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W BA 02 44 _V 2. 0 LOGÍSTICA INTERNACIONAL 2 Johny Henrique Magalhães Casado São Paulo Platos Soluções Educacionais S.A 2022 LOGÍSTICA INTERNACIONAL 1ª edição 3 2022 Platos Soluções Educacionais S.A Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César CEP: 01418-002— São Paulo — SP Homepage: https://www.platosedu.com.br/ Head de Platos Soluções Educacionais S.A Silvia Rodrigues Cima Bizatto Conselho Acadêmico Alessandra Cristina Fahl Ana Carolina Gulelmo Staut Camila Braga de Oliveira Higa Camila Turchetti Bacan Gabiatti Giani Vendramel de Oliveira Gislaine Denisale Ferreira Henrique Salustiano Silva Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Alcimar Roberto Kowalski Editorial Beatriz Meloni Montefusco Carolina Yaly Márcia Regina Silva Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)_____________________________________________________________________________ Casado, Johny Henrique Magalhães Logística internacional / Johny Henrique Magalhães Casado. – São Paulo: Platos Soluções Educacionais S.A., 2022. 44 p. ISBN 978-65-5356-255-4 1. Cenário internacional. 2. Distribuição física internacional. 3. Cargas internacionais. I. Título. CDD 355.411 _____________________________________________________________________________ Evelyn Moraes – CRB: 010289/O C334l © 2022 por Platos Soluções Educacionais S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Platos Soluções Educacionais S.A. https://www.platosedu.com.br/ 4 SUMÁRIO Apresentação da disciplina ___________________________________ 05 Modais da logística internacional e principais entidades _____ 07 Estratégias para otimização de custos logísticos _____________ 19 Aspectos operacionais do transporte marítimo ______________ 30 Padronização nas negociações internacionais ________________ 42 LOGÍSTICA INTERNACIONAL 5 Apresentação da disciplina A globalização causou o aumento da competitividade no ambiente organizacional, tem sido cada vez mais comum que as empresas busquem o mercado internacional para aumentar sua possibilidade de conquistar novos mercados ou, ainda, para se posicionar no comércio internacional com seus produtos, serviços e marcas. Ao optar por internacionalizar seus negócios, evidenciamos que as empresas encontram muitos problemas pela frente, tornando-se necessário que elas busquem conhecer as oportunidades existentes para que possam ter um bom resultado nessa empreitada. Um dos fatores de maior complexidade para quem opta por atuar no comércio internacional é compreender que essa atuação demanda uma série de conhecimentos específicos. Por exemplo, as áreas de transportes, armazenagem e até de embalagens utilizadas no mercado internacional também precisam ser adaptadas em comparação com as que as empresas utilizam no mercado nacional. Então, surge a logística internacional como uma extensão da área logística, voltada para atender a todas as necessidades e expectativas das empresas e profissionais que pretendem atuar no comércio exterior e levar seus produtos e serviços para outros países. Nesta disciplina vamos apresentar uma série de elementos fundamentais que são necessários para a realização das operações logísticas de mercadorias enviadas e recebidas no mercado internacional. Espera- se preparar os futuros profissionais para que eles saibam atuar com o mercado internacional, realizando todas as operações e planejando sua atuação, bem como proporcionando a máxima eficiência para as operações de comércio exterior das mais variadas empresas. 6 Como forma de dividir e organizar os conhecimentos relacionados a esta disciplina, vamos iniciar nosso material apresentando os principais aspectos operacionais da logística internacional e as principais entidades que atuam para organizar suas operações a nível mundial, e suas características. O segundo tema da disciplina apresentará os custos das operações logísticas, como esses custos são influenciados em cada tipo de operação, seja exportação ou importação, e como esses custos podem afetar também a competitividade das organizações que desejam atuar no comércio exterior. Na terceira parte desta disciplina vamos apresentar de forma detalhada as operações relacionadas ao modal de transporte marítimo, que concentra aproximadamente 90% de todos os transportes de mercadorias internacionais, o qual será mais bem detalhado ao longo deste material. Por fim, a última unidade apresentará as principais condições de negociação existentes no comércio internacional, em especial as cláusulas contratuais denominadas Incoterms, cuja função primordial é organizar e padronizar as operações logísticas entre os países envolvidos em uma negociação internacional. Esta disciplina, portanto, apresentará conceitos, operações e estratégias que são utilizadas na logística internacional; assim, é importante compreendê-la em todos os seus detalhes. Bons estudos! 7 Modais da logística internacional e principais entidades Autoria: Johny Henrique Magalhães Casado Leitura crítica: Alcimar Roberto Kowalski Objetivos • Conhecer as principais especificidades da logística internacional. • Avaliar quais são as principais características das operações logísticas no comércio exterior. • Entender quais são os principais modais utilizados nos transportes internacionais. 8 1. Conhecendo a logística internaciona O desenvolvimento econômico da sociedade sempre esteve atrelado ao comércio internacional, pois, por mais que as nações e territórios produzam uma enorme quantidade de mercadorias que são utilizadas para a subsistência das suas populações, nem sempre é possível produzir a totalidade de itens necessários. Assim, sempre se fez importante o processo de troca e comercialização de produtos entre as nações e territórios, e com o desenvolvimento das grandes embarcações, em especial no século XVI, os países lançaram ao mar inúmeras expedições em busca de levar os seus excedentes de produções e encontrar fontes de mercadorias que mais desejavam. Inúmeros novos territórios, em especial nos continentes americanos e africanos, foram descobertos com o crescimento das grandes navegações. Entretanto, é importante avaliar que o comércio internacional foi o responsável por um grande ciclo de desenvolvimento e crescimento de inúmeras regiões em todo o mundo. Assim, revelamos que inúmeros países da Europa, por exemplo, passaram a ter seu desenvolvimento atrelado ao comércio internacional e, principalmente, ao modal de transporte marítimo, que naquela época já era considerado o principal meio de transporte do comércio internacional. A logística internacional está em franco desenvolvimento; e após o período das grandes navegações ocorridas ao longo dos séculos, ainda novos modais passaram a se desenvolver. Primeiramente, com o desenvolvimento de novos tipos de motores e a criação das linhas férreas, observou-se que o modal ferroviário começou a chamar a atenção para o transporte de mercadorias. Entretanto, é necessário avaliar que esse modal impunha um grande investimento na construção de linhas que pudessem conduzir as composições, o que acabava por limitar o desenvolvimento e a utilização do modal ferroviário em todo o mundo. 9 A chegada do século XX e o desenvolvimento dos primeiros veículos automotores proporcionaram a utilização desse tipo de transporte, e logo esses veículos passaram a ser utilizados não somente para o transporte de pessoas, mas também para o transporte de mercadorias para curtas, médias e longas distâncias. Obviamente que o desenvolvimento do modal terrestre dependia de estradasde qualidade e das devidas ligações existentes entre as principais regiões, entretanto, como as atividades comerciais passaram a ser desenvolvidas em larga escala, os próprios governos se responsabilizaram por construir a infraestrutura necessária que favorecesse o modal rodoviário. Por fim, é importante avaliar que o desenvolvimento dos primeiros aviões também ajudou na consolidação de um dos quatro principais modais da logística internacional. O sonho de voar sempre fez parte das ambições humanas, por isso, quando foi possível desenvolver as primeiras aeronaves, inicialmente para o transporte de pessoas e posteriormente para o transporte de mercadorias, evidenciou-se que a logística internacional ganhou mais uma importante forma de concluir seus objetivos mais básicos. Obviamente que o estudo da logística internacional não pode ser realizado considerando apenas as questões relacionadas aos diferentes de modais de transporte, por isso, é necessário que todas as empresas e profissionais envolvidos entendam também como ocorrem as operações logísticas, quais são seus principais documentos e, principalmente, como ocorre o processo de padronização necessário para que empresas nos mais diversos países se entendam e realizem operações de transporte de suas mercadorias. A importância do comércio internacional é algo inegável, portanto, governos e grandes organizações sempre demandaram que essas operações fossem organizadas de forma a garantir que uma maior quantidade de negociações pudesse ser feita. Salienta-se, ainda, a necessidade de padronização de documentos, atividades e conceitos 10 que são utilizados nas operações de comércio exterior para que se tornasse possível facilitar a realização de exportações e importações entre as diferentes empresas. A busca pela internacionalização de empresas é algo incentivado pelos países, pois, com o aumento do fluxo das operações internacionais, é possível fortalecer negócios locais, gerar mais renda, proporcionar mais empregos, aumentar a arrecadação de impostos e oportunizar o desenvolvimento de novos negócios. Assim, é necessário avaliar que a existência de grandes entidades internacionais com foco no desenvolvimento do comércio exterior entre as nações também seja uma realidade presente e que influencia a logística internacional. Logo, é preciso conhecer quais são essas entidades e como elas atuam na logística internacional e a influenciam. 