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Prévia do material em texto

Edição 2022
Lei de Tortura
Edição 2023.1
Revisada
Atualizada
Ampliada
 Lei 9.455/1997
 
http://www.iceni.com/infix.htm
LEI DE TORTURA – LEI 9.455/97 
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................ 2 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................. 3 
1. DIPLOMAS NORMATIVOS .......................................................................................................... 3 
 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) ................................... 3 
 CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS 
CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES ............................................................................... 3 
 CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA ................. 3 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL ................................................................................................. 4 
2. TORTURA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE ................................................................... 4 
3. SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA........................................ 6 
4. TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA RELÓGIO .......................................................................... 6 
5. COMPETÊNCIA ........................................................................................................................... 7 
6. PRESCRIÇÃO .............................................................................................................................. 7 
DOS CRIMES ...................................................................................................................................... 9 
1. OBSERVAÇÕES GERAIS ......................................................................................................... 10 
 AÇÃO PENAL...................................................................................................................... 10 
 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................... 10 
 BEM JURÍDICO TUTELADO .............................................................................................. 10 
2. TORTURA-PROBATÓRIA, TORTURA-CRIME E TORTURA-DISCRIMINATÓRIA ................ 10 
 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 10 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 11 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 11 
 NÚCLEO DO TIPO .............................................................................................................. 11 
 SUJEITO ATIVO ................................................................................................................. 12 
 SUJEITO PASSIVO ............................................................................................................ 13 
 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................... 14 
2.7.1. Tortura-probatória ........................................................................................................ 14 
2.7.2. Tortura-crime ................................................................................................................ 15 
2.7.3. Tortura-discriminatória ................................................................................................. 16 
 CONSUMAÇÃO .................................................................................................................. 16 
 MATERIALIDADE ............................................................................................................... 17 
 LEI 9.099/95 ........................................................................................................................ 17 
3. TORTURA-CASTIGO OU TORTURA-PUNIÇÃO ...................................................................... 17 
 PREVISÃO LEGAL ............................................................................................................. 17 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 18 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 18 
 NÚCLEO DO TIPO .............................................................................................................. 18 
 SUJEITO ATIVO ................................................................................................................. 18 
 SUJEITO PASSIVO ............................................................................................................ 19 
 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................... 19 
 CONSUMAÇÃO .................................................................................................................. 19 
 TENTATIVA ......................................................................................................................... 20 
 DISTINÇÃO EM RELAÇÃO AOS CRIMES DE MAUS TRATOS ...................................... 20 
 LEI 9.099/95 ........................................................................................................................ 21 
4. TORTURA DE PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE SEGURANÇA ................. 21 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES ......................................................................... 21 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 21 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 21 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 1 
 
 NÚCLEO DO TIPO .............................................................................................................. 21 
 SUJEITO ATIVO ................................................................................................................. 22 
 SUJEITO PASSIVO ............................................................................................................ 23 
 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................... 23 
 CONSUMAÇÃO .................................................................................................................. 23 
 TENTATIVA ......................................................................................................................... 23 
 LEI 9.099/95 ........................................................................................................................ 24 
5. OMISSÃO NA APURAÇÃO DA TORTURA ............................................................................... 24 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES INICIAIS ......................................................... 24 
 NÃO-EVITAÇÃO DA PRÁTICA DE QUALQUER DAS MODALIDADES DE TORTURA . 24 
 NÃO-APURAÇÃO DA PRÁTICA DE QUALQUER DAS MODALIDADES DE TORTURA 24 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA ................................................................................................. 25 
 OBJETO MATERIAL ........................................................................................................... 25 
 NÚCLEO DO TIPO .............................................................................................................. 25 
 SUJEITO ATIVO ................................................................................................................. 26 
 SUJEITO PASSIVO ............................................................................................................26 
 ELEMENTO SUBJETIVO ................................................................................................... 26 
 CONSUMAÇÃO .................................................................................................................. 26 
 TENTATIVA ......................................................................................................................... 26 
 LEI 9.099/95 ........................................................................................................................ 26 
 CONFRONTO COM O CRIME DE PREVARICAÇÃO ....................................................... 27 
6. FIGURA QUALIFICADA ............................................................................................................. 27 
7. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA ........................................................................................... 27 
 CRIME COMETIDO POR AGENTE PÚBLICO .................................................................. 28 
 CRIME COMETIDO CONTRA CRIANÇA, GESTANTE, PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, 
ADOLESCENTE OU MAIOR DE 60 ANOS................................................................................... 28 
 SE O CRIME É COMETIDO MEDIANTE SEQUESTRO ................................................... 28 
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO ................................................................................................... 28 
9. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA E (IM)POSSIBILIDADE DE 
CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA CUMULADA COM AS MEDIDAS 
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO ........................................................................................... 30 
10. (DES)NECESSIDADE DE DEFESA PRELIMINAR NOS PROCEDIMENTOS PENAIS 
REFERENTES AO CRIME DE TORTURA ....................................................................................... 30 
11. INSUSCETIBILIDADE DE GRAÇA, ANISTIA E INDULTO ................................................... 31 
12. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA ................................................................ 32 
13. EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL ....................................................................... 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 2 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Olá! 
Inicialmente gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja 
útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de 
estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. 
O Caderno Legislação Penal Especial – Tortura possui como base as aulas do professor 
Cleber Masson, do Curso G7 Jurídico. Posteriormente, complementado com as aulas do Prof. 
Renato Brasileiro, também do G7 Jurídico. 
Dois livros foram utilizados para complementar nosso CS de Legislação Penal Especial: a) 
Legislação Criminal para Concursos (Fábio Roque, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alencar), 
ano 2017 e b) Legislação Criminal Comentada (Renato Brasileiro), ano 2020, ambos da Editora 
Juspodivm. 
Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito 
(www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de 
Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). 
Destacamos: é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da 
semana para ler no site do Dizer o Direito. 
Ademais, no Caderno constam os principais artigos da lei, mas, ressaltamos, que é 
necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. 
Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina 
+ informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você 
faça uma boa prova. 
Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito 
importante! As bancas costumam repetir certos temas. 
Vamos juntos! Bons estudos! 
Equipe Cadernos Sistematizados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 3 
 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
1. DIPLOMAS NORMATIVOS 
O crime de tortura é regulamentado pela Lei 9.455/1997. É importante destacar o contexto 
que a referida lei surgiu, apontando os diplomas que serviram de influência para sua edição. 
 DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) 
Como se sabe, a DUDH foi proclamada pela Assembleia das Nações Unidas, em 10 de 
dezembro de 1948. 
Seu art. 5º prevê, claramente, que ninguém poderá ser submetido a tortura e a nenhuma 
pena ou tratamento desumano, cruel e degradante: 
Art. 5º - ninguém será submetido a tortura e nem a penas ou tratamentos 
cruéis, desumanos ou degradantes. 
 
O espírito da DUDH é a proteção da dignidade da pessoa humana. 
 CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS 
CRUÉIS, DESUMANOS OU DEGRADANTES 
A Convenção foi adotada pela Assembleia Geral da ONU em 1984 e entrou em vigor em 
1987, sendo ratificada pelo Brasil em 1989. 
Está dividida em 3 partes: 
1) 1ª Parte: diz respeito aos sujeitos ativos e passivos da tortura, sua definição e as 
medidas a serem tomadas pelos Estados que a ela aderirem; 
2) 2ª Parte: trata do Comitê e sua atuação, tais como membros, duração do mandato, 
relatórios, posicionamentos sobre casos apresentados; 
3) 3ª Parte: cuida da adesão dos Estados-partes à Convenção, bem como emendas que 
possam vir a sugerir. 
 CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA 
Foi editada em 1985. 
A definição de tortura, na Convenção Interamericana, é mais abrangente do que a trazida 
no documento do Sistema Universal, pois não a restringe a dores ou sofrimento de natureza 
“aguda”. 
Destaca-se que as penas ou sofrimentos físicos e mentais, decorrentes de sanções 
legítimas, não serão considerados torturas, nos termos do art. 2º: 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 4 
 
Artigo 2 - Para os efeitos desta Convenção, entender-se-á por tortura todo ato 
pelo qual são infligidos intencionalmente a uma pessoa penas ou sofrimentos 
físicos ou mentais, com fins de investigação criminal, como meio de 
intimidação, como castigo pessoal, como medida preventiva, como pena ou 
com qualquer outro fim. Entender-se-á também como tortura a aplicação, 
sobre uma pessoa, de métodos tendentes a anular a personalidade da vítima, 
ou a diminuir sua capacidade física ou mental, embora não causem dor física 
ou angústia psíquica. 
Não estarão compreendidos no conceito de tortura as penas ou sofrimentos 
físicos ou mentais que sejam unicamente consequência de medidas legais ou 
inerentes a elas, contanto que não incluam a realização dos atos ou a 
aplicação dos métodos a que se refere este artigo. 
 CONSTITUIÇÃO FEDERAL 
A CF, em seu art. 5º, III, prevê que ninguém será submetido a tortura e nem a tratamento 
desumano e degradante. É o direito fundamental do ser humano de não ser torturado. 
Além disso, o art. 5º, XLIII, considera a tortura um crime inafiançável e insuscetível de graça 
e anistia. Portanto, a Lei de Tortura atende a um mandado expresso de criminalização. É um crime 
equiparado a hediondo (recebe o mesmo tratamento). 
Art. 5º, XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça 
ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, 
o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os 
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. 
 
