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ESA 2024 Prof.ª Celina Gil AULA 05 Conclusão 2 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Sumário Apresentação 4 1 - Repertório de redação 5 2 – Conclusão 13 2.1 – Conectivos de conclusão 15 2.2 – Análise de redação 18 2.3 – Exercícios: Conclusão 19 3 - Propostas 27 Considerações Finais 33 3 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Siga minhas redes sociais! Professora Celina Gil @professoracelinagil @professoracelinagil 4 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Apresentação Olá! Na aula de hoje, veremos: - Prática e estudo de desenvolvimento da conclusão; - Exercícios de identificação de temática; desenvolvimento de conclusão; e - Prática de redação. Nossas aulas de redação serão sempre compostas de 3 partes: Vamos lá? 1 - Análise social Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo. Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na elaboração de argumentos. 2 - Estudo de uma parte da dissertação Estudo aprofundado de uma das partes que compõe o texto dissertativo. Vamos passar por introdução, desenvolvimento, conclusão e coesão/coerência. 3- Produção textual Análise de redações/trechos de redações e/ou exemplo de produção textual. Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno. 5 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO 1 - Repertório de redação Para nosso repertório de hoje, separamos alguns assuntos que tem a ver com arte, cultura e tecnologia. Esses são temas frequentes em sua prova e saber um pouco mais sobre eles pode ajudar você a encontrar repertório para suas redações. Tópicos 1.1 - Indústria Cultural vamos pensar nas ideias de indústria cultural e cultura de massa. Esses são conceitos importantes para tratar de temas como consumismo, cultura e arte no contemporâneo. O termo Indústria Cultural foi popularizado enquanto conceito pela Escola de Frankfurt, principalmente pelos sociólogos Theodor Adorno (1903 – 1969) e Max Horkheimer (1895 – 1973). A Indústria Cultural seria uma das responsáveis pela formação do pensamento das sociedades mediadas pelo consumo e pela massificação. A Indústria Cultural é como uma fábrica, que produz bens culturais padronizados e homogeneizados. Esses produtos alienam quem os consomem, pois não incentivam a reflexão ou o questionamento das estruturas. São apenas entretenimento, com o objetivo de domesticar as pessoas. Nos habituamos sempre aos mesmo produtos, o que faz com que propostas mais inovadoras causem estranhamento e, por isso mesmo, nem sempre sejam capazes de atrair muito público. Por gerarem menos lucro, essas produções são vistas como inúteis, ou seja, colocamos na possibilidade de monetarização o valor da arte. Outro perigo dessa estrutura é a criação de falsas necessidades: os meios de comunicação e difusão de cultura incentivam o consumo de modo que a felicidade parece que só pode ser atingida através dele. Outro conceito importante para esse assunto é a ideia de cultura de massa. Chama-se de cultura de massa os produtos da indústria cultural, ou seja, as expressões da cultura produzidas com o intuito de serem vendidas e gerar lucro. Seu objetivo é atingir o grande público. Uma de suas principais características é ser capaz de absorver aquilo que se opõe a ela: sabe aquele programa que passa na televisão e fala mal de televisão? É isso! As principais influências da cultura de massa na literatura partem do cinema e da televisão. Hoje em dia, é possível ouvir falar também em cultura pop. São expressões, portanto, intimamente ligadas à ideia de consumo. Nem tudo é maligno na Indústria Cultural e na produção de arte e cultura no sistema capitalista. Para outro pensador da Escola de Frankfurt, Walter Benjamin (1892-1940), a maior difusão da arte através dos meios de comunicação pode ser uma via de democratização da arte, pois a cultura alcança um número Indústria Cultural Tecnologia hoje Arte e Sociedade 6 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO maior de pessoas. Outra vantagem é que incentiva trabalhos não comerciais, já que incentiva o acesso às ferramentas de produção cultural. No nosso contexto contemporâneo, que lida com a internet, podemos pensar essa tensão entre alienação e tomada dos meios de produção cultural de maneira mais ampla. Podemos pensar desde as novas profissões da internet – como youtubers – até a facilidade de criação e disseminação de notícias falsas no contemporâneo (ambos temas importantes para a realidade brasileira). FILMES O Show de Truman (1998) Dir.: Peter Weir Acompanhamos a história de um homem que teve toda a sua vida televisionada num reality show. Coisas estranhas começam a acontecer e Truman passa a questionar sua realidade. Birdman (2014) Dir.: Alejandro G. Iñárritu Um ator de meia idade, que ficou muito famoso por conta de uma sequência de filmes de super-herói em que atuou quando jovem, tenta se estabelecer como um artista sério numa produção teatral. Yesterday (2019) Dir.: Danny Boyle Um músico em busca do sucesso sofre um acidente e, depois disso ocorre algo inusitado: ninguém mais no mundo se lembra que os Beatles existiram. Ele, então, passa a fazer muito sucesso “compondo” músicas dos Beatles. Cantando na chuva (1952) Dir.: Gene Kelly Em 1927, um grupo de atores e uma produtora cinematográfica enfrentam a difícil transição do cinema mudo para o falado. O filme lida com questões de mercado e arte dentro da indústria cinematográfica. Rebobine, por favor (2008) Dir.: Michel Gondry Dois funcionários de uma locadora acidentalmente apagam todos as fitas-cassetes do lugar. Para não sofrerem a represália do chefe, eles regravam todos os filmes de maneira amadora e improvisada. Era do rádio (1987) Dir.: Woody Allen O filme mostra uma série de pequenas histórias acerca da era de ouro do rádio, na primeira metade do século XX. Destaque para a passagem da suposta invasão alienígena transmitida pelo rádio. 