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EDUCAÇÃO PARA A 
DIVERSIDADE: GÊNERO 
E SEXUALIDADE
Autoria: Flaviana Aparecida de Mello
 Michele de Oliveira Cruz
Indaial - 2022
UNIASSELVI-PÓS
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Impresso por:
Reitor: Janes Fidelis Tomelin
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Tiago Lorenzo Stachon
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Tiago Lorenzo Stachon
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Jairo Martins
Marcio Kisner
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech 
UNIASSELVI
M527e
 Mello, Flaviana Aparecida de
 Educação para a diversidade: gênero e sexualidade. / Flaviana Apa-
recida de Mello; Michele de Oliveira Cruz. – Indaial: UNIASSELVI, 2022.
 124 p.; il.
 ISBN Digital 978-65-5646-501-2
1. Educação. – Brasil. I. Cruz, Michele de Oliveira. II. Centro Univer-
sitário Leonardo da Vinci.
CDD 370
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS, CAMINHOS PARA UM 
DIÁLOGO ENTRE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL ............... 7
CAPÍTULO 2
CORPOS, SEXUALIDADE, GÊNERO: A NECESSIDADE DE UM 
OLHAR EDUCATIVO SEM PRECONCEITOS ............................... 47
CAPÍTULO 3
EDUCAR PARA O RESPEITO À DIVERSIDADE E O PAPEL DOS 
DOCENTES .................................................................................... 87
APRESENTAÇÃO
A disciplina Educação para a diversidade: gênero e sexualidade apresenta-se 
enquanto uma temática fundamental para que possamos conhecer os conceitos 
balizares da educação e dos direitos humanos como fonte primordial para uma 
educação de respeito a diversidade de gênero e sexual. Além disso, conhecer 
sobre os significados socioculturais bem como as práticas de poder imputadas 
nas relações de gênero na sociedade e ainda conhecer sobre a construção e os 
conceitos da educação de modo plural que contribua para o respeito a diversidade 
e que imprima uma mudança no papel exercido pelos docentes no contexto 
educacional. 
Com a evolução dos estudos e pesquisas, presentemente temos a concepção 
de que a educação tem um papel muito mais do que simplesmente transmitir 
conteúdo para seus discentes, mas sim precisa contemplar a totalidade do 
conhecimento que envolve fatores biopsicossocial de cada ser humano. Podemos 
admitir que é no espaço educacional que muitas expressões da questão social 
se despontam, e assim se faz necessário ter o conhecimento e compreensão 
dos assuntos de ordem objetiva e subjetiva para poder atender as demandas dos 
discentes em sua totalidade, para além dos aspectos conteudistas. 
Nesse sentido, é fundamental que cada profissional que for atuar ou já atua 
no âmbito da educação, quer seja como docente e/ou qualquer outro cargo a 
exemplo: diretores, pedagogos, coordenação, assistentes sociais, psicólogos 
entre outros; necessitam compreender que a educação precisa partir de uma 
totalidade e estar atenta a todas as complexidades que tangenciam a vida em 
sociedade. 
Desse modo, ratificamos, portanto, a relevância de se apreciar toda 
a discussão que este livro se propõe, frente a realidade social de vida dos 
estudantes, seus familiares bem como do território em que elas vivenciam, no 
entanto, de modo crítico, reflexivo e criativo. Para isso, organizamos esta disciplina 
em três capítulos. 
No primeiro capítulo intitulado de: Educação e direitos humanos caminhos 
para um diálogo entre gênero e diversidade sexual, iniciamos com estudos sobre 
Direito a educação a partir da Constituição Federal de 1988 e sua relação com os 
direitos humanos e social em que você terá a oportunidade de aprender sobre a 
educação enquanto direito humano e social a partir da Constituição Federal de 
1988 e como se desdobra o tratamento da diversidade no campo educacional, bem 
como, aprenderá a conhecer os conceitos balizares da educação e dos direitos 
humanos como fonte primordial para uma educação de respeito a diversidade de 
gênero e sexual, ao fim do capítulo finalizaremos estudando, Educação, Gênero e 
diversidade sexual. 
No segundo capítulo, nominado de: Corpos, sexualidade, gênero: a 
necessidade de um olhar educativo sem preconceitos, iniciamos os estudos a 
respeito, dos significados socioculturais de gênero e as práticas de poder, em 
seguida, vamos estudar a respeito a atenção básica de saúde e a sua política 
nacional de atenção básica: princípios e diretrizes. Em seguida estudaremos a 
desigualdade entre os gêneros uma construção social e histórica e a importância 
do feminismo como uma possibilidade de compreensão e libertação da 
sexualidade e dos corpos. 
No terceiro e último capítulo, intitulado de: Educar para o respeito a 
diversidade e o papel dos docentes, abordamos sobre as relações de gênero e 
sexualidade no contexto escolar. E, em seguida vamos estudar sobre as relações 
de gênero, a postura e o trabalho dos docentes na convivência escolar. 
Nosso desígnio é que seu curso seja um procedimento de constituição 
cotidiana ativado, e com criticidade, no sentido de você se tornar sujeito da 
edificação do próprio conhecimento, de você instrumentalizar-se para a mudança 
da realidade social contribuindo com o seu fazer profissional e conhecimento a 
ser adquirido, para a sociedade e para a educação ser mais justa, plural, diversa, 
equitativa e inclusiva. 
Portanto, faça anotações e registre, produza esquemas paralelos, que te 
auxiliem a abarcar e conhecer mais a respeito da disciplina: Educação para a 
diversidade: Gênero e sexualidade. 
Desejamos bons estudos!
CAPÍTULO 1
EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS, 
CAMINHOS PARA UM DIÁLOGO 
ENTRE GÊNERO E DIVERSIDADE 
SEXUAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Instruir-se para o cotidiano de trabalho no âmbito da educação compreendendo 
a educação como um direito social e humano a partir da Carta Magna de 1988.
 Aprender sobre o conceito de gênero e a respeito da sexualidade enquanto 
componente inerente a vida. 
 Aprender sobre a importância de se trabalhar na perspectiva da educação 
com base nos direitos humanos a fi m de quebrar paradigmas em relação aos 
estudos de gênero e diversidade sexual. 
8
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
9
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem como objetivo conhecer os conceitos balizares da 
educação e dos direitos humanos como fonte primordial para uma educação de 
respeito a diversidade de gênero e sexual. Sendo assim, você aprenderá sobre 
a educação enquanto direito humano e social a partir da Constituição Federal de 
1988 e como se desdobra o tratamento da diversidade no campo educacional e 
ainda irá aprender sobre a educação relacionada ao gênero e diversidade sexual 
como um direito humano. 
Você terá o ensejo de aprimorar-se para a intervenção profi ssional 
cotidiana no âmbito da educação tanto pública quanto privada, atualizando seus 
conhecimentos com assuntos pertinentes a evolução da sociedade. 
Promover a instrução para o cotidiano de trabalho no âmbito da educação, 
conhecendo os conceitos balizares da educação e dos direitos humanos como 
fonte primordial para uma educação de respeito a diversidade de gênero e sexual. 
Irá aprender sobre o conceito de gênero e a respeito da sexualidade enquanto 
componente inerente a vida, bem como sobre a importância de se trabalhar 
na perspectiva da educação com base nos direitos humanos a fi m de quebrar 
paradigmas em relação aos estudos de gênero e diversidade sexual. 
Junto a isso, buscamos contribuir para queno decorrer dos estudos, você 
possa analisar e, ainda, criar o seu próprio mapa conceitual sobre as informações 
que norteiam a prática na educação para a diversidade com foco no gênero e 
sexualidade, fazendo o exercício da relação teoria e prática. 
Portanto, sugere-se que você verifi que os assuntos aqui abordados e alinhe 
com a sua realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática 
quando estiver inserido em algum espaço sócio-ocupacional. Assim, compomos 
um conjunto de possibilidades de abordagem do tema proposto nesse capítulo, 
em que corrobora com os estudos a respeito da educação para a diversidade: 
Gênero e sexualidade. 
Fique atento e vamos juntos na busca pelo conhecimento e aprimoramento 
profi ssional. 
Bons estudos!
10
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
2 DIREITO A EDUCAÇÃO A PARTIR 
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 
1988 E SUA RELAÇÃO COM OS 
DIREITOS HUMANOS E SOCIAL 
Para Santos e Thürler (2011), nesse cenário de imposições organizadas 
pela modernidade, é improvável atuar nas identidades sexuais e de gênero 
sem defi nirmos elos às leis elementares de base constitucionais, fundamentos 
primordiais e inseparáveis pertencentes a um verdadeiro Estado Democrático 
de Direito. A educação tem um papel na contemporaneidade que deve ser de 
extrapolar os conteúdos curriculares e desenvolver ações de orientação formação 
de cidadania, para que assim, possam se comprometer com a formação crítica, 
plural e que se desenvolva o respeito a diversidade. Compreendemos que tais 
preceitos representam a defesa da soberania, a cidadania, à dignidade da pessoa 
humana, e as convicções e valores sociais do trabalho e da livre ação e no 
pluralismo político e religioso. 
Representam os princípios fundamentais da República, elencamos os de 
edifi car uma sociedade livre, justa e solidária que promova o desenvolvimento 
nacional, que se comprometa em erradicar a pobreza e a marginalização, diminuir 
as desigualdades sociais regionais e locais, requerer o bem da coletividade, 
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e demais contornos de 
discriminação, direitos bem como obrigações estão listados na Constitucional 
Federal desde 1988, com os princípios de garantia da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos e outras convenções que determinam direitos universalizados, 
podendo, assim, evidenciar o que destaca o texto-base da Conferência Nacional 
de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. 
Nesse mesmo sentido, ao situar tais debates no âmbito dos direitos humanos, 
a BRASIL-SECAD/MEC (2007) pensa que a legitimidade da pluralidade de 
gênero, de identidade de gênero e da livre expressão afetiva e sexual extrapola os 
importantes aspectos referentes ao direito à saúde reprodutiva. 
Considera-se que compõem os direitos humanos e os direitos extensivos 
à saúde reprodutiva, quanto os direitos sexuais, sem que eles necessitem ser 
classifi cados um subconjunto daqueles, pois os extrapolam.
11
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Nesse sentido, pode-se entender que sistemas de teorias e políticas focadas, 
inicialmente, conforme destaca Louro (2004a e 2004b), para a multiplicidade e a 
sexualidade, dos gêneros e dos corpos possam ajudar para modifi car e tornar a 
educação num método mais prazeroso, mais efi caz e mais claro. 
A Constituição Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, conhecida 
como Constituição Cidadã, se contorna enquanto uma referência histórica, ético, 
político e jurídico nos importantes avanços defi nidos, em que, moldam-se as 
condições basilares para afunilar os debates e na ampliação das mobilizações 
sociais, promovendo a adesão de medidas institucionais direcionadas em 
assegurar a edifi cação e manutenção de uma cultura em defesa dos direitos 
humanos e do respeito às diversidades, proclamando a heterogeneidade e a 
pluralidade como valores nacionais. 
Na nossa Carta Magna, em seu artigo 5º (1988): “Todos são iguais perante 
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade”. Nesse compasso, consideramos que a 
orientação sexual e a identidade de gênero necessitam ser interpretadas como 
condicionantes e determinantes da vida das pessoas provenientes outros fatores 
como o de vulnerabilidade (BRASIL, 2008). 
Nessa perspectiva, a garantia desses direitos essenciais não alcançam 
, na prática social, muitas partes da população, em que há ainda pessoas em 
condições diversifi cadas de vulnerabilidade aos processos de exclusão social em 
face de determinantes como: a condição fi nanceira, regional, de idade, gênero, 
etnia, cor e ainda pessoas em situação de rua, em situação de encarceramento, 
privadas da sua liberdade pessoa com defi ciência físico-mental, idosos, crianças 
e adolescentes, homossexuais, travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais etc. 
Diante disso, Bento (2004) contribui com esse discurso ao mencionar 
que as maneiras de ser, atuar, refl etir e sentir conjeturam de modo perspicaz, 
intricado e intenso os contextos da experiência social. Seguindo nesse raciocínio, 
não existem corpos livres de investimento e expectativas sociais. Diante de 
tal afi rmativa se entende que, é necessário, continuamente, o acolhimento e a 
vigilância de institutos, remédios constitucionais, com o objetivo de diminuírem 
tais distorções ainda cristalizadas em nosso convívio social.
Discutir essas temáticas sem uma discussão quanto ao papel e a função 
social da educação escolar e acadêmica na sociedade contemporânea vai fi cando 
mais difícil, como defi ne Torres (2007), uma das funções sociais do colégio é 
organizar o cidadão para o exercício pleno da cidadania vivendo como profi ssional 
e habitante da cidade. 
12
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Diante disso, o Texto-Base da Conferência Nacional LGBT exprime que um 
Estado Democrático de Direito não deve aceitar práticas sociais e institucionais 
que condenam, rotulam e marginalizam os indivíduos e grupos por questões que 
envolvem o sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero (CARVALHO, s.d.)
A prática sexual entre adultos do mesmo sexo é um direito de teor íntimo, 
isso diz respeito também a apresentação social do sentimento de pertencimento a 
um determinado gênero, não importa o sexo biológico (BRASIL, 2008). Assim, na 
inexistência da garantia de direitos humanos como esses, podemos nos perguntar 
ainda quanto ao papel e a função social da educação escolar na sociedade 
contemporânea (CARVALHO, s.d.).
Conforme a compreensão que neste ambiente se defi niu ou deveria se 
defi nir em um rico espaço democrático, no qual acorresse discussão referentes 
as questões concernentes ao ser humano: Homem ou Mulher, que serviria muito 
para a progressão do pensamento crítico, de formação da cidadania plena, de 
cidadãos politizados e atores ativos e engajados com as mudanças e melhoria 
social. 
Nesse sentido, considerando Santos e Thürler (2011), podemos assegurar 
que o ambiente educacional escolar e acadêmico seria um espaço privilegiado 
de ascensão dos direitos basilares essenciais aos humanos e da diversidade. 
Essas declarações são reafi rmadas pelas colocações nos cadernos da SECAD/
MEC (BRASIL, 2007, p.22) se lê “os princípios constitucionais de liberdade e 
solidariedade podem ser estendidos para a igualdade de gênero”. 
A vontade de ultrapassar as discriminações que dizem respeito às 
construções histórico-culturais das diferenças de sexo, que permeiam as relações 
escolares, e assim também é nas questões que atravessam algumas decisões 
a serem defi nidas no âmbito da legislação educacional se mantém velada e o 
não esclarecimento mais detido e derivações destes princípios sob a ótica das 
relações de gênero pode ocasionar também mais discriminação (CARVALHO, 
s.d.). 
O desempenho do exercícioda plena cidadania é sinônimo da tradução de 
povo no seu sentido democrático, a totalidade homens e mulheres de cidadãos, 
e partindo desse princípio os seus direitos vem progressivamente sendo 
reivindicados por todos os indivíduos independente de classes sociais, direitos 
que foram defi nidos e impressos e elencados na Carta Maior de 1988. 
Diante disso, Soares (1998) afi rma que tanto quando nos referimos aos 
direitos dos cidadãos, como quando nos aludimos aos direitos humanos, com 
a premissa de que associamos direitos humanos à ideia central de democracia 
13
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
e os conceitos fundamentais envolvidas no assunto mais amplo da educação 
(CARVALHO, s.d.). 
É relevante evidenciar que nas sociedades democráticas no mundo 
contemporâneo e desenvolvido, o sentido, o estímulo, a prática, a defesa da 
promoção dos direitos humanos estão agrupadas à vida política no amplo deleite 
do exercício da cidadania, em que já se deparam agregados aos valores de um 
povo, de uma nação, de uma região. 
No entanto, é especialmente nos países que mais infringem os direitos 
humanos, nas sociedades em que a discriminação é mais acentuada, pelo 
preconceito e pelas mais diversas maneiras de racismo e intolerância, que a 
noção de direitos humanos parece ambígua e destorcida (CARVALHO, s.d.). 
Para Soares (1998), em nosso país a geração mais jovem, que passaram 
pelos anos de terror da ditadura militar normalmente terão escutado sobre 
movimento de defesa dos direitos humanos em favor das pessoas que estavam 
sendo perseguidos por suas posturas e convicções de militância política contrária 
ao regime constituído e imposto; assim como, os sujeitos que foram encarceradas, 
torturadas, assassinadas, refugiadas, banidas, violentadas.
Após a parte mais cruel e repressora do regime militar, a concepção de que 
todos, não importando a posição social, são dignos das preocupações com as 
garantias e com a manutenção dos direitos fundamentais, não se efetivou como 
se esperava (CARVALHO, s.d.). Assim, a defesa e garantia dos Direitos Humanos 
(DH) passou a ser alcançada somente à defesa dos criminosos e apenados 
originários, em sua grande parte, a classes sociais populares. Diante disso, e 
deixou de possuir o interesse igualitário para segmentos da classe média que 
envolvia familiares e amigos daqueles presos políticos do período da ditadura. 
A partir daí, analisamos como já se defi ne uma parte da ambiguidade 
que permeia a ideia dos direitos humanos no Brasil, especialmente depois da 
defesa dos direitos das pessoas acuados pelo ditatura militar, se constituiria 
uma diferenciação intensa e cruel entre as classes sociais, entre intelectuais e 
iletrados, entre a classe média e a classe alta apartadas estavam as classes 
populares, abrangendo-se, notadamente, ampla parte da população negra. 
Cidadania e direitos à cidadania envolvem uma determinada ordem jurídico-
política de um país, de um Estado, que diz respeito a uma Constituição que defi ne 
e afi ança quem é cidadão, quais serão seus direitos e deveres, ele terá em torno 
de diversas variáveis, por exemplo, a idade, o estado civil, a condição de sanidade 
14
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
corporal e mental, a questão de estar ou não quitado com a justiça penal, dentre 
outras. Seguindo em conformidade com o Artigo 5°, II – “ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
De acordo com Soares (1998), os direitos do cidadão e a adequada imagem 
de cidadania não são universais no sentido de que eles estão determinados e 
ligados a um particular e defi nida ordem política e normativa. Assim, esses, 
identifi camos cidadãos brasileiros, cidadãos norte-americanos e cidadãos 
argentinos, na compreensão que mudam os direitos e deveres dos cidadãos de 
um país para outro. 
A ideia da cidadania é predominantemente política, por não estar inteiramente 
vinculada a valores universais, mas a decisões políticas. SOARES (1998), mostra 
exemplos como: algum governante pode modifi car fortemente as prioridades 
quanto ao respeito dos deveres e aos direitos do cidadão; e mudar o código penal 
na questão de alterar sanções; pode alterar o código civil objetivando equiparar 
direitos entre os sexos, ele pode fazer com o código de família no sentido do 
respeito aos direitos e deveres dos cônjuges, na sociedade conjugal, e estender 
isso com os fi lhos, em relação um ao outro. 
Segundo Soares (1998), direitos de cidadania não são direitos universais, 
são direitos específi cos dos membros de um determinado país ou nação, de uma 
determinada ordem jurídico-política.
Em muitas situações, os direitos do cidadão se ajustam com os direitos 
humanos, que são os mais amplos e envolvem quase a totalidade do ser 
indivíduo. Em sociedades democráticas é, normalmente, o que acontece e, de 
forma alguma, direitos ou deveres do cidadão podem ser utilizados para justifi car 
violação de direitos humanos fundamentais porque os Direitos Humanos são 
universais e naturais (CARVALHO, s.d.). 
Os direitos do cidadão não são direitos naturais, eles são formulados e 
defi nidos em normas, leis, em conformidade com preceitos constitucionais e 
devem, portanto, estar defi nidos num determinado ordenamento e distribuição 
jurídica no país ou nação. 
Os direitos humanos são universais no sentido do que aquilo que é 
compreendido como um direito humano no Brasil, também se espera que possua o 
mesmo teor de exigência, de respeitabilidade em termos de garantia em qualquer 
nação do mundo, porque esses direitos não se restringem a um membro de uma 
sociedade política especifi ca, a um representante de um Estado determinado, mas 
se reportam à pessoa humana na sua complexidade, universalidade, plenitude e 
integridade. 
15
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Desse modo, são denominados de direitos naturais, exatamente porque 
englobam e dizem respeito à dignidade da natureza humana. São naturais, 
ainda pelo fato de antecederem a qualquer lei, e por essa razão não devem 
estar determinados numa lei, para serem exigidos, reconhecidos, protegidos e 
promovidos (CARVALHO, s.d.).
A Constituição Federal de 1988 implementou um Estado democrático e de 
direito a partir das concepções da igualdade e liberdade. Um Estado constitucional 
democrático e de direito, traduz em seu âmago valores focados na soberania, 
cidadania, a dignidade da pessoa humana, os princípios sociais do trabalho e da 
livre iniciativa (TAVEIRA, et al. 2015). 
O artigo 1º de Taveira et al. (2015) considera que é a maior grande referência 
desse signifi cado. No artigo 3° estão defi nidos os objetivos fundamentais da 
República Federativa do Brasil: a edifi cação de uma sociedade livre, justa e 
solidária, a defesa e a garantia do desenvolvimento nacional, extinção da pobreza 
e a marginalização, diminuição das desigualdades nacionais e locais e, elevação 
no nível de vida e do bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza; 
origem, raça, sexo, cor, idade e outras formas de discriminação. 
Os autores mencionados anteriormente dizem que, como forma de garantia 
constitucional, determinou-se a educação como direito social de todos, como uma 
ferramenta essencial na concretização da cidadania, objetivando uma sociedade 
mais justa e humanizada. Entretanto, a educação como direito de todos poderá se 
tornar realidade através de um importante pacto entre Estado e sociedade. 
Na Constituição Federal de 1988, a educação teve uma atenção especial, 
não somente se defi niu o direito à educação, de modo claro, determinou-se o seu 
papel nas áreas do ensino público. O direito à educação, podemos aqui mencionar 
em quais títulos e sessões se destacam:
• Título II, Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Capítulo II – Dos 
Direitos Sociais, artigo 6º;
• Título VIII, Capítulo III, denominada Da Educação, Da Cultura e do 
Desporto,Seção I - Da Educação, artigos 205 a 214;
• Capítulo VII, em seu artigo 227.
O direito à educação nos moldes da garantia basilar e social é uma previsão 
clara, instituída no art. 6º: São reconhecidos como direitos sociais, a educação, a 
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência 
social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desassistidos, em 
16
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
concordância com a Constituição Federal. Os artigos 205 a 208 apresentam essa 
temática protetiva, indicando as devidas defi nições desse direito basilar e social à 
educação (TAVEIRA et al., 2015).
Os artigos 205 a 208 são compreendidos como o centro da proteção do 
direito à educação, é responsabiliza um ator especial para sua concretização; o 
Estado, tanto pela sua garantia, como também pela sua efetividade (TAVEIRA et 
al., 2015).
 Assim, o referido artigo 205 da Constituição Federal (1988) preceitua que: 
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, 
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, 
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para 
o exercício da cidadania e sua qualifi cação para o trabalho. 
FIGURA 1 – EDUCAÇÃO ENQUANTO DIREITO E AO MESMO 
TEMPO DEVE SER UM DEVER DO ESTADO
FONTE: A autora
À medida que os artigos 209 a 211 são conhecidos como regras 
organizacionais, que oportunizam e defi nem atitudes e estruturas, seja para as 
instituições privadas e as governamentais. O art. 212 prevê que a participação 
das instâncias Federal, Estadual e Municipal, no que concerne à aplicação de 
receita no sistema de educação (TAVEIRA et al., 2015).
