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AULA 4 SISTEMA NERVOSO E CÉREBRO: ORGANIZAÇÃO ANATÔMICA E FUNCIONAL Prof. Alisson Rogério Caetano de Siqueira 02 CONVERSA INICIAL Não existe informação compreendida se, primeiramente, esta informação não for recebida. Chegamos nesta aula desafiados a compreender um pouco do funcionamento dos órgãos que são responsáveis pela captação da informação oriunda do ambiente externo, assim como tentaremos entender como esta informação captada chega até o cérebro e a interpreta, permitindo-nos produzir uma reação. O sistema sensorial que dará o nome as sensações é o componente estrutural do organismo que nos mantém informado sobre as coisas que ocorrem fora do corpo humano e fornece condições para que sejam interpretadas. Esta aula tem como objetivo apresentar o sistema sensorial nervoso e os sentidos. Sendo assim, o assunto está distribuído em: 1. Sistema nervoso sensorial; 2. Sistema sensorial; 3. Visão; 4. Audição; 5. Sentidos químicos e o tato. O conteúdo a ser abordado nos direcionará para os esclarecimentos necessários, propostos pela disciplina. CONTEXTUALIZANDO Todos os dias vivemos experiências com o ambiente. É o acordar, o tomar um café, o sair à rua. Em todos esses eventos é necessário que o cérebro atue para que essa experiência seja agradável ou para que possamos, de alguma maneira, evitá-la. Neste caso, estamos falando do nosso sistema sensorial. É um sistema voltado exclusivamente para produzir informação a partir do contato com o meio externo, possibilitando uma tomada de decisão em resposta. O sistema sensorial é uma grande rede conecta aos sentidos, ou órgãos. Ele permite que ocorra a alimentação de informações, no cérebro, sobre o que está acontecendo. Podemos comparar com um grande número de antenas, tipo os que a Agencia Espacial Americana (NASA) usa para encontrar algo no espaço. Caso algo diferente ocorra no espaço, essas antenas vão informar, por meio de um 03 centro integrado, o que está ocorrendo. Assim é o sistema sensorial, informando o cérebro o tempo todo o que está ocorrendo no mundo externo. Como seria a nossa vida se não recebêssemos estímulos? O que o cérebro processaria se não recebesse informações? Essa é a discussão da nossa aula. TEMA 1 – SISTEMA NERVOSO SENSORIAL Segundo Fox (2007), a compreensão das informações só é possível por uma rede de captação. Essa rede é denominada sistema nervoso sensorial. A atividade realizada por ele é analisar os estímulos oriundos dos meios ambientes, externo e interno, ao organismo e conduzi-los ao cérebro. Quando as informações chegam no cérebro, passam por um processo de análise. O informante deve ser capaz de processar o máximo de informação possível. As informações, quando chegam, precisam ser traduzidas. Neste caso, a percepção e interpretação, o controle do movimento, a regulação de funções de órgãos internos e a manutenção de consciência executa no sistema sensorial a tradução dessas informações (Fox, 2007). Ao analisar o ambiente, o sistema nervoso sensorial faz um rastreamento que capta as informações por meio de órgãos sensoriais específicos. Essas informações são processadas e levadas ao cérebro por vias neurais determinadas. Dessa forma, temos as sensações (visão, audição, gustação etc.) e suas submodalidades (intensidade, duração, localização etc.). Outro aspecto do sistema sensorial é promover experiências sensoriais conscientes e inconscientes. Com isso, podemos saber o que está acontecendo ao nosso redor ou simplesmente reagir a um evento. 