1.1 Globalização como fator-chave do desenvolvimento do comércio internacional Com a integração de mercados e recursos, surge então a necessidade das empresas instaladas em países em desenvolvimento de competirem com esses novos concorrentes globais, conforme Bartoto et al. (2007, p. 180): Ao caracterizarmos a globalização como um fenômeno, esta deve ser entendida como obra humana, e como resultado de vários processos políticos e econômicos, tornando-se cada vez mais uma forma de organização e condução da sociedade humana. Particularmente no âmbito econômico, se constituem em novas estruturas entrelaçadas de tal maneira que tornam os países interdependentes. As relações internacionais é o campo que países e entidades representativas do capital utilizam para discutir suas demandas e necessidades de expansão. Com isso, ganham ainda mais importância nas discussões internas de qualquer país a necessidade de se estabelecer um mercado consumidor para suas exportações, a abertura 11 de novos mercados a busca por fornecedores de matéria-prima e tecnologia para o desenvolvimento de novos negócios. Observa-se cada vez mais empresas tentando influenciar as tomadas de decisão de Estados no campo das relações internacionais, seja influenciando a assinatura de acordos internacionais ou participando de missões e feiras comerciais. A formação de blocos comerciais entre os países e o estabelecimento de acordos comerciais bilaterais ou multilaterais tem sido pauta nas discussões entre países no campo das relações internacionais. Entre os principais blocos comerciais existentes destacam-se: • União Europeia – 27 países: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Polônia, Portugal, República Tcheca, Romênia e Suécia. • Mercosul (Mercado Comum do Sul) – 5 países-membros efetivos e 5 membros associados: Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Tem como países associados Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e Equador. • USMCA (sigla em inglês para United States – Mexico – Canada Agreement): desde 2017 substitui o Nafta, com diversas mudanças. • Comunidade Andina – 4 países: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. • APEC (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico) – 21 países: Austrália, Brunei, Canadá, Singapura, Chile, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Hong Kong, Indonésia, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Papua-Nova Guiné, Peru, Rússia, Tailândia, Taiwan e Vietnã. 12 • ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático) – 10 países: Brunei, Camboja, Singapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã. • SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) – 14 países: África do Sul, Angola, Botswana, República Democrática do Congo, Lesoto, Madagascar, Malaui, Ilhas Maurício, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbábue. Entre as vantagens existentes para os países que participam de blocos econômicos destacam-se: redução ou eliminação das tarifas de importação de matéria-prima entre as nações do mesmo bloco; produtos com valores mais baixos; redução de taxas alfandegárias; facilitação nos processos comerciais; maior mobilidade entre as populações dos países participantes; redução dos custos de produção; aumento da receita com maior venda de produtos e serviços; novos mercados consumidores; e facilidade no envio e recebimento de recursos. Existem também algumas desvantagens que aparecem quando um país assina um acordo internacional para ingressar em um determinado bloco econômico, entre elas estão: aumento da concorrência com empresas localizadas nos países intrablocos; aumento das barreiras comerciais para importação de produtos produzidos fora do bloco econômico; pode ocorrer também diminuição da produção nacional caso o país não tenha produtos competitivos o suficiente. Segundo Campos e Canavezes (2007, p. 11), compreender o processo da globalização exige algumas reflexões de todos: • Considerar que a globalização tem uma história que insere-se na trajetória do capitalismo e da economia de mercado, assim, compreender seus impactos impõe o desafio de entender também como ocorre a influência do capital na dinâmica dos países. 13 • Compreender que a globalização não é um fenômeno puramente econômico e tecnológico, é mais do que isso: é também um processo complexo e multidimensional, envolvendo diferentes atores e tocando diversos âmbitos da vida dos homens e mulheres contemporâneos. • Analisar que a globalização não evolui de forma imparcial, pois seus impactos podem e devem ser discutidos em todos os espaços possíveis, desde a educação até a economia e gestão. • Considerar que o processo da análise dos efeitos da globalização não devem ficar restritos apenas ao âmbito estatal, mas devem também fazer parte das interações sociais entre pessoas e empresas. A Comissão Mundial sobre a Dimensão Social da Globalização define o termo como como uma força irresistível e benéfica que trará a prosperidade econômica a todos os habitantes do mundo. No outro extremo, vê-se nela a fonte de todos os males contemporâneos. Independentemente de qual definição de globalização você desejar partir seus estudos, considere que para compreender a totalidade do processo da globalização você deverá enxergá-lo sob várias óticas possíveis. Não basta considerar a economia, a sociologia ou as relações internacionais;compreender a globalização é condição indispensável para qualquer profissional que pretenda ingressar no mercado de trabalho. Levando em conta a intensificação do processo da globalização, é possível observar que empresas que contam com propensão a se internacionalizar acabam obtendo maiores vantagens em uma economia globalizada. Aproveitar-se dos acordos comerciais, da integração dos países entre blocos econômicos, da diminuição das taxas e tarifas de importação e da compra de matéria-prima e 14 variedade de fornecedores faz com que essas empresas tenham seu caminho facilitado rumo à internacionalização. 1.2 A importância da logística internacional A influência que o processo de globalização exerce nos negócios e na vida das pessoas já foi mencionada anteriormente na leitura da seção anterior, por isso, neste momento os estudos serão voltados para entender o que é e como a logística internacional tem se tornado peça fundamental no sucesso das operações de importação e exportação. Primeiramente, é importante avaliar que para a conclusão de qualquer processo no comércio internacional, é necessário que se tenha o transporte de mercadorias; assim, é interessante que os profissionais analisem quais são as características do transporte necessário e como ele pode se tornar mais eficiente. Segundo, é importante avaliar também que os custos com transportes internacionais apresentam grande impacto nas operações de exportação e importação, portanto, é cada vez mais necessário que as organizações busquem formas de reduzir esses custos e tornar os transportes mais eficientes (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). Saber como a logística internacional deve ser conhecida no mercado internacional é preciso para empresas que buscam rentabilidade e lucratividade nesses tipos de operações para seus negócios. Ao observar o significado da logística, temos que mesmo no ambiente interno ela tem uma grande relevância para que as empresas façam chegar seus produtos e serviços aos seus clientes. Assim, torna- se natural pensar que a logística internacional demanda que os profissionais que conduzem seus processos entendam quais são os elementos fundamentais que poderão alterar as suas tomadas de decisões acerca dos seus processos. No Quadro 1 apresentado a seguir esses elementos estão mais bem detalhados: 15 Quadro 1 – Elementos influenciadores dos processos da logística internacional Elemento Definição Conhecimentos legais e tratados de comércio A execução de uma operação de logística internacional envolverá uma complexidade burocrática e legal substancialmente maior que uma operação nacional. É usual a contratação de assessorias jurídicas ou consultorias especialistas nos processos de importação e exportação. No entanto, se as operações de comércio internacional fazem parte da estratégia de negócios da empresa, é natural que exista uma área específica para tratar de algumas questões, como desembaraço aduaneiro, verificação de requisitos legais no país de destino, impostos sobre importação ou exportação e modalidade de Incoterm contratada, entre outras variáveis. Estratégias de transporte intermodais A operação normalmente envolverá, pelo menos, dois diferentes modais de transporte. Dentro do país de origem, os transportes ferroviário e rodoviário são os mais comuns e costumam levar os itens até os portos ou aeroportos, de onde serão despachados via avião ou navio para o país de destino. Após o desembaraço aduaneiro, ainda podem ocorrer novas etapas de transporte no país de destino. Alternativas de securitização de transporte Como as distâncias são mais extensas e normalmente cruzam diversos países ou zonas territoriais, a contratação do seguro também é um aspecto pertencente ao escopo da logística internacional. A responsabilidade pelo seguro pode ser do comprador ou do vendedor, variando conforme contratação de Incoterm escolhida. Alternativas de armazenamento O transporte internacional ou mesmo um processo de produção com etapas em diferentes países. Fonte: Giacomelli (2018, p. 21). Os fatores que influenciam as decisões de transportes são inúmeros, e é muito importante que os profissionais reconheçam quais, de fato, poderão tornar os processos de escolha da sua logística internacional como algo de maior ou menor impacto em seus processos internos (MAIA, 2020). Um destes é o que se refere aos tipos de cargas que serão transportados, 16 pois muitas das decisões da logística internacional são afetadas pelo tipo de cargas. Dessa forma, é essencial entender que basicamente uma carga pode ser categorizada em um dos dois tipos a seguir: • Carga geral: esse tipo de carga é aquele que pode ser transportado em fardos, sacos, amarrados, em caixas diversas, ou ainda podem ser aquelas cargas soltas. Muitas das cargas gerais podem ser paletizadas – serão alocadas em estruturas de madeira que facilitam seu transporte até dentro do navio, avião, caminhão ou trem. Os contêineres também são de grande importância para o transporte deste tipo de carga, por isso, é importante que os profissionais reconheçam a sua importância e como os diferentes tipos de cargas podem ser alocados nos diferentes tipos de contêineres existentes. • Cargas a granel: esse tipo de carga é aquele que geralmente necessita de uma estrutura especial para transporte. Divide-se em cargas sólidas e líquidas. Como cargas sólidas temos as formadas pelos diferentes tipos de grãos originados no agronegócio, e quando se utiliza o transporte internacional temos que esses grãos, além de diferentes tipos de minérios, vão alocados no convés do navio. Já em relação às cargas líquidas, temos que são compostas pelos transportes de combustíveis, e necessitam de estruturas especiais para poderem ser acondicionadas. Os tipos de cargas podem influenciar também a forma como elas serão transportadas, assim, é de grande importância que os profissionais de logística avaliem corretamente como a carga que desejam transportar poderá influenciar as decisões que precisam ser tomadas em relação ao transporte internacional. Um exemplo são as cargas de dimensões extraordinárias, as quais geralmente não são transportadas em contêineres e demandam uma atenção especial em todas as fases dos transportes. Em casos mais específicos, essas cargas precisam de meios de transportes especiais para que sejam acondicionadas corretamente e com segurança (CORONADO, 2013). 