17
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
De acordo com os autores CULAU et al. (2015) a educação é 
a porta para qualquer transformação social que se almeje alcançar 
dentro de um método democrático. Enquanto a educação em Direitos 
Humanos, por sua vez, é o que permite mover e conscientizar os 
indivíduos para a seriedade do respeito ao próximo. Educar em 
Direitos Humanos não é uma singela ocupação, é um aprendizado 
que faz parte de uma ação educacional. 
Para aquecer o debate, consulte o artigo a seguir: Modelos 
assistenciais: reformulando o pensamento e incorporando a proteção 
e a promoção da saúde. 
Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/arquivo/
pdf2015/18221_7983.pdf>. Acesso em: 13 mar 2022.
Converse com sua equipe de trabalho e seus colegas de turma 
sobre a relevância da compreensão a respeito dos direitos humanos 
para a prática profi ssional dos diversos profi ssionais que atuam na 
área da educação.
Conforme observado no artigo 212 da Carta Maior, de 1988, a União 
concentrará, todos os anos, nunca menos de dezoito, aos entes federados, 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, 
da receita decorrente de impostos, resultado advindo de transferências, na 
manutenção e desenvolvimento do ensino. 
Já no artigo 213, defi ne fi nalidades e faz escolhas priorizando a distribuição 
dos recursos no âmbito da educação. Assim, determina: os recursos públicos 
serão encaminhados às escolas públicas, e pode ser direcionado a escolas 
comunitárias, confessionais ou fi lantrópicas, em conformidade com a em lei 
(TAVEIRA et al., 2015).
Temos também o artigo 214. Este normatiza que a formação do plano 
nacional de educação e os propósitos sociais da educação, o que conserva 
relação imediata com o direito fundamental à educação, que incluem: 
18
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
• eliminação do analfabetismo, ampliação para atingir 
a universalização do atendimento escolar, avanços 
continuados na qualidade do ensino, promoção de formação 
para o trabalho e organização para o âmbito humanístico 
bem como a tecnológica do estado brasileiro (TAVEIRA et 
al., 2015).
Todos estes princípios segundo os autores anteriormente citados, dizem 
respeito a fi ança e a concretização do direito basal à educação. Em relação, ao do 
direito à educação, foi publicada a Lei n. 8.069, de 13/7/1990 que ordena quanto 
ao Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências (TAVEIRA et 
al., 2015).
No referido Artigo 3º, constitui-se que a criança e o adolescente gozam de 
todos os direitos fundamentais relativos à pessoa humana, sem desvantagem da 
proteção integral de que versa esta Lei, garantindo-lhes, pela lei ou por outros 
recursos, todas as viabilidades e facilidades, no sentido de lhes possibilitar o 
desenvolvimento físico, mental, moral espiritual e social, e através de condições 
de liberdade e de dignidade (TAVEIRA et al., 2015).
Assim, Taveira et al. (2015) verifi cam que a educação foi estimada como 
condição fundamental e estruturante da Carta de 1988, nessa mesma linha 
também o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ainda, de lado com o direito à 
educação, com o propósito de expandir o rol de direitos para todas às crianças e 
ao adolescente, o artigo 54 do Estatuto reprisou com algumas baixas alterações 
redacionais, os termos do artigo 208 da Carta Magna.
Nesse sentido, os mesmos autores supracitados aludem que o direito à 
educação se consolidou como uma garantia expressa não apenas na atual 
Constituição, mas ainda em leis infraconstitucionais. Está declarado, de modo 
igual, a garantia do direito à educação na Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional de 1996, foi infl uenciada nos fundamentos da liberdade, da solidariedade, 
no desenvolvimento de capacidade e habilidades para o trabalho e sem perder de 
vista a formação para a cidadania.
Em se tratando de direito de todos à educação, a lei estabelece o dever e as 
obrigações do Estado para a sua efetivação: o Estado na lei é compromissado em 
assegurar o ensino fundamental obrigatório e gratuito a todos, incluindo também 
os indivíduos que não tiveram acesso disponível na idade própria; é extensivo e 
progressivamente a obrigatoriedade e a gratuidade ao ensino médio, e promover 
atendimento educacional particularizado (TAVEIRA et al., 2015).
19
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Caro estudante, para contribuir ainda mais com o seu 
conhecimento, deixamos como sugestão de leitura os seguintes 
livros:
O referido livro promove uma refl exão a respeito dos conceitos 
e tendências presente no discurso contemporâneo do campo da 
educação baseada na perspectiva dos direitos humanos. 
FONTE: CASTILHO, R. Educação e Direitos Humanos. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
O referido livro aborda uma discussão a partir de pesquisadores 
dos seguintes países: Brasil, Cuba, México, Portugal e Venezuela, 
com a fi nalidade de entrelaçar diálogos e teorias que ambicionam o 
convívio democrático e humanizado, a partir dos direitos socialmente 
conquistados.
FONTE: OLIVEIRA, M. et al. Educação e Direitos Humanos: campos 
de disputas e aproximações. Curitiba: Editora CRV, 2020.
20
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Aos discentes com algum tipo de defi ciência e/ou transtornos, os referidos 
princípios, se apresentam nos artigos. 2º e 3º da LDB de 1996, na verdade 
retomam, ipsis litteris, os artigos 205 e 206 da Constituição de 1988 (SEVERINO, 
2008). O direito à educação, vislumbrando o futuro, possui um percurso importante 
a ser feito, porque não é sufi ciente garantir esse direito, mas é primordial 
sobretudo, concretizá-lo, com permanência do estudante no espaço escolar, 
qualidade na educação e que essa constitua universal. Reforçando que através 
da educação que se conquista a cidadania (TAVEIRA et al., 2015).
 Para a realização de uma escola de qualidade é necessário pensá-la e situá-
la no sentido de educação como direito social, com perspectiva de um cotidiano 
escolar que promova o respeito quanto as particularidades dos indivíduos, 
grupos etc., que edifi que um conjunto de dados que respeite a diversidade que 
promovam comunicação entre as diferençasraciais, culturais, étnicas, de gêneros 
e outros. Nessa perspectiva, é fundamental lutar contra ao etnocentrismo e buscar 
conservar valores fundamentais da sociedade (TAVEIRA et al., 2015).
Na apreensão da escola como importante espaço sociocultural, de acordo 
com os autores Taveira et al. (2015), determinados conceitos-chave tratados 
por Bourdieu, como habitus e campo, são fundamentais na construção do 
entendimento de como os sujeitos, que fazem parte do espaço escolar, se 
movimentam e se interrelacionam e sofrem interposição do meio, mesmo que 
isso não esteja explicito para ele, vivenciando experiências que muitas vezes são 
provenientes de circunstâncias preconceituosas e discriminatórias.
O habitus diz respeito a uma importante matriz promotora de comportamentos, 
visões de mundo e sistemas de categorização e de compreensão da realidade, 
essa se exprime e se incorpora aos indivíduos, ou mesmo que se apresente no 
grau da postura corporal (hexis) destes mesmos indivíduos (TAVEIRA et al., 2015).
Assim, ainda conforme os mesmos autores citados, eles acrescentam ainda 
que o habitus é apreendido e gerado na sociedade e incorporado pelas pessoas, 
e atua como organizador de hábitos/costumes signifi cando às ações das pessoas 
no meio social. Já o conceito de campo é acrescido a o de habitus. 
Bourdieu (1999) compreende que o campo se traduz no espaço em que se 
relacionam os indivíduos e, grupos e estruturas sociais, em um espaço que se 
movimenta na dinâmica do cotidiano e dos acontecimentos, e, portanto, segue 
leis próprias, conduzido através das disputas ocorridas em seu interior, e que 
possui como mola impulsionadora a ambição em ser bem-sucedido no meio social 
e nas relações defi nidas entre os seus membros, constitua-se no coefi ciente dos 
agentes, constitua-se no coefi ciente das estruturas. 
21
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Em suma, o campo é o espaço privilegiado em que as coisas se desenvolvem 
em sociedade, isso vai resultar em diferente tipo de luta pelo poder, que é 
guiado por normas diferentes, em que a tensão é uma constante. Conscientes 
da fundamental seriedade da escola como campo cultural, é legitimo refl etir na 
formação de habitus que possibilitam o desenvolvimento recíproco, em um 
espaço que para sedimentar a constituição e sustentação de condutas para o 
pleno desenvolvimento cidadão (TAVEIRA et al., 2015).
 Para a efetivação disto é necessário tratar no ambiente escolar de aspectos 
que proporcionem uma educação crítica, que leve o aluno não apenas a reproduzir 
pensamentos, mas a questioná-los, e ao mesmo tempo, valorizar o indivíduo 
em sua complexidade cultural e à diferença. Tal prática educativa propicia o 
enfrentamento à discriminação e ao preconceito correntes na sociedade e, 
portanto, também na escola. Quando os preconceitos não são questionados a 
escola acaba se pondo a serviço da representação de padrões de comportamento 
que reforçam os procedimentos discriminadores (TAVEIRA et al., 2015).
Os mesmos autores citados anteriormente, acrescentam que a Declaração 
Universal sobre a diversidade cultural, em seu artigo 1º, atesta: a cultura contrai 
confi gurações distintas por meio do tempo e do espaço. Essa diversidade se 
desponta na personalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os 
grupos e as sociedades que compõem a humanidade. 
A diversidade cultural é a origem e o caminho de trocas, inovações 
e criatividades várias. É indispensável aos seres humanos, assim como a 
diversidade biológica é indispensável a natureza, constituindo um patrimônio 
comum da humanidade e, portanto, devendo ser respeitada e preservada em prol 
das gerações atuais e futuras (UNESCO, 2002). 
Diversos estudos ressaltam o fato de que o ambiente escolar se constitui 
como território de construção de identidades, conformações de relações sociais 
ou distinções, de administração de ideologias ou estereótipos. 
Por esse motivo, a escola se mostra também como local estratégico de 
articulação, um espaço para projetos que visam a transformação ao redor de 
uma educação que preserve a diversidade. Conforme a autora Gomes (2003), 
tal espaço deve ser percebido como local extraordinário para a suplantação de 
práticas racistas e demais preconceitos. 
É fundamental a percepção do ambiente escolar como um local de união, de 
confl uência de culturas, que proporcione um outro olhar, outra conduta, a fi m de 
reconhecer diferentes culturas que formam o universo que chamamos de escola. 
22
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
É preciso também reinventar a escola, para que ela seja afi nal, um ambiente 
de socialização. Ambiente no qual alunos e professores, ao invés de negarem ou 
ocultarem os próprios problemas, possam discuti-los e a fi m de que, mesmo com 
os obstáculos existentes, possam ser desenvolvidas ações que valorizem o ser 
humano (MOREIRA; CANDAU, 2005). 
Para atingir este propósito, um ambiente no qual o horizonte utópico possa 
ser empregado como fomento para uma nova educação, na qual todos sejam 
tratados de modo igualitário em suas diferenças, a escola precisa superar-se.
Segundo Candau (2008), sem horizonte imaginado, aversão, entusiasmo e 
a aspiração de uma sociedade justa e solidária, inclusiva, em que se pronunciem 
políticas de igualdade e de identidade, para a coletividade não há educação. 
A elaboração de novas posturas em relação a educação implica 
necessariamente na constituição de uma visão sensível ao diferente. É preciso 
renunciar ao feitio, monocultura e arraigado, que por vezes a educação ostenta. 
Para isso, são fundamentais os questionamentos que se fazem ante à realidade, 
sua desconstrução e a problematização da mesma (TAVEIRA et al., 2015).
É importante destacarmos nessa discussão, o Plano Nacional de Educação 
em Direitos Humanos (2006), fi rmado pelo Ministério da Educação e pela 
Secretaria Especial de Direitos Humanos, possui o entendimento de que a 
educação em direitos humanos ocorre simultaneamente à educação para a 
reconhecimento das diferenças.
Todavia, diante de inúmeras incongruências e deturpações assimiladas 
culturalmente no percurso histórico, faz-se necessário à admissão dos preceitos 
de base dos direitos humanos na educação escolar, compreendendo induzir ao 
conhecimento dos estudantes os direitos e deveres o cidadão no amplo exercício 
da cidadania pode usufruir no estado brasileiro (CARVALHO, s.d.). 
 É concentrado e claro, conforme Carvalho (s.d.), que a distância e o que 
está escrito nas leis e estabelecido pelo ordenamento jurídico e a prática social 
concreta. Um exemplo disso destacamos alguns exemplos na atualidade que 
foram noticiados nos meios midiáticos; não se aprova mais a escravidão, 
entretanto existe informação da existência do trabalho análogo ao regime de 
escravização em carvoarias, fazendas, centros urbanos entre outros.
 Nessa mesma direção, temos a não aceitação da questão do trabalho 
infantil e violência de muitos tipos contra crianças e adolescentes, contudo somos 
noticiados e tomamos conhecimento de crianças e adolescentes vivendo na rua 
e sendo exploradas no trabalho. Exemplos dessa natureza trazem aversão do 
23
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
acordo universal, em decorrência da exigência de determinados organismos 
internacionais no sentido de se impor requisitos e cláusulas sociais nos contratos 
comerciais, no sentido salvaguardar e resguardar a infância, contra a discriminação 
racial e contra o trabalho infantil. Dialogando com Soares (1998), defende-se que 
os direitos que são naturais e universais diferem de direitos que integram de uma 
agregação de direitos e deveres ligados às concepções de cidadão e cidadania. 
Os Direitos Humanos é que são universais; e universais são aqueles 
direitos comuns e inerentes a coletividade dos seres humanos sem distinção 
alguma de etnia (algum tempo atrás se falava raça, atualmenteo conceito de 
raça está ultrapassado), de nacionalidade, de cidadania política, de sexo, de 
classe social, e também de nível de escolaridade, de cor, de religião, de opção 
sexual, ou julgamento moral e de outras naturezas; são aqueles que decorrem do 
reconhecimento da dignidade intrínseca de todo ser humano (CARVALHO, s.d.).
Esses direitos que necessitam ser reconhecidos, assumidos, protegidos, 
assegurados, sem ter em conta, qualquer tipo de distinção, como essas altivezes 
enfatiza-se a de julgamento moral. Além de consistir essenciais à natureza 
humana, apropriados e universais – na perspectiva de que são inerentes a todos 
(sendo defi nidos como naturais, eles são universais, pelo fato de se atribuir que 
a natureza humana seja única), os Direitos Humanos além disso são históricos 
(CARVALHO, s.d.). 
Portanto, eles são naturais e universais por estarem agregados à natureza 
humana, mas são históricos e diante disso mudaram no transcorrer da História, 
e assim mudaram num mesmo país e difere o seu reconhecimento em diferentes 
países, num mesmo tempo. Para Soares (1998), no sentido históricos, isso revela 
que os Direitos Humanos têm evolucionado ao longo do tempo e tendem ainda 
transformações porvindoura. 
Assim, os Direitos Humanos, no que concerne a respeito da orientação 
sexual, por exemplo, constituiriam intoleráveis há aproximadamente uns vinte 
anos. Mas atualmente eles já integram a cultura e isso diz respeito notadamente 
o núcleo daqueles direitos compreendidos basilares, isto é, ninguém poderá ser 
discriminado, exposto a vexame, abandonado da comunidade política e social em 
razão de sua orientação sexual (CARVALHO, s.d.).
Carvalho (s.d.) ainda acrescenta aos nossos estudos que os Direitos 
Humanos além disso são indivisíveis e interdependentes, pois, na proporção 
que são incorporados ao rol dos direitos fundamentais da pessoa humana, esses 
direitos não podem mais esfacelados, por exemplo, possui o direito até esse 
24
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
patamar aqui, daqui em diante é só para os homens, ou só para as mulheres, ou 
só brancos e ricos, ou apenas os intelectuais etc. A igualdade não se traduz em 
igualdade, homogeneidade. 
O direito à igualdade implica, e não é uma incoerência, o direito à diferença, 
sendo que essa não é sinônimo de desigualdade, bem como igualdade não é 
sinônimo de homogeneidade e de uniformidade (CARVALHO, s.d.).
A diferença é uma associação horizontal, nós somos muito diferentes, essas 
diferenças vêm desde que nascemos homens ou mulheres; já é uma diferença 
notadamente fundamental, e não quer dizer que é uma desigualdade; será se 
essa diferença for interpretada no sentido de que os homens são superiores às 
mulheres, ou vice-versa (CARVALHO, s.d.).
A igualdade se traduz em isonomia, que é a igualdade perante a lei, da justiça, 
frente as oportunidades na sociedade, se democraticamente acessível a todos, 
e no aspecto socioeconômico (SOARES, 1998). E a igualdade compreendida 
como o direito à diferença: todos somos de forma igual possuidores do direito à 
diversidade cultural, do direito de ter respeitada as origens e os saberes culturais 
e tradicionais, de livre escolha ou por contingência de nascimento (CARVALHO, 
s.d.). 
Conforme os autores Santos e Thürler (2011), é essencial a procura de atos 
que busquem compreender ao alongado da vida, como se origina a construção 
das identidades de gênero e sexual, possibilitando-lhe o pleno gozo pleno do 
Estado Democrático de Direito, ou seja, a soberania, a cidadania, a dignidade da 
pessoa humana, os valores sociais relacionados ao trabalho e da livre iniciativa, o 
pluralismo político, e a garantia da oferta do bem estar social a coletividade, sem 
preconceitos de qualquer natureza, como; raça, sexo, cor, idade, segundo o que 
se prevê na Constituição Federal de 1988. 
O direito à educação não somente foi instituído na Carta Maior de 1988, mas 
além disso foi alçado à categoria de direito social e fundamental, e meios para seu 
amparo. Mediante a isso, para que essas fi anças sejam concretizadas é de suma 
importância o seu conhecimento profundo, e a sua justifi cação, pois é por essa via 
que a nação terá uma educação em todos os seus níveis do básico ao superior 
imperiosa de qualidade, que promova a prática da inclusão social e das relações 
étnico-raciais (TAVEIRA et al., 2015).
Desse modo, a educação cooperará com uma grande participação política, 
social e econômica e especialmente para a o reconhecimento do direito à 
diversidade e a defesa contra todas as formas de discriminação e desigualdade 
social (TAVEIRA et al., 2015).
25
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Diante disso, a educação vai conjeturar na sociedade com poder mobilizador 
e concretizador, arrogando-se uma dimensão, que também pode constituir uma 
pedagogia para a inclusão social, de modo digno, em prol dos direitos e garantias 
do cidadão. Por fi m, consideramos que a escola possui essa importante função 
para a sociedade que concretiza na educação, igualdade e liberdade para todos, 
como garantia de cidadania, originários do Estado democrático e de direito 
(TAVEIRA et al., 2015).
 1 – Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO:
O direito à educação não somente foi instituído na Constituição 
Federal brasileira no ano de 1988, e podemos afi rmar que esse 
direito foi alçado à categoria de direito social e fundamental, e meios 
para seu amparo.
( ) CERTO
( ) ERRADO
2 – Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO: 
A escola deve se mostrar como um lócus estratégico de 
articulação, ou seja, um espaço para projetos que se destinam a 
preservar a educação de forma tradicional, conservadora, atendo-se 
tão somente ao repasse de conteúdos disciplinares.
( ) CERTO
( ) ERRADO
26
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
2.1 EDUCAÇÃO, GÊNERO E 
DIVERSIDADE SEXUAL
A educação entendida como direito humano é assimilada como um direito 
social que compõe a segunda geração de direitos, defi nidos e afi rmados após o 
século XIX. Referências não faltam à relevância do direito à educação, no entanto 
poucas as refl exões que têm buscado se a aprofundar o conteúdo deste direito 
numa compreensão vasta, sem limitá-lo à escolarização, abordagem que formou 
a tendência quase exclusiva dos trabalhos que vêm sendo realizados (CANDAU, 
2012). 
Candau (2012) menciona sobre a introdução do Relatório referente ao 
Direito à Educação, promovido pela Plataforma Brasileira de Direitos Humanos, 
Econômicos, Sociais e Culturais, em 2004 em que considera a Educação como 
Direito Humano que julga o ser humano na sua vocação ontológica de querer ser 
mais, se distinguindo dos outros seres vivos, procurando ultrapassar sua situação 
de existência no mundo. 
Segundo Candau (2012), a educação é um elemento essencial para a 
viabilização da realização dessa vocação humana. Não somente a educação 
escolar, mas a educação de forma ampla, a educação elaborada num sistema 
geral, que envolve a educação escolar, mas que não se basta nela, pelo fato do 
processo educativo se iniciar desde o nascimento e fi ndar apenas com a morte do 
indivíduo. Isto pode se dar espaço familiar, no meio social que o indivíduo vive, no 
trabalho, com seus amigos etc. O desenvolvimento educativo permeia a vida dos 
indivíduos. 
Os sistemas escolares integram este procedimento educativo pelos quais 
as aprendizagens basilares são desenvolvidas. Conhecimentos fundamentais 
são passados, preceitos, modos de procedimentos e aptidões são lecionados 
e aprendidos. Nas sociedades contemporâneas, o conhecimento escolar é 
praticamente um requisito para sobrevivência e bem-estar. 
As implicações do direito à educação, possuindo por referência como a 
família, os diversos espaços educativos informais, como as organizações da 
sociedade civil e os movimentos sociais, precisam ser aprofundados e de maneira 
satisfatória desenvolvidosna sociedade (CANDAU, 2012). 
É aceitável dizer que o desenvolvimento do direito à educação no nosso país, 
claramente um andamento acelerado nos últimos anos, pode ser compreendido 
por dois destaques: a ampliação da escolarização e a declaração da concepção de 
uma educação escolar comum a todos, baseada nos pressupostos da igualdade. 
27
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
No que se refere ao primeiro destaque, o direito à educação escolar, em 
princípio foi a ênfase posta no aumento dos anos de permanência obrigatória 
escolar, no sentido da universalização do ensino fundamental. Com este objetivo 
praticamente realizado de modo geral, passa-se também a viabilizar políticas de 
ampliação do acesso à educação em todos os seus níveis, do ensino básico ao 
ensino universitário (CANDAU, 2012). 
Essa expansão do sistema de ensino, segundo Candau (2012), evidencia e 
a presença dos diferentes grupos sociais e culturais que passaram a frequentar o 
espaço escolar e, desse modo, evidenciaram a heterogeneidade dos resultados, 
os elevados apontadores de subterfúgio e difi culdade no processo de ensino e 
aprendizagem, a distorção idade-série, especialmente de verifi cados sujeitos e 
grupos, trazendo para os debates as inquietações quanto a questão da qualidade 
da educação.
No entanto, esta expressão, da mesma forma em que mostra um aparente 
consenso, também apresenta diferentes interpretações e oculta diferentes marcos 
conceituais e políticos de se conceber a educação, articulando-a com o modelo 
de sociedade e cidadania que se pretende construir. Temos nesse sentido uma 
expressão polissêmica, de um conceito socialmente construído e que necessita 
de continuada reformulação, que empreenda fortes polêmicas e debates entre os 
educadores e na sociedade em sua totalidade (CANDAU, 2012). 
Esta polissemia da frase qualidade da educação pode ser vista nos discursos 
que se sucedem sempre que sentem a necessidade de adicionar um novo adjetivo 
à palavra qualidade: cita-se; qualidade em série como, a qualidade humana, a 
qualidade social, qualidade cidadã, qualidade corporativa etc. 
O que está em questão é o confl ito entre os diversos modos de viabilizar 
as relações entre educação, escola e sociedade. A educação escolar não deve 
ser limitada a um produto que se comercializa na perspectiva do mercado; e 
muito menos ter como menção praticamente que total a obtenção de verifi cados 
conteúdos, por mais socialmente reconhecidos que se constituam (CANDAU, 
2012). 
Deveria sim ter como meta principal a elaboração de uma cidadania 
participativa, a concepção de sujeitos de direito, a promoção e o desenvolvimento 
da vocação humana de toda a sociedade implicada nesse projeto. Este 
espraiamento na expansão do sistema escolar em relação as questões da 
qualidade deram abertura também ampliar o discurso sobre o tipo de educação 
que as escolas devem promover (CANDAU, 2012). 
