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Contabilidade como Sistema de Informação e Controle Apresentação A contabilidade desenvolveu uma metodologia que capta, registra, acumula, resume e interpreta os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das entidades. Isso significa um sistema com entrada de dados e um processamento, o que possibilitará a emissão de informações. Entretanto, para que esse trabalho dê bons resultados, é necessário que o contador planifique as operações e transações que certamente ocorrerão. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a visão sistêmica da contabilidade e entender como é realizada essa planificação. Esse é um dos trabalhos que mais exige experiência, perspicácia e, por vezes, um exercício para antever situações que talvez nem os próprios sócios ou responsáveis pelo negócio pensaram. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Enumerar os tipos de transações que ocorrerão em uma entidade.• Planejar os processos a serem adotados.• Construir planos e manuais de contas adequados.• Desafio Alessandra estudou gastronomia e decidiu abrir um Foodtruck de culinária amazônica. Seu pai é proprietário de uma rede de restaurantes franceses e indicou você como contador, a fim de orientá-la. Em uma conversa com Alessandra, você identificou o seguinte cenário: Como vocês terão uma nova reunião amanhã, esboce quais são as principais atividades de um foodtruck para que vocês possam discutir. Infográfico Uma das primeiras providências de um contador é entender as atividades de um negócio, conhecer seu funcionamento, sua natureza e seus objetivos, para poder planificar a contabilidade. Assim, para cada empresa, há um plano diferente. Para entender esse fluxo, veja, no Infográfico a seguir, como funcionam as atividades de um supermercado. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/4ee511cd-c7d6-47cc-83f2-657957c26de1/ea3a6206-8d4c-44fd-82cd-14eb30e758e0.png Conteúdo do livro Os autores das áreas administrativas e contábeis afirmam que o papel principal da área contábil é o registro das operações e posterior captação, organização e compilação de dados contábeis. No capítulo Contabilidade como sistema de informação e controle, da obra Contabilidade básica, você vai conhecer os sistemas de informação e controle da contabilidade. Boa leitura. CONTABILIDADE BÁSICA Lilian Martins Sistema Contábil Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, v ocê deve apresentar os seguintes aprendizados: � Explicar para que serve o sistema contábil e esclarecer o papel da planificação contábil no sistema. � Apontar como ocorre a interdisciplinaridade entre contabilidade, economia e direito. � Como a contabilidade influencia a sociedade. Introdução Fazendo a leitura deste texto, você vai aprender o que é e para que serve o sistema contábil e a planificação contábil. Você vai entender também a maneira como acontece a interdisciplinaridade entre as áreas de contabilidade, economia e direito, percebendo então como a contabilidade exerce influência na sociedade como um todo. A finalidade do sistema contábil Na literatura das áreas administrativas e contábeis, encontramos a afirmação de que o papel principal da área contábil é o registro das operações e a poste- rior captação, organização e compilação de dados contábeis. Mas o que sig- nifica isso? A metodologia contábil é um “sistema” com entrada de dados, processa- mento e saída de dados, conforme a definição clássica feita por pesquisadores da área de Tecnologia da Informação, como Laudon e Laudon (2004). A Fi- gura 1 demonstra a você esse fluxo. Figura 1. Sistema contábil ENTRADA SAÍDAPROCESSAMENTO Na contabilidade, esse sistema busca fornecer informações aos usuários, sejam internos ou externos à empresa. Como apontam Iudicibus e colabora- dores (2010), […] o administrador inteligente, que sabe usar a informação contá-bil e que conhece suas limitações, tem em suas mãos um poderoso instrumental de trabalho que lhe permite tomar decisões visando ao futuro com maior segurança, bem como conhecer a situação atual e o grau de acerto ou desacerto de suas decisões passadas. o grau de acerto ou desacerto de suas decisões passadas. Isso significa dizer que temos um sistema de contabilidade que busca ofe- recer a outro sistema (“o sistema de informações” da empresa) dados impor- tantes no processo de tomada de decisões e de gestão da empresa. Nesse sentido, O’Brien (2004) definiu “sistema de informações” como um conjunto de pessoas, hardware, redes de comunicação, exposto de maneira organizada, capaz de transformar em informações úteis os dados coletados, para diversos tipos de organização. Essas informações úteis são classificadas com vários conceitos, de acordo com o uso. Compreenda melhor observando a Figura 2. Figura 2. Classificação dos sistemas de informação. Sistemas de informação Sistemas de Apoio às operações Sistemas de Processo de Informações Sistemas de Controle de Processos Sistemas Colaborativos Sistemas de Informações Gerenciais Sistemas de Apoio à Decisão Sistemas de Informações Executivas Sistemas de Apoio Gerencial Fonte: adaptado de O´Brien (200)4. Conforme Iudicibus e colaboradores (2010), o pesquisador Robert N. An- thony dá três finalidades para as quais as informações contábeis são utilizadas: � finalidade de planejamento � finalidade de controle � finalidade de auxílio no processo decisório Para a finalidade de planejamento, o intuito é “decidir que curso de ação deverá ser tomado para o futuro”. Saiba Mais A contabilidade é muito associada ao passado, sendo pouco utilizada para planeja- mento. Um dos objetivos das Normas Internacionais de Contabilidade é que essa área seja usada também com a finalidade de planejamento. O controle serve para oferecer condições de a alta administração acompa- nhar as ações e certificar-se de que estão sendo executadas de acordo com os planos e as políticas estabelecidas. Colabora também no processo decisório, por ser “o conjunto de ações que faz com que se consiga a obtenção dos obje- tivos desejados, definidos pelo planejamento”. A contabilidade, embora não seja a única fonte de dados para os sistemas de informações empresariais, é uma das principais fontes, sendo ela própria um sistema. Assim, o sistema contábil é expresso pelo fluxo mostrado na Figura 3. Figura 3. Sistema contábil. Quando o trabalho do contador é finalizado, os dados contábeis detalhados (no caso de usuários internos) e as demonstrações contábeis (para usuários internos e externos) são disponibilizados nos sistemas de informação. Fique Atento É comum se referir aos sistemas de contabilidade com a sigla SIC e aos sistemas de informações gerenciais com a sigla SIG. Cria-se, então, a abreviatura SIC-SIG. Processo contábil Compras vendas Pagamentos recebimentos Fatos Escrituração Diário Razão Livros �scais Apuração do resultdo Lucro ou prejuízo Demonstrações contábeis Balanço patrimonial Demonstração do resultado do exercício Demonstração do �uxo de caixa Demonstração do valor adicionado Notas explicativas Planificação contábil Para o sistema contábil existir e ser operado, Iudicibus e colaboradores (2010) explicam que “entre as providências iniciais para se colocar em funciona- mento a máquina organizacional de qualquer empresa, impõe-se a planifi- cação geral do setor contábil”. Isso é realizado a partir de um estudo do con- tador sobre as atividades que serão rotina em uma empresa, isto é, o que irá comprar e vender, os tipos de transações, se haverá necessidade de uso de capital de terceiros (como bancos) ou se será usado capital próprio, entre ou- tras decisões. Com essas definições, o contador irá planejar a maneira pela qual astransações deverão ser registradas, sintetizadas e evidenciadas, o que o faz elaborar um Manual de Contas. As contas contábeis são registros de aumentos e diminuições no ativo, passivo e no patrimônio líquido, ou seja, no patrimônio da empresa. Cada uma das contas é distinguida das demais por sua denominação e é comum serem utilizados diversos elementos semelhantes em uma mesma conta. Para exemplificar essa questão das contas, acompanhe o exemplo: di- gamos que uma entidade tenha uma grande frota com carros, caminhões, carretas, ônibus e motocicletas. Seria muito difícil descrever todos esses bens detalhadamente, e nem é preciso. Portanto, o contador sintetiza os valores referentes à frota em uma conta denominada “veículos”. Digamos ainda que o administrador da entidade tome a decisão de com- prar 10 caminhões no valor total de R$ 1.200.000,00. Essa transação comer- cial ocorreu na Concessionária Santa Lúcia, e o pagamento foi realizado à vista, via transferência eletrônica com dinheiro que estava em uma conta cor- rente no Banco Exempel. O que aconteceu nessa situação é que a empresa deixa de ter R$ 1.200.000,00 em dinheiro e passa a ter 10 caminhões. Portanto, aumentou a frota de veículos e diminuiu caixa e equivalentes de caixa. É provável que essa transação não ocorra com frequência, mas é inerente às atividades da entidade, portanto, já era prevista. Há várias outras transa- ções que ocorrem a todo o momento, como pagamento de contas, salários, compra de mercadorias ou matéria-prima, entre outras. Para cada transação, o contador realiza um registro em um livro contábil chamado Diário. O Diário, como o próprio nome diz, é um livro no qual são registrados os fatos que ocorrem na empresa. A denominação “Livro Diário” é exatamente a mesma que estamos acostumados a ouvir quando uma pessoa faz um diário de sua vida falando sobre o cotidiano. A diferença é que existe um método para registrar os fatos de uma entidade, que é o método das par- tidas dobradas. Assim, os fatos da empresa são expressos em contas contábeis utilizando-se o método das partidas dobradas. O ato de registrar no Livro Diário (e em outros livros) é conhecido como escrituração contábil (ou bookeeping, em inglês). A palavra significa manter os livros, usá-los constantemente. Uma vez registrados os fatos no Livro Di- ário, o saldo das operações é registrado no Livro Razão, que controla cada conta contábil. Assim, usando o exemplo da compra dos caminhões, temos o que mostra a Figura 4. Livro Diário Aumentou Veículos Livro Razão da conta veículos Livro Razão da conta Caixa e Equivalentes de caixa + Diminuiu Caixa e Equivalentes de caixa _ Figura 4. Exemplo de utilização dos livros Diário e Razão. Cada Livro Razão recebe uma série de lançamentos contábeis. Ao somar os saldos entre os aumentos e as diminuições, cada razão (que representa uma conta contábil) tem um saldo. Esse saldo é reunido em um documento deno- minado balancete. O balancete é utilizado para formar um resumo de todo o movimento em grandes grupos, que são o ativo, o passivo, o patrimônio líquido, as despesas e as receitas. Esses resumos são denominados demons- trações contábeis. Confira a Figura 5 para entender melhor! Livro Razão da conta veículos Balancete Demonstrações Contábeis Saldo inicial + aumentos - diminuições = saldo �nal Livro Razão da conta Caixa e Equivalentes de caixa Figura 5. Balancete. Fique Atento Muitas vezes, as demonstrações contábeis são também denominadas demonstra- ções financeiras. O mais adequado é chamar de “demonstrações contábeis”, mas, às vezes, o conjunto de demonstrações é complementado por informações que não vieram da contabilidade. Portanto, elas também são conhecidas como de- monstrações financeiras. Podemos considerar, hoje, como sinônimos! Contabilidade, economia, direito e interdisciplinaridade Na visão da Economia, as pessoas trabalham nas empresas e são remuneradas pelo seu trabalho. Essa remuneração, por sua vez, é usada para comprar bens e serviços necessários à vida. Isso gera um fluxo real de bens e serviços e de di- nheiro (fluxo monetário) na sociedade e na economia. Esses fluxos conectam todos os indivíduos envolvidos em um sistema social. A Figura 7 traz uma representação gráfica desse fluxo real e monetário. A “empresa” foi uma forma que as pessoas encontraram ao longo do tempo para organizar os meios de produção. Com a Revolução Industrial – ocorrida na Inglaterra no século XVIII –, as empresas passaram a ser estruturadas de forma a atender às demandas de mercado. Nas ciências sociais aplicadas (Administração, Ciências Contábeis e Eco- nomia), empresa é definida como um agrupamento de pessoas que reúnem os fa- tores de produção para produzir bens ou serviços com o objetivo de atender às ne- cessidades humanas (DRUCKER, 2001; VASCONCELLOS e GARCIA, 2008). Saiba Mais Você sabe o que são fatores de produção? São terra ou recursos naturais, recursos humanos ou trabalho, capacidade empresarial, capital e tecnologia. O papel do empresário é muito importante na economia atual. De acordo com Jorge e Silva (1999, p. 31): Ao conjugar capital, terra, trabalho e tecnologia, o empreendedor estará reunindo os elementos que possibilitarão, sob sua orien- tação, uma participação no processo produtivo, que será tanto mais eficaz e duradoura quanto mais eficiente forem suas ações de planejamento, organização, produção, comercialização, admi- nistração financeira, administração do fator humano e outras. Apesar da importância do empresário para a economia, entende-se que ele não tem ação interessada ou benevolente pela sociedade. As pessoas se movem pelo lucro, pela vontade de enriquecer. É o que o economista John Maynard Keynes denominou de espírito animal. Os empresários não se movem neces- sariamente pela vontade de ajudar o próximo, como aponta Smith (1983): Não é da benevolência do açougueiro, do fabricante de cerveja ou do padeiro que podemos esperar nosso jantar, mas da con- sideração deles aos seus interesses pessoais. Não nos dirigimos à sua humanidade, mas ao seu egoísmo, e nunca lhes falem de vossas necessidades, mas da vantagem deles. No entanto, a busca pela riqueza faz com que os empresários contribuam com os interesses da sociedade. Conforme Weber (2008, p. 129), […] a riqueza (…) é condenável eticamente só na medida em que constituir uma tentação para vadiagem e para o aproveitamento pe- caminoso da vida. Sua aquisição é má somente quando é feita com o propósito de uma vida posterior mais feliz e sem preocupações. Mas, como o empreendimento de um dever vocacional, ela não é apenas moralmente permissível, como diretamente recomendada. Com a finalidade de tentar equilibrar o “instinto animal” do empresário ou negociante com os interesses da sociedade, evitando que a busca pela prosperidade e riqueza cause sofrimento e infelicidade de terceiros, a ciência do direito produziu o conceito de bem comum. Por esse conceito, conforme expõe Coelho (2010, p. 12-13), Se empresário é o exercente profissional de uma atividade econô- mica organizada, então empresa é uma atividade; a de produção ou circulação de bens ou serviços. É importante destacar a ques- tão. Na linguagem cotidiana, mesmo nos meios jurídicos, usa-se a expressão empresa com diferentes e impróprios significados. Se alguém diz “a empresa faliu” ou “a empresa importou essas mercadorias”, o termo é utilizado de forma errada, não técnica. A empresa, enquanto atividade, não se confunde com o sujeito de direito que a explora, o empresário. É ele que fala ou importa mercadorias. Similarmente, se uma pessoa exclama “a empresa está pegando fogo!” ou constata “a empresa foi reformada, ficou mais bonita”, está empregando o conceito equivocadamente. Não se pode confundir a empresa com o local em que a atividade é desenvol- vida. O conceito correto nessas frases é o de estabelecimento em- presarial; este sim pode incendiar-se ou ser embelezado, nunca aatividade. Por fim, também é equivocado o uso da expressão como sinônimo de sociedade. Não se diz “separam-se os bens da empresa e os dos sócios em patrimônios distintos”, mas “sepa- ram-se os bens sociais e os dos sócios”; não se deve dizer “fulano e beltrano abriram uma empresa”, mas “eles contrataram uma so- ciedade”. Somente se emprega de modo técnico o conceito de empresa quando for sinônimo de empreendimento. Se alguém reputa “muito arriscada a empresa”, está certa a forma de se expressar: o empreendimento em questão enfrenta consi- deráveis riscos de insucesso, na avaliação desta pessoa. Como ela se está referindo à atividade, é adequado falar em empresa. Ou- tro exemplo: no princípio da preservação da empresa, construído pelo moderno Direito Comercial, o valor básico prestigiado é o da conservação da atividade (e não do empresário, do estabele- cimento ou de uma sociedade), em virtude da imensa gama de interesses que transcendem os dos donos do negócio e gravitam em torno da continuidade deste; assim os interesses de empre- gados quanto aos seus postos de trabalho, de consumidores em relação aos bens ou serviços de que necessitam, do fisco voltado à arrecadação e outros. A contabilidade permeia a economia e o direito, além de outras tantas disciplinas, dando condições de surgirem relações mais adequadas em socie- dade. Então, além de ser um sistema, a contabilidade também exerce influ- ência na sociedade. Referência PADOVEZE , Clóvis Luís. Manual de Contabilidade Básica - Contabilidade Introdutó- ria e Intermediária - Edição: 10|2017. Atlas IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade- Edição: 11|2015. Atlas RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil - 29ª Ed. 2013. Saraiva. Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: Dica do professor Você sabe o que é sistema contábil e quais as suas implicações interdisciplinares na sociedade? Assista à esta Dica do Professor e aprenda mais sobre o tema. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/bb04f154ea85746c6c093f4645e760ea Exercícios 1) Segundo os autores Laudon e Laudon (2004), um sistema é um fluxo onde há uma entrada, um processamento e uma saída. Nesse sentido, aponte qual alternativa a seguir traz um exemplo do cotidiano que não possa ser classificável como um sistema. A) Verificar a hora em um relógio. B) A elaboração de uma planilha de salários a pagar. C) Comprar matéria-prima em uma empresa industrial. D) Um chamado para a polícia agir em uma denúncia de suspeita de roubo. E) Atendimento de um médico a um paciente. 2) O Sr. Rodrigo Mares, preocupado com o tempo com que os caminhões carregados ficavam parados nos clientes aguardando desembarque, resolveu criar um sistema para que o próprio caminhoneiro adicione dados sobre o tempo de espera e as condições encontradas para o desembarque das mercadorias. Sabendo que O'Brien (2004) definiu Sistema de Informações como "um conjunto de pessoas, hardware, redes de comunicação, exposto de maneira organizada, capaz de transformar em informações úteis os dados coletados, para diversos tipos de organização", sendo que essas informações úteis são classificadas com vários conceitos, de acordo com o uso, classifique o tipo de sistema que foi solicitado pelo Sr. Rodrigo. A) Sistema de apoio gerencial: informações executivas. B) Sistemas de apoio às operações: sistemas de processo de informações. C) Sistemas de apoio às operações: sistemas de controle de processos. D) Sistema de apoio gerencial: sistemas de apoio à decisão. E) Sistema de apoio gerencial: sistemas de informações gerenciais. Conforme Iudicibus et al (2010), "entre as providências iniciais para se colocar em funcionamento a máquina organizacional de qualquer empresa, impõe-se a planificação geral do setor contábil". Isso é realizado a partir de um estudo do contador sobre as atividades 3) que serão rotineiras em uma empresa: o que irá comprar, vender, os tipos e transações, se haverá necessidade de uso de capital de terceiros como bancos ou se será usado capital próprio, entre outras decisões. Sendo assim, qual é o nome dentro do jargão contábil que se dá a esse trabalho? A) Balanço patrimonial. B) Contas contábeis. C) Plano de contas. D) Balancete. E) Razão contábil. 4) Assinale a alternativa que apresenta a característica sobre os livros O Diário e A Razão? A) O Diário registra dados a confirmar, A Razão registra dados já confirmados. B) O Diário traz dados planejados, e A Razão traz dados reais. C) Ambos os livros trazem os mesmos dados, a diferença é que O Diário é manual e em papel, e A Razão é eletrônico. D) O Diário registra o fato contábil, e A Razão registra o mesmo fato, mas em uma única conta contábil. E) O Diário, como o próprio nome já diz, é atualizado diariamente, enquanto A Razão pode ser atualizado esporadicamente. 5) Coelho (2010), um autor da área do Direito, comentou que "com a finalidade de tentar equilibrar o instinto animal do empresário ou do negociante com os interesses da sociedade, evitando que a busca pela prosperidade e riqueza possa causar sofrimento e infelicidade de terceiros, a ciência do Direito produziu o conceito de bem comum". A contabilidade não tem nenhuma relação com esse conceito. Você concorda com essa afirmação? A) Sim, pois há uma separação bem nítida da área de Direito. B) A Contabilidade, assim como a Economia, fomenta o instinto animal dos empresários, enquanto o Direito tenta minimizar seus efeitos negativos. C) A pergunta é descabida, pois o objetivo da Contabilidade é apresentar dados sobre a entidade/empresa. D) Não, pois a Contabilidade, assim como a Ciência Social Aplicada, também é um ramo do Direito. E) Não. A Contabilidade atua em interdisciplinaridade com outras ciências, como o Direito, a Economia, a Física, a Química, a Medicina, a Administração, entre outras, portanto, tem responsabilidade com a sociedade e com o conceito de bem comum do Direito. Na prática No passado, os contadores trabalhavam com três importantes obras: O Borrador, O Diário e A Razão. Com exceção d'O Borrador, estes continuam existindo de forma eletrônica. No trecho a seguir, de Sá (2004 p. 151), é possível entender o seguinte: Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/6a31e2cd-1b9a-4d17-b526-4964d8096849/6523f629-8a0c-4fca-9c8b-a9c6f192c120.png Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro Conheça a Norma Internacional CPC 00 (R2) que trata da estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A Contabilidade como instrumento de informação, decisão e controle da gestão Leia mais sobre A Contabilidade como instrumento de informação, decisão e controle da gestão Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Utilização da contabilidade gerencial nas micro e pequenas empresas. No link abaixo você vai ler um texto sobre a importância da contabilidade gerencial para as micro e pequenas empresas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80 http://nardonnasi.com.br/contabilidade-como-instrumento-de-informacao-decis/ http://periodicos.unespar.edu.br/index.php/raei/article/view/3269/2148 O Método das Partidas Dobradas Apresentação O Método das Partidas Dobradas, descritopelo Frei Franciscano Luca Pacioli, em 1494, resistiu ao tempo e, atualmente, os mais modernos computadores e sistemas de informação fazem de forma automatizada exatamente os que os contadores do passado faziam de forma manual. É importante comentar que este é um ponto alto do interesse pela Contabilidade. Justamente porque hoje existe alta automatização e informatização mesmo nas pequenas empresas, o Método das Partidas Dobradas descreve de forma técnica todas as alterações no patrimônio de uma entidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar em detalhes o centenário Método das Partidas Dobradas, tal qual descrito pelo Frei Franciscano Luca Pacioli, em 1494. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer características do Método das Partidas Dobradas.• Usar o Método das Partidas Dobradas.• Analisar fatos registrados por meio do Método das Partidas Dobradas.• Desafio Caroline e Mariana decidiram constituir uma empresa para revender semi jóias, então foi realizada uma reunião com advogado e com o contador, onde ficou definido que a participação de cada sócia no capital social será de 50%, o valor do capital social será de R$ 50.000,00, sendo totalmente integralizado em moeda corrente no ato. Ainda foram definidas endereço da sede e que a mesma será administrada por ambas as sócias. Assim que aprovado o processo de constituição da empresa será adquirido R$ 10.000,00 em mercadorias diversas para revenda, esta aquisição será com pagamento a vista. Você foi contratado como contador para formalizar a empresa e realizar os primeiros registros contábeis. Quais são esses primeiros registros contábeis? Infográfico A contabilidade é feita nas empresas desde seu início, antes mesmo de iniciarem suas atividades. Ela registra todos os fatos que ocorrem, desde o dinheiro que é integralizado pelos sócios até a compra das primeiras mercadorias para revenda. Sua importância está no registro e controle das operações, auxiliando os empresários na tomada de decisões. Para contabilizar um fato no livro diário, de acordo com o Método das Partidas Dobradas, é necessário descrever esse fato, respondendo a algumas perguntas, sendo que o resultado da soma dos débitos deve ser sempre igual à soma dos créditos. Confira as perguntas no Infográfico a seguir. Conteúdo do livro Evolução da escrituração contábilO Método das Partidas Dobradas foi compilado pelo Frei Luca Bartolomeu de Pacioli, um monge franciscano que publicou um livro que é a base da moderna Contabilidade. Esse método destaca que em qualquer operação há um débito e um crédito de igual valor ou um débito (ou mais débitos) de valor idêntico a um crédito (ou mais créditos). Portanto, não há débitos sem créditos correspondentes. Leia o capítulo O Método das Partidas Dobradas, base teórica desta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. CONTABILIDADE BÁSICA Fabiana Tramontin Bonho O método das partidas dobradas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer características do método das partidas dobradas. Usar o método das partidas dobradas. Analisar fatos registrados por meio do método das partidas dobradas. Introdução Os fatos contábeis na rotina das empresas precisam ser registrados e, no decorrer da história, teóricos da ciência da contabilidade criaram várias maneiras de escriturar. Em sua base, porém, foram trilhadas duas vias prin- cipais: o método das partidas simples e o método das partidas dobradas. Neste capítulo, você vai aprender sobre o método das partidas dobra- das, suas características e seu uso, além de analisar os fatos registrados por meio desse método contábil. Partidas dobradas e suas características A palavra método vem do grego methodos (caminho) e se refere ao meio utilizado para chegar a um fi m. É o caminho pelo qual se atinge um objetivo. Método de escrituração é o meio pelo qual se realizam os registros de fatos contábeis (LIMA, 2009, p. 2). Embora existam diversas maneiras diferentes de escriturar os fatos contá- beis, todas procedem de dois métodos fundamentais: o das partidas simples e o das partidas dobradas. O método das partidas simples caiu em desuso por ser incompleto e defi- ciente. Nele, registramos apenas as operações realizadas com pessoas, omitindo elementos do patrimônio e do resultado, tais como mercadorias, veículos, imóveis, despesas, receitas, etc., que são controlados extra contabilmente. É contabilizada apenas uma das operações: débito (D) ou crédito (C). Segundo Iudicibus, um marco básico na evolução da contabilidade foi o Tra- tactus de Computis et Scripturis (Tratado de Conta e Escrituração), de Frei Luca Pacioli, publicado em 1494, em Veneza/Itália, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. Pacioli é considerado, portanto, o “pai dos autores de contabilidade”, título a que fez jus pela obra Summa de arithmetica, geometria, proportioni et pro- portionalitá, de onde destacamos o tratado XI, do título IX, denominado De computis et scripturis (Tratado particular de conta e escrituração). Foi a primeira apresentação por escrito do método das partidas dobradas (IUDICIBUS, 1997). O processo de registros contábeis que se consagrou por uma “equação”, ou igualdade, entre o débito e o crédito de contas já havia surgido na Itália, acredita-se, entre os anos de 1250 e 1280. Ninguém conseguiu, até os nossos dias, identificar o autor das “partidas dobradas” nem apresentar provas das aplicações destas, tal como fizeram os italianos, antes da época referida. No entanto, existem documentos muito antigos autorizando a crença de que, pelo menos a intuição para o processo tenha nascido no Oriente. De qualquer forma, há mais de sete séculos, adota-se um critério que se tornou insuperável e cuja natureza é evidenciar “causa” e “efeito” de um ou mais fenômenos patrimoniais (SÁ, 2004). Sobre o tema, Iudicibus, Martins e Kanitz (2010, p. 43) explicam que: A essência do método, universalmente aceito, é que o registro de qualquer operação implica que a um débito numa ou mais contas deve corresponder um crédito equivalente em uma ou mais contas, de forma que a soma dos valores debitados seja sempre igual à soma dos valores creditados. Não há débito(s) sem crédito(s) correspondente(s). Esse método é também conhecido como método da causa e efeito, ou método da origem e aplicação. É o que se utiliza na contabilidade para a elaboração das demonstrações contábeis. Consiste no lançamento do mesmo valor a débito e a crédito. Ou seja, para cada valor lançado a débito, obrigatoriamente a empresa fará o lançamento do mesmo valor a crédito: não existe débito sem crédito e vice-versa. Assim, esse método prevê que, em cada lançamento, o valor total lançado nas contas a débito deve ser sempre igual ao total do valor lançado nas contas a crédito. Ou seja, não há devedor sem credor correspondente. A todo débito corresponde um crédito de igual valor e vice-versa. Se aumentar de um lado, deve, consequentemente, também aumentar do outro lado. O método das partidas dobradas2 Como é mais comum uma transação conter somente duas entradas, sendo uma entrada de crédito em uma conta e uma entrada de débito em outra conta, temos aí a origem do nome "dobrado". É essencial a compreensão do conceito de razonetes para que entenda como funciona o método das partidas dobras. As razonetes nada mais são do que uma representação, em forma resumida, do livro contábil obrigatório utilizado pela contabilidade, chamado de livro razão. As razonetes possuem a seguinte representação gráfica (Figura 1): Figura 1. Razonete. O lado esquerdo de uma conta é chamado de débito e o lado direito de crédito. Portanto, um movimento do lado esquerdo de uma conta é chamado de movimento ou lançamento a débito e um movimento do lado direito é chamado de movimentoou lançamento a crédito. Leia sobre a contabilidade, que foi a primeira profissão regulamentada no Brasil. https://goo.gl/8De7MX O uso do método das partidas dobradas Normalmente, uma transição possui duas entradas, sendo uma na conta de crédito e outra na de débito. Conta, portanto, é o nome técnico que identifi ca um componente patrimonial (ativo, passivo ou patrimônio líquido) ou um componente de resultado (receita ou despesa). 