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SANEAMENTO AMBIENTAL E 
SAÚDE PÚBLICA 
W
B
A
01
52
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2.
0
2
Eliana Menezes dos Santos
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2020
SANEAMENTO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA
1ª edição
3
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Henrique Salustiano Silva
Juliana Caramigo Gennarini
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Mariana Gerardi Mello
Revisor
Barbara Almeida Souza
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Gilvânia Honório dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ 
Santos, Eliana Menezes dos.
S237s Saneamento ambiental e saúde pública/ Eliana 
 Menezes dos Santos, – Londrina: Editora e Distribuidora 
 Educacional S.A., 2020.
 43 p.
 ISBN 978-65-5903-046-0
1.. Saneamento ambiental 2. Saúde pública 3. Meio ambiente I. Título.
 
CDD 500
____________________________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 6/2786
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
4
SUMÁRIO
Noções básicas de saneamento ambiental e saúde pública _________ 05
Sistemas de tratamento de esgotos e manejo de águas pluviais ____ 24
Ecologia, educação ambiental e saúde ______________________________ 41
Panorama da Gestão do Saneamento Básico no Brasil _____________ 56
SANEAMENTO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA
5
Noções básicas de saneamento 
ambiental e saúde pública.
Autoria: Eliana Menezes dos Santos
Leitura crítica: Barbara Almeida Souza
Objetivos
• Abordar conceitos básicos de saneamento ambiental 
e sua relação com saúde pública.
• Compreender o ciclo da água e a relação com a 
humanidade.
• Entender o funcionamento dos sistemas de 
abastecimento de água, do manejo das águas 
pluviais adotado no Brasil e do tratamento de 
esgoto.
• Apresentar algumas das normas relevantes do 
ordenamento jurídico brasileiro no âmbito de 
saneamento ambiental.
6
1. Introdução
Neste tema, você estudará sobre temas introdutórios a respeito dos 
recursos hídricos e sua importância para a humanidade, a poluição 
dos recursos hídricos e as consequências para a saúde da população, 
a importância do saneamento ambiental, além dos aspectos legais 
que regem a sociedade brasileira. A humanidade, ao longo do seu 
desenvolvimento econômico e na busca por garantir a manutenção da 
vida em sociedade, promoveu grandes alterações no meio ambiente. 
Essas alterações ocorrem por meio da alteração do ambiente físico, 
geração e descarte incorreto de resíduos e efluentes, remoção de 
vegetação acima da capacidade de suporte do meio ambiente ou, até 
mesmo, a retificação e o sentido do curso de um rio, como é o caso do 
Rio Pinheiros, localizado na cidade de São Paulo, que sofreu a retificação 
do seu canal e alteração do sentido do curso de água, em períodos 
de cheia desagua na Represa Billings e em período normal segue em 
direção ao Rio Tietê.
2. Recursos hídricos 
Os recursos hídricos são utilizados de diferentes formas pela sociedade, 
sendo que as dificuldades encontradas pela humanidade podem ser de 
ordens econômicas e tecnológicas, como a dessalinização da água do 
mar e físicas, como as águas subterrâneas que limitam o acesso direto 
ao recurso (diferentemente da captação das águas superficiais utilizadas 
como fonte de abastecimento, geração de energia, diluição de esgotos, 
entre outras funções). Segundo Braga (2005), os corpos hídricos são 
formados por rios, lagos, oceanos, águas subterrâneas ou geleiras. 
7
2.1 A água na natureza
A água é encontrada na natureza sob a forma líquida, gasosa e sólida, 
entretanto, a quantidade de água disponível para consumo imediato é 
muito inferior ao total existente no planeta. De acordo com Braga (2005, 
p. 74):
[...] apesar de existir em abundância, nem toda água é diretamente 
aproveitada pelo homem. Por exemplo, a água salgada dos oceanos 
não pode ser diretamente utilizada para abastecimento humano, pois 
as tecnologias atualmente disponíveis para a dessalinização são ainda 
um processo bastante caro quando comparado com os processos 
normalmente utilizados para o tratamento de água para uso doméstico.
Considerada como um recurso natural renovável, a água é um elemento 
da natureza com a capacidade de se renovar por meio do ciclo 
hidrológico. Normalmente conhecido como ciclo da água, trata-se de um 
movimento contínuo que a água realiza dentro do planeta, circulação 
que ocorre por meio dos seguintes processos:
• Precipitação: água que cai do céu em forma de chuva, neve ou 
chuva de granizo.
• Escoamento superficial: água que, após se precipitar, escorre 
sobre a superfície do solo em direção às regiões mais baixas, é 
comumente conhecido como fluxo da água.
• Infiltração: água ultrapassa as camadas do solo saturando-o 
(torna-o cheio de água) e escoando para diferentes direções.
• Escoamento subterrâneo: parcela da água precipitada na 
superfície que infiltra no solo e irá se acumular nele ou compor 
aquíferos, lençóis freáticos e rios subterrâneos.
8
• Evapotranspiração: parcela de água que se desprende do solo 
em forma de vapor e perda de água das plantas por meio da 
transpiração.
• Evaporação: água que retorna à atmosfera em forma de vapor.
• Condensação: transformação do estado gasoso para o líquido.
Figura 1 – Ciclo hidrológico
 
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciclo_da_%C3%A1gua.jpg. Acesso em: 20 
out. 2020.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciclo_da_%C3%A1gua.jpg
9
2.2 A importância da água para a humanidade
A água é um recurso natural utilizado por todos os seres vivos, por meio 
do consumo direto ou indireto em diversos outros fins, como navegação, 
geração de energia, irrigação na agricultura, diluição de resíduos ou 
recreação. Os diferentes usos da água podem gerar conflito de interesse 
na utilização e captação do recurso, diante disso, a legislação brasileira, 
por meio da Lei Federal nº 9.433/1997 (BRASIL, 1997, art. 1º) estabelece: 
“III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos 
é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos 
recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas”.
Em todo o planeta, registram-se conflitos de interesse que envolvem 
o uso da água. Na maioria das vezes, essa situação é marcada pela 
escassez, devido a distribuição irregular do recurso, períodos longos de 
estiagens, pela degradação do entorno de rios e represas e pela poluição 
hídrica proveniente dos despejos irregulares de efluentes ou descarte 
indevido de resíduos. 
No intuito de mediar esses conflitos, o Brasil criou os comitês de bacias 
hidrográficas que, segundo a Política Nacional de Recursos Hídricos 
(PNRH), na Lei nº 9.433/1997 define-se como o fórum em que um grupo 
de pessoas, com diferentes visões e atuações, se reúne para discutir 
sobre um interesse comum – o uso d’água na bacia. Assim, os comitês 
de bacias são importantes para a gestão do melhor uso da água.3. Poluição ambiental 
A poluição hídrica, ou poluição das águas, tem como característica a 
contaminação por disposição irregular de resíduos ou efluentes que 
alteram as características físico-químicas do corpo hídrico. Atualmente, 
gerenciar um corpo hídrico contaminado impacta economicamente 
10
nos custos de tratamento, independentemente do uso ao qual se 
destina, como no processo de captação para geração de energia ou 
abastecimento público. Além disso, a contaminação colabora para o 
cenário de escassez do recurso. Nesse sentido, compreender que água 
é vital para a manutenção da vida do planeta significa entender que 
precisamos valorizar esse recurso renovável e essencial a todos os seres 
vivos. 
3.1 O saneamento e a sociedade 
O saneamento básico tem um papel fundamental na sociedade, pois sua 
ausência pode acarretar impactos significativos na saúde da população 
que se encontra desprovida do serviço. O conceito de saneamento, de 
acordo com o Instituto Trata Brasil (2020), se relaciona ao:
[...] conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do 
meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, 
melhorar a qualidade de vida da população e à produtividade do indivíduo 
e facilitar a atividade econômica. (TRATA BRASIL, 2020, [s.p.])
As ações implantadas no intuito de prover o acesso ao saneamento 
básico, em boa parte dos casos pelo Estado, contribuem na melhoria 
da qualidade de vida da sociedade evitando a proliferação de 
doenças, além de colaborar com a preservação dos recursos naturais. 
Atualmente, é possível observar os resquícios das construções antigas, 
como os aquedutos, poços, fossas sépticas, chafarizes, termas, entre 
outras obras de engenharia construídas para atender às necessidades 
de uma população com carência do abastecimento de água.
11
Figura 2 – Arcos da Lapa: aqueduto localizado na cidade do Rio de 
Janeiro
Fonte: dabldy/iStock.com.
No Brasil, os primeiros indícios de saneamento ocorreram no período 
colonial, diante da necessidade de estruturas que fornecessem água 
para os processos da agricultura, segundo a Fundação Nacional de 
Saúde (FUNASA, 2006, p. 12):
Os engenhos de moagem da cana de açúcar, pela necessidade de água fez 
surgir os primeiros aquedutos rurais. As plantações de café, por sua vez, 
exigiam a instalação de canalizações de água para a lavagem dos grãos. 
O sistema de abastecimento de água promove melhorias nos aspectos 
sanitários, sociais e econômicos, bem como o atendimento aos preceitos 
estabelecidos na legislação brasileira. As estruturas implantadas em um 
sistema de abastecimento convencional compreendem a captação de 
12
água do manancial, tubulações, estação de tratamento, reservatório da 
água tratada e uma rede de distribuição. O tratamento da água residual, 
após a utilização pela sociedade, carece de uma estrutura similar ao 
do abastecimento de água com captação do efluente, tratamento, 
desinfecção e posterior descarte em corpos hídricos. 
Entretanto, observam-se diversos fatores que influenciaram nos avanços 
do desenvolvimento de atividades voltadas para o saneamento básico 
no Brasil, entre eles a ausência de priorização do assunto na agenda dos 
governos, mesmo diante do crescimento da população e dos centros 
urbanos. É preciso ressaltar que existe uma diferença entre saneamento 
básico e saneamento ambiental, o primeiro retrata aspectos inerentes 
a preservação e qualidade da saúde do ser humano em termos de 
abastecimento de água, coleta e tratamento de resíduos e efluentes 
e o manejo de águas pluviais; já o saneamento ambiental possui o 
escopo mais amplo, pois engloba a saúde e a proteção dos recursos 
hídricos com a implantação de políticas públicas voltadas à preservação 
ambiental e ações impeditivas à degradação das áreas de mananciais.
3.2 Fontes de poluição hídrica 
As diversas atividades industriais, domésticas e agrícolas desenvolvidas 
pela sociedade podem impactar negativamente a qualidade dos corpos 
hídricos. Desse modo, essas atividades introduzem diferentes poluentes 
e, consequentemente, geram efeitos negativos no meio aquático. A 
identificação da fonte de poluição responsável pela contaminação 
pode ser considerada um dos elementos fundamentais no combate da 
contaminação, principalmente quando os poluentes estão diluídos e não 
se consegue delimitar a origem do lançamento, o que é conhecido como 
fonte difusa. Segundo Braga (2005), quando o poluente é inserido no 
corpo hídrico de maneira individualizada, como no caso do lançamento 
de efluente de uma indústria, denomina-se fonte pontual.
