Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

Concepção e Formação
do Ser Humano
Thais M. Souto
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
PROBLEMA 1 
SISTEMAS REPRODUTORES FEMININOS E 
MASCULINO 
➔ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR 
MASCULINO 
TESTÍCULOS 
Os testículos são conhecidos como as gônadas 
sexuais masculinas. Consiste em um par de 
glândulas reprodutivas, de formato ovoide, 
responsável por produzir os espermatozóides e 
hormônios masculinos, como a testosterona. 
São glândulas que ficam suspensas no escroto, 
seguras pelos funículos espermáticos. Geralmente o 
testículo esquerdo encontra-se em posição mais 
baixa do que o direito. 
Cada testículo é circundado parcialmente pela 
túnica vaginal, que consiste em um saco peritoneal 
fechado, remanescente da parte distal cega do 
processo vaginal embrionário. 
Além disso, eles possuem uma face externa fibrosa 
e resistente, chamada de túnica albugínea, que se 
espessa em uma crista sobre a face interna posterior 
do testículo como o mediastino testicular. 
EPIDÍDIMO 
O epidídimo consiste em uma estrutura alongada 
localizada na face posterior do testículo. é formado 
por minúsculas alças (ou ductos) extremamente 
compactado. Os espermatozoides recentes 
sintetizados pelo testículo chegam ao epidídimo 
através dos ductos eferentes e desaguam na cabeça 
do epidídimo, de onde seguem curso lento e 
progressivo ductal em direção ao corpo e por fim a 
cauda. 
Nesse trajeto, os espermatozoides são 
armazenados e amadurecem, até serem expelidos 
da cauda do epidídimo para o ducto deferente. 
 
DUCTO DEFERENTE 
O ducto deferente é a continuação do ducto do 
epidídimo, a porção final por onde são liberados os 
espermatozoides maduros que estavam 
armazenados. O ducto deferente tem paredes 
musculares relativamente espessas e um lúmen 
muito pequeno, o que confere a ele firmeza 
semelhante à de um cordão. 
Ascende posteriormente ao testículo e medialmente 
ao epidídimo, sendo o principal componente do 
funículo espermático (junto com vasos e nervos). 
Penetra a parede abdominal anterior através do 
canal inguinal e cruza sobre os vasos ilíacos 
externos, ao adentrar a pelve. 
Em seu trajeto, segue ao longo da parede lateral da 
pelve, onde se situa externamente ao peritônio 
parietal e termina dilatando-se na ampola do ducto 
deferente, antes de se unir ao ducto da glândula 
seminal para formar o ducto ejaculatório. 
 
GLÂNDULAS SEMINAIS 
O ser humano possui um par de glândulas seminais. 
São estruturas alongadas (tem cerca de 5 cm de 
comprimento, algumas vezes bem mais curta) 
situada entre o fundo da bexiga e o reto. Encontram-
se em posição oblíqua superiormente à próstata e 
não armazenam espermatozoides. 
São responsáveis por secretar um líquido alcalino 
espesso com frutose (futura fonte de energia para os 
espermatozoides) e um agente coagulante que se 
mistura aos espermatozoides no seu trajeto para os 
ductos ejaculatórios e a uretra. Seu ducto une-se ao 
ducto deferente para formar o ducto ejaculatório. 
DUCTOS EJACULATÓRIOS 
Ducto curto (aproximadamente 2,5cm), de paredes 
delgadas que se origina no colo da bexiga e 
atravessa a parte posterior da próstata. Embora 
atravessem a porção glandular da próstata, seguem 
sem contato com a secreção produzida nesta 
glândula, mantendo o líquido seminal inalterado em 
todo percurso até seu término, na porção prostática 
da uretra. 
PRÓSTATA 
A próstata tem aproximadamente 3 cm de 
comprimento e é a maior glândula acessória do 
sistema genital masculino. Apresenta consistência 
firme, do tamanho de uma noz e circunda a parte 
prostática da uretra. 
Sua porção glandular representa cerca de dois 
terços do órgão, sendo o outro terço de característica 
fibromuscular. É firmemente revestida por uma 
cápsula fibrosa, densa e neurovascular, que 
incorpora os plexos prostáticos de veias e nervos. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
Tudo isso é circundado pela fáscia visceral da pelve, 
que forma uma bainha prostática fibrosa. 
A próstata divide-se em lobos direito e esquerdo, 
separados anteriormente pelo istmo e 
posteriormente por um sulco longitudinal central e 
pouco profundo. Além disso, possui cerca de 30 
ductos que se abrem nos seios prostáticos, na parte 
prostática da uretra. 
O líquido prostático é fino e leitoso, representa 
aproximadamente 20% do volume do sêmen (uma 
mistura de secreções produzidas pelos testículos, 
glândulas seminais, próstata e glândulas 
bulbouretrais que constitui o veículo no qual os 
espermatozoides são transportados) e participa 
intrinsecamente da ativação dos espermatozoides. 
 
GLÂNDULAS BULBOURETRAIS 
Também podem ser chamadas de glândulas de 
Cowper e tem o tamanho de uma ervilha cada. Ficam 
localizadas posterolateralmente à parte 
membranácea da uretra. 
São glândulas exócrinas que liberam uma secreção 
mucosa na uretra, durante a excitação sexual como 
forma de limpar e lubrificar a uretra, por onde os 
espermatozoides passarão. 
URETRA 
A uretra masculina é um tubo muscular que mede 18 
a 22cm e que conduz urina do óstio interno da uretra 
na bexiga urinária até o óstio externo da uretra, 
localizado na extremidade da glande do pênis em 
homens. Como mencionado, a uretra também é a via 
de saída do sêmen durante a ejaculação. Para fins 
descritivos, a uretra é dividida em quatro partes: 
1. Intramural (0,5 a 1,5cm): localiza entre a 
camada muscular lisa da bexiga; 
2. Prostática (3 a 4cm): atravessa essa 
glândula e possui a crista uretral, via de saída 
do colículo seminal, através dos quais as 
secreções prostáticas juntam-se ao líquido 
seminal e aos espermatozoides. É o ponto 
anatômico onde o sistema urinário e sexual 
se interseccionam. 
3. Membranácea (1 a 1,5cm): porção estreita e 
menos distensível. 
4. Esponjosa (15 cm): porção mais longa, 
móvel e dilatada da uretra. Atravessa o corpo 
esponjoso do pênis e recebe conteúdo das 
glândulas bulbouretrais. Alarga-se na fossa 
navicular (localizada na glande do pênis) 
PÊNIS 
Consiste no órgão mascuilino responsável pela 
cópula. É atravessado pela uretra e fornece via de 
saída comum para a urina e para o sêmen. 
É formado por três corpos cilíndricos de tecido erétil: 
dois corpos cavernosos (dorsalmente) e um corpo 
esponjoso (ventralmente). 
 
ESCROTO 
Consiste em um saco fibromuscular, revestido por 
tecido cutâneo fino que reveste e protege os 
testículos e as estruturas a ele associadas. Localiza-
se posteroinferiormente ao pênis e abaixo da sínfise 
púbica. 
Mantém uma rafe mediana que remonta a formação 
embrionária bilateral, sendo contínua com a rafe do 
pênis e a rafe do períneo. 
 
ANATOMIA DO APARELHO REPRODUTOR 
FEMININO 
Os órgãos genitais internos femininos e a parte 
terminal dos sistemas urinário e digestivo estão 
localizados na cavidade osteomuscular e fascial, 
chamada de bacia ou pelve. 
ÚTERO, TUBAS UTERINAS E OVÁRIOS 
 
→O útero é um órgão muscular com formato de pera 
e paredes espessas, medindo 7 a 8 cm de 
comprimento, 5 a 7 cm de largura na sua porção 
superior, e 2 a 3 cm de espessura da parede. Ele é 
formado por duas porções principais: o corpo, que 
compreende os dois terços superiores, e o colo, o 
terço inferior com aspecto cilíndrico. O corpo do 
útero estreita-se desde o fundo, a porção superior 
arredondada do corpo, até o istmo, a região estreita 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
de 1 cm de comprimento entre o corpo e o colo. O 
colo do útero é a porção terminal vaginal, de formato 
cilíndrico. O lúmen do colo, o canal do colo uterino, 
possui uma abertura estreita em cada extremidade. 
O óstio interno comunica-se com a cavidade do 
corpo uterino, o óstio externo comunica-se com a 
vagina. 
As paredes do corpo do útero são constituídas por 
três camadas: 
• O perimétrio; a fina camada externa. 
• O miométrio; a espessa camada de músculo liso. 
• O endométrio; a fina camada interna. 
O perimétrio é uma camada peritoneal firmemente 
aderida ao miométrio. Durante a faselútea 
(secretora) do ciclo menstrual, distinguem-se, 
microscopicamente, três camadas do endométrio. 
• Uma fina camada compacta formada de tecido 
conjuntivo disposto densamente em torno dos colos 
das glândulas uterinas. 
• Uma espessa camada esponjosa composta de 
tecido conjuntivo edematoso (com grande 
quantidade de fluido), formada pelas porções 
tortuosas e dilatadas das glândulas uterinas. 
• Uma delgada camada basal, formada pelo fundo 
cego das glândulas uterinas. 
 
No pico do desenvolvimento, o endométrio tem 4 a 5 
mm de espessura. A camada basal do endométrio 
possui seu próprio suprimento sanguíneo e não se 
desintegra durante a menstruação. As camadas 
compacta e esponjosa, conhecidas coletivamente 
como camada funcional, desintegram-se e 
descamam durante a menstruação e após o parto. 
 
TUBAS UTERINAS 
As tubas uterinas, com aproximadamente 10 cm de 
comprimento e 1 cm de diâmetro, estendem-se 
lateralmente a partir dos cornos uterinos. Cada tuba 
se abre na sua porção distal dentro da cavidade 
peritoneal. Para fins descritivos, a tuba uterina é 
dividida em quatro porções: infundíbulo, ampola, 
istmo e porção uterina. Uma das tubas conduz um 
oócito de um dos ovários; as tubas também 
conduzem os espermatozoides que entram pelo 
útero para alcançar o local de fecundação, na 
ampola (Figs. 2-6B e 2-20). A tuba uterina também 
conduz o zigoto em clivagem para a cavidade 
uterina. 
 
OVÁRIOS 
Os ovários são glândulas reprodutivas em formato 
de amêndoa, localizados próximos às paredes 
pélvicas laterais, de cada lado do útero. Os ovários 
produzem os oócitos; estrogênio e progesterona, os 
hormônios responsáveis pelo desenvolvimento das 
características sexuais secundárias e pela regulação 
da gestação. 
 
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO 
PUBERAL NA ADOLESCENCIA 
A puberdade é um período da adolescência 
que se caracteriza pelas mudanças biológicas que 
ocorrem nessa fase da vida. Com duração de cerca 
de dois a quatro anos, ela é marcada por: 
crescimento esquelético linear; alteração da 
forma e composição corporal; desenvolvimento 
de órgãos e sistemas e desenvolvimento de 
gônadas e caracteres sexuais secundários. 
A adolescência compreende a faixa etária 
situada entre os dez e vinte anos incompletos, 
segundo a Organização Mundial de Saúde, e se 
constitui como uma fase crítica do processo de 
crescimento e desenvolvimento humano, marcada 
por numerosas transformações relacionadas aos 
aspectos físicos, psíquicos e sociais do 
indivíduo. 
Sabe-se que a ativação puberal, se inicia 
após a reativação de neurônios hipotalâmicos, que 
secretam, de uma maneira pulsátil bastante 
específica, o hormônio liberador de 
gonadotrofinas (GnRH). A secreção desse resulta 
na consequente liberação também pulsátil dos 
hormônios luteinizante (LH) e folículo-
estimulante (FSH) pela glândula hipófise. Isso 
ocorre inicialmente durante o sono e, mais tarde, 
estabelece-se em ciclo circadiano. 
Fatores climáticos, socioeconômicos, 
hormonais, psicossociais e, sobretudo, nutricionais 
são alguns dos interferentes do processo de 
crescimento e desenvolvimento. Nas pessoas com 
menor nível socioeconômico o desenvolvimento 
sexual é mais tardio. 
 
CRESCIMENTO ESQUÉLETICO LINEAR 
Se faz necessária a analise da curva de 
velocidade de crescimento. Nessa fase da vida, o 
adolescente apresenta grande aquisição pôndero-
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
estatural, ganhando cerca de 50% do seu peso 
adulto e 20% de sua estatura final. 
A observação da curva de velocidade de 
crescimento permite a identificação de três 
momentos fundamentais do crescimento humano: 
• FASE 1- Lactância 
• FASE 2 – Infância propriamente dita 
• FASE 3 – Puberdade 
O estirão de crescimento ou estirão puberal é 
composto, portanto, pelo período de aceleração da 
velocidade de crescimento (VC), até atingir um valor 
de pico (PVC), e subsequente desaceleração até 
o término do crescimento. O PVC no sexo 
masculino pode chegar a valores de 10-12 
cm/ano e, no sexo feminino, de 8-10 cm/ano; 
 
ALTERAÇÃO DA FORMA E DA COMPOSIÇÃO 
CORPORAL 
A forma do corpo de um bebê ou de uma 
criança não permite a diferenciação masculino/ 
feminino, aspecto que se torna nítido durante a 
puberdade. O depósito de gordura nas meninas 
ocorre principalmente na região das mamas e 
dos quadris, e confere um aspecto característico 
do corpo feminino. Nos homens, o crescimento 
do diâmetro biacromial (entre ombros), conferindo 
relação biacromial/bi-ilíaco elevada, associado ao 
desenvolvimento muscular na região da cintura 
escapular, define a forma masculina. 
 
DESENVOLVIMENTO DE TODOS OS ÓRGÃOS 
E SISTEMAS 
Com exceção do tecido linfoide, que 
apresenta involução progressiva a partir da 
adolescência, e do tecido nervoso (praticamente 
com todo o seu crescimento já estabelecido), 
todos os órgãos e sistemas se desenvolvem 
durante a puberdade, sobretudo os sistemas 
cardiocirculatório e respiratório. 
 
DESENVOLVIMENTO GONADAL E DAS 
CARACTERÍSTICAS SEXUAIS SECUNDÁRIAS 
Nota-se a influência de fatores hereditários 
nos eventos puberais, sobretudo no tocante à 
variabilidade de tais fenômenos e à sua 
magnitude, a exemplo das características de 
pilosidade, tamanho das mamas e idade de 
ocorrência da primeira menstruação (menarca). 
No sexo feminino se inicia sempre antes as 
modificações. 
A primeira manifestação puberal nas 
meninas é o desenvolvimento do broto ou 
botão mamário, fenômeno denominado de 
TELARCA. No sexo masculino, o início clínico da 
puberdade é marcado pelo aumento do volume 
testicular, ao atingir quatro centímetros cúbicos 
(mililitros), o que é raramente percebido pelo próprio 
adolescente. O desenvolvimento gonadal é 
marcante nesse período e culmina com o 
desenvolvimento da capacidade reprodutiva 
completa do adolescente. 
A sequência do desenvolvimento das 
características sexuais secundárias no adolescente 
foi sistematizada por Tanner, em 1962. 
Considerando-se o desenvolvimento mamário (M) e 
a pilosidade pubiana (P) para o sexo feminino, e 
o desenvolvimento da genitália externa (G) e da 
pilosidade pubiana (P) para o sexo masculino. 
 
DESENVOLVIMENTO MAMÁRIO – SEXO 
FEMININO 
M1 - Mama infantil, com elevação somente da papila. 
M2 - Broto mamário. Forma-se uma saliência pela 
elevação da aréola e da papila. O diâmetro da aréola 
aumenta e há modificação na sua textura. Há 
pequeno desenvolvimento glandular subareolar. 
M3 - Maior aumento da mama e da aréola, sem 
separação dos seus contornos. O tecido mamário 
extrapola os limites da aréola. 
M4 - Maior crescimento da mama e da aréola, 
sendo que esta forma uma segunda saliência 
acima do contorno da mama (duplo 
contorno). 
M5 - Mama de aspecto adulto, em que o contorno 
areolar novamente é incorporado ao contorno da 
mama. 
DESENVOLVIMENTO GENITAL – SEXO 
MASCULINO 
G1 - Testículos, escroto e pênis de tamanho e 
proporções infantis. 
G2 - Aumento inicial do volume testicular (3-4 ml). 
Pele do escroto muda de textura e torna-se 
avermelhada. Aumento do pênis pequeno ou 
ausente. 
G3 - Crescimento do pênis em comprimento. Maior 
aumento dos testículos e do escroto. 
G4 - Aumento do pênis, principalmente em diâmetro 
e desenvolvimento da glande. Maior crescimento de 
testículos e escroto, cuja 
pele torna-se mais enrugada e pigmentada. 
G5 - Desenvolvimento completo da genitália, que 
assume características adultas. 
PILOSIDADE PUBIANA – SEXOS FEMININO E 
MASCULINO 
P1 - Ausência de pelos pubianos. Pode haver uma 
leve penugem, semelhante à observada na parede 
abdominal. 
P2 - Aparecimento de pelos longos e finos, 
levemente pigmentados, lisos ou pouco 
encaracolados, ao longo dos grandes lábios e na 
base do pênis. 
Concepção e Formaçãodo Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
P3 - Maior quantidade de pelos, agora mais grossos, 
escuros e encaracolados, espalhando-se 
esparsamente na região pubiana. 
P4 - Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente 
a região pubiana, mas sem atingir a face interna das 
coxas. 
P5 - Pilosidade pubiana igual à do adulto, em 
quantidade e distribuição, invadindo a face interna 
da coxa. 
Obs. Algumas pessoas apresentam extensão dos 
pelos pela linha alba, acima da região pubiana, 
constituindo-se o estágio P6. 
 
 
 
GAMETOGÊNESE 
A gametogênese (formação dos gametas) é 
o processo de formação e desenvolvimento das 
células germinativas especializadas, os gametas 
(oócitos/espermatozoides) a partir de células 
precursoras bipotentes. Esse processo, que envolve 
os cromossomos e o citoplasma dos gametas, 
prepara essas células para a fecundação. Um 
cromossomo é definido pela presença de um 
centrômero, uma constrição de uma porção do 
cromossomo. Antes da replicação do DNA na fase S 
do ciclo celular, os cromossomos existem como 
cromossomos de cromátide única. Uma cromátide 
consiste em filamentos paralelos de DNA. Após a 
replicação do DNA, os cromossomos tornam-se 
cromossomos de cromátides duplas. 
 
→GAMETOGÊNESE NORMAL: conversão de 
células germinativas em gametas (células sexuais). 
Os esquemas comparam a espermatogênese e a 
oogênese. Note que: (1) Após duas divisões 
meióticas, o número diploide de cromossomos, 46, é 
reduzido a número haploide, 23. (2) Quatro 
espermatozoides se formam a partir de um 
espermatócito primário, enquanto apenas um oócito 
maduro resulta da maturação de um oócito primário. 
(3) O citoplasma é conservado durante a oogênese 
para formar uma célula grande, o oócito maduro. Os 
corpos polares são células pequenas não funcionais 
que se degeneram. 
 
 
→"Tanto a espermatogênese quanto a ovogênese 
envolvem processos de mitose e meiose 
(processos de divisão celular). 
→A meiose, processo que reduz a quantidade de 
material genético, é fundamental para a manutenção 
da quantidade adequada de cromossomos da 
espécie. 
 
 
MEIOSE 
• Possibilita a constância do número cromossômico 
de geração a geração pela redução do número 
cromossômico de diploide para haploide, 
produzindo, assim, gametas haploides. 
• Permite o arranjo aleatório dos cromossomos 
materno e paterno entre os gametas. 
• Reposiciona os segmentos dos cromossomos 
materno e paterno, por meio de cruzamento de 
segmentos cromossômicos, que “embaralham” os 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
genes, produzindo a recombinação do material 
genético. 
 
→GAMETOGENESE ANORMAL: Distúrbios da 
meiose durante a gametogênese, tais como a não 
disjunção, resultam na formação de gametas 
anormais cromossomicamente. Se envolvidos na 
fecundação, esses gametas com anormalidades 
cromossômicas numéricas causam um 
desenvolvimento anormal, como ocorre em crianças 
com a síndrome de Down. 
 
ESPERMATOGÊNESE 
A espermatogênese é a sequência de eventos pelos 
quais as espermatogônias (células germinativas 
primordiais) são transformadas em 
espermatozoides maduros; esse processo começa 
na puberdade. 
As espermatogônias permanecem quiescentes nos 
túbulos seminíferos dos testículos durante os 
períodos fetal e pós-natal. Elas aumentam em 
número durante a puberdade. Após várias divisões 
mitóticas, as espermatogônias crescem e sofrem 
modificações. As espermatogônias são 
transformadas em espermatócitos primários, as 
maiores células germinativas nos túbulos 
seminíferos dos testículos. 
Cada espermatócito primário sofre, em seguida, uma 
divisão reducional – a primeira divisão meiótica – 
para formar dois espermatócitos secundários 
haploides, que possuem aproximadamente metade 
do tamanho do espermatócito primário. Em seguida, 
os espermatócitos secundários sofrem a segunda 
divisão meiótica para formar quatro espermátides 
haploides, que são aproximadamente a metade do 
tamanho dos espermatócitos secundários. 
As espermátides (células em estágio avançado de 
desenvolvimento) são transformadas gradualmente 
em quatro espermatozoides maduros pelo 
processo conhecido como espermiogênese. O 
processo completo, incluindo a espermiogênese, 
demora cerca de dois meses para acontecer. 
→Quando a espermiogênese é completada, os 
espermatozoides entram na luz dos túbulos 
seminíferos. 
➔As células de Sertoli revestem os túbulos 
seminíferos, sustentam e participam da nutrição das 
células germinativas (espermatozoides/oócito) e 
estão envolvidas na regulação da espermatogênese. 
Os espermatozoides são transportados 
passivamente dos túbulos seminíferos para o 
epidídimo, onde são armazenados e tornam-se 
funcionalmente maduros durante a puberdade. O 
epidídimo é um ducto longo e espiralado. No 
seguimento do epidídimo vem o ducto deferente, que 
transporta os espermatozoides para a uretra. 
Os espermatozoides maduros são células 
ativamente móveis, que nadam livremente, 
constituídos por uma cabeça e uma cauda. O colo do 
espermatozoide é a junção entre a cabeça e a 
cauda. A cabeça do espermatozoide forma a 
maior parte dele e, é onde se localiza o núcleo. 
Os dois terços anteriores da cabeça são cobertos 
pelo ACROSSOMA, uma organela sacular em 
forma de capuz que contém várias enzimas. 
Quando liberadas, as enzimas facilitam a 
dispersão das células foliculares da corona 
radiata e a penetração do espermatozoide na 
zona pelúcida durante a fecundação. 
➔A cauda do espermatozoide consiste em três 
segmentos: a peça intermediária, a peça principal e 
a peça terminal. 
→A peça intermediária da cauda contém 
mitocôndrias que fornecem o trifosfato de 
adenosina (ATP), necessário para fornecer energia 
requerida para a motilidade do espermatozoide. 
 
 
 
 
OOGÊNESE 
A oogênese é a sequência de eventos pelos quais 
as oogônias (células germinativas primordiais) são 
transformadas em oócitos maduros. Todas as 
oogônias se desenvolvem em oócitos primários 
antes do nascimento; nenhuma oogônia se 
desenvolve após o nascimento. A oogênese 
continua até a menopausa, que é a interrupção 
permanente do ciclo menstrual. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
MATURAÇÃO PRÉ-NATAL DOS OÓCITOS 
Durante a vida fetal inicial, as oogônias proliferam 
por mitose (duplicação das células), um tipo especial 
de divisão celular. As oogônias (células sexuais 
primordiais) crescem e se tornam os oócitos 
primários antes do nascimento; por essa razão. 
Assim que o oócito primário se forma, células do 
tecido conjuntivo o circundam e formam uma única 
camada de células achatadas, as células 
foliculares. O oócito primário circundado por essa 
camada de células foliculares, constitui o folículo 
primário. Conforme o oócito primário cresce durante 
a puberdade, as células foliculares se tornam 
cúbicas e depois cilíndricas, formando, assim, o 
folículo primário. O oócito primário é logo envolvido 
por um material glicoproteico acelular e amorfo, a 
zona pelúcida. A microscopia eletrônica de 
varredura da superfície da zona pelúcida revela um 
aspecto regular de trama com fenestrações 
intrincadas. Os oócitos primários iniciam a primeira 
divisão meiótica antes do nascimento, mas o término 
da prófase não ocorre até a adolescência 
(começando com a puberdade). As células 
foliculares que envolvem o oócito primário secretam 
uma substância, conhecida como inibidor da 
maturação do oócito, que mantém estacionado o 
processo meiótico do oócito. 
 
MATURAÇÃO PÓS-NATAL DOS OÓCITOS 
Esta etapa se inicia na puberdade, quando 
geralmente um folículo ovariano amadurece a cada 
mês e ocorre a ovulação (liberação do oócito do 
folículo ovariano), exceto quando contraceptivos 
orais são utilizados. A longa duração da primeira 
divisão meiótica (até 45 anos) pode ser responsável, 
em parte, pela alta frequência de erros meióticos, 
tais como a não disjunção (falha na separação das 
cromátides irmãs de um cromossomo), que ocorre 
com o aumento da idade materna. Os oócitos 
primáriosna prófase suspensa (dictióteno) são 
vulneráveis aos agentes ambientais como a 
radiação. Nenhum oócito primário se forma após o 
nascimento, o que contrasta com a produção 
contínua de espermatócitos primários. Os oócitos 
primários permanecem em repouso nos folículos 
ovarianos até a puberdade. Quando um folículo 
matura, o oócito primário aumenta de tamanho e, 
imediatamente, antes da ovulação, completa a 
primeira divisão meiótica para dar origem ao oócito 
secundário e ao primeiro corpo polar. 
Diferentemente do estágio correspondente na 
espermatogênese, a divisão do citoplasma é 
desigual. O oócito secundário recebe quase todo o 
citoplasma e o primeiro corpo polar recebe muito 
pouco. O corpo polar é uma célula minúscula 
destinada à degeneração. Na ovulação, o núcleo do 
oócito secundário inicia a segunda divisão meiótica, 
mas ela progride somente até a metáfase, quando a 
divisão é interrompida. Se um espermatozoide 
penetra o oócito secundário, a segunda divisão 
meiótica é completada, e a maior parte do citoplasma 
é novamente mantida em uma célula: o oócito 
fecundado. A outra célula, o segundo corpo polar, 
também é formada e irá se degenerar. Assim que os 
corpos polares são expelidos, a maturação do oócito 
está completa. Existem cerca de 2 milhões de 
oócitos primários nos ovários de uma menina recém-
nascida, mas a maioria deles se degeneram durante 
a infância, de modo que na adolescência restam não 
mais que 40.000 oócitos primários. Destes, somente 
cerca de 400 se tornam oócitos secundários e são 
liberados na ovulação durante o período reprodutivo. 
Somente alguns desses oócitos, se algum, tornam-
se maduros e são fecundados. O número de oócitos 
liberados é bastante reduzido em mulheres que 
tomam contraceptivos orais porque os hormônios 
contidos neles impedem a ovulação. 
 
→ A idade biológica materna considerada ideal para 
a reprodução é geralmente entre 18 e 35 anos. 
 
CICLOS REPRODUTIVOS FEMININOS 
Iniciando-se na puberdade (10 a 13 anos de idade), 
as mulheres passam por ciclos reprodutivos (ciclos 
sexuais), que envolvem a atividade do hipotálamo do 
encéfalo, da glândula hipófise, dos ovários, do útero, 
das tubas uterinas, da vagina e das glândulas 
mamárias. Esses ciclos mensais preparam o sistema 
genital para a gestação. O hormônio liberador de 
gonadotrofina é sintetizado pelas células 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
neurossecretoras do hipotálamo. Esse hormônio é 
transportado pela rede de capilares da circulação 
porta hipofisária (sistema porta hipofisário), para o 
lobo anterior da glândula hipófise. O hormônio 
estimula a liberação de dois hormônios hipofisários 
produzidos por essa glândula e que atuam nos 
ovários: 
• O hormônio folículo-estimulante (FSH) estimula o 
desenvolvimento dos folículos ovarianos e a 
produção de estrogênio pelas células foliculares. 
• O hormônio luteinizante (LH) age como um 
“disparador” da ovulação (liberação do oócito 
secundário) e estimula as células foliculares e o 
corpo lúteo a produzirem progesterona. 
• Esses hormônios também induzem o crescimento 
dos folículos ovarianos e do endométrio. 
 
 NO PERÍODO GERMINATIVO, NA 
ESPERMATOGÊNESE E NA OOGÊNESE, 
OCORREM APENAS MITOSES DE 
CÉLULAS DIPLOIDES! 
 PRIMEIRO SÃO DIPLOIDES E SE DIVIDEM 
EM HAPLOIDES E APÓS VOLTAM AO 
NÚMERO 46 DE CROMOSSOMOS 
DIPLOIDES! 
 Ao final de cada gametogêneses, cada 
oogônia gera um oocito e cada 
espermatogônia 4 espermátozoides. 
 
CICLO OVARIANO 
O FSH e o LH produzem mudanças cíclicas nos 
ovários – o ciclo ovariano – o desenvolvimento dos 
folículos, a ovulação (liberação de um oócito de um 
folículo maduro) e a formação do corpo lúteo. 
Durante cada ciclo, o FSH estimula o 
desenvolvimento de vários folículos primários em 5 
a 12 folículos primários; entretanto, somente um 
folículo primário normalmente chega ao estágio de 
folículo maduro e se rompe na superfície ovariana, 
expelindo seu oócito. 
 
DESENVOLVIMENTO FOLICULAR 
O desenvolvimento de um folículo ovariano 
caracterizado por: 
• Crescimento e diferenciação de um oócito 
primário. 
• Proliferação das células foliculares. 
• Formação da zona pelúcida. 
• Desenvolvimento das tecas foliculares. 
 
 
OVULAÇÃO 
Por volta da metade do ciclo ovariano, o folículo 
ovariano, sob influência do FSH e do LH, sofre um 
repentino surto de crescimento, produzindo uma 
dilatação cística ou uma saliência na superfície 
ovariana. Um pequeno ponto avascular, o estigma, 
logo aparece nessa saliência. Antes da ovulação, o 
oócito secundário e algumas células do cumulus 
oophorus se desprendem do interior do folículo 
distendido. A ovulação é disparada por uma onda de 
produção de LH. Normalmente, a ovulação acontece 
de 12 a 24 horas após o pico de LH. A elevação nos 
níveis de LH, induzida pela alta concentração de 
estrogênio no sangue, parece causar a tumefação 
do estigma, formando uma vesícula. O estigma logo 
se rompe expelindo o oócito secundário junto com o 
líquido folicular. A expulsão do oócito é o resultado 
da pressão intrafolicular e possivelmente da 
contração da musculatura lisa da teca externa 
(capsular), estimulada pelas prostaglandinas. 
O oócito secundário expelido está circundado pela 
zona pelúcida e uma ou mais camadas de células 
foliculares, organizadas radialmente como uma 
corona radiata, formando o complexo oócito-
cumulus. Os altos níveis de LH também parecem ser 
responsáveis por induzir o término da primeira 
divisão meiótica do oócito primário. Portanto, os 
folículos ovarianos maduros contêm oócitos 
secundários. A zona pelúcida é composta por três 
glicoproteínas (ZPA, ZPB, e ZPC), que normalmente 
formam uma rede de filamentos com múltiplos poros. 
A ligação do espermatozoide com a zona pelúcida 
(interação espermatozoide oócito) é um evento 
complexo e crítico durante a fecundação. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
CORPO LÚTEO 
Logo após a ovulação, as paredes do folículo 
ovariano e da teca folicular colapsam e se tornam 
pregueadas. Sob a influência do LH, elas formam 
uma estrutura glandular, o corpo lúteo, que secreta 
progesterona e alguma quantidade de estrogênio, o 
que leva as glândulas endometriais a secretarem e, 
assim, o endométrio se prepara para a implantação 
do blastocisto. Se o oócito é fecundado, o corpo lúteo 
cresce e forma o corpo lúteo gestacional e aumenta 
a produção de hormônios. A degeneração do corpo 
lúteo é impedida pela ação da gonadotrofina 
coriônica humana, um hormônio secretado pelo 
sinciciotrofoblasto do blastocisto. O corpo lúteo 
gestacional permanece funcionalmente ativo durante 
as primeiras 20 semanas de gestação. Nesse 
momento, a placenta assume a produção de 
estrogênio e de progesterona necessária para a 
manutenção da gestação. Se o oócito não é 
fecundado, o corpo lúteo involui e se degenera 10 a 
12 dias após a ovulação. Ele é, então, chamado 
corpo lúteo menstrual. O corpo lúteo, em seguida, se 
torna uma cicatriz branca no tecido ovariano, 
denominada corpo albicans. Os ciclos ovarianos 
cessam na menopausa, a suspensão permanente da 
menstruação devido à falência dos ovários. A 
menopausa normalmente ocorre entre os 48 e os 55 
anos de idade. As alterações endócrinas, somáticas 
(corporais) e psicológicas que ocorrem ao término do 
período reprodutivo são denominadas de 
climatéricas. 
 
CICLO MENSTRUAL 
O ciclo menstrual é o período durante o qual o oócito 
amadurece, é ovulado e entra na tuba uterina. Os 
hormônios produzidos pelos folículos ovarianos e 
pelos corpos lúteos (estrogênio e progesterona) 
produzem mudanças cíclicas no endométrio. Essas 
mudanças mensais na camada interna do útero 
constituem o ciclo endometrial, mais comumente 
chamado de ciclo (período) menstrual, porque a 
menstruação (fluxo sanguíneo do útero) é evidente. 
O endométrio é um “espelho” do ciclo ovariano 
porque ele responde de maneira consistente às 
flutuações de concentrações de hormônios 
gonadotróficos e ovarianos. O tempomédio do ciclo 
menstrual é de 28 dias, sendo o primeiro dia do ciclo 
determinado quando se inicia o fluxo menstrual. Os 
ciclos menstruais normalmente variam em extensão 
por vários dias. Em 90% das mulheres, a duração do 
ciclo varia entre 23 e 35 dias. Quase todas essas 
variações resultam de alterações na duração da fase 
proliferativa do ciclo menstrual. 
 
 
FASES DO CICLO MENSTRUAL 
As alterações nos níveis de estrogênio e 
progesterona causam mudanças cíclicas na 
estrutura do sistema genital feminino, notadamente 
no endométrio. O ciclo menstrual é um processo 
contínuo; cada fase passa gradualmente para a fase 
seguinte. 
FASE MENSTRUAL 
A camada funcional da parede uterina desintegra-se 
e é expelida no fluxo menstrual ou menstruação 
(sangramento mensal), que normalmente dura 4 a 5 
dias. O sangue descartado pela vagina está 
misturado a pequenos fragmentos de tecido 
endometrial. Após a menstruação, o endométrio 
erodido fica delgado. 
FASE PROLIFERATIVA 
Esta fase, que dura aproximadamente 9 dias, 
coincide com o crescimento dos folículos 
ovarianos e é controlada pelo estrogênio 
secretado pelos folículos. Nesta fase de reparo e 
proliferação ocorre um aumento de duas a três vezes 
na espessura do endométrio e no seu conteúdo de 
água. No início desta fase, a superfície do epitélio se 
refaz e recobre o endométrio. As glândulas 
aumentam em número e comprimento e as artérias 
espiraladas se alongam. 
FASE SECRETORA OU LÚTEA 
 A fase secretora ou fase lútea, dura 
aproximadamente 13 dias e coincide com a 
formação, o funcionamento e o crescimento do corpo 
lúteo. A progesterona produzida pelo corpo lúteo 
estimula o epitélio glandular a secretar um material 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
rico em glicogênio. As glândulas se tornam grandes, 
tortuosas e saculares, e o endométrio se espessa 
devido à influência da progesterona e do 
estrogênio produzidos pelo corpo lúteo e também 
por causa do aumento de fluido no tecido conjuntivo. 
Conforme as artérias espiraladas crescem na 
camada compacta superficial, elas se tornam mais 
tortuosas. A rede venosa torna-se mais complexa e 
ocorre o desenvolvimento de grandes lacunas 
(espaços venosos). As anastomoses arteriovenosas 
são características importantes desse estágio. Se a 
fecundação não ocorrer: 
• O corpo lúteo se degenera. 
• Os níveis de estrogênio e progesterona 
diminuem e o endométrio secretor entra na fase 
isquêmica. 
 • Ocorre a menstruação. 
FASE ISQUÊMICA 
 A fase isquêmica ocorre quando o oócito não é 
fecundado; as artérias espiraladas se contraem, 
dando ao endométrio uma aparência pálida. Essa 
constrição é resultado da diminuição da secreção 
de hormônios, principalmente a progesterona, 
devido à degradação do corpo lúteo. Além das 
alterações vasculares, a queda hormonal provoca a 
parada da secreção glandular, a perda de fluido 
intersticial e um importante adelgaçamento do 
endométrio. No fim da fase isquêmica, as artérias 
espiraladas se contraem por longos períodos, isso 
provoca estase venosa (congestão e diminuição da 
circulação venosa) e necrose isquêmica (morte) dos 
tecidos superficiais. Finalmente, ocorre a ruptura das 
paredes dos vasos lesionados e o sangue penetra o 
tecido conjuntivo adjacente. Pequenas lacunas de 
sangue se formam e se rompem na superfície 
endometrial, resultando em sangramento para a 
cavidade uterina e através da vagina. À medida que 
pequenos fragmentos de endométrio se destacam e 
caem dentro da cavidade uterina, as extremidades 
das artérias sangram para a cavidade, levando à 
perda de 20 a 80 mL de sangue. Por fim, 3 a 5 dias 
depois, toda a camada compacta e a maior parte da 
camada esponjosa do endométrio são eliminadas na 
menstruação. Os remanescentes das camadas 
esponjosa e basal permanecem para que se 
regenerem durante a fase proliferativa subsequente 
do endométrio. Torna-se óbvio, por meio das 
descrições anteriores, que a atividade hormonal 
cíclica do ovário está intimamente ligada às 
mudanças histológicas do endométrio. 
 
EIXO HIPOTÁLAMO HIPÓFISE GONADAL 
A maior parte do controle das funções sexuais 
começa com a secreção do hormônio liberador de 
gonadotrofina GnRH, pelo hipotálamo esse 
hormônio estimula a adeno-hipófise a secretar o 
hormônio luteinizante LH e o hormônio 
folículoestimulante FSH. 
O GnRH é secretado pelos neurónios cujo cujos 
corpos celulares estão localizados no núcleo 
arqueado do hipotálamo, essas terminações 
encontram-se na eminência mediana do 
hipotálamo e é liberado no sistema vascular portal 
hipotalâmico hipofisário. 
➔A testosterona apresenta mecanismo de 
feedback negativo sobre o hipotálamo 
diminuindo a secreção de GnRH, o que 
posteriormente diminui a secreção de LH e FSH 
pela hipófise. 
SISTEMA MASCULINO 
LH: estímulo primário para a secreção de 
testosterona pelos testículos em ponto, 
FSH: estimula a espermatogênese; 
Testosterona: aumento do tamanho do pênis, 
escroto e testículos, estimula os folículos pilosos e 
glândulas sebáceas, aumento da massa muscular, 
ampliam a laringe, mudança na voz, 
desenvolvimento fetal; 
A testosterona é secretada pela células de Leyding 
nos testículos, mas apenas quando estimuladas pelo 
LH; 
Assim sempre que a secreção de testosterona eleva 
se, existe o efeito automático de feedback negativo, 
esperando por meio do hipotálamo e da hipófise 
anterior, reduz a secreção de testosterona para os 
níveis desejados 
 
→O FSH liga-se aos receptores específicos as 
células de sertoli nos túbulos seminíferos que 
estimula o crescimento celular e a secreção de 
várias substâncias espermatogênicas; 
Simultaneamente, a testosterona difundida nas 
células de leydig nos espaços intersticiais também 
tem efeito trófico intenso na espermatogênese. 
→Quando os túbulos seminíferos deixam de produzir 
espermatozoides, a secreção de FSH pela adeno 
hipófise aumenta acentuadamente; 
A causa desse feedback negativo na hipófise 
anterior seja a secreção de INIBINA Pelas células 
de sertoli QUE tem ação de inibidor direto 
intenso na hipótese anterior. 
 A INIBINA produzida nas células de sertoli 
diminui a secreção de FSH pela hipófise 
anterior através de feedback negativo, 
regulando a espermatogênese e a 
secreção da testosterona; 
 
SISTEMA FEMININO 
Múltiplos centros neuronais no sistema límbico 
transmite sinais aos núcleos arqueados para 
modificar tanto a intensidade da liberação de gn RH 
quanto a frequência dos pulsos, oferecendo assim 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
uma explicação parcial para o fato de fatores 
psíquicos modificarem a função feminina sexual. 
Em pequenas quantidades o estrógenio tem forte 
efeito de inibir a produção de LH e FSH. 
Esses efeitos de feedback parecem operar 
basicamente na hipófise anterior de modo direto mas 
também esperam em menor extensão no 
hipotálamo, diminuindo a secreção de GnRH em 
especial alterando a frequência dos pulsos de 
GnRH. 
1- Secreção pós-ovulatória de estrogênio e 
progesterona e depressão de LH e FSH: 
entre a ovulação e o início da menstruação o 
corpo lúteo secreta aumento de 
progesterona e estrogênio e inibina, que 
ocasionan um feedback negativo causando 
supressão de LH e FSH cerca de 3 a 4 dias 
antes da menstruação reduzindo aos seus 
níveis mais baixos; 
2- Fase de crescimento folicular: após a 
menstruação, a secreção folicular de FSH 
começa novamente a aumentar em 
seguida após dias do início da menstruação 
a secreção de LH aumenta rapidamente; 
FSH e LH inicia um crescimento de novos 
folículos ovarianos atingindo um pico de 
estrogênio; Durante o crescimento folicular 
11-12 dias a secreção de FSH e LH cai 
ligeiramente devido ao feedback negativo 
especialmente do estrogênio; Em seguida há 
aumento de LH subitamente acentuado e em 
menor extensão de FSH; seria o pico pré-
ovulatório de LH e FSH que é seguido pela 
ovulação. 
3- Pico pré-ovulatório de LH e FSH causa a 
ovulação: após o pico pré-ovulatório o 
declínio da secreção de FSHe LH chega ao 
seu fim súbito; devido o aumento de 
estrogênio nesse momento há um efeito 
estimulador de feedback positivo na 
adenohipófise, levando ao grande pico de 
LH. 
-O grande excesso de LH leva a ovulação e ao 
desenvolvimento subsequente do corpo luta o 
quanto a sua secreção. 
 
ELUCIDAR SOBRE O PROCESSO DE 
FECUNDAÇÃO 
A fecundação normalmente ocorre na ampola da 
tuba uterina, embora ela possa ocorrer em outras 
partes desta tuba. Os oocitos (células germinativas 
femininas), junto com as células foliculares 
circundantes secretam sinais químicos que atraem e 
guiam os espermatozóides capacitados em direção 
ao oocito. 
No corpo do útero não ocorre fecundação. 
Sabe-se que a fecundação é um processo complexo 
que respeita a ocorrência de eventos sequenciais e 
coordenados inicialmente com o contato entre um 
espermatozóide e um óocito e termina com a mistura 
dos cromossomos maternos e paternos na metáfase 
da primeira divisão mitótica do zigoto, esse processo 
de fecundação dura 24 horas. 
Passagem do espermatozóide através da corona 
radiata → durante esse processo uma enzima tem 
um papel muito importante à hialuronidase liberada 
pela vesícula acrossômica do espermatozóide que 
tem como função causar dispersão das células 
foliculares da corona radiada. Além disso, algumas 
enzimas da mucosa da tuba uterina também 
parecem auxiliar nesse processo. Os movimentos da 
cauda do espermatozóide também são importantes 
durante a apresentação da corona. 
Penetração da zona Pelúcida→ a formação dessa 
passagem também é resultado da ação de enzimas 
acrossómica: acrosina, esterases e 
neuraminidase. A acrosina é a mais importante, 
mais sendo o principal responsável pela dissolução 
da zona pelúcida. 
Reação zonal →após a penetração do 
espermatozóide na zona pelúcida, ocorre alterações 
nas propriedades da zona pelúcida tornando-a 
impermeável a outros espermatozóides. Chamado 
assim reação zonal. 
Fusão das membranas plasmáticas do oocito e 
do espermatozoide→ essas membranas se fundem 
permitindo que a cabeça e a cauda do 
espermatozóide entre no citoplasma do oocito. A 
membrana celular espermática e as mitocôndrias 
ficam para trás. 
Término da segunda divisão meiótica do ovócito 
e formação do pronúcleo feminino→ após a 
penetração do espermatozoide o ovócito é ativado e 
termina a segunda divisão meiótica, formando oocito 
maduro e um segundo corpo polar. Dando segmento 
os cromossomos maternos são descondensados e o 
núcleo do oocito se torna o pronúcleo feminino. 
Formação do pronúcleo masculino→ o núcleo do 
espermatozóide dentro do citoplasma do oocito, 
aumenta seu tamanho para formar o pronúcleo 
masculino. A cauda do espermatozoide é 
degenerada nessa fase. 
Durante o crescimento dos pronúcleos eles replicam 
seu DNA haploide com 2 cromátides, neste contexto 
o oocito contendo 2 pronúcleos haplóides é 
denominado oótide. 
Fusão dos pró núcleos→ quando esse evento 
acontece forma-se um único agregado diplóide de 
cromossomos e a oótide se torna um zigoto os 
cromossomos se organizam em um fuso de 
clivagem, em preparação para as divisões futuras. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
→O sexo cromossômico do embrião é determinado 
na hora da fecundação e depende do tipo do 
espermatozóide que fecunda oócito. O 
espermatozóide que carrega o cromossomo x do 
zigoto XX -feminino mas quando é um cromossomo 
y reproduz um zigoto XY -masculino. 
 
FECUNDAÇÃO: 
• Estimula oócito a completar a segunda 
divisão meiótica; 
• Restaurar o número diplóide normal dos 
cromossomos 46 no ZIGOTO; 
• Resulta na variação da espécie humana; 
• Determina o sexo cromossômico do embrião; 
• Causa ativação metabólica da oótide de 
inicia clivagem do zigoto; 
 
Tecnologia de reprodução assistida→ a 
fertilização in vitro FIV de oócitos e a transferência 
de zigoto em clivagem para o útero oferece uma 
oportunidade para mulheres estéreis da à luz. 
 
 
SEGMENTAÇÃO 
O zigoto formado sofrerá divisões mitóticas 
repetidas, resultando em um aumento rápido do 
número de células -blastômeros. A clivagem ocorre 
conforme o zigoto passa pela tuba uterina e as 
células vão se tornando menores a cada divisão. 
A divisão do zigoto em blastômeros se inicia 
aproximadamente 30 horas após a fecundação após 
atingirem o número de 8 células, ocorrem mudanças 
na forma dos blastômeros, sendo agrupadas uns aos 
outros para formar uma bola compacta de células. 
Esse fenômeno é conhecido como compactação, é 
mediado por glicoproteínas de adesão de superfície 
celular. 
Sabe se que a compactação é um evento necessário 
para que ocorra a separação das células internas, 
que formam o embrioblasto uma massa interna do 
blastócisto. 
Quando a divisão chega a 12 -32 blastômeros o 
embrião em desenvolvimento é chamado de mórula. 
A formação da mórula se inicia cerca de 3 dias após 
a fecundação e é nesse estágio que o embrião chega 
ao útero. 
 
Formação do blastócito→ após a mórula alcançar 
a cavidade uterina, cerca de 4 dias após a 
fecundação, surge no seu interior um espaço 
preenchido por líquido, a cavidade blastocistica. 
Esse líquido é proveniente da cavidade uterina, 
passando pela zona pelúcida para formar esse 
espaço. Observa-se a importância desse líquido pois 
conforme ele aumenta na cavidade blastocistica, há 
a separação do blastômeros em 2 partes 
(trofoblasto e embrioblasto ). 
Uma proteína imunossupressora secretária pelas 
células trofoblásticas, o fator de gestação inicial, 
aparece no soro materno com 24 48 horas após a 
implantação ponto sendo esse fator, a base do teste 
de gravidez nos primeiros dias de desenvolvimento 
bom 
Durante este estágio de desenvolvimento, conhecido 
como blastogênese, o concepto é chamado de 
blastocisto. diante disso após 2 dias da formação 
do blastócisto a zona pelúcida é degenerada e 
desaparece gradualmente .Cerca de 6 dias após a 
fecundação o blastócisto se adere ao epitélio 
endometrial, quando o trofoblasto se prolífera 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
rapidamente e se diferencia em 2 camadas interna- 
citotrofoblasto e externa- sincíciotrofoblasto. 
 
EXPLICAR OS TIPOS DE METODOS 
CONTRACEPTIVOS E SUAS INDICAÇÕES E 
CONTRA INDICAÇÕES 
A anticoncepção é um conjunto de métodos e 
técnicas utilizadas com o intuito de impedir a 
gravidez. A partir da década de 1996 pela Lei n. 
9263, o planejamento familiar foi oficialmente 
empregado no Brasil. O planejamento familiar 
corresponde ao recurso que permite ao casal a 
decisão do número de filhos e intervalo entre as 
gestações que desejam, de maneira programada e 
consciente. 
A maioria desses métodos são oferecidos pelo- 
Sistema Único de Saúde (SUS), difundindo assim o 
emprego planejamento familiar. Os métodos 
contraceptivos podem ser agrupados de diferentes 
maneiras, como o tipo de método, o potencial de 
reversibilidade e de acordo com a sua efetividade. 
Quando se considera a efetividade do método, 
podemos dividi-lo em: 
• métodos de primeira linha que são mais 
efetivos, no qual não é necessário a 
motivação de uso pela paciente; 
• métodos de segunda linha, muito efetivos, no 
qual precisam de atenção da paciente em 
relação ao uso correto; 
• métodos de terceira linha que são efetivos e 
incluem os métodos de barreira e percepção 
das mudanças corporais; 
• e os métodos de quarta linha que são menos 
efetivos, onde se encontram os espermicidas 
e o coito interrompido. 
 
METODOS COMPORTAMENTAIS 
São eles: 
• Tabelinha (OGINO-KNAUS) 
• Temperatura basal 
• Billings (muco cervical) 
• Sinto térmico 
• Coito interrompido 
 
 
 
CRITERIOS DE ELEGIBILIDADE- OMS 
 
 
MÉTODOS DE BARREIRA 
São métodos que formam uma barreira entre os 
espermatozoides e a cavidade uterina, impedindo a 
fecundação. O nível de eficiência desses métodos 
varia entre 2 a 6%, a depender se seu uso é correto. 
Todos os métodos de barreira, além do efeito 
contraceptivo, também reduzem a transmissão de 
ISTs.PRESERVATIVOS (CAMISINHA) 
Dentre os métodos de barreira os preservativos são 
os mais utilizados. Existem preservativos masculinos 
e femininos que podem ser feitos de látex ou 
poliuretrano. Sua taxa de falha geralmente está 
ligada ao uso incorreto. Além do efeito contra-
ceptivo, é o método mais eficaz de prevenção de 
ISTs. Além disso, está associado a redução de 
neoplasias do colo do útero pela diminuição da 
transmissão do papilomavírus humano (HPV). Por 
isso, é indicado o seu uso em associação com outros 
métodos. O preservativo feminino é feito de 
poliuretano ou látex sintético e tem um anel flexível 
em cada extremidade. O anel aberto fica fora do 
canal vaginal e o anel fechado interno é colocado no 
espaço entre a sínfise e o colo uterino. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
DIAFRAGMA 
O diafragma é um disco de borracha ou látex, 
colocado na vagina, recobrindo colo do útero para 
impedir a entrada de espermatozoides. Possui vários 
tamanhos, por isso, antes do início do uso, é 
necessária uma consulta com o ginecologista para 
ser indicado o tamanho mais adequado para a 
paciente. 
 
 
ESPERMICIDA 
Os espermicidas são substâncias em forma de 
tabletes de espuma, geleia ou creme que provocam 
a ruptura da membrana das células dos 
espermatozoides matando-os ou retardando sua 
passagem pelo canal cervical. É recomendado o seu 
uso apenas em associação com outros métodos 
contraceptivos, como o diafragma. No entanto, não 
deve ser usada com preservativos masculinos, pois 
pode aumentar o risco de contaminação pelo vírus 
da imunodeficiência humana (HIV). 
 
DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIUS) 
Os DIUs, junto com o implante de etonogestrel, faz 
parte dos LARCs (Long acting reversible 
contraceptives) que são os contraceptivos de 
longa duração. Consistem em um objeto de formato 
variável que é inserido na cavidade uterina. Eles são 
amplamente difundidos como métodos 
contraceptivos reversíveis, possuem pequenas axas 
de falha e descontinuidade, poucas contraindicações 
e têm um ótimo custo-benefício. No Brasil, os dois 
DIUs utilizados são o dispositivo intrauterino de 
cobre (DIU-Cu) e o sistema intrauterino liberador 
de levonogestrel (SIU de levonogestrel). 
 
DIU DE COBRE 
O DIU-Cu é o dispositivo mais utilizado no Brasil, 
sendo o único LARC fornecido pelo SUS no Brasil. 
Tem formato de T, é feito de um fio de prata corado 
com cobre e pode ser eficaz de 10 a 12 anos a 
depender da literatura. O DIU-Cu age por meio da 
indução de uma reação de corpo estranho, levando 
à inflamação, visto que o cobre induz a liberação 
de interleucinas e citocinas que têm ação 
espermicida. Além disso, leva a mudanças 
bioquímicas e morfológicas no endométrio, além 
de produzir modificações no muco cervical e 
alterar a espermomigração e transporte do óvulo. 
 