1.1 Organização do sistema nervoso sensorial Há uma conexão complexa no sistema nervoso. Para que a informação captada por um neurônio sensitivo seja transmitida pelos gânglios e nervos até chegar no SNC, é necessário que aconteça um encadeamento. Esse encadeamento, que nada mais é do que uma sequência de eventos, envolvendo sujeitos diferentes, tem um sentido a percorrer, que é das áreas externas do corpo para o centro, ou seja, o SNC. O nosso organismo possui duas grandes linhas de transmissão de informações que são chamadas de vias. A via que traz as informações sensoriais 04 para o SNC é denominada via aferente e a que o deixa, conduzindo os comandos motores para os órgãos efetuadores, é denominada via eferente (Kandel, 2012). Como todo estado de encadeamento comporta vários indivíduos participantes, uma via aferente, que é responsável pela recepção da informação, é composta por um: Receptor; Trajeto periférico; Trajeto central; Área de projeção cortical. Segundo Kandel (2012), as informações sensoriais ao chegarem no SNC, passam por dois processos. Primeiramente, sofre a ação no local que se encontra. Como consequência, produzirá comandos motores reflexos. O segundo evento é retransmissão dessas informações para estações sinápticas mais cefálicas por meio de neurônios de projeção. A compreensão simples dos eventos nos conduz à ideia que quando há relação entre a informação na medula e no tronco encefálico, essas sensações e os reflexos são evocados sem que haja a consciência da execução. Sensações conscientes têm a sua área de processamento no tálamo e nos córtices cerebral. 1.1.1 Campo receptivo Kandel (2012) descreve uma região onde ocorre por estimulação uma atividade neuronal. Essa área é denominada campo receptivo e recebe a ação dos neurônios sensitivos periféricos e centrais da via sensorial. Há também uma região onde os neurônios sensoriais aferentes e os neurônios secundários também convergem. Conceituamos a unidade sensitiva como a fibra sensitiva periférica e todas as suas ramificações nervosas associadas aos receptores sensoriais. Desta forma, todos os receptores sensoriais de uma unidade sensitiva são todos de um só tipo (Kandel, 2012). Em cada estação de retransmissão dos sistemas sensoriais, ou relês, o estímulo aferente é processado localmente por excitação e inibição, proporcionando diferentes níveis de análise. Para que uma estimulação puntiforme seja claramente localizada, o mecanismo de inibição lateral garante que os neurônios aferentes vizinhos não interfiram na detecção (Kandel, 2012). 05 Neste caso, há a ação de um neurônio inibitório. Sua função é atuar na ausência do neurônio aferente com o objetivo de permitir com que o neurônio secundário não tenha acesso, ou ignore as informações do campo receptivo. Todavia, o neurônio secundário continua a responder aos impulsos excitatórios da região estimulada. 1.1.2 Tálamo e córtex sensorial Kandel (2012) apresenta o tálamo como o centro de recebimento das informações sensoriais e, em consequência, a sua retransmissão ao córtex cerebral. A atividade sensorial que não é de competência do tálamo é o olfato. O Tálamo está localizado no diencéfalo. Os neurônios talâmicos estabelecem, principalmente, conexões com o córtex e vice-versa, formando as radiações talâmicas. As áreas sensitivas denominadas de primárias são acessos ao córtex de estímulos sensoriais. Cada área primária possui um sentido especial específico. Como a informação sensorial chega ao córtex por várias vias especiais que colocadas em modalidades, levam o córtex a evocar sensações específicas. De uma outra forma, o tálamo e o córtex, por uma forma inespecífica, garantem o estado consciente e de alerta do organismo, fazendo-o ficar acordado. 1.2 Modalidade É importante designarmos alguns conceitos que nos esclarecem as funções de sensação e percepção. A sensação é compreendida como a capacidade de codificar certos aspectos da energia física e química do meio ambiente em impulsos nervosos. Sentir é receber uma informação. Já a percepção é compreendida como a capacidade de veicular os sentidos a outros aspectos da existência como comportamento e o pensamento. Podemos sintetizá-lacomo o ato de dar valor ou fazer um juízo. Dentre os exemplos mais comuns, podemos descrever a audição ao receber o estímulo do som, dando clareza do que é sentir. E o curtir a música achando-a agradável como a percepção. Entendemos que modalidades são grupos de impressões sensoriais parecidas e evocadas por um determinado órgão sensorial. Cada tipo de receptor está habilitado para informar o sistema nervoso apenas sobre determinados 06 aspectos ou dimensão do meio ambiente, funcionando como um filtro sensorial e é altamente sensível ao estímulo que lhe é adequado. 