17 1.3 Os modais na logística internacional Os modais existentes no comércio internacional são praticamente os mesmos utilizados pelas empresas para operações de transporte no mercado nacional, entretanto, é importante destacar os quatro mais utilizados na grande maioria das operações de exportação e importação (CORONADO, 2013): • Modal rodoviário: caracteriza-se pelas operações de transporte que são realizadas em caminhões que se deslocam entre os locais de carga e descarga. Geralmente esse modal transporta uma menor quantidade de carga por unidade de energia consumida. Em relação aos preços, esse modal apresenta preços médios de frete mais elevados que os modais ferroviário e hidroviário, assim, ele é mais utilizado no transporte de mercadorias com maior valor agregado ou cargas perecíveis (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). Esse modal permite o rastreamento da frota, por isso, ele é interessante para o acompanhamento do local exato onde a carga está. • Modal ferroviário: utiliza trens que têm como principal característica o transporte de cargas de soja, milho, fertilizantes, minério de ferro, carvão mineral, produtos siderúrgicos, derivados do petróleo etc. dentro do território nacional. No continente europeu, devido à infraestrutura disponível, o modal ferroviário é muito utilizado também para o transporte de cargas internacionais. • Modal aéreo: esse modal tem como principal característica transportar cargas pela aviação civil. Geralmente as cargas transportadas são pequenos volumes com alto valoragregado, e perecíveis para longas distâncias (CATEORA, GILLY, GRAHAM, 2013). Esse modal realiza transporte rápido, de maneira segura e com o máximo conforto, entretanto, os custos são maiores do que os dos outros modais. 18 • Modal marítimo: esse modal se caracteriza pelas formas de navegação: longo curso, cabotagem e navegação interior. Transporta cereais, granéis sólidos e líquidos, compostos químicos, areia, carvão etc. (LUDOVICO, 2018, p. 181). Quando uma organização está escolhendo o modal de logística internacional, ela precisa analisar uma série de indicadores que possam indicar o sucesso de suas operações, logo, realizar o planejamento adequado ao longo deste processo é condição de grande necessidade para o sucesso de qualquer operação (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). Referências BARTOTO, A. C. et al. Comércio exterior: teoria e gestão. São Paulo: Atlas, 2007. CATEORA, P. R.; GILLY, M. C.; GRAHAM, J. L. Marketing Internacional. 15. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. CAMPOS, L; CANAVEZES, S. Introdução à globalização. Instituto Bento Jesus Caraça Departamento de Formação da CGTP-IN. Disponível em: https://dspace.uevora. pt/rdpc/bitstream/10174/2468/1/Introdu%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20 Globaliza%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 29 ago. 2022. CORONADO, O. Logística Integrada: modelos de gestão. 5. reimpressão. São Paulo: Atlas, 2013. GIACOMELLI, G. Logística internacional. Porto Alegre: Grupo A, 2018. MAIA, J. M. Economia internacional e comércio exterior. 16. ed. São Paulo: Atlas, 2020. https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/2468/1/Introdu%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Globaliza%C3%A7 https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/2468/1/Introdu%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Globaliza%C3%A7 https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/2468/1/Introdu%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A0%20Globaliza%C3%A7 19 Estratégias para otimização de custos logísticos Autoria: Johny Henrique Magalhães Casado Leitura crítica: Alcimar Roberto Kowalski Objetivos • Conhecer os principais custos logísticos. • Analisar as estratégias utilizadas para redução dos custos. • Compreender os elementos influenciadores dos custos. 20 1. Custos da logística internacional A busca pela competitividade é um dos maiores direcionadores que as empresas e profissionais têm na gestão dos seus negócios, por isso, é essencial buscar formas de melhorar o posicionamento das empresas no mercado em que elas atuam, bem como abrir novos mercados. Assim, tem se tornado comum que as empresas busquem na entrada no mercado internacional uma grande oportunidade para aumentar suas vendas e garantir bons resultados. A logística internacional, portanto, atua como um importante suporte para empresas que buscam iniciar suas exportações e importações, o que faz com que essa área acabe ganhando uma enorme relevância no processo de internacionalização das empresas. Portanto, se faz necessário que os gestores e profissionais compreendam quais são os custos logísticos para uma importação e exportação e quais são as principais estratégias utilizadas para reduzir esses custos, além de ser preciso que analisem quais são os itens do seu negócio que podem influenciar os custos da logística internacional. 1.1 Principais custos da logística internacional A área da logística internacional tem se desenvolvido muito nos últimos anos, assim, é comum que novas formas de transportar mercadorias sejam inseridas para facilitar o trânsito das exportações e importações. Sabe-se também que a escolha do modal de transporte tem uma grande influência nos custos da logística internacional, o que acaba por impactar diretamente a competitividade das empresas que desejam ingressar no comércio internacional (SEGRE et al., 2018). Aos profissionais da área logística é fundamental compreender como cada modal de transporte pode agregar em termos de vantagens ou desvantagens para o seu negócio, sendo possível garantir uma escolha 21 mais eficaz (LUDOVICO, 2018). Entre os quatro principais modais de transportes, cada um deles acaba gerando vantagens e desvantagens que impactam diretamente os preços, conforme apresenta o Quadro 1: Quadro 1 – Avaliação dos modais logísticos e dos aspectos Modal Detalhamento Marítimo Vantagens: pode transportar uma grande quantidade de cargas, assim, em termos de volume é comum que esse modal acabe se destacando perante os demais. É um modal que permite o transporte a grandes distâncias, além de realizar o transporte de praticamente quase todos os tipos de cargas. Desvantagens: depende da existência de uma infraestrutura portuária para que funcione, então geralmente as cargas precisam ser levadas até os portos para que sejam carregadas. As embalagens precisam ser pensadas para esse tipo de modal, pois os contêineres ficam expostos ao sol, chuva e demais intempéries do clima. Pode enfrentar problemas devido ao uso das infraestruturas portuárias, como greves, filas para descarregamento e problemas com a gestão local. Aéreo Vantagens: a rapidez é sem dúvida alguma a principal vantagem desse modal, pois a maior parte das nações contam com aeroportos internacionais com capacidade para receber grandes aeronaves de cargas, o que facilita a entrega de mercadorias para todas os compradores. Devido às condições em que são transportadas, essas mercadorias não exigem uma embalagem mais reforçada, o que acaba diminuindo o custo. Desvantagens: devido ao tamanho das aeronaves nem sempre é possível transportar cargas especiais com grandes dimensões, assim, é necessário avaliar que esse modal não serve para todas as empresas. O custo do transporte via modal aéreo também é o maior entre todos os outros, o que acaba inviabilizando muitas das tentativas de uso. Esse modal também depende de uma grande infraestrutura aeroportuária para funcionar. 22 Ferroviário Vantagens: esse modal é um dos mais adequados para longas distâncias, entretanto, ele necessita ser integrado com outros modais: desde que os trilhos se conectem a aeroportos, portos e grandes rodovias, é possível maximizar o seu uso. Esse modal apresenta um dos menores custos de frete e baixo custo de seguro. Desvantagens: nem todos os países têm ferrovias, então é importante avaliar que isso dificulta sua ampla utilização no comércio internacional. Apenas a Europa conta com grandes ferrovias que ligam diversos países e que são utilizadas para transporte de mercadorias também. Este modal pode apresentar uma menor flexibilidade do que os demais. Rodoviário Vantagens: a utilização deste modal é mais adequada para pequenas e médias distâncias. Embarque e desembarque são facilitados, pois a mercadoria é embarcada no exportador e depois desembarcada no importador, o que acaba facilitando e reduzindo os custos. Oferece maior agilidade, maior frequência e pode ser adaptada às condições da negociação. Em caso de acidente, o veículo pode ser facilmente substituído. Desvantagens: é o modal mais poluente que se tem, pois utiliza combustíveis fósseis. Dependendo do tipo de operação o valor do frete pode desestimular o uso deste modal. Oferece uma menor capacidade de carga, portanto, em algumas situações são necessários vários caminhões para transportar uma exportação. Não é o modal ideal para ser utilizado em grandes distâncias. Fonte: elaborado pelo autor. Ao observar o Quadro 1 é possível compreender que os modais de transporte, por si só, já impactam muito os custos da logística internacional. Assim, é de grande importância que os profissionais avaliem todas as perspectivas relacionadas a como essa escolha impactará a competitividade de sua operação internacional (SEGRE et al., 2018). Entretanto, não é somente a escolha do modal que integra a composição dos custos da logística internacional, e é necessário 23 que os profissionais conheçam os seguintes elementos que também influenciam os custos destas operações: • Custos relacionados ao local de origem: custos com os tiposde embalagens utilizadas, o acondicionamento da mercadoria e sua expedição acabam influenciando muito as operações logística. A logística não fica restrita apenas aos transportes, mas também tem relação com a estocagem e o armazenamento das mercadorias (MAIA, 2020). Como exemplo, pode ser utilizada uma carga de produtos refrigerados, ou seja, carnes e laticínios líquidos