SIU DE LEVONORGESTREL (SIU- LNG) - DIU DE 
PROGESTERONA 
O SIU- LNG, também conhecido pelo nome 
comercial Mirena, é um dispositivo de poliuretrano 
em forma de T que libera 20 mcg levonorgestrel por 
dia. Tem validade de cerca de 5 anos, apesar de 
alguns estudos admitirem até 7 anos. Funciona 
levando ao efeito a atrofia do endométrio, 
tornando o muco cervical espesso e dificultando 
a espermo migração e motilidade tubária. Além 
disso, provoca a reação inflamatória de corpo 
estranho, como o DIU de cobre. 
Possui o benefício: de reduzir a dismenorreia e 
causar amenorreia em alguns casos. 
No entanto, em algumas pacientes pode levar a 
cefaleia, mastalgia, acne, depressão, cisto ovarianos 
funcionais e spotting (sangramento uterino irregular). 
Além de ter as mesmas contraindicações do DIU de 
cobre (ver em quadro acima), 
→o SIU-LNG não é recomendado em mulheres 
com câncer de mama atual ou prévio, tumor 
hepático, trombose venosa profunda ou 
tromboembolismo pulmonar atual, lúpus 
eritematoso sistêmico com anticorpo 
antifosfolipídeo positivo ou desconhecido. 
Além disso, não é indicada a continuidade do uso em 
pacientes que iniciaram quadro de enxaqueca com 
aura. Apesar de raro, pode levar à expulsão, dor ou 
sangramento, perfuração uterina, infecção e 
gravidez ectópica. 
→O melhor momento para ser inserido é durante a 
menstruação, pois nesse período o colo do útero 
está mais pérvio, facilitando a inserção. A 
contracepção é imediata e pode ser colocado em 
qualquer idade, inclusive em pacientes sem prole 
constituída. 
 
CONTRACEPÇÃO HORMONAL 
Os contraceptivos hormonais são métodos 
extremamente difundidos e eficazes. No entanto, 
seu índice de sucesso depende fundamentalmente 
da paciente. Com isso, na prática seu índice de 
falhas aumenta consideravelmente decorrente do 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
uso incorreto, chegando a taxas de gravidez no 
primeiro ano de uso entre 3 e 9 por 100 usuárias. 
Dentre esses contraceptivos os mais conhecidos 
são: contraceptivos orais combinados (COCs), 
contraceptivos contendo apenas progestogênio 
(COPs) e contraceptivos com estrogênios e/ou 
progestogênios de uso sistêmico por injeção, 
adesivo transdérmico ou anel intravaginal. 
 
CONTRACEPTIVOS HORMONAIS COMBINADOS 
(CHCS) 
Os CHCs possuem a combinação de um estrogênio 
e um progestogênio no mesmo método. Desse grupo 
fazem parte as pílulas contraceptivas de uso oral, 
o injetável mensal, o adesivo transdérmico e o 
anel intravaginal. 
→O mecanismo de ação dos CHCs ocorre pela 
inibição da ovulação. Vamos relembrar, no ciclo 
menstrual o hormônio folículo estimulante (FSH) é 
responsável pelo recrutamento e desenvolvimento 
folicular. Já o hormônio luteinizante (LH) é o 
responsável pela ovulação. O componente de 
estrogênio dos CHCs inibe o FSH, enquanto que o 
progestogênio age inibindo o LH. Ora, se esses dois 
hormônios estão bloqueados, não pode ocorrer 
recrutamento folicular, amadurecimento do folículo 
dominante e nem ovulação. Além disso, a 
progesterona presente nesses contraceptivos torna 
o muco cervical espesso, dificultando a 
espermomigração, reduz a motilidade tubária e 
ainda tem efeito antiproliferativo no endométrio. 
Já o estrogênio contido na formulação estabiliza o 
endométrio, reduzindo os sangramentos e aumenta 
a produção hepática da globulina carreadora de 
hormônios sexuais (SHBG), reduzindo a fração livre 
de testosterona. Sabendo disso, fica fácil elencar 
vários benéficos dos CHCs: 
 
 
 
 
 
 
INJETÁVEL MENSAL 
Os anticoncepcionais hormonais combinado 
injetável são utilizados mensalmente. Os mais 
utilizados são o de valerato de estradiol com 
enantato de noretisterona, e o cipionato de estradiol 
com acetato de medroxiprogesterona. É indicado 
para pacientes que possuem dificuldade de aderir 
pílula anticoncepcional. 
ANEL VAGINAL 
Esse método contraceptivo combinado que possui o 
formato de um anel transparente e flexível e contém 
2,7 mg de etinilestradiol e 11,7 mg de etonogestrel. 
O anel vaginal libera cerca de 15 μg de 
etinilestradiol/dia e 120 μg de etonogestrel/dia. Deve 
ser colocado em forma de “8” no fundo vaginal entre 
o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual. O 
dispositivo permanece por três semanas 
consecutivas, faz-se uma pausa de sete dias, 
quando ocorre o sangramento e recoloca um novo 
dispositivo ao final da pausa. 
ADESIVO TRANSDÉRMICO 
O adesivo transdérmico contém uma camada interna 
hormonal e uma camada externa resistente à água. 
Ele libera diariamente 30 μg de EE e 150 μg de norel-
gestromina, que, após metabolismo hepático, se 
transforma em levonorgestrel. O adesivo deve ser 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
aplicado na pele limpa, podendo ser colocado nas 
nádegas, parte externa do braço, abdome inferior ou 
região superior do dorso, evitando as mamas. 
 
CONTRACEPTIVOS APENAS DE 
PROGESTOGÊNIO (COPS) 
Esses contraceptivos possuem como hormônio 
apenas a progesterona. Dentro desse grupo está a 
pílula de progesterona isolada, o injetável 
trimestral, o implante subdérmico e o SIU de 
levonorgestrel. As principais contraindicações 
desse métodoestão descritas no quadro abaixo. 
 
 
PÍLULA DE PROGESTERONA ISOLADA 
Esses contraceptivos podem ser compostos por 
desogestrel, acetato de noretindrona e 
levonorgestrel. 
Minipílula: Os contraceptivos compostos por 
acetato de noretindrona e levonorgestrel são 
também conhecidos como minipílulas e podem ser 
utilizados em pacientes em aleitamento e na 
perimenopausa. Essas medicações promovem 
efeito contraceptivo através do espessamento do 
muco cervical e inibição da implantação do 
embrião no endométrio. Não possuem efeitos 
anovulatórios. Nesse caso, o uso de minipílulas é 
contínuo e devem ser prescritas no puerpério de 
mulheres que amamentam seis semanas após o 
parto. O seu uso deve ser rigoroso, pois após 27 
horas da injesta do último comprimido já pode perder 
o seu efeito. 
→Uma contraindicação relativa ao uso de 
anticoncepcionais com progestágeno isolado é o 
diabetes mellitus gestacional prévio, pois está 
relacionado ao desenvolvimento de diabetes mellitus 
tipo 2 nos primeiros dois anos após o parto. 
 
DESOGESTREL: Esse contraceptivo é composto 
por 75 μg de desogestrel e tem a capacidade de inibir 
a ovulação, por isso, é mais eficaz que as 
minipílulas. Além disso, torna o muco cervical 
espesso, dificultando a ascensão dos 
espermatozoides. Também pode ser indicado 
durante a amamentação e tem a vantagem de poder 
ser tomado com atraso de até 12 horas, sem 
comprometer a sua eficácia. 
 
INJETÁVEL TRIMESTRAL 
O contraceptivo injetável trimestral geralmente é 
utilizado em pacientes que possuem contraindicação 
ao uso de estrogênios. Ele bloqueia a ovulação 
através da inibição do LH, também levando à 
alteração nas características do muco e atrofia 
endometrial. Além disso, pode levar à amenorreia e 
redução da dismenorreia, TPM e câncer 
endometrial. Como efeitos adversos, pode estar 
presente o sangramento intermenstrual, edema, 
ganho de peso, acne, náuseas, mastalgia, cefaleia, 
alterações do humor e redução da densidade 
mineral óssea. É aplicado via intramuscular na 
nádega ou músculo deltoide a cada três meses. 
IMPLANTE SUBDÉRMICO 
O implante subdérmico é composto contendo 
progestágenos como o etonogestrel (Implanon) e 
o levonorgestrel (Norplant). O primeiro tem 
duração de 3 anos, enquanto que o segundo dura 
até 5 anos. Esse dispositivo é implantado na parte 
subdérmica do antebraço, entre os músculos bíceps 
e tríceps. Para ser retirado, é preciso pequena 
incisão sob anestesia local. O implante de 
levonorgestrel atua inibindo a ação do LH, impedindo 
a ovulação. Além disso, leva à atrofia endometrial e 
alteração do muco cervical. Por não apresentar um 
componente estrogênico que estabiliza o 
endométrio, pode ocorrer como efeito adverso o 
spotting. Já o implante de levonorgestrel previne a 
gestação por meio da ação sobre o muco cervical 
que se torna impenetrável aos espermatozoides. 
Também está associado a cefaleia, mastalgia, acne 
e ganho de peso. Após a remoção do implante, o 
retorno à fertilidade é rápido, podendo variar em 
média de 1 a 18 semanas. O implante de 
etonogestrel tem uso seguro durante a 
amamentação. 
 
CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA 
 A contracepção cirúrgica consiste em método 
considerado irreversível ou definitivo, podendo ser 
masculina com a vasectomia ou feminina com a 
ligadura tubária (LT). Tem grande efetividade com 
índice de Pearl variando de 0,1 a 0,3 por 100 
mulheres/ano. A Lei 9263 de 12/01/1996, também 
conhecida como Lei do planejamento familiar, 
regulamenta o seu uso no Brasil, sendo indicado 
somente nas seguintes situações: 
• Homens e mulheres com capacidade civil plena 
e maiores de 25 anos de idade OU, pelo menos, 
com dois filhos, desde que observado o prazo 
mínimo de 60 dias entre a manifestação da 
vontade e o ato cirúrgico. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
• Risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro 
concepto, desde que tenha relatório escrito e 
assinado por dois médicos. Além disso, é vedado 
a esterilização cirúrgica durante o parto, aborto 
ou até 42 dias após o parto (ou aborto), exceto 
nos casos de comprovada necessidade, como: 
• Cesárias sucessivas anteriores (no mínimo 2); 
• Doença de base com risco à saúde. 
→ Para fazer a esterilização é necessário o registro 
da expressa manifestação da vontade da paciente 
em documento escrito e firmado. Caso seja casada, 
deve também ter o consentimento do cônjuge e se 
for incapaz, deve ter a autorização judicial. 
 
→Na vasectomia se faz a ligadura do ducto 
deferente, podendo ser realizado apenas com 
anestesia local. Lembrem-se que esse procedimento 
não altera o aspecto do sêmen e não afeta o 
desempenho sexual. 
→Na ligadura tubária realiza-se a obstrução do 
lúmen tubário, principalmente o istmo, seja com fio 
cirúrgico e/ou secção da trompa, eletrocoagulação 
ou obstrução mecânica com clips ou anéis. Com 
isso, se impede o transporte do óvulo e o encontro 
dos gametas femininos e masculinos. Pode ser 
realizado tanto por via laparotômica, laparoscópica, 
vaginal ou histeroscópica. 
 
 
CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA 
A contracepção de emergência é um método que 
visa prevenir uma gestação inoportuna após relação 
sexual. Pode ser indicada no ato sexual 
desprotegido, falha ou uso inadequado do método 
contraceptivo em uso ou violência sexual. Os 
contraceptivos de emergência atuais geralmente são 
efetivos e seguros, apresentando poucos efeitos 
adversos. Com isso, reduz a quantidade de 
abortamentos inseguros e garante o planejamento 
familiar. O mecanismo de ação desses métodos 
varia de acordo com o período do ciclo menstrual no 
qual é utilizado. Se o uso ocorre na primeira fase do 
ciclo, antes do pico do LH (hormônio luteinizante), 
ele altera o desenvolvimento folicular, impedindo ou 
retardando a ovulação. 
Já quando é usado na segunda fase do ciclo 
menstrual, ou seja, após a ovulação, ele modifica as 
características do muco cervical, deixando-o mais 
viscoso e com isso alteração o transporte dos 
espermatozoides. Atualmente estão disponíveis 
vários métodos contraceptivos de emergência. Os 
mais utilizados são o método Yuzpe e o 
contraceptivo de levonorgestrel isolado, ambos 
são igualmente eficazes, podendo ser utilizado até 5 
dias após o ato sexual desprotegido. Entretanto, sua 
eficácia é inversamente proporcional ao tempo 
decorrido desde a atividade sexual, sendo 
recomendado o uso até 72 horas após o ato. 
Pela comodidade posológica e menos efeitos 
colaterais, o método de levonorgestrel é o mais 
indicado. 
• MÉTODO YUZPE: É um contraceptivo combinado 
que consiste no uso de duas doses de 100 mcg de 
etinilestradiol e 500 mcg de levonorgestrel, com 
intervalo de 12 horas; sendo que a primeira deve ser 
tomada o mais próximo possível da atividade sexual 
desprotegida e até 72 horas depois. 
• CONTRACEPTIVO DE LEVONOGESTREL 
ISOLADO: Nesse método deve-se ingerir o 
levonorgestrel na dose de 1,5 mg em dose única ou 
fracionada em duas tomadas, com intervalo de 12 
horas. 
Ambas as formas de uso são igualmente eficazes. 
Podem ocorrer alguns efeitos adversos como 
náuseas, vômitos, cefaleia e aumento da 
sensibilidade mamária. No entanto, não há nenhuma 
evidência de que os contraceptivos de emergência 
exerçam abortamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
VIOLENCIA SEXUAL NA CRIANÇA E 
ADOLESCENTE 
-É de notificação compulsória. 
-O boletim de ocorrência não é obrigado para o 
atendimento médico; 
-Comunicar o Conselho Tutelar- Vara da 
Infância→ Obrigatório! Até os 18 anos! 
- Oferecer a contracepção de emergência. 
-HIV- medicações recomendadas 
-HEP B- Vacinação + medicação 
- ISTS- Medicação 
 
O atendimento inicial à vítima de violência sexual nas 
unidades de saúde e hospitais deve incluir 
entrevista, registro da história, exame clínico e 
ginecológico, exames complementares e 
acompanhamento psicológico. 
A Ficha de Notificação e Investigação de ViolênciaDoméstica, Sexual e/ou outras Violências é 
composta por um conjunto de variáveis e categorias 
que retratam, minimamente, o perfil das violências 
perpetradas contra as mulheres e os adolescentes, 
a caracterização das pessoas que sofreram 
violências e dos (as) prováveis autores (as) de 
agressão. 
→Quando se tratar de notificação de violência contra 
crianças e adolescentes um ficha deve ser 
encaminhada para o Conselho Tutelar. 
• Em crianças e adolescentes menores de 
18 anos de idade, a suspeita ou 
confirmação de abuso sexual deve, 
obrigatoriamente, ser comunicada ao 
Conselho Tutelar ou à Vara da Infância e 
da Juventude. Na falta destes, comunicar 
à Vara de Justiça existente no local ou à 
Delegacia. 
O abuso sexual pode ser classificado em EXTRA 
E INTRAFAMILIAR. 
EXTRA- fora do ambiente familiar 
INTRA- dentro do ambiente familiar 
VIOLENCIA AGUDA- acometida 1 ou poucas 
vezes 
VIOLENCIA CRONICA- acometida diversas vezes 
PROTOCOLO DE ATENDIMENTO 
Acolhimento e escuta qualificada 
O acolhimento e a escuta qualificada são elementos 
importantes para uma atenção humanizada às 
pessoas em situação de violência sexual. O 
acolhimento engloba o tratamento digno e 
respeitoso, a escuta, o reconhecimento e a 
aceitação das diferenças, o respeito ao direito de 
decidir de mulheres e homens, assim como o acesso 
a resolutividade da assistência. 
Exame Físico 
O exame físico deve ser precedido de explicação, a 
vítima, sobre a necessidade de sua realização, sobre 
os locais do corpo a serem tocados, esclarecendo os 
procedimentos que serão realizados e os materiais 
que serão coletados. Havendo recusa, a decisão e 
autonomia da pessoa devem ser respeitadas. O 
exame deverá ser realizado pelo médico com a 
presença de outro profissional de saúde também 
habilitado para o atendimento integral às pessoas 
em situação de violência sexual. 
Coleta de Vestígios 
• Secreção Vaginal; 
• Secreção anal; 
• Sêmen, secreções e/ou fluidos depositados 
na pele ou em outra regiões do corpo; 
• Vestígio Subungueal; 
• Cabelo e Pelo; 
• Vestes e objetos com possível presença de 
sêmen e/ou fluidos biológicos; 
• Células de mucosa oral; 
 
ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA 
O método anticonceptivo pode prevenir a gravidez 
forçada e indesejada utilizando composto hormonais 
concentrados e por curto período de tempo. 
→Tratando-se de adolescente, o direito à 
confidencialidade e ao sigilo sobre a atividade sexual 
e sobre a prescrição de métodos anticonceptivos 
deve ser igualmente preservado, segundo os artigos 
11, 102 e 103 do Código de Ética Médica, reiterados 
pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, Estatuto 
da Criança e do Adolescente (ECA). 
PROFILAXIA DE DOENÇAS SEXUALMENTE 
TRANSMISSÍVEIS NÃO VIRAIS 
Doenças como gonorreia, sífilis, infeção por 
clamídia, tricomoníase e cancro mole podem ser 
prevenidas com o uso de medicamentos de 
reconhecida eficácia. 
Esquema profilático para crianças 
Crianças apresentam maior vulnerabilidade às IST 
devido a imaturidade anatômica e fisiológica da 
mucosa vaginal, além de outros fatores. O 
diagnóstico de uma IST em crianças pode ser o 
primeiro sinal de abuso sexual. 
PROFILAXIA CONTRA INFECÇÃO PELO HIV 
O esquema de profilaxia para crianças e 
adolescentes é orientado de acordo a faixa etária. 
Veja na tabela abaixo. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
→Os adolescentes têm direito à PEP mesmo sem a 
presença dos pais ou responsáveis. Nesses casos, 
como previsto no ECA e pela Lei nº 8.069 de 13 de 
julho de 1990, deve-se avaliar a capacidade de 
discernimento do adolescente, com exceção das 
situações de violência. 
PROFILAXIA PARA TÉTANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMA 2 
ELUCIDAR AS MUDANÇAS FISIOLÓGICAS 
ATRAVÉS DE SINAIS E SINTOMAS DA 
GRAVIDEZ 
O organismo feminino sofre mudanças anatômicas 
e funcionais durante a gestação, adaptando-se 
para a presença do feto em desenvolvimento. 
 
SISTEMA CIRCULATÓRIO 
 O volume sanguíneo materno aumenta 
consideravelmente durante a gestação, atingindo 
valores 30 a 50% maiores do que os níveis pré-
gestacionais. 
A hipervolemia no organismo materno está 
relacionada com a necessidade de suprimento 
sanguíneo nos órgãos genitais, principalmente no 
território uterino, cuja vascularização encontra-
se aumentada na gestação. 
Há também um aumento na concentração das 
células vermelhas em cerca de 30%, 
estabelecendo um estado de hemodiluição, uma 
vez que o aumento não acompanha o aumento do 
volume sanguíneo total. Dessa forma, há uma 
diminuição da viscosidade plasmática, 
diminuindo também o trabalho cardíaco. 
O sistema renina-angiotensina-aldosterona tem 
maior atividade na gestação para suplantar a ação 
dos mecanismos excretores, como o aumento da 
filtração glomerular e do peptídeo atrial 
natriurético. 
A concentração de hemoglobina está levemente 
diminuída durante a gestação (“anemia 
fisiológica”) devido à hemodiluição e, por isso, 
valores de hemoglobina até 11g/dl são aceitos. 
Em relação aos glóbulos brancos, a leucocitose 
pode estar presente na gravidez normal, com valores 
de leucócitos totais entre 5.000 e 14.000/ mm³. 
Durante o parto e o puerpério imediato, os valores 
de leucócitos podem chegar a 29.000/mm³, 
possivelmente relacionados à atividade das adrenais 
no momento de estresse. 
Os níveis plaquetários estão discretamente 
reduzidos na gravidez normal, em parte devido à 
hemodiluição, e em parte relacionado ao consumo 
de plaquetas e à coagulação intravascular no leito 
uteroplacentário. Considera-se plaquetopenia na 
gestação uma contagem de plaquetas inferior ou 
igual a 100.000/mm³. A contagem de plaquetas 
volta a aumentar logo depois do parto e atinge 
valores basais após 4 semanas, aproximadamente. 
Praticamente todos os fatores de coagulação 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
apresentam-se elevados na gestação, com 
exceção dos fatores XI e XIII. Fibrinogênio e dímero 
D têm seus níveis elevados em até 50% durante a 
gestação. 
As necessidades de ferro durante o ciclo gravídico-
puerperal aumentam consideravelmente devido ao 
consumo e à perda que ocorrem nessa fase. Por 
esse motivo, a maioria das gestantes apresentará 
anemia ferropriva, a não ser que haja uma 
suplementação adequada. 
Há um aumento no débito cardíaco (DC), devido 
ao aumento da frequência cardíaca (em torno de 
15 a 20 bpm) e à elevação do volume sistólico. Esse 
processo se inicia por volta da 5ª semana, se 
estabiliza por volta de 24 semanas e atinge seu 
ápice no pós-parto imediato, com aumento de 
80% no DC. 
Observa-se uma redução da resistência vascular 
periférica extremamente acentuada, devido à 
vasodilatação periférica e ao surgimento da 
circulação uteroplacentária (de baixa resistência). 
Devido a isso, há uma queda também na pressão 
arterial sistêmica, apesar do aumento do DC. O 
sopro cardíaco sistólico é comum devido à redução 
da viscosidade sanguínea e do aumento do DC. 
Cerca de 90% das gestantes apresentam sopro 
sistólico leve, 20% apresentam sopro diastólico e 
10% apresentam sopro contínuo, consequente à 
hipervascularização das mamas. Por fim, devido às 
modificações anatômicas e funcionais do coração, 
pode haver alterações fisiológicas 
eletrocardiográficas nas ondas T e Q, no segmento 
ST e desvio do eixo cardíaco para a esquerda 15 a 
20°. 
SISTEMA ENDÓCRINO E METABOLISMO: As 
alterações endócrinas e metabólicas do organismo 
materno visam garantir o aporte nutricional para o 
desenvolvimento do feto. Para que isso ocorra, 
várias transformações funcionais das glândulas 
maternas coexistirão com a placenta – novo órgão 
que apresenta importante função endócrina. 
Com relação às demandas energéticas, o ganho de 
peso materno decorre, em grande parte, do 
acúmulo de componente hídrico intra e 
extravascular, e em menor proporção, do acúmulo 
de componentes energéticos e estruturais 
(carboidratos, lipídios e proteínas). O ganho de pesoadequado varia conforme o peso da mulher no início 
da gestação de acordo com seu Índice de Massa 
Corporal (IMC) pré-gestacional. 
 
 
 
 
PELE E ANEXOS: A produção placentária de 
estrógenos leva à proliferação da microvasculatura 
de todo o tegumento (angiogênese). Devido ao 
estado hiperprogestogênico, ocorre vasodilatação 
de toda a periferia do organismo, levando a eventos 
vasculares da pele e anexos como eritema 
palmar, teleangectasias, aumento da secreção 
sebácea e da sudorese, entre outros. A alopecia é 
rara, mas pode ocorrer em decorrência das 
alterações hormonais. A hiperpigmentação da pele 
da gestante também está relacionada aos altos 
níveis de progesterona, que parecem aumentar a 
produção e secreção do hormônio melanotrófico 
da hipófise. Este hormônio induz a produção 
excessiva de melanina, levando ao aparecimento 
de máculas hipercrômicas, conhecidas como 
cloasma ou melasma. Os locais de maior incidência 
são: face, fronte, projeção cutânea da linha alba 
(que passa a ser chamada de linha nigra), aréola 
mamária e regiões de dobra. Podem piorar com a 
exposição solar e costumam desaparecer após a 
gestação. 
A distensão da pele do abdome, das mamas e do 
quadril pode provocar o aparecimento de estrias 
nestas regiões. Os fatores de risco são história 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
familiar e, principalmente, ganho de peso 
excessivo na gestação. 
 
SISTEMA ESQUELÉTICO: As articulações, de 
modo geral, sofrem um processo de relaxamento 
durante a gravidez. As articulações da bacia óssea 
(sínfise púbica, sacrococcígea e sinostoses 
sacroilíacas) se apresentam com maior 
elasticidade, aumentando a capacidade pélvica e 
modificando a postura e a deambulação da 
gestante, preparando-a para o parto. 
O aumento do volume abdominal e das mamas 
desvia anteriormente o centro de gravidade materno. 
De forma instintiva, a gestante direciona o corpo 
posteriormente, com intuito de compensar e 
encontrar um novo eixo de equilíbrio. Como 
consequência, surgem hiperlordose e hipercifose 
da coluna vertebral, aumento da base de 
sustentação, com afastamento dos pés e diminuição 
da amplitude dos passos durante a deambulação 
(marcha anserina). O aumento da flexão cervical 
causa compressão das raízes dos nervos ulnar e 
mediano, levando a fadiga muscular, dores 
lombares e cervicais e parestesias de 
extremidades. 
 
SISTEMA DIGESTÓRIO: Náuseas e vômitos são 
ocorrências muito prevalentes no primeiro 
trimestre de gestação devido aos altos níveis de 
HCG. Além disso, muitas gestantes se queixam de 
alterações no apetite e sede, essa alteração parece 
ocorrer devido resistência à ação da leptina e às 
mudanças na secreção de ADH. 
A progesterona tem uma potente ação relaxante 
sobre as fibras musculares lisa levando a uma série 
de alterações no sistema digestório como: 
relaxamento do esfíncter esofágico inferior, 
redução do peristaltismo, diminuição da 
contratilidade da musculatura lisa do intestino. 
Como consequência, são frequentes as queixas de 
pirose e constipação durante a gestação. 
As alterações hepáticas e pancreáticas 
observadas na gestação são eminentemente 
funcionais e relacionadas ao metabolismo 
energético. Com o aumento do volume uterino, 
ocorrem alterações anatômicas que desviam o 
estômago e o apêndice para cima e para a direita 
e os intestinos para a esquerda. O apêndice cecal 
pode ocupar o flanco direito, dificultando o 
diagnóstico clínico de apendicite na gravidez. 
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO: As vias aéreas 
superiores apresentam modificações significativas 
durante a gestação. Ocorre ingurgitamento e 
edema da mucosa nasal, que leva a um aumento 
das obstruções nasais, sangramentos e rinite 
durante a gestação. O edema da mucosa também 
acomete a laringe e a faringe, diminuindo o lúmen 
dessas vias e podendo, inclusive, representar maior 
dificuldade para intubações orotraqueais nessas 
pacientes. 
Alterações anatômicas da caixa torácica podem ser 
notadas já no início da gestação. Observa-se 
elevação do diafragma de aproximadamente 4 
cm e maior capacidade de excursão do mesmo, em 
torno de 2 cm. A caixa torácica apresenta aumento 
de 5 a 7 cm em sua circunferência e 2 cm em seu 
diâmetro anteroposterior, com consequente 
ampliação dos ângulos costofrênicos, de até 35°. A 
amplitude do movimento do diafragma se reduz ao 
longo da gestação devido ao aumento do volume 
abdominal que ocorre com o crescimento uterino. A 
capacidade pulmonar total está reduzida em 
aproximadamente 200 mL devido à elevação do 
diafragma em razão da redução do volume residual. 
 
SISTEMA RENAL/URINÁRIO: O aumento da 
volemia, em associação com a redução da 
resistência vascular periférica, provoca elevação 
do fluxo plasmático glomerular, com consequente 
aceleração do ritmo de filtração glomerular. O 
fluxo plasmático glomerular pode ter um acréscimo 
de 50 a 80%, enquanto o ritmo de filtração 
glomerular aumenta entre 40 e 50% já no final do 
primeiro trimestre de gestação. A osmolaridade 
plasmática também se modifica na gravidez devido 
à ativação do sistema renina-angiotensina-
aldosterona e da redução do limiar para secreção 
de ADH. A liberação de ADH e o mecanismo da sede 
são, portanto, desencadeados por menores níveis 
osmóticos. As grávidas, em geral, filtram maiores 
quantidades de sódio e água no glomérulo, o que 
é compensado por maior reabsorção tubular 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
desses elementos, resultado da ação da aldosterona 
e do ADH. 
 
 
 
 
ÊMESE E HIPERÊMESE GRAVIDICA 
A êmese gravídica, vômitos simples do início da 
gestação, e a hiperêmese gravídica, vômitos 
incoercíveis da gravidez, diferem apenas na 
intensidade e na repercussão clínica de seus efeitos. 
Trata-se do mesmo processo, no entanto, a 
hiperêmese configura a forma grave. 
Náuseas e vômitos da gravidez são condições 
comuns que afetam 70 a 85% das grávidas. Em 60% 
dos casos, cessam ao fim do 1º trimestre; em 90% 
dos casos, com 20 semanas. 
Do ponto de vista epidemiológico, a hiperêmese 
gravídica é cada vez mais rara, e ocorre em 0,5 a 2% 
das gestações. 
Não há definição única para a hiperêmese gravídica, 
sendo a mais aceita aquela que considera a perda 
ponderal de, no mínimo, 5% do peso pré-
gravídico; anormalidades como desidratação e 
desnutrição (cetonúria) costumam estar presentes. 
→A hiperêmese gravídica é a segunda causa 
mais frequente de internação hospitalar, após o 
parto pré-termo. 
→O vômito ou êmese é a expulsão do conteúdo 
gástrico pela boca, causada por contração forte 
e sustentada da musculatura da parede torácica 
e abdominal. 
→A náusea é a sensação desagradável da 
necessidade de vomitar, acompanhada de sudorese 
fria, sialorreia, hipotonia gástrica e refluxo do 
conteúdo intestinal para o estomago. 
 
A evolução do quadro de NVG (náuseas e vômitos 
na gestação), com necessidade de tratamento 
farmacológico situa-se em torno de 10% das 
gestações. Por sua vez, os quadros mais graves 
de vômitos nas gestantes, denominados de 
hiperêmese gravídica, respondem por 1,1% de 
todos os quadros de NVG. 
ETIOLOGIA 
Entre os vários fatores e as diversas teorias 
apontadas como responsáveis pelo aparecimento 
das NVG, as que possuem maior embasamento 
epidemiológico e fisiológico são as seguintes: 
TEORIA ENDÓCRINA 
O aparecimento da gonadotrofina coriônica e o 
aumento do estrogênio e da progesterona 
durante a gravidez apresentam potencialidades 
diretas ou indiretas responsáveis por causarem 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
náuseas lideram as justificativas neste sentido. 
Considerar que a gonodotrofina coriônica (GC) 
seja a responsável etiológica pelo aparecimento das 
NVG, tem sua base lógica na relação temporal entre 
a concentração máxima de produção da GC e o 
pico de ocorrência das NVG, os quais ocorrem em 
média entre a 7ª a 10ª semana. Além disso, as NVG 
são mais frequentes e mais graves entre gestantesque apresentam situações com aumento das 
concentrações de GC, a exemplo da gestação 
múltipla, doença trofoblástica gestacional, 
gestantes com fetos do sexo feminino e de 
gestantes com fetos portadores da síndrome de 
Down. 
A GC apresenta diferentes isoformas, por isso se 
explica que não aparece em todas as gravidas os 
sinais de NVG. 
→A progesterona e o estrogênio reduzem o tônus 
da musculatura lisa e a atividade peristáltica de todo 
o trato gastrointestinal. A distensão intestinal, que 
ocorre em resposta a estas adaptações funcionais 
do organismo materno à gravidez, ativa alguns 
mecanismos biomoleculares que são envolvidos na 
geração dos estímulos eméticos. 
→O aumento da concentração de estrogênios e 
da progesterona reúne atributos para ser arrolado 
como um dos fatores que se associam à gênese das 
NVG, mas que, isoladamente, não consegue 
explicar todos os casos desta doença. 
Com base nos achados laboratoriais, verifica-se que 
existe associação entre o aumento dos hormônios 
tireoidianos provocando hipertireoidismo 
transitório e o desenvolvimento das NVG. 
Recentemente, foi proposto que o hormônio leptina 
pudesse ter um papel sobre a gênese das NVG 
tendo como base a observação de concentrações 
mais 6 elevadas deste hormônio em gestantes 
portadoras da NVG quando comparadas a gestantes 
sem a doença. No entanto, estas alterações não 
foram confirmadas. 
TEORIA DA INFECÇÃO PELO HELICOBACTER 
PYLORI 
Vários autores têm demonstrado padrões mais 
elevados de infecção por Helicobacter pylori (HP) em 
mulheres com NVG. Foi observado que 95% dos 
exames histológicos das mucosas das gestantes 
com NVG são positivas para este agente contra 50% 
do grupo controle. Além disso, constatou-se também 
clara associação entre a carga bacteriana e a 
intensidade dos sintomas. 
Alguns anos depois, estudo norueguês observou 
que a infecção materna pelo HP incidiu 3,3 vezes 
mais em gestantes com NVG. 
Apesar da intrigante associação entre NVG com a 
infecção materna pelo HP, o número de gestantes 
que são portadoras da infecção e não apresentam 
NVG indica que o HP também não consegue, 
isoladamente, explicar todos os casos de NVG. 
TEORIA GENÉTICA 
O risco de uma gestante desenvolver NVG é de três 
vezes mais se sua mãe também apresentou esta 
complicação. No entanto, a falta de estudos que 
identifiquem quais são os genes responsáveis por 
esta alteração e em que parte do genoma estas 
alterações podem ser identificadas são fatores 
limitantes para se desenhar abordagens mais 
específicas de controle da doença. 
TEORIA PSICOGÊNICA 
Historicamente, já foi especulado que as NVG 
poderiam ser a manifestação de uma doença 
psicossomática na qual o processo emético seria a 
forma de exteriorizar estes conflitos intrapsíquicos, o 
que poderia conferir a esta teoria importante papel 
na composição etiológica das NVG. Entre as 
variáveis situacionais que compõem esta teoria, já 
foi postulado que as NVG seriam a manifestação 
subconsciente da gestante rejeitar uma gravidez não 
desejada. 
No entanto, esta teoria não é aceita 
universalmente. Em estudo desenvolvido na 
Noruega, mostrou que a angústia e a depressão 
seriam mais efeitos do que causa da NVG. Os 
eventos adversos ou estressantes na vida da 
gestante com seu meio social que poderiam estar 
associados com NVG são a gravidez não 
programada, rejeição à maternidade, a rejeição ao 
pai, a imaturidade emocional, o temor do ganho de 
peso, as situações de violência, a pobreza, a busca 
de compensações, a insegurança, as limitações 
financeiras e a estabilidade no emprego, entre 
outras. 
PROGNÓSTICO E DIAGNÓSTICO 
A preocupação e o incômodo das náuseas impactam 
negativamente a qualidade de vida. 
Como não há nenhum sinal no início do processo 
que indique ou forneça alguma informação 
semiológica para prospecção dos casos graves, a 
orientação é o cuidado supervisionado e a adoção 
de cuidados não invasivos precocemente, 
evitando que o processo evolua rumo à gravidade. 
Importante determinar se existe algum fator 
predisponente das náuseas, a exemplo da 
insuficiência da cárdia, do hipertireoidismo e da 
dispepsia, entre outros. 
Determinadas doenças do trato digestivo precisam 
ser tratadas concomitantemente com as NVG, sob o 
preço de retardar a resolução do problema e deixar 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
a gestante numa situação de vulnerabilidade para 
evoluir rumo a piores prognósticos. 
A gravidade dos vômitos na gravidez tem influência 
no comprometimento sistêmico, com reflexo direto 
sobre as funções hepáticas e renais, subsidiando na 
prática a necessidade de avaliar o impacto do 
processo emético sobre estes órgãos. Com a piora 
dos vômitos e sem correções dos desvios 
metabólicos já instalados, corre-se o risco de que o 
comprometimento afete o sistema cardiovascular 
(arritmias) e o sistema nervoso central. 
A espoliação vitamínica e de aminoácidos, 
precursores da formação dos neuromediadores, 
predispõe o aparecimento de alterações 
comportamentais e neurológicas de intensidades 
variadas, até mesmo o aparecimento da síndrome 
de Wernicke. 
Considerando o embrião-feto nos casos de NVG, os 
estudos não conseguem estabelecer uma relação de 
causa e efeito nos casos de náuseas e vômitos de 
moderada intensidade. No entanto, nas hipóteses de 
hiperêmese gravídica, observa-se prolongamento 
do período de exposição da placenta e do feto aos 
efeitos nocivos dos desequilíbrios 
hidroeletrolíticos e metabólicos decorrentes 
destes agravos, podendo prejudicar a evolução da 
gravidez elevando as taxas de trabalho de parto 
pré-termo, de crianças pequenas para a idade 
gestacional e de baixo peso ao nascer. Além disto, 
estes distúrbios metabólicos são arrolados também 
como fatores que interferem negativamente sobre o 
neurodesenvolvimento embrionário e fetal. 
ANAMNESE 
Cuidado especial deve ser dispensado à intensidade 
das náuseas, pois, mesmo não havendo vômitos 
espoliativos, a presença de náuseas significa 
redução do aporte alimentar (aminoácidos, ácidos 
graxos e glicose) e da ingesta de água, com efeitos 
negativos sobre a gravidez. 
 Nos casos mais graves, pode haver a informação de 
perda de peso e redução do volume urinário. O 
início das náuseas após o primeiro trimestre 
indica atenção redobrada, pois aumentam as 
possibilidades de que a causa não seja decorrente 
da gravidez e sim de outras doenças orgânicas. 
Do ponto de vista obstétrico, deve ser perguntado 
sobre sangramento genital e aumento uterino além 
do esperado para a idade gestacional, visto que o 
diagnóstico diferencial com a neoplasia 
trofoblástica e com gestação múltipla deve ser 
lembrado. Estas situações frequentemente 
associam-se ao aumento das NVG. 
Ainda, na anamnese, é de fundamental importância 
avaliar dados epidemiológicos familiares 
(principalmente mães e irmãs com o mesmo 
problema) e pessoais da gestante, como seus 
hábitos, vacinação prévia, estilo de vida, 
estabilidade conjugal, independência financeira 
e histórico de violência. 
EXAME FÍSICO 
No exame físico de uma gestante referindo náuseas, 
as alterações serão difíceis de detecção nos casos 
de menor gravidade. Independente da gravidade dos 
vômitos, alguns casos são acompanhados de 
excesso da salivação. Nos casos de média ou 
maior intensidade, o exame físico pode identificar 
sinais de desidratação e até redução do peso. 
No exame genital e na palpação abdominal é 
necessário avaliar sangramento genital e aumento 
do volume uterino incompatível com idade 
gestacional e verificar eventual eliminação de 
vesículas. Estes passos são obrigatórios na tentativa 
de identificar clinicamente sinais de doença 
trofoblástica gestacional. 
EXAMES LABORATORIAIS 
Sugere-se avaliar inicialmente (náuseas de menor 
gravidade) o hemograma, sódio e potássio, 
sorologias para não vacinadas (teste para sífilis, 
HIV, toxoplasmose, rubéola e hepatites A,B e C), 
testes de função renal, testes de função hepática, 
amilase, TSH/T4livre, sumário de urina e 
urocultura. 
A ultrassonografia está indicada para descartar 
casos de doença trofoboblástica, principalmente 
se há história de sangramento genital ou aumento do 
volume uterino acima do esperado para a idade 
gestacional. Igualmente, pode identificar gestação 
gemelar, situação em que as NVG são mais 
frequentes. 
Será útil também a pesquisa de aneuploidias 
(síndrome de Down), utilizando o sangue materno 
ou o líquido amniótico. Nos casos sem remissão 
ou melhora das NVG, apesar da terapia instalada, é 
indicada a repetição das funções hepática e renal 
como também é imprescindível a realização da 
esofagogastroduodenoscopia. 
Concomitantemente ao exame endoscópico, é 
aconselhável, também, a pesquisa da infecção pelo 
HP, justamente pela falta de remissão do quadro 
emético. O exame sorológico para detectar esta 
infecção por esta bactéria não distingue entre 
infecção ativa e infecção passada e as 
manifestações clínicas são diferentes nas duas 
formas. 
→A busca diagnóstica da infecção pelo HP deve se 
restringir aos casos refratários ao manejo 
convencional, principalmente aqueles que se 
estendem ao segundo trimestre gestacional. 
Sem melhoras, apesar dos cuidados corretos, pode 
ser necessária a avaliação do neurologista. Os 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
recursos utilizados vão desde a punção liquórica 
para afastar infecções e hemorragias até o estudo 
por imagens (tomografia ou ressonância 
magnética). Estas avaliações não são apenas para 
avaliação diagnóstica de eventuais alterações 
infecciosas ou expansivas do encéfalo, mas também 
para verificar o risco de evolução para a síndrome 
de Wernicke. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Geralmente é diagnóstico de exclusão, e sintomas 
associados como febre, dor abdominal, cefaléia, 
bócio, sintomas neurológicos, diarréia, constipação 
ou hipertensão arterial sugerem outros diagnósticos 
como: 
• Neoplasia trofoblástica gestacional 
• Colecistite • Apendicite • Hepatite • Pancreatite • 
Gastroenterite e úlcera gástrica • Obstrução 
intestinal • Hérnia de hiato • Litíase biliar ou urinária 
• Infecção urinária • Neuropatias • Intoxicações 
exógenas • Hipertensão intracraniana • Síndromes 
paraneoplásicas 
 
CONDUTA E CUIDADOS GERAIS 
• Internação. 
• Suspender alimentação nas primeiras 24 horas (ou 
por mais tempo, a depender da evolução do quadro 
clínico). 
• Controle diário de peso e diurese. 
• Após estabilização do quadro, introduzir dieta 
líquida, com evolução progressiva para sólida/ 
branda, pobre em lipídios e rica em carboidratos, 
conforme aceitação da paciente. 
• Avaliar a necessidade de nutrição parenteral nos 
casos prolongados, rebeldes à terapêutica instituída. 
• Evitar medicamentos à base de ferro 
• Esclarecer a paciente e familiares sobre o caráter 
transitório dos sintomas, e da necessidade da 
gestante de atenção e apoio. 
• Psicoterapia pode ser indicada 
CLASSIFICAÇÃO 
O Escore PUQE foi preliminarmente idealizado para 
que o tempo de avaliação fosse de 12 horas, mas 
também apresentou excelente performance com 
avaliações de 6 horas e 24 horas. Ele funciona como 
uma Escala Likert com 5 opções, respondendo a 3 
perguntas básicas referentes às NVG, de acordo 
com o tempo de corte escolhido (6, 12 e 24 horas), 
conforme quadro 1. A utilização do tempo mais curto 
de 6 horas é melhor quando o escore é utilizado para 
avaliar o efeito terapêutico de alguma intervenção. 
Quando é para diagnóstico da intensidade das NVG, 
o tempo mais prolongado de 24 horas de avaliação 
tem sido mais utilizado, diante dos bons resultados 
citados na literatura e um tempo maior de avaliação 
no momento do diagnóstico. 
 
TRATAMENTO 
Dependendo da intensidade do quadro, a grande 
maioria dos casos é tratada em regime 
ambulatorial. As possibilidades de tratamento para 
mulheres portadoras de NVG podem ser divididas 
em farmacológicas e não farmacológicas. 
A – ABORDAGEM NÃO FARMACOLÓGICA 
1. Apoio psicoemocional: Fundamental em todos 
os casos, pois sabemos que o medo e a ansiedade 
são componentes que por si sós podem resultar no 
aparecimento do quadro. A mulher depois de se 
definir como gestante inicia toda uma trajetória de 
ambivalência afetiva, de dúvidas na nova 
estruturação familiar e incertezas quanto ao futuro 
do novo desenho familiar que o filho em evolução irá 
definir. Este apoio será familiar e profissional; 
inicialmente, pelo próprio obstetra e, em casos de 
maior complexidade, com o apoio de psicólogo afeito 
a este tipo de situação clínica. 
2. Medidas alimentares e mudanças nutricionais: 
Todas as gestantes devem receber este tipo de 
orientação, independente de apresentarem qualquer 
sintoma de NVG. O maior tempo de esvaziamento 
gástrico, menor produção e escoamento biliar, 
menor tolerância ao jejum prolongado e muitas 
outras alterações levam a gestante a ter que adotar 
dietas mais leves, menos gordurosas e em intervalos 
menores, como também evitar ingestão de líquidos 
nas primeiras duas horas do dia. 
3. Terapias não convencionais ou 
complementares: O grupo que melhor se beneficia 
deste conjunto de terapias são gestantes que se 
situam na forma LEVE (<6) na classificação de 
PUQE. As gestantes com náuseas matinais e 
episódios esporádicos de vômitos são candidatas a 
medidas como a acupressão (pressão em ponto 
específico das mãos), aromaterapia (utilizando os 
florais de Bach), acupuntura realizada por 
profissional adequadamente preparado, 
hidroginástica e outras atividades físicas de baixo 
impacto articular, uso de vitaminas com ação 
antináuseas como a piridoxina (Vitamina B6) e 
ingestão do gengibre que possui leve ação 
antiemética. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
Tratamento Alternativo: • Psicoterapia • Hipnose • 
Técnicas de relaxamento • Meditação • Acupuntura • 
Homeopatia • Estimulação elétrica • Quiropraxia • 
Acupressão • Massoterapia 
B – ABORDAGEM FARMACOLÓGICA 
Terapia com antieméticos: Em razão da elevada 
prevalência do quadro de NVG, é compreensível que 
mais de 30% de todas as gestações tenham em 
algum momento sido exposta ao uso deste grupo 
farmacológico. 
1. Ondansetrona: Todos os estudos comparativos 
entre os antieméticos mostram uma superioridade 
de ação da ondansetrona tanto nos casos mais leves 
como nos mais graves sobre os demais grupos 
farmacológicos. Por ser um bloqueador seletivo 
dos receptores da serotonina (5-HT3), evita o 
bloqueio adicional sobre receptores de outros 
neurotransmissores (dopamina, acetilcolina, 
histamina). Em vista destas características 
farmacológicas, a ondansetrona apresenta baixa 
incidência de efeitos colaterais. Um aspecto que 
se tornou relevante nos últimos anos se refere à 
segurança da ondansetrona em não intervir no 
neurodesenvolvimento de crianças expostas ao 
fármaco durante a embriogênese e a neurogênese. 
→O principal efeito colateral da ondansetrona é 
flush facial, mas há relatos raros de constipação 
intestinal em gestantes com uso prolongado e, 
quando é usado em doses elevadas (> 30 mg/dia), é 
prudente afastar-se a possibilidade de 
prolongamento do intervalo Q-T. 
2. Metoclopramida: Trata-se de um procinético que 
promove o bloqueio dos receptores de dopamina 
e de serotonina (5-HT2). Com este conjunto de 
propriedades farmacológicas ela acaba sendo 
antiemética. Em estudos recentes, verifica-se sua 
melhor ação entre os casos de média intensidade. A 
sua maior limitação de uso se refere aos efeitos, 
principalmente às manifestações de ações extra-
piramidais (tremores de extremidade e 
desequilíbrio postural). 
3. Anti-histaminicos (dimenidrato, meclizina, 
prometazina): Constitui um grupo farmacológico 
que atua realizando o bloqueio do receptor H1 da 
histamina. Promove eficiente efeito antiemético nas 
formas moderadas de NVG. Tem como efeito 
colateral mais evidente a sonolência. 
 
Nas formas leves das náuseas e vômitos da gestante 
(≤ 6 do escore de PUQE), as medidas não 
farmacológicase farmacológicas por via oral 
apresentam bons resultados rapidamente e o 
tratamento deve ser ambulatorial. 
 
HIPERÊMESE GRAVÍDICA 
O reconhecimento da hiperêmese gravídica (HG) é 
fundamental para evitar a elevada morbidade 
associada ao atraso do tratamento. O diagnóstico 
é eminentemente clínico, baseado na queixa de 
vômitos incoercíveis e no exame físico, que permite 
avaliar o nível de comprometimento da gestante, o 
grau de desidratação e desnutrição. 
AVALIAR OS SEGUINTES EXAMES: 
 
A HG apresenta uma evolução nítida de 
comprometimento materno, como se segue: 
 • Fase de desidratação: Náusea e ptialismo 
intensos, vômitos fortes levando a um quadro de 
desidratação. A paciente apresenta-se com 
diminuição do turgor e da elasticidade da pele, olhos 
encovados, mucosas secas e pegajosas, língua 
áspera, taquicardia, hipotensão e hipotermia. 
Distúrbios hidroeletrolíticos podem estar presentes 
(dosagem de sódio alta, cloro e potássio um pouco 
diminuídos). O hematócrito encontra-se um pouco 
aumentado. 
• Fase metabólica: Ao quadro clínico anterior, 
somam-se distúrbios nutricionais (perda de peso 
maior que 5%); alterações da função hepática com 
elevação de enzimas e bilirrubinas (icterícia 
discreta); cetoacidose e cetonúria 2 ou 3 +; 
hipoalbuminemia; hiponatremia; e hipopotassemia. 
Hipoglicemia já ocorre nessa fase. Pode ocorrer 
hipotermia e torpor 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
• Fase neurológica: Os achados anteriores 
somados a um quadro de comprometimento 
oftálmico com lesões retinianas e alterações 
neurológicas iniciais com hiporreflexia e dor à 
palpação das panturrilhas e coxas. Esse quadro é 
muito importante, pois antecede o acometimento 
encefálico, que é irreversível, em uma semana. Esse 
intervalo é chamado de “Interstício crítico de Briquet” 
e a interrupção da gravidez deve ser feita 
imediatamente. 
• Fase da psicose de Wernicke-Korsakoff: Trata-
se de uma encefalopatia amoniacal, caracterizada 
por instabilidade hemodinâmica de difícil controle, 
alucinações e coma. Este quadro é irreversível na 
maioria das vezes. 
 
EXPLICAR OS DIFERENTES TESTES PARA 
CONFIRMAÇÃO DA GRAVIDEZ, COM ENFASE 
NO B-HCG 
FISIOLOGIA DA GESTAÇÃO 
O ciclo menstrual é dividido em duas fases 
principais: fase folicular e fase lútea. No final da 
fase folicular, ocorre a ovulação, processo no qual o 
oócito secundário do folículo ovarino é liberado e 
captado pelas fímbrias tubárias para ser 
transportado ao infundíbulo da tuba uterina. Este 
transporte da trompa em direção ao útero leva, em 
média, de três a quatro dias. A fertilização do óvulo 
por um espermatozoide ocorre na ampola da tuba 
uterina e evita a degeneração do corpo lúteo. 
A gonadotrofina coriônica humana (hCG) 
produzida pelas células trofoblásticas do embrião 
inibe a luteólise, mantendo o corpo lúteo 
funcionante. 
O corpo lúteo, por sua vez, sintetiza a 
progesterona, responsável pela manutenção da 
gestação nas primeiras 8 semanas. No final do 
período embrionário, o corpo lúteo atinge seu pico de 
vascularização e suas células apresentam-se 
hiperplasiadas e hipertrofiadas. 
Após 8 semanas de gestação, a placenta assume 
a produção de progesterona e o decaimento na 
produção de hCG leva à involução do corpo 
lúteo. A placenta produz esteroides em grande 
quantidade, tendo inúmeras e importantes funções 
para o desenvolvimento da gestação e adaptação do 
organismo materno ao concepto. 
 
 
Na prática clínica, é muito importante o diagnóstico 
precoce da gravidez, o que tantas vezes coloca em 
risco o prestígio do médico. Esse diagnóstico pode 
ser clínico, hormonal ou ultrassônico. 
DIAGNÓSTICO CLÍNICO 
O Ministério da Saúde orienta que toda mulher com 
história de atraso menstrual de mais de 15 dias 
deve ser orientada pela equipe de saúde a realizar o 
teste rápido de gravidez. No entanto, se o atraso 
menstrual for superior a 12 semanas, o 
diagnóstico da gestação pode ser clínico, através 
dos sinais, sintomas e do exame físico. Os principais 
sintomas que levam essas pacientes a procurar uma 
unidade de saúde são: atraso menstrual, fadiga, 
mastalgia, aumento da frequência urinária e 
náuseas/vômitos matinais. 
No exame físico, várias alterações estão presentes 
e uma série de sinais podem ser observados durante 
a inspeção, palpação, toque vaginal e ausculta. Para 
fins práticos, os principais sinais observados no 
corpo materno que podem ser úteis para a 
investigação da gestação são divididos em: sinais 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
de presunção, sinais de probabilidade e sinais de 
certeza. 
SINAIS DE PRESUNÇÃO 
Atraso menstrual: superior a 10- 14 dias; sinal 
cardinal da gestação precoce. AMENORREIA 
Alterações clínicas: náuseas, vômitos, tonturas, 
sialorreia, alteração no apetite, aumento da 
frequência urinária e fadiga. 
Modificações mamárias: aumento do volume das 
mamas, hipersensibilidade mamária, tubérculos de 
Montgomery (glândulas sebáceas hipertrofiadas que 
surgem nas aréolas primárias), saída de colostro 
pelas mamas, aparecimento da rede venosa de 
Haller (aumento da vascularização mamária), sinal 
de Hunter (aumento da pigmentação do mamilo, 
levando à perda da definição areolar). 
Alterações Cutâneas: estrias, melasma, linha nigra, 
sinal de Halban (aumento da lanugem nos limites do 
couro cabeludo). 
Aumento do volume abdominal 
 
 
 
SINAIS DE PROBABILIDADE 
Sinal de Piskacek: crescimento assimétrico do 
útero (perceptível durante a palpação abdominal). 
Sinal de Jacquemier: hipervascularização da vulva 
(coloração violácea vulvar) 
Sinal de Kluge: hipervascularização da vagina e 
colo uterino (cianose vaginal e cervical) 
Sinal de Osiander: pulsação da artéria vaginal 
(perceptível ao toque vaginal) 
Sinal de Hegar: amolecimento do istmo cervical 
Sinal de Nobile-Budin: preenchimento do fundo de 
saco pelo útero gravídico (perceptível ao toque 
bimanual); 
Regra de Godel: amolecimento do colo uterino 
(perceptível ao toque vaginal) 
 
 
 
 
 
SINAIS DE CERTEZA 
Sinal de Puzos: rechaço uterino ao toque vaginal 
Ausculta de batimento cardíaco fetal (BCF): 
detectados pelo sonar a partir da 12ª semana e pelo 
Pinard a partir da 20ª semana de gestação. 
 
