Prévia do material em texto
MEDIDAS E AVALIAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA Suziane Ungari Cayres Santos Avaliação das capacidades motoras coordenativas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as capacidades motoras coordenativas. Descrever os testes para avaliação das capacidades coordenativas. Desenvolver testes para avaliação de cada uma das atividades coordenativas. Introdução Tradicionalmente, a avaliação é uma prática recorrente na área da edu- cação física. Em diferentes setores sociais, da saúde ao lazer, do esporte à escola, o especialista na área pode lançar mão de avaliações físicas para diagnosticar casos, controlar progressos e averiguar resultados. Dentre os aspectos mais importantes de serem avaliados estão as capacidades motoras coordenativas. Avaliações desse tipo servem para traçar novas rotas de intervenção visando ao aproveitamento escolar do aluno ou a otimização dos resultados de seu cliente. Neste capítulo, você vai conferir quais são as capacidades motoras co- ordenativas e como avaliá-las em diferentes setores da prática profissional. 1 Capacidades motoras coordenativas: conceitos e aplicabilidades Neste capítulo, em vez de estudarmos uma a uma as capacidades motoras coordenativas, reconheceremos a relevância da interação entre elas. Afi nal, embora alguma delas possa ser mais estimulada em um exercício físico do que as demais, na prática das modalidades nos deparamos com a sinergia entre essas capacidades. Com isso em mente, o que se entende por capacidades motoras coorde- nativas? Em linhas gerais, a coordenação consiste na capacidade de ordenar, organizar e harmonizar o gesto motor (PÖHLMANN, 1986). Desse modo, a coordenação seria uma das engrenagens na dinâmica da aprendizagem motora. Se não se pode afirmar que a capacidade motora coordenativa é a principal capacidade física, é no mínimo um processo essencial durante a aprendizagem motora, pois permite externalizar o polimento e a destreza do gesto motor. De acordo com Benda (2001, p. 75): Quando se programa um movimento, são analisados parâmetros de como este movimento será executado, com quanta força, em qual direção e com qual velocidade. A variação destes parâmetros, aliados à percepção, proporcionará a execução de um movimento coordenado. Tendo em vista que tanto a organização quanto a execução do gesto motor dependem das capacidades motoras coordenativas, quais seriam essas peças- -chave a serem inseridas na prática profissional do professor de educação física? Neste capítulo, vamos conceituar e apresentar a importância das seguintes capacidades motoras coordenativas: coordenação motora, equilíbrio, ritmo e cinestesia. Tanto isolados quanto integrados, esses elementos são estimulados e desenvolvidos em proporção à complexidade de cada sequência motora (BENDA, 2001). Em termos práticos, quanto mais complicado for o movimento a ser executado, mais a capacidade motora coordenativa será exigida para afinar tal gesto motor (WEINECK, 1991). Nesse contexto, o balé clássico se destaca pela exigência de altos níveis de coordenação motora, com enorme potencial para estimular crianças a desenvolver graciosidade e leveza, força e equilíbrio, ritmo e noção de espaço-tempo. Para entender melhor esse processo, uma boa dica de leitura é o artigo “Análise dos níveis de coordenação motora em meninas de 6 a 12 anos de idade praticantes de ballet clássico”, de Jacqueline Moreira, Carmem Patrícia Barbosa e Vânia de Fátima Matias de Souza. Confira a seguir, no Quadro 1, os conceitos e alguns exemplos da apli- cabilidade de cada uma das capacidades motoras coordenativas abordadas neste capítulo. Avaliação das capacidades motoras coordenativas2 Fonte: Adaptado de Benda (2001), Muller e Tafner (2007) e Greco e Benda (2001). Capacidade motora coordenativa Conceito Aplicabilidade Coordenação motora A coordenação motora é uma capacidade física de execu- tar movimentos utilizando grandes ou pequenos grupa- mentos musculares de forma eficiente e precisa. De modo geral, são seis as variáveis requisitadas para uma ação coordenada: tempo, precisão, complexidade, organiza- ção, carga física/psíquica e variabilidade. Há dois tipos de coordena- ção motora: fina e grossa. Em linhas gerais, se distin- guem pelo grupamento muscular recrutado (grande ou