28
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Formatado na perspectiva da igualdade, o direito à educação é sustentado 
procurando-se ofertar uma escola igual para todos. Diante disso, sistemas de 
extensa escala de avaliação escolar são instalados, municípios e estados defi nem 
currículos para todas as suas escolas, é elaborado material didático padronizado, 
cadernos de exercícios para todos os estudantes, entre outros aspectos, na 
atualidade, um currículo trivial em nível nacional está sendo elaborado. Diante 
disso, a igualdade é muitas vezes é apreendida como homogeneização e 
uniformização do sistema (CANDAU, 2012). 
Nesse sentido, notadamente a partir dos anos de 1990, esta prerrogativa 
vem perdendo forças, tem sido desestabilizada por diversas políticas, programas 
e ações pautadas no sentido do reconhecimento da diversidade, normalmente 
agenciadas em resposta a pressão dos movimentos sociais (CANDAU, 2012). 
Conforme Candau (2012), políticas de ato afi rmativo e inclusivo; os currículos 
escolares sendo elaborados com conteúdo sobre história dos povos tradicionais e 
originários das cultura afro-brasileira, africana e indígena entre outros, educação 
quilombola, educação no campo, educação intercultural indígena, formulação de 
materiais pedagógicos pra esse dialogo contra a homofobia, o sexismo, do racismo 
no espaço escolar, entre outros, esses são alguns exemplos do desenvolvimento 
desta perspectiva. 
Ações dessa envergadura surgem suscitando diversos estudos e debates 
com os professores e na sociedade. Assim as políticas de igualdade e de 
reconhecimento da diversidade no solo da educação escolar se mostram, estar 
em contraposição e, em outros momentos, se erguem através de movimentos 
justapostos, sem a necessária articulação (CANDAU, 2012). 
Todavia, é necessário que se encontra ativamente agindo o movimento 
da sociedade civil, que nos últimos anos vem construindo e implementando 
novos direitos, na defesa e no respeito às diferenças e pela diminuição das 
desigualdades. 
Quando estudamos e trabalhamos na concepção do viés educacional, 
enfatizando seus indicadores, as desigualdades se mostram evidentemente, no 
tratamento desigual direcionados às verifi cadas faixas etárias, relacionados a 
questão, de etnia/raça, e do mesmo modo relacionado a sexualidade e gênero e 
em alguns grupos vulneráveis e com pouca ou nenhuma força política, o rural, o 
urbano. É fundamental despontar que o aluno, pertence a uma raça/etnia, possui 
sua sexualidade, um lugar social em que ele está inserido naquele espaço, algo 
que vai além de sua condição de classe social (HADDAD; GRACIANO, 2006). 
29
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Esse exercício torna cada vez mais urgente a promoção de desenvolvimento 
processos de educação no que se refere aos direitos humanos que contribuem 
com a construção de uma cultura dos direitos humanos no contexto social de 
modo geral, particularmente, nos processos educativos (CANDAU, 2012). 
Você sabe que também existe o conceito da sigla LGBTQIAP+?
Ela signifi ca lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queers, 
intersexuais, assexuais, pansexuais e o sinal (+) aborda o espectro 
das identidades de gênero e sexualidade que as letras por mais que 
buscam dar visibilidade, não alcançam na totalidade. 
2.2 DIALOGANDO SOBRE GÊNERO
A temática da questão de gênero e de sexualidade se tornou assunto em 
muitas áreas no âmbito campo das humanidades. Uma das ilustres obras da 
antropologia a respeito do assunto é o livro: Sexo e temperamento, da antropóloga 
cultural Margaret Mead, publicado em 1935.
Se aquelas notórias costumes impulsivos que de acordo com a tradição 
denominamos como essencialmente femininas; passividade, sensibilidade e 
disposição de ninar crianças; podem naturalmente ser erigidas como modelo 
masculino numa tribo, e na outra ser diferente em que as mulheres, como para 
grande parte dos homens, não nos resta mais princípios seguir tais aspectos de 
conduta como unidos ao sexo. 
Se compreende a importância das particularidades culturais na divisão do 
papel social nas sociedades, modifi cando por completo de uma sociedade para 
a outra. Mead (1979) também indagou quanto ao argumento em relação a ideia 
de que existe funções consideradas naturais em que os sexos; femininos e 
masculinos devem agir conforme seus aspectos simplesmente biológicos.
Gênero, como conceito gramatical, é empregado na defi nição de homem e 
mulher, isto é, gênero masculino e feminino. De acordo com Ferreira (1986, p. 
844), gênero é uma “categoria que designa, através de desinências, uma divisão 
dos nomes pautada em normas tais como sexo e associações psicológicas”. 
30
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Contudo, num aspecto social dentro dos princípios das ciências humanas e 
sociais, a defi nição de gênero tem se constituído sendo utilizada para distinguir 
socialmente os indivíduos. 
Esse conceito não é somete analítico, mas inclui tambémhistórica, no sentido 
de um contexto dominado e marcado predominantemente pelo masculino, no qual 
a mulher sempre esteve no lugar de retaguarda, compreendida como um gênero 
fragilizado, e o homem gênero de força e poder. 
Se gênero pode ser empregado para analisar as relações sociais defi nidas 
entre homens e mulheres, devemos entender que essas relações de gênero 
atravessam várias facetas, desde as construções e a atribuição de papéis 
masculinos e femininos, a construção de identidades, da sexualidade, da 
pluralidade de masculinidades e feminilidades, da hierarquia de gênero e, em 
decorrência dessas divisões muitas vezes, até a violência de gênero. 
As diferenças entre homens e mulheres se propagam na 
sociedade com base em concepções sobre o que é feminilidade 
e masculinidade. São disputas simbólicas, que defi nem respeito 
a dinâmica de reprodução social, nas organizações diversas 
como; na família, nas organizações religiosas, escolares, nos 
ambientes de trabalho e na vida política (MELLO, 2020, p. 11).
Nessa perspectiva, compreender gênero é necessário ir além do termo 
feminino e masculino, mas sem se afastar da identidade do que é ser masculino 
ou feminino. Atualmente, a identifi cação engloba impasses e entraves sociais, 
políticos e morais, em que pessoas que não se reconhecem no sexo em que 
nasceram, sofram com os padrões sociais em relação à identidade. Algo anterior 
ao nascimento de uma criança, na ocasião do exame em decorrência do 
ultrassom, a família, inicia o processo para adaptar seu lugar na sociedade, e a 
partir de suas genitálias é que tudo se decidirá. 
Se for menina, sua normalmente cor será rosa - decoração, roupas e 
pertences serão basicamente dessa cor. Se for menino, o padrão será a cor azul. 
Com o crescimento e o desenvolvimento das crianças, essa diferenciação se 
mantém nas vestimentas. Entretanto, essa dicotomia se apresenta através dos 
brinquedos e das brincadeiras adquiridos/permitidos para um e para outro - no 
caso, para outra – que isso será delimitado e percebido de maneira mais enfática.
O que é ser mulher? O que é ser homem? 
Um dos maiores subsídios do desenvolvimento teórico nessa temática foi a 
diferenciação entre gênero e sexualidade, anteriormente confundidos em grande 
parte das vezes. A historiadora Joan Scott (1995) foi uma das pioneiras quanto a 
31
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
fazer essa diferenciação entre gênero e o antigo projeto binário e biologista que 
fazia a separação entre sexos feminino e masculino. 
A autora defi ne que a diferenciação mais complexa de gênero ocorre na 
sociedade e ainda se articula com determinantes sociais como; classe social, 
papel na família, poder político, e demais fatores. A autora destaca a relevância da 
categoria gênero para o estudo histórico dos aspectos sociais. 
A identidade de gênero foi objeto de estudo de diversas estudiosas e 
pesquisadoras, especialmente as feministas, e pesquisadores também. Uma de 
importante destaque que contribuiu para a discussão na contemporaneidade foi 
Butler (2003). 
A partir de sua teoria queer, a autora desconstruiu ainda mais as ideias 
binárias relacionadas a gênero, envolvendo a atuação dos seres humanos, por 
exemplo, a maneira como se vestem, o comportamento etc. e, especialmente, se 
abarca, como elementos predominantes na constituição da identidade de gênero 
que há ampla diversidade.
Abraçando o pensamento desenvolvido pela teoria queer, as diferentes 
classifi cações de gênero podem ser determinadas em:
• Cisgênero: indivíduos que possuem o gênero que ajusta com o gênero 
cognominado ao indivíduo no nascimento. 
• Transgênero: esses indivíduos que possuem um gênero que não 
corresponde ao alcunhado no nascimento.
• Intersexual: indivíduos que têm desde o nascimento ambas; genitálias 
feminina e masculina ou ambivalência cromossômica, impedindo a 
signifi cação antecedente por um gênero ou outro.
• Gender-fl uid (gênero fl uido): indivíduos que não se reconhecem com tão 
somente um gênero, transitando entre eles.
Assim, Butler (2003) chama atenção para a importância de distinguirmos 
entre gênero e sexualidade. A identidade de gênero tem a ver com ser homem 
cisgênero, mulher cisgênero, homem transgênero, mulher transgênero e pessoas 
com gênero fl uido.
A separação defi nida pela sociedade do ser masculino e feminino, promoveu 
também a concepção de objetos, cores diferentes, para meninos e meninas, o 
mesmo com alguns comportamentos esperados para um e não para outro sexo 
para cada tipo de gênero, são concepções produzidas e reproduzidas pelo 
homem, atribuídas pela sociedade e todos as acompanham como um preceito, 
reforçado de geração em geração. 
32
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
É a naturalização do gênero, como se para ser homem ou mulher bastasse 
nascer com uma ou outra genitália.
Entretanto, será que é de tal modo tão singelo? 
A cisão entre o ser feminino e/ou masculino não é compreendida somente a 
partir determinismo biológico. Isso signifi ca que, tanto o homem e a mulher são 
resultados de uma dada realidade sociocultural. Foi evocando essas provocações 
problematizar que se oportunizou-se entender essas relações de poder defi nidas 
entre homens e mulheres que passou a existir o conceito de gênero. 
O termo adentrou a academia, na década de 1980, em um debate continuo 
com o movimento feminista e pesquisadoras de outras áreas: história, sociologia, 
antropologia, ciência política, entre outras. Portanto foi através dos estudos sobre 
mulheres que foi se estruturando o processo de desnaturalização do papel de 
submissão/inferioridade, que a mulher estava prometida socialmente, passou a se 
desestruturar.
Foi nesse sentido que o conceito de gênero nasceu: refl etir e desconstruir a 
percepção de que as desigualdades e as convenções sociais fossem relacionadas 
unicamente ao determinismo biológico. Porque é a sociedade que, regulada 
na genitália, defi ne arquétipos e funções diferentes para homens e mulheres. 
Como asseverou Louro (2007), para que se compreenda o espaço e as relações 
de homens e mulheres numa sociedade, deve-se verifi car não especifi camente 
homens e mulheres, mas sim tudo que socialmente se construiu sobre eles. 
Verifi camos, nesse sentido, que as diferentes culturas, em diferentes 
momentos históricos de suas formações sociais, defi niram, e ainda estabelecem, 
procedimentos, funções e imputações para mulheres e homens.
É fundamental observar que, se todas as sociedades determinassem 
comportamentos e referencias sociais a partir do sexo biológico de cada indivíduo, 
não teríamos as variadas maneiras de vivenciar a identidade de gênero, como é 
possível atualmente, apesar dos muitos preconceitos e homofobias existentes.
O sexo é um elemento biológico, associado que corresponde ao nosso 
corpo físico nosso órgão genital, seios, sistema reprodutor etc., o gênero é uma 
construção sociocultural.
Diante disso, cabe destacar que categoria gênero não é uma regra 
automaticamente imposta, sequer a localizamos escrita em um código de leis. 
Ela se formula no cotidiano, a partir de jogo continuado de poder e resistência. 
33
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Essas associações estão em todas as áreas: educação, saúde, trabalho, política, 
religião, lazer na cultura de forma geral. 
É fundamental mencionar que o próprio conceito de gênero está no âmbito 
de um contexto sociocultural, resumidamente, ele é também uma construção e 
as pessoas estão condicionadas a essas construções e transformações. Existe, 
nesse sentido a diferença entre ser uma mulher em nosso país ou no Oriente. 
Essa altercação ainda pode ser relacionada ao tempo, isto é, existe uma diferença 
entre ser mulher no mundo contemporâneo e ter sido mulher no início do século 
XX. 
Primeiramente, gênero estava relacionado às discussões de/e para mulheres, 
visando a condição da mulhere no entendimento de como a categoria mulher 
era construída. A repercussão disso foi uma homogeneização das mulheres, 
na percepção de uma categoria excepcional, sem considerar outras diferenças 
importantes como classe, etnia/raça, geração e orientação sexual. 
2.2.1 Diversidade sexual
Em nossa sociedade atual, ocidental, educamos meninas e meninos de modo 
diferente, concedendo a cada um comportamento e desempenhos na sociedade 
que se entende como adequados a partir da genitália “descoberta” anteriormente 
ao nascimento de cada indivíduo. Assim, diferenças biológicas são empregadas 
na construção de diferenças sociais, muitas vezes, tidas como naturais. 
Por que há modelo padrões de desempenhos acatados corretos para 
meninas e meninos? 
Podemos observar que esses modelos padrões foram conferidos a partir do 
sexo biológico, podem infl uenciar comportamentos, profi ssões, cores de roupas, 
brincadeiras, e o mais que se refi ra a que se refi ra ao sexo biológico. 
Pensando nesse sentido, compreendemos que esse tipo de educação 
atrapalhou e tolheu homens e mulheres que enquanto crianças de brincar com que 
se sentiam atraídos e não lhes era permitido porque era considerado brincadeira 
de menino ou menina. Muitas pessoas se frustraram em não poder ter o poder 
de escolher a profi ssão que se identifi cava mais porque podia ser considerada 
profi ssão de homem ou profi ssão de mulher. 
34
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Dessa maneira, é importante destacar que essa construção cultural e 
educacional da defi nição de papeis a serem desempenhados a partir do sexo 
biológico, não tem relação alguma com o que pode ou não ser feito por homens e 
mulheres, diante disso entendemos que existem homens que são cozinheiros, e 
são ótimos nessa função e em contrapartida mulheres que exercem trabalhos na 
construção civil de excelente qualidade.
Como também verifi camos que homens bailarinos que são nobilitados no 
mundo com um dos melhores bailarinos. 
Outro ponto importante é considerar que quando se fala em sexo, não 
estamos fazendo alusão de incitar e ensinar as crianças a fazerem sexo, pelo 
contrário, o objetivo é explicá-las no sentido biológico da funcionalidade dos seus 
corpos e suas diferenças. 
De maneira similar ao falar em sexualidade, necessitamos compreender 
que a sexualidade não signifi ca o ato sexual entre pessoas extrapola tudo isso; 
sexualidade é toda sensação de prazer que as pessoas sentem em ocasiões 
que bancam determinada atividade que lhes promovam, sensações agradáveis, 
leveza e prazer em estar fazendo. Isso se aplica por exemplo: uma pessoa que 
tem prazer em ler livros, e sentem bem fazendo leituras, esse é um claro exemplo 
que nesse ato implica o desenvolvimento sua sexualidade. 
Finalmente, quando nos reportamos sobre gênero, é compreender que 
foram papeis atribuídos socialmente e culturalmente por meio dos sexos, porém, 
devemos romper com esse modo infl exível de entender que homens e mulheres 
podem desde de sua infância brincar com qualquer brincadeira saudável, podem 
indicar a profi ssão que se sentem motivados e lhes desperta interesse, e também 
escolherem usar a cor de roupa que desejarem, visto que isso jamais irá interferir 
em sua sexualidade e também não no seu órgão biológico. 
35
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o 
assunto tratado neste item: 
Esse livro se volta para um assunto cada vez mais fundamental 
no coloquial escolar: a sexualidade. Tema que já foi tabu ou fonte de 
polêmicas, em nossos dias tem reconhecida a sua centralidade nas 
relações sociais e na maneira como compreendemos a nós mesmos. 
Em um contexto de transformações profundas e ainda em curso, 
abordar a sexualidade é um desafi o tanto para pesquisadores quanto 
para profi ssionais da educação. De contorno sólido, contemporâneo e 
elucidado, esta obra introduz o leitor às discussões contemporâneas 
sobre sexualidade de maneira clara e didática.
FONTE: TORRES, M. A. A diversidade sexual na educação e os direitos de 
cidadania LGBT na escola. 2.ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. 
36
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Um livro didático e de referência que propõem uma refl exão 
acerca das questões de gênero e suas intersecções com temas 
relacionados à educação, sexualidade, currículo, feminismo no 
Semiárido Baiano.
FONTE: RIOS, P.P. S; MENDES, A. M. Educação, Gênero e diversidade sexual: 
fabricação das diferenças no espaço escola. Curitiba: Editora CRV, 2018. 
A orientação sexual é a afi nidade afetuosa que direciona as relações 
amorosas e sexuais. Sendo assim, apresentamos alguns tipos de orientação 
sexual:
• Homossexual: pessoas que sentem atração por pessoas do mesmo 
sexo. Conhecidos como gays, quando se referem a homens, e lésbicas, 
no caso das mulheres.
• Bissexual: indivíduos que possui atração afetiva e sexual por indivíduos 
de ambos os sexos defi nidos.
• Heterossexual: seres humanos que sentem atração afetiva e sexual por 
indivíduos do sexo oposto.
• Pansexual: pessoas que sentem atração por outras pessoas 
independentemente do sexo ou gênero delas.
• Assexual: pessoas que não desenvolvem fascínio sexual (o que não 
impede, essencialmente, que desenvolvam relações amorosas).
Com a expansão da democratização nas sociedades de Estado, os 
movimentos sociais que lutam pelos direitos LGBTQIAP+ conseguiram conquistar 
um espaço signifi cativo na política mundial, determinando, por exemplo, a 
homofobia como crime, mesmo que no momento ainda é difícil proceder denúncias 
e de obter provas desses tipos de crimes. 
3 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: 
O conceito de cisgênero se refere a indivíduos que possui o 
gênero que combina com o gênero designado ao sujeito a partir de 
seu nascimento.
( ) CERTO
( ) ERRADO
37
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
4 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: 
A bissexualidade se refere a indivíduos que sentem atração por 
pessoas tão somente pertencente ao gênero masculino;
( ) CERTO 
( ) ERRADO
Mediante a isso, ponderamos que existem ainda diversas questões incluindo 
a sexualidade, gênero e diversidade provocam polêmicas e/ou implicam tabus da 
sociedade, requerendo atenção e cuidados no desenvolvimento de abordagens e 
análises, no sentido de a interpretar a pluralidade de sujeitos sociais e suas lutas 
por dignidade e direito à vida. 
FONTE: A autora
FIGURA 2 – BREVE EXPLANAÇÃO SOBRE OS CONCEITOS 
GERAIS DE SEXO, GÊNERO E SEXUALIDADE
É importante destacar que no Brasil, os discursos sobre a diversidade sexual 
e de gênero teve um impulso na década de 1990, na ocasião da publicação dos 
estudos realizados pela historiada Guacira Lopes Louro a respeito da exclusão 
das minorias de gênero na história da educação. Segundo Dinis (2008, p. 479). 
38
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
A singularidade do trabalho de Louro está nos recursos 
metodológicos de suas análises, baseadas não mais no 
discurso marxista ou nas pedagogias da conscientização, mas 
nas teorias pós-estruturalistas, e a grande divulgação que teve 
a publicação de seu livro Gênero, sexualidade e educação: 
uma perspectiva pós-estruturalista. 
 5 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: 
Gênero: São papéis atribuídos aos sexos masculinos e feminino, 
determinados por um processo de educação e cultura moralista
( ) CERTO 
( ) ERRADO
6 – Analise a sentença e julgue como certa ou errada: 
Sexualidade: é uma necessidade básica, porém deve ser 
separado de outros aspectos da vida. Sexualidade é sinônimo de 
relação sexual e se limita à ocorrência ou não de orgasmo por essa 
razão jamais deve ser estudado nas escolas. 
( ) CERTO 
( ) ERRADO
É a partir daí a Educação tem refl etidoo tema numa concepção culturalista 
distante das questões biológicas referentes ao assunto (COSTA; BASSO, s.d).
O tema diversidade sexual e de gênero segundo Costa e Basso (s.d.) fi cou 
fora dos debates na Educação por certo tempo e isto, conforme os pesquisadores: 
Larrosa (1994) e Walkerdine (1998) apud Diniz (2008), se deu pois a educação foi 
atingida por uma compreensão do sujeito com base em suposições originarias 
como da psicologia da aprendizagem e da psicologia do desenvolvimento, 
cheia de menções normativas e naturalizadas, legalizadas pela biologia, e 
especifi camente por uma estabelecida leitura darwinista da evolução, tornando 
o olhar concernente a diversidade consistir em ser ordenada e sistematizada em 
uma escala ordenada de incremento.
39
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Para Larrosa (1994, p. 40):
O sujeito individual narrado pelas diferentes psicologias da 
educação ou da clínica, esse sujeito que se desenvolve de 
forma natural sua autoconsciência nas práticas pedagógicas, 
ou que recupera sua verdadeira consciência de si com a 
ajuda das práticas terapêuticas, não pode ser tomado como 
um dado não problemático. Mais ainda, não é algo que se 
possa analisar independentemente desses discursos e dessas 
práticas, posto que é aí, na articulação complexa de discursos 
e práticas (pedagógico e/ou terapêuticos, entre outros), que ele 
se constitui no que é.
Contudo, conforme Vianna e Silva (2008), os conceitos de sexualidade 
devem ser ampliados, pois a construção das concepções de sexualidades 
aproxima-se de determinações inseridas nas relações sociais de gênero. Desta 
forma, esse temático passou tornou-se responsabilidade da área da saúde e da 
educação. Assim, na esfera escolar tornou-se responsabilidade, principalmente 
dos professores de Ciências (Ensino Fundamental – Séries Finais) e Biologia 
(Ensino Médio) (COSTA; BASSO, s.d.).
No entanto, sabe-se que os assuntos referentes ao gênero precisam 
perpassar não apenas as discussões referente a sexualidade, prevenção e corpo, 
mas especialmente por discussões que digam respeito as questões sociais, 
políticos e históricos que envolvem a construção dos signifi cados internos e 
externos ao ambiente escolar para que, as interações sociais sejam expostas do 
preconceito que as circundam (COSTA; BASSO, s.d.).
Sexo é um dado biológico, isto é, tudo aquilo relacionado ao 
nosso corpo físico (a genitália, os seios, o formato do corpo).
A respeito de abordagens sobre diversidade sexual e de gênero, 
sugerimos consultar o site “Grupo de Pesquisa Sexualidade e 
Escola”, em que você irá encontrar teses, dissertações, livros em pdf, 
indicações diversas de material relacionado ao tema. 
Disponível em: <http://sexualidadeescola.furg.br/index.php>. 
Acesso em: 13 set. 2021. 
40
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Táticas de aversão não signifi cam necessariamente elevar o número de 
estudos e de referências à irradicação da homossexualidade na educação 
à mesma proporção de estudos e referências designadas às mulheres, mas 
oportuniza que a categoria gênero possa também defender na prática essa 
discussão, já que no aspecto teórico o comporta necessariamente (DINIS, 2008). 
É nesse sentido que os estudos culturais proporcionam uma importante 
contribuição, já que o debate não está na discordância singelos de conceitos como 
homem-mulher, masculino x feminino, heterossexual x homossexual, entretanto 
na fábrica de identidades elaborada pela educação ancorada em referências 
essencialistas e excludentes (DINIS, 2008).