DIAGNÓSTICO HORMONAL 
Constitui, atualmente, o melhor parâmetro para o 
diagnóstico de gravidez incipiente, de acordo com 
sua precocidade e exatidão. Apoia-se na produção 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
de gonadotrofina coriônica humana (hCG) pelo 
ovo. 
→Uma semana após a fertilização, o trofoblasto, 
implantado no endométrio, começa a produzir a 
hCG em quantidades crescentes, que podem ser 
encontradas no plasma ou na urina maternos. Há 
basicamente três tipos de testes para a identificação 
de hCG: imunológico, radioimunológico (RIA) e 
enzima-imunoensaio (ELISA). 
TESTES IMUNOLÓGICOS 
O hCG é uma proteína e, como tal, induz à formação 
de anticorpos (antissoro) em outros animais (p. ex., 
coelho). O antissoro é utilizado para identificar 
hormônios na urina a ser examinada, embora seja 
necessário tornar visível a reação; isso é possível, 
basicamente, com hemácias ou partículas de látex. 
É necessário observar se a urina está bastante 
concentrada, a fim de melhorar a sensibilidade dos 
testes. 
Prova de inibição da aglutinação do látex 
Denominada teste de lâmina, é de leitura rápida, com 
duração de poucos minutos. Apresenta dois 
inconvenientes: a imagem do resultado pode ser 
discutível e a sensibilidade é menor (1.500 a 3.500 
UI/ℓ). 
Prova de inibição da hemaglutinação. 
Chamada teste de tubo, oferece leituras em 2 h, 
raramente de interpretação duvidosa, e com mais 
sensibilidade (750 a 1.000 UI/ℓ). Recentemente, foi 
lançada uma variante, na qual o antissoro (e não as 
hemácias) tem o hCG ligado, o que inverte a imagem 
dos resultados. Denomina-se hemaglutinação 
passiva reversa, utiliza dois anticorpos monoclonais 
(camundongo) e oferece sensibilidade desdeo nível 
de 75 UI/ℓ. Na prática, para que o exame seja 
realizado, aconselha-se que o atraso menstrual 
ultrapasse 10 a 14 dias. 
Assim, a prova de inibição da hemaglutinação 
oferece sensibilidade de 97 a 99%. Com a nova 
modalidade, afirma-se que o mesmo pode ser obtido 
com 1 a 3 dias de amenorreia. Medicamentos 
psicotrópicos, proteinúria e mulheres no climatério 
(reação cruzada com o LH, neste caso, em teor bem 
mais elevado) podem determinar resultados falso-
positivos; os falso-negativos ocorrem em urinas de 
baixa densidade (grandes volumes nicteméricos, 
acima de 2 ℓ), na primeira ou na segunda semana do 
atraso menstrual e, ocasionalmente, durante o 
segundo trimestre, quando é mais baixo o limite 
inferior dos níveis de hCG. 
TESTES RADIOIMUNOLÓGICOS 
Testes radioimunológicos consistem na dosagem de 
hCG por método radioimunológico (RIA), com base 
na competição do hormônio em questão com 
traçador adequado (o próprio hormônio marcado 
com radioiodo), conforme a quantidade fixa de 
antissoro. A dificuldade nesse procedimento é a 
reação cruzada com LH hipofisário, que é corrigida 
ao se fazer a dosagem da subunidade beta do hCG, 
mais específica e, atualmente, a única de uso 
corrente (Vaitukaitis et al., 1972). A dosagem de β-
hCG tem sensibilidade de 5 mUI/mℓ. Os resultados 
são obtidos em aproximadamente 4 h, o que torna 
possível aos laboratórios especializados o 
fornecimento de duas séries por dia. 
TESTE ELISA 
O enzima-imunoensaio (ELISA) apresenta a mesma 
base teórica do RIA; contudo, substitui o hormônio 
marcado com radioisótopo por enzima, capaz de 
atuar sobre um substrato incolor e originar produto 
colorido. A intensidade da cor obtida é proporcional 
à quantidade de hormônio. Sua principal vantagem é 
o maior tempo de vida útil, pois não contém 
radioisótopos (de atividade limitada). Para dosar o α-
hCG, sua sensibilidade é de 25 mUI/mℓ. 
Sangue versus urina 
Com a urina (teste de farmácia), espera-se 
diagnóstico positivo pelo menos 1 dia antes da 
amenorreia; com o sangue, pelo menos 7. A 
dosagem do hCG na urina é apenas qualitativa. 
→Aconselha-se que o teste de farmácia seja 
realizado utilizando-se a primeira urina da 
manhã. 
DIAGNÓSTICO ULTRASSONOGRÁFICO 
Com 4 a 5 semanas, na parte superior do útero, 
começa a aparecer formação arredondada, anelar, 
de contornos nítidos, que corresponde à estrutura 
ovular, denominada, em ultrassonografia, saco 
gestacional (SG). A partir de 5 semanas, é possível 
visualizar a vesícula vitelina (VV) e, com 6 
semanas, o eco embrionário e a sua pulsação 
cardíaca (BCF). 
Em torno de 10 a 12 semanas, nota-se 
espessamento no SG, que representa a placenta em 
desenvolvimento e seu local de implantação no 
útero. Com 12 semanas, a placenta pode ser 
facilmente identificada e apresenta estrutura definida 
com 16 semanas. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
→O diagnóstico laboratorial da gestação é, 
basicamente, realizado pela identificação da 
gonadotrofina coriônica humana (β-hCG). Essa 
identificação pode ser feita através de teste urinário 
ou exame de sangue da paciente, sendo que este 
último representa, atualmente, o exame padrão-ouro 
para confirmar a ocorrência da gravidez. 
O teste urinário avalia a presença ou não da β-hCG 
na urina da mulher, ou seja, oferece um resultado 
qualitativo (positivo ou negativo). Possui baixa 
taxa de resultados falso positivo, mas uma elevada 
taxa de falso negativo e, devido a isso, esse teste 
não é o mais indicado para o diagnóstico, uma vez 
que pode levar a atrasos no início do pré-natal. O 
exame do sangue periférico consiste na dosagem 
quantitativa de β-hCG no plasma sanguíneo e pode 
ser obtido entre 8 a 11 dias após a concepção. 
Os níveis plasmáticos de β-hCG aumentam 
rapidamente até atingir o pico entre 60 e 90 dias de 
gravidez. A variação dos níveis plasmáticos de β-
hCG no decorrer da gestação pode ser observada na 
tabela 2. Na prática, níveis menores que 5mUI/mL 
são considerados negativos e acima de 25mUI/mL 
são considerados positivos. 
 
→O Ministério da Saúde, através do Programa 
Rede Cegonha, instituiu o teste rápido de 
gravidez que pode ser realizado nas Unidades de 
Saúde como forma de acelerar o diagnóstico de 
gravidez e, consequentemente, o início do pré-
natal. 
APRESENTAR DADOS EPIDEMIOLOGICOS DA GRAVIDEZ 
NA ADOLESCENCIA E SEUS PRINCIPAIS FATORES 
Os adolescentes – indivíduos com idades entre 10 e 
20 anos incompletos – representam entre 20% e 
30% da população mundial; estima-se que no Brasil 
essa proporção alcance 23%. Dentre os problemas 
de saúde nessa faixa etária, a gravidez se sobressai 
em quase todos os países e, em especial, nos países 
em desenvolvimento. Segundo a Organização 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
Mundial de Saúde (OMS), a gestação nesta fase é 
uma condição que eleva a prevalência de 
complicações para a mãe, para o feto e para o 
recém-nascido, além de agravar problemas 
socioeconômicos já existentes. 
A taxa de gestação na adolescência no Brasil é alta, 
com 400 mil casos/ano. Quanto à faixa etária, os 
dados revelam que em 2014 nasceram 28.244 filhos 
de meninas entre 10 e 14 anos e 534.364 crianças 
de mães com idade entre 15 e 19 anos. Esses dados 
são significativos e requerem medidas urgentes. 
Diversos fatores concorrem para a gestação na 
adolescência. No entanto, a desinformação sobre 
sexualidade e direitos sexuais e reprodutivos é o 
principal motivo. Questões emocionais, 
psicossociais e contextuais também contribuem, 
inclusive para a falta de acesso à proteção social e 
ao sistema de saúde, englobando o uso inadequado 
de contraceptivos. 
 
GRAVIDEZ NA ADOLESCENCIA 
Gravidez na adolescência é aquela consignada entre 
10 e 19 anos, considerando-se a idade da paciente 
por ocasião do parto. 
Enquanto a grande maioria das estatísticas ressalta 
a gravidez na adolescência no grupo entre 15 e 19 
anos, este evento pode ser ainda mais precoce, 
manifestando-se entre mulheres de 10 a 14 anos. 
Este grupo de especial interesse merecerá análise 
pormenorizada por apresentar particularidades 
clínicas. 
No Brasil, país de escassos estudos 
epidemiológicos, Pinto & Silva (1998) mostram-nos 
que cerca de 15 a 25% dos partos feitos na rede 
pública de saúde são de pacientes adolescentes, 
estimando a Organização Mundial da Saúde o índice 
de fecundidade nas brasileiras entre 15 e 19 anos de 
71 por 1.000 adolescentes (WHO, 1999). 
FATORES PREDISPONENTES 
Etnia: Negras americanas têm um risco relativo 7 
vezes maior do que as brancas para engravidar no 
grupo entre 10 e 14 anos, bem como apresentam 
maior probabilidade de conceber novamente na 
adolescência. 
Pobreza: Condição social desfavorável é elemento 
claro da gravidez na adolescência. Mulheres sem 
perspectivas de vida, que vivem em condições 
habitacionais precárias, excluídas do sistema 
preventivo de saúde e sem acesso a métodos 
contraceptivos são extremamente vulneráveis para 
gravidez. 
Escolaridade: Mulheres com menor grau de 
escolaridade são mais propensas a engravidar na 
adolescência. Demonstrou-se que adolescentes 
que estudaram menos de 12 anos têm cerca de 6 
vezes mais risco de engravidar do que as com mais 
anos de estudo. Demais, quanto maior o número de 
anos dedicados ao estudo, maiores são as 
oportunidades de trabalho e é inevitável a 
postergação da maternidade para o momento mais 
oportuno na vida profissional. 
Urbanização: a urbanização trouxe consigo melhor 
assistência à saúde, acesso a informações e 
métodos contraceptivos, condições de trabalho mais 
favoráveis e oportunidade de continuar os estudos, 
diminuindo a incidência de gravidez na 
adolescência. Entre as mulheres de áreas rurais, 
24% das grávidas são adolescentes; já nas áreas 
urbanas este percentual diminui para 16%. 
Estado marital: Enquanto nos países desenvolvidos 
poucas são as mulheres que se casam ou 
experimentam algum tipo de união com menos de 18 
anos, nos países em desenvolvimentoestas práticas 
são muito comuns. Se por um lado cerca de 50% das 
adolescentes da África Subsaariana casam-se com 
menos de 18 anos, 20 a 40% casam-se na América 
Latina e no Caribe na mesma idade, entre 10 e 15% 
nos EUA e apenas 3 a 4% na Alemanha e Polônia. 
Nas culturas em que o casamento ou a união entre 
adolescentes são incentivados, observa-se maior 
índice de fecundidade nesta população. Todavia, 
mesmo nos países em que a união entre 
adolescentes não é socialmente aceita, a gravidez 
neste período representa problema grave. 
Idade da primeira relação sexual: Cada vez mais 
cedo se tem dado o primeiro intercurso sexual, o que 
representa risco de gravidez se associado ao sexo 
desprotegido, combinação que poderá resultar em 
evento infeliz para nossas adolescentes. 
Intercurso sexual sem contracepção: Há 
pensamento mítico, muito prevalente, de que não se 
engravidaria no coito inicial. Este evento ainda é 
cercado de tabus que dificultam postura afirmativa 
no que se refere ao uso de contracepção na primícia 
sexual. Não se pode olvidar neste mister de que não 
apenas a gravidez na adolescência está em pauta, 
como também o risco de adquirir doenças 
sexualmente transmissíveis, mais um elemento a 
fragilizar a população adolescente. 
Violência Sexual: Coito forçado tem sido 
incriminado como causa de gravidez na 
adolescência. No Brasil, o abuso sexual ainda é 
tema velado. Sob a chancela do medo, muitas vezes 
protegendo familiares, cria-se uma cortina de 
fumaça para encobrir casos de violência sexual. 
Não são raros os relatos de adolescentes após a 
menarca serem forçadas ao coito por familiares, 
“prima noche”, notadamente nas periferias e em 
comunidades de baixo nível socioeconômico. Ainda 
que a legislação brasileira permita o abortamento 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
nestes casos, diversas são as barreiras que as 
mulheres têm de enfrentar para fazer valer este 
direito. 
Muitas delegacias de polícia ainda são insensíveis 
ao drama dessas mulheres. Tratando-se de 
adolescentes vítimas de violência sexual, em muito 
vigora o princípio machista de que a jovem fora 
sensual e recebera o que merecia; poucas são as 
delegacias de proteção às mulheres; nossas 
maternidades ainda não estão todas capacitadas 
para prestar os primeiros atendimentos às pacientes 
que sofreram abuso sexual, e o abortamento legal é 
incipiente nos casos de estupro. Muitos são os 
desafios nesta área. 
Uso de Substâncias Tóxicas: O uso de 
entorpecentes foi arrolado como fator de risco para 
gravidez na adolescência. Como são substâncias 
que afetam o nível de consciência e a capacidade de 
julgamento, não seria desarrazoado supor o 
envolvimento de drogas (lícitas e ilícitas) na gênese 
da gravidez na adolescência. 
Infelizmente, as repercussões da drogadição 
estendem-se durante a gravidez, vez que as 
usuárias continuam a fazer uso destas substâncias 
tóxicas, culminando com resultados obstétricos e 
perinatais desfavoráveis: cocaína – descolamento 
prematuro de placenta; álcool – síndrome alcoólica 
fetal; cigarro – restrição de crescimento intrauterino 
e morte perinatal; maconha – ainda que os 
resultados não sejam uniformes, parece haver 
aumento na probabilidade de conceptos pequenos 
para a idade gestacional. 
Desejo Reprodutivo: Os que militam na Obstetrícia 
não estranharão a assertiva de que muitas 
adolescentes querem engravidar. Partir dessa 
premissa é importante para se aceitar que nem toda 
gravidez na adolescência é indesejada. Devemos 
entender a mensagem das adolescentes que dizem 
– e elas muitas vezes dizem – que quiseram 
engravidar. 
 
Fatores que aumentam os riscos da gestação na 
adolescência: 
-idade menor que 16 anos ou ocorrência da primeira 
menstruação há menos de 2 anos (fenômeno do 
duplo anabolismo: competição biológica entre mãe e 
feto pelos mesmos nutrientes); 
- altura da adolescente inferior a 150 cm ou peso 
menor que 45kg; 
- adolescente usuária de álcool ou de outras drogas 
lícitas ou ilícitas (cocaína/crack ou medicamentos 
sem prescrição médica); 
- gestação decorrente de abuso/estupro ou outro ato 
violento/ameaça de violência sexual; 
– existência de atitudes negativas quanto à gestação 
ou rejeição ao feto; 
– tentativa de interromper a gestação por quaisquer 
meios; 
– dificuldades de acesso e acompanhamento aos 
serviços de pré-natal; 
– não realização do pré-natal ou menos do que seis 
visitas de rotina; 
– presença de doenças crônicas: diabetes, doenças 
cardíacas ou renais; infecções sexualmente 
transmissíveis; sífilis, HIV, hepatite B ou C; 
hipertensão arterial; 
– presença de doenças agudas e emergentes: 
dengue, zika, toxoplasmose, outras doenças virais; 
– ocorrência de pré-eclâmpsia ou desproporção 
pélvica-fetal, gravidez de gêmeos, complicações 
obstétricas durante o parto, inclusive cesariana de 
urgência; 
– falta de apoio familiar à adolescente. 
 
PREVENÇÃO DA GRAVIDEZ NA 
ADOLESCÊNCIA 
 Um dos mais importantes fatores de prevenção é a 
educação. 
Educação sexual integrada e compreensiva faz parte 
da promoção do bem-estar de adolescentes e jovens 
ao realçar a importância do comportamento sexual 
responsável, o respeito pelo/a outro/a, a igualdade e 
equidade de gênero, assim como a proteção da 
gravidez inoportuna, a prevenção de infecções 
sexualmente transmissíveis/HIV, a defesa contra 
violência sexual incestuosa, bem como outras 
violências e abusos. 
Organizações internacionais como a Organização 
Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo de População 
das Nações Unidas (UNFPA) orientam que os guias 
metodológicos e operacionais sejam fundamentados 
em princípios e valores dos direitos humanos e 
sexuais, sem distinção étnica, de gênero, religiosa, 
econômica ou social, com o uso de informações 
exatas e cuidadosas, cientificamente comprovadas. 
A garantia de desenvolvimento integral na 
adolescência e juventude é uma responsabilidade 
coletiva que precisa unir família, escola e sociedade 
para articular-se com órgãos e instituições, públicas 
e privadas na formulação de políticas públicas de 
atenção integral à saúde em todos os níveis de 
complexidade, embasando-se em situações 
epidemiológicas, indicadores e demandas sociais, 
respeitando os princípios do Sistema Único de 
Saúde. 
Fatores que aumentam os riscos para o recém-
nascido (RN) ou lactente até o primeiro ano de 
vida, quando nascido de mãe adolescente: 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
– RN prematuro, pequeno para idade gestacional ou 
com baixo peso (retardo intrauterino); 
– RN com menos do que 48 cm ou com peso menor 
do que 2.500 g; 
– nota inferior a 5 na Classificação de Apgar (escala 
que avalia as condições de vitalidade do RN), na sala 
de parto ou se o parto ocorreu em situações 
desfavoráveis; 
– RN com anomalias ou síndromes congênitas 
(Síndrome de Down, defeitos do tubo neural ou 
outras); 
– RN com circunferências craniana, torácica ou 
abdominal incompatíveis; 
– RN com infecções de transmissão vertical ou 
placentária: sífilis, herpes, toxoplasmose, hepatites 
B ou C, zika, HIV/AIDS e outras; 
– RN que necessita de cuidados intensivos em UTI 
neonatal; 
– RN com dificuldades na sucção e na 
amamentação; 
– RN que passe por problemas de higiene e 
cuidados no domicílio ou no contexto familiar, com 
negligência ou abandono; 
– falta de acompanhamento médico pediátrico em 
visitas regulares e falhas no esquema de vacinação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROBLEMA 2 INTERMEDIARIA 
ELUCIDAR SOBRE A EMBRIOLOGIA DA PRIMEIRA 
SEMANA ATÉ A QUARTA SEMANA DE GESTAÇÃO 
 
1ªSEMANA: Eventos importantes: 
➢ Clivagem do zigoto; 
➢ Formação do Blastocisto; 
➢ Inicio da implantação. 
O início da primeira semana é marcado pela 
CLIVAGEM DO ZIGOTO, que é uma sequência de 
divisões mitótico que o zigoto percorre a caminho 
do útero, que vai resultar no rápido aumento no 
número de células. O zigoto é envolvido pela zona 
pelúcia e é uma célula diploide com 46 
cromossomos, sendo23 da mãe e 23 do pai. A 
clivagem ela começa em cerca de 30 horas após a 
fecundação. 
Essa clivagem vai ser dividia em: 
➢ Estágio de 2 células; 
➢ Estágio de 4 células; 
 ➢ Estágio de 8 células; 
 
→No estágio de 12 a 32 células será chamado de 
MÓRULA. 
→A mórula quando chega no útero se transforma 
em BLASTOCISTO, que será a reorganização das 
células. 
Essa reorganização vai acontecer por conta da 
entrada do liquido presente no útero. 
→Assim, conforme o líquido entra temos uma 
separação de células em 2 partes: uma camada 
delgada celular externa - Trofoblasto que formará 
parte embrionária da placenta. E o embrioblasto 
que formará o embrião. 
Formando uma cavidade preenchida pelo liquido 
(BLASTOCELE), além disso nessa etapa a zona 
pelúcia vai desaparecendo. 
Aproximadamente no sétimo dia, o blastocisto vai 
se conectar superficialmente na parede do útero 
(endométrio), pois o blastocisto só consegue se 
desenvolver se ele estiver dentro do útero. Esse 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
processo é chamado de INICIO DA 
IMPLANTAÇÃO. 
OBSERVAÇÃO: Erros pode acontecer durante a 
clivagem, o mais comum é a não disjunção, que irá 
gerar 2 células com o número de cromossomos 
diferente, condição chamada de MOSAICISMO. 
Essa condição pode acontecer também durante a 
gametogênese. 
 
2ªSEMANA: Eventos importantes: 
➢ Diferenciação do trofoblasto; 
➢ Diferenciação do embrioblasto; 
➢ Término da implantação. 
O evento da segunda semana do desenvolvimento 
embrionário é a implantação do blastocisto. Ela 
ocorre durante a segunda semana, em um período 
restrito, entre o 6º e o 10º dia após a ovulação. 
Na segunda semana as células do trofoblasto 
começam a invadir o endométrio formando uma 
camada de células chamadas de 
SINCICIOTROFOBLASTO e a camada que restou 
passa a ser chamada de CITOTROFOBLASTO. 
→As células do sinciciotrofoblasto é responsável 
pela secreção do hormônio HCG. 10º dia! 
→Conforme o blastócitos implanta mais o 
trofoblasto se diferencia assim o 
sincíciotrofoblasto que é o erosivo invade o tecido 
conjuntivo endometrial incorporando o blastocisto no 
endométrio essas alterações endometriais são 
chamadas de REAÇÃO DECIDUAL, onde as células 
do sinciciotrofoblasto que as engloba servem como 
fonte de nutrientes para o embrião, e o 
cintotrofoblasto forma novas células que migram 
para a massa crescente do sinciciotrofoblasto. 
• O embrioblasto também irá se diferenciar 
em duas camadas; uma camada superior 
(EPIBLASTO) e camada inferior 
(HIPOBLASTO). 
→No epiblasto forma-se uma cavidade chamada de 
CAVIDADE AMNIÓTICA essa cavidade vai ser 
revertida por células AMNIONBLASTOS que irão 
produzir o LIQUIDO AMNIÓTICO. 
→O epiblasto e o hipoblasto irão formar o DISCO 
EMBRIONÁRIO BILAMINAR. Outra mudança será 
a formação do SACO VITELÍNICO PRIMITIVO. 
→O hipoblasto e a membrana exocelômica 
revestem a vesícula vitelina primária; 
→As células do endoderma da vesícula produzem 
uma camada de tecido conjuntivo, o mesoderma 
extraembrionário que envolve o âmnio e a vesícula 
umbilical. 
→Quando se forma o âmnio, o disco embrionário 
e a vesícula umbilical, o sincíciotrofoblasto 
desenvolve as lacunas, onde circula sangue 
materno que fornece material nutritivo ao embrião, 
estabelecendo a CIRCULAÇÃO ÚTERO 
PLACENTÁRIA PRIMITIVA onde os nutrientes e o 
oxigênio é passado de célula a células por difusão. 
➢ O sangue oxigenado passa pelas lacunas a 
partir das artérias endometriais 
espiraladas -células NK, e o sangue pouco 
oxigenando é removido pelas veias 
endometriais; 
➢ No 10º DIA o concepto está completamente 
implantado ocorrendo o tampão; 
➢ Com a formação do celoma 
extraembrionario, a vesícula umbilical 
diminui de tamanho e se forma uma pequena 
vesícula umbilical secundária; 
➢ O celoma extraembrionário divide o 
mesoderma extraembrionário em: 
MESODERMA SOMÁTICO 
EXTRAEMBRIONÁRIO que reveste o 
trofoblasto e cobre o âmnion, e em 
MESODERMA EXPLANEMICO 
EXTRAEMBRIONÁRIO que envolve a 
vesícula umbilical. 
O MESODERMA SOMÁTICO e as 2 camadas do 
trofoblasto formam o: corion (membrana fetal mais 
externa) que forma a parede do saco coriônico; 
O embrião, o saco amniótico e a vesícula 
umbilical estão suspensos dentro do saco coriônico 
pelo pedículo do de conexão; 
→Existe também o MESODERMA 
EXTRAEMBRIONARIO que formam diversas 
cavidades até da origem a CAVIDADE CORIÔNICA 
envolto por uma parede chamada de PLACA 
CORIÔNICA que da origem a PLACENTA e 
PEDÍCULO DE EMBRIÃO, futuramente vai da 
origem ao CORDÃO UMBILICAL. 
➔AO final da segunda semana, o embrião tem a 
forma de um disco bilaminar constituído pelo 
ectoderma e pelo endoderma embrionário, 
havendo a formação das cavidades amniótica e 
coriônica; 
 
 
LEMBRETE: 
4º dia: a mórula ainda estava solta na cavidade 
uterina. 
5º dia: zona pelúcida se degenera e o blastocisto 
cresce. 
6º dia: blastocisto adere ao endométrio. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
7º dia: o trofoblasto sobre uma transformação e vira 
o citotrofoblasto e sincíciotrofoblasto. 
8º dia: o sincíciotrofoblasto penetra no endométrio, 
causando a reação decidual. 
9º dia: a reação decidual dá origem às lacunas. 
10º e 11º dias: As lacunas precisam ser 
tamponadas, senão o sangue vai extravasar e tanto 
a mãe quanto o feto serão prejudicados. Então surge 
o tampão e, com isso as redes lacunares se formam. 
11º e 12º dias: ocorre a formação da circulação 
úteroplacentária. 
13º e 14º dias: As vilosidades coriônicas são 
formadas, conferindo assim uma barreira 
hematoplacentária, que tem uma maior capacidade 
e eficiência na hora de conduzir os nutrientes da mãe 
para o embrião. 
 
 
 
 
 
3ªSEMANA: Eventos importantes: 
➢ Gastrulação; 
➢ Formação da notocorda; 
➢ Neurulação; 
➢ Formação dos somitos do alantoide; 
➢ Desenvolvimento do sistema cardiovascular. 
 
GASTRULAÇÃO 
Que irá estabelecer as 3 camadas germinativas; 
ECTODERME, MESODERME E ENDODERME. 
→GASTRULAÇÃO! 
➢ Durante a gastrulação o disco embrionário 
bilaminar é de ver convertido em um disco 
embrionário trilaminar; 
→O ECTODERME da origem a epiderme, ao 
sistema nervoso central, sistema nervoso 
periférico, olhos e ouvidos , a células da crista 
neural e tecidos conjuntivos da cabeça; 
→O MESODERMA da origem aos músculos 
esqueléticos, células sanguíneas, revestimento 
dos vasos sanguíneos, musculatura lisa visceral, 
ductos e órgãos tema do sistema genital e 
escritor, no tronco forma ossos, cartilagens, 
tendões, ligamentos; 
→O ENDODERMA é a fonte de revestimento 
epitelial do sistema respiratório e digestivo, 
incluindo glândulas e células glandulares do 
sistema digestório como fígado e pâncreas; 
Na 3ª semana temos o aparecimento da 
linha primitiva e desenvolvimento da notocorda; 
→Conforme a linha primitiva se alonga, a 
extremidade cranial prolífera para a formação do nó 
primitivo; 
→Após o aparecimento da linha primitiva as células 
migram de sua superfície profunda para formar o 
MESÊNQUIMA, um tecido conjuntivo embrionário 
que forma os tecidos de sustentação do embrião 
e se diferenciar se diferenciará em mesoblasto 
(Mesoderma indiferenciado) que forma o 
MESODERMA INTRAEMBRIONÁRIO; 
→As células do epiblasto deslocamento o hipoblasto 
formando o ENDODERMA EMBRIONÁRIO no teto 
da vesícula umbilical, e as células do epiblasto 
formam o ECTODERMA EMBRIONÁRIO; 
→As células mesênquimais se diferenciam em 
FIBROBLASTOS, CONDROBLASTOS E 
OSTEOBLASTOS; 
 
PROCESSO NOTOCORDAL 
Durante o processo de gastrulação há a formação da 
linha primitiva: resultado da proliferação e migração 
de células do epiblasto para o plano mediano do 
disco embrionário. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
Na sua extremidade cefálica SURGE O NÓ 
PRIMITIVO, com uma pequena depressão no 
centro chamado fosseta primitiva e ao longo da 
linha forma-se o SULCO PRIMITIVO. Diante disso, 
essas células migram cefalicamente do nó e da 
fosseta primitiva, formandoum cordão celular 
mediano, o chamado PROCESSO NOTOCORDAL. 
→Logo após a sua formação, esse processo adquire 
um lúmen, O CANAL NOTOCORDAL; 
→O processo notocordal então irá crescer 
cranialmente entre o ectoderma e o endoderma até 
alcançar uma estrutura chamada DE PLACA PRÉ-
CORDAL (pequena área circular de células 
endodérmicas cilíndricas no qual o ectoderma e 
o endoderma se fundem). 
→A placa pré-cordal dá origem ao endoderma da 
membrana orofaríngea, que se localiza no futuro 
local da cavidade oral. Ademais, essa placa 
funciona como um centro sinalizador para o controle 
do desenvolvimento das estruturas cranianas, 
incluindo o prosencéfalo e os olhos. 
→Outra estrutura importante é o mesoderma pré-
cordal, uma população mesenquimal que tem 
origem na crista neural da notocorda; 
→A notocorda define o eixo longitudinal 
primordial do embrião e dá a ele alguma rigidez; 
→Além de fornecer sinais necessários para o 
desenvolvimento das estruturas 
musculoesqueléticas axiais e do sistema 
nervoso central, além de também contribuir para a 
formação dos discos intervertebrais; 
Sabe-se que após o surgimento do canal 
notocordal e com o desenvolvimento do processo 
notocordal, ele se torna um tubo celular, que se 
estende cranialmente a partir do nó primitivo até a 
placa pré-cordal. Dando seguimento ao 
desenvolvimento, o assoalho do processo 
notocordal se funde com o endoderma embrionário 
subjacente, que se degeneram gradualmente, 
favorecendo a formação de aberturas no assoalho 
do processo notocordal, o que permite uma 
comunicação entre esse canal e a vesícula umbilical. 
Conforme essas aberturas confluem, o 
assoalho do canal notocordal desaparece e o 
restante do processo notocordal forma uma estrutura 
conhecida como PLACA NOTOCORDAL. 
→A região proximal do canal notocordal persiste por 
um tempo, sendo chamado de canal neuroentérico, 
formando uma comunicação entre a cavidade 
amniótica e a vesícula umbilical. Mas, com o 
desenvolvimento completo da notocorda, esse 
canal, normalmente, se fecha. Na extremidade 
cranial, as células da placa notocordal começam a 
se proliferar e sofrem um dobramento, que forma 
a notocorda. 
→A notocorda tem como função ser um indutor 
primário no embrião inicial. Ela induz o 
ectoderma a se espessar e formar a placa neural, 
o primórdio do sistema nervoso central (SNC). 
 
 
NEURULAÇÃO 
→Processo de formação da placa neural e das 
pregas neurais, além do fechamento dessas 
pregas, para formar o tubo neural. 
Ela está completa até o final da 4ª semana de 
gestação, quando ocorre o fechamento do 
neuroporo caudal. 
A placa neural é o primórdio do SNC. Diante disso, 
sabe-se que o neuroectoderma dessa placa dá 
origem ao SNC, o encéfalo e a medula espinhal, 
além de ser fonte de várias outras estruturas como, 
por exemplo, a retina. 
Ademais, observa-se que, aproximadamente, no 18ª 
dia, a placa neural se invagina ao longo do seu eixo 
central, formando o sulco neural mediano 
longitudinal, com pregas neurais em ambos os 
lados, sendo a proeminência delas na extremidade 
cranial do embrião o primeiro sinal do 
desenvolvimento do encéfalo. 
→Ao final da 3ª semana essas pregas se fundem e 
transformam a placa neural em um tubo neural, 
primórdio da medula espinhal. 
A neurulação se completa durante a 4ª semana. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
→À medida que as pregas neurais se fundem para 
formar o tubo neural, o tubo neural se separa do 
ectoderma superficial, e as células da crista neural 
formam uma massa achatada e irregular, a 
chamada crista neural, situada entre o tubo neural 
e o ectoderma superficial acima. 
Logo após sua formação, ela se separa em porções 
(direita e esquerda), que se deslocam para os 
aspectos dorsolaterais do tubo neural, onde dão 
origem aos gânglios sensoriais dos nervos 
espinhais e cranianos. 
→Os gânglios dos nervos cranianos (V, VII, IX e X) 
são parcialmente derivados das células da crista 
neural. Além disso, a crista neural contribui para a 
formação das leptomeninges (aracnoide e pia-
máter). 
 
DESENVOLVIMENTO DOS SOMITOS DO 
ALANTOIDE 
Além da notocorda, as células derivadas do nó 
primitivo formam o mesoderma para-axial. Próximo 
ao nó primitivo, essa população celular aparece 
como uma coluna espessa e longitudinal de 
células. Ao final da 3ª semana, o mesoderma 
paraxial se diferencia, se condensa e começa a se 
dividir em corpos cuboides pareados, OS 
SOMITOS. 
Esses blocos de mesoderma estão localizados em 
cada lado do tubo neural em desenvolvimento. 
Cerca de 38 pares de somitos se formam entre 20 e 
30 dias após o início do desenvolvimento do 
embrião. 
→Ao final da quinta semana, 42 a 44 pares de 
somitos estão presentes. Eles formam elevações 
na superfície do embrião e são um pouco 
triangulares em secções transversais. 
Inicialmente, os somitos surgem na futura região 
occipital da cabeça do embrião e logo se 
desenvolvem crânio-caudalmente. Dão origem à 
maior parte do esqueleto axial e à musculatura 
associada, assim como à derme da pele adjacente. 
→Como os somitos são bem proeminentes 
durante a quarta e a quinta semanas, eles são 
utilizados como um dos vários critérios para a 
determinação da idade do embrião através da 
ultrassonografia. 
ALANTÓIDE 
Surge no 16º dia por meio de uma evaginação na 
região caudal que cresce em direção ao pedículo do 
embrião, formando uma membrana com a função da 
formação de ligamento, artérias e veias umbilicais, 
que serviram a placenta; 
 
 
 
DESENVOLVIMENTO DO CELOMA 
INTRAEMBRIONÁRIO 
→O celoma intraembrionário é a cavidade do 
corpo do embrião e surge como espaços celômicos 
isolados no mesoderma intraembrionário lateral e 
no mesoderma cardiogênico; 
→Esses espaços logo se unem para formar uma 
única cavidade em formato de ferradura, o celoma 
intra-embrionário, que divide o mesoderma lateral 
em duas camadas: camada somática ou parietal e 
camada esplâncnica ou visceral. 
→O mesoderma somático e o ectoderma 
embrionário acima deste formam a parede do corpo 
do embrião ou somatopleura, enquanto o 
mesoderma esplâncnico e o endoderma embrionário 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
abaixo deste formam o intestino embrionário ou 
esplancnopleura. 
 
SISTEMA CARDIOVASCULAR PRIMITIVO 
→Composto por vasos sanguíneos e pelo 
coração; 
 
VASCULOGÊNESE E ANGIOGÊNESE 
→A formação do sistema vascular embrionário 
envolve dois processos, a vasculogênese e a 
angiogênese. 
→ A vasculogênese é a formação de novos canais 
vasculares pela união de precursores individuais 
celulares (angioblastos). 
→A angiogênese é a formação de novos vasos pelo 
brotamento e ramificação de vasos pre-existentes. 
→A formação de vasos sanguíneos no embrião e 
nas membranas extraembrionárias, durante a 
terceira semana, começa quando as células 
mesenquimais se diferenciam em precursores das 
células endoteliais, ou angioblastos (células 
formadoras de vasos). Os angioblastos se agregam 
para formar aglomerados célulares angiogênicos 
isolados, as ilhotas sanguíneas, que apresentam 
pequenas cavidades em seu interior. Os 
angioblastos se achatam para formar as células 
endoteliais ao redor das cavidades das ilhotas 
sanguíneas, dando origem ao endotélio. Muitas 
dessas cavidades revestidas por endotélio se 
fusionam e formam uma rede de canais endoteliais 
(vasculogênese). 
→Vasos se ramificam nas áreas adjacentes por meio 
do brotamento endotelial (angiogênese) e se fundem 
com outros vasos. As células mesenquimais ao 
redor dos vasos sanguíneos endoteliais primitivos se 
diferenciam nos elementos de tecido muscular e 
tecido conjuntivo da parede dos vasos sanguíneos. 
→As células sanguíneas se desenvolvem a partir de 
células endoteliais especializadas dos próprios 
vasos e depois em locais especializados ao longo da 
aorta dorsal. 
→Células sanguíneas progenitoras também se 
originam diretamente de células-tronco 
hematopoiéticas. A hematogênese não começa 
no embrião até a quinta semana. Primeiro,ela 
ocorre ao longo da aorta e, depois, em várias regiões 
do mesênquima embrionário, principalmente no 
fígado e no baço, na medula óssea e nos linfonodos. 
 
4ª à 8ª SEMANA: Período marcado pela formação 
dos órgãos do embrião, localização correta desses 
órgão e aonde o embrião irá assumir um formato 
humano e passará a ser chamado de FETO. 
OBSERVAÇÃO: É um período muito perigoso 
também, pois o feto fica susceptível a 
teratogênese, que é qualquer agente capaz de 
interferir no desenvolvimento do embrião como; 
álcool, drogas, vírus… Podendo causar 
deformações. 
Esse período será dividido em 3 fases: 
➢ Crescimento: divisão celular; 
➢ Morfogênese: desenvolvimento da forma, 
tamanho e outras características; 
➢ Diferenciação: As células assumem suas 
funções no tecido. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
Evento importante: Dobramento do embrião- 
DOBRAMENTO DO DISCO EMBRIONÁRIO 
TRILAMINAR que se dobra para formar um estrutura 
semelhante a um ser, ao mesmo tempo o 
ectoderma vai se espessando próximo a região do 
crânio formando 2 pregas; uma PREGA CEFÁLICA 
e uma PREGA CALDAL que irão invadindo a 
vesícula umbilical que formará um canal chamado de 
Intestino, o INTESTINO ANTERIOR origina o 
esôfago, laringe e faringe; INTESTINO MÉDIO que 
origina o estômago e o intestino, INTESTINO 
POSTERIOR que origina o anus e alguns órgãos 
do trato urinário. Outra estrutura que se destaca é 
o CORAÇÃO que ao passar dos dias ele vai 
migrando para seu local fixo e criando volume. 
 
4ª SEMANA: 
➢ Presença de somitos; 
➢ Finalização do tubo neural; 
➢ Formação do arco faríngeo; 
➢ Surgimento do futuro local do olho e nariz; 
➢ Inicio dos MMI e MMS. 
→É onde o disco trilaminar sofre um processo de 
desdobramento; 
→No início o embrião é quase reto e possui de 4 a 
12 somitos que produzem elevações visíveis na 
superfície; 
→O tubo neural é formado em frente ao somitos, 
mas é amplamente aberto nos neuroporo rostral e 
caudal; 
→ Com 24 dias, os primeiros Arcos faríngeos estão 
visíveis. O primeiro arco faríngeo -- arco mandibular 
está nítido;→ origina a mandíbula e a extensão 
rostral do arco, a proeminência maxilar, contribui 
com a formação da maxila superior; 
→O embrião está levemente curvado em formação 
das pregas cefálica e caudal; 
→O coração forma uma grande proeminência 
cardíaca ventral e bombeiros sangue; 
→O neuroporo rostral está fechado; 
→O prosencéfalo produz uma elevação proeminente 
na cabeça e o dobramento do embrião lhe causa 
uma curvatura em forma de C; 
→Os brotos dos membros superiores (pequena 
dilatação na parte ventral lateral do corpo), as 
fossetas ópticas, (primórdio das orelhas internas) e 
os espessamentos ectodérmicos (placóides 
cristalinos) são visíveis; 
→ uma longa eminência caudal é a característica 
típica; 
 
 
 
EXPLICAR O MECANISMO DE AÇÃO DO 
ACIDO FOLICO E SUA IMPORTANCIA NA 
GRAVIDEZ 
OL-metilfolato, por se tratar da forma ativa da 
vitamina, não necessita de metabolização. Pode ser 
utilizado, com boa eficácia, para a prevenção de 
defeitos do tubo neural (DTNs) em mulheres 
sabidamente portadoras de polimorfismo, bem como 
naquelas que desconhecem essa condição, quando 
comparado às demais formas de folato e ácido 
fólico. 
A recomendação quanto à ingestão diária adequada 
de folato para todas as mulheres em idade fértil, a 
fim de reduzir o risco de defeitos congênitos do 
tubo neural, teve início na década de 1990, sob 
orientação do Serviço de Saúde Pública 
americano, após estudos relacionarem o aumento 
das concentrações de homocisteína à presença 
dessas malformações congênitas. A incidência dos 
DTNs está em torno de 1:1.000 nascimentos. A 
anencefalia e a espinha bífida têm prevalência 
semelhante, representando 95% dos casos, 
enquanto a encefalocele é responsável por 5% dos 
DTNs. 
 Atualmente, a suplementação periconcepcional com 
folato é universalmente aceita por diminuir a 
ocorrência e a recorrência de defeitos abertos do 
tubo neural. É recomendada para todas as mulheres 
durante a menacme, incluindo as que planejam 
gravidez e aquelas que não fazem uso de métodos 
contraceptivos. Essa ampla recomendação baseia-
se no grande número de gestações não planejadas, 
e no fato de o fechamento do tubo neural 
acontecer antes que muitas mulheres tenham a 
confirmação diagnóstica da sua gestação. A 
orientação pré-concepcional sobre a necessidade e 
a importância da suplementação deve ser abordada 
durante a consulta médica, pois muitas mulheres 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
desconhecem essa recomendação ou não a seguem 
pelo custo ou inconveniência. 
 O folato, ou vitamina B9, faz parte do grupo de 
vitaminas essenciais. O folato alimentar é um 
nutriente natural e pode ser encontrado em folhas 
verdes, legumes, gema de ovo, fígado, leite e 
frutas cítricas. O ácido fólico é um suplemento 
dietético, sintético e hidrossolúvel presente em 
alimentos enriquecidos artificialmente e em 
suplementos vitamínicos. 
 A Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa), por meio da Resolução RDC nº 344, 
estabeleceu a fortificação de farinhas de trigo e de 
milho e seus subprodutos com ácido fólico, devendo 
cada 100 g do produto fornecer uma quantidade 
mínima de 150 mcg da vitamina. O folato e o ácido 
fólico devem passar por processos enzimáticos 
necessários à metabolização para a forma ativa L-5-
metiltetrahidrofolato (L-metilfolato, 5-MTHF), que 
circula no plasma e está envolvida nos processos 
biológicos. Esse processo é fundamental para 
fornecer 5-MTHF para as reações de transferência 
de carbonos, necessárias para a síntese de purina e 
pirimidina durante a síntese de ácido 
desoxirribonucleico (DNA) e de ácido ribonucleico 
(RNA), para a metilação do DNA e para regular o 
metabolismo da homocisteína. A deficiência de 
folato pode ser observada em situações em que há 
ingestão alimentar insuficiente, dificuldade de 
absorção e aumento da necessidade, da excreção e 
da destruição. O erro alimentar responde pela baixa 
ingestão de folato, condição também comum na 
população idosa, nos adolescentes e nos 
usuários de drogas. Mulheres e crianças são os 
grupos mais vulneráveis para a deficiência dessa 
vitamina. Durante a gestação, há aumento da 
demanda de folato, e sua deficiência pode levar a 
defeitos graves na formação do tubo neural. 
Alguns fármacos interferem na síntese de DNA por 
interferirem na absorção, metabolização e utilização 
do folato no organismo. 
A principal droga antagonista do folato é o 
metotrexato, que atua como potente inibidor da 
DHFR. A inibição dessa enzima leva a defeitos de 
metilação que comprometem a síntese de DNA, 
acarretando eritropoiese ineficaz. Outros inibidores 
dessa enzima são a pentamidina, a trimetoprima, o 
triantereno e a pirimetamina. Os anticonvulsivantes, 
tais como fenitoína, fenobarbital e primidona, 
competem com o folato por receptores intestinais, 
cerebrais e de outras superfícies celulares, estando 
associados ao desenvolvimento de macrocitose em 
até 40% dos usuários. A sulfassalazina provoca 
diminuição na absorção de folato. O uso excessivo 
de álcool frequentemente torna os usuários 
deficientes em folato, tendo em vista que o álcool 
interfere no seu metabolismo. Outras condições 
médicas ou cirúrgicas associadas à má absorção 
incluem doença inflamatória intestinal, cirurgia 
bariátrica, ressecção intestinal importante ou 
circulação extracorpórea; condições menos 
comuns incluem doença celíaca documentada, 
doença hepática significativa e insuficiência renal 
que requer diálise. 
 
CONCLUSÃO: A suplementação Peri concepcional 
de folato protege contra anomalias estruturais fetais, 
incluindo DTNs. Mulheres em idade reprodutiva, 
portadoras ou não de polimorfismo genético nos 
genes que regulam o metabolismo do folato, podem 
se beneficiar da suplementação com L-metilfolato, 
forma ativa do ácido fólico. A suplementação deve 
ser iniciada ao menos 30 dias antes da provável 
concepçãoe mantida até o final do primeiro trimestre 
da gestação. 
→O método mais eficaz de prevenção de DTN é o 
uso do ácido fólico Peri concepcional, isto é, deve 
ser iniciado ao menos um mês antes da 
concepção e mantido até o final do primeiro 
trimestre da gestação. A ingestão diária de ácido 
fólico para gestantes mais preconizada é de 400 
mcg ou 0,4 mg diários para casos de baixo risco e 
dez vezes mais (4 mg por dia) para as mulheres com 
alto risco de DTN. 
 
DISCORRER SOBRE ULTRASSOM, DUM, E 
IDADE GESTACIONAL 
ÚLTIMA MENSTRUAÇÃO 
A gravidez é datada do 1º dia do último período 
menstrual. A duração média da gestação é de 280 
dias (40 semanas), e isso fornece a data provável 
do parto, assumindo que: O ciclo é de 28 dias. A 
ovulação ocorreu geralmente no 14 o dia do 
ciclo. O ciclo foi normal, ou seja, não ocorreu 
imediatamente após a parada de contracepção oral 
ou após gravidez anterior. 
Na prática usa-se a regra de Nägele, que consiste 
em adicionar à data da última menstruação + 7 
dias e mais 9 meses (ou menos 3 meses, quando 
se faz o cálculo retrógrado). 
Por exemplo, se a última menstruação foi em 10 de 
novembro (mês 11), temos 10 + 7 = 17, e 11 – 3 = 8, 
portanto, 17 de agosto (mês 8) será a data provável 
do parto. Aparentemente, a gravidez, assim 
avaliada, não teria os 280 dias de duração média que 
lhe foram atribuídos (9 × 30 = 270 + 7 = 277). No 
entanto, há correspondência perfeita: no decurso de 
9 meses, como norma, 3 ou 4têm 31 dias e essa 
diferença (de 1 dia) torna a regra de Nägele a mais 
aproximada dos referidos 280 dias. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
MOVIMENTOS FETAIS 
Aproximadamente com 18 semanas de gravidez, 
indistintamente, primíparas e multíparas começam 
aperceber os movimentos fetais (MF), que 
constituem, na ausência de informações sobre a 
última menstruação, outro elemento clínico para o 
cálculo da idade da gravidez. 
AUMENTO DO VOLUME UTERINO 
O útero pode ser palpado no abdome, a partir de 
12 semanas. À medida que a gestação avança, o 
fundo uterino mostra-se gradativamente mais alto, 
distanciando-se da sínfise púbica. Na primeira 
metade da gestação, a mensuração do fundo de 
útero é bom indicador para o cálculo da idade da 
gravidez. Na segunda metade, embora ele cresça 
cerca de 4 cm/mês, as variações são maiores e os 
erros, mais comuns. Com 16 semanas, o fundo de 
útero estará a meia distância entre a sínfise púbica e 
o umbigo; com 20 semanas, nesse, e ao termo, 
próximo das rebordas costais. Nas primíparas, 2 
semanas antes do parto, em decorrência da queda 
do ventre, pela insinuação da cabeça fetal, o fundo 
baixa cerca de 2 cm, sendo um indício de que o 
parto deverá iniciar-se nos próximos 15 dias. 
Com isso, ocorrem melhores condições para a 
gestante, que respira mais facilmente, embora 
reapareçam as queixas urinárias do 1 o trimestre. 
 
AUSCULTA FETAL 
A ausculta com o estetoscópio de Pinard pode ser 
feita a partir de 20 semanas de gravidez; contudo, 
essa prática foi substituída pelos procedimentos 
eletrônicos. O sonar-Doppler identifica o pulso 
fetal desde 10 a 12 semanas. É excepcional a 
escuta antes dessa idade gestacional. 
ULTRASSONOGRAFIA 
Cerca de 40% das mulheres que realizam 
ultrassonografia (US) no 1º trimestre têm sua idade 
gestacional estimada ajustada, em virtude de 
discrepância de mais de 5 dias entre este exame e a 
data da última menstruação (DUM). Nesses casos, 
só o exame ultrassonográfico possibilita estimar, 
com precisão, a idade gestacional. 
ULTRASSONOGRAFIA DE 1º TRIMESTRE 
Até 13 +6 semanas, a idade da gravidez avaliada 
pela medida do comprimento cabeça-nádega 
(CCN) tem uma acurácia de ± 5-7 dias. Se a US 
realizada nesse período tiver uma discrepância > 7 
dias, a data da gravidez estimada pela última 
menstruação deve ser trocada pela idade 
sonográfica. Antes de 9 semanas uma discrepância 
maior que 9 dias é apropriada para alterar a data 
estimada da gravidez. 
→Se a gravidez resultou de fertilização in vitro 
(FIV), a idade gestacional dever ser aquela fornecida 
pela reprodução assistida (dia da transferência do 
embrião). 
ESTRUTURAS AVALIADAS: 
-embriao; 
-atividade cardiaca; 
-utero- miomas; 
-anexos- corpo lúteo; 
SACO GESTACIONAL- 5 SEMANAS 
VESICULA VITELINA-5,5 SEMANAS 
ECO FETAL COM BCF- 6 SEMANAS 
CABEÇA FETAL- 11-12 SEMANAS 
PLACENTA- 12 SEMANAS 
ULTRASSONOGRAFIA DE 2º TRIMESTRE 
A idade da gravidez pela US de 2 o trimestre é 
fornecida pelo diâmetro biparietal (DBP) ou pelo 
comprimento do fêmur (CF). Entre 14 e 21 +6 
semanas a acurácia é de ± 10 a 14 dias. A idade da 
gravidez estimada pela US deste período não deve 
ser trocada se diferir daquela referida pela US de 
1º trimestre. 
ULTRASSONOGRAFIA DE 3º TRIMESTRE 
A idade da gravidez estimada pela ultrassom de 3º 
trimestre (28 semanas em diante), também 
avaliada pelo DBP ou pelo CF, é a mais imprecisa, 
com acurácia de ± 21 a 30 dias. 
→ Em suma, se houver diferença entre a idade da 
gravidez obtida pela última menstruação e a avaliada 
pela ultrassonografia, prevalece a estimada pela 
sonografia. 
Avalia PIG- PEQUENO PARA IDADE 
GESTACIONAL, E GIG- GRANDE PARA IDADE 
GESTACIONAL 
 
BIOMETRIAL FETAL: Parâmetro analisado na 1ª e 
2ª ecografia da gravidez, avalia medidas da cabeça, 
corpo, osso da coxa com vista no desenvolvimento 
do bebe; 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
PROBLEMA 3 
ELUCIDAR SOBRE O DESENVOLVIMENTO 
EMBRIONARIO DA 5ª A 8ª SEMANA DE 
GESTACÃO; 
5ª SEMANA: 
➢ Embrião mais curvado; 
➢ Grande desenvolvimento craniano e 
encefálico. 
→As mudanças na forma do corpo do embrião são 
pequenas na quinta semana quando comparadas 
àquelas ocorridas durante a quarta semana, mas o 
crescimento da cabeça excede o de outras 
regiões. 
→O alargamento da cabeça resulta principalmente 
do rápido desenvolvimento do encéfalo e das 
proeminências faciais. 
→A face logo faz contato com a proeminência 
cardíaca. 
→O rápido crescimento do segundo arco faríngeo 
se sobrepõe aos terceiro e quarto arcos, formando 
uma depressão lateral de cada lado, → SEIO 
CERVICAL. 
→As cristas mesonéfricas indicam o local do 
desenvolvimento dos rins mesonéfricos, que em 
humanos, são órgãos excretores provisórios. 
→Podemos visualizar o Saco Gestacional; 
6ª SEMANA: 
➢ Formação do olho primitivo, nariz e orelha; 
➢ Formação dos MMS (mãos com raios digitais) 
e MMI. 
→Embriões na sexta semana mostram movimentos 
espontâneos, tais como, contrações no tronco e 
nos membros em desenvolvimento. 
→Tem sido relatado que embriões nesse estágio 
apresentam respostas reflexas ao toque. 
→Os membros superiores começam a mostrar uma 
diferenciação regional, tais como o 
desenvolvimento do cotovelo e das grandes 
placas nas mãos. 
→ Os primórdios dos dígitos (dedos), ou raios 
digitais, iniciam seu desenvolvimento nas placas 
das mãos. 
 