7 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO 1.2 - Tecnologia Essencialmente, o que norteia a discussão acerca dessa relação é a tentativa de tentar responder à pergunta: a tecnologia traz mais benefícios ou mais malefícios para o homem. Ao longo do tempo, vivemos sob a ideia de que o progresso cientifico e tecnológico sempre levaria à evolução, ou seja, seríamos melhores na medida em que tivéssemos uma sociedade mais tecnológica. De fato, a tecnologia foi capaz de melhorar nossa vida e facilitar nossas ações cotidianas. Desde ações pequenas – como a possibilidade não precisar lavar a roupa à mão, pois há uma máquina – até maiores – como as viagens de avião ou a invenção de máquinas que auxiliam em tratamentos médicos. A tecnologia, porém, não foi capaz de solucionar alguns problemas essenciais aos seres humanos: a igualdade não foi alcançada, não fomos capazes de eliminar a pobreza e ainda passamos por momentos de guerra e conflito intenso. Muitas vezes, inclusive, a tecnologia parece estar no centro de diversos desses problemas. Muita tecnologia, por exemplo, surge de pesquisas voltadas para a guerra, e as grandes corporações parecem muitas vezes incentivar a desigualdade social e lucrar com ela. Cabe sempre pensar como a tecnologia se insere na lógica de mercado, não eliminando as desigualdades, mas aprofundando-as. O questionamento que fica é: Um elemento importante ligado à tecnologia é a ideia de alienação. Vilém Flusser, filósofo, ao escrever sobre fotografia no livro A filosofia da caixa preta, conclui que somos alienados dosprocessos de produção que envolvem tecnologia, ou seja, nós não sabemos como as coisas acontecem, só que acontecem. Um exemplo disso são nossos conflitos quanto ao uso de nossos dados na internet. Nós não sabemos de que modo nossos dados serão usados na internet, porque não conhecemos os processos tecnológicos. Ao não conhecer os processos, não fazemos uso da total capacidade da tecnologia. Além disso, corremos o risco de tratá-la como algo mágico, ou seja, de tratarmos os processos tecnológicos como tabu religioso e, por isso mesmo, imutáveis e inquestionáveis. Veja algumas situações em que a relação com a tecnologia poderia ser um caminho para sua redação: Novos modos de relacionamento pessoal A influência da tecnologia no trabalho Inclusão de tecnologia na educação As diferenças geracionais do uso da tecnologia A onipresença da internet Diferença de comportamento na vida real e na digital FILMES A tecnologia piorou o homem? Ou o homem é mau e a tecnologia evidencia isso? 8 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Matrix (1999) - Dir.: Lana e Lilly Wachowski Neo é um hacker que descobre a verdade sobre a realidade ao conhecer um grupo rebelde. Eles mostram a Neo que o mundo e a relação dos homens com as máquinas não é exatamente o que ele pensava. Blade Runner (1982) - Dir.: Ridley Scott No ano de 2019, uma grande corporação cria clones humanos para trabalhar em colônias fora da Terra. Um ex-policial é chamado para caçar um grupo de clones que fugiu e se escondeu em Los Angeles. Ex_Machina: Instinto Artificial (2014) - Dir.: Alex Garland Programador vence concurso para passar uma semana na casa do CEO da companhia que trabalha. Lá, descobre que fará parte de um experimento interagindo com o primeiro robô de inteligência artificial. LIVROS 1984 – George Orwell Em uma sociedade sempre em guerra, completamente vigilada por câmeras e telas, a personagem Winston Smith, um homem que trabalha alterando notícias de jornal, pensa secretamente em modos de burlar a tirania do Estado do Grande Irmão, entidade que observa a todos por telas. Admirável mundo novo – Aldous Huxley O livro conta a história de Bernard Marx, um homem que vive em uma sociedade que se organiza em torno da supervalorização do pensamento científico. Já não há mais estruturas familiares: as pessoas são geradas em laboratórios e adestradas para exercer seu papel na sociedade, que se organiza em castas. Eu, Robô – Isaac Asimov Coletânea de contos que, no entanto, se relacionam entre si. O livro discorre sobre a evolução dos robôs e a transformação de seu papel na sociedade ao longo do tempo. O último conto – e último estágio da evolução dos robôs – mostra a Terra sendo administrada por 4 máquinas que ditam desde os modos de produção até os de consumo. 