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Técnicas de trabalho R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . Análise de matéria jornalística Tiras e charges são usadas até hoje como forma de denunciar por meio do humor algo que acontece no mundo. No período da ditadura militar no Brasil (1964-1985), os cartunistas valeram-se desse tipo de expressão. Isso ocorria porque nem sempre a mensagem nessas obras é claramente perceptível e, assim, muitos artistas, utilizando-se dessa linguagem, conseguiram burlar a censura e criticar o regime militar. No entanto, apesar de os jornais terem sido o veículo de comunicação no qual foram publicadas a maioria das tiras e charges que faziam críticas ao regime militar, a imprensa, por pressão ou convicção política, omitiu os abusos do regime e muitas vezes distorceu fatos. É evidente que a imprensa não parou de publicar notícias, mas elas não traduziam a verdadeira situação do país. Assim, a informação que era oferecida ao leitor desviava sua atenção dos graves desmandos do governo. Se sob uma ditadura a falta de liberdade da imprensa é óbvia, sob um regime democrático é mais difícil identificar os critérios que os veículos de comunicação utilizam para decidir o que publicar e como fazê-lo. Ainda que os governos democráticos não interfiram diretamente no conteúdo publicado pelos veículos de notícias, a informação sempre passa, necessariamente, por uma escolha, por uma edição. Ou seja, existe alguém que, seguindo a orientação dos donos do meio de comunicação edita fotos e textos e define o que pode e o que não pode ser publicado. “Foi você, Maria, ou já começou a Lei de Imprensa?” (1966). Charge de Fortuna publicada no jornal Correio da Manhã, Rio de Janeiro (RJ). Durante o período da ditadura militar, muitas das críticas ao regime foram feitas por meio de tiras e charges como essa. Soldados norte-americanos dão água a um soldado iraquiano no sul do Iraque. Foto de 2003. Uma mesma imagem pode transmitir diferentes mensagens dependendo do recorte feito na foto. Burlar: de acordo com o Dicionário Houaiss, enganar através de artimanhas; ludibriar. Essa edição pode favorecer uma visão positiva de um fato ou pode estimular uma percep- ção negativa dele. Para isso, não é preciso inventar nada; basta escolher o ângulo de uma foto que está mais em conformidade com o que o editor quer transmitir ou modificar os verbos e adjetivos de uma sentença para que o leitor entenda a notícia da perspectiva escolhida pela linha editorial do veículo de comunicação. Por isso, é preciso sempre estar atento às informações que recebemos. Sem um olhar crítico sobre elas, corremos o risco de julgar o mundo de uma perspectiva que não escolhemos, mas para a qual fomos inconscientemente induzidos. Como devemos então proceder para sermos capazes de filtrar a informação que nos é transmitida? Como tirar dela nossas próprias conclusões? Uma das maneiras possíveis é comparar as notícias, como veremos a seguir. F o r t u n a It s u o I n o u y e /a P P h o t o /G l o w I m a G e s R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 208 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 208 3/15/16 10:30 AM R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 209 Objetivo Pesquisar, selecionar e fazer uma análise comparativa de publicações jornalísticas sobre um tema escolhido. Etapas • Seleção do tema. • Escolha dos veículos de comunicação. • Pesquisa de notícias e/ou reportagens sobre o tema selecionado nos veículos de comunicação escolhidos. • Análise comparativa dos textos selecionados. • Elaboração de um texto com os resultados da análise. Procedimentos • Seleção do tema. Selecione um tema que esteja rece- bendo no momento ampla cobertura da imprensa (a aprovação de leis, algum evento da política nacional, cenário socioeconômico do país etc.). • Escolhados veículos de comunicação. Escolha três veí- culos de comunicação diferentes que tenham publicado notícias ou feito reportagens sobre o tema selecionado. Podem ser jornais impressos, revistas ou portais de no- tícias da internet. Tome o cuidado de não selecionar veí- culos diferentes de uma mesma empresa de informação (por exemplo, site e jornal impresso da mesma empresa). • Pesquisa de notícias e/ou reportagens sobre o tema selecionadonosveículosde comunicaçãoescolhidos. Identifique em cada veículo de comunicação as notícias e/ou reportagens publicadas sobre o tema escolhido. De forma geral, os veículos de comunicação trabalham com vários gêneros textuais, mas aqui você precisa identificar apenas dois deles: a notícia e a reportagem. A notícia é um texto informativo, que dá ao leitor o conhecimento de um fato, colocando-o a par do que aconteceu, como, Gênero textual Relevância da notícia Manchete Fotografia Adjetivos e substantivos usados Pontos de vista registrados Posicionamento