 
→O desenvolvimento dos membros inferiores ocorre 
durante a sexta semana, 4 a 5 dias após o 
desenvolvimento dos membros superiores. 
→Várias pequenas intumescências, as saliências 
auriculares, se desenvolvem ao redor do sulco ou 
fenda faríngea entre os primeiros dois arcos 
faríngeos; Esse sulco torna-se o meato acústico 
externo (canal da orelha externa). 
→As saliências auriculares contribuem para a 
formação da aurícula (pavilhão), a parte em forma 
de concha da orelha externa. 
→Os olhos são agora notáveis, em grande parte 
pela formação do pigmento da retina. 
→A cabeça é agora relativamente muito maior do 
que o tronco e está dobrada sobre a proeminência 
cardíaca. 
→A posição da cabeça resulta da flexão da região 
cervical (pescoço). O tronco e o pescoço começam 
a endireitar-se e o intestino penetra no celoma 
extraembrionário na parte proximal do cordão 
umbilical. 
→Essa herniação umbilical é um evento normal. 
Ocorre porque a cavidade abdominal é muito 
pequena nesta idade para acomodar o rápido 
crescimento do intestino. 
7ª SEMANA: 
➢ Aparência mais próxima de ser humano; 
➢ Olho,pálpebras e orelhas formadas; 
 ➢ Raios digitais desaparecem e tem o 
desenvolvimento dos dedos dos pés e mãos. 
→Chanfraduras aparecem entre os raios digitais 
(sulcos e chanfraduras que separam as áreas das 
placas das mãos e dos pés), que indicam 
claramente os dedos. 
→A comunicação entre o intestino primitivo e a 
vesícula umbilical está agora reduzida. Nesse 
momento, pedículo vitelino torna-se o DUCTO 
ONFALOENTÉRICO. 
→Ao final da sétima semana, a ossificação dos 
ossos dos membros superiores já iniciou. 
 
8ª SEMANA: 
➢ Fim do período embrionário; 
➢ Início do período fetal; 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
→No início da última semana do período 
embrionário, os dedos das mãos estão separados 
porém unidos por uma membrana visível. 
→As chanfraduras estão também nitidamente 
visíveis entre os raios digitais dos pés. 
→A eminência caudal ainda está presente mas é 
curta. 
→O plexo vascular do couro cabeludo aparece e 
forma uma faixa característica ao redor da 
cabeça. 
→Ao final da oitava semana, todas as regiões dos 
membros estão aparentes e os dedos são 
compridos e completamente separados. 
 
 
 
→Os primeiros movimentos voluntários dos 
membros ocorrem durante a oitava semana. 
→A ossificação primária inicia-se no fêmur (osso 
longo da coxa). 
→A eminência caudal desapareceu e tanto as 
mãos como os pés se aproximam uns dos outros 
ventralmente. 
→Ao final da oitava semana, o embrião possui 
características humanas distintas, entretanto, a 
cabeça é ainda desproporcionalmente grande, 
constituindo quase a metade do embrião. 
→ O pescoço está definido e as pálpebras estão 
mais evidentes. As pálpebras estão se fechando e 
ao final da oitava semana, elas começam a se unir 
por fusão epitelial. 
→Os intestinos ainda estão na porção proximal do 
cordão umbilical. 
→Apesar de existirem diferenças sutis entre os 
sexos na aparência da genitália externa, elas não 
são distintas o suficiente para permitir uma 
identificação sexual precisa; 
 
 
 
ABORTO 
→TIPOS DE ABORTAMENTO (PRECOSE OU 
TARDIO, ESPONTANEO OU PROVOCADO, 
ESPORÁDICO OU HABITUAL, SEGURO E 
INSEGURO, DE REPETIÇÃO), 
→FORMAS CLÍNICAS (AMEAÇA DE ABORTO, 
ABORTO INEVITÁVEL, ABORTO INCOMPLETO, 
ABORTO COMPLETO, ABORTO INFECTADO, 
ABORTO RETIDO), ACHADOS USG, 
COMPLICAÇÕES, CAUSAS E CONDUTAS EM 
CADA FORMA E PERFIL EPIDEMIOLÓGICO NO 
BRASIL. 
ABORTAMENTO 
→Aborto é toda interrupção da gravidez antes 
das 22 semanas de gestação ou em que o feto 
pesa < 500 g ou mede 16,5 cm. No Brasil, o aborto 
não é considerado crime em 3 situações: gravidez 
representa risco de vida para a gestante, quando 
é resultado de um estupro ou em casos de 
anencefalia. 
→É importante ressaltar que, o risco de abortamento 
é maior em mulheres com idade ≥ 35 anos e, tal 
risco se eleva se o homem tiver ≥ 40 anos. 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
PERFIL EPIDEMIOLOGICO NO BRASIL 
→No Código Penal Brasileiro, consta que o aborto 
só não é penalizado em dois casos: aborto 
necessário (se não há outro meio de salvar a vida 
da gestante) e aborto humanitário (em gravidez 
resultante de estupro). Frente a esta situação, os 
abortos realizados atualmente no Brasil são feitos de 
forma clandestina, transformando o que seria um 
procedimento simples e de baixo risco, em uma 
situação de alto risco para uma parte significativa 
das mulheres que não podem pagar por uma 
intervenção em clinicas privadas, onde se tem 
acesso a abortos mais seguros. 
→Lembrando que aborto é crime com pena 
prevista de um a três anos para as mulheres e de 
um a dez anos para quem executar o 
procedimento (Cook et al., 2004; Torres, 2012). 
→O Ministério da saúde criou uma norma técnica 
denominada "atenção humanizada ao 
abortamento” onde afirma que o abortamento 
representa no Brasil um sério problema de saúde 
pública por se tratar de uns pais em desenvolvimento 
onde se discutem complexos como, por exemplo: 
aspectos éticos, legais, morais, religiosos, culturais 
e até sociais acerca do assunto. Sabe-se que o 
abortamento é em sua maioria praticado, com o uso 
de meios diversos acarretando riscos e danos à 
saúde da mulher, muitas vezes induzidos pela 
própria ou realizados por profissionais em condições 
inseguras, sem preparo, capacitação e em geral 
provocando consequências danosas à saúde, 
podendo, inclusive, levar à morte (Domingues, 2008; 
Santos et al., 2013). 
→A partir dos dados extraídos pelo DataSUS, o 
mapa exemplifica os casos de aborto entre os anos 
de 2010 a 2019 no Brasil. De modo que, os estados 
com maiores índices de aborto nos últimos 10 anos 
foram São Paulo com o total de 133350 (20.27%), 
Minas Gerais com 66649 (10.13%) e Rio de 
Janeiro que teve 66269 (10.07%) casos de 
abortos (DATASUS, 2021). 
 
 
→Segundo dados coletados no Data SUS, O Brasil 
chega a registar diariamente 535 internações 
causadas por aborto. 
→Verificou-se que em 2019, a cada 100 
internações 99 foram causadas por aborto 
espontâneos do tipo de causas indeterminadas e 
apenas 1 de aborto previsto em lei, como em casos 
de estupro ou risco a vida da gestante. 
→Entre os anos de 2009 a 2018, o Sistema Único de 
Saúde (SUS) registrou oficialmente 721 mortes de 
mulheres por aborto em sua maioria negras ou 
pardas com baixo acesso a informações e 
cuidados humanizados. A cada 10 mulheres que 
vinham a óbito, 6 eram pretas ou pardas. Ressalta-
se ainda que apenas de 2010 a 2019, o SUS 
registrou 24,8 mil internações por aborto de 
meninas de 10 até 14 anos números alarmantes em 
uns pais em desenvolvimento. Lembra-se que a 
maioria das ocorrências dos abortos em meninas de 
10 até 14 anos acontece no Nordeste por se tratar 
da região mais pobre do país com baixa 
acessibilidade a recursos pagos e até mesmo 
informações acerca do assunto (DATASUS, 2021). 
CLASSIFICAÇÃO 
PRECOCE OU TARDIO 
 →O abortamento é considerado precoce se ocorre 
até a 12ª semana e tardio se ocorre entre a 13ª e 
20ª semana. 
ESPONTÂNEO OU PROVOCADO 
→O espontâneo ocorre sem nenhum tipo de 
intervenção externa, podendo ser causado por 
doenças da mãe ou anormalidades do feto. 
→O provocado decorre de uma interrupção 
externa e intencional que acarreta na interrupção 
da gestação. Esta representa custos altos para o 
Sistema Único de Saúde em consequência das suas 
complicações, principalmente, quando há evolução 
para aborto infectado; 
ESPORÁDICO OU HABITUAL 
→A separação em aborto esporádico e habitual nos 
auxilia na melhor compreensão das etiologias do 
abortamento. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
→Os abortamentos esporádicos têm como 
principal causa as anormalidades 
cromossômicas que chegam a abranger 50-80% 
dos abortamentos esporádicos, sendo as 
aneuploidias aquelas que representam maior 
frequência seguidas das triploidias e tetraploidias. 
Dentre as aneuploidias, a trissomia autossômica 
possui 52% de frequência e 19% de síndrome de 
Turner; 
 As alterações cromossômicas fetais são 
as causas mais comum de abortamento 
precoce, sendo a trissomia autossômica a 
mais associada; 
→Chama-se abortamento habitual aquele que 
ocorre 3 vezes ou mais na mesma gestante, neste 
caso, as principais causas são: incompetência 
istmo cervical e síndrome do anticorpo 
antifosfolípide (SAAF); 
 
SEGURO OU INSEGURO 
→A OMS costuma designar como seguros aqueles 
realizados por um médico bem treinado, com 
materiais e ambiente adequados representando 
risco menor para a saúde da mulher. 
→E, inseguro é aquele aborto realizado sem os 
recursos médicos mínimos e/ou sem pessoa 
capacitada para realizá-lo. 
APRESENTAÇÃO CLÍNICA 
Toda gestante com sangramento vaginal no 1º 
trimestre deve ser submetida a exame abdominal, 
exame especular e toque vaginal. Com isso, e 
associada à coleta de uma boa anamnese, é 
possível diagnosticar e classificar a mesma dentro 
de uma das 6 apresentações clínicas. 
 
 
→RETIDO 
→INCOMPLETO 
→INFECTADO 
→INEVITÁVEL 
→AMEAÇA DE ABORTAMENTO; 
→COMPLETOAMEAÇA DE ABORTAMENTO 
→Trata-se de um abortamento em que há chance 
de reversão do quadro por haver ainda 
perspectivas de evolução da gravidez. 
→O sangramento é pouco e a dor, quando presente, 
diz respeito às contrações uterinas incapazes de 
produzir modificações cervicais. 
→Ao exame especular pode-se notar 
sangramento ativo e na USG transvaginal é 
possível notar hematoma retroplacentário. 
→A conduta é expectante mesmo na presença de 
hematoma e, prescrição de sintomáticos se 
necessário. 
→É importante orientar a paciente a evitar relações 
sexuais em caso de perda sanguínea e retornar ao 
serviço de saúde em caso de aumento do 
sangramento. 
 
ABORTAMENTO COMPLETO 
→Consiste no abortamento em que há eliminação 
total do concepto. 
→Os sintomas são redução ou parada do 
sangramento e das cólicas após a expulsão do 
ovo íntegro. 
→No entanto, se o episódio aconteceu e o 
diagnóstico seria dado apenas com o relato colhido 
na anamnese, o ideal é que seja solicitado um 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
exame de imagem que possibilite a confirmação 
do diagnóstico. 
→A conduta é expectante, devendo haver apenas 
monitoramento da hemorragia. 
 
ABORTAMENTO RETIDO 
→Trata-se de um aborto em que o concepto 
permaneceu retido na cavidade uterina sem 
vitalidade. 
→Há regressão dos sinais gravídicos (redução da 
altura uterina e da circunferência abdominal, perda 
da turgescência mamária e dos sinais de presunção 
de gravidez) e perda dos batimentos 
cardioembrionários (BCE). 
→Inicialmente, a conduta é expectante se o mesmo 
ocorre de forma precoce dentro do 1º trimestre, 
pois até 3 semanas após o abortamento o ovo 
costuma ser expulso. 
→No entanto, é possível nesses casos proceder com 
esvaziamento uterino por meio da aspiração 
manual intrauterina (AMIU) ou 
farmacologicamente com uso do Misoprostol; 
→Sendo a retenção maior do que 4 semanas é 
necessário realizar o coagulograma antes de iniciar 
qualquer terapêutica. 
→No abortamento retido tardio (no 2º trimestre 
ou > 12 semanas), a melhor conduta é expulsão 
imediata do feto com uso de Misoprostol e, em 
seguida, complementação com curetagem uterina; 
 
ABORTAMENTO INCOMPLETO 
→Esta forma clínica é a mais frequente, sendo 
decorrente da expulsão do feto, mas permanência 
da placenta ou restos placentários. 
→O sangramento é o principal sintoma, ocorre 
redução uterina em comparação com a idade 
gestacional (IG) e as dores tipo cólica surgem na 
tentativa de expulsão do conteúdo intrauterino. A 
Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), em seu 
Protocolo sobre Aborto de 2018, recomenda que a 
conduta em caso de < 12 semanas seja a realização 
de Misoprostol ou AMIU, se > 12 semanas orienta 
a realização da curetagem. Vale ressaltar, que a 
paciente deve ser internada para estabilização e 
realização dos procedimentos citados. 
 
ABORTAMENTO INFECTADO 
Esse abortamento resulta da tentativa de esvaziar 
o útero com uso de instrumentos inadequados e 
técnicas inseguras, o que leva a infecções 
polimicrobianas compreendendo microrganismos da 
flora genital e intestinal. Com isso, a anamnese tem 
uma importância ainda maior por ser capaz de 
identificar o episódio causador. 
→O sangramento costuma ter odor fétido e os 
demais sintomas variam de acordo com o grau e 
local de acometimento: 
• Endométrio e miométrio: cólicas intermitentes, 
febre 38ºC, dor à mobilização do colo e à palpação 
abdominal. 
• Peritônio pélvico: febre 39ºC, dor mais intensa, 
comprometimento do estado geral, colo aberto com 
saída de conteúdo purulento, sinais de peritonite que 
dificultam inclusive a tentativa de mobilização do 
colo uterino. 
→O leucograma apresenta perfil de infecção e, na 
USG em alguns casos nota-se abscesso em fundo 
de saco. 
→O tratamento consiste no uso de antibióticos 
(ATB) e na remoção do foco infeccioso. 
→O esquema de ATB que deve ser usado é: 
 
→Em seguida, realiza-se curetagem para remoção 
do foco infeccioso. Porém, se as medidas acima 
não forem suficientes ou se houver suspeita de 
perfuração uterina/ abscesso pélvico/lesão de 
alça, deve-se proceder para laparotomia seguida 
de retirada do foco, inclusive histerectomia se for o 
caso. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
→Recomenda-se profilaxia com antitetânica 
naqueles casos em que para indução do aborto 
foram utilizados instrumentos metálicos ou 
possivelmente suspeitos de levar à infecção com 
tétano. 
→Naqueles casos em que foram instituídas todas as 
medidas acima para tratamento, mas ainda assim a 
paciente continua apresentando febre deve-se 
pensar no diagnóstico diferencial de Tromboflebite 
Pélvica que deve ser tratada com a realização de 
heparinização plena associada à antibioticoterapia. 
 
 
 
ABORTAMENTO INEVITÁVEL 
→Clinicamente traduz-se pela dilatação do colo 
permitindo a detecção das membranas ovulares ou 
até mesmo do embrião, logo, apesar de não haver 
ainda expulsão do concepto, é inevitável que isto 
ocorra. 
→Além disso, nota-se sangramento importante 
que chega a comprometer a hemodinâmica da 
paciente. 
→Como o feto ainda não foi expulso da cavidade 
uterina, a conduta é com Misoprostol + curetagem. 
→Além disso, é importante internar a paciente 
para estabilização e cuidados com a mesma. 
 
TRATAMENTO 
FARMACOLÓGICO 
→No Brasil, a técnica farmacológica para tratamento 
do abortamento é o MISOPROSTOL, o qual tem 
como apresentação comprimidos para uso vaginal 
de 25, 100 e 200 mcg, devendo ser utilizado apenas 
em contexto hospitalar. 
→As vantagens do seu uso são: ausência de 
possibilidade de perfuração uterina e formação 
de sinéquias, redução dos riscos decorrentes da 
dilatação do colo e eliminação do risco 
anestésico. 
→Vale ressaltar que o uso do Misoprostol deve ser 
feito com base no tamanho uterino e não com 
base na idade gestacional. 
→Se abortamento no 1º trimestre: 2 a 3 doses de 
800 mcg, via vaginal, no intervalo de 3-12h. 
Observação: A dose utilizada em caso de 
abortamento incompleto no 1º trimestre é 400 
mcg, dose única. Se abortamento no 2º trimestre: 
200 mcg, via vaginal, a cada 4-6h, seguida por 
tratamento cirúrgico combinado. 
 
MECÂNICO 
→A aspiração uterina e a curetagem são os 
métodos mais utilizados para a remoção do 
conteúdo residual que ocupa o útero após o ato 
abortivo, conforme descreve o protocolo da 
Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Ademais, o 
que determina a eleição da técnica são as 
condições clínicas e psicossociais da mulher, 
bem como as condições de cada serviço e o risco/ 
benefício que cada procedimento oferece (ARAÚJO 
CP, et al., 2018). 
→ A OMS recomenda que a AMIU seja o método 
de escolha em relação à curetagem uterina para 
remoção do conteúdo uterino no 1º trimestre, sendo 
inclusive uma das estratégias para redução da 
mortalidade materna. Porém, muitos serviços de 
saúde no Brasil ainda usam a curetagem como 
método de escolha para esvaziamento uterino no 
primeiro trimestre de gestação. 
→A AMIU é realizada por um vácuo manual 
produzido por uma seringa, mas é possível realizar 
a aspiração a vácuo elétrica por meio de uma 
bomba, técnica esta abreviada como AVE. 
→Quando o colo encontra-se fechado, 
recomenda-se o uso de Misoprostol 400 mcg, via 
vaginal, 3 horas antes do procedimento como 
forma de facilitar a realização do mesmo. 
→Recomenda-se também antibiótico profilático, 
via oral, até 12h antes, em dose única (200 mg 
doxiciclina, 500 mg-1 g azitromicina ou 500 mg-1 
g metronidazol). Ao realizar a AMIU é possível 
substituir a anestesia geral por analgésicos. 
 
→A curetagem consiste inicialmente na dilatação 
da cérvix e uso de uma cureta metálica para 
raspar as paredes do útero. 
→A cureta, por seu material de aço e diâmetro 
variável, pode ocasionar acidentes como 
perfuração uterina. 
→A indicação é para abortamentos incompletos 
do 2º trimestre, com abortamentos retidos > 12 
semanas e inevitáveisapós uso do Misoprostol. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
→Como estratégia de redução da mortalidade 
materna no primeiro trimestre gestacional, o 
indicado é que as mulheres priorizem a Aspiração 
Manual Intrauterina (AMIU) em detrimento da 
curetagem, para o esvaziamento do útero. 
→Por outro lado, o método farmacológico é 
preferível no segundo trimestre, em virtude da 
conformação de ossos fetais. 
→Após a expulsão do conteúdo biológico, o 
processo pode ser complementado com outro 
procedimento, no entanto vai depender das 
condições clínicas da mulher. Todavia, ressalta-se 
que a interrupção da gravidez através de 
microcirurgia deve ser reservada para condições 
pontuais (FRANCISCHETTO EC, et al., 2021). 
 
CAUSAS DE SANGRAMENTO NO 1º TRIMESTRE 
(ABORTO, GRAVIDEZ ECTÓPICA, DOENÇA 
TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL, INFECÇÃO, 
NEOPLASIAS) – ABORDAGEM 
MULTIPROFISSIONAL 
 
➔O sangramento vaginal na primeira metade da 
gravidez tem como causas o aborto, gravidez 
ectópica, lesões cervicais ou vaginais, infecção 
uterina e doença trofoblástica. 
➔A avaliação inicial deve indicar se há 
instabilidade hemodinâmica e o grau de dor e 
sangramento. 
→O aborto pode ser evitável, inevitável completo, 
incompleto ou retido, e pode ser manejado por 
conduta expectante, medicamentosa ou cirúrgica. 
➔A GRAVIDEZ ECTÓPICA ocorre, em 95%, nas 
tubas uterinas, mas também pode acometer o colo 
uterino, a cicatriz de cesariana anterior, o ovário 
e a cavidade abdominal. A conduta pode ser 
medicamentosa ou cirúrgica, a depender do 
tempo de evolução da gravidez e das condições 
hemodinâmicas maternas. 
O descolamento prematuro de placenta é causa 
frequente de óbito fetal e pode evoluir com 
hemorragia grave e necessidade de intervenções 
não cirúrgicas e cirúrgicas para preservar a vida 
materna. Apresenta fatores de risco bem definidos e 
indica a necessidade de parto imediato por alteração 
de vitalidade fetal. A RVP também cursa com 
sofrimento fetal e deve ser imediatamente resolvida. 
A rotura uterina, que ocorre com maior frequência 
em mulheres com cicatriz uterina anterior, também 
configura emergência obstétrica e exige intervenção 
imediata para preservar a vida do binômio. 
HEMORRAGIAS DA PRIMEIRA METADE DA 
GRAVIDEZ 
O sangramento vaginal no primeiro trimestre da 
gravidez acomete 20%-40% das mulheres, 
podendo apresentar diversas características: ser 
leve ou intenso, intermitente ou constante, 
indolor ou doloroso. 
➔ Tem como principais causas o aborto, a gravidez 
ectópica, o sangramento por lesões cervicais ou 
vaginais, a infecção uterina e a doença 
trofoblástica. 
➔O sangramento de implantação, pequeno e que 
ocorre 10 a 14 dias depois da fertilização do 
óvulo, é diagnóstico de exclusão. 
➔Em casos mais graves, quando a gestante 
apresenta sangramento intenso com instabilidade 
hemodinâmica, deve-se pensar em gravidez 
ectópica rota com grande hemorragia ou aborto 
incompleto com “choque cervical”(oriundo da 
presença de fragmentos placentários no canal 
cervical desencadeando reflexo parassimpático com 
bradicardia e hipotensão) ou hemorragia maciça 
devido ao quadro de abortamento. Dessa forma, 
torna-se essencial estabelecer a localização da 
gravidez, para que o raciocínio clínico seja rápido e 
eficaz. 
HISTÓRIA E EXAME FÍSICO 
Ao avaliar uma gestante com sangramento vaginal, 
são fatores importantes na história clínica os 
antecedentes menstruais e a realização de 
ultrassonografia precoce para a correta 
determinação da idade gestacional, presença de 
coágulos, quantidade da perda sanguínea, saída 
de fragmentos placentários, dor e lipotimia. 
→A queixa de dor intensa ou sangramento maior do 
que o fluxo menstrual habitual é associada a maior 
risco de perda gestacional; 
➔ O exame abdominal revela áreas de 
sensibilidade, rigidez ou distensão. O ideal é que 
seja realizada percussão suave antes da palpação. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
A presença de dor em linha média do abdome é 
consistente com cólicas uterinas da perda 
gestacional, enquanto a dor localizada em região de 
fossa ilíaca sugere gravidez ectópica. Sinais de 
hipovolemia, instabilidade hemodinâmica ou irritação 
peritoneal tornam a avaliação de emergência 
imperativa. 
➔ A ausculta dos batimentos cardíacos fetais com 
dispositivo portátil de Doppler é possível a partir de 
12 semanas de idade gestacional, variando entre 
110 e 160 batimentos por minuto; 
 
ABORTAMENTO 
→Em torno de 80% das gestações são 
interrompidas até a 12ª semana. Quando é 
possível escutar os batimentos fetais, a chance de 
abortamento cai para menos de 10 %. 
A entidade clínica denominada ameaça de 
abortamento, caracterizada pelo sangramento 
vaginal anormal, é uma afecção comum no primeiro 
trimestre da gravidez, ocorrendo em mais de um 
terço das gestações. Mesmo na presença de 
atividade cardíaca fetal, o sangramento entre 7–12 
semanas está associado a 5–10% de perda 
gestacional no primeiro trimestre, principalmente 
quando ocorre antes da nona semana, e nos casos 
em que a idade materna é superior a 35 anos. 
→A ultrassonografia transvaginal é a técnica de 
escolha para avaliação da viabilidade da gestação; 
Entre as causas de abortamento temos: 
→ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS 
(principal causa - 50 a 80% dos abortamentos 
espontâneos)→ As aneuploidias são as principais 
causas (em ordem decrescente de frequencia temos 
a trissomia do 16,22, 21, 15, 13, 2 e 14). 
→DESORDEM ANATÔMICA = Incompetência istmo 
cervical, mioma, malformação uterina (útero 
unicorno, bicorno ,dilfeto ou septado), sinéquias 
uterinas (síndrome de Asherman). 
→DOENÇAS ENDÓCRINAS = Insuficiência lútea 
(produção insuficiente de progesterona pelo corpo 
lúteo e, consequentemente, por inadequado 
desenvolvimento do endométrio), desordem da 
tireoide, DM insulinodependente, síndrome dos 
ovários policísticos. 
→DISTÚRBIOS IMUNOLÓGICOS = entre as 
principais temos a Síndrome do Anticorpo 
Antifosfolipídeo (SAF - trombofilia autoimune 
associada a tromboses arteriais e venosas). 
→Infecções = Rubéola, Parvovirose, 
Citomegalovirose, Liesteriose, herpes simples, 
hepatite B, HIV, ITU, Sífilis, Toxoplasmose, Malária. 
ÓBITO EMBRIONÁRIO PRECOCE 
Alguns achados ultrassonográficos caracterizam o 
óbito do embrião na primeira metade do primeiro 
trimestre, em fases precoces, antes que se possa 
mensurar o comprimento cabeça-nádegas. 
Destacam-se os aspectos da vesícula vitelina 
pequena, hiperecoica, ou hidrópica, aumentada de 
volume, com diâmetro superior a 7 mm, ou ainda, 
cavidade amniótica pequena, desproporcional em 
relação ao tamanho do saco gestacional. Pequenos 
sacos gestacionais antes da nona semana podem 
estar associados à aneuploidia 
 
GRAVIDEZ ECTÓPICA 
Implantação do blastocisto “fora do útero” 
→Gravidez extrauterina (tubária ,ovariana ou 
abdominal); 
→Incidência de 1,5 a 2%; 
→ Gravidez abdominal risco para morte materna 
7,7 vezes superior ao da tubárica 
→As tubas uterinas constituem a localização mais 
frequente de gravidez ectópica: entre 95 a 99% 
dos casos. 
→A implantação do ovo pode se dar em qualquer 
segmento das trompas. Na região ampular acontece 
em ( 79,6%), pois é a região mais dilatada; na região 
ístmica (12,3%) ; na fimbrial (6,2%) e na região 
intersticial (1,9%). 
→É possível que seja única, gemelar podendo 
ocorrer dois ovos na mesma trompa ou então um 
em cada tuba ou ainda heterotópica (um ovo na 
tromba e um na cavidade uterina). 
 →A evolução da gravidez tubária vai depender 
do local de implantação do zigoto. Nas regiões 
mais distais da trompa (fimbrial e ampular) ocorre 
abortamento tubário. A implantação em regiões 
mais delgadas pode levar à rotura mais 
precocemente. 
São possíveis evoluções da gravidez tubária: 
• Morte e reabsorção do embrião: pode ocorrer 
em fase precoce da gestação devido ao 
suprimento sanguíneo deficiente para o 
desenvolvimento da gravidez, com danos mínimosa 
saúde da mãe. 
• Abortamento tubário: o ovo é eliminado para a 
cavidade abdominal, principalmente quando a 
gravidez ocorre nas regiões mais distais da tuba 
(fimbrial e ampular). Ocorre entre 6-12 semanas. 
• Rotura tubária: geralmente ocorre entre 12 e 16 
semanas o trofoblasto corrói a parede da 
trompa até sua rotura, o que é mais comum 
quando a implantação ocorre na porção ístmica 
da tuba (região mais delgada) – determina 
quadro de abdome agudo hemorrágico. 
• Evolução para termo: é muito rara e quando 
ocorre frequentemente o feto apresenta 
deformações secundária a compressão extrínseca 
dos órgãos do abdome materno. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
ANAMNESE 
QUADRO CLINICO 
→inicialmente apresenta sintomatologia semelhante 
a, como náuseas vômitos cansaço e atraso 
menstrual; 
→Evolui com dor no baixo ventre persistente, 
progressiva e unilateral, que ocorre por: 
multiplicação do ovo distendendo a trompa ou por 
penetração do trofoblasto na mucosa tubaria 
provocando irritação local e dor; 
 
DOENÇA TROFOBLÁSTICA (BENIGNA X 
MALIGNA) 
Mola hidatiforme, Mola invasora, Coriocarcinoma 
(completa ou parcial) Pode malignizar; 
→Completa = espermatozoide ‘fecunda” óvulo 
sem material genético (não há embrião, 20% sofre 
malignização). 
→Parcial = 2 espermatozoides “entram” em 
óvulo normal (tecido fetal, 5 % de malignização). 
Quadro clínico = sangramento de repetição com 
sangramento em suco de ameixa (sangramento 
escuro com bolinhas/vesículas) + útero aumentado + 
hiperemese. 
→Pode fazer hipertireoidismo, hipertensão precoce. 
→B-HCG muito alto (descartar gemelaridade) 
Diagnóstico = clínico, ultrassonográfico e 
laboratorial. 
USG com achados de vesículas (em floco de 
neve/cachos de uva) 
Laboratório B-HCG > 200.000 mUI/ml.⇒ 
→Confirmar suspeita com estudo histopatológico do 
material intrauterino. 
Tratamento: 
⇒Esvaziamento uterino (prefira vácuo aspiração, 
cuidado com curetagem) + histopatológico. 
→Discutir histerectomia (paciente com > 40 anos e 
prole definida) para evitar metástase. 
→ Acompanhamento com B-HCG (deve ter queda 
progressiva, dosar semanalmente até negativar, 
depois dosar + 2 x, por fim acompanhamento mensal 
por 6 meses). 
Quando que devemos suspeitar de malignização 
(Doença trofoblástica - Neoplasia Trofoblástica 
gestacional) ? 
→Aumento do B-HCG durante 2 semanas 
consecutivas (aumento dias 1, 7 e 14) ou 6 meses 
com B-HCG ainda positivo. Conduta em 
malignização = Quimioterapia. 
Classificação de Neoplasia trofoblástica 
gestacional 
→Mola invasora (+comum) = 70 a 90% dos casos, 
manifesta-se com presença de metrorragias 
persistentes, subinvolução uterina e infecções. 
→Sendo que curetagens repetidas não reduzem 
o sangramento e o B-HCG. 
→Coriocarcinoma = 10 a 30% dos casos, 
normalmente preenche a cavidade uterina ( invade 
útero e vasos - provocando hemorragia e necrose. 
⇒Tumor Trofoblástico do sítio placentário = Raro 
- normalmente se desenvolve no local de 
implantação placentária meses a anos após um 
abortamento, gestação molar ou gravidez a termo. 
→A mola hidatiforme parcial oferece maior 
dificuldade diagnóstica ultrassonográfica. Numa 
proporção razoável de casos mostra-se como um 
saco gestacional vazio do tipo gestação 
anembrionada ou como óbito embrionário; 
→Apesar das tentativas de se definirem os principais 
achados ultrassonográficos da doença trofoblástica 
gestacional, o padrão ouro para o seu diagnóstico é 
o estudo histopatológico do produto da concepção 
após esvaziamento cirúrgico. 
 
REPERCUSSÕES DO ABORTO INDUZIDO E 
ESPONTÂNEO NA SAÚDE FÍSICA E MENTAL DA 
MULHER 
→No Brasil, entre os anos de 2008 e 2018, cerca de 
2.286.876 hospitalizações de gestações que 
acabaram em aborto, sendo considerada a região de 
maior incidência o Sudeste (845.023), seguida pelo 
Nordeste (752.903), Sul (264.892), Norte (248.903) 
e a de menor incidência o Centro-Oeste (157.829). 
Já em relação à quantidade de óbitos provocadas 
em decorrência do aborto por região, foi registrado 
um total de 797 óbitos, sendo que a região Sudeste 
(352) apresentou o maior número, seguida pelo 
Nordeste (212), Norte (96), Centro-Oeste (77) e Sul 
(60), ficando está com a menor quantidade de óbitos 
por aborto (CARDOSO BB, et al., 2020). 
→O abortamento é uma vivência traumática, que 
desencadeia na mulher inúmeros sentimentos como 
dor, angústia, medo, vazio, sofrimento físico e 
existencial. Além de poder levar ao 
desenvolvimento de sequelas como depressão, 
diminuição da autoestima e em alguns casos, 
óbito. Atrelado a isso, surgem outros fatores de 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
risco, tais como: os socioeconômicos; falta de 
apoio familiar e do parceiro; condições precárias 
de vida, trabalho e moradia; entre outros que 
evidenciam a necessidade em se tratar essa 
problemática a partir de um atendimento especial e 
humanizado (LAINSCEK FGT, et al., 2019). 
→O momento da decisão frente a uma gravidez não 
desejada é um momento solitário e doloroso para 
uma gestante e pode refletir em inúmeras 
consequências. A mais recorrente delas é a de 
cunho psíquico, sobretudo, a depressão, que tem 
uma associação direta com o aborto, visto que, 
vários estudos relacionam o ato abortivo com um alto 
índice de melancolia, sentimento de culpa e 
diminuição da autoestima das mulheres que o 
vivenciaram. Assim, o aborto, seja ele 
espontâneo ou provocado, é capaz de causar 
vários danos na vida de uma mulher, 
prejudicando sua saúde mental e psicológica, 
trazendo medo e insegurança, principalmente em 
relação a uma possível futura gestação 
(DELGADO VG, et al., 2020). 
→As vítimas de aborto revelam sofrer com dor física 
e emocional após a interrupção da gravidez. Essa 
angústia, muitas vezes, faz alusão à falta de 
suporte do companheiro, à carência de 
acolhimento social, ao contexto de 
vulnerabilidade que estão inseridas e ao luto que 
elas não podem expressar. Após superar as 
respostas emocionais iniciais, surgem preocupações 
relativas ao ser que foi a óbito, lembranças do 
momento do aborto, sensações desconexas, sonhos 
conturbados e devaneios (SILVA LAM e SILVA MTC, 
2020) 
 
A DOENÇA HEMOLÍTICA PERINATAL (DHPN), 
OU ERITROBLASTOSE FETAL 
A Doença Hemolítica Perinatal (DHPN), também 
conhecida como Eritroblastose fetal, ocorre por uma 
incompatibilidade sanguínea materno-fetal, em 
que são produzidos anticorpos maternos específicos 
contra antígenos das hemácias fetais. Em 98% dos 
casos essa incompatibilidade é atribuída aos 
sistemas ABO e Rh e nos 2% restantes estão 
envolvidos anticorpos conhecidos como 
irregulares. 
➔O sistema ABO é responsável pela maioria dos 
casos de incompatibilidade, no entanto, repercute 
em uma menor gravidade clínica, muitas vezes 
passando despercebido. Já a discordância Rh tem 
uma maior relevância clínica pela sua gravidade, 
sendo responsável por 80% dos casos de doenças 
clinicamente detectáveis. 
➔O sistema Rh é formado pelos antígenos “D”, “c”, 
“C”, “e” e “E” que se expressam na superfície das 
hemácias a partir da 6ª semana de gestação. A 
presença do antígeno D é o que determina um 
indivíduo “Rh positivo” e a sua ausência um indivíduo 
”Rh negativo”. 
 
A DHPN por anticorpos irregulares mais comum é a 
relacionada ao sistema Kell, que leva a uma anemia 
por depleção medular. Atualmente não há prevenção 
possível para essa aloimunização. 
➔As manifestações clínicas da Doença 
Hemolítica Perinatal variam de anemia fetal leve 
assintomática, hidropsia fetal com anemia grave 
e icterícia até óbito fetal. 
➔ A implementação de programas para profilaxia 
pré e pós-natal com a imunoglobulina anti-D, 
desenvolvida em 1968, levou a uma redução 
significativa na frequência de complicações 
fetais /neonatais associadas. 
FISIOPATOLOGIA 
Para a ocorrência da DHPN é necessário que uma 
sequência de 4 eventos ocorra: 
• Incompatibilidade sanguínea materno-
fetal; 
• Aloimunizaçãomaterna; 
• Passagem de anticorpos da gestante para 
o feto; 
• Ação dos anticorpos maternos no feto. 
INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA MATERNO-
FETAL 
Para que ocorra a DHPN é necessário que o feto 
possua um antígeno sanguíneo que está ausente na 
circulação materna, capaz de imunizá-la, produzindo 
anticorpos específicos a esse fator. Ou seja, para 
a aloimunização Rh, é necessário que a mãe seja 
Rh negativo e filho Rh positivo (portanto pai Rh 
positivo). 
ALOIMUNIZAÇÃO MATERNA 
A aloimunização é causada pela exposição 
materna a antígenos eritrocitários não 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
compatíveis. Ocorre em casos de transfusão de 
sangue incompatível, uso de drogas 
intravesosas e transplante. Porém, a principal 
causa é a hemorragia feto-materna, que ocorre em 
aproximadamente 75% das gestações. A frequência 
e o volume da hemorragia aumentam com a 
evolução da gestação, ocorrendo em torno de 3% 
das gestações no primeiro trimestre, 12% no 
segundo trimestre e 45% no terceiro trimestre. 
Estima-se que um volume mínimo de 0,25ml é 
necessário para que ocorra a sensibilização. 
Após a primeira exposição a antígenos eritrocitários 
desconhecidos ocorre a sensibilização e produção e 
anticorpos IgM, que por terem um peso molecular 
maior, não são capazes de atravessar a barreira 
placentária. Numa segunda exposição a esse 
antígeno desconhecido ocorre uma resposta 
imunológica secundária com a produção de 
anticorpos IgG, que ultrapassam a barreira 
placentária, aderindo-se à membrana dos eritrócitos 
fetais e causando hemólise. Quanto maior a carga 
antigênica e quanto mais frequente é a exposição, 
maior é a produção de anticorpos pela mãe, por isso 
a probabilidade de desenvolver DHPN se 
intensificam nas gestações sucessivas no caso da 
aloimunização Rh. 
➔ O Coombs indireto é o teste que identifica o 
anticorpo contra hemácias no sangue materno. Ele é 
capaz de identificar imunoglobulinas do tipo IgG 
mas não IgM. Um teste negativo significa que a 
gestante não foi sensibilizada. 
 
Ao contrário do observado na incompatibilidade 
Rh, na incompatibilidade ABO não existe a 
necessidade da exposição prévia da mãe a sangue 
A, B ou AB. Ela já possui anti-A e anti-B no seu 
organismo em consequência à exposição a bactérias 
que possuem esses antígenos, ao longo de sua vida. 
Dessa forma, a DHPN pode ocorrer desde a primeira 
gestação. A gravidade da incompatibilidade ABO 
é menor que a Rh porque há um menor número de 
sítios antigênicos A e B na membrana da hemácia 
fetal e a maioria dos anti-A e anti-B maternos é IgM, 
sendo assim, não atravessam a barreira placentária. 
Além disso, como todos os tecidos expressam 
antígenos A e B, não só as hemácias, a pequena 
quantidade de IgG anti-A e anti-B que consegue 
atravessar placenta se liga a outros sítios teciduais, 
não causando uma hemólise significativa. 
PASSAGEM DE ANTICORPOS DA GESTANTE 
PARA O FETO 
O anticorpo IgG pode atravessar a placenta por 
difusão passiva e transporte ativo e na circulação 
fetal se fixam às hemácias por uma reação antígeno-
anticorpo, causando hemólise. 
AÇÃO DOS ANTICORPOS MATERNOS NO FETO 
A anemia fetal leva a eritropoese medular e 
extramedular (principalmente fígado, baço e parede 
intestinal). Eritrócitos jovens são lançados na 
circulação periférica originando o termo 
“eritroblastose fetal”. 
 
PREVENÇÃO 
A prevenção da Doença Hemolítica Perinatal é feita 
através da administração da imunoglobulina anti-D 
na gestante Rh negativo. As principais indicações 
são: 
• Casos de abortamento, gravidez molar ou 
ectópica, óbito intrauterino ou 
sangramentos da gravidez; 
• Após procedimentos invasivos que 
envolvam o útero ou traumas abdominais; 
• Gestantes com 28 semanas com Coombs 
indireto negativo; 
• Até 72 horas de pós-parto de recém-
nascido Rh positivo. 
➔300 μg de imunoglobulina neutralizam 30ml de 
sangue total e é essa a dose recomendada para 
uso no pós-parto. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
➔Se a gestante já foi sensibilizada em outra 
gestação (Coombs indireto positivo) não tem 
utilidade o uso da imunoglobulina anti-D, já que 
o objetivo desta é exatamente evitar a 
sensibilização 
 
PROBLEMA 4 
ELUCIDAR SOBRE O CRESCIMENTO 
EMBRIOLÓGICO DA 9ª A 12ª SEMANA DE 
GESTAÇÃO 
O período gestacional é dividido em três trimestres: 
 
Eventos marcantes do período fetal: Crescimento 
corporal, aumento de peso, maturação dos tecidos, 
órgãos e dos sistemas e significativa mudança na 
forma e dimensões do corpo; 
DA NONA A DÉCIMA SEGUNDA SEMANA 
No início da nona semana a cabeça é quase metade 
do CR do feto. Em seguida, há uma rápida 
aceleração do crescimento do corpo e, no final de 12 
semanas, o feto já tem o dobro do comprimento. A 
cabeça para de crescer e isso faz com que 
proporcionalmente ela “diminua” em relação ao 
corpo, porém ela ainda está desproporcionalmente 
grande. A face do feto também muda, pois na 12ª 
semana, os centros de ossificação primária já 
aparecem, especialmente no crânio e nos ossos 
longos. Os membros superiores já alcançam seu 
comprimento final relativo, enquanto que os 
membros inferiores ainda não. 
→A genitália externa de homens e mulheres parece 
semelhante até o final da nona semana. 
→A sua forma fetal madura não está estabelecida 
até a 12ª semana. 
→Na metade da 10ª semana, as alças intestinais 
são visíveis na extremidade proximal do cordão 
umbilical. 
→Na 11ª semana, o intestino já retorna para o 
abdome. 
→Em 9 semanas, o fígado é o local de formação das 
hemácias (eritropoese), e depois, com 12 semanas, 
o baço assume essa função. 
→A formação de urina começa no período de 9 a 
12 semanas. Essa urina forma o líquido 
amniótico, onde o feto reabsorve uma parte e 
depois degluti. 
 
 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
ABORDAR SOBRE OS EXAMES SOLICITADOS 
NO PRÉ-NATAL (FLUXOGRAMA DE ATENÇÃO A 
GESTANTE DE RISCO) 
ASSISTENCIA AO PRE- NATAL 
O pré-natal tem como objetivo promover e manter 
o bem-estar físico e emocional ao longo do 
processo de gestação, parto e nascimento, além 
de trazer informação e orientação sobre a evolução 
da gestação e do trabalho de parto para a 
parturiente. 
Aproveita-se a oportunidade para identificar e tratar 
doenças pré-existentes da gestante. Em toda 
primeira consulta do pré-natal, é necessária a 
estratificação de risco dessa gestante em 
habitual, moderado ou alto risco e, a partir disso, 
solicitar os exames necessários, fazer as 
orientações sobe a gestação, sanando possíveis 
dúvidas da família. 
→Quanto ao número de consultas, o Ministério da 
Saúde prevê um mínimo de 6 consultas no pré-
natal de risco habitual, sendo uma no primeiro 
trimestre, duas no segundo e três no terceiro, 
com os seguintes intervalos: mensal até a 28ª 
semana, quinzenal da 28ª a 36ª semana e 
semanal da 36ª a 41ª semana. 
 
ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO 
A avaliação do risco deve ser realizada em toda 
consulta, pois uma gestante inicialmente de risco 
habitual pode virar alto risco. 
→ A triagem é feita pela anamnese, exame físico e 
exames complementares. Na anamnese, devem 
ser investigados a idade, a paridade, o intervalo 
interpartal, a história ginecológica detalhada, etc. 
 
RISCO HABITUAL: São gestantes que não 
apresentam fatores de risco individual, 
sociodemográficos, de história reprodutiva anterior, 
de doença ou agravo. 
RISCO INTERMEDIÁRIO: São gestantes que 
apresentam fatores de risco relacionados às 
características individuais (raça, etnia e idade), 
sociodemográficos (escolaridade) e de história 
reprodutiva anterior, relacionadas a seguir: 
• Gestantes negras ou indígenas; 
• Gestantes analfabetas ou com menos de 3 
anos de estudo; 
• Gestantes com mais de 40 anos; 
• Gestantes com histórico de óbito em 
gestação anterior (aborto, natimorto ou 
óbito). 
ALTO RISCO: DOENÇAS PRÉVIAS À GESTAÇÃO 
ATUAL: 
• Hipertensão arterial em tratamento; 
• Dependência de drogas ilícitas;• Cardiopatias em tratamento e/ou em 
acompanhamento; 
• Pneumopatias em tratamento; 
• Nefropatias em tratamento e/ou em 
acompanhamento; 
• Diabetes; 
• Hipertireoidismo; 
• Má-formação útero/vaginal; 
• Epilepsia; 
• Hemopatias (exceto anemia leve e 
moderada, fisiológica da gestação); 
• Doenças Infecciosas (considerar a situação 
epidemiológica local, doenças periodontais e 
seu impacto na gestação); 
• Doenças autoimunes; 
• Cirurgia útero/vaginal prévia (fora da 
gestação); 
• Hipotireoidismo (T4L alterado ou paciente em 
tratamento); 
• Neoplasias; 
• Obesidade Mórbida; 
• Cirurgia Bariátrica (com menos de 2 anos 
pós-operatório); 
• Psicose e depressão grave; 
• Dependência de drogas lícitas (tabagismo/ 
alcoolismo) com intercorrências clínicas ou 
outro fator de risco materno/fetal; 
INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS NA GESTAÇÃO 
ATUAL: 
• Doenças infectocontagiosas vividas durante 
a gestação atual (infecção de repetição do 
trato urinário, doenças do trato respiratório, 
rubéola, HIV, toxoplasmose, sífilis, infecção 
por Zika Vírus, gripe por influenza, hepatites 
virais, outras arboviroses com repercussão 
fetal); 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
• Síndrome Hipertensiva na gestação atual; 
• Gestação gemelar; 
• Isoimunização Rh; 
• Diabetes mellitus gestacional; 
• Retardo do crescimento intraútero (peso fetal 
estimado abaixo do percentil 10); 
• Trabalho de parto prematuro; 
• Amniorrexe prematuro (abaixo de 37 
semanas de gestação); 
• Placenta prévia; 
• Sangramento de origem uterina; 
• Má-formação fetal; 
• Mudança abrupta na curva de IMC. 
 
SEMIOLOGIA 
A carteira da gestante deve ser preenchida em todas 
as consultas, com dados da anamnese, exame físico 
e exames complementares. Devem ser preenchidos: 
➔Cálculo da idade gestacional (IG): deve ser 
avaliado pela data da última menstruação (DUM) e 
pela ultrassonografia (USG), preferencialmente de 
primeiro trimestre em que tenha sido medido o 
comprimento crânio-calcanhar (CCN); 
➔Ganho de peso: avaliar conforme o IMC e a IG; 
➔Altura uterina (AU): medir como forma de triagem 
para possíveis complicações gestacionais, como 
oligo- ou polidrâmnio. Da 20ª a 32ª semana a AU 
corresponde a IG, se houver uma diferença de + ou 
– 3 deve ser solicitada uma USG. 
No exame físico, sempre avaliar a pressão arterial, 
os batimentos cardiofetais (BCF) e pesquisar 
edema. A partir da segunda metade da gestação, é 
possível identificar situação, posição, apresentação 
e insinuação fetal pelas manobras de Leopold; 
 
 
EXAMES COMPLEMENTARES 
Tipagem sanguínea (ABO e Rh): Este exame é de 
extrema importância para selecionar pacientes com 
risco de isoimunização Rh. Em gestantes Rh 
negativo com parceiro Rh positivo, ou em se tratando 
de um casal que não sabe seu Rh, deve-se solicitar 
o Coombs indireto. Uma vez que este resultado seja 
negativo, é necessário repetir o exame a partir de 20 
semanas, caso seja positivo, a gestante deve ser 
encaminhada para o pré-natal de alto risco. 
 
