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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3 
2 OBJETIVOS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO .................................... 4 
2.1 Critérios científicos e histórico-culturais da categoria pessoa em 
desenvolvimento...........................................................................................................6 
3 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA .................................................................... 10 
3.1 Desenvolvimento biopsicossocial de crianças de 0 a 2 anos .............................. 12 
3.2 O desenvolvimento biopsicossocial na faixa etária de 3 a 6 anos de idade ........ 16 
3.3 Desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo na 3ª infância (7-11 anos) ............ 20 
4 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO....................................................................... 24 
4.1 Primeira fase: a descrição dos processos de desenvolvimento na 
adolescência...............................................................................................................36 
4.2 Segunda fase: a visão contextualista do desenvolvimento do adolescente ........ 38 
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI , esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - 
um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 OBJETIVOS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
A psicologia do desenvolvimento é o estudo dos diferentes aspectos humano, 
desde a vida uterina até o envelhecimento. Esta é uma área do conhecimento que 
busca entender os fatores como tempo, genética, fisiologia, experiências de 
aprendizagem e diferentes contextos (por exemplo, cultura, história e sociedade). 
Entre os outros aspectos que afetam os seres humano. (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2002 apud CORTINAZ, 2016). Devido ao alcance da dimensão do 
desenvolvimento humano da pesquisa em psicologia, a disciplina tem interação com 
outras áreas do conhecimento como biologia, pedagogia, sociologia, etc. A psicologia 
do desenvolvimento visa alcançar três objetivos principais. O primeiro objetivo pode 
ser resumido como: as origens dos aspectos emocionais, cognitivos, motores e sociais 
da estrutura humana. 
 O segundo alvo abrangente é identificar as causas do surgimento e mudança 
nos aspectos emocionais, cognitivos, motores e sociais do progresso humano. O 
terceiro e último propósito é distinguir uma fase ou estágios da evolução humana, um 
período específico do ciclo de vida, no qual um conjunto específico dos aspectos 
emocionais, cognitivos, motores e sociais do alcance humano que se manifestam e 
permanecem mais ou menos estáveis (CAMPOS, 2001 apud CORTINAZ, 2016). 
É possível estabelecer alguns princípios gerais do desenvolvimento humano. A 
primeira é que o progresso humano é causado por diferentes estágios/etapas/fases, 
cada um com seu próprio conjunto de características. Embora a definição de estágios 
de crescimento e o período em que ocorrem possam variar de acordo com os métodos 
de pesquisas, sendo assim novos padrões surgem repetidamente em diferentes 
métodos de pesquisas. O desenvolvimento é estruturado e consolidado por padrões 
que são estáveis em estágios iniciais. Outro princípio relacionado ao anterior é que a 
evolução é contínua e resultado de mudanças estruturais nos aspectos emocionais, 
cognitivos, físicos e sociais de um indivíduo. Um exemplo muito ilustrativo do segundo 
princípio é que as crianças começam engatinhando, em seguida, caminha, e, por fim, 
consegue correr com destreza, (CORTINAZ, 2016). 
Um terceiro princípio que pode ser enfatizado, é dos aspectos gerais para os 
aspectos específicos. Por exemplo, primeiro a criança desenvolve habilidades 
motoras (mover pernas, braços, mãos, sentar, andar, correr, etc.) e depois promover 
 
5 
 
as habilidades motoras finas (coordenar mãos e olhos em tarefas específicas) como 
pintar, recortar, ler, escrever, etc.) (COLL; MARCHESI; PALÁCIOS, 2004 apud 
CORTINAZ, 2016). 
Por fim, pode-se enfatizar que, embora os estágios de desenvolvimento sejam 
constantes em diversos métodos de pesquisa, o desenvolvimento pode ocorrer em 
variados ritmos/velocidades e em diferentes indivíduos. Podemos dizer que há uma 
consistência desde da estrutura física (por exemplo, crescimento da cabeça, tronco e 
extremidades superiores e inferiores) até o desdobramento de habilidades cognitivas 
(como habilidades de raciocínio lógico indutivo/dedutivo), mas é impossível determinar 
uma idade com precisão absoluta, todos os indivíduos atingem um certo nível de 
crescimento. 
 A psicologia do desenvolvimento contribui para uma melhor compreensão dos 
aspectos psicológicos do conhecimento humano, assumindo diferentes estágios. 
Portanto, a psicologia do desenvolvimento, tornou-se uma disciplina específica dentro 
do campo da psicologia. Um dos objetivos mais comuns da psicologia do 
desenvolvimento é o estudo das mudanças que ocorrem durante o processo humano. 
Já o desenvolvimento humano, enfatiza a relevância das relações sociais e 
emocionais para a aprendizagem. (CORTINAZ, 2017). 
Uma definição possível de desenvolvimento humano é “[...] o estudo científico 
de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais, desde a concepção 
até a morte [...]” (PAPALIA; OLDS, 2000, p. 25 apud CORTINAZ, 2017). Essa 
primeira definição é bastante geral e diferentes pesquisas, a partir de 
diferentes abordagens teóricas e metodológicas, aprofundam-se na 
compreensão de quais mudanças ocorrem, como essas mudanças ocorrem, 
quando ocorrem e por quê. 
Dessa forma, podemos ver o desenvolvimento humano como um marcador de 
transformação social, refletindo a organização das estruturas sociais, ao mesmo 
tempo em que integra as características cognitivas, afetivas e comportamentais do 
sujeito no processo de constituição mútua. O ser humano progrediu. Muito além da 
composição orgânica madura do corpo e também passou pela evolução relacional do 
sujeito. Portanto, é um processo que abrange os estágios de maturidade da aquisição 
do conhecimento, (DUARTE, 2017). 
Por meio de desenvolvimento física, pode-se alcançar o desenvolvimento da 
linguagem, o acesso à fala e à comunicação, o desenvolvimento cognitivo advém da 
elaboração de percepções de seu funcionamento físico e de seu papel no meio 
 
6 
 
ambiente, o desenvolvimento emocional, por outro lado, acompanha suas emoções 
nos relacionamentos e ocorre como um conceito que também afeta o progresso social, 
no qual o sujeito percebe sua relação com o contexto social, (DUARTE, 2017). 
Com base nisso, o desenvolvimento humano é um assunto de grande interesse 
para diversos conceitos teóricos da ciência psicológica e é objeto de pesquisas em 
psicanálise, cognitivismo,behaviorismo, teoria humanista, etc. (BEE, 1997 apud 
DUARTE, 2017). Cada linha teórica aborda o desenvolvimento humano a partir de seu 
foco de pesquisa. 
A teoria psicanalítica, fundada pelo fisiologista Sigmund Freud, tenta entender 
o desenvolvimento em termos de um grande quadro de expressão inconsciente na 
construção da personalidade. Dessa maneira, o desenvolvimento decorre da 
elaboração dos processos que compõem toda a trajetória de vida, mas tem um 
fundamento mais profundo na primeira etapa da vida humana, a infância. A teoria 
cognitiva, estabelecida pelo teórico suíço Jean Piaget, entende o desenvolvimento 
como um compositor construtivo que existe ao longo da vida. Assim, a maneira como 
pensam, se comportam e se comunicam afeta seu desenvolvimento. Além disso, 
marcos como linguagem, habilidades motoras e percepção sensorial estão 
diretamente relacionados ao desenvolvimento da fluência, (DUARTE, 2017). 
As teorias comportamentalistas ou teoria behaviorista foi originalmente 
instituídas pelas pesquisas de Watson, Skinner e Pavlov, cada um com suas próprias 
técnicas. Eles veem o comportamento humano como uma influência no 
desenvolvimento, que depende do próprio comportamento para acontecer os 
estímulos ambientais. A teoria humanista foi desenvolvida pela primeira vez por 
Abraham Maslow e depois por Carl Rogers. Eles acreditam que o homem é a base 
para a compreensão de seu próprio desenvolvimento, entendendo cada existência ele 
próprio contém uma força que pode impulsionar ou dificultar o seu, processo que, na 
visão do humanismo, perpassa todo o curso da vida (DUARTE, 2017). 
2.1 Critérios científicos e histórico-culturais da categoria pessoa em 
desenvolvimento 
O homem em desenvolvimento é um conceito científico e cultural ocidental que 
constrói as etapas da vida humana que repercutiu amplamente em todo o mundo, 
especialmente ao longo do século XX, para ser utilizado como parâmetro hegemônico 
 
7 
 
de demarcação. A instrumentalização das classes biológicas intergeracionais e das 
instituições sociais capazes de lidar com elas, legitimadas por sistemas jurídicos que 
incorporam as estruturas epistemológicas sociais de desenvolvimento de pessoas 
para perfilar a natureza dos destinatários e as características, teórico-conceituais dos 
direitos, (OLIVEIRA, 2014). 
Basta observar os primeiros artigos da (CDC: O Código de Defesa do 
Consumidor e do ECA: O Estatuto da Criança e do Adolescente), estipula o período 
para crianças e adolescentes até os 18 anos, reconhecer que o desenvolvimento da 
criança e do adolescente é definido por lógica da psicologia, que envolve a construção 
de um processo de maturidade e biopsicossocial, fundamentado por meio de estágios 
temporais. De acordo com Prout e James (1997 apud OLIVEIRA, 2014), o paradigma 
do desenvolvimento infantil é baseado no conceito de crescimento biológico, como 
regra universal da humanidade, sua medida e classificação pode ser 
padronizada. Este é um modelo autossustentável, onde as etapas do permitem que 
as crianças racionalizem gradativamente, visto que, apenas o grau de racionalidade 
pode ser determinado fase adulta. 
O modelo da evolução infantil se torna dominante, o pensamento ocidental 
também está ligado, socializando com o biológico: atividades infantis - sua linguagem, 
jogos e interação, vista como um sinal simbólico de progresso. Uma redução da 
"irracionalidade" das brincadeiras infantis, desse modo, uma criança é considerada 
evoluída, ou amadurecida medida em que a evolução é substituída por ideias 
complexas. (PROUT; JAMES, 1997, apud OLIVEIRA, 2014). 
Esse conhecimento científico está próximo das mudanças psicológicas 
humanas em que o homem sofre em sua vida, o que significa levar em conta 
desenvolvimento físico, cognitivo e social em cada estágio prescrito, sem envolver o 
isolamento entre as etapas, devido ao impacto anterior e a estrutura atual. A 
maturidade humana é então organizada em estágios ou idades da vida e propõe uma 
ligação entre a idade mental e a cronológica, no contexto específico das crianças em 
ordem cronológica, (OLIVEIRA, 2014). 
Segundo Baggio (1985 apud OLIVEIRA, 2014) e Trindade (2007 apud 
OLIVEIRA, 2014), a psicologia do desenvolvimento estuda as mudanças de 
comportamento no decorrer do tempo e não o tempo em si, mas eventos ao longo da 
vida que podem causar e explicar a transformação humana. 
 
