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E-Book - Apostila Esse arquivo é uma versão estática. Para melhor experiência, acesse esse conteúdo pela mídia interativa. Unidade 4 - Processos de Soldagem Não Convencionais e Processos de Corte, E-Book - Apostila E-Book - Apostila 2 - 38 Introdução da unidade Olá, caro(a) estudante! Vamos aprofundar a nossa compreensão acerca dos processos não convencionais de soldagem e corte! É com grande prazer que apresentamos a você este material, que o(a) ajudará a entender esses processos e algumas informações importantes sobre juntas soldadas. Algumas características do processo de soldagem não convencional, do processo de soldagem em estado sólido e do processo de corte serão discutidas. Em breve, aprenderemos mais sobre as dimensões das juntas soldadas, as tensões residuais e as deformações das peças e soldabilidade dos materiais. Bons estudos! Processos de soldagem não convencionais Alguns processos de soldagem por fusão não podem ser classificados como soldagem a arco, soldagem por resistência ou soldagem enriquecida com oxigênio. Cada um desses outros processos usa técnicas exclusivas para desenvolver o calor para fusão e, muitas vezes, a aplicação é única. Processos de soldagem de alta intensidade A soldagem de alta intensidade se caracteriza por entregar uma grande quantidade de energia em um curto período e por meio de uma pequena área até a peça ser soldada. Existem, essencialmente, dois processos de alta intensidade: Laser (LBW – Laser Beam Welding) e Electron Beam (EBW – Electron Beam Welding). Dependendo das condições de operação, os processos a plasma também podem ser considerados processos de alta intensidade. Processos de soldagem a laser A soldagem por feixe de laser (LBW) ou soldagem a laser é um processo de soldagem por fusão em que a energia de um feixe de luz coerente altamente concentrado é combinada e focada na junta a ser soldada. O termo laser é uma abreviação para amplificação de luz de emissão estimulada. A mesma tecnologia também é usada para processamento de feixe de laser. Os processos LBW são normalmente realizados com gases de proteção, como hélio, argônio, nitrogênio e dióxido de carbono para evitar a oxidação. De forma geral, nenhum metal de adição é adicionado (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). E-Book - Apostila 3 - 38 FIGURA 1 - Representação de um processo de soldagem a laser Fonte: MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016, p. 305. O processo LBW produz soldas de alta qualidade, alta penetração e uma estreita zona afetada pelo calor. Essas propriedades são semelhantes às obtidas na soldagem por feixe de elétrons, e os dois processos são frequentemente combinados. Em comparação ao processo EBW, o processo LBW apresenta várias vantagens: não necessita de câmara de vácuo, não há a emissão de raios X e o feixe de laser pode ser concentrado e guiado por lentes ópticas e espelhos. Por outro lado, o processo LBW não tem os recursos do processo EBW de costura profunda e alta proporção. A profundidade máxima da soldagem a laser é, aproximadamente, de 19 mm, enquanto o processo EBW pode ser usado para profundidades de solda de 50 mm ou mais; já as proporções em LBW são normalmente limitadas a cerca de 5:1. Esse processo é frequentemente utilizado para unir peças pequenas devido à alta concentração de energia na pequena área do feixe de laser (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Processos de soldagem por feixe de elétrons E-Book - Apostila 4 - 38 A soldagem por feixe de elétrons (EBW, do inglês Electron Beam Welding) é um processo de soldagem por fusão em que o calor da soldagem é produzido por um fluxo de alta intensidade e uma corrente extremamente concentrada de elétrons que incidem sobre a superfície de trabalho. O equipamento é similar ao utilizado em usinagem por feixe de laser. Um canhão de feixe de elétrons opera em alta tensão para acelerar os elétrons (isto é, tipicamente de 10 a 150 kW), e as correntes de feixe são baixas (medidas em miliampères). A energia em processo EBW não é excepcional, mas a densidade de potência é. A densidade de potência alta é obtida concentrando o feixe de elétrons em uma área muito pequena da superfície de trabalho (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). FIGURA 1 - Representação de um processo de soldagem por feixe de elétrons Fonte: MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016, p. 309. E-Book - Apostila 5 - 38 O processo começou em 1950 no campo da energia atômica. Quando foi desenvolvida pela primeira vez, a soldagem teve de ser feita em câmara de vácuo para minimizar a perturbação do feixe de elétrons pelas moléculas do ar. Esse requisito foi – e ainda é – uma inconveniência significativa no ambiente de produção, em virtude do tempo necessário para evacuar a câmara antes da soldagem. O tempo de bombeamento, como é chamado, pode levar até uma hora, dependendo do tamanho da câmara e do nível de vácuo necessário. Hodiernamente, a tecnologia do processo EBW evoluiu, a ponto de algumas operações serem executadas sem vácuo. Três categorias podem ser destacadas 1. Soldagem de alto vácuo (high-vacuum welding – EBW-HV), em que a soldagem é executada no mesmo vácuo da geração do feixe. 2. Soldagem de médio vácuo (medium-vacuum welding – EBW-MV), em que a operação é realizada em uma câmara separada na qual se obtém um vácuo apenas parcial. 3. Soldagem sem vácuo (nonvacuum welding – EBW-NV), em que a soldagem é feita próxima à pressão atmosférica. O tempo de bombeamento durante o carregamento e descarregamento de peça é reduzido no processo EBW de médio vácuo e minimizado no processo EBW sem vácuo, mas se paga um preço por essa vantagem. Nas duas últimas operações, o equipamento deve incluir um ou mais divisores de vácuo (orifícios muito pequenos que impedem o fluxo de ar, mas permitem a passagem do feixe de elétrons) para separar o gerador de feixe (que exige um alto vácuo) da câmara de trabalho. Além disso, no processo EBW sem vácuo, a peça deve ficar próxima do orifício do canhão de feixe de elétrons, aproximadamente 13 mm ou menos. Finalmente, os processos de baixo vácuo não conseguem alcançar a alta qualidade de soldagem e as relações profundidade-largura obtidas pelo processo EBW-HV (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Quaisquer metais que possam ser soldados têm de ser submetidos ao processo EBW, bem como certos metais difíceis de soldar e refratários que não são adequados aos processos AW. Os tamanhos das peças de trabalho variam desde chapas finas até placas grossas. O processo EBW é aplicado, principalmente, nas indústrias automotiva, aeroespacial e nuclear. No setor automotivo, conjuntos soldados por feixe de elétrons incluem coletores em alumínio, conversores de torque em aço, escapamentos catalíticos e componentes de transmissão. E-Book - Apostila 6 - 38 Nessas e em outras aplicações, a soldagem por feixe de elétrons é conhecida pelas soldas de alta qualidade de perfis profundos e/ou estreitos; é limitada a uma zona termicamente afetada e de baixa distorção térmica. As velocidades de soldagem são altas em comparação a outras operações de soldagem