Hemograma: Quanto ao eritrograma, considera-se 
normal valor de hemoglobina (Hb) ≥ 11g/dL, entre 
11 e 8 g/dL anemia leve a moderada e, Hb < 8 por 
ser anemia grave orienta-se o encaminhamento da 
gestante para o pré-natal de alto risco. O 
leucograma costuma ser aumentado na segunda 
metade da gravidez, enquanto as plaquetas 
apresentam tendência de queda. 
Glicemia em jejum e Teste Oral de Tolerância à 
Glicose (75g): Na primeira consulta pré-natal deve 
ser solicitada a glicemia em jejum para todas as 
gestantes. Segue abaixo um fluxograma para melhor 
compreender o seguimento a ser dado para cada 
gestante, tomando como base o Consenso 
“Diabetes Gestacional” Atualização 2017: 
 
Urina tipo I e Urocultura: O Ministério da Saúde 
recomenda apenas a solicitação de urina tipo I no 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
pré-natal de baixo risco, resguardando a 
solicitação de urocultura apenas para situações de 
piúria, bacteriúria ou hematúria. No entanto, a 
FEBRASGO recomenda a solicitação da urocultura 
no intuito de rastrear bacteriúria assintomática, a 
qual em 30% dos casos evolui para pilonefrite 
durante a gestação, podendo ser tratada. 
→ Rubéola: Considerando a realidade brasileira em 
que não há um rastreio de rubéola nas mulheres em 
período reprodutivo, a orientação é que o rastreio da 
imunidade da gestante para rubéola no início do pré-
natal. Vale ressaltar, que o Ministério da Saúde não 
considera o rastreamento de rotina da rubéola 
durante a gravidez. Gestantes com IgG positivo 
têm risco mínimo de transmissão vertical, no 
entanto, aquelas que possuem IgG negativo são 
suscetíveis devendo ser vacinadas após o parto. 
→Toxoplasmose: Gestantes com IgG e IgM 
negativos são suscetíveis, devendo ser orientadas 
quanto à prevenção, devendo repetir o exame 
trismestralmente. Caso seja IgG positiva e IgM 
negativa a paciente possui imunidade. Se IgG 
negativa e IgM positiva, possivelmente trata-se 
de uma infecção recente, de modo que orienta-se 
repetir com 15 dias; se o IgG permanecer negativo 
fala-se em falso positivo, sendo ambos positivos 
confirma-se a infecção aguda. Sendo IgG e IgM 
positivas, por se tratar de infecção aguda é 
importante solicitar teste de avidez para IgG, uma 
vez que este esteja alto trata-se de infecção antiga, 
sendo mais baixo fala-se em infecção recente. 
→Sífilis: O diagnóstico de sífilis no 1º trimestre 
permite o tratamento até 30 dias antes do parto. O 
exame mais utilizado para diagnóstico é o VDRL, 
assim como é possível solicitar testes treponêmicos 
como FTA-Abs que confirma a infecção. 
→Citomegalovírus: Não há consenso para 
solicitação desta sorologia uma vez que o 
diagnóstico é difícil, bem como a maior parte das 
infecções ocorre por reativação em mulheres 
previamente infectadas, além do fato de não haver 
tratamento que previna a infecção fetal. 
→Hepatites B e C: Deve-se realizar a dosagem de 
HBsAg que uma vez negativo deve ser repetido do 
3º trimestre, mas se positivo devem ser pesquisados 
os outros antígenos e anticorpos. O rastreio para o 
vírus C é reservado para gestante de risco: 
usuárias de drogas injetáveis, presidiárias, HIV 
positivas ou com parceiros HIV positivo, expostas a 
hemoderivados ou que receberam transfusão, 
gestantes com múltiplos parceiros, tatuadas ou com 
alteração da função hepática. 
→HIV: O Ministério da Saúde recomenda rastreio 
apenas uma sorologia durante o pré-natal, porém a 
FEBRASGO considera a repetição da sorologia no 
final da gravidez por considerar que a mulher pode 
estar na “janela imunológica”. 
→TSH: O diagnóstico clínico das doenças da 
tireoide é complicado por muito dos sintomas serem 
confundidos com alterações comuns na gravidez, 
porém é importante buscar diagnosticar uma vez que 
muitas mulheres desenvolvem essas doenças na 
sua fase reprodutiva. Considera-se TSH <2,0 
normal durante a gravidez. 
→Parasitológico de Fezes: De ser solicitados em 
pacientes com anemia ou para aquelas que vivem 
em regiões onde a prevalência de parasitose é alta. 
→Cultura de Estreptococo do Grupo B (GBS): 
Este ponto merece atenção redobrada, pois apesar 
desta bactéria fazer parte da flora vaginal e 
intestinal a mesma está associada ao aumento de 
morbimortalidade perinatal, podendo ser 
transmitida ao recém-nascido levando a 
pneumonia, septicemia e meningite. O exame 
deve ser realizado por volta das 35 semanas 
coletando cultura do introito vaginal e perianal para 
que seja realizada a profilaxia adequada intraparto. 
Profilaxia é indicada nas seguintes situações: 
 
➔A antibioticoterapia de escolha é penicilina G 
cristalina dose de ataque 5 milhões de UI, EV, dose 
de manutenção 2,5 milhões UI, EV, 4/4h até o 
nascimento. Para pacientes alérgicas a penicilina, 
deve-se usar estearato de eritromicina 500mg 
6/6h ou clindamicina 900mg 8/8h. 
→Rastreamento de cromossomopatia fetal: Este 
rastreio é feito através do teste de DNA livre fetal, 
quecorresponde a pesquisa de DNA fetal livre na 
corrente sanguínea da mãe, devendo ser realizado 
com pacientes com 10 semanas de gestação ou 
mais. É possível por meio deste rastreio identificar 
as síndromes de: Down, Patau e Edwards, além de 
identificar alterações nos cromossomos sexuais 
como nas síndromes de Turner e Kleinefelter. 
→Exames Ultrassonográficos: De acordo com o 
Ministério da Saúde, não existem estudos que 
comprovem benefícios que impactem na 
morbimortalidade da realização de exames 
ultrassonográficos de rotina durante a gestação, de 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
modo que a não realização dos mesmos não 
constitui uma omissão ou reduz a qualidade do pré-
natal, não constituindo, portanto, um exame 
obrigatório a ser realizado. Porém, ainda é possível 
perceber que este exame é solicitado com relativa 
frequência o que não traz prejuízo algum para a 
saúde da gestante e do feto. Inclusive, pode- -se 
lançar mão deste exame em situações específicas 
para lidar com preocupações como restrição do 
crescimento fetal, investigação do bem-estar fetal e 
na avaliação de complicações clínicas. Por isso, será 
abordado neste resumo alguns pontos relevantes 
quanto a realização deste exame. 
→USG inicial: Este, sobretudo quando realizada no 
1º trimestre é extremamente confiável para realizar a 
datação da gravidez, calculando a IG com maior 
precisão (estimada pelo comprimento da coroa-
nádega - CCN). Além disso, é importante para 
avaliar gestação múltipla e viabilidade fetal. Esta 
USG é fundamental para a detecção precoce e 
manejo oportuno das condições que se 
apresentarem logo no início da gravidez. Quanto as 
gestações gemelares, quando temos o sinal do T 
significa que trata-se de gestações gemelares de 
placenta única, enquanto que o sinal do Lambda 
significa gestação gemelar com duas placentas. 
→ USG 1º trimestre: Deve ser realizada entre a 11ª 
e 14ª semana, podendo realizar triagem de 
cromossomopatias, com avaliação do osso nasal o 
que eleva o índice de detecção precoce de síndrome 
de Down em 88%; além disso, também é possível 
avaliar a translucência nucal e presença do ducto 
venoso inseridas na avaliação das 
cromossomopatias. 
→USG 2º trimestre: Deve ser realizada entre a 20ª 
e 24ª semana, pois deste modo já e possível avaliar 
todos os sistemas do feto podendo perceber 
possíveis malformações. O estudo do fluxo das 
artérias uterinas materna permite identificar 
mulheres com risco de desenvolver pré-eclâmpsia, 
assim como permite identificar fetos que com maior 
risco de crescimento restrito. Neste momento, é 
possível também medir o colo da paciente 
(cervicometria) como forma de estimar o risco de 
parto prematuro uma vez que um colo < 25mm tem 
7,7 vezes mais risco de levar a um parto prematuro, 
havendo nestes casos indicação de uso de 
progesterona até as 36 semanas. 
→USG 3º trimestre (obstétrico): Deve ser 
realizada entre 34 semanas, com objetivo de avaliar 
o crescimento fetal, quantidade de líquido amniótico 
e a placenta. 
 
➔Pode-se oferecer às gestantes alguns testes de 
rastreio para cromossomopatias que aumentam as 
chances de acerto na detecção destas doenças para 
além dos dados obtidos com a USG de 1º trimestre, 
sobretudo, para a Síndrome de Down. 
→O teste duplo corresponde a dosagem livre de 
ẞHCG e da proteína plasmática associada à 
gravidez (PAPP-A) os quais podem ser feitos entre 
11 e 13 semanas de gestação. 
→O texto triplo contempla a alfafetoproteína 
(AFP), estriol e dosagem livre de ẞHCG o qual 
pode ser realizado no 2º trimestre. 
→O teste quádruplo envolve os marcadores do 
teste triplo associados à dosagem da Inibina A, de 
modo que este tem maior chance de detecção das 
cromossomopatias quando associadas a USG de 1º 
trimestre. 
➔ deve realizar um dos exames invasivos para 
confirmação da cromossomopatia Biópsia vilo 
corial, Amniocentese ou Cordocentese. 
➔Os métodos invasivos para coleta de células 
fetais podem provocar o aborto, e por sua 
segurança, devem ser indicados como métodos 
de triagem os marcadores sanguíneos e 
ultrassonografia fetal; 
ORIENTAÇÕES 
Recomenda-se fazer uma série de orientações à 
gestante, principalmente na primeira consulta, 
sanando todas as suas dúvidas, quanto aos mais 
variados assuntos. Seguem algumas orientações 
importantes: 
➔Explicar sobre as modificações fisiológicas da 
gravidez que podem aparecer durante a 
gestação: o Náuseas, vômitos, pirose, sendo 
normal até a 18ª semana; o Estrias e “manchas” no 
rosto (cloasma) e no abdome (linha nigra). 
Recomenda-se o uso de protetor e cremes 
hidratantes; o Aumento de volume e ingurgitação 
das mamas. Recomenda-se uma exposição ao sol 
diária, de 10 a 15 minutos na região mamilar; o 
Aumento da frequência miccional; o Dores em baixo 
ventre e na região lombar; Constipação; o 
Hemorroidas; o Câimbras; o Intensificação do 
corrimento vaginal fisiológico; o Edema em membros 
inferiores. Orientar sobre o aumento do risco de 
trombose e recomendar o uso de meia elástica, com 
o objetivo de reduzir o edema e o risco de trombose, 
principalmente no 3º trimestre); 
Orientar quando a dieta e ao ganho ideal de peso: 
reduzir ingesta de lipídeos e carboidratos aumentar 
a de alimentos ricos em ferro; 
Orientar sobre a amamentação; 
Profilaxia para doenças infectocontagiosas: 
toxoplasmose (ingerir apenas carnes bem cozidas, 
frutas e verduras lavadas e ter cuidado com gatos 
desconhecidos), doenças sexualmente 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
transmissíveis (usar preservativos), Zika vírus e 
dengue (usar repelente 24 horas por dia e evitar 
áreas de risco); 
Orientar quanto a alterações patológicas: 
sangramento vaginal, sintomas urinários, ausência 
de movimentação fetal e contrações; 
Evitar: duchas vaginais, exercício físico extenuante 
e radiação ionizante; 
Explicar os malefícios e contraindicar o uso de 
álcool, drogas ilícitas e tabaco; 
Orientar sobre a atividade sexual durante a 
gestação, enfatizando que não tem restrições. 
➔Uso de ferro na gestação; 
A partir da 20ª semana recomenda-se a 
suplementação de ferro ou o tratamento de uma 
possível anemia vigente, conforme a Tabela x, a 
quantidade de ferro a ser reposta depende dos níveis 
de hemoglobina. 
 
 
VACINAS 
A vacinação como profilaxia para doenças 
infecciosas é indiscutível para todas as faixas 
etárias, sobretudo, para as gestantes. Porém, as 
vacinas que utilizam vírus vivos são 
contraindicadas pelo risco de transmissão fetal, 
já as de vírus inativado são consideradas mais 
seguras após o 4º mês de gestação. 
→Toxoides como a vacina antitetânica são 
permitidos e, inclusive a OMS recomenda tal vacina 
para todas as mulheres grávidas. No Brasil, temos 
tanto a dT (difteria-tétano), como a DTPa (tríplice 
bacteriana: difteria+ tétano+coqueluche) que 
fazem essa prevenção para tétano, mas que 
precisam de uma atenção durante a gestação 
quanto as doses das mesmas seguindo orientação 
do fluxograma abaixo. 
 A vacina tríplice é recomendada, mesmo 
com histórico prévio de vacinação 
completa, e deve ser administrada uma 
dose a partir da 20ª semana; 
 
 
VANTAGENS DO PRÉ-NATAL 
A assistência do pré-natal bem estruturada pode 
promover a redução dos partos prematuros e de 
cesárias desnecessárias, de crianças com baixo 
peso ao nascer, de complicações de hipertensão 
arterial na gestação, bem como da transmissão 
vertical de patologias como o HIV, sífilis e as 
hepatites. 
No entanto, para que essa assistência seja efetiva, é 
importante que abarque os seguintes aspectos: 
→Captação precoce – quanto antes a gravidez for 
diagnosticada e a gestante receber os cuidados da 
equipe perinatal, mais precocemente poderão ser 
detectados problemas passíveis de controle ou de 
cura. 
→Frequência e periodicidade adequadas – é 
preciso garantir que a gestante receba o 
atendimento necessário em seis consultas, no 
mínimo, durante a gravidez. 
→Extensão de cobertura – é fundamental que a 
assistência atinja100% das gestantes de uma 
cidade, de um estado e de todo o País. No entanto, 
dados oficiais do Ministério da Saúde do Brasil, de 
2011, indicam que 4,6% de mulheres grávidas 
estavam sem assistência de pré-natal. 
→Qualidade – de nada adianta captar 
precocemente e oferecer o número adequado de 
consultas se não houver uma prática que garanta 
tecnologias atuais, apropriadas e precisas que 
causem impacto positivo da saúde perinatal, 
fortalecendo a integralidade. Qualidade do 
atendimento pré-natal 
→Para que haja, de fato, um atendimento que 
promova qualidade de vida à gestante, ao bebê e à 
família, algumas iniciativas são essenciais. A 
primeira está relacionada ao formato do atendimento 
que, para se prestar aos objetivos reais do pré-natal, 
precisa ser multiprofissional. Isso significa contar 
com a ação de médicos obstetras e 
ginecologistas, médicos de família, enfermeiros, 
auxiliares e técnicos de enfermagem, 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas, 
educadores físicos e fisioterapeutas. 
→Vale ressaltar que, desde 1984, o Programa de 
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), do 
Ministério da Saúde do Brasil, preconiza esse 
atendimento multiprofissional. Outro aspecto a 
ser considerado para o total êxito do pré-natal é o 
apoio comunitário, intimamente relacionado ao 
conceito de saúde-doença, reforçando a ideia de que 
a saúde é produzida nos diferentes espaços. 
 
➔A questão do acolhimento é um dos eixos e 
diretrizes da Política Nacional de Humanização e de 
Atenção Obstétrica e Neonatal do Ministério da 
Saúde do Brasil. 
➔O atendimento psicológico (a psicoprofilaxia) à 
gestante pode ser dar nas consultas individuais e 
nos grupos de discussão ou educativos propiciados 
pela equipe de Saúde para envolver a futura mãe, 
seu parceiro e a família e que devem ser uma 
estratégia transformadora e apoiadora da família 
grávida. 
➔A Caderneta da Gestante serve como 
instrumento de apoio para o desenvolvimento das 
consultas e para a otimização do trabalho; deve ser 
utilizada por todos os profissionais de saúde, pode 
auxiliar no diálogo com a gestante, por meio de 
textos e figuras explicativas, e nas ações de 
educação em saúde. 
➔Inclui um cartão de acompanhamento do pré-
natal para registro das consultas clínicas e 
odontológicas, dos resultados de exames e das 
vacinas, entre outras informações, contendo todas 
as informações importantes de interação da gestante 
com os serviços de saúde. 
 
REDE CEGONHA 
A Rede Cegonha tem como princípios: 
I -o respeito, a proteção e a realização dos 
direitos humanos; 
II - o respeito à diversidade cultural, étnica e 
racial; 
III - a promoção da equidade; 
IV - o enfoque de gênero; 
V - a garantia dos direitos sexuais e dos 
direitos reprodutivos de mulheres, homens, 
jovens e adolescentes; 
VI - a participação e a mobilização social; e 
VII -a compatibilização com as atividades 
das redes de atenção à saúde materna e 
infantil em desenvolvimento nos Estados. 
Art. 3° São objetivos da Rede Cegonha: 
I - fomentar a implementação de novo modelo de 
atenção à saúde da mulher e à saúde da criança com 
foco na atenção ao parto, ao nascimento, ao 
crescimento e ao desenvolvimento da criança de 
zero aos vinte e quatro meses; 
II - organizar a Rede de Atenção à Saúde Materna e 
Infantil para que esta garanta acesso, acolhimento e 
resolutividade; e 
III - reduzir a mortalidade materna e infantil com 
ênfase no componente neonatal. 
 
Art. 4° A Rede Cegonha deve ser organizada de 
maneira a possibilitar o provimento contínuo de 
ações de atenção à saúde materna e infantil para 
a população de determinado território, mediante 
a articulação dos distintos pontos de atenção à 
saúde, do sistema de apoio, do sistema logístico 
e da governança da rede de atenção à saúde em 
consonância com a Portaria nº 4.279/GM/MS, de 
2010, a partir das seguintes diretrizes: 
I - garantia do acolhimento com avaliação e 
classificação de risco e vulnerabilidade, ampliação 
do acesso e melhoria da qualidade do pré-natal; 
II - garantia de vinculação da gestante à unidade de 
referência e ao transporte seguro; 
III -garantia das boas práticas e segurança na 
atenção ao parto e nascimento; 
IV - garantia da atenção à saúde das crianças de 
zero a vinte e quatro meses com qualidade e 
resolutividade; e 
V -garantia de acesso às ações do planejamento 
reprodutivo. 
 
Art. 5° A Rede Cegonha deve ser implementada, 
gradativamente, em todo território nacional 
respeitando-se critérios epidemiológicos, tais 
como taxa de mortalidade infantil, razão de 
mortalidade materna e densidade populacional. 
 
Art. 6° A Rede Cegonha organiza-se a partir de 
quatro (4) Componentes, quais sejam: 
I - Pré-Natal 
II - Parto e Nascimento 
III - Puerpério e Atenção Integral à Saúde da Criança 
IV - Sistema Logístico: Transporte Sanitário e 
Regulação 
 
BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO MORTALIDADE 
MATERNA E INFANTIL 
MORTE MATERNA: Morte de uma mulher durante 
a gestação ou até 42 dias após o término da 
gestação, independentemente da duração ou da 
localização da gravidez. É causada por qualquer 
fator relacionado ou agravado pela gravidez ou 
por medidas tomadas em relação a ela. Não é 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
considerada morte materna a que é provocada por 
fatores acidentais ou incidentais. 
MORTE MATERNA OBSTÉTRICA: As mortes 
maternas por causas obstétricas podem ser de dois 
tipos: as obstétricas diretas e as obstétricas 
indiretas. 
➔A Morte materna obstétrica direta é aquela que 
ocorre por complicações obstétricas durante 
gravidez, parto ou puerpério devido a intervenções, 
omissões, tratamento incorreto ou a uma cadeia de 
eventos resultantes de qualquer dessas causas. 
➔A Morte materna obstétrica indireta é aquela 
resultante de doenças que existiam antes da 
gestação ou que se desenvolveram durante esse 
período, não provocadas por causas obstétricas 
diretas, mas agravadas pelos efeitos fisiológicos da 
gravidez. 
MORTE MATERNA NÃO OBSTÉTRICA: É a 
resultante de causas incidentais ou acidentais não 
relacionadas à gravidez e seu manejo. Estes óbitos 
não são incluídos no cálculo da razão de mortalidade 
materna. EX: acidentes de transporte, suicídio, 
feminicídio. 
RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA: Relaciona 
as mortes maternas obstétricas diretas e 
indiretas com o número de nascidos vivos, e é 
expressa por 100.000 nascidos vivos. 
Freqüentemente, a razão de mortalidade materna é 
chamada de “taxa” ou “coeficiente”. Contudo, ela só 
poderia ser designada assim se o seu denominador 
fosse o número total de gestações. Na 
impossibilidade de obtenção desse dado, utiliza-se 
por aproximação o número de nascidos vivos, o que 
torna mais adequado o uso da expressão “razão”. 
TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL: Número de 
óbitos de menores de um ano de idade, por mil 
nascidos vivos, na população residente em 
determinado espaço geográfico, no ano 
considerado. 
 
PROBLEMA 4- INTERMEDIARIA 
DESENVOLVIMENTO FETAL DA 13 ª A 16ª 
SEMANA – ENFASE NO DESENVOLVIMENTO 
DOS ÓRGÃOS DOS DIFERENTES SISTEMAS 
4 MÊS DE GESTAÇÃO 
-Pele é fina, vasos sanguíneos são facilmente 
visíveis; 
-Narinas estão quase formadas; 
-Olhos foram deslocados para a frente da face; 
-Pernas são mais compridas que os braços; 
-Lanugo fino aparece na cabeça; 
-Unhas dos dedos das mais bem formadas, unhas 
dos dedos dos pés estão em formação; 
-Cristas epidérmicas aparecem nos dedos e nas 
palmas das mãos; 
-Liquido amniótico suficiente esta presenta para 
permitir a amniocentese; 
-Mae pode sentir os movimentos do feto; 
-Vesícula seminais são formadas; 
-Sulcos transversais aparecem na superfície dorsal 
do cerebelo; 
-Bile é produzida pelo fígado e tinge o mecônio de 
verde; 
-Glândulas gástricas brotam das fossetas gástricas; 
-Tratos piramidais começam a se formar no cérebro; 
-Hematopoese começa na medula óssea; 
-Ovários contem folículos primordiais;SISTEMA NERVOSO 
→O sistema nervoso central (SNC) se desenvolve 
de um espessamento dorsal do ectoderma (placa 
neural), que aparece por volta da metade da 
terceira semana. A placa neural é induzida pela 
notocorda subjacente e pelo mesênquima paraxial. 
→A placa neural se curva para formar o sulco 
neural, que possui pregas neurais de cada lado. 
Quando as pregas neurais começam a se fundir para 
formar o início do tubo neural durante a quarta 
semana, algumas células neuroectodérmicas não 
são inclusas nele, mas permanecem entre o tubo 
neural e oectoderma de superfície, a crista neural. 
Conforme as pregas neurais se fundem para formar 
o tubo neural, suas extremidades estão abertas. As 
aberturas nas extremidades de cada lado, os 
neuroporos rostral e caudal, comunicam-se com a 
cavidade amniótica adjacente. O fechamento do 
neuroporo rostral ocorre no 25° dia, e do 
neuroporo caudal fecha 2 dias depois. 
→ A extremidade cranial do tubo neural forma o 
encéfalo, que é o primórdio do prosencéfalo, do 
mesencéfalo e do rombencéfalo. O prosencéfalo 
origina os hemisférios cerebrais e o diencéfalo. O 
mesencéfalo se torna o mesencéfalo adulto, e o 
rombencéfalo origina a ponte, o cerebelo e o bulbo. 
O remanescente do tubo neural forma a medula 
espinhal. 
→ O canal neural, que é a luz do tubo neural, torna-
se o ventrículo do encéfalo e o canal central do 
bulbo e da medula metabólicos, uso. As paredes 
do tubo neural se espessam pela proliferação das 
células neuroepiteliais. Essas células originam todas 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
os neurônios e as células macrogliais no SNC. A 
microglia se diferencia das células mesenquimais 
que entram no SNC com os vasos sanguíneos. 
• A hipófise se desenvolve de duas partes 
completamente diferentes: um crescimento superior 
do ectoderma do estomodeu, o divertículo hipofisário 
que forma a adeno-hipófise, e um crescimento 
inferior do ectoderma do diencéfalo, o divertículo 
neuro-hipofisário que forma a neuro-hipófise. 
• Células nos gânglios cranianos, espinhais e 
autonômicos são derivadas das células da crista 
neural, que se originam na crista neural. As células 
de Schwann, que fazem a mielinização dos axônios 
externos à medula metabólicos,uso, também se 
originam das células da crista neural. De modo 
similar, a maior parte do SNA e todo tecido cromafim, 
desenvolvem-se das células da crista neural. 
 • Defeitos congênitos do SNC são comuns 
(aproximadamente 3 a cada 1.000 nascimentos). 
Defeitos do tubo neural (DTNs) no fechamento do 
tubo neural perfazem a maioria dos defeitos graves 
(p. ex., espinha bífida cística). Alguns defeitos 
congênitos são causados por fatores genéticos (p. 
ex., anormalidades numéricas cromossômicas, 
como a trissomia do 21 [síndrome de Down]). Outras 
resultam de fatores ambientais como agentes 
infecciosos, drogas e doença metabólica. Outros 
defeitos do SNC são causados por uma combinação 
de fatores genéticos e ambientais (herança 
multifatorial). 
• Grandes defeitos congênitos (p. ex., 
meroencefalia) são incompatíveis com a vida. 
Defeitos congênitos graves (p. ex., espinha bífida 
com meningomielocele) causam incapacidade 
funcional (p. ex., paralisia muscular dos membros 
inferiores). 
• Os dois tipos principais de hidrocefalia são a 
hidrocefalia obstrutiva ou não comunicante (bloqueio 
do fluxo do LCE no sistema ventricular) e hidrocefalia 
não obstrutiva ou comunicante (bloqueio do fluxo do 
LCE no espaço subaracnoide). Na maioria dos 
casos, a hidrocefalia congênita está associada a 
espinha bífida com meningomielocele. 
• Deficiência mental pode resultar de 
anormalidades cromossômicas que ocorrem durante 
a gametogênese, distúrbios metabólicos, uso 
abusivo materno de álcool, ou infecções ocorridas na 
vida pré-natal. 
 
SISTEMA UROGENITAL 
O sistema urogenital surge do mesoderme 
intermediário. O sistema urinário surge antes de 
começar o desenvolvimento gonadal. 
→O desenvolvimento renal começa com a formação 
de pares de nefrótomos que se conectam com um 
par de dutos néfricos primários. Caudalmente aos 
nefrótomos, pares de túbulos mesonéfricos se 
formam em uma sequência craniocaudal e se 
conectam aos dutos néfricos primários, que se 
tornam os dutos mesonéfricos. Na porção caudal de 
cada duto mesonéfrico, cresce um broto uretérico, 
que induz o mesoderme circundante a formar o 
metanefro. 
→O crescimento do broto uretérico é estimulado pelo 
GDNF, produzido pelo mesênquima 
metanefrogênico. Este sinal indutor está vinculado 
ao C-RET no broto uretérico. O FGF-2, a BMP-7 e o 
fator inibidor de leucemia, secretados pelo broto 
uretérico, estimulam a formação dos túbulos renais 
no mesênquima metanefrogênico. 
→Dentro dos metanefros em desenvolvimento, os 
néfrons (unidades funcionais do rim) se formam a 
partir de três fontes: o blastema metanefrogênico, o 
divertículo metanefrogênico e as células endoteliais 
vasculares residentes. Os néfrons continuam a se 
formar por toda a vida fetal. A formação dos néfrons 
envolve induções recíprocas entre os ramos 
terminais do sistema de dutos coletores (broto 
uretérico) e o mesoderme metanefrogênico. Muitas 
interações moleculares mediam estas induções. 
→Os rins surgem na bacia pélvica. Durante o final do 
período embrionário e o início do período fetal, os 
rins migram para a região abdominal, onde eles se 
associam às glândulas suprarrenais. A bexiga 
urinária surge da base do alantoide. 
→O sistema urinário está sujeito a várias 
malformações. A mais severa é a agenesia renal, 
que provavelmente é causada pela indução 
deficiente no período embrionário inicial. A migração 
anormal pode resultar em rins pélvicos, rins 
ectópicos ou rim em ferradura. A doença policística 
renal está associada a cistos em outros órgãos 
externos. O fechamento deficiente do alantoide 
resulta em cistos do úraco, seios ou fístulas. A 
determinação do sexo se inicia na fertilização pela 
contribuição de um cromossomo X ou Y ao zigoto 
através do esperma. O embrião inicial é 
indiferenciado sexualmente. Através da ação do 
gene Sry, a gônada indiferenciada nos homens se 
desenvolve nos testículos. Na ausência deste gene, 
a gônada se torna um ovário. 
→A diferenciação gonadal começa após a migração 
das CGPs para as gônadas indiferenciadas. Sob a 
influência do produto do gene Sry (fator 
determinante do testículo), os testículos começam a 
se diferenciar. A presença das células germinativas 
não é necessária para a diferenciação dos cordões 
testiculares. Nos testículos embrionários, as células 
de Leydig secretam testosterona e as células de 
Sertoli produzem a substância inibidora mülleriana. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
Na ausência de expressão do Sry, a gônada se 
diferencia em um ovário, que apresenta folículos. A 
diferenciação folicular ovariana não ocorre na 
ausência das células germinativas. O sistema de 
dutos sexuais consiste nos dutos mesonéfricos 
(wolfiano) e paramesonéfricos (mülleriano). 
→O sistema de dutos é originalmente indiferenciado. 
No homem, a substância inibidora mülleriana 
promove a regressão do sistema de dutos 
paramesonéfricos, e a testosterona provoca um 
maior desenvolvimento do sistema de dutos 
mesonéfricos. 
→Nas mulheres, os dutos mesonéfricos regridem na 
ausência de testosterona, e os dutos 
paramesonéfricos persistem na falta da substância 
inibidora mülleriana. 
→Nos homens, os dutos mesonéfricos formam o 
duto deferente e originam as glândulas sexuais 
acessórias masculinas. Nas mulheres, os dutos 
paramesonéfricos formam as tubas uterinas, o útero 
e parte da vagina. 
→A descida dos testículos da cavidade abdominal 
para o escroto ocorre posteriormente no 
desenvolvimento. Os ovários também migram para 
uma posição mais caudal. A descida deficiente dos 
testículos resulta em criptorquidismo e está 
associada à esterilidade e a tumores testiculares. 
→A genitália externa também se origina de uma 
condição indiferenciada. Os componentesbásicos 
da genitália externa são o tubérculo genital, as 
pregas genitais e as intumescências genitais. Sob a 
influência da di-hidrotestosterona, o tubérculo genital 
se alonga em um falo e as pregas genitais se 
fusionam para formar a uretra peniana. As 
intumescências genitais formam o escroto. Nas 
mulheres, o tubérculo genital forma o clitóris, as 
pregas genitais formam os pequenos lábios e as 
intumescências genitais formam os grandes lábios. 
→Se um indivíduo possui somente um cromossomo 
X (XO), resulta na síndrome de Turner. Tais 
indivíduos apresentam um fenótipo feminino com 
gônadas vestigiais. O hermafroditismo verdadeiro ou 
o pseudo-hermafroditismo pode resultar de várias 
causas. A feminização testicular é encontrada em 
homens com deficiência genética nos receptores de 
testosterona. Tais indivíduos são fenotipicamente 
femininos. As principais anormalidades dos dutos 
sexuais são raras, porém, elas podem levar a 
duplicações ou à ausência do útero nas mulheres. 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
. 
 
 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
SISTEMA DIGESTORIO 
• O intestino primitivo se forma a partir da porção 
dorsal da vesícula umbilical, que é incorporada ao 
interior do embrião. O endoderma do intestino 
primitivo dá origem ao revestimento epitelial do trato 
digestório, exceto nas porções cranial e caudal, que 
são derivadas do ectoderma do estomodeu e da 
membrana cloacal, respectivamente. Os 
componentes de tecido muscular e conjuntivo do 
trato digestório são derivados do mesênquima 
esplâncnico que circunda o intestino primitivo. 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 • O intestino anterior dá origem à faringe, ao 
sistema respiratório inferior, ao esôfago, ao 
estômago, à porção proximal do duodeno, ao 
fígado, pâncreas e sistema biliar. Como a traqueia 
e o esôfago possuem uma origem comum, a partir 
do intestino anterior, a divisão incompleta pelo septo 
traqueoesofágico resulta em estenoses ou atresias, 
com ou sem fístulas entre elas. 
 
• O divertículo hepático, o primórdio do fígado, da 
vesícula biliar e do sistema de ductos biliares, é um 
crescimento do revestimento epitelial endodérmico 
do intestino anterior. Cordões epiteliais hepáticos se 
desenvolvem a partir do divertículo hepático e 
crescem no septo transverso. Entre as camadas do 
mesentério ventral, derivadas do septo transverso, 
células primordiais se diferenciam em tecidos 
hepáticos e nos revestimentos dos ductos do 
sistema biliar. 
 • A atresia duodenal congênita resulta da falha do 
processo de vacuolização e recanalização que 
ocorre após a fase sólida normal de 
desenvolvimento do duodeno. Normalmente, as 
células epiteliais se degeneram e o lúmen do 
duodeno é restaurada. A obstrução do duodeno 
também pode ser causada por um pâncreas anular 
ou estenose pilórica. 
• O pâncreas se desenvolve a partir de brotos 
pancreáticos que se formam do revestimento 
endodérmico do intestino anterior. Quando o 
duodeno gira para a direita, o broto pancreático 
ventral se move dorsalmente e se funde com o broto 
pancreático dorsal. O broto pancreático ventral 
forma a maior parte da cabeça do pâncreas, 
incluindo o processo uncinado. O broto pancreático 
dorsal forma o restante do pâncreas. Em alguns 
fetos, os sistemas de ducto dos dois brotos não se 
fundem, e se forma um ducto pancreático acessório. 
• O intestino médio dá origem ao duodeno (a porção 
distal à entrada do ducto biliar), jejuno, íleo, ceco, 
apêndice, colo ascendente e à metade direita dois 
terços do colo transverso. O intestino médio forma 
uma alça intestinal umbilical em forma de U que 
hernia-se no cordão umbilical durante a sexta 
semana porque não há espaço suficiente para ele no 
abdome. Enquanto no cordão umbilical, a alça do 
intestino médio gira 90° em sentido anti-horário. 
Durante a 10ª semana, o intestino retorna ao 
abdome, girando mais 180°. 
• As onfaloceles, má rotações e fixações anormais 
do intestino resultam de falha no retorno ou rotação 
anormal do intestino. Como o intestino é 
normalmente ocluído durante a quinta e a sexta 
semanas, resulta em estenose (obstrução parcial), 
atresia (obstrução completa) e duplicações se a 
recanalização não ocorrer ou ocorrer de modo 
anormal. Remanescentes do ducto onfaloentérico 
podem persistir. Divertículos ileais são comuns; no 
entanto, poucos deles se tornam inflamados e 
produzem dor. 
• O intestino posterior dá origem ao terço esquerdo 
da metade do colo transverso, ao colo descente e ao 
colo sigmoide, o reto e a porção superior do canal 
anal. A porção inferior do canal anal se desenvolve 
a partir da fosseta anal. A porção caudal do intestino 
posterior divide a cloaca no seio urogenital e reto. O 
seio urogenital dá origem à bexiga urinária e à uretra. 
O reto e a porção superior do canal anal são 
separados do exterior pelo tampão epitelial. Essa 
massa de células epiteliais se decompõe ao final da 
oitava semana. 
• A maior parte das anomalias anorretais resulta da 
septação anormal da cloaca no reto e no canal anal 
posteriormente e da bexiga urinária e uretra 
anteriormente. O crescimento detido e/ou o desvio 
do septo urorretal causam a maior parte as 
anomalias anorretais, como a atresia retal e fístulas 
entre o reto e a uretra, a bexiga urinária ou a vagina 
SISTEMA TEGUMENTAR 
 • A pele e seus anexos se desenvolvem a partir do 
ectoderma, do mesênquima e das células da crista 
neural. A epiderme é derivada do ectoderma de 
superfície e a derme é derivada do mesênquima. 
Melanócitos são derivados das células da crista 
neural que migram para a epiderme. 
• Células que descamam da epiderme misturadas 
com secreções das glândulas sebáceas formam a 
vernix caseosa, uma cobertura da pele 
esbranquiçada e gordurosa que protege a epiderme 
do feto. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
• Os pelos se desenvolvem a partir de invaginações 
da epiderme na derme. Na 20ª semana, 
aproximadamente, o feto está completamente 
recoberto por uma fina penugem (lanugo). Esses 
pelos fetais caem ao nascimento ou logo após e são 
substituídos por pelos mais grossos. 
• A maioria das glândulas sebáceas se desenvolve 
como evaginações da parte lateral de folículos 
pilosos; no entanto, algumas glândulas se 
desenvolvem como invaginações da epiderme na 
derme. As glândulas sudoríparas também se 
desenvolvem a partir de invaginações da epiderme 
na derme. As glândulas mamárias se desenvolvem 
de forma similar. 
• Defeitos congênitos da pele são essencialmente 
distúrbios de queratinização (ictiose) e de 
pigmentação (albinismo). O desenvolvimento 
anormal de vasos sanguíneos resulta em diversos 
tipos de angiomas. 
• As unhas podem estar ausentes ou malformadas. 
Pelos podem estar ausentes ou em excesso. 
• A ausência de glândulas mamárias é rara, mas 
mamas ou mamilos supranumerários (polimastia ou 
politelia, respectivamente) são relativamente 
comuns. 
 • Os dentes se desenvolvem a partir do ectoderma, 
do mesoderma e de células da crista neural. O 
esmalte é produzido pelos ameloblastos, que são 
derivados do ectoderma oral; todos os outros tecidos 
dentários são derivados do mesênquima, que, por 
sua vez, é derivado do mesoderma e das células da 
crista neural. 
• São defeitos congênitos comuns nos dentes 
problemas na formação do esmalte e da dentina, 
anomalias na forma e variações no número e na 
posição. 
• Tetraciclinas são extensamente incorporadas ao 
esmalte e à dentina de dentes em desenvolvimento, 
produzindo manchas castanho-amareladas e 
hipoplasia do esmalte. Elas não devem ser 
prescritas a mulheres grávidas ou crianças menores 
de 8 anos de idade. 
 
DESENVOLVIMENTOS DOS OLHOS E DAS 
ESTRUTURAS RELACIONADAS 
 
DESENVOLVIMENTO DOS OLHOS 
• A primeira indicação do desenvolvimento dos olhos 
são os sulcos ópticos nas pregas neurais na 
extremidade craniana do embrião.Os sulcos se 
formam no início da quarta semana e se aprofundam 
para formar a cavidade das vesículas ópticas que se 
projetam do prosencéfalo. 
 • As vesículas ópticas entram em contato com o 
ectoderma de superfície e induzem o 
desenvolvimento dos placoides do cristalino. 
• Conforme o placoide do cristalino se espessa para 
formar a fosseta do cristalino e as vesículas do 
cristalino, as vesículas ópticas se invaginam para 
formar o cálice óptico. A retina deriva das duas 
camadas do cálice óptico. • A retina, as fibras do 
nervo óptico, os músculos e o epitélio da íris, e o 
corpo ciliar são derivados do neuroectoderma do 
prosencéfalo. O esfíncter e o músculo dilatador da 
íris se desenvolvem a partir do ectoderma da borda 
do cálice óptico. O ectoderma da superfície dá 
origem ao cristalino e ao epitélio das glândulas 
lacrimais, pálpebras, conjuntiva e córnea. O 
mesênquima forma os músculos do olho, com 
exceção daqueles da íris, e a todos os tecidos 
conjuntivos e vasculares na córnea, íris, corpo ciliar, 
corioide e esclera. • Os olhos são sensíveis a efeitos 
teratogênicos de agentes infecciosos (p. ex., 
citomegalovírus). Defeitos de visão podem resultar 
de infecção de tecidos e órgãos por determinados 
microrganismos durante o período fetal (p. ex., vírus 
da rubéola, Treponema pallidum [causador da 
sífilis]). 
• A maioria dos defeitos é causada pelo fechamento 
defeituoso da fissura retiniana durante a sexta 
semana (p. ex., coloboma da íris). 
• Catarata e glaucoma congênito podem resultar de 
infecções intrauterinas, mas a maioria das cataratas 
congênitas é hereditária 
 
DESENVOLVIMENTO DAS ORELHAS 
• A vesícula ótica se desenvolve a partir do 
ectoderma da superfície durante a quarta semana. A 
vesícula desenvolve- se no labirinto membranoso da 
orelha interna. 
• A vesícula ótica é dividida em uma parte utricular 
dorsal, que dá origem ao utrículo, aos ductos 
semicirculares e ao ducto endolinfático, e uma parte 
sacular ventral, que dá origem ao sáculo e ao ducto 
coclear. O ducto coclear origina o órgão espiral. 
• O labirinto ósseo se desenvolve a partir do 
mesênquima adjacente ao labirinto membranoso. O 
epitélio que reveste a cavidade timpânica, o antro 
mastóideo e a tuba faringotimpânica deriva do 
endoderma do recesso tubotimpânico, que, por sua 
vez, se desenvolve a partir da primeira bolsa 
faríngea. 
• Os ossículos da audição se desenvolvem das 
extremidades dorsais da cartilagem presente nos 
dois primeiros arcos faríngeos. O epitélio do meato 
acústico externo se origina do ectoderma do primeiro 
sulco faríngeo. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
• A membrana timpânica tem três fontes de origem: 
do endoderma da primeira bolsa faríngea, do 
ectoderma do primeiro sulco faríngeo e do 
mesênquima situado entre essas duas camadas. 
 • A orelha (pavilhão auricular) tem origem na fusão 
das seis proeminências auriculares, que se formam 
a partir de proeminências mesenquimais situadas 
nas margens do primeiro sulco faríngeo. 
• A surdez congênita pode resultar de 
desenvolvimento anormal do labirinto membranoso, 
do labirinto ósseo ou dos ossículos da audição. A 
herança recessiva é a causa mais comum de surdez 
congênita, mas uma infecção por vírus da rubéola 
próximo ao final do período embrionário é a maior 
causa de desenvolvimento anormal do órgão espiral 
e de deficiência auditiva. 
• Numerosas anomalias de menor importância 
afetam o pavilhão; no entanto, algumas delas podem 
alertar os clínicos quanto a possível presença de 
anomalias associadas de maior relevância (p. ex., 
defeitos da orelha média). Orelhas severamente 
malformadas e de baixa implantação estão 
frequentemente associadas com anormalidades 
cromossômicas, em particular a trissomia do 13 e a 
trissomia do 18. 
 
DESENVOLVIMENTO DOS MEMBROS 
 
Os brotos dos membros aparecem perto do final da 
quarta semana de gestação como pequenas 
protuberâncias na parede ventrolateral do corpo. O 
desenvolvimento dos brotos dos membros 
superiores inicia-se aproximadamente com 2 dias de 
vantagem do desenvolvimento dos brotos dos 
membros inferiores. Os tecidos dos brotos dos 
membros são derivados de duas fontes principais, 
mesoderma e ectoderma. 
• A crista ectodérmica apical (CEA) (crista 
ectodérmica apical) exerce uma influência indutora 
no mesênquima do membro, promovendo o 
crescimento e o desenvolvimento dos membros. Os 
brotos dos membros se alongam pela proliferação do 
mesênquima dentro dele. A apoptose é um 
mecanismo importante no desenvolvimento dos 
membros; por exemplo, na degeneração do tecido 
nos sulcos entre os raios digitais. 
 • Os músculos dos membros são derivados de 
mesênquima (células precursoras miogênicas), 
originados dos somitos. As células formadoras dos 
músculos (mioblastos) formam massas musculares 
dorsal e ventral. Os nervos crescem para os brotos 
dos membros após as massas musculares estarem 
formadas. A maioria dos vasos sanguíneos nos 
brotos dos membros origina-se como brotos das 
artérias intersegmentares. 
• Inicialmente, os membros em desenvolvimento são 
direcionados caudalmente; mais tarde, eles se 
projetam ventralmente; e finalmente, eles giram em 
seus eixos longitudinais. Os membros superiores e 
inferiores giram em direções opostas e em graus 
diferentes. 
• A maioria dos defeitos congênitos dos membros é 
causada por fatores genéticos; entretanto, muitos 
defeitos resultam provavelmente de uma interação 
de fatores genéticos e ambientais (herança 
multifatorial). 
 
SISTEMA RESPIRATÓRIO 
• Na quarta semana, um divertículo laringotraqueal 
se desenvolve no assoalho da faringe primitiva. 
• O divertículo laringotraqueal torna-se separado do 
intestino anterior pelas pregas traqueoesofágicas 
que se fusionam para formar o septo 
traqueoesofágico. Esse septo resulta na formação 
do esôfago e do tubo laringotraqueal. 
• O endoderma do tubo laringotraqueal origina o 
epitélio dos órgãos respiratórios inferiores e das 
glândulas traqueobrônquicas. O mesênquima 
esplâncnico ao redor do tubo laringotraqueal forma o 
tecido conjuntivo, a cartilagem, o músculo, os vasos 
sanguíneos e os vasos linfáticos desses órgãos. 
• O mesênquima do arco faríngeo contribui para a 
formação da epiglote e do tecido conjuntivo da 
laringe. Os músculos da laringe são derivados do 
mesênquima dos arcos faríngeos caudais. As 
cartilagens da laringe são derivadas das células da 
crista neural. 
• A extremidade distal do divertículo 
laringotraqueal forma o broto respiratório que se 
divide em dois brotos brônquicos. Cada broto 
brônquico logo se expande para formar o brônquio 
principal e, em seguida, o brônquio principal 
subdivide-se para formar os ramos brônquicos 
lobares, segmentares e subsegmentares. 
• Cada broto brônquico terciário (broto brônquico 
segmentar), com seu mesênquima ao redor, é o 
primórdio do segmento broncopulmonar. As 
ramificações continuam até aproximadamente 17 
ordens de ramos serem formadas. Vias respiratórias 
adicionais são formadas após o nascimento, até 
aproximadamente 24 ordens de ramos estarem 
presentes. 
• O desenvolvimento dos pulmões é dividido em 
quatro estágios: O pseudoglandular (6 a 16 
semanas), o canalicular (16 a 26 semanas), saco 
terminal (26 semanas ao nascimento) e estágio 
alveolar (32 semanas até aproximadamente 8 anos 
de idade). 
• Por volta da 20ª a 22ª semana, o pneumócito tipo 
II começa a secretar o surfactante pulmonar. A 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
deficiência do surfactante resulta na SAR ou 
doença da membrana hialina. 
• A FTE, que resulta da divisão defeituosa do 
intestino anterior em esôfago e traqueia, é 
normalmente associada à atresia esofágica. 
SEGUENCIA NO PROBLEMA 5 
 
APARELHO FARÍNGEO, FACE E PESCOÇO 
• A faringe primitiva é limitada lateralmente pelos 
arcos faríngeos. Cada arco consiste em um núcleo 
de mesênquima coberto externamente pelo 
ectoderma e internamente pelo endoderma. O 
mesênquima originalde cada arco é derivado do 
mesoderma. Mais tarde, células da crista neural 
migram para os arcos e são a principal fonte de 
componentes de tecido conjuntivo, incluindo 
cartilagem, osso e ligamentos das regiões oral e 
facial. Cada arco contém uma artéria, uma haste 
cartilaginosa, nervos e componente muscular. 
• Externamente, os arcos faríngeos são separados 
pelos sulcos faríngeos. Internamente, os arcos são 
separados por evaginações da faringe (bolsas 
faríngeas). Em que o ectoderma de um sulco entra 
em contato com o endoderma de uma bolsa, as 
membranas faríngeas são formadas. 
• Os sulcos faríngeos desaparecem, exceto para os 
do primeiro par, que persistem como meato acústico 
externo. As membranas faríngeas também 
desaparecem, exceto as do primeiro par, que se 
tornam as membranas timpânicas. A primeira bolsa 
faríngea forma a cavidade timpânica, o antro 
mastoide e a tuba faringotimpânica. A segunda bolsa 
faríngea está associada ao desenvolvimento da 
tonsila palatina. 
• O timo é derivado do terceiro par de bolsas 
faríngeas, e as glândulas paratireoides são formadas 
a partir do terceiro e quarto pares de bolsas. 
• A glândula tireoide desenvolve-se a partir de um 
crescimento para baixo do assoalho da faringe 
primitiva na região onde a língua se desenvolve. As 
células parafoliculares (células C) na glândula 
tireoide são derivadas de corpos ultimofaríngeos, 
que são derivados principalmente do quarto par de 
bolsas faríngeas. 
• Os cistos, seios e fístulas cervicais podem 
desenvolver-se de partes do segundo sulco faríngeo, 
o seio cervical, ou da segunda bolsa faríngea que 
falha para se obliterar. 
 • Uma glândula tireoide ectópica resulta quando a 
glândula falha em descer completamente de seu 
local de origem na língua. O ducto tireoglosso pode 
persistir, ou os seus remanescentes podem formar 
cistos do ducto tireoglosso e massas de tecido 
tireóideo ectópico. Cistos infectados podem perfurar 
a pele e formar seios do ducto tireoglosso que se 
abrem anteriormente no plano mediano do pescoço. 
• Fenda do lábio superior é uma anomalia congênita 
comum. Embora frequentemente associada à fenda 
palatina, à fenda labial e à fenda palatina são 
etiologicamente defeitos distintos, que envolvem 
diferentes processos do desenvolvimento, que 
ocorrem em tempos diferentes. A fenda do lábio 
superior resulta da falha de massas mesenquimais 
de se fundirem nas proeminências nasais mediais e 
maxilares, enquanto a fenda palatina resulta da falha 
de massas mesenquimais nos processos palatinos 
de se encontrarem e se fundirem. A maior parte dos 
casos de fenda labial, com ou sem fenda palatina, é 
causada por uma combinação de fatores genéticos 
e ambientais (herança multifatorial; 
 
 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Aparelho Faríngeo, Face e Pescoço. In: 
Embriologia clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2016. 
 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Desenvolvimentos dos olhos e das estruturas 
relacionadas. In: Embriologia clínica. 10. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2016. 
 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Desenvolvimentos dos membros. In: Embriologia 
clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Sistema Respirátorio.In: Embriologia clínica. 10. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Placenta e Membranas Fetais. In: Embriologia 
clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Sistema Nervoso. In: Embriologia clínica. 10. ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Sistema Urogenital. In: Embriologia clínica. 10. ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Sistema Digestorio. In: Embriologia clínica. 10. ed. 
Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, M.G. 
Sistema Tegumentar. In: Embriologia clínica. 10. 
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
PRINCIPAIS DOENÇAS INFECCIOSAS QUE 
COMPLICAM A GESTAÇÃO (TORSCH, AIDS, 
CLAMIDIA, HEPATITES VIRAIS, 
TUBEERCULOSE, ZIKA), COM ENFASE EM 
SÍFILIS- DIAGNOSTICO, TRATAMENTO DA MÃE 
(GESTACIONAL E CONGENITA), 
REPERCUSSOES PARA A GESTAÇÃO E O FETO 
O termo “infecção congênita” refere- -se as 
infecções adquiridas intraútero ou durante o 
trabalho de parto, devido à uma infecção aguda 
materna ou reativação/ reinfecção materna. 
Sob o acrônimo TORCHS, foram agrupadas as cinco 
infecções congênitas mais prevalentes: 
 
TRIAGEM PRÉ-NATAL 
No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o 
rastreamento de rotina para SÍFILIS, 
TOXOPLASMOSE E HIV desde a primeira 
consulta pré-natal. 
➔O rastreamento para RUBÉOLA é indicado 
apenas se a gestante apresentar sinais 
sugestivos da doença. 
➔A HEPATITE B deve ser rastreada na primeira 
consulta e no terceiro trimestre. 
➔O rastreamento de CMV não é recomendado, 
pois a evidencia disponível não embasa o 
rastreamento de rotina, já que a descoberta da 
infecção não traria benefícios/prevenção para o feto. 
Vale ressaltar que, apesar de algumas doenças não 
serem rastreadas, não é incorreto sua solicitação. 
 
INFECÇÃO PRÉ-NATAL 
As relações entre o feto e a mãe são 
necessariamente feitas pela membrana placentária 
e a Mini ótica ponto assim, as vias de penetração dos 
germes são divididas em 2 grupos: via 
transplacentária e via transamniótica. 
INFECÇÃO TRANSPLACENTÁRIA: os 
microrganismos procedentes do sangue materno 
cruzam a placenta, alcançam a circulação fetal e 
disseminam se. 
INFECÇÃO TRANS AMNIÓTICA: os germes da 
vagina e do colo acometem a cavidade amniótica e 
o feto. A via trans amniótica é ascendente, 
geralmente após a ruptura das membranas. 
 
INFECÇÃO PARANATAL 
É adquirida por contato direto com as secreções 
maternas, no momento da passagem do feto pelo 
canal do parto. O mesmo ocorre por infecção por 
HERPES VÍRUS SIMPLES GENITAL, HEPATITE 
B, STREPTOCOCCUS DO GRUPO B, que 
condicionam infecção neonatal. 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Deve-se suspeitar de infecções congênitas em 
casos de: 
• Restrição de crescimento intrauterino; 
• Hepatoesplenomegalia; 
• Exantema; 
• Cardiopatias; 
• Lesões ósseas; 
• Alterações Sistema Nervoso Central, 
como: micro/hidrocefalia, calcificações 
intracranianas; 
• Alterações oculares: coriorretinite, 
catarata; 
• Alterações hematológicas: anemia, 
plaquetopenia. 
 
Algumas manifestações são mais prevalentes e 
deve-se associar às principais doenças: 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
SÍFILIS 
O único hospedeiro natural conhecido para o T. 
pallidum é o ser humano; 
O T. pallidum penetra rapidamente nas mucosas 
íntegras ou em escoriações microscópicas da 
pele e, em poucas horas, alcança os vasos 
linfáticos e sanguíneos, provocando infecção 
sistêmica e focos metastáticos muito antes da 
lesão primária. 
→A lesão primária aparece no local de 
inoculação, persiste habitualmente por 4-6 
semanas e cicatriza espontaneamente. O exame 
histopatológico revela infiltração perivascular, 
principalmente por linfócitos TCD4+ e CD8+, 
plasmócitos e macrófagos, com proliferação 
endotelial capilar e obliteração dos pequenos 
vasos sanguíneos. A infiltração celular exibe um 
perfil de citocinas do tipo Th1 compatível com a 
ativação dos macrófagos. 
→As manifestações generalizadas da sífilis 
secundária surgem habitualmente cerca de 6-8 
semanas após a cicatrização do cancro duro, no 
entanto, algumas lesões secundárias podem 
aparecer na presença de cancro persistente, podem 
surgir vários meses após a cicatrização ou podem 
não aparecer em nenhum momento, passando para 
o estágio latente sem a manifestação das lesões 
secundárias. As características das lesões cutâneas 
maculo papulosas secundárias consistem em 
hiperceratose da epiderme, proliferação capilar 
com tumefação endotelial do cório superficial, 
papilas dérmicas com transmigraçãode 
leucócitos polimorfonucleares e, no cório mais 
profundo, infiltração perivascular por linfócitos T 
CD8+ e CD4+, macrófagos e plasmócitos. Os 
treponemas são encontrados em muitos tecidos, 
como o humor aquoso dos olhos e o líquido 
cefalorraquidiano (LCR). 
CLÍNICA 
 SÍFILIS PRIMÁRIA: manifestação clínica depende 
do número de treponemas inoculados e do estado 
imunológico do paciente; caracteriza-se pelo 
surgimento do CANCRO DURO, após um intervalo 
de 10-90 dias da infecção (média 21 dias); 
corresponde a uma lesão ulcerada, geralmente 
única e indolor, medindo 1-2cm, com bordas bem 
delimitadas, endurecidas e elevadas; geralmente 
acompanhada de linfadenopatia inguinal, móvel, 
indolor, sem sinais flogísticos; esse estágios pode 
durar de 2-6 semanas e desaparecer de forma 
espontânea, independente do tratamento. 
 
SÍFILIS SECUNDÁRIA: quadro clínico geralmente 
surge entre seis semanas e seis meses após a 
infecção e duram, em média, entre 4-12 semanas; 
podem ocorrer erupções cutâneas em forma de 
máculas (roséolas) e/ou pápulas, principalmente 
no tronco, lesões eritemato-escamosas palmo-
plantares (forte indicação de sífilis secundária), 
placas eritematosas branco-acinzentadas nas 
mucosas, lesões pápulo-hipertróficas nas 
mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou 
lata), alopecia em clareira, madarose, febre, mal-
estar, adinamia e mal-estar generalizado; nesse 
estágio, há presença significativa de resposta imune, 
com intensa produção de anticorpos contra o 
treponema. 
 
SÍFILIS LATENTE: se caracteriza pela ausência de 
manifestações clínicas e pode durar de 3 a 20 
anos; o diagnóstico só pode ser feito por testes 
sorológicos; é dividida em recente (evolução < 
1ano) e tardia (evolução > 1ano). 
 
 SÍFILIS TERCIÁRIA: ocorre em, aproximadamente, 
em 30% das infecções não tratadas, após um 
longo período de latência, podendo surgir entre 2-40 
anos depois do início da infecção; a sífilis nesse 
estágio se manifesta na forma de inflamação e 
destruição tecidual. As principais lesões são as 
seguintes: 
➢ Cutâneas: gomosas e nodulares, de caráter 
destrutivo. 
➢ Ósseas: periostite, osteíte gomosa ou 
esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-
articulares. 
➢ Cardiovasculares: aortite sifilítica, aneurisma e 
estenosa de coronárias. 
➢ Neurológicas: meningite aguda, goma do 
cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão 
do VII par, paralisia geral, tabes dorsalis 
(degeneração lenta dos neurônios sensitivos) e 
demência. 
* gomas sifilíticas: tumorações com tendência a 
liquefação. 
 
