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Pergunta 1 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia os quadrinhos a seguir. Imagem Disponível em <https://twitter.com/tirinhass/status/936955812123217920/photo/1>. Acesso em 27 jan. 2024. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Os quadrinhos mostram ao leitor que, antes dos smartphones, as pessoas viviam isoladas, sem o uso de qualquer tecnologia. II. Os quadrinhos evidenciam o fato de que, antes do uso dos smartphones, as pessoas desfrutavam de diversas outras atividades e do convívio social. III. Os quadrinhos transmitem a mensagem de que o smartphone deve substituir a companhia de outras pessoas para melhorar os contextos sociais. Assinale a alternativa correta. Resposta Selecionada: b. Apenas a afirmativa II é correta. Pergunta 2 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia a charge a seguir. Texto, Quadro de comunicaçõesDescrição gerada automaticamente RUAS, C. Um sábado qualquer – Mundo avesso, publicada em 21 de janeiro de 2024. Disponível em <https://www.umsabadoqualquer.com/e-uma-cilada/>. Acesso em 04 fev. 2024. Com base na leitura, avalie as asserções e a relação proposta entre elas. I. A charge retrata a passagem da adolescência para a vida adulta, enaltecendo as vantagens de nos tornarmos pessoas mais maduras. PORQUE II. A fala “acho que tá de boa” indica que as responsabilidades, os problemas de saúde e as contas a pagar ficaram no passado. A respeito dessas asserções, assinale a opção correta. Resposta Selecionada: e. As asserções I e II são falsas. Pergunta 3 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia a charge a seguir. Uma imagem contendo TextoDescrição gerada automaticamente Disponível em <https://umbrasil.com/charges/charge-05022018/>. Acesso em 19 dez. 2023. O objetivo da charge é Resposta Selecionada: c. criticar a falta de consenso dos governos das diferentes esferas quanto à gestão da educação. Pergunta 4 0 em 0,5 pontos Incorreta Leia os textos a seguir. TextoDescrição gerada automaticamente Disponível em <https://blogdoaftm.com.br/charge-disparada-no-numero-de-golpes/>. Acesso em 19 dez. 2023. É #FAKE que mensagens com link não oficial permitam acesso a dinheiro esquecido; veja o único link que vale Banco Central esclareceu, em março, que mensagens são falsas e que só link oficial do órgão permite fazer consultas e solicitar devolução do valor. Roney Domingos - G1 - 14/12/2023 Circularam nas redes sociais e em aplicativos de mensagens em março deste ano serviços que prometem consulta de valores a receber de "dinheiro esquecido", que constam no sistema do Banco Central do Brasil. No entanto, essas mensagens sugeriam links diferentes do único recomendado pelo BC. É #FAKE. O Banco Central esclareceu à época que as mensagens são falsas. De acordo com o BC, o único site que o cidadão pode consultar e saber como solicitar a devolução dos seus valores, da sua empresa ou de pessoas falecidas é o https://valoresareceber.bcb.gov.br/. O Banco Central também faz os avisos a seguir. • Todos os serviços do Sistema de Valores a Receber são totalmente gratuitos. NÃO faça qualquer tipo de pagamento para ter acesso aos valores. • O Banco Central NÃO envia links NEM entra em contato com você para tratar sobre valores a receber ou para confirmar seus dados pessoais. • Somente a instituição que aparece no Sistema de Valores a Receber é que pode te contatar, e ela NUNCA vai pedir sua senha. • Não clique em links suspeitos enviados por e-mail, SMS, WhatsApp ou Telegram. Veja abaixo o aspecto de mensagens falsas sobre valores a receber Uma das versões usa as expressões: "Descubra se você tem algum valor a receber! Consultas liberadas. Faça seu saque via PIX e receba imediatamente! Clique aqui para verificar. Registrato - valores a receber 2023. Consultas liberadas". Outra versão diz: "Consulta liberada para todos até..." seguida de uma data. O que é verdade As mensagens falsas espalhadas por golpistas tentam se aproveitar da liberação de saques do dinheiro esquecido. Esses saques em instituições financeiras começaram em 7 de março de 2023 pelo Sistema de Valores a Receber (SVR), do Banco Central do Brasil. Ao todo, 38 milhões de pessoas físicas e 2 milhões de empresas tinham cerca de R$6 bilhões a resgatar, segundo o BC. Disponível em <https://g1.globo.com/fato-ou-fake/noticia/2023/12/14/e-fake-que-mensagens-com-link-nao-oficial-permitam-acesso-a- dinheiro-esquecido-veja-o-unico-link-que-vale.ghtml>. Acesso em 19 dez. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A charge, com o uso do humor, ilustra o crescimento do número de golpes a que uma pessoa pode ser submetida. II. O texto alerta o cidadão para que ele não seja enganado, apontando diferenças sutis entre link de acesso dos golpistas e o endereço do site real. III. De acordo com o texto, é falsa a informação de que cidadãos têm dinheiro a resgatar no Banco Central. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: e. I. Pergunta 5 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia a charge a seguir. Desenho de personagemDescrição gerada automaticamente com confiança média Disponível em <http://gepoteriko.pbworks.com/w/page/78219062/CHARGES%20TECNOLOGIA>. Acesso em 17 dez. 2023. Por meio da leitura da charge, deduzimos que Resposta Selecionada: a. as novas tecnologias digitais promoveram o consumo passivo da informação. Pergunta 6 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto a seguir. Identidade: memória e atualidade Apesar das dificuldades relativas à formação docente, experiências da Educação Escolar Indígena buscam cumprir o papel de fortalecimento da cultura dos povos. Até o início dos anos 2000, por exemplo, o tupi, língua materna dos Potiguara da Paraíba, estava praticamente extinto na região. “A articulação da comunidade fez a demanda chegar à Universidade de São Paulo (USP), que enviou um linguista especializado em tupi”, conta Pedro Lôbo, arte-educador indígena e doutorando em Educação na Universidade