1.3 Qualidade da informação Os sentidos não trabalham de forma genérica. Sua atuação tem como principal objeto deixar explícito ao SNC a informação captada. Diante disso, há um desenvolvimento dos sentidos para deixar a informação com o máximo de detalhamento possível. A isso denominamos qualidade da informação. Outra função dos sentidos é nos permitir ter uma localização espacial da fonte do estímulo. Permite-nos determinar a intensidade. E nos orienta quanto à duração do estímulo. Dessa forma, podemos verificar o ato em conjunto dos sentidos. (Kandel, 2012) TEMA 2 – SISTEMA SENSORIAL Carlson (2014) define o sistema sensorial como responsável pela recepção dos estímulos oriundos do ambiente e do próprio corpo. Esses receptores sensoriais são chamados de exteroceptores quando relacionados à recepção de informações externas ao corpo e interorreceptores quando os estímulos são dentro do corpo. Sendo assim, podemos definir como principais canais de informação sensorial os sentidos humanos. Os sentidos são portas de entrada para informação. Neste caso, funcionam como intermediários que relacionam o mundo externo com o organismo. Os sentidos humanos são: visão, audição, tato, gustação ou paladar e olfato. Há também no corpo humano os receptores sensoriais que são capazes de captar estímulos diversos. Como são receptores altamente especializados, conseguem traduzir ou converter os estímulos em impulsos elétricos ou nervosos. Eles participam diretamente das ações do SNC responsáveis pelas respostas voluntária ou involuntária. 2.1 Tipos de receptores Os receptores são classificados em função do sentido da informação. Podem ser exteroceptores, proprioceptores e interorreceptores. Os exteroceptores respondem a estímulos externos, que têm sua origem fora do organismo. Os proprioceptores detectam a posição do indivíduo no espaço, assim 07 como o movimento, a tensão e o estiramento musculares. E os interorreceptores respondem a estímulos viscerais ou outras sensações, como sede e fome (Dângelo, 2011). 2.2 Sentidos Diante do que fazem os receptores, podemos descrever, então, os sentidos por eles estabelecidos: • Visão: Observamos as cores, as formas, os contornos etc. • Audição: Captamos os sons • Paladar: Identificamos os sabores • Olfato: Sentimos o odor ou cheiro • Tato: Sentimos o frio, o calor, a pressão atmosférica etc. (Kandel, 2012) Os sentidos estão diretamente relacionados à sua atividade-fim. Sendo assim, ao descrevermos os sentidos, estão esclarecendo que informações específicas estão chegando ao corpo. TEMA 3 – VISÃO A visão é o sentido que mais recebe ou capta informação no organismo humano. Isso ocorre pelo fator estimulação. A visão está em contato contínuo com a estimulação externa. Conhecemos a visão como a porta de entrada da maioria das informações que chegam ao organismo. A visão é o processo fisiológico por meio do qual se distinguem as formas e as cores dos objetos. Os olhos são os órgãos responsáveis pela percepção de luz e pela transformação dessa em impulsos elétricos que são enviados ao cérebro (Fox, 2007). A descrição da anatomia do aparelho ocular nos leva à comparação com uma câmera fotográfica. O olho possui uma câmara escura que recebe a imagem de forma invertida e traduzida por um processo devidamente especializado do fundo do olho. Tal câmara é especializada em traduzir esse estímulo de luz em informação nervosa que, chegando ao cérebro, nos faz ver uma imagem. (Marques, 2015). 08 3.1 Estrutura A descrição feita por Fox (2007) mostra que os olhos são bolsas membranosas cheias de líquido, localizadas em cavidades ósseas do crânio, denominadas de órbitas oculares. Compõem a estrutura ocular com acessórios as pálpebras, os supercílios, as conjuntivas, os músculos e o aparelho lacrimal. O movimento do olho dentro da orbita ocular é feito por três pares de músculos que mantêm o globo ocular preso. O nervo óptico e um feixe de fibras nervosas limitam o movimento do olho. Mas essa mesma estrutura faz a transmissão de informações para o encéfalo por uma abertura óssea no fundo da órbita ocular. A estrutura ocular possui seu funcionamento organizado. O movimento ocular é possível pela contínua lubrificação que é realizada pelas glândulas lacrimais. Essa estrutura de lubrificação permite que o olho possa ter movimento e nitidez sem interferir em seu objetivo maior, que é a obtenção da imagem. O sistema lacrimal possui em seu conjunto as glândulas lacrimais, o saco lacrimal e o duto nasolacrimal. Sua atividade principal é produzir o líquido que, em grande concentração, recebe o nome de lágrima. 