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GENÉTICA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Fernanda Eliza Toscani Burigo 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nas aulas anteriores, abordamos os princípios da hereditariedade, ou seja, 
como as informações são transmitidas ao longo das gerações. 
Nesta aula, destacaremos a importância da manutenção da integridade do 
DNA e do número de cromossomos, demonstrando que, quaisquer alterações 
nessas estruturas podem acarretar em problemas e desordens sérias em um 
organismo. Da mesma forma, também será salientada a importância das mutações 
como fontes de variabilidade genética, sendo elementos primordiais na evolução. 
São objetivos desta aula: 
Objetivo geral: compreender os mecanismos de mutações estruturais do 
DNA. 
Objetivos específicos: 
 Distinguir a mutação como um dos mecanismos que alteram a informação 
genética, bem como as causas desse processo; 
 Diferenciar mutações gênicas e cromossômicas, relacionando-as a 
situações do cotidiano; 
 Destacar os principais agentes mutagênicos, bem como suas atuações 
sobre o DNA; 
 Compreender as principais anomalias cromossômicas humanas, 
comparando cariótipos humanos normais com alterados; 
 Identificar os principais mecanismos genéticos ligados às neoplasias. 
TEMA 1 – MUTAÇÕES 
As mutações (em especial as gênicas) são caracterizadas por alterações na 
sequência de bases nitrogenadas de um determinado gene, ocasionadas por erros 
na duplicação do DNA durante a fase S da interfase. Normalmente, são 
reconhecidas por seus efeitos maléficos, ao causarem doenças e malformações. 
No entanto, as mutações são fontes primárias de variabilidade genética, 
ocorrendo para favorecer a sobrevivência do indivíduo ao ambiente, podendo ser 
mantidas ao longo das gerações, se positivas (seleção positiva) ou eliminadas, 
caso prejudiciais (seleção negativa). É importante ressaltar que as mutações são 
fundamentais no processo da evolução, uma vez que altera o número de alelos 
disponíveis, aumentando a variabilidade. 
 
 
3 
Nesse sentido, vale ressaltar a diferença entre os termos mutante e 
selvagem. No primeiro caso, há referência ao fenótipo incomum, uma expressão 
diferente do padrão do gene que sofreu a mutação. Já o termo selvagem refere-se 
ao fenótipo padrão ou expressão fenotípica do gene sem alteração. 
As mutações podem ser classificadas de diversas formas: de acordo com as 
proporções de genes alterados, sendo denominadas de gênicas ou 
cromossômicas. Já em relação à etiologia, podem ser classificadas em 
espontâneas ou induzidas. Quanto ao efeito produzido, podem ser classificadas em 
diretas, reversas, silenciosas ou neutras. Por fim, quanto ao tipo de célula 
envolvida, classificam-se em somáticas ou gaméticas. Abaixo são descritas cada 
uma delas. 
1.1 Classificação quanto às proporções alteradas 
As mutações podem envolver tanto uma sequência de bases nitrogenadas 
de um gene, sendo chamadas de mutações gênicas, como podem abranger 
maiores proporções, alterando os cromossomos, tanto em sua estrutura quanto no 
número total, sendo denominadas de cromossômicas, estruturais ou numéricas, 
respectivamente. As mutações cromossômicas serão abordadas com mais 
detalhes no tema 3. 
As alterações que ocorrem em um gene específico, modificando assim um 
trecho de DNA, são denominadas de mutações gênicas ou pontuais. Estas estão 
relacionadas à perda, substituição ou adição de um único nucleotídeo, o que pode 
levar a formação de um gene capaz de codificar uma proteína diferente da original. 
As mutações pontuais podem ser de três tipos: substituição de base, deleção ou 
perda de base, adição ou inserção de base, conforme demonstra a Figura 1. As 
mutações por substituição são denominadas de acordo com o tipo de base 
envolvida - caso as bases sejam do mesmo tipo, ou seja, substituição de uma 
pirimidina (C ou T) por outra pirimidina ou de uma purina (A ou G) por outra purina, 
a mutação é chamada de transição. No entanto, se a substituição envolver bases 
de diferentes tipos, isto é, uma purina por uma pirimidina ou vice-versa, a mutação 
chama-se transversão. Ambos os tipos de substituição podem levar a troca de um 
aminoácido, sendo chamada de mutação com sentido trocado, ou pode 
fazer surgir um stop codon, o que finalizaria antecipadamente a síntese da proteína, 
sendo denominada de mutação sem sentido. No primeiro caso, a substituição do 
aminoácido leva à síntese de uma proteína modificada, com redução ou perda da 
 
 
4 
atividade biológica normal; é o que ocorre nos casos da hemoglobina na anemia 
falciforme (observe a sugestão para leitura no box abaixo) e da insulina na diabetes 
tipo 1. 
Leitura complementar 
Leia o artigo disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v52n2/08.pdf>. 
Acesso em: 9 fev. 2020, que retrata as diferentes variações de diabetes tipo 1. 
No segundo caso, a cadeia polipeptídica é encurtada e dificilmente conserva 
sua atividade biológica. É importante considerar que substituições de base alteram 
somente um aminoácido da proteína, reduzindo sua atividade, mas não a abolindo. 
Saiba mais: 
A importância do aconselhamento genético na anemia falciforme. Disponível em: 
<https://www.scielosp.org/scielo.php?pid=S1413-
81232010000700085&script=sci_arttext>. Acesso em: 9 fev. 2020. 
O link abaixo explica a base molecular da anemia falciforme: Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v39n1/v39n1a10>. Acesso em: 9 fev. 2020. 
Em contrapartida, as deleções de base, bem como as adições, alteram toda 
a leitura do código genético, sendo, portanto, conhecidas como mutações de 
mudança na leitura do código genético. Nos dois casos, a função da proteína é 
praticamente anulada. Cada códon, ou seja, sequência de três bases nitrogenadas, 
é responsável pela produção de um aminoácido. Assim, a deleção ou inserção, seja 
de três bases ou múltiplos de três, resultará na perda ou adição de aminoácidos na 
proteína, embora não altere a estrutura de leitura das bases da sequência restante. 
Entretanto, se tais alterações não envolverem três bases ou múltiplos de três, a 
leitura da cadeia polipeptídica será alterada até o fim. 
 
