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Livro Digital Aula 03 – Variação 
linguística 
 
ENEM - 2020 
 
 
 
 
Professora Celina Gil 
Prof. Celina Gil 
Aula 03 - ENEM 2020 
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Aula 03 – Variação linguística 
www.estrategiavestibulares.com.br 
 
SUMÁRIO 
Apresentação ............................................................................................................... 3 
1 – Variação do Português ........................................................................................... 3 
1.1 – Norma culta X Linguagem popular ............................................................................... 5 
1.2 - Preconceito linguístico ................................................................................................... 5 
1.3 – Variação histórica ......................................................................................................... 7 
1.4 – Variação regional .......................................................................................................... 7 
1.5 – Variação situacional ...................................................................................................... 9 
1.6 – Variação social .............................................................................................................. 9 
Gírias ................................................................................................................................................................. 10 
Línguas profissionais ......................................................................................................................................... 10 
Calão ................................................................................................................................................................. 11 
2- Exercícios ............................................................................................................... 11 
2.1 – Já caiu no ENEM .......................................................................................................... 12 
2.2 – Outros vestibulares ..................................................................................................... 28 
2.3 – Gabarito ...................................................................................................................... 32 
2.4 – Questões comentadas ................................................................................................. 33 
7 – Referências Bibliográficas .................................................................................... 62 
Considerações finais .................................................................................................. 63 
 
 
Prof. Celina Gil 
Aula 03 - ENEM 2020 
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Aula 03 – Variação linguística 
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APRESENTAÇÃO 
Olá! 
Na aula de hoje, vamos nos dedicar a um assunto que cai pouco nos vestibulares, mas tende 
a ser muito cobrado no ENEM: a variação linguística. Os diferentes modos de falar o português são 
importantes para essa prova, pois eles falam diretamente sobre o cotidiano e os usos aplicados da 
língua. 
 
Veremos então: 
Variação do português - Variantes do português 
- Tipos de variação linguística 
- Norma culta X Linguagem popular 
 
Vamos lá? 
1 – VARIAÇÃO DO PORTUGUÊS 
Quem teve a oportunidade de conhecer o Museu da Língua Portuguesa antes que ele 
passasse por um incêndio que destruiu todo seu acervo, certamente se recorda do último andar. 
Local onde ficava a exposição permanente, o terceiro andar era dedicado à história e expansão da 
língua portuguesa através do tempo e ao redor do mundo. 
 
 
Museu d Língua Portuguesa (Foto: Marilane Borges). Fonte: Flickr 
 
A língua portuguesa, ou o português, é uma só. Ainda que haja diferenças entre o modo 
como ela é falada e escrita, entende-se que todos os falantes de português compartilham de uma 
só língua. Tanto é assim, que há um acordo ortográfico compartilhado pela maioria dos países 
falantes de nossa língua. 
Prof. Celina Gil 
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Aula 03 – Variação linguística 
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Oficialmente, sete países têm o português como sua língua oficial: Angola, Brasil, Cabo Verde, 
Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe. 
Apesar disso, é bastante comum se encontrar expressões como “português brasileiro”, 
“português europeu” e “português africano”. Essas denominações, porém, tem mais a ver com a 
fala do que com o modo de escrita em si. 
Não é, porém, apenas entre os países falantes de português que há diferenças. Dentro do 
próprio Brasil, há muitos modos de falar e articular uma mesma língua. Esses modos podem variar 
de acordo com localidade geográfica, posição social, escolaridade, condição cultural e psicológica, 
entre outros. 
 A essas diferenças, se dá o nome de Variações do Português. Quando falamos sobre assunto, 
é preciso diferenciar o que é uma variação linguística e uma variante linguística. 
 A variação linguística é a presença na língua de formas alternativas que, no mesmo contexto, 
não produzem alteração de significado, têm o mesmo valor de verdade: 
A variação ilustra o caráter adaptativo da língua como código de comunicação e, portanto, a 
variação não é assistemática. O linguista, ao estudar os diversos domínios da variação, deve 
demonstrar como ela se configura na comunidade de fala, bem como quais são os contextos 
linguísticos e extralinguísticos que a favorecem ou inibem (...). Nem tudo é variação, havendo um 
número enorme de elementos comuns que são estáveis. A variação configura-se como um conjunto 
de elementos diferentes de outro, conjunto de outro grupo, de outra localidade ou de outro 
contexto. (CEZARIO; VOTRE, 2009, p. 141-146, grifo meu). 
 
 Já a variante linguística: 
O termo “variante” é utilizado para identificar uma forma que é usada ao lado de outra na língua 
sem que se verifique mudança no significa básico (op. cit., p. 142). 
 
 
 
Variação 
FENÔMENO 
Ex.: Variações regionais, ou seja, 
modos diferentes de falar a depender 
da região. 
Variante 
FORMAS DIFERENTES 
Ex.: "Vou ao banheiro" e "Vou no 
banheiro" 
Ambas possuem o mesmo 
significado, mas a primeira é 
gramaticalmente culta e a segunda 
tende a aparecer na oralidade. 
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1.1 – NORMA CULTA X LINGUAGEM POPULAR 
Para muitos dos vestibulares, um dos grandes interesses na questão está na dualidade Norma 
culta X Linguagem popular. Vamos ver um pouco mais do que diferencia cada uma delas; 
 
 
1.2 - PRECONCEITO LINGUÍSTICO 
O preconceito contra alguém por conta do seu modo de falar é conhecido como preconceito 
linguístico. Esse é um assunto que tem sido bastante abordado pelos vestibulares. Quando essa 
expressão aparecer em algum texto, saiba identificá-la! 
O principal teórico do assunto é Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília (UnB). 
Bagno estuda o campo da sociolinguística. 
 
 A Sociolinguística é uma área que estuda a língua em seu uso real, levando em consideração 
as relações entre a estrutura linguística e os aspectos sociais e culturais da produção linguística. 
Para essa corrente, a língua é uma instituição social e, portanto, não pode ser estudada como uma 
estrutura autônoma, independente do contexto situacional, da cultura e da história das pessoas 
que a utilizam como meio de comunicação. (CEZARIO; VOTRE, 2009, p. 141-146, adaptado) 
Também chamada de linguagem formal ou norma padrão, a norma culta 
segue aos padrões linguísticos e gramaticais. 
Tende a ser utilizada por pessoas com alto grau de cultura e/ou escolaridade. 
É preferível o uso da norma culta na escrita em diversas situações – 
principalmente em textos informativos ou educativos – pois esta garante maior 
compreensão do conteúdo. 
Ainda que haja variações linguísticas, a escrita tendea variar menos. Um texto 
Norma culta 
Também chamada de linguagem informal. 
Uma fala coloquial permite maior flexibilidade nas regras gramaticais e nos 
padrões linguísticos, podendo mesmo apresentar alguns vícios de linguagem. Ela 
tende a sofrer mais modificações, sejam elas sociais, regionais ou situacionais. 
Em contextos de menos rigor, como ambientes familiares ou em grupos de 
amigos, costuma ser mais utilizada. 
Tem também muita relação com a oralidade, ou seja, se relaciona mais com o 
modo como as palavras são faladas do que escritas, já que seu foco é no conteúdo e 
nos efeitos da mensagem. Muitas vezes, um linguajar coloquial pode ser um recurso 
Linguagem popular 
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Aula 03 – Variação linguística 
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O preconceito, seja ele de que natureza for, é uma crença 
pessoal, uma postura individual diante do outro. Qualquer pessoa 
pode achar que um modo de falar é mais bonito, mais feio, mais 
elegante, mais rude do que outro. No entanto, quando essa 
postura se transforma em atitude, ela se torna discriminação. 
No caso da língua, é imprescindível receber uma educação 
linguística crítica e bem informada, na qual se mostre que todos 
os seres humanos são dotados das mesmíssimas capacidades 
cognitivas e que todas as línguas e variedades linguísticas são 
instrumentos perfeitos para dar conta de expressar e construir a 
experiência humana neste mundo. 
 Veja este trecho adaptado da obra de Bagno sobre 
preconceito linguístico: 
 
PRECONCEITO LINGUÍSTICO 
 O preconceito linguístico está ligado, em boa medida, à confusão que foi criada, no 
curso da história, entre língua e Gramática Normativa. Nossa tarefa mais urgente é desfazer 
essa confusão. Uma receita de bolo não é um bolo, o molde de um vestido não é um vestido, 
um mapa-múndi não é o mundo... Também a gramática não é a língua. Enquanto a língua 
é um rio longo e largo, que nunca se detém em seu curso, a gramática é apenas uma grande 
poça parada, um terreno alagadiço, à margem da língua. 
 Ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola 
tenta impor sua norma linguística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos, 
negando o caráter multilíngue de nosso país. O fato é que não existe nenhuma língua no 
mundo que seja “una”, uniforme e homogênea. 
 Qualquer manifestação linguística que escape do triângulo escola-gramática-
dicionário é considerada, pela ótica do preconceito linguístico, errada, feia, estropiada, 
rudimentar, deficiente, e não é raro a gente ouvir que “isso não é português”. As formas 
prestigiadas de uso da língua estão tradicionalmente muito vinculadas à escrita literária, à 
língua escrita de modo geral. 
 Porém, não existe nenhuma variedade nacional, regional ou social que seja 
intrinsecamente “melhor”, “mais pura”, “mais bonita”, “mais correta” que outra. Toda 
variedade linguística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a 
empregam. 
 A Gramática Normativa tenta nos mostrar a língua como um pacote fechado, um 
embrulho pronto e acabado. Mas não é assim. A língua é viva, dinâmica, está em constante 
movimento – toda língua viva é uma língua em decomposição e em recomposição em 
permanente transformação. É claro que é preciso ensinar a escrever de acordo com a 
ortografia oficial, mas não se pode fazer isso reprovando como “erradas” as pronúncias que 
são resultado da história social e cultural das pessoas que fazem a língua em cada canto do 
Brasil. 
Fonte: BAGNO, 2009 (adaptado). 
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1.3 – VARIAÇÃO HISTÓRICA 
Uma língua pode também sofrer modificações ligadas ao tempo. Modos de escrita de 
palavras que caem em desuso e palavras que deixam de ser utilizadas ou são modificadas são dois 
bons exemplos disso. 
CASO DA PALAVRA “VOCÊ” 
 A palavra “você” que usamos hoje é, na verdade, uma transformação da expressão 
“vossa mercê”. Essa expressão teria nascido no século XIV, para referir-se a pessoas da 
nobreza. Era assim que os servos se referiam a eles como forma de agradecimento por sua 
generosidade. 
 Com o passar do tempo, a expressão “vossa mercê” foi sendo reduzida até chegar a 
“você”: 
VOSSA MERCÊ 
 
 
VOSSEMECÊ 
 
 
VOSMECÊ 
 
 
VOCÊ 
 
Veja um exemplo de uso poético da variação histórica: 
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito 
prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, 
mesmo não sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficava 
longos meses debaixo do balaio. E levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva 
e ir pregar em outra freguesia. As pessoas, quando corriam, antigamente, era de tirar o 
pai da forca, e não caíam de cavalo magro. Algumas jogavam verde para colher maduro, 
e sabiam com quantos paus se faz uma canoa. 
Fragmento de Antigamente, de Carlos Drummond de Andrade 
 
1.4 – VARIAÇÃO REGIONAL 
Aos aspectos regionais que modificam o falar do português, se denominam Dialetos. É uma 
variante linguística constituída por características fonológicas, sintáticas, semânticas e morfológicas 
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próprias. No Brasil hoje, entende-se que há dois grandes grupos dialetais distintos: o Norte e o Sul, 
cada um com suas características específicas. Estas diferenças são ligadas ao espaço geográfico, aos 
grupos antecedentes, à comunicação com outros grupos sociais/regionais, entre outros. As 
expressões típicas dos falantes de cada grupo, de regionalismos. 
A famosa polêmica do biscoito X bolacha está ligada às variações regionais. 
 
 
Falantes do Português Brasileiro (PB), como de qualquer outra língua natural, procedem de 
determinado espaço geográfico. Há uma correlação entre a região de origem dos falantes e as 
marcas específicas que eles vão deixando em sua produção linguística. Portugueses e brasileiros 
não falam do mesmo jeito. Brasileiros do Norte, do Nordeste, do Sudeste, do Centro-Oeste e do 
Sul tampouco falam exatamente do mesmo jeito. Uma língua natural conterá, portanto, diferentes 
dialetos, relacionados ao espaço geográfico que ele ocupa. 
De todas as variedades do português, a variedade geográfica é a mais perceptível. 
Quando começamos a conversar com alguém, logo percebemos se ele é ou não originário de nossa 
região. Em Portugal e no Brasil, as diferenças assim notadas não dificultam a intercompreensão, 
como ocorre em outros países europeus (CASTILHO, 2019, p. 198, grifos meus). 
 
Veja um exemplo de uso poético da variação regional: 
“Que importa que uns falem mole descansado 
Que os cariocas arranhem os erres na garganta 
Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais? 
Que tem si o quinhentos-réis meridional 
Vira cinco tostões do Rio pro Norte? 
Juntos formamos este assombro de misérias e grandezas, 
Brasil, nome de vegetal!...” 
 
Fragmento de Noturno de Belo Horizonte, de Mário de Andrade 
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1.5 – VARIAÇÃO SITUACIONAL 
As variações situacionais são aquelas que ocorrem a depender do contexto em que decorre 
o processo comunicativo. Há situações em que se deve utilizar um registro formal e outros em que 
é a preferência é para o registro informal. 
Veja um exemplo de uso poético da variação situacional: 
 
Quadrinho do de Fernando Gonsales. Fonte: Mundo Letras 
 
1.6 – VARIAÇÃO SOCIAL 
A variação social é aquela pertencente a um grupo específico de pessoas. Essa variação 
também é chamada de variação sociocultural. Essa variação pressupõe o segmento social de onde 
vem o falante, considerando-se geralmente as seguintes variedades: falante não escolarizadoe 
falante escolarizado; homem e mulher; idoso e jovem. A diferença de uso da língua entre pessoas 
de faixas etárias diferentes é muito importante para a maioria das provas. 
 Veja um uso poético da variação social: 
“Pisou na bola, 
Conversa fiada malandragem. 
Mala sem alça é o couro, 
Tá de sacanagem. 
 
