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TOXICOLOGIA TOXICOLOGIAToxicologiaRaquel Vaz Hara Jardim Raquel Vaz Hara Jardim Maria Tereza Pamplona Silva Maria Tereza Pamplona Silva
GRUPO SER EDUCACIONAL
gente criando o futuro
Nessa disciplina, percorreremos uma trajetória pelo universo da Toxicologia, que está 
totalmente alinhada ao exercício da pro� ssão em suas diversas abordagens. De modo 
geral, a Toxicologia estuda os efeitos tóxicos causados pelas substâncias químicas 
ao interagirem com organismos vivos, além de envolver diferentes áreas do conheci-
mento, tais como: toxicocinética, toxicodinâmica, avaliação da toxicidade, elaboração 
de laudos periciais, monitorização ambiental e biológica, entre outras.
É esperado que os conteúdos dessa disciplina ajudem na compreensão da relação dos 
sistemas biológicos com os diversos grupos de substâncias tóxicas, destacando a 
importância de caracterizar as propriedades de cada toxicante. Sendo assim, vamos 
conhecer cada grupo de intoxicantes metais (arsênio, chumbo e mercúrio), solventes 
orgânicos (metanol, benzeno, tolueno etc.), inalantes, compostos metemoglobini-
zantes diretos e indiretos (anilina, entre outros), contaminantes ambientais, estimu-
lantes (anfetaminas, nicotina/tabaco, cocaína e derivados e anfetaminas), depresso-
res, alucinógenos, perturbadores do humor, medicamentos e canabinoides.
Por � m, você estará apto para identi� car a toxicidade das principais substâncias quí-
micas, bem como o seu impacto na saúde e no meio ambiente. Esse conhecimento é 
essencial para propor métodos de análise toxicológica e para traçar condutas clínicas 
e estratégias de prevenção.
SER_FARMA_TOXICO_CAPA.indd 1,3 04/02/2021 14:05:01
© Ser Educacional 2021
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio 
ou forma sem autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock
Presidente do Conselho de Administração 
Diretor-presidente
Diretoria Executiva de Ensino
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos
Diretoria de Ensino a Distância
Autoria
Projeto Gráfico e Capa
Janguiê Diniz
Jânyo Diniz 
Adriano Azevedo
Joaldo Diniz
Enzo Moreira
Raquel Vaz Hara Jardim
Maria Tereza Pamplona Silva
DP Content
DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 2 04/02/2021 12:46:54
Boxes
ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações comple-
mentares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.
CITANDO
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa 
relevante para o estudo do conteúdo abordado.
CONTEXTUALIZANDO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato;
demonstra-se a situação histórica do assunto.
CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto 
tratado.
DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.
EXEMPLIFICANDO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.
EXPLICANDO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da 
área de conhecimento trabalhada.
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Unidade 1 - Introdução às análises toxicológicas
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 13
Introdução à Toxicologia .................................................................................................... 14
Elementos básicos da Toxicologia ................................................................................ 17
Classificação dos agentes tóxicos e seus efeitos ..................................................... 17
Fases da intoxicação ...................................................................................................... 18
Características de exposição ........................................................................................ 20
Toxicocinética ...................................................................................................................... 21
Absorção ........................................................................................................................... 22
Distribuição ...................................................................................................................... 24
Biotransformação ............................................................................................................ 26
Excreção ........................................................................................................................... 28
Toxicodinâmica .................................................................................................................... 30
Mecanismos de ação dos agentes tóxicos ................................................................ 31
Fatores determinantes da intoxicação ........................................................................ 33
Avaliação da toxicidade ................................................................................................. 33
Desintoxicação ................................................................................................................ 35
Toxicidade ocupacional ...................................................................................................... 38
Monitorização ambiental e limites de exposição ...................................................... 39
Monitorização biológica e limites biológicos ............................................................. 40
Sintetizando ........................................................................................................................... 43
Referências bibliográficas ................................................................................................. 44
Sumário
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Sumário
Unidade 2 - Agentes tóxicos: metais pesados, solventes orgânicos e agentes 
metemoglobinizantes
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 46
Metais pesados..................................................................................................................... 47
Arsênio .............................................................................................................................. 48
Mercúrio ........................................................................................................................... 50
Chumbo ............................................................................................................................. 52
Tratamento e antidotização dos metais pesado ........................................................ 55
Solventes orgânicos ............................................................................................................ 57
Benzeno ............................................................................................................................ 59
Tolueno .............................................................................................................................. 61
Xileno ................................................................................................................................. 64
Agentes metemoglobinizantes .......................................................................................... 66
Anilina ................................................................................................................................67
Nitrobenzeno .................................................................................................................... 68
Sintetizando ........................................................................................................................... 70
Referências bibliográficas ................................................................................................. 72
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Sumário
Unidade 3 - Toxicologia social 
Objetivos da unidade ........................................................................................................... 74
Metanol .................................................................................................................................. 75
Toxicocinética .................................................................................................................. 77
Toxicodinâmica ................................................................................................................ 78
Sinais e sintomas ............................................................................................................. 79
Tratamento e antidotização ........................................................................................... 80
Toxicologia social e medicamentos ................................................................................. 80
Classificação das drogas que causam dependência ............................................... 81
Dependência, tolerância e síndrome de abstinência ............................................... 81
Estimulantes ..................................................................................................................... 83
Depressores do SNC ....................................................................................................... 88
Opiáceos e opioides ............................................................................................................ 92
Mecanismo de toxicidade .............................................................................................. 93
Sinais e sintomas ............................................................................................................. 96
Tratamento ........................................................................................................................ 97
Etanol e inalantes ................................................................................................................. 97
Mecanismo de toxicidade .............................................................................................. 99
Tratamento ...................................................................................................................... 101
Sintetizando ......................................................................................................................... 103
Referências bibliográficas ............................................................................................... 104
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Sumário
Unidade 4 - Drogas de abuso e cromatografia
Objetivos da unidade ......................................................................................................... 107
Tabaco .................................................................................................................................. 108
Mecanismo de toxicidade ............................................................................................ 110
Sinais e sintomas ........................................................................................................... 113
Tratamento ...................................................................................................................... 113
Cannabis............................................................................................................................... 113
Mecanismo de toxicidade ............................................................................................ 116
Sinais e sintomas ........................................................................................................... 119
Tratamento ...................................................................................................................... 119
Derivados da cocaína ........................................................................................................ 119
Mecanismo de toxicidade ............................................................................................ 122
Sinais e sintomas ........................................................................................................... 124
Tratamento ...................................................................................................................... 124
Cromatografia...................................................................................................................... 125
Cromatografia da Cannabis sativa e estimulantes .................................................. 126
Cromatografia e identificação de venenos ............................................................... 129
Sintetizando ......................................................................................................................... 131
Referências bibliográficas ............................................................................................... 132
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Nessa disciplina, percorreremos uma trajetória pelo universo da Toxicolo-
gia, que está totalmente alinhada ao exercício da profi ssão em suas diversas 
abordagens. De modo geral, a Toxicologia estuda os efeitos tóxicos causados 
pelas substâncias químicas ao interagirem com organismos vivos, além de en-
volver diferentes áreas do conhecimento, tais como: toxicocinética, toxicodinâ-
mica, avaliação da toxicidade, elaboração de laudos periciais, monitorização 
ambiental e biológica, entre outras.
É esperado que os conteúdos dessa disciplina ajudem na compreensão da 
relação dos sistemas biológicos com os diversos grupos de substâncias tóxicas, 
destacando a importância de caracterizar as propriedades de cada toxicante. 
Sendo assim, vamos conhecer cada grupo de intoxicantes metais (arsênio, 
chumbo e mercúrio), solventes orgânicos (metanol, benzeno, tolueno etc.), ina-
lantes, compostos metemoglobinizantes diretos e indiretos (anilina, entre ou-
tros), contaminantes ambientais, estimulantes (anfetaminas, nicotina/tabaco, 
cocaína e derivados e anfetaminas), depressores, alucinógenos, perturbadores 
do humor, medicamentos e canabinoides.
Por fi m, você estará apto para identifi car a toxicidade das principais subs-
tâncias químicas, bem como o seu impacto na saúde e no meio ambiente. Esse 
conhecimento é essencial para propor métodos de análise toxicológica e para 
traçar condutas clínicas e estratégias de prevenção.
TOXICOLOGIA 9
Apresentação
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Dedico a todos que, assim como eu, acreditam na importância do 
conhecimento e da ciência.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” (Cora 
Coralina).
A professora Raquel Vaz Hara Jardim 
é doutora em Biologia Celular e Mole-
cular pela Universidade Estadual Júlio 
Mesquita Filho – UNESP (2016). Mestre 
em Biologia Celular e Molecular pela 
Universidade Estadual Júlio Mesquita 
Filho – UNESP (2012). Graduada em 
Biomedicina pelo Centro Universitário 
Filadélfi a – UNIFIL (2009). É professora 
conteudista desde 2018.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/2697823505608748
TOXICOLOGIA 10
A autora
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TOXICOLOGIA 11
Dedico este material a todos aqueles que buscam no ensino o 
conhecimento como instrumento para alcançar seus sonhos. “A educação, 
qualquer que seja ela, é sempre uma teoria do conhecimentoposta em 
prática” (Paulo Freire).
A professora Maria Tereza Pamplona 
Silva é doutora em Ciências Biológicas 
pela Universidade Estadual Paulista – 
UNESP (2017), tem mestrado em Ciên-
cias Biológicas pela UNESP (2013) e é 
graduada em Biomedicina pelo Centro 
Universitário Filadélfi a – UNIFIL (2009).
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/3377333918279412
A autora
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INTRODUÇÃO 
ÀS ANÁLISES 
TOXICOLÓGICAS
1
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender os principais eventos históricos da Toxicologia;
 Entender os conceitos básicos relacionados às substâncias tóxicas, divisão e 
áreas da Toxicologia;
 Compreender as características das diferentes fases da intoxicação;
 Identificar os processos toxicocinéticos e os fatores que interferem em cada fase;
 Assimilar os conceitos relacionados à toxicodinâmica e compreender os 
vários tipos de mecanismos de ação;
 Compreender a monitorização ambiental e biológica, bem como conhecer os 
limites de tolerância.
 Introdução à Toxicologia
 Elementos básicos da Toxico-
logia
 Classificação dos agentes tóxi-
cos e seus efeitos
 Fases da intoxicação
 Características de exposição
 Toxicocinética
 Absorção
 Distribuição
 Biotransformação
 Excreção
 Toxicodinâmica
 Mecanismos de ação dos agen-
tes tóxicos
 Fatores determinantes da into-
xicação
 Avaliação da toxicidade
 Desintoxicação
 Toxicidade ocupacional
 Monitorização ambiental e 
limites de exposição
 Monitorização biológica e limi-
tes biológicos
TOXICOLOGIA 13
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Introdução à Toxicologia
A Toxicologia é uma das ciências mais antigas, cuja história acompanha o 
processo evolutivo humano. Desde os primórdios da civilização, o homem pos-
sui conhecimento sobre os efeitos tóxicos provocados por venenos de animais 
peçonhentos e de plantas tóxicas. Os acontecimentos mais importantes da his-
tória da Toxicologia são:
• Papiro de Ebers (1500 a.C.): é um documento que apresenta cerca de 800 
substâncias ativas, como por exemplo, chumbo, cobre, venenos de animais e 
plantas tóxicas;
• Sócrates (470-399 a.C.): foi o caso mais conhecido pelo uso de veneno, 
devido à sua sentença de morte pela ingestão de extrato de cicuta;
• Mitrídates (120-63 a.C.): provavelmente foi o responsável pelas primei-
ras experiências toxicológicas. Ele testava vários tipos de venenos para encon-
trar seus antídotos;
• Dioscórides (40 a 90 d.C.): realizou a primeira classifi cação de venenos, 
dividida em animais, vegetais e minerais;
• Avicena (980-1037): estudou o mecanismo de ação de venenos, incluindo 
neurotoxicidade e efeitos metabólicos;
• Paracelsus (1493-1541): foi o responsável por diversos estudos e ideias 
envolvendo a Farmacologia, a Toxicologia e a Terapêutica. Seus princípios ainda 
são aplicados na Toxicologia, principalmente, seu postulado mais conhecido: 
“todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja um veneno. 
A dose correta diferencia o veneno do remédio”;
• Bernard Rognetta (1800-1857): estudou os mecanismos de ação de vá-
rias substâncias químicas, inclusive do arsênio;
• Joseph Jacob Plenck (1739-1807): foi responsável pela introdução de al-
gumas técnicas analíticas na Toxicologia, com o objetivo de identifi car e quanti-
fi car os compostos tóxicos nos tecidos;
• Friedrich Accum (1769-1838): utilizou a química analítica para detectar 
a presença de determinadas substâncias em alimentos e preparações far-
macêuticas;
• Mathieu Orfi la (1787-1853): foi o primeiro toxicologista que usou a com-
binação da Toxicologia forense, clínica e química analítica.
TOXICOLOGIA 14
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Como se pode observar, a Toxicologia se consolidou e passou por avanços 
importantes ao longo dos anos. Atualmente, é considerada uma verdadeira 
ciência social, cuja proposta é estudar as formas seguras de se expor às subs-
tâncias químicas, ajudando o homem a se beneficiar dos avanços tecnológicos.
No estudo da Toxicologia, é impor-
tante definir e contextualizar alguns 
termos frequentemente utilizados. 
Os agentes tóxicos ou toxicantes 
são compostos de origem natural 
(animal, mineral ou vegetal) ou sinté-
tica (produzida pelo homem) capazes 
de provocar danos a um organismo 
vivo, podendo resultar em alterações 
funcionais ou levar à morte. O termo 
veneno é usado para às substâncias 
químicas que causam intoxicação 
ou morte, mesmo em doses relati-
vamente baixas. Além disso, alguns 
autores denominam como veneno as 
substâncias secretadas por animais peçonhentos e que estão relacionadas 
à sua autodefesa ou predação, como, por exemplo, o veneno de cobra. Em 
Toxicologia, as substâncias químicas estranhas ao organismo e que não pos-
suem papel fisiológico conhecido são denominadas de xenobióticos.
Os fármacos são substâncias de estrutura química definida, utilizados 
para proporcionar efeitos benéficos ao organismo por meio da sua capaci-
dade de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou o estado patológico. 
Por outro lado, o termo droga é utilizado para substâncias com composição 
indefinida, podendo ser utilizadas com ou sem a intenção de promover be-
nefícios para o organismo. Para a melhor compreensão da diferença entre 
fármaco e droga, considera-se alguns exemplos: a maconha (Cannabis sativa) 
é uma droga e seu principal princípio ativo (tetra-hidrocanabinol – THC) é um 
fármaco. O ópio é uma droga de abuso que contém morfina, uma substância 
de estrutura definida utilizada para combater dores intensas, portanto, é con-
siderado um fármaco.
TOXICOLOGIA 15
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Em geral, a Toxicologia compreende o estudo dos efeitos tóxicos provo-
cados por substâncias químicas em organismos vivos envolvendo diversas 
áreas de aplicação. Essas áreas são definidas de acordo com as característi-
cas do agente tóxico ou pelo seu modo de interação com o sistema biológi-
co. As principais áreas da Toxicologia, incluem:
• Toxicologia ambiental: é o ramo que estuda os efeitos tóxicos dos po-
luentes ambientais (água, sedimento, solo e ar) nos organismos vivos;
• Toxicologia ocupacional: é a área da Toxicologia que estuda os efeitos tóxicos 
em indivíduos expostos às substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho;
• Toxicologia de alimentos: dedica-se ao estudo dos efeitos tóxicos provo-
cados por agentes químicos encontrados nos alimentos. Essa área é extrema-
mente importante para garantir que os alimentos ingeridos não causem danos 
ao organismo humano;
• Toxicologia de medicamentos e cosméticos: realiza a análise dos efeitos 
tóxicos provocados pelo uso inadequado de medicamentos ou cosméticos nos 
organismos vivos;
• Toxicologia social: estuda os efeitos tóxicos decorrentes do uso de drogas 
de abuso (por exemplo, cocaína e Cannabis sativa) ou do uso não médico de fár-
macos, que podem acarretar problemas sérios ao próprio usuário e à sociedade;
• Toxicologia forense: busca detectar e identificar agentes tóxicos envolvi-
dos em mortes (post mortem), representando uma área importante para solu-
cionar diversos crimes.
A Toxicologia abrange diferentes campos de trabalho e pode ser dividida em: 
Toxicologia analítica ou química, Toxicologia clínica ou médica e Toxicologia ex-
perimental. A Toxicologia analítica engloba um conjunto de métodos precisos e 
sensíveis que investigam a presença de agentes tóxicos ou algum parâmetro re-
lacionado à sua exposição (por exemplo, alterações bioquímicas) em diferentes 
tipos de amostras, como fluidos orgânicos, alimentos, água, entre outros.
Os profissionais relacionados à área de Toxicologia clínica buscam compreen-
der o quadro clínico do paciente exposto ao agente tóxico ou intoxicado para esta-
belecer as medidas de prevenção, o diagnóstico e a terapêutica das intoxicações. 
Já a Toxicologia experimentalé responsável pelos estudos que fornecem 
informações elucidativas sobre os mecanismos de ação dos agentes tóxicos 
sobre os organismos vivos, além de avaliar os efeitos resultantes dessa ação.
TOXICOLOGIA 16
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Elementos básicos da Toxicologia
A Toxicologia é uma ciência multidisciplinar que se baseia em três elemen-
tos básicos:
• A existência de uma substância química (agente tóxico) capaz de induzir 
um efeito;
• A identifi cação do sistema biológico (organismo) que pode interagir com 
a substância química;
• Uma resposta por meio do efeito tóxico (sinais e sintomas) sobre o siste-
ma biológico.
O objetivo principal da Toxicologia é compreender os efeitos tóxicos e os 
mecanismos de ação das substâncias para evitar impactos na saúde e no meio 
ambiente. Além disso, a Toxicologia utiliza diferentes métodos para identifi -
car e quantifi car os agentes tóxicos presentes em amostras biológicas (sangue, 
urina, saliva etc.). Todas essas informações são necessárias para estabelecer 
medidas terapêuticas seguras que possam contribuir para a prevenção de en-
venenamentos e intoxicações.
Classificação dos agentes tóxicos e seus efeitos
Os agentes tóxicos podem ser classifi cados de diferentes modos, podendo 
considerar sua origem, seus órgãos-alvo, uso, efeito, estado físico, estrutura 
química, potencial de intoxicação, entre outros. Vale ressaltar que os critérios 
de classifi cação são defi nidos conforme o interesse e necessidade do classifi ca-
dor. Alguns exemplos de classifi cação dos agentes tóxicos são:
• Órgão de ação: de acordo com os efeitos do agente tóxico sobre os ór-
gãos-alvo, como neurotóxico (ação no sistema nervoso central), hepatotóxico 
(ação no fígado), entre outros;
• Estrutura química: a estrutura química também pode determinar a toxi-
cidade, como as aminas aromáticas e os hidrocarbonetos halogenados;
• Estado físico: os agentes tóxicos podem apresentar toxicidade diferente 
conforme o seu estado físico (gás, líquido e sólido), como o chumbo, que pode 
ser inofensivo em sua forma sólida, mas pode apresentar toxicidade moderada 
como poeira e ser altamente tóxico como fumo metálico;
TOXICOLOGIA 17
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• Mecanismo de ação: causador de metemoglobinizante (asfi xiantes quími-
cos – induzem a oxidação do ferro da hemoglobina), anticolinesterásico (inibem 
a enzima anticolinesterase), entre outros;
• Efeitos clínicos: podem ser classifi cados de acordo com o aparecimento 
dos efeitos em imediatos, como irritantes que causam lesão na pele, ou tar-
dios, como carcinógenos químicos; também podem ser classifi cados pela re-
versibilidade dos efeitos (tóxicos reversíveis ou irreversíveis).
O Comitê de Carcinógenos Ambientais da IARC (Agência Internacional de 
Pesquisa sobre Câncer) classifi ca os agentes tóxicos com base no potencial car-
cinogênico para seres humanos e animais em:
• Grupo 1: considerados carcinógenos humanos;
• Grupo 2A: indica que o agente é provavelmente carcinogênico;
• Grupo 2B: indica que o agente é possivelmente carcinogênico;
• Grupo 3: não podem ser classifi cados em relação ao seu potencial carcino-
gênico, pois os dados são insufi cientes.
Fases da intoxicação
Por defi nição, pode-se dizer que a intoxicação é um processo patológico 
causado por substâncias endógenas ou exógenas. Essas substâncias são capa-
zes de provocar alterações bioquímicas no organismo exposto, levando a um 
desequilíbrio fi siológico.
A intoxicação envolve uma série de eventos que começam 
com a exposição do organismo ao agente tóxico e vão até o 
surgimento de sinais e sintomas. Desse modo, a intoxicação 
pode ser dividida em quatro fases:
• Fase I – exposição: é a fase em que o organismo 
entra em contato com a substância tóxica. Existem 
vários fatores que infl uenciam a disponibilidade da 
substância para a absorção, como por exemplo, a 
dose ou concentração do agente tóxico, a via de 
introdução, a duração e a frequência da exposi-
ção, as propriedades físico-químicas das substân-
cias e a suscetibilidade do indivíduo;
TOXICOLOGIA 18
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• Fase II – toxicocinética: essa fase inclui os processos que promovem o 
movimento da substância química pelo organismo. Tais processos incluem a 
absorção, distribuição, armazenamento, biotransformação e a excreção de 
substâncias químicas. Alguns fatores, como as propriedades físico-químicas 
dos agentes tóxicos, determinam a biodisponibilidade da substância química 
para interagir com o órgão-alvo e a velocidade de excreção;
• Fase III – toxicodinâmica: está relacionada ao processo de interação do 
agente tóxico com o receptor do seu sítio de ação. Essa interação promove al-
terações morfológicas e funcionais, resultando em um desequilíbrio homeos-
tático no organismo exposto;
• Fase IV – clínica: essa fase engloba os sinais e sintomas dos efeitos pro-
vocados pela ação tóxica de uma substância química, evidenciando um quadro 
de intoxicação. Além disso, os efeitos da interação do agente tóxico com o or-
ganismo também podem ser evidenciados por meio da detecção de alterações 
patológicas observadas na análise laboratorial.
Portanto é importante entender que os efeitos da intoxicação começam quan-
do o agente tóxico alcança o órgão-alvo em quantidade suficiente para provocar 
alterações estruturais e funcionais. No entanto, todos esses processos podem so-
frer influência dos fatores de suscetibilidade de cada organismo (Diagrama 1).
Fonte: DORTA et al., 2018, p. 80. (Adaptado).
Toxicocinética Toxicodinâmica
Exposição
Dose efetiva
Fatores de susceptibilidade
Efeitos biológicos
precoces
Alterações de
estrutura e função
Intoxicação
DIAGRAMA 1. RELAÇÃO ENTRE A TOXICOCINÉTICA E A TOXICODINÂMICA
TOXICOLOGIA 19
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Características de exposição
Em um sistema biológico, a resposta tóxica de uma substância química 
depende de alguns fatores, incluindo as condições de exposição.
As principais vias de introdução de agentes tóxicos são:
• Via sistema trato gastrintestinal (ingestão por via oral);
• Via pulmonar (inalação);
• Via cutânea (absorção pela pele);
• Outras vias parenterais (diferentes da via intestinal).
A Figura 1 ilustra as principais vias de introdução de agentes químicos no 
organismo humano.
Inalação
Injeção
Ingestão
Absorção 
pela pele
Figura 1. Vias de exposição a substâncias tóxicas. Fonte: WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016, p. 631. (Adaptado).
A intensidade do efeito e o tempo de resposta variam 
de acordo com a via de exposição. Sendo assim, a efi cácia 
das vias, em ordem decrescente, deve ser: inalação, in-
traperitoneal, subcutânea, intramuscular, intradérmica, 
oral e dérmica.
TOXICOLOGIA 20
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 20 04/02/2021 12:47:29
Toxicocinética
A toxicocinética é responsável pelo estudo do comportamento de uma 
substância nos diferentes compartimentos do organismo, ou seja, por meio 
dela é possível estudar os movimentos da substância no organismo.
Em geral, a toxicocinética pode ser dividida em quatro mecanismos que de-
terminam o início, a intensidade e a duração da ação da substância química 
(Diagrama 2). Esses processos são:
• Absorção: permite a entrada da substância química no plasma;
• Distribuição: a substância química pode sair da circulação sanguínea e se 
distribuir nos líquidos intersticial e intracelular;
• Biotransformação: a substância química pode ser biotransformada no 
fígado e em outros tecidos;
• Eliminação: a substância química e seus metabólitos são eliminadas do 
organismo por meio da urina, da bile ou das fezes.
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 8. (Adaptado).
DIAGRAMA 2. FASES DA TOXICOCINÉTICA
Xenobiótico livre 
Xenobiótico ligado Metabólitos
Biotransformação
Absorção Excreção
Sangue
Local de ação
Ligado Livre
Tecidos de depósito
Livre LigadoTOXICOLOGIA 21
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 21 04/02/2021 12:47:29
Cada indivíduo pode apresentar efeitos diferentes mesmo que expostos a 
concentrações similares. Essas diferenças podem ocorrer devido aos fatores 
que interferem nos processos toxicocinéticos, como, por exemplo, as modifi ca-
ções genéticas e fatores fi siológicos (idade ou sexo). Além disso, podem ocorrer 
modifi cações na capacidade de metabolizar substâncias, pois as enzimas po-
dem estar induzidas ou inibidas.
No período gestacional, são observadas muitas alterações toxicocinéticas 
devido à ação hormonal, como indução da metabolização de compostos, alte-
ração no volume de distribuição, entre outros efeitos.
A obesidade também é um fator que altera a toxicocinética, principalmente, 
das substâncias lipofílicas. Nesse caso, ocorre a distribuição das substâncias 
lipofílicas para os tecidos de armazenamento, diminuindo a toxicidade dessas 
substâncias no obeso.
Absorção
A absorção é um processo pelo qual as substâncias químicas passam do 
local de contato por meio da membrana celular e entram na corrente circula-
tória. Os principais locais de absorção são a pele (via dérmica), os pulmões (via 
respiratória) e o trato gastrintestinal (via oral).
A absorção dérmica ocorre quando o agente tóxico consegue atravessar as 
múltiplas camadas celulares da pele. Basicamente, a pele é formada por duas 
camadas principais:
• Camada externa (epiderme): contém o estrato córneo que representa 
uma barreira limitante, ou seja, é ela que determina a quantidade de substân-
cia química que será absorvida. Vale ressaltar que a permeabilidade da pele de-
pende da espessura do estrato córneo, que varia conforme a região do corpo;
• Camada interna (derme): é composta por tecido gorduroso, conjuntivo, 
irrigado por capilares e vasos sanguíneos e os anexos da pele (glândulas su-
doríparas e folículos pilosos). Essa camada é uma barreira inferior ao estrato 
córneo, pois não é seletiva.
De modo geral, a pele é uma barreira relativamente impermeável à maio-
ria dos íons e soluções aquosas, entretanto, algumas substâncias químicas 
conseguem ser absorvidas pela pele em quantidades sufi cientes para indu-
TOXICOLOGIA 22
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 22 04/02/2021 12:47:29
zir efeitos tóxicos. O principal mecanismo de absorção é a difusão passiva e, 
por isso, as substâncias lipossolúveis (polares) são mais bem absorvidas do 
que as hidrossolúveis (apolares).
Algumas substâncias possuem ação diretamente sobre a pele, causando 
danos à epiderme, como corrosão e sensibilização. Os ácidos e bases são subs-
tâncias químicas que podem causar efeitos locais.
Diversos fatores podem exercer influência na absorção dérmica por meio 
do aumento da permeabilidade dos agentes tóxicos, tais como:
• Comprometimento da integridade do estrato córneo;
• Nível de hidratação do estrato córneo aumentado;
• Aumento da temperatura do ambiente, que aumenta o fluxo sanguíneo 
capilar;
• Baixa solubilidade do agente toxicante no veículo;
• Substâncias de tamanho pequeno.
A via respiratória é uma importante via de entrada de substâncias quí-
micas, que passam pelos órgãos do sistema respiratório até alcançar a circu-
lação sanguínea. Existem diferentes tipos de compostos tóxicos que podem 
ser absorvidos pelos pulmões, incluindo gases, vapores, líquidos voláteis e 
material particulado.
Os gases e vapores são inalados pelos pulmões e se difundem dos al-
véolos pulmonares para a corrente sanguínea, onde são dissolvidos para 
que possam chegar até os tecidos. Todo esse processo ocorre até atingir 
um equilíbrio entre a concentração das moléculas no sangue e no espaço 
alveolar. Essa relação de equilíbrio entre os dois meios é chamada de coefi-
ciente de partição sangue/gás e é única para cada tipo de gás. Portanto, a 
taxa de absorção de gases pela via respiratória pode variar de acordo com a 
solubilidade do agente tóxico no sangue.
CITANDO
Segundo Oga, Camargo e Batistuzzo (2014), substâncias com alto coefi-
ciente de partição sangue/ar, como clorofórmio, passam facilmente do ar 
para o sangue. Já em substâncias de baixo coeficiente de partição, como 
o etileno, somente uma pequena quantidade é difundida para o sangue, 
devido à sua rápida saturação.
TOXICOLOGIA 23
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 23 04/02/2021 12:47:29
O Quadro 1 apresenta algumas características que infl uenciam na absorção 
de material particulado (aerossóis e partículas) pela via respiratória. Vale res-
saltar que a exposição humana a esses poluentes atmosféricos pode causar 
infl amação e irritação das vias aéreas superiores.
QUADRO 1. CARACTERÍSTICAS DA ABSORÇÃO DAS PARTÍCULAS SUSPENSAS NO AR
Tamanho das 
partículas Local de deposição Destino
< 1 μm Alvéolos pulmonares
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
2 a 5 μm Traqueobronquial Remoção com o muco, por meio de movimentos ciliares; fagocitose por macrófagos.
> 5 μm Nasofaríngea Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 9. (Adaptado).
A absorção oral é uma via relevante para os diferentes grupos de agentes 
tóxicos, uma vez que está relacionada à ingestão de água ou alimentos con-
taminados ou a situações de tentativa de suicídio (ingestão de drogas ou fár-
macos de abuso). A absorção pode ocorrer ao longo de todo o trato gastrin-
testinal, sendo que as regiões mais comuns são o estômago e o intestino. Os 
fatores que infl uenciam na absorção de cada compartimento incluem o pH, ir-
rigação, características anatômicas e propriedades físico-químicas do agente 
tóxico. Vale ressaltar que as microvilosidades intestinais são estruturas que 
intensifi cam a irrigação sanguínea e proporcionam uma maior superfície de 
contato, favorecendo a absorção dos agentes tóxicos. Outra característica im-
portante é que as substâncias lipossolúveis são absorvidas mais rapidamente 
do que as substâncias hidrossolúveis.
