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O PODER DA FÉ MIZAEL XAVIER TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, sem a devida autorização assinada pelo autor, Mizael de Souza Xavier. A violação dos direitos é punível como crime (art. 184 e parágrafos do Código Penal), com pena de prisão e multa, busca e apreensão e indenizações diversas (art. 101 a 110 da Lei 9.610, de 19/02/1998, Lei dos Direitos Autorais). Este mesmo livro está publicado na Amazon (ASIN: B08ZM34NQX ). Distribuição gratuita Venda proibida 5S EDITORAPARNAMIRIM/RN – 2023 SUMÁRIO Introdução 1. O que é fé? 2. O poder da ressurreição de Jesus 3. O poder do arrependimento 4. O poder da obediência 5. O poder da quebra de paradigmas 6. O poder do compromisso incondicional 7. O poder da coerência 8. O poder da renúncia 9. O poder da gratidão 10. O poder do testemunho 11. O poder do controle da realidade 12. O poder da confiança 13. O poder do amor e das obras 14. O poder da ação solidária 15. O poder do possível 16. O poder do cristocentrismo Conclusões Referências bibliográficas INTRODUÇÃO “Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.”(Hebreus 11:1) Você, com certeza, conhece a história da bomba atômicaque foi lançada sobre as cidades de Hiroxima e Nagasaki, no Japão,durante a segunda guerra mundial. Ambas possuíam 16 e 20quilotons respectivamente de capacidade explosiva. Não é precisolembrar os terríveis resultados que essas bombas trouxeram, dasvidas que foram aniquiladas. Que grande poder! Mas existe umpoder muito maior e ilimitado em um simples grão de mostarda! Sim,no menor de todos os grãos existe uma força infinitas vezes maiorque qualquer bomba atômica, um poder capaz de não somentetransportar montanhas, mas de gerar vida! E quem nos garante estepoder não é outro que não o próprio Senhor Jesus, que nos garantiuque, se tivermos fé como um grão de mostarda, o menor de todos osgrãos, moveremos montanhas (Mt 17:20). Que grande poder temosem mãos! Que realizações magníficas o poder da fé pode nos trazer!Não um poder para destruir vidas como as bombas atômicas, maspara abençoar vidas, para buscar a face daquele que possui todo opoder, de quem é toda honra e para quem é toda a glória. Você crêneste poder? Você crê no poder da fé? Tenho certeza que sim.Outra coisa eu tenho certeza: talvez o seu entendimento sobreo que é a fé não seja suficiente para lhe permitir fazer o uso corretodela. Ou pode ser que esse conhecimento esteja distorcido porensinamentos e pregações que tratam a fé de uma forma totalmentecontrária daquela que a Palavra de Deus nos apresenta. Quandolemos o texto de Hebreus citado logo no início, diversas informaçõesa respeito da fé nos vêm à mente, coisas que lemos nos livros, empostagens nas redes sociais ou em pregações acaloradas commensagens triunfalistas. A maioria delas trata a fé de um ponto devista estritamente utilitarista, revelando-a como algo que se usa emdados momentos para conquistar bênçãos e vitórias, para ter certezade que, embora ainda não o vejamos, o milagre de Deus está acaminho, basta crer e esperar. Como veremos mais adiante, não éisso que o autor de Hebreus pretendia que pensássemos quandoescreveu sua carta! Então, o que ele tinha em mente? Qual a verdadeira função da fé na vida cristã? Existe algum poder ocultoque ainda não conhecemos, mas que, se desvendarmos, obteremos oreal poder da fé?Acreditar que a fé é apenas um poder que transportamontanhas ou que a sua única função é mover a mão de Deus paranos abençoar é limitar ao mínimo a sua natureza e o seu alcance. E éisso que a maioria dos cristãos tem vivido: uma fé limitada, com umpoder falso pregado pela Teologia da Prosperidade, repleta demisticismo e elementos das religiões de mistério. Para muitos, opoder da fé está atrelado ao uso de objetos ungidos, à prática derituais, às campanhas de oração ou até mesmo à fidelidade nosdízimos e nas ofertas. Ou seja: não basta a fé, é preciso umaajudazinha para Deus, um pagamento ou algo parecido para que ascoisas aconteçam. E pensar que o poder da fé está em “fazer comque as coisas aconteçam”, já revela uma total distorção do que aBíblia nos ensina ao seu respeito. Talvez você esteja como muitaspessoas que utilizam a sua fé de maneira totalmente equivocada,como aquela pessoa que possui uma ferramenta, mas não sabe comoutilizá-la. Este livro foi escrito para você e para todos os que desejamconhecer o que é a fé e qual o seu verdadeiro poder. Quando falo emfé, não me refiro a qualquer fé, porque até mesmo os ateus creem emalguma coisa. Budistas, muçulmanos, mórmons, espíritas, hindus,cientistas... Todos estes possuem uma fé com base nas suas própriascrenças e experiências. A fé a ser estudada neste livro é a féverdadeira: aquela que está registrada nas páginas da Bíblia, a féque vem de Deus, que está alicerçada sobre a Rocha, que é Cristo.Então, podemos afirmar que a fé de muitos daqueles que se declaramcristãos (protestantes ou católicos) tenha muito pouco a ver comDeus e com a sua Palavra. A fé do crente evangélico pode levá-lo apassar pela fogueira santa para conquistar bênçãos; já a fé do fielcatólico pode levá-lo a acender velas a algum santo ou santa paraalcançar um milagre. Onde se encontra o fundamento para essaspráticas? É essa a fé ensinada pela Bíblia? Se não, qual a verdadeirafé, qual o ser real poder e como alcançá-lo? É sobre isso e muito maisque estudaremos nos próximos capítulos. Capítulo 1O QUE É FÉ? “visto que andamos por fé e não pelo que vemos.”(2 Coríntios 5:7) A questão da fé é um tema bastante complexo paralimitarmos o seu alcance e o seu poder a pedir e receber bênçãos,vitórias e milagres. O texto bíblico citado acima nos fornece um claroexemplo desse pensamento limitador a respeito da fé cristã. Para amaioria das pessoas, viver pelo que não vemos significa que devemoscrer que já tomamos posse das bênçãos de Deus que tanto lhepedimos em oração, que no momento não podemos contemplar, masque, pela fé, sabemos que já estão a caminho. Em breve o anjo astrará! Entretanto, o apóstolo Paulo se refere, no contexto, a uma féque enxerga um futuro glorioso nos céus, que não somente explicamuitas das nossas momentâneas tribulações presentes, como nos dáânimo e ao mesmo tempo controla o nosso comportamento. Secremos que vamos para o céu, com certeza o nosso caráter e asnossas atitudes serão bem diferentes daquelas pessoas que nãopossuem essa mesma esperança, que não têm compromisso algumcom Deus. A fé bíblica nos convida a enxergar para além dessarealidade, o que naturalmente nos traz um anseio pelas coisas deDeus, pelo seu Reino celestial e eterno; um anseio por nos comportarcomo seus cidadãos e por sermos transportados o mais breve para lá.Isso nos leva a uma questão: aquele que não anela pelo céu, possuialguma fé verdadeira?Então, o que é fé? Esta é uma pergunta com muitas respostas,e que provavelmente irão variar de crença para crença. Mesmodentro do próprio cristianismo, o tema fé encontrará explicações epráticas diferentes. Se o cristianismo ortodoxo ensina uma fé queleva o crente a entregar-se totalmente nas mãos de Deus, as crençasmais liberais, como o neopentecostalismo, por exemplo, entenderãofé como o ato de tomar posse das promessas de Deus. Isto seassemelha bastante à compreensão de fé presente no AntigoTestamento, que possui uma conotação diferente da que temos hoje, como crentes da Nova Aliança. De acordo com Erickson (op. cit., p.397), a ideia de fé no hebraico do Antigo Testamento é transmitidaprincipalmente por formas verbais; ela não está ligada a algo que sefaz, mas que se possui. Essa fé transmite a ideia de descansar ouapoiar-se confiadamente em alguém ou alguma coisa, geralmenteDeusou a sua palavra de promessas. O capítulo 11 do livro deHebreus é dedicado a homens e mulheres que viveram a sua vidapela fé, na confiança de que Deus cumpriria tudo o que lhesprometera. A sua fé os conduziu a situações de perigo extremo,ocasionalmente à morte.O Novo Testamento dá uma grande ênfase à fé (gr. pistis),ênfase que não é observada antes, nem mesmo em João Batista, quepregava o batismo do arrependimento para a salvação. O substantivopistis é utilizado pelo apóstolo Paulo 142 vezes e ocorre no resto doNovo Testamento 101 vezes; ele pode ser traduzido como “crença”,“confiança” ou “credibilidade”. Cremos em Deus (crença), estamosseguros quanto ao seu caráter e o seu agir (confiança) e temoscerteza de que Ele e a sua Palavra são a verdade e jamais falharão(credibilidade). Todavia, esses três elementos se traduzem emdiversos resultados que a fé traz para a nossa vida e que tambémpodem explicá-la. O verbo pisteuo (crer) é empregado por Paulo 54vezes e o adjetivo pistos (fiel ou digno de confiança) aparece 33vezes em seus escritos. O termo grego utilizado para fé tem o seusignificado dentro do texto bíblico e dependerá do contexto em queestiver empregado. Assim, a fé pode ser salvífica (cf. Ef 2:8,9; Rm1:17; Gl 2:16), um dom espiritual (cf. 1 Co 12:9) ou um conjunto deverdades e conhecimento (f. At 6:7) Para o apóstolo Paulo, éimpossível desassociar o cristão de crer (cf. Rm 1:16; 1 Co 1:21). A féé a alma da vida cristã e sem ela não existe cristianismo. Sem fé nãose pode falar em salvação, confiança em Deus, Evangelho,escatologia, resposta de oração. Vemos, então, como é grande o seupoder: poder de nos identificar com filhos de Deus, nascidos de novo,santos e salvos.O livro de Hebreus (11:1) explica a fé como uma certeza (gr.hupostasis) e uma convicção (gr. elegchos, prova). A vida relatada dehomens e mulheres de Deus neste capítulo não deixa dúvida de queeles tinham plena convicção do cumprimento das promessas deDeus, ainda que não pudessem vê-las. A fé é, então, uma certezaplena em Deus e na sua Palavra, que exclui qualquer dúvida etransforma a nossa vida, ao ponto de tomarmos atitudes que, semesta fé, seriam totalmente impossíveis. A fé do cristão é umaresposta pessoal à revelação de Deus. Deus se revela salvador emCristo, e somente pela fé o homem pode receber esta salvaçãogratuita, sem necessidade de obras. A fé, na verdade, se contrapõeàs obras no que diz respeito à salvação, como Paulo explicita no livrode Romanos e em outras epístolas. Todavia, esta fé não andavasozinha, mas deve vir acompanhada de um mover em direção a Deus,quando demonstramos confiança nele para a salvação. Não basta ao homem crer em Deus, entender-se como pecador miserável, épreciso que ele creia que somente Deus é capaz de demovê-lo de suasituação desgraçada. Crer, segundo a Bíblia, é crer de todo o coração(Rm 10:9). A fé, segundo o autor de Hebreus, é indispensável para asalvação (Hb 11:6).Como veremos neste estudo, a fé com todo o seu poder vaimuito além de crer que Deus cumprirá as suas promessas, masenvolve uma vida totalmente dedicada a Ele. Crer na existência deDeus não é uma prerrogativa apenas do ser humano, mas os própriosdemônios também creem (Tg 2:19). Então, ter fé extrapola a crença.No mundo “gospel” atual, a fé está reduzida a palavras de ordem,declarações triunfalistas e promessas de vitória. O crente que tem féé aquele que “toma posse da bênção”, que move o sobrenatural, quematerializa seus desejos e crê que Deus moverá o Universo para quesejam atendidos. Tiago dirá que a fé envolve obras e que são essasobras que legitimam a nossa fé, não o alcance das bênçãos. QueDeus nos abençoe e nos guie em busca da compreensão sadia deuma fé baseada na sua Palavra. Existem muitas “fés” pelo mundo, emmuitas religiões e até mesmo no ateísmo, mas a fé verdadeira é noSenhor Jesus Cristo, a única fé que salva e leva o homem a Deus; aúnica capaz de tirar o ser humano do seu estado de morte espiritualpara lhe dar a vida eterna (Hb 11:6; Mt 15:28; 9:2; Tt 1:2; 1 Pe 1:9; 1Jo 5:4). Se esta não é a sua fé, ela não possui nenhum poder, nesteou no outro mundo. Fé e razão Quando se fala em “poder da fé”, geralmente se pensa emalgum poder místico, algo que envolve pensamentos, palavras,orações e jejuns, cuja finalidade única é produzir resultados: atrairbênçãos, conquistar vitórias e promover curas e milagres. Nadamuito racional, pois não há o que se pensar, apenas sentir o poder dafé e confiar que ela fará o que o Senhor Jesus nos prometeu: removermontanhas e abrir a mão abençoadora daquele que abre e ninguémpode fechar. Então o que será a fé? Crer com bastante convicção emalgo? Fazer força com a mente para mover a mão de Deus ou oUniverso? Essa fé mística é um fenômeno presente na fé evangélicaatual, para não dizer em todo o cristianismo, onde se vê a ausênciade uma atitude pensante, isto é: de uma fé capaz de pensar sobre arealidade da própria fé em si e de tudo o que lhe diz respeito. Tudoque se vive com relação a Deus parece acontecer apenas no camposobrenatural, místico, e não há espaço para o raciocínio, oquestionamento, a perscrutação. A fé e a razão parecem duasextremidades de uma corda, totalmente afastadas, embora presentesna mesma realidade; ou como a noite e o dia, incapazes de estarempresentes num mesmo tempo. Essa desavença entre a fé e a razão éque tem levado muitos crentes a não racionalizarem sobre as suas práticas espiritualísticas, as pregações que chegam aos seus ouvidos,aquilo que os seus olhos leem nas redes sociais. Se traz o nome deDeus, é de Deus; não existe espaço para o questionamento.De um ponto de vista bíblico, a fé é algo racional; logo, o seupoder é igualmente inteligível. Em seu livro “Filosofia e cosmovisãocristã” (2005), J. P. Moreland fala sobre a importância do estudo dafilosofia para a fé cristã. Ele afirma que “o maior dos perigos que oevangelicalismo moderno enfrenta é a falta de desenvolvimento damente, especialmente em relação à filosofia” (p. 28). De fato, emtudo o pensar filosófico é essencial ao desenvolvimento de uma fésólida e sadia, livre de “achismos” e com fundamento bíblico. Muitaspessoas não são capazes de dizer as razões da sua fé porque nãoconseguem pensá-la de forma lógica e coerente; não conseguemcriar pontes entre doutrinas nem aplicá-las de modo lógico à suarealidade cotidiana, isto é, à prática da sua fé. Quando falamos emfilosofia, não nos referimos à aplicação do pensamento filosófico dePlatão, Aristóteles, Nietzsche, Kant, Sartre ou qualquer outro filósofoaos textos bíblicos, mas à capacidade de pensar, analisar, lançarperguntas sobre a Palavra de Deus para encontrar respostas.Também questionar a nossa própria fé e a nossa existência, que dásentido àquilo que cremos e à forma como vivemos essa crença.Qualquer pensamento que seja uma reflexão sobre a realidade deforma sistemática e organizada em busca de uma verdade universal éfilosófico. E é isto que fazemos sempre que lemos as Escrituras:pensamos a respeito de Deus, da sua Revelação e da maneira comoela se aplica à nossa vida de maneira prática. O que “amai-vos unsaos outros” nos diz sobre Deus, sobre o amor e sobre o nosso papelno mandamento de amar? São perguntas que devem ser feitas paratodos os temas bíblicos.Vemos como fé e razão estão unidas, e uma não exclui a outra.Dar razão da fé que há em nós significa compreender racionalmenteesta fé. Não é dizer “eu acho”, mas “Eu creio porque a Bíblia diz”.Jesus respondeu a cada tentação de Satanás com um enfático “Estáescrito” (Mt 4:4,7,9). Segundo Moreland (idem, p. 35), a noçãobíblica de fé inclui três componentes, que estão entre aqueles queveremos durante este estudo. São eles: “notitia (entendimento doconteúdo da fé cristã), fidúcia (confiança) e assensus (sanção dointelectoà verdade de alguma proposição)”. Segundo o mesmoautor, a confiança é baseada no entendimento, no conhecimento e naaceitação da verdade pelo intelecto. Confiamos em Deus porquecremos de forma racional na sua provisão. Obedecemos aos seusmandamentos porque vemos coerência neles e compreendemos asimplicações temporais e eternas dessa obediência (ou dadesobediência). O cristão não crê no invisível de forma irracional,mas porque estão escritas na Bíblia as razões para crer nisso. Existemuito mais racionalidade nas Escrituras do que aquilo que se chamade “mistérios”. Para cada ação miraculosa