8 
 
O tempo torna-se uma medida conveniente na qual o comportamento e a 
alterações marcadas com a idade cronológica não podem ser consideradas 
determinista, mas simultâneo, no sentido de definir mudanças comportamentais 
desenvolvido como resultado, dentro de organismos vivos e processos ambientais no 
decorrer da temporalidade. Portanto, cada estágio de desenvolvimento inclui um 
período da vida, definido pelo encontro de uma série de características físicas, 
emocionais, intelectuais e sociais. (OLIVEIRA, 2014). 
Uma das classificações mais usadas pelos teóricos da psicologia moderna do 
desenvolvimento foi estabelecida por Holmes, Bee e Tyson apud 
Trindade (2007 apud OLIVEIRA 2014), dividida em e atribuir as etapas do 
desenvolvimento humano em termos de vida como um processo completo: 
Estágio pré-natal (concepção até nascimento): são formações das 
estruturas: e órgãos corporais que são chamados de básicos. Nessa fase, o 
crescimento físico acontece de maneira mais rápida do que os outros períodos, e é 
altamente suscetível a influências ambientais (OLIVEIRA, 2014). 
Primeira infância (nascimento até 3 anos): nessa fase o recém-nascido é 
literalmente dependente, porém competente. Todos os sentidos funcionam desde o 
nascimento, desenvolvimento físico e até os de habilidades motoras. É também 
voltada para ao apego aos pais e demais pessoas que se tornaram-se fundamentais, 
dessa forma, a autoconsciência é construída em torno dos familiares e se 
estabelecem no segundo ano. Posteriormente, os interesses por outras crianças 
aumentam (OLIVEIRA, 2014). 
Segunda infância (3 a 6 anos): as forças e as habilidades motoras, nessa 
fase são simples e ao mesmo tempo complexas. Enquanto a compressão do ponto 
de vista do outro aumenta gradualmente, o comportamento perdura em grande parte 
egocêntrico e a família permanece no centro da vida. Nessa etapa a independência, 
o autocontrole e o autocuidado aumentam (OLIVEIRA, 2014). 
Terceira infância (6 a 12 anos): o crescimento da aptidão física não é tão 
intenso quanto no período anterior, mas o ganho da capacidade física aumenta e 
melhora. O egocentrismo diminui, e de acordo com isso o pensamento se organiza de 
maneira mais lógica, embora ainda seja principalmente concreto. As habilidades de 
memória e linguagem são aperfeiçoadas (OLIVEIRA, 2014). 
 
9 
 
Adolescência (12 a 20 anos): a maturidade reprodutiva foi alcançada nesta 
etapa. O pensamento abstrato e a capacidade de usar o pensamento cientificamente 
são desenvolvidos. Neste passo a busca da identidade constitui um fator original que 
justifica a vida em grupos iguais, conforme a adoção de modelos e comportamentos 
padronizados, que facilitem caminhos de identificação (OLIVEIRA, 2014). 
Qual é a contribuição desse traço de desenvolvimento humano? Em primeiro 
lugar, os pressupostos científicos permitem a integração (e disseminação global) das 
crianças e da adolescência como representações culturais para definir contextos 
sociais. Grupos sociais específicos e períodos da vida, expressos em seus próprios 
traços identitários, no contexto de diferentes seres que, direta ou indiretamente, 
afirmam estar associados aos adultos (OLIVEIRA, 2014). 
Por outro lado, ser fixado como criança e adolescente representa 
generalização, condições de vulnerabilidade intergeracional, no sentido de tê-los 
como sujeitos de fragilidades a eventos externos que podem produzir prejuízos 
biopsicossociais associados a trajetória do desenvolvimento humano, e écomplementada por a "dependência natural" dos adultos que é um elemento 
intrínseco do processo inicial da vida, e indicam que os grupos intergeracionais estão 
em risco coletivo a um grau de privilégio, o que exigiu e, ao mesmo tempo a 
legitimação da institucionalização do tratamento estatal partir da criação e/ou
 modificação de aparelhos comunitários, como escolas e famílias, além 
de garantir que tenham atenção legal e especial para prevenir múltiplas formas de 
violência e promover condições globais que melhorem a qualidade de vida 
(OLIVEIRA, 2014). 
Concomitante, do ponto de vista da psicologia do desenvolvimento, fica 
evidente a correlação entre tempo e marcadores de atributos de crianças e 
adolescentes e marcadores legais de traços da criança/adolescência, tanto em 
relação ao momento final, quando as crianças começam a ser consideradas adultas, 
portanto, a ideia de incapacidade civil, como tradução jurídica de imaturidade e o 
desenvolvimento infantil como construído pela psicologia, as exigências inerentes à 
cidadania infantil, por (suposta) imaturidade biopsicossocial ou racional, têm Limitado 
seu potencial para exercer seus direitos, da mesma maneira em que eles são tratados 
pelo Estado de forma diferente dos adultos (OLIVEIRA, 2014). 
 
10 
 
A identidade e o foco sociojurídico permitem a criação e a circulação da 
ideologia do modelo ideal de criança e adolescente citada nos critérios de avaliação, 
dessa maneira, o eurocentrismo justifica a homogeneização representacional e a 
negligência e a supressão de valores diferenciais que são considerados a viés, como 
os encontrados nas aulas populares entre os povos etnicamente e culturalmente 
diversos, permitindo a entrada no campo jurídico, sociais e políticos ocidentais dos 
marcadores morais hierárquicos superior, e comprova ( e ainda justificam) a exclusão 
social e tentativas de forçar ou padronizar voluntariamente a infância e a adolescência 
(OLIVEIRA, 2014). 
A adequação do indivíduo em progresso, pela lógica da psicologia do 
desenvolvimento, revelando a construção social norteadora do desenvolvimento 
humano, mostra que o ser humano leva a entender a possibilidade dessa pessoa, que 
tem efeitos e sinais positivos com marcadores identitários e vulnerabilidades, dessa 
maneira existir nas categorias intergeracionais das sociedades ocidentais, e a 
construção simbólica negativa, difundida "infância/adolescência civilizada", não 
pretendia equiparar diversidade com crianças e adolescentes, em vez disso, são 
medidos e classificados de acordo com um único parâmetro ideal, ou idealizados 
como regulações universais que escondem novas desigualdades ao tratá-los de 
acordo com padrão universal que hierarquiza e discrimina a pluralidade de modos de 
representações e de socialização da infância/adolescência existentes no mundo 
(OLIVEIRA, 2014). 
3 DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 
A primeira infância é uma etapa muito importante e deve ser tratada como tal, 
pois é a base do desenvolvimento global do indivíduo. A curiosidade é essencial para 
as crianças, o que as mantém em busca de respostas. À medida que desenvolvem as 
habilidades linguísticas, passam a se expressar de outras formas e, nesse momento, 
habilidades físicas, emocional e social são uma coisa só e propiciam o 
desenvolvimento cognitivo, portanto, os espaços escolares devem fornecer 
condições, meios e oportunidades para que as crianças usem seus conhecimentos 
anteriores e constroem novos aprendizados (GOMES, et al., 2018). 
 
