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SANEAMENTO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA W B A 01 52 _v 2. 0 2 Eliana Menezes dos Santos Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 SANEAMENTO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Henrique Salustiano Silva Juliana Caramigo Gennarini Mariana Gerardi Mello Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Mariana Gerardi Mello Revisor Barbara Almeida Souza Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)__________________________________________________________________________________________ Santos, Eliana Menezes dos. S237s Saneamento ambiental e saúde pública/ Eliana Menezes dos Santos, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2020. 43 p. ISBN 978-65-5903-046-0 1.. Saneamento ambiental 2. Saúde pública 3. Meio ambiente I. Título. CDD 500 ____________________________________________________________________________________________ Raquel Torres – CRB 6/2786 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Noções básicas de saneamento ambiental e saúde pública _________ 05 Sistemas de tratamento de esgotos e manejo de águas pluviais ____ 24 Ecologia, educação ambiental e saúde ______________________________ 41 Panorama da Gestão do Saneamento Básico no Brasil _____________ 56 SANEAMENTO AMBIENTAL E SAÚDE PÚBLICA 5 Noções básicas de saneamento ambiental e saúde pública. Autoria: Eliana Menezes dos Santos Leitura crítica: Barbara Almeida Souza Objetivos • Abordar conceitos básicos de saneamento ambiental e sua relação com saúde pública. • Compreender o ciclo da água e a relação com a humanidade. • Entender o funcionamento dos sistemas de abastecimento de água, do manejo das águas pluviais adotado no Brasil e do tratamento de esgoto. • Apresentar algumas das normas relevantes do ordenamento jurídico brasileiro no âmbito de saneamento ambiental. 6 1. Introdução Neste tema, você estudará sobre temas introdutórios a respeito dos recursos hídricos e sua importância para a humanidade, a poluição dos recursos hídricos e as consequências para a saúde da população, a importância do saneamento ambiental, além dos aspectos legais que regem a sociedade brasileira. A humanidade, ao longo do seu desenvolvimento econômico e na busca por garantir a manutenção da vida em sociedade, promoveu grandes alterações no meio ambiente. Essas alterações ocorrem por meio da alteração do ambiente físico, geração e descarte incorreto de resíduos e efluentes, remoção de vegetação acima da capacidade de suporte do meio ambiente ou, até mesmo, a retificação e o sentido do curso de um rio, como é o caso do Rio Pinheiros, localizado na cidade de São Paulo, que sofreu a retificação do seu canal e alteração do sentido do curso de água, em períodos de cheia desagua na Represa Billings e em período normal segue em direção ao Rio Tietê. 2. Recursos hídricos Os recursos hídricos são utilizados de diferentes formas pela sociedade, sendo que as dificuldades encontradas pela humanidade podem ser de ordens econômicas e tecnológicas, como a dessalinização da água do mar e físicas, como as águas subterrâneas que limitam o acesso direto ao recurso (diferentemente da captação das águas superficiais utilizadas como fonte de abastecimento, geração de energia, diluição de esgotos, entre outras funções). Segundo Braga (2005), os corpos hídricos são formados por rios, lagos, oceanos, águas subterrâneas ou geleiras. 7 2.1 A água na natureza A água é encontrada na natureza sob a forma líquida, gasosa e sólida, entretanto, a quantidade de água disponível para consumo imediato é muito inferior ao total existente no planeta. De acordo com Braga (2005, p. 74): [...] apesar de existir em abundância, nem toda água é diretamente aproveitada pelo homem. Por exemplo, a água salgada dos oceanos não pode ser diretamente utilizada para abastecimento humano, pois as tecnologias atualmente disponíveis para a dessalinização são ainda um processo bastante caro quando comparado com os processos normalmente utilizados para o tratamento de água para uso doméstico. Considerada como um recurso natural renovável, a água é um elemento da natureza com a capacidade de se renovar por meio do ciclo hidrológico. Normalmente conhecido como ciclo da água, trata-se de um movimento contínuo que a água realiza dentro do planeta, circulação que ocorre por meio dos seguintes processos: • Precipitação: água que cai do céu em forma de chuva, neve ou chuva de granizo. • Escoamento superficial: água que, após se precipitar, escorre sobre a superfície do solo em direção às regiões mais baixas, é comumente conhecido como fluxo da água. • Infiltração: água ultrapassa as camadas do solo saturando-o (torna-o cheio de água) e escoando para diferentes direções. • Escoamento subterrâneo: parcela da água precipitada na superfície que infiltra no solo e irá se acumular nele ou compor aquíferos, lençóis freáticos e rios subterrâneos. 8 • Evapotranspiração: parcela de água que se desprende do solo em forma de vapor e perda de água das plantas por meio da transpiração. • Evaporação: água que retorna à atmosfera em forma de vapor. • Condensação: transformação do estado gasoso para o líquido. Figura 1 – Ciclo hidrológico Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciclo_da_%C3%A1gua.jpg. Acesso em: 20 out. 2020. https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Ciclo_da_%C3%A1gua.jpg 9 2.2 A importância da água para a humanidade A água é um recurso natural utilizado por todos os seres vivos, por meio do consumo direto ou indireto em diversos outros fins, como navegação, geração de energia, irrigação na agricultura, diluição de resíduos ou recreação. Os diferentes usos da água podem gerar conflito de interesse na utilização e captação do recurso, diante disso, a legislação brasileira, por meio da Lei Federal nº 9.433/1997 (BRASIL, 1997, art. 1º) estabelece: “III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a dessedentação de animais; IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas”. Em todo o planeta, registram-se conflitos de interesse que envolvem o uso da água. Na maioria das vezes, essa situação é marcada pela escassez, devido a distribuição irregular do recurso, períodos longos de estiagens, pela degradação do entorno de rios e represas e pela poluição hídrica proveniente dos despejos irregulares de efluentes ou descarte indevido de resíduos. No intuito de mediar esses conflitos, o Brasil criou os comitês de bacias hidrográficas que, segundo a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), na Lei nº 9.433/1997 define-se como o fórum em que um grupo de pessoas, com diferentes visões e atuações, se reúne para discutir sobre um interesse comum – o uso d’água na bacia. Assim, os comitês de bacias são importantes para a gestão do melhor uso da água.3. Poluição ambiental A poluição hídrica, ou poluição das águas, tem como característica a contaminação por disposição irregular de resíduos ou efluentes que alteram as características físico-químicas do corpo hídrico. Atualmente, gerenciar um corpo hídrico contaminado impacta economicamente 10 nos custos de tratamento, independentemente do uso ao qual se destina, como no processo de captação para geração de energia ou abastecimento público. Além disso, a contaminação colabora para o cenário de escassez do recurso. Nesse sentido, compreender que água é vital para a manutenção da vida do planeta significa entender que precisamos valorizar esse recurso renovável e essencial a todos os seres vivos. 3.1 O saneamento e a sociedade O saneamento básico tem um papel fundamental na sociedade, pois sua ausência pode acarretar impactos significativos na saúde da população que se encontra desprovida do serviço. O conceito de saneamento, de acordo com o Instituto Trata Brasil (2020), se relaciona ao: [...] conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e à produtividade do indivíduo e facilitar a atividade econômica. (TRATA BRASIL, 2020, [s.p.]) As ações implantadas no intuito de prover o acesso ao saneamento básico, em boa parte dos casos pelo Estado, contribuem na melhoria da qualidade de vida da sociedade evitando a proliferação de doenças, além de colaborar com a preservação dos recursos naturais. Atualmente, é possível observar os resquícios das construções antigas, como os aquedutos, poços, fossas sépticas, chafarizes, termas, entre outras obras de engenharia construídas para atender às necessidades de uma população com carência do abastecimento de água. 11 Figura 2 – Arcos da Lapa: aqueduto localizado na cidade do Rio de Janeiro Fonte: dabldy/iStock.com. No Brasil, os primeiros indícios de saneamento ocorreram no período colonial, diante da necessidade de estruturas que fornecessem água para os processos da agricultura, segundo a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 2006, p. 12): Os engenhos de moagem da cana de açúcar, pela necessidade de água fez surgir os primeiros aquedutos rurais. As plantações de café, por sua vez, exigiam a instalação de canalizações de água para a lavagem dos grãos. O sistema de abastecimento de água promove melhorias nos aspectos sanitários, sociais e econômicos, bem como o atendimento aos preceitos estabelecidos na legislação brasileira. As estruturas implantadas em um sistema de abastecimento convencional compreendem a captação de 12 água do manancial, tubulações, estação de tratamento, reservatório da água tratada e uma rede de distribuição. O tratamento da água residual, após a utilização pela sociedade, carece de uma estrutura similar ao do abastecimento de água com captação do efluente, tratamento, desinfecção e posterior descarte em corpos hídricos. Entretanto, observam-se diversos fatores que influenciaram nos avanços do desenvolvimento de atividades voltadas para o saneamento básico no Brasil, entre eles a ausência de priorização do assunto na agenda dos governos, mesmo diante do crescimento da população e dos centros urbanos. É preciso ressaltar que existe uma diferença entre saneamento básico e saneamento ambiental, o primeiro retrata aspectos inerentes a preservação e qualidade da saúde do ser humano em termos de abastecimento de água, coleta e tratamento de resíduos e efluentes e o manejo de águas pluviais; já o saneamento ambiental possui o escopo mais amplo, pois engloba a saúde e a proteção dos recursos hídricos com a implantação de políticas públicas voltadas à preservação ambiental e ações impeditivas à degradação das áreas de mananciais. 3.2 Fontes de poluição hídrica As diversas atividades industriais, domésticas e agrícolas desenvolvidas pela sociedade podem impactar negativamente a qualidade dos corpos hídricos. Desse modo, essas atividades introduzem diferentes poluentes e, consequentemente, geram efeitos negativos no meio aquático. A identificação da fonte de poluição responsável pela contaminação pode ser considerada um dos elementos fundamentais no combate da contaminação, principalmente quando os poluentes estão diluídos e não se consegue delimitar a origem do lançamento, o que é conhecido como fonte difusa. Segundo Braga (2005), quando o poluente é inserido no corpo hídrico de maneira individualizada, como no caso do lançamento de efluente de uma indústria, denomina-se fonte pontual. 