Distribuição
A distribuição dos agentes tóxicos ocorre por meio do sangue e da lin-
fa até atingir diversos tecidos do organismo. De modo geral, a distribuição 
depende do fl uxo sanguíneo e linfático e de outros fatores relacionados às 
propriedades físico-químicas da substância (por exemplo, pH, coefi ciente 
< 1 μm< 1 μm
2 a 5 μm2 a 5 μm
Alvéolos pulmonares
2 a 5 μm
> 5 μm
Alvéolos pulmonares
> 5 μm
Alvéolos pulmonares
> 5 μm
Alvéolos pulmonares
Traqueobronquial
Alvéolos pulmonares
Traqueobronquial
Alvéolos pulmonares
Traqueobronquial
Alvéolos pulmonares
Traqueobronquial
Nasofaríngea
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
Traqueobronquial
Nasofaríngea
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Traqueobronquial
Nasofaríngea
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Nasofaríngea
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitosepor macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
muco, por meio de movimentos ciliares.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Absorção sistêmica; absorção pelo sistema linfá-
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
ciliares; fagocitose por macrófagos.
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
tico; fagocitose por macrófagos; remoção com o 
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
Remoção com o muco, por meio de movimentos 
Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.Eliminação por assopro, espirro ou limpeza.
TOXICOLOGIA 24
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 24 04/02/2021 12:47:30
óleo/água e ligação com as proteínas plasmáticas). Destaca-se ainda que a 
distribuição ocorre mais facilmente em tecidos altamente irrigados (cora-
ção, cérebro e fígado) do que em tecidos pouco irrigados (tecido adiposo, 
ossos, unhas e dentes).
O Diagrama 3 mostra que somente as substâncias livres conseguem al-
cançar o sítio de ação, enquanto as substâncias que se ligam às proteínas 
plasmáticas, como a albumina, as lipoproteínas e as globulinas, são elimina-
das. Além disso, as substâncias distribuídas pelo organismo chegam ao sítio 
de ação de modo mais eficiente no estado lipossolúvel.
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 11. (Adaptado).
DIAGRAMA 3. ESQUEMA DA DISTRIBUIÇÃO DE UM AGENTE TÓXICO ATÉ SEU SÍTIO-ALVO
A extensão da distribuição de uma substância ao longo do corpo humano 
pode ser avaliada por meio de um parâmetro toxicocinético, chamado volume 
de distribuição. Desse modo, é possível obter informações sobre a quantida-
Introdução do 
xenobiótico 
na circulação 
Xenobiótico ligado 
às proteínas 
Líquido intersticial Células-alvo 
Xenobiótico ligado 
às proteínas 
Xenobiótico ligado 
a sítios inertes 
Complexo 
xenobiótico-alvo 
Intensidade do 
efeito tóxico
Xenobiótico livre Xenobiótico livre 
Eliminação 
Xenobiótico livre 
Fora do organismo 
Plasma 
TOXICOLOGIA 25
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 25 04/02/2021 12:47:30
de de substâncias tóxicas existente no organismo e a quantidade presente no 
plasma. Substâncias que apresentam grande volume de distribuição tendem a 
ser distribuídas para o corpo inteiro, sendo que somente uma pequena porção 
permanece no plasma. Por outro lado, pequenos volumes de distribuição indi-
cam que a maior fração da substância permanece no plasma, possivelmente 
devido à ligação entre a substância química e as proteínas plasmáticas.
Assim, a distribuição pode ser afetada pela ligação das substâncias tóxicas 
às proteínas plasmáticas, uma vez que se tornam incapazes de atravessar as 
membranas. A albumina é a proteína mais abundante e com maior afi nidade 
com substâncias tóxicas. Além disso, as β-globulinas e as lipoproteínas tam-
bém são proteínas importantes que podem se ligar a um amplo número de 
substâncias químicas.
As barreiras biológicas difi cultam a passagem de substâncias dissolvidas 
no sangue para os tecidos, sendo que as mais importantes são: barreira he-
matoencefálica (protege o sistema nervoso central) e a barreira placentária 
(protege o feto).
Além disso, a ação tóxica de algumas substâncias químicas pode ser pro-
longada devido ao seu acúmulo em reservatórios teciduais. Por exemplo, o 
chumbo é um metal tóxico que pode se acumular durante anos nos ossos e ser 
liberado tardiamente.
Biotransformação
Para compreender a biotransformação, é importante lembrar que o com-
portamento toxicocinético das substâncias químicas dependem de suas pro-
priedades físico-químicas. Normalmente, as substâncias lipofílicas são ab-
sorvidas de modo mais efi ciente, entretanto, não são facilmente excretadas e 
tendem a se acumular no organismo. Por outro lado, as substâncias hidrofílicas 
possuem outro comportamento, uma vez que sua absorção é mais difícil e sua 
excreção ocorre mais facilmente.
Desse modo, a biotransformação é um mecanismo que altera a estrutura 
química das substâncias lipofílicas, facilitando a sua excreção. Em outras pala-
vras, pode-se dizer que esse processo transforma substâncias polares e lipos-
solúveis em metabólitos mais polares e hidrossolúveis.
TOXICOLOGIA 26
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 26 04/02/2021 12:47:30
As reações de biotransformação são divididas em dois grupos:
• Fase I (não sintética): são reações que conferem polaridade às substâncias 
tóxicas, aumentando a sua hidrofi licidade. Para isso, ocorre uma exposição ou 
inserção de grupamentos de funcionais polares, como grupos sulfi drilas (-SH), 
hidroxilas (-OH), amina (-NH2) ou carboxila (-COOH). Os produtos (metabólitos) 
dessas reações podem ser mais tóxicos que a substância original, devido ao 
processo de bioativação;
• Fase II (sintética): alguns produtos da fase I precisam sofrer modifi cações 
adicionais para serem excretados. Desse modo, passam pela fase II, que serve 
para adicionar cofatores endógenos às moléculas provenientes da fase I por 
meio de ligação de grupos hidrofílicos (como o ácido glicurônico), criando con-
jugados mais polares. Nessa fase, estão envolvidas duas enzimas: sintetase 
(síntese de cofatores) e transferase (transferência dos cofatores).
O Quadro 2 mostra as principais reações de biotransformação.
QUADRO 2. REAÇÕES DE BIOTRANSFORMAÇÃO
Fase I Fase II
• Oxidação;
• Hidrólise;
• Redução.
• Glicuronidação;
• Sulfotransferase;
• Metilação;
• Acetilação;
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
As enzimas que catalisam a biotransformação das substâncias tóxicas es-
tão distribuídas pelo organismo, nos pulmões, rins, adrenais, pele, mucosa gas-
trintestinal e, principalmente, no fígado.
Alguns fatores podem inferir no mecanismo de biotransformação, sendo 
classifi cados em internos e externos. Os fatores internos estão relacionados ao 
próprio sistema biológico, como por exemplo, espécie/raça, fatores genéticos, 
gênero, idade e estado patológico. Entre os fatores externos estão as substân-
cias que podem ativar ou inibir os sistemas enzimáticos. O Quadro 3 apresenta 
alguns exemplos de substâncias que podem atuar sobre o citocromo (CYP) 
P450, uma importante enzima responsável pelas reações de oxidação de inú-
meras substâncias tóxicas.
• Oxidação;• Oxidação;
• Hidrólise;
• Oxidação;
• Hidrólise;
• Redução.
• Oxidação;
• Hidrólise;
• Redução.
• Hidrólise;
• Redução.• Glicuronidação;
• Sulfotransferase;
• Glicuronidação;
• Sulfotransferase;
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Glicuronidação;
• Sulfotransferase;
• Metilação;
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Glicuronidação;
• Sulfotransferase;
• Metilação;
• Acetilação;
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Glicuronidação;
• Sulfotransferase;
• Metilação;
• Acetilação;
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Sulfotransferase;
• Metilação;
• Acetilação;
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Acetilação;
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.
• Conjugação com a glutationa;
• Conjugação com aminoácidos.• Conjugação com aminoácidos.
TOXICOLOGIA 27
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QUADRO 3. REAÇÕES DE BIOTRANSFORMAÇÃO
Citocromo P450 Indutores Inibidores
CYP1A
HPAs;
Benzopireno;
Rifampicina.
Fluvoxamina;
Furafi lina.
CYP2D Etanol;Isoniazida. Dissulfi ram.
CYP3A
Barbitúricos;
Carbamazepina;
Fenitoína;
Rifampicina.
Cetoconazol;
Itraconazol;
Eritromicina.
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, p. 17. (Adaptado). 
Excreção
As substâncias químicas são eliminadas do organismo por um processo de-
nominado excreção. Muitas vezes, as substâncias são biotransformadas em 
produtos mais hidrossolúveis, o que as tornam mais compatíveis para serem 
eliminadas do organismo.
Os órgãos excretores mais representativos são os rins (via urinária), o trato 
digestivo (via fecal) e os pulmões (via pulmonar). É importante compreender 
que a urina excreta substâncias hidrossolúveis, enquanto as fezes eliminam 
substâncias não absorvidas no trato digestivo e que são excretadas pela bile. Já 
os pulmões são necessários para excreção de voláteis e gases.
A excreção renal é um processo efi ciente para eliminar substâncias polares 
e hidrossolúveis pela urina. Basicamente, a formação da urina e excreção de 
substâncias envolve os seguintes mecanismos (Figura 2):
• Filtração glomerular: as substâncias químicas são fi ltradas no glomé-
rulo renal;
• Secreção tubular: consiste na passagem de substâncias tóxicas do san-
gue diretamente para a urina, nos túbulos proximais, por mecanismos de 
transporte ativo;
• Reabsorção tubular: as substâncias lipossolúveis são reabsorvidas a partir 
do lúmen tubular (túbulo proximal) e transportadas de volta à circulação sistêmica.
CYP1ACYP1ACYP1A
CYP2DCYP2DCYP2D
CYP3ACYP3A
Benzopireno;
CYP3A
HPAs;
Benzopireno;
Rifampicina.
HPAs;
Benzopireno;
Rifampicina.
Benzopireno;
Rifampicina.
Benzopireno;
Rifampicina.
Etanol;
Isoniazida.
Rifampicina.
Etanol;
Isoniazida.
Barbitúricos;
Etanol;
Isoniazida.
Barbitúricos;
Carbamazepina;
Isoniazida.
Barbitúricos;
Carbamazepina;
Fenitoína;
Barbitúricos;
Carbamazepina;
Fenitoína;
Rifampicina.
Barbitúricos;
Carbamazepina;
Fenitoína;
Rifampicina.
Fluvoxamina;
Carbamazepina;
Fenitoína;
Rifampicina.
Fluvoxamina;
Furafi lina.
Carbamazepina;
Rifampicina.
Fluvoxamina;
Furafi lina.
Rifampicina.
Fluvoxamina;
Furafi lina.
Dissulfi ram.
Fluvoxamina;
Furafi lina.
Dissulfi ram.Dissulfi ram.
Cetoconazol;
Dissulfi ram.
Cetoconazol;
Itraconazol;
Dissulfi ram.
Cetoconazol;
Itraconazol;
Eritromicina.
Cetoconazol;
Itraconazol;
Eritromicina.
Cetoconazol;
Itraconazol;
Eritromicina.
Itraconazol;
Eritromicina.Eritromicina.
TOXICOLOGIA 28
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 28 04/02/2021 12:47:31
Capilar peritubular 
Secreção tubular 
Túbulo proximal 
Filtração
glomerular 
Arteríola aferente
Reabsorção
tubular 
Arteríola eferente 
Fármaco
no sangue
Urina 
4
3
2 1
Figura 2. Etapas da excreção urinária. Fonte: GOLAN et al. 2018, p. 36. (Adaptado).
A excreção pelo trato digestivo também é uma via importante de elimina-
ção de substâncias químicas no organismo. Alguns agentes tóxicos passam pelo 
canal alimentar sem serem absorvidos e acabam sendo excretados pelas fezes, 
como o paraquat e o curare, que são produtos de biotransformação de diversas 
substâncias. Além disso, a excreção biliar envolve a eliminação de substâncias 
biotransformadas pelo fígado e que ingressam no intestino pela bile. Assim, o 
destino dessas substâncias tóxicas e de seus metabólitos, dependendo de suas 
propriedades físico-químicas, pode ser a excreção pelas fezes ou a reabsorção 
por meio de um processo chamado circulação êntero-hepática.
TOXICOLOGIA 29
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 29 04/02/2021 12:47:32
A excreção pulmonar é responsável pela eliminação de substâncias gaso-
sas e voláteis pelos pulmões, por meio de difusão simples. Em geral, a excre-
ção de gases é inversamente proporcional à quantidade de sua solubilidade no 
sangue (taxa de absorção), ou seja, quanto menor o coefi ciente de solubilidade, 
mais rápida é a excreção pelos pulmões. Do mesmo modo, as substâncias pou-
co solúveis no sangue devem ter a secreção limitada pela perfusão (circulação), 
enquanto as substâncias altamente solúveis devem ter a excreção limitada 
pela ventilação (respiração).
EXEMPLIFICANDO
O bafômetro, utilizado para a determinar a quantidade de etanol presente 
no plasma, é uma aplicação do princípio da proporcionalidade entre a 
quantidade de etanol eliminada e a sua pressão de vapor.
As substâncias tóxicas também podem ser excretadas por outras vias, 
como pelo leite materno, saliva, suor e pelo fl uido cerebrospi-
nal. A eliminação de toxicantes por essas vias dependem de 
alguns fatores, como a diferença de pH entre o plasma e as 
glândulas/tecidos, o pKa das substâncias, a lipossolubilida-
de e a presença de transportes ativos.
Toxicodinâmica
A toxicodinâmica estuda os mecanismos da ação tóxica, ou seja, descreve 
o que a substância química faz no sistema biológico com base nos aspectos 
bioquímicos e moleculares. Desse modo, os dados obtidos são fundamentais 
para auxiliar na avaliação de risco e no desenvolvimento de produtos especí-
fi cos, além de contribuir para o desenvolvimento de procedimentos preventi-
vos e estratégias de tratamento. Além disso, os dados podem auxiliar na com-
preensão sobre as substâncias tóxicas utilizadas em pesquisas científi cas.
Assim como existem vários tipos de substâncias químicas com potencial tó-
xico, existem também diversos mecanismos de ação. Basicamente, a substân-
cia tóxica ou seu metabólito precisa atingir seu sítio de ação (ou tecido-alvo) em 
concentração adequada para provocar o efeito tóxico. As alterações provoca-
das pelo efeito tóxico podem ser corrigidas por meio de mecanismos de reparo 
TOXICOLOGIA 30
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que atuam em nível molecular, celular e tecidual. Entretanto, podem ocorrer 
falhas no reparo, contribuindo para o aparecimento da toxicidade. O Diagrama 
4 apresenta as etapas da toxicodinâmica no desenvolvimento da toxicidade.
Fonte: DORTA et al., 2018, p. 80. (Adaptado).
DIAGRAMA 4. ETAPAS DA TOXICODINÂMICA
Agente tóxico 
Alcance do tecido-alvo 
Disfunção celular/injúria 
Interação com a molécula-alvo Alteração do ambiente biológico 
Falhas no reparo 
Dano Toxidade
Mecanismo de ação dos agentes tóxicos
Como visto, é muito importante conhecer os mecanismos moleculares e 
bioquímicos das substâncias tóxicas, bem como o seu sítio de ação, pois por 
meio dessas informações é possível defi nir as medidas preventivas e terapêu-
ticas da intoxicação.
Os mecanismos de ação mais conhecidos são:
• Interação da substância tóxica com receptores: os receptores são cons-
tituídos por macromoléculas ou partes delas que atuam como um elemento de 
comunicação para coordenar as funções celulares no organismo. Estão presen-
TOXICOLOGIA 31
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tes nas membranas celulares, no citoplasma ou no núcleo. Algumas substân-
cias tóxicas (S) se ligam aesses receptores (R) para desencadear seus efeitos 
tóxicos, mas, em geral, essa ligação é reversível, ou seja:
(R + S ⇆ RS) (1)
Como exemplo, os fármacos do tipo atropina se ligam ao receptor musca-
rínico no sistema nervoso autônomo e central, bloqueando a ação do neuro-
transmissor acetilcolina;
• Interferências nas funções de membranas excitáveis: as substâncias 
tóxicas podem interferir na manutenção e na estabilidade das membranas ex-
citáveis, alterando a sua função. Existem vários meios pelos quais as substân-
cias tóxicas podem agir nas membranas, por exemplo, bloqueando os canais 
de íons, aumentando a sua permeabilidade ou alterando a sua fluidez;
• Inibição da fosforilação oxidativa: algumas substâncias tóxicas interferem 
na oxidação de carboidratos na síntese de adenosina trifosfato (ATP) e, assim, 
provocam seus efeitos tóxicos. Normalmente, esse mecanismo ocorre devido ao 
bloqueio do fluxo de oxigênio para os tecidos. A diminuição do ATP compromete 
a integridade da membrana, o funcionamento de bombas iônicas e a síntese de 
proteínas. E a diminuição da energia leva à perda das funções celulares;
• Complexação com componentes enzimáticos: muitas substâncias quí-
micas agem como inibidores enzimáticos, como os inseticidas fosforados (ini-
bem as colinesterases), o cianeto (age sobre as enzimas envolvidas na respira-
ção celular), o cádmio (inibe o citocromo P450), o monóxido de carbono (age no 
citocromo oxidase), entre outros;
• Complexação com proteínas: algumas substâncias e seus metabólitos 
podem interagir covalentemente com os sítios nucleofílicos das 
proteínas, como a aflatoxina B1, o paracetamol, tetracloreto de 
carbono, entre outros;
• Complexação com lipídios: a peroxidação lipídica é um 
mecanismo de morte celular provocado por substâncias 
tóxicas. Em geral, o processo de peroxidação lipídica 
promove a deterioração oxidativa dos ácidos graxos 
poli-insaturados e, consequentemente, pode ocorrer a 
ruptura das estruturas celulares;
TOXICOLOGIA 32
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 32 04/02/2021 12:47:32
• Complexação com ácidos nucleicos: as substâncias tóxicas (agentes ele-
trofílicos) podem interagir com o DNA se ligando aos sítios nucleofílicos e, as-
sim, alterar a expressão de produtos gênicos necessários para a sobrevivência 
das células. Além disso, algumas substâncias tóxicas também podem interagir 
covalentemente com os sítios nucleofílicos do RNA, comprometendo o proces-
so de síntese proteica.
Fatores determinantes da intoxicação
Os efeitos tóxicos causados pelas substâncias químicas são consequências 
das alterações fi siológicas e bioquímicas normais dos órgãos. Assim, a exten-
são da lesão é diretamente proporcional às concentrações do agente tóxico, 
podendo acarretar uma intoxicação mais leve, severa ou até mesmo não sofrer 
nenhuma alteração.
A severidade dos efeitos tóxicos também pode variar de acordo com o ór-
gão afetado, ou seja, os efeitos podem ser mais graves quando afetam órgãos 
vitais. Além disso, alguns órgãos são capazes de se regenerar (fígado), enquan-
to outros não se regeneram (sistema nervoso).
Em resumo, os fatores determinantes da intoxicação incluem:
• Fatores relacionados à exposição: dose ou concentração da substância, a 
via de introdução e a frequência de exposição;
• Fatores relacionados às propriedades físico-químicas da substância: 
solubilidade, estado físico, grau de ionização etc.;
• Fatores relacionados ao organismo: espécie, fatores genéticos, idade, 
sexo, estado hormonal, estado patológico, entre outros;
• Fatores relacionados ao ambiente: temperatura, pressão, radiações, 
umidade, entre outros.
Avaliação da toxicidade
A avaliação toxicológica das substâncias químicas envolve um conjunto de 
testes padronizados aceitos por agências regulamentadoras para investigar 
seus possíveis efeitos tóxicos em humanos. Normalmente, esses testes utili-
zam animais de laboratório sob condições previamente estabelecidas. Entre-
TOXICOLOGIA 33
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 33 04/02/2021 12:47:32
tanto, alguns métodos alternativos, que utilizam quantidades reduzidas de ani-
mais ou modelos in vitro, também têm apresentado resultados toxicológicos 
semelhantes aos observados em estudos in vivo.
É importante entender que os testes toxicológicos possuem o objetivo de 
caracterizar os efeitos tóxicos produzidos por uma substância química, toda-
via, não demonstram a segurança da substância-teste. Os testes utilizados 
para a avaliação da toxicidade são:
• Toxicidade aguda: a substância-teste é administrada em uma ou mais do-
ses em um período de 24 horas. Após a administração, os animais são observa-
dos por até 14 dias. Os resultados a partir dos estudados de toxicidade aguda 
fornecem informações importantes sobre o mecanismo de ação da substância, 
além de identificar órgãos ou sistemas sensíveis. Além disso, também permi-
tem determinar se os efeitos tóxicos causados pela substância são reversíveis;
• Toxicidade subcrônica: é um estudo realizado para obter informações 
sobre a toxicidade de uma substância química após exposições repetidas. O 
tempo desse teste é de pelo menos 21 dias, mas, normalmente, é realizado 
em 90 dias. Esse estudo é importante para estabelecer os níveis nos quais 
não se observam os efeitos tóxicos, identificar os órgãos afetados e deter-
minar a severidade após as exposições repetidas. A observação dos animais 
após o período de tratamento é importante para determinar se efeitos ocor-
reram devido ao acúmulo da substância ou não, bem como para estabelecer 
se os efeitos são reversíveis;
• Toxicidade crônica: é um estudo realizado para determinar os efeitos tó-
xicos da substância-teste após exposições repetidas, cujo tempo de duração 
deve ser superior a três meses;
• Estudo dos efeitos locais sobre a pele e olhos: esses testes avaliam a 
irritação provocada por substâncias químicas sobre a pele e os olhos. Os parâ-
metros utilizados para avaliar a irritação da pele são eritema, escaras, edema 
e corrosão. Já os parâmetros observados nos olhos, incluem as alterações da 
conjuntiva, córnea, íris e cristalino. Os testes de irritação podem ser: irritação 
local ou aguda (reposta de uma exposição única); irritação cumulativa (respos-
ta de exposição repetida); irritação induzida fotoquimicamente (resposta pri-
mária resultante de luz). É importante frisar que a irritação não reversível é 
aquela que persiste por mais de 14 dias após a exposição;
TOXICOLOGIA 34
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• Sensibilização cutânea: esse teste é usado quando há possibilidade de 
contatos repetidos da substância com a pele;
• Mutagênese: é um estudo usado para avaliar a capacidade de uma subs-
tância química de induzir lesões (mutações) no material genético das células. 
Essas mutações podem afetar o indivíduo exposto, mas também podem ser 
transmitidas para as gerações futuras (transferência hereditária);
• Carcinogênese: esses testes de carcinogenicidade são empregados 
para avaliar a capacidade de uma substância química de gerar câncer ou 
tumores. Algumas substâncias já são reconhecidas como carcinogênicas 
para o homem, como as aflatoxinas (micotoxina), benzeno, cloreto de vini-
la, entre outros. Algumas substâncias vêm sendo estudadas e são classi-
ficadas como provavelmente carcinogênicas, como o formaldeído, a sílica 
cristalina etc.;
• Teratogênese: estuda a capacidade de uma substância causar alterações 
durante o desenvolvimento embrionário, ou seja, entre a concepção e o nas-
cimento. Vale ressaltar que os efeitos dessas substâncias dependem de qual 
fase do desenvolvimento ocorreu a exposição.
Desintoxicação
A desintoxicação ou descontaminação é um processo que pode ser reali-
zado em pacientes estabilizados. No entanto, os métodos e os procedimentos 
devem ser escolhidos de acordo com cada quadro de intoxicação, conside-
rando as características da substância tóxica, a viade exposição e o quadro 
clínico do paciente.
O primeiro passo da desintoxicação é interromper o processo de absorção 
da substância tóxica. Em muitos casos, é necessário realizar a descontami-
nação de superfície por meio da lavagem dos olhos (exposições oculares) e 
da pele (exposições cutâneas). Essas lavagens devem ser feitas com solução 
salina ou água tépida até obter pH neutro.
A descontaminação gastrintestinal (DGI) envolve um conjunto de méto-
dos utilizados para prevenir ou reduzir a absorção da substância após ter 
sido ingerida. O Quadro 4 apresenta as principais estratégias para a DGI, suas 
indicações, contraindicações e procedimentos.
TOXICOLOGIA 35
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QUADRO 4. MÉTODOS DE DESCONTAMINAÇÃO GASTRINTESTINAL
Método Indicações Contraindicações Procedimentos
Carvão 
ativado (CA)
Casos de ingestão 
de substâncias bem 
adsorvidas pelo CA.
Risco de aspiração do 
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
neurológica e vias 
áreas desprotegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG.
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
50 a 100 g/dose.
Catárticos 
(CAT)
Não há indicação 
formal.
Crianças pequenas, 
idosos e pessoas 
debilitadas;
Depleção de líquido 
e desequilíbrio 
eletrolítico;
Íleo adinâmico;
Obstrução e perfuração 
intestinal.
Sulfato de magnésio: 
recomenda-se dose 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
múltiplas doses de CA;
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
solução a 10%;
Adultos: 150 mL de 
solução a 10%.
Lavagem 
gástrica (LG)
Em situação 
excepcional, que 
evolve grande 
quantidade de agente 
comprovadamente 
tóxico ou com 
toxicidade 
potencializada por 
associação entre 
agentes.
Risco de aspiração 
do conteúdo gástrico 
em doentes com 
depressão neurológica 
e vias aéreas não 
protegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG;
Ingestão de ácidos e 
bases fortes.
Lavagem via sonda 
orogástrica várias 
vezes até obter retorno 
de líquido claro, sem 
resíduos.
Crianças: 10 mL/Kg de 
soro fi siológico (SF) 
morno por vez.
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
por vez.
Êmese ou 
indução de 
vômito com 
ipeca (IP)
Deve ser evitada tanto 
no local quanto no 
serviço médico de 
emergência (SME).
Ipeca pode atrasar 
a administração ou 
reduzir a efi cácia do CA 
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
Procedimento não 
recomendado.
Irrigação 
intestinal 
completa (IC)
Doses tóxicas de 
agentes pouco 
adsorvidos pelo CA. 
Vias aéreas não 
protegidas;
Íleo adinâmico;
Obstrução ou 
perfuração 
gastrintestinal;
Vômitos incontroláveis;
Instabilidade 
hemodinâmica.
Administração de 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
efl uente renal claro.
Crianças de 1 a 6 anos: 
500 mL/hora;
Crianças de 6 a 12 anos: 
1000 mL/hora;
Adolescentes e adultos: 
1500 a 2000 mL/hora.
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, n. p. (Adaptado).
Carvão 
ativado (CA)
Carvão 
ativado (CA)
Carvão 
ativado (CA)ativado (CA)
Casos de ingestão 
de substâncias bem 
Casos de ingestão 
de substâncias bem 
adsorvidas pelo CA.
Casos de ingestão 
de substâncias bem 
adsorvidas pelo CA.
Casos de ingestão 
de substâncias bem 
adsorvidas pelo CA.
Catárticos 
Casos de ingestão 
de substâncias bem 
adsorvidas pelo CA.
Catárticos 
(CAT)
de substâncias bem 
adsorvidas pelo CA.
Risco de aspiração do 
Catárticos 
(CAT)
adsorvidas pelo CA.
Risco de aspiração do 
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
Risco de aspiração do 
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
Risco de aspiração do 
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
neurológica e vias 
áreas desprotegidas;
Não há indicação 
Risco de aspiração do 
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
neurológica e vias 
áreas desprotegidas;
Risco de sangramento 
Não há indicação 
Risco de aspiração do 
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
neurológica e vias 
áreas desprotegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG.
Não há indicação 
formal.
Risco de aspiração do 
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
neurológica e vias 
áreas desprotegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG.
Não há indicação 
formal.
conteúdo gástrico em 
doentes com depressão 
neurológica e vias 
áreas desprotegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG.
Não há indicação 
doentes com depressão 
neurológica e vias 
áreas desprotegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG.
Crianças até 1 ano: 0,5 a
Crianças pequenas, 
áreas desprotegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG.
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças pequenas, 
idosos e pessoas 
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG.
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
Crianças pequenas, 
idosos e pessoas 
debilitadas;
Depleção de líquido 
Em situação 
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
Crianças pequenas, 
idosos e pessoas 
debilitadas;
Depleção de líquido 
e desequilíbrio 
Em situação 
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
Crianças pequenas, 
idosos e pessoas 
debilitadas;
Depleção de líquido 
e desequilíbrio 
eletrolítico;
Íleo adinâmico;
Obstrução e perfuração 
Em situação 
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
50 a 100 g/dose.
Crianças pequenas, 
idosos e pessoas 
debilitadas;
Depleção de líquido 
e desequilíbrio 
eletrolítico;
Íleo adinâmico;
Obstrução e perfuração 
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
50 a 100 g/dose.
Depleção de líquido 
e desequilíbrio 
eletrolítico;
Íleo adinâmico;
Obstrução e perfuração 
Crianças até 1 ano: 0,5 a
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
50 a 100 g/dose.
Depleção de líquido 
e desequilíbrio 
eletrolítico;
Íleo adinâmico;
Obstrução e perfuração 
intestinal.
Sulfato de magnésio: 
1 g/kg de peso (10 a 25 g);
Crianças 1 a 12 anos: 1 g/
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
50 a 100 g/dose.
Íleo adinâmico;
Obstrução e perfuração 
intestinal.
Sulfato de magnésio: 
recomenda-se dose 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
Risco de aspiração 
kg de peso (25 a 50 g);
Adolescentes e adultos: 
50 a 100 g/dose.
Obstrução e perfuração 
intestinal.
Sulfato de magnésio: 
recomenda-se dose 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
Risco de aspiração 
Obstrução e perfuração 
Sulfato de magnésio: 
recomenda-se dose 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
múltiplas doses de CA;
Risco de aspiração 
Sulfato de magnésio: 
recomenda-se dose 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
múltiplas doses de CA;
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
Risco de aspiração 
Sulfato de magnésio: 
recomenda-se dose 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
múltiplas doses de CA;
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
Risco de aspiração 
recomenda-se dose 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
múltiplas doses de CA;
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
solução a 10%;
Adultos: 150 mL de 
Risco de aspiração 
única no caso de não 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
múltiplas doses de CA;
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
solução a 10%;
Adultos: 150 mL de 
haver trânsito intestinal 
adequado com o uso de 
múltiplas doses de CA;
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
soluçãoa 10%;
Adultos: 150 mL de 
solução a 10%.
múltiplas doses de CA;
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
solução a 10%;
Adultos: 150 mL de 
solução a 10%.
Lavagem via sonda 
Não misturar com o CA.
Crianças: 2,5 mL/kg de 
solução a 10%;
Adultos: 150 mL de 
solução a 10%.
Lavagem via sonda 
Adultos: 150 mL de 
solução a 10%.
Lavagem via sonda Lavagem via sonda Lavagem via sonda Lavagem via sonda 
Lavagem 
gástrica (LG)
Lavagem 
gástrica (LG)
Lavagem 
gástrica (LG)gástrica (LG)
Em situação 
excepcional, que 
quantidade de agente 
Em situação 
excepcional, que 
evolve grande 
quantidade de agente 
Em situação 
excepcional, que 
evolve grande 
quantidade de agente 
comprovadamente 
Em situação 
excepcional, que 
evolve grande 
quantidade de agente 
comprovadamente 
tóxico ou com 
Êmese ou 
indução de 
excepcional, que 
evolve grande 
quantidade de agente 
comprovadamente 
tóxico ou com 
toxicidade 
potencializada por 
Êmese ou 
indução de 
vômito com 
quantidade de agente 
comprovadamente 
tóxico ou com 
toxicidade 
potencializada por 
associação entre 
Êmese ou 
indução de 
vômito com 
ipeca (IP)
quantidade de agente 
comprovadamente 
tóxico ou com 
toxicidade 
potencializada por 
associação entre 
indução de 
vômito com 
ipeca (IP)
comprovadamente 
toxicidade 
potencializada por 
associação entre 
agentes.
