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Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro O que é? A pele é o maior órgão do corpo humano, que é o local de diversas interações celulares e moleculares. Protege da perda de fluidos, lesões mecânicas e têm papel como uma das primeiras linhas de defesa contra agentes infecciosos e físicos potencialmente prejudiciais. No entanto, a pele também é um órgão sensorial altamente sofisticado, e ainda possui papel endócrino importante, particularmente a síntese da vitamina D, que é estimulada pela exposição ao sol. É composta por vários tipos de células e estruturas que funcionam de forma interdependente e cooperativamente. Ceratinócitos: Células epiteliais escamosas Melanócitos: Produtoras de melanina (pigmento marrom contra radiação UV) Células dendríticas: Células de Langerhans; importantes células de defesa (apresentam antígneos). Linfócitos: Quando estimulados pelas células dendríticas migram para a pele; as células T expressam uma molécula de adesão chamada de antígeno associado a linfócitos cutâneos (CLA) e de quimiocinas. As células T infiltrantes geralmente incluem células T auxiliares (CD4 +), citotóxicas (CD8 +) e reguladoras (Treg). Fibras nervosas aferentes, eferentes e células de Merkel: localizadas na camada basal do epitélio e podem ter funções neuroendócrinas e mecanorreceptoras. Glândulas sudoríparas e folículos pilosos: capazes de regenerar as estruturas epiteliais superficiais da pele, que podem ser destruídas por trauma, queimaduras e outros tipos de lesões (nichos de céluals-tronco = Anexos da pele. Nomenclatura Aspectos macroscópicos: Escoriação Epiderme rompida (ralado – carne viva) Liquenificação Pele áspera; geralmente é causada por atrito repetido Mácula e mancha Lesões planas e circunscrita; possui cor diferente da pele ao redor; mancha é maior que 5mm e mácula é menor Pápula e nódulo Lesão elevada; mais arredonda com topo achatadinho; nódulo é maior que 5mm e pápula é menor Placa Lesão elevada e achatada; geralmente > que 5mm Pústula Lesão elevada, discreta (pequena) e com pus Escama Lesão seca, excrescente (se solta), em placa – Lesão de queratina Vesícula e bolha Lesão elevada, com líquido; bolha tem mais que 5mm e vesícula tem menos Aspectos microscópicos: Acantose Epiderme com hiperplasia (espessura maior que o normal) Disceratose Ceratinização anormal e prematura abaixo da granulosa Erosão Perda incompleta da epiderme Exocitose Células inflamatórias na epiderme Balonização ou tumefação Edema dentro dos ceratinosos (intracelular) Hipergranulose Camada granulosa está hiperplásica Pele Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro Papilomatose Superfície mais elevada causada por aumento das papilas dérmicas (hiperplásicas) Paraceratose Camada córnea mantém núcleos (ceratinócito normalmente não tem núcleo) Espongiose Edema entre as células, na epiderme Ulceração Perda completa da epiderme Vacuolização Vacúolos dentro ou adjacente às células basais Por vezes, a presença ou ausência de um aspecto microscópico já faz com que feche diagnóstico – Importante conhecer. Distúrbios da pigmentação e dos melanócitos São eles: Sarda (efélide), lentigo, nevos melanocíticos e melanoma. Sarda (efélide) As sardas são as lesões pigmentadas mais comuns da infância em indivíduos de pele clara; aparecem em áreas fotoexpostas. São máculas pequenas (a partir de 1 mm de diâmetro), vermelho-acastanhadas ou marrom claras, que aparecem após a exposição solar. Uma vez presentes, as sardas desaparecem e reaparecem de modo cíclico durante o inverno e o verão, respectivamente. Isso não ocorre devido às alterações no número de melanócitos, mas sim ao grau de pigmentação. A hiperpigmentação das sardas resulta do aumento da quantidade de melanina nos queratinócitos basais. Lentigo Hiperplasia de melanócitos localizada, benigna e comum que pode ocorrer em todas as idades, mas frequentemente se inicia em lactentes ou na infância. Essas lesões podem envolver as membranas mucosas, assim como a pele, e consistem em pequenas (5 a 10 mm de diâmetro) máculas ou manchas ovais, acastanhadas. Ao contrário das sardas, o lentigo não escurece quando exposto à luz solar. O aspecto histológico essencial de um lentigo é a hiperplasia melanocítica linear (não agrupada) restrita à camada basal. Nevos Melanocíticos