3.1.1 Componentes do olho A visão é obtida por meio do aparelho ocular. O aparelho ocular possui um agente maior que é o globo ocular. O globo ocular compõe-se de camadas que são denominadas de túnicas. É comum os autores apresentarem as túnicas de acordo com a sua posição, por isso são denominadas de túnica externa, intermédia e interna. Essas áreas são específicas e funcionais. A túnica externa é fibrosa, de onde vem seu nome: túnica fibrosa externa; é posterior, esclera, possui cor branca e é a mais destacada no globo ocular. Constitui-se de tecido conjuntivo resistente e da córnea que é a camada que permite a passagem de luz. A túnica intermédia é vascular e pigmentada. Nela, estão o corpo ciliar e a íris, que é a parte colorida do olho. No centro da íris encontra-se a pupila, que é um orifício onde passa a luz. A túnica interna é nervosa. Sua estrutura está preparada para transmissão de informações. Nela, temos a retina que é responsável pelas cores das imagens 09 e pelos bastonetes que trabalham o preto e o branco. A retina do olho humano contém cerca de 6 milhões de cones e 125 milhões de bastonetes. Essa é a da diversidade de cores identificadas pelo cérebro (Marques, 2015). A parte da túnica é considerada mais rígida. Todavia, o olho possui a área de contato com o meio externo. Essas partes do olho são entendidas como meios transparentes do olho. De certa forma, possuímos uma área muito sensível e é nesta área que a informação é captada. São identificadas como a córnea, o humor aquoso, o cristalino e o vítreo. Todos trabalham em conjunto, mas exercem funções específicas. A córnea é uma região transparente da túnica externa. Está ligada diretamente ao cristalino e tem como função focar a luz. Sua estrutura é circular. O humor aquoso é o líquido que preenche a câmara anterior do olho entre a córnea e o cristalino. O cristalino é uma lente biconvexa. Está localizada atrás da pupila. Estabelece uma separação de compartimentos no interior do olho que tem por finalidade mudanças na direção de raios de luz. O cristalino possui uma propriedade a qual dá-se o nome de acomodação visual. Há uma doença denominada de catarata que é quando o cristalino pode perder a transparência normal e ficar opaco. O corpo vítreo está diretamente ligado à retina, fazendo o preenchimento de sua concavidade. Tem forma gelatinosa. (Dângelo, 2011) 3.2 Formação da imagem A construção de uma imagem é algo complexo para o cérebro. A forma como ela é captada também é complexa. Os autores (Fox, 2007; Dângelo, 2011) procuram apresentar a formação da imagem destacando o passo a passo de cadacomponente do sistema ocular. Começamos pela formação da imagem do mundo exterior. A retina é responsável por essa captação. No olho há um conjunto de elementos refratores que dão forma à essa imagem. São a córnea, humor aquoso, cristalino e humor vítreo. A imagem a obter-se está diretamente relacionada ao grau de curvatura e o índice de refração que são verificados pela distância entre os elementos refratores. 010 A sequência de eventos segue com os raios luminosos atravessando a córnea, o cristalino, o humor aquoso e o humor vítreo e atingem a retina. Este trânsito tem por fim chegar ao cristalino. É o cristalino que faz a imagem ganhar aproximação, fazendo a sua projeção na retina. É comum os autores compararem os olhos com uma máquina fotográfica. O sistema de funcionamento é o mesmo. A diferença está no fato de que o olho é uma estrutura dinâmica e de alta resolução. Após essa informação, imagem, ser captada pelo olho, ela é transmitida ao cérebro. Essa ação é feita pelo nervo óptico que conduz os impulsos nervosos até o cérebro. É no cérebro que ocorre a interpretação dos estímulos e a apresentação dos objetos nas posições em que realmente se encontram, fora do organismo... 