Risco de aspiração 
do conteúdo gástrico 
vômito com 
ipeca (IP)
Deve ser evitada tanto 
potencializada por 
associação entre 
agentes.
Risco de aspiração 
do conteúdo gástrico 
em doentes com 
depressão neurológica 
Deve ser evitada tanto 
potencializada por 
associação entre 
agentes.
Risco de aspiração 
do conteúdo gástrico 
em doentes com 
depressão neurológica 
e vias aéreas não 
Deve ser evitada tanto 
no local quanto no 
serviço médico de 
Risco de aspiração 
do conteúdo gástrico 
em doentes com 
depressão neurológica 
e vias aéreas não 
Risco de sangramento 
Deve ser evitada tanto 
no local quanto no 
serviço médico de 
emergência (SME).
Irrigação 
Risco de aspiração 
do conteúdo gástrico 
em doentes com 
depressão neurológica 
e vias aéreas não 
protegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG;
Deve ser evitada tanto 
no local quanto no 
serviço médico de 
emergência (SME).
Irrigação 
intestinal 
do conteúdo gástrico 
em doentes com 
depressão neurológica 
e vias aéreas não 
protegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG;
Ingestão de ácidos e 
Deve ser evitada tanto 
no local quanto no 
serviço médico de 
emergência (SME).
Irrigação 
intestinal 
depressão neurológica 
e vias aéreas não 
protegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG;
Ingestão de ácidos e 
Deve ser evitada tanto 
no local quanto no 
serviço médico de 
emergência (SME).
depressão neurológica 
e vias aéreas não 
protegidas;
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG;
Ingestão de ácidos e 
bases fortes.
serviço médico de 
emergência (SME).
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG;
Ingestão de ácidos e 
bases fortes.
orogástrica várias 
vezes até obter retorno 
emergência (SME).
Ipeca pode atrasar 
Doses tóxicas de 
Risco de sangramento 
e perfusão do TDG;
Ingestão de ácidos e 
bases fortes.
orogástrica várias 
vezes até obter retorno 
de líquido claro, sem 
Ipeca pode atrasar 
a administração ou 
reduzir a efi cácia do CA 
Doses tóxicas de 
agentes pouco 
Ingestão de ácidos e 
bases fortes.
orogástrica várias 
vezes até obter retorno 
de líquido claro, sem 
Crianças: 10 mL/Kg de 
Ipeca pode atrasar 
a administração ou 
reduzir a efi cácia do CA 
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
Doses tóxicas de 
agentes pouco 
orogástrica várias 
vezes até obter retorno 
de líquido claro, sem 
resíduos.
Crianças: 10 mL/Kg de 
soro fi siológico (SF) 
Ipeca pode atrasar 
a administração ou 
reduzir a efi cácia do CA 
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
Doses tóxicas de 
agentes pouco 
orogástrica várias 
vezes até obter retorno 
de líquido claro, sem 
resíduos.
Crianças: 10 mL/Kg de 
soro fi siológico (SF) 
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
Ipeca pode atrasar 
a administração ou 
reduzir a efi cácia do CA 
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
Doses tóxicas de 
agentes pouco 
vezes até obter retorno 
de líquido claro, sem 
resíduos.
Crianças: 10 mL/Kg de 
soro fi siológico (SF) 
morno por vez.
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
Ipeca pode atrasar 
a administração ou 
reduzir a efi cácia do CA 
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
vezes até obter retorno 
de líquido claro, sem 
Crianças: 10 mL/Kg de 
soro fi siológico (SF) 
morno por vez.
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
a administração ou 
reduzir a efi cácia do CA 
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
Vias aéreas não 
Crianças: 10 mL/Kg de 
soro fi siológico (SF) 
morno por vez.
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
reduzir a efi cácia do CA 
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
Vias aéreas não 
protegidas;
Íleo adinâmico;
Crianças: 10 mL/Kg de 
soro fi siológico (SF) 
morno por vez.
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
por vez.
e de antídotos por via 
oral, assim como da IC.
Vias aéreas não 
protegidas;
Íleo adinâmico;
Obstrução ou 
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
por vez.
Procedimento não 
Vias aéreas não 
protegidas;
Íleo adinâmico;
Obstrução ou 
perfuração 
Adultos: 200-300 mL de 
SF morno ou água morna 
Procedimento não 
recomendado.
Vias aéreas não 
protegidas;
Íleo adinâmico;
Obstrução ou 
perfuração 
SF morno ou água morna 
Procedimento não 
recomendado.
Íleo adinâmico;
Obstrução ou 
perfuração 
Procedimento não 
recomendado.
Obstrução ou 
perfuração 
Procedimento não 
recomendado.
Administração de 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
Procedimento não 
recomendado.
Administração de 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
Administração de 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
efl uente renal claro.
Crianças de 1 a 6 anos: 
Administração de 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
efl uente renal claro.
Crianças de 1 a 6 anos: 
Administração de 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
efl uente renal claro.
Crianças de 1 a 6 anos: 
Administração de 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
efl uente renal claro.
Crianças de 1 a 6 anos: 
soluções eletrolíticas de 
polietilenoglicol até obter 
efl uente renal claro.
Crianças de 1 a 6 anos: 
polietilenoglicol até obter 
efl uente renal claro.
Crianças de 1 a 6 anos: Crianças de 1 a 6 anos: intestinal 
completa (IC)
intestinal 
completa (IC)
intestinal 
completa (IC)completa (IC)
agentes pouco 
adsorvidos pelo CA. 
agentes pouco 
adsorvidos pelo CA. 
agentes pouco 
adsorvidos pelo CA. 
agentes pouco 
adsorvidos pelo CA. 
agentes pouco 
adsorvidos pelo CA. adsorvidos pelo CA. 
perfuração 
gastrintestinal;
Vômitos incontroláveis;
perfuração 
gastrintestinal;
Vômitos incontroláveis;
perfuração 
gastrintestinal;
Vômitos incontroláveis;
Instabilidade 
hemodinâmica.
perfuração 
gastrintestinal;
Vômitos incontroláveis;
Instabilidade 
hemodinâmica.
gastrintestinal;
Vômitos incontroláveis;
Instabilidade 
hemodinâmica.
Vômitos incontroláveis;
Instabilidade 
hemodinâmica.
Vômitos incontroláveis;
hemodinâmica.
Crianças de 1 a 6 anos: 
Crianças de 6 a 12 anos: 
Crianças de 1 a 6 anos: 
500 mL/hora;
Crianças de 6 a 12 anos: 
Crianças de 1 a 6 anos: 
500 mL/hora;
Crianças de 6 a 12 anos: 
1000 mL/hora;
Adolescentes e adultos: 
Crianças de 1 a 6 anos: 
500 mL/hora;
Crianças de 6 a 12 anos: 
1000 mL/hora;
Adolescentes e adultos: 
1500 a 2000 mL/hora.
Crianças de 1 a 6 anos: 
500 mL/hora;
Crianças de 6 a 12 anos: 
1000 mL/hora;
Adolescentes e adultos: 
1500 a 2000 mL/hora.
Crianças de 1 a 6 anos: 
Crianças de 6 a 12 anos: 
1000 mL/hora;
Adolescentes e adultos: 
1500 a 2000mL/hora.
Crianças de 6 a 12 anos: 
1000 mL/hora;
Adolescentes e adultos: 
1500 a 2000 mL/hora.
Crianças de 6 a 12 anos: 
Adolescentes e adultos: 
1500 a 2000 mL/hora.
Adolescentes e adultos: 
1500 a 2000 mL/hora.
TOXICOLOGIA 36
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 36 04/02/2021 12:47:33
Os efeitos nocivos de algumas substâncias tóxicas podem ser reduzidos 
pelo uso de métodos que aceleram a sua eliminação do organismo. Entre os 
métodos mais utilizados para esses fi ns, considera-se:
• Hemodiálise: esse método pode ser usado para acelerar a eliminação de 
substâncias tóxicas, desde que sejam atendidos alguns critérios, como baixa 
ligação a proteínas, pequeno volume de distribuição, baixa massa molecular 
e hidrossolubilidade da substância. Exemplos: metanol, fenobarbital e lítio;
• Alcalinização urinária: esse método consiste em aumentar o pH da urina 
com o uso de bicarbonato de sódio que, quando administrado intravenosa-
mente, é capaz de ionizar a substância tóxica para ser eliminada pela urina. O 
objetivo desse método é um pH urinário de 7,5 a 8.
A desintoxicação também pode ser realizada com o uso 
de antídotos, que promovem o antagonismo ou a inati-
vação química de uma substância química após a sua 
absorção. O Quadro 5 apresenta alguns antídotos e suas 
respectivas indicações.
QUADRO 5. MÉTODOS DE DESCONTAMINAÇÃO GASTRINTESTINAL
Antídoto Intoxicação por
Acetilcisteína Paracetamol.
Atropina, sulfato Pesticidas organofosforadose carbamatos.
Azul de metileno Metemoglobinemia.
Dimercaprol (BAL) Chumbo, mercúrio e arsênio.
Fumazenil Benzodiazepínicos.
Naloxona, cloridrato Opioides.
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, n. p. (Adaptado).
AcetilcisteínaAcetilcisteínaAcetilcisteína
Atropina, sulfato
Acetilcisteína
Atropina, sulfatoAtropina, sulfatoAtropina, sulfato
Azul de metileno
Atropina, sulfato
Azul de metileno
Atropina, sulfato
Azul de metileno
Dimercaprol (BAL)
Azul de metileno
Dimercaprol (BAL)
Azul de metileno
Dimercaprol (BAL)Dimercaprol (BAL)Dimercaprol (BAL)
Fumazenil
Dimercaprol (BAL)
Fumazenil
Naloxona, cloridrato
Fumazenil
Naloxona, cloridrato
Paracetamol.
Pesticidas organofosforados
Naloxona, cloridrato
Paracetamol.
Pesticidas organofosforados
Naloxona, cloridrato
Paracetamol.
Pesticidas organofosforados
Naloxona, cloridrato
Paracetamol.
Pesticidas organofosforados
e carbamatos.
Naloxona, cloridrato
Paracetamol.
Pesticidas organofosforados
e carbamatos.
Metemoglobinemia.
Pesticidas organofosforados
e carbamatos.
Metemoglobinemia.
Pesticidas organofosforados
e carbamatos.
Metemoglobinemia.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Pesticidas organofosforados
e carbamatos.
Metemoglobinemia.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Pesticidas organofosforados
Metemoglobinemia.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Metemoglobinemia.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Metemoglobinemia.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Benzodiazepínicos.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Benzodiazepínicos.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Benzodiazepínicos.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Benzodiazepínicos.
Chumbo, mercúrio e arsênio.
Benzodiazepínicos.
Opioides.
Benzodiazepínicos.
Opioides.Opioides.
TOXICOLOGIA 37
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 37 04/02/2021 12:47:34
Toxicidade ocupacional
Os riscos ocupacionais podem ser provocados por uma grande diversidade 
de agentes químicos (material particulado, líquidos, gases e vapores), físicos (ruído, 
radiação ionizante e calor) e biológicos (vírus e bactérias) encontrados no ambien-
te de trabalho que podem comprometer a saúde e o bem-estar do trabalhador.
Com isso, surgiu a Toxicologia ocupacional, que estuda a toxicidade de vá-
rios grupos de substâncias químicas presentes em processos produtivos, bem 
como os riscos que podem causar à saúde do trabalhador. Tais substâncias 
químicas incluem metais, agrotóxicos, solventes, gases e vapores irritantes e 
asfi xiantes. Além disso, considera-se os riscos das exposições a misturas com-
plexas que são consideradas muito perigosas.
Geralmente, as doenças relacionadas ao ambiente de trabalho estão en-
volvidas com três vias de intoxicação: inalação, ingestão ou absorção térmica.
O monitoramento da exposição ocupacional é uma importante ferramenta 
utilizada pelos programas que buscam a prevenção dos riscos à saúde do tra-
balhador. Esse tipo de monitoramento é padronizado pela Norma Regulamen-
tadora N. 9 (NR-9), do Ministério do Trabalho (1978), que estabelece diretrizes 
e parâmetros mínimos para avaliação da exposição ocupacional aos diferentes 
tipos de agentes tóxicos. No entanto, é necessário associar essa atividade com 
outros tipos de monitoramento, conforme apresentado no Diagrama 5.
DIAGRAMA 5. ETAPAS DA TOXICODINÂMICA
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2014, n. p. (Adaptado).
Dose interna 
Efeitos
Exposição
ao xenobiótico Monitoramento ambiental 
Monitoramento biológico 
Monitoramento biológico e de efeito 
TOXICOLOGIA 38
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 38 04/02/2021 12:47:34
Monitorização ambiental e limites de exposição
O monitoramento de exposição ocupacional é conhecido como monitoriza-
ção ambiental, que se diferencia da monitorização biológica por realizar a obser-
vação, medição e avaliação dos agentes tóxicos fora do organismo. Assim, o obje-
tivo da monitorização ambiental consiste em identifi car e quantifi car a presença 
de substâncias tóxicas decorrentes da atividade profi ssional em seu ambiente de 
trabalho, comparando os resultados obtidos com referências apropriadas.
Para a monitorização ambiental, é muito importante que a amostragem seja 
realizada de modo aleatório e sistemático ao longo do tempo, evitando medidas 
de exposição com erros de desvio.
Os limites de exposição ocupacional (LEO) representam níveis aceitáveis de 
concentração ambiental de um agente tóxico ou de seus metabólitos. Esses parâ-
metros costumam ser estabelecidos por agências regulatórias, mas também po-
dem ser determinados por grupos de pesquisa ou organizações privadas, como a 
Occupational Safety and Health Administration (OSHA), que estabelece os padrões 
legais, nos Estados Unidos, conhecidos como Permissible Exposure Limits (PELs).
A ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) é uma 
organização privada norte-americana que publica periodicamente os TVL (Thre-
shold Limits Values – valores limites limiares), referentes às concentrações das 
substâncias químicas dispersas no ar. De modo geral, os TVL estabelecem suas 
diretrizes com base nos efeitos de sensibilização respiratória, irritação sensorial, 
narcose e asfi xia.
A lista de TLV é considerada o melhor guia de referência disponível mundial-
mente, entretanto, não são padrões impostos legalmente. A Associação Brasilei-
ra de Higienistas Ocupacionais (ABHO) é responsável pela tradução e divulgação 
desses parâmetros para todos os países de língua portuguesa. Existem diferen-
tes tipos de TLV, tais como:
• TLV-TWA (Time Weighted Average – Média ponderada pelo tempo): esta-
belece limites para substâncias que produzem efeitos a médio e longo prazo em 
uma jornada normal de 8 h/dia ou 40 h/semana;
• TLV-STEL (Short Term Expouse Limit – Limite de exposição de curto perío-
do): estabelece os limites para exposição a curto período, sem causar irritação, 
lesão tecidual crônica ou irreversível e narcose (inconsciência) que comprometa 
TOXICOLOGIA 39
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 39 04/02/2021 12:47:34
a segurança. A exposição pode ser de 15 minutos, quatro vezes ao dia, com inter-
valo de pelo menos 60 minutos;
• TLV-C (Ceiling – Teto): se refere a concentrações que não devem ser excedi-
das durante a jornada de trabalho, pois são substâncias de elevada toxicidade ou 
risco e podem causar efeitos tóxicos em um curto período de exposição.
No Brasil, a Norma Regulamentadora N. 15 (NR-15), do Ministério do Traba-
lho (1978), estabelece os limites de tolerância para caracterizar o grau de insalu-
bridade decorrente da atividade profi ssional.Desse modo, o trabalhador deve 
receber um salário adicional (10, 20 ou 30% do salário-mínimo) se a exposição 
ocupacional ultrapassar esses valores. Vale ressaltar que a NR-15 se baseou nos 
limites da ACGIH, dos Estados Unidos, todavia, foi feita uma adaptação para a 
jornada de trabalho brasileira referente a 8 h/dia ou 48 h/semana, reduzindo 
78% de todos os valores.
Os níveis de ação (NA) se refere ao limite de concentração ambiental a par-
tir do qual o trabalhador é considerado exposto a uma determinada substância 
química. De modo geral, esse nível é de 50% do limite de exposição ocupacional, 
ou seja:
NA = 
LEO
2
 (2)
Monitorização biológica e limites biológicos
O monitoramento biológico (biomonitoramento) consiste em determi-
nar a quantidade de agentes tóxicos e/ou de seus metabólitos nos tecidos, nas 
secreções, no ar expirado dos indivíduos expostos, bem como avaliar os riscos 
à saúde. Nesses estudos, as análises podem ser feitas em matrizes biológicas, 
como por exemplo, urina, sangue, fezes, cabelo, unhas, leite materno etc.
CITANDO
“O ‘ensaio do cometa’ e a avaliação de troca de cromátides irmãs 
são testes que têm sido utilizados, no monitoramento biológico, para 
avaliar os riscos decorrentes da exposição às substâncias químicas 
genotóxicas e podem ser ferramentas úteis na aplicação de medidas 
contra o risco carcinogênico no ambiente de trabalho” (OGA; CAMAR-
GO; BATISTUZZO, 2014, p. 260).
TOXICOLOGIA 40
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 40 04/02/2021 12:47:34
As avaliações biológicas são definidas como indicadores biológicos, bioin-
dicadores ou biomarcadores, cujo principal objetivo é detectar alterações 
biológicas a nível bioquímico, genético e/ou molecular. Os parâmetros medi-
dos no monitoramento biológico estão diretamente relacionados aos efeitos 
adversos à saúde, permitindo uma melhor avaliação dos riscos do que a de-
terminada pelo monitoramento ambiental. Além disso, esse monitoramento 
pode ser realizado para avaliar a eficiência das medidas de proteção indivi-
dual, como o uso de luvas e máscaras.
No entanto, o monitoramento biológico tem algumas desvantagens, sen-
do uma delas relacionada ao elevado número de substâncias químicas no se-
tor industrial que acaba limitando número de indicadores disponíveis devido 
à escassez de informações importantes para esses estudos, como as caracte-
rísticas toxicocinéticas e toxicodinâmicas das substâncias.
Os indicadores biológicos são parâmetros utilizados para acompanhar 
a evolução dos eventos relacionados à exposição ao agente tóxico no orga-
nismo que, muitas vezes, pode ser útil para detectar doenças precocemente. 
Vale ressaltar que os indicadores biológicos não devem ser usados como um 
único parâmetro para o diagnóstico de intoxicações, pois esse deve ser feito 
por um médico do trabalho que deve correlacionar os dados do bioindicador 
com as manifestações clínicas do paciente.
Existem três tipos de indicadores biológicos:
• Indicadores biológicos de dose interna: usados para medir, de modo 
indireto, a concentração de uma substância química no seu sítio de ação, ou 
seja, no local dentro do organismo que ocorre o efeito. Esses parâmetros po-
dem ser um indicativo de uma simples exposição a uma substância química, 
do seu acúmulo (exposição acumulativa) ou da dose interna “real” (substân-
cias biologicamente ativas). Para essa categoria de bioindicadores é muito 
importante conhecer os aspectos toxicocinéticos da substância em questão, 
uma vez que muitas delas são produtos do processo de biotransformação 
que são excretados na urina dos trabalhadores;
• Indicadores biológicos de efeito: é útil para prevenção de intoxicações 
decorrentes da exposição ocupacional, pois servem para mostrar os efeitos 
ainda não nocivos, ou seja, que não estão associados às alterações da função 
celular. Seu uso é feito com base nos aspectos toxicodinâmicos da substância 
TOXICOLOGIA 41
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 41 04/02/2021 12:47:34
estudada, todavia, a utilização é limitada devido às incertezas sobre essas 
características. Existem dois subtipos de bioindicadores de efeito:
• Indicadores de efeito crítico (alterações reversíveis ou irreversíveis em 
órgãos críticos);
• Indicadores de efeito pré-clínico (alterações ainda reversíveis no órgão-
-alvo seguida de manifestações clínicas);
• Indicadores biológicos de suscetibilidade: demonstram as alterações 
na absorção, na distribuição e nas interações como macromoléculas, além de 
evidenciar a capacidade de produzir modificações no organismo.
No Brasil, os limites biológicos de exposição são definidos como valor de 
referência (VR) e índice biológico máximo permitido (IBMP). A Norma Re-
gulamentadora N. 7 (NR-07), do Ministério do Trabalho (1978), apresenta uma 
lista de parâmetros referente às substâncias químicas que os trabalhadores 
estão ocupacionalmente expostos, além de recomendar os indicadores bioló-
gicos, o valor do IBMP, o método analítico e os dados para sua interpretação.
Os valores de referência são fundamentais para o monitoramento biológi-
co, uma vez que as concentrações das substâncias químicas estão presentes 
no material biológico independente da exposição ocupacional. Sendo assim, 
os dados obtidos pela avaliação dos indivíduos expostos devem ser compara-
dos com os valores de referência, pois são considerados normais.
TOXICOLOGIA 42
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 42 04/02/2021 12:47:34
Sintetizando
Nessa unidade, vimos que a Toxicologia é uma ciência que evoluiu acom-
panhando a história da civilização e passou por muitos acontecimentos e 
avanços tecnológicos. Assim, podemos dizer que a Toxicologia é uma ciência 
multidisciplinar que estuda os efeitos tóxicos causados por substâncias quí-
micas sobre os organismos vivos. Além disso, abrange várias áreas de apli-
cação, como Toxicologia ambiental, Toxicologia de alimentos, Toxicologia de 
medicamentos, Toxicologia social e Toxicologia ocupacional.
As substâncias tóxicas podem ser classificadas com base em suas carac-
terísticas químicas, ação tóxica, estado físico etc. Já os eventos envolvidos na 
intoxicação são divididos em quatro fases: exposição, toxicocinética, toxico-
dinâmica e clínica.
Como vimos, a toxicocinética estuda o comportamento do agente tóxico 
dentro dos organismos, relacionando os processos de absorção, distribuição, 
biotransformação e eliminação.
A toxicodinâmica estuda os mecanismos de ação das substâncias tóxicas 
sobre o sistema biológico. Os mecanismos de ação mais conhecidos estão re-
lacionados à interação da substância tóxica com receptores, às interferências 
nas membranas excitáveis, à inibição da fosforilação oxidativa e à complexa-
ção com biomoléculas.
Os procedimentos de desintoxicação podem ajudar na recuperação de pa-
cientes intoxicados com substâncias tóxicas. Os métodos mais utilizados são: 
descontaminação de superfície, descontaminação gastrintestinal, aceleração 
da eliminação e uso de antídotos adequados.
Por fim, abordamos a toxicidade ocupacional, que estuda as substâncias 
químicas que estão presentes em ambientes de trabalho, cujas informações 
contribuem para os programas de controle e prevenção de riscos à saúde 
do trabalhador.
TOXICOLOGIA 43
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 43 04/02/2021 12:47:34
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TOXICOLOGIA 44
SER_FARMA_TOXICO_UNID1.indd 44 04/02/2021 12:47:34
AGENTES TÓXICOS: 
METAIS PESADOS, SOLVENTES 
ORGÂNICOS E AGENTES 
METEMOGLOBINIZANTES
2
UNIDADE
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 45 04/02/2021 11:20:34
Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender a ação tóxica dos metais tóxicos: arsênio, chumbo e mercúrio;
 Conhecer os principais métodos de tratamento para exposição a metais;
 Entender os efeitos nocivos associados aos solventes orgânicos;
 Compreender a toxicocinética e a toxicodinâmica do benzeno, tolueno e 
xileno, bem como as manifestações clínicas e as formas de tratamento;
 Compreender o mecanismo de intoxicação dos agentes 
metemoglobinizantes, como a anilina e o nitrobenzeno.
 Metais pesados
 Arsênio
 Mercúrio
 Chumbo
 Tratamento e antidotização 
dos metais pesados
 Solventes orgânicos
 Benzeno
 Tolueno
 Xileno
 Agentes metemoglobinizantes
 Anilina
 Nitrobenzeno 
TOXICOLOGIA 46
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 46 04/02/2021 11:20:34
Metais pesados
Os principais metais tóxicos ambientais e ocupacionais são o arsênio (As), 
chumbo (Pb), mercúrio (Hg), cádmio (Cd), cromo hexavalente (Cr+6), berílio 
(Be), cobalto (Co) e níquel (Ni), cujas principais características estão descritas 
no Quadro 1. O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, do inglês 
Centers for Disease Control and Prevention) destaca o arsênio, o mercúrio e o 
chumbo como os três metais mais preocupantes, com base nos seus efeitos 
tóxicos e nos níveis de exposição humana.
Fonte: BRUNTON et al., 2019. (Adaptado).
Metal Fonte comum de exposição
Sistemas de órgãos mais 
sensíveis à toxicidade Classifi cação da IARC
As Água potável. Cardiovascular (CV), pele, vários outros.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Pb Tintas, solo. SNC, sangue, CV, renal. Grupo 2A, provavelmente carcinogênico.
Hg Ar, alimentos. SNC, renal.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg+); grupo 3, 
não classifi cável (Hg0, Hg2+).
Cd Ocupacional, alimentos, fumo. Renal, respiratório.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Cr+6 Ocupacional. Respiratório. Grupo 1, carcinogênico para seres humanos – pulmões.
Be Ocupacional, água. Respiratório.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Co Ocupacional, alimento, água. Respiratório, CV.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico.
Ni Ocupacional. Respiratório, pele (alergia).
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
Vale ressaltar que alguns metais são essenciais para o organismo 
humano, porém podem ser tóxicos em condições de super-
dosagem. Como exemplo, podemos citar os efeitos tóxi-
cos do cobre e do ferro, que atingem o fígado por meio 
da formação de radicais livres (ROS, espécies reativas 
de oxigênio).
QUADRO 1. METAIS TÓXICOS COM EXPOSIÇÃO AMBIENTAL E OCUPACIONAL FREQUENTE
As
Pb
Água potável.Água potável.
Hg
Água potável.
Tintas, solo.
Hg
Água potável.
Tintas, solo.Tintas, solo.
Ar, alimentos.
Cd
Cardiovascular (CV), pele, 
Tintas, solo.
Ar, alimentos.
Cr
Cardiovascular (CV), pele, 
Ar, alimentos.
Ocupacional, 
alimentos, fumo.
+6
Cardiovascular (CV), pele, 
vários outros.
SNC, sangue, CV, renal.
Ar, alimentos.
Ocupacional, 
alimentos, fumo.
Be
Cardiovascular (CV), pele, 
vários outros.
SNC, sangue, CV, renal.
Ocupacional, 
alimentos, fumo.
Ocupacional.
Cardiovascular (CV), pele, 
vários outros.
SNC, sangue, CV, renal.
Ocupacional, 
alimentos, fumo.
Ocupacional.
Ocupacional, 
Co
Cardiovascular (CV), pele, 
vários outros.
SNC, sangue, CV, renal.
alimentos, fumo.
Ocupacional.
Ocupacional, 
Cardiovascular (CV), pele, 
vários outros.
SNC, sangue, CV, renal.
SNC, renal.
Ocupacional.
Ocupacional, 
água.
Ocupacional, 
Cardiovascular (CV), pele, 
SNC, sangue, CV, renal.
SNC, renal.
Renal, respiratório.
Ocupacional, 
água.
Ocupacional, 
alimento, água.
Ni
Grupo 1, carcinogênico para seres 
SNC, sangue, CV, renal.
SNC, renal.
Renal, respiratório.
Ocupacional, 
Ocupacional, 
alimento, água.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
SNC, renal.
Renal, respiratório.
Ocupacional, 
alimento, água.
Ocupacional.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Renal, respiratório.
Respiratório.
Ocupacional, 
alimento, água.
Ocupacional.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
Renal, respiratório.
Respiratório.
alimento, água.
Ocupacional.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
Renal, respiratório.
Respiratório.
Respiratório.
Ocupacional.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg
Respiratório.
Respiratório.
Respiratório, CV.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
carcinogênico.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg
não classifi cável (Hg
Respiratório.
Respiratório, CV.
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
carcinogênico.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg
não classifi cável (Hg
Grupo 1, carcinogênico para 
Respiratório.
Respiratório, CV.
Respiratório, pele 
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
carcinogênico.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg
não classifi cável (Hg
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Respiratório, CV.
Respiratório, pele 
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
carcinogênico.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg
não classifi cável (Hg
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
Respiratório, CV.
Respiratório, pele 
(alergia).
Grupo 1, carcinogênico para seres 
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2A, provavelmente 
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg
não classifi cável (Hg
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Respiratório, pele 
(alergia).
humanos – fígado, bexiga e pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico (MeHg ); grupo 3, 
não classifi cável (Hg
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
Respiratório, pele 
(alergia).Grupo 2B, possivelmente 
); grupo 3, 
não classifi cável (Hg , Hg
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Respiratório, pele 
); grupo 3, 
, Hg2+
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
); grupo 3, 
).
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico.
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico.
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico.
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico para 
seres humanos – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico.
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
seres humanos – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
carcinogênico.
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
Grupo 2B, possivelmente 
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
Grupo 1, carcinogênico 
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
(compostos Ni solúveis); grupo 2B, 
possivelmente carcinogênico 
(Ni metálico) – pulmões.
TOXICOLOGIA 47
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 47 04/02/2021 11:20:35
Arsênio
O arsênio (As) é um metaloide que pode ser encon-
trado na forma orgânica ou inorgânica. De modo 
geral, os compostos inorgânicos são os mais preo-
cupantes para o homem, principalmente como 
pentavalentes (As5+ ou arsenato) e trivalentes (As3+ 
ou arsenito). A forma gasosa do arsênio, denominada 
arsina (AsH3), é um agente hemolítico de alta potência.
Vale considerar que a exposição aos compostos inorgânicos de arsênio 
pode ocorrer devido à ingestão de água potável e alimentos (frutos do mar) 
contaminados. A exposição ocupacional ao arsênio, no entanto, ocorre na fa-
bricação de produtos agrícolas, como herbicidas e praguicidas. Além disso, o 
arsênio também pode ser produzido pela queima de carvão e pela mineração.
Dessa forma, o arsênio pode ser absorvido pelas vias pulmonar, gastrin-
testinal e dérmica. Uma vez absorvido, ele passa para a corrente sanguínea 
e atinge diversos órgãos, principalmente o fígado, rins, músculos e cérebro. 
Também capaz de se acumular na pele, cabelos e unhas, o arsênio se liga 
aos grupos sulfi drilas (-SH) presentes nos tecidos queratinizados. Seu me-
tabolismo ocorre por metilação, principalmente no fígado, resultando na 
produção de dois metabólitos, o ácido monometilarsênico (AMM) e o áci-
do dimetilarsênico (ADM). Esses metabólitos, juntamente com o arsênio 
residual, são eliminados pela urina.
Os compostos arseniacais exercem seus efeitos tóxicos por meio de múl-
tiplos mecanismos. O mecanismo de toxicidade do As5+ está relacionado à 
substituição do fosfato pelo arsenato na bomba de sódio e no sistema de 
transporte de íons dos eritrócitos humanos. Assim, o arsênio exerce seus 
efeitos tóxicos por meio de várias vias metabólicas. Ressalta-se ainda que a 
arsenólise, um mecanismo caracterizado pela diminuição da síntese de ATP, 
é causada pela interação entre o arsênio e a enzima gliceraldeído-3-fosfato. 
