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LEGISLAÇÃO TRABALHISTA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 1 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 2 TEMA 1 – ENTENDENDO E INTERPRETANDO AS LEIS O QUE É UMA LEI? Lei é toda norma escrita, criada por uma autoridade competente para regular relações ou fatos ocorridos em nosso dia a dia. Parece simples entender o que é uma lei, no Brasil existem várias leis, mas antes de iniciarmos nossos estudos, é preciso entender que nem toda lei é escrita e nem toda lei é criada por uma autoridade. Veja o caso dos costumes, algumas regras que seguimos são meros costumes e após obedecermos por muitos anos esses costumes, passamos a acreditar que são normas escritas definidas em lei. O melhor exemplo de um costume são as filas; é natural ao entrar em um banco ou ao se dirigir ao caixa de mercado ou ter acesso a um show, entrarmos em fila, sem que ninguém nos ordene, simplesmente seguimos esse costume. Então, se eu não quiser ficar em uma fila, posso passar à frente de todos que estão aguardando serem atendidos? Sim! Mas veja, essa conduta não será bem vista, pois vivemos em sociedade e por essa razão devemos manter a ÉTICA, imagine se todos os seus colegas começarem a furar fila, passar um à frente dos outros, seria um caos, ninguém se respeitaria e nem poderiam exigir respeito uns dos outros. Desta forma, em alguns casos, coube aos poderes competentes do país definir algumas leis, isto é, definir regras escritas para que sejam seguidas. QUEM CRIA AS LEIS? No Brasil as leis são criadas pelo Poder Legislativo. Provavelmente você já tenha lido ou até estudado algo sobre os três poderes existes no país, são eles: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 3 Poder Legislativo – aquele que crias as Leis, por exemplo, a Câmara dos Deputado, Senado Federal e Câmara dos Vereadores etc. Poder Executivo – representa o país no exterior, bem como administra o governo. Exemplo: Presidente da República; Governador; Prefeito. Poder Judiciário – aquele que aplica as Leis ao caso concreto, podemos citar: todos os Tribunais Federais e Estaduais, o Supremo Tribunal Federal (STF), Tribunal Regional do Trabalho, Tribunal do Júri etc. Desta forma, compete ao Poder Legislativo crias as leis que definiram as regras que nós devemos seguir. Mas não basta simplesmente alguém decidir criar uma lei, ela precisa ser aprovada para que tenha validade, ou melhor, que ela passe a vigorar. Para isso, de forma muito resumida, podemos dizer que para a criação de uma lei é necessário seguir 4 etapas: 1ª etapa – Iniciativa LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 4 Nesse primeiro momento, qualquer pessoa do povo pode propor a criação de uma lei. Imagine que o seu sonho seja que todos os brasileiros tenham direito a um sorvete de graça por dia, para isso, você dever escrever sua lei – a qual chamaremos de Lei do Sorvete – mas não basta que essa lei seja escrita, você deverá convencer 1% do eleitorado nacional a assinar com você a criação dessa lei. 2ª etapa – Discussão Após você convencer 1% do eleitorado nacional de que a Lei do Sorvete é necessária e benéfica a todos os brasileiros, você deverá propor essa lei frente ao Poder Legislativo para que seja discutida. Os deputados, alguns encantando com a sua ideia, discutirão com outros deputados sobre a importância de dar sorvetes a todos os brasileiros. 3ª etapa – Votação Após muito discutir, sua lei irá para votação, onde será decidido se essa lei deve ou não valer. 4ª etapa – Sanção ou veto Agora a Lei do Sorvete está em sua fase final, ela foi aprovada na votação, basta agora o Presidente da República sancionar (aprovar) ou vetar (rejeitar) sua lei. Caso seja sancionada, sua lei passará a valer em todo território nacional, contudo, caso seja vetada, não desanime, pois sua lei retornará a câmara dos deputados para que seja validada em nova votação. EXISTEM LEIS MAIS IMPORTANTES DO QUE OUTRAS? Em tese, não, todas as leis são importantes e devem ser analisadas com atenção, contudo, existe hierarquia entre elas. No Brasil vale o Princípio da Supremacia da Constituição - criado pelo jurista Hans Kelsen - ou seja, todas as informações que foram inseridas em nossa Constituição Federal são superiores as demais leis existentes no país. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 5 Voltando ao nosso exemplo da Lei do Sorvete, caso a Constituição Federal (CF) defina que é proibido distribuir sorvetes diariamente à população, a nossa lei será considerada inconstitucional, ou seja, não terá validade. Contudo, imagine que a Constituição Federal diga que será proibido distribuir à população sorvetes de chocolate, desta forma, sua lei não será inconstitucional, todos poderão tomar sorvete, desde que este não seja de chocolate. Logo, a Constituição Federal é a nossa Lei Maior e para que outras leis tenham validade, elas devem obedecer ao que a CF determina. ESTRUTURA DAS LEIS As leis possuem uma estrutura e para entender como essas leis serão lidas, devemos entender sua estrutura. Toda lei possui um número que a identifica, bem como possui artigos, incisos, parágrafos (também representados pelo símbolo §), alíneas (que são representados pelos itens “a”, “b”, “c”...), data de início de vigência e data de promulgação. Veja imagem abaixo, trata-se da nossa Consolidação das Leis do Trabalho ou CLT, disponível no link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm Constituição Federal Leis Normas LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 6 Então, sabemos que a CLT é um decreto legislativo de número 5.452, foi criado em 1º de maio de 1943, trata sobre as leis do trabalho e é válida em todo território nacional, ou seja, as empresas devem seguir a mesma lei. Mas esse é apenas um exemplo, temos várias outras leis e todas elas possuem artigos, incisos e parágrafos. Qual a importância disso? A importância está na forma como você fará a leitura dessa lei. Artigo – também chamado de “caput” ou cabeça, ele é o cabeçalho. Em tese, sempre trará uma nova informação. Voltando ao nosso exemplo da Lei do Sorvete, vamos pensar em seu primeiro artigo: Inciso – todo inciso é representado por número romano (I, II, III, IV...) e indicam, basicamente, uma lista de itens. Artigo 1º - Todos terão direito ao recebimento diário de um sorvete, nos seguintes termos: I – Serão servidos apenas sorvetes em casquinha comestível; II – As crianças e adolescentes terão prioridade para receber seus sorvetes; III – todos os sabores serão ofertados. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 7 Parágrafos ou § - geralmente o parágrafo representa alguma exceção ou algo para chamar a atenção de alguma lei, então vejamos: Desta forma, fica fácil entender que uma lei nada mais é do que um texto contendo cabeçalho, itens com situações e parágrafos com exceções ou observações importantes. Mas, fique atento, pois todas essas representações seguem uma ordem, isto é, sendo o artigo um cabeçalho, logo ele virá em primeiro lugar, em seguida o inciso e parágrafo (§): Contudo, alguns artigos não possuem incisos e/ou parágrafos, mas os que possuem nós devemos ler como: Artigo 1º, inciso II (ou § 2º do Artigo 1º), ou seja, estamos dizendo que: Todos terão direito ao recebimento diário de um sorvete e que crianças e adolescentes terão prioridade ao recebimento de seus sorvetes, desde que estejam previamente cadastrado no Sistema Único de Sorvetes. § 1º - com exceção ao sabor chocolate; § 2º - somente terá direito ao sorvete, aquele que estiver previamente cadastrado no Sistema Único de Sorvetes, conforme definido pela República Federativa do Brasil LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 8 SÍNTESE Todas as leis são escritas, mas algumas regras, como os costumes, não são escritas, isso acontece pois são acontecimentos do nosso dia a dia e não há necessidadede serem formalizadas em lei. As leis são criadas pelo Poder Executivo, mas também podem ser criadas por iniciativa popular. Para existirem, essas leis precisam passar por 4 etapas: Iniciativa; Discussão; Votação; e Promulgação ou Veto. A Constituição Federal é a lei suprema, desta forma, não podemos criar leis que venham a ferir suas determinações, caso contrário, elas serão consideradas inconstitucionais. Por fim, as leis possuem uma estrutura, como número, local onde foram criadas, breve resumo sobre os seus objetivos, quantidade de artigos e data de promulgação. Além disso, as leis possuem artigos, incisos, parágrafos e até alíneas. DESAFIO Pesquise na internet sobre a Lei Municipal n.º 1.840/95 e indique os seguintes itens: - Quando a lei foi promulgada? - Qual o objetivo da lei? - Quantos artigos possui a lei? - Em qual lugar do Brasil essa lei foi criada? LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 9 TEMA 2 - BREVE HISTÓRICO DOS DIREITOS TRABALHISTAS Inicialmente, para entendermos a Consolidação da Leis Trabalhistas ou CLT é necessário entender alguns conceitos básicos e nada mais justo do que destrincharmos o termo “Consolidação”. Consolidar basicamente é tornar o líquido em sólido, contudo, na esfera jurídica consolidar é o mesmo que compilar, ou seja, é juntar várias determinações que, até então estavam separadas, em uma única Lei, organizando de forma prática sua leitura e, consequentemente, seu entendimento. Já, o termo “Leis”, como visto no tema anterior, pode ser definido como a implementação de regras/normas que uma autoridade competente define junto à sociedade, impondo a todos os indivíduos seus deveres, bem como determinando seus direitos. Desta forma, fica claro que a CLT nada mais é do que um conjunto de Leis que disciplinam as relações individuais e coletivas do TRABALHO e sua promulgação se deu em 1º de maio de 1943. Além disso, é preciso entender o conceito de trabalho. Trabalho é toda e qualquer atividade desenvolvida pelo ser humano com objetivo de obter algum ganho, isto é, toda atividade focada na obtenção de seu sustento. Desta forma, um artesão exerce um trabalho, bem como uma diarista exerce um trabalho e um desenvolvedor de softwares também exerce um trabalho. Historicamente, o trabalho era tido como uma punição, apenas os escravos trabalhavam, nasciam, trabalhavam e morriam trabalhando sem direito a um salário ou qualquer momento de descanso. Eles eram considerados como meros objetos adquiridos por seus donos, por essa razão, impunham livremente as atividades que iriam exercer. Posteriormente, com o surgimento do feudalismo, nasce a figura do senhor feudal, este se dispunha a prestar aos servos alguns serviços em troca do trabalho de seus servos como, por exemplo, proteção militar. Assim como os escravos, os servos também não eram livres, eles precisavam trabalhar nas terras pertencentes aos senhores feudais, em outras palavras, havia uma troca, pois o servo cuidava das terras, produzia alimentos, plantavam, colhiam, mas nada recebiam. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 10 Após a Revolução Francesa, tem início o conceito de liberdade individual, mas apenas com o início da Revolução Industrial, surge o conceito de emprego. Durante esse período os trabalhadores passaram a obter um pagamento em troca de suas atividades. Contudo, vários direitos ainda eram ignorados como, por exemplo, horas de descanso, remuneração, segurança do empregado no ambiente de trabalho e, além de tudo, demissões em massa ocorriam sem qualquer reconhecimento pelo trabalho exercido, ou seja, a vida de um empregado era apenas trabalhar e pouco receber por esse trabalho. Por essa razão, grandes movimentos sociais começaram a surgir na Europa e os trabalhadores passaram a se organizar e debater sobre seus direitos, o grande descontentamento culminou em diversas greves, sendo estas sempre reprimidas de forma violenta pelos poderes do Estado. Greve teve início em uma fábrica têxtil em São Paulo, e só depois da adesão de outras categorias passou a ter demandas gerais Uma empresa existe por conta de sua mão de obra e essa mão de obra (os empregados) precisa comer, se vestir, ter onde morar, ter acesso à saúde, proteção e principalmente, ao recebimento de um SALÁRIO em troca de suas atividades. E o salário, por sua vez, nada mais é do que a contraprestação de um serviço executado pelo empregado ao seu empregador. A palavra salário advém do latim (salarium) e significa sal. O sal era um tipo de moeda de troca, sendo substituída pela moeda e finalmente pelo papel moeda (dinheiro). Basta uma breve leitura ao artigo 457, para entendermos que o salário é o valor pago diretamente ao empregado LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 11 como troca aos seus serviços prestados: “...salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço”. Isso posto, entendemos que a relação de trabalho requer a existência de Leis que a definam, assim como em várias outras relações, sejam elas relações familiares, relações de consumo, relações de locação de imóvel. Por essa razão, a CLT nasce para proteger, mas também definir como essa relação entre empregador e empregado funcionará. Para que exista uma relação de trabalho, precisamos de duas figuras: EMPREGADOR e EMPREGADO. EMPREGADOR Segundo a CLT, o empregador é toda pessoa física ou jurídica que assume o risco de uma atividade econômica, contratando e pagando um salário a outro que irá exercer uma atividade. Vejamos o artigo 2º da CLT: Art. 2º - Considera-se empregadora a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 1º - Equiparam-se ao empregador, para os efeitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados. Desta forma, toda empresa (pessoa jurídica), seja ela individual ou coletiva, todo profissional liberal (advogado, dentista, arquiteto) e, até mesmo uma pessoa física (dono de uma casa que contrata um caseiro) serão considerados empregadores. EMPREGADO Já o artigo 3º da CLT define claramente que empregado é somente a pessoa física, que prestará um serviço continuamente – há por parte do empregador a expectativa de que o empregado volte ao local de trabalho em determinado dia e horário, de forma habitual, conforme o que foi definido em seu contrato de trabalho – sob as ordens do empregador e mediante o recebimento de um salário. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 12 Na relação há hierarquia, o empregado é subordinado ao empregador, realizando determinadas tarefas. Quando um empregado é contratado para exercer a função de limpeza de máquinas, ele deve cumprir a função a qual foi contratado, não cabendo a ele definir a função que irá cumprir, não pode o empregado simplesmente dizer que quer trabalhar no recursos humanos da empresa apenas porque está com vontade. Além disso, o empregado é contratado, geralmente, por seus conhecimentos técnicos, seja na limpeza, seja no desenvolvimento de um aplicativo ou criação de um website. É um contrato personalíssimo, isto é, quando a empresa contrata João para exercer determinada função, apenas ele poderá realizar o serviço, não podendo João pedir ao seu primo que realize a função por ele. CUIDADO: Não confunda RELAÇÃO DE TRABALHO com RELAÇÃO DE EMPREGO. A relação de trabalho ocorre quando uma empresa ou uma pessoa física contrata um profissional autônomo para executar determinada tarefa. Já a relação de emprego é a contratação de um empregado para determinada função, com comparecimento habitual e com recebimento de salário. TRABALHO EMPREGO LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 13 ESPÉCIES DE RELAÇÃO DE TRABALHOE DE EMPREGADOS a-) Autônomo: como visto o autônomo participa de uma relação de trabalho, ou seja, ele não preenche os requisitos definidos na CLT, pois ele é contratado para uma determinada função sem que haja relação de emprego, além disso, ele exerce por conta própria determinada função e assume o risco de seu negócio, por exemplo, contratar um chaveiro para arrumar uma fechadura ou um designer para criar um logotipo para uma empresa, ambos assumem o risco de seus próprios negócios, bem como criam regras de funcionamento de sua própria empresa. b-) Eventual: o eventual é toda pessoa física contratada para uma determinada situação e em certas ocasiões, após finalizado o trabalho, o trabalhador eventual não irá mais a empresa. Geralmente estão presentes em eventos, como no caso do garçom contratado para atuar em uma determinada festa de casamento. Nesse caso, o contrato é personalíssimo, mas para um determinado evento, a cada evento há um novo contrato. c-) Avulso: sua contratação ocorre somente com a intermediação de um sindicato. Ele será contratado para realizar, durante um curto prazo de tempo, alguma atividade esporádica, desta forma, o trabalhador avulso será ordenado/enviado a determinado serviço por seu próprio sindicato a realizar as atividades necessárias. Em geral, esse tipo de contrato ocorre em atividades portuárias, onde a administradora do porto paga ao sindicato o valor contratado e este, por sua vez, repassa o valor ao trabalhador. d-) Estagiário: essa espécie de contrato é definida em lei própria (Lei n.