilidade de Custos unidade 3 067 “Princípios e convenções contábeis” Videoaula Estoques numa indústria Os estoques de matérias-primas são formados, em geral, a partir das compras, as quais, quando tributadas pelo ICMS e IPI, não terão esses tributos como integrantes de seus custos, pois ambos são recuperáveis para as indústrias. O PIS e COFINS com incidência não cumulativa também são recuperáveis. Considere uma aquisição de matérias-primas no valor total de R$ 10.000,00, com incidência de 17% de ICMS e 5% de IPI, à vista, e pagamento em dinheiro. Como os tributos são recuperáveis, teremos que deduzi-los para lançar como estoques. Então: R$ 10.000,00 x 17% = R$ 1.700,00 de ICMS R$ 10.000,00 x 5% = R% 500,00 de IPI Pergunta-se: 1) Qual o valor total das matérias-primas? 2) Qual o valor do ICMS e do IPI? 3) Como se faz a contabilização? Acompanhe o raciocínio a seguir: 1) Qual o valor total das matérias-primas? Valor das matérias-primas R$ 10.000,00 – valor do ICMS R$ 1.700,00 = R$ 8.300,00 Contabilidade de Custos unidade 3 068 O IPI é um imposto por fora e, em função disso, não faz parte do valor das matérias-primas, somente do valor total da nota fiscal. Você deve estar se perguntando: e qual é o valor total da nota fiscal de compra? R$ 10.000,00 + 5% de IPI = R$ 10.500,00 O ICMS é imposto por dentro, isso significa que está embutido no valor das matérias-primas de R$ 10.000,00. Vamos continuar a resolução desse exemplo: 2) Qual o valor do ICMS e do IPI? ICMS = R$ 1.700,00 IPI = R$ 500,00 3) Como se faz a contabilização? D - Matérias-primas R$ 8.300,00 D – ICMS a recuperar R$ 1.700,00 D – IPI a recuperar R$ 500,00 C – Caixa R$ 10.500,00 Muito bem, acredito que você tenha compreendido a resolução desse exemplo. Ouça agora um podcast sobre o imposto por dentro e por fora, e tire todas as suas dúvidas sobre esse assunto. “O que é imposto por dentro e por fora?” Podcast Contabilidade de Custos unidade 3 069 Estudaremos, na sequência, os critérios de avaliação de estoques, PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderável. PEPS – Primeiro que entra, primeiro que sai A sigla significa Primeiro que Entra, Primeiro que Sai e é também conhecida por FIFO, iniciais da frase inglesa First In, First Out. Adotando esse critério para avaliar os estoques, a empresa sempre atribuirá aos materiais em estoque os custos mais recentes. O critério PEPS considera que as saídas devem ser feitas pela ordem de entrada, ou seja, o primeiro que entra é o primeiro que sai e o que permanece no estoque é o último a entrar. Este não é um critério interessante para as empresas, em função de atribuir aos estoques remanescentes os valores mais recentes. UEPS – Último que entra, primeiro que sai A sigla significa Último que Entra, Primeiro que Sai e é também conhecida por LIFO, iniciais da frase inglesa Last In, First Out. Adotando esse critério, a empresa atribuirá aos materiais em estoque os custos mais antigos. O critério UEPS é o oposto do PEPS, já que determina que o último a entrar será o primeiro a sair. Diferentemente do PEPS, no UEPS, os primeiros a entrar não permanecerão no estoque quando existirem saídas entre as entradas, já que, ao chegar ao final, parte das primeiras que entraram não estarão mais no estoque. Contabilidade de Custos unidade 3 070 É o único critério não aceito pela legislação do imposto de renda, porque distorce completamente os resultados, atribuindo custos maiores aos produtos, ficando os estoques finais com custos sempre menores. Custo médio ponderado Adotando esse critério, os materiais estocados serão sempre avaliados pela média dos custos de aquisição, sendo os custos atualizados após cada compra efetuada. Quando existirem duas compras com valores diferentes, será necessário encontrar um valor único, ou seja, o valor médio para as unidades no estoque. O valor do custo médio deve ser ponderado pela quantidade de cada movimentação. Imagine que você fez uma compra de 20 unidades de determinado produto a R$ 22,00 cada, e uma outra compra de 12 unidades a R$ 24,00. Podemos dizer que o custo médio ponderado será de? Veja: 20 unidades a R$ 22,00 cada = R$ 440,00 +12 unidades a R$ 24,00 cada = R$ 288,00 = 32 unidades = R$ 728,00 Custo médio ponderado = R$ 728,00 / 32 unidades = R$ 22,75 Custo médio ponderado mensal (fixo) e permanente (móvel) Segundo resolução co Conselho Federal de Contabilidade (CFC nº 1.170, item 17), pelo critério do custo médio ponderado, o custro Contabilidade de Custos unidade 3 071 de cada item é determinado a partir da média ponderada do custo de itens semelhantes no começo de um período e do custo dos mesmos itens, comprados ou produzidos duarente o período. A média pode ser determinada em base periódica (fixa) ou à medida que cada lote seja recebido (móvel), dependendo das circunstâncias da entidade, segundo o Comitê de Pronunciamentos Contábies (CPC 16) – Estoques. Custo médio ponderado mensal (fixo) Adotando este critério, todas as saídas ocorridas durante o mês são baixadas pelo custo médio ponderado, determinado no final do mês, após o registro de todas as entradas. É como se tivesse ocorrido uma única saída no último dia do mês. Custo médio ponderado permanente (móvel) Todas as saídas que ocorrem durante o mês devem ser registradas à medida que ocorrem, pois elas não devem ser influenciadas pelas entradas após sua respectiva saída. Os dois métodos são aceitos como critério de avaliação de estoques.Até aqui explicamos critérios de avaliação de estoques PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado. A partir do enunciado a seguir, faremos a resolução pelos critérios PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado. Chegou a hora colocar em prática o conhecimento assimilado! Preparado(a)? Então vamos lá! A empresa XYZ tinha em seu estoque inicial, no dia 03 de determinado mês, as quantidades e valores da matéria-prima “Z”: Contabilidade de Custos unidade 3 072 TABELA 1 – Estoque inicial da empresa XYZ TABELA 2 - Movimentação durante o mês Fonte: Elaborada pela autora. Fonte: Elaborada pela autora. Fonte: Elaborada pela autora. O que queremos: Atualizar a ficha de controle de estoque pelos critérios de avaliação PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado Permanente. TABELA 3 - Resolução através do critério PEPS Contabilidade de Custos unidade 3 073 OBS: E.I. – Estoque inicial RQ – Requisição de materiais N.F - Nota fiscal A tabela mostra como ocorre o controle e a definição do saldo de estoque com base no critério PEPS. Fazendo a análise das informações na tabela, pergunta-se: 1) Qual o valor total do custo de aquisição? R$ 435,00, que é o valor total da coluna das entradas. 2) Qual o valor total dos estoques remanescentes? É o valor que efetivamente sobrou no estoque, que é R$ 170,00. 3) Identifique o valor total de transferência. O valor de transferência é o valor total apurado na coluna das saídas, ou seja, R$ 675,00. Assista agora à resolução de um exercício, utilizando o critério de avaliação PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai). Vamos lá! “Critério de avaliação dos estoques - PEPS” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 3 074 Fonte: Elaborada pela autora. OBS: E.I. – Estoque inicial RQ – Requisição de materiais N.F - Nota fiscal A baixa é sempre feita pelos custos das últimas aquisições, guardadas as respectivas proporcionalidades dos custos de aquisição. O que queremos: Com base na resolução, saber qual o valor total do custo de aquisição, dos estoques remanescentes e o valor da matéria-prima “Z” aplicada na produção. Respostas: Valor total do custo de aquisição – É só verificar na tabela o valor total das entradas, que é de R$ 435,00. TABELA 4 - Resolução através do critério UEPS Contabilidade de Custos unidade 3 075 Valor dos estoques remanescentes – É o valor da última linha da tabela, na coluna saldo total, R$ 100,00. Valor da matéria-prima “Z” aplicada na produção – Ver coluna das saídas total, igual a R$ 745,00. E agora, convido você a assistir mais um vídeo com a resolução de exercício, aplicando o critério de avaliação UEPS. “Critério de avaliação dos estoques - UEPS” Videoaula TABELA 5 - Resolução através do critério Custo Médio Ponderado Permanente Fonte: Elaborada pela autora. Confira, a seguir, a Tabela 5 para continuação da explicação sobre o Custo Médio Ponderado Permanente. Adotando-se esse critério, as mercadorias estocadas serão sempre valoradas pela média dos custos de aquisição, atualizados a cada compra efetuada. OBS: E.I. – Estoque inicial RQ – Requisição de materiais N.F - Nota fiscal Contabilidade de Custos unidade 3 076 Em relação à resolução do controle de estoque pelo critério custo médio, pergunta-se: 1) Qual o valor total do custo de aquisição? O valor total de entradas é R$ 435,00. 2) Qual o valor total dos estoques remanescentes? É o valor que efetivamente sobrou no estoque, que é R$ 152,80. 3) Identifique o valor total de transferência para a produção, ou seja, o valor da matéria-prima aplicada. O valor de transferência é o valor total apurado na coluna das saídas, que é R$ 692,20. Após a resolução do exemplo pelo critério custo médio ponderado, faço convite para assistir a uma nova videoaula, vamos lá? “Custo médio ponderado ” Videoaula Conhecemos os três critérios de avaliação de estoques e resolvemos três exemplos com o mesmo enunciado. Fizemos isso de forma proposital, para demonstrar que, em cada critério, apuramos valores diferentes no total das saídas e dos saldos. Veja a próxima tabela: TABELA 6 – Comparação entre os critérios de avaliação de estoques Fonte: Elaborada pela autora. Perceba que o valor maior das saídas foi obtido com a utilização do critério UEPS, R$ 745,00, enquanto o menor foi obtido com a utilização do critério PEPS. É importante lembrar ainda que não existirá diferença entre os critérios quando o estoque é zerado. Contabilidade de Custos unidade 3 077 Como já informado, o critério UEPS não é aceito pela legislação brasileira, pois distorce os resultados, apresentando custo maior, lucro menor e, consequentemente, menor arrecadação de tributos para os cofres públicos. A empresa poderá adotar o critério que achar mais conveniente, mas, se usar o UEPS, deverá apresentar a diferença para tributação no LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real). Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR) é um livro fiscal, sendo obrigatório somente para as empresas tributadas pelo imposto de renda na modalidade lucro real, conforme previsão contida no regulamento do imposto de renda. Sua função é ajustar os demonstrativos contábeis à declaração do imposto de renda com adições e exclusões ao lucro líquido do período-base, apurando-se a base de cálculo do imposto de renda devido e controle de valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos-base futuros, e que não constam da escrituração comercial. Consulte: http://www.portaldecontabilidade.com.br/obrigacoes/lalur.htm Além dos critérios apresentados (PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado), existe um quarto critério, que é conhecido como preço específico, critério que deve ser utilizado para produtos que não se repetem, que é o caso, por exemplo, de produtos fabricados sob encomenda específicas de clientes. Em caso de devoluções de compras, estas devem ser lançadas na coluna das entradas no controle de estoques, porém entre parênteses, visto Contabilidade de Custos unidade 3 078 que será uma entrada negativa. As devoluções de compras devem ser registradas no controle de estoques pelo valor pago ao fornecedor, por ocasião da respectiva compra. se houver devoluções de materiais requisitados ou devolução de vendas de clientes, serão lançadas na coluna das saídas, também entre parênteses. Serão saídas negativas e deverão ser lançadas pelos valores das respectivas saídas. Acompanhe o estudo de caso que preparei para que você entenda com mais facilidade o critério Custo Médio Ponderado Permanente (móvel), mas, desta vez, com devoluções. Estudo de caso: Avalição de estoques – Critério Custo Médio Ponderado Permanente (móvel) com devoluções. Objetivos de aprendizagem desse estudo de caso • Entender a movimentação de entradas e saídas, utilizando o critério de avaliação Custo Médio Ponderado Permanente (móvel); • Compreender como registrar as devoluções ao fornecedor e ao depósito. A empresa XYZ controla seus estoques utilizando o critério Custo Médio Ponderado Permanente (móvel). No dia 01, iniciou com estoque inicial de 20 unidades da matéria-prima “B”, tendo valor unitário de R$ 8,00 e, durante o mês, teve as seguintes movimentações: • Dia 03 – Compra de 80 matérias-primas “B”, ao valor de R$ 9,00 cada; • Dia 05 – Transferência para a produção de 50 matérias- primas “B” para consumo; • Dia 06 - Compra de 150 matérias-primas “B”, ao valor de R$ 10,00 cada; Contabilidade de Custos unidade 3 079 • Dia 08 – Compra de 100 matérias-primas “B”, ao valor de R$ 11,00 cada; • Dia 09 – Devolução ao fornecedor de 10 matérias-primas “B” adquiridas no dia 03, por apresentarem defeito; • Dia 16 - Devolução ao depósito de 5 matérias-primas “B” transferidas no dia 05, por não serem usadas; • Dia 20 – Transferência para a produção de 200 matérias- primas “B” para consumo; Em relação à resolução do controle de estoque pelo Critério Custo Médio Ponderado permanente(móvel), pergunta-se: a) Qual é a quantidade e o valor total do custo de aquisição? b) Qual é a quantidade e o valor total dos estoques remanescentes? c) Qual é a quantidade e o valor total das matérias-primas aplicadas na produção? TABELA 7 – Resolução através do Custo Médio Ponderado Permanente, com devoluções total 160,00 880,00 440,00 1.940,00 3.150,00 3.060,00 3.104,00 1.000,00 1.000,00 unit. 8,80 8,80 10,52 Qtde. 20 100 50 200 300 290 295 95 95 total 720,00 1.500,00 1.210,00 (90,00) 3.340,00 E.i. NF RQ NF NF Dev. NF Dev.RQ RQ Preço Médio 8,00 8,80 8,80 9,70 10,50 10,55 10,52 10,52 Qtde. 50 (5) 200 245 Qtde. 80 150 100 (10) 320 total 440,00 (44,00) 2.104,00 2.500,00 unit. 9,00 10,00 12,10 9,00 Dia 01 Dia 03 Dia 05 Dia 06 Dia 08 Dia 09 Dia 16 Dia 20 TOTAL eNtradas saídas data doC. saldo Fonte: Elaborada pela autora. Contabilidade de Custos unidade 3 080 Para fins didáticos, utilizamos duas casas após a vírgula. Em função disso, temos diferença de centavos na tabela, não interferindo na resolução, visto que o intuito aqui foi demonstrar o funcionamento das entradas, saídas e devoluções na utilização do critério de avaliação Custo Médio Ponderado Permanente (móvel). Devolução de compras são registradas na coluna das entradas, porém com sinal negativo, ou seja, entre parênteses. E a valorização é de acordo com o registro da época da entrada. Para composição do novo saldo, a quantidade e o valor da devolução devem ser deduzidos, pois houve saída do estoque. Em relação à devolução da produção para o depósito, o registro deve ser feito na coluna das saídas entre parênteses. No saldo, a quantidade e valor devem ser adicionados, visto que os materiais retornaram para o estoque. Vamos às respostas! a) Qual é a quantidade e o valor total do custo de aquisição? Quantidade = 320 Valor total = R$ 3.340,00 b) Qual é a quantidade e o valor total dos estoques remanescentes? Quantidade = 95 Valor total = R$ 1.000,00 Contabilidade de Custos unidade 3 081 c) Qual é a quantidade e o valor total das matérias-primas aplicadas na produção? Quantidade = 245 Valor total = R$ 2.500,00 Conceitos e/ou as teorias trabalhadas no estudo de caso • Princípio do custo histórico; • Aplicação do critério Custo Médio Ponderado Permanente (móvel); • Demonstração e tratativa das devoluções ao fornecedor e ao depósito. Muito bem aluno(a), através da situação apresentada, você pôde perceber que as compras devem ser registradas na coluna das entradas pelo valor de aquisição que, de acordo com os princípios de contabilidade, atende ao princípio do custo histórico. Quanto à coluna das saídas, registramos as transferências para a produção, em se tratando de indústria, ou as quantidades vendidas, quando for comércio. Outro ponto importante: quando o critério utilizado é o Custo Médio Ponderado Permanente (móvel), a valorização das saídas será pelo último preço médio, que se encontra na coluna do saldo, independentemente do ramo de atividade, ou seja, de igual forma para indústria ou comércio. Isto em função do critério, pois calcula novo preço médio a cada compra efetuada se o valor de aquisição for diferente. Também demonstramos a tratativa das devoluções de compras que devem ser registradas como entradas negativas, na coluna das entradas, e valorizadas pelo preço da época da aquisição, subtraídas do saldo. E deve ser calculado novo preço médio. Quando houver devolução da produção para o depósito, o registro será na coluna das saídas de forma negativa e ao saldo devem ser Contabilidade de Custos unidade 3 082 somadas, em se tratando de indústria. E a valorização é de acordo com a data da época da transferência. E como seria se fosse comércio, em caso de devolução de uma mercadoria, por parte de um cliente? Mesmo raciocínio da indústria. A devolução do cliente será registrada na coluna das saídas de forma negativa pelo custo da saída da época da venda e será somada ao saldo, visto que o estoque aumentará. Neste caso, também deverá ser calculado novo preço médio. Acreditamos que, com este estudo de caso, foi possível ter uma visão geral do critério de avaliação Custo Médio Ponderado Permanente (móvel). Lembrando que a empresa poderá escolher qualquer critério apresentado para fins contábeis e de gestão, porque todos são baseados no custo histórico. Porém, a legislação brasileira não aceita o critério UEPS. “Custo médio ponderado permanente (móvel), com devoluções”Videoaula Revisão Nesta unidade, estudamos alguns princípios e convenções da Contabilidade aplicados a custos, e os principais critérios de avaliação de estoques. A empresa poderá adquirir os mesmos tipos de mercadorias em datas diferentes, pagando preços variados. O custo das mercadorias ou dos produtos estocados é determinado com base no valor de aquisição constante nas notas fiscais de compra, acrescido das despesas acessórias e dos impostos, taxas e contribuições que não forem recuperados pela empresa no momento da venda das mercadorias ou produtos. Contabilidade de Custos unidade 3 083 Assim, para determinar o custo dessas mercadorias estocadas e das mercadorias que foram vendidas, precisamos adotar algum critério. Os critérios mais conhecidos para a avaliação dos estoques, segundo o artigo 295 do RIR/99, são: PEPS, UEPS e Custo Médio Ponderado. Qualquer critério apresentado é aceito para fins contábeis e de gestão, porque todos são baseados no custo histórico. Porém, a legislação brasileira não aceita o critério UEPS, pois apresentará lucro menor, fato que gera valor menor dos tributos, motivo pelo qual não é aceito. Demonstramos a resolução de vários exemplos para que se perceba a teoria na prática. “Critérios de avaliação dos estoques” Videoaula • Rateio dos custos por departamento • Impacto da inconsistência dos critérios de rateio • Revisão Critérios de rateio A escolha dos critérios de rateio para distribuir os custos indiretos de fabricação (CIF) não é tarefa fácil, principalmente em algumas empresas, devido à complexidade dos processos produtivos. Essa escolha