de Deus existe no meioevangélico uma afirmação de que é “mistério”. De fato, para quem não pensa a sua fé nem estuda a Palavra de Deus, tudo é um grandemistério. Até mesmo o mais impressionante dos milagres pode serracionalmente explicado, tendo a Bíblia como referência: o milagre éa vontade e o poder de Deus em ação.Quando João Batista enviou alguns dos seus discípulos parainquirem Jesus a respeito de quem Ele era, a sua resposta foiracional, baseada em fatos que podiam ser vistos e comprovados:“Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, oscoxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, osmortos são ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho”(Lc 7:18-22). O conhecimento a respeito de Jesus que João Batistaprecisava, foi-lhe mostrado por meio de provas perceptíveis. Ospróprios milagres relatados por Cristo em sua resposta são dignos decompreensão racional. Alguns poderiam inferir que esses milagressobrenaturais não podem ser explicados racionalmente. Todavia,entender quem Deus é, qual a natureza de Cristo, a veracidade dosseus milagres e o seu propósito, podemos claramente racionalizá-los.Tudo o que se realizou foi por meio do poder de Deus com o fim decomprovar a messianidade de Jesus e dar sinais do Reino dos céus.Tudo é perfeitamente confirmado, em se apresentando provasirrefutáveis que o sustentem. A razão não é a antítese da fé, mas asua aliada. A razão da fé é a própria fé.Quando pensamos em fé e razão, pensamos também naexperiência de fé com Deus. O início da nossa caminhada na fé é umencontro com Deus, uma experiência de conversão promovida pelasua maravilhosa graça e a atuação do Espírito Santo em nós. Não éuma experiência mística, como se tivéssemos alcançado algum tipode grau máximo de evolução espiritual por meio da meditação ou daascese ou flutuado até o sagrado. É um encontro pessoal com Cristo,que gera transformação de vida e nos conduz ao céu. É, na verdade,o início de um relacionamento entre Pai e filhos. Entretanto, a fé vaialém da experiência. Muitos crentes buscam todos os dias umaexperiência sobrenatural com Deus e não percebem que a fé éprática de vida. As igrejas neopentecostais supervalorizam aexperiência de fé, os testemunhos milagrosos, o falar em línguas, aexpulsão de demônios como manifestações visíveis do poder de Deuse, assim, demonstram uma fé triunfalista, sem compreensãoverdadeira do que se está vivendo. São verdadeiros mistérios, maspor um motivo simples: não podem ser explicados à luz da Bíblia,porque não encontram nela a sua razão, o seu fundamento ou o seuapoio. Isso nos leva a meditar: existe algum poder na fé que nãopossa ser explicado tendo apenas a Bíblia como base teológica? Porproduzir sinais e maravilhas, determinada fé deve sempre sercontada como manifestação do poder de Deus? Se sim, o que dizer arespeito do Anticristo e seus sinais?Fé sem razão, sem teologia, não é fé. A fé deve ser entendidadentro de um contexto racional, consciente, mesmo que envolvacoisas inexplicáveis, sem esquecer de lado a emoção. Cremos em Deus com a razão, independente das manifestações sobrenaturais.Sabemos que Deus existe e enxergamos o seu agir em nós e nomundo criado. Quando temos fé, sabemos o que fazemos (Rm12:1,2). O nosso culto é “racional”. Como disse, para muitos, tudo émistério: “Deus tem um mistério na sua vida”. Embora a experiênciacom Deus seja diária e sempre se renove, ela não é desprovida derazão, não a razão humana, mas a razão bíblica. Mais que umaexperiência sobrenatural que faz o corpo tremer, a fé produzcompromisso com o Evangelho, obediência a Deus, santidade devida, frutos do Espírito Santo, manifestação dos dons espirituais,arrependimento, perdão, relacionamentos saudáveis baseados noamor, oração incessante e leitura assídua da Bíblia. Mesmo nasquestões da fé a razão está presente: se nossas experiências comDeus não encontram fundamento bíblico, não estão corretas. Emmuitas experiências místicas evangélicas, as manifestações físicas eas verbalizações de mensagens supostamente divinas não encontramrespaldo bíblico, muito pelo contrário: contrariam tudo o que dizemas Sagradas Escrituras. O poder da fé aprendido aqui, só pode serverdadeiro se o conseguirmos comprovar por meio da Palavra deDeus. Fundamentação Bíblica O tema da razão nos traz consequentemente a outro aspecto dafé cristã: a fundamentação bíblica. Como cristãos, temos como nossaúnica regra de fé e prática a Bíblia Sagrada. Tal verdade, claro, não écompartilhada pelos católicos romanos ou por certas correntesevangélicas que se firmam nas revelações trazidas por seus bispos eapóstolos. Entretanto, para o cristão reformado em geral, a Bíbliacontém tudo aquilo que Deus quis nos revelar acerca Si mesmo, dasua vontade para a humanidade. É desta fé que falamos aqui: uma fébaseada na Revelação de Deus. Logo, a fé cristã necessita defundamentação bíblica. Toda fé precisa encontrar respaldo na Bíblia.Qualquer forma de fé que não encontre apoio nas SagradasEscrituras é vã e mentirosa. Ao escrever aos Gálatas, Paulocondenou aqueles que pregavam um Evangelho diferente e que, porisso, afastavam os crentes de verdadeira pregação (Gl 1:6-9). Sequisermos permanecer na fé sadia, não podemos nos permitir ir alémdaquilo que já está escrito, como fazem algumas seitas, como osMórmons. As Testemunhas de Jeová também possuem uma fédeturpada, porque adulteram a Palavra de Deus para suprir seusinteresses doutrinários. Alguns movimentos de defesa da ideologiade gênero já produzem bíblias onde os versículos que se posicionamcontra a prática homossexual são suprimidos. A Teologia daProsperidade e o seu sistema de Confissão Positiva também é umainovação diabólica, que mostra ao mundo uma fé totalmente contrária à fé bíblica. Aqueles que pensam experimentar o poder dafé, nesses e em outros casos, vivenciam justamente o contrário.Para ter o real poder, a nossa fé precisa ser necessariamenteteológica, estudada, fundamentada no uso correto da exegese. Énecessária uma boa interpretação da Bíblia, à luz do Espírito Santo,para nos garantir uma fé sadia e isenta de heresias. Antes da suaconversão, o apóstolo Paulo cria na Palavra de Deus de uma maneiraequivocada, porque não compreendia a realidade da pessoa de JesusCristo e da salvação pela graça. Após converter-se, a sua fé foiabalada e sofreu uma grande transformação (1 Tm 1:13). A pregaçãode Paulo ainda se utilizava do Antigo Testamento, mas encontrandonele a presença de Cristo, o fundamento da sua fé (1 Co 15:3; Tt1:2,3; Rm 15:4). A ignorância produz uma fé cega. Quandoiluminados pela sabedoria do Espírito Santo, passamos a enxergar ascoisas como de fato são, através da fé. Para isso, é necessário quenos empenhemos em ler e estudar a Bíblia, conhecer as suasverdades, questionar aquilo que ouvimos e lemos fora dela. Uma féignorante, desprovida do alicerce seguro das Sagradas Escrituras,não nos mantém firmes na tribulação, na provação, na tentação oufrente às heresias. Comamos a Palavra de Deus e só assim a nossa féserá inabalável, só assim viveremos no seu poder.O que tem alimentado a fé cristãmoderna? Podemos pensar nosecularismo e na teologia neoliberal presentes nas igrejasneopentecostais. Podemos pensar, também, na inanição espiritualexperimentada por esse novo evangelicalismo desprovido de ensinobíblico saudável. Contra as heresias e a apostasia do presente século,o remédio é de fato a fé bíblica, como escreve o apóstolo Paulo aTimóteo: “Expondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro deCristo Jesus, alimentado com as palavras da fé e da boa doutrina quetens seguido” (1 Tm 4:6). Logo, o poder da fé, o seu conteúdo e a suaveracidade estão na “boa doutrina”. Timóteo não seria um bomministro de Cristo nem teria uma fé saudável se não seguisse oensino apostólico, se desprezasse a Bíblia e passasse a dar ouvidosàs fábulas. Parece-nos que os atuais ministros que se dizem de Cristonão têm se alimentado da maneira correta, não têm ingerido edigerido a sã doutrina. Quem não se alimenta da genuína fé cristã,não tem verdade para viver ou para ensinar, muito pelo contrário:vive e prega a mentira, pratica um poder carnal, mundano ediabólico. Ao mesmo Timóteo o apóstolo exortou: “Mantém o padrãodas sãs palavras que de mim ouviste com fé e com o amor que estáem Cristo Jesus. Guarda o bom depósito, mediante o Espírito Santoque habita em nós” (2 Tm 1:13,14). A Palavra tem um padrão, não équalquer palavra. A fé guarda o bom depósito e dele não de desvia;ao contrário: cresce no conhecimento da verdade a fim de alcançarmaturidade espiritual (Hb 6:1-3). Um conjunto de doutrinasJudas 3 A fé poderosa, então, tem doutrina. Ela não é um momento deêxtase ou uma espécie de transe induzido pelo Espírito Santo. Elanão é algo que provém de nós mesmos e do nosso entendimento, demodo que se adéque às nossas necessidades. Não existe um ato ouuma palavra de fé específico capaz de realizar milagres. Nem mesmoo Nome de Jesus é algo a ser usado mecanicamente, como um passede mágica. Muitas pessoas, incluindo crentes, têm aversão adoutrinas e dogmas, por isso pregam uma fé livre de amarrasdoutrinárias, fundamentada na experiência individual ou nailuminação que cada um pensa ter das Escrituras. Entretanto, se a fécristã está alicerçada sobre a base segura da Palavra de Deus,significa que ela não está sujeita às intervenções humanas quedesejam crer conforme os crentes bem entenderem. A fé também édefinida como um conjunto de doutrinas, ou seja: ela determinaaquilo em que nós cremos. Qual a nossa fé? Quem crê, crê em algoou alguém. Erickson (idem) salienta os casos em que pisteuo e pistissignificam “confiança pessoal em contraposição ao mero crédito oucrença” (p. 397). Este significado geralmente vem seguido do uso deuma preposição. Quando dizemos que cremos “em” Deus, essadeclaração nos remete à razão, porque entendemos que existe umDeus no qual nós cremos, ainda que não o consigamos ver. Crer “no”Evangelho é assumir a sua existência e apropriar-se racionalmentedo seu conteúdo (cf. Mc 1:15; Mt 18:6; Jo 2;11; At 10:43; 19:4; Gl2:16; Fp 1:29; 1 Pe 1:8). Em 1 João 5:10 e 11, a crença em Cristo ébaseada no testemunho que o Pai dá do seu Filho. Esse testemunho édemonstrado em todo o Antigo Testamento, na própria pessoa deJesus e no testemunho dos apóstolos, que agora escrevem sobre ele.Embora a fé seja muito mais que um conjunto de doutrinas eenvolva o nosso relacionamento com Deus e com as pessoas, esserelacionamento está fundamentado em ensinos específicos dasSagradas Escrituras. Algumas doutrinas centrais atingemdiretamente a nossa maneira de crer: as doutrinas sobre Deus, oEspírito Santo, Jesus Cristo, a Igreja, o pecado, as últimas coisas,entre tantas outras. A visão que temos de oração, por exemplo, se forbíblica, irá nos levar a incluir sempre a vontade de Deus acima dasnossas petições. Caso a oração esteja fundamentada em “achismos” edoutrinas humanas, provavelmente a vontade do homem sesobreporá à vontade de Deus. A própria fé, se for exercida sem levarem conta o ensino das Escrituras sobre a sua natureza, comportaráinúmeros equívocos, como o de achar que podemos exigir algo deDeus e decretar as nossas próprias vitórias, ao fazer uso da nossa fé.Diremos à montanha: “passa daqui para acolá”, não porque cremosque, se for da vontade de Deus, isso acontecerá, mas porqueachamos que realmente temos algum poder sobrenatural em mãos. Crer em Jesus como Deus nos trará certezas e práticasdiferentes das pessoas que não possuem esta fé. Crer no EspíritoSanto como uma pessoa e não uma força, afetará a nossa crença e anossa relação com Ele. A nossa fé nas promessas de Deus dependeráde doutrinas que especifiquem e qualifiquem essas promessas: quaisjá se cumpriram e quais ainda não? Quais promessas nos dizemrespeito? A fé é a própria Palavra de Deus, onde muitosmandamentos e doutrinas nos ensinam em que e como devemospensar e viver a nossa fé. Em Tito 1:9 e 2:1, o apóstolo Paulo enfatizaa necessidade do apego à doutrina correta. Essa doutrina correta nãoestá fora da Bíblia, mas diluída em toda ela. Em 1 Timóteo 4:6,16, eleliga o desempenho do ministério de Timóteo a um alimento duplo: aspalavras da fé e da boa doutrina, como já vimos. A doutrina é quemdefine a razão e o objetivo da nossa fé. Quando ela falta, somoslevados por todo lado por todo vento de doutrina (Ef 4:14,15).Embora a fé seja algo prático, ela envolve o aprendizado, aapreensão de ensinamentos que a fundamentam. Sem estes,creremos em qualquer nova fé que nos for oferecida, porque nosfaltará a base essencial, a raiz implantada pelo Senhor.Desprezar a doutrina no exercício da fé é desprezar a própriafé, que está fundamentada na doutrina. A Palavra inspirada nosensina, repreende, corrige, instrui, aperfeiçoa-nos e nos preparapara toda boa obra (2 Tm 3:16,17). Se existem a Palavra e adoutrina, logo existe o seu ensino (1 Tm 4:13). Se não há ensino, a fédobra-se diante das heresias (1 Tm 1:3,4; Gl 1:6-9). A doutrina éimportante não somente para definir aquilo que cremos, mastambém em quem nós somos. Permanecer na doutrina de Cristo écrucial para revelar se estamos ou não em Deus, como escreveu oapóstolo João: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo enela não permanece, não tem Deus; o que permanece na doutrina,esse tem assim o Pai, como o Filho” (2 Jo 9). João também nosorienta a não receber nem dar as boas vindas àqueles que chegamaté nós com uma doutrina diferente daquela que recebemos deCristo e dos apóstolos (v. 10). Aquele que recebe essas pessoas,torna-se cúmplice das suas “obras más” (v. 11). Ou seja: existe umtipo de fé que produz más obras, que foi rejeitada por Cristo e seusapóstolos e que não deve ser acolhida pela Igreja. Quando umpseudopastor espalha a unção do Espírito através de uma bola defutebol enquanto os seus obreiros caem ao chão, vemos o agir deSatanás da Igreja. Quando é necessário passar pela “fogueira santa”e nela deixar todos os nossos bens para alcançar as bênçãos de Deus,vemos que os anticristos permanecem ativos no mundo, enganandoos perdidos para que não creiam na verdade, na doutrina correta, noEvangelho da salvação.O Senhor Jesus define como seus verdadeiros seguidoresaqueles que têm os seus mandamentos e os guarda (Jo 14:21). O quese configura um sério problema para a igreja atual é que ela temaberto as suas portas e dado as boas-vindas a todo vento de doutrina, todo novo ensino, por mais absurdo e antibíblico que seja. Desde osnovos apóstolos até os objetos sagrados ou ungidos, a igrejaevangélica está abarrotada de falsos ensinos e heresias perniciosasque são abraçados com muita boa vontade. Sem a sã doutrina, semaquilo que é a base da fé cristã – a Palavra de Deus – o inimigo temavançado sorrateiro, às vezes nem tanto. Portanto, se queremos umafé poderosa, queremos uma fé com base doutrinária sólida,operosaem boas obras, totalmente submissa a Deus, capaz de humilhar ohomem e reduzi-lo a nada, para que somente Cristo seja exaltado. Anossa fé não é antropocêntrica, mas cristocêntrica; ela não existepara resolver os nossos problemas pessoais, mas para manifestar avontade e a glória de Deus no mundo. Dom de DeusHebreus 12:2 Muitos teólogos debatem há muitos séculos sobre a naturezada fé: se ela nasce no coração do homem quando tocado pelo EspíritoSanto ao ouvir o Evangelho ou se ela é totalmente vinda da parte deDeus, pois o ser humano caído é incapaz de desenvolvê-la por si só. Oímpio tem dentro de si o poder de desenvolver a fé capaz de salvá-lo?Pode o homem corrompido crer por iniciativa própria, estando mortoem seus delitos e pecados? É inegável que não. A nossa fé vem deDeus, o seu Autor e Consumador (Hb 12:2), de onde desce todo domperfeito (Tg 1:17) e sem quem nada podemos fazer (Jo 15:5). Ele noschama (Rm 1:6,7) e nos mostra que o sacrifício do seu Filho é eternoe poderoso para apagar os nossos pecados e nos fazer herdeiros daeterna Aliança. Diante desta verdade, por meio do Espírito Santo, Elenos regenera e nos concede a fé para crermos, porque é do seudesejo que sejamos salvos. A fé precede