Obs.: nem todos os crimes da Lei de Tortura são considerados 
hediondos, a exemplo da tortura omissão. 
Segundo o STF: 
A tortura constitui a negação arbitrária dos direitos humanos, pois reflete – 
enquanto prática ilegítima, imoral e abusiva – um aceitável ensaio de atuação 
estatal tendente a asfixiare, até mesmo, a suprimir a dignidade, a autonomia 
e a liberdade com que o indivíduo foi dotado, de maneira indisponível, pelo 
ordenamento positivo. (HC 70389/SP, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 
10/08/2001). 
 
Salienta-se, ainda, que o art. 5º, XLIII é verdadeiro mandado de criminalização, o qual impõe 
ao legislador, para o seu devido cumprimento, o dever de observância do princípio da 
proporcionalidade como proibição de excesso e como proibição de proteção insuficiente. 
2. TORTURA CONTRA CRIANÇA E ADOLESCENTE 
O art. 233 do ECA foi o primeiro diploma infraconstitucional a tipificar o crime de tortura, 
pautando-se na seguinte redação legal: 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 5 
 
Art. 23 Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou 
vigilância a tortura. 
 
Pena - reclusão de um a cinco anos. 
 
Contudo, o supramencionado dispositivo normativo sofreu duras críticas, pois foi 
considerado um tipo penal extremamente aberto, uma vez que não define o que é considerado 
tortura e quais são os atos de torturas (bater, xingar, castigo). Em razão disso, muitos o 
consideravam inconstitucional, por violação ao princípio da taxatividade. Além disso, incriminava 
apenas a tortura contra menores de 18 anos. 
Infere-se, à vista disso, que até a revogação do dispositivo em 1997, o STF considerava o 
art. 233 do ECA constitucional. Assim segue: 
O crime de tortura, desde que praticado contra criança ou adolescente, 
constitui entidade delituosa autônoma cuja previsão típica encontra 
fundamento jurídico no art. 233 da Lei nº 8.069/90. Trata-se de preceito 
normativo que encerra tipo penal aberto suscetível de integração pelo 
magistrado, eis que o delito de tortura - por comportar formas múltiplas de 
execução - caracteriza- se pela inflição de tormentos e suplícios que 
exasperam, na dimensão física, moral. ou psíquica em que se projetam 
os seus efeitos, o sofrimento da vítima por atos de desnecessária, 
abusiva e inaceitável crueldade. - A norma inscrita no art. 233 da Lei nº 
8.069/90, ao definir o crime de tortura contra a criança e o adolescente, 
ajusta-se, com extrema fidelidade, ao princípio constitucional da tipicidade 
dos delitos (CF, art. 5º, XXXIX). O Brasil, ao tipificar o crime de tortura contra 
crianças ou adolescentes, revelou-se fiel aos compromissos que assumiu na 
ordem internacional, especialmente àqueles decorrentes da Convenção de 
Nova York sobre os Direitos da Criança (1990), da Convenção contra a 
Tortura adotada pela Assembleia Geral da ONU (1984), da Convenção 
Interamericana contra a Tortura concluída em Cartagena (1985) e da 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa 
Rica), formulada no âmbito da OEA (1969). Mais do que isso, o legislador 
brasileiro, ao conferir expressão típica a essa modalidade de infração 
delituosa, deu aplicação efetiva ao texto da Constituição Federal que impõe 
ao Poder Público a obrigação de proteger os menores contra toda a forma de 
violência, crueldade e opressão (art. 227, caput, in fine). (...). (STF, Pleno, HC 
70.389/SP, Rel. Min. Celso de Mello, j. 23/06/1994, DJ 10/08/2001). 
 
Ocorre que, em sequência, a Lei de Tortura revogou expressamente o referido dispositivo: 
Lei 9.455/1997 - Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho 
de 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
Obs.: a conduta típica do art. 233 do ECA migrou para a Lei de Tortura, 
consagrando o princípio da continuidade normativa-típica, não 
havendo, portanto, abolitio criminis. 
Em matéria penal, a nova lei que redefine a conduta criminal, editada no curso 
do processo, não provoca o fenômeno da abolitio criminis, ensejando, 
todavia, a ultratividade da lei penal antiga mais benigna. - Embora o art. 
233 da Lei nº 8.069/90 (ECA), que tipificava o crime de tortura contra 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm#233
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm#233
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 6 
 
menores, tenha sido revogado pelo art. 4º da Lei nº 9.455/97, esta conduta 
recebeu definição criminal neste novo diploma legal, de forma mais gravosa, 
impondo-se, portanto, a aplicação da lei anterior, mais benéfica. - Recurso 
ordinário desprovido. (...). (STJ, 6ª Turma, RHC 10.049/CE, Rel. Min. Vicente 
Leal, j. 06/12/2001, DJ 18/02/2002 p. 494). 
3. SISTEMA NACIONAL DE PREVENÇÃO E COMBATE À TORTURA 
A Lei 12.847/2013 instituiu o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, criou o 
Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura e o Mecanismo Nacional de Prevenção e 
Combate à Tortura. 
Art. 1º Fica instituído o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura- 
SNPCT, com o objetivo de fortalecer a prevenção e o combate à tortura, por 
meio de articulação e atuação cooperativa de seus integrantes, dentre 
outras formas, permitindo as trocas de informações e o intercâmbio de 
boas práticas. 
 
Art. 2º O SNPCT será integrado por órgãos e entidades públicas e 
privadas com atribuições legais ou estatutárias de realizar o 
monitoramento, a supervisão e o controle de estabelecimentos e unidades 
onde se encontrem pessoas privadas de liberdade, ou de promover a defesa 
dos direitos e interesses dessas pessoas. 
 
Como exemplos de mecanismos de combate à tortura, pode-se citar a audiência de custódia 
e a fiscalização/visitas aos estabelecimentos prisionais. 
4. TEORIA DO CENÁRIO DA BOMBA RELÓGIO 
De origem norte-americana, está relacionada com o Direito Penal do inimigo e com a tortura. 
No cenário da bomba relógio, o terrorista já implantou a bomba e a polícia possui sua 
identificação, porém não se sabe a localização da bomba. Diante do silêncio do terrorista, o direito 
norte-americano autoriza a utilização de tortura, com o objetivo de evitar a explosão e, 
consequentemente, o dano a inúmeras pessoas. 
Diante disso, indaga-se: a proibição da tortura é absoluta ou relativa? 
Um primeiro entendimento, com base na CF, afirma que a proibição da tortura é absoluta. 
Contudo, há quem defenda, seguindo o modelo de outros países, que como a proibição da 
tortura é um direito fundamental, de modo que sua vedação é relativa, assim como os demais 
direitos fundamentais, a exemplo do direito à vida (admite-se a legítima defesa no Brasil), 
preservando-se, portanto, bens jurídicos de maior valor. 
Imagine que João, por vingança, sequestra o filho de seus ex-empregadores. A polícia, após 
a ligação de João solicitando o resgate, consegue localizá-lo em uma lanchonete. João nega-se a 
informar o local do cativeiro, sendo irônico com o Delegado, e afirma que não irá falar a localização. 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 7 
 
Diante disso, o Delegado passa a torturar João, filmando tudo, obtendo a localização do cativeiro. 
O Delegado será indiciado por tortura? A resposta dependerá do entendimento adotado. 
Obs.: em um concurso para Defensoria, recomenda-se adotar a 
proibição absoluta. Já em concurso para Delegado, sugere-se adotar 
a proibição relativa. 
Por fim, ressalta-se que o art. 2º, item 2, da Convenção Contra a Tortura e Outros 
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, promulgada pelo Decreto 40/1991, 
dispõe que: “em nenhum caso poderão invocar-se circunstâncias excepcionais tais como ameaça 
ou estado de guerra, instabilidade política interna ou qualquer outra emergência pública como 
justificação para a tortura”. 
5. COMPETÊNCIA 
Como regra, compete à Justiça Comum Federal ou Estadual. 
Ademais, aplica-se o art. 70, caput, do CPP, a competência fixada pelo local da consumação: 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se 
consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado 
o último ato de execução. 
 
Importante destacar que a depender da autoridade que praticou o crime de tortura, o 
processoe julgamento poderá ser de competência originária dos tribunais, quando praticado 
durante o exercício das funções e guardar relação ao exercício funcional. 
Por fim, até o advento da Lei 13.491/2017, a tortura, mesmo quando praticada por militar, 
não era julgada pela Justiça Militar, uma vez que não estava arrolada como crime militar. 
Atualmente, a conduta praticada pelo agente, para ser crime militar com base no inciso II do art. 9º 
do Código Penal Militar, pode estar prevista na legislação penal especial militar ou na legislação 
penal “comum”, de modo que eventual tortura será julgada pela Justiça Militar. 
6. PRESCRIÇÃO 
O Estatuto de Roma (Decreto 4.388/02), em seu art. 7º, prevê que a tortura é um crime 
contra a humanidade, quando cometida em ataque generalizado e sistemático, contra a população 
civil, sendo imprescritível (art. 29), conforme apontado abaixo: 
Art. 7º Crimes contra a Humanidade 
1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por "crime contra a 
humanidade", qualquer um dos atos seguintes, quando cometido no quadro 
de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, 
havendo conhecimento desse ataque: 
f) Tortura; 
Artigo 29 Imprescritibilidade 
Os crimes da competência do Tribunal não prescrevem. 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 8 
 