Ainda em conformidade com Dinis (2008), ponderar categorias como 
heterossexualidade e homossexualidade enquanto historicamente lançados, 
defi ne-se em uma tática de resistência às investidas de duras fronteiras no interior 
das práticas sexuais, oportunizando a construção de uma variação temática 
extensa. 
Ao assinalar a construção histórico e cultural das identidades sexuais e 
de gênero, o professor pode ajudar o educando a encontrar as limitações e as 
chances impostas a cada pessoa quando se expõe aos estereótipos que são 
designados a uma identidade sexual e de gênero. 
Isso segue especialmente na direção contraria à determinada abordagem da 
questão homossexual feita pela mídia na produção de uma suposta “naturalização” 
do sujeito homossexual. No intuito de se desvencilhar do discurso moralista, que 
a entendia a homossexualidade como falta de caráter, desencaminhamento no 
fator educativo familiar ou objeto de patologias hormonais, afi rmava-se muito que 
a ideia de que o sujeito nasce homossexual ou heterossexual, isentando-o do 
comportamento homossexual, porque não era uma questão de escolha, mas de 
determinação (DINIS, 2008).
Existem alguns sites acadêmicos que reúne publicações de 
artigos acadêmicos de várias revistas eletrônicas acadêmicas, dentre 
eles deixamos como indicação o site da Scielo, sendo assim, segue 
a seguir o site para que possam acessar, e navegar. 
https://scielo.org/
41
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
Essa afi rmativa, ainda segundo Dinis (2008), tem incentivado mesmo 
algumas pesquisas biológicas que apostam na procura dos genes que determinam 
a orientação sexual. Esse debate tem constituído ainda propagado pelos meios 
de comunicação e pelas personagens homossexuais que atuam nas novelas, no 
cinema, na publicidade e nos programas voltados ao público jovem. 
No entanto, uma das precipitações desta naturalização das orientações 
sexuais diz respeito a relação com a diferença não avance no âmbito das políticas 
de tolerância, um respeito aos direitos do outro contando que esse outro se 
mantenha quieto no seu interminável espaço de si mesmo, deixando seguro 
os territórios demarcados de formas padronizadas de viver os comportamentos 
sexuais (DINIS, 2008).
Você sabe qual a importância do movimento LGBTQIAP+ para 
a desconstrução de paradigmas e tabus em relação ao modo das 
pessoas serem, viverem se relacionarem, bem como promoção do 
respeito a diferença e diversidade? 
Para saber um pouco mais, leia a matéria que deixamos o link 
a seguir:
FONTE: <https://www.politize.com.br/lgbt-historia-movimento/>. Acesso em: 15 set. 2021. 
Podemos afi rmar que o diverso não é exclusivamente um outro eu (homem, 
mulher, homossexual, heterossexual...) e com o qual devo estabelecer um 
exercício de vizinhança pautada na fi losofi a do politicamente correto. O outro é 
uma complexidade de tudo aquilo (humano, não-humano, visível, não visível) que 
me tira da pretensa harmonia que posso ter de uma identidade fi xa (um modo 
tradicional e padronizado de pensar, sentir, agir), estimulando-me com uma 
constante convocação para diversas formas de ser estar no mundo (DINIS, 2008).
 Um grande desafi o no exercício dinâmico da alteridade nos leva a um 
tratamento contrário mesmo às políticas de tolerância. Assim, debater a temática 
da diversidade sexual e de gênero não seria apenas uma condição isolada a 
grupos minoritários especiais e, por disso, algo a ser desprezado por um currículo 
que pretende atender a maioria heterossexual que frequenta o espaço escolar 
(DINIS, 2008).
42
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Dinis (2008) complementa que esse é precisamente um desafi o primordial 
que necessita ser encarado pelos próprios educadores, isto é, antes de educar a 
respeito da sexualidade, quem sabe os próprios educadores devam ser educados.
Se os educadores desejarem ser diligentes em seu trabalho com todos os 
jovens, eles necessitam iniciar a adquirir um espectro de seu fazer profi ssional 
mais universalizante da sexualidade em uma totalidade e da homossexualidade 
em particular (DINIS, 2008).
Portanto, ao invés de analisar a questão da homossexualidade como objeto de 
interesse unicamente para os indivíduos que são homossexuais, é preciso analisar 
as maneiras como as alocuções predominantes da heterossexualidadeelaboram 
sua própria coleção de estupidezes tanto a respeito da homossexualidade como 
no mesmo compasso no que se refere a heterossexualidade (BRITZMAN, 1996).
Contudo, problematizar novas políticas de inclusão das minorias sexuais 
e de gênero requer, por parte dos educadores, uma experimentação de novos 
modelos no uso da linguagem que possam provocar resistência a paradigmas 
sexistas ou homofóbicos. Esse é um passo de suma importância a ser dado em 
setores como; na linguagem científi ca, nos documentos ofi ciais, nos currículos 
escolares e nas instituições de formação docente (DINIS, 2008).
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, procuramos explicitar a respeito de conhecimentos que são 
de suma importância para a compreensão dos estudantes que desejam atuar e/
ou que já atuam profi ssionalmente no campo da educação e que avaliam sobre 
a importância de estudar a respeito da educação para a diversidade pautado nos 
conhecimentos a partir dos estudos oriundos da categoria gênero. 
Como estudante, você também foi orientado a refl etir acerca da educação 
enquanto um direito fundamental e que se contorna como direito social e se 
revolve na perspectiva dos direitos humanos, tendo sido assim considerada desde 
a promulgação da Constituição Federal de 1988. 
Como discente você pode compreender a relevância do estudo para poder 
desconstruir ideias, juízos e concepções sobre a questão que tangencia o 
debate sobre sexo, sexualidade, gênero para que assim possa corroborar para 
uma educação que verdadeiramente respeita o próximo e assim, formar futuros 
cidadãos que serão mais respeitosos, tolerantes e não coadunarão com práticas e 
discursos que promovam o ódio, intolerância e violência. 
43
E. E DIREITOS H., C. PARA UM D. ENTRE GÊNERO E D. S. Capítulo 1 
 Por fi m, é imprescindível que cada qual busque a compreensão dos conceitos 
e explanações aqui apresentados, e faça uma refl exão crítica em seu cotidiano de 
trabalho afi m de verifi car as implicações de cada qual, infl uenciando na direção 
do desenvolvimento de sua prática docente, com vistas a uma educação mais 
acolhedora, inclusiva e de respeito a diversidade. 
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
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CAPÍTULO 2
CORPOS, SEXUALIDADE, GÊNERO: 
A NECESSIDADE DE UM OLHAR 
EDUCATIVO SEM PRECONCEITOS
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer sobre os signifi cados socioculturais bem como as práticas de poder 
imputadas nas relações de gênero na sociedade.
 Estudar sobre a importância do feminismo para desmistifi cação do sistema 
patriarcal e do poder conferido por esse sistema ao gênero masculino, 
apreender a respeito da relevância do feminismo no sentido de entender a 
construção social e histórica de desigualdade entre os gêneros.
 Estudar como os corpos e a sexualidade se diferem e podem ser geradores de 
preconceitos na sociedade, compreendendo a educação como possibilidade de 
desconstrução das atitudes preconceituosas.
 Refl etirá sobre formas de dialogar sobre corpo, sexualidade e gênero de modo 
educativo, sem preconceitos e elucidativo com os estudantes.
48
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
49
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem como objetivo conhecer os signifi cados socioculturais 
a respeito do gênero e as práticas de poder conferida no intuito de estimular 
o diálogo, a refl exão sobre terminologias adequadas para a atualidade que 
promovem a desconstrução de ideais discriminatórias e pejorativas a respeito da 
sexualidade, dos corpos, identidade de gênero, orientação sexual.
Você compreenderá a relevância do feminismo e suas vertentes no sentido 
de entender a construção social e histórica de desigualdade entre os gêneros, 
e as múltiplas desigualdades entre homens e mulheres e em especial sobre a 
toxidade social a qual o machismo submete a todos.
 Nosso intuito é provocar em você o desejo de aprimorar-se para a 
intervenção profi ssional e novas formas de dialogar sobre corpo, sexualidade e 
gênero de modo educativo, sem preconceitos, atualizando seus conhecimentos 
com assuntos pertinentes a evolução da sociedade. 
Contudo, buscamos contribuir para que no decorrer dos estudos, você possa 
analisar e, ainda, criar o seu próprio mapa conceitual sobre as informações que 
norteiam a prática na educação com olhar educativo e sem estereótipos para 
a temática: corpos, sexualidade, gênero. Desse modo, fazendo o exercício da 
relação teoria e prática. 
Sugerimos que você analise os assuntos aqui abordados e alinhe com a sua 
realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática cotidiana, 
não se restringindo a área profi ssional, mas englobando os conhecimentos em 
todas as áreas da vida, tornando-se de fato uma prática.
Fique atento às sugestões de leitura, vídeos e artigos que complementam os 
estudos enriquecendo seu repertório profi ssional. 
Será um prazer aprender e compartilhar com você!
Bons estudos!
50
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
2 SIGNIFICADOS SOCIOCULTURAIS 
DE GÊNERO E AS PRÁTICAS DE 
PODER 
O termo gênero muitas vezes é utilizado de forma incorreta para fazer 
referência ao sexo biológico com o qual o indivíduo nasce: feminino/masculino e/
ou homem/mulher, além de errôneo é excludente ao intersexual que se refere a 
pessoas que nascem com a quantidade de cromossomos “específi cas” e não se 
desenvolvem ou se encaixam na descrição de gênero feminino/masculino.
Para Guedes (1995), o gênero refere-se a tudo aquilo que foi defi nido no 
decorrer do tempo pela nossa sociedade, na qual se compreende como a função, 
comportamento esperado, ou papel do indivíduo com base em seu sexo biológico.
Para a autora fatores socioculturais por vezes determinam a conceituação de 
“gênero” na qual pode cambiar de acordo com o momento histórico da sociedade. 
Essa mudança na conceituação se faz necessária e é de suma importância como 
debateremos no decorrer deste capítulo, em especial porque sabemos que a 
diversidade sexual é extremamente presente na sociedade pós-moderna e temos 
que dialogar e naturalizar este espaço de discussão. 
Queremos elucidar que ao mencionar sobre a “diversidade sexual” estar 
presente na sociedade pós-moderna reforçamos que a diversidade sempre 
existiu, apenas foi tão discriminada, criminalizada, ridicularizada, patologizada 
por séculos pela sociedade. Infelizmente, em diversos países do mundo, o tema 
não é debatido e ainda é tratado como tabu, patologia, crime e em alguns países 
passível de prisão e pena de morte.
Se as sociedades são e serão sempre constituídas por sujeitos 
diferentes, que buscam ser politicamente iguais, suas múltiplas 
diferenças talvez possam ser motivo de trocas, negociações, 
solidariedades e disputas (CAPELLE et al. 2004 apud 
LOURO,1997b, p. 40).
Sexo é um dado biológico, isto é, tudo aquilo relacionado ao 
nosso corpo físico (a genitália, os seios, o formato do corpo).
51
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
É com as diferenças que somamos e crescemos. 
Note a importância de dialogar sobre o tema e levá-lo para as escolas?
Há inúmeras razões para pensar o tema como relevante no diálogo e nas 
pautas escolares, promover debate, clarifi cação de conceitos, informação 
não é doutrinação política ou ideológica é a forma mais adequada de evitar 
discriminação, violência, abusos físicos, psicológicos, constrangimentos, doenças 
psicossomáticas, transtornos afetivos provocados pela exposição contínua a 
discriminação e inúmeras violências. 
Dialogar sobre identidade de gênero, diversidade e orientação sexual é 
garantir acesso aos direitos civis e humanos para todos. 
Nogueira (2015, s. p.), enumera sete motivos para debater sobre “gênero, 
sexualidade e identidade de gênero”, são elas:
1. O tema não é criação ideológica, eles existem e temos que 
conviver respeitosamente. Quanto mais informação menos 
discriminação, sofrimento e violação dos direitos humanos.
2. Violência contra a mulher está generalizada na sociedade e 
na escola também, mulheres são subjugadas, violentadas, 
discriminadas e o índice de feminicídio é alarmante no 
Brasil. De acordo Rede de Observatório da Segurança 
mostram que cinco estados brasileiros (SP, BA, CE, RJ e PE) 
registraram, juntos, 449 casos de feminicídio em 2019. No 
que se refere no ano de 2020 em médica 5 mulheres foram 
mortas por dia. O Brasil sancionou a Lei nº 13.104/2015, 
que introduz uma qualifi cadora que aumenta a pena para 
autores de crimes de homicídio praticado contra mulheres. A 
aplicação da qualifi cadora eleva a pena mínima deste crime 
de 6 para 12 anos e a máxima, de 20 para 30.
3. Assim como a violência contra a mulher a transfobia também 
mata.
4. Violência de gênero e preconceito resultam em evasão 
escolar.
5. Não discutir gênero vai contra diversos tratados 
internacionais assinados pelo Brasil
6. O machismo impacta o aprendizado e a autopercepção de 
meninos e meninas. Machismo é tóxico!!!
7. Intolerância não combina com religião, preconceito não tem 
relação com fé ou religiosidade.
52
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
1– Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO: 
A diversidade sexual pode ser defi nida como um fenômeno 
coletivo inovador típico da sociedade atual, considerada pós-
moderna?
( ) CERTO
 ( ) ERRADO
Para frisar a importância desse diálogo e da preparação adequada dos 
docentes para abordar o tema, Nogueira (2015, s. p.), em seu artigointitulado 
de: “Por que a educação deve discutir gênero e sexualidade? Listamos 7 razões” 
publicado em 2015, relata alguns casos de violência de gênero e transfobia. 
Escolhemos dois trechos para apresentar para vocês são eles:
...Alex, 8 anos, morto em 2014 pelo próprio pai por gostar de 
lavar a louça e de dança do ventre. Franzino, Alex tomava 
surras constantes do pai que o mandava “andar que nem 
homem”. Não se sabe se Alex era homossexual, mas relatos 
de diversos familiares e vizinhos dão certeza de que seu pai 
era homofóbico. O irmão mais velho do garoto já havia sido 
rejeitado pelo pai, por não ser “másculo o sufi ciente”. Após um 
dos “corretivos”, o fígado de Alex se rompeu, ocasionando sua 
morte. A violência deste caso é ainda mais trágica se pensarmos 
como ela poderia ter sido evitada: Alex vivia com o pai no Rio 
de Janeiro, porque sua mãe havia decidido não o matricular 
na escola, com medo da reação dos outros estudantes ao 
jeito do fi lho. Ao sair de Mossoró (RN) para morar com o pai, a 
intolerância terminou por fazer mais uma vítima.
Nogueira (2015, s. p.), cita outro caso:
Em maio deste ano, uma menina de 12 anos foi estuprada 
dentro de uma escola na capital paulista por um menino de 
14, com auxílio de dois outros meninos. Nas periferias dessa 
mesma capital, vídeos do Youtube e correntes de WhatsApp 
propagam as Top 10, um ranking no qual meninas são listadas 
e insultadas como “vadias, piranhas” e dezenas de outros 
adjetivos perversos. As afetadas por essa prática tentam 
muitas vezes o suicídio ou abandonam suas rotinas escolares.
53
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Infelizmente são apenas mais dois casos de violência de gênero 
proporcionadas pelo arcaico e primitivo signifi cado de gênero defi nido e 
institucionalizado socioculturalmente e ainda aceito pela maioria das pessoas que 
constituem a sociedade patriarcal, na qual possui profundas infl uências religiosas. 
A partir deste pensamento, queremos propor algumas refl exões:
O estado não é constitucionalmente laico?
A quem favorece a falta de diálogo e empatia? 
Machismo estrutural corrobora para que tais crimes perpetuem?
Indicamos como pesquisa de dados e leitura teórica o “Manifesto 
pela igualdade de gênero na educação: por uma escola democrática, 
inclusiva e sem censuras”. 
O manifesto foi assinado por 113 pesquisadores e grupos de 
estudos e trata-se de repúdio à forma deliberadamente distorcida 
que o conceito de gênero tem sido tratado nas discussões públicas 
e denunciar a tentativa de grupos conservadores de instaurar um 
pânico social, banir a noção de “igualdade de gênero” do debate 
educacional e reifi car as desigualdades e violências sofridas por 
homens e mulheres no espaço escolar.
Disponível em: <http://www.portal.abant.org.br/images/Noticias/Manifesto_Pela_
Igualdade_de_Genero_na_Educacao_Final.pdf>. Acesso em: 19 mar. 2022.
Não estamos apenas falando sobre a dor do “outro” o que por si só já é 
relevante, mas sobre direitos humanos e sociais. Para além do Brasil há inúmeros 
pedidos de refúgio por parte de pessoas de nacionalidade africana por perseguição 
por sua orientação sexual, para além disso há inúmeros casos registrados, outros 
subnotifi cados, portanto não há precisão de números de crimes de transfobia e 
homofobia nacional e internacionalmente.
Para se ter clareza em 72 países do mundo, é possível ser preso por ser 
homossexual, em 13 deles, as pessoas podem ser condenadas à pena de morte 
por causa da orientação sexual, estes 13 países mencionados países fi cam na 
Ásia (principalmente no Oriente Médio) e na África.
54
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Dos 72 países no mundo em que a orientação sexual não seja 
heteronormativa, é considerada crime, queremos enfatizar os países em que a 
pena de morte é passível de acontecer por determinação da Lei que rege o país, 
tornando-os locais temerosos viver, São eles:
1- Sudão
2- Irã
3- Arábia Saudita
4- Iêmen
5- Mauritânia
6- Afeganistão
7- Paquistão
8- Catar
9- Emirados Árabes Unidos
10- Iraque
11- Síria
12- Nigéria 
13- Somália
55
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
FIGURA 1 – GRÁFICO DE PAÍSES QUE CRIMINALIZAM A HOMOSSEXUALIDADE
FONTE: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/sites/default/fi les/
atoms/image/info_lgbt.png>. Acesso em: 19 mar. 2022.
No que se refere ao Brasil, há 12 anos consecutivos (2008 a 2020) nosso 
país tem o degradante título de ser líder mundial em homicídio de pessoas 
transgênero, crime hediondo conhecido como transfobia. 
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) esclarece:
56
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
FONTE: <https://www.adufop.org.br/post/brasil-segue-como-pa%C3%ADs-que-mais-
mata-pessoas-trans-no-mundo-aponta-relat%C3%B3rio>. Acesso em:19 mar. 2022.
FIGURA 2 – GRÁFICO DADOS ANTRA
Embora o Brasil seja o país que comete mais crimes contra a população 
transgênero, estamos abrindo espaço para debates e avançando quanto sociedade 
na proteção, amparo dos direitos civis e humanos da comunidade LGBTQIAP+ 
(lésbicas, gays, transexuais, transgêneros, travestis, queer, intersexo, assexual, 
pansexual, + engloba toda a diversidade, não-binariedade).
Segundo Ribeiro (s.d.): 
...Em junho de 2019, em um julgamento histórico, na Ação 
Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO) nº 26, de 
relatoria do ministro Celso de Mello, o STF, por oito votos a 
três, decidiu em favor da criminalização da LGBTFOBIA, 
reconhecendo, assim, a prática da conduta contra pessoas 
LGBT+ como crime de racismo até o Congresso Nacional 
elaborar legislação específi ca sobre o tema.
Desse modo, quem ofender, discriminar, agredir, ou tiver qualquer conduta 
agressiva embora com pessoas gays, lésbicas, bissexuais, travestis ou 
transgêneros poderá ser legalmente condenado em um a três anos de prisão, 
prevista na Lei nº 7.716/89, que defi ne os crimes resultantes de preconceito de 
raça ou de cor. O crime de LGBTfobia é crime inafi ançável e imprescritível, assim 
como o crime de racismo. 
57
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Direitos relativos à orientação sexual e à identidade de gênero 
são reconhecidos, hoje, nacional e internacionalmente, 
como essenciais para a dignidade e humanidade da pessoa 
humana, integrando o núcleo dos direitos à igualdade e à não-
discriminação. Os referidos Princípios de Yogyakarta voltam-
se a tutelar o indivíduo diante da violência, do assédio, da 
discriminação, da exclusão, da estigmatização e do preconceito 
dirigidos contra pessoas em todas as partes do mundo por 
causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Esses grupos, por serem minoritários e, não raro, vítimas 
de preconceito e violência, demandam especial proteção 
do Estado. Nesse sentido, a criminalização de condutas 
discriminatórias não é só um passo importante, mas também 
obrigatório, eis que a Constituição contém claro mandado 
de criminalização neste sentido: conforme o art. 5º, XLI, “a 
lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e 
liberdades fundamentais (RIBEIRO, s.d.).
2– Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO:
O Brasil pode ser considerado um país transfóbico, ou seja, 
um país em que há altos índices de criminalidade contra pessoas 
transexuais, tornando-se um local de risco a vida da população 
transexual?
( ) CERTO
 ( ) ERRADO
Embora a conduta discriminatória seja passível de punição legal, ainda 
não há uma legislação específi ca para a comunidade LGBTQIAP+ todavia a 
criminalização é um passo importantíssimo no combate a violência e a proteção 
dessas pessoas.
No Brasil há alguns direitos garantidos para a população transgênero, são 
eles: 
1- Alteração do nome e do gênero no registro civil
2- Estabelecimento prisional compatível com a identidade de gênero
3- Tratamento social conforme à identidade de gênero
58EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Francesca Batista (2019) explica sobre cada direito, antes nos propõe 
compreender quem é o transgênero para o STF (Supremo Tribunal Federal) corte 
de maior relevância do país, capaz de proferir decisões de efeitos vinculante e, 
sobretudo, do guardião da Constituição Federal. De acordo com a autora:
Tratante do gênero como uma questão de identidade, 
“transgênero” é a terminologia mais genérica, na qual se 
enquadram o transexual e o travesti. Em comum, têm o fato 
de que ambos vivenciam um gênero em desconformidade com 
o seu sexo biológico (BATISTA, 2019 apud BARBOZA, 2012).
Por muito tempo, houve dissenso doutrinário a respeito do 
ponto chave capaz de diferenciar, propriamente, o transexual 
do travesti. Já acreditou-se, por exemplo, que a ausência do 
desejo compulsivo por reversão sexual caracterizava o travesti 
(BATISTA, 2019 apud HOERI, 2001), enquanto a repulsa com 
relação à sua genitália identifi cava o transexual (BATISTA, 
2019 apud CUNHA, 2015), ou que o elemento diferenciador 
entre um e outro seria a realização ou não da cirurgia de 
redesignação sexual.
Em uma acepção mais moderna, aqui adotada, prefere-se não 
estabelecer enquadramentos prévios: cabe a cada pessoa 
exercer o seu direito de autodeterminação, de forma que, 
se não realizada, far-se-á uso do termo genérico, buscando 
sempre respeitar a condição de sujeito de direitos. Em resumo, 
o transexual/travesti é quem assim se defi ne (BATISTA, 2019).
No decorrer do capítulo, abordaremos o conceito de cada termo da 
nomenclatura LGBTQIAP+ relacionada a diversidade sexual, com a fi nalidade de 
esclarecer seu signifi cado e orientar a forma correta dos termos evitando qualquer 
linguagem que gere constrangimentos ou denote preconceito as pessoas do 
movimento em questão.
Caro estudante, 
Indicamos o site: https://76crimes.com/ este site divulga abusos 
contra LGBTQIAP+ em países em que a homossexualidade é crime. 
A página é mantida pelo jornalista americano Colin Stewart.
Indicamos a leitura da entrevista com Colin Stewart;
Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/
noticia/2017-06/site-divulga-abusos-contra-lgbts-em-paises-onde-
homossexualidade-e-crime>. Acesso em: 19 mar. 2022.