11 
 
As crianças aprendem por meio de desafios em um ambiente envolvente, 
dinâmico e organizado. Quando desafiadas, adquirem novas formas de pensar, 
estimulam a imaginação, a sensibilidade e constroem o conhecimento. O convívio com 
outras pessoas é outra questão primordial, pois proporcionará aprendizado sobre 
diversidade e interação social. 
Podemos observar quatro áreas do desenvolvimento de uma criança, que são: 
físico, cognitivo, emocional e social. Essas áreas requerem ajustes e necessidades e 
carecem de desenvolver em proporções iguais. Henri Wallon (1942 apud GOMES, et 
al., 2018) afirma que: 
O ser humano é organicamente social. Isso porque está na força da 
emotividade humana e em seu caráter contagioso e epidêmico as condições 
para que seja mediada pela cultura, interpretada pelo adulto e, a partir de 
então, do desenvolvimento cognitivo da criança (WALLON 1942, p. 37 apud 
GOMES, et al., 2018). 
O conceito de infância é a definição mais recente na história humana. As 
crianças não participavam da vida social até o século XII. Quando se trata desse tema, 
vale destacar a contribuição de Perrenoud, que acredita que cada criança é única e 
tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e aprendizado. Para garantir que as 
crianças se desenvolvam de forma saudável, além de seu desenvolvimento físico e 
fisiológico, é preciso atentar para sua interação e integração dentro e fora do ambiente 
escolar, apesar da infância ser relativamente nova. As crianças expostas à cultura 
começam a interpretar o mundo e a vê-lo de forma diferente. A cultura molda as 
experiências e o trabalho das crianças e as tentativas transculturais de estudar o 
processo pelo qual essas influências ocorrem (GOMES, et al., 2018). 
Segundo Gomes et al., (2018) a cultura também desempenha um papel 
socioemocional, incentivando e desencorajando certos comportamentos nas crianças. 
O empoderamento cultural pode melhorar a aprendizagem e o desenvolvimento das 
crianças, bem como sua saúde física e mental. Para Perrenoud, é fundamental 
garantir que todos os alunos sejam expostos e aclimatados a essa cultura e dela se 
apropriem, é imprescindível. Pois, para uma criança que é exposta a uma cultura 
desde cedo, ela aprende conceitos que vivenciará na vida adulta. Diante da situação 
acima é mencionado, Perrenoud (1999) evidencia que: 
Os alunos, numa mesma classe, vivenciam a mesma história de formação, 
sendo aparentemente idênticas. Constroem-se as experiências subjetivas, 
diferenciadas nas várias situações, os seus meios intelectuais, o seu capital 
 
12 
 
cultural, os seus interesses, os seus projetos, as suas atitudes, as suas 
energias, as suas estratégias e os seus desafios do momento (PERRENOUD 
1999, p. 115 apud GOMES, et al., 2018). 
Sobre os problemas a serem resolvidos na infância: o corpo e a arte vão muito 
além da observação do conceito de infância e além do social, de consumo, distorcido 
e cheio de fantasia, que atingem em cheio os relacionamentos entre adultos e 
crianças. As relações entre pais e filhos, professores e alunos hoje, moldam os adultos 
de amanhã, imersos nas impressões da infância. A infância é, de fato, uma fase 
delicada na vida humana (GOMES, et al., 2018). 
3.1 Desenvolvimento biopsicossocial de crianças de 0 a 2 anos 
Se há um período do crescimento em que notamos mudanças rápidas, é a 
primeira infância, que corresponde ao período 0 a 2 anos. Por exemplo, se você já 
teve a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento de um familiar, amigo ou filho 
de um vizinho, verá como é incrível. Este desenvolvimento, não é apenas uma 
impressão. O crescimento nos dois primeiros anos foi expressivo, nesse processo 
evolutivo, existem fatores biológicos, físicos e psíquicos. (COLL; MARCHESI; 
PALACIOS, 2004, p. 55 apud LIMA, 2014): 
Desde o momento da concepção, como qualquer outro ser vivo, o organismo 
humano tem uma "lógica biológica", que é a organização de calendários maturativos. 
Por outro lado, como nosso organismo biológico é a infraestrutura na qual nossos 
processos mentais se baseiam, a psicologia e a evolução sendo inseparáveis da 
consideração de desenvolvimento físico, que continuam a abrir possibilidades 
evolutivas e impor limites às mudanças que podem ocorrer a qualquer momento, 
(LIMA, 2014). 
Assim, observamos que a maturação envolve processos complexos e 
interligados, do ponto de vista biológico e físico,elementos internos e externos, são 
socialmente construídos. Para que esse desenvolvimento ocorra de forma saudável, 
o cuidado nutricional (começando pela forma, como a mãe se alimenta e no momento 
em que amamenta) é de fundamental importância. 
 
13 
 
 
Fonte: bit.ly/3zsY5MO. (O aleitamento materno não é apenas fonte de nutrientes para o bebê, mas 
também é uma importante forma de desenvolver o vínculo afetivo). 
Para Lima (2014), a primeira fonte de nutrição de um bebê é a amamentação. 
Comer é um ato físico e emocional, o contato físico desenvolve o vínculo emocional 
entre mãe e filho. 
 
Fonte: euapoioleitematerno.com 
 
14 
 
Pode-se observar que o leite materno previne inúmeras doenças, protege o 
bebê de infecções e proporciona benefícios biológicos, cognitivos e psicológicos 
incentivando o estímulo da conexão do vínculo afetivo. Também vale a pena discutir 
a relação entre o cérebro e os reflexos apresentados pelo recém-nascido, como uma 
noz gigante enrugada, é a maior parte do encéfalo, e é dividido em duas metades, o 
hemisfério esquerdo e direito, cada um com funções especializadas, (LIMA, 2014). 
O hemisfério esquerdo é o centro da linguagem e do pensamento lógico. O 
hemisfério direito processa informações visuais e espaciais, possibilitando ao acesso 
aos mapas ou desenhos. Quando se conecta os dois hemisférios perceptível uma 
faixa rígida de tecido chamada corpo caloso. Em uma vista lateral da metade do 
cérebro humano, o corpo caloso parece uma seção transversal da coroa do cogumelo. 
O corpo caloso age como um interruptor de fibra óptica gigante que conecta os 
hemisférios cerebrais, permitindo que ambas as partes compartilhem informações e 
coordenem comandos. Cresce dramaticamente durante a infância, atingindo o 
tamanho adulto por volta dos dez anos (MARTORELL, 2014). 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft - O cérebro humano 
Considerando algumas das principais partes e suas funções especificadas em 
Martorell (2014) ilustrada na figura acima, é importante destacar que, devido à sua 
plasticidade, a estrutura do cérebro está em constante mudança através da 
experiência do indivíduo com o ambiente, levando a um efeito de curto e a longo prazo, 
 
15 
 
dependendo de como essas informações podem ser aprendidas e armazenadas. Já 
outras funções cerebrais, envolvem habilidades sensoriais. 
Essas áreas, responsáveis por esse desenvolvimento, crescem rapidamente 
nos primeiros meses, favorecendo os sentidos do tato, visão, olfato e paladar 
possibilitando aos bebês a percepção do mundo ao seu redor. Desde o nascimento, 
é possível ver, ouvir, sentir o toque, reconhecer sabores, cheiros e realizar 
movimentos, embora esses órgãos tenham um longo período de desenvolvimento 
antes de amadurecerem completamente, ou seja, até a maturação completa. Em 
relação a outras habilidades, este tempo é menor porque o sistema de percepção 
atinge nível muito próximo do nível adulto, (COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2004 
apud LIMA, 2014). 
De acordo com Lima (2014), por volta dos 9 meses, o feto compartilha emoções 
com a mãe e, ao nascer, começa a perceber o mundo ao seu redor, trazendo essas 
experiências e vivenciando novas. O desenvolvimento social das crianças de 0 a 2 
anos é relativamente padronizado, como mostra a figura abaixo: 
 Fonte: bit.ly/3zw12ft 
O desenvolvimento psicossocial dos bebês revela até que ponto eles percebem 
e interagem com seu ambiente, e essas experiências terão o impacto no 
comportamento subsequente que requer uma observação cuidadosa e sensível de 
cada estágio do desenvolvimento da criança. No que se refere à interação social no 
ambiente escolar ao ingressar na creche, é preciso ter uma perspectiva integrada 
 
16 
 
sobre o cuidado das crianças, promovendo situações que respeitem a individualidade 
e a diversidade, a capacidade de desenvolver e ampliar seu autoconhecimento e 
consciência do mundo ao seu redor. Portanto, cabe ao espaço educacional planejar 
atividades, organizar o ambiente e o tempo para estimular os processos de 
desenvolvimento motor, cognitivo, emocional e social das crianças (LIMA, 2014). 
3.2 O desenvolvimento biopsicossocial na faixa etária de 3 a 6 anos de idade 
Durante os dois primeiros anos de vida, ocorrem significativamente as mais 
diversas alterações biológicas, psicológicas, sociais, motoras e cognitivas das 
crianças. Entre os 3 e os 6 anos, passamos por um período marcado pela aquisição 
de novas competências enquanto outras melhoram. Segundo Papalia e Feldman, 
nesta nova fase, podemos observar claramente mudanças físicas e biológicas nas 
seguintes áreas (LIMA, 2017). 
Segundo Papalia e Feldman (2013, p. 246 apud LIMA, 2017) as crianças 
crescem rapidamente entre os 3 e 6 anos de idade, mas num ritmo diferente. 
Com aproximadamente 3 anos, as crianças normalmente começam a perder 
a forma roliça característica dos bebês e assumem a aparência mais esguia 
e atlética da infância. À medida que os músculos abdominais se 
desenvolvem, a barriga grande da criança entre 1 e 3 anos se fortalece. O 
tronco, os braços e as pernas ficam mais longos. A cabeça ainda é 
relativamente grande, mas as outras partes do corpo continuam a se amoldar 
à medida que as proporções corporais se tornam gradualmente mais 
similares às de um adulto. 
Além das características de crescimento destacadas acima, outras 
biotransformações ocorrem por meio do desenvolvimento muscular e esquelético e 
fortalecimento dessas estruturas. O cérebro torna-se mais maduro, expandindo as 
capacidades neurológicas, respiratórias, imunológicas, circulatórias e motoras. Dos 3 
aos 6 anos, a área do cérebro que mais cresce é o lobo frontal, responsável pelo 
planejamento e organização das ações. (PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA, 
2017). Quanto ao desenvolvimento social, a criança deve encontrar no ambiente 
familiar e no espaço educacional, uma estrutura que atenda, ambas as necessidades. 
A organização espaço-temporal na educação infantil deve ser considerada a partir da 
indissociabilidade do cuidado e do comportamento educativo (LIMA, 2017). 
Segundo (FRISON, 2008, p. 169 apud LIMA, 2017) os espaços são 
concebidos como componentes ativos do processo educacional e neles são 
refletidas as concepções de educação assumidas pelo educador e pela 
 