pequeno). Exemplos de coordenação motora grossa: andar, correr, rastejar. Exemplos de coordenação motora fina: escrever, dese- nhar e recortar. Equilíbrio Entende-se por equilíbrio a capacidade de manter ou retornar à estabilidade. Manter uma posição ou executar movimentos lentos ou rápidos sobre uma base estável. Exem- plos de esportes em que o equilíbrio é imprescindível: patinação artística, ginástica rítmica e ginástica artística. Ritmo Designa movimento regular, em termos práticos, a capa- cidade física que engloba a interação entre velocidade, duração, intensidade e coesão. Movimentos rítmicos formativos e naturais (saltar, correr, andar, dançar, etc.). Cinestesia Refere-se a um conjunto de sensações que permitem perceber o próprio corpo no espaço e seu movimento, abrangendo: imagem corporal, esquema corporal, espaço corporal e propriocepção. Ao executar um movimento, todos os elementos que envolvem a cinestesia estão atuando conjuntamente. Antes de realizar uma pirueta, a bailarina, que já tem uma ideia de seu corpo e proporção de sua estru- tura física, estima a força de propulsão que deve ser empregada para manter o equilíbrio e a leveza. Quadro 1. Conceitos e aplicabilidades das capacidades motoras coordenativas 3Avaliação das capacidades motoras coordenativas 2 Avaliação das capacidades motoras coordenativas Vamos, então, examinar alguns testes que podem ser empregados a fi m de avaliar as capacidades de coordenação motora, equilíbrio, ritmo e cinestesia. Em vários ramos da educação física, antes de implementar um programa de intervenção é necessário avaliar alunos/clientes no que tange suas capacidades motoras coordenativas. Somente assim é possível ter em mãos parâmetros para analisar concretamente o ponto de partida do planejamento da intervenção. De acordo com Benda (2001), a evolução das capacidades coordenativas dependerá de alguns aspectos, dentre os quais o diagnóstico é conside- rado um pilar elementar. Daí a importância de coletar dados precisos no processo de treinamento físico, pois uma avaliação inicial errada implicará em intervenção inadequada. Nesse caso, não basta escolher qualquer teste; cada um precisa ser específico para seus propósitos e adequado à amostra em questão (crianças, jovens, adultos, idosos), e com comprovada validade científica. Mesmo que ao avaliar uma capacidade motora específica você estimule secundariamente outra, não há problema (BENDA, 2001). O que importa é que a capacidade coordenativa que está sendo avaliada seja aquela mais estimulada na ocasião do teste. Como já vimos, o trabalho coordenativo de uma incidirá consequentemente no desenvolvimento de outra capacidade coordenativa, e juntas elas devem se manifestar sinergicamente num gesto motor harmônico e organizado (PÖHLMANN, 1986). Confira a seguir alguns testes que podem ser utilizados para avaliar as capacidades motoras coordenativas e a viabilidade de sua aplicação. Avaliação da coordenação motora O teste de coordenação corporal para crianças Körperkoordinationstest Für Kinder (KTK) avalia a coordenação motora grossa e a insufi ciência coorde- nativa. É dividido em quatro etapas. Avaliação das capacidades motoras coordenativas4 Etapa 1 São necessárias três trave de equilíbrio, todas com 3 metros de comprimento e 3,5 cm de altura, mas com diferentes larguras: a primeira com 6 cm, a se- gunda com 4,5 cm e a terceira com 3 cm. Além disso, são necessárias barras de suporte e uma pequena plataforma, conforme mostrado na Figura 1. Figura 1. Materiais e preparação para a etapa 1 do teste KTK. Fonte:Adaptada de Severino e Botelho (2019). A etapa 1 avalia o equilíbrio dinâmico sobre a trave, com dificuldade crescente. O participante deverá andar de costas sobre cada trave, sem jamais colocar os pés no chão, realizando três tentativas. O avaliador contará quantos passos o avaliado consegue executar. Neste teste, não é permitido avançar arrastando os pés na trave com o objetivo de ganhar equilíbrio. Etapa 2 Na etapa 2, o avaliado deve executar um salto monopedal, com o objetivo de avaliar o controle de salto em situação de complexidade crescente. A prova consiste em saltar com o pé por cima de placas de espuma sobrepostas, colo- cadas transversalmente em direção do salto (Figura 2). É necessário ajustar o número de placas conforme a idade do avaliado. Um detalhe importante: o salto e a aterrissagem devem ser executados com o mesmo pé, não podendo o outro pé tocar o solo até que o movimento seja completado. Para cada idade, há uma quantidade de placas indicada para executar a tarefa: até os 6 anos, uma placa; de 7 a 8 anos, três placas, de 9 a 10 anos, cinco placas, 11 anos ou mais, sete placas. 