Tá trincado é aquilo, 
Se toca vacilão. 
Tá de bom tamanho, 
Otário fanfarrão.” 
Fragmento de A gíria é a cultura do povo, de Bezerra da Silva 
 
Há, segundo Rocha Lima (2011), alguns traços que se pode perceber entre os diferentes 
grupos falantes são gírias, línguas profissionais e calão. Vamos ver melhor cada uma delas: 
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Gírias 
Linguajar específico de um grupo, com vocabulário próprio. Além da criação de palavras 
novas, o conceito também envolve também a ressignificação de termos e palavras já existentes, a 
modificação pela abreviação ou pelo aumentativo, entre outros. 
 
Gírias mais usadas na internet 
Biscoiteiro Pessoa que faz de tudo para chamar a atenção na internet, seja com fotos ou 
postagens. 
Ex.: Você viu a foto que ele postou, que biscoiteiro? 
Crush Pessoa por quem se sente algum tipo de atração, frequentemente platônica. 
Ex.: Poxa, crush, por que não me nota? 
Dar ruim Quando algo sai fora do planejado ou dá errado. 
Ex.: Se a gente não estudar, vai dar ruim no vestibular. 
Fada sensata Usada quando se quer elogiar alguém por ter dito algo correto. 
Ex.: Disse tudo, fada sensata. 
Lacrar Quando alguém “manda muito bem” em alguma situação. Usado 
frequentemente como elogio. 
Ex.: Você lacrou na resposta. 
Miga Uma abreviação de amiga, que pode ser utilizada mesmo entre pessoas 
desconhecidas. Admite variação de gênero para “migo”. 
Ex.: Miga, vamos no cinema hoje? 
Ranço Gíria usada para descrever o sentimento de desprezo ou raiva por algo ou 
alguém. 
Ex.: Peguei ranço dele depois daquele dia. 
Shippar Quando se deseja a união de duas pessoas, tanto da ficção quanto da vida 
real. 
Ex.: Eu shippo muito vocês dois. 
 
Línguas profissionais 
Assim como as gírias, estão ligadas a grupos sociais pertencentes a uma mesma profissão ou 
a profissões semelhantes. Médicos e demais profissionais da saúde possuem um linguajar 
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específico, que se diferencia do linguajar dos arquitetos, por exemplo. Também são chamadas de 
jargão por alguns autores. 
 
Calão 
Ligadas a pessoas à margem da sociedade, são expressões criadas especificamente para 
dificultar a comunicação e o entendimento entre aqueles que não fazem parte do mesmo círculo. 
Termo também associado a expressões vulgares ou chulas, como palavrões e xingamentos. 
 
 
Pode-se dividir as variações linguísticas em 4 grandes grupos: 
 
2- EXERCÍCIOS 
Olá! 
 Antes de começar os exercícios, alguns avisos: 
➢ Você verá muitos exercícios do ENEM e apenas alguns de outros vestibulares nesse material. 
De fato, esse assunto é muito mais importante para essa prova do que para outras. 
➢ Não deixe de fazer todos os exercícios mesmo assim! 
 
Vamos lá? 
Histórica: diferenças ligadas ao tempo e às modificações que a língua vai 
sofrendo. 
Regional: diferenças entre grupos oriundos ou habitantes de locais 
distintos – desde bairros até países.
Situacional: diferenças de modos de falar e escrever dependendo da 
situação em que a pessoa se encontra. 
Social: diferenças entre grupos sociais de diversas naturezas.
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2.1 – JÁ CAIU NO ENEM 
1. (ENEM - 2018) 
Uma língua, múltiplos falares 
Desde suas origens, o Brasil tem uma língua dividida em falares diversos. Mesmo antes da 
chegada dos portugueses, o território brasileiro já era multilíngue. Havia cerca de 1,2 mil 
línguas faladas pelos povos indígenas. O português trazido pelo colonizador tampouco era uma 
língua homogênea, havia variações dependendo da região de Portugal de onde ele vinha. Há 
de se considerar também que a chegada de falantes de português acontece em diferentes 
etapas, em momentos históricos específicos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, temos 
primeiramente o encontro linguístico de portugueses com índios e, além dos negros da África, 
vieram italianos, japoneses, alemães, árabes, todos com suas línguas. “Todo este processo vai 
produzindo diversidades linguísticas que caracterizam falares diferentes”, afirma um linguista 
da Unicamp. Daí que na mesma São Paulo pode-se encontrar modos de falar distintos como o 
de Adoniran Barbosa, que eternizou em suas composições o sotaque típico de um filho de 
imigrantes italianos, ou o chamado erre retroflexo, aquele erre dobrado que, junto com a letra 
i, resulta naquele jeito de falar “cairne” e “poirta” característico do interior de São Paulo. 
MARIUZZO, P. Disponível em: 
 www.labjor.unicamp.br. Acesso 
 em: 30 jul. 2012 (adaptado). 
 
A partir desse breve histórico da língua portuguesa no Brasil, um dos elementos de identidade 
nacional, entende-se que a diversidade linguística é resultado da 
a) imposição da língua do colonizador sobre as línguas indígenas. 
b) interação entre os falantes de línguas e culturas diferentes. 
c) sobreposição das línguas europeias sobre as africanas e indígenas. 
d) heterogeneidade da língua trazida pelo colonizador. 
e) preservação dos sotaques característicos dos imigrantes. 
 
2. (ENEM - 2018) 
O tradicional ornato para cabelos, a tiara ou diadema, já foi uma exclusividade feminina. Na 
origem, tanto “tiara” quanto “diadema” eram palavras de bom berço. “Tiara” nomeava o 
adorno que era o signo de poder entre os poderosos da Pérsia antiga e povos como os frísios, 
os bizantinos e os etíopes. A palavra foi incorporada do Oriente pela Grécia e chegou até nós 
por via latina, para quem queria referir-se à mitra usada pelos persas. Diadema era a faixa ou 
tira de linho fino colocado na cabeça pelos antigos latinos, herança do derivado grego para 
diádo (atar em volta, segundo o Houaiss). No Brasil, a forma de arco ou de laço das tiaras e 
alguns usos específicos (o nordestino “gigolete” faz alusão ao ornato usado por cafetinas, 
versões femininas do “gigolô”) produziram novos sinônimos regionais do objeto. 
Os sinônimos da tiara. 
Língua Portuguesa, n. 
 23, 2007 (adaptado). 
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No texto, relata-se que o nome de um enfeite para cabelo assumiu diferentes denominações 
ao longo da história. 
Essa variação justifica-se pelo(a) 
a) distanciamento de sentidos mais antigos. 
b) registro de fatos históricos ocorridos em uma dada época. 
c) associação a questões religiosas específicas de uma sociedade. 
d) tempo de uso em uma comunidade linguística. 
e) utilização do objeto por um grupo social. 
 
3. (ENEM - 2018) 
“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” utilizado por gays e travestis 
Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e ganhou a comunidade 
 
“Nhaí, amapô! não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não eu puxo teu 
picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? Se sim, é porque você manja alguma coisa de 
pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e travestis. 
Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais formais, um advogado afirma: 
É claro que eu não vou falar durante uma audiência ou numa reunião, mas na firma, com meus 
colegas de trabalho, eu falo de ‘acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado 
de falar outras palavras porque hoje o pessoal já entende, né? Tá na internet, tem até 
dicionário...”, comenta. 
O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária da língua afiada, lançado no ano 
de 2006 e escrito pelo jornalista Angelo Vip epor Fred Libi. Na obra, há mais de 1 300 verbetes 
revelando o significado das palavras do pajubá. 
Não se sabe ao certo quando essa linguagem surgiu, mas sabe-se que há claramente uma 
relação ente o pajubá e a cultura africana, numa costura iniciada ainda na época do Brasil 
colonial. 
Disponível em: www.midiamax.com.br. 
 Acesso em: 4 abr. 2017 (adaptado). 
 
Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, caracterizando-se como elemento 
de patrimônio linguístico, especialmente por 
a) ter mais de mil palavras conhecidas. 
b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta. 
c) ser consolidado por objetos formais de registro. 
d) ser utilizado por advogados em situações formais. 
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e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho. 
 
4. (ENEM - 2017) 
Pode um idioma considerado extinto e pouco documentado 
ser novamente parte ativa do patrimônio linguístico? 
A melhor maneira de saber como ocorre uma revitalização linguística é examinando um 
marco na luta indígena: a recuperação da língua pataxó. Eni Orlandi, da Universidade Estadual 
de Campinas, esteve na equipe que coletou e analisou evidências linguísticas que ajudaram a 
reconstituir a variante do pataxó falada mais ao norte da região de Porto Seguro (BA), a 
hãhãhãe. 
“Os pataxós viveram perseguições e movimentos de dispersão. A partir dos anos 1980, 
entretanto, conseguiram criar um espaço em que reivindicaram seu direito ao território 
tradicional que haviam perdido. Outras perdas acompanharam essa. Entre os bens perdidos, 
estava a língua. A posse da língua significa para eles o seu desejo de ser índio, em um momento 
de ameaça de extermínio”, diz a pesquisadora. “A pesquisa foi feita em condições difíceis: uma 
só informante, Baheta, muito idosa, sem interlocutores reais (só os da memória, imaginados), 
e experimentando dificuldades de lembrar; em condições de guerra à sua cultura; uma parte 
da identidade estigmatizada, já voltada ao esquecimento”, diz Orlandi no livro Terra à vista. 
Graças às reminiscências de Baheta, foram coletados dados suficientes para comparar as listas 
de palavras que já se possuía e estabelecer paralelos com línguas próximas. 
Disponível em: http://revistalingua.uol. 
com.br. Acesso em: 28 jul. 2012 (adaptado). 
 
O processo de busca de dados sobre a língua pataxó evidencia a importância da pesquisa 
voltada para a 
a) reconstituição da língua de um povo, por meio de dados históricos. 
b) preservação da cultura de um povo, por meio do resgate de sua história oral. 
c) comparação de línguas consideradas “mortas”, por meio de registros escritos. 
d) catalogação do léxico de uma língua, por meio da recuperação de documentos. 
e) valorização dos povos indígenas, por meio da tentativa de unificação de línguas próximas. 
 
5. (ENEM - 2017) 
Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos assuntos no mundo que não 
compreendia e esmoreceu. Mas uma mosca fez um ângulo reto no ar, depois outro, além disso, 
os seis anos são uma idade de muitas coisas pela primeira vez, mais do que uma por dia e, por 
isso, logo depois, arribou. Os assuntos que não compreendia eram uma espécie de tontura, 
mas o Ilídio era forte. 
Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca esqueças de tratar da cabra. O Ilídio não 
gostava que a mãe o mandasse tratar da cabra. Se estava ocupado a contar uma história a um 
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guarda-chuva, não queria ser interrompido. Às vezes, a mãe escolhia os piores momentos para 
chamá-lo, ele podia estar a contemplar um segredo, por isso, assustava-se e, depois, irritava-
se. Às vezes, fazia birras no meio da rua. A mãe envergonhava-se e, mais tarde, em casa, dizia 
que as pessoas da vila nunca tinham visto um menino tão velhaco. O Ilídio ficava enxofrado, 
mas lembrava-se dos homens que lhe chamavam reguila, diziam ah, reguila de má raça. Com 
essa memória, recuperava o orgulho. Era reguila, não era velhaco. Essa certeza dava-lhe forças 
para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse. 
PEIXOTO, J. L. Livro. São 
Paulo: Cia. das Letras, 2012. 
 
No texto, observa-se o uso característico do português de Portugal, marcadamente diferente 
do uso do português do Brasil. O trecho que confirma essa afirmação é: 
a) “Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos assuntos no mundo que não 
compreendia e esmoreceu.” 
b) “Os assuntos que não compreendia eram uma espécie de tontura, mas o Ilídio era forte.” 
c) “Essa certeza dava-lhe forças para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse.” 
d) “Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca esqueças de tratar da cabra.” 
e) “O Ilídio não gostava que a mãe o mandasse tratar da cabra.” 
 
6. (ENEM - 2017) 
A língua tupi no Brasil 
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase 
sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o 
português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a 
Portugal que só mandasse padres que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela 
gente não se explica em outro idioma”. 
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no 
século XVII, graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos 
mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos índios. Muitos 
bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, 
o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de 
Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou 
lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) 
e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua. 
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o 
historiador e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou 
o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de outros 
idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de 
tupi facilitado. 
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ÂNGELO. C. Disponível em: 
http://super.abril.com.br. 
Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado). 
 
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel 
do tupi na formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena 
a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos 
lugares designados. 
b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também 
está a fala de variadas etnias indígenas. 
c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos 
de Lisboa. 
d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas 
investidas contra o Quilombo dos Palmares. 
e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a 
língua dos bandeirantes paulistas. 
 
7. (ENEM - 2016) 
O mistério do brega 
Famoso no seu tempo, o marechal Schönberg (1615-90) ditava a moda em Lisboa, onde 
seu nome foi aportuguesado para Chumbergas. Consta que ele foi responsável pela 
popularização dos vastos bigodes tufados na Metrópole. Entre os adeptos estaria o governador 
da província de Pernambuco, o português Jerônimo de Mendonça Furtado, que, por isso, aqui 
ganhou o apelido de Chumbregas – variante do aportuguesado Chumbergas. Talvez por ser um 
homem não muito benquisto na Colônia, o apelido deu origem ao adjetivo xumbrega: “coisaruim”, “ordinária”. E talvez por ser um homem também da folia, surgiu o verbo xumbregar, 
que inicialmente teve o sentido se “embriagar-se” e depois veio a adquirir o de “bolinar”, 
“garanhar”. Dedução lógica: de coisa ruim a bebedeira e atos libidinosos, as palavras xumbrega 
ou xumbregar chegaram aos anos 60 do século XX na forma reduzida brega, designando locais 
onde se bebe, se bolina e se ouvem cantores cafonas. E o que inicialmente era substantivo, 
“música de brega”, acabou virando adjetivo, “música brega” – numa já distante referência a 
um certo marechal alemão chamado Schönberg. 
ARAUJO, P. C. Revista USP, n. 87, nov. 2010 (adaptado) 
 
O texto trata das mudanças linguísticas que resultaram na palavra “brega”. Ao apresentar as 
situações cotidianas que favoreceram as reinterpretações do seu sentido original, o autor 
mostra a importância da 
a) interpretação oral como um dos agentes responsáveis pela transformação do léxico do 
português. 
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b) compreensão limitada de sons e de palavras para a criação de novas palavras em 
português. 
c) eleições de palavras frequentes e representativas na formação do léxico da língua 
portuguesa. 
d) interferência da documentação histórica na constituição do léxico. 
e) realização de ações de portugueses e de brasileiros a fim de padronizar as variedades 
linguísticas lusitanas. 
8. (ENEM – 2016) 
PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra. 
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você. 
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele. 
BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções. 
EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não! 
BENONA: Isso são coisas passadas. 
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele 
dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste 
me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, 
sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da 
molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio 
há de proteger minha pobreza e minha devoção. 
(SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).) 
 
Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui 
para 
a) marcar a classe social das personagens. 
b) caracterizar usos linguísticos de uma região. 
c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. 
d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. 
e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens. 
 
9. (ENEM - 2016) 
Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem 
Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções Cariocas 
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“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção 
do carioca, como também o ‘vacilão’.” 
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um 
amigo pode até doer um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca.” 
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.” 
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um carinho inventado pelo carioca para 
tratar bem quem ainda não se conhece direito.” 
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.” 
SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. 
Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado). 
 
Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado 
repertório linguístico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas 
de uso social. A respeito desse repertório, atesta-se o(a) 
a) desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos. 
b) inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas. 
c) reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes. 
d) identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca. 
e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes. 
 
10. (ENEM – 2015) 
Assum preto 
(Baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) 
Tudo em vorta é só beleza 
Sol de abril e a mata em frô 
Mas assum preto, cego dos óio 
Num vendo a luz, ai, canta de dor 
 
Tarvez por ignorança 
Ou mardade das pió 
Furaro os óio do assum preto 
Pra ele assim, ai, cantá mió 
 
Assum preto veve sorto 
Mas num pode avuá 
Mil veiz a sina de uma gaiola 
Desde que o céu, ai, pudesse oiá. 
 
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As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da 
aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, 
a sintaxe ou o léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra, a: 
a) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”. 
b) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”. 
c) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”. 
d) redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”. 
e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”. 
 
11. (ENEM – 2014) 
Óia eu aqui de novo 
Óia eu aqui de novo xaxando 
Óia eu aqui de novo para xaxar 
Vou mostrar pr’esses cabras 
Que eu ainda dou no couro 
Isso é um desaforo 
Que eu não posso levar 
Que eu aqui de novo cantando 
Que eu aqui de novo xaxando 
Óia eu aqui de novo mostrando 
Como se deve xaxar 
Vem cá morena linda 
Vestida de chita 
Você é a mais bonita 
Desse meu lugar 
Vai, chama Maria, chama Luzia 
Vai, chama Zabé, chama Raquel 
Diz que eu tou aqui com alegria 
(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www. luizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).) 
 
A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural 
do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é 
a) “Isso é um desaforo” 
b) “Diz que eu tou aqui com alegria” 
c) “Vou mostrar pr’esses cabras” 
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia” 
e) “Vem cá morena linda, vestida de chita” 
 
 
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12. (ENEM - 2014) 
Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou 
com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, 
resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu 
estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. 
Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega 
do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, 
que disse: 
— Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”! 
O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: 
http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012. 
 
A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato 
envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva 
a) evidenciar a importância de marcas linguísticas valorizadoras da linguagem coloquial. 
b) demonstrar incômodo com a variedade característica de pessoas pouco escolarizadas. 
c) estabelecer um jogo de palavras a fim de produzir efeito de humor. 
d) criticar a linguagem de pessoas originárias de fora dos centros urbanos. 
e) estabelecer uma política de incentivo à escrita correta das palavras. 
 
13. (ENEM - 2014) 
Em bom português 
No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que 
a gente é apanhada (aliás,já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do 
plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma 
parte do léxico cai em desuso. 
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que 
falam assim: 
– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem. 
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com 
um ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de 
banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel 
em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no 
passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou 
sua senhora em vez de apresentar sua mulher. 
SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado). 
 
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A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica 
essa característica da língua, evidenciando que 
a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas. 
b) a utilização de inovações no léxico é percebida na comparação de gerações. 
c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica. 
d) a pronúncia e o vocábulo são aspectos identificadores da classe social a que pertence o 
falante. 
e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as 
regiões. 
 
14. (ENEM - 2014) 
Evocação do Recife 
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros 
Vinha da boca do povo na língua errada do povo 
Língua certa do povo 
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil 
Ao passo que nós 
O que fazemos 
É macaquear 
A sintaxe lusíada… 
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. 
 
Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias das classes 
populares devem ser 
a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil ferem a língua 
portuguesa autêntica. 
b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua portuguesa. 
c) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a referência de correção 
linguística. 
d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por meio da fala do povo. 
e) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original. 
 
15. (ENEM - 2016) 
Escrever 
A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse. 
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Primeiro evite esses coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não 
dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De 
vez em quando, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, 
mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar 
diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito estranho, 
reescreva. 
Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando 
Pessoa, peça autorização ao sábio de plantão, e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador. 
Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem 
assim”, uma chata que usa o truque para afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar. 
SANTOS, J. F. O Globo, 10 jan. 2011 (adaptado) 
 
A língua varia em função de diferentes fatores. Um deles é a situação em que se dá a 
comunicação. Na crônica, ao ser interrogado sobre a arte de escrever, o autor utiliza, em meio 
à linguagem escrita padrão, condizente com o contexto. 
a) definições teóricas, para permitir que seus conselhos sejam úteis aos futuros jornalistas. 
b) gírias não dicionarizadas, para imitar a linguagem de jovens de baixa escolaridade. 
c) palavras de uso coloquial, para estabelecer uma interação satisfatória com a interlocutora. 
d) termos da linguagem jornalística, para causar boa impressão na jovem entrevistadora. 
e) vocabulário técnico, para ampliar o repertório linguístico dos jovens leitores do jornal. 
 
16. (ENEM - 2013) 
O cordelista por ele mesmo 
Aos doze anos eu era 
forte, esperto e nutrido. 
Vinha do Sítio de Piroca 
muito alegre e divertido 
vender cestos e balaios 
que eu mesmo havia tecido. 
 
Passava o dia na feira 
e à tarde regressava 
levando umas panelas 
que minha mãe comprava 
e bebendo água salgada 
nas cacimbas onde passava. 
BORGES, J. F. Dicionário dos sonhos e outras histórias de cordel. 
Porto Alegre: LP&M, 2003 (fragmento). 
 
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Literatura de cordel é uma criação popular em verso, cuja linguagem privilegia, tematicamente, 
histórias de cunho regional, lendas, fatos ocorridos para firmar certas crenças e ações 
destacadas nas sociedades locais. A respeito do uso das formas variantes da linguagem no 
Brasil, o verso do fragmento que permite reconhecer uma região brasileira é 
a) “muito alegre e divertido”. 
b) “Passava o dia na feira”. 
c) “levando umas panelas”. 
d) “que minha mãe comprava”. 
e) “nas cacimbas onde passava”. 
 
17. (ENEM - 2012) 
No Brasil de hoje são falados por volta de 200 idiomas. As nações indígenas do país falam 
cerca de 180 línguas, e as comunidades de descendentes de imigrantes cerca de 30 línguas. Há 
uma ampla riqueza de usos, práticas e variedades no âmbito da própria língua portuguesa 
falada no Brasil, diferenças estas de caráter diatópico (variações regionais) e diastrático 
(variações de classes sociais) pelo menos. Somos, portanto, um país de muitas línguas, tal qual 
a maioria dos países do mundo (em 94% dos países são faladas mais de uma língua). 
Fomos no passado, ainda muito mais do que hoje, um território plurilíngue. Cerca de 1078 
línguas indígenas eram faladas quando aqui aportaram os portugueses, há 500 anos, segundo 
estimativas de Rodrigues (1993). Porém, o Estado português e, depois da independência, o 
Estado brasileiro, que o sucedeu, tiveram por política impor o português como a única língua 
legítima, considerando-a “companheira do Império”. A política linguística principal do Estado 
sempre foi a de reduzir o número de línguas, num processo de glotocídio (eliminação de 
línguas) por meio do deslocamento linguístico, isto é, de sua substituição pela língua 
portuguesa. Somente na primeira metade do século XX, segundo Darcy Ribeiro, 67 línguas 
indígenas desapareceram no Brasil — mais de uma por ano, portanto. Das cerca de 1 078 
línguas indígenas faladas em 1 500, ficamos com aproximadamente 180 em 2000 (um 
decréscimo de 85%), e várias destas 180 encontram-se em estado avançado de 
desaparecimento. 
Disponível em: www.cultura.gov. Acesso em: 28 fev. 2012 (adaptado). 
 
As línguas indígenas contribuíram, entre outros aspectos, para a introdução de novas palavras 
no português do Brasil. De acordo com o texto apresentado, infere-se que a redução do 
número de línguas indígenas 
a) ocasionou graves consequências para a preservação do nosso patrimônio linguístico e 
cultural, uma vez que a redução dessas línguas significa a perda da herança cultural de um 
povo. 
b) manteve a preservação de nosso patrimônio linguístico e cultural, porque, assim como 
algumas línguas morrem, outras nascem de tempos em tempos, o que contribui para a 
conservação do idioma. 
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c) foi um processo natural pelo qual a língua portuguesa passou, não significando, portanto, 
prejuízos para o patrimôniolinguístico do Brasil, que se conservou inalterado até nossos dias. 
d) contribuiu para a mudança de posicionamento da política linguística do Estado, que passou 
a desconsiderar as línguas indígenas como um importante meio de comunicação dos primeiros 
habitantes. 
e) representou uma fase do desenvolvimento da língua portuguesa, que, como qualquer 
outra língua, passou pelo processo de renovação vocabular, que exige a redução das línguas. 
 
18. (ENEM - 2012) 
A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, 
corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo 
ao que já ocorrera em relação a ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, 
no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e 
discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de 
Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se 
evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos 
de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por 
Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. 
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento 
deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e 
prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer 
uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-
se uma norma por outra? 
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: 
do presente para o passado, In: Cadernos de Letras da UFF, n.° 36, 2008. 
Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). 
 
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que 
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica. 
b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua. 
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma. 
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos. 
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística. 
 
 
 
 
 
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19. (ENEM - 2012) 
 
Disponível em: http://blog.educacional.com.br. Acesso em: 30 set. 2011. 
 
As variações e as mudanças nas línguas estão correlacionadas a fatores sociais. Na tira, a 
dedução do pai da garota é confirmada e gera o efeito de humor, pois seu interlocutor 
apresenta um vocabulário 
a) urbano, típico de quem nasce nas grandes metrópoles brasileiras. 
b) formal, relativo a quem frequenta a escola por muitos anos. 
c) elitizado, encontrado entre falantes de classe socioeconômica alta. 
d) especial, restrito a quem frequenta os espaços da juventude. 
e) conservador, representado por uma fala arcaica para a geração atual. 
 
20. (ENEM - 2011) 
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela 
comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de 
complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma 
nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não só as 
normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as 
chamadas normas cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que 
essas normas se consolidaram em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do 
século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em 
consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os 
territórios. 
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). 
Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado). 
 
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno 
natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto 
mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção 
do leitor para a 
a) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta. 
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b) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII. 
c) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de 
Portugal. 
d) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país. 
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser 
aceitos. 
 
21. (ENEM - 2011) 
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social 
e do nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em 
falantes que dominam a variedade padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na 
língua em seu processo de mudança que não podem ser bloqueadas em nome de um "ideal 
linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por 
haver em construções existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na 
posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a não-concordância das passivas com se (aluga-
se casas) são indícios da existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de 
normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar 
juízo de valor. 
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). 
Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). 
 
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se 
que 
a) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada 
empregam, indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um 
texto escrito. 
b) falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos que 
confirmam a diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por 
falantes mais escolarizados. 
c) moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressar na 
escrita revelam a constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos 
especiais de concordância. 
d) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de 
apresentar usos não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma 
padrão. 
e) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas 
do verbo ter quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras 
gramaticais. 
 
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22. (ENEM - 2011) 
História do contato entre línguas no Brasil 
No Brasil, o contato dos colonizadores portugueses com milhões de falantes de mais de 
mil línguas autóctones e de cerca de duzentas línguas que vieram na boca de cerca de quatro 
milhões de africanos trazidos para o país como escravos é, sem sombra de dúvida, o principal 
parâmetro histórico para a contextualização das mudanças linguísticas que afetaram o 
português brasileiro. E processos como esses não devem ser levados em conta apenas para a 
compreensão das diferenças entre as variedades linguísticas nacionais. O próprio mapeamento 
das variedades linguísticas contemporâneas do português europeu e, sobretudo, do portuguêsbrasileiro, tanto no plano diatópico quanto no plano diastrático, depende crucialmente de uma 
apurada compreensão do processo histórico de sua formação. 
LUCCCHESI, D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O português afro-brasileiro. 
Salvador: EdUFBA, 2009 (adaptado). 
Glossário: 
Autóctone: nativo de uma região. 
Diatópico: referente à variação de uma mesma língua no plano regional (país, estado, cidade 
etc.). 
Diastrático: referente à variação de uma mesma língua em função das diversas classes sociais. 
 
Do ponto de vista histórico, as mudanças linguísticas que afetaram o português do Brasil têm 
sua origem no contato dos colonizadores com inúmeras línguas indígenas e africanas. 
Considerando as reflexões apresentadas no texto, verifica-se que esse processo, iniciado no 
começo da colonização, teve como resultado 
a) a aceitação da escravidão, em que seres humanos foram reduzidos à condição de objeto 
por seus senhores. 
b) a constituição do patrimônio linguístico, uma vez que representa a identidade nacional do 
povo brasileiro. 
c) o isolamento de um número enorme de índios durante todo o período da colonização. 
d) a separação entre pessoas que desfrutavam bens e outras que não tinham acesso aos bens 
de consumo. 
e) a supremacia dos colonizadores portugueses, que muito se empenharam para conquistar 
os indígenas. 
 