torna-se mais simples quando a empresa produz poucos produtos variados. Os critérios de rateio devem ser escolhidos após uma análise detalhada dos processos produtivos, pois a distribuição dos custos indiretos de fabricação (CIF) depende de cálculos e de estimativas para serem apropriados aos produtos. Esses custos indiretos de fabricação podem ser rateados sem departamentalização ou com departamentalização. Qual será a diferença entre sem departamentalização e com departamentalização? Esta resposta você obterá no decorrer das nossas aulas. Acompanhe! E qual o significado de departamentalização? O significado está diretamente ligado à ideia de departamento fabril, que pode ser entendido como um pequeno setor dentro da fábrica, em que haverá funcionários e máquinas. Lá serão fabricados produtos da mesma natureza, com pelo menos um responsável pelas atividades. Esses setores normalmente são conhecidos como departamentos ou centros de custos. A alocação dos custos indiretos é uma preocupação para os gestores por conta da subjetividade presente neste procedimento, o que pode gerar impactos pela inconsistência dos critérios de rateio. Acompanhe as aulas e bons estudos! Contabilidade de Custos unidade 4 086 O que são critérios de rateio? São parâmetros, bases, medidas que são utilizadas para distribuir os custos indiretos de fabricação aos departamentos ou aos produtos. Como exemplo, as bases de rateio para salários dos supervisores podem ser: número de funcionários sob supervisão, salários pagos, entre outros. Essa distribuição pode ser feita sem departamentalização ou com departamentalização. Qual é o entendimento de departamentalização? A departamentalizaçãopode ser entendida como a divisão da fábrica em departamentos ou centros de custos, nos quais são debitados todos os custos de produção, de modo a promover uma melhor organização e administração da produção. Geralmente existem dois tipos de departamentos dentro das fábricas: departamentos de serviços de departamentos de produção. Departamentos de serviços – Esses departamentos não atuam diretamente na fabricação dos produtos, prestam serviços aos demais, sejam também de serviços ou produtivos. Como os produtos não passam pelos departamentos de serviços, seus custos são apropriados indiretamente aos produtos por meio de critérios de rateio. O primeiro passo é ratear os custos já contidos nos mesmos, aos departamentos de produção. Na sequência, os custos já distribuídos aos departamentos produtivos serão rateados aos diversos produtos. Controle de qualidade, manutenção, almoxarifado, administração geral da fábrica, suprimentos, engenharia industrial, entre outros. Rateio dos custos por departamento Contabilidade de Custos unidade 4 087 A mão de obra referente aos funcionários dos departamentos de serviços é considerada indireta. Departamentos produtivos – São os que atuam diretamente na fabricação dos produtos. Nos departamentos produtivos, os custos são rateados diretamente aos produtos fabricados. Estamparia, galvanização, usinagem, perfuração, soldagem, pintura, corte, montagem, acabamento, entre outros. O assunto a ser abordado será direcionado no sentido de avaliar o custo dos produtos fabricados. Mesmo assim, quando necessário, serão enfatizados os aspectos relacionados com a tomada de decisões. Vale lembrar que, na composição do custo dos produtos, os custos diretos são aqueles que se controla, física ou monetariamente, em cada produto. E os custos indiretos, por não serem tão facilmente identificados aos produtos ou serviços, devem seguir algum critério de rateio para serem posteriormente acrescidos aos custos os produtos. O rateio pode ocorrer de forma direta ou através da departamentalização, conforme pode ser visualizado nas Figuras 1 e 2. Contabilidade de Custos unidade 4 088 FIGURA 1 - Sem departamentalização Fonte: Elaborada pela autora. FIGURA 2 - Com departamentalização Fonte: Elaborada pela autora. Nas empresas mais complexas, a departamentalização possibilita maior controle de áreas específicas, permitindo gerenciamento dos recursos. Isso porque os departamentos possuem responsáveis cujo desempenho pode ser mensurado e controlado. Por exemplo, confrontando os gastos realizados em relação aos orçamentos de cada área funcional. Dois pontos são importantes e devem ser enfatizados, quando da utilização da departamentalização: 1. Alguns custos, mesmo sendo indiretos em relação aos produtos, podem ser relacionados diretamente com os departamentos. Por exemplo, a Contabilidade de Custos unidade 4 089 depreciação dos equipamentos ligados a um determinado departamento, o custo de materiais requisitados por um departamento específico ou ainda o custo de mão de obra indireta (supervisão ou gerente) de um departamento específico, que pode diferir do custo desses mesmos cargos em outros setores da fábrica. 2. Nem todos os produtos passam por todos os departamentos. Se passam, às vezes não permanecem o mesmo tempo que outros produtos. Isso faz com que o custo dos produtos tomem proporções distintas que, se não fossem consideradas, poderiam causar distorções prejudiciais à empresa. Acompanhe a seguir o caso da indústria Machadinho Ltda. Você verá como calcular a taxa de absorção e, a partir da taxa, fazer a distribuição dos custos indiretos. E também como calcular o custo do produto. Vamos lá! A indústria Machadinho Ltda. tem os custos indiretos registrados no departamento de caixas de papelão: TABELA 1 – Custos indiretos da indústria Machadinho Ltda Fonte: Elaborada pela autora. No decorrer do período, foram produzidas 24.500 caixas de papelão no tamanho 25x40; 28.000 caixas no tamanho 45x60 e 17.500 caixas, tamanho 60x80. 1. Usando como critério de rateio a quantidade de caixas produzidas no período, determine o rateio dos custos indiretos das caixas. Contabilidade de Custos unidade 4 090 Vamos à resolução? Valor total dos custos indiretos de fabricação = R$ 22.925,00 Quantidade total de embalagens produzidas = 70.000 unidades (24.500 + 28.000 + 17.500) Qual é a fórmula para calcular a taxa de absorção? TA = CIF / critério de rateio Onde: TA – Taxa de absorção CIF – Custos indiretos de fabricação Criterio de rateio – Base escolhida para fazer a distribuição dos custos indiretos de fabricação Então: TA = R$ 22.925,00 / 70.000 unidades = R$ 0,3275 2. Vamos agora, a partir da taxa de absorção, calcular o custo indireto por embalagens. Caixas 25 x 40 = 24.500 unid. x taxa de absorção R$ 0,3275 = R$ 8.023,75 Caixas 45 x 60 = 28.000 unid. x taxa de absorção R$ 0,3275 = R$ 9.170,00 Caixas 60 x 80 = 17.500 unid. x taxa de absorção R$ 0,3275 = R$ 5.731,25 Para saber se fizemos a distribuição de forma correta, somemos os custos de cada tipo de caixa. O valor apurado deverá ser igual ao total de custos indiretos de fabricação. Vamos lá: R$ 8.023,75 + R$ 9.170,00 + R$ 5.731,25 = R$ 22.925,00 Contabilidade de Custos unidade 4 091 Para se familiarizar com o cálculo da taxa de absorção com a distribuição dos custos indiretos de fabricação (CIF) e agora também com o cálculo dos custos unitários, assista ao vídeo a seguir. “Rateio sem departamentalização” Videoaula Registro dos custos e apuração do resultado do período sem departamentalização O exemplo a seguir demonstra o cálculo do custo indireto a ser apropriado aos produtos sem a utilização da técnica da departamentalização. Leia com atenção! A companhia Flor de Liz fabrica produtos Alfa e Beta nas quantidades de 2.000 unidades e 2.700 unidades, respectivamente. O valor do custo direto total por produto é: Matéria-prima Produto Alfa – R$ 25.000,00 Produto Beta – R$ 18.000,00 Mão de obra direta (MOD) Produto Alfa – R$ 12.000,00 Produto Beta – R$ 8.000,00 Os custos indiretos de fabricação durante o mês foram os seguintes: Contabilidade de Custos unidade 4 092 TABELA 2 – Gastos mensais relativos à empresa Flor de Liz Fonte: Elaborada pela autora. Como pode ser notado, o custo da mão de obra direta (ou MOD) representa 43,48% (MOD R$ 20.000,00 / Total dos CIF R$ 46.000,00 x 100 = 43,48%) do custo indireto total . A empresa resolveu ratear o total do custo indireto, conforme a utilização da mão de obra direta consumida na produção dos produtos. Em média, essa utilização se dá da seguinte forma: TABELA 3 – Tempo de utilização da mão de obra direta para fabricação dos produtos Fonte: Elaborada pela autora. O custo indireto médio (CIF) por hora de mão de obra direta (MOD) pode ser calculado conforme demonstrado a seguir: Fórmula: Taxa de absorção = CIF / critério de rateio Taxa de absorção = R$ 46.000,00 / 1.000 horas = R$ 46,00/hora Contabilidade de Custos unidade 4 093 Podemos, então, ratear os custos indiretos de fabricação (CIF) para cada produto utilizando essa taxa, multiplicada pelo tempo de mão de obra direta (MOD) gasto em cada produto. TABELA 4 – Rateio do custo indireto proporcionalmente à mão de obra direta Fonte: Elaborada pela autora. Para saber se fizemos o rateio de forma correta, a soma dos produtos Alfa e Beta deve ser igual ao valor total dos custos indiretos de fabricação. No nosso exemplo está correto, visto que a soma totaliza R$ 46.000,00, conforme aponta a Tabela 2. Nesse caso, os CIF seriam rateados em R$ 20.700,00 para o produto Alfa e R$25.300,00 para o produto Beta. De forma bem simples, seriam calculados os custos por produto sem departamentalização. Qual seria o valor do custo unitário do produto Alfa e Beta? Produto Alfa: R$ 20.700,00de CIF + R$ 25.000,00 de matéria-prima + R$ 12.000,00 de mão de obra direta R$ 57.700,00 valor total Agora: Para calcular o valor unitário é bem simples: R$ 57.700,00 / 2.000 unidades produzidas = R$ 28,85 unitário Contabilidade de Custos unidade 4 094 Produto Beta: R$ 25.300,00 de CIF + R$ 18.000,00 de matéria-prima +R$ 8.000,00 e MOD R$ 51.300,00 valor total Para calcular o valor unitário do produto Beta: R$ 51.300,00 / 2.700 unidades produzidas = R$ 19,00 unitário Continuando, durante o mês, a empresa vendeu 1.500 produtos Alfa ao valor unitário de R$ 61,00 e 2.000 unidades do produto Beta ao valor unitário de R$ 36,00 cada. Também tiveram despesas administrativas e comerciais no valor de R$ 34.000,00. Pergunta- se: Qual o valor do resultado apurado? TABELA 5 - Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Fonte: Elaborada pela autora. O lucro operacional representa 29,49541% em relação ao valor das vendas. Onde: R$ 48.225,00 / R$ 163.500,00 x 100 = 29,49541% Contabilidade de Custos unidade 4 095 Rateio dos custos indiretos de fabricação com departamentalização Para começarmos o estudo deste novo tema, ouça um podcast sobre o esquema de rateio dos curtos indiretos com departamentalização. Podcast: Esquema de rateio dos custos indiretos com departamentalização https://soundcloud.com/animaead/esquema-rateio-custos- indiretos-com-departamentalizacao Seguem mais informações sobre o rateio dos custos indiretos de fabricação (CIF) com departamentalização. Acompanhe! Geralmente, um departamento é um centro de custos e nele são acumulados os custos indiretos de fabricação para alocação aos produtos (departamentos de produção), ou a outros departamentos (departamentos de serviços). O critério de rateio pode se tornar mais preciso quando se adota a departamentalização para a distribuição dos custos fixos em função da troca de serviços entre departamentos de serviços, além da alocação para os departamentos produtivos. Você deve estar se perguntando: Como é possível distribuir os custos indiretos, por exemplo, dos departamentos de serviços para os departamentos produtivos? E como atribuir esses custos aos produtos? A resposta você encontrará acompanhando o enunciado e a resolução do exemplo que segue. Vamos lá! A empresa de Confecções Veste Bem Ltda. é dividida em quatro departamentos de produção: corte, costura, acabamento e Contabilidade de Custos unidade 4 096 passação. Dispõe ainda de três departamentos de serviços: manutenção, compras e controle. Os custos indiretos de fabricação ocorridos em determinado mês são acumulados nas contas de CIF – departamentais. No fim do período, os totais acumulados nessas contas são: TABELA 6 – Custos indiretos de fabricação Fonte: Elaborada pela autora. Os custos departamentais de serviços são distribuídos aos demais departamentos na seguinte ordem: TABELA 7 – Distribuição custos departamentais Fonte: Elaborada pela autora. As bases de rateio selecionadas, por serem mais representativas, são as seguintes: Contabilidade de Custos unidade 4 097 TABELA 8 – Critérios de rateio Fonte: Elaborada pela autora. O departamento de custos elaborou o seguinte quadro para distribuição dos custos: TABELA 9 – Quadro de distribuição Fonte: Elaborada pela autora. Pois bem, diante do exposto, vamos fazer a distribuição dos custos indiretos de fabricação dos departamentos de serviços para os departamentos de produção. Acompanhe atentamente o memorial e a resolução do exemplo! Sobre a manutenção - Qual é a base de rateio? Resposta: As horas de manutenção utilizadas em cada departamento. O total de horas: 520. Temos que diminuir as horas dos departamentos para os quais não irá trabalhar, que são: ele mesmo (25h) e compras (20h). Contabilidade de Custos unidade 4 098 Então: 520 h – 45h = 475 horas. Taxa de Absorção = CIF/critério de rateio Taxa de Absorção = R$ 29.925,00/ 475 = R$ 63,00 Sendo assim, basta multiplicar a taxa de absorção calculada de R$ 63,00, que é igual para os quatro departamentos pelo critério de rateio. Nesse caso, são as horas de manutenção utilizadas em cada departamento, de acordo com o abaixo demonstrado. Controle R$ 63,00 x 35h = R$ 2.205,00 Corte R$ 63,00 x 100h = R$ 6.300,00 Costura R$ 63,00 x 250h = R$ 15.750,00 Acabamento R$ 63,00 x 50h = R$ 2.520,00 TABELA 10 – Distribuição dos custos indiretos (manutenção) Fonte: Elaborada pela autora. Observe na coluna “manutenção” a última linha: Por que menos (-) R$ 29.925,00? Resposta: Porque nós distribuímos o valor de R$ 29.925,00 para os departamentos de controle, corte, costura, acabamento e passação. Sobre as compras - Qual é a base de rateio? Resposta: O valor das requisições de materiais feitas pelos departamentos ao almoxarifado. Conforme a Tabela 9, o valor total é R$ 10.600,00. Não tem nada para diminuir, de acordo com as informações do enunciado. Taxa de Absorção = CIF/Critério de rateio Taxa de Absorção = R$ 42.400,00/ R$ 10.600,00 = R$ 4,00 Contabilidade de Custos unidade 4 099 Portanto, basta multiplicar a taxa de absorção calculada, R$ 4,00, que é igual para os quatro departamentos pelo critério de rateio. Nesse caso, é o valor das requisições de materiais feitas pelos departamentos ao almoxarifado, conforme demonstrado abaixo. Corte R$ 4,00 x 3.000,00 = R$ 12.000,00 Costura R$ 4,00 x 3.600,00 = R$ 14.400,00 Acabamento R$ 4,00 x 1.200,00 = R$ 4.800,00 Passação R$ 4,00 x 2.800,00 = R$ 11.200,00 TABELA 11 – Distribuição dos custos indiretos(compras) Fonte: Elaborada pela autora. Agora, verifique a coluna “compras”, última linha: Por que menos R$ 42.400,00? Resposta: Porque nós distribuímos o valor de R$ 42.400,00 para os departamentos de corte, costura, acabamento e passação. Sobre o controle - Qual é a base de rateio? Resposta: Número de funcionários em cada departamento. Total 778 funcionários (-) 48 func. Manutenção (-) 15 func. Compras (-) 10 func. Controle = 705 funcionários Contabilidade de Custos unidade 4 100 Deduzimos os funcionários de manutenção e compras, pois não trabalham para controle. Os funcionários de controle não trabalham para ele mesmo. Taxa de absorção = CIF/Base Volume Taxa de absorção = R$ 26.790.00/705 = R$ 38,00 Desta forma, multiplica-se o valor da taxa de absorção calculada, R$ 38,00, igual para os quatro departamentos pelo critério de rateio, que é o número de funcionários em cada departamento, como calculamos abaixo. Corte R$ 38,00 x 250 = R$ 9.500,00 Costura R$ 38,00 x 300 = R$ 11.400,00 Acabamento R$ 38,00 x 80 = R$ 3.040,00 Passação R$ 38,00 x 75 = R$ 2.850,00 TABELA 12 – Distribuição dos custos indiretos – controle Fonte: Elaborada pela autora. Por que menos R$ 26.790,00? Resposta: Porque nós distribuímos o valor de R$ 26.790,00 para os departamentos de corte, costura, acabamento, passação. Contabilidade de Custos unidade 4 101 A soma dos departamentos produtivos deverá ser igual ao valor total dos CIF, que é de R$ 286.910,00. Vamos ver se fechou? R$ 87.800,00 + R$ 111.550,00 + R$ 50.990,00 + R$ 36.570,00 = R$ 286.910,00 Está correto! Verifique novamente a Tabela 6. Vamos em frente! A empresa de Confecções Veste Bem Ltda produz camisas de quatro tamanhos: P, M, G e GG. Embora as camisas apresentem uma pequena diferença em relação à quantidade de tecido e outros materiais diretos, os custos são igualmente divididos entre elas. Durante o mês, a quantidade de camisas produzidas é de 40.000 unidades. Materiaisdiretos aplicados Departamento de corte - R$ 30.000,00 Departamento de costura – R$ 50.000,00 Departamento de acabamento – R$ 25.000,00 Departamento de passação – R$ 15.000,00 Mão de obra direta (MOD) Departamento de corte - R$ 12.000,00 Departamento de costura – R$ 35.000,00 Contabilidade de Custos unidade 4 102 Departamento de acabamento – R$ 11.000,00 Departamento de passação – R$ 9.000,00 Outras informações: Durante o mês, foram vendidas 25.000 camisas ao preço unitário de R$ 25,00 cada. A empresa teve despesas administrativas, comerciais e financeiras no montante de R$ 40.000,00. O que vamos fazer: Apurar o lucro operacional do período. Chegou a hora da resolução: 1) Calcular o valor total dos custos dos produtos de cada departamento. Corte: R$ 87.800,00 de CIF distribuídos + R$ 30.000,00 de materiais diretos R$ 12.000,00 de mão de obra direta R$ 129.800,00 Costura: R$ 111.550,00 de CIF distribuídos + R$ 50.000,00 de materiais diretos R$ 35.000,00 de mão de obra direta R$ 196.550,00 Acabamento: R$ 50.990,00 de CIF distribuídos + R$ 25.000,00 de materiais diretos R$ 11.000,00 de mão de obra direta R$ 86.990,00 Contabilidade de Custos unidade 4 103 Passação: R$ 36.570,00 de CIF distribuídos + R$ 15.000,00 de materiais diretos R$ 9.000,00 de mão de obra direta R$ 60.570,00 Então, para calcular o custo unitário das camisas, vamos somar o custo de produção de cada departamento e dividir pela quantidade produzida, considerando que todas estão 100% terminadas. Custo unitário: R$ 129.800,00 do corte + R$ 196.550,00 da costura R$ 86.990,00 do acabamento R$ 60.570,00 da passação R$ 473.910,00 / 40.000 unidades = R$ 11,84775 cada 2) Agora podemos elaborar o demonstrativo de resultado do exercício (DRE): TABELA 13 – Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Fonte: Elaborada pela autora. Quanto representa o valor do lucro operacional em relação à receita de vendas? R$ 288.806,25 / R$ 625.000,00 x 100% = 46,209% Contabilidade de Custos unidade 4 104 Você acabou de acompanhar o desenvolvimento de um exemplo de rateio dos custos indiretos de fabricação utilizando a departamentalização. Assista agora à videoaula, na qual será apresentada resolução de um exercício de rateio com departamentalização para que, em caso de dúvidas, estas possam ser esclarecidas durante a explicação. Aproveite! “Rateio com departamentalização” Videoaula O lucro é uma das informações fundamentais às organizações com fins lucrativos. É a razão pela qual o investidor se arrisca ao aplicar seus recursos em uma empresa. Mesmo nas