 
Em razão disso, surgiram 2 correntes acerca da imprescritibilidade dos crimes de tortura: 
1) 1ª Corrente: por conta da previsão do Estatuto de Roma, o crime de tortura é 
imprescritível. Fundamenta-se no princípio pro homine, em que havendo aparente 
contradição entre normas de direito interno e internacional, deve prevalecer aquela que 
maior protege os direitos humanos. 
É a corrente minoritária, adotada pelo doutrinador Rogério Greco. 
2) 2ª Corrente: o crime de tortura é prescritível. Em nenhum momento, a Constituição 
Federal consagrou a imprescritibilidade da tortura, prevendo apenas que é um crime 
inafiançável e insuscetível de graça ou anistia. Portanto, aplicam-se os prazos 
prescricionais do Código Penal. 
Trata-se da corrente majoritária, adotada pelos doutrinadores Eduardo Cabette e 
Francisco Sannini e, também, pelo STF, in verbis: 
STF – Extradição 1.278: (...) 2. Crimes de tortura, homicídio, sequestro 
qualificado e desaparecimento forçado de pessoas. 3. Atendimento dos 
requisitos formais. 4. Dupla tipicidade. Desaparecimento forçado de pessoas. 
Análise da dupla tipicidade com base no delito de sequestro. Entendimento 
adotado na EXT 974/Argentina. 5. Prescrição dos crimes de tortura e 
homicídio, segundo o ordenamento jurídico brasileiro. 6. Pedido de 
extradição deferido sob a condição de que o Estado requerente assuma, em 
caráter formal, o compromisso de comutar eventual pena de prisão perpétua 
em pena privativa de liberdade, com o prazo máximo de 30 anos. 7. 
Extraditando que responde a processo penal no Brasil por crime diverso 
daquele que versa o pedido de extradição. 8. Discricionariedade do Chefe do 
Poder Executivo para ordenar a extradição ainda que haja processo penal 
instaurado ou mesmo condenação no Brasil (art. 89 da Lei 6.815/1980). 9. 
Pedido de extradição deferido parcialmente (somente em relação aos crimes 
de sequestro). (STF - Ext: 1278 DF, Relator: Min. GILMAR MENDES, Data 
de Julgamento: 18/09/2012, Segunda Turma, Data de Publicação: 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-195 DIVULG 03-10-2012 PUBLIC 04-10-
2012). 
 
Salienta-se que as ações cíveis de indenização por tortura NÃO estão sujeitas à prescrição, 
conforme entendimento do STF: 
As ações indenizatórias por danos morais decorrentes de atos de 
tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são 
imprescritíveis. Inaplicabilidade do prazo prescricional do art. 1º do Decreto 
20.910/1932. Precedentes do STJ. O Brasil é signatário do Pacto 
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos das Nações Unidas – 
incorporado ao ordenamento jurídico pelo Decreto-Legislativo 226/1991, 
promulgado pelo Decreto 592/1992 –, que traz a garantia de que ninguém 
será submetido à tortura, nem a pena ou a tratamentos cruéis, desumanos 
ou degradantes, e prevê a proteção judicial para os casos de violação de 
direitos humanos. A Constituição da República não estipulou lapso 
prescricional à faculdade de agir, correspondente ao direito inalienável 
à dignidade. Agravo Regimental não provido. 4. Agravo regimental 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 9 
 
DESPROVIDO. (STF, 1ª Turma, RE 715.268 AgR/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, j. 
06/05/2014, DJe 98 22/05/2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DOS CRIMES 
 
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CS – TORTURA 2023.1 10 
 
1. OBSERVAÇÕES GERAIS 
 AÇÃO PENAL 
TODO crime de tortura é de ação penal pública incondicionada. 
 ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo. 
Não existe tortura culposa. 
 BEM JURÍDICO TUTELADO 
Tutela a integridade física e psíquica, bem como a dignidade da pessoa humana. 
2. TORTURA-PROBATÓRIA, TORTURA-CRIME E TORTURA-DISCRIMINATÓRIA 
 PREVISÃO LEGAL 
Estão previstas nas alíneas do art. 1º, I da Lei de Tortura, nos seguintes termos: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de 
terceira pessoa; → TORTURA-PROBATÓRIA 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; → TORTURA-
CRIME 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa. → TORTURA-
DISCRIMINATÓRIA 
 
 
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CS – TORTURA 2023.1 11 
 
 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Os 3 tipos de tortura protegem a incolumidade física da vítima em sentido amplo, ou seja, a 
integridade corporal, mental e a saúde da pessoa. 
Além disso, segundo Cleber Masson, tutelam garantias constitucionais e legais das pessoas 
em geral frente aos arbítrios cometidos por funcionários públicos e por particulares. 
 OBJETO MATERIAL 
O objeto material é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
Dito isso, nos 3 tipos de tortura do inciso I, do art. 1º, o objeto material é a pessoa física que 
suporta a tortura, seja ela probatória, crime ou discriminatória. 
 NÚCLEO DO TIPO 
O núcleo do tipo é nada mais do que o(s) verbo(s) do crime. No caso do inciso I, art. 1º, é 
CONSTRANGER. 
Por constranger entende-se a conduta de obrigar alguém a fazer algo contra a sua vontade, 
retirando a sua liberdade de autodeterminação. 
Para constranger a vítima, o agente se vale de alguns meios de execução, quais sejam: 
• Violência à pessoa: emprego de força física contra a vítima, mediante lesão corporal ou 
vias de fato. 
• Grave ameaça: promessa da realização de um mal grave (relevante, de grandes 
proporções), iminente (em vias de ocorrer) e verossímil (possível de ser concretizado). 
Como elemento normativo do tipo penal, tem-se a provocação de sofrimento físico (corporal) 
ou mental (psicológico) à pessoa. Assim, o agente constrange a vítima, mediante violência à pessoa 
ou grave ameaça, causando-lhe um sofrimento físico ou mental. 
TO
R
TU
R
A PROBATÓRIA: com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa 
CRIME: para provocar ação ou omissão de natureza criminosa
DISCRIMINATÓRIA: em razão de discriminação racial ou religiosa
 
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CS – TORTURA 2023.1 12 
 
Destaca-se que o sofrimento mental é aquele que se processa por meio de um estado de 
angústia e estresse infligido à vítima por outros meios que não a agressão física. 
Por outro lado, a ausência do sofrimento físico ou mental é causa de exclusão da tortura e, 
consequentemente, de reconhecimento de delito menos grave, a exemplo da lesão corporal, 
constrangimento ilegal, ameaça etc. 
Por fim, ressalta-se que no crime de tortura o legislador vinculousua ocorrência a três 
finalidades (alíneas “a”, “b” e “c”), o que provoca uma limitação do alcance da lei, bem como deixa 
outras hipóteses de tortura sem punição, a exemplo da pessoa que tortura por prazer ou sadismo. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(PC-PB - Delegado - CESPE - 2022): A configuração do crime de tortura 
exige a prática de violência. Errado. 
 
(PC-PB - Delegado - CESPE - 2022): Para a caracterização do delito de 
tortura, é necessário que a conduta criminosa se destine a atingir um fim 
específico, como a obtenção de informação, declaração ou confissão sobre 
determinado fato. Errado. 
 SUJEITO ATIVO 
Trata-se de crime comum ou geral, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Por isso, 
também é conhecida como crime jabuticaba, já que nos demais países, a tortura só pode ser 
praticada por funcionário público. 
Salienta-se que parcela da doutrina sustenta a inconvencionalidade do crime de tortura como 
crime comum. Entendem que seria obrigatoriamente um crime próprio de agentes públicos, com 
base no art. 1º.1 da Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos 
ou degradantes da ONU: 
Convenção contra a Tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, 
desumanos ou degradantes da ONU 
ARTIGO 1º 1. Para os fins da presente Convenção, o termo "tortura" designa 
qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são 
infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de uma 
terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou 
uma terceira pessoa tenha cometido, ou seja, suspeita de ter cometido; de 
intimidar ou coagir esta pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo 
baseado em discriminação de qualquer natureza; quando tais dores ou 
sofrimentos são infligidos por um funcionário público ou outra pessoa 
no exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu 
consentimento ou aquiescência. Não se considerará como tortura as dores 
ou sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções legítimas, 
ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. 
 
Contudo, quando o delito for cometido por agente público, haverá a incidência de uma causa 
de aumento da pena: 
Art. 1º, § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
I - se o crime é cometido por agente público. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 13 
 
 
Verifica-se o entendimento do STJ, que confirma como crime comum: 
1. O conceito de tortura, tomado a partir dos instrumentos de direito 
internacional, tem um viés estatal, implicando que o crime só poderia ser 
praticado por agente estatal (funcionário público) ou por um particular no 
exercício de função pública, consubstanciando, assim, crime próprio. 2. O 
legislador pátrio, ao tratar do tema na Lei n. 9.455/1997, foi além da 
concepção estabelecida nos instrumentos internacionais, na medida em que, 
ao menos no art. 1º, I, ampliou o conceito de tortura para além da 
violência perpetrada por servidor público ou por particular que lhe faça 
às vezes, dando ao tipo o tratamento de crime comum. 3. A adoção de 
uma concepção mais ampla do tipo, tal como estabelecida na Lei n. 
9.455/1997, encontra guarida na Convenção contra a Tortura e outros 
Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que ao tratar do 
conceito de tortura estabeleceu -, em seu art. 1º, II -, que: o presente artigo 
não será interpretado de maneira a restringir qualquer instrumento 
internacional ou legislação nacional que contenha ou possa conter 
dispositivos de alcance mais amplo; não há, pois, antinomia entre a 
concepção adotada no art. 1º, I, da Lei n. 9.455/1997 - tortura como crime 
comum - e aquela estatuída a partir do instrumento internacional 
referenciado. (...). (STJ, 6ª Turma, Resp 1.738.264/DF, Rel. Min. Sebastião 
Reis Júnior, j. 23/08/2018, DJe 14/09/2018). 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(PC-RR - Delegado - VUNESP - 2022): Somente o agente público pode ser 
autor de crime de tortura. Errado. 
 