contínua. Nenhum metal de adição é utilizado e não são necessários fluxos ou gases de proteção. As desvantagens do processo EBW incluem alto custo do equipamento, necessidade de preparação e de alinhamento preciso da junta e as limitações associadas à realização do processo sob vácuo. Além disso, há preocupações de segurança, pois o processo EBW gera raios X, dos quais os humanos devem ser protegidos (GROOVER, 2017). Processos de soldagem aluminotérmica A soldagem por aluminotermia é a marca comercial parathermite (mistura de pó de alumínio e óxido de ferro que produz uma reação exotérmica quando inflamada), utilizada em bombas incendiárias e para soldagem. Como processo de soldagem, o uso de thermite remonta a 1900, aproximadamente. A soldagem por aluminotermia (TW, do inglês Thermit Welding) é um processo de soldagem por fusão em que o calor para o coalescimento é produzido pelo metal fundido superaquecido mediante uma reação química do Thermit (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). O metal de adição é obtido por meio do metal líquido; embora o processo seja utilizado para união, ele tem mais coisas em comum com a fundição que com a soldagem (CHIAVERINI, 1986). FIGURA 1 - Representação de um processo de soldagem por aluminotérmica Fonte: MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016, p. 322. E-Book - Apostila 7 - 38 Os pós de alumínio e óxido de ferro são misturados (em uma mistura 1:3) e inflamados à temperatura por volta de 1.300 ºC. A temperatura da reação é em torno de 2.500 ºC, resultando em ferro fundido superaquecido mais óxido de alumínio, que flutua para a parte superior como escória e protege o ferro da atmosfera. Na soldagem por aluminotermia, o ferro superaquecido (ou aço, se a mistura dos pós é formulada adequadamente) está contido em um cadinho situado acima da junta a ser soldada. Após a reação ter sido completada (cerca de 30 segundos, independentemente da quantidade de Thermit envolvida), o cadinho é drenado, e o metal líquido flui a um molde construído especialmente para circundar a junta de solda. Como o metal entra quente demais, ele funde as extremidades das peças bases, provocando o coalescimento mediante solidificação. Após resfriar, o molde é quebrado, e as entradas e os tirantes são removidos por maçarico oxiacetileno ou por outro método (CHIAVERINI, 1986). A soldagem por aluminotermia tem aplicações em juntas de trilhos ferroviários, reparos de grandes trincas em aços fundidos e forjados, eixos de grandes diâmetros, quadros para máquinas e lemes de navios. A superfície da solda, nessas aplicações, muitas vezes é suficientemente plana para que seja dispensada a necessidade de acabamento posterior (GROOVER, 2017). Processos de soldagem por resistência A soldagem por resistência é um grupo de processos de soldagem por fusão que usa uma combinação de calor e pressão para obter coalescência. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse assunto tão interessante? Assista ao vídeo a seguir. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo Como você viu no vídeo apresentado, os processos de soldagem têm as suas particularidades e funções. Agora, vamos continuar conhecendo um pouco mais sobre outros processos de soldagem! Processos de soldagem FSW E-Book - Apostila 8 - 38 A soldagem por fricção (FSW, do inglês Friction Stir Welding) é um processo de união em estado sólido no qual a ligação entre as peças metálicas é obtida por fricção e aplicação de pressão entre as peças. Durante esse processo, uma das peças a serem soldadas gira a uma velocidade constante, enquanto a outra para. Após o contato inicial entre as peças, o atrito gera calor, devido à força aplicada no sentido axial, que aquece a superfície. À medida que o processo continua, a força axial e o calor gerado causam a deformação plástica da peça. Finalmente, uma força final é aplicada para rebarbar e consolidar a junta. Existem duas variantes desse processo: resistência contínua e inércia (CHIAVERINI, 1986). FIGURA 1 - Representação de um processo de soldagem por fricção Fonte: MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016, p. 313. Na soldagem por arrasto contínuo, as peças são mantidas nas garras da máquina, e uma delas é acelerada por uma unidade motora até atingir a velocidade adequada. A parte estacionária é movida pela força axial até entrar em contato com a parte rotativa. Esse contato faz com que a superfície aqueça por atrito. Quando a superfície de contato atinge a temperatura de forjamento do material, a unidade de acionamento desengata da parte rotativa para a parte rotativa e aumenta a força axial para obter o forjamento. Essa força é mantida até que as peças esfriem e sejam soldadas (GROOVER, 2017). Na soldagem inercial, o processo é semelhante, mas a alça que segura a parte rotativa é conectada a um volante, que é acelerado por uma unidade motora até atingir a velocidade de soldagem. Quando essa velocidade é atingida, a unidade do motor é desengatada e, só então, a parte estacionária se move em direção à parte rotativa (CHIAVERINI, 1986). E-Book - Apostila 9 - 38 Como um processo de estado sólido, a soldagem por fricção elimina problemas relacionados à fusão, como porosidade e rachaduras. Além disso, como a soldagem é realizada em temperaturas abaixo do ponto de fusão do metal, a deformação térmica é mínima, e os níveis de tensão residual são baixos, tornando a deformação mais fácil de controlar. Essa é uma das principais razões pelas quais a planicidade das chapas soldadas por fricção é melhor do que a de chapas ou perfis soldados por fusão (GROOVER, 2017). A FSW pode unir materiais diferentes com excelente integridade de solda. As combinações incluem diferentes ligas de alumínio, mesmo alumínio e cobre, alumínio e aço, embora a última combinação ainda não seja totalmente comercializada (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Além disso, a FSW fornece maior resistência da junta do que a soldagem por fusão normal e é mais repetível do que outros métodos de soldagem. A consistência é maior; nenhum gás de enchimento, aquecimento prévio ou proteção é usado. Esse processo deixa um visual limpo que, geralmente, não requer nenhum retrabalho. Processo de soldagem por atrito e mistura (Friction Stir Welding) A soldagem por atrito e mistura (FSW – Friction Stir Welding) é um processo de soldagem no estado sólido em que uma ferramenta rotativa avança ao longo da linha de união entre duas peças a serem soldadas, gerando calor de atrito e agitação mecânica do metal para formar o cordão de solda. O nome desse processo deriva da ação de agitação ou mistura. O processo FSW se diferencia do processo FRW convencional pelo fato de que o calor de atrito é gerado por uma ferramenta resistente ao desgaste, separada, em vez das próprias peças. O processo FSW foi desenvolvido, em 1991, no The Welding Institute, em Cambridge, na Inglaterra (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). E-Book - Apostila 10 - 38 FIGURA 1 - Representação da soldagem por fricção e mistura Fonte: MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016, p. 315. A ferramenta rotativa é escalonada, consistindo em uma base (“ombro” cilíndrico) e