 
 
5 
Figura 1 – Principais tipos de mutações pontuais 
 
Fonte: Soleil Nordic/shutterstock. 
1.2 Classificação de acordo com a etiologia 
De acordo com sua origem, as mutações podem ser espontâneas ou 
induzidas. No primeiro caso, ocorrem sem que haja qualquer fator capaz de 
provocá-las, ou seja, naturalmente, sem a interferência de qualquer substância. Em 
geral, as mutações adaptativas são espontâneas. Já as mutações induzidas são 
provocadas por agentes mutagênicos, os quais podem ser físicos, químicos ou 
biológicos, conforme destacado no tema 4. Nesse caso, uma determinada 
substância, como a radiação, provoca alterações na molécula de DNA, alterando 
sua estrutura, conforme exemplificado na figura a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Figura 2 – Exemplo de mutação induzida pela ação da radiação 
 
Fonte: <http://www.rafaelgontijo.com.br/radiacao.html>. Acesso em: 9 fev. 2020. 
1.3 Classificação conforme o efeito no organismo 
Conforme o efeito produzido no organismo, as mutações podem ser 
classificadas em diretas, reversas, silenciosas ou neutras. As mutações diretas 
levam à troca do aminoácido original por um novo, alterando o fenótipo selvagem. 
As mutações reversas levam ao processo inverso das mutações diretas, ou seja, 
faz com que o fenótipo mutante retorne ao selvagem. As mutações silenciosas 
produzem um códon sinônimo, no qual o aminoácido não é alterado e isso é 
possível graças ao código genético ser degenerado, isto é, diferentes códons 
podem codificar o mesmo aminoácido e, nesse caso, não promovem efeitos no 
fenótipo do indivíduo, podendo ser detectadas somente pela análise comparativa 
entre a sequência genética normal e a mutante. Por fim, nas mutações neutras, a 
substituição de base altera o aminoácido– substituindo-o por outro quimicamente 
similar, mas não afeta a atividade da proteína. 
1.4 Classificação de acordo com o tipo de célula envolvido 
As mutações podem ocorrer nas células somáticas ou gaméticas, 
produzindo efeitos adversos em cada caso. Nas mutações somáticas, por envolver 
células do próprio organismo, gera-se um prejuízo para o indivíduo que possui 
estas células, estando diretamente relacionadas com doenças degenerativas ou 
com a formação de tumores. Caso atinjam células de um embrião, podem causar o 
mosaicismo, caracterizado pela presença de duas ou mais linhagens celulares 
 
 
7 
diferentes no mesmo indivíduo. Diversas disfunções genéticas têm demonstrado 
mosaicismo somático, como a síndrome de Down e a neurofibromatose. Já caso 
as mutações ocorram nas células germinativas, são denominadas de mutações 
gaméticas e fatalmente serão transmitidas às futuras gerações, embora não 
causem prejuízo ao seu portador. 
Alguns autores ainda sugerem uma outra classificação, de acordo com a 
transmissão da mutação para outras gerações: mutações transmitidas de forma 
inalterada são denominadas de estáveis ou fixas, enquanto que as mutações que 
sofrem alterações ao ser transmitidas são chamadas de mutações instáveis ou 
dinâmicas. As mutações estáveis relacionam-se às substituições, deleções ou 
adição de bases. Em contrapartida, as instáveis ou dinâmicas consistem em 
sequências repetidas de códons, que ocorrem de forma aumentada, 
denominada de amplificação. Embora ainda desconhecidas as causas da 
amplificação gênica, já se sabe que elas estão relacionadas diretamente à ativação 
de oncogeneses no processo carcinogênico. 
TEMA 2 – MUTAÇÕES NO DNA E FATORES MUTAGÊNICOS 
Conforme destacado anteriormente, as mutações no DNA podem ser 
induzidas por alguns fatores, os quais são denominados de agentes mutagênicos, 
os quais podem ser classificados em químicos, físicos ou biológicos. 
Os agentes químicos são substâncias químicas capazes de alterar as 
ligações características da molécula de DNA, bem como promover a substituição 
de nucleotídeos. O benzopireno, substância derivada da queima do alcatrão 
(presente no cigarro), o óxido nitroso (presente no gás hilariante), o gás mostarda, 
os organofosforados (base dos agrotóxicos), o benzeno (derivado da queima da 
gasolina) e diversos conservantes de alimentos são alguns exemplos de fatores 
químicos capazes de produzir alterações no patrimônio genético de um indivíduo, 
produzindo diversas doenças, como o câncer. 
O quadro a seguir resume os principais mutagênicos químicos, bem como 
sua atuação no material genético. 
 
 
 
 
https://www.infoescola.com/doencas/neurofibromatose/
 
 
8 
Quadro 1 – Resumo da ação dos principais mutagênicos químicos 
MUTAGÊNICO QUÍMICO AÇÃO SOBRE O DNA 
ANÁLOGOS DE BASE Estrutura química se assemelha às bases 
do DNA, podendo ser incorporados a eles. 
COMPOSTOS COM AÇÃO DIRETA Modificam diretamente a estrutura das 
bases nitrogenadas. 
AGENTES ALQUILANTES Agem sobre a guanina, que se perde da 
molécula, podendo entrar qualquer base no 
seu lugar. É o agente mutagênico mais 
potente. 
CORANTES DE ACRIDINA Inserem-se entre as bases, fazendo com que 
haja distorção na dupla-hélice, o que resulta 
na adição ou deleção de nucleotídeos. 
 
Os agentes físicos, exemplificados principalmente pelos diferentes tipos de 
radiação, são capazes de danificar as ligações químicas entre os nucleotídeos, 
através da deslocação de elétrons dos átomos, os quais “quebram” as ligações 
fosfodiesteres, alterando a estrutura das bases nitrogenadas. Dentre as radiações, 
destacam-se as ionizantes e os raios ultravioletas (UV). As ionizantes, 
exemplificadas pelos raios-X e pelas partículas emitidas por elementos radioativos, 
como o césio e o urânio, induzem a liberação de elétrons, provocando a 
instabilidade de moléculas, combinando-se com o DNA e levando ao pareamento 
errôneo de bases. Além disso, rompe algumas ligações, o que gera quebras 
cromossômicas. Os raios UV, por sua vez, são menos energéticos que os 
ionizantes, possuindo como principal efeito mutagênico o impedimento do 
pareamento entre a timina e a adenina, formando ligações entre duas moléculas 
adjacentes de timina. Portanto, estão diretamente relacionadas às mutações 
pontuais, mas dificilmente provocam alterações cromossômicas. 
Por fim, os agentes biológicos, representados por vírus e bactérias, atuam 
na promoção de mutações, uma vez que inserem parte do seu material genético no 
DNA da célula hospedeira, o que pode induzir a erros de leitura do gene em 
questão, bem como promover falhas genéticas. O papiloma vírus humano (HPV) 
está intrinsicamente relacionado ao câncer de colo de útero, conforme figura 3, 
assim como o vírus da hepatite B (HBV) provoca mutações que podem levar ao 
hepatocarcinoma ou à cirrose hepática. 
 
 
9 
Figura 3 – Processo de mutagênese a partir da infecção pelo HPV 
 
Fonte: Slave SPB/shutterstock. 
Vale destacar que vários dos agentes mutagênicos também são 
classificados como carcinogênicos, uma vez que, além de promover as alterações 
genéticas, também levam ao desenvolvimento das neoplasias. É o que ocorre com 
a radiação (melanoma e câncer de pele), com o benzopireno (câncer de pulmão e 
orofaringe) e os vírus HPV (colo de útero) e HBV (hepatocarcinoma), conforme 
supracitado. Assim, todo agente carcinogênico é mutagênico (pois o câncer deriva 
de uma mutação no DNA), mas nem todo mutagênico é carcinogênico. 
TEMA 3 – MUTAÇÕES CROMOSSÔMICAS E PRINCIPAIS ANOMALIAS 
CROMOSSÔMICAS NA ESPÉCIE HUMANA 
3.1 Mutações cromossômicas 
Um indivíduo física e psicologicamente normal está intimamente relacionado 
com a estabilidade – numérica e estrutural – dos cromossomos que possui. 
Quaisquer alterações nessas importantes estruturas, que armazenam os genes, 
podem gerar um indivíduo fenotipicamente anormal e até mesmo inviável. As 
mutações cromossômicas podem ser classificadas em numéricas ou estruturais. 
 
 
10 
a) Mutações cromossômicas numéricas 
Envolvem a alteração no número total de cromossomos, podendo ter 
cromossomos a mais ou a menos. Dividem-se em dois tipos: euploidias e 
aneuploidias. 
As euploidias caracterizam-se pelo acréscimo ou pela perda de um conjunto 
cromossômico, ou seja, n cromossomos. Quando há o acréscimo, gera indivíduos 
com poliploidia – triploides (3n), tetraploides (4n) e assim sucessivamente. Na 
espécie humana, casos de poliploidia são associados a abortos espontâneos. Já 
nas plantas, é um mecanismo evolutivo importante, podendo ser observado no 
endosperma das plantas com flores, sendo um tecido triploide, originado a partir da 
fusão dos dois núcleos polares do óvulo e um núcleo de gameta masculino, 
responsável por armazenar nutrientes para o desenvolvimento do embrião. Em 
geral, a formação de indivíduos poliploides é ocasionada por erros na fase de 
maturação da gametogênese, na qual ocorre a primeira divisão meiótica e também 
pela dispermia, fenômeno de fertilização de um óvulo por dois espermatozoides. 
Em tumores sólidos e leucemias, algumas células podem ser poliploides. Quando 
ocorre a perda de um conjunto cromossômico, tem-se um caso de haploidia, sendo 
anormal em indivíduos cujas células somáticas são diploides, mas pode ser normal 
em alguns seres vivos, como é o caso dos zangões, os quais se formam por 
partenogênese, isto é, desenvolvimento de um óvulo não fecundado. Tem sido 
considerado um mecanismo importante de especiação em alguns seres vivos. 
As aneuploidias caracterizam-se pela presença (2n + 1 ou 2n + 2) ou 
ausência (2n – 1) de um ou mais cromossomos de cada par, gerando indivíduos 
com um número um pouco acima ou abaixo do normal da espécie (no caso dos 
seres humanos, o normal são 46 cromossomos; nas aneuploidias, são formados 
indivíduos com 45, 47 ou 48 cromossomos). Como a alteração no número é bem 
inferior do que na euploidia,a maioria das aneuploidias gera indivíduos viáveis, 
embora com algumas alterações físicas e psicológicas, caracterizando as 
síndromes. Em geral, as aneuploidias são oriundas de um processo denominado 
de não disjunção ou não separação de um ou mais pares de cromossomos 
homólogos durante a anáfase meiótica (I ou II) – vide figura 4. Durante a meiose, 
um dos eventos mais importantes é a separação dos cromossomos homólogos na 
anáfase I e das cromátides-irmãs na anáfase II. Tal separação garante que as 
células-filhas possuam a metade de cromossomos da célula inicial, o que mantém 
a quantidade de cromossomos constante para cada espécie. Assim, erros durante 
 
 
11 
a separação dos cromossomos impedem tal equilíbrio, produzindo células com 
número anormal de cromossomos. Ainda, as aneuploidias podem ser ocasionadas 
pela perda de um cromossomo, devido a uma separação atrasada durante a 
anáfase. Problemas na formação das fibras do fuso podem ser cruciais nos dois 
mecanismos de origem. 
Figura 4 – Esquema da não disjunção de cromossomos durante a meiose 
 
Fonte: Zuzanae/Shutterstock. 
As aneuploidias podem ser classificadas em três tipos principais, mais 
comumente observadas: nulissomia (2n – 2), quando se perde os dois membros 
de um par de cromossomos, sendo, normalmente, letais; monossomia (2n – 1), 
quando só se perde um dos cromossomos de um par. A única monossomia viável 
para a espécie humana é a do cromossomo sexual X, devido ao mecanismo de 
compensação de dose, já citado anteriormente, caracterizando a síndrome de 
Turner (XO). A monossomia de autossomos é inviável, levando ao aborto 
espontâneo ou a natimortos. Por fim, as trissomias (2n + 1), mais frequentemente 
citadas, são as alterações que envolvem um acréscimo de um cromossomo de um 
par, triplicando-o, ao invés do normal com duas cópias. Relacionam-se às 
alterações mentais e cognitivas, além de malformações congênitas. Como 
exemplos, podemos citar a trissomia do cromossomo 21, mais conhecida por 
síndrome de Down e a trissomia do cromossomo 13 ou síndrome de Patau. As 
principais síndromes serão detalhadas abaixo e também no estudo de cariótipos, 
tema 4. 
 
 
 
12 
b) Mutações cromossômicas estruturais 
São mutações que afetam a estrutura do cromossomo, podendo ser 
classificadas em dois grandes grupos: alterações que alteram o número de genes 
– deleções e duplicações – e alterações nas quais se modifica a posição dos 
genes no cromossomo, tais como as translocações e inversões, resumidas na 
Figura 5. 
Figura 5 – Resumo das principais alterações cromossômicas estruturais 
 
Fonte: Aldona Griskeviciene/shutterstock. 
As deleções ocorrem quando há perda de parte de um fragmento 
cromossômico, devido a quebras em pontos específicos, podendo ser resultantes 
de uma simples quebra, ocorrendo na porção terminal do cromossomo (deleção 
terminal), ou de uma dupla quebra, na qual um segmento interno é perdido, sendo 
seguida da junção dos segmentos quebrados (deleção intersticial), conforme 
demonstra a Figura 6. Seus efeitos dependem da quantidade e dos tipos de genes 
deletados, mas costumam ser danosas. Um exemplo importante é a síndrome do 
Cri Du Chat ou síndrome do miado de gato, ocasionada pela deleção de um 
segmento do braço curto do cromossomo 5. 
 
 
 
13 
Figura 6 – Deleção terminal e deleção intersticial 
 
Fonte: <http://m.geneticavirtual.webnode.com.br/genetica-virtual-
home/prefacio/muta%C3%A7%C3%B5es%20cromossomicas/aberra%C3%A7%C3%B5es-
cromossomicas-estruturais/>. Acesso em: 9 fev. 2020. 
As duplicações caracterizam-se pela repetição de um ou mais segmentos 
cromossômicos, promovendo um aumento no número de genes, ocasionadas 
normalmente por um crossing over desigual, produzindo segmentos duplicados. 
São mais comuns e geram menos prejuízos do que as deleções, sendo 
consideradas importantes sob o aspecto evolutivo. 
Na inversão, há a quebra do cromossomo em dois pontos, sendo que o 
fragmento localizado entre os dois pontos sofre um giro de 180º, fundindo-se 
novamente nos pontos de origem. Dessa forma, a sequência de genes posiciona-
se de forma invertida ao normal. De acordo com a presença ou não do centrômero 
no segmento invertido, a inversão pode ser classificada em pericêntrica – 
apresenta o centrômero – ou paracêntrica – o centrômero não está envolvido 
(Figura 7). As inversões raramente causam prejuízos nos portadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
Figura 7 – Tipos de inversão 
 
Por fim, as translocações envolvem a transferência de segmentos 
cromossômicos entre dois cromossomos não homólogos, que se quebram 
simultaneamente. Podem ser recíprocas, quando as trocas ocorrem entre 
cromossomos que sofreram quebras, ou não recíprocas, quando um segmento de 
um cromossomo se liga a outro, mas sem que haja troca entre eles. Esse caso 
envolve a formação do cromossomo Filadélfia, característico da leucemia mieloide 
crônica, o qual se origina da translocação entre os cromossomos 9 e 22. Um 
fragmento do braço longo do cromossomo 22 é deslocado e se fixa no cromossomo 
9, tornando o cromossomo 22 muito menor do que o comum. Ainda, é possível 
destacar as translocações robertsonianas, também denominadas de fusões 
cêntricas, as quais estão relacionadas a cromossomos acrocêntricos, havendo 
quebras nos centrômeros, o que gera a translocação de braços inteiros. 
O esquema abaixo resume os principais tipos de mutações, em especial, as 
cromossômicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Figura 8 – Mutações 
 
3.2 Anomalias cromossômicas 
Os quadros abaixo, resumidos e adaptados a partir de Borges-Osório (2001), 
sintetizam as principais anomalias cromossômicas na espécie humana, sejam elas 
autossômicas (trissomias e monossomias) ou sexuais. 
Quadro 2 – Características de síndromes autossômicas do tipo trissomia 
SÍNDROME 
 
CARACT. 
 
DOWN 
(FIG.8) 
 
EDWARDS 
(FIG. 9) 
 
PATAU 
CARIÓTIPO 47, XX ou XY, +21 47, XX ou XY, +18 47, XX ou XY, +13 
 
ANOMALIA 
CROMOSSÔMICA 
Aneuploidia: 
trissomia do 
cromossomo 21 
(95% livre; 4% 
translocação; 1% 
mosaicismo) 
Aneuploidia: trissomia 
do cromossomo 18 
(80% livre; 10% 
mosaicismo; 10% 
aneuploidias duplas) 
Aneuploidia: 
trissomia do 
cromossomo 13 
(80% livre; 20% 
translocação ou 
mosaicismo) 
 
EXPECTATIVA 
DE VIDA 
Reduzida; morte 
por doenças 
respiratórias ou 
cardíacas; risco 
aumentado de 
leucemia aguda 
Baixa; 30% morrem 
antes de um mês e 
10%, antes de um 
ano; meninas têm 
maior sobrevida; 
Baixíssima; 45% 
morrem antes de 
um mês, 90%, 
antes dos 6 meses 
e 5%, antes dos 3 
anos; 
 
 
16 
mosaicos têm maior 
expectativa 
excepcionalmente 
os mosaicos 
podem sobreviver 
 
ÁREA 
NEUROLÓGICA 
Retardo mental 
variável; hipotonia 
Retardo mental; 
hipotonia; retardo do 
crescimento 
Retardo mental e 
motor; hiper ou 
hipotonia; defeitos 
cerebrais 
 
 
ESTRUTURA 
CORPORAL 
Cabeça com 
occipício1 e face 
achatados; 
pescoço e 
membros curtos; 
cardiopatias 
congênitas em 
50% dos casos; 
estatura baixa 
Cabeça com 
occipício 
proeminente; 
pescoço curto; 
cardiopatias 
congênitas em 99% 
dos casos; mãos 
fortemente fechadas 
Microcefalia, 
anoftalmia ou 
microftalmia; 
pescoço curto; 
cardiopatias 
congênitas em 88% 
dos casos; mãos 
com polidactilia; 
estatura baixa 
 
Quadro 3 – Características de síndromes autossômicas do tipo monossomia 
SÍNDROME 
 
CARACT. 
 
MONOSSOMIA 
5p 
 
MONOSSOMIA 
4p 
 
MONOSSOMIA 18q 
CARIÓTIPO 46, XX ou XY, 5p 46, XX ou XY, 4p 46, XX ou XY, 18q 
 
ANOMALIA 
CROMOSSÔMICA 
Anomalia estrutural, 
deleção do braço 
curto do 
cromossomo 5 
Anomalia estrutural, 
deleção do braço 
curto do 
cromossomo 4 
Anomalia estrutural, 
deleção parcial do braço 
longo do cromossomo 18 
EXPECTATIVA DE VIDA Variável Variável Variável 
 
 
ÁREA NEUROLÓGICA 
Retardo mental 
grave e neuromotor; 
hipotonia na criança 
e hipertonia no 
adulto 
Retardomental 
grave, neuromotor e 
do crescimento; 
convulsões; 
hipotonia 
Retardo mental grave, 
neuromotor e do 
crescimento; hipertonia 
 
 
ESTRUTURA CORPORAL 
Microcefalia; 
expressão de 
alerta; cardiopatias 
congênitas em 
30% dos casos; 
membros 
malformados 
Microcefalia; 
protuberâncias 
frontais; 
cardiopatias 
congênitas em 40% 
dos casos; pés 
tortos, dedos e 
unhas 
malformados 
Microcefalia, com 
afundamento central da 
face; cardiopatias 
congênitas em 40% dos 
casos; malformações 
diversas; alta contagem de 
cristas com muitos 
verticilos 
 
 
 
1Região posterior ou ínferoposterior do crânio, em que se verifica a articulação com a coluna verte-
bral e onde (nos vertebrados de endosqueleto ósseo) se encontra o osso occipital. 
 
 
17 
Quadro 4 – Características de síndromes cromossômicas sexuais 
SÍNDROME 
 
CARACT. 
 