13 O lançamento de efluente sem tratamento, por exemplo, em um rio ou lago de ecossistema lêntico (água parada), pode causar grave contaminação. A eutrofização é um processo de proliferação de plantas aquáticas que se alimentam de nutrientes, especialmente fósforo e nitrogênio presente no esgoto doméstico. Esse crescimento elevado compromete a qualidade da água, pois o excesso de plantas impedirá a entrada de luz na água, reduzindo a fonte de oxigênio para os demais seres vivos do meio aquático. Por consequência, esse processo altera a cor e a turbidez da água, diminui a concentração de oxigênio dissolvido, impactando em todo o equilíbrio do meio hídrico e provocando danos em diversos segmentos que dependem deste recurso. Figura 3 – Lago com processo de eutrofização Fonte: Josef Mohyla/iStock.com. Os corpos hídricos que se encontram em processo de eutrofização podem ser recuperados dependendo da magnitude do impacto 14 ocorrido, dos recursos financeiros a serem investidos e tecnologias disponíveis para aplicação. Assim, é possível também a adoção de medidas preventivas que tratem o lançamento de esgoto doméstico ou industrial, reduzindo a carga de nutrientes no meio aquático. 3.3 Resíduos sólidos e saúde No contexto do saneamento básico, o descarte de resíduos oriundos das diferentes atividades realizadas pela sociedade precisa receber tratamento adequado para evitar proliferação de doenças e contaminação do meio ambiente. O processo de tratamento de resíduos dependerá tanto da adoção de ações que ocorrem na fonte geradora, podendo ser uma residência, indústria, comércio, serviços de saúde, entre outros, como também do percurso entre a fonte de geração e o descarte final, conforme a figura a seguir: Figura 4 - Trajetória dos resíduos Fonte: elaborada pela autora. 15 O resíduo sólido pode apresentar um valor econômico e ser encaminhado para a reciclagem ou ser reutilizado em outros processos industriais e outros setores da cadeia produtiva. No entanto, os rejeitos são os materiais que não possuem, atualmente, nenhuma aplicação de reaproveitamento a não ser a disposição final, como o aterro sanitário. Os resíduos podem ser oriundos das diferentes atividades humanas, como: a varrição de rua e a poda de árvores, as atividades comerciais, industriais, agrícolas, hospitalares e os serviços de saúde, construção civil, as atividades de portos, aeroportos, terminais ferroviários e terminais rodoviários. Assim, para cada origem e geração existe uma destinação adequada, pautada em requisitos legais e normas técnicas. A escolha a ser dada à destinação dos resíduos gerados levará em conta diversos fatores, dentre eles a origem, as características físicas, químicas e biológicas que vão indicar a classificação do material analisado. O laboratório credenciado avaliará o material e determinará sua periculosidade e risco a saúde pública, de acordo com a NBR 10.004 (ABNT, 2004), entre as características analisadas temos: 1. Características físicas: • Teor de umidade: é a quantidade de água presente nos resíduos. • Compressividade: o quanto é possível reduzir o volume do material, sem que ele volte ao volume anterior à compactação. • Peso específico: quanto de volume o material ocupa, em relação à massa. 2. Características químicas: • Poder calorífico: capacidade potencial do material ser queimadoe ter seu volume reduzido. 16 • Teor de matéria orgânica: determina o quanto ele poderá ser biodegradável. • Relação do carbono/nitrogênio: que indicará o grau de decomposição. • Potencial hidrogeniônico: pH indica o teor de acidez ou alcalinidade que o material pode reagir com o meio que será depositado. 3. Características biológicas: • População microbiana e agentes patogênicos existentes no material. O descarte incorreto de rejeitos pode promover graves riscos ao meio ambiente e à saúde pública. Devido às características específicas que cada resíduo possui, é preciso avaliar a melhor forma de armazenamento ou disposição, já que ações inadequadas podem atrair diversos vetores como os ratos, moscas, mosquitos, baratas, que são transmissores de doenças, como a peste bubônica, a febre amarela, a malária, entre outras. 17 Figura 5 – Presença de pessoas e animais em área de disposição inadequada de resíduos Fonte: Joa_Souza/iStock.com. 4. Aspectos legais O conhecimento dos aspectos legais na temática de saneamento ambiental que regem um país é de extrema importância para a atuação dos profissionais da área ambiental. Além disso, é dever de cada cidadão no desempenho do seu papel no sistema jurídico conhecer as leis, pois devemos lembrar que as normas jurídicas são limitadoras das atividades humanas, dessa maneira se faz necessário serem conhecidas. 18 4.1 Princípios legais e constitucionais A Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) é um conjunto de leis fundamentais que servem para organizar o funcionamento de um país. No Brasil, nenhuma lei pode ser criada em desacordo com o previsto na Constituição Federal Brasileira. Entretanto, o conteúdo da Constituição Federal brasileira permite a possibilidade de sofrer alterações ou reformas em seu texto, com o objetivo de atender as necessidades demandadas pela sociedade. Essas alterações precisam ser aprovadas por um processo legislativo, e são conhecidas como Emendas Constitucionais. As Emendas Constitucionais, quando aprovadas, farão parte do ordenamento jurídico e terão o peso da Constituição. Desse modo, é importante a compreensão da hierarquia das leis e normas, pois mudanças na legislação implicam, muitas vezes, em alterações no cotidiano do profissional da área de saneamento ambiental, na sequência dessa pirâmide temos abaixo das Emendas as Leis Complementares. Em matéria ambiental, a Lei Complementar nº 140 (BRASIL, 2011) trouxe significativas mudanças, dentre outros dispositivos, relacionadas a questão do licenciamento ambiental e a cooperação comum entre os entes federativos composto por União, Estados, Distrito Federal e Municípios em termos de preservação ambiental e o combate à poluição. Seguindo a pirâmide da legislação brasileira, a seguir listamos as leis complementares, as leis ordinárias e medidas provisórias, nas quais se estabelecem a maior parte das leis em matéria ambiental e de saneamento. Na sequência, temos os atos normativos que são compostos por decretos, resoluções, portarias e instruções. Entre as diversas normas vigentes, destacam-se: 19 Lei Federal nº 6.938/1981: Política Nacional de Meio Ambiente, responsável pela criação do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), é considerada a estrutura da gestão de meio ambiente do Brasil, sendo composta por vários órgãos e instituições ambientais dos diversos entes da federação. Lei Federal nº 9.433/1997: Política Nacional de Recursos Hídricos, ou popularmente Lei das Águas, estabeleceu o instrumento de gestão o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH) que é a base de informações sobre água no país. Lei Federal nº 9.782/1999: criação da Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA) com a finalidade de proteger a saúde da população brasileira, através do controle sanitário dos processos que envolvem produtos sujeitos à Vigilância Sanitária. Lei Federal nº 9.984/2000: dispõem sobre a criação da Agência Nacional de Águas (ANA). Resolução CONAMA nº 357/2005: estabelece padrão de lançamento de efluente e o enquadramento dos corpos hídricos superficiais. Lei Federal nº 11.445/2007: estabelece as diretrizes do saneamento básico no Brasil. Resolução CONAMA nº 396/2008: classifica estabelece diretrizes ambientais de enquadramento das águas subterrâneas. Lei Federal nº 12.305/2010: Política Nacional de Resíduos Sólidos. Portaria nº 2.914/2011: estabelece os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. 20 Rede Nacional de Monitoramento de qualidade da água RN: criado em 2013 pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) estabelece uma padronização das águas em nível nacional, incentivando a cooperação entre os operadores de prestação de serviço. Portaria de consolidação nº 5/2017: consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Lei Federal nº 14.026/2020: atualiza o marco legal do saneamento básico e atribui ANA a competência para editar normas de referência do saneamento. 4.2 Órgãos fiscalizadores O Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) surgiu em 1981, com advento da Lei nº 6.938, conhecida como Política Nacional de Meio Ambiente (BRASIL, 1981), com o objetivo de estruturar a gestão ambiental no Brasil. O SISNAMA é composto por órgãos e entidades em diferentes níveis do governo, que envolvem a União, Estado, Distrito federal e os municípios, cada um sendo responsável, dentro das suas competências, pela proteção do meio ambiente. A composição do sistema é dada por: • Órgão superior, que compreende o conselho de governo. • Órgão consultivo e deliberativo, compreendido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). • Órgão central, que compreende o ministério do meio ambiente. • Órgãos executores, compostos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA) e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). • Órgãos seccionais, compostos por órgãos de cada estado. 21 • Órgãos locais, compreendidos pelos órgãos da esfera dos municípios. No contexto em que o SISNAMA foi criado, a gestão dos recursos hídricos brasileiros foi detalhada em 1997, por meio da Lei nº 9.433, relativa ao Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos SINGREH (BRASIL, 1997). O SINGREH é integrado pelos seguintes órgãos: • Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). • Secretaria de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental (SRQA). • Agência Nacional de Águas (ANA). • Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos (CERH). • Órgãos gestores de recursos hídricos estaduais (Entidades Estaduais). • Comitês de Bacia Hidrográfica. • Agências de Águas. Por sua vez, os órgãos fiscalizadores possuem papel fundamental para a garantia do cumprimento das diretrizes e parâmetros estabelecidos em normas, decretos e leis, e contribuindo na gestão dos recursos naturais em território brasileiro. Referências Bibliográficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 10.004: Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Pearson, 2005. 22 BRASIL. Agência Nacional de Águas. Comitês de Bacia Hidrográfica. Disponível em: https://www.ana.gov.br/aguas-no-brasil/sistema-de-gerenciamento-de-recursos- hidricos/comites-de-bacia-hidrografica/comite-de-bacia-hidrografica-interestaduais. Acesso em: 20 jul. 2020. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 out. 2020. BRASIL. Lei complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011. Fixa normas, nos termos dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a cooperação entre a União [...]. Brasília,DF: Presidência da República, 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/ lcp140.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1981. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 1997. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/l9433.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1999. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9782.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos, integrante do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh) e responsável pela instituição de normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico. Brasília, DF: Presidência da República, 2000. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/l9984.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 11.445, de 5 de janeiro de 2007. Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico; altera as [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso em: 20 out. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 23 BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco legal do saneamento básico e altera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019- 2022/2020/lei/L14026.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011. 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Introdução Nesta leitura, você estudará o sistema de abastecimento de água para consumo humano, o esgotamento sanitário, a drenagem e o manejo das águas pluviais e o controle e padrões de qualidade da água em atendimento às normas. O saneamento, a saúde e o meio ambiente, embora sejam assuntos amplos que envolvem diversos interesses, profissionais e órgãos gestores distintos, estão interligados, intrinsicamente, e sua gestão deve considerar uma macro visão em detrimento aos impactos que ações individualizadas possam gerar no meio ambiente ou na saúde da população. 2. Fornecimento e tratamento de água A água é caracterizada como um elemento essencial à manutenção da vida no planeta, embora no passado acreditássemos que os recursos hídricos eram infinitos em quantidade e que estariam sempre disponíveis para utilização independentemente das nossas ações ou intervenções. No entanto, atualmente sabemos que a realidade é muito diferente. Segundo Philippi Jr. e Galvão Jr. (2011, p. 177): [...] o crescimento das cidades aumentou de tal forma a quantidade de esgotos lançados nos córregos, rios, represas e lagos próximos às aglomerações, que a capacidade de autodepuração desses corpos receptores foi superada pela carga poluidora dos efluentes. Desse modo, observa-se que não apenas a qualidade do recurso é um fator relevante no cenário de escassez ou, até mesmo, em situações de conflitos de interesse de uso, mas também a distribuição em volume de água potável nos continentes ou em um país é desigual. Dessa forma, esses fatores são extremamente relevantes para a gestão do recurso hídrico e para a distribuição de água de qualidade e de forma igualitária. 26 Assim, um sistema de abastecimento de água é fundamental para garantir saúde e qualidade de vida à população. De acordo com Funasa (2006, p. 66), a prestação de serviço de abastecimento de água é: [...] um importante investimento em benefício da saúde pública que se amplia com a implantação e melhoria dos sistemas de esgotos sanitários. Tem sido constatado também que a implantação de sistemas adequados de abastecimento de água e de destino dos dejetos, a par da diminuição das doenças transmissíveis pela água, contribuem, também, para a diminuição da incidência de outras doenças, não relacionadas diretamente aos excretos ou à falta de abastecimento de água. Nesse sentido, o consumo da água diretamente no manancial para fins de consumo doméstico não é o recomendável, considerando que a água bruta pode possuir elementos prejudiciais à saúde. Portanto, os corpos hídricos passiveis de aproveitamento para fins de consumo devem passar por tratamento antes da distribuição para a população. Há dois grupos de manancial de captação, o manancial subterrâneo e o manancial superficial, como descrevemos a seguir. Manancial subterrâneo: composto por água localizada abaixo da superfície, podendo estar confinada ou aflorando na superfície, como as nascentes de rios. Em determinadas situações, em que a água confinada não possuipressão suficiente para aflorar, haverá a necessidade de utilização de bombas para a captação da água, após a perfuração de poços semi artesianos. Deve-se lembrar que a água subterrânea está passível de contaminação, existem atividades humanas que são graves fontes de contaminação, dentre elas temos a instalação de postos de combustíveis e a disposição incorreta de resíduos, atividade exercidas sem o atendimento da legislação vigente. Manancial superficial: formado por cursos de água como os rios, lagos, barramentos em represas etc. Por sua vez, esses corpos hídricos são superficiais e requerem baixa tecnologia de captação. No entanto, é importante atentar-se ao potencial de poluição difusa, 27 como a contaminação por fertilizantes e defensivos agrícolas e áreas inadequadas de descarte de resíduos sólidos, bem como poluição pontual, como o lançamento de esgotos doméstico ou industrial. Existem dois tipos de abastecimento de água: o individual e o coletivo. As fontes de abastecimento, na maioria das vezes, provêm da captação de água por meio da perfuração de poços ou através do reaproveitamento da água da chuva. Outra fonte de abastecimento é a implantação de sistemas de tratamento e abastecimento coletivo de água potável. O sistema de abastecimento de água é um mecanismo complexo de infraestrutura que executa e monitora a captação, o tratamento e a distribuição da água tratada de uma comunidade para diversos fins, como o uso doméstico, industrial, serviços públicos, entre outras atividades. Esse sistema garante que a quantidade e a qualidade do recurso captado sejam distribuídas em atendimento aos parâmetros físicos, químicos e biológicos determinados pela legislação. O sistema de abastecimento é composto por um conjunto de etapas que compreende: • Captação: é a tomada de água do manancial, que pode ser subterrâneo ou superficial. • Adução: é o conjunto de tubulações que são utilizados para conduzir a água captada até a estação de tratamento de água (ETA). • Tratamento: processo responsável por eliminar características indesejáveis da água. A escolha do tipo de tratamento a ser adotado dependerá das características e da qualidade água que se encontra no manancial. Há diversas tecnologias que podem ser adotadas para a desinfecção da água e atenda os parâmetros de potabilidade exigidos em norma, a exemplo do uso de radiação ultravioleta. Em um tratamento convencional, a água passará pelas seguintes etapas: 28 • Coagulação e floculação: processo de adição de produtos químicos que promovem a aglomeração das impurezas na forma de flocos. • Decantação é a etapa em que os flocos decantam no fundo do tanque de tratamento, para serem removidos da água. • Filtração: fase em que a água passa por processo de purificação através de meios filtrantes, como areia e carvão, e assim ocorre a remoção de impurezas. • Desinfecção adição de produtos, o cloro, por exemplo, para a remoção de micro-organismos causadores de doenças. • Fluoretação adição de flúor para prevenir cáries. • Reservação: armazenamento da água tratada, antes de ser distribuída, com objetivo de garantir o abastecimento mesmo diante das variações de consumo ao longo do dia. Segundo Netto e Fernandez (2018, p. 430), os reservatórios de distribuição “tem a função de compensar as variações horárias de vazão.” • Distribuição: conjunto de tubulações que garante a distribuição da água para população a ser abastecida. • Estações elevatórias ou recalque: conjunto de bombas instaladas que permitem captar água em diferentes altitudes em que se encontra a estação de tratamento e a regiões a serem abastecidas. 3. Tratamento das águas residuais As águas residuais ou efluentes, que quando são de origem doméstica podem ser denominados de esgoto, são águas descartadas após a 29 utilização em atividades humanas, como em banhos, refeitórios e descargas dos sanitários. Esse recurso tem suas características físicas ou químicas alteradas e necessitam de tratamento antes de serem devolvidas à natureza. 3.1 Sistema de tratamento de esgoto Existem diversas terminologias utilizadas para os efluentes quando se trata do sistema de esgoto sanitário. Dentre essas terminologias, temos o esgoto doméstico oriundo de limpezas e higiene que podem ser gerados nas residências, comércios e banheiros de indústria, as águas imundas, águas servidas e esgoto industrial (NETTO; FERNANDEZ, 2018, p. 445). Os efluentes podem ser subdivididos em águas cinzas e águas negras. As águas cinzas são geradas nas atividades que não possuem contribuição dos vasos sanitários com características de elevada turbidez e sólidos totais, enquanto as águas negras são originárias das instalações sanitárias dos dejetos humanos e com alto grau de patogenicidade. Além disso, há diversos tipos de tratamentos de esgoto que podem ser implantados, de acordo com as características sociais e tecnologias adotadas. Em áreas urbanas, o sistema mais convencional é composto por coleta, afastamento, tratamento em estação de tratamento de efluente (ETE) e lançamento final das águas tratadas. Em áreas rurais, observa-se a utilização de fossas sépticas, sistemas que são considerados unidades de tratamento primário dos efluentes domésticos com posterior infiltração no solo. Os sistemas de tratamento convencionais são compostos por diversos elementos, entre eles temos: • Dutos e coletores: tubulações que conduzem o efluente gerado pelas cidades para a estação de tratamento. 30 • Pré-tratamento: é composto por gradeamento que remove grandes sólidos, em seguida, o efluente é direcionado para a etapa de desarenação, ou popularmente conhecida como etapa de caixa de areia, que tem a função de remover os sólidos que não foram retidos na etapa anterior. • Primário: processo de inserção de químicos que promove o agrupamento das partículas em forma de flocos, permitindo a separação dos sólidos e dos líquidos, em seguida, o efluente é conduzido para a decantação, nesta etapa, os flocos se depositarão no fundo do tanque de tratamento. • Secundário: nessa etapa se utiliza o tratamento bioquímico, que pode ser a inserção de bactérias aeróbicas ou anaeróbicas para decompor a matéria orgânica dissolvida ou em suspensão, ainda presente no efluente. O efluente é então conduzido para o processo de decantação e clarificação. • Desinfecção: tratamento da parte líquida, com objetivo de remover micro-organismos e patógenos, antes do lançamento do efluente um em corpo hídrico. O lodo produzido ao longo do tratamento do efluente é a matéria orgânica removida da água, porém, ainda, o líquido precisará passar por processo de eliminação e/ou redução da umidade. Esse processo é conhecido como desidratação e estabilização para reduzir a patogenicidade, o odor, processos que antecedem a disposição final em aterro sanitário. A ausência de sistema de esgotamento sanitário tem potencial para promover impactos ambientais negativos como a degradação da qualidade do solo e corpos hídricos, mortalidade de ictiofauna, além de impactos sociais já pontuados, como: o aumento de doenças transmitidas pela água, a proliferação de vetores e a degradação dos espaços públicos. A Figura 1 apresenta o lançamento indevido de esgoto no leito do Rio Negro na cidade de Manaus. 