23. (ENEM - 2010) 
Riqueza ameaçada 
Boa parte dos 180 idiomas sobreviventes está ameaçada de extinção – mais da metade 
(110) é falada por menos de 500 pessoas. No passado, era comum pessoas serem amarradas 
em árvores quando se expressavam em suas línguas, lembra o cacique Felisberto Kokama, um 
analfabeto para os nossos padrões e um guardião da pureza de seu idioma (caracterizado por 
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uma diferença marcante entre a fala masculina e a feminina), lá no Amazonas, no Alto 
Solimões. Outro Kokama, o professor Leonel, da região de Santo Antônio do Içá (AM), mostra 
o problema atual: “Nosso povo se rendeu às pessoas brancas pelas dificuldades de 
sobrevivência. O Contato com a língua portuguesa foi exterminando e dificultando a prática da 
nossa língua. Há poucos falantes, e com vergonha de falar. A língua é muito preconceituada 
entre nós mesmos”. 
Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, nº 26 , 2007. 
 
O desaparecimento gradual ou abrupto de partes importantes do patrimônio linguístico e 
cultural do país possui causas variadas. Segundo o professor Leonel, da região de Santo 
Antônio do Içá (AM), os idiomas indígenas sobreviventes estão ameaçados de extinção devido 
ao 
a) medo que as pessoas tinham de serem castigadas por falarem a sua língua. 
b) número reduzido de índios que continuam falando entre si nas suas reservas. 
c) contato com falantes de outras línguas e a imposição de um outro idioma. 
d) desaparecimento das reservas indígenas em decorrência da influência do branco. 
e) descaso dos governantes em preservar esse patrimônio cultural brasileiro. 
 
2.2 – OUTROS VESTIBULARES 
24. (FUVEST - 2018) 
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não 
destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam 
a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e 
pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa 
de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer 
animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. 
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras. 
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, que se dispunha a começar a 
limpeza da casa. 
– Nhá Dunga! gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; se você tem cuscuz de milho 
hoje, bata na porta, ouviu? 
Aluísio Azevedo, O cortiço. 
*ensarilhar-se: emaranhar-se. 
** rezinga: resmungo. 
 
Constitui marca do registro informal da língua o trecho 
a) “mas um só ruído compacto” (L. 2). 
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b) “ouviam-se gargalhadas” (L. 3). 
c) “o prazer animal de existir” (L. 5-6). 
d) “gritou ela para baixo” (L. 10). 
e) “bata na porta” (L. 11). 
 
25. INSPER – 2018 
Analise a tirinha abaixo: 
 
Na tira, a presença do termo “Vossa Mercê” na fala do Vovô revela 
a) variedade de língua arcaica, para deixar claro à interlocutora a importância da diferença de 
idade. 
b) respeito excessivo dele ao dirigir-se à interlocutora, para contestar a ideia de que é 
antiquado. 
c) diferença de usos linguísticos entre as gerações, corroborando a avaliação da interlocutora 
sobre ele. 
d) intolerância da interlocutora com ele, cuja linguagem se mostra tão informal quanto a dela. 
e) opção por uma linguagem mais à vontade para agradar a interlocutora, que mostra ter 
princípios. 
 
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26. (INSPER – 2014) 
TEXTO I 
Barreira da língua 
Cenário: um posto de saúde no interior do Maranhão. 
– Buenos dias, señor, o que siente? – pergunta o médico. 
– Tô com dor no bucho, comi uma tapioca reimosa, me deu um empachamento danado. Minha 
cabeça ficou pinicando, deu até um farnizim no juízo. 
– Butcho? Tapiôka? Empatchamiento? Pinicón? Farnew zeen??? 
O trecho acima é de uma piada que circula no Hospital das Clínicas de São Paulo sobre as 
dificuldades de comunicação que os médicos estrangeiros deverão enfrentar nos rincões do 
Brasil. (...) 
(Claúdia Colucci, Folha de S. Paulo, 03 jul.2013.) 
 
TEXTO II 
No texto “Barreira da língua”, a jornalista Cláudia Collucci reproduz uma piada ouvida no 
Hospital das Clínicas, em São Paulo, para criticar a iniciativa do governo de abrir a possibilidade 
de que médicos estrangeiros venham a trabalhar no Brasil. Faltou dizer duas obviedades 
ululantes para qualquer brasileiro: 
1) A maioria dos ilustres médicos que trabalham no Hospital das Clínicas teria tantas 
dificuldades quanto um estrangeiro para entender uma frase recheada de regionalismos 
completamente desconhecidos nas rodas das classes média e alta por onde circulam; 
2) A quase totalidade deles não tem o menor interesse em mudar para uma comunidade 
carente, seja no interior do Maranhão, seja num vilarejo amazônico, e lá exercer sua profissão. 
(...) 
(José Cláuver de Aguiar Júnior, “Painel do leitor”, Folha de S. Paulo, 04 jul. /2013.) 
 
De acordo com o Texto II, os regionalismos usados na piada transcrita no Texto I 
a) demonstram variações geográficas e sociais do idioma. 
b) dificultam a comunicação apenas entre brasileiros e estrangeiros. 
c) indicam que o português é falado do mesmo modo em qualquer lugar. 
d) são imprecisos, pois são usados apenas em comunidades carentes. 
e) seriam de difícil compreensão para qualquer brasileiro. 
 
27. (FUVEST - 2012) 
"Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas 
adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à 
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estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das 
características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por 
exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, 
porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor 
normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma 
ponderável força contrária à variação." 
Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo.Adaptado. 
 
A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é: 
a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a 
ser considerada exemplar. 
b) sistema de signos estruturado segundo as normas instituídas pelo grupo de maior prestígio 
social. 
c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é vedada pela norma culta. 
d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funcionamento é prejudicado pela heterogeneidade 
social. 
e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais algumas são dotadas de normas e outras 
não o são. 
 
28. (FUVEST – 2012) 
De acordo com o texto, em relação às demais variedades do idioma, a língua padrão se comporta 
de modo 
a) inovador. 
b) restritivo. 
c) transigente. 
d) neutro. 
e) aleatório. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.3 – GABARITO 
1. B 
2. E 
3. C 
4. D 
5. D 
6. A 
7. A 
8. B 
9. D 
10. B 
11. C 
12. C 
13. B 
14. D 
15. C 
16. E 
17. A 
18. E 
19. E 
20. C 
21. B 
22. B 
23. C 
24. E 
25. C 
26. A 
27. A 
28. B 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.4 – QUESTÕES COMENTADAS 
1. (ENEM - 2018) 
Uma língua, múltiplos falares 
Desde suas origens, o Brasil tem uma língua dividida em falares diversos. Mesmo antes da 
chegada dos portugueses, o território brasileiro já era multilíngue. Havia cerca de 1,2 mil 
línguas faladas pelos povos indígenas. O português trazido pelo colonizador tampouco era uma 
língua homogênea, havia variações dependendo da região de Portugal de onde ele vinha. Há 
de se considerar também que a chegada de falantes de português acontece em diferentes 
etapas, em momentos históricos específicos. Na cidade de São Paulo, por exemplo, temos 
primeiramente o encontro linguístico de portugueses com índios e, além dos negros da África, 
vieram italianos, japoneses, alemães, árabes, todos com suas línguas. “Todo este processo vai 
produzindo diversidades linguísticas que caracterizam falares diferentes”, afirma um linguista 
da Unicamp. Daí que na mesma São Paulo pode-se encontrar modos de falar distintos como o 
de Adoniran Barbosa, que eternizou em suas composições o sotaque típico de um filho de 
imigrantes italianos, ou o chamado erre retroflexo, aquele erre dobrado que, junto com a letra 
i, resulta naquele jeito de falar “cairne” e “poirta” característico do interior de São Paulo. 
MARIUZZO, P. Disponível em: 
 www.labjor.unicamp.br. Acesso 
 em: 30 jul. 2012 (adaptado). 
 
A partir desse breve histórico da língua portuguesa no Brasil, um dos elementos de identidade 
nacional, entende-se que a diversidade linguística é resultado da 
a) imposição da língua do colonizador sobre as línguas indígenas. 
b) interação entre os falantes de línguas e culturas diferentes. 
c) sobreposição das línguas europeias sobre as africanas e indígenas. 
d) heterogeneidade da língua trazida pelo colonizador. 
e) preservação dos sotaques característicos dos imigrantes. 
Comentários: O texto aponta que mesmo antes da chegada dos portugueses o Brasil já era 
multilíngue, pois havia muita diversidade dentre os povos que viviam aqui. Além disso, o português 
dos colonizadores também não era homogêneo. Ao primeiro encontro – portugueses e indígenas – 
acresceu-se a população negra e, posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães e 
árabes. Assim, pode-se apontar que a diversidade linguística resulta da interação entre os falantes 
de línguas e culturas diferentes. A alternativa correta é a alternativa B. 
A alternativa A está incorreta, pois a imposição da língua oficial não mitigou completamente a 
influência das línguas existentes já no território brasileiro. 
A alternativa C está incorreta, pois ainda que o português tenha se tornado a língua oficial, isso não 
excluiu a contaminação das outras línguas. 
A alternativa D está incorreta, pois isso é apenas um dos aspectos que faz com que o Brasil seja 
multilíngue. 
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A alternativa E está incorreta, pois não se fala aqui sobre preservação de sotaques, mas sim sobre 
colaborações e contaminações. 
Gabarito: B 
2. (ENEM - 2018) 
O tradicional ornato para cabelos, a tiara ou diadema, já foi uma exclusividade feminina. Na 
origem, tanto “tiara” quanto “diadema” eram palavras de bom berço. “Tiara” nomeava o 
adorno que era o signo de poder entre os poderosos da Pérsia antiga e povos como os frísios, 
os bizantinos e os etíopes. A palavra foi incorporada do Oriente pela Grécia e chegou até nós 
por via latina, para quem queria referir-se à mitra usada pelos persas. Diadema era a faixa ou 
tira de linho fino colocado na cabeça pelos antigos latinos, herança do derivado grego para 
diádo (atar em volta, segundo o Houaiss). No Brasil, a forma de arco ou de laço das tiaras e 
alguns usos específicos (o nordestino “gigolete” faz alusão ao ornato usado por cafetinas, 
versões femininas do “gigolô”) produziram novos sinônimos regionais do objeto. 
Os sinônimos da tiara. 
Língua Portuguesa, n. 
 23, 2007 (adaptado). 
 
No texto, relata-se que o nome de um enfeite para cabelo assumiu diferentes denominações 
ao longo da história. 
Essa variação justifica-se pelo(a) 
a) distanciamento de sentidos mais antigos. 
b) registro de fatos históricos ocorridos em uma dada época. 
c) associação a questões religiosas específicas de uma sociedade. 
d) tempo de uso em uma comunidade linguística. 
e) utilização do objeto por um grupo social. 
Comentários: O mesmo objeto tinha seu nome alterado a depender de quem o utilizava. No caso 
brasileira, a palavra “gigolote” faz referência às pessoas que as utilizavam, as cafetinas). Assim, 
pode-se concluir que um objeto pode mudar de denominação a depender da sua utilização por um 
grupo social. A alternativa correta é alternativa E. 
A alternativa A está incorreta, pois não houve mudança nos sentidos antigos da palavra. Elas seguem 
significando o mesmo objeto, que mantém a mesma função que no passado. São apenas modos 
diferentes de falar sobre ele. 
A alternativa B está incorreta, pois as palavras “tiara” e “diadema” ainda são utilizadas nos dias de 
hoje. Elas não são parte de um momento histórico, ou seja, não são datadas. 
A alternativa C está incorreta, pois não se pode presumir que seu uso fosse religioso 
especificamente. 
A alternativa D está incorreta, pois apesar de o tempo de uso ajudar a fixar a forma, isso não é 
determinante para a distinção. O que determina os diversos sinônimos é seu uso social. 
Gabarito: E 
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3. (ENEM - 2018) 
“Acuenda o Pajubá”: conheça o “dialeto secreto” utilizado por gays e travestis 
Com origem no iorubá, linguagem foi adotada por travestis e ganhou a comunidade 
 
“Nhaí, amapô! não faça a loka e pague meu acué, deixe de equê se não eu puxo teu 
picumã!” Entendeu as palavras dessa frase? Se sim, é porque você manja alguma coisa de 
pajubá, o “dialeto secreto” dos gays e travestis. 
Adepto do uso das expressões, mesmo nos ambientes mais formais, um advogado afirma: 
É claro que eu não vou falar durante uma audiência ou numa reunião, mas na firma, com meus 
colegas de trabalho, eu falo de ‘acué’ o tempo inteiro”, brinca. “A gente tem que ter cuidado 
de falar outras palavras porque hoje o pessoal já entende, né? Tá na internet, tem até 
dicionário...”, comenta. 
O dicionário a que ele se refere é o Aurélia, a dicionária da língua afiada, lançado no ano 
de 2006 e escrito pelo jornalista Angelo Vip e por Fred Libi. Na obra, há mais de 1 300 verbetes 
revelando o significado das palavras do pajubá. 
Não se sabe ao certo quandoessa linguagem surgiu, mas sabe-se que há claramente uma 
relação ente o pajubá e a cultura africana, numa costura iniciada ainda na época do Brasil 
colonial. 
Disponível em: www.midiamax.com.br. 
 Acesso em: 4 abr. 2017 (adaptado). 
 