TURNER 
(Fig. 10) 
 
KLINEFELTER 
(Fig. 11) 
 
TRIPLO X 
CARIÓTIPO 45, X0 46, XXY ou 47, XXXY 47, XXX 
 
ANOMALIA 
CROMOSSÔMICA 
Aneuploidia do par 
sexual (77% por não 
disjunção na meiose 
paterna e 23%, na 
materna); 40% são 
mosaicos 
Aneuploidia do par 
sexual (60% por não 
disjunção na meiose 
paterna e 40%, na 
materna); 15% são 
mosaicos 
Aneuploidia do X, por 
não disjunção 
meiótica paterna ou 
materna. 
EXPECTATIVA DE VIDA Reduzida Variável Normal 
 
 
ÁREA NEUROLÓGICA 
Bom desenvolvimento 
intelectual, com 
deficiências específicas; 
imaturidade intelectual 
Desenvolvimento 
intelectual de regular a 
bom, com deficiências 
específicas, passividade, 
desorganização, falta de 
persistência; às vezes 
comportamento 
sociopatológico 
Retardo mental leve 
(65% dos casos); 
dificuldades verbais 
e na memória de 
curto prazo; 
incoordenação 
motora leve; 
desatenção; 
imaturidade social 
 
 
ESTRUTURA CORPORAL 
Fácies características; 
tórax largo; mamas 
pouco desenvolvidas; 
cardiopatias 
congênitas em 35% 
dos casos; 
infertilidade, trirrádio 
axial distal; estatura 
baixa 
Ausência de barba; 
ausência de pelos no 
corpo; infertilidade; 
osteoporose; pernas 
muito longas; baixa 
contagem de cristas; 
estatura alta; 
ginecomastia (mamas) 
Orelhas anormais; 
dermatite constante; 
problemas dentários; 
hérnia inguinal; 
subfertilidade; 
excesso de arcos e 
alças radiais; 
estatura alta 
 
 
 
18 
Figura 9 – Principais características de um indivíduo com síndrome de Down 
 
Fonte: Sebastian Kaulitzki/shutterstock. 
Figura 10– Principais características de um indivíduo com síndrome de Edwards 
 
Fonte: Jefferson Schnaider. 
 
 
 
19 
Figura 11 – Principais características de um indivíduo com síndrome de Turner 
 
Fonte: Jefferson Schnaider. 
 
Figura 12 – Principais características de um indivíduo com síndrome de Klinefelter 
 
Fonte: Jefferson Schnaider. 
 
 
20 
TEMA 4 – TRABALHANDO COM CARIÓTIPOS HUMANOS NORMAIS E 
ALTERADOS 
Antes de destacarmos e analisarmos os principais cariótipos humanos, 
sejam eles normais ou alterados, vale conceituar o que são cariótipos, sua 
importância e aplicação. 
Cariótipo é o conjunto total (diploide) de cromossomos de uma determinada 
espécie. Na espécie humana, deve conter 46 cromossomos, considerando-se 
indivíduos normais, conforme demonstra a Figura 13. Podem ser representados de 
duas maneiras: ideogramas ou cariogramas. Os primeiros são representações 
esquemáticas, organizando os cromossomos conforme grupos. Já os cariogramas 
são fotomicrografias contendo os cromossomos ordenados. 
Figura 13 – Cariótipo humano normal: masculino e feminino 
 
Fonte: Kateryna Kon/Shutterstock. 
Para posicionar adequadamente os cromossomos, há algumas regras a ser 
observadas: deve-se considerar a classificação dos cromossomos quanto à 
posição do centrômero – podem ser classificados em acrocêntricos, metacêntricos, 
submetacêntricos e telocêntricos (não são observados na espécie humana - vide 
Figura 14) e também em relação à classificação universal de Denver, que divide os 
cromossomos em sete grupos, conforme observado no Quadro 5. 
 
 
 
21 
Figura 14 – Classificação dos cromossomos conforme a posição do centrômero 
 
Fonte: Jefferson Schnaider. 
Quadro 5 – Classificação universal de Denver 
 
Repare que, em um indivíduo normal, podem ser observados 23 pares de 
cromossomos – os homólogos, sendo 22 pares de cromossomos autossômicos e 
um par de cromossomos sexuais, totalizando 46 cromossomos. Assim, podemos 
representar a estrutura cromossômica de um indivíduo normal por 46, 44A + XX, 
caso se trate de uma mulher ou 46, 44A + XY, se for um homem. 
 
 
22 
Qualquer alteração no número ou estrutura dos cromossomos poderá ser 
observada no cariótipo, sendo uma ferramenta fundamental na pesquisa de 
anomalias cromossômicas, em especial, uma vez que só se mostra útil na 
resolução de casos de mutações gênicas quando se apresentar relativamente 
grande, como no caso das deleções. 
Abaixo, são analisados os cariótipos de algumas das síndromes destacadas 
anteriormente, no tema 3. 
A imagem a seguir representa o cariótipo de um indivíduo com síndrome de 
Down, neste caso, do sexo feminino. Como essa síndrome se refere a um caso de 
trissomia do cromossomo 21 – possuindo um cromossomo a mais do que o normal, 
sua representação será: 47, 45A, XX + 21 – destacando a presença de um 
cromossomo 21 a mais. 
Figura 15 – Cariótipo de uma mulher com síndrome de Down 
 
Fonte: Soleil Nordic/Shutterstock 
Os três próximos cariótipos, representados pelas Figuras 15, 16 e 17, 
destacam as anomalias cromossômicas relacionadas aos cromossomos sexuais. 
Na Figura 16, pode-se observar a síndrome do triplo X, facilmente detectada pela 
presença de um cromossomo X a mais – 47, 44A + XXX. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
Figura 16 – Cariótipo de um indivíduo com a síndrome do Triplo X 
 
Fonte: Soleil Nordic/Shutterstock. 
Já a Figura 17, na qual observa-se a ausência de um cromossomo sexual, 
caracteriza o cariótipo de uma mulher com síndrome de Turner – monossomia, cuja 
representação é: 45, 44A + X0 (o zero refere-se à ausência do cromossomo 
sexual). 
Figura 17 – Cariótipo de mulher com síndrome de Turner 
 
Fonte: Soleil Nordic/Shutterstock 
Por fim, na Figura 18 é destacada a síndrome de Klinefelter, a qual sempre 
afetará homens, que possuirão um cromossomo X a mais, como se observa abaixo, 
representada por: 47, 44A + XXY. 
Figura 18 – Cariótipo de um homem portador da síndrome de Klinefelter 
 
 
24 
 
 Fonte: Soleil Nordic/Shutterstock. 
TEMA 5 – GENÉTICA DO CÂNCER 
O câncer (definição mais apropriada para tumores malignos) ou neoplasia é 
uma doença diretamente relacionada às alterações gênicas ou cromossômicas, as 
quais levam à expressão errônea de uma proteína ou mais proteínas, 
desencadeando o crescimento e a proliferação desenfreada das células. Tal 
processo de desenvolvimento de um tumor é denominado de carcinogênese 
(gênese = origem; carcino = câncer) e envolve uma série de etapas, desde a 
mutação inicial ao desenvolvimento de tumores secundários, com alto grau de 
malignidade. 
De acordo com os efeitos que produz no organismo, os tumores podem ser 
classificados em dois tipos: benignos ou malignos. Os primeiros são bem 
diferenciados, isto é, suas células se assemelham às do tecido de origem, 
desenvolvem-se em uma massa única, capsulada, com fácil remoção cirúrgica, 
possuem crescimento lento, poucas mutações genéticas e boa tolerância do 
hospedeiro. Já os tumores malignos são indiferenciados, sendo que suas células 
sofrem profundas modificações em relação às células do tecido original, 
ocasionadas pelo acúmulo de alterações genéticas (abundantes), possuem 
crescimento rápido e infiltrativo – o que provoca efeitos nocivos no organismo. O 
nome câncer se aplica a esse tipo de tumor em comparação ao símbolo do signo 
do zodíaco, representado por um caranguejo: a célula maligna possui projeções 
que se assemelham às patasde um caranguejo, por isso tal analogia (vide Figura 
19). O crescimento desordenado permite que células tumorais se destaquem da 
massa tumoral principal, cheguem à corrente sanguínea e se instalem em outros 
órgãos, desenvolvendo tumores secundários, quadro chamado de METÁSTASE. 
 
 
25 
Figura 19 – Imagem comparativa entre um tumor maligno e o símbolo do signo 
câncer no zodíaco 
 
 
Créditos: Creations/Shutterstock; Jackie Niam/Shutterstock. 
Toda metástase se relaciona a tumores secundários, que se desenvolvem 
em outro órgão que não o de origem. É importante ressaltar que tal migração das 
células tumorais é um evento ordenado, ou seja, as células que se destacam de 
um tumor principal têm um destino traçado. Por exemplo, se o tumor principal é de 
pulmão, as células irão se instalar e desenvolver os tumores secundários 
preferencialmente no fígado, nos ossos ou no cérebro. 
As células metastáticas assumem algumas características, descritas abaixo: 
1. Perda da coesão: redução na produção de caderinas (molécula de adesão 
celular)  células destacam-se da massa principal; 
2. Motilidade: capacidade de se movimentar  movimento ameboide 
(atravessam o interstício); 
 Atração quimiotática. 
3. Ação sobre a matriz intercelular: rompimento de barreiras através da 
síntese de enzimas  favorece invasão. 
 
 
26 
4. Angiogênese: necessidade de nutrientes leva à formação de novos 
capilares  resposta a sinais específicos, os fatores de crescimento (em 
inglês, grow factors – GF). 
Conforme afirma o Instituto Vencer o Câncer (2013, on-line), ONG 
especializada na divulgação, no apoio e acolhimento de pacientes diagnosticados 
com neoplasia e seus familiares, 
os genes que se encarregam de dar início ao processo de multiplicação 
celular não são os mesmos encarregados de interrompê-lo, tanto na célula 
normal quanto na célula cancerosa. A harmonia do processo de 
multiplicação celular dependerá do equilíbrio existente entre esses dois 
grupos de genes. Eles podem ser comparados ao acelerador e ao freio de 
um carro, equipamentos que precisam funcionar com precisão, e no tempo 
certo. O menor defeito num deles pode causar desastre. 
Quanto às alterações genéticas relacionadas à carcinogênese, é importante 
relembrar que os genes envolvidos regulam o controle da proliferação e do 
crescimento celular. 
Tais genes são classificados em dois grupos principais: 
a) Proliferativos ou proto-oncogenes 
 Definição: os proto-oncogenes são genes normais, importantes para o 
crescimento normal das células, pois estimulam a divisão celular; 
 Quando sofre mutações, altera-se, sofrendo a ativação – passa a ser 
denominados de ONCOGENES. Assim, a célula mantém ativo o sinal para 
continuamente se dividir, o que leva à formação do tumor; 
 Principais oncogenes: RAS, MYC, BCRA, ERBB-2; 
 Mecanismos de ativação: mutação; translocação cromossômica; 
amplificação Gênica. 
b) Antiproliferativos ou Genes Supressores de Tumor (GST) 
 Definição: são genes importantes para o controle da progressão do ciclo 
celular, atuando de forma antagônica aos oncogenes, uma vez que retardam 
a divisão celular, promovendo o reparo do DNA (quando alterado) ou 
induzindo à apoptose (morte celular programada); 
 Quando sofre, a partir de mutações, a inativação ou perda de função, 
permitem a proliferação descontrolada da célula; 
 Principais GSTs: TP53, CDKN2A (p16 e p19), RB, FHIT, TP73, TP21; 
 