um pequeno pino projetado abaixo dela. Durante a soldagem, a base entra em atrito com as superfícies de topo das duas peças, desenvolvendo grande parte do calor de atrito, enquanto o pino gera calor adicional misturando, mecanicamente, o metal ao longo das superfícies de topo. O pino tem geometria projetada para facilitar a ação de mistura. O calor produzido pela combinação de atrito e mistura não funde o metal, mas o amolece até uma condição altamente plástica. À medida que a ferramenta avança ao longo da junta, a superfície principal do pino gira e pressiona o metal em torno dele e em seu caminho, desenvolvendo forças que forjam o metal em uma costura de solda. A base serve para restringir o fluxo de metal plastificado em torno do pino. O processo FSW é utilizado nas indústrias aeroespacial, automotiva, ferroviária e naval. As aplicaçõestípicas são as de junta de topo em grandes peças de alumínio. Outros metais, incluindo aço, cobre e titânio, bem como polímeros e compósitos, têm sido soldados por FSW. Esse processo tem as suas vantagens e desvantagens; clique no (+) das sanfonas para conhecer quais são elas! E-Book - Apostila 11 - 38 As vantagens, nessas aplicações, incluem: 1. boas propriedades mecânicas da junta de solda; 2. são evitadas as questões de gases tóxicos, empenamento, problemas de proteção e outros problemas associados à soldagem por arco; 3. pouca distorção ou contração; 4. bom aspecto da solda (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). As desvantagens incluem: 1. produção de um furo quando a ferramenta é retirada da peça de trabalho; 2. necessidade de serviço pesado de fixação das peças (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Agora que você já conhece um pouco mais sobre o processo de soldagem por atrito e mistura (Friction Stir Welding), vamos conhecer o processo de soldagem por ultrassom. Soldagem por ultrassom Soldagem por ultrassom (SW, do inglês Ultrasonic Welding) é um processo de soldagem no estado sólido em que dois componentes são unidos sob uma modesta pressão de aperto, e são aplicadas tensões de cisalhamento oscilatórias de frequência ultrassônica na interface visando a provocar o coalescimento. Na soldagem sobreposta, que é a aplicação típica, o movimento oscilatório entre as duas peças rompe quaisquer filmes superficiais, permitindo o contato maior e a forte ligação metalúrgica entre as superfícies. Embora o aquecimento das superfícies de contato ocorra devido ao atrito interfacial e à deformação plástica, as temperaturas resultantes são bem inferiores ao ponto de fusão. No processo USW, não é necessário usar metais de adição, fluxos ou gases de proteção (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). E-Book - Apostila 12 - 38 O movimento oscilatório é transmitido para a peça de trabalho superior por meio de um sonotrodo, que é acoplado a um transdutor ultrassônico. Esse dispositivo converte energia elétrica em movimento vibratório de alta frequência. As frequências típicas utilizadas nos processos USW são de 15 a 75 kHz, com amplitudes de 0,018 a 0,13 mm. As pressões de aperto são bem inferiores às utilizadas na soldagem por forjamento a frio e não produzem deformação plástica relevante entre as superfícies. As operações de USW, geralmente, são limitadas às juntas sobrepostas em materiais moles, como o alumínio e o cobre. A soldagem de materiais mais duros provoca o desgaste rápido do sonotrodo, que entra em contato com a peça superior. As peças de trabalho devem ser relativamente pequenas, e a soldagem de espessuras inferiores a 3 mm é o caso típico. As aplicações incluem terminais de fiação e emendas nas indústrias elétrica e eletrônica (elimina-se a necessidade de solda branda), montagem de painéis de chapas de alumínio, soldagem de tubos em painéis solares e outras tarefas de montagem de pequenas peças. Processos de soldagem por explosão A soldagem explosiva (EXW, do inglês Explosion Welding) é um processo de soldagem em estado sólido no qual a rápida coalescência de duas superfícies metálicas é causada pela energia da carga explosiva. Ela é frequentemente usada para unir dois metais diferentes, em especial, quando o metal é aplicado como um revestimento ao metal de base em grandes áreas. As aplicações incluem a produção de chapas e chapas resistentes à corrosão para equipamentos das indústrias química e petrolífera (GROOVER, 2017). Nesse caso, o termo revestimento explosivo é usado. Nenhum metal de adição é empregado no processo EXW, pois nenhum calor externo é aplicado. Além disso, nenhuma difusão ocorre durante esse processo (o tempo é bem curto). A natureza da ligação é metalúrgica e, em muitos casos, combinada com interações mecânicas, resultando em interface irregular ou ondulada entre os metais. O tempo de soldagem, sob essas condições, é menor que 1 segundo (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). E-Book - Apostila 13 - 38 FIGURA 1 - Representação de uma soldagem por explosão típica Fonte: MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016, p. 320. No arranjo mais comum, existem duas placas dispostas paralelamente, separadas por uma distância, com o explosivo acima da placa superior, chamada de placa de revestimento (metal de revestimento). Uma camada de proteção (por exemplo, borracha ou plástico) é frequentemente usada entre o explosivo e a placa de proteção para proteger sua superfície. A placa inferior, chamada de metal de suporte (metal de base), fica parada. Quando a detonação começa, os explosivos viajam de uma extremidade da placa de revestimento para outra. Uma das dificuldades em entender o que acontece durante a EXW é o erro comum de que a explosão acontece imediatamente; na verdade, é uma resposta gradual, embora muito rápida – com velocidades de propagação de até 8.500 m/s (GROOVER, 2017). E-Book - Apostila 14 - 38 A zona de alta pressão resultante empurra a folha de revestimento e faz com que ela colida com o metal de suporte em velocidades progressivamente altas, ao possibilitar que ela se torne angular à medida que a explosão progride. A placa superior permanece no local onde os explosivos ainda não foram detonados, e as colisões de alta velocidade ocorrem de forma progressiva e angular, de modo que a superfície se torne fluida no ponto de contato e qualquer filme superficial escoe para frente a partir do vértice do ângulo. Consequentemente, as superfícies de impacto são quimicamente limpas, e o comportamento fluido do metal, incluindo alguma fusão interfacial, promove maior contato entre as superfícies, ao resultar em uma ligação metalúrgica. Mudanças na velocidade de colisão e no ângulo de impacto durante esse processo levam a uma interface ondulada entre os dois metais. Esse tipo de interface melhora a adesão, pois aumenta a área de contato e tende a travar, mecanicamente, as duas superfícies (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Outros processos de soldagem no estado sólido Destacam-se, também, alguns tipos de soldagem conhecidos por soldagem no estado sólido. A seguir, vamos conhecer um pouco mais sobre esses tipos. Soldagem por forjamento A soldagem por forja tem um significado histórico no desenvolvimento