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E-BOOK GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO I Aspectos históricos das unidades de conservação APRESENTAÇÃO Unidades de conservação (UCs) são territórios protegidos por decreto do governo, com limites definidos, que têm características naturais importantes e ricas em biodiversidade. Por essas características, é preciso garantir a sua proteção e a conservação de seus recursos. Trata-se de um modelo que teve origem inicialmente por meio do Decreto no 23.793, de 23 de janeiro de 1934, que cria o primeiro Código Florestal brasileiro. No Brasil, há parques federais, estaduais e municipais, criados e geridos pelo proponente, seja a nível federal, dos Estados ou mesmo dos Municípios. Qualquer que seja a sua autarquia, é regido pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza – SNUC, criado pela Lei no 9.985, de 2000. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, criado pela Lei no 11.516, de 28 de agosto de 2007, é a autarquia de gestão das UCs federais, por exemplo. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar aspectos históricos da conservação das áreas naturais no Brasil e no mundo e a história das primeiras UCs brasileiras. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os aspectos históricos da conservação das áreas naturais no mundo.• Relacionar os aspectos históricos da conservação das áreas naturais no Brasil.• Reconhecer a história das primeiras UCs brasileiras.• DESAFIO Atualmente, é possível notar que a proteção de áreas no Brasil é muito frágil, pois as UCs passam por longos processos para sua criação, muitas vezes levando anos para serem concretizadas. Porém, podem facilmente ser extintas quando os interesses são outros. Você é gestor de uma UC de uso sustentável e precisa impedir que essa área seja extinta. Para tanto, é necessário convencer a população sobre a importância da preservação de áreas naturais. Para isso, elabore um documento explicando, a partir dos conceitos aprendidos, como são as UCs e explanando a dificuldade de criação de uma UC por meio de fatos históricos. INFOGRÁFICO As unidades de conservação são importantes áreas protegidas que têm recursos necessários para a sobrevivência e que, além disso, podem abrigar também espécies ameaçadas de extinção. Conforme aconteceu a evolução das leis relacionadas às UCs, os tipos de manejos e categorias foram sofrendo mudanças. Veja no Infográfico a seguir como isso ocorreu. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO As unidades de conservação são importantes áreas protegidas para a preservação dos recursos naturais. Para que você entenda o motivo da criação de UCs, é importante conhecer de que forma funciona a interação dos organismos com os recursos naturais, fontes da vida. Na obra Gerenciamento de unidades de conservação, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo Aspectos históricos das unidades de conservação. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Aspectos históricos das unidades de conservação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Identi� car os aspectos históricos da conservação das áreas naturais no mundo.  Relacionar os aspectos históricos da conservação das áreas naturais no Brasil.  Reconhecer a história das primeiras UCs brasileiras. Introdução Unidades de Conservação (UCs) são territórios que possuem características naturais importantes e ricas em biodiversidade, protegidos por decreto do governo, com limites definidos, a fim de garantir a proteção e a conserva- ção de seus recursos. É um modelo que teve origem inicialmente com o Decreto nº 23.793 de 23 de janeiro de 1934, que criou o primeiro código florestal brasileiro. No Brasil, há parques federais, estaduais e municipais, criados e geridos pelo proponente, seja a nível federal, dos Estados ou mesmo dos municípios. Qualquer que seja a sua autarquia, são regidos pelo Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza (SNUC), que surgiu pela Lei nº 9.985, de 2000. O Instituto Chico Mendes de Con- servação da Biodiversidade (ICMBio), criado pela Lei nº 11.516 de 28 de agosto de 2007, é a autarquia de gestão das UCs federais, por exemplo. Neste texto, você vai estudar aspectos históricos da conservação das áreas naturais no Brasil e no mundo e a história das primeiras UCs brasileiras. U N I D A D E 1 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 1 08/12/2017 14:45:09 Aspectos históricos da conservação das áreas naturais no mundo As primeiras áreas protegidas surgiram com o propósito de reservar áreas para utilização de seus recursos e para caça. Essas áreas benefi ciavam apenas integrantes de classes privilegiadas da sociedade, ou seja, o objetivo inicial das áreas de preservação não era a preservação ambiental. As áreas naturais são bens preciosos para a humanidade. Nelas estão os recursos necessários para a sobrevivência. A proteção de determinadas áreas naturais surgiu a partir da necessidade do homem de preservar esses locais para seu lazer, reserva alimentar, proteção das águas, preservação da fauna e da flora e manutenção do meio biótico e abiótico. Com o passar do tempo, foram se estabelecendo diversos tipos de unidades, com certos critérios e formas de usos. Em 1864, George Perkins Marsh fez o primeiro movimento nos Estados Unidos, publicando um livro chamado Man and Nature (“Homem e Natureza”), clássico da crítica ambiental norte-americana, no qual demonstrava que a utili- zação desenfreada dos recursos e a destruição do mundo natural ameaçavam a própria existência do homem sobre a terra. A partir disso, foi criada a primeira área natural, ou unidade de conservação (UC), oficialmente reconhecida nos Estados Unidos em 1872, o Parque Nacional de Yellowstone. Localizado nos Estados de Wyoming, Montana e Idaho, é o mais antigo parque nacional do mundo, um marco na história das áreas protegidas. Foi inaugurado em março de 1872 e cobre uma área de 8.980 km², estando sua maior parte no condado de Park, noroeste do Wyoming. O Parque possui diversas nascentes e águas termais, além da enorme diversidade de animais silvestres, endêmicos da região, características principais para a criação de uma área de proteção. Nos anos seguintes à criação do Parque de Yellowstone, o conceito de natureza intocável gerou muitas críticas, pois se espalhou pelo mundo e pre- judicou povos tradicionais que retiravam todo seu sustento das áreas onde habitavam. Apesar disso, o mundo assistiria a uma gradual inclusão desses espaços nas políticas públicas dos países e, no início do século XXI, a maior parte das legislações dos países preveem a sua criação. A inserção de populações tradicionais no âmbito da convivência, gestão e exploração de recursos em certos tipos de UC foi um avanço para a utilização, de forma sustentável, desses recursos, possibilitando, assim, a sua conservação. Isso ocorreu porque os instrumentos e as técnicas utilizadas por esses grupos humanos eram menos impactantes e menos degradadoras do meio. Após todo este movimento de criação da primeira área protegida, várias outras foram inauguradas ao redor do mundo, conforme o Quadro 1: Aspectos históricos das Unidades de Conservação2 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 2 08/12/2017 14:45:09 Área de proteção País Ano de criação Parque Nacional Royal Austrália 1879 Parque Nacional Banff Canadá 1885 Parque Nacional Egmont Nova Zelândia 1894 Parque Nahuel Huapi Argentina 1903 Deserto dos Leões México 1917 Parque Pérez Rosales Chile 1926 Galápagos Equador 1934 Henri Pittier Venezuela 1937 Parque Nacional dos Lagos de Plitvice Croácia 1949 Parque Nacional Snowdonia País de Gales 1951 Parque Nacional Torres Del Paine Chile 1959 Parque Nacional Gauja Letônia 1973 Parque Nacional TriglavEslovênia 1981 Quadro 1. Áreas protegidas. Figura 1. Yellowstone, primeira UC oficial. Fonte: blvdone/Shutterstock.com. 3Aspectos históricos das Unidades de Conservação Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 3 08/12/2017 14:45:09 Eventos relacionados à conservação de áreas Na Conferência Mundial de Parques Nacionais, realizada em Seattle, nos Estados Unidos, em 1962, foi recomendado: o estímulo à criação de parques nacionais e parques marinhos; a educação ambiental; as pesquisas planejadas e a proibição de implantação de usinas hidrelétricas dentro dos limites de um parque nacional. A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano foi a primeira atitude mundial a tentar preservar o meio ambiente. Ela foi realizada em 1972 em Estocolmo. O objetivo desta conferência foi estabelecer estratégias para que a relação do homem com o meio ambiente ficasse mais equilibrada, sem comprometer a sobrevivência das gerações futuras e do planeta como um todo. Nos anos seguintes, foram realizadas outras Conferências Mundiais sobre parques nacionais, aproximadamente de 10 em 10 anos. Foram elas:  2ª Conferência Mundial sobre Parques Nacionais, Parque Nacional Grand Teton/ Yellowstone (EUA), 1972: Parques nacionais para o futuro.  3º Congresso Mundial de Parques Nacionais, Bali (Indonésia), 1982: O papel das áreas protegidas na sustentação da sociedade.  4º Congresso Mundial de Parques Nacionais e Áreas Protegidas, Caracas (Venezuela), 1992: Parques para a vida.  5º Congresso Mundial de Parques da IUCN, Durban (África do Sul), 2003: Benefícios mais além da fronteira.  6º Congresso Mundial de Parques da IUCN, 2014 (Sidney). Aspectos históricos da conservação das áreas naturais no Brasil No Brasil, as Áreas Protegidas são conhecidas como unidades de conservação (UC). Embora André Rebouças tenha pedido a criação de UCs em 1876 e Santos Dumont, em 1916, a primeira UC foi o Parque Nacional do Itatiaia, criado Aspectos históricos das Unidades de Conservação4 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 4 08/12/2017 14:45:09 pelo presidente Getúlio Vargas em 1937, através do Decreto nº 1.713. Getúlio ainda criou mais dois parques nacionais em 1939: Iguaçu, como proposto por Santos Dumont, e Serra dos Órgãos. Assim começava a nossa história sobre essas áreas protegidas. De 1939 até 1959, nenhum outro foi estabelecido. Em 1959, houve o surgi- mento de Aparados da Serra, Araguaia e Ubajara. Em 1979, houve a criação de muitas UC, na Amazônia, principalmente, pois, até aquele momento, só havia o Parque Nacional da Amazônia, estabelecido em 1974 por indicação do projeto Radam Brasil. A Amazônia era então um enorme vazio de áreas protegidas. Mas, em 1979, num dia só, foram estabelecidos 8 milhões de hectares de parques nacionais na Amazônia, reservas biológicas também no bioma amazônico, a primeira área protegida marinha, a Reserva Biológica de Atol das Rocas, e dois parques nacionais no Nordeste. Também foi aprovado o primeiro Plano do Sistema de Unidades de Conservação do Brasil e foi assinado o Regulamento Geral dos Parques Nacionais. De 1979 a 1982, surgiram dois outros parques nacionais e foi publicada a segunda etapa do Plano do Sistema de Unidades de Con- servação do Brasil. Também entre 1979 e 1982, compraram-se 2 milhões de hectares de parques nacionais e reservas biológicas com os recursos do Fundo de Reposição Florestal. A história das UCs no Brasil é marcada pela extinção de duas reservas: o Parque Nacional de Paulo Afonso (BA) e o de Sete Quedas (PR), dando lugar a hidrelétricas. As primeiras UCs criadas no Brasil estão no Quadro 2. Os parques criados no país seguiram o modelo dos Estados Unidos, de natureza intocável, sem levar em consideração os povos tradicionais que já habitavam as áreas delimitadas como de preservação. Assim surgiram duas correntes de pensamento: uma do grupo dos preservacionistas, que acreditam que ela não poderia ser tocada, e a outra do grupo dos conservacionistas, que acreditavam em um manejo sustentável. Por conseguinte, na realidade brasileira, as unidades de conservação, influenciadas por essas duas correntes de pensamento e em função da sua categoria de manejo, são distinguidas de duas formas: unidades de proteção integral e as de uso sustentável. 5Aspectos históricos das Unidades de Conservação Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 5 08/12/2017 14:45:10 UC Ano de criação Parque Nacional Aparados da Serra 1959 Parque Nacional Araguaia 1959 Parque Nacional de Ubajara 1959 Parque Nacional das Emas 1961 Parque Nacional Chapada dos Veadeiros 1961 Parque Nacional de Caparaó 1961 Parque Nacional Sete Cidades 1961 Parque Nacional São Joaquim 1961 Parque Nacional Tijuca 1961 Parque Nacional Monte Pascoal 1961 Parque Nacional de Brasília 1961 Parque Nacional da Serra da Bocaina 1971 Parque Nacional Serra da Canastra 1972 Parque Nacional da Amazônia 1974 Parque Nacional do Pico da Neblina 1979 Parque Nacional de Pacaás Novos 1979 Parque Nacional da Serra da Capivara 1979 Quadro 2. Unidades de conservação. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) O Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) é o conjunto de normas e procedimentos ofi ciais que possibilitam às esferas governamentais federal, estadual e municipal, bem como à iniciativa privada, criar, implementar e gerir no país as UCs. O SNUC foi sancionado pelo governo em 1982 e era, basicamente, um plano que continha objetivos específicos necessários à conservação da natureza Aspectos históricos das Unidades de Conservação6 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 6 08/12/2017 14:45:10 no Brasil. Ele propunha novas categorias de manejo dos recursos naturais, que não eram previstas na legislação da época. O SNUC foi concebido por instituições governamentais e sociedades civis interessadas. Entretanto, havia necessidade de um amparo legal ao sistema para fornecer os mecanismos jurídicos para a categorização e o estabelecimento de unidades de conservação no Brasil. Então, após muitos anos de discussões, a Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, instituiu o SNUC, consolidando-o na forma como hoje é conhecido: um conjunto de diretrizes e procedimentos oficiais que possibilitam às esferas governamentais federal, estadual e municipal e à iniciativa privada a criação, implantação e gestão de UC. É composto por 12 categorias de UCs, cujos objetivos específicos se diferenciam quanto à forma de proteção e aos usos permitidos: aquelas que precisam de maiores cuidados, pela sua fragilidade e particularidades, e aquelas que podem ser utilizadas de forma sustentável e conservadas ao mesmo tempo. O SNUC tem os seguintes objetivos:  Contribuir para a conservação das variedades de espécies biológicas e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais.  Proteger as espécies ameaçadas de extinção.  Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecos- sistemas naturais.  Promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais.  Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento.  Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica.  Proteger as características relevantes de natureza geológica, morfológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural.  Recuperar ou restaurar ecossistemas degradados.  Proporcionar meio e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental.  Valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica.  Favorecer condições e promover a educação e a interpretação ambiental e a recreação em contato com a natureza.  Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente. 7Aspectos históricosdas Unidades de Conservação Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 7 08/12/2017 14:45:10 A responsabilidade de preparar as unidades de conservação para receber visitantes, cuidando da qualidade e, principalmente, da segurança, é do Ministério do Meio Am- biente (MMA) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O Brasil possui, atualmente, 71 parques nacionais administrados pelo ICMBio. Eles estão espalhados por quase todos os biomas, sendo 24 na Mata Atlântica, 20 na Amazônia, 15 no Cerrado, oito na Caatinga, três no bioma marinho, um no Pantanal e nenhum no Pampa gaúcho. Figura 2. Itatiaia, primeiro parque nacional criado no Brasil. Fonte: vitormarigo/Shutterstock.com. História das primeiras UCs brasileiras O país possui diversas unidades de conservação tanto de uso sustentável quanto de proteção integral. Essas áreas onde estão as UCs são ricas em história. Vejamos algumas. Parque Nacional do Itatiaia Conforme citado anteriormente, esse foi o primeiro parque nacional criado no Brasil, em 1937, pelo presidente Getúlio Vargas. Ele está situado na Serra da Mantiqueira e abrange os municípios de Itatiaia e Resende, no Estado do Aspectos históricos das Unidades de Conservação8 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 8 08/12/2017 14:45:10 Rio de Janeiro, e Bocaina de Minas e Itamonte, no Estado de Minas Gerais. Apresenta um relevo caracterizado por montanhas e elevações rochosas, com altitude variando de 600 a 2.791 m. A região já foi habitada por indígenas de uma tribo conhecida como Puri, da família Tupi, que constituíram os primeiros povos nativos dessa região. Alguns estudos apontam essa tribo como coloni- zadora do vale do Paraíba do Sul. Antes da criação do Parque, as terras onde ele está localizado pertenciam ao Sr. Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, e foram adquiridas pela Fazenda Federal em 1908 para a criação de dois núcleos coloniais malsucedidos, passando as terras para o Ministério da Agricultura, o qual, em 1929, criou uma Estação Biológica subordinada ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Parque Nacional do Araguaia O Parque Nacional do Araguaia foi criado em 1959 pelo presidente Juscelino Kubitscheck. No mesmo ano, por meio da Lei Estadual nº 2.370, foi autorizada a doação da Ilha do Bananal para a União e, logo após, o parque foi criado. À época, o território pertencia a Goiás, ao norte do Estado. Hoje está no sudoeste do Tocantins, abrangendo parte dos municípios de Formoso do Araguaia, Pium e Lagoa da Confusão. A ilha foi descoberta pelo sertanista José Pinto Fonseca em 1773, recebendo o nome de Santana. Porém, devido à existência de extensos bananais silvestres, passou a ser chamada Bananal. De início, o Parque Nacional do Araguaia ocupava toda a Ilha do Bananal. Em 1971, houve uma mudança nos limites do parque para criação do Terra Indígena Parque Araguaia, que passou a ocupar cerca de 562 mil hectares da área total da ilha. Essa terra indígena abriga cerca de quinze aldeias, dentre elas os Carajás, os Javaés, os Tapirapés, os Tuxás e os Avá-Canoeiros, que rejeitam contato com a civilização e com os demais indígenas das aldeias mais próximas. Parque Nacional de Ubajara No fi nal da década de 1950, o então diretor do Serviço Florestal do Ministério da Agricultura, Dr. David Azabuja, foi convidado a fazer uma visita à Gruta de Ubajara, onde ele se encantou com a beleza tanto da gruta quanto do seu entorno. A gruta é conhecida desde o início do século XVIII, quando os portugueses realizaram expedições na região em busca de minérios como a prata. Com seus esforços, ele conseguiu com que o presidente da época, JK, assinasse o Decreto nº 45.954 criando o parque para proteger a integridade e o processo de evolução do conjunto de formações geológicas existentes em 9Aspectos históricos das Unidades de Conservação Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 9 08/12/2017 14:45:10 Ubajara. Apesar de o decreto ter sido assinado em 1959, apenas em 1975 o parque foi instalado, devido à demora nas desapropriações. Inicialmente sua área era de 4.000 ha, um provável erro na elaboração do decreto que, após estudos, foi reduzida 563 ha. Parque Nacional das Emas O parque foi criado em 1961 através do Decreto n° 49.874, emitido também pelo presidente Juscelino Kubitschek. Em 1972, teve seus limites revistos pelo Decreto nº 70.375. O nome Parque Nacional das Emas possui essa denominação devido à grande quantidade de emas que aí habitavam. A proposta de criação do parque atribuiu-se ao senhor Filogônio Garcia, dono de parte das terras onde está o parque. Filogônio, como vereador em Jataí na década de 1950, sugeriu a criação do Parque em um encontro de município de Rio Verde. Um tempo depois, na década de 60, o senador Coimbra Bueno, levou a proposição do parque à presidência da república. Parque Nacional Chapada dos Veadeiros O parque foi criado em 1961 e está localizado no nordeste do Estado de Goiás, entre os municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante e Colinas do Sul. Ele foi criado para proteger uma área de 65.514 ha de cerrado de altitude, que possui formações vegetais únicas, centenas de nascentes e cursos d’água, rochas muito antigas, com aproximadamente 1,8 bilhões de anos, e seu subsolo é constituído basicamente de quartzo transparente. Em 2001, o parque foi reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, pois também preserva áreas de antigos garimpos, como parte da história local. O parque foi criado em plena corrida rumo ao centro do Brasil em razão da construção da nova capital, Brasília, devido a uma preocupação com a preservação da natureza próximo ao que seria o novo centro político do país e também com o objetivo de proteger nascentes de rios que abasteciam a região amazônica. Assim, em 1961, ele foi instituído como Parque Nacional de Tocantins, com 625 mil hectares, área reduzida em 10 vezes antes de o nome passar a ser Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, com alusão aos caçadores de Veados que frequentavam o local. Atualmente, o parque possui uma área de 65 mil hectares. Apesar de fazer parte de sua história, hoje o garimpo e qualquer tipo de extrativismo é proibido no parque. Portanto, a maioria dos moradores das cidades próximas ao Parque Nacional Chapada Aspectos históricos das Unidades de Conservação10 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 10 08/12/2017 14:45:11 dos Veadeiros vive do turismo, sendo treinada para exercer a função de guias, preservando os recursos naturais. Parque Nacional de Caparaó Em 1948, foi assinado o Decreto Lei Estadual nº 55, que criava a Reserva Florestal do Pico da Bandeira. Ainda no mesmo ano, o então diretor do Parque Nacional da Serra dos Órgãos encaminhou um parecer favorável à transforma- ção da área em parque nacional, e, em 1953, a Câmara Municipal de Espera Feliz solicitou também a criação do parque. Porém apenas em 1961 o então presidente Jânio Quadros criou o Parque Nacional do Caparaó. Antigamente, a terra era ocupada por diferentes grupos indígenas, como os Botocudos, os Puris, as tribos Tapuias e, posteriormente, os Tupis. Ainda se abrigavam na região grupos de caçadores-coletores que impediram, por certo tempo, a destruição da Mata Atlântica em várias regiões. A região do Caparaó e, nesse caso, as próprias terras do parque nacional estão ligadas também à história mais recente do país, mais especifi camente àquela das guerrilhas oposicionistas ao governo militar. Por volta de 1966, um grupo de guerrilheiros que era contra o governo militar se reuniu no alto da Serra do Caparaó com o objetivo de derrubar o regime. Figura 3. Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, um dos pontos turísticos mais visitados no Brasil. Fonte: vitormarigo/Shutterstock.com. 11Aspectos históricos das Unidades de Conservação Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 11 08/12/2017 14:45:11 1. Com relação à conservação de áreas naturais no mundo,podemos afirmar que: a) desde o início da criação de áreas protegidas, a intenção era preservar. b) a proteção de áreas surgiu a partir das necessidades do homem em preservar esses locais para seu lazer, reserva alimentar, entre outros. c) a Austrália foi a precursora na criação de um parque nacional. d) a criação de parques nacionais não foi tão restritiva quanto ao uso de seus recursos. e) a criação de áreas protegidas, com o modelo baseado no conceito de natureza intocável, trouxe muitos benefícios. 2. Em relação à criação de unidades de conservação ao redor do mundo, podemos afirmar que: a) em 1903, foi criado o Parque Nahuel Huapi no Equador. b) não há unidades de conservação criados nos países da Letônia e Eslovênia, pois são países muito pequenos. c) o Parque Pérez Rosales, criado em 1926, pertence à Bolívia. d) o Parque Nacional Royal foi a segunda unidade de conservação criada no mundo no ano de 1885 no Canadá. e) o Parque Nacional de Yellowstone foi a primeira unidade de conservação criada no mundo. 3. Conforme os aspectos históricos da conservação das áreas naturais no Brasil, podemos afirmar que: a) o Brasil implementou unidades de conservação com facilidade. b) as unidades de conservação do Paraná e Tocantins foram as primeiras áreas protegidas oficiais do Brasil. c) após a criação de uma unidade de conservação, ela não pode ser extinta. d) a primeira unidade de conservação do Brasil foi criada em 1937. e) em 1891, um Decreto Federal criou uma enorme reserva florestal no Estado do Acre, a primeira área protegida do Brasil. 4. Sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), é correto afirmar que: a) o SNUC foi o órgão responsável pela criação de 12 UCs no período entre 1939 e 1959. b) o SNUC foi sancionado pelo governo em 1916 e foi uma ideia de Santos Dumont na época. c) o SNUC é o conjunto de normas e procedimentos oficiais que possibilita a criação, implementação e gestão no país as UCs. d) apesar de ter sido sancionado pelo governo em 1916, o SNUC nunca foi instituído em lei. e) o SNUC é atualmente composto apenas por UCs baseadas no conceito de natureza intocável. 5. Qual a necessidade essencial de existirem unidades de Aspectos históricos das Unidades de Conservação12 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 12 08/12/2017 14:45:11 DRUMMOND, J. A.; FRANCO, J. L. A.; OLIVEIRA, D. Uma análise sobre a história e a situ- ação das unidades de conservação no Brasil. In: GANEM, R. S. (org.). Conservação da biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2010. FRANCO, J. L. de A. A história ambiental no Brasil e os seus clássicos. Sociedade e Es- tado, Brasília, v. 18, n. 1-2, dez. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script= sci_arttext&pid=S0102-69922003000100018&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 nov. 2017. LOPES, E. R. N. Aspectos ambientais e históricos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação: 12 anos de implantação. Nature and Conservation, Aquidabã, v. 6, n. 2, 2013. MACIEL, M. A. Unidades de conservação: breve histórico e relevância para a efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. [2017]. Disponível em: <http:// www.ambito juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_ id=9870>. Acesso em: 20 nov. 2017. MARSH, G. P. Man and nature: or physical geography as a modified by human action. New York: Charles Scriber, 1864. O QUE É O SNUC. In: ((o))eco. Rio de Janeiro: [s.n.], 2014. 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UCs existem, basicamente, para proteger esses recursos com base na sua importância. 13Aspectos históricos das Unidades de Conservação Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 13 08/12/2017 14:45:12 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 14 08/12/2017 14:45:12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor de hoje, você vai conhecer os principais aspectos históricos sobre unidades de conservação a serem fixados. Assista. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Com relação à conservação de áreas naturais no mundo, é possível afirmar que: A) desde o início da criação de áreas protegidas, a intenção era preservar. B) a proteção de áreas surgiu a partir das necessidades do homem em preservar esses locais para seu lazer, reserva alimentar, entre outras. C) a Austrália foi a precursora na criação de um parque nacional. D) a criação de parques nacionais não foi tão restritiva quanto ao uso dos recursos destes. E) a criação de áreas protegidas com o modelo baseado no conceito de natureza intocável trouxe muitos benefícios. 2) Em relação à criação de unidades de conservação ao redor do mundo, é possível afirmar que: A) em 1903, foi criado o Parque Nahuel Huapi, no Equador. não há unidades de conservação criadas nos países da Letônia e da Eslovênia, pois são B) países muito pequenos. C) o Parque Pérez Rosales, criado em 1926, pertence à Bolívia. D) o Parque Nacional Royal foi a segunda unidade de conservação criada no mundo, no ano de 1885, no Canadá. E) o Parque Nacional de Yellowstone foi a primeira unidade de conservação criada no mundo. 3) De acordo com os aspectos históricos da conservação das áreas naturais, no Brasil, é possível afirmar que: A) a implementação das unidades de conservação ocorreu com facilidade. B) as unidades de conservação do Paraná e do Tocantins foram as primeiras área protegidas oficiais do Brasil. C) após a criação de uma unidade de conservação, ela não pode ser extinta. D) a primeira unidade de conservação do Brasil foi criada em 1937. E) em 1891, um decreto federal criou uma enorme reserva florestal no estado do Acre, a primeira área protegida do Brasil. 4) Sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), é correto afirmar que: A) o SNUC foi o órgão responsável pela criação de 12 UCs no período entre 1939 e 1959. B) o SNUC foi sancionado pelo governo em 1916 e, na época, foi uma ideia de Santos Dumont. C) o SNUC é o conjunto de normas e procedimentos oficiais que possibilitam a criação, a implementação e a gestão no país de UCs. D) apesar de ter sido sancionado pelo governo em 1916, o SNUC nunca foi instituído em lei. E) o SNUC é atualmente composto apenas por UCs baseadas no conceito de natureza intocável. 5) Qual a necessidade essencial de existir unidades de conservação no mundo? A) Necessidade do homem em preservar locais para seu lazer (caça e pesca), reserva alimentar, proteção das águas, preservação da fauna e da flora e manutenção dos meios biótico e abiótico. B) Manter, de forma segura, os rebanhos bovino e ovino basicamente. C) Manter a natureza intocável. D) Manter o homem longe dessas áreas. E) As áreas naturais são bens preciosos para a humanidade; nelas estão os recursos necessários para a sobrevivência. UCs existem basicamente para proteger esses recursos combase na sua importância. NA PRÁTICA Como você viu, as áreas naturais são bens preciosos para a humanidade, pois nelas estão os recursos necessários para a sobrevivência. Sabemos que as unidades de conservação existem basicamente para proteger esses recursos com base na sua importância. Conheça, a seguir, a história de Pedro. Ele precisa proteger a área que recebeu de herança. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: No artigo Associativismo em áreas protegidas: restrições e possibilidades na experiência dos guias de turismo do Catimbau, Pernambuco, encontramos uma análise da dinâmica organizacional instituída pela Associação de Guias do Turismo e do Desenvolvimento do Parque Nacional do Catimbau (AGTURC), em Pernambuco, como forma de estruturação da atividade turística em torno desse parque. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O artigo O estado da arte das unidades de conservação como instrumeto de preservação da biodiversidade brasileira analisa a produção científica sobre as unidades de conservação a partir de 2012 e indica a quantidade de áreas protegidas no Brasil. É muito interessante e atualizado. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Conceito de unidades de conservação APRESENTAÇÃO As Unidades de Conservação são territórios protegidos por decreto do governo e têm vários conceitos atrelados a elas, como os tipos de Unidades de Conservação e as ferramentas que propiciam o bom funcionamento delas. O Plano de Manejo é o principal documento relacionado ao gerenciamento das UCs, ele contém um resumo dos pontos principais relacionados à UC (fauna, flora, espécies endêmicas, nascentes e forma de manejo), bem como o de zoneamento ambiental e outros de suma importância que garantem uma boa conservação das áreas onde as atividades são restritivas. Outros conceitos importantes que você vai aprender é o de Corredores Ecológicos e Zonas de Amortecimento, que não fazem parte da UC, mas proporcionam um grande benefício para a manutenção e preservação das áreas protegidas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os principais conceitos relacionados às Unidades de Conservação da natureza. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os conceitos relacionados à UC.• Caracterizar os Corredores Ecológicos e as Zonas de Amortecimento.• Elencar conceitos importantes de gerenciamento das UCs.• DESAFIO A finalidade da Zona de Amortecimento (ZA) é barrar os efeitos externos que possam influenciar de maneira negativa o cuidado da Unidade de Conservação e impedir que atuações antrópicas interfiram na manutenção da diversidade biológica. Veja a situação a seguir: INFOGRÁFICO As Unidades de Conservação são importantes áreas protegidas que têm recursos necessários para a sobrevivência e que, além disso, podem abrigar espécies ameaçadas de extinção. Para o estudo delas é necessário o entendimento dos principais conceitos, veja a seguir: CONTEÚDO DO LIVRO As Unidades de Conservação são importantes áreas naturais, protegidas, para a proteção dos recursos naturais, fauna e flora, que possam estar ameaçadas de extinção ou que sejam endêmicas daquele local. Para que você entenda melhor o funcionamento de uma Unidade de Conservação, é necessário identificar os conceitos trazidos pela legislação referente às UCs e outros conceitos importantes atrelados a elas. Na obra Conceito de Unidades de Conservação, leia o capítulo Conceitos aplicados às Unidades de Conservação. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Conceito de unidades de conservação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Identifi car os conceitos relacionados às unidades de conservação (UC).  Caracterizar os corredores ecológicos e as zonas de amortecimento.  Elencar conceitos importantes de gerenciamento das UCs. Introdução As Unidades de Conservação (UCs) são territórios protegidos por decreto do governo e possuem vários conceitos atrelados a elas, como os tipos de UCs e as ferramentas que propiciam o seu bom funcionamento. Entre essas ferramentas, estão o plano de manejo, que contém um resumo dos pontos principais relacionados à UC (fauna, flora, espécies endêmicas, nascentes, forma de manejo), e o zoneamento ambiental, que garante uma boa conservação de áreas onde as atividades são restritivas. Outros conceitos importantes que você vai aprender são sobre corredores eco- lógicos e zonas de amortecimento, que não fazem parte propriamente da UC, mas proporcionam um grande benefício a ela e à sua fauna. Neste capítulo, você vai estudar os principais conceitos relacionados a unidades de conservação da natureza. Conceitos aplicados a unidades de conservação As unidades de conservação (UCs) são áreas de proteção e têm vários con- ceitos atrelados a elas. Para você entender como funcionam as UCs, vamos revisar alguns conceitos que estão na legislação pertinente e outros, de mesma importância, que não aparecem na legislação. Começamos pelo conceito mais importante, o da unidade de conservação em si. Segundo a legislação, é um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 1 12/12/2017 11:41:22 com características naturais relevantes, legalmente instituída pelo poder pú- blico, com objetivos de conservação e limites defi nidos e sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Ou seja, UC é uma área natural com seus recursos, fauna e fl ora, que são importantes para a sobrevivência e, por isso, precisam ser totalmente protegidos ou utili- zados de forma consciente. Esse local é constituído pelo poder público, que, dependendo da situação, pode desapropriar áreas e, a partir daí, determinar regras de manejo para sua efetiva proteção. A seguir, estão outros conceitos importantes, trazidos na legislação ou não, que estão relacionados às UCs.  Conservação da natureza — É o manejo do uso humano da natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras e garantindo a sobrevivência dos seres vivos em geral. Conservar significa usar os recursos de forma racional, garantindo a autossustentação da natureza, enquanto preservar significa evitar qualquer tipo de dano no ecossistema, ou seja, não utilizar os recursos e manter a natureza intacta.  Diversidade biológica — A variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte, e ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas. A diversidade representa a variedade de espécies, cada uma com suas características próprias.  Recurso ambiental — A atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Os recursos ambientais são o principal motivo pelos quais as unidades de conservação são criadas: para proteger as espécies da fauna e da flora da extinção, proteger espécies endêmicas e evitar a poluição das águas e do ar, mantendo um ecossistema saudável para todos.  Endemismo — Espécie endêmica é aquela que existe apenas em deter- minada região. Esse conceito se aplica tanto para fauna quanto para a flora. A área onde ocorre o endemismo possui características próprias para o desenvolvimento daquelaespécie endêmica. Conceito de unidades de conservação2 Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 2 12/12/2017 11:41:23  Preservação — Conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visam à proteção em longo prazo das espécies, hábitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simpli- ficação dos sistemas naturais. A preservação é um conceito que está ligado não ao manejo dos recursos, mas à sua perenidade, ou seja, em áreas de preservação não é permitido o uso sustentável dos recursos, nem morar no local, ele é apenas para preservar a natureza intacta.  Proteção integral — Manutenção dos ecossistemas livres das alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. Nas áreas de proteção integral, aplicamos o conceito de preservação e o principal objetivo é a proteção da natureza e dos recursos.  Conservação in situ — Conservação de ecossistemas e hábitats naturais e manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies em seus meios naturais (no caso de espécies domesticadas ou cultivadas, nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades e características). A conservação in situ é realizada na área de origem e todas as práticas são feitas no ecossistema onde se está trabalhando. In situ é uma expressão latina que significa “no local”, “no lugar”.  Manejo — Todo e qualquer procedimento que vise assegurar a con- servação da diversidade biológica e dos ecossistemas. No caso das UCs, o manejo é a forma como aquele ecossistema será gerenciado, se os recursos serão utilizados e como será garantida a sua continuação.  Uso indireto — Aquele que não envolve consumo, coleta, dano ou destruição dos recursos naturais. Exemplos de usos indiretos são a visitação guiada e a pesquisa científica.  Uso direto — Aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais. Podemos citar como exemplo a pesca, a extração sustentável de recursos como madeira e a coleta de plantas.  Uso sustentável — Exploração do ambiente feita de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos eco- lógicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável.  Perene — Recursos que se mantêm ao longo do tempo, permanentes, contínuos.  Extrativismo — Sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, dos recursos naturais renováveis. Exemplos são coleta de plantas, extração de madeira de forma sustentável, entre outros. 3Conceito de unidades de conservação Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 3 12/12/2017 11:41:23  Recuperação — Restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, que pode ser di- ferente de sua condição original. Recuperar é fazer seu manejo para que volte ao estado normal, sem que seja a condição original daquele ecossistema ou população.  Restauração — Restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original. Restaurar é fazer o manejo para que volte à condição original, ou seja, como estava antes de ser degradada.  Zoneamento — Definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, para proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz. As diferentes zonas garantem um melhor manejo da área total, muitas vezes permitindo o uso de recursos em algumas partes da unidade e a preservação em outra.  