17 
 
escola. É importante que a sala de aula seja um lugar motivador, em que se 
acolham as diferentes formas de ser e agir, contempladas nos projetos de 
trabalho, nos quais as crianças vivenciam experiências e descobertas. [...] O 
espalho físico pode ser transformado em espaço educativo dependendo da 
atividade que nele acontece. 
Portanto, observamos a partir do segmento anterior que, além de recursos, é 
importante que esses espaços sejam repletos de experiências que promovam uma 
convivência respeitando a diversidade e a individualidade, pautando o objetivo de 
construir conhecimento. Cada criança faz uma atividade com uma variedade de 
materiais para exercitar sua criatividade (LIMA, 2017). 
É importante ressaltar que os profissionais da educação, entendam que as 
crianças têm o direito de escolha e liberdade e, o mais importante, entendem que 
organizar espaços mais que apenas equipamentos, um ambiente com uma variedade 
de brinquedos, mas também com flexibilidade e respeito às escolhas feitas - dando às 
crianças a oportunidade de se empoderarem como: falar, notar e expressar seus 
sentimentos (MACHADO, 2004 apud LIMA, 2017). Veja a figura abaixo: 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft 
O desenvolvimento cognitivo de crianças na segunda infância tem sido tema 
de muitos pesquisadores e psicólogos. Uma importante contribuição para essa etapa 
foi dada pela pesquisa de Jean Piaget, que dividiu o desenvolvimento infantil em várias 
etapas. O estágio que engloba o pré-operatório, inclui as seguintes etapas de 
desenvolvimento: a capacidade de pensar simbolicamente que é expandida, mas a 
 
18 
 
criança ainda não está suficientementedesenvolvida para usar a lógica para operar, 
(PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA, 2017). Para identificar os avanços cognitivos 
referentes à faixa etária de 3 a 6 anos, repare os quadros a seguir, adaptados de 
Papalia e Feldman (2013, p. 259 apud LIMA, 2017). 
 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft (tabela 1) 
 
19 
 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft (tabela 2) 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft (tabela 2) 
 
20 
 
Como pode ser visto, na tabela 1, explica os avanços cognitivos, uma descrição 
de como eles ocorrem e exemplos que os ilustram. Na tabela 2, vemos limitações, 
descrições e exemplos da imaturidade pré-operatória de Piaget para compreender o 
desenvolvimento da causalidade, identidade, taxonomia e estudos numéricos. Em 
relação ao desenvolvimento da memória na faixa etária de 3 a 6 anos, durante a 
segunda infância, as habilidades de atenção e processamento de informações das 
crianças melhoram e elas começam a adquirir a capacidade de formar memórias de 
longo prazo (LIMA, 2017). 
 Embora as crianças mais novas tenham menos memória do que as crianças 
mais velhas, elas podem se concentrar nos detalhes precisos dos eventos, enquanto 
os adultos tendem a se concentrar mais na essência dos eventos. Por terem menos 
experiência do que os adultos nessa fase, as crianças conseguem perceber aspectos 
relevantes, que ajudam a reativar essas lembranças posteriormente (LIMA, 2017). 
3.3 Desenvolvimento biopsicossocial e cognitivo na 3ª infância (7-11 anos) 
Se você já percorreu um espaço social educacional coletivo que reúne crianças 
do ensino fundamental, verá quantas diferenças físicas, biológicas e sociais existem. 
Alguns são mais altos, outros mais magros, extrovertidos ou introspectivos; a lista 
continua marcando um importante período de desenvolvimento, incluindo as idades 
de 7 a 11 anos. Para determinar as mudanças no desenvolvimento físico durante este 
período, veja a tabela abaixo (MCDOWELL apud PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud 
LIMA, 2017). 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft. 
 
21 
 
Como pode-se observar na tabela acima, ao final desse período, as crianças 
tinham cerca de duas vezes o seu peso. Quanto ao desenvolvimento do cérebro, isso 
é alcançado através da genética e questões ambientais (Papalia; Feldman, 2013 apud 
LIMA, 2017). Durante a infância, as regiões do cérebro se especializam em tarefas 
específicas, aumentando a velocidade e a eficiência e expandindo a capacidade de 
descartar informações irrelevantes (AMSO; CASEY, 2006 apud MARTORELL, 2014 
apud LIMA, 2017). 
Em relação às alterações na espessura cortical, Toga et al. (apud Papalia, 
2006; Feldman, 2013, p. 318 apud LIMA, 2017) afirma que os pesquisadores 
observaram espessamento cortical nas regiões temporal e frontal entre as idades de 
5 e 11 anos. Ao mesmo tempo, houve um afinamento da parte posterior do córtex 
frontal e parietal no hemisfério esquerdo do cérebro. Essa mudança foi associada a 
um melhor desempenho na parte de vocabulário do teste de inteligência. Além das 
transições descritas acima, uma porção dos gânglios da base também é responsável 
por controlar o movimento e o tônus muscular, além de regular a função cognitiva 
emocional superior, a atenção e o estado emocional. (LENROOT; GIEDD, 2006 apud 
PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA, 2017). 
Nesse contexto, também é importante ressaltar, sobre algumas questões 
relacionadas à saúde, condição física e segurança das crianças de 7 a 11 anos. Por 
exemplo, como mostra a figura abaixo, a obesidade é um dos problemas mais visto 
no mundo da saúde, crianças com excesso de peso são propensas a doenças 
crônicas. Por outro lado, questões que envolvem as imagens corporais podem levar 
as crianças a tentarem perder peso e desenvolver distúrbios alimentares 
inadequadamente, especialmente à medida que se aproximam da puberdade, ou seja, 
período da adolescência (PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA, 2017). 
 
22 
 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft - cuidados com a saúde. 
Como causas da obesidade, podemos citar fatores genéticos, combinados com 
pouco exercício, excesso de alimentação e/ou inadequação de alimentos. As crianças 
que têm pais ou outros parentes, têm uma tendência maior a estar acima do peso. 
(AAP COMMITTEE ON NUTRITION, 2003; CHEN et al., 2004 apud PAPALIA; 
FELDMAN, 2013 apud LIMA, 2017). 
Comer fora de casa também é uma das principais causas da obesidade. 
(COUNCIL ON SPORTS MEDICINE AND FITNESS & COUNCIL ON SCHOOL 
HEALTH, 2006 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA; 2017). Estima-se que 
as crianças que comem fora de casa tenham o hábito de comer lanches ricos em 
gordura, carboidratos, açúcar e aditivos. (BOWMAN et al., 2004 apud PAPALIA; 
FELDMAN, 2013 apud LIMA, 2017). A obesidade infantil é uma preocupação porque 
os efeitos na saúde das crianças são semelhantes aos dos adultos. Há consequências 
significativas, como problemas comportamentais, físicos, depressivos e problemas 
relacionados à baixa autoestima. (AAP COMMITTEE ON NUTRITION, 2003; DATAR; 
STURM, 2004a; MUSTILLO et al., 2003 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA, 
2017). 
Com tantos riscos para a saúde física e mental, o recomendado é evitar o ganho 
de peso, sendo a forma mais eficaz (CENTER FOR WEIGHT AND HEALTH, 2001; 
COUNCIL ON SPORTS MEDICINE AND FITNESS AND COUNCIL ON SCHOOL 
HEALTH, 2006 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA, 2017). Os pais são 
responsáveis por compreenderem os hábitos e atividades alimentares de seus 
filhos, conscientizando-os da relevância de uma alimentação balanceada 
 
23 
 
e vinculando essas questões à saúde, muito além das questões e padrões estéticos 
construído pela sociedade. 
Idealizado por Jean Piaget, psicólogo dedicado ao estudo do desenvolvimento 
infantil, com cerca de 7 anos, chega-se a um terceiro estágio, chamado de operatório-
concreto, que envolve a capacidade de realizar manipulações mentais para resolver 
problemas. Nesta fase, as crianças adquirem a capacidade de pensar logicamente, 
levando em consideração diferentes aspectos dos fatos. Veja a figura a seguir 
(PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 320 apud LIMA, 2017). - Avanços em capacidades 
cognitivas selecionadas durante a terceira infância: 
 
Fonte: bit.ly/3zw12ft. 
 
 
24 
 
 
Conforme mostrado na figura acima, as crianças no estágio operacional 
concreto têm habilidades aprimoradas em conceitos espaciais, casualidade, 
categorização, raciocínio indutivo e redutivo, conservação e números. Outras teorias 
propostas por Piaget envolvem a influência do neurodesenvolvimento, cultura e 
escolaridade. Piaget acredita que o raciocínio flexível e lógico das crianças mais 
velhas está relacionado ao neurodesenvolvimento e à experiência ambiental. 
Segundo Piaget, a transição do pensamento rígido e ilógico das crianças pequenas 
para o pensamento flexível e lógico das crianças maiores depende, em simultâneo, 
do desenvolvimento neurológico e das experiências de adaptação ao ambiente. As 
crianças tendem a pensar mais logicamente sobre as coisas sobre as quais elas têm 
algum conhecimento (PAPALIA; FELDMAN, 2013 apud LIMA, 2017). 
4 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
Para uma compreensão mais ampla de como as crianças aprendem, vale a 
pena olhar para Piaget (1974, p.16 apud SILVEIRA, 2013), que argumenta a cognição 
como uma forma específica de adaptação biológica de um organismo complexo a um 
ambiente complexo. Ao construir sua teoria do desenvolvimento cognitivo, Piaget 
olhou diretamente para as crianças como sua fonte original mais próxima à realidade 
vivenciada por ele. 
 Para tanto, concentrou-se em diversos ramos da ciência, observando que os 
sistemas cognitivos selecionam e interpretam ativamente as informações ambientais 
à medida que constroem seu próprio conhecimento. Neste contexto, o pensador 
 
25 
 
entende que a mente sempre reconstrói e reinterpreta o ambiente para se adequar à 
sua estrutura mental existente. 
 