SÍFILIS CONGÊNITA: A sífilis congênita é 
adquirida por meio da disseminação do Treponema 
pallidum da mãe para o feto, principalmente por via 
transplacentária. O treponema provoca um 
processo inflamatório, comprometendo todos os 
órgãos do recém-nascido, com lesões viscerais, 
ósseas, pele e mucosas, e sistema nervoso 
central. 
Além da prematuridade e do baixo peso ao 
nascimento, as principais manifestações clínicas são 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
hepatomegalia com ou sem esplenomegalia, 
lesões cutâneas (pênfigo palmoplantar, condiloma 
plano), periostite, osteíte ou osteocondrite, 
pseudoparalisia dos membros (pseudoparalisia de 
Parrot), sofrimento respiratório com ou sem 
pneumonia, rinite serossanguinolenta, icterícia, 
anemia e linfadenopatia generalizada. 
➔A Sífilis Congênita é o resultado da disseminação 
hematogênica do Treponema pallidum por via 
transplacentária, da gestante infectada não 
tratada ou inadequadamente tratada para o seu 
concepto. Ocasionalmente, pode ocorrer por 
contato direto com a lesão no momento do parto. 
➔A maioria dos casos acontece porque a mãe não 
foi testada para sífilis durante o planejamento 
reprodutivo, no pré-natal ou porque recebeu 
tratamento não adequado para sífilis antes ou 
durante a gestação. 
→Nos últimos meses de gestação, e a infecção 
esta na fase aguda as chances de transmissão 
são maiores; 
Além disso, pode se manifestar tardiamente após o 
segundo ano de vida (sífilis congênita tardia) em 
que as principais manifestações são: 
 
NEUROSSIFILIS 
Infecção do sistema nervoso central (SNC) 
pelo Treponemapallidum, 
subespécie pallidum ou T.pallidum. A neurossífilis 
pode ocorrer a qualquer momento após a infecção 
inicial, mas, caracteristicamente, com aparecimento 
tardio. Na fase aguda, as formas mais comuns de 
neurossífilis envolvem líquido cefalorraquidiano 
(LCR),meninges e vasculatura (meningite 
assintomática, meningite sintomática e 
doençameningovascular). Na fase tardia da 
doença, as formas mais comuns envolvem o 
parênquima cerebral e a medula espinal. 
 
DIAGNÓSTICO SÍFILIS 
➔Pesquisa direta: pode ser feita através de 
microscopia de campo escuro (sensibilidade de 74 
a 86%), imunofluorescência direta, exame de 
material corado, biópsias. 
➔ Testes imunológicos: são os mais utilizados 
na prática; para o diagnóstico devem ser 
utilizados testes treponêmicos + testes não 
treponêmicos. 
➢ Treponêmicos: detectam anticorpos específicos 
produzidos contra os antígenos do T. pallidum; 
Exemplos: testes de hemaglutinação e aglutinação 
passiva (TPHA), teste de imunofluorescência 
indireta (FTA-Abs), quimioluminescência (EQL), 
ensaio imunoenzimático indireto (ELISA), testes 
rápidos. 
➢ Não treponêmicos: detectam anticorpos não 
específicos para os antígenos do T. pallidum; podem 
ser quantitativos (titulação de anticorpos) ou 
qualitativos (presença ou ausência de anticorpo). 
Exemplos: VDRL, RPR (Rapid Test Reagin), 
TRUST. 
 
TRATAMENTO 
➔Sífilis primária, secundária e latente recente: 
Penicilina G benzatina, 2,4milhões UI, IM, dose 
única (1,2milhão UI em cada glúteo). 
Alternativa: Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 15 
dias (exceto gestantes) OU Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 
1x/dia, por 8-10 dias. 
 ➔Sífilis latente tardia ou de duração 
desconhecida e terciária: Penicilina G benzatina, 
2,4milhões UI, IM, dose única (1,2milhão UI em cada 
glúteo), semanal, durante três semanas. (Dose total: 
7,2 milhões UI). 
Alternativa: Doxiciclina 100mg, VO, 2x/dia, por 30 
dias (exceto gestantes) OU Ceftriaxona 1g, IV ou IM, 
1x/dia, por 8-10 dias. 
 ➔Neurossífilis: Penicilina cristalina, 18-24 milhões 
UI/dia, IV, administrada em doses de 3-4 milhões a 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
cada 4 horas ou por infusão contínua, durante 14 
dias. 
Alternativa: Ceftriaxona 2g, IV ou IM, 1x/dia, por 10-
14 dias. 
➔A primeira escolha para o tratamento da sífilis é a 
BENZILPENICILINA, administrada por via 
intramuscular em adultos, adolescentes e 
gestantes, medicamento altamente eficaz, de alta 
qualidade, baixo custo, baixa toxicidade, resistência 
microbiana rara, dose única e sem contraindicação 
de uso em gestantes (WHO, 2016). 
➔único medicamento recomendado para 
tratamento de sífilis durante a gestação 
Um estudo realizado com 340 gestantes infectadas 
com sífilis mostrou que a benzilpenicilina fora eficaz 
em tratar 99.7% dos casos da doença nas mães, e 
98.0% eficaz em prevenir a infecção congênita 
(Alexander et al., 1999). O tratamento de pacientes 
com sífilis que apresentam alergia comprovada à 
penicilina e/ou quando há déficit na produção de 
benzilpenicilina, limitando sua disponibilidade, 
podem compor um grande desafio. 
Fluoroquinolonas, sulfonamidas e 
aminoglicosídeos não são antimicrobianos 
eficazes. Assim, a OMS preconiza o uso de 
doxiciclina, dependendo do estágio da infecção e 
em mulheres que não estejam gestantes, porém 
com uma grande preocupação relacionada à não 
adesão ao tratamento medicamentoso, visto que, 
apesar de apresentar baixo custo e ser 
administrada por via oral, o período de uso é 
prolongado. 
➔Para o tratamento da sífilis na gravidez, não existe 
uma alternativa recomendada para as mulheres com 
hipersensibilidade à penicilina e, nestes casos, 
utiliza-se, portanto, a sua dessensibilização. É 
recomendado o uso de benzilpenicilina aquosa 
(ou penicilina G cristalina)por via endovenosa ou 
penicilina G procaína por via intramuscular 
(WHO, 2016). 
TOXOPLASMOSE CONGÊNITA 
O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular 
obrigatório que afeta cerca de 1/3 da população 
mundial. Cerca de 40% das gestantes infectadas 
transmitirão a doença para o feto se não forem 
tratadas adequadamente. 
 
➔O risco de transmissão aumenta com o avanço da 
gravidez (já que a permeabilidade da barreira 
placentária aumenta com a idade gestacional), 
enquanto que o grau de comprometimento é maior 
no início da gravidez. 
➔A maioria das crianças (70%) serão 
assintomáticas ao nascimento, porém têm 
elevadas frequências de prematuridade, retardo 
do crescimento intrauterino, anormalidades 
liquóricas e cicatrizes de coriorretinite. 
➔Cerca de 10% terão manifestação grave nos 
primeiros dias de vida. Podem apresentar doença 
multissistêmica ou isoladamente, afetando o 
sistema nervoso e/ou a forma ocular. As sequelas 
neurológicas mais encontradas são hidrocefalia, 
microcefalia, retardo psicomotor, convulsões, 
hipertonia muscular, hiperreflexia tendinosa e 
paralisias. 
Quanto às complicações oftalmológicas, podem-
se observar microftalmia, sinéquia de globo 
ocular, estrabismo, nistagmo e catarata. 
PREVENÇÃO: Uma vez que não existem vacinas 
efetivas para a toxoplasmose, a prevenção primária 
da doença congênita é baseada na redução do risco 
de primoinfecção em gestantes suscetíveis. Essas 
medidas de prevenção incluem políticas públicas 
sanitárias para diminuir as fontes de contaminação 
e orientações higiênico-dietéticas às gestantes 
voltadas para as principais situações de risco; 
→ O rastreamento sorológico da toxoplasmose na 
rotina do pré-natal permite identificar e orientar 
gestantes suscetíveis quanto ao risco de infecção e 
medidas higiênico-dietéticas cabíveis. Em gestantes 
suscetíveis, o exame sorológico é repetido a cada 2 
meses. Diante da soro conversão, institui-se a 
quimioprolaxia com espiramicina, e avaliam-se os 
riscos de transmissão e acometimento fetais de 
acordo com a idade gestacional. Diante da 
comprovação de infecção fetal, institui-se 
terapêutica com sulfadiazina e pirimetamina; 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
RUBÉOLA CONGÊNITA 
Causada pelo vírus RNA do gênero Rubivirus. 
Pode se apresentar de duas formas: infecção 
congênita ou síndrome da rubéola congênita 
(SRC). 
A transmissão da rubéola se dá por meio das 
secreções respiratórias. O período de 
transmissibilidade dos indivíduos infectados se inicia 
cerca de 1 semana antes do início do quadro clínico, 
juntamente à viremia, e persiste até 5 a 7 dias após 
a instalação do exantema. O período de incubação 
dura em torno de 2 semanas. 
A infecção engloba os eventos associados à 
infecção intrauterina pelo vírus, como morte fetal, 
parto prematuro e defeitos congênitos; enquanto 
que a SRC refere-se à variedade de defeitos 
presentes em neonatos filhos de mães que 
apresentaram infecção pelo vírus da rubéola 
durante a gestação (deficiência auditiva, 
catarata, defeitos cardíacos, etc.). 
As manifestações precoces são: perda auditiva, 
cardiopatias congênitas, catarata e microcefalia. 
Já as tardias incluem: perda auditiva, distúrbios 
endócrinos e panencefalite. 
➔ O vírus da rubéola apresenta elevada 
toxicidade para os tecidos embrionários, 
podendo acarretar em graves 
repercussões no feto, inclusive o óbito, 
sendo esse risco diminuído em estágios 
avançados da gestação; 
➔Acometimento fetal: A tríade clássica da 
síndrome da rubéola congênita foi descrita 
originalmente por Gregg,5 em 1941, e é composta 
por anormalidade cardíaca, catarata e surdez 
congênitas. 
 
➔Infecção materna: Diagnóstico clínico: A 
rubéola é caracterizada por um rash cutâneo que se 
inicia na face e gradualmente evolui para o tronco e 
as extremidades. Esse quadro em geral é precedido 
por febre, linfadenopatia, artralgia e queixas 
respiratórias. Em muitas ocasiões, o quadro clínico é 
inespecí!co, o que torna o diagnóstico preciso mais 
difícil. Além disso, cerca de 20 a 50% das infecções 
são assintomáticas. Complicações raras da doença 
incluem encefalite e neurites, trombocitopenia 
hemorrágica e conjuntivite. 
PREVENÇÃO E TRATAMENTO: VACINAÇÃO 
→ A síndrome da rubéola congênita é doença grave 
e potencialmente erradicável com a vacinação de 
mulheres em idade reprodutiva. Os casos de 
infecção materna durante a primeira metade da 
gestação, particularmente no primeiro trimestre, 
embora tenham menor risco de transmissão vertical, 
apresentam alto risco de acometimento fetal se 
houver infecção do concepto. 
 
HERPES SIMPLES VÍRUS 
 O HSV é vírus DNA membro da família 
Herpesviridae. 
Infecta o ser humano através de inoculação oral, 
genital, mucosa conjuntival ou pele com solução 
de continuidade. 
Daí infecta os nervos terminais de onde é 
transportado, via axônios, até as raízes ganglionares 
dorsais, onde permanece latente durante toda a vida 
do hospedeiro. No estado de latência, esses vírus 
não são suscetíveis às drogas antivirais. Na infecção 
transmitida por viremia materna predominam sinais 
de infecção placentária, como infarto, necrose, 
calcificações e sinais de envolvimento fetal 
grave como hidropsia. A morte do concepto 
geralmente ocorre. Os sobreviventes exibem lesões 
de pele (vesículas, ulcerações ou cicatrizes), 
lesões oculares e graves anomalias do SNC, 
como microcefalia e hidranencefalia. 
 
CITOMEGALOVÍRUS 
O citomegalovírus pertence à família Herpesviridae 
e é considerado um dos principais patógenos da 
atualidade. Assim como os demais herpes vírus, o 
CMV estabelece infecção, podendo ocorrer 
episódios de reativação da infecção ao longo da 
vida do indivíduo. 
➔O citomegalovírus pode ser detectado em 
secreções da orofaringe, no sêmen, na secreção 
vaginal, no leite materno, no sangue, na urina e 
nas lágrimas. A transmissão pode ocorrer por 
diversas maneiras, sendo as principais: sexual 
(evidências sugerem alta concentração vaginal 
de CMV durante a primoinfecção), contato 
próximo (transmissão por saliva e trato 
respiratório superior), hemotransfusão, 
exposição ocupacional e transmissão vertical 
➔ Infecção primária ou episódio de reinfecção pode 
ocorrer em aproximadamente de 1 a 4% das 
gestantes. 
➔ A infecção por citomegalovírus é 
assintomática e apresenta quadro inespecífico ou 
mononucleose-símile, o que se traduz em difícil 
diagnóstico clínico específico para a maioria dos 
casos. 
➔Existe risco de transmissão do citomegalovírus 
pelo leite materno para lactentes prematuros e 
imunodeficientes. Os recém-nascidos prematuros 
citomegalovírus-soronegativos não devem receber 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
leite humano de mães com sorologia positiva (de 
banco de leite ou da própria mãe). Para o recém-
nascido a termo, o leite humano pode ser congelado 
a -20°C por 7 dias ou pasteurizado, para então ser 
oferecido ao recém-nascido nas primeiras semanas 
de vida. A infecção por citomegalovírus leva à 
progressão da doença em recém-nascidos de mães 
HIV-1-positivo. 
➔ As possibilidades de acometimento fetal incluem 
restrição do crescimento, microcefalia, 
hepatoesplenomegalia, petéquias, icterícia, 
coriorretinite, trombocitopenia, anemia, alças 
intestinais hiperecogênicas, alterações do 
sistema nervoso central (SNC) e cardíacas. 
Também pode ser considerada a infecção congênita 
por citomegalovírus em casos de óbito fetal sem 
causa aparente. 
→ A citomegalia é a infecção intrauterina mais 
comum e incide em até 2,5% dos nascidos vivos. A 
despeito de sua frequência e de ser causa 
importante de surdez e déficit neurológico na 
infância, não se recomenda o rastreamento 
sorológico de rotina durante a gestação. Quando há 
comprovação de infecção primária durante a 
gestação, o risco de acometimento fetal é de cerca 
de 10%; 
 
 
INVESTIGAÇÃO DIAGNOSTICA PARA TORSCH 
A investigação será realizada através de alguns 
exames:Quanto aos exames específicos, temos: 
• Toxoplasmose: Os testes sorológicos mais 
usados são a imunofluorescência indireta e o teste 
imunoenzimático (ELISA) detectando anticorpos da 
classe IgG, IgM e IgA; 
 • Sífilis: O padrão-ouro é a identificação do agente 
etiológico por microscopia de campo escuro. A 
amostra utilizada é o exsudato seroso das lesões 
ativas. Possui sensibilidade de 74-86% e 
especificidade de 87%, porém possui técnica 
complicada, assim, os testes sorológicos são mais 
aplicados: 
◊ Testes treponênicos (utilizam o T. pallidum): São 
testes que detectam anticorpos específicos contra o 
T. pallidum, podendo ser utilizados como triagem ou 
na confirmação de resultados, são eles: FTA-Abs (S: 
70-100%/ E: 94-100%*), Hemoaglutinação passiva – 
TPHA (S: 85-100%/ E: 98- 100%); Ensaio 
imunoenzimático – ELISA (S: 82-100% / E: 97-
100%). 
◊ Testes não treponêmicos (detectam produção de 
anticorpos IgG e IgM): Utilizados para triagem e 
monitoramento da infecção, são eles: VDRL (S: 78-
100%/ E: 98-100%) e RPR (S: 86-100%/ E: 93-98%) 
*S: Sensibilidade/ E: Especificidade. 
• Rubéola: Pesquisa de anticorpos IgM e IgG; PCR 
para identificação do RNA viral ou isolamento viral 
através de secreções da orofaringe. 
 • Herpes simples: A detecção do HSV DNA pela 
PCR é o mais utilizado. O isolamento do vírus não é 
muito disponível na prática. 
• CMV: Detecção realizada através da identificação 
do DNA viral pela PCR. Testes serológicos de IgM e 
IgG específicos para CMV. 
 
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA 
Algumas doenças tratadas devem ser notificadas 
pelo profissional de saúde: 
• TOXOPLASMOSE GESTACIONAL E 
CONGENITA; 
• SIFILIS GESTACIONAL E CONGENITA; 
• SRC 
• VARICELA GRAVE 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
HIV e TRANSMISSAO VERTICAL 
 
As gestantes diagnosticadas, a partir de qualquer 
metodologia de teste, com HIV, deverão ser 
encaminhadas para o seguimento pré-natal de alto 
risco ou para um Serviço de Atenção 
Especializada (SAE) de acordo com a situação 
clínica. O vínculo com a atenção básica deverá ser 
mantido. Preconiza-se que seja estabelecido uma 
boa relação profissional-usuário, utilizando 
sempre uma linguagem acessível à pessoa para que 
se explique os aspectos essenciais da infecção 
causada pelo HIV, assim como a importância do 
acompanhamento clínico-laboratorial e da terapia 
anti-retroviral (TARV), contribuindo assim para uma 
boa adesão ao tratamento e ao seguimento. Na 
abordagem inicial deve-se: 
 ● Avaliar o nível de conhecimento da gestante 
sobre a doença e explicar a infecção pelo HIV e 
sua evolução e os riscos da transmissão vertical 
● Enfatizar o impacto positivo do início precoce 
da TARV para a prevenção da transmissão 
vertical e para melhora da qualidade de vida 
● Identificar alguma condição que necessite 
intervenção imediata, como sinais sugestivos de 
infecção oportunista 
● Avaliar parcerias sexuais e filhos para possível 
infecção 
● Abordar aspectos da saúde sexual e prevenção 
No atendimento inicial deve-se coletar informações 
específicas sobre a infecção pelo HIV, tais como: 
● Documentação do teste e tempo provável de 
soropositividade 
● Situações de risco para infecção 
● Presença ou história de infecções oportunistas 
● Contagem de Linfócitos T-CD4+ (LT-CD4+) e 
Carga Viral do HIV (CV-HIV), genotipagem e início 
da TARV 
● História de uso anterior de anti-retrovirais 
● Cartão de imunizações 
● Compreensão sobre a doença 
● Incentivo ao uso do preservativo História de 
sífilis e outras infecções sexualmente 
transmissíveis (ISTs) 
➔Avaliação laboratorial inicial Durante o 
acompanhamento da gestante infectada pelo HIV, 
devem ser realizados pelo menos três exames de 
CV-HIV durante a gestação: 
● Na primeira consulta do pré-natal, para 
conhecer a magnitude da viremia 
● Duas a quatro semanas após a introdução da 
TARV, para avaliar a resposta ao tratamento 
● A partir da 34ª semana, para indicação da via 
de parto 
INVESTIGAÇÃO DE TB 
Já que tuberculose é a principal causa de óbito 
em pacientes portadores de HIV, recomenda-se a 
pesquisa em todas as consultas quanto à presença 
de sintomas respiratórios e provável contato 
íntimo com um sintomático respiratório. 
TERAPIA ANTIRRETROVIRAL 
A TARV está indicada para toda gestante 
infectada pelo HIV, independentemente de critérios 
clínicos e imunológicos, e não deverá ser suspensa 
após o parto, independentemente do nível de LT-
CD4+ no momento do início do tratamento. 
MANEJO DA MULHER VIVENDO COM HIV NO 
PUERPÉRIO 
 A puérpera deverá ser orientada sobre a 
importância de seu acompanhamento clínico e 
ginecológico e sobre a importância da continuidade 
de seu tratamento. O RAL poderá ser trocado para o 
DTG nas puérperas até 90 dias após o parto, porém 
a paciente deverá estar com boa adesão à TARV e 
com CV-HIV indetectável e não deve ter 
contraindicações ao DTG . 
➔Recomenda-se para toda puérpera vivendo 
com HIV que não amamente, pois o aleitamento 
materno contribui substancialmente para a TV do 
HIV. 
➔A puérpera deverá ser orientada sobre o direito de 
receber a fórmula láctea infantil. A inibição 
farmacológica da lactação deve ser realizada 
imediatamente após o parto, com cabergolina 1 mg 
VO, em dose única. Na ausência dos inibidores de 
lactação farmacológicos, pode ser realizado o 
enfaixamento das mamas com atadura, 
imediatamente após o parto, com cuidado para não 
restringir os movimentos respiratórios, por 10 dias, 
evitando a manipulação e estimulação das mamas. 
Esse método deve ser realizado apenas na falta dos 
inibidores farmacológicos. 
QUIMIOPROFILAXIA DO RN EXPOSTO AO HIV 
O RN deverá receber AZT solução oral, 
preferencialmente na sala de parto, logo após os 
cuidados imediatos ou nas primeiras quatro horas 
após o nascimento e o tratamento deverá ser 
mantido durante as primeiras quatro semanas de 
vida. Caso a mãe não tenha utilizado ARV durante a 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
gestação independente da carga viral, ou tenha CV-
HIV desconhecida ou > 1000 cópias/mL no último 
trimestre, a nevirapina (NVP) deve ser acrescida ao 
AZT. 
 
ZIKA VIRUS 
O vírus Zika infecta uma população de células 
cerebrais em desenvolvimento, incluindo células 
humanas progenitoras neuronais específicas de 
prosencéfalo embrionárias, neuroesferas e 
organoides cerebrais, causando assim maior morte 
celular, desregulação do ciclo celular e, em 
última instância, redução do crescimento celular. 
Com isso, observa-se nas neuroimagens de criança 
com essa síndrome a calcificação intracraniana, 
ventriculomegalia e diminuição do volume 
cerebral. A determinação dos atributos representa a 
essência do conceito Síndrome Congênita pelo 
Zika Vírus, pois a calcificação intracraniana, 
ventriculomegalia e volume cerebral diminuído 
constituem características comuns a todas as 
crianças que expressam esse conceito. 
Para que essa síndrome desenvolva faz-se 
necessário que ocorram os antecedentes: 
transmissão via transplacentária de mãe 
infectada pela picada do mosquito Aedes SSP ou 
por via sexual. Contudo, mesmo o vírus Zika tendo 
se espalhado por todo o mundo, ocorreu alta 
predominância de crianças com microcefalia na 
região nordeste do Brasil, assim encontra-se em 
investigação possível agrupamento com fatores 
ambientais, socioeconômicos ou biológicos, pois se 
acredita que algo mais do que o vírus está causando 
a Síndrome Congênita pelo Zika Vírus. 
➔O ZIKV pode ser detectado em sangue, urina, 
sêmen, saliva, secreção vaginal, líquido amniótico e 
leite materno de pacientes infectados. A principal via 
de transmissão é por meio da picada do mosquito 
Aedes aegypti contaminado. Além disso, a 
transmissão pode ocorrer por relação sexual 
desprotegida, hemotransfusão e por via vertical 
 O diagnostico pode ser feito por PCR 
 Os pacientes sintomáticos tendem a evoluir 
com quadro clínico leve e autolimitado, não 
havendo tratamentoespecífico. Os cuidados 
incluem sintomáticos para febre e mialgia, 
além do uso de anti-histamínicos para 
controle de prurido. Recomendam-se 
repouso e medidas de proteção individual 
para evitar a transmissão a contactantes; 
 
CLAMÍDIA 
➔A infecção é causada pela Chlamydia 
trachomatis, microrganismo parasita obrigatório 
intracelular de células epiteliais, que possui 
membrana com características semelhantes às 
membranas de microrganismos gram-negativos. 
→relacionada a uma série de complicações 
ginecológicas e obstétricas, a saber: infecção 
inflamatória pélvica, gravidez ectópica, 
infertilidade e dor pélvica crônica em mulheres 
em idade reprodutiva. Em homens jovens, esta 
infecção pode provocar orquiepididimite e, em 
neonatos, conjuntivite (oftalmia neonatal) e 
pneumonite, por meio de transmissão vertical. 
→Por ser infecção de manifestação clínica 
silenciosa, o diagnóstico muitas vezes só é realizado 
na vigência de complicações inerentes a essa 
infecção. 
➔O tratamento de escolha na gravidez é realizado 
com azitromicina, na dose de 1 g, por via oral, em 
dose única. Como segunda opção, pode ser 
utilizado o estearato de eritromicina na dose de 
500 mg, por via oral, a cada 6 horas, por 7 dias ou 
a cada 12 horas, por 14 dias. O uso da amoxicilina 
parece ser eficaz no tratamento de infecções 
agudas por clamídia, além de apresentar melhor 
tolerância gastrointestinal se comparado à 
eritromicina ( dose de 500 mg, por via oral, a cada 8 
horas, por 1 semana). No entanto, esse antibiótico 
não é efetivo na infecção crônica. 
➔O parceiro sempre deve ser tratamento. 
 
HERPES GENITAL 
O herpes genital é causado por um DNA-vírus, o 
herpes--vírus. Existem dois tipos de vírus: o 
herpes-vírus 1 (HSV-1) e o herpes-vírus 2 (HSV-
2). 
➔O HSV-1 está relacionado à maioria dos casos de 
infecção primária e de lesões não genitais, como 
herpes labial, gengivoestomatite e 
ceratoconjuntivite. 
➔O HSV-2, por sua vez, é responsável por grande 
parte das lesões genitais, embora estas também 
possam ser causadas pelo HSV-1. 
➔INFECÇÃO PRIMÁRIA 
Trata-se da ausência de anticorpos anti-HSV-1 ou 
anti-HSV-2 no momento em que a paciente adquire 
a infecção pela primeira vez. O quadro clínico da 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
infecção herpética primária está relacionado com a 
imunidade do organismo hospedeiro, podendo 
variar desde infecção assintomática, que evolui 
para infecção latente, até quadros de meningite e 
encefalite. O período de incubação do vírus varia de 
2 a 20 dias a partir do contato. O quadro clínico mais 
comum é o de vesículas genitais, que rapidamente 
evoluem para úlceras bastante dolorosas, com um 
período de resolução aproximado de 10 a 20 dias. A 
linfadenomegalia inguinal geralmente acompanha 
o surgimento das lesões genitais. Outros sintomas 
como disúria, retenção urinária, proctite e 
corrimento vaginal podem estar presentes, caso 
haja acometimento da uretra, do canal anal ou do 
colo uterino, respectivamente. 
➔PRIMEIRO EPISÓDIO NÃO PRIMÁRIO 
Refere-se à aquisição de um dos tipos de herpes-
vírus, na presença de anticorpos do outro tipo de 
herpes-vírus. Esse estágio da infecção pelo herpes-
vírus é caracterizado pelo primeiro episódio 
clinicamente reconhecido do de infecção genital 
em paciente que, provavelmente, apresentou 
infecção primária não genital ou assintomática. 
O quadro clínico apresenta manifestações 
sistêmicas leves e lesões genitais menores, 
menos dolorosas, com resolução mais rápida. 
➔INFECÇÃO RECORRENTE 
Trata-se da reativação do herpes-vírus genital de 
infecções prévias. O tipo de herpes-vírus 
recuperado na lesão coincide com o tipo sorológico. 
O quadro clínico varia de acordo com a paciente e 
seu status imunológico. Os sintomas locais 
predominam sobre os sintomas sistêmicos. A 
excreção viral genital subclínica também se encaixa 
nessa categoria, pois é fonte de disseminação da 
doença, apesar de assintomática. 
➔HERPES NEONATAL 
 E infecção do recém-nascido resultante da 
passagem por canal de parto contaminado. O 
herpes neonatal é uma infecção sistêmica rara, 
mas potencialmente grave. A maioria dos neonatos 
adquire a forma leve da doença, que permanece 
localizada em pele, olhos e boca, e cuja 
mortalidade é nula. O acometimento do sistema 
nervoso central e os casos de infecção 
disseminada apresentam mortalidade que varia 
de 15 a 57%. 
➔PODE SE AMAMENTAR O BEBE! 
INFECÇÃO INTRAUTERINA 
É um quadro clínico grave com potencial de causar 
hidropsia e morte do feto. Os sobreviventes da 
infecção pelo HSV podem exibir uma tríade 
característica de vesículas, ulcerações ou cicatrizes 
na pele; dano ocular; e manifestações graves do 
sistema nervoso central (SNC), incluindo 
microcefalia ou hidranencefalia. No entanto, a tríade 
característica ocorre em menos de um terço dos 
casos e é necessário um alto índice de suspeita para 
o diagnóstico. Para diagnóstico é essencial a 
percepção por imagem ultrassonográfica no pré-
natal, falaremos mais aprofundado adiante no tópico 
diagnóstico 
INFECÇÃO PLACENTÁRIA 
Em geral, acompanhando a infecção intrauterina, há 
também infecção placentária ocasionando regiões 
de microinfartos, necrose e calcificações. Logo, ao 
encontrar tais achados é essencial suspeitar de 
herpes simples intrauterina para seguimento da 
gestante e do feto objetivando um melhor 
prognóstico, lembrando que são casos raros e têm 
potencial de gravidade. Infecção perinatal De 
maneira geral essa infecção possui três subtipos: 
Doença localizada em pele, olhos e boca➔ Essa 
infecção tem início ainda nas duas primeiras 
semanas de vida, mas pode ocorrer a qualquer 
momento durante as primeiras seis semanas de 
vida. A doença cutânea localizada está associada a 
lesões vesiculares coalescentes ou aglomeradas 
com uma base eritematosa. As vesículas podem 
começar ou se aglomerar na parte do corpo que se 
apresenta, ou em locais de trauma localizado, como 
no couro cabeludo. As vesículas da pele também 
podem aparecer tardiamente no curso da doença 
disseminada 
A infecção ocular➔ por HSV pode inicialmente 
parecer assintomática. No recém-nascido, os sinais 
precoces incluem lacrimejamento excessivo dos 
olhos, choro por aparente dor ocular e eritema 
conjuntival. As vesículas da pele periorbital podem 
ou não estar presentes no momento da 
apresentação.. 
A infecção por HSV da orofaringe pode ser 
inicialmente assintomática, mas também pode ser 
caracterizada por lesões ulcerativas localizadas da 
boca, palato e língua. Deve ser diferenciado de 
outras causas de lesões orais no recém-nascido, 
como trauma local ou outras infecções virais (por 
exemplo, enterovírus). A doença neonatal HSV 
localizada em pele, olhos e boca pode parecer 
benigna no início da doença, mas está associada 
a um alto risco de progressão para o SNC ou 
doença disseminada se não for tratada. 
DOENÇA LOCALIZADA NO SISTEMA NERVOSO 
CENTRAL 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
Ocorre entre a segunda e terceira semana de vida 
e cursa com quadro clínico mais exuberante. Pode 
ocorrer como resultado da disseminação retrógrada 
localizada da nasofaringe e dos nervos olfativos 
para o cérebro ou através da disseminação 
hematogênica em neonatos com doença 
disseminada. A criança apresenta letargia, 
irritabilidade, convulsões, tremores, recusa 
alimentar e fontanela anterior tensa. Ocorrem 
também alterações no líquido cefalorraquidiano 
com presença de maior número de células 
(pleocitose), em geral mononuclear, diminuição de 
glicose e elevação de proteínas. 
Alterações de eletroencefalograma (EEG) também 
ocorrem, com descargas epileptiformes focais ou 
multifocais. A tomografia computadorizada (TC) e a 
ressonância magnética (RM) do cérebro podem ser 
normais no início da doença localizada no SNC. 
Porém, alguns dias após, os estudos de 
neuroimagem podem mostrar edema ou atenuaçãocerebral parenquimatosa, hemorragia ou lesões 
destrutivas envolvendo as regiões temporal, frontal, 
parietal ou de tronco cerebral do cérebro. 
DOENÇA DISSEMINADA 
Tem início ainda na primeira semana de vida, com 
potencial de gravidade e mortalidade elevada, 
acima de 80%, além de associação frequente com 
sequelas em SNC. Os recém-nascidos com HSV 
disseminado geralmente apresentam-se com sinais 
e sintomas inespecíficos de sepse neonatal, 
incluindo desregulação da temperatura (febre ou 
hipotermia), apneia, irritabilidade, letargia, 
dificuldade respiratória, distensão abdominal, 
hepatomegalia e ascites. 
Raramente, os neonatos com infecção por HSV 
podem apresentar febre isoladamente. O paciente 
evolui com septicemia, acometendo múltiplos 
órgãos e sistemas, por exemplo: 
• Fígado, incluindo hepatite com transaminases 
hepáticas elevadas, ascites e hiperbilirrubinemia 
direta que podem progredir para insuficiência 
hepática que requer transplante de fígado; 
• Pulmões, incluindo pneumonia e pneumonia 
hemorrágica, com ou sem derrame, que podem 
progredir para insuficiência respiratória, exigindo 
ventilação mecânica ou suporte de vida 
extracorpóreo; 
• O SNC, que está envolvido em 60 a 75% dos casos, 
geralmente por meio de uma meningoencefalite 
adquirida hematogenicamente; 
• Coração, incluindo miocardite e disfunção 
miocárdica no HSV neonatal disseminado grave.; 
 • Glândulas supra-renais; 
• Medula óssea e sistema de coagulação, incluindo 
coagulação intravascular disseminada (CIVD), 
trombocitopenia e neutropenia; 
• Rins; 
• Trato gastrointestinal, incluindo enterocolite 
necrosante; 
• Lesões de pele e membranas mucosas, que podem 
aparecer tardiamente no curso da doença 
disseminada por HSV; no entanto, 20 a 40% dos 
neonatos com doença disseminada por HSV não 
têm vesículas. 
Os esforços estão focados na identificação de 
neonatos de alto risco com quadro semelhante à 
sepse, meningoencefalite, pneumonia 
progressiva ou hepatite, que devem ser 
submetidos a testes para HSV e terapia antiviral 
empírica. Lembre-se, essa é a forma mais grave 
da infecção perinatal! 
TRATAMENTO 
O tratamento é composto por medidas de suporte 
e terapêutica medicamentosa. As medidas de 
suporte incluem: analgésicos, banho de assento e 
gel de lidocaína. O tratamento antiviral deve ser 
realizado com medicação oral, já que antivirais 
tópicos não reduzem a dor nem o tempo de doença. 
As medicações antivirais atravessam a barreira 
placentária, concentram-se no líquido amniótico e 
chegam ao plasma fetal em níveis terapêuticos. 
O tratamento deve ser mantido por 7 a 10 dias, 
podem do ser prolongado se não houver cura 
completa das lesões no décimo dia. As opções 
terapêuticas incluem: 
• Aciclovir: 400 mg, três vezes por dia. 
• Valacilovir: 500 mg, duas vezes ao dia 
➔O tratamento medicamentoso é realizado com 
aciclovir endovenoso por 14 a 21 dias, na dose de 
60mg/kg de 08/08 horas. A dose de aciclovir deve 
ser ajustada para neonatos com insuficiência renal. 
Uma dose mais baixa também é usada para bebês 
que atingiram três meses de idade. 
 
CONDUTA OBSTÉTRICA 
A cesárea é recomendada para pacientes com 
lesão ativa no momento do parto, em especial nos 
casos de primo infecção, pelo alto risco de 
transmissão vertical. 
 
VÍRUS DA HEPATITE B 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
O vírus da hepatite B (VHB) é um vírus DNA da 
família Hepadnaviridae. A hepatite B é transmitida 
pelo sangue, por produtos derivados do sangue 
e por transmissão sexual, e, verticalmente, da 
mãe para o feto durante a gestação ou parto. A 
hepatite B aguda pode ser subclínica ou fulminante, 
com falência hepática em 2% dos casos. Os 
indivíduos infectados desenvolvem hepatite aguda, 
clinicamente aparente, com perda do apetite, 
náusea, vômito, febre, dor abdominal e icterícia. 
Alguns vão desenvolver a hepatite crônica, que tem 
como principal complicação a cirrose hepática e o 
carcinoma hepatocelular. O diagnóstico da infecção 
pelo VHB é sorológico. Na prática, todos os 
indivíduos infectados com o VHB, aguda ou 
cronicamente, vão apresentar no soro o antígeno de 
superfície do VHB (Ag-HBs). Existe a vacina para 
hepatite B. A imunoglobulina da hepatite B pode ser 
administrada por via parenteral, como imunidade 
passiva, para os indivíduos expostos ao VHB. A 
transmissão vertical do VHB pode ocorrer 
durante a gestação ou no parto, principalmente 
se a infecção ocorrer na segunda metade da 
gestação, provocando hepatite fetal, que pode se 
tornar crônica quando o neonato não for tratado. A 
infecção por VHB na gestação não parece estar 
relacionada a malformações fetais ou piora do 
prognóstico fetal. A vacinação contra o VHB na 
gestação e a utilização de imunoglobulina da 
hepatite B são procedimentos seguros em relação 
ao feto. 
 
VÍRUS DA HEPATITE C 
O vírus da hepatite C (VHC) é um vírus RNA da 
família, Flaviviridae. E transmitido por sangue e 
hemoderivados. A transmissão vertical é baixa, 
mas possível, estando mais relacionada à carga viral 
e proporcional à viremia materna. A taxa de 
transmissão vertical é estimada em cerca de 4%, 
sendo maior nas gestantes HIV-positivo com VHC. 
Aproximadamente 85% dos indivíduos infectados 
com o VHC se tornam cronicamente infectados. O 
diagnóstico é feito pela história, sorologia e biópsia 
de fígado. No momento, não existe vacina para a 
hepatite C. São raros os estudos que avaliam 
gestantes com hepatite C aguda, em relação ao 
prognóstico fetal e gestacional, e os resultados são 
controversos. Parece que nos recém-nascidos 
expostos à transmissão vertical, a hepatite C crônica 
e o estado de portador crônico são raros, uma vez 
que muitos desses vão se tornar RNA-VHC 
negativos nos primeiros anos de vida. 
 
TUBERCULOSE 
 A lactante com suspeita de tuberculose ativa 
(escarro positivo) deve ser isolada do contato 
respiratório após o parto, independentemente do 
modo de alimentação do neonato. Esse contato 
coloca os recém-nascidos em risco de infecção. 
O leite materno, entretanto, não contém o bacilo 
tuberculoso. Pode, portanto, ser ordenhado e 
oferecido ao recém-nascido por meio de "copinho" 
ou seringa. Com o tratamento da mãe, após ser 
considerada não bacilífera (escarro negativo em 
aproximadamente 2 semanas de tratamento), a 
amamentação pode ser reiniciada. O uso profilático 
de isoniazida (10 mg/kg/dia) para o recém-nascido 
está indicado, sendo seguro e efetivo em prevenir a 
infecção por tuberculose. 
 
 
ALCOOL, FUMO E DROGAS 
(REPERCUSSOES FETAIS) E 
GRAVIDEZ 
DROGAS E GESTAÇÃO 
A gravidez é um momento de diversas modificações 
no organismo feminino. Nesse período, o uso de 
medicações deve ser estritamente regulado, já que 
certas drogas podem trazer graves consequências 
para o feto. Assim, é fundamental conhecer quais 
medicações seguras durante este período e quais 
devem ser evitadas, além de saber classificar as 
drogas de acordo com sua teratogenicidade. 
MECANISMOS DE TERATOGENICIDADE 
Os mecanismos de teratogenicidade estão 
relacionados tanto a fatores maternos quanto a 
fatores farmacocinéticos. Algumas alterações 
maternas sofridas neste período que influenciam o 
metabolismo das drogas são: as cardiovasculares; 
fatores placentários, devido a transferência 
placentária ao feto; e fatores fetais, pois o feto 
possui dificuldade de eliminar a droga devido a 
filtração do organismo. O uso de medicações 
durante o período de aleitamento materno também 
deve ser regulado, já que a passagem de drogas 
pelo leite pode causar repercussões no recém-
nascido. 
 
PERÍODOS DA TERATOGÊNESE 
 O desenvolvimento do concepto ocorre em três 
períodos distintos bem conhecidos: 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
➔Período de fertilização e nidação: corresponde 
às 3 primeiras semanas do desenvolvimento. Está 
caracterizadopor intensa atividade mitótica com as 
células funcionando, igualmente, em termos de 
capacidade totipotencial. Agentes tóxicos nesse 
período normalmente não determinam efeitos 
teratogênicos, mas a morte do ovo, com 
consequente abortamento; é o período chamado de 
“tudo ou nada” 
➔Período embrionário propriamente dito: vai de 
4 a 8 semanas do desenvolvimento. É a fase de 
organogênesee o estágio mais sensível às 
repercussões teratogênicas, que, quando sucedem, 
costumam ser morfológicas e de grande vulto. 
Período extremamente delicado do desenvolvimento 
humano, vigora quando a mulher tem apenas 1 
semana de atraso menstrual, na maior parte das 
vezes não se apercebendo ainda de sua gestação e, 
consequentemente, da gravidade em expor-se a 
agentes teratogênicos. Aqui temos o “horário 
embriopático” propriamente dito (p. ex., a talidomida 
ministrada entre 35 e 37 dias determina 
malformação das orelhas, enquanto a mielia ou 
focomielia corresponde à exposição entre 41 e 44 
dias) 
➔Período fetal: balizado a partir de 8 semanas ao 
termo da gravidez. É a fase de desenvolvimento do 
concepto, menos exposta aos efeitos teratogênicos 
que, no entanto, presentes, podem ser morfológicos 
(de menor monta) ou funcionais. Influências nocivas 
atuam aqui na quantidade e no tamanho celular. 
 
CLASSIFICAÇÃO DE TERATOGENICIDADE 
A classificação de teratogenicidade foi criada em 
1980 pela FDA permitindo uma divisão das drogas 
em grupos de acordo com estudos científicos. A 
tabela a seguir demonstra esses grupos: 
 
 
DROGAS MAIS UTILIZADAS 
DROGAS LÍCITAS 
Considera-se como drogas lícitas socialmente 
aceitas em nosso meio: o tabaco, o álcool e a 
cafeína. São drogas normalmente não terapêuticas, 
de uso comum, todas legais e disponíveis 
livremente. 
TABACO 
➔O tabagismo na gravidez aumenta a incidência de 
complicações maternas –abortamento, ruptura 
prematura das membranas, descolamento 
prematuro de placenta, placenta prévia, parto 
pré-termo – e fetais – natimortalidade, morte 
neonatal, síndrome da morte súbita infantil, 
recém-nascido de baixopeso (< 2.500 g). 
 ÁLCOOL ETÍLICO/ETANOL 
Desde 1973 é relatado o padrão definido de 
malformações nos filhos de alcoólatras denominado 
síndrome alcoólica fetal (SAF). A mortalidade 
nos casos de SAF pode chegar a 17%. A SAF 
completa consiste em anormalidades em 3 áreas 
com uma 4 a área frequentemente envolvida: (1ª) 
dismorfologia craniofacial, (2ª) deficiências de 
crescimento pré-natal e/ou pós-natal, (3ª) 
disfunção do sistema nervoso central e (4ª) 
várias outras anormalidades. 
➔A manifestação mais frequente é o crescimento 
intrauterino restrito, presente mesmo nas formas 
incompletas. Filhos de mães que bebem 
moderadamente podem apresentar achados 
limítrofes da SAF, embora o risco de beber durante 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
a gestação esteja sempre presente. Constata-se 
também no recém-nascido a síndrome de 
abstinência materna, podendo chegar ao delirium 
tremens ou mesmo a convulsões. Seu uso, 
mesmo que moderadamente, pode estar relacionado 
com abortamentos espontâneos, alterações do 
desenvolvimento e coma disfunção 
comportamental da criança. 
CAFEÍNA 
A quantidade de cafeína de uso comum varia muito 
dependendo da bebida, porém quantidades 
consumidas de modo moderado, aparentemente, 
não apresentam maiores problemas para o feto. Em 
altas doses, porém, poderá estar relacionada com 
abortamentos espontâneos, maior dificuldade 
em engravidar e infertilidade. 
O que se observa na prática clínica é que a ingestão 
de duas xícaras de café cafeinado por dia não fará 
mal durante a gestação, desde que não haja 
associação com outras drogas (tabaco, álcool). 
➔O uso de drogas ilícitas, tabaco e álcool por 
mulheres grávidas ocorre em todo o mundo e vem 
crescendo nos últimos anos em diversos países, o 
que o torna um problema bastante relevante para a 
saúde materno - fetal. São inúmeras as 
consequências, algumas irreversíveis, que essas 
substâncias podem causar ao binômio mãe-bebê. 
Sabe-se ainda que o consumo de drogas que 
provoca dependências vem atingindo grupos etários 
mais jovens, de forma que 85% dos consumidores 
estão em idade fértil - entre 15 e 40 anos - e cerca 
de 30% são menores de 20 anos de idade (BOING 
AF, et al., 2021). 
➔O tabaco na gravidez é extremamente prejudicial 
ao feto, diminuindo seu padrão de crescimento. A 
explicação plausível é que o monóxido de carbono 
ao se ligar a hemoglobina fetal, impeça sua 
associação ao oxigênio, diminuindo as trocas 
gasosas entre mãe e bebê (BAPTISTA FH, et al., 
2017). 
➔O consumo de álcool na gestação é prejudicial 
para a mãe e feto. O álcool determina danos ao 
embrião/feto que são agrupados como o Fetal 
Alcohol Spectrum Disorders (FASD) e incluem 
alterações (físicas, mentais, comportamentais ou de 
aprendizado), que independente da sua 
reversibilidade, podem levar à dependência química, 
alterações mentais, atrasos escolares, dificuldade no 
trabalho, comportamento sexual inadequado e até 
problemas judiciais. A Síndrome Alcoólica Fetal 
(SAF), os defeitos congênitos relacionados ao álcool 
e as desordens de neurodesenvo lvimento 
relacionadas ao álcool são abrangidos pelo FASD 
(FALER C, et al., 2013; DUTRA AGR, et al., 2021). 
➔A maconha é considerada a droga ilícita mais 
frequentemente consumida pela população. Seus 
efeitos alucinógenos são decorrentes do delta-9-
tetra-hydrocannabinol (THC), que é lipossolúvel e, 
por isso, atravessa a barreira placentária. São 
poucos os dados sobre o efeito da maconha na 
gestação, mas parece que seu maior problema 
esteja na associação com outras drogas ilícitas; 
➔A cocaína exerce sua ação por meio do bloqueio 
da recaptação da dopamina, norepinefrina e/ou 
serotonina permitindo uma estimulação adrenérgica 
prolongada. Atravessa rapidamente a barreira 
placentária sem sofrer metabolização, agindo 
diretamente os vasos fetais e placentários, causando 
vasoconstrição, insuficiência uteroplacentária, 
hipoxemia, acidose fetal e morte fetal intraútero 
(LUCCHESE R, et al., 2016). 
➔O crack produto alcalinizado da cocaína 
atravessa rapidamente a placenta e barreira 
hematoencefálica, já tendo relato de AVC em fetos 
(KASSADA DS, et al., 2013). 
 
DROGAS ILÍCITAS 
COCAÍNA: 
→Assim, relacionamos ao uso da cocaína na 
gravidez: abortamento espontâneo, crescimento 
intrauterino restrito (25 a 30%), trabalho de parto 
pre-termo (25%), ruptura prematura de 
membranas (20%), descolamento prematuro de 
placenta (6 a 8%), óbito fetal tardio, crise 
hipertensiva, confundida com a pré-eclâmpsia, 
movimentação fetal excessiva e síndrome de 
abstinência neonatal. São descritas ainda 
anormalidades congênitas envolvendo sistema 
geniturinário, coração, membros e face, e por 
isso, o abuso da cocaína deve ser considerado 
teratogênico. O mecanismo exato pelo qual a 
cocaína induzas malformações até o momento é 
incerto, mas deve estar relacionado à 
vasoconstrição placentária e à hipoxia fetal 
produzida pela droga, com rupturas vasculares 
intermitentes e isquemia causando danos fetais. 
SUBSTÂNCIAS INALANTES 
Os três principais tipos de inalantes são: os 
solventes orgânicos, os nitritos voláteis e o 
óxido nitroso. Entre as substâncias inalantes, uma 
das mais comuns é a “cola de sapateiro”. Trata-se 
de solvente, de uso comum entre os jovens, à base 
de tolueno, principal substância desses produtos, 
incriminada pela presença de malformações fetais 
no sistema nervoso central. Observa-se 
mortalidade materna e fetal aumentada, alguns com 
hipopotassemia (alterações renais), 
hipomagnesemia, hipofosfatemia, diminuição do 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
bicarbonato sérico, retardo de crescimento e 
microcefalia fetal e na infância; placenta prévia; 
morte perinatal; e defeitos faciais, semelhantes ao 
da SAF. Essas substâncias podem ocasionar 
acidose tubular renal na mãe e também no recém-
nascido. 
ANFETAMINAS 
O uso por indicações médicasnão acarreta risco 
significante para o feto, no que diz respeito a 
anomalias congênitas. O uso ilícito materno, por 
outro lado, apresenta risco significante para o feto e 
para o recém-nascido, que incluem crescimento 
intrauterino restrito, parto prematuro e elevação 
da morbidade materna, fetal e neonatal. No 
entanto, como acontece com outras drogas 
utilizadas de maneira abusiva, devemos levar em 
consideração outros prováveis fatores, como o uso 
de múltiplas drogas, estilo de vida e saúde materna 
debilitada. Foram descritas lesões cerebrais em 
recém-nascidos, in utero, que parecem diretamente 
relacionadas às propriedades vasoconstritoras das 
anfetaminas 
Dietilamida do ácido lisérgico (LSD) 
É uma droga alucinógena sintética 
psicotomimética e não tem indicação legal no 
Brasil. Experiências mostraram que o LSD puro não 
causa anomalias cromossômicas, abortamento 
espontâneo nem malformações congênitas. 
HEROÍNA 
A heroína é narcótico analgésico agonista com 
ação eletiva para o córtex cerebral. É um alcaloide 
do ópio, assim como a morfina e a codeína. A droga 
atravessa rapidamente a placenta, atinge o feto em 
1 h após a administração e a supressão na mãe 
causa sintomatologia no feto, podendo ocorrer 
morte por aspiração de mecônio. É fundamental o 
diagnóstico precoce para que se instituam cuidados 
médicos e psicológicos adequados. Entre as 
complicações obstétricas encontramos crianças de 
baixo peso, prematuridade, sintomas de 
abstinência de difícil manuseio, às vezes com 
óbito materno e/ou fetal. É importante estarmos 
atentos para a existência concomitante de doenças 
venéreas, AIDS, hepatites, bem como outras 
doenças. Portanto, a desintoxicação é possível, 
desejável, embora difícil. A suspensão é realizada 
pela substituição com metadona, poderoso narcótico 
sintético de longa duração, com que seriam 
minimizados os sinais de privação da mãe e do 
concepto, e seriam menores os índices de recém-
nascidos de baixo peso. 
→As principais características dos recém-nascidos 
de mães viciadas são: maturidade hepática 
acelerada, combaixo índice de icterícia; baixa 
incidência de membrana hialina após 32 
semanas de gestação; índice de Apgar normal; 
recém-nascido de baixo peso e pequenos para a 
idade gestacional. 
Com a privação do uso do narcótico aparecem 
sintomas em aproximadamente 85% dos casos no 
espaço de 48 h até 6 dias, cuja incidência está 
relacionada com a dose diária e com o tempo de 
vício materno, sendo os sinais mais frequentes: 
hiperatividade, dificuldade respiratória, febre, 
diarreia, secreções mucosas, sudorese, 
convulsões, bocejos e arranhaduras na face. 
Pode ocorrer presença de mecônio no líquido 
amniótico, elevação nos níveis fetais de magnésio 
no soro, aumentando os índices de mortalidade 
perinatal, que podem superar os 37%. 
ECSTASY 
Também conhecido como “pílula do amor”, 
“love”, “Eva”, o MDMA (3,4-
metilenodioximetanfetamina) é um estimulante 
central. Quimicamente, é membro das classes de 
drogas pertencentes às anfetaminas. Dentre 
grávidas que usam ecstasy, mais de 1/3 referiu 
problemas psiquiátricos e emocionais. Embora 
não haja informações de passagem pela placenta, 
sabemos que outras anfetaminas atravessam a 
placenta humana com rapidez. Além disso, o peso 
molecular relativamente pequeno (mais ou menos 
179 g/mol) sugere que passe para o feto. Estudos 
com fetos expostos ao ecstasy in útero indicaram 
que a droga pode estar associada com significativo 
aumento do risco de defeitos congênitos, entre 
eles anomalias cardiovasculares (26%) e 
musculoesqueléticas (36%). 
ANALGÉSICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS 
• Não hormonais (classe B): no geral, são bem 
tolerados se utilizados em baixas doses e por um 
período curto. No entanto, deve-se evitar seu uso no 
último trimestre gestacional. Os diclofenacos 
também devem ser evitados e pacientes que utilizam 
AINEs de forma contínua devem realizar uma 
ecocardiografia fetal. 
• Salicilatos (classe C): está relacionado com o 
aumento da taxa de abortamento. 
• Acetaminofen (classe B): é o grupo mais utilizado 
na gestação, visto que se demonstrou ser seguro em 
doses terapêuticas e a curto prazo. 
• Derivados pirazolônicos (classe C): não há total 
consenso sobre seu uso durante a gestação, pois 
carece de trabalhos para provar que são medicações 
seguras. 
• Opioides (Classe B ou D): não possuem efeito 
teratogênico, no entanto, podem cursar com 
depressão respiratória e sindrome de privação 
do recém-nascido se utilizados por tempo 
prolongado e próximo ao parto. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
• Anti-inflamatórios hormonais (classe C): em 
recém-nascidos, parecem estar associados com 
baixo peso e fendas faciais, no entanto não 
apresentou efeito teratogênico em fetos humanos. 
Em animais, foi observado malformações congênitas 
quando utilizados no primeiro trimestre de gestação, 
sendo desencorajado seu uso durante este período 
 
ANTIBIÓTICOS 
Penicilinas (classe B): não possuem 
contraindicação. Apesar atravessarem rapidamente 
a barreira placentária, não possuem efeito 
teratogênico. 
Tetraciclinas (classe D): estão contraindicadas 
na gestação, podem causar alterações dentárias, 
inibição do crescimento da fíbula, prematuridade e 
óbito fetal. 
Cefalosporinas (classe B): não possuem nenhum 
efeito teratogênico por isso não há contraindicações 
ao seu uso. 
Sulfonamidas (classe B): podem ser utilizadas na 
gestação, porém devem ser evitadas no terceiro 
trimestre, devido ao risco de hiperbilirrubinemia 
neonatal. 
QUINOLONAS 
Ciprofloxacino e norfloxacino: devem ser evitadas 
durante gestação, pois causaram malformações 
fetais em animais de laboratório. 
Vancomicina (classe B): sem contraindicações 
para utilização durante a gestação. 
Clindamicina (classe B): sem contraindicações 
para utilização durante a gestação. 
DROGAS COM AÇÃO CARDIOVASCULAR 
IECA (classe D): são contraindicados na gestação, 
pois atravessar a barreira placentária e podem 
causar retardo de crescimento e óbito intrauterino. 
Betabloqueadores: não há consenso sobre sua 
utilização, sendo a maioria entre a classe C e D. O 
atenolo e propranolol não possuem toxicidade fetal, 
porém causam restrição do crescimento fetal, baixo 
peso ao nascer, bradicardia fetal, depressão 
respiratória, hipoglicemia neonatal e policitemia em 
altas doses. Já a metildopa e o pindolol são seguros 
durante a gravidez. 
Furosemida (classe C): uso seguro na gravidez, 
porém não pode ser utilizada em casos de pré-
eclampsia. 
Hidroclorotiazida (classe C): uso seguro na 
gravidez, porém não pode ser utilizada em casos de 
pré-eclâmpsia. 
DROGAS PSICOATIVAS 
Antipsicóticos: ainda há controvérsia sobre seu 
uso, mas devem evitados sempre que possível. 
No entanto, os benefícios do seu uso pode superar 
os riscos em certas situações. Nestes casos, deve-
se optar pelos típicos, já que, segundo estudos, há 
menores fatores adversos associados. Porém, ainda 
não há certeza sobre a diferenciação dos típicos e 
atípicos importante ter cautela com efeitos adversos 
como baixo peso ao nascer abortamento. 
Benzodiazepínicos: ainda há controvérsia sobre 
seu uso. Em mulheres que já utilizavam previamente 
a gestação, é aconselhável a diminuição d dosagem 
da droga, procurando evitar no neonato efeitos como 
sedação hipotonia, recusa a sucção, apeia, cianose 
e distúrbios metabólicos. 
Antiepiléptico: ácido valproico, carbamazepina, 
fenitoína, fenobarbital, clonazepam e primidona 
promovem múltiplas malformações e, por isso 
devem ser evitadas durante a gestação sempre que 
possivel. 
ANTIDIABÉTICOS➔ Os hipoglicemiantes orais 
acarbose, clorpropamida, glibencamida, glimepirida, 
glipizida, clorprospamida, repaglinida e rosiglitazona 
são contraindicados durante a gestação devido seus 
efeitos adversos. Na gestação, é recomendada a 
substituição desses hipoglicemiantes por insulina, 
que mostrou-se mais segura. Mais recentemente, a 
metformina tem se mostrado uma droga também 
eficaz mas seu uso ainda nãoé unânime. 
 