(MPE-SE - Promotor de Justiça - CESPE - 2022): Qualquer indivíduo pode 
ser sujeito ativo dos crimes de tortura, já que todos eles são comuns. Errado. 
 
(PC-PB - Delegado - CESPE - 2022): Não se exige que o sujeito ativo da 
tortura seja agente público para a caracterização dessa infração penal. 
Correto. 
 
(MPE-SE - Promotor de Justiça - CESPE - 2022): Todos os crimes de tortura 
são próprios, por isso só agentes públicos serão considerados sujeitos ativos 
desses delitos. Errado. 
 
(DPE-GO - Defensor Público - FCC - 2021): O crime de tortura possui 
eficácia preventiva escassa, por restringir a autoria a agente público, e faz 
com que o Brasil descumpra suas obrigações internacionalmente acordadas. 
Errado. 
 SUJEITO PASSIVO 
A Lei de Tortura refere-se a “alguém”, de modo que este alguém será qualquer pessoa física. 
Ademais, o sujeito passivo pode ser a pessoa contra quem se dirige a violência ou a grave 
ameaça, bem como qualquer outra pessoa prejudicada pela conduta criminosa. Assim, é 
 
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CS – TORTURA 2023.1 14 
 
perfeitamente possível a unidade do crime de tortura com a pluralidade de vítimas. Ex.: torturar o 
filho para que o pai confesse o crime. 
 ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo acrescido do especial fim de agir de cada uma das alíneas (finalidade específica). 
Segundo Cleber Masson, há uma limitação indevida da aplicabilidade dos tipos penais 
previstos na Lei 9.455/1997. Ex.: excesso de maldade e sadismo não irão incorrer no crime de 
tortura. 
2.7.1. Tortura-probatória 
É também chamada de tortura persecutória, tortura prova, tortura-confissão, tortura 
institucional ou tortura inquisitorial. 
A finalidade específica da tortura probatória é a obtenção de informação, declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira pessoa, pouco importa a natureza do fato (penal, comercial ou 
pessoal). 
Conforme já mencionado, está prevista na alínea “a” do inciso I do art. 1º: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou 
de terceira pessoa. 
 
Segundo Masson, é a tortura que ainda está presente no dia a dia policial. Obviamente, 
trata-se de prova ilícita, devendo ser desentranhada dos autos, segundo disposto no inciso LVI do 
art. 5º da Constituição Federal: 
Art. 5º, LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios 
ilícitos. 
 
Salienta-se, ainda, que o art. 1º, I, “a” da Lei de Tortura não se confunde com o art. 13, III da 
Lei de Abuso de Autoridade, que possui a seguinte redação legal: 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça 
ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena 
cominada à violência. 
 
Para melhor visualização das diferenças entre os tipos penais, elaborou-se o quadro 
comparativo abaixo: 
 
 
 
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CS – TORTURA 2023.1 15 
 
ABUSO DE AUTORIDADE 
(art. 13, III) 
TORTURA -CONFISSÃO 
(art. 1º, I, a) 
Crime próprio, nos termos do art. 2º, ou 
seja, praticado por agente público. 
Crime comum (pode ser praticado por 
qualquer pessoa). 
Praticado com violência, grave ameaça 
ou violência imprópria (retira a 
capacidade de resistência da vítima). 
Praticado com violência ou grave 
ameaça. 
Não há necessidade de produzir 
sofrimento físico ou mental. 
Necessário que o resultado cause 
sofrimento físico ou mental. 
Deve estar presente o especial fim de 
agir de prejudicar outrem ou beneficiar a 
si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por 
mero capricho ou satisfação pessoal. 
Deve estar presente o especial fim de 
obter informação,declaração ou 
confissão da vítima ou de terceira 
pessoa. 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-SE - Promotor de Justiça - CESPE - 2022): O crime de tortura-prova 
é próprio, só podendo ser configurado se praticado por funcionário público no 
exercício do cargo. Errado. 
2.7.2. Tortura-crime 
Na tortura-crime a finalidade é provocar ação ou omissão de natureza criminosa, ou seja, 
através da tortura obriga-se alguém a praticar um crime. 
Ressalta-se que não haverá tortura quando a prática for de contravenção penal. 
Relembre-se a previsão legal da tortura-crime: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa. 
 
Obs.: a coação moral irresistível, prevista no art. 22 do CP, exclui a 
culpabilidade, considerando que se retira do agente a exigibilidade de 
conduta diversa. 
Nessa conduta, há 3 pessoas envolvidas: o COATOR, o COAGIDO e 
a VÍTIMA do crime. 
Assim, frisa-se que não há concurso de pessoas, de modo que 
somente o coator responderá pelo crime praticado pelo coagido e, no 
que se refere ao presente tema, responderá por tortura. O coagido, 
por outro lado, ficará isento de pena. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 16 
 
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência 
a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o 
autor da coação ou da ordem. 
2.7.3. Tortura-discriminatória 
Na tortura-discriminatória, a finalidade específica é a discriminação racial ou religiosa, de 
acordo com o disposto na alínea “c” do inciso I do art. 1º: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa. 
 
Aqui, ao que parece, a lei não reclama a prática de nenhuma conduta por parte da vítima. 
Contudo, segundo o doutrinador Cleber Masson, o dispositivo foi mal redigido, tendo em vista que 
se exige uma ação ou omissão da vítima, em virtude da discriminação racial ou religiosa. Ex.: vítima 
que deixa de entrar em determinado restaurante porque é ameaçada por conta de sua cor ou de 
sua crença religiosa. 
O conceito de discriminação racial encontra-se no art. 1ª, parágrafo único, I, do Estatuto da 
Igualdade Racial (Lei 12.288/2010), in verbis: 
Art. 1°, I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, 
restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem 
nacional ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, 
gozo ou exercício, em igualdade de condições, de direitos humanos e 
liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou 
em qualquer outro campo da vida pública ou privada. 
 
Já discriminação religiosa é a discriminação em razão da crença (católico, umbandista, 
evangélico, espírita, budista, etc). 
Ressalta-se que este dispositivo NÃO engloba outras formas de discriminação, tais como 
ideológica e/ou política. 
Em relação à discriminação decorrente de homofobia e transfobia, na ADO 26/DF e no MI 
4.733/DF, o STF reconheceu a mora do Congresso Nacional em editar lei que criminalizasse tais 
atos. Determinou, também, até que seja colmatada essa lacuna legislativa, a aplicação da Lei 
7.716/89 (que define os crimes resultantes de preconceito ou de cor) às condutas de discriminação 
por orientação sexual ou identidade de gênero, com efeitos prospectivos e mediante subsunção. 
Por fim, quando ocorrer o crime de tortura discriminatória, estará caracterizado o concurso 
com algum delito da Lei 7.716/1989, que define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de 
cor. 
 CONSUMAÇÃO 
 
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CS – TORTURA 2023.1 17 
 
São crimes formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado. Ou seja, o tipo 
penal contém conduta e resultado naturalístico, mas dispensa a ocorrência deste para sua 
consumação. 
Segundo Cleber Masson, consumam-se no momento em que se inicia o constrangimento, 
com emprego de violência ou grave ameaça, apto a causar sofrimento físico ou mental à vítima, 
independentemente da obtenção da informação, declaração ou confissão almejadas (tortura-
probatória), da realização da ação ou omissão criminosa pelo torturado (tortura-crime) ou do 
comportamento em razão da discriminação racial ou religiosa (tortura-discriminatória). 
É perfeitamente possível a tentativa, trata-se de crime plurissubsistente. 
Ademais, é admissível a desistência voluntária quando o agente interromper 
voluntariamente sua conduta, antes que a vítima tenha algum sofrimento físico ou psíquico. Nesse 
caso, poderá subsistir a prática de crime de constrangimento ilegal. 
Frisa-se, contudo, que não é admissível no crime de tortura o arrependimento eficaz. 
 MATERIALIDADE 
O exame de corpo de delito, havendo vestígios, deve ser realizado. Contudo, não havendo 
vestígios não é obrigatório, utiliza-se prova testemunhal, documental, a fim de suprir a ausência. 
Nesse sentido, o entendimento do STJ: 
O crime previsto no artigo 1º, inciso I, letra a, da Lei 9.455/1997 pressupõe o 
suplício físico ou mental da vítima, não se podendo olvidar que a tortura 
psicológica não deixa vestígios, não podendo, consequentemente, ser 
comprovada por meio de laudo pericial, motivo pelo qual a materialidade 
delitiva depende da análise de todo o conjunto fático-probatório 
constante dos autos, principalmente do depoimento da vítima e de 
eventuais testemunhas. Precedentes. (...). (STJ, 5ª Turma, HC 214.770/DF, 
Rel. Min. Jorge Mussi, j. 01/12/2011, DJe 19/12/2011). 
 LEI 9.099/95 
Aos crimes de máximo potencial ofensivo, a CF exigiu um tratamento mais severo. Por isso, 
os crimes de tortura são incompatíveis com os institutos da Lei 9.099/95. 
3. TORTURA-CASTIGO OU TORTURA-PUNIÇÃO 
 PREVISÃO LEGAL 
Está prevista no art. 1º, II da Lei de Tortura: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
 