5Avaliação das capacidades motoras coordenativas Figura 2. Etapa 2 do teste KTK: (a) exemplo de execução; (b) dimensões de cada placa de espuma. Fonte: Adaptada de Severino e Botelho (2019). Etapa 3 Na etapa 3, o avaliado deve executar saltos laterais por cima de um sarrafo de madeira (Figura 3). Nessa etapa, é avaliado o controle de salto bipedal. O sarrafo é colocado no centro da plataforma e o aluno deve saltar lateralmente, mantendo os pés unidos, durante 15 segundos, o mais rápido possível, de um lado para o outro. Se o avaliado tocar o obstáculo (sarrafo) ou aterrissar fora da demarcação, o avaliador deverá alertá-lo, e, caso persistir o erro, o avaliado deverá reiniciar o teste. Figura 3. Modelo de sarrafo de madeira a ser utilizado para a etapa 3 do teste KTK. Fonte: Adaptada de Severino e Botelho (2019). Avaliação das capacidades motoras coordenativas6 Etapa 4 Nessa etapa do teste, são necessárias duas pequenas pranchas de madeira nas dimensões mostradas na Figura 4. Figura 4. Modelo de prancha de madeira a ser utilizado para a etapa 4 do teste KTK. Fonte: Adaptada de Severino e Botelho (2019). Na etapa 4, o avaliado deve executar a transposição lateral de pequenas placas de madeira. O objetivo é avaliar a coordenação em situação de loco- moção. A tarefa consiste na transposição lateral entre duas plataformas de madeira, na qual o avaliado permanece pé em cima de uma, transfere outra com as duas mãos para o lado oposto da plataforma em que se encontra, pula para a plataforma recém-transferida e assim sucessivamente, durante 20 segundos de teste. O avaliado executa o maior número de transposições laterais durante esse período de teste. Os erros de execução nesta etapa consistem em tocar com apenas uma mão na plataforma e tocar com um pé no solo durante a execução do movimento. Se por ventura isso ocorrer, o aluno deverá reiniciar o teste. Ao final do teste KTK, é necessário comparar os resultados obtidos com as tabelas originais do estudo de Kiphard e Schilling (1974), e ainda converter o resultado final de cada tarefa (valores brutos de cada etapa do teste) em um quociente motor (QM). Conforme destacado por Ribeiro et al. (2012, p. 42): 7Avaliação das capacidades motoras coordenativas Esse procedimento é realizado verificando-se as tabelas de referência para cada teste de acordo com o sexo e a idade do participante para, por fim, realizar o somatório e obter o QM total. Este quociente motor remete a um novo QM, que, por sua vez, permite a classificação da coordenação motora em cinco níveis: muito boa coordenação motora global; boa coordenação motora global; coordenação motora global normal; insuficiência da coordenação motora global; e perturbação na coordenação motora global. De maneira geral, temos as seguintes pontuações (SEVERINO; BOTE- LHO, 2019): alta coordenação — QM entre 131 e 145; boa coordenação — QM entre 116 e 130; coordenação Normal — QM entre 86 e 115; perturbação na coordenação — QM entre 71 e 85; insuficiência de coordenação — QM entre 56 e 70. Avaliação do equilíbrio Material Duas traves de madeira com dimensões de 2 cm de largura por 4 cm de altura dispostas em formato de X. Podem ser substituídas por uma demarcação no chão com giz, caso seja necessário adaptar o teste devido à faixa etária do avaliado. Além disso, o avaliador deve ter em mãos um cronômetro. Protocolo O avaliado deve se manter em equilíbrio com um dos pés sobre o centro do X, com os olhos fechados e as mãos apoiadas no quadril. A avaliação se encerra quando o avaliado abre os olhos, quando tira uma ou ambas mãos do quadril ou quando o outro pé toca a trave ou o chão. Este teste avalia especifi camente o componente estático do equilíbrio (BENDA, 2001). Avaliação do ritmo Material: cronômetro. Avaliação das capacidades motoras coordenativas8 Protocolo Avaliar o ritmo ao correr, contando o número de passos em um dado período. Neste teste de ritmo, o avaliado deve dar 42 passos rápidos de corrida, de