em relação aos fatos Nome do veículo 1 Nome do veículo 2 Nome do veículo 3 quando e onde, quem foram os atores envolvidos e sua repercussão. Embora a notícia não seja assinada por um jornalista, dependendo de como a informação é transmitida, pode predispor o leitor a desenvolver um entendimento positivo ou negativo do fato. Já a repor- tagem é sempre assinada pelo jornalista responsável e tem caráter mais analítico, procurando construir um entendimento amplo de um fato ou fenômeno social, político, econômico ou cultural. Assim, a reportagem busca colher diferentes pontos de vista sobre aquilo que é investigado e registrar a opinião de especialistas. • Análisecomparativadostextosselecionados. Leia aten- tamente os textos, considerando os seguintes aspectos: 1.Relevância dada ao tema: ele foi destacado em man- chete? Está acompanhado por fotografia? Que lugar da página foi reservado para ele? Quanto espaço foi dedicado ao texto? 2.A fotografia, se existe, causa que impressão no leitor? Qual é o conteúdo da legenda? 3.O texto usa termos que sugerem ou afirmam categorica- mente algo (por exemplo, utiliza “o suposto assassino” ou “o assassino”? Usa “o suspeito” ou “o criminoso”? )? 4 Que substantivos e adjetivos são usados para fazer referência aos atores envolvidos no caso (por exem- plo, “jovens” ou “menores”? “Manifestantes” ou “vândalos”?)? 5.O texto manifesta um posicionamento ou deixa o leitor livre para fazer seu próprio julgamento? 6.Ao informar o fato, buscou-se registrar o ponto de vista de todos os atores envolvidos nele? • Elaboraçãodeumtexto comos resultadosdaanálise. Copie em seu caderno o quadro abaixo e preencha-o de acordo com aquilo que observou na etapa anterior. Com base no quadro-síntese, escreva um texto comparando a maneira como os três veículos estudados apresentaram os mesmos acontecimentos. R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 209 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 209 3/15/16 10:30 AM Técnicas de trabalho R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . Pesquisa Você alguma vez já se perguntou sobre o que, afinal, nos faz tão diferentes dos outros animais que habitam o planeta? Talvez a característica mais importante da nossa espécie seja a capacidade de refletir sobre o mundo ao redor, questionando-o e buscando compreendê-lo. Não sabemos exatamente em que momento nossos antepassados desenvolveram o pensamento abstrato, mas existem indícios arqueológicos de que essa capa- cidade jáestava plenamente desenvolvida há 40 mil anos. Sabemos, também, que com essa capacidade de pensar desenvolvemos muitos conhecimentos: técnicas de fabricação de artefatos, estratégias de caça, mitos, tratamentos para doenças e ferimentos, entre outros. A princípio, esses conhecimentos eram adquiridos pela experiência, por meio de acertos e erros, e cada nova descoberta integrava e ampliava o repertório de saberes acumulados, cuja preservação dependia de sua memorização e contínua transmissão para as gerações seguintes. Até a aparição do primeiro sistema de escrita, por volta de 3300 a.C., todo conhecimento adquirido era passado oralmente das pessoas mais velhas para as mais jovens. Com a invenção da escrita, a capacidade humana de preservar e transmitir conhecimento aumentou ex- traordinariamente. Como consequência do desenvolvimento da escrita, atualmente é impossível reter na memória todo o conhe- cimento produzido pelo ser humano. Então, para acessar as informações de que necessitamos, a pesquisa é uma saída. Para isso, é necessário localizar as fontes onde elas estão registradas e selecionar aquilo que nos interessa. Assim, pesquisar tornou-se uma atividade fundamen- tal para a aprendizagem e para o exercício de qualquer atividade profissional em um mundo em que o conhe- cimento se multiplica e cresce continuamente. Vamos aprender uma das formas de fazer uma pesquisa? O melhor de Calvin (1987), tirinha de Bill Watterson. Objetivo Apresentar procedimentos para a realização de uma pesquisa, como seleção e uso de fontes. Etapas • Definição do objetivo da pesquisa. • Levantamento das fontes disponíveis. • Seleçãodas fontes relevantes de acordo comosobjetivos definidos. • Identificação e seleção da informação que vai ao encon tro do objetivo definido. •Organização das informações selecionadas e suas arti culações. • Formatação da pesquisa. Procedimentos •Definição do objetivo da pesquisa. Provavelmente sua pesquisa foi motivada por algum problema ou por alguma curiosidade. Antes de começar a pesquisar, você precisa ter muita clareza sobre o que o moveu à pesqui- sa. Afinal, o que você está procurando conhecer? Sem isso, você não conseguirá identificar o que é realmente relevante em meio ao imenso volume de informações que encontrará sobre o tema pesquisado. • Levantamento das fontes disponíveis. Esse levanta- mento