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CS – TORTURA 2023.1 18 
 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de 
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma 
de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Protege-se a incolumidade física e mental das pessoas sob guarda, poder ou autoridade do 
agente, submetida a castigo pessoas ou caráter preventivo. 
 OBJETO MATERIAL 
É a pessoa castigada, sobre a qual recai a conduta criminosa. 
 NÚCLEO DO TIPO 
O núcleo do tipo é “submeter”, ou seja, sujeitar alguém a determinado comportamento, 
minando sua resistência. O agente se vale, mais uma vez, de violência à pessoa ou de grave 
ameaça (meios de execução). 
A doutrina é unânime em afirmar que a expressão “intenso” sofrimento físico e mental é 
quase impossível de ser mensurada. É muito subjetiva, ainda mais em relação ao sofrimento mental. 
Por fim, destaca-se que a finalidade do agente é aplicar castigo pessoal (ação repressiva) 
ou medida de caráter preventivo. Essas duas hipóteses são indicativas de correção e disciplina a 
cargo de quem tem a obrigação ou o dever de vigilância, guarda ou autoridade sobre a vítima. 
 SUJEITO ATIVO 
Trata-se de crime próprio ou especial, tendo em vista que somente pode ser autor desse 
crime quem tiver a guarda da vítima ou exercer sobre ela alguma espécie de poder ou autoridade, 
ainda que de forma momentânea. 
Nesse liame, definiu o STJ que: 
O crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997 (tortura-
castigo), ao contrário da figura típica do inciso anterior, não pode ser 
perpetrado por qualquer pessoa, na medida em que exige atributos 
específicos do agente ativo, somente cometendo essa forma de tortura 
quem detiver outra pessoasob sua guarda, poder ou autoridade (crime 
próprio). A expressão guarda, poder ou autoridade denota um vínculo 
preexistente, de natureza pública, entre o agente ativo e o agente passivo do 
crime. Logo, o delito até pode ser perpetrado por um particular, mas ele deve 
ocupar posição de garante (obrigação de cuidado, proteção ou vigilância) 
com relação à vítima, seja em virtude da lei ou de outra relação jurídica. 
(...).Ampliar a abrangência da norma, de forma a admitir que o crime possa 
ser perpetrado por particular que não ocupe a posição de garante, seja em 
decorrência da lei ou de prévia relação jurídica, implicaria uma interpretação 
desarrazoada e desproporcional, também não consentânea com os 
 
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CS – TORTURA 2023.1 19 
 
instrumentos internacionais que versam sobre o tema. No caso, embora a 
vítima estivesse subjugada de fato, ou seja, sob poder dos recorridos, 
inexistia uma prévia relação jurídica apta a firmar a posição de garante dos 
autores com relação à vítima, circunstância que obsta a tipificação da conduta 
como crime de tortura, na forma do art. 1º, II, da Lei n. 9.455/1997. (STJ, 6ª 
Turma, Resp 1.738.264/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 23/08/2018, 
DJe 14/09/2018). 
 
Cita-se, como exemplo, o pai contra o filho; tutor contra tutelado; professor em relação ao 
aluno. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-SE - Promotor de Justiça - CESPE - 2022): O crime de tortura-castigo 
é próprio, devendo o agente exercer guarda, poder ou autoridade sobre a 
vítima. Correto. 
 SUJEITO PASSIVO 
O tipo penal reclama um sujeito passivo qualificado. Por isso, a tortura castigo é considerada 
um crime bipróprio, cujos sujeito ativo e sujeito passivo exigem qualidade especial. 
Refere-se à pessoa que está sob guarda, poder ou autoridade exercida pelo sujeito ativo, 
mesmo que de fato e em caráter momentâneo, a exemplo do filho, do interdito, do preso e do aluno. 
Obs.: é possível a tortura no âmbito do matrimônio (ou da união 
estável)? Não, de acordo com interpretação do artigo 226, § 5º da 
Constituição Federal abaixo colacionado: 
Art. 226, § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são 
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 
 
Contudo, destaca-se que há uma exceção, podendo ser vislumbrada na hipótese em que há 
submissão da vítima, pelo agente, ao seu poder de fato, não por força da questão de gênero ou do 
matrimônio (ou união estável). Ex.: marido que castiga a mulher porque ela zombou do seu time de 
futebol. 
 ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, mas também se reclama um elemento subjetivo específico, qual seja, “como forma 
de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo”. 
Representa, portanto, o animus corrigendi. 
 CONSUMAÇÃO 
Trata-se de crime material ou causal (depende de resultado naturalístico), consuma-se no 
instante em que a pessoa sob guarda, poder ou autoridade é submetida, com emprego de violência 
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou 
medida de caráter preventivo. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 20 
 
 TENTATIVA 
Considerando que é um crime plurissubsistente, de modo que a conduta é composta de 
vários atos e, portanto, pode ser fracionada, é possível a tentativa. 
 DISTINÇÃO EM RELAÇÃO AOS CRIMES DE MAUS TRATOS 
O art. 136 do Código Penal prevê o crime de maus tratos. Assim segue: 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, 
quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-
a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção 
ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (catorze) anos. 
 
Assim, para visualizar a distinção entre os delitos, tem-se o seguinte quadro comparativo: 
 
 MAUS TRATOS TORTURA-CASTIGO 
TIPO OBJETIVO 
A própria lei especifica a 
conduta. Portanto, trata-se de 
crime de forma vinculada. 
Crime de forma livre, uma vez 
que o legislador não descreve 
como será praticada. 
DOLO DE 
PERIGO/DOLO DE 
DANO 
Trata-se de crime de perigo. 
Trata-se de crime de dano, ou 
seja, exige um efetivo dano ao 
sujeito passivo. 
ESPECIAL FIM DE 
AGIR 
Fins de educação, ensino, 
tratamento ou custódia. 
Não exige especial fim de agir. 
 
Vislumbra-se o entendimento do STJ acerca do assunto: 
Para que se configure o delito de maus tratos é necessária a demonstração 
de que os castigos infligidos tenham de pôr fim a educação, o ensino, o 
tratamento ou a custódia do sujeito passivo, circunstâncias que não se 
evidenciam na hipótese. Precedente desta Corte. 2. A conduta verificada nos 
autos encontra melhor adequação típica na descrição feita pelo art. 1o., II da 
Lei 9.455/97 - tortura, o que não exclui a possibilidade de outra definição do 
fato se verificado, depois de realizada mais aprofundada cognição probatória, 
serem outras as circunstâncias delitivas. (...). (STJ, 3ª Seção, CC 
102.833/MG, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, j. 26/08/2009, DJe 
10/09/2009). 
 
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CS – TORTURA 2023.1 21 
 
 LEI 9.099/95 
Crime de máximo potencial ofensivo. Portanto, incompatível com os benefícios da Lei 
9099/1995. 
Não cabe transação penal, suspensão condicional do processo, rito sumaríssimo. 
4. TORTURA DE PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A MEDIDA DE SEGURANÇA 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES 
Está previsto no art. 1º, § 1º da Lei de Tortura: 
Art. 1º, § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita 
a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da 
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
 
Infere-se que o preso está cerceado de inúmeros direitos e, destarte, é incabível a tortura. 
Perceba que o tipo penal não faz referência à violência à pessoa ou grave ameaça. 
A LEP, em seu art. 3º, garante ao preso e ao internado todos os direitos que não forem 
atingidos pela sentença, visto que o preso suporta a perda temporária do direito à liberdade. 
Há perda temporária do direito à liberdade “versus” o respeito à integridade física e moral 
(art. 40 da LEP), o direito fundamental à saúde (art. 14 da LEP) e vários outros (art. 41 da LEP). 
 OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Protege-se a incolumidade física e mental dos presos e das pessoas sujeitas a medida de 
segurança. 
 OBJETO MATERIAL 
É o preso ou pessoa submetida a medida de segurança atingida pela conduta criminosa. 
 NÚCLEO DO TIPO 
Novamente, utiliza-se o verbo “submeter”. É uma figura equiparada ao caput, mas possui 
autonomia em relação ao delito do caput. 
“Submeter” é sujeitar alguém, forçosamente, a determinado comportamento. Por exemplo, 
obrigar o preso a ingressar em cela escura, solitária ou em regime disciplinar diferenciado, sem 
ordem judicial. 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 22 
 
O tipo penal possui elemento normativo, já que a conduta criminosa recai sobre a pessoa 
presa ou sujeita a medida de segurança (internação em hospital de custódia de tratamento 
psiquiátrico ou tratamento ambulatorial). 
Pode ser qualquer tipo de prisão, bastando que seja lícita (uma vez que a prisão ilícita 
EXCLUI esse crime): 
• Civil: pelo inadimplemento do pagamento de alimentos; 
• Criminal: pelo cometimento de um crime; 
• Definitiva: condenação com trânsito em julgado; 
• Provisória: condenação sem trânsito em julgado. 
Imagine, por exemplo, que policiais façam a detenção ilegal de uma pessoa, simplesmente 
em razão de seu “estereótipo criminoso”e, dentro da viatura, resolvem castigá-la com choques. Por 
qual crime eles respondem? Como a prisão é ilegal, responderão pelo art. 1º, II da Lei de Tortura, 
e não pelo art. 1º, § 1º. Os policiais valeram-se da autoridade de seus cargos para deter a pessoa 
e castigá-la. Não houve prisão propriamente dita, e sim uma restrição ilegal da liberdade. 
Frisa-se que no presente delito não há emprego de violência ou grave ameaça. A submissão 
da vítima ao sofrimento físico ou mental ocorre “por intermédio da prática de ato não previsto em lei 
ou não resultante de medida legal”. 
Nesse liame, tem-se que ato não previsto em lei pode ser qualquer ação ou omissão 
constrangedora e contrária à legislação em geral. Ex.: deixar o preso em cela escura e 
extremamente fria. 
Por outro lado, ato não resultante de medida legal é toda ação ou omissão abusiva, porque 
desvinculada de fundamento legal. Ex.: sanção disciplinar de isolamento do preso na própria cela, 
sem ato motivado do diretor do estabelecimento prisional (art. 53, inciso IV, da LEP). 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(DPE-PR - Defensor Público - INSTITUTO AOCP - 2022): Não caracteriza 
o crime de tortura a conduta do carcereiro que constrange o preso, mediante 
grave ameaça, a submeter-se à situação vexatória não autorizada em lei. 
Correto. 
 SUJEITO ATIVO 
Em relação ao sujeito ativo, há 2 correntes: 
1) 1ª Corrente: trata-se de crime próprio ou especial, pois o tipo penal pressupõe que tenha 
o autor poder sobre a pessoa presa ou submetida a medida de segurança. A conduta 
somente pode ser cometida por agente público. 
2) 2ª Corrente: o crime é comum ou geral, embora normalmente seja praticado pelo 
funcionário público. Ex.: um preso (ou grupo de presos) submete outro detento, 
integrante de facção rival, a sofrimento físico e mental, como na hipótese em que o 
ofendido é mantido trancafiado no interior da rede de esgoto da penitenciária. 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 23 
 