13
O lançamento de efluente sem tratamento, por exemplo, em um 
rio ou lago de ecossistema lêntico (água parada), pode causar grave 
contaminação. A eutrofização é um processo de proliferação de plantas 
aquáticas que se alimentam de nutrientes, especialmente fósforo e 
nitrogênio presente no esgoto doméstico. Esse crescimento elevado 
compromete a qualidade da água, pois o excesso de plantas impedirá 
a entrada de luz na água, reduzindo a fonte de oxigênio para os demais 
seres vivos do meio aquático. Por consequência, esse processo altera a 
cor e a turbidez da água, diminui a concentração de oxigênio dissolvido, 
impactando em todo o equilíbrio do meio hídrico e provocando danos 
em diversos segmentos que dependem deste recurso.
Figura 3 – Lago com processo de eutrofização
Fonte: Josef Mohyla/iStock.com.
Os corpos hídricos que se encontram em processo de eutrofização 
podem ser recuperados dependendo da magnitude do impacto 
14
ocorrido, dos recursos financeiros a serem investidos e tecnologias 
disponíveis para aplicação. Assim, é possível também a adoção de 
medidas preventivas que tratem o lançamento de esgoto doméstico ou 
industrial, reduzindo a carga de nutrientes no meio aquático. 
3.3 Resíduos sólidos e saúde
No contexto do saneamento básico, o descarte de resíduos oriundos 
das diferentes atividades realizadas pela sociedade precisa receber 
tratamento adequado para evitar proliferação de doenças e 
contaminação do meio ambiente. O processo de tratamento de resíduos 
dependerá tanto da adoção de ações que ocorrem na fonte geradora, 
podendo ser uma residência, indústria, comércio, serviços de saúde, 
entre outros, como também do percurso entre a fonte de geração e o 
descarte final, conforme a figura a seguir:
Figura 4 - Trajetória dos resíduos
Fonte: elaborada pela autora.
15
O resíduo sólido pode apresentar um valor econômico e ser 
encaminhado para a reciclagem ou ser reutilizado em outros processos 
industriais e outros setores da cadeia produtiva. No entanto, os rejeitos 
são os materiais que não possuem, atualmente, nenhuma aplicação de 
reaproveitamento a não ser a disposição final, como o aterro sanitário. 
Os resíduos podem ser oriundos das diferentes atividades humanas, 
como: a varrição de rua e a poda de árvores, as atividades comerciais, 
industriais, agrícolas, hospitalares e os serviços de saúde, construção 
civil, as atividades de portos, aeroportos, terminais ferroviários e 
terminais rodoviários. Assim, para cada origem e geração existe uma 
destinação adequada, pautada em requisitos legais e normas técnicas.
A escolha a ser dada à destinação dos resíduos gerados levará em 
conta diversos fatores, dentre eles a origem, as características físicas, 
químicas e biológicas que vão indicar a classificação do material 
analisado. O laboratório credenciado avaliará o material e determinará 
sua periculosidade e risco a saúde pública, de acordo com a NBR 10.004 
(ABNT, 2004), entre as características analisadas temos: 
1. Características físicas: 
• Teor de umidade: é a quantidade de água presente nos resíduos.
• Compressividade: o quanto é possível reduzir o volume do 
material, sem que ele volte ao volume anterior à compactação. 
• Peso específico: quanto de volume o material ocupa, em relação à 
massa.
2. Características químicas: 
• Poder calorífico: capacidade potencial do material ser queimadoe 
ter seu volume reduzido.
16
• Teor de matéria orgânica: determina o quanto ele poderá ser 
biodegradável.
• Relação do carbono/nitrogênio: que indicará o grau de 
decomposição.
• Potencial hidrogeniônico: pH indica o teor de acidez ou alcalinidade 
que o material pode reagir com o meio que será depositado.
3. Características biológicas:
• População microbiana e agentes patogênicos existentes no 
material.
O descarte incorreto de rejeitos pode promover graves riscos ao meio 
ambiente e à saúde pública. Devido às características específicas 
que cada resíduo possui, é preciso avaliar a melhor forma de 
armazenamento ou disposição, já que ações inadequadas podem atrair 
diversos vetores como os ratos, moscas, mosquitos, baratas, que são 
transmissores de doenças, como a peste bubônica, a febre amarela, a 
malária, entre outras.
17
Figura 5 – Presença de pessoas e animais em área de disposição 
inadequada de resíduos
 
Fonte: Joa_Souza/iStock.com.
 4. Aspectos legais
O conhecimento dos aspectos legais na temática de saneamento 
ambiental que regem um país é de extrema importância para a atuação 
dos profissionais da área ambiental. Além disso, é dever de cada cidadão 
no desempenho do seu papel no sistema jurídico conhecer as leis, pois 
devemos lembrar que as normas jurídicas são limitadoras das atividades 
humanas, dessa maneira se faz necessário serem conhecidas.
18
4.1 Princípios legais e constitucionais 
A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) é um conjunto de leis 
fundamentais que servem para organizar o funcionamento de um país. 
No Brasil, nenhuma lei pode ser criada em desacordo com o previsto na 
Constituição Federal Brasileira.
Entretanto, o conteúdo da Constituição Federal brasileira permite a 
possibilidade de sofrer alterações ou reformas em seu texto, com o 
objetivo de atender as necessidades demandadas pela sociedade. Essas 
alterações precisam ser aprovadas por um processo legislativo, e são 
conhecidas como Emendas Constitucionais. As Emendas Constitucionais, 
quando aprovadas, farão parte do ordenamento jurídico e terão o 
peso da Constituição. Desse modo, é importante a compreensão da 
hierarquia das leis e normas, pois mudanças na legislação implicam, 
muitas vezes, em alterações no cotidiano do profissional da área de 
saneamento ambiental, na sequência dessa pirâmide temos abaixo das 
Emendas as Leis Complementares. 
Em matéria ambiental, a Lei Complementar nº 140 (BRASIL, 2011) 
trouxe significativas mudanças, dentre outros dispositivos, relacionadas 
a questão do licenciamento ambiental e a cooperação comum entre 
os entes federativos composto por União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios em termos de preservação ambiental e o combate à 
poluição. 
Seguindo a pirâmide da legislação brasileira, a seguir listamos as 
leis complementares, as leis ordinárias e medidas provisórias, nas 
quais se estabelecem a maior parte das leis em matéria ambiental 
e de saneamento. Na sequência, temos os atos normativos que são 
compostos por decretos, resoluções, portarias e instruções. Entre as 
diversas normas vigentes, destacam-se: 
19
Lei Federal nº 6.938/1981: Política Nacional de Meio Ambiente, 
responsável pela criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente 
(SISNAMA), é considerada a estrutura da gestão de meio ambiente do 
Brasil, sendo composta por vários órgãos e instituições ambientais dos 
diversos entes da federação.
Lei Federal nº 9.433/1997: Política Nacional de Recursos Hídricos, ou 
popularmente Lei das Águas, estabeleceu o instrumento de gestão o 
Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) que é 
a base de informações sobre água no país.
Lei Federal nº 9.782/1999: criação da Agência de Vigilância Sanitária 
(ANVISA) com a finalidade de proteger a saúde da população brasileira, 
através do controle sanitário dos processos que envolvem produtos 
sujeitos à Vigilância Sanitária.
Lei Federal nº 9.984/2000: dispõem sobre a criação da Agência Nacional 
de Águas (ANA).
Resolução CONAMA nº 357/2005: estabelece padrão de lançamento de 
efluente e o enquadramento dos corpos hídricos superficiais.
Lei Federal nº 11.445/2007: estabelece as diretrizes do saneamento 
básico no Brasil.
Resolução CONAMA nº 396/2008: classifica estabelece diretrizes 
ambientais de enquadramento das águas subterrâneas.
Lei Federal nº 12.305/2010: Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Portaria nº 2.914/2011: estabelece os procedimentos de controle e de 
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de 
potabilidade.
20
Rede Nacional de Monitoramento de qualidade da água RN: criado 
em 2013 pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) 
estabelece uma padronização das águas em nível nacional, incentivando 
a cooperação entre os operadores de prestação de serviço.
Portaria de consolidação nº 5/2017: consolidação das normas sobre as 
ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). 
Lei Federal nº 14.026/2020: atualiza o marco legal do saneamento 
básico e atribui ANA a competência para editar normas de referência do 
saneamento. 
4.2 Órgãos fiscalizadores 
O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) surgiu em 1981, 
com advento da Lei nº 6.938, conhecida como Política Nacional de 
Meio Ambiente (BRASIL, 1981), com o objetivo de estruturar a gestão 
ambiental no Brasil. O SISNAMA é composto por órgãos e entidades em 
diferentes níveis do governo, que envolvem a União, Estado, Distrito 
federal e os municípios, cada um sendo responsável, dentro das suas 
competências, pela proteção do meio ambiente. A composição do 
sistema é dada por: 
• Órgão superior, que compreende o conselho de governo.
• Órgão consultivo e deliberativo, compreendido pelo Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
• Órgão central, que compreende o ministério do meio ambiente.
• Órgãos executores, compostos pelo Instituto Brasileiro do Meio 
Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) e Instituto Chico 
Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 
• Órgãos seccionais, compostos por órgãos de cada estado.
21
• Órgãos locais, compreendidos pelos órgãos da esfera dos 
municípios.
No contexto em que o SISNAMA foi criado, a gestão dos recursos 
hídricos brasileiros foi detalhada em 1997, por meio da Lei nº 9.433, 
relativa ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos 
SINGREH (BRASIL, 1997). O SINGREH é integrado pelos seguintes órgãos: 
• Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH).
• Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental (SRQA).
• Agência Nacional de Águas (ANA).
• Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH).
• Órgãos gestores de recursos hídricos estaduais (Entidades 
Estaduais).
• Comitês de Bacia Hidrográfica.
• Agências de Águas.
Por sua vez, os órgãos fiscalizadores possuem papel fundamental para a 
garantia do cumprimento das diretrizes e parâmetros estabelecidos em 
normas, decretos e leis, e contribuindo na gestão dos recursos naturais 
em território brasileiro. 
Referências Bibliográficas 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 10.004: Resíduos 
sólidos - Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. 
BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento 
sustentável. São Paulo: Pearson, 2005. 
22
BRASIL. Agência Nacional de Águas. Comitês de Bacia Hidrográfica. Disponível em: 
https://www.ana.gov.br/aguas-no-brasil/sistema-de-gerenciamento-de-recursos-
hidricos/comites-de-bacia-hidrografica/comite-de-bacia-hidrografica-interestaduais. 