pode ser dividido em: bibliografia (livros, en- ciclopédias, dicionários, artigos de revistas e jornais); fontes visuais (fotografias); fontes materiais (observação de obras de arte e patrimônio arquitetônico); fontes orais (entrevistas); fontes audiovisuais (documentários, registros pessoais). Esse material pode ser encontrado em bibliotecas, instituições culturais ou na internet. C a l v n & h o b b e s , b Il l w a t t e r s o n © 1 9 8 7 w a t t e r s o n / D s t. b y u n v e r s a l u C l IC k R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 210 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 210 3/15/16 10:30 AM R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . • Seleção das fontes relevantes de acordo com os objetivos definidos. Hoje o volume de informação dis- ponível é gigantesco. A facilidade técnica de produzir um livro multiplicou o número de editoras e a internet tor- nou acessíveis bibliotecas, arquivos e coleções de todo o mundo. Por isso, o pesquisador precisa filtrar as fontes que realmente lhe serão úteis. Para fazer essa seleção, é importante definir critérios. Por exemplo, a língua em que você quer pesquisar, o subtema que lhe interessa, a profundidade da informação de que precisa. Além disso, deverá ter o cuidado de identificar as fontes confiáveis, principalmente se estiver utilizando a internet, uma vez que nessa plataforma há muito material publicado sem qualquer consistência. • Identificação e seleção da informação que vai ao encontro do objetivo definido. Depois de selecionar as fontes, leia-as atentamente. Tendo sempre em men- te seu objetivo, destaque e registre em seu caderno as informações que lhe são úteis. Para organizar as leituras, sugerimos fazer seus registros segundo o modelo abaixo. Tipo de fonte: Autor: Título: Local de publicação: Editora (ou site): Data de publicação: Assunto: Informações relevantes: Indígena Pataxó usando o computador em uma escola da Aldeia Barra Velha, em Porto Seguro (BA). Foto de 2014. É recomendável sempre realizar pesquisas em sites de instituições de reputação reconhecida, como universidades, órgãos públicos e organizações internacionais ou nacionais que desenvolvam atividades relacionadas ao tema pesquisado. 2.Desenvolvimento. As informações coletadas deve- rão ser utilizadas no meio do trabalho, ou seja, após a introdução e antes da conclusão. Não se esqueça de identificar sempre a origem das informações. Se você usou, por exemplo, informações de um gráfico encontrado no site da ONU, explicite isso; se está fazendo uso das ideias de um autor, não deixe de citá-lo. Lembre-se de que é isso que dará consistência à sua pesquisa e fará as pessoas saberem que você não inventou as informações nas quais se apoia. Se, além das informações, você optar pelo recurso audiovisual, as imagens e os registros fonográficos utilizados precisam ter suas fontes identificadas. 3.Conclusão. Após todo o processo que envolveu a pes- quisa, você provavelmente chegou a uma conclusão. Você deverá, portanto, comunicar de maneira clara e objetiva o que descobriu ao término de sua pesquisa, ou que solução propõe para o problema que motivou sua investigação. Sempre, ao final, indique detalha- damente a origem das informações que subsidiaram seu trabalho. Livros, revistas, sites etc. devem ser apontados do modo mais completo possível. Em tra- balhos escritos, há regras que devem ser seguidas para a indicação das referências. Consulte-as em <http:// dgi.unifesp.br/sites/comunicacao/pdf/entreteses/ guia_biblio.pdf>. Acesso em 9 fev. 2016. É importante não copiar toda informação considerada relevante. Para cada trecho da leitura, escreva o que enten- deu com suas palavras. Apenas copie frases ou parágrafos que considerar extremamente significativos. •Organização das informações selecionadas e suas articulações. Como sua pesquisa foi conduzida por um objetivo específico, você precisará reordenar as informa- ções selecionadas em função dele. Portanto, será preciso sintetizar tudo o que você registrou. A elaboração do texto será facilitada se as informações estiverem em sequência. • Formatação da pesquisa. Há vários formatos para a apresentação da pesquisa: dissertação, seminário, docu- mentário audiovisual, entre outros. Para cada uma dessas formas, você utilizará uma organização diferente, mas todas devem respeitar, basicamente, a seguinte estrutura: 1. Introdução. Você precisará colocar a pessoa que vai ler, ouvir ou assistir ao seu trabalho a par do assunto desenvolvido nele. Por isso, é importante fazer uma apresentação do que motivou sua pesquisa, das questões que a orientaram e do que será tratado na sequência do trabalho. r e n a t o s o a r e s /P u l s a r I m a G e n s R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 211 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 211 3/15/16 10:30 