 Estágios de desenvolvimento cognitivo: 
 
Através de uma investigaçãominuciosa, Jean Piaget a conduziu inicialmente 
com seus próprios filhos, argumentando que "a inteligência, como o nome sugere, é 
a adaptação a situações ao novo e a construção contínua de estruturas. ” Esta é uma 
das muitas atividades em que um organismo interage com seu ambiente, em que a 
inteligência continua a expandir o seu nível de equilíbrio entre as trocas assimiladoras 
e acumuladoras. (PIAGET In: BERINGUIER, p. 61 (45); SEBER, 1997, p.79 apud 
SILVEIRA, 2013). 
Neste contexto, o desenvolvimento cognitivo é pensado como um processo 
contínuo de construção e reconstrução que ocorre sequencialmente a partir das ações 
mentais. Assim, novos dados podem ser integrados em esquemas existentes ao longo 
do processo de desenvolvimento. Segundo Piaget (s.d), 
[...] A acomodação é determinada pelo objeto, enquanto a assimilação é 
determinada pelo indivíduo. Então, assim como não há acomodação sem 
assimilação, já que é sempre a acomodação de alguma coisa que é 
assimilada [...] de igual modo não pode haver assimilação sem acomodação. 
Porque na adaptação você tem sempre dois polos: você tem um polo do 
indivíduo e o polo do objeto – acomodação [...] (PIAGET In: BERINGUIER, p. 
61 (45); SEBER, 1997, p.79 apud SILVEIRA, 2013). 
Nessa compreensão, a partir desse ciclo de desenvolvimento cognitivo, 
incluindo adaptação, assimilação e equilíbrio constante, para entender o problema do 
conhecimento, Piaget estabeleceu conexões entre a biologia e a evolução do 
conhecimento através de processos funcionais, e percebeu que a assimilação era feita 
de maneira fisiológica (centrada no organismo) e a racional (que se revela no 
julgamento). Assim, segundo Seber (1997, p. 54 apud SILVEIRA, 2013), pode-se 
entender que "a adaptação cognitiva, também se refere ao equilíbrio da comunicação 
entre a criança e o mundo exterior, entre a assimilação e acomodação”. 
Todo o processo de desenvolvimento de acomodação assimilação e equilíbrio 
(equlibração, de acordo com Piaget), ocorre em diferentes estágios em crianças de 
diversas idades e qualidades. O desenvolvimento cognitivo é um processo contínuo, 
sem interrupção, por etapas, o desenvolvimento cognitivo, então, é um processo 
 
26 
 
contínuo, sem pausas, passando por etapas, e a criança passa por todas elas, mas 
isso não significa que todas sejam iguais, a maneira como a criança se desenvolve 
acontece de acordo com seu tempo e modo. Conforme Moro (1987, p. 20 apud 
SILVEIRA, 2013), a proposta de Piaget era que "as construções estruturais da 
inteligência humana passam a ser universais" e seguem sempre a mesma ordem em 
que aparecem. No entanto, a idade real das crianças que se referem às manifestações 
dessas estruturas varia por disciplina e por grupo. 
De acordo com Piaget (1963 apud SILVEIRA, 2013), as etapas são: sensório-
motora, pré-operatória, operações concretas e operações formais. A seguir, vamos 
nos concentrar brevemente cada um desses. 
 
 Estágio sensório motor (0-2 Anos) 
 
O estágio sensório-motor é o estágio que inclui a inteligência real de bebês 
desde o recém-nascido até os dois anos de idade, com base nas sensações e nos 
movimentos executados. Durante esse período, o mundo do bebê é aquele em que 
ele interage vendo, ouvindo e sentindo. Até os oito meses, as crianças interagem por 
meio de uma série de imagens desconexas. Uma vez que a criança perde o contato 
com qualquer coisa, ela deixa de existir. É como se o mundo não fosse feito de 
objetos. A partir dos 8 meses, os bebês adquirem o conceito de que os objetos estão 
permanentemente presentes e continuam existindo apesar de não estarem mais em 
contato com eles mesmos (SILVEIRA, 2013). 
Gradualmente, os bebês nesta fase, tornam-se capazes de agir de forma 
consciente e cada vez mais coordenada para atingir o propósito pretendido. Como 
exemplo, citamos a forma como os bebês desenvolvem a aquisição de objetos, para 
os quais eles não apenas usam seus próprios corpos como antes, mas agora usam 
outros objetos para atingir seus objetivos. 
No final desta etapa, emergem as habilidades sensório-motoras, de 
representação mentais e simbólicas, começa a conhecer objetos e suas relações 
entre esses objetos. Assim, a inteligência centrada na ação dá lugar a pensamentos 
que internalizam a ação (SILVEIRA, 2013). 
 
 
 
27 
 
 
 Estágio pré-operatório (2-7 Anos) 
 
Esta fase, dos 2 aos 7 anos é a fase pré-operatória, quando a criança 
desenvolve a capacidade de expressar mentalmente e simbolizar, assim chamada de 
função simbólica. Essa é a etapa do egocentrismo intelectual, quando a criança 
acredita que o mundo lhe pertence, e acaba não percebendo a forma do outro ver as 
coisas, ou seja, seu próprio ponto de vista, para ela todos pensam e sentem da mesma 
forma. Durante a fase do animismo, acontece algo que faz com que o egocentrismo 
se estenda para outros objetos e seres vivos. Durante esse período, as crianças já lhe 
atribuem as intenções, pensamentos, emoções e ações de cada pessoa, (SILVEIRA, 
2013). 
O pensamento mágico de que a realidade para a criança são seus sonhos e 
desejos, acontece durante o estágio pré-operatório, pois, ainda estão interpretando 
tudo a partir de sua imaginação sem levar em conta a lógica. Nesse período, a criança 
está mais interessada no resultado real, vendo suas próprias percepções como 
verdade absoluta, independentemente da possível existência de outros pontos de 
vista. Desta forma, acaba valorizando suas percepções subjetivas, e despreza as 
relações objetivas, não percebendo a diferença entre mudanças reais e aparentes, e 
reagindo em sua percepção, acreditando que a aparência é real. Para maior clareza, 
mostramos um experimento de Piaget com crianças (1963 apud SILVEIRA, 2013) 
São apresentados à criança dois copos iguais com a mesma quantidade de 
água. À sua frente, verte-se a água de um copo deles para um copo, alto e 
fino. A criança afirma que agora este copo alto e fino tem mais água do que 
o outro. Não compreende que a quantidade de água permanece a mesma, 
independentemente do recipiente em que é colocada. Ou seja, responde com 
base na aparência (como o segundo copo parece maior, porque é mais alto, 
a criança pensa que tem mais água) (PIAGET: 1963-Estagios apud 
SILVEIRA, 2013). 
Nesta fase de desenvolvimento, a criança não alcança as operações mentais, 
ou seja, não conseguem executá-las. No exemplo acima, ela não percebe que há algo 
que não muda do primeiro copo de água para o segundo (que é alto e fino), a 
quantidade de água permanece sempre a mesma. Naquele momento, ela também 
não percebeu que a mudança na aparência é sempre reversível quando a água passa 
 
28 
 
do copo baixo para o copo alto. Então, pode, logo após, colocar a água do copo alto 
e fino no copo mais baixo, (SILVEIRA, 2013). 
 Estágio das operações concretas (7-11/12 anos) 
 
Neste momento, quando a criança atinge o estágio de operações concretas e 
pensamento lógico, em princípio, ela já possui a capacidade de realizar operações 
mentais. Durante seu desenvolvimento cognitivo, ele aprendeu que existem ações 
reversíveis, ou seja, pode perceber que é possível mudar o estado de um, mas não 
trocá-lo inteiramente. Além disso, a criança vai descobrindo que, após reverter essa 
alteração, o objeto retorna ao seu estado inicial. Primeiro, a criança precisa realizar a 
ação de maneira física e só depois adquire a capacidade de combinar experimentos, 
e por fim, conseguira alcançar a capacidade de incorporar experimentações em seu 
pensamento, (SILVEIRA, 2013). 
O que leva à evolução do pensamento pela internalização do que foi obtido pela 
ação, transformando em operações. Essas ações são combinadas em várias formas 
de pensar, com capacidade de reversão, pois essas combinações são móveis e 
reversíveis, para esse processo, conforme o Seber (1997, p.164 apud SILVEIRA, 
2013) apresenta o que Piaget chama de operações e as definem em termos de trêsaspectos inter-relacionados: 
Interiorizadas, pois quando executadas fisicamente não deixam de ser ações 
pensadas; reversíveis, se desenrolam nos dois sentidos, ou seja, comportam 
a possibilidade de ação direta, assim como a adição tem seu inverso na 
subtração; coordenadas umas com as outras, isto é, formam sistemas de 
conjunto, apresentam propriedades combinatórias que atingem todo o 
conjunto. “E que, [...] é preciso tempo para interiorizar as ações em 
pensamento, porque é muito mais difícil representar o desenrolar da ação e 
dos seus resultados em termos de pensamento do que limitar-se a execução 
material [...] A interiorização das ações supõe, assim a sua reconstrução 
sobre um novo plano...[...] (PIAGET, p.39 Apud SEBER, 1997, p.164 apud 
SILVEIRA, 2013). 
Durante o estágio de pensamento lógico, as crianças entendem conceitos, o 
que significa que as características não mudam com os objetos, eles existem fora 
deles. Esses instrumentos podem ser usados de muitas outras formas em novas 
situações, diferentemente da associação apresentada inicialmente. Se a experiência 
acima for dada a uma criança em um estágio operacional concreto, ela será capaz de 
perceber a água é uma propriedade que não varia de acordo com o copo em que é 
 