Acesso em: 20 jul. 2020.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 out. 2020.
BRASIL. Lei complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, 
nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da 
Constituição Federal, para a cooperação entre a União [...]. Brasília,DF: Presidência 
da República, 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/
lcp140.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional 
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1981. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de 
Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal [...]. Brasília, DF: 
Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/l9433.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de 
Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras 
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1999. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9782.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência 
Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), entidade federal de implementação 
da Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante do Sistema Nacional de 
Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e responsável pela instituição de 
normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico. 
Brasília, DF: Presidência da República, 2000. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l9984.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais 
para o saneamento básico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico; 
altera as [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 20 
out. 2020.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de 
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providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 20 
out. 2020.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
23
BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco legal do 
saneamento básico e altera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à 
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) [...]. Brasília, DF: Presidência 
da República, 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-
2022/2020/lei/L14026.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os 
procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo 
humano e seu padrão de potabilidade. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 
2011. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/
prt2914_12_12_2011.html. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Portaria de consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017. Consolidação 
das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. 
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html. Acesso em: 28 jul. 2020.
BRASIL. Lex: Coletânea: legislação de Direito Ambiental. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 
2013. 
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 357, de 17 
de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes 
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições 
e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: 
CONAMA, 2005. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=459. Acesso em: 28 jul. 2020.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 396, de 
3 de abril de 2008. Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para 
o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. Brasília: 
CONAMA, 2008. 
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA. Manual de Saneamento. 4. ed. 
Brasília: FUNASA, 2006. 
TRATA BRASIL (BRASIL). O que é Saneamento? Disponível em: http://www.
tratabrasil.org.br/saneamento/o-que-e-saneamento. Acesso em: 22 ago. 2020.
24
Sistemas de tratamento de 
esgotos e manejo de águas 
pluviais
Autoria: Eliana Menezes dos Santos
Leitura crítica: Barbara Almeida Souza
Objetivos
• Conhecer os controles de qualidade e sua relação 
com as principais normas e requisitos legais 
aplicáveis vigentes. 
• Compreender o processo de esgotamento sanitário. 
• Apresentar os aspetos e os modelos que envolvem o 
fornecimento de água.
25
1. Introdução
Nesta leitura, você estudará o sistema de abastecimento de água 
para consumo humano, o esgotamento sanitário, a drenagem e o 
manejo das águas pluviais e o controle e padrões de qualidade da 
água em atendimento às normas. O saneamento, a saúde e o meio 
ambiente, embora sejam assuntos amplos que envolvem diversos 
interesses, profissionais e órgãos gestores distintos, estão interligados, 
intrinsicamente, e sua gestão deve considerar uma macro visão em 
detrimento aos impactos que ações individualizadas possam gerar no 
meio ambiente ou na saúde da população. 
2. Fornecimento e tratamento de água
A água é caracterizada como um elemento essencial à manutenção 
da vida no planeta, embora no passado acreditássemos que os 
recursos hídricos eram infinitos em quantidade e que estariam sempre 
disponíveis para utilização independentemente das nossas ações ou 
intervenções. No entanto, atualmente sabemos que a realidade é muito 
diferente. Segundo Philippi Jr. e Galvão Jr. (2011, p. 177):
[...] o crescimento das cidades aumentou de tal forma a quantidade 
de esgotos lançados nos córregos, rios, represas e lagos próximos às 
aglomerações, que a capacidade de autodepuração desses corpos 
receptores foi superada pela carga poluidora dos efluentes. 
Desse modo, observa-se que não apenas a qualidade do recurso é um 
fator relevante no cenário de escassez ou, até mesmo, em situações de 
conflitos de interesse de uso, mas também a distribuição em volume de 
água potável nos continentes ou em um país é desigual. Dessa forma, 
esses fatores são extremamente relevantes para a gestão do recurso 
hídrico e para a distribuição de água de qualidade e de forma igualitária. 
26
Assim, um sistema de abastecimento de água é fundamental para 
garantir saúde e qualidade de vida à população. De acordo com Funasa 
(2006, p. 66), a prestação de serviço de abastecimento de água é:
[...] um importante investimento em benefício da saúde pública que se 
amplia com a implantação e melhoria dos sistemas de esgotos sanitários. 
Tem sido constatado também que a implantação de sistemas adequados 
de abastecimento de água e de destino dos dejetos, a par da diminuição 
das doenças transmissíveis pela água, contribuem, também, para a 
diminuição da incidência de outras doenças, não relacionadas diretamente 
aos excretos ou à falta de abastecimento de água. 
Nesse sentido, o consumo da água diretamente no manancial para 
fins de consumo doméstico não é o recomendável, considerando que 
a água bruta pode possuir elementos prejudiciais à saúde. Portanto, 
os corpos hídricos passiveis de aproveitamento para fins de consumo 
devem passar por tratamento antes da distribuição para a população. 
Há dois grupos de manancial de captação, o manancial subterrâneo e o 
manancial superficial, como descrevemos a seguir. 
Manancial subterrâneo: composto por água localizada abaixo da 
superfície, podendo estar confinada ou aflorando na superfície, como as 
nascentes de rios. Em determinadas situações, em que a água confinada 
não possuipressão suficiente para aflorar, haverá a necessidade de 
utilização de bombas para a captação da água, após a perfuração de 
poços semi artesianos. Deve-se lembrar que a água subterrânea está 
passível de contaminação, existem atividades humanas que são graves 
fontes de contaminação, dentre elas temos a instalação de postos de 
combustíveis e a disposição incorreta de resíduos, atividade exercidas 
sem o atendimento da legislação vigente.
Manancial superficial: formado por cursos de água como os rios, 
lagos, barramentos em represas etc. Por sua vez, esses corpos 
hídricos são superficiais e requerem baixa tecnologia de captação. 
No entanto, é importante atentar-se ao potencial de poluição difusa, 
27
como a contaminação por fertilizantes e defensivos agrícolas e áreas 
inadequadas de descarte de resíduos sólidos, bem como poluição 
pontual, como o lançamento de esgotos doméstico ou industrial.
Existem dois tipos de abastecimento de água: o individual e o 
coletivo. As fontes de abastecimento, na maioria das vezes, provêm 
da captação de água por meio da perfuração de poços ou através do 
reaproveitamento da água da chuva. Outra fonte de abastecimento é 
a implantação de sistemas de tratamento e abastecimento coletivo de 
água potável. 
O sistema de abastecimento de água é um mecanismo complexo de 
infraestrutura que executa e monitora a captação, o tratamento e a 
distribuição da água tratada de uma comunidade para diversos fins, 
como o uso doméstico, industrial, serviços públicos, entre outras 
atividades. Esse sistema garante que a quantidade e a qualidade do 
recurso captado sejam distribuídas em atendimento aos parâmetros 
físicos, químicos e biológicos determinados pela legislação. O sistema de 
abastecimento é composto por um conjunto de etapas que compreende:
• Captação: é a tomada de água do manancial, que pode ser 
subterrâneo ou superficial. 
• Adução: é o conjunto de tubulações que são utilizados para 
conduzir a água captada até a estação de tratamento de água 
(ETA). 
• Tratamento: processo responsável por eliminar características 
indesejáveis da água. A escolha do tipo de tratamento a ser 
adotado dependerá das características e da qualidade água que 
se encontra no manancial. Há diversas tecnologias que podem ser 
adotadas para a desinfecção da água e atenda os parâmetros de 
potabilidade exigidos em norma, a exemplo do uso de radiação 
ultravioleta. Em um tratamento convencional, a água passará pelas 
seguintes etapas:
28
• Coagulação e floculação: processo de adição de produtos 
químicos que promovem a aglomeração das impurezas na 
forma de flocos. 
• Decantação é a etapa em que os flocos decantam no fundo do 
tanque de tratamento, para serem removidos da água. 
• Filtração: fase em que a água passa por processo de 
purificação através de meios filtrantes, como areia e carvão, e 
assim ocorre a remoção de impurezas.
• Desinfecção adição de produtos, o cloro, por exemplo, para a 
remoção de micro-organismos causadores de doenças.
• Fluoretação adição de flúor para prevenir cáries.
• Reservação: armazenamento da água tratada, antes de ser 
distribuída, com objetivo de garantir o abastecimento mesmo 
diante das variações de consumo ao longo do dia. Segundo Netto 
e Fernandez (2018, p. 430), os reservatórios de distribuição “tem a 
função de compensar as variações horárias de vazão.”
• Distribuição: conjunto de tubulações que garante a distribuição 
da água para população a ser abastecida.
• Estações elevatórias ou recalque: conjunto de bombas 
instaladas que permitem captar água em diferentes altitudes em 
que se encontra a estação de tratamento e a regiões a serem 
abastecidas.
3. Tratamento das águas residuais
As águas residuais ou efluentes, que quando são de origem doméstica 
podem ser denominados de esgoto, são águas descartadas após a 
29
utilização em atividades humanas, como em banhos, refeitórios e 
descargas dos sanitários. Esse recurso tem suas características físicas 
ou químicas alteradas e necessitam de tratamento antes de serem 
devolvidas à natureza.
3.1 Sistema de tratamento de esgoto
Existem diversas terminologias utilizadas para os efluentes quando se 
trata do sistema de esgoto sanitário. Dentre essas terminologias, temos 
o esgoto doméstico oriundo de limpezas e higiene que podem ser 
gerados nas residências, comércios e banheiros de indústria, as águas 
imundas, águas servidas e esgoto industrial (NETTO; FERNANDEZ, 2018, 
p. 445).
Os efluentes podem ser subdivididos em águas cinzas e águas negras. As 
águas cinzas são geradas nas atividades que não possuem contribuição 
dos vasos sanitários com características de elevada turbidez e sólidos 
totais, enquanto as águas negras são originárias das instalações 
sanitárias dos dejetos humanos e com alto grau de patogenicidade.
Além disso, há diversos tipos de tratamentos de esgoto que podem 
ser implantados, de acordo com as características sociais e tecnologias 
adotadas. Em áreas urbanas, o sistema mais convencional é composto 
por coleta, afastamento, tratamento em estação de tratamento 
de efluente (ETE) e lançamento final das águas tratadas. Em áreas 
rurais, observa-se a utilização de fossas sépticas, sistemas que 
são considerados unidades de tratamento primário dos efluentes 
domésticos com posterior infiltração no solo. 
Os sistemas de tratamento convencionais são compostos por diversos 
elementos, entre eles temos:
• Dutos e coletores: tubulações que conduzem o efluente gerado 
pelas cidades para a estação de tratamento. 
30
• Pré-tratamento: é composto por gradeamento que remove 
grandes sólidos, em seguida, o efluente é direcionado para a etapa 
de desarenação, ou popularmente conhecida como etapa de caixa 
de areia, que tem a função de remover os sólidos que não foram 
retidos na etapa anterior.