Plano de manejo — Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, são estabelecidos o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implan- tação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade. O plano de manejo é um documento fundamental para se conhecer e para garantir que aquele espaço, de fato, seja preservado. No plano, há um resumo sobre a f lora e a fauna local e as formas de manejo permitidas naquela UC.  Zona de amortecimento e corredor ecológico — A zona de amor- tecimento e o corredor ecológico permitem uma melhor conservação dos recursos e proteção da fauna e flora. São ferramentas de proteção que vão além da unidade de conservação. Conceito de unidades de conservação4 Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 4 12/12/2017 11:41:23 Figura 1. Conjunto de recursos ambientais integrando atmosfera, solo, água, plantas e animais. Fonte: MarkVanDykePhotography/Shutterstock.com. O que são corredores ecológicos e zonas de amortecimento? Esses são dois conceitos muito importantes para as unidades de conservação, pois constituem uma proteção a mais que garante que a unidade não seja atingida por atividades antrópicas e que a fauna possa se deslocar, não fi cando presa apenas a uma área limitada. Essas áreas de corredores ecológicos e de zonas de amortecimento não estão propriamente integradas a uma unidade de conservação específi ca, mas estão ligados a elas. Quem estabelece as normas de ocupação e uso das zonas de amortecimento e dos corredores ecológicos é o órgão responsável pela administração da unidade. 5Conceito de unidades de conservação Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 5 12/12/2017 11:41:23 Zona de amortecimento A zona de amortecimento (ZA), também conhecida como zona tampão, é o entorno de uma Unidade de Conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específi cas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. Essa área é mantida ao redor da unidade, pois garante que, se algum impacto ambiental ocorrer em local próximo, não vai atingir a UC. A ZA é criada junto ao Plano de Manejo da Unidade de Conservação. Caso esta UC seja estabelecida sem a defi nição de zona de amortecimento, a regra é que empreendimentos que possam causar impacto signifi cativo ao ambiente devem respeitar uma faixa de 3 km de distância da UC e são obrigados a obter o licenciamento com EIA/RIMA. A fi nalidade da zona de amortecimento consiste em barrar os efeitos externos que pos- sam infl uenciar de maneira negativa na conservação da UC e impedir que atuações antrópicas interfi ram na manutenção da diversidade biológica. Essa zona impede que ocorra o efeito de borda, que é caracterizado por mudanças abióticas e biológicas, como maior exposição a ventos, altas temperaturas, mudanças na distribuição de espécies e suas interações ecológicas. A vege- tação da borda apresenta menor diversidade, menor permeabilidade, maior espaçamento entre os indivíduos de maior diâmetro e menor quantidade de serapilheira — camada fi na que fi ca acima do solo, composta de restos de folhas, galhos, animais e frutos que protegem o solo e oferecem alimento e hábitat para diversas espécies. Corredores ecológicos Os corredores ecológicos são porções de ecossistemas, naturais ou semina- turais, ligando unidades de conservação, que possibilitam o fl uxo de genes e o movimento da biota entre elas, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais. Estes corredores ecológicos são ligações entre UCs que permitem que a fauna existente não fi que isolada apenas em uma área individual, mas possa se deslocar para outra área em busca de recursos e para realizar a reprodução. A troca de genes é importante para a variabilidade genética; organismos isolados acabam se reproduzindo entre si, Conceito de unidades de conservação6 Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 6 12/12/2017 11:41:24 o que faz com que sua variabilidade genética seja mínima. Assim, qualquer alteração drástica no ambiente pode dizimartodos os organismos daquela população, pois, pela falta de variabilidade genética, nenhum dos organismos da população consegue responder bem a uma nova condição do ambiente. No caso de uma população diversa, com características diferentes, pelo menos alguns indivíduos conseguem sobreviver a mudanças. Corredores ecológicos não são unidades instituídas pelo poder público, mas sim áreas importantes para a conservação da natureza, com destaque para ações coordenadas, com o objetivo de proteger a diversidade biológica. Entre as ações pertinentes aos corredores ecológicos, podemos citar a expansão e a conexão de áreas protegidas dentro do corredor, incentivando usos de baixo impacto, como sistemas agroflorestais que combinam cultivo de espécies arbóreas lenhosas como frutíferas, ou madeireiras com cultivos agrícolas ou animais que imitam o que a natureza faz normalmente, com um solo coberto pela vegetação, diversos tipos de plantas juntas, que ajudam umas às outras, sem problemas com pragas, dispensando o uso de venenos. A fragmentação de hábitats é uma das maiores ameaças à conservação da biodiversidade, por isso corredores ecológicos são importantes para manter a ligação entre diferentes zonas, com mata nativa e diversidade de espécies. Projeto corredores ecológicos do Ministério do Meio Ambiente O MMA tem um projeto de implantação de corredores ecológicos para a proteção da Mata Atlântica e da Amazônia, que são compostas por UCs, terras indígenas e áreas de interstício que as ligam. Um dos corredores do projeto é o Corredor Central da Amazônia localizado no estado do Amazonas e composto por 14 UCs federais, 15 UCs estaduais e 52 terras indígenas. Esse projeto possui os objetivos de:  reduzir a fragmentação, mantendo ou restaurando a conectividade da paisagem e facilitando o fluxo genético entre as populações;  planejar a paisagem, integrando UCs, buscando conectá-las e, assim, promovendo a construção de corredores ecológicos na Mata Atlântica e a conservação daqueles já existentes na Amazônia;  demonstrar a efetiva viabilidade dos corredores ecológicos como uma ferramenta para a conservação da biodiversidade na Amazônia e Mata Atlântica;  promover a mudança de comportamento dos atores envolvidos, criar oportunidades de negócios e incentivos a atividades que promovam a conservação ambiental e o uso sustentável, agregando o viés ambiental aos projetos de desenvolvimento. 7Conceito de unidades de conservação Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 7 12/12/2017 11:41:24 Figura 2. Nativo da região amazônica em uma área preservada. Fonte: Ammit Jack/Shutterstock.com. Conceitos importantes de gerenciamento das UCs Agora que você já identifi cou os principais conceitos relacionados às unidades de conservação, você vai ver como esses conceitos são aplicados, como funcionam essas ferramentas dentro de uma UC. Para um gestor e a equipe que vai elaborar os estudos e os documentos ambientais específi cos para o gerenciamento de unidades de conservação. É essencial o conhecimento destes conceitos. Plano de manejo O plano de manejo é uma ferramenta indispensável para que uma unidade de conservação cumpra seus objetivos, seja implantada e corretamente manejada. Esse documento técnico apresenta as características do ambiente, o que está presente no meio físico e biológico da UC e as informações referentes às características sociais e econômicas que a envolvem. A partir do conhecimento de todas as caracterís- ticas do local, incluindo as ambientais, são defi nidas as ações necessárias para a implantação da UC, proporcionando o cumprimento dos objetivos de sua criação. Zoneamento ambiental O zoneamento é defi nido no plano de manejo da UC. Através dele é admitida a exploração de recursos naturais dos ecossistemas em regime de manejo sustentável Conceito de unidades de conservação8 Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 8 12/12/2017 11:41:24 e a substituição da cobertura vegetal por espécies cultiváveis. Esse é o item mais importante do plano de manejo, pois, através dele, é realizada a organização, espacialmente da UC em zonas com diferentes graus de proteção e diferentes regras de uso. Esse zoneamento serve para o planejamento de uso do solo e de gestão ambiental, consistindo na delimitação de zonas onde podem ser exercidos usos e atividades compatíveis, segundo as características de cada uma delas. Conservação in situ A conservação in situ promove a proteção de populações de espécies em seu estado natural de ocorrência na natureza. Além disso, os hábitat em que eles vivem também são protegidos. Um tipo de conservação in situ é a dos recursos genéticos. Esse tipo de conservação é uma alternativa muito boa para a conservação de espécies importantes e de interesse econômico que não se adaptariam ou não se desenvolveriam em outro local, impedindo a conservação ex situ (fora do local). Um exemplo de conservação in situ é a proteção de uma área onde existe grande densidade de castanheiras, espécie de interesse econômico. Na área onde vai ser realizada a conservação, são implantadas as regras de manejo e de exploração do local. Extrativismo O extrativismo, que quer dizer coleta de produtos naturais, é uma prática realizada nas reservas extrativistas, que são áreas manejadas por populações tradicionais. Essas populações utilizam os recursos desta área de maneira sustentável para sua sobrevivência. Às vezes são realizadas atividades complementares, como a agricultura e criação de animais de pequeno porte, como galinhas. Produtos do extrativismo podem ser castanhas, látex, açaí e até mesmo a madeira. Uso direto e indireto dos recursos Estes dois conceitos estão ligados às unidades de proteção integral e às unidades de uso sustentável. Na primeira, a prioridade é preservar os recursos, portanto apenas a pesquisa e outras atividades sem coleta dos recursos é permitida. Podemos citar como exemplo para essa categoria as reservas biológicas e a estação ecológica. Nas unidades de uso sustentável, é permitida a coleta dos recursos, desde que seja realizada sem afetar a perenidade dos recursos, de forma racional e siga as regras delimitadas no plano de manejo. 9Conceito de unidades de conservação Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 9 12/12/2017 11:41:24 Uso sustentável Para você entender melhor o que é o uso sustentável, veja um caso prático para explicar o conceito. Na Reserva do Uatumã, localizada nos municípios de São Sebastião do Uatumã e Itapiranga, SC, através do envolvimento da comunidade local no uso sus- tentável dos recursos, foi conseguida até a preservação de uma espécie. Nessa reserva, é promovido o desenvolvimento social através da conservação dos recursos naturais e do desenvolvimento do extrativismo florestal. Todas as atividades desenvolvidas na área são planejadas, de forma a garantir a participação de todos na conservação dos recursos naturais disponíveis e o seu uso sustentável. Com as atividades planejadas de exploração sustentável, eles conseguiram recuperar os Tucunarés, peixes ameaça- dos de extinção devido à pesca predatória. Com a pesca sustentável realizada pelas comunidades locais, a espécie está sendo preservada, garantindo sua continuidade, gerando renda também para esta população local. Essa Reserva de Desenvolvimento Sustentável é apoiada pelo Arpa (Áreas Protegidas da Amazônia), que investiu na formação de um conselho, sinalização, proteção, equipe técnica, equipamento e monitoramento na unidade, mantendo as atividades coerentes com a conservação. Figura 3. Órix-da-Arábia, animal que estava na lista de espécies amea- çadas de extinção da IUCN, sendo protegido em seu hábitat natural na Reserva de Conservação do Deserto de Dubai (Dubai Desert Conservation Reserv). Fonte: Kertu/Shutterstock.com. Conceito de unidades de conservação10 Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 10 12/12/2017 11:41:25 1. Para que você possa entender melhor sobreas unidades de conservação, é fundamental saber os conceitos aplicados a elas. Acerca desses conceitos, marque a alternativa correta: a) unidades de conservação são áreas restritas à proteção da natureza. b) unidades de conservação são áreas restritas ao manejo sustentável. c) conservação da natureza compreende o uso sustentável dos recursos. d) os recursos ambientais compreendem a fauna e flora. e) preservação da natureza é o uso sustentável dos recursos junto com a preservação do local. 2. Um gestor de uma UC e a equipe técnica que irá trabalhar para desenvolver os documentos importantes para o funcionamento daquela unidade devem conhecer bem os conceitos ligados a ela. Aponte a correta definição e a forma com que é desenvolvido este conceito: a) uso direto envolve a pesquisa científica com coleta vegetal. b) uso indireto envolve a utilização dos recursos sem comercialização. c) manejo é a exploração dos recursos. d) extrativismo é exploração dos recursos realizada sem controle. e) perenidade significa utilizar os recursos mantendo sua permanência. 3. Corredores ecológicos trazem benefícios à fauna. Sobre eles, podemos afirmar: a) facilitam a recuperação de áreas degradadas. b) porções de ecossistema natural isolados. c) impedem a troca de material genético. d) são unidades de conservação instituídas pelo poder público. e) fragmentos de vegetação próximos a uma unidade de conservação. 4. As zonas de amortecimento constituem uma proteção a mais às UCs. Com relação a elas, é correto afirmar: a) aumentam o efeito de borda. b) são áreas no entorno da UC onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas. c) área que liga UCs. d) favorecem mudanças abióticas e bióticas na UC. e) área no entorno da UC onde as atividades não são regradas. 5. Os conceitos relacionados às UCs têm aplicação prática dentro da unidade através de inúmeros documentos específicos de gestão. Com relação a esses documentos, marque a alternativa correta: a) o plano de manejo permite 11Conceito de unidades de conservação Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 11 12/12/2017 11:41:26 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Projeto corredores ecológicos. [2017]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/programas-e-projetos/projeto-corredores- -ecologicos>. Acesso em: 21 nov. 2017. BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/L9985.htm> Acesso em: 03 nov. 2017. MATO GROSSO DO SUL. Licenciamento Ambiental. Conservação x Preservação. 2009. Disponível em: <http://www.licenciamentoambiental.eng.br/conservacao-x-preser- vacao/>. Acesso em: 21 nov. 2017. MATSUMOTO, K.; CARDOSO, L. D.; SANTOS, I. R. I. Manual de curadores de germoplasma - vegetal: conservação in vitro. Brasília: Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, 2010. PORTAL AMAZÔNIA. Uatumã é pioneira no uso sustentável. 2017. Disponível em: <http:// portalamazonia.com/noticias/uatuma-e-pioneira-no-uso-sustentavel>. Acesso em: 21 nov. 2017. RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Planos de Manejo. [201-?]. Disponível em: < http://www.sema.rs.gov.br/planos-de-manejo>. Acesso em: 21 nov. 2017. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NO BRASIL. Reserva extrativista. [2009]. Disponível em: <https://uc.socioambiental.org/uso-sustent%C3%A1vel/reserva-extrativista>. Acesso em: 21 nov. 2017. VASQUES, P. H. R. A aplicação do plano de manejo, zona de amortecimento e corredores ecológicos na proteção da biodiversidade. 2008. Disponível em: <http://www.puc-rio.br/ pibic/relatorio_resumo2008/relatorios/ccs/dir/relatorio_pedro_vasques.pdf>. Acesso em: 21 nov. 2017. WORLD WILDLIFE FUND. Áreas protegidas. [200-?]. Disponível em: <https://www.wwf.org. br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/amazonia1/nossas_solucoes_na_amazonia/ areas_protegidas_na_amazonia/>. Acesso em: 21 nov. 2017. o uso sustentável da área. b) o zoneamento ambiental garante a proteção integral da área. c) o extrativismo é a exploração comercial dos recursos. d) o plano de manejo apresenta um estudo das características do local e sua forma de manejo. e) a conservação in situ é uma prática realizada fora da UC. Conceito de unidades de conservação12 Cap2_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 12 12/12/2017 11:41:28 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor de hoje, você irá conhecer os principais conceitos sobre as Unidades de Conservação, a serem fixados. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Para que você possa entender melhor sobre as Unidades de Conservação, é fundamental saber os conceitos aplicados a elas. Acerca desse conceito, marque a alternativa correta: A) Unidades de Conservação são áreas restritas à proteção da natureza. B) Unidades de Conservação são áreas restritas ao manejo sustentável. C) Conservação da natureza compreende o uso sustentável dos recursos. D) Os recursos ambientais compreendem a fauna e a flora. E) Preservação da natureza é o uso sustentável dos recursos junto com a preservação do local. 2) O gestor de uma UC e a equipe técnica que irá trabalhar para desenvolver os documentos importantes para o funcionamento daquela unidade, devem conhecer bem os conceitos ligados a ela. Aponte a correta definição e a forma com que é desenvolvido este conceito: A) Uso direto envolve a pesquisa científica com coleta vegetal. B) Uso indireto envolve a utilização dos recursos sem comercialização. C) Manejo é a exploração dos recursos. D) Extrativismo é a exploração dos recursos realizada sem controle. E) Perenidade significa utilizar os recursos mantendo sua permanência. 3) Corredores ecológicos trazem benefícios à fauna, sobre eles é possível afirmar que: A) facilitam a recuperação de áreas degradadas. B) são porções de ecossistemas naturais isolados. C) impedem a troca de material genético. D) são unidades de conservação instituídas pelo poder público. E) são fragmentos de vegetação próximos a uma unidade de conservação. 4) As Zonas de Amortecimento constituem uma proteção a mais às UCs. Com relação a elas, é correto afirmar que: A) aumentam o efeito de borda. B) são áreas no entorno da UC onde as atividades humanas estão sujeitas às normas e restrições específicas. C) é a àrea que liga as Unidades de Conservação. D) favorecem mudanças abióticas e bióticas na UC. E) é a àrea no entorno da UC onde as atividades não são regradas. 5) Os conceitos relacionados às UCs têm aplicação prática dentro da unidade, por meio de inúmeros documentos específicos de gestão. Com relação a esses documentos, marque a alternativa correta. A) O plano de manejo permite o uso sustentável da área. B) O zoneamento ambiental garante à proteção integral da área. C) O extrativismo é a exploração comercial dos recursos. D) O plano de manejo apresenta um estudo das características do local e sua forma de manejo. E) A conservação in situ é uma prática realizada fora da UC. NA PRÁTICA Como você viu, as Unidades de Conservação são áreas de proteção e existem vários conceitos atrelados a elas, é importante conhecer esses conceitos na hora de tomar decisões e definir qual o melhor caminho a seguir. Conheça agora, a história do Francisco, ele é gestor de uma Unidade de Conservação e precisa decidir se aprova ou não a produção de arroz em uma determinada área. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A Zona de Amortecimento é a área no entornode uma Unidade de Conservação. Dependendo das regras da UC, podem ser desenvolvidas atividades na sua Zona de Amortecimento para aliar conservação da natureza e agregação de valor àquela área. No vídeo Zona de Amortecimento do Taim - Primeiros encontros, você vai conhecer uma parceria que estimula a prática sustentável da agricultura em uma Zona de Amortecimento. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Os Corredores Ecológicos são áreas que ligam uma Unidade de Conservação a outra, permitindo o fluxo genético da fauna. Nesse link é apresentado o texto Projeto corredores ecológicos, em que o Ministério do Meio Ambiente explica o que significa Corredores Ecológicos e a sua importância, mostrando também o projeto que cuida da conservação da biodiversidade na Amazônia e na Mata Atlântica. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Unidades de conservação de uso sustentável APRESENTAÇÃO As Unidades de Conservação (UC) são territórios protegidos por decreto do governo, com limites definidos, que têm características naturais importantes e ricas em biodiversidade. Além dessas unidades, há também as Unidades de Conservação de Uso Sustentável, que têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. As Unidades de Conservação de Uso Sustentável são divididas em: Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Reserva da Fauna (REFAU), Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Floresta Nacional (FLONA) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o que são as Unidades de Conservação de Uso Sustentável, sua caracterização e tipos existentes, bem como a existência de algumas Unidades no Brasil. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar as Unidades de Conservação de Uso Sustentável.• Identificar os tipos de Unidades de Conservação de Uso Sustentável.• Elencar algumas das Unidades de Conservação de Uso Sustentável no Brasil.• DESAFIO Você trabalha no Instituto de Conservação da Biodiversidade, no estado do Rio de Janeiro, e foi chamado para ajudar na seguinte situação: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! INFOGRÁFICO As reservas de uso sustentável são divididas em sete categorias, cada uma com diferentes focos e usos permitidos. Por exemplo, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem a prioridade de conservar os povos tradicionais. Veja no Infográfico a seguir, uma representação do tipo de UC de Uso Sustentável e os usos permitidos em cada uma delas: CONTEÚDO DO LIVRO As Unidades de Conservação de Uso Sustentável têm por objetivo a exploração dos recursos naturais de forma sustentável, aliados à preservação do local. Uma das características dessas unidades é a preservação e manutenção das comunidades tradicionais. Para isso, essa categoria de uso sustentável é dividida em sete tipos. Na obra Unidades de Conservação de Uso Sustentável, leia o capítulo Identificar os tipos de UC de Uso Sustentável e conheça os tipos enquadrados nessa categoria. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Unidades de conservação de uso sustentável Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Caracterizar as unidades de conservação (UC) de uso sustentável.  Identi� car os tipos de UCs de uso sustentável.  Elencar algumas das UCs de uso sustentável do Brasil. Introdução Neste capítulo, veremos o que são as unidades de conservação de uso sustentável, sua caracterização e os tipos existentes, bem como aborda- remos algumas unidades do Brasil. O objetivo básico das unidades de uso sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Os tipos de UC de uso sustentável são: Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), Reserva da Fauna (Refau), Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Floresta Nacional (Flona) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Unidades de conservação de uso sustentável As unidades de conservação (UCs) de uso sustentável, também chamadas de unidades de conservação de uso direto, são as unidades em que há conservação de atributos naturais, mas a exploração de parte dos recursos disponíveis é permitida, desde que em regime de manejo sustentável. Essas UCs de uso direto buscam conciliar a preservação dos recursos naturais e da diversidade biológica com o uso sustentado de parte desses recursos. Essa categoria de UC admite a presença de moradores, mas eles precisam adaptar sistemas de manejo tradicionais para métodos preservacionistas. Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 1 12/12/2017 08:00:38 A exploração dos recursos permitidos inclui uma ampla gama de atividades de exploração comercial, mas estas devem, obrigatoriamente, obedecer a um plano de manejo específico especialmente desenvolvido para cada unidade (ou tipo de unidade) dentro de um Estado. O plano de manejo deve ser montado por órgãos ambientais capacitados e o objetivo é permitir que a área seja explorada de maneira a não causar danos ambientais, visando sua utilização contínua por muitas gerações e, ao mesmo tempo, a preservação dos recursos de importância ecológica presentes. As UCs de uso sustentável é de vital importância para manter o modo de vida de populações tradicionais que há muito tempo habitam essas regiões e, portanto, são fortemente ligadas a ela. Em algumas UCs são permiti- das, inclusive, atividades de empresas. Exemplo são as Áreas de Proteção Ambiental (APAs): trata-se de um tipo de UC de uso direto que permite a realização de atividades privadas dentro da área, como mineração, criação de gado e agricultura, tendo como única exigência a cautela no manejo dos recursos naturais. A prática da pecuária no interior de UCs de uso sustentável, elencadas no artigo 14 da Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, é permitida sob o ponto de vista legal, embora deva ser vista como exceção, tendo em conta a degradação ambiental, em geral de grande extensão, provocada por tal prática (BRASIL, 2000). As UCs de uso sustentável permitem a exploração de seus recursos naturais desde que isso ocorra “de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e economicamente viável” (artigo 2, XI) (BRASIL, 2000) assim, caso a pecuária se desenvolva de modo sustentável, é, em tese, permitida a sua realização no interior das unidades de conservação pertencentes a essa categoria. Com relação à atividade de mineração nessa categoria de UC, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) é o órgão responsável por controlar e fiscalizar o exercício das atividades de mineração em todo o território nacional. Sua posição, conforme o Parecer/PROGE nº 145/2006 — CCE–JMO, de 14 de julho de 2006, explicita que a atividade minerária é permitida em todas as UCs de uso sustentável, excetuando-se a Reserva Extrativista (Figura 1). Porém, alguns dos objetivos pretendidos com a criação de certas UCs de uso sustentável são incompatíveis com a degradação causada pela mineração. É importante ressaltar que, em todos os casos, a mineração só é permitida quando o plano de manejo da unidade estiver de acordo com isso. Não se poderia ter mineração Unidades de conservação de uso sustentável2 Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 2 12/12/2017 08:00:38 em uma UC em que o respectivo Estudo de Impacto Ambiental informasse que os danos ambientais advindos dessa atividade afetariam significativamente o zoneamento estabelecido no plano de manejo.Figura 1. Reserva Extrativista (Resex) Marinha Araí – Peroba. Fonte: Tolentino (2014). O objetivo de uma Reserva Extrativista é proteger o meio ambiente e garantir a utilização dos recursos naturais renováveis, tradicionalmente utilizados pela população extrativista residente na área de sua abrangência. A Figura 1 é um exemplo de Reserva Extrativista Marinha de mangue. Nessa reserva vivem povos tradicionais que sobrevivem do artesanato, associado à pesca artesanal e à cata do caranguejo. Outro exemplo são as Florestas Nacionais, que são abertas para visitação (pré-agendada) tanto da comunidade quanto de pesquisadores, sendo que algumas áreas estão restritas a pesquisa. Um exemplo é a Flona de São Francisco de Paula que possui grande impor- tância, pois está inserida na Reserva da Biosfera da Mata Atlântica como área núcleo e estrategicamente inserida no Corredor Ecológico do Rio dos Sinos, entre os Corredores Ecológicos dos rios Caí e Tainhas. Atividades como a exploração dos recursos florestais e o recebimento de grupos para trilha guiada e pesquisa estão especificadas no plano de manejo e são desenvolvidas por essa unidade de conservação. 3Unidades de conservação de uso sustentável Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 3 12/12/2017 08:00:39 Tipos de UCs de uso sustentável As unidades de conservação de uso sustentável estão organizadas em sete categorias:  Áreas de Relevante Interesse Ecológico (Arie): área, em geral, de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais únicas ou mesmo que abrigam exemplares raros da biota regional. São constituídas por terras públicas ou privadas. A criação de novas Aries pode auxiliar tanto na manutenção de fragmentos de ecossistemas naturais como no melhor conhecimento de sua dinâmica natural e exploração sustentável dos recursos florestais. Sua criação visa manter esses ecossistemas naturais, de importância regional ou local, bem como regular o uso admissível dessas áreas, compatibilizando-o com os objetivos da conservação da natureza. Como pode ser constituída por áreas privadas, uma nova Área de Relevante Interesse Ecológico é de fácil criação, desde que respeitados os critérios técnico-científicos para a exploração de seus produtos naturais por meio do plano de manejo. As Aries colaboram com a política de desenvolvimento sustentável e estão relacionadas diretamente com as diretrizes desse desenvolvimento, por isso devem seguir critérios sólidos para a exploração dos produtos naturais na prática do manejo.  Reserva da Fauna (Refau): área natural com populações de espécies animais nativas, terrestres e aquáticas, residentes ou migratórias, apro- priadas para estudos científicos sobre o manejo sustentável e econômico dos recursos de fauna. A visitação do público é permitida, desde que esteja conforme o manejo da UC. É vedada nesse tipo de unidade a prática de atividades de caça, seja amadora ou profissional. Poderá haver comercialização de produtos e subprodutos resultantes das pesquisas, desde que obedeçam ao disposto na legislação brasileira sobre fauna.  Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS): área natural que abriga populações tradicionais, que sobrevivem de sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais. Tais sistemas foram desenvolvidos ao longo das gerações e adaptados às condições ambientais e ecoló- gicas locais. As RDSs desempenham papel fundamental na proteção da natureza, bem como na manutenção da diversidade biológica. As populações, assim como nas Reservas Extrativistas, possuem contrato de concessão de direito real de uso, uma vez que a área dessas UCs é de domínio público. Unidades de conservação de uso sustentável4 Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 4 12/12/2017 08:00:39  Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): essas são uni- dades de conservação instituídas em áreas particulares (privadas), constituídas com perpetuidade, ou seja, uma vez estabelecidas, seu status de UC não pode mais ser revertido. O objetivo é a conservação da diversidade biológica ali existente. Com isso, tem-se o engajamento do cidadão na proteção dos ecossistemas brasileiros. Alguns incentivos são dados para a sua criação, como isenção de impostos. O SNUC especifica que é compatível à conservação da natureza nessas áreas com o uso sustentável de parte de seus recursos ambientais renováveis, bem como dos processos ecológicos essenciais, mantendo a biodiversidade e os atributos ecológicos. Uso sustentável aqui subentende-se a realização de pesquisa científica e visitação pública com finalidade turística, recreativa e educacional. O dono das terras que quiser transformar suas áreas em uma RPPN pode fazê-lo de forma integral ou parcial, transformando apenas parte da área em reserva.  Florestas Nacionais (Flona): unidades de conservação de domínio público, providas de cobertura vegetal nativa ou plantada, estabelecidas com os objetivos de promover o manejo dos recursos naturais — com ênfase na produção de madeira e outros produtos vegetais —, garantir a proteção de recursos hídricos, das belezas cênicas e dos sítios históricos e arqueológicos, assim como fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica básica e aplicada, da educação ambiental e das atividades de recreação, lazer e turismo. São focadas também na descoberta de métodos de exploração sustentável das florestas nativas. É permitida a permanência de populações tradicionais que habitam a área quando da sua criação, conforme determinar o plano de manejo da unidade. A visitação pública é permitida, mas condicionada às normas especificadas no plano de manejo.  Reservas Extrativistas (Resex): unidades de conservação compostas por áreas naturais ou parcialmente alteradas, habitadas por popula- ções tradicionalmente extrativistas, que as utilizam como fonte de subsistência para a coleta de produtos da biota nativa. É permitido que essas populações pratiquem a agricultura de subsistência e a criação de animais de pequeno porte. A criação dessas UCs visa proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da UC. As pessoas que vivem nessas UCs portam um contrato de concessão de direito real de uso, tendo em vista que a área é de domínio público. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e com o disposto no plano de 5Unidades de conservação de uso sustentável Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 5 12/12/2017 08:00:39 manejo da unidade. A atividade de pesquisa é permitida, desde que autorizada (Figura 2).  Áreas de Proteção Ambiental (APA): unidades de conservação for- madas por áreas públicas ou privadas, que têm o objetivo de disciplinar o processo de ocupação das terras e promover a proteção dos recursos abióticos e bióticos, estéticos ou culturais, dentro de seus limites, de modo a assegurar o bem-estar das populações humanas que ali vivem, resguardar ou incrementar as condições ecológicas locais e manter paisagens e atributos culturais relevantes. Cabe ao plano de manejo estabelecer as condições para pesquisa e visitação do público. As UCs de uso sustentável conciliam a preservação da natureza com atividades de coleta e de uso dos recursos, mas não de forma desregulada como acontece em áreas não protegidas. Essas atividades são regradas para garantir a perenidade dos recursos, conforme determinado no plano de manejo. Figura 2. Floresta Nacional de Silvânia, que possui um alojamento para pesquisadores e um viveiro com mudas nativas. Fonte: Flona de Silvânia (2017). Unidades de conservação de uso sustentável6 Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 6 12/12/2017 08:00:40 Algumas das UCs de uso sustentável do Brasil Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi a primeira UC desta categoria implementada no país. Sua criação foi uma solicitaçãoencaminhada em 1985 pelo biólogo José Márcio Ayres e pelo fotógrafo Luis Cláudio Marigo ao Governo Federal, que, na época, tinha como órgão responsável pela criação de UCs a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA). A criação de uma área protegida nesse local é fundamental. Nos cerca de 200 mil hectares há a presença do primata Uacari-branco, nome científi co Cacajao calvus calvus (Figura 3), que nesse período já constava na lista ofi cial das espécies ameaçadas de extinção do Brasil, bem como na International Union for the Conservation of Nature (IUCN). A SEMA criou, então, em 1986, a Estação Ecológica Mamirauá (EEM), transferida para a administração do Governo do Estado do Amazonas, que a recebeu por meio do Decreto nº 12.836, de 9 de março de 1990. Nesse mesmo ato, a área foi expandida até seus limites atuais, limitada pelos rios Solimões e Japurá e pelo canal Uati-Paraná, numa superfície total de 1,124 mil hectares. Essa é a maior reserva existente dedicada exclusivamente a proteger a várzea amazônica. Considerada uma área alagada de importância internacional, ela é inscrita como um dos sítios brasileiros da Convenção Ramsar, das Nações Unidas. A vizinha RDS Amanã liga a RDS Mamirauá ao Parque Nacional do Jaú, e essas três UCs são contíguas ou muito próximas a outras oito unidades de conservação federais ou estaduais. As três UCs formam um bloco de floresta tropical oficialmente protegido com cerca de 6,5 milhões hectares. Flona de são Francisco de Paula A Floresta Nacional de São Francisco de Paula (Flona-SFP) caracteriza-se como uma área com cobertura fl orestal de espécies predominantemente nativas. Está localizada no nordeste do Rio Grande do Sul, caracterizado pelos Campos de Cima da Serra e pelas matas com araucária (Mata Atlântica). A Flona-SFP tem uma área de 1.606 hectares, com altitudes superiores a 900 metros. Essa UC é parte da área abrangida pela Reserva da Biosfera da Mata Atlântica como área núcleo e é considerada uma região de “alta” a “altíssima prioridade” para a conservação, conforme Workshop de Áreas Prioritárias para a Conservação da Mata Atlântica de 2001. Ela está estrategicamente inserida no Corredor 7Unidades de conservação de uso sustentável Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 7 12/12/2017 08:00:40 Ecológico do Rio dos Sinos, entre os Corredores Ecológicos dos rios Caí e Tainhas. A Flona-SFP tem 24% de sua área composta por refl orestamentos de Araucaria angustifolia, 14% de Pinus taeda e P. elliottii e 2% de Eucalyptus e outras essências com fi ns comerciais. Também ocorrem pequenos trechos de campo nativo e banhado. Este mosaico de ambientes naturais e construídos, juntamente com o gradiente altitudinal, resulta em uma considerável riqueza de espécies. Entre os elementos faunísticos, destaca-se a grande riqueza da avifauna, composta por mais de 210 espécies, residentes ou migratórias, e a presença de mamíferos ameaçados de extinção, como o leão-baio (Puma concolor), o bugio-ruivo (Alouatta guariba) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Mais de 20% das espécies terrestres da fauna ameaçada de extinção do Estado do RS já foram registradas na Flona-SFP ou em seu entorno próximo, bem como espécies de árvores e arbustos ameaçados. Com respeito à vegetação nativa, apesar de sofrer grande influência da floresta Atlântica, ela apresenta espécies de origem andina e antártica, como, por exemplo, a casca d’anta (Drimys winteri) e a própria araucária (Araucaria angustifolia). Diversas são as atividades desenvolvidas na Flona-SFP. A exploração dos recursos florestais visa a produção madeireira, conforme previsto em seu plano de manejo, sendo também exploradas a semente da araucária (pinhão) e a samambaia-preta, buscando sempre a sustentabilidade da exploração. A Flona-SFP é aberta ao público, desde que as visitações sejam agendadas. Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal A RPPN Sesc Pantanal, de propriedade do Serviço Social do Comércio (Sesc), é considerada a maior reserva particular do Brasil. Criada em 4 de julho de 1997, compreende atualmente uma área de 107.996 hectares, correspondendo a quase 1% da extensão total do pantanal mato-grossense. A UC está localizada no município de Barão de Melgaço, um território predominantemente pantaneiro, inundável em grande parte de sua extensão na época das chuvas. No ano 2000, a RPPN foi declarada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como Zona-Núcleo da Reserva da Biosfera do Pantanal e, em 2003, foi reconhecida como Sítio Ramsar pela Convenção Ramsar de Áreas Úmidas. Portanto, as atividades na Reserva en- Unidades de conservação de uso sustentável8 Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 8 12/12/2017 08:00:40 volvem objetivos em consonância com a legislação vigente (Lei n° 9.985/2000) e as diretrizes gerais da Convenção Ramsar das Áreas Úmidas. Essa RPPN tem como objetivos principais:  preservar amostras de ecossistemas;  preservar a biodiversidade;  preservar as espécies raras, endêmicas ou ameaçadas de extinção;  facultar a interpretação ambiental;  propiciar pesquisas científicas;  propiciar educação ambiental na Reserva e no seu entorno;  promover a proteção de recursos hídricos. A implementação da Reserva possibilita a manutenção de serviços ecos- sistêmicos vitais à reprodução da dinâmica do Pantanal, contribuindo para o provimento de água em quantidade e qualidade, a manutenção da biodiversi- dade, a adaptação às mudanças climáticas e a diminuição de riscos associados aos fenômenos naturais extremos, serviços que a natureza promove e que são possíveis mediante o manejo e cuidado das áreas protegidas, especialmente áreas mais extensas, como é o caso dessa UC. Figura 3. Primata Uacari-branco, nome científico Cacajao calvus calvus, comum na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Fonte: Erni/Shutterstock.com. 9Unidades de conservação de uso sustentável Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 9 12/12/2017 08:00:40 1. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi a primeira UC dessa categoria implementada no país. Sua criação foi uma solicitação encaminhada em 1985 pelo biólogo José Márcio Ayres e pelo fotógrafo Luis Cláudio Marigo ao Governo Federal. É correto afirmar sobre a RDS Mamirauá: a) Ela foi criada para proteção integral da natureza. b) O biólogo José Márcio Ayres e o fotógrafo Luis Cláudio Marigo desejavam remover a população local para ser uma UC de proteção integral. c) Após a implantação da RDS Mamirauá, a população local manteve-se dona da área. d) Conforme obrigação do SNUC, após a implantação da RDS, a população de Mamirauá foi retirada da área. e) As populações da RDS Mamirauá, possuem contrato de concessão de direito real de uso, uma vez que as áreas das UCs são de domínio público. 2. Cite a nomenclatura dos sete tipos de unidades de conservação de uso sustentável. a) Estação Ecológica (Esec), Reserva da Fauna (Refau), Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Floresta Nacional (Flona) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). b) Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), Reserva da Fauna (Refau), Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Floresta Nacional (Flona) e Parque Nacional (Parna). c) Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), Reserva Biológica (Rebio), Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Floresta Nacional (Flona) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). d) Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), Reserva da Fauna (Refau), Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Refúgio da Vida Selvagem (RVS) e Reserva Particulardo Patrimônio Natural (RPPN). e) Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie), Reserva da Fauna (Refau), Área de Proteção Ambiental (APA), Reserva Extrativista (Resex), Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), Floresta Nacional (Flona) e Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). 3. Com relação à atividade de mineração, segundo o Unidades de conservação de uso sustentável10 Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 10 12/12/2017 08:00:41 BRASIL. Lei federal nº 9.985 de 18/07/2000. Regulamenta o artigo 225 da Constituição Federal e institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em: 5 dez. 2017. FLONA de Silvânia. Floresta Nacional de Silvânia. 2017. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/unidadesdeconservacao/biomas-brasileiros/cerrado/unidades- -de-conservacao-cerrado/2077-flona-de-silvania>. Acesso em: 5 dez. 2017. TOLENTINO, L. País ganha novas unidades de conservação com 58 mil hectares. 2014. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/index.php/comunicacao/agencia- -informma?view=blog&id=544>. Acesso em: 5 dez. 2017. Leitura recomendada BARRETTO FILHO, H. T. Áreas naturais, artefatos culturais: uma perspectiva antro- pológica sobre as unidades de conservação de proteção integral na Amazônia brasileira. In: ALMEIDA, A. W. B. de; FARIAS JÚNIOR, E. de A. (Org.). Mobilizações étnicas e transformações sociais no Rio Negro. Manaus: UEA Edições, 2010. Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), quais tipos de UCs podem ter essa atividade? a) Somente em Reservas Extrativistas. b) Exclusivamente nas RPPNs. c) Em Parques Nacionais e Áreas de Proteção Ambiental. d) Em todas as unidades de conservação de uso sustentável, exceto na Reserva Extrativista. e) Em todas as unidades de conservação de proteção integral. 4. Antônio recebeu como herança uma RPPN, isso significa que: a) ele pode solicitar a retirada do status de UC e explorar a área comercialmente. b) Antônio terá que pagar altos impostos para manter a RPPN. c) a RPPN deverá ser preservada de forma integral. d) a RPPN não poderá ter mais revertida o status de UC. Porém, como incentivo, é isento do Imposto Territorial Rural (ITR) referente à área. e) pode minerar a área. 5. Quais tipos de UCs de uso sustentável podem ser constituídas em áreas privadas? a) RPPN, ARIE e APA. b) RPPN e APA. c) PARNA, RPPN e MONET. d) RESEX, FLONA e APA. e) RESEX, FLONA e MONTE. 11Unidades de conservação de uso sustentável Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 11 12/12/2017 08:00:41 Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 12 12/12/2017 08:00:41 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor de hoje, você irá conhecer os tipos de Unidades de Conservação de Uso Sustentável. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi a primeira UC dessa categoria implementada no país. Sua criação foi uma solicitação encaminhada em 1985 pelo biólogo José Márcio Ayres e pelo fotógrafo Luis Cláudio Marigo ao Governo Federal. É correto afirmar sobre a RDS Mamirauá, que: A) Ela foi criada para proteção integral da natureza. B) O biólogo José Márcio Ayres e o fotógrafo Luis Cláudio Marigo desejavam remover a população local para ser uma UC de Proteção Integral. C) Após a implantação da RDS Mamirauá, a população local manteve-se dona da área. D) Conforme obrigação do SNUC, após a implantação da RDS, a população de Mamirauá foi retirada da área. E) As populações da RDS Mamirauá, possuem contrato de concessão de direito real de uso, uma vez que a área destas UCs são de domínio público. 2) Sabe-se que as Unidades de Conservação de Uso Sustentável estão divididas em sete tipos. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o nome de cada um deles. Estação Ecológica, Reserva da Fauna, Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista, A) Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Floresta Nacional e Reserva Particular do Patrimônio Natural. B) Área de Relevante Interesse Ecológico, Reserva da Fauna, Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Floresta Nacional e Parque Nacional. C) Área de Relevante Interesse Ecológico, Reserva Biológica, Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Floresta Nacional e Reserva Particular do Patrimônio Natural. D) Área de Relevante Interesse Ecológico, Reserva da Fauna, Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Refúgio da Vida Selvagem e Reserva Particular do Patrimônio Natural. E) Área de Relevante Interesse Ecológico, Reserva da Fauna, Área de Proteção Ambiental, Reserva Extrativista, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, Floresta Nacional e Reserva Particular do Patrimônio Natural. 3) Com relação à atividade de mineração, segundo o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), quais tipos de UCs podem ter esse tipo de atividade? A) Somente nas Reservas Extrativistas. B) Exclusivamente nas RPPNs. C) Em Parques Nacionais e Áreas de Proteção Ambiental D) Em todas as Unidades de Conservação de Uso Sustentável, exceto na Reserva Extrativista. E) Em todas as Unidades de Conservação de Proteção Integral. 4) Antônio recebeu como herança uma RPPN, isso significa que: A) ele pode solicitar a retirada do status de UC e explorar a área comercialmente. B) Antônio terá que pagar altos impostos para manter a RPPN. C) a RPPN deverá ser preservada de forma integral. D) a RPPN não poderá ser mais revertida ao status de UC. Mas, como incentivo, é isento do Imposto Territorial Rural (ITR) referente à área. E) pode minerar a área. 5) Quais tipos de UCs de Uso Sustentável podem ser constituídas em áreas privadas? A) RPPN, ARIE e APA. B) RPPN e APA. C) PARNA, RPPN e MONET. D) RESEX, FLONA e APA. E) RESEX, FLONA e MONTE. NA PRÁTICA Como você viu, as Unidades de Conservação de Uso Sustentável têm por objetivo a exploração dos recursos naturais de forma sustentável. Com base nisso, João viu uma possibilidade de proteger animais em extinção que estão sendo caçados em uma determinada área. Conheça a seguir, a história de João. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A Reserva de Desenvolvimento Sustentável tem por objetivo principal, conciliar a conservação da natureza à melhoria da qualidade de vida de seus habitantes. No vídeo Meu quintal é o pulmão do mundo, a RDS de Mamirauá é apresentada nesse vídeo pela população que vive na área e sobrevive de seus recursos, preservando os bens naturais nela contidos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Que tal conhecer um Roteiro metodológico para elaboração de plano de manejo para reservas particulares do patrimônio natural? Clique no link para saber mais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! As Reservas Extrativistas têm grande importância para as comunidades tradicionais em que nelas habitam, pois sua sobrevivência depende da extração sustentável de seus recursos. No vídeo Reservas extrativistas na Amazônia, é apresentada a Reserva Extrativista do lago Cuniã e a maneira como a população local vive. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Unidades de conservação de proteção integral APRESENTAÇÃO As unidades de conservação (UCs) são espaços territoriais, incluindo seus recursos ambientais, com características naturais relevantes, que têm a função de assegurar a representatividade de amostras significativas e ecologicamente viáveis de diferentes populações, habitats eecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Seguindo a mesma linha das UCs, há a ainda as unidades de conservação de proteção integral, que, em especial, visam à proteção da natureza como principal objetivo e por isso as regras e normas são mais restritivas. Nesse grupo, é permitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, ou seja, aquele que não envolve consumo, coleta ou dano a esses recursos. Exemplos de atividades de uso indireto dos recursos naturais são: recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa científica, educação e interpretação ambiental, entre outras. As categorias de proteção integral são: estação ecológica, reserva biológica, parque, monumento natural e refúgio de vida silvestre. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver o que são as unidades de conservação de proteção integral, sua caracterização e os tipos existentes, bem como as principais unidades no Brasil. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar as UCs de proteção integral.• Identificar os tipos de UCs de proteção integral.• Elencar algumas das UCs de proteção integral do Brasil e suas funções.• DESAFIO As UCs de proteção integral têm por objetivo principal preservar de forma integral a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. Observe a situação a seguir. INFOGRÁFICO Como você viu, as UCs de proteção integral visam à proteção da natureza e contam com normas e regras bem mais restritivas. Veja no Infográfico a seguir como essas unidades de proteção se caracterizam. CONTEÚDO DO LIVRO As UCs de proteção integral são unidades criadas com o objetivo principal de preservação e conservação da natureza. Por esse motivo, a habitação do homem não é permitida e o uso dos recursos pode ser realizado apenas de forma indireta, sem envolver coleta, consumo e danos aos recursos. As UCs de proteção integral, em geral, têm regras mais restritivas, dependendo o tipo, sendo que algumas permitem atividades de recreação e outras só a pesquisa científica. Na obra Gerenciamento de unidades de conservação, leia o capítulo Unidades de conservação de uso integral e veja exemplos de UCs de proteção integral. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Unidades de conservação de proteção integral Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Caracterizar as unidades de conservação (UC) de proteção integral.  Identifi car os tipos de UC de proteção integral.  Elencar algumas das UC de proteção integral do Brasil e suas funções. Introdução Neste capítulo, veremos o que são as unidades de conservação de proteção integral, sua caracterização e os tipos existentes, bem como as principais unidades no Brasil. As unidades de conservação (UC) são espaços territoriais com características naturais relevantes, incluindo seus recursos ambientais. Elas têm a função de assegurar a representativi- dade de amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, hábitat e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Neste capítulo, vamos nos ater apenas às UCs de proteção integral, que têm a proteção da natureza como principal objetivo, e, por isso, têm suas regras e normas mais restritivas. Nesse grupo, é permitido apenas o uso indireto dos recursos naturais, ou seja, aquele que não envolve con- sumo, coleta ou dano ao local. Exemplos de atividades com uso indireto dos recursos naturais são: recreação em contato com a natureza, turismo ecológico, pesquisa científica e educação e interpretação ambiental. As categorias de proteção integral são: estação ecológica, reserva biológica, parque, monumento natural e refúgio de vida silvestre. Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 1 18/12/2017 11:19:43 Unidades de proteção integral A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, dividiu as UCs em dois grupos, as unidades de proteção integral e as unidades de uso sustentável, cada um com objetivos específi cos legalmente defi nidos. Falaremos agora sobre as UCs de proteção integral, que têm por objetivo “preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei” (art. 7, § 1º) (BRASIL, 2000). Para você entender o que são essas unidades de conservação, primeiro é necessário que entenda o conceito de proteção integral. Proteção integral é a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. As UCs de proteção integral têm por objetivo principal, como o nome já diz, preser- var de forma integral a natureza, admitindo apenas o uso indireto dos seus recursos naturais. As regras e normas aplicadas e esse tipo de UC são mais restritivas, não permitindo consumo, coleta ou danos aos recursos naturais. Como exemplos de atividades de uso indireto, podemos citar:  Turismo ecológico — Atividades turísticas guiadas com a intenção de proporcionar um contato sustentável com a natureza, comprometido com a conservação e a educação ambiental. Essas atividades podem ser banhos nas cachoeiras, nos rios, caminhadas orientadas nas trilhas, entre outras.  Pesquisa científica — A pesquisa de natureza ambiental, econômica e social nas unidades de conservação é importante para o conhecimento e manejo a curto, médio e longo prazo dessas unidades.  Educação ambiental — A educação ambiental tem o objetivo de apro- ximar a comunidade da UC, para que ela entenda a importância de preservar o local e o seu entorno. Muitas unidades abrem vagas para visitação à UC e realizam trilhas guiadas, unindo aspectos da natureza e da educação ambiental. As unidades de proteção integral são divididas em cinco categorias, com diferentes objetivos. As categorias de proteção integral são:  estação ecológica;  reserva biológica;  parque nacional;  monumento natural;  refúgio de vida silvestre. Unidades de conservação de proteção integral2 Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 2 18/12/2017 11:19:43 Cada uma das categorias de UC, previstas na Lei nº 9.985/2000, tem obje- tivos específicos, ao lado dos objetivos gerais das unidades de conservação e daqueles do grupo ao qual pertencem, com correspondentes variados graus de restrições e permissividade dentro de suas áreas (BRASIL, 2000). Unidades de proteção integral surgem por intermédio do poder público para proteger recursos importantes, mas são implementadas também nos casos de licenciamento ambiental. Quando é executado um empreendimento de significativo impacto ambiental, assim considerado com base no Estudo/ Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima), o empreendedor é obrigado a apoiar a implantação e manutenção da unidade de conservação do grupo de proteção integral. As unidades dessa categoria são áreas exclusivamente públicas, sendo que a criação de unidades precede um longo estudo e a de- sapropriação e indenização de moradores do local. Atualmente, as UCs de proteção integral estão, em sua maior parte, localizadas no bioma Amazônia e ocupam praticamente a metade da área total das UCs de uso sustentável, como exemplifica a Tabela 1 a seguir: Fonte: Drummond, Franco e Oliveira (2011). Biomas Área de proteção integral (ha) Área de uso sustentável (ha) Área total (ha) % Amazônia 43.015.400 76.000.000 116.615.400 73,34 Caatinga 1.117.000 5.355.300 6.472.300 4,07 Cerrado 6.483.800 11.239.000 17.722.800 11,15 Pantanal 440.300 248.800 689.100 0,43 Mata Atlântica 2.860.600 8.646.100 11.506.700 7,24 Pampa 84.400 421.900 486.000 0,31 Marinho Costeiro 549.900 4.970.100 5.520.000 3,47 Total 54.611.400 106.881.200 159.012.300 100 Tabela 1. Área das UC divididaspor bioma. 3Unidades de conservação de proteção integral Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 3 18/12/2017 11:19:43 Figura 1. Com a autorização do órgão responsável, é possível coletar material da UC para pesquisa científica ou identificação. Fonte: Boonchoke/Shutterstock.com. Em grandes cidades, as unidades de conservação representam áreas que servem de refúgios para a fauna e para a proteção da biodiversidade. Constituem um importante espaço de lazer e contato com a natureza, que é essencial para sua valorização e respeito. Essas áreas contribuem para a melhoria da qualidade de vida da população, ao protegerem os recursos naturais dos quais depende a cidade. As UCs estão relacionadas à manutenção de fauna, flora e ecossistemas. Além dessas áreas, buscam preservar o patrimônio histórico e cultural das comunidades tradicionais do local. Como exemplos de UC de proteção integral, podemos citar o Parque Nacional da Serra do Gandarela, próximo de Belo Horizonte, em Minas Gerais, e o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, próximo a Teresópolis, em São Paulo. Tipos de unidades de proteção integral Dando continuidade ao seu ânimo classifi catório, a Lei nº 9.985/2000 (artigos 8 e 14) nominou os tipos de unidades de conservação que fazem parte do sistema nacional. São cinco classifi cações de unidades de proteção integral: estação ecológica, reserva biológica, parque nacional (ou estadual, ou municipal), Unidades de conservação de proteção integral4 Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 4 18/12/2017 11:19:43 monumento natural e refúgio de vida silvestre. Cada uma delas possui um objetivo principal diferente, que veremos agora (BRASIL, 2000). Estações ecológicas (Esec) Essa categoria de UC se assemelha a um santuário da natureza, um verdadeiro banco de biodiversidade, com alto grau de restrição às atividades humanas. As estações ecológicas têm dois objetivos defi nidos por lei: a preservação da natureza e a realização de pesquisas científi cas (art. 9, caput) (BRASIL, 2000). Esta última depende de autorização prévia do órgão responsável pela admi- nistração da UC e está sujeita às condições e restrições por ele estabelecidas. A visitação pública é proibida, à exceção daquela com objetivo educacional, conforme o plano de manejo da unidade de conservação. O domínio e a posse das estações ecológicas necessariamente devem ser públicos, até porque, em virtude do alto grau de restrições às ações humanas já destacado, as proprie- dades incluídas dentro dos limites da UC não apresentam qualquer proveito econômico. Por essa razão, a Lei nº 9.985/2000 diz que “as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas” (art. 9, § 1º) (BRASIL, 2000). Essa é uma categoria de UC tão devotada à conservação plena da biodi- versidade que as alterações no ecossistema apenas são permitidas em caráter excepcional, em apenas quatro hipóteses (art. 9, § 4º) (BRASIL, 2000): i) medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; ii) manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; iii) coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas; e iv) pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo 3% da extensão total da unidade e até o limite de 1.500 hectares. Como podemos observar, essas modificações no ecossistema têm apenas dois fundamentos: o de preservar o próprio ecossistema e a biodiversidade e o de viabilizar, com restrições, a pesquisa científica. Reservas biológicas (Rebio) Essa categoria de unidade fi gura entre as mais restritivas às atividades humanas. Ao lado da estação ecológica, forma o que se pode chamar de “núcleo duro” das unidades de proteção integral. 