9 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO 1.3 - Arte e Sociedade A relação entre arte e sociedade deve ser observada sempre a partir de algumas ideias que temos sobre arte. Qual o papel atribuímos às obras de arte que norteariam essa relação? A arte pode ser provocativa. Pode, por exemplo, criticar movimentos da sociedade contemporânea a ela ou produzir críticas contra uma pessoa ou governo em especial. A imagem ao lado, por exemplo, mostra um homem cercado de tecnologia. Ele está com as mãos amarradas e o corpo atado por fios, segurando um celular. No rosto, ele tem um aparelho de assistir à realidade virtual. Isso pode ser lido como uma crítica à sociedade que vivemos, que deposita expectativas demais na tecnologia e acaba ficando presa a ela, sem ser capaz de olhar para o real. Uma obra que busque despertar o senso crítico tem como objetivo ampliar os horizontes de pensamento, fazendo com que, muitas vezes, nos questionemos acerca do mundo como ele é. Por isso, diversos governos autoritários ao longo da história promoveram censura às artes. Ao longo da história, obras de arte foram censuradas por diversas razões, mas principalmente dois conteúdos provocavam maior número de proibições: questões morais ou críticas diretas ao governo/governante da época. Algumas obras que tratamos como clássicas sofreram oposição em sua época. A Capela Sistina de Michelangelo, por exemplo, foi considerada imoral por muitos por apresentar pessoas peladas na parede que representava o Juízo Final. Um pupilo de Michelangelo chegou a pintar panos sobre as personagens do afresco para cobrir seus órgãos genitais. No século XIX, Gustave Courbet teve sua obra “A origem do mundo”, que representava um órgão sexual feminino proibida de ser exposta e só foi parar nas paredes dos museus em 1995. Hoje em dia, obras de conteúdo “potencialmente ofensivas” são retiradas das redes sociais o tempo todo. A discussão sobre a censura às artes na sociedade é fundamental e você pode acabar encontrando-a, por exemplo, em uma proposta de redação. Fonte: Unsplash. Disponível em <https://unsplash.com/photo s/uydt8hNz3hE> Acesso em 04/05/20. 10 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO A arte também já serviu de propaganda e instrumento político de legitimação de governos ao longo da história. A sustentação de um governo depende não só de suas ações como também de apoio popular. Esse apoio pode ser construído através da arte e da cultura, usando das bens culturais como propaganda do governo. Essa mistura entre arte e política foi muito profícua na primeira metade do século XX, principalmente durante o período das Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Veja dois exemplos abaixo: Arte Nazista Baseada em suas interpretações de mundo centradas na eugenia e na superioridade da raça ariana, a arte nazista vendia um mundo idílico e clássico. Representava a Alemanha como uma nação forte. Diferente da arte de vanguarda do período, a arte nazista fugia das abstrações e representavam o mundo de maneira mais naturalista. A escola de arte Bauhaus foi perseguida pelo regime por se opor ao ideal de arte do regime. Era parte do que eles chamavam de arte degenerada. Arte Soviética Após a Revolução Russa, em 1917, havia uma necessidade de garantir que a população apoiasse uma mudança tão brusca de governo. A cultura e as artes serviram pra por um lado reforçar os ideias da revolução e por outro criar um novo movo de fazer arte, com referenciais diferentes dos anteriores. Havia o incentivo à formação de grupos como o Proletkult (em português Cultura Proletária), com o objetivo de incentivar uma literatura de cunho social acessível ao povo. Intercâmbio entre culturas Quando se pensa em contato entre culturas diferentes, há algumas questões envolvidas, principalmente a ideia de Apropriação cultural. Apropriação Cultural acontece quando uma pessoa de uma cultura hegemônica adota aspectos de uma cultura que não é a sua, usando esses elementos sem a devida referência. Ela também se caracteriza pelo uso de elementos que eram originalmente fonte de opressão de um grupo por um outro dominante. Isso pode ocorrer principalmente em contextos de colonização. Muitas vezes, os grupos colonizadores se apropriam de elementos sem compreender seu verdadeiro significado cultural. Dentre os elementos mais comuns a terem seus usos questionado, encontramos acessórios e trajes, símbolos, culinária e expressões artísticas. 1 1 A partir do texto disponível em < https://www.megacurioso.com.br/polemica/98787-20-fatos-para-voce-entender-o-que-e- apropriacao-cultural.htm > Acesso em 22 dez. 2020. 