AM Técnicas de trabalho R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . Elaboração de esquemas para estudo Os organizadores gráficos, mais conhecidos como es quemas, são formas de ordenar conteúdos visualmente.Com eles, é possível organizar as principais informações sobre determinado assunto, facilitando sua compreensão. Por meio dos esquemas você pode ordenar a sequência de um processo, sistematizar relações de causa e efeito, estabelecer comparações, classificar etc. Além disso, os esquemas permitem um melhor entendimento das rela- ções entre os diversos conceitos ou acontecimentos que formam a base do tema. Objetivo Elaborar um esquema para sintetizar conteúdos estu- dados, facilitando a compreensão deles. Etapas • Escolha do texto que será estudado. • Leitura integral do texto. • Destaquedas principais informações, utilizandopalavras -chave relacionadas a conceitos e pontos fundamentais. • Seleção do organizador gráfico (esquema)mais adequa do para sintetizar o conteúdo. •Organização das informações selecionadas no formato mais apropriado. Procedimentos • Escolha do texto que será estudado. Selecione o con- teúdo que vai estudar: um capítulo do livro didático, um artigo, textos relacionados a uma pesquisa (tomando os devidos cuidados com a seleção das fontes – ver “Técni- cas de trabalho: pesquisa”). • Leitura integral do texto. Antes de resumir ou esque- matizar um texto, você precisa conhecê-lo. Por isso, o ideal é fazer a leitura integral do material para identificar o assunto e conhecer o conteúdo. •Destaque das principais informações, utilizando palavras-chave relacionadas a conceitos e pontos fundamentais. Separe as informações essenciais para a identificação do texto: título, autor, data, número de página e/ou capítulo. Depois, releia omaterial destacan do palavras-chave relacionadas aos conceitos e às ideias fundamentais. Organize o que destacou em tópicos. • Seleção do organizador gráfico (esquema) mais adequado para sintetizar o conteúdo. Há diferen- tes formatos de organizadores gráficos (esquemas). Cada um deles é mais adequado a determinado tipo de conteúdo ou de informação. Veja exemplos de alguns tipos de esquema a seguir. Constituição de 1934 Constituição de 1988 Forma de governo Chefe de Estado Modelo de voto Secreto e facultativo para todos os brasileiros maiores de 18 anos, com exceção de mulheres sem profissão remunerada, mendigos, analfabetos e padres. Secreto e obrigatório para todos os brasileiros entre 18 e 70 anos. 1. Comparação. Nesse formato, comparam-se diferentes aspectos de dois ou mais conceitos ou acontecimentos. 2.Rede de tópicos. Utilizado quando existe uma ideia central que conecta outras ideias diferentes. 3.Relação de causa e efeito. Apresenta uma relação de causa e efeito. 4.Processo. Sequência de caixas conectadas por setas, indicando fatos que se sucedem. •Organização das informações selecionadas no for matomais apropriado.Depois de selecionar omodelo mais apropriado, organize o esquema com as principais ideias do texto. Imagine-se explicando o esquema montado para alguém. Ao fazer isso, ao mesmo tempo que confere o esquema, estará estudando o conteúdo. Se conseguir explicar o esquema, significa que compreendeu o que foi estudado. Caso tenha dificuldades, retome as anotações e avalie se o tipo de organizador gráfico selecionado é realmente o mais adequado. Desestabilização do sistema feudal Fome Diminuição demográfica Peste Guerra Crise social e econômica Revoltas camponesas e urbanas Queda da Bastilha República Jacobina Monarquia Constitucional Diretório 18 Brumário Regimes totalitários O Estado exerce um rígido controle sobre a cultura, as organizações de trabalhadores e de estudantes, os meios de comunicação e o ensino. O Estado utiliza a força para oprimir as minorias e a oposição. O Estado controla todos os aspectos do cotidiano, inclusive a vida familiar. Exaltação da figura do líder, o grande “pai” da nação. R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 212 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 212 3/15/16 10:30 AM R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . Seminário Em qualquer área do conhecimento, é sempre considerá- vel o número de profissionais versados em um mesmo tema. Porém, a produção de conhecimento é muito dinâmica e, para que todos estejam sempre atualizados e possam esta- belecer uma relação de troca e diálogo, é necessário lançar mão de estratégias que favoreçam a intercomunicação. O seminário é uma técnica de aprendizagem e comuni- cação muito eficiente para o estabelecimento do diálogo e da colaboração entre os profissionais de uma área. Ele inclui a pesquisa, a discussão e o debate sobre fontes, métodos, resultados etc. É especialmente útil à atividade escolar e acadêmica, permitindo que grupos de alunos compartilhem seus conhecimentos e suas