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HISTÓRIA DA 
ARTE
Valdoni Moro Batista
Arte Moderna: 
principais tendências
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Sintetizar o conceito histórico e cultural que permitiu o surgimento 
das vanguardas artísticas modernas. 
  Analisar as características da produção artística a partir do Cubismo 
e do Fauvismo. 
  Descrever a produção artística do Futurismo.
Introdução
A arte moderna teve origem a partir da negação dos princípios acadê-
micos que limitavam a arte até o fim do século XIX. Era um momento de 
intensa transformação social, resultante do processo de industrialização, 
das inovações tecnológicas, das duas Guerras Mundiais, da Revolução 
Russa e da divisão do mundo entre capitalismo e socialismo. A arte pro-
curava acompanhar tais transformações, apresentando um olhar inovador 
sobre a própria arte e a cultura. 
As vanguardas artísticas, portanto, são o retrato de um mundo caótico 
e incerto. Os artistas se utilizavam de manifestos para instaurar princípios 
estéticos comuns que refletissem uma arte inovadora, em negação aos 
princípios da arte acadêmica. Algumas características se destacam nos 
movimentos vanguardistas: a exploração de cores desconexas, com a 
representação do natural na arte fauvista; o uso de formas geométricas 
para representar as diversas faces dos objetos no Cubismo; e a represen-
tação da velocidade e do desenvolvimento tecnológico na arte futurista. 
Neste capítulo, você conhecerá o contexto do surgimento da Arte 
Moderna e suas características, resultantes das vanguardas artísticas. 
Além disso, conhecerá mais sobre a arte dos movimentos Cubismo, 
Fauvismo e Futurismo, bem como seus princípios estéticos e os artistas 
de destaque de cada período. 
O surgimento das vanguardas modernas
A Arte Moderna surgiu na segunda metade do século XIX e teve destaque 
na primeira metade do século XX, por meio das vanguardas artísticas. Mas, 
afi nal, o que é uma vanguarda? O termo avante-guarde, do francês, tem 
origem na guerra, sendo utilizado para designar os soltados que estão no 
front de batalha. De acordo com Canton (2009), a sua transposição para o 
campo artístico pressupõe duas premissas básicas: a ruptura com os padrões 
artísticos acadêmicos e sociais e a inovação constante, que deu origem a 
diversos movimentos artísticos tão radicais quanto a vida naquela época. De 
acordo com Canton:
[...] esses artistas haviam vivido um momento histórico intenso, que produziu 
as máquinas da revolução industrial, urbanizou cidades, promoveu uma série 
espantosa de inovações tecnológicas, mas também originou duas Guerras 
Mundiais (1914-1918 e 1939-1945), além da Revolução Russa (1917). Ao fim 
desses conflitos, o mundo estava dividido em dois blocos: o capitalista e o 
socialista (CANTON, 2009, p. 19).
A invenção da fotografia também teve papel de destaque para o surgi-
mento da Arte Moderna, pois o artista não precisava mais fazer retratos, já 
que a fotografia servia melhor a esse objetivo, visto que era mais rápida e seu 
custo era menor. Alguns artistas viam, na fotografia, uma inimiga, outros se 
tornaram fotógrafos e houve aqueles que buscaram novos caminhos para a 
pintura, ficando conhecidos como impressionistas. 
Os artistas impressionistas romperam com os padrões de representação 
da arte acadêmica e passaram a pintar os efeitos luminosos. O tema assume 
função secundária, e surge a ideia da arte pela arte, em que o verdadeiro 
objetivo da pintura seria explorar sua própria constituição, ou seja, cor sobre 
uma superfície plana. Enquanto a arte acadêmica seguia o princípio literário, 
a arte moderna não precisa representar uma narrativa e o tema da pintura 
pode ser colocado em segundo plano, ao dar-se preferência à exploração dos 
elementos formais da obra.
No Impressionismo, a pintura não transmitia uma história ou mito e seu 
tema pouco interessava aos artistas que buscavam capturar as dinâmicas da 
iluminação. A cor representava a luz, e não o objeto, por isso usavam-na 
a partir de sua combinação ótica. Para pintar as sombras, os artistas não 
utilizavam a cor preta, como faziam os acadêmicos, mas sim empregavam 
a cor complementar para dar o efeito de contraste desejado. De acordo com 
Wolfe (2009, p. 57):
Arte Moderna: principais tendências2
A teoria geral era a seguinte: [...] um quadro não era uma janela pela qual se 
espiava à distância. Os efeitos tridimensionais eram pura ilusão (et ergo er-
satz). O quadro era uma superfície plana à qual se aplicava tinta. Os primeiros 
artistas abstratos tinham compreendido a importância da pintura plana ao 
pintar simplesmente duas dimensões, mas não tinham sabido ir além. 