Além disso, o arsênio pode induzir estresse oxidativo e alterações na expres-
são gênica e na comunicação celular. Já o mecanismo de toxicidade do As3+ 
acontece por sua interação com grupos funcionais específi cos em enzimas, 
receptores ou coenzimas, tais como tióis ou sulfi drilas.
TOXICOLOGIA 48
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 48 04/02/2021 11:20:35
A intoxicação aguda ocorre após a ingestão acidental, suicida ou deliberada. 
Minutos a horas após a exposição a altas doses de arsênio, pode surgir uma 
série de sinais e sintomas que afetam muitos sistemas. Os efeitos gastrintesti-
nais mais comuns são náuseas, vômito, diarreia e dor abdominal. Sabe-se que 
o derrame capilar difuso e a perda gastrintestinal de líquidos podem provocar 
gastrenterite hemorrágica, hipotensão, taquicardia, choque e morte. Já os efei-
tos cardiopulmonares, como a miocardiopatia congestiva, edema pulmonar car-
diogênico ou não cardiogênico, arritmias e intervalo de QT prolongado, podem 
aparecer imediatamente ou após algumas semanas. Além disso, a acidose me-
tabólica e rabdomiólise são efeitos cardiovasculares que também podem estar 
presentes. Em relação ao estado mental, é possível observar letargia, agitação 
ou delírio. No entanto, o efeito neurológico mais comum é a neuropatia senso-
rimotora periférica, que pode levar à fraqueza muscular, paralisia e, em casos 
graves, à insuficiência respiratória neuromuscular. O primeiro efeito hematológi-
co é a pancitopenia (leucopenia e anemia), seguido pelo surgimento de pontilha-
dos basofílicos de eritrócitos. O surgimento das linhas de Aldrich-Mee (estrias 
brancas e transversais nas unhas) é um sinal clássico da intoxicação aguda, que 
avança ao longo das semanas e meses.
A intoxicação crônica também pode resultar em sinais e sintomas mul-
tissistêmicos, cujos efeitos incluem fadiga, indisposição, perda de peso, gas-
trenterite, anemia (ocasionalmente megaloblástica) e leucopenia, neuropatia 
sensorimotora periférica, elevação das transaminases hepáticas e insuficiência 
vascular periférica. Dentre as lesões cutâneas mais características estão a hi-
perpigmentação (“pingos de chuva”) e hiperacetose, envolvendo mãos e pés. 
De acordo com a classificação da Agência Internacional de Pesquisa do Câncer 
(IARC), o arsênio é um agente carcinogênico humano conhecido (Grupo 1) tanto 
por ingestão quanto por inalação. Desse modo, o arsênio está associado ao 
desenvolvimento de câncer de pulmão, bexiga, pele (por exemplo, carcinomas 
basocelulares e carcinomas de células escamosas) e até em outras localizações.
O tratamento da intoxicação aguda por arsênio se baseia na descontamina-
ção intestinal e medidas de suporte para controlar a hipotensão, a perda de flui-
dos, a acidose metabólica e outros distúrbios cardiovasculares. A quelação apre-
senta maior eficiência se for realizada minutos após a exposição, utilizando 3 a 5 
mg/kg de unitiol ou dimercaprol (BAL) por via intramuscular a cada quatro a seis 
TOXICOLOGIA 49
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 49 04/02/2021 11:20:35
horas (KATZUNG; TREVOR, 2017). Já na intoxicação crônica, a melhor abordagem 
é a interrupção da exposição, seguida pelos cuidados inespecífi cos de suporte.
Mercúrio
O mercúrio (Hg) é um metal que permanece no estado líquido à temperatu-
ra ambiente. Ele é convertido em três formas primárias: mercúrio elementar 
(mercúrio metálico, Hg0), sais de mercúrio inorgânico (por exemplo, cloreto 
de mercúrio, HgCl2) e mercúrio orgânico (por exemplo, metilmercúrio).
A Figura 1 mostra o movimento do mercúrio no ambiente. De modo geral, 
o mercúrio metálicoé liberado na atmosfera por fontes naturais (por exemplo, 
vulcões) e atividades humanas (por exemplo, queima de combustíveis fósseis). 
Na atmosfera, ele é foto-oxidado a mercúrio inorgânico. Desse modo, as águas 
da chuva capturam o mercúrio oxidado e depositam o elemento no ambiente 
aquático, que é absorvido e biometilado (MeHg2+) pelos organismos marinhos. 
Esses organismos contaminados entram na cadeia alimentar, resultando no 
acúmulo de mercúrio em animais e em seres humanos.
Figura 1. Movimentação do mercúrio no ambiente. Fonte: BRUNTON et al., 2019, p. 1606. (Adaptado).
Vaporização 
(natural ou 
industrial)
Micro-organismos
Hg0 O2, luz
MeHg2+
MeHg2+Hg2+
Hg2+
Chuva
Hg0
TOXICOLOGIA 50
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 50 04/02/2021 11:20:35
CITANDO
“Duas epidemias sérias de envenenamento por mercúrio orgânico ocorre-
ram devido à contaminação ambiental de fontes alimentares. O vazamento 
de resíduos de mercúrio em uma planta química localizada na baía de 
Minamata, no Japão, provocou o acúmulo de mercúrio metílico em peixes 
e frutos do mar. A doença de Minamata resultou em alterações neuro-
lógicas e defeitos de nascimento em milhares de pessoas que residiam 
na área afetada. Da mesma forma, a distribuição de grãos contaminados 
com fungicidas de mercúrio orgânico envenenou aproximadamente 50 mil 
pessoas no Iraque” (LADOU; HARRISON, 2016, p. 476).
O mecanismo de toxicidade do mercúrio está relacionado a sua alta afinidade 
por grupos sulfidrilas de proteínas nas células, que provocam inibição enzimática e 
alterações patológicas em suas membranas.
Os principais sinais e sintomas da intoxicação por mercúrio dependem em grande 
parte, da forma química do metal, bem como da via e da intensidade de exposição.
• Mercúrio elementar: a inalação aguda pode causar tosse, pneumonite inters-
ticial e edema pulmonar não cardiogênico. Os sintomas iniciais incluem fraqueza, 
calafrios, gosto metálico, náuseas, vômitos, êmese, diarreia e dispneia. A exposição 
aguda e crônica apresentam efeitos no SNC similares, como tremores, labilidade 
emocional (irritabilidade, timidez, nervosismo), insônia, perda de memória, atrofia 
muscular, parestesia e déficit cognitivo. Na exposição crônica também é comum 
ocorrer lesão renal, taquicardia, pulso fraco, salivação intensa e gengivoestomatite.
• Sais inorgânicos de mercúrio: a ingestão pode provocar êmese, diarreia e dor 
abdominal. Na exposição aguda pode ocorrer gastrenterite hemorrágica corrosiva, 
necrose tubular renal, proteinúria e insuficiência renal (oligúria). A exposição crônica 
pode levar à toxicidade renal e no SNC.
• Mercúrio orgânico: o SNC é o alvo primário da ação tóxica do metilmercúrio 
(MeHg+), cujos sintomas incluem déficit cognitivo, tremor muscular, distúrbios do 
movimento, ataxia, fala arrastada, parestesias, espasticidade (rigidez do músculo), 
distúrbios visuais e perda de audição. Os efeitos no sistema nervoso são progres-
sivos e podem resultar em paralisia e morte. Em alguns casos, podem ocorrer eri-
trodermia (dermatite esfoliativa), descamação e outras erupções cutâneas. O me-
tilmercúrio tem como principal alvo o SNC e pode atravessar a barreira placentária, 
acumulando-se no feto.
TOXICOLOGIA 51
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 51 04/02/2021 11:20:35
De modo geral, o tratamento da intoxicação por mercúrio é rea-
lizado por cuidados de suporte intensivos e quelação imediata. Os 
agentes quelantes mais indicados são unitiol (via oral ou 
intravenosa), dimercaprol (via intramuscular) e succí-
mero (via oral). Vale ressaltar que tanto a exposição 
aguda quanto a exposição crônica por esse metal 
podem responder às terapias com agentes quelantes.
Figura 2. Efeitos tóxicos relacionados com as concentrações de mercúrio no ar e na urina. Fonte: BRUNTON et al., 
2019, p. 1607. (Adaptado).
A Figura 2 relaciona os efeitos tóxicos de acordo com os níveis de mercúrio 
no ar e na urina.
Chumbo
O chumbo (Pb) é um metal tóxico relacionado à exposição ocupacional em 
atividades de fundição, mineração, soldagem e produção de baterias e cerâmi-
cas. Para crianças, a principal fonte de exposição está relacionada com inges-
tão de lascas de tinta à base de chumbo das casas antigas.
Concentração de mercúrio
Órgão-alvo
Ar (μg/m3) Urina (μg/L)
Efeitos
Efeitos agudos: pneumonite
Eretismo; tremores grosseiros
Gengivite
Síndrome nefrótica
Mercurialentis
Diminuição dos escores de 
inteligência verbal
Alterações do EEG 
(respostas menores 
e atenuadas)
Faixa superior dos níveis urinários normais
Enzimúria
Tremor
Neuropatia periférica
Sistema nervoso
Tecidos orais
Rins
Cristalino
Sistema 
nervoso e rins
Pulmão 1100
500
200
100
50
25
5
TOXICOLOGIA 52
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 52 04/02/2021 11:20:35
A exposição ao chumbo ocorre 
pela ingestão (via gastrointestinal) 
ou inalação (via pulmonar). Vale res-
saltar que as crianças absorvem uma 
quantidade muito maior de chumbo 
ingerido (± 40%) do que os adultos (< 
20%). Após a absorção, o chumbo se 
liga de forma estável à hemoglobina 
e, inicialmente, se distribui aos tecidos 
moles (epitélio tubular renal e fígado). 
Em seguida, ele é redistribuído e pode 
se acumular em compartimentos, como os ossos, dentes e cabelos. 
Além disso, pode atravessar facilmente as barreiras biológicas, 
principalmente a placenta. A excreção do chumbo 
ocorre principalmente pela urina, embora também 
possa ser excretado pela bile, fezes, leite e suor.
A toxicidade do chumbo pode ser mediada 
por diversos mecanismos de ação, tais como: ina-
tivação ou alteração de enzimas e outras macro-
moléculas, interação com cátions essenciais (cálcio, ferro e zinco), inibição de 
enzimas envolvidas na síntese da heme, alteração do sistema neurotransmis-
sor no cérebro (colinérgico, dopaminérgico e glutamatérgico), geração de radi-
cais livres (estresse oxidativo), alteração na expressão gênica e na sinalização 
celular e rompimento de membranas celulares.
De modo geral, o chumbo é considerado um agente tóxico inespecífico, pois 
pode afetar vários sistemas, como o nervoso, hematológico (anemias e ponti-
lhados basofílicos nas hemácias), cardiovascular (hipertensão) e renal (fibrose 
intersticial crônica, hiperuricemia e gota). O Quadro 2 apresenta os principais 
efeitos tóxicos do chumbo, de acordo com nível de chumbo no sangue (NCS) 
em crianças e adultos. É importante ressaltar que a toxicidade do chumbo va-
ria de acordo com a idade, uma vez que as crianças são mais sensíveis a efeitos 
neurológicos e em adultos são observadas neuropatias periféricas, nefropatia 
crônica e hipertensão. O chumbo atravessa facilmente a barreira placentária, 
podendo causar aborto e danos ao SNC do feto.
TOXICOLOGIA 53
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 53 04/02/2021 11:20:36
NCS (μg/dL) Efeitos na saúde
Crianças
< 10
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
.> 10 Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
> 15 Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
> 30 Depressão da velocidade de condução em nervos.
> 40 Anemia.
> 45 Justifi cado o tratamento por quelação.
> 60 Cólicas.
> 70 Encefalopatia.
Adultos
< 10 Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
> 20 Aumento da protoporfi na eritrocitária.
> 30 Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
> 40
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
> 50 Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
> 60 Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
> 100 Encefalopatia.
QUADRO 2. EFEITOS DO CHUMBO DE ACORDO COM A CONCENTRAÇÃO NO SANGUE DE 
CRIANÇAS E ADULTOS
< 10
.> 10.> 10
Inibição do desenvolvimentoneural; perda de audição; aumento da pressão 
> 15
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
> 30
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
> 40
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
> 40
> 45
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
> 45
> 60
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
> 60
> 70
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
> 70
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Anemia.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Anemia.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
atraso na maturação sexual (meninas).
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Cólicas.
Encefalopatia.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
Efeitos imunológicos (aumento de IgE).
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Cólicas.
Encefalopatia.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Cólicas.
Encefalopatia.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Encefalopatia.
Inibição do desenvolvimento neural; perda de audição; aumento da pressão 
arterial; baixa estatura; inibição das enzimas de síntese de hemoglobina; 
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Encefalopatia.
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
Depressão da velocidade de condução em nervos.
Justifi cado o tratamento por quelação.
Aumento da protoporfi rina eritrocitária; diminuição da vitamina D.
< 10< 10
> 20
> 30
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
> 40
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
> 50
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
> 50
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
> 60
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
> 100
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Encefalopatia.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
hemoglobina; diminuição da fi ltração glomerular.
Aumento da protoporfi na eritrocitária.
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Encefalopatia.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
Perda de audição; enzimúria/proteinúria.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Encefalopatia.
Aumento da pressão arterial; Inibição das enzimas de síntese de 
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
níveis de hormônios tireoidianos.
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Encefalopatia.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Encefalopatia.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
Neuropatia periférica (desmielinização segmental e degeneração axonal); 
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
Anemia; nefropatia tubular proximal e glomerulosclerose.
Cólicas; justifi cado o tratamento por quelação.
diminuição da fertilidade; efeitos neurocomportamentais; alteração dos 
 Fonte: BRUNTON et al., 2019. (Adaptado).
Para o tratamento, é importante 
remover a fonte de exposição e reali-
zar as medidas de apoio para aliviar os 
sintomas. O uso de agentes quelado-
res (succímero e unitiol) é recomenda-
do em casos de sintomas agudos por 
intoxicação por chumbo, bem como 
em crianças e adultoscom NCS muito 
elevado (> 45 μg/dL e > 60 μg/dL, respectivamente) (BRUTON, 2019). Os agentes 
quelantes reduzem a concentração de chumbo no sangue e em determinados 
tecidos, além de aumentar sua excreção urinária.
TOXICOLOGIA 54
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 54 04/02/2021 11:20:37
Tratamento e antidotização dos metais pesado
As primeiras medidas de tratamento da intoxicação por metais pesados 
envolvem a remoção da fonte, métodos de descontaminação e medidas de su-
porte para os sintomas. Além disso, podem ser utilizados os agentes quelan-
tes, que são substâncias capazes de formar complexos (quelados) com os me-
tais, normalmente como anéis de cinco ou seis membros. A formação desses 
complexos impede ou reverte a ligação dos metais aos constituintes celulares.
Para obter um tratamento efi ciente, é necessário que o quelante apresente 
algumas características importantes, tais como: ser hidrossolúvel; resistente 
à biotransfomação; alcançar o local de armazenamento do metal; formar um 
complexo estável e atóxico com o metal tóxico; ser facilmente excretável, como 
complexo quelante-metal; e baixa afi nidade pelos metais essenciais, como, por 
exemplo, cálcio e zinco.
Vale ressaltar que o tratamento com quelantes é indicado somente em casos 
de intoxicações agudas, uma vez que pode ocorrer a redução da toxicidade dos 
metais. Entretanto, o uso de quelantes após a exposição crônica não apresenta 
vantagens clínicas, podendo até prejudicar o estado de saúde do paciente.
O ácido etilenodiaminotetracético dissódico cálcico (CaNa2EDTA) é um 
quelante usado no tratamento de intoxicação aguda por chumbo, sendo mais 
efi caz quando associado com o outro agente quelador, conhecido como di-
mercaprol. No entanto, o CaNa2EDTA não é efi caz para o tratamento de intoxi-
cação causada por mercúrio ou arsênico. A administração de CaNa2EDTA por 
via intramuscular (IM) apresenta boa absorção, mas pode ocorrer dor no local 
da aplicação. Outra opção é a administração de CaNa2EDTA diluído em 5% de 
glicose ou 0,9% de soro fi siológico pela via intravenosa (IV), sendo que essa di-
luição é importante para evitar trombofl ebite. Vale ressaltar que 
o uso de CaNa2EDTA pode causar vários efeitos adversos, como 
mal-estar, fadiga, mialgia, cefaleia frontal, anorexia, 
entre outros. Entretanto, o uso repetido de altas 
doses de CaNa2EDTA pode provocar degene-
ração das células renais (túbulo proximal), em 
consequência da quelação de metais essenciais 
como o zinco, o manganês e o ferro.
TOXICOLOGIA 55
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 55 04/02/2021 11:20:37
O dimercaprol, também conhecido como BAL (do inglês, British 
anti-Lewisite), é um agente quelante capaz de formar complexos entre seus 
grupos sulfidrila e os metais que podem, então, ser excretados pela urina e 
pela bile. O dimercaprol é administrado por via parenteral (IM) para tratar de 
intoxicações agudas por arsênio, chumbo, ouro e mercúrio. No entanto, esse 
quelante não é indicado em casos de intoxicação por ferro, cádmio ou selênio, 
uma vez que seus complexos metálicos são mais tóxicos do que o próprio metal 
livre no organismo. Os efeitos adversos do dimercaprol incluem aumento da 
pressão arterial, taquicardia, ansiedade, cefaleia, rinorreia, salivação, conjunti-
vite, sensação de queimação na boca e garganta, entre outros.
O succímero (ácido 2,3-dimercaptossuccínico) é um quelante muito utili-
zado no tratamento de crianças com plumbemia, isto é, quando os níveis de 
chumbo no sangue estão acima de 45 μg/dL. Além disso, o succímero tem 
sido utilizado para o tratamento de adultos intoxicados com chumbo, arsênio 
e mercúrio, mesmo não havendo estudos clínicos que comprovem a eficiên-
cia dessas aplicações. Ele é eficaz pela via oral, não forma complexos com 
metais essenciais e sua natureza hidrofílica impede que os metais alcancem 
o cérebro e entrem nas células. Dessa forma, o succímero apresenta várias 
propriedades mais favoráveis, além de ser muito menos tóxico do que os ou-
tros quelantes.
A penicilamina é um quelante indicado para o tratamento da intoxicação 
por cobre devido à doença de Wilson, além de ser usada em outras intoxica-
ções por metais pesados. No entanto, a ela não é a primeira opção para o tra-
tamento de chumbo, mercúrio ou arsênio, devido a sua maior toxicidade e por 
ser menos potente e seletiva do que as outras opções. A dose habitual de pe-
nicilamina é de 1 a 1,5 g/dia, dividida em 4 doses administradas por via oral. 
Seu uso pode causar lesões cutâneas, desidratação, reações hematológicas 
(leucopenia, anemia aplásica e agranulocitose), nefrotoxicidade (proteinúria e 
hematúria reversíveis), entre outros.
A desferroxamina é uma substância natural isolada da bactéria 
Streptomyces pilosus, que possui afinidade pelo ferro férrico. No entanto, a des-
ferroxamina não elimina o ferro da hemoglobina e dos citocromos.
O Quadro 3 reúne algumas informações importantes para o uso de quelan-
tes no tratamento de intoxicações por metais pesados.
TOXICOLOGIA 56
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 56 04/02/2021 11:20:37
Solventes orgânicos
Os solventes orgânicos fazem par-
te de um grupo de compostos quími-
cos orgânicos, formados por átomos 
de carbono e hidrogênio, cuja princi-
pal propriedade está relacionada à 
capacidade de solubilizar, dispersar 
e diluir outras substâncias em seu 
meio. Diante dessas propriedades, 
os solventes orgânicos passaram a 
ser muito utilizados no meio ocupa-
cional, representando um risco para 
a saúde dos trabalhadores.
Os solventes orgânicos são divididos em classes químicas para facilitar 
os estudos toxicológicos, como está apresentado no Quadro 4.
Quelante Metais primários quelados Orientações
Dimercaprol
Chumbo (Pb)
Mercúrio (Hg)
Arsênio (As)
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
EDTA Chumbo (Pb)
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Desferrozamina Ferro (Fe) Alumínio (Al) Administração por via parenteral.
Penicilamina Cobre, adjuvante para Pb, Hg 
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Succímero Chumbo, adjuvante para Hg, As
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
QUADRO 3. QUELANTES DE METAL PESADO
DimercaprolDimercaprolDimercaprolDimercaprol
Chumbo (Pb)
EDTA
Chumbo (Pb)
Mercúrio (Hg)
EDTA
Chumbo (Pb)
Mercúrio (Hg)
Arsênio (As)
Desferrozamina
Chumbo (Pb)
Mercúrio (Hg)
Arsênio (As)
Desferrozamina
Mercúrio (Hg)
Arsênio (As)
Desferrozamina
Arsênio (As)
Desferrozamina
Penicilamina
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
Chumbo (Pb)
Desferrozamina
Penicilamina
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
Chumbo (Pb)
Penicilamina
Succímero
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
Chumbo (Pb)
Penicilamina
Succímero
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergiaao amendoim, já que é 
Chumbo (Pb)
Ferro (Fe) 
Succímero
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
Ferro (Fe) 
Alumínio (Al)
Cobre, adjuvante para 
Succímero
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
Ferro (Fe) 
Alumínio (Al)
Cobre, adjuvante para 
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
Ferro (Fe) 
Alumínio (Al)
Cobre, adjuvante para 
Chumbo, adjuvante 
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
Alumínio (Al)
Cobre, adjuvante para 
Pb, Hg 
Chumbo, adjuvante 
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
Cobre, adjuvante para 
Pb, Hg 
Chumbo, adjuvante 
para Hg, As
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
Cobre, adjuvante para 
Chumbo, adjuvante 
para Hg, As
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
Cobre, adjuvante para 
Chumbo, adjuvante 
para Hg, As
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
Chumbo, adjuvante 
para Hg, As
Administrado por via parenteral; evitar em 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
Chumbo, adjuvante 
intoxicação por ferro ou cádmio, considerando 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
que o complexo é extremamente hepatotóxico; 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
evitar em intoxicação por metilmercúrio, pois 
facilita a entrada no SNC. Evitar a utilização 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
dissolvido em óleo de amendoim.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
em pessoas com alergia ao amendoim, já que é 
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinaise erupções.
Administrado por via parenteral; o tratamento 
crônico requer períodos “desligados” para 
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
os níveis de chumbo no SNC.
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
possibilitar a redistribuição fora do osso. O uso 
isolado após dimercaprol remove o chumbo do 
compartimento extracelular e pode aumentar 
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
compartimento extracelular e pode aumentar 
Administração por via parenteral.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
resultar em reações alérgicas. 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
Administrado por via oral; utilizado para quelar 
excesso de cobre na doença de Wilson; pode 
Administrado por via oral, causa distúrbios 
gastrintestinais e erupções.
Administrado por via oral, causa distúrbios Administrado por via oral, causa distúrbios 
Fonte: TOY et al., 2015. (Adaptado).
TOXICOLOGIA 57
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 57 04/02/2021 11:20:38
Classe química Exemplos
Hidrocarbonetos alifáticos N-hexano, benzina.
Hidrocarbonetos aromáticos Benzeno, tolueno, xileno.
Hidrocarbonetos halogenados Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-benzeno, cloreto de metileno.
Álcoois Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Cetonas Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éteres Éter isopropílico, éter etílico.
QUADRO 4. CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS SOLVENTES ORGÂNICOS
Hidrocarbonetos alifáticosHidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Hidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Hidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Hidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Hidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Hidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Álcoois
Hidrocarbonetos alifáticos
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Álcoois
Cetonas 
Hidrocarbonetos aromáticos
Hidrocarbonetos halogenados
Álcoois
Cetonas 
Hidrocarbonetos halogenados
Cetonas 
Éteres 
Hidrocarbonetos halogenados
Éteres 
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
N-hexano, benzina.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
N-hexano, benzina.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
N-hexano, benzina.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
N-hexano, benzina.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
N-hexano, benzina.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
N-hexano, benzina.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Benzeno, tolueno, xileno.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
benzeno, cloreto de metileno.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Dicloretileno, tricloretileno, tetracloretileno, monocloro-
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Éter isopropílico, éter etílico.
Metanol, etanol, isopropanol, butanol, álcool amílico.
Metilisobutilcetona, ciclo-hexanona, acetona.
Fonte: OGA, 2014, p. 279. (Adaptado).
Os efeitos tóxicos causados pelos solventes orgânicos podem ser bastante 
variáveis, dependendo das propriedades físico-químicas e dos fatores que po-
dem alterar as fases de intoxicação (exposição, toxicocinética, toxicodinâmica 
e clínica). As propriedades físico-químicas que podem infl uenciar a intensidade 
da exposição e as fases toxicocinéticas dos solventes orgânicos são: lipossolu-
bilidade, coefi ciente de partição óleo/água, grau de ionização, ponto de ebuli-
ção, densidade e velocidade de evaporação.
A absorção (via pulmonar ou cutânea)e a distribuição dos solventes orgâ-
nicos podem sofrer alterações por fatores ambientais, como, por exemplo, a 
temperatura, e por fatores individuais, como a dieta e ingestão de bebidas al-
coólicas. A toxicidade dos solventes orgânicos está relacionada a sua biotrans-
formação, que ocorre principalmente no fígado, mas também pode ocorrer nos 
pulmões, rins, medula óssea, dentre outros locais. Vale ressaltar que o princi-
pal sistema enzimático envolvido na biotransformação dos solventes orgânicos 
é o sistema citocromo P-450. Por fi m, a excreção dos solventes pode ocorrer 
pela urina, na forma inalterada ou como metabólitos.
• Segundo Macedo (2012), as características comuns na toxicidade dos sol-
ventes orgânicos são:
• Efeitos dérmicos devido à extração dos lipídeos da derme;
• Efeitos hepatotóxicos, como a hepatite química, cirrose (na recuperação) e 
metabolismo reduzido de outras substâncias químicas;
• Efeitos nefrotóxicos, como necrose tubular aguda e glomerulonefrite crônica;
• Efeitos neurotóxicos, que podem ser divididos em agudos e crônicos. Os efeitos 
agudos incluem narcose, euforia, agitação, incoordenação motora, ataxia, disartria. 
TOXICOLOGIA 58
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 58 04/02/2021 11:20:38
E os efeitos de forma crônica podem estar relacionados à ocorrência de depres-
são, desempenho psicomotor retardado, alteração da personalidade e défi cit de 
memória recente;
• Toxicidade periférica, podendo causar neuropatia axonal dista associada 
a parestesias sensoriais precoces, como, por exemplo, dormências, perda da 
capacidade de receber estímulos dos músculos e tendões.
Benzeno
O benzeno (Figura 3) é usado como solvente e como intermediário na sín-
tese de outros produtos químicos, como, por exemplo, a gasolina. Ele também 
é um agente químico empregado em diversas atividades industriais, como pe-
troquímicas e siderúrgicas, que utilizam carvão mineral. Vale ressaltar que, no 
Brasil, o uso do benzeno como solvente industrial foi diminuindo progressiva-
mente, devido à proibição do seu uso pela Portaria Interministerial n. 3 dos 
Ministérios da Saúde e do Trabalho, publicada em 1982.
Figura 3. Estrutura química do benzeno. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/12/2020.
O benzeno pode ser absorvido rapidamente por inalação (via pulmonar) ou 
ingestão (via oral). Parte do benzeno absorvido é excretado na forma inalterada 
pelo ar expirado e uma pequena parte é eliminada pela urina. A metabolização 
do benzeno ocorre principalmente a nível hepático e, em menor proporção, na 
medula óssea. Os metabólitos excretos pela urina são o ácido fenilmercaptúri-
co (AFM), ácido trans, trans-mucônico (ATTM), catecol e hidroquinona.
Benzeno
C6H6
TOXICOLOGIA 59
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 59 04/02/2021 11:20:39
CITANDO
“Em dezembro de 2001, por recomendação da Comissão Nacional Perma-
nente do Benzeno (CNP-Bz), o governo brasileiro decidiu indicar a de-
terminação do ácido trans, trans-mucônico urinário como biomarcador a 
ser utilizado no País, quando da realização da monitorização biológica da 
exposição ocupacional ao benzeno” (OGA, 2014, p. 285).
Os principais efeitos tóxicos relacionados ao benzeno são:
• Intoxicação aguda: depressão do SNC; exposição a 7500 ppm por 30 mi-
nutos que pode ser letal; acima de 3000 ppm pode causar euforia, náuseas, 
problemas locomotores e coma; entre 250 e 500 ppm pode causar vertigem, 
tontura, cefaleia e náuseas. A ação irritante do benzeno pode levar ao desen-
volvimento de edema pulmonar e hemorragias locais;
• Intoxicação crônica: os sintomas iniciais incluem fadiga, palidez, cefa-
leia, perda de apetite e irritabilidade. Lesão da medula óssea (ação mielotó-
xica) e distúrbios hematológicos, como anemia aplástica, leucopenia, panci-
topenia e trombocitopenia e leucemia (doença de Hodgkin, hemoglobinúria 
paroxística noturna, leucemia linfoide crônica, leucemia mieloide crônica e 
mieloma múltiplo).
É importante entender que não existe tratamento específico para as intoxi-
cações agudas ou crônicas com o benzeno. Sendo assim, o tratamento é ape-
nas sintomático, como:
• Lavagem gástrica, sem provocar o vômito, e administração de laxantes, 
em casos de ingestão acidental;
• Se houver depressão respiratória, é recomendado promover respiração 
artificial e oxigenoterapia. Também pode ser administrado cafeína e benzoato 
de sódio para a estimulação dos centros respiratórios;
• Se houver contato com o solvente, é necessário lavar o local contaminado 
com água em abundância;
• Em intoxicações crônicas, são indicadas administração de anti-hemorrági-
co, transfusão de sangue ou transplante de medula.
Os métodos utilizados para avaliar a exposição ambiental e ocupacional do 
benzeno buscam determinar a concentração dessa substância química ou de seus 
metabólitos em amostras biológicas. O Quadro 1 mostra as vantagens e desvanta-
gens dos biomarcadores utilizados para avaliar a exposição ao benzeno.
TOXICOLOGIA 60
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 60 04/02/2021 11:20:39
Fonte: SANTOS et al., 2017. (Adaptado).
Biomarcador Vantagens Desvantagens
Benzeno no ar Específi co e sensível a baixas concentrações no ambiente. Amostra não homogênea.
Benzeno no sangue Biomarcador específi co e sensível.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Benzeno urinário Biomarcador específi co e sensível.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Fenol urinário Biomarcador sensível.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
Ácido trans,
trans-mucônico 
urinário
Apresenta boa correlação 
com benzeno no ar; 
biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
Ácido 
fenilmercaptúrico 
urinário
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
níveis de benzeno.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
de confundimento.
QUADRO 5. VANTAGENS E DESVANTAGENS DE BIOMARCADORES DE EXPOSIÇÃO AO BENZENO
Específi co e sensível a baixas Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Biomarcador específi co 
Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Biomarcador específi co 
Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Biomarcador específi co 
Biomarcador específi co 
Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Biomarcador específi co 
e sensível.
Biomarcador específi co 
Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Biomarcador específi co 
e sensível.
Biomarcador específi co 
e sensível.
Específi co e sensível a baixas 
concentrações no ambiente.
Biomarcador específi co 
e sensível.
Biomarcador específi co 
e sensível.
Biomarcador sensível.
concentrações no ambiente.
Biomarcador específi co 
Biomarcador específi co 
e sensível.