da tecnologia de fabricação: o processo remonta a, aproximadamente, 1.000 a.C., quando antigos ferreiros aprenderam a unir duas peças de metal. Ela é um processo de soldagem em que as peças a serem unidas são aquecidas a uma alta temperatura de operação e, depois, forjadas, utilizando-se de um martelo ou de outros meios. Alcançar bons resultados de soldagem pelos padrões atuais requer um nível bastante expressivo de habilidade entre ferreiros. O processo pode ter significado histórico, no entanto tem pouca importância comercial contemporaneamente (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Soldagem por forjamento a frio A soldagem por forjamento a frio (CW, do inglês Cold Welding) é um processo de soldagem em estado sólido realizado pela aplicação de alta pressão entre superfícies de contato limpas à temperatura ambiente. A superfície de atrito deve estar bem limpa para esse processo, e a limpeza, geralmente, é feita por desengorduramento e escovação, imediatamente antes da união. Além disso, pelo menos um dos metais a serem soldados (de preferência ambos) deve ser razoavelmente dúctil e não endurecer. Metais macios, como alumínio e cobre, são facilmente soldados a frio. E-Book - Apostila 15 - 38 As forças de compressão aplicadas duranteo processo podem levar ao trabalho a frio da peça metálica, reduzindo a espessura em até 50%, mas também à deformação plástica localizada das superfícies de contato, de modo a conduzir a uma coalescência. Em peças pequenas, a força pode ser aplicada com ferramentas manuais simples; em trabalhos mais pesados, é necessária uma prensa mais potente para aplicar a força basilar. Nenhum calor é aplicado a uma fonte externa durante o processo CW, porém o processo de deformação aumenta a temperatura de operação. As aplicações para soldagem por forjamento a frio incluem a preparação de conexões elétricas (SANTOS, 2014; WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Soldagem por laminação A soldagem por costura é uma variante da soldagem por forjamento ou soldagem por forjamento a frio, a depender de a peça de trabalho ser aquecida externamente antes da usinagem. Esse é um processo de soldagem em estado sólido, no qual se aplica uma pressão suficiente para criar coalescência por meio de rolos – disso advém o termo Rollover Welding (ROW) – com ou sem calor externo. Se nenhum calor externo for aplicado, o processo é denominado pelo termo soldagem por rolo a frio; se for aplicado calor, o termo soldagem por rolo a quente é usado. As aplicações de soldagem de costura incluem: revestimento de aço macio ou de baixa liga com aço inoxidável para maior resistência à corrosão; preparação de barras bimetálicas para medição de temperatura; produção de moedas “sanduíches” para a Casa da Moeda dos Estados Unidos (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Soldagem por pressão a quente A soldagem por pressão a quente (HPW, do inglês Hot Pressure Welding) é outra variação de soldagem por forja na qual a coalescência ocorre ao se aplicar o calor e a pressão, elementos suficientes para deformar, consideravelmente, o metal de base. A deformação destrói a superfície do filme de óxido, deixando o metal limpo com uma boa ligação entre as duas partes. Leva tempo para que a difusão ocorra na superfície de atrito; normalmente, a operação é realizada em uma câmara de vácuo ou na presença de um meio de proteção. A principal aplicação do processo HPW é na indústria aeroespacial (GROOVER, 2017). Soldagem por difusão A soldagem por difusão (DFW, do inglês Diffusion Welding) é um processo de soldagem em estado sólido que, normalmente, envolve calor e pressão em uma atmosfera controlada, permitindo tempo suficiente para difusão e coalescência. Em temperaturas bem abaixo do ponto de fusão do metal (até cerca de 0,5 Tf), a deformação plástica da superfície é mínima (GROOVER, 2017). E-Book - Apostila 16 - 38 O principal mecanismo de coalescência é a difusão em estado sólido, que envolve a migração de átomos por meio da interface entre as superfícies de contato. As aplicações para o processo DFW incluem a união de metais de alta resistência e refratários nas indústrias aeroespacial e nuclear. Esse processo é usado para unir metais semelhantes e diferentes; nesse último caso, uma camada de enchimento composta por metais diferentes é inserida entre os dois metais de base para facilitar a difusão. O tempo necessário para que a difusão ocorra entre as superfícies de atrito pode ser muito longo – em algumas aplicações, mais de uma hora. Processos de corte Você sabia que, além da soldagem, podemos usar o arco elétrico para realizar processos de corte em diversos materiais? O calor intenso de um arco elétrico pode ser utilizado para fundir praticamente qualquer metal com a finalidade de soldar ou cortar. A maioria dos processos de corte a arco usa o calor gerado por um arco elétrico entre um eletrodo e uma peça metálica (frequentemente, uma chapa ou placa plana) para fazer um corte que separa a peça por meio de fusão. Os processos de corte a arco mais comuns são: (1) corte a arco plasma; (2) corte a arco com eletrodo de carbono e proteção (atmosfera) gasosa (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). E-Book - Apostila 17 - 38 REFLITA Existem diversos processos de corte na indústria. Os que estamos estudando são derivados dos processos de soldagem, porém não são os únicos (existem outros processos de corte com fundamentação em processos de usinagem, por exemplo). Será que esses são os mais aplicados? Quais outros existem? O processo de corte tradicional é adequado para aço carbono. Em aços ligados, os elementos de liga podem afetar, adversamente, a operação. Para o corte de aço inoxidável, ferro fundido e metais não ferrosos, os processos convencionais não são adequados, e são necessárias técnicas especiais, como a oscilação da tocha e a adição de pós e fundentes para facilitar a operação (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Processos de corte a plasma E-Book - Apostila 18 - 38 No corte a arco de plasma (ou corte a plasma), o plasma é um gás ionizado superaquecido eletricamente. O corte a arco plasma (PAC, do inglês Plasma Arc Cutting) usa um fluxo de plasma operando em temperaturas na faixa de 10.000 ºC a 14.000 ºC para cortar metal por derretimento (fusão). A ação de corte opera direcionando o fluxo de plasma de alta velocidade à peça, derretendo-a e soprando o metal fundido por meio do corte. O arco de plasma é gerado entre um eletrodo dentro do maçarico e a peça, que é o anodo. O plasma flui por meio de um bocal refrigerado à água, que contrai e direciona o fluxo ao local desejado na peça. O jato de plasma resultante é um fluxo bem colimado de alta velocidade e com temperaturas extremamente altas em seu centro; esse jato é suficientemente quente para cortar o metal que, em alguns casos, pode chegar a 150 mm de espessura (GROOVER, 2017). Os gases utilizados para criar o plasma no PAC incluem nitrogênio, argônio, hidrogênio ou uma mistura desses gases. Aliás, esses gases são denominados gases primários no processo. Os gases secundários ou a água costumam ser direcionados para circundar o jato de plasma e ajudar a confinar o arco e limpar o corte, removendo o metal fundido enquanto o corte se forma. Controle Numérico (CN) A vantagem do CN, nessas aplicações de corte, é a alta produtividade. As velocidades de avanço ao longo da linha de corte podem ser de até 200 mm/s, em placas de alumínio de 6 mm, e de 85 mm/s, em placas de aço de 6 mm. As velocidades de avanço devem ser reduzidas para metais mais espessos; por exemplo, a velocidade de avanço máxima para cortar a espessura de 100 mm de alumínio é de, aproximadamente, 8 mm/s. As desvantagens do PAC são evidenciadas a seguir. 