Federal da Paraíba. A iniciativa resultou na formação de 15 professores potiguares, que passaram a ser multiplicadores. Assim, o tupi voltou a ser ensinado nas escolas da Terra Indígena Potiguara. Pedro estima que atualmente existam mais de cem falantes da língua nas aldeias. O número ainda é pequeno em relação ao total de indígenas no local. No entanto, é significativo considerando que a língua não era mais falada por quase ninguém. Na aldeia Guarani Mbya da capital paulista, ainda que o tupi estivesse vivo na boca dos habitantes, outra tradição estava sendo perdida. O aumento da presença de tecnologias, como a televisão e a internet, estava afastando os jovens do convívio comunitário. “Na nossa cultura, temos de ir para casa de reza todos os dias, à tarde. É o momento de os mais velhos passarem conhecimento para os mais jovens. Mas eles não compareciam”, afirma Priscila Parapoty. A solução foi incorporar atividades realizadas na casa de reza durante o período de aulas. “A escola hoje oferece o conhecimento não indígena, e na casa de reza acontece a educação tradicional do nosso povo. Esse equilíbrio é importante”, reforça Priscila. Se na escola de São Paulo a tecnologia estava desviando a atenção dos costumes tradicionais, na EM Kanata T-Ykua, em Manaus, ela foi utilizada para divulgá-los. Por meio do projeto Tecnologia e o Conhecimento Tradicional Kambeba, os estudantes foram convidados a usar as redes sociais para mostrarem aspectos de sua cultura. Ainda que não fosse a intenção, a iniciativa viralizou. O diretor da Kanata T-Ykua, Raimundo Cruz da Silva, conta que hoje a comunidadetem alunas e ex-alunas influenciadoras digitais. Uma delas, a ativista Tainara da Costa Cruz, foi selecionada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para participar da 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27), no Egito, em 2022. “A internet serviu para potencializar as nossas tradições, virou uma vitrine para a nossa cultura”, diz Raimundo. Minha aldeia é o mundo À sua maneira, cada um dos educadores indígenas ouvidos pela reportagem apresenta a ideia de que o ambiente em que as comunidades estão têm o potencial de promover tanto os saberes tradicionais quanto os do currículo comum. Das questões do território, podem surgir projetos de Geografia, como pesquisas de campo e estudos da vegetação e do relevo. Atividades de caça e pesca ensejam assuntos sobre o estudo da fauna e da biologia animal. O conhecimento das plantas medicinais pode ser uma ótima entrada para o estudo da botânica e do uso de diferentes substâncias para o tratamento de doenças. O artesanato, as músicas, as danças e as pinturas corporais fazem a conexão com os componentes curriculares de Arte e de Matemática. “É bom que os alunos conheçam Caetano Veloso, Gilberto Gil. Mas eles também precisam conhecer Válber, professor que é formado em música, e Clara, que é cantora. Ambos fazem parte do nosso povo. É bem-vindo que saibam quem foram Picasso e Van Gogh, mas também precisam conhecer os artesãos e artistas indígenas. E saber que por meio de colares é possível trabalhar com etnomatemática”, diz Pedro. “De onde eu venho, mestrado era inalcançável, não era para indígena”, fala. De acordo com ele, a grande conquista é ver os estudantes retornando para as terras indígenas com Ensino Superior. “Temos dentistas, veterinários, fonoaudiólogos, enfermeiros… Profissões que antes não eram acessíveis para o nosso povo. A Educação Escolar Indígena está ajudando a formar profissionais para contribuir com o bem-estar da aldeia”, finaliza. Disponível em <https://novaescola.org.br/conteudo/21632/educacao-escolar-indigena-identidades?gad_source=1&gclid=CjwKCAjw48-vBhBbEiwAzqrZVLGtqQPxb-uM8qMVQ6G2IStGAZ_zZEwj_SjtWEfjMY8bmumPFXbbURoC-kEQAvD_BwE>. Acesso em 15 mar. 2024 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A Educação Escolar Indígena visa a eliminar as diferenças culturais, integrando os indígenas à sociedade tecnológica, uma vez que os benefícios da internet à comunidade são evidentes. II. De acordo com o texto, o ensino de tupi nas escolas da Terra Indígena Potiguara procurou reativar o uso da língua nativa e faz parte da ideia de valorização da cultura indígena. III. As redes sociais têm sido usadas por alguns indígenas para divulgar os costumes e as tradições do seu povo. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: c. II e III, apenas. Pergunta 7 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto e a charge a seguir. Mulheres ganham em média 20,5% menos que homens no Brasil As mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil e a diferença salarial entre os gêneros segue neste patamar elevado mesmo quando se comparam trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. É o que mostra levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE. Dos 12 milhões de brasileiros desempregados, 6,5 milhões são mulheres, segundo última pesquisa do IBGE. A taxa de desocupação dos homens ficou em 9% no final de 2021, enquanto a das mulheres foi de 13,9%. A maioria das brasileiras em idade de trabalhar está fora do mercado de trabalho ou em ocupações precárias. "O homem consegue se inserir em ocupações que têm salários mais altos e mais trabalhos formais, enquanto a mulher, muitas vezes porque ela tem uma jornada dupla ou tripla, não consegue barganhar tanto e aceita condições piores. Inclusive há levantamentos que mostram que homens com filhos são menos penalizados do que mulheres com filhos", destaca Thais Barcellos, pesquisadora da consultoria IDados e autora do levantamento. ALVARENGA, Darlan. Economia G1. Diferença entre salários de mulheres e homens, publicado em 08 mar. 2022. Disponível em <https://g1.globo.com/dia-das-mulheres/noticia/2022/03/08/mulheres-ganham-em-media-205percent-menos-que-homens-no-brasil.ghtml>. Acesso em 8 fev. 2024 (com adaptações). TabelaDescrição gerada automaticamente ALVARENGA, Darlan. Economia G1. Diferença entre salários de mulheres e homens, publicado em 08 mar. 2022. Disponível em <https://g1.globo.com/dia-das-mulheres/noticia/2022/03/08/mulheres-ganham-em-media-205percent-menos-que-homens-no-brasil.ghtml>. Acesso em 18 fev. 2024 (com adaptações). Disponível em <https://www.sinproepdf.org.br/noticias/onu-aponta-que-persiste-desigualdade-de-genero-no-mercado-de-trabalho/ attachment/charge-mulher/>. Acesso em 18 fev. 2024. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A desigualdade de salário entre gêneros diminuiu ao longo dos anos, pois os salários médios das mulheres apresentaram crescimento contínuo de 2012 a 2021. II. A charge mostra que a mulher deve se equilibrar com os vários afazeres domésticos e profissionais, o que caracteriza a jornada dupla ou tripla, apontada no texto. III. A taxa de desocupação é maior entre as mulheres, e as que têm filhos sofrem mais barreiras no mercado de trabalho do que os homens. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: c. II e III, apenas. Pergunta 8 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto e a charge a seguir. 7 em cada 10 pessoas com deficiência estão fora do mercado de trabalho; salário médio dessa população é R$ 1 mil menor, diz IBGE As pessoas com deficiência ainda enfrentam grandes barreiras no acesso ao mercado de trabalho no Brasil, conforme aponta relatório divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados referentes a 2019. Segundo relatório, o país tinha, em 2019, 17,2 milhões de pessoas com alguma deficiência, o que representa 8,4% da população. A taxa de participação dessa população no mercado no ano da pesquisa era de 28,3% – menor do que a de pessoas sem deficiências, de 66,3%. Isso significa que, a cada dez pessoas com deficiência que buscavam um emprego, sete estavam fora do mercado de trabalho. A diferença também é percebida na questão salarial. Enquanto as pessoas com deficiência recebiam o salário médio de R$ 1.639 mensais, o rendimento médio das pessoas sem deficiência era de R$ 2.619. O estudo também analisou os diferentes tipos de deficiência e a inserção no mercado de trabalho. A maior taxa de participação está entre as pessoas com deficiência visual: 37% delas estão trabalhando. Na sequência, estão as pessoas com deficiência auditiva (28% de ocupação); com deficiência física em membros superiores (17,9% de ocupação); com deficiência física em membros inferiores (16,9% de ocupação); e com mais de uma deficiência (12,9% de ocupação). CATTO, A. G1, publicado em 21 set. 2022. Disponível em <https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/09/21/7-em-cada-10-pessoas-com-deficiencia-estao-fora-do-mercado-de-trabalho-salario-medio-dessa-populacao-e-r-1-mil-menor-diz-ibge.ghtml>. Acesso em 10 fev. 2024 (com adaptações). Diagrama, Desenho técnicoDescrição gerada automaticamente Disponível em <https://coredacao.com/conteudo/a-questao-da-acessibilidade-de-deficientes-fisicos-no-brasil/>. Acesso em 10 fev. 2024. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A charge, por meio da ironia, evidencia que as pessoas com deficiência podem enfrentar adversidades na busca por um emprego em nosso país devido à falta de acessibilidade. II. De acordo com o texto, o percentual de 8,4% da população está fora do mercado de trabalho por conta de alguma deficiência. III. A charge e o texto apresentam discursos contraditórios,pois a charge mostra que há vagas para pessoas com deficiência no mercado de trabalho. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: a. I. Pergunta 9 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia a crônica “Filosofia de gato”, de Rubem Alves. OLHO PARA O MEU GATO e medito. Medito teologias. Diziam os teólogos de séculos atrás que a harmonia da natureza deve ser o espelho em que os seres humanos devem buscar suas perfeições. O gato é um ser da natureza. Olho para o gato como um espelho. Não percebo nele nenhuma desarmonia. Sinto que devo imitá-lo. Camus observou que o que caracteriza os seres humanos é a sua recusa a serem o que são. Eles não estão felizes com o que são. Querem ser outros, diferentes. Por isso, somos neuróticos, revolucionários e artistas. Do sentimento de revolta, surgem as criações que nos fazem grandes. Mas, nesse momento, eu não quero ser grande. Quero simplesmente ter a saúde de corpo e de alma que tem o meu gato. Ele está feliz com a sua condição de gato. Não pensa em criações que o farão grande. Deitado ao lado do aquecedor (que manhã mais fria!), ele se entrega, sem pensar, às delícias do calor macio. Nesse momento, ele é um monge budista: nenhum desejo o perturba. Desejos são perturbações na tranquilidade da alma. Ter um desejo é estar infeliz: falta-me alguma coisa e, por isso, desejo… Mas para o meu gato nada falta. Ele é um ser completo. Por isso, pode se entregar ao calor do momento presente sem desejar nada. E esse “entregar-se ao momento presente sem desejar nada” tem o nome de preguiça. Preguiça é a virtude dos seres que estão em paz com a vida. Por pura brincadeira, escrevi um livrinho sobre demônios e pecados. Os demônios continuam soltos pelo mundo do jeito que sempre estiveram. Só que agora fazem uso de disfarces. Até se rebatizaram com nomes diferentes, científicos. Lidando com os demônios, usei palavras filosóficas e psicanalíticas de exorcismo. Lidando com os pecados, usei palavras éticas de condenação. Tudo ia muito bem até que cheguei ao pecado da preguiça. Preguiça é fazer nada. Nossa tradição religiosa nada sabe da espiritualidade oriental do taoísmo, que faz do “fazer nada”, wu-wei, a virtude suprema. E aí, então, aquilo que deveria ser uma condenação do pecado da preguiça virou um elogio às delícias e virtudes da preguiça. Alguém disse que preferia os gatos aos cachorros porque não há gatos policiais. Policiais existem para fazer cumprir a lei, o dever. Dentro de mim, desgraçadamente, mora aquele cão policial a que Freud deu o nome de superego: ele rosna ameaças e culpas todas as vezes em que me deito na rede. Meu gato, na sua imperturbável preguiça, me dá uma lição de