Biomarcador sensível.
Apresenta boa correlação 
Biomarcador específi co 
Biomarcador específi co 
e sensível.
Biomarcador sensível.
Apresenta boa correlação 
Amostra não homogênea.
Biomarcador específi co 
Biomarcador sensível.
Apresenta boa correlação 
com benzeno no ar; 
biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
Biomarcador sensível.
Apresenta boa correlação 
com benzeno no ar; 
biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Biomarcador sensível.
Apresenta boa correlação 
com benzeno no ar; 
biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
específi co da exposição a baixos 
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
Biomarcador sensível.
Apresenta boa correlação 
com benzeno no ar;biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Apresenta boa correlação 
com benzeno no ar; 
biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Apresenta boa correlação 
com benzeno no ar; 
biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
níveis de benzeno.
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
biomarcador sensível 
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
níveis de benzeno.
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
e específi co da exposição a 
baixos níveis de benzeno.
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
níveis de benzeno.
Amostra não homogênea.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
baixos níveis de benzeno.
Ácido sórbico e tabagismo como 
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
níveis de benzeno.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
Ácido sórbico e tabagismo como 
Biomarcador sensível e 
específi co da exposição a baixos 
níveis de benzeno.
Amostra muito heterogênea; 
processo invasivo de coleta.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
específi co da exposição a baixos 
níveis de benzeno.
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
específi co da exposição a baixos 
Apresentado na urina em uma 
pequena fração inalterada.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
Ingestão de determinadas 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
substâncias podem alterar as 
concentrações de fenol da urina.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
concentrações de fenol da urina.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
de confundimento.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
de confundimento.
Ácido sórbico e tabagismo como 
fatores de confundimento.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
de confundimento.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
de confundimento.
Apresenta uma baixa 
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
de confundimento.
concentração na urina; 
tabagismo como fator 
de confundimento.
Tolueno
O tolueno (Figura 4), também co-
nhecido como fenilmetano, metilben-
zeno, monometilbenzeno e toluol, é 
um solvente aromático encontrado 
em agentes de limpeza, colas, coran-
tes, desengraxantes, diluentes, la-
queadores, pesticidas, removedores 
de tintas, tintas de parede e vernizes. 
As principais fontes de exposição ocu-
pacional ao tolueno decorrem da pro-
dução de gasolina e da fabricação de 
coque a partir do carvão. Outras expo-
sições podem ocorrer devido ao uso 
do tolueno como solvente para óleos, 
borracha natural e sintética, resinas, 
carvão, piche, betume e acetilcelulose.
TOXICOLOGIA 61
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Figura 4. Estrutura química do tolueno. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/12/2020.
A absorção do tolueno ocorre principalmente pela via pulmonar (inalação), 
sendo rapidamente absorvido nos primeiros 10 a 15 minutos de exposição. 
Também é possível ocorrer absorção do tolueno pelo trato gastrintestinal, 
como, por exemplo, em casos de ingestão em acidentes de trabalho.
A distribuição do tolueno no organismo é bastante rápida e pode se acumu-
lar em vários tecidos, como cérebro, fígado, medula óssea, tecido adiposo, rins 
e sangue. O tolueno é capaz de atravessar a barreira placentária, atingindo o 
feto, e pode ser excretado pelo leite. A saída do tolueno da corrente sanguínea 
pode ser dividida em três fases:
• Fase inicial ou α: saída do solvente para os tecidos ricamente vasculariza-
dos e apresenta uma t1/2 em torno de 3 minutos;
• Fase rápida ou β: passagem do solvente para os tecidos moles (por exem-
plo, músculo) e apresenta uma t1/2 em torno de 40 minutos;
• Fase lenta ou γ: distribuição do solvente para o tecido adiposo e medula 
óssea e apresenta uma t1/2 em torno de 738 minutos.
Em torno de 80% do tolueno absorvido é metabolizado pelo sistema mi-
crossomal hepático citocromo P-450. A principal via de biotransformação do 
tolueno é a oxidação do grupamento metila, que segue os seguintes passos:
1. Formação do álcool benzílico pela ação do sistema citocromo P-450;
2. Oxidação pela ação do álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase com 
a formação do ácido benzoico;
Tolueno
Hidrogênio
Carbono
C7H8
CH3 CH3
TOXICOLOGIA 62
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3. O ácido benzoico se conjuga com a glicina e em menor proporção com o ácido 
glicurônico, produzindo o ácido hipúrico e benzoilglicuronatos, respectivamente.
O tolueno pode ser excretado inalterado pelo ar exalado (7–14%) ou na for-
ma de ácido hipúrico pela urina (31–80%). Vale ressaltar que a presença de 
ácido hipúrico na urina representa um importante indicador biológico da ex-
posição ao tolueno.
O tolueno é um agente que produz efeitos neurotóxicos e irritantes na pele 
e nas mucosas. Em altas concentrações, também apresenta ações nefrotóxica 
e hepatotóxica. O Quadro 6 resume os principais sinais e sintomas observados 
em exposições agudas e crônicas ao tolueno.
Exposição aguda
Sinais e 
sintomas iniciais
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Severos Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Casos mais graves
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Exposição 
crônica
SNC Demência, encefalopatia crônica, alterações das funções neurodegenerativas.
Outros
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
QUADRO 6. SINAIS E SINTOMAS DA EXPOSIÇÃO AO TOLUENO
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
Dor de cabeça, euforia, fadiga,fraqueza, náusea 
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
e pressão forte no peito.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Dor de cabeça, euforia, fadiga, fraqueza, náusea 
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
distúrbio de visão, paralisia e tremor.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
o indivíduo à morte.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Andar cambaleante, confusão mental, convulsão, 
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Arritmia cardíaca, asfi xia, depressão do SNC e 
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
insufi ciências hepática e renal, que podem levar 
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
funções neurodegenerativas.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Demência, encefalopatia crônica, alterações das 
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Albuminúria, anorexia, astenia, hematúria, uremia, 
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
acidose tubular renal, desequilíbrios acidobásico e 
de eletrólitos, hepatite, hipocalemia e miopatia.
Fonte: OGA, 2014. (Adaptado).
De modo geral, o tratamento da intoxicação por tolueno é sintomático, sen-
do indicado realizar lavagem gástrica, sem induzir vômito em caso de ingestão, 
e lavagem do local, sem usar sabão, se houver contato com a pele.
O ácido hipúrico na urina é um biomarcador usado para avaliar a exposi-
ção ocupacional ao tolueno. Normalmente, as amostras de urina devem ser 
coletadas no fi nal da jornada de trabalho. Vários métodos podem ser usados 
para analisar os ácidos hipúrico, como a cromatografi a líquida de alta efi ciência 
com detector ultravioleta/visível (CLAE-UV/Vis) e a cromatografi a gasosa com 
detector de ionização de chama (CG-DIC). Os valores de referência (VR) na urina 
são de até 1,5 g/g de creatinina e o índice máximo biológico (IBMP) é de 2,5 g/g 
de creatinina.
TOXICOLOGIA 63
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 63 04/02/2021 11:20:41
Xileno
O xileno (dimetilbenzeno) é usado como solvente em vários processos in-
dústrias, como na indústria de couros, fi bras sintéticas, química, papéis, plás-
ticos e tecidos. Esse solventetambém é usado como agente de limpeza, de-
sengordurante e como thinner para lacas e tintas. A composição do solvente é 
formada a partir da proporção dos isômeros orto, meta e para-xileno (Figura 5),
cuja composição é de, aproximadamente, 10 a 20% de ortoxileno; 70% de me-
taxileno; e 20% de paraxileno.
Xileno
Hidrogênio
Ortoxileno Metaxileno Paraxileno
Carbono
Figura 5. Estrutura química dos isômeros do xileno. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/12/2020. 
O xileno é absorvido principalmente pela via pulmonar, sendo considerada 
a de maior importância do ponto de vista ocupacional. No entanto, o xileno tam-
bém pode ser absorvido pela via cutânea, porém em uma velocidade e exten-
são menor, quando comparada com a absorção pulmonar. Vale ressaltar que a 
absorção do xileno pela pele aumenta cerca de três vezes, se ela estiver lesada.
CITANDO
“A absorção pulmonar é rápida e infl uenciada pela atividade física. Dados 
obtidos em indivíduos em repouso, expostos ao solvente, revelam que a 
concentração no ar alveolar atinge o equilíbrio cerca de 10 minutos após o 
início da exposição” (OGA, 2014, p. 291).
TOXICOLOGIA 64
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 64 04/02/2021 11:20:42
Após absorção, o xileno é distribuído rapidamente pelo organismo, acu-
mulando-se naqueles que apresentam maior teor de lipídeos (por exemplo, 
cérebro e tecido adiposo) e nos órgãos mais irrigados (por exemplo, fígado e 
rins). Assim como os outros solventes aromáticos, o xileno também é capaz de 
atravessar a barreira placentária e pode estar presente no leite materno.
A biotransformação consiste na oxidação dos grupamentos metilas para 
formar álcoois metilbenzílicos e, posteriormente, ácidos orto, meta e parame-
tilbenzóicos, que, por sua vez, conjugam-se com a glicina para originar o ácido 
metil-hipúrico, excretado pela via urinária.
A ação dos vapores de xileno causa irritação nos olhos, na pele e nas muco-
sas, sobretudo das vias aéreas superiores. No entanto, a principal ação do xile-
no ocorre sobre o SNC, caracterizando o seu potencial neutrotóxico. Segundo 
Oga (2014), os mecanismos de ação neurotóxica do xileno ainda não estão bem 
elucidados, mas algumas hipóteses têm sido discutidas, tais como:
• Ação sobre a membrana das células nervosas, alterando as suas proprie-
dades e a transmissão de impulso nervoso;
• Alteração nos níveis de neurotransmissores e da composição lipídica de 
várias regiões do cérebro;
• Inibição da transmissão gabaminérgica no cérebro.
Em exposições a altas concentrações de xileno, pode ocorrer ação hepato-
tóxica, caracterizada pela presença de vacuolização hepatocelular e aumento 
dos níveis séricos de transaminases. Os principais sintomas provocados pela 
exposição ao xileno incluem:
• Exposição dérmica: dermatite e eczema;
• Intoxicação crônica: cefaleia, conjuntivite, desconforto epigástrico, disp-
neia, distúrbio cardiovascular, fadiga, fotofobia, hemorragia nasal, náusea, so-
nolência, vertigem e vômito;
• Intoxicação grave: coma, confusão mental, morte e narcose.
O tratamento das intoxicações por xileno também é sintomático. 
Desse modo, em caso de contato com o solvente, é recomen-
dado lavar o local contaminado com água e sabão, uma vez 
que o xileno é altamente lipossolúvel, o que dificulta a sua 
retirada apenas com água abundante. Em caso de inges-
tão, é realizada lavagem gástrica sem provocar vômito.
TOXICOLOGIA 65
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 65 04/02/2021 11:20:42
Para detectar a exposição ocupacional ao xileno, podem ser realizados os 
mesmos métodos descritos para a determinação do ácido hipúrico (tolueno). 
Nesse caso, o biomarcador é o ácido metil-hipúrico, que também pode estar 
presente na urina das pessoas expostas ao xileno. O valor estabelecido para o 
índice biológico máximo permitido é de 1,5 g/g de creatinina.
Agentes metemoglobinizantes
Os agentes metemoglobinizantes são substâncias que induzem a 
oxidação de um dos átomos de ferro do grupamento heme presen-
te na hemoglobina, do estado ferroso (Fe2+) para férrico 
(Fe3+), resultando na metemoglobina (MHb). É impor-
tante entender que a MHb não possui afi nidade pelo 
oxigênio, gás carbono e monóxido de carbono, po-
rém apresenta grande afi nidade por ânions (por exem-
plo, fl uoreto, cloreto e cianeto). Assim, a metemoglobina é incapaz de transpor-
tar oxigênio, induzindo uma anemia funcional e agravando a hipóxia celular.
Os agentes metemoglobinizantes podem ser divididos em dois grupos:
• Oxidantes diretos: reagem diretamente com a hemoglobina para formar MHb.
• Oxidantes indiretos: reagem com o oxigênio ou água, formando o radical 
superóxido ou peróxido de hidrogênio, respectivamente.
O Quadro 7 apresenta alguns exemplos de agentes metemoglobinizantes e 
alguns de seus usos.
Substância Uso industrial
Anilina Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Cloratos Fogos de artifício.
Dimetilanilina Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Dinitrobenzeno Corantes, celuloides, explosivos.
Nitrobenzeno Derivados da celulose, paracetamol.
Óxido nítrico Ácido nítrico, presente em gases de solda.
QUADRO 7. ALGUNS AGENTES METEMOGLOBINIZANTES E SEUS USOS INDUSTRIAIS
AnilinaAnilinaAnilina
Cloratos
Dimetilanilina
Cloratos
Dimetilanilina
Dinitrobenzeno
Cloratos
Dimetilanilina
Dinitrobenzeno
Dimetilanilina
Dinitrobenzeno
Nitrobenzeno
Dimetilanilina
Dinitrobenzeno
Nitrobenzeno
Óxido nítrico
Dinitrobenzeno
Nitrobenzeno
Óxido nítrico
Nitrobenzeno
Óxido nítrico
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Óxido nítrico
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fogos de artifício.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fogos de artifício.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fogos de artifício.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fogos de artifício.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fogos de artifício.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fogos de artifício.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Corantes, fármacos, praguicidas, borracha.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Fibra de vidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Corantes, celuloides, explosivos.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Fibra devidro, antibióticos, vanilina, corantes.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Derivados da celulose, paracetamol.
Ácido nítrico, presente em gases de solda.Ácido nítrico, presente em gases de solda.Ácido nítrico, presente em gases de solda.
Fonte: OGA, 2014. (Adaptado).
TOXICOLOGIA 66
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 66 04/02/2021 11:20:42
De modo geral, os sinais e sintomas se correlacionam com os níveis de me-
temoglobina encontrados no sangue. A apresentação clínica causada pela re-
dução de oxigênio sanguíneo e hipóxia celular inclui dor de cabeça, tontura e 
náuseas. Em casos mais graves, pode progredir para um quadro de dispneia, 
confusão, convulsão e coma.
Por outro lado, níveis mais baixos de metemoglobina (< 15 a 20%) não cau-
sam comprometimento relevante para o paciente e costumam se resolver 
espontaneamente. O Quadro 8 descreve alguns sinais e sintomas, conforme o 
nível de metemoglobina.
Nível de metemoglobina* Sintomas típicos
< 15% Normalmente assintomático.
15–20% Cianose, sintomas brandos.
20–45% Cianose marcada, sintomas moderados.
45–70% Cianose grave, sintomas graves.
> 70% Normalmente letal.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
QUADRO 8. NÍVEIS DE METEMOGLOBINA
< 15%< 15%
15–20%
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
15–20%
20–45%
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
20–45%
45–70%
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
20–45%
45–70%
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
45–70%
> 70%
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
> 70%
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Normalmente assintomático.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Normalmente assintomático.
Cianose marcada, sintomas moderados.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Normalmente assintomático.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
Normalmente assintomático.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
Normalmente assintomático.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
Normalmente assintomático.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
Normalmente assintomático.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
Normalmente assintomático.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
Normalmente letal.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
Normalmente assintomático.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
Normalmente letal.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
proporcional inferior.
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
Normalmente letal.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Cianose, sintomas brandos.
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
Normalmente letal.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
Normalmente letal.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
Normalmente letal.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Cianose marcada, sintomas moderados.
Cianose grave, sintomas graves.
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
*Essas porcentagens representam concentrações de hemoglobina total na faixa normal. 
A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia A anemia concomitante poderá levar a sintomas mais graves no caso de metemoglobinemia 
Fonte: OLSON, 2014, p. 320. (Adaptado).
Anilina
A anilina é um líquido oleoso utilizado como matéria-prima no processo de 
fabricação de muitos compostos,como, por exemplo, corantes, fármacos, pro-
dutos oxidantes e aceleradores para indústria da borracha, produtos químicos 
para fotografi a e pesticidas (fungicidas e herbicidas).
A anilina pode ser absorvida pelas vias gastrintestinal, cutânea e 
pulmonar. Na exposição ocupacional, a absorção ocorre prin-
cipalmente pela pele (75%), por meio da penetração dos 
vapores ou do contato com o líquido. Vale ressaltar que 
a umidade e a temperatura são fatores que podem in-
fl uenciar na absorção cutânea.
TOXICOLOGIA 67
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 67 04/02/2021 11:20:43
A biotransformação da anilina ocorre no fígado, e os mecanismos podem 
ser variados, como:
• Hidroxilação do anel aromático: produz aminofenóis que se conjugam 
com sulfato e glicuronídeo para serem eliminados na urina;
• N-oxidação pelo citocromo P-450: produz fenilidroxilamina, que é captada 
pelos eritrócitos, é oxidada a nitrosobenzeno, com formação concomitante de MHb.
A eliminação da anilina pode ocorrer na forma inalterada e em pequenas 
quantidades, pelo ar exalado e na forma de p-aminofenol na urina.
A toxicidade da anilina está relacionada com a fenilidroxilamina, uma vez 
que o processo de oxidação promove a geração de radicais livres capazes de 
reagir com o oxigênio, gerando espécies ativas que oxidam o ferro e formam a 
MHb. Os principais efeitos tóxicos da exposição à anilina são:
• Exposição aguda: cefaleia, fraqueza, tontura, ataxia, dispneia de esforço, 
vômito e irritação ocular;
• Exposição crônica: cirrose hepática, atrofi a hepática e depressão do sis-
tema nervoso central.
O tratamento pode ser realizado com fármacos específi cos e antídotos. Em ca-
sos com níveis de metemoglobina superiores a 20% é indicado administrar azul 
de metileno, 1 a 2 mg/kg, por alguns minutos. No entanto, o azul de metileno 
pode ser contraindicado ou não ser efi ciente, sendo necessária a realização de 
transfusão de reposição. Além disso, também é possível utilizar ácido ascórbico 
para reverter a metemoglobina, porém é pouco utilizado em casos agudos devido 
a sua ação lenta.
CITANDO
“O azul de metileno poderá piorar ligeiramente a metemoglobinemia 
quando administrado em quantidades excessivas; em pacientes com 
defi ciência de G6PD, ele poderá agravar a metemoglobinemia por meio de 
via metabólica” (OLSON, 2014, p. 321).
Nitrobenzeno
O nitrobenzeno é um líquido oleoso utilizado na produção de ésteres e ace-
tatos de celulose, além de ser um intermediário na síntese do paracetamol.
TOXICOLOGIA 68
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 68 04/02/2021 11:20:43
A absorção do nitrobenzeno ocorre principalmente pelas vias respiratórias 
e dérmicas. Nesse caso, a via dérmica não sofre influência da temperatura, 
porém a umidade relativa do ar pode facilitar a absorção. Os processos envol-
vidos na biotransformação dos nitrobenzenos são:
• Hidroxilação aromática direta com produção de dinitrofenóis;
• Redução da anilina, por meio das nitrorredutases, resultando na produção 
de aminofenóis.
O nitrobenzeno é excretado na forma de produtos da biotransformação 
pela urina, ou seja, na forma de p-nitrofenol (15% da quantidade absorvida) e 
p-aminofenol (menos de 10%). Vale ressaltar que o nitrobenzeno pode se acu-
mular no organismo após exposições repetidas. 
Em relação à toxicidade, o nitrobenzeno é mais potente para produzir mete-
moglobinemia e anemia, quando comparado com os efeitos adversos da expo-
sição à anilina. Já na exposição ocupacional, pode ocorrer anemia associada a 
efeitos neurotóxicos (vertigem, cefaleia e náuseas), hepatotóxicos (bilirrubina e 
hepatomegalia), irritação nos olhos, dermatite de contato e metemoglobinemia.
TOXICOLOGIA 69
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 69 04/02/2021 11:20:43
Sintetizando
Como visto nessa unidade, os metais pesados podem representar diferen-
tes riscos à saúde. Esses riscos dependem de uma série de fatores relacionados 
à concentração, ao tempo de exposição e à via de introdução.
Em um desastre ambiental, como o rompimento da barragem de uma mi-
neradora, é possível que a população fique exposta a vários tipos de metais 
pesados ao mesmo tempo. Sendo assim, os efeitos tóxicos podem variar desde 
lesões cutâneas até alterações neurológicas e respiratórias.
A maior preocupação para o homem é o arsênio no estado da oxidação 
pentavalente (As5+) e trivalente (As3+). As fontes de exposição podem ser pela 
água de consumo contaminada, alimentos, atividades ocupacionais, dentre 
outros. A exposição ao arsênio está relacionada com o aumento do risco de 
câncer e com outras patologias, que incluem doenças cutâneas, alterações he-
matológicas e neuropáticas periféricas.
O mercúrio é um metal pesado que pode apresentar-se em formas inorgâ-
nicas e orgânicas. Sua ingestão pode ocorrer por pescados contaminados por 
metilmercúrio, que é uma das formas mais tóxicas do mercúrio. O consumo de 
metilmercúrio pode causar, principalmente, danos no SNC que afetam as áreas 
sensoriais e de coordenação.
O chumbo é um metal não essencial altamente tóxico, sendo que a sua dis-
tribuição no meio ambiente está relacionada às atividades humanas, como, por 
exemplo, a exploração mineira de combustíveis fósseis. A exposição ao chumbo 
pode causar toxicidade em vários sistemas biológicos, provocando alterações 
gastrintestinais, neurológicas, cardiovasculares, hematológicas e nefrotóxicas.
Geralmente, o tratamento e antidotização da intoxicação por metais pesa-
dos necessita do uso de quelantes, que são substâncias que formam comple-
xos estáveis com os metais. Os quelantes mais utilizados são o ácido 
etilenodiaminotetracético, demiercaprol, succímero, penicilamina, 
entre outros.
Os solventes orgânicos são substâncias químicas 
orgânicas, classificadas em: hidrocarbonetos alifáti-
cos, hidrocarbonetos aromáticos, hidrocarbonetos 
halogenados, álcoois, cetonas e ésteres.
TOXICOLOGIA 70
SER_FARMA_TOXICO_UNID2.indd 70 04/02/2021 11:20:43
Alguns solventes orgânicos podem desencadear uma série de efeitos tó-
xicos ao organismo exposto. O benzeno causa efeitos relevantes no sistema 
hematopoiético, como anemia aplástica e indução de leucemia. O tolueno é um 
depressor do SNC e causa desordem cognitiva crônica. O xileno é um irritante 
das membranas mucosas, principalmente dos olhos e pele (dermatite).
Por fim, vimos que os agentes metemoglobinizantes são substâncias que 
promovem a oxidação do ferro na hemoglobina. Assim, a formação de MHb 
por substâncias químicas pode causar diversos efeitos tóxicos. Geralmente, o 
quadro agudo é caracterizado por cefaleia, dor de cabeça, tontura e náuseas. 
Em casos mais graves, pode ocorrer dispneia, confusão, convulsão e coma.
A anilina é um composto orgânico utilizado na síntese de corantes, fárma-
cos, praguicidas e borracha. A ação tóxica da anilina é atribuída ao fenilidroxi-
lamina, que é o produto da sua N-oxidação. Os sinais e sintomas que podem 
aparecer incluem cefaleia, fraqueza, tontura, ataxia, dispneia de esforço, vômi-
to e irritação ocular. Já o tratamento pode ser realizado com a administração de 
azul de metileno e ácido ascórbico. Contudo, vale ressaltar que o nitrobenze-
no é um agente metemoglobinizante considerado mais potente para provocar 
anemia e metemoglobinemia do que a anilina.
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TOXICOLOGIA 72
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TOXICOLOGIA SOCIAL 
3
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Compreender o conceito da toxicologia social; 
 Definir conceitos básicos e mecanismos de ação das drogas de abuso;
 Entender a toxicocinética do metanol, dos opiáceos e opioides e do etanol e 
inalantes;
 Entender a toxicodinâmica do metanol, dos opiáceos e opioides e do etanol e 
inalantes;
 Conhecer sinais e sintomas de intoxicação por drogas de abuso;
 Entender formas de tratamento à intoxicação.
 Metanol
 Toxicocinética
 Toxicodinâmica
 Sinais e sintomas
 Tratamento e antidotização
 Toxicologia social e medica-
mentos
 Classificação das drogas que 
causam dependência
 Dependência, tolerância e 
síndrome de abstinência
 Estimulantes
 Depressores do SNC
 Opiáceos e opioides
 Mecanismo de toxicidade
 Sinais e sintomas
 Tratamento
 Etanol e inalantes
 Mecanismo de toxicidade
 Tratamento 
TOXICOLOGIA 74
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Metanol
O metanol é um álcool muito utilizado pela indústria como matéria-prima 
para a produção de diversos produtos 
que fazem parte do nosso cotidiano, 
como pesticidas, solventes e combus-
tíveis. Por muito tempo, ele foi obtido 
pela destilação da madeira, conheci-
do, por isso, como álcool da madeira. 
Foi descoberto no século XVII e, com o 
tempo, passou a ser considerado uma 
das matérias-primas mais utilizadas 
na indústria química.
Como a destilação da madeira tor-
nou-se fi nanceiramente inviável, fo-
ram desenvolvidas outras formas de 
obter o metanol, e atualmente esse ál-
cool é obtido a partir do gás de síntese 
produzido do gás natural. Conhecido, 
também, como álcool metílico ou hi-
drato de metilo, sua fórmula química 
é representada por CH3OH. É um líquido em temperatura ambiente, incolor, 
muito volátil e com odor leve, considerado, portanto, parte do grupo de sol-
ventes orgânicos.
De acordo com órgãos ambientais, o metanol é o solvente orgânico mais 
liberado no ambiente. Pode ser produzido por reações naturais ou 
até mesmo por meio do metabolismo de substâncias ingeridas 
pelo ser humano.
O metanol pode ser absorvido pelas mais diversas 
vias (oral, respiratória e cutânea) e depois é biotrans-
formado (Diagrama 1). A maior parte que se mantém 
biodisponível é oxidada e gera, como metabólitos, 
formaldeído e ácido fórmico, que são considerados 
os responsáveis pela sua toxicidade.
TOXICOLOGIA 75
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Os efeitos tóxicos causados por esses metabólitos são, principalmente, atri-
buídos ao ácido fórmico, que, em níveis elevados, causa acidose metabólica. Já 
o formaldeído pode reagir causando degradação de proteínas, membranas e 
ácidos nucleicos.
Esses efeitos exercidos sobre o sistema nervoso central (SNC), especifica-
mente nos nervos ópticos, são atribuídos à neurite óptica, seguida de atrofia 
do nervo óptico, que ocorre pelo acúmulo de formato na retina e humor vítreo. 
Outros efeitos encontrados são a irritação das mucosas e, em contato com a 
pele, o ressecamento.
Os sinais e sintomas atribuídos à exposição ao metanol variam de irrita-
ção da pele, dor de cabeça, fadiga, náuseas e vômitos, em exposição aguda; à 
eritema e lesões no nervo óptico que podem levar à perda total da visão, em 
exposição crônica.
Aldeído 
desidrogenase
Álcool 
desidrogenase
Ácido fórmico (CH2O2)
Formaldeído (CH2O)
Álcool metílico (CH3OH)
DIAGRAMA 1. BIOTRANSFORMAÇÃO DO METANOL NO CORPO HUMANO
TOXICOLOGIA 76
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A intoxicação por metanol é considerada uma emergência médica. Antiga-
mente, era tratada em casa com a ingestão de grandes quantidades de bebidas 
alcoólicas, pois o álcool etílico liga-se facilmente ao ácido fórmico, facilitando 
a excreção do metabólito pela urina. No entanto, atualmente, o tratamento é 
realizado em unidade de saúde por meio de injeção de antagonistas competiti-
vos da desidrogenase, que se ligam ao metanol e aos seus metabólitos, garan-
tindo que não ocorra a biotransformação.
Toxicocinética
A absorção do metanol pode ocorrer por ingestão, por via respiratória e via trans-
dérmica. Qualquer que seja a via de exposição, a toxicidade será a mesma, desde que 
os níveis tóxicos sejam alcançados. A diferença está no tempo de absorção, pois en-
quanto o processo através do trato gastrointestinal ocorre rapidamente, alcançando 
o nível sérico de 30 a 60 minutos após a ingestão, a absorção pelas outras vias é um 
processo muito mais lento.
Após a absorção, a distribuição do álcool no corpo acontece de forma uniforme, 
de acordo com a quantidade de água presente em cada órgão. O metabolismo do 
metanol ocorre principalmente no fígado e, em raras vezes, no pulmão. Quando entra 
no corpo humano, o álcool metílico sofre oxidação, gerando os metabólitos metanal e 
ácido metanoico (ácido fórmico), de acordo com a reação mostrada na Figura 1:
1º etapa: oxidação do álcool e aldeído 
(metanol e matanal)
Metanol Diol gêmino 
(instável)
Metanal Água
H HH H H H HOH
O
[o] O OO
H H
δ-1 δ-1δ-2 δ-2δ+1 δ+1
H H
c c c
2º etapa: oxidação do metanal e 
ácido metanoico
[o]
KMnO4 /H3O+
HOH(ℓ)
O O
H H
H OH
C C
Figura 1. Reação de oxidação do metanol em ácido metanoico. Fonte: FOGAÇA, s. d. (Adaptado).
TOXICOLOGIA 77
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No fígado, o metanol sofre a ação da enzima álcool desidrogenase (ADH), que gera 
o formaldeído. Este, por sua vez, sofre a ação da enzima aldeído desidrogenase e é 
convertido em ácido fórmico, que sob ação do tetra-hidrofolato (THF) será transfor-
mado em CO2 e H2O, para assim ser excretado (ZAMBON, 2013).
DIAGRAMA 2. ESQUEMATIZAÇÃO DA REAÇÃO DE BIOTRANSFORMAÇÃO 
ATÉ A EXCREÇÃO DO METANOL
CH3O
Metanol Formaldeído
CH2O
Ácido fórmico
CH2OH2ADH ADH TH CH2 + H2O
Toxicodinâmica
De acordo com o que foi visto anteriormente, sabemos que os responsáveis 
pela ação tóxica do álcool metílico são o formaldeído e o ácido fórmico. O pri-
meiro é responsável por reagir com proteínas da retina, causando toxicidade 
ocular; e o segundo interfere na respiração celular por meio da inibição da enzi-
ma citocromo oxidase, que aumenta a respiração anaeróbica, desencadeando 
a acidose metabólica.
Toxicidade aguda
A reação à exposição aguda ao metanol pode ocorrer por inalação de con-
centrações acima de 2000 ppm de vapores do álcool, o que provoca irritação 
das membranas, distúrbios neurológicos e distúrbios digestivos. Já a exposição 
a concentrações maiores que 25.000 ppm pode ser imediatamente fatal.
A forma mais comum de intoxicação é pelain-
gestão, que é a forma de absorção mais rápida 
pelo trato gastrointestinal, causando os distúr-
bios digestivos, neuropsíquicos e hemodinâmi-
cos. Doses acima de 30 mL podem ser fatais. Em 
casos mais raros, ocorre a intoxicação por contato 
com a pele e, absorvido o metanol, há desengordu-
ramento e dermatite.
TOXICOLOGIA 78
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Sinais e sintomas
O sinal inicial clássico da intoxicação por álcool metílico é a depressão do 
SNC, semelhante ao que ocorre na intoxicação por etanol. Posteriormente, 
ocorre um período de latência, que é inversamente proporcional à quantidade 
de metanol ingerido e pode durar de dez a 30 horas.
Após o período de latência, o paciente desenvolve sintomas digestivos e 
respiratórios: náuseas, vômitos, dores abdominais, adinamia e difi culdade res-
piratória. Com esses primeiros sintomas, surgem também alterações visuais, 
como alucinações visuais, visão turva, dor ocular, fotofobia, diminuição da acui-
dade visual e perda total da visão.
As alterações visuais são acompanhadas da acidose metabólica, que é ca-
racterizada pela hiperventilação e maior depressão do SNC e pode levar ao 
coma e até à morte.
Toxicidade crônica
Após exposições prolongadas ao metanol, por diversas vias, começam a 
surgir efeitos tóxicos no sistema nervoso central, o que leva a lesões no nervo 
óptico que podem ocasionar cegueira, alterações elétricas cerebrais, ateroscle-
rose cerebral e lesões no fígado e no pâncreas.
TOXICOLOGIA 79
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Tratamento e antidotização
O tratamento efetivo da intoxicação por metanol tem relação direta com a 
quantidade de álcool a que o indivíduo foi exposto e à rapidez na procura por au-
xílio médico, pois existem antídotos e tratamentos mais agressivos que viabilizam 
a sobrevivência.
Existem medidas de suporte que devem ser tomadas de início, como corrigir a 
acidose metabólica com bicarbonato de sódio intravenoso e realizar descontami-
nação por lavagem gástrica. Em casos graves, pode-se realizar a hemo-
diálise combinada com o uso do antídoto (HERNANDEZ; RODRIGUES; 
TORRES, 2017).
O etanol e o fomepizol são antídotos indicados. O etanol ain-
da é o mais utilizado no Brasil. A utilização do etanol é indicada 
para saturar a enzima ADH, prevenindo que se formem os 
metabólitos tóxicos e permitindo a eliminação renal do álcool 
metílico inalterado.
CURIOSIDADE
O fomepizol é o antídoto mais indicado para a utilização nesses casos, 
porém como ele não é comercializado no Brasil e necessita ser importado, 
o etanol é a alternativa mais viável.
Toxicologia social e medicamentos
O uso não médico e não terapêutico de drogas e fármacos são a causa de 
inúmeros efeitos danosos à saúde, e a área que estuda esses efeitos é a toxi-
cologia social. É considerado uso não médico de fármacos, os prescritos que 
sejam utilizados por período diferente do indicado na prescrição, ou por outra 
pessoa, podendo, dessa maneira, causar dependência e outros graves proble-
mas tanto ao indivíduo quanto à sociedade.
Historicamente, o uso desses fármacos/ drogas pelo ser humano é ligado à 
busca pela fuga da realidade. Primeiramente, foram utilizados em rituais reli-
giosos (plantas alucinógenas) e, posteriormente, para fi ns recreativos ou medi-
cinais (drogas/ fármacos sintéticos).
TOXICOLOGIA 80
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Inúmeros fármacos e drogas são abordados dentro da toxicologia social, e 
os efeitos causados por eles são extremamente variados e atingem pessoas de 
todas as idades. Além dos danos à saúde e da dependência, o uso desenfreado 
desses fármacos está relacionado à criminalidade e à violência.
Classificação das drogas que causam dependência
As drogas que causam dependência são chamadas, também, de drogas de abu-
so. Apesar da cultura popular utilizar a palavra drogas para designar substâncias 
ilícitas, existem algumas substâncias consideradas lícitas, como a cafeína, etanol e o 
tabaco, que também fazem parte dessa classifi cação.
As drogas de abuso têm uma característica principal que justifi ca a presença de-
las nesse grupo: todas têm potencial de causar dependência. São classifi cadas em:
• Opiáceos: heroína, morfi na, codeína;
• Estimulantes: cocaína, anfetamina, cafeína;
• Depressores do SNC: barbitúricos, benzodiazepínicos, etanol e inalantes; 
• Tabaco: nicotina;
• Cannabis· ∆9-THC;
• Psicodélicos (alucinógenos): LSD, psilocibina, mescalina.
Dependência, tolerância e síndrome de abstinência
Nas últimas décadas, vem acontecendo um aumento signifi cativo da auto-
medicação e do uso de drogas recreativas, e isso se tem tornado um grande 
problema de saúde pública, pois, com esse aumento, também cresce o número 
de pessoas dependentes farmacológicas.
A dependência é uma doença que leva à busca frequente do prazer ou alí-
vio de tensões por meio de drogas, de forma impulsiva, compulsiva e repetitiva, 
caracterizada por alterações psicológicas (mal-estar, aumento da ansiedade e 
depressão) e fi siológicas (sintomas físicos, como a crise de abstinência). 
Um indivíduo dependente perde a capacidade voluntária de controlar o 
consumo da droga. De maneira geral, a maioria das pessoas que fazem uso 
experimental (por curiosidade) de drogas não se torna dependente, porém não 
existe uma forma de saber quem se tornará ou não dependente.
TOXICOLOGIA 81
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De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem alguns cri-
térios diagnósticos utilizados para definir a dependência. Se o indivíduo pos-
suir três ou mais critérios, a qualquer momento, no período de 12 meses, pode 
ser considerado dependente. 
Critérios diagnósticos para definir a dependência
Desejo extremo ou compulsão para consumo da droga.
Dificuldade para controlar o comportamento de consumo (início, término ou dose).
Abandono progressivo de prazeres ou interesses alternativos em favor do uso; e aumento do 
tempo necessário para obter, consumir ou recuperar-se de seu efeito.
Persistência do uso a despeito de clara evidência de consequências nocivas.
Estado de abstinência, ou consumo de fármaco/ droga para alívio dos sintomas de abstinência.
Evidência de tolerância.
QUADRO 1. CRITÉRIOS DEFINIDOS SEGUNDO A CID-10 (CLASSIFICAÇÃO ESTATÍSTICA 
INTERNACIONAL DE DOENÇAS E PROBLEMAS RELACIONADOS COM A SAÚDE), CLASSIFICAÇÃO 
BASE DA FAMÍLIA INTERNACIONAL DE CLASSIFICAÇÕES DA OMS (WHO-FIC). 
Fonte: WHO, 1993, n.p.
O consumo constante de fármacos/ drogas faz o organismo adaptar-se, pro-
duzindo uma série de modificações no cérebro que dificultam a ação das dro-
gas. Assim, o organismo entende a necessidade de aprimorar o metabolismo e 
excreção da substância.
Essas adaptações levam o organismo a apresentar sinais e sintomas na au-
sência das drogas, o que faz com que desenvolva a capacidade de adaptar-se à 
presença das drogas e manter o funcionamento relativamente normal. Dessa 
maneira, uma concentração maior de fármaco será necessária para causar os 
efeitos que eram obtidos nas primeiras exposições. Essa resposta é conhecida 
como tolerância. A tolerância é uma adaptação do organismo, tão intensa, que 
o corpo passa a não funcionar normalmente na ausência da droga, o que resul-
ta na síndrome de abstinência.
TOXICOLOGIA 82
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As mesmas alterações que levaram à tolerância resultam na hiperexcitabi-
lidade do organismo (um sistema rebote, que causa tremores, irritabilidade, 
sonolência e até alucinações e convulsões). As características da síndrome de 
abstinência dependem da farmacologia de cada droga, ou seja, podem apre-
sentar-se de diferentes formas para diferentes drogas.
É necessário destacar que a tolerância e a síndrome de abstinência não 
têm relação direta com a dependência, pois um indivíduo pode desenvolver 
as duas e não ser dependente, ou ser dependentee não apresentar tolerância 
ou abstinência.
Estimulantes
Os estimulantes são as drogas que são capazes de induzir estados alte-
rados de consciência, causando euforia por meio da estimulação do sistema 
nervoso central (SNC). Entre os fármacos considerados estimulantes, existem 
alguns que, apesar de terem essas características, não são usados, necessa-
riamente, com essa fi nalidade. Por isso, nessa categoria, destacam-se a cocaí-
na e os anfetamínicos.
Cocaína
A cocaína é extraída da planta do gênero Erytroxylum, vulgarmente 
conhecida como coca. Duas espécies dessa planta são utilizadas na pro-
dução de fármacos, sendo a novogranatense produzida legalmente para 
a produção de anestésico local e chás. Já a coca é cultivada ilegalmen-
te para a produção de pasta de coca, que é utilizada para tráfi co e, poste-
riormente, produção de cloridrato de cocaína – esta substância é 
uma amina terciária, éster de ácido benzoico e ecgonina, uma 
base aminoálcool.
A cocaína, na forma de pó, é preparada dissolvendo o 
alcaloide em ácido hidroclórico, formando o hidrocloreto 
de cocaína (COC.HCl), que é um sal hidrossolúvel e pode 
ser ingerido, aspirado ou diluído em água. Na forma 
de pasta, sulfato de cocaína, a droga pode ser fumada. 
Existe, ainda, o crack, que é extraído do hidrocloreto de 
cocaína com o uso do éter, e é também fumado.
TOXICOLOGIA 83
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Toxicocinética da cocaína
As principais vias de introdução da cocaína são: intranasal, oral, intrave-
nosa e respiratória. As vias de introdução são fundamentais para entender a 
velocidade de absorção e os níveis plasmáticos da droga.
O crack e a pasta de cocaína são fumados, e a velocidade de absorção, 
pico de concentração, duração e intensidade dos efeitos são semelhantes à 
administração intravenosa, pois alcança a corrente sanguínea de forma mui-
to rápida por meio da absorção pelos alvéolos pulmonares.
Tanto a via intravenosa quanto a respiratória têm cinéticas muito seme-
lhantes, e a diferença entre o início dos efeitos entre as duas varia em ques-
tão de dois segundos a cinco minutos. Na via inalatória, chega-se a levar 15 
minutos para aparecerem os primeiros efeitos.
Quando absorvida, a cocaína liga-se às proteínas plasmáticas. A substân-
cia tem mais afinidade pela α-1-glicoproteína ácida, e menor afinidade pela 
albumina. Após a absorção, o complexo cocaína-proteína é acumulado no 
fígado, afinidade esta que pode ocorrer devido à presença de receptores he-
páticos específicos. Por seu caráter lipofílico, atravessa facilmente a barreira 
hematoencefálica e pode também ser sequestrada por adipócitos (Figura 2).
Colinesterases
Carboxilesterases
Éster metilecgonina
Éster metilanidroecgonina
Butirilcolinesterase
Éster etilanidroecgonina
Cocaetileno
Norcocaína
n-hidroxinorcocaína
Anidroecgonina
Citocromo P-450
Ecgonina
Benzoilecgonina
Colinesterases
Pirólise
Etanol
Etanol
Cocaína
N
CH3
COOH
OH
N
CH3
COOCH3
OH
N
CH3
COOC2H5
N
CH3
COOC2H5
Oco
N
CH3
COOCH3
N
CH3
COOH
N
CH3
COOH
Oco
N
CH3
COOCH3
Oco
N
CH3
Oco
N
H
COOCH3
Oco
Figura 2. Produtos da biotransformação, pirólise e transesterificação da cocaína. Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008, p. 359.
TOXICOLOGIA 84
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Primeiramente, a cocaína é metabolizada em éster metilecgonina e ben-
zoilecgonina, o que representa, em média, 75 a 90 % do metabolismo des-
sa droga, substâncias estas eliminadas basicamente pelos rins. Em menor 
quantidade, são formados os metabólitos ecgonina e norcocaína. Enquanto a 
benzoilecgonina é formada por hidrólise não enzimática, a éster metilecgoni-
na sofre a ação das colinesterases (enzimas hepáticas e séricas), e, por meio 
do sistema oxidase de função mista hepática, a cocaína sofre desmetilação, 
formando norcocaína.
Toxicodinâmica da cocaína
O uso da cocaína gera um aumento temporário das concentrações de 
dopamina e de norepinefrina. No SNC ocorre a ligação da cocaína aos sítios 
transportadores de dopamina, o que acarreta um bloqueio da receptação da 
dopamina nas fendas sinápticas. 
Existem duas famílias de receptores dopaminérgicos ativos na toxicodinâ-
mica da cocaína. Em uma família enquadra-se o tipo 2 (D2), que causa euforia; 
e, em outra, o tipo 1 (D1), que inibe esse efeito. Com o uso crônico da droga 
ocorre, no cérebro, um aumento significativo de receptores D1 e redução de 
D2, o que passa a dificultar a ação de euforia da cocaína, levando ao aumento 
da dose para aumento da sensação.
Sinais e sintomas ligados à cocaína
Os sinais e sintomas da intoxicação aguda por cocaína incluem psicoses, 
convulsões, arritmias ventriculares, hiperpirexia severa e distúrbios respira-
tórios. Na intoxicação crônica, observam-se sinais como distúrbios psiquiátri-
cos, respiratórios e cardiovasculares.
Entre os distúrbios psiquiátricos, destaca-se a euforia, hipervigilância, 
energia e autoconfiança. É comum, também, o comportamento imprudente, 
agressivo e senso de poder.
Tratamento ligado à cocaína
A intoxicação por cocaína é tratada com o aparecimento dos sintomas, 
porém, inicialmente, é necessário realizar procedimentos de suporte, como 
oxigenação e proteção de vias aéreas. Após o procedimento de suporte, de-
ve-se lidar com as complicações conforme ocorrerem. Indivíduos com sin-
tomas psicóticos ou excesso de agitação podem ser tratados com benzodia-
zepínicos.
TOXICOLOGIA 85
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Anfetamínicos
O grupo de fármacos formados pela anfetamina e seus derivados é co-
nhecido como anfetamínicos, quimicamente representados pelo esqueleto 
básico da β-fenetilamina (Figura 3).
Figura 3. Esqueleto básico da β-fenetilamina e seus derivados. Fonte: SEBBEN, 2007, p. 15.
Os anfetamínicos são conhecidas drogas de abuso, principalmente no 
ambiente de trabalho. No Brasil, são muito utilizadas por caminhoneiros 
para enfrentar longas viagens mesmo cansados. As anfetaminas permitem 
um maior desempenho mental e a manutenção da vigília prolongada. Apre-
sentam uma vantagem sobre a cocaína: o efeito de estimulação do SNC por 
mais tempo.
TOXICOLOGIA 86
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O estímulo do SNC leva ao aumento da atividade motora, melhoria do hu-
mor e aumento do limiar de fadiga. Outro efeito causado por anfetaminas é a 
ação anorexígena, o que acarreta o uso para controle da obesidade, e, assim, 
há o aumento no abuso dessa droga.
Toxicocinética dos anfetamínicos
O uso da anfetamina pode ser realizado por via oral, intranasal, pulmonar 
ou injetado. A absorção da anfetamina ocorre rapidamente pelo trato gas-
trointestinal. Após a ingestão de aproximadamente 15 mg, os níveis séricos 
são alcançados em até duas horas. A distribuição ocorre de forma generaliza-
da, mas existem estudos que indicam que ocorre rapidamente no cérebro, e 
as altas concentrações no cérebro estariam ligadas ao transporte diferencia-
do pela barreira hematoencefálica.
Durante a biotransformação (Figura 4), a maioria dos anfetamínicos é 
transformada em anfetamina e metanfetamina, e isso ocorre principalmente 
no fígado. As principais vias de biotransformação são a hidroxilação aromáti-
ca, β-hidroxilação na cadeia lateral, desaminação oxidativa, N-desalquilação, 
N-oxidação e conjugação com átomo de nitrogênio.
Metanfetamina
Anfetamina
Fenilpropanolamina
Femproporex
Dietilproprina
Efedrina
Figura 4. Biotransformação das anfetaminas. Fonte: PANTALEÃO, 2012, p. 30.
TOXICOLOGIA 87
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Toxicodinâmica dos anfetamínicos
O mecanismo de ação dos anfetamínicos é um pouco controverso, pois 
há estudos que conferem os efeitos à semelhança estrutural com a norepi-
nefrina e a dopamina, agindo os anfetamínicos como falsos neurotransmis-
sores. O mecanismo mais provável, porém, é o aumento da liberação direta 
dos neurotransmissorese a inibição da recaptação deles, o que resulta em 
sua alta concentração sináptica. Outra ação conhecida dos anfetamínicos é a 
capacidade de inibir a MAO, enzima responsável pela oxidação da norepine-
frina e da serotonina.
Após a liberação das catecolaminas, acontece a estimulação tanto do SNC 
quanto dos receptores adrenérgicos, o que resulta em aumento da atividade 
locomotora, aumento das pressões sistólica e diastólica, redução da fadiga e 
aumento do efeito anorexígeno.
Sinais e sintomas ligados aos anfetamínicos
Os sintomas agudos da intoxicação por anfetamínicos são muito seme-
lhantes aos causados pela cocaína. Ocorre a estimulação do SNC e do siste-
ma cardiovascular, e podem ocorrer hipertermia, hemorragia intracraniana 
e colapso cardiovascular. Também se apresentam sudorese abundante, com 
taquipneia, e pode ocorrer colapso renal por defi cit circulatório.
Tratamento ligado aos anfetamínicos
A intoxicação por anfetaminas é tratada de forma muito semelhante à in-
toxicação por cocaína. Podem ser utilizados sedativos, medicamentos para 
manutenção da pressão arterial e resfriamento em casos de hipertermia.
Depressores do SNC
Entre os depressores do SNC, destacam-se os barbitúricos, benzodia-
zepínicos, etanol e inalantes. Os dois últimos serão tratados em outro tópico 
nesta unidade.
Barbitúricos
Os barbitúricos começaram a ser utilizados como sedativos, em substi-
tuição ao etanol, em 1903. Após muitos anos, na década de 1970, o índice de 
mortes por superdoses desse fármaco chegou a superar as mortes por todos 
os outros fármacos, o que levou à sua substituição pelos benzodiazepínicos.
TOXICOLOGIA 88
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Ainda hoje, no entanto, utilizam-se alguns barbitúricos para tratamento de 
convulsões. Eles são separados pelo tempo de ação: de ação curta e interme-
diária, há o pentobarbital, secobarbital, amobarbital e butobarbital. Já os mais 
conhecidos, fenobarbital e metilfenobarbital, representam os de ação longa.
Toxicocinética dos barbitúricos
A absorção dos barbitúricos ocorre, principalmente, no intestino delgado, 
de forma rápida e completa. Após a absorção, a distribuição dos barbitúricos 
ocorre de maneira generalizada, e eles são capazes de ultrapassar todas as 
barreiras do organismo.
Alguns barbitúricos de ação ultracurta são muito lipossolúveis, o que leva a 
ação rápida no cérebro, já o fenobarbital penetra bem mais lentamente no cé-
rebro e permanece por mais tempo no organismo. A biotransformação desse 
fármaco ocorre principalmente no fígado. No entanto existem outros órgãos 
em que pode ocorrer a transformação: rim, baço, cérebro, coração, intestino 
e músculo.
Esse processo se dá por oxidação da cadeia lateral, que resulta, nos bar-
bitúricos de ação curta, em compostos mais polares e inativos, como álcool, 
cetonas, fenóis e ácidos carboxílicos. No processo dos fármacos de ação in-
termediária, é formado um metabólito que tem um terço da ação do produto 
original.
Os barbitúricos de longa ação não são totalmente biotransformados pela 
hidroxilação, e esse processo ocorre por ação enzimática da CYP P2C9. A elimi-
nação dos produtos dessa reação ocorre de forma rápida e pH dependente, ou 
seja, acontece mais rapidamente em urina alcalina.
Toxicodinâmica dos barbitúricos
De maneira geral, os barbitúricos são absorvidos rapidamente pelo trato 
gastrointestinal. Os sintomas são iniciados 30 minutos após o uso. Quando al-
cança o nível sérico, o fármaco liga-se a proteínas plasmáticas (quanto menor a 
lipossolubilidade, menor o potencial de ligação com as proteínas).
Os efeitos sedativos dos barbitúricos ocorrem por potencialização do GABA 
no receptor GABAA, o que gera efeitos depressores, como sedação ou até 
coma profundo. Os efeitos tóxicos desses fármacos estão diretamente ligados 
ao tempo de ação, sendo que os de curta ação são mais potentes e mais tóxicos 
que os de ação prolongada.
TOXICOLOGIA 89
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Existem estudos que classificam os efeitos do fármaco no sistema nervoso 
central em quatro estágios: (1) o indivíduo apresenta estupor, mas responde 
a comandos; (2) não responde aos estímulos, mas seus sinais e reflexos vitais 
permanecem intactos; (3) não responde a estímulos nem reflexos, mas man-
tém os sinais vitais intactos; e (4) não responde a estímulos ou reflexos, e os 
sinais vitais são instáveis.
Sinais e sintomas ligados aos barbitúricos
Os sinais e sintomas da intoxicação por barbitúricos incluem letargia, fala 
arrastada, nistagmo, ataxia, miose e insuficiência respiratória. Em alguns indi-
víduos, observa-se a reação de intensa agitação, que é seguida por sonolência 
e até coma profundo.
Tratamento ligado aos barbitúricos
O tratamento para intoxicação por barbitúricos não conta com antídotos, 
apenas utiliza-se o suporte vital. Em caso de ingestão excessiva, pode-se reali-
zar a lavagem estomacal em até 24 horas, pois acontece o retardo do esvazia-
mento gástrico.
Benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos vieram como substitutos dos barbitúricos, por serem 
menos perigosos em relação ao abuso e à dependência. Hoje, eles são os fár-
macos mais receitados e utilizados do mundo todo. Estão entre eles ansiolíti-
cos, anticonvulsivantes, relaxantes musculares e hipnóticos. Todos os fárma-
cos dessa classe têm os efeitos citados em maior ou menor intensidade.
O nome refere-se à estrutura química formada por um anel benzênico e 
um anel diazepínico. Essa base pode sofrer variações que resultam em novas 
substâncias dessa mesma classe. 
Toxicocinética dos benzodiazepínicos
A absorção dos benzodiazepínicos ocorre, de maneira geral, 
de forma rápida no trato gastrointestinal. A distribuição acon-
tece em todos os tecidos do corpo, e a solubilidade 
lipídica permite que a droga aja diretamente no 
cérebro. Após atingir o nível sérico, os benzodia-
zepínicos têm alta capacidade de ligar-se às pro-
teínas plasmáticas, sendo que, no máximo, 15 % 
mantém-se livre e inalterado.
TOXICOLOGIA 90
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A biotransformação ocorre no fígado, em um extenso metabolismo de pri-
meira passagem pelas enzimas hepáticas, por vias oxidativas ou não oxida-
tivas, e resulta em outros representantes da mesma classe. Por exemplo: o 
diazepam metaboliza-se em nordiazepam, que se transforma em oxazepam. 
As drogas de ação ultracurta e prolongada geralmente sofrem ação oxida-
tiva, enquanto as de ação curta e intermediária são biotransformadas por via 
oxidativa. A eliminação dos metabólitos ocorre por via urinária, em sua maio-
ria, e, em menor concentração, pelas fezes. Uma porcentagem muito pequena 
da droga inalterada pode ser eliminada na urina.
Toxicodinâmica dos benzodiazepínicos
Os benzodiazepínicos interagem diretamente com os receptores do SNC e 
agem potencializando a ação dos receptores GABA, o que leva ao aumento da 
abertura dos canais de cloreto e inibe a excitação celular.
A segurança no uso dos benzodiazepínicos é garantida pelo fato de essa 
ação ocorrer induzindo a atuação dos receptores GABA sobre os canais de clo-
reto, e não agindo diretamente nos canais, ao contrário da ação dos barbitúri-
cos, que atuam diretamente no fluxo de cloreto.
Sinais e sintomas ligados aos benzodiazepínicos
A intoxicação por benzodiazepínicos isolados não é comum (apenas quan-
do injetados muito rapidamente). Os casos de intoxicação têm mais relação 
com o uso concomitante com outro depressor do SNC, como etanol ou bar-
bitúricos. 
O uso associado de depressores do SNC com os benzodiazepínicos tende 
a potencializar os SEUS efeitos, como letargia, deficit motor e diminuição no 
tempo de reação. Além desses, se associados a barbitúricos, pode haver uma 
depressão severa do sistema respiratório.
Tratamento ligados aos benzodiazepínicos
Hoje, existe um antídoto para intoxicação 
aguda por benzodiazepínicos, porém ele só 
pode serutilizado com certeza de que a intoxi-
cação ocorreu exclusivamente por esses fárma-
cos. O flumazenil é um inibidor seletivo do receptor 
GABA, e não é indicado para o uso em pessoas com aumento de 
pressão intracraniana e epilepsia.
TOXICOLOGIA 91
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Opiáceos e opioides
As substâncias extraídas da planta Papaver somniferum, popularmente conhe-
cida como papoula, recebem o nome de opiáceos, que são as substâncias naturais 
presentes no ópio, como a morfi na, codeína, tebaína e alguns semissintéticos. Já 
os opioides são considerados uma denominação mais ampla, que diz respeito tan-
to aos compostos naturais do ópio quanto àqueles que são sintéticos.
Os opioides são compostos muito importantes na medicina, principalmente 
no manejo da dor; porém, infelizmente, o uso indiscriminado desses medicamen-
tos pode levar à toxicidade aguda. Geralmente, os efeitos tóxicos agudos estão 
relacionados ao uso terapêutico, overdose acidental e até tentativa de suicídio.
Opioides naturais; 
Opioides semissintéticos; 
Opioides sintéticos; 
Antagonistas mistos; 
Antagonistas
Ópio, morfi na, codeína, tebaína; 
Heroína, oxicodona, hidrocodona, 
Oximorfona, hidromorfona; 
Metadona, meperidina, fentanil, 
Levo-a-acetilmetadol ou levometadil; 
(LAAM), propoxifena; 
Buprenorfi na, nalbufi na, pentazocina, 
nalbufi na; Naltrexona, naloxona
QUADRO 2. CLASSIFICAÇÃO DOS OPIOIDES
Fonte: BALTIERI et al., 2004, n. p. (Adaptado).
No Brasil, temos um controle maior com relação ao uso dessas substâncias 
no meio médico, e a morfi na e codeína somente são receitadas em casos de dor 
excessiva. Nos EUA, porém, a sociedade sofre com muitos casos de dependentes. 
Estimam-se que são mais de 2 milhões de indivíduos.
O primeiro contato com os opioides ocorre principalmente por duas formas: 
o indivíduo sofre uma lesão ou dor crônica, e o médico receita o medicamento 
opioide, porém após o fi m do tratamento, o indivíduo continua a afi rmar a neces-
sidade de continuar e, com o uso prolongado, vem a tolerância, a dependência e 
até a síndrome de abstinência. A segunda forma de primeiro contato seria pelo 
uso recreativo de heroína, que pode causar dependência desde o primeiro uso.
TOXICOLOGIA 92
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As vias de administração do fármaco/ droga são: oral, intravenosa, inalatória, 
intramuscular e subcutânea. No entan-
to, a via oral não é a melhor forma de 
administração, pois sofre metabolismo 
de primeira passagem e não tem a ab-
sorção desejada. Para permitir essa via, 
faz-se necessário que as drogas sejam 
manipuladas de forma a terem um me-
tabolismo e absorção mais lentos.
Após a absorção, acontece a intera-
ção dos opioides com receptores espe-
cífi cos, promovendo efeitos no SNC, res-
piratório, cardiovascular e gastrointestinal. Como o metabolismo desse fármaco 
ocorre principalmente no fígado, se o indivíduo tiver problemas hepáticos, pode 
levar a uma intoxicação mais rápida e por doses menores.
Mecanismo de toxicidade
Toxicocinética dos opioides
A absorção dos opioides depende de alguns fatores, como via de administra-
ção e o meio em que será absorvido. Se em meio ácido, como o estômago, há 
baixa absorção. Em meio básico, como o intestino, há alta absorção.
Os opioides são uma classe de fármacos com diferença na absorção entre os 
seus representantes. Por exemplo, a morfi na, por via subcutânea e intramuscu-
lar, após 30 minutos de administração, 50 % da quantidade injetada já se encon-
tra biodisponível no sangue. No entanto, por via oral, essa biodisponibilidade cai 
para 25 %. Já a codeína apresenta uma melhor biodisponibilidade por via oral.
A heroína tem sua melhor absorção via intravenosa, alcançando pico plas-
mático em um minuto. Para se evitar, porém, o uso de agulhas, pode-se também 
utilizar por inalação, e o pico é alcançado em cinco minutos.
Após alcançar os níveis séricos, os fármacos atraem-se rapidamente para os 
tecidos com maior perfusão, como o cérebro, os pulmões, o fígado, os rins e o 
baço. De maneira geral, os opioides são metabolizados no fígado em duas fases: 
reação de fase I (modifi cação) e fase II (conjugação). São eliminados nos rins.
TOXICOLOGIA 93
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M6G
M3G
H3C
H3C
H3C
H3C
CH3
CH3
CH3
CH3
O
O
O
OO
O
O
O
O
O
O
O
O
O O
N
H
H
O H
H
H
H
H
H
HO
HO
Codeína
N-desmetilação
CYP3A4
Norcodeína
Norcodeína-6-glucuronido
Codeína-6-glucuronido
Normorfina Morfina-3-glucuronido Morfina-6-glucuronido
O-desmetilação
CYP2D6
Morfina
Conjugação
Hidrólise
6- acetilmorfina (6-AM)
Desacetilação
Heronína
HO
HO
HO
HO
HO OH
OH
OHO
O
O
O
H H
H
H
N
HO
OH
H
HO
N N
N
N
H
Figura 5. Biotransformação de opioides. Fonte: NEVES, 2016, p. 11.
O metabolismo hepático da codeína ocorre por ação da isoenzima P450 
CYP2D6, que resulta na desmetilação em morfina, que é, então, conjugada. Já 
a heroína passa por uma hidrólise rápida, induzida por esterases, biotransfor-
mando-se em monoacetilmorfina, que, por fim, hidrolisa-se em morfina, que é 
conjugada posteriormente.
A morfina tem radicais hidroxilas livres e é conjugada em morfina-3-glicuro-
nídeo (M3G) em sua maioria, e cerca de apenas 10 % da morfina é conjugada em 
morfina-6-glicuronídeo (M6G).
Esses conjugados de morfina e glicuronídeos são excretados principalmente 
na urina. No entanto pequenas quantidades também são encontradas na bile e 
apenas uma quantidade reduzida dos fármacos não biotransformados também 
é encontrada na urina. 
Como a excreção dos metabólitos é principalmente realizada pelos rins, an-
tes da administração de opioides, deve-se verificar o histórico de comprometi-
mento renal dos pacientes.
TOXICOLOGIA 94
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Toxicodinâmica dos opioides
Hoje, sabe-se que, no cérebro, existem peptídeos que agem como neuro-
transmissores em células portadoras dos receptores específicos. São conheci-
dos os opioides endógenos, encefalinas e endorfinas, e é a interação das drogas 
com esses receptores que produz os efeitos atribuídos a eles.
Nome convencional Nome IUPHAR Efeitos clínicos
μ1 OP3a
Analgesia supraespinal analgesia periférica, 
sedação, euforia, libertação prolactina, obstipação
μ2 OP3b
Analgesia espinal, depressão respiratória, 
dependência física, alterações GI (motilidade GI 
reduzida), prurido, bradicardia, miose e euforia
K1 OP2a
Analgesia espinal, miose, diurese (inibe libertação 
de hormona antidiurética), sedação
K2 OP2b Psicomimese, disforia
K3 OP2b Analgesia supraespinal, redução da inflamação
δ OP1
Analgesia supraespinal e espinal, disforia, 
alucinações, modulação da função do receptor μ, 
inibição da libertação de dopamina
Nocicetina/orfanina OP4 Analgesia, ansiolítico
QUADRO 3. RECEPTORES E SEUS EFEITOS CLÍNICOS
IUPHAR: International Union of Basic and Clinical Pharmacology 
Fonte: NEVES, 2016, p. 14.