todas as coisas (Hb 11:6; cf.10:22): o arrependimento e a santificação (At 26:18), a obediência(Rm 5:1), a justificação (Rm 3:22,28), a salvação (Ef 2:8,9), aressurreição (Cl 2:12), a vitória sobre o mundo (1 Jo 5:4), o bomtestemunho (Hb 11:39), a herança das promessas (Hb 6:12). Nadadisso é possível sem fé. Assim como um cego não pode voltar aenxergar por sua própria capacidade, o pecador também não podecrer em Cristo se este não o capacitar a isso. Logo a fé vem de Deus,é um dom de Deus.Como escreveu o autor de Hebreus: “De fato, sem fé éimpossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele quese aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoadordos que o buscam” (Hb 11:6; cf. 10:22). Portanto, é impossível nosaproximarmos de Deus sem antes crermos que Ele exista. O autor deHebreus deixa transparecer esta verdade: a fé vem antes da buscapor Deus. Só buscaremos Deus a partir do momento em que crermosque Ele de fato existe. E esta aproximação é mais que uma simplescrença, mas é necessário crer na eficácia de Deus, que Ele não é um Ser distante que pulsa somente nas teologias religiosas. Ele é umDeus “galardoador”, que interage com o homem; é o Deus vivo,presente e atuante na humanidade; transcendente, mas, ao mesmotempo, imanente. Esta é a fé professada por todos os servos e servasde Deus listados em Hebreus. O fim dessa fé é a salvação da nossaalma. Também em Hebreus mostra a necessidade da fé para entrarno descanso de Deus. O autor afirma que esta fé vem antes da nossaentrada neste descanso: “Temamos, portanto, que, sendo-nosdeixada a promessa de entrar no descanso de Deus, suceda parecerque algum de vós tenha falhado. Porque também a nós foramanunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra queouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fénaqueles que a ouviram. Nós, porém, que cremos, entramos nosdescanso” (4:1-3a). Somente uma coisa pode nos impedir de entrarno descanso de Deus: a falta de fé. A Palavra que nos é pregada sófará efeito se for acompanhada pela fé (cf. Rm 10:16s; Is 53:1). A féna pregação da Palavra é que nos permite entrar no descanso deDeus. Esta fé que torna possível escolhermos Deus nos é dada porEle próprio, porque o pecador está morto em seus delitos e pecados(Ef 2:1,5) e não pode gerar em si próprio a fé capaz de salvá-lo. Istoé: somos escolhidos por Deus e capacitados a crer nele, porque, demaneira natural, não queremos ir até Ele para termos vida (Jo 5:40).Essa fé parte de Deus e não é obra meritória nossa. SomenteDeus pode salvar o pecador e fazê-lo crer. Em especial, em Efésios2:8,9, a Palavra de Deus deixa bastante clara a oposição entre fé eobras. A justiça de Deus é sobre todo aquele que crê em Cristo (Rm3:26). Em Romanos 4:4,5 Paulo diz: “Ora, ao que trabalha, o salárionão é considerado como favor, e sim como dívida. Mas, ao que nãotrabalha, porém crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe éatribuída como justiça”. A fé é derivada de Deus e não do esforçohumano. Ela é apenas o meio pelo qual recebemos aquilo que Deus jáfez por nós (cf. Jo 3:16). Tanto a fé em Deus para a salvação quanto afé para permanecermos nele e dele recebermos bênçãos, vem dele.Tudo nos é dado por Ele. Então, onde está o poder da “nossa” fé? Eleestá em Deus. A nossa fé é poderosa porque não parte da nossalimitação humana, mas do Todo-poderoso Deus, que nos dá acapacidade, a vontade e os meios necessários para exercemos a féque Ele próprio introduz em nós. A partir dos próximos capítulos,veremos como essa fé opera grandemente na nossa vida e no mundointeiro. Capítulo 2O PODER DARESSURREIÇÃO DE JESUS “Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis. É como vos digo.”(Mateus 28:7) O poder da fé começa quando cremos na verdade de queCristo morreu e ressuscitou pelos nossos pecados. Podemos crer emDeus de todo o nosso coração, mas se não cremos nessa verdade, anossa fé é totalmente vã e inútil, como um pensamento positivo quese direciona ao Universo. Cada religião tem a sua própria fé, o queenvolve o objeto da sua crença (Jeová, Buda, Alá, Gaia, etc.), a formacomo esta crença se manifesta (práticas espiritualísticas) e asdoutrinas que regulamentam essa fé (livro Sagrado, revelações, etc.).A nossa fé – a verdadeira fé – está fundamentada na Bíblia e temcomo objeto (alvo) o Senhor Jesus Cristo. Todavia, os muçulmanos,os espíritas, as Testemunhas de Jeová, os Mórmons, entre outros,também creem na existência de Jesus. O que difere a nossa fé detodas essas é que a fé desses é morta e a nossa é viva. Falta-lhes oelemento principal: a ressurreição de Jesus, sem a qual nem a fé nemo próprio cristianismo têm razão de existir. É isto que Paulo prega aodefender a ressurreição de Cristo com um fato ocorrido eincontestável (1 Co 15:3-8,12-19). Sem esta fé na ressurreição deCristo, o cristianismo se torna uma religião vã (v. 17), não havendoperdão para os pecados, ressurreição e vida eterna (Rm 4:25). SeCristo não ressuscitou, continuamos mortos em nossos pecados e nãotemos esperança alguma após a morte. É a ressurreição de Cristoque valora, justifica e legitima a nossa fé e todas as suasmanifestações. A própria fé em si depende dela. Sem ressurreição,sem fé, sem poder da fé.É a ressurreição, conforme atesta Dr. Russel Shedd, o cerne daesperança do cristão (1 Pe 1:3ss). A fé na ressurreição, por sua vez, está ligada à escatologia. Isto é: a fé cristã não está limitada a estetempo e lugar, mas aponta para a eternidade. É pela fé queaguardamos a realização da promessa da volta de Cristo (Gl 5:5),tendo a certeza da sua libertação operada em nós. A fé produz ajustiça de Deus em Jesus Cristo (Rm 3:22-26; Fp 3:9) e nos confirmacomo seus filhos (Gl 3:26). Retiram-se os fatos de que Cristo é Deus,morreu pelos nossos pecados, ressuscitou, subiu aos céus, sentou-sea destra do Pai e voltará um dia para julgar a humanidade, o que nossobra é a religião, como há tantas outras no mundo. O que pode fazerMaomé pelos seus seguidores? O que nos dá a esperança eternaleva-nos a orar, estimula-nos a obedecer, motiva-nos a prosseguir emmeio às tribulações e testifica a nossa fé é a alegria de crer naressurreição do Senhor (At 3:15; Jo 11:25; 1 Co 6:14; Fp 3:10; Mt20:17-19). Quais as consequências práticas de crer na ressurreiçãode Cristo para a nossa fé? São consequências morais e eternas, quenos transformam em novas criaturas que amam e servem ao Senhor,que vivem uma vida diferente e lutam contra o seu próprio pecado.Essas consequências são percebidas no nosso comportamento, nosnossos relacionamentos, nas nossas escolhase decisões, nas nossasmotivações e nos nossos objetivos: ansiamos pelo céu.Como aqueles que creem num reino celestial e na esperançaeterna com a vinda do Senhor e a subida gloriosa da igreja, as nossasações devem demonstrar o nosso anseio pelo céu e a nossadespreocupação com os valores e os prazeres deste mundo. O nossocoração clama pela volta do Senhor. Os valores presentes na nossaespiritualidade integral são os valores do Reino de Deus e não osnossos próprios. Se a ressurreição de Cristo é bem compreendida,queremos que ela se torne cada vez mais real em nós. Algumasquestões, todavia, precisam ser levantadas. A Igreja tem caminhadonessa fé na ressurreição de Cristo, tem anelado por sua volta, vive osvalores do seu Reino eterno e é transformada pelo Senhor que reinaglorioso? A espiritualidade praticada hoje tem nos lançado para forada esfera da nossa vontade e atraído para nosso ser a vontade do Paique está nos céus? O nosso culto pessoal e comunitário celebra essaressurreição, tornando-a o cerne da nossa adoração e daproclamação do Evangelho? Ou quem sabe a nossa pregação oculteeste fato de proporções eternas?Não adianta falar em poder da fé enquanto desprezamos arealidade da ressurreição do Senhor. Para muitas correntesevangélicas que tem a sua crença totalmente alicerçada sobre aTeologia da Prosperidade, a ressurreição de Cristo e a suaentronização nos céus teve como único objetivo conquistar para nósas bênçãos e vitórias de Deus, guardadas para nós nos cofrescelestiais, o que é mentira. É tempo de crer na ressurreição de Cristoe na nossa, que com Ele ressuscitamos para uma nova e abundantevida. Sem crer nisso, a nossa fé não terá poder algum paratransformar aquilo que realmente importa: a nossa relação com Deuse com as pessoas, o conteúdo do nosso coração e a qualidade dos nossos pensamentos. O nosso desejo por mover montanhas deve sersubstituído pelo desejo de mover a nossa ansiedade, as nossasintrigas e disputas, as nossas mentiras, os nossos pecados, a nossafalta de perdão e de misericórdia, a nossa apatia frente a obra doSenhor, a nossa avareza e tantas outras montanhas invisíveis quevivem dentro de nós. O poder da ressurreição de Cristo remove todasessas montanhas e nos faz experimentar o verdadeiro poder de Deus. Capítulo 3O PODER DOARREPENDIMENTO “E ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal.”(Marcos 5:34) Em 2009, o Brasil ficou chocado ao assistir nonoticiário um vídeo em que alguns deputados, após receberempropina, formam um “círculo de oração” para agradecerem a Deuspelo sucesso do seu empreendimento corrupto. Um dos deputados“crentes” declara a Deus na sua oração: “Pai, quero te agradecer porestarmos aqui. Sabemos que nós somos falhos, somos imperfeitos”.Esse fato estarrecedor nos leva a repensar o que é a fé. Comopessoas que declaram ter fé em Deus são capazes de orar apóscometerem um grande pecado, crendo que Deus aceita a sua oração?Na nossa consciência cristã, imaginamos que essa oração deveria tersido feita antes, pedindo perdão a Deus pelo desejo de se corrompere a graça para livrá-los de praticar esse mal. Logo, a oração pararesistir à tentação de participar daquele ato corrupto era a oraçãoque Deus esperava escutar. Se, todavia, eles oraram pedindo perdãoa Deus por serem falhos e imperfeitos, deveriam ter demonstradoisso ao devolver o fruto da sua propina e desistir da sua vidacorrupta, o que de fato não aconteceu.A fé genuína produz arrependimento, porque provém da graçae está alicerçada sobre os valores absolutos da Palavra de Deus.assim, o crente sincero reconhece quando fere algum desses valores.Certamente, é preciso crer primeiro para que possamos nosarrepender. Como reconheceremos o nosso pecado se não cremosque existe um Deus contra o qual pecamos? Como vamos nosarrepender se não cremos na Palavra de Deus que nos mostra quesomos pecadores? A fé precede o arrependimento, mas tanto umquanto o outro partem de Deus e são produzidos em nós por Ele.Conforme escreveu o apóstolo Paulo: “Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade deDeus é que te conduz ao arrependimento?” (Rm 2:4). É o EspíritoSanto que move o nosso coração e nos aproxima de Deus (Jo 16:8).Sem Ele, o homem não teria fé, a não ser a fé religiosa, natural, quenão produz no coração do perdido o verdadeiro arrependimento, masum mal estar por ferir princípios éticos, mesmo que sejam aquelesbíblicos. O que Deus espera de nós é que a nossa fé nos leve areconhecer o nosso pecado e isso nos conduza ao arrependimento. Oapóstolo Paulo prossegue no mesmo texto: “Mas, segundo a tuadureza de coração, acumulas contra ti mesmo ira para o dia da ira eda revelação do justo juízo de Deus” (v. 5; cf. At 3:19,20). Estamossujeitos a pecar, como os deputados pecaram, mas em vez deagradecer a Deus pela vantagem conseguida pelo pecado,precisamos nos arrepender, abandoná-lo e não pecar mais. O poderda fé nos leva ao arrependimento.Alguns tipos de fé que não estão fundamentados na Bíblia,levam em conta apenas o perdão de um Deus misericordioso, sematentar para o fato de que essa misericórdia tem prazo de validade.Embora Deus de fato perdoe o pecador arrependido e confesso, Elepróprio “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo comjustiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante detodos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17:31). Por isso, ochamado de Deus é para o arrependimento (v. 30). O problema dessetipo de fé que não gera arrependimento é que aqueles que delafazem uso não se enxergam enfermos para que busquem a cura.Talvez eles nunca tenham sido apresentados ao diagnóstico de Deus,que diz que todos pecaram (Rm 3:23; Lc 5:31,32). Sem conhecer adoença, como buscar o antídoto? A grande maioria das pregaçõesatuais esconde esse diagnóstico. Parece que quem está doente éDeus, carente da nossa fé, da nossa atenção, do nosso amor. Mas,como lemos em Ezequiel 18:30-32, a doença do pecado está em nós,do qual devemos nos afastar e desviar. Assim escreveu o profeta:“Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus.Portanto, convertei-vos e vivereis” (v. 32). A fé eficaz que nos é dadapor Deus, leva-nos a orar como Davi: “Lava-me completamente daminha iniquidade, e purifica-me do meu pecado. Pois eu conheço asminhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim”(Sl 51:2,3). Capítulo 4O PODER DA OBEDIÊNCIA “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazei o que vos mando?(Lucas 6:46) O poder da fé também envolve a obediência. Os demônioscreem em Deus, Satanás conhece mais o conteúdo da Bíblia do quemuitos crentes sinceros. A diferença está em quem tem aoportunidade e a capacidade dadas por Deus para obedecê-lo. Sópodemos expressar uma fé obediente porque o Espírito Santo nosestimula a isso; do contrário, ficaremos apenas com a crença numadivindade, como existem tantas espalhadas pelo mundo. Portanto, aocrer, precisamos obedecer, o que nos levará a agir de modo diferentede Adão (Rm 1:5). Jesus deixou bem claro que aqueles que o amam,guardam os seus mandamentos (Jo 14:15). Aqueles que foramlibertos do pecado, vivem para obedecer a Deus de coração (Rm6:17) e não se deixam enredar pela mentira (Gl 5:7). Seguir a Jesussignifica obedecer aquilo que Ele ordenou, guardar a sua Palavra,fazer a sua vontade e imitá-lo. Muitas pessoas estão com um pé naigreja e outro no mundo, oram nos cultos de domingo e frequentambares durante a semana; louvam a Deus na igreja e ouvem músicasdo mundo em suas casas. Não falamos aqui de pecados acidentais,dos quais o cristão verdadeiro se arrepende amargamente no Senhorpor ter sucumbido, mas de um estilo de vida pecaminoso que emnada lembra o caráter de Cristo, de vícios emanias que nãodeveriam fazer parte da vida cristã, incluindo palavrões. Tanto se fala e se prega sobre o poder da fé, sobre acapacidade de mover montanhas, atrair bênçãos e operar milagres.Pouco se fala, entretanto, do poder da obediência que a fé trazconsigo, capaz de realizar muitos milagres em casamentos falidos enas relações entre pais e filhos. Obedecer a Deus na administraçãocorreta das nossas finanças faz mais sentido que participar de campanhas mirabolantes e antibíblicas para a conquista da “unçãofinanceira”. Se obedecemos a Deus, isso reflete na nossa relação comas pessoas. Honrar os pais e respeitá-los é uma atitude obediente.Ser um bom estudante e cumprir suas obrigações como tal, tambémdemonstra obediência. Também na vida profissional, tanto na lidacom os empregados como do empregado com o patrão, a obediênciase faz presente. Ela também se encontra nas relações entre osmembros da Igreja, inclusive na obediência aos líderes, comoescreveu o autor de Hebreus: “Obedecei aos vossos guias e sedesubmissos a eles” (Hb 13:17; cf. v. 7; Fp 2:12,19; 1 Ts 5:12,13; 2 Ts3:14; 1 Tm 5:17; 1 Co 16:16).Obedecer não é uma concessão, mas um mandamento, umaordem, e o seu cumprimento ou não mostra de que lado de fato nósestamos. É pertinente falar da separação de termos que muitosfazem na sua conversão: Jesus como “Salvador” e Jesus como“Senhor”. O primeiro é pregado abundantemente, acima de tudo naTeologia da Prosperidade. Todavia, não é o Cristo que salva o ímpioda ira vindoura de Deus, mas de uma vida derrotada efinanceiramente miserável. Esse Jesus pretende restaurarrelacionamentos, não pelo poder da obediência a Deus que gerasantidade de vida e amor fraternal, mas por uma fé mágica que dizque “crente não pode sofrer”. Esse “Salvador” dá emprego, fazempresas alavancarem, destrói os espíritos de todas asenfermidades, inclusive o “espírito da morte”, e pode ser acessadoatravés de amuletos (objetos ungidos) e mantras evangélicos. EsteJesus fest food é vendido nas esquinas e nos templos suntuosos e,como um grande apresentador de realit show, oferece recompensasàqueles que cruzarem a linha de chegada da fé – recompensas, claro,materiais.Mas e o Jesus Senhor? O Jesus Salvador – dos pecados – étambém Senhor. Ele morreu na cruz para nos salvar dos nossospecados, dar-nos uma vida abundante aqui na terra – afinal, o Reinode Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo – e nos levar emsegurança para o seu lar celestial. Mas Ele não somente salva opecador, como também quer ser Senhor dele. É algo que não deveser desassociado: salvação e senhorio. Pelo fato de crermos emCristo como nosso Salvador, Ele necessariamente precisa ser oSenhor da nossa vida, ditando as regras, assumindo o controle dasnossas escolhas e decisões, com poder para nos repreender quandoincorremos em alguma falta e amor para nos perdoar quando nosarrependemos. Ele deve estar com as mãos no leme da nossaembarcação, dirigir o nosso coração, renovar a nossa mente. Quemtem este Jesus-Salvador-Senhor, não vive mais na prática do pecado,mas entende que precisa obedecer, não por constrangimento ouobrigação, mas por prazer e boa vontade. E será isso que decidirá seestamos ou não no caminho de Jesus. São poucos os que aceitamtrilhá-lo quando encontram na entrada a necessidade de obedecer. Mas quando obedecem, demonstram na prática o verdadeiro poderda fé.O motivo principal para a nação de Israel viver debaixo da irade Deus, sofrer diversas invasões de povos gentílicos e tambémcativeiro, foi a sua desobediência. Desde a sua libertação daescravidão do Egito, o povo demonstrou possuir um coraçãoobstinado em fazer aquilo que Deus não aprovava, ao praticar todasorte de males e entregar-se à idolatria. Deus fala a respeito do seupovo, em Deuteronômio 5:29: “Quem dera que eles tivessem talcoração, que me temessem e guardassem em todo tempo todos osmeus mandamentos, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos,para sempre”. Muitos cristãos vivem em pecado obstinado comofazia o povo de Israel, cultuam a Deus de maneira religiosa,cumprem rituais e liturgias, mas sem ter o coração realmente voltadopara o Senhor. Samuel afirmou a Saul após a sua desobediência,quando este não esperou pelo profeta e ofereceu sacrifícios a Deusantes que ele chegasse: “Tem, porventura, o Senhor tanto prazer emholocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra?Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhorque a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22). Se a fé não geraobediência a Deus, ela é apenas uma credulidade, a crença em umadivindade impessoal que não se relaciona com o fiel nem lhe cobracompromisso moral algum.A fé que Deus espera de nós se demonstra por meio de umavida santa e submissa. Não seremos reconhecidos como discípulos deJesus apenas no templo, nas nossas orações em oculto, nos nossosdízimos e ofertas, mas no nosso comportamento diante da Igreja e domundo, ao demonstrarmos que de fato Cristo é o Senhor da nossavida. O próprio Senhor Jesus declarou: “Por que me chamais Senhor,Senhor e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6:46). Não bastadeclarar-se cristão, é preciso viver como tal. Não basta ter a Bíbliacomo regra de fé e prática, é preciso praticá-la (cf. Mt 5:19, Js 1:8; 1Jo 5:3). Como escreveu Tiago: “Tornai-vos, pois, praticantes dapalavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tg1:22). A vontade de Deus para os seus filhos é que eles o obedeçame, assim, demonstrem que realmente fazem parte da sua família, queforam alcançados por sua graça e que, por isso, sentem prazer emcumprir seus mandamentos. O apóstolo Pedro registrou em suaepístola aquilo que deve ser como um anseio para o coração docrente: “Como filhos da obediência, não vos moldeis às paixões quetínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo ésanto aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmosem todo o vosso procedimento, porque está escrito: Sede santos,porque eu sou santo” (1 Pe 1:14-16). Quem nós éramos como filhosda desobediência, deve ser deixado para trás, para que a nossa novaidentidade em Cristo de filhos da obediência transforme diariamenteo nosso caráter e nos santifique para que sejamos conforme aimagem daquele que chamamos de Senhor (Ef 2:1-3; 4;17; 5:6-8; Cl 3:7; 1 Co 6:11). Precisamos ter a mente renovada e assim nãofazermos mais a nossa vontade, mas a de Deus (Rm 12:2). Isso é fé!Isso é poder! Capítulo 5O PODER DA QUEBRA DEPARADIGMAS “Ouviam somente dizer: Aquele que, antes, nos perseguia, agora, prega a fé que, outrora, procurava destruir.”(Gálatas 1:23) Um paradigma (gr. paradeigma) é um exemplo típico, omodelo de algo, um padrão a ser seguido. Eles podem serindividuais, estabelecidos pelo próprio indivíduo sobre aquilo que émais importante para ele, seu conjunto de crenças, sua cosmovisão.Um monge budista terá paradigmas diferenciados de um empresárioenvolvido num grande escândalo financeiro. Uma criança que padecenas ruas terá uma cosmovisão bastante divergente daquela querecebe tudo em suas mãos de maneira rápida e abundante. Oparadigma também pode se referir a normas gerais de um grupo,que determinam a sua natureza e o seu padrão de comportamento,ao estabelecer limites de como um indivíduo devem agir dentrodesse grupo. A sociedade possui inúmeros paradigmas, como as leis,por exemplo. Desde torcidas organizadas de futebol, as empresas, asfamílias e qualquer outro tipo de ajuntamento humano para um fimespecífico e comum, todos possuem paradigmas, modelos, padrõesque se espera que todos sigam e que conduzem os indivíduos a umcomportamento esperado e aceitável. Espera-se que um professorsaiba ensinar e um neurocirurgião faça umacirurgia com êxito.Espera-se que os políticos sejam honestos e que os pastores sejamhomem piedosos. Espera-se que os pais saibam educar os seus filhose os filhos obedeçam os seus pais. Geralmente, os paradigmasindividuais refletem aqueles apreendidos através da convivênciacoletiva.A vida cristã também possui os seus paradigmas, determinadospor Deus na sua Palavra. São padrões de fé e comportamento queDeus estabelece para nós e que espera que andemos neles. Antes desermos convertidos, os nossos paradigmas eram ditados exclusivamente por nossa natureza pecaminosa e pelos padrõesmorais distorcidos estabelecidos pelo mundo caído. Essesparadigmas produziam efeitos na nossa vida: a morte (Rm 6;23), aausência da glória de Deus (Rm 3:23), a impureza moral (Is 64:6), aescravidão do pecado (Jo 8:34; Rm 7:14-17), a filiação diabólica (1 Jo3:8). Em Romanos 3:10-18, o apóstolo Paulo resume bem quaisparadigmas compunham nossa existência antes de sermosalcançados pela graça salvadora de Deus, padrões pervertidos quenos afastavam do centro da vontade do Pai e nos lançavam numaviagem de morte espiritual. Paulo escreve: “Naquele tempo queresultado colhestes? Somente as coisas que agora vos envergonhais;porque o fim delas é a morte” (Rm 6:21). Paradigmas humanosconduzem indubitavelmente à continuidade da morte espiritual naqual nascemos.Ao nascer de novo, o cristão recebe uma nova natureza, comnovos paradigmas, com padrões de comportamento santos e divinos.O mesmo Paulo prossegue em sua epístola: “Agora, porém, libertosdo pecado [o velho paradigma], transformados em servos de Deus,tendes o vosso fruto para a santificação [o novo paradigma], e porfim a vida eterna; porque o salário do pecado é a morte[consequência do velho paradigma], mas o dom gratuito de Deus é avida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor [promessa do novoparadigma]” (Rm 6:22,23; os colchetes são meus). É impossível,portanto, falar de fé sem falar de transformação. Uma vez iluminadospela fé em Cristo, somos cheios com o Espírito Santo e elevados a umnovo patamar de existência, onde a nossa velha natureza será aospoucos aniquilada pelo processo da santificação. Este é um indicadoreficaz para medirmos a qualidade da nossa fé, se ela é verdadeira oufalsa, não o termos as nossas orações atendidas ou tomarmos possede bênçãos e milagres. Na verdade, em momento algum a Palavra deDeus coloca “ser abençoado” como um paradigma para um crente defé. A verdadeira fé envolve a quebra dos paradigmas impostospela nossa natureza pecaminosa e pelo mundo; evolve atransformação da estrutura do nosso caráter. O apóstolo Paulo é umexemplo daquilo que a fé em Jesus Cristo pode fazer com o pecador.A sua vida obteve uma mudança integral, que redirecionou os seuspensamentos e os seus atos, deu-lhe um novo propósito à sua fé.Quando cremos em Jesus, passamos a enxergar e viver do ponto devista de Deus, sob paradigmas santos e eternos. Aquele que está emCristo, é uma nova criatura (2 Co 5:17) e por isso não vive mais naprática do pecado (1 Jo 3:16). Como seres carnais, levaremos aindaas marcas do velho paradigma em nós; todavia, somos convocados anos deixar encher pelo Espírito Santo para que nos tornemoscapazes de viver o novo e não permitir que o velho padrão decomportamento se apodere da nossa carne (Ef 5:15-21; Rm 13:14).A fé é transformadora e nos leva a crescer como filhos de Deus.Ela denuncia a incapacidade do homem em se aproximar de Deus pelos seus próprios méritos e esforços. Logo, a própria fé não é umapropriedade nossa, um poder incomum que temos de acreditar emDeus, mas um dom que Ele nos dá para que possamos crer nele eviver de modo digno dessa crença (Rm 4:16). A fé do cristão não estáapoiada na sabedoria humana, mas no poder de Deus (1 Co 2:4,5).Este poder anula sofismas, quebra as cadeias da nossaincredulidade, rompe as barreiras do nosso racionalismo frio e nosmostra o sobrenatural. As nossas filosofias e crenças, os nossos mitose sonhos são questionados pela fé e abalados pela certeza de que averdade nos liberta e nos posiciona corretamente diante de Deus eda sua Palavra. Não é possível ter fé e continuar pensando e vivendoas mesmas coisas, os mesmos paradigmas. Se a fé não nos tornarpessoas diferentes e melhores, não veio de Deus (2 Co 5:17; Gl 2:20;6:15; Ef 4:22-24; Cl 3:9,10; Is 43:18-19). Capítulo 6O PODER DOCOMPROMISSOINCONDICIONAL Então, ele respondeu: Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.”(Atos 21:13) O mundo religioso atual é representado por umcrescimento vertiginoso no número de pessoas que se denominamcristãs, principalmente evangélicas e, acima de tudo, pentecostais eneopentecostais. Isso deveria nos animar bastante, porque nadamelhor do que saber que as pessoas abandonam a sua vida depecados para se entregar a Cristo pela fé. Quando olhamos mais deperto, porém, percebemos que a fé que esses crentes abraçam poucoou nada tem a ver com a fé evangélica, bíblica, salvadora esantificadora. Ela não se baseia no arrependimento de pecados nemaponta para a eternidade, mas procura atender a um apelo domundo, que clama por soluções imediatas e práticas para os seusproblemas, por promessas de bênçãos, milagres e vitórias. Oresultado disso é uma fé totalmente desconectada da Bíblia epraticamente isenta de qualquer compromisso religioso, moral eprático com o Evangelho de Cristo. A razão clara para esse tipo de féé que ela não provém de Deus, não é despertada pelo Espírito Santo,não produz o novo nascimento e é estritamente egocêntrica.Entretanto, é essa a fé pregada como poderosa nos meios cristãos.A verdadeira fé cristã poderosa é genuinamente militante.Embora existam pessoas que se dediquem mais do que outras à obrado Senhor e ocupem cargos dentro da Igreja (pastores, diáconos,mestres, etc.), não existe o termo “cristão leigo” disseminado pelocatolicismo romano. Todos nós fomos salvos pela graça de Deus e separados para as boas obras (Ef 2:8-10). Os dons do Espírito sãodistribuídos para a edificação do corpo, de modo que todo crentegenuíno possui ao menos um dom para capacitá-lo na obra do Senhor(1 Co 12). Aquele que tem fé em Deus, é comprometido com a suaPalavra e a sua obra; comprometido com a ética e os valores do seuReino; comprometido com a proclamação do Evangelho de formaintegral. É um compromisso incondicional com aquilo que cremos(Fp 1:27). Esse comprometimento ultrapassa as barreiraseclesiásticas e se estende a todas as áreas da nossa vida e aos nossosrelacionamentos; ele transforma a nossa maneira de enxergar a vidae lidar com ela. Compromisso com a fé traz nova visão de Deus, das coisas, domundo e das pessoas, e uma maneira diferente de lidar com todoseles. Quem tem compromisso com Deus, tem compromisso com averdade, a honestidade, a justiça, a fidelidade, a solidariedade, aoração, o amor, o evangelismo, a santificação diária. Sercomprometido com a fé envolve obediência, como foi dito. Um dosprimeiros frutos da fé comprometida e obediente é a fidelidade aDeus (1 Co 4:2). Muitos afirmam a sua crença em Deus, oram eesperam dele respostas às suas orações, buscam-no nos momentosde desespero, mas não são fiéis a Ele nem à sua Palavra. Podemosver através da vida de Cristo o seu compromisso com a missão que oPai lhe confiou (Jo 4:34; 6:38), e também nos atos dos seus discípulosdescritos no livro de Atos dos Apóstolos. A fé de Paulo produzia essecompromisso, ao ponto de a sua vida não valer nada diante damagnitude da obra que o Senhor lhe conferira (At 20:24). A fé só temsentido quando vivida em toda a sua intensidade por amor a Cristo.Sem compromisso verdadeiro não há fé.Muitos daqueles homens e mulheres que seguiam a Jesus nãoestavam dispostos asegui-lo até as últimas consequências. EnquantoJesus seguia com seu ministério itinerante, alguém lhe declarou:“Seguir-te-ei para onde quer que fores” (Lc 9:57). O Senhor Jesus,que sondava mentes e corações e não se deixava levar pela aparênciados atos e das falas de quem se aproximava dele, com certezaconhecia as intenções do coração daquela pessoa e as suasfraquezas. Então lhe disse: “As raposas têm seus covis e as aves docéu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça”(v. 58). Outro que estava ali foi mais sincero ao responder aochamado de Jesus: “Permite-me ir primeiro sepultar meu pai” (v. 59).Ainda outro achava que qualquer coisa vinha em primeiro lugarantes de seguir a Jesus (v. 61). O Senhor então declara: “Ninguémque, tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reinode Deus” (v. 62). O investimento que fazemos no Reino de Deus nãocomporta preocupações com as coisas deste mundo neminvestimentos naquilo que nos afastam da natureza deste Reino. Nãopodemos seguir adiante na nossa fé com o desejo de voltar atrás.Quem não escolhe totalmente a Deus, significa que, na verdade,jamais o escolheu; logo: não foi escolhido por Ele ou ainda carece de conversão. Quem se envolve na obra de Deus preocupado com o quedeixou para trás, na verdade nunca se envolveu de fato. O nossocompromisso com Deus é total e incondicional. Capítulo 7O PODER DA COERÊNCIA “Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque eles dizem e não fazem.”(Mateus 23:1-12) O texto bíblico supracitado revela uma preocupação doSenhor com relação à fé dos fariseus. Se os discípulos deveriam ouvira guardar tudo aquilo que aqueles religiosos lhes diziam, significaque o que eles diziam era o correto. Havia, entretanto, umadesconexão entre a fé que os fariseus professavam e a suaespiritualidade prática: eram incompatíveis. Ao falar a respeito dosjudeus, o apóstolo Paulo também revela uma incoerência religiosaentre fé e prática. Aqueles homens se gloriavam porque eram judeus,porque possuíam a Lei e os profetas; entretanto, o seucomportamento divergia da Lei que defendiam e dos profetas quepregavam (Rm 2:17-24). Paulo os questiona: “tu, pois, que ensinas aoutrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se devefurtar, furtas? (...) Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pelatransgressão da lei?” (vs. 21,23). Em sua epístola, Tiago tambémrevela a preocupação com uma fé cristã coerente, ao afirmar que “afé, se não tiver obras, por si só é morta” (Tg 2:17). Aqui percebemosa fé como algo vivo e que produz vida; algo dinâmico, como umachama que produz calor de maneira natural e espontânea. Chamaque não aquece, não é chama. Desse modo, a fé coerente produzobras, a começar pela obra interior, a mudança de comportamentodaquele que crê em Cristo Jesus.Que poder é esse que tantos crentes buscam na fé que não écapaz de transformar as suas vidas? Uma alma não precisa de ummilagre, mas de arrependimento e conversão. Uma vez convertida,ela carece de uma fé que se legitima na expressão de uma vidacoerente, compatível com o caráter do Senhor que a resgatou. Se afé é um mecanismo de transformação pessoal em que a nossa antiganatureza dá lugar a uma criação nova efetuada pelo Espírito Santo,todas as nossas ações devem ser coerentes com essa fé. Se perguntarmos à maioria das pessoas, acima de tudo no Brasil, onde afé cristã é professada pela maior parte da população, elas dirão quecreem no Deus da Bíblia e em Jesus Cristo. Algumas afirmarão queDeus está com elas, que acreditam no Evangelho e seguem seusensinamentos. Todavia, sem uma conversão genuína operada pelagraça de Deus, é impossível estar em Cristo, de modo que a práticade fé destas pessoas não será coerente com aquilo que a Bíbliaensina. O Senhor Jesus censurou a atitude dos fariseus e aconselhouseus discípulos a que não os imitassem em sua religiosidadeaparente. Eles criam em Deus e nas Escrituras, mas não haviacoerência entre a fé professada e a sua prática. Além disso,cobravam das pessoas atitudes que eles mesmos eram incapazes depraticar. O cristão genuíno não pode agir de maneira contráriaàquilo que crê e prega (1 Tm 1:19; 3:9; Hb 10:22). Quando acreditamos em Deus, temos de abrir mão de tudoaquilo que contraria essa crença, seja na teoria (a nossa teologia) ouna prática (as práticas resultantes dessa teologia); do contrário,seremos hipócritas (Mt 10:37). A árvore é conhecida pelos frutos.Por mais que a nossa declaração de fé esteja coerente com aquiloque a Bíblia ensina, o que cremos será visto por meio das nossasatitudes, do nosso comportamento (Lc 6:43-45). Uma coisa édeclarar que cremos em Deus, aceitar a Jesus e nos considerarmossalvos; outra coisa é esta salvação ser legitimada na nossa vidaprática. Fé gera arrependimento e este é verificado por meio defrutos dignos (Mt 7:8). É preciso arrancar as máscaras e abandonaros personagens da religiosidade, de modo a mostrar a nossaverdadeira identidade e assumir uma nova identidade em Cristo.A fé em Jesus nos chama à coerência com o nosso chamado.Paulo afirma que fomos chamados à liberdade (Gl 5:13). Alguémpode pensar que o fato de ser livre o autoriza a viver de formaindividualista essa liberdade, investindo naquilo que achar ser omelhor para si. O que devemos questionar é a natureza e o propósitodessa liberdade, o que nos levará a Jesus, que nos libertou daescravidão do pecado (Jo 8:34-36). Logo, a nossa liberdade é limitadapela graça de Deus em Cristo, que nos torna livres para fazer o que écerto, para amar e servir a Deus, algo que era impossível quandoainda estávamos escravizados pelo pecado. Desse modo, ela não devedar ocasião à carne, como vemos na epístola aos Gálatas (5:13,14),mas devemos ser servos uns dos outros em amor. Ora, tudo o quenão provém do amor é pecado. Aquilo em que cremos deve ser vividode maneira coerente. Como dizemos cumprir a lei de Deus se nãovivemos no amor quando este é o cerne de toda a Lei (v. 14)? Asituação da igreja da Galácia há tantos séculos é parecida com a denossas denominações hoje, onde as pessoas se mordem e se devorampelos motivos mais estranhos e sórdidos (v. 15).Aquilo que éramos e fazíamos no passado – a impiedade e aspaixões mundanas – deve ceder seu espaço a uma vida justa epiedosa, enquanto aguardamos a bendita esperança da volta do Senhor (Tt 2:12). Paulo mostra a Tito que isto só é possível porque agraça de Deus se manifestou salvadora a nós (v. 1) e porque fomosremidos de toda iniquidade e purificados como povo exclusivo, zelosode boas obras (v. 14). Como viver de modo incoerente com isso? Oapóstolo João escreveu: “Filhinhos, não amemos de palavra, nem delíngua, mas de fato e de verdade” (1 Jo 3:18). Quando existecoerência entre aquilo que falamos ou pregamos e aquilo quevivemos, podemos tranquilizar o nosso coração na certeza de queestamos cumprindo o mandamento do Senhor (vs. 19 e 23), nasegurança de vivermos o poder da fé. João conclui: “E aquele queguarda os seus mandamentos permanece em Deus, e Deus nele. Enisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que nosdeu” (v. 24). E não é por acaso que o fruto desse Espírito é o amor(Gl 5:22). Logo, a nossa fé deve nos conduzir a uma vida coerente,onde o nosso caráter é transformado e isso é percebido através daprática do amor. Se o amor está ausente de nós, a nossa fé é vã ementirosa. Que pode, então, esperamos ter? Capítulo 8O PODER DA RENÚNCIA “Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente.”(Tito 2:12) Quando se fala no poder da fé, este está geralmenteligado aconquistas, a obter algo, ganhar ou receber alguma coisa daparte de Deus. Ou seja: a fé agrega bênçãos à vida do crente. Quempoderá pregar sobre a fé que tira algo de nós, que nos leva a abrirmão, inclusive de pessoas, coisas, situações, projetos e sonhos quejulgamos tão importantes? O princípio mais básico da fé cristã é crerem Jesus Cristo e segui-lo. Ao ver a multidão que o apertava, oSenhor declarou: “Se alguém vem a mim e não aborrece a seu pai,mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs e ainda a sua própria vida,não pode ser meu discípulo” (Lc 14:26). A fé no nosso Senhorenvolve tomar a nossa própria cruz para segui-lo (v. 27). Essa cruznão pode ser carregada enquanto não conseguimos nos soltar dasamarras do mundo, enquanto não somos capazes de abrir mão dabagagem do pecado. A notícia que deve nos animar é que a fésalvífica é um dom que nos é dado graciosamente por Deus (Ef2:8,9). Ela nos capacita a tomar essa cruz, a renunciar tudo o que énecessário para seguirmos o Senhor. Essa fé poderosa transforma anossa vontade e nos faz desejar o que é da vontade de Deus, não danossa.O que impede muitos de abraçarem a fé cristã é a necessidadeda renúncia para seguir a Jesus. Quando certo homem indagou oSenhor sobre o que deveria fazer para entrar na vida eterna, Eleafirmou ser necessário guardar os mandamentos. O homem alegouque sempre fizera isso. Mas Jesus sabia que algo faltava na sua vida,que ele não havia se entregado a Deus por completo. Então lhe disse:“Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nocéu; então, vem e segue-me” (Mc 10:17-22). Diante de tal desafio, ojovem recuou e retirou-se frustrado da presença do Senhor, porque era dono de muitas riquezas. Aquele jovem tinha fé em Deus, seguiaos seus mandamentos, mas não estava disposto a renunciar àquiloque para ele era mais precioso. Um tesouro no céu não compra bensdeste mundo, e era isso que ele tanto apreciava. Os discípulos deJesus, pelo contrário, renunciaram a tudo para segui-lo (Mc 10:28-30) e foram recompensados com uma vida abundante na terra, quetambém era uma vida eterna nos céus. A afirmação de Jesus de que ao vender os seus bens e doá-losaos pobres aquele homem teria um tesouro no céu, mostra-nos que oque realmente importa são as coisas espirituais, os bens celestiaisguardados para aqueles que têm fé. O que evita que muitos vivamem Cristo é justamente o seu apego àquilo que é terreno, seja aopecado ou aos bens materiais. O imediatismo da vida impede quemuitos aceitem a esperança de bênçãos no porvir, esquecendo-se davida em abundância que Jesus nos prometeu (Jo 10:10). Ele nos disseque a nossa vida não consiste na abundância dos bens que possuímos(Lc 12:15). Paulo nos ensinou que devemos buscar as coisas que sãodo alto (Cl 3:1). A fé não pode estar fundamentada naquilo que éterreno, que traz ansiedade e preocupação, mas no Reino de Deus(Mt 6:33). Se não pudermos de abrir mão daquilo que tem roubado anossa paz e nos impedido de caminhar com Cristo, a nossa fé seráinfrutífera, será mera religiosidade. E se estamos na igreja,frequentamos os cultos e participamos de campanhas de oração como intuito de atrair do céu o que nos prende à terra, certamente anossa fé é mentirosa, do tipo que não salva e que nos lança noinferno. O crente não deseja subir até o céu na sua fé paraconquistar bênçãos terrenas, mas para gozar da presença do Senhor.As bênçãos, Ele acrescenta conforme a sua vontade.FFFFFFFFFFFFFFGIsso é o que faz a renúncia ser algo tãodifícil. Muitos crentes possuem uma fé capaz de transportar o monteEverest, fazer um mudo falar ou tetraplégico se locomovernovamente. Eles creem fielmente nas bênçãos do Senhor, naspromessas bíblicas, na sua vitória; mas a sua fé não é capaz de levá-los a renunciar aquilo que é necessário, porque envolve abrir mão desi mesmos e da sua própria vontade. No livro do profeta Daniel,temos o exemplo do rei Nabucodonosor. Diante da arrogância do reiem rejeitar a Palavra do Senhor que o advertia contra o seu pecado,Deus o destituiu do seu reinado (4:27-31). Por não reconhecer aDeus como Senhor absoluto de tudo aquilo que estava em suas mãos,Nabucodonosor passou a viver nos campos como um animal, até queviesse a compreender que nada nem ninguém é coisa alguma diantedo Todo-poderoso (vs. 33-36). Renunciados a sua prepotência e seuegocentrismo, ele declarou: “Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo,exalto e glorifico o Rei do céu; porque todas as suas obras sãoverdadeiras, e os seus caminhos justos, e pode humilhar aos queandam na soberba” (v. 37). A restauração de Nabucodonosor sóaconteceu quando ele atendeu a voz do Senhor e renunciou aos seuspecados (v. 27). Quem nos convence e nos capacita para abrirmos mão da nossasoberba e para reconhecermos o poder que está acima de nós é oEspírito Santo. Podíamos bem resumir o pecado como “a atitude decolocar-se acima de Deus”, pois todas as vezes que pecamos, Deusnão está sendo o principal na nossa vida (cf. Hb 6:1). Na epístola aosEfésios, somos exortados por Deus a renunciar à nossa vida passada,despojando-nos do velho homem que não o agrada, com todos osseus pecados (Ef 4:22), o que envolve uma disposição mentalcorreta, renovada (v. 23). A razão da renúncia não está apenasnaquilo que devemos a Deus, mas na necessidade de nosrelacionarmos com os outros de forma verdadeira (v. 25). A mesmagraça de Deus presente em nós, que nos salvou, educa-nos arenunciar a impiedade a as paixões mundanas, de modo que somenteassim possamos viver neste mundo de forma santa, justa e piedosa(Tt 2:11,12). Desse modo, ter fé não significa apenas crer e esperar,mas envolve atitudes coerentes com a natureza dessa fé – Deus –, oque nos leva a renunciar a tudo aquilo que vai contra essa natureza.Isso nos impulsiona a uma vida santa e justa e crucifica-nos na cruzpara que vivamos tão somente para Cristo. Capítulo 9O PODER DA GRATIDÃO “Rendei graças ao Senhor, porque ele é bom, porque a sua misericórdia dura para sempre.”(Salmo 118:29) A gratidão é um ingrediente importante da fé. A fé nosleva a buscar em Deus respostas, auxílio, proteção, bênçãos,orientação, sua vontade. A gratidão é a resposta do coração queencontra a vontade de Deus, que a reconhece e que se alegra com asua resposta, mesmo quando esta é um não. Somos gratos, acima detudo, pela salvação que nos foi outorgada por Cristo na cruz doCalvário, quando Ele nos imputou a sua justiça para que vivêssemospara Deus. Muito mais do que aquilo que Deus fez por nós – e faztodos os dias, quando nos mantém salvos, mesmo com todos osnossos pecados –, somos gratos porque Ele é Deus, simplesmente. Éimpossível sair da sua maravilhosa presença sem experimentar osentimento de gratidão, sem sentir arder no coração um hino de açãode graças pela sua Majestade altíssima. É impossível viver o poderda verdadeira fé sem admitir que tudo o que somos e temos vem delee é para Ele, o que deve nos manter sempre agradecidos, porque,apesar de não merecermos, Ele é tudo para nós.O livro de Salmos está repleto de belas declarações de ações degraças a Deus pelo seu amor, livramento, misericórdia, proteção,auxílio, salvação, suas obras. O Salmo 118 é um Salmo de ação degraças pela misericórdia eterna do Senhor. Nele, a fé do povo deDeus se manifesta por meio da gratidão e da alegria de poder ir àsua Casa para adorá-lo. Nas pregações de hoje, muito se fala sobreas promessas de Deus, sobre como tomar posse delas, sobreprosperidade financeira, batalha espiritual, curas milagrosas,expulsão de demônios causadores de toda sorte de males; e existeum culto especial para cada uma dessas coisas. Todavia, não se falade gratidão a Deus pelas bênçãos alcançadas ou simplesmente pelaprópria existência e salvação. E não se ouve falar em cultos degratidão a Deus. Um coração alcançado peloSenhor é antes de tudo um coração agradecido, que reconhece a misericórdia de Deus e asua maravilhosa graça em todos os momentos da sua vida.Um dos grandes frutos de uma fé grata a Deus é a alegria.Como olhar para Deus e para as suas obras sem sentir alegria? Aofalarmos assim, podemos imaginar aquela fé que se alegra porenxergar o sobrenatural de Deus e ter a certeza de que tudo darábem. Mas a alegria do crente deve ir mais além, o que pode significarver na situação aqui e agora, tangente e visível, motivos para sealegrar, mesmo que tudo esteja desértico. Uma das maioresexpressões de uma fé grata está em Habacuque 3:17-19, onde lemos:“Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produtoda oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhassejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia,eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. O SenhorDeus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e mefaz andar altaneiramente”. Não importam as circunstâncias, pois oSenhor nos conduz acima delas, não no sentido de nos livrar dosproblemas, mas de nos garantir a vitória mesmo nas maioresadversidades. Tiago escreveu algo que representa um contraponto àspregações modernas que tentam isentar o crente de qualquer dor esofrimento: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria opassardes por várias provações” (Tg 1:2). As nossas provaçõessempre têm um fim proveitoso (vs. 3,4). Em Romanos 8:37-39, oapóstolo Paulo demonstra a mesma fé esperançosa no Senhor,porque nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está emCristo Jesus, nosso Senhor. Se você tem essa confiança e essaesperança; se o seu coração transborda de gratidão pelo cuidado doSenhor, você tem fé.O coração que não é agradecido, alimenta a ingratidão edemonstra que de fato considera Deus apenas um banco de bênçãos.Em Cristo, somos chamados a dar graças em todas as circunstâncias,porque Deus é bom e misericordioso (1 Ts 5:18; Sl 107:1; 100:1-5;50:23; 1 Cr 16:34). Muitos afirmam crer em Deus, dizem que oconhecem, mas não lhe rendem graças nem o glorificam (Rm 1:21).O coração agradecido se lembra de todos os feitos do Senhor e nãose esquece dele no momento da aflição; antes, sente-se agradecido eesperançoso. Paulo nos exorta a sermos agradecidos em tudo aquiloque fizermos (Cl 3:17). Ele próprio era um homem de coração grato(Ef 1:16). A gratidão está ligada à nossa adoração, aoreconhecimento daquilo que o Senhor nos tem dado, não somente asbênçãos terrenas e passageiras, mas, acima e antes de tudo, o Reinocelestial (Hb 12:28; Ef 5:20; 1 Tm 2:1). A graça de Deus em Cristoredunda em ações de graça por meio de muitos para a glória de Deus(2 Co 4:15). Se temos fé, somos gratos; se não somos gratos, a nossafé precisa de uma urgente santificação. Capítulo 10O PODER DO TESTEMUNHO “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda Judeia e Samaria e até aos confins da terra.”(Atos 1:8) Quem pode negar que, a despeito das suas limitações, osapóstolos do Senhor Jesus eram homens de grande fé? Vemos a suafé se manifestar de diversas formas, o que inclui a operação demilagres e a expulsão de demônios. Mas a raiz do chamadoapostólico não estava na realização de prodígios; estes eram apenassinais do seu apostolado, detalhes da sua missão verdadeira:testemunhar do Evangelho. Recebereis “poder” para ser“testemunhas”. A fé não existe sem testemunho. Os apóstolos criamem Jesus, mas, ainda assim, permaneceram ocultos, até que do céuveio o revestimento de poder do Espírito Santo e eles passaram atestemunhar do Evangelho. Muitos crentes são verdadeiros “agentessecretos” do Reino de Deus. A sua fé só se torna conhecida quandoindagados a respeito do que creem. É preciso que aquele que crê,testemunhe aos outros sobre a sua fé e a sua própria vida, coerentecom essa fé, sirva como testemunho (Rm 1:8; Cl 1:4). A fé é produtoda evangelização e uma ação evangelizadora. O mandamento deJesus é para que o Evangelho seja pregado a toda criatura a fim deque todos possam conhecê-lo e venham a crer. Somente os quecreem têm a vida eterna. É a fé que abre as portas para a eternidade,porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.“Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E comocrerão naquele de quem nada ouviram?... E, assim, a fé vem pelapregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10:14,17). Eis aimportância da pregação da Palavra, do evangelismo, das missões. Ter fé significa que o nosso testemunho poderá nos levar asofrer, como sofreram os apóstolos em seu compromisso com a féque professavam (cf. 2 Tm 3:12). Em primeiro lugar, porque o mundojaz no maligno e jamais entenderá a nossa fé, sempre estará contranós, perseguindo-nos. Em segundo lugar, seremos provados nesta fépara nela sermos aprovados (Tg 1:2-4). A fé gera obras, transforma-nos em sal e luz, dá-nos a missão santa de fazer a diferença. Essadiferença também se dá através de uma vida reta diante de Deus, naprática da justiça, como santos em todo o nosso proceder. O mundo,mesmo ao nos odiar, precisa olhar para nós e glorificar a Deus. eis otestemunho de uma fé poderosa: “Assim brilhe também a vossa luzdiante dos homens, para que vejam as vossas boas obras eglorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5:16). O Evangelho époder de Deus para a salvação daquele que crê (Rm 1:16), não onosso exemplo de vida. Mas o testemunho de uma vidacomprometida com o Senhor é modelo de como Deus quer que aspessoas sejam, do que Ele opera na vida delas. Ainda que muitasjamais se convertam, pelo testemunho prático da nossa fé, Deus églorificado por elas.O nosso testemunho pode aproximar ou afastar as pessoas davontade de crer em Deus, muito embora aquelas que foramescolhidas para a salvação, crerão de toda forma. Todavia surge apergunta: Qual testemunho? Muitos templos estão lotados por falsoscrentes, indivíduos que atenderam a um apelo emocional esensacionalista pelo fim do seu sofrimento e por sua prosperidade.Geralmente, esses cultos de conversões em massa envolvem otestemunho de pessoas que supostamente alcançaram grandesvitórias, receberam bênçãos materiais e prosperaram. Baseadasnesses testemunhos, ávidas por viverem e receberem as mesmascoisas, essas pessoas se “convertem” a Jesus. O resultado é:conversões falsas baseadas no testemunho falso de um falsoevangelho, que não é o da cruz de Cristo, que não traz salvaçãoalguma.Crer envolve uma resposta positiva a Jesus, de modo que,manter-se rebelde contra Ele, significa permanecer debaixo da ira deDeus (Jo 3:36). Quando cremos, somos regenerados para uma vivaesperança e guardados pelo poder de Deus (1 Pe 1:3-5; Jo 11:25;12:44). Se estamos em Cristo, se a nossa vida está escondida comEle nos céus (Cl 3:3), se não pertencemos mais a esta pátria e nelasomos apenas forasteiros (1 Pe 2:9), devemos viver de mododiferente daquele que vivíamos, de maneira que o nossoprocedimento seja exemplar e Deus seja glorificado através do nossotestemunho diante daqueles que ainda não creem (1 Pe 2:11,12).Pedro escreveu: “Porque assim é a vontade de Deus, que, pelaprática do bem, façais emudecer a ignorância dos insensatos” (v. 15).No livro do Apocalipse, a festa no céu que celebra a vitória de Cristoinclui a presença daqueles que venceram pelo sangue do Cordeiro e“por causa do testemunho que deram, e mesmo em face da morte, não amaram a própria vida” (Ap 12:11,12). Não se trataprimariamente de “mostrar quem somos”, mas de “viver o quesomos” em Cristo. Maior prova de fé não há que amar a Deus aoponto de testemunhar dele com o risco da própria vida. Quantosestão aptos a fazê-lo? Capítulo 11O PODER DO CONTROLEDA REALIDADE “Deus proverá...”(Genesis 22:1-13) A fé é um agente transformador que modifica toda anossa realidade. Ela transforma o nosso posicionamento diante deDeus, tirando-nos da posição de criaturas perdidas para nos tornarseus filhos, salvando-nos da condição de pecadores para habitantesdo seu Reino celestial. A fé também transforma a nossa relação comas pessoas, a forma de as enxergarmos e lidarmos com elas, e omesmo faz com relação à nossa visão do mundo e o nossorelacionamento com ele. Se antes éramos prisioneiros da carne,servos do mundo e objetos nas mãos do diabo, pela ação do EspíritoSanto e a fé em Jesus Cristo assumimos o controle da realidade e nãonos deixamos mais controlar por ela. Ter fé, então, significa não sercontrolado pela realidade presente, palpável e efêmera, mas pelarealidade celestial, da qual temos viva esperança, mesmo sem apodermos contemplar (Rm 8:24,25). Isto significa ansiarmos peloReino vindouro de Cristo e vivermos os seus valores no tempopresente. O apóstolo Pedro revelou sua preocupação com o nossocontrole sobre a natureza que não deve mais fazer parte de nós:“Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheisanteriormente na vossa ignorância” (1 Pe 1:14). O apóstolo Paulo noschama a um culto racional de autossacrifício, onde não devemos nos“conformar” com este século, mas sermos transformados pelarenovação da nossa mente (Rm 12:1,2). Em Cristo assumimos, peloseu poder e graça, o controle sobre aquilo que antes nos controlava,pois “o pecado não terá mais domínio sobre vós” (Rm 6:14).Por mais que consigamos controlar os nossos impulsosmediante a nossa “força de vontade”, o controle total da realidade sedá apenas pela graça de Deus e a presença do Espírito Santo. Ter féconstitui ter esperança no Senhor, mesmo quando tudo parece perdido. Abraão possuía grande fé em Deus e assim pôde controlar arealidade à sua volta. Aceitar sacrificar seu filho só foi possívelporque ele cria que Deus podia até mesmo ressuscitá-lo, porquehaveria de cumprir a promessa que lhe fez (cf. Hb 11:19). Se Abraãotivesse sido controlado pela realidade, provavelmente teria pensado:“Se eu sacrificar Isaque, a promessa de Deus não se cumprirá”. Issoé o que as circunstâncias insinuavam. Da mesma forma, Jesuspoderia ter pulado do pináculo do tempo quando Satanás o tentou,mas Ele estava no controle da realidade e não se permitiu levar pelasartimanhas do maligno. Isso nos traz a profunda convicção de que sópodemos dar uma resposta de fé às situações que se nos apresentamquando estamos de posse do conhecimento da Palavra de Deus. Emtodas as tentações do diabo, as respostas do Senhor foramfundamentadas nas Escrituras Sagradas (Mt 4:1-11). Muitos nãoconseguem responder de forma correta à realidade por nãopossuírem no coração a resposta bíblica para ela. O que Deus esperaque façamos em cada situação, está na sua Palavra. Comopoderemos lidar com cada circunstância, também está escrito.Deus está no controle de tudo! Se tivermos uma fé bíblica, omundo e a sua realidade jamais poderão nos controlar. No Senhorestá a nossa esperança (Sl 39:7). Nele sabemos que a morte nada é,porque Cristo ressuscitou (At 24:15) e as tribulações podem e devemser motivos de grande alegria (Rm 5:3,4). A nossa fé é baseada naesperança que há em Cristo (Gl 1:3-5; 1 Ts 1:3), por isso não se deixacontrolar pela realidade presente. Quando falamos nesse controle darealidade, não afirmamos um poder pessoal capaz de mover assituações, mas da entrega total Àquele que constituiu todas as coisase que tem em suas mãos poder sobre o tempo e as circunstâncias.Alguns crentes creem que a sua fé é uma força nata que os tornapoderosos para mover até mesmo a mão de Deus. Outros seesquecem de que aquilo que são não teria sido possível sem apresença do Espírito Santo. A própria santidade, que envolve aparticipação no crente em seu processo por meio da obediência aosmandamentos de Deus, só é possível porque o crente é templo doEspírito Santo. Sem o Espírito não existe vontade ou motivação paraobedecer, logo, não há santidade, porque não há fé.A fé poderosa nos leva a não perder o controle sobreabsolutamente nada na nossa vida: as nossas emoções, os nossosimpulsos, os nossos desejos mais carnais, o nosso temperamento. Oapóstolo Paulo escreveu: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o solsobre a vossa ira” (Ef 4:26). Também assumimos o controle sobre asnossas finanças e os nossos gastos, sobre o tempo e a nossa agenda,sobre o uso das redes sociais. Aprendemos a controlar a língua,inclusive! Quando falamos de “controle da realidade”, falamos, naverdade, sobre o “autocontrole” ou “autodomínio”, que a Palavra deDeus chama de “domínio próprio”. Este é um dos frutos do EspíritoSanto (Gl 5:22,23). O sábio rei Salomão comparou alguém que nãosabe se dominar como uma cidade com os seus muros derrubados (Pv 25:28). Nela, qualquer coisa ou pessoa pode entrar e causargrande destruição, como pecados que penetram na nossa mentequando não a protegemos da maneira correta. Vale repetir quesomos capazes de nos controlar porque o Senhor nos controla,porque temos o seu Santo Espírito. Desse modo, podemos resistir àstentações da carne (1 Co 10:13) e ao próprio diabo, através dasujeição a Deus, e ele foge de nós (Tg 4:7). O conselho do apóstoloPedro para vencer as situações que nos tentam controlar é tercritérios, orar e ter sempre o amor como base: “Ora, o fim de todasas coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bemdas vossas orações. Acima de tudo, porém, tende amor imenso unspara com os outros, porque o amor cobre multidão de pecados” (1 Pe4:7,8). Capítulo 12O PODER DA CONFIANÇA “E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou. E, desde aquele instante, a mulher ficou sã.”(Mateus 9:22) Como vimos no início, “confiança” é um dos significadosda palavra grega para fé: pistis. Aquele que se aproxima de Deus,deve confiar nele. Existem muitas pessoas no mundo que sedeclaram cristãs e afirmam que creem em Deus, mas jamaisdepositam nele a sua confiança. Elas recorrem a toda sorte de saídaspara os seus problemas – sua própria força, superstição, imagens deescultura, jogos de azar, decisões individualistas, etc. – e nãocolocam as suas necessidades diante de Deus. Quando todas asopções de solução estão esgotadas, algumas se lembram de Deus e obuscam. Por outro lado, alguns confiam tanto na sua própria fé, queimaginam que ela tem algum poder em si mesma, isto é: aconteceráo que for determinado por meio da fé. Quanto maior a fé, maior aconfiança, não no poder de Deus, mas na sua própria capacidade epoder. No fundo, eles confiam é em si mesmos e se gabam da sua fé.Todavia, a confiança que a fé gera em nós não é uma confissãodaquilo que podemos fazer, mas daquilo que Deus pode realizar deacordo com a sua soberana vontade. Segundo MacArthur (2015, p.375), “Ter fé é abdicar da confiança em si mesmo e transferir essaconfiança para outra pessoa ou coisa”. E essa pessoa é Deus.Os evangelistas relatam um fato do ministério de Jesus em queuma mulher anônima, que padecia de uma doença hemorrágica, jáhavia buscado a ajuda de vários especialistas, sem conseguir,entretanto, obter a cura. Ao ver o Senhor passar, aquela mulher teveuma atitude de confiança: ela creu que, se somente tocasse nas suasvestes, ficaria curada. E assim aconteceu (cf. Mt 9:19-22; Mc 5:21-24; Lc 8:40-42). Deveria ser algo automático: cremos em Deus, entãoconfiamos nele. Mas não é isso que acontece em todas as vezes emque nos encontramos em determinadas situações. Cremos em Deus,mas somos incapazes de confiar na sua Palavra, de esperar confiantemente na sua provisão, no seu socorro. A nossa fé fraca efrágil acaba pornos levar a agir pelos nossos próprios padrões eesforços, quando deveríamos confiar plenamente no Senhor.Algumas seitas neopentecostais passam aos seus seguidores aimpressão de que não é possível confiar totalmente no agir de Deus,por isso é preciso ungir objetos, carregá-los, usá-los como amuletospara atrair as bênçãos ou afastar as maldições. Crer em Deus econfiar nele tão somente não basta! Que poder carrega esse tipo defé? Se cremos que Deus transportará a montanha, não precisaremosde tratores e retroescavadeiras. Isso, claro, metaforicamente. Aquele que crê em Deus, deve confiar nele, porque sereconhece falido e incapaz de prover qualquer coisa para si próprio.Esse é o sentido da palavra “pobre” em Mateus 5:3, alguém que seenxerga tão irremediavelmente falido espiritualmente, que não podeprover a própria salvação, por isso se achega a Deus, o que o tornadigno do Reino dos céus. Ter fé é, então, confiar plenamente naqueleque pode ser tudo para quem não é nada, dar todas as coisas paraquem não possui coisa alguma, prover a salvação para quem seencontra em total falência espiritual. Ao contrário disso, inúmerossupostos crentes hoje determinam aquilo que desejam receber deDeus, profetizam a sua bênção, declaram a sua vitória e ordenamque Deus satisfaça à sua fé. Eles não se acham falidos, masenriquecidos de um ego que não cabe em si. Quanto menosconfiamos em nós mesmos, quanto mais nos enxergamosdependentes de Deus, mais o agradamos, porque Ele é Deus, nãonós. Aqueles que mais receberam de Deus foram os que maisconfiaram nele (Mt 8:10; 9:22,29; 15:28; Lc 7:50; 8:48). Confiamosem Deus na salvação, no auxílio, na provisão, nos livramentos, nofortalecimento, na capacitação, na sua misericórdia. Confiamos queEle sempre estará conosco e nos dará aquilo que for para a suaglória. Confiamos que nossos nomes estão escritos do Livro da Vida eum dia estaremos com Ele para sempre no céu. Confiamos que Eleexerce justiça e juízo sobre a humanidade. O autor de Hebreus, após descrever o sentido bíblico de fé (Hb11:1), passa a listar diversos homens e mulheres que, por causa dasua fé, tiveram plena confiança nas promessas de Deus, ao ponto depadecer toda sorte de sofrimentos, tudo em nome de uma promessare recompensa celestial (vs. 13,39,40). Ele escreve no v. 6: “De fato,sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário queaquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se tornagalardoador dos que o buscam” (11:6). Porque os chamados “heróisda fé” enfrentaram tão enormes tribulações? Por causa da suaesperança no comprimento das promessas de Deus e na confiançaque possuíam nessas promessas, na sua Palavra. Nem sempre somoscapazes de esperar o cumprimento das promessas bíblicas, não deprosperidade financeira ou de milagres, mas do cuidado semprepresente do Senhor, do seu auxílio e da volta de Jesus. Vivemos nomundo como se aqui fosse o fim último de todas as coisas, esquecendo-nos que a nossa habitação real, a nossa pátriaverdadeira está nos céus. Quanto mais mantivermos os nossos olhose os nossos pés fixos nesta realidade mundana e passageira, maisnos desesperaremos, menos esperaremos no Senhor e ainda menosexperimentaremos o poder da verdadeira fé. Capítulo 13O PODER DO AMOR E DAS OBRAS “Porque, assim como um corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.”