11 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO PANTERA NEGRA O filme “Pantera Negra” faz uma discussão importante sobre o assunto, abordando principalmente uma questão muito contemporânea: a devolução ou não de objetos de museus para seus países de origem. Fonte: Instagram Um filme medisse Muitos dos grandes museus do mundo têm parte de seu acervo fruto de saques. O espólio das colonizações são entendidas hoje como parte da violência colonialista e países como França e Holanda têm promovido ações de devolução de obras para seus países de origem. O desafio desses países hoje é garantir condições de manutenção, exposição e restauro das obras que retornarem, já que um dos argumentos usados pelas instituições que resistem às devoluções é justamente o risco de deterioração das peças. Esse assunto não é apenas do passado: na Síria, desde o início da guerra, houve uma grande quantidade de tráfico ilícito de antiguidades. Mas qual a problemática envolvida? O problema não é você individualmente usar algo que acha bonito, mas quando um elemento de um grupo minoritário é "sequestrado" e passa a ser associado a outro grupo. Quando isso acontece, esse novo grupo é considerado inovador ou criativo, enquanto o grupo que usava originalmente pode ter sido marginalizado pelo mesmo elemento. Nos anos 50 nos EUA, por exemplo, o jazz era considerado música de negros e visto de maneira negativa. Quando músicos brancos começaram a gravar nesse ritmo, o jazz acabou se tornando uma música considerada refinada. A apropriação cultural, então, é um modo de reforçar o desequilíbrio social entre pessoas de grupos dominantes e minoritários. 12 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Fonte: Pixabay Essencialmente, você deve aprender a diferença entre apropriação, intercâmbio e assimilação cultural: Relação entre artistas e poder constituído Um dos modos de relacionar-se com o poder, para além das críticas sociais ou questionamento de sistemas é através da cooperação. Uma das principais relações entre artistas e Estado está nas políticas de apoio às artes. Veja um breve histórico dos aportes financeiros do Estado para artes no Brasil. Século 19 – A vinda da Corte Real portuguesa para o país deu origem à criação de mecanismos culturais. Bibliotecas, teatros e casas de ópera começaram a integrar o cenário da colônia, como acontecia na Europa. Década de 1930 – governo Getúlio Vargas passou a ver o investimento como forma de propaganda. Nos 20 anos seguintes, a atuação com caráter privado começou a se consolidar. Ano de 1986 – Período de redemocratização, criação da Lei Sarney. Considerada pioneira, instituía mecanismos de incentivo fiscal para atividades artísticas. Foi revogada em 1990, mas substituída em 1991 pela Lei Federal de Incentivo à Cultura ou apenas Lei Rouanet. O meio mais utilizado para fomentar o mercado cultural é o mecenato. As pessoas físicas e jurídicas oferecem recursos que são usados como patrocínio para as realizações. Em troca, é comum que recebam contrapartidas, como o incentivo fiscal dado pelo governo e outras vantagens. O fomento cultural também pode surgir por meio de apoio ou parceria, mas nesses casos, não há a política de incentivo fiscal. (Disponível em <https://arteemcurso.com/blog/qual-e-a-realidade-do-incentivo-a-cultura-no-brasil/>) Apropriação Cultural é necessariamente uma relação de dominação, opressão. Intercâmbio Cultural ocorre quando diferentes culturas promovem trocas mútuas. Assimilação Cultural ocorre quando há uma obrigatoriedade por parte de povos oprimidos de performar a cultura de seu opressor. 13 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO A relação entre arte e Estado, porém, sempre suscita uma série de discussões. Elencamos aqui algumas das principais questões que podem aparecer na sua prova ou até mesmo na sua redação. 2 – Conclusão Na nossa aula 00, quando falamos sobre a conclusão da redação, citamos as principais estratégias para escrever uma conclusão. Relembre esses dados: • A conclusão deve ocupar apenas um parágrafo e ser tão sucinta quanto possível • Não se deve colocar informações novas. A conclusão é um momento de reflexão, de retomada das ideias principais, não de apresentação de dados. Partindo do exemplo da tese “Deve-se iniciar cedo a prática de atividade física, a fim de garantir uma maior qualidade de vida no futuro”: Modo de organização Exemplo Conectivos de conclusão: iniciar as orações da conclusão com palavras que tenham sentido conclusivo possibilita a retomada de ideias. Perceba que foi feito praticamente uma paráfrase dos argumentos. Reescrever os argumentos é um bom modo de finalizar seu texto. Portanto, deve-se incluir atividades físicas no dia a dia. Além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho, atividades físicas também previnem doenças que podem encurtar a expectativa de vida. Essa percepção faz com que a atividade não seja uma obrigação, mas um novo modo de vida. Retomada da tese: retomar a ideia da tese citando os argumentos é o modo mais comum de concluir um texto. Se estiver com dificuldade de criar uma conclusão, esta é a maneira mais segura. Levando-se em consideração estes aspectos, pode- se perceber que de fato a prática de atividades físicas influi em diversas áreas da vida no dia a dia. Ao mesmo tempo que é importante para a saúde, auxilia no trabalho (argumento principal) e na socialização com a família e amigos (argumentos secundários). Incluindo-a nos pequenos gestos do cotidiano, pode-se driblar a falta de tempo da vida moderna (contra-argumento) e realizar uma mudança de vida benéfica. O Estado deveria financiar a cultura e a arte? A formação de público no Brasil é de responsabilidade de quem? Quais as consequências da dependência de editais? Como preservamos a Cultura e a Arte no Brasil? 