análises de textos. Uma das maiores vantagens de um seminário é permitir a participação mais ativa dos estudantes, deixando para trás o formato de aula em que o professor é o único que fala e os alunos limitam-se à condição de ouvintes. Para organizar um seminário, siga as orientações a seguir. Objetivo Favorecer a troca de conhecimentos e criar um am biente propício à discussão e ao debate. Etapas • Formação dos grupos de trabalho. • Definição do tema geral. • Definição dos subtemas. • Realização da pesquisa. • Preparação dos slides de apresentação. • Apresentação das pesquisas ou leituras. • Discussão dos resultados. Procedimentos • Formaçãodosgruposde trabalho. Você deve juntar-se a um grupo de alunos de quatro ou cinco membros. • Definição do tema geral. No seminário, os grupos farão pesquisas sobre o mesmo tema, mas focando em diferen- tes aspectos dele. Assim, por exemplo, se o tema for “A mulher na Primeira Guerra Mundial”, um grupo poderá pesquisar “A mulher nos acampamentos de atendimento médico”, enquanto outro estudará “O impacto da guerra na constituição da família”. Atente-se para não trabalhar aspectos do tema de outro grupo da sala. •Definição dos subtemas. Depois de estabelecido o tema geral, devem ser definidos os subtemas – os re- cortes dentro do tema maior. Esses recortes podem ser preestabelecidos pelo(a) professor(a) ou vocês podem fazer algumas leituras prévias e sugerir o aspecto do tema geral pelo qual se interessam mais. • Realização da pesquisa. O seminário pode partir de um texto-base escolhido pelo(a) professor(a) ou o grupo pode ficar responsável por pesquisar as fontes que guiarão o trabalho. Caso seu grupo tenha recebido um texto-base, vocês deverão fazer, além da leitura e dos registros das informações mais importantes, o le- vantamento das questões que o texto propõe e buscar contradições, lacunas ou pontos que não foram sufi- cientemente trabalhados na análise do autor. Se o seu grupo ficou responsável por pesquisar as fontes, vocês devem recorrer às orientações de todas as etapas da investigação feitas em “Técnicas de trabalho: pesquisa”. • Preparação dos slides de apresentação. Feita a pes quisa ou a leitura, é preciso transportar as informações a serem comunicadas para uma apresentação de slides, a fim de dar mais agilidade e objetividade à exposição. Para isso, destaquem: 1.A questão central que norteou o trabalho ou a leitura. 2.As informações principais identificadas. 3.Problemas ou questões levantadas pela leitura ou pelas pesquisas. 4.Conclusão do grupo. 5.Fontes consultadas. A função dos slides é conduzir tanto a fala de quem se apresenta quanto auxiliar a escuta do público. Por essa razão, é muito importante que não sejam visualmente poluídos nem contenham muito texto. Além disso, tenham a certeza de que o corpo das letras usadas nos slides é sufi- cientemente grande para os textos serem lidos a distância e de que eles possuem cores neutras, pois cores muito fortes turvame cansam a visão do público. Um slide com muito texto pode confundir o expositor na consulta de algum dado, bem como desviar a atenção da audiência diante da impossibilidade de ler e prestar atenção em quem fala ao mesmo tempo. •Apresentação das pesquisas ou leituras. Em um dia previamente agendado, os grupos farão a exposição da leitura do texto-base ou dos resultados das pesquisas para a sala. A exposição não deve ser excessivamente longa (deve ocupar entre 15 e 20 minutos) e as falas devem ser feitas com desenvoltura, sem a leitura de informações longas escritas em papéis, fichas ou no próprio slide. Não há problema, contudo, em ler informa- ções pontuais, como dados numéricos, datas ou nomes. Durante a exposição, lembrem-se de olhar para o público e de falar em voz alta e pausada, sem gesticular demais. •Discussão dos resultados. Após a exposição, deve-se reservar um tempo para perguntas e debates. R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 213 Caso opte por organizar um seminário, avalie o grau de autonomia dos alunos. Se julgar que a sala ainda depende muito da sua intervenção, talvez seja interessante oferecer um texto-base para cada grupo com um roteiro de leitura. Porém, se considerar que os alunos estão suficientemente maduros, é interessante deixar que façam a pesquisa das fontes com mais liberdade. 