• Primário: processo de inserção de químicos que promove o 
agrupamento das partículas em forma de flocos, permitindo a 
separação dos sólidos e dos líquidos, em seguida, o efluente é 
conduzido para a decantação, nesta etapa, os flocos se depositarão 
no fundo do tanque de tratamento.
• Secundário: nessa etapa se utiliza o tratamento bioquímico, 
que pode ser a inserção de bactérias aeróbicas ou anaeróbicas 
para decompor a matéria orgânica dissolvida ou em suspensão, 
ainda presente no efluente. O efluente é então conduzido para o 
processo de decantação e clarificação.
• Desinfecção: tratamento da parte líquida, com objetivo de remover 
micro-organismos e patógenos, antes do lançamento do efluente 
um em corpo hídrico. 
O lodo produzido ao longo do tratamento do efluente é a matéria 
orgânica removida da água, porém, ainda, o líquido precisará passar 
por processo de eliminação e/ou redução da umidade. Esse processo 
é conhecido como desidratação e estabilização para reduzir a 
patogenicidade, o odor, processos que antecedem a disposição final 
em aterro sanitário. A ausência de sistema de esgotamento sanitário 
tem potencial para promover impactos ambientais negativos como a 
degradação da qualidade do solo e corpos hídricos, mortalidade de 
ictiofauna, além de impactos sociais já pontuados, como: o aumento 
de doenças transmitidas pela água, a proliferação de vetores e a 
degradação dos espaços públicos. A Figura 1 apresenta o lançamento 
indevido de esgoto no leito do Rio Negro na cidade de Manaus.
31
Figura 1 – Lançamento de efluente e resíduos no Rio Negro – 
Manaus/AM
Fonte: Shakzu/iStock.com. 
Nesse sentido, pressupõe-se que o planejamento urbano considere 
a inclusão de sistemas de saneamento, conforme predispõe a Lei nº 
14.026/2020, o marco do saneamento básico (BRASIL, 2020). Desse 
modo, a condição ideal é que a instalação do sistema de tratamento de 
efluente seja feita antes da constituição da ocupação urbana. Porém, em 
função do histórico de ocupação das cidades brasileiras, o sistema de 
esgotamento sanitário não acompanhou o crescimento populacional e o 
ordenamento da cidade, o que levou à degradação dos corpos hídricos 
urbanos, devidoàs diferentes fontes de poluição, como o lançamento do 
esgoto bruto.
Além dos esgotos domésticos, os efluentes gerados pelas atividades 
humanas podem possuir como fonte as atividades industriais, 
32
denominado efluente industrial, cuja composição e características físico-
químicas variam conforme o tipo de atividade desenvolvida. 
Diante deste cenário, a implantação de sistemas de tratamento de 
esgoto é fundamental no planejamento de expansão urbana e em 
centros urbanos já consolidados. Cabe ressaltar que, para atingir os 
compromissos estabelecidos no Marco legal do saneamento brasileiro e 
nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas 
(ONU), são necessários investimentos financeiros que garantam não 
somente os sistemas de abastecimento de água, mas também sistemas 
de esgotamento sanitário adequados. Assim, garante-se o direito 
fundamental de acesso à água e evita-se a disseminação de doenças de 
veiculação hídrica e poluição das águas. 
3.2 Noções sobre tecnologias de tratamento
Há diversos tipos de tecnologias em tratamento para os efluentes 
domésticos, no entanto, o método a ser implantado dependerá de 
vários fatores com vantagens e desvantagens em cada tecnologia a ser 
analisada pelo gestor. Segundo Von Sperling (2005), entre os tipos de 
tratamento, destacam-se:
• Lodo ativado: tratamento biológico aplicado ao efluente, que 
consiste em uma técnica mundialmente utilizada por representar 
uma alta eficiência na remoção de matéria orgânica. O tratamento 
ocorre pela decomposição da matéria orgânica pelo metabolismo 
das bactérias presentes em tanques de aeração. São indicados 
em situações em que são necessários uma elevada qualidade do 
efluente e reduzidos requisitos de área.
• Reator anaeróbico de fluxo ascendente (RAFA): tratamento 
baseada na decomposição anaeróbia da matéria orgânica. 
Consiste em uma coluna de escoamento ascendente, composta de 
33
uma zona de digestão e sedimentação, e um separador de fases 
gás-sólido-líquido. É utilizado para a estabilização do efluente.
• Lagoa facultativa: é um sistema que combina condições anaeróbica 
e aeróbica para realização da decomposição de matéria orgânica 
• Lagoa anaeróbia: lagoas construídas com grande profundidade 
com o objetivo de impedir a fotossíntese e, ao mesmo tempo, 
proporcionar um ambiente ideal para fermentação anaeróbia da 
matéria orgânica. 
• Lagoas de aeradas: é realizada a decomposição de material por 
processo aeróbio em que se adiciona artificialmente oxigênio no 
tanque ou lagoa que contém o efluente.
• Vala de infiltração ou sumidouro: é o processo de percolação do 
efluente em filtro instalado no solo.
Existem diversas alternativas para o tratamento de esgoto, seja ele 
individual ou aplicado a um ambiente rural, sendo considerado, em 
alguns casos, mais viável economicamente, devido a fonte de geração 
estar muito distante de cidades ou redes de tratamento de esgoto. 
Para tanto, adotam-se alternativas como a utilização de fossas sépticas, 
biodigestor, sistema de tratamento por zonas de raízes, combinação 
de fossa séptica, filtro anaeróbico e sumidouro ou, até mesmo, um 
biodigestor, comum em locais com criação de suínos.
O desenvolvimento de pesquisas realizadas para essa temática permite 
o surgimento de novos métodos para tratar os efluentes de diferentes 
origens e, dessa forma, garante a não contaminação de corpos hídricos 
com efluentes sem tratamento. 
34
4. Drenagem de águas pluviais
A urbanização da paisagem alterou consideravelmente as condições 
ambientais e relações sociais. Entre as alterações, pode-se citar a 
impermeabilização de áreas, calçamento de ruas, ocupação densa 
do solo, resultando em redução de áreas verdes e espaços públicos 
ajardinados, tendo como consequência a diminuição das taxas de 
infiltração da água pluvial no solo e o aumento de escoamento 
superficial da chuva precipitada. O resultado dessa ação pode ser 
observado nas inundações que ocorrem com maior frequência e 
intensidade, levando a perdas de vidas e prejuízos econômicos. 
Esses impactos negativos levaram ao desenvolvimento de métodos 
construtivos e a instalação de infraestruturas capazes de conduzir a 
água da chuva, a fim de evitar inundações, umidade em edificações e o 
contato direto da população com a água pluvial. Segundo Funasa (2006, 
p. 288): 
Na conceituação atual de manejo de águas pluviais urbanas, o controle e 
a minimização dos efeitos adversos das enchentes urbanas [...] agregam 
um conjunto de ações e soluções de caráter estrutural e estruturante, 
envolvendo execução de grandes e pequenas obras e de planejamento 
e gestão de ocupação do espaço urbano, com legislação e fiscalização 
eficientes quanto à geração dos escoamentos superficiais.
De acordo com Miguez et al. (2016), o manejo de águas pluviais é um 
sistema de drenagem composto por um conjunto de elementos que 
podem ser divididos em dois subsistemas:
• Microdrenagem: formado por estruturas que recebem a água 
pluvial dos lotes urbanos, como guias, sarjetas, bocas de lobo, 
canais, galerias e poço de inspeção. Impedindo o acúmulo de água 
da chuva em determinada região, em escala local.
35
• Macrodrenagem: está diretamente ligada a drenagem natural 
da região anterior à ocupação humana e a instalação de 
cidades. A instalação de obras de infraestrutura no âmbito 
da macrodrenagem permite um melhor escoamento da água 
precipitada, evitando a erosão do solo e o assoreamento em fundo 
de vales.
5. Padrões de qualidade e lançamento
O padrão de qualidade em saneamento pode ser entendido como 
um conjunto de requisitos e diretrizes a serem seguidas e atendidas 
conforme normas e legislação. Dessa forma, acredita-se minimizar 
os impactos negativos em termos de proteção ambiental e saúde da 
população. Segundo Philip Jr. (2005, p. 130): 
[...] atingir os padrões de potabilidade são utilizados vários processos que 
dependem da qualidade e da quantidade da água a ser tratada, bem como 
das circunstâncias em que se fará o uso da água.
Na busca por garantir a qualidade das águas, foram estabelecidos 
parâmetros de qualidade para a água captada, água tratada para 
distribuição e padrões de lançamento do efluente.
5.1 Tipos de padrões de qualidade
Em âmbito federal, o padrão de qualidade da água potável será 
regrado pela Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017, 
estabelecido pelo Ministério da Saúde, que apresenta os padrões que 
deverão ser atendidos quanto as características físicas, químicas e 
microbiológica que a água deve possuir para ser disposta para consumo 
humano (BRASIL, 2017). 
36
O padrão de lançamento de efluentes será regido pela Resolução nº 
430/2011, que complementa a Resolução nº 357/2005 e deverá ser 
considerado as legislações estaduais, diante da qualificação dos corpos 
hídricos e diretrizes estabelecida em cada região (CONAMA, 2011; 
2005). Esses parâmetros de âmbito federal, em conjunto os requisitos 
estaduais, definem as condições de lançamento dos efluentes para 
qualquer fonte poluidora em corpos hídricos, de acordo com sua 
classificação. Alguns dos parâmetros exigidos são: pH, temperatura, 
materiais sedimentáveis, óleos e graxas e diversos elementos solúveis 
em água. 
O padrão de qualidade de água superficial está relacionado com a 
finalidade a que se destina a utilização do recurso, considerando seu 
enquadramento e classificação, conforme estabelecido nas resoluções 
citadas no parágrafo anterior. Esse enquadramento e classificação 
servem de norteador por possuir relação direta com as atividades 
humanas (BRASIL, 2005). 
As águas doces superficiais do território brasileiro recebem maior 
influência das ações e atividades humanas, segundo o art. 4 da 
Resolução nº 357/2005, os rios, por exemplo, são fontes diretas de 
abastecimento de consumo humano, porém, podem ter classificação 
diferente: 
• Classe especial: sua destinação ao abastecimento de consumo 
humano, com desinfecção.
• Classe 1: pode ser destinada ao abastecimentohumano após 
tratamento simplificado.
• Classe 2: também pode ser destinada ao abastecimento humano, 
após tratamento convencional. 
• Classe 3: pode ser destinada ao abastecimento humano, após 
tratamento convencional ou avançado.
37
• Classe 4: águas destinadas a navegação e harmonia paisagística.
