Prévia do material em texto
PMT 3531 - PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II Humberto Gracher Riella humberto.riella@ufsc.br Elita Urano de Carvalho _ elitaucf@ipen.br 1 mailto:elitaucf@ipen.br mailto:elitaucf@ipen.br mailto:elitaucf@ipen.br mailto:elitaucf@ipen.br mailto:elitaucf@ipen.br Combustível cerâmico: - UO2 (ou UO2-PuO2 no caso MOX). - Quimicamente estáveis e compatíveis com água, estes óxidos são altamente resistente a altas temperaturas e irradiação, - O oxigênio do óxido é um fraco absorvedor de nêutrons, após a fissão mantém sua estrutura cristalina (cúbica) PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II COMBUSTÍVEIS PWR - MATERIAIS 2 • É o material mais utilizado para reatores de potência (PWR, BWR, AGR, PHWR, LWGR) • Vantagens: • Boa estabilidade térmica (não transform. fase) • Elevado ponto de fusão 2.800°C • Massa específica 10,96 g/cm3 • Baixa reatividade química c/ H2O(l) e H2O(v) • Boa estabilidade a danos por irradiação • Baixa dilatação térmica até 1800 °C • Desvantagens: • Baixa condutividade térmica • Aquecido ao ar, oxida-se a U3O8 • Utilização: • Na forma de pastilhas cilíndricas sinterizadas • Massa de cada pastilha 7 a 8 g • 60 t para reator PWR 600 Mwe • 100 t para reator PWR 1200 Mwe • 1/3 dos EC são substituídos a cada ano MEDIÇÃO PASTILHAS PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS PWR – UO2 3 Produção comercial de UO2 Via úmida Química do estado sólido Aquecimento vapor DUA TCAU 4 FORNOPRENSA TCAU FILTRO TCAU Reconversão Existem três estágios principais na fabricação das estruturas de combustível nuclear utilizadas em PWR (LWR): Produção de dióxido de urânio puro ( UO 2 ) a partir do UF6 Produção do pó de UO 2 de , material cerâmico de alta densidade e moldados com precisão . Produção da estrutura metálica rígida para a montagem do combustível - principalmente de liga de zircônio; e carregar as pastilhas combustível nas barras de combustível, selando-as e montando as barras na estrutura de montagem de combustível final 5 BOCAL INFERIOR TUBO REVESTIMENTO BOCAL SUPERIOR PASTILHAS DE UO2 MOLA PRESSÃO PASTILHA FINAL DE ISOLAMENTO BOCAL SUPERIOR COMBUSTÍVEIS TIPO VARETA PWR – UO2 6 COMBUSTÍVEIS TIPO VARETA 7 As varetas são colocadas em um conjunto para formar um “elemento combustível “ posicionados numa matriz de malha quadrada. Esta disposição geométrica permite a circulação de água entre as varetas, e assim a remoção de calor gerado dentro do núcleo do reator. Num reator de água pressurizada esta estrutura é aberta e a água pode circular transversalmente no elemento. PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II MONTAGEM DO COMBUSTÍVEL TIPO VARETA 8 9 Criação de gradientes de temperatura elevados no combustível (~2000°C/cm) “Queima” (burnup) do material físsil e acúmulo de produtos de fissão Densificação à medida que poros no combustível cerâmico sinterizam Inchaço do combustível devido à formação dos produtos de fissão sólidos e gasosos Interação mecânica combustível-revestimento IMCR (FCMI) Liberação de gases de fissão Redistribuição de constituintes do combustível Reestruturação do combustível Interação química do combustível-revestimento (FCCI) Expansão, deformação, corrosão do revestimento ESSES FENÔMENOS DEGRADAM O COMBUSTÍVEL NUCLEAR, TERMINANDO POR EXIGIR A SUA DESCARGA DO REATOR 10 Inchamento do combustível Combustível incha devido à geração de produtos de fissão Gases coalescem em bolhas, acelerando inchaço Inchaço do combustível tende a reduzir ou fechar o gap (espaço entre as pastilhas e o revestimento) Liberação de gases de fissão Alguns gases de fissão escapam do combustível Pressurizam o plenum Percentual de gases que escapam do combustível < 10% em combustível LWR > 50% em combustível de reator rápido