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 213 3/15/16 10:30 AM Técnicas de trabalho R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . Elaboração de uma dissertação Muitas vezes, ao iniciarmos um texto, temos a sensação de que sabemos o que queremos transmitir, mas não como fazê-lo. Por onde começar? Como escolher as palavras certas? Que caminho tomar no desenvolvimento do raciocínio? As respostas para essas questões poderão ser encontradas mais facilmente se você entender o gênero textual que deverá produzir: a dissertação, que pode ser expositiva ou argumentativa. A dissertação expositiva apenas apresenta um assunto e oferece uma série de informa- ções ao leitor para que ele tome ciência de algo. Por exemplo, você pode dissertar sobre “As perspectivas na luta contra a dengue”. Para isso, precisará esclarecer o que é a dengue, explicar como ela é transmitida, ponderar sobre as maneiras de combatê-la e fazer um apanhado dos resultados das pesquisas em andamento. Em seu texto você não toma partido sobre o assunto, apenas oferece ao leitor dados sobre ele. A dissertação argumentativa é diferente na sua estrutura. Nela é feita a defesa de um ponto de vista. Isso significa que se deve argumentar para persuadir o leitor de uma visão particular sobre determinado assunto. Assim, suponhamos que você pretenda escrever sobre “Aquecimento global” e sustentar a ideia de que o aumento das temperaturas no planeta é resultado da ação dos seres humanos sobre o meio ambiente. Para isso, você precisará explicar brevemente o aquecimento global, citar estudos que determinam suas causas, associá-las ao desenvolvimento industrial dos últimos séculos e mostrar como medidas de proteção ambiental incidem sobre o clima. Seu leitor deverá chegar ao fim do texto convencido de que o homem é responsável pelas mudanças climáticas. Objetivo Apresentar procedimentos para a redação de uma dissertação que pode ser expositiva ou argumentativa. Etapas • Definição do tema central da sua dissertação. • Escolha do tipo de texto: dissertação expositiva ou argumentativa. • Pesquisa sobre o tema central da dissertação. • Elaboração do texto de acordo com o tipo de dissertação escolhido. • Revisão do texto para adequação da linguagem e do estilo. • Reescrita da dissertação após a revisão e definição do título. G l s o n t e x e r a /o m P /D .a P r e s Candidatos realizando a prova do Enem em São Luís (MA). Foto de 2011. A redação é um dos componentes mais importantes da nota do aluno na prova do Enem. Para chegar à nota final da redação, os avaliadores do exame consideram se o aluno conseguiu, entre outras coisas, demonstrar domínio da norma culta da língua portuguesa e se ele compreendeu a proposta de redação e a desenvolveu corretamente. R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 214 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 214 3/15/16 10:30 AM R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . Procedimentos •Definição do tema central da sua dissertação. Pense a respeito do assunto sobre o qual vai escrever e busque problematizá-lo: Quais são os pontos sensíveis dele? Que polêmicas o assunto desperta? • Escolha do tipo de texto: dissertação expositiva ou argumentativa. Em qualquer um dos casos, lembre-se de elaborar um texto objetivo e claro. O ideal é ser o mais racional possível e ter sempre a preocupação de fundamentar as ideias. Em uma dissertação, recomenda-se usar, preferencialmente, o verbo na terceira pessoa; contudo, é possível usar a primeira pessoa, especialmente em textos argumentativos, desde que se tome o cuidado para não cair em subjetivismos. No caso de se optar pela primeira pessoa, é importante evitar o emprego de expressões como “em minha opinião” ou “a meu ver”. É também indicado não fazer julgamento de valor e não empregar adjetivos como “bom”, “ruim”, “certo”, “errado”. Dessa forma, ao escrever uma dissertação, procure sempre manter certo distanciamento do assunto do qual trata. Evite tom emotivo, que dramatize a abordagem. •Pesquisa sobre o tema central da dissertação. Tudo o que for afirmado deverá ser com- provado. Para sustentar seus argumentos, você pode recorrer a evidências (por exemplo, tabelas com dados comparativos, gráficos, resultados de levantamentos qualitativos), citações de autores renomados e uso do raciocínio lógico (fazendo analogias, relações pertinentes de causa e efeito etc.). O importante é que suas afirmações não pareçam puro “achismo” e não provenham de vagos “ouvi dizer”. Tenha sempre a preocupação de buscar as informações de que necessita em fontes confiáveis (veja as orientações para as etapas da realização de uma pesquisa em “Técnicas de trabalho: pesquisa”). • Elaboração do texto de acordo com o tipo de dissertação escolhido. Elabore frases curtas e diretas. Coloque-as em uma ordem que pareça lógica: uma ideia deve “puxar” a seguinte. Do ponto de vista estrutural, a dissertação deve passar por três etapas: 1. Introdução: é a apresentação do assunto, em que você coloca o leitor a par daquilo que será abordado no texto. Se a dissertação for argumentativa, você apresentará aqui a tese que defenderá. A introdução deve ser sempre simples e direta. 