organizações sem fins lucrativos, o resultado que a empresa precisa gerar pode ser contabilizado de forma a demonstrar quanto recurso ela utilizou para atingir seu objetivo. Quanto mais eficiente a organização, melhor para o investidor ou para os interessados no resultado dessa entidade. Para saber mais sobre departamentalização, procure ler no livro de CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018, páginas 241 até 285. Nestas páginas, você encontrará conceitos acerca do assunto e atividades aplicadas. Contabilidade de Custos unidade 4 105 Impacto da inconsistência dos critérios de rateio Na contabilidade de custos, de forma geral, existem custos que podem ser facilmente identificados em relação aos produtos (custos diretos) e outros custos que temos dificuldade em saber, como quantidade e valor, que são os custos indiretos de fabricação (CIF). Para estes, necessitamos de parâmetros para alocação (critérios), pois os custos indiretos tornaram-se uma parcela representativa dos custos de fabricação de muitas indústrias. Com a evolução tecnológica, ocorre a substituição de elementos de custo, que no passado eram diretos, por recursos automatizados de produção, cujos custos só podem ser atribuídos indiretamente aos produtos fabricados. Em função da multiplicidade de critérios possíveis para ratear os custos indiretos de fabricação, faz-se necessária análise apurada para que os resultados não sejam distorcidos. Os critérios de rateio devem ser escolhidos após uma minuciosa análise da empresa sobre o elemento que melhor se identifique com o item de custo a ser rateado. O conhecimento dos processos produtivos é fundamental para o desenvolvimento dos métodos. O estabelecimento das bases para a incorporação dos custos indiretos de fabricação ao custo dos produtos ou serviços industriais constitui uma das operações mais delicadas em matéria de contabilidade de custos. O orçamento dos custos indiretos de fabricação e a base de volume selecionada, ou critério de rateio, constituem os elementos da fórmula da taxa de absorção. Ambos são estimações. O método parece simples, mas essas estimações são difíceis de serem determinadas. Não há regras fixas para a determinação da atividade Contabilidade de Custos unidade 4 106 estimada a ser usada como denominador. Entretanto, deve haver uma relação direta entre a base e os custos indiretos de fabricação, ou seja, a base que representa melhor a alocação dos custos. Os critérios a seguir são comumente utilizados para calcular a taxa de custos indiretos de fabricação: unidades de produção, custo de material direto, custo da mão de obra direta, horas mão de obra, horas máquina, entre outros. Outros exemplos: TABELA 14 – Exemplos critérios de rateio Custos indiretos de fabricação Critério de rateio Seguro da fábrica Área ocupada pelos departamentos Aluguel da fábrica Área ocupada pelos departamentos Depreciação das máquinas da fábrica Valor das máquinas de cada departamento Salário dos supervisores Valor da folha de pagamento de cada departamento Compras Valor das requisições de materiais feitas pelos departamentos ao almoxarifado Oficina de manutenção Custos das tarefas, horas de máquinas, horas de mão de obra Fonte: Elaborada pela autora. Contabilidade de Custos unidade 4 107 Agora já conhecemos vários critérios de rateio dos custos indiretos de fabricação e, no exemplo que segue, estaremos fazendo a aplicação. A empresa ABC possui vários departamentos, entre eles, o departamento de costura. Em determinado mês, o departamento de costura tinha acumulado R$ 600.000,00 de custos indiretos de fabricação e precisa distribuir aos três produtos, são eles: camisa A, camisa B e camisa C. Estas camisas consomem matéria-prima e mão de obra direta nos seguintes valores: TABELA 15 – Custos diretos Fonte: Elaborado pela autora. Os custos indiretos a apropriar são de R$ 600.000,00 e cada produto utiliza as seguintes quantidades de horas de máquinas: Camisa A = 1.200 h/ máquina Camisa B = 1.000 h/ máquina Camisa C = 600 h/ máquina Total = 2.800 h/ máquina O gerente de produção necessita saber qual o melhor critério para distribuir o valor dos custos indiretos de fabricação (CIF) aos três produtos fabricados. O que faremos: Calcular o rateio dos custos indiretos de fabricação (CIF) com base em horas de máquina, no valor na mão de obra direta e no valor da matéria-prima aplicada nos produtos, e orientar o gerente de produção. Contabilidade de Custos unidade 4 108 Acompanhe a resolução deste caso! Qual a fórmula a ser utilizada para calcular a taxa de absorção? Resposta: TA = CIF / critério de rateio Critério: apropriação com base em horas de máquina de cada produto Por este critério, teremos: TA= CIF / critério de rateio TA = R$ 600.000,00 / 2.800 h/ máquina = R$ 214,2857143 que será nossa taxa de absorção Portanto, a apropriação aos produtos seria: Camisa A - R$ 214,2857143 x 1.200 h = R$ 257.142,86 Camisa B - R$ 214,2857143 x 1.000 h = R$ 214.285,71 Camisa C - R$ 214,2857143 x 600 h = R$ 128.571,43 Total (Camisa A + Camisa B + Camisa C) = R$ 600.000,00 Considerando apenaso custo do departamento de costura, conforme o enunciado, o custo total dos produtos seria: TABELA 16 – Custo total dos produtos com base em horas máquina Fonte: Elaborada pela autora. Agora a apropriação será com base na mão de obra direta Contabilidade de Custos unidade 4 109 Se usarmos como critério para apropriação dos custos indiretos o valor da mão de obra aplicada em cada produto, as três camisas receberiam igual parcela de custos indiretos do departamento de costura e seu custo total seria: TA= CIF / critério de rateio TA = R$ 600.000,00/R$ 900.000,00 = 0,6666666 x R$ 300.000,00 = R$ 200.000,00 TABELA 17 – Custo total dos produtos com base na mão de obra direta Fonte: Elaborada pela autora. O próximo critério é com base na matéria-prima aplicada nos produtos. Se usarmos como critério para apropriação dos custos indiretos o valor da matéria-prima aplicada em cada produto, teríamos: TA= CIF / critério de rateio TA = R$ 600.000,00 / R$ 1.900.000,00 = R$ 0,3157894 Camisa A - R$ 0,315789473 x R$ 500.000,00 = R$ 157.894,74 Camisa B - R$ 0,315789473 x R$ 600.000,00 = R$ 189.473,68 Camisa C - R$ 0,315789473 x R$ 800.000,00 = R$ 252.631,58 Total (Camisa A + Camisa B + Camisa C) = R$ 600.000,00 Considerando somente os custos indiretos do departamento de costura, os custos dos produtos seriam: Contabilidade de Custos unidade 4 110 TABELA 18 – Custo total dos produtos com base na matéria- prima aplicada Fonte: Elabora pela autora. Agora vem a pergunta, qual o melhor critério para ser utilizado pela empresa? Para responder à dúvida do gerente de produção, precisamos analisar a composição dos R$ 600.000,00 de custos indiretos de fabricação. Se a maior parte de seus componentes estão relacionados a máquinas, o primeiro critério será considerado o melhor. Se a maior parte de seus componentes estão relacionados à mão de obra (supervisão do departamento), o melhor critério será o segundo. Agora, se grande parte dos itens que compõem os custos indiretos estiverem relacionados à matéria-prima, o melhor critério será o terceiro. A apuração de custos utilizando critérios de rateios geram, muitas vezes, informações duvidosas e podem prejudicar a tomada de decisão de acordo com o ponto de vista gerencial, pois os critérios de rateio são baseados Contabilidade de Custos unidade 4 111 em previsões, estimativas e pela sua diversidade, levando a decisões que podem não ser as mais acertadas. Veja a seguir a videoaula sobre inconsistência dos critérios de rateio. Acompanhe o caso da empresa XYZ e pense a respeito: Os critérios utilizados para distribuição de custos indiretos (CIF) são representativos e têm conexão com os CIF? No exemplo resolvido, foi possível verificar que os custos dos produtos variaram de acordo com o critério adotado. Eis a pergunta: Como se certificar para saber qual o melhor critério a ser usado? De forma nenhuma, o exemplo resolvido, utilizando três critérios de rateio diferentes, esgota as possibilidades de análise para fins de tomada de decisões, pois outras informações devem ser levadas em conta. Entre elas, a composição dos custos indiretos de fabricação e, com certeza, a base utilizada para fazer a distribuição. É importante também considerar o fluxo de produção quanto à continuidade, por exemplo: produz, estoca, vende parcialmente, produz, estoca e assim por adiante. Nesse exemplo, se a base de rateio beneficiou os produtos estocados num período, pela falta de rateio de custos indiretos, esses custos possivelmente foram agregados aos produtos vendidos anteriormente, ou talvez até lançadas como despesas. “Inconsistência dos critérios de rateio” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 4 112 Fazendo análise do ponto de vista da operacionalização, este é um trabalho acurado, que requer conhecimento dos processos de produção para que os critérios representem lógica e conexão. O que fazer à medida que a empresa cresce? A princípio, podemos dizer que aumentará a exigência de recursos tecnológicos para os processos produtivos e recursos humanos para fazer as análises, na busca da viabilização e da obtenção de critérios cada vez mais apropriados. Agora é sua vez! Reflita a respeito. Acesse: http://revista.crcmg.org.br/index.php?journal=rmc&page=article& op=view &path%5B%5D=590&path%5B%5D=386 Baixe o arquivo em PDF e leia o artigo que trata dos impactos das taxas de rateio de custos indiretos na alocação dos custos de produção. Trata-se de um estudo de caso no mercado de charqueados. Contabilidade de Custos unidade 4 113 Revisão Nesta unidade, estudamos critérios de rateio dos custos indiretos de fabricação sem departamentalização e com departamentalização. Departamentalização é a divisão da empresa em diversos departamentos que podem ser de apoio (serviços), por exemplo: manutenção, almoxarifado, entre outros, ou produtivos, tais como: corte, costura, montagem, pintura, entre outros. Quando a empresa faz a distribuição dos custos indiretos sem departamentalização, é um método mais simples, que pode apresentar maiores distorções nos cálculos dos custos. Já o método com departamentalização tende a ser mais preciso e, portanto, mais justo na distribuição dos custos dos departamentos de serviços aos departamentos de produção. Normalmente, é motivo de dúvida a escolha dos critérios para distribuição dos custos indiretos, já que a seleção é feita de maneira estimada ou arbitrária. A escolha errada pode gerar tomada de decisões incorretas por parte dos gestores, acarretando problemas no resultado, na posição financeira e no mercado em geral. • O método de custeio por absorção • O método de custeio variável • Revisão • Referências Métodos de custeio Método de custeio é o método usado para a apropriação de custos. Os métodos básicos de custeio são: custeio por absorção ou custeio variável, ou direto, que podem ser usados pelas empresas com qualquer sistema de acumulação de custos. Qual é a diferença entre eles? Basicamente o tratamento dos custos fixos. O custeio por absorção leva em consideração todos os custos aplicados na produção dos bens e serviços. Isso engloba custos fixos e variáveis. Ocorre que os custos fixos, como dissemos, são muito mais relativos ao período de produção do que aos produtos propriamente ditos. Sendo assim, para a apropriação dos custos indiretos aos produtos, utilizamos critérios de rateio que devem ser os mais justos e que mais se aproximem da realidade. Porém, critérios de rateio, na maioria das vezes, não são tão bem determinados e, por isso, acabam por provocar mesmo distorções nos custos dos produtos, privilegiando alguns produtos em detrimento de outros. Ao longo de nossos estudos, podemos observar o comportamento do custo fixo unitário, que, ao aumentar o volume de produção, tem seu valor diminuído. Isso provoca um efeito positivo no sistema de custeio por absorção quando os volumes de produção são elevados, pois cada vez mais os produtos apresentam custos menores. Esse efeito pode ser, no entanto, indesejável para algumas análises, pois os gestores podem desejar verificar os custos realmente relacionados à produção. Para essa observação, torna-se necessário a separação dos custos diretos, que são aqueles conhecidamente associados aos produtos. O que nem sempre é tão simples, principalmente no caso da existência de custos mistos, que possuem componentes fixos e variáveis, tornando mais complexa a segregação. O método de custeio variável ou direto considera como custo de produção de um período apenas os custos variáveis, desprezando os custos fixos, que são considerados como despesas do período. O sistema de custeio variável não tem sua utilização legalmente permitida para fins de demonstração de resultados. Contudo, tem aplicações gerenciais importantíssimas para qualquer organização,tanto que algumas empresas adaptam seus sistemas de custeio para que lhes permita segregar os custos fixos e variáveis, permitindo aproximação ao sistema de custeio variável e possibilitando tais análises para auxiliar na tomada de decisão. Os métodos de custeio são uma forma de organizar as informações do fluxo físico e financeiro das organizações de forma sistematizada, permitindo extrair informações necessárias e apoiadoras às tomadas de decisão. FIGURA 1 - A escolha do método de custeio Fonte: Elaborado pela autora. Conforme demonstrado na Figura 1, existe dúvida quanto aos métodos de custeio absorção e varíavel. Vamos esclarecer? Acompanhe os conceitos de cada método e também a diferenciação entre cada um deles. Contabilidade de Custos unidade 5 118 O método de custeio por absorção Custeio é o ato de custear ou de calcular o valor unitário do produto, ou do serviço prestado. Para o estabelecimento desse valor, parte-se da classificação dos custos entre diretos e indiretos, e posterior atribuição ao produto. Existem muitos métodos de custeio. O mais utilizado pelas empresas no Brasil é o custeio por absorção, que atribui todos os custos diretos e indiretos aos produtos. Os custos fixos e variávies, pelo princípio de custeio por absorção, são distribuídos aos produtos pela sua totalidade. De acordo com Crepaldi (2018), o custeio por absorção, também chamado custeio integral ou custo integral, é aquele que faz debitar ao custo dos produtos todos os custos da área de fabricação, definidos como custos diretos ou indiretos, fixos ou variáveis, de estrutura ou operacionais. O custeio por absorção é o princípio que é encontrado nos demonstrativos financeiros, ou seja, é derivado da aplicação dos princípios de contabilidade. Dessa forma, é o sistema aceito pela legislação fiscal. Todos os custos incorridos no período serão absorvidos pela produção realizada, ou seja, serão apropriados aos produtos acabados (e em elaboração, se for o caso), independentemente de serem fixos, variáveis, diretos ou indiretos (CREPALDI, 2018). Contabilidade de Custos unidade 5 119 A partir da utilização desse método, é possível calcular o custo unitário de cada produto, auxiliando o processo de precificação e a construção de relatórios financeiros, como demonstração de resultados do exercício. Conforme Dubois (2006), o método apresenta algumas premissas básicas, que são: FIGURA 2 - Método do custeio por absorção, por Dubois(2016) Com o aumento da disponibilidade das tecnologias nos dias atuais, muitos processos produtivos estão sendo automatizados. Com o simples manuseio de um mouse ou um dispositivo remoto, pode- se operar a produção de uma planta, que antes seria necessário vários operários para executarem as inúmeras operações, de forma quase que artesanal, para que o produto fosse fabricado. Numa época cada vez mais remota, a incidência de custos diretos, ou seja, mais facilmente relacionados física ou financeiramente aos produtos, era mais relevante. Atualmente, os custos indiretos são mais representativos e, com o aumento da complexidade e do Contabilidade de Custos unidade 5 120 tamanho das empresas, o uso da departamentalização é algo muito necessário. Na sequência, apresentaremos um exemplo para apurar o lucro do período, utilizando o método de custeio por absorção. A empresa Maravilha é uma empresa que produziu e vendeu um único produto no mês. No início do mês não havia qualquer produto em estoque. Durante o mês, a contabilidade apresentou dados da produção e das despesas incorridas: • 200 unidades produzidas e acabadas. • Custos variáveis de fabricação: R$ 30,00 por unidade. • Custos fixos de fabricação: R$ 600,00. • Despesas de administração e vendas: R$ 400,00. • As 200 unidades fabricadas foram vendidas. • Preço de venda líquido por unidade: R$ 40,00. O que faremos: Calcular o resultado final apurado (lucro) pelo método de custeio por absorção. Vamos à resolução! 