5Unidades de conservação de proteção integral Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 5 18/12/2017 11:19:43 A reserva biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e dos demais atributos naturais existentes em seus limites. Para isso, está proibida interferência humana direta ou modificações ambientais. As únicas exceções se assemelham àquelas previstas para as estações ecológicas. A Lei nº 9.985/2000, artigo 10, permite expressamente a atuação humana para “medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais” (BRASIL, 2000). A pesquisa científica não é um dos objetivos dessa categoria de UC integral. Porém, é permitida, desde que autorizada previamente pelo órgão gestor da unidade. A visitação pública é vedada. Apenas são permitidas visitas com objetivo educacional. E, pelos mesmos motivos que nas estações ecológicas, as reservas biológicas são de posse e domínio públicos. As áreas privadas inseridas na área da unidade devem ser desapropriadas. Parques nacionais (Parna) O grande diferencial desse tipo de UC é que a preservação do ecossistema leva em conta, além da sua relevância ecológica, também sua beleza cênica. Nessa unidade, podem ser realizadas pesquisas científi cas, atividades de educação e interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico. A visitação pública e a pesquisa científi ca estão regradas conforme o plano de manejo da unidade. Os parques podem ser estaduais, quando criados pelo governo do Estado, municipais quando criados pela prefeitura, ou nacionais quando criados pela União. São feitos em áreas públicas e a visitação e pesquisas estão sujeitas às regras do conselho gestor. Monumentos naturais (Monat) Essas áreas têm como função preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande beleza cênica. Não são constituídos apenas por áreas públicas, mas também por áreas particulares, desde que compatíveis com os objetivos da unidade em relação à utilização da terra e dos recursos naturais do local. A visitação pública e a pesquisa científi ca estão sujeitas às regras delimitadas no plano de manejo. Em caso de desacordo com essas regras, os moradores locais são desapropriados. Refúgios de vida silvestre (Revis) Essa UC também pode ser composta por áreas particulares, desde que de acordo com as regras do plano de manejo. O principal objetivo é proteger Unidades de conservação de proteção integral6 Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 6 18/12/2017 11:19:44 ambientes naturais necessários à existência ou à reprodução de espécies ou comunidades da fl ora local e da fauna residente ou migratória. Existem algumas diferenças básicas entre as unidades de conservação de proteção integral. Confira na tabela a seguir as características principais, como processo de criação, objetivos da unidade, instrumento de gestão, entre outros. Esec Rebio Parna Monat Revis Objetivos, além da conservação Pesquisa Pesquisa e educação Pesquisa e educação Conser- vação da beleza cênica, pesquisa e educação Pesquisa e educação Processo de criação Governo Governo Governo Governo Governo Posse de terras Pública Pública Pública Pública e privada Pública e privada Permite moradores? Não Não Não Sim Sim Regularização com desa propriação? Sim Sim Sim Não obrigato- riamente Não obrigato- riamente Instrumento de gestão Plano de manejo Plano de manejo Plano de manejo Plano de manejo Plano de manejo Realização de pesquisa Com aprovação prévia do conselho gestor Com aprovação prévia do conselho gestor Com aprovação prévia do conselho gestor Com aprovação prévia do conselho gestor Com aprovação prévia do conselho gestor Tabela 2. Características principais das unidades de conservação de proteção integral. 7Unidades de conservação de proteção integral Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 7 18/12/2017 11:19:44 Algumas das UC de proteção integral do Brasil e suas funções Parque Nacional da ChapadaDiamantina Esse parque foi criado na Bahia com o objetivo de preservar as belezas cêni- cas do local e as nascentes nele encontradas, como a do Rio Paraguaçu, que abastece 60% da população da capital baiana. Ele possui cerca de 152 mil hectares, com um banco genético precioso e importante para conservação da biodiversidade, tendo sido descobertas cerca de cinco espécies de plantas e três espécies de animais endêmicos. Parque Nacional da Serra da Bodoquena Esse parque possui 76.481 hectares, com formação de montanhas de rochas calcárias, diferente das demais montanhas da região. Ele foi criado para pre- servar a biodiversidade do cerrado e do pantanal. O parque está sendo im- plantado com a regularização fundiária. Não possui plano de manejo e ainda não está aberto à visitação pública. As atividades ecoturísticas são exploradas na região. Os objetivos do parque são preservar os ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitar a realização de pes- quisas científi cas e o desenvolvimento de atividades de educação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. No local, são realizadas atividades como rapel, parapente, mergulho em cavernas, bóia cross, rafting, mountain bike e trekking. Figura 2. Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Fonte: Daniel W. Xavier/Shuttersotck.com. Unidades de conservação de proteção integral8 Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 8 18/12/2017 11:19:44 Parque Estadual do Turvo Parque extenso, com 17.492 hectares, situado à margem do Rio Uruguai. Possui remanescente bem preservado da Floresta Estacional Decidual e uma cachoeira longitudinal (Salto do Yucumã) de grande potencial cênico. O parque busca proteger o regime hídrico do Rio Uruguai e dos arroios tributários. Em território gaúcho, é o último refúgio de espécies como a anta e a onça-pintada. Parque Estadual do Tainhas O Parque do Tainhas possui 6.655 hectares e está localizado no Rio Grande do Sul. Ele foi criado com o objetivo de proteger os campos e as matas pre- sentes no Vale do Rio Tainhas, no trecho situado entre os arroios Taperinha e do Junco. O parque abriga espécies da fl ora ameaçada de extinção, como a araucária, a imbuia e o xaxim. Refúgio de Vida Silvestre de Alcatrazes A área constitui um arquipélago do litoral norte de São Paulo. Ela foi declarada como Revis por abrigar diversas espécies em extinção. É a segunda maior unidade de proteção integral marinha do país. Nela é permitida uma atividade de recreação e turismo, o mergulho. A prática de tiros de canhão, realizada há anos pela Marinha, continua sendo efetuada em locais específi cos, sendo regrada no plano de manejo após sua realização. Monumento Natural Gruta do Lago Azul Essa UC foi criada em 2001 no município de Bonito, Mato Grosso do Sul. Com cerca de 274 hectares, abriga grutas que fazem parte do complexo de cavernas da Serra da Bodoquena. Foi criada para preservar um conjunto patrimonial e científi co de registros geológicos, geomorfológicos, paleontológicos e biológi- cos, além de suas raras belezas, como as águas cristalinas dentro de cavernas. Também assegura a integridade física e biológica das grutas do Lago Azul e de Nossa Senhora Aparecida e contribui para a manutenção do lençol freático na região. A atividade principal implementada nessa unidade é a visita guiada. 9Unidades de conservação de proteção integral Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 9 18/12/2017 11:19:44 Estação Ecológica do Taim A Estação Ecológica do Taim possui 34 mil hectares e está localizada no Rio Grande do Sul. Essa unidade possui grande importância, pois é um berçário de aves migratórias, muitas vindas da região Ártica ou Antártida. A fi nalidade dessa UC é a preservação de um viveiro natural de animais e vegetais distri- buídos em banhados, campos, lagoas, praias arenosas e dunas litorâneas, além de proteger a grande quantidade de fauna e fl ora nativas da região. Reserva Biológica Estadual do Banhado do Maçarico A reserva possui 6.253 hectares e está localizada no município de Rio Grande. Ela é rodeada por ameaças, como plantio de espécies arbóreas exóticas, quei- madas sistemáticas das turfeiras, avanço de empreendimentos eólicos, sobre pastoreio pelo gado e contaminação por agrotóxicos. Por isso, surgiu com o objetivo de preservar as nascentes que alimentam o sistema hidrológico do Taim sul e as drenagens naturais associadas ao estuário da Laguna dos Patos, preservar fi sionomias palustres do banhado do maçarico e seus ecossistemas associados e garantir a integridade de hábitats para manter populações de espécies ameaçadas de extinção. Parque Nacional Marinho dos Abrolhos O parque foi criado em 1983 com o intuito de proteger a região com maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, sendo o primeiro parque nacional ma- rinho do Brasil. A administração é responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). O parque abrange uma área de 91.235 hectares de áreas marinhas, abrangendo o Recife de Timbebas, o Parcel dos Abrolhos e o Arquipélago dos Abrolhos, composto pelas Ilhas Redonda, Siriba, Sueste, Guarita e Santa Bárbara (sob jurisdição da Marinha do Brasil). Além de ser a região com maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul, é conhecida por receber, todo ano, entre os meses de julho a novembro, as exuberantes baleias jubarte, que usufruem das águas quentes, tranquilas e pouco profundas para acasalar e dar à luz aos filhotes, que nascem após gestação de aproximadamente 11 meses. Um dos grandes atrativos do Arquipélago são as aves que habitam o local, como atobás, grazinas e outras vindas do continente. A região também possui diversas opções para mergulho, com recifes de corais imensos e coloridos, cavernas submarinas e uma grande variedade de peixes e outros animais Unidades de conservação de proteção integral10 Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 10 18/12/2017 11:19:44 marinhos. Devido à localização em uma plataforma continental, a profundi- dade máxima da água é de 30 metros. No verão, a água é transparente e as temperaturas médias anuais giram em torno dos 26 °C. 1. As UCs de proteção integral estão divididas em cinco categorias com diferentes objetivos. Assinale a alternativa que contém a correta relação das categorias de proteção integral. a) Estação ecológica, reserva biológica, parque nacional, RPPN, refúgio de vida silvestre. b) Parque nacional, refúgio de vida silvestre, reserva de fauna, reserva extrativista, área de proteção ambiental. c) Monumento natural, estação ecológica, reserva biológica, parque nacional e área de proteção ambiental. d) Estação ecológica, reserva biológica, parque nacional, monumento natural e refúgio de vida silvestre. e) Reserva de desenvolvimento sustentável, reserva biológica, parque nacional, monumento natural e área de relevante interesse ecológico. 2. A sigla UC significa: a) unidade de conservação. b) unicamente conservacionista. c) unidade de ciências. d) unidade científica. e) universal e conscientizadora. 3. Sobre os tipos de unidades de conservação existentes, podemos afirmar, quanto a suas diretrizes e especificações de uso, que: a) as estações ecológicas permitem manejo, são áreas abertas a visitações públicas e de uso para finalidade de pesquisas científica. b) nas reservas biológicas são realizados manejos para recuperar ecossistemas alterados, recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. c) nos parques nacionais não podem ser realizadas pesquisas científicas, mas estão liberadas as atividades de recreação e turismo ecológico. d) nos monumentos naturais a visitação pública e a pesquisa científica estão sujeitas a regras delimitadas no plano de manejo, mas o importante é que pode ser explorada comercialmente por particulares. e) existem cinco tipos de unidades de conservação deproteção integral e todas aceitam o ecoturismo como uso possível. 4. Sobre as UCs de proteção integral existentes no Brasil, podemos afirmar: a) o Parque Nacional da Serra da Bodoquena é uma UC que possui estatuto bem consolidado e já se encontra aberto à visitação. b) O Monumento Natural Gruta 11Unidades de conservação de proteção integral Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 11 18/12/2017 11:19:46 do Lago Azul fica no município de Grutinha, em Minas Gerais, e ganhou esse nome em homenagem à Gruta de Nossa Senhora Aparecida, onde foi encontrada a imagem da santa embaixo de escombros. c) o Parque Estadual do Turvo é especialmente conhecido pelo Salto do Yacuma, faz divisa com o Uruguai e é o último refúgio da onça-pintada no território brasileiro. d) a Estação Ecológica do Taim encontra-se em Santa Catarina, na divisa com Rio Grande do Sul, e é um importante berçário de aves migratórias, inclusive onde se pode encontrar uma espécie rara de Tucano do bico verde. e) a Chapada Diamantina é uma unidade de conservação de uso sustentável. 5. Sobre as regras das UCs, é correto afirmar que: a) em estações ecológicas, a posse de terras é pública e o instrumento de gestão é o plano de manejo. b) nas reservas biológicas, é permitida a pesquisa e a educação ambiental por qualquer cidadão, sem autorização prévia. c) nos parques nacionais, a posse de terra é particular e, por isso, é permitido moradores. d) nos monumentos naturais, a área vem de posse somente pública e a regularização é obrigatoriamente feita por desapropriação. e) na modalidade dos refúgios da vida silvestre, a pesquisa científica não é permitida. BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm>. Acesso em: 29 nov. 2017. Leituras recomendadas BARRETTO FILHO, H. T. Áreas naturais, artefatos culturais: uma perspectiva antropoló- gica sobre as unidades de conservação de proteção integral na Amazônia brasileira. In: ALMEIDA, A. W. B. de; FARIAS JUNIOR, E. de A. (Org.). Mobilizações étnicas e trans- formações sociais no Rio Negro. Manaus: UEA Edições, 2010. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Unidades de conservação. [200-?]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/unidades-de-conservacao/o-que- -sao>. Acesso em: 29 nov. 2017. Referência Unidades de conservação de proteção integral12 Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 12 18/12/2017 11:19:47 BRASIL. Instituto Socioambiental. Categorias de UCs. [200-?]. Disponível em: <https:// uc.socioambiental.org/o-snuc/categorias-de-ucs>. Acesso em: 06 dez. 2017. DRUMMOND, J. A.; FRANCO, J. L. A.; OLIVEIRA, D. Uma análise sobre a história e a situação das unidades de conservação no Brasil. In: GANEM, R. S. (Org.). Conservação da biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília, DF: Câmara dos Deputados, 2011. p. 341-385. (Série memória e análise de leis, 2). ESCOBAR, H. Alcatrazes vira Refúgio de Vida Silvestre, com direito a visitação. 2016. Dis- ponível em: <http://ciencia.estadao.com.br/blogs/herton-escobar/ alcatrazes-vira- -refugio-de-vida-silvestre-com-direito-a-visitacao/>. Acesso em: 29 nov. 2017. GUIA Chapada Diamantina. Parque nacional. 2017. Disponível em: <http://www.guia- chapadadiamantina.com.br/parque-nacional/>. Acesso em: 29 nov. 2017. MATO GROSSO DO SUL. Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul. Mo- numento natural Gruta do Lago Azul. [201-?]. Disponível em: <http://www.imasul. ms.gov.br/ conservacao-ambiental/gestao-de-unidades-de-conservacao/unidades- -de-conservacao-estaduais/monumento-natural-gruta-do-lago-azul/>. Acesso em: 29 nov. 2017. O QUE é Ecoturismo. In: ((o))eco, 2015. Disponível em: <http://www.oeco.org.br/ dicionario-ambiental/28936-o-que-e-ecoturismo/>. Acesso em: 29 nov. 2017. RIO DE JANEIRO. Gerência de Unidades de Conservação de Proteção Integral. Uni- dades de conservação de proteção integral. 2010. Disponível em: <http://geproinearj. blogspot.com.br/2010/10/o-que-sao-unidades-de-conservacao-de.html>. Acesso em: 29 nov. 2017. RIO GRANDE. Prefeitura Municipal. Estação ecológica do Taim. [200-?]. Disponível em: <http://www.riogrande.rs. gov.br/pagina/index.php/atrativos-turisticos/deta- lhes+8603, estacao-ecologica-do-taim.html>. Acesso em: 29 nov. 2017. RIO GRANDE DO SUL. Governo do Estado cria nova unidade de conservação: Banhado do Maçarico, em Rio Grande. 2014. Disponível em: <http://www.rs.gov.br/con- teudo/208424/ governo-do-estado-cria-nova-unidade-de-conservacao-banhado- -do-macarico-em-rio-grande/termosbusca=*>. Acesso em: 29 nov. 2017. RIO GRANDE DO SUL. Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Uni- dades de conservação estaduais. 2016. Disponível em: <http://www.sema.rs.gov.br/ unidades-de-conservacao-2016-10>. Acesso em: 29 nov. 2017. WORLD WIDE FUND. Proteção integral. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/ natureza_brasileira/questoes_ambientais/unid/protint>. Acesso em: 29 nov. 2017. 13Unidades de conservação de proteção integral Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 13 18/12/2017 11:19:47 Cap3_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 14 18/12/2017 11:19:47 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor, você vai conhecer as principais caraterísticas das UCs de proteção integral. Assista. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) As UCs de proteção integral estão divididas em cinco categorias com diferentes objetivos. Assinale a alternativa que apresenta a correta relação das categorias de proteção integral. A) a) Estação ecológica, reserva biológica, parque nacional, RPPN e refúgio de vida silvestre. B) b) Parque nacional, refúgio de vida silvestre, reserva de fauna, reserva extrativista e área de proteção ambiental. C) c) Monumento natural, estação ecológica, reserva biológica, parque nacional e área de proteção ambiental. D) d) Estação ecológica, reserva biológica, parque nacional, monumento natural e refúgio de vida silvestre. E) e) Reserva de desenvolvimento sustentável, reserva biológica, parque nacional, monumento natural e área de relevante interesse ecológico. 2) A sigla UC significa: A) a) unidade de conservação. B) b) unicamente conservacionista. C) c) unidade de ciências. D) d) unidade científica. E) e) universal e conscientizadora. 3) Sobre os tipos de UCs existentes, podemos afirmar quanto a suas diretrizes e especificações de uso, que: A) a) as estações ecológicas permitem o manejo e são áreas abertas a visitações publicas e de uso para finalidade de pesquisas científica. B) b) nas reservas biológicas, neste tipo de UC, são realizados manejos para recuperar ecossistemas alterados, recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. C) c) nos parques nacionais, neste tipo de UC, não podem ser realizadas pesquisas científicas, mas estão liberadas as atividades de recreação e turismo ecológico. D) d) nos monumentos naturais, nesse tipo de UC, a visitação pública e a pesquisa científica estão sujeitas às regras delimitadas no plano de manejo, mas o importante é que pode ser explorada comercialmente por particulares. E) e) existem cinco tipos de UCs de proteção integral e todas aceitam o ecoturismo como uso possível. 4) Sobre as UCs de proteção integral existentes no Brasil, podemos afirmar que: A) a) o Parque Nacional da Serra da Bodoquena é uma UC que tem estatuto bem consolidado e já encontra-se aberto à visitação. B) b) o Monumento Natural Gruta do Lago Azul fica no município de Grutinha, em Minas Gerais, e ganhou esse nomeem homenagem à Gruta de Nossa Senhora Aparecida, onde foi encontrada a imagem da Santa embaixo de escombros. C) c) o Parque Estadual do Turvo é especialmente conhecido pelo Salto do Yacuma, faz divisa com o Uruguai e é o último refúgio da onça pintada no território brasileiro. D) d) a Estação Ecológica do Taim encontra-se em Santa Catarina, na divisa com o Rio Grande do Sul, e é um importante berçário de aves migratórias, inclusive onde se pode encontrar uma espécie rara de tucano do bico verde. E) e) a Chapada Diamantina é uma UC de uso sustentável. 