filosofia. Não me dá ordens. Ele deve ter aprendido do Tao-Te-Ching, que diz que o homem verdadeiramente bom não faz coisa alguma… Estou velho e quero que me seja dado o privilégio de me entregar à filosofia do meu gato: fazer nada. Com consciência limpa, repetir com Fernando Pessoa: “Ai que prazer não cumprir um dever. Ter um livro para ler e não o fazer…”. Assim, proponho que se acrescente aos direitos humanos já escritos, um outro, para os velhos: “Todos os velhos têm o direito à felicidade da preguiça”. Pois, como o Riobaldo disse: “Ah, a gente, na velhice, carece de ter sua aragem de descanso…”. Assim, “vou descansar meu fardo no chão, À margem do rio… Não vou mais me preocupar com a guerra… Vou pôr no chão minha espada e meu escudo, À margem do rio…”. Disponível em <https://www.revistaprosaversoearte.com/filosofia-do-gato-uma-cronica-adoravel-de-rubem-alves/?fbclid=IwAR1davIYfjOq89QJljVZ1hWiMx1bq8E-gyVesN2ZdBJ-fm77Fn-mGHDOFqc>. Acesso em 19 mar. 2024. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O autor revela admiração pelo comportamento dos gatos, que vivem em harmonia com o que são. II. O autor considera que os velhos são preguiçosos, como os gatos, pois nada produzem. III. O autor contrapõe duas visões distintas da preguiça: a ocidental, que a considera um pecado, e a oriental, que valoriza o nada fazer. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: d. I e III, apenas. Pergunta 10 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto a seguir. Cultura do cancelamento Sofia Cardoso Leite – 31.10.2022 O cuidado foi redobrado, pois um cancelamento, mesmo injusto ou infundado, pode arruinar a reputação de qualquer pessoa, influenciar contratos e afetar os rendimentos pecuniários de quem for visado. A chamada “cancel culture”, ou cultura do cancelamento, é o fenômeno segundo o qual uma pessoa ou um grupo é expulso de uma posição de notoriedade social devido a atitudes consideradas controversas ou inadequadas. Esse fenômeno surgiu acoplado ao movimento “Me Too”, em 2017, e, nessa altura, a intenção primordial era não mais do que ostracizar os agressores, ora denunciados pelas vítimas, exigindo que exibissem comportamentos de reparação e de arrependimento com elas. A dita política do cancelamento alastrou-se, especialmente nos EUA e no Reino Unido, tornando-se uma prática particularmente violenta e descontrolada, passando os ditos cancelamentos a ter uma abrangência que nada tinha a ver com a matéria inerente ao movimento “Me Too”. À medida que o tempo foi passando, o fenômeno encontrou nas redes sociais o hospedeiro perfeito para proliferar, contribuindo para o crescimento de uma onda de intolerância atroz, que submergia todos quantos se lhe atravessavam no caminho, mesmo que para isso, muitas vezes, nada tenham feito a não ser serem permeáveis a certa dose de mesquinhez alheia, desinformação ou mera má interpretação das suas ações. A cultura do cancelamento foi ganhando poder impulsionada pelo resguardo garantido do digital, que lhe permitiu garantia para ostracizar, humilhar e cancelar outrem com relativa facilidade e indesmentível força. Muitos dirão que a cultura do cancelamento é uma forma de ativismo. Mas será mesmo? Um ativista tem uma opinião bem formada sobre algo e as suas ações tendem a ir no sentido do benefício último da sociedade. A cultura do cancelamento, bem como tudo que lhe está associado, assemelha-se mais a um linchamento, uma forma arcaica de justiça privada, de fazer cumprir a função jurisdicional sem a necessidade de esta estar restrita a determinados órgãos de um dado Estado, por meio de um sistema organizado de justiça, e, sendo assim, perante essa evidência, a cultura do cancelamento pode facilmente ser sinônimo de abuso e excessos. (...) A cultura de cancelamento está hoje associada a uma perigosa narrativa de desinformação que tem de ser combatida a todo o custo, mas, concomitantemente, também está assente num enorme fosso geracional que se foi alargando à medida que se foram implementando mudanças, muitas delas disruptivas, no que se refere ao gênero, à identidade sexual, à política etc. Aquilo que eram comportamentos adequados passaram, em virtude dessas mudanças repentinas, a ser vistos como ofensivos para determinados setores da sociedade. Disseminou-se, aliada a isso, a existência de certa vigilância social, cultural e política, com o propósito claro de exterminar os hábitos de outrora. Sendo as ferramentas digitais, massiva e magistralmente utilizadas pelas gerações mais jovens, e sendo estas um meio comunicacional de inequívoca abrangência e alcance, o debate público que poderia existir a respeito de determinadas temáticas parece tendencialmente decidido a favor dos mais jovens, e a cultura de cancelamento de pessoas com sensibilidades diferentes parece estar assegurada. A liberdade individual, sobretudo no meio digital, tem de ser, mais do que nunca, protegida. A empatia e a necessidade de ler determinados acontecimentos à luz da época em que ocorreram são imperativos tal como é o respeito a opiniões, comportamentos e posicionamentos diferentes do nosso. Todos cabemos no mundo sem termos que nos cancelar. Disponível em<https://observador.pt/opiniao/cultura-do-cancelamento/>. Acesso em 15 fev.2024 (com adaptações). Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. Segundo a autora, a cultura do cancelamento não é um tipo de ativismo, mas sim uma espécie de linchamento. II. A cultura do cancelamento, de acordo com o texto, deve-se ao fato de que os jovens, que dominam os meios digitais, não toleram os mais velhos, causando um fosso geracional. III. O texto aponta que o meio digital facilitou a disseminação da cultura do cancelamento. IV. Para a autora, a desinformação provoca um conflito de gerações e faz com que as pessoas ajam de forma inadequada, até serem canceladas. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: d. I e III. Pergunta 11 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto e a tirinha a seguir. Diferença entre ética e moral Para pensarmos nas diferenças entre ética e moral, devemos recorrer, primeiro, à raiz etimológica dessas palavras. Ética deriva da palavra grega êthos, que quer dizer “caráter”. Ela era utilizada para representar os modos de agir de uma pessoa, ou seja, suas ações e seus comportamentos. Uma variante de êthos era a palavra éthos, que significa “costume” e pode ser aplicada a uma sociedade. O termo latino que designa éthos é moris, de onde retiramos a palavra moral. Basicamente, ética é o comportamento individual e refletido de uma pessoa com base em um código de ética ou de conduta que deve ter aplicabilidade geral. É chamado de ética o campo da Filosofia que se dedica a entender e a refletir as ações humanas (ações morais) e a classificá-las enquanto certas ou erradas. Por isso, podemos dizer que ética é uma espécie de “filosofia moral”. Moral é, por sua vez, o costume ou o hábito de um povo, de uma sociedade, ou seja, de determinados povos em tempos determinados. A moral muda constantemente, pois os hábitos sociais são renovados periodicamente e de acordo com o local em que são observados. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/diferenca-entre-etica-moral.htm>. Acesso em 08 dez. 2023 (com adaptações). Uma imagem contendo TextoDescrição gerada automaticamente Disponível em <https://aeticadocuidar.blogspot.com/2013/05/blog-post_155.html>. Acesso em 08 dez. 2023 (com adaptações). Considerando as informações apresentadas, avalie as afirmativas. I. A conduta do personagem que compra os livros na tirinha resume-se a um comportamento individual, por isso é considerada ética, embora seja imoral. II. Segundo o texto, a moral é estática, uma vez que se fundamenta em princípios universais. III. A crítica e o humor da tirinha são construídos pela contradição entre a conduta do personagem e o tema dos livros que adquire, pois ele se vale de uma carteira falsificada para levar vantagem. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: a. III. Pergunta 12 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto a seguir. Pesquisadora esclarece riscos gerados pelas pseudociências A facilidade de encontrar informação sobre qualquer assunto na internet nem sempre é algo positivo: muitos conteúdos aparentemente baseados em fatos científicos podem distorcer estatísticas e levar o público a acreditar nas chamadas pseudociências, teorias que muitas vezes apresentam termos ligados à ciência, mas que não podem ser testadas pelo método científico. Para falar sobre os riscos das pseudociências e como se precaver contra elas, o “USP Analisa” conversa nesta semana com a presidente do Instituto Questão de Ciência, Natália Pasternak Taschner. Ela explica que as pseudociências despertam a atenção do público porque soam mais atraentes ao serem explicadas. “Para você dizer que a Terra é plana, você coloca um gif, uma figura na internet e fala que a Terra é plana. [Para explicar uma teoria científica], você demora muito mais tempo do que colocar uma mensagem atraente completamente aleatória e maluca, que vai fixar a atenção do público de maneira muito mais rápida. É sempre muito mais difícil explicar a ciência. A pseudociência não precisa ser explicada porque é mentira, então é mais fácil, você coloca ali e quem quiser aceita”. Os riscos das pseudociências ultrapassam a simples desinformação. Hoje, segundo Natália, o Sistema Único de Saúde brasileiro oferece 29 práticas integrativas baseadas em teorias que não podem ser cientificamente comprovadas, o que coloca em risco o paciente, além de representar desperdício de dinheiro público. “O que nós estamos falando é de um desperdício de dinheiro público muito sério e muito perigoso. Primeiro, porque ele gasta dinheiro público à toa em lugar onde faltam até luvas. E, segundo, porque ele endossa terapias que não têm comprovação científica nenhuma e podem desviar pessoas de seus tratamentos convencionais – que, esses, sim, iriam curá-las –, podem atrasar diagnósticos de doenças graves, e as consequências disso para a saúde podem ser super deletérias. E essas consequências também podem ser financeiras, porque quando você atrasa um diagnóstico de câncer, por exemplo, você ainda vai onerar mais o sistema posteriormente”. Disponível em <https://jornal.usp.br/atualidades/pesquisadora-esclarece-riscos-gerados-pelas-pseudociencias/>. Acesso em 20 fev. 2024. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A pseudociência foi definida pela especialista como uma divisão da ciência que fornece explicações mais fáceis e acessíveis para temas científicos complexos. II. A pseudociência pode trazer prejuízos intelectuais e até financeiros para a sociedade. III. Apesar das divergências entre as áreas, o método científico pode ser aplicado tanto à ciência quanto à pseudociência. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: d. II, apenas. Pergunta 13 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto a seguir. O que é cidadania? A origem da palavra cidadania vem do latim civitas, que quer dizer cidade. Na Grécia antiga, considerava-se cidadão aquele nascido em terras gregas. Em Roma, a palavra cidadania era usada para indicar a situação política de uma pessoa e os direitos que essa pessoa tinha ou podia exercer. Juridicamente, cidadão é o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado. Em um conceito mais amplo, cidadania quer dizer a qualidade de ser cidadão e, consequentemente, sujeito de direitos e de deveres. A relação do cidadão com o Estado é dúplice: de um lado, os cidadãos participam da fundação do Estado e, portanto, estão sujeitos ao pacto que o criou (no nosso caso, a Constituição Federal de 1988). Logo, sendo o Estado dos próprios cidadãos, eles têm o dever de zelar pelo bem público e participar, seja pelo voto, seja por outros meios, formais e informais, do acompanhamento e da fiscalização da atuação estatal. Ao mesmo tempo, os agentes estatais, como cidadãos investidos de funções públicas, têm o dever de atuar com base nos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade, prestando contas de todos os seus atos. Uma relação harmoniosa entre as expectativas dos cidadãos e a atuação estatal é o ideal a ser alcançado por qualquer sociedade. Mas nem tudo depende apenas do Estado. O conceito de cidadania vai muito além, pois ser cidadão significa também tomar parte da vida em sociedade, tendo uma participação ativa no que diz respeito aos problemas da comunidade. Segundo Dalmo de Abreu Dallari: “a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo”. Colocar o bem comum em primeiro lugar e atuar sempre que possível para promovê-lo é dever de todo cidadão responsável. A cidadania deve ser entendida, nesse sentido, como processo contínuo, uma construção coletiva que almeja a realização gradativa dos Direitos Humanos e de uma sociedade mais justa e solidária. Disponível em <https://www.justica.pr.gov.br/Pagina/O-que-e-Cidadania>.Acesso em 12 nov. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A cidadania diz respeito ao conjunto dos direitos e dos deveres exercidos por um indivíduo que vive em sociedade. II. Ser cidadão implica a preocupação com o bem comum, com a construção de uma sociedade melhor. III. Os agentes estatais não são cidadãos, pois trabalham para o Estado e devem atuar com moralidade. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: b. I e II, apenas. Pergunta 14 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o infográfico e o texto a seguir. MapaDescrição gerada automaticamente Disponível em <https://istoedinheiro.com.br/natureza-enjaulada/>. Acesso em 20 fev. 2024. Tráfico de espécies silvestres ameaça a biodiversidade da fauna brasileira O tráfico de animais silvestres não é apenas uma ameaça destrutiva para as espécies de animais e para a preservação da biodiversidade brasileira, como é também uma prática criminosa. De acordo com a Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (Renctas), a ação é considerada a terceira maior atividade ilícita do mundo e gera uma grande rede de pessoas envolvidas em negociações clandestinas, principalmente pela alta lucratividade. Além disso, estima-se que o comércio ilegal movimente entre 10 e 20 bilhões de dólares por ano no mundo. Desse total, 10% correspondem ao Brasil, o equivalente a 38 milhões de bichos das nossas florestas e matas. Essas estimativas refletem o crescente risco de extinção de espécies e o aumento da exploração econômica e ambiental da fauna e da flora brasileiras. Segundo a Renctas, de cada 100 animais capturados ilegalmente no país, 70 são vendidos em território nacional e 30 são destinados ao exterior. Um dos fatores que explica o Brasil ser uma das principais rotas do tráfico é a grande biodiversidade, o que o torna um alvo direto de quadrilhas e organizações criminosas. Disponível em <https://www.ufsm.br/midias/arco/trafico-animais-silvestres>. Acesso em 20 fev. 2024. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A grande biodiversidade da fauna brasileira torna o país um fornecedor de animais silvestres para o mercado internacional. II. Embora o número de animais traficados seja de 38 milhões por ano, a prática ilegal de comercialização de espécies não acarreta risco de extinção. III. No Brasil, de acordo com os dados, 70% dos animais capturados ilegalmente são vendidos no mercado nacional. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: c. I e III, apenas. Pergunta 15 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto a seguir. Interface gráfica do usuário, TextoDescrição gerada automaticamente Fonte: Censo Escolar, 2003. Inep, Ministério da Educação, 22 fev.2023, p.37. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A faixa etária mais elevada nos anos iniciais da Educação de Jovens e Adultos (EJA) indica que ainda existem adultos analfabetos ou semialfabetizados. II. Pelo gráfico, infere-se que os mais jovens têm melhor desempenho escolar do que os mais idosos. III. A retenção é uma das causas que leva jovens dos cursos regulares a migrarem para a EJA. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: d. I e III, apenas. Pergunta 16 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto a seguir. Os 10% mais ricos com 76% do patrimônio do planeta: o retrato da desigualdade na pandemia Relatório mostra que disparidade entre ricos e pobres continuou crescendo entre 2019 e 2021, a era da covid-19. Brasil é mais desigual do que EUA e China, e parcela mais rica ganha quase 30 vezes mais do que a base de 50% mais pobre. Luís P. Grasso – Madri – 07.12.2021 Homem revira lixo em Tegucigalpa, em novembro de 2021. Homem revira lixo em Tegucigalpa, em novembro de 2021. Luis Acosta (AFP). Um mundo mais desigual é o legado imediato da pandemia. A disparidade entre ricos e pobres continuou crescendo entre 2019 e 2021, quando a covid-19 impôs um abrupto parêntese na etapa de crescimento que a economia global vinha vivendo. No topo da pirâmide, um reduzido e seleto clube de multimilionários — 0,001% da população — viu suas fortunas crescerem 14%. Em uma amplíssima base, 100 milhões de pessoas a mais caíram na pobreza extrema. Segundo um macroestudo elaborado pelo World Inequality Lab, ao qual o EL PAÍS teve acesso, nos últimos dois anos ocorreu uma aceleração do processo de concentração das rendas e da riqueza que começou na década de oitenta. “Observamos um mundo ainda mais polarizado: a covid-19 amplificou o fenômeno da ascensão dos multimilionários e deixou mais pobreza”, afirma Lucas Chancel, que liderou o estudo. Esse prestigioso think tank francês, codirigido por Lucas Chancel, Thomas Piketty, Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, expõe com clareza, mais uma vez, o processo de desigualdade de rendas e riqueza, que se agravou como resultado da onda de políticas desreguladoras e privatizadoras dos anos oitenta. Esse foi o começo. Nas duas últimas décadas, a distância entre a renda (incluindo trabalho e capital) dos 10% mais ricos da população e dos 50% mais pobres