14 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Antes de entrarmos nos exercícios em si, vamos pensar na ideia de progressão de texto. A progressão do texto é o modo como um texto se constrói de maneira que as informações se conversem, ou seja, que elas estejam ligadas. Um texto não pode se construir apenas de frases soltas, dispostas de maneira aleatória. Nas próximas aulas, veremos sobre coesão e coerência. Por ora, vamos nos preocupar apenas com a ordem em que as informações são dispostas no texto. Contextualização Tese Argumento 1 Argumento 2 Conclusão com: Retomada do Argumento 2 Retomada do Argumento 1. Para que um texto progrida, ele precisa trazer um tanto de novidade e um tanto de repetição. O que isso quer dizer que o texto deve trazer informações novas e remeter-se a algo dito anteriormente. O desenvolvimento é o momento da novidade: você deve trazer argumentos diferentes daquilo que está na introdução para comprovar sua ideia. A conclusão é o momento da repetição: você deve retomar o que foi dito antes, para reforçar sua ideia. Esse é o momento de fazer uma paráfrase dos seus argumentos. Lembre-se o que é uma paráfrase e estratégias para fazê-la: A paráfrase é uma reescrita do texto. Ocorre quando um autor reescreve, com suas próprias palavras, o texto de outro, mantendo o sentido original. Veja um: Texto Original Paráfrase Comprar por impulso e se livrar de bens que já não são atraentes, substituindo-os por outros mais vistosos, são nossas emoções mais estimulantes. Completude de consumidor significa completude na vida. Ser completo enquanto consumidor significa ser completo na vida. As sensações que mais nos estimulam vêm da compra por impulso e de livrar-nos de coisas menos atrativas, trocando-as por outras mais interessantes. Comprovada principalmente por esse argumento Retomado imediatamente na conclusão e preparando para a finalização com o argumento principal. 15 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO (Zygmunt Bauman. A riqueza de poucos beneficia todos nós?, 2015. Adaptado.) Observe as possíveis estratégias utilizadas aqui para criar a paráfrase: • Inversão da ordem das informações – inverter os períodos ou a ordem das oraçõesajuda a diferenciar os textos. • Sinônimos – trocar palavras por outras de sentido equivalente é um modo de reescrever sem perder o sentido original. Ex.: “atraente” é substituído por “atrativas” na paráfrase. Termos genéricos (como a palavra “interessante” que utilizamos na nossa paráfrase, por exemplo) também funcionam. • Troca de classes gramaticais – muitas vezes, o mesmo radical pode dar origem a palavras de diferentes classes gramaticais. O radical “estimul-“, por exemplo, gera as palavras “estimulantes” e “estimulam”, respectivamente, adjetivo e verbo. Apenas mudar a ordem dos termos do texto não configura paráfrase. Você precisa reescrever. 2.1 – Conectivos de conclusão Conclusivas: Relacionam pensamentos em que o segundo conclui o primeiro. A conjunção “pois” se emprega entre vírgulas. Ex.: consequentemente, logo, pois, por conseguinte, portanto. O carro quebrou; logo, não podemos viajar. Você está atrasado; deve, pois, pedir desculpas. Veja na tabela abaixo uma lista de conectivos de conclusão com exemplos de uso: assim Assim, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (argumento secundário), atividades físicas também previnem doenças que podem 16 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO encurtar a expectativa de vida (argumento principal). Essa percepção faz com que a atividade não seja uma obrigação, mas um novo modo de vida (tese). assim sendo Assim sendo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) dessa forma Dessa forma, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) dessa maneira Dessa maneira, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) desse modo Desse modo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) em resumo Em resumo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) em síntese Em síntese, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) em suma Em suma, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) enfim Enfim, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) logo Logo, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) nesse sentido Nesse sentido, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) portanto Portanto, além de promover uma melhoria no aproveitamento do tempo no trabalho (...) PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Muitos alunos têm dúvida quando o assunto é a famosa proposta de intervenção. Estamos acostumados a ouvir falar de redação sempre tendo o ENEM como referência, então é normal que essa 17 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO confusão ocorra. A proposta de intervenção é obrigatória na prova do ENEM, mas não em outras provas. Como identificar então quando você deve ou não a fazer? Uma proposta de intervenção nada mais é do que uma sugestão de solução para o problema apresentado. Por vezes, a solução não é total, mas apenas uma ideia de como amenizar o problema. Não é seu ponto de vista, mas sim uma proposta prática: o que de fato pode ser feito no mundo quanto ao problema levantado. Ela deve ser utilizada quando a proposta da redação assim o exigir. Você reconhece a necessidade quando o tema faz escolhas lexicais como as a seguir: Como resolver o problema de (...) De que modo fazer com que (...) Medidas para (...) Modos de (...) Por vezes, não aparecerão essas expressões de maneira explícita. Pense, por exemplo, uma redação que o tema fosse “O conflito pode ser evitado”, que apareceu no Colégio Naval em 2019. Está implícita a ideia de que você deve, em sua redação, responder “Como o conflito pode ser evitado?”