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Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla Professor Esp. Jhonatan Phelipe Peixoto EduFatecie E D I T O R A Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Prof.ª Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.unifatecie.edu.br/site/ As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock https://orcid.org/0000-0001-5409-4194 2021 by Editora EduFatecie Copyright do Texto © 2021 Os autores Copyright © Edição 2021 Editora EduFatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora EduFatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. EQUIPE EXECUTIVA Editora-Chefe Prof.ª Dra. Denise Kloeckner Sbardeloto Editor-Adjunto Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Assessoria Jurídica Prof.ª Dra. Letícia Baptista Rosa Ficha Catalográfica Tatiane Viturino de Oliveira Zineide Pereira dos Santos Revisão Ortográ- fica e Gramatical Prof.ª Esp. Bruna Tavares Fernades Secretária Geovana Agostinho Daminelli Setor Técnico Fernando dos Santos Barbosa Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt www.unifatecie.edu.br/ editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP P379a Peixoto, Jhonatan Phelipe Atendimento educacional de alunos com deficiência intelectual e múltipla / Jhonatan Phelipe Peixoto. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 97 p. : il. Color. ISBN 978-65-87911-30-4 1. Educação especial. 2. Pessoas com deficiência - Educação I. Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná - UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD : 23 ed. 371.9 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 https://doi.org/10.33872/edufatecie.formsociocultural.2019 AUTOR Professor Especialista Jhonatan Phelipe Peixoto ● Especialista em Atendimento Educacional Especializado: Educação Especial e Inclusiva – Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Especialista em Docência no Ensino Superior: Tecnologias Educacionais e Inovação – Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Especialista em Docência na Educação Superior – Centro Universitário Metropolitano de Maringá (Unifamma). ● Graduação em Pedagogia – Centro Universitário Metropolitano de Maringá (Unifamma). ● Formação Complementar em Neurodidática – Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em Introdução de Libras - Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em As competências do Pedagogo - Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em Afetividade no Ambiente Escolar e Familiar - Universidade Cesumar (Unicesumar). ● Formação Complementar em Adolescência e suas Características Psicossociais. ● Professor Mediador no Ensino Superior da modalidade EAD. Acesse o meu currículo lattes: 9252033019618489 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a mais uma etapa do curso de Graduação em Educação Especial, com a disciplina de Atendimento Educacional Especializado para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla. Ao longo das quatro unidades serão debatidos assuntos pertinentes a esse assun- to, onde você poderá compreender, na Unidade I, sobre a História da Deficiência Intelectual e múltipla analisando como se dá o processo histórico relacionado a essa deficiência, bem como as legislações nacionais e internacionais que regem o atendimento educacional es- pecializado para esses alunos. Dando sequência, na Unidade II será possível analisar como acontece a interlo- cução entre o AEE para os alunos com essas deficiências e o ensino regular, enfatizando os processos teóricos, legais e pedagógicos que envolvem essa discussão, bem como as atividades de vida diária para que esse atendimento aconteça de maneira assertiva e institucionalização do mesmo no projeto pedagógico das escolas. Já na Unidade III, você poderá analisar, também, como a deficiência intelectual e múltipla acontece no contexto escolar, entendendo como a mesma é compreendida no ambiente institucional e como são as percepções de pais, escola e professores em relação ao atendimento educacional para a inclusão escolar dos alunos com tais deficiências. Por fim, na Unidade IV você terá a compreensão de como se dá o processo de ensino e aprendizagem desses alunos, refletindo como o mesmo ocorre nas escolas e na sociedade, finalizando com o entendimento sobre recursos didáticos adaptados e alguns exemplos que podem ser utilizados em sala de aula. É importante ressaltar, caro (a) aluno (a), que os conteúdos aqui apresentados nas quatro unidades desse livro são direcionamentos para as possibilidades de pensar e refletir sobre os assuntos abordados, sendo assim, necessário, que você aprofunde seus estudos por meio das indicações de filmes, livros e leituras complementares. Desejo bons estudos e uma excelente disciplina! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 3 História da Deficiência Intelectual e Múltipla UNIDADE II ................................................................................................... 27 Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular para Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla UNIDADE III .................................................................................................. 52 Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar UNIDADE IV .................................................................................................. 69 Aprendizagem 3 Plano de Estudo: ● A deficiência intelectual e múltipla através dos tempos ● Conceituando a deficiência intelectual e múltipla ● Legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão Objetivos da Aprendizagem: ● Contextualizar a deficiência intelectual e múltipla no contexto histórico ● Conceituar a deficiência intelectual e múltipla ● Analisar a legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Professor Esp. Jhonathan Phelipe Peixoto 4 INTRODUÇÃO UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Caro(a) acadêmico(a), Seja bem-vindo(a) a Unidade I, intitulada “História do deficiente intelectual e múlti- pla”, da disciplina de Atendimento Educacional de Aluno com Deficiência Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial. No primeiro momento iremos contextualizar a deficiência intelectual e múltipla atra- vés dos tempos, de forma que você possa compreender como se deu o contexto histórico sobre essa deficiência por meio das mais importantessociedades, sendo possível identificar as particularidades de cada uma, desde a Antiguidade até os dias atuais no Brasil. No segundo momento será possível conceituar a deficiência intelectual e múltipla, a fim de que você possa compreender a definição de cada característica dessas duas deficiências. Além disso, será possível analisar a classificação dos 4 (quatro) níveis da deficiência intelectual. Já no terceiro, e último momento, você poderá identificar a legislação nacional e estadual, acessibilidade e a era da inclusão, de forma que possa verificar as principais Leis, decretos e resoluções brasileiras que regem o atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência intelectual e múltipla e por fim, as principais declarações internacionais que abordam sobre esse assunto. Espero que estes textos colaborem para a sua melhor compreensão sobre o tema de nossa primeira unidade. Boa leitura! 5UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla 1. A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA ATRAVÉS DOS TEMPOS Caro (a) acadêmico (a) para dar início a nossa discussão sobre a História do De- ficiente intelectual e múltipla é necessário que façamos uma compreensão sobre como a deficiência intelectual e múltipla vem sendo discutida e compreendida no contexto histórico. Pensando em um viés histórico, é possível identificar que a deficiência intelectual e múltipla passou por diversas evoluções no que diz respeito ao seu processo de con- ceituação, sendo discutida desde a antiguidade até os dias atuais, onde muitos termos e discussões foram esquecidas e outros novos passaram a ser debatidos. Para que você, aluno (a), possa compreender de fato como ocorreu o processo histórico da deficiência intelectual e múltipla, é necessário analisar toda sua evolução de conceitos, como esses foram construídos, quais os objetivos voltados para a deficiência em cada época e como cada sociedade contribuiu para a discussão de tal assunto (CORSO, 2020). O debate sobre a deficiência intelectual teve início na Antiguidade e se estendeu, inicialmente, até a Idade Média. Naqueles tempos, a sociedade buscava apresentar a deficiência intelectual como algo inerente à pessoa, tendo assim, sua discussão de forma isolada e com poucas políticas públicas para o atendimento de pessoas com tal deficiência, e com isso, a inclusão era algo inexistente. De acordo com Corso (2020), somente era considerado como verdadeiros seres humanos aqueles que possuíam terras e se classificavam como pessoas da nobreza, e com isso, os que trabalhavam para a nobreza eram classificados como uma subcategoria, 6UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla a qual não tinha muita visibilidade social. Nessa época, a deficiência era algo inexistente perante a sociedade, logo, não era vista como um problema que deveria ser discutido e exibido, pois as pessoas nessas condições eram destinadas à exposição, eliminação e até mesmo ao abandono. Na Antiguidade até meados do século XVIII, as pessoas com deficiências eram tidas como algo místico e com diversas classificações dentro dos diferentes contextos reli- giosos da época, principalmente o cristão. As explicações para isso era que os deficientes eram vistos como um ser possuído por alguma força maligna, e devido a religião ter poder absoluto nessa época, exorcizavam essas pessoas como se entidades demoníacas as possuíssem, a fim de expulsar tais forças malignas, e com isso, a igreja tinha como função social “curar” os deficientes desse mal, pois os mesmos não eram vistos como filhos de Deus (CORSO, 2020). Um fator importante a destacar sobre esse momento histórico, aluno (a), é o infanti- cídio, ou seja, toda criança que nascesse com alguma deficiência, dentre elas a intelectual, sendo classificado como um defeito, tinham como destino o sacrifício, sendo entendido o abandono e até mesmo a eliminação. Já na Grécia, existiam muitas discussões voltadas para aquilo que era bonito, tendo assim, a cultuação do que era considerado belo no sentido corporal interno e externo. Logo, aqueles que nasciam com algo diferente do que era considerado bonito e belo tinham como destino a eliminação para proteger o restante da sociedade de um possível contágio, pois a deficiência nessa época era vista como algo contagioso. De acordo com Trancoso (2020), diferente da Grécia, as pessoas que nasciam com alguma deficiência no Antigo Egito não eram eliminadas ou isoladas, vez que nessa sociedade a deficiência era vista de outra forma. Nesse contexto social, as pessoas que possuíam alguma deficiência eram aceitas, respeitadas e integradas no dia a dia, principal- mente aquelas que possuíam nanismo, cegueira ou alguma deficiência física. Partindo para a sociedade Romana, aqueles nascidos [...] “com alguma anomalia, aparência física de alguma má-formação, acabavam mortos por afogamento. Os antigos espartanos avaliavam as crianças, e as consideradas doentias, disformes ou franzinas eram jogadas do alto do Monte Taygetos” (CORSO, 2020, p. 8). Relatos históricos nos trazem informações de que as crianças que nasciam com deformidades físicas em Roma sofriam rejeição e eram mortas por afo- gamento, muitas vezes na hora do parto. Havia, inclusive, leis que permitiam aos pais eliminar seus filhos deficientes, embora nem todos os fizessem. [...] eram recolhidas por escravos e famílias plebeias mais pobres (que viviam de esmolas). Assim, eram criadas por essas famílias para mais tarde ser usadas como pedintes, a fim de explorar os romanos atormentadas por culpas [...] (TRANCOSO, 2020, p. 29). 7UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla No século XV, o conceito de deficiência passa por uma reformulação onde era compreendido que a mesma não se tratava de algo maligno ou proveniente de seres de- moníacos, mas sim, de pessoas doentes, dando origem de uma patologia como origem da deficiência. Corso (2020) nos evidencia que no século XVII, passam a surgir estudos sobre a anatomia da deficiência mental, de forma que buscasse a sua localização no encéfalo. Dessa forma, a deficiência deixa de ser algo pertinente à alma e dos maus espíritos que as pessoas possuem, mudando a visão de algo julgado como místico ou religioso para aquilo voltado ao campo da ciência. Durante a Idade Moderna, a partir do século XVIII, a deficiência ganha a conotação de causa natural, e o pensamento científico começa a evoluir. No entanto, o período ainda era marcado por preconceito, segregação e a ideia de não evolução, como algo incapacitante. [...] A partir do século XIX, vários pesquisadores se dedicaram ao estudo do tema, dando origem a vários con- ceitos (CORSO, 2020, p. 10). De acordo com Trancoso (2020) nessa época aconteceram diversas mudanças no que diz respeito ao pensamento sobre a deficiência, surgindo várias ações para compreen- der essas pessoas. Porém, essas ações eram isoladas, pois iam contra o pensamento da sociedade naquela época, a qual não concordava que as pessoas com deficiências não poderiam ser educadas, vez que eram doentes, não tinham humanidade e eram possuídas por espíritos demoníacos. Falando agora sobre as discussões sobre o debate da educação especial no Bra- sil, podemos compreender que a mesma passou por duas etapas específicas para a sua compreensão. Em relação a primeira etapa, caro (a) aluno (a), é importante ressaltar que “Assim como em outros locais do mundo, também no Brasil os deficientes eram vistos como pessoas que poderiam causar perigo à sociedade, por vezes tornando-se questão de or- dem policial” (CORSO, 2020, p. 13), e com isso, os deficientes eram impostos a ficarem em casas cuidadas pela igreja, as conhecidas Santas Casas de Misericórdias ou em hospitais psiquiátricos. Diante do abandono dessas crianças com necessidades especiais,que na maioria das vezes eram deixadas nas ruas, o governo da época criou as chamadas “rodas dos expostos ou vulneráveis”, no qual esses locais serviriam como acomodação e abrigo para os deficientes que eram deixados pelos seus familiares. Corso (2020, p. 14) nos afirma que “A pedagogia evolui junto com a medicina em termos de abordagem e entendimento de deficientes, os quais eram inicialmente tratados dentro de hospitais psiquiátricos para que tivessem maior apoio [...]”, e devido a essa evo- 8UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla lução, as pessoas que possuíam determinadas deficiências não eram mais vistas como doentes, e passaram a ser compreendidos como aquelas pessoas que possuem necessi- dades educacionais especiais e com chances de aprender junto à educação. Já a segunda etapa teve sua organização em meados do século XX e se estendeu até a década de 70, tendo como base de instrução a Nova Escola a qual teve como inicia- tiva privada a discussão sobre a educação especial e inclusiva. Nessa época o governo oferecia pouquíssimos recursos para ajuda na educação especial, apresentando apenas contribuições mínimas de entidades privadas ou filantrópicas. Outras modalidades de tratamento e atendimento surgem, seja em hospi- tais ou instituições de ensino, algumas de forma isolada, a maioria particular. [...] Assim como na Europa e nos Estados Unidos, após a Segunda Guerra Mundial, houve uma forte preocupação com as pessoas lesionadas, surgindo assim o conceito de reabilitação, exploradas em clínicas e serviços de caráter psicopedagógico. Nessa época as pessoas passaram a ter acesso e direito à educação nas conhe- cidas como escolas especiais, as quais eram distintas e separadas das escolas de ensino regular, dando início a novas oportunidades de ensino e desenvolvimento educacional, humano e social. 9UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla SAIBA MAIS RODA DOS EXPOSTOS – 1825-1961 A roda dos expostos sempre esteve ligada às instituições caridosas (abadias, mosteiros e irmandades beneficentes). Nela eram deixadas crianças cujos pais por alguma razão não as podiam criar. Formada por uma caixa dupla de formato cilíndrico, a roda foi adaptada no muro das instituições caridosas. Com a janela aberta para o lado externo, um espaço dentro da caixa recebia a criança após rodar o cilindro para o interior dos muros, desaparecendo assim a criança aos olhos externos; dentro da edificação a criança era recolhida, cuida- da e criada até se fazer independente. As rodas dos expostos das Misericórdias sempre existiram, e a primeira foi fundada em Portugal em 1498. A roda da Irmandade de São Paulo tem idade de uso a partir de 16 de novembro de 1876, quando Ariana da Silva Albuquerque foi deixada no meio da noi- te. Documentos, porém, atestam sua existência desde 02 de julho de 1825. O término do uso da roda da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo se dá em 20 de dezembro de 1950, quando Maria Assunta foi recebida e registrada em um livro com o número de 4.580. Maria foi exposta na roda e as Irmãs de São José a acolheram e le- varam-na ao Asylo dos Expostos Sampaio Vianna, fundado em 1896, e assim nomeado em homenagem ao benemérito Irmão João Maurício de Sampaio Vianna. Mesmo depois que a roda foi retirada de seus muros, a Irmandade de Misericórdia con- tinuou a receber enjeitados até 26 de dezembro de 1960. Glória Graciana Sampaio foi o último registro, de número 4.696. Fonte: Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Disponível em: https://www.santacasasp.org.br/portal/ site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961 https://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961 https://www.santacasasp.org.br/portal/site/quemsomos/museu/pub/10956/a-roda-dos-expostos-1825-1961 10UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla 2. CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA Caro (a) aluno (a), para dar sequência em seus estudos acerca do atendimento educacional de alunos com deficiência intelectual e múltipla, é necessário que você conheça um pouco mais sobre essas deficiências, de forma que compreenda seus conceitos e defi- nições. Para que você, aluno (a), possa compreender de uma melhor forma, primeiramente irei definir o que é deficiência intelectual e, posteriormente, o que é deficiência múltipla, vamos lá? Dias e Oliveira (2013) apresentam que a construção de compreensão acerca da deficiência intelectual possui diversas variações ao longo dos tempos e diferentes contex- tos históricos e sociais, sendo entendida de acordo com manifestações não normativas do funcionamento intelectual. Com isso, surgiram diferentes ideias sobre as representações que abordam o modo predominante da pessoa com deficiência em relação ao seu convívio sociocultural relacionadas às limitações do sujeito por meio de testagens de sua inteligên- cia. Porém, nos dias atuais, para se ter uma compreensão concreta sobre esse assunto, é necessário levar em consideração os diferentes conhecimentos sobre a contextualização dos conceitos, concepções e critérios científicos para que haja uma identificação concreta e válida, levando em consideração, também, a maneira como as pessoas com deficiência intelectual identificam as noções sobre si e suas experiências nos mais variados contextos. De acordo com Corso (2020, p. 28), as pessoas que possuem deficiência intelec- tual são “indivíduos que possuem prejuízos no domínio conceitual social e prático, sendo classificados em deficiência intelectual leve, moderada, grave e profunda. [...] O nível de prejuízo intelectual pode ser indicativo de maior ou menor capacidade de aprendizagem”. 11UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Já na visão de Tomazeli (2020) conceituar a deficiência intelectual vem passando por inúmeras modificações no decorrer do tempo, sendo de forma ampla compreendida como um retardo mental, porém, classificação essa muito obsoleta, mas evidenciada até os dias atuais. Representando pessoas com alterações em seu funcionamento neurológico e que, em decorrência disso, apresentam dificuldades de se adaptar ao meio em que estão inseridas, essa denominação abarca uma série de manifes- tações comportamentais, sinais clínicos e sintomas que culminam em sua identificação. Entretanto, estabelecer um padrão clínico único para definir a deficiência intelectual ainda não é possível (TOMAZELI, 2020, p. 31). Portanto caro (a) acadêmico (a), não podemos e não conseguimos definir a defi- ciência intelectual em apenas um conceito ou explicação, pois além dos diferentes con- textos sociais culminantes a essa limitação, também temos a complexidade em analisar e identificar os componentes básicos que associam a quadros clínicos, devido o fato de existir uma vasta compreensão de fatores e variáveis, como as manifestações dos sinais e relação social da pessoa com essa deficiência (TOMAZELI, 2020). Como mencionado anteriormente, a deficiência intelectual pode ser compreendida em quatro níveis de gravidade, sendo eles: leve, moderada, grave e profunda. Vamos co- nhecer os critérios para classificação da deficiência intelectual? TABELA 1 – CRITÉRIOS PARA CLASSIFICAÇÃO DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Fonte: Corso (2020, p. 29). 12UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Com isso, é pertinente salientar que as principais características da deficiência inte- lectual são: “Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; atraso na linguagem; dificuldade em atividades de vida diária [...]; lentidão na aprendizagem [...]; dificuldade na recepção, percepção, memorização e evocação frente aos estímulos visuais, táteis e auditivos; dificul- dade de integração ao meio social e familiar [...]” (CORSO, 2020, p. 30). Partindo agora para a compreensão do que é a deficiência múltipla, Silva (2011, p. 1) apresenta que “Deficiência Múltipla(DM) é a expressão adotada para designar pessoas que têm mais de uma deficiência”, sendo compreendida como uma condição de caráter heterogêneo a qual identifica distintos grupos de pessoas que possuem deficiências asso- ciadas umas as outras. O termo deficiência múltipla tem sido utilizado, com frequência, para carac- terizar o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. No entanto, não é o somatório dessas alterações que caracterizam a múltipla deficiência, mas sim o nível de desenvolvimento, as possibilidades funcionais, de comunica- ção, interação social e de aprendizagem que determinam as necessidades educacionais dessas pessoas (GODÓI, 2006, p. 11). É válido ressaltar que os alunos que possuem deficiência múltipla, em determinado momento, podem demonstrar algumas alterações no seu processo de desenvolvimento, aprendizagem e convívio social devido o fato de possuírem diversas possibilidades e ne- cessidades que precisam ser compreendidas pelas demais pessoas envolvidas no contexto social dessa criança (GODÓI, 2006). A deficiência mental pode ser compreendida como uma característica de deter- minadas deficiências como: Síndrome de Down, fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, paralisia cerebral “[...] e em outras alterações da estrutura e/ou funcionamento do sistema nervoso central, como se a alteração orgânica estivesse associado naturalmente o déficit intelectual” (CARNEIRO, 2020, p. 56). Portanto, por meio dessas informações, você, caro (a) aluno (a), pode verificar que a conceituação dessas deficiências em apenas uma terminologia não é possível, pois essa discussão vem desde o entendimento de deficiência mental, em 1939, no Congresso de Genebra, como uma tentativa de “padronizar mundialmente a referência e também a substituição ao termo anormal, considerado muito genérico (CARNEIRO, 2020, p. 18). A Política Nacional para a Integração da Pessoa portadora de deficiência define a deficiência mental como: “funcionamento intelectual significativamente inferior à média [...] e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: comunicação; cuidado pessoal; habilidades sociais; utilização dos recursos da comunida- de; saúde e segurança, habilidades acadêmicas; lazer; e trabalho” (BRASIL, 1999, p. 1). 13UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla O mesmo documento define a deficiência múltipla como “a associação de duas ou mais deficiências” (BRASIL, 1999, p. 1). Um fator importante a se destacar é que devido as especificidades da deficiência intelectual, não é possível apresentar “tipos de deficiência”, pois podem ser identificados juntamente com uma síndrome, como por exemplo a Síndrome de Down, que pode estar associada a uma deficiência física ou até mesmo, de forma isolada, sem estar relacionada à outra patologia ou deficiência. 14UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla 3. LEGISLAÇÃO NACIONAL E ESTADUAL, ACESSIBILIDADE E A ERA DA INCLUSÃO Dando continuidade aos nossos estudos acerca do Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla, é necessário que você, aluno (a), conheça as leis nacionais e estaduais sobre o atendimento especializado e como a inclusão é discutida nos dias de hoje, conhecida como era da inclusão. Vamos lá? Em nosso país temos diversas leis, decretos e resoluções que tratam sobre esse assunto, dessa forma, é importante que você as conheça. Observe abaixo as principais legislações que regem o atendimento educacional de alunos com deficiência, em ordem cronológica. Constituição Federal de 1988: De acordo com os artigos 205º e 206º deste docu- mento, a educação é entendida como sendo um direito de todos e sendo dever do Estado e da Família promover esse acesso para todas as pessoas, inclusive as com deficiências. Já no artigo 208º é apresentado que é dever do Estado garantir o atendimento educacional especializado para os alunos com deficiência, de preferência que sejam matriculados em escolas de ensino regular. No artigo 227º, podemos identificar que é dever do Estado, da família e da sociedade garantir à criança e ao adolescente o direito à vida, saúde, alimen- tação, educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade e convi- vência familiar. Dessa forma, o Estado deve criar programas de prevenção e atendimento educacional especializado para todas as pessoas com deficiência, bem como, garantir a 15UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla integração social do adolescente mediante instruções para o trabalho e convivência (BRA- SIL, 1988). Além dessas considerações a Constituição também menciona em seu art. 23º, II e art. 24º, XIV, que é responsabilidade da União e dos Estados, respectivamente: “[...] cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas com deficiência; [...] proteção e integração social de pessoas portadoras de deficiência [...]” (BRASIL, 1988, p.1). Lei nº 7.853 de 24 de outubro de 1989: nessa Lei é discutido sobre o apoio para as pessoas com deficiência em relação a sua integração social, tendo como discussão em no art. 1º: § 1º Na aplicação e interpretação dessa Lei, serão considerados os valores básicos da igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do res- peito à dignidade da pessoa humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios gerais do direito. 2º As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações go- vernamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e legais que lhes concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da sociedade (BRASIL, 1989, p. 1). Partindo para o art 2º desta mesma Lei, você, caro (a) aluno (a), poderá verificar que cabe como responsabilidade do poder público assegurar para as pessoas com deficiência o exercício de todos os seus direitos básicos como: educação, saúde, trabalho, lazer, entre outros, direitos esses que vem sendo assegurados desde a Constituição Federal e de leis provenientes a esse assunto. Em relação a educação, neste mesmo artigo em seu inciso I, é evidenciado a in- clusão no sistema educacional tendo a Educação Especial como modalidade de ensino se estendendo a todos os níveis escolares da educação básica e supletiva, sendo necessário ofertar a habilitação e reabilitação dos profissionais dessa área. Neste mesmo inciso é destacado que: [...] a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, pri- vadas e públicas[...]; oferta, obrigatória e gratuita da Educação Especial em estabelecimento público de ensino[...]; o oferecimento obrigatório de progra- mas de Educação Especial a nível pré-escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados por prazo igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência [...] (BRASIL, 1989, p.1). Além disso, para a área da educação, é assegurado o acesso dos alunos com de- ficiência a todo os benefícios que são ofertados aos demais alunos do sistema educacional e a matrícula para cursos ofertados em estabelecimentos públicos e privados, a fim de que as pessoas com deficiência se integrem no sistema regular de ensino. Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990: mais conhecida com Estatuto da Criança e do Adolescente, essa Lei “[...] aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discrimi- 16UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla nação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, [...] econômica, [...] social, [...] ou outra condição que diferencie aspessoas [...]” (BRASIL, 1990, p. 1). No que diz respeito às pessoas com deficiência, o Estatuto da Criança e do Ado- lescente enfatiza que o atendimento educacional especializado deve ser ofertado, prefe- rencialmente, na rede de ensino regular e ao adolescente deve ser assegurado o trabalho protegido. Política Nacional de Educação Especial – 1994: Em 1994 é divulgada a Política Nacional da Educação Especial, a qual visa o processo denominado “integração social”, que dispõe o acesso às classes comuns do ensino regular para somente as crianças com deficiência que possuem condições de realizar as atividades escolares do ensino normal, no mesmo ritmo que os demais alunos matriculados nas escolas, porém isso foi conside- rado um atraso, visto que devemos pensar em um acesso igualitário a todos na educação básica. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996: Essa Lei é muito importante para edu- cação como um todo, incluindo o atendimento educacional especializado. Conhecida como Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDBEN, viabiliza em suas discussões um capítulo específico para tratar somente sobre a Educação Especial, o qual, já de início, apresenta que o entendimento sobre Educação Especial se dá para a modalidade de ensino que é oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino para os alunos que possuem determinadas deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação. No parágrafo 1º e 2º do art. 58º desta lei é enfatizado que, Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regu- lar, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. [...] O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especia- lizados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular (BRASIL, 1996). No art. 59 podemos observar que fica evidente que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habi- lidades e superdotação, currículos e recursos específicos para atender todas as necessida- des desse aluno, além de, professores com especializações adequadas para realização do atendimento especializado e professores capacitados para mediarem a integração desses alunos às classes comuns do ensino regular. 17UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999: esse decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89 mencionada acima, o qual dispõe sobre a Política Nacional para a integração da pessoa com deficiência, consolida as normas de proteção, bem como, apresenta outras providências. O objetivo principal desse documento é apresentar normativas que assegu- rem todos os direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência. Em relação à Educação, esse decreto em seu art. 24º, enfatiza que os órgãos e entidades da Administração Pública Federal devem viabilizar: I – A matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoa portadora de deficiência capazes de se integrar na rede regular de ensino; II – a inclusão, no sistema educacional, da educação especial como modalidade de educação escolar que permeia transversal- mente todos os níveis e modalidades de ensino; III – a inserção, no sistema educacional, das escolas ou instituições especializadas públicas e privadas; IV – a oferta, obrigatória e gratuita, da educação especial em estabelecimen- tos públicos de ensino; V – o oferecimento obrigatório dos serviços de educa- ção especial ao educando portador de deficiência em unidades hospitalares e congêneres nas quais esteja internado por prazo igual ou superior a um ano; e VI – o acesso de aluno portador de deficiência as benefícios conferidos aos demais educandos, inclusive material escolar, transporte, merenda escolar e bolsas de estudos (BRASIL, 1999, p.1). Em relação a educação especial, esse mesmo decreto afirma ser a modalidade de educação escolar que é ofertada, de preferência, em escolas de ensino regular para aqueles alunos com necessidades educacionais especiais, dentre esses os com deficiência e que a educação destes alunos deverão ter início já na Educação Infantil, a partir de zero ano de idade. Lei nº 10.172 de 09 de janeiro de 2001: Mas conhecida como Plano Nacional da Educação – PNE, esta Lei foi criticada por ser muito extensa e apresentava diversas páginas no que diz respeito às crianças e jovens com deficiência. Em capítulo 8.2 que se refere às Diretrizes, é mencionado que “A educação especial de destina às pessoas com necessidades especiais no campo da aprendizagem, originadas que de deficiência física, sensorial, mental ou múltipla, quer de características como altas habilidades, superdotação ou talentos” (BRASIL, 2001). A mesma Lei complementa que a educação especial entendida como uma modali- dade de ensino, deve ser ofertada sistematicamente em todos os níveis de ensino de forma que a garantia de vagas no ensino regular aconteça para os diferentes tipos de deficiências, a fim de que todos tenham o devido acesso a educação. Resolução CNE/CEB nº 2 de 2001: Este texto do Conselho Nacional de Educação institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica para alunos com necessidades educacionais especiais em todas as suas etapas e modalidades de en- 18UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla sino. Em seu art. 1º é estabelecido que “O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação [...] a necessidade de atendimento educacional especializado” (BRASIL, 2001, p. 1). Já por meio do art. 2º entende-se que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos” (BRASIL, 2001, p.1). Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva: Esse documento foi elaborado em 2008 com o intuito de evidenciar o processo histórico da inclusão escolar no Brasil, a fim de promover políticas públicas que reforcem uma educação de qualidades para todas as pessoas. Essa política tem como objetivo, [...] assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos glo- bais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular [...]; transversa- lidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; forma- ção de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comu- nidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas co- municações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008, p. 14). Na perspectiva da Educação inclusiva, segundo esse documento, a educação especial passa a ser parte integrante da proposta do contexto escolar, de forma que possa definir seu público como os alunos com deficiência, transtornos e altas habilidades, con- siderando os alunos com deficiência aqueles que possuem impedimentos de longo prazo, seja de forma física, sensorial ou intelectual, que podem ter restrição de participação na escola e na sociedade. Resolução CNE/CEB nº 4 de 2009: este documento tem como intuito orientar os estabelecimentos de atendimento educacional especializado – AEE na Educação Básica, o qual afirma que o AEE deve ser ofertado em “[...] salas multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional Especializado da redepública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos” (BRASIL, 2009, p.1). Saindo das definições em ordem cronológica, no Brasil temos uma Lei que é de extrema importância que você conheça, onde a mesma trata especificamente sobre a in- clusão de pessoas com deficiência, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência a qual foi instituída em 6 de julho de 2015. Tal Lei é de suma importância para sua formação 19UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla acadêmica em relação a disciplina que está cursando, portanto, fique atento (a) a todas as informações. A Lei nº 13.146 tem como objetivo “[...] assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiên- cia, visando à sua inclusão social e cidadania” (BRASIL, 2015, p. 1). No capítulo II do título I desta mesma Lei, é possível verificar que a discriminação não deve prevalecer, dando obrigatoriedade a igualdade para todos, onde “toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades como as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. [...] a pessoa com deficiência será protegida de toda forma de negligência, [...] opressão e tratamento desumano ou degradante” (BRASIL, 2015, p.1). Em seu capítulo II do título II, o Estatuto da Pessoa com Deficiência ressalta sobre o direito da habilitação e reabilitação, tendo como objetivo desse processo “[...] o desenvol- vimento de potencialidades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas, sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais e artísticas que contribuam para a conquista da autonomia da pessoa com deficiência e de sua participação social [...]” (BRASIL, 2015, p.1). Em relação à educação, abordada no capítulo IV, é enfatizado que a educação é um direito da pessoa com deficiência, tendo a inclusão educacional em todos os níveis de ensino e diferentes aprendizados ao longo de toda a sua vida, de forma que possa atingir seu desenvolvimento integral de todas as habilidades pertinentes a si. 20UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla SAIBA MAIS Você sabia que, além das leis e decretos brasileiros, temos alguns marcos legais inter- nacionais? Vamos conhecer quais são? - Declaração Mundial de Educação para Todos – 1990: enfatiza que as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas com deficiência devem ter atenção especial, de forma que surjam medidas que, de forma igualitária, apresente a educação para todos. - Declaração de Salamanca – 1994: este documento, de grande importância para o atendimento educacional especializado, é uma resolução da ONU, a qual foi originado na Conferência de Educação Especial, em Salamanca na Espanha. Em seu texto é abordado os princípios, políticas e práticas para ações em todos os níveis regionais e mundiais sobre a Educação Especial, inclusive no que diz respeito às escolas. - Convenção de Guatemala – 1999: Denominada Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as pessoas com deficiência, trás como resultado, no Brasil, o decreto nº 3.956/2001, o qual afirma que as pessoas com deficiência possuem os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as outras pessoas. - Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência – 2009: afirma que a pro- moção e garantia de um sistema de Educação inclusiva de qualidade é de responsabili- dade dos respectivos países. - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS – 2015: se trata de um documento elaborado pela UNESCO, o qual apresenta 17 objetivos que devem ser realizados até 2030, tendo como discussão a educação inclusiva em seu item 4, o qual justifica uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, de forma que isso aconteça em toda a vida de todos. Para conhecer mais as especificidades desses documentos, oriento que faça a leitura na íntegra dos mesmos! Boa leitura! Fonte: Elaborado pelo autor com base nos documentos internacionais relacionados ao Atendimento Edu- cacional Especializado e Educação Inclusiva. 21UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla REFLITA Você sabia que não se usam mais os termos portador de deficiência, portador de neces- sidades especiais e pessoa portadora de deficiência? “De acordo com a Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência, da Orga- nização das Nações Unidas – ONU, o Brasil ratificou com valor de emenda constitucio- nal em 2008 que é totalmente inadequado o termo “pessoa portadora de deficiência ou portador de deficiência’’ . Por que? Simples, nós não portamos, não carregamos nossas deficiências, simplesmente as temos e, antes de termos deficiência, somos pessoas como qualquer outra” O uso adequado da terminologia de acordo com as deficiências deve ser da seguinte forma: - Cadeirantes, amputados, ostomizados: pessoa com deficiência física; - Autista: pessoa com TEA – transtorno do espectro autista; - Síndrome de Down: pessoa com deficiência intelectual; - Surdos: pessoas com deficiência auditiva; - Cegos: pessoas com deficiência visual, e assim por diante. “Menções a situações de deficiências, incapacidades ou quadros patológicos devem ser feitas em contexto e sem tom de piedade. A pessoa com deficiência também tem nome, sobrenome e dignidade a ser respeitada. Use preferencialmente o termo “pessoa com deficiência”, adotado pela ONU, não use termos pessoa portadora de deficiência e jamais use termos pejorativos como aleijado, defeituoso, incapacitado ou inválido. Fonte: G1 – Globo, Terminologia no tratamento da pessoa com deficiência, por Tulio Mendhes, 2018. Disponível em: http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/blog/mao-na-roda/post/terminologia- -no-tratamento-da-pessoa-com-deficiencia.html Senado Federal, linguagem inclusiva, 2020. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/manualdecomu- nicacao/redacao-e-estilo/estilo/linguagem-inclusiva#:~:text=N%C3%A3o%20use%20os%20termos%20 pessoa,h%C3%A1%20dois%20grupos%20de%20defici%C3%AAncia. 22UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa primeira unidade de discussão sobre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla. Em nosso primeiro momento de discussão, foi possível que você verificasse o processo histórico relacionado à pessoa com deficiência intelectual e múltipla desde a Antiguidade até os dias atuais no Brasil. Você pode verificar que a discussão sobre es- sas pessoas é inserida na própria história da humanidade, sendo marcada por inúmeros momentos de repressão, preconceito, humilhação, religiosidade e rejeição, dando origem a duas principais ações de crueldade: o infanticídio na Antiguidade até meados do século XVIII e a Roda dos Expostos no Brasil. Já no segundo tópico discutido, você pôde verificar as principais conceituações sobre o que é deficiência intelectual e o que é deficiência múltipla, a fim de que sua compreensão sobre o assunto seja de forma assertiva. Nesse momento de discussão, foi possível verificarmos que a classificação e definição dessas deficiências passou por diversas variações no decorrer dos tempos, de forma que é claro dizer que não é possível apresentar apenas uma terminologia ou explicação para ambas. Ainda, estudamos quais são os diferentes tipos de classificação da deficiência intelectual, sendo eles: leve, mode- rada, grave e profunda. E em nosso terceiro e último momento de discussão, estudamos as legislações, acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência, de forma que você pôde compreen- der que temos diversas leis, decretos e resoluções brasileiras que regem o atendimento educacional especializado para pessoas com deficiência, bem como,declarações de cunho internacional sobre esse assunto. Foi possível verificar que no Brasil temos uma Lei san- cionada que trata especificamente sobre a pessoa com deficiência, conhecida como Lei de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência que passou a ser um grande fator de discussão sobre a proteção e amparo dos direitos das pessoas com deficiência em nosso país. Para ampliar mais o seu conhecimento acerca do Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla não deixe de consultar as referências, bem como a indicação de leitura complementar, livro e filme. 23UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla LEITURA COMPLEMENTAR Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº 555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDU- CAÇÃO INCLUSIVA VI – DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA […] A educação especial é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular. O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela. O atendimento educacional especializado disponibiliza programas de enriqueci- mento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sina- lização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva, dentre outros. Ao longo de todo processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. A inclusão escolar tem início na educação infantil, onde se desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu desenvolvimento global. Nessa eta- pa, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se expressa por meio 24UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla de serviços de intervenção precoce que objetivam otimizar o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência social. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço educacional. Desse modo, na modalidade de educação de jovens e adultos e educação pro- fissional, as ações da educação especial possibilitam a ampliação de oportunidades de escolarização, formação para a inserção no mundo do trabalho e efetiva participação social. A interface da educação especial na educação indígena, do campo e quilombola deve assegurar que os recursos, serviços e atendimento educacional especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos. Na educação superior, a transversalidade da educação especial se efetiva por meio de ações que promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Estas ações envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão. Para a inclusão dos alunos surdos, nas escolas comuns, a educação bilíngüe - Lín- gua Portuguesa/LIBRAS, desenvolve o ensino escolar na Língua Portuguesa e na língua de sinais, o ensino da Língua Portuguesa como segunda língua na modalidade escrita para alunos surdos, os serviços de tradutor/intérprete de Libras e Língua Portuguesa e o ensino da Libras para os demais alunos da escola. O atendimento educacional especializado é ofertado, tanto na modalidade oral e escrita, quanto na língua de sinais. Devido à diferença linguística, na medida do possível, o aluno surdo deve estar com outros pares surdos em turmas comuns na escola regular. O atendimento educacional especializado é realizado mediante a atuação de profis- sionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros. 25UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete, bem como de monitor ou cuidador aos alunos com necessidade de apoio nas atividades de higiene, alimentação, locomoção, entre outras que exijam auxílio cons- tante no cotidiano escolar. Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado e deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de educação especial. Esta formação deve contemplar conhecimentos de gestão de sistema educacional inclusivo, tendo em vista o desenvolvimento de projetos em parceria com outras áreas, visando à acessibilidade arquitetônica, os atendimentos de saúde, a promoção de ações de assistência social, trabalho e justiça. 26UNIDADE I História da Deficiência Intelectual e Múltipla MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Atendimento Educacional Especializado: Deficiência Mental. Autor: Adriana L. Limaverde Gomes; Anna Costa Fernandes; Cristina Abranches Mota Batista; Dorivaldo Alves Salustiano; Maria Teresa Eglér Mantoan; Rita Vieira de Figueiredo. Editora: SEESP/SEED/MEC Ano: 2007. Sinopse: Para entender a deficiência mental, temos de puxar diferen- tes fios e cruzá-los entre si, buscando respostas e esclarecimentos que permitam compreendê-la. Os textos que aqui apresentamos abordam essa limitação humana nessa tessitura, com o cuidado de não reduzi-la em se entendimento. Quanto ao atendimento educacional especializado – AEE – para esses alunos, estamos trazendo experiências interessantes, que envolvem os mais diferentes níveis de comprometimento mental e atividadespedagógicas as mais variadas, tecendo com a prática. FILME/VÍDEO Título: Meu nome é rádio. Ano: 2003. Sinopse: Em uma cidade racialmente dividida, o treinador Jones encontra um estudante deficiente mental chamado Rádio e é ins- pirado a fazer amizade com ele. Logo, Rádio é o fiel assistente de Jones e o diretor Daniels observa que a autoconfiança da Rádio aumentou. Porém as coisas começam a piorar quando Jones começa a ter reclamações dos fãs, que sentem que a sua devo- ção por Rádio está atrapalhando a sua busca por uma vitória no campeonato. Link do filme: https://gloria.tv/post/npQ2LnufXGyR17wPBQ7f- DKWLt 27 Plano de Estudo: ● Fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado; ● Institucionalização do atendimento especializado no projeto político-pedagógico; ● Atividades de vida diária do aluno com deficiência intelectual e múltipla. Objetivos da Aprendizagem: ● Contextualizar os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado; ● Identificar a institucionalização do atendimento especializado no projeto político-pedagógico; ● Entender sobre as atividades de vida diária do aluno com deficiência intelectual e múltipla. UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla Professor Esp. Jhonathan Phelipe Peixoto 28UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a Unidade II intitulada “Interlocução do aten- dimento especializado no ensino regular para alunos com deficiência intelectual e múltipla da disciplina de Atendimento Educacional para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial. No primeiro momento iremos contextualizar os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado, para que, a partir dessa discussão você possa compreender o que é o Atendimento Educacional Especializado – AEE, como o mesmo aborda a questão da acessibilidade, quem são os agentes de integração de sua interlocu- ção com o ensino regular e, por fim, quais são os fundamentos legais para o AEE. Seguindo a discussão de nossa unidade acerca da interlocução do atendimento especializado no ensino regular para alunos com deficiência intelectual e múltipla, iremos falar sobre como identificar a institucionalização do atendimento especializado no projeto político-pedagógico - PPP, para que você, aluno (a), compreenda o que é o PPP e como o atendimento educacional especializado é compreendido e inserido no contexto educacional por meio deste documento. E para finalizar a discussão dessa unidade, iremos entender sobre as atividades de vida diária – ADV do aluno com deficiência intelectual e múltipla, a fim de que você com- preenda as especificidades da resolução que dispõe sobre a prática de Atividades de Vida Diária, de Atividades Instrumentais da Vida Diária e Tecnologia Assistiva pelo Terapeuta Ocupacional. 29UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla 1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS, LEGAIS E PEDAGÓGICOS DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO Caro (a) aluno (a) para que você possa compreender como se dão os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado, é necessário a compreensão sobre o que é o atendimento educacional especializado – AEE, vamos lá? De acordo com Vara e Cidade (2020, p. 131) o AEE é , [...] uma das principais estratégias de acessibilidade no contexto educacional brasileiro e ter por finalidade complementar e/ou suplementar o processo de ensino-aprendizagem dos estudantes com deficiência [...] a ser desenvolvido na sala comum do ensino regular, auxiliando a minimização de obstáculos que impeçam o processo de aquisição de conhecimentos. Logo, com base nessas informações, podemos compreender que o AEE nada mais é do que uma forma de buscar a integração dos alunos com deficiência no contexto educacional do ensino regular, de forma que os mesmos possam prosseguir com seus estudos de forma clara e assertiva, sem nenhuma discriminação por suas necessidades educacionais especiais. E para que haja uma educação objetiva para esses alunos, é necessário discutirmos também sobre acessibilidade, você sabe o que é isso, aluno (a)? Vara e Cidade (2020) esclarecem que a acessibilidade se caracteriza como sendo a possibilidade de uma eliminação de determinadas barreiras que dificultam e diminui a inserção e participação dos alunos com deficiências nos diferentes contextos sociais, e como estudamos na unidade anterior, de preferência nas escolas de ensino regular. 30UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla E a peça fundamental para que o AEE aconteça de forma pontual nas escolas é a qualificação do corpo docente, onde o mesmo esteja preparado e qualificado para trabalha- rem com a inclusão nas escolas. Além disso, é necessário citar, também, o envolvimento de todas as pessoas que estão inseridas nas escolas, como: equipe pedagógica, equipe de serviços gerais, professores de AEE e família. E o outro fator de extrema importância a ser mencionado é o relacionamento extraclasse, ou seja, a comunicação entre o professor do ensino regular e o professor que realiza o atendimento educacional especializado, de forma que aconteça a troca de informações para um melhor atendimento para os alunos com deficiência (VARA; CIDADE, 2020). 1.1 Fundamentos legais para o atendimento especializado Em relação ao contexto legal sobre o atendimento educacional especializado, Ra- belo (2012) enfatiza que sua discussão passou a ser evidenciada a partir da Lei Educacional 4.024 de 1961, a primeira Lei de Diretrizes e bases da Educação, onde se deu início a um entendimento sobre o movimento de ampliação para as políticas de educação especial e o acesso às escolas voltado para as pessoas com deficiências. Diante disso, podemos compreender que o atendimento educacional está garantido de maneira legislativa, onde é estabelecido desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, e como vimos anteriormente em nossas discussões, perpassou pela Lei de Di- retrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN de 1996, Diretrizes Nacionais para e Educação Especial, até chegar na discussão sobre a Lei denominada Estatuto da Pessoa com Deficiência a qual foi instituída em 6 de julho de 2015. Em relação ao atendimento educacional nas escolas, iremos reforçar algumas leis, decretos e resoluções que abordam sobre esse assunto, as quais foram discutidas em nossa primeira unidade, a fim de que você, aluno (a), possa compreender como se deu essa discussão acerca da implementação de legislações para tal atendimento. Podemos compreender que no Brasil, de acordo com Barli (2020), o atendimento para as pessoas com deficiências teve o início de suas discussões na época do Império com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos em 1854 e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857. A autora ainda menciona que em 1926 foi inaugurado o Instituto Pestalozzi para o atendimento educacional especializado das pessoas com deficiência intelectual e em 1954 foi fundada a primeira APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 apresentou a discussão do atendimento educacional especializado como sendo um direito dos excepcionais à edu- 31UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla cação, de forma que tenham acesso ao sistema geral de ensino, porém, grande parte desta Lei foi revogada pela Lei 9.394 de 1996, a qual aborda uma discussão mais atual para as diretrizesda educação Brasileira, a qual veremos em breve. A Constituição Federal de 1988 aborda como um dos seus principais objetivos em seu art. 3º inciso I e IV, respectivamente “[...]construir uma sociedade livre, justa e solidária; [...] promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quais- quer outras formas de discriminação.” (BRASIL, 1988, p. 1). Define no art. 205, a educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu art. 206, inciso I, estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios para o ensino e garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional espe- cializado, preferencialmente na rede regular de ensino (BARLI, 2020, p. 21). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 nos apresenta que as escolas devem promover e assegurar aos alunos com diferentes necessidades educacio- nais currículos, métodos e recursos que estejam relacionados ao ensino-aprendizagem dos mesmos (BARLI, 2020). A mesma Lei ainda direciona que para o atendimento educacional especializado deve ter professores com especializações, capacitações e treinamentos acer- ca das diferentes necessidades, a fim de mediarem a inserção dos alunos com deficiências no contexto de ensino regular. Continuando a nossa discussão em relação aos fundamentos legais que envolvem o AEE, é necessário enfatizar as Diretrizes Nacionais para a Educação Básica, a qual foi instituída em 2001, tendo como principal objetivo “[...] assegurar os serviços de educação especial para alunos com necessidades educacionais especiais, cabendo às escolas orga- nizaram-se para o atendimento a esses alunos de acordo com as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos” (BARLI, 2020, p. 22). O Plano Nacional de Educação – PNE correspondido pela Lei nº 10.172/2001, visa a educação especial para as pessoas com necessidades educacionais, defendendo que o ensino para as mesmas ocorra em classes comuns, de preferência em classes ou escolas especiais (BRASIL, 2001). [...] foi indicada a oferta do atendimento educacional especializado comple- mentar aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi- mento e altas habilidades ou superdotação, assegurando a transversalidade da educação especial na educação infantil. [...] Outra estratégia que envolve a educação especial está relacionada com a implantação de salas de recur- sos multifuncionais e a formação continuada de professores para o atendi- mento educacional especializado complementar [...] (BARLI, 2020, p. 23). Logo, podemos compreender que as especificidades relacionadas ao atendimento educacional especializado discutidas nesta Lei preconizam que o sistema escolar, enfati- 32UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla zado aqui todo o contexto escolar, desenvolva habilidades relacionadas ao AEE, de forma que se reorganizem para que possam atingir as metas estabelecidas pelo PNE, além de evidenciar que as discussões acerca da educação especial e do AEE estão cada vez mais sendo discutidas/os pelos órgãos legislativos. E para finalizar nossa discussão sobre os fundamentos teóricos, legais e pedagógi- cos relacionados ao atendimento educacional especializado, é importante que você, aluno (a) tenha conhecimento sobre o que dispõe o Decreto nº 7.611. Em seu art. 1º é defendido como sendo dever do Estado com a educação do público atendido pela educação especial, I – garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discri- minação e com base na igualdade de oportunidades; [...] III – não exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência; IV – garantia do ensi- no fundamental gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais; [...] VII – oferta de educação especial preferencialmente na rede regular de ensino; e VIII – apoio técnico e financeiro pelo Poder Público às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em educação especial (BRASIL, 2011, p. 1). No art. 2º deste mesmo documento, é mencionado que a educação especial “[...] deve garantir os serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização de estudantes com deficiência , transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação” (BRASIL, 2011, p. 1). Neste mesmo artigo é destacado que o atendimento educacional especializado deve ser integrado à proposta pedagógica da escola, ou seja, em seu Projeto Político-Pe- dagógico, mas isso iremos discutir mais a frente em nossa unidade II. Essa integração deve envolver todos aqueles que participam de forma efetiva no contexto escolar, devendo assim, conter também a participação da família e estar articulado com as demais políticas públicas pertinentes ao AEE. Este decreto ainda afirma, em seu art. 3º que o AEE tem por objetivo, I – prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino re- gular e garantir serviços de apoio especializados de acordo com as necessi- dades individuais dos estudantes; II – garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III – fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; e IV – assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis, etapas e modalidades de ensino (BRASIL, 2011, p. 1). Com isso, caro aluno (a), podemos compreender que para que o AEE aconteça de forma assertiva no contexto educacional, devem ser levadas/os em consideração todas as leis, decretos e resoluções discutidas nessa unidade, a fim de que o acesso à Educação seja igualitário para todos os alunos, independentemente se há ou não uma deficiência específica. 33UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla Para compreender um pouco mais sobre como o Atendimento Educacional Espe- cializado – AEE ocorre no Brasil, oriento que você faça o acesso em todas as legislações apresentadas anteriormente e realize a leitura na íntegra dos mesmos, de forma que sua concepção e conhecimento seja ainda mais fundamentado e aguçado. REFLITA Por que a nova política de educação especial é vista como retrocesso? “Decreto da exclusão”. É assim que tem sido chamada a nova Política Nacional de Edu- cação Especial (PNEE), sancionada pelo Presidente Jair Bolsonaro por meio do Decreto nº 10.502/20. A medida, na prática, tira a obrigatoriedade da escola comum em realizar a matrícula de estudantes com deficiência e permite a volta do ensino regular em escolas especializa- das, o que é visto por entidades como um retrocesso à educação inclusiva no país, além de violar a Constituição ao segregar alunos. [...] O decreto flexibiliza o direito da pessoa com deficiência de frequentar a escola comum. O que isso significa na prática? Sem uma consulta pública ou embasamento técnico, o decreto distorce o próprio con- ceito de inclusão, permitindo classes especializadas dentro de escolas inclusivas. Além disso, ao dar a opção para que famílias escolham por matricular os filhos em escolas regulares ou especiais, abre-se um precedente para a negação de matrículas. Caro (a) acadêmico (a) convido você a acessar o link abaixo e realizar a leitura completa da reportagem, bem como acessar o Decreto nº 10.520/2020 e reflita sobre o mesmo. Será que esse decreto inclui ou exclui os alunos com necessidades educacionais espe- ciais de seu direito ao acesso de uma educação que deve ocorrer, preferencialmente, nas escolas de Ensino Regular? Fonte: CARVALHO, Diana. Por que a nova política de educação especial é vistacomo retrocesso? Ecoa, 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2020/10/23/por-que-nova-politica-de- -educacao-especial-e-vista-como-retrocesso.htm 34UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla 2. INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO Caro (a) acadêmico, antes de iniciar a nossa discussão acerca da Institucionaliza- ção do Atendimento especializado no Projeto Político-pedagógico – PPP é necessário que você tenha conhecimento sobre o que é esse documento, de forma que possa compreender como se dão suas características e especificidades. Mas, afinal, o que é o PPP? De acordo com Veiga (1995, p. 12) “No sentido etimo- lógico, o termo projeto vem do latim projectu, particípio passado do verbo projicere, que significa lançar para diante. Plano, intento, desígnio. Empresa, empreendimento. Redação provisória de Lei. Plano geral de edificação”. Com isso, ao se construir os projetos voltados para as escolas, é necessário que seja feito um planejamento sobre o que sem tem como intenção para tal, de forma que os mesmos sejam passados para frente com base no que as instituições já possuem, ou seja, é uma visão futura daquilo que se pretende implantar nas instituições escolares. O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar inti- mamente articulado ao compromisso sociopolítico com os interesses reais e coletivos da população majoritária. É político no sentido de compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade. [...] Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efetivação da intencionalidade da esco- la, que é a formação do cidadão participativo, responsável, compromissado, crítico e criativo. Pedagógico, no sentido de definir as ações educativas e as características necessárias às escolas de cumprirem seus propósitos e sua intencionalidade (VEIGA, 1995, p. 13). 35UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla O PPP é construído por meio de um processo democrático de tomada de decisões, onde o mesmo objetiva apresentar uma maneira de organizar todo o contexto pedagógico das escolas, de forma que busque a superação de conflitos e elimine todas as barreiras burocráticas relacionadas aos campos educacionais. Diante disso, é necessário indagar que o PPP tem relação com a organização do trabalho pedagógico em dois níveis “[...] como organização da escola como um todo e como organização da sala de aula, incluindo sua relação com o contexto social imediato, procurando preservar a visão de totalidade [...]” (VEIGA, 1995, p. 14). Na visão de Veiga e Fonseca (2001, p. 46), compreender o PPP como “instrumento de políticas públicas alicerçadas no discurso do planejamento estratégico-empresarial implica analisar os principais pressupostos que embasam sua concepção”. Logo, a ela- boração do projeto político-pedagógico está associada ao campo de poder que há dentro das escolas, ou seja, as políticas públicas entendidas como criadoras de indicadores para analisar o desempenho das instituições, realizam um diagnóstico prévio para análise dos resultados apresentados no campo educacional. Com base nessas informações, é possível compreender que o PPP se caracte- riza como sendo um documento elaborado por toda a comunidade escolar e de forma democrática, o qual visa atender e identificar todas as ações e futuras ações pedagógicas relacionadas ao contexto educacional, elaborando assim, metas e diretrizes que visam a melhoria do atendimento e organização escolar. Agora que você, caro (a) aluno (a), já conhece o que é o PPP e qual a sua finalidade enquanto documento institucional das escolas, iremos discutir o que o mesmo evidencia em relação ao atendimento educacional especializado para o atendimento de crianças com necessidades educacionais especiais. Drago (2011, p. 436) nos evidencia que para as pessoas com e sem deficiência ou transtornos de aprendizagem é garantido o ingresso e permanência nas escolas, “[...] bem como o acesso aos bens culturais da humanidade como reconhecimento de sua cidadania e condição humana”, de forma que os alunos com essas determinadas características tenham direito ao AEE para superar suas dificuldades de aprendizagem. [...] construir um projeto político pedagógico requer dos envolvidos em sua elaboração/construção uma abrangência reflexiva e investigativa, consistente e sistematizada, de forma dialética e praxiológica, em que cada um assuma o seu papel de co-autor do processo educativo em toda a sua multiplicidade (DRAGO, 2011, p. 438). O autor supracitado nos revela que da mesma forma como as discussões acerca do projeto político pedagógico, as informações sobre a inclusão de alunos com deficiên- 36UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla cias, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades e superdotação também são entendidas como um processo moroso e complexo, pois em sua apresentação ainda permeiam muitas incertezas em relação as ações pedagógicas para o atendimento educa- cional especializado. Em uma concepção pautada na educação inclusiva, a educação especial passa a ser entendida como uma modalidade de ensino que ocorre de maneira transversal, pas- sando por todos os níveis da educação, onde, nesse contexto, o AEE passa a ter caráter obrigatório para que não haja segregação ou discriminação de determinados alunos, tendo como base apenas suas características sensoriais, mentais e físicas. Dessa forma, “o aten- dimento educacional especializado passa a ser entendido como uma proposta pedagógica que assegura recursos e serviços educacionais especiais, em conjunto com a educação comum, em benefício de todos os alunos (DRAGO, 2011, p. 440). A inclusão escolar e o AEE passam a ser entendidos como uma maneira correta de inserir todos os alunos no contexto escolar, de forma que aconteça uma associação deste atendimento para com as práticas e ações do processo educativo que é garantido no projeto político pedagógico de todas as escolas. Com isso, é de extrema importância que todas as instituições de ensino possibilitem a inserção de todos os alunos sem distinção de classe social, etnia, raça, necessidades educacionais especiais, entre outros fatores. Em um contexto de cunho legislativo, a Resolução CNE/CEB nº 4/2009 estabelece em ser art. 10º que por meio do Projeto Político Pedagógico da escola de ensino regular deve ser institucionalizada a oferta do AEE, contendo como características de sua organização: I – sala de recursos multifuncionais: espaço físico, mobiliário, materiais didáti- cos, recursos pedagógicos [...]; II – matrícula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da própria escola ou outra escola; III – cronograma de atendimento aos alunos; IV – plano de AEE: identificação das necessidades educacionais específicas [...], definição dos recursos necessários e das ativi- dades a serem desenvolvidas; V – professores para o exercício da docência do AEE; VI – outros profissionais da educação [...]; VII – redes de apoio no âmbito da atuação profissional, da formação, do desenvolvimento da pesqui- sa, do acesso a recursos, serviços e equipamentos, entre outros que maximi- zem o AEE (BRASIL, 2009, p. 2). Além disso neste mesmo artigo é mencionado que os demais profissionais da edu- cação como tradutor e intérprete de Libras, entre outros, atuarão com os alunos do AEE e da Educação inclusiva em todas as suas atividades acadêmicas e em todos os momentos que lhe fizerem necessários. Emrelação a proposta do AEE que é evidenciado nos projetos políticos pedagógicos, a mesma deve ser analisada e aprovada pela Secretaria de Educa- ção que atende a comunidade escolar da região. 37UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla De acordo com o art. 12º desta mesma resolução, para que o professor possa atuar no atendimento educacional especializado, o professor necessita ter formação inicial correlatas à docência e uma formação específica que o habilite para a Educação Especial. Pasian, Mendes e Cia (2017, p. 967) abordam que a formação de professores para a educação especial é essencial, pois por meio disso é possível analisar o que está sendo “viabilizado e as dificuldades encontradas, para obter-se conhecimento sobre a nova realidade proposta na educação brasileira para os alunos da educação especial, o que precisa ser melhorado e o que requer mais investimento”. Além dessas informações, a Resolução CNE/CEB nº 4/2009 evidencia em ser art. 13º que são atribuições do professor do AEE: I – identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades específicas dos alunos público-alvo da Educação Especial; II – elaborar e executar o plano de Atendimento Educacional Especializado [...]; III – organizar o tipo e o número de atendimentos aos alunos na sala de recursos multifuncionais; IV – acompanhar a funcionalidade e aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de acessibilidade na sala de aula comum do ensino regular, bem como em outros ambientes da escola; V – estabelecer parcerias com as áreas in- tersetoriais na elaboração de estratégias e na disponibilização de recursos de acessibilidade; VI – orientar professores e famílias sobre os recursos pedagógicos e de acessibilidade utilizados pelo aluno; VII – ensinar e usar a tecnologia assistiva de forma a ampliar habilidades funcionais dos alunos, promovendo autonomia e participação; VIII – estabelecer articulação com os professores da sala de aula comum, visando à disponibilização dos serviços, dos recursos pedagógicos e de acessibilidade e das estratégias que promo- vem a participação dos alunos nas atividades escolares (BRASIL, 2009, p. 3). Assim como a elaboração do PPP, o atendimento educacional especializado deve ser compreendido de forma coletiva, pois é claro e evidente que o contexto social e político do Brasil dificulta o desenvolvimento da educação no que diz respeito a educação inclusiva para cumprir sua real finalidade. O Decreto nº 7.611/2011 menciona em seu art. 5 que o apoio técnico e financio da União terá como ações: I – aprimoramento do atendimento educacional especializado já ofertado; II – implantação de salas de recursos multifuncionais; III – formação continuada de professores [...]; IV – formação de gestores, educadores e demais pro- fissionais da escola para a educação na perspectiva da educação inclusiva, particularmente na aprendizagem, na participação e na criação de vínculos interpessoais; [...] VI – elaboração, produção e distribuição de recursos edu- cacionais para a acessibilidade [...] (BRASIL, 2011, p. 1). Diante de tudo isso, a União terá como responsabilidade o apoio técnico e finan- ceiro aos sistemas de ensino de todo o contexto nacional, estadual e municipal, de forma que intencione a ampliação da oferta do AEE aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, implementando essas ações nos PPP’s das escolas. 38UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla SAIBA MAIS Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio O que significa ter um projeto pedagógico inclusivo? As barreiras que podem impedir o acesso de alguns alunos ao ensino e à convivência estão relacionadas a diversos componentes e dimensões da escolarização. Ocorrem, também, impedimentos na ação dos educadores. Vejamos os principais pontos revelados na experiência com educadores no exercício da Educação inclusiva, para todos. Educadores reconhecem, cada vez mais, a diversidade humana e as diferenças individuais que compõem seu grupo de alunos e se deparam com a urgência de transformar o sistema educacional e garantir um ensino de qualidade para todos os estudantes. Não basta que a escola receba a matrícula de alunos com necessidades educacionais especiais, é preciso que ofereça condições para a operacionalização desse projeto pedagógico inclusivo. A inclusão deve garantir a todas as crianças e jovens o acesso à aprendizagem por meio de todas as possibilidades de desenvolvimento que a escolarização oferece. As mudanças são imprescindíveis, dentre elas a reestruturação física, com a eliminação das barreiras arquitetônicas; a introdução de recursos e de tecnologias assistivas; a oferta de profissionais do ensino especial, ainda em número insuficiente. Além da compreensão e incorporação desses serviços na escola regular são necessárias alternativas relativas à organização, ao planejamento e à avaliação do ensino. Outro ponto importante refere-se à formação dos professores para a inclusão. A transformação de paradigma na Educação exige professores preparados para a nova prática, de modo que possam atender também às necessidades do ensino inclusivo. O saber está sendo construído à medida que as experiências vão acumulando-se e as práticas anteriores vão sendo transformadas. Por isso, a formação continuada tem um papel fundamental na prática profissional. A inclusão de pessoas com necessidades especiais faz parte do paradigma de uma sociedade democrática, comprometida com o respeito aos cidadãos e à cidadania. Esse paradigma, na escola, apresenta-se no projeto pedagógico que norteará sua ação, explicitará sua política educacional, seu compromisso com a formação dos alunos, assim como, com ações que favoreçam a inclusão social. É o projeto pedagógico que orienta as atividades escolares revelando a concepção 39UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla da escola e as intenções da equipe de educadores. Com base no projeto pedagógico a escola organiza seu trabalho; garante apoio administrativo, técnico e científico às necessidades da Educação inclusiva; planeja suas ações; possibilita a existência de propostas curriculares diversificadas e abertas; flexibiliza seu funcionamento; atende à diversidade do alunado; estabelece redes de apoio, que proporcionam a ação de profissionais especializados, para favorecer o processo educacional. É na sala de aula que acontece a concretização do projeto pedagógico - elaborado nos diversos níveis do sistema educacional. Vários fatores podem influenciar a dinâmica da sala de aula e a eficácia do processo de ensino e aprendizagem. Planejamentos que contemplem regulações organizativas diversas, com possibilidades de adequações ou flexibilizações têm sido uma das alternativas mais discutidas como opção para o rompimento com estratégias e práticas limitadas e limitantes. Fonte: ALONSO, Daniela. Os desafios da educação inclusiva: foco nas redes de apoio. Nova Escola, São Paulo, 2013. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/554/os-desafios-da-educacao-inclusiva- -foco-nas-redes-de-apoio 40UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla 3. ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA Caro (a) aluno (a) chegamos ao final das discussões de nossa Unidade II e, neste momento, iremos discutir um pouco sobre as atividades de vida diáriado aluno com defi- ciência intelectual e múltipla, portanto, muita atenção para essa última leitura, pois será de grande valia para seu conhecimento e futura atuação profissional. De acordo com a Resolução nº 316 de 19 de julho de 2006 que dispõe sobre a prática de Atividades de Vida Diária, de Atividades Instrumentais da Vida Diária e Tecnolo- gia Assistiva pelo Terapeuta Ocupacional e dá outras providências, “é função do Terapeuta Ocupacional operar com as capacidades de desempenho das Atividades de Vida Diária (AVD’s) e que estas abrangem a mobilidade funcional, os cuidados pessoais, a comunicação funcional, a administração de hardware e dispositivos ambientais e a expressão sexual”, além de cooperar com “as capacidades de desempenho das atividades instrumentais de vida diária (AIVD’s) e que estas incluem a administração doméstica e capacidades para a vida em comunidade (BRASIL, 2006, p.1). De acordo com o art. 2º desta resolução, compete ao terapeuta ocupacional o uso da Tecnologia Assistiva nas Atividades de Vida Diária (AVD’s) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD’s) com os objetivos de: I – promover adaptações de jogos, brincadeiras e brinquedos; II – criar equi- pamentos, adaptações de acesso ao computador e software; III – utilizar sis- temas de comunicação alternativa, de órteses, de próteses e adaptações; IV – promover adequações posturais para o desempenho ocupacional por meio de adaptações instrumentais; V – realizar adaptações para déficits sensoriais 41UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla (visuais, auditivos, táteis, dentre outros) e cognitivos em equipamentos e dis- positivos de mobilidade funcional; VI – adequar unidades computadorizadas de controle ambiental; VII – promover adaptações estruturais em ambientes domésticos, laborais em espaços públicos e de lazer; VIII – promover ajuste, acomodação e adequação do indivíduo a uma nova condição e melhoria na qualidade de vida ocupacional (BRASIL, 2006, p. 1). De acordo com Brasil (2001, p. 163) “As Atividades da Vida Diária (AVD) são si- tuações ricas para o desenvolvimento cognitivo: noções espaço-temporais, pensamento lógico, classificações e seriações, raciocínio matemático e principalmente a compreensão das transformações”. Com isso, tendo essa oportunidade de poder participar das atividades escolares, bem como realizar as atividades de vida diária, ajudará as crianças com defi- ciência a terem sua autonomia moral, intelectual e social, podendo, por meio disso, ocorrer a integração escolar. Sierra (2009, p. 9-10) nos evidencia que as AVD’s são “as ações desempenhadas rotineiramente pela própria pessoa, no lar e fora dele”, envolvendo, assim, habilidades físicas, mentais e sociais, com o objetivo de promover o máximo da independência das pessoas com deficiência e autossuficiência para as necessidades do dia a dia. O programa de Atividades da Vida Diária constitui-se, basicamente no trei- namento de habilidades referentes à: alimentação, higiene pessoal e ao ves- tuário, aparência pessoal, higiene e arrumação da casa, administração do lar, comunicação pelo telefone, verificação de horas, enfermagem caseira e boas maneiras (SIERRA, 2009, p. 10). Como mencionado anteriormente, as AVD’s passaram a ser uma atividade exclusiva do Terapeuta Ocupacional, como nos é evidenciado na Resolução 316/2006, anteriormente a esse documento, as atividades da vida diária eram vistas como tanto como uma concep- ção clínica como educacional. 42UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla QUADRO 1 – DEFINIÇÕES DA CONCEPÇÃO CLÍNICA E CONCEPÇÃO EDUCACIONAL DA ADV Concepção Clínica Concepção Educacional As AVDs são desenvolvidas em centros e instituições que atuam na habilita- ção e reabilitação de pessoas com necessi- dades especiais e consideradas o primeiro parâmetro funcional da reabilitação médica. Trata-se de uma categoria do índice médico, CID, desde 1968. Esse índice médico é um conceito amplamente aceito, reconhecido e considerado como de capacidade funcional. As AVDs aparecem em diversos campos de conhecimento, conteúdos de programas, currículos, projetos e nos con- teúdos curriculares para a educação infantil, fazendo parte dos projetos pedagógicos, entretanto nem sempre tais atividades são identificadas como AVD. Nas descrições de rotina diária da escola, as AVD são também utilizadas para indicar estratégias usadas no lanche, nos passeios e no uso dos sani- tários, ocasiões em que a criança aprende como agir no seu meio escolar, a ser criativa e a descobrir o novo no seu dia a dia. As AVDs podem ser utilizadas como estratégia de aprendizagem já que permitem a ação direta sobre os objetos. Fonte: (SIERRA, 2009, p. 12) SAIBA MAIS ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA As Atividades de Vida Diária (AVDs), como diz o nome, são aquelas realizadas no dia-a-dia de cada educando, como por exemplo: amarrar sapatos, vestir-se, escovar dentes, etc. Essas atividades requerem o desenvolvimento de certas habilidades, pois para que se aprenda a realizá-las é necessário que se desenvolva habilidades especí- ficas para cada atividade como desenvolvimento da coordenação motora, por exemplo. Neste sentido, a aprendizagem que às vezes não ocorre com a exercitação, poderá acontecer na situação do brinquedo, pois o prazer da brincadeira produz a especiali- dade, quanto mais o educando se envolve nela, mais estará aberto a produzir novos conceitos. (FINGER, 1986). 43UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla As Atividades de Vida Diária AVDs compreendem atividades fundamentais para a sobrevivência, como comer, manter-se limpo, participar de atividades sociais, realizar serviços domésticos etc. (FINGER, 1986). ATIVIDADES DE VIDA PRÁTICA As Atividades de Vida Diária (AVDs) são as tarefas de desempenho ocupacional que o indivíduo realiza diariamente. Não se resume somente aos auto – cuidados de vestir-se, alimentar-se, arrumar-se, tomar banho, e pentear-se, mas englobam também as habilidades de usar telefone, escrever, manipular livros, assim por diante, além da capacidade de virar-se na cama, sentar-se, mover-se e transferir-se de um lugar a outro. (TROMBLY, 1989). Nas Atividades de Vida Prática (AVPs) pode-se observar o cotidiano do aluno espe- cial, sua relação com o meio: familiar ou escolar, resumindo sua própria vida, equilíbrio e firmeza na conquista de seus movimentos. (TROMBLY, 1989). O ambiente escolar-familiar deverá transmitir segurança e dar idéia de ordem físi- ca, geradora de uma ordem mental. Tudo no ambiente deve ser estudado, controlado, experimentado, para que o aluno adquira uma movimentação coerente, espelho de seu interior, desenvolvendo seu próprio instinto de vida e suas potencialidades. Trombly (1989) cita ainda que, as Atividades de Vida Prática (AVPs) de acordo com o próprio termo, estes exercícios se destinam a preparar a pessoa com deficiência para a vida, possibilitando-lhe a independência e uma melhor organização interior.[...] PLANEJAMENTO: ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA E ATIVIDADES DE VIDA PRÁTICA Objetivo Geral: Proporcionar ao aprendiz atividades visando ampliar a noção de responsabilidade e de trabalho para sua própria independência, realização pessoal e relacionamento social. Objetivo Específico: Trabalhar visando atividades dentro das áreas de AVD (Ativi- dades de Vida Diária), AVP (Atividades de Vida Prática), Lazer e Relacionamento Social. 44UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla Nº ATIVIDADES TRABALHOS 01 AVD Comunicação,vestuário (estimular feminilidade), locomoção, higiene (estimularfeminilidade), alimentação. 02 AVP Atividade de limpeza, preparação de refeições, servir refeições, trabalhos manuais, compras. 03 Lazer/passeios Na casa do aprendiz, sor- veteria, feira, exposições, piquenique, missa, culto, zoológico. 04 Relacionamento social (pessoal / aceitação) Atividades em conjunto, boas maneiras, educação sexual, atividades de relacionamento ATIVIDADES DE VIDA PRÁTICA Nº ATIVIDADES TRABALHOS 01 LIMPEZA - Transportar material de limpeza; - Pegar objetos do chão; - Limpar as coisas derramadas no chão; - Usar a vassoura para varrer; - Usar a pá de lixo; - Arrumar a cama; - Usar pano com água / torcer; - Limpar mesas, cadeiras e erguê-las; - Passar pano no chão com rodinho; - Lavar panos no tanque usando água e sabão; - Limpar, lavar banheiro; - Limpar os vidros; - Limpar, descongelar geladeira; - Lavar calçadas, etc. 45UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla 02 JARDINAGEM - Plantar; - Regar; - Retirar matos, folhas, papéis, pedras das plantas e grama, etc.; - Fazer arranjos florais. 03 PREPARANDO REFEIÇÕES - Abrir torneiras; - Acender fósforo e forno ou queimador a gás; - Despejar líquidos quentes; - Servir comida quente; - Abrir embalagens de comida; - Abrir latas e garrafas; - Abris leite em saquinhos ou caixinhas; - Carregar comida ou panelas quentes; - Tirar comida da geladeira; - Tirar utensílios dos armários; - Descascar legumes, frutas, etc.; - Usar facas com segurança; - Usar talheres de medida ou medidor; - Usar batedeira; - Untar formas; - Abrir o forno com segurança; - Usar luvas para forno; - Colocar travessa no forno; - Usar liquidificador; - Quebrar ovos; - Bater massa; - Despejar massa; - Bater carne; - Planejar o cardápio da semana. SERVIR REFEIÇÕES - Arrumar a mesa / toalha / talheres / pratos / copos / guardanapos / etc.; - Levar a comida para a mesa; - Servir a comida na mesa; - Colocar e retirar a toalha; - Dobrar guardanapos e toalha; - Retirar a sobra de comida dos pratos; 04 46UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla 04 SERVIR REFEIÇÕES -Limpar mesa e cadeiras; - Varrer o chão; - Lavar louça; - Secar louça; - Guardar corretamente a louça nos armários; - Lavar a pia; - Limpar o fogão; 05 LAVANDERIA - Selecionar as roupas; - Usar varal - Usar pregadores e cesto; - Prender no varal; - Preparar a mesa ou tabua de passar roupa; - Passar roupas simples; - Passar camisetas ou vestido; - Dobrar roupas passadas; - Guardar corretamente as roupas passadas. 06 COSTURA - Enfiar linha na agulha; - Dar nó, laço; - Usar a tesoura; - Cortar a linha; - Fazer alinhavo - Pregar botões - Remendar; - Usar a máquina de costura. 07 TRABALHOS MANUAIS - Tapetes; - Pinturas (caixas, tecido, telas, etc.); - Guardanapos; - Alinhavos; - Vasos decorados; - Porta guardanapos; - Crochê; - Bordado ponto cruz; -Cachepôs de madeira, etc. 47UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla Fonte: SOUZA, Vera Lúcia Pereira de. Propostas de atividades pra oficinas pedagógicas, 2015. Disponível em: PROPOSTAS DE ATIVIDADES PARA OFICINAS PEDAGÓGICAS | Psicopedagoga Silva- na Lima (silvanapsicopedagoga.blogspot.com) ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA – AVD Nº ATIVIDADES TRABALHOS 01 COMUNICAÇÃO - Estimular o uso da fala; - Aprimorar o uso de gestos e sinais; - Atender a porta / campainha; - Receber e executar instruções / recados. 02 VESTUÁRIO - Vestir e despir roupa; - Abotoar e desabotoar; - Abrir e fechar zíper e fivelas; - Amarrar e desamarrar (dar nó e laço); - Manter-se com roupas limpas; - Calçar sapatos, meias. 03 LOCOMOÇÃO - Deslocar-se de forma adequada; - Corrigir erros de postura. 04 HIGIENE - Tomar banho; - Pentear o cabelo - Cortar e lixar as unhas; - Lavar as mãos antes das refeições; - Fazer depilação; - Usar lenço adequadamente; - Usar absorvente higiênico; - Usar o banheiro corretamente; - Escovar os dentes; - Manter uma boa aparência; - Desenvolver a feminilidade com o uso de batom, es- malte, perfume, creme, etc. 05 ALIMENTAÇÃO - Utilizar os talheres; - Utilizar copo / xícara; - Orientar boas maneiras na mesa; - Alimentar-se adequadamente; - Cortar carne, pão, legumes; - Guardar corretamente os alimentos; - Cozinhar. 48UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa segunda unidade de discussão sobre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla intitulada “Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla. No início de nossas discussões dessa unidade, foi possível que você compreen- desse os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos acerca do atendimento educacional especializado podendo compreender que o AEE se refere como a proposta de integração dos alunos com deficiências no contexto escolar do ensino regular, buscando que os mes- mos tenham progressos escolares sem nenhum tipo de discriminação ou segregação. Além disso, foi possível compreender que o atendimento educacional é garantido de maneira legal, onde passa a ser discutido a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, perpassando pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN de 1996, Diretrizes Nacionais para e Educação Especial, até chegar no Estatuto da Pessoa com Deficiência a qual foi instituído em 6 de julho de 2015. No segundo momento de discussão você, caro (a) aluno (a), pôde compreender sobre a institucionalização do atendimento especializado no projeto político pedagógico - PPP, visando o entendimento sobre o que é o PPP e como a atendimento educacional especializado é discutido e abordado neste documento. Ainda foi possível identificarmos que por meio da Resolução CNE/CEB nº 4/2009 é estabelecido que no Projeto Político Pedagógico da escola de ensino regular deve ser institucionalizada a oferta do AEE, con- cluindo sobre como se dá a formação pedagógica do professor que realiza a mediação desse atendimento. E por fim, na última seção de nossa discussão você pôde compreender um pouco mais sobre as Atividades de Vida Diária conhecidas como ADV’s, podendo assim, identi- ficar que as mesmas são importantes para o desenvolvimento cognitivo dos alunos aten- didos pelo AEE, de forma que os mesmos desenvolvam suas noções espaço-temporais, pensamento lógico, classificações e seriações, raciocínio matemático e principalmente a compreensão das transformações. Para ampliar mais o seu conhecimento acerca do Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla na perspectiva da interlocução do AEE no ensino, não deixe de consultar as referências, bem como a indicação de leitura complementar, livro e filme. 49UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla LEITURA COMPLEMENTAR O “ESPECIAL” NA EDUCAÇÃO, O ATENDIMENTO ESPECIALIZADO E A EDUCAÇÃO ESPECIAL Mônica de Carvalho Magalhães Kassar1 Andressa Santos Rebelo2 Grupo de Pesquisa “Políticas Públicas de educação e educação especial” Progra- ma de Pós-graduação em Educação – UFMS RESUMO A educação especial, em sua história, tem proposto formas de atendimento que variaram entre “atendimento especializado” (de habilitação/reabilitação e/ou educacional) e “atendimento educacional especializado”. Essas formas ocorreram com forte caráter médico/ clínico e prioritariamente segregado. Este trabalho propôs-se a conhecer a constituição do “atendimento especializado” no Brasil. Para seu desenvolvimento buscou-se: 1. Levantar de que forma se defineeducação especial nos documentos do Ministério da Educação, desde a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961; 2. Identificar o conceito de “atendimento especializado” ou “atendimento educacional especializado” utilizado em cada documento e os serviços previstos como esses tipos de recursos. Conclui-se identificando mudanças significativas nos discursos registrados nos documentos estudados. Palavras-chave: Aten- dimento educacional especializado; educação especial; educação inclusiva. 1. INTRODUÇÃO A política atual de Educação Especial, desenhada na perspectiva do que tem se convencionado chamar de “educação inclusiva”, nos impele a tentar identificar o que pode ser considerado “especial” na educação escolar e que poderia contribuir com a escolari- dade do aluno com deficiências. A preocupação com essa identificação justifica- se pela necessidade do oferecimento de atendimento especializado, hoje proposto nas escolas, através de espaços denominados Salas de Recursos Multifuncionais - SRM. Na história da educação especial brasileira, de modo geral, a “especialização” de atendimento ou a “educação especializada” coube hegemonicamente a dois espaços: às classes especiais e às instituições especializadas. Esses dois espaços, pelas caracterís- 50UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla ticas da política educacional brasileira, foram constituídos entre a iniciativa privada e a pública: o poder público abriu classes especiais para atendimento a diferentes deficiências em escolas das redes estaduais e a iniciativa privada, diante da incipiente ação pública, fundou instituições. Ressalta-se que a formação desses espaços (classes e instituições “especializadas”) respondeu a uma necessidade identificada pelos profissionais das áreas da educação e da saúde na transição dos séculos XIX e XX. Ao analisar a literatura e a legislação da época, vemos que, de modo geral, os espaços “especializados” eram prefe- rencialmente separados e vistos como os mais adequados para o atendimento de pessoas consideradas “anormais” para os padrões vigentes. Como exemplo, temos o Artigo 824 do Decreto nº 5.884 de 21 de abril de 1933 que evidencia a preferência pela criação de escolas especializadas em detrimento de classes especiais para os estudantes que necessitassem de educação especializada. O artigo na íntegra se encontra no link abaixo. Boa leitura! Fonte: KASSAR, Mônica de Carvalho Magalhães; REBELO, Andressa Santos. O “especial” na educação, o atendimento especializado e a Educação Especial. VI Seminário Nacional de Pesquisa em Educação Especial: Prática pedagógica na Educação Especial: multiplicidade do atendimento educacional especializado, 2011. Disponível em: http://ppeees.ufms.br/wp-content/uploads/2015/02/M%C3%B4nica- -Kassar-E-Andressa-Rebelo-SNPEE.pdf 51UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado no Ensino Regular Para Alunos comDeficiência Intelectual e Múltipla MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Educação Inclusiva: Atendimento Educacional Especializa- do para a Deficiência Mental Autor: Cristina Abranches Mota Batista; Maria Teresa Egler Man- toan. Editora: MEC. Ano: 2006. Sinopse: O Ministério da Educação por meio da Secretaria de Educação Especial apresenta o documento Educação Inclusiva - Atendimento Educacional Especializado para a Deficiência Mental, com o objetivo de oportunizar aos sistemas de ensino orientações e informações para a organização do atendimento às necessida- des educacionais especiais dos alunos com deficiência mental. FILME/VÍDEO Título: Do luto à luta: Um novo olhar sobre a Síndrome de Down Ano: 2005. Sinopse: Uma análise das deficiências e potencialidades da Sín- drome de Down, problema genético que atinge cerca de oito mil bebês a cada ano no Brasil. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CRyzd6Wsof4 52 Plano de Estudo: ● Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar; ● Percepção de pais, escola e o papel dos educadores no processo de inclusão. Objetivos da Aprendizagem: ● Conhecer a evolução da contabilidade e seus fundamentos históricos; ● Conceituar a contabilidade, seu objetivo e suas áreas de aplicação; ● Identificar os aspectos legais da contabilidade; ● Compreender as características da informação e quem as utiliza. UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar Professor Esp. Jhonatan Phelipe Peixoto 53UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a Unidade II intitulada “Deficiência intelectual e múltipla no contexto escolar” da disciplina de Atendimento Educacional para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial. Para iniciarmos a nossa discussão acerca deste assunto, iremos discutir sobre como a deficiência intelectual e múltipla é caracterizada mediante o contexto escolar, a fim de que você compreenda como se dão as práticas e políticas educacionais relacionadas ao processo de inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular. Será possível, também, que você entenda o que é a inclusão escolar, como ela acontece, bem como as especificidades da deficiência intelectual e múltipla neste processo, finalizando com a compreensão de como ocorre a avaliação escolar desses alunos. Já no segundo e último momento desta unidade, você poderá compreender sobre como acontecem e se discutem as percepções de pais, escolas e professores em relação à inclusão escolar, para que assim, seja possível analisar as diferentes possibilidades de discussões relacionadas a todos os sujeitos envolvidos no contexto social e escolar dos alunos com deficiência intelectual e múltipla. Por fim, será possível que você, aluno (a), compreenda como se dá o papel da família e dos professores no processo de ensino e aprendizagem desses docentes. 54UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar 1. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA NO CONTEXTO ESCOLAR Caro (a) acadêmico (a) para dar início a nossa discussão sobre a deficiência in- telectual e múltipla no contexto escolar é necessário que você, aluno (a) saiba um pouco mais sobre como se dá a inclusão escolar para os alunos com deficiências, dentre elas a deficiência intelectual e múltipla. Diniz (2012) relata que a inclusão votada para o contexto escolar está relacionada a um processo de modificações das escolas como um todo, tendo como anseio assegurar para haja oportunidades e atendimento educacional para todos os alunos. [...] Isso inclui o currículo corrente, a avaliação, os registros e os relatórios de aquisições acadêmicas dos (das) alunos (as), as decisões que estão sendo tomadas sobre seus agrupamentos, sala de aula, a pedagogia e as práticas docentes, e também as oportunidades de esporte, lazer e recreação (DINIZ, 2012, p. 31-32). No que se refere às deficiências, a autora supracitada expõe que a inclusão está relacionada com o repensar de toda a política e da prática educacional, bem como, reflexo de um pensamento fundamentado sobre as mais variadas maneiras de aprendizagem e dificuldades dos alunos inseridos nos mais variados contextos escolares. “[...] Nesse caso, o objetivo da escola seria ajudar a criança a se encaixar no sistema educacional [...]” (DINIZ, 2012, p. 32), tendo assim um princípio da busca de uma política voltada para a inclusão escolar. Mas afinal, o que é a integração? Diniz (2012, p.32) evidencia que, 55UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar A integração envolve o preparo dos (as) alunos (as) para serem inseridos (as) nas escolas regulares, o que implica um conceito de “prontidão”. O (a) aluno (a) deve adaptar-se à escola, e não necessariamente uma perspectiva que a escola irá mudar para acolher cada vezmais uma diversidade maior de alunos (as). Já em relação à inclusão, a mesma autora menciona que esse fator se baseia na ideia de que a sociedade atua de maneira opressiva e discriminadora, por isso é necessário que haja uma reestruturação social para que os obstáculos relacionados à inclusão das pessoas com deficiência sejam repensados e aconteça uma mudança no que se refere a exclusão dessas pessoas. De acordo com Tomazeli (2020) a questão da inclusão escolar se caracteriza como um fator muito desafiador, pois o ambiente escolar passa por inúmeras questões buro- cráticas e mudanças por conta dos mais variados contextos sociais e escolares, porém, a realidade da inclusão escolar é preocupante, pois esse atendimento acontece em uma porcentagem, de certa forma, baixa das escolas brasileiras. De acordo com o censo de 2017, apenas 57,8% possuem alunos inclusos no ensino regular. As perspectivas são promissoras se compararmos com o ano de 2008, no qual somente 31% das escolas brasileiras possuíam alunos in- clusos. A grande questão é, como esse processo de inclusão está ocorrendo? (TOMAZELI, 2020, p. 60). Paloma (2020) deixa claro que devemos compreender todo o contexto em que o aluno vive, principalmente o familiar e o escolar, ou seja, necessário que haja uma anamnese para conhecer todas as especificadas de cada aluno inserido no contexto escolar de forma inclusiva. Com isso, é válido ressaltar que o currículo escolar também faz parte do contexto em que o discente vive, e é por meio deste que pode ocorrer um momento de ensino e aprendizagem de forma assertiva. “A escola é a peça-chave neste processo de aprendiza- gem do aluno especial, bem como para se tornar uma instituição inclusiva. Direção, equipe pedagógica, secretaria, professores, comunidade escolar no geral são todos responsáveis para que a escola seja inclusiva não apenas no papel” (PALOMA, 2020, p. 97). O princípio fundamental da Educação Inclusiva consiste em que todas as crianças devem aprender juntas, onde que que isso seja possível, não impor- tando quais dificuldades ou diferenças elas possam ter. Nessa perspectiva, o sistema educacional se aproxima da ideia de um caleidoscópio, ou seja, de uma imagem que contém a capacidade de se formar como única e, ao mesmo tempo, ser diversa, dada a grande riqueza de suas partes (DINIZ, 2012, p. 33). Com isso, podemos compreender, caro (a) aluno (a) que a inclusão dos alunos com deficiência no contexto escolar do ensino regular, consiste em uma possibilidade para que os mesmos tenham acesso a uma história escolar muito mais favorável para seu processo de ensino e aprendizagem. 56UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar Em relação à deficiência intelectual no contexto escolar Mendes, Tannús-Valadão e Milanesi (2016, p. 49) mencionam que a partir da década de 60, “no sistema educacional, os diferentes graus de deficiência ou retardo mental começam a ser classificados como “educáveis”, “treináveis” e “dependentes” ou “custodiais”, relacionados a expectativas de aprendizagem dessas diferentes subpopulações [...]”. Até o advento da filosofia de inclusão escolar, a preocupação de como educar esses alunos era da Educação Especial organizada enquanto sistema para- lelo, que nem sempre desenvolveu uma vocação de escolarizá-los, se restrin- gindo, muitas vezes, a cuidar, reabilitar ou, no mínimo, a oferecer propostas curriculares alternativas. Com o ingresso desse alunado na classe comum, novas questões emergem sobre como os professores devem ensinar respon- dendo as especificidades desses alunos nas salas comuns e no Atendimento Educacional Especializado (AEE) (MENDES; TANNÚS-VALADÃO; MILANE- SI, 2016, p. 50). As autoras supracitadas ainda mencionam que as questões que envolvem o cur- rículo escolar, bem como a formação dos professores para um contexto escolar inclusivo são bastante complexos e possui diversos dilemas, vez que as habilidades cognitivas são valorizadas, podendo evidenciar que os alunos com deficiência intelectual seriam inelegí- veis para um sistema convencional. Já em relação à Deficiência Múltipla, Godoi (2006) menciona que a inclusão dos alu- nos com essa deficiência é uma discussão recente no contexto educacional brasileiro, e com isso, é normal que a comunidade escolar sinta um certo receio em relação ao atendimento educacional especializados para alunos com deficiência nas escolas de ensino regular. Quando a escola recebe, pela primeira vez, uma criança com discrepâncias significativas no processo de desenvolvimento e aprendizagem em relação aos demais alunos da mesma faixa etária é natural que muitas dúvidas sur- jam. O professor, geralmente, sente-se ansioso e temeroso diante de nova situação para a qual não se encontra preparado. Inicialmente, alguns profes- sores pensam ser necessário se especializarem para poderem melhor aten- der o aluno com necessidades educativas especiais (GODOI, 2006, p. 9). Ainda sobre isso, Henriques (2012) elucida que a escola deve ser um espaço que favoreça a todos os seus alunos o acesso igualitário ao conhecimento e desenvolvimento de seu processo de ensino e aprendizagem, de forma que tenha, também, a possibilidade de adquirir conhecimento efetivo para a cidadania, além de evidenciar uma prática pedagógica resultante em uma contribuição para o processo de conhecimento do educando. A escola inclusiva é aquela que garante qualidade de ensino a cada um de seus alunos, reconhecendo e respeitando a diversidade e respondendo a cada um de acordo com suas potencialidades e necessidades. Uma escola somente poderá ser considerada inclusiva quando estiver organizada, para favorecer a cada aluno, independentemente de etnia, sexo, idade, deficiên- cia, condição social ou qualquer outra situação. Um ensino significativo é aquele que garante o acesso ao conjunto sistematizado de conhecimentos como recursos a serem mobilizados (HENRIQUES, 2012, p. 9). 57UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar Com isso, podemos compreender que em uma escola que possibilite a inclusão, o aluno passa a ser visto como uma pessoa de direito e foca em todo o contexto escolar, a fim de que as escolas garantam, de forma assertiva, o seu desenvolvimento no processo de aprendizagem e que lhe deem suporte necessário para que haja o desenvolvimento de todas as competências necessárias para o exercício social e de cidadania. 1.1 A avaliação do aluno com deficiência intelectual no contexto escolar Para finalizar nossa discussão acerca da deficiência intelectual e múltipla no con- texto escolar, é importante que você, caro (a) aluno, compreenda como se dá a avaliação escolar dos alunos com deficiência intelectual e múltipla. Sobre isso, Valentim (2011) expla- na que a escola deve buscar uma postura de cunho reflexivo e transformador, de forma que modifique suas concepções de currículo e ações pedagógicas. Destarte a isso, “cada vez mais de evidencia a dificuldade de incluir alunos com deficiência dentro do modelo atual de escola: pouco flexível, e por vezes, “descompromis- sada” com uma população que, fundamentalmente, precisa [...] se desenvolver plenamente” (VALENTIM, 2011, p.17). Nesse contexto, de acesso significativo de alunos com deficiência à escola regular, surgem dificuldades especificas, no que diz respeito à escolarização desse aluno. Esse novo lócus de aprendizagem não estava – e ainda não está nos dias de hoje, preparado para atender às especificidades do aluno com deficiência. [...] Entretanto, não podemos desconsiderar que as dificul- dades de atendimento dos alunos com deficiência não se localizam apenas no ensino regular, pois as críticas se originam desde sua escolarização nas classes e instituições especiais (VALENTIM, 2011, p. 20). Em relação a deficiência intelectual, os processos que envolvem a escolarização dos alunos com tal deficiênciatem apresentado discussões um tanto quanto complexas, pois há especificidades de determinados quadros clínicos e crenças de que o desenvolvi- mento desses discentes é compreendido por aspectos orgânicos e biológicos. Em relação a avaliação escolar, Valentim (2011, p. 27) nos esclarece que, [...] vemos a necessidade de explorar, na escola, as verdadeiras avaliações, para que o processo avaliativo seja responsável, responda às necessidades da prática pedagógica do professor – principal avaliador – principal sujeito – desse processo. Que a ação de avaliar possa servir para perceber o mo- vimento e apontar caminhos na prática pedagógica, não classificar, rotular e estigmatizar. A avaliação deve pautar-se não apenas nas dificuldades ou li- mitações funcionais apresentadas, mas levantar e explorar as possibilidades de aprendizagem dos alunos, principalmente. No que diz respeito ais alunos com deficiência intelectual, as pseudo quase-avaliações não preenchem as suas necessidades. Com isso, entende-se que a avaliação desses alunos deve acontecer de uma ma- neira que seja baseada no que ainda será construído, ou seja, identificar quais serão as 58UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar possíveis habilidades que irão ser desenvolvidas, bem como aquilo que será necessário reajustar ou melhorar. Isso se dá pelo fato de que, caso o ensinar seja voltado para uma questão passada, que já vai avaliada ou discutida, provavelmente o processo de ensino não será favorável. O aluno com deficiência intelectual, quando é avaliado por testes ou provas não adaptadas às suas especificidades e com fins quantitativos apenas, é colocado em uma classificação indevida e desnecessária e, além disso, a escola acaba por concebê-lo como o “pior” no desempenho escolar e, con- cluindo ainda que suas dificuldades são inerentes à deficiência e focando o plano biológico, em detrimento às ações que poderiam ser realizadas pela escola (VALENTIM, 2011, p. 28). No contexto atual, a escola visualiza os alunos de forma homogênea e, muitas das vezes, avalia os mesmos de forma classificatória e quantitativa, ou seja, por meio de níveis já estabelecidos pela instituição, porém, ao fazer isso, a heterogeneidade de cada aluno e deixada de lado as possibilidades de um aprender mais assertivo. Por conta disso, o aluno com deficiência intelectual é inserido em salas de aulas onde os discentes são identificados com muitas dificuldades de aprendizagem, e por conta disso, há um impedimento de que os mesmos tenham acesso com aos demais colegas caracterizados como “experientes”, os quais poderiam auxiliar em suas dificuldades. Mas por outro lado, “numa proposta de currículo aberto, flexível e dinâmico, as possibilidades de avaliação de expandem e seus resultados servem de subsídio para a discussão e respeito da prática pedagógica, resolução de problemas e dificuldades do aluno [...] da inclusão escolar” (VALENTIM, 2011, p. 31). Logo, podemos compreender que as escolas devem garantir a inclusão escolar, bem como a acessibilidade ao currículo evidenciado no Projeto Político Pedagógico, de forma que não se tenha nenhum tipo de segregação ou classificação por meio dos pro- cessos de avaliação escolar, sendo necessário que se tenha uma reanálise das propostas de avaliação para todos os alunos, principalmente os que possuem deficiência intelectual e outras necessidades educacionais especiais. Caso não ocorra as devidas mudanças nas práticas de avaliação escolar, não acontecerá, de fato, uma inclusão, mas sim uma exclusão intraescolar. 59UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar SAIBA MAIS Desafios da Inclusão dos alunos com deficiência na escola pública A escola inclusiva é aquela que abre espaço para todas as crianças, incluindo as que apresentam necessidades especiais. As crianças com deficiência têm direito à Educa- ção em escola regular. No convívio com todos os alunos, a criança com deficiência deixa de ser “segregada” e sua acolhida pode contribuir muito para a construção de uma visão inclusiva. Garantir que o processo de inclusão possa fluir da melhor maneira é respon- sabilidade da equipe diretiva – formada pelo diretor, coordenador pedagógico, orienta- dor e vice-diretor, quando houver – e para isso é importante que tenham conhecimento e condições para aplicá-lo no dia a dia da escola. O princípio de inclusão parte dos direitos de todos à Educação, independentemente das diferenças individuais – inspirada nos princípios da Declaração de Salamanca (Unes- co, 1994). Está presente na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de Educação Inclusiva, de 2008. Os gestores devem saber o que diz a Constituição, mas principalmente conhecer o Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece a obrigatoriedade de pessoas com deficiência e com qualquer necessidade especial de frequentar ambientes educacionais inclusivos. [...] Caro (a) aluno, convido você a acessar essa reportagem na íntegra por meio do link abaixo: YOSHIDA, Soraia. Desafios da inclusão dos alunos com deficiência na escola pública. Nova Escola, São Paulo, 2018. Disponível em: https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1972/desafios-na-inclusao-dos-alu- nos-com-deficiencia-na-escola-publica 60UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar 2. PERCEPÇÃO DE PAÍS, ESCOLA E O PAPEL DOS EDUCADORES NO PROCESSO DE INCLUSÃO Caro (a) aluno (a) chegamos ao final das discussões de nossa Unidade III e, neste momento, iremos discutir um pouco como ocorre a percepção dos pais e da escola perante a criança com deficiência intelectual e múltipla, bem como compreender como se dá o pa- pel do professor no processo de inclusão, portanto, muita atenção para essa última leitura, pois será de grande valia para seu conhecimento e futura atuação profissional, vez que é imprescindível participação de todos os indivíduos envolvidos no contexto escolar e social desses alunos. Lopes e Marquezine (2012) apresentam a percepção dos professores para a educação inclusiva acerca das salas de recursos multifuncionais, recurso esse que é evidenciado nas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, a qual evidencia que, Sala de recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido por professor especializado, que suplementa (no caso dos superdotados) e complementam (para os demais alunos) o atendimento educacional realizado em classes comuns [...]. Esse serviço realiza-se em escolas, em local dotado de equipa- mentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos de escolas próximas, nas quais ainda não exista esse atendimento. Pode ser realizado individual- mente ou em pequenos grupos, para alunos que apresentem necessidades educacionais especiais semelhantes, em horário diferente daquele em que frequentam a classe comum [...] (BRASIL, 2001, p. 50). 61UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar Em relação à inclusão escolar, Granato (2015, p.18) expõe que “[...] o professor sente-se desafiado a lidar com as mais diversas exigências que as necessidades educa- cionais têm demandado [...]”, com isso, é válido ressaltar que as suas ações pedagógicas devem estar relacionadas em uma mediação assertiva do conhecimento, de forma que a mesma seja flexível e tenha as adaptações necessárias para os alunos com necessidades educacionais especiais. A autora ainda relata que as salas de aulas devem ser ambientes que promovam a socialização de todos os alunos, possibilitando assim, o desenvolvimento de inúmeras capacidades e competências nos discentes que possuem alguma deficiência ou necessi- dades educacionais, por isso, o professor deve estar em constante busca de aprendizados, de forma que reflita suas práticas. Silva e Carvalho (2017) abordam em seus escritosque a formação profissional dos professores para o atendimento educacional especializado é um fator crucial para a efetivação de uma educação inclusiva de qualidade, tendo o professor que acreditar nos alunos com necessidades especiais como um ser cognoscente, onde o docente é o principal agente para o desenvolvimento de seus discentes. Silveira, Enumo e Rosa (2012, p. 1), abordam que o professor é “[...] tradicio- nalmente, reconhecido como agente facilitador dos processos de desenvolvimento e aprendizagem, mediando as experiências escolares”, porém, o trabalho docente perante a inclusão escolar tem sido visto como algo desafiador, pois os docentes ainda possuem pouco conhecimento sobre métodos de estimulação para trabalharem com os alunos com necessidades educacionais especiais. O comportamento dos professores não pode ser generalizado, [...] a capaci- tação pode trazer benefícios para o desenvolvimento do trabalho docente. [...] As concepções dos alunos [...] tendia à rejeição dos alunos com deficiência, sobretudo quando havia diferença de idade entre eles e poucos interesses compartilhados. [...] Sobre o comportamento dos alunos com deficiência [...] estes tendem a passar a maior parte do tempo sozinhos, tendo dificuldades para iniciar contatos sociais. Alunos com deficiência mental (DM) tendiam a começar brincadeiras solitárias, realizando sequências imaginativas redu- zidas, necessitando de apoio e mediação. [...] a noção de deficiência tem, ainda, sido vinculada massivamente ao indivíduo, sendo pouco considerados os aspectos sociais e culturais relacionados à produção do alto ou baixo de- sempenho (SILVEIRA; ENUMO; ROSA, 2012, p. 1). Diante disso, podemos compreender, caro (a) aluno (a), que a identificação de recursos e estratégias que serão utilizados em sala de aula para a inclusão não é algo aleatório, pois o professor precisa planejar suas aulas, para assim analisar quais serão as estratégias utilizadas em sala. Por isso, para que o processo de inclusão ocorra de forma 62UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar assertiva, não se deve pensar somente em quais ações e estratégias pedagógicas serão utilizadas, mas também ter uma visão ampla e longínqua sobre a inserção desses alunos. Partindo agora para uma análise acerca das percepções dos pais, de acordo com Carvalho (2005), abordar uma discussão sobre a família em conjunto com o AEE na inser- ção social dos alunos com deficiência é muito mais do que uma simples teoria, pois é um assunto que se remete a poucas informações no cotidiano brasileiro, porém, não deixa sua importância de lado, pois esse assunto deve ser debatido com muito mais frequência e ênfase. Silveira e Neves (2006) abordam que os pais e professores identificam a deficiência de seus filhos e alunos como uma característica se exclusão, trazendo empecilhos sociais, e com isso, percebe-se cada vez mais que as escolas de ensino regular não estão prepa- radas para receber alunos com deficiência, bem como, ter uma inclusão escolar assertiva e de qualidade. A inclusão escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais é um tema de grande relevância e vem ganhando espaço cada vez maior em debates e discussões que explicitam a necessidade de a escola atender às diferenças intrínsecas à condição humana. [...] A Declaração Mundial sobre Educação para Todos [...], aprovada pela Conferência Mundial sobre Educa- ção para Todos, realizada em Jomtiem-Tailândia, no ano de 1990, e a Decla- ração de Salamanca [...], firmada na Espanha em 1994, marcam, no plano internacional, momentos históricos em prol da Educação Inclusiva. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, art. 208, inciso III [...], o Plano Decenal de Educação Para todos, 1993-2003 são exemplos de documentos que defen- dem e asseguram o direito de todos à educação. Segundo esses documen- tos, todas as crianças devem ser acolhidas pela escola, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais (SILVEIRA; NEVES, 2006, p. 79). As autoras supracitadas relatam que a relação entre a escola e família no processo de inclusão escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais é de extrema importância, pois todo o contexto ao redor desse discente deve ser levado em consideração durante esse processo, pois, dessa forma, é possível compreender a natureza e qualidade de suas ações voltadas à inclusão. Acerca disso, Lelis (2015, p.16) evidencia que, Segunda a perspectiva histórico cultural do desenvolvimento humano de Vi- gotski, a família e a escola exercem um papel fundamental no desenvolvi- mento da criança, de modo que cabe a escola buscar meios para a supe- ração das dificuldades do aluno que apresenta alguma deficiência. Sendo assim, é necessário que a escola, por meio de seus professores, atue como mediadora para que a criança com dificuldades encontre formas de desen- volver o seu pensamento e, por sua vez, uma concepção racional e científica do mundo [...]. Isso se dá pelo fato de que a família é entendida como aquela que instrui as crian- ças para a vida relacionada ao contexto social, e isso se torna uma grande influência nas 63UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar tomadas de decisões das crianças com necessidades educacionais especiais no que se refere ao seu desenvolvimento (LELIS, 2015). De acordo com a autora supracitada, a aprendizagem da criança com necessida- des educacionais especiais possui uma ligação assertiva entre o contexto familiar e escolar, onde deve haver uma ligação e uma busca de ações diretas e interligadas entre família e escola, pois, com isso, pode ser possível a criação de novas expectativas importantes para o processo de inclusão desses alunos. [...] cabe à escola propiciar as condições necessárias para que no seu pro- cesso de ensino-aprendizagem a criança encontre o que necessita para o seu desenvolvimento. Vale ressaltar que, neste contexto, é imprescindível a integração e o diálogo entre família e escola. Há situações (e não são pou- cas) em que tanto a família quanto a escola apresentam dificuldade em lidar com a realidade que exige a educação inclusiva, muitas vezes, o problema se mostra na formalidade que a escola apresenta, na indiferença e na falta de qualificação dos profissionais (LELIS, 2015, p. 17-18). Com isso, podemos compreender que a escola tem o papel de trazer para a criança com deficiência uma interação entre todos os sujeitos que fazem parte do contexto escolar, pois isso contribuirá para o desenvolvimento de suas potencialidades e capacidades, ou seja, uma escola que entenda as particularidades de aluno, independentemente de suas diferenças. REFLITA Com base nas informações apresentadas nessa unidade, e também em todas as leitu- ras realizadas até aqui, você, enquanto acadêmico (a), acredita que a inclusão escolar acontece de forma assertiva e de acordo com o que as Legislações exigem? Os professores estão preparados integralmente para trabalharem com crianças com necessidades educacionais especiais? A família é agente importante para a integração da inclusão escolar? Reflita! Fonte: o autor, 2020. 64UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa terceira unidade de discussão so- bre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla. Em nosso primeiro momento de discussão foi possível que você compreendesse como a Deficiência Intelectual e Múltipla é percebida no contexto escolar, de forma que foi possível identificar que o processo de inclusão relacionado à escola está relacionado a modificações de todas as instituições de ensino, a fim de que as mesmas assegurem oportunidades de atendimento educacional especializado para todos os alunos com neces-sidades educacionais especiais. Além disso, a partir dessa discussão, compreendemos que para a inclusão escolar acontecer de forma assertiva, é necessário que haja um repensar relacionado a todas as políticas e práticas educacionais, bem como, a compreensão das mais diferentes maneiras de aprendizagem e dificuldades que envolvem o processo de aprendizagem dos alunos, por isso, é muito importante ressaltar que o objetivo da escola, nesse caso, seria ajudar os discentes com necessidades educacionais especiais a se encaixarem no sistema educacio- nal de ensino regular. Por isso, em uma escola que possibilita a inclusão, o aluno passa a ser visto como peça importante em seu contexto escolar onde tem o direito a um ensino de qualidade e com atendimento especializado, para que assim ocorra o seu desenvolvimento cognitivo integral. Já em relação ao processo de avaliação dos alunos deficiência intelectual e múltipla, você pôde compreender que o mesmo deve ocorrer baseado no que ainda será construído, ou seja, analisar quais as habilidades que irão ser desenvolvidas por esse aluno, bem como, quais precisam ser melhoradas. Para finalizar a discussão de nossa unidade, discutimos sobre como se dá a per- cepção dos pais, da escola e dos professores em relação ao processo de inclusão, de forma que foi possível compreender que o professor se sente desafiado perante esse processo, pois lhe são apresentadas as mais diversas características que os alunos com necessida- des educacionais especiais exigem, por isso é válido ressaltar que as ações pedagógicas docente devem estar relacionadas a uma mediação assertiva do conhecimento. 65UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar Destarte a isso, você pode identificar também que a relação entre a escola e a família é de grande importância no processo de inclusão escolar dos alunos com deficiência intelectual e múltipla, pois, neste processo, todo o contexto em que o discente está inserido deve ser levado em consideração. Para ampliar mais o seu conhecimento acerca do Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla relacionado ao contexto escolar e ao pro- cesso de inclusão, não deixe de consultar as referências, bem como a indicação de leitura complementar, livro e filme. 66UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar LEITURA COMPLEMENTAR DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DE ENSINO PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL O presente trabalho visa elencar algumas estratégias práticas de ensino para incluir os estudantes com deficiência intelectual e facilitar o trabalho docente em sala de aula, devido às dificuldades que os educadores encontram para potencializar as aprendizagens destes alunos. Assim, a metodologia utilizada foi bibliográfica, considerando os obstáculos mais comuns nas práticas educacionais de professores da rede pública de ensino. Considerar as especificidades de cada estudante, planejar e executar atividades interativas que estejam relacionadas com a vida cotidiana de alunos com deficiência intelectual, buscar sempre o aperfeiçoamento pedagógico por meio de formações em serviço e utilizar brincadeiras e jogos interativos como ferramenta de ensino são alguns dos desafios do fazer docente para incluir educandos com deficiência intelectual na escola regular e no ambiente social. Sabe-se das dificuldades dos professores em estimular a aprendizagem destes estudantes devido a diversidade de deficiências e das possibilidades de aprendizagem de cada educando, portanto torna-se essencial um planejamento que foque nas especi- ficidades de cada aluno, considerando seus limites e valorizando suas potencialidades. A intenção é proporcionar uma inclusão social autônoma. INTRODUÇÃO A escola, principalmente na sociedade vigente, tem enfrentado múltiplos desafios na formação dos estudantes. Busca formar um indivíduo que: tome conhecimento dos saberes historicamente acumulados, atue criticamente nos processos deliberativos da sociedade, seja solidário e dialógico e, acima de tudo, respeite e valorize as diferenças no cotidiano. Com as políticas públicas de inclusão, cada vez mais, educadores vislumbram a necessidade de ter conhecimentos sobre os diferentes tipos de deficiências, objetivando compreender o que são e como trabalhá-las durante o processo educacional dos alunos com deficiência. Para que a educação seja democrática e igualmente qualitativa, atender todos os estudantes em suas especificidades torna-se primordial. No entanto, os profissionais da educação encontram muitos obstáculos no proces- so de ensino e aprendizagem. Apesar de as escolas, por vezes, contarem com profissionais de educação especial, ainda carecem de conhecimentos de práticas que possam auxiliar o educando com deficiência. 67UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar Diante das preocupações expostas, visa-se, com este trabalho, mesmo que super- ficialmente, elencar algumas estratégias de ensino para incluir estudantes com deficiência intelectual e facilitar o trabalho docente em sala de aula, visando a garantia do direito à educação por meio de atividades direcionadas às particularidades dos alunos, procurando o envolvimento de toda a turma. O artigo constitui-se como de revisão, pois sintetiza os conhecimentos de textos e livros sobre o tema e utiliza-se de uma análise bibliográfica para analisar, resumir e refletir sobre estratégias de ensino para inclusão de estudantes com deficiência intelectual nas escolas públicas regulares. Para atingir o objetivo geral proposto, faz-se necessário estruturar os objetivos específicos, quais sejam: 1. a) elencar as principais características dos alunos com deficiência intelectual; 2. b) identificar quais os fatores possibilitadores de inclusão; 3. c) indicar algumas estratégias de ensino para melhorar o processo de ensino e aprendizagem destes indivíduos. Assim, o artigo iniciará discutindo as dificuldades e os avanços da inclusão das pessoas com deficiência intelectual nas escolas públicas regulares, bem como indicará caminhos para os docentes possibilitarem a inclusão escolar e social destes estudantes. Os desafios enfrentados pelos educadores são grandes, mas não maiores que a necessidade de possibilitar a qualquer um de seus educandos o direito de se tornarem cidadãos. [...] O artigo na íntegra se encontra no link abaixo. Boa leitura! Fonte: BARCELLI, Juliana C. Desafios e estratégias de ensino para alunos com deficiência intelectual. Faculdade Campos Elíseos, 2018. Disponível em: http://fce.edu. br/blog/desafios-e-estrategias-de-ensino-para-alunos-com-deficiencia-intelectual 68UNIDADE III Deficiência Intelectual e Múltipla no Contexto Escolar MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Deficiência intelectual: Realidade e ação Autor: Maria Amélia Almeida Editora: Secretaria de Educação/Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado Ano: 2012 Sinopse: É, portanto, com muita satisfação, que apresento ao público Deficiência intelectual: realidade e ação, resultado da vas- ta experiência dos profissionais do Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado – CAPE da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, que promovem a capacitação de professores para a Educação Especial em todo o Estado. O livro é composto de oito capítulos, iniciando por “Contexto histórico e educacional da pessoa com deficiência no Brasil e no Estado de São Paulo”, em que os autores Denise Rocha Belfort Arantes, Danilo Namo e Mar- lene Aparecida Silva Machado descrevem, de forma simples mas muito esclarecedora, a história da inclusão educacional de alunos com deficiências, mais especificamente daqueles que apresentam deficiência intelectual, tanto em nível nacional quanto no Estado de São Paulo. FILME/VÍDEOTítulo: Colegas Ano: 2012 Sinopse: Aninha, Stalone e Márcio protagonizam uma história de amizade e sonhos. Os três fogem do instituto em que viviam para perseguirem seus respectivos desejos de casar, ver o mar e voar. Ao longo da trama, os três trilham um percurso de aventura, contribuindo para que a Síndrome de Down seja retratada dentro de um contexto de autonomia, superação e aprendizagem. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=4kyrKoBt4Pk 69 Plano de Estudo: ● Desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual e múltipla e aprendizagem; ● Recursos didáticos adaptados ou não aplicados à educação dos alunos com deficiência intelectual e múltipla. Objetivos da Aprendizagem: ● Conceituar e contextualizar o desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual e múltipla e aprendizagem; ● Compreender os tipos de recursos didáticos adaptados ou não aplicados à educação dos alunos com deficiência intelectual e múltipla. UNIDADE IV Aprendizagem Professor Esp. Jhonatan Phelipe Peixoto 70UNIDADE IV Aprendizagem INTRODUÇÃO Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nosso livro com a unidade IV intitulada “Aprendizagem” da disciplina de Atendimento Educacional para alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla do curso de Graduação em Educação Especial. No primeiro momento de discussão você poderá conceituar e contextualizar o de- senvolvimento do aluno com deficiência intelectual e múltipla, de forma que seja possível a compreensão sobre como se dá a aprendizagem desses alunos, bem como os desafios para o atendimento educacional especializado dos mesmos e o papel da escola mediante do processo de ensino e aprendizagem dos alunos com essas determinadas deficiências. No segundo momento de discussão, você irá compreender sobre os tipos de recursos didáticos adaptados ou não aplicados à educação dos alunos com deficiência intelectual e múltipla, identificando como deve ser a ação pedagógica dos professores para a AEE desses alunos por meio dos recursos pedagógicos adaptados e como os mesmos refletem para a criação, elaboração e utilização desses materiais. E por fim, caro (a) aluno (a), você poderá verificar alguns exemplos de materiais pedagógicos adaptados, qual é a finalidade da sala de recursos multifuncionais e como acontece a implantação da mesma. Bons estudos! 