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ANÁLISE DA CONVERSAÇÃO Análise da Conversação: Ramo da Linguística que pretende descrever e analisar como as regras da fala são estrutural e socialmente (co)construídas no decorrer da interação face-à-face. Embora esses estudos sejam preciosos para a AD, eles não contemplam o seu objeto em sua integridade, pois não dão conta nem da discursividade como um todo, que não se resume às trocas verbais situacionais, nem dão conta do sentido mais amplo do discurso, isto é, das ordens ou campos discursivos que são o contexto em que se dá qualquer tipo de troca verbal. No caso da Linguística Textual, que, por conta de reformulações recentes, tem sido chamada também de “Linguística de Texto”, a problemática do uso do conceito de discurso se dá de modo diferente. É interessante notar o caminho inverso que essa disciplina seguiu em relação ao daquelas elencadas acima. Isso porque ela parte da noção de texto (termo fortemente habitado pela ideia da escrita) para tentar extrapolá-la para os enunciados não escritos. No entanto, há uma forte tendência entre os adeptos dessa disciplina em assimilar a noção de texto a discurso, o que se dá em detrimento do sentido de discurso como instância mais ampla de produção simbólica, dentro da qual os textos adquirem sentido. A denominação “gênero textual” substituindo a de “gênero do discurso”, tal como propusera Bakhtin, é um exemplo dessa elisão da dimensão do discurso, inaceitável para a AD. Logo: O fato de estarem combinadas as palavras “análise” e “discurso”, pela locução gramatical “do”, não implica que o sentido de “análise do discurso” seja igual à soma sintático-semântica de tais termos (“análise do discurso é uma disciplina que tem por objetivo analisar o objeto discurso”); O sentido dos termos da expressão “análise do discurso” não pode ser compreendido sem a verificação do que na prática é a análise do discurso; Assim, “análise”, “do” e “discurso” têm seus sentidos “reciclados” pelo novo contexto pragmático que o simples uso combinado desses termos adquire em determinado momento histórico; Em síntese, os conceitos expressos pelos termos em questão não são dados previamente, mas construídos por uma prática científica situada histórico e socialmente. É preciso que se diga, aliás, antes de começar qualquer discussão, que a análise do discurso é dilacerada por uma grande variedade de perspectivas. Algumas vão até divergir quanto ao título da própria disciplina. Umas vão preferir análise do discurso; outras, análise de discurso; outras, análise de discursos; e outras ainda, análise crítica do discurso ou análise do discurso crítica. O fato de termos analisado apenas a primeira denominação já indica nossa opção por uma dessas perspectivas. Mas mesmo aqueles que concordam com essa denominação se dividem em variadas linhas conforme alguns critérios. Devido à exiguidade de tempo, não exploraremos essa questão, limitando-nos a explicitar nossa concepção. 14