. É diferente, por exemplo, de uma proposta como a da AFA de 2020, que era “Qual, para você, seria a palavra do ano 2019”. Nesse caso, não há proposta de intervenção possível: você deve apenas apontar qual a palavra que você escolheria e defender sua escolha. Não há nenhuma questão a ser solucionada aqui. A proposta nada mais é que uma demonstração do seu posicionamento enquanto cidadão, de maneira crítica e reflexiva. Para isso, se pergunte: O que deve ser feito? Quem deve fazer? Como deve fazer? Para que fim? DICA: sempre que for buscar responsáveis para resolve um problema, pense em três instâncias: - Estado: leis, políticas públicas, políticos etc. - Sociedade: família, instituições de ensino, empresários, cidadãos de modo geral etc. - Indivíduos: as pessoas diretamente envolvidas com o problema em questão. Por exemplo: em questões de saúde, os profissionais da área; em questões de educação, professores e pedagogos etc. Se você abordar essas três instâncias na sua proposta de intervenção, ela ficará completa e abrangente. Lembre-se que o principal risco de uma proposta de intervenção é que ela fique rasa ou proponha soluções fáceis/sem materialidade. 18 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO 2.2 – Análise de redação Na sua prova, a menos que seja expressamente pedido que haja uma intervenção, você deve preferir fazer uma redação que simplesmente retome os argumentos expostos. Veja um exemplo desse tipo de conclusão A rg u m en to 1 A rg u m en to 2 C o n cl u sã o 19 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO 2.3 – Exercícios: Conclusão Na aula de hoje vamos fazer uma dinâmica um pouco diferente do que temos feito. Você encontrará aqui redações prontas, apenas sem conclusão. Seu objetivo é ler a redação, identificar os argumentos de cada uma e escrever uma redação que retome os argumentos e a tese. Vamos lá? Proposta Todas as redações aqui selecionadas se referem a uma mesma proposta: FUVEST 2010, cujos textos de apoio eram: Um mundo por imagens A imaginação simbólica é sempre um fator de equilíbrio. O símbolo é concebido como uma síntese equilibradora, por meio da qual a alma dos indivíduos oferece soluções apaziguadoras aos problemas. Gilbert Durand Ao invés de nos relacionarmos diretamente com a realidade, dependemos cada vez mais de uma vasta gama de informações, que nos alcançam com mais poder, facilidade e rapidez. É como se ficássemos suspensos entre a realidade da vida diária e sua representação. Tânia Pellegrini. Adaptado. Na civilização em que se vive hoje, constroem-se imagens, as mais diversas, sobre os mais variados aspectos; constroem-se imagens, por exemplo, sobre pessoas, fatos, livros, instituições e situações. No cotidiano, é comum substituir-se o real imediato por essas imagens. 20 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Dentre as possibilidades de construção de imagens enumeradas acima, em negrito, escolha apenas uma, como tema de seu texto, e redija uma dissertação em prosa, lançando mão de argumentos e informações que deem consistência a seu ponto de vista. I. TESE: 21 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO ARGUMENTOS: CONCLUSÃO: II. 22 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO TESE: ARGUMENTOS: CONCLUSÃO: 23 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO III. TESE: ARGUMENTOS: CONCLUSÃO: 24 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO IV. TESE: ARGUMENTOS: CONCLUSÃO: 25 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Comentários I. Sem limites Essa redação se desenvolveu em tornoda ideia de que imagens, mais do que simplesmente entreter, são capazes de mudar situações vigentes, podendo mesmo trazer esperança em situações difíceis. Os argumentos são primeiro baseados em filmes em que a criação de imagens e fuga À realidade possibilitou a sobrevivência em um ambiente hostil. Depois, utiliza-se a citação de Martin Luther King (“Eu tenho um sonho”) para mostrar que uma imagem triste também pode mudar a realidade. Após o discurso de esperança e a morte de King, há uma diminuição da violência contra os negros nos EUA. 26 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO A conclusão original da redação foi: II. Questão de sobrevivência Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que criamos imagens para tornar o mundo mais bonito do que ele realmente é. Os argumentos são: como tudo é muito breve e efêmero no mundo, criamos imagens para tentar aproveitar e fixar os momentos; pessoas sofrendo com a desigualdade social também criam imagens para tentar tornar sua realidade menos penosa; cada pessoa cria imagens de acordo com suas