3O método das partidas dobradas Todos as ocorrências diárias na vida de uma empresa (compras, vendas, pagamentos, entre outros) são registradas em contas próprias. Assim, toda movimentação de dinheiro efetuada dentro da entidade é registrada em uma conta denominada “caixa” e os objetos comercializados pela entidade são registrados em uma conta intitulada “estoques”, e assim por diante. Existem algumas maneiras como podem ser lançadas as contas: Uma conta débito + uma conta crédito Uma conta débito + várias contas crédito Várias contas débito + uma conta crédito Várias contas débito + várias contas crédito Sendo assim, seguem quatro verdades que se podem afirmar a partir do método das partidas dobradas: Ativo = passivo + patrimônio líquido. Saldo devedor = saldo credor. Não há débito sem crédito. Não há crédito sem débito. Tomemos como exemplo a seguinte situação: Carlos possui R$ 20.000 em sua conta bancária. Desse valor, retira metade para comprar um carro usado. O patrimônio de Carlos continua o mesmo, isto é, R$ 20.000, mas parte assume a forma do valor do veículo e outra parte continua na forma de dinheiro na conta bancária. O princípio básico do método das partidas dobradas é subdividir bens, direitos e obrigações em contas, que possam registrar os valores de cada item que compõem o patrimônio. Assim, esse ficará em perfeito equilíbrio, pois o método registra as movimentações ocorridas num determinado período, sejam elas saídas de recursos, entradas de novos bens ou pagamentos efetuados. Para melhor compreensão desse método, é preciso entender o conceito de contas contábeis. O patrimônio é composto por uma série de itens (dinheiro, móveis, imóveis, veículos entre outros) que podem ter características bem diferentes uns dos outros. Para facilitar a compreensão, cada um desses itens recebe um nome de fácil associação, em que podemos registrar seu valor patrimonial. Portanto, “conta” é a nomenclatura usada para registrar o valor de cada item que compõe o patrimônio. O método das partidas dobradas4 As contas podem ser de duas naturezas: devedora ou credora. Segundo Müller (2009, p. 17) as contas do ativo são de natureza devedora, e as contas do passivo e do patrimônio líquido são de natureza credora. Assim, os saldos das contas são sempre: Ativo = contas devedoras (saldo devedor). Passivo e patrimônio líquido = contas credoras (saldo credor). Contas devedoras representam bens e direitos (Débito ou “D”); Contas credoras representam obrigações (Crédito ou “C”). A representação de uma conta é mostrada na Figura 2. Figura 2. Representação gráfica da conta. Em consequência do método das partidas dobradas, a soma dos saldos das contas do ativo, no balanço patrimonial, deve ser sempre idêntica à soma dos saldos das contas do passivo e patrimônio líquido, de tal forma que, se esses dois saldos não "baterem no centavo", isso denuncia um erro de lançamento que precisa ser detectado e corrigido. Desse modo, o ativo deve ser sempre igual ao passivo total (MÜLLER, 2009, p. 17). Em algum momento pode ocorrer uma modificação na composição quantita- tiva ou qualitativa do ativo, sem que ele, como um todo, tenha sido aumentado. Nesse caso, ao aumento de um dos elementos do ativo corresponderá uma diminuição de igual valor em outro elemento do passivo. A mesma coisa se aplica ao passivo. É o que ocorreu no exemplo acima, pois Carlos possuía um patrimônio de R$20.000,00 em sua conta bancária e o método das partidas dobradas mostrou que, ao comprar o carro, ele continua possuindo o mesmo patrimônio de R$20.000,00. 5O método das partidas dobradas Sobre a evolução histórica do método das partidas dobradas, esclarece Padoveze (2017, p. 15): Fundamentalmente, com o método das partidas dobradas criou-se a figura do patrimônio líquido. Nos primórdios da contabilidade, o registro era feito em partidas simples. A partida simples buscava contabilizar os bens e direitos, mas não dava a dimensão do princípio causa-efeito que fundamenta as partidas dobradas. Em linhas gerais, podemos dizer que o método de partidas simples era um método de inventariar, de contar os bens. Daí o nome da contabilidade como a ciência de contar. Os fatos registrados por meio das partidas dobradas A partir do princípio exposto, a contabilidade se utiliza de quatro fórmulas, designadas como simples, complexas (esta com duas possibilidades de ex- pressão) e composta. A primeira pressupõe uma correspondência simples, um débito e um crédito de igual valor. Por sua vez, a fórmula complexa se subdivide em duas hipóteses: na pri- meira, uma conta a ser debitada em contrapartida a duas ou mais contas a serem creditadas. Na segunda, uma conta a ser creditada em contrapartida a duas ou mais contas a serem debitadas. Por fim, na fórmula composta, duas ou mais contas são debitadas em contrapartida ao crédito de duas ou mais contas. Assim, os fatos contábeis poderão ser registrados por lançamento a “dé- bito” ou lançamento a “crédito”. No livro razão, o lado do “débito” é sempre o esquerdo da tabela; e o lado do “crédito” é sempre o direito. Há dois livros relevantes para a técnica contábil: o livro diário e o livro razão. O livro diário, como o nome indica, mantém o registro diário de todos os fatos contábeis pertinentes à empresa, segundo o método das partidas dobradas (Quadro 1). Os lançamentos exemplificativos acima serão sempre registrado nesse livro. O método das partidas dobradas6 Fonte: Adaptado de Müller (2009). ATIVO (onde são registradas as aplicações de recursos) PASSIVO (onde são registradas as origens dos recursos que entram na empresa) COMPOSIÇÃO: BENS + DIREITOS COMPOSIÇÃO: OBRIGAÇÕES COM TERCEIROS E RIQUEZA LÍQUIDA PASSIVO EXIGÍVEL PATRIMÔNIO LÍQUIDO NATUREZA: devedora NATUREZA: credora MOVIMENTAÇÃO: - aumenta por débito - diminui por crédito MOVIMENTAÇÃO: - aumenta por crédito - diminui por débito Quadro 1. Resumo dos fatos registrados no método das partidas dobradas Segundo Muniz e Ramos (2015, p. 11), a principal importância do livro diário é o fato de registrar toda e qualquer operação em ordem cronológica e sequencial. Entretanto, é um livro que não se presta para fins de análise contábil, haja vista que fazer pé e cabeça de seus lançamentos é uma tarefa inglória. Ou seja, sua função é primordialmente documental. Se houver uma desavença entre sócios ou uma auditoria fiscal, o perito ou fiscal certamente irá verificar no livro diário se todas as operações foram devidamente registradas. Se o livro diário for escriturado atendendo todas as normas pertinentes, todo o passado financeiro da empresa estará ali, cronologicamente registrado, não permitindo a sua alteração salvo em casos de fraude. No entanto, quando chega a hora de utilizar a contabilidade como instru- mento de análise e interpretação da empresa como negócio, o livro realmente relevante é o livro razão. Enquanto o livro diário tem o objetivo de registrar transação por transação, de forma cronológica e sequencial, o livro razão permite determinar o saldo de cada conta após o decurso de um período de tempo. Segundo Lima (2009, p. 13) ao registrarmos um fato contábil devemos observar dois aspectos: a aplicação de recursos da entidade, por convenção contábil chamada “débito”; a origem dos recursos aplicados, por convenção contábil chamada “crédito”. 7O método das partidas dobradas Tomemos como exemplo a compra de um veículo à vista. O débito ocorrerá na conta "veículos", onde estão sendo aplicadosos recursos da entidade. O crédito ocorrerá na conta "caixa" ou “bancos”, de onde se originam os recursos. Ainda por convenção contábil, como as contas possuem dois lados (esquerdo e direito), os aumentos de valor podem ser registrados num lado e as diminuições no outro, sendo que os débitos são colocados em primeiro lugar e os créditos em segundo lugar. Vale dizer que registramos a aplicação e logo após a origem. Assim: DEBITAR significa lançar valores do lado esquerdo da razonete; CREDITAR significa lançar valores do lado direito da razonete. Observe: esta relação é válida para a conta, mas não para o balanço patrimo- nial, pelo menos não na íntegra, pois temos as chamadas contas retificadoras que funcionam de forma inversa. Tomando por base as convenções anteriormente estabelecidas, chegamos ao funcionamento das contas. Contas do ativo e despesas Por representarem os investimentos da entidade (bens e direitos) e seus gastos (despesas), estas contas têm obrigatoriamente natureza devedora, apresentando sempre saldos devedores ou nulos. Assim, os aumentos de valor virão através de débitos e as diminuições por créditos. Todo aumento de ativo ou de despesa lança-se no lado esquerdo: DEBITA-SE. Toda diminuição de ativo ou de despesa lança-se no lado direito: CREDITA-SE. Contas do passivo, patrimônio líquido e receitas Por representarem as fontes de recursos da entidade que podem ser provenientes de terceiros (passivo), de sócios ou acionistas (patrimônio líquido) ou de suas próprias atividades (receitas), essas contas têm obrigatoriamente natureza credora, apresentando sempre saldos credores ou nulos. Assim, os aumentos de valor virão através de créditos e as diminuições por débitos. O método das partidas dobradas8 Contas retificadoras de ativo e de passivo Essas contas, por representarem retifi cações de seus grupos, tem funcionamento inverso ao das contas dos grupos que retifi cam. Assim, as contas retificadoras de ativo são de natureza credora, aumen- tando-se o seu saldo mediante crédito. Os exemplos mais característicos de contas dessa natureza são as contas que representam: provisão para devedores duvidosos; provisão para ajuste ao valor de mercado; provisão para perdas de investimento; amortização acumulada; depreciação acumulada e exaustão acumulada, entre outros. De modo contrário, as contas retificadoras de passivo e patrimônio líquido são de natureza devedora, devendo ser debitadas quando aumentam seu saldo e creditadas quando se extinguem ou diminuem seu saldo. Como exemplo, podemos citar a conta que registra as despesas no resultado de exercícios futuros; ações em tesouraria que retificam o patrimônio líquido, assim como prejuízos acumulados. IUDICIBUS, S. Teoria da contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1997. IUDICIBUS, S.; MARTINS, E.; KANITZ, S. C. Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LIMA, Fábio Lúcio Moreira. Contabilidade geral [apostila]. Brasília: Faculdade Fortium, 2009. MÜLLER, A. N. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. MUNIZ, I.; RAMOS, L. G. B. Introdução à contabilidade. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio, 2015. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e interme- diária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2017. SÁ, A. L. Luca Pacioli: um mestre do renascimento. 2. ed. Brasília: Fundação Brasileira de Contabilidade, 2004. 9O método das partidas dobradas Leituras recomendadas AZEVEDO, M. C. (Org.). Estrutura e análise das demonstrações financeiras. Campinas: Alínea, 2015. BÄCHTOLD, C. Contabilidade básica. Curitiba: Instituto Federal do Paraná, 2011. CAVALCANTE, F. Demonstrações contábeis: elaboração e análise. Ceará: CRCSE, 2017. COSTA, L. A. Introdução a contabilidade. Rio de Janeiro: FGV Direito Rio, 2018. PADOVEZE, C. L. Sistemas de informações contábeis. São Paulo: Atlas, 2002. O método das partidas dobradas10 Conteúdo: Dica do professor O método das partidas dobradas é utilizado na contabilidade para registrar os fatos, as movimentações de uma empresa. Esse método pressupõe que para cada o valor do débito deve ser sempre igual ao valor do crédito, ou dos créditos correspondentes. Com essa igualdade, forma-se um equilíbrio entre os registros das operações, o que auxilia no seu controle. Neste vídeo, você vai ver mais sobre o Métoddo das Partidas Dobradas. Assista. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/9b016fa2e52a950a951f7ba9395004d0 Exercícios 1) Analise o seguinte lançamento contábil no livro diário: Poços de Caldas, 15 de fevereiro de 20XX. Compra de 24 toneladas de borracha para processamento industrial, de acordo com a Nota Fiscal 1234. Débito estoques: R$ 50.000,00. Crédito fornecedores: R$ 150.000,00. Crédito caixa e equivalentes de caixa: R$ 40.000,00. Sabe-se que há um erro nesse lançamento contábil, pois, após o Sr. Mauro Magnífico, auditor, verificar o lançamento, ele pediu para fazer uma correção. Que erro é esse? A) A soma dos débitos não está igual com à soma dos créditos, portanto, o lançamento não respeita as definições do Método das Partidas Dobradas. B) Não há local e data no lançamento contábil. C) Não há histórico, portanto, o lançamento não respeita as definições do Método das Partidas Dobradas. D) Não há nenhum tipo de erro nesse lançamento contábil, que está respeitando as exigências do Método das Partidas Dobradas. E) A soma dos débitos não corresponde ao dobro da soma dos créditos, portanto, o lançamento não respeita as definições do Método das Partidas Dobradas. 2) Analise o seguinte lançamento contábil no livro diário: São Paulo, 26 de maio de 20XX. Compra de um caminhão de pequeno porte do Tipo VUC (veículo urbano de carga) da Marca Chevrolata, no valor de R$ 70.000,00, ano de fabricação 20XX, chassis 2378962HY7876, comprado na Concessionária Novo Carro S.A., conforme Nota Fiscal 23467 série A, com pagamento realizado por meio de transferência eletrônica do Banco Exempel, código CTN34789. Débito veículos: R$ 70.000,00 Crédito caixa e equivalentes de caixa: R$ 70.000,00. Identifique se há erro, e qual é esse erro, nesse lançamento contábil. A) Há excesso de informações no histórico, que deve ser o mais sucinto possível. B) Não há erro de nenhum tipo nesse lançamento contábil, respeitando as exigências do Método das Partidas Dobradas. C) Não há histórico, portanto, o lançamento não respeita as definições do Método das Partidas Dobradas. D) A soma dos débitos não é superior aos valores do crédito, portanto, o lançamento não respeita as definições do Método das Partidas Dobradas. E) A soma dos débitos não é o dobro da soma dos créditos, portanto, o lançamento não respeita as definições do Método das Partidas Dobradas. 