preferência abaixo de 15 segundos (BENDA, 2001). Avaliação da cinestesia A percepção cinestésica engloba os seguintes elementos: esquema corporal, imagem corporal, propriocepção e espaço corporal. Como exemplos de ins- trumentos para avaliar alguns desses componentes, examinaremos o Body Shape Questionnaire (BSQ), que avalia a imagem corporal (DI PIETRO; SILVEIRA, 2009) e a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM), criada por Rosa Neto (2002), que avalia principalmente motricidade fi na, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização tem- poral e lateralidade (SANTOS et al., 2019). BSQ Há vários instrumentos que podem ser empregados para avaliar a imagem corporal, incluindo questionários, desenhos, silhuetas, escalas e entrevistas (MORGADO et al., 2009). Nesse contexto, o BSQ é um questionário adaptado e validado para uso no Brasil por Di Pietro e Silveira (2009), que pode ser empregado pelo profi ssional de educação física a fi m de avaliar a imagem corporal de seu aluno. Protocolo O avaliado deve responder a 34 questões (Figura 5) em relação à sua apa- rência nas últimas quatro semanas, usando a seguinte legenda: (1) nunca, (2) raramente, (3) às vezes, (4) frequentemente, (5) muito frequentemente e (6) sempre. 9Avaliação das capacidades motoras coordenativas Figura 5. Questões do BSQ. Fonte: Di Pietro e Silveira (2009, documento on-line). Por fim, o avaliador deve classificar o nível de insatisfação do avaliado para com sua imagem corporal tomando como base os seguintes parâmetros: abaixo de 100, nenhum; entre 110 e 138, leve; entre 138 e 167, moderado; e acima de 167, grave (DI PIETRO; SILVEIRA, 2009). EDM É composta por um conjunto de testes que podem ser empregados junto a crianças com idades entre 2 e 11 anos. A EDM abrange seis dimensões da mo- tricidade humana e lateralidade. Essas dimensões são divididas em três pilares do comportamento motor: coordenação motora fi na e grossa, propriocepção (equilíbrio e esquema corporal) e percepção (organização espaço-temporal). Ao fi nal do teste, é atribuído à criança seu perfi l motor, o que possibilita evidenciar suas potencialidades e difi culdades em cada área testada. Avaliação das capacidades motoras coordenativas10 É fato que o desenvolvimento das capacidades motoras coordenativas se dá com o tempo, com a interação das crianças com seus pares e com o meio. O tipo de estímulo e sua frequência exercem influência sobre suas potencialidades e dificuldades. Mas e quando a criança já apresenta desde cedo dificuldade de desenvolvimento motor decorrente de uma condição patológica? Nesse quesito, como avaliar o desenvolvi- mento motor entre autistas? Para saber mais e conhecer melhor a aplicação da EDM nesses casos, uma boa dica de leitura é a tese de mestrado “Aplicação da escala de desenvolvimentomotor de Rosa Neto em crianças com Transtorno do Espectro Autista: um estudo exploratório”, de Silvia Gusman. Vale ressaltar que o profissional de educação física deve se atentar para a viabilidade do teste para cada situação amostral. Assim, é preciso ter conhecimento sobre as avaliações da capacidade motora, domínio técnico para a aplicação de cada teste e familiaridade com os instrumentos de trabalho. 3 Avaliação física na prática Atualmente, os profi ssionais de educação física podem atuar em diferentes setores, da saúde ao lazer, do esporte à escola (CAMPANELLI, 2019). Seja como for, é importante ressaltar que nosso objeto de estudo neste capítulo, a avaliação das capacidades motoras coordenativas, é do interesse de todo formado na área, pois da academia à escola, do clube ao posto de saúde, alguns desses instrumentos e protocolos de avaliação poderão ser aplicados em situações de prática profi ssional. E, de fato, a avaliação é muito mais do que atribuir um algarismo ao aluno ou anotar um conceito subjetivo no prontuário do paciente. A avaliação na área da educação física deve ser vista como um processo, uma valiosa oportunidade prática para o profissional reconhecer as potencialidades e dificuldades de quem atende. Em termos práticos, vejamos a seguir exemplos de avaliação da capacidade motora coordenativa em diferentes setores de prática profissional. 