31 Figura 1 – Lançamento de efluente e resíduos no Rio Negro – Manaus/AM Fonte: Shakzu/iStock.com. Nesse sentido, pressupõe-se que o planejamento urbano considere a inclusão de sistemas de saneamento, conforme predispõe a Lei nº 14.026/2020, o marco do saneamento básico (BRASIL, 2020). Desse modo, a condição ideal é que a instalação do sistema de tratamento de efluente seja feita antes da constituição da ocupação urbana. Porém, em função do histórico de ocupação das cidades brasileiras, o sistema de esgotamento sanitário não acompanhou o crescimento populacional e o ordenamento da cidade, o que levou à degradação dos corpos hídricos urbanos, devidoàs diferentes fontes de poluição, como o lançamento do esgoto bruto. Além dos esgotos domésticos, os efluentes gerados pelas atividades humanas podem possuir como fonte as atividades industriais, 32 denominado efluente industrial, cuja composição e características físico- químicas variam conforme o tipo de atividade desenvolvida. Diante deste cenário, a implantação de sistemas de tratamento de esgoto é fundamental no planejamento de expansão urbana e em centros urbanos já consolidados. Cabe ressaltar que, para atingir os compromissos estabelecidos no Marco legal do saneamento brasileiro e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (ONU), são necessários investimentos financeiros que garantam não somente os sistemas de abastecimento de água, mas também sistemas de esgotamento sanitário adequados. Assim, garante-se o direito fundamental de acesso à água e evita-se a disseminação de doenças de veiculação hídrica e poluição das águas. 3.2 Noções sobre tecnologias de tratamento Há diversos tipos de tecnologias em tratamento para os efluentes domésticos, no entanto, o método a ser implantado dependerá de vários fatores com vantagens e desvantagens em cada tecnologia a ser analisada pelo gestor. Segundo Von Sperling (2005), entre os tipos de tratamento, destacam-se: • Lodo ativado: tratamento biológico aplicado ao efluente, que consiste em uma técnica mundialmente utilizada por representar uma alta eficiência na remoção de matéria orgânica. O tratamento ocorre pela decomposição da matéria orgânica pelo metabolismo das bactérias presentes em tanques de aeração. São indicados em situações em que são necessários uma elevada qualidade do efluente e reduzidos requisitos de área. • Reator anaeróbico de fluxo ascendente (RAFA): tratamento baseada na decomposição anaeróbia da matéria orgânica. Consiste em uma coluna de escoamento ascendente, composta de 33 uma zona de digestão e sedimentação, e um separador de fases gás-sólido-líquido. É utilizado para a estabilização do efluente. • Lagoa facultativa: é um sistema que combina condições anaeróbica e aeróbica para realização da decomposição de matéria orgânica • Lagoa anaeróbia: lagoas construídas com grande profundidade com o objetivo de impedir a fotossíntese e, ao mesmo tempo, proporcionar um ambiente ideal para fermentação anaeróbia da matéria orgânica. • Lagoas de aeradas: é realizada a decomposição de material por processo aeróbio em que se adiciona artificialmente oxigênio no tanque ou lagoa que contém o efluente. • Vala de infiltração ou sumidouro: é o processo de percolação do efluente em filtro instalado no solo. Existem diversas alternativas para o tratamento de esgoto, seja ele individual ou aplicado a um ambiente rural, sendo considerado, em alguns casos, mais viável economicamente, devido a fonte de geração estar muito distante de cidades ou redes de tratamento de esgoto. Para tanto, adotam-se alternativas como a utilização de fossas sépticas, biodigestor, sistema de tratamento por zonas de raízes, combinação de fossa séptica, filtro anaeróbico e sumidouro ou, até mesmo, um biodigestor, comum em locais com criação de suínos. O desenvolvimento de pesquisas realizadas para essa temática permite o surgimento de novos métodos para tratar os efluentes de diferentes origens e, dessa forma, garante a não contaminação de corpos hídricos com efluentes sem tratamento. 34 4. Drenagem de águas pluviais A urbanização da paisagem alterou consideravelmente as condições ambientais e relações sociais. Entre as alterações, pode-se citar a impermeabilização de áreas, calçamento de ruas, ocupação densa do solo, resultando em redução de áreas verdes e espaços públicos ajardinados, tendo como consequência a diminuição das taxas de infiltração da água pluvial no solo e o aumento de escoamento superficial da chuva precipitada. O resultado dessa ação pode ser observado nas inundações que ocorrem com maior frequência e intensidade, levando a perdas de vidas e prejuízos econômicos. Esses impactos negativos levaram ao desenvolvimento de métodos construtivos e a instalação de infraestruturas capazes de conduzir a água da chuva, a fim de evitar inundações, umidade em edificações e o contato direto da população com a água pluvial. Segundo Funasa (2006, p. 288): Na conceituação atual de manejo de águas pluviais urbanas, o controle e a minimização dos efeitos adversos das enchentes urbanas [...] agregam um conjunto de ações e soluções de caráter estrutural e estruturante, envolvendo execução de grandes e pequenas obras e de planejamento e gestão de ocupação do espaço urbano, com legislação e fiscalização eficientes quanto à geração dos escoamentos superficiais. De acordo com Miguez et al. (2016), o manejo de águas pluviais é um sistema de drenagem composto por um conjunto de elementos que podem ser divididos em dois subsistemas: • Microdrenagem: formado por estruturas que recebem a água pluvial dos lotes urbanos, como guias, sarjetas, bocas de lobo, canais, galerias e poço de inspeção. Impedindo o acúmulo de água da chuva em determinada região, em escala local. 35 • Macrodrenagem: está diretamente ligada a drenagem natural da região anterior à ocupação humana e a instalação de cidades. A instalação de obras de infraestrutura no âmbito da macrodrenagem permite um melhor escoamento da água precipitada, evitando a erosão do solo e o assoreamento em fundo de vales. 5. Padrões de qualidade e lançamento O padrão de qualidade em saneamento pode ser entendido como um conjunto de requisitos e diretrizes a serem seguidas e atendidas conforme normas e legislação. Dessa forma, acredita-se minimizar os impactos negativos em termos de proteção ambiental e saúde da população. Segundo Philip Jr. (2005, p. 130): [...] atingir os padrões de potabilidade são utilizados vários processos que dependem da qualidade e da quantidade da água a ser tratada, bem como das circunstâncias em que se fará o uso da água. Na busca por garantir a qualidade das águas, foram estabelecidos parâmetros de qualidade para a água captada, água tratada para distribuição e padrões de lançamento do efluente. 5.1 Tipos de padrões de qualidade Em âmbito federal, o padrão de qualidade da água potável será regrado pela Portaria de Consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017, estabelecido pelo Ministério da Saúde, que apresenta os padrões que deverão ser atendidos quanto as características físicas, químicas e microbiológica que a água deve possuir para ser disposta para consumo humano (BRASIL, 2017). 36 O padrão de lançamento de efluentes será regido pela Resolução nº 430/2011, que complementa a Resolução nº 357/2005 e deverá ser considerado as legislações estaduais, diante da qualificação dos corpos hídricos e diretrizes estabelecida em cada região (CONAMA, 2011; 2005). Esses parâmetros de âmbito federal, em conjunto os requisitos estaduais, definem as condições de lançamento dos efluentes para qualquer fonte poluidora em corpos hídricos, de acordo com sua classificação. Alguns dos parâmetros exigidos são: pH, temperatura, materiais sedimentáveis, óleos e graxas e diversos elementos solúveis em água. O padrão de qualidade de água superficial está relacionado com a finalidade a que se destina a utilização do recurso, considerando seu enquadramento e classificação, conforme estabelecido nas resoluções citadas no parágrafo anterior. Esse enquadramento e classificação servem de norteador por possuir relação direta com as atividades humanas (BRASIL, 2005). As águas doces superficiais do território brasileiro recebem maior influência das ações e atividades humanas, segundo o art. 4 da Resolução nº 357/2005, os rios, por exemplo, são fontes diretas de abastecimento de consumo humano, porém, podem ter classificação diferente: • Classe especial: sua destinação ao abastecimento de consumo humano, com desinfecção. • Classe 1: pode ser destinada ao abastecimentohumano após tratamento simplificado. • Classe 2: também pode ser destinada ao abastecimento humano, após tratamento convencional. • Classe 3: pode ser destinada ao abastecimento humano, após tratamento convencional ou avançado. 37 • Classe 4: águas destinadas a navegação e harmonia paisagística. 5.2 Índice de Qualidade da Água (IQA) A água possui propriedades, características e influências intrínsecas que dependem do entorno em que ela se encontra, resultando em diferentes condições de água bruta e efluentes, cujo tratamento precisa ser orientado pela adoção de parâmetros comparativos que atendam normas e regulamentos aplicáveis. O objetivo da adoção de parâmetros é determinar a qualidade da água captada e distribuída para determinada população, o que requer o atendimento de critérios de potabilidade, que garantam que a água está própria para o consumo após o devido tratamento e que está ausente de impurezas da fonte de captação, além de critérios de lançamento nos corpos d’água ou solo. Dessa maneira, é importante a utilização de parâmetros que determinem as características da água. A partir da adoção desses índices, é possível agrupá-los de maneira que sirvam para análises quanto a qualidade da água potável, do lançamento de efluente e da água superficial segundo a legislação vigente. Dentre os diversos indicadores, temos: • Indicadores físicos: cor, turbidez e odor. • Indicadores químicos: salinidade, dureza, alcalinidade, corrosividade, ferro e manganês, nitrogênio e cloretos, e compostos tóxicos, fenóis, detergentes, agrotóxicos e radioatividade. • Indicadores biológicos: algas e micro-organismos patogênicos. 