3) Joaquim Cruz é contador e comentou com a Dra. Eleonora, que é advogada, que em um lançamento contábil o débito sempre é posicionado antes que o crédito. A advogada comentou, então, que isso seria um mero detalhe, porque não havia na legislação nenhuma lei ou norma dizendo para que contadores tenham essa atitude. No caso, quem está com a razão, o Sr. Joaquim Cruz ou a Dra. Eleonora? A) Nenhum dos dois, pois os lançamentos contábeis não demonstram débitos e créditos. B) Dra. Eleonora, pois o correto é sempre posicionar o crédito antes dos débitos. C) Sr. Joaquim Cruz, os débitos sempre são posicionados antes dos créditos. D) A Dra. Eleonora, pois tanto faz posicionar débitos antes dos créditos. E) Ambos estão errados, não faz diferença lançar os valores a débito ou a crédito, desde que observe as contas corretas. 4) Uma determinada empresa sucroalcooleira (produção de açúcar, álcool e etanol) comprou um conjunto de equipamentos para a produção de energia elétrica com a queima do bagaço de cana. Essa operação foi financiada pelo Banco Exempel,em conjunto com o Banco Mundial, para pagamento em 12 meses, em uma iniciativa para diminuir a poluição atmosférica. No caso, o que ocorre no patrimônio dessa indústria? A) Há um aumento no ativo com uma consequente diminuição no ativo. B) Há um aumento no passivo com uma consequente diminuição no passivo. C) Há um aumento no ativo com uma consequente diminuição no passivo. D) Há um aumento no ativo com um consequente aumento no passivo. E) Há um aumento no passivo com uma consequente diminuição no ativo. 5) Uma determinada loja de roupas esportivas comprou um sofisticado sistema de exposição das mercadorias com eixos rolantes, que permite ao cliente observar rapidamente várias opções de modelo de roupas pela vitrine. Esse bem custou para a loja R$ 25.000,00, sendo que parte desse valor foi pago à vista via transferência bancária e parte será paga diretamente ao fornecedor dentro de 90 dias. Qual é o lançamento contábil (considerando apenas as contas contábeis) correto para essa operação? A) D - Móveis e utensílios: R$ 20.000,00 / C - Caixa e equivalentes de caixa: R$ 25.000,00 / C - Fornecedores: R$ 20.000,00. B) D - Móveis e utensílios: R$ 25.000,00 / C - Fornecedores: R$ 25.000,00. C) D - Móveis e utensílios: R$ 25.000,00 / C- Caixa e equivalentes de caixa: R$ 25.000,00. D) C - Caixa e equivalentes de caixa: R$ 5.000,00 / C - Fornecedores: R$ 20.000,00. E) D - Móveis e utensílios: R$ 25.000,00 / C - Caixa e equivalentes de Caixa: R$ 5.000,00 / C – Contas aPagar: R$ 20.000,00 Na prática Os razonetes são representações gráficas dos débitos e dos créditos na contabilidade. Facilita a verificação e a conferência de uma determinada conta. Cada conta tem seu razonete. No lado direito estão os lançamentos a crédito e no lado esquerdo os lançamentos a débito. É o modo de se fazer a contabilidade de forma manual. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Os lançamentos feitos na contabilidade irão compor as demonstrações contábeis, que são relatórios financeiros que representam e evidenciam a situação econômica e financeira da empresa. Esses relatórios precisam seguir uma ordem de apresentação das contas e evidenciar com fidelidade tudo o que foi feito na empresa e lançado na contabilidade. Leia sobre a história de Maria Fernanda, vendedora de cosméticos porta a porta. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/263b5eb8967b77973903fd54667c0dda Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Partidas dobradas No link abaixo você vai ler um estudo sobre o método das partidas dobradas, sua história e importância. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Partidas dobradas na prática No vídeo abaixo você vai ver um exemplo prático de utilização do método das partidas dobradas. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Evolução da escrituração contábil No link abaixo você vai ler um artigo sobre a evolução da escrituração digital na área contábil, bem como os desafios enfrentados pelos profissionais de contabilidade. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=7193079 https://www.youtube.com/embed/IAvFc_uPV0M https://ulbracds.com.br/index.php/rmic/article/view/2243 Variações do Patrimônio Líquido Apresentação Embora o balanço patrimonial informe a situação patrimonial da empresa, e essa é uma informação muito importante, muitas vezes o maior interesse de um usuário da Contabilidade não é exatamente o de saber qual é o patrimônio de uma empresa, mas se esse patrimônio em ação está produzindo, prosperando, "dando lucro". Para muitos, de nada adianta se a empresa tem um patrimônio sólido se a sua operação não está bem. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre as chamadas variações do patrimônio líquido, ou seja, operações envolvendo contas contábeis de resultado, as despesas e receitas e o conceito contábil de resultado. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer diferenças entre lançamentos contábeis de fatos que envolvem contas contábeis patrimoniais e de resultados. • Utilizar o método das partidas dobradas para operações que alteram o patrimônio líquido.• Identificar o conceito contábil de resultado.• Desafio O ambiente empresarial tem sua dinâmica operacional definida por sua atividade-fim. Sendo assim, ocorrem muitas operações para a continuidade da empresa. Essas operações refletem na Contabilidade, que registra todos os fatos contábeis com base em documentos idôneos. Esses fatos podem envolver as somente contas patrimoniais ou envolver contas patrimoniais e de resultado. Por exemplo: a compra de um veículo à vista, que será utilizado para realizar a entrega dos produtos para os clientes, envolve somente contas patrimoniais, pois ocorre uma saída financeira(ativo circulante) e a entrada do veículo (ativo não circulante) no patrimônio da entidade. Dessa forma, não altera o valor do patrimônio líquido, já a venda de mercadorias à vista vai envolver o registro da receita e do custo nas contas de resultado e a entrada de moeda corrente ( banco no ativo circulante) e baixa das mercadorias no estoque (ativo não circulante), que são contas patrimoniais. Você, como recém-contratado para a função de analista contábil Júnior, deve descrever como será realizado o seguinte registro contábil. Também identifique se a operação envolve contas patrimoniais e de resultado ou somente contas patrimoniais e/ou de resultado e se ocorreu variação do patrimônio líquido. A empresa Dia de Festa Alimentos realizou uma operação de compra expressiva, pois, em razão da sazonalidade do mercado, é importante manter um estoque que atenda de imediato seus clientes. Considere que o produto adquirido não tem incidência de impostos. As mercadorias foram entregues na data definida e o pagamento foi realizado 40% do valor via TED bancária; os 60% restantes serão pagos em três vezes com vencimento em 30, 60 e 90 dias. Infográfico Este Infográfico mostra alguns exemplos de despesas e receitas, que são operações que demonstram o sucesso empresarial. Se espera que as receitas sejam sempre maiores do que as despesas, mas isso nem sempre acontece. Confira. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/f8a6211d-122e-4fec-907c-8fef9058cf59/df632478-b17a-425c-9185-d82c85e35ee4.png Conteúdo do livro Conhecer o patrimônio de uma empresa é muito importante, mas, para muitos, não é exatamente o maior interesse. Há usuários externos e – principalmente – internos da Contabilidade que têm interesse nos lucros que a entidade pode gerar, ou em alguns casos, não exatamente os lucros, mas a eficiência com que administram os recursos financeiros que recebem, como é o caso das entidades governamentais e sem fins lucrativos. Na capítulo Variações do patrimônio líquido, da obra Contabilidade básica, você vai conhecer sobre recietas e despesas. Boa leitura. CONTABILIDADE BÁSICA Lilian Margarete Martins da Silva Variações do patrimônio líquido Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer diferenças entre lançamentos contábeis de fatos que envolvem contas contábeis patrimoniais e as de resultados. � Utilizar o método das partidas dobradas para operações que alteram o patrimônio líquido. � Identificar o conceito contábil de resultado. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer quais operações influenciam na con- tabilidade da empresa, o método das partidas dobradas e o conceitode débito e crédito. Também será apresentado o conceito de lucro contábil e quais os itens que devem ser considerados para a sua apuração. Lançamento de fatos contábeis patrimoniais Fatos contábeis, que também podem ser chamados de fatos administrativos, são os acontecimentos que provocam variações nos valores patrimoniais, mas não necessariamente alteram o valor do patrimônio líquido. Os fatos administrativos podem ser classificados em três grupos: fatos permutativos (ou qualitativos), fatos modificativos (ou quantitativos), e fatos mistos. Por modificarem o valor do patrimônio, todos os fatos, obrigatoriamente, devem ser contabilizados. Segundo Castilho, Castilho e Castilho (2010), os fatos contábeis permu- tativos afetam os elementos patrimoniais, isto é, trocam a posição uns com os outros, sem afetar o patrimônio líquido. Como exemplo, podemos citar compra de imobilizado a prazo, pois movimenta imobilizado, uma conta do ativo, aumentando pela aquisição de um novo bem; e contas a pagar, uma conta do passivo, que aumenta por gerar uma nova obrigação. Castilho, Castilho e Castilho (2010) complementam que os fatos contábeis modificativos são fatos que modificam o patrimônio líquido, tanto aumen- tando quanto reduzindo o mesmo. Por exemplo, uma venda de mercadorias a prazo irá aumentar o ativo pelo reconhecimento de um direito a receber e irá aumentar o patrimônio líquido, visto que a venda é uma receita, e irá impactar positivamente no resultado da empresa. Por fim, conforme Castilho, Castilho e Castilho (2010), os fatos mistos são aqueles que provocam alteração no patrimônio (troca entre ativos e/ou passivos) ao mesmo tempo em que modifica o patrimônio líquido. As opera- ções que podemos citar como exemplo são recebimentos em atraso de direitos realizáveis (vendas a prazo) com juros e pagamento em atraso de exigíveis (compras a prazo) com juros. Por exemplo, um cliente que efetuou uma venda em julho/20X7 e deveria pagá-la em agosto/20X7, porém pagou em setembro de 20X7. Essa operação movimentou caixa (aumentando pela entrada do dinheiro), clientes (reduzindo, o direito realizável não existe mais) e receita de juros (aumentando o patrimônio líquido, pois trata-se de uma receita). As contas patrimoniais (ativo, passivo e patrimônio líquido) e de resultado (despesas e receitas) tem natureza dos saldos devedor ou credor, como pode ser verificado na figura abaixo: Figura 1. Apresentação dos saldos contábeis. Variações do patrimônio líquido2 Atos administrativos Atos administrativos são os acontecimentos que ocorrem na empresa e não provocam alterações no patrimônio, ou seja, não possuem valor nominal. Como a admissão de empregados e assinatura de contratos de compras, vendas e seguros, por exemplo. Alguns atos administrativos poderão, no futuro, provocar alterações no patrimônio da empresa (RIBEIRO, 2013). Esses casos são os que os atos administrativos têm valor monetário que afetam o patrimônio da empresa e por isso são fatos administrativos ou fatos contábeis, pois geram lançamentos contábeis, como é o caso de compra ou venda de um bem, compra ou venda de mercadorias, contabilização de salários a pagar, pagamento de tributos, apropriação de custos, etc. Método das partidas dobradas Todos os fatos contábeis ocorridos na empresa são escriturados através do método das partidas dobradas. Esse método foi divulgado por Luca Pacioli em 1494, em um capítulo de um livro de sua autoria. Na época não se tinha conhecimento do número zero, que só se popularizou na Europa no século XVII, graças ao comércio e o desenvolvimento de cálculos de astronomia, engenharia e navegação (GIMENEZ; OLIVEIRA, 2011). Pesquisas sobre a origem das técnicas de escrituração contábil nos trans- portam para o período entre os séculos XII e XIII, no norte da Itália, com as primeiras manifestações práticas do uso do sistema de partidas dobradas em empresas. Após essas primeiras práticas contábeis é que o uso se generalizou por toda a Europa. Cidades como Florença e Gênova, entre outros centros comerciais, também desenvolveram o sistema de partidas dobradas, inde- pendentes do sistema veneziano apresentado por Pacioli (SCHMIDT, 2000). Segundo Schmidt (2000), dois grandes motivos podem ser apontados como os propulsores do desenvolvimento dos sistemas contábeis de partidas dobradas: � O desenvolvimento econômico na área abrangida entre as cidades de Veneza, Gênova e Florença, criando um ambiente de negócios e um nível comercial bem mais sofisticado que o conhecido até então, dando origem a uma demanda por sistemas contábeis mais sofisticados. � A aprendizagem da tecnologia de impressão de livros na Alemanha e sua rápida disseminação para os grandes centros comerciais da Europa, principalmente para o norte da Itália. O desenvolvimento e a propagação das partidas dobradas ajudaram o homem a atravessar o último período medieval vivido pela Europa, facilitando a solidificação de um novo período histórico, onde novas formas de administrar e comercializar foram implantadas. 