 
27 
 Mecanismos de inibição: deleções; mutações pontuais; metilação da região 
promotora. 
Saiba mais 
 
O gene TP53, cujo produto é a proteína p53 é um dos genes mais importantes na 
regulação do ciclo celular, estando frequentemente envolvido na carcinogênese. 
Saiba mais sobre ele fazendo a leitura dos dois artigos abaixo. 
 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbhh/v24n2/a04v24n2>. Acesso em: 9 
fev. 2020. 
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v7n2/13.pdf>. Acesso em: 9 fev. 
2020. 
É importante ressaltar que, em alguns tipos de neoplasias, como é o caso 
da leucemia mieloide crônica, pode ocorrer uma alteração cromossômica, em 
especial, a translocação entre os cromossomos 9 e 22, sendo esse novo 
cromossomo anormal, denominado de cromossomo Filadélfia (conforme 
demonstra a Figura 20 a seguir). A troca de segmentos cromossômicos leva à 
formação do oncogene BCR-ABL, que produz a proteína tirosina quinase, a qual 
estimula o crescimento e a reprodução dos leucócitos de forma descontrolada. 
 
Figura 20 – Cromossomo Filadélfia oriundo a partir da translocação entre os 
cromossomos 9 e 22 
 
Fonte: Jefferson Schnaider 
 
 
28 
Vários fatores epidemiológicos podem ser associados ao processo 
carcinogênico, os quais se relacionam à localização anatômica e podem ter seus 
efeitos multiplicados quando se associam a dois ou mais fatores, quadro 
denominado de sinergismo. Assim, quando se unem dois fatores de risco, não se 
somam as probabilidades de ocorrer um câncer, mas, sim, se multiplicam tais 
probabilidades. Portanto, a retirada de um fator reduz drasticamente o 
desenvolvimento do tumor. 
Abaixo, alguns fatores epidemiológicos e suas relações com os mais 
variados tipos de neoplasias: 
1. Tabagismo: pulmões, estômago, cabeça e pescoço, bexiga, pâncreas, rins; 
2. Alcoolismo: vias respiratórias, hepatocarcinoma (fígado), 
estômago/gastrointestinal; 
3. Envelhecimento: próstata, trato gastrointestinal, dentre outros; 
4. Exposição ao sol – radiações: câncer de pele, melanoma; 
5. Práticas sexuais: colo de útero, câncer anal; 
6. Infecções virais: colo de útero (HPV), hepatocarcinoma (HBV). 
NA PRÁTICA 
 Desenvolva modelos que explicitem os tipos de mutações gênicas; 
 Pesquise 3 anomalias cromossômicas, além daquelas citadas no tema 3, 
descrevendo-as e destacando seu perfil genético; 
 Desenvolva um folder ou cartaz explicativo sobre a síndrome de Down, 
caracterizando-a e destacando a luta contra o preconceito. Busque formas 
de utilizá-lo em um posto de saúde ou escola da sua região; 
 Acesse o link 
<https://www.ib.usp.br/biologia/bio230/Atividade_6_MontagemCromossomo
s.pdf> (acesso em: 9 fev. 2020), e realize uma a organização e montagem 
de um ideograma; 
 Pesquise as seguintes técnicas de análise molecular para detecção de 
neoplasias: citogenética, FISH, CRISPR, PCR/eletroforese e 
Imunohistoquímica. Quais são as aplicações, vantagens e indicações de 
cada uma?; 
 Leia o artigo Radiação ultravioleta e carcinogênese, disponível em 
<https://seer.sis.puc-
campinas.edu.br/seer/index.php/cienciasmedicas/article/view/1050> 
 
 
29 
(acesso em: 9 fev. 2020) e relacione como a mutação pode levar ao 
desenvolvimento de neoplasias; 
 Pesquise quais são as principais perspectivas futuras para o tratamento e 
cura do câncer. 
FINALIZANDO 
 
 
MUTAÇÕES
TIPOS
Gênica e 
cromossômica
Espontânea e 
induzida
Diretas, reversas, 
silenciosas e 
neutras
Somáticas e 
gaméticas
AGENTES 
MUTAGÊNICOS
Radiação, 
tabagismo, álcool, 
vírus...
ANOMALIAS 
CROMOSSÔMICAS
CARIÓTIPOS 
NORMAIS E 
ALTERADOS
GENÉTICA DO 
CÂNCER
 
 
30 
REFERÊNCIAS 
BORGES-OSÓRIO, M. R.; ROBINSON, W. M. Genética humana. 2. ed. Porto 
Alegre: Artmed Editora, 2001. 
GRIFFITHS, A. J. F. et. al. Introdução à genética. 9. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2009. 
INSTITUTO VENCER O CÂNCER. Mutações. 30 ago. 2013. Disponível em: 
<https://www.vencerocancer.org.br/cancer/o-que-e/mutacoes/>. Acesso em: 11 
fev. 2020. 
LOPES, S.; ROSSO, S. Biologia. São Paulo: Saraiva, 2005. 
PIERCE, B. A. Genética: um enfoque conceitual. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2017. 
SANDERS, M. Análise genética: uma abordagem integrada. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2014. 
SNUSTAD, P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de genética. 4. ed. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2008.

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