29 
 
colocada. Sua percepção não é mais direta, ele começa a entender a existência de 
características preservadas, qualquer que seja sua aparência, (SILVEIRA, 2013). 
Dessa forma, no processo de desenvolvimento cognitivo, as crianças ganham o 
conhecimento de matéria sólida, ou mais tarde matéria líquida, este exemplo citado 
acima foi realizado por Piaget e as crianças, da constância e conservação da 
qualidade de água, depois o peso e, finalmente, o volume. Assim, as existências de 
conceitos fazem com que as crianças entendam, por haver, uma relação que faz parte 
do todo, permitindo que os objetos sejam categorizados e agrupados de acordo com 
alguma característica comum, abstraindo suas diferenças, (SILVEIRA, 2013). 
Para Silveira (2013), em relação às séries, ou seja, ordenar objetos de acordo 
com características específicas, mas em graus variados, as crianças abstraem aqui 
semelhanças e ainda percebem a conservação dos números, significando 
classificação e ordenação harmonizadas. Todo o processo de desenvolvimento 
cognitivo é gradual. Além da internalização, também requer uma nova reorganização 
para formar uma organização relacionada a cognição, portanto, a organização 
cognitiva permite que a criança coordene as operações no sentido da reversibilidade, 
que segundo Piaget é o mecanismo do raciocínio operacional, que se manifesta nas 
crianças de 7 a 8 anos, sendo a expressão das ações em operações. Contudo, 
processo é lento, conforme o que afirma Seber: 
[...] sem uma efetividade material, são diminutas as chances de combinações 
interiores e, consequentemente, a inteligência verbal ou refletida pode 
acrescentar um desenvolvimento mais lento. Se as interiorizações já são 
demoradas, mesmo sendo estimuladas as atividades práticas, bem mais 
vagarosa serão no caso de crianças submetidas a procedimentos verbalistas 
e aos treinos característicos dos manuais de ensino comumente encontrados 
na grande maioria das escolas (SEBER; 1997, p.164 apud SILVEIRA; 2013). 
Nessa perspectiva, podemos perceber que, na maioria das vezes, as escolas 
seguem essa forma de linguagem, enquanto as crianças que sempre sofreram, 
limitadas a copiar, 'lembrar', ainda vivem em estresse e medo. Além de não aprender 
e se conter a passar de ano em ano, não recebendo o estímulo necessário para 
despertar sua sabedoria, Seber enfatizou a partir de sua experiência escolar: 
[...] percebemos que essa irreversibilidade é comumente registrada nas 
crianças submetidas a treinos verbalistas. Em vez de aprender agindo sobre 
objetos materiais, elas são colocadas como ouvintes e, assim, muitos ouvem, 
porém pouco aprendem, visto que não entenderam o que lhes é imposto. [...] 
é certo que, submetidas aos condicionamentos e às pressões externas, 
quando chegam as provas, acabam dando aquelas respostas que seus 
 
30 
 
professores as condicionaram a dar e que elas decoraram de tanto repetir, 
de modo que passam de ano (SEBER; 1997, p.169 apud SILVEIRA; 2013). 
Vale notar que na escola observada surge esse sistema irreversível de 
raciocínio, pois as relações lógicas que só são compreensíveis na linguagem não são 
respeitadas se forem constituídas primeiramente por ações e sua respectiva 
coordenação geral. Infelizmente, este sistema é do ponto de vista pedagógico, o 
governo continua a perpetuar este desenvolvimento progressivo, natural e lógico 
imposto nos seus cargos superiores. Isso nos leva a crer que a natureza humana se 
desenvolve gradativamente lentamente, forjado ao custo de um enorme muro invisível 
que embota a genialidade que nos é própria (SILVEIRA, 2013). 
No entanto, em nossa breve experiência sem planejamento prévio, isso 
aconteceu por vários fatores, primeiramente a curiosidade e a falta de espontaneidade 
desde o momento da presença da professora titular que levou ao que relato aqui: 
Peguei uma velha mala preta, mais parecida com uma caixa, com parafusos 
e alças, que pertencia ao meu irmão, um piloto cuja profissão as crianças já 
conheciam pelas histórias que contamos. Uma coisa tão simples, mas que 
levou os alunos a passarem envoltos na novidade. Todos queriam abrir os 
ferrolhos da dita mala, de maneira abrupta, utilizando uma caneta como 
instrumento de alavanca, e um alvoroço, sendo necessário fazê-los dar um 
passo atrás e pensar nas possibilidades que já foram tentadas e nas 
possibilidades que ainda podem tentar. Isso permite que uma menina a 
acompanhe lentamente com um aceno da mãozinha, de repente, a maçaneta 
da fechadura foi liberada e todos começaram a repetir o mesmo gesto. 
(SEBER; 1997, p.169 apud SILVEIRA, 2013). 
Logo depois, outra menina sentada à mesa virou a alavanca que fecha a 
fechadura da mala em uma catapulta e jogou um pedaço de giz. Percebe-se que 
essas crianças têm reversibilidade na construção do desenvolvimento cognitivo, além 
de pensarem como seria se abrir, também atingiram um estágio de assimilação, a 
acomodação e equilibração, e podem dar um passo adiante na próxima fase e 
concluírem as novas construções, por eles mesmo, sem a nossa intervenção ou de 
qualquer outra pessoa adulto (SILVEIRA, 2013). 
 
 Estágio das operações formais (12-16 anos) 
 
Conforme Silveira, (2013), nesta fase, a criança consegue realizar ações 
específicas e formais. Como os exemplos das experiências de Piaget, mostramos um 
problema: 
 
31 
 
Três pessoas A B e C estão sentadas num banco de jardim. Quantas 
hipóteses existem relativamente à ordem em que estão sentadas? Neste 
estágio, já é possível resolver este problema usando o pensamento abstrato 
(operação formal): consegue-se colocar mentalmente todas as hipóteses. No 
estádio operatório-concreto, a criança não conseguia abstrair: só seria capaz 
de resolver este problema se tivesse três pessoas sentadas num banco e se 
pudesse posicioná-las em todas as sequências possíveis. Resposta ao 
problema: seis hipóteses - ABC, ACB, BAC, CAB e CBA. (PIAGET, 1963 – 
Estágios; apud SILVEIRA, 2013). 
O pensamento abstrato é capaz de se desvincular da realidade e do raciocínio 
sem depender de fatos, não precisa manipular e mover toda a realidade para obter 
conclusões. O raciocínio hipotético-dedutivo coloca hipóteses e, desta forma, 
formulará mentalmente, todo um conjunto de possíveis explicações. Direcionado para 
este sentido, especificamente a esta fase, a criança compreende que existem 
diferentes formas de perceber a realidade e que sua percepção é apenas uma de uma 
grande variedade de possibilidades (SILVEIRA, 2013). 
Portanto, segundo Pinheiro, s.d, esse período é relacionado ao chamado 
adolescência, que quer dizer crescer ou se desenvolver-se de forma biológica, e 
marca o início da puberdade e o términoda capacidade reprodutiva. O emocional que 
estabelece o começo da individuação em relação aos pais e o fim do desenvolvimento 
de senso de identidade, e por fim, o cognitivo que introduz o início da emergência das 
operações formais e o final da consolidação das operações formais até a maturidade 
(PINHEIRO, s.d,). 
Por muitos séculos, o termo adolescência foi caracterizado quase inteiramente 
por expressões de seus aspectos biológicos. Juventude e a puberdade são 
sinônimos. Hoje, no entanto, a juventude não é mais um conceito puramente biológico, 
mas antes de tudo tem conotações psicossociais. Portanto, foi definida em termos 
sociológicos, psicológicos e cronológicos. Cronologicamente, pelo menos na cultura 
ocidental, a juventude é o período da vida humana, desde os doze ou treze anos até 
cerca dos vinte e dois ou vinte e quatro anos, permitindo uma variação considerável. 
Tanto de forma pessoal/individual e, principalmente, de ordem cultural, (PINHEIRO, 
s.d,). 
Sociologicamente falando, a adolescência é o estado de ser dependente de 
seu mundo maior sob condições autônomas e, mais importante, neste estado, os 
indivíduos começam a assumir certos papéis e responsabilidades que são exclusivos 
do mundo adulto. Do ponto de vista psicológico, a adolescência é um período crítico 
 