 SUJEITO PASSIVO 
Somente o preso ou a pessoa sujeita a medida de segurança. 
Obs.: os adolescentes são submetidos a medidas socioeducativas. 
Não há, tecnicamente falando, prisão. 
 ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, sem qualquer finalidade específica. 
Nesse sentido, há o seguinte entendimento do STJ: 
PENAL. RECURSO ESPECIAL. CRIME DE TORTURA. ART. 1º, § 1º DA LEI 
Nº 9.455/97. REVALORAÇÃO DO CONJUNTO PROBATÓRIO. 
POSSIBILIDADE. TIPO QUE NÃO EXIGE ESPECIAL FIM DE AGIR. 
SOFRIMENTO FÍSICO INTENSO IMPOSTO À VÍTIMA (PRESO). 
RESTABELECIMENTO DA CONDENAÇÃO. I - A revaloração da prova ou de 
dados explicitamente admitidos e delineados no decisório recorrido, quando 
suficientes para a solução da quaestio, não implica o vedado reexame do 
material de conhecimento (Precedentes). II - Consta no v. acórdão 
vergastado que a vítima foi agredida por policial civil enquanto se encontrava 
presa. Dessas agressões resultaram lesões graves conforme atestado por 
laudo pericial. A vítima, dessa forma, foi submetida a intenso sofrimento 
físico. Em tal contexto, não há como afastar-se a figura típica referente à 
tortura prevista no art.1º, § 1º da Lei nº 9.455/97. III - Referida modalidade 
de tortura, ao contrário das demais, não exige, para seu 
aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando, 
portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta 
descrita no tipo objetivo. IV - O Estado Democrático de Direito repudia o 
tratamento cruel dispensado pelo seus agentes a qualquer pessoa, inclusive 
aos presos. Impende assinalar, neste ponto, o que estabelece a Lex 
Fundamentalis, no art. 5º, inciso XLIX, segundo o qual os presos conservam, 
mesmo em tal condição, o direito à intangibilidade de sua integridade física e 
moral. Desse modo, é inaceitável a imposição de castigos corporais aos 
detentos, em qualquer circunstância, sob pena de censurável violação aos 
direitos fundamentais da pessoa humana. Recurso especial provido. (REsp 
856.706/AC, Rel. Ministra LAURITA VAZ, Rel. p/ Acórdão Ministro FELIX 
FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 06/05/2010, DJe 28/06/2010). 
 CONSUMAÇÃO 
Trata-se de crime material ou causal, consumando-se no instante em que a vítima é 
submetida a sofrimento físico ou mental. 
 TENTATIVA 
Por ser crime plurissubsistente, admite a tentativa. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 24 
 
 LEI 9.099/95 
Trata-se de crime de máximo potencial ofensivo, razão pela qual não se aplicam os 
benefícios da Lei 9.099/95. 
Também é um crime equiparado a hediondo. 
5. OMISSÃO NA APURAÇÃO DA TORTURA 
 PREVISÃO LEGAL E CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Também é chamado de tortura imprópria ou tortura anômala. 
NÃO é crime equiparado a hediondo. 
Está previsto no § 2º do art. 1º da Lei de Tortura: 
Art. 1º, § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o 
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro 
anos. 
 
 NÃO-EVITAÇÃO DA PRÁTICA DE QUALQUER DAS MODALIDADES DE TORTURA 
Está prevista na primeira parte do art. 1º, § 2º, da Lei de Tortura. 
Imagine, por exemplo, que um Delegado de Polícia escuta que os policiais estão torturando 
um preso na cela da delegacia. O Delegado possui a obrigação de evitar a ocorrência, de modo que 
se não fizer nada, irá responder por tortura omissão. 
Salienta-se que o tipo penal do art. 1º, § 2º funciona como norma especial em relação ao 
art. 13, § 2º, do CP, já que o garantidor terá uma pena mais branda, conforme apontado abaixo: 
Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e 
podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
 
O dever de evitação é aplicável àquele que tinha o dever de evitar, podia evitar e se omitiu. 
 NÃO-APURAÇÃO DA PRÁTICA DE QUALQUER DAS MODALIDADES DE TORTURA 
Prevista no art. 1º, § 2º, in fine, da Lei de Tortura. 
Aqui, não há um ato de tortura propriamente dito, eis que o agente se omite quanto à 
apuração de um crime de tortura já praticado. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 25 
 
Trata-se do dever de apuração àquele que tinha o dever de apurar, podia apurar e não 
apurou, respondendo pelo crime do art. 1º, § 2º da Lei de Tortura. 
Frisa-se que o § 2º do art. 1º da Lei de Tortura contém um equívoco, uma vez que tipifica 
como crime menos grave a conduta de quem tem o dever de evitar a tortura e deixa de fazê-lo. Ora, 
nos termos do art. 13, § 2º, do Código Penal, responde pelo resultado, na condição de partícipe, 
aquele que deve e pode agir para evitá-lo e não o faz. 
Por consequência, quando uma pessoa tortura a vítima para obter dela uma confissão, e 
outra, que podia e devia evitar tal resultado, se omite, ambas respondem pelo crime de tortura do 
art. 1º, I, a, da Lei 9.455/97 (que é delito mais grave), e não por este crime descrito no § 2º. Essa 
solução atende ao preceito constitucional que estabelece que também responde pela tortura aquele 
que, podendo evitar o resultado, deixa de fazê-lo (art. 5º, XLIII, da CF). 
Dessa forma, o § 2º da Lei 9.455/97 somente será aplicável àquele que tem o dever jurídico 
de apurar a conduta delituosa e não o faz. Como tal dever jurídico incumbe às autoridades policiais 
e seus agentes, torna-se evidente a impossibilidade de aplicação do aumento do § 4º, I, da Lei 
(crime cometido por agente público), já que isso constituiria bis in idem. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(PC-PB - Delegado - CESPE - 2022): O agente que se omite em face das 
condutas previstas na Lei dos Crimes de Tortura quando tinha o dever de 
apurá-las incorre nas mesmas penas previstas para os crimes nela descritos. 
Errado. 
 OBJETIVIDADE JURÍDICAProtege-se a Administração da Justiça, uma vez que seus interesses não se compactuam 
com o comportamento do funcionário público que não cumpre com seus deveres, ao se omitir diante 
de um fato bárbaro, nada obstante tenha o dever de agir. 
 OBJETO MATERIAL 
É a pessoa torturada. 
 NÚCLEO DO TIPO 
O verbo é “omitir”, que significa a abstenção do agente público frente à atuação que lhe 
competia em razão da sua posição funcional. 
Trata-se de um crime omissivo próprio ou puro, eis que a omissão está descrita no próprio 
tipo penal. Além disso, é crime acessório (de fusão ou parasitário), pois não existe de forma 
isolada no mundo jurídico, depende da prática de um crime anterior. Ex.: houve um crime de tortura 
e o funcionário público que tinha o dever de apurá-lo se omitiu. 
Destaca-se que o dever de apurar não se confunde com o dever de instaurar procedimento 
investigatório, pois o dever de apuração é mais abrangente do que o dever de simplesmente 
instaurar um procedimento investigatório. É deixar de adotar as medidas para movimentar o 
inquérito judicial. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 26 
 
Por outro lado, o dever de instaurar procedimento investigatório resume-se na coleta de 
dados para a apuração do delito. 
 SUJEITO ATIVO 
É crime próprio ou especial, qualquer funcionário público que, tendo o dever jurídico de 
apurar a prática da tortura, em qualquer de suas modalidades (art. 1º, inc. I, “a”, “b”, “c”, inc. II, e § 
1º, da Lei 9.455/1997), queda-se inerte. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(MPE-SE - Promotor de Justiça - CESPE - 2022): A tortura-omissão é crime 
comum, razão por que é irrelevante a função pública do agente. Errado. 
 
(DPE-GO - Defensor Público - FCC - 2021): O crime de tortura pode ser 
praticado por omissão daquele que tem o dever de apurar a conduta de quem 
submete pessoa presa a sofrimento físico ou mental, por intermédio da 
prática de ato não previsto em lei, e não o faz. Correto. 
 SUJEITO PASSIVO 
É o Estado, a quem incumbe o dever de investigar e punir a tortura, conforme preleciona a 
Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, 
de 1984. 
Trata-se, ainda, de crime contra a Administração da Justiça. 
 ELEMENTO SUBJETIVO 
É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. 
Não se admite a modalidade culposa. 
 CONSUMAÇÃO 
É crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado, consumando-se com a 
inércia dolosa no tocante à apuração da tortura, e não exige a produção de qualquer resultado 
naturalístico. 
 TENTATIVA 
É crime omissivo próprio (puro), por isso não admite tentativa. 
Outrossim, é crime unissubsistente, não há como fracionar a conduta. 
 LEI 9.099/95 
 
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CS – TORTURA 2023.1 27 
 
É um crime de médio potencial ofensivo, portanto, cabe a suspensão condicional do 
processo, se presentes todos os requisitos do art. 89 da Lei 9.099/1995. 
 CONFRONTO COM O CRIME DE PREVARICAÇÃO 
O crime de prevaricação, previsto no art. 319 do CP, é de omissão geral: 
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou 
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou 
sentimento pessoal. 
 