71UNIDADE IV Aprendizagem 1. DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA Caro aluno (a), para dar início em nossa discussão acerca da aprendizagem e desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual e múltipla é necessário que você conheça qual é o significado de aprendizagem. Você sabe qual é? De acordo com Paloma (2020), aprender é compreendido como quando podemos realizar algo que antes não era possível, o qual o sujeito não sabia, pois, de acordo com Ferreira (2018) por meio do Dicionário Aurélio, aprendizagem significa “[...] ato ou efeito de aprender; [...] Tempo durante o qual se aprende; [...] Experiência que tem quem aprendeu [...], dessa forma, é possível entendermos que o momento de aprendizagem de qualquer pessoa pode acontecer durante toda a sua vida e de diversas maneiras diferentes. “O meio onde a criança vive e está integrada é de extrema importância. Suas inte- rações são de valiosa relevância para seu aprendizado. E a mediação do adulto, seja ele familiar ou alguém da escola, é de grande significado para o aluno” (PALOMA, 2020, p. 7-8), com isso, mais uma vez enfatizamos que a integração e análise de todo o contexto social, familiar e escolar do aluno com deficiência é de extrema importância para o seu processo de ensino e aprendizagem. É importante entendermos que, para a aprendizagem ocorrer, é necessário que haja uma interação ou troca de experiências do indivíduo com o seu meio ambiente ou comunidade educativa. As crianças, por exemplo, aprendem a partir da interação com os adultos e com as crianças mais experientes. Por meio dessas interações, a criança vai construindo, gradativamente, significa- dos para as suas ações, suas experiências e objetos ao seu redor (LAKOMY, 2008, p. 17 apud PALOMA, 2020, p. 8). 72UNIDADE IV Aprendizagem Com base no exposto, podemos compreender que a aprendizagem pode ser útil para a mudança de atitude de todos os indivíduos, seja o aluno, o professor ou alguém de sua família, entendendo assim, o antes e o depois do contexto de aprendizagem desses discentes em relação ao desenvolvimento de suas competências e habilidades. Trancoso (2020) nos relata que existem diversos pressupostos sobre o que é a aprendizagem e como se dá o papel da escola mediante o processo de ensino e aprendiza- gem dos alunos com necessidades educacionais especiais, e que todas essas discussões interferem na maneira em como os professores realizam seu trabalho e ação pedagógica e em consequência disso, como os alunos aprendem. Na concepção de Rossato, Constantino e Mello (2013), a educação nos dias atuais tem como desafio proporcionar para todos os alunos, independentemente de suas parti- cularidades, o acesso à escola bem como aos conteúdos programáticos historicamente instituídos na escolarização, por isso, mais uma vez podemos ressaltar caro (a) aluno (a), que a educação deve ser entendida como um direito de todos, e que, para as crianças com deficiência intelectual, seja uma educação inclusiva de forma geral, promovendo assim, o desenvolvimento completo dos educandos para que os mesmos sejam compreendidos como os agentes de suas vidas. “Nessa perspectiva, ao pensar no desenvolvimento da pessoa com deficiência no seu processo de escolarização, devemos tomá-la mas suas diferentes possibilidades, [...]” (ROSSATO; CONSTANTINO; MELLO, 2013, p. 1). A criança, em seus processos iniciais de desenvolvimento, tem o mundo de objetos externos como estranho; mas quando começa a interagir com esse mundo (mediado pelo outro) e passa a ter controle sobre esses objetos, utili- za-os de modo funcional, ou seja, como ferramentas, e assim novas formas e recursos de comportamento se desenvolver a fim de dar apoio aos movimen- tos naturais e aos anteriormente adquiridos (ROSSATO; CONSTANTINO; MELLO, 2013, p. 1). Isto posto, Mantoan (1998) complementa dizendo que o processo de escolarização e desenvolvimento dos alunos com deficiência intelectual, não se refere somente a pensar e aplicar habilidades intelectuais entre as que são comuns aos demais conflitos da vida es- colar, social e profissional, mas deve, também, levar em consideração todos os momentos e características de desenvolvimento cognitivo, para que somente assim sejam pensadas habilidades a serem atingidas. Leonel e Leonardo (2014) dissertam que por meio da teoria vigotskiana, é possível compreender que a deficiência não pode ser entendida como algo acima das particularida- des no aluno e do mesmo enquanto sujeito, pois, como base nas diferentes metodologias e atividades, ele irá desenvolver suas funções psicológicas superiores, avançando assim, sua humanização. 73UNIDADE IV Aprendizagem Assim, em relação ao desenvolvimento da criança, Vygotski (1983) afirma que, independentemente de esta ter ou não deficiência, é possível sua edu- cação. A criança com deficiência pode superar a limitação imposta pela defi- ciência, pois todo defeito cria estímulos para elaborar uma compensação, e o importante não é o defeito em si, mas sim, a criança, atingida pela deficiência (LEONEL; LEONARDO, 2014, p. 543). Destarte a isso, a criança em seus processos iniciais de desenvolvimento entende o mundo externo como algo estranho, porém, a partir de sua interação com o meio em que está inserida e no momento em que passa a ter entendimento sobre todas as coisas que lhe cerca, começa a utilizá-los como recursos e, com isso, novas maneiras de comportamentos são desenvolvidas (ROSSATO; CONSTANTINO; MELLO, 2013). Pensandoassim, podemos enfatizar que “para desenvolver o seu psiquismo a criança necessita das relações ao seu redor [...]”, logo, para a criança com deficiência, isso não é diferente, vez que a mesma somente irá desenvolver o seu processo de ensino e aprendizagem a partir do momento em que estabelecer suas concepções e relações sociais, visto que as mesmas são de extrema importância para a evolução das funções superiores do indivíduo (LEONEL; LEONARDO, 2014, p. 543). As autoras supracitadas relatam que na teoria de Vygotski, o mesmo defende o processo de escolarização, bem como o desenvolvimento dos deficientes intelectuais, pois compreende que essas crianças possuem potencialidades e que as escolas possuem um papel social importante no processo psíquico das mesmas, e com isso, a mesma deve proporcionar o ensino e o desenvolvimento de todos os alunos, com ou sem deficiência. [...] a escola na atualidade, deve rever sua postura, seu papel e sua forma de atuação perante os alunos com deficiência intelectual, lançando mão de metodologias e práticas adequadas que venham a atender às suas especi- ficidades e peculiaridades. Uma criança, com ou sem deficiência, em seu processo de desenvolvimento não deve ser privada do ensino por causa de suas dificuldades, ela necessita de apoio do adulto, ou seja, do professor, pois por meio das mediações e dos conhecimentos clássicos ela terá as reais condições para seu desenvolvimento psíquico (LEONEL, LEONARDO, 2014, p. 546-547). Portanto, por meio dessa concepção teórica, podemos observar que a aprendiza- gem e o desenvolvimento dos alunos com deficiência “dependem da qualidade das me- diações que elas recebem ao longo da vida, sobretudo dos processos de ensino utilizados em sua vida escolar, ou seja, dependem, entre outros aspectos, da qualidade do trabalho do professor (ROSSATO; CONSTANTINO; MELLO, 2013, p. 1), logo, podemos verificar, caro (a) aluno (a), que o papel do professor, bem como de sua formação é de extrema importância para a evolução desses alunos, devendo levar em consideração, também, as vivências e experiências pedagógicas do docente, as políticas públicas educacionais e as condições de acesso para o trabalho de inclusão escolar. 74UNIDADE IV Aprendizagem Já em relação ao processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno com deficiência múltipla, Godói (2006, p. 19) aborda que a inclusão escolar dos alunos com essa condição não depende somente do grau da deficiência ou do desenvolvimento intelectual, mas também de toda uma contextualização de sua inserção no ambiente escolar, desde sua acolhida, socialização e adaptação aos demais contextos escolares da instituição. “Piaget afirma que a inteligência se constrói mediante troca entre o organismo e o meio, mecanismo pelo qual se dá a formação das estruturas cognitivas [...]”. [...] o importante para o desenvolvimento cognitivo não é a sequência das ações empreendidas pela criança, mas sim o esquema geral dessas ações que pode ser transposto de uma situação para a outra. Assim, os esque- mas são concebidos como resultado direto das generalizações das próprias ações, não sendo de natureza perceptível, mas funcional. Dessa maneira, as ações da criança sobre o meio: fazer coisas, brincar e resolver problemas, podem produzir formas de conhecer e pensar mais complexas, combinando e criando novos esquemas, possibilitando novas formas de fazer, compreender e interpretar o mundo que a cerca (GODÓI, 2006, p. 19). A autora ainda nos relata que diversos estudos de diferentes momentos históricos sobre o desenvolvimento cognitiva das crianças com deficiência múltipla, mostram que existem diversas oscilações e ritmos diferentes no que diz respeito a inteligência desses indivíduos, vez que, por muitas vezes, as escolas focavam somente nas limitações e difi- culdades de seus alunos, deixando de lado as potencialidades que cada um possui e os recursos disponíveis para o aprendizado dos mesmos. As crianças com deficiências múltiplas podem necessitar de mais tempo para adquirir mecanismos de adaptação às novas situações, mas com uma boa mediação de professores e pais poderão criar estratégias de ação e pen- samento, assim, poderão auto-regular com ajuda de seu comportamento e desenvolver autonomia pessoal, social e intelectual (GODÓI, 2006, p. 21). Com base nisso, enquanto educadores, devemos levar em consideração que a primeira atitude necessária para a escolarização de alunos com deficiência múltipla consiste em compreender e assumir que todas as crianças são capazes de aprender, independente da gravidade ou especificidade de suas deficiências, por isso, seguindo os pressupostos das Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica, a inclusão dos mesmos deve acontecer desde o início do processo educacional, ou seja, já na Educação Infantil. Com o movimento da inclusão, todas as crianças com algum tipo de deficiên- cia, mesmo nas alterações severas de desenvolvimento, passam a ter direito o mais cedo possível aos serviços educacionais disponíveis em sua comuni- dade. Esse fato traz implicações importantes [...], principalmente no que diz respeito à educação de crianças com dificuldades neuromotoras acentuadas ou de adaptação socioemocional. Incluir essas crianças na escola não sig- nifica apenas inseri-las no contexto da sala de aula, adaptar os objetivos, algumas atividades ou dar mais tempo, como frequentemente ocorre com as crianças com deficiência mental. Além disso tudo, a inclusão requer mo- dificações atitudinais e estruturais [...]: flexibilidade, tolerância, compreensão do comportamento e das necessidades emocionais, provisão de currículo 75UNIDADE IV Aprendizagem adaptado às necessidades específicas, mobiliário adaptado para execução de atividades, adaptação de jogos pedagógicos, materiais específicos e re- cursos tecnológicos que favoreçam a interação, a comunicação e aprendiza- gem. Esses procedimentos e instrumentos são essenciais, pois determinam a qualidade da oferta educativa para o sucesso na aprendizagem e inclusão desses alunos no sistema regular de ensino (GODÓI, 2006, p. 21). Logo, entende-se que as crianças com deficiência múltipla que apresentam neces- sidades educacionais específicas não se desenvolvem ou aprendem de forma espontânea como os outros alunos, por isso, cabe a escola ter a busca de uma educação inclusiva de qualidade, buscando a mediação e modificação de suas ações e práticas pedagógicas para a promoção de uma aprendizagem significativa e assertiva. 76UNIDADE IV Aprendizagem 2. RECURSOS DIDÁTICOS ADAPTADOS OU NÃO APLICADOS À EDUCAÇÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA Caro aluno (a), chegamos a nossa última discussão do último capítulo da discipli- na de Atendimento Educacional de alunos com deficiência intelectual e múltipla, e neste momento iremos abordar sobre os recursos didáticos utilizados no processo de ensino e aprendizagem desses alunos, recursos esses que precisam ser adaptados de acordo com a necessidade educacional de cada discente. Mas afinal, qual é a importância dos recursos didáticos adaptados no processo de inclusão escolar dos alunos com necessidades educa- cionais especiais? Em relação à isso Cristofoleti e Nunes (2019, p. 37) relatam que “uma educação inclusiva não deve significar somente a inserção da criança no ambiente escolar [...], mas a adaptação da escola no atendimento a suas especificidades de vida e de aprendizagem”, por isso se faz necessário que as escolas busquem atender todas as particularidades de todos os alunos, se responsabilizando pela aprendizagem dos mesmos, podendo isso acontecer por meio dos recursos didáticos adaptados. Com isso, podemos compreender, caro (a) aluno (a), que a inserção de estratégias pedagógicas e elaboraçãode recursos adaptados são primordiais para que ocorra um processo de ensino e aprendizagem de qualidade aos alunos da Educação Especial. Nesse contexto, para os alunos com deficiência intelectual, as ações pedagógicas devem ser pensadas de forma que sejam interativas para o aprendizado efetivo desses 77UNIDADE IV Aprendizagem educandos, de forma que as possibilidades de sua vida diária sejam inseridas no momento em que se inicia o seu processo de escolarização, visto que todos os discentes, com ou sem necessidades especiais, necessitam desenvolver habilidades úteis para a vida pessoal (CRISTOFOLETI; NUNES, 2019). Miura et al. (2011), enfatizam que as adequações dos recursos didáticos para a educação dos alunos com necessidades educacionais especiais podem permitir aos mes- mos o acesso aos conteúdos programáticos que estão definidos na proposta pedagógica das escolas, inclusive para os que não possuem diagnóstico, como por exemplo, a defi- ciência intelectual. Entende-se, também, que o uso de recursos adaptados pode, de certa forma, facilitar o trabalho docente das classes comuns, de forma que contribua para o desenvolvimento de cada criança. [...] a elaboração de planos de ensino que envolva a adaptação de jogos pedagógicos cujo objetivo busca a valorização de uma interação interpessoal divertida por meio dos aspectos lúdicos em contexto real, da instigação da criatividade e do desenvolvimento de estratégias que favoreçam a lógica e o pensamento poderá auxiliar o professor a tornar o processo de ensino e aprendizagem mais enriquecedora e efetiva. Os jogos e os recursos pedagó- gicos podem ser confeccionados pelos professores também para auxiliá-los no ensino daqueles conteúdos que parece ser complicado para o educando (MIURA et al., 2011, p. 2022). De acordo com as autoras supracitadas, temos diversos estudos que enfatizam que a principal finalidade dos recursos pedagógicos adaptados consiste em auxiliar o aluno a desenvolver o seu pensamento e a sua imaginação, bem como sua capacidade de raciocínio lógico, de forma que, por meio desses, o educando tenha contato com suas vivências reais. A elaboração e confecção desses recursos devem ser pensadas de acordo com as especificidades das necessidades educacionais de cada criança, de forma que o mesmo possa corresponder todas as atividades propostas no currículo escolar, a fim de que, com isso, seja proporcionado tanto ao aluno quando ao professor benefícios relacionados ao processo educativo durante todo o aprendizado escolar. Assim, também os jogos pedagógicos adaptados parecem ser necessários para atender às necessidades educacionais especiais dos alunos, de modo que o educando possa ter acesso a novas contingências de aprendizagem de forma efetiva. A partir da aprendizagem por meio de jogos, o aluno poderá melhorar o seu desempenho em ativi- dades acadêmicas formais que serão fundamentais para que o mesmo possa avançar na aquisição de novos conceitos, receber elogio dos professores, pais e outros adultos, que poderão ser essenciais para facilitar a aquisição de repertórios relevantes de aprendizagem acadêmica em outros níveis de ensino (MIURA et al., 2011, p. 2023). 78UNIDADE IV Aprendizagem Sobre isso Cristofoleti e Nunes (2019, p.45) reforçam dizendo que “a escola se apropriando dos caminhos alternativos e recursos auxiliares que venham a contribuir para o aprendizado do aluno, possibilita o avanço do seu desenvolvimento cognitivo”, por isso, é importante ressaltar que os docentes que trabalham com alunos com necessidades es- peciais devem investir na elaboração de metodologias inclusivas e adaptadas, para assim, desenvolver suas habilidades e o seu pensamento para as funções psicológicas superiores. Schinato e Strider (2020, p. 32-33), reforçam que Os recursos didáticos utilizados para fins pedagógicos são aqueles emprega- dos no ensino, tornando-o mais adequado e eficaz. Eles são indispensáveis para o processo de ensino e aprendizagem de todos os alunos – inclusive daqueles com necessidades educacionais especiais no sistema regular de ensino. [...] os recursos didáticos são capazes de proporcionar aos alunos aspectos, elementos, informações e saberes, que facilitam o entendimento dos conteúdos e temáticas apresentadas no decorrer do processo de ensi- no, promovendo, portanto, uma aprendizagem efetiva. De fato, a utilização desses na perspectiva da inclusão é importante para auxiliar a aprendizagem e, ao mesmo tempo, preencher as lacunas do ensino tradicional. Entretanto, é fundamental que os professores permitam que os alunos os utilizem com objetividade, equidade e de maneira racional. Com isso, pode-se entender que no momento em que o professor elabora o seu planejamento de aula é necessário que já defina quais os recursos didáticos e propostas que são mais adequadas para a turma em que leciona, de forma que leve em consideração as necessidades educacionais de cada aluno. Por isso, pode-se compreender que antes de apresentar qualquer recurso em aula, seja adaptado ou não, cabe ao docente identificar e avaliar os resultados que serão esperados pelo mesmo. Caro (a) acadêmico (a), agora você poderá identificar qual é a importância dos recursos educacionais adaptados e/ou especializados, bem como exemplos dos recursos que são mais utilizados em sala de aula para a escolarização dos alunos com deficiência intelectual e múltipla. Os Recursos Educacionais Especializados envolvem toda a adaptação físi- ca necessária para realizar o atendimento pedagógico da pessoa com defi- ciência. Podem ser utilizados de forma isolada, como um material adaptado dentro da sala de ensino regular, ou ainda constituir uma Sala de Recursos Multifuncional, ambiente projetado especialmente para receber o estudante com algum tipo de deficiência (TOMAZELI, 2020, p.40). É válido ressaltar, mais uma vez, que cabe à escola estabelecer em seu plano de ação previsto no Projeto Político Pedagógico o atendimento educacional especializado para alunos com deficiências, de forma que atenda de forma assertiva e objetiva esses alunos na sala de recurso e tenha como professor um especialista em Educação Especial ou áreas correlacionadas ao AEE (TOMAZELI, 2020). 79UNIDADE IV Aprendizagem A deficiência intelectual, diferentemente das outras deficiências, não apre- senta especificidade nos materiais utilizados para a intervenção pedagógica. Isso porque ela vai apresentar características bem diferenciadas em cada indivíduo. Considerando que as variáveis geradas por esse tipo de deficiên- cia são muitas, apenas o cotidiano com a criança vai informar quais tipos de adaptações e/ou tecnologias serão necessárias para a intervenção psicoló- gica e/ou pedagógica. [...] De qualquer forma, o uso de materiais lúdicos e coloridos tende a instigar o interesse. Outra questão importante a ser consi- derada é a profundidade de conhecimento necessária para a execução de cada atividade. Como qualquer outra criança do ensino regular, é importante realizar uma “sondagem” para saber seu ponto de partida no direcionamento das atividades (TOMAZELI, 2020, p. 45). Vamos conhecer agora quais são as metodologias de ensino e recursos adaptados que podem ser utilizados no AEE para os alunos com deficiência intelectual e múltipla? Tecnologia Assistiva (TA): De acordo com Tomazeli (2020, p. 40), “Essa ter- minologia envolve a gama de recursos disponíveis para proporcionar e/ou melhoras a acessibilidade de pessoas com deficiência a ferramentas de uso cotidiano, sejam elas cunho pedagógico-escolar ou não”, com isso, podemos compreender a TA como sendo uma “ferramenta adicional para viabilizar a acessibilidade do estudante às mais diversas atividades do cotidiano. Jogo da memória tátil: “Este jogo possibilita à criança o reconhecimento de cores etexturas. Por meio dele, o estudante consegue aprimorar de forma direcionada o sentido do tato. Além da visão, trabalha também a coordenação. A quantidade de peças a ser utilizada dependerá da avaliação do profissional que estiver aplicando a atividade. Pode ser facilmente confeccionado com diversos materiais, como lixa, papel cartão, algodão, palitos de fósforo, entre outros” (TOMAZELI, 2020, p. 46) FIGURA 1: JOGO DA MEMÓRIA TÁTIL Fonte: Tomazeli (2020, p. 45). Jogo da velha: “O jogo da velha é uma tradicional brincadeira, bastante conhecida no meio escolar pela sua característica divertida em que as crianças podem desafiar seus colegas usando apenas lápis e papel [...]”, porém, esse jogo pode ser confeccionado com materiais recicláveis, como caixas de ovos e tampas de garrafas PET, “a proposta simples é 80UNIDADE IV Aprendizagem um ótimo jogo para estimular e desenvolver no aluno com deficiência a coordenação moto- ra, o raciocínio rápido, estratégia de jogabilidade, paciência, lidar com a frustração, atenção e concentração. Também contribui para o desenvolvimento de conceitos matemáticos de linhas horizontal, vertical e transversal; classificação e quantidades. FIGURA 2: JOGO DA VELHA RECICLÁVEL Fonte: Cristofoleti; Nunes (2019, p. 46). Tangram com material sensorial: “O Tangram é um antigo jogo chinês, que con- siste na formação de figuras e desenhos por meio de 7 peças (5 triângulos, 1 quadrado e 1 paralelogramo). Esse jogo pode oferecer muitas possiblidades de trabalho com a criança que apresenta deficiência intelectual. Pode ser confeccionado com cores e texturas diferen- tes e ser utilizado na discriminação das formas, cores e texturas, no desenvolvimento do raciocínio lógico, na formação de figuras, dentre outras possibilidades” (CRISTOFOLETI; NUNES, 2019, p. 47). FIGURA 3: TANGRAM SENSORIAL Fonte: Cristofoleti; Nunes (2019, p. 47). Painel sensorial com grãos: “As atividades de estimulação sensorial para crian- ças com deficiência intelectual são de grande relevância, dadas as possibilidades de de- 81UNIDADE IV Aprendizagem senvolvimento do sistema sensorial da pessoa, da atenção ao sensível e de nomeação das sensações. O painel apresentado” [...] abaixo “pode estimular na criança com deficiência o desenvolvimento do reconhecimento de um objeto por meio do toque e preensão, bem como compreender o conceito de textura (áspero e macio), dentre outros” (CRISTOFOLETI; NUNES, 2019, p. 48). FIGURA 4: PAINEL SENSORIAL Fonte: Cristofoleti; Nunes (2019, p. 48). Material sensorial para identificação de sensações, texturas, cores e números: “Esse outro material já contribui para a ampliação de alguns conceitos. Além da estimulação do reconhecimento dos objetos por meio do toque e preensão, pode ser trabalhado para a compreensão da textura, a discriminação das cores, formas geométricas, bem como a ideia de quantidade. É um material colorido, criativo, que pode contribuir imensamente para o desenvolvimento de conceitos abstratos em alunos com deficiência intelectual” (CRISTO- FOLETI; NUNES, 2019, p. 49). FIGURA 4: MATERIAL SENSORIAL Fonte: Cristofoleti; Nunes (2019, p. 48). Material lúdico para escrita de palavras: “O material confeccionado, também denominado de “loto leitura”, é muito utilizado nas aulas de alfabetização e pode ser um excelente recurso para trabalhar com alunos que apresentam deficiência intelectual, pois permite a formação de palavras a partir de um modelo acompanhado da figura correspon- dente à palavra” CRISTOFOLETI; NUNES, 2019, p. 49). 