Os artistas que se seguiram ao Impressionismo foram chamados de pós-
-impressionistas, uma vez que não se restringiam a simples captura dos fenô-
menos luminosos e ampliaram a ruptura, com a ideia da pintura como janela 
para observar uma história. Enquanto Paul Cézanne buscava capturar as formas 
básicas dos objetos, Vincent van Gogh produzia uma pintura para refletir a 
sua alma e Paul Gauguin cobria grandes áreas da tela com cores vibrantes. 
Esses artistas lançaram as bases estéticas para diversos movimentos artísticos 
posteriores, incluindo os movimentos de vanguarda (CANTON, 2009). 
As pesquisas de Paul Cézanne influenciaram os cubistas, que teriam como foco principal 
a representação dos objetos a partir de suas simplificações em formas geométricas. 
Vincent van Gogh, por sua vez, influenciou o Expressionismo, visto levou ao limite a 
representação da angústia perante o caótico contexto em que vivia. Por fim, as obras 
coloridas de Paul Gauguin influenciaram tanto os artistas expressionistas quantos os 
fauvistas, que tinha interesse principal na cor pura. 
As vanguardas artísticas costumam ser estudadas a partir de alguns movi-
mentos principais, são eles: Futurismo; Expressionismo; Cubismo, Dadaísmo; 
e Surrealismo. Esses movimentos tinham em comum a organização de grupos 
de artistas que publicavam manifestos para divulgar os seus projetos artísticos. 
São esses manifestos que validavam cada movimento, ao propor princípios 
estéticos, mantendo os artistas coerentes tanto em estética quanto em temática. 
O caráter inovador da arte de vanguarda fez o cenário artístico viver uma 
constante transformação, uma vez que não existiam mais preceitos estéticos uni-
versalmente válidos. O público estava aberto às inovações e almejava saber o que 
existia de mais novo no cenário artístico. Os críticos e negociantes organizavam 
exposições às pressas para conseguir dar conta da atualidade das produções. Os 
historiadores buscavam registrar todos os detalhes para representar a tradição 
do novo, que, logo, seriam trivialidades. Segundo Gombrich (1999, p. 485):
3Arte Moderna: principais tendências
Surgiu e espalhou-se a lenda de que todos os grandes artistas eram sempre 
rejeitados e escarnecidos em seu tempo; por isso o público faz o louvável 
esforço de não mais rejeitar nem zombar de coisa alguma. A ideia de que os 
artistas representam a vanguarda do futuro, e que somos nós e não eles quem 
fará triste figura se não os soubermos apreciar [...]. 
No Brasil, as vanguardas se manifestam a partir de artistas que, ao viajarem 
para a Europa, traziam a nova visão sobre o cenário artístico vanguardista 
e buscavam modernizar a arte brasileira, ainda guiada pelos princípios aca-
dêmicos. Uma das artistas que introduziu a Arte Moderna no Brasil foi 
Anita Malfatti, que, em 1917, expôs seus quadros do período em que esteve 
estudando na Alemanha e em Nova Iorque. Dentre as pinturas estavam A 
boba, A estudante russa e O homem amarelo, que exibiam um novo modo de 
utilizar a cor (CANTON, 2009).
Na obra A boba (Figura 1), pode-se perceber como a pintura de Mal-
fatti havia superado os padrões acadêmicos ao apresentar cores fortes e 
linhas tortas. Há referências das vanguardas europeias, principalmente do 
movimento Expressionista, que explorava a expressividade por meioda 
cor. O fundo é marcado com pinceladas que criam um cenário incômodo, 
contrastando com a figura central, representada com o rosto torto e um 
olhar disperso. 
Figura 1. A boba (1915-1916), Anita Malfatti, 
óleo sobre tela, 61 cm/50,6 cm. Mac-Usp, São 
Paulo, Brasil.
Fonte: A boba ([200-?], documento on-line).
Arte Moderna: principais tendências4
A exposição de Anita não foi bem recebida por alguns intelectuais da 
época, ainda admiradores dos princípios acadêmicos, que detestaram suas 
pinturas. “[...] Monteiro Lobato [...] detestou tanto o que viu que publicou um 
artigo referindo-se à mostra como ‘paranoia ou mistificação’” (CANTON, 
2002, p. 64). Enquanto algumas pessoas não gostaram da nova estética, outras 
adoraram, como, por exemplo, o poeta Mario de Andrade. 
A recepção negativa da exposição de Anita Malfatti foi o estopim para 
a realização da Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, no Teatro 
Municipal de São Paulo. Os artistas buscavam criar um ambiente prolífero 
para a construção de novas maneiras de produzir arte que fosse moderna e 
rompesse com os padrões acadêmicos da arte brasileira. A partir do evento, 
houve a progressiva modernização da arte brasileira, a partir de influências 
da arte das vanguardas europeias. 
A Arte Moderna se estendeu pela primeira metade do século XX e, hoje, 
mesmo sendo movimentos históricos, não podemos esquecer seu teor van-
guardista. Os caminhos encontrados pelos artistas levaram a uma infinidade 
de modos de fazer arte e de pensar a relação da arte com a sociedade. As 
rupturas e os questionamentos realizados por artistas modernos são a base 
para o trabalho de muitos artistas que não consideram o quadro como uma 
janela para observar o mundo e exploram materiais que, antes do Modernismo, 
eram incomuns na arte. 
Fauvismo e Cubismo: características
Os movimentos artísticos conhecidos como Fauvismo e Cubismo pouca coisa 
têm em comum, além da ruptura com a representação convencional da arte 
acadêmica e a busca por uma representação moderna. Enquanto os fauvistas 
exploravam as combinações entre as cores puras com pinceladas exageradas, 
os cubistas tinham interesse principal na forma dos objetos e sua representação 
simplifi cada, a partir de formas geométricas. 
O Fauvismo foi o movimento de vanguarda mais curto, tendo se desen-
volvido entre 1905 e 1907. Sua preocupação principal era o uso da cor para 
explorar a expressão do instinto artístico. O artista procurava criar sua arte com 
a mesma pureza de uma criança que não segue regras, de modo que distorcia 
a representação e usava cores não condizentes com a realidade. 
5Arte Moderna: principais tendências
O nome fauvismo surgiu a partir de uma crítica de Louis Vauxcelles que, 
ao visitar, em 1905, o Salão de Outono, encontrou as obras fauvistas expostas 
ao lado de obras significativas da história da arte. Vauxcelles se referiu às 
pinturas fauvistas com o termo francês fauves (feras), como uma forma de 
rejeitar o exagero no uso de tinta com cores vibrantes e formas distorcidas. 
Sobre os artistas fauvistas, Canton destaca que:
A ideia era pintar sem se preocupar com os temas grandiosos – uma praia, 
uma janela, um barquinho ou uma ponte seria de bom tamanho. Também 
abandonaram a necessidade de fazer contorno nas formas. Desejavam pintar 
diretamente com a cor, que seria utilizada de acordo com a vontade de expres-
são do artista, sem necessariamente seguir a realidade como a vemos. Esses 
artistas assumiram sua atração pelas maças de cor, em suas diversidades de 
tons e intensidades (CANTON, 2002, p. 40.) 
Os principais artistas fauvistas foram Maurice de Vlaminck (1876–1958) e 
André Derain (1880–1954), liderados por Henri Matisse (1869–1954). Todos 
buscavam conferir à cor uma nova possibilidade, ao fugir da representação 
descritiva da realidade. A cor era mais importante do que a representação, 
principalmente a cor vibrante. Inicialmente, os artistas realizavam misturas 
de cores, mas, aos poucos, passam a explorar pinceladas espontâneas, com 
cores puras. 
O grupo fauvista, mesmo tendo durado pouco, apresentou uma nova ma-
neira de lidar com a pintura. “O que esses artistas têm em comum é o desejo 
de dispensar tudo o que é ‘extra’ na representação de uma imagem na tela, 
dando chance para a cor, com seus próprios contrastes, de cobrir superfícies 
e dar forma à representação” (CANTON, 2002, p. 41).
Na obra Ponte sobre o rio (Figura 2), de André Derain, pode-se observar 
como se dava o uso da cor e da deformação pelos fauvistas. As cores não 
criam uma representação naturalista, pois o artista utilizou tons de azuis, 
verdes, laranjas e amarelos para representar uma árvore que aparenta estar 
em chamas. O interesse também não é captar os efeitos luminosos, como 
faziam os impressionistas, pois a pintura faz o uso das cores sem se ater à 
sua combinação ótica. 