Da perspectiva do usuário, o pajubá ganha status de dialeto, caracterizando-se como elemento 
de patrimônio linguístico, especialmente por 
a) ter mais de mil palavras conhecidas. 
b) ter palavras diferentes de uma linguagem secreta. 
c) ser consolidado por objetos formais de registro. 
d) ser utilizado por advogados em situações formais. 
e) ser comum em conversas no ambiente de trabalho. 
Comentários: O dialeto é uma variante linguística constituída por características fonológicas, 
sintáticas, semânticas e morfológicas próprias. Haja vista que o pajubá já foi até sistematizado em 
dicionário, pode-se dizer que ele já foi consolidado por objetos formais de registro. Assim, a 
alternativa correta é alternativa C. 
A alternativa A está incorreta, pois não há um limite de palavras estabelecido para definir um dialeto. 
A alternativa B está incorreta, pois o que chama “linguagem secreta” no texto é justamente o próprio 
dialeto. 
A alternativa D está incorreta, pois os dialetos não são necessariamente ligados aos advogados. 
A alternativa E está incorreta, pois um dialeto pode ser regional também, não apenas social. 
Gabarito: C 
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4. (ENEM - 2017) 
Pode um idioma considerado extinto e pouco documentado 
ser novamente parte ativa do patrimônio linguístico? 
A melhor maneira de saber como ocorre uma revitalização linguística é examinando um 
marco na luta indígena: a recuperação da língua pataxó. Eni Orlandi, da Universidade Estadual 
de Campinas, esteve na equipe que coletou e analisou evidências linguísticas que ajudaram a 
reconstituir a variante do pataxó falada mais ao norte da região de Porto Seguro (BA), a 
hãhãhãe. 
“Os pataxós viveram perseguições e movimentos de dispersão. A partir dos anos 1980, 
entretanto, conseguiram criar um espaço em que reivindicaram seu direito ao território 
tradicional que haviam perdido. Outras perdas acompanharam essa. Entre os bens perdidos, 
estava a língua. A posse da língua significa para eles o seu desejo de ser índio, em um momento 
de ameaça de extermínio”, diz a pesquisadora. “A pesquisa foi feita em condições difíceis: uma 
só informante, Baheta, muito idosa, sem interlocutores reais (só os da memória, imaginados), 
e experimentando dificuldades de lembrar; em condições de guerra à sua cultura; uma parte 
da identidade estigmatizada, já voltada ao esquecimento”, diz Orlandi no livro Terra à vista. 
Graças às reminiscências de Baheta, foram coletados dados suficientes para comparar as listas 
de palavras que já se possuía e estabelecer paralelos com línguas próximas. 
Disponível em: http://revistalingua.uol. 
com.br. Acesso em: 28 jul. 2012 (adaptado). 
 
O processo de busca de dados sobre a língua pataxó evidencia a importância da pesquisa 
voltada para a 
a) reconstituição da língua de um povo, por meio de dados históricos. 
b) preservação da cultura de um povo, por meio do resgate de sua história oral. 
c) comparação de línguas consideradas “mortas”, por meio de registros escritos. 
d) catalogação do léxico de uma língua, por meio da recuperação de documentos. 
e) valorização dos povos indígenas, por meio da tentativa de unificação de línguas próximas. 
Comentários: Foi preciso contar com a memória de uma senhora idosa para conseguir realizar um 
levantamento de dados acerca da língua, o que demonstra que há pouca catalogação formal do 
assunto. Foi a partir dessa pesquisa – e da comparação com outros documentos que ainda se 
mantinham preservados – que se foi capaz de catalogar um léxico e reconstruir a língua pataxó. 
Assim, a alternativa correta é alternativa D. 
A alternativa A está incorreta, pois não foram apenas dados históricos os acessados, como também 
as experiencias pessoais. 
A alternativa B está incorreta, pois a preservação aqui está ligada na fixação da língua em uma forma 
escrita, durável, como um léxico, evitando manter apenas na oralidade. 
A alternativa C está incorreta, pois a comparação entre documentos foi um modo de comprovar as 
informações da senhora, checando-as com outras fontes, inclusive outras línguas semelhantes. Não 
há a comparação com línguas mortas. 
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A alternativa E está incorreta, pois não há o objetivo de unificar as línguas indígenas. Elas apenas 
são comparadas para fins de verificação. 
Gabarito: D 
5. (ENEM - 2017) 
Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos assuntos no mundo que não 
compreendia e esmoreceu. Mas uma mosca fez um ângulo reto no ar, depois outro, além disso, 
os seis anos são uma idade de muitas coisas pela primeira vez, mais do que uma por dia e, por 
isso, logo depois, arribou. Os assuntos que não compreendia eram uma espécie de tontura, 
mas o Ilídio era forte. 
Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca esqueças de tratar da cabra. O Ilídio não 
gostava que a mãe o mandasse tratar da cabra. Se estava ocupado a contar uma história a um 
guarda-chuva, não queria ser interrompido. Às vezes, a mãe escolhia os piores momentos para 
chamá-lo, ele podia estar a contemplar um segredo, por isso, assustava-se e, depois, irritava-
se. Às vezes, fazia birras no meio da rua. A mãe envergonhava-se e, mais tarde, em casa, dizia 
que as pessoas da vila nunca tinham visto um menino tão velhaco. O Ilídio ficava enxofrado, 
mas lembrava-se dos homens que lhe chamavam reguila, diziam ah, reguila de má raça. Com 
essa memória, recuperava o orgulho. Era reguila, não era velhaco. Essa certeza dava-lhe forças 
para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse. 
PEIXOTO, J. L. Livro. São 
Paulo: Cia. das Letras, 2012. 
 
No texto, observa-se o uso característico do português de Portugal, marcadamente diferente 
do uso do português do Brasil. O trecho que confirma essa afirmação é: 
a) “Pela primeira vez na vida teve pena de haver tantos assuntos no mundo que não 
compreendia e esmoreceu.” 
b) “Os assuntos que não compreendia eram uma espécie de tontura, mas o Ilídio era forte.” 
c) “Essa certeza dava-lhe forças para protestar mais, para gritar até, se lhe apetecesse.” 
d) “Se calhar estava a falar de tratar da cabra: nunca esqueças de tratar da cabra.” 
e) “O Ilídio não gostava que a mãe o mandasse tratar da cabra.” 
Comentários: A construção “estava a falar”, presente em “Se calhar estava a falar de tratar da 
cabra”, representa uma diferença entre português de Portugal e do Brasil. No Brasil, utiliza-se o 
gerúndio para essas situações. Aqui, esse trecho seria redigido como “Se calhar estava falando de 
tratar da cabra”. A alternativa correta, portanto, é alternativa D. 
 
 
 
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DIFERENÇAS ENTRE PORTUGUÊS DE PORTUGAL E DO BRASIL 
 Brasil Portugal 
Alô? (telefone) Estou? (telefone) 
Bacon Presunto 
Banheiro Casa de banho 
Café da manhã Pequeno-almoço 
Calcinha Cueca 
Celular Telemóvel 
Descarga Autoclismo 
Escanteio Pontapé de canto 
Fazendo (gerúndios em geral) A fazer (preposição a + infinitivo) 
Fila Bicha 
Maiô Fato de banho 
Ônibus Autocarro 
Presunto Fiambre 
Quadrinhos Banda desenhada 
Time Equipa 
Trem Comboio 
 
Gabarito: D 
6. (ENEM - 2017) 
A língua tupi no Brasil 
Há 300 anos, morar na vila de São Paulo de Piratininga (peixe seco, em tupi) era quase 
sinônimo de falar língua de índio. Em cada cinco habitantes da cidade, só dois conheciam o 
português. Por isso, em 1698, o governador da província, Artur de Sá e Meneses, implorou a 
Portugal que só mandassepadres que soubessem “a língua geral dos índios”, pois “aquela 
gente não se explica em outro idioma”. 
Derivado do dialeto de São Vicente, o tupi de São Paulo se desenvolveu e se espalhou no 
século XVII, graças ao isolamento geográfico da cidade e à atividade pouco cristã dos 
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mamelucos paulistas: as bandeiras, expedições ao sertão em busca de escravos índios. Muitos 
bandeirantes nem sequer falavam o português ou se expressavam mal. Domingos Jorge Velho, 
o paulista que destruiu o Quilombo dos Palmares em 1694, foi descrito pelo bispo de 
Pernambuco como “um bárbaro que nem falar sabe”. Em suas andanças, essa gente batizou 
lugares como Avanhandava (lugar onde o índio corre), Pindamonhangaba (lugar de fazer anzol) 
e Itu (cachoeira). E acabou inventando uma nova língua. 
“Os escravos dos bandeirantes vinham de mais de 100 tribos diferentes”, conta o 
historiador e antropólogo John Monteiro, da Universidade Estadual de Campinas. “Isso mudou 
o tupi paulista, que, além da influência do português, ainda recebia palavras de outros 
idiomas.” O resultado da mistura ficou conhecido como língua geral do sul, uma espécie de 
tupi facilitado. 
ÂNGELO. C. Disponível em: 
http://super.abril.com.br. 
Acesso em: 8 ago. 2012 (adaptado). 
 
O texto trata de aspectos sócio-históricos da formação linguística nacional. Quanto ao papel 
do tupi na formação do português brasileiro, depreende-se que essa língua indígena 
a) contribuiu efetivamente para o léxico, com nomes relativos aos traços característicos dos 
lugares designados. 
b) originou o português falado em São Paulo no século XVII, em cuja base gramatical também 
está a fala de variadas etnias indígenas. 
c) desenvolveu-se sob influência dos trabalhos de catequese dos padres portugueses, vindos 
de Lisboa. 
d) misturou-se aos falares africanos, em razão das interações entre portugueses e negros nas 
investidas contra o Quilombo dos Palmares. 
e) expandiu-se paralelamente ao português falado pelo colonizador, e juntos originaram a 
língua dos bandeirantes paulistas. 
Comentários: Percebe-se pelo texto que o tupi contribuiu muito efetivamente para a construção da 
língua na região de São Paulo: muitas palavras que utilizamos até hoje são de origem tupi. Um dos 
usos destacados no texto é justamente a atribuição do nome dos lugares de acordo com a ação que 
ocorria lá. A alternativa correta é alternativa A. 
A alternativa B está incorreta, pois o que se falava na época sequer era português, mas sim algo 
definido como tupi facilitado. 
A alternativa C está incorreta, pois a língua não foi imposta ou ensinada pelos padres portugueses. 
Inclusive, pedia-se que fossem enviados padres que soubessem falar a chamada “língua geral dos 
índios”. 
A alternativa D está incorreta, pois não há no texto a menção do contato com os africanos nesse 
momento. 
A alternativa E está incorreta, pois não se pode dizer que português falado pelo colonizador tenha 
expandido da mesma maneira. Essa era a língua falada na época no Brasil. 
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Caminho do Peabiru 
 Você já ouviu falar do Caminho do Peabiru? 
 Era uma trilha que os indígenas sul-americanos utilizavam desde antes da chegada dos 
europeus. Esses caminhos ligavam o litoral ao interior do continente, chegando até a 
Cordilheira dos Andes. O caminho mais famoso ligava a região da cidade de Cusco, no Peru, 
à Capitania de São Vicente – atual estado de São Paulo. 
 Isso demonstra que os indígenas sul-americanos deveriam ter algum tipo de relação 
entre si, o que com certeza também impactou nas línguas e nos modos de falar dos grupos 
na época. 
Gabarito: A 
7. (ENEM - 2016) 
O mistério do brega 
Famoso no seu tempo, o marechal Schönberg (1615-90) ditava a moda em Lisboa, onde 
seu nome foi aportuguesado para Chumbergas. Consta que ele foi responsável pela 
popularização dos vastos bigodes tufados na Metrópole. Entre os adeptos estaria o governador 
da província de Pernambuco, o português Jerônimo de Mendonça Furtado, que, por isso, aqui 
ganhou o apelido de Chumbregas – variante do aportuguesado Chumbergas. Talvez por ser um 
homem não muito benquisto na Colônia, o apelido deu origem ao adjetivo xumbrega: “coisa 
ruim”, “ordinária”. E talvez por ser um homem também da folia, surgiu o verbo xumbregar, 
que inicialmente teve o sentido se “embriagar-se” e depois veio a adquirir o de “bolinar”, 
“garanhar”. Dedução lógica: de coisa ruim a bebedeira e atos libidinosos, as palavras xumbrega 
ou xumbregar chegaram aos anos 60 do século XX na forma reduzida brega, designando locais 
onde se bebe, se bolina e se ouvem cantores cafonas. E o que inicialmente era substantivo, 
“música de brega”, acabou virando adjetivo, “música brega” – numa já distante referência a 
um certo marechal alemão chamado Schönberg. 
ARAUJO, P. C. Revista USP, n. 87, nov. 2010 (adaptado) 
 
O texto trata das mudanças linguísticas que resultaram na palavra “brega”. Ao apresentar as 
situações cotidianas que favoreceram as reinterpretações do seu sentido original, o autor 
mostra a importância da 
a) interpretação oral como um dos agentes responsáveis pela transformação do léxico do 
português. 
b) compreensão limitada de sons e de palavras para a criação de novas palavras em 
português. 
c) eleições de palavras frequentes e representativas na formação do léxico da língua 
portuguesa. 
d) interferência da documentação histórica na constituição do léxico. 
e) realização de ações de portugueses e de brasileiros a fim de padronizar as variedades 
linguísticas lusitanas. 
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Comentários: Fica claro que o nascimento da palavra “brega” está ligado à oralidade. Por ter 
dificuldade de falar o nome em alemão, houve uma adaptação em português, aproximando-se ao 
máximo do som do nome original. O mesmo vai ocorrendo com as outras transformações da palavra. 
Assim, pode-se dizer que a interpretação oral é um dos agentes responsáveis pela transformação do 
léxico do português. A alternativa correta é alternativa A. 
A alternativa B está incorreta, pois aqui é mais uma questão de dificuldade da fala do que de 
compreensão do som. Além disso, a criação de novas palavras aqui está ligada a um processo 
histórico. 
A alternativa C está incorreta, pois não se escolhem as palavras que serão frequentes ou 
representativas, elas apenas se tornam populares ao longo do tempo. 
A alternativa D está incorreta, pois a documentação histórica ajuda a explicar os processos, mas não 
interfere sobre eles. 
A alternativa E está incorreta, pois o processo de formação dessa palavra não foi uma ação pensada 
com um objetivo, apenas aconteceu. 
Gabarito: A 
8. (ENEM – 2016) 
PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra. 
BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você. 
EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele. 
BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções. 
EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não! 
BENONA: Isso são coisas passadas. 
EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele 
dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste 
me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, 
sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da 
molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio 
há de proteger minha pobreza e minha devoção. 
(SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).) 
 
Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribuipara 
a) marcar a classe social das personagens. 
b) caracterizar usos linguísticos de uma região. 
c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. 
d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. 
e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens. 
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Comentário: As palavras destacadas são típicas da região nordeste no Brasil e, por isso, representam 
uma variação linguística regional. A alternativa correta é alternativa B 
A alternativa A está incorreta, pois regionalismos não são marcadores de classe social. 
A alternativa C está incorreta, pois o que enfatiza a relação familiar são as expressões como “minha 
irmã” no vocativo. 
A alternativa D está incorreta, pois estas expressões nada têm a ver com gênero. 
A alternativa E está incorreta, pois elas demonstram mais um descontentamento do que um tom 
autoritário. 
Gabarito: B 
9. (ENEM - 2016) 
Da corrida de submarino à festa de aniversário no trem 
Leitores fazem sugestões para o Museu das Invenções Cariocas 
“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção 
do carioca, como também o ‘vacilão’.” 
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um 
amigo pode até doer um pouco no ouvido, mas é tipicamente carioca.” 
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.” 
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um carinho inventado pelo carioca para 
tratar bem quem ainda não se conhece direito.” 
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.” 
SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. 
Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado). 
 
Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado 
repertório linguístico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas 
de uso social. A respeito desse repertório, atesta-se o(a) 
a) desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos. 
b) inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas. 
c) reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes. 
d) identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca. 
e) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes. 
Comentários: Os itens típicos do falar carioca no texto estão muito ligados aos aspectos culturais do 
local: as relações sociais, o lazer, o modo de tratar conhecidos e desconhecidos etc. Assim, a 
alternativa correta é alternativa D. 
A alternativa A está incorreta, pois isso não é um requisito para ambientes urbanos, mas sim uma 
possibilidade quando se pensa nos falares regionais. 
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A alternativa B está incorreta, pois não há inadequação nas situações apresentadas. Não há 
problema nenhum em desobedecer às normas nesses contextos. 
A alternativa C está incorreta, pois não se aponta que esse seja um traço de classe social, mas sim 
regional do carioca. 
A alternativa E está incorreta, pois, não se aponta que esse seja um traço de faixa etária, mas sim 
regional do carioca. 
Gabarito: D 
10. (ENEM – 2015) 
Assum preto 
(Baião de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) 
Tudo em vorta é só beleza 
Sol de abril e a mata em frô 
Mas assum preto, cego dos óio 
Num vendo a luz, ai, canta de dor 
 
Tarvez por ignorança 
Ou mardade das pió 
Furaro os óio do assum preto 
Pra ele assim, ai, cantá mió 
 
Assum preto veve sorto 
Mas num pode avuá 
Mil veiz a sina de uma gaiola 
Desde que o céu, ai, pudesse oiá. 
 
As marcas da variedade regional registradas pelos compositores de Assum preto resultam da 
aplicação de um conjunto de princípios ou regras gerais que alteram a pronúncia, a morfologia, 
a sintaxe ou o léxico. No texto, é resultado de uma mesma regra, a: 
a) pronúncia das palavras “vorta” e “veve”. 
b) pronúncia das palavras “tarvez” e “sorto”. 
c) flexão verbal encontrada em “furaro” e “cantá”. 
d) redundância nas expressões “cego dos óio” e “mata em frô”. 
e) pronúncia das palavras “ignorança” e “avuá”. 
Comentário: A única alternativa que apresenta constância na mudança entre as palavras é a B, em 
que se encontra a mudança do “L” para “R” quando precedido por uma vogal (talvez se torna tarvez; 
solto se torna sorto). Assim, a alternativa correta é alternativa B. 
Na alternativa A, “vorta” tem o mesmo movimento, mas “veve” provoca troca entre vogais. 
Na alternativa C, há alteração do sufixo marcador de tempo do verbo (furaram) e supressão do 
infinitivo (cantar). 
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Na alternativa D, não há redundância em “mata em frô”, mas sim descrição da estação do ano ou 
condição do meio ambiente. 
Na alternativa E, “ignorança” é uma modificação de pronúncia e “avuá” é uma modificação de 
pronúncia de uma palavra que caiu em desuso (avoar). 
Gabarito: B 
11. (ENEM – 2014) 
Óia eu aqui de novo 
Óia eu aqui de novo xaxando 
Óia eu aqui de novo para xaxar 
Vou mostrar pr’esses cabras 
Que eu ainda dou no couro 
Isso é um desaforo 
Que eu não posso levar 
Que eu aqui de novo cantando 
Que eu aqui de novo xaxando 
Óia eu aqui de novo mostrando 
Como se deve xaxar 
Vem cá morena linda 
Vestida de chita 
Você é a mais bonita 
Desse meu lugar 
Vai, chama Maria, chama Luzia 
Vai, chama Zabé, chama Raquel 
Diz que eu tou aqui com alegria 
(BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: www. luizluagonzaga.mus.br. Acesso em: 5 maio 2013 (fragmento).) 
 
A letra da canção de Antônio de Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural 
do Brasil. O verso que singulariza uma forma característica do falar popular regional é 
a) “Isso é um desaforo” 
b) “Diz que eu tou aqui com alegria” 
c) “Vou mostrar pr’esses cabras” 
d) “Vai, chama Maria, chama Luzia” 
e) “Vem cá morena linda, vestida de chita” 
Comentário: A única alternativa que apresenta expressão regional é “Vou mostrar pr’esses cabras”, 
já que “cabras” se equivale a “homens”. A alternativa correta é alternativa C. 
A alternativa A está incorreta, pois o trecho destacado está escrito de acordo com a norma culta. 
A alternativa B está incorreta, pois apesar de conter uma marca de oralidade em “tou aqui”, a 
questão pergunta especificamente sobre falar popular regional. Preste sempre atenção aos 
enunciados. 
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A alternativa D está incorreta, pois o trecho destacado está escrito de acordo com a norma culta. 
A alternativa E está incorreta, pois o trecho destacado está escrito de acordo com a norma culta. 
Gabarito: C 
12. (ENEM - 2014) 
Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou 
com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, 
resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu 
estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. 
Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega 
do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, 
que disse: 
— Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”! 
O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: 
http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012. 
 
A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato 
envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva 
a) evidenciar a importância de marcas linguísticas valorizadoras da linguagem coloquial. 
b) demonstrar incômodocom a variedade característica de pessoas pouco escolarizadas. 
c) estabelecer um jogo de palavras a fim de produzir efeito de humor. 
d) criticar a linguagem de pessoas originárias de fora dos centros urbanos. 
e) estabelecer uma política de incentivo à escrita correta das palavras. 
Comentários: O efeito de humor está na confusão entre águia e “aguia” – um equivalente para 
“agulha”. O nome do estabelecimento está grafado no modo como uma parcela da população 
pronuncia a palavra “agulha”, não compreendido por Rui Barbosa no texto. A alternativa correta, 
portanto, é alternativa C. 
A alternativa A está incorreta, pois não há, normalmente, a ideia de valor sobre as marcas do falar 
coloquial, pelo contrário: esse falar é muitas vezes fruto de preconceito linguístico. 
A alternativa B está incorreta, pois aqui o objetivo não é produzir uma crítica, mas sim gerar um 
efeito de humor. 
A alternativa D está incorreta, pois o texto não produz crítica aos modos de falar, apenas aponta a 
diferença entre a forma escrita e a forma oral da língua. 
A alternativa E está incorreta, pois o texto não promove um incentivo a outras formas de falar, 
apenas relata uma situação. 
Gabarito: C 
13. (ENEM - 2014) 
Em bom português 
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No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que 
a gente é apanhada (aliás, já não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do 
plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma 
parte do léxico cai em desuso. 
Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que 
falam assim: 
– Assisti a uma fita de cinema com um artista que representa muito bem. 
Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saberão dizer que viram um filme com 
um ator que trabalha bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de 
banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel 
em vez de comprar um carro, pegarão um defluxo em vez de um resfriado, vão andar no 
passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou 
sua senhora em vez de apresentar sua mulher. 
SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984 (adaptado). 
 
A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exemplifica 
essa característica da língua, evidenciando que 
a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas. 
b) a utilização de inovações no léxico é percebida na comparação de gerações. 
c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográfica. 
d) a pronúncia e o vocábulo são aspectos identificadores da classe social a que pertence o 
falante. 
e) o modo de falar específico de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as 
regiões. 
Comentários: O texto aponta para modos de falar ligados às diferenças geracionais. Dizer “sua 
senhora” ao invés de “sua mulher”, por exemplo, aponta para um modo de falar que era mais 
comum no passado. Muitas vezes, porém, pessoas mais velhas não perdem alguns hábitos 
linguísticos e seguem falando do modo como se falava anteriormente. Isso demonstra que, na 
comparação entre diferentes gerações, pode-se perceber bem as inovações no léxico. A alternativa 
correta é alternativa B. 
A alternativa A está incorreta, pois o texto apenas aponta as diferenças, sem incentivar nenhum dos 
usos especificamente. 
A alternativa C está incorreta, pois a diversidade apontada é de idade, geração, não geografia. 
A alternativa D está incorreta, pois a diversidade apontada é de idade, geração, não classe social. 
A alternativa E está incorreta, pois o texto aponta para as variações da língua portuguesa, não a 
uniformidade. 
Gabarito: B 
14. (ENEM - 2014) 
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Evocação do Recife 
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros 
Vinha da boca do povo na língua errada do povo 
Língua certa do povo 
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil 
Ao passo que nós 
O que fazemos 
É macaquear 
A sintaxe lusíada… 
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. 
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007. 
 
Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias das classes 
populares devem ser 
a) satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil ferem a língua 
portuguesa autêntica. 
b) questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua portuguesa. 
c) subestimadas, pois o português “gostoso” de Portugal deve ser a referência de correção 
linguística. 
d) reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é garantida por meio da fala do povo. 
e) reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original. 
Comentários: O texto aponta que o chamado “erro de português” é na verdade um acerto. Quando 
nos fixamos na norma culta estamos copiando (“macaqueando”) os portugueses. É na oralidade e 
nas ruas que está a produção da verdadeira fala do povo brasileiro, aquela que nos pertence 
verdadeiramente. Deve-se reconhecer o valor das variantes linguísticas, pois elas são garantia da 
formação cultural do Brasil. A alternativa correta é alternativa D. 
A alterativa A está incorreta, pois não há a indicação de que se deve satirizar as variantes, mas sim 
valorizá-las. 
A alterativa B está incorreta, pois o poeta não indica que devemos imitar a sintaxe portuguesa, 
tampouco tentar nos aproximar dela. 
A alterativa C está incorreta, pois a referência ao português “Gostoso” é para aquele que é produzido 
na oralidade pelo povo brasileiro. 
A alterativa E está incorreta, pois a variante linguística das ruas é a própria reelaboração do 
português, mas à maneira do povo 
Gabarito: D 
15. (ENEM - 2016) 
Escrever 
A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse. 
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Primeiro evite esses coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não 
dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De 
vez em quando, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, 
mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar 
diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito estranho, 
reescreva. 
Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando 
Pessoa, peça autorização ao sábio de plantão, e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador. 
Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem 
assim”, uma chata que usa o truque para afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar. 
SANTOS, J. F. O Globo, 10 jan. 2011 (adaptado) 
 
A língua varia em função de diferentes fatores. Um deles é a situação em que se dá a 
comunicação. Na crônica, ao ser interrogado sobre a arte de escrever, o autor utiliza, em meio 
à linguagem escrita padrão, condizente com o contexto. 
a) definições teóricas, para permitir que seus conselhos sejam úteis aos futuros jornalistas. 
b) gírias não dicionarizadas, para imitar a linguagem de jovens de baixa escolaridade. 
c) palavras de uso coloquial, para estabelecer uma interação satisfatória com a interlocutora. 
d) termos da linguagem jornalística, para causar boa impressão na jovem entrevistadora. 
e) vocabulário técnico, para ampliar o repertório linguístico dos jovens leitores do jornal. 
Comentários: O texto tenta reproduzir um diálogo, como se o autor estivesse conversando com uma 
estudante. Assim, ele faz uso de palavras coloquiais paratentar simular uma conversa. A alternativa 
correta é alternativa C. 
A alternativa A está incorreta, pois as definições do texto não são teóricas, mas sim parte da 
experiência do autor na escrita. 
A alternativa B está incorreta, pois as expressões reproduzem um diálogo, a oralidade, não 
necessariamente o falar de jovens de baixa escolaridade. 
A alternativa D está incorreta, pois o autor se afasta do jargão jornalístico no texto. 
A alternativa E está incorreta, pois não há o uso de palavras de vocabulário técnico. O texto é 
bastante próximo da oralidade. 
Gabarito: C 
16. (ENEM - 2013) 
O cordelista por ele mesmo 
Aos doze anos eu era 
forte, esperto e nutrido. 
Vinha do Sítio de Piroca 
muito alegre e divertido 
vender cestos e balaios 
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que eu mesmo havia tecido. 
 
Passava o dia na feira 
e à tarde regressava 
levando umas panelas 
que minha mãe comprava 
e bebendo água salgada 
nas cacimbas onde passava. 
BORGES, J. F. Dicionário dos sonhos e outras histórias de cordel. 
Porto Alegre: LP&M, 2003 (fragmento). 
 
Literatura de cordel é uma criação popular em verso, cuja linguagem privilegia, tematicamente, 
histórias de cunho regional, lendas, fatos ocorridos para firmar certas crenças e ações 
destacadas nas sociedades locais. A respeito do uso das formas variantes da linguagem no 
Brasil, o verso do fragmento que permite reconhecer uma região brasileira é 
a) “muito alegre e divertido”. 
b) “Passava o dia na feira”. 
c) “levando umas panelas”. 
d) “que minha mãe comprava”. 
e) “nas cacimbas onde passava”. 
Comentários: O trecho em que se percebe uma variante regional do português é “nas cacimbas 
onde passava”. 
A palavra “cacimba” significa Poço artesanal, lugar de guardar água feito no chão. É uma expressão 
típica do nordeste brasileiro. 
Assim, a alternativa correta é alternativa E. 
Gabarito: E 
17. (ENEM - 2012) 
No Brasil de hoje são falados por volta de 200 idiomas. As nações indígenas do país falam 
cerca de 180 línguas, e as comunidades de descendentes de imigrantes cerca de 30 línguas. Há 
uma ampla riqueza de usos, práticas e variedades no âmbito da própria língua portuguesa 
falada no Brasil, diferenças estas de caráter diatópico (variações regionais) e diastrático 
(variações de classes sociais) pelo menos. Somos, portanto, um país de muitas línguas, tal qual 
a maioria dos países do mundo (em 94% dos países são faladas mais de uma língua). 
Fomos no passado, ainda muito mais do que hoje, um território plurilíngue. Cerca de 1078 
línguas indígenas eram faladas quando aqui aportaram os portugueses, há 500 anos, segundo 
estimativas de Rodrigues (1993). Porém, o Estado português e, depois da independência, o 
Estado brasileiro, que o sucedeu, tiveram por política impor o português como a única língua 
legítima, considerando-a “companheira do Império”. A política linguística principal do Estado 
sempre foi a de reduzir o número de línguas, num processo de glotocídio (eliminação de 
línguas) por meio do deslocamento linguístico, isto é, de sua substituição pela língua 
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portuguesa. Somente na primeira metade do século XX, segundo Darcy Ribeiro, 67 línguas 
indígenas desapareceram no Brasil — mais de uma por ano, portanto. Das cerca de 1 078 
línguas indígenas faladas em 1 500, ficamos com aproximadamente 180 em 2000 (um 
decréscimo de 85%), e várias destas 180 encontram-se em estado avançado de 
desaparecimento. 
Disponível em: www.cultura.gov. Acesso em: 28 fev. 2012 (adaptado). 
 