Com o conhecimento dos receptores e da reação das drogas quando ligadas 
a eles, os opioides são utilizados para fins medicinais e podem ser considerados 
muito seguros e extremamente eficazes, se aplicados da forma correta. Entre-
tanto o uso prolongado e de doses maiores que o necessário pode causar efeitos 
tóxicos graves. Esses efeitos são influenciados pelo metabolismo e pela via de 
administração.
Toxicidade aguda dos opioides
Os principais efeitos causados na intoxicação aguda por opioides são a eufo-
ria e a sonolência, porém existem também efeitos relacionados aos mastócitos 
que são comuns, como o rubor e a coceira. Já no trato gastrointestinal, os efei-
tos conhecidos são náuseas, vômitos, diminuição do funcionamento intestinal e 
consequentemente constipação intestinal.
TOXICOLOGIA 95
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Sinais e sintomas
A intoxicação por opioides pode estar relacionada a doses normais minis-
tradas a indivíduos com problemashepáticos, ou por doses altas em indivíduos 
normais. O uso tóxico desses fármacos tem como principal efeito a diminuição 
da frequência e profundidade respiratória, que pode progredir para apneia. Os 
outros sintomas, que podem inclusive levar à morte, estão ligados primaria-
mente à hipóxia.
Outros efeitos observados são as pupilas mióticas, delírio, hipotensão, 
bradicardia, diminuição corporal e retenção urinária. Pode ocorrer, também, 
a síndrome serotoninérgica, quando há a mistura de opioides, como fentanil, 
meperidina, tramadol, metadona, codeína ou oxicodona, com drogas de efei-
to serotoninérgicos como inibidores de monoaminoxidase, o que resulta em 
hipertonia, tremores e hiper-refl exia, clônus ocular espontâneo ou induzido, 
diaforese, instabilidade autonômica, agitação e temperatura elevada.
A abstinência também ocorre com o uso, mesmo que por pouco tempo, de 
opioides, causando sinais e sintomas como hiperatividade do SNC, o que re-
sulta na ansiedade e fi ssura pela droga e aumento da frequência respiratória, 
tremores, calafrios, anorexia, náuseas e diarreia.
Toxicidade crônica dos opioides
Os efeitos da toxicidade crônica dos opioides são mais relacionados à tole-
rância desenvolvida rapidamente, o que resulta na necessidade do aumento da 
dose. Essa tolerância se desenvolve de forma diferente para cada tipo de opioide, 
sendo que os usuários podem tornar-se tolerantes à euforia e não à constipação 
intestinal. A longo prazo, os efeitos são constipação intestinal crônica, sudorese 
excessiva, edema periférico, sonolência e diminuição da libido.
ASSISTA
Os opioides são considerados psicofármacos por suas 
ações de excitação do SNC. Para entender mais afundo 
as ações farmacológicas dessas drogas de forma didáti-
ca, assista ao vídeo Aula: psicofarmacologia - opioides #1 
- aspectos farmacológicos | farmacologia médica, posta-
do pelo canal Teoria da Medicina.
TOXICOLOGIA 96
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Tratamento 
O tratamento inicial para intoxicação por esses fármacos é estabilizar o 
indivíduo, principalmente, fornecendo o suporte respiratório 
necessário para a manutenção da vida. Posteriormente (se 
intoxicação por via oral), são realizadas medidas de descon-
taminação por lavagem gástrica. Se o indivíduo já se apre-
senta em coma, o uso de um antagonista como a naloxona 
reverte radicalmente esse estado. 
Etanol e inalantes
Há pelo menos 8 mil anos, o álcool etílico tem papel importante na 
história. Primeiramente, como alternativa à água, que era associada a 
doenças. Posteriormente, o consumo de bebidas alcoólicas passou a ter o 
mesmo propósito que atualmente: droga recreativa socialmente aceitável.
Nos dias de hoje, o etanol é consumido por grande parte da popula-
ção adulta e, apesar de em pequenas quantidades aliviar a ansiedade e 
promover sensação de bem-estar, também é a droga com maior índice de 
consumo abusivo no mundo.
Desde o começo, seu efeito de alterar a consciência já era muito co-
nhecido, e, depois de um tempo, começou a ter seu uso restringido por 
idade, locais e até horário de consumo. Até hoje, temos algumas dessas 
restrições em alguns países.
Atualmente, além de ser encontrado nas bebidas alcoólicas, o etanol 
também é utilizado como combustível, alternativo aos fósseis, para auto-
móveis. O álcool etílico, cuja fórmula química é CH3CH2OH, é um álcool 
alifático, hidrossolúvel, rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal. 
Sua via de metabolização principal é a via da enzima álcool desidrogenase.
Os inalantes, ao contrário da maioria das drogas tratadas nesta uni-
dade, englobam um grande número de substâncias químicas que tem o 
objetivo de causar um estado psíquico alterado. Geralmente, são produtos 
que contêm substâncias voláteis, podendo, assim, serem administradas 
por inalação.
TOXICOLOGIA 97
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Essas drogas são preferência de crianças e adolescentes, principalmente 
pela facilidade de obtenção, já que qualquer produto que tenha compostos 
voláteis pode ser utilizado para a inalação, mas os mais usados são aqueles 
com maior concentração de voláteis, baixo custo e fácil obtenção (Quadro 4).
Inalantes Componentes tóxicos
Aerossóis e propelentes Hidrocarbonetos halogenados, propano, isobutano
Produtos de limpeza Hidrocarbonetos alifáticos (gasolina) e halogenados
Colas e adesivos
Touleno, acetona, benzeno, acetatos, alifáticos, n-hexano, 
ciclohexano, halocarbonetos, xileno, álcool butílico, 
metiletilcetona, metiletilisobutilcetona, clorofórmio, etanol, 
triortocresilfosfato, hidrocarbonetos isopropanol, glicol
Fluido de isqueiro Hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos
Removedor de esmalte Acetona, acetatos alifáticos, benzeno, álcool
Botijões de gás Butano, propano
Corretivos líquidos Tricloroetano, tricloroetileno
Gás natural Metano, propano, etano, butano
Canetas marcadoras Touleno, xileno
Tintas, tiner e fixadores Touleno, benzeno, etano, acetatos alifáticos, diclorometano
Petróleo Hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, tolueno, xileno, chumbo tetraetila
Gás de ampola de chantily Óxido nitroso
Anestésicos Óxido nitroso, éter dietilico, halotano, clorofórmio, enflurano, isoflurano, tricloroetileno
Desodorizadores de 
ambiente Nitritos de amila, butila, isobutila
Solventes Metiletilcetona, tetracloreto de carbono, clorofórmio, éter dietílico, n-hexano, metilisobutilcetona
QUADRO 4. INALANTES E SEUS COMPONENTES TÓXICOS
Fonte: SOUZA; PANIZZA; MAGALHÃES, 2016, n. p.
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Mecanismo de toxicidade
Etanol
A toxicocinética do álcool é considerada complexa devido a suas caracterís-
ticas físico-químicas e a sua distribuição pelos tecidos, que depende de inúme-
ros fatores. A absorção do etanol dá-se, principalmente, no estômago, e uma 
parte importante é biotransformada no fígado. No entanto o álcool etílico é 
uma das poucas drogas que sofrem com a cinética de saturação: não importa a 
quantidade de droga livre, o metabolismo será constante.
Assim, se absorção do etanol for rápida e a concentração no fígado for ele-
vada, a maior parte vai para a circulação, causando os efeitos tóxicos atribuídos 
à ingestão excessiva. No entanto se a absorção for mais lenta, o metabolismo 
hepático consegue biotransformar 90 %, e apenas 5 a 10 % é eliminado, inalte-
rado, pelo ar expirado e pela urina. Por causa desse processo, existe a crença 
popular de beber de estômago cheio, pois, assim, a absorção é mais lenta, pos-
sibilitando a biotransformação quase completa pelo fígado.
Etanol
CH3CH2OH
Acetaldeído
CH3CHO
Acetato
CH3COO-
Álcool-desidrogenase
Aldeído desidrogenase
MEOS
NAD+
NAD+
NADH
NADH
NADPH + O2
NADP+ + H2O
Dissulfi ram
Fomepizol
Figura 6. Biotransformação do etanol. Fonte: KATZUNG; TREVOR, 2017, p. 385.
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A biotransformação do álcool etílico ocorre pela ação da enzima ADH, que 
transforma o álcool em aldeído. Posteriormente, a aldeído desidrogenase 
o transforma em acetato, que pode ser transformado em CO2 + H2O ou ser 
utilizado para a formação de acetil-CoA. Essa biotransformação ocorre dessa 
forma em todos os organismos, porém existem fatores genéticos que podem 
intervir nesse processo, reduzindo a eficácia.
Toxicodinâmica do etanol
Nas intoxicações agudas por álcool, o SNC é muito afetado, causando, ini-
cialmente, sedação e alívio da ansiedade. Já em concentrações elevadas temos 
comportamento desinibido, ataxia e fala arrastada. Quando consumido em al-
tas concentrações, mesmo que de forma aguda, pode levar ao coma.
O etanol eleva a ação do GABA nos receptores de GABAA, sendo capaz de 
intensificar muitos dos efeitos do álcool. No consumo agudo, também acontece 
a inibição da capacidade do glutamato de abrir os canais catiônicos associados 
ao NMDA, o que está relacionado a aspectos cognitivos comoaprendizagem 
e memória.
CITANDO
“Os blecautes (blackouts) – períodos de perda da memória que ocorrem 
com níveis elevados de álcool – podem resultar da inibição da ativação 
dos receptores de NMDA” (sic) (KATZUNG; TREVOR, 2017, n. p.).
Inalantes 
Os inalantes apresentam seus primeiros efeitos segundos após o uso, e es-
ses efeitos duram de 15 a 45 minutos. Algumas das substâncias mais utilizadas 
são voláteis e lipossolúveis, o que facilita a ação no SNC, por serem rapidamen-
te transportadas pela barreira hematoencefálica.
A ação dos inalantes sobre o SNC é muito se-
melhante à ação observada no etanol, pois as 
substâncias também agem sobre os receptores 
NMDA e GABA. Essa interação resulta em inibi-
ção dos receptores excitatórios dos neurônios e 
estimulação dos receptores inibitórios, causando 
uma depressão do SNC.
TOXICOLOGIA 100
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Toxicodinâmica dos inalantes
O consumo agudo dos inalantes resulta em concentrações elevadas dos 
compostos em períodos curtos. A reação do corpo à intoxicação é muito seme-
lhante às apresentadas na intoxicação por etanol. Entre eles, estão a euforia e 
desinibição inicial e sonolência, e, em concentrações maiores, ataxia, alucina-
ções, desorientações, hipóxia e coma.
Toxicidade crônica dos inalantes
O uso crônico de inalantes é relacionado a distúrbios no coração, pulmão, 
rins, fígado e cérebro. A ação prolongada sobre o SNC pode levar a disfunções 
cerebrais devido ao acúmulo das substâncias nos neurônios.
Após a utilização prolongada, o indivíduo pode apresentar sintomas relacio-
nados à parte cognitiva e psicomotoras, o que pode ter relação principalmente 
com danos na matéria branca cerebral.
Também é possível que o consumo crônico de inalantes possa levar ao de-
senvolvimento de transtornos psiquiátricos e doenças neurodegenerativas, 
como Alzheimer, Parkinson e esclerose múltipla.
Tratamento
O tratamento da intoxicação aguda por etanol tem como objetivo impedir a 
depressão respiratória grave e aspiração de vômito. Durante esse tratamento, 
é necessário corrigir a hipoglicemia, a cetoacidose e o desequilíbrio de eletró-
litos, por meio da administração de lí-
quidos com eletrólitos e glicose.
No caso de pessoas em crise de 
abstinência, o principal objetivo é pre-
venir convulsões, delírios e arritmias. 
Então, deve-se estabilizar o potássio, 
o magnésio e o fosfato. Em todos os 
casos, utiliza-se o tratamento com a 
tiamina, e, em casos mais graves, exis-
te a necessidade de substituir o álcool 
por um fármaco sedativo-hipnótico de 
longa duração.
TOXICOLOGIA 101
SER_FARMA_TOXICO_UNID3.indd 101 04/02/2021 12:32:53
A longo prazo, após a desintoxicação, é necessária a terapia psicossocial em 
programas especializados, principalmente para evitar a recaída. O tratamento 
no caso de intoxicação aguda por inalantes depende dos sintomas apresenta-
dos. Nas intoxicações graves, os sintomas podem agravar-se, 
sendo necessário o atendimento médico de emergência 
para conter a depressão respiratória, arritmias cardíacas, 
convulsões e coma. Assim como caso de abuso por eta-
nol, sugere-se a busca por terapia psicossocial.
TOXICOLOGIA 102
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Sintetizando
A toxicologia social é um tema muito atual, principalmente quando se refere 
às drogas de abuso. A cada ano que passa, mais fácil fica o acesso e mais jo-
vens passam a consumir essas drogas, o que transforma esse consumo em um 
problema de saúde pública. Dessa maneira, a toxicologia social é o estudo dos 
efeitos tóxicos causados por essas drogas. 
Muitos fármacos surgem para uso médico e terapêutico, porém como seus 
efeitos são relaxantes ou de fuga da realidade, eles acabam tornando-se dro-
gas recreativas. Entre esses fármacos com grande potencial de causar depen-
dência, destacam-se: os opiáceos, os estimulantes, os depressores do SNC, o 
tabaco, a Cannabis e os psicodélicos.
Uma característica comum às drogas de abuso é a capacidade de o usuário 
desenvolver tolerância, dependência e síndrome de abstinência. Todas as dro-
gas estudadas nesta unidade têm ação sobre o SNC, e sua biotransformação 
interfere diretamente na forma em que os efeitos tóxicos se apresentarão.
A ação desses fármacos sobre o SNC pode apresentar-se em forma de de-
pressão à hiperatividade do sistema, podendo causar aumento ou diminuição 
da frequência respiratória. Então, pode-se concluir que essas drogas podem 
afetar de uma ponta a outra, causando efeitos totalmente contrários.
TOXICOLOGIA 103
SER_FARMA_TOXICO_UNID3.indd 103 04/02/2021 12:32:53
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TOXICOLOGIA 104
SER_FARMA_TOXICO_UNID3.indd 104 04/02/2021 12:32:53
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TOXICOLOGIA 105
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DROGAS DE ABUSO E 
CROMATOGRAFIA
4
UNIDADE
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Objetivos da unidade
Tópicos de estudo
 Definir conceitos básicos e mecanismos de ação das drogas de abuso;
 Entender a toxicocinética do tabaco, da Cannabis sativa e dos derivados da cocaína;
 Conhecer sinais e sintomas de intoxicação por drogas de abuso;
 Entender formas de tratamento para a intoxicação por drogas de abuso;
 Compreender o uso da cromatografia no estudo da composição das drogas 
de abuso.
 Tabaco
 Mecanismo de toxicidade
 Sinais e sintomas
 Tratamento
 Cannabis 
 Mecanismo de toxicidade
 Sinais e sintomas
 Tratamento
 Derivados da cocaína
 Mecanismo de toxicidade
 Sinais e sintomas
 Tratamento
 Cromatografia 
 Cromatografia da Cannabis 
sativa e estimulantes
 Cromatografia e identificação
de venenos
TOXICOLOGIA 107
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Tabaco
O hábito de plantar, mastigar e fu-
mar o tabaco já era tradição no conti-
nente americano e na Austrália antes 
da invasão dos povos europeus, que 
se apropriaram dessa cultura, levan-
do-a para seus próprios países.
Até a década de 1990, a indústria 
do tabaco (cigarro) investia intensa-
mente em propagandas positivas 
de seu produto. Ela faturou bilhões 
levando os consumidores a acredi-
tarem em uma imagem romantizada 
do consumo de cigarros, em que o 
consumidor da droga era viril e tinha um estilo de vida glamoroso.
Na atualidade, a ciência já relacionou o uso do tabaco com inúmeras doen-
ças, e até o garoto-propaganda de uma popular marca de cigarros, que se fan-
tasiava de cowboy nos comerciais, faleceu em decorrência do uso do cigarro. 
Fatos como esses geraram questionamentos sobre a segurança do consumo 
do cigarro, o que deu origem a leis mais rigorosas com relação à propaganda e 
à venda desses produtos. 
No Brasil, as propagandas na mídia televisiva e escrita passaram a ser proi-
bidas e as embalagens passaram a conter imagens impactantes do Ministério 
da Saúde indicando os males que podem ser causados pelo uso da droga. Ape-
sar disso, ainda existem algumas estratégias usadas pela indústria do tabaco 
para atrair jovens ao uso, como incluir essências e sabores atrativos em seus 
produtos, como menta, cereja, chocolate etc.
Em contrapartida, maiores restrições têm sido implementadas para di-
fi cultar o consumo do tabaco, como as proibições de fumar em lugares fe-
chados e públicos, o que pode ter ajudado na redução do uso por jovens em 
festas fechadas.
O tabaco é uma planta conhecida pelo nome científico de Nicotiana 
tabacum, é cultivada em diversos países e sua produção é anual. Apesar 
TOXICOLOGIA 108
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 108 04/02/2021 13:48:10
de poder ser utilizado de várias formas, o tabaco é bem mais consumido 
na forma de cigarro, sendo assim, é necessário que se entenda as reações 
que acontecem no processo do consumo dessa droga, considerando o 
fumo do cigarro.
A combustão incompleta do tabaco resulta na fumaça do cigarro. Uma com-
bustão completa só pode ser observada na brasa (ocorre a 850 ºC). A reação 
de combustão do tabaco ocorre por meio de reações simultâneas de pirólise, 
pirossíntese e destilação:
• Pirólise: é a ocorrência de uma decomposição térmica em que as substân-
cias do tabaco são fracionadas em pequenas moléculas devido às altas tempe-
raturas, à oxigenação do fogo e à atmosfera rica em hidrogênio;
• Pirossíntese: é quando o calor gera a síntese de novos compostos, o 
que ocorre pela recombinação dos elementos que foram decompostos na 
pirólise. Os elementos formados não estavam, originalmente, presentes 
no tabaco;
• Destilação: é a passagem de substâncias para a fase gasosa. Ocorre com a 
nicotina que, pela alta temperatura, é destilada na combustão do tabaco.
Na fumaça do cigarro, duas fases fundamentais das substâncias podem ser 
diferenciadas: a fase gasosa e a fase particulada. As substâncias são distribuí-
das nessas fases de acordo com suas características físico-químicas.
Na fase gasosa estão presentes os gases e os vapores que são gerados 
pela combustão (na pirólise e na pirossíntese). As substâncias mais tóxicas 
dessa fase são: o monóxido de carbono, o óxido de nitrogênio, a amônia, 
os aldeídos, as nitrosaminas voláteis e as nitrilas. Na fase particulada, des-
tacam-se substâncias como o alcatrão, a nicotina e a água. Ela é constituí-
da por um aerossol, em que estão partículas que não são absorvidas pelo 
filtro do cigarro.
O princípio ativo do tabaco é a nicotina, que é amplamente 
conhecida por seus efeitos tóxicos. A folha do tabaco 
pode conter aproximadamente 500 constituintes co-
nhecidos, porém, quando queimada, já foram iden-
tificadas 4720 substâncias. Dessas substâncias, a 
mais ativa conhecida é a nicotina, que é um alcaloi-
de básico do grupo das aminas heterocíclicas. É ex-
TOXICOLOGIA 109
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 109 04/02/2021 13:48:10
Farmacologicamente, a nicotina é a substância mais ativa da fumaça do cigar-
ro, por isso, quando falamos de toxicologia do tabaco, o enfoque maior é nela.
Mecanismo de toxicidade
Toxicocinética
A introdução da nicotina no corpo pode ser feita por via oral, pulmonar ou 
dérmica, sendo que a absorção da substância depende da fonte de nicotina uti-
lizada. No charuto e no cachimbo, a absorção é mais rápida por via oral devido 
ao pH ácido da fumaça. No cigarro, a fumaça é básica, promovendo uma ab-
sorção mais lenta da nicotina pela via oral, sendo que ela é mais bem absorvida 
nos alvéolos pulmonares.
CURIOSIDADE
A diferença na via de absorção entre charutos, cachimbos e cigarros é 
tida como a explicação para a maior incidência de câncer de cavidade 
oral em fumantes de charutos e cachimbos, enquanto nos fumantes de 
cigarro a maior incidência é de câncer de pulmão.
Figura 1. Fórmula química da Nicotina. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 26/01/2021. (Adaptado).
traída da folha de tabaco e, em temperatura ambiente, é liquida, oleaginosa e 
incolor, escurecendo em contato com o ar por uma reação de oxidação.
TOXICOLOGIA 110
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Fonte: RITTER et al., 2015, p. 608. 
GRÁFICO 1. COMPARAÇÃO DO TEMPO DO PICO PLASMÁTICO
DE NICOTINA NAS FORMAS DE EXPOSIÇÃO
Após a absorção, mesmo alcançando os níveis séricos rapidamente, a nico-
tina é transportada em sua forma livre, por não se ligar às proteínas plasmáti-
cas, e, em seguida, é distribuída de forma rápida nos órgãos e tecidos.
A biotransformação de 90 % da nicotina absorvida ocorre no fígado, pela 
ação de enzimas microssomais. O principal produto desse metabolismo é a 
cotinina. Esta substância possui uma meia-vida biológica maior, e a cotinina 
é biotransformada por oxidação, primeiramente, em trans- 3’-hidroxicoti-
nina, seguida por uma N-oxidação e a conjugação com ácido glicurônico, 
Após a administração oral, a nicotina não é muito absorvida no estomago, 
por conta do pH ácido, mas é mais bem absorvida no intestino, onde o pH é 
mais básico. Dos 20 a 25 % de nicotina que entram no corpo, 90 % é absorvido, 
e como a absorção pulmonar é muito rápida, os níveis séricos são atingidos 
em 10 minutos.
Co
nc
en
tra
çã
o 
pl
as
m
át
ica
 d
e 
ni
co
tin
a 
(n
m
ol
/l)
Minutos após a tragada
0
100
0 20 40 60 80 100
200
Cigarro
Charuto Cachimbo
TOXICOLOGIA 111
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Fonte: RITTER et al., 2015, p. 608. 
DIAGRAMA 1. BIOTRANSFORMAÇÃO DA NICOTINA
Toxicodinâmica
O consumo da nicotina gera alterações complexas no organismo. Elas ocor-
rem devido à ação dessa substância sob os sítios neuroefetores e quimiosen-
síveis e à ação de estimulação e dessensibilização de receptores específicos.
A nicotina se liga aos receptores colinérgicos nicotínicos (nACH), presentes 
nos gânglios autonômicos, junção neuromuscular e sistema nervoso central 
(SNC), causando a liberação de vários neurotransmissores, principalmente a 
dopamina, o que estimula o centro do prazer, levando à dependência. 
sendoeste conjugado excretado pela urina. Assim como na absorção, a ve-
locidade de excreção depende do pH da urina, sendo que em pH alcalino a 
velocidade diminui.
Nicotina 5’Hidroxinicotina
Aldeído oxidase
Nicotina N-oxido Cotinina
Trans 3’-Hidroxicotinina
γ (3-Piridil) γ-oxi-N-Metil butiramida
AC γ (3-Piridil) γ-oxibutírico
Cotinina N-Oxido
Íon Nicotina
TOXICOLOGIA 112
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Sinais e sintomas
A intoxicação aguda por nicotina leva ao aumento da frequência cardíaca, 
leve hipertensão e aumento da frequência respiratória. Pode gerar a sensa-
ção de excitação, maior concentração, sensação de prazer e menor tensão e 
ansiedade. Na primeira exposição à nicotina, pode ocorrer náuseas e dimi-
nuição de apetite.
A intoxicação grave por nicotina leva à dois tipos de sintomas, primeiramen-
te, excitatórios e, posteriormente, inibitórios. Os sintomas excitatórios podem 
se manifestar, no indivíduo, na forma de salivação, náuseas, aumento das se-
creções brônquicas, taquicardia, hipertensão, ansiedade, espasmos muscula-
res e convulsões. Na fase inibitória, os sintomas se apresentam na forma de 
dispneia, bradicardia, hipotensão, letargia e paralisia.
Tratamento
O tratamento para intoxicação aguda por nicotina deve ser realizado de 
acordo com os sintomas que aparecerem. Já em intoxicações graves, deve-se 
realizar tratamento por suporte. Não é aconselhado realizar lavagem gástrica 
ou administração de carvão vegetal.
No caso de intoxicações graves, pode ser necessário a proteção das vias 
respiratórias e suporte ventilatório para pacientes com grande aumento de se-
creção respiratória ou com fraqueza muscular. Os pacientes em choque devem 
receber hidratação venosa e, se necessário, aminas vasopressoras. Em pacien-
tes com bradicardia grave aconselha-se o uso de atropina. 
Cannabis
A Cannabis sativa é uma planta antiga, com registros que datam de 2800 
a.C., e com diversos usos, inclusive medicinais. Ela é cultivada no mundo todo, 
e no Brasil parece ter sido introduzida no consumo da população na época 
das capitanias hereditárias, além de ter sido utilizada na produção de fi bras 
e tecidos. Apesar disso, a planta parece ter sido utilizada há mais tempo por 
indivíduos escravizados, para fi ns hipnóticos.
TOXICOLOGIA 113
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O cânhamo, como também é conhecida a Cannabis, foi muito utilizado na 
medicina oriental, na antiguidade, porém seu uso voltou a estar em foco em 
1964 com a identificação do composto ∆9-tetra-hidrocanabiol (THC). Dentre os 
principais compostos da planta estão o THC, o canabidiol, seu precursor, e o 
canabiol que é um produto da decomposição do THC.
Apesar de o canabidiol e o canabiol não possuírem características psi-
coativas, apresentam ações anticonvulsivantes e indutoras do metabolismo 
hepático de medicamentos.
CURIOSIDADE
O uso de medicamentos com base de canabidiol, no Brasil, foi liberado 
com prescrição médica. Eles são usados no tratamento de convulsões, 
dor crônica, autismo, mal de Parkinson e transtorno de ansiedade. Mesmo 
com a venda prescrita liberada, a Cannabis sativa ainda não pode ser 
produzida no país.
O caule dessa planta possui fibras muito fortes e duráveis, que podem ser 
usadas na produção de papéis, corda e fios para confecção de tecidos. As se-
mentes são utilizadas para a extração de óleo, que por sua vez é utilizado na 
produção de tintas, sabão e até de óleo comestível.
O THC é a substância considerada psicoativa na Cannabis sativa, e está pre-
sente em todas as partes da planta. Entretanto, sua maior concentração en-
contra-se nas flores e resina, de onde pode-se extrair duas drogas ilícitas: a 
maconha, a mais utilizada, e o haxixe.
A maconha é produzida da mistura de folhas e flores secas da Cannabis, e 
pode ser usada na forma de fumo ou ingerida. Seus efeitos, quando fumada, 
podem ser sentidos em poucos segun-
dos. Já na ingestão, leva-se até 60 mi-
nutos para se sentir os efeitos.
O haxixe é muito mais forte que a 
maconha, principalmente por apre-
sentar maior concentração de THC. 
Isso se deve ao fato de ele ser extraí-
do da resina de flores e folhas, que 
seria um extrato superconcentrado 
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de THC. O seu uso também é na forma de fumo (podendo ser misturado ao 
tabaco) ou ingestão.
A Cannabis sativa é composta por 70 compostos considerados canabinoides, 
e que estão entre os 489 compostos químicos naturais presentes na planta. 
A preparação da planta para uso pode variar de acordo com as partes utili-
zadas, o teor de THC e a forma como ela será consumida. O Quadro 1 mostra a 
defi nição do nome dado a cada preparação:
QUADRO 1. PRINCIPAIS PREPARAÇÕES DA CANNABIS
Preparação Composição Teor de Δ9-THC Modo de uso
Maconha (Brasil); 
Marijuana, grass (EUA);
Kit (Marrocos);
Dagga (África do Sul).
Planta inteira, com 
proporções variáveis 
de folhas, infl orescên-
cias, caules e frutos.
1 a 3%
Fumada por meio de 
cigarros conhecidos 
como “fi ninho” ou “ba-
seado”. Em média, um 
cigarro contém entre 
0,5 a 1,0 g da erva.
Haxixe (Meio-Oeste e 
Norte da África);
Charas (Índia).
Exsudato resinoso 
seco, coletado das 
infl orescências das 
plantas cultivadas.
10 a 20% Geralmente fumado por meio de cachimbos.
Óleo de haxixe (Can-
nabis líquida ou óleo 
de Cannabis).
Produto obtido por 
meio da extração com 
solventes orgânicos 
ou por destilação. Ra-
ramente presente no 
comércio ilícito.
15 a 60%
Adicionado a ali-
mentos e bebidas ou 
mesmo ao material 
vegetal para aumen-
tar sua potência.
Sissemilla “Seedless 
marijuana” (Califórnia, 
EUA).
Sumidades fl oridas 
das plantas femininas 
que não foram polini-
zadas.
5 a 14% Fumada.
Ganja (Índia).
Massa resinosa 
composta por folhas 
pequenas e infl ores-
cências de plantas 
cultivadas.
Cerca de 3% Fumada ou adiciona-da a bebidas e doces.
Bhang (Índia).
Folhas secas e infl o-
rescências de plantas 
não cultivadas.
Equivalente à
de maconha
Normalmente é 
bebida na forma de 
decoração.
Skunk ou skank.
Cultivo em condições 
controladas de tem-
peratura, umidade, 
nutrientes, luminosi-
dade, geralmente em 
hidroponia.
Até 35% Fumada.
Maconha (Brasil); 
Marijuana, grass (EUA);
Maconha (Brasil); 
Marijuana, grass (EUA);
Kit (Marrocos);
Dagga (África do Sul).
Maconha (Brasil); 
Marijuana, grass (EUA);
Kit (Marrocos);
Dagga (África do Sul).
Haxixe (Meio-Oeste e 
Marijuana, grass (EUA);
Dagga (África do Sul).
Haxixe (Meio-Oeste e 
Norte da África);
Charas (Índia).
Dagga (África do Sul).
Planta inteira, com 
proporções variáveis 
Haxixe (Meio-Oeste e 
Norte da África);
Charas (Índia).
Planta inteira, com 
proporções variáveis 
de folhas, infl orescên-
cias, caules e frutos.
Haxixe (Meio-Oeste e 
Norte da África);
Charas (Índia).
Óleo de haxixe (Can-
nabis líquida ou óleo 
de Cannabis).
Planta inteira, com 
proporções variáveis 
de folhas, infl orescên-
cias, caules e frutos.
Exsudato resinoso 
Óleo de haxixe (Can-
nabis líquida ou óleo 
de Cannabis).
proporções variáveis 
de folhas, infl orescên-
cias, caules e frutos.
Exsudato resinoso 
seco, coletado das 
infl orescências das 
plantas cultivadas.
Óleo de haxixe (Can-
nabis líquida ou óleo 
de Cannabis).
Sissemilla “Seedless 
marijuana” (Califórnia, 
de folhas, infl orescên-
cias, caules e frutos.