1. A superfície de corte é áspera. 2. O dano metalúrgico à superfície é o mais grave dentre os processos não convencionais de metalurgia. E-Book - Apostila 19 - 38 A maioria das aplicações de PAC envolve o corte de chapas e placas metálicas planas. As operações incluem a perfuração de furos e o corte ao longo de uma trajetória definida. A trajetória desejada pode ser cortada com o uso de um maçarico manual manipulado por um operador humano ou direcionando a trajetória de corte do maçarico sob o CN (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Para a produção mais rápida e uma maior precisão, o CN é preferido, em virtude do maior controle sobre as importantes variáveis de processo, como as distâncias entre a abertura do bico de corte do maçarico, a superfície da peça e a velocidade de avanço. Para entender eficazmente sobre o processo de corte a plasma, vamos assistir a um vídeo acerca desse processo. Lembre-se de observar sempre as questões de segurança! SAIBA MAIS Novídeo, temos um exemplo muito rico de como realizar o corte de plasma com equipamento portátil. Podemos observar todo o maquinário necessário e sua calibração para exemplos de corte a plasma de diferentes materiais. O soldador mostra, também, o equipamento de segurança necessário e as instalações adequadas da oficina. Para saber mais, clique ou copie o link a seguir em seu navegador! https://www.youtube.com/watch?v=Sh05A6cxqKA O corte a arco de plasma observado no vídeo pode ser utilizado para cortar quase todo o material eletricamente condutor. Os metais cortados frequentemente pelo PAC incluem: aço-carbono, aço inoxidável e alumínio (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Processos de corte a arco de grafite https://www.youtube.com/watch?v=Sh05A6cxqKA E-Book - Apostila 20 - 38 Nesse processo, o arco é gerado entre um eletrodo de carbono e a peça metálica, e um jato de ar de alta velocidade é utilizado para soprar a porção fundida do metal. Esse procedimento pode ser utilizado para formar um corte, a fim de separar a peça ou goivar uma cavidade nela. A goivagem é empregada para preparar as arestas das placas para soldagem, por exemplo, para criar um chanfro em forma de U em uma junta de topo. O corte a arco com eletrodo de carbono e proteção gasosa é utilizado em uma série de materiais metálicos, incluindo ferro fundido, aço-carbono, aço de baixa liga e aços inoxidáveis, assim como em várias ligas não ferrosas. Os salpicos de metal fundido constituem um perigo e uma desvantagem do processo (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Processos de corte a oxiacetileno O processo Oxygen-Gas Cutting (OFC) é um processo no qual o corte de metal é obtido pela reação de oxigênio puro com metal em alta temperatura. Vamos conhecer um pouco mais sobre o processo de corte a oxiacetileno no vídeo a seguir. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo A partir do que foi apresentado no vídeo, podemos continuar nos debruçando sobre a temática. Vamos lá? Outros processos de corte a arco Outros processos a arco elétrico são utilizados em aplicações de corte, embora não tão generalizadamente quanto o corte a arco de plasma e o corte a arco com eletrodo de carbono e proteção gasosa. A seguir, clique nas setas para avançar e retornar ao conteúdo e conheça os outros processos! 1. Corte a arco com proteção gasosa. 2. Corte a arco com eletrodos revestidos. E-Book - Apostila 21 - 38 3. Corte a arco com eletrodo de tungstênio e proteção gasosa. 4. Corte a arco com eletrodo de carbono. As tecnologias são as mesmas utilizadas na soldagem a arco, com exceção de o calor do arco elétrico ser usado para cortar (GROOVER, 2017). Dimensionamento de juntas soldadas Sabemos, agora, que o objetivo de qualquer processo de soldagem é unir dois ou mais componentes em uma única estrutura. A integridade física da estrutura assim formada depende da qualidade da solda. Diante disso, a discussão sobre a qualidade da soldagem está relacionada, especificamente, à soldagem a arco, sendo a soldagem a arco o processo de soldagem mais utilizado e um dos problemas de qualidade mais críticos e complexos (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Juntas de qualidade A atenção a vários fatores garante juntas de alta qualidade. São necessárias máquinas que suportam altas cargas de processo e equipadas com dispositivos de fixação de alta resistência para reter e eliminar distúrbios de vibração e desalinhamento no material durante a soldagem. O uso de ferramentas e de projetos de ferramentas feitos de materiais duráveis com base na classe do material, na espessura da junta e na geometria é a chave para um processo eficiente. A seleção de parâmetros de processo para fornecer um processo estável e juntas de alta qualidade consistente é fundamental. Deve-se verificar as variações de material, pois as tolerâncias apertadas e o bom ajuste são críticos. E-Book - Apostila 22 - 38 Geralmente, as operações de soldagem, principalmente processos de fusão, envolvem aquecimento intenso e localizado das áreas a serem unidas. A área aquecida tende a se expandir, mas a expansão é dificultada pela temperatura mais baixa dos componentes adjacentes, o que causa a deformação elástica da área soldada e, eventualmente, a deformação plástica. Como resultado, tensões internas (tensões residuais) e mudanças permanentes na forma e tamanho (deformação) se desenvolvem na junta no final da soldagem. Tanto a tensão residual quanto a deformação podem afetar, significativamente, a utilidade e o desempenho das estruturas soldadas. Entender suas características e medidas preventivas e de controle é essencial (CHIAVERINI, 1986). Tensões residuais Aquecimento e resfriamentos rápidos de áreas localizadas da peça de trabalho durante a soldagem por fusão, especialmente a soldagem a arco, podem levar a uma expansão e contração térmica, resultando em tensões residuais na solda. Essas tensões, por sua vez, levam a uma deformação e empenamento da soldagem. Clique no (+) da sanfona para interagir com o conteúdo: A situação na soldagem é complicada, pois: 1. o aquecimento é muito localizado, 2. a fusão do metal de base ocorre localmente nessas áreas; e 3. há movimento nas áreas de aquecimento e fusão (pelo menos em arco). Considere uma solda de topo soldada a um arco de duas placas: as ações começam em uma extremidade e prosseguem para a outra; à medida que progride, uma poça fundida é formada a partir do metal de base (e metal de adição, se usado), que solidifica rapidamente após o movimento do arco. A porção da peça imediatamente adjacente ao cordão de solda fica muito quente e se expande, enquanto