As línguas indígenas contribuíram, entre outros aspectos, para a introdução de novas palavras 
no português do Brasil. De acordo com o texto apresentado, infere-se que a redução do 
número de línguas indígenas 
a) ocasionou graves consequências para a preservação do nosso patrimônio linguístico e 
cultural, uma vez que a redução dessas línguas significa a perda da herança cultural de um 
povo. 
b) manteve a preservação de nosso patrimônio linguístico e cultural, porque, assim como 
algumas línguas morrem, outras nascem de tempos em tempos, o que contribui para a 
conservação do idioma. 
c) foi um processo natural pelo qual a língua portuguesa passou, não significando, portanto, 
prejuízos para o patrimônio linguístico do Brasil, que se conservou inalterado até nossos dias. 
d) contribuiu para a mudança de posicionamento da política linguística do Estado, que passou 
a desconsiderar as línguas indígenas como um importante meio de comunicação dos primeiros 
habitantes. 
e) representou uma fase do desenvolvimento da língua portuguesa, que, como qualquer 
outra língua, passou pelo processo de renovação vocabular, que exige a redução das línguas. 
Comentários: Tendo-se em vista que uma língua é um patrimônio cultural de um povo, pode-se dizer 
que o desaparecimento de uma língua significa o apagamento da herança cultural desse grupo de 
pessoas. Assim, a alternativa correta é alternativa A. 
A alternativa B está incorreta, pois não houve conservação dos idiomas, mas sim seu 
desaparecimento, sua não preservação. 
A alternativa C está incorreta, pois o processo não é natural, mas fruto de um extermínio da 
população indígena do país, que gerou prejuízos ao patrimônio linguístico do Brasil. 
A alternativa D está incorreta, pois essa já era a política linguística desde a colonização, não sendo 
possível dizer que houve mudança de atitude. 
A alternativa E está incorreta, pois o texto não fala sobre renovação vocabular, mas sim sobre o 
desaparecimento programado de uma cultura. 
Gabarito: A 
18. (ENEM - 2012) 
A substituição do haver por ter em construções existenciais, no português do Brasil, 
corresponde a um dos processos mais característicos da história da língua portuguesa, paralelo 
ao que já ocorrera em relação a ampliação do domínio de ter na área semântica de “posse”, 
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no final da fase arcaica. Mattos e Silva (2001:136) analisa as vitórias de ter sobre haver e 
discute a emergência de ter existencial, tomando por base a obra pedagógica de João de 
Barros. Em textos escritos nos anos quarenta e cinquenta do século XVI, encontram-se 
evidências, embora raras, tanto de ter “existencial”, não mencionado pelos clássicos estudos 
de sintaxe histórica, quanto de haver como verbo existencial com concordância, lembrado por 
Ivo Castro, e anotado como “novidade” no século XVIII por Said Ali. 
Como se vê, nada é categórico e um purismo estreito só revela um conhecimento 
deficiente da língua. Há mais perguntas que respostas. Pode-se conceber uma norma única e 
prescritiva? É válido confundir o bom uso e a norma com a própria língua e dessa forma fazer 
uma avaliação crítica e hierarquizante de outros usos e, através deles, dos usuários? Substitui-
se uma norma por outra? 
CALLOU, D. A propósito de norma, correção e preconceito linguístico: 
do presente para o passado, In: Cadernos de Letras da UFF, n.° 36, 2008. 
Disponível em: www.uff.br. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). 
 
Para a autora, a substituição de “haver” por “ter” em diferentes contextos evidencia que 
a) o estabelecimento de uma norma prescinde de uma pesquisa histórica. 
b) os estudo clássicos de sintaxe histórica enfatizam a variação e a mudança na língua. 
c) a avaliação crítica e hierarquizante dos usos da língua fundamenta a definição da norma. 
d) a adoção de uma única norma revela uma atitude adequada para os estudos linguísticos. 
e) os comportamentos puristas são prejudiciais à compreensão da constituição linguística. 
Comentários: Para autora, pensar na língua exclusivamente a partir da norma aponta um 
desconhecimento sobre os processos de constituição linguística, pois excluem as possibilidadessurgidas no uso da língua, que não necessariamente se preocupa com a norma culta. Assim, a 
alternativa correta é alternativa E. 
A alternativa A está incorreta, pois a pesquisa histórica ajuda a fundamentar a norma segundo o 
texto. 
A alternativa B está incorreta, pois, segundo a autora, muitas vezes esses estudos deixam os 
aspectos dos usos cotidianos e da oralidade de lado. 
A alternativa C está incorreta, pois a norma, segundo o texto, parte muito da pesquisa documental 
histórica, não das variantes. 
A alternativa D está incorreta, pois a norma de fato é uma só, porém não se pode considerar que os 
usos fora da norma estão incorretos, mas sim reconhecer sua importância para a compreensão de 
uma língua. 
Gabarito: E 
19. (ENEM - 2012) 
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Disponível em: http://blog.educacional.com.br. Acesso em: 30 set. 2011. 
 
As variações e as mudanças nas línguas estão correlacionadas a fatores sociais. Na tira, a 
dedução do pai da garota é confirmada e gera o efeito de humor, pois seu interlocutor 
apresenta um vocabulário 
a) urbano, típico de quem nasce nas grandes metrópoles brasileiras. 
b) formal, relativo a quem frequenta a escola por muitos anos. 
c) elitizado, encontrado entre falantes de classe socioeconômica alta. 
d) especial, restrito a quem frequenta os espaços da juventude. 
e) conservador, representado por uma fala arcaica para a geração atual. 
Comentários: A palavra “vosmecê” já caiu em desuso, tendo sido substituída pelo “você”. Já 
“parvoíce” é um termo que, apesar de ainda existir, é pouco usado. Assim pode-se dizer que a fala 
da personagem é arcaica se comparada com a geração atual. A alternativa correta é alternativa E. 
A alternativa A está incorreta, pois em nenhum momento faz-se referência ao espaço geográfico, 
mas sim à idade. 
A alternativa B está incorreta, pois em nenhum momento faz-se referência ao nível de escolaridade 
dos falantes, mas sim à idade. 
A alternativa C está incorreta, pois em nenhum momento faz-se referência à classe social dos 
falantes, mas sim à idade. 
A alternativa D está incorreta, pois em nenhum momento faz-se juízo de valor sobre os falantes, 
como se alguma das características conferisse status de especial. 
Gabarito: E 
20. (ENEM - 2011) 
Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela 
comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de 
complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos que configuram uma norma 
nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não só as 
normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as 
chamadas normas cultas locais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que 
essas normas se consolidaram em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do 
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século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em 
consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os 
territórios. 
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). 
Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (adaptado). 
 
O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno 
natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto 
mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção 
do leitor para a 
a) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta. 
b) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII. 
c) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de 
Portugal. 
d) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país. 
e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser 
aceitos. 
Comentários: As normas da língua são locais, independente se populares ou vernáculas. Elas formam 
a norma da língua nacional de maneira distinta do português de Portugal. As línguas aqui existentes 
e os outros falares típicos da região colaboram para um uso do português no Brasil distinto de 
Portugal. A alternativa correta é alternativa C. 
A alternativa A está incorreta, pois o texto defende que se deve considerar os modos de falar 
populares do país ao pensar em uma língua. 
A alternativa B está incorreta, pois o texto aponta para a bifurcação das variantes continentais, não 
para a difusão do português. 
A alternativa D está incorreta, pois o texto aponta para a existência de normas linguísticas locais no 
território brasileiro. 
A alternativa E está incorreta, pois o texto afirma que devemos levar em consideração os diversos 
usos da língua, não deixando as expressões populares de lado. 
Gabarito: C 
21. (ENEM - 2011) 
Há certos usos consagrados na fala, e até mesmo na escrita, que, a depender do estrato social 
e do nível de escolaridade do falante, são, sem dúvida, previsíveis. Ocorrem até mesmo em 
falantes que dominam a variedade padrão, pois, na verdade, revelam tendências existentes na 
língua em seu processo de mudança que não podem ser bloqueadas em nome de um "ideal 
linguístico” que estaria representado pelas regras da gramática normativa. Usos como ter por 
haver em construções existenciais (tem muitos livros na estante), o do pronome objeto na 
posição de sujeito (para mim fazer o trabalho), a não-concordância das passivas com se (aluga-
se casas) são indícios da existência, não de uma norma única, mas de uma pluralidade de 
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normas, entendida, mais uma vez, norma como conjunto de hábitos linguísticos, sem implicar 
juízo de valor. 
CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). 
Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). 
 
Considerando a reflexão trazida no texto a respeito da multiplicidade do discurso, verifica-se 
que 
a) estudantes que não conhecem as diferenças entre língua escrita e língua falada 
empregam, indistintamente, usos aceitos na conversa com amigos quando vão elaborar um 
texto escrito. 
b) falantes que dominam a variedade padrão do português do Brasil demonstram usos que 
confirmam a diferença entre a norma idealizada e a efetivamente praticada, mesmo por 
falantes mais escolarizados. 
c) moradores de diversas regiões do país que enfrentam dificuldades ao se expressar na 
escrita revelam a constante modificação das regras de emprego de pronomes e os casos 
especiais de concordância. 
d) pessoas que se julgam no direito de contrariar a gramática ensinada na escola gostam de 
apresentar usos não aceitos socialmente para esconderem seu desconhecimento da norma 
padrão. 
e) usuários que desvendam os mistérios e sutilezas da língua portuguesa empregam formas 
do verbo ter quando, na verdade, deveriam usar formas do verbo haver, contrariando as regras 
gramaticais. 
Comentários: A língua falada e a língua escrita são diferentes. Na oralidade, permitem-se uma série 
de práticas que seriam consideradas incorretas segundo a norma culta. Meus falantes mais 
escolarizados podem incorrer nesses usos que muitas vezes são referidos como “incorretos”. Assim, 
a alternativa correta é alternativa B. 
A alternativa A está incorreta, pois as pessoas conhecem as diferenças entre as línguas escritas e 
faladas, mas elas podem ser utilizadas sem prejuízo na oralidade. 
A alternativa C está incorreta, pois o problema da língua escrita não é sua variação – muito mais 
presente naoralidade inclusive – mas sim a diferença entre falar e escrever. 
A alternativa D está incorreta, pois ainda que se conheça a norma padrão, pode-se incorrer em fugas 
à norma culta na oralidade, uma vez que o importante é a mensagem a ser passada aqui. 
A alternativa E está incorreta, pois não há incorreção nessa substituição na língua falada, uma vez 
que os falantes são capazes de compreender-se mutuamente. 
Gabarito: B 
22. (ENEM - 2011) 
História do contato entre línguas no Brasil 
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No Brasil, o contato dos colonizadores portugueses com milhões de falantes de mais de 
mil línguas autóctones e de cerca de duzentas línguas que vieram na boca de cerca de quatro 
milhões de africanos trazidos para o país como escravos é, sem sombra de dúvida, o principal 
parâmetro histórico para a contextualização das mudanças linguísticas que afetaram o 
português brasileiro. E processos como esses não devem ser levados em conta apenas para a 
compreensão das diferenças entre as variedades linguísticas nacionais. O próprio mapeamento 
das variedades linguísticas contemporâneas do português europeu e, sobretudo, do português 
brasileiro, tanto no plano diatópico quanto no plano diastrático, depende crucialmente de uma 
apurada compreensão do processo histórico de sua formação. 
LUCCCHESI, D.; BAXTER, A.; RIBEIRO, I. (orgs.). O português afro-brasileiro. 
Salvador: EdUFBA, 2009 (adaptado). 
Glossário: 
Autóctone: nativo de uma região. 
Diatópico: referente à variação de uma mesma língua no plano regional (país, estado, cidade 
etc.). 
Diastrático: referente à variação de uma mesma língua em função das diversas classes sociais. 
 
Do ponto de vista histórico, as mudanças linguísticas que afetaram o português do Brasil têm 
sua origem no contato dos colonizadores com inúmeras línguas indígenas e africanas. 
Considerando as reflexões apresentadas no texto, verifica-se que esse processo, iniciado no 
começo da colonização, teve como resultado 
a) a aceitação da escravidão, em que seres humanos foram reduzidos à condição de objeto 
por seus senhores. 
b) a constituição do patrimônio linguístico, uma vez que representa a identidade nacional do 
povo brasileiro. 
c) o isolamento de um número enorme de índios durante todo o período da colonização. 
d) a separação entre pessoas que desfrutavam bens e outras que não tinham acesso aos bens 
de consumo. 
e) a supremacia dos colonizadores portugueses, que muito se empenharam para conquistar 
os indígenas. 
Comentários: A língua portuguesa brasileira, apesar de ser chamada simplesmente de Português, 
tem dentro de si influencias de diversas outras línguas. As línguas indígenas e africanas ajudaram a 
constituir o que hoje chamamos de Português do Brasil. Assim, os processos de colonização foram 
fundamentais para a constituição do patrimônio linguístico do Brasil e, por consequência, da 
identidade nacional. A alternativa correta é alternativa B. 
A alternativa A está incorreta, pois as influências dos idiomas africanos sobre a língua portuguesa 
não significam a aceitação da escravidão. 
A alternativa C está incorreta, pois não houve isolamento dos indígenas, ainda que tenha havido 
perseguição e extermínio de muitas populações. 
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A alternativa D está incorreta, pois a língua vai se formando de modo que todos têm acesso a ela, 
com pequenas particularidades. 
A alternativa E está incorreta, pois o texto não faz juízo de valor, apontando que os colonizadores 
seriam melhores que os indígenas. 
Gabarito: B 
23. (ENEM - 2010) 
Riqueza ameaçada 
Boa parte dos 180 idiomas sobreviventes está ameaçada de extinção – mais da metade 
(110) é falada por menos de 500 pessoas. No passado, era comum pessoas serem amarradas 
em árvores quando se expressavam em suas línguas, lembra o cacique Felisberto Kokama, um 
analfabeto para os nossos padrões e um guardião da pureza de seu idioma (caracterizado por 
uma diferença marcante entre a fala masculina e a feminina), lá no Amazonas, no Alto 
Solimões. Outro Kokama, o professor Leonel, da região de Santo Antônio do Içá (AM), mostra 
o problema atual: “Nosso povo se rendeu às pessoas brancas pelas dificuldades de 
sobrevivência. O Contato com a língua portuguesa foi exterminando e dificultando a prática da 
nossa língua. Há poucos falantes, e com vergonha de falar. A língua é muito preconceituada 
entre nós mesmos”. 
Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, nº 26 , 2007. 
 