3Variações do patrimônio líquido O movimento renascentista e o capitalismo criaram novas condições sociais, permitindo que mais pessoas acumulassem bens e riquezas. Essa nova situação teve implicações nos negócios e, sem dúvida, nas práticas contábeis (SHIMIDT, 2000). O primeiro sistema de partidas dobradas foi desenvolvido por um funcio- nário público responsável pela tesouraria da cidade de Gênova, onde utilizava o sistema para apurar o controle de caixa e outros itens que de prestação de contas à comunidade, onde no final desse período, possuía todo o controle. Esse ciclo contábil de um ano e o balanço das contas apresentados por esse funcionário público, criou uma necessidade fundamental de responsabilidade e controle sobre os negócios públicos (SCHIMIDT, 2000). Existem vários indícios de que o sistema contábil de partidas dobradas emer- giu em várias localidades ao mesmo tempo, em resposta a pressões similares de novas condições econômicas, sociais e culturais vividas por essas regiões. O início do crescimento econômico de Florença data de, aproximadamente, 1100, e gerou a transformação de uma cidade agrícola e feudal em um centro cosmopolita de banqueiros e comerciantes. A primeira moeda de ouro cunhada na Europa foi em Florença, em 1252. Esse fato marcou a origem de um enorme sucesso comercial e de vários negócios, especialmente ligados a bancos (SHIMIDT, 2000). Para Hansen (2000), não se sabe precisamente o ano em que foi utilizado, pela primeira vez, o sistema de partidas dobradas, mas um dos primeiros registros de uso foi observado em Gênova. O desenvolvimento das partidas dobradas é atribuído a um funcionário público responsável, durante um ano, pela tesouraria da cidade de Gênova. Porém, Luca Pacioli foi o primeiro a editar um livro com o sistema das partidas dobradas, denominado La Summa de Arithimetica, Geometria, Proportioni et Proportionalitá, publicado em 10 de novembro de 1494, na cidade italiana de Veneza. Ele não criou o sistema das partidas dobradas, mas foi o primeiro a editar um livro com o assunto. O livro de Pacioli ultrapassou barreiras, sendo adotado mundialmente. O autor é considerado o “papa da contabilidade” (SCHIMIDT, 2000). Noções de débito e crédito Os lançamentos pelo método das partidas dobradas recebem esse nome pois o mesmo valor é lançado em, no mínimo, duas contas, através de débitos e créditos. A finalidade de se lançar em duas (ou mais) contas diferentes, é manter o equilíbrio do patrimônio. O método das partidas dobradas pode ser resumido na seguinte frase: “[...] a todo débito corresponde crédito de igual valor”; ou “a todo crédito corresponde um débito de igual valor” (PADOVEZE, 2017). Variações do patrimônio líquido4 Na linguagem coloquial, débito significa dívida ou situação negativa, enquanto crédito significa ter situação positiva ou poder de compra. Porém, em termos contábeis, não é esse significado que devemosconsiderar (RIBEIRO, 2013). Na representação gráfica, em forma de T, que é denominada razonete, o lado esquerdo representa as movimentações a débito; enquanto o lado direito é o crédito. Todo ativo aumenta pelo débito e reduz pelo crédito; todo passivo aumenta pelo crédito e reduz pelo débito; todo patrimônio líquido aumenta pelo crédito e reduz pelo débito; e as despesas são lançadas no débito, enquanto as receitas são lançadas no crédito. A seguir, na Figura 2, é apresentando o razonete com a exemplificação da movimentação dos lançamentos contábeis. Figura 2. Razonete. Observando a Figura 2, é possível notar que o ativo aumenta pelo débito e reduz pelo crédito; o passivo aumenta pelo crédito e reduz pelo débito; o patrimônio líquido aumenta pelo crédito e reduz pelo débito. As despesas são debitadas e as receitas são creditadas. Cabe ressaltar, que as movimentações de receita e despesas influenciam no patrimônio líquido da empresa, pois afetam o resultado (lucro ou prejuízo) que é classificado no patrimônio líquido. Exemplo 1: a compra de um veículo com dinheiro do caixa. Será debitado à conta veículos (por ser o aumento de um ativo) e creditado à conta caixa (por ser a redução de um ativo). Porém, essa operação não afeta o patrimônio líquido da empresa, apenas o ativo. Exemplo 2: o pagamento de uma despesa de aluguel com dinheiro do caixa. Será debitado à conta despesas com aluguel (que é uma conta de despesa classificada na demonstração do resultado do exercício — DRE) 5Variações do patrimônio líquido e creditado à conta caixa (por ser a redução de um ativo). Nesse caso, a operação afetará o patrimônio líquido, pois contas de receitas e despesas afetam o resultado da empresa, que ao final do exercício será transferido para o patrimônio líquido. Também é possível mencionar que todo débito representa uma aplicação de recursos e todo crédito representa uma origem de recursos. Por exemplo: a compra de um veículo em dinheiro. A origem do recurso se dá pelo crédito na conta caixa (que reduz o ativo), e o débito informa para onde foi aplicado o recurso. Nesse caso, no imobilizado pela aquisição do veículo. Conceito contábil de resultado Para apurar o resultado da empresa, é necessário realizar, contabilmente, ao final do exercício, o confronto entre receitas e despesas, onde será obtido o lucro líquido (também denominado lucro contábil), quando as receitas superarem as despesas. O lucro contábil representa uma situação favorável para a entidade, pois vem do resultado onde as receitas são superiores às despesas, demonstrando que as atividades da entidade foram suficientes para suprir os custos e despesas necessárias para gerar receitas. O prejuízo líquido (também denominado prejuízo contábil) se dá quando as despesas superarem as receitas, ou seja, as receitas não forem suficientes para suprir seus custos e despesas (PADOVEZE, 2017). O lucro contábil também pode ser chamado de lucro econômico, e representa o retorno do capital investido pelos sócios, é com base no lucro contábil que o capital investido pelos sócios é remunerado em forma de distribuição de lucros (SANTOS et. al, 2017). O artigo 191 da Lei nº. 6.404/1976 e suas alterações, prevê que o lucro líquido do exercício é o resultado do exercício que remanescer depois de deduzidas as participações de que trata o artigo 190, participações estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias. Variações do patrimônio líquido6 Na determinação do resultado do exercício serão computados: 1) as receitas e os rendimentos ganhos do período, independentemente de sua realização financeira; e 2) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e ganhos (SILVA; MARION, 2013). Resultado econômico Resultado financeiro � Apurado pelo regime de competência � São consideradas as receitas e despesas incorridas no período � Demonstra se a atividade da empresa gerou lucro ou prejuízo no período � Não necessariamente significa se a empresa possui ou não recursos financeiros � Apurado pelo regime de caixa � São consideradas as receitas e despesas recebidas e pagas no período � Demonstra se a atividade da empresa gerou resultado financeiro positivo ou negativo � Não necessariamente significa que a empresa obteve lucro ou prejuízo no período Quadro 1. Diferença entre resultado econômico e resultado financeiro Cabe ressaltar que o lucro contábil apresentando na demonstração do resul- tado do exercício respeita o princípio da competência, ou seja, apresenta todas as receitas e despesas incorridas no período, não necessariamente recebidas ou pagas no mesmo período. Composição do resultado contábil O item 3.2 do CPC 00 (R2), divulgado em 10/12/2019, que trata da estrutura conceitual para relatório financeiro, reporta que as demonstrações contábeis devem fornecer informações financeiras sobre os ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas que sejam úteis para a avaliação das perspectivas de futuros fluxos de entrada de caixa líquidos para a entidade que reporta. Os elementos que irão diretamente para a mensuração do desempenho da empresa são apresentados na demonstração do resultado do exercício, na forma 7Variações do patrimônio líquido de receitas e despesas incorridas em um determinado período. Segundo o CPC 00 (R2), para compreender o desempenho financeiro da entidade em determinado período é preciso analisar todas as receitas e despesas reconhecidas, inclusive as receitas e despesas incluídas na demonstração do resultado abrangente, bem como a análise de outras informações incluídas nas demonstrações contábeis. A demonstração do resultado abrangente apresenta as receitas e despesas ainda não reconhecidas na demonstração do resultado do exercício, ou seja, apresenta os resultados que serão reconhecidos no futuro. O CPC 00 (R2) também discorre sobre as características qualitativas das infor- mações contábeis. As características qualitativas de melhoria de comparabilidade, compreensibilidade e verificação e a restrição de custo têm implicações para a escolha da base de mensuração. Um exemplo disso é que utilizar consistentemente as mesmas bases de mensuração para os mesmos itens das demonstrações contábeis é importante para identificação e compreensão de similaridades e diferenças entre esses itens, pois permite comparar as demonstrações contábeis. Por outro lado, a característica qualitativa de melhoria de tempestividade não tem implicações específicas para mensuração, pois o que importa, nesse caso, é simplesmente ter a informação disponível a tempo de influenciar os usuários em suas decisões. De acordo com o item 7.18 do CPC 00 (R2) se o ativo financeiro é mensurado ao valor corrente e se a receita de juros é identificada separadamente de outras mudanças no valor, essa receita de juros é incluída na demonstração do resultado. A receita surge no curso das atividades principais da entidade (como vendas, ho- norários, juros, dividendos). Já os ganhos representam itens que se enquadram na definição de receita e nem sempre são oriundos da atividade fim, mas representam aumento nos benefícios econômicos. Exemplo disso seriam os aluguéis que uma empresa recebe, mas que não fazem parte de sua atividade fim. As despesas abrangem tanto as perdas quanto as despesas propriamente ditas, e os custos também têm a mesma natureza das despesas para fins de demonstração de resultado. A despesas, porém, representam gastos decorrentes da atividade da empresa, como salários, depreciação e aluguel; já as perdas surgem no curso de sua atividade, como sinistros de incêndio e perdas no valor recuperável do ativo. Os custos, por outro lado, representam todos os gastos que irão agregar valor ao produto ou serviço prestado pela empresa. As contas de resultado serão reconhe- cidas pelo regime de competência. Serão registradas, portanto, no momento de sua ocorrência, independente do seu pagamentoou recebimento. Veja na Figura 3 um modelo de demonstração do resultado do exercício. Variações do patrimônio líquido8 Figura 3. Modelo de demonstração do resultado do exercício. Fonte: Adaptada de Padoveze (2017). Receita operacional bruta (-) Dedução de vendas (=) Receita operacional líquida (-) Custo das mercadorias vendidas (=) Lucro bruto (-) Despesas operacionais (administrativas e com vendas) (=) Lucro operacional antes dos resultados financeiros (-) Despesas financeiras (+) Receitas financeiras (=) Resultado operacional (-) Provisão para IRPJ e CSLL (=) Lucro (ou prejuízo) líquido do exercício CASTILHO, E.; CASTILHO, A. S. N.; CASTILHO, L. F. N. Introdução à lógica contábil. São Paulo: Saraiva, 2010. GIMENEZ, L.; OLIVEIRA, A. B. S. Contabilidade para gestores: uma abordagem para pe- quenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2011. HANSEN, J. E. A evolução da contabilidade: da idade média a regulamentação ameri- cana. Revista Pensar Contábil, v. 4, n. 13, p. 13-20, ago./out. 2001. Disponível em: <http:// www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3-06/index.php/pensarcontabil/article/view/2408>. Acesso em: 16 dez. 2018. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e interme- diária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2017. SCHMIDT, P. História do pensamento contábil. Porto Alegre: Bookman, 2000. SILVA, A. C. R.; MARION, J. C. Manual de contabilidade para pequenas e médias empresas. São Paulo: Atlas, 2013. 9Variações do patrimônio líquido Leituras recomendadas BARBOSA, R. Contabilidade geral de bolso. São Paulo: Gen, 2013. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. CPC 00 (R2): Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. Brasília: CPC, 2019. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/ Documentos Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 26 mai. 2020. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 16 dez. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Princípios fundamentais e normas brasileiras de contabilidade. Brasília: CFC, 2008. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Normas Brasi- leiras de Contabilidade: volume 1: NBCs – NBCs T 10 – NBC T 15 NBC TSP Estrutura Conceitual – NBCs TSP NBCs T 16 – NBCs PG. Porto Alegre: CRC-RS, 2018. Disponível em: <http://www.crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_principios_normas_v1.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2018. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Normas Brasileiras de Contabilidade: volume 2: NBC TG – Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB); e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais. Porto Alegre: CRC-RS, 2018. Disponível em: <http://www. crcrs.org.br/arquivos/livros/livro_principios_normas_v2.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2018. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Normas Brasileiras de Contabilidade: volume 2: comunicados técnicos interpretações técnicas orientações técnicas. Porto Alegre: CRC-RS, 2018. Disponível em: <http://www.crcrs.org.br/arquivos/ livros/livro_principios_normas_v3.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2018. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: uma introdução à prática contábil. São Paulo: Atlas, 1996. SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P.; MARTINS, M. A. Fundamentos de análise das demonstrações contábeis. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2017. Variações do patrimônio líquido10 Dica do professor Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil e despesas são decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil. Veja neste vídeo mais sobre receitas e despesas e outros itens importantes sobre o patrimônio líquido. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/c97e3b52c7031b7c6c2429fc3b26e7e6 Exercícios 1) Giovana é empresária e mantém uma sofisticada e lucrativa loja de sapatos femininos e masculinos em um shopping center de Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo. Recentemente ela se casou e preparou uma grande festa, que lhe rendeu ótimos presentes. Seu sonho era fazer uma viagem de núpcias pela Turquia e assim o fez, gastando bastante dinheiro nessa viagem. No momento da compra do pacote de viagens na agência de turismo, o vendedor deu a sugestão para Giovana realizasse o faturamento e o pagamento desse pacote de turismo por sua empresa, uma vez que, em razão de políticas internas da agência de viagem, haviam vantagens para viagens "corporativas" maiores do que as viagens a pessoas físicas, naquele momento. Giovana aceitou a sugestão e, com isso, pagou cerca de 20% menos no pacote de viagem para a Turquia. No caso, de acordo com a definição de "despesas" para a Contabilidade, é possível considerar esse gasto como uma "despesa" na Contabilidade da empresa da Giovana? A) Não, de acordo com o relato do enunciado, esse gasto não é uma despesa para a loja de sapatos da Giovana. B) Sim, perfeitamente. Esse gasto é relacionado com a proprietária da empresa, que detém 100% do capital social, portanto, pode ser considerado uma despesa. C) Sim, pode ser considerado uma despesa, caso de fato, em documentos, notas fiscais, cheques, transferências bancárias e outros, seja realizado pela empresa. Não pode haver, por exemplo, uma nota fiscal emitida para a empresa com um pagamento realizado via transferência bancária da conta-corrente pessoal da Giovana. D) Não, esse gasto não pode ser considerado despesa, mas pode ser considerado um custo para a loja de sapatos da Giovana. E) Não, esse gasto não pode ser considerado despesa para a loja de sapatos da Giovana, a menos que a própria faça uma devolução do dinheiro para a empresa. 2) O que é necessário para que um gasto seja classificado como "despesa" em uma entidade, de acordo com as normas e os princípios contábeis? A) É necessário que a documentação inerente a esse gasto seja emitida com os dados corretos da entidade. B) É necessário que o gasto tenha o objetivo de gerar receitas para a entidade. C) É necessário que o gasto, em seu montante total, seja menor do que R$ 50.000,00. D) É necessário que o gasto tenha aprovação dos responsáveis pela empresa. E) É necessário que o gasto tenha aprovação da autoridade tributária da jurisdição da entidade. 