32 
 
na determinação da identidade de um indivíduo. Sujeita a consequências que podem 
ser graves, conforme as repercussões para o indivíduo e a sociedade. 
 Vale destacar a discrepância entre os termos puberdade, pubescência e 
adolescência. A puberdade é a fase do estágio evolutivo em que um indivíduo atinge 
a maturidade sexual. A data exata da maturidade sexual humana, varia com base em 
fatores socioeconômicos e geográficos. Por exemplo, pessoas que vivem em climas 
temperados e classes sociais mais altas tendem a experimentar a maturidade sexual 
mais cedo. Em regiões tropicais, também influenciadas por fatores nutricionais, essa 
maturidade sexual tende a ocorrer um pouco mais tarde (PINHEIRO, s.d,). 
 A pubescência será um período, também conhecido como pré-adolescência, 
identificado por mudanças biológicas associadas à maturação sexual. É o momento 
em que o sujeito se encontra em um período de desenvolvimento fisiológico em que 
a função reprodutiva amadurece, é filogenética, incluindo o aparecimento de 
características sexuais secundárias e a maturação dos órgãos sexuais primários. 
Essas transformações acontecem ao longo de um período de cerca de dois anos. A 
adolescência é um conceito mais extenso que inclui grandes mudanças na estrutura 
da personalidade e no papel que um indivíduo desempenha na sociedade. 
Concluindo, o conceito moderno de adolescência não deve ser confundido com a 
puberdade como fato biológico, nem com a puberdade como fase de transição 
marcada por grandes mudanças fisiológicas. A adolescência é um conceito 
psicossocial (PINHEIRO, s.d,). 
Representa um estágio chave no processo evolutivo onde os indivíduos são 
chamados a fazer ajustes importantes na ordem pessoal e social. Nesses ajustes, 
luta-se pela independência financeira e emocional, escolhas de carreira, identidade 
de gênero, ou seja, a escolha de uma vocação e a própria identidade sexual. Como 
conceito psicossocial, a juvenilidade não se limita necessariamente a fatores 
cronológicos. Em algumas sociedades primitivas, ela é bastante curta e termina com 
rituais individuais de amadurecimento, principalmente os homens que são aceitos no 
mundo adulto. No entanto, na maioria das culturas ocidentais, a adolescência dura 
mais tempo, sem dúvida, e sem o rito de passagem torna-se essa fase de transição 
um período obscuro da vida humana. Contudo, só se pode falar fim da juvenilidade 
por idade cronológica com base no contexto sociocultural pessoal. Na verdade, o que 
 
33 
 
marca o término da juventude é o ajuste normal do indivíduo às expectativas da 
sociedade sobre a população adulta (PINHEIRO, s.d,). 
Na perspectiva do conceito psicossocial, pode-se dizer que é um período de 
transição na vida humana. O jovem não é mais criança, mas ainda não é adulto. Essa 
ambiguidade tende a criar confusão na mente desses jovens, do tipo que não sabe 
exatamente qual o papel que tem na sociedade. Porém, essa confusão começa a 
desaparecer porque o adolescente define sua identidade psicológica. A juvenilidade é 
também uma época de grandes mudanças na vida humana (PINHEIRO, s.d,). 
Há algumas transformações de longo alcance nesta fase. O primeiro deles é 
um aumento nos tônus emocionais, cuja intensidade depende da rapidez com que as 
mudanças físicas e psicológicas ocorrem na experiência de um indivíduo. A segunda 
grande alteração nessa fase se deve à maturidade sexual que decorre quando os 
estão inseguros sobre si mesmos, suas habilidades e interesses. Os adolescentes 
nessa fase da vida vivenciam uma sensação de instabilidade, principalmente diante 
do tratamento muito ambíguo que recebem do mundo exterior. Em terceiro lugar, as 
transformações que acontecem em seu corpo, fora de seus interesses e funções 
sociais, criam problemas para eles, porque, muitas vezes não sabem o que os grupos 
esperam deles. Finalmente, a vida mudou significativamente, há mudanças 
consideráveis na vida em relação ao sistema de valores (PINHEIRO, s.d,). 
Muitas coisas que eram importantes para eles, passaram a ser visto como algo 
secundário, a capacidade intelectual do adolescente pode possibilitar analisar 
criticamente o sistema de valores que expõe e, até então, respondem de modo mais 
ou menos automático. Contudo, agora este adolescente está procurando por algo que 
lhe seja próprio, coisas pelas quais eles podem assumir responsabilidades pessoais. 
Tendo em vista, que daí então que vem a luta que o ser humano vive nessa etapa da 
vida, no sentido de definir seus próprios sistemas de valores, seus próprios padrões 
de conduta moral (PINHEIRO, s.d,). 
A adolescência também é uma época em que se deve lutar contra os 
estereótipos sociais e a autoimagem distorcida. As culturas tendem a ver como 
indivíduos desajeitados e irresponsáveis, propensos a várias formas de 
comportamento antissocial. Por sua vez, eles desenvolvem uma autoimagem que de 
alguma forma refletem esse estereótipo social. Essa situação ruim muitas vezes gera 
conflitos entre pais e filhos, entre adolescentes e escolas, e a sociedade como um 
 
34 
 
todo. Durante a juventude, como em outras fases da vida, devem completar tarefas 
evolutivas. As principais tarefas evolutivas, são as seguintes: aceitar e aproveitar o 
próprio corpo; desenvolver relações sociais mais adultas com parceiros de ambos os 
sexos; tornar-se emocional e pessoalmente independente dos pais e de outros 
adultos; escolher e preparar-se para uma carreira; preparar-se para noivado e 
casamento; desenvolvimento cívico; conquista da identidade pessoal, valores e 
filosofia de vida (PINHEIRO, s.d,). 
Do ponto de vista cognitivo, segundo Jean Piaget, os adolescentes estão no 
estágio das operações formais. De acordo com Piaget, o amadurecimento biológico 
nessa fase da vida, possibilita que ele adquira as operações formais, na qual, 
representam o ponto máximo do processo de desenvolvimento cognitivo. No entanto, 
as operações formais, não são a priori, mas dependem das interações do organismo 
com o meio. A obtenção de operações formais é fundamental, especialmente 
diante do grande progresso nas ciências naturais do nosso século. Eles também são 
necessários para todos os processos de ajustamento sociais dos jovens (PINHEIRO, 
s.d,). 
Dessa maneira, a capacidade de pensar formalmente não só amplia a 
habilidade de resolver problemas anteriormente não resolvidos, mas também torna- 
se o idealismo típico de sua idade. A aptidão de conceituar o mundo muitas vezes leva 
os jovens a questionar por que o mundo real não corresponde ao ideal subjacente 
(BRASIL, 2019). 
 Características da cogniçãoformal: 
 
 Enfoque em conclusões lógicas e não em informação fatual: os 
adolescentes tendem a abordar os problemas avaliando sua correlação com a 
realidade, têm o potencial de tirar conclusões lógicas das informações 
disponíveis, independentemente de sua conformidade com a realidade 
(BRASIL, 2019). 
 Raciocínio dedutivo-hipotético: o adolescente usa seu método para tirar 
possíveis conclusões a partir de um conjunto de hipóteses em que há espaço 
para raciocínio dedutivo. Nesse raciocínio, o indivíduo primeiro estabelece uma 
hipótese teórica sobre as possíveis maneiras pelas quais os elementos teóricos 
se relacionam. Se for verdadeira, as seguintes inferências são feitas sobre as 
 
35 
 
observações que serão feitas na realidade. Para determinar a adequação dos 
pressupostos iniciais, é feita uma comparação entre as observações previstas 
e as observações reais da realidade. Finalmente, a perspectiva teórica da 
realidade é reformulada para levar em conta as diferenças entre previsões e 
observações reais. Os dois primeiros estágios do raciocínio dedutivo são 
suposições, que envolvem pensar sobre possíveis formas da realidade, então 
elas requerem pensamento formal. Somente no estágio final o indivíduo tem 
que enfrentar a realidade (BRASIL, 2019). 
 Geração de todas as combinações potenciais e permutações de eventos: 
para encontrar o número (a resposta) que soma de 8 a 5 vezes o valor original, 
o adolescente escolherá um número por sua vez e inserirá cada número na 
fórmula x + 8 =? Na equação 5x=? Para verificar se as respostas são as 
mesmas. No entanto, o adolescente conseguiu reestruturar o problema original 
na fórmula x + 8 = 5x. O adolescente pode então, resolver a equação para obter 
a resposta. Eles não precisam de tentativa e erro para encontrar soluções para 
problemas (BRASIL, 2019). 
 Consideração simultânea de mais um aspecto de uma situação e os 
relacionamentos entre eles: Os adolescentes examinam os eventos em 
sequência, em vez de explorar as relações existentes ou potenciais entre eles. 
Exemplo: Um adolescente observa os seguintes eventos: (1) O pai diz que 
quer que a família seja saudável para que todos possam desfrutar uns dos 
outros por muitos anos; durante um comercial de televisão mostra que fumar 
faz mal à saúde e uma pessoa pode morrer mais cedo do que o normal; (3) 
eles observam os pais fumando. Os adolescentes reagem a cada um desses 
eventos uma entidade separada. 
 Prevalência do pensamento formal: depende do ambiente em que o 
adolescente cresce e não requer desenvolvimento cognitivo de cognição 
operacional formal para seu funcionamento normal. Eles podem não ser 
capazes de desenvolver a capacidade para esta forma de cognição. Mesmo as 
pessoas que o desenvolveram, provavelmente não o usarão com muita 
frequência. Em muitos casos, os processos cognitivos formais, são menos 
eficazes do que o pensamento operacional concreto. Além disso, como é o 
caso dos jovens, as motivações e emoções pessoais podem interferir na 
 