(Tiago 2:26) O poder da fé está ligado, na maioria das teorias epregações, ao mover de montanhas ou “mover o sobrenatural”.Quanto maiores as manifestações místicas – como operações de“milagres”, línguas estranhas, unções e danças frenéticas –, maior éconsiderada a fé dos crentes e, por consequência, mais ungido epoderoso é o culto por eles realizado. Entretanto, a fé vai alémdessas coisas e talvez não esteja ligada a nenhuma delas. Existe umaestreita relação entre três elementos essenciais do cristianismo: fé,amor e obras. A fé é o princípio de tudo, porque por ela somos salvose nela nos movemos. Todavia, essa fé não é inoperante, mas nos levaa produzir obras que foram preparadas de antemão para nós porDeus (Ef 2:8-10). Como ter fé e não ter obras? Este é oquestionamento de Tiago em sua epístola. As obras da fé sãopraticadas a partir do momento em que compreendemos amensagem do Evangelho e entendemos que o que legitima a nossa féé o amor, e o amor sempre gerará boas obras. Se afirmarmos crerem Deus, mas essa crença não redundar em ações de amor, a nossafé é vã e mentirosa. Algo está errado com aquele crente que se ufanapor possuir uma fé inabalável no sobrenatural de Deus, mas que nãotem o seu comportamento transformado nem consegue secompadecer dos que sofrem. Onde estará o poder dessa fé? Onde está a sua legitimidade?Não é possível ter fé se a sua base não for o amor (1 Co 13:2).Muitos creem tanto nas promessas da Bíblia, que esquecem que asua fé deve ser usada para a glória de Deus e por amor aos irmãos eao próximo. O contrário disso é egoísmo e, portanto, não pode ser fé,muito menos poder, porque a fé atua pelo amor (Gl 5:6). A fé não é algo subjetivo, não produz somente salvação e milagres, mas conduza prática das obras (1 Ts 1:3; 1 Jo 3:18), e sem obras toda fé é morta(Tg 2:17). A Igreja de Tessalônica era um exemplo de fé e de amor, oque levava o apóstolo Paulo a dar graças a Deus pela vida e pela fédaqueles irmãos, que demonstravam o amor fraternal mesmo emmeio às grandes tribulações (2 Ts 1:3,4). Por outro lado, fazeracepção de pessoas enquanto se diz que possui fé, é incoerente.Tiago escreve: “Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor JesusCristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tg 2:1). Esse tipode atitude nos conduz na contramão do amor, tornando-nos juízes“tomados de perversos pensamentos” (v. 4). A Lei é bastante claracom relação a isso, como o próprio Tiago faz questão de nos lembrar:“Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” (v. 8). Vemos como a fé eas obras decorrentes dessa fé – neste caso, não fazer acepção depessoas – estão intimamente ligadas ao amor.Não se deve usar a fé apenas como um meio de angariar asbênçãos de Deus, mas acima de tudo como uma forma de produzirfrutos para o seu Reino (Jo 15:16). A fé é comunitária, geracomunhão, partilha e consolo entre os irmãos (Rm 1:11,12). A fécomo um dom espiritual, tem como objetivo a edificação e a unidadedo corpo de Cristo (Ef 4:13). O cuidado com os nossos demonstra anossa fé ou a falta dela quando esse cuidado se revela ausente (1 Tm5:8). Tiago desafia: “mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, comas obras, te mostrarei a minha fé” (2:18). O que está implícito aqui éa incapacidade de cumprir o desafio, porque, sem produzir obras,ninguém poderá demonstrar fé alguma. Isto significa que somente apartir das obras é que a fé pode ser demonstrada. Se não temosobras, significa que não cremos em Deus, por mais que a nossa bocadiga o contrário. Cristo habita em nós pela fé, de modo que, nele,estamos arraigados e alicerçados no amor (Ef 3:17). Cristo, fé e amorcaminham juntos, um amor que excede todo entendimento e querende glórias a Deus (vs. 18-21). Portanto, quem deseja viver o poderda fé, deve viver em obras, todas elas, na medida da sua fé, dos seusdons e dos seus talentos. Rodar talvez impressione alguns, masproduzir obras rende glórias a Deus! A fé sem obras é morta, e umacoisa morta não tem poder algum. Capítulo 14O PODER DA AÇÃOSOLIDÁRIA “Assim, também a fé, sem obras, por si só é morta.”Tiago 2:15-17 A fé do crente não é morta, mas viva; não é passiva,mas ativa; não é incoerente, mas eficaz. Uma fé de tal formaconsistente produz ação. O simples fato de crer já significa um ato.Existem coisas impossíveis que somente Deus pode fazer por nós,milagres que somente o seu poder pode nos dar, embora as coisasmínimas e possíveis tambémsejam frutos da sua maravilhosa graça emisericórdia, porque tudo vem dele e é para ele (Rm 11:36; 1 Co8:6): sem Ele nada podemos fazer (Jo 15:5). Por meio da oração,exercitamos a nossa fé, trazemos o mover de Deus sobre as nossassúplicas e podemos, por sua vontade e no seu tempo e modo,contemplar os seus milagres e bênçãos para nós. Entretanto, existemcoisas que urgem muito mais passos além do ato de orar, que pedemde nós uma atitude de fé prática. Por exemplo, de que adianta orarpara Deus abençoar as viúvas e os órfãos se não fazemos nada poreles? O mandamento bíblico é visitar os órfãos e as viúvas nas suastribulações, como prova da verdadeira religião (Tg 1:27), o quesignifica ação, atitude. Com certeza, lembrar-se dos pobres, para oapóstolo Paulo, era muito mais que fazer menção deles nas suasorações (Gl 2:10). A crítica de Tiago é pertinente: “Se um irmão ouuma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimentocotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vose fartai-vos, sem, contudo, lhes dar o necessário para o corpo, qual éo proveito disso? Assim, também a fé, se não tiver obras, por si só émorta” (Tg 2:15-17). O que nós, como igreja, fazemos pelos pobres que congregamconosco e pelos desassistidos do mundo? Quanto do dinheiro dosdízimos e ofertas que damos está sendo posto a serviço dosoprimidos? O que existe de comunitário nas letras dos louvores que cantamos, na Palavra que pregamos e nas nossas orações? Umexemplo clássico de fé que produz ação pode ser encontrado nosprimórdios da igreja, quando o Evangelho começava a ser pregado eas pessoas encontravam em Cristo a sua segura salvação. Nocapítulo dois do livro de Atos dos apóstolos, conhecemos muito maisque um avivamento espiritual ou a base da doutrina do batismo doEspírito Santo e o dom de línguas. Na verdade, percebemos ali umacomunidade cuja fé desencadeou-se em atitudes práticas embenefício de seus próprios membros. Os que ouviram a Palavra,creram e foram batizados, somaram mais de três mil (v. 41). A partirdali, um modelo de igreja ativa surgiria. As suas atitudesdemonstravam o valor da fé que possuíam: perseverança na doutrinados apóstolos (a crença correta que redundaria em práticascorretas), no partir do pão e nas orações (v. 42); realização deprodígios e sinais (v. 43); sentimento de comunidade: estavamjuntos, tinham tudo em comum (v. 44); ação social (v. 45);perseverança unânime no templo com o partir do pão (v. 46); louvora Deus (v. 47). Como resultado de sua fé ativa, Deus lhesacrescentava dia a dia os que iam sendo salvos. E neles havia temor.Então a fé, muito mais que uma declaração verbal, é algo quenos impulsiona, que nos coloca em movimento, que nos estimula aagir. O contrário disso é uma fé legalista, é apenas uma declaraçãodoutrinária ou um credo religioso. Muitas pessoas enganam-se,julgam possuir alguma fé em Deus simplesmente porque acreditamna sua existência e não têm a mínima dúvida disso. Mas se de fatocressem em Deus, creriam também na sua Palavra e ao crer na suaPalavra, a sua fé se transformaria em ação, como aconteceu com oscristãos em Atos. É esta fé viva e ativa que salva e que pode nos dara certeza e a segurança da nossa salvação. Esta fé é transformadaem prática, em ação, fazendo com que as pessoas tomem atitudesdiante da realidade a sua volta. Em tudo na nossa vida precisamos deação, atitude: para amar, mudar, abandonar nossos pecados, fazermissões, evangelizar, orar, socorrer os doentes, ajudar os fracos nafé, discipular, enfrentar as tribulações, testemunhar do Evangelho. Éesse tipo de fé que o Espírito Santo desperta no crente (Tg 2:24-26;4:10; Ef 2:10; Fp 2:3-5; 4:8,9; Cl 3:8-10; Rm 12:1). Capítulo 15O PODER DO POSSÍVEL “Mas ele respondeu: Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.”(Lucas 18:27) A partir de uma concepção popular, a fé envolve,acima de tudo, o “impossível”: aquilo que não podemos operar pornossas próprias forças, a fé em Deus opera. Todavia, a fé não envolvesomente as coisas impossíveis, mas, de igual modo, as possíveis. A féno Deus do impossível está minando a fé dos crentes no Deus dopossível. O fato é que transportamos a nossa fé em Deus somentepara o mundo sobrenatural, para as coisas milagrosas que sãoimpossíveis de serem conquistadas mediante nossos própriosrecursos e esforços, como a cura de uma doença terminal, porexemplo. Entretanto, esquecemos que Deus também é o Deus doaqui e agora, das coisas comuns, possíveis e mais corriqueiras danossa existência. Isto é, acabamos excluindo Deus da maior parte danossa vida, a parte possível, que achamos que podemos realizar sema intervenção dele. Mas Deus nos diz que sem Ele nada podemosfazer (Jo 15:5). Quando se diz “nada”, não se está falando de tudoque é impossível para nós, mas mesmo as ações mais mecânicas ecotidianas. Alguém é capaz de respirar sem que Deus lhe dê o ar? Independente da sua resposta às nossas orações, Deus é Deus.Quando cremos em Deus e o amamos e servimos por quem Ele é,independente de movermos ou não o sobrenatural, a nossa fé éfortalecida. Ele deixa de ser somente o Deus do impossível e passa aser o Deus de absolutamente tudo na nossa vida, cada momento,cada instante, mesmo do ato corriqueiro de escovar os dentes. Oapóstolo Paulo aprendeu a viver contente em toda e qualquersituação (Fp 4:10-20) porque, para ele, Deus era o Deus do possível edo impossível, da falta e da abundância, da humilhação e da honra.Em todas as circunstâncias, Ele é Deus, não apenas das urgentes eimprováveis, como certa santa católica das “causas impossíveis e improváveis”. Se a nossa fé em Deus está firmada apenas nas causasimpossíveis, será que ela será mantida durante as possíveis? Cremosem Deus pelo que Ele é, independente do que Ele fez ou fará. Anossa fé deve nos levar a nos mantermos firmes, até mesmo nasmelhores circunstâncias. Será que se não houver uma fortetempestade no mar da nossa vida, capaz de nos levar ao naufrágio,mas sempre ventos a favor e pequenas marolas, lembraremos de queJesus está no barco? Talvez não.Na música “Nada é impossível”, o cantor de rap gospel,Pregador Luo, afirma: “As muralhas que eu puder, eu mesmoderrubo/Aquelas que não der, Deus põe no chão para mim”.Aparentemente, esta frase mostra alguém que confia em Deus nosmomentos difíceis, que crê que Ele estará ao seu lado a lutar, aquebrar as cadeias, a derrubar as barreiras. Naquilo em que a forçahumana não consegue intervir, podemos estar seguros de que opoder de Deus sempre conseguirá. Deus não tenta: Ele faz!Entretanto, essa declaração pode levar a algo perigoso. Da formacomo essa frase está construída, dá a entender que o crente podeviver sem Deus na maior parte do tempo, que não precisa da suaintervenção em todos os momentos de sua vida, mas apenas emalguns. Ela afirma que temos poder para resolver aquelas coisasconsideradas fáceis, que não precisam do agir de Deus. Em outraspalavras: podemos existir sem Deus se na nossa vida não houvernenhuma barreira impossível de ser transposta. Quando as muralhassurgem, agimos com a força do nosso braço e do nosso intelecto,enfrentamos, lutamos até conseguir derrubá-las. Somente em últimocaso, quando vemos que todos os nossos esforços foram inúteis, éque decidimos fazer uso do poder de Deus. Caso contrário, sempreagiremos “sozinhos”. Dizemos: “Senhor, deixe esse possível comigo.Quando o impossível vier, eu lhe chamo”.Isso nos leva a uma questão: em que momento do nosso dia,desde o despertar até o adormecer, não precisamos de Deus, do seupoder, da sua graça, da sua misericórdia, da sua ajuda, do seuauxílio, da sua intervenção? Podemos respirar sem o ar que Elecriou? Podemos caminhar sem os pés que Ele nos deu e sem o chãoque colocou para que pudéssemosandar sobre ele? Sem a presençaconstante de Deus, a vida humana se resumiria num inferno na terra.Quem pode garantir que estará vivo amanhã ou daqui há um segundosem a poderosa mão de Deus para sustê-lo? Frases como aqula,denunciam a arrogância e a prepotência humana de achar que nãoprecisa de Deus. Denuncia, também, uma ideia insuficiente de queDeus é o Deus do impossível. Isso é só parte da verdade. Deus é oDeus do impossível e também do possível. Ele é Soberano sobretodas as coisas, pessoas e circunstâncias. Não devemos buscar aDeus somente quando tudo vai mal, mas, da mesma forma, quandotudo está bem. Não devemos contar com a ajuda de Deus apenaspara derrubar as barreiras, mas para existir em meio a um campoflorido com um rio de águas cristalinas. Precisamos de Deus o tempo todo, sem parar. Não da sua “ajuda” simplesmente, mas da suapresença. Deus não é um subterfúgio. Ele não é um amuleto. Deusnão é uma opção, é essencial. Isso é ter fé. Se a nossa fé está firmadaapenas sobre o natural e o impossível, ela de fato não existe. Capítulo 16O PODER DOCRISTOCENTRISMO “Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória.”(Mateus 25:31) Há poucos dias, travei um debate com uma senhora queafirmava possuir muita fé em Deus e em nosso Senhor Jesus Cristo.Entretanto, a sua fé chegou a me assustar. Tudo começou quandopostei nas redes sociais uma mensagem que alertava para a volta deJesus. Ela me procurou e disse já ter superado essa crença, que nãoacreditava mais nisso, que Jesus já tinha voltado e nós já vivíamos noReino de Deus. Além disso, afirmou que, após servir durante muitosanos em uma igreja evangélica, a corrupção e o pecado presente naigreja levou-a a uma busca por respostas. Então, ela viajou para aEuropa, de onde retornou com uma concepção bastante apóstata deque a Bíblia contém erros, porque foi escrita por homens. Essaconcepção tirou-lhe a fé tradicional na Palavra de Deus e no próprioSenhor Jesus, que sempre nos garantiu que voltaria para nos levarconsigo para o céu. Eu lhe disse que ela fora buscar a água da vidano esgoto, em um continente considerado pós-cristão, fruto dainvestida do liberalismo teológico e seus desdobramentos satânicos.Disse-lhe, também, que uma parte da verdade não é a verdadeinteira. Não podemos crer em Cristo e na Bíblia sem crer de maneiraintegral. E ainda: se a Bíblia contém erros, quem garante até mesmoque o próprio Deus exista ou que Jesus nasceu, viveu, morreu,ressuscitou e subiu aos céus? Ela diz possuir muita fé, mas, como diza letra de uma canção, “só não se sabe fé em quê”.Não podemos ter uma visão de Cristo que não leve em conta oensino geral das Escrituras. Sem a crença correta, o verdadeiro Jesusnão está presente na nossa fé, por mais que declaremos o seu Nome.Existem crenças, mesmo no meio cristão, em que o centro da vida da comunidade de fé não é Jesus Cristo. O antropocentrismo promovidopelo neoliberalismo teológico tem tirado do Senhor o seu lugar dedireito. Em algumas igrejas, Ele com certeza bete à porta a esperaque alguém o deixe entrar. A fé cristã genuína coloca a Trindadecomo centro da devoção, da adoração e da pregação da Igreja. Elahumilha o homem e exalta a Deus. Muitos usam a fé para seautopromover e se acham mais espirituais do que os outros porqueoram mais, falam em línguas, pregam com maior eloquência e, assim,retiram Deus do centro das atenções. Ainda outros direcionam a suafé para a criatura, acabando por praticar a idolatria. A fé racionalgera relacionamento sadio com Deus, através da observaçãocuidadosa dos seus mandamentos. Pela fé, relacionamo-nos comCristo e com o Espírito Santo, o que produz transformaçõesprofundas na nossa vida e na nossa maneira de crer em Deus e nosrelacionar com as pessoas e o mundo. Crer em Deus significa que precisamos nos relacionar com Ele.Quando Cristo está no centro, o ideal cristão de vida transforma-seno desejo de agir dentro dos planos de Deus e cumprir a suavontade, ainda que não nesta vida não enxerguemos as bênçãos queEle tem guardadas para nós (Hb 11:33-39). A nossa fé em Deus nosdá segurança de buscar acima de tudo a sua direção em todas asesferas da nossa vida. Esta é uma luta constante, porque seremossempre tendenciosos a nos colocar em primeiro lugar e esquecer quea glória deve ser dada a Deus, não a nós. Jesus colocou o Pai nocentro da sua missão. Os apóstolos colocaram Jesus no centro da suapregação. João Batista reconheceu que Cristo deveria crescer,enquanto ele, precisava diminuir. A fé deve nos humilhar e exaltar aDeus, deve nos colocar na posição de servos e Ele, na posição de ReiSoberano da nossa vida. É este o resumo de todo este estudo: oSenhor Jesus como a natureza, a razão e o objetivo da nossa fé. SeEle não for a figura central da nossa vida, tudo aquilo que achamoscrer, não terá valido nada. Sem Ele, nenhuma verdade é verdade,nenhum caminho conduz a Deus e nenhuma vida é plena e eterna. CONCLUSÕES “E assim, a fé vem pela pregação, e a pregaçãopela palavra de Cristo.”