2.Desenvolvimento: esse é o “corpo” da dissertação. Nessa parte você fundamentará aquilo que afirmou na introdução ou desenvolverá a argumentação que sustenta sua tese. 3.Conclusão: nela você deve explicitar o que concluiu sobre o assunto tratado ou des- tacar o que foi mais relevante no raciocínio que você construiu. Portanto, não coloque nenhuma informação ou problematização nova na conclusão. •Revisão do texto para adequação da linguagem e do estilo. Pense se as palavras es- colhidas traduzem exatamente o que você pretendia dizer. Veja se as frases curtas que você redigiu podem ser articuladas com conectivos (assim, entretanto, em decorrência de, porque, pois etc.). Verifique se você manteve o estilo do começo ao fim (uso de terceira ou primeira pessoa, singular ou plural). Jamais use gírias, expressões coloquiais, abreviações, linguagem própria de internet (como hashtag), clichês e termos de baixo calão. Além disso,evite usar palavras em sentido figurativo e não tente impressionar seu leitor com um texto muito rebuscado. •Reescrita da dissertação após a revisão e definição do título. Lembre-se de não repetir ideias. Se você achar que não foi claro o bastante na primeira tentativa, não volte à mesma ideia para esclarecê-la; reescreva-a. O título é a etapa final. Lembre-se de fugir do lugar comum e de não reproduzir títulos ou ideias de sites da internet. R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 215 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 215 3/15/16 10:30 AM Técnicas de trabalho R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . Análise de um filme Muitas pessoas pensam que um filme só pode ser útil à história se abordar temas históricos. Entretanto, como qualquer produto da ação humana, ele pode ser utiliza- do como fonte de pesquisa independentemente de seu conteúdo. Assim, costumes, crenças, visões de mundo, comportamentos e técnicas próprias de determinada época podem ser identificados em um filme, mesmo que a narrativa não seja ambientada em um tempo passado. Além disso, mesmo os filmes históricos costumam nos dizer muito mais sobre o período em que foram produzi- dos do que sobre o período que procuraram retratar. Até porque nenhum filme é produzido com a intenção de ser um documento de seu tempo ou um tratado de história. Sendo uma forma de arte, o cinema tem uma linguagem própria e atende a uma demanda artística, buscando mexer com a sensibilidade e os sentidos do espectador, distraindo- -o, entretendo-o, exaltando determinados valores e vir- tudes humanas ou denunciando nossos vícios e misérias. Por essa razão, quando analisamos um filme, principal- mente aqueles ambientados em épocas passadas, é preciso ter muito cuidado para não confundir cinema e história. Enquanto a história orienta-se por uma metodologia cien- tífica e tem um compromisso com a objetividade, o cinema trabalha com representações, muitas vezes amparadas na subjetividade do diretor. Quer dizer, ele conta com liberdade para dar ao passado – no caso do filme histórico – um trata- mento pessoal, que afasta a narrativa dos fatos históricos. Portanto, para analisar um filme, é preciso atentar-se a certos passos, como os descritos a seguir. Cena do filme Juventude transviada (1955), dirigido por Nicholas Ray. O comportamento rebelde de Jim Stark, o protagonista, e suas implicações sociais e familiares podem fornecer muitas informações sobre os valores e conflitos da sociedade norte-americana após a Segunda Guerra Mundial: o consumismo, a crise da família como instituição, os jovens de classe média ociosos etc. Objetivo Analisar um filme com a finalidade de compreender a produção cinematográfica como fonte histórica. Etapas • Pesquisa da ficha técnica do filme. • Pesquisa sobre o diretor e o contexto em que o filme foi produzido. • Levantamento de informações sobre os fatos e a época retratados no filme. • Registro de suas observações em relação ao filme assistido. • Atribuição de um significado ao filme. •Organização da análise e conclusões. Procedimentos • Pesquisa da ficha técnica do filme. Pesquise o nome do diretor, o elenco, o local e o ano de produção do filme. Essas são as informações básicas para o início do trabalho. •Pesquisa sobre o diretor e o contexto em que o filme foi produzido. Há diretores, como o estaduni- dense Quentin Tarantino, que utilizam elementos da cultura pop e abusam de uma violência estetizada em quase todos os trabalhos. Outros diretores, como w a r n e r b r o t h e r s /a l b u m /l a t n s t o C k R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 216 Caso essa seção seja trabalhada em sala de aula, sugerimos que a proposta seja feita em grupo, pois a diversidade de possibilidades in- terpretativas e a discussão podem enriquecer muito a análise. 