º 11.788 de 2008). Não há no estágio vínculo de emprego, pois, segundo a lei, o estágio é “ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos”. Outra diferença é que sua remuneração será em “auxílio bolsa” e não salário, bem como, para que o estagiário seja efetivado ele deve comprovar que está matriculado em alguma instituição de ensino, seja ela Técnica ou Superior. e-) Rural: como o próprio nome diz é todo trabalhador contratado para realizar suas atividades junto à agricultura ou pecuária, sem propriedade rural. Mas atenção, vale destacar que um caseiro de um sítio é considerado um empregado doméstico e não rural, tendo em vista que sua prestação de serviço não está vinculada ao cultivo ou criação de animais. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 14 f-) Doméstico: nessa espécie o empregador não visa lucro e suas atividades são prestadas de forma contínua e no âmbito residencial, há um vinculo trabalhista e nesse caso o empregado realiza suas atividades 3 ou mais dias da semana. Diferente do que ocorre com a diarista, sendo nesse caso não há vínculo trabalhista, devendo cumprir suas atividades no máximo 2 vezes por semana. g-) Temporário: o contrato não pode exceder a 3 meses e para configurar um trabalho temporário, é essencial que seja verificada duas situações, vejamos: ✓ Necessidade transitória de substituição de pessoal – por exemplo, uma equipe da empresa saiu de férias, logo, a empresa precisa de empregados temporariamente para cumprir aquela função; ✓ Acúmulo extraordinário de serviço – geralmente esse tipo de chamamento ocorre em industrias de itens festivos ou alimentícios como, por exemplo, uma fábrica de panetones às vésperas do Natal ou uma fábrica de chocolate dias antes da Páscoa. h-) Menor aprendiz: a Constituição Federal ou CF, em seu artigo 7º, inciso XXXIII e o artigo 428 da CLT, definem que o essa espécie de contratação tem prazo determinado e o empregador se compromete assegurar aos maiores de 14 anos e menores de 24 anos inscritos em programas de aprendizagem formação técnico-profissional metódica, compatível com o seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência as tarefas necessárias a essa formação. i-) Voluntário: segundo a Lei 9.608 de 1998, considera serviço voluntário, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa. REMUNERAÇÃO Como visto anteriormente, salário é o valor a ser recebido como contraprestação aos serviços prestados pelo empregado, contudo, não devemos confundir salário com remuneração, esta última é a soma de todo e qualquer pagamento feito a um empregado como, por exemplo, as gorjetas recebidas ou os adicionais noturno e periculosidade. REMUNERAÇÃO = SALÁRIO FIXO + SALÁRIO VARIÁVEL LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 15 O salário fixo é o valor recebido pela contraprestação da função executada pelo empregado, resumindo, é o valor que nos é informado quando somos contratados; salário variável são todos demais valores recebidos pelo empregado, como incentivos salariais, benefícios e gorjetas, nem sempre recebemos. Conforme define o artigo 463 e 465 da CLT o salário deve ser pago em espécie em moeda corrente no País e em dia útil, dentro do horário do serviço OU imediatamente após o encerramento deste. E, ainda, o artigo 464, ressalta que o pagamento deve ser feito com a emissão de um recibo, assinado pelo empregado, mas caso este seja analfabeto, poderá a empresa colher sua impressão digitar, entretanto, caso não seja possível colher sua digital, poderá o empregado pedir a alguém que assine por ele. ATENÇÃO - o comprovante de depósito bancário também é considerado um recibo de pagamento Espécies de Salários Os principais tipos de salário são: a-) Salário mínimo: também conhecido como salário vital, recebe este nome, pois é o valor considerado como o mínimo indispensável para sobrevivência, e está definido no artigo 7º, inciso IV, da CF. Essa espécie de salário é fixada em lei, de forma unificada e atende às necessidades vitais de uma família. Além disso, a CLT traz em seu artigo 76 um complemento para a definição do salário mínimo ao indicar que “Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo empregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço, e capaz de satisfazer, em determinada época e região do País, as suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte”. b-) Salário Variável: como dito anteriormente é o valor pago, sem que haja uma quantia pré-fixada como, por exemplo, o recebimento de comissão em uma venda. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 16 c-) Salário composto: ou misto, é aquele que mescla salário por unidade de tempo com salário por unidade de obra, ou seja, o trabalhador deve cumprir em um determinado período uma quantidade x de tarefas. Além disso, cabe dizer que o pagamento do salário se dará por: • Tempo – esse é o pagamento mais utilizado em nosso cotidiano, ou seja, o empregado recebe seu salário de acordo com as horas que realiza suas atividades, as horas e dias são computados e ao final do mês ele recebe o valor a que tem direito. • Produção – o empregado apenas recebe após concluída determinada tarefa. • Tarefa – é a junção da forma de pagamento por tempo e por tarefa, nesse caso o empregado receberá apenas após a realização de uma tarefa realizada em um prazo determinado. Inicialmente, todos imaginam que o salário deve ser pago somente em dinheiro, seja através de um depósito bancário ou em espécie entregue ao empregado, contudo, ainda há a figura do salário em utilidade, nesse caso, o artigo 458 da CLT determina que, além de 30% do pagamento em dinheiro (artigo 82, parágrafo único da CLT), o salário poderá ser pago em bens econômicos, desde que haja a anuência do trabalhador. Sendo assim, será considerado salário a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações que a empresa, por força do contrato ou do costume, fornecido habitualmente ao empregado. Emcaso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. Então, tudo o que recebemos da empresa é considerado salário? Não! O mesmo artigo traz alguns itens que não podem ser consideramos com salário, mas que são concedidos ao empregado, são eles: ✓ vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; ✓ educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 17 ✓ transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; ✓ assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante seguro-saúde; ✓ seguros de vida e de acidentes pessoais; ✓ previdência privada; ✓ o valor correspondente ao vale-cultura. ATRASO NO PAGAMENTO DO SALÁRIO O empregador tem prazo definido em lei para o pagamento do salário do empregado (artigo 459 CLT), ou seja, o salário deve ser pago até o quinto dia útil do mês subsequente ao vencimento, caso não cumpra esse prazo, cabe ao empregador realizar o pagamento do salário com correção monetária. DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO Historicamente, o décimo terceiro salário era uma gratificação que algumas empresas davam aos seus funcionários, era algo facultativo, sendo assim, não era obrigatório, contudo, após algumas alterações nas leis, o pagamento do decimo terceiro passou a ser obrigatório a todos os empregadores, sendo pago a qualquer tipo de empregado, seja ele rural, urbano, temporário ou doméstico. Seu pagamento tem por base o salário já recebido pelo empregado e nos casos em que há comissão, é feito o cálculo da média das comissões recebidas ao logo dos meses. Segundo a Lei n.º 4.090/62 é possível pagar o 13º em duas parcelas: a primeira deve ser paga entre os meses de fevereiro a novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro. Exemplo: O empregado recebe mensalmente R$ 3.200,00 O empregador deverá pagar entre os 01 de fevereiro a 30 de novembro a 1ª parcela no valor de RS 1.600,00 e a 2ª parcela até 20 de dezembro de R$ 1.600,00 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 18 EQUIVALÊNCIA SALARIAL Segundo o artigo 460 da CLT, quando o empregado for contratado e seu salário não for definido em contrato, a empresa deverá pagar o mesmo valor que paga a outro funcionário com a mesma função. Por exemplo, João é contratado para trabalhar como auxiliar de almoxarifado, mas não foi defino o valor de seu salário, desta forma, a empresa deve pagar a João o mesmo salário que paga a Antônio, que foi contratado como auxiliar administrativo. EQUIPARAÇÃO SALARIAL Como o próprio nome diz, equiparação salarial é o mesmo que analisar duas situações e torna-las iguais, ou seja, imagine que na empresa há dois funcionários, o funcionário A recebe R$ 2.000,00 e o funcionário B recebe R$ 1.500,00, entre tanto ambos realizam a mesma função, desta forma, o funcionário B deve receber a mesma quantia salarial, certo? Depende, pois o artigo 461 da CLT, exige dois requisitos para configurar equitação salarial, vejamos: a-) Função idêntica – tanto o funcionário A, quanto o funcionário B realizam a mesma função, ainda que um seja auxiliar administrativo e o outro assistente administrativo pleno, caso realizem as mesmas atividades, poderá haver equitação salarial; b-) Trabalho de igual valor – além de funções idênticas, A e B devem produzir a mesma quantidade resultados, com a mesma qualidade, mas há itens que devem ser verificados, não bastando apenas produção de ambos os funcionários ser igual: ✓ A diferença entre a contratação de A e B não pode ser superior a 2 anos. Caso o empregado A tenha sido contratado há mais de 10 anos e B tenha sido contratado há 1 ano, não haverá equiparação salarial; ✓ Ambos os funcionários devem trabalhar para a mesma empresa, ou seja, O empregado A foi contratado pela própria empresa onde trabalha, mas B foi contratado por uma terceirizada, não haverá equiparação salarial; LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 19 ✓ Por fim, ambos devem trabalhar na mesma localidade, desta forma, caso o empregado A trabalha na unidade de São Paulo e o empregado B na unidade de Pindamonhangaba, não haverá equiparação. OBS.: neste último caso, há uma divergência quanto as decisões proferidas nos Tribunais. Ainda, é preciso entender que em alguns casos, mesmo havendo a possibilidade de equiparação, a lei define suas excludentes, ou seja, mesmo que A e B exerçam a mesma função e mesma produção, ambos na mesma localidade, com o mesmo tempo de contratação e para a mesma empresa, ainda assim, não haverá equiparação se: ✓ Houver entre um dele a readaptação em determinada função por motivo de doença física ou mental – artigo 461, § 4º da CLT ✓ Houver promoção em seu quadro de funcionários, ou seja, a critério de merecimento o empregado A é promovido em suas atividades e passa a receber um salário maior. SÍNTESE Conforme estudamos, para se falar em relação de emprego, devemos entender que há a necessidade das figuras: Empregador e Empregado. De um lado temos o empregador, pessoa física ou jurídica que assume o risco de seu negócio e do outro, o empregado, pessoas físicas, assalariada, subordinada e que exercerá suas funções de modo personalíssimo. Toda relação de emprego gera um contrato, podendo ser um contrato por tempo indeterminado (regra geral), indeterminado ou intermitente. Ainda, vimos que remuneração não é o mesmo que salário. A remuneração e a soma entre o salário fixo e o salário variável. Há quatro tipos de salários: mínimo; variável, composto e utilidade. Podendo ser pago por tempo, produção ou tarefa e a empresa é obrigada a realizar seu pagamento até o 5 dia útil do mês. Além dessas espécies de salários, há também o decimo terceiro salário, o qual também possui um prazo para ser efetuado, ou seja, a primeira parcela deve ser depositada entre os meses de fevereiro a novembro e a segunda até o dia 20 de dezembro. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 20 E, por fim, poderá existir a equiparação salarial, para que existe é necessário o preenchimento de alguns requisitos, bem como verificar algumas situações. DESAFIO Imagine a seguinte situação: certo dia, Antônio, motorista de caminhão, recebe uma ligação da empresa de agropecuária Pé Firme, localizada em uma cidade no interior do Estado de São Paulo, oferecendo-lhe um emprego de motorista. Sua função será transportar ração e, quando necessário, alguns animais. Caso Antônio aceite o emprego, em qual categoria de empregado ele se enquadrará? LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 21 TEMA 3 – CONTRATOS DE TRABALHO TIPOS DE CONTRATOS DE TRABALHO Os tipos de contrato de trabalho são regidos pelo Artigo 443 da CLT, definindo que a relação de trabalho dever ser pactuada de forma INDIVIDUAL, EXPRESSA ou TÁCITA, VERBAL ou ESCRITA e por prazo DETERMINADO, INDETERMINADO ou INTERMITENTE. Para bem entendermos essa definição, basta uma melhor explicação acerca de todos os termos trazidos pela CLT, vejamos: ✓ Individual – ou seja, o contrato deve ser firmado de modo personalíssimo, isto é, contratação não se transfere a outra pessoa como, apenas o empregado poderá executar a tarefa para a qual foi contrato, por exemplo, a empresa contra Maria como assistente de compras, apenas ela poderá realizar a atividade; ✓ Expressa – ou seja, quando é manifestado de forma escrita vontade entre as partes ou; Tácita – quando essa vontade fica subentendida, sem que haja uma manifestação escrita ✓ Verbal – podendo ser apenas um combinado verbal entre as partes ou; Escrita –quando há um contrato por escrito. ✓ Determinado – há um prazo a ser cumprido; Indeterminado – sem prazo para finalizar; Intermitente – são contratos esporádicos. Sendo assim, é possível notar que há uma série de contratos de trabalho, possibilitando ao empregado e ao empregador uma relação pautada em lei, para melhor compreensão, leia abaixo a integra do Artigo 443: Art. 443. O contrato individual de trabalho poderá ser acordado tácita ou expressamente, verbalmente ou por escrito, por prazo determinado ou indeterminado, ou para prestação de trabalho intermitente. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 22 CONTRATO POR TEMPO DETERMINADO OU A TERMO Em geral, todos os contratos de trabalho são por tempo indeterminado, visto que o direito ao trabalho tem cunho social, a própria Constituição Federal em seu artigo 1º define que um dos fundamentos da República Federativa do Brasil o valores sociais do trabalho, sendo assim, o contrato de trabalho deve cumprir sua função social e ter como princípio a continuidade, ou seja, o contrato de trabalho só deve ser encerrado: pela demissão do empregador (com ou sem justa causa); com o pedido de demissão do empregado; ou com o encerramento do contrato. A CLT - Artigo 443 e seus parágrafos - define que há a possibilidade de contratos de trabalho por tempo determinado, ou seja, contratos com prazo de duração. Entretanto, o § 2º, indica três situações as quais são aceitas a contratação por tempos determinado, são elas: ✓ Quando a natureza ou transitoriedade justifique a predeterminação do prazo – são, por exemplo, aquelas empresas que contratam apenas para suprir uma grande demanda de serviço. Lojas de shopping que contratam vendedores por tempo determinado durante o frenesi de compras do Natal. Esse contrato não pode ter duração superior a 2 anos, conforme artigo 445 da CLT; ✓ Quando as atividades empresariais de caráter transitório – neste caso a empresa é criada para existir conforme determinada necessidade. Por exemplo, uma loja de enfeites de Natal, sendo que sua abertura existe apenas durante outubro a janeiro; ✓ Quando a contratação por determinado tempo de experiência – a lei define que o prazo será de no máximo 90 dias de experiência, após esse prazo o contrato passa a ser considerado como indeterminado. ATENÇÃO: Nunca, em hipótese alguma, um empregado com contrato por prazo determinado poderá ser demitido e recontratado. A recontratação somente poderá ocorrer após 6 meses da dispensa (artigo 452 da CLT). OBS.: em caso de demissão sem justa causa, a readmissão poderá se dar após 90 dias. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 23 Mas, imagine que Maria foi contratada para trabalhar em uma fábrica de chocolates durante o período que antecede à Páscoa, seu contrato é por tempo determinado, contudo, no decorrer de suas atividades, a empresa percebe que não havia a necessidade de ter contratado Maria, pois o número de funcionários era suficiente para atender a demanda de fabricação dos ovos de Páscoa. Nesse caso, Maria recebe alguma coisa? Vejamos, de acordo com o artigo 479 da CLT: “o empregador que, sem justa causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização, e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato”. Sendo assim, Maria receberá uma indenização por quebra de contrato, equivalente a metade do que receberia ao final do contrato. Agora, imagine o contrário, imagine que Maria decide pedir demissão antes do término do contrato, alegando simplesmente que está cansada e que não se importa se a produção de ovos de Páscoa ficará prejudicada, nesse caso, a CLT protege o empregador - Artigo 480 – Maria indenizará a empresa até a metade dos valores a que teria direito. Veja que, caso o contrato não seja cumprido até o encerramento de seu prazo, tanto um lado, quanto o outro deverão indenizar aquele que se prejudicar. Entretanto, a CLT também define que no contrato de trabalho por tempo determinado poderá haver uma cláusula assegurando a rescisão antecipada, todavia, caso ocorra a rescisão antecipada serão aplicadas as mesmas regras do contrato por prazo indeterminado. Ao final do contrato por tempo determinado, o empregador deverá pagar o 13º salário proporcional, liberar os valores referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as férias proporcionais, acrescidas de um terço. Para facilitar o entendimento, vale ilustrar alguns tipos de contato de trabalho por tempo de determinado, são eles: ✓ Contrato de experiência – prazo de 90 dias, após esse período o contrato terá prazo indeterminado, entretanto, se o empregador decidir demitir o empregado após passado os 90 dias, o contrato simplesmente será extinto. ATENÇÃO: o contrato de experiência deve sempre ser anotado na carteira de trabalho. ✓ Contrato de safra – geralmente são contratos firmados em zonas rural, durante um período de plantio ou colheita, tem prazo de 2 anos. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 24 ✓ Contrato por temporada – muito semelhante ao contrato de safra, este tem como objetivo atender, por exemplo, a contratação de funcionários de um parque de diversão que funciona somente em determinado período do ano. CONTRATO DE TRABALHO INTERMITENTE Nessa modalidade de trabalho a prestação de serviço é esporádica, o artigo 443, § 3º considera que o empregado será subordinado, mas a relação entre o trabalhador e a empresa não serão contínuas, havendo alternância de períodos de prestação de serviço e inatividade, sempre determinados em horas, dias ou meses. Desta forma, o empregado apenas irá trabalhar quando convocado pelo empregador. Havendo essa situação, o empregado terá direito ao aviso prévio, férias, descanso semanal remunerado e adicionais, caso seja demitido. Um ótimo exemplo para ilustrar esse tipo de contrato são as contratações feitas em instituições de ensino, no qual um empregado poderá ser contratado e convocado para lecionar determina disciplina, quando houver número suficiente de alunos para criação de turma. LEGISLAÇÃO ESPECIAL LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 25 Algumas categorias profissionais possuem lei especial para tratar a relação de trabalho, ou seja, elas não seguem exatamente os ditames da CLT. A intenção não é se alongar muito, contudo é importante saber que as categorias abaixo possuem algumas peculiaridades, deixo aqui algumas dessas categorias para que faça uma pesquisa: a-) Aeronautas – Lei nº 13.475 de 2017; b-) Atletas Profissionais (Lei Pelé) – Lei n.º 9.615 de 1998; c-) Músicos – Lei n.º 3.857 de 1960; d-) Advogados – Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil Lei n.º 8.906 de 1994; e-) bancários – Artigo 224 da CLT; f-) Empregados nos serviços de telefonia, de telegrafia submarina e subfluvial, de radiotelegrafia e radiotelefonia – artigo 227 da CLT; g-) Operadores cinematográficos – artigo 234 da CLT; h-) Do Serviço do Motorista Profissional Empregado – artigo 235-A da CLT. CONTRATOS QUE NÃO GERAM VÍNCULO DE EMPREGO Para finalizarmos esse tema, vale destacar que alguns contratos de trabalho não geram relação de emprego como, por exemplo, o contrato de estágio, apesar de ser uma contraprestação, seu objetivo é educacional, um complemento à educação do aluno que busca ter conhecimento prático sobre determinada área. Vale lembrar que no contrato de estágio não há o pagamento de um salário, mas uma bolsa auxílio. Esse contrato tem sua própria legislação, para saber mais procure sobre a Lei 11.788 de 25 de setembro de 2008. ALTERAÇÃO CONTRATUAL A CLT, em seu artigo 468, determina que as alterações contratuais serão lícitas, isto é, serão aceitas, com a concordância de ambas as partes, empregado e empregador, desde que não resulte ao empregado qualquer prejuízo. Vejamos: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 26 Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condiçõespor mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia. Vale destacar que, em regra, os contratos de trabalho não podem ser modificados, contudo, em alguns casos essa alteração é possível, desde que não prejudique o trabalhador e que haja concordância entre as partes. Frequentemente, ocorrem algumas alterações contratuais, dentre elas é possível destacar: o local de trabalho; o horário de trabalho; alteração na função ocupada pelo empregado; valor do salário pagou ou alteração de algum benefício pago pelo empregador. Mas essas alterações poderão refletir algum tipo de prejuízo ao empregado, desta forma, caso haja o prejuízo o contrato deverá ser rescindido. A alteração contratual será considerada irregular quando: ✓ Não houver consentimento e acordo entre as partes; ✓ Quando o empregado for prejudicado; ✓ Quando houve qualquer redução salarial; ✓ Aumento da carga horária de trabalho sem que haja aumento salarial; ✓ Transferência para outra localidade que exija a transferência da moradia do empregado, sem que lhe seja pago um adicional de transferência Esses são apenas alguns exemplos de alterações contratuais que, normalmente, ocorrem nas relações de emprego e tendem a prejudicar o empregado, entretanto, há alguns casos que a alteração contratual se faz necessária, são eles: ✓ Alteração na carga horária de trabalho; ✓ Transferência da empresa para outra localidade, desde que não resulte na mudança do domicílio do empregado ou transferência para outra localidade quando o próprio empregado solicitar; ✓ Alteração na função exercida pelo empregado, sem redução salarial; ✓ Alteração de horário laboral do empregado, desde que seja pago adicional noturno, caso seja necessidade. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 27 SUSPENSÃO OU INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Durante o contrato de trabalho, há a possibilidade que ocorrer uma suspensão ou interrupção de sua validade, mas antes de entendermos exatamente essas hipóteses, precisamos conceituar e diferenciar SUSPENSÃO e INTERRUPÇÃO. ➢ Suspensão – suspender é o ato de paralisar temporariamente algum serviço ou prazo. Nesses casos o empregado não receberá salário e seu tempo de serviço não será contado. ➢ Interrupção – neste caso, há o recebimento do salário e seu tempo de afastamento conta como tempo de trabalho. Veja que essas duas situações irão impactar na vida do empregado, no recebimento de seu salário e no tempo que trabalhou para a empresa, desta forma, há algumas hipóteses que podem ocorrer no decorrer do contrato de trabalho, são elas: a-) hipóteses de SUSPENSÃO de contrato de trabalho: ➢ Auxílio doença: quando o empregado é acometido de alguma doença que ultrapasse 14 dias de afastamento, sua fonte pagadora será o INSS e não mais a empresa, ou seja, após o 15º o empregador não pagará mais o salário do funcionário e ele passará a receber o chamado auxílio doença; ➢ Aborto: artigo 395 da CLT define que caso uma funcionária sofra aborto e este seja considerado criminoso, seu contrato será suspenso; ➢ Greve: havendo greve dos funcionários, o contrato será suspenso; ➢ Faltas injustificadas: o contrato será suspenso caso as faltas sejam justificativas (sendo justificadas, há apenas a interrupção do contrato). b-) Hipóteses de INTERRUPÇÃO de contrato de trabalho: ➢ Período de férias: as férias apenas interrompem o contrato de trabalho, devendo o empregado receber por esse período; ➢ Descanso semanal remunerado: são os dias de descanso dados a todos os empregados; ➢ Licença maternidade: é o período de 120 dias concedido a empregada; ➢ Licença paternidade: período de 5 a 20 dias, dependendo do caso; LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 28 ➢ Aborto: não sendo criminoso, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento. IMPORTANTE: nos contratos com prazo determinado, caso ocorra uma das hipóteses de suspenção ou interrupção, seu prazo de validade contratual não se altera, isto é, o contrato expira no dia definido, exceto se no corpo do contrato houver alguma cláusula que delibere sobre esse assunto. SÍNTESE O contrato de trabalho pode ser expresso ou tácito, escrito ou verbal, por prazo determinado, indeterminado ou intermitente. O contrato por prazo indeterminado é a regra, ele perdura no tempo, após o prazo de experiência de 90 dias. Contudo, há casos em que o contrato é realizado com prazo determinado, neste caso, os contratos serão firmados em decorrência de: Atividade transitória da empresa; A natureza da atividade for transitória; ou durante o contrato de experiência – após os 90 dias de experiência o contrato será considerado por prazo indeterminado. O contrato de trabalho intermitente é aquele em que a prestação de trabalho se dará de forma esporádica. Além disso, alguns contratos possuem lei especial e outros não são considerados como relações de trabalho, por exemplo, o contrato de estágio. As alterações contratuais são possíveis, desde que não prejudiquem o empregado, bem como é possível a suspenção e interrupção do contrato de trabalho. Nos casos de suspensão não há pagamento de salário, já no caso de interrupção, o salário será pago pelo empregador. DESAFIO -Imagine que seu amigo Antônio de 16 anos, foi contratado pela empresa, Zé Zé Produções Artísticas, para trabalhar com a montagem de palcos e iluminação. Ele diz a você que irá trabalhar das 16 horas às 23 horas e que está muito feliz, pois poderá assistir a todos os shows que a empresa organizar. Além disso, ele te conta que a empresa não irá assinar LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 29 sua carteira de trabalho, pois sua contratação será como menor aprendiz. Mas que garantirão a ele que o contrato terá duração de 4 anos. Nessa situação, a contratação de Antônio está correta? Como você aconselharia Antônio sobre esse contrato? TEMA 4 - EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO No decorrer do tema contratos, verificamos como se dá o início de um contrato de trabalho, bem como suas espécies e as hipóteses de sua suspensão ou interrupção. Desta forma, passaremos a analisar como os contratos de trabalho são extintos, ou seja, quando eles se encerram. Antes de iniciarmos, é preciso ter em mente que um contrato de trabalho se encerra nas seguintes hipóteses: ➢ Por rescisão contratual (o empregado ou o empregador solicitam o fim do contrato); ➢ Aposentadoria; ➢ Morte do empregado; ➢ Morte do empregador; ➢ Extinção da empresa; ➢ Culpa recíproca; ➢ Força maior; ➢ Rescisão indireta. RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO Nesta hipótese temos duas situações, a solicitação do encerramento do contrato por se dar vontade do empregado (ele solicita a rescisão do contrato) ou quando o empregador solicita o encerramento do contrato, podendo ser COM JUSTA ou SEM JUSTA causa. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 30 Na primeira hipótese, onde o empregado solicita o desligamento da empresa, ele terá direito ao recebimento dos seguintes itens: a- Havendo prestado serviços a empresa por menos de um ano: ➢ Saldo de salário; ➢ 13º salário proporcional; ➢ Férias proporcionais; e ➢ Um terço sobre as férias proporcionais. b- Havendo prestado serviço a empresa por mais de um ano: ➢ Saldo de salário; ➢ 13º salário proporcional; ➢ Férias vencidas (se houver); ➢ Um terço sobre as férias vencidas (se houver); ➢ Férias proporcionais; e ➢ Um terço sobre as férias proporcionais. Além disso, deverá o empregado cumprir o AVISO PRÉVIO ou indenizar o empregador pela rescisão contratual. Veja, o aviso prévio é a comunicação antecipada de que o contrato será encerrado. Tanto o empregado quanto o empregador têm obrigação de comunicar o encerramento do contrato. O aviso prévio, ou seja,a notificação da rescisão contratual deverá comunicada com antecedência mínima de 30 dias (artigo 487 da CLT). Caso não comunique o empregador com antecedência, o empregador terá direito a descontar os salários correspondentes ao período de demissão. Na segunda hipótese, o empregador decide encerrar o contrato de trabalho do empregado e poderá fazer a seguinte maneira: a- SEM justa causa a menos de um ano: ➢ Saldo de salário; ➢ Aviso Prévio; ➢ 13º salário proporcional; ➢ Férias proporcionais; ➢ Um terço sobre as férias proporcionais; ➢ Liberação do Fundo de garantia (FGTS) acrescido de 40%. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 31 b- SEM justa causa a mais de um ano de trabalho prestado: ➢ Saldo de salário; ➢ Aviso Prévio; ➢ 13º salário proporcional; ➢ Férias vencidas (se houver); ➢ Um terço sobre as férias vencidas (se houver); ➢ Férias proporcionais; ➢ Um terço sobre as férias proporcionais; ➢ Liberação do Fundo de garantia (FGTS) acrescido de 40%. c- COM justa causa a menos de um ano de trabalho prestado: ➢ Saldo de salário d- COM justa causa a mais de um ano de trabalho prestado: ➢ Saldo de salário; ➢ Férias vencidas (se houver); ➢ Um terço sobre as férias vencidas (se houver). Quanto ao aviso prévio, o mesmo se aplica ao empregador, ou seja, conforme define o artigo 487 da CLT, a empresa deverá comunicar com antecedência mínima de 30 dias o encerramento do contrato de trabalho, caso não o faça, deverá indenizar o empregado com o pagamento de um salário, em geral, essa hipótese ocorre quando a empresa quer encerrar o contrato imediatamente, não tendo mais qualquer interesse em manter o empregado. ATENÇÃO – o aviso prévio não é pago quando a demissão ocorre por justa causa. Caso a empresa comunique o empregado 30 dias antes da demissão, este terá direito a cumpri-lo trabalhando duas horas a menos durante esses 30 dias sem redução salarial, justamente para que possa procurar outro emprego – artigo 488 da CLT. Se durante o período de aviso prévio trabalhado o empregado cometer alguma falta grave, por exemplo, furtar peças da empresa ou bater em um colega de trabalho, ele perderá o direito ao restante do prazo concedido. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 32 IMPORTANTE! Tanto empregado (pedido de demissão a mais de um ano) quanto empregador (demissão sem justa causa) podem desistir da demissão durante a vigência aviso prévio trabalhado, neste caso, deve haver a aceitação da outra parte quanto a desistência do encerramento do contrato, logo o contrato voltará a vigorar normalmente. APOSENTADORIA A aposentadoria ocorre quando o empregador, após cumprir suas atividades por determinar período de tempo ou idade e preencher alguns requisitos, é afastado das atividades laborais e passa a receber os benefícios da Previdência Social, cabe aqui um breve parêntese, pois nosso foco é a CLT e todos os benefícios e regras sobre a aposentadoria são de cunho previdenciário, desta forma, para melhor compreensão da matéria sugiro que realize uma pesquisa sobre Previdência Social. A lei permite que o aposentado permaneça prestando serviços a empresa, contudo não haverá contratação de funcionário aposentado por invalidez. O aposentado receberá: ➢ Décimo terceiro salário proporcional; ➢ Férias vencidas (se houver) ➢ Um terço sobre as férias vencidas (se houver); ➢ Férias proporcionais; ➢ Um terço sobre as férias proporcionais. OBS – não haverá multa sobre o valor do FGTS, ainda assim, o aposentado pode realizar o saque do Fundo de Garantia. A multa frente ao FGTS incidirá somente após a readmissão. MORTE DO EMPREGADO Caso o empregado faleça durante a vigência do contrato de trabalho, seus familiares terão direito ao recebimento dos seguintes valores: ➢ Saldo de salário; ➢ 13º salário proporcional; ➢ Férias vencidas (se houver); LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 33 ➢ Um terço sobre as férias vencidas (se houver); ➢ Férias proporcionais; ➢ Um terço sobre as férias proporcionais; ➢ Liberação do Fundo de garantia (FGTS). MORTE DO EMPREGADOR Conforme o artigo 483 determina que havendo a morte do empregador, poderá o empregado rescindir o contrato, mesmo que haja um sucessor, o empregador poderá decidir se deseja ou não permanecer na empresa, desta forma, ele terá direito ao recebimento como demissão involuntária, ou seja, aqui o empregado solicita o desligamento por justa causa do empregador. EXTINÇÃO DA EMPRESA OU FALÊNCIA Quando uma empresa encerra suas atividades ou vem a falir, todos os empregados serão demitidos SEM justa causa, recebendo os valores informados anteriormente. FORÇA MAIOR Imagine que uma empresa de médio porte seja totalmente destruída por um incêndio e, por essa razão, a empresa é extinta, segundo os artigos 501 e seguintes da CLT, o empregado terá direito ao recebimento do FGTS e de uma indenização. CULPA RECÍPROCA Na rescisão por culpa recíproca, ambas as partes, empregado e empregador, cometem algum tipo de falta grave, a indenização será paga pela metade caso seja comprado que o empregador deu início ao ocorrido. JUSTA CAUSA Para melhor compreensão da expressão “falta grave” e melhor entendimento sobre justa causa, esse item terá o seu próprio espaço, visto tratar-se de assunto que exige maior atenção. Justa causa é uma forma de demissão, já a falta grave é a conduta realizada pelo empregado OU pelo próprio empregador, que impede a continuidade do trabalho. Para que LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 34 seja considerada a falta grave é necessário o preenchimento de alguns requisitos, também chamados de princípios, são eles: Princípio da taxatividade - só será considerada falta grave as condutas indicadas ou taxadas em lei; Princípio da imediatividade – a punição deve ser imediata, caso contrário ficará subentendido o perdão tácito ao fato ocorrido; Princípio da causalidade – a causa deve ser comprovada, desta forma, é preciso comprovar que a falta grave foi competida por determinada pessoa; Princípio prequestionamento – não pode o acumulo de faltas graves sem que haja um aviso ou advertência, por exemplo, o empregador não pode demitir por justa causa um funcionário que constantemente chega a atrasado, sem antes chamar sua atenção; Princípio da proporcionalidade – a punição aplicada dever ser proporcional ao ato praticado; Princípio da isonomia de tratamento – todos os envolvidos devem sem punido, não há como punir apenas um funcionário, se outros também cometerão a falta grave. Como visto, um dos princípios, denominado proporcionalidade, exige que a punição seja proporcional ao ato cometido, logo, imagine que um funcionário chega atrasado à empresa e, por conta deste primeiro atraso é demitido. Por essa razão, as empresas aplicam a Advertência e da Suspenção como punições. Vale destacar que não existe qualquer previsão na lei de que três suspensões ou advertências resultará na demissão do funcionário, tanto uma quanto a outras são punições disciplinares e devem, preferencialmente, serem realizadas por escrito, possibilitando uma prova quanto suas aplicações. O artigo 482 da CLT, elenca treze motivos a serem considerados como falta consideradas graves: a) ato de improbidade: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 35 São considerados aqui os atos desonestos cometidos por uma das partes, por exemplo, apresentar atestado médico falso, furtar matérias do escritório, etc. b) incontinência de conduta ou mau procedimento Refere-se a vida sexual, atos obscenos e libidinosos que ocorram durante o horário de expediente. c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço Nada impede que um empregado tenha mais de um emprego, contudo, ele não pode se valer do fato de trabalhar na empresa A, mas levarinformações ou captar clientes para a empresa B. d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena Aqui é preciso ter muita atenção, pois uma pessoa somente será condenada quando a sentença transitar em julgado, ou seja, a empresa não pode demitir um empregado, simplesmente porque há um processo criminal em andamento contra ele, é preciso o fim do processo com uma sentença condenatória que atribua ao empregado determinado crime. e) desídia no desempenho das respectivas funções O termo “desídia” refere-se ao descaso do empregado, são atos como falta sem justificativa, atrasos, venda de produtos no horário de trabalho ou cochilos no horário de trabalho. f) embriaguez habitual ou em serviço Ao se referir a “embriaguez habitual” o legislado objetivou o indicar o alcoólico ou toxicômano, isto é, toda pessoa que faz uso habitual de substâncias tóxicas que comprometam sua consciência e entendimento frente a algumas situações, é a figura do dependente químico; vale dizer que o alcoolismo é uma doença e desta forma precisa ser encarada com seriedade e exige atenção, por essa razão, punir LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 36 alguém com uma doença, sem ao menos oferecer apoio e ajuda, pode ser considerado um excesso. Ainda, o artigo 482, alínea f estabelece que, ainda que o empregado não seja um dependente químico, ele poderá ser demitido por justa causa, caso exerça suas atividades em estado de embriaguez. g) violação de segredo da empresa Geralmente, ocorre quando um empregado, buscando reconhecimento ou qualquer outra vantagem, divulga informações sobre produtos da empresa onde trabalha. Um perfeito exemplo é o funcionário que conhecer uma receita secreta utilizada em algum produto da empresa e passa a divulga-la na internet ou vende tal informação a outra empresa. h) ato de indisciplina ou de insubordinação Entende-se por indisciplina quando o empregado, reiteradamente, descumpre as ordens gerais no serviço; já a insubordinação também se refere ao descumprimento de ordens, contudo, são ordens específicas. Exemplo, fumar em local proibido. i) abandono de emprego Para configurar abandono de emprego, o empregado deve deixar de comparecer ao local de trabalho por 30 dias seguidos. Imagine que um funcionário desaparece por 5 dias, mas no sexto dia ele reaparece, dois dias depois ele desaparece mais 5 dias, ou seja, não se trata de abandono de emprego, mas de desídia. j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem Caluniar, injuriar, difamar ou agredir verbalmente qualquer pessoa (colegas de trabalho ou clientes), bem como agredir fisicamente, exceto quando se defendendo da agressão de outra pessoa. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 37 k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem É o mesmo do item anterior, contudo, enquanto o anterior a agressão é a qualquer pessoa, este refere-se apenas à figura do empregador ou seu superior hierárquico. l) prática constante de jogos de azar Melhor ilustrando, caso um grupo de empregados participe constantemente de jogos de baralho, no interior da empresa, poderão ser demitidos por justa causa. m) perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado Um advogado poderá ser demitido por justa causa, caso seja condenado e tenha o seu registro na Ordem dos Advogados do Brasil caçado. n) Atos atentatórios a segurança nacional Esse item foi muito utilizado durante a ditadura militar (1967 a 1970), pois caso um empregado não concordasse com a ditadura, ele poderia ser demitido por justa causa. IMPORTANTE! Além desses itens, podemos destacar outros casos que geram justa causa, são eles: O empregado que se recusa a utilizar o equipamento de proteção individual (artigo 157, parágrafo único, alínea b da CLT); ou quando o empregado utilizar de forma irregular o vale-transporte como, por exemplo, o empregado que utiliza carro para ir ao seu local de trabalho, contudo, recebe vale transporte. OBS.: O vale-transporte NÃO é salário, a empresa é obrigada a fornece-lo e o empregado é obrigado a comunicar sua necessidade, caso não o faça, estará agindo de forma ilícita. RESCISÃO INDIRETA Vimos anteriormente as hipóteses de demissão do empregado por justa causa, entretanto, poderá ocorrer a rescisão indireta (artigo 483 da CLT), ou seja, quando a empresa age de LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 38 forma irregular, impossibilitando ao empregado continuar trabalhando junto à empresa. São eles: a) quanto o empregador exigir do empregado serviços excessivamente superiores à sua força física ou proibidos em lei e ao bom costume ou exija do empregado que exerça atividade diferentes daquelas a qual foi contratado; b) quando o empregado for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com excessivo rigor; c) quando o empregado ficar exposto ao um grande perigo; d) quando o empregador não cumprir as obrigações do contrato, como pagamento do salário ou conceder férias; e) quando o empregador ou seus representantes legais praticarem atos lesivos a sua honra e boa fama ou a sua própria família; f) quando o empregador ou seus prepostos ofenderem-no fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; g) quando o empregador reduzir o trabalho do empregado de forma a afetar sensivelmente seu salário. RESCISÃO DO CONTRATO POR ACORDO ENTRE EMPREGADO E EMPREGADOR Por fim, vale compreender que o recente artigo 484-A, incluído em 2017 na CLT, permite a rescisão contratual por acordo entre empregado e empregador. Nesta hipótese, os valores a serem pagos ao empregado serão em sua integralidade, exceto o aviso prévio e a indenização sobre o saldo do FGTS, os quais serão pagos pela metade. OBSERVAÇÃO: havendo rescisão por acordo das partes, o empregado não terá direito ao seguro desemprego. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 39 SÍNTESE Os contratos de trabalho poderão ser encerrados, conforme as seguintes hipóteses: rescisão contratual – quando o empregado solicita o encerramento do contratou ou quando o empregador solicita o encerramento do contrato – por morte do empregado ou do empregador; pelo encerramento da empresa; por força maior; por aposentadoria; por culpa recíproca; ou por rescisão indireta. Nos casos de rescisão por justa causa, o empregador deverá identificar que o empregado cometeu falta grave, sendo elas: embriaguez habitual ou em serviço; atos atentatórios a segurança nacional; prática constante de jogos de azar; perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lei para o exercício da profissão, em decorrência de conduta dolosa do empregado; ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; abandono de emprego; ato de indisciplina ou de insubordinação; violação de segredo da empresa; incontinência de conduta ou mau procedimento; desídia no desempenho das respectivas funções; condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; ato de improbidade; e negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço. Em caso de falta grave, o empregado deverá receber como verba rescisória o saldo de salário. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 40 No caso da rescisão indireta o empregador age de má fé ou torna insuportávela continuidade de contrato. Por fim, o acordo entre as partes, empregador e empregado encerram em comum acordo o contrato. DESAFIO A empresa farmacêutica “Droga Legal” instituiu em seu regulamento proíbe a todos os funcionários a utilização de roupas escuras, desta forma, todos devem vestir branco em razão da higiene no ambiente de trabalho. Contudo, certo dia, Mariana compareceu a empresa vestindo calça jeans e camisa preta, seu superior a advertiu formalmente. No dia seguinte, Mariana compareceu novamente ao serviço vestindo uma saia toda florida, mas dessa vez seu superior hierárquico a suspendeu. Mais um dia se passou e Mariana compareceu ao trabalho vestindo calça branca e uma camiseta azul. Neste caso, o chefe de Mariana, cansado de sua atitude decide demiti-la. Pergunta-se: Mariana poderá ser demitida por esse motivo? Se sim, será uma demissão com justa causa ou sem justa causa e podemos configurar sua conduta? TEMA 5 – REGISTRO PROFISSIONAL, DESCANSO E FÉRIAS CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL - CTPS Conforme visto nos temas anteriores, o contrato de trabalho tem suas especificidades, bem como exigem algumas hipóteses para sua alteração e extinção, entretanto, precisamos atenção quanto ao registro em carteira de trabalho (CTPS), visto que, em regra, o início do contrato de trabalho se dá com o registro em CTPS. Sempre que alguém é contratado a trabalhar em uma empresa, seja através de um contrato com prazo determinado ou indeterminado, será feita a anotação em sua CTPS, essa anotação indicará a data do início do contrato, a remuneração, o nome do empregador – LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 41 sendo uma empresa, constará o número do CNPJ – e, quando encerrado o contrato, será feita uma nova anotação com a data de seu encerramento. O empregador, conforme o artigo 29 da CLT, tem prazo de 5 dias úteis para realizar a anotação na carteira de trabalho a partir do início da admissão, caso não faça a anotação na CTPS, o empregador será multado. Feita a anotação, a carteira de trabalho deve ser devolvida ao empregado em até 48 horas. IMPORTANTE - atualmente as empresas realizam o registro em carteira de trabalho digital. O que pode ser anotado na CTPS? Conforme dito anteriormente, o empregador deve preencher: 1. Nome completo do empregador; 2. O número do CNPJ (caso seja uma empresa) ou o CPF (caso o empregador seja uma pessoa física) 3. Endereço onde será prestado o serviço; 4. Indicar o nome do cargo; 5. Espécie de estabelecimento (se uma casa ou uma fábrica) 6. Data da admissão; 7. Salário; 8. Assinatura do empregador (geralmente um funcionário do RH da empresa assina a carteira de trabalho) Veja a imagem abaixo: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 42 Em hipótese alguma a empresa poderá: ➢ Se recusar a realizar o registro da carteira de trabalho; ➢ Rasurar ou extraviar a carteira de trabalho; ➢ Fazer alguma anotação falsa na carteira de trabalho. ➢ Inserir qualquer informação sobre advertências ou suspensão do funcionário – o empregador não pode inserir qualquer informação na CTPS que desabone o empregado – artigo 29, § 4º da CPTS. ➢ Deixar de anotar o encerramento do contrato de trabalho LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 43 ATENÇÃO – Como dito, a CTPS agora é digital, não deixe de acessar o site o Ministério do Trabalho para verificar sua emissão. Jornada de trabalho Imagine que João passou em uma entrevista de emprego, ele será contratado pela empresa Coração Azul. A funcionária da empresa realiza a anotação em sua carteira de trabalho (nome da empresa, CNPJ, endereço, cargo, tipo de empresa, salário e o dia da contratação). João ficou tão feliz com a nova contratação que esqueceu de perguntar sobre sua jornada de trabalho, mas essa informação também será anotada em sua CTPS. Então, calma João! A jornada de trabalho, nada mais é do que o tempo que o empregado ficará à disposição do empregador. O artigo 58 da CLT determina que o horário de trabalho não poderá exceder a 8 horas diárias, além disso, Constituição Federal define que a soma das horas trabalhadas não poderá ultrapassar a 44 horas durante a semana. Além disso, será permitido a realização de 2 horas extras por dia, sendo estas pagas 50% sobre as horas normais. Essa é a regra geral, entretanto, a lei define a jornada de trabalho diferenciada para alguns profissionais, são eles: ➢ Artistas, técnicos em espetáculos de diversão e professores, cada um possui sua própria lei; ➢ 4 horas - radiologista (operadores de Raio-X); ➢ 6 horas: artistas ligados à radiodifusão, fotografia, gravação, cinema, circo e dublagem. Além de ascensoristas, bancários, engenheiros e colaboradores de empresas de crédito, investimento ou financiamento; REGRA: 8 HORAS - DIÁRIAS 44 HORAS - SEMANAIS 2 HORAS EXTRAS -DIÁRIAS – 50% POR HORA TRABALHADA EX. João trabalha 8 horas por dia, para cada hora trabalhada ele recebe R$ 50,00. Caso faça 1 hora extra, essa hora será de R$ 75,00 (50 / 2 = 25,00 + 50 = 75 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 44 ➢ 7 horas: alguns músicos, radialistas (nos setores de cenografia e caracterização) e operadores de telefonia, telegrafia submarina ou fluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia. Por que uma lei especial define a quantidade de horas que um empregado pode trabalhar por dia? A resposta é simples, a lei busca proteger a saúde e integridade física do trabalhador. Algumas funções, por exemplo, o radiologista ou a telefonista, estão expostos a determinas situações e equipamentos que podem prejudicar sua saúde. Ainda, é possível que as horas trabalhadas a mais sejam computadas em banco de horas, também não poderá exceder a 2 horas por dia. Mas nesse caso, não há um pagamento, pois as horas trabalhadas a mais são computadas e posteriormente o empregado poderá utiliza-las, por exemplo, sair uma hora mais cedo. Tipo de jornada Escala 5 x 1 – trabalha 5 dias e descansa 1 = duração de 7 horas e 20 minutos Escala 5 x 2 – trabalha 5 dias e descansa 2 = duração de 8 horas e 48 minutos Escala 4 x 2 – trabalha 4 dias e descansa 2 = duração de 11 horas Escala 6 x 1 – trabalha 6 dias e descasa 1 = a folga, obrigatoriamente deve cair pelo menos 1 vez no domingo de cada mês Escala 12 x 36 – a cada 24 horas trabalhadas, o empregado terá direito a 48 horas de repouso Intervalo intrajornada - ALMOÇO O termo “intrajornada” é o mesmo que no dentro da jornada de trabalho, desta forma, todos os empregados que trabalham mais de 6 horas por dia, terão direito a um intervalo de 1 a 2 horas – artigo 71 da CLT. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 45 O intervalo intrajornada, nada mais é do que a hora do almoço ou do jantar, é a pausa que o empregado faz para se alimentar ou descansar. Caso o empregado tenha uma jornada diária menor a 6 horas, terá direito a 15 minutos de pausa. Intervalo interjornada – HORA DE DORMIR Enquanto o intervalo intrajornada acontece no meio da jornada de trabalho, o intervalo interjornada acontece entre um dia de trabalho e o dia seguinte. Todos precisam de algumas horas para dormir, descansar, relaxar, desta forma, a lei definiu que entre um dia de trabalho e outro o empregado terá o direito a 11 horas de descanso. Por exemplo, se a jornada de trabalho encerrou às 21:00 horas, o empregado deverá iniciar sua próxima jornada após 11 horas de descanso, ou seja, às 08:00 hora da manhã do dia seguinte. Descanso semanal remunerado (DSR) LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 46 Já sabemos que o empregado, tem o direito ao descanso, mas o descanso intrajornada ocorre durante a realização de suas atividades, então, o empregado precisa de um período maior de descanso, preferencialmente (não é obrigatório) aos domingos ou feriados civis e religiosos – artigo 67 da CLT. Esse descanso deve ser de 24 horas consecutivas, esse período de descansoserá remunerado. Contudo, caso o empregado, no decorrer da semana, falte ao trabalho sem justificativa, perderá o direito ao recebimento da remuneração referente a esse dia de pausa. Férias Após trabalhar por 12 meses em uma empresa, o empregado terá direito às férias? Sim! Esse é o momento mais desejado e comemorado pelos trabalhadores, o período aquisitivo de férias terá início após o funcionário trabalhar por 12 meses seguidos na empresa. As férias poderão ser fracionadas em três períodos e serão pagas conforme sua concessão. Podendo ser: um período de mais de 14 dias e dois de 5 dias cada um. Além disso, as férias não podem iniciar 2 dias antes de feriados e finais de semana e, ainda, o empregado, caso queira, poderá vender uma parte de suas férias, chamado de abono pecuniário, geralmente ocorre quando o empregado precisa de dinheiro, então ele decide vender suas férias, mas ele somente poderá vender 10 dias de férias. Veja o artigo 143 da CLT: Art. 143 - É facultado ao empregado converter 1/3 (um terço) do período de férias a que tiver direito em abono pecuniário, no valor da remuneração que lhe seria devida nos dias correspondentes § 1º - O abono de férias deverá ser requerido até 15 (quinze) dias antes do término do período aquisitivo. SÍNTESE O empregador deve registrar na CTPS as informações necessárias acerca do contrato de trabalho. Esse registro deve ocorrer no prazo máximo de 5 dias úteis e, a partir do momento da retenção da CTPS para as referidas anotações, o empregador terá 48 horas para devolver o documento ao empregado. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 47 O empregador nunca poderá anotar na carteira de trabalho qualquer informação que prejudique o empregado, desta forma, não pode haver registro que desabone o funcionário da empresa. A jornada de trabalho não poderá exceder a 8 horas diárias e 44 semanais, caso ultrapasse 2 horas diárias, esta será considerada como hora extras. As horas extras são pagas na importância de 50% das horas normais. Algumas categorias possuem legislação própria que definem a jornada de trabalho. Todos os empregados terão direito a intervalo intrajornada para descanso entre um dia de trabalho e outra, assim como terão direito ao intervalo interjornada para descaso durante a jornada de trabalho. Além disso, a lei concede ao empregado o Descanso Semanal Remunerado, preferencialmente aos domingos ou feriados. E, por fim, o direito a férias, o qual será gozado após 1 ano de trabalho. DESAFIO O professor André, lesiona na Faculdade Inteligente.com, em duas turmas de segunda a sexta-feira. Uma das turmas ele dá aula das 07:40 às 13:00 e em outra das 18:00 às 23:30. Neste caso, a faculdade está agindo certo? LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 48 TEMA 6 – SEGURANÇA DO TRABALHO E ESTABILIDADE Toda atividade de trabalho, seja no âmbito urbano ou rural, está sujeita a riscos, expondo o empregado a problemas de saúde, por isso a lei se preocupa com a segurança e saúde do trabalhador durante suas atividades laborais. O artigo 7º, incisos XXII, XXIII e XXVIII da Constituição Federal estabelece o pagamento de adicionais para os empregados que executam tarefas perigosas, insalubres e penosas. As empresas devem sempre orientar os funcionários sobre os riscos que suas atividades e criar dentro do estabelecimento uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Essa comissão é formada por representantes dos empregados e empregadores, com o objetivo de prevenir possíveis acidentes de trabalho. Eles são escolhidos através de uma eleição. Além da criação da referida comissão, a empresa tem OBRIGAÇÃO de fornecer gratuitamente o Equipamento de Proteção Individual – EPI e o empregado tem OBRIGAÇÃO de utiliza-los, caso não o faça, poderá ser demitido por justa causa (artigo 158, parágrafo único, alínea b da CLT). LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 49 Esses equipamentos são: capacete, botas exaustores, protetores de ouvido, óculos de proteção, luvas etc. Mas o que são atividades perigosas e insalubres? Atividades Perigosas – são todas as atividades que colocam o empregado em contato com eletricidade, explosivos, matérias inflamáveis e radioativos. Exemplo: o empregado de trabalha em um posto de gasolina. Adicional: o empregado receberá um adicional em seu salário que corresponderá a 30% sobre o salário. Atividades Insalubres – são atividades que colocam o empregado a agentes nocivos a saúde como, por exemplo, os técnicos de laboratório que estão expostos a diversas doenças durante a análise de material colhido junto a um paciente. Adicional: o empregado receberá um adicional em seu salário que corresponderá a 40%, 20% ou 10% sobre o seu salário, conforme o grau de exposição. Acidente de trabalho Será considerado como acidente de trabalho, todo fato que resulte em lesão do empregado, fazendo como que ele tenha suas capacidades reduzidas de forma permanente ou temporária. Há tipos de acidentes de trabalho: Típico – é aquele que ocorre dentro do local de trabalho, por exemplo, o empregado cai de uma escada quanto trocava uma lâmpada. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 50 Trajeto – são acidentes que ocorrem quando o funcionário está indo para o trabalho e em seu trajeto algo acontecer, por exemplo, o empregado é atropelado quando estava se aproximando da empresa. Atípico – são as doenças que o empregado desenvolve ao longo do tempo por realizar determinada atividade. São conhecidas como doenças ocupacionais. Por exemplo, o analista de sistemas que desenvolve tendinite. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO – CAT Caso ocorra algum acidente ou doença ocupacional, a empresa tem obrigação de comunicar o INSS o ocorrido, essa comunicação é feita através de um documento chamado CAT – COMUNIÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO. A empresa tem prazo de 1 dia útil após o acidente para comunicar o acidente., contudo, em caso de morte do empregado, a comunicação deve ser imediata. ESTABILIDADE Vimos que quando necessário, o empregado poderá ser demitido. Contudo, há alguns casos em que o empregado permanecerá no emprego, mesmo contra a vontade da empresa e a isso damos o nome de estabilidade. Desta forma, passamos a estudar os tipos de estabilidade definidas na CLT, são elas: Estabilidade decenal – Artigo 492 da CLT O empregado que contar com mais de 10 anos de serviço na mesma empresa, não poderá ser mandado embora SEM JUSTA CAUSA, exceto se cometer alguma falta grave ou quando houver algo que por força maior obrigue a empresa a encerrar seu contrato. Essa espécie de estabilidade não existe mais, apenas é aplicado ao empregado que iniciou suas atividades na empresa em 1988, ano de promulgação da Constituição Federal. Então, para que precisamos saber sobre isso, pois o artigo 492 da CLT fala que essa estabilidade existe, contudo, vale lembrar que a nossa CLT é de 1943 e nossa Lei Maior (Constituição Federal) é de 1988, então, o que vale é o que está escrito na CF. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 51 Estabilidade dos membros da CIPA Os representantes dos empregados membros da CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidente – terão estabilidade. Veja, apenas os representantes dos empregados terão essa estabilidade, os representantes dos empregadores não possuem estabilidade. Por ser uma eleição, eles terão estabilidade a partir da candidatura até 1 ano após o final do mandato. Estabilidade dos dirigentes sindicais O dirigente sindical é uma pessoa eleita por determinada categoria profissional para representar os empregados dessa categoria. Tem início com a candidatura dos empregados eleitos, podendo ser reeleitos inúmeras vezes e ficarão no cargo por 3 anos. A estabilidade se encerrará após um ano do final do mandato. Estabilidade no acidente de trabalho LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 52 Tanto nos casos de acidentes, quanto doenças ocupacionais,geram estabilidade. Veja, quando o empregado é afastado por algum conta de algum acidente ou doença, caso fique afastado até 14 dias a empresa continuará pagando seu salário. A partir do 15º dia, o pagamento será feito pelo INSS e não mais pela empresa. Sua estabilidade terá início caso entre no INSS, ou seja, após o 15º dia do afastamento e continuará 12 meses após o termino do afastamento. Exemplo, caso o empregado fique afastado por 2 anos e retorne ao trabalho, ele não poderá ser demitido até que passe 12 meses de seu retorno. Estabilidade da gestante Quando uma empregada fica grávida ela terá estabilidade a partir do momento em que a gestante tomar conhecimento da gravidez, até 5 meses após o nascimento da criança. Essa estabilidade será provisória durante o aviso prévio e Estabilidade definitiva A estabilidade definitiva, ou seja, sem prazo, será concedida apenas aos funcionários públicos e somente ao empregado decenal. Estabilidade provisória É aquela concedida por um período, ocorre nos casos da gestante, dos dirigentes sindicais, dos membros da CIPA LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 53 SÍNTESE O empregador tem obrigação de fornecer aos seus funcionários, de forma gratuita, os equipamentos de proteção individual, por outro lado o empregado tem obrigação de utilizar os equipamentos, caso não o faça, poderá ter seu contrato de trabalho rescindido por justa causa. O contrato de trabalho tem caráter social e por essa razão é de responsabilidade do empregador orientar e comunicar o empregado acerca dos riscos de sua função, sendo uma atividade considerada perigosa ou insalubre, o empregado terá direito a um adicional. Será insalubre a atividade que adoecer o empregado ao logo do tempo, em decorrência da exposição sofrida. O adicional será de 10%, 20% ou 40%, dependendo da exposição. Já a periculosidade é a atividade que pode ocasionar a morte do empregado, seu adicional será pago na razão de 30%sobre o salário. Em caso de acidente de trabalho o empregador terá 24 horas para fazer sua comunicação ao INSS. Por fim, em algumas hipóteses o empregado terá estabilidade em seu contrato de trabalho, terão estabilidade os empregados: Decenal; membros da CIPA; os dirigentes sindicais; a gestante; e o acidentado. DESAFIO João trabalha no escritório Tudo de Bom, certo dia, ao sair para o almoço, ele se distraí com o celular, atravessa a rua quando o farol estava fechado para pedestres e é atropelado. Felizmente João apenas quebra a perna e o médico o afasta por 45 dias. Analisando a situação de João indique: O atropelamento pode ser considerado acidente de trabalho? Como João está afastado, a empresa continua pagando seu salário? LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 54 TEMA 7 – DIREITO DAS MULHERES, PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR E CRITÉRIOS NÃO DISCRIMINATÓRIOS Esse próximo tema merece um grande destaque e atenção. Veja que todos os direitos trabalhistas foram conquistas sociais e para que essas conquistas se concretizassem muitos trabalhadores lutaram fortemente, alguns até mesmo perderam suas vidas para que hoje nós possamos ter acesso à segurança no trabalho, direito a um salário digno, horas de descanso e direito à liberdade de pedir demissão, sem que haja