MORFOFISIOLOGIA DA MEMBRANA 
PLACENTÁRIA E FETAL- MECANISMO DE 
TROCA MATERNO-FETAIS 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
 
FUNÇÕES DA PLACENTA 
Metabolismo: responsável pela síntese de 
glicogênio, colesterol e ácidos graxos utilizados 
pelo feto; 
Transporte de substâncias: pode ser no sentido 
feto-materno ou materno-fetal, por meio de difusão 
simples, difusão facilitada, transporte ativo e 
pinocitose. As substâncias transportadas são gases 
(oxigênio e dióxido de carbono), nutrientes (água, 
glicose, aminoácidos e vitaminas), hormônios, 
eletrólitos, anticorpos maternos, produtos de 
excreção, agentes infecciosos, drogas e seus 
metabólitos; 
Secreção endócrina: os hormônios produzidos pela 
placenta são o hCG, lactogênio placentário humano, 
tireotropina coriônica humana e a corticotropina 
coriônica humana. O hCG é detectado por um exame 
denominado beta-hCG para o diagnóstico de 
gravidez após o sexto dia de gestação. O hCG tem 
como função de manter a funcionalidade do corpo 
lúteo (produção de progesterona), impedindo a 
retomada do ciclo menstrual. Com a formação da 
placenta, esta assume a síntese de hCG, 
progesterona e estrogênio. 
Proteção e Excreção de resíduos fetais; 
 
 
ANATOMIA E FISIOLOGIA 
A placenta é formada por: 
• Uma porção fetal, originária do saco coriônico; 
• Uma porção materna, derivada do endométrio; 
→A decídua é a camada funcional do endométrio na 
gestante que se separa do restante do útero ao 
nascimento. É dividida em 3 regiões: 
• Decídua basal: parte que fica abaixo do concepto, 
formando o componente materno da placenta. 
• Decídua capsular: parte superficial da decídua 
que recobre o concepto. 
• Decídua parietal: todas as outras partes restantes 
da decídua. 
 
A placenta é composta por vilosidades coriônicas 
que crescem do córion para fornecer uma grande 
área de contato entre as circulações fetal e 
materna. 
➔Na placenta madura, o sangue materno entra no 
espaço interviloso pelas artérias endometriais 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
(artérias espiraladas) e circula ao redor dos vilos, 
permitindo a troca gasosa e de nutrientes. 
➔ O sangue fetal desoxigenado entra na placenta 
por duas artérias umbilicais que se ramificam 
radialmente para formar as artérias coriônicas. 
➔As artérias coriônicas se ramificam 
adicionalmente quando entram nas vilosidades. Nas 
vilosidades coriônicas, elas formam um sistema 
capilar, deixando o sangue fetal próximo com o 
sangue materno. A difusão de gases e nutrientes 
ocorre pelas células endoteliais dos capilares 
vilosos e pelo sinciciotrofoblasto e 
citotrofoblasto. 
 
ANEXOS: 
• Cordão umbilical. 
• Âmnio e líquido amniótico: o âmnio forma o 
saco membranoso, cheio de fluido (líquido 
amniótico), que envolve o embrião e depois o feto. 
→O líquido amniótico é deglutido pelo feto e 
absorvido pelos tratos digestivo e respiratório. 
➔Funções do líquido amniótico: atua como uma 
barreira contra infecções; permite o 
desenvolvimento normal dos pulmões fetais e o 
crescimento externo simétrico do embrião; 
impede a aderência do âmnio ao feto; acolchoa o 
feto contra lesões; auxilia no controle e 
manutenção da temperatura corporal do 
embrião; participa da manutenção da 
homeostasia dos fluidos e eletrólitos; permite 
uma movimentação livre do feto. Auxilia no 
processo de trocas gasosas entre o embrião e o 
ambiente. 
• Saco vitelino: sofre atrofia a partir da 10ª semana 
e raramente persiste durante toda a gravidez. 
Desempenha papel importante no aporte 
nutricional embrionário nas primeiras semanas de 
gestação, além de participar da formação do trato 
digestório e respiratório. 
• Alantoide: o alantoide é importante para a 
formação sanguínea inicial que ocorre em suas 
paredes, seus vasos sanguíneos persistem como as 
artérias e veias umbilicais, e sua porção 
intraembrionária passa do umbigo para a bexiga, 
formando mais tarde o úraco. Após o nascimento, o 
úraco torna-se um cordão fibroso, o ligamento 
umbilical mediano, que se estende do ápice da 
bexiga ao umbigo. 
• Córion: é o mais externo dos anexos embrionários; 
envolve não só o embrião, mas todos os outros 
anexos embrionários, ou seja: âmnio, saco vitelínico 
e alantoide. 
 
Placentas gemelares: Existem três tipos básicos de 
placentas gemelares: diamnióticas dicoriônicas 
(que podem ser fundidas), diamnióticas 
monocoriônicas e monoamnióticas 
monocoriônicas. 
➔Placentas monocoriônicas estão presentes em 
gêmeos monozigóticos (idênticos), e o momento no 
qual a divisão ocorre determina se um ou dois 
âmnios estarão presentes. 
➔A placentação dicoriônica pode ocorrer com 
gêmeos monozigóticos ou dizigóticos e não é 
específica. 
 
Uma complicação da gestação gemelar 
monocoriônica é a síndrome de transfusão fetofetal. 
Em todas as placentas gemelares monocoriônicas 
existem anastomoses vasculares, que conectam as 
circulações dos gêmeos. Em alguns casos ocorre 
um compartilhamento anormal das circulações fetais 
por uma derivação arteriovenosa. Se houver um 
desequilíbrio no fluxo sanguíneo, uma disparidade 
acentuada nos volumes sanguíneos fetais pode 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
resultar na síndrome de transfusão fetofetal e na 
morte de um ou ambos os fetos. 
 
FORMAÇÃO DA PLACENTA 
O desenvolvimento da placenta e do feto é um 
processo contínuo que se inicia no momento da 
fertilização. Quatro dias depois da fertilização, a 
mórula (uma massa sólida de células do 
blastômero) entra no útero. No quinto dia, a mórula 
se torna o blastocisto devido ao acúmulo de fluído 
e polarização celular. O blastocisto tem em sua 
camada externa de células (trofoblastos) que vão 
formar a placenta e as membranas fetais e uma 
massa celular interna em um polo que vai formar o 
embrião (embrioblasto), e uma cavidade preenchida 
com líquido que separa estas duas estruturas. 
Inicialmente, o blastocisto é nutrido pelas 
secreções uterinas que provêm oxigênio e 
substratos metabólicos; com o desenvolvimento, 
essas secreções se tornam inadequadas para o 
suprimento completo. 
➔Após o blastocisto permanecer livre e suspenso 
nas secreções uterinas por cerca de 2 dias, a zona 
pelúcida (remanescente na membrana do óvulo) 
gradualmente se degenera e desaparece. Cerca de 
seis dias depois da fertilização, o blastocisto se 
implanta na parede uterina, o que permite o acesso 
a substratos (células estromais com glicogênio) 
necessários para o prosseguimento do crescimento. 
➔A implantação depende de uma boa localização 
do blastocisto (normalmente nas paredes anteriores 
ou posteriores uterinas), adesão e invasão. Assim 
que o trofoblasto erode a membrana profunda em 
direção à decídua, vacúolos são formados e 
confluem originando o espaço lacunar, que 
posteriormente se torna o espaço interviloso. 
➔Logo após aderir ao endométrio o trofoblasto 
começa a proliferar rapidamente, e gradualmente se 
diferencia em duas camadas: uma interna de 
citotrofoblasto, que sofrem divisões 
assimétricas para gerar células progenitoras que 
mantêm a quantidade de células no 
citotrofoblasto, e também a camada externa de 
sinciciotrofoblasto. 
➔É responsável pela regulação das trocas gasosas, 
de substratos e outros fatores entre a circulação fetal 
e materna. Além disso, é responsável pela síntese e 
secreção de várias proteínas, hormônios 
esteroides e fatores de crescimento, como a 
gonadotrofina coriônica (hCG) e lactogênio 
placentário. 
➔O sinciciotrofoblasto invade o tecido conjuntivo 
endometrial e o blastocisto vagarosamente se 
aprofunda no endométrio. As células 
sinciciotrofoblásticas deslocam as células 
endometriais na parte central do sítio de 
implantação. As células endometriais sofrem morte 
celular programada, o que facilita a invasão. O 
mecanismo molecular da implantação envolve a 
sincronização entre o blastocisto invasor e um 
endométrio receptor. 
➔Conforme o blastocisto vai se implantando 
aparece um pequenoespaço no embrioblasto que 
é o primórdio da cavidade amniótica. Logo após 
as células formadoras de âmnio (amnioblastos) se 
separam do epiblasto e revestem o âmnio, que 
envolve a cavidade amniótica. 
➔Com a implantação, as células do tecido 
conjuntivo endometrial sofrem uma transformação - 
a reação decidual. Há acumulação de glicogênio e 
lipídios em seu citoplasma, as células ficam 
intumescidas e são conhecidas como células 
deciduais. 
➔O fim da segunda semana é caracterizado pelo 
surgimento das vilosidades coriônicas primarias. A 
proliferação das células citotrofoblásticas produz 
extensões celulares que crescem para dentro do 
sinciciotrofoblasto. 
➔Nos estágios iniciais da gestação, as células 
trofoblásticas fetais invadem a parede uterina de 
forma bem organizada, formando cordões. Ao longo 
da gestação as artérias espiraladas do leito 
placentário são remodeladas e deixam de 
apresentar alta resistência e baixo fluxo, passando a 
ter diâmetro dilatado, com consequente aumento do 
fluxo sanguíneo e redução da pressão. Essas 
alterações ocorrem como resultado da perda de 
células musculares lisas e da lâmina elástica da 
parede do vaso. 
Acredita-se que a invasão trofoblástica ocorre em 
duas ondas: a primeira onda estende-se da sexta à 
décima semana da gestação e afeta as artérias 
espirais desde o seu extremo distal até a união da 
decídua basal com o miométrio; a segunda onda 
iniciase entre a 14ª e 16ª semana e se desenvolve 
durante quatro a seis semanas, alcançando os 
segmentos miometriais das artérias espirais, 
incluindo as porções mais distais das artérias radiais. 
Portanto, tem-se a doença trofoblástica gestacional 
quando ocorre proliferação trofoblástica anormal. 
 
 
CRESCIMENTO INTRAUTERINO RESTRITO 
A restrição do crescimento fetal (RCF) ou 
crescimento intrauterino restrito (CIUR) são 
termos utilizados para descrever um feto que não 
atingiu seu potencial de crescimento. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
→A origem do problema pode ser fetal, placentária 
ou materna, com sobreposição significativa 
entre essas entidades. 
→A identificação da RCF é importante porque esses 
fetos têm maior risco de resultados perinatais 
adversos, e, além disso, apresentam maior 
associação com doenças crônicas na idade 
adulta. 
→O conceito mais aceito na atualidade é o peso 
fetal abaixo do percentil 10 para a idade 
gestacional (IG), estimado pela ultrassonografia 
(USG) obstétrica na 2ª metade da gravidez, com 
base nas curvas padrão específicas de cada 
população. 
→A confirmação diagnóstica é realizada, muitas 
vezes, apenas após o nascimento, quando o peso 
do recém-nascido (RN) for inferior ao percentil 10 
para a IG e este é classificado como pequeno 
para a idade gestacional (PIG). 
É importante salientar que a utilização de percentil 
para definição da RCF é problemática, porque nem 
sempre traduz processos patológicos. Alguns fetos 
são constitucionalmente pequenos. 
Por outro lado, alguns portadores de RCF podem 
revelar peso acima do percentil 10, apesar de não 
terem alcançado seu potencial genético. 
Diante das dificuldades de definição, a incidência 
exata da RCF permanece desconhecida, mas é 
estimada entre 3-10% dos RN. 
 
COMPLICAÇÕES - Morbidade e mortalidade 
perinatais 
➔A RCF está associada a substanciais taxas de 
morbidade e mortalidade perinatais. 
→A MORBIDADE PERINATAL é cerca de cinco 
vezes maior, devido à maior frequência de 
hipóxia, aspiração de mecônio, insuficiência 
respiratória, hipoglicemia, hipocalcemia, 
policitemia, hipotermia, hemorragia pulmonar e 
prejuízo no desenvolvimento neuropsicomotor 
(DNPM). 
→A MORTALIDADE PERINATAL é cerca de oito 
vezes maior, sendo o óbito fetal súbito 
diretamente relacionado ao grau de restrição. Tais 
complicações ocorrem principalmente no pré-termo, 
mas também ocorrem no termo. No entanto, os RN 
PIG associados à prematuridade com frequência 
apresentam evolução mais desfavorável. 
→A hipoglicemia neonatal relaciona-se à redução 
dos estoques de glicogênio hepático e miocárdico, 
ao decréscimo da neoglicogênese hepática e à 
redução do tecido adiposo. 
→A hipocalcemia decorre da prematuridade (pelo 
atraso na introdução de leite para o RN) e da 
ocorrência de hipóxia (por sobrecarga de fósforo 
devido à lesão celular, aumento dos níveis séricos 
de calcitonina e diminuição do fluxo de cálcio para o 
líquido extracelular quando se corrige a acidose). 
→A hipotermia ocorre por causa da perda 
excessiva de calor por escassez de tecido 
subcutâneo. 
→A policitemia é consequência da elevação da 
eritropoetina fetal decorrente da hipóxia crônica 
intrauterina. Com a hiperviscosidade sanguínea 
surgem outras complicações, como insuficiência 
cardíaca, trombose cerebral e insuficiência 
respiratória. 
→Em decorrência da insuficiência placentária, 
podem surgir ainda outras anomalias hematológicas, 
como aumento de hemácias nucleadas, 
plaquetopenia e leucopenia. 
→Em relação ao DNPM, quando o tecido cerebral é 
comprometido pela hipóxia e desnutrição antes de 
34 semanas, surgem problemas de adaptação, 
irritação e dificuldade de concentração. Entretanto, 
quando a agressão é muito precoce (<26 semanas), 
os distúrbios são mais graves, com 
comprometimento do aprendizado, da fala e da 
escrita. Todas as formas de paralisia cerebral são 
mais frequentes diante da RCF. 
CONSEQUÊNCIAS EM LONGO PRAZO 
A maioria dos RN com RCF no termo recupera suas 
medidas de estatura e peso na 1ª infância. 
Entretanto, entre aqueles que não se recuperam 
até 2 anos, cerca de 50% mantêm-se pequenos na 
idade adulta. O risco de estatura menor é 2,5x 
maior. 
→Além disso, há associação com fatores de riscos 
cardiovasculares na vida adulta, como 
hipertensão arterial, hipertrigliceridemia, HDL 
baixo e resistência à insulina. 
→Segundo a hipótese de Barker, essas doenças 
crônicas teriam origem na vida fetal, na qual a 
deficiência de nutrientes, mesmo que 
temporária, reduziria de maneira irreversível o 
número de células em alguns órgãos, levando a 
mudanças na distribuição dos diferentes tipos 
celulares, no feedback hormonal e na atividade 
metabólica. Essas alterações estariam relacionadas 
a doenças crônicas na vida adulta, como 
hipertensão arterial, hipercolesterolemia, doença 
coronariana e diabetes mellitus. 
CLASSIFICAÇÃO 
Considerando-se o fator causal, a IG em que ocorre 
a agressão e os órgãos acometidos, a RCF é 
classificada em: 
• Simétrica (tipo I, intrínseca, proporcional ou 
hipoplásica): Corresponde a 20-30% dos casos. 
Refere-se a um padrão de crescimento em que 
todos os órgãos fetais estão diminuídos 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
proporcionalmente devido ao comprometimento 
global da hiperplasia celular no início da 
gestação. Acredita-se que resulte de processos 
patológicos que se manifestam precocemente na 
gestação, como infecções congênitas, alterações 
genéticas, drogas e radiações ionizantes. 
→O prognóstico geralmente é ruim, já que se 
associam a malformações fetais. 
• Assimétrica (ou tipo II ou desproporcional): 
Corresponde aos 70-80% restantes. É caracterizada 
por uma diminuição relativamente maior no 
tamanho abdominal do que no perímetro 
cefálico. Acredita-se que seja resultado da 
capacidade do feto de se adaptar a um ambiente 
patológico no final da gestação, redistribuindo o 
fluxo sanguíneo em favor de órgãos vitais, como 
cérebro, coração e placenta, às custas de órgãos 
fetais não vitais, como vísceras abdominais, 
pulmões, pele, rins. 
→Geralmente decorre de insuficiência placentária. A 
agressão ocorre desde o início do 3º trimestre da 
gravidez, na fase de hipertrofia celular, 
determinando déficit no crescimento celular 
(hipotrofia). 
→O diagnóstico precoce e a condução adequada 
permitem bom prognóstico. 
• Intermediária (ou tipo III ou mista): trazida por 
algumas fontes como 5-10% dos casos, sendo 
consequente a processos de agressão tanto na 
fase de hiperplasia quanto na de hipertrofia,geralmente no 2º trimestre da gestação. Os 
principais fatores etiológicos são desnutrição 
materna e consumo de determinados fármacos, 
álcool e fumo. 
→O diagnóstico clínico é difícil, sendo 
geralmente os RN classificados como tipo I ou II. 
 
ARTIGO 
➔A restrição de crescimento intrauterino (RCIU) 
pode ser definida como a falha do feto em atingir 
seu pleno potencial de crescimento e pode ser 
causada por fatores placentários, 
cromossômicos ou ambientais. Essa condição 
está associada a um mau resultado perinatal, sendo 
responsável por 50% das mortes 
intrauterinas; eleva os riscos de sofrimento fetal 
intraparto, cesariana de emergência, paralisia 
cerebral e morte perinatal. 
Portanto, sua detecção e determinação de sua 
gravidade são de grande relevância para a prática 
obstétrica e constituem uma oportunidade de 
intervenção para prevenir resultados perinatais 
desagradáveis. 
A insuficiência placentária é o principal fator 
etiológico responsável pela RCIU, afetando até 
15% de todas as gestações. Tal insuficiência 
provoca alterações significativas na circulação 
fetal que induzem mecanismos de compensação 
hemodinâmica. A compreensão desse processo 
adaptativo de redistribuição vascular é a chave para 
o manejo adequado da RCIU e explica o papel 
crucial da doppler velocimetria no estudo dos 
vasos gestacionais. 
→Como não há tratamento intrauterino eficaz para 
RCIU causada por insuficiência placentária, o 
objetivo do monitoramento fetal Doppler é 
detectar o momento da descompensação 
hemodinâmica em que o risco de manter o conceito 
de ambiente hipóxico deve ser balanceado com os 
riscos relacionados à prematuridade causada por a 
interrupção da gestação. 
 
 
 
RASTREIO E DIAGNÓSTICO 
O estabelecimento precoce da IG, atenção ao ganho 
de peso materno e cuidadosas medições do 
crescimento do fundo uterino ao longo da gravidez 
ajudam a identificar muitos casos de RCF em 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
gestantes de baixo risco. Nas mulheres com fatores 
de risco, deve-se considerar a possibilidade de fazer 
avaliações seriadas com USG. 
As opções para rastreio são: 
• Altura do fundo uterino: as medições seriadas 
representam um método de triagem simples, 
seguro, barato e razoavelmente acurado para a 
detecção de fetos PIG. Para a medição, uma fita 
métrica é aplicada sobre a curvatura abdominal 
desde a borda superior da sínfise pubiana até a 
borda superior do fundo uterino, identificado por 
palpação ou percussão. →Entre 18 e 30 semanas 
de gestação, a altura em centímetros corresponde 
a uma faixa de 2 semanas de IG. Assim, sendo a 
medição feita 2 a 3 cm diferente do esperado, 
pode-se suspeitar de crescimento fetal 
inapropriado. 
• Mensuração ultrassonográfica: a realização 
universal de rotina da USG é um método alternativo 
de triagem. Não há consenso sobre o momento ou o 
número de exames de triagem, mas de forma geral, 
realiza-se uma USG inicialmente entre 16 – 20 
semanas, e repete-se com 32-34 semanas. Na 
USG, o método mais usado para o diagnóstico é a 
estimativa do peso fetal, utilizando diversas medidas 
biométricas fetais (medidas da cabeça, abdome e 
fêmur). 
• Mensuração do líquido amniótico: há relação 
entre RCF e oligodrâmnio, provavelmente pela 
redução da produção de urina pelo feto causada 
por hipóxia e diminuição do fluxo sanguíneo 
renal. 
• Dopplervelocimetria: a dopplervelocimetria 
anormal da artéria umbilical, caracterizada por fluxo 
diastólico final ausente ou reverso, foi associada 
especificamente à RCF. As anormalidades 
encontradas permitem distinguir entre a RCF inicial 
e a grave. As alterações iniciais observadas na RCF 
de base placentária são detectadas em vasos 
periféricos, como as artérias umbilical e cerebral 
média. As alterações tardias caracterizam-se por 
fluxo anormal no duto venoso, nos tratos 
eferentes aórtico e pulmonar, assim como fluxo 
reverso na artéria umbilical. 
 
➔ Quando se detecta RCF em feto 
anatomicamente normal antes de 34 semanas de 
gestação, com volume de líquido amniótico e 
exames de vigilância normais, a recomendação é a 
observação. Enquanto o crescimento se mantiver, 
assim como os parâmetros de avaliação da saúde 
fetal, deverá ser deixada a gravidez seguir seu curso 
até que o feto atinja a maturidade pulmonar. Nos 
casos distantes do termo, nenhum tratamento é 
capaz de melhorar os resultados. 
ZUGAIB, Marcelo; FRANCISCO, Rossana 
Pulcineli Vieira. Restrição do Crescimento 
Fetal. In: Zugaib obstetrícia. 4.ed. Barueri, SP: 
Manole, 2020. 1406 p ISBN 9788520459881. 
 
Ferraz, M. M., Araújo, F. D. V., Carvalho, P. R. 
N., & Sá, R. A. M. (2020). Aortic Isthmus Doppler 
Velocimetry in Fetuses with Intrauterine Growth 
Restriction: A Literature Review. 
Dopplervelocimetria do istmo aórtico em fetos 
com crescimento intrauterino restrito: Uma 
revisão da literatura. Revista brasileira de 
ginecologia e obstetricia : revista da Federacao 
Brasileira das Sociedades de Ginecologia e 
Obstetricia, 42(5), 289–296. 
https://doi.org/10.1055/s-0040-1710301 
 
 
EMBRIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATORIO 
PERÍODO EMBRIONÁRIO 
O sistema respiratório deriva do intestino 
primitivo. 
→Na quarta semana o sistema respiratório 
inferior (laringe, traqueia, brônquios e pulmões) 
começa a se formar na faringe primitiva (porção do 
intestino anterior) a partir do sulco laringotraqueal, 
que se forma na endoderme da face ventral da 
faringe. Esse sulco se aprofunda e sofre 
modificações dando origem ao tubo laringotraqueal 
com o broto pulmonar. 
→Os revestimentos do tubo laringotraqueal se 
diferenciam dando origem a laringe, traqueia, os 
brônquios e os pulmões. 
→Na extremidade do tubo laringotraqueal, 
desenvolve-se uma dilatação que se divide em 
dois brotos bronco pulmonares. 
→O broto direito é mais longo que esquerdo, 
sendo que na quinta semana no direito se 
originam dois brotos secundários, e no broto 
esquerdo, somente um. Depois, cada broto 
secundário se ramifica diversas vezes. 
O desenvolvimento dos pulmões é dividido em 
quatro fases: 
1. ESTÁGIO EMBRIONÁRIO (4ª à 7ª semana): 
ocorre o surgimento do divertículo respiratório até os 
segmentos bronco pulmonares. 
2. PERÍODO PSEUDOGLANDULAR (8ªà 16ª 
semana): O broto pulmonar se divide em dois 
brotos brônquicos, que se diferenciam em 
brônquios e suas ramificações. O pulmão tem 
aparência de glândula. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
3. PERÍODO CANALICULAR (da 17ª à 26ª 
semana): Formam-se os bronquíolos 
respiratórios, ductos alveolares e poucos 
alvéolos primordiais. Além disso, o tecido 
pulmonar fica muito vascularizado. 
4. PERÍODO DO SACO TERMINAL (da 26ª ao 
nascimento): Formam-se muitos sacos terminais 
com capilares revestidos por células que se 
diferenciam para realizar trocas gasosas e 
secretar SURFACTANTE (composto que diminui 
a tensão do líquido presente nos alvéolos para 
que ele não comprima em contato com o ar) 
formando a barreira hematoaérea. Para ocorrer a 
produção dessa substância, o epitélio alveolar 
diferencia-se nos pneumócitos tipo I e nos 
pneumócitos tipo II. 
5. PERÍODO PÓS NATAL (do nascimento até os 
oito anos): há inicialmente um aumento de tecido 
conjuntivo entre os sacos alveolares, mas depois há 
uma diminuição, favorecendo as trocas gasosas. 
 
 
As fossetas nasais são formadas no 
desenvolvimento da face e, ao se aprofundarem, 
formam os sacos nasais primitivos. Estas 
estruturas são separadas da cavidade oral por uma 
membrana que posteriormente se rompe formando 
coanas primitivas, as quais possibilitam a 
comunicação entre as cavidades oral e nasal, 
essa comunicação é interrompida com a formação 
do palato. As coanas então passam a comunicar a 
cavidade nasal com a faringe (nasofaringe). 
→O septo nasal é formado na 9ª semana. Ele 
separa a cavidade nasal em duas narinas. 
 
SURFACTANTE E O AMADURECIMENTO PULMONAR 
→O pneumócito do tipo I é uma célula com funções 
principalmente relacionadas ao revestimento 
alveolar. 
→Já ospneumócitos tipo II são responsáveis pela 
produção do surfactante, que é uma substância 
composta principalmente de fosfolipídios (90%) e 
proteínas (10%) que reveste a superfície interna 
dos alvéolos pulmonares. 
➔A função principal do surfactante é diminuir a 
tensão superficial da interfase ar-alvéolo, de 
modo a mantê-los distendidos e evitar seu 
colapso ou atelectasia. 
➔A falta de surfactante é a causa principal da 
doença da membrana hialina, que acomete 
principalmente recém-nascidos prematuros, 
causando insuficiência respiratória. 
→A atelectasia causada pela deficiência de 
surfactante resulta em má ventilação alveolar, o 
que leva a hipóxia, hipercapnia e acidose. 
➔A administração da DEXAMETASONA ou 
BETAMETASONA no período pré-natal é indicada 
somente para acelerar a maturação pulmonar 
fetal. Esta ocorre através do aumento da produção 
de surfactante, levando a redução na morbi-
mortalidade neonatal. 
 
CIRCULAÇÃO FETAL 
A circulação fetal é estruturada para suprir as 
necessidades de um organismo em crescimento 
rápido num ambiente de hipóxia relativa. 
→Os pulmões fetais estão cheios de líquido, 
oferecendo alta resistência ao fluxo sanguíneo. 
→O embrião depende da placenta para realizar 
suas trocas gasosas, pois o pulmão é apenas um 
órgão secretor no período intra-uterino. 
→O sangue oxigenado chega da placenta através da 
veia umbilical. 
→Ao se aproximar do fígado o sangue passa 
diretamente para o DUCTO VENOSO, um vaso fetal 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
que comunica a veia umbilical com a veia cava 
inferior. Percorrendo a veia cava inferior, o sangue 
chega ao átrio direito e é direcionado através do 
FORAME OVAL para o átrio esquerdo. 
→Assim, neste compartimento o sangue com alto 
teor de oxigênio vindo da veia cava se mistura com 
o sangue pouco oxigenado vindo das veias 
pulmonares, já que os pulmões extraem oxigênio 
e não o fornece. 
→O DUCTO ARTERIAL, ao desviar o sangue da 
artéria pulmonar para a artéria aorta, protege os 
pulmões da sobrecarga e permite que o ventrículo 
direito se fortaleça para a sua total capacidade 
funcional ao nascimento. 
→No nascimento, ocorre o fechamento do ducto 
arterial, ducto venoso e do forame oval, além da 
desconexão com os vasos umbilicais. 
 
 
ALTERAÇÕES DO VOLUME DE LIQUIDO AMNIÓTICO 
 
O produto conceptual é envolto por líquido 
amniótico (LA) durante todo o seu desenvolvimento 
intrauterino. Além de manter a homeostase térmica, 
o líquido proporciona proteção ao feto contra 
traumas mecânicos, evita fenômenos 
compressivos do cordão umbilical e é 
fundamental para o adequado desenvolvimento do 
sistema musculoesquelético, permitindo a 
movimentação corporal. 
 
A presença de diversos hormônios, fatores de 
crescimento, enzimas e outras substâncias 
denota o importante papel que esse líquido exerce 
na promoção do crescimento e da diferenciação 
dos epitélios intestinal e pulmonar, além de 
participar da manutenção da homeostase fetal e 
constituir um ambiente estéril favorável ao 
desenvolvimento do concepto. 
→Por sua grande importância, as alterações do 
volume de líquido amniótico, tanto para mais como 
para menos, estão classicamente associadas a 
aumento do risco perinatal e complicações no 
parto e no puerpério. 
→O volume de líquido amniótico aumenta de cerca 
de 30 mL com 10 semanas, para 200 mL com 16 
semanas, até alcançar cerca de 700 mL na metade 
do terceiro trimestre. Esse líquido é composto por 
cerca de 98% de água. 
→Um feto a termo contém, a grosso modo, 2.800 mL 
de água, e a placenta contém outros 400 mL, de 
forma que o útero a termo contém quase 4 L de 
água. 
→O volume anormalmente reduzido é denominado 
OLIGODRÂMNIO, enquanto o aumento no volume 
do líquido é denominado HIDRÂMNIO OU 
POLIDRÂMNIO. 
➔Com a incorporação dos exames 
ultrassonográficos na rotina propedêutica do 
acompanhamento pré-natal, tornaram-se mais fáceis 
o diagnóstico das alterações do volume de líquido 
amniótico e o acompanhamento dessas gestações 
de alto risco. 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
FISIOLOGIA DO LIQUÍDO 
No início da gestação, a cavidade amniótica é 
preenchida com um líquido muito similar em 
composição ao líquido extracelular. Durante a 
primeira metade da gestação, ocorre 
transferência de água e de outras pequenas 
moléculas pelo âmnio (fluxo transmembranoso), 
pelos vasos fetais na superfície placentária (fluxo 
intramembranoso) e pela pele fetal. A produção 
fetal de urina inicia-se entre 8 e 11 semanas, mas 
a urina só passa a ser um componente importante 
do líquido amniótico a partir do segundo 
trimestre. O transporte de água pela pele fetal 
continua até que ocorra a queratinização, com 22 a 
25 semanas. 
→Com a evolução da gestação, quatro vias têm 
participação importante na regulação do volume do 
líquido amniótico. 
➔A primeira é a urina fetal, que é a principal fonte 
de líquido amniótico na segunda metade da 
gravidez. Ao termo, a produção de urina pelo feto 
pode exceder 1 L por dia e, assim, o volume de 
líquido amniótico é recirculado diariamente. A 
osmolalidade da urina fetal é significativamente 
hipotônica em relação à do plasma materno e fetal e 
semelhante à do líquido amniótico. Essa 
hipotonicidade da urina fetal - e consequentemente 
do líquido amniótico - é responsável pela significativa 
transferência intramembranosa de líquido através e 
para o interior dos vasos fetais sobre a superfície 
placentária e, assim, para o feto. 
➔Essa transferência atinge 400 mL por dia e é o 
segundo regulador do volume do líquido. Em um 
quadro de desidratação da gestante, o aumento na 
osmolalidade materna favorece a transferência de 
líquido do feto para a mãe e, posteriormente, do 
compartimento do líquido amniótico para o feto. 
➔A terceira fonte importante para a regulação do 
líquido amniótico é o trato respiratório. Cerca de 
350 mL de líquido pulmonar são produzidos por dia 
no final da gestação, e metade desse volume é 
imediatamente deglutida. Finalmente, a deglutição 
fetal é o principal mecanismo de reabsorção do 
líquido amniótico e corresponde à média de 500 a 
1.000 mL por dia. O impedimento à deglutição, 
causado por anormalidade no sistema nervoso 
central ou por obstrução do trato gastrointestinal, 
pode resultar em um grau impressionante de 
polidrâmnio. 
➔As outras vias - fluxo transmembranoso e fluxo 
pela pele fetal - respondem por uma proporção bem 
menor do transporte de líquido na segunda metade 
da gestação. 
 
AVALIAÇÃO DO LÍQUIDO AMNIÓTICO 
Atualmente, o exame ultrassonográfico é o método 
de escolha para o diagnóstico e o 
acompanhamento das alterações do volume de 
líquido amniótico. 
Entretanto, diante de determinados sinais e 
sintomas, é possível suspeitar da presença dessas 
anormalidades. Há suspeita de OLIGODRÂMNIO 
quando o volume uterino é menor que o esperado 
para a idade gestacional, podendo-se evidenciar a 
diminuição do líquido amniótico e o fácil 
reconhecimento das partes fetais pela palpação do 
abdome materno. A mãe também pode relatar 
redução na movimentação fetal e/ou história de 
perda de líquido pela via vaginal. 
Nos casos de POLIDRÂMNIO, a queixa mais 
comum da gestante é a dispneia, a altura uterina é 
maior do que a esperada para a idade gestacional 
e, além disso, a pele do abdome materno 
apresenta-se distendida, lisa e brilhante, com 
presença de estrias extensas. As outras queixas 
relatadas são decorrentes de fenômenos mecânicos 
relacionados à sobre distensão uterina e à pressão 
sobre os órgãos adjacentes. 
Na palpação, há dificuldade para identificar 
partes fetais, e em alguns casos o útero pode 
apresentar hipertonia decorrente do volume 
excessivo. A ausculta dos batimentos cardíacos 
fetais é dificultada pelo excesso de 
movimentação do feto, e observa-se o sinal do 
“piparote”. 
Também é comum edema nas porções baixas do 
ventre materno e nos membros inferiores. 
Quando o quadro é agudo, precoce e se desenvolve 
ao longo de poucosdias, podem ser detectadas 
contrações que caracterizam o trabalho de parto 
prematuro. 
AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA 
Quando houver suspeita clínica, o diagnóstico das 
alterações do volume de líquido amniótico pode ser 
confirmado pelo exame ultrassonográfico. Além 
disso, a avaliação do líquido amniótico é parte de 
qualquer ultrassonografia realizada no segundo ou 
no terceiro trimestre. O volume costuma ser 
avaliado de modo semiquantitativo, com medição de 
um bolsão único ou do índice de líquido 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
amniótico (ILA). Uma estimativa qualitativa ou 
subjetiva do volume do líquido amniótico também é 
considerada aceitável quando realizada por 
examinador experiente. Entretanto, uma limitação da 
estimativa subjetiva é não permitir avaliação 
longitudinal das tendências de variação em sua 
quantidade ou da adequação do volume. 
MAIOR BOLSÃO VERTICAL OU BOLSÃO 
VERTICAL MÁXIMO (MBV) 
O transdutor de ultrassom é mantido em posição 
perpendicular ao chão e paralela ao eixo 
longitudinal da gestante. No plano sagital, 
identifica-se o maior bolsão vertical de líquido. O 
bolsão de líquido pode conter partes fetais ou alças 
do cordão umbilical, mas esses não são incluídos 
na medição. A variação normal para maior bolsão 
vertical (MBV) mais comumente usada é entre 2 e 8 
cm, com valores abaixo e acima indicando 
oligoidrâmnio e polidrâmnio, respectivamente. 
Esses limiares correspondem ao 3° e ao 97° 
percentil. 
 
Outro método menos utilizado para avaliar o 
volume do líquido amniótico envolve a medição de 
bolsão único nos planos vertical e transversal. 
Define-se como adequado o volume de líquido 
amniótico quando o bolsão tem 2 X 1 cm, 2 X 2 cm 
ou no mínimo 15 cm2. Ao avaliar gestações de 
gemelares e outras gestações multifetais, mede-se 
um MBV em cada saco gestacional, novamente 
usando 2 a 8 cm como variação normal. 
ÍNDICE DE LÍQUIDO AMNIÓTICO (ILA) 
 Assim como a medição do MBV, o transdutor do 
ultrassom é mantido perpendicular ao solo e paralelo 
ao eixo longitudinal da gestante. O útero é dividido 
em quatro quadrantes iguais - os quadrantes 
superiores e inferiores, direito e esquerdo. 
→O ILA é a soma dos MBVs de todos os 
quadrantes. O Doppler colorido em geral é usado 
para confirmar que nenhuma parte do cordão 
umbilical tenha sido incluída na medição. Isso pode 
resultar em maior consistência e em redução da 
variação intra observador. Entretanto, foi relatado 
que o Doppler colorido usa resultados de medição 
inferior do ILA e, assim, potencialmente diagnostica 
de forma exagerada oligoidrâmnios. A 
variabilidade intraobservador do ILA é de cerca de 1 
cm, e a variabilidade interobservadores é de cerca 
de 2 cm. Há grandes variações quando o volume do 
líquido amniótico está acima do limite normal. Uma 
diretriz útil é que o ILA é cerca de três vezes o MBV 
encontrado. A determinação da normalidade do ILA 
pode ser baseada em um ponto de corte numérico 
estatístico ou na variação do percentil específica 
para a idade gestacional. A variação normal para 
ILA mais usada é 5 a 24 cm, com valores abaixo e 
acima indicando, respectivamente, oligodrâmnio e 
polidrâmnio. 
 
 
POLIDRÂMNIO 
Trata-se do volume anormalmente aumentado do 
líquido amniótico, o que complica 1 a 2% das 
gestações únicas. Em gestações gemelares, é 
mais comum e ocorre principalmente devido a 
complicações da placentação monocoriônica. O 
polidrâmnio (hidrâmnio) está associado a um risco 
aumentado de vários desfechos adversos na 
gravidez, incluindo parto prematuro, 
descolamento de placenta e anomalias fetais. 
Deve-se suspeitar de polidrâmnio clinicamente 
quando o tamanho uterino for grande para a idade 
gestacional (altura do fundo [cm] excedendo as 
semanas de gestação em > 3). O diagnóstico é feito 
no pré-natal com base no exame ultrassonográfico 
que mostra volume excessivo de líquido amniótico 
por técnica quantitativa não invasiva, como ILA ≥ 24 
cm ou MBV ≥ 8 cm. 
Classificação: 
➔O polidrâmnio pode ser classificado de acordo 
com o grau. Essa categorização tem sido usada em 
pesquisas para estratificação de risco. 
• Polidrâmnio leve (mais comum): ILA entre 24-
29,9 cm ou MBV entre 8-11,9 cm; 
• Polidrâmnio moderado: ILA entre 30-34,9 cm ou 
MBV entre 12-15,9 cm; 
• Polidrâmnio grave: ILA ≥ 35 cm ou MBV ≥ 16 cm. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
Quando nenhuma etiologia é identificada, o 
polidrâmnio é denominado idiopático. Trata-se de 
um diagnóstico de exclusão e uma condição 
predisponente pode se tornar evidente com o avanço 
da gestação ou após o parto. Os polidrâmnios 
idiopáticos são responsáveis por aproximadamente 
60 a 70% dos casos. 
→Muitos casos idiopáticos são resolvidos 
espontaneamente, principalmente os casos leves. 
No entanto, o polidrâmnio tem sido associado a um 
risco aumentado de vários resultados adversos, 
além dos maus resultados relacionados às 
anormalidades morfológicas fetais associadas: 
• Comprometimento respiratório materno; 
• Ruptura prematura de membranas ovulares; 
• Trabalho de parto e parto prematuros; 
• Má posição fetal; 
• Macrossomia (levando potencialmente à 
distocia do ombro); 
• Prolapso do cordão umbilical; 
• Descolamento prematuro de placenta; 
• Segunda etapa do trabalho de parto 
prolongada; 
• Atonia uterina pós-parto 
➔Essas complicações aumentam o risco de parto 
cesáreo e admissão em uma unidade de terapia 
intensiva neonatal; 
 
➔O polidrâmnio grave resulta em parto prematuro 
ou em comprometimento da função respiratória 
materna. Nesses casos, é possível que haja 
necessidade de indicar a amniodrenagem - 
denominada amniorredução. A técnica para 
inserção da agulha é a mesma para amniocentese. 
Em geral, retiram-se lentamente 1.000 a 1.500 mL 
de líquido em cerca de 30 minutos, dependendo 
do volume do polidrâmnio e da idade gestacional. O 
objetivo é restaurar o volume do líquido amniótico ao 
limite superior normal. 
 
 
 
OLIGODRÂMNIO 
 Trata-se de redução anormal no volume do 
líquido amniótico. O oligoidrâmnio complica cerca 
de 1 a 2% das gestações. Diferentemente do 
polidrâmnio, que com frequência é leve e tem 
prognóstico benigno na ausência de etiologia 
subjacente, o oligoidrâmnio causa preocupações. 
Quando não se identifica qualquer bolsão de líquido 
amniótico mensurável, utiliza-se o termo 
anidrâmnio. Pode-se suspeitar de oligoidrâmnio 
quando o tamanho uterino é menor que o 
esperado para a idade gestacional ou quando a 
paciente apresenta ruptura prematura de 
membranas ovulares. 
→O diagnóstico ultrassonográfico em geral tem 
como base um ILA < 5 cm ou um MBV < 2 cm. 
Também pode ser feito com base em um ILA abaixo 
dos percentis 5 ou 2,5 determinado por 
nomograma específico para a idade gestacional. Ou, 
ainda, pode ser feito com base na avaliação 
subjetiva de redução no volume do líquido amniótico. 
Quando se está avaliando a gestação de gemelares 
para síndrome de transfusão feto-fetal, a detecção 
de MBV < 2 cm é usada para definir oligodrâmnio. 
Em geral, nenhum critério é considerado superior 
aos demais. 
 
 
➔Primeiro trimestre: O volume reduzido de líquido 
amniótico no primeiro trimestre é um achado 
ameaçador e geralmente leva a abortamento. Deve-
se aconselhar a paciente quanto ao mau prognóstico 
e os sinais de aborto. Os exames ultrassonográficos 
seriados são úteis para acompanhar a evolução do 
quadro. 
➔Segundo trimestre: No segundo trimestre, o 
prognóstico e o manejo dependem da etiologia 
subjacente e da magnitude da redução do líquido 
amniótico. Volume no limite inferior da normalidade: 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
geralmente tem um bom prognóstico. Os exames 
ultrassonográficos seriados a cada 1-2 semanas são 
úteis para acompanhar a evolução do quadro, que 
pode permanecer estável, resolver ou progredir para 
o desenvolvimento de oligoidrâmnio e/ou restrição 
do crescimento fetal. 
Oligodrâmnio: geralmente termina em morte fetalou neonatal. Nos países em que é possível a 
interrupção legal da gravidez, os pais devem receber 
aconselhamento multidisciplinar sobre a etiologia 
suspeita, avaliação adicional, prognóstico em curto e 
longo prazo e suas opções (ex: interrupção da 
gravidez, continuação da gravidez, cuidados 
paliativos neonatais, cuidados neonatais 
agressivos). Nas gestações em andamento, os 
riscos e possíveis sequelas de compressão medular, 
parto prematuro e anormalidades neonatais devem 
ser discutidos. 
A compressão do cordão umbilical pode levar a 
asfixia e morte fetal. O parto prematuro, espontâneo 
ou indicado por complicações maternas ou fetais, 
ocorre em mais de 50% dos casos e está associado 
ao aumento da morbimortalidade. As anormalidades 
neonatais em consequência do desenvolvimento em 
um ambiente com líquido amniótico gravemente 
baixo podem ser estruturais ou funcionais e incluem 
deformações esqueléticas, contraturas e hipoplasia 
pulmonar. 
➔Terceiro trimestre: Parece haver uma relação 
inversa entre o volume de líquido amniótico no 
terceiro trimestre e o resultado adverso da gravidez. 
Os resultados adversos estão relacionados à 
compressão do cordão umbilical, insuficiência 
uteroplacentária e aspiração de mecônio. A duração 
do oligodrâmnio também é um fator prognóstico. 
Pacientes que apresentam oligodrâmnio idiopático 
em idade gestacional precoce têm risco aumentado 
de resultados perinatais adversos em comparação 
com aqueles que se apresentam mais tarde na 
gestação. Os resultados adversos associados 
incluem: maior frequência de malformações, parto 
prematuro, parto cesáreo, indução de parto, baixo 
peso ao nascer, baixo índice de Apgar, internação 
em unidade de terapia intensiva e hospitalizações 
neurológicas e gastrointestinais durante a infância. 
 
➔Não há tratamento de oligoidrâmnio que tenha 
sido comprovadamente eficaz em longo prazo. No 
entanto, é possível melhorar em curto prazo o 
volume de líquido amniótico e essa estratégia pode 
ser considerada em determinadas circunstâncias. 
➔Amnioinfusão: a amnioinfusão aumenta 
temporariamente o volume de líquido amniótico. 
 É usada nas seguintes situações: 
• Para melhorar a detecção de anomalias fetais: o 
oligodrâmnio pode limitar a avaliação ideal por 
ultrassom do feto. 
• Para facilitar a versão cefálica externa: os dados 
para essa indicação são de baixa qualidade e 
discordantes, mas geralmente sugerem que essa 
estratégia não melhora as taxas de sucesso. 
• Para prevenção de sequelas fetais do 
oligodrâmnio. 
➔Hidratação materna: nos casos de oligodrâmnio 
isolado em que o parto não é indicado, a hidratação 
oral com 1-2 litros de água pode aumentar 
transitoriamente o volume de líquido amniótico e 
pode ter algum benefício, principalmente em 
pacientes hipovolêmicas. Essa abordagem é mais 
fácil e segura do que a administração de fluidos 
intravenosos ou amnioinfusão. A hidratação com 
água parece reduzir a osmolaridade plasmática 
materna e a concentração de sódio, resultando em 
fluxo de água materno-fetal conduzido 
osmoticamente; também melhora a perfusão 
uteroplacentária. 
➔Com exceção dos casos de malformações 
fetais com prognóstico ominoso, o sucesso na 
conduta dos casos com diagnóstico de oligoidrâmnio 
depende do controle rigoroso da vitalidade fetal. 
Ponderar os riscos da prematuridade e do sofrimento 
fetal é outra premissa relevante. A resolução da 
gestação está indicada nos casos de oligodrâmnio 
com maturidade pulmonar fetal comprovada ou 
quando as provas de vitalidade fetal estiverem 
alteradas, independentemente da maturidade fetal, 
mas após a viabilidade. 
 
Ross MG, Beall MH. Physiology of amniotic fluid 
volume regulation. [Internet]. 2021. [acesso em 23 
jun. 2021]. Disponível em: 
https://www.uptodate.com/contents/ physiology-of-
amniotic-fluid-volume-regulation. 
 
Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib Obstetrícia. 3. ed. 
Barueri: Manole, 2016. 
 
Cunninghan FG et al. Obstetrícia de Williams. 24. ed. 
Porto Alegre: AMGH, 2016. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
EMBRIOLOGIA DA 17ª AO NASCIMENTO 
 
 
 
 
 
 
DA DÉCIMA SÉTIMA A VIGÉSIMA SEMANA 
→O crescimento fica mais lento, mas continua. Os 
movimentos fetais (pontapés) já conseguem ser 
percebidos pela mãe. Os pés são cobertos por 
verniz caseosa (semelhante a um material 
gorduroso) que protege a pele do bebê da 
exposição do líquido amniótico. 
➔O verniz protege a delicada pele fetal a 
abrasoes, rachaduras e endurecimento que 
resultam da exposição ao liquido amniótico; 
→Com 20 semanas, seu corpo é coberto pelo 
lanugo (penugem delicada que recobre o corpo 
todo), que ajuda a manter a verniz caseosa presa 
na pele. A gordura parda se desenvolve, 
principalmente na base do pescoço, posterior ao 
esterno e na área perirrenal; e é o local de 
produção de calor pela oxidação de ácido graxo. 
→Com 20 semanas, os testículos começam a 
descer, mas vão até a parede abdominal posterior 
ainda. O feto tem 300 g. 
→Na 18ª semana, o útero fetal é formado e a 
canalização da vagina se inicia, os folículos 
primários contendo oogônias também são 
visíveis; 
DA VIGÉSIMA PRIMEIRA À VIGÉSIMA 
QUINTA SEMANA 
O feto ganha peso, fica com 600 g. A pele fica 
enrugada e mais translúcida. A cor da pele é de 
rosa a vermelha em espécimes frescos, pois o 
sangue é visível nos capilares. 
→Com 21 semanas, começam os movimentos 
rápidos dos olhos. 
→Com 24 semanas, os pneumócitos tipo II dos 
septos interalveolares do pulmão começam a 
secretar o surfactante, porém o sistema 
respiratório ainda é imaturo. Unhas das mãos 
também se desenvolvem. 
→Embora um feto de 22 a 25 semanas nascido 
prematuramente possa sobreviver se receber 
cuidados intensivos, ainda há uma chance de que 
possa vir a falecer porque o seu sistema 
respiratório é imaturo até aquele momento. 
→O risco de comprometimento do 
desenvolvimento nervoso (p. ex., deficiência 
mental) é alto nos fetos nascidos antes de 26 
semanas. 
 