que necessitam de uma temperatura ideal para manter sua qualidade. Neste caso, é importante considerar que o local de origem em que essa mercadoria ficará armazenada ofereça todas as condições necessárias para seu correto armazenamento. • Transporte interno: com exceção do uso do transporte rodoviário, que facilmente pode se deslocar do local do exportador até o local do importador, é comum que o uso de outros modais dependam também de transporte para levar as mercadorias até aviões, navios e vagões de trem. É essencial levantar quais serão os custos deste tipo de transporte para que sejam somados aos custos totais de transporte de uma exportação ou importação (MAIA, 2020). • Custos de alfândega do vendedor: nem sempre quando uma mercadoria chega na alfândega, ou seja, chega na fronteira entre os países, ela será imediatamente liberada para seguir viagem. Em muitos casos, as alfândegas são estruturas do governo em que são fiscalizadas a entrada e a saída das mercadorias, por isso, é comum que esse processo leve um tempo (SEGRE et al., 2018). Esse tempo em que a mercadoria ficará parada poderá gerar custos para o exportador, pois geralmente a mercadoria fica em espera em armazéns ou pátios de portos e aeroportos que acabam cobrando pelo espaço e tempo utilizado. Obviamente que o modelo ideal de funcionamento da alfândega deveria ter um fluxo contínuo, mas essa é uma situação rara, portanto, esse tipo 24 de custo também deve ser contabilizado e calculado para compor os custos da logística internacional (LUDOVICO, 2018). Podem ser cobradas taxas diversas na alfândega, além, é claro, dos impostos de exportação e importação. • Terminal aeroportuário ou portuário: portos e aeroportos que executam as atividades de logística internacional são grandes infraestruturas (Figura 1) que demandam muitos investimentos. Por isso, é natural que os custos destas operações acabem sendo repassados aos usuários na forma de taxas e serviços que são prestados (MAIA, 2020). Os exportadores devem calcular exatamente as possíveis taxas que serão cobradas da estrutura utilizada para que formem os custos da logística internacional corretamente. Entre os valores cobrados por portos e aeroportos, os principais são: custos com armazenagem da mercadoria (também denominado demurrage), taxas portuárias e aeroportuárias diversas e os custos com capatazia que, basicamente, refere-se aos custos de movimentação das cargas desde a sua chegada até o embarque. Figura 1 – Movimentação de cargas em uma estrutura portuária Fonte: bfk92/ iStock.com. 25 • Frete internacional: o cálculo do frete internacional compreende uma série de elementos e fatores essenciais nas operações de exportação e importação. Primeiramente, é importante avaliar que esses valores são compostos pelas taxas cobradas pelo transportador principal e pelos demais custos que são contabilizados para que a mercadoria seja colocada dentro do navio ou aeronave (LUDOVICO, 2018). Geralmente, a empresa que realiza o transporte apresenta o valor do frete de transporte informando valores de taxas que podem ou não ser cobradas dependendo do tipo de operação que está sendo realizada. Ao analisar todos os custos apresentados anteriormente é possível supor que os profissionais também deverão saber que quando a mercadoria chegar no país de destino ela terá de pagar os mesmos custos de quando saiu a exportação, pois ela chegará no porto ou aeroporto de destino e deverá pagar as taxas existentes; existirá a taxa da alfândega do país importador e necessidade de transportar a mercadoria do porto ou aeroporto até o local destinado pelo importador (MAIA, 2020). Enfim, os custos da logística internacional acabam impactando o processo de exportação e importação de forma intensa, por isso, é importante que esses custos sejam levantados previamente, para comporem a precificação correta dos produtos. 1.2 Estratégias para a redução de custos A globalização trouxe muitas facilidades para os processos de gestão, novas teorias e ferramentas foram desenvolvidas e passaram a ser utilizadas em variadas situações. Outro componente importante é que a tecnologia também tem contribuído para facilitar os processos de gestão. O setor logístico tem adotado essas tecnologias em busca de melhorar sua eficiência e eficácia. Um bom processo de gestão demanda o conhecimento da realidade em que a empresa se encontra, e para isso é necessário ouvir os colaboradores e saber o que os clientes e todos os demais agentes que têm algum nível de relacionamento com a empresa 26 pensam a seu respeito. Portanto, deve-se conhecer conceitos que são importantes para o negócio da empresa (CORRÊA, 2019). Em relação à eficiência, esse conceito está relacionado à virtude ou à característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, ou ainda de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios. Em relação à eficácia, esse conceito caracteriza a virtude ou poder de (uma causa) produzir determinado efeito, ou seja, a eficácia está relacionada com o resultado da ação. A eficácia tem relação direta com a qualidade ou caráter do que é eficaz dentro das organizações. As empresas devem incorporar esses conceitos em seus processos de gestão, bem como implementá-los em todos os seus processos logísticos. Quando se pensa em um negócio, seja a venda de um produto ou a comercialização de um serviço, nem sempre as pessoas param para pensar em como esse produto chegou em suas mãos, ou ainda, quais foram os processos necessários para que esse produto chegasse para o seu consumo (GONÇALVES, 2018). Quando um profissional escolhe trabalhar em uma organização, ele precisa conhecer quais são os processos essenciais desse seu negócio, e para isso é necessário que saiba diferenciar os tipos de processos essenciais da empresa em que trabalha. O termo eficiência é de grande importância para os profissionais de logística, por isso, ele precisa estar muito claro para todos os profissionais. Importante considerar, ainda, que quando as empresas tratam de eficiência elas estão buscando uma visão focada em custos, ou melhor, na redução de custos de todas as suas atividades a fim de que se tornem mais competitivas (CAPARROZ, 2019). Uma boa gestão de custos é essencial para todos os negócios, pois: • Custo é fazer corretamente: quando as empresas buscam melhorar os recursos, reduzir os erros e diminuir as falhas em seus processos elas automaticamente estão reduzindo os seus custos. 27 • Custo é melhorar a produtividade: quando as empresas buscam melhorar a produção e a sua prestação de serviços, eles diminuíram os custos. • Custo é oferecer mais benefícios: quando as empresas oferecem aos seus clientes mais benefícios elas estarão vendendo mais, e isso proporcionará um ganho de escala que também reduz os seus custos totais. • Custo é evitar desperdício: criar programas para evitar o desperdício em seu ambiente organizacional ajuda a reduzir custos. Ao longo do processo de todas as atividades logísticas as empresas buscam uma maior efetividade em todos as suas ações, e essa, por sua vez, somente é alcançada quando todos os profissionais que atuam em seu setor tenham uma compreensão exata do que é efetividade. A efetividade está relacionada à maneira que as tomadas de decisões têm de ser eficientes e eficazes, portanto, efetividade é a capacidade de fazer uma coisa (eficácia) da melhor maneira possível (eficiência). Segundo Longa Industrial (2019, [s. p.]), “não há uma receita pronta de eficiência logística e que cabe a cada empresa identificarsuas necessidades e trabalhar seus próprios planos e metas para se chegar a um nível ideal em sua operação”. Então, alguns fatores são imprescindíveis e devem ser levados em consideração no momento de se buscar a eficiência na logística em todos os seus negócios. 1.3 Reduzindo os custos A redução dos custos na logística internacional é uma busca constante de todos os profissionais que atuam com exportações e importações, então é natural que essa preocupação acabe impactando também a estratégia global da empresa. A busca por investimentos, auxílios e por encontrar formas de melhorar a logística internacional é algo cada vez mais frequente no setor da logística, e tem levado os profissionais a 28 reavaliarem seus processos internos e externos. Em linhas gerais, as empresas buscam, em seus processos internos relacionados à logística, atingir quatro objetivos principais, relacionados a: • Encurtamento de distâncias: procurar deixar os produtos próximo às áreas de expedição ou processamento. Muitas empresas optam por construir centros de distribuição perto de portos e aeroportos como forma de diminuir os custos de armazenagem, o que resulta em um impacto menor em suas operações. • Armazenamento eficiente: é armazenar os materiais de acordo com seus fluxos de vendas e de comercialização. Para isso, é importante que os departamentos que realizam as vendas trabalhem de maneira alinhada com os profissionais que cuidam dos estoques. É comum, por exemplo, que as empresas procurem melhorar o processo de armazenagem como forma de garantir melhores resultados para os seus negócios, então, o uso de novas tecnologias é algo que tem se tornado cada vez mais comum. • Utilizar embalagens mais adequadas a cada tipo de produto: observar as informações da embalagem para saber a melhor forma de manusear e empilhar as mercadorias. Os custos com embalagem devem ser muito bem pensados, pois eles podem afetar os resultados das empresas em termos operacionais; muita embalagem ou pouca embalagem pode fazer com que os produtos sejam mais ou menos expostos aos riscos dos transportes, além de afetar os custos com esses itens. • Evitar inutilizar as mercadorias: é possível deixando-as em pallets, facilitando o transporte em maiores quantidades. As perdas de mercadorias é algo que deve ser evitado pelos profissionais que atuam no comércio internacional, pois são custos assumidos em geral pelos exportadores, assim, planejar o processo logístico e resguardar a carga de qualquer perigo é de extrema importância. 29 A elaboração de uma estratégia logística que seja vantajosa e esteja alinhada às necessidades da empresa é algo de grande importância para melhorar a competitividade internacional do negócio. Muitas empresas, ao buscar o comércio internacional como alternativa para o seu negócio, acabam se dedicando apenas a questões comerciais de negociação, compra e venda, esquecendo de que a operacionalização da exportação ou da importação também pode impactar seus resultados internacionais. Os profissionais que estiverem elaborando a logística internacional de um negócio devem alinhar as expectativas da empresa, bem como proporcionar que ela cumpra com o acordado com seus clientes, possibilitando contar com o comércio exterior como uma fonte de clientes e negócios para a sua operação. A logística internacional é uma área em constante evolução, com isso, ela tem proporcionado muitas inovações para as empresas que atuam neste tipo de negócio Referências CAPARROZ, R. Comércio internacional e legislação aduaneira esquematizado. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2019. CORRÊA, H. L. Administração de cadeias de suprimentos e logística: integração na era da Indústria 4.0. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2019. GONÇALVES, P. S. Logística e cadeia de suprimentos: o essencial. Barueri, SP: Manole, 2018. LONGA INDUSTRIAL. 7 passos para sua empresa atingir eficiência logística. Longa Industrial, 19 mar. 2019. Disponível em: https://blog.longa.com.br/ eficiencia-logistica/#:~:text=Normalmente%2C%20considera%2Dse%20uma%20 log%C3%ADstica,uma%20forma%20muito%20mais%20ampla. Acesso em: 18 maio 2022. LUDOVICO, N. Logística internacional: um enfoque em comércio exterior. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. MAIA, J. M. Economia internacional e comércio exterior. 16. ed. São Paulo: Atlas,2020. SEGRE, G. et al. Manual prático de comércio exterior. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2018. https://blog.longa.com.br/eficiencia-logistica/#:~:text=Normalmente%2C%20considera%2Dse%20uma%20log% https://blog.longa.com.br/eficiencia-logistica/#:~:text=Normalmente%2C%20considera%2Dse%20uma%20log% https://blog.longa.com.br/eficiencia-logistica/#:~:text=Normalmente%2C%20considera%2Dse%20uma%20log% 30 Aspectos operacionais do transporte marítimo Autoria: Johny Henrique Magalhães Casado Leitura crítica: Alcimar Roberto Kowalski Objetivos • Analisar os aspectos operacionais do transporte marítimo. • Entender os principais aspectos documentais do comércio exterior. • Compreender especificidades de embalagens, multimodalidade e intermodalidade no comércio internacional. 31 1. Aspectos operacionais do transporte marítimo A logística internacional é uma atividade normatizada e regulamentada, e todos os profissionais que atuam com processos relacionados a ela precisam conhecer todas as especificidades a ela relacionadas e quais são essas regulamentações que impactam diretamente o ganho de eficiência ao longo dos processos. Ressalta-se ainda, que dentre todos os modais de transporte existentes, compete ao modal marítimo a absorção de cerca de 90% de todos os transportes que são realizados em termos de exportações e importações em todo o mundo, então, é natural que esse modal acabe também canalizando a maioria da atenção em termos de desenvolvimento de novos processos, atividades e elementos normatizadores em toda a logística internacional existente. Ao longo desta unidade serão abordados algumas das principais características existentes em relação ao modal marítimo, e o objetivo é capacitar você a conhecer um pouco mais das especificidades relacionadas ao uso desta importante forma de transporte. Devido ao fato de o Brasil ter um extenso litoral, é possível que as empresas de praticamente todos os estados se utilizem das saídas portuárias para levar suas mercadorias ao exterior ou trazer mercadorias de outros países. Nesta unidade serão apresentados aspectos dos principais documentos utilizados na logística internacional, sua função e finalidade, além de conceitos relacionados às embalagens, multimodalidade e intermodalidade no comércio exterior. 1.1 O modal marítimo e suas especificidades A logística internacional é uma atividade que se encontra em franco desenvolvimento em todo o mundo, muitos países estão em busca de melhorar os seus processos de comércio internacional e estão 32 realizando grandes investimentos em infraestrutura portuária para melhorar os resultados das suas empresas locais. As empresas também têm de compreender a importância de mais eficiência nesses processos, pois, ao se focar a eficiência nos processos logísticos, é possível realizar entregas mais rápidas e mais baratas, o que ajuda a construir uma melhor relação comercial com seus clientes internacionais. Em termos de importância, é necessário avaliar que todos os modais logísticos são relevantes, e cada um tem características próprias que influenciam em mais eficiência para alguns tipos de cargas. Entretanto, é preciso reconhecer que o modal marítimo tem uma importância fundamental, já que ele é utilizado pela maior parte dos transportes de cargas internacionais, assim, aproximadamente cerca de 90% de toda a logística internacional mundial é realizada pelo modal marítimo. A respeito do modal marítimo é importante avaliar que ele seja operacionalizado são necessárias grandes estruturas portuárias. No Brasil, existem hoje mais de 40 portos que realizam o transporte de cargas por esse modal,o que ajuda a reforçar ainda mais a relevância do modal para as empresas nacionais. Há no nosso país uma série de discussões que tratam da busca por mais eficiência em sua infraestrutura portuária, pois como grande parte dela é administrada por órgãos públicos acaba sendo cara, ineficiente e, muitas vezes, burocrática. Conhecer como uma infraestrutura portuária é administrada auxilia empresas e profissionais a mensurarem qual será o nível de eficiência que poderá ser encontrado nela, logo, é importante compreender que em termos de administração portuária temos quatro modelos distintos: Modelo service port, Modelo tool port, Modelo landlord port e, por fim, Modelo private port. No Quadro 1 é possível conhecer como esses modelos funcionam e qual sua relação com o setor público e privado. 33 Quadro 1 – Principais características da gestão portuária Elemento da análise Service Port Tool Port Landlord Port Private Port Investimento em infraestrutura portuária Público Público Público Privado Investimento em superestrutura Público Público Privado Privado Investimento em Equipamentos Público Público Privado Privado Operação portuária Público Privado Privado Privado Administração do porto Público Público Público Privado Propriedade dos ativos Público Público Público Privado Fonte: adaptado de Word Bank (2007). A partir do processo de análise dos modelos de gestão da estrutura portuária é possível avaliar que a gestão dos portos “pode afetar significativamente a agilidade na capacidade de resposta de prestadores de serviços, sua orientação para o mercado, eficiência e autonomia na tomada de decisões” (WORD BANK, 2007, p. 11, tradução nossa). Observa-se que cada país adota um ou mais modelos de gestão que mais se adeque aos seus interesses. No Brasil, por exemplo, há diversos modelos de gestão em operação, o que faz com que infraestruturas portuárias diferentes acabem concorrendo entre si, gerando mais diversidade e oportunidade para empresas e profissionais. A análise a respeito do melhor tipo de gestão portuária para o Brasil deve levar em consideração a existência de quatro grandes grupos de interesse: o poder público, os operadores portuários, a classe de trabalhadores e, por último, os usuários (empresas e profissionais). Cada um desses blocos tem interesses particulares em termos da 34 operacionalização da infraestrutura portuária, e é necessário que eles participem das discussões acerca de construções de novos portos, ou ainda, da privatização da infraestrutura que hoje se encontra administrada pelo Estado brasileiro. Em se tratando de infraestrutura portuárias no Brasil, é sabido que o país conta com grandes portos, e entre os maiores destacam-se os seguintes: 1. Porto de Santos (SP) com administração do poder público. 2. Porto de Paranaguá (PR): com administração do poder público. 3. Porto Itapoá (SC): com administração do poder privado. 4. Portonave (SC): com administração do poder público. 5. Porto de Rio Grande (RS): com administração do poder público. 6. DP World Santos (SP): com administração do poder público. 7. Porto Chibatão (AM): com administração do poder público. 8. Porto de Suape (PE): com administração do poder público. 9. Porto de Itajaí (SC): com administração do poder público. 10. Porto de Rio de Janeiro (RJ): com administração do poder público. Tratar do modal marítimo brasileiro atualmente é impossível sem avaliar a importância e a relevância do Porto de Santos, localizado no estado de São Paulo, infraestrutura considerada uma das maiores do mundo em termos de movimentação de cargas. Segundo estimativas do setor, aproximadamente 25% de todo o fluxo do comércio internacional realizado por empresas brasileiras passa pelo Porto de Santos em suas mais diferentes operações (PORTO DE SANTOS, [s. d.]). Em relatório publicado no mês de fevereiro de 2022 a administração do Porto de Santos apresenta os números mostrados no esquema da Figura 1. 35 Figura 1 – Principais estatísticas do Porto de Santos para fevereiro de 2022 Fonte: Porto de Santos ([s. d.], p. 4). A busca das empresas pelo Porto de Santos também pode ser explicada pela proximidade da estrutura dos principais polos industriais do estado de São Paulo – em logística, quanto menor a distância maior será a eficiência do transporte, por isso, é natural que os profissionais que atuam na área aproveitem a estrutura próxima ao seu estado. Quando se observa a infraestrutura portuária mundial, avaliamos que a Ásia hoje é a região que concentra os maiores portos do mundo, então é natural que ela tenha também a maior movimentação de cargas e navios, e as rotas comerciais mais disputadas. Em recentes pesquisas divulgadas, temos que 15 dos 20 maiores portos mundiais são de origem asiática. No Quadro 2 é possível conhecer um pouco mais dos cinco maiores portos do mundo: 36 Quadro 2 – Os 20 maiores portos mundiais em 2018 Porto Característica Porto de Xangai, China, com 42,01 milhões de contêineres O Porto de Xangai é o porto mais movimentado do mundo desde 2010, quando ultrapassou Singapura para ganhar o título. Em 2016, o porto movimentou 37 milhões de TEUs – um recorde mundial na época, e o maior administrado por qualquer porto em um ano. Porto de Singapura, Singapura, com 36,6 milhões de contêineres Até ser ultrapassado pelo Porto de Xangai, Singapura foi o porto mais movimentado do mundo de 2005 a 2010. Atualmente, o Porto de Singapura oferece conexões para mais de 600 outros portos em 123 países em seis continentes, com 130 mil navios. Porto de Shenzhen, China, com 27,74 milhões de contêineres O Porto de Shenzhen é o terceiro maior porto do mundo e o segundo maior da China. A região de Shenzhen na China é um centro de tecnologia global líder e é muitas vezes referido como o Vale do Silício da China. Porto de Ningbo- Zhoushan, China, com 26,35 milhões de contêineres Porto originado da fusão de dois portos, Ningbo e Zhoushan, acabou se tornando o atual quarto maior porto do mundo – o Porto de Ningbo-Zhoushan. Porto de Guangzhou, China, com 21,87 milhões de contêineres O Porto de Guangzhou movimentou cerca de 21,87 milhões de TEUs registrados em 2018, marcando um aumento de 7,4% em relação ao desempenho de 2017. Permitiram-se impulsionar acima do porto de Busan e do vizinho porto de Hong Kong. Ele é responsável por mais de 70% do volume total de contêineres no Porto de Guangzhou. Fonte: adaptado de IContainers ([s. d.]). A relevância da Ásia na disponibilização de uma ampla rede de portos denota a relevância da região. A China é atualmente a principal parceira comercial do Brasil, por isso, é importante avaliar todas as possibilidades logísticas existentes entre os dois países. O desenvolvimento dos contêineres possibilitou um grande desenvolvimento do transporte marítimo, e a conteinerização contribuiu para que o transporte marítimo ganhasse maior relevância no comércio internacional. 