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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO ENGENHARIA QUÍMICA DÉBORA MELO CARVALHO DOS SANTOS LÍVIA OLIVEIRA PEREIRA LUIZA AGUIAR DOS SANTOS ADIÇÃO NUCLEOFÍLICA A COMPOSTOS CARBONÍLICOS RIBEIRÃO PRETO 2022 2 1 OBJETIVOS Síntese da Benzalazina. 3 2 INTRODUÇÃO Entre tantas funcionalidades químicas, os compostos carbonilados são os mais atrativos em processos sintéticos, estes são considerados plataformas para a criação de outras funções. A instauração C=O é polarizada, com o átomo de carbono apresentando um caráter positivo (𝑪𝜹+), enquanto o oxigênio apresenta um caráter negativo (𝑶𝜹−), tornando os compostos carbonilados e seus derivados suscetíveis a reações envolvendo nucleófilos. Os compostos que contém o agrupamento carbonila podem ser divididas em duas classes, de acordo com a reatividade frente ao ataque nucleofílico, assim como está mostra na figura abaixo (figura 1), isto ocorre, porque a natureza dos grupos ligados ao grupo acila interfere fortemente na sua reatividade. Os compostos aptos a sofrer substituição nucleofílica, com a saída do grupo abandonador ligado à carbonila, são classificados como Classe I, compõem essa classe os ácidos carboxílicos e seus derivados, ou seja, haletos de acila, anidridos de ácidos, ésteres, amidas, entre outros derivados. Já os compostos que não sofrem substituição nucleofílica constituem a Classe II, sendo eles os aldeídos e cetonas. Em termos energéticos, os orbitais LUMO desses compostos, encontrados na porção carbonilíca da molécula (orbitais moleculares do tipo 𝝅∗, antiligantes) possuem baixa energia, logo possibilitam ainda mais que os ataques nucleofílicos aconteçam. Figura 1: Classificação dos compostos carbonilados e seus derivados de acordo com sua reatividade. Tal diferença de reatividade se dá tanto pela natureza do intermediário tetraédrico formado depois do ataque nucleofílico, quanto pela identidade grupo do substituinte da acila (grupo RC=O, com R sendo uma cadeia alquílica ou arílica). Quanto mais fraca for a base que está ligada à acila, melhor será o grupo abandonador, em razão de que seu ácido conjugado será mais forte. Desse modo, aldeídos e cetonas não sofrem substituição nucleofílica devido os grupos –H e –R serem bases muito fortes (pKa dos ácidos conjugados H2 e RH são próximos a 4 40 e 50), em contrapartida ácidos carboxílicos e seus derivados sofrem substituição facilmente por nucleófilos, dado que os valores de pKa dos ácidos conjugados dos seus grupos abandonadores são mais baixos. Os compostos da Classe I podem originar novas funções orgânicas ou alterar o substituinte quando reage com nucleófilos, por exemplo: ésteres podem reagir com aminas e formar amidas ou reagir com álcoois e sofrer uma transesterificação, formando um novo éster. Por outro lado, compostos da Classe II, aldeídos e cetonas, sofrem reações de adição ao reagirem com nucleófilos, pois o hidrogênio e o grupo alquila são bases fortes para serem substituídos. Os produtos de adição proporcionam o aumento da cadeia via formação de ligação C-C quando o nucleófilo for um carbânion, além de introduzir novas funções na molécula. Em virtude dos fatores estéreo eletrônicos, aldeídos são mais reativos que cetonas frente a ataques nucleofílicos, logo do ponto de vista desses fatores eletrônicos, como o carbono carbonílico é deficiente em densidade eletrônica em decorrência da polarização em direção ao átomo de oxigênio da carbonila, o grupo alquila presente nas cetonas doa densidade eletrônica à