Integridade do revestimento assegura a contenção dos produtos de fissão Violação do revestimento referida como "falha" do combustível Falha geralmente impede a continuidade do uso do elemento combustível Integridade do revestimento degrada durante a irradiação Pressão, temperatura e fluxo de nêutrons provocam "creep“ Pressão elevada do refrigerante provoca deformação p/ dentro (LWR) Elevada liberação de gases de fissão causa deformação para fora fluência (LMRs) Danos de radiação provocam inchaço (e fragilização) Corrosão pelo líquido refrigerante Interação combustível e revestimento (deformação) (Fluência é a deformação permanente de materiais quando estes são sujeitos a cargas ou tensões constantes e está em função do tempo. Este tipo de deformação é observada em todos os tipos de materiais. Para os metais ela só é relevante para temperaturas iguais ou superiores a aproximadamente 0,4Tf do metal em causa) 11 ZONA II densificação ZONA I Interação revestimento pastilha Alta porosidade Pu enriquecido ZONA III Aumento porosidade Inicio liberação Xe ZONA IV Aumento porosidade intergranular Crescimento dos grãos equiaxiais Estrutura p/ High-burnup Bolhas de gases de fissão Trincas por tensões térmicas PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II 12 CHANFRO INTERFACE PASTILHAS FALHA POLIMENTO COMBUSTIVEL REVESTIMENTOPRATO 13 INTERAÇÃO MECÂNICA COMBUSTÍVEL – REVESTIMENTO (Fuel Cladding mechanical Interation –FCMI) • Inchaço do combustível e/ou a contração por fluência do encamisante fecha o “gap” • O progresso do inchaço/fluência sobrecarrega o revestimento INTERAÇÃO QUÍMICA COMBUSTÍVEL – REVESTIMENTO (Fuel Cladding chemical Interation –FCCI) • Uma vez em contato, o combustível e o revestimento podem reagir quimicamente • A reação produz frequentemente uma camada frágil que reduz a parede do revestimento • Conforme a parede do revestimento fica mais fina as tensões nele aumentam 14 Interação entre pastilha e revestimento “Pellet-cladding interaction”O espaço “gap” diminui devido ao inchamento do combustível Revestimento “cladding” Trincas devido a tensões térmicas “thermal-stress crack” Caminho para os produtos de fissão Trincas por corrosão sob tensão “stress- corrosion crack” Olander, p. 584 (1978) 15 V O LU M E P A S T IL H A Densificação ocorre à medida que os poros no combustível cerâmico sinterizam Inchaço “swelling” ocorre devido à formação de produtos de fissão sólidos e gasosos Xenônio e criptônio são insolúveis no UO2 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II A sinterização é um processo no qual pós com preparação cristalina ou não, uma vez compactados, são submetidos a temperaturas elevadas, ligeiramente menores que a sua temperatura de fusão. Este processo cria uma alteração na estrutura microscópica do elemento base 16 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II 17 18 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II 19 Microestrutura original com menor densificação < 1.100oC Porosidade intragranular 1.100 - 1300oC Crescimento de grãos equiaxiais 1.100 - 1600oC Crescimento colunar de grãos grãos equiaxiais >1600oC Vazio central >1600oC revestimento Lacuna do combustível original sem queima, estado quente, rachaduras radiais devido a tensões térmicas Porosidade intragranular grãos equiaxiais grãos colunar Reestruturação de combustível 5GWd/t 10GWd/t Analise de Pos irradiação Do Combustível 20 GWd/t Estado frio 20 RACHADURA DEVIDO À DIFERENÇA COEFFICIENTE DE EXPANSÃO TÉRMICA EM VÁRIAS TEMPERATURAS PASTILHAS INCHADAS PRODUTOS FISSÃO GASOSOS (Xe,Kr...) Densidade e porosidade evolui com burnup Inicio de vida Depois ciclo 1 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II 21 FENÔMENOS INTERATIVOS QUE OPERAM NO COMBUSTÍVEL DURANTE A IRRADIAÇÃO