(Romanos 10:17) Imaginemos a nossa fé como um enorme edifício,daqueles que parecem até mesmo tocar o céu. As suas paredes estãofirmes e ele se mantém impoluto por um único motivo: a firmeza dosseus alicerces. Agora imaginemos se um único dos seus alicercesfosse retirado. O que aconteceria? Toda a estrutura viria a baixo. Setirarmos aquilo que sustenta uma construção, ela cai. Agoraimaginemos uma fruta, como uma laranja, por exemplo. Seobservarmos apenas um caroço, poderemos saber se é de umalaranja ou de um limão? Mesmo se soubermos que é de uma laranja,poderemos precisar de que tipo seria? E se tivermos apenas um dosgomos, será possível dizer que temos a laranja inteira? Se tivermos alaranja inteira, mas faltar a sua casca, podemos dizer que toda alaranja está ali? E o que tudo isso tem a ver com a nossa fé?A nossa fé precisa estar edificada sobre bases sólidas, para quenão venha a desmoronar. Ela também precisa ser íntegra, inteira,nada pode lhe faltar, pois somente assim saberemos que cremos damaneira correta naquilo que é correto. Quando falamos emobediência, por exemplo, essa obediência deve estar relacionada como ensino geral das Escrituras, porque, caso se baseie em apenas umúnico texto, correremos o risco de obedecer a Deus da maneiraerrada. E o que acontecerá se retirarmos da nossa fé o senhorio deCristo? Enquanto escrevo esta conclusão, o Brasil tem vivido umasituação inusitada, acima de tudo para os cristãos. Alguns deputadosparecem insistir em modificar o texto bíblico, certamente para torná-lo politicamente correto, de acordo com suas próprias demandas. Oque aconteceria se tirássemos algum texto da Bíblia oumodificássemos o seu significado? O ensino ali presente se perderiae toda a Bíblia ficaria comprometida. Como um corpo humano queperde um membro ou um copo com água pura em que lhe éacrescentada alguma outra substância. O poder da fé não existe sem uma fé íntegra, pura, bíblica.Existem muitos pregadores que fazem pessoas caírem com o poderdo toque do seu paletó e chamam a isso fé. Mas o fato de não possuirnenhum apoio bíblico, torna essa “unção” algo mentiroso e maldito.Ao longo dos séculos, o Cristianismo tem enfrentado esse tipo decoisa, essas crenças diabólicas que nada fazem, além de afastar ocrente da verdadeira fé, da Revelação perfeita e suficiente de Deus: aBíblia. A Reforma Protestante, iniciada no ano de 1517, veio resolvermuitas das questões teológicas equivocadas que a fé cristã vivia naépoca e buscou devolver a Bíblia ao povo na sua própria linguagem,promovendo um retorno à sã doutrina e à maneira de viver dosprimeiros cristãos. Nota-se que os dois elementos caminham juntos:fé e prática, ortodoxia e ortopraxia. A crença correta gera práticascorretas; a crença errada gera práticas erradas,por mais sincerasque sejam.Portanto, para finalizar este estudo sobre a fé, é importanterepetirmos o ensino reformado sobre os pilares da fé cristã, sem osquais a nossa crença não se sustenta. Esses pilares – os Cinco Solasda Reforma Protestante – tornam a nossa fé íntegra e inabalável.Retira-se apenas um e tudo aquilo que cremos perde o sentido e nosconduz ao erro e à heresia. Não existe poder da fé sem completude eintegridade. Sola Scriptura (2 Tm 3:16). Somente as Escrituras Sagradas são averdadeira e única revelação de Deus. Tudo o que precisamos sabera respeito de quem Deus é e da sua vontade para a humanidade e asua Igreja está na Bíblia. Ela é a nossa única regra de fé e prática.Antes de haver uma prática, é necessário haver a crença corretapara que as nossas práticas sejam igualmente corretas. Todas aspromessas, profecias e mandamentos que devemos crer e seguirestão na Bíblia, interpretados de maneira correta. Ela é nosso escudocontra as heresias. Ela é essencial para o amadurecimento da nossafé e o desenvolvimento da nossa santidade. Solus Christus (1 Tm 2:5). A salvação é somente através de Cristo.Tudo deve ser dele, por Ele e para Ele (Rm 11:36). A nossa vida deveestar alicerçada nele. Jesus deve ser o centro e o fim da nossa fé.Tudo deve convergir para Ele. Sola gratia (Ef 2:8,9). A salvação é somente pela graça de Deus,independente das obras. Toda a obra da redenção do pecadorcomeça com Deus e se desenvolve nele. É Ele quem escolhe,regenera, convence, dá a fé necessária para a salvação, produz oarrependimento, converte, santifica e promove a perseverança nasalvação (Ef 1:3-14). A salvação é totalmente gratuita. Sola fide (Rm 5:1; Hb 10:38,39). O justo vive por fé, isto é: é a fé quejustifica o pecador e o regenera para uma viva esperança em Cristo(1 Pe 1:3,4). Estávamos mortos em nossos delitos e pecados, masDeus nos deu vida por meio da fé em Cristo (Ef 2:1-7). Não énecessário pagar pela salvação nem é possível alcançá-la por nossospróprios esforços. As nossas justiças diante de Deus são como trapode imundícia (Is 64:6). Soli Deo gloria (Fp 4:20). Toda glória deve ser dada somente a Deus,seja pelo fato de Ele ser o único Deus ou pelas questões referentes àsalvação do pecador. Isto é: a salvação não é fruto de nenhumesforço humano, mas exclusivamente do agir de Deus. Além disso,Deus deve ser em tudo glorificado na vida do cristão individualmentee da Igreja (1 Co 10:31). Devemos amar a Deus acima de tudo e detodos (Mt 22:34-40) e buscar o seu Reino em primeiro lugar (Mt6:33). A conduta do cristão deve levar os homens a glorificar a Deus(Mt 5:16). Assim, Toda a nossa vida e a nossa pregação estarãototalmente baseadas na Bíblia. Não devemos nos dobrar diantedos modismos teológicos. Não somos obrigados a crer em nadaque não se possa comprovar biblicamente, mesmo em certosmilagres. O nosso compromisso é com a pregação, o ensino e adefesa da verdadeira fé cristã. Nossa mensagem é a cruz enosso alvo é Jesus. Precisamos, como crentes sinceros,combater tenazmente a Teologia da Prosperidade e suasheresias: objetos ungidos, ações proféticas, Confissão Positiva,quebras de maldição, cultos de cura e libertação, novasrevelações, diversas unções. Se cremos no verdadeiro poder dafé, pregaremos uma fé prática, que vai além da teoria e se fazreal na vida cotidiana da Igreja. Defenderemos um cristianismotransformador, comprometido com os valores do Reino deDeus, com o amor ao próximo e com a responsabilidade social.A nossa mensagem não deve ser para agradar ninguém nempara satisfazer as ambições dos ouvintes. Nossa fé deve estaralicerçada no Evangelho da cruz, na mensagem da salvação, que nemsempre agradam aos ouvidos, mas que trazem glórias a Deus. Onosso objetivo é realmente incomodar, confrontar e levar os crentesà ação e o pecador ao arrependimento e à conversão. Este é overdadeiro poder da fé, um poder que nos abençoa e que, acima detudo, glorifica o Nome do Senhor Jesus. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo:Vida Nova, 1992. MACARTHUR, Jhon. Manual bíblico MacArthur. Rio de Janeiro:Thomas Nelson, 2015. MORELAND, J. P. Filosofia e cosmovisão cristã. São Paulo: VidaNova, 2005. MIZAEL DE SOUZA XAVIER Olá! Sou o Mizael Xavier, poeta e escritor. Tenho 52 anos de idade.Comecei a escrever poemas aos 12 anos, quando eu e meu irmãosonhávamos montar uma banda de Rock; os meus poemas seriam asletras das nossas músicas. Sou natural da cidade de Petrópolis, RJ, eresido no Rio Grande do Norte há 28 anos. Sou cristão reformado,divorciado, conservador, pai de Thiago e Milena. Possuo inúmerosartigos publicados em jornais de Natal. Realizei vários trabalhoscomo ator, diretor e multiplicador de Teatro do Oprimido. Além deescrever, sou ensaísta e teólogo. Em 2013, formei-me em Gestão deRecursos Humanos pela Universidade Potiguar. Sou autor dos livrosfísicos “Eu te amo” (poesia), “Memórias do Silêncio”(autobiografia/Bullying), “Até onde o amor pode alcançar” (poesias)e “Minha poesia” (antologia poética) Participei de duas antologias daeditora Lírio Negro (Brasilidade em Versos e Fragmentos de almaseternizadas), e da antologia ¨Poemas do coração V: Em busca daPaz”, da editora Antologias Brasil. Além disso, possuo mais de 100 e-Books publicados na Amazon. Sou membro da Igreja Batista. REDES SOCIAIS Blog de poesias: www.escrevicomavida.blogspot.comBlog de estudos: www.pregandoaverdadeirafe.blogspot.comYouTube: Universo da PoesiaFacebook: www.facebook.com/mizael.souza.77985Instagram: www.instagram.com/escritormizaelxavierLivros vendidos na Amazon: https://www.amazon.com.br/gp/aw/s/ref=nb_sb_noss?k=Mizael+Xavier+ https://www.amazon.com.br/gp/aw/s/ref=nb_sb_noss?k=Mizael+Xavier https://www.amazon.com.br/gp/aw/s/ref=nb_sb_noss?k=Mizael+Xavier http://www.instagram.com/escritormizaelxavier http://www.facebook.com/mizael.souza.77985 http://www.pregandoaverdadeirafe.blogspot.com/ Obras já publicadas em formato de livro digital à venda naAmazon e projetos em andamento Espiritualidade A graça de ofertar: ofertando a Deus com amor A ovelha peregrina: o Salmo 23 e a salvação A vitória de Deus nas tribulações Alcançado pela graça: a conversão do apóstolo Paulo Batalha Espiritual: uma luta em defesa da verdade Caminhando sobre as águas: os 11 momentos cruciais da vitóriacristã Cinco evidências de que você precisa de salvação Como saber a vontade de Deus para nós: estudo + 16 princípiosbíblicos para conhecer e praticar a vontade de Deus Corpo e espiritualidade: glorificando a Deus através do nosso corpo Curso de formação de evangelistas em quatro módulos, vol. único Dê um UPGRADE na sua fé: o Programa 5S da Qualidade Totalaplicado à vida espiritual cristã Decepcionados com a igreja: 70 razões e desculpas para a evasão nasigrejas cristãs (análises e orientações pastorais, evangelísticas eapologéticas) Desafio Diário: devocional com mensagens para cada dia do ano Educação cristã de filhos: comunicação e estímulos na educação dosfilhos Espiritualidade líquida: caminhos e descaminhos da espiritualidadecristã Eu e a minha casa serviremos ao Senhor: um breve estudo sobreJosué 24:14-25 para os lares cristãos Faça a escolha certa: aprenda a tomar decisões segundo a vontadede Deus Idolatria e Batalha Espiritual Integridade cristã: buscar o equilíbrio ou viver a verdade? Mais que vencedores: três estudos para edificar a nossa fé Manual do obreiro aprovado: ações estratégicas de separação,capacitação, treinamento, envio e manutenção de obreiros Minutos de sabedoria do alto O Deus desconhecido: um estudo sobre Atos 17:15-34 O poder da oração: aprenda os segredos da oração que movemontanhas O poder da fé: um estudo sobre a fé genuinamente bíblica O que é ser Igreja: as características bíblicas da verdadeira Igreja deCristo Os sete barcosde Deus: sete mensagens para edificar a sua fé Os sete hábitos da espiritualidade biblicamente eficaz Pai Nosso, uma oração com a vida: aprenda os segredos da oraçãomais conhecida dos cristãos Palavras inspiradoras, vol. 1: amor e relações interpessoais Palavras inspiradoras, vol. 2: motivação, superação e vitória Palavras inspiradoras, vol. 3: Deus, fé e espiritualidade Palavras inspiradoras, vol. único: Deus, fé, espiritualidade,motivação, superação, vitória, amor e relações interpessoais Papai Noel: a verdadeira história jamais contada Por uma Igreja pensante: a crise da razão bíblica e a importância dafé racional e inteligente Mariologia O segredo de Maria Eu sou a número quatro: semelhanças entre Maria e a Trindade nasobras de Ligório, Montfort, Roschini, João Paulo II, no Vaticano II eoutros escritores marianos Maria e a vontade de Deus para nós: um estudo sobre a Anunciação Geral As feias que me perdoem: quatro textos e um poema sobre ser feio eo que é fundamental Assédio moral no trabalho; análises e ações estratégicas de gestão depessoas Comunicação empresarial: problemas e soluções Gestão com pessoas: breves estudos Memórias do silêncio: relatos e reflexões de uma ex-vítima dobullying Ninguém morre de amor: como superar a desilusão amorosa, seruma pessoa realizada e feliz e viver um novo amor O poder da oratória: a arte de se expressar, convencer e liderar Os males do alcoolismo e como Jesus pode te libertar Poesia romântica 120 frases e poemas para conquistar o seu crush 120 frases e poemas para reconquistar um grande amor 120 frases e poemas para você declarar o seu amor 365 dias de amor: textos e poemas para cada dia do ano Amor nos anos 80: coletânea de poemas para ler escutando músicasinternacionais dos anos de 1980 (com indicações de músicas paracada poema) Até onde o amor pode alcançar: textos e poemas de amor Carta de amor: poemas de amor e de adeus Em caso de amor, abra o livro: poemas Enquanto houver amor dentro de mim Entre flores e mel: poemas e frases de um amor verdadeiro Eu te amei desde a primeira vez em que te vi: poemas de amor Mil quadrinhas românticas demais para serem lidas com o coração Não haverá última canção para o amor: poemas de amor Não pedirei desculpas por te amar Para sempre e mais além: poemas de amor Para um coração que sabe amar Poemas que escrevi para dizer que te amo Poemas românticos demais para serem lidos com o coração:antologia romântica Todos os versos de amor que cabem dentro de mim Tudo que sei sobre ela Um lugar chamado amor Poesia geral A face do homem abstrato: poemas sobre os muitos eus em mim A sombra do sol: poemas sobre ser invisível Bomba de efeito moral e outros poemas altamente explosivos Escrevi com a vida: poemas sobre Deus, sobre mim, sobre tudo Esquizofrenia e outros poemas mentais Eu não devia ter escrito este livro: poemas góticos e outros temas Memórias de um verme e outros poemas Memórias do vento: poemas que o vento trouxe O recolhedor de palavras: poemas estranhos demais para serem lidos O saxofonista e outros personagens em histórias rimadas Vidas em preto e branco: poemas sobre a vida, a morte e a morte emvida Poesia cristã Aos teus pés: poemas cristãos para a glória de Deus Oceano: poemas cristãos Infanto-juvenil 60 poemas para ler na escola: poemas para fazer pensar A bruxa Jezabel: um conto sobre o poder do perdão A floresta do desassossego Cordel vencendo o Bullying Mata essa barata: pequena história rimada Miau! Miau! 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Os leões e a fornalha: o que Daniel e seus amigos têm a nos ensinarsobre a verdadeira fé? Quem é você? O autoconhecimento cristão Seitas e heresias: manual de combate Um milagre por dia: o comum, o extraordinário e o poder de Deus emcada um Mariologia A tentação de Maria Ave Maria Desvendando o segredo de Maria Medalha milagrosa Série Catolicismo Romano: doutrinas e refutações Celibato A salvação na Igreja Católica Infalibilidade do Papa Tradição e Magistério da Igreja Purgatório Série Bullying Bullying: o que é? Conheça o problema, os personagens e os tipos deagressão Bullying: estratégias de superação pessoal Contos Histórias de desencantado, o príncipe que não sabia amar (poemas-contos) Geral A incrível arte de dar a volta por cima O caminho do sucesso Manual prático do agente de portaria: atribuições, procedimentos,comportamento e segurança Coleção: poesia na escola Vol. 1: 50 poemas para ler na escola Vol. 2: Brincadeiras de criança Vol. 3: Muito mais que a realidade Vol. 4: É preciso falar de amor Vol. 5: Ao Mestre dos mestres Vol. 6: Histórias rimadas Série liderança cristã O líder cristão A essência do líder cristão O líder eficaz Liderança e motivação Liderança e trabalho em equipe Liderança e planejamento estratégico A liderança de Neemias TODOS OS DIREITOS RESERVADOS: Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, especialmente por sistemas gráficos, sem a devida autorização assinada pelo autor, Mizael de Souza Xavier. 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