1) Calcular o custo total de produção (CP) CP = Custo fixo + custo variável CP = R$ 600,00 + R$ 6.000,00 (200 unidades x R$ 30,00 cada) CP = R$ 6.600,00 2) Calcular o custo unitário de produção CP unitário = CP total / quantidade produzida no período CP unitário = R$ 6.600,00 / 200 unidades = R$ 33,00 unitário Contabilidade de Custos unidade 5 121 3) Agora vamos elaborar o demonstrativo de resultado do exercício (DRE) TABELA 1 - Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Fonte: Elaborada pela autora. Como foi possível observar, o método de custeio por absorção está de acordo com a legislação, visto que todos os custos de produção (fixos e variávies) estão embutidos no custo dos produtos vendidos. A seguir, assista a uma videoaula sobre o custeio por absorção, que acabamos de estudar! “Custeio por absorção” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 5 122 O método de custeio variável O custo variável é aquele que está mais associado ao volume de produção ou prestação de serviço. Mesmo que o custo seja indireto, ele pode ser classificado, quanto à variabilidade, como variável. Já o custo fixo tem característica de ser mais associado à estrutura organizacional ou ao período de produção, como aluguéis de galpões e prédios, parcelas de seguro de equipamentos, parcelas da depreciação dos equipamentos apropriadas no custo, entre outros custos que a empresa incorre para que o processo produtivo aconteça. Custos esses que independem do volume de produção. O método de custeio variável, então, tem como premissa a segregação dos custos fixos e seu tratamento como despesas do período, ou seja, são computados no momento da demonstração do resultado. Segundo alguns autores, é exatamente essa característica que faz dele um método não permitido pelo fisco para utilização nos relatórios oficiais a serem apresentados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e ao mercado, consequentemente. O custeio variável, então, não tem sua utilização legalmente aprovada para fins de demonstração de resultados. Isso ocorre porque, nessa segregação dos custos fixos, estes são integralmente deduzidos das receitas no momento da demonstração do resultado, ao passo que no sistema de custeio por absorção, os custos fixos incorporam o produto que, se não forem vendidos, ficam em estoque e só serão reconhecidos no momento em que forem comercializados. Isso faz grande diferença no cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica, por exemplo, que é calculado sobre o lucro. Isto é, se os custos fixos são deduzidos integralmente no momento da demonstração dos resultados, o lucro acaba por ser diminuído e a parcela do IR é consequentemente reduzida. Contabilidade de Custos unidade 5 123 Outra desvantagem do custeio variável é exatamente a dificuldade na segregação dos custos variáveis necessários para maior precisão nos resultados dos cálculos, principalmente a parcela variável dos custos mistos. Além disso, em virtude da atual estrutura de custos fixos e variáveis, conforme Souza e Diehi (2009), citados por Megliorini (2012), na estrutura de custos atual, a participação dos custos indiretos ocupa 45% frente aos 5% anteriores à década de 80. E a mão de obra direta, que antes ocupava 45%, agora é quem representa 5% dos custos de produção. Isso se deve ao fato de que a evolução tecnológica das organizações tem permitido grande automatização dos processos. O que antes era produzido de forma quase que artesanal, consumindo grande volume de mão de obra, agora é produzido por processos automatizados, utilizando poucos operadores que controlam máquinas e produzindo muitos produtos quase que ao mesmo tempo. Entretanto, o método de custeio variável apresenta algumas vantagens, quais sejam: • elimina ou reduz as distorções nos resultados provenientes da quantidade produzida e vendida, já que não considera os gastos fixos, como custo;• permite o cálculo da margem de contribuição, total ou unitária, por tipo de produto à determinação do ponto de equilíbrio da empresa; • permite a identificação dos produtos com maior margem de contribuição, possibilitando a determinação daqueles que terão a venda incentivada ou reduzida; • possibilita tomar a decisão sobre quais produtos irão ocupar a capacidade ociosa; Contabilidade de Custos unidade 5 124 • auxilia na decisão sobre comprar ou fazer; • permite a identificação do nível mínimo de produção e as quantidades de produção em que a empresa opera com prejuízo ou lucro; • permite melhor entendimento dos custos do processo pelos gerentes, pois estão mais ligados à sua responsabilidade, fato que contribui também para a medição do seu desempenho; • concede maiores informações nos momentos de negociação, em que a empresa necessitaria conceder maiores descontos. O método de custeio variável não utiliza qualquer método de rateio, pois os custos são calculados com base na sua participação em cada produto. É um método tipicamente gerencial, como já foi dito, pois auxilia o controle gerencial, além de permitir o cálculo da margem de contribuição, que é a parcela do preço de venda que irá contribuir para pagar os gastos fixos. Por definição, se uma empresa produz mais de um produto, os diversos produtos, que por ventura esta fabricar, podem apresentar uma margem de contribuição diferente de outra. Assim, a empresa poderá decidir qual produto fomentar a venda ou qual produto retirar de mercado, caso seja a melhor decisão a tomar. Abordamos aqui o termo “Margem de Contribuição”, que é um tópico muito importante para a Contabilidade Gerencial. Entretanto, os conceitos de margem de contribuição e de ponto de equilíbrio serão tratados em outro momento. Muito bem, vamos para mais um exemplo. Desta vez, utilizaremos o método do custeio variável. A empresa Maravilha é uma empresa que produziu e vendeu um único produto no mês. No início do mês não havia nenhum produto Contabilidade de Custos unidade 5 125 em estoque. Durante o mês, a contabilidade apresentou dados da produção e das despesas incorridas: • 200 unidades produzidas e acabadas. • Custos variávies de fabricação: R$ 30,00 por unidade. • Custos fixos de fabricação: R$ 600,00. • Despesas de administração e vendas: R$ 400,00. • As 200 unidades fabricadas foram vendidas. • Preço de venda líquido por unidade: R$ 40,00. O que faremos: Com base nas informações apresentadas, calcular o resultado final apurado (lucro) pelo método de custeio variável. Acompanhe a resolução! 1) Vamos calcular o custo de produção CP = Custo variável CP = 200 unidades x R$ 30,00 cada CP = R$ 6.000,00 2) Calcular o custo unitário de produção CP unitário = Será o valor do custo unitário variável, ou seja, R$ 30,00 cada. 3) Agora vamos elaborar o demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Contabilidade de Custos unidade 5 126 TABELA 2 - Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Fonte: Elaborada pela autora. Percebam que, utilizando o sistema de custeio variável, temos a condição de calcular a margem de contribuição, que é importante para tomada de decisões. Por exemplo, a partir da margem de contribuição, podemos calcular o ponto de equilíbrio, possibilitando saber a partir de que quantidade produzida e vendida o produto gera lucro, ou passa a ser viável ou não para produção. Fique agora com a videoaula sobre o custeio variável, veja a situação da empresa Gelog Ltda. Diferenciação entre o método de custeio por absorção e método de custeio variável No custeio por absorção, o resultado depende das vendas e do custo dos produtos vendidos. E estes dependem das quantidades produzidas e dos critérios de rateio indiretos. Já no custeio variável, o resultado depende fundamentalmente das vendas. “Custeio variável” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 5 127 Acompanhe, a seguir, o exemplo da empresa ABC, que, com os dados apresentados, terá o lucro do período e os estoques finais apurados, primeiramente, pelo método de custeio por absorção e, na sequência, pelo variável. Dados da empresa ABC: • Custos variáveis: 100 unidades a R$ 15,00 cada • Custos fixos: R$ 500,00 no período • Venda: 80 unidades a R$ 22,00 cada O que faremos: A demonstração do resultado através do custeio por absorção e custeio variável. A nossa 1ª resolução será através do custeio por absorção: 1) Custo do produto Custos variáveis (100 unid. X R 15,00) R$ 1.500,00 Custos fixos + R$ 500,00 = Custo total R$ 2.000,00 Custo unitário – R$ 2.000,00/100 unidades = R$ 20,00 cada 2) Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Receita bruta de vendas (80 unid. x R$ 22,00) R$ 1.760,00 (-) CPV (80 unid. x R$ 20,00) R$ 1.600,00 = Lucro do período R$ 160,00 Onde: CPV = Custo dos produtos vendidos 3) Produtos em estoque Foram produzidos 100 produtos e vendidos 80, então ficaremos com 20 unidades no estoque. 20 unid. x R$ 20,00 cada = R$ 400,00 Contabilidade de Custos unidade 5 128 A nossa 2ª resolução será através do custeio variável 1) Custo do produto Custo variável (100 unid. X R 15,00) R$ 1.500,00 = Custo total R$ 1.500,00 Custo unitário – R$ 1.500,00/100 unid. = R$ 15,00 cada No custeio variável, os custos fixos são considerados como despesas, ou seja, fazem parte diretamente do demonstrativo de resultado do exercício (DRE), juntamente com as demais despesas. 2) Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Receita bruta de vendas (80 unid. x R$ 22,00) R$ 1.760,00 (-) Custo variável (80 unid. x R$ 15,00) R$ 1.200,00 = Margem de contribuição R$ 560,00 (-) Custos fixos R$ 500,00 = Lucro do período R$ 60,00 3) Produtos em estoque 20 unid. x R$15,00 cada = R$ 300,00 Perceba a diferença de R$ 100,00 no lucro entre os dois sistemas. Isso ocorre quando os produtos fabricados no período não foram totalmente vendidos. O valor de R$ 100,00 a mais no estoque, pelo sistema de custeio por absorção, deve-se ao fato de que os custos fixos estão incluídos no preço de custo do produto. Em contrapartida, pelo sistema de custeio variável, os custos fixos não fazem parte do custo do produto. Contabilidade de Custos unidade 5 129 Eles aparecem destacados somente no demonstrativo de resultado do exercício (DRE) como uma despesa normal. É importante frisar que o imposto de renda incide sobre o lucro da empresa, que, no segundo caso, é muito menor. Esse é um forte motivo pelo qual o sistema de custeio variável não é permitido para apresentação de balanços. Antes de finalizarmos este assunto, veja a videoaula que sintetizará o que acabamos de estudar. “Diferenciação dos métodos de custeio” Videoaula Agora vamos resolver a atividade aplicada da empresa Maravilha, utilizando os métodos de custeio por absorção e variável. Vamos lá! A empresa Maravilha produziu, durante o mês, 30.000 unidades do produto A. Durante o período, foram vendidas 24.000 unidades ao preço de R$ 45,00 cada uma. os custos e despesas variáveis no mês foram as seguintes: • Custos variáveis por unidade: R$ 24,00. • As despesas variáveis representam 18% do preço de venda. Custos e despesas fixas totais do mês • Mão de obra da fábrica: R$ 80.000,00. • Depreciação das máquinas da fábrica: R$ 36.000,00. Contabilidade de Custos unidade 5 130 • Gastos de fabricação diversos: R$ 100.000,00. • Salários do pessoal da administração: R$ 60.000,00. • Outras despesasadministrativas e comerciais: R$ 40.000,00. O que faremos: Calcular o resultado do período, utilizando o custeio por absorção e variável. A nossa 1ª resolução será através do custeio por absorção: 1) Calcular o custo total de produção (CP) Quais são os custos fixos? Mão de obra da fábrica, R$ 80.000,00, depreciação das máquinas da fábrica, R$ 36.000,00, gastos de fabricação diversos, R$ 100.000,00 = R$ 216.000,00. Qual o custo variável por unidade? R$ 24,00 Então: R$ 24,00 x 30.000 unidades = 720.000,00 CP = Custo fixo + custo variável CP = R$ 216.000,00 + 720.000,00 = R$ 936.000,00 2) Calcular o custo unitário de produção CP unitário = CP total / quantidade produzida no período CP unitário = R$ 936.000,00 / 30.000 unidades = R$ 31,20 unitário Contabilidade de Custos unidade 5 131 3) Agora vamos elaborar o demonstrativo de resultado do exercício (DRE) TABELA 3 - Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Fonte: Elaborada pela autora. 4) Qual quantidade e valor de produtos no estoque? Estoque = quantidade produzida – quantidade vendida Estoque = 30.000 unidades – 24.000 unidades = 6.000 unidades 6.000 unidades x R$ 31,20 = R$ 187.200,00 Agora vamos resolver através do custeio variável: 1) Calcular o custo total de produção (CP) Qual o custo variável por unidade? R$ 24,00 Então: CP = R$ 24,00 x 30.000 unidades = 720.000,00 2) Quais são os custos fixos? Mão de obra da fábrica, R$ 80.000,00, depreciação das máquinas da fábrica, R$ 36.000,00, gastos de fabricação diversos, R$ 100.000,00 = R$ 216.000,00 Contabilidade de Custos unidade 5 132 3) Agora vamos elaborar o demonstrativo de resultado do exercício (DRE) TABELA 4 - Demonstrativo de resultado do exercício (DRE) Fonte: Elaborada pela autora. 4) Qual quantidade e valor de produtos no estoque? Estoque = quantidade produzida – quantidade vendida Estoque = 30.000 unidades – 24.000 unidades = 6.000 unidades 6.000 unidades x R$ 24,00 = R$ 144.000,00 A diferença de resultado entre o custeio por absorção e variável está na apropriação do custo fixo, no custeio por absorção. Percebam que, no custeio por absorção, a empresa Maravilha apurou lucro de R$ 36.800,00. No entanto, no custeio variável, a empresa apurou prejuízo de R$ 6.400,00. Como já dito anteriormente, o sistema varíável não é aceito pela legislação. Justamente pelo fato de geralmente apurar lucro menor, tem como consequência menos tributos a pagar. Também fere os princípios de contabilidade, em especial os princípios de realização de receitas, de confrontação e da competência. Como o custeio variável admite que todos os custos fixos sejam deduzidos do Contabilidade de Custos unidade 5 133 resultado, mesmo que nem todos os produtos sejam vendidos, ele violaria tais princípios. Revisão Nesta unidade, verificamos os principais métodos de custeio e suas aplicações. O custeio por absorção é o método mais utilizado, primeiramente por estar de acordo com os princípios contábeis e por ser aceito pela legislação brasileira. Utilizando esse método, todos os custos, diretos, indiretos, fixos ou variáveis, serão absorvidos, permitindo a apuração do custo total de cada produto. Atende efetivamente à fixação de preços de venda mais reais e bastante importante, porque só considera custo a parcela dos materiais utilizados na produção. Em relação ao aspecto gerencial, o custeio por absorção apresenta desvantagens, já que todos os custos deverão se integrar aos produtos, inclusive os fixos. Para incorporar, por exemplo, os custos fixos, deve-se utilizar algum critério de rateio para alocação desses custos. Mesmo que o critério de rateio seja o mais ideal, haverá certo grau de arbitrariedade na alocação de custos. Vimos que o método de custeio variável traz muitas informações importantes para a organização, mas sua aplicação é limitada, não podendo ser empregado para fins de apresentação de balanço oficiais. O custeio variável fundamenta-se na separação dos custos, em variáveis e fixos, e serão apropriados aos produtos somente os custos variáveis. Os custos fixos são considerados como despesas do período. Considera-se como custo de produção do período (CPP) somente so custos variávies incorridos. Contabilidade de Custos unidade 5 134 Para tomada de decisões, o método variável é mais fácil, tendo como um dos motivos o cálculo da margem de contribuição. Este possibilita saber se, após a margem de contribuição, a empresa tem condições de pagar todas as depesas e custos fixos, e manter a margem de lucro desejada, como também para os gerentes industriais entender o custeamento dos produtos, possibilitando avaliação de desempenho setorial. Qual o melhor método de custeio? Cada método tem suas vantagens e desvantagens, mas, para efeitos contábeis, somente o custeio por absorção é aceito, pois está de acordo com os princípios contábeis e aceito pela legislação brasileira. Leia o artigo que trata da implementação de sistemas de custeio, em que o autor estabelece algumas referências ou pontua sobre critérios que podem ajudar ao gestor a definir qual sistema melhor se adapta à condição de sua empresa. http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_TR32_1098.pdf Para saber mais sobre sitemas de custeio por abrsoção e variável, leia Contabilidade de Custos, de Ed Luiz Ferrari. Nestas páginas, você encontrará conceitos acerca do assunto e atividades aplicadas. Contabilidade de Custos 135 Referências ANDRADE, Carlos F. Marketing: o que é? quem faz? quais as tendências? Curitiba: InterSaberes, 2012. CARNEIRO, Jorge Manoel Teixeira. et al. Formação e administração de preços. Rio de Janeiro: FGV, 2004. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018. DOMINGUEZ, Sigfried V. O valor percebido como elemento estratégico para obter a lealdade dos clientes. 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São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. http://www.scielo.br/pdf/cest/n2/n2a02.pdf• Conceitos básicos do custeio baseado por atividade • Aplicação do custeio ABC • Revisão • Referências Custeio baseado por atividades (ABC) Chegamos à unidade na qual estaremos trabalhando os seguintes temas: conceitos básicos do custeio baseado por atividade e aplicação do custo ABC. Iniciaremos tratando do conceito de custeio baseado em atividades. Nesta seção, vamos ver que o custeio baseado em atividades (activity based costing) é um método de análise de custos que busca compreender com precisão os custos das atividades, fundamentando-se no consumo de recursos e possibilitando tratar os custos indiretos como diretos. Esse sistema surgiu da necessidade de tratar as informações sobre custos gerencialmente e não mais somente do ponto de vista contábil. Pode-se dizer que o custeio ABC tem como objetivo facilitar a mudança de atitude dos gestores de uma empresa, a fim de que estes, paralelamente à otimização de lucros para os investidores, busquem a otimização do valor dos produtos para os clientes (NAKAGAWA, 2001). Após isso, veremos o custeio baseado em atividades e a sua relação com a logística. Estudaremos que os custos são investigados relacionando as atividades aos produtos, com base na demanda por tais atividades pelo produto durante o processo de produção ou do serviço em questão. As bases de alocação utilizadas no ABC são medições das atividades executadas, como o número de paletes recebidos na operação de recebimento. Vamos ver também que há um renascimento da técnica de custeio ABC. Nesse contexto, veremos a diversidade de produtos e canais de distribuição, os altos custos indiretos e a dificuldade de elaborar preços devido à estrutura de custo diferenciada dos produtos, que contribui diretamente para a utilização do ABC. Por fim, vamos estudar os métodos contemporâneos de custeio em Logística, visto que há diversos deles em que o ABC, tratado na primeira seção desta unidade, essencialmente busca avaliar os custos de produtos e serviços em função de seus processos, atividades e tarefas. Estas consomem recursos distribuídos de acordo com seus direcionadores, sendo ainda encontradas na logística outras formas de custeio, dentre elas: o Custo Total de Propriedade (TCO); o Modelo de Custo Total de Propriedade; o Modelo de Uelze; o Modelo de Dias e o Modelo de Novaes. Contabilidade de Custos unidade 6 140 Antes de iniciarmos nosso estudo sobre o custeio baseado em atividades, vamos entender primeiro o conceito de atividades e recursos. Atividades são ações cujo objetivo é originar um produto ou um serviço, utilizando recursos humanos, materiais, financeiros e tecnológicos. Identificá-las é fator primordial para aplicação do custeio baseado em atividades. Recursos são os gastos com energia, aluguéis, materiais, salários, entre outros, que podem ser classificados como despesas ou como custos. Por esse motivo, os custos indiretos de fabricação devem ser transferidos aos produtos com base nas atividades que cada um consumiu. De acodo com Crepaldi (2018), pode-se definir um custeio por atividade como um método que identifica um conjunto de custos para cada transação ou evento na organização, e este age como um direcionador de custos. Assim, os custos indiretos podem ser alocados aos produtos de acordo com o número de eventos ou transações que os produtos geram ou consomem. O custeio baseado em atividades (activity based costing) é um método de análise de custos que busca compreender com precisão os custos das atividades, fundamentando-se no consumo de recursos, possibilitando tratar os custos indiretos como diretos. Conceitos básicos do custeio baseado por atividade Contabilidade de Custos unidade 6 141 Esse sistema surgiu da necessidade de se tratar as informações sobre custos gerencialmente e não mais somente do ponto de vista contábil. O custeio ABC permite minimizar as distorções ocorridas no método de custeio por absorção. O pressuposto do ABC é que os fatores produtivos (recursos) são consumidos pelas atividades e não pelos produtos fabricados. Os produtos são uma mera consequência das atividades efetuadas pela empresa para fabricá-los e comercializá- los. Tal método pode ser resumido da seguinte forma: os custos são alocados a cada departamento de produção (departamentalização). Posteriormente, os custos de cada departamento são distribuídos para as atividades desenvolvidas por meio dos direcionadores de atividades. Pode-se dizer que o custeio ABC tem como objetivo facilitar a mudança de atitude dos gestores de uma empresa, a fim de que estes, paralelamente à otimização de lucros para os investidores, busquem a otimização do valor dos produtos para os clientes. (NAKAGAWA, 2001) O método tenta dar mais fidelidade às informações relacionadas a custos, já que