duplicou. E a concentração da riqueza chegou a uma cota “extrema”, porque os 10% mais poderosos já têm três quartos de todo o patrimônio mundial. O coronavírus não truncou essa tendência. Pelo contrário: acelerou o processo até chegar a uma espécie de nova belle époque para as elites de todo o mundo porque a desigualdade entre os de cima e os de baixo nunca tinha sido tão grande desde o começo do século XX. “Não se observa que o processo iniciado no começo dos anos oitenta tenha mudado até agora. Essa tendência se mantém, e o que cabe esperar é que tenha se acentuado, especialmente em 2020″, afirma Luis Bauluz, pesquisador do World Inequality Lab (”laboratório da desigualdade mundial”, em inglês). A globalização apresentou-se como uma oportunidade para reduzir as desigualdades entre os países. E assim foi: ascenderam novas potências, como a China, a Índia e o Brasil. Mas as desigualdades dentro das nações continuaram ampliando-se: o topo da pirâmide de todos os países segue nadando em abundância. “No capitalismo moderno, o grupo de renda de um indivíduo (se pertence aos 50% de baixo ou ao 1% de cima) importa mais do que a sua nacionalidade para determinar os níveis de desigualdade global”, aponta o relatório. Os 517 milhões de cidadãos que estão entre os 10% mais ricos captam 52% dos 550 trilhões de reais repartidos em renda e 76% do enorme bolo de 3,27 quatrilhões de reais que constitui o patrimônio mundial. Metade da população, por sua vez, continua lidando com a escassez. E boa parte dela, com a pobreza. Somada, a metade mais pobre dos habitantes adultos do planeta (2,5 bilhões) consegue reunir apenas 8% da renda e 2% da riqueza. O relatório constata, além disso, uma regra: quanto mais rico é um cidadão, mais sua riqueza cresce. Desde os anos noventa, o 0,01% mais rico viu seu patrimônio crescer 5% a cada ano; o 0,001%, 5,9%; e o 0,00001% mais rico (menos de 1.000 indivíduos no mundo), 8,1%. “Uma coisa é certa: se as taxas de desigualdade das últimas décadas continuarem no futuro, a desigualdade global continuará subindo até alcançar níveis enormes”, acrescenta o estudo. Segundo o relatório, o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo: os 10% mais ricos concentram 59% da renda nacional total, enquanto a metade inferior da população leva apenas cerca de 10%. O fosso é maior do que nos EUA, onde o ‘top 10%’ capta 45% da renda nacional total, e na China, onde essa parcela leva 42% da renda. No Brasil, a renda média nacional do adulto é de 43.680 reais. Enquanto a base de 50% ganha 8.800 reais por ano, os 10% maisricos ganham quase 30 vezes mais (255.760 reais). Disponível em <https://brasil.elpais.com/economia/2021-12-07/os-10-mais-ricos-com-76-do-patrimonio-do-planeta-o-retrato-da-desigualdade-na-pandemia.html>. Acesso em 19 dez. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. De 2019 a 2021, período em que as consequências da pandemia de covid-19 foram intensas, houve impacto no crescimento econômico mundial, mas isso não afetou igualmente todos os segmentos da sociedade. II. A pandemia de covid-19 não estancou um processo de concentração de renda que vinha se acelerando nas últimas décadas e culminou com os 10% mais ricos detendo cerca de 75% da riqueza mundial. III. A globalização permitiu que tanto as desigualdades entre os países quanto as desigualdades dentro dos países fossem significativamente diminuídas. É correto o que se afirma em Resposta Selecionada: b. I e II, apenas. Pergunta 17 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia a tirinha e o texto a seguir. Nenhuma descrição de foto disponível. Disponível em <https://www.facebook.com/tirasarmandinho/photos/a.488361671209144/2461767563868535/?type=3>. Acesso em 18 mar. 2024. Merenda escolar é principal refeição do dia para maioria dos estudantes da rede pública do RJ Estudo mostra ainda que 41% dos alunos consideram pouca ou muito pouca a quantidade de comida oferecida nas escolas Jéssica Rodrigues - Brasil de Fato - Rio de Janeiro (RJ) – 29.03.2023 A pesquisa "Conta Pra Gente Estudante – Grande Rio" revelou dados alarmantes sobre a insegurança alimentar no estado do Rio: a maioria dos estudantes da rede pública de ensino da região metropolitana tem a merenda escolar como única ou principal refeição do dia, ou seja, 56% dessas crianças dependem dos alimentos oferecidos na escola. O Observatório da Alimentação Escolar (ÓAÊ) em parceria com a Ação da Cidadania entrevistou 1.046 estudantes e seus responsáveis para o levantamento. Os dados mostram também que para 41% dos estudantes a quantidade de comida é pouca ou muito pouca. O programa "Bem Viver", uma produção do “Brasil de Fato”, conversou com Patrícia Marino, de 28 anos. Ela é moradora do Parque Esperança, no Complexo do Chapadão, Zona Norte do Rio, e tem seis filhos, mas apenas três estão matriculados na escola. Ela conta que está desempregada e seu marido recolhe materiais recicláveis como fonte de renda, mas o dinheiro não é suficiente para garantir a alimentação da família. "A gente passa muita necessidade, então eles indo para escola já é uma boa porque eles almoçam na escola, lancham na escola e é muito bom isso porque às vezes não tem nada em casa, e já é um alívio. Às vezes tem dois pães, aí já divide para os três que estão em casa, porque para mim e meu marido a gente não se importa se comeu ou não comeu, o que importa é a criança tá alimentada", conta Patrícia. Disponível em <https://www.brasildefato.com.br/2023/03/29/merenda-escolar-e-principal-refeicao-do-dia-para-maioria-dos-estudantes-da-rede-publica-do-rj>. Acesso em 18 mar. 2024. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. A tirinha ilustra a situação relatada no texto: muitas crianças têm na escola sua principal refeição. II. Na tirinha, enfatiza-se a hora do lanche como um período de diversão, o que comprova o fato relatado de que a comida oferecida nas escolas é pouca. III. De acordo com o texto, 41% das crianças brasileiras vivem em insegurança alimentar. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: a. I. Pergunta 18 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o trecho do ensaio “O direito à literatura”, de Antonio Candido. Pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer que aquilo que consideramos indispensável para nós é também indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema, inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é achar que nossos direitos são mais urgentes que os do próximo. Nesse ponto, as pessoas são frequentemente vítimas de uma curiosa obnubilação. Elas afirmam que o próximo tem direito, sem dúvida, a certos bens fundamentais, como casa, comida, instrução, saúde, coisas que ninguém bem formado admite, hoje em dia, que sejam privilégios de minorias, como são no Brasil. Mas será que pensam que seu semelhante pobre teria direito a ler Dostoiévski ou ouvir os quartetos de Beethoven? Apesar das boas intenções no outro setor, talvez isto não lhes passe pela cabeça. CANDIDO, A. Vários escritos. São Paulo: Ouro sobre azul, 2017, p.174 (com adaptações). Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas. I. Infere-se, pelo texto de Antonio Candido, que existe uma tendência de que as pessoas não considerem como essenciais para os outros alguns direitos que reconhecem como legítimos para si. II. O direito à arte, segundo o autor, deve ser restrito àqueles que têm cultura suficiente para usufruir dela. III. Segundo o autor, apenas os direitos essenciais à vida, considerados fundamentais, devem ser estendidos a todos, sem exceção. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: a. I. Pergunta 19 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia a charge e o trecho a seguir, do filósofo Byung-Chul Han, que defende a ideia de que a sociedade atual é marcada pelo desempenho e pelo cansaço. Segundo ele, a sociedade disciplinar de antes deu lugar à sociedade do desempenho. Tóquio-2020! Humor e reflexão em charges - Hábito de Quadrinhos Disponível em <http://habitodequadrinhos.com.br/2021/08/06/toquio-2020-humor-e-reflexao-em-charges/>. Acesso em 15 jan. 2024. O sujeito de desempenho está livre da instância externa de domínio que o obriga a trabalhar ou que poderia explorá-lo. É senhor e soberano de si mesmo. Assim, não está submisso a ninguém ou está submisso apenas a si mesmo. É nisso que ele se distingue do sujeito de obediência. A queda da instância dominadora não leva à liberdade. Ao contrário, faz com que liberdade e coação coincidam. Assim, o sujeito de desempenho se entrega à liberdade coercitiva ou à livre coerção de maximizar o desempenho. O excesso de trabalho e desempenho agudiza-se numa autoexploração. Essa é mais eficiente que uma exploração do outro, pois caminha de mãos dadas com o sentimento de liberdade. O explorador é ao mesmo tempo o explorado. Agressor e vítima não podem mais ser distinguidos. Essa autorreferencialidade gera uma liberdade paradoxal que, em virtude das estruturas coercitivas que lhe são inerentes, se transforma em violência. Os adoecimentos psíquicos da sociedade de desempenho são precisamente as manifestações patológicas dessa liberdade paradoxal. HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 16. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O objetivo da charge é criticar as pessoas que não se dedicam a superar suas dificuldades, fracassando, assim, na sociedade do desempenho, em que predomina a meritocracia. II. De acordo com o filósofo Byung-Chul Han, a sociedade atual é benéfica a todos, pois os homens são livres de opressões externas e atingem ótimo desempenho. III. Na sociedade do desempenho, segundo o filósofo, o paradoxo consiste no fato de que a liberdade é aparente, pois as pessoas são exploradoras de si mesmas em busca do desempenho. É correto o que se afirma apenas em Resposta Selecionada: c. III. Pergunta 20 0,5 em 0,5 pontos Correta Leia o texto a seguir. Diferenças de gênero no mercado de trabalho Observa-se que nos últimos 30 anos muitas mudanças ocorreram na sociedade e no mercado de trabalho brasileiro, contribuindo para uma maior inserção da mulher, mas as desigualdades de gênero ainda persistem. Entre essas mudanças, destacam-se:• o processo de expansão econômica e urbanização das cidades a partir da década de 70, aumentando a demanda por trabalhadores; • mudanças nas normas/convenções sociais e culturais, com transformações nas estruturas das famílias, e divisão das responsabilidades do lar; e • mudanças sobre os papéis de gênero na sociedade, com as novas gerações mais interessadas em combater as desigualdades existentes e gerar ambientes mais diversos. Os avanços vêm ocorrendo de forma lenta, sendo possível identificá-los melhor quando investigamos séries mais longas. Ao analisar a última década, por exemplo, se observa que as melhoras nos principais indicadores foram modestas, pois a pandemia da covid dificultou a continuidade dos avanços obtidos entre os anos de 2012 e 2019, como pode ser visualizado no gráfico 1. A taxa de participação é considerada o principal indicador para medir a inserção feminina no mercado de trabalho (oferta de mão de obra). Gráfico 1. Taxa de participação no mercado de trabalho por gênero (14 anos ou mais), no 4º trimestre de 2012 a 2022, no Brasil. Disponível em <https://portal.fgv.br/artigos/diferencas-genero-mercado-trabalho>. Acesso em 10 fev. 2023. Com base na leitura, avalie as afirmativas. I. O gráfico indica que, em média, de cada dez mulheres em idade para trabalhar, cerca de 5 participam do mercado de trabalho. II. As mulheres estavam em uma trajetória distinta da dos homens antes da pandemia. Enquanto a taxa de participação masculina diminuiu 1,1 ponto percentual entre os anos de 2012 e 2019, a feminina apresentou crescimento de 2,8 pontos percentuais no mesmo período. III. As mudanças sociais e culturais observadas a partir da década de 1970 garantiram a participação e a igualdade das mulheres no mercado de trabalho. É correto apenas o que se afirma em Resposta Selecionada: a. I e II.