3) Uma determinada empresa jornalística pagou à vista, por meio de transferência bancária, a um posto de gasolina, um valor referente ao abastecimento de 2.000 litros de diesel de seus caminhões de reportagem, que carregam centrais de edição e transmissão de TV via satélite, durante o mês de junho de 20XX. Como esse gasto será registrado no livro diário? A) C - Capital social; D - Caixa e Equivalentes de Caixa. B) D - Despesas com Combustíveis; C - Capital Social. C) D - Despesas com Combustíveis; C - Caixa e Equivalentes de Caixa. D) D - Despesas com Combustíveis; C - Fornecedores. E) D - Caixa e Equivalentes de Caixa; C - Despesas com Combustíveis. 4) Uma determinada entidade, localizada na cidade de Campinas, em São Paulo, mantém um "acelerador de partículas", equipamento utilizado por cientistas e pesquisadores da área de física e outras áreas relacionadas para pesquisas científicas. Mensalmente, a entidade emite notas fiscais para universidades e empresas, de acordo com as horas de utilização desse equipamento. Junto com a nota fiscal, ou brazilian invoice, a entidade manda cobrança com uma ordem para pagamento bancário no prazo de 30 a 90 dias, dependendo do contrato de cada cliente. Como o contador deve registrar essa receita no livro aiário? D - Clientes; A) C - Venda de Mercadorias. B) D - Venda de Serviços Prestados; C - Clientes. C) D - Caixae Equivalentes de Caixa; C - Venda de Serviços Prestados. D) D - Clientes; C - Venda de Serviços Prestados. E) C - Clientes; D - Venda de Serviços Prestados. 5) O engenheiro Amaro Dias trabalha como vendedor técnico da Cabos Piratini S.A., ele acabou de assinar um contrato de venda de 500 toneladas de cabos elétricos que serão entregues nos primeiros dias do mês que vem para a Cia Elétrica Vale do Lençois Maranhenses, que distribuiu energia elétrica no Nordeste brasileiro. Amaro precisava receber a comissão pela venda o quanto antes, pois há mais de seis meses não coseguia fazer uma venda em razão da crise no setor. Ele questionou Adriana, controller da Cabos Piratini S.A., se teria como receber a sua comissão já que o contrato de venda dos cabos elétricos já estava assinado. Dentre as seguintes alternativas, qual é a resposta mais adequada de Adriana para Amaro, seguindo o regime de competência? A) Engenheiro Amaro Dias: você teve sorte, será possível, sim, antecipar o reconhecimento da receita para este mês. Porém, isso não será possível a partir já do próximo mês, o presidente da empresa não libera mais antecipações de receita. B) Engenheiro Amaro Dias: infelizmente, não poderei antecipar o registro dessa receita. Se fosse um período de vendas mais intensas eu até poderia, mas como a empresa está tendo poucas vendas, se torna impossível. C) Engenheiro Amaro Dias: será possível sim, como o contrato de venda já está assinado, podemos registrar a venda e fazer o pagamento da sua comissão. D) Engenheiro Amaro Dias: infelizmente não terei como antecipar essa receita porque isso afeta o pagamento a ser efetuado pelo nosso cliente, que teria que, obrigatoriamente, antecipar o pagamento também para este mês. E) Engenheiro Amaro Dias: não tenho como registrar a sua venda agora neste mês por conta do regime da competência, somente poderei fazer isso no mês que vem, quando a mercadoria for efetivamente entregue. Recomendo que você entre em contato com o Departamento de Recursos Humanos, que poderá verificar se a empresa tem alguma política para adiantamento das comissões. Na prática Débora é filha do Sr. Hans Victor, engenheiro civil, sócio e diretor de operações de uma grande construtora de edifícios residenciais. Débora foi lhe visitar no escritório, porém, apesar de manter um excelente relacionamento com o pai, ela não se interessava pelos negócios. Jamais havia ido sequer ao escritório da empresa. Para Débora, que é estudante de assistência social, o trabalho do pai era algo questionável, porque a empresa frequentemente tinha acidentes de trabalho, onde aconteciam até mortes. Débora pensava que seu pai e os demais sócios eram verdadeiros opressores, que trabalhavam às custas do esforço dos trabalhadores e até da vida humana. Nessa visita ao escritório, Débora teve a oportunidade de conhecer Ana Catarina, a contadora da construtora. Na sala dela, havia na parede um quadro de cortiça com algumas fotos e esquemas de trabalho. Débora se interessou bastante pela imagem, em que há um trabalho de alta periculosidade e que ocorre rotineiramente em construtoras. Ao executar o revestimento externo do edifício, os trabalhadores necessitam se pendurar em uma plataforma a dezenas de metros do chão. Para que não ocorram acidentes, profissionais de Segurança do Trabalho precisam planejar cuidadosamente a execução desse mesmo trabalho da forma mais segura possível. Evidentemente, os operários precisam ser treinados para executar com qualidade esse serviço e, ao mesmo tempo, com cuidado para a própria vida. Nessa figura que Débora analisa, há uma plataforma de aço fixa onde os trabalhadores estão uniformizados, utilizam capacetes e, provavelmente, usam cordões de aço que os fixam em algum ponto do edifício onde possam ser resgatados facilmente caso, por algum motivo, a plataforma apresente algum defeito, ou mesmo despenque. Ana Catarina explicou para Débora que, em um passado não muito longe, para executar esse mesmo trabalho, era comum os trabalhadores se pendurarem em andaimes de madeira, com piso solto e sem o uso de nenhum equipamento de segurança. Acidentes, inclusive os fatais, eram frequentes e não raramente dizia-se que esses acidentes eram necessários ao desenvolvimento humano. Atualmente, não mais se admite o trabalho sob as mesmas condições que eram realizados no passado. Débora então perguntou então para Ana Catarina: ― Mas isso tudo não fica caro? Não diminui o lucro da empresa? Ana Catarina explicou, então, que sim, todos esses equipamentos, contratação de especialistas em Segurança do Trabalho, treinamentos, etc., de fato, são muito dispendiosos. No entanto, são a lei, precisam ser realizados. - Se poderia dizer que equipamentos de segurança custam caro e não “compensa” comprá-los, por que há outras prioridades para os gastos da obra? Ana Catarina explicou que independentemente de as despesas com equipamentos de segurança custarem caro, os trabalhadores precisam receber os equipamentos e é dever da empresa prevenir os acidentes de trabalho. Economizar dinheiro com isso aumentaria o lucro da empresa, mas de que vale isso se esses trabalhadores se acidentasem? Nesse caso, além de prejudicar os próprios trabalhadores, prejudicaria também a imagem da empresa pela falta de cuidado com seus funcionários. E também não usar os equipamentos de segurança poderia prejudicar muito mais o desempenho financeiro da empresa, pois os gastos seriam muito maiores com processos trabalhistas que possivelmente surgiriam, ou com pesadas indenizações que a empresa precisaria pagar em caso de acidentes com esses trabalhadores. Débora saiu do escritório, algumas horas depois, com outra visão do trabalho da construtora. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – Conceptual Framework Leia o pronunciamento técnico CPC 00 (R2), emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis: Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Variações do Patrimônio Líquido Para entender melhor os conceitos de contabilidade e como ocorrem as variações no patrimônio líquido, assista o vídeo: Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Luca Pacioli e o Método das Partidas Dobradas Aprenda mais neste texto sobre o método das partidas dobradas, qual sua origem e como fazê-lo. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf https://www.youtube.com/embed/hKfVWpFd-YU http://www.administradores.com.br/artigos/academico/luca-pacioli-e-o-metodo-das-partidas-dobradas/94521/ Princípios Contábeis e Regime de Competência Apresentação As convenções surgem para restringir, limitar ou até modificar parcialmente o conteúdo dos princípios contábeis, definindo ainda mais precisamente seu significado. Nesse sentido, o próprio resultado deve confrontar despesas e receitas em um determinado período de tempo. Esse é um assunto muito importante dentro da Contabilidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender princípios e convenções contábeis geralmente aceitos, que são premissas básicas acerca dos fenômenos e eventos contemplados pela Contabilidade e que todo contador deve observar, para que seu trabalho possa ser entendido por outros contadores. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os princípios e as convenções contábeis geralmente aceitos.• Explicar o que são despesas e receitas e o momento em que ocorrem.• Identificar o resultado contábil de acordo com os princípios contábeis da realização e da confrontação das despesas com as receitas. • Desafio A Empresa Indústria e Comércio de Móveis para Escritórios Sucesso Ltda. iniciou sua atividade no iníciode 2015. No final do exercício, a empresas apresentou a seguinte situação: No final de outubro de 2015, a empresa fechou um contrato para fabricar 30 mesas de escritórios, com custo de matéria-prima de R$ 350,00 para cada mesa, e o preço de venda praticado será de R$ 650,00. O contrato prevê que 20% do valor total será recebido na assinatura do contrato e o restante a cada lote de 10 mesas entregues. O prazo máximo de entrega é janeiro de 2016, considerando que a primeira entrega será na segunda quinzena de novembro de 2015, a segunda entrega será na segunda quinzena de dezembro de 2015 e a terceira entrega será em janeiro de 2016. Lembrando que a produção será iniciada em novembro de 2015. A matéria-prima utilizada será adquirida em novembro de 2015 e paga em 30 e 60 dias em parcelas iguais. Sabendo que os prazos estão sendo cumpridos rigorosamente, construa uma planilha com a apuração do resultado pelo regime de competência e pelo regime de caixa em 31 de dezembro de 2015. Infográfico Confronto entre despesas e receitas formando o resultado: para ser possível encontrar um resultado (receitas - despesas = lucro ou prejuízo) adequado, é necessário confrontar as receitas com as despesas que ocorreram em um determinado período de tempo, geralmente um mês, um trimestre ou um ano. Confira o Infográfico. Conteúdo do livro Para compreender melhor o conteúdo abordado nesta Unidade de Aprendizagem leia o capítulo abaixo. Boa leitura. CONTABILIDADE BÁSICA Filipe Martins da Silva Princípios contábeis e regime de competência Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer os princípios e as convenções contábeis geralmente aceitos. Explicar o que são despesas e receitas e o momento em que ocorrem. Identificar o resultado contábil de acordo com os princípios contábeis da realização e da confrontação das despesas com as receitas. Introdução Neste capítulo, você vai conhecer os princípios contábeis vigentes atualmente na contabilidade e os motivos para segui-los. Em conjunto, apresentaremos as convenções contábeis, que servem de guia para a execução da contabilidade. Além dos princípios, também estudaremos quando devemos con- siderar uma receita e despesa na contabilidade da empresa, pois uma má classificação pode distorcer o resultado na empresa, levando a tomadas de decisões incorretas. E vamos compreender a importância de confrontar as receitas com as despesas e entender o princípio da competência e sua aplicação prática. Princípios e convenções contábeis geralmente aceitos A contabilidade é uma ciência de característica prática, e para a sua execução foram desenvolvidos critérios para normatizar a ciência. Para atender a esse objetivo foram criados os princípios contábeis (PADOVEZE, 2017). Visando à uniformização dos procedimentos no desenvolvimento das atividades do processo contábil, os profi ssionais observam regras, critérios e normas de procedimentos defi nidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, através de suas resoluções. No Brasil, a estrutura da teoria contábil é defi nida por órgãos regulamentadores, como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Tais princípios servem como padrões a serem seguidos na contabilização dos fatos contábeis. A normatização prevista na Resolução CFC nº. 750, de 29 de dezembro de 1993, do Conselho Federal de Contabilidade foi modificada pela Resolução CFC n. 1.282/2010. Os princípios contábeis estabelecidos nessas Resoluções foram válidos até 2008, quando começou o processo de convergências das normas brasileiras de contabilidade para o padrão internacional. Porém, a revogação das Resoluções CFC nº. 750/1993 e posteriormente da Resoluções CFC nº. 1.282/2010, não significou que os princípios de contabilidade estariam extintos. A revogação teve como objetivo a uniformização conceitual para evitar divergências na concepção doutrinária e teórica que após o ano de 2008 começaram a ser estabelecidas pelas normas internacionais de contabilidade, que no Brasil são divulgadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Após a convergência do Brasil às normas internacionais, os princípios contábeis passaram a ser tratados no pronunciamento contábil CPC00 (R2) e na NBCTG – Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, de 21 de novembro de 2019. No quadro 1, você pode verificar como eram os princípios contábeis antes e depois da convergência às normas internacionais de contabilidade: Princípios contábeis e regime de competência2 CFC – Conselho federal de Contabilidade (princípios anteriormente aceitos) Como era na Resoluções nº. 750/93 e 1.282/2010 (Revogadas) Como é apresentado na CPC00 (R2) do Comitê de pronunciamentos Contábeis e na NBCTG – Estrutura Conceitual para relatório Financeiro do CFC Princípio da entidade Esse princípio tratava da necessidade da diferenciação do patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Não se encontra na NBC TSP – estrutura conceitual. Porém mesmo sem a sua menção, os estudiosos de contabilidade entendem que este deve ser observado, visto sua relevância. Dessa forma, toma-se por base a exigência prevista no Código Civil (Art. 967). É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade; Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: (I) o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e se, casado, o regime de bens; (II) a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; (III) o capital; e (IV) o objeto e a sede da empresa. O artigo 985, também do Código Civil, complementa que a sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos. Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual (Continua) 3Princípios contábeis e regime de competência Princípio da oportunidade Em relação à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, isto é, o registro deve ser feito no momento da sua ocorrência e corretamente, independente de sua origem. Encontra-se nas características qualitativas da informação contábil. De acordo com o item 3.19, tempestividade significa ter informação disponível para os usuários antes que ela perca a sua capacidade de ser útil para fins de prestação de contas e responsabilização e tomada de decisão. Princípio da continuidade A continuidade ou não da empresa devem ser consideradas no momento da avaliação de suas operações, pois sua vida útil (definida ou indefinida) influencia no valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos, especialmente quando a extinção da entidade tem prazo determinado, previsto ou previsível. De acordo com os itens 11, 12 e 13 da Estrutura Conceitual, as demonstrações evidenciam a situação patrimonial e o desempenho da entidade não fornecem todas as informações que os usuários precisam conhecer a respeito dos programas de longo prazo, a entidade tem existências longas, porém sua continuidade das entidades fundamenta a elaboração das demonstrações contábeis. Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual (Continua) (Continuação) Princípios contábeis e regime de competência4 CFC – Conselho federal de Contabilidade (princípios anteriormente aceitos) Como era na Resoluções nº. 750/93 e 1.282/2010 (Revogadas) Como é apresentado na CPC00 (R2) do Comitê de pronunciamentos Contábeis e na NBCTG – Estrutura Conceitual para relatório Financeiro do CFC Princípio do registro pelo valor original Os componentes do patrimônio devem ser registradospelos valores originais das transações, ou seja, devem ser expressos na moeda corrente do país (no caso do Brasil, em reais), e o valor desse registro deve ser feito com base nos valores de entrada. De acordo com o item 7.13 da Estrutura Conceitual, custo histórico é a importância fornecida para se adquirir ou desenvolver um ativo, o qual corresponde ao caixa ou equivalentes de caixa ou o valor de outra importância fornecida à época de sua aquisição ou desenvolvimento. Princípio da competência As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. O item 22 da Estrutura Conceitual define que as demonstrações contábeis têm como objetivo a divulgação da informação contábil, baseada no regime de competência, sendo complementado pelo item 1.1, que estabelece que a elaboração e a divulgação dos relatórios contábeis devem ser elaborados respeitando o regime de competência. Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual (Continua) (Continuação) 5Princípios contábeis e regime de competência CFC – Conselho federal de Contabilidade (princípios anteriormente aceitos) Como era na Resoluções nº. 750/93 e 1.282/2010 (Revogadas) Como é apresentado na CPC00 (R2) do Comitê de pronunciamentos Contábeis e na NBCTG – Estrutura Conceitual para relatório Financeiro do CFC Porém, é importante ressaltar a citação do professor Fábio Moraes da Costa, da Fucape Business School: A recente revogação da Resolução nº 750/1993 não implica na extinção dos princípios contábeis no Brasil. Na verdade, após a aprovação da Resolução 1.374/2011, o Brasil passou a contar com uma Estrutura Conceitual (EC/11). Enquanto a Resolução nº 750/1993 era estruturada em ‘princípios’, a EC/11 é estruturada em capítulos, como, por exemplo, o do objetivo ou o das carac- terísticas qualitativas. Princípio da prudência Determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido, impondo a escolha que resulte menor patrimônio líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis. Foi retirado da Estrutura Conceitual. Quadro 1: Princípios contábeis na estrutura conceitual (Continuação) Princípios contábeis e regime de competência6 CFC – Conselho federal de Contabilidade (princípios anteriormente aceitos) Como era na Resoluções nº. 750/93 e 1.282/2010 (Revogadas) Como é apresentado na CPC00 (R2) do Comitê de pronunciamentos Contábeis e na NBCTG – Estrutura Conceitual para relatório Financeiro do CFC Convenções contábeis De acordo com Padoveze (2017), convenções são restrições aos princípios contábeis, ou seja, possuem um caráter prático que deve ser observado na execução da contabilidade, servindo com norteadores para o trabalho do contador, porém não são defi nições de critérios contábeis e não possuem força de lei. Convenções são conceitos que servem como guia para o profi ssional da área contábil, normatizando padrões de conduta na hora de escriturar os fatos contábeis. São consideradas convenções contábeis: Objetividade: o contador deve ser objetivo, isto é, no momento de escriturar um fato ele precisa embasar essa escrituração de elementos objetivos para evitar a subjetividade no lançamento. Para isso, a escrituração é embasada de documentos válidos (exemplo: nota fiscal), ser passível de mensuração e não lançar de acordo com julgamentos pessoais (PADOVEZE, 2017). Conservadorismo: na dúvida o contador deve optar pela forma mais conservadora de escrituração, ou seja, lançar todas as despesas sempre que possível, já em relação à receita, na dúvida, não lançar (PADOVEZE, 2017). Outra abordagem do conservadorismo na contabilidade é a de disciplinar o entusiasmo natural dos sócios e gestores das organizações nos negócios apresentados na entidade. Ou seja, entre duas alternativas válidas opta-se pela menor (IUDICIBUS, 2010). Materialidade: essa convenção está ligada ao custo/benefício da in- formação contábil gerada, onde a contabilidade pode ser elaborada buscando a perfeição, mas quando se foca em detalhes imateriais, o custo de tais informações supera seu benefício (IUDICIBUS, 2010). O contador deve sempre buscar a exatidão numérica no lançamento, desde que não seja prejudicial à empresa, sempre dando preferência a valores relevantes, pois os demais valores podem ser tratados de forma mais simples, sem prejuízo à empresa (PADOVEZE, 2017). Consistência ou uniformidade: no momento em que um contador adotou um determinado critério de avaliação, seja no ativo ou passivo, ele deverá adotar esse critério consistentemente ao logo dos anos. Quando se fazer necessária, a mudança deverá ser informada e justificada em notas explicativas (PADOVEZE, 2017). 7Princípios contábeis e regime de competência Evidenciação: basicamente, o processo de evidenciação se apresenta em uma peça contábil denominada de notas explicativas, pois nela são apre- sentados todos os itens das demonstrações contábeis que necessitem de uma informação adicional para a sua compreensão. Entre as informações apresentadas estão os critérios de avaliação de ativos e passivos, com suas respectivas mudanças (como visto na convenção da consistência). São informações que qualificam o detalhamento das informações numéricas apresentados nas demonstrações contábeis (PADOVEZE, 2017). O instrumento fundamental do processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade ao padrão internacional, editado pelo International Financial Reporting Standards (IFRS, na sigla em inglês), foi traduzida e adaptada para o Brasil pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), pela Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro (CPC00 (R2)) e também foi publicada pelo Conselho Federal de Contabilidade, no dia 21 de novembro de 2019, como a norma técnica NBCTG - Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro. Essa norma antecede a convergência das demais, apresentando os conceitos basilares para a elaboração e divulgação de informação contábil de propósito geral pelas entidades do setor privado. Após essa norma de estrutura conceitual, foram publicadas outras normas convergidas, que estão disponíveis em: https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de- contabilidade/normas-completas/. A Resolução nº. 750/1993, e a seguinte que a modificou (Resoluções CFC nº. 1.282/2010), que dispunham dos princípios de contabilidade geralmente aceitos, foram revogadas, no entanto, não significa que todos os princípios de contabilidade estejam extintos, alguns deles foram mantidos e outros acrescentados nas normas que foram criadas de acordo com as normas internacionais (IFRS). A revogação das resoluções visa à unicidade conceitual, indispensável para evitar divergências na concepção doutrinária e teórica, que poderiam comprometer aspectos formais das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs). O Brasil passou a contar com uma Estrutura Conceitual (CPC00), assim como outros pronunciamentos publicados em sequência desse. Enquanto as Resoluções nº. 750/1993 e 1.282/2010 eram estruturadas em “princípios”, a Estrutura Conceitual é estruturada em capítulos, como, por exemplo, o do objetivo ou o das características qualitativas da informação contábil. De maneira geral, podemos ver que todos os princípios mencionados na Resoluções nº. 750/1993 e 1.282/2010 também estão na Estrutura Conceitual ou em CPCs seguintes, com exceção do princípio da prudência (GIROTTO, 2016). Princípios contábeis e regime de competência8 Receitas e despesas no momento da ocorrência Receitas são entradas de elementos para o ativo sob a forma de dinheiro ou direitos a receber, vinculadas normalmente a uma venda de mercadorias, produtos ou prestaçãode serviços. Receitas também podem derivar de juros recebidos de vendas recebidas em atraso, rendimentos de aplicação ou recebimento de aluguéis (IUDICIBUS, 2010a). Consideram-se receitas realizadas quando resultar em aumento nos benefícios econômicos futuros relacionados com aumento de ativo ou com diminuição de passivo, e puder ser mensurado com confiabilidade. Isso significa, na prática, que o reconhecimento da receita ocorre simultaneamente com o reconhecimento do aumento nos ativos ou da diminuição nos passivos (por exemplo, o aumento líquido nos ativos originado da venda de bens e serviços ou o decréscimo do passivo originado do perdão de dívida a ser paga). Todas as receitas realizadas devem ser registradas na demonstração do resultado do exercício (GELBKE et al., 2018). Cabe ressaltar que nem sempre uma receita realizada pode ter sido recebida no momento de sua ocorrência, ou seja, não importa se ela transitou pelo caixa no momento do fato gerado, ou seja, a venda (RIBEIRO, 2013). Existem casos em que a receita ocorre em função da redução de um passivo, como o recebimento de desconto de uma dívida (IUDICIBUS, 2010). A mensuração de uma receita ocorre com a definição do valor de troca do produto ou serviço prestado pela empresa, ou seja, o fluxo de dinheiro que será recebido ou que foi recebido. Normalmente esse valor está descrito na nota fiscal de venda do produto ou de prestação do serviço (IUDICIBUS, 2010b). Entende-se como despesas o consumo de bens ou serviços que, direta ou indiretamente, sejam utilizados para produzir uma receita. Uma despesa irá reduzir um ativo ou aumentar um passivo (IUDICIBUS, 2010). Em relação às despesas, elas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado, quando resultarem em decréscimo nos benefícios econômicos futuros, relacionadas com o decréscimo de um ativo ou o aumento de um passivo, e puderem ser mensuradas com confiabilidade. As despesas devem ser reconhecidas na demonstração do resultado com base na associação direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo é usualmente 9Princípios contábeis e regime de competência chamado de confrontação entre despesas e receitas e envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente ou conjuntamente das mesmas transações ou outros eventos (GELBKE et al., 2018). Por exemplo, para gerar uma receita, é necessário que a empresa incorra em despesas, que devem ser registradas no momento em que ocorreram. O regime de caixa consiste na apuração do resultado do exercício, considerando todas as despesas pagas e todas as receitas recebidas no respectivo período, independen- temente da data da ocorrência não ter sido a mesma. O resultado apresentado nessa apuração, é denominado resultado financeiro e a demonstração contábil que apresenta esta movimentação é a demonstração do fluxo de caixa (RIBEIRO, 2013). De acordo com Marcelino (2016), o regime de competência é o princípio básico da contabilidade, diferente do regime de caixa, no qual os recebimentos e os pagamen- tos são reconhecidos unicamente quando se recebe ou se paga mediante dinheiro ou equivalente. Não é permitida a utilização desse método, pois estaria violando um princípio contábil da competência. Marcelino (2016) complementa que existem algumas exceções em que se permite a utilização do regime de caixa, como no caso de empresas que são do ramo da atividade imobiliária. Resultado contábil e princípio da competência O resultado contábil é obtido através da demonstração do resultado do exercício (DRE). Sua apresentação se dá em forma resumida, das receitas e despesas decorrentes das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social, com o objetivo de demonstrar a composição do resultado líquido do período (GELBKE et al., 2018). O art. 187, da Lei das Sociedades por Ações (6.404/1976), estabelece a ordem de apresentação das receitas, custos e despesas, na demonstração do resultado do exercício, para fins de publicação. A demonstração do resultado descriminará: I — a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abati- mentos e os impostos; II — a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto; Princípios contábeis e regime de competência10 III — as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas, e outras despesas operacionais; IV — o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) V — o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto; VI — as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) VII — o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. § 1º Na determinação do resultado do exercício serão computados: a) as receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda; e b) os custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspon- dentes a essas receitas e rendimentos (BRASIL, 1976, documento on-line). Figura 1. Estrutura da demonstração do resultado do exercício Fonte: Adaptado de Brasil (1976). (=) RECEITA BRUTA (-) DEDUÇÕES DE VENDAS (=) RECEITA LÍQUIDA (-) CUSTO DA MERCADORA VENDIDA (=) LUCRO BRUTO (-) DESPESAS COM VENDAS (-) DESPESAS ADMNISTRATIVAS (+-) RESULTADO FINANCEIRO LÍQUIDO (=) RESULTADO OPERACIONAL OU RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS (-) IRPJ (-) CSSL (=) RESULTADO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES (-) PARTICIPAÇÕES (=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO/ PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Gelbke et al. (2018) complementa que as definições da Lei nº. 6.404/1976 se enquadram em um dos pressupostos básicos presentes no pronunciamento conceitual básico (R1) – estrutura conceitual para elaboração e divulgação 11Princípios contábeis e regime de competência de relatório contábil-financeiro, denominado Regime de Competência, que, por sua vez, implica a confrontação entre receitas e despesas, conforme descrito no item 95 do Pronunciamento Técnico do CPC supracitado: As despesas são reconhecidas na demonstração do resultado com base na as- sociação direta entre elas e os correspondentes itens de receita. Esse processo, usualmente chamado de confrontação entre despesas e receitas (Regime de Competência), envolve o reconhecimento simultâneo ou combinado das receitas e despesas que resultem diretamente das mesmas transações ou outros eventos [...]