Ao passo que no delito de prevaricação o ato é praticado para alcançar interesse ou 
sentimento pessoal, no crime de tortura por omissão, o ato praticado não tem fim específico, 
bastando que seja evidenciado o dolo. 
6. FIGURA QUALIFICADA 
Estão previstas no art. 1º, § 3º da Lei de Tortura: 
Art. 1º, § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena 
é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a 
dezesseis anos. 
 
A morte, a lesão corporal de natureza gravíssima e a lesão corporal de natureza grave 
qualificam a tortura, pois são produzidas a título de culpa (crime preterdoloso). Por outro lado, a 
lesão corporal de natureza leve é absorvida pela tortura, pois não há previsão legal e a violência é 
meio de execução da tortura. 
Havendo dolo no resultado agravador, ou seja, no tocante a lesão grave ou gravíssima e na 
morte, o agente responderá por concurso entre tortura e homicídio ou entre tortura e lesão. 
Ressalta-se que as qualificadoras não se aplicam ao crime de omissão na apuração de 
tortura. Primeiro, em razão da falta de proporcionalidade e, segundo, porque não há tortura 
propriamente dita. 
Obs.: o doutrinador Renato Brasileiro entende que a penalidade 
aplicada no § 3º do art. 1º se aplica a todas as modalidades de tortura, 
levando-se em consideração que a lei não as restringiu. 
Por fim, a tortura qualificada pela morte não se confunde com o homicídio qualificado pelo 
emprego de tortura, em que há o animus necandi. 
7. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA 
Estão previstas nos incisos do § 4º do art. 1º. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 28 
 
Salienta-se, a priori, que podem elevar a pena acima do máximo legal e incidem na terceira 
fase da dosimetria da pena. 
 CRIME COMETIDO POR AGENTE PÚBLICO 
A pena será aumentada de um 1/6 até um 1/3 quando for praticada por agente público 
(conceito está no art. 324 do CP). 
Exige-se nexo de causalidade entre a posição funcional do agente e o crime de tortura. 
O crime pode ser praticado no exercício da função ou em razão dela. 
 CRIME COMETIDO CONTRA CRIANÇA, GESTANTE, PORTADOR DE DEFICIÊNCIA, 
ADOLESCENTE OU MAIOR DE 60 ANOS 
Para incidir a majorante, o agente deve conhecer essa peculiar característica da vítima. 
Baseia-se, portanto, na: 
1) Fragilidade da vítima; 
2) Facilidade encontrada pelo agente para cometer o delito; 
3) Indiscutível covardia do agente. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(DPE-SE - Defensor Público - CESPE - 2022): A conduta de submeter uma 
vítima com 61 anos de idade, sob seu poder, com emprego de violência, a 
intenso sofrimento físico, como forma de aplicar castigo pessoal constitui 
crime de tortura com causa de aumento de pena. Correto. 
 SE O CRIME É COMETIDO MEDIANTE SEQUESTRO 
O sequestro é privação da liberdade por tempo juridicamente relevante. 
Aqui, tem-se a privação da liberdade como modo de execução da tortura, ou seja, utiliza-se 
o sequestro para submeter a vítima a sofrimento físico ou mental. 
A privação da liberdade deve ser o modo de execução da tortura para que incida essa 
majorante. Quando a privação da liberdade se limita ao tempo necessário à realização da tortura, 
não incide a majorante. 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(DPE-GO - Defensor Público - FCC - 2021): O crime de tortura enseja o 
reconhecimento do concurso material de crimes, se cometido mediante 
sequestro. Errado. 
8. EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
 
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CS – TORTURA 2023.1 29 
 
Previsto no art. 1º, § 5º da Lei de Tortura, assim segue: 
Art. 1º, § 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego 
público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena 
aplicada. 
 
Ressalta-se que não basta a perda do cargo, o agente deverá ficar impedido de realizar a 
função pelo dobro do tempo da pena. 
Somente após reabilitação poderá prestar novo concurso para a função. Ademais, os efeitos 
da condenação só serão aplicados após o trânsito em julgado da condenação. 
A finalidade da perda do cargo é extirpar da Administração Pública aquele que revelou 
inidoneidade moral e grave desvio ético para o exercício da função pública, demonstrando-se, de 
forma inequívoca, que o agente público violou seus deveres funcionais de uma tal forma que o 
Estado e a sociedade não podem mais confiar em seus serviços. 
De acordo com a maioria da doutrina, a interdição é impossibilidade de ocupação de 
qualquer cargo público (em sentido amplo), com efeitos futuros, pelo dobro do prazo da pena 
aplicada. 
Os efeitos extrapenais automáticos não precisam ser declaradosna sentença condenatória 
e independem da quantidade de pena cominada ou aplicada. Diferentemente do que ocorre no 
Código Penal, em que o efeito não é automático. Trata-se de norma especial em relação ao que é 
previsto no CP. 
Por fim, salienta-se que os efeitos da condenação alcançam os crimes de tortura praticados 
por policiais militares, de acordo com entendimento jurisprudencial do STF e STJ: 
SEGUNDO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
COM AGRAVO. PENAL E PROCESSUAL PENAL. CRIME DE TORTURA. 
POLICIAIS MILITARES. PERDA DO POSTO E DA PATENTE COMO 
CONSEQUÊNCIA DA CONDENAÇÃO. APLICABILIDADE DO ARTIGO 1º, § 
5º, DA LEI 9.455/1997. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ARTIGO 125, § 4º, DA 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. PRECEDENTE. 1. A 
condenação de policiais militares pela prática do crime de tortura, por ser 
crime comum, tem como efeito automático a perda do cargo, função ou 
emprego público, por força do disposto no artigo 1º, § 5º, da Lei 9.455/1997. 
É inaplicável a regra do artigo 125, § 4º, da Carta Magna, por não se tratar de 
crime militar. Precedentes. 2. In casu, o acórdão recorrido assentou: “PENAL 
E PROCESSUAL PENAL. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 
TORTURA. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS QUANTUM 
SATIS. CONDENAÇÃO DOS APELADOS QUE SE IMPÕE. PRESCRIÇÃO 
DA PRETENSÃO PUNITIVA, MODALIDADE RETROATIVA, ARTIGO 109, 
INCISO V, C/C ARTIGO 110, AMBOS DO CÓDIGO PENAL, EM RELAÇÃO 
AOS APELANTES ANTÔNIO MARCOS DE FRANÇA E ELENILSON NUNES 
DA SILVA. CONHECIMENTO E PROVIMENTO PARCIAL DO RECURSO.” 
3. Agravo regimental DESPROVIDO. (STF, ARE 799102 AgR-segundo, 
Relator(a): Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 09/12/2014, 
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-026 DIVULG 06-02-2015 PUBLIC 09-02-
2015). 
 
 
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CS – TORTURA 2023.1 30 
 
(...) 3. O art. 1°, $ 5°, da Lei 9.455/1997, estabelece a aplicação da perda do 
cargo, função ou emprego público como efeito automático da condenação 
pelo crime de tortura, prevalecendo esta regra especial sobre a geral prevista 
no art. 92, L, do Código Penal. (...) Diante de todo o exposto, a decisão 
monocrática recorrida está em consonância com a jurisprudência desta Corte 
Superior e do próprio STF, devendo ser mantido, por conseguinte, o 
restabelecimento do acórdão proferido pela Terceira Câmara Criminal no 
julgamento na data de 4/3/2015, condenando o acusado, também, à perda 
do cargo público. (...). (STJ, Agravo em REsp n° 1131443 – MT. Min. Rel. 
Jorge Mussi. 28 de abril de 2022). 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(PC-PB - Delegado - CESPE - 2022): A perda do cargo público não é efeito 
automático da sentença que condena o servidor público pela prática do crime 
de tortura. Errado. 
 
(PC-RR - Delegado - VUNESP - 2022): A condenação acarretará a perda do 
cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo triplo 
do prazo da pena aplicada. Errado. 
9. VEDAÇÃO À LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA E (IM)POSSIBILIDADE DE 
CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA CUMULADA COM AS 
MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃO 
A Lei de Tortura, no art. 1º, § 6º, prevê que a tortura é inafiançável, repetindo a previsão 
constitucional. Portanto, a tortura não admite liberdade provisória com fiança. 
Diante disso, indaga-se: admite-se liberdade provisória sem fiança? Durante muitos anos, 
prevaleceu o entendimento que não caberia liberdade provisória sem fiança. Atualmente, este 
entendimento está superado, considerando que o legislador não pode limitar a concessão em 
abstrato para determinados delitos, mesmo que sejam hediondos ou equiparados. Portanto, admite-
se liberdade provisória sem fiança. 
Em razão disso, a doutrina sustenta que a concessão de liberdade provisória sem fiança 
para crimes hediondos e equiparados deve ser cumulada com aplicação das medidas cautelares 
diversas da prisão, sob pena de tratamento mais benéfico a um crime mais grave. 
10. (DES)NECESSIDADE DE DEFESA PRELIMINAR NOS PROCEDIMENTOS PENAIS 
REFERENTES AO CRIME DE TORTURA 
A defesa preliminar é a manifestação defensiva antes do recebimento da peça acusatória, 
ou seja, espécie de contraditório prévio ao juízo de admissibilidade da peça acusatória. 
Está prevista em alguns procedimentos especiais, a exemplo do art. 514 do CPP: 
Art. 514. Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida 
forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para 
responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias. 
 