Durante a entrevista o fundador do site explica sobre o trabalho, 
faz denúncias, apresenta casos de violação aos direitos humanos, 
abusos e homicídios. 
59
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Vale a pena a leitura! Vamos aprender mais com as diferentes 
fontes de informações disponíveis.
Retomando os direitos das pessoas transgêneros e travestis de acordo com 
o STF, no que tange ao direito da Alteração do nome e do gênero no registro civil, 
Batista (2019, s. p.), elucida que a trajetória para conquistar esse direito é longa 
e se inicia em 1981, na época, a discussão se limitava, ainda, à (im)possibilidade 
de adequação do registro civil (quanto ao nome e ao sexo) dos transexuais 
submetidos à cirurgia de redesignação. 
Na oportunidade, a Suprema Corte decidiu, com base na 
premissa do determinismo biológico, pela improcedência dos 
pedidos. Deste modo se aos transexuais operados o direito 
não era reconhecido, aos não operados a ideia estava fora de 
cogitação. A luta pelo direito a alteração do registro civil segue 
e [...] com o avanço na maneira de pensar da sociedade, 
chegaram os anos 2000, o início de um novo século, em 
que a tese favorável à alteração do sexo e do prenome no 
registro civil do transexual operado ganhou força, mas não 
propriamente desvinculada de polêmicas: deveria constar, 
quando da retifi cação, o termo “transexual”? A maioria da 
doutrina sustenta (até os dias atuais) que não se deve fazer 
qualquer referência à transexualidade, nem mesmo sigilosa, 
ao se efetuar as mudanças registrais (FRANCESCA, 2019 
apud DINIZ, 2001).
A autora afi rma que o transexual não submetido à cirurgia de 
transgenitalização, independente das suas motivações seguia excluído da 
discussão sobre esse direito. Foi em 2018 que o direito foi reconhecido por 
unanimidade e, determinou-se que, para dele usufruir, o uso da via judicial não é 
obrigatório, bastando, portanto, mero pedido administrativo junto ao Cartório de 
Registro Civil.
1. O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração 
de seu prenome e de sua classifi cação de gênero no registro 
civil, não se exigindo para tanto nada além da manifestação de 
vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto 
pela via judicial como diretamente pela via administrativa.
2. Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de 
nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
3. Nas certidões do registro não constará nenhuma observação 
sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de 
inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por 
determinação judicial.
60
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
4. Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá 
ao magistrado determinar, de ofício ou a requerimento do 
interessado, a expedição de mandados específi cos para a 
alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados 
pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem 
dos atos (BATISTA, 2019 apud BRASIL, 2018b).
No que se refere ao direito ao estabelecimento prisional compatível com a 
identidade de gênero embora este tenha sido garantido, houveram preconceitos 
e discriminações por se compreender que as mulheres cisgênero poderiam estar 
expostas a algum risco em compartilhar o mesmo sistema prisional que mulheres 
transgênero. Demonstrando claramente a resistência da sociedade em repensar 
sobre signifi cados socioculturais de gênero internalizados, mas que precisam ser 
repensados com urgência.
No que tange, especifi camente, à problemática levantada, Batista, (2019 
apud ADREUCCI, 2018) esclarece:
O combalido sistema penitenciário brasileiro [...] tem 
encontrado sérias difi culdades em se adaptar aos novos 
tempos, de diversidade sexual, em que as autoridades se 
veem premidas pelas circunstâncias e pelos novos paradigmas 
sociais relacionados à sexualidade que, desafi ando os 
postulados estabelecidos e os estereótipos ligados ao sexo, 
colocam em xeque a legislação penal positivada e obrigam os 
julgadores a visitar novas fronteiras, nem sempre fáceis de ser 
vislumbradas.
Seguindo com os direitos das pessoas transgênero o tratamento social 
conforme à identidade de gênero perpassa a questão do direito legal e assim 
como o direito a coabitar ao sistema prisional compatível com a identidade de 
gênero esbarra na discriminação, hábitos e costumes preconceituosos do coletivo 
social. 
Infelizmente é comum ouvir histórias ou se deparar com notícias de que 
pessoas transgêneros foram impedidas de utilizar sanitários correspondentes 
a sua identidade. Em um desses momentos da história em meados do ano de 
2014 em um shopping center uma mulher transgênero foi impedida de utilizar o 
sanitário feminino, passando por uma situação vexatória. 
O caso gerou uma discussão e um processo no qual ainda não foi julgado 
(até 2021), mas que ampliou o debate tão necessário sobre a validação dos 
direitos das pessoas transgênero e travestis e seu cumprimento legal, pois 
a discriminação provocada pelo não tratamento adequado a estas pessoas de 
acordo com sua identidade de gênero é recorrente em nosso país. De acordo com 
Batista (2019), a Procuradoria Geral da República declarou:
61
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
É cabível a condenação de estabelecimento comercial a 
pagamento por dano moral, na hipótese de abordagem de 
transgênero que visa constranger a pessoa a utilizar banheiro 
do sexo oposto ao qual se dirigiu, por identifi cação psicossocial, 
uma vez que viola a dignidade da pessoa humana, bem como 
os direitos da personalidade que conferem aos transgêneros 
os direitos referentes à sua identidade, ao reconhecimento,à igualdade, à não discriminação e à segurança, previstos 
nos artigos 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal (CF), 
caracterizando combate à discriminação racial e de gênero 
(BRASIL, 2015).
Devemos refl etir sobre a importância da legislação, dos debates escolares, 
da informação livre e, portanto, sem censuras, informações com base em 
pesquisas científi cas, na escuta das pessoas para proporcionar também um lugar 
de fala para as pessoas dessa comunidade, aliás da mesma comunidade em que 
estamos inseridos, mas que infelizmente segrega e marginaliza essas pessoas. 
Os desafi os são diários e inúmeros, incluindo a difi culdade em conseguir 
oportunidades de trabalho dignas. Para a mudança desse cenário é de suma 
importância o movimento LGBTQIAP+ para a desconstrução de paradigmas e 
tabus em relação ao modo das pessoas serem, viverem se relacionarem, bem 
como promoção do respeito a diferença e diversidade? 
Você sabe do que se trata o conceito “Lugar de fala”?
“O lugar social não determina uma consciência discursiva sobre esse lugar. 
Porém, o lugar que ocupamos socialmente nos faz ter experiências distintas e 
outras perspectivas”. (PONCHIROLLI, 2020 s. p. apud RIBEIRO, 2017)
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
FIGURA 4 – ILUSTRAÇÃO SOBRE CONCEITO: LUGAR DE FALA
FONTE: <https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/
mas-afi nal-o-que-e-lugar-de-fala/>. Acesso em:
Para Ponchirolli (2020), pensar a ideia do lugar de fala tem como objetivo 
oferecer visibilidade a sujeitos cujos pensamentos foram desconsiderados 
durante muito tempo. Dessa forma, ao tratarmos de assuntos específi cos a 
um grupo, como racismo e machismo, pessoas negras e mulheres possuem, 
respectivamente, lugar de fala. Isto é, podem oferecer uma visão que pessoas 
brancas e homens podem não ter. Desse modo, o microfone é passado para as 
pessoas que realmente vivenciam aquela realidade.
Cabe ressaltar que o lugar de fala não signifi ca a exclusão de outros grupos 
ou pessoas, não é sobre calar, ao contrário, é sobre proporcionar a diversos 
grupos e minorias um lugar de fala em que pode se expressar, ser escutado e ter 
sim suas questões, reivindicações e conhecimentos validados. 
É sobre ampliar o debate!
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Para saber um pouco mais leia a matéria que deixamos o link a 
seguir:
FONTE: <https://www.politize.com.br/o-que-e-lugar-
de-fala/>. Acesso em: 27 nov. 2021. 
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o 
assunto tratado neste item: 
Com o objetivo de desmistifi car o conceito de lugar de fala, 
Djamila Ribeiro contextualiza o indivíduo tido como universal numa 
sociedade cisheteropatriarcal eurocentrada, para que seja possível 
identifi carmos as diversas vivências específi cas e, assim, diferenciar 
os discursos de acordo com a posição social de onde se fala.
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Políticas públicas LGBT e construção democrática no Brasil 
é uma obra fundamental para os chamados Estudos LGBT, e 
auxiliará professores/as, estudantes e pesquisadores/as, além de 
ativistas e gestores/as interessados/as nas pesquisas sobre Gênero, 
Sexualidade e Direitos Humanos. Seu diferencial consiste no 
profundo debate acerca das políticas públicas de direitos humanos 
voltadas para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – 
analisando um caso concreto, notadamente o Centro de Referência 
LGBT de Pernambuco – em articulação com os recentes debates 
teóricos sobre a construção democrática e os projetos políticos 
em vigor no Brasil. Outro ponto forte do livro é a exploração das 
trajetórias individuais dos membros e ex-membros desse Centro de 
Referência que valorizam a experiência e revelam o desenvolvimento 
das políticas públicas LGBT vistas e vividas “de dentro” do Estado. 
Seus depoimentos revelam desafi os e limites, bem como avanços e 
potências, que produzem refl exões em torno dos direitos humanos, 
da cidadania, da democracia, da participação social e das lutas pela 
igualdade e justiça protagonizadas pelo Movimento LGBT brasileiro.
O livro reúne história/s de vida de pessoas que mudaram o 
corpo, cirurgicamente ou não, para se tornarem reais. A reinvenção 
do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual sugerirá 
que as explicações para a emergência da experiência transexual 
devem ser buscadas nas articulações históricas e sociais que 
produzem os corpos-sexuados e que têm na heterossexualidade a 
matriz que confere inteligibilidade aos gêneros.
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
2.1 CORPO E DIVERSIDADE
Para iniciarmos os estudos sobre o tema vamos compreender e estudar 
cada conceito que compõe a sigla LGBTQIAP+. O intuito é elucidar sobre este 
movimento essencial que para além da luta pelos direitos civis e humanos 
estabelece um lugar de fala a comunidade e ganha espaços de representação 
social, infl uenciando e auxiliando pessoas que ainda vivem a margem da sociedade 
impostas pela discriminação, pela LGBTfobia, ou por falta de conhecimento de 
seus direitos e/ou em tantos casos, por medo da rejeição de familiares, medo da 
violência social lamentavelmente frequente.
FIGURA 3 – ILUSTRAÇÃO SOBRE DIFERENÇAS SEXO, 
ORIENTAÇÃO SEXUAL E IDENTIDADE DE GÊNERO
FONTE: <https://camaraligada.wordpress.com/2014/03/06/identidade-de-
genero-todas-e-todos-temos-uma/>. Acesso em: 19 mar. 2022.
A Figura 3 retrata uma tentativa de ilustrar a pluralidade do tema, no entanto 
ela não está completa, pois não aborda toda diversidade que há. Trata-se de uma 
visão limitada, embora não esteja incoerente, pois corresponde aos conceitos 
estudados. 
66
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Entretanto, antes de completá-la vamos compreender o contexto histórico 
em que o movimento LGBTQIAP+ se consolidou. A primeira nomenclatura foi 
“MHB” – Movimento Homossexual Brasileiro, com o surgimento do movimento 
lésbico passa a se chamar Movimento de Gays e Lésbicas. A partir dos anos 90, 
precisamente em 1990 surge a terminologia GLS que signifi cava – Gays, lésbicas 
e simpatizantes. É importante frisar que essa sigla foi pensada pelo movimento 
“Mercado gay” conhecido como “Pink Money”, no entanto ao iniciar o século XXI 
o movimento decide se desvincular do termo mercadológico e passa a se chamar 
GLBT.
A primeira conferência nacional do movimento social ocorre em 2008 e a 
sigla L é realocada e passa a fi car na frente, o movimento passa a se chamar de 
LGBT. Atualmente, a sigla é LGBTQIAP+ como forma de representar e abranger a 
toda a diversidade sexual, pois todos são bem-vindos ao movimento social.
FONTE: <https://img.elo7.com.br/product/zoom/28D4C8D/
bandeira-lgbt-arco-iris.jpg>. Acesso em 19 mar. 2022.
FIGURA 4 – BANDEIRA “ARCO-ÍRIS”: SÍMBOLO DA CAUSA LBGTQIAP+
Você sabia que o criador da bandeira que simboliza a 
comunidade LGBTQIAP+ foi o norte americano Gilbert Baker?
Baker era artista e design e criou a bandeira “arco-íris” em 1978 
para o Dia de Liberdade Gay de San Francisco, na Califórnia.
Para Baker o arco-íris transmitia a ideia de diversidade e 
inclusão, representando pela natureza a sexualidade que se trata 
de um direito humano. Cada cor representa um aspecto diferente da 
humanidade:
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Vermelho - vida
Laranja - cura
Amarelo - luz do sol
Verde - natureza
Turquesa - arte
Anil - harmonia/serenidade
Violeta - espírito humano
Entendendo a sigla LGBTQIAP+ e seus conceitos:
1. L – Lésbicas – Representa mulheres que se relacionam e sentem desejo 
afetivos e sexuais por outras mulheres
2. G – Gays – Representa homens que se relacionam e sentem desejo 
afetivos e sexuais por outros homens.
3. B – Bissexuais – Representa pessoas que sentem atração sexual e se 
relacionam com amboshomens e mulheres.
4. T – Travestis e transexuais – Travesti é uma identidade de gênero, são 
pessoas que foram designadas homens ao nascer e que se reconhece 
na identidade feminina, porém não necessariamente se intitulam mulher, 
mas performam no feminino. Este termo é utilizado de forma mais 
marginalizada, sendo o uso das expressões “traveco/travecão/variáveis” 
inadequado, ofensivo e, portanto, preconceituoso. 
5. Ao falar com uma pessoa travesti utilize sempre o artigo feminino (a) 
e seu nome, por exemplo: “A Valéria”, ou “A travesti Valéria”, ao invés 
de “O travesti Valéria” ou “O Valéria”. Transexual é uma identidade de 
gênero, são pessoas que não se reconhecem no gênero designado em 
seu nascimento. Há mulheres e homens trans. Não necessariamente é 
preciso fazer a cirurgia de redesignação sexual. Cabe ressaltar que nem 
todo homem ou mulher transexual deseja realizar a cirurgia.
6. Q – Queer – Representa pessoas que não se identifi cam com nenhuma 
das orientações ou identidade de gênero, vivenciam a sexualidade sem 
categorizar. 
7. I – Intersexo – Representa pessoas que nascem com a genitália ambígua, 
os militantes do movimento social lutam para que as intervenções 
cirúrgicas não sejam realizadas na infância. Lutam pelo livre arbítrio do 
corpo. 
8. A – Assexual – Representa pessoas que não desenvolvem fascínio 
sexual, tem relação afetiva sem a necessidade de manter relação sexual. 
Não sentem atração sexual.
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
9. P – Pansexual – Representa pessoas que sentem atração sexual, 
romântica, ou emocional por pessoas de forma geral, distintos gêneros, 
homens, mulheres, não-binários, transexuais, bissexuais, gays, lésbicas, 
ou seja não importa a orientação sexual ou identidade de gênero. 
É relevante lembrar que o termo pansexual foi erroneamente vinculado a 
pessoas que sentem atração e/ou mantem relação sexual com plantas e árvores.
1. + Representa todas as pessoas não binárias e gêneros fl uidos é o 
representante simbólico da aceitação da diversidade.
Há outros termos não incluídos na sigla, mas que certamente cabem ser 
valorizados como Drag Queens. Este termo refere-se a arte, sim! Drag Queens 
são pessoas que representam de forma artística uma personagem feminina, 
independente da orientação sexual ou identidade de gênero qualquer pessoa 
pode performar como Drag Queen.
Drag – Arte performativa que usa símbolos mistos de gênero (drag queer), 
femininos (drag queen) e masculino (drag king)
Croossdresser – Não há relação com Drag Queen ou identidade de gênero. 
É uma forma de se vestir que cruza estereótipos de gênero. 
Cisgênero – Pessoa que se reconhece como sendo do mesmo gênero 
designado ao nascer. Não é trans.
Vale ressaltar que lésbicas, gays e bissexuais são Orientações Sexuais e 
não Identidade de Gênero.
A cinemateca e as plataformas de streaming possuem conteúdo 
educativo, crítico, elucidativo e atualizado para tratar questões de 
orientação de gênero e identidade sexual?
Segue a seguir sugestões de fi lmes, séries e documentários que 
abordam o tema de forma coerente, responsável e auxilia a ampliar 
a visão, ultrapassar paradigmas e a desconstruir preconceitos e 
estereotipias. São eles:
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
1. XXY (Lucía Puezo, 2006) – Uma adolescente intersex com traços 
fenotípicos predominantemente femininos, entretanto, possui 
genitais masculinos. Seus confl itos de identidade permanecem 
sob controle até entrar na adolescência e interessar-se por 
um rapaz. Alex, inicia, então, um processo de busca por sua 
identidade e descobertas relacionadas a sua sexualidade.
2. Tomboy (Céline, Sciamma, 2012) – Uma criança de 10 anos não 
se identifi ca como menina, mas como menino e se apresenta 
aos novos colegas como Michael. Os pais, ainda que bastante 
afetuosos, não conseguem lidar com a complexidade da situação.
3. De gravata e unha vermelha (Miriam Chnaiderman, 2015) 
– documentário premiado da psicanalista brasileira Miriam 
Chnaiderman traz entrevistas com diversas personalidades que, 
em suas histórias de vida, colocaram em perspectiva o modelo 
de identifi cação binário homem/mulher, e questionaram os 
estereótipos construídos para cada um dos sexos.
4. A garota Dinamarquesa (Tom Hooper, 2015) – Inspirado na 
história da transexual pioneira Lilie Elbie o fi lme mostra todo o 
processo da construção da identidade a cirurgia de redesignação 
sexual.
5. Sex Education (Laurie Nunn) – série que aborda o tema sobre 
sexualidade, orientação sexual, identidade de gênero, violência 
de gênero, empatia, discriminação.
6. Pose (Ryan Murphy, Brad Falchuk, Steven Canals) – A 
série retrata a vida e difi culdades cotidianas da comunidade 
LGBTQIAP+ em Nova York na década de 80.
7. AJ and Queen (RulPaul Charles, Michael Patrick King) – A 
série aborda o Universo das Drag Queens, o glamour das 
apresentações, a cultural, os preconceitos, discriminação social, 
as difi culdades e a relação da drag queen Ruby Red com uma 
criança em situação de vulnerabilidade social.
A cultura e a arte são ferramentas de comunicação 
essenciais para a promoção do debate saudável, disseminação de 
conhecimento, informações a fonte de refl exão. 
Esperamos que desfrutem das sugestões!
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Pensar na orientação sexual e identidade de gênero é ampliar o olhar e 
compreender que os signifi cados de “gênero” são papéis atribuídos socialmente 
e culturalmente por meio dos sexos, porém, devemos romper com esse modo 
irredutível de entender que homens e mulheres podem desde de sua infância 
brincar com qualquer brincadeira saudável, podem indicar a profi ssão que se 
sentem motivados e lhes desperta interesse, e também escolherem usar a cor de 
roupa que desejarem, visto que isso jamais irá interferir em sua sexualidade.
Você conhece a cantora brasileira mundialmente conhecida e 
Drag Queen Pablo Vittar?
Se sim, então você vai gostar de assistir a entrevista dela no 
canal do Youtube Capricho no programa “Descomplica”.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=dxfyiWfvqrQ>.
Entrevista intitulada de “IDENTIDADE DE GÊNERO ft. Pabllo 
Vittar” – publicada no canal em: 14/06/2017
Caso você não conheça a Pabllo Vittar essa é uma ótima 
oportunidade de conhecer o trabalho e a representatividade e a 
importância que a artista tem no movimento LGBTQIAP+. 
Observem a história da construção do seu nome artístico que 
transita entre o ambiente escolar, na casa com seus familiares, 
amigos e como ela gosta de ser chamada, como se refere a sua 
identidade de gênero e a sua sexualidade.
Sabemos o quanto a representatividade é importante para diversos grupos, 
em especial aqueles denominados como “minorias”, como é o caso do movimento 
social LGBTQIAP+ e os movimentos feministas. No que se refere a comunidade 
LGBTQIAP+ temos vários representantes no qual a luta, a fala e a representação 
social auxiliam no combate a discriminação, ajudam a validar sua importância e 
participação social, acolhimento, diminui a sensação de desamparo ao se perceber 
representada. A representatividade está relacionada a aspectos subjetivos, mas é 
importantíssima.
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
No Brasil, temos diversos ativistas, políticos, artistas e celebridades que 
atuam em várias áreas do conhecimento que auxiliam no combate a homofobia e 
transfobia e lutam por direitos e igualdade para a comunidade LGBTQIAP+. 
Para se ter ideia a ativista Janaína Dutra, nascida em 30 de novembro 
de 1960, no distrito de Canindé, no Ceará. Aos 14 anos, passou a ser alvo de 
homofobia, aos 17 anos mudou-se para Fortaleza dedicou-se à defesa da 
comunidade LGBTQIAP+ e se tornou a primeira advogada travesti a se tornar 
Advogada com carteira da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Seu trabalho foi tão importante que o site Google a homenageou no dia 
30/11/2021.data em que comemoraria 61 anos.
Existem outras personalidades que merecem ser recordadas e ter sua 
trajetória homenageada, mas citaremos algumas para que pesquisem sobre a 
milit6ancia, causas em que atuam, contribuições ao movimento: Érika Hilton, Alina 
Durso, Ney Matogrosso, Laerte, Linn da Quebrada, Amanda Palha, Pabllo Vittar, 
Glenn Greenwald, Erica Malunguinho, Marta, Artur Santoro, Fabiano Contarato, 
Paulo Iotti, Ludmilla, entre outros.
Quem você considera importante e acrescentaria na lista?
Ainda que representativos e importantes o número de pessoas LGBTQIAP+ 
é muito baixo se comparado aos homens – cisgênero. Há muito o que conquistar!
No dia 29 de janeiro de 2004 houve o lançamento da campanha 
“Travesti e Respeito”. Trata-se de um marco histórico na luta por 
reconhecimento de transexuais e travestis no Brasil. Desde então, 
no dia 29 de janeiro celebramos a existência, a resistência e a luta 
dessa comunidade.
Dia 28 de junho é o dia Internacional do Orgulho LGBTQIAP+ 
nesta data comemora-se a resistência da repressão sexual imposta. 
A festa conhecida como Parada do Orgulho Gay que acontece em 
São Paulo atrai pessoas do mundo todo e em 2010 foi incluída no 
Guiness book como a maior do gênero no mundo.
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
3 DESIGUALDADE ENTRE OS 
GÊNEROS UMA CONSTRUÇÃO 
SOCIAL E HISTÓRICA E A 
IMPORTÂNCIA DO FEMINISMO 
COMO UMA POSSIBILIDADE DE 
COMPREENSÃO E LIBERTAÇÃO DA 
SEXUALIDADE E DOS CORPOS 
Quando pensamos em desigualdade entre os gêneros qual a imagem que 
vem a sua mente?
Se você imaginou uma cena em que um homem aparece em uma posição 
social de poder, ou em momentos de lazer e a imagem da mulher está associada a 
tarefas consideradas domésticas, ou a “cuidados” você também está infl uenciado 
pelas raízes culturais da sociedade patriarcal.
Sabemos que a desigualdade entre os gêneros é uma construção social, ou 
melhor, uma imposição sócio-histórica na qual há privilégio de um gênero (em 
geral masculino) em detrimento de outros. As relações sociais tendem a privilegiar 
o homem.