3.3 Problemas na visão A visão possui uma condição de normalidade que é caracterizada pela nitidez. Um olho que possui nitidez é denominado de emetrope ou normal. Todavia, há condições que não permitem a nitidez e, com o isso, o olho passa a ter um defeito. Exemplificaremos agora alguns dos defeitos mais comuns observados na estrutura ocular: O daltonismo, ou cegueira para cores, é atribuído a um defeito congênito da retina e de outras partes nervosas do trato ótico. O astigmatismo resulta da deformação da córnea ou da alteração da curvatura da lente ocular, o que provoca uma visão distorcida. A miopia e a hipermetropia são causadas por uma falta de simetria na forma de globo ocular. A presbiopia deve-se à perda da elasticidade dos tecidos oculares com a idade. O estrabismo é um defeito que se manifesta quando os olhos se movimentam em direções diferentes e não conseguem focalizar juntos o mesmo objeto (Dângelo, 2011). A visão é porta de entrada da maioria das informações que chegam ao cérebro. Isso quer dizer que os olhos são capazes de captar informações em um número inúmeras vezes maior que outro sentido. Conhecer a visão é ter acesso à porta de entrada das informações do organismo. 011 TEMA 4 – AUDIÇÃO O sentido denominado audição possui uma estrutura de captação denominada de orelha. A orelha, também chamada órgão vestíbulo-coclear ou estato-acústico é responsável também pela manutenção do equilíbrio. Sua estrutura permite identificar os sons e emitir impulsos, que chegam nos receptores cerebrais através do nervo auditivo (Dângelo, 2011). 4.1 Estrutura Durante muito tempo, fazia-se distinção entre orelha e ouvido. Hoje, o consenso designa como orelha a estrutura auditiva. A orelha está localizada na região temporal do crânio. Nesta região está o osso temporal. Sua estrutura externa é cartilaginosa. Sua função é captar os estímulos sonoros, mas a orelha também possui uma função vestibular, que é a do equilíbrio. Olhando a forma anatômica, podemos descrever a orelha em três partes integrantes: a orelha externa, a orelha interna e a orelha média. A orelha externa é um canal que se abre para um meio exterior na orelha, que é uma projeção da pele de tecido cartilaginoso. O epitélio que reveste o canal auditivo externo é rico em células secretadoras de cera, que retêm partículas de poeira e microrganismos. A orelha média, separada do ouvido externo pelo tímpano, é um canal estreito e cheio de ar. Em seu interior, existem três pequenos ossos, o martelo, bigorna e estribo, alinhados do tímpano ao ouvido interno. A orelha média possui uma comunicação com a garganta através de um canal flexível (a Trompa de Eustáquio), que equilibra as pressões do ouvido e do meio externo (Dângelo, 2011). A cóclea é a parte da orelha interna responsável pela audição. É um longo tubo cônico, enrolado como a concha de um caracol. No interior da cóclea há uma estrutura complexa (órgão de Corti), responsável pela captação dos estímulos produzidos pelas ondas sonoras, localizada na parede externa da cóclea (membrana basiliar) (Dângelo, 2011). 012 4.2 Funcionamento Os estímulos sonoros estão presentes no ambiente. A orelha é antena de captação desses estímulos. A sequência de transmissão do estímulo auditivo é orelha externa, canal auditivo e o tímpano. Essa trajetória é a mecânica do som. Passamos a transmissão dessa informação. O tímpano vai vibrar movimentando o osso martelo, que em sequência faz o osso bigorna vibrar, que, por sua vez, faz osso estribo vibrar até chegar a cóclea que fará vibrar o líquido coclear, que movimenta a membrana basilar e as células sensoriais. O próximo evento é a tradução do impulso em sinal neural. Os pelos das células sensoriais, ao encostar na membrana tectória, geram impulsos nervosos que são transmitidos pelo nervo auditivo ao centro de audição do córtex cerebral... A orelha humana é um órgão altamente sensível que nos capacita a perceber e interpretar ondas sonoras em uma gama muito ampla de