o sistema de rateio pode provocar a distorção delas. Além disso, esse método identifica as atividades mais acentuadas, que geram custos indispensáveis para a produção dos produtos e auxiliam na redução de custo. Além disso, auxiliam na melhoria dos serviços, aprimorando os processos e proporcionando informações reais sobre os custos, gastos e despesas, bem como sobre os itens que estão consumindo mais recursos. Também permitem a redução das atividades que não acrescentam valor ao produto. Apesar de considerar o consumo de recursos, o custeio baseado em atividades tem seu escopo nas atividades e não nos recursos propriamente ditos. Veja, na Figura 1, um passo a passo da implementação de um sistema de custeio baseado em atividades. Observe que temos Contabilidade de Custos unidade 6 142 quatro etapas que estão interligadas e estas devem atender tanto as necessidades da organização quanto os objetivos de sua implementação. As etapas de implementação precisam ser executadas cuidadosamente para que seja possível alcançar, de forma eficiente, os objetivos esperados. Figura 1 - Passo a passo da implementação de um sistema de custeio baseado em atividades Fonte: Elaborada pela autora. Na figura, você pôde perceber que os passos para implantar o sistema de custeio baseado em atividades iniciam com a identificação das atividades mais relevantes em cada departamento. Depois de identificadas, deve-se buscar compreender os custos relativos a cada atividade e onde estão os maiores custos e, em seguida, atribuir os custos de atividade aos custos dos produtos. Essas etapas permitem concluir que a implantação do sistema acontece em dois estágios: o primeiro identifica os custos das atividades e o segundo atribui os custos das atividades aos produtos. Contabilidade de Custos unidade 6 143 Esse processo de atribuir as despesas das atividades aos produtos permite conhecer os direcionadores de custos, que são os fatores que determinam o custo de uma atividade. Como as atividades exigem recursos para serem realizadas, deduz-se que o direcionador é a verdadeira causa de seus custos (MARTINS, 2003). Ainda sobre os direcionadores de custos, o mesmo autor expõe como as atividades consomem os recursos e como tais direcionadores servem para custear as atividades, ou seja, demonstram a relação entre os recursos gastos e as atividades. Mas o que são direcionadores? Segundo Crepaldi (2018), os direcionadores de custos são uma transação que determina a quantidade de trabalho necessária para a produção de determinado produto e serviço, e têm influência na quantidade de recursos que são necessários para essa atividade. Eles podem ser usados para duas situações: direcionadores de custos de recursos, que identificam a maneira como as atividades consomen recursos e servem para demonstrar o custo de cada atividade; direcionadores de custos de atividades, que identificam a maneira como os produtos consomem atividades e servem para demonstrar o custo de cada produto. Tabela 1 - Exemplosde direcionadores de atividades para custeamento dos produtos Fonte: Elaborado pela autora. Contabilidade de Custos unidade 6 144 Em outras palavras, pode-se dizer que os direcionadores de custos de atividades identificam a maneira como os produtos consomem atividades, servindo ainda para custear produtos (ou outros custeamentos), ou seja, indicam a relação entre as atividades e os produtos. A preocupação de se custear por meio do método ABC visa melhorar a identificação dos custos alocados aos produtos, dando como ênfase o detalhamento dos custos indiretos de fabricação. Conforme relata Leone (1997), a técnica, ou o sistema de custo, ideal é aquela que tem capacidade de fornecer informações úteis para que os usuários internos das empresas possam avaliar os desempenhos, tanto da empresa como dos seus diversos setores, controlar os próprios custos, diagnosticar com facilidade as disfunções, os desequilíbrios, as superposições e os desperdícios, traçar planos e tomar as melhores decisões. Espera-se ainda que tal sistema possa ser implantado e operacionalizado com o emprego mínimo de recursos. Vantagens e desvantagens do custeio baseado em atividades Vantagens • Cálculo do custo de produtos e serviços de forma realista; • Adequa-se mais facilmente às empresas de serviços pela dificuldade de definição do que seja custos, gastos e despesas nessas entidades; • Menor necessidade de rateios arbitrários; • Identificar os produtos e clientes mais lucrativos; • Eliminar ou reduzir atividades que não agregam ao produto um valor percebido pelo cliente; Contabilidade de Custos unidade 6 145 • Pode ser empregado em diversos tipos de empresas (industriais, comerciais, de serviços, com ou sem fins lucrativos); • Oportunidades de melhorias operacionais e de redução de custos; • Mensuração dos desempenhos dos processos e das atividades, entre outras. O método ABC tem suas vantagens no que diz respeito à aplicação de ferramentas que levam a menores custos, suportando as consequências, melhorias e oportunidades decorrentes do processo, aumentando o desempenho para a melhoria das técnicas que levam as empresas à obtenção de oportunidades, aperfeiçoando adequadamente a distribuição dos custos, principalmente os custos indiretos. Desvantagens • Gastos elevados para implantação; • Alto nível de controles internos a serem implantados e avaliados; • Levar em consideração muitos dados com informações de difícil extração; • Dificuldade de envolvimento e comprometimento dos empregados da empresa; • Não é aceito pelo fisco, gerando a necessidade de possuir dois sistemas de custeio, entre outros. No entender de Leone (1997), uma desvantagem do sistema que aplica o critério ABC, o qual precisa ser estudado com atenção, está na aparente transformação de custos fixos em variáveis, o que traz consequências graves para a determinação e para a análise dos custos dos produtos, dos serviços ou de outro qualquer objeto Contabilidade de Custos unidade 6 146 de custeio. Quando os custos e as despesas são apropriados às atividades, o critério não parece se interessar pela divisão dos custos e das despesas em fixas e variáveis. Outra importante desvantagem quanto ao critério ABC é que muitos gestores deixam de tomar decisões de curto prazo relevantes, uma vez que o ABC identifica os conceitos do método de absorção em que, na análise dos custos e despesas indiretos, carrega todos os itens indiretos para os estoques dos produtos. Assista agora ao vídeo que dará uma visão geral do método de de custeio ABC. “Método de custeio ABC” Videoaula Aplicação do custeio ABC Segundo Martins (2010), o ABC é uma ferramenta que permite melhorar a visualização dos custos através da análise das atividades executadas dentro da empresa e suas respectivas relações com os produtos. De acordo com Ferrari (2015), à medida que os sistemas de produção industrial vão se tornando mais complexos, como avanço das técnicas de fabricação, há uma tendência crescente dos custos indiretos sobressaírem em relação aos custos diretos, isto é, cada vez mais estes (sobretudo a mão de obra direta) se tornam menores em relação àqueles. Em função da grande arbitrariedade na atribuição dos custos indiretos de fabricação dos produtos, quando são apropriados aos departamentos de produção para posterior apropriação aos https://player.vimeo.com/video/172403429 Contabilidade de Custos unidade 6 147 produtos fabricados é que nasce o conceito de custeio baseado em atividades. É uma sistemática de distribuição dos custos indiretos que reduz bastante esse grau de arbitrariedade. A utilização do sistema de custeio ABC se torna mais necessária na proporção que os sistemas de fabricação de determinados produtos se tornam mais complexos. É um método bastante dispendioso e demoradas análises dos objetivos, assim como das operações da empresa devem ser realizadas. Além do mais, devemos analisar cuidadosamente a real necessidade, visto que necessita de investimentos em informatização, treinamento de pessoal, e, provavelmente, da contratação de consultoria externa competente para auxiliar na implantação. Normalmente, é utilizado em empresas quando os custos indiretos representam parcela considerável dos seus custos totais, trabalhando com clientela diversificada, abrangendo clientes que compram muito, que compram pouco, que exigem especificações especiais, serviços adicionais, entre outros. Acompanhem, na sequência, a resolução de um caso prático da aplicação do ABC. Em determinado mês, as informações a seguir foram extraídas do departamento de montagem da indústria Bela Vista Ltda., que utiliza o sistema de custeio ABC: TABELA 2 – Informações departamento de montagem da indústria Bela Vista Ltda Fonte: Crepaldi e Crepaldi, 2018 [Adaptada]. Contabilidade de Custos unidade 6 148 Durante o mês foram identificadas as seguintes atividades relevantes: TABELA 3 – Atividade/Direcionador de custo Fonte: Crepaldi e Crepaldi, 2018 [Adaptada]. Os custos indiretos de fabricação para o mês foram: TABELA 4 – Custos indiretos de fabricação Fonte: Crepaldi e Crepaldi, 2018 [Adaptada]. Com base nos dados apresentados, calcule o custo total do produto X e do produto Y, utilizando o método ABC. Muito bem, faremos agora a resolução. Vamos lá! 1º Passo: Quais são os direcionadores de custo? Para a atividade realizar engenharia = quantidade de pedidos de alterações de engenharia (ver Tabela 1). Para a atividade de energizar = quantidade de quilowatt-hora (ver tabela 1). Todos os direcionadores de custos são: Pedidos de alterações de engenharia do produto X = 15 Pedidos de alterações de engenharia do produto = 25 Total = 40 Contabilidade de Custos unidade 6 149 Quantidade de quilowatt-hora do produto X = 7.000 W Quantidade de quilowatt-hora do produto Y = 13.000 W Total = 20.000 W 2º Passo: Quais são os custos indiretos de fabricação? Realizar engenharia R$ 84.000,00 Energizar R$ 15.000,00 Total R$ 99.000,00 3º Passo: Vamos calcular o custo por unidade de cada atividade TABELA 5 – Custo por unidade de cada atividade Fonte: Crepaldi e Crepaldi, 2018 [Adaptada]. 4º Passo: O próximo cálculo é do custo por produto da atividade de realizar engenharia: TABELA 6 - Custo por produto da atividade de realizar engenharia Fonte: Crepaldi e Crepaldi, 2018 [Adaptada]. Contabilidade de Custos unidade 6 150 5º Passo: Agora vamos calcular o custo por produto da atividade de energizar: TABELA 7 - Custo por produto da atividade de energizar Fonte: Crepaldi e Crepaldi, 2018 [Adaptada]. 6º Passo: E, por último, vamos calcular o custo total de cada produto de acordo com o que foi solicitado no enunciado do problema: TABELA 8 - Custo total de cada produto Fonte: Crepaldi e Crepaldi, 2018 [Adaptada]. É importante lembrar que, no sistema de custeioABC, a alocação de custos às atividades deve ser feita da forma mais criteriosa possível, de acordo com a seguinte ordem: alocação direta, rastreamento e rateio. Assista à videoaula a seguir e veja mais uma situação em que aplicamos os conceitos do custeio por atividades. “Aplicação do Custeio por Atividades” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 6 151 Pois bem, após vermos essas duas situações, será que podemos dizer que o custeio baseado em atividades, ABC, é um bom método de custeio? Ele pode ser aplicado em qualquer empresa? É possível ter uma visão mais ampla dos custos por meio da análise das atividades executadas dentro da empresa? Para ajudar a responder estas perguntas, sugerimos ler o artigo “Aplicação do método de custeio ABC em uma empresa de confecções”, no link a seguir: Link: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_TN_ STO_135_856_18523.pdf Agora vamos conhecer o custeio ABC na logística. Acompanhe! Custeio baseado em atividades e sua relação com a logística O custeio ABC (activity based costing ou custeio baseado por atividades), de forma simplificada, trata da identificação de direcionadores de custos e da sua alocação às suas respectivas atividades (NEVES, 2007). Isso ocorre porque o método se dá em função de: 1) As atividades são o foco do processo de custeio; 2) O ABC custeia atividades e não produtos; 3) O custo do produto é uma consequência do ABC. Assim, segundo o mesmo autor, os custos são investigados relacionando as atividades aos produtos, com base na demanda por tais atividades pelo produto durante o processo de produção ou do serviço em questão. As bases de alocação utilizadas no ABC são medições das atividades executadas, como o número de paletes recebidos na operação de recebimento. Contabilidade de Custos unidade 6 152 Atualmente, há um renascimento da técnica de custeio ABC, visto que a diversidade de produtos e de canais de distribuição, os altos custos indiretos, a dificuldade de elaborar preços devido à estrutura de custo diferenciada dos produtos são fatores que contribuem diretamente para a utilização do ABC. Neves (2007) diz ainda que uma política de nível de serviço diferenciada poderá custar muito caro para uma empresa, principalmente se o aumento do nível de serviço não representar uma contrapartida direta no aumento do número de pedidos ou de preços praticados. O mesmo autor diz que, na gestão da cadeia logística, o método ABC aplica-se quase que perfeitamente ao custeio de armazéns e à gestão dos estoques. Em transportes, a sua aplicação é também bastante válida, porém, algumas premissas precisarão ser previamente definidas, o que poderá levar a resultados diferentes e questionáveis. O autor identifica os principais benefícios com o custeio ABC, que são: • Identificar as atividades que agregam valor e aquelas que não agregam valor. • Eliminar as distorções causadas por premissas ruins e a falta de critérios objetivos e realistas nas alocações de custos. • Auxiliar na tomada de ações para o melhoramento contínuo dos processos e na redução dos custos indiretos. • Determinar quais são os produtos subcusteados e quais são os supercusteados, possibilitando uma melhoria nas decisões gerenciais. • Permitir uma melhor análise para a formação de preços para as diferentes categorias de produtos. Contabilidade de Custos unidade 6 153 Como podemos aperfeiçoar a gestão de custos logísticos em nossa empresa? As etiquetas de identificação interna dos produtos ajudam? O uso de tecnologia inovadora auxilia na gestão de custos? Caso a resposta seja positiva para as duas questões, como essas ferramentas podem auxiliar na gestão dos custos logísticos em uma empresa? Neves (2007) complementa afirmando que o ABC é, sem dúvida alguma, uma excelente ferramenta para o auxílio na tomada de decisão estratégica, tática e operacional na difícil tarefa de gerenciar a cadeia logística. Isoladamente, poderá não ser a melhor solução. Entretanto, se combinada, por exemplo, com o conceito de Balanced Scorecard, poderá se transformar em um poderoso e robusto sistema de gestão, contribuindo sensivelmente para que a sua empresa alcance desempenho de classe mundial. Métodos contemporâneos de custeio em logística Além do método de custeio ABC, tratado na primeira seção dessa unidade, que essencialmente busca avaliar os custos de produtos e serviços em função de seus processos, atividades e tarefas que consomem recursos distribuídos de acordo com seus direcionadores são encontradas na logística como outras formas de custeio, dentre elas: o Custo Total de Propriedade (TCO); o modelo de Custo Total de Propriedade; o Modelo de Uelze; o Modelo de Dias e o Modelo de novaes. O Custo Total de Propriedade – TCO (Total Cost of Ownership) é um sistema de cálculo destinado à análise de custos de aquisição de bens e serviços de um determinado fornecedor. Contabilidade de Custos unidade 6 154 Borinelli (2003) diz que Custo Total de Propriedade é uma abordagem estruturada para se determinar os custos totais associados à aquisição e subsequente utilização de determinado bem, ou serviço de determinado fornecedor. Outro método conhecido, segundo Borba e Gibbson (2010), é o Modelo de Uelze, em que o custo logístico é resultado da soma dos custos de transporte, mais o custo de armazenagem, mais o custo de manuseio, mais o custo de obsolescência, durante o tempo em que o produto estiver em armazenagem e no transporte, mais o custo do dinheiro durante esse mesmo tempo. L = T + A + M + O + D Na fórmula, L é o resultado do custo logístico; T é o custo de transporte; A é o custo de armazenagem; M é o custo de manuseio; O é o custo de obsolescência; D é o custo do dinheiro. Assim, esse modelo abrange partes do sistema logístico, pois trata de custos de transporte e de armazenagem, que são intrínsecos ao suprimento e à distribuição. Há também, segundo Borba e Gibbson (2010), o Modelo de Dias (1993): os custos totais são a soma dos custos de armazenagem (resultado do custo financeiro pelo tempo que os materiais permanecem em estoque), acrescidos dos custos de pedido (resultado do rateio das despesas de confecção dos pedidos). CT = CA + CP Na fórmula, CT é o custo total; CA é o custo de aquisição de estoques; CP é o custo de posse dos estoques. Assim, esse modelo, como os anteriormente citados, captura somente os custos de uma parte do sistema logístico. O autor considera que a falta de estoques pode ser medida, porém não insere esse custo no seu modelo. Ele considera também que podem ser inclusos os custos de distribuição, que apresentam os custos com o grande número Contabilidade de Custos unidade 6 155 de vendedores; com as entregas; com os riscos dos créditos concedidos aos clientes e com a necessidade de capital circulante apropriado para suportar tal risco. E com a supervisão das vendas como integrantes do custo do esforço feito para que o produto chegue até o consumidor, cumprindo o objetivo de produção. Por fim, Borba e Gibbson (2010) abordam o Modelo de Novaes (2001), no qual, segundo os autores, na análise da cadeia de valor, a estrutura de custos apresenta como custo total os custos do fabricante somados aos custos do varejo. Para o fabricante, são os custos de material, mão de obra direta, custos indiretos, estoque de produto acabado e armazenagem deste. Para os varejistas, acrescem-se os custos de transporte, de estoque em trânsito, de estoque do produto e de entrega, sejam eles relacionados às lojas de distribuição ou aos consumidores finais. C = CF + CV Na fórmula, C é o custo total, CF é o custo do fabricante e CV é o custo do varejo. Agora você já possui uma visão geral dos custos relacionados a logística. Convidamos você a assistir ao vídeo para complementar o conteúdo. Há uma tendência de crescimento do varejo online emtodo o mercado mundial. Como é possível que essa tendência auxilie na gestão dos custos logísticos de uma empresa varejista? E em uma empresa de prestação de serviços? E em uma empresa de manufatura? Contabilidade de Custos unidade 6 156 Gostaria de indicar o artigo “Uma reflexão sobre a importância dos custos logísticos para o varejo”, no endereço: https ://www.researchgate.net/prof i le/Maur ic io_Magalhaes2/ publication/303519836_Uma_reflexao_sobre_a_importancia_dos_custos_ logisticos_para_o_Varejo/links/57460b7908aea45ee856131a/Uma- reflexao-sobre-a-importancia-dos-custos-logisticos-para-o-Varejo.pdf Neste artigo, é apresentada uma reflexão inicial sobre a importância da logística e seus custos para o varejo, considerado que, na literatura existente, em geral, os trabalhos realizados sobre este