37 1.2 Os documentos na logística internacional A logística internacional demanda diversos processos em que agentes públicos e privados acabam se envolvendo para que eles sejam concluídos, logo alguns documentos são necessários para garantir o cumprimento de regras e normas internacionais nos processos de exportação e importação. Os profissionais de logística internacional, por sua vez, devem conhecer quais são esses documentos, suas funções e principais características a fim de que conduzam esses processos logísticos no comércio internacional. David (2016, p. 231) define que cada um desses documentos deve ser preenchido de maneira muito específica, dependendo do país de destino, do tipo de mercadoria, do meio de transporte, da forma de pagamento escolhida pelo exportador e pelo importador, do(s) banco(s) envolvido(s) e assim por diante. Entre os principais documentos utilizados na logística estão os seguintes: • Fatura Comercial (Commercial Invoice): neste documentoconstam dados do exportador, importador, descrição exata do produto que está sendo negociado, termos do comércio internacional (Incoterm), condições de pagamento, moeda internacional utilizada, informações a respeito dos portos de origem e destino, endereços e outras. • Certificado de Origem: documento com as informações que tratam da origem do produto, garantindo ao importador benefícios fiscais autorizados por acordos internacionais entre o país importador e o exportador. • Packing List (Romaneio): documento que compõe a listagem de todos os produtos contidos nas embalagens que serão transportadas. Em alguns procedimentos em que as mercadorias 38 são conferidas fisicamente, esse documento serve de base para a conferência e confrontação com o declarado pelo exportador. • Conhecimento de Embarque (Conhecimento de Carga): o conhecimento de embarque é um documento de embarque internacional fundamental, usado no caso de transporte oceânico. Também é chamado conhecimento de embarque transoceânico; seu (quase) equivalente para embarque aéreo é chamado conhecimento aéreo (DAVID, 2016, p. 254). O conhecimento de embarque muda de nome de acordo com cada modal utilizado: para o modal rodoviário ele é chamado de CRT (Roadway Bill), para o aéreo ele é chamado de AWB (Airway Bill), para o modal ferroviário ele é chamado de TIF (Railway Bill) e para o modal marítimo ele é chamado de BL (Ocean Bill of Lading). O conhecimento de embarque, independentemente do modal de transporte a qual ele esteja vinculado, tem um papel fundamental nas operações internacionais, e tem diversas funções, entre elas funcionar como um contrato dos serviços de transporte. Ele também é considerado um recibo da mercadoria, além de ser um certificado de título da mercadoria. 1.3 Conceitos dos transportes e embalagens A logística internacional tem se moldado para atender às necessidades das empresas, e a todo momento surgem novos conceitos para atender às demandas dos negócios e gerar novas oportunidades. Multimodalidade e intermodalidade, por exemplo, são operações que utilizam mais de um modal de transporte para atingir a finalidade de transporte esperada pelas empresas. O transporte multimodal pode ser compreendido como a utilização de vários modais de transporte como forma de ganhar maior eficiência, então uma mesma carga poderá ser transportada por navio, caminhão, 39 avião e trem com o objetivo de ser entregue mais rapidamente. Geralmente, no transporte multimodal é emitido apenas um conhecimento de carga, o que torna o processo menos burocrático. Já em relação ao transporte intermodal, ele também utiliza no mínimo dois modais de transporte, entretanto, nele há a emissão de conhecimentos de embarque individuais que devem ser emitidos por cada companhia responsável pelo modal em questão. Um aspecto muito relevante no processo do comércio internacional é a embalagem que será utilizada no processo de transporte. As embalagens utilizadas no transporte têm várias especificidades que precisam ser analisadas pelos profissionais. Veja o Quadro 3, em que constam os quatro tipos de embalagens utilizados para proteger produtos. Quadro 3 – Tipos e especificações das embalagens utilizadas Tipo de embalagem Definição Embalagens primárias Esse tipo de embalagem é aquele que têm contato direto com o produto, e pode ser feito de papelão, plástico, vidro ou metais. Embalagens secundárias Esse tipo de embalagem é utilizado para colocar um conjunto de produtos, e geralmente é feito de papelão ou madeira. Embalagens terciárias Esse tipo de embalagem é utilizado para acondicionar e transportar os produtos até o centro de distribuição. Embalagens quaternárias Esse tipo de embalagem é desenvolvido para o transporte internacional, por exemplo, os contêineres. Fonte: elaborado pelo autor. As definições de embalagem utilizadas no comércio exterior são muito próximas aos tipos de embalagem utilizadas nas operações nacionais, entretanto, quando se trata de operações internacionais é esperado um investimento maior na qualidade das embalagens devido ao tipo de transporte, então é importante que elas sejam reforçadas. O processo de escolha do melhor tipo de embalagem para cada organização deve levar em consideração também a existência de 40 legislações e normas fundamentais para a escolha correta da embalagem para cada tipo de operação. Em relação aos aspectos legais, é importante que os profissionais de logística compreendam as seguintes leis: • Lei nº 12.305 de 2 de agosto de 2010: essa é a legislação que apresenta as normas que devem ser seguidas a respeito da Política Nacional de Resíduos Sólidos e que afeta na escolha que as empresas fazem em relação às suas embalagens (BRASIL, 2010). • Lei nº 9.974 de 6 junho de 2000: apresenta especificações acerca da pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens. (BRASIL, 2000, p. 2) • Lei nº 9.832 de 14 de setembro de 1999: essa é a lei responsável por proibir que as empresas brasileiras façam, em seus produtos, o uso industrial de embalagens metálicas soldadas com liga de chumbo e estanho para acondicionamento de gêneros alimentícios, exceto para produtos secos ou desidratados. (BRASIL, 1999, p. 1) O processo de internacionalização de uma empresa deve envolver muitas especificidades acerca da escolha e do tipo de embalagem que vai ser utilizada para transportar o produto para o mercado internacional. Existem tipos de embalagens que devem ser pensadas pelos profissionais para realizar o transporte internacional, e isso influencia muito os custos logísticos. Questões relacionadas ao acondicionamento do produto ao longo do transporte internacional deve ser tema importante no processo de planejamento de exportações e importações, porque um produto que não tenha sido muito bem embalado pode perder qualidade durante o trajeto. Assim, é essencial avaliar todos os tipos de embalagens e como elas podem agregar valor às operações de transportes no comércio internacional. 41 Referências BRASIL. Lei nº 9.832 de 14 de setembro de 1999. Proíbe o uso industrial de embalagens metálicas soldadas com liga de chumbo e estanho para acondicionamento de gêneros alimentícios, exceto para produtos secos ou desidratados. Brasília/DF, 1999. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l9832.htm#:~:text=LEI%20No%209.832%2C%20DE,para%20produtos%20 secos%20ou%20desidratados. Acesso em: 20 maio 2022. BRASIL. Lei nº 9.974 de 6 de junho de 2000. Altera a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989, que dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Brasília/DF, 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9974.htm. Acesso em: 20 maio 2022. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília/DF, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 17 jun. 2022. DAVID, P. A. Logística internacional. São Paulo: Cengage Learning, 2016. ICONTAINERS. Top20 ports in the world. IContainers, [s. d.]. Disponível em https:// www.icontainers.com/top-20-ports-in-the-world/. Acesso em: 20 maio 2022. PORTO DE SANTOS. Complexo portuário de Santos. Santos Porto Authority, [s. d.]. Disponível em: http://www.portodesantos.com.br/conheca-o-porto/o-porto-de- santos/. Acesso em: 20 maio 2022. PORTO DE SANTOS. Mensário Estatístico.Fevereiro de 2022. Santos Porto Authority, [s. d.]. Disponível em: http://www.portodesantos.com.br/informacoes- operacionais/estatisticas/mensario-estatistico/. Acesso em: 20 maio 2022. WORLD BANK. PortReform Tool Kit. Module 1. Frameworkfor Port Reform. 2007. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9832.htm#:~:text=LEI%20No%209.832%2C%20DE,para%20produtos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9832.htm#:~:text=LEI%20No%209.832%2C%20DE,para%20produtos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9832.htm#:~:text=LEI%20No%209.832%2C%20DE,para%20produtos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9974.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm https://www.icontainers.com/top-20-ports-in-the-world/ https://www.icontainers.com/top-20-ports-in-the-world/ http://www.portodesantos.com.br/conheca-o-porto/o-porto-de-santos/ http://www.portodesantos.com.br/conheca-o-porto/o-porto-de-santos/ http://www.portodesantos.com.br/informacoes-operacionais/estatisticas/mensario-estatistico/ http://www.portodesantos.com.br/informacoes-operacionais/estatisticas/mensario-estatistico/ 42 Padronização nas negociações internacionais Autoria: Johny Henrique Magalhães Casado Leitura crítica: Alcimar Roberto Kowalski Objetivos • Analisar a importância da Câmara de Comércio Internacional. • Entender como a padronização de processos pode ser benéfica às operações de comércio internacional. • Compreender o papel dos Incoterms nas operações de exportação e importação. 