próprias concepções de mundo e contextos. A conclusão original da redação foi: III. Fatos: símbolos na memória Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que os fatos em si pouco importam. Mais importantes são suas consequências a partir das representações e símbolos obre ele. Os argumentos são: o primeiro, sobre como um evento do passado pode ser compreendido no futuro de acordo com os anseios de seu tempo (sobre como entendemos o Quilombo dos Palmares de maneira diferente do que ele era entendido então); o segundo, sobre como em cada contexto, mesmo no presente, produz imagens diferentes sobre a mesma pessoa ou situação (a partir do exemplo do caso Cesare Battisti). A conclusão da redação original foi: 27 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO IV. Simbolizar o passado, descobrir o presente Essa redação se desenvolveu em torno da ideia de que a manipulação de imagens é capaz de transformar as pessoas, dando-lhes status diferentes do que na vida real. Os argumentos partem de exemplos da história brasileira: um para mostrar como uma imagem pode mudar o significado de algum evento ou processo histórico (o grito da independência); o outro, demonstrando como a atuação de pessoas pode ser ressignificada posteriormente através das imagens. Assim, sua conclusão deveria abordar esses assuntos, reescrevendo-os. A conclusão original da redação foi: 3 - Propostas (ESA – 2016) Com o aumento das doações de órgãos, a lista de pessoas que esperam por um transplante - que em 2008 era de 64.774 - agora é de 37.336 pessoas. Disparada em primeiro lugar está a lista de espera de pacientes com doença renal crônica (24.687 pessoas). Em seguida vêm as pessoas que necessitam de transplante de fígado (2.063) e de rim e pâncreas (648 pacientes). O desafio não está apenas em obter o consentimento das famílias. A saúde pública precisa estar apta para captar os órgãos. Disponível em: http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,a-doacao-de-orgaos-avanca-imp-,1568331. Acesso em: 05/04/2017. (Com adaptações) 28 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Elabore um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema: “Desafios da doação de órgãos no Brasil”. Para isso, reflita sobre as principais dificuldades que envolvem o processo de doação: tomada de decisão das famílias, infraestrutura de hospitais e de equipes de captação e distribuição. (INÉDITA) “As mulheres ainda foram maioria nos cuidados com a casa: 145,1 milhões de pessoas com 14 anos ou mais de idade realizaram afazeres domésticos no ano passado, sendo 68 milhões de homens e 82,1 milhões de mulheres. "Há um fenômeno estrutural, que é as mulheres fazerem mais afazeres domésticos que os homens. A taxa de participação dos homens até vem caminhando um pouco no sentido de melhorar, mas ainda é um problema estrutural no nosso País", explicou Aguas.” Por Daniela Amorim. Trecho disponível em: <https://www.terra.com.br/economia/ibge-mulheres-trabalham-quase- o-dobro-de-horas-que-homens-nos-cuidados-da-casa-e- parentes,2fc7106b3e9eef04f93d50ff83885bf2xcbjucbu.html> Acesso em 10 set. 2019. Elabore um texto dissertativo-argumentativo, com no mínimo 20 (vinte) e no máximo 30 (trinta) linhas, refletindo sobre a persistência da desigualdade de gênero no Brasil do século XXI. Estratégia Militares - 2020 TEXTO 1 A valorização da música e a desvalorização do músico A pandemia do Covid-19 expõe a vulnerabilidade do trabalho musical pós-digital Nas respostas à crise do coronavírus, a música tem sido uma das principais protagonistas. Nas varandas, nas lives no Instagram e no Facebook, nas manifestações encabeçadas por celebridades a favor do isolamento social, nos festivais virtuais independentes ou patrocinados, só dá ela. A música até nos pareceu uma resposta natural ao momento necessário de coletividade, união e conscientização, afinal "music makes the people come together", já cantava a bola a hitmaker Madonna na virada do milênio (em "Music", 2000). Públicos, cativos ou não, encontraram na música uma distração para a árdua tarefa de ficar em casa, fazer parte da construção de barreiras para frear a transmissão do vírus e aplacar a angústia que traz a falta de respostas governamentais efetivas para evitar o colapso econômico que se anuncia. Sem dúvidas, como muitos colegas críticos de música têm celebrado, são lindas e louváveis as iniciativas de músicos e produtores que vêm disponibilizando seu tempo e seu trabalho (frise-se!) para shows virtuais cem porcento na faixa. Porém, é nesse trabalho, que agora se espera gratuito, que residem questões profundas e complexas que devem ser postas. Fazer música, nesta crise humanitária, converteu-se em um sinal de altruísmo, de doação. O artista que não quiser/puder entrar nessa onda de shows gratuitos pode até mesmo ser considerado pouco 29 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO empático à situação — leitura, inclusive, que já podemos observar em comentários direcionados a determinados artistas nas redes sociais. Essa cobrança e até mesmo queixa que têm assolado alguns artistas mostra que o público, muitas vezes, está alheio a tudo o que pode envolver o fazer música