O desaparecimento gradual ou abrupto de partes importantes do patrimônio linguístico e 
cultural do país possui causas variadas. Segundo o professor Leonel, da região de Santo 
Antônio do Içá (AM), os idiomas indígenas sobreviventes estão ameaçados de extinção devido 
ao 
a) medo que as pessoas tinham de serem castigadas por falarem a sua língua. 
b) número reduzido de índios que continuam falando entre si nas suas reservas. 
c) contato com falantes de outras línguas e a imposição de um outro idioma. 
d) desaparecimento das reservas indígenas em decorrência da influência do branco. 
e) descaso dos governantes em preservar esse patrimônio cultural brasileiro. 
Comentários: Segundo o professor, a necessidade fez com que as populações indígenas precisassem 
se adequar ao português. Hoje em dia, o problema também está no receio do preconceito e na 
convivência com falantes do português. Assim, a alternativa correta é alternativa C. 
A alternativa A está incorreta, pois isso é descrito como uma prática do passado e a pergunta é sobre 
a situação atual. Nos dias de hoje, é a vergonha e medo do preconceito o responsável pela 
diminuição da fala. 
A alternativa B está incorreta, pois apesar de haver de fato menos pessoas nas reservas, o que 
ameaça as línguas é o contato com outras línguas e a necessidade de falar outro idioma para 
sobreviver. 
A alternativa D está incorreta, pois, ainda que sejam poucas e constantemente ameaçadas, ainda há 
reservas indígenas no Brasil. 
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A alternativa E está incorreta, pois não se fala no texto sobre a possível atuação do governo nesse 
sentido. 
Gabarito: C 
24. (FUVEST - 2018) 
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não 
destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam 
a fazer compras na venda; ensarilhavam-se discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e 
pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa 
de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer 
animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. 
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como formigas; fazendo compras. 
Duas janelas do Miranda abriram-se. Apareceu numa a Isaura, que se dispunha a começar a 
limpeza da casa. 
– Nhá Dunga! gritou ela para baixo, a sacudir um pano de mesa; se você tem cuscuz de milho 
hoje, bata na porta, ouviu? 
Aluísio Azevedo, O cortiço. 
*ensarilhar-se: emaranhar-se. 
** rezinga: resmungo. 
 
Constitui marca do registro informal da língua o trecho 
f) “mas um só ruído compacto” (L. 2). 
g) “ouviam-se gargalhadas” (L. 3). 
h) “o prazer animal de existir” (L. 5-6). 
i) “gritou ela para baixo” (L. 10). 
j) “bata na porta” (L. 11). 
Comentários: O verbo “bater” deve ser acompanhado da preposição “a” para expressar ação de 
golpear a porta. Assim, a frase deveria ser substituída por bata à porta para atender às exigências 
da gramática normativa. Por isso, a frase que denota registro informal da língua é alternativa E. 
Iremos estudar melhor questões de regência e preposição na nossa aula sobreverbo. 
A alternativa A está incorreta, pois “compacto” significa “pequeno” ou “reduzido”. O uso dessa 
palavra ao invés de outra mais comum como “pequeno” demonstra domínio da língua, o que foge 
à lógica do registro informal. 
A alternativa B está incorreta, pois o uso da ênclise (pronome ao final do verbo) depois de 
pontuação (ponto e vírgula) demonstra um uso da norma culta da colocação pronominal. Na 
oralidade tendemos a utilizar a próclise (pronome antes do verbo). 
A alternativa C está incorreta, pois essa sentença não indica a presença nem do registro 
formal nem do informal. Trata-se de uma frase comum, com vocabulário comum, sem nenhum 
indício de algo mais rebuscado ou de uma variedade popular. 
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A alternativa D está incorreta, pois não há erro ou variante aqui. A frase simplesmente está na 
ordem indireta. Seria como dizer “Ela gritou para baixo”. 
Gabarito: E 
25. INSPER – 2018 
Analise a tirinha abaixo: 
 
Na tira, a presença do termo “Vossa Mercê” na fala do Vovô revela 
a) variedade de língua arcaica, para deixar claro à interlocutora a importância da diferença de 
idade. 
b) respeito excessivo dele ao dirigir-se à interlocutora, para contestar a ideia de que é 
antiquado. 
c) diferença de usos linguísticos entre as gerações, corroborando a avaliação da interlocutora 
sobre ele. 
d) intolerância da interlocutora com ele, cuja linguagem se mostra tão informal quanto a dela. 
e) opção por uma linguagem mais à vontade para agradar a interlocutora, que mostra ter 
princípios. 
Comentário: Vossa mercê é o modo arcaico do pronome “você”, uma contração das duas palavras. 
A diferença geracional fica evidente no uso do “você” no primeiro quadrinho pela menina e da 
“vossa mercê” no terceiro quadrinho pelo avô. A alternativa correta é alternativa C. 
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A alternativa A está incorreta, pois a tirinha visa mostrar esta diferença para o leitor. 
A alternativa B está incorreta, pois não é uma questão de respeito, mas sim de hábito de fala que o 
faz utilizar “vossa mercê”. 
A alternativa D está incorreta, pois nem ela é intolerante, nem ele em uma linguagem informal, já 
que hoje em dia essa expressão caiu em desuso. 
A alternativa E está incorreta, pois não há uma tentativa de agradar a personagem. 
Gabarito: C 
26. (INSPER – 2014) 
TEXTO I 
Barreira da língua 
Cenário: um posto de saúde no interior do Maranhão. 
– Buenos dias, señor, o que siente? – pergunta o médico. 
– Tô com dor no bucho, comi uma tapioca reimosa, me deu um empachamento danado. Minha 
cabeça ficou pinicando, deu até um farnizim no juízo. 
– Butcho? Tapiôka? Empatchamiento? Pinicón? Farnew zeen??? 
O trecho acima é de uma piada que circula no Hospital das Clínicas de São Paulo sobre as 
dificuldades de comunicação que os médicos estrangeiros deverão 
enfrentar nos rincões do Brasil. (...) 
(Claúdia Colucci, Folha de S. Paulo, 03 jul.2013.) 
 
TEXTO II 
No texto “Barreira da língua”, a jornalista Cláudia Collucci reproduz uma piada ouvida no 
Hospital das Clínicas, em São Paulo, para criticar a iniciativa do governo de abrir a possibilidade 
de que médicos estrangeiros venham a trabalhar no Brasil. Faltou dizer duas obviedades 
ululantes para qualquer brasileiro: 
1) A maioria dos ilustres médicos que trabalham no Hospital das Clínicas teria tantas 
dificuldades quanto um estrangeiro para entender uma frase recheada de regionalismos 
completamente desconhecidos nas rodas das classes média e alta por onde circulam; 
2) A quase totalidade deles não tem o menor interesse em mudar para uma comunidade 
carente, seja no interior do Maranhão, seja num vilarejo amazônico, e lá exercer sua profissão. 
(...) 
(José Cláuver de Aguiar Júnior, “Painel do leitor”, Folha de S. Paulo, 04 jul. /2013.) 
 
De acordo com o Texto II, os regionalismos usados na piada transcrita no Texto I 
a) demonstram variações geográficas e sociais do idioma. 
b) dificultam a comunicação apenas entre brasileiros e estrangeiros. 
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c) indicam que o português é falado do mesmo modo em qualquer lugar. 
d) são imprecisos, pois são usados apenas em comunidades carentes. 
e) seriam de difícil compreensão para qualquer brasileiro. 
Comentário: A partir do excerto “uma frase recheada de regionalismos completamente 
desconhecidos nas rodas das classes média e alta” é possível compreender que o Texto II classifica 
os regionalismos como uma questão geográfica e social. A alternativa correta é alternativa A. 
A alternativa B está incorreta, pois a dificuldade também aparece entre brasileiros de diferentes 
classes ou convívios. 
A alternativa C está incorreta, pois há diferença também entre pessoas da mesma nacionalidade, 
mas diferentes contextos. 
A alternativa D está incorreta, pois as marcas regionais não estão necessariamente associadas às 
classes menos abastadas. 
A alternativa E está incorreta, pois só é de difícil compreensão para aqueles que não fazem parte 
daquela comunidade linguística, portanto, não seria uma dificuldade para todos os brasileiros. 
Gabarito: A 
27. (FUVEST - 2012) 
"Todas as variedades linguísticas são estruturadas e correspondem a sistemas e subsistemas 
adequados às necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à 
estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das 
características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por 
exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, 
porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor 
normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma 
ponderável força contrária à variação." 
Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado. 
 
A partir da leitura do texto, podemos inferir que uma língua é: 
a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a 
ser considerada exemplar. 
b) sistema de signos estruturado segundo as normas instituídas pelo grupo de maior prestígio 
social. 
c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é vedada pela norma culta. 
d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funcionamento é prejudicado pela heterogeneidade 
social. 
e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais algumas são dotadas de normas e outras 
não o são. 
Comentários: A língua padrão é uma escolha, elegida entre outras variedades como a ideal, ainda 
que não reflita necessariamente a realidade social dos falantes. Esse padrão alcança prestígio (maior 
valor social) e passa a ser considerado exemplar (norma). Por isso a alternativa correta é alternativa 
A. 
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A alternativa B está incorreta, pois não é exatamente o grupo de pessoas com maior prestígio social 
que escolhe o padrão, mas é ele que acaba por utilizar o padrão, por dominá-lo, por ter acesso a 
ele. 
Alternativa C está incorreta, pois em nenhum momento é dito que a proliferação (reprodução, 
aumento, multiplicação) da língua é vedada (proibida). Pelo contrário, ele é um fluxo incontrolável. 
Alternativa D incorreta, pois não se trata de “prejudicar”. A heterogeneidade social só colabora 
para tornar uma língua mais rica culturalmente. 
Alternativa E está incorreta, pois há apenas a eleição de um padrão, não de vários como sugere o 
uso do plural na alternativa. 
Gabarito: A 
28. (FUVEST – 2012) 
De acordo com o texto, em relação às demais variedades do idioma, a língua padrão secomporta 
de modo 
a) inovador. 
b) restritivo. 
c) transigente. 
d) neutro. 
e) aleatório. 
Comentários: A palavra “coercitivo” significa “aquele que reprime”. O termo “coercitivo”, portanto, 
significa que o padrão reprime (restringe) as outras variedades. Por isso, a alternativa correta é 
alternativa B. 
A alternativa A está incorreta, pois norma padrão não tende a ser inovadora, mas sim conservadora. 
A alternativa C está incorreta, pois. “Transigente”, segundo o Dicionário Houaiss, denota “aquele 
que cede; condescendente, tolerante”. É dito o contrário no trecho: o padrão é coercitivo, restringe, 
não é permissivo. 
A alternativa D está incorreta, pois o padrão não é neutro. Toda estrutura segue a um 
comportamento específico. Se exerce coerção, não é neutra. 
A alternativa E está incorreta, pois as variedades não são aleatórias (que 
depende das circunstâncias, do acaso; casual, fortuito, contingente, que depende de ocorrências 
imprevisíveis), mas sim seguem a uma lógica, tratando-se de “subsistemas adequados às 
necessidades de seus usuários” (L. 2). 
Gabarito: B 
 
 
 
 
 
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7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ABAURRE, Maria Luiza; PONTARA, Marcela Nogueira. Gramática – texto: análise e construção de 
sentido. São Paulo: Moderna, 2006. 
AULETE Dicionário Digital (versão para aplicativo/site). Disponível em: http://www.aulete.com.br/. 
CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 46. ed. São Paulo: 
Companhia Editora Nacional, 2005. 
CUNHA, Celso Ferreira da; CINTRA, Luis Filipe Lindley. Nova gramática do português 
contemporâneo. 7. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2017. 
DICIONÁRIO eletrônico Houaiss. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 
DÚVIDAS de língua portuguesa. Disponível em: https://tinyurl.com/y4m9gf78. Acesso em: 7 mar. 
2019. 
LIMA, Rocha. Gramática normativa da língua portuguesa. 49. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 
2011. 
MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística: a expressividade na língua portuguesa. 4. ed. 
São Paulo: Editora da USP, 2011 (Acadêmica, 71). 
MOISÉS, Massaud. Guia prático de análise literária. São Paulo: Cultrix, 1974. 
______. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2013. 
VELOSO, Caetano. O quereres. Disponível em: https://tinyurl.com/y35cchs4. Acesso em: 6 mar. 
2019. 
VOCABULÁRIO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA – VOLP. Disponível em: 
https://tinyurl.com/pdf637s. Acesso em: 18 mar. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.aulete.com.br/
https://tinyurl.com/y4m9gf78
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Em nossa próxima aula, continuaremos o estudo de alguns conceitos básicos de interpretação 
de texto, dessa vez, pensando na forma do texto: falaremos de Gêneros textuais. 
 
Até lá, faça todos os exercícios para praticar bastante e não deixar pendências para o futuro! 
Qualquer dúvida estou à disposição no fórum, e-mail ou Instagram! 
 
Prof.ª Celina Gil 
 
/professora.celina.gil Professora Celina Gil @professoracelinagil 
 
 
Versão Data Modificações 
1 18/01/2019 Primeira versão do texto.

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