frequências (16 a 20.000 Hz – Hertz ou ondas por segundo). É importante conceber o sequenciamento das informações auditivas. Entre a sensação e a percepção há um longo caminho a ser trilhado. Desta forma, percebemos um som mecânico, que é o deslocamento de ar, que chamamos de som é captado, transformado em onda mecânica, que se transforma em informação hidráulico até transformar-se em impulso elétrico e chegar no cérebro (Fox, 2007). TEMA 5 – SENTIDOS QUÍMICOS E O TATO 5.1 Paladar Paladar é o sentido pelo qual se percebem os sabores. Os receptores do paladar são as papilas gustativas que existem no epitélio da língua, sensíveis a quatro modalidades básicas de sabores: doce, amargo, ácido e salgado. Esses receptores estão localizados em diferentes regiões da língua (Fox, 2007). A língua é o local onde estão localizadas as papilas gustativas, que são os receptores do paladar. São responsáveis juntamente com o olfato de fazeres a descrição do sabor dos alimentos e de tudo que passa pela boca. O olfato e o paladar são sentidos interligados tanto em estruturas físicas quanto na dinâmica da recepção dos estímulos. 013 Essa é a razão pela qual o sentido do olfato é prejudicado por um forte resfriado, por exemplo, quando a percepção do paladar diminui. Eles compartilham informações de forma intrínseca e estrita. O sabor ou o gosto de algo é possível pelo desenho que constitui o paladar. A estrutura que acessa a boca, o alimento, em contato com as papilas gustativas, causa a informação do sentir. Essa informação é transmitida pelos nervos até o bulbo raquidiano. O próximo destino são os centros corticais conscientes, localizados no hipocampo. O resultado deste contato na boca é um processo de percepção. Pode ser do prazer a rejeição. A interferência para essa reação pode ser consequência das experiências, hábitos e talvez a própria constituição genética. A estrutura física do paladar permite a capacitação de quatro gostos básicos. Eles são percebidos quando combinados na língua pelas suas diferentes regiões. Dessa forma, podemos dividir a língua do anterior, em que se localiza o sentir o doce, e o posterior, em que se sente o amargo. Nos flancos localizamos o sentir azedo e o salgado. O que determina a intensidade da percepção é o número de papilas que entram em contato com o alimento, bem como a penetração da substância no interior da papila; e as características químicas do elemento em contato (Fox, 2007). A velocidade da percepção é também variável para cada um dos sabores. Tudo gira em torno do elemento que entrara em contatocom a papila gustativa. É o elemento em contato que dá as características da reação química na papila. É possível também considerar que o tempo de percepção é inversamente proporcional a qualquer uma das seguintes condições: pressão; concentração; temperatura; e área estimulada. O paladar é uma sensação química percebida por células específicas. Essas células estão localizadas na língua e no palato da boca. As papilas gustativas podem apresentar duas formas. As papilas filiformes, que são responsáveis pela sensação tátil, e as papilas circunvaladas, fungiformes e foliáceas, responsáveis pelo sabor (Dângelo, 2011). O sabor é uma reação química combinada entre o paladar e o olfato, produzida pela ativação dos quimiorreceptores. Quando falamos sobre o que comemos, estamos falando da textura, temperatura, ardência e cor dos alimentos. Essas variáveis são influenciadoras do paladar. Os estímulos recebidos são traduzidos e enviados ao cérebro para serem interpretados. 