82UNIDADE IV Aprendizagem FIGURA 5: MATERIAL LÚDICO PARA ESCRITA Fonte: Cristofoleti; Nunes (2019, p. 49). Sala de recursos multifuncionais: De acordo com Medeiros (2019), a implantação das Salas de Recursos Multifuncionais – SRMF teve seu início em 2007 por meio do Minis- tério da Educação – MEC, nas escolas da rede municipal e estadual de educação, sendo essa oferta de serviço instituída na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. A escolha das instituições que receberão as SRMF é realizada pelos gesto- res da rede estadual ou municipal de ensino, através do Sistema de Gestão Tecnológica do Ministério da Educação – SIGETEC. Para tanto, é firmado um termo de adesão entre o MEC e o gestor, no qual o último se responsabiliza por assegurar instalações físicas acessíveis e ainda, disponibilizar professo- res para realizar os atendimentos (MEDEIROS, 2019, p. 24). Como você pode observar na figura abaixo, caro (a) aluno (a), entre os anos de 2005 e 2007 ocorreu um grande aumento no que diz respeito a implantação de SRMF no Brasil, porém ainda é considerado um aumento pouco significativo. Mas, já no ano de 2007, tivemos um aumento significativo sobre as SMRF nas escolas municipais e estaduais, de- vido ao grande número de alunos com necessidades educacionais especiais matriculados na rede de ensino regular (MEDEIROS, 2019). GRÁFICO 1: IMPLANTAÇÃO DAS SRMF NO BRASIL 2005-2012 Fonte: Medeiros (2019, p. 25). 83UNIDADE IV Aprendizagem Neste aspecto, tem-se nas SRMF uma oportunidade de acesso a diversos materiais e equipamentos que podem promover e potencializar a aprendi- zagem das pessoas com NEE. Ainda em 2011, é promulgado o Decreto nº 7611, que em seu art. 4, § 3º caracteriza as SRMF como sendo “ambientes dotados de equipamentos, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado”. Nesta perspecti- va, as atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado - AEE diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento que deve ser ofertado em turno contrário às aulas regulares, complementa ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e à independência na escola e fora dela (MEDEIROS, 2019, p. 27). As salas de recursos multifuncionais são divididas em dois tipos: na sala tipo I es- tão apresentados os materiais pedagógicos adaptados, com exceção os para alunos com deficiência visual, e na sala tipo II além dos materiais já mencionados, são disponibilizados os recursos específicos para o atendimento dos alunos com deficiência visual (MEDEIROS, 2019). Cada um desses tipos de sala possui seus materiais específicos como você pode observar nos quadros abaixo: QUADRO 1: ESPECIFICAÇÕES DE ITENS DA SALA DE TIPO I Fonte: Brasil, 2010 apud Medeiros (2019, p. 28) 84UNIDADE IV Aprendizagem QUADRO 2: ESPECIFICAÇÕES DE ITENS DA SALA DE TIPO II Fonte: Brasil, 2010 apud Medeiros (2019, p. 29). REFLITA Com base nas informações apresentadas nessa unidade, e também em todas as lei- turas realizadas até aqui, você, enquanto acadêmico (a), considera a sala de recursos multifuncionais e o uso de recursos/materiais adaptados fundamental para o atendimen- to educacional especializado para os alunos com deficiência intelectual e múltipla? Reflita! Fonte: o autor, 2020. 85UNIDADE IV Aprendizagem SAIBA MAIS TECNOLOGIA É ALIADA NA CRIAÇÃO DE AULAS ACESSÍVEIS A TODOS - Ferra- mentas digitais trazem funcionalidades como legendagem, contraste e libras, que permi- tem a participação ativa e a integração de estudantes com ou sem deficiência Um trabalho sobre imigração na aula de história do primeiro ano do ensino médio da professora Lilian Starobinas, da Escola Vera Cruz, em São Paulo, mostrou como o uso de uma ferramenta digital acessível pode facilitar a aprendizagem e a participação de todos os alunos da turma. A educadora pediu aos estudantes que montassem uma apresentação sobre o tema, usando textos, imagens, áudios e vídeos. Eles podiam fazer no PowerPoint, por exemplo, e depois deveriam colocar o trabalho no Flipgrid. A ferramenta gratuita de co- municação por vídeo reúne os trabalhos num único lugar, dá a possibilidade de acesso aos alunos às produções dos colegas e permite a interação. A professora, que tambémdá aulas de cultura digital no curso de pedagogia do Ins- tituto Vera Cruz, usou vídeos de uma formação e materiais disponíveis na internet para aprender a trabalhar com a plataforma. Tirou ainda dúvidas com o grupo de tecnologia da escola. [...] Oriento que leiam o conteúdo na íntegra. Fonte: NOGUEIRA, Fernanda. 2020, Porvir Inovações em Educação. Disponível em: https://porvir.org/ tecnologia-e-aliada-na-criacao-de-aulas-acessiveis-a-todos/ 86UNIDADE IV Aprendizagem CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) aluno (a), chegamos ao final de nossa quarta e última unidade de discussão sobre a disciplina de Atendimento Educacional de Alunos com Deficiência Intelectual e Múltipla. Em nosso primeiro momento de discussão você pôde compreender como se dá o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com deficiência intelectual e múltipla, onde o processo de escolarização e desenvolvimento desses alunos, não se refere somente a pensar e aplicar habilidades intelectuais entre as que são comuns aos demais conflitos da vida escolar, social e profissional, mas deve, também, levar em consideração todos os momentos e características de desenvolvimento cognitivo, para que somente assim sejam pensadas habilidades a serem atingidas. Além disso, foi possível identificar que para compreendermos o desenvolvimento das crianças com necessidades educacionais especiais, é necessário que, primeiramen- te, cada aluno compreenda como se dá e acontece o mundo ao seu redor, ou seja, é importante que essa criança entenda o seu contexto social e escolar, para assim, ter sua aprendizagem desenvolvida de forma assertiva. E em relação ao desenvolvimento do aluno com deficiência múltipla, é necessário ressaltar que a inclusão escolar dos mesmos não de- pende somente do grau da deficiência ou de seu desenvolvimento intelectual, mas também da compreensão de toda a sua inserção no ambiente escolar e social. Por fim, na finalização de nossa discussão, você pode compreender qual é a im- portância dos recursos didáticos adaptados e da sala de recursos multifuncionais para o atendimento educacional dos alunos com deficiência intelectual e múltipla, de forma que saibamos que a inclusão dos alunos com necessidades educacionais não deve acontecer somente com a sua inserção nas escolas, mas também com a adaptação dos materiais pe- dagógicos e as metodologias de ensino que serão empregadas pelos professores e pelos demais membros das escolas. Pois, por meio das adequações dos recursos didáticos para a educação desses alunos é possível termos a possibilidade dos mesmos para o acesso aos conteúdos programáticos que estão definidos na proposta pedagógica das escolas, inclusive para os que não possuem diagnóstico, como por exemplo, a deficiência intelectual. 87UNIDADE IV Aprendizagem LEITURA COMPLEMENTAR Salas de recursos multifuncionais: Revisão de artigos científicos Multifunctional resource classes: A review on scientific reports Mara Silvia Pasian¹ Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil Enicéia Gonçalves Mendes² Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil Fabiana Cia³ Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, Brasil Resumo Apesar do crescimento da produção científica na área de Educação Especial, há necessidade da articulação em contextos de redes colaborativas de pesquisa. O presente trabalho faz parte do Observatório Nacional de Educação Especial (ONEESP), cujo foco é a produção de estudos integrados sobre políticas e práticas direcionadas para a questão da inclusão escolar e avaliar no âmbito nacional o programa de implantação de “Salas de Recursos Multifuncionais” (SRM), referente ao atendimento educacional especializado (AEE). O objetivo foi realizar uma investigação com o intuito de descrever e discutir so- bre as produções científicas publicadas na realidade brasileira no âmbito do atendimento educacional especializado. Para isso foi realizada uma revisão bibliográfica de artigos, sendo utilizadas as bases de dados SciELO (Scientific Eletronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde). Foram selecionados 19 artigos e a descrição dos resultados foi feita utilizando análise qualitativa e quantitativa. Os resultados mostraram que a maioria dos artigos envolve o eixo que descreve o funcio- namento do atendimento educacional especializado, o público mais investigado foram os alunos com paralisia cerebral e deficiência visual. Existe um maior número de pesquisa qualitativa e de estudo de caso. O local mais frequente de realização das pesquisas foram 88UNIDADE IV Aprendizagem as escolas de rede pública estadual, sendo que os professores aparecem em maior número como participantes e o instrumento de coleta mais utilizado foi a entrevista. [...] Introdução A presente proposta faz parte das atividades do Observatório Nacional de Educa- ção Especial (ONEESP) e tem como foco uma avaliação de âmbito nacional do programa de implantação de “Salas de Recursos Multifuncionais” (SRM), promovido pela Secretaria de Educação Especial/MEC que, desde 2005, vem apoiando a criação do serviço de aten- dimento educacional especializado (AEE). O programa das SRM é destinado às escolas das redes estaduais e municipais de educação e foi criado na intenção de promover ensino com qualidade para alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação - público alvo da educação especial. Esse programa é desenvolvido de forma complementar e suplementar a escolarização, sendo oferecido no contraturno em que a criança frequenta na escola comum em que está matriculada. O intuito é assegurar condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino comum possibilitando a oferta do atendimento educacional especializado, de forma não substitutiva à escolarização (BRASIL, 2007). Referente ao plano pedagógico, este deve levar em conta as características de forma individual para cada aluno, contendo as atividades a serem desenvolvidas, visando proporcionar melhor adaptação dos alunos na sala comum (BRASIL, 2007). Há diversos benefícios que podem ser desenvolvidos na SRM de forma paralela e que auxilia o desenvolvimento do ensino na sala de aula comum, como relata Baptista (2011, p.70): Algumas das vantagens que eram associadas à classe especial podem ser potencializadas na sala de recursos, pois o trabalho com pequenos grupos é estimulado, permitindo melhor acompanhamento do aluno, favorecendo trajetórias de aprendizagem mais individualizadas sob a supervisão de um docente com formação específica. No caso da sala de recursos, a grande vantagem é que esse processo tem condições de alternância contínua com aquele desenvolvido na sala de aula comum. Nessa perspectiva de implantação e de expectativa de sucesso, a Secretaria de Educação Especial a partir de 2005 tem feito investimentos para o AEE, proporcionando equipamentos, mobiliários e materiais didático-pedagógicos e de acessibilidade para a organização das SRM, também têm surgido diversas discussões sobre as atribuições e a formação dos professores do AEE, sendo que cursos de capacitação e de aperfeiçoamento estão sendo oferecidos e requisitados. 89UNIDADE IV Aprendizagem A SRM é uma nova realidade presente em todo território nacional para o atendimento de alunos público alvo da educação especial e tem recebido incentivos materiais e investido na formação profissional para o professor de educação especial para atuar nessas salas, como também observado por Oliveira e Leite (2011, p. 198) sobre a importância dessa implantação: No contexto de inclusão educacional, a sala de recursos ganha papel funda- mental na viabilização do acesso da parcela de alunos com NEEs ao currícu- lo comum. De acordo com as recomendações legais, no caso, as Resoluções SE No.8 (2006) e SE No. 11 (2008), a sala de recursos compõe um dos suportes existentes na Educação Especial e oferece serviço de natureza pe- dagógica, a fim de complementar ou suplementar o atendimento educacional fornecido na sala comum. Segundo dados do MEC, entre os anos de 2005 a 2009, foram financiadas 15.551 (SRMs) para 4.564 municípios brasileiros, espalhados em todos os estados. Com base nas demandas apresentadas no Programa de Ações Articuladas (PAR), esse quantitativo atenderia 82% das necessidades de SRM. Algumas evidências reforçam o consenso sobre a necessidade de empenho para atender as necessidades educacionais dos alunos com deficiência, muitas vezes privados do direito de acesso, ingresso, permanência e sucesso na escola básica. Como pode ser observado pelas estatísticas estimadas pela UNESCO (2005) nos países pobres e em de- senvolvimento, mais de 140 milhões de crianças e jovens não têm acesso à escolarização básica; e apenas 2% de uma população dos indivíduos com deficiências, estimada em mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, recebem algum tipo de educação formal. [...] Oriento que você leia o artigo na íntegra, o qual se encontra no link abaixo. Boa leitura! Fonte: PASIAN, Mara Silvia; MENDES, Enicéia Gonçalves; CIA, Fabiana. Sala de Recursos Multifuncionais: Revisão de artigos científicos. Revista Eletrônica de Educação - REVEDUC. São Carlos, v. 8, n. 3, p. 213-225, 2014 Link: http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/949/366 90UNIDADE IV Aprendizagem MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Salas Abertas: Formação de professores e práticas pe- dagógicas em comunicação alternativa e ampliada nas salas de recurso multifuncionais Autor: Leila Regina d’Oliveira de Paula Nunes; Carolina Rizzotto Schirmer (org). Editora: EdUERJ Ano: 2017 Sinopse: [...] O livro oferece ao leitor contribuições teórico-práticas relativas às áreas de Educação Especial, Formação de Profes- sores, Tecnologia Assistiva, Comunicação Alternativa e Ampliada, além de constituir um trabalho de grande importância para a consulta por parte daqueles que atuam ou pretendem atuar nas áreas da Educação Especial e da CAA. Ao longo dos dezesseis capítulos são discutidas questões relativas à formação continuada em serviço de professores, comunicação alternativa e ampliada, materiais pedagógicos e lúdicos adaptados, informática acessível, entre outros. FILME/VÍDEO Título: Deficiência Intelectual - Multirio Ano: 2017 Sinopse: A informação como promotora de mudança na percep- ção sobre a deficiência, na promoção da autonomia, da inserção social e da capacidade de viver com qualidade. Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=CQQ9acLTKE- Q&t=21s 91 REFERÊNCIAS BARLI, Nathalie. Atendimento educacional especializado nos diferentes níveis e modalida- des de ensino. Curitiba: Contentus, 2020. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial [da] União. Brasília, 1988. BRASIL. Decreto nº 3.298 de 20 de dezembro de 1999. 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Ao longo das quatro unidades foram debatidos assuntos pertinentes a esse tema, iniciando com a História da Deficiência Intelectual e múltipla dando sequência, analisando a interlocução entre o AEE para os alunos com essas deficiências e o ensino regular, já na Unidade III, foi possível analisar, também, como a deficiência intelectual e múltipla acontece no contexto escolar, e, por fim, na Unidade IV foi possível a compreensão de como se dá o processo de ensino e aprendizagem desses alunos. Partindo dessas concepções, na Unidade I foi possível compreender que, analisan- do por meio de um contexto histórico, podemos identificar que a deficiência intelectual e múltipla passou por inúmeras evoluções no que se respalda o seu processo e compreensão de conceituação, tendo suas discussões apresentadas desde a Antiguidade, se esten- dendo até os dias atuais, tendo sempre novas definições sobre a mesma. Com isso, em suma, podemos compreender a deficiência intelectual como sendo uma característica das pessoas que possuem determinados prejuízos nos domínios conceituais social e prático, tendo classificações entre leve, moderada, grave e profunda, porém, ainda há autores que a enfatizam como sendo uma forma compreendida amplamente como um retardo mental, classificação essa muito obsoleta, mas utilizada até hoje. Enquanto que, em relação a Deficiência Múltipla, podemos compreender que a mesma se refere à designação para as pessoas que possuem mais de uma deficiência, sendo compreendida como condição heterogênea, identificando diferentes grupos de indivíduos que possuem determinadas deficiências associadas à outras. No âmbito legal e legislativo foi possível verificar que no Brasil temos uma Lei que aborda especificamente sobre a pessoa com deficiência, conhecida como Lei de Inclusão ou Estatuto da Pessoa com Deficiência que passou a ser um grande fator de discussão sobre a proteção e amparo dos direitos das pessoas com deficiência em nosso país. Na Unidade II você pode analisar os fundamentos teóricos, legais e pedagógicos acerca do atendimento educacional especializado podendo identificar que o AEE se refere 97 como a proposta de integração dos alunos com deficiências no contexto escolar do ensino regular, buscando a progressão escolar dos mesmos sem nenhum tipo de discriminaçãoou segregação, ressaltando que o AEE é garantido por Lei desde a Constituição Federal. Além disso, também discutimos sobre a institucionalização do atendimento especializado no projeto político pedagógico – PPP, onde você pode compreender a importância deste documento nas instituições escolares, bem como a importância e fundamentação das Ativi- dades de Vida Diária – ADV nas escolas. A partir na Unidade III, foi possível uma compreensão maior sobre a Deficiência Intelectual e Múltipla no contexto escolar, dando ênfase ao processo de inclusão nas esco- las, o qual se relaciona as mais variáveis modificações ocorridas em todas as instituições de ensino, onde foi possível compreender que para este processo acontecer de forma assertiva é necessário repensar todas as políticas educacionais vigentes e analisar as mais variadas formas de aprendizagens e dificuldades. Por fim, na Unidade IV discutimos sobre a aprendizagem dos alunos com deficiên- cia intelectual e múltipla, entendendo que a mesma, em conjunto com o desenvolvimento desses discentes, fazem parte do processo de escolarização dos mesmos, não sendo apenas a aplicação de uma ou outra metodologia, mas sim a consideração de todos os momentos e particularidades do cognitivo. Também foi possível a compreensão acerca da importância dos recursos didáticos adaptados e das salas de recursos multifuncionais para o AEE, verificando como a adaptação dos materiais pedagógicos e as metodologias de ensino serão empregadas pelos professores e pelos demais membros das escolas. Desejo a você, caro (a) aluno (a), muito sucesso em sua formação acadêmica e profissional! Até breve!!! +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br/editora-edufatecie edufatecie@fatecie.edu.br EduFatecie E D I T O R A APRESENTAÇÃO DO MATERIAL SUMÁRIO UNIDADE I - HISTÓRIA DA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA INTRODUÇÃO 1. A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA ATRAVÉS DOS TEMPOS 2. CONCEITUANDO A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA 3. LEGISLAÇÃO NACIONAL E ESTADUAL, ACESSIBILIDADE E A ERA DA INCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS LEITURA COMPLEMENTAR MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE II - INTERLOCUÇÃO DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NO ENSINO REGULAR PARA ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA INTRODUÇÃO 1. FUNDAMENTOS TEÓRICOS, LEGAIS E PEDAGÓGICOS DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO 1.1 Fundamentos legais para o atendimento especializado 2. INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO 3. ATIVIDADES DE VIDA DIÁRIA DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA CONSIDERAÇÕES FINAIS LEITURA COMPLEMENTAR MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE III - DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA NO CONTEXTO ESCOLAR INTRODUÇÃO 1. DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA NO CONTEXTO ESCOLAR 1.1 A avaliação do aluno com deficiência intelectual no contexto escolar 2. PERCEPÇÃO DE PAÍS, ESCOLA E O PAPEL DOS EDUCADORES NO PROCESSO DE INCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS LEITURA COMPLEMENTAR MATERIAL COMPLEMENTAR UNIDADE IV - APRENDIZAGEM INTRODUÇÃO 1. DESENVOLVIMENTO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA 2. RECURSOS DIDÁTICOS ADAPTADOS OU NÃO APLICADOS À EDUCAÇÃO DOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E MÚLTIPLA CONSIDERAÇÕES FINAIS LEITURA COMPLEMENTAR MATERIAL COMPLEMENTAR REFERÊNCIAS CONCLUSÃO GERAL