Isso ocorre porque durante séculos em especial XIX e XX os homens eram 
considerados os provedores das casas e administradores dos bens familiares. As 
mulheres dependiam fi nanceiramente dos homens e até o ano de 1962 no Brasil, 
necessitavam de autorização do pai ou do marido para poder trabalhar e essa 
autorização poderia ser revogada a qualquer momento.
 De acordo com este pensamento, naturalmente, os espaços públicos, 
políticos, sociais, cargos de liderança e posições de poder foram ocupados, 
por homens. Em contrapartida as mulheres passaram a ocupar espaços sociais 
privado-domésticos, ou profi ssões sempre atreladas ao “cuidar” como nas áreas 
da educação e na área da saúde, afi nal, frequentar uma Universidade no Brasil só 
se tornou possível em 1879 com o decreto de Lei nº 7.247/1879.
Com o passar dos anos os homens foram defi nindo estruturas e culturas 
tipicamente masculinas dentro dos espaços sociais que ocupavam e as mulheres, 
da mesma forma, também foram defi nindo estruturas e culturas que melhor se 
adequavam a elas em seus espaços.
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Notamos que a desigualdade de gênero está marcada pelo modelo de 
sociedade patriarcal na qual as relações são marcadas por desigualdade de 
oportunidades, no qual o homem ocupa espaços e relações de poder e a mulher 
tem sua participação e liberdade limitadas e submissa ao universo masculino.
Esse modelo social promove o patriarcado, embora na contemporaneidade 
o modelo patriarcal teoricamente não esteja governando, ainda assim ele se 
faz presente. O patriarcado está enraizado na sociedade é preocupante para 
todos, mas é difícil de ser revisto e superado porque proporciona aos homens 
uma série de privilégios, por exemplo: cargos políticos, gestão de liderança em 
grandes empresas, salários altos, estabilidade e segurança fi nanceira, liberdade 
de atuação em todas as áreas do saber, maior empregabilidade, liberdade sexual 
sem julgamentos ou imposições sociais, entre outros.
O debate feminista sobre patriarcado coloca, no centro da 
discussão, o poder do homem sobre a mulher existente também 
nas sociedades capitalistas contemporâneas. Nos sistemas 
patriarcais, as mulheres estão em patamar de desigualdade 
tendo uma série de obrigações em relação aos homens, tais 
como manter relações conjugais mesmo contra sua vontade, 
além de um grande controle sobre sua sexualidade e sua vida 
reprodutiva (SILVA, 2020 apud AGUIAR, 2015).
A partir do pensamento da autora podemos explorar como o patriarcado 
interfere diariamente na discriminação e violências as mulheres sofrem 
diariamente. O machismo é uma ramifi cação do patriarcado, um fruto que gera 
misoginia contra as mulheres que tem como premissa a desigualdade de gênero. 
O machismo mata e afeta diretamente a saúde mental.
Homens e mulheres são ensinados desde a infância a uma série de 
comportamentos específi cos e tem as suas emoções conduzidas e sugestionadas 
pelos valores sociais impostos sobre como cada “gênero” deve ser, fazer, se 
comportar. No entanto, sabemos que a orientação sexual e a identidade de gênero 
não são determinadas pelo sexo biológico no qual a pessoa nasce.
 ...foca-se fundamentalmente nas emoções, trazendo 
evidências de que meninos e meninas são mais parecidos 
do que diferentes no que diz respeito ao tema. Os estudos 
apontam que a maneira como se expressam os sentimentos 
depende de múltiplas variáveis como idade, etnia, classe 
social, circunstância, gênero e crenças quanto à expressão de 
emoções. A grande questão parece ser a de que as mulheres, 
devido à forma com que são socializadas, expressam as 
emoções com maior frequência que os homens, mas não 
necessariamente as experienciam mais. Mediante processos 
sociais evidentes (diante das expectativas de papéis sociais 
diferentes para cada um dos gêneros), o que se observa é 
que a expressão de emoções distintas é aceitável para um 
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
gênero, mas não para o outro (ex.: tristeza, medo e vergonha 
para mulheres e raiva e competitividade para homens). Dito 
de outra forma, meninos e meninas desenvolvem maneiras 
diferentes de expressão de suas emoções conforme o padrão 
de apoio social que recebem, mas não por razões biológicas. 
Esse modelo de socialização baseado no ideal feminino (de 
fragilidade e vulnerabilidade) e no ideal masculino (de potência 
e força) traz prejuízos sociais em práticas de gênero nem 
sempre evidentes ou intencionais, como no cuidado com a 
saúde, nas escolhas profi ssionais, no contexto de trabalho e 
nas atividades domésticas (FAVERO, 2010, p. 588).
O pensamento machista parte da compreensão de uma supremacia 
masculina é a inferiorização feminina facilitando diversas formas de violência 
contra a mulher: física, verbal, fi nanceira, sexual e psicológica. O machismo está 
tão enraizado que mulheres também tem atitudes e comportamentos machistas, é 
preciso desconstruir.
E qual o caminho para combater o machismo e conquistar a igualdade?
O feminismo é um deles! Promover debates, participar ativamente da política 
para promoção de políticas públicas de saúde, educacionais, culturais e sociais 
que promovam a equidade entre as diversidades sexuais e de gêneros tende a 
ser um caminho efi caz no qual o movimento feminista tem conquistado muitos 
direitos. Da mesma forma que não há mulheres machistas, não é necessário ser 
homem cisgênero para ser feminista, o feminismo não é o oposto do machismo. 
O movimento feminista não tem como premissa a supremacia feminina, ou seja, 
não é sexista.
O feminismo é um movimento social que luta por igualdade de direitos 
sociais, políticos e econômicos. É um movimento essencial no combate as 
violências, a discriminação e a desigualdade. O movimento feminista conquistou 
direitos sonhados, mas muitas vezes subestimados, ou ignoradospor gerações 
de pessoas que desconhecem sua importância e conquistas.
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Dentre as autoras feministas escolhemos seis principais que 
consideramos imprescindível conhecer seu trabalho. São elas:
Simone de Beauvoir analisa a condição da mulher em todas 
as suas dimensões: sexual, psicológica, social e política. Uma obra 
fundamental, que inaugurou um novo modelo de pensamento sobre 
a mulher na sociedade.
O livro tratando da escravidão e de seus efeitos, da forma 
pela qual a mulher negra foi desumanizada, nos dá a dimensão da 
impossibilidade de se pensar um projeto de nação que desconsidere 
a centralidade da questão racial, já que as sociedades escravocratas 
foram fundadas no racismo. Além disso, a autora mostra a 
necessidade da não hierarquização das opressões, ou seja, o quanto 
é preciso considerar a intersecção de raça, classe e gênero para 
possibilitar um novo modelo de sociedade.
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
”Corpos que importam” é sobre pensar a hegemonia 
heterossexual na criação de matérias [matter] sexuais e políticas. 
Quais são as limitações pelas quais corpos são materializados como 
“sexuados”?
Quem tem medo do feminismo negro? Reúne um longo ensaio 
autobiográfi co inédito e uma seleção de artigos publicados por 
Djamila Ribeiro no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017.
Esperamos que apreciem os livros que indicamos, pois irá agregar 
conhecimento a valor a sua formação, ampliando sobre a história e importância 
do movimento feminista no mundo e no Brasil. Citando o Brasil você conhece as 
principais contribuições do movimento feminista que diminuem a desigualdade de 
gênero, combatem a violência e proporcionam oportunidades para as mulheres?
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C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
1500 a 1822 – No Brasil colônia as mulheres buscavam o direito a vida, 
política, educação, direito ao divórcio e livre acesso ao mercado de trabalho.
1822 a 1899 – Somente no Império conquistaram o direito a educação. A 
participação na vida política continuava sendo um desafi o.
1889 a 1930 – No mesmo período passam a ser aceitas no serviço público, 
e voltam a ganhar força sua participação na política brasileira. Neste período as 
mulheres predominavam na indústria têxtil, mas buscavam a regularização do 
trabalho e salário igualitário em relação aos homens.
1910 – Criado o Partido Republicano feminino (PRF) que propunha promover 
a cooperação feminina para o progresso do país, combater a exploração relativa 
ao sexo e reivindicar o direito ao voto.
1928 – Foi legalizado o primeiro voto feminino e eleita a primeira mulher 
Prefeita. Ambas as conquistas foram anuladas.
1930 a 1945 – Sufrágio feminino conquistado. Direito de participar das 
eleições como eleitoras e candidatas. Em 1932 é eleita a primeira deputada 
Federal Brasileira.
1940 – Direito ao aborto seguro nas situações: Vida da gestante está em 
perigo e em caso de estupro.
1962 – Apesar das mulheres estarem no mercado de trabalho desde a 
República Velha, é somente em 1962 que as mulheres casadas passam a poder 
trabalhar sem precisar da aprovação do marido. Direito ao divórcio é conquistado 
somente na década seguinte.
1983 a 1985 – Década de 1980 no estado de São Paulo, foram implantadas 
as primeiras políticas públicas com recorte de gênero. O primeiro Conselho 
estadual da condição feminina, em 1983, e a primeira delegacia de polícia de 
defesa da mulher em 1985.
1998 – Com a Constituinte de 1988 diversas propostas de movimentos sociais. 
Incluindo temas relativos à família, saúde, trabalho, violência, discriminação, 
cultura e propriedade da terra foram incorporadas a Nova Constituição.
2003 – Secretaria de Políticas para as mulheres – órgão federal. Canal de 
denúncias de casos de violência contra a mulher 180.
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
2006 – Criada a Lei Maria da Penha um marco no combate a violência contra 
a mulher.
2015 – Sancionada a Lei que torna qualifi cado o crime de feminicídio.
Para além dos direitos conquistados, há inúmeros outros que cerceavam 
a liberdade das mulheres nos quais atualmente podem desfrutam livremente, 
direito de frequentar locais como sorveteria, bares nos quais eram considerados 
um ambiente tipicamente masculino, viajar sozinha e sem autorização do pai e/
ou marido, ter uma conta bancária individual, ser proprietária de bens e imóveis, 
entre outros.
Sugerimos que sigam com as pesquisas sobre as conquistas do movimento 
feminista para as mulheres e tracem um paralelo com os privilégios dos homens 
cisgêneros. Refl itam sobre a importância da igualdade de oportunidades, social, 
política e salarial para todos nós.
3) Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO: 
Após aprender sobre patriarcado, machismo estrutural e 
feminismo podemos afi rmar que o feminismo signifi ca o “contrário do 
machismo”?
( ) CERTO
( ) ERRADO
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, procuramos clarifi car sobre os signifi cados socioculturais a 
respeito do gênero e as práticas de poder conferidas. Tivemos o intuito de orientá-
los a respeito da relevância do feminismo no sentido de entender a construção 
social e histórica de desigualdade entre os gêneros e o impacto que o machismo 
prejudicial que o machismo provoca, nas relações interpessoais, violência, 
educação e no sofrimento mental.
79
C., S., G.: A N. DE UM OLHAR E. SEM PRECONCEITOS Capítulo 2 
Como docentes nossa intenção foi para além da orientação acadêmica, 
quisemos provocar refl exões sobre formas de dialogar sobre corpo, sexualidade 
e gênero de modo educativo, sem preconceitos e elucidativo com os estudantes, 
compreendendo que o respeito ao “outro” transcende as “regras de educação 
formal, moral ou bons costumes sociais” é um direito constitucional, social, 
humano. 
Cabe a todos nós promovermos debates que ampliem a inclusão de todos. 
“Pensar em pessoas como pessoas” caminhando para um olhar inclusivo sem 
necessidade de rótulos ou termos separatistas, apenas “Humanos”
Como estudante, você também foi convocado a refl etir acerca da educação 
da identidade de gênero, pensar sobre a importância do feminismo para 
desmistifi cação do sistema patriarcal e do poder conferido por esse sistema ao 
gênero masculino, refl etindo sobre a relevância da desconstrução do discurso de 
ódio e do debate que acerca a sexualidade que resulta na violência, feminicídio, 
transfobia, homofobia e no machismo que é tóxico para todos.
 Por fi m, é imprescindível que cada qual refl ita sobre as próprias ações, 
conceitos e como pode colaborar de forma positiva para a mudança da sociedade 
em que todos atingem o mesmo direito de ser, trabalhar, amar, enfi m “existir”. É 
nas diferenças que crescemos e a diversidade soma, acrescenta e nos ensina e 
orienta a caminhos, refl exões e propostas diferentes do que estamos habituados 
de acordo com cada realidade socioeconômica cultural de cada indivíduo.
Para fi nalizar este capítulo, deixamos uma poesia intitulada de “Diversidade” 
de autoria artista e poeta brasileiro Bráulio Bessa:
Será mesmo que o respeito anda mesmo em desuso?
Pra mim soa tão confuso
Essa tal necessidade de alguém que é diferente
Enfrentar um mar de gente, lutando por igualdade e talvez essa igualdade
Essa tal pluralidade 
Seja a mais pura vontade de viver a liberdade 
De ser só o que se é 
De ser homem, ser mulher 
De ser quem você quiser 
De ser alguém de verdade 
Seja trans…seja transparente!
Seja simplesmente gente 
Mesmo que alguém lhe julgue diferente! 
Mesmo que você mesmo se julgue diferente!
Eu reforço: seja gente!
80
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Urgente! 
Eu reforço: seja gente!
Urgente!
Há quem nasceu para julgar 
Há quem nasceu para amar 
E é tão simples entender em qual lado a gente está 
E o lado certo é amar 
Amar para respeitar!Amar para tolerar
Amar para compreender
Que ninguém tem o dever de ser igual a você 
Apenas seja! 
Enfrente essa peleja 
Contra uma sociedade que se acha no direito 
De lhe julgar com maldade 
Seja de verdade 
Afi nal, da sua alma 
Do seu corpo 
E da sua identidade é você e só você que possui autoridade.
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
CAPÍTULO 3
EDUCAR PARA O RESPEITO À 
DIVERSIDADE E O PAPEL DOS 
DOCENTES
A partir da perspectiva do saber-fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Conhecer sobre a construção e os conceitos da educação de modo 
plural que contribua para o respeito à diversidade e que imprima uma 
mudança no papel exercido pelos/as docentes no contexto educacional. 
 Compreender a diversidade como especifi cidade humana e o 
quanto que se deve ter formas ter respeito à diversidade. 
 Entender a importância dos/as docentes, bem como sua postura 
para o desenvolvimento de práticas para com os discentes, que 
contemplem a diversidade como valor educacional contribuindo 
na construção de uma sociedade mais respeitosa e diversa.
88
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
89
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem como objetivo discutir a construção e os conceitos da 
educação de modo plural que contribua para o respeito à diversidade e que 
imprima uma mudança no papel exercido pelos docentes no contexto educacional. 
Vamos propor refl exões sobre a importância social da tríade: escola, docentes 
e discentes na conscientização sobre a relevância social do da aceitação da 
diversidade humana.
Compreender a diversidade como especifi cidade humana e o quanto que 
se deve ter respeito à diversidade. Entender a importância dos docentes, bem 
como sua postura para o desenvolvimento de práticas para com os discentes, que 
contemplem a diversidade como valor educacional contribuindo na construção de 
uma sociedade mais respeitosa e diversa. 
No decorrer dos estudos, esperamos que aprenda sobre a relevância de 
uma educação pautada na pluralidade e em respeito à diversidade. Para tal, 
recordaremos alguns conceitos estudados nos capítulos anteriores, que nos 
possibilitam aprofundar sobre a diversidade enquanto forma de especifi cidade do 
ser humano. 
Nosso intuito é que você reconheça a importância do papel dos docentes 
desenvolvendo práticas pedagógicas que se voltam para ações de respeito 
à diversidade com vistas a corroborar com uma sociedade mais respeitosa, 
diversa e tolerante. Com este propósito, queremos provocar em você o desejo 
de aprimorar-se para a intervenção profi ssional e novas formas de dialogar sobre 
corpo, sexualidade e gênero de modo educativo, sem preconceitos, atualizando 
seus conhecimentos com assuntos pertinentes a evolução da sociedade. 
Sugerimos que você analise os assuntos aqui abordados e alinhe com a sua 
realidade profi ssional e/ou o que almeja desenvolver em sua prática cotidiana, 
não se restringindo a área profi ssional, mas englobando os conhecimentos em 
todas as áreas da vida, tornando-se de fato uma prática.
Fique atento às sugestões de leitura, vídeos e artigos que complementam os 
estudos enriquecendo seu repertório profi ssional. 
Será um prazer aprender e compartilhar com você!
Bons estudos!
90
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
2 AS RELAÇÕES DE GÊNERO E 
SEXUALIDADE NO CONTEXTO 
ESCOLAR 
 Para discutir sobre as relações de gênero e sexualidade no contexto 
escolar, gostaríamos de retomar a conceituação do termo “gênero”, que muitas 
vezes é utilizado de forma incorreta para fazer referência ao sexo biológico 
com o qual o indivíduo nasce: feminino/masculino e/ou homem/mulher, além de 
errôneo é excludente ao intersexual que se refere a pessoas que nascem com a 
quantidade de cromossomos “específi cas” e não se desenvolvem ou se encaixam 
na descrição de gênero feminino/masculino.
De acordo com nossos estudos, sabemos que gênero se refere a tudo 
aquilo que foi defi nido no decorrer do tempo pela nossa sociedade e que os 
fatores socioculturais por vezes determinam a conceituação de “gênero” pode ser 
alterada de acordo com o momento histórico da sociedade. Essa mudança na 
conceituação se faz necessária. 
É importante estar atento que sexo é um dado biológico, ou seja, tudo aquilo 
relacionado ao nosso corpo físico (a genitália, os seios, o formato do corpo). Para 
discutir sobre gênero dentro ou fora do contexto escolar é necessário ir além 
do termo “masculino e feminino” uma vez que gramaticalmente este conceito 
é utilizado para defi nir “homem e mulher”, portanto precisamos ter claro que 
“gênero” são papéis atribuídos socioculturalmente por meio dos sexos a partir de 
uma educação machista para defi nir papéis “feminino/masculino” pautado no sexo 
da pessoa.
O impacto social e na saúde mental das pessoas que sofrem com a 
discriminação, preconceito, o discurso de ódio e a indiferença em especial as 
pessoas da comunidade LGBTQIAP+, assim como todos que não tem a sua 
individualidade e sexualidade respeitadas o quanto de sofrimento é vivenciado 
nessas situações, portanto o papel em se tornar um ambiente inclusivo, onde 
as individualidades dos alunos são respeitadas e valorizadas, para além de 
necessário é essencial. Para tal, compreender, debater e incluir o tema da 
diversidade é uma questão urgente e deve estar incluída na gestão. 
91
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
Na prática, como se faz?
Por meio da representação de diferentes grupos no ambiente escolar, 
contribuindo para o ensino das diferenças, facilitando assim o trabalho em 
grupo, que geralmente pode ser considerado um momento de constrangimento 
e sofrimento ao aluno e deste modo, pode ser evitado. Em contrapartida facilita o 
trabalhodo professor/educador e há notável melhora no ambiente escolar.
1. Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO:
Gênero se refere ao corpo físico do sujeito, sendo “feminino ou 
masculino”, “homem ou mulher”?
( ) CERTO.
( ) ERRADO.
A importância da diversidade na escola vai além do debate sobre sexualidade 
e gênero, pensar em inclusão é pensar em diversidade e esse conceito é plural, 
é um “Universo em si” agrega diversas culturas, ideais, etnias, espiritualidade, 
nacionalidade, religiosidade, pessoas com ou sem defi ciência, classes sociais, 
homossexualidade, cisgêneros, heterossexualidade, transexualidade. São formas 
de existir no mundo.
O conceito de diversidade envolve inúmeras confi gurações sociais e culturas. 
É preciso ressaltar que cada cultura tem características peculiares e que são 
manifestadas por meio de tradições, valores, comportamento, religião, culinária, 
linguagem, expressões artísticas, política, organização familiar etc., há uma 
imensa variedade cultural no Brasil e no mundo.
Infelizmente, a intolerância à diversidade deixa vulnerável um grupo 
de pessoas, favorecendo, assim, situações de violência, de discriminação, 
ou exclusão e para combater e romper com este ciclo a escola tem um papel 
fundamental para evitar que isso ocorra ou que a violência se perpetue como algo 
natural e/ou banalizado.
92
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
A forma de evitar que isto aconteça é de fato ter contato com as diferentes 
formas de existir no mundo desde criança, quanto mais cedo o contato com 
a diversidade melhor e a escola tem papel fundamental, pois é um espaço de 
convivência e interação.
Vamos refl etir sobre a diversidade com o poema de Ruth Rocha (s. d. apud 
FELIPO, 2021, s. p.): “Pessoas são diferentes”
Pessoas São Diferentes
São duas crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes…
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes!
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás, nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes!
Somos todos diferentes, o que precisamos é aceitar!
Trabalhar a aceitação das diferenças e vê-las como características positivas 
e por que não complementares?
93
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
2. Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO:
Podemos pensar no conceito “diversidade” como sinônimo 
de representatividade da comunidade LBGTQIAP+ e todas as 
peculiaridades que englobam cada pessoa que se identifi ca com o 
termo.
( ) CERTO.
( ) ERRADO.
De acordo com Bessa (2021, s. p.):
Como prevê a Declaração Universal sobre a Diversidade 
Cultural, da Unesco: “a difusão da cultura e a educação 
da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são 
indispensáveis à dignidade humana e constituem um dever 
sagrado que todas as nações devem cumprir com espírito de 
assistência mútua.
Para que a escola exerça esse papel fundamental na aceitação da 
diversidade e assim o impacto social seja positivo, pensando nos relacionamentos 
interpessoais e o quanto o ciclo de violência diminuiu e consequentemente 
a saúde mental da sociedade de forma geral também é favorecida o educador 
exerce o papel de protagonista da história. Sim! O educador é o agente que faz 
a diferença, ele vai além da mediação, ele é exemplo e facilitador dos encontros 
frutíferos que surgem quando há respeito na convivência, mas especialmente nos 
impasses e difi culdades naturais que ocorrem durante o convívio entre pessoas 
diferentes.
A educação carrega um papel transformador nas pessoas e 
consequentemente na sociedade e o educador é seu representante, é a força 
motriz que assume, compartilha, se dedica e realiza. Sem o professor não há 
escola não há educação e, portanto, não é possível transformação, crescimento, 
partilha, desenvolvimento social. Somente a partir dos processos educativos é 
possível construir uma nova sociedade com base no respeito e na valorização das 
diferenças.
94
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua 
própria produção ou a sua construção" (FREIRE, 2003, p. 47). 
A diversidade na educação é tão fundamental que, em 2018, o MEC 
(Ministério da Educação e Cultura) incluiu o tema da diversidade nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (p.143) e determina:
 Apresentar a diversidade do patrimônio etnocultural 
brasileiro;
 Ensinar o respeito para com pessoas de diferentes grupos 
étnicos que compõem a sociedade brasileira;
 Valorizar as diferentes culturas presentes na constituição do 
Brasil;
 Ensinar a empatia e a solidariedade com aqueles que sofrem 
discriminação;
 Repudiar relações discriminatórias baseadas em diferenças 
étnico-raciais, socioeconômicas, religiosas, entre outras.
 Exigir respeito e denunciar qualquer forma de discriminação;
 Valorizar o convívio entre pessoas diversas;
 Compreender a desigualdade social como um problema de 
todos e passível de mudanças.
Bessa (2021) complementa e esclarece sobre a importância da diversidade 
nas escolas citando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em que consta: 
Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de confl itos e a 
cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao 
outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização 
da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, 
identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de 
qualquer natureza. 
Enfatizar a importância da diversidade, a qual tem o intuito de combater a 
evasão escolar vinculada à discriminação e o preconceito garantindo o acesso 
a educação à todos, no qual é um direito constitucional, porém, infelizmente que 
milhares de crianças não tem acesso a escola por questões atreladas a miséria 
social em que vivem. 