Redestribuição Pu e PF RESTRUTURAÇÃO COMBUSTÍVEL Densificação Crescimento grão Vazio central TEMPERATURA COMBUSTÍVEL Stress revestimentodano rastejante PCI/SCC INCHAMENTO PF Combustível/ revestimento Liberação PF volateis Liberação gases Condutância Expansão Termica PCMI PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II 22 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II Defeitos Primários • Defeitos de Fabricação • Hidretação Primária • Interação Pastilha-Revestimento (Pellet-Clading Interaction) Corrosão Colapso do Revestimento • Atrito Grade Espaçadora- Vareta Combustível (Grid-Rod Fretting), Debris Baffle Jetting • Empenamento da Vareta (rod bow) • Dano Mecânico no EC Danos em Grades Espaçadoras Defeitos Secundários • Deterioração de Varetas Combustíveis Falhadas 23 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II MECANISMO CAUSA RAIZ AREAS RELACIONADAS FABRICAÇÃO OPERAÇÃO PROJETO Defeitos de fabricação Porosidade nos tampões terminais Defeitos de soldagem Hidretação externa por contaminação Ni X X X Hidretação Umidade/contaminação pastilha/vareta X PCI/SCC Altas rampas de potencia excedente limite de PCI X X Corrosão Contaminação na solda Excedendo limites corrosão por fluxo de calor /burnup Susceptividade do revestimento/química H2O Sobreaquecimento devido a crud/bloqueio do canal Concentração local de corrosão por hidrogênio X X X X X X X X Colapso do revestimento Gap axial na coluna de pastilha X X 24 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II MECANISMO CAUSA RAIZ AREAS RELACIONADAS FABRICAÇÃO OPERAÇÃO PROJETO Atrito vareta- grade espaçadora Suporte insuficiente da vareta Vibração da vareta por instabilidade fluido-elástica/cross-flow Vibração da vareta/EC induzida por escoamento do fluido Vibração do EC devido a força insuficiente na mola de fixação do EC Grade danificada X X X X X X X X X Atrito por Debris Debris circulando no refrigerante X Baffle Jetting Baffle com defeito X Empenamento da vareta Interação vareta/grade espaçadora Desalinhamento estrutural devido ao crescimento axial diferencial das varetas combustíveis X X X Empenamento EC Creep e Cross Flow Alto gradiente radial de fluxo/potencia Alta força da mola de fixação do EC X X X X X Outras deformações Desalinhamento estrutural pelo crescimento diferencial dos componentes de Zry X 25 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II MECANISMO CAUSA RAIZ AREAS RELACIONADAS FABRICAÇÃO OPERAÇÃO PROJETO Dano mecânico manuseio X Desgaste por atrito - tampão inferior - placa terminal - Canto grade espaçadora - Canal - Tubo Guia Tampão inferior longo/alto escoamento Vibração(ressonância)por pulsação de pressão Empenamento do EC Vibração de componente in-core Vibração do elemento de controle X X X X X X X X Hidretação Zry Absorção excessiva de hidrogênio por componente de Zry X X PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II 26 27 PMT 3531 – PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II Boiling Water Reactor (Reator de água fervente) Vodo-Vodyanoi Energetichesky Reaktor (Reator moderado a água) CANDU (Reator de água pesada pressurizada) água leve urânio enriquecido água leve urânio enriquecido Água pesada urânio natural 28 29 30 31 O colapso do revestimento devido à densificação das pastilhas de combustível, formando folgas(gap) axiais na coluna de pastilhas, resultou em falhas de varetas de combustível no inicio dos anos de 70 em muitos PWR. Eliminada pelo uso de pastilhas com menor densificação (95% da densidade teórica) durante a irradiação, e pre-pressurização da vareta com gás He, além do suporte interno realizado pela mola do plenum superior) 32 Aparência visual dos desgastes em revestimentos de varetas combustíveis nos pontos de contato com as grades espaçadoras 33 34 