5.2 Índice de Qualidade da Água (IQA)
A água possui propriedades, características e influências intrínsecas 
que dependem do entorno em que ela se encontra, resultando em 
diferentes condições de água bruta e efluentes, cujo tratamento precisa 
ser orientado pela adoção de parâmetros comparativos que atendam 
normas e regulamentos aplicáveis. 
O objetivo da adoção de parâmetros é determinar a qualidade da água 
captada e distribuída para determinada população, o que requer o 
atendimento de critérios de potabilidade, que garantam que a água está 
própria para o consumo após o devido tratamento e que está ausente 
de impurezas da fonte de captação, além de critérios de lançamento nos 
corpos d’água ou solo. 
Dessa maneira, é importante a utilização de parâmetros que 
determinem as características da água. A partir da adoção desses 
índices, é possível agrupá-los de maneira que sirvam para análises 
quanto a qualidade da água potável, do lançamento de efluente e 
da água superficial segundo a legislação vigente. Dentre os diversos 
indicadores, temos: 
• Indicadores físicos: cor, turbidez e odor.
• Indicadores químicos: salinidade, dureza, alcalinidade, 
corrosividade, ferro e manganês, nitrogênio e cloretos, 
e compostos tóxicos, fenóis, detergentes, agrotóxicos e 
radioatividade.
• Indicadores biológicos: algas e micro-organismos patogênicos.
38
Em virtude da quantidade de indicadores, a National Sanitation 
Foundation (NSF), em 1970, nos Estados Unidos, desenvolveu o Indicador 
de Qualidade da Água (IQA), que atribui uma nota para a qualidade 
da água analisada. O mesmo indicador foi adotado pela Companhia 
Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e, na sequência, pelos 
demais estados brasileiros. Segundo os Indicadores de Qualidade 
(BRASIL, 2020, [s.p.]), o IQA tem por objetivo:
[...] avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o 
abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no 
cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada 
pelo lançamento de esgotos domésticos.
O IQA é composto por nove parâmetros sendo eles o oxigênio 
dissolvido, os coliformes termotolerantes, o potencial hidrogênico (pH), 
a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), a temperatura da água, o 
nitrogênio total, o fosforo total, a turbidez e o resíduo total. 
5.3 Noções de controle de micro-organismos
O controle de micro-organismos sempre foi um tema de bastante 
interesse, principalmente no que diz respeito ao crescimento da 
população microbiana que se desenvolve em corpos hídricos ou na 
decomposição de matéria orgânica.
Desse modo, controlar a população microbiana significa prevenir a 
transmissão de doenças e evitar a contaminação do ambiente. No 
aspecto ambiental, a população microbiana é utilizada em processos 
de tratamento de efluentes e de resíduos sólidos e, nessas condições, 
a microbiologia é aliada para o desenvolvimento de tecnologias em 
tratamento de efluentes.
Os tratamentos de efluentes baseados em crescimento bacteriano 
anaeróbico e aeróbico são formas eficientes de decompor a matéria 
39
orgânica presente em um efluente, por exemplo. Outra aplicação é 
utilizar o controle do crescimento microbiológico na decomposição de 
matéria orgânica em processos de compostagem.
O controle do crescimento microbiano pode ser realizado por agente 
químico ou físico, que atuam na eliminação total ou parcial do 
crescimento dos microrganismos presentes em superfície de objetos, 
alimentos, da pele humana e no meio ambiente. 
Nesse sentido, os agentes comumente utilizados tanto para a prevenção 
de saúde como no meio ambiente são: 
• Métodos físicos: controle de crescimento por calor, esterilização 
por filtração, esterilização por radiação, vibração ultrassônica, 
remoção de oxigênio, ozônio e dessecação. No tratamento 
de resíduos sólidos é muito comum a utilização do calor 
(temperatura), como forma de esterilização do material, 
entretanto, é preciso analisar previamente a composição do 
resíduo. 
• Métodos químicos: desinfetantes e antissépticos, como álcool, 
ácidos e agentes oxidantes, esterilizantes como óxidos e peróxidos.
• A ausência de controles efetivos da qualidade da água fornecida à 
população, de atendimento aos padrões pré-estabelecidos pelos 
órgãos competentes e do atendimento às normas legais expõem 
a população a situações de contaminação por meio de ingestão 
direta, higiene pessoal, produção de alimentos ou atividades de 
lazer em um recurso hídrico contaminado. 
Referências Bibliográficas 
BRASIL. Indicadores de Qualidade - Índice de Qualidade das Águas (IQA). Disponível 
em: http://pnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx. Acesso em: 21 jul. 2020.
40
BRASIL. Portaria de consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017. Consolidação 
das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. 
Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html. Acesso em: 28 jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco legal do 
saneamento básico e altera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à 
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar 
normas de referência sobre o serviço de saneamento, a Lei nº 10.768, de 19 de 
novembro de 2003 [...]. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14026.htm. Acesso 
em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lex: Coletânea: legislação de Direito Ambiental: Resolução Conama 357. 6. 
ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
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de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes 
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e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: 
CONAMA, 2005. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.
cfm?codlegi=459. Acesso em: 28 jul. 2020.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 430, de 13 de 
maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, 
complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília: CONAMA, 2011. Disponível em: 
http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 28 jul. 
2020.
FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA. Manual de saneamento. 4. ed. 
Brasília: FUNASA, 2006.
MIGUEZ, M. G.; VERÓL, A. P.; REZENDE, O. M. Drenagem urbana: do projeto 
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VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de 
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14026.htm
41
Ecologia, educação ambiental e 
saúde
Autoria: Eliana Menezes dos Santos
Leitura crítica: Barbara Almeida Souza
Objetivos
• Abordar os conceitos básicos das inter-relações 
entre os seres vivos e o meio ambiente.
• Compreender a importância dos ciclos 
biogeoquímicos e a relação com os fluxos de 
energia.
• Conhecer os impactos socioambientais e a 
importância da saúde ambiental para a sociedade.
• Apresentar a importância da educação ambiental 
para o desenvolvimento do indivíduo.42
1. Introdução
O entendimento das relações entre saneamento, saúde pública e meio 
ambiente revela um pressuposto fundamental para o planejamento 
de sistemas de saneamento. Assim, nesta leitura digital, abordaremos 
sobre as noções básicas de ecologia, que fornecerão bases para a 
compreensão das inter-relações entre os seres vivos e o meio ambiente, 
bem como o processo de reciclagem dos nutrientes e sua importância 
para a manutenção da vida. A compreensão dos conceitos de ecologia e 
saúde ambiental é essencial para a formação do profissional da área de 
saneamento.
A aplicação do conhecimento adquirido estimula a adoção de práticas 
sustentáveis e permite-nos entender a relação das ações humanas 
e os impactos negativos provocados no meio ambiente e como eles 
interferem na saúde da população.
2. Noções de ecologia
A ecologia é a ciência do ramo da biologia que estuda as relações 
entre os seres vivos, incluindo seres humanos e o meio ambiente no 
qual vivem. O termo ecologia foi definido em 1866 pelo biólogo Ernest 
Haeckel, em sua obra Generelle Morphologie der Organismen (Morfologia 
Geral dos Organismos).
Por sua vez, o estudo da ecologia é composto por uma interação 
complexa e ampla entre diversas áreas. Nesse contexto, estabeleceu-
se níveis de organização, como população, comunidade, ecossistema e 
biosfera, desse modo hierarquizado pode-se compreender melhor as 
interações. Segundo Odum e Barrettt (2020, p.4):
43
[...] o melhor modo de delimitar a ecologia moderna seja considerar o 
conceito de níveis de organização, visto como um espectro ecológico [...] e 
como uma hierarquia ecológica estendida.
Desse modo, compreender a classificação do ambiente em diferentes 
níveis é um pré-requisito básico para o entendimento de ecologia, 
partindo-se do nível menor complexidade para o mais complexo, ou 
seja, um organismo individual para biosfera terrestre. Dessa forma, 
temos:
• População: organismos da mesma espécie que interagem entre 
si, anteriormente, o termo população era utilizado apenas para 
grupos de pessoas, depois foi ampliado para qualquer grupo de 
organismos.
• Comunidade: um conjunto de populações de diferentes espécies 
que interagem entre si e habitam uma mesma região.
• Ecossistemas: é a interação de comunidades com o meio em que 
vivem.
• Biosfera: é o nível mais amplo e complexo por ser composto de 
todos os ecossistemas existentes no planeta interagindo do local 
onde residem.
O estudo da ecologia tem como alicerce alguns conceitos fundamentais, 
como o conceito de espécie, caracterizado por grupo de indivíduos 
com caraterísticas semelhantes, habitat que compreende o meio 
que as espécies vivem, onde encontram alimentos, reproduzem e 
interagem, como as florestas e o nicho ecológico, que é a maneira como 
determinada espécie vive. A riqueza e diversidade das espécies que 
interagem com o meio ambiente é definida como biodiversidade ou 
diversidade biológica.
44
O Brasil, devido à sua extensão territorial, possui uma grande variação 
climática, desde climas frios e úmidos até climas mais quentes e 
secos. Essa variação climática contribui para uma grande diversidade 
de biomas e das espécies, o que torna o Brasil o país com a mais alta 
biodiversidade do mundo (MITTERMEIER et al., 1997). Desse modo, a 
conservação da biodiversidade é fundamental para manutenção dos 
ecossistemas e suas interações. Os ciclos biogeoquímicos são essenciais 
para a ciclagem dos compostos químicos que interagem com os 
ecossistemas e, dependendo do elemento, pode ser armazenado na 
atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera da Terra. Esses reservatórios 
naturais de elementos químicos existentes no planeta são importantes 
para o seu equilíbrio.
2.1 Ciclos biogeoquímicos e fluxo de energia
Os ciclos de matéria ou ciclos biogeoquímicos consistem no fluxo de 
determinados elementos químicos que se deslocam entre seres vivos e 
o meio ambiente na ciclagem de nutrientes. Esses compostos circulam 
na biosfera e são armazenados na atmosfera ou na crosta terrestre. 
Assim, temos dois tipos de ciclo, os gasosos e os sedimentares. Os ciclos 
biogeoquímicos são importantes para a manutenção da vida no planeta 
e, entre eles, destacam-se:
• Ciclo da água: encontrada em três estados (sólido, líquido e 
gasoso), possui mais de um reservatório na natureza, na atmosfera 
e na crosta terrestre, como as geleiras, mares, rios, lagos de forma 
superficial ou subterrânea.
• Ciclo do oxigênio: elemento presente na respiração dos serres 
vivos, seu ciclo é composto pela transição desse elemento entre 
seus reservatórios na natureza, entre a atmosfera, biosfera e 
litosfera.