014 5.2 Olfato O nariz é órgão responsável por acondicionar o olfato. Quando descrevemos o olfato estamos, na verdade, descrevendo o nariz. Sendo assim, observando a caixa craniana, na face veremos uma cavidade que acondiciona uma estrutura mucosa e cartilaginosa, que é o nariz. A função do nariz é captar odores. Essa captação ocorre quando os neuroreceptores recebem as moléculas de uma determinada substância por meio da dissolução dessa na mucosa. O olfato é constituído por células sensoriais e neurônios que, ao serem estimulados, originam impulsos nervosos. Essas células estão localizadas na mucosa nasal. A parte do cérebro responsável pela ação do olfato é denominada de lobo olfatório. É essa interpretação das sensações que denominados de cheiro (Fox, 2007). Segundo Fox (2007), o olfato humano é pouco desenvolvido em relação ao de outros mamíferos. O epitélio olfativo humano contém cerca de 20 milhões de células sensoriais. Essas células sensoriais possuem uma característica que é o seu receptor. Neste caso, são os pelos sensoriais. No caso das células humanas, possuem seis pelos sensoriais. Quando observamos e comparamos com um cachorro, descobrimos que ele tem mais de 100 milhões de células sensoriais, e cada uma tem pelo menos 100 pelos sensoriais. Quando o objeto em questão é a sensibilidade na aquisição do sentido, verificamos que o sistema olfativo humano é muito sensível. Isso só é possível pela habilidade do olfato de algumas poucas células para disparar a sensação de odor. 5.3 Tato A primeira e grande descrição que precisamos fazer é a de revelar que a pele é o maior órgão do corpo humano. Parece nos surpreender, todavia, não tanto. A grande questão em voga é: como isso é possível e quem faz isso. A pele dá origem ao sentido chamado de tato. O tato é responsável pela percepção de diferentes sensações na pele. Isso ocorre pelo fato da pele possuir terminações nervosas e receptores táteis que capturam as sensações e as transmitem aos nervos. Depois segue o fluxo do SN. Segundo Dângelo (2011), o tato é o primeiro órgão a se desenvolver no organismo humano. Diante da responsabilidade no processo de desenvolvimento, 015 que é proteger o corpo, ele é também como receptor de estímulos que fortalecem a autoestima e a confiança. O tato é o único sentido que se conserva atento no período em que o indivíduo está dormindo, funcionando como uma espécie de guarda do sono. Como a pele envolve todo o corpo, há áreas mais sensíveis que outras, em que o processo de estímulo produz uma observação mais centrada. Isso ocorre pelas terminações nervosas existentes. Sendo assim, destacamos as mãos, os pés, os lábios, as orelhas. Embora seja o maior órgão, ela não é tão rica em informações, nem em qualidade nem em quantidade. Mas encontramos na pele sensores de alerta. Isso significa que o tato abrange três tipos de sensibilidade: mecânica, térmica e dolorosa. Muitos dos receptores sensoriais da pele são terminações nervosas livres. Algumas delas detectam dor, outras detectam frio e outras, calor. Receptores do tato: Tato – corpúsculo de Meissner; Pressão forte – corpúsculo de Pacini; Frio – corpúsculo de Krause; Calor – corpúsculo de Ruffini; Dor – terminações nervosas livres. Segundo Fox (2007), o tato tem por fim maior nos apresentar as variações externas. Por isso, temos na pele um agente de proteção e alerta. FINALIZANDO Chegamos ao fim do assunto de hoje, o sistema sensorial. Podemos nos permitir dizer que sabemos agora que nada ocorre no organismo sem que o cérebro venha a saber. Todavia, quando falamos do ambiente externo, essa informação que não está no organismo só será conhecida pelo cérebro se tiver um contato com o organismo. Descobrimos que esse contato é estabelecido pelos sentidos, os órgãos responsáveis por receber as informações do ambiente externo e fazê-la conhecida no cérebro. O processo de transmissão dessas informações é realizado pelo sistema nervoso sensorial. O sistema nervoso sensorial é uma rede de informação interligada e que segue o fluxo da via aferente. Significa que a informação é captada pelo receptor e transferida até o cérebro. É uma rede complexa que 016 envolve neurônios, nervos e o sistema nervoso central, mas eficiente no seu trabalho. Mas não podemos deixar de lembrar que a informação primeiramente é captada pelos sentidos, que são: visão, audição, paladar, olfato e tato. Esses sentidos são receptores de informações pelos seus respectivos órgãos do sentido. Encerramos esta aula certos de conhecermos um pouco mais do complexo universo do sistema nervoso. 017 REFERÊNCIAS ALBERTS, B.; HOPKIN J.; LEWIS, R.; ROBERTS, W. Fundamentos da Biologia Celular. 3. ed. 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