35 36 Marcas de batidas durante manuseio Dano na grade Espaçadora durante o manuseio 37 ALETA SUPERIOR DA GRADE ARRANCADA Canto da grade arrancado 38 39 Defeito primário Decomposição radiolitica de vapor Vapor/H2O2 –reação do combustível Vapor/H2O2 – Reação revestimento Região de inanição de vapor Inicio do segundo defeito Combustível gap revestimento Estágio 1: Defeito primário: como a pressão do refrigerante é muito maior que a pressão interna da vareta de combustível, o refrigerante se transforma em vapor preenchendo a folga pastilha-revestimento e o plenum de modo a equalizar a pressão, o que finaliza este estágio. O tempo para equalizar pode variar de poucos minutos , horas ou dias. Após a equalização os produtos de fissão gasosos escapam da vareta de combustível para o refrigerante. Consistindo na primeira evidencia de falha na vareta combustível. A oxidação do revestimento e a erosão tensionam a área de defeito primário e mecanicamente o largam ate cerca de 0,015mm. Estágio 2: Detecção e desenvolvimento do defeito primário: O defeito gerado pela hidretação secundária é produzido num certo ponto ao longo do comprimento da parede interna (localização deste defeito secundário seria distante do defeito primário e provavelmente situado numa região submetida a picos de potência e fluxo máximo de calor).No final, o sunburst já penetrou a parede do revestimento e pode ocorrer uma alteração no nível da atividade liberada para o refrigerante devido à ocorrência de trinca na posição do defeito secundário. Nesta fase, o defeito primário pode atingir até 1mm de diâmetro equivalente. A taxa de liberação de gases de fissão aumenta lentamente. Estágio 3: Desenvolvimento do defeito secundário: Neste estágio, o combustível foi exposto ao refrigerante através do defeito de 1cm2 de diâmetro equivalente. O mecanismo que agora controla a deteriorização é a oxidação do revestimento hidretado. Esta deterioração é mais rápida que o processo de alargamento do defeito primário. Estágio 4: Aceleração do dano secundário: aqui o revestimento começa a se romper. 40 41 Estágio do desenvolvimento da falha em vareta combustível a partir de Hidretação secundária em revestimento de zircaloy(Locke 1972) 42 ASPECTO DA HIDRETAÇÃO MASSIVA (Sunburst) OBSERVADA EXPERIMENTAMENTE Camada de óxido Espessura do revestimento Folga (gap) Pastilha de combustível 43 Ruptura da vareta na região da solda do tampão inferior da VC de BWR Rachadura Axial em revestimento de Zry-2 de BWR Rachadura Axial em revestimento de Zry-2 de BWR Rachadura circunferencial em revestimento de Zry-2 de BWR Blister e Rachadura Axial em Varte de Combustível de Reator PWR (Chapot et al., 2002) 44 Comportamento dos gases de fissão Processos básicos envolvendo bolhas de gases de fissão e átomos de gases dissolvidos: • Nucleação – átomos difundindo para formar di-átomos, que será como um embrião(núcleo) de bolhas; Xe + Xe →Xe2 Os átomos de Xe criados pela fissão nucleam novas bolhas de embrião pela reação acima ou aumentam o tamanho dos aglomerados existentes (embrião de bolha) Xe + Xe2 →Xe3 Xe + Xe3 →Xe4 • Crescimento – coleção de ´´átomos de gás recém criadas por difusão a partir do sólido para a bolha • Re-solução – átomos de Xe numa bolha são injetados no sólido pela passagem de um fragmento de fissão; • Coalescência – duas bolhas se juntam numa única bolha maior; • Liberação – átomos de gás escapam por difusão para contornos de grão ou superfícies livre. Precipitação de gás de fissão em UO 2 irradiado (TEM). As bolhas têm uma distribuição de tamanho bimodal evidente. 45 46 PMT 3531 - PROCESSAMENTO DE COMBUSTÍVEIS NUCLEARES II Humberto Gracher Riella humberto.riella@ufsc.br Elita Urano de Carvalho _ elitaucf@ipen.br mailto:elitaucf@ipen.br mailto:elitaucf@ipen.br