45
• Ciclo do nitrogênio: é um elemento muito importante para o 
crescimento de vegetação. O maior reservatório está localizado na 
atmosfera, encontrado sob a forma gasosa N2, porém, a absorção 
pelas plantas ocorre através das formas (NH4
+, NO2–e NO3 
–) e para 
tanto é necessário a participação de bactérias com característica de 
fixação e decomposição do nitrogênio. Nesse processo, ocorrem as 
etapas de fixação, amonificação, nitrificação e desnitrtificação. Os 
animais irão absorver nitrogênio por meio da alimentação (BRAGA, 
2005).
• Ciclo do fósforo: está presente em dentes e ossos, além de compor 
as moléculas dos ácidos ribonucleico (RNA) e desoxirribonucleico 
(DNA). Seu ciclo não passa pela atmosfera, ocorrendo apenas 
na crosta terrestre por meio de desgaste de rochas. As rochas 
fosfatadas que sofrem processo erosivo liberam o elemento para o 
solo e parte deles é carreado para o mar por meio do processo de 
lixiviação, havendo uma perda de reposição para o ciclo (BRAGA, 
2005).
• Ciclo do carbono: considerado um elemento muito abundante no 
planeta, presente na atmosfera na forma de dióxido de carbono 
e metano, tem participação na fotossíntese e no processo de 
respiração dos animais. A matéria orgânica é constituída em 
grande parte por carbono e a humanidade, a partir da revolução 
industrial, tem consumido um volume considerável. Isso ocorre 
por meio do consumo de combustíveis fosseis e do desmatamento 
por processo de queimadas de florestas.
A ecologia também estuda a energia e matéria transferida entre 
organismos pertencentes a um ecossistema no denominado estudo 
de nível trófico de uma cadeia alimentar. O nível trófico é outro modo 
encontrado pela ecologia para organizar os seres vivos de acordo com 
sua alimentação e transferência de energia.
46
A luz solar é uma excelente fonte de energia natural. Nesse sentido, 
alguns organismos como plantas e algas utilizam essa energia natural, 
transformando-a em energia química no processo de fotossíntese, 
sendo organismos conhecidos como autótrofos ou produtores do 
próprio alimento. Há os organismos que produzem alimento por meio 
da oxidação de compostos inorgânicos, ou seja, sem a utilização de luz 
solar em um processo denominado quimiossíntese.
Outro grande grupo de seres vivos que necessitam de energia para se 
movimentar e se desenvolver são os chamados heterótrofos, que não 
possuem a capacidade de produzir seu próprio alimento e precisam 
se alimentar dos autótrofos. Entro do grupo dos heterótrofos, há 
os decompositores que são responsáveis pela ciclagem da matéria 
orgânica. A decomposição é um processo em que ocorre a absorção de 
apenas parte da matéria orgânica, sendo o restante devolvido para o 
meio ambiente, mantendo assim o equilíbrio ecológico.
3. Noções de impacto socioambiental
Sob a perspectiva dos conceitos de ecologia apresentados, é comum 
encontrar o termo “capacidade de suporte” no estudo da relação 
entre ambientes e populações. De acordo Grisi (2000), o conceito pode 
ser entendido como um indicador para estimativa da quantidade de 
determinado elemento ou de organismos que podem ser mantidos 
em um dado espaço ou ambiente, sem deteriorar ou modificar 
significativamente as características elementares desse ambiente.
Diante dessa abordagem, em uma perspectiva de ecologia humana, 
desde a década de 1970,a comunidade científica e organismos 
internacionais tem discutido os limites do crescimento econômico 
em relação à capacidade de suporte dos ecossistemas. Esses debates 
foram motivados pela percepção da degradação ambiental decorrente 
47
das atividades antrópicas, que estimulou o surgimento da Avaliação de 
Impacto Ambiental (AIA), vinculada ao processo de exame dos impactos 
ambientais, em que Sánchez (2013, p. 34) descreve como: “[...] alteração 
da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos 
naturais ou sociais provocada por ação humana”.
O processo de avaliação do impacto ambiental é um instrumento 
regido pela legislação de cada país e seu resultado pode, por exemplo, 
influenciar na tomada de decisão do gestor sobre a viabilidade ou não 
de determinado projeto, repensando as alternativas de localização 
da atividade, contribuir na etapa de planejamento e pode servir de 
negociação social com a comunidade potencialmente impactada.
No Brasil, os impactos ambientais decorrentes de atividades 
potencialmente degradadoras da qualidade ambiental são regidos pelo 
licenciamento ambiental, um instrumento criado pela Política Nacional 
de Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/1981), utilizado pelos órgãos 
competentes para avaliação do impacto ambiental e da emissão de 
licenças e autorizações.
A consideração da dimensão social na avaliação de impacto ambiental 
é empregada para a compreensão de como uma atividade pode 
potencialmente afetar as condições de saúde, modo de vida e 
organização social das comunidades. Assim, a inadequada gestão dos 
impactos socioambientais traz prejuízos à saúde, à qualidade de vida e à 
economia de determinada região.
3.1 Saúde ambiental e a sociedade
Em diversos momentos da história, é possível observar a ocorrência de 
epidemias nas populações humanas, o que demandam ações específicas 
a serem adotadas pelo poder público e profissionais da saúde. Uma 
das medidas mais frequentes adotadas é o isolamento dos doentes 
ou suspeitos de estarem contaminados, com o objetivo de evitar a 
48
propagação da doença e a observação do quadro clínico frente aos 
tratamentos e medicamentos, como é possível observar na figura a 
seguir.
Figura 1 – Isolamento de pacientes acometidos por uma doença
Fonte: duncan1890/iStock.com. 
Os registros históricos brasileiros referentes ao controle de doenças e 
ações voltadas à estruturação administrativa da área da saúde remetem 
ao período do Brasil colônia, com a chegada da família real em 1808. 
Entretanto, o Ministério da Saúde foi fundado em 25 de julho de 1953 
e, ao longo da história, vários outros órgãos foram criados, como o 
Instituto Oswaldo Cruz em 1900, a criação do Sistema Único de Saúde 
(SUS) com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Fundação 
Nacional de Saúde (FUNASA) em 1991 e a Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária (Anvisa) em 1999, entre outros.
49
A saúde ambiental é um conceito que está diretamente ligado aos 
fatores ambientais que podem influenciar de forma negativa a saúde 
das pessoas. O órgão responsável pela atuação em saúde ambiental e 
controles epidemiológicos, resultantes da poluição do meio ambiente, é 
a Vigilância em Saúde Ambiental (VSA). Segundo o Ministério da Saúde 
(2017), a VSA é definida como:
[...] um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção 
de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio 
ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar 
as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais 
relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde.
A VSA desempenha um importante papel na prevenção, controle e 
erradicação de doenças, tendo o suporte da área da epidemiologia 
uma função essencial. Nesse contexto, a epidemiologia é fundamental 
para medir a frequência de uma enfermidade em uma população. Essa 
ciência é capaz de utilizar instrumentos para a descrição das condições 
de saúde, identificar os fatores determinantes ou impactos de doenças 
ou, até mesmo, contribuir na qualidade da saúde de uma sociedade.
No Brasil, a vigilância sanitária atua diretamente sobre o ambiente, 
tendo o saneamento como principal frente de atuação. Dessa forma, 
a problemática ambiental deve ser compreendida como parte das 
condições de saúde e objeto das políticas públicas.
Os impactos ambientais podem desencadear problemas na saúde da 
população exposta às fontes de poluição. Logo, é importante identificar 
os poluentes lançados no meio ambiente e correlacioná-los às questões 
de saúde pública são, de modo geral, situações complexas que 
necessitam de correlação de diversos atributos e pesquisas. A poluição 
do ar demonstrado na figura a seguir é um exemplo da dificuldade de 
identificar as fontes de poluição responsáveis pela densa camada de 
poluentes sobre a cidade.
50
Figura 2 – Densa camada de poluição sobre uma cidade
Fonte: Daniel Stein/iStock.com. 
As fontes de poluição são provenientes das diversas atividades 
humanas, podendo ser classificadas como pontuais ou difusas. O 
lançamento do efluente de uma indústria diretamente em um corpo 
hídrico é um exemplo de fonte pontual de poluição, entretanto, os 
poluentes lançados na atmosfera, solo ou água são denominados fonte 
difusa, quando não é possível identificar a fonte específica da geração, 
como é o caso do descarte de resíduos em um rio.
Há diversas formas da população ser exposta aos poluentes dispersos 
no meio ambiente, processos de exposição que podem ocorrer por 
inalação, ingestão, como beber água imprópria para consumo, ou 
absorção através do contato da pele com material contaminado.
51
A inalação de ar com concentrações de poluentes acima dos limites 
aceitos pela legislação, devido aos gases ou material particulado, pode 
comprometer o sistema respiratório e cardiovascular. Isso depende 
do poluente envolvido e do tempo de exposição, que podem afetar de 
maneira diferente cada faixa etária da população. Alguns dos principais 
poluentes atmosféricos são o material particulado, ozônio (O3), dióxido 
de enxofre (SO2), aerossóis, monóxido de carbono (CO) e o óxidos de 
nitrogênio (NOX). Nesse sentido, segundo Philippi Jr. (2005, p. 90):
O ar contaminado pode entrar no corpo humano por inalação dos 
poluentes, mas pode também ser absorvido por meio de contato dérmico. 
[...] o material particulado e o dióxido de enxofre (SO2) podem levar à 
constrição brônquica, bronquite crônica ou doença pulmonar obstrutiva 
crônica.
A ingestão de água contaminada pode acarretar o desenvolvimento de 
doenças provocadas por patógenos ou comprometer o funcionamento 
de órgãos. Além disso, há doenças que afetam a população atendida 
pela rede de abastecimento de água e esgotamento sanitário chamadas 
de doenças de veiculação hídrica, como a cólera, febre tifoide, 
leptospirose, gastroenterite, disenteria, giardíase, hepatites, entre outras 
enfermidades.
Outra maneira da população sofrer com os impactos ambientais é o 
desenvolvimento de doenças por ingestão de alimentos contaminados, 
seja por agrotóxicos ou outros compostos clorados e/ou metais 
pesados, como a ingestão de peixe contaminado por metais pesados 
ou alimentos cultivados em solo contaminado com chumbo, em ambos 
os casos o elemento poluidor pode ser ingerido pelos ser humano e 
animais.
52
4. Educação ambiental para a saúde pública
O debate sobre questões ambientais na mídia se tornou cada vez mais 
intenso, após diversos acidentes ambientais e seus impactos observados 
na sociedade. A primeira Conferência Internacional das Nações Unidas, 
no ano de 1972, na cidade de Estocolmo, é considerada um marco 
importante por ter reunido chefes de diferentes países para discutirem 
soluções para as questões de degradação ambiental ao redor do 
mundo.