38 Em virtude da quantidade de indicadores, a National Sanitation Foundation (NSF), em 1970, nos Estados Unidos, desenvolveu o Indicador de Qualidade da Água (IQA), que atribui uma nota para a qualidade da água analisada. O mesmo indicador foi adotado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) e, na sequência, pelos demais estados brasileiros. Segundo os Indicadores de Qualidade (BRASIL, 2020, [s.p.]), o IQA tem por objetivo: [...] avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. Os parâmetros utilizados no cálculo do IQA são em sua maioria indicadores de contaminação causada pelo lançamento de esgotos domésticos. O IQA é composto por nove parâmetros sendo eles o oxigênio dissolvido, os coliformes termotolerantes, o potencial hidrogênico (pH), a demanda bioquímica de oxigênio (DBO), a temperatura da água, o nitrogênio total, o fosforo total, a turbidez e o resíduo total. 5.3 Noções de controle de micro-organismos O controle de micro-organismos sempre foi um tema de bastante interesse, principalmente no que diz respeito ao crescimento da população microbiana que se desenvolve em corpos hídricos ou na decomposição de matéria orgânica. Desse modo, controlar a população microbiana significa prevenir a transmissão de doenças e evitar a contaminação do ambiente. No aspecto ambiental, a população microbiana é utilizada em processos de tratamento de efluentes e de resíduos sólidos e, nessas condições, a microbiologia é aliada para o desenvolvimento de tecnologias em tratamento de efluentes. Os tratamentos de efluentes baseados em crescimento bacteriano anaeróbico e aeróbico são formas eficientes de decompor a matéria 39 orgânica presente em um efluente, por exemplo. Outra aplicação é utilizar o controle do crescimento microbiológico na decomposição de matéria orgânica em processos de compostagem. O controle do crescimento microbiano pode ser realizado por agente químico ou físico, que atuam na eliminação total ou parcial do crescimento dos microrganismos presentes em superfície de objetos, alimentos, da pele humana e no meio ambiente. Nesse sentido, os agentes comumente utilizados tanto para a prevenção de saúde como no meio ambiente são: • Métodos físicos: controle de crescimento por calor, esterilização por filtração, esterilização por radiação, vibração ultrassônica, remoção de oxigênio, ozônio e dessecação. No tratamento de resíduos sólidos é muito comum a utilização do calor (temperatura), como forma de esterilização do material, entretanto, é preciso analisar previamente a composição do resíduo. • Métodos químicos: desinfetantes e antissépticos, como álcool, ácidos e agentes oxidantes, esterilizantes como óxidos e peróxidos. • A ausência de controles efetivos da qualidade da água fornecida à população, de atendimento aos padrões pré-estabelecidos pelos órgãos competentes e do atendimento às normas legais expõem a população a situações de contaminação por meio de ingestão direta, higiene pessoal, produção de alimentos ou atividades de lazer em um recurso hídrico contaminado. Referências Bibliográficas BRASIL. Indicadores de Qualidade - Índice de Qualidade das Águas (IQA). Disponível em: http://pnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx. Acesso em: 21 jul. 2020. 40 BRASIL. Portaria de consolidação nº 5, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/saudelegis/gm/2017/prc0005_03_10_2017.html. Acesso em: 28 jul. 2020. BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco legal do saneamento básico e altera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) competência para editar normas de referência sobre o serviço de saneamento, a Lei nº 10.768, de 19 de novembro de 2003 [...]. Brasília, DF: Presidência da República, [2020]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14026.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lex: Coletânea: legislação de Direito Ambiental: Resolução Conama 357. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: CONAMA, 2005. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre. cfm?codlegi=459. Acesso em: 28 jul. 2020. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE - CONAMA. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Brasília: CONAMA, 2011. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646. Acesso em: 28 jul. 2020. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASA. Manual de saneamento. 4. ed. Brasília: FUNASA, 2006. MIGUEZ, M. G.; VERÓL, A. P.; REZENDE, O. M. Drenagem urbana: do projeto tradicional à sustentabilidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. PHILIPPI JR., A. Saneamento, saúde e ambiente. São Paulo: Manole, 2005. PHILIPPI JR., A.; GALVÃO JR., A. C. Gestão do saneamento básico: abastecimento de água e esgotamento sanitário. São Paulo: Manole, 2011. VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos: princípios do tratamento biológico de águas residuárias. 3. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005. NETTO, J. M. de A.; FERNANDEZ, M. F. Manual de hidráulica. 9. ed. São Paulo: Blucher, 2018. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/L14026.htm 41 Ecologia, educação ambiental e saúde Autoria: Eliana Menezes dos Santos Leitura crítica: Barbara Almeida Souza Objetivos • Abordar os conceitos básicos das inter-relações entre os seres vivos e o meio ambiente. • Compreender a importância dos ciclos biogeoquímicos e a relação com os fluxos de energia. • Conhecer os impactos socioambientais e a importância da saúde ambiental para a sociedade. • Apresentar a importância da educação ambiental para o desenvolvimento do indivíduo.42 1. Introdução O entendimento das relações entre saneamento, saúde pública e meio ambiente revela um pressuposto fundamental para o planejamento de sistemas de saneamento. Assim, nesta leitura digital, abordaremos sobre as noções básicas de ecologia, que fornecerão bases para a compreensão das inter-relações entre os seres vivos e o meio ambiente, bem como o processo de reciclagem dos nutrientes e sua importância para a manutenção da vida. A compreensão dos conceitos de ecologia e saúde ambiental é essencial para a formação do profissional da área de saneamento. A aplicação do conhecimento adquirido estimula a adoção de práticas sustentáveis e permite-nos entender a relação das ações humanas e os impactos negativos provocados no meio ambiente e como eles interferem na saúde da população. 2. Noções de ecologia A ecologia é a ciência do ramo da biologia que estuda as relações entre os seres vivos, incluindo seres humanos e o meio ambiente no qual vivem. O termo ecologia foi definido em 1866 pelo biólogo Ernest Haeckel, em sua obra Generelle Morphologie der Organismen (Morfologia Geral dos Organismos). Por sua vez, o estudo da ecologia é composto por uma interação complexa e ampla entre diversas áreas. Nesse contexto, estabeleceu- se níveis de organização, como população, comunidade, ecossistema e biosfera, desse modo hierarquizado pode-se compreender melhor as interações. Segundo Odum e Barrettt (2020, p.4): 43 [...] o melhor modo de delimitar a ecologia moderna seja considerar o conceito de níveis de organização, visto como um espectro ecológico [...] e como uma hierarquia ecológica estendida. Desse modo, compreender a classificação do ambiente em diferentes níveis é um pré-requisito básico para o entendimento de ecologia, partindo-se do nível menor complexidade para o mais complexo, ou seja, um organismo individual para biosfera terrestre. Dessa forma, temos: • População: organismos da mesma espécie que interagem entre si, anteriormente, o termo população era utilizado apenas para grupos de pessoas, depois foi ampliado para qualquer grupo de organismos. • Comunidade: um conjunto de populações de diferentes espécies que interagem entre si e habitam uma mesma região. • Ecossistemas: é a interação de comunidades com o meio em que vivem. • Biosfera: é o nível mais amplo e complexo por ser composto de todos os ecossistemas existentes no planeta interagindo do local onde residem. O estudo da ecologia tem como alicerce alguns conceitos fundamentais, como o conceito de espécie, caracterizado por grupo de indivíduos com caraterísticas semelhantes, habitat que compreende o meio que as espécies vivem, onde encontram alimentos, reproduzem e interagem, como as florestas e o nicho ecológico, que é a maneira como determinada espécie vive. A riqueza e diversidade das espécies que interagem com o meio ambiente é definida como biodiversidade ou diversidade biológica. 44 O Brasil, devido à sua extensão territorial, possui uma grande variação climática, desde climas frios e úmidos até climas mais quentes e secos. Essa variação climática contribui para uma grande diversidade de biomas e das espécies, o que torna o Brasil o país com a mais alta biodiversidade do mundo (MITTERMEIER et al., 1997). Desse modo, a conservação da biodiversidade é fundamental para manutenção dos ecossistemas e suas interações. Os ciclos biogeoquímicos são essenciais para a ciclagem dos compostos químicos que interagem com os ecossistemas e, dependendo do elemento, pode ser armazenado na atmosfera, litosfera, hidrosfera e biosfera da Terra. Esses reservatórios naturais de elementos químicos existentes no planeta são importantes para o seu equilíbrio. 2.1 Ciclos biogeoquímicos e fluxo de energia Os ciclos de matéria ou ciclos biogeoquímicos consistem no fluxo de determinados elementos químicos que se deslocam entre seres vivos e o meio ambiente na ciclagem de nutrientes. Esses compostos circulam na biosfera e são armazenados na atmosfera ou na crosta terrestre. Assim, temos dois tipos de ciclo, os gasosos e os sedimentares. Os ciclos biogeoquímicos são importantes para a manutenção da vida no planeta e, entre eles, destacam-se: • Ciclo da água: encontrada em três estados (sólido, líquido e gasoso), possui mais de um reservatório na natureza, na atmosfera e na crosta terrestre, como as geleiras, mares, rios, lagos de forma superficial ou subterrânea. • Ciclo do oxigênio: elemento presente na respiração dos serres vivos, seu ciclo é composto pela transição desse elemento entre seus reservatórios na natureza, entre a atmosfera, biosfera e litosfera. 