. Gelbke et al. (2018) exemplifica que a receita de venda é contabilizada por ocasião da transferência do controle (a saída do produto da empresa), e não quando de seu recebimento; e a despesa de pessoal é reconhecida no mês em que se recebeu tal prestação de serviços, mesmo que seja paga no mês subsequente. Gelbke et al. (2018) acrescentam que nos mesmos períodos em que forem lançadas as receitas e os rendimentos, deverão estar registrados todos os custos, despesas, encargos e riscos correspondentes àquelas receitas, ou seja a receita da venda de determinado produto deverá ser registrado no mesmo período de todos os custos e despesas em que se incorre relativamente àquela receita, tais como: o custo do produto vendido, que englobaria material, mão de obra e demais custos de sua fabricação (GELBKE et al., 2018). Princípio de competência Quando se menciona reconhecer receitas e despesas no momento de sua ocorrência, signifi ca reconhecer pelo regime de competência. De acordo com Ribeiro (2013), no regime de competência são consideradas, na apuração do resultado do exercício, todas as despesas incorridas e as receitas realizadas no respectivo exercício. Esse é o critério utilizado para a elaboração da demonstração do resultadodo exercício, e o resultado encontrado também é denominado de resultado econômico. Esse regime é aplicado na contabilização de receitas e despesas. A necessidade de sua compreensão é essencial para o entendimento das peças contábeis. Pode-se dizer que para uma despesa ou receita existem dois momentos em que poderia processar sua contabilização: conside-rando o momento econômico, ou seja, o momento de sua ocorrência; ou o momento financeiro, ou seja, por meio de seu pagamento ou recebimento (PADOVEZE, 2017). Princípios contábeis e regime de competência12 Exemplificando, consideraremos a despesa de salário do mês de de- zembro de 2017, que é pago no mês subsequente, em janeiro de 2018. Quando se deve contabilizar a despesa? No momento do seu fato gerador, isto é, o mês trabalhado dos funcionários (dezembro de 2017) ou de seu pagamento (janeiro de 2018)? Deve-se contabilizar no momento de sua ocorrência, considerando o princípio da competência, independentemente de seu pagamento ou recebimento, mesmo que sua realização financeira ocorra no exercício seguinte (PADOVEZE, 2017). O conceito de competência do exercício é dividido em 12 períodos, sendo aplicado em cada mês. Apesar de não existir a necessidade de resultados mensais, é recomendando efetua-los para fins de controle. Tendo vendas realizadas em março de 2017 e que serão recebidas em junho de 2017, a receita será contabilizada em março de 2017, e seu recebimento em junho de 2017. O regime de competência é uma necessidade imposta pela Contabilidade para que seja executado o controle dos direitos (valores a receber) e obrigações (valores a pagar) nas empresas (PADOVEZE, 2017). Segundo Padoveze (2017), o regime de competência é a expressão con- junta de dois princípios que existiram no passado: o princípio da realização da receita, que determina que devemos considerar uma receita no momento em que um produto ou mercadoria é entregue para o cliente, e em relação ao serviço, quando o serviço é finalizado; e o princípio do confronto das despesas com as receitas, que trata que para cada receita realizada em um determinado período a empresa incorre em despesas, que devem ser registradas nesse mesmo momento. 13Princípios contábeis e regime de competência BRASIL. Lei nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 16 dez. 2018. BRASIL. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 16 dez. 2018. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicável às demais sociedades. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. GIROTTO, M. Revogação da Resolução nº. 750/1993: contexto e considerações. Bra- sília: CFC, 2016. Disponível em: <https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao- -no-7501993-contexto-e-consideracoes/>. Acesso em: 16 dez. 2018. IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010. MARCELINO, D. Lucro real: regime de reconhecimento de receitas. CPA, 7 nov. 2016. Disponível em: <http://netcpa.com.br/noticias/ver-noticia.asp?Codigo=36728>. Acesso em: 16 dez. 2018. PADOVEZE, C. L. Manual de contabilidade básica: contabilidade introdutória e interme- diária. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2017. RIBEIRO, O. M. Contabilidade básica. 29. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Leituras recomendadas BORGES, T. B. et al. Desmistificação do regime contábil de competência. Revista de Administração Pública, v. 44, n. 4, p. 877-901, 2010. Disponível em: <http://biblioteca- digital.fgv.br/ojs/index.php/rap/article/viewFile/6952/5519>. Acesso em: 16 dez. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TSP Estrutura Conceitual–Estrutura Conceitual. Brasília: CFC, 2016. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/ docs/NBCTSPEC.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2018. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolução CFC nº. 1.374/11. Brasília: CFC, 2011. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1374.pdf>. Acesso em: 16 dez. 2018. Princípios contábeis e regime de competência14 Dica do professor No vídeo a seguir, você vai aprender sobre: princípios e convenções de Contabilidade, regime de competência e confronto de despesas e receitas em um determinado período. Assista. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/a72a9c9d44277de852629c1ce45eea7a Exercícios 1) Uma empresa do setor agropecuário vendeu uma grande quantidade de maçãs para serem servidas como merenda a alunos de uma escola da prefeitura. Essa compra foi realizada por licitação e dentro de todos as exigências requeridas pelas leis. Na negociação, ficou contratado que o valor seria pago em parcela única, 60 dias após a entrega da mercadoria, que é perecível. Poucos dias antes do pagamento, após denúncias graves de improbidade administrativa, a Justiça ordenou a suspensão do pagamento de todas as obrigações dessa prefeitura. Essa situação já se arrasta há oito meses e não existe nenhuma previsão de pagamento, sendo que as maçãs foram entregues, aceites e consumidas. Ao mesmo tempo, a empresa tem uma reclamação trabalhista na Justiça do Trabalho de Curitiba, no Paraná, onde há fortes suspeitas de que o ex-funcionário Romualdo tenha forjado documentos para reclamar de uma situação que o beneficiava, mas que não era verídica. Dada a complexidade da situação e os detalhes específicos, o juiz contratou perícias que levarão vários meses para concluir o que de fato aconteceu. Segundo o departamento Jurídico, em parecer do Dr. Augusto, provavelmente não haverá pagamento de indenização a esse ex-funcionário, porém, não se tem notícia sobre essa situação. Para essas duas situações, de acordo com os princípios e convenções contábeis, como deve agir o contador? A) O contador deve considerar que a empresa terá que pagar a indenização ao ex-funcionário pelo maior valor possível, portanto, registrar a obrigação no passivo. Deverá considerar que certamente não irá receber o valor das vendas realizadas e que estão com o pagamento bloqueado pela Justiça, lançando o direito no ativo pelo menor valor possível. B) O contador nada deve fazer, porque são duas situações incertas e em que pairam muitas dúvidas. Apenas certezas, não ficções, devem ser lançada na contabilidade. C) O contador deve considerar as duas situações como despesas, uma vez que há indefinição sobre o que ocorrerá no futuro e não é possível prever. Como já ocorreram essas mesmas situações no passado, deve-se aplicar a mesma solução. Fazendo isso, estará atendendo ao princípio contábil da uniformidade. D) O contador deve realizar uma apuração dos valores tanto a receber como a pagar e lançar no ativo ou no passivo (qual for maior) a diferença, usando para tal a conta contábil de "ajustes do exercício". O contador deve considerar que a empresa não terá que pagar a indenização ao ex- funcionário pelo maior valor possível, portanto, registrar a obrigação no passivo. Deverá E) considerar que certamente irá receber o valor das vendas realizadas e que estão com o pagamento bloqueado pela Justiça, lançando o direito no ativo pelo maior valor possível. 2) Uma aclamada artista pop inglesa resolveu fazer uma turnê por algumas capitais no Brasil. Por recomendação de sua consultoria empresarial, uma empresa será aberta no Brasil exclusivamente para cuidar dos negócios dessa artista e cuidar de toda a montagem dos shows. Está previsto que essa empresa irá atuar por aproximadamente um ano e, posteriormente, após os shows, será encerrada. Essa situação é uma exceção a qual princípio ou convenção contábil? A) Tempestividade. B) Continuidade. C) Competência.D) Materialidade. E) Conservadorismo. 3) Uma joalheria, ou melhor, uma oficina de produção de joias que também tem uma loja de uma conhecida marca, produziu diversas joias de ouro que foram todas vendidas em junho com pagamento no mês de julho, no valor de R$ 200.000,00. Essa mesma entidade, para produzir essas joias, teve despesas realizadas no mês de junho, que irá pagar em julho com o valor de R$ 80.000,00. No mês de julho, não houve atividades na empresa em razão da proibição de compra de ouro como matéria-prima pelo Banco Central. Considerando apenas essas duas operações, calcule o resultado da entidade no mês de junho utilizando os regimes de caixa e de competência. A) Pelo regime de caixa, houve um lucro de R$ 120.000,00. Pelo regime de competência, não houve lucro nem prejuízo, o resultado é zero. B) Pelo regime de caixa, houve um lucro de R$ 120.000,00. Pelo regime de competência, houve um prejuízo de R$ 120.000,00. C) Pelo regime de caixa, não houve lucro nem prejuízo, o resultado é zero. Pelo regime de competência, houve um lucro de R$ 120.000,00. D) Pelo regime de caixa, houve um prejuízo de R$ 120.000,00. No Brasil, não se permite o regime de competência. E) Em ambos os regimes houve um resultado de lucro de R$ 120.000,00. 4) Uma determinada empresa transportadora contratou um seguro da empresa Seguradora Uberaba S.A. para segurar seus 120 caminhões pelo valor total de R$ 425.000,00, pelo período de dois anos, iniciando em 01/01/X1 e finaizando em 31/12/X2. Esse seguro, conforme negociação realizada, será pago em três parcelas iguais de R$ 141.667,00, em março, maio e julho de 20X1. Considerando os princípios contábeis de confrontação das despesas com as receitas e de realização das receitas, quanto o contador deverá reconhecer como despesas de seguros (considerando, também, que essa é a única apólice de seguro da empresa) para o mês de julho de 20X1? A) R$ 425.000,00. B) R$ 283.334,00. C) R$ 123.959,00. D) R$ 17.709,00. E) R$ 141.667,00 5) Há empresas que mantém gigantescos parques de diversões, verdadeiros resorts ou grandes parques internacionais, como a Disney, o Beto Carrero World, o Hopi Hari, o Parque do Asterix, do Harry Potter, da Ferrari e tantos outros. É de praxe nesses empreendimentos a venda antecipada de "entradas", tickets, ingressos ou passaportes (os nomes variam de empreendimento para empreendimento), que são vendidos não raramente com meses ou anos de antecedência e que podem vir a não serem utilizados, ou serem utilizados muitos meses após a venda dos ingressos. O mesmo ocorre, também, de uma certa forma, com grandes empreendimentos artísticos, como shows de música ou teatro. Considerando os princípios e as convenções geralmente aceitos de Contabilidade e o conceito de "resultado" na Contabilidade, qual é o momento em que a receita deve ser vendida nos ingressos para parques de diversões e/ou outras atividades culturais? Importante: a citação a esses empreendimentos reais está sendo realizada para fins exclusivamente didáticos, em ambiente acadêmico. Não deve ser interpretada como sugestão para o consumo de produtos ou serviços ou mesmo para a realização de investimentos. A) O momento adequado para o reconhecimento da receita é quando o valor do ingresso é pago a qualquer agente turístico que faça parte da rede produtiva de relacionamentos do entretenimento. B) O momento adequado para o reconhecimento da receita é quando o valor do ingresso é depositado efetivamente na conta-corrente do empreendimento. C) O momento adequado para o reconhecimento da receita é quando o cliente já pagou pelo ingresso, visitou o empreendimento, voltou para o seu lar e responde a uma pesquisa de satisfação. Se nessa pesquisa o cliente relatar que gostou da experiência, será possível o reconhecimento da receita, porém, se não houver um relato positivo, o valor deverá ser devolvido ao cliente. D) O momento adequado para o reconhecimento da receita é quando o ingresso é entregue ao cliente, com ou sem pagamento, porque configura que esse cliente aceitou o serviço e dele irá usufruir. E) O momento adequado é quando o ingresso foi apresentado na portaria do empreendimento, o que mostra que uma pessoa efetivamente usufruiu dos serviços oferecidos e teve uma experiência artística. Na prática O conceito de resultado não traz maiores dificuldades para as pessoas calcularem e interpretarem. Porém, ao mesmo tempo em que é um conceito muito simples, fatores geralmente envolvidos na rotina de um empreendedor ou comerciante, como a necessidade de ganhar dinheiro, a dificuldade em conseguir um cliente e o próprio ímpeto positivo de sucesso e entusiasmo, podem levar os comerciantes à falta de cuidado para formar preços e realizar seus contratos e compromissos. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/5c45134f-adf5-4df8-a4ce-b932477939f9/73ebbe5f-40ed-446e-828b-21369a51674a.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Revogação da Resolução no 750/1993: contexto e considerações Neste texto alguns dos principais mestres de contabilidade comentam a revogação da resolução 750/93. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Princípios e Convenções da Contabilidade Neste link, você poderá se aprofundar sobre como eram os princípios e convenções aplicados a contabilidade antes da conversão às normas internacionais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Regime de Competência ou Regime de Caixa: o que você precisa saber para a tomada de decisão Leia aqui sobre o que você precisa saber para a tomada de decisão Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://cfc.org.br/noticias/revogacao-da-resolucao-no-7501993-contexto-e-consideracoes/ http://www.contabeis.com.br/artigos/1109/principios-e-convencoes-da-contabilidade/ https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/regime-de-competencia/#:~:text=No%20Regime%20de%20Compet%C3%AAncia%2C%20a,cada%20m%C3%AAs%20o%20valor%20recebido. O que é regime de caixa e regime de competência? Este vídeo abordará de forma resumida regime de competência e de caixa. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.youtube.com/embed/FlKvaZDH6KY