ao vivo e online, como direitos autorais, cinegrafistas, editores, qualidade de equipamentos de imagem e som etc. A falta de empatia, para usar o termo do momento, talvez resida em querer de graça a única coisa que tais artistas têm a nos oferecer: seus shows, suas vozes e suas canções. Quem paga a conta dos músicos? Aplausos, visualizações e curtidas virtuais, via de regra, não enchem os bolsos do artista nem de toda a cadeia produtiva que está por trás de uma canção gravada, composta ou apresentada (destaquemos aqui a extensa rede de produtores, instrumentistas, compositores, técnicos de som etc.). Embora, em editais e em negociações com casas de espetáculos, o alcance virtual de determinado artista tem contado como um importante argumento para sua contratação, na nova configuração da produção musical independente, é nos shows que a grande maioria dos artistas ganha o seu pão, como o sociólogo Thiago Galletta já apontou em "Cena Musical Paulistana dos Anos 2000: a Música 'Brasileira' Pós-Internet'" (2015). Uma vez que todos os shows, com toda a razão, foram suspensos para auxiliar no controle da pandemia do Covid-19, de onde virá o sustento desses músicos que estão por aí sendo intimados a disponibilizarem seu trabalho como se fossem voluntários em uma espécie de Músicos Sem Fronteiras? O atual desamparo ao qual a classe artística musical está submetida só expõe a fragilidade, a precariedade e a vulnerabilidade do trabalho musical no Brasil nos últimos anos. (Disponível em: <https://medium.com/revista-bravo/avaloriza%C3%A7%C3%A3o-da-m%C3%BAsica-e-adesvaloriza%C3%A7%C3%A3o-do-m%C3%BAsicoc5d409008fd3> Acesso em 15 abr. 2020) TEXTO 2 TEXTO 3 Tempo e Artista Chico Buarque Imagino o artista num anfiteatro Onde o tempo é a grande estrela Vejo o tempo obrar a sua arte Tendo o mesmo artista como tela Modelando o artista ao seu feitio O tempo, com seu lápis impreciso 30 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Põe-lhe rugas ao redor da boca Como contrapesos de um sorriso Já vestindo a pele do artista O tempo arrebata-lhe a garganta O velho cantor subindo ao palco Apenas abre a voz, e o tempo canta Dança o tempo sem cessar, montando O dorso do exausto bailarino Trêmulo, o ator recita um drama Que ainda está por ser escrito No anfiteatro, sob o céu de estrelas Um concerto eu imagino Onde, num relance, o tempo alcance a glória E o artista, o infinito (Disponível em: https://www.letras.mus.br/chico-buarque/86064/ Acesso em 15 abr. 2020) Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte questionamento: O papel da arte e imagem do artista no contemporâneo. (INÉDITA) Com base na coletânea que segue abaixo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre: Os novos arranjos familiares no século XXI TEXTO 1 31 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO TEXTO 2 Por que temos filhos? A pergunta do título comporta vários níveis de resposta. No plano biológico, a reprodução é um imperativo, fazendo parte de várias das definições de vida. Mas a biologia é só parte da história. A paternidade também encerra dimensões culturais, econômicas e emocionais. Inspirado em “Anti-Pluralism”, de William Galston, arrisco algumas reflexões sobre a matéria. Até o começo do século 19, filhos eram um ativo econômico. Ajudavam desde cedo com o trabalho doméstico, colaborando para o bem-estar da família, e ainda faziam as vezes de plano de aposentadoria para os pais. Hoje, contudo, crianças ficaram caras. E, para piorar, elas demoram muito até começar a trazer contribuições econômicas. Como observa Galston, no espaço de dois séculos, a criação de filhos deixou de ser um bem privado para tornar-se um bem público. Embora a paternidade possa trazer recompensas emocionais, do ponto de vista estritamente econômico, ela favorece a sociedade como um todo, enquanto a maior parte dos custos recai sobre os genitores. E por que crianças beneficiam a sociedade? A crer na análise de economistas como Julian Simon, riqueza são pessoas. Quanto mais gente, melhor, já que são indivíduos que têm ideias (além de consumir 32 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO produtos) e são as novas ideias que vêm assegurando o brutal aumento de produtividade a que assistimos nos últimos 200 anos. E isso nos coloca diante de um dos grandes dilemas dos tempos modernos. Para assegurar a sustentabilidade da exploração dos recursos naturais do planeta, precisaríamos estabilizar ou até reduzir a população. Só que fazê-lo é uma espécie de suicídio econômico, já que ficaria muito difícil manter taxas positivas de crescimento, sem as quais instituições como previdência e até democracia representativa podem entrar em colapso. (Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. Adaptado) 33 Prof.ª Celina Gil AULA 05 – CONCLUSÃO Considerações Finais Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir. Na próxima aula, vamos nos aprofundar ainda mais no estudo de coesão e coerência, pensando também alguns aspectos gramaticais. Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum ou nas redes sociais. Prof.ª Celina Gil Siga minhas redes sociais! Professora Celina Gil @professoracelinagil @professoracelinagil