11Avaliação das capacidades motoras coordenativas Do esporte à escola A pesquisa científi ca de Rosa Neto et al. (2011) traz exemplos de aplicação prática da EDM. O estudo objetivou verifi car o desenvolvimento do esquema corporal de escolares na faixa etária de 6 a 10 anos com queixa de difi culdades de aprendizagem. Os autores avaliaram na ocasião especifi camente o esquema corporal, aplicando os seguintes testes. Teste de controle sobre o próprio Durante o primeiro e o segundo teste, a criança devia imitar com as mãos e braços os gestos que o avaliador executasse. Nestes testes, a criança fi cava em pé de frente para o examinador, o qual permanecia sentado, para colocar suas mãos em posição neutra de um teste para o outro. O número de acertos de gestual corresponde à idade motora entre dois e cinco anos. Teste de controle sobre o próprio corpo e rapidez Nesse caso, cada criança recebeu uma folha de papel quadriculado com 25 cm × 18 cm e um lápis preto. Com o avaliador cronometrando o tempo, cada criança devia fazer um risco em cada quadrado durante um minuto. A quantidade de traços completados corresponde à idade motora entre 6 e 11 anos. Nessa pesquisa, os autores concluíram que tanto a idade motora geral quanto a idade motora do esquema corporal estavam abaixo da idade cronológica da criança, o que poderia prejudicar desde já o desenvolvimento motor da amostra e sua aprendizagem. Além disso, conforme destacado pelos autores (ROSA NETO et al., 2011, documento on-line): A percepção do próprio corpo e a percepção deste no espaço e no tempo são essenciais para o desenvolvimento harmonioso dos as pectos motores, físicos e cognitivos. As dificuldades motoras podem interferir nas relações sociais, emocionais e escola res; por outro lado, explorar o movimento e o brincar espon taneamente precedem as atividades mais estruturadas de aprendizagem. Diante desses resultados, podemos observar a importância da avaliação diagnóstica no que tange as capacidades motoras coordenativas, não somente a fim de possibilitar o diagnóstico precoce do problema, mas também de Avaliação das capacidades motoras coordenativas12 alicerçar o planejamento da intervenção em parâmetros concretos, que refle- tem as dificuldades e potencialidades do aluno imerso em seu processo de escolarização e aprendizagem motora (ROSA NETO et al., 2011). Na prática profissional, o professor de educação física poderá atuar em instituições de ensino especializadas em atender crianças com alguma deficiência, ou essas crianças poderão, a depender de seu grau de deficiência, ser inseridas na educação básica. Frequentemente, quando nos deparamos com a necessidade de incluir essas crianças junta à turma, somos tomados por questionamentos. O artigo “Avaliação da imagem e esquema corporal em crianças portadoras da síndrome de Down e crianças sem comprometimento neurológico”, da fisioterapeuta Fernanda Ishida Corrêa, ajuda a tirar dúvidas e a esclarecer noções sobre esse universo. Da saúde ao lazer Um setor de prática profissional em que o professor de educação física foi mais recentemente inserido é a saúde pública, principalmente na atenção básica (COSTA, 2019). Postos de saúde, centros de apoio psicossocial, clínicas de reabilitação e atendimento clínico nos hospitais abrem as por- tas para esses profissionais, onde podem aplicar algumas das avaliações de capacidades coordenativas a fim de averiguar dificuldades na execu- ção de atividade motora ou até mesmo estimar o risco de quedas entre pacientes idosos. Confira a seguir dois exemplos de testes para avaliar o equilíbrio estático e dinâmico entre idosos e, desse modo, avaliar o risco de quedas. Teste de equilíbrio estático unipodal de 30 segundos Parado em pé diante de uma marcação de referência na parede, o avaliado tenta permanecer por 30 segundos apoiado em apenas um dos pés e com os braços cruzados sobre o peito. Quando ocorrer qualquer inclinação do tronco por parte do avaliado, o avaliador deve parar o cronômetro e anotar o tempo total, a ser posteriormente comparado com tabelas de valores de corte. 13Avaliação das capacidades motoras coordenativas Teste de equilíbrio dinâmico timed up and go O teste se inicia com o avaliado sentado numa cadeira apoiada na parede, diante da qual há um cone a três metros de distância. O avaliado deve se levantar da cadeira sem apoio das mãos, andar rapidamente em direção ao cone, contorná-lo, retornar à cadeira e sentar novamente sem se apoiar as mãos. BENDA, R. N. Aprendizagem motora e a coordenação no esporte escolar. Revista Mineira Educação Física, v. 9, nº. 1, p. 74–82, 2001. CAMPANELLI, F. Contribuições para o processo formativo na educação física no brasil: Licen- ciatura ou Bacharelado. 