Arte Moderna: principais tendências6
Figura 2. Ponte sobre rio (1906), André Derain, óleo sobre 
tela, 82,5 cm/101,5 cm, MoMA, Nova Iorque, Estados Unidos.
Fonte: Fauvismo ([200-?]), documento on-line).
O Cubismo se desenvolveu a partir das pesquisas dos artistas Pablo Picasso 
(1881–1973) e Georges Braque (1882–1963), que se interessavam pelas pinturas 
do pós-impressionista Paul Cézanne e sua representação da natureza a partir 
de formas geométricas básicas. Entretanto, os cubistas exploraram não apenas 
a simplificação do desenho, uma vez que queriam explorar a representação 
integral do objeto, ou seja, queriam que a pintura apresentasse o objeto sendo 
visto a partir de diversos ângulos em uma mesma pintura. 
A obra Les Demoiselles d’Avignon, de Pablo Picasso, é considerada a pri-
meira pintura cubista (Figura 3). Nela, pode-se perceber a distorção das figuras 
a partir do uso de formas geométricas, reduzindo a sensação de profundidade 
da tela. O tema da pintura foi um grupo de prostitutas de Barcelona, mas a 
deformação de seus rostos sugere a influência das máscaras africanas sobre 
os trabalhos do artista. A pouca variação de cores e o uso da fragmentação 
nas formas foram técnicas inovadores para a época, colocando Picasso como 
um dos principais artistas das vanguardas europeias (FARTHING, 2011).
7Arte Moderna: principais tendências
Figura 3. Les Demoiselles d’Avignon (1907), Pablo 
Picasso, óleo sobre tela, 2,44 m/2,34 m, Museu de 
Arte Moderna, Nova Iorque.
Fonte: Les Demoiselles d’Avignon (2011, documento 
on-line).
O Cubismo teve como premissa básica a ruptura com a perspectiva da 
arte acadêmica, que representava os efeitos de profundidade por meio do 
emprego de complexas leis da geometria. No Cubismo, há a fragmentação para 
representar os diversos ângulos de visão sobre o objeto, de maneira sobreposta 
e com cores nos tons terrosos. Essa preocupação inicial dos cubistas ficou 
conhecida como Cubismo Analítico (CANTON, 2002).
Em pouco tempo, os cubistas levaram o programa da fragmentação e da 
representação simultânea ao extremo, chegando muito próximo da abstração 
total da figura. Todavia, o cubismo é, por natureza, um movimento figurativo 
que buscava uma nova maneira de representar os objetos, rompendo com a 
perspectiva tradicional. Por isso, houve a limitação temática dos artistas do 
Cubismo Analítico:
Ele só pode ser usado com formas mais ou menos familiares. Quem olha para 
o quadro deve saber qual é o aspecto de um violino, para poder relacionar 
entre si os vários fragmentos no quadro. É por isso que os pintores cubistas 
escolhem usualmente motivos familiares – guitarras, garrafas, fruteiras ou, 
ocasionalmente, uma figura humana – onde podemos facilmente encontrar 
o nosso caminho através dos quadros e entender as relações entre as várias 
partes (GOMBRICH, 1999, p. 456).
Arte Moderna: principais tendências8
Em 1912, o Cubismo tomou novos rumos, pois iniciava-se o Cubismo 
Sintético, que teve duração até a década de 1920. Nesse período, novos artistas 
aderiram ao grupo, dentre eles: Robert Delaunay (1883–1941), Francis Picabia 
(1879–1953), Jean Metzinger(1883–1956) e Marcel Duchamp (1887–1968). Na 
fase sintética, os cubistas fazem novos usos da cor, que deixa de ser esmaecida, 
sendo utilizada de maneira mais decorativa. “Essa visão mais decorativa da 
arte tornou o cubismo sintético mais popular do que as outras obras cubistas 
junto ao público” (FARTHING, 2011, p. 390).
O Cubismo Sintético não exagerava na fragmentação, como acontecia no 
Cubismo Analítico. Houve o uso de colagens de jornais, madeira, tecido, e 
tal interesse levou alguns artistas a pintarem quadros que pareciam somente 
colagens, sem uso de cores. De modo que um quadro era “Construído a partir 
de elementos de colagem e da habilidade dos artistas da época de transformar 
os conteúdos de uma lata de lixo em imagens bonitas e revolucionárias” (FAR-
THING, 2011, p. 390). As colagens faziam os materiais utilizados perderem 
seu significado utilitário, ao assumir um valor construtivo na obra. O artista 
utilizava a colagem, assim como utilizava a linha, a cor e as texturas. 