36 
 
capacidade do indivíduo de utilizar plenamente suas habilidades cognitivas 
formais. 
4.1 Primeira fase: a descrição dos processos de desenvolvimento na 
adolescência 
Durante a primeira fase da pesquisa científica sobre a adolescência, destaca-
se o livro de 1904 de G. Stanley Hall intitulado "Adolescência". Hall enfatizou a teoria 
biológica, baseada no desenvolvimento das espécies (filogenia) e na generalização 
do desenvolvimento individual (ontogênese), que definiu a adolescência como um 
período universal e a transição inevitável, considerando-a como um segundo 
nascimento. Ele também reconheceu a influência da cultura e a ênfase nas diferenças 
individuais dos adolescentes e suas características de plasticidade (maleabilidade), 
consideradas inovadoras e provocativas na época, e precursora da teoria 
contextualista contemporânea (Arnett, 1999). 
O segundo grupo, de teorias baseadas nos pressupostos psicanalíticos de 
Sigmund Freud (1856-1939 apud SENNA, 2012), não via a adolescência como uma 
fase distinta do desenvolvimento, embora a considerasse crucial. Essa visão afirma 
que o homem é dotado de um conjunto de impulsos biológicos fundamentais que 
determinam o surgimento de alguns aspectos da sexualidade humana em cada fase 
do ciclo de vida. Assim, durante a adolescência, a reativação ocorre na forma de 
maturidade e genitália, a partir dos vários impulsos sexuais e agressivos que as 
crianças experimentam durante os estágios iniciais de seu desenvolvimento (oral, anal 
e edípica). A intelectualização é um mecanismo de defesa que os adolescentes 
empregam em resposta à resistência emocional, levando-os a deslocar seus 
interesses de questões físicas concretas para outras mais abstratas, não afetadas 
pelas emoções. Como resultado, o conflito adolescente é considerado normal e até 
necessário para sua função "adaptativa" em busca de um novo sentido de 
personalidade e papel social. 
Com a teoria do desenvolvimento psicossocial, Eric Erikson (1968/1976 apud 
SENNA, 2012) integrou a psicanálise ao campo da antropologia cultural, enfatizando 
a interação entre as dimensões intelectual, sociocultural, histórica e biológica (Lopes 
de Oliveira, 2006 apud SENNA, 2012). Ao afirmar que o desenvolvimento é descrito 
por uma série de estágios previsíveis, Erikson enfatiza a influência do ambiente e a 
 
37 
 
influência da experiência social ao longo do curso da vida. Nessa perspectiva, em 
cada estágio do desenvolvimento, as pessoas enfrentam um conflito central, uma crise 
normal e saudável que precisa ser superada. 
No caso da adolescência, essa crise é caracterizada pelo desenvolvimento de 
uma identidade que está em constante mudança, dependendo das experiências e 
informações que os adolescentes adquirem em suas interações diárias com os outros. 
Assim, os adolescentes que recebem incentivo e reforço apropriados em sua 
exploração pessoal, tendem a emergir desse estágio com um senso mais forte de si 
mesmo e um senso de independência e controle, (SENNA, 2012). 
 Considera-se que um terceiro grupo de teorias do desenvolvimento prioriza os 
aspectos socioculturais da adolescência e afirma que o comportamento do 
adolescente é moldado até certo ponto pelo ambiente social imediato (pais e colegas) 
e pelo ambiente social mais amplo (cultura). Para estudar a difusão das ideias 
turbulentas atribuíveis à adolescência, antropólogos sociais e culturais, notadamente 
Margaret Mead, compararam a rebelião da adolescência (estágio universal) contra a 
autoridade dos pais com os ideais da ideologia da juventude, dependendo do modo 
de vida e da cultura em que vivem na qual ele está inserido (Mead, 1928/1979 apud 
SENNA, 2012). 
Ainda em sua primeira etapa, merece destaque o quarto grupo de teorias da 
adolescência, de Jean Piaget, pioneiro, focando nos processos cognitivos de 
desenvolvimento e afirmando que os comportamentos dos adolescentes que 
preocupam os adultos, têm sua origem na forma de pensar, característica do início 
desta etapa. À medida que o pensamento formal se desenvolve, por meio da 
assimilação e adaptação a novas estruturas, os adolescentes revelam suas próprias 
formas de compreender a realidade e constroem sistemas filosóficos, éticos e políticos 
para adaptar e mudar o mundo. (Inhelder & Piaget, 1958/1976 apud SENNA, 2012). 
Percebendo que soluções baseadas apenas no raciocínio lógico não são possíveis, 
os adolescentes entram na vida adulta por meio da integração social. 
Embora as teorias clássicas descrevam várias mudanças na adolescência, 
enfocando diferentes aspectos do indivíduo (sensação, cognição e interação), elas 
são insuficientes para explicar o desenvolvimento nessa fase da vida. (Goosens, 
2006; Lerner & Steinberg, 2009 apud SENNA, 2012). Segundo esses autores, essas 
teorias se limitam a apresentar dicotomias entre os aspectos maturacionais e 
 
38 
 
genéticos e osaspectos que são unicamente contextuais: herdado x adquirido, 
contínua e descontínua, estabilidade e mudança, representam o conhecimento dos 
tempos. À medida que surgem evidências empíricas, surgem novos modelos de 
relacionamentos de desenvolvimento. Esses modelos reconhecem as características 
fundamentais e integradoras dos impactos organizacionais em diferentes níveis da 
ecologia do desenvolvimento humano, criando a necessidade de novas contribuições 
integrativas que culminam na segunda fase da pesquisa científica. 
4.2 Segunda fase: a visão contextualista do desenvolvimento do adolescente 
O estudo com adolescentes nesta fase, começou na década de 1970, quando 
a pesquisa empírica rompeu com os modelos teóricos clássicos e surgiram novos 
modelos e questões sobre o desenvolvimento humano ao longo da vida. Esses 
modelos refletem uma perspectiva contextualista, enfatizando a relação dinâmica de 
mão dupla entre o indivíduo e o ambiente, e o papel do tempo e do espaço no 
desenvolvimento humano, (SENNA, 2012). 
 A interação homem-situação começa a ser vista como um fenômeno 
psicológico do desenvolvimento, o que significa levar em conta: (a) a pessoa em 
evolução, devido às constantes mudanças na relação que estabelece com seu meio; 
(b) desenvolvimento humano caracterizado pela grandeza potencial de mudança do 
sistema (plasticidade), em qualquer ponto do curso da vida; e (c) o significado do 
desenvolvimento humano no contexto sócio histórico em que ocorre (Goosens, 2006 
apud SENNA, 2012). 
Na época, um grupo de estudiosos do desenvolvimento se reuniu sob os 
auspícios de Carolina Consortium (On Human Development – sobre desenvolvimento 
humano) (CCHD, 1996 apud SENNA, 2012), para organizar uma síntese de diversas 
disciplinas e teorias sociais, psicológicas e biocomportamentais para orientar a 
pesquisa em diferentes níveis da organização humana. Seus participantes propõem 
um modelo abrangente chamado ciência do desenvolvimento, no qual o 
desenvolvimento se refere a um fenômeno multifacetado que consiste em um conjunto 
de processos de mudança, estruturais e organizacionais que ocorrem nas interações 
entre humanos e sistemas biológicos em grupos sociais e ambientes ao longo do 
 
39 
 
tempo (Cairns, Elder & Costello, 1996; Magnusson & Cairns, 1996 apud SENNA, 
2012). 
Para entender o funcionamento desse sistema, é necessário estudar as 
propriedades estruturais e funcionais do ambiente, das pessoas e dos ambientes, e 
como eles interagem para produzir constância e mudança no desenvolvimento 
individual. (Dessen & Costa Junior, 2005 apud SENNA, 2012). Conforme esse 
contexto, o desenvolvimento de cada indivíduo é influenciado por inúmeros fatores 
interativos que variam ao longo do tempo, ambiente e processo, e que a cada etapa 
do processo, novos são criados para a próxima possibilidade a (Sifuentes, Dessen & 
Lopes de Oliveira, 2007 apud SENNA, 2012). 
Em outras palavras, o desenvolvimento ocorre por meio de forças internas e 
externas, chamadas de sinergias, que atuam de forma complementar e bidirecional 
para adaptar e manter o equilíbrio e harmonia do sistema diante de situações novas 
ou desfavoráveis (Gottlieb, 1996; van Geert, 2003 apud SENNA, 2012). Os 
desenvolvimentos subsequentes são vistos como epigenética e probabilidade que 
representam um grande desafio no campo na medida em que fatores biológicos e 
ambientais interagem entre si. 
 Como compreender os múltiplos sistemas que influenciam o desenvolvimento 
individual, dos processos genéticos aos eventos culturais, dos eventos fisiológicos às 
interações sociais? Como esses sistemas se integram ao longo do tempo para 
produzir ou não produzir funções saudáveis e adaptativas? Essas questões precisam 
estar interligadas e integrar disciplinas de diferentes áreas para desvendar os 
processos complexos que levam ao desenvolvimento dos seres humanos dentro da 
dinâmica de força que existe em um mundo em mudança. Neste contexto, a 
perspectiva sistêmica é primordial para o entendimento das questões de investigação 
sobre o desenvolvimento humano, tanto em termos das inter-relações entre sistemas 
e componentes do sistema, quanto na evolução de seus padrões ao longo do tempo. 
Entre as direções teóricas que representam essa visão de desenvolvimento, 
destacamos a teoria do curso de vida, (SENNA, 2012). 
 
 
 
 
 
40 
 
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