Exsudato resinoso 
seco, coletado das 
infl orescências das 
plantas cultivadas.
nabis líquida ou óleo 
Produto obtido por 
Sissemilla “Seedless 
marijuana” (Califórnia, 
EUA).
1 a 3%
Exsudato resinoso 
seco, coletado das 
infl orescências das 
plantas cultivadas.
Produto obtido por 
meio da extração com 
solventes orgânicos 
ou por destilação. Ra-
Sissemilla “Seedless 
marijuana” (Califórnia, 
Ganja (Índia).
plantas cultivadas.
Produto obtido por 
meio da extração com 
solventes orgânicos 
ou por destilação. Ra-
ramente presente no 
comércio ilícito.
marijuana” (Califórnia,Ganja (Índia).
10 a 20%
Produto obtido por 
meio da extração com 
solventes orgânicos 
ou por destilação. Ra-
ramente presente no 
comércio ilícito.
Sumidades fl oridas 
das plantas femininas 
Ganja (Índia).
Bhang (Índia).
Fumada por meio de 
cigarros conhecidos 
como “fi ninho” ou “ba-
10 a 20%
meio da extração com 
solventes orgânicos 
ou por destilação. Ra-
ramente presente no 
comércio ilícito.
Sumidades fl oridas 
das plantas femininas 
que não foram polini-
zadas.
Bhang (Índia).
Fumada por meio de 
cigarros conhecidos 
como “fi ninho” ou “ba-
seado”. Em média, um 
cigarro contém entre 
ramente presente no 
15 a 60%
Sumidades fl oridas 
das plantas femininas 
que não foram polini-
Massa resinosa 
composta por folhas 
Bhang (Índia).
Fumada por meio de 
cigarros conhecidos 
como “fi ninho” ou “ba-
seado”. Em média, um 
cigarro contém entre 
0,5 a 1,0 g da erva.
15 a 60%
das plantas femininas 
que não foram polini-
Massa resinosa 
composta por folhas 
pequenas e infl ores-
cências de plantas 
cultivadas.
Skunk ou skank.
cigarros conhecidos 
como “fi ninho” ou “ba-
seado”. Em média, um 
cigarro contém entre 
0,5 a 1,0 g da erva.
Geralmente fumado 
por meio de cachimbos.
que não foram polini-
Massa resinosa 
composta por folhas 
pequenas e infl ores-
cências de plantas 
cultivadas.
Folhas secas e infl o-
Skunk ou skank.
seado”. Em média, um 
cigarro contém entre 
0,5 a 1,0 g da erva.
Geralmente fumado 
por meio de cachimbos.
5 a 14%
composta por folhas 
pequenas e infl ores-
cências de plantas 
cultivadas.
Folhas secas e infl o-
rescências de plantas 
não cultivadas.
Skunk ou skank.
Geralmente fumado 
por meio de cachimbos.
Adicionado a ali-
mentos e bebidas ou 
mesmo ao material 
cências de plantas 
Folhas secas e infl o-
rescências de plantas 
não cultivadas.
Cultivo em condições 
controladas de tem-
por meio de cachimbos.
Adicionado a ali-
mentos e bebidas ou 
mesmo ao material 
vegetal para aumen-
tar sua potência.
Cerca de 3%
Folhas secas e infl o-
rescências de plantas 
não cultivadas.
Cultivo em condições 
controladas de tem-
peratura, umidade, 
nutrientes, luminosi-
Adicionado a ali-
mentos e bebidas ou 
mesmo ao material 
vegetal para aumen-
tar sua potência.
Cerca de 3%
rescências de plantas 
Cultivo em condições 
controladas de tem-
peratura, umidade, 
nutrientes, luminosi-
dade, geralmente em 
hidroponia.
mentos e bebidas ou 
mesmo ao material 
vegetal para aumen-
tar sua potência.
Fumada.
Equivalente à
de maconha
Cultivo em condições 
controladas de tem-
peratura, umidade, 
nutrientes, luminosi-
dade, geralmente em 
hidroponia.
vegetal para aumen-
Equivalente à
de maconha
nutrientes, luminosi-
dade, geralmente em 
Fumada ou adiciona-
da a bebidas e doces.
Até 35%
Fumada ou adiciona-
da a bebidas e doces.
Normalmente é 
Até 35%
Fumada ou adiciona-
da a bebidas e doces.
Normalmente é 
bebida na forma de 
decoração.
da a bebidas e doces.
Normalmente é 
bebida na forma de 
decoração.
bebida na forma de 
Fumada.Fumada.
Fonte: OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008, p. 437. (Adaptado).
TOXICOLOGIA 115
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 115 04/02/2021 13:48:12
Figura 2. Fórmulas químicas estruturais dos principais compostos canabinoides. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 
26/01/2021. (Adaptado).
O THC é um composto de estrutura tricíclica com 21 carbonos, principal 
responsável pela ação psicoativa da Cannabis sativa. É um óleo viscoso, volátil, 
insolúvel em água e muito lipofílico, o que facilita a passagem desse composto 
pela barreira hematoencefálica.
A forma como o THC age no organismo não é muito defi nida. Existem duas hi-
póteses para explicar o mecanismo de ação desse composto. A primeira seria ba-
seada na interação não específi ca do THC com organelas e membranas celulares 
no cérebro, o que é chamado de mecanismo de perturbação de membranas. A 
segunda hipótese seria a interação do composto com receptores canabinoides es-
pecífi cos. É difícil defi nir, exatamente, qual o mecanismo de ação seguido pelo THC, 
porém muitos estudos in vivo sugerem que a primeira hipótese seja verdadeira. 
Mecanismo de toxicidade
Toxicocinética
As formas de consumo da Cannabis variam de acordo com seu preparo, sen-
do que existem duas formas principais de consumo da droga: via fumo ou via 
ingestão. Sendo assim, existem duas vias de absorção: a pulmonar e a oral.
THC
CBN
CBG
THCV
CBD
CBC
Cannabis
TOXICOLOGIA 116
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 116 04/02/2021 13:48:12
A absorção alveolar é muito rápida por 
questões anatômicas, sendo a superfície de 
absorção e a quantidade de irrigação san-
guínea muito grandes. Essa rápida absorção 
colabora para que em cerca de dez minutos 
o THC já seja detectado no plasma. A biodisponi-
bilidade plasmática do THC varia de acordo com 
alguns fatores: 
• A perda de THC durante o ato de fumar: acon-
tece por pirólise. Inclusive, a concentração de THC é 
maior na segunda metade do cigarro;
• A forma de fumar: que determina o tempo de manutenção da fumaça no 
pulmão, a velocidade das tragadas e o intervalo entre elas;
• A experiência do fumante: a biodisponibilidade de THC em usuários crô-
nicos é bem maior do que em fumantes ocasionais.
A absorção por via gastrointestinal é lenta e irregular, conseguindo alcançar 
os índices plasmáticos após uma ou duas horas da ingestão. Apesar de grande 
parte ser absorvida na porção superior do intestino delgado, alguns fatores 
levam à baixa biodisponibilidade do THC em casos de ingestão:
• Grande metabolização de primeira passagem no fígado;
• Degradação do THC no pH ácido do estomago.
Sendo assim, os efeitos demoram mais para aparecer e duram por mais 
tempo, enquanto na absorção alveolar os efeitos ocorrem em minutos e a du-
ração deles é de até metade do tempo da absorção oral.
Após a absorção, o THC se liga, em grande parte, às lipoproteínas plasmá-
ticas devido ao alto poder lipofílico. Então, ele é rapidamente distribuído pelos 
tecidos e órgãos muito vascularizados, como cérebro, fígado, coração, rins e 
pulmões. Em seguida, o THC é redistribuído nos tecidos menos vascularizados, 
principalmente no tecido adiposo, onde ocorre um maior acúmulo da substân-
cia (maior que os níveis plasmáticos).
No fígado, o THC sofre hidroxilação por ação das enzimas do citocromo 
p450, se transformando no metabólito ativo 11-OH-THC, que sofre oxida-
ção, originando o metabólito inativo COOH-THC, que é conjugado, princi-
palmente, com o ácido glicurônico e posteriormente excretado na urina. 
TOXICOLOGIA 117
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 117 04/02/2021 13:48:12
Fonte: ALVES, 2015, p. 5.
DIAGRAMA 2. BIOTRANSFORMAÇÃO DO THC
Acontece que grande parte do que é biotransformado não se conjuga e é 
liberado em forma de 11- OH-THC nas fezes.
Toxicodinâmica
Os efeitos causados pelos canabinoides no organismo se dão devido a interações 
com receptores específicos de canabinoides, ou receptores CB. Esses receptores são 
comuns no cérebro e nos tecidos periféricos, e são conhecidos como CB1 e CB2.
A presença desses receptores foi descoberta entre os anos de 1988 e 1993, 
sendo que CB1 foram encontrados no cérebro, principalmente em regiões as-
sociadas à cognição, memória, sistema de recompensa, percepção sensorial da 
dor, coordenação motora e função endócrina. O CB2 é encontrado nos tecidos 
periféricos, como o baço, amigdalas, timo e células sanguíneas.
O mecanismo de ação do THC no organismo não é tão conhecido, mas as evi-
dências apontam para a ação estimulante da ação dopaminérgica na via meso-
límbica, o que desperta o sistema de recompensa e pode levar à dependência.
HidroxilaçãoH H
H H
OH OH
O O
CH3 CH3
CH3 CH3
CH3 CH3
Δ9 – THC 11-OH-Δ9 – THC 
Oxidação
H H
H H
OH OH
O O
O- OHO O
CH3 CH3
CH3 CH3
COOH- Δ9 – THC glicuronidado
COOH- Δ9 – THC
Glicuronídeo Glicuronídeo
Glicuronídeo
TOXICOLOGIA 118
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 118 04/02/2021 13:48:12
Sinais e sintomas
O uso de drogas canabinoidesleva a sinais e sintomas claros, a curto e 
a longo prazo. A curto prazo, são observados inúmeros sintomas, como um 
período de euforia e bem-estar (no início), relaxamento, sonolência e de-
pressão. Em alguns casos, o consumo pode produzir ansiedade, temor, des-
confi ança ou pânico.
A coordenação motora é diminuída e a noção de tempo e espaço fi ca com-
prometida, o que torna o ato de dirigir veículos muito perigoso. Nesse período, 
também pode ocorrer perda da memória recente, aumento na sensibilidade a 
estímulos, taquicardia, hiperemia das conjuntivas, aumento do apetite e secu-
ra da boca e garganta.
A longo prazo, causa défi cit pulmonar maior que em usuários de tabaco e, 
devido à combustão completa que ocorre no cigarro de maconha, existe uma 
maior absorção de CO, levando à diminuição do transporte de oxigênio pelo 
corpo, principalmente nos pulmões.
O uso crônico de maconha também está ligado à deterioração do sistema 
imunológico e a psicopatologias. Existem estudos que ligam o uso de maconha 
a crises de esquizofrenia irreversíveis.
Tratamento
O tratamento para intoxicação por Cannabis sativa é apenas de suporte e 
ligado ao tratamento de sintomas. Em caso de síndrome de hiperemese cana-
binoides, pode ser necessária a realização de hidratação via intravenosa e o 
uso de antieméticos, como o haloperidol e a capsaicina tópica. 
O tratamento no caso de dependência é apenas psicológico e comporta-
mental, com grupos de apoio e terapias alternativas.
Derivados da cocaína
A cocaína é um estimulante do sistema nervoso central, que é conhecido 
por ser usado legalmente como anestésico. Apesar disso, o seu uso mais popu-
lar é como droga ilícita estimulante.
TOXICOLOGIA 119
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 119 04/02/2021 13:48:13
Os derivados da cocaína também são utilizados como entorpecentes. Po-
rém, enquanto o sal é considerado uma droga elitizada, o crack, por exemplo, é 
uma droga de escolha de usuários de periferia, por seu baixo custo.
O crack é uma forma básica da cocaína-COC, também conhecida como base 
livre ou cocaína alcaloidal, e pode ser obtido por meio da dissolução do pó de 
cocaína em água e alcalinizante. A mistura de cocaína com água e bicarbonato 
de sódio ou hidróxido de sódio é aquecida e forma uma fina película oleosa 
sobrenadante. Essa película é retirada e resfriada em banho de gelo, formando 
cristais ou pedras, que posteriormente serão aquecidas para serem fumadas.
DIAGRAMA 3. ESQUEMA DO PROCESSAMENTO
DA FOLHA DE COCA ATÉ O CRACK
+ água 
+ álcali (CaCO3, Ca(OH)2, bicarbonato) 
+ solvente (querosene, gasolina)
+ água 
+ base (bicarbonato) 
+ aquecimento
+ ácido
+ base
+ éter/HCl/acetona
Crack
Folha de coca
Fase orgânica
Fase orgânica Fase aquosa
Pasta de coca
Cloridrato de cocaína
TOXICOLOGIA 120
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 120 04/02/2021 13:48:13
Devido ao seu baixo ponto de fusão 
(98 ºC) e à sua alta volatilidade, o crack, 
quando aquecido, pode ser fumado 
para se obter efeitos rápidos, equivalen-
tes aos apresentados ao se injetar clori-
drato de cocaína de forma intravenosa.
Durante o fumo, o aquecimento 
da cocaína base promove a pirólise da 
cocaína, levando à formação de um composto chamado metilecgonidina, tam-
bém conhecido como anidroecgonina metil éster (AEME).
A base livre fumada tem maior potencial de causar dependência e abuso do 
que as formas comuns de consumo da cocaína, como a intravenosa e intrana-
sal. Esse fato parece estar ligado à formação do composto AEME, porém pouco 
se sabe sobre a toxicologia e ação biológica dele.
Percebe-se que a forma de administração da cocaína como cloridrato ou em 
base livre influencia diretamente na dependência, no tempo de duração e tipos 
dos efeitos causados por essa droga.
Existe, também, uma variação mais recente do crack, que parece usar, em 
seu preparo, gasolina, querosene e cal virgem. É o chamado crack oxidado, oxi-
dado ou oxi. Do oxi, também se faz o cocaetileno.
EXPLICANDO
Existem casos em que se mistura o oxi com o álcool. Essa substância 
é chamada cocaetileno, e ela é muito tóxica para o fígado. Com pouco 
tempo de uso, as lesões ao órgão já são muito graves.
Inicialmente produzido e consumido na Bolívia e no Peru, o oxi chegou ao 
Brasil em 2005, mas a primeira apreensão da droga, em São Paulo, foi em mar-
ço de 2011. O oxi é consumido misturado no cigarro de tabaco ou maconha e 
em cachimbos improvisados, assim como o crack. Ele gera uma fumaça densa e 
escura que deixa resíduos marrons como a ferrugem, por isso o nome oxidado.
Como o oxidado é uma mistura muito tóxica, pela presença de combustíveis 
e até de ácido sulfúrico, os danos à saúde causados por ele são mais intensos e 
podem levar à óbito com menos de um ano de uso.
TOXICOLOGIA 121
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 121 04/02/2021 13:48:13
O grande potencial de dependência destas drogas levou o Brasil, especial-
mente São Paulo, a um grande problema de saúde e segurança pública. Por 
isso, o estudo da toxicologia e das formas de tratamento para a dependência 
e o abuso no consumo de crack se faz necessário. O tratamento é longo e com 
alto risco de recaída.
Mecanismo de toxicidade
Toxicocinética
Durante o processo de fumar o crack, o indivíduo absorve instantaneamen-
te a base livre e a AEME que é liberada na pirólise, além disso, ainda absorve 
inúmeras impurezas presentes na pedra. Essa absorção ocorre nos pulmões, 
por sua alta vascularização e grande superfície para absorção. Como a tempe-
ratura infl uencia na quantidade de AEME liberada, durante o ato de fumar, a 
absorção dos tóxicos vai depender do cachimbo, do tempo de aspiração e da 
temperatura de queima.
Após a absorção rápida pelos alvéolos, os níveis séricos são alcançados ra-
pidamente e as substâncias passam a ser distribuídas, primeiramente no sis-
tema nervoso central (SNC), sendo que a concentração no cérebro passa a ser 
equivalente à do sangue. A distribuição ocorre rapidamente devido à alta lipos-
solubilidade das substâncias e à alta afi nidade com as proteínas plasmáticas.
A biotransformação ocorre, principalmente, no fígado. Tanto a cocaína 
quanto a AEME possuem vias semelhantes. A cocaína absorvida é transforma-
da em éster metilecgonina e benzoilecgonina, sendo que a primeira é o pro-
duto da hidrólise mediada por colinesterase plasmáticas e hepáticas do grupo 
benzoato, e a segunda é resultado da hidrólise espontânea ou de reações cata-
lizadoras mediadas por carboxilesterases.
Já as reações envolvidas na biotransformação da AEME não são 
muito conhecidas, sabe-se apenas que ocorrem, princi-
palmente, no fígado, porém observa-se reações ocor-
rendo nos pulmões, rins e cérebro em menor inten-
sidade. Sabe-se, também, que a biotransformação 
ocorre de forma rápida por processos enzimáticos 
e não enzimáticos, resultando na excreção, pelos 
TOXICOLOGIA 122
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Fonte: GARCIA, 2014, p. 33.
DIAGRAMA 4. PRODUTOS DE BIOTRANSFORMAÇÃO DA AEME
No Diagrama 4, as setas 1 (hidrólise do grupo éster), 2 (etil transesterifica-
ção), 3 (N-desmetilação) e 4 (N-oxidação) correspondem às vias cientificamente 
comprovadas, enquanto as setas 5 (hidrólise do grupo éster), 6 (N-desmetila-
ção) e 7 (etil transesterificação) correspondem às postuladas.
Toxicodinâmica
O mecanismo de ação da cocaína é bem conhecido, porém o da AEME não. 
Por isso, utilizamos o mecanismo de ação de uma substância similar para esta-
belecer um parâmetro enquanto não existe uma definição científica.
A cocaína age na inibição da captura das catecolaminas na fenda sináptica, 
resultando no acúmulo de noradrenalina e dopamina, causando a euforia. O 
uso pode gerar muitos efeitos tóxicos, como arritmias, miocardite e acidentes 
vasculares cerebrais.
Como o mecanismo de ação da AEME não foi completamente compreendi-
do, postulou-se o uso do mecanismo de duas substâncias como parâmetros: a 
rins, da anidroecgonina, e queno uso concomitante do álcool etílico, pode-se 
excretar anidroecgonina etil éster e seu produto metilado.
Anidroecgonina metil éster N-óxido
O -
+ CO2CH3H3CN
CO2CH3HN
CO2CH3H3CN
CO2HH3CN
CO2C2H5HN
CO2C2H5HN
4
2
5
7
1
6
3
Anidronorecgonina metil éster
Anidroecgonina etil éster Anidroecgonina etil éster Anidroecgonina etil éster
AnidroecgoninaAEME
CO2C2H5H3CN
TOXICOLOGIA 123
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Figura 3. Semelhança entre a AEME e as substâncias usadas como parâmetro. Fonte: GARCIA, 2014, p. 34.
Baseados nesses antagonistas, alguns estudos sugerem que a AEME cau-
sa a diminuição da intensidade dos batimentos cardíacos pela diminuição 
de cálcio nas células, fato que seria atribuído à estimulação dos receptores 
muscarínicos. Também se percebeu a reversão desse estado com a adminis-
tração de atropina, que é um antagonista inespecífi co de receptores colinér-
gicos muscarínicos.
Sinais e sintomas
Os sintomas mais observados do uso abusivo de crack são semelhantes 
aos de intoxicação por cocaína, porém há alguns sinais muito particulares do 
uso da droga: as queimaduras na boca, narinas e mãos. Também é possível 
observar alterações comportamentais, como excitação, euforia, embotamento 
afetivo, alterações de personalidade, hipervigilância e ansiedade.
No que tange aos sintomas físicos, também temos a bradicardia, a taquicar-
dia, a dilatação das pupilas, a transpiração, o calafrio, a alteração da pressão 
arterial, as náuseas, a agitação, a fraqueza muscular, a depressão respiratória, 
as arritmias cardíacas, as convulsões e a morte. 
Tratamento
De acordo com as diretrizes gerais médicas para a assistência integral ao 
crack, deve-se seguir alguns protocolos em caso de intoxicação:
arecolina, que é um antagonista de receptores colinérgicos muscarínicos, e a 
anatoxina-a, que é antagonista de receptores nicotínicos.
H3CN
CO2CH3
Arecolina
H3CN
CO2CH3
AEME
HN
COCH3
Anatoxina-a
TOXICOLOGIA 124
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• Uso de Diazepam em doses fracionadas para acalmar o indivíduo e man-
tê-lo levemente sedado. Em casos extremos, podem ser usados antipsicóticos 
de ação rápida;
• Monitoramento de sinais vitais, frequência respiratória e temperatura de 
duas em duas horas;
• Tratamento de suporte, cuidando dos sintomas que aparecerem (como os 
cardíacos). Após estabilizado, é preciso encaminhar o paciente para tratamen-
to de desintoxicação.
Cromatografia 
A metodologia físico-química de 
separação, identifi cação e/ou quan-
tifi cação dos componentes de uma 
mistura, que tem como princípio a mi-
gração diferencial dos componentes 
entre duas fases imiscíveis (estacioná-
ria e móvel), é conhecida como croma-
tografi a. Como essa metodologia é de 
alta confi abilidade e precisão, é muito utilizada para a separação e/ou detecção 
de quantidades muito pequenas de substâncias.
Sendo assim, é um método muito utilizado na toxicologia, a fi m de determi-
nar as substâncias presentes em uma droga, ou detectar quantidades peque-
nas de metabólitos em fl uidos biológicos.
Os tipos de cromatografi as são inúmeros, e a sua classifi cação pode dar-se 
de acordo com a forma física do sistema: planar ou em coluna. Dentro de cada 
uma dessas categorias está uma variedade de técnicas:
• Cromatografi a planar:
• Cromatografi a em camada delgada (CCD);
• Cromatografi a em papel (CP);
• Cromatografi a por centrifugação (Chromatotron).
• Cromatografi a de coluna:
• Cromatografi a supercrítica (CSC);
• Cromatografi a gasosa (CG);
TOXICOLOGIA 125
SER_FARMA_TOXICO_UNID4.indd 125 04/02/2021 13:48:14
Cromatografia da Cannabis sativa e estimulantes
O uso de drogas, como a Can-
nabis sativa, a cocaína e as anfeta-
minas, e o seu tráfico intenso no 
mundo todo faz com que seja neces-
sário um melhor entendimento da 
composição química dessas drogas, 
principalmente para que sejam me-
lhor entendidas as suas toxicocinéti-
cas e toxicodinâmicas, e como os metabólitos gerados são excretados. A 
técnica mais usada para o entendimento da composição química desses 
compostos é a cromatografia.
Neste tópico, vamos tratar das principais técnicas de cromatografi a utili-
zadas para a análise química da Cannabis sativa, cocaína e anfetaminas. Em 
primeiro lugar, trataremos da cromatografi a gasosa, que é a mais utilizada na 
análise das três substâncias.
Cromatografi a gasosa
Essa categoria de cromatografi a é um método físico-químico de separação 
dos componentes de uma mistura, que passa por duas fases interligadas: a 
fase estacionária, que está contida na coluna cromatográfi ca, e a fase móvel, 
conhecida como gás de arraste, e que percorre a coluna. É nessa fase que estão 
os analitos a serem separados. 
Quando os gases de arraste com os analitos passam pela fase estacionária, 
são distribuídos e retidos de acordo com a sua afi nidade físico-química. Pos-
teriormente, eles são eluídos seletivamente em direção ao analisador, o que 
resulta em migrações diferentes para cada analito.
Para que possamos entender melhor esse processo, vamos conhecer as 
principais partes de um cromatógrafo. Veja a Figura 4:
• Cromatografi a gasosa de alta resolução (CGAR);
• Cromatografi a líquida clássica (CLC);
• Cromatografi a líquida de alta efi ciência (HPLC);
• Cromatografi a líquida de ultra efi ciência (U-HPLC).
TOXICOLOGIA 126
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Figura 4. Esquema representativo de um cromatógrafo gasoso acoplado a um espectrômetro de massa. Fonte: 
BUSTILLOS, 2020, p. 29.
Um cromatógrafo a gás é formado basicamente por um injetor, a coluna 
e o detector (que nesse caso é o espectrômetro de massa). Ele funciona da 
seguinte forma: a amostra de interesse (líquida, gasosa ou sólida) é introdu-
zida no injetor, que, com o uso de temperatura, favorece a vaporização da 
amostra. O gás de arraste carrega os analitos gasosos para a coluna, que é 
constituída de sílica fundida com fase estacionária interna (polar ou apolar). 
A coluna fica em um forno programável, que, de acordo com a programação 
de temperatura, contribui para a separação dos analitos, de acordo com as 
características de cada um, como volatilidade, ponto de ebulição, peso mole-
cular e estabilidade térmica.
Ao fim da coluna, de acordo com o tempo de retenção de cada analito (RT), 
cada espécie vai seguindo para o detector. Os resultados observados são re-
presentados na Gráfico 2:
Injetor
Bomba de vácuo 
mecânica
Bomba de vácuo 
turbomolecular
Analisador quadrupolo
Espectrômetro de massas – MS
Fonte de íons
Interfase
Detector
Coluna capilar
Cromatógrafo a 
gás – GC
Forno de GC
Analisador 
GC/MS
TOXICOLOGIA 127
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Fonte: LASMAR; LEITE, 2007, p. 226.
GRÁFICO 2. CROMATOGRAMA OBTIDO DE CROMATOGRAFIA GASOSA REALIZADA EM 
COMPRIMIDOS DE ECSTASY PARA DETERMINAR OS SEUS COMPONENTES
Cromatografia líquida
Um dos principais usos da cromatografia líquida na toxicologia é na análise 
da composição das drogas de abuso e da presença dessas drogas em fluidos 
biológicos. A mais popular dessa categoria é a high-performance liquid chroma-
tography (HPLC), ou cromatografia líquida de alta eficiência. Ela funciona com 
um sistema de bombeamento do líquido pressurizado (solvente) onde está 
presente a amostra, que é passado através de uma coluna preenchida de um 
material sólido adsorvente. 
Na coluna, a amostra interage com o material adsorvente, sendo que cada 
analito presente terá sua taxa de fluxo garantindo a separação dos componen-
tes quando saem da coluna. Isso ocorre devido aos diferentes graus de intera-
ção entre cada partícula, o solvente e a coluna.
Anfetamina
Metanfetamina
Catina
Pseudoefedrina
MDA
MDMA
MBDB
Pare
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O líquido pressurizado que é misturado com a amostra (considerando a fase 
móvel docromatógrafo) é um solvente, como água, acetonitrila, e/ou metanol, e a 
interação desse solvente com os compostos é crucial para o processo de separação.
O HPLC geralmente é formado por um amostrador, bombas e um detector. 
O amostrador é responsável pelo transporte da amostra para o fl uxo de fase 
móvel que, posteriormente, será transferido para a coluna por meio do fl uxo 
que é garantido pelas bombas. Já o detector gera um sinal que permite uma 
análise quantitativa dos analitos.
GRÁFICO 3. RESULTADO DA CROMATOGRAFIA GASOSA
DE EXTRATO DE CANNABIS SATIVA
Fonte: CARVALHO, 2020, p. 92.
Cromatografia e identificação de venenos
A toxicologia utiliza a cromatografi a para diversas identifi cações e quanti-
fi cações de substâncias. Além de ser utilizada para quantifi car as drogas de 
abuso, também é utilizada na identifi cação de venenos.
Os venenos são substâncias de origem animal ou vegetal, utilizadas por es-
tes seres vivos para autodefesa ou predação. Os venenos podem vir de plantas, 
abelhas, vespas, cobras, entre outros.
325
Diazepam
CBDA
CBD
CBN
THC
THCA
325
300 300
275 275
250 250
225 225
200 200
175 175
150 150
125 125
100 100
75 75
50 50
25 25
0 0
-25
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
-25
TOXICOLOGIA 129
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Normalmente, esses venenos são uma mistura complexa de substâncias 
biologicamente ativas, formados, em grande parte, por proteínas, compostos 
orgânicos e inorgânicos. Essa variedade na composição dos venenos impulsio-
na estudos para entender as moléculas que são farmacologicamente ativas e, 
assim, desenvolver novos medicamentos e antídotos.
O processo de análise dos venenos inclui o uso de diversas técnicas e equi-
pamentos para a separação de seus compostos e análises de vestígios. A utili-
zação dessas técnicas na toxicologia resulta no maior conhecimento da atua-
ção de cada componente de uma droga, podendo ser essencial em casos de 
intoxicação e envenenamento acidental ou criminoso.
No caso de morte por intoxicação, por exemplo, é realizada a análise toxi-
cológica sistemática dos fluidos orgânicos e órgãos da vítima (no caso de não 
haver suspeita de um veneno específico). Assim, pode-se chegar ao veneno 
causador da morte e qual a concentração dele no organismo. Para esse tipo 
de análise, é utilizada a cromatografia líquida ou gasosa em conjunto com a 
espectrometria de massa.
GRÁFICO 4. PERFIL CROMATOGRÁFICO DO FRACIONAMENTO
DE SORO DA SERPENTE B. JARARACA
Fonte: SILVA, 2017, p. 41.
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
0 10 20 30 40
Tempo (min)
Ab
so
rb
ân
cia
 2
80
 n
m
 (m
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Sintetizando
As drogas de abuso são aquelas que têm potencial de gerar dependência no 
usuário. Dentre elas estão o tabaco, a Cannabis sativa e a cocaína e seus derivados.
O tabaco, apesar de ser socialmente aceitável, é uma das drogas que mais 
mata e que tem mais dependentes em diversas faixas etárias. Além de ser usa-
do, tradicionalmente, na forma de cigarro, o tabaco também é mastigado, o que 
leva a uma outra forma de absorção da droga. 
O tabaco é um composto complexo, e o seu consumo na forma de cigarro 
libera inúmeras toxinas como a nicotina, que é o princípio ativo da droga. Os sin-
tomas da intoxicação por nicotina estão ligados ao sistema cardiorrespiratório, 
elevando a frequência cardíaca e respiratória.
A Cannabis sativa tem seu uso legal e ilegal, sendo o uso medicinal legalizado 
para o controle de sintomas de algumas doenças, mas o uso recreativo é ilegal. 
O composto ativo que é tido como responsável pelos efeitos no SNC é o THC, que 
é considerado o composto psicoativo da planta e é o principal componente da 
maconha e do haxixe.
A cocaína é considerada uma droga com alto potencial de dependência e to-
lerância, e ainda existem drogas derivadas dela que têm sido consumidas em 
grandes quantidades nas ruas, como o crack e o oxi.
O crack se tornou um problema de saúde e segurança pública no Brasil, prin-
cipalmente por seu alto poder de estímulo do SNC, pelo seu baixo custo, pelo 
número enorme de pessoas viciadas nas ruas e pela sua rápida capacidade letal.
Para determinar a presença, a quantidade e a procedência dessas drogas de abu-
so, são utilizados métodos avançados de cromatografia, que se destacam pelo refi-
namento de seus resultados, conseguindo separar os componentes de cada droga.
Podemos concluir, nesta unidade, que as drogas de abuso são mais perigo-
sas do que parecem, tanto para os indivíduos quanto para a sociedade. Muitas 
pesquisas ainda precisam ser realizadas para que se entenda cada vez mais o 
mecanismo de ação dessas drogas no organismo, podendo, assim, combater o 
vício e as intoxicações.
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