 
DA VIGÉSIMA SEXTA À VIGÉSIMA NONA 
SEMANA 
→Os pulmões e os vasos pulmonares já 
possuem capacidade de realizar troca gasosa 
adequada. 
→O SNC já amadureceu e consegue controlar 
movimento respiratório e a temperatura corporal. 
→O feto começa a dormir 90% do tempo e os 
outros 10% são marcados pelo reflexo do susto 
(movimentos de autodefesa) – início do 
funcionamento do ciclo circadiano. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
→Com 26 semanas, as pálpebras abrem. A 
gordura subcutânea desenvolve-se, eliminando 
as rugas. 
→O baço realiza hematopoese. 
→Com 28 semanas, a eritropoiese no baço cessa 
e a medula óssea assume essa função, tornando-
se o principal local desse processo. 
→O feto pesa 1,1 Kg; 
 
DA TRIGÉSIMA À TRIGÉSIMA QUARTA 
SEMANA 
→Reflexo pupilar 
→A pele é rosada e lisa. A quantidade de gordura 
amarela aumenta de 3,5% para 8%, o que dá aos 
braços uma aparência mais cheia. 
→O feto pesa 2,2 kg e tem 40 cm. 
→ Fetos com 32 semanas ou mais geralmente 
sobrevivem se nascidos; 
 
DA TRIGÉSIMA QUINTA À TRIGÉSIMA 
OITAVA SEMANA 
→Essa é uma fase de “acabamento”. 
→O SN fica maduro e efetua as funções 
integrativas. 
→O crescimento fica mais lento, e geralmente, 
ganha cerca de 14 g por dia, com a circunferência 
da cabeça e abdome quase iguais, podendo o do 
abdome superar posteriormente. 
→Atinge cerca de 3,4 kg e 50 cm, na 36ª semana. 
→ O comprimento do pé dos fetos costuma ser 
ligeiramente maior do que o comprimento femoral 
(osso longo da coxa) na 37ª semana e constitui um 
parâmetro alternativo para a conformação da idade 
fetal. Há uma redução da velocidade do crescimento 
à medida que o momento do parto se aproxima. 
→ A termo (38 semanas), a maior parte dos fetos 
geralmente atinge um CCN de 360 mm e um peso 
de, aproximadamente, 3.400 g 
→A quantidade de gordura amarela é de, 
aproximadamente, 16% do peso corporal. O tórax 
é proeminente e as mamas frequentemente se 
projetam ligeiramente em ambos os sexos. 
→Os testículosgeralmente estão na bolsa 
escrotal no recém-nascido a termo do sexo 
masculino; os neonatos prematuros do sexo 
masculino comumente exibem ausência da descida 
testicular; 
→ Os fetos do sexo masculino são maiores e pesam 
mais ao nascer do que os femininos. 
 
BAIXO PESO AO NASCER 
Nem todos os bebês com baixo peso ao nascer 
são prematuros. Aproximadamente um terço 
daqueles com um peso ao nascer de 2.500 g ou 
menos são realmente pequenos para a idade 
gestacional. Esses recém-nascidos “pequenos 
para a idade gestacional” podem estar abaixo do 
peso devido à insuficiência placentária. 
As placentas frequentemente são pequenas ou mal 
fixadas e/ou foram submetidas a alterações 
degenerativas que progressivamente reduzem o 
suprimento de oxigênio e a nutrição do feto. 
→ É importante distinguir entre recém-nascidos a 
pleno termo que apresentam um baixo peso ao 
nascer devido a RCIU e recém-nascidos pré-termo 
que estão abaixo do peso devido a um encurtamento 
da gestação (i.e., prematuros para data). A RCIU 
pode ser provocada por pré-eclâmpsia 
(hipertensão), tabagismo ou algumas drogas 
ilícitas, gestações múltiplas (trigêmeos), 
doenças infecciosas, defeitos vasculares, 
nutrição materna inadequada e hormônios 
maternos e fetais. 
→Os teratógenos e fatores genéticos também são 
conhecidos por causarem RCIU. Os recém-nascidos 
com RCIU exibem uma característica carência de 
gordura subcutânea e a sua pele é enrugada, 
sugerindo que a gordura amarela tenha sido perdida 
de forma aguda 
 
NASCIMENTO 
→Quando a termo, os fetos normais geralmente 
pesam cerca de 3.400 g e têm medida CR de 360 
mm. A quantidade de gordura amarela é de cerca 
de 16% do peso corporal. 
→O tórax é saliente e as mamas fazem leve 
protrusão em ambos os sexos. Normalmente, em 
fetos masculinos a termo, os testículos estão no 
escroto; meninos prematuros comumente 
apresentam testículos que não desceram. Apesar de 
a cabeça do feto a termo ser bem menor com relação 
ao resto do corpo quando comparada ao que era no 
início da vida fetal, ela ainda é uma das maiores 
partes do feto. 
 
MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N; TORCHIA, 
M.G. Período Fetal: Nona semana ao Parto. 
In: Embriologia clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2016. ~ 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
MODIFICAÇÕES NO ORGANISMO MATERNO 
CARDIOVASCULARES 
Na gestante, o aumento no volume plasmático é 
acompanhado pela redução coloido-osmótica de 10 
a 15%, o que aumenta a suscetibilidade ao edema 
de pulmão. Em condições como a pré-eclâmpsia, 
na qual os vasos pulmonares estão mais 
permeáveis, é preciso ter atenção à reposição 
líquida para evitar o edema de pulmão. Condições 
cardiovasculares maternas associadas à cianose, à 
hipoxia ou ao baixo débito cardíaco reduzem a 
oxigenação do sangue dirigido ao feto, podendo 
aumentar a incidência de complicações como 
abortamento, CIR e baixo peso ao nascer. 
➔O débito cardíaco aumenta 15% no 1º estágio 
do parto e 50% no 2º estágio. Imediatamente após 
o parto, este acréscimo é de 60%. Portanto, 
mulheres cardiopatas tendem a apresentar maior 
risco de desenvolverem edema de pulmão no 2º 
estágio do parto e no pós-parto imediato. 
→Edema periférico, taquicardia leve, distensão 
das veias jugulares e deslocamento lateral para 
a esquerda do ápice ventricular são normais na 
gravidez. Embora o coração esteja fisiologicamente 
dilatado nesse período, não há diminuição da fração 
de ejeção. O 5º som de Korotkoff está mais bem 
correlacionado com a pressão arterial e deve ser 
considerado para atestar o nível diastólico em vez do 
4º som. 
→A circulação hemodinâmica da gestante é 
modificada a partir da 20ª semana. No decúbito 
dorsal, o útero aumentado comprime a veia cava 
inferior, impedindo o retorno venoso ao coração. Ao 
mesmo tempo, a aorta também está 
significativamente comprimida, reduzindo o débito 
cardíaco e, consequentemente, a perfusão útero 
placentária. Em virtude dessa compressão 
aortocava, a pressão arterial não deve ser aferida 
com a gestante em decúbito dorsal. 
→Por apresentar aumento de 30% no volume 
sanguíneo, a gestante pode perder até 1.500 mℓ de 
sangue antes de se manifestarem os sinais clínicos 
de hipovolemia. Na hemorragia obstétrica 
significativa, o mecanismo compensatório envolve o 
desvio de sangue do território uteroplacentário, de tal 
modo que a primeira manifestação da perda 
sanguínea pode ser o sofrimento fetal refletido na 
frequência cardíaca fetal (FCF) alterada no 
monitoramento eletrônico. 
→O aumento da frequência cardíaca é um 
mecanismo compensatório inicial para a 
hipovolemia, contudo, frequência superior a 100 bpm 
deve suscitar preocupação até prova em contrário. 
SANGUÍNEAS 
Há aumento na produção de hemácias estimulado 
pela maior secreção de eritropoetina pelos rins. 
Todavia, o aumento de 18 a 25% das hemácias é 
desproporcional ao acréscimo de 30 a 50% do 
volume plasmático, configurando a anemia 
dilucional fisiológica da gravidez. As 
necessidades maternas de ferro aumentam de 5 
a 6 mg/dia; totalizando uma ingesta estimada em 
1.000mg durante toda a gravidez. 
A anemia resultante da inadequada suplementação 
de ferro pode resultar em complicações obstétricas 
como abortamento tardio e parto pré-termo. 
→Contagem de leucócitos de 14 mil/mm3 é normal 
e pode ser até maior, atingindo 30 mil/mm3 no 
parto e no puerpério. A gravidez é considerada um 
estado pro trombótico com aumento de diversos 
fatores coagulantes, especialmente do fibrinogênio, 
elevando em quatro vezes o risco de 
tromboembolismo venoso. Todas essas alterações 
pro trombóticas, associadas à estase venosa e ao 
comprometimento do retorno venoso agravado pelo 
útero grávido, tornam a gestante suscetível ao 
tromboembolismo, uma das principais causas de 
morte materna. Por isso, é importante o 
rastreamento para outros fatores de risco de 
tromboembolismo na gestante, e, quando 
apropriado, o início da profilaxia, por exemplo, com 
heparina de baixo peso molecular ou meias de 
compressão. 
URINÁRIAS 
A partir do 1º trimestre, ocorrem dilatação do sistema 
coletor urinário, em virtude de uma combinação de 
efeitos da progesterona na musculatura lisa, e 
compressão dos ureteres pelo útero na crista 
ilíaca, resultando na hidronefrose. A hidronefrose é 
mais comum à direita devido à dextrorrotação 
uterina. 
Essa dilatação fisiológica deve ser considerada 
quando da interpretação dos estudos radiológicos 
realizados pela suspeita de obstrução do sistema 
urinário. Essa estase do sistema coletor pela 
compressão ureteral é a responsável pela elevada 
incidência de infecção urinária na gravidez, 
especialmente a pielonefrite. Do mesmo modo, o 
tônus vesical diminui e a gestante queixa-se de 
frequência, urgência e incontinência. Esses 
sintomas agravam-se ao fim da gravidez com a 
insinuação da cabeça do concepto na pelve 
materna. 
→A TFG aumenta de 40 a 50%, elevando a 
depuração de creatinina em 45% com 9 semanas de 
gestação. Ao mesmo tempo, a excreção urinária de 
proteína é maior, tornando complicado o 
monitoramento de doenças renais. Tolera-se como 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
normal a excreção de, no máximo, 300 mg/dia de 
proteína. 
A excreção urinária de glicose também está 
aumentada em decorrência da elevação da TFG e 
da menor reabsorção tubular. Portanto, na gravidez, 
a glicosúria não é sinal de diabetes. 
É importante salientar que a fisiologia da gestante 
não reconhece o sistema renal como prioritário. Em 
situações de comprometimento hemodinâmico, tais 
como hemorragia massiva, a perfusão renal é 
reduzida, ocasionando redução do débito urinário e 
risco elevado de necrose tubular aguda. 
RESPIRATÓRIAS 
Há edema nas vias respiratórias superiores 
envolvendo a faringe e a laringe. Por esse motivo, a 
intubação na gestante pode ser difícil e sondas 
endotraqueais menos calibrosas estão indicadas. 
Além disso, vasos sanguíneos no nariz sofrem 
vasodilatação, causando ingurgitamentocapilar e, 
consequentemente, sangramento nasal, 
congestão e rinite tornam-se comuns. 
O aumento no consumo de O2 (30%) e a diminuição 
da capacidade residual funcional (25%) pela 
elevação de 4 cm do diafragma explicam o porquê 
da baixa reserva de O2 e a grande suscetibilidade à 
hipoxia, especialmente em situações de estresse 
respiratório, como costuma acontecer na 
pneumonia. 
A pneumonia costuma ser grave na gestação, 
evoluindo rapidamente para a síndrome de angústia 
respiratória aguda (SARA). Por outro lado, o edema 
das vias respiratórias coloca a gestante em risco de 
apresentar dificuldades durante a intubação. Pela 
baixa reserva de O2, recomenda-se adequada pré-
oxigenação em grávidas submetidas à anestesia 
geral. 
A hiperventilação materna é causada pela ação da 
progesterona nos centros respiratórios bulbares e 
dispneia é encontrada em 60 a 70% das gestantes 
normais por volta de 30 semanas, o que dificulta o 
diagnóstico de problemas respiratórios. 
A queda do bicarbonato plasmático diminui a 
capacidade tampão do sangue, tornando as 
diabéticas insulinodependentes mais propensas à 
cetoacidose. 
DIGESTIVAS 
O peritônio está estirado, o que o torna 
dessensibilizado e dificulta o exame abdominal à 
procura de irritação peritoneal. Níveis elevados de 
progesterona contribuem para um retardo no 
trânsito gastrintestinal, assim como relaxam o 
esfíncter gastresofágico. Esses fatores explicam a 
elevada incidência (de 50 a 80%) de refluxo e 
pirose na gestação, assim como o risco aumentado 
de aspiração, principalmente durante a 
administração da anestesia geral. 
ENDÓCRINAS 
A hipófise anterior aumenta em virtude da 
hiperplasia das células lactóforas responsáveis 
pela elevada produção da prolactina, quadro que 
preocupa mulheres com adenoma de hipófise, que 
podem experimentar pior anos campos visuais em 
decorrência da expansão do tumor comprimindo o 
quiasma óptico. 
Microprolactinomas (< 10 mm) geralmente não 
causam transtornos. Por outro lado, 
macroprolactinomas (> 10 mm) são problemáticos, 
pois podem causar expansão de 4% em mulheres 
tratadas e de 15% naquelas não tratadas. 
Por esse motivo, pacientes com macroprolactinomas 
são aconselhadas a continuar o tratamento 
medicamentoso (agonistas da dopamina) durante 
a gravidez. 
→A gravidez está associada a um estado de 
deficiência de iodo resultante do aumento do 
transporte placentário e da excreção renal. 
Apesar da maior produção dos hormônios 
tireoidianos, o aumento da tireoide é discreto e 
qualquer suspeita de bócio deve ser investigada. 
→Os níveis de TSH e de T4 livre acrescidos 
devem ser interpretados com cautela. Embora a 
resistência periférica à insulina seja elevada na 
gravidez, há um aumento compensatório na 
secreção do hormônio. Mulheres com reserva 
pancreática marginal e obesas com resistência pré-
gestacional à insulina apresentam risco elevado de 
desenvolver diabetes melito gestacional. Em virtude 
da maior resistência à insulina, gestantes com 
diabetes pré-gestacional necessitam de doses 
maiores do hormônio à medida que avança a 
gestação. 
 
 
PROBLEMA 5 FECHAMENTO 
 
GEMELARIDADE 
A gravidez gemelar é definida pela presença 
simultânea de dois ou mais fetos dentro do útero 
ou fora dele, podendo ser classificada como dupla, 
tripla, quádrupla e assim por diante. Cada produto 
da gravidez é considerado um gêmeo. 
→A incidência de gestação múltipla vem 
aumentando nos últimos anos em decorrência da 
idade materna avançada e da utilização de 
técnicas de reprodução assistida. 
→Está associado à ocorrência de complicações 
como abortamento, trabalho de parto prematuro, 
descolamento prematuro de placenta, 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
malformações, morte fetal, aumento da morte 
neonatal, entre outros desfechos. 
Por isso é essencial que no acompanhamento pré-
natal a paciente seja encaminhada para o pré-natal 
de alto risco em centro de referência. 
CLASSIFICAÇÃO 
A classificação da gravidez baseia-se na: 
• quantidade de fetos (duplas, triplas, 
quadruplas...); 
• quantidade de ovos fertilizados (zigotia); 
• número de placentas (corionia) e 
• número de cavidades amnióticas 
(amnionia). 
 
ZIGOTIA 
Em relação ao número de ovos fertilizados a 
gravidez pode ser mono ou dizigótica. 
→Os monozigóticos são também chamados de 
univitelinos e correspondem a 1/3 dos gemelares. 
Resultam da fertilização de um óvulo por apenas 
um espermatozoide. A depender da época de 
divisão do zigoto pode ocorrer placentação mono 
ou dicoriônica. 
→São formados gêmeos com mesmo genótipo, 
portanto de mesmo sexo, com mesma aparência 
física e mesmas tendências patológicas. 
→Os dizigóticos, também chamados bivitelinos 
ou fraternos, resultam da fertilização de dois 
óvulos por dois espermatozoides e representam 
2/3 dos gemelares. 
→A placentação é obrigatoriamente dicoriônica e 
os gêmeos não são idênticos, podendo inclusive 
ter sexos diferentes. 
CORIONIA E AMNIONIA: A corionia ou 
corionicidade é o fator mais importante a ser 
determinado na gestação gemelar, uma vez que as 
gestações monocoriônicas apresentam mais 
complicações e elevada morbimortalidade 
neonatal. 
→Os gêmeos dizigóticos são sempre 
dicoriônicos (duas placentas), ao passo que os 
monozigóticos podem ser dicoriônicos ou 
monocoriônicos (uma placenta). 
 
→Quando a divisão do zigoto ocorre durante os 
três primeiros dias após a fertilização, os gêmeos 
Monozigóticos serão dicoriônicos e 
diamnióticos. 
→Se a divisão ocorrer entre o terceiro e o oitavo 
dia serão monocoriônicos, diamnióticos; 
→ E entre o oitavo e o décimo terceiro dia serão 
monocoriônicos e monoamnióticos. 
→Quando a divisão ocorre a partir do décimo 
terceiro dia não ocorre a separação completa do 
disco embrionário, resultando em gemelaridade 
imperfeita (gêmeos unidos). 
➔ Os DIZIGÓTICOS serão sempre 
DICORIÔNICOS e DIAMNIÓTICOS. Já os 
dicoriônicos e diamnióticos nem sempre serão 
dizigóticos (podem ser monozigóticos com 
divisão do ovo antes do terceiro dia!). 
FATORES DE RISCO 
A prevalência de gêmeos monozigóticos é 
relativamente estável em todo o mundo, já a 
prevalência de gêmeos dizigóticos é influenciada 
por alguns fatores, entre eles: 
• Tratamentos para aumentar a fertilidade: 
fertilização in vitro, indução da ovulação, 
superovulação e inseminação intra-uterina; 
 • Idade materna: a frequência de gêmeos 
dizigóticos aumenta de 2 a 3 vezes entre os 15 e os 
35 anos; 
• Raça negra; 
• Paridade: o aumento da paridade aumenta a 
probabilidade de gêmeos dizigóticos; 
• História familiar: presença de gêmeos na família 
materna; 
• Peso e altura maternos: mulheres obesas 
(IMC≥30Kg/m2) e altas (≥ 164cm) têm maior risco de 
ter gêmeos dizigóticos. 
DIAGNÓSTICO 
→A datação da gestação é feita usando a medida do 
comprimento cabeça-nádega (CCN) no USG e 
idealmente deve ser feito entre 11 e 13 semanas e 
6 dias. 
→O diagnóstico de zigotia tem menos importância 
que o de corionia. Pode-se definir uma gestação 
como dizigótica quando são identificados sexos 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
diferentes dos fetos, ou monozigótica quando é 
monocoriônica. Não é possível, no entanto, 
determinar pelo USG a zigotia quando se trata de 
gestação dicoriônica e dizigótica de fetos do 
mesmo sexo. 
→O melhor período para determinação da corionia 
e amnionia é o primeiro trimestre, antes das 10 
semanas. 
→Cada saco gestacional forma a própria placenta, 
portanto a presença de 2 sacos gestacionais 
implica em gravidez dicoriônica e 1 saco 
gestacional (com 2 batimentos cardiofetais) em 
gravidez monocoriônica. 
→A partir de 9 semanas o componente coriônico 
forma uma projeção entre as membranas 
amnióticas, formando o “sinal do lambda” ou 
“twin-peak sign”, característico de gestações 
dicoriônicas. 
→Já na gestação monocoriônica pode-se 
observar o sinal do “T” no final do primeiro trimestre 
que representa a fusão das membranas amnióticas 
adjacentes, inseridasna placenta. 
→É importante identificar cada um dos fetos para 
acompanhar o crescimento individual. Para isso são 
usados vários parâmetros como lado direito/ 
esquerdo da mãe, superior/inferior em relação ao 
abdome, sexo e localização das placentas. 
COMPLICAÇÕES MATERNAS 
Do ponto de vista materno ocorre com maior 
frequência anemia, hiperêmese gravídica, pré-
eclâmpsia, edema de membros inferiores, estrias 
gravídicas, complicações hemorrágicas da 
gestação (placenta prévia, descolamento 
prematuro da placenta), hemorragia pós-parto, 
rotura prematura das membranas ovulares, 
infecção puerperal, edema pulmonar e óbito. 
COMPLICAÇÕES FETAIS 
→O número de complicações na gestação 
monocoriônica é muito maior quando comparada 
à gestação dicoriônica. A taxa de morbimortalidade 
na monocoriônica antes das 24 semanas chega a 
ser 9 vezes maior que na dicoriônica. 
→ As gestações trigemelares ou de ordem maior 
podem ser mono ou polizigóticas, com diversas 
combinações de corionia e amnionia possíveis. 
→Os riscos de complicações são ainda mais 
elevados, principalmente de partos prematuros. 
PREMATURIDADE 
A duração média da gestação gemelar é de 
aproximadamente 35 semanas e para gestações 
trigemelares 32 semanas. Assim, o parto 
prematuro ocorre em cerca de 30 a 50% dos 
casos, sendo a prematuridade a principal causa 
de morbidade e mortalidade na gestação 
gemelar. 
→O risco de parto pré-termo é maior em 
gestações monocoriônicas. 
RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO 
O risco de restrição de crescimento em gestações 
gemelares é cerca de 10 vezes maior que em 
gestações únicas. Ocorre em um dos fetos em 
cerca de 34% das gestações monocoriônicas e 
em 23% das dicoriônicas. Diante do diagnóstico de 
restrição do crescimento de um dos fetos é 
importante investigar possíveis causas e instituir 
medidas de tratamento específicas, realizando 
acompanhamento ultrassonográfico para determinar 
o melhor momento para interrupção da gestação. 
CRESCIMENTO FETAL DISCORDANTE 
A taxa de crescimento fetal discordante é de 16%. O 
diagnóstico de discordância fetal é fundamentado na 
diferença entre as circunferências abdominais 
maior que 20mm ou entre os pesos fetais 
estimados >20% ou ainda diferença de 250 a 300g 
entre o gêmeo maior e o menor. 
→Pode ocorrer por diferenças na placentação, 
anormalidades na inserção do cordão, 
discordância quanto a malformações 
congênitas, síndromes genéticas ou infecções. 
PARADA DO DESENVOLVIMENTO 
EMBRIONÁRIO E ABORTAMENTO 
→O termo “washing twin” é usado nos casos em 
que o desenvolvimento de um dos embriões é 
interrompido em fase precoce da gestação. 
→Assim, a incidência em gestações múltiplas 
durante o primeiro trimestre é maior que a incidência 
no parto, devido à maior frequência de 
abortamentos nesses casos. 
→O diagnóstico é ultrassonográfico, não tendo na 
maioria dos casos qualquer manifestação clínica ou 
repercussão para o feto remanescente. 
ÓBITO FETAL 
Nas gestações monocoriônicas em que ocorre 
óbito de um dos fetos, o risco de óbito, sequelas 
neurológicas e parto pré-termo do outro gemelar 
se eleva. 
→Em gestações dicoriônicas não existem 
anastomoses vasculares entre as placentas, por 
isso o desequilíbrio hemodinâmico para o gemelar 
remanescente é mínimo. Quando ocorre o óbito de 
ambos os fetos a via de parto preferencial é a 
vaginal. 
SÍNDROME DE TRANSFUSÃO FETO-FETAL 
→Essa síndrome afeta em cerca de 10 a 15% das 
gestações monocoriônicas e ocorre devido a 
anastomoses vasculares arteriovenosas com 
desequilíbrio hemodinâmico entre os fetos. 
→ O gêmeo chamado “doador” apresenta anemia 
e restrição de crescimento grave, acompanhados 
de oligúria e oligodrâmnio, enquanto o gemelar 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
chamado “receptor” apresenta sobrecarga 
circulatória com policitemia e polidrêmnio 
podendo chegar a hidropsia. 
→Se não tratada o risco de morte fetal pode 
chegar a 90%. Os critérios diagnósticos para 
síndrome de transfusão feto-fetal (STFF) são: 
monocorionicidade, ausência de malformações 
estruturais, polidrâmnio na cavidade amniótica 
do feto receptor, cuja bexiga urinária se 
apresenta distendida e oligodrâmnio na cavidade 
do feto doador, cuja bexiga muitas vezes não é 
identificável. 
 
Para classificação da STFF existem os estágios de 
Quintero: 
 
Foram propostas muitas técnicas para o tratamento 
da STFF, entre elas as principais são a 
amniodrenagem seriada para o feto receptor e a 
cirurgia endoscópica intrauterina com laser para 
coagulação das anastomoses arteriovenosas, 
realizada antes de 26 semanas. 
FETO ACÁRDICO 
Também conhecida como sequência de perfusão 
arterial reversa do gemelar (TRAP). O gemelar 
acárdico apresenta diversas malformações além 
da ausência do coração, entre elas ausência de 
polo cefálico e alterações de membros 
superiores. 
→Esses fetos não sobrevivem após o 
nascimento. O outro gemelar atua como “bomba” 
levando sangue para o feto acárdico e dessa forma 
pode desenvolver insuficiência cardíaca, 
hidropsia ou morrer (50 a 70% dos casos). O 
tratamento é a oclusão do fluxo sanguíneo para o 
gêmeo acárdico através de ligadura endoscópica, 
coagulação com laser ou embolização dos vasos 
umbilicais. 
 
SEQUÊNCIA ANEMIA-POLICITEMIA DO 
GEMELAR 
É caracterizada pela diferença de Hemoglobina 
entre os fetos ao nascimento (>8g/dl), na ausência 
de discordância de volume do líquido amniótico. 
Ocorre devido a pequenas anastomoses 
vasculares (<1MM) que permitem o fluxo lento 
entre doador e receptor. A suspeita pode ser feita 
no pré-natal pelo doppler de artéria cerebral 
média, que mostra discordância: velocidade sistólica 
máxima > 1,5 MoM no gêmeo anêmico e < 1,0 MoM 
no gêmeo policitêmico. 
→Antes das 30 semanas o tratamento é feito com 
transfusão intravascular no feto anêmico e 
depois desse período com a interrupção da 
gestação. 
GÊMEOS UNIDOS 
É raro, acometendo cerca de 1:50.000 gestações. 
O diagnóstico pode ser feito pela USG. A união pode 
ocorrer por: 
• Polo cefálico (craniópagos); 
• Face anterior do tórax (toracópagos); 
• Face anterior do abdome (onfalópagos); 
• Face lateral com união das pelves e sínfise 
púbica única (parápagos); 
• Face anterior da região da pelve com dois 
sacros e duas sínfises púbicas (isquiópagos); 
• Face posterior da região pélvica (piópagos); 
• Ápice da cabeça a região umbilical 
(cefalópagos). 
A forma mais comum é a toracopagia. 
→O prognóstico depende do local, órgãos 
envolvidos e presença de eventuais 
malformações associadas. Quando o prognóstico 
é ruim pode-se tentar o parto vaginal (desde que as 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
dimensões dos fetos permitam a passagem), no 
entanto o mais comum é a realização de cesárea. 
 
ACOMPANHAMENTO PRÉ-NATAL 
Não existe um número mínimo de consultas pré-
natal definido como ideal para as gestações 
gemelares. Os exames laboratoriais são os mesmos 
preconizados para as gestações únicas. 
→Devido ao maior risco de anemia materna 
aconselha-se dosar a hemoglobina a cada 
trimestre. 
→A pesquisa para o estreptococo do grupo B é 
realizada entre 30 a 32 semanas devido à menor 
idade gestacional média no parto das gestações 
gemelares. Nas gestações monocoriônicas é 
recomendada a avaliação quinzenal a partir de 16 
semanas para investigar o diagnóstico de 
síndrome de transfusão feto-fetal. 
 
 
PARTO 
A idade gestacional ideal para a resolução da 
gestação é controversa. Uma prática comum é 
recomendar a resolução das gestações 
monocoriônicas com 36 semanas completas e 
das dicoriônicas com 38 semanas. As 
complicações mais comuns são distocias, 
apresentação fetal anômala, prolapso de cordão, 
descolamento prematuro de placenta e 
hemorragia pós-parto. 
→Para a escolha de via de parto são levados em 
consideração alguns aspectos, principalmente a 
viabilidade dos fetos, apresentação, estimativa 
de peso e paridade e idade gestacional. Para 
gestações a termo, quando o primeiro gemelar ou 
ambossão cefálicos, não havendo outras 
complicações, pode-se optar pela via vaginal. 
→Em casos em que o primeiro gemelar não é 
cefálico ou apresenta peso estimado menor que 
o segundo, com diferença maior ou igual a 500g, 
opta-se por cesárea. 
→ Para gestações pré-termo em que o peso 
estimado é menor que 1.500g, assim como nas 
gestações com 3 ou mais gemelares, a via 
recomendada também é a cesárea. Durante o 
parto costuma ser maior a mortalidade do segundo 
gemelar. 
 
 
 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
 
 
INFERTILIDADE E ESTERILIDADE 
A infertilidade, por sua vez, é considerada um 
problema de saúde pela OMS, e pode ser definida 
como ausência de gestação após 12 meses de 
tentativas, sendo tentativa caracterizada por uma 
vida sexual ativa (relações de 2 a 4 vezes por 
semana) sem a utilização de quaisquer métodos 
contraceptivos. 
→A infertilidade pode ser definida como primária, 
quando não há gravidez anterior, ou secundária, 
aquela na qual ocorreu pelo menos uma concepção 
anterior. 
Fertilidade= Aptidão para a reprodução x 
Fecundidade= Capacidade de um casal de 
conceber em um determinado período. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
A chance de alcançar uma gravidez é de: 
• 50% em 3 meses; 
• 60% em 6 meses; 
 • 85% em um ano. 
Daqueles que não engravidaram no primeiro ano, 
92% conceberão no segundo ano. Sabe-se que a 
mulher apresenta uma queda de aproximadamente 
11% da sua fertilidade, para cada ano, após os 30 
anos. Diante do exposto, orienta-se iniciar a 
investigação do casal infértil após, pelo menos, um 
ano de exposição sexual sem ocorrência de 
gravidez. 
→A investigação antes de um ano está 
justificada nas seguintes situações: 
• Mulheres com mais de 35 anos; 
• Ciclos menstruais irregulares; 
• História de doença inflamatória pélvica (DIP); 
• Diagnóstico ou suspeita de endometriose; 
• Cirurgias abdominais anteriores; 
• Problemas masculinos conhecidos. 
EPIDEMIOLOGIA 
Sabe-se que a chance de um casal normal, sem 
qualquer grau de infertilidade, de gravidez em um 
mês é de 20%. 
→De 7 a 15% dos casais em idade reprodutiva, 
entretanto, podem apresentar infertilidade. 
→Em um estudo da Organização Mundial de Saúde 
(OMS), foi relatado infertilidade por fator feminino 
em 37% dos casos, por fator masculino em 8% 
dos casos e infertilidade por fator masculino e 
feminino em 35% dos casais avaliados. O restante 
dos casais foi classificado com infertilidade 
inexplicável; 
 
CAUSAS 
A infertilidade pode advir de causas femininas, 
masculinas, uma junção de ambas as causas ou 
ser uma ISCA (infertilidade sem causa aparente 
ou infertilidade inexplicável). 
➔Dentre todas as causas, as de maior prevalência 
são: fatores ovarianos (principalmente os 
ovulatórios) representam 27%, fatores masculinos 
25%, fatores tubo peritoneais 22%, ISCA 17% e 
outros (envolvendo a junção de fatores masculinos 
e femininos) 9%. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
 
 
 
 
INVESTIGAÇÃO 
A investigação deve ser iniciada após 12 meses de 
tentativa sem sucesso. No entanto, a avaliação 
pode ser iniciada mais cedo, em mulheres com 35 
anos ou mais, mulheres com ciclos menstruais 
irregulares ou fatores de risco conhecidos para 
infertilidade, como histórico de DIP ou 
malformações do trato reprodutivo. 
➔ Essa investigação precoce se justifica pela perda 
de quantidade e qualidade dos óvulos. Devemos 
sempre lembrar que tempo é quantidade e qualidade 
de óvulos! 
Entre os fatores femininos, pode-se listar: 
• Tubário (14%); 
• Ovulatório (6%); 
• Diminuição da reserva ovariana (RO) ou fator 
ovariano (6%); 
• Endometriose (7%); 
 • Uterino (1%); 
 • Múltiplas causas (13%). 
 
 
➔Em se tratando de infertilidade, a investigação é 
sempre conjugal! Mesmo que o homem já tenha 
filhos de outras relações, tanto ele como a mulher 
devem sempre ser investigados. 
PROPEDÊUTICA BÁSICA DO CASAL 
A propedêutica básica do casal envolve a 
anamnese, o exame físico e alguns exames 
complementares específicos. 
→Com relação à anamnese voltada para a mulher, 
os pontos mais importantes são a duração da 
infertilidade, tratamentos anteriores e seus 
resultados, se realizados; história menstrual, 
envolvendo a duração e características do ciclo, 
de forma a avaliar o status ovulatório; patologias 
prévias; história cirúrgica e ginecológica, 
buscando condições, procedimentos ou uso de 
medicamentos associados à infertilidade (cabe 
aqui um interrogatório de sintomas que possam 
direcionar a investigação para alguma causa, como 
dor pélvica, entre outros); história obstétrica; 
história sexual, inclusive disfunções sexuais e a 
frequência de coito; história familiar para 
infertilidade, defeitos congênitos e mutações 
genéticas; hábitos de vida e história social, 
incluindo ocupação, nível de estresse, dieta, 
atividade física, abuso de substâncias ou 
qualquer outro fator que possa alterar a 
fertilidade. 
→Já para o homem, a anamnese deve ser 
direcionada para o desenvolvimento sexual e 
puberal, incluindo a presença de pelos no corpo 
e a descida testicular; histórico médico, 
avaliando a ocorrência de doença sistêmica 
grave crônica, história de traumatismo pélvico, 
infecções do trato gênito-urinário e IST’s, 
varicocele, entre outras patologias; história 
cirúrgica, principalmente de cirurgias 
envolvendo as áreas inguinal e escrotal, como a 
vasectomia ou orquiectomia; história de vida e 
social, abordando o abuso de substâncias, 
exposições ocupacionais ou mesmo radioterapia 
ou quimioterapia prévia; história sexual, 
questionando sobre libido, frequência de 
relações, além do histórico de fertilidade 
anterior. 
➔ O principal exame complementar utilizado na 
propedêutica para o homem é o espermograma, 
além dos exames pré-concepcionais quando 
pertinentes, como por exemplo sorologias para 
hepatites. 
 →Já os exames complementares para as mulheres 
são mais vastos, utilizados na dependência da causa 
subjacente à infertilidade. Podemos citar a 
Ultrassonografia Transvaginal (USGTV - para 
avaliação anatômica uterina), 
Histerossalpingografia (para avaliação da 
permeabilidade tubária), avaliação da presença de 
ciclos ovulatórios ou exames mais específicos 
para verificá-los, caso não seja possível inferir pela 
história. Além disso, deve-se solicitar os exames 
básicos pré-concepcionais (tipagem sanguínea, 
sorologias – HBV, HCV, HIV, Sífilis, Toxoplasmose e 
Rubéola – e TSH). 
 
FATOR OVARIANO 
Dentre os fatores ovarianos, podemos citar como 
causas de infertilidade a Síndrome dos Ovários 
Policísticos (SOP), tireoidopatias (principalmente 
o hipotireoidismo), hiperprolactinemia e baixa 
reserva funcional ovariana. 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
➔A SOP é a principal causa de anovulação 
crônica, sendo essa a endocrinopatia mais comum 
das mulheres no menacme, correspondendo a cerca 
de 80% dos casos de infertilidade por fator 
ovariano. 
Menacme: é o período fértil e reprodutivo da mulher, 
que vai desde a primeira menstruação, na menarca, até 
a última menstruação, na menopausa. 
→Trata-se de uma síndrome caracterizada por 
ciclos anovulatórios ou oligo-ovulação, 
hiperandrogenismo e múltiplos pequenos cistos 
ovarianos. Usualmente, a paciente busca 
atendimento médico por 3 quadros, sendo eles: 
ciclos anovulatórios (sangramento uterino 
irregular, oligomenorreia e até amenorreia), 
hiperandrogenismo (hirsutismo e acne, não sendo 
comum a virilização) e infertilidade. 
Além disso, a SOP pode se manifestar com quadros 
metabólicos como obesidade, resistência 
periférica à insulina, DM tipo II e dislipidemia, 
além de cursar com um risco independente 
aumentado para doenças cardiovasculares, devido 
ao estado inflamatório característico da doença. A 
SOP é um diagnósticode exclusão, sendo realizado 
através dos Critérios de Rotterdam. 
→O tratamento dessa síndrome envolve 
modificações do estilo de vida – que 
individualmente já aumentam o nível de ovulação -, 
indução de ciclos menstruais regulares e melhora do 
hirsutismo (através de anticoncepcionais orais, 
finasterida, espironolactona e tratamentos 
cosméticos). 
→As patologias da tireoide, principalmente o 
hipotireoidismo, estão associadas a alterações no 
ciclo menstrual, em sua duração e no volume de 
fluxo. Oligomenorreia e amenorreia são achados 
frequentes. Ainda que mulheres com hipotireoidismo 
leve possam ovular e engravidar, o tratamento com 
tiroxina é importante, auxiliando no retorno para o 
padrão menstrual normal, bem como aumentando 
a fertilidade. 
→Com relação ao achado de hiperprolactinemia, 
devem ser pesquisadas causas fisiológicas, 
farmacológicas ou secundárias ao aumento 
patológico de secreção hormonal. Na ausência de 
hipotireoidismo ou de causas farmacológicas, os 
estudos de imagem auxiliam no diagnóstico de 
tumores hiper produtores de prolactina, como os 
adenomas hipofisários. O seu tratamento primário 
será realizado através da administração de 
agonistas da dopamina. (CABERGOLINA). 
 
FATOR TUBO PERITONEAL 
 São fatores que envolvem patologias modificadoras 
da tuba uterina, podendo cursar com alterações 
anatômicas e aderências peritoneais, impedindo o 
movimento normal da tuba, a captura dos óvulos 
e o transporte desses para o útero, culminando 
na infertilidade. 
→Pode-se citar como causas mais comuns: Doença 
Inflamatória Pélvica (DIP), endometriose, 
cirurgias prévias e tuberculose prévia, sendo as 
duas primeiras causas muito mais prevalentes 
que as demais. 
→A doença inflamatória pélvica (DIP) é uma 
infecção do trato genital feminino superior (acima do 
orifício interno do colo do útero), envolvendo útero, 
tubas e ovário. Pode afetar também peritônio e 
órgãos abdominais adjacentes. Cerca de 85% dos 
casos são considerados IST’s. É uma infecção 
polimicrobiana causada por germes que ascendem 
do colo uterino, sendo os principais a Neisseria 
gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis. O 
quadro clínico mais comum envolve dor pélvica, 
podendo estar associado a corrimento vaginal 
purulento. O diagnóstico é elaborado a partir de 
critérios maiores, menores e elaborados. O 
tratamento com antibioticoterapia deve ser iniciado 
precocemente, para realizar a prevenção de 
sequelas, como a infertilidade. O tratamento 
ambulatorial de primeira linha preconizado pelo 
Ministério da Saúde (MS) é a Ceftriaxona + 
Doxiciclina + Metronidazol, de forma a cobrir 
gonococos, clamídia e germes anaeróbios; 
➔A endometriose, por sua vez, é caracterizada 
pela presença de tecido endometrial ectópico, 
usualmente na pelve (principalmente no ovário), 
mas também pode estar presente no intestino, 
diafragma e até na cavidade pleural. É encontrado 
em mulheres na menacme, já que é uma doença 
estrogênio-dependente. O quadro clínico se 
apresenta, normalmente, de três formas: de forma 
assintomática, um quadro de dor (dismenorreia, 
dor pélvica crônica e/ou dispareunia) ou através 
da infertilidade. Até metade das mulheres com 
infertilidade podem ter endometriose. Com relação à 
infertilidade, há uma grande dúvida sobre o que deve 
ser feito primeiramente: a cirurgia ou a fertilização 
in-vitro. Sabe-se que a cirurgia pode aumentar as 
taxas de gestação em pacientes com endometriose, 
mas também há o risco de diminuir a reserva 
ovariana caso ocorram abordagens ovarianas. 
→Algumas cirurgias, principalmente cirurgias 
abdominopélvicas, como a apendicectomia, 
possuem como possível complicação a manipulação 
inadequada de estruturas reprodutivas femininas, 
podendo vir a gerar a infertilidade. 
➔A tuberculose genital é uma forma rara de 
tuberculose, afetando principalmente as tubas 
uterinas e em seguida o endométrio. Usualmente 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
o seu quadro clínico já se apresenta através da 
infertilidade, devendo elevar o grau de suspeição 
para essa patologia diante de um quadro de 
infertilidade. Acomentimento raro. 
FATOR UTERINO 
Apesar de não ser uma das causas mais comuns de 
infertilidade, também podem estar associadas a ela. 
Dentre as causas que geram distorção da cavidade 
uterina e consequente menor fertilidade, podemos 
citar: A Síndrome de Asherman, na qual ocorrem 
sinéquias intrauterinas, ou seja, aderências ou 
cicatrizes usualmente resultantes de manipulação 
intrauterina, principalmente na curetagem. Esse 
quadro gera amenorreia secundária e 
infertilidade. 
→Outra causa uterina são os Leiomiomas uterinos, 
tumores de músculo liso benignos, que podem 
impedir a implantação do zigoto a depender da sua 
localização e tamanho, principalmente o mioma 
submucoso, que gera distorção da cavidade 
uterina. 
→Além disso existem os pólipos endometriais e 
lesões polipoides, tumores presentes na 
cavidade intrauterina e as anomalias congênitas, 
principalmente as alterações mullerianas, como 
útero septado, útero bicorno, útero unicorno, 
útero didelfo e agenesia uterina. Nesse caso, 
deve-se avaliar a cavidade uterina em si. Existem 
alguns exames que podem fazer essa avaliação, 
dentre eles: A Histeroscopia se caracteriza pela 
avaliação endoscópica da cavidade intrauterina, 
sendo o principal método para definir anormalidades 
no interior do útero. É o exame padrão ouro para tal 
avaliação e além de diagnóstico pode ser 
terapêutico, através da excisão de lesões. É um 
exame simples, apesar de minimamente invasivo, 
que pode ser realizado até em regime ambulatorial. 
Utiliza- se algum meio para distensão do orifício 
interno do colo uterino, permitindo a passagem 
de uma fibra ótica por ele, possibilitando a 
visualização da cavidade uterina. 
→A Histerossalpingografia é menos utilizada, 
nesse caso. 
→Por fim, existe a Histerossonografia, um USG 
com o auxílio da injeção de soro fisiológico na 
cavidade uterina, permitindo delinear melhor lesões 
na cavidade uterina, caso existam. Em alguns 
poucos casos podem-se utilizar também a 
ressonância magnética. 
 
FATOR MASCULINO 
As causas da infertilidade masculina podem ser 
divididas em 4 grupos principais, sendo eles os 
distúrbios endócrinos e sistêmicos (relacionados 
ao hipogonadismo secundário – hipogonadotrófico), 
defeitos testiculares na espermatogênese 
(corresponde de 65 a 80% dos casos de infertilidade 
masculina, sendo a maioria relacionados à 
dispermatogênese idiopática), distúrbios no 
transporte do espermatozoide e a infertilidade 
masculina idiopática (corresponde a um homem 
infértil com análise normal do esperma e sem causa 
aparente de infertilidade). 
→A infertilidade masculina pode estar relacionada 
com diversas doenças, como por exemplo a Fibrose 
Cística, em que há agenesia dos canais 
deferentes ou epidídimo e a Síndrome de 
Kallman, em que o indivíduo possui anosmia 
associada a hipogonadismo hipogonadotrófico. 
→Pode relacionar-se também com síndromes 
genéticas, como a de Klinefelter (cariótipo 47, 
XXY), que pode levar a hipogonadismo 
hipergonadotrófico, azoospermia e 
hipodesenvolvimento dos caracteres sexuais 
secundários. 
→A coleta do esperma deve ser realizada em 
ambiente laboratorial, pois o estudo da amostra deve 
ser realizado, no máximo, após uma hora de 
coletada. Cabe ressaltar, ainda que o homem deve 
respeitar um período de abstinência sexual de 2 a 
3 dias antes da análise, visto que períodos menores 
podem prejudicar a contagem de espermatozoides e 
maiores podem prejudicar à qualidade (motilidade e 
morfologia dos espermatozoides). 
→Nesse exame, devem ser avaliados 5 itens, sendo 
eles: volume de ejaculação (2-5mL), 
concentração de espermatozoides (≥15 
milhões/mL), motilidade – espermatozoides 
móveis e progressivos (≥32%), morfologia normal 
dos espermatozoides (≥4% – Critérios de Kruger e 
≥30% - Critérios da OMS) e concentração de 
leucócitos (<1 milhao). 
• Baixa motilidade = Astenozoospermia 
• Ausência de espermatozoide= Azoospermia 
• Diminuição da concentração de 
espermatozoides = Oligozoospermia 
• Morfologia alterada = Teratozoospermia 
TRATAMENTO 
Para o tratamento da infertilidade conjugal podem 
ser empregadas técnicas de baixa complexidade 
ou técnicas de alta complexidade, que diferem 
com relação ao nível de tecnologia utilizado. 
 
TÉCNICAS DE BAIXA COMPLEXIDADE 
 Existem basicamente duas técnicas de baixa 
complexidade. 
→O coito programado nada mais é que a 
programação de quando o coito deve ser 
realizado pelo casal, durante a janela fértil da 
paciente. Para utilizar essa técnica, a paciente deve 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
ter tubas normais e seu parceiro deve possuir um 
espermograma normal. 
→A Inseminação intrauterina corresponde, por sua 
vez, a injeção do sêmen na cavidade uterina, após 
a seleção dos espermatozoides móveis e 
morfologicamente normais, ocorrendo a 
fertilização no próprio organismo da mulher. Deve-se 
utilizar esse método quando as tubas uterinas 
forem normais, podendo haver fator masculino e/ 
ou ovulatório leve. 
→Nos métodos de baixa complexidade, administra-
se o HCG 34-36 horas antes do método, fármaco 
que mimetiza o pico de LH, gerando a ovulação e 
possibilitando a fertilização. Além disso, pode-se 
utilizar fármacos Indutores de Ovulação, sendo o 
mais comumente utilizado o Clomifeno, 
administrado do 5º ao 10º dia do ciclo menstrual, 
principalmente no contexto da SOP. Outros 
medicamentos que podem ser utilizados são o 
Letrozol e o FSH. 
TÉCNICAS DE ALTA COMPLEXIDADE 
→A principal técnica de alta complexidade é a 
Fertilização In-Vitro (FIV). Nesse caso, o embrião 
é formado fora do organismo da paciente e 
implantado na cavidade uterina. Tem como 
principais indicações doenças tubárias graves, 
espermograma ruim, doenças genéticas (pois é 
uma técnica que possibilita a seleção genética 
embrionária) e falhas com técnicas de baixa 
complexidade. 
→A paciente submetida à FIV utiliza alguns 
medicamentos para o procedimento, como o FSH 
(para estimular os folículos ovarianos), análogo ou 
antagonista de GnRH (evitando o pico endógeno de 
LH precocemente) e HCG, gerando a ovulação. 
Esse procedimento segue alguns passos: 
• Estímulo para a formação de mais folículos que 
o comum. 
• Realiza-se a captação dos óvulos antes do 
rompimento desses. 
• Fertilização ou Injeção intra-citoplasmática: 
junção do óvulo com o espermatozoide. A segunda 
técnica é utilizada quando há fatores masculinos 
proeminentes. 
• Transferência do embrião: implante do embrião 
na cavidade uterina. Pode ser realizado no mesmo 
ciclo ou em outro, quando se usa o método de 
congelamento. 
→Além do tratamento geral da infertilidade, algumas 
patologias específicas podem demandar 
tratamentos específicos. Tanto os pólipos 
endometriais, bem como o mioma submucoso e 
a síndrome de Asherman podem ser tratados 
através da histeroscopia cirúrgica. 
→Com relação à Endometriose, como abordado 
anteriormente, não existe um consenso em 
literatura, porém admite-se que a FIV poderia ser 
realizada antes do procedimento cirúrgico, em 
alguns casos. Deve-se analisar caso a caso, 
incluindo a sintomatologia da paciente. Devemos 
lembrar que a cirurgia pode tanto melhorar a 
fertilidade como piorar, caso sejam necessárias 
abordagens ovarianas durante o procedimento. 
 
 
ATEDIMENTO MÉDICO, DIAGNÓSTICO E 
CONDUTA FRENTE À INFERTILIDADE 
CONJUGAL 
Na anamnese, é preciso avaliar: 
• Idade; 
• Tempo de infertilidade; 
• Se a infertilidade é primária ou secundária. 
Estes três primeiros aspectos estão relacionados ao 
prognóstico do tratamento. Além destes, também 
têm importância: 
 • História menstrual (menarca, duração do ciclo, 
fluxo menstrual, dismenorreia, tensão pré-menstrual, 
muco); 
• História de contracepção prévia; 
• História obstétrica (gestações anteriores, 
abortamentos, curetagens); 
• História sexual (disfunções sexuais); 
• Frequência de coito (ideal: 2 a 3 vezes por 
semana); 
• Comorbidades (obesidade, hirsutismo, diabetes, 
alterações de tireoide, patologias autoimunes, 
hipertensão arterial, outras); 
• Cirurgias anteriores (principalmente pélvicas); 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
• História de internações com dor pélvica, DIP e 
uso regular de medicamentos; 
• Tabagismo, etilismo, uso de maconha e cocaína 
(promovem distúrbios na pulsatilidade, liberação dos 
hormônios e queda da espermatogênese). 
EXAME FÍSICO 
O índice da massa corporal (IMC) é um importante 
parâmetro que deve ser avaliado na mulher que 
deseja gestar, reduzindo o risco de complicações 
obstétricas e fetais; 
EXAME PÉLVICO 
Deve ser realizado em todas as pacientes 
(alterações inflamatórias, vulvovaginites, sinais de 
virilização, hímen íntegro, sinais de DIP). 
AVALIAÇÃO DO PARCEIRO 
O parceiro deve ser indagado sobre: 
 • Desenvolvimento puberal; 
• Presença de alguma disfunção sexual; 
• Passado de infecções sexualmente 
transmissíveis (IST) e/ou infecções 
geniturinárias; 
• Histórico de doenças que poderiam cursar com 
quadros de infertilidade masculina como: 
caxumba, varicocele, torções testiculares e 
traumas na região genital, cirurgias pregressas 
como hernioplastias e vasectomia, presença de 
infertilidade masculina na família; 
• Perguntar sobre o uso de anabolizantes e 
hormônios masculinos, em algum período da vida, 
devido à frequente associação com alterações 
seminais; 
• Perguntar sobre uso de drogas, álcool e 
tabagismo; 
• Perguntar se possui filhos e qual a idade do 
último. 
Exames complementares 
A propedêutica básica recomendada considera as 
principais causas de infertilidade conjugal: 
FATOR TUBÁRIO 
• Histerossalpingografia (HSG): deve ser realizada 
na fase folicular do ciclo menstrual (6º a 11º dia do 
ciclo). É considerado um teste confiável, sensível 
e não invasivo. Quando utilizado em mulheres de 
baixo risco para patologias nas trompas, limita o 
número de laparoscopias desnecessárias. O exame 
é solicitado nos níveis secundário e terciário. 
 
• Videolaparoscopia (VLP): geralmente, é indicada 
quando a HSG sugere alteração importante, história 
de cirurgia pélvica anterior, ISCA, suspeita clínica de 
endometriose e avaliação para reversão de 
salpingotripsia. Pode ser solicitado por qualquer 
médico da atenção primária, através de autorização 
para internação hospitalar (AIH) cadastrada no 
centro de saúde (CS). 
 
FATOR OVULATÓRIO 
O ciclo menstrual regular indica que, muito 
provavelmente, está ocorrendo ovulação. 
Entretanto, a presença de ovulação pode ser 
confirmada através do rastreamento de ovulação, 
com ultrassonografias seriadas. A reserva 
ovariana (RO) é avaliada através de testes 
realizados para quantificá-la, porém não se 
relacionam com a chance de gravidez, nem 
tampouco com a qualidade oocitária. Fatos estes, 
diretamente ligados à idade da mulher. Para 
avaliação dos distúrbios menstruais, pode-se utilizar 
as dosagens hormonais de hormônio folículo-
estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e 
hormônio antimülleriano (HAM). 
NÍVEIS SÉRICOS BASAIS DE FSH E LH 
Colhidos no terceiro dia do fluxo menstrual natural, 
preferencialmente. A relação LH/FSH é importante 
no diagnóstico etiológico da disfunção, predizendo o 
tratamento adequado para cada situação. Situações 
possíveis: 
• Hipogonadismo hipogonadotrófico (problemas 
hipotalâmico-hipofisários): FSH e LH são 
persistentemente baixos, associados, neste caso, a 
baixos valores de estradiol (menor que 40 pg/mL). 
• Anovulação: LH elevado e FSH normal, 
principalmente naquelas pacientes portadoras de 
hirsutismo, obesidade central e acne, a hipótese 
mais provável seria de Síndrome dos ovários 
policísticos (SOP). A SOP também pode estar 
Concepção e Formação do Ser Humano 
CONCEPÇÃO- THAIS M. SOUTO 
presente na relação normal de LH/FSH, constituindo 
a anovulação normogonadotrófica e, com 
frequência, associa-se ao aumento da resistência 
periférica à insulina. 
• Hipogonadismo

Mais conteúdos dessa disciplina