45 • Ciclo do nitrogênio: é um elemento muito importante para o crescimento de vegetação. O maior reservatório está localizado na atmosfera, encontrado sob a forma gasosa N2, porém, a absorção pelas plantas ocorre através das formas (NH4 +, NO2–e NO3 –) e para tanto é necessário a participação de bactérias com característica de fixação e decomposição do nitrogênio. Nesse processo, ocorrem as etapas de fixação, amonificação, nitrificação e desnitrtificação. Os animais irão absorver nitrogênio por meio da alimentação (BRAGA, 2005). • Ciclo do fósforo: está presente em dentes e ossos, além de compor as moléculas dos ácidos ribonucleico (RNA) e desoxirribonucleico (DNA). Seu ciclo não passa pela atmosfera, ocorrendo apenas na crosta terrestre por meio de desgaste de rochas. As rochas fosfatadas que sofrem processo erosivo liberam o elemento para o solo e parte deles é carreado para o mar por meio do processo de lixiviação, havendo uma perda de reposição para o ciclo (BRAGA, 2005). • Ciclo do carbono: considerado um elemento muito abundante no planeta, presente na atmosfera na forma de dióxido de carbono e metano, tem participação na fotossíntese e no processo de respiração dos animais. A matéria orgânica é constituída em grande parte por carbono e a humanidade, a partir da revolução industrial, tem consumido um volume considerável. Isso ocorre por meio do consumo de combustíveis fosseis e do desmatamento por processo de queimadas de florestas. A ecologia também estuda a energia e matéria transferida entre organismos pertencentes a um ecossistema no denominado estudo de nível trófico de uma cadeia alimentar. O nível trófico é outro modo encontrado pela ecologia para organizar os seres vivos de acordo com sua alimentação e transferência de energia. 46 A luz solar é uma excelente fonte de energia natural. Nesse sentido, alguns organismos como plantas e algas utilizam essa energia natural, transformando-a em energia química no processo de fotossíntese, sendo organismos conhecidos como autótrofos ou produtores do próprio alimento. Há os organismos que produzem alimento por meio da oxidação de compostos inorgânicos, ou seja, sem a utilização de luz solar em um processo denominado quimiossíntese. Outro grande grupo de seres vivos que necessitam de energia para se movimentar e se desenvolver são os chamados heterótrofos, que não possuem a capacidade de produzir seu próprio alimento e precisam se alimentar dos autótrofos. Entro do grupo dos heterótrofos, há os decompositores que são responsáveis pela ciclagem da matéria orgânica. A decomposição é um processo em que ocorre a absorção de apenas parte da matéria orgânica, sendo o restante devolvido para o meio ambiente, mantendo assim o equilíbrio ecológico. 3. Noções de impacto socioambiental Sob a perspectiva dos conceitos de ecologia apresentados, é comum encontrar o termo “capacidade de suporte” no estudo da relação entre ambientes e populações. De acordo Grisi (2000), o conceito pode ser entendido como um indicador para estimativa da quantidade de determinado elemento ou de organismos que podem ser mantidos em um dado espaço ou ambiente, sem deteriorar ou modificar significativamente as características elementares desse ambiente. Diante dessa abordagem, em uma perspectiva de ecologia humana, desde a década de 1970,a comunidade científica e organismos internacionais tem discutido os limites do crescimento econômico em relação à capacidade de suporte dos ecossistemas. Esses debates foram motivados pela percepção da degradação ambiental decorrente 47 das atividades antrópicas, que estimulou o surgimento da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), vinculada ao processo de exame dos impactos ambientais, em que Sánchez (2013, p. 34) descreve como: “[...] alteração da qualidade ambiental que resulta da modificação de processos naturais ou sociais provocada por ação humana”. O processo de avaliação do impacto ambiental é um instrumento regido pela legislação de cada país e seu resultado pode, por exemplo, influenciar na tomada de decisão do gestor sobre a viabilidade ou não de determinado projeto, repensando as alternativas de localização da atividade, contribuir na etapa de planejamento e pode servir de negociação social com a comunidade potencialmente impactada. No Brasil, os impactos ambientais decorrentes de atividades potencialmente degradadoras da qualidade ambiental são regidos pelo licenciamento ambiental, um instrumento criado pela Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal nº 6.938/1981), utilizado pelos órgãos competentes para avaliação do impacto ambiental e da emissão de licenças e autorizações. A consideração da dimensão social na avaliação de impacto ambiental é empregada para a compreensão de como uma atividade pode potencialmente afetar as condições de saúde, modo de vida e organização social das comunidades. Assim, a inadequada gestão dos impactos socioambientais traz prejuízos à saúde, à qualidade de vida e à economia de determinada região. 3.1 Saúde ambiental e a sociedade Em diversos momentos da história, é possível observar a ocorrência de epidemias nas populações humanas, o que demandam ações específicas a serem adotadas pelo poder público e profissionais da saúde. Uma das medidas mais frequentes adotadas é o isolamento dos doentes ou suspeitos de estarem contaminados, com o objetivo de evitar a 48 propagação da doença e a observação do quadro clínico frente aos tratamentos e medicamentos, como é possível observar na figura a seguir. Figura 1 – Isolamento de pacientes acometidos por uma doença Fonte: duncan1890/iStock.com. Os registros históricos brasileiros referentes ao controle de doenças e ações voltadas à estruturação administrativa da área da saúde remetem ao período do Brasil colônia, com a chegada da família real em 1808. Entretanto, o Ministério da Saúde foi fundado em 25 de julho de 1953 e, ao longo da história, vários outros órgãos foram criados, como o Instituto Oswaldo Cruz em 1900, a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) em 1991 e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 1999, entre outros. 49 A saúde ambiental é um conceito que está diretamente ligado aos fatores ambientais que podem influenciar de forma negativa a saúde das pessoas. O órgão responsável pela atuação em saúde ambiental e controles epidemiológicos, resultantes da poluição do meio ambiente, é a Vigilância em Saúde Ambiental (VSA). Segundo o Ministério da Saúde (2017), a VSA é definida como: [...] um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento e a detecção de mudanças nos fatores determinantes e condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de identificar as medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais relacionados às doenças ou a outros agravos à saúde. A VSA desempenha um importante papel na prevenção, controle e erradicação de doenças, tendo o suporte da área da epidemiologia uma função essencial. Nesse contexto, a epidemiologia é fundamental para medir a frequência de uma enfermidade em uma população. Essa ciência é capaz de utilizar instrumentos para a descrição das condições de saúde, identificar os fatores determinantes ou impactos de doenças ou, até mesmo, contribuir na qualidade da saúde de uma sociedade. No Brasil, a vigilância sanitária atua diretamente sobre o ambiente, tendo o saneamento como principal frente de atuação. Dessa forma, a problemática ambiental deve ser compreendida como parte das condições de saúde e objeto das políticas públicas. Os impactos ambientais podem desencadear problemas na saúde da população exposta às fontes de poluição. Logo, é importante identificar os poluentes lançados no meio ambiente e correlacioná-los às questões de saúde pública são, de modo geral, situações complexas que necessitam de correlação de diversos atributos e pesquisas. A poluição do ar demonstrado na figura a seguir é um exemplo da dificuldade de identificar as fontes de poluição responsáveis pela densa camada de poluentes sobre a cidade. 50 Figura 2 – Densa camada de poluição sobre uma cidade Fonte: Daniel Stein/iStock.com. As fontes de poluição são provenientes das diversas atividades humanas, podendo ser classificadas como pontuais ou difusas. O lançamento do efluente de uma indústria diretamente em um corpo hídrico é um exemplo de fonte pontual de poluição, entretanto, os poluentes lançados na atmosfera, solo ou água são denominados fonte difusa, quando não é possível identificar a fonte específica da geração, como é o caso do descarte de resíduos em um rio. Há diversas formas da população ser exposta aos poluentes dispersos no meio ambiente, processos de exposição que podem ocorrer por inalação, ingestão, como beber água imprópria para consumo, ou absorção através do contato da pele com material contaminado. 51 A inalação de ar com concentrações de poluentes acima dos limites aceitos pela legislação, devido aos gases ou material particulado, pode comprometer o sistema respiratório e cardiovascular. Isso depende do poluente envolvido e do tempo de exposição, que podem afetar de maneira diferente cada faixa etária da população. Alguns dos principais poluentes atmosféricos são o material particulado, ozônio (O3), dióxido de enxofre (SO2), aerossóis, monóxido de carbono (CO) e o óxidos de nitrogênio (NOX). Nesse sentido, segundo Philippi Jr. (2005, p. 90): O ar contaminado pode entrar no corpo humano por inalação dos poluentes, mas pode também ser absorvido por meio de contato dérmico. [...] o material particulado e o dióxido de enxofre (SO2) podem levar à constrição brônquica, bronquite crônica ou doença pulmonar obstrutiva crônica. A ingestão de água contaminada pode acarretar o desenvolvimento de doenças provocadas por patógenos ou comprometer o funcionamento de órgãos. Além disso, há doenças que afetam a população atendida pela rede de abastecimento de água e esgotamento sanitário chamadas de doenças de veiculação hídrica, como a cólera, febre tifoide, leptospirose, gastroenterite, disenteria, giardíase, hepatites, entre outras enfermidades. Outra maneira da população sofrer com os impactos ambientais é o desenvolvimento de doenças por ingestão de alimentos contaminados, seja por agrotóxicos ou outros compostos clorados e/ou metais pesados, como a ingestão de peixe contaminado por metais pesados ou alimentos cultivados em solo contaminado com chumbo, em ambos os casos o elemento poluidor pode ser ingerido pelos ser humano e animais. 52 4. Educação ambiental para a saúde pública O debate sobre questões ambientais na mídia se tornou cada vez mais intenso, após diversos acidentes ambientais e seus impactos observados na sociedade. A primeira Conferência Internacional das Nações Unidas, no ano de 1972, na cidade de Estocolmo, é considerada um marco importante por ter reunido chefes de diferentes países para discutirem soluções para as questões de degradação ambiental ao redor do mundo. Em 1977 foi realizada a primeira Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental em Tbilisi, que foi realizada pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), com o propósitode definir aspectos importantes para educação ambiental. Nesse período, o Brasil adotou a obrigatoriedade do curso de ciências ambientais nos cursos de engenharia (BRASIL, 2020). No Brasil, a educação ambiental foi proposta pela Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, a Política Nacional de Educação Ambiental que trouxe atribuições a diferentes partes interessadas, entre elas, a própria sociedade civil incumbida na formulação de valores, as empresas com a responsabilidade de capacitar seus funcionários, as instituições no dever de integrar a educação ambiental em seus programas de ensino e os entes federativos com a promoção da educação ambiental de forma transversal em todos os níveis de aprendizado. Desse modo, a lei define a educação ambiental como: […] os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL,1999, art. 1º) 53 O mecanismo de educação em saúde ambiental tem como uma das características primordiais a possibilidade de transformação do indivíduo, proporcionando-lhe a consciência de ser o protagonista da sua própria história. Assim, com o conhecimento adquirido, ele tem a possibilidade de aplicá-lo em seu cotidiano de maneira que impacte positivamente a sua própria saúde e qualidade de vida. Segundo a Funasa (2006), implantar projetos de educação em saúde ambiental traz grandes benefícios à comunidade e à sociedade de modo geral, sendo importante no planejamento considerar alguns itens essenciais como o foco na atuação do território de produção da saúde, envolver um grupo diversificado de agentes da população, garantir a interação do meio ambiente, economia e comunidades, envolver as pessoas como protagonistas em ações que objetive a promoção da saúde, respeitar e considerar as diferenças culturais da comunidade envolvida, promover a permeabilidade de discussões entre o conhecimento acadêmico e o popular com o propósito de compartilhar saberes, utilizar de maneira estratégica a educação em saúde ambiental. As questões que envolvem os cuidados referentes à saúde pública e à temática ambiental precisam ser incorporadas em todos os níveis da sociedade, considerando as experiências vividas de cada indivíduo e suas dificuldades enfrentadas em seu próprio território, seja ele rural ou urbano. Segundo Philippi Jr. (2005, p. 596), a educação ambiental é entendida como: […] um processo de mudança e de formação de valores, bem como de preparo de exercício da cidadania, constitui-se em um conjunto de ideias contrárias às ideias prevalentes no sistema social atual, contrárias às ideias de egoísmo e de individualismo, a favor da transformação social com ética, com justiça social e com democracia. Portanto, a educação ambiental é mais ampla que ações pontuais aplicadas a determinado grupo de pessoas, por exemplo, em programas de implantação de coleta seletiva, redução no desperdício da água 54 ou recusa ao uso de embalagens plástica. Esses são mecanismos que contribuem para o processo de transformação, mas não modificam um indivíduo em um ser crítico e consciente com capacidade de desenvolver mudança no meio em que reside. Referências Bibliográficas BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental: o desafio do desenvolvimento sustentável. São Paulo: Pearson, 2005. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 out. 2020. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância ambiental. 2017. Disponível em: http:// saude.gov.br/vigilancia-em-saude/vigilancia-ambiental. Acesso em: 8 ago. 2020. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Histórico Brasileiro. 2020. Disponível em: https://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/pol%C3%ADtica-nacional-de- educa%C3%A7%C3%A3o-ambiental/historico-brasileiro.html. Acesso em: 11 ago. 2020. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1981]. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, [1999]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/LEIS/L9795.htm. Acesso em: 20 out. 2020. FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE–FUNASA. Manual de saneamento. 4. ed. Brasília: FUNASA, 2006. GRISI, B. M. Glossário de ecologia e ciências ambientais. João Pessoa: Editora Universitária da UFPB, 2000. MITTERMEIER, R. et al. Biodiversity hotspots and major tropical wilderness areas: approaches to setting conservation priorities. Conservation Biology, [S. l.], v. 12, n. 3, p. 516-520, 1998. ODUM, E. P.; BARRETTT, G. W. Fundamentos de ecologia. São Paulo: Cengage Learning, 2020. PHILIPPI JR, A. Saneamento, saúde e ambiente. São Paulo: Manole, 2005. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9795.htm 55 SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Texto, 2013. 56 Panorama da Gestão do Saneamento Básico no Brasil Autoria: Eliana Menezes dos Santos Leitura crítica: Barbara Almeida Souza Objetivos • Conhecer o panorama das políticas e os programas governamentais sobre saneamento básico no Brasil. • Compreender o papel das entidades reguladoras. • Entender a importância da adoção de instrumentos e da apresentação do diagnóstico do saneamento básico no país. • Apresentar alguns modelos de prestação de serviços públicos de saneamento básico. 57 1. Introdução Nesta leitura, você estudará o panorama do saneamento básico e suas interações com as normas legais brasileiras, com os entes responsáveis pela fiscalização e/ou regulamentação e as diferentes formas de arranjos na implantação de modelos de prestação de serviço. As políticas públicas têm um importante papel na resolução de questões que acometem a sociedade, que Dias (2008, p. 102) define como: “definição, elaboração e implantação de estratégias de ação por parte dos governos no qual há identificação e seleção de determinados problemas sociais que, na visão dos gestores públicos, merecem ser enfrentados”, bem como pode auxiliar a fiscalização dos empreendimentos mediante o atendimento das métricas e padrões estabelecidos em legislação e que devam ser atendidos, a fim de garantir uma qualidade efetiva e a satisfação do cliente beneficiário do serviço. A gestão eficiente do saneamento básico torna-se cada vez mais importante para toda a sociedade, promovendo a melhoria da qualidade de vida da população. 2. Políticas e programas governamentais sobre saneamento básico A implantação e/ou ampliação dos serviços de saneamento que incluem o abastecimento de água, tratamento de esgoto, tratamento de resíduos e o manejo das águas pluviais, medidas que contribuem na prevenção de doenças e, por consequência, melhoram a qualidade de vida da população. Entretanto, universalizar o acesso aos serviços de saneamento e garantir a efetividade dos serviços são grandes desafios, que, de maneira geral, demandam planejamento adequado e de logo prazo e a participação de diversos atores da sociedade e investimentos financeiros no setor, por exemplo. 58 A elaboração e implementaçãode políticas públicas voltadas para o saneamento sinalizam uma resposta do Estado na correção da ineficiência na prestação de serviço de saneamento básico e em regiões que por muitos anos se eximiram da responsabilidade de eliminar situações de esgotamento sanitário ao ar livre. O conceito de política pública possui diversas definições, segundo Souza (2006, p. 26), diante dos diversos conceitos existentes é possível resumi-lo como: [...] campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real. No âmbito das normas brasileiras acerca do saneamento ambiental e saúde pública, a Política Nacional de Recursos Hídricos, instituída pela Lei nº 9.433/1997, apresentou a necessidade de integrar as políticas locais de saneamento básico com a implantação das políticas estaduais e federais de recursos hídricos. As ações para a implementação de política pública envolvem todas as esferas de governo (municipal, estadual e federal) e algumas ações do governo tornaram-se leis especificas, como: • Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA): estabelecida pela Lei nº 6.938/1981, ela inseriu na política brasileira a importância da preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. A instituição da PNMA contribuiu na ampla discussão sobre a temática da gestão ambiental no país correlacionando poluição ao meio ambiente com a saúde da população, conforme expresso seu art. 3º, a poluição é “a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população.” (BRASIL, 1981, art. 3º) 59 • A PNMA apresenta em seu texto aspectos importantes e objetivos a serem atingidos, entre eles temos a harmonia do desenvolvimento econômico com a preservação ambiental, definição de áreas prioritárias de atuação governamental, o estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental, o estímulo ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias para o uso racional de recursos ambientais e instituiu o princípio de poluidor-pagador, atribuindo-lhe a obrigação da reparação e/ ou indenização aos danos causados decorrentes da sua atividade (BRASIL, 1981). • Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB): foi instituída pela Lei nº 11.445/2007, sendo responsável pelo estabelecimento das diretrizes de saneamento básico, mas não contemplando questões relacionadas à gestão dos recursos hídricos. Somente em 2020, com a instituição da Lei nº 14.026/2007, a gestão de recursos hídricos foi anexada ao saneamento básico, essa atualização da PNSB promoveu outras alterações em leis importantes e que interage com o saneamento como se observa na Figura 1. A Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB) dialoga e interage com outras normas e sua atualização promoveu a correção na Política Nacional de Resíduos Sólidos PNRS, na lei de criação da Agência Nacional 60 das águas e no Estatuto da Metrópole, conforme demonstrado na figura a seguir. N Figura 1 – Novo marco regulatório do Saneamento e requisitos legais atualizados Fonte: elaborada pela autora. A PNSB é fundamentada em princípios que articulam com diferentes áreas, tendo como objetivo a promoção da qualidade de vida de toda a população, conforme previsto em alguns de seus parágrafos: 61 I–Universalização do acesso e efetiva prestação de serviço; IV–articulação com as políticas [...] de proteção ambiental, de promoção da saúde, de recursos hídricos e outras de interesse social relevante, destinadas à melhoria da qualidade de vida, para as quais o saneamento básico seja fator determinante. (BRASIL, 2020, art. 4-A, § 1º) Nesse sentido, existem políticas de saneamento ambiental e saúde pública que não receberam regulamentação específica em forma de lei, sendo criadas, por exemplo, por meio de portarias, entretanto, esses são importantes mecanismos que articulam com questões ambientais e de saúde, como: • Plano Nacional de Saneamento (Planasa): instituído na década de 1970, ele estabelecia normas gerais de tarifação. Entre os objetivos a que se propunha, estava a eliminação do déficit da demanda por abastecimento de água, o tratamento de esgoto, a autossustentação financeira do setor, adequação tarifária, o desenvolvimento institucional das companhias estaduais e a realização de programas de pesquisas tecnológicas no campo de saneamento básico, conforme previsto posteriormente por meio do Decreto Federal nº 81.587/1978. • O Planasa sugeria uma ampliação na oferta e na demanda dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, entretanto, não contemplava serviços de manejo das águas pluviais, limpeza urbana, tratamento dos resíduos sólidos e não incluía nas discussões de decisão a participação da sociedade. O plano perdurou por aproximadamente 10 anos, sendo extinto após o encerramento das atividades das entidades que fomentavam seu funcionamento, como o Banco Nacional de Habitação (BNH) (PHILIPPI JR; GALVÃO JR., 2011, p. 86). • Política Nacional da Promoção à Saúde (PNPS): norma criada pelo Gabinete do Ministro (GM) e consolidada pelo Ministério da Saúde (MS), instituindo a Portaria do MS/GM nº 687 de 30 de março de 2006 e revisada pela Portaria nº 2.446, de 11 de 62 novembro de 2014, redefinida com o intuito de promover “à equidade, à melhoria das condições e dos modos de viver e à afirmação do direito à vida e à saúde, dialogando com as reflexões dos movimentos no âmbito da promoção da saúde” (BRASIL, 2018, p. 6). A PNPS aborda um conceito amplo de saúde não se limitando apenas em fatores biológicos, traz no seu texto elementos que sugerem a necessidade de considerar fatores sociais que podem influenciar na qualidade de vida da população. Na PNPS, observa-se a apresentação de estratégias elencadas com o objetivo de concretizar ações de promoção à saúde por meio da apresentação eixos operacionais no campo da territorialização, articulação e cooperação intrassetorial e intersetorial, rede de atenção à saúde, participação e controle social, gestão, educação e formação, vigilância, monitoramento e avaliação, produção e disseminação de conhecimento e saberes, comunicação e mídia. A PNPS pode ser considerada uma norma de natureza multidisciplinar não se restringindo somente ao território da saúde, mas também contemplando diversos temas prioritários, entre eles a formação e educação permanente, a alimentação adequada e saudável, práticas corporais e atividades físicas, promoção da cultura da paz e dos direitos humanos e a promoção do desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2017). 3. Entidades reguladoras No setor de saneamento básico, leis, planos, programas ou portarias desempenham esse papel de regulação que pode ocorrer nas diferentes esferas de governo. O Plano Nacional de Saneamento (Planasa) instigou a criação de empresas pelos estados da federação para que os serviços fossem prestadores à sociedade (PHILIPPI JR.; GALVÃO JR., 2011. p.85). 63 A fiscalização e a regulamentação em matéria de saneamento são normalmente exercidas por entidades ou agências reguladoras, criadas pelos entes federativos para essa e outras atribuições, conforme previsto na Lei Federal nº 13.848/2019, que dispõe sobre a gestão, a organização, o processo decisório e o controle social das agências reguladoras. É possível encontrar agências reguladoras e fiscalizadoras nos três níveis governamentais. Na esfera federal, temos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). No âmbito estadual, temos a AgênciaReguladora de Saneamento e Energia do estado de São Paulo (ARSESP) e a Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (ADASA), e na esfera municipal, temos a Agência Reguladora de Serviços Públicos (ARSEP) do município de Mauá, conforme observado na figura a seguir. Figura 2 – Exemplos de agências reguladoras nos três níveis de governo Fonte: elaborada pela autora. 64 4. Modelos de prestação de serviço A prestação do serviço público de saneamento básico regido pela Lei nº 11.445/2007 não demandava licitação contratual do prestador de serviço e previa sua execução através de órgãos, autarquias, fundações, consórcio, empresas públicas ou sociedade de economia mista. Com a promulgação da Lei nº 14.026/2020, houve a atualização do marco regulatório de saneamento que exigiu a licitação contratual e incluiu a modalidade público-privado para os novos contratos. Os acordos são ofertados em diversos tipos de gestão e arranjos legais distintos, sendo possível destacar alguns dos diversos modelos existentes: • Companhias Estaduais de Saneamento Básico: foram empresas criadas por cada estado do país para atenderem as demandas de prestação dos serviços de abastecimento de água e tratamento de esgoto das regiões urbanas, sendo responsáveis pela operação, execução de obras de manutenção e com vigência de contrato em torno de 30 anos. São exemplos desse modelo: a companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA), companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR), Companhia de Água e Esgoto do Ceará (CAGECE), Companhia Espírito-santense de Saneamento (CESAN) e Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), entre outras. • Gestão associada a Consórcios públicos e/ou convênio de cooperação na esfera municipal: em situação de insuficiência financeira e/ou técnica para gerir sozinho a prestação de serviço de saneamento básico alguns municípios, na sua maioria pequenos, se unem a fim de compartilharem a prestação do serviço à população. Nesse modelo de gestão associado à execução do serviço, pode ocorrer por meio de consórcio público ou de convênios de cooperação. Essas atividades são previstas no 65 ordenamento jurídico, conforme art. 241 da Constituição Federal de 1988: A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos. (BRASIL, 1988, art. 241) A regulamentação para esse tipo de prestação de serviço foi estabelecida com a instituição da Lei Federal nº 11.107/2005 e Decreto Federal nº 6.017/2007. Segundo Peixoto (2008), a partir do planejamento, a implantação de consórcios públicos de saneamento é composta por várias etapas, a ratificação do protocolo de intenções e depois é encaminhada para aprovação no legislativo. De maneira sucinta, é possível listar as etapas que envolvem o processo de constituição dos consórcios públicos, que pode ser observado na figura a seguir. Figura 3 – Etapas para constituição de consórcios públicos Fonte: adaptada de Peixoto (2008, p. 30-36). 66 5. Melhoria da qualidade: instrumentos e diagnóstico da prestação de serviço de saneamento A empresas, ou entidades que executam a prestação dos serviços públicos de saneamento básico, precisam atender determinadas regras imposta pelas normas jurídicas, a fim de garantir a qualidade do serviço prestado comparado a determinado padrão pré-estabelecido em norma. 5.1 Sistema de Informações em Saneamento Básico (SNIS) A Lei Federal nº 11.445/2007 estabeleceu diretrizes nacionais para o saneamento básico e instituiu o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico, conforme consta em seu art. 53 que foi mantido na atualização do marco regulatório em 2020. Os objetivos elencados no texto da norma demonstram com clareza a necessidade de: [...] coletar e sistematizar dados relativos às condições prestação dos serviços públicos de saneamento básico; disponibilizar estatísticas indicadores e outras informações relevantes para a caracterização da demanda e da oferta de serviços públicos do saneamento básico; permitir e facilitar o monitoramento e avaliação da eficiência e da eficácia da prestação de serviços de saneamento básico. (BRASIL, 2007, art. 53) A própria lei em seu texto também traz a importância da implementação de um sistema que trabalhe em conjunto com o Sistema Nacional de Informações de Recursos Hídricos (SNIRH) e o Sistema Nacional de Informações em meio ambiente (SNIMA), no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA). As informações coletadas anualmente, junto aos municípios e prestadores de serviço em todo o território nacional, alimentam a 67 plataforma de informações do SINIS, resultando em relatórios de diagnóstico sobre a situação do país em termos de abastecimento de água, tratamento de esgoto, tratamento de resíduos e manejo de águas pluviais, informações disponíveis a todos os cidadãos (SNIS, 2020). 5.2 Combate as perdas nos sistemas de abastecimento de água O aumento da população e das atividades econômicas que demandam por água, atrelado aos fatores em torno das situações de escassez desse recurso, impõem aos gestores de recursos hídricos a preocupação com as perdas inerentes à prestação do serviço público de abastecimento. As diversas formas de desperdício de água podem representam prejuízos financeiros e do próprio recurso, afetando a disponibilidade da água. Nesse sentido, existem basicamente dois tipos de perdas: as reais e as aparentes. As perdas reais podem ser entendidas como o volume de água tratada e disponibilizado para o uso, porém, parte se perde ao longo da distribuição e parte não é utilizada pelo consumidor. No caso das perdas aparentes, existe a utilização da água sem a cobrança ou faturamento pelo uso do recurso. Os cenários mais comuns registrados destas perdas podem ser observados na figura a seguir. 68 Figura 4 – Situações que apresentam os tipos de perdas mais comuns na distribuição de água Fonte: adaptada de Philippi Jr. e Galvão Jr. (2011, p. 360-361). Considerando os tipos de perdas, podemos entender que a concessionária responsável pela prestação de serviço de abastecimento não consegue sozinha eliminar o problema, é preciso envolver toda a sociedade em uma gestão integrada para redução dos índices de desperdícios do recurso natural. Referências Bibliográficas BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 out. 2020. BRASIL. Decreto nº 6.017, de 17 de janeiro de 2007. Regulamenta a Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, que dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: https://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm. Acesso em: 20 out. 2020. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6017.htm 69 BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 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Estabelece as diretrizes nacionais para o saneamento básico; cria o Comitê Interministerial de Saneamento Básico; altera as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.666, de 21 de junho de 1993, e 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; e revoga a Lei nº 6.528, de 11 de maio de 1978. Brasília, DF: Presidência da República, 2007. Disponível em: http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11445.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 13.848, de 25 de junho de 2019. Dispõe sobre a gestão, a organização, o processo decisório e o controle social das agências reguladoras, altera a Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996, a Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997, a Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997 [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019- 2022/2019/lei/L13848.htm. Acesso em: 20 out. 2020. BRASIL. Lei nº 14.026, de 15 de julho de 2020. Atualiza o marco de saneamento básico e altera diversas leis. 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Educação ambiental para a saúde pública Referências Bibliográficas Panorama da Gestão do Saneamento Básico no Brasil Objetivos 1. Introdução 2. Políticas e programas governamentais sobre saneamento básico 3. Entidades reguladoras Referências Bibliográficas