O que podemos fazer para mudar esse cenário deplorável?
Como trabalhar no dia a dia o tema diversidade promovendo debates 
saudáveis e respeitosos? De que forma a escola e o professor podem abordar o 
tema extinguindo ideias preconcebidas discriminatórias e pejorativas?
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EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
QUADRO 1 – FORMAS PRÁTICAS DE DIALOGAR SOBRE DIVERSIDADE
FONTE: A autora
Segundo Lacerda (2021), proporcionar debates com temas pré-defi nidos 
pelos próprios alunos é uma alternativa interessante, pois se escolheram o tema 
já demonstra interesse e dúvidas da parte deles, anseios e questionamentos nos 
quais sentem necessidade de falar e compreender. É importante que a mediação 
do debate seja feita por um educador, deste modo o espaço de discussão torna-
se respeitoso e pode ser orientado de forma adequada.
Promover diálogos valorizando as diferenças e características específi cas de 
cada grupo que engloba a diversidade é proporcionar um espaço de identifi cação 
e pertencimento, acolher também faz parte da inclusão da diversidade.
O investimento em tecnologia facilita o acesso a mais informações, 
agregando mais conhecimento ao repertório educacional dos estudantes. 
Promover atividades culturais e integrativas como realizar feiras, eventos culturais 
e apresentações na escola abrindo o espaço a comunidade e aos familiares 
ajuda a diminuir o preconceito sobre a diversidade, torna o espaço democrático 
e contagia a comunidade e os familiares com informação de qualidade, além de 
reforçar os vínculos afetivos de forma geral entre estudante, família e comunidade.
Gadotti (2000, p. 41 apud LACERDA, 2021, p. 15) questiona-se quando 
fala: “que tipo de educação necessitam os homens e as mulheres dos próximos 
20 anos, para viver este mundo tão diverso?”. Certamente, necessitam de uma 
educação para a diversidade, necessitam de uma ética da diversidade e de uma 
cultura da diversidade. Uma escola queeduque para a pluralidade cultural, que 
perceba o outro como legítimo outro, o qual possui uma história, uma cultura, 
uma etnia e que perceba a turma de alunos como heterogênea, visto que cada 
aluno possui um diferencial, pois provém de lugares, culturas e famílias distintas, 
apresentando ritmos diferentes para aprender, o que caracteriza a pluralidade no 
espaço escolar.
96
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
O texto do parágrafo anterior parece óbvio, no entanto, praticar diariamente 
o respeito à diversidade é um trabalho difícil, não por falta de empatia ou 
conhecimento dos educadores, mas por conta de inúmeros fatores como 
investimento em recursos básicos na escola, desde materiais a carteiras, 
cadeiras, alimentação, superlotação nas salas de aulas. O professor percebe-se 
muitas vezes sobrecarregado, em especial nas escolas públicas brasileiras tendo 
não raramente que atuar em condições inóspitas. Diante deste cenário, trabalhar 
a diversidade não é apenas dialogar sobre o tema, mas requer um ambiente 
propício.
Segundo Lacerda (2021), a escola de hoje precisa encontrar seu caminho 
para a diversidade, engajando as crianças no mundo das diferenças, preparando-
os para ser legítimos cidadãos. Na sala de aula há alunos de diversas culturas, 
o que requer do professor um olhar diferenciado para seu planejamento, bem 
como para o currículo escolar, através de adaptações aos conteúdos e atividades 
desenvolvidas em sala de aula. Também é importante pesquisar a história dos 
alunos para que o conteúdo a ser estudado esteja de acordo com seus interesses 
e realidade”
Para complementar a discussão sobre Diversidade proponho a leitura da 
poesia do cantor e compositor brasileiro Lenine: 
Diversidade - Lenine (2010 apud FELIPO, 2021, s. p.)
Foi pra diferenciar
Que deus criou a diferença
Que irá nos aproximar
Intuir o que ele pensa
Se cada ser é só um
E cada um com sua crença
Tudo é raro, nada é comum
Diversidade é a sentença
Que seria do adeus
Sem o retorno
Que seria do nu
Sem o adorno
Que seria do sim
Sem o talvez e o não
Que seria de mim
Sem a compreensão
Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença
97
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
A humanidade caminha
Atropelando os sinais
A história vai repetindo
Os erros que o homem trás
O mundo segue girando
Carente de amor e paz
Se cada cabeça é um mundo
Cada um é muito mais
Que seria do caos
Sem a paz
Que seria da dor
Sem o que lhe apraz
Que seria do não
Sem o talvez e o sim
Que seria de mim…
O que seria de nós
Que a vida é repleta
E o olhar do poeta
Percebe na sua presença
O toque de deus
A vela no breu
A chama da diferença
É na igualdade ou na diferença que crescemos e aprendemos?
3. Analise a sentença a seguir e julgue como CERTO ou 
ERRADO: 
O diálogo pode ser utilizado pelo educador como uma ferramenta 
para o debate respeitoso e elucidativo sobre a diversidade cultural, 
tornando o ambiente escolar mais acolhedor.
( ) CERTO.
( ) ERRADO.
A arte e a cultura são ferramentas de comunicação essenciais para a 
promoção do debate saudável, disseminação de conhecimento, informações e 
fonte de refl exão. A arte ocupa espaços no qual o poder público muitas vezes por 
descaso não quer ocupar, movimentos culturais, associações não governamentais 
têm sido aliadas na promoção e disseminação da arte, em especial nas periferias 
e regiões economicamente menos favorecidas das grandes cidades. O samba 
98
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
que é considerado patrimônio cultural brasileiro, o funk, literatura de cordel, o rap, 
hip hop, o grafi te todas essas formas de expressar a vida, as dores, as alegrias 
é arte! Tem em comum o local em que nasceram, fruto da dor, do descaso a 
população são movimentos culturais valiosíssimos e que surgiram nas periferias e 
conquistaram um lugar de representatividade com muita difi culdade e resistência.
Temos algumas sugestões de fi lmes que abordam o tema de forma elucidativa 
e convocam para o diálogo e podem ser utilizados no ambiente escolar. 
Esperamos que desfrute das sugestões, há muito mais para aprender!
A cinemateca e as plataformas de streaming possuem conteúdo 
educativo, crítico, elucidativo e atualizado para tratar questões de 
orientação de gênero e identidade sexual?
Segue abaixo sugestões de fi lmes e séries que abordam o 
tema de forma coerente, responsável e auxiliam a ampliar a visão, 
ultrapassar paradigmas e a desconstruir preconceitos e estereotipias. 
São eles:
1- Vestido de Laerte – Depois de assumir sua transgeneridade, a 
cartunista Laerte se transformou em uma das porta-vozes dos direitos 
LGBT. O curta acompanha a artista em seu périplo pela burocracia dos 
serviços públicos em busca de ter sua condição de gênero ofi cialmente 
reconhecida. 
2- Eu não quero voltar sozinho – Leonardo é um adolescente cego que 
sofre bullying de seus colegas de escola. A chegada de um novo aluno, 
amplia seu círculo de amizades. 
3- As melhores coisas do mundo – O fi lme retrata as experiências 
de um adolescente de 15 anos. Temas como bullying, preconceito, 
homossexualidade, além de um mergulho no universo dos adolescentes, 
estão presentes na trama.
4- Espelho torcido – Como lidar com a angústia de ter um corpo que não 
se encaixa nos padrões de beleza socialmente aceitos? Tendo essa 
questão em mente, esse curta de dois minutos contesta a defi nição de 
belo e tenta mostrar que a beleza é uma questão de ponto de vista
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/1296/5-fi lmes-para-
discutir-a-adolescencia>. Acesso em: 18 abr. 2022.
99
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
Durante este capítulo, abordamos sobre a importância da diversidade 
cultural nas escolas para promover um ambiente democrático no qual todos 
devem se sentir seguros em ser quem se é. Notamos que o educador tem um 
papel fundamental na disseminação do conhecimento, na promoção dos vínculos 
e especialmente na desconstrução dos preconceitos o que interfere diretamente 
na diminuição da evasão escolar. 
O Brasil por sua extensão territorial é geografi camente considerado continental, 
portanto temos uma cultura diversifi cada em todos os aspectos o que é excelente e 
muito bonito, mas em contrapartida também implica em inúmeros desafi os no combate 
a violência provocada pelo discurso de ódio e intolerância, seja racial, religiosa, étnica, 
a comunidade LGBTQIAP+, mulheres, indígenas, imigrantes, refugiados, entre outras 
inúmeras formas de violência provocadas pela discriminação.
Se concentrarmos nossos estudos na questão da intolerância à diversidade, 
em quais áreas o Brasil se destaca? Se pensar em intolerância qual grupo de 
pessoas costuma ser mais violentado no Brasil, você sabe dizer?
O intuito é que você pesquise sobre o tema e aprenda ainda mais sobre 
a intolerância no Brasil e os crimes de ódio. A proposta é que a partir desta 
pesquisa pense novas possibilidades de intervenção e interrupção desse ciclo de 
violência. Vamos dar algumas dicas para facilitar seus estudos. Infelizmente os 
índices de crimes cometidos no Brasil em sua maioria são contra pessoas negras, 
homoafetivos e transexuais e mulheres o que denota que somos um país, racista, 
machista e homo/transfóbico.
Conforme estudamos no Capítulo 2, o Brasil é o país que comete mais crimes 
contra a população transgênero.
FIGURA 1 – GRÁFICO DADOS ANTRA
FONTE: <https://www.colegiooswald.com.br/wp-content/uploads/2021/03/
mulher-trans-ou-travesti.pdf>. Acesso em: 18 abr. 2022.
100
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
A partir dessa informação e focando na diversidade sexual e de gênero dentro 
da escola, notamos que o tema deve ser abordado e discutido com clareza e sem 
tabus para que os alunos se sintam seguros em se expressar, tirar suas dúvidas 
e o mais importante: desconstruir todo e qualquer indíciode ideias homofóbicas 
e/ou transfóbicas que possa estar estruturalmente integrada em suas ações e em 
seus discursos para que o ciclo de violência e exclusão seja interrompido.
A seguir, neste capítulo abordaremos o tema sobre saúde mental, 
despatologização e tratamentos de conversão da sexualidade.
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o 
assunto tratado neste item:
Malala cresceu entre os corredores da escola de seu pai, 
Ziauddin Yousafzai, e era uma das primeiras alunas da classe. 
Quando tinha dez anos viu sua cidade ser controlada por um grupo 
extremista chamado Talibã. Armados, eles vigiavam o vale noite 
e dia, e impuseram muitas regras. Proibiram a música e a dança, 
baniram as mulheres das ruas e determinaram que somente os 
meninos poderiam estudar. No entanto, Malala foi ensinada desde 
pequena a defender aquilo em que acreditava e lutou pelo direito de 
continuar estudando. Ela fez das palavras sua arma. Em 9 de outubro 
de 2012, quando voltava de ônibus da escola, sofreu um atentado a 
tiro. Poucos acreditaram que ela sobreviveria. 
Referência: CARRANCA, Adriana. Ilustradora: Bruna de Assis Brasil. Malala 
a Menina que queria ir para escola. (2015) Ed. Companhia das Letrinhas
101
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
3 RELAÇÕES DE GÊNERO, A 
POSTURA E O TRABALHO DOS 
DOCENTES NA CONVIVÊNCIA 
ESCOLAR 
O educador, muitas vezes sem perceber, se torna um modelo e inspiração 
para o aluno, por esse motivo seu papel social e responsabilidades vão além do 
seu papel profi ssional. É preciso ter clareza, mas é igualmente importante ter 
preparo técnico e bom senso para fazer as intervenções necessárias de modo 
adequado quando há confl ito entre os estudantes.
A postura do docente na convivência escolar é muito importante, pois tem 
alto impacto no comportamento dos alunos e consequentemente impacta positiva 
ou negativamente na convivência entre eles.
Para começarmos a contextualizar o papel do educador nas questões de 
gênero, torna-se importante localizarmos a profi ssão professor na história, nas 
culturas ocidentais, além do seu caráter predominantemente feminino. Segundo 
Gabriel e Ribeiro (2019): 
As relações de gênero são produto de um processo que se 
inicia antes mesmo do nascimento e que se estende durante 
toda a nossa vida, reforçando a desigualdade existente 
entre homens e mulheres, assim como as responsabilidades 
atribuídas a cada um de acordo com a construção social de 
cada povo e época. O papel do homem e da mulher é construído 
culturalmente desde o momento em que o bebê está na barriga 
da mãe e os pais começam a montar o enxoval de acordo com 
o sexo da criança, se estendendo após o nascimento quando a 
sociedade descarrega todas as suas expectativas em relação 
a esse menino ou menina baseados em seu sexo biológico, e 
isso chega à escola.
Historicamente esse papel é construído e há diferenças apenas com algumas 
variações culturais em que o representante simbólico “homem/mulher” tem suas 
relevâncias e papéis bem defi nidos, como os autores destacam, ainda no ventre 
materno já há uma construção ideológica vinculada ao imaginário coletivo de 
como será essa criança de acordo com seu gênero e assim são defi nidos suas 
possíveis “escolhas” como cores de roupas, tema do enxoval, cor e detalhes 
do quarto do bebê, planejamento de atividades e futuro da criança, como por 
exemplo: esportes para “meninos” e atividades mais voltadas para artes para 
as “meninas”, nota-se que essa construção está vinculada ao sexo biológico da 
criança. 
102
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Considerando a refl exão de papel social, Heilborn (1998, p. 395 apud
SAYÃO, 2005, p. 64) lembra que: “[...] uma sequência de experiências vividas, 
as datas em que estas tiveram lugar e suas circunstâncias, os intervalos e seus 
desdobramentos [...]”. As trajetórias dos sujeitos revelaram múltiplas relações 
que foram lidas e interpretadas a partir do referencial teórico adotado por mim 
na condição de pesquisadora. Essas múltiplas relações envolveram sujeitos 
concretos, que possuem histórias de vida que ora são singulares, ora representam 
um contexto mais amplo de relações sociais. A instituição com sua história e 
dinâmica própria permeada pelas relações entre os diferentes protagonistas 
(professores e professoras, profi ssionais, famílias, crianças e outros) delineiam a 
“cultura da creche” ou a “cultura institucional”.
Por mais que pareçam específi cas e pontuais, Bordieu (2001 apud SAYÃO, 
2005, p. 65) destaca que: “as trajetórias não são individuais, estão em consonância 
com o meio social e podem signifi car ascensão ou não, conforme a continuidade 
ou descontinuidade entre o projeto que estava inscrito na trajetória dos pais e nas 
possibilidades futuras aí implicadas”.
Conforme os autores mencionam, há uma “ilusão” no processo que se 
compreende de liberdade de escolhas, pois as escolhas e decisões dos sujeitos 
estão intrinsicamente ligadas ao meio social e ao planejamento futuro que os pais 
projetaram para seus fi lhos e estes não estão ilesos a essa interferência direta de 
seus familiares e das experiências adquiridas ao longo da vida.
Confi rmando este pensamento, Velho (1999 apud SAYÃO, 2005, p. 65): 
Sugere que a reconstrução das trajetórias encontra seu 
sentido na busca da explicação acerca dos comportamentos, 
preferências e aspirações dos sujeitos. Para esse autor é 
insufi ciente a análise da posição do indivíduo, família ou 
grupo para tal explicação. É importante não só estar atento 
para o sentido da trajetória, seu ritmo, direção, e daí extrair 
consequências, mas também procurar perceber a própria 
trajetória como expressão de um projeto. Ou seja, a trajetória 
tem um poder explicativo, mas deve ser dimensionada e 
relativizada com a tentativa de perceber o que possibilitou 
essa direção particular e não outra. Com isso o autor admite a 
existência de processos sociais que condicionam e afetam as 
opções e escolhas. No entanto, resgato também a participação 
dos indivíduos que, de fato, interagem, intervêm e têm 
preferências que podem estar em sintonia com a cultura de uma 
época ou sociedade, mas não são plenamente determinados 
por ela.
O autor refere-se à estereotipação dos gêneros na qual infelizmente ainda 
é alimentado pela sociedade e reproduzido de geração a geração, reforçando 
comportamentos e condutas limitantes para as crianças, jovens e adultos que 
103
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
muitas vezes sofrem por ter que assumir papéis e comportamentos pré-moldados 
que não correspondem com sua vontade de agir e priva-os de descobertas 
relevantes para sua formação pessoal e social. 
Em especial, no caso das crianças e dos adolescentes, visto que é um 
período em que há curiosidade e ânsia pela vida, pelo novo e é saudável. Esse 
anseio não signifi ca estar necessariamente atrelado a descobertas sexuais, de 
forma alguma, a estereotipação dos gêneros em todos os países e culturas ele 
gera sofrimento e impõe barreiras a um desenvolvimento saudável e dependendo 
da cultura religiosa e da realidade socioeconômica e cultural há uma interrupção 
da infância e uma iniciação na fase adulta precoce, algo extremamente invasivo 
e violento, por exemplo: meninas não podem estudar, meninos sim, meninas 
se casam a partir do primeiro ciclo menstrual, esportes como o halterofi lismo 
sempre visto como algo tipicamente masculino, balé como uma dança tipicamente 
feminina, sendo o menino criticado e tendo sua orientação sexual questionada ao 
demonstrar interesse pela dança. Brinquedos que ainda são atrelados ao gênero 
como espadas e armas para meninos, bonecas e maquiagem para meninas. São 
alguns exemplos clássicos de como há diferença de oportunidades vinculadas ao 
gênero abrindo precedentes para a violência psicológica.
Tomando por conta que a própriainserção social dos papéis femininos e 
masculinos passam por uma construção histórica, não seria diferente e menos 
complexa a discussão do papel desses profi ssionais na formação de futuros 
cidadãos no que tangem temas de gênero.
Além de localizar o papel social do educador a partir do entendimento das 
funções sociais de gênero, é importante salientar a complexidade de realizar tal 
papel em uma sociedade como a brasileira. Segundo Gabriel e Ribeiro (2019, p. 
15): 
O papel ocupado pela escola brasileira é muito complexo. 
Preparar os educandos para se tornarem cidadãos críticos 
e participativos na sociedade exige que os professores se 
responsabilizem não somente em transmitir conteúdo, mas em 
tornar as escolas em espaços de transformação e de inserção 
social, que têm sido uns dos maiores desafi os da educação. 
Paulo Freire (2002) argumenta sobre o papel do professor ao 
ensinar o conteúdo: ... papel fundamental, ao falar com clareza 
sobre o objeto, é incitar o aluno a fi m de que ele, com os 
materiais que ofereço, produza a compreensão do objeto em 
vez de recebe-la, na íntegra, de mim. Ele precisa se apropriar 
da inteligência do conteúdo para que a verdadeira relação de 
comunicação entre mim, como professor, e ele, como aluno, 
se estabeleça. É por isso, repito, que ensinar não é transmitir 
conteúdo a ninguém, assim como aprender não é memorizar o 
perfi l do conteúdo transferido no discurso vertical do professor. 
Ensinar e aprender têm que ver com esforço metodicamente 
104
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
do professor de desvelar a compreensão de algo e com o 
empenho igualmente crítico do aluno de ir entrando como 
sujeito em aprendizagem, no processo de desvelamento que 
o professor ou professora deve defl agrar. O espaço escolar é 
vivo, não isolado, portanto, deve estar em constante mutação 
pelo contato direto com a realidade. Isso nos leva a perceber 
que o ambiente escolar deveria ser um dos melhores lugares 
para pensarmos as relações humanas e a diversidade.
O educador mais uma vez se faz essencial, porém são abundantes suas 
responsabilidades assim como seu valor. Devemos recordar que da mesma 
forma que a sociedade é mutável e o educador é um ser humano, um sujeito 
repleto de histórias e imerso na sua cultural e identidade familiar, há nele um 
Universo repleto de possibilidades, medos, anseios, sonhos, conquistas, desejos, 
sentimentos e emoções, portanto, devemos para além de valorizá-los e respeitá-
los em sua diversidade e limitações quanto sujeitos. Gabriel e Ribeiro (2019 p. 12) 
ainda afi rmam que:
Educar para a cidadania é um desafi o constante. Ao longo 
desta pesquisa foi possível discutir o papel da escola e dos 
profi ssionais da educação na construção dos estereótipos 
de gênero e suas contribuições para a legitimação dessas 
relações. Espera-se que os educadores reconheçam a sua 
importância para avançarmos no processo de transformação 
social. As escolas podem optar por desconstruir a reprodução 
de uma lógica binária de sobreposição de gêneros, ao invés de 
perpetuar a marginalização de quaisquer formas de expressão 
que não atendam ao que é culturalmente aceitável aos padrões 
pré-estabelecidos pela sociedade androcêntrica que vivemos.
Segundo Lacerda (2021, p.1): 
A luta dos educadores pelos direitos e pelo reconhecimento 
das diferenças não pode ser dar de forma separada e isolada. 
É preciso que políticas governamentais apoiem os programas 
educacionais, bem como os meios de comunicação, os quais 
tem forte infl uência de persuasão. O professor não pode pensar 
que a inclusão, é exclusividade de defi cientes e que para esta 
acontecer basta adaptar o espaço físico e ter profi ssionais 
qualifi cados. Isto é preciso, mas não é o sufi ciente, porque 
uma escola com olhar voltado para a inclusão social, jamais 
irá pensar somente no defi ciente, mas sim em todo tipo de 
diferença que existe e que surge a cada dia. Além de oferecer 
espaço físico adequado, é necessário que a escola prepare 
as novas gerações para esta educação, voltada para a 
diversidade. Através desta perspectiva, acredita-se que irão 
se romper as barreiras negativas construídas ao longo do 
processo histórico, “o preconceito”.
105
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
De fato, o educador não é um “super-herói” repleto de poderes no qual irá 
salvar os estudantes da ignorância que é uma das maiores colaboradoras para 
os crimes de ódio. Embora seu papel seja essencial e esse profi ssional seja de 
fato digno do título de Herói e mereça toda a reverência e aplausos em especial 
pela coragem de ser educador em um país em que há tantos empecilhos para a 
atuação e o investimento federal é irrisório, o professor não pode carregar consigo 
toda a responsabilidade. 
É necessário também que a população se faça mais participativa nas políticas 
públicas, na comunidade escolar, reivindique dos governantes mais investimentos 
na área e dê apoio aos profi ssionais da educação. É importante ressaltar que o 
papel do docente pode ser muito solitário.
No início do ano, um professor de ensino fundamental depara-se 
com 20 a 25 crianças diferentes em tamanho, desenvolvimento 
físico, fi siologia, resistência ao cansaço, capacidades de 
atenção e de trabalho; em capacidade perceptiva, manual e 
gestual; em gostos e capacidades criativas; em personalidade, 
caráter, atitudes, opiniões, interesses, imagens de si, identidade 
pessoal, confi ança em si; em desenvolvimento intelectual; em 
modos e capacidades de relação e comunicação; em linguagem 
e cultura; em saberes e experiências aquisições escolares; 
em hábitos e modo de vida fora da escola; em experiências e 
aquisições escolares anteriores; em aparência física, postura, 
higiene corporal, vestimenta, corpulência, forma de se mover; 
em sexo, origem social, origem religiosa, nacional ou étnica; 
em sentimentos, projetos, vontades, energias do momento 
(PERRENOUD, 2001, p. 69 apud LACERDA, 2021, p. 12).
Quais refl exões a citação de Perrenoud provocou em você? De que forma 
um professor pode articular esses temas?
A arte tem sido uma aliada da educação há séculos e na pós-modernidade 
a utilização de fi lmes como recursos pedagógicos permite que os professores 
explorem conteúdos de diversos componentes curriculares de forma 
interdisciplinar, debatendo e vivenciando temas importantes de maneira 
particularmente interessante para os estudantes.