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 216 3/15/16 10:30 AM R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . o estadunidense Woody Allen, preferem enfatizar o perfil psicológico das personagens. E ainda outros, como o dinamarquês Lars von Trier, lançam mão de muitas alegorias e simbolismos. Conhecendo as características de trabalho dos diretores, é possível ter uma ideia do que esperar dos seus filmes, o que facilita a observação. Também auxilia bastante saber quais eram as grandes questões em pauta quando da produção do filme. • Levantamentode informações sobreos fatos e a épo ca retratados no filme. Dessa forma, você será capaz de perceber mais facilmente qual é a interpretação do diretor e até que ponto ele fez uso da sua liberdade para criar situações ficcionais. •Registro de suas observações em relação ao filme assistido. Considerar principalmente os seguintes aspectos: 1.Caracterização das personagens. Fique atento às vestimentas, aos gestos, às expressões, aos compor- tamentos e às características psicológicas. Reflita sobre a relação que o diretor procurou criar entre você (o espectador) e cada personagem do filme. 2.Cores usadas nas cenas. Identifique se as cores pre- dominantes no filme são frias ou quentes. As diferen- tes cores presentes na fotografia do filme estimulam diferentes sentimentos no espectador, como medo, tristeza, excitação. 3.Movimentos de câmera, enquadramento e ângulo de filmagem. Observe se a câmera acompanha os movimentos nervosos das personagens de perto ou a distância, envolvendo menos o espectador; repare se há muitos zuns, ou seja, closes muito próximos de uma personagem ou de um acontecimento, se o en- Cena do filme A vila (2004), do diretor indiano M. Night Shyamalan. Essa obra é um exemplo da influência do presente em um filme, já que ele só pode ser bem entendido se soubermos que o filme foi produzido no contexto da vigência da Doutrina Bush e da guerra contra o terrorismo, embora o enredo não aborde diretamente essas questões. quadramento “fragmenta” o que está sendo filmado ou se é centralizado etc. 4.Trilha sonora. Verifique que estilo de música o diretor usou. Que estado de espírito cada música favorece? Em que momentos a trilha sonora é mais importante para despertar emoções? 5.Cenário e objetos relevantes. Espelhos, velas, livros ou qualquer objeto que tenha destaque ou apareça recorrentemente podem ter um significado especial. Fique atento a esse aspecto. 6.Iluminação. Atenção à incidência da luz, às cenas de penumbra e claridade, às áreas de sombra. A lu- minosidade tanto interfere no sentimento que nos desperta quanto no jogo de ênfase/ocultação de elementos presentes nas cenas. 7.Diálogos entre personagens. Qual é a importância dos diálogos para o filme? Eles são curtos ou longos? A linguagem é rebuscada ou informal? •Atribuição de um significado ao filme. Tente asso- ciar os elementos do filme ao contexto histórico em que foi produzido e às características dos filmes do diretor. Pense, por exemplo, se as principais persona- gens representam determinado grupo social, racial, étnico etc. Pense também se essas personagens são apresentadas como heróis ou vilões. Reflita sobre o ambiente criado pelo diretor, se é alegre, opressivo, melancólico. São muitos os elementos que podem ser considerados na sua análise! •Organização da análise e conclusões. Depois de dar significado a cenas, personagens, objetos etc., organize todas as observações e reflexões, articulando-as em uma dissertação (ler as orientações para a produção desseconteúdo em “Técnicas de trabalho: dissertação”). b u e n a v Is t a /e v e r e t t C o l l e C t o n /e a s y P x R e p ro d u ç ã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 217 Um filme muito popular entre os adolescentes também pode ser usado para evidenciar a influência do contexto na produção fílmica: 300 (2007), dirigido por Zack Snyder. A obra se passa no contexto das Guerras Médicas, na Grécia No filme A vila, a pequena localidade onde moram as personagens do filme está construída em uma clareira no meio de um bosque onde vivem misterio- sas e perigosas criaturas, denominadas “aqueles-de-quem-não-falamos” pelos moradores da vila. Esse outro representa para as personagens o medo daquilo que não conhecem, do que é diferente delas. A segurança da vila é garantida por um pacto de que os aldeões não entrarão no bosque e viverão isolados na vila. Assim, os próprios membros da comunidade se controlam e autovigiam. antiga, mas nos permite discutir muito mais a Guerra dos Estados Unidos con- tra o chamado “Eixo do Mal” (que incluía Irã, Iraque e outros países que, segundo o governo de George W. Bush, estariam produzindo armas de destruição em massa e abrigando terroristas), na me- dida em que é construído por uma visão maniqueísta que valoriza o militarismo e a civilização ocidental (representada pe- los soldados espartanos) e desqualifica o mundo oriental (representado pelos persas, mostrados como a encarnação da tirania e da degradação dos valores ocidentais). 208-224-HC1-Finais-G-BR.indd 217 3/15/16 10:30 AM