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Literaturas Africanas de Língua Portuguesa Aula 05: Moçambique Tópico 02: Poesia e narrativa (1805-2002) Pelos oitocentos, se destaca Campos Oliveira (1847-1911), autor de trinta e um poemas, segundo pesquisa de Manuel Ferreira, que escreveu: "não será arriscar demasiado dizer que a atividade cultural de Moçambique naquele período deve ter sido sobretudo orientada para o jornalismo. Ainda nas primeiras décadas do século XX jornalistas africanos, como os irmãos José e João Albasini e Estácio Dias, que desempenharam um papel importante na luta contra o obscurantismo político e cultural, não obstante as dificuldades de toda a ordem que houveram de tornear para que a sua intervenção se mantivesse digna e inteira. É nossa convicção de que tal circunstância se deve a uma presença europeia muito mais reduzida em Moçambique e essencialmente limitada ao litoral do Sul e, consequentemente, a uma mestiçagem menos acentuada, para não se dizer menos expressiva, quando comparada com a de Angola. Fonte [1] Embora em 1925 seja publicado O Livro da Dor, do escritor e combativo jornalista, já citado, João Albasini (1876-1925), só na década de 30, através de jornais (O Brado Africano) ou revistas (Miragem), surge o nome de Rui de Noronha (1909-1943), autor do livro Sonetos (1943), e com ele se dão os primeiros passos para a criação de uma literatura moçambicana. E não ficará deslocado citar ainda aqui o livro de poemas Nyaka (1942), do português radicado Caetano Campo." [BLAEP, p.177]. Da edição do Livro da Dor até o término da II Guerra Mundial (1945), ocorre o desdobramento da fase de que ora tratamos, trazendo alguns avanços literários num novo momento. É quando Rui de Noronha em publicações dispersas nos anos trinta do século XX, tal qual Campos Oliveira fizera no século XIX, estampa seus poemas, os quais serão a posteriori reunidos no volume intitulado Sonetos (1946) "numa recolha duvidosa, incompleta e censoriamente truncada" como adverte Pires Laranjeira [LAEP, p.257]. Por um lado a poesia de Rui de Noronha anui com a 68