2019. 168 f. Tese (Doutorado em Educação Escolar) — Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2019. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/191382/campanelli_f_dr_arafcl. pdf?sequence=3&isAllowed=y. Acesso em: 6 ago. 2020. COSTA, F. F. da. Novas diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação Física: oportunidades de aproximações com o SUS? Rev. Bras. Ativ. Fis. Saúde, v. 24, 2019. DI PIETRO, M.; SILVEIRA, D. X. da. Internal validity, dimensionality and performance of the Body Shape Questionnaire in a group of Brazilian college students. Rev. Bras. Psiquiatr., v. 31, nº. 1, p. 21–4, 2009. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ar ttext&pid=S1516-44462009000100006. Acesso em: 5 ago. 2020. GRECO, P. J.; BENDA, N. R. Iniciação esportiva universal. Minas Gerais: Editora UFMG, 2001. 1 v. KIPHARD, E. J.; SCHILLING, V. F. Körper-koordinations-test für kinder KTK: manual Von Fridhelm Schilling. Weinhein: Beltz Test, 1974. MORGADO, F. F. R. et al. Análise dos instrumentos de avaliação da imagem corporal. Análise dos Instrumentos de Avaliação da Imagem Corporal. Fitness & Performance Journal, v. 8, nº. 3, p. 204–211, 2009. MULLER, R. Z.; TAFNER, E. P. Desenvolvendo o ritmo nas aulas de Educação Física em crianças de 3 a 6 anos. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, v. 3, nº. 11, jul./ dez. 2007. PÖHLMANN, R. Motorisches lernen. Berlin: Sportverlag, 1986. RIBEIRO, A. S et al. Teste de coordenação corporal para crianças (KTK): aplicações e estudos normativos. Motricidade, v. 8, nº. 3, p. 40–51, 2012. Avaliação das capacidades motoras coordenativas14 Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material.No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. ROSA NETO, F. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed. 2002. ROSA NETO, F. et al. O esquema corporal de crianças com dificuldade de aprendiza- gem. Rev. Semestral Assoc. Bras. de Psic. Escolar e Educacional, v. 15, nº. 1, p. 15–22, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/pee/v15n1/02.pdf. Acesso em: 6 ago. 2020. SANTOS, M. C. S et al. Uso da escala de desenvolvimento motor: uma revisão integrativa. Rev. CEFAC, v. 21, nº. 4, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516- -18462019000400602&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 6 ago. 2020. SEVERINO, C. D.; BOTELHO, M. O. Nível de coordenação motora de crianças da rede municipal de ensino de Quatis – RJ. Cadernos UniFOA, nº. 40, p. 117–126, ago. 2019. WEINECK, J. Biologia do esporte. Barueri: Manole, 1991. Leituras recomendadas CORRÊA, F. I. Avaliação da imagem e esquema corporal em crianças portadoras da síndrome de Down e crianças sem comprometimento neurológico. Revista Fisioterapia Brasil, v. 6, nº. 1, 2005. http://www.portalatlanticaeditora.com.br/index.php/fisiotera- piabrasil/article/view/2198. Acesso em: 6 ago. 2020. DARIDO, S. C. Diferentes concepções sobre o papel da Educação Física na escola. In: UNIVERSI DADE ESTADUAL PAULISTA. Caderno de formação: formação de profes sores didática geral. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2012. p. 1–176. 16 v. GUSMAN, S. Aplicação da escala de desenvolvimento motor de Rosa Neto em crianças com Transtorno do Espectro Autista: um estudo exploratório. 2017. 67 f. Dissertação (Mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento) — Faculdade Educação Física, Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo. Disponível em: http://tede.mackenzie.br/jspui/ bitstream/tede/3350/5/Silvia%20Gusman.pdf. Acesso em: 6 ago. 2020. MOREIRA, J.; BARBOSA, C. P.; SOUZA, V. de F. M. Análise dos níveis de coordenação motora em meninas de 6 a 12 anos de idade praticantes de ballet clássico. In: MOSTRA INTERNA DE TRABALHOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 6., 2012, Maringá. Anais eletrônicos [...]. Disponível em: https://www.unicesumar.edu.br/mostra-2012/wp-content/uploads/ sites/93/2016/07/jacqueline_moreira.pdf. Acesso em: 6 ago. 2020. 15Avaliação das capacidades motoras coordenativas