43 1. Padronizando as operações de comércio internacional Empresas localizadas em todos os países buscam no comércio internacional uma grande oportunidade para aumentar o fluxo de operações nesse segmento, e é natural que essas empresas acabem se deparando com um ambiente de negócios distinto do qual estão acostumadas quando negociam internamente em seus países. No ambiente internacional é comum que cada país queira fazer valer as suas regras particulares em suas negociações, entretanto, essa pressão acaba criando um ambiente de instabilidade e, por isso, a padronização de processos, documentos e atividades no comércio internacional é algo que vem ganhando grande relevância nos últimos anos. A padronização de operações na logística internacional vem ocorrendo desde o início do século XX; à medida que as vendas internacionais se intensificaram acabou se tornando comum que grandes entidades buscassem na padronização de processos uma forma de facilitar as negociações. Assim, surgiram termos que permitiram uma significativa melhora nos processos de comércio internacional entre as empresas. Ao longo desta unidade, será possível compreender como a Câmara de Comércio Internacional tem atuado na busca pela padronização dos processos, conceitos e atividades realizadas nas exportações e importações. Em especial, serão abordados os aspectos relacionados ao International Commercials Terms, ou como são mais conhecidos, Incoterms, que são fundamentais nas operações da logística internacional realizadas entre empresas de todos os países. 1.1 A atuação da Câmara de Comércio Internacional O aspecto institucional sempre é muito importante no ambiente de negociação internacional; sabe-se que em termos de espaço para negociações diplomáticas é comum que os países criem instituições que representem os seus interesses, bem como que atuem no fortalecimento da sua presença no mercado internacional. Um exemplo 44 é a Organização Mundial do Comércio, mais conhecida pela sigla OMC, criada para representar os interesses dos países no comércio internacional, a fim de ter uma representação institucional forte que realmente represente os interesses das inúmeras nações que atuam no comércio internacional. As empresas também buscavam um espaço para expor suas vontades e necessidades, e a Câmara de Comércio Internacional acabou catalisando esse processo. A criação da Câmara de Comércio Internacional ocorreu em 1919, época em que existiam inúmeras empresas que atuavam no comércio internacional e estavam em busca de melhorar o seu ambiente de negócios internacionais, conquistar novos clientes e melhorar seu retorno financeiro. A principal missão desta instituição é facilitar o comércio internacional entre as empresas como forma de impulsionar o desenvolvimento dos países, o fortalecimento econômico e o atendimento aos desejos de crescimento dos países (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). Na Figura 1 é possível observar os quatro itens que compõem a missão da Câmara de Comércio Internacional desde a fundação: Figura 1 – Aspectos da missão institucional da Câmara de Comércio Internacional Fonte: adaptada de ICCWBO ([s. d.], [s. p.]). 45 Ao observar as informações apresentadas na figura é vemos que a missão da Câmara de Comércio Internacional está baseada na busca pelo fomento ao comércio internacional, pois umas das crenças da entidade é que o comércio internacional facilita o desenvolvimento entre os países (CHRISTOPHER, 2007). É possível observar que desde o ano da fundação da Câmara, a comunidade internacional passou por momentos turbulentos da sua história, principalmente em termos de guerras, além da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, e por todos os efeitos desses acontecimentos (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). O desenvolvimento do comércio internacional promovido pela Câmara tem como intuito principal facilitar os processos para que mesmo empresas de pequeno porte realizem operações no comércio internacional, portanto, as ações realizadas por essa entidade têm abrangência mundial (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013). Por ser uma entidade de nível mundial e que congrega empresas e instituições empresariais, as ações e projetos realizados pela Câmara acabam ganhando maior celeridade do que ações desenvolvidas por outras entidades que também comungam do mesmo objetivo. A Câmara de Comércio Internacional ainda pode ser acessada pelas empresas em disputa no comércio internacional como uma entidade responsável por arbitrar ações relacionadas as desavenças ocorridas no comércio internacional, ou seja, a entidade serve como campo de disputa para favorecer que eventuais problemas entre empresas possam ser resolvidos. (CATEORA; GILLY; GRAHAM, 2013, p. 33) Esse tipo de ação é importante porque o campo do direito internacional nem sempre está preparado para resolver pendências ocorridas no comércio internacional entre empresas localizadas em diferentes países. A principal dúvida que surge nessas situações é a respeito de qual legislação utilizar para resolver a situação, 46 se a legislação do país comprador ou a legislação do país vendedor, por isso, é muito importante a atuação da Câmara de Comércio Internacional como entidade que funcione para arbitrar eventuais situações que possam prejudicar as ações de comércio internacional. (CHRISTOPHER, 2007, p. 22) Em relação ao uso da Câmara como instrumento arbitral no comércio internacional é importante avaliar que: A Arbitragem da ICC pode ser usada como o fórum para a determinação final de uma disputa após uma tentativa de solução por outros meios, como a mediação. As partes que desejam incluir em seus contratos uma cláusula de resolução de disputas em camadas combinando a Arbitragem da ICC com a Mediação da ICC devem consultar as cláusulas padrão relacionadas às Regras de Mediação da ICC. Outras combinações de serviços também são possíveis. Por exemplo, a arbitragem pode ser usada como um substituto para especialistas ou fóruns de disputas. Além disso, as partes que recorrem à Arbitragem da ICC podem desejar recorrer ao Centro Internacional de ADR da ICC para a proposta de um especialista se for necessária uma opinião de especialista durante a arbitragem. (ICCWBO, [s. d.], [s. p.]) A atuação da Câmara acabou por se expandir pelo mundo, e a abriu uma série de escritórios em vários países com o intuito de aumentar o fluxo comercialdas empresas. Atualmente, segundo dados apresentados pela própria entidade, é importante considerar que “a ICC é a representante institucional de mais de 45 milhões de empresas em mais de 100 países com a missão de fazer negócios funcionarem para todos, todos os dias e em todos os lugares” (INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE, [s. d.], [s. p.]). O Brasil conta com uma sede da Câmara de Comércio Internacional graças à mobilização das empresas nacionais, em especial a Federação das Indústrias de São Paulo, que vê a entidade como uma importante representante dos interesses empresariais no ambiente internacional. A busca pela padronização nas operações de comércio internacional é a principal missão da Câmara de Comércio Internacional, e a entidade 47 é a responsável pela criação dos Incoterms, termos utilizados nas negociações entre exportadores e importadores que são amplamente empregados nas operações de logística internacional. A todos os profissionais que estiverem atuando com esse tipo de operação, é fundamental conhecer o uso dos Incoterms e suas características. 1.2 Histórico dos Incoterms O processo de evolução do comércio internacional sempre esteve atrelado ao conjunto de problemas e à complexidade que podem surgir do processo de negociação. Se hoje, com toda a tecnologia embarcada nos processos logísticos, ainda existem diferenças na interpretação de normas, antigamente esses problemas eram mais frequentes. Considerando essa situação, a Câmara de Comércio Internacional resolveu padronizar uma série de atividades e processos logísticos para facilitar as operações de comércio exterior, possibilitando aos empresários e profissionais realizar suas negociações de maneira tranquila e com o mínimo de problemas. Segundo Noah (2021, p. 22), as diferenças nas práticas comerciais e interpretações legais entre comerciantes de diferentes países necessitavam de um conjunto comum de regras, essas regras precisavam ser fáceis para todos os participantes para evitar mal-entendidos, disputas e litígios. A existência de uma entidade como a Câmara ajudou na facilitação das operações de comércio exterior com instrumentos que simplificavam as operações de exportação e importação. Os Incoterms, criados pela Câmara de Comércio Internacional, surgiram então para auxiliar as empresas, e é importante avaliar os seguintes aspectos reunidos no Quadro 1 apresentado a seguir: 48 Quadro 1 – Aspectos históricos da criação dos Incoterms Acontecimento Definição 1923: primeira sondagem acerca da criação de termos comerciais pela Câmara de Comércio Internacional Após a criação do ICC em 1919, uma de suas primeiras iniciativas foi facilitar o comércio internacional. No início da década de 1920, a organização mundial de negócios começou a entender os termos comerciais usados pelos comerciantes. Isso foi feito por meio de um estudo limitado a seis termos comumente usados em apenas 13 países. Os resultados foram publicados em 1923, destacando as disparidades na interpretação. 1928: melhorou a definição dos termos Para examinar as discrepâncias identificadas no levantamento inicial foi realizado um segundo estudo. Desta vez, o escopo foi ampliado para a interpretação de termos comerciais usados em mais de 30 países. 1936: apresentação das primeiras diretrizes para profissionais do comércio internacional Com base nos achados dos estudos, foi publicada a primeira versão das regras do Incoterms®. Os termos incluíam FAS, FOB, C&F, CIF, Ex Ship e Ex Quay. 1953: crescimento do transporte ferroviário e aumento da necessidade de padronizar os termos para esse modal também Devido à Segunda Guerra Mundial, as revisões suplementares das regras dos Incoterms® foram suspensas, e não foram retomadas até a década de 1950. A primeira revisão das regras do Incoterms® foi então emitida em 1953. Ela trouxe três novos termos comerciais para transporte não marítimo. As novas regras incluíam DCP (Delivered Costs Paid), FOR (Free on Rail) e FOT (Free on Truck). 