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CS – TORTURA 2023.1 31 
 
Parágrafo único. Se não for conhecida a residência do acusado, ou este se 
achar fora da jurisdição do juiz, ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá 
apresentar a resposta preliminar. 
 
Destaca-se, todavia, que o art. 514 do CPP não se aplica aos crimes de tortura, tendo em 
vista que só se aplica aos crimes funcionais típicos, conforme precedente do STJ: 
O procedimento especial previsto no Capítulo II, do Título II, do Código de 
Processo Penal, apenas se aplica aos crimes próprios e impróprios previstos 
no Código Penal, não abarcando outros ilícitos comuns, ainda que a 
qualidade de funcionário público os qualifique ou caracterize causa de 
aumento de pena. 3. No caso, o paciente foi condenado pelos crimes 
descritos no art. 1º, inciso I, alínea a, c/c o § 4º, da Lei n.º 9.455/1997, e no 
art. 299 do Código Penal, situação que afasta a obrigatoriedade de 
oferecimento de resposta antes do recebimento da denúncia, nos termos do 
art. 514 do Código de Processo Penal. Precedentes. (...). (STJ, 5ª Turma, HC 
167.503/MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 21/05/2013, DJe 
29/05/2013). 
11. INSUSCETIBILIDADE DE GRAÇA, ANISTIA E INDULTO 
A Lei 8.072/90 prevê que para os crimes hediondos, tráfico, terrorismo e tortura não será 
possível a concessão de anistia, graça e indulto, nos seguintes termos: 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
I - anistia, graça e indulto. 
 
Por outro lado, a Lei de Tortura prevê que não será possível a concessão de graça ou anistia. 
Art. 1º, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou 
anistia. 
 
Diante disso, questiona-se: é possível a concessão de indulto? Há 3 correntes que discutem 
o tema: 
1) 1ª Corrente: o indulto é cabível apenas para a tortura, tendo em vista que o § 6º é uma 
norma especial e posterior à Lei de Crime Hediondos. 
2) 2ª Corrente: o indulto também é cabível para os demais crimes hediondos e 
equiparados. Fundamenta seu entendimento no princípio da isonomia. 
3) 3ª Corrente: não cabe indulto, nem mesmo para a tortura. Entende-se que graça é 
gênero, do qual o indulto é espécie. Trata-se da corrente que prevalece na 
jurisprudência, conforme os seguintes julgados do STF: 
A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é firme no sentido de que o 
instituto da graça, previsto no art. 5.º, inc. XLIII, da Constituição Federal, 
engloba o indulto e a comutação da pena, estando a competência privativa 
do Presidente da República para a concessão desses benefícios limitada pela 
vedação estabelecida no referido dispositivo constitucional. (...). (STF, 2ª 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 32 
 
Turma, HC 115.099/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 19/02/2013, DJe 49 
13/03/2013). 
 
Revela-se inconstitucional a possibilidade de que o indulto seja 
concedido aos condenados por crimes hediondos, de tortura, terrorismo 
ou tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, independentemente do lapso 
temporal da condenação. (...). (STF, Pleno, ADI 2.795 MC/DF, Rel. Min. 
Maurício Corrêa, j. 08/05/2003). 
 
Como o tema foi cobrado em concurso? 
(PC-RR - Delegado - VUNESP - 2022): O crime de tortura é inafiançável e 
insuscetível de graça ou anistia. Correto. 
 
(DPE-GO - Defensor Público - FCC - 2021):O crime de tortura é inafiançável 
e insuscetível de aplicação de penas restritivas de direitos em substituição à 
pena privativa de liberdade. Errado. 
12. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA 
Pertinente destacar que a redação original da Lei de Crimes Hediondos previa o regime 
integralmente fechado: 
Redação Original 
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: 
(...) 
§1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida integralmente em 
regime fechado. 
 
Em 1997, editou-se a Lei de Tortura que previu o regime inicialmente fechado, salvo para a 
tortura omissão que poderá ser aberto ou semiaberto: 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
(...) 
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, 
iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. 
 
Em razão disso, a doutrina passou a sustentar que o mesmo tratamento deveria ser 
dispensado aos crimes hediondos e equiparados, afirmando, ainda, que o art. 1º, § 7º da Lei de 
Tortura havia revogado tacitamente o § 1º do art. 2º da Lei de Crimes Hediondos. 
A jurisprudência, à época, entendeu que houve revogação, tendo inclusive sumulado o seu 
entendimento nos seguintes moldes: 
Súmula 698 do STF: Não se estende aos demais crimes hediondos a 
admissibilidade de progressão no regime de execução da pena aplicada ao 
crime de tortura. 
 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 33 
 
Contudo, no julgamento do HC 82.959, o STF declarou a inconstitucionalidade do regime 
inicial fechado, em razão da violação do princípio da individualização da pena: 
Súmula vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no cumprimento 
da pena por crime hediondo ou equiparado, o juízo da execução observará a 
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072/90, sem prejuízo de avaliar se 
o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do 
benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamento, a 
realização de exame criminológico. 
 
Posteriormente, a Lei de Crimes Hediondos foi alterada passando a prever o regime 
inicialmente fechado: 
Art. 2º, § 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente 
em regime fechado. 
§2º A progressão de regime, no caso dos condenados pelos crimes previstos 
neste artigo, dar-se-á após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for 
primário, e de 3/5, se reincidente. (Revogado pela Lei n. 13.964/19 – Pacote 
Anticrime) 
LEP, Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma 
progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser 
determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos: (Redação 
dada pela Lei n. 13.964, de 2019) 
V – 40% (quarenta por cento) da pena, se o apenado for condenado pela 
prática de crime hediondo ou equiparado, se for primário; 
VI – 50% (cinquenta por cento) da pena, se o apenado for: 
a) Condenado pela prática de crime hediondo ou equiparado, com 
resultado morte, se for primário, vedado o livramento condicional; 
VII – 60% (sessenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente na 
prática de crime hediondo ou equiparado; 
VIII – 70% (setenta por cento) da pena, se o apenado for reincidente em 
crime hediondo ou equiparado com resultado morte, vedado o livramento 
condicional. 
 
Novamente, o STF, no julgamento do HC 111.840, declarou a inconstitucionalidade do 
cumprimento da pena em regime inicialmente fechado. Portanto, na visão do STF, para crimes 
hediondos não necessariamente deve ser o regime inicial fechado, podendo ser o semiaberto ou 
aberto. 
Diante disso, indaga-se: considerando que o STF declarou a inconstitucionalidade do regime 
inicial fechado para os crimes hediondos, para a tortura continua sendo possível o regime inicial 
fechado ou aplica-se o entendimento do HC 111.840? 
De acordo com a doutrina, a própria CF impõe tratamento uniforme aos crimes hediondos e 
equiparados, por isso o mesmo raciocínio deve ser aplicado ao crime de tortura. Nesse sentido, o 
entendimento do STJ: 
É flagrante o constrangimento ilegal em relação à fixação do regime inicial 
fechado com base no art. 1.º, § 7.º, da Lei de Tortura. 4. Com a declaração 
pelo Pretório Excelso da inconstitucionalidade do regime integral 
fechado e do § 1.º do art. 2.º da Lei de Crimes Hediondos, com redação 
dada pela lei n.º 11.464/2007 - também aplicável ao crime de tortura -, o 
 
http://www.iceni.com/infix.htm
 
 
CS – TORTURA 2023.1 34 
 
cumprimento da pena passou a ser regido pelas disposições gerais do Código 
Penal. Porém, consideradas desfavoráveis as circunstâncias judiciais do 
caso concreto, cabível aplicar inicialmente o regime prisional semiaberto, 
atendendo ao disposto no art. 33, c/c o art. 59, ambos do Código Penal. (...). 
(STJ, 5ª Turma, HC 286.925/RR, Rel. Min. Laurita Vaz, j. 13/05/2014, DJe 
21/05/2014). 
 
Porém, a 1ª Turma do STF possui entendimento diverso, afirmando que o § 7º do art.1º da 
Lei de Tortura é norma especial, razão pela qual se aplica o regime inicial fechado: 
O regime de cumprimento da pena é fixado a partir do período 
correspondente e as circunstâncias judiciais. PENA – REGIME DE 
CUMPRIMENTO – PREVISÃO LEGAL. Se a lei de regência prevê o regime 
inicial de cumprimento da pena, impõe-se a observância, independente 
das circunstâncias judiciais. (STF, 1ª Turma, HC 123.316/SE, Rel. Min. 
Marco Aurélio, j. 09/06/2015, DJe 154 05/08/2015). 
 
13. EXTRATERRITORIALIDADE DA LEI PENAL 
Significa a aplicação da lei brasileira a crimes de torturas praticados fora do território 
nacional. Assim sendo, a Lei de Tortura poderá ser aplicada a crimes de tortura praticados no 
exterior. 
Possui previsão legal no art. 2º da Lei 9.455/97: 
Art. 2º - O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido 
cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira (princípio da 
personalidade) ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira 
(princípio do domicílio). 
 
Infere-se que incidem os princípios da personalidade passiva e do domicílio, 2 possibilidades 
de extraterritorialidade incondicionada, em que não se exige nenhuma condição peculiar. 
Portanto, para que o dispositivo seja aplicado é necessário que ocorra uma das 2 hipóteses 
descritas: que a vítima seja brasileira ou que o autor da tortura esteja em local em que a legislação 
pátria seja aplicável. 
 
 
 
http://www.iceni.com/infix.htm

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