qualquer retaliação. Não diferente disso, a proteção ao trabalho das mulheres, da criança e do adolescente, bem como a eliminação de qualquer forma de discriminação no ambiente de trabalho, exigiu dos trabalhadores muita luta. Antes de entender cada uma dessas proteções, vale destacar que a nossa Lei Maior – caput do artigo 5º, define que: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Todavia, antes de 1988, o Brasil já defendia em sua anterior Constituição Federal de 1934 a proibição a discriminação ao trabalho da mulher. Isso parece óbvio, contudo, por muitos anos as mulheres não podiam votar, não podiam ter conta no banco ou trabalhar sem a concordância de um homem (marido ou pai). É o que chamamos de Estado Patriarcal, ou seja, o homem tinha o domínio sobre as mulheres, sendo estas tratadas como objetos. Vale mencionar que ainda hoje vivemos em uma sociedade em que o patriarcado, mesmo que de forma mais branda, existe, entretanto, essa discussão necessita de muita atenção e tempo, por essa razão vamos nos ater às proteções e direitos já conquistados. AS MULHERES E RELAÇÃO DE TRABALHO O inciso XX do Artigo 7º da Constituição Federal define que “proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei”. Durante a Revolução Industrial, as mulheres trabalhavam nas fábricas com salário muito inferior aos homens e, logicamente os empresários gostavam dessa relação, pois elas exerciam as mesmas funções dos homens, mas com salário bem inferior. Em sua grande maioria, as LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 55 mulheres trabalhavam 14 a 16 horas por dia, recebendo um salário baixo e sem qualquer direito. As mulheres, naquela época, chegavam a amamentar seus filhos durante o exercício de suas atividades. Além disso, ao cumprirem suas atividades na empresa, iam para casa realizar seus afazeres doméstico e cuidar de seus filhos. Ainda hoje, sabemos que essa é uma realidade da grande maioria das mulheres, ou seja, o trabalho não acaba com o fim do expediente na empresa, ele continua dentro de suas casas, logo, essa luta é permanente. Pensando em tudo isso, o legislador passa a olhar o trabalho exercido pelas mulheres com mais atenção. Tanto que a CLT reserva um Capítulo para falar sobre essa relação de trabalho. Vejamos o Artigo 372 em diante. O trabalho das mulheres terá o mesmo valor ao trabalho exercido pelos homens, desta forma, não poderá existir qualquer discriminação. E que discriminação seria essa? Acredito que você já tenha ouvido frases como: “trabalhar com mulher é complicado, elas mudam de humor constantemente” ou “prefiro contratar homens, eles são mais fortes”. Veja, essas frases (e muitas outras) fazem parte do nosso dia a dia e precisam ser repensadas. A própria lei não permite qualquer discriminação, então cabe a sociedade (todos nós) mudarmos esse tipo de pensamento e não os deixar seguir em frente. O artigo 373, também indica claramente essa não discriminação, quando define que a jornada de trabalho exercida pela mulher não será superior a 8 horas diárias, ou seja, igual ao dos homens. Peço sua total atenção! Você, provavelmente já tenha lido algum anúncio de vaga de emprego com os seguintes dizeres: “PROCURAMOS: Homens, entre 18 e 20 anos, que residam próximo a Itaquera, com boa aparência e sem filhos, para a vaga de auxiliar administrativo”. O que você acha desse anúncio? Ele é discriminatório? Evidente que SIM! Há uma série de itens na vaga que não se adequam a lei. Uma delas é o fato de definir que apenas homens serão contratados, desde que tenham boa aparência (qual a definição de boa aparência???), sem filhos (que diferença faz ter ou não filhos??) e de 18 a 20 anos (pessoas com mais de 20 anos não são aptas a trabalhar???) LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 56 Então, feita essa análise, saiba que o a lei proíbe qualquer ato discriminatório. Pensando nisso, quando você estiver trabalhando em uma empresa e alguém pedir que você elabore uma anúncio de emprego, lembre-se que os artigos 5º, incisos VIII, X, 7º, incisos XXX, XXXI, XXXII e 3º, inciso IV da Constituição federal proíbem qualquer discriminação por raça, sexo, idade, cor, estado civil e deficiência física. Além disso, veja o que diz o Artigo 373-A, inciso I “publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividadea ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir”. Resumindo, sempre que encontrar uma vaga nesse sentido, quero que faça uma reflexão sobre o tipo de empresa que está contratando seus funcionários. Também é proibido: ➢ Dispensar ou não promover um empregado em razão de seu sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza da atividade seja notória e publicamente incompatível ➢ Definir salários com base no sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável ➢ exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego; ➢ proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou funcionárias. Revista íntima – é considerada revista íntima aquelas realizadas pelo empregador junto ao empregado, mediante contato corporal ou exposição de seu corpo. Exemplo: empregada que trabalha em uma loja de joias e ao final do dia de trabalho é levada a uma salinha para tirar a roupa e comprovar que não está subtraindo qualquer objeto da loja. Não confundir com Revista Pessoal, nesse caso, a revista e feita apenas sobre os objetos da pessoa como, por exemplo, sua bolsa. Além disso, a CLT também define alguns pontos importantes para a proteção da mulher gestante, vejamos: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 57 ➢ Ela terá direito a licença maternidade de 120 dias (o mesmo se aplica aos de adoção); ➢ Estabilidade de até 5 meses após o nascimento da criança; ➢ Dispensa do horário de trabalho para comparecer a consultas médicas; ➢ Repouso em caso de aborto espontâneo; ➢ Após o nascimento, a empregada terá direito a 30 minutos de descanso para amamentação ou retirada do leite. PROTEÇÃO AO TRABALHO DO MENOR O Artigo 402 considera MENOR toda pessoa entre 14 a 18 anos, os quais somente poderão exercer atividade de trabalho na condição de aprendiz, até os 24 anos. Os menores de 18 anos não podem trabalhar em locais considerados insalubres ou perigosos, além disso, não podem trabalhar entre as 22 e as 05 horas, ou seja, não é permitido o trabalho noturno. Imagine que um colega de 17 anos, conta a você que foi contratado a trabalhar em uma grande casa de eventos, como menor aprendiz, e poderá assistir a vários shows de graça. A empresa, agiu certo ao contrata-lo? Depende, seu colega não poderá trabalhar de madrugada, ele também não poderá ficar exposto a eletricidade ou algo que prejudique sua saúde. Mas ele pode trabalhar no escritório da empresa, exercendo sua atividade como menor aprendiz, mas como o próprio nome diz, sua contratação terá cunho pedagógico, ele estará lá para aprender e desenvolver suas habilidades em um ambiente de trabalho. Mas seu amigo ficará triste quando descobrir que somente poderá assistir aos shows que permitam sua entrada, conforme faixa etária definida nos eventos. No caso do menor aprendiz, não há o recebimento de salário, mas bolsa-educação, desta forma, fica claro que o menor só poderá ser contratado se estiver estudando, devidamente matriculado. As pessoas com deficiência também poderão ser contratadas como menores aprendizes, mas nesse caso não há idade limite (24 anos). LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 58 O contrato do menor aprendiz não pode ser superior a 2 anos. São direitos dos menores aprendizes: ➢ Carteira de trabalho assinada; ➢ Bolsa educação; ➢ Jornada de trabalho Reduzida; ➢ Vale-transporte ➢ Férias durante o recesso escolar; ➢ 13º salário; e ➢ Recolhimento do FGTS. O menor pode ter o seu contrato encerrado antes do prazo de 2 anos? Sim! O artigo 433 da CLT, define as hipóteses de encerramento do contrato, são ela: ➢ A pedido do aprendiz; ➢ Falta grave; ➢ Faltas injustificadas a escola; ➢ Desempenho insuficiente ou inadequado do aprendiz. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 59 ATOS DISCRIMINATÓRIOS Como vimos, a lei elenca uma série de situações de não discriminação: ➢ Sexo; ➢ Raça; ➢ Idade; ➢ Deficiência; ➢ Religião; ➢ Estado civil; ➢ Gestação; ➢ Origem (estrangeiro). A discriminação não pode ocorrer desde o anúncio de uma vaga, até o encerramento do contrato, desta forma, fica claro que o empregador tem um papel importante nessa jornada, pois, em alguns casos, o empregador busca meios de não discriminação, mas os demais empregados precisam ser orientados e fiscalizados para que o bom convívio prevaleça no ambiente de trabalho. Atualmente, palavras como “diversidade”, “Inclusão” e “acessibilidade” são muito utilizadas por empresas, mas é preciso ter em mente que não basta apenas usar essas palavras e não as aplicar na prática. O que é diversidade? Diversidade refere-se às diferentes identidades dentro de um ambiente. Sabemos que todos são iguais perante a lei, mas também sabemos que todas as pessoas possuem suas próprias características – eu sou diferente de você; você é diferente de seus amigos; seus amigos são diferentes de seus pais e assim por diante – ainda que tenhamos algo em comum, somos diferentes e precisamos respeitar essas diferenças. Minhas crenças religiosas, talvez sejam diferentes das suas, mas isso não me torna melhor ou pior, isso não poderá ser um ponto que me bonifique ou desabone. Minha história de vida me fez ser o que hoje eu sou e a sua história te moldará e fará com que você seja quem é. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 60 Não podemos ignorar as diferenças, devemos aprender com elas e respeita-las. Almir Sater, um compositor brasileiro, ilustrou muito bem a ideia de nossas histórias em sua música Tocando em Frente, ele diz: “Cada um de nós compõe a sua história E cada ser em si carrega o dom de ser capaz De ser feliz” Sendo assim, a diversidade, não está presente apenas nas diferenças corporais ou estéticas, mas também nas diferenças culturais, nas crenças, nas histórias de vida de cada um de nossos colegas, suas identidades sociais e culturais. O que é inclusão? Como a própria palavra já indica, nada mais é do que incluir/inserir/adicionar pessoas a um determinado ambiente, nesse caso, o ambiente de trabalho. Veja que há uma diferença entre integrar alguém e incluir alguém a um certo ambiente. Quando eu integro alguém a alguma coisa, eu determino que ela irá seguir normal e regras, sem me preocupar se essas normas irão desmotiva-la, exemplo, eu contrato A para trabalhar em minha empresa e no dia da contratação falo a A todas as normas e regras que ele deverá seguir e deverá se ajustar para permanecer no trabalho, a responsabilidade é apenas de A. Já a inclusão, há uma troca, tanto Eu quanto A teremos a possibilidade de um aprender com o outro, ambos temos a responsabilidade e, principalmente faremos parte de um único grupo e não grupos separados. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 61 O que é acessibilidade? Não adianta falar em diversidade e inclusão se a empresa não dispõe de um ambiente de trabalho acessível. A acessibilidade, nada mais é do que possibilitar as pessoas com algum tipo de necessidade o acesso digno a algum ambiente. Então, imagine uma startup, com três andares, muito bem decorada, com computadores de ultima geração. Do que adianta tudo isso se o acesso aos andares somente se dará por escada? Acessibilidade é o mesmo que romper barreiras, é dar a possibilidade de acesso a todos. SÍNTESE A Constituição Federal elenca que ninguém poderá ser discriminado, seja por sua raça, religião, sexo, idade, deficiência, estado civil ou origem. Desta forma, a CLT dá especial atenção à proteção da mulher no ambiente de trabalho como, por exemplo, a jornada de trabalho, licença maternidade e ao salário. Outrossim, a CLT define que menores de 14 anos não poderão trabalhar, mas a contratação para os maiores de 14 anos até 24 anos poderão exercer atividade como menor aprendiz. Contudo, para que o menor possa ser contratado, ele deverá comprovar que está matriculado em alguma instituiçãode ensino, caso abandone o ensino durante o contrato, o menor terá seu contrato rescindido. Todos temos responsabilidade quanto as práticas discriminatórias e devemos buscar inserir, diversificar e tornar acessível nosso ambiente de trabalho, mas também nossas relações sociais. DESAFIO – Veja o print de tela abaixo, retirado da internet, e enviado a um grupo de WhatsApp sobre a contratação de 10 cuidadores. Faça uma reflexão sobre a mensagem e verifique se você identifica itens discriminatórios no texto e se há alguma implicação a quem repassou essa mensagem no grupo LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 62 . LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 63 TEMA 8 – FGTS, VALE TRANSPORTE E DIREITO À GREVE FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço nasceu com a ideia de conceder um tipo de poupança aos empregados, dando uma garantia no caso de demissões SEM JUSTA CAUSA. Esse valor é depositado pela empresa, sendo ele de 8% do salário do empregado, até o dia 7 de cada mês. Caso não realize o pagamento, o empregador será considerado inadimplente, devendo pagar multa de 20% e juros de 1% ao mês. OBS.: essa multa não vai para conta do empregado. Desta forma, quando você é contratado por uma empresa, ela deverá destinar 8% do seu salário a uma conta existente no Banco Caixa Econômica Federal. Quem tem direito ao FGTS? Terão direito os empregados: • Contratados por tempo indeterminado; • Domésticos (o depósito é de 11,2%); • Temporários; • Safreiros (contrato por safra); • Atletas profissionais; • Intermitentes; • Menores aprendizes (o depósito será de 2%); • Rurais. Logicamente o deposito do FGTS é realizado enquanto durar o contrato de trabalho e durante esse período deverá ser depositado, ainda que ocorram as seguintes situações: • acidentes de trabalho; • serviço militar obrigatório; • férias; • licença-maternidade e paternidade; • primeiros 30 dias de licença para tratamento de saúde; LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 64 • quaisquer outros casos de ausência remunerada. Há rendimento no FGTS? Sim! O FGTS rende 3% ao ano. Para ter certeza se a empresa realizar o depósito dos valores corretos, basta fazer a seguinte conta: Veja, apesar do FGTS ser um depósito, com rendimento, parecido com uma conta poupança, você somente poderá saca-lo nas seguintes situações: • demissão sem justa causa; • extinção de contrato de trabalho por acordo, normal ou de trabalhos temporários; • extinção total ou parcial da empresa (filiais e outros membros menores); • aposentadoria concedida pela Previdência Social; • falecimento do empregado; • pagamento de financiamento habitacional no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH); • liquidação ou amortização de financiamentos imobiliários; • caso não haja depósitos na conta do FGTS por três anos; • suspensão de trabalho avulso por mais de 90 dias; • se o trabalhador ou um dependente for acometido por HIV, neoplasia maligna, esteja em estado terminal ou acometido por doença grave; • quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a 70 anos; • em casos de urgência decorrente de desastres naturais; • em caso de debilidades físicas; • a qualquer momento caso o saldo seja inferior a R$ 80,00; • caso o trabalhador opte pelo saque de aniversário. VALE TRANSPORTE Para que você possa trabalhar, após ser contratado pela empresa, você deverá comparecer ao seu local de trabalho, exceto se sua jornada acontecer totalmente em Home Office, correto? Para você chegar ao trabalho, talvez você precise pegar um ônibus ou trem ou metrô. Quanto isso irá custar por mês? Salário bruto x 0,08 = FGTS R$ 3.000,00 X 0,08 = R$ 240,00 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 65 A lei estabelece que é OBRIGAÇÃO da empresa te ajudar com esse gasto de locomoção. Afinal, você só está tendo esse gasto porque precisa chegar à empresa. A ideia principal do legislador e