Em 1977 foi realizada a primeira Conferência Intergovernamental 
de Educação Ambiental em Tbilisi, que foi realizada pela Unesco 
(Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), 
com o propósitode definir aspectos importantes para educação 
ambiental. Nesse período, o Brasil adotou a obrigatoriedade do curso de 
ciências ambientais nos cursos de engenharia (BRASIL, 2020).
No Brasil, a educação ambiental foi proposta pela Lei nº 9.795, de 27 
de abril de 1999, a Política Nacional de Educação Ambiental que trouxe 
atribuições a diferentes partes interessadas, entre elas, a própria 
sociedade civil incumbida na formulação de valores, as empresas com 
a responsabilidade de capacitar seus funcionários, as instituições no 
dever de integrar a educação ambiental em seus programas de ensino e 
os entes federativos com a promoção da educação ambiental de forma 
transversal em todos os níveis de aprendizado. Desse modo, a lei define 
a educação ambiental como:
[…] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade 
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e 
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem 
de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua 
sustentabilidade. (BRASIL,1999, art. 1º)
53
O mecanismo de educação em saúde ambiental tem como uma 
das características primordiais a possibilidade de transformação do 
indivíduo, proporcionando-lhe a consciência de ser o protagonista da 
sua própria história. Assim, com o conhecimento adquirido, ele tem a 
possibilidade de aplicá-lo em seu cotidiano de maneira que impacte 
positivamente a sua própria saúde e qualidade de vida.
Segundo a Funasa (2006), implantar projetos de educação em saúde 
ambiental traz grandes benefícios à comunidade e à sociedade de 
modo geral, sendo importante no planejamento considerar alguns itens 
essenciais como o foco na atuação do território de produção da saúde, 
envolver um grupo diversificado de agentes da população, garantir a 
interação do meio ambiente, economia e comunidades, envolver as 
pessoas como protagonistas em ações que objetive a promoção da 
saúde, respeitar e considerar as diferenças culturais da comunidade 
envolvida, promover a permeabilidade de discussões entre o 
conhecimento acadêmico e o popular com o propósito de compartilhar 
saberes, utilizar de maneira estratégica a educação em saúde ambiental.
As questões que envolvem os cuidados referentes à saúde pública e à 
temática ambiental precisam ser incorporadas em todos os níveis da 
sociedade, considerando as experiências vividas de cada indivíduo e 
suas dificuldades enfrentadas em seu próprio território, seja ele rural 
ou urbano. Segundo Philippi Jr. (2005, p. 596), a educação ambiental é 
entendida como:
[…] um processo de mudança e de formação de valores, bem como de 
preparo de exercício da cidadania, constitui-se em um conjunto de ideias 
contrárias às ideias prevalentes no sistema social atual, contrárias às ideias 
de egoísmo e de individualismo, a favor da transformação social com ética, 
com justiça social e com democracia.
Portanto, a educação ambiental é mais ampla que ações pontuais 
aplicadas a determinado grupo de pessoas, por exemplo, em programas 
de implantação de coleta seletiva, redução no desperdício da água 
54
ou recusa ao uso de embalagens plástica. Esses são mecanismos que 
contribuem para o processo de transformação, mas não modificam um 
indivíduo em um ser crítico e consciente com capacidade de desenvolver 
mudança no meio em que reside.
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sustentável. São Paulo: Pearson, 2005.
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Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância ambiental. 2017. Disponível em: http://
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2020.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional 
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1981]. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, 
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FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE–FUNASA. Manual de saneamento. 4. ed. Brasília: 
FUNASA, 2006.
GRISI, B. M. Glossário de ecologia e ciências ambientais. João Pessoa: Editora 
Universitária da UFPB, 2000.
MITTERMEIER, R. et al. Biodiversity hotspots and major tropical wilderness areas: 
approaches to setting conservation priorities. Conservation Biology, [S. l.], v. 12, n. 
3, p. 516-520, 1998.
ODUM, E. P.; BARRETTT, G. W. Fundamentos de ecologia. São Paulo: Cengage 
Learning, 2020.
PHILIPPI JR, A. Saneamento, saúde e ambiente. São Paulo: Manole, 2005.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm
55
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São 
Paulo: Oficina de Texto, 2013.
56
Panorama da Gestão do 
Saneamento Básico no Brasil
Autoria: Eliana Menezes dos Santos
Leitura crítica: Barbara Almeida Souza
Objetivos
• Conhecer o panorama das políticas e os programas 
governamentais sobre saneamento básico no Brasil.
• Compreender o papel das entidades reguladoras.
• Entender a importância da adoção de instrumentos 
e da apresentação do diagnóstico do saneamento 
básico no país.
• Apresentar alguns modelos de prestação de serviços 
públicos de saneamento básico.
57
1. Introdução
Nesta leitura, você estudará o panorama do saneamento básico e suas 
interações com as normas legais brasileiras, com os entes responsáveis 
pela fiscalização e/ou regulamentação e as diferentes formas de arranjos 
na implantação de modelos de prestação de serviço. As políticas públicas 
têm um importante papel na resolução de questões que acometem a 
sociedade, que Dias (2008, p. 102) define como: “definição, elaboração 
e implantação de estratégias de ação por parte dos governos no qual 
há identificação e seleção de determinados problemas sociais que, na 
visão dos gestores públicos, merecem ser enfrentados”, bem como pode 
auxiliar a fiscalização dos empreendimentos mediante o atendimento 
das métricas e padrões estabelecidos em legislação e que devam ser 
atendidos, a fim de garantir uma qualidade efetiva e a satisfação do 
cliente beneficiário do serviço. A gestão eficiente do saneamento básico 
torna-se cada vez mais importante para toda a sociedade, promovendo 
a melhoria da qualidade de vida da população.
2. Políticas e programas governamentais sobre 
saneamento básico
A implantação e/ou ampliação dos serviços de saneamento que 
incluem o abastecimento de água, tratamento de esgoto, tratamento 
de resíduos e o manejo das águas pluviais, medidas que contribuem na 
prevenção de doenças e, por consequência, melhoram a qualidade de 
vida da população. Entretanto, universalizar o acesso aos serviços de 
saneamento e garantir a efetividade dos serviços são grandes desafios, 
que, de maneira geral, demandam planejamento adequado e de logo 
prazo e a participação de diversos atores da sociedade e investimentos 
financeiros no setor, por exemplo.
58
A elaboração e implementaçãode políticas públicas voltadas para 
o saneamento sinalizam uma resposta do Estado na correção da 
ineficiência na prestação de serviço de saneamento básico e em regiões 
que por muitos anos se eximiram da responsabilidade de eliminar 
situações de esgotamento sanitário ao ar livre. O conceito de política 
pública possui diversas definições, segundo Souza (2006, p. 26), diante 
dos diversos conceitos existentes é possível resumi-lo como:
[...] campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o 
governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, 
quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações 
(variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no 
estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e 
plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados 
ou mudanças no mundo real.
No âmbito das normas brasileiras acerca do saneamento ambiental e 
saúde pública, a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela 
Lei nº 9.433/1997, apresentou a necessidade de integrar as políticas 
locais de saneamento básico com a implantação das políticas estaduais e 
federais de recursos hídricos. As ações para a implementação de política 
pública envolvem todas as esferas de governo (municipal, estadual e 
federal) e algumas ações do governo tornaram-se leis especificas, como:
• Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA): estabelecida 
pela Lei nº 6.938/1981, ela inseriu na política brasileira a 
importância da preservação, melhoria e recuperação da qualidade 
ambiental propícia à vida. A instituição da PNMA contribuiu 
na ampla discussão sobre a temática da gestão ambiental no 
país correlacionando poluição ao meio ambiente com a saúde 
da população, conforme expresso seu art. 3º, a poluição é “a 
degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o 
bem-estar da população.” (BRASIL, 1981, art. 3º)
59
• A PNMA apresenta em seu texto aspectos importantes e 
objetivos a serem atingidos, entre eles temos a harmonia do 
desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, 
definição de áreas prioritárias de atuação governamental, o 
estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental, 
o estímulo ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias 
para o uso racional de recursos ambientais e instituiu o princípio 
de poluidor-pagador, atribuindo-lhe a obrigação da reparação e/
ou indenização aos danos causados decorrentes da sua atividade 
(BRASIL, 1981).
• Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB): foi instituída 
pela Lei nº 11.445/2007, sendo responsável pelo estabelecimento 
das diretrizes de saneamento básico, mas não contemplando 
questões relacionadas à gestão dos recursos hídricos. Somente em 
2020, com a instituição da Lei nº 14.026/2007, a gestão de recursos 
hídricos foi anexada ao saneamento básico, essa atualização da 
PNSB promoveu outras alterações em leis importantes e que 
interage com o saneamento como se observa na Figura 1.
A Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB) dialoga e interage 
com outras normas e sua atualização promoveu a correção na Política 
Nacional de Resíduos Sólidos PNRS, na lei de criação da Agência Nacional 
60
das águas e no Estatuto da Metrópole, conforme demonstrado na figura 
a seguir. N
Figura 1 – Novo marco regulatório do Saneamento e requisitos 
legais atualizados
Fonte: elaborada pela autora.
A PNSB é fundamentada em princípios que articulam com diferentes 
áreas, tendo como objetivo a promoção da qualidade de vida de toda a 
população, conforme previsto em alguns de seus parágrafos:
61
I–Universalização do acesso e efetiva prestação de serviço; IV–articulação 
com as políticas [...] de proteção ambiental, de promoção da saúde, de 
recursos hídricos e outras de interesse social relevante, destinadas à 
melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja 
fator determinante. (BRASIL, 2020, art. 4-A, § 1º)
Nesse sentido, existem políticas de saneamento ambiental e saúde 
pública que não receberam regulamentação específica em forma de lei, 
sendo criadas, por exemplo, por meio de portarias, entretanto, esses são 
importantes mecanismos que articulam com questões ambientais e de 
saúde, como:
• Plano Nacional de Saneamento (Planasa): instituído na década 
de 1970, ele estabelecia normas gerais de tarifação. Entre os 
objetivos a que se propunha, estava a eliminação do déficit da 
demanda por abastecimento de água, o tratamento de esgoto, 
a autossustentação financeira do setor, adequação tarifária, o 
desenvolvimento institucional das companhias estaduais e a 
realização de programas de pesquisas tecnológicas no campo de 
saneamento básico, conforme previsto posteriormente por meio 
do Decreto Federal nº 81.587/1978.
• O Planasa sugeria uma ampliação na oferta e na demanda dos 
serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, 
entretanto, não contemplava serviços de manejo das águas 
pluviais, limpeza urbana, tratamento dos resíduos sólidos e não 
incluía nas discussões de decisão a participação da sociedade. O 
plano perdurou por aproximadamente 10 anos, sendo extinto após 
o encerramento das atividades das entidades que fomentavam 
seu funcionamento, como o Banco Nacional de Habitação (BNH) 
(PHILIPPI JR; GALVÃO JR., 2011, p. 86).