As obras cubistas apresentavam uma nova maneira de lidar com a pintura 
e abriram caminho para outros movimentos artísticos, tais como: o Futurismo, 
que se valerá da fragmentação para a representação da velocidade e das di-
nâmicas de movimento; o Suprematismo e o Construtivismo, que utilizaram 
as relações entre formas abstratas geométricas; o Dadaísmo e o Surrealismo, 
que darão atenção ao uso de colagens (FARTHING, 2011). 
Futurismo: a arte da velocidade
O Futurismo foi fortemente infl uenciado pelas inovações tecnológicas, que 
culminaram em uma nova relação entre as distâncias e o tempo. A invenção 
do automóvel, do avião e da telefonia desencadearam um novo ritmo nas 
transformações sociais. O Futurismo surgiu na Itália e buscava justamente 
valorizar a velocidade e o desenvolvimento tecnológico, em oposição a qual-
quer tipo de tradição. 
O manifesto futurista anunciava uma arte inovadora, que via na guerra e 
na destruição do passado a chance de construir uma nova arte, mais coerente 
com uma sociedade desenvolvida tecnologicamente. As experimentações 
cubistas foram influentes entre tais artistas, que utilizavam a fragmentação das 
formas e das cores para representar as dinâmicas da velocidade. O primeiro 
9Arte Moderna: principais tendências
manifesto futurista foi apresentado, em 1909, pelo poeta Filippo Tommaso 
Marinetti (1876–1944), no jornal La gazzetta dell’Emilia. O manifesto continha 
11 princípios que deveriam orientar esse novo tipo de arte, dos quais 10 estão 
descritos a seguir: 
Manifesto do futurismo
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito à energia e à temeridade. 
2. Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem, a audácia e a 
revolta. [...] 4. Nós declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com 
uma beleza nova: a beleza da velocidade. O automóvel de corrida com seu 
cofre adornado por grossos tubos como serpentes de fôlego explosivo... um 
automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais belo que a 
vitória de Samotrácia. [...] 7. Não há mais beleza se não na luta. Nada de obra 
prima sem um caráter agressivo. A poesia deve ser um assalto violento contra 
as forças desconhecidas, para intimá-las a deitar-se diante do homem. [...] 9. 
Nós queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo – o militarismo, 
o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas ideias que matam, 
e o menosprezo à mulher. 10. Nós queremos demolir os museus, as bibliote-
cas, combater o moralismo, o feminismo e todas as covardias oportunistas e 
utilitárias [...] (HELENA, 1989, p. 18–19).
A afinidade com a mecanização e a velocidade se expandiu para as diversas 
linguagens da arte, como a arquitetura, o cinema, a escultura, a música e a 
poesia. Os pintores tentavam “[...] apreender na pintura a sensação de ação, da 
passagem do tempo, através da decomposição e fragmentação das imagens. 
O efeito é parecido com o de uma fotografia com exposição prolongada” 
(CANTON, 2002, p. 49). A decomposição e a fragmentação utilizadas para 
representar a velocidade chegavam ao nível de o observador não conseguir 
identificar a cena representada. 
O Quadro 1, a seguir, apresenta os principais princípios futuristas, para 
que se possa compreender melhor como os artistas rompiam com os valores 
tradicionais ao valorizar a criação de uma nova sociedade a partir do desen-
volvimento tecnológico. Tais princípios denotam uma aproximação entre os 
futuristas e o fascistas, que possuíam ideias similares, como a valorização do 
militarismo e o desenvolvimento nacionalista. 
Arte Moderna: principais tendências10
Fonte: Adaptado de Helena (1989).
Higiene do mundo Valorização da guerra como renovadora de valores. 
Antimuseu
Oposição às instituições que valorizam 
o passado, que deve ser superado. 
Anticultura Queriam iniciar uma sociedade utópica e inovadora.
Antilógica
Negavam a filosofia positivista e 
priorizavam o antirracionalismo. 
Culto ao moderno
A velocidade, o desenvolvimento tecnológico e as 
máquinas são fundamentais para os futuristas. 