incentivar a utilização do transporte público, pois o vale transporte, apesar de ser uma obrigação da empresa, o empregado não é obrigado a aceita- lo. Isso se dá, pois, alguns empregados possuem seu próprio meio de locomoção (carro ou moto), alguns moram consideravelmente perto do trabalho e podem ir a pé ou de bike. Desta forma, o empregado não precisa de um vale transporte e poderá recusar o seu recebimento. O vale transporte é um benefício e ele será concedido apenas a quem precisa, sendo assim, caso o empregado não precise desse benefício, mas o solicita de forma irregular, poderá ser demitido com justa causa. O empregado deve informar a empresa, por escrito, o seguinte: ➢ seu endereço residencial; ➢ os serviços e meios de transporte mais adequados ao seu deslocamento residência- trabalho e vice-versa. ➢ número de vezes utilizados no dia para o deslocamento residência/trabalho/residência. Apesar da obrigação da empresa em pagar o vale transporte, esse valor é pago parcialmente, pois será descontado do empregado 6 % de sua remuneração. Agora, imagine que você esteja trabalhando no RH de uma empresa e descobre que um dos funcionários que recebe vale transporte, vai todos os dias de carola para o trabalho, ou seja, ele não utiliza o benefício que solicitou a empresa e, para piorar, ele está vendendo aquilo que ele recebe de vale-transporte. O que pode acontecer com esse funcionário? EXEMPLO: O funcionário recebe salário bruto de R$ 2.000,00. Para chegar ao trabalho ele gasta R$ 4,00 e para voltar a sua casa mais R$ 4,00 – Total de R$ 8,00 por dia. Além disso, ele comparece ao trabalho 22 dias, logo, 8 x 22 = R$ 176,00 por mês. Com o desconto dos 6% do vale transporte, o salário bruto será de R$ 1.880,00, ou seja, R$ 2000,00 – 6% = o desconto será de R$120,00 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 66 Além da falta de ética, esse empregado poderá ser demitido por JUSTA CAUSA, pois ele requereu o recebimento do benefício, sendo que sabia que não o utilizaria. Mas esse ato deve ser comprovado pelo empregador, não basta uma mera suspeita, ele precisa comprovar que o funcionário está agindo de má-fé. DIREITO À GREVE O direito à greve é uma conquista social e deve ser respeitado. É um direito assegurado em nossa Constituição Federal: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. Vamos aprender um pouco de história: a palavra “greve” surgiu na França, onde havia uma praça chamada Place de Grève, ela recebia esse nome, pois havia um grande acumulo de gravetos no local, trazidos pelo Rio Sena. Nessa praça, os operários se reunião para debater sobre os abusos que acontecia em suas empresas e, consequentemente, paralisavam os serviços, justamente em busca de melhores condições de serviço. Nesse momento há o surgimento do termo “grevistas”. No Brasil, o conceito de Greve Geral, surgem em 1917, onde os trabalhadores de várias regiões do país decidem paralisar suas atividades por 30 dias. Essa grande greve reuniu 70 mil operários (homens e mulheres) e foi marcada por uma forte repressão por parte do Estado. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 67 Nesse momento, tanto no Brasil, quanto no resto do mundo, a greve ganhou destaque e passou a ser considerada um direito frente aos abusos cometidos pelas empresas. Mas, afinal, o que é uma greve? Greve é um meio encontrado pelos trabalhadores para reivindicar os seus direitos, paralisando suas atividades e pressionando os empregadores a conceder aquilo a que lhes é de direito. Esse é um exercício que apenas cabe dentro de uma DEMOCRACIA, ou seja, em um país em haja a possibilidade de manifestar sua insatisfação de forma livre. Mas ela só se configura quando realizada por um número de trabalhadores. Não adianta apenas o funcionário de uma empresa, que esteja descontente, decretaruma greve. A greve é coletiva, cabendo a uma categoria de trabalhadores se organizarem para que ela ocorra. Contudo, uma greve não pode ocorrer de qualquer jeito e em qualquer momento, a lei estabelece que para sua realização, sejam observados os seguintes itens: ➢ Pacífica; ➢ Coletiva; ➢ Temporária ➢ Interrupção total ou parcial dos serviços ➢ Ser previamente avisada Desta forma, as greves precisam seguir esses itens para que seja considerada legitima e não mera algazarra. Quando uma greve extrapola seus limites, ela será considerada abusiva. Vejamos a seguinte situação: uma categoria de motoristas decide fazer uma greve, logo, devem comunicar com antecedência a o motivo e quando será a greve, também deverão informar o tempo de duração e se a interrupção será total ou parcial. Caso não sigam esses itens, a greve será considerada abusiva e toda a categoria será multada. OBS.: essa multa será dada ao sindicato da categoria. Abusos: Os grevistas não podem, em hipótese alguma, paralisar por completo uma atividade considerada essencial (artigo 10 da Lei n.º 7.783 de 1989), são atividades elas: LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 68 I - Tratamento e abastecimento de água; produção e distribuição de energia elétrica, gás e combustíveis; II - Assistência médica e hospitalar; III - distribuição e comercialização de medicamentos e alimentos; IV - Funerários; V - Transporte coletivo VI - Captação e tratamento de esgoto e lixo; VII - telecomunicações; VIII - guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipamentos e materiais nucleares; IX - Processamento de dados ligados a serviços essenciais; X - Controle de tráfego aéreo. SÍNTESE O FGTS é o valor depositado pela empresa em uma conta bancária, ele será no importe de 8% do salário do empregado. Esse valor será pago enquanto perdurar o contrato de trabalho e o empregado poderá saca-lo apenas em algumas hipóteses. O empregador também deverá realizar o pagamento do vale-transporte, o qual será descontado 6% do salário do trabalhador. O VT será pago somente quando o empregado manifestar sua necessidade. Como visto em outros momentos os direitos trabalhistas são conquistas sociais, tanto que a Constituição protege o direito à greve, mas para que esta seja considerada lícita, deverá ser pacífica, coletiva, temporária, previamente comunicada e a interrupção poderá ser total ou parcial. DESAFIO - Leia a notícia abaixo e indique por quais motivos a greve iniciada pelos garis do Rio de Janeiro foi considerada abusiva e quais foram as consequências dessa decisão: TRT julga greve abusiva e manda trabalhadores voltarem 'imediatamente'; assembleia decide pelo fim da paralisação. Categoria reivindica hora de almoço remunerada e outros benefícios; Justiça determina 80% da frota no horário de pico. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 69 O Ministério Público do Trabalho (MPT) concluiu nesta terça-feira (5) que a greve dos garis do Rio de Janeiro é abusiva e não respeita parte da legislação trabalhista. O parecer do órgão foi assinado pela procuradora regional do trabalho Deborah da Silva Felix. Segundo a procuradora, o anúncio da greve desrespeitou a lei 7783/89 e não obedeceu a decisão liminar da Justiça do Trabalho que determinava 'a manutenção de 100% dos serviços sob pena de multa'. Em seu parecer, Deborah da Silva Felix considerou que o sindicato da categoria não poderia declarar greve enquanto as negociações ainda estivessem em andamento. No documento, a procuradora diz que considera justo o pleito da categoria. Contudo, em sua opinião, o sindicato está utilizando o movimento grevista como forma de fazer pressão na empresa responsável pelo serviço de coleta de lixo na cidade. ‘(...) durante os encontros travados entre as partes, tentou-se equacionar a situação, persistindo o impasse em relação ao percentual do reajuste salarial, e como as negociações ao que parece, ainda estavam em curso, não se poderia afirmar que restou frustrada, assim, não foi preenchido a nosso ver, o requisito da negociação prévia, além da não a comunicação ao empregador e a sociedade com antecedência de 72 horas’, dizia o trecho do parecer. ‘Mesmo considerando justo e legítimo o pleito pensamos que, socorrendo-se da greve como meio de pressão, deveriam atentar para os requisitos legais exigidos, que somente justificariam sua superação diante de situações que envolvessem grave risco aos trabalhadores, o que não vislumbramos na hipótese examinada’, dizia outro trecho. No dia 25 de março, antes da greve começar, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região acolheu um pedido da Comlurb para impedir a paralisação, reconhecendo ilegalidades que colocariam em risco o interesse público e a população. Na decisão, a Justiça determinou que o sindicato não desse início ao movimento grevista, sob pena de multa diária de R$ 200 mil, e que o serviço de limpeza não fosse interrompido.” Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2022/04/05/ministerio-publico-do- trabalho-considera-greve-dos-garis-abusiva.ghtml LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 70 TEMA 9 – DIREITO COLETIVO DO TRABALHO E SINDICATOS Para entender o Direito Coletivo do Trabalho, precisamos, novamente, voltar à Revolução Industrial ocorrida na segunda metade do século XVIII. A Revolução Industrial é o principal marco histórico dos Direito Trabalhistas. Nessa época as fábricas estavam se modernizando com máquinas, muitas demissões ocorriam, os salários eram precários, as condições e segurança do trabalho eram totalmente ignorados. Mulher trabalhavam dando a luz em pleno ambiente de trabalho, homens se feriam gravemente e continuavam trabalhado, o cenário era caótico. Por conta disso, as paralizações dos operários – através das grandes greves – era a única forma para se reivindicar algo, mas ainda assim, o Poder Público pouco fazia, pois nessa época o liberalismo predominava, sendo assim o Estado (Poder Público) não se envolvia em questões trabalhistas. Entretanto, as coisas começaram a mudar quando, após muitas greves, as empresas pararam de produzir e sem produção não tinham dinheiro para pagar os impostos e receber os impostos o Estado se viu obrigado a intervir nas relações de trabalho. Mas para que o Estado pudesse intervir, ele precisava criar meios para conversar com os empregados, assim como com os empregadores e, assim, chegar a um acordo, fosse ele para o pagamento de um salário digno, segurança no ambiente de trabalho, jornada de trabalho não exploratória. Desta forma, são criados os sindicatos, ou seja, foi uma forma encontrada de organizar os trabalhadores de um lado e os empregadores de outro, escolhendo um representante para cada um, facilitando assim a comunicação. Para não confundir, veja que o Direito Individual do Trabalho é o ramo do direito que trata sobre a relação de um empregado com seu empregador. Já o Direito Coletivo do Trabalho regula a organização dos sindicatos, organiza as negociações coletivas e possibilita a criação de normas específicas para determinada categoria de profissional – chamada convenção coletiva. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 71 DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO Empregado X Empregador Sindicato dos empregados X Sindicato dos empregadores Cada caso é analisado separadamente Uma decisão atinge a todos Se no Direito Individual temos: empregado X empregador No Direito Coletivo temos: Sindicato Laboral (dos empregadores) X Sindicatos Patronais (dos empregadores) Esses sindicatos, seja dos empregados ou dos empregadores, cria a união de toda uma categoria em apenas um lugar, é a reunião de um grupo que trabalha com a mesma coisa. Por exemplo: Sindicato dos Professores; Sindicato dos Metalúrgicos; Sindicato dos profissionais da Saúde; Sindicato dos Donos de Bares e Restaurantes etc. Mas a filiação aos sindicatos nãoé obrigatória, desta forma, um professor não é obrigado a fazer parte do Sindicato dos Professores e essa liberdade existe graças à democracia. Ninguém poderá ser obrigado a fazer parte de um sindicato, a isso damos o nome de Liberdade Sindical. Mas o que é um sindicato e o que ele faz por nós? A criação dos sindicatos foi a forma encontrada pelo Estado de organizar pessoas físicas ou jurídicas que figuram como sujeitos nas relações coletivas de trabalho em um só lugar. Quando um sindicato é criado e alguém se filia a ele, temos a Representação Sindical, ou seja, sindicato lutará pelos direitos de todos aqueles que se filiaram, contudo isso não quer dizes que aquele que não se filiou não terá direito, ele também será abrangido pelo direito adquirido pelo sindicato. Vamos ilustras, imagine que você seja professor, mas decidiu não se sindicalizar. Mas o sindicato lutou por alguns meses e conseguiu que todos os professores tenham direito a 3 LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 72 férias no ano. Você também terá esse mesmo direito, pois apesar de não fazer parte do sindicato, você faz parte da categoria de professores. Além disso é através dos sindicatos que alguns benefícios e direitos serão definidos, dentre eles, podemos citar: ➢ Organizar as greves – quando ocorrerão, por quanto tempo e quais direitos serão pleiteados; ➢ Auxiliam como conciliadores para determinadas situações; ➢ Participam da criação de leis; ➢ Dá orientação trabalhista aos empregados ou empregadores; ➢ Participam da rescisão de um contrato de trabalho, orientando o trabalhador sobre o que ele irá receber e se todas as verbas estão corretas – também chamado de Homologação da Rescisão Trabalhista; ➢ Propor ações trabalhista em nome de toda a categoria; ➢ Se o empregado receberá cesta básica ou vale alimentação; ➢ Firmar acordo e criação da Convenção Coletiva. Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) Provavelmente você já tenha ouvido falar sobre as convenções coletivas, mas para entender o que são, precisamos nos socorrer, novamente, da história. Veja, já sabemos que os trabalhadores precisaram lutar e muito para conquistar seus direitos, sabemos também que o Estado passou a definir esses direitos através das Leis, como acontece com a CLT. Contudo, as Leis elas se limitam a definir apenas algumas regras, regras mais genéricas. Não há como a CLT definir todo tipo de regra para todos os tipos de profissionais que existem no mercado de trabalho, ou seja, se a CLT começasse a se preocupar em definir artigos sobre o atendente de telemarketing, o desenvolvedor de software, o professor, o gamer, ela seria muito extensa, quase infinita. Por essa razão a CLT define uma certa regra, mas é através da Convenção Coletiva de Trabalho que serão definidas algumas especificidades. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 73 A Convenção Coletiva é um documento, nele empregados e empregadores assinam um acordo obrigatório, definindo condições especiais de trabalho. Veja que, esse acordo é obrigatório, ambas as partes devem segui-lo à risca. Desta forma, o sindicato patronal e o sindicato laboral irão discutir e definir algumas regras já existentes na CLT como, por exemplo, o banco de horas. Essa definição será incluída na CCT e assinada pelos dois sindicatos. A CCT tem prazo de duração de dois anos, sendo assim, a cada dois anos os sindicatos irão discutir novamente alguns pontos e elaborar novamente a convenção. O artigo 611-A da CLT determinas que a convenção coletiva tem prevalência sobre outras leis, inclusive a própria CLT, para definir sobre: I - à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais; II - banco de horas anual; III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas; IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015; V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança; VI - regulamento empresarial; VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho; VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente; IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por desempenho individual; X - modalidade de registro de jornada de trabalho; XI - troca do dia de feriado; XII - enquadramento do grau de insalubridade; XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do Ministério do Trabalho; XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo; XV - participação nos lucros (PLR) ou resultados da empresa. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 74 E, ainda, o artigo 611-B que não poderá ser negociado na Convenção Coletiva os seguintes direitos: I - normas de identificação profissional, inclusive as anotações na Carteira de Trabalho e Previdência Social; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; III - valor dos depósitos mensais e da indenização rescisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); IV - salário mínimo; V - valor nominal do décimo terceiro salário; VI - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; VII - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; VIII - salário-família; IX - repouso semanal remunerado; X - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% (cinquenta por cento) à do normal; XI - número de dias de férias devidas ao empregado; XII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; XIII - licença-maternidade com a duração mínima de cento e vinte dias; XIV - licença-paternidade nos termos fixados em lei; XV - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; XVI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; XVII - normas de saúde, higiene e segurança do trabalho previstas em lei ou em normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho; XVIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas; XIX - aposentadoria; XX - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador; XXI - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 75 XXII - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência; XXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; XXIV - medidas de proteção legal de crianças e adolescentes; XXV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanentee o trabalhador avulso; XXVI - liberdade de associação profissional ou sindical do trabalhador, inclusive o direito de não sofrer, sem sua expressa e prévia anuência, qualquer cobrança ou desconto salarial estabelecidos em convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho; XXVII - direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender; XXVIII - definição legal sobre os serviços ou atividades essenciais e disposições legais sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade em caso de greve. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 76 Descobri que tenho um sindicato, como encontrar a Convenção Coletiva de minha categoria? Lembrando: você só poderá exigir o cumprimento de alguma regra da Convenção Coletiva que esteja definida no sindicato de sua categoria, então um professor não pode exigir os direitos definidos na Convenção Coletiva dos Bancários. Em regra, as Convenções Coletivas estão disponíveis no próprio site dos sindicatos, vejamos, o exemplo do professor. Caso um professor em São Paulo queira saber sobre sua CCT, primeiro deverá procurar em sua certeira de trabalho ou mesmo no RH da empresa o nome do sindicato, pois para algumas categorias, há vários sindicatos, feito isso basta ele procurar no site de seu sindicato. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 77 IMPORTANTE – lembre-se sempre de que os sindicatos são regionais, então nós temos o Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo, assim como temos o Sindicato dos Professores do Estado da Bahia, cada um terá suas próprias definições. SÍNTESE A lei possibilita a criação de sindicatos, sejam eles patronais ou laborais. Os sindicatos poderão negociar de forma coletiva sus direitos e deveres, registrando os acordos em Convenção Coletiva. Ninguém é obrigado a se sindicalizar, mas ainda que não faça parte do sindicato, o empregado terá seus direitos assegurados, conforme os itens definidos na convenção coletiva. Após a negociação, as convenções coletivas poderão tratar sobre: jornada de trabalho, banco de horas, intervalo intrajornada, adesão ao seguro desemprego, plano de carreira, PLR, trocas de feriados, entre outros itens. Contudo, não poderá alterar questões que tratam sobre: valor do salário mínimo, DSR, 13º salário, FGTS, férias, extinguir direito à greve etc. DESAFIO Um sindicato patronal e um sindicato laboral firmam acordo e definem em sua convenção coletiva que: 1 – o registro no cartão de ponto dos empregados será substituído pelo registro eletrônico. 2 – será concedido prêmios de incentivo aos funcionários, através da entrega de prémios como notebook e celulares. 3 – que os menores de 18 ano, terão acesso a todos os setores da empresa, entre eles o administrativo, manutenção elétrica e almoxarifado, possibilitando o desenvolvimento pedagógico através da realização de suas atividades. 4 – os empregados do setor administrativo das empresas poderão realizar suas atividades por teletrabalho; Desta forma, analise as cláusulas presentes na convenção coletiva e indique se estão de acordo com as normas da CLT. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 78 TEMA 10 – JUSTIÇA DO TRABALHO No 1º tema, vimos que há no Brasil a divisão de três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Vimos também que a CLT e a CF definem várias regras acerca da relação de trabalho. Então, o que acontece se alguma empresa ou empregado decidir não seguir essas regras? Bom, se por um lado o Poder Legislativo cria as Leis, por outro nós temos o Poder Judiciário para fiscalizar a correta utilização dessas leis e impor sanções (punir) àqueles que não a cumprem. Vale destacar que, após estudarmos o que a CLT define, precisamos estudar como empregados e empregadores poderão se socorrer caso alguns desses itens presentes na CLT não sejam observados. A relação de trabalho gera algo chamado Direito do Trabalho e tenho certeza de que você já tenha ouvido esse termo, assim como tenho certeza de que já tenha ouvido as seguintes expressões: “eles não pagaram meu vale transporte, vou meter aquela empresa no pau”; “ela entrou com uma ação contra o chefe, porque ele gritou com ela na frente de todos”; “minha mãe trabalhou por 20 anos, nunca foi registrada, agora não consegue se aposentar”... Frases como essas são infinitas, há muitas situações que acontecem em uma relação de trabalho e todas aquelas que geram algum tipo de dúvida sobre se há ou não direito ao recebimento de algum valor, são levadas ao poder judiciário para que sejam decididas. Quando você pensa em Poder Judiciário, acredito que logo imagine a figura de um homem ranzinza, vestindo toga, com um martelo na mão, cara de bravo, decidindo sobre a vida das pessoas, correto?! Bom, de fato esses homens existem, assim como existem muitas mulheres, mas não necessariamente dessa forma. Os juízes estudam muito as leis e prestaram concurso para magistratura. Alguns usam toga outros não, mas o que importa é, essas pessoas não decidem sobre a vida das pessoas sem que alguém peça ajuda. Para https://correio-forense.jusbrasil.com.br/noticias/400371058/juiz-que-demorar-mais-de-90-dias-para-prolatar-sentenca-nao-recebera-gratificacao-por-acumulo-de-jurisdicao LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 79 que algo tenha valor jurídico, ou seja, para que algo seja reconhecido como um direito, é preciso que um juiz dê uma sentença. Mas a Justiça do Trabalho não é feita apenas de juízes, há também a figura dos promotores, delegados, fiscais e advogados do trabalho. Todo eles compõem a justiça do trabalho e são tão importantes quanto os juízes. Veja, imagine que você tenha trabalhado por 10 anos em uma empresa. Você dedicou por completamente esses dez anos; fez hora extra, abriu mão de vários feriados e fins de semana, não festejou seus aniversários com seus parentes e amigos, por várias vezes chegou atrasado na noite de Natal, não esteve presente no nascimento de seu sobrinho, tudo isso para ser promovido, porque você acreditava nisso! Mas um belo dia, o dono da empresa te chama e diz que você foi um ótimo funcionário, mas o filho dele precisa de um emprego e, por essa razão, você será demitido e o filho do chefe ficará com a função que você tanto queria. Sinceramente, como você se sentiria nessa situação? Esse exemplo é uma situação corriqueira no dia a dia e muitas pessoas se sentem injustiçadas quando passam por isso, por essa razão, buscam ajuda na Justiça do Trabalho. A Justiça do Trabalho é composta por: primeira instância; segunda instância; e instância superior. A primeira instância são as chamadas Varas do Trabalho. Geralmente, quando você procura um advogado, ele irá te aconselhar sobre o que você tem ou não direito e entrará com uma ação contra a empresa, caso ele entenda necessário. Essa ação seguirá um caminho, sendo sua primeira parada na Vara do Trabalho. Nesse momento, o juiz receberá sua reclamação contra a empresa e convocar essa empresa para que se defenda de suas alegações, bem como agendará com vocês uma audiência, onde ambos os lados serão ouvidos. Após muitos debates, o juiz, com base na CLT, decidirá sobre o caso. Caso você ou a empresa não concordem com a sentença, poderão procurar a ajuda de outro juiz, ou seja, poderão recorrer a segunda instância ou Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Novamente seu caso será analisado, mas agora por outro juiz um pouco mais experiente. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 80 Esse juiz de segunda instância decidirá novamente sobre o seu caso e dará outra sentença e, novamente, caso você ou a empresa não concordarem, poderão se socorrer em uma instância superior ou Tribunal Superior do Trabalho e essa decisão será definitiva – OU NÃO – havendo muita divergência, o caso poderá seguir um pouco mais além, até o Supremo TribunalFederal (STF). Sendo assim, a sua reclamação trabalhista seguirá todo esse caminho, como se seguisse uma pirâmide de baixo para cima. O que mais importa saber é que, a Justiça não irá socorrer alguém que não reclame, caso um ex-empregado se sinta injustiçado, ele deve buscar ajuda, mas precisa se atentar ao prazo, pois quem muito demorar, pede seu direito a reclamar e isso se chama PRESCRIÇÃO. O artigo 7º, inciso XXIX da CF, diz que o prazo para que o empregado (urbano ou rural) exija seus direitos na justiça do trabalho é de 2 anos, ou seja, da data da demissão até se socorrer à justiça o empregado terá 2 anos para fazê-lo e somente poderá reclamar sobre os fatos ocorridos nos últimos 5 anos que trabalhou na empresa. Caso ele não se manifeste em 2 anos, seu direito estará prescrito. MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (MPT) LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 81 O Ministério Público do Trabalho é um órgão que busca fiscalizar e fazer valer as leis do trabalho (CLT), por meio de seus procuradores. O MPT não tem como foco as reclamações trabalhistas individuais, mas a defesa do interesse de todos, ou seja, do coletivo. Os integrantes do MPT, todos concursados, querem o bem de todos os trabalhadores e não de apenas um, desta forma, quando eles atuam em uma causa é para corrigir algum mal que esteja prejudicando você, seu colega, seus professores, eu. Além disso, eles podem interferir em qualquer fase de um processo trabalhista, principalmente quando percebem que aquela reclamação é de interesse comum. Imagine que um menor de idade busque socorro na Justiça do Trabalho, pois trabalhava manuseando produtos químicos que prejudicavam sua saúde, nesse caso, o MPT irá interferir, pois além de se tratar de um direito sensível de um menor de idade, a decisão sobre esse processo poderá atingir a outros menores de idade que também sejam expostos a essa substância. Além disso, o MPT atua para: • Erradicar o trabalho infantil; • Regularizar o trabalho do adolescente; • Erradicar o trabalho forçado; • Preservar a saúde e segurança do trabalhador; • Combater todas as formas de discriminação no trabalho; • Formalizar os contratos de trabalho. DELEGACIA REGIONAL DO TRABALHO Imagine que você conheça alguém que esteja trabalhado em condição análoga a escravidão, ou seja, a pessoa não recebe um salário, não tem hora de descanso, não recebe moradia adequada, trabalha em um local sujo e inadequado. Pergunta-se: Como você poderá ajudar essa pessoa? Atenção - Vale destacar que você não pode entrar com uma ação trabalhista para essa pessoa, pois apenas ela deve reclamar por seus direitos e ela está com medo e não quer procurar a justiça. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 82 Bom, a melhor maneira é busca ajuda é através de uma Delegacia Regional do Trabalho, nesse caso, você poderá denunciar o que está acontecendo com aquela pessoa e os delegados. Os delegados, assim como o MPT, são fiscais da lei e assim que tiverem conhecimento de sua denúncia irão investigar a empresa e fiscalizar. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO (OIT) Vimos até aqui que no Brasil temos como nosso principal protetor dos direitos trabalhistas a Justiça do Trabalho, composta por Tribunais, Delegacias Regionais e Ministérios Público do Trabalho. Contudo, o direito ao trabalho e seu exercício também são protegidos internacionalmente, através da Organização Internacional do Trabalho ou OIT. Essa organização foi fundada em 1919, visando proteger os direitos trabalhistas em todo o mundo. Foi por conta das decisões da OIT que hoje há proibições ao trabalho escravo, jornada de trabalho de 8 horas diárias, proteção a criança e ao adolescente frente a exploração infantil, ou seja, ela é a responsável pelo acesso ao trabalho de modo digno e, liberdade sindical, segurança e saúde do trabalhador e a discriminação no ambiente de trabalho. Desta forma, se hoje temos uma série de direitos trabalhistas, definidos na Constituição e na CLT, é graças a Organização Internacional do Trabalho. Além disso, a OIT tem como foco fiscalizar todos os países, verificar se eles estão protegendo os trabalhadores, através de Leis e fiscalização. Quando um país não cumpre as regras da OIT, os poderes competentes poderão fazer uma denúncia e, desta forma, o órgão irá investigar aquele país, havendo necessidade, o país sobre sanções para melhorar suas práticas. SÍNTESE A Justiça do Trabalho, assim como os demais órgãos do Poder Judiciário, tem como principal característica fiscalizar as relações de trabalho, bem como fazer aplicar a lei no caso concreto, através da movimentação das partes interessadas. Ela é dividida em primeira instância, segunda instância e instância superior. Em cada uma delas haverá a presença de um juiz, cabendo a esse proferir uma sentença que possibilite esclarecer os fatos, com base na lei. LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 83 Todos podem se socorrer da justiça do trabalho para sanar dúvidas e fazer valer a lei, contudo, as partes (empregado ou empregador) terão 2 anos - a contar da rescisão contratual – para solicitarem seus direitos, caso não o faça, o direito estará prescrito. Por fim, o Ministério Público e as Delegacias Regionais do Trabalhos, terão como principal atribuição, a fiscalização das relações trabalhistas. DESAFIO Carlos, trabalhou por 7 anos na empresa Pé de Boi LTDA. Certo dia, seu chefe o chama e foi demitido por justa causa, mas segundo ele, a demissão foi injusta e precisa ser revista. Como Carlos poderá proceder para recorrer aos seus direitos? LEGISLAÇÃO TRABALHISTA 84 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito do Trabalho: material, processual e legislação especial. 3. ed. atual. São Paulo: Rideel, 2008. 1344 p. ISBN 978-85-339-0980-9. BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 2ª. ed. São Paulo: LTr, 2006. 1351 p. ISBN 85-361-07779-0. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art482> Acesso em: 15 jul. 2022. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm> Acesso em: 15 jul. 2022. MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 38ª. ed. atual. São Paulo: Saraiva JUR, 2022. 1344 p. ISBN 978-6553622609. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. DECRETO-LEI Nº 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art482> Acesso em: 15 jul. 2022. Slide 1 Slide 2