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638 UNIDADE 3 | ESTÁTICA Um banho revelador Hierão, tirano de Siracusa, no século III a.C., havia encomendado uma coroa de ouro para homenagear uma divindade, mas suspeitava de que o ourives o enganara, não utilizando ouro puro, conforme havia sido combinado. Ele queria descobrir, sem danificar o objeto, se em sua confecção não teriam sido utili- zados outros metais, como, por exemplo, a prata. Só um homem talvez conseguisse resolver a questão: seu amigo Arquimedes – filho de Fídias, o astrônomo –, inventor de vários mecanismos e notabilizado por seus trabalhos em Matemática. Hierão mandou chamá-lo e pediu-lhe que pu- sesse fim à sua dúvida. Arquimedes aceitou a in- cumbência e pôs-se a procurar uma solução para o problema, que lhe ocorreu durante um memorá- vel banho. Enquanto se banhava, observou que o volume de água que se elevava na banheira, ao submergir, era igual ao volume do seu próprio corpo. Ali estava a chave que viria a desvendar o enigma do tirano. No entusiasmo da descoberta, Arquimedes teria saído nu pelas ruas, gritando a quem pudesse ouvir: Eureka! Eureka! (Encontrei! Encontrei!). Agora bastaria aplicar ao problema em questão o método que descobrira. Então ele mediu o volume de água que transbordava de um recipiente totalmente cheio (volume deslocado) quando nele eram mer- gulhados, sucessivamente, um corpo de ouro de massa igual à da coroa, um corpo de prata de massa igual à da coroa e a própria coroa. Tendo verificado que o volume de água deslocado pela coroa era inter- mediário entre os outros dois, por análise das densidades, ele concluiu que a coroa não era de ouro puro e, desse modo, também determinou a porcentagem de prata utilizada em sua confecção. Arquimedes foi um dos maiores gênios de todos os tempos. Incluídos nas suas muitas criações estão os espelhos ustórios (que queimam; que facilitam a combustão): superfícies côncavas refletoras com as quais os defensores de Siracusa teriam queimado a distância – pela “concentração” dos raios solares – navios romanos que sitiavam a região. Além disso, Arquimedes foi um exímio conhecedor das leis das alavancas, resumindo a importância desses dispositivos dizendo: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e moverei o mundo”. Ampliando o olhar T h in s to ck /G e tt y I m a g e s Il u s tr a ç õ e s : B a n c o d e i m a g e n s / A rq u iv o d a e d it o ra �gura 1 �gura 2 �gura 3 Supondo que a retirada de um massor do prato à direita tenha sido suficiente para recolocar o travessão na horizontal, podemos afirmar que a intensidade do peso desse objeto é igual à do empuxo recebido pelo corpo de ferro imerso na água. Na situação mostrada na figura 3, o travessão encontra-se novamente em equilíbrio, tendo retornado à sua posição inicial. Para isso, foi necessário reduzir a intensidade do peso pendente à direita, retirando-se um dos massores do prato. Gravura que retrata Arquimedes em seu banho enquanto pensava sobre o problema da coroa de Hier‹o. 1CONECTEFIS_MERC18Sa_U3_Top2_p606a667.indd 638 8/9/18 9:10 AM 639TÓPICO 2 | ESTÁTICA DOS FLUIDOS Nível 1Exercícios 49. As esferas, X e Y, da figura têm volumes iguais e são constituídas do mesmo material. X é oca e Y, maciça, estando ambas em repouso no interior de um líquido homogêneo em equilíbrio, presas a fios ideais. X Y Nessas condições, é correto afirmar que as esferas: a) têm massas iguais; b) possuem pesos de mesma intensidade; c) apresentam a mesma densidade; d) são sustentadas por fios igualmente tracionados; e) estão submetidas a empuxos iguais. 50. (UFPA) Quando um peixe morre em um aquário, verifica-se que, imediatamente após a morte, ele permanece no fundo e, após algumas horas, com a decomposição, são produzidos gases dentro de seu corpo e o peixe vem à tona (flutua). A expli- cação correta para esse fato é que, com a pro- dução de gases: a) o peso do corpo diminui, diminuindo o empuxo. b) o volume do corpo aumenta, aumentando o empuxo. c) o volume do corpo aumenta, diminuindo o em- puxo. d) a densidade do corpo aumenta, aumentando o empuxo. e) a densidade do corpo aumenta, diminuindo o empuxo. 