importante setor econômico têm seus objetivos direcionados para aspectos relacionados ao marketing. Assim, como forma de contribuição, foram estruturados diferentes formatos de varejo e apresentados os processos logísticos envolvidos em cada etapa, bem como buscou sinalizar se os custos envolvidos nestes processos ocorrem com maior ou menor frequência. Boa leitura! Revisão Nesta unidade, estudamos o custeio baseado em atividades (ABC), que consiste na identificação, análise e alocação de custos aos processos da empresa, visando gerenciar melhor a lucratividade. A finalidade primordial para a qual se utiliza o custeio ABC refere-se ao tratamento dado aos custos indiretos. Vimos que o custeio baseado em atividades (activity based costing) é um método de análise de custos que busca compreender com precisão os custos das atividades, fundamentando-se no consumo de recursos e possibilitando tratar os custos indiretos como diretos. Esse sistema surgiu da necessidade de se tratar as informações Contabilidade de Custos unidade 6 157 sobre custos gerencialmente, e não mais somente do ponto de vista contábil. Pode-se dizer que o custeio ABC tem como objetivo facilitar a mudança de atitude dos gestores de uma empresa, a fim de que estes, paralelamente à otimização de lucros para os investidores, busquem a otimização do valor dos produtos para os clientes (NAKAGAWA, 2001). Vimos também o custeio baseado em atividades e sua relação com a Logística. Aprendemos que os custos são investigados relacionando-se as atividades aos produtos, com base na demanda por tais atividades pelo produto durante o processo de produção ou do serviço em questão. As bases de alocação utilizadas no ABC são medições das atividades executadas, como o número de paletes recebidos na operação de recebimento. Neves (2007) diz ainda que uma política de nível de serviço diferenciada poderá custar muito caro para uma empresa, principalmente se o aumento do nível de serviço não representar uma contrapartida direta no aumento do número de pedidos ou preços praticados. Ele ainda acrescenta que, na gestão da cadeia logística, o método ABC aplica-se quase que perfeitamente ao custeio de armazéns e à gestão dos estoques. Em transportes, a sua aplicação é também bastante válida, porém algumas premissas precisarão ser previamente definidas, o que poderá levar a resultados diferentes e questionáveis. Por fim, estudamos os métodos contemporâneos de custeio em Logística, visto que há diversos deles em que o ABC busca avaliar os custos de produtos e serviços em função de seus processos, atividades e tarefas, que consomem recursos distribuídos de acordo com seus direcionadores, sendo ainda encontradas na Logística outras formas de custeio, dentre elas: o Custo Total de Propriedade (TCO); o Modelo de Custo Total de Propriedade; o Modelo de Uelze; o Modelo de Dias e o Modelo de novaes. Contabilidade de Custos unidade 6 158 O ABC é uma ótima ferramenta gerencial para as empresas na busca de melhoria nos serviços, auxiliando no corte de desperdícios, avaliando iniciativas de qualidade, impulsionando para a melhoria contínua, entre outros. Para finalizar nosso material, gostaria ainda de deixar uma lista com alguns links de sites que podem ajudar no desenvolvimento da sua carreira profissional. http://www.spell.org.br/documentos/ver/33222/implementacao-do- custeio -baseado-em-atividades-para-gestao-dos-gastos-de-uma-empresa-de- servicos-alimenticios/i/pt-br www.guialog.com.br http://www.ilos.com.br/web/ www.logisticatotal.com.br http://www.spell.org.br/documentos/ver/35453/conhecimento-de- custeio-baseado-em-atividades--estudo-empirico-sobre-empresas-de- pequeno-e- medio-porte-/i/pt-br http://portallogistico.com.br/ http://valoragregado.com/ www.imam.com.br/logistica “Finalização da unidade” Videoaula https://player.vimeo.com/video/172403431%20 Contabilidade de Custos 159 Referências ASSAF NETO, A. A contabilidade e a gestão baseada no valor. in: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 6., 1999, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 1999. BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2009. BERTAGLIA, P. R. 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CAXITO, F. Logística: Um enfoque prático. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2014. CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4 ed. São Paulo: Prentice Hall Brasil, 2011. Contabilidade de Custos 160 CHOPRA, S.; MEINDL, P. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 6 ed. São Paulo: Pearson, 2016. CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018, pg. 220 EHRBAR, A. EVA valor econômico agregado. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. FARIA, A. C.; COSTA, M. de F. G. Gestão de Custos Logísticos. São Paulo: Atlas, 2008. FERREL, O. C.; HARTLINE, M. D. Estratégia de marketing. 4 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. FRANCISCHINI, G. P.; GURGEL, F. A. Administração de materiais e do patrimônio. 2 ed. São Paulo: Pioneira Thomson, 2014. GUIA LOG. Disponível em: <www.guialog.com.br>. Acesso em: 05 nov. 2016. ILOS. 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Apostilado de pós- graduação, 2008. • Considerações sobre o custo de materiais diretos • Considerações sobre os custos de mão de obra • Revisão • Referências Custos de material e mão de obra Para as empresas industriais, o custo de matéria-prima, costumeiramente, configura um dos principais componentes do custo do produto. Assim, torna-se importante o conhecimento de como esse fator deve ser tratado. Outro ponto a ser tratado aqui é o custo da mão de obra, que tem apresentado grande alteração em termos de classificação devido à sua aplicação nas empresas. Veremos como considerar o custo de aquisição da matéria- prima e outros materiais, sendo estes auxiliares e secundários. Serão apresentados também alguns tributos incidentes da sua aquisição, questões sobre recuperação de impostos, quando possível, e ressaltar que os custos de estocagem também devem ser considerados na composição da valorização da matéria-prima, que será inserida no processo produtivo. Abordaremos as considerações sobre o custo de mão de obra, principalmente mão de obra direta, e como deve ser o seu correto emprego. Faremos a distinção entre mão de obra direta, indireta e folha de pagamento. Esclareceremos que o custo de mão de obra direta, ao contrário do que muitos pensam, não é um custo fixo. E demonstraremos como é o cálculo do custo de mão de obra direta com os encargos que devem ser legalmente considerados, deixando claro que, dependendo dos acordos coletivos entre as categorias de trabalhadores e empresas, esses encargos podem ser adicionados, alterando o cálculo aqui demonstrado. Contabilidade de Custos unidade 7 165 Como vimos anteriormente, os custos são gastos realizados no processo produtivo, isto é, na produção de produtos ou na prestação de serviços. No primeiro caso, um dos custos mais relevantes é o custo de matéria-prima, ou material direto. Já nas empresas prestadoras de serviços, a mão de obra tem participação mais preeminente. Inicialmente, trataremos das questões relativas aos materiais diretos. As empresas transformadoras, via de regra, adquirem matérias-primas e outros materiais secundários para inseri-los no processo produtivo e transformá-los em produtos para procederem a venda. O valor desses materiais irão compor o custo dos produtos vendidos e as organizações necessitam de um método para calcular todos os gastos envolvidos na sua logística, a fim de que esses dispêndios possam ser contabilizados nos custos dos produtos. Os materiais adquiridos pela organização podem ser tratados como matéria-prima ou ainda compor o custo indireto de fabricação sob a forma de materiais auxiliares. E, dependendo da sua utilização, podem ser classificados em categorias distintas, que são: • Matérias-primas • Materiais secundários • Materiais auxiliares • Embalagens Considerações sobre o custo de materiais diretos Contabilidade de Custos unidade 7 166 Matérias-primas De todos os materiais que são utilizados nos processos produtivos, as matérias-primas são aquelas que incorporam o produto e, se forem quantificadas na composição do produto, são também chamadas materiais diretos. No caso de uma serralheria, por exemplo, as chapas ou barras utilizadas na fabricação de portões, assim como as tintas, soldas e rebites são considerados matérias- primas. Enquanto lixas, serras, pincéis e etc. são materiais auxiliares, pois participam do processo produtivo, mas não integram o produto acabado. Numa cadeia produtiva, composta de várias etapas, a matéria- prima poderá sofrer alteração em estágios distintos, de forma que a matéria-prima de um estágio se transformará em produto ao final desse estágio. Na próxima etapa, esse produto será tratado com matéria-prima e tal sequência pode se repetir por várias vezes, conforme pode ser visualizado na Figura 1. FIGURA 1 – Processos de transformação do aço para indústria automobilística Fonte: Elaborado pela autora. Contabilidade de Custos unidade 7 167 Materiais secundários São aqueles que participam do processo produtivo e acompanham o produto final, apresentando a mesma importância da matéria- prima. No caso do processo siderúrgico, trata-se dos óleos que lubrificam as chapas para evitar oxidação, a tinta utilizada para marcação/identificação das peças, entre outros. Materiais auxiliares São os materiais que, apesar de participarem do processo de fabricação, não se integram a ele. No processo de produção do aço seriam os rolos de laminação utilizados na conformação das chapas e fabricação das bobinas, os óleos e as graxas lubrificantes das máquinas. Embalagens São materiais que, além de envolverem o produto acabado e identificarem seu fabricante, auxiliam para manter a integridade do produto até a entrega ao cliente. É importante destacar que as embalagens podem sofrer classificações quanto a naturezas distintas. São elas: Na linha de produção: as embalagens são utilizadas no processo produtivo, nos momentos que o produto ainda não recebeu o status de produto acabado. São classificadas como custo, pois é um gasto que ocorre ainda dentro do processo produtivo. No acondicionamento do produto acabado: se por ventura a embalagem for utilizada após o produto ter recebido o status de produto acabado, significa que está pronto e que o processo produtivo foi concluído. Logo, por definição, não serão mais agregados custos de produção. Nesse sentido, o gasto com embalagem, se ocorrer, será classificado como despesa comercial. Contabilidade de Custos unidade 7 168 Classificação dos materiais Como dissemos acima, sempre que os materiais consumidos tiverem sua quantificação determinada em relação ao volume produzido, poderemos tratá-los como materiais diretos. Diretos Segundo Biasio, (2012), o material direto representa parcela dos materiais usados no processo de fabricação, que é imediatamente identificável e mensurávelnos produtos produzidos. São recursos facilmente identificados, física ou monetariamente, aos produtos. Por exemplo, para cada automóvel produzido, foram consumidos 450 kg de aço. Significa que se produzirmos um carro, consumiremos 450kg de matéria-prima. Se dois carros, 900kg. O aumento do consumo de aço está diretamente ligado ao aumento do volume de produção de automóveis. Outros exemplos: tecido em empresa de confeções, madeira em indústria de móveis de madeira, entre outros. Indiretos Se o consumo dos materiais não for facilmente identificável aos produtos, fisicamente ou monetariamente, isto é, se for necessário efetuar um cálculo para a distribuição do custo total do insumo de forma média para todos os produtos, esse material é tratado como indireto. Outra forma de classificação mais fácil é identificar se o custo é direto, os materiais que não satisfizerem a regra de classificação do material direto, por exceção, serão tratados como indiretos. Exemplos: óleos e lubrificantes, que são usados para limpeza e manutenção das máquinas; pregos, lixas, parafusos de pequenos valores consumidos numa fábrica de móveis, entre outros. Contabilidade de Custos unidade 7 169 Estoque de materiais FIGURA 2 – Gestão do estoque Fonte: Disponível em: https://lehavreadministra.files.wordpress.com/2014/08/ centro_de_distribucion_jmartins.jpg Acesso em: 27/01/2016. Os estoques têm sido foco dos administradores, no sentido de sua redução, sem, contudo, perder a segurança operacional das empresas. Estoque, por definição, é um tipo de investimento em que, por sua natureza, o processo de estocagem normalmente não agrega valor ao produto, mas agrega custo. Conforme vimos anteriormente, a obtenção do material é um investimento porque, no momento da aquisição, esse material é inserido no estoque, que é um ativo da empresa. No entanto, ao se iniciar o processo produtivo, todo material que sai do estoque e é inserido no processo passa a configurar custo de produção. Mas a pergunta importante é: a que valor esse material é contabilizado como custo de produção? Para responder a essa pergunta, vamos utilizar um exemplo que ocorre a todo o momento nas organizações. Acompanhe a seguir! Custo de aquisição de materiais Conforme o CPC 16 (R1), o custo de aquisição dos estoques compreende o preço de compra, impostos de importação e outros Contabilidade de Custos unidade 7 170 tributos (exceto os recuperáveis junto ao fisco), assim como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação do custo de aquisição. Na sequência, apresentaremos exemplos de aquisição de materiais com a recuperação de impostos e a sua contabilização. Acompanhe! A Indústria de Tecidos Vale Europeu Ltda. efetuou durante o mês apenas uma compra de matérias-primas no valor de R$ 10.000,00, com IPI calculado pela alíquota de 10%, importando o total da nota fiscal em R$ 11.000,00. O ICMS destacado na nota é de 17%. Pagamento à vista, efetuado com cheque. OBS: Estando os produtos fabricados pela Indústria de Tecidos Vale Europeu Ltda sujeitos à incidência dos dois impostos, ambos devem ser registrados separadamente do valor das matérias- primas adquiridas. O que queremos? Encontrar o valor que deve fazer parte do estoque e fazer a contabilização. 1º Passo: Cálculo dos impostos ICMS = Valor das materias-primas: R$ 10,000,00 x 17% = R$ 1.700,00 IPI = Valor das materias-primas: R$ 10,000,00 x 10% = R$ 1.000,00 2º Passo: Qual o valor total da nota fiscal? Valor das matérias-primas R$ 10.000,00 +Valor do IPI R$ 1.000,00 = Valor das matérias-primas R$ 11.000,00 Contabilidade de Custos unidade 7 171 OBS: O valor do ICMS de R$ 1.700,00 já está embutido no valor das matérias-primas que é de R$ 10.000,00, pois é um imposto por dentro. Diferente do IPI, que é imposto por fora. 3º Passo: Qual é o valor do estoque das matérias-primas? Valor das matérias-primas R$ 10.000,00 – Valor do ICMS R$ 1.700,00 = Valor do estoque das matérias-primas R$ 8.300,00 ou Valor total da nota R$ 11.000,00 – Valor do ICMS R$ 1.700,00 – Valor do IPI R$ 1.000,00 = Valor do estoque das matérias-primas R$ 8.300,00 Muito bem! Feito isso, agora podemos fazer a contabilização. 4º Passo: Contabilização Veja que no estoque será lançado o valor de R$ 8.300,00, ou seja, sem o valor dos impostos, visto que, por ocasião das vendas, os produtos também serão tributados. Nosso próximo exemplo será com a inclusão de frete. Vamos lá! A empresa compra matérias-primas com tributação do ICMS, IPI e frete. Por ocasião das vendas, os produtos também serão tributados. Como encontrar o valor do estoque? Contabilidade de Custos unidade 7 172 • Valor das matérias-primas adquiridas: R$ 1.500,00, com ICMS de 18%. • Valor do frete: R$ 45,00, com ICMS de 12%. • IPI de 5% Resolvendo a questão: 1º Passo: Cálculo dos impostos ICMS das matérias-primas = Valor das matérias-primas R$ 1.500,00 x 18% = R$ 270,00 IPI = Valor das matérias-primas R$ 1.500,00 x 5% = R$ 75,00 ICMS do frete = Valor do frete R$ 45,00 x 12% = R$ 5,40 2º Passo: Qual o valor total da nota fiscal? Valor das matérias-primas R$ 1.500,00 + Valor do frete R$ 45,00 + Valor do IPI R$ 75,00 = Valor total da nota fiscal R$ 1.620,00 3º Passo: Qual é o valor do estoque das matérias-primas? Valor total da nota fiscal R$ 1.620,00 – Valor do ICMS das matérias-primas R$ 270,00 – Valor do ICMS do frete R$ 5,40 – Valor do IPI R$ 75,00 = Valor do estoque das matérias-primas R$ 1.269,60 A aquisição das matérias-primas foi à vista, pagamento com dinheiro. Vamos fazer a contabilização? Contabilidade de Custos unidade 7 173 4º Passo: Contabilização Pelo que foi estudado até aqui, podemos concluir que o valor a ser atribuído como custo dos materiais adquiridos pela empresa industrial será: Valor dos materiais + despesas acessórias (fretes e seguros) – ICMS – IPI + impostos e taxas que não sejam recuperáveis no momento da venda dos produtos. Para os materiais auxiliares, por exemplo, que não integram o produto, os tributos pagos na nota fiscal de aquisição não são passíveis de recuperação. Para saber mais sobre o custo de materiais, assista ao vídeo “O custo de estocagem compondo o custo de materiais”. Perdas Esse é um ponto importante na conceituação da aquisição e utilização dos materiais. Muita confusão é percebida sobre o conceito de perda e de desperdício. As perdas são gastos anormais ou involuntários, já o desperdício são gastos inerentes ao processo produtivo, ou seja, sabe-se que esses desperdícios podem ocorrer, mas devem ser o foco do gestor para sua eliminação ou redução. É importante observar que essas “perdas normais”, ou desperdícios, devem compor o custo ou as despesas dos produtos, dependendo de onde a perda ocorrer. Outro ponto a ser considerado é que os tributos Contabilidade de Custos unidade 7 174 pagos na aquisição desses materiais que não serão aproveitados, mas desperdiçados, deixam de ser recuperados, uma vez que não irão compor o produto vendido. Considerações sobre os custos de mão de obra Retornando ao conceito de classificação do custo direto ou indireto, dissemos que o custodireto é aquele em que conhecemos quanto do custo é conhecido para cada produto, isto é, temos o registro da quantidade física ou financeira de determinado recurso por unidade, produto fabricado ou serviço prestado. Uma determinada empresa, por exemplo, produz mesas escolares e, para isso, utiliza mão de obra de carpinteiros e soldadores para cortar e preparar a madeira para o tampo, cortar, conformar e soldar os tubos da estrutura da mesa, e do pessoal envolvido no acabamento, pintura e embalagem do produto. O custo direto de mão de obra seria o valor gasto na remuneração dos funcionários que estiveram envolvidos na produção das mesas, adicionados dos encargos sociais e trabalhistas necessários para que essa mão de obra estivesse disponível para a produção. Se por ventura avaliarmos um operário de uma fábrica de bebidas, na qual o processo é automatizado, e ele controla, através de um computador, toda a operação do processo, essa mão de obra seria direta ou indireta? Nota-se que a cada instante são produzidas dezenas de garrafas de bebidas diferentes, podendo variar a velocidade da linha, elevando ou reduzindo o ritmo de produção. Certamente ficaria mais complexo o apontamento de quantas horas ou minutos da mão de obra desse operador foram gastas na produção de cada garrafa, ou pelo menos o