Existem profi ssionais da área da educação que atuam diretamente no 
combate ao preconceito, discriminação focando na informação, acolhimento e 
proporcionando visibilidade e lugar de fala para a comunidade LGBQIAP+.
O trabalho da professora Dayanna Louise trilha o caminho do debate sobre 
educação gênero e sexualidade atuando no ambiente escolar por meio de 
produções do cinema pernambucano e de outras regiões do Brasil. O trabalho é 
106
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
lindo e muito interessante, o projeto chama-se “Andanças – Mostra de Cinema 
de Gênero e de Diversidade”. Sugerimos que assistam alguns documentários.
São eles:
1. Palloma.
2. Maria Clara.
3. Somos.
4. O dia é transparente.
5. Sapacrew.
6. Mãe Dorinha.
7. Desyrrê.
8. Depois da tempestade – a LGBTfobia na escola.
Todos os documentários podem ser assistidos pela internet. 
Seguindo o tema “Arte – educação”, em como a arte auxilia o processo de 
aprendizagem e transformação social, queremos compartilhar com você a poesia 
“Colorir”, de Virgínia Guitzel (s. d. apud FELIPO, 2021, s. p.), que além de poetisa, 
artista é travesti e militante.
Colorir 
Faltará tinta
No dia que o céu for livre
Pra todos serem o que são
Cobertos pelo sol, sem nenhum tipo de opressão
Faltará nomes
Pra descrever o mundo sem as misérias
O que sentimos, o que nos tornamos
O novo ser sem medo de viver
Faltará a falta que nos entristece
Que hoje enche o peito de vazio e fumaça
Não faltará amor, não faltará sonhos
O novo mundo se abrirá para ofuturo
Onde o presente dominará o passado
 E nossos corações enfi m serão salvos
O educador pode utilizar todos os recursos disponíveis incluindo apresentar 
aos alunos artistas que representam a diversidade sexual, cultura, racial, religiosa, 
enfi m a multiplicidade de opções que há dentro e fora deste contexto. 
107
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
É importante para os estudantes notarem profi ssionais e inúmeras 
possibilidades de atuação quanto pessoas. Desconstruir possíveis estereótipos 
sobre profi ssão e carreira relacionados a identidade de gênero, orientação 
sexual ou qualquer outra forma de diversidade. É importante para o aluno ler, ver, 
conhecer trabalhos de diferentes pessoas e artistas para que também possam 
se inspirar e como já mencionado desconstruir ideais e tabus que possam limitar 
toda e qualquer prospecção de futuro. 
Utilizem todos os recursos para motivar e inspirar os alunos!
Acesse o link a seguir para ler a entrevista e matéria completa 
sobre o trabalho da professora Dayanna Louise e ter acesso aos 
8 documentários que abordam o tema: educação, sexualidade e 
gênero na escola.
FONTE: <https://www.futura.org.br/8-fi lmes-para-debater-genero-
e-sexualidades-nas-escolas/>. Acesso em: 19 abr. 2022. 
Se você quiser conhecer mais sobre os assuntos abordados, 
vamos deixar a indicação de alguns livros que se articulam com o 
assunto tratado neste item: 
108
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
O livro da autora Cláudia Vianna compila seus estudos desde o 
fi nal dos anos 1980 até o momento e nos convida a trilhar o processo 
de democratização da educação brasileira em sua interseção com a 
produção das políticas educacionais de gênero e diversidade sexual e 
seus desenlaces de lutas, danos e resistências. Discute os processos 
de produção e circulação das políticas educacionais de gênero e 
da diversidade sexual, evidencia-se como a temática passou a ser 
reconhecida nos planos, programas e projetos brasileiros. 
Embora seja um desafi o romper o tabu sobre o tema: 
sexualidade e educação, o autor Marco Antonio Torres, escreve de 
forma consistente, atualizada e esclarecida. O livro introduz o leitor 
às discussões contemporâneas sobre sexualidade de maneira 
clara e didática. Dentre as inovações da abordagem de Marco 
Antônio Torres, destaca-se a forma como ele opta por sublinhar o 
termo “heterossexismo” em relação à mais conhecida “homofobia”, 
ampliando as discussões sobre preconceito e discriminação 
na escola para além de manifestações isoladas de violência. 
Assim, contribui para que repensemos a sexualidade a partir das 
problemáticas do presente e do cotidiano, fornecendo apoio teórico, 
informação atualizada e dicas úteis para educadores sintonizados 
com os desafi os do presente e comprometidos com a construção de 
uma sociedade que reconheça o direito à diferença.
109
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
Os autores deste livro nos convidam a pensar nas implicações 
que esse conceito tem na vida cotidiana das crianças, e como os 
arranjos de gênero podem muitas vezes restringir, excluir e criar 
desigualdade. Quando dizemos que certas tarefas são próprias 
de meninas e outras de meninos, estamos limitando as formas de 
aprendizagem e inclusive as experiências de vida de estudantes. 
Muitas vezes, esse tipo de defi nição atrapalha o entendimento sobre 
o que é estar no mundo, e isso pode virar um obstáculo no processo 
de construção de desejos, expressões e formas de sentir. A escola 
é, pois, o ambiente adequado para levantar essa discussão e para, 
através da educação, ajudar na construção de uma sociedade mais 
justa e democrática.
3.1 GENÊRO, SEXUALIDADE E 
SAÚDE MENTAL
Você conhece esse slogan?
FONTE: <http://aaspbrasil.blogspot.com/2017/09/nao-ha-cura-para-
o-que-nao-e-doenca.html>. Acesso em: 19 abr. 2022.
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
No dia 15 de setembro de 2017, o juiz federal Waldemar Cláudio de Carvalho 
da Justiça Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, proferiu uma decisão 
liminar em que acata parcialmente uma ação popular contra a Resolução 01/99 
do Conselho Federal de Psicologia, que estabelece normas para atuação de 
psicólogos em relação à questão da orientação sexual.
Na decisão, mantém-se a integralidade do texto da Resolução 01/99, mas 
determina-se que o CFP a intérprete de modo a não proibir que psicólogos façam 
atendimento buscando reorientação sexual. 
Obviamente, orientações sexuais não são patologias e, que, portanto, não 
podem ser “tratadas” ou “revertidas”. Essa decisão fi cou marcada como um 
retrocesso na área da saúde mental e tornou a população LGBTQIAP+ ainda 
mais exposta a violência psicológica e a situações confl itantes e vexatórias. Sem 
dúvida essa liminar favoreceu cenários para práticas e expressões desrespeitosas 
e discriminatórias com relação a diversidade sexual na qual faz parte da 
especifi cidade humana.
A partir de então, o slogan foi criado e tornou-se uma campanha contra essa 
determinação judicial pois, de fato não há cura para o que não é doença.
É importante lembrar que em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial 
de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doença e 
em 2019, durante a 72º Assembleia Mundial da Saúde ofi cializou a retirada da 
classifi cação da transexualidade como transtorno mental do CID 11 (Classifi cação 
Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde). Após 28 anos 
constando no CID como transtorno mental, a transexualidade muda da categoria 
de transtornos mentais para integrar o de “condições relacionadas à saúde 
sexual”, sendo classifi cada como “incongruência de gênero”.
Portanto, o fato de existir pessoas e profi ssionais da área da saúde que 
pensam em intervenções psicoterapêuticas ou terapias complementares, 
medicamentosas entre outras com o intuito de realizar uma “conversão sexual”, 
ou a chamada terapia de reversão é assustador.
De acordo com Garcia e Mattos (2019, p.54): 
No campo das terapias de reversão da orientação sexual, 
há uma clara tendência, independentemente da corrente a 
que os autores se fi liem, a considerar as homossexualidades 
como fruto de uma “falha ambiental”. Tal fato é decorrência 
da própria possibilidade de efi cácia do método de tratamento, 
uma vez que estas terapias teriam pouca resolutividade se a 
suposta causalidade das homossexualidades fosse genética e/
ou hormonal. Ainda como tendência geral, independentemente 
111
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
das correntes teóricas, o contexto familiar é tido como o 
principal vilão nesse processo de desenvolvimento das 
homossexualidades, uma vez que caberia à família a função 
do direcionamento heterossexual dos fi lhos.
Há um movimento retrógrado geralmente infl uenciado por profi ssionais 
que vinculam a técnica a sua religiosidade ou religião de forma extremamente 
antiética e equivocada na qual insistem em vincular orientação sexual, identidade 
de gênero a transtornos mentais. Muitas vezes esses profi ssionais utilizam-
se de argumentos com base na psicanálise de forma equivocada, pois não 
compreendem de fato a teoria e disseminam uma série de informações errôneas 
e preconceituosas.
Garcia e Mattos (2019 apud HALDEMAN, 2002, p. 56) elucidam: 
Os grupos de “cura gay” de base religiosa têm sido denunciados 
sistematicamente como espaços de manipulação de pessoas 
emocionalmente vulneráveis (em função do próprio estigma 
associado às homossexualidades). Soma-se a esta crítica o 
fato de a própria proposta de “tratamento” envolver, por si só, 
um reforço dessa estigmatização. As críticas relacionadas à 
inefi cácia em relação ao que propõem e à violação dos direitos 
humanos dos pacientes, relatadas anteriormente acerca 
das terapias de reversão da orientação sexual, são também 
ressaltadas por autores que pesquisam estecampo.
Segundo Garcia e Mattos (2019 apud Silva, 2007, p. 56), as “terapias de 
conversão” foram mais estimuladas na década de 1980 durante a epidemia de 
HIV/AIDS, em que pouco se conhecia sobre o vírus e a doença e os religiosos 
de forma geral atrelaram a epidemia a um “castigo divino” para os homossexuais. 
Deste modo o autor complementa: 
a partir da década de 1990, também nos Estados Unidos, 
membros do movimento de “ex-gays” passam a se articular 
com grupos políticos da extrema direita. Para estes grupos, 
se a homossexualidade era reversível, não haveria razão 
para se criarem leis contra a homofobia. No fi nal da década 
de 1990, estes grupos passaram a se utilizar da grande 
mídia para difundir campanhas relacionadas à factibilidade e 
desejabilidade do tratamento da homossexualidade (GARCIA; 
MATTOS, 2019 apud SILVA, 2007, p. 56).
A terapia de conversão parece algo absurdo e distante, porém é acreditada 
e defendida em muitas partes do mundo. A biografi a Boy Erased, Uma Verdade 
Anulada (Intrínseca), que virou fi lme estrelado por Nicole Kidman relata os 
competentes religiosos envolvidos na história de uma família muito querida por 
112
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
sua comunidade, um menino que admirava seu pai, porém perde sua identidade 
ao ser exposto por seu estuprador defl agrando a toda a comunidade a sua 
orientação homoafetiva. 
Narrando a dor de ser obrigado a abrir mão de algo que o defi ne por conta 
de valores morais, a história relata como as terapias de conversão atuam e quais 
suas consequências a quem foi exposto a pouca e a muitos anos de violência. 
Vale a pena assistir!
Garcia e Mattos (2019 p.57), nos recordam que no Brasil: 
[...] a criação de grupos religiosos de “cura gay” antecede a 
proibição deste tipo de prática (feita pelo CFP, em 1999, como 
veremos a seguir). Macedo (2018), ao construir uma cuidadosa 
“linha do tempo” sobre o fenômeno mundial da “cura gay”, 
sinaliza a criação, em 1988, do Grupo de Amigos (GA), em 
São Gonçalo, RJ, e do Movimento pela Sexualidade Sadia 
(Moses), em 1997, assim como a implantação no Brasil, em 
1998, do Exodus, maior organização mundial sobre o tema, 
como visto anteriormente. Reportagem da Revista Manchete, 
em abril de 2000, relatou a existência de mais de 20 grupos de 
terapias conversivas de base religiosa no Brasil, alguns deles 
funcionando há vários anos.
A história nos mostra o quanto a desconstrução social dos gêneros e o lugar 
de poder da religiosidade precisam ser revisadas e discutidas pois o sofrimento 
humano provocado por tais práticas, a violência que perpassa gerações e se 
perpetua, somando apenas dor e desigualdades sociais em todos os níveis não é 
frutífera e benéfi ca para a humanidade, ao contrário, se mostra ceifadora de vidas 
e deixa uma impressão digital na alma de quem sofre com a discriminação e tem 
seus direitos humanos negados ou infringidos.
Os valores sociais são mutáveis, defi nidos temporariamente e a história 
nos demonstra isso. É uma construção histórica que varia no tempo e de lugar 
para lugar, podem ser substituídos e revisados, transformados, tornando temas 
mais ou menos relevantes e quem domina o poder da comunicação infl uencia os 
demais podendo auxiliar na mudança histórica de valores que consequentemente 
orientam a educação dos sujeitos, sua socialização e resultam no novo “valor 
social” no qual vai infl uenciar e ditar as regras do novo modelo socio-histórico-
cultural da época e assim sucessivamente. Combater as informações baseadas 
em ideias preconceituosas é um dever de todo cidadão. 
113
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
Cabe ressaltar que a homossexualidade não é um distúrbio, por este motivo 
não há cura e a diversidade das orientações sexuais e identidades de gênero 
revelam possibilidades, manifestações da existência humana e não transtornos e 
doenças que necessitam de cura.
Na sociedade, existe uma grande inquietação em torno das 
relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo biológico 
e sobre os modos de expressão de pessoas que não se adéquam 
(em seu jeito de ser e se vestir) às exigências sociais de gênero 
determinadas para seu sexo. Geralmente, o que observamos são 
difi culdades de aceitação, estigmatização destes modos de vivência 
da sexualidade e da identidade, vistos como vergonhosos, anormais, 
antinaturais, pecaminosos e até patológicos. Diante disto, diversos 
modos de violência são perpetrados sobre a população que não 
segue a normativa da heterossexualidade. Estas violências vão 
desde o simples “olhar torto”, as piadinhas e diversos outros modos 
de humilhações, segregação, exclusão, até violências físicas e 
assassinatos cruelmente praticados. Essas inquietações podem ser 
atenuadas quando o contexto em que vivemos apresenta políticas 
de sensibilização da população à diversidade nos âmbitos da 
cultura, da saúde, da educação e da segurança pública. Infelizmente 
não é este o cenário que encontramos em diversos interiores do 
Brasil, com uma cultura conservadora, tradicionalista e rigidamente 
heteronormativa. Para os psicólogos, em sua prática profi ssional, a 
forma como cada um vive sua sexualidade faz parte da identidade 
do sujeito, a qual deve ser compreendida a partir das diferenças, não 
podendo assim a homossexualidade ser entendida como doença, 
distúrbio e ou perversão. Este é o modo como se posiciona o 
Conselho Federal de Psicologia, através da Resolução CFP 01/99, 
que determina que psicólogos não devem exercer qualquer ação 
que favoreça a compreensão das homossexualidades como doença 
e nem propor tratamentos de “mudança de orientação sexual”, visto 
que entendemos não se tratar de uma patologia, portanto, não ser 
passível de cura. Todos os esforços já empreendidos com a tentativa 
de “cura” de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e 
transgêneros sempre trouxeram mais sofrimento e danos à saúde 
mental dos atendidos. Assim, não se pode curar aquele que não 
está doente. O que podemos fazer é buscar compreender que 
os sofrimentos vivenciados por essas pessoas são relativos ao 
preconceito e discriminação que vivem em sua família, escola, 
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
instituições públicas e comunidade em geral. Portanto, o trabalho 
do psicólogo é permitir à pessoa conhecer a realidade de sua 
orientação sexual, contribuindo para o esclarecimento sobre as 
questões da sexualidade, bem como possibilitando o enfrentamento 
de preconceitos e discriminações.
Conselho Regional de Psicologia – Subsede 
Vale do Paraíba e Litoral Norte
Você tem alguma dúvida sobre o tema?
Temos algumas indicações de vídeos para você. 
Você conhece o professor Dr. Christian Dunker? 
Se conhece sabe que ele é referência como professor, escritor 
na área da saúde mental: psicologia e psicanálise. Caso não o 
conheça essa é uma excelente oportunidade de conhecer seu 
trabalho e ampliar seus conhecimentos.
Christian Ingo Lenz Dunker psicanalista brasileiro, professor 
titular do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, 
colunista e articulista, nas revistas Mente & Cérebro, Cult e Brasileiros, 
e também no blog Boitempo Editorial. 
Em 2012, obteve o Prêmio Jabuti na 
categoria Psicologia e Psicanálise, por seu livro “Estrutura e 
Constituição da Clínica Psicanalítica”. Em 2016 o livro “Mal-
Estar, Sofrimento e Sintoma” foi classifi cado em segundo lugar, na 
categoria Psicologia, Psicanálise e Comportamento.
Assista ao seu programa no canal do YouTube: Falando 
nisso” em que ele responde a pergunta: “Por que há tanto ódio à 
homossexualidade?”.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=eGd2znmX8co>. 
Acesso em 24 abr. 2022. 
115
EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
Agora que você já conhece o professor Dr. Christian Dunker: 
Assista ao seu programa no canal do YouTube: “Falando 
nisso” em que ele responde à pergunta: “Como apsicanálise vê a 
transexualidade?”. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=oN3eXkJlYac>. Acesso em 24 abr. 2022.
Em seguida para complementar seus estudos assista ao vídeo: 
“Assexualidade e demissexualidade são patologias?”.
Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=6NiP6pHp9A4&t=2s>. Acesso em 24 abr. 2022.
Leia a matéria completa sobre a criminalização na França do 
tratamento de conversão, equivocadamente conhecido como “cura 
gay” no qual a criminalização foi aprovada de forma unânime e a é 
prevista punição com multa e até prisão.
A matéria está disponível no link: <https://www.cnnbrasil.com.
br/internacional/franca-criminaliza-cura-gay-com-pena-que-pode-
chegar-a-3-anos-de-cadeia/ >. Acesso em: 24 abr. 2022.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Neste capítulo, classifi camos sobre a construção e os conceitos da educação 
de modo plural que contribui para o respeito à diversidade na qual imprime uma 
mudança no papel exercido pelos docentes no contexto educacional. 
Como docentes nossa intenção foi além da orientação acadêmica, quisemos 
provocar refl exões sobre formas práticas de atuação no contexto escolar e social 
integrando as diversas possibilidades que a arte como recurso oferece. Para 
além de educar e conscientizar pode inspirar e motivar os estudantes a sonhar e 
almejar o que quer que desejem independente de rótulos sociais. 
116
 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
Como estudante, você também foi convidado a refl etir acerca do papel 
do educador, entender sua importância, como sua postura interfere no 
desenvolvimento de práticas que contemplem a diversidade como valor 
educacional contribuindo na construção de uma sociedade mais respeitosa, 
tolerante e diversa. 
Em contraponto, notando o quanto esse papel pode ser pesado e solitário 
diante de inúmeros desafi os, tabus que envolvem o tema, violência no ambiente 
escolar, falta de recursos básicos e investimento público na educação.
Por fi m, queremos compartilhar a poesia “Pluralidade Cultural” na qual o 
cordelista Juarês Alencar Pereira (s. d. apud FELIPO, 2021, s. p.) que é autor de 
literatura de cordel, educador, historiador nos mostra divertida e delicadamente o 
quanto a diversidade agrega e enriquece a cultura e o país. 
Propomos que ao ler, refl ita sobre o estilo literário do autor, se há palavras ou 
expressões na qual desconhece, se houver, procure seu signifi cado e enriqueça 
o vocabulário, sempre recordando que o diferente agrega, além de refl etir sobre 
como pode ser interessante apenas aceitar as diferenças e estar aberto para 
aprender, olhar o “outro” não pelas suas escolhas, gosto, religião, expressão do 
amor, do afeto, da sexualidade, sotaque, etnia, identidade de gênero, orientação 
sexual, ou qualquer característica que diverge de você, mas sim olhar o “Outro” 
como alguém, lançar um olhar despretensioso de um ser humano para outro ser 
humano.
Foi um prazer aprender com você!
Pluralidade Cultural - Juarês Alencar 
Pereira (s. d. apud FELIPO, 2021, s. 
p.)
O nosso país é exemplo
Da grande diversidade
Por sua rica cultura
Sinal de brasilidade
Com todas as diferenças
Mostra a sua pluralidade.
Terra dos muitos sotaques
Cores e manifestações
E com as várias etnias
Preservando as tradições
As diferenças existem
Entre as várias regiões.
Nordestino fala oxente
Que é próprio da região
O mineiro fala uai…
Com muita satisfação
O gaúcho já fala thê
E numa forte expressão.
Com todas as etnias
Que presentes aqui estão
O negro, branco e índio
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EDUCAR PARA O R. À D. E O PAPEL DOS DOCENTES Capítulo 3 
Formaram esta nação
Os brasileiros são frutos
Desta miscigenação.
O Brasil é um grande palco
De bela apresentação
Do frevo, samba e forró
Carnaval e folião
Ciranda e Coco de roda
Xote, xaxado e baião.
É o país do futebol
Do ritmo e religião
Do regue e bumba meu boi
Presentes no Maranhão
Do alegre axé da Bahia
Com toda a animação.
Tem a festa do divino
Que é muito popular
Tem a folia de reis
Maracatu pra dançar
Além da bela catira
E o belo boi bumbá.
A nossa cultura é rica
Pois tem forte tradição
Na música e na poesia
E também na religião
Carnaval e futebol
É verdadeira paixão.
A cultura religiosa
Demonstra a fé popular
Romarias a padre Cícero
Grande Sírio no Pará
Procissão do fogaréu
Faz Goiás iluminar.
Terra das vaquejadas
Das festas de apartação
Famosas pegas de boi
Que existem no sertão
Vaqueiros e repentistas
Fazem sua louvação.
As festas de boiadeiros
De cowboy e de peão
Grande festa de rodeio
Que causa admiração
Com locutores famosos
Que falam com emoção.
Famosas festas juninas
É uma grande tradição
No nordeste brasileiro
É a maior animação
Fogueira e milho assado
Quadrilha, forró e quentão.
Lá pras banda da Amazônia
Bem no meio da fl oresta
Caprichoso e Garantido
Fazem a maior festa
Os turistas que lá vão
Diz não ter outra como esta.
Esse é o país da alegria
É cheio de sonoridade
Tem rimo de todo jeito
Forte musicalidade
Sendo um misto de beleza
É sua própria identidade.
Terra dos vários sabores
Com culinária aprovada
Pamonha e acarajé
Pé de moleque, feijoada
Baião de dois, tapioca
Carne de sol, galinhada.
Tem pato no tucupi
E também no tacacá
Tem churrasco com fartura
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 EDuCAÇÃo PArA A DiVErSiDADE: GÊNEro E SEXuALiDADE
E o gostoso mungunzá
O chimarrão lá no sul
E na Bahia o vatapá.
Nossa cultura é marcada
Pelos afro-descendentes
Um povo de muita garra
E de coração valente
Que migraram lá da África
Para o nosso continente.
Os nativos do Brasil
Ameríndios brasileiros
Foram quase exterminados
Pelos brancos estrangeiros
Relutaram e sobrevivem
Povo forte e verdadeiro.
Amamos esse Brasil
ETA país arretado
Expresso em alta voz
Falo pra todo lado
Não importa a região
Nem tão pouco o Estado.
Pode ser aqui no Norte
Ou também lá no Nordeste
Até no longínquo Sul
Ou lá no rico Sudeste
Em todo lugar é bom
Inclusive o Centro-oeste.
Em todo lugar é bom
Dá gosto aqui viver
Esse país é tão grande
Tem riquezas pra valer
E pra ele ser melhor
Falta à corrupção varrer.
Esse é um breve relato
Da nossa pluralidade
O Brasil é um país
Que tem sua identidade
Mostra em todos os ritmos
A sua originalidade.
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