51. (FGV-SP) Uma pessoa mergulhou na água do mar gelado de uma praia argentina e desceu até de- terminada profundidade. Algum tempo depois, ela teve a oportunidade de mergulhar à mesma pro- fundidade na tépida água de uma praia caribenha. Lembrando que a densidade da água varia com a temperatura, é correto afirmar que o empuxo so- frido pela pessoa a) e a pressão exercida pela água sobre ela foram os mesmos tanto na praia argentina como na caribenha. b) foi de menor intensidade na praia caribenha, mas a pressão exercida pela água foi a mesma em ambas as praias. c) foi de maior intensidade na praia caribenha, mas a pressão exercida pela água nessa praia foi menor. d) foi de menor intensidade na praia caribenha, e a pressão exercida pela água nessa praia foi menor também. e) foi de mesma intensidade em ambas as praias, mas a pressão exercida pela água na praia ca- ribenha foi maior. 52. Um balão indeformável de massa 2,0 kg apre- senta, num local em que g 5 10 m/s2, peso es- pecífico de 25 N/m3. Supondo que o balão este- ja totalmente imerso na água (μa 5 1,0 g/cm 3), determine: a) o volume de água deslocado; b) o módulo do empuxo que o balão recebe da água. Resolução: a) Chamando de r o peso específico do balão, temos: r 5 |P & | V ⇒ r 5 mg V Sendo r 5 25 N/m3, m 5 2,0 kg e g 5 10 m/s2, calculemos o volume V do balão. 25 2,0 10 V 5 ? ⇒ V 20 25 5 V 5 0,80 m3 b) O empuxo recebido pelo balão tem inten- sidade E, dada por: E 5 maV g Sendo ma 5 1,0 g/cm 3 5 1,0 ? 103 kg/m3, vem: E 5 1,0 ? 103 ? 0,80 ? 10 E 5 8,0 ? 103 N E.R. B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 1CONECTEFIS_MERC18Sa_U3_Top2_p606a667.indd 639 9/14/18 5:34 PM 640 UNIDADE 3 | ESTÁTICA 53. (UFPE) Um cubo de isopor, de massa desprezível, é preso por um fio no fundo de um recipiente que está sendo preenchido com um fluido. O gráfico abaixo representa como a intensidade da força de tração no fio varia em função da altura y do fluido no recipiente. y �o 0 30 T (N) y (cm) 80 160 240 2010 40 50 60 Adotando g 5 10 m/s2, determine: a) o comprimento L do fio e a aresta A do cubo, em cm; b) a densidade do fluido em g/cm3. 54. (Unesp-SP) Um bloco de certo material, quando suspenso no ar por uma mola de massa despre- zível, provoca uma elongação de 7,5 cm na mola. Quando o bloco está totalmente imerso em um líquido desconhecido, desloca 5,0 ? 1025 m3 de líquido e a elongação da mola passa a ser 3,5 cm. A força exercida pela mola em função da elonga- ção está dada no gráfico da figura: 0 3 4 5 6 7 8 fo rç a ( N ) elongação (cm) 21 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 Despreze o empuxo do ar e considere g 5 10 m/s2. Nessas condições, determine: a) a intensidade do empuxo que o líquido exerce no bloco; b) a massa específica (densidade) do líquido em kg/m3. 55. (Unip-SP) Para medirmos a densidade do álcool, utilizado como combustível nos automóveis, usa- mos duas pequenas esferas, A e B, de mesmo raio, unidas por um fio de massa desprezível. As esferas estão em equilíbrio, totalmente imersas, como mostra a figura, e o álcool é considerado homogêneo. A B Sendo a densidade de A igual a 0,50 g/cm3 e a densidade de B igual a 1,0 g/cm3, podemos con- cluir que: a) não há dados suficientes para obtermos a den- sidade do álcool. b) a densidade do álcool vale 1,5 g/cm3. c) a densidade do álcool vale 0,50 g/cm3. d) a densidade do álcool vale 0,75 g/cm3. e) a densidade do álcool vale 1,0 g/cm3. 56. Um bloco de madeira flutua inicialmente na água com metade do seu volume imerso. Co- locado a flutuar no óleo, o bloco apresenta 1 4 do seu volume emerso. Determine a relação entre as massas específicas da água (μa) e do óleo (μ0).Resolução: Analisemos, inicialmente, o equilíbrio do bloco parcialmente imerso em um fluido de massa específica mf: P E E.R. R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o d a e d it o ra R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o d a e d it o ra R e p ro d u ç ã o /A rq u iv o d a e d it o ra B a n c o d e i m a g e n s /A rq u iv o d a e d it o ra 1CONECTEFIS_MERC18Sa_U3_Top2_p606a667.indd 640 8/9/18 9:10 AM