Nevos melanocíticos (coloquialmente conhecidos como sinais e pintas) são neoplasias benignas comuns, na maioria das vezes causadas por mutações de ativação adquiridas em componentes da via de sinalização Ras. A maioria de nós já teve pelo menos alguns nevos e provavelmente os considerou sem importância. Os nevos melanocíticos adquiridos são o tipo mais comum e são encontrados em praticamente todos os indivíduos. Existem vários subtipos; apesar de serem comuns, é preciso ter atenção e fazer exame minucioso. Patogenia: Mutações de ativação na via de sinalização Ras – Maioria das vezes; o Mutações em NRAS ou BRAF (que é mediador positivo de sinais de Ras) o Sinais de Ras são potentes transformadores (induzem proliferação celular), mas há o efeito da senescência induzida por oncogene o Acúmulo de p16/INK-4a inibe cinases dependentes de ciclinas (CDK4 e CDK6) = Efeito protetor – Não deixa que o crescimento seja permanente. Os nevos melanocíticos comuns adquiridos apresentam-se: Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro Podem ser de máculas a pápulas Bordas regulares e arredondas Coloração acastanhada até marrom mais escuro, mas a pigmentação é toda uniforme Lesões pequenas, de até 6mm, geralmente Evolução: juncionais (só na junção), compostos (na junção e na derme) e intradérmicos (só na derme) – Está nessa ordem na figura Aspecto histológico: Pele normal = Área rosa claro Grupamento de células névicas = Área de maior densidade de núcleos logo abaixo da derme normal (roxinho) Células névicas tipo A: Mais superficiais, são maiores e com mais citoplasma; aspecto epitelióide e arranjo em ninhos. Células névicas tipo B: Em direção à profundidade, mostram-se arredondas e ficam menores, com menos citoplasma. Células névicas tipo C: Na porção mais profunda, são mais alongadas ou fusiformes. Esta progressão da superfície à profundidade corresponde a um processo de maturação das células névicas = Isso mostra que está sendo normal, que é benigno. Os nevos displásicos são possíveis precursores de melanoma, sendo utilizados marcadores de risco aumentado para melanoma. Isso não quer dizer que melanoma precisa ter nevo displásico como precursor e nem que todo ND vira melanoma. Na verdade, assim como os nevos convencionais, os nevos displásicos também possuem, com frequência, mutações ativadoras adquiridas nos genes NRAS e BRAF. Essas pessoas muitas vezes possuem mutações de perda de função herdada no gene CDKN2A e no TERT (o gene que codifica a subunidade catalítica de telomerase). Morfologia: Geralmente maiores que os nevos comuns Máculas ou pápulas Em alvo (centro escuro com periferia irregular) Áreas fotoexpostas ou não De forma geral, há envolvimento de epiderme e derme, há atipia citológica e há hiperplasia lentiginosa – ninhos de células névicas formam pontes entre as papilas. Associado a derrame de pigmento na derme, infiltrado de inflamação, fibrose linear discreta. Melanoma ★ É uma neoplasia maligna (câncer). O principal fator causal relacionado é a radiação UV da luz solar, mas não é tão simples, já que nem todos os melanomas surgem em áreas fotoexpostas (superfícies da mucosa oral e anogenital, esôfago, meninges e o olho). Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro A incidência de melanoma está maior, mas os casos curados também Tratamento está sendo feito adequadamente. Cerca de 90% doscasos são adquiridos. As mutações “motorista” mais frequentemente envolvidas com o melanoma afetam o controle do ciclo celular, as vias estimuladoras do crescimento, e a telomerase. As mais comuns são: Mutações que alteram genes de controle do ciclo celular: Gene CDKN2A é um locus complexo que codifica três genes supressores tumorais diferentes, destes, a perda de p16/INK4a está claramente envolvida com o melanoma humano. Mutações que ativam as vias de sinalização estimuladoras do crescimento: Resulta no aumento aberrante da sinalização de RAS. Mutações que ativam a telomerase: A reativação da telomerase, enzima que preserva os telômeros e protege as células da senescência, há muito tempo é conhecida por ser importante em casos de câncer. As mutações do promotor de TERT criam novos sítios de ligação para fatores de transcrição da família de Ets, que são conhecidas por serem super- reguladas por sinalização BRAF, proporcionando uma ligação mecânica entre esses dois eventos oncogênicos. Esses resultados sugerem fortemente que as mutações que ativam a telomerase têm um papel essencial no desenvolvimento da maioria dos melanomas. Sinais clínicos importantes do melanoma: ABCDE A: Assimetria B: Bordas irregulares C: Cor D: Diâmetro E: Evolução Geralmente são assintomáticas, com prurido e dor. Se passar de 6mm, passa a ser muito suspeito de ser maligno. Morfologia – Laudo AP do Melanoma ➔ O crescimento radial descreve a propagação horizontal de melanoma dentro da epiderme e da derme superficial, como ele se espalha. Durante o estágio inicial, as células tumorais não têm a capacidade de metastatizar. Os tumores nessa fase de crescimento radial se enquadram em vários subtipos clinicopatológicos, incluindo o lentigo maligno, que geralmente se apresenta como uma lesão indolente na face de homens mais velhos e permanece na fase de crescimento radial por várias décadas; ➔ Já a fase de crescimento vertical, durante a qual as células tumorais invadem em direção as camadas dérmicas mais profundas como uma massa expansiva. Quanto maior, mais chance de metástase. É a distância medida da porção superficial até a porção mais profunda da derme. Essa medida é conhecida como a espessura de Breslow.(dado em mm; quanto maior = pior prognóstico) ➔ Nivel anatômico de Clark (“onde está”): 1. É o “in situ” – crescimento radial apenas 2. Presente na derme papilar 3. Presente e preenche a derme papilar 4. Presente na derme reticular 5. Invasão do subcutâneo ➔ Número de mitoses – Quanto maior o índice mitótico (quantas mitoses tem em 1 mm2), pior prognóstico. ➔ Tumor ulcerado é pior. ➔ Evidência de Regressão: Supõe resposta imune do indivíduo (ausente, presente em menos de 75% da lesão ou mais). Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro ➔ Linfócito intratumoral (LIT): mostra a infiltração linfocitária que pode estar ou não presente ➔ Linfonodo positivo: pesquisa de linfonodo sentinela, quando positivo, pior prognóstico. Normal x Crescimento radial Fase de crescimento vertical. Progressão tumoral em nevos: Fases em ordem: Hiperplasia lentiginosa (ao longo da camada basal com atipias citológicas) Atipia aumenta e começa o crescimento radial (horizontal) Início do crescimento vertical Segue invadindo e pode chegar a metastatizar em vasos sanguíneos e linfáticos. Tumores epiteliais benignos São eles: Ceratose seborréica, acantose nigricans, pólipo fibroepitelial, cisto folicular e cisto triquilemal. Ceratose seborreica Ocorrem com mais frequência em indivíduos de meia-idade ou mais velhos. Surgem espontaneamente e são particularmente numerosos no tronco, embora as extremidades, cabeça e pescoço também possam estar envolvidos. Patogenia: Mutações de ativação no receptor-3 do fator de crescimento de fibroblastos (FGFR3), um receptor de tirosinacinase, são encontradas em muitas ceratoses seborreicas esporádicas e acredita-se que conduzam o crescimento do tumor. Morfologia: Placas ceratóticas, de tamanhos variados, bem delimitadas; esféricas e planas, em forma de moeda. Uniformemente castanhas ou marrom-escuras Superfície aveludada a granulosa. Hiperceratose. Cistos córneos. Pigmentação ou não, com poros preenchidos por ceratina. Acantose Nigricans A acantose nigricans pode ser um sinal cutâneo importante de várias doenças benignas e malignas subjacentes (80% benignas) É uma condição marcada pela presença de pele hiperpigmentada e espessa com textura do “tipo aveludada” que frequentemente aparece nas áreas flexoras (axilas, dobras da pele nas regiões do pescoço, virilha e anogenital). Patogenia: Alteração que leva ao aumento na sinalização do receptor do fator de crescimento na pele. Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro A forma familiar está associada a mutações germinativas de ativação no receptor de tirosina-cinase FGFR3, o mesmo receptor que é frequentemente mutado em ceratoses seborreicas. Morfologia: Ondulação e aumento de epiderme e papila dérmica para formar reentrâncias. Pode-se observar uma hiperplasia variável, além de hiperceratose e ligeira hiperpigmentação da camada de células basais Não hiperplasia melanocítica. Pólipo fibroepitelial/ Acrocórdon É uma das lesões cutâneas mais comuns; são esporádicos e sem grandes repercussões clínicas. Morfologia: São tumores macios, em forma de bolsas, da cor da pele, muitas vezes ligados à pele ao redor por um delgado pedículo. Em geral, os pólipos fibroepiteliais não apresentam grandes consequências, mas podem, ocasionalmente, estar associados a diabetes, obesidade e polipose intestinal. Histologicamente: Epitélio escamoso benigno + eixo fibrovascular. Cisto folicular Muito comum; ocorrem devido invaginação e dilatação cística da epiderme ou de um folículo piloso. Podem romper devido a trauma Resposta inflamatória com a queratina na pele. Tumores epiteliais malignos ou pré-malignos Ceratose actínica É a pele com fotodano (danificada pelo Sol). É uma lesão precursora, podendo evoluir para câncer. Há hiperceratose, de aspecto áspero, numa pele que já possui evidências de dano por luz solar. Podem originar corno cutâneo, que precisa ser retirado. A base desse corno deve ser observada com atenção, já que ali pode já haver câncer. Quando a “ceratose” actínica acontece na mucosa é chamada de queilite actínica – Nos lábios, por exemplo. Morfologia: São tumores pequenos, geralmente menores do que 1 cm de diâmetro. Eles são tipicamente marrom escuros, vermelhos ou da cor da pele e têm uma consistência semelhante a uma lixa áspera. A derme superficial contém fibras elásticas espessas, azulacinzentadas (elastose), um provável resultado da síntese de fibras elásticas anormais por fibroblastos lesados pelo sol Elastose solar. Não há invasão da derme. A atipia citológica é restrita às camadas inferiores da epiderme. Carcinoma de células escamosas O carcinoma de células escamosas é o segundo tumor mais comum que surge em locais expostos ao sol em pessoas de idade mais avançada, superado apenas pelo carcinoma basocelular. São lesões geralmente são bastante invasivas e envolvem o tecido subcutâneo. Patogenia A causa mais importante dos carcinomas de células escamosas cutâneas é a lesão do DNA induzida pela exposição à luz UV. A incidência do tumor é proporcional ao grau de exposição solar durante a vida. A incidência de mutações no TP53 nas ceratoses actínicas detectadas em caucasianos é alta, sugerindo que a disfunção no p53 é um evento precoce no desenvolvimento dos tumores induzido pela luz solar. Normalmente, o dano ao DNA causado pela luz UV é percebido por cinases com pontos de checagem, tais como ATM e ATR, Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro cujos sinais enviados estimulama expressão e a estabilidade do p53. Morfologia Os carcinomas de células escamosas que não invadiram a membrana basal da junção dermoepidérmica (denominados carcinoma in situ) aparecem como placas eritematosas, escamosas e bem definidas. Na fase avançada, as lesões invasivas são nodulares, apresentam produção variável de queratina (reconhecidas clinicamente como escama hiperceratótica) e podem ulcerar. Esses tumores podem ser tão pouco diferenciados que reações pela técnica de imuno-histoquímica são necessárias para confirmar o diagnóstico. São muito agressivos localmente e podem ulcerar. Doença de Bowen – CEC in situ. Eritroplasia de Queyrat é o CEC in situ no pênis. Carcinoma basocelular O carcinoma basocelular é um tumor cutâneo localmente agressivo que está associado a mutações que ativam a via de sinalização Hedgehog. O carcinoma de células basais é a neoplasia invasiva mais comum em humanos. Esses tumores apresentam crescimento lento e raramente produzem metástase. No entanto, um pequeno número de tumores é localmente agressivo e potencialmente desfigurante, ou pode mais raramente metastizar. Acometem locais expostos ao sol em adultos idosos levemente pigmentados. Patogenia Relacionado a mutações que causam ativação de vias estimuladoras de genes que mantém o crescimento e o desenvolvimento de células tumorais Morfologia Pápulas peroladas (pode ser placa) que contêm numerosos vasos sanguíneos subepidérmicos dilatados (telangiectasias). Alguns tumores contêm melanina (pigmentados) e, por isso, são semelhantes aos nevos melanocíticos ou melanomas. Podem ulcerar Característica histológica: Células basalóides, em paliçada na periferia, e a maioria possui retração. Diagnóstico diferencial com TU de anexos (principalmente pela retração). Dermatoses inflamatórias agudas São elas: Urticárias, eczemas e eritema multiforme. De modo geral, as lesões agudas duram de dias a semanas e são caracterizadas por infiltrado inflamatório (normalmente composto mais por linfócitos e macrófagos que neutrófilos), edema e graus variados de lesão epidérmica, vascular ou subcutânea. Urticária É um distúrbio comum causado por degranulação mastocitária Aumento da permeabilidade vascular dérmica. Manifesta-se como placas (pápulas pequenas ou placas grandes) edemaciadas e Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro eritematosas, podendo haver formação de angioedema (derme profunda e hipoderme). As lesões em si desaparecem em horas, mas os episódios podem durar poucos dias ou até meses. O fator causal geralmente não é identificado e não há alteração na epiderme. Os aspectos histológicos da urticária podem ser muito discretos Infiltrado inflamatório discreto, mononuclear, perivascular... Dermatite eczematosa aguda São reações inflamatórias mediadas por células T e possuem vários subtipos: Contato, atópica, fotoeczematosa... Dermatite de contato: Reação química na epiderme modifica proteínas que passam a agir como antígenos Células de Langerhans apresentam esses antígenos às células TCD4 Na reexposição, os TCD4 de memória são ativados e levam à liberação de quimiocinas e citocinas. Eritema, prurido e etc Todos os tipos de dermatite eczematosa são caracterizados por lesões papulovesiculares avermelhadas, secretivas e crostosas, que, se persistentes, desenvolvem acantose e hiperceratose reacionais, produzindo placas sobre-elevadas. A espongiose caracteriza a dermatite eczematosa aguda, daí o sinônimo histológico de dermatite espongiótica Característica histológica marcante. Ao contrário da urticária, na qual o edema está restrito a derme superficial, o edema na dermatite espongiótica infiltra-se nos espaços intercelulares da epiderme, separando os queratinócitos, particularmente localizados no estrato espinhoso. A ruptura mecânica dos sítios de ligação intercelular (desmossomos) e das membranas celulares pelo acúmulo progressivo de fluido intercelular pode resultar na formação de vesículas intraepidérmicas. Tais lesões estão sujeitas a superinfecção bacteriana, produzindo uma crosta amarela (impetiginização). No decorrer do tempo, as lesões persistentes tornam-se menos “úmidas” (não contêm exsudato ou vesículas), ficando progressivamente hiperceratóticas e acantóticas. Recrutamento das células e liberação de quimiocinas e citocinas Inicia com espongiose Acantose, se cronificar (lesão mais seca) e hiperceratose. Eritema multiforme O eritema multiforme é uma reação de hipersensibilidade incomum e autolimitada a Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro certas infecções e medicamentos. Pode estar presente em qualquer faixa etária. É caracterizado pela destruição de queratinócitos mediada por linfócitos T citotóxicos CD8 + que se alojam na pele. A apresentação clínica é variada (multiforme); Síndrome de Stevens-Johnson: Envolvimento extenso de pele e até de mucosa Febril Erosões e crostas hemorrágicas podem surgir Dermatoses inflamatórias crônicas Por outro lado, as lesões crônicas persistem por meses ou anos e estão frequentemente associadas a alterações no crescimento epidérmico (atrofia ou hiperplasia) ou à fibrose da derme. Psoríase Base etiopatogênica auto-imune e resulta da interação de fatores genéticos e ambientais. Pode se apresentar em qualquer faixa-etária. Patogenia: Antígenos envolvidos ainda não totalmente conhecidos TDC4 Th1 e TCD8 ativados migram para a pele e acumula na epiderme Indução de secreção de citocinas e fatores de crescimento Apresentação típica (morfologia): Placa bem delimitada, rósea, recoberta por escamas branco-prateadas pouco aderentes. Locais mais acometidos: Cotovelos, joelhos, couro cabeludo, interglúteo, lombossacral e glande. Unhas podem estar acometidas. Histologicamente, os clássicos exibem: acantose regular, hipogranulose, paraceratose extensa, adelgaçamento suprapapilar, pústulas (coleção de neutrófilos) espongiformes e/ou microabscessos de Munro (coleção de neutrófilos no espaço córneo). Dermatite seborreica Mais comum que a psoríase; acomete locais com grande quantidade de glândulas sebáceas. o Não confundir com ceratose seborréica e nem com distúrbios de glândulas sebáceas. A etiopatogenia ainda é desconhecida, mas há associação com aumento na produção de sebo. Apresentação: Máculas e pápulas de base eritemato-amareladas, associadas à descamação e crostas. Exemplo clínico: caspa Aspectos histológicos comuns a outras dermatites e psoríase. No começo fica mais espongiótica e com o tempo vai ficando acantosa. Doenças bolhosas Podem ser inflamatórias ou não inflamatórias; independente disso, algumas podem ser fatais. Pênfigo É uma doença bolhosa inflamatória causada por anticorpos IgG que atacam as desmogleínas. Isso resulta na ruptura das ligações intercelulares na epiderme/epitélio da mucosa. Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro Não há predileção por sexo e existe um leve aumento de casos na faixa etária dos 40 aos 60 anos. Existem vários subtipos/variantes. o Aspectos comuns: acantólise (quebra da ligação das células da epiderme = queratinócitos soltos, que viram células acantolíticas esféricas); infiltração inflamatória na derme superficial em graus variados. o Aspectos distintos principais: “Posição” da bolha, acometimento ou não de mucosa. Pênfigo vulgar: É o mais comum Pele e mucosa Lesões superficiais que rompem facilmente – Pode evoluir com erosão, que deixa área exposta – Pode formar crosta Bolha suprabasal Pênfigo vegetante: Raro Não apresenta bolhas Placas vegetantes úmidas e verrucosas Bolha suprabasal Pênfigo foliáceo: Endêmico no Brasil – Era chamado de fogo selvagem Mais benigno Raro acometimento de mucosa Bolhas muito superficiais (logo abaixo dacamada córnea) Áreas de eritema e crostas, já que rompe com muito facilidade Bolha na granulosa Pênfigo eritematoso: É a forma localizada e mais branda do fogo foliáceo. Penfigóide bolhoso O penfigóide bolhoso apresenta uma ampla variedade de apresentações clínicas e geralmente afeta indivíduos idosos. Os sítios de envolvimento incluem a região interna das coxas, superfícies flexoras dos antebraços, axilas, virilha e porção inferior do abdome; às vezes tem prurido. Também é causado por autoanticorpos, mas nesse caso eles se ligam a proteínas que fazem a adesão dos ceratinócitos À membrana basal – Perda das proteínas de adesão = Queratinócitos descolam e formam a bolha. Portanto, ocorre formação de bolhas tensas sobre a pele, que pode estar normal ou eritematosa. Essas bolhas não se rompem facilmente. Como não há agressão da derme, geralmente ocorre cura sem cicatriz. NÃO são bolhas acantolíticas, são bolhas subepidérmicas, não intra. Fisiopatologia – Anna Carolina Ribeiro Pênfigo foliáceo Pênfigo vulgar Penfigóide bolhoso Infecções A pele frequentemente é acometida por microrganismos, parasitas e insetos. Já discutimos o possível papel das bactérias na patogenia da acne comum, e as dermatoses causadas por vírus são muito numerosas para que sejam listadas aqui. Em indivíduos imunocomprometidos, infecções cutâneas normalmente insignificantes podem se tornar uma ameaça à vida Vírus: Verrugas e molusco contagioso Bactérias: Impetigo Fungos (superficiais): Tínea Verrugas Causadas pelo HPV, são lesões escamoproliferativas e podem acometer qualquer faixa etária; mais comum em crianças (verruga vulgar) Geralmente são autolimitadas. Transmissível por contato direto e autoinoculação. Classificação: Verruga vulgar: É o mais comum Verruga plantar/palmar: Aspecto de calo Condiloma acuminado: Aspecto de couve-flor Mais perigoso; sexualmente transmissível Aspectos histológicos: Epiderme hiperplásica papilomatosa, coilocitose, grânulos cerato- hialinos e hipergranuloses. Molusco contagioso Muito comum em crianças, sendo transmitido por contato direto. É autolimitado. Transmitido pelo Poxvírus, apresenta-se como pápulas umbilicadas firmes, prurigrinosas, róseas ou cor da pele. Aspectos histológicos: Hiperplasia da epiderme em forma de cálice + inclusão citoplasmática eosinofílicas/azul-claro. Impetigo Infecção bacteriana superficial (S. aureus), sendo comum até mesmo em crianças sadias. É contagiosa e não envolve a derme. Patogenia: Resposta inata que leva à destruição da epiderme, com formação de exsudato local e crosta. Apresentação: Mácula eritematosa seguida do surgimento de pequenas pústulas que se rompem e formam crostas. Aspectos histológicos: Coleção de neutrófilos na camada córnea + alterações epidérmicas reacionais inespecíficas + inflamação discreta e inespecífica da derme superficial. Tinea Micose superficial Limitada à epiderme, pelos e unhas. Causada por fungos dermatófitos; são classificadas conforme a área de acometimento.