a porção mais distante da solda permanece relativamente fria. A poça de solda solidifica rapidamente na cavidade entre as duas peças e encolhe ao longo de todo o comprimento da solda à medida que ela e o metal circundante esfriam e encolhem (CHIAVERINI, 1986). E-Book - Apostila 23 - 38 A tensão residual na solda cria uma tensão de compressão reativa na área da peça afastada da solda. A tensão residual e o encolhimento também ocorrem ao longo do comprimento do cordão de solda, uma vez que a região externa da peça de base permanece relativamente fria e dimensionalmente constante, enquanto o cordão de solda solidifica a temperaturas muito altas e, então, encolhe; já a tensão residual de tração é contínua longitudinalmente no cordão de solda. O resultado final dessas tensões residuais, tanto lateral quanto longitudinalmente, pode levar ao empenamento da soldagem (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Conheça, no infográfico a seguir, um pouco mais sobre as técnicas para reduzir o empenamento em soldagens. Recurso Externo Recurso é melhor visualizado no formato interativo A junta de topo soldada a arco, em exemplo, é apenas um dos muitos tipos de juntas e operações de soldagem. As tensões residuais induzidas termicamente e a deformação concomitante são problemas potenciais em quase todos os processos de soldagem por fusão e em algumas operações de soldagem em estado sólido nas quais ocorre um aquecimento significativo. Distorções A deformação de peças soldadas é o desvio permanente na forma e/ou no tamanho causado pela deformação plástica devido às tensões transitórias geradas durante a soldagem. Além disso, ao final da operação, a peça é submetida a uma tensão elástica (tensão residual), que pode ser da ordem do limite de escoamento. Quando o elo de fixação ou montagem é removido, essas tensões podem ser parcialmentealiviadas, resultando em uma deformação adicional (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Durante a soldagem, o aquecimento causa maior expansão térmica, deformação plástica mais intensa e deformações transitórias na região superior da peça. No final da soldagem, à medida que o material na área soldada esfria, ele encolhe. Como a região superior da peça é a mais quente e a mais deformada plasticamente, a deformação final da peça é na direção oposta à deformação transitória máxima (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). E-Book - Apostila 24 - 38 FIGURA 1 - Representação de tipos básicos de distorção em soldagem: A – contração transversal; B – contração longitudinal; C – distorção angular; D – flexão em relação à linha neutra Fonte: MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016, p. 104. Em geral, o estado final de tensão e deformação em uma solda real é bastante complexo e depende de vários fatores, como: material; propriedades mecânicas; espessura da peça; grau de rigidez da estrutura; tamanho; localização; geometria da solda; número e quantidade de costuras, suas propriedades mecânicas e qualidade (SANTOS, 2014). Controle e alívio das tensões residuais E-Book - Apostila 25 - 38 Os níveis de tensão residual nas juntas soldadas podem ser reduzidos ao passo que se reduzem a quantidade de calor fornecida à junta e o peso do metal depositado. Na prática, isso pode ser alcançado ao otimizar o projeto do chanfro (por exemplo, reduzindo o ângulo do chanfro ou usando uma preparação simétrica), evitar a deposição excessiva de material (ao evitar um reforço excessivo nas soldas de topo) ou minimizar o tamanho das soldas de filete. A escolha de um processo termicamente mais eficiente (fonte de maior intensidade) é uma alternativa de controle possível, mas difícil de justificar, economicamente, na maioria dos casos. As tensões residuais também podem ser reduzidas com o uso de metais de adição com a menor resistência permitida no projeto, de forma a reduzir as restrições externas nas juntas soldadas (minimizando, assim, as tensões de reação). Uma técnica relativamente nova, mas ainda incomum, é baseada na soldagem de aço usando consumíveis especiais que se transformam em martensita em temperaturas próximas ao ambiente. Com o aumento de volume devido à formação de martensita, a tensão residual de tração na área soldada é reduzida ou, até mesmo, a tensão de compressão é revertida (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Esses métodos se pautam em permitir a deformação local permanente de peças com tensões residuais, reduzindo ou eliminando, assim, as alterações dimensionais que levam à presença de tensões residuais. No caso dos métodos térmicos, o aumento da temperatura leva a uma diminuição do limite de escoamento do material, o que é benéfico para a ocorrência de sua deformação plástica e deformação por fluência. Esses efeitos são importantes para o recozimento de alívio de tensão e recozimento de alta temperatura. Para o tratamento térmico de baixa temperatura, o alívio de tensão é essencialmente ineficaz; o seu efeito mais benéfico é remover uma parte do hidrogênio absorvido pelo material durante a soldagem. Os métodos mecânicos se respaldam na promoção do fluxo plástico localizado mediante aplicação de alguma forma de carga mecânica. Martelar envolve a deformação plástica de um material com repetidos impactos localizados, um processo, geralmente, aplicado a cada passe do metal de solda e que remove o encruamento causado pelos passes subsequentes. Deve-se ter cuidado, pois a deformação resultante pode mascarar a presença de trincas e reduzir a ductilidade do material. O alívio de tensão por vibração é obtido pela aplicação de vibrações mecânicas em uma estrutura com tensão residual em frequências próximas ou abaixo da ressonância da estrutura. Esse método tende a ser mais rápido e barato que o alívio de tensão térmica, mas a prova de alívio de tensão é menos confiável e pode não ser uniforme (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). Soldabilidade E-Book - Apostila 26 - 38 A soldabilidade é a capacidade de um material metálico ser soldado em uma estrutura adequadamente projetada, e a junta soldada resultante ter propriedades metalúrgicas necessárias para atingir um desempenho satisfatório na aplicação pretendida. A boa soldabilidade é caracterizada por um processo de soldagem fácil, sem defeitos de soldagem e resistência, ductilidade e tenacidade aceitáveis da junta soldada. Clique no (+) da sanfona para interagir com o conteúdo: Fatores que afetam a soldabilidade: 1. processo de soldagem; 2. propriedades do metal de base; 3. metal de adição; 4. condições da superfície. O processo de soldagem é importante e alguns materiais metálicos, que podem ser soldados imediatamente por um processo, são difíceis de soldar por outros processos. As propriedades do metal de base afetam a soldabilidade, sendo importantes os seguintes aspectos: ponto de fusão, condutividade térmica e coeficiente de expansão térmica. Pode-se pensar que um ponto de fusão mais baixo significa uma soldagem mais fácil, no entanto alguns metais derretem muito facilmente para uma boa soldagem (por exemplo, o alumínio). Metais com alta condutividade térmica tendem a transferir calor para longe da área de solda, de modo a torná-los difíceis de soldar (como o cobre). Alta expansão e contração térmica em metais podem causar problemas de empenamento em soldagens (WAINER; BRANDI; MELLO, 2019). Metais dissimilares apresentam problemas particulares na soldagem quando suas propriedades físicas e/ou mecânicas se diferem significativamente. A diferença na temperatura de fusão é um problema óbvio; diferenças na resistência ou no coeficiente de expansão térmica podem levar a altas tensões residuais, que podem levar a trincas. Se for usado um metal de adição, ele deve ser compatível com o metal de base (ou metais). Em geral, os elementos misturados na forma líquida não causam problemas quando solidificam para formar soluções sólidas. Se o limite de solubilidade for excedido, pode ocorrer a fragilização da solda (GROOVER, 2017). Para aprofundar ainda mais o seu conhecimento sobre os processos de soldagem e seus possíveis defeitos, confira a dica na sequência. E-Book - Apostila 27 - 38 DICA Para estudar mais sobre distorções na soldagem e qualidade de solda, confira o capítulo 8 (da página 387 até 402) do livro intitulado "Soldagem: processos e metalurgia", de Emílio Wainer, Sérgio Duarte Brandi e Fábio Décourt Homem de Mello (2019), que se encontra em nossa biblioteca virtual. A fim de conferir a leitura, copie o link a seguir em seu navegador! https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/17 7709/pdf Os defeitos e as distorções devem ser sempre evitados. A condição da superfície do metal de base pode afetar, adversamente, a operação. Por exemplo, a umidade pode causar porosidade na zona de fusão. Óxidos e outras películas sólidas em superfícies metálicas impedem, por sua vez, o contato e a fusão adequados. https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Loader/177709/pdf E-Book - Apostila 28 - 38 Considerações finais Caro(a) estudante, finalizamos o nosso estudo inicial sobre processos de soldagem não convencionais, processos de corte e dimensionamento da junta soldada! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: entender o processo de fabricação, utilizando-se da união dos materiais por soldagem; analisar os principais processos de soldagem utilizados na indústria; avaliar os principais problemas daaplicação do processo de soldagem; avaliar os princípios dos processos de soldagem, equipamentos e técnicas operatórias. Iniciamos o nosso estudo analisando as características de alguns processos de soldagem não convencionais e de soldagem de alta intensidade; tais processos podem ser divididos em: soldagem a laser e soldagem por feixe de elétrons. Logo após, aprendemos que o processo de soldagem aluminotérmica é um processo de soldagem por fusão: o calor para o coalescimento é produzido pelo metal fundido superaquecido mediante uma reação química. Adiante, conhecemos o processo de soldagem por resistência. Trata-se de um grupo de processos de soldagem por fusão que usa uma combinação de calor e pressão para obter coalescência, com o calor sendo gerado pela resistência elétrica decorrente do fluxo de corrente entre as junções a serem soldadas. Na sequência, exploramos o grupo dos processos de soldagem no estado sólido. Nesse grupo, a união de peças é adquirida, geralmente, por meio de pressão isolada ou pressão e calor. Podemos citar os processos de soldagem por fricção, soldagem por atrito e mistura, soldagem por ultrassom, soldagem por explosão, soldagem por forjamento, soldagem por forjamento a frio, soldagem por laminação, soldagem por pressão a quente e soldagem por difusão. E-Book - Apostila 29 - 38 Para terminar o nosso estudo sobre a soldagem, adentramos no universo dos processos de corte. Esses processos têm o mesmo fundamento dos processos de soldagem, pois se utilizam do calor intenso do arco elétrico para cortar. Com isso, aprendemos sobre o processo de corte a plasma, o processo de corte a arco de grafite e o processo de corte a oxiacetileno. Além disso, aprofundamos o conhecimento sobre o dimensionamento da junta soldada, as tensões residuais e as distorções nas peças e soldabilidade dos materiais. Essas informações o(a) ajudarão a projetar juntas soldadas e processos de corte. Agora que finalizamos este conteúdo, vamos testar os seus conhecimentos com o quiz a seguir. QUIZ O processo de corte tradicional é adequado para aço carbono. Em aços ligados, os elementos de liga podem afetar adversamente a operação. Para o corte de aço inoxidável, ferro fundido e metais não ferrosos, os processos tradicionais não são adequados; logo, são necessárias técnicas especiais para facilitar a E-Book - Apostila 30 - 38 operação (MODENESI; MARQUES; BRACARENSE, 2016). De acordo com o nosso estudo sobre os processos de corte, assinale a alternativa correta. Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O calor intenso de um arco elétrico pode ser utilizado para fundir praticamente qualquer metal com a finalidade de soldar ou cortar. A maioria dos processos de corte a arco usa o calor gerado por um arco elétrico entre um eletrodo e uma peça metálica (frequentemente, uma chapa ou placa plana) para fazer um corte que separa a peça por meio de fusão. Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O calor intenso de um arco elétrico pode ser utilizado para fundir praticamente qualquer metal com a finalidade de soldar ou cortar. A maioria dos processos de corte a arco usa o calor gerado por um arco elétrico entre um eletrodo e uma peça metálica (frequentemente, uma chapa ou placa plana) para fazer um corte que separa a peça por meio de fusão. O corte a plasma não pode ser controlado numericamente por apresentar argônio no plasma.a Os processos que envolvem arco com proteção gasosa não podem ser utilizados como processo de corte. b E-Book - Apostila 31 - 38 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O calor intenso de um arco elétrico pode ser utilizado para fundir praticamente qualquer metal com a finalidade de soldar ou cortar. A maioria dos processos de corte a arco usa o calor gerado por um arco elétrico entre um eletrodo e uma peça metálica (frequentemente, uma chapa ou placa plana) para fazer um corte que separa a peça por meio de fusão. Resposta Correta: A alternativa está correta, pois o processo de corte a arco de plasma corta metal por fusão, utilizando-se de um jato de plasma ao operar na faixa de temperatura de 10.000 °C a 14.000 °C. Esse jato de plasma é criado entre o eletrodo e a peça a ser cortada. O corte a oxicombustível utiliza apenas o acetileno como combustível, não necessitando da adição de gás oxigênio. c No corte a arco a plasma, o arco é criado entre o eletrodo e a peça de trabalho dentro da tocha.d Apenas materiais metálicos não são cortados por corte a arco com eletrodos de carbono e proteção de gás. e E-Book - Apostila 32 - 38 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O calor intenso de um arco elétrico pode ser utilizado para fundir praticamente qualquer metal com a finalidade de soldar ou cortar. A maioria dos processos de corte a arco usa o calor gerado por um arco elétrico entre um eletrodo e uma peça metálica (frequentemente, uma chapa ou placa plana) para fazer um corte que separa a peça por meio de fusão. A soldagem é um dos processos de se juntar peças metálicas e tem sido aplicada, extensivamente, em quase todos os ramos da indústria mecânica e naval e na construção civil. Sobre a chama do processo de corte a gás, assinale a alternativa correta. Os tipos de chamas típicas na soldagem oxiacetilência são, respectivamente: chama redutora, chama neutra e chama oxidante. a E-Book - Apostila 33 - 38 Resposta Correta: A alternativa está correta. De acordo com a proporção dos gases, podemos determinar se a chama terá características oxidantes, neutras ou carburantes (redutoras). Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O oxicorte é o processo de separação de metais usando calor e uma reação de oxidação violenta com oxigênio puro. Recorre-se a uma mistura de gás com oxigênio na chama. Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O oxicorte é o processo de separação de metais usando calor e uma reação de oxidação violenta com oxigênio puro. Recorre-se a uma mistura de gás com oxigênio na chama. Os tipos de chamas típicas na soldagem oxiacetilência são, respectivamente: chama branca, chama neutra e chama oxidante. b Os tipos de chamas típicas na soldagem oxiacetilência são, respectivamente: chama redutora, chama neutra e chama ácida. c Os tipos de chamas típicas na soldagem oxiacetilência são, respectivamente: chama redutora, chama ácida e chama oxidante. d E-Book - Apostila 34 - 38 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O oxicorte é o processo de separação de metais usando calor e uma reação de oxidação violenta com oxigênio puro. Recorre-se a uma mistura de gás com oxigênio na chama. Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. O oxicorte é o processo de separação de metais usando calor e uma reação de oxidação violenta com oxigênio puro. Recorre-se a uma mistura de gás com oxigênio na chama. Na soldagem por estado sólido, a união entre as peças pode ser alcançada com pressão isolada ou pressão e calor. Para outros processos no estado sólido, o tempo também é um fator. Assinale a alternativa que apresenta apenas processos de soldagem no estado sólido. Os tipos de chamas típicas na soldagem oxiacetilência são, respectivamente: chama redutora, chama neutra e chama branca. e E-Book - Apostila 35 - 38 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. A soldagem em estado sólido envolve energia mecânica para unir duas peças, criando uma atração atômica, que pode ser alcançada por meio de ação, atrito, impacto ou pressão. O metal de adição é utilizado nesse tipo de soldagem. Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. A soldagem em estado sólido envolve energia mecânica para unir duas peças, criando uma atração atômica, que pode ser alcançada por meio de ação, atrito, impacto ou pressão. O metal de adição é utilizado nesse tipo de soldagem. Resposta Correta: A alternativa está correta. Ambosos processos de soldagem não utilizam o arco elétrico e a fusão. São considerados, assim, processos de soldagem no estado sólido. Soldagem por eletrodo revestido e soldagem por arco submerso.a Soldagem por fricção e soldagem por arco submerso.b Soldagem por atrito e mistura e soldagem por ultrassom.c E-Book - Apostila 36 - 38 Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. A soldagem em estado sólido envolve energia mecânica para unir duas peças, criando uma atração atômica, que pode ser alcançada por meio de ação, atrito, impacto ou pressão. O metal de adição é utilizado nesse tipo de soldagem. Resposta Incorreta: A alternativa está incorreta. A soldagem em estado sólido envolve energia mecânica para unir duas peças, criando uma atração atômica, que pode ser alcançada por meio de ação, atrito, impacto ou pressão. O metal de adição é utilizado nesse tipo de soldagem. Conclusão da disciplina Soldagem por ultrassom e soldagem por arame tubular.d Soldagem por explosão e soldagem a arco submerso.e E-Book - Apostila 37 - 38 Caro(a) estudante, neste material, iniciamos o nosso estudo entendendo o que são e para que servem os processos de soldagem. Vimos como esses processos são categorizados e como o seu desenvolvimento ocorreu ao longo da história. Podemos ver a importância desses processos e aspectos importantes do processo de seleção. Analisamos a energia disponível utilizada no processo de soldagem a arco, que é a principal forma de fornecer calor ao processo de soldagem. Vimos as características do arco elétrico na soldagem, como os parâmetros influenciam nos resultados da soldagem e como selecionar a fonte mais adequada para um determinado processo. Em seguida, aprendemos sobre a simbologia e metalurgia da soldagem. Examinamos os tipos de representações de soldagem e a importância do conhecimento da metalurgia de soldagem na seleção de materiais e processos de soldagem. Vimos, também, o processo de brasagem: um processo de união que, ao contrário da soldagem, utiliza um metal de adição com um ponto de fusão inferior ao do metal de base, ou seja, apenas o metal de adição é fundido. Posteriormente, adentramos nos tipos tradicionais de soldagem. Estudamos as características dos processos AW, como suas divisões mais comuns, eletrodos, fontes de soldagem e fluxos utilizados. Realizamos pesquisas aprofundadas sobre processos de soldagem com eletrodo revestido, soldagem com fio tubular, soldagem MIG e MAG, soldagem a arco submerso, soldagem a oxigênio, soldagem TIG, soldagem por resistência e soldagem por eletroescória. Além disso, em todos os processos expostos, foram analisados equipamentos e aplicações, que são muito importantes para se definir o melhor processo a ser desenvolvido. Finalizamos o nosso estudo com uma análise de processos de soldagem não convencionais, processos de corte e dimensões de juntas soldadas. Estudamos as características de alguns processos de soldagem não convencionais (como o processo de soldagem a laser e o processo de soldagem aluminotérmica), processo de soldagem em estado sólido e processos de corte (como o processo de corte a oxigênio, o corte a plasma e o arco de grafite). Ademais, aprofundamos o nosso conhecimento sobre dimensões de juntas soldadas, tensões residuais e deformação de peças e soldabilidade do material. Essas informações o(a) ajudarão a projetar juntas de solda e processos de corte. Referências CHIAVERINI, V. Tecnologia mecânica: estrutura e propriedades das ligas metálicas. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 1986. CORTE Plasma Portátil – Portable Plasma Cutting. [S. I.: s. n.], 2020. 1 vídeo (11 min.). Publicado pelo canal BrazilWelds – O canal da soldagem. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Sh05A6cxqKA. Acesso em: 16 ago. 2022. https://www.youtube.com/watch?v=Sh05A6cxqKA E-Book - Apostila 38 - 38 GROOVER, M. P. Fundamentos da moderna manufatura. Rio de Janeiro: LTC, 2017. MODENESI, P. J.; MARQUES, P. V.; BRACARENSE, A. Q. Soldagem: fundamentos e tecnologia. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2016. SANTOS, C. E. F. dos. Processos de soldagem: conceitos, equipamentos e normas de segurança. São Paulo: Saraiva Educação, 2014. WAINER, E.; BRANDI, S. D.; MELLO, F. D. H. de. Soldagem: processos e metalurgia. São Paulo: Blucher, 2019.