1974: aumento da importância do modal aéreo nas operações internacionais O aumento do uso do transporte aéreo deu motivo para outra versão dos termos comerciais populares. Esta edição incluiu o novo termo FOB Airport (Free on Board Airport). Esta regra teve como objetivo dissipar a confusão em torno do termo FOB (Free on Board) ao significar o “navio” exato usado. 1980: ajustes dos Incoterms para o aumento do uso dos contêineres Com a expansão do transporte de mercadorias em contêineres e novos processos de documentação, surgiu a necessidade de mais uma revisão. Esta edição introduziu o termo comercial FRC (Free Carrier...Named at Point), que previa mercadorias não realmente recebidas pelo costado do navio, mas em um ponto de recepção em terra, como um pátio de contêineres. 49 1990: revisão completa dos Incoterms e ajustes à nova realidade do mercado A quinta revisão simplificou o termo Free Carrier, excluindo regras para modos de transporte específicos (ou seja, FOR; Free on Rail, FOT; Free on Truck e FOB Airport; Free on Board Airport). Considerou- se suficiente usar o termo geral FCA (Free Carrier… at Named Point). Outras provisões foram responsáveis pelo aumento do uso de mensagens eletrônicas. 2000: ajustes nos Incoterms para contemplar as obrigações de desembaraço aduaneiro A seção “Licença, Autorizações e Formalidades” das regras FAS e DEQ Incoterms® foram modificadas para cumprir com a forma como a maioria das autoridades alfandegárias trata as questões de exportador e importador registrado. 2010: ajustes refletindo as alterações existentes no comércio internacional Esta versão consolidou a família D de regras, removendo DAF (Delivered at Frontier), DES (Delivered Ex Ship), DEQ (Delivered Ex Quay) e DDU (Delivered Duty Unpaid), e adicionando DAT (Delivered at Terminal) e DAP (Delivered no lugar). Outras modificações incluíram uma maior obrigação de comprador e vendedor de cooperar no compartilhamento de informações e mudanças para acomodar “vendas de sequências”. Fonte: ICCWBO ([s. d.], [s. p.]). O processo de evolução dos Incoterms sempre ocorreu de modo a representar o atendimento às novas necessidades dos profissionais da logística internacional, com termos bem definidos e aceitos por todos, tornando possível definir as responsabilidades que cada parte terá ao longo do transporte internacional. 1.3 Incoterms 2020 Em relação aos Incoterms, é importante avaliar que esses termos têm especificidades acerca do seu funcionamento, por exemplo, eles não podem ser utilizados às legislações aplicáveis a pontos alheios a sua abrangência, e não são utilizados para definir as questões de pagamento das operações de comércio internacional. Já em relação ao que é regulamentado pelos Incoterms, avaliam-se a distribuição dos documentos, as condições de entrega da mercadoria e as distribuições dos custos da operação, além da distribuição dos riscos das operações de exportação e importação. No ano de 2020 foi publicada a última 50 versão dos Incoterms, atualizada para atender às necessidades das empresas. Veja no quadro a seguir: Quadro 2 – Definição dos Incoterms segundo a Camex Incoterm Definição EXW EX WORKS (named place of delivery) NA ORIGEM (local de entrega nomeado) O vendedor limita-se a colocar a mercadoria à disposição do comprador no estabelecimento do vendedor, no prazo estabelecido, não se responsabilizando pelo desembaraço para exportação nem pelo carregamento da mercadoria em qualquer veículo coletor. FCA FREE CARRIER (named place of delivery) LIVRE NO TRANSPORTADOR (local de entrega nomeado) O vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando entrega a mercadoria desembaraçada para a exportação ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado do país de origem. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. FAS FREE ALONGSIDE SHIP (named portof shipment) LIVRE AO LADO DO NAVIO (porto de embarque nomeado) O vendedor encerra suas obrigações no momento em que a mercadoria é colocada, desembaraçada para exportação, ao longo do costado do navio transportador indicado pelo comprador, no cais ou em embarcações utilizadas para carregamento da mercadoria, no porto de embarque nomeado pelo comprador. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). 51 FOB FREE ON BOARD (named port of shipment) LIVRE A BORDO (porto de embarque nomeado) O vendedor encerra suas obrigações e responsabilidades quando a mercadoria, desembaraçada para a exportação, é entregue, arrumada, a bordo do navio no porto de embarque, ambos indicados pelo comprador, na data ou dentro do período acordado. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). CFR COST AND FREIGHT (named port of destination) CUSTO E FRETE (porto de destino nomeado) Além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete e custos necessários para levar a mercadoria até o porto de destino combinado. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). CIF COST, INSURANCE AND FREIGHT (named port of destination) CUSTO, SEGURO E FRETE (porto de destino nomeado) Além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o porto de destino combinado. Utilizável exclusivamente no transporte aquaviário (marítimo ou hidroviário interior). CPT CARRIAGE PAID TO (named place of destination) TRANSPORTE PAGO ATÉ (local de destino nomeado) Além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA, o vendedor contrata e paga frete e custos necessários para levar a mercadoria até o local de destino combinado. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. 52 CIP CARRIAGE AND INSURANCE PAID TO (named place of destination) TRANSPORTE E SEGURO PAGOS ATÉ (local de destino nomeado) Além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o local de destino combinado. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. DAP DELIVERED AT PLACE (named place of destination) ENTREGUE NO LOCAL (local de destino nomeado) O vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando coloca a mercadoria à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, em um local indicado no país de destino, pronta para ser descarregada do veículo transportador e não desembaraçada para importação. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. Comprador e vendedor poderão utilizar transporte próprio em trechos do deslocamento. DPU DELIVERED AT PLACE UNLOADED (named place of destination) ENTREGUE NO LOCAL DESCARREGADO (local de destino) O vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, em local determinado no país de destino, descarregada do veículo transportador, mas não desembaraçada para importação. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. Comprador e vendedor poderão utilizar transporte próprio em trechos do deslocamento. Termo definido em substituição ao DAT, com a diferença que o DAT determinava a “entrega” exclusivamente em terminais de carga, podendo o DPU ser utilizado em terminais ou qualquer outro local determinado (por exemplo, o armazém do comprador). 53 DDP DELIVERED DUTY PAID (named place of destination) ENTREGUE COM DIREITOS PAGOS (local de destino nomeado) O vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, no local de destino designado no país importador, não descarregada do meio de transporte. O vendedor, além do desembaraço, assume todos os riscos e custos, inclusive impostos, taxas e outros encargos incidentes na importação. Utilizável em qualquer modalidade de transporte. Comprador e vendedor poderão utilizar transporte próprio em trechos do deslocamento. Fonte: adaptado de Camex (2020, p. 2). A edição de uma resolução por um órgão como a Câmara de Comércio Exterior brasileira demonstra como os Incoterms são importantes para a logística internacional. Ainda é importante destacar que um órgão como a CAMEX busca propiciar um maior direcionamento aos empresários e profissionais brasileiros a respeito da utilização destas ferramentas (CORONADO, 2013). Um exemplo disso é a proibição de utilização do Incoterm DDP por importadores brasileiros dadas as proibições legais existentes em termos de desembaraço aduaneiro. Referências CATEORA, P. R.; GILLY, M. C.; GRAHAM, J. L. Marketing Internacional. 15. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR – CAMEX. Resolução nº 16, de 2 de março de 2020. Dispõe sobre Incoterms e estabelece que nas exportações e importações brasileiras serão aceitas quaisquer condições de venda praticadas no comércio internacional, desde que compatíveis com o ordenamento jurídico nacional. Disponível em: http://www.camex.gov.br/resolucoes-camex-e-outros- http://www.camex.gov.br/resolucoes-camex-e-outros-normativos/58-resolucoes-da-camex/2669-resolucao-n 54 normativos/58-resolucoes-da-camex/2669-resolucao-n-16-de-2-de-marco-de-2020. Acesso em: 20 maio 2022. CHRISTOPHER, M. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2007. CORONADO, O. Logística Integrada: modelos de gestão. 5. reimpressão. São Paulo: Atlas, 2013. INTERNATIONAL CHAMBER OF COMMERCE. Quem somos. ICCBrasil, [s. d.]. Disponível em: https://www.iccbrasil.org/icc-brasil/. Acesso em: 20 maio 2022. ICCWBO. Our mission. ICC, [s. d]. Disponível em: https://iccwbo.org/about-us/who- we-are/our-mission/. Acesso em: 20 maio 2022. NOAH, D. An Introduction to Incoterms. Shipping Solutions, 12 abr. 2021. Disponível em: https://www.shippingsolutions.com/blog/beginners- introduction-to-incoterms#:~:text=Incoterms%20were%20first%20conceived%20 by,international%20trade%20events%20require%20attention. Acesso em: 20 maio 2022. http://www.camex.gov.br/resolucoes-camex-e-outros-normativos/58-resolucoes-da-camex/2669-resolucao-n https://www.iccbrasil.org/icc-brasil/ https://www.shippingsolutions.com/blog/beginners-introduction-to-incoterms#:~:text=Incoterms%20were% https://www.shippingsolutions.com/blog/beginners-introduction-to-incoterms#:~:text=Incoterms%20were% https://www.shippingsolutions.com/blog/beginners-introduction-to-incoterms#:~:text=Incoterms%20were% 55 Sumário Apresentação da disciplina Modais da logística internacional e principais entidades Objetivos 1. Conhecendo a logística internaciona Referências Estratégias para otimização de custos logísticos Objetivos 1. Custos da logística internacional Referências Aspectos operacionais do transporte marítimo Objetivos 1. Aspectos operacionais do transporte marítimo Referências Padronização nas negociações internacionais Objetivos 1. Padronizando as operações de comércio internacional Referências