carbonila, diminuindo o caráter eletrofílico do carbono. Tal doação ocorre via efeito indutivo, posto que o carbono da carbonila apresenta hibridização sp2, enquanto o da alquila apresenta hibridização sp3, sendo aquele mais eletronegativo que esse em razão de maior caráter s, sendo a ligação RC(=O)-C(alquila) polarizada em direção à carbonila. Relativamente, o carbono carbonílico dos aldeídos dispõe de uma carga parcial positiva maior do que nas cetonas, o que resulta em maior reatividade dos aldeídos frente ao ataque nucleofílico. É necessário levar em conta o efeito da hiperconjugação presente em cetonas, que causa uma diminuição na carga parcial positiva do carbono carbonílico. Essa hiperconjugação entre o orbital LUMO da carbonila (𝝅*co) e o orbital do tipo 𝝈 da ligação C-H do carbono α-carbonila nas cetonas tem como consequência um preenchimento eletrônico parcial do orbital 𝝅*co, isto resulta em um caráter positivo da carbonila da cetona e reduz sua reatividade frente ao ataque nucleofílico quando comparado à carbonila do aldeído. 5 3 MATERIAIS Para a realização deste experimento, utilizou-se: 3.1 Materiais • Pipetador • Pipeta • Proveta de 10mL • Kitassato • Funil de porcelana • Espátula • Papel de filtro • Agitador • Bailarina • Conta gotas • Béquer 100mL 3.2 Reagentes • Água • Sulfato de hidrazina • Hidróxido de amônia • Aldeído benzoico 6 4 PROCEDIMENTOS Inicialmente, em um béquer (1) pesou-se 1,2g de sulfato de hidrazina. Em seguida, com o auxílio de uma proveta, mediu-se 9mL de água, a qual foi transferida para o béquer. Com o auxílio de uma pipeta e um pipetador, mediu-se 1,2mL de hidróxido de amônio e adicionou-se ao béquer 1 também. Inseriu-se, em um béquer (2) 2mL de aldeído benzoico, o qual foi transferido, gota a gota, para o béquer 1 enquanto o béquer estava em constante agitação. Após isso, o mesmo continuou em agitação por 15 segundos. Por fim, filtrou-se e guardou-se o precipitado. Figura 1: Produto final (Benzalazina) 7 5 RESULTADOS Foram obtidos 1,25g de um sólido amarelo. 5.1 Composto limitante 𝑵𝒂 = 𝒎 𝑴 = 𝟐, 𝟑 𝟐𝟏𝟐 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟎𝟖 𝒎𝒐𝒍𝒔 𝑵𝒃 = 𝒎 𝑴 = 𝟏, 𝟐 𝟏𝟐𝟕 = 𝟎, 𝟎𝟎𝟗𝟒𝟒 𝒎𝒐𝒍𝒔 Portanto, o composto B é limitante. 5.2 Rendimento teórico (x) 𝒙 = 𝒎 𝒍𝒊𝒎𝒊𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 × 𝑴𝒄 𝑴𝒃 𝟏, 𝟐 × 𝟐𝟎𝟖 𝟏𝟐𝟕 = 𝟏, 𝟗𝟔𝟓𝒈 5.3 Rendimento Prático (y) 𝒚 = 𝒎 𝒐𝒃𝒕𝒊𝒅𝒂 × 𝟏𝟎𝟎 𝒙 = 𝟏, 𝟐𝟓 × 𝟏𝟎𝟎 𝟏, 𝟗𝟔𝟓 𝟔𝟑, 𝟔𝟏% 8 6 DISCUSSÃO A síntese da Benzalazina consiste em uma reação de adição de derivados de amônia à compostos carboxílicos, a qual envolve água e amônia com o intuito de solubilizar o sulfato de hidrazina (reagente adicionado à carbonila do benzaldeído). O tempo utilizado para a adição foi de 20 minutos, seguindo instruções da literatura; esse é um ponto importante pois o tempo correto possibilitará um bom rendimento do produto final. A agitação, realizada após o processo de adição, completa o processo reacional. Por fim, é utilizada a filtração à vácuo por conta de sua rapidez e eficiência. 9 7 CONCLUSÃO Obteve-se um rendimento de 63,61%, ou seja, mediano. A possível causa para esse resultado vem de falhas no momento da filtração. 10 REFERÊNCIAS FERREIRA, G. K. B. ESTUDO DA ATIVIDADE CATALÍTICA ÁCIDO-BASE DE COMPLEXOS DE COBRE(II) AMINOÁCIDOS E METALOPORFIRINAS FRENTE A REAÇÕES DE ADIÇÃO NUCLEOFÍLICA A COMPOSTOS CARBONILADOS. Curitiba, 2017. p. 27-150. PÁGINAS UFSC. Adição Nucleofílica à Carbonila. Disponível em: https://patyqmc.paginas.ufsc.br/files/2019/07/Adic%CC%A7a%CC%83o- Nucleofi%CC%81lica-a%CC%80-Carbonila.pdf. Acesso em: 21 out. 2022.