• Política Nacional da Promoção à Saúde (PNPS): norma criada 
pelo Gabinete do Ministro (GM) e consolidada pelo Ministério 
da Saúde (MS), instituindo a Portaria do MS/GM nº 687 de 30 
de março de 2006 e revisada pela Portaria nº 2.446, de 11 de 
62
novembro de 2014, redefinida com o intuito de promover “à 
equidade, à melhoria das condições e dos modos de viver e à 
afirmação do direito à vida e à saúde, dialogando com as reflexões 
dos movimentos no âmbito da promoção da saúde” (BRASIL, 2018, 
p. 6). 
A PNPS aborda um conceito amplo de saúde não se limitando apenas 
em fatores biológicos, traz no seu texto elementos que sugerem a 
necessidade de considerar fatores sociais que podem influenciar na 
qualidade de vida da população. Na PNPS, observa-se a apresentação de 
estratégias elencadas com o objetivo de concretizar ações de promoção 
à saúde por meio da apresentação eixos operacionais no campo da 
territorialização, articulação e cooperação intrassetorial e intersetorial, 
rede de atenção à saúde, participação e controle social, gestão, 
educação e formação, vigilância, monitoramento e avaliação, produção e 
disseminação de conhecimento e saberes, comunicação e mídia.
A PNPS pode ser considerada uma norma de natureza multidisciplinar 
não se restringindo somente ao território da saúde, mas também 
contemplando diversos temas prioritários, entre eles a formação e 
educação permanente, a alimentação adequada e saudável, práticas 
corporais e atividades físicas, promoção da cultura da paz e dos direitos 
humanos e a promoção do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2017).
3. Entidades reguladoras
No setor de saneamento básico, leis, planos, programas ou portarias 
desempenham esse papel de regulação que pode ocorrer nas diferentes 
esferas de governo. O Plano Nacional de Saneamento (Planasa) instigou 
a criação de empresas pelos estados da federação para que os serviços 
fossem prestadores à sociedade (PHILIPPI JR.; GALVÃO JR., 2011. p.85).
63
A fiscalização e a regulamentação em matéria de saneamento são 
normalmente exercidas por entidades ou agências reguladoras, criadas 
pelos entes federativos para essa e outras atribuições, conforme 
previsto na Lei Federal nº 13.848/2019, que dispõe sobre a gestão, 
a organização, o processo decisório e o controle social das agências 
reguladoras. É possível encontrar agências reguladoras e fiscalizadoras 
nos três níveis governamentais. Na esfera federal, temos a Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Agência Nacional de Águas e 
Saneamento Básico (ANA) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar 
(ANS). No âmbito estadual, temos a AgênciaReguladora de Saneamento 
e Energia do estado de São Paulo (ARSESP) e a Agência Reguladora de 
águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADASA), e na esfera 
municipal, temos a Agência Reguladora de Serviços Públicos (ARSEP) do 
município de Mauá, conforme observado na figura a seguir.
Figura 2 – Exemplos de agências reguladoras nos três níveis de 
governo
Fonte: elaborada pela autora.
64
4. Modelos de prestação de serviço
A prestação do serviço público de saneamento básico regido pela Lei 
nº 11.445/2007 não demandava licitação contratual do prestador de 
serviço e previa sua execução através de órgãos, autarquias, fundações, 
consórcio, empresas públicas ou sociedade de economia mista. Com 
a promulgação da Lei nº 14.026/2020, houve a atualização do marco 
regulatório de saneamento que exigiu a licitação contratual e incluiu a 
modalidade público-privado para os novos contratos. Os acordos são 
ofertados em diversos tipos de gestão e arranjos legais distintos, sendo 
possível destacar alguns dos diversos modelos existentes:
• Companhias Estaduais de Saneamento Básico: foram empresas 
criadas por cada estado do país para atenderem as demandas de 
prestação dos serviços de abastecimento de água e tratamento de 
esgoto das regiões urbanas, sendo responsáveis pela operação, 
execução de obras de manutenção e com vigência de contrato em 
torno de 30 anos. São exemplos desse modelo: a companhia de 
Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), Empresa 
Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), companhia de 
Saneamento do Paraná (SANEPAR), Companhia de Água e Esgoto 
do Ceará (CAGECE), Companhia Espírito-santense de Saneamento 
(CESAN) e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), 
entre outras.
• Gestão associada a Consórcios públicos e/ou convênio de 
cooperação na esfera municipal: em situação de insuficiência 
financeira e/ou técnica para gerir sozinho a prestação de serviço 
de saneamento básico alguns municípios, na sua maioria 
pequenos, se unem a fim de compartilharem a prestação do 
serviço à população. Nesse modelo de gestão associado à 
execução do serviço, pode ocorrer por meio de consórcio público 
ou de convênios de cooperação. Essas atividades são previstas no 
65
ordenamento jurídico, conforme art. 241 da Constituição Federal 
de 1988:
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por 
meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os 
entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem 
como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens 
essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (BRASIL, 1988, art. 241)
A regulamentação para esse tipo de prestação de serviço foi 
estabelecida com a instituição da Lei Federal nº 11.107/2005 e Decreto 
Federal nº 6.017/2007.
Segundo Peixoto (2008), a partir do planejamento, a implantação de 
consórcios públicos de saneamento é composta por várias etapas, a 
ratificação do protocolo de intenções e depois é encaminhada para 
aprovação no legislativo. De maneira sucinta, é possível listar as etapas 
que envolvem o processo de constituição dos consórcios públicos, que 
pode ser observado na figura a seguir.
Figura 3 – Etapas para constituição de consórcios públicos
Fonte: adaptada de Peixoto (2008, p. 30-36).
66
5. Melhoria da qualidade: instrumentos e 
diagnóstico da prestação de serviço de 
saneamento
A empresas, ou entidades que executam a prestação dos serviços 
públicos de saneamento básico, precisam atender determinadas regras 
imposta pelas normas jurídicas, a fim de garantir a qualidade do serviço 
prestado comparado a determinado padrão pré-estabelecido em norma.
5.1 Sistema de Informações em Saneamento Básico 
(SNIS)
A Lei Federal nº 11.445/2007 estabeleceu diretrizes nacionais para o 
saneamento básico e instituiu o Sistema Nacional de Informações em 
Saneamento Básico, conforme consta em seu art. 53 que foi mantido na 
atualização do marco regulatório em 2020. Os objetivos elencados no 
texto da norma demonstram com clareza a necessidade de:
[...] coletar e sistematizar dados relativos às condições prestação dos 
serviços públicos de saneamento básico; disponibilizar estatísticas 
indicadores e outras informações relevantes para a caracterização da 
demanda e da oferta de serviços públicos do saneamento básico; permitir 
e facilitar o monitoramento e avaliação da eficiência e da eficácia da 
prestação de serviços de saneamento básico. (BRASIL, 2007, art. 53)
A própria lei em seu texto também traz a importância da implementação 
de um sistema que trabalhe em conjunto com o Sistema Nacional de 
Informações de Recursos Hídricos (SNIRH) e o Sistema Nacional de 
Informações em meio ambiente (SNIMA), no âmbito do Sistema Nacional 
do Meio Ambiente (SISNAMA).
As informações coletadas anualmente, junto aos municípios e 
prestadores de serviço em todo o território nacional, alimentam a 
67
plataforma de informações do SINIS, resultando em relatórios de 
diagnóstico sobre a situação do país em termos de abastecimento de 
água, tratamento de esgoto, tratamento de resíduos e manejo de águas 
pluviais, informações disponíveis a todos os cidadãos (SNIS, 2020).
5.2 Combate as perdas nos sistemas de abastecimento 
de água
O aumento da população e das atividades econômicas que demandam 
por água, atrelado aos fatores em torno das situações de escassez desse 
recurso, impõem aos gestores de recursos hídricos a preocupação com 
as perdas inerentes à prestação do serviço público de abastecimento.
As diversas formas de desperdício de água podem representam 
prejuízos financeiros e do próprio recurso, afetando a disponibilidade da 
água. Nesse sentido, existem basicamente dois tipos de perdas: as reais 
e as aparentes. As perdas reais podem ser entendidas como o volume 
de água tratada e disponibilizado para o uso, porém, parte se perde ao 
longo da distribuição e parte não é utilizada pelo consumidor. No caso 
das perdas aparentes, existe a utilização da água sem a cobrança ou 
faturamento pelo uso do recurso. Os cenários mais comuns registrados 
destas perdas podem ser observados na figura a seguir.
68
Figura 4 – Situações que apresentam os tipos de perdas mais 
comuns na distribuição de água
Fonte: adaptada de Philippi Jr. e Galvão Jr. (2011, p. 360-361).
Considerando os tipos de perdas, podemos entender que a 
concessionária responsável pela prestação de serviço de abastecimento 
não consegue sozinha eliminar o problema, é preciso envolver toda 
a sociedade em uma gestão integrada para redução dos índices de 
desperdícios do recurso natural.
Referências Bibliográficas
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públicos. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: https://www.
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BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional 
do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras 
providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1981. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de 
Recursos Hídricos, cria o SistemaNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, 
regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei 
nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro 
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de contratação de consórcios públicos e dá outras providências. Brasília, DF: 
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BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais 
para o saneamento básico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico; 
altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.666, de 21 de junho de 1993, 
e 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978. 
Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 20 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019. Dispõe sobre a gestão, a 
organização, o processo decisório e o controle social das agências reguladoras, 
altera a Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, a Lei nº 9.472, de 16 de julho 
de 1997, a Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 [...]. Brasília, DF: Presidência da 
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https://pesquisa.bvsalud.org/bvsms/resource/pt/mis-23567
71
Bons estudos!
	Sumário
	Noções básicas de saneamento ambiental e saúde pública.
	Objetivos
	1. Introdução
	2. Recursos hídricos 
	3. Poluição ambiental 
	 4. Aspectos legais
	Referências Bibliográficas 
	Sistemas de tratamento de esgotos e manejo de águas pluviais
	Objetivos
	1. Introdução
	2. Fornecimento e tratamento de água
	3. Tratamento das águas residuais
	4. Drenagem de águas pluviais
	5. Padrões de qualidade e lançamento
	Referências Bibliográficas 
	Ecologia, educação ambiental e saúde
	Objetivos
	1. Introdução
	2. Noções de ecologia
	3. Noções de impacto socioambiental
	4. Educação ambiental para a saúde pública
	Referências Bibliográficas
	Panorama da Gestão do Saneamento Básico no Brasil
	Objetivos
	1. Introdução
	2. Políticas e programas governamentais sobre saneamento básico
	3. Entidades reguladoras
	Referências Bibliográficas

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