Quadro 1. Princípios futuristas
Os pintores futuristas Umberto Boccione (1882–1916), Giacomo Balla 
(1871–1958), Carlo Carrà (1881–1966), Gino Severini (1883–1966) e 
Luigi Russolo (1885–1947) também lançaram seus próprios manifestos, a 
fim de desenvolver uma estética especificamente futurista. Tais artistas 
exigiam que os italianos abandonassem a visão saudosista e se empe-
nhassem no desenvolvimento de uma cultura voltada à industrialização
(FARTHING, 2011).
A pintura Dinamismo de um ciclista (Figura 4), de Umberto Boccione, 
apresenta a deformação da figura de um ciclista a partir da velocidade, de 
acordo com os princípios estéticos do futurismo. Observe como as cores 
são divididas e, quando ocorrem algumas mesclas, como estas contribuem 
para os efeitos dinâmicos e o ritmo visual. As cores são colocadas em 
pequenas pinceladas com cores separadas, que são misturadas oticamente 
pelo observador. Esse tipo de abordagem pictórica era comum no Impres-
sionismo para retratar os efeitos luminosos, mas, no Futurismo, é utilizado 
para retratar a velocidade. 
11Arte Moderna: principais tendências
Figura 4. Dinamismo de um ciclista (1913), Umberto Boccione, 
óleo sobre tela, 70 cm/95 cm, Acervo particular.
Fonte: Dinamismo de um ciclista (2016, documento on-line).
O Futurismo italiano entrou em decadência em 1914, devido a conflitos 
internos. Entretanto, os princípios futuristas espalharam-se rapidamente da 
Itália para a Rússia, dando origem ao Raionismo. A representação da velocidade 
entre os russos culminou em pinturas quase totalmente abstratas. Os artistas 
empregavam linhas diagonais cruzadas para retratar a dispersão luminosa, e, 
quando o objeto estava em movimento, a quantidade de raios era quase infinita. 
O resultado eram pinturas repletas de linhas entrecruzadas, com excesso de 
tinta a partir do uso de espátulas (FARTHING, 2011).
O Modernismo e as vanguardas artísticas se desenvolveram em um período 
de intensa transformação social. O resultado foi o surgimento de movimentos 
de curta duração e de ideias extremistas, que mostravam a própria contradição 
da vida naquela época. Afinal, era comum um artista participar de mais de 
um movimento de vanguarda durante sua vida e, às vezes, de movimentos 
totalmente antagônicos. As inovações modernas libertaram a arte das repre-
sentações de narrativas ao focar na experimentação da materialidade que 
a constitui. A arte pela arte foi o slogan desse período, que culminou nas 
amplas aberturas tanto do uso de materiais quanto de temáticas presentes na 
arte contemporânea. 
Arte Moderna: principais tendências12
A BOBA. In: MACVIRTUAL. [S. l.: s. n., 200-?]. Disponível em: http://www.macvirtual.usp.
br/mac/templates/projetos/educativo/acerto5.html. Acesso em: 10 set. 2019.
CANTON, K. Do moderno ao contemporâneo. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.
CANTON, K. Retrato da arte moderna: uma história no Brasil e no mundo ocidental. São 
Paulo: MartinsFontes, 2002.
DINAMISMO DE UM CICLISTA. In: WIKIPEDIA. [S. l.: s. n.], 2016. Disponível em: https://
commons.wikimedia.org/wiki/File:Umberto_Boccioni,_1913,_Dynamism_of_a_Cyclist_
(Dinamismo_di_un_ciclista),_oil_on_canvas,_70_x_95_cm,_Gianni_Mattioli_Col-
lection,_on_long-term_loan_to_the_Peggy_Guggenheim_Collection,_Venice.jpg. 
Acesso em: 9 set. 2019.
FARTHING, S. Tudo sobre arte: movimentos e as obras mais importantes de todos os 
tempos. Rio de Janeiro: Sextante, 2011.
FAUVISMO. [S. l.: s. n., 200-?]. Disponível em: http://www.fauvismo.noradar.com/andre-
-derain.htm. Acesso em: 9 set. 2019.
GOMBRICH, H. A história da arte. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
HELENA, L. Modernismo brasileiro e vanguarda. São Paulo: Ática, 1989. 
LES DEMOISELLES D’AVIGNON. In: WIKIPEDIA. [S. l.: s. n.], 2011. Disponível em: https://
pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:579px-Les_Demoiselles_d%27Avignon.jpg. Acesso 
em: 9 set. 2019.
WOLFE, T. A palavra pintada. Rio de Janeiro: Rocco, 2009.
13Arte Moderna: principais tendências

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