custo do controle talvez Contabilidade de Custos unidade 7 175 ficaria maior do que o benefício que esse traria. Nesse exemplo, provavelmente, para a companhia contabilizar o consumo de mão de obra na fabricação das bebidas, seria adotado algum critério de rateio (distribuição paramétrica equalizada) do custo de mão de obra para todos os produtos, configurando a mão de obra indireta. O aumento da participação do custo indireto nas empresas pode ser observado claramente devido o aporte tecnológico que as organizações têm experimentado. Cada vez mais menos operadores são requeridos para controlar processos automatizados que controlam diversas máquinas simultaneamente, evidenciando a caracterização da existência dos custos indiretos. Uma grande dúvida acerca do custo da mão de obra é se este pode ser classificado como custo fixo ou variável. Normalmente, os funcionários trabalhadores dos processos produtivos das organizações são contratados como horistas. Contudo, por lei, é garantido 220 horas por mês, mesmo que por algum motivo, como falta de energia ou de demanda pelos produtos fabricados, não trabalhem todas essas horas. Nem por isso o valor pago ao final do mês ao trabalhador, pelas 220h, será tratado como mão de obra direta. A mão de obra direta só será assim tratada quando o apontamento do trabalho for exclusivamente para a produção dos produtos. E também quando se puder associá-la física ou financeiramente ao produto, como é explicitado conceitualmente o custo direto. O tempo ocioso da mão de obra direta ou o tempo utilizado em outras atividades por essa força de trabalho, que não na produção dos produtos, será contabilizado como custo indireto de mão de obra, a ser rateado por meio de algum critério de rateio aos produtos. Contabilidade de Custos unidade 7 176 Por exemplo, os trabalhadores do chão de uma fábrica, que normalmente são operadores da produção e têm o seu tempo de trabalho, são empregados na fabricação dos produtos como mão de obra direta. Suponha que eles, em determinado mês, em função de uma manutenção no equipamento produtivo, são deslocados para serviços auxiliares, como pintura do galpão da fábrica. Sendo assim, terão os seus salários (as 220h) pagos normalmente. Contudo, o tempo da sua jornada, empregado na pintura do galpão, será apropriado aos produtos como mão de obra indireta e seu custo rateado proporcionalmente aos produtos fabricados no mês por algum critério de rateio. Em suma, para efeitos práticos, considera-se como mão de obra direta o salário do empregado cuja ocupação estiver diretamente relacionada ao produto que está sendo fabricado. Já a mão de obra indireta é dos demais empregados no departamento de fabricação, pois não se encontram diretamente identificados com determinado produto. Agora observe a figura: FIGURA 3 - Mão de obra direta ou indireta? Fonte: Núcleo de Educação a Distância, NEaD, Anima, 2016. Contabilidade de Custos unidade 7 177 Nesse caso, entra a convenção da materialidade ou relevância. Segundo Martins (2003), esse princípio desobriga de um tratamento mais rigoroso aqueles itens cujo valor monetário é pequeno dentro dos gastos totais da empresa. Com base nessa convenção, a empresa não precisará considerar as horas trabalhadas na manutenção como custo indireto, se assim o desejar. Para completar o conteúdo de mão de obra direta e indireta, assista ao vídeo a seguir: “Custo de mão de obra direta e indireta” Videoaula Como é composto o custo da mão de obra? Para responder a essa pergunta, é importante destacarmos que temos, normalmente, trabalhadores com categoria de horistas e mensalistas. Mensalistas são aqueles com salários fixados por mês e, independentemente do número de dias do mês, recebem o equivalente a 30 dias trabalhados, acrescidos de horas extras e outros adicionais que, por ventura, fizerem direito. Horistas são trabalhadores com salários fixados por hora, ou seja, dependendo do número de dias do mês, o valor recebido irá variar, já que temos meses de 28, 29, 30 e 31 dias durante o ano. Soma-se ao valor das horas o descanso semanal remunerado, adicionais de periculosidade, insalubridade e outros adicionais que se fizerem direito. Veja dos detalhes dos custos da mão de obra direta: Partindo do princípio de que um funcionário tenha sido contratado por uma empresa com um salário-hora de R$ 5,00 e que trabalhe https://player.vimeo.com/video/146764461 Contabilidade de Custos unidade 7 178 no regime de semana inglesa, ou seja, seis dias na semana com jornada semanal de 44 horas. Sua jornada diária então será de 44/6 = 7,33333 horas por dia, que equivale a 7h e 20min por dia. Com base nas informações anteriores, a pergunta é: Quanto, de fato, o funcionário contratado por R$ 5,00h custará para a empresa que o contratou? Acompanhem o passo a passo para poder responder esta pergunta: TABELA 4 - Jornada de trabalho Considerando a jornada diária, o próximo passo seria calcular o número de dias que o funcionário estaria disponível para a empresa por ano. TABELA 5 - Número de dias disponível por ano * 52 finais de semana – 4 finais de semana já inclusos no período de férias ** Algumas empresas podem conceder dias por liberalidade própria, não considerados aqui. A seguir, calcularemos o nº de horas à disposição da empresa (HDE). Contabilidade de Custos unidade 7 179 TABELA 6 - Número de horas à disposição da empresa Agora, calcularemos o custo total anual do funcionário (CAF). TABELA 7 - Custo total anual do funcionário Observemos que, se dividirmos o valor total, o custo da mão de obra anual do funcionário (CHF), pelo número de horas disponíveis à organização, obteremos o valor de: TABELA 8 - Custo por hora do funcionário Contabilidade de Custos unidade 7 180 Chegamos à conclusão de que o custo mínimo do funcionário por hora à disposição da empresa é de 101% do valor contratado de R$ 5,00. Evidentemente, cada empresa apresentará custos diferenciados em função das conquistas sindicais, da força de trabalho. Não consideramos aqui custos adicionais, como transporte ou alimentação, ou outras gratificações que são concedidas por liberalidade da organização. Mas é muito importante a gestão da mão de obra, haja vista o elevado valor para qualquer empresa. Evidenciamos também a questão de que, enquanto a folha de pagamento não guarda relação com o volume de produção, isto é, um gasto fixo, a mão de obra direta, por natureza, é diretamente proporcional ao volume de produção. Ela é tratada como custo diretoe, portanto, variável. É relevante destacarmos também que, com os avanços tecnológicos apresentados pelas organizações, evidenciamos cada vez mais a existência de custos indiretos de mão de obra em detrimento da mão de obra direta, haja vista a automatização dos processos produtivos. Contabilização dos custos de mão de obra e encargos sociais sobre folha de pagamento Para todas as empresas com funcionários horistas normais, as horas trabalhadas devem ser registradas em um registro de produção. Os registros devem ser enviados diariamente para a folha de pagamento. O departamento da folha de pagamento envia os relatórios com a renda bruta para a contabilidade. Os contadores de custos separam os registros de tempo e os relatórios de produção, e debitam os custos de mão de obra às ordens e departamentos apropriados, bem como aos custos indiretos de fabricação. Contabilidade de Custos unidade 7 181 Agora já sabemos quais são os principais itens que compõe o custo da mão de obra, então chegou a hora de praticar. Resumo de custos de mão de obra Departamento: Costura TABELA 9 – Resumo custos de mão de obra Fonte: Elaborada pela autora. Observando a Tabela 9, temos informações de mão de obra direta e indireta, que chamamos de débito, e total da folha de pagamento, que chamamos de crédito. Como a empresa deverá proceder a contabilização dessas informações? O resumo dos custos de mão de obra se torna a fonte para fazer um lançamento no diário geral, de modo a distribuir a folha de pagamento às contas apropriadas. A seguir, os lançamentos contábeis: D – Produtos em processo R$ 7.950,00 D – Custos indiretos de fabricação (CIF) R$ 5.330,00 C – Folha de pagamento R$ 33.280,00 Onde: D = Débito C = Crédito Muito bem! Vamos continuar praticando, agora com informações da folha de pagamento de funcionários da fábrica e também da área administrativa e vendas, juntamente com encargos sociais. Contabilidade de Custos unidade 7 182 Vamos lá! A empresa “XYZ” usa as seguintes contas da razão geral da contabilidade de custos de mão de obra: Caixa, produtos em processo, salários a pagar, encargos sociais a pagar, imposto de renda retido na fonte a recolher, folha de pagamento, custos indiretos de fabricação (CIF), salários de vendas, salários administrativos, despesas de encargos sociais sobre folha de pagamento da área administrativa e de vendas, entre outras. TABELA 10 - Resumo da folha de pagamento Fonte: Elaborada pela autora. Pergunta-se: Como se faz a contabilização do resumo da folha de pagamento? Resolução: Após analisar os dados, um lançamento no diário geral registra a folha de pagamento: D – Folha de pagamento R$ 130.000,00 C – Encargos sociais a pagar R$ 10.400,00 C - IRRF a pagar R$ 17.550,00 C – Salários a pagar R$ 102.050,00 Para registrar o pagamento da renda líquida aos funcionários, o seguinte lançamento precisa ser feito: Contabilidade de Custos unidade 7 183 D- Salários a pagar R$ 102.050,00 C- Caixa R$ 102.050,00 Demonstramos apenas alguns lançamentos contábeis relacionados a mão de obra, folha de pagamento e encargos sociais. De forma nenhuma este assunto se esgotou com estes lançamentos. Assista agora ao vídeo aula que trata, de forma sucinta, o assunto do custo do material direto e da mão de obra direta. “Custo do material direto e mão de obra” Videoaula Revisão Nesta unidade, identificamos alguns pontos importantes a serem considerados na aquisição de materiais. Vimos como eles compõem os custos dos produtos e ainda entendemos que não só os preços de aquisição devem ser considerados, mas também outros custos, como frete, seguro e custos de estocagem para a valoração dos materiais que serão utilizados no processo produtivo. Verificamos também que alguns tributos pagos na aquisição dos materiais são passíveis de recuperação e que outros, no entanto, não dão essa possibilidade, devendo ser considerados como custo de aquisição. Estes comporão o custo do produto. Além do aspecto tributário envolvido na gestão dos materiais, entendemos as metodologias de avaliação dos estoques e como o método escolhido pode influenciar no resultado obtido pela organização. https://player.vimeo.com/video/146764468%20 Contabilidade de Custos unidade 7 184 Conhecemos também a diferença entre folha de pagamento e custo de mão de obra. Verificamos a composição do custo de mão de obra direta e calculamos o valor mínimo que a empresa paga, para cada real contratado, como remuneração da mão de obra, considerando o total de horas disponíveis do funcionário para a organização. Isto é, a empresa paga 101% a mais, tornando o custo de mão de obra um componente relevante para a gestão. Os administradores e formadores de custos devem ter muita atenção neste cálculo na hora de fechar um serviço ou fabricar um produto, pois um erro nesta apuração de custo hora pode fazer com que sua empresa produza sem lucro algum ou até mesmo com prejuízo. Por fim, entendemos que mão de obra direta é aquela controlada física ou financeiramente para cada produto. E que se a força de trabalho do funcionário, mesmo que contratado como mão de obra da produção, não estiver sendo empregada para esse fim, deveria ter seu custo tratado como mão de obra indireta, compondo os custos que serão rateados aos produtos por algum critério justo de distribuição. Recomendamos a leitura do artigo que trata do custo de mão de obra e encargos trabalhistas no Brasil. h t t p : / / w w w . s c i e l o . b r / s c i e l o . p h p ? s c r i p t = s c i _ arttext&pid=S1413-92511992000300003 Acesse também o portal Exame.com.br, no link abaixo, e veja reportagens atualizadas que tratam do assunto mão de obra. http://exame.abril.com.br/ topicos/mao-de-obra Contabilidade de Custos unidade 7 185 “Finalização da unidade” Videoaula https://player.vimeo.com/video/172144090%20 Contabilidade de Custos 186 Referências ASSAF NETO, A. A contabilidade e a gestão baseada no valor. in: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 6., 1999, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 1999. BALLOU, R. 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EVA valor econômico agregado. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999. Contabilidade de Custos 187 FARIA, A. C.; COSTA, M. de F. G. Gestão de Custos Logísticos. São Paulo: Atlas, 2008. FERREL, O. C.; HARTLINE, M. D. Estratégia de marketing. 4 ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. FLEURY, P. F.; WANKE, P.; FIGUEIREDO, K. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. FRANCISCHINI, G. P.; GURGEL,F. A. Administração de materiais e do patrimônio. 2 ed. São Paulo: Pioneira Thomson, 2014. GONÇALVES, P. S. Administração de materiais. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. GONÇALVES, P. S. Administração de materiais. 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2016. KAPLAN, R. S.; NORTON, D. P. A estratégia em ação: Balanced Scorecard. 13 ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. KOBAYASHI, S. Renovação da Logística: como definir estratégias de distribuição física global. São Paulo: Atlas S.A, 2000. KOTLER, P. Administração de marketing: A edição do novo milênio.14. ed. 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Produção por ordem ou encomenda • Conceitos básicos de produção por ordem ou encomenda • Encomendas de longo prazo • Critérios de contabilização da produção ordem de encomenda • Revisão • Referências No nosso dia a dia encontramos indústrias com produção contínua, que produzem produtos padronizados, e outras que fabricam produtos sob encomenda, de acordo com especificações dos clientes. Os produtos padronizados são encontrados prontos para serem consumidos com muita facilidade no mercado. Com os produtos fabricados sob encomenda isso não ocorre, já que não são encontrados prontos no mercado. Para serem fabricados, precisam ser projetados, encomendados de acordo com as especificações necessárias. Para facilitar o entendimento, vamos pensar na nossa casa. Queremos um móvel sob medida, por exemplo, uma sala de jantar, armário de cozinha, sofás para sala de estar, com detalhes personalizados. O que fazemos? Vamos em busca de uma empresa que possa nos atender, correto? Então, estamos diante de produtos que serão fabricados sob encomenda de acordo com nossas especificações, cujos custos serão debitados em fichas denominadas ordens de produção. Em empresas que trabalham sob encomenda, utiliza-se o sistema de acumulação de custos por ordem de produção, também chamado de ordem de serviço. Parisi (1995) entende que a produção por encomenda é uma variação da produção por ordem “[...] onde cada ordem de produção contém praticamente um produto diferenciado e com características particulares, podendo dificultar o estabelecimento de padrões de produtos” (PARISI, 1995 p. 29). Portanto, uma empresa com essas características está, na verdade, alugando seu parque instalado e sua tecnologia para a fabricação de um produto específico, requerido por um determinado cliente. Essas encomendas podem ser de curto prazo de fabricação, ou seja, até um ano, ou de longo prazo, quando tempo de fabricação é superior a um ano. Esses prazos são importantes para que a empresa possa fazer a correta apuração de resultados. Outro ponto a ser observado é em relação à correta contabilização. A contabilidade de custos deverá passar para a contabilidade geral as informações necessárias para que se realize a escrituração das operações industriais. Contabilidade de Custos unidade 8 192 Em um mundo em que existe grande concorrência no mercado, é de extrema importância o conhecimento das atividades como um todo por parte dos gestores, que são os tomadores de decisões das empresas nas quais trabalham. Em razão disso, a relevância do conhecimento em custos, que se constitui em ferramenta de apoio para boa administração, especialmente quando a empresa trabalha por encomenda, e a contabilidade de custos deverá passar para a contabilidade geral as informações para contabilizar as operações industriais. Mesmo que a contabilidade de custos e a geral estejam integradas e coordenadas entre si, cada uma desenvolve, a seu modo, suas atribuições. Vamos então iniciar nossos estudos relacionados à ordem de produção ou encomenda. Natureza da contabilidade de ordem de produção Na contabilização dos custos das ordens de produção, cada elemento do custo é coletado separadamente para cada trabalho desenvolvido na fábrica. O pré-requisito do método é a identificação da produção por lotes, grupos ou pedidos. Souza, Aguilar e Nogueira (2000) acrescentam que uma empresa de produção por encomenda possui características que as difere das demais. Ao contrário de uma empresa de produção contínua (ou seriada), que fabricam produtos iguais, sendo fundamentalmente para estoque, em uma empresa por encomenda a produção atende a encomendas de clientes de acordo com suas especificações. Dificilmente o sistema de ordem de produção é usado nas indústrias de produção em massa, mas frequentemente por ferramentarias, Conceitos básicos de produção por ordem ou encomenda Contabilidade de Custos unidade 8 193 estamparias, indústria de máquinas e equipamentos, construção civil, indústria aeronáutica, estaleiros que fabricam navios por encomenda. É ainda bastante empregado nas empresas de projetos de engenharia para controle das construções e para atividades de manutenção, empresas de auditoria, de consultoria, entre outras. Características básicas do sistema O sistema de custos por ordem de produção diferencia-se de outros sistemas em função dos seguintes fatos: • Nenhum serviço é iniciado sem que seja devidamente autorizado por ordem de produção. Para acumular o valor da mão de obra aplicada, o valor do material direto e a parcela correspondente ao valor dos custos indiretos de fabricação (CIF), calculados por meio das taxas de absorção, é utilizada a ordem de produção. • A produção não é padronizada. • A fabricação dos produtos se dá de acordo com as exigências do cliente. • O custo real de fabricação do produto somente será conhecido quando a ordem de produção é terminada. Agora, se houver necessidade, por exemplo, para atender a exigências da administração e dos clientes, é possível levantar os custos em qualquer estágio. • As ordens de produção passam a compor o estoque de produtos em processo, enquanto estas não estão completadas. • O custeamento por ordem de produção é usado em empresas, cuja produção não é padronizada ou a produção não é repetitiva. • O sistema exige considerável trabalho burocrático para o registro das informações minuciosas nas ordens de produção. Em função disso, é dispendioso. Contabilidade de Custos unidade 8 194 Custosindiretos de fabricação (CIF) Os custos indiretos de fabricação podem ser reais ou aplicados. Reais – São todos os custos realizados pelos diversos componentes da fábrica. Esses custos são necessários à produção ou relacionados a ela, mas não podem ser diretamente identificáveis com determinada ordem de produção sem algum trabalho administrativo adicional. Os custos reais, acumulados pela contabilidade geral por ocasião do encerramento contábil, são comparados com os CIF aplicados e a variação resultante, depois de analisada, é incluída na conta custo de vendas, como um ajustamento de custo do período. Aplicados – São os custos estimados para o período contábil debitados à produção por meio das taxas de absorção, previamente estabelecidas. Seu saldo, por isso mesmo, é sempre credor. O saldo final é comparado com o saldo acumulado pela contabilidade na conta CIF reais e a diferença lançada contra custo de vendas. Tipos de ordem de produção Dentro de uma empresa industrial podem existir vários tipos de ordens de produção que dependem do serviço que está sendo executado, ou seja, o termo produção é uma designação genérica. • Ordem de produção – É a autorização que dá início à fabricação dos produtos da empresa, relacionando todos os gastos necessários para fabricação do produto. • Ordem de serviço – Quando a empresa presta serviços aos clientes, abre-se esta ordem. • Ordem de reparos – É uma ordem emitida pela seção de reparos e manutenção, destinada a identificar o trabalho que será realizado em equipamento ou instalação da fábrica. Ordem de obras – Quando a fábrica irá Contabilidade de Custos unidade 8 195 construir suas próprias instalações, abre uma ordem de obras para acumular os custos realizados. Após o término da obra, os custos acumulados serão transferidos para o ativo correspondente. Podemos ter outros tipos de ordem de produção, sempre de acordo com os tipos de serviços que a empresa for executar. Exemplos: ordens de melhoria, ordens de pesquisas, ordens de estudos especiais, ordens de ampliação, ordens de tarefa, entre outras. Vantagens e desvantagens do sistema As principais vantagens são as seguintes: • Permite que a administração identifique os produtos que dão maior ou menor margem de lucro. • Os custos de uma ordem de produção anterior para produtos do mesmo tipo, ou de tipo ligeiramente diferente, podem servir de base para a estimação dos custos de futuros pedidos de clientes. • Oferece meios à administração para controlar os custos de forma mais imediata e sem a necessidade de um inventário físico. • Normalmente, quando as encomendas são de alto valor agregado, o cliente faz pagamentos à medida que o processo produtivo vai sendo desenvolvido. • Os custos acumulados em cada ordem de produção, até determinado estágio de fabricação, podem servir de base para o estabelecimento do valor que deve ser cobrado do cliente. As principais desvantagens • Há um elevado percentual de despesas em função do volume de registros e da quantidade de pessoal necessário. Contabilidade de Custos unidade 8 196 • A empresa somente conhecerá o total dos custos reais de produção ao término da produção. Metodologia tradicional de apuração de custos No sistema de produção por ordem, os custos com matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação incorridos são registrados em cada ordem de produção. Vamos agora conhecer dois modelos de ordem de produção. Veja: Figura 1 – Modelo de ordem de produção da indústria de máquinas para tecelagem Gelog Ltda Fonte: Leone, 2010 [Adaptada]. Contabilidade de Custos unidade 8 197 Como estamos apenas apresentando o modelo, não inserimos aqui os anexos citados. O modelo apresentado é de uma OP que vai acompanhar a fabricação de um produto sob encomenda. Neste exemplo, trata-se da fabricação de um tear modelo 7435. Vamos conhecer mais um modelo de ordem de produção, agora preenchido. TABELA 1 – Ordem de produção orçada e real Fonte: Santos, 2009 [Adaptada]. Contabilidade de Custos unidade 8 198 Verificamos que houve uma variação desfavorável em relação ao que foi orçado para a ordem de produção 005. A contabilidade de custos contribui de que forma com os gestores da indústria Maravilha? Uma das respostas pode ser: Munir os gestores de informações suficientes para que possam controlar o processo produtivo e compará-lo com o que deveria ser. Tomar conhecimento rápido das diferenças e suas origens e tomar atitudes para sua correção, entre outros. Agora é sua vez! Cada empresa terá seu próprio modelo, sempre de acordo com as suas necessidades. Vamos adiante! Registro das ordens de produção Após o término de uma ordem de produção e alguns cálculos, um lançamento para registrar a conclusão é efetuado. O lançamento referente a ordens de produção (OP) concluídas é mostrado na tabela 2. TABELA 2 - Relação das ordens de produção concluídas Fonte: Elaborada pela autora. Contabilidade de Custos unidade 8 199 TABELA 3 – Lançamentos contábeis TABELA 4 – Ordens de produção em processo Fonte: Elaborada pela autora. Fonte: Elaborada pela autora. Ao final do mês, através do total das ordens de produção (OP) concluídas, efetua-se o lançamento a débito para a conta produtos acabados e crédito para produtos em processo ou elaboração. E como ficará o saldo da conta de produtos em processo, se no início do mês o saldo inicial era de R$ 14.000,00? Convido você para assistir à videoaula sobre produção por ordem ou encomenda. “Produção por ordem ou encomenda” Videoaula Tempo de fabricação da encomenda Podemos ter produtos sob encomenda sendo fabricados em alguns dias, como outros que podem levar anos. Neste tempo poderá ser contado o tempo necessário para colocar o produto em funcionamento na planta do cliente, se for de responsabilidade do fabricante. Contabilidade de Custos unidade 8 200 E nestes casos, como fica a questão de apuração dos resultados? Primeiramente, as encomendas devem ser classificadas como de curto prazo ou longo prazo de fabricação. O curto prazo aplica-se aos pedidos cujo tempo de produção é inferior a um ano. As de longo prazo, o tempo de produção é superior a um ano. O modo de apuração do resultado será de acordo com a classificação. Para o curto prazo, a receita corresponde àquela efetivamente realizada e, no longo prazo, normalmente, é calculada de forma proporcional aos custos incorridos para cada exercício social. Na sequência, estaremos explicando as encomendas de longo prazo e apresentando exemplo de apuração do resultado. Acompanhem! Encomendas de longo prazo Com base no princípio da competência, deve ser feita a confrontação das despesas com as receitas referentes ao mesmo período, independentemente do prazo de execução de uma determinada encomenda. Em geral, o reconhecimento no resultado dos custos de produção acumulados nas ordens de produção deve ser feito por ocasião da entrega ao cliente, quando há o reconhecimento também da receita. Entretanto podem existir situações especiais de encomendas que necessitam de prazos longos para execução da encomenda (mais de um ano para a fabricação). Como exemplo, podemos citar estaleiros, empreiteiras responsáveis por obras com mais de um ano de duração, empresas de construção civil, entre outras. Contabilidade de Custos unidade 8 201 Para estes tipos de empresas, se fosse aplicada na contabilização de suas operações a regra geral, os resultados dos exercícios sociais nos quais as encomendas ainda não tivessem sido entregues seriam totalmente distorcidos, pois seriam contabilizadas apenas as despesas financeiras, administrativas e comerciais, sem a exigência de receita. Se uma determinada empresa está trabalhando numa encomenda por aproximadamente três anos e, nos dois primeiros anos, apresentasse prejuízo elevado eno terceiro ano lucro repentino, aos olhos dos investidores seria muito estranho e não estaria de forma nenhuma representando a realidade econômica da empresa. Com base nesta hipótese, para que as informações contábeis sejam confiáveis e úteis para os gestores, investidores e demais usuários, o ideal é abandonar as regras gerais impostas pelo princípio da competência e partir para regras mais apropriadas. No caso de encomendas que necessitam de mais de um ano para fabricação e entrega, devemos apropriar o resultado de forma parcelada, durante o período de execução da encomenda. O que isto significa? Devemos reconhecer uma parte da receita da encomenda em cada ano, fazendo a confrontação com os respectivos custos de produção do mesmo período. Desta forma a apuração do resultado anual (ou em períodos menores) poderá ser feita com base nas parcelas apropriadas. Um dos critérios mais utilizados é o da proporcionalidade do custo total. Por esse critério, a empresa apura e apropria, em cada período, a parcela do custo total da encomenda que foi incorrida, apropriando com o mesmo percentual a parcela da receita total prevista no contrato. Contabilidade de Custos unidade 8 202 Quando a empresa não estabelece as receitas por etapas, tendo apenas um valor global até a entrega da encomenda, a contabilização parcelada e a apuração do resultado não é tão simples. Vamos verificar como isto acontece na prática? Acompanhe o caso a seguir. A indústria XYZ, no ano 20X1, recebeu uma encomenda com custo total estimado em R$ 160.000,00 e receita total R$ 240.000.00, com prazo de fabricação de três anos. De acordo com o contrato, recebeu da seguinte forma: R$ 64.000,00 na assinatura do contrato em 20/03/20X1; R$ 80.000,00 em 20/03/20X2; e R$ 96.000,00 na entrega da encomenda prevista para 30/07/20X3. Nesse caso, podemos observar que a receita total importaria em 150% do custo total R$ 240.000,00 / R$ 160.000,00 x 100 = 150%). Supondo que em 20X1 o custo incorrido fosse de R$ 64.000,00, então a receita apropriada nesse ano seria de R$ 64.000,00 x 150% = R$ 96.000,00, acarretando que o resultado do 1º ano seria de R$ 32.000,00. Veja: Receita R$ 96.000,00 (-) Custo incorrido R$ 64.000,00 = Resultado em 20X1 R$ 32.000,00 No exemplo acima, se a empresa recebesse em 20X1 de seu cliente, por exemplo, R$ 99.000,00, esse excedente de R$ 3.000,00 seria contabilizado no passivo circulante como adiantamentos de clientes. Contabilidade de Custos unidade 8 203 Ao contrário, caso recebesse menos que R$ 96.000,00, por exemplo, R$ 94.000,00, a diferença de R$ 2.000,00 seria contabilizada no ativo circulante como contas a receber. Continuando... Em 20X2, supondo que o custo total previsto mudasse de R$ 160.000,00 para R$ 171.200,00, o novo percentual para apropriação de receita do período mudaria. Veja: R$ 240.000,00 / R$ 171.000,00 = 140,1869% (aproximadamente 140%). Admitindo também que nesse 2º ano o custo real incorrido fosse, por exemplo, de R$ 57.600,00, então a receita a ser apropriada, em princípio, seria: R$ 57.600,00 x 140% = R$ 80.640,00. No entanto, esse valor deverá ser ajustado, visto que no 1º ano a receita deveria ser R$ 64.000,00 x 140% ( e não mais R$ 64.000,00 x 150%), importando em R$ 89.600,00 (e não R$ 96.000,00), numa diferença de R$ 6.400,00 que não pode mais ajustar o valor da receita do 1º ano, de sorte que o ajuste seria feito na receita do 2º ano, a qual cairia de R$ 80.640,00 para R$ 74.240,00 (R$ 80.640,00 – R$ diferença de R$ 6.400,00 = R$ 74.240,00). Veja como apurar o resultado de 20X2 Receita R$ 74.240,00 (-) Custo incorrido R$ 57.600,00 = Resultado em 20X2 R$ 16.640,00 Vamos agora para 20X3. Supondo que, no ano de 20X3, os custos reais incorridos fossem, por exemplo, de R$ 54.400,00. Esse último valor acarretaria num custo total incorrido de R$ 64.000,00 + R$ 57.600,00 + 54.400,00 = R$ 176.000,00 (superior R$ 16.000,00 ao custo total previsto, que era de R$ 160.000,00). Contabilidade de Custos unidade 8 204 Neste último ano, o valor da receita a ser apropriada seria obtida pela diferença R$ 240.000,00 – R$ 96.000,00 – R$ 74.240,00 = R$ 69.760,00. Resumindo tudo, temos o seguinte quadro: Quadro 1 – Receitas, custos e resultados 20X1, 20X2, 20X3 e total Fonte: Elaborado pela autora. Visto que o resultado total real só foi conhecido no 3º ano, o qual corresponde a 36,3636% do custo total (R$ 64.000,00 / R$ 176.000,00 = 36,3636%), os “verdadeiros” resultados seriam os seguintes: 20X1 = R$ 64.000,00 x 36,3636% = R$ 23.273,00 20X2 = R$ 57.600,00 x 36,3636% = R$ 20.945,00 20X3 = R$ 54,400,00 x 36,3636% = R$ 19.782,00 No entanto, os resultados anuais, efetivamente apresentados pela empresa em suas demonstrações contábeis, seriam os indicados na tabela acima, os quais, embora não sejam esses últimos que deveriam ser, não seriam tão distorcidos quanto aqueles apurados se a empresa não utilizasse o método de apropriação da receita proporcionalmente ao custo total. Assista agora à videoaula na qual será apresentada a resolução de atividade aplicada, de encomendas de longo prazo. “Encomendas de longo prazo” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 8 205 Critérios de contabilização da produção ordem de encomenda A contabilização das ordens de produção é bastante simples, embora exija um trabalho bastante minucioso, na mediada que existe a necessidade de informações detalhadas. As ordens de produção, normalmente, são subcontas da conta geral de controle, que é conhecida como produção em processo, em elaboração ou em andamento. Os recursos, quando consumidos, são valorizados e debitados às respectivas ordens de produção que os requisitaram. À medida que cada tipo de produto for terminado, as ordens de produção são creditadas e o valor transferido para as contas dos clientes através de débitos. Acompanhe o desenvolvimento de atividade aplicada. Vamos lá! 1) A empresa XYZ, que trabalha mediante encomendas específicas de clientes, apresentou as seguintes informações: Ordens de produção (OP) existentes no início do mês de fevereiro. TABELA 5 – Ordens de produção em 01.02.XX Fonte: Ferrari, 2015 [Adaptada]. Contabilidade de Custos unidade 8 206 Onde: MPA = Matéria-prima aplicada MOD = Mão de obra direta CIF = Custos indiretos de fabricação Os gastos do mês de fevereiro foram os seguintes: TABELA 6 – Gastos do mês de fevereiro Fonte: Ferrari, 2015 [Adaptada]. Neste exemplo: • Os custos indiretos de fabricação da empresa no mês foram de R$ 18.000,00 e foram apropriados proporcionalmente aos gastos com a mão de obra direta. • As ordens de produção 122, 126 e 128 foram completadas e entregues (vendidas) durante o mês enquanto as demais permanecem inacabadas. O que queremos? Calcular o valor do custo dos produtos vendidos, do estoque de produtos em processo de fabricação e fazer a contabilização nos razonetes. Após leitura atenta do enunciado, vamos fazer a resolução. Contabilidade de Custos unidade 8 207 1º Passo: Calcular a taxa de absorção (TA) para fazer a distribuição dos custos indiretos de fabricação. TA = CIF/ Critério de rateio TA= R$ 18.000,00 / R$ 15.000,00 (MOD do mês de fevereiro) = R$ 1,20 Faremos agora a distribuição dos custos indiretos de fabricação para as oP OP 122 4.000,00 x 1,20 = 4.800,00 OP 126 5.000,00 x 1,20 = 6.000,00 OP 127 3.000,00 x 1,20 = 3.600,00 OP 128 2.000,00 x 1,20 = 2.400,00 OP 129 1.000,00 x 1,20 = 1.200,00 2º Passo: Agora faremos os lançamentos nas OP, no custo dos produtos vendidos e na conta produtos em elaboração. Contabilidade de Custos unidade 8 208 Feito isso, agora já podemos responder às perguntas. 3º Passo: Respostas • Valor do custo dos produtos vendidos: R$ 109.600,00. •Valor do estoque de produtos em processo: R$ 61.300,00. OBS: Alguns lançamentos não foram apresentados, visto que, de acordo com as perguntas, não tinha necessidade. Contabilidade de Custos unidade 8 209 Visão geral dos registros contábeis do sistema ordem de produção ou encomenda TABELA 7 – Registros contábeis Fonte: Leone, 2010 [Adaptada]. Muito bem! Terminamos os exemplos de contabilização. Assista agora a mais um vídeo com explicações relacionadas à contabilização das ordens de produção. “Contabilização ordem de produção” Videoaula Contabilidade de Custos unidade 8 210 Procure ler o trabalho “Produção sob Encomenda e Customização em Massa Aplicadas na Indústria Automotiva”. Neste trabalho, apresenta- se uma revisão bibliográfica sobre as tendências de produção sob encomenda e de customização em massa. Acesse: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/7074/7074_5.PDF Sugiro a leitura do artigo “Abordagem do Sistema de Custeio por Ordem de Produção através da Análise de Risco e Incerteza numa Empresa do Setor de Marcenaria”. Acesse: http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_tn_ sto_137_869_18159.pdf “Produção por ordem ou encomenda” Videoaula Revisão Nesta unidade, apropriamos de informações referentes à produção por encomenda ou ordem de produção. Nas empresas que se usa o sistema de acumulação de custos por ordem ou encomenda, os produtos não são padronizados e, diante disto, a fábrica produz por pedido. Este sistema geralmente é utilizado nas empresas que fabricam produtos pouco variados, ou seja, nas quais a produção não é contínua, produtos mais complexos e caros, que não são fabricados em grandes quantidades, como máquinas especiais, aviões, edifícios, grandes motores, entre outros. Contabilidade de Custos unidade 8 211 Os custos são acumulados em contas representativas de cada produto, que são as ordens de produção, e o custo da encomenda provém da soma dos custos acumulados durante o período de fabricação. Sua totalidade será conhecida quando o produto for concluído. Em relação ao tempo de fabricação da encomenda, poderá ser a curto prazo, ou seja, com tempo de produção até um ano, mas podem existir situações especiais de encomendas que necessitam de prazos longos para execução da encomenda (mais de um ano para a fabricação). No caso da execução acima de um ano, o ideal é abandonar as regras gerais impostas pelo princípio da competência e partir para regras mais apropriadas. Normalmente, a apuração do resultado é feita de forma proporcional aos custos incorridos para cada exercício social. Assim, as informações contábeis são confiáveis e úteis para os gestores, investidores e demais usuários. Quanto maior a especificidade, maior será a necessidade de ter controles orientados para o cliente e suas encomendas. Finalizando a unidade, demonstramos, de forma sucinta, exemplos de contabilização nos razonetes e também como débito e crédito (diário), apresentando esquema com as contas normalmente utilizadas. De forma nenhuma esgotamos o assunto, visto que o assunto é desafiador. É importante ainda lembrar que para gerir uma empresa, independentemente do tipo, conhecer custos é uma condição essencial para seu sucesso. Contabilidade de Custos 212 Referências CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Contabilidade de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2018. FERRARI, Ed Luiz. Contabilidade de Custos. Rio de Janeiro: Impetus, 2015. LEONE, George S.G. Curso de Contabilidade de Custos. 4. ed. São Paulo: Atlas 2010. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. MEGLIORINI, Evandir. Custos: Análise e Gestão 3 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. PARISI, Cláudio. Uma Contribuição ao Estudo de Modelos de Identificação e Acumulação de Resultado. 1995. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995. SANTOS, Joel José. Contabilidade e Análise de Custos. 5. ed. São Paulo: Atlas 2009. SOUZA, Antônio A.; AGUILAR, Claudiane G.; NOGUEIRA, Daniela N. Fatores que Influenciam a Estimação de Custos e Formação de Preços em Empresas que Fabricam Sob Encomenda. In: Contabilidade Vista e Revista. Belo Horizonte. 2000. V. 11, p. 21-25.