5) Sobre as regras das UCs, é correto afirmar que: A) a) em estações ecológicas, a posse de terras é pública e o instrumento de gestão é o plano de manejo. B) b) nas reservas biológicas são permitidas a pesquisa e a educação ambiental, por qualquer cidadão sem autorização prévia. C) c) nos parques nacionais, a posse de terra é particular e, por isso, é permitido ter moradores. D) d) nos monumentos naturais, a área vem de posse somente pública e a regularização é obrigatoriamente feita por desapropriação. E) e) na modalidade dos refúgios de vida silvestre, a pesquisa científica não é permitida. NA PRÁTICA Como você viu, as UCs de proteção integral têm como objetivo proteger os recursos naturais por meio de normas mais rígidas. Conheça a seguir a história de Francisco, que acabou de ser formar em Ecoturismo e quer muito exercer a profissão em uma área de conservação que permita essa prática. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: A REBIO Uatumã é a segunda maior reserva biológica da Amazonas, com aproximadamente 940 mil hectares, perdendo apenas para a REBIO Maicuru, que tem mais de 1 milhão de hectares. Conheça mais sobre ela, assitindo ao vídeo Rebio Uatumã. Ele reúne fotos da região e mostra a exuberância dessa UC. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! As estações ecológicas são as UCs mais restritiva voltadas apenas para a conservação ambiental, a pesquisa científica e a educação de forma bem restritiva. Veja no vídeo O que é ESEC, a Estação Ecológica? como funciona a ESEC do Taim, no Rio Grande do Sul. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Que tal conhecer o Plano de Manejo do Parque Estadual do Lajeado, situado no Estado do Tocantins, no bioma Cerrado? Esse Parque é um exemplo de UC de proteção integral. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Populações humanas em unidades de conservação APRESENTAÇÃO Unidades de conservação (UCs) são espaços protegidos. No entanto, em muitas dessas unidades, a presença das populações humanas é constante. Quando em unidades de proteção integral, muitos conflitos são descritos na literatura. Por outro lado, as UCs de uso sustentável objetivam aliar as atividades humanas à preservação ambiental. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre a coexistência de populações humanas em áreas de conservação e identificar os principais conflitos existentes, as atividades que essas comunidades desenvolvem em UCs de uso sustentável e as propostas de gestão para equilibrar esse convívio de forma sustentável, que objetivem a transposição dos problemas de ordens socioambiental, econômica e política. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar os conflitos e as populações humanas presentes em UCs.• Identificar e caracterizar as populações humanas presentes em UCs.• Descrever os desafios da gestão das UCs com a presença de populações humanas.• DESAFIO Ainda há um grande debate sobre os conflitos advindos da criação de áreas protegidas onde há quilombolas, povos indígenas e outras comunidades tradicionais e não tradicionais. Com frequência, noticiam-se nos jornais as lutas pelos direitos territoriais de populações tradicionais, alguns conflitos existentes, os fundamentos, as similaridades e as diferenças entre o regime jurídico aplicável às terras indígenas, aos territórios quilombolas, às reservas extrativistas e às reservas de desenvolvimento sustentável. Essas sobreposições em unidades de conservação (UCs), principalmente nas de proteção integral, demonstram, na prática, a situação dessas disputas. Porém, também há aquelas em que ocorre uso das terras por populações não tradicionais. Portanto, o senhor Gerson, que é presidente da associação das UCs a nível nacional, propôs aos gestores dos parques um breve estudo que envolve o levantamento de dados para tentar minimizar esses conflitos nessas áreas tão significativas e de preservação da biosfera. O estudo mobiliza equipes a prospectar diversas informações, compilando-as em uma tabela simples, que será avaliada por especialistas e estudiosos no assunto, a fim de propor medidas para sanar esses conflitos. Se você fosse gestor de uma dessas UCs, como você montaria essa tabela de forma simples, com informações pertinentes para auxiliar no estudo? Faça você mesmo uma tabela demonstrando alguns desses conflitos, citando algumas das UCs em conflito atualmente e o estado e a situação delas. Ainda, se possível, sugira soluções cabíveis para minimizar esses conflitos. INFOGRÁFICO No Infográfico a seguir, você vai conhecer um mapa da Embrapa que mostra exatamente as áreas destinadas às unidades de conservação (UCs) somadas às terras indígenas, contrapondo o conflito existente ao mesmo tempo que permeia a base legal de distribuição e direitos desses povos. Você vai ver também exemplos de UCs em sobreposição a essas áreas indígenas e que estão buscando subsídios e soluções para resolver os problemas de gestão desses conflitos, além de alguns indicadores de instrumentos a serem aplicados nessas situações. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO No Brasil, grande parte das unidades de conservação (UCs) de proteção integral, como parques, estações ecológicas e reservas biológicas, foi criada sem resolver os problemas existentes com o adensamento de populações que, historicamente, vivem no interior ou nos arredores dessas áreas, gerando sobreposições entre as atividades desenvolvidas por essas populações e a preservação do meio ambiente. Dentre as populações, existem os povos tradicionais locais, assim como diversos outros tipos de moradores, que diferenciam-se pelo tipo de atividade e pelo modo de ocupação dessas áreas, tais como pescadores artesanais, camponeses e extrativistas, e, ainda, as populações não tradicionais, como comerciantes, madeireiros, palmiteiros, veranistas, etc. Leia a seguir o capítulo Populações humanas em unidades de conservação, da obra Gerenciamento de unidades de conservação, que serve como base teórica desta Unidade de Aprendizagem, para entender melhor o assunto. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Professora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 G367 Gerenciamento de unidades de conservação / Anderson Soares Pires... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 304 p. :il.. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-339-0 1. Gestão ambiental. I. Pires, Anderson Soares. CDU 502.13 1_Iniciais.indd 2 22/02/2018 11:33:46 Populações humanas em unidades de conservação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Caracterizar os confl itos e as populações humanas presentes em UCs.  Identifi car e caracterizar as populações humanas presentes nas UCs.  Descrever os desafi os da gestão das UCs com presença de populações humanas. Introdução Unidades de conservação são espaços protegidos, no entanto, em muitas delas, a presença da populações humanas é constante. Enquanto a pre- sença de populações em unidadesde proteção integral é descrita como conflituosa na literatura, as unidades de conservação têm por objetivo aliar as atividades humanas à preservação ambiental. Neste capítulo, você irá aprender sobre a coexistência de populações humanas em áreas de conservação, identificar os principais conflitos existentes e as atividades que essas comunidades desenvolvem em UCs de uso sustentável. Além disso, você vai identificar propostas de gestão para equilibrar o convívio populacional de forma sustentável e que objetivem a transposição dos problemas de ordem socioambiental, econômica e política. Presença de populações humanas nas UCs e conflitos existentes No Brasil, grande parte das unidades de conservação (UCs) de proteção integral como Parques, Estações Ecológicas e Reservas Biológicas, foi criada sem resolver os problemas existentes com o adensamento de populações que historicamente vivem no seu interior ou nos arredores. Dentre as populações Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 103 22/02/2018 11:15:46 presentes em UCs, encontramos os chamados povos “tradicionais” locais, como os indígenas e os quilombolas, além de diversos outros tipos de moradores, que se diferenciam pelo tipo de atividade e modo de ocupação dessas áreas, tais como, pescadores artesanais, camponeses, extrativistas. Também existem as populações “não tradicionais”, como comerciantes, madeireiros, palmiteiros, veranistas, etc. O Estado cria estas áreas, mas não realiza as desapropriações necessárias, e, na falta de uma gestão adequada, o resultado é que essas po- pulações acabam se tornando ilegais e suas atividades, clandestinas. As populações tradicionais, muitas vezes, permanecem no interior destas UCs, mas sem direito ao exercício de suas atividades tradicionais (como a pesca, coleta, lavoura, etc.), o que causa uma pauperização ainda maior dessas populações rurais. Essas situações geram um conjunto de conflitos entre populações locais, moradoras no interior ou no entorno dessas áreas, e órgãos públicos estaduais e federais responsáveis pelas UCs. Na busca de uma melhor compreensão dos elementos que envolvem o tema homem-natureza e frente à eficiência das UCs, há muitas questões relevantes –culturais, de direitos de cidadãos, concepção de conservação, entre outras —, mas, acima de tudo, há um objetivo implícito: a resolução dos impasses, injustiças sociais e o comprometimento das áreas naturais protegidas. Os direitos dos povos indígenas, bem como dos quilombolas, sobre as terras protegidas pelo Estado estão previstos na Constituição Federal desde 1988 e, mediante seu estilo de vida, há o Projeto de Lei n° 367 tramitando no Senado desde 2015 para estabelecer a legitimidade desses direitos. A isso integra-se a necessidade da gestão adequada dessas áreas, pois envolvem razões sociais, econômicas e científicas e também a manutenção dos serviços ambientais. Para as categorias integrais de áreas protegidas, existem alguns modelos rele- vantes no Brasil, que são: Reservas Biológicas, Parques Nacionais, Monumentos Naturais e Estações Ecológicas, as quais, claro, não foram inventadas por capricho dos amantes da natureza. As UCs são amostras representativas dos ecossistemas naturais, que providenciam inúmeros benefícios à sociedade, desde a preservação da diversidade biológica para garantir o futuro das atividades agropecuária, florestal, industrial e farmacêutica até a manutenção dos ciclos biogeoquímicos, como os do carbono e da água, dentre outros menos evidentes. Essas áreas são essenciais para a qualidade da vida e são importantes contribuintes para nossa sobrevivência. Entretanto, todo uso da natureza provoca impacto, e quanto maior a densidade da população humana, maior seu impacto sobre o entorno natural e o meio ambiente. Por isso, é importante lembrar que a população humana não é estática, sua tendência é aumentar em número e demandas. No entanto, no momento em que seja submetida a um manejo florestal, por mais sustentável Populações humanas em unidades de conservação104 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 104 22/02/2018 11:15:46 que ele pretenda ser, o impacto pode ser, ainda assim, muito grande. Tanto mais se o governo não consegue controlar de perto essas atividades. Um novo olhar sobre as áreas protegidas foi o que criou duas novas categorias de UCs, a Reserva Extrativista (Resex) e a Reserva de Desenvolvimento Susten- tável (RDS). As UCs podem trazer verdadeiros benefícios e oportunidades aos habitantes locais, com a participação ativa da sociedade na sua gestão. Com apoio e implementação das políticas públicas ambientais e dos instrumentos de gestão, as UCs podem, inclusive, ser um atrativo para financiamentos de projetos locais, como melhoria da infraestrutura (saúde, estradas), geração de emprego e fornecimento de serviços ambientais, manejo florestal e de animais silvestres, entre outros. Em muitos casos, as parcerias entre sociedade civil, instituições públicas e empresas também têm se mostrado um caminho viável para a solução dos desafios impostos na gestão de UCs tão extensas ao longo do território brasileiro. Principais conflitos Desde a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) em 2000, confl itos ambientais têm sido objeto de estudo de diversas pesquisas centradas nas interfaces entre populações humanas e espaços natu- rais protegidos. No entanto, ainda parece haver difi culdades permanentes na gestão e na manutenção das UCs de uso restrito, criadas para a preservação dos recursos naturais de ecossistemas exemplares. Uma delas, que adquire importância e visibilidade crescente, tem sido a relação com as populações humanas que ali vivem e viviam antes da apropriação da área pelo Estado. Com relação às populações não tradicionais, majoritariamente com títulos de propriedade devidamente registrados em cartórios, o maior problema tem sido o do custo das desapropriações, inflacionado por manobras jurídicas e contábeis de uma já estabelecida “indústria de indenizações”. Há também problemas de sobreposição de UCs com áreas indígenas — se bem que, neste caso, a questão se diferencie um pouco da relação com as populações tra- dicionais não indígenas, já que há legislação que define especificamente os direitos indígenas. Esses problemas não são exclusivos do Brasil, repetindo-se em praticamente todos os países da América Latina, África e Ásia e consti- tuindo um tema extensamente debatido por organismos governamentais, não governamentais e de pesquisa científica, de cunho nacional e internacional. Como exemplo, podemos citar diversos tipos de conflitos que podem ocorrer em cada caso concreto, podendo variar suas causas ou fontes: 105Populações humanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 105 22/02/2018 11:15:46 a) Presença de grupos sociais diferenciados ocupando historicamente territórios transformados em UCs, principalmente as de proteção inte- gral. Verificar se há presença de povos tradicionais constituindo vilas consolidadas, distribuídos de forma dispersa ou mesclados com a pre- sença de outros tipos de ocupantes (turistas, residentes não tradicionais, residentes e não residentes não praticantes de atividades econômicas de forma tradicional, uso dos recursos e do território, agricultores ou pecuaristas). É relativamente frequente ocorrer sobreposição entre territórios utilizados e ocupados por diferentes povos tradicionais nas UCs, como ribeirinhos e indígenas, caiçaras e quilombolas, entre outros. b) Reivindicação ao Estado, em decorrência de processos de mobilização política, por reconhecimento de territórios indígenas, quilombolas e de outros povos tradicionais inseridos em UCs criadas anteriormente. c) Presença de outros ocupantes, portando títulos de propriedade, precários ou não, ou ainda sem documentação, nos territórios ocupados por povos tradicionais incidentes em áreas de UCs. d) Diretrizes e proposiçõesem relação à regularização fundiária (incluindo desocupação, reassentamento ou indenização de benfeitorias) por parte da gestão da UC ou do órgão gestor, incongruentes com a realidade, não aplicadas, parcialmente implantadas ou descontínuas e desconexas entre si, gerando solução de continuidade. e) Uso e ocupação de áreas de UCs contendo territórios, tradicionais ou não, por parte de outros interesses sobrepostos: empreendimentos ligados à produção de energia (hidrelétricas, petróleo e gás, bioenergia), agroindústria e outros, expansão urbana para novas moradias (principal- mente destinadas à população migrante atraída por empreendimentos e projetos relacionados ao desenvolvimento econômico e à acomodação de ocupações desapropriadas para dar lugar às novas obras), infraestrutura (sistema viário, sistema portuário, saneamento) e serviços diversos, empreendimentos imobiliários relacionados ao veraneio. f) Pressão para a expansão de ocupação de áreas municipais sobre os limites das UCs, frequentemente observada em regiões de grande interesse turístico, industrial ou onde as áreas propícias para ocupação urbana, sob o ponto de vista legal e ambiental, é restrita. g) Pressão para expansão das fronteiras agropecuárias sobre os limites das UCs. h) Sobreposição de diretrizes de gestão entre os três entes da federação so- bre as mesmas áreas, acarretando a proposição de políticas divergentes. Populações humanas em unidades de conservação106 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 106 22/02/2018 11:15:46 i) Sobreposição de intervenções entre diferentes empreendimentos, gerando disputas e concorrência, com objetivos assemelhados, sobretudo no território marinho. j) Comprometimento paisagístico ou limitações impostas a atrativos turísticos significativos em decorrência dos impactos sobre as UCs, prejudicando povos tradicionais, veranistas, setor hoteleiro e receptivo em geral, afetando a economia local e regional. k) Aumento expressivo de situações de vulnerabilidade socioambiental, sobretudo de territórios dos povos tradicionais nas UCs, em cenários de aumento da intensidade e frequência de eventos extremos (inunda- ções, escorregamento de encostas, entre outros), relacionados ou não às mudanças climáticas em curso. Você sabe quantas são as UCs existentes por biomas no Brasil? Esse é um dado muito interessante e importante. Acesse o link para ver a tabela atualizada dessas áreas: https://goo.gl/bmwVnC UCs que comportam populações humanas e suas atividades O Brasil é o quarto país no mundo em quantidade de área continental de UCs, atrás apenas dos Estados Unidos, Rússia e China. Atualmente, existem 1.762 UCs no país, de acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, que mantém os números atualizados constantemente. A primeira a ser criada foi o Parque Nacional de Itatiaia, em 1937, localizado na divisa entre Rio de Janeiro e Minas Gerais. Todas as UCs são demarcadas e passam a ser protegidas e administradas pelas esferas municipal, estadual ou federal com base na Lei do SNUC. Diversas categorias com populações humanas em seu interior demonstram que em 83% dos Parques Nacionais existem moradores, seguidos das Reservas Biológicas (67%) e das Estações Ecológicas (60%). Em 100% dos parques biestaduais, como o de Bocaina e Itatiaia, há populações residentes. Segundo os dados do Instituto Florestal, existem populações tradicionais em 107Populações humanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 107 22/02/2018 11:15:46 praticamente todas as unidades restritivas de grande porte, como nos seguintes: Parque Estadual da Serra do Mar (13.250 moradores); Parque Estadual de Jacu- piranga (5.560); Petar (700); Parque Estadual da Ilha Bela (717); Parque Estadual da Ilha do Cardoso (556). No total, são cerca de 24.500 moradores no conjunto das áreas naturais protegidas do Estado de São Paulo (DRPE). No que diz respeito à presença de populações tradicionais e não tradicionais nas áreas naturais protegidas, consideradas por tipo de administração federal e estadual, constata-se que aquelas sob jurisdição federal apresentam uma proporção maior de moradores de ambos os tipos. Das UCs com moradores, em 100% das Estações Ecológicas, das Reservas Biológicas e das Reservas Ecológicas existem moradores tradicionais e não tradicionais. As comunidades ou populações tradi- cionais se caracterizam por uma grande dependência do uso dos recursos naturais renováveis, a partir dos quais constroem um modo de vida particular por causa de:  conhecimento aprofundado dos ciclos naturais, que se reflete na ela- boração de sistemas de manejo de recursos naturais, carregados de conhecimento e tecnologias patrimoniais;  pertencer e apropriar-se de um território onde os grupos sociais se reproduzem econômica, social e simbolicamente;  permanecer e ocupar esse território por várias gerações, ainda que membros individuais possam ter se deslocado para centros urbanos de onde podem voltar para a terra de seus antepassados;  importância das atividades de subsistência, ainda que a produção de mercadoria, mais ou menos desenvolvida indique a vinculação com o mercado local e regional;  reduzida acumulação de capital;  importância dada à unidade familiar, doméstica ou comunal e às relações de parentesco e compadrio para o exercício das atividades econômicas, sociais e culturais;  importância atribuída às simbologias, mitos e rituais associados à caça e à pesca;  reduzida divisão técnica e social do trabalho;  fraco poder político, em mão de classes urbanas, em geral associadas à comercialização da produção local;  identidade cultural do grupo. Populações humanas em unidades de conservação108 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 108 22/02/2018 11:15:46 Unidade de Uso Sustentável 1. Área de Proteção Ambiental: área dotada de atributos naturais, esté- ticos e culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. Geralmente é uma área extensa, com o objetivo de proteger a diversidade biológica, ordenar o processo de ocupação humana e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. É constituída por terras públicas e privadas. Exemplos: Triunfo do Xingu (PA), Tietê (SP) e Fernando de Noronha (PE). 2. Área de Relevante Interesse Ecológico: tem o objetivo de preservar os ecossistemas naturais de importância regional ou local. Geralmente é uma área de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana e com características naturais singulares. Pode ser constituída por terras públicas e privadas. Exemplos: Mata de Santa Genebra (SP), Granja do Ipê (DF) e Águas de São João (GO). 3. Floresta Nacional: área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas. Visa o uso sustentável e diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica. É admitida a permanência de popula- ções tradicionais que a habitam desde sua criação. Exemplos: Floresta Estadual do Amapá (AP), Canela (RS) e Ipanema (SP). 4. Reserva Extrativista: área natural utilizada por populações extrativis- tas tradicionais que exercem suas atividades baseadas no extrativismo, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais existentes. Permite visitação pública e pesquisa científica. Exemplos: Castanheira (RO), Chico Mendes (AC) e Rio Xingu (PA). 5. Reserva de Fauna: área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, adequadas para estudos técnico-cien- tíficos sobre o manejo econômico sustentável de recursos faunísticos. Exemplo: Baía da Babitonga (SC). 6. Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área natural onde vivem popu- lações tradicionais que se baseiam em sistemas sustentáveis de exploração de recursos naturais. Permite visitação pública e pesquisa científica. Exemplos: Rio Negro (AM), Ponta do Tubarão (RN) eRio Madeira (AM). 109Populações humanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 109 22/02/2018 11:15:46 7. Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada com o objetivo de conservar a diversidade biológica. É permitida a pesquisa científica e a visitação turística, recreativa e educacional. É criada por iniciativa do proprietário, que pode ser apoiado por órgãos integrantes do SNUC na gestão da UC. Exemplos: Água Bonita (TO), Alegrete (PR) e Agulhas Negras (RJ). Atividades dos moradores Há grande variação nos tipos de populações que ocupam o entorno e o interior das UCs. Apesar de existirem áreas urbanas, como distritos e cidades, próximas às unidades, a maior parte da população dessas regiões está concentrada na zona rural. Um estudo realizado pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), demonstrou que as pessoas se agrupam em microbacias e beira de rios, formando comunidades constituídas por famílias de pequenos, médios e grandes proprietários ou mesmo trabalhadores rurais que não possuem proprie- dade e, por isso, prestam serviços. Em algumas áreas, existem assentamentos oriundos de reforma agrária e acampamentos rurais promovidos por movimen- tos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ou grupos indígenas que migraram ou já ocupavam a região antes da criação da unidade. Aliás, a presença de populações anteriores à data de criação das UCs é recorrente. Verifi camos, também, diferença no movimento populacional: em algumas regiões, principalmente onde foram instalados assentamentos, a população tende a se expandir. Mas na maioria das áreas o que ocorre é a redução do número de moradores. A maioria dos benefi ciários diretos das ações desenvolvidas está reunido em grupos formais, como associações ou cooperativas de produção, ou informais, muito embora existam aqueles que não pertencem a nenhum desses grupos. Existem exemplos nos quais não só cooperativas de produção estão envolvidas com o trabalho das Organizações Não Governamentais (ONGs), mas também cooperativas de consumidores. É o caso da experiência da Acevam, em Santa Catarina, do Centro Ecológico Ipê, no Rio Grande do Sul (ambos atuando no entorno do Parque Nacional de Aparados da Serra) e da Associação Mico-Leão-Dourado (AMLD), na Reserva Biológica de Poço das Antas. Outras formas de organização são os sindicatos dos trabalhadores rurais, Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais, MST, entre outros. Há casos em que as ações da instituição geram empregos ocupados por moradores da própria região. É o que ocorre na Fundação Museu do Homem Americano (Fumdham), cuja atuação gerou, aproximadamente, 100 empregos, Populações humanas em unidades de conservação110 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 110 22/02/2018 11:15:46 ocupados por pessoas que vivem no município de São Raimundo Nonato, próximo ao Parque Nacional da Serra da Capivara. Esses moradores traba- lham dentro do parque, nas estruturas instaladas pela fundação, assumindo funções como porteiros das guaritas de acesso, guarda-parques, agentes de preservação dos sítios arqueológicos, entre outras, e também na cidade, em postos de trabalho que surgiram em hotéis, fábricas de cerâmica, escolas, etc. Alguns são funcionários contratados pela fundação, enquanto outros prestam serviços. As decisões e o planejamento das ações são definidos pela diretoria da Fumdham, mas a expectativa é de que, com o tempo, os moradores, passem a participar das tomadas de decisão. Em outras regiões, há ações em que os moradores participam como cola- boradores eventuais, coletando dados para pesquisas ou em atividades desen- volvidas pela instituição. Ocorre também de os beneficiários participarem de forma mais ativa. Nesses casos, geralmente a instituição parte de levantamento ou diagnóstico socioambiental realizado com a mobilização e o envolvimento dos moradores para identificar a realidade local e as relações com a UC, definindo, então, as estratégias e ações a serem desenvolvidas. Essas participações diferenciadas levam, também, a resultados distintos. Instituições que, no planejamento de suas intervenções, buscaram a cola- boração de parceiros e beneficiários costumam atuar a partir de demandas locais e obter maior envolvimento dos beneficiários. É o caso, entre outros, do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA–ZM), que atua no entorno do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, em Minas Gerais, e da Faculdade do Vale do Araranguá (FVA), que trabalha com moradores do Parque Nacional do Jaú e com comunidades de seu entorno, na Amazônia. As duas organizações realizaram diagnósticos socioeconômicos com a participação de moradores, além de encontros e reuniões para discutir a UC e planejar ações. Com isso, têm conseguido trabalhar demandas das comunidades, tanto no que diz respeito a questões que envolvem a unidade (como elaboração de plano de manejo, negociação de usos, etc.) quanto no desenvolvimento das comunidades, com capacitação em técnicas agroecoló- gicas, beneficiamento e comercialização de produtos, geração de renda, etc. Houve casos em que a instituição, percebendo a limitação da ação centrada na educação ambiental ou mesmo na pesquisa, mudou sua estratégia e passou a conseguir maior envolvimento dos beneficiários. Exemplos que ilustram essa situação são o Ipê e a AMLD, organizações que não abandonaram o trabalho de conscientização com a educação ambiental e a extensão ambiental, mas expandiram seu foco de atuação, passando a discutir e a trabalhar outras necessidades dos moradores. 111Populações humanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 111 22/02/2018 11:15:46 Figura 1. Cataratas do Parque Binacional de Foz do Iguaçu, Brasil/Argentina. Fonte: Por Junior Braz/Shutterstock.com. No site do Ministério do Meio Ambiente (MMA), você encontra muitas informações bacanas sobre as UCs e também sobre diretrizes, como é o caso do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC). Acesse o link ou código a seguir para conhecer o mapeamento das UCs, além de outras informações complementares sobre áreas protegidas. https://goo.gl/nVXTWS Desafios da gestão das UCs com presença de populações humanas O desafi o de conservar a biodiversidade, mesmo em áreas limitadas como as UCs, não pode ser feito sem a parceria da sociedade. Cada vez mais, os conservacionistas, cientistas e gestores percebem que conservar a biodiover- sidade em áreas protegidas ignorando o cenário político e social mais amplo é pouco efi caz. Enquanto o mau uso da terra e dos recursos fora dessas áreas Populações humanas em unidades de conservação112 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 112 22/02/2018 11:15:47 continuar, o futuro das UCs e da sua biodiversidade estará ameaçado. Além disso, estabelecer áreas protegidas sem levar em conta os problemas e direitos das populações locais cria confl itos e ressentimentos que, em última instância, ameaçam a integridade da biodiversidade que se quer conservar. Diante desse quadro, alguns novos modelos de criação, implementação e gestão de áreas protegidas, bem como categorias inovadoras, têm sido concebidos e colocados em prática. É uma aposta na conciliação entre gente e biodiversidade. Um exemplo são os mosaicos de UCs, que reúnem áreas com diversas finalidades e distintos graus de uso permitido, possibilitando a continuidade de atividades tradicionais das comunidades locais e a geração de novas al- ternativas de renda. Outro exemplo são as Reservas Extrativistas e Reservas de Desenvolvimento Sustentável, que, por meio de um zoneamento, buscam harmonizar as atividades produtivas das comunidades locais e a conservação da biodiversidade. Apesar desses novos modelos representarem um significativo avanço, ainda há muito a ser feito na busca da conciliação. É interessante notar que essas categorias inovadoras têm sidotratadas pelos adeptos do modelo de conservação que exclui populações humanas como UCs de segunda categoria, sob o argumento de que possuem outros objetivos além da proteção da biodiversidade. Esse argumento, no entanto, é questionável, por vários motivos: a) esses novos modelos possibilitam aumentar a superfície de cober- tura das áreas protegidas, o que é fundamental para a manutenção da biodiversidade; b) em geral, essas categorias abrangem zonas destinadas exclusivamente à proteção da biodiversidade; e c) não será possível conservar a biodiversidade se não forem criados mecanismos de manutenção dos processos biológicos. Muitas dessas categorias e novos modelos podem funcionar como exemplos de formas alternativas de uso dos recursos naturais, mais racionais e susten- táveis, a serem seguidos, inclusive, fora de espaços especialmente protegidos. Em suma, na impossibilidade de se ter todas as áreas sem populações humanas, o jeito é se conformar com isso e tentar salvar o que for possível. Assim, os modelos que conciliam áreas de proteção integral com áreas com outras funções podem regular o uso da terra e dos recursos naturais em porções maiores do território. Ao invés de UCs perdidas em um mar de degradação, obtemos uma vasta área protegida, com maiores possibilidades de preservação dos processos biológicos. 113Populações humanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 113 22/02/2018 11:15:47 Defender as UCs das populações, além de caro, é insustentável. A conci- liação aumenta as chances de as áreas protegidas persistirem. Se a questão da conciliação fosse colocada no âmbito de apenas uma única área, uma unidade de proteção integral e uma população que faz uso dos recursos dessa área, a conciliação poderia ser bastante difícil. Se, no entanto, a questão for examinada sob a perspectiva de um sistema de UCs, em que há diversas categorias de unidades, a possibilidade de um zoneamento democrático e participativo das unidades e espaços de negociação, a conciliação se torna mais fácil. No Brasil, como em outros lugares, há casos interessantes que servem de exemplo, como o processo participativo de elaboração do plano de manejo do Parque Nacional do Jaú. Nesse processo, os moradores do parque mapearam o que representava seu uso dos recursos e o zoneamento da unidade foi feito com base nesses mapas. Apesar de representar um grande avanço, o grau de participação das comunidades no processo de tomada de decisão ainda foi incipiente. O passo seguinte foi a Fundação Vitória Amazônica, que vem tra- balhando nessa área desde 1991, sendo responsável pelo seu plano de manejo, por investir na capacitação dos moradores do parque para o processo de tomada de decisão relativo ao termo de compromisso que esses devem assinar com o órgão gestor do parque para regularizar sua permanência até que haja condições para o reassentamento. Um desdobramento desse processo foi a criação de outra UC, no limite norte do parque, a Reserva Extrativista do Rio Unini, que abre uma nova possibilidade para os moradores do Parque Nacional do Jaú e para o trabalho de gestão compartilhada e comunitária da biodiversidade ali presente. O grande desafio não se resume a implantar projetos que integrem áreas pro- tegidas e populações locais, mas, sim, em lograr o engajamento de indivíduos e organizações que possam criar a atmosfera social, econômica, legal e institucional que assegure a proteção da biodiversidade. A Convenção sobre Diversidade Bioló- gica, ao se erguer sobre os pilares da conservação da biodiversidade, de seu uso e da repartição dos benefícios oriundos de sua utilização, consolidou a concepção de que somente a integração entre o engajamento e a participação das comunidades locais e as estratégias científicas de conservação poderá assegurar o futuro da biodiversidade. Portanto, as nações deverão fazer uma escolha entre o exagero dos privilégios de uma minoria em detrimento do interesse da sociedade nacional. Instrumentos de gestão e plano de manejo das UCs Os planos de manejo são os documentos ofi ciais de planejamento das UCs e todas devem possuir um. No entanto, muitas UCs no Brasil não possuem Populações humanas em unidades de conservação114 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 114 22/02/2018 11:15:47 planos de manejo e, por vezes, chegam a existir por mais de uma década sem qualquer documento de planejamento. Naturalmente, os planos de manejo das UCs de proteção integral são distintos daqueles das unidades de uso sustentável. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re- nováveis (Ibama), órgão responsável pela gestão das UCs até 2007, quando essa tarefa passou para as mãos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), produziu roteiros metodológicos para orientar a confecção dos planos de manejo de UCs de proteção integral e de algumas categorias de uso sustentável. Nesse sentido, são instrumentos de gestão ações como: mecanismos de envolvimento dos beneficiários e colaboradores na definição de estratégias, práticas a serem desenvolvidas pela instituição competente, assim como o envolvimento dos atores na leitura e análise da realidade da região e nas relações com a UC; consideração das demandas da população e dos objetivos da área a ser preservada; nível de organização das populações e capacidade das instituições em estabelecer parcerias com essas organizações; capacidade dos atores (instituições, moradores e suas organiza- ções) em identificar e construir objetivos comuns; capacidade das instituições em promover assistência técnica, alternativas de geração de emprego e renda para os moradores, etc. No caso das unidades de proteção integral, segundo esse roteiro, os planos de manejo possuem os seguintes objetivos: 1. levar a UC a cumprir com os objetivos estabelecidos na sua criação; 2. definir objetivos específicos de manejo, orientando a gestão da UC; 3. dotar a UC de diretrizes para seu desenvolvimento; 4. definir as ações específicas para o manejo da UC; 5. promover o manejo da unidade, orientado pelo conhecimento disponível ou gerado; 6. estabelecer a diferenciação de intensidade de uso mediante zoneamento, visando à proteção de seus recursos naturais e culturais; 7. destacar a representatividade da UC no SNUC frente aos atributos de valorização dos seus recursos, como biomas, convenções e certificações internacionais; 8. estabelecer, quando couber, normas e ações específicas visando a compati- bilizar a presença das populações residentes com os objetivos da unidade, até que seja possível sua indenização ou compensação e sua realocação; 9. estabelecer normas específicas regulamentando a ocupação e uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos, visando à proteção da UC; 115Populações humanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 115 22/02/2018 11:15:47 10. promover a integração socioeconômica das comunidades do entorno com a UC; 11. orientar a aplicação dos recursos financeiros destinados à UC. No caso das unidades de proteção sustentáveis, o plano de utilização de Resex e RDS deve conter os seguintes elementos: 1. Finalidades do plano: consiste em fazer uma breve descrição dos meios a utilizar para manter a reserva como unidade destinada à exploração autossustentável e à conservação dos recursos naturais renováveis pelos seus moradores. 2. Responsáveis pela execução do plano. 3. Intervenções do homem na floresta: ordenamento das intervenções do homem, com os princípios a serem respeitados, as atividades que podem ser realizadas, as atividades não permitidas e as quantidades e formas de intervenção. As intervenções são divididas nas seguintes categorias: ■ intervenções extrativistas e agropastoris, as atividades que os mo- radores estão habituados a realizar; ■ novas intervenções na floresta, atividades a serem introduzidas, como a extraçãode novos produtos; ■ intervenções na fauna; ■ intervenções nas áreas de uso comum. 4. Atividades de fiscalização da reserva. 5. Penalidades pelo descumprimento dos objetivos da reserva. 6. Disposições sobre obras dentro da reserva. 7. Zoneamento das UCs. O trabalho diversificado que pode ser fomentado por organizações em parceria com os Estados, UCs e com os assentados tem potencial para alta capacidade de articulação com outros atores locais e regionais. Esse ainda é um grande desafio, mas, com os investimentos necessários na gestão adequada e por meio de legislações que atribuem direitos legítimos — como o Projeto de Lei do Senado n° 367/2015, que estabelece diretrizes e objetivos para as políticas públicas de desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais —, é possível obtermos o equilíbrio de uma convivência susten- tável entre populações humanas e a conservação dessas áreas de interesse ecológico (SANTOS, 2015). Populações humanas em unidades de conservação116 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 116 22/02/2018 11:15:47 Conheça algumas práticas nas áreas de produção susten- tável, populações tradicionais, regularização fundiária e manejo em UCs na reportagem a seguir. O ICMBio fala sobre produção sustentável no seminário de boas práticas de 2017: https://goo.gl/6G7KoM 1. Podemos citar diversos tipos de conflitos que podem ocorrer em casos de presença humana em UCs, variando apenas causas ou fontes. Assinale a alternativa correta cuja situação corresponde a uma sobreposição quanto à presença de populações humanas em UCs. a) Presença de grupos sociais diferenciados ocupando historicamente territórios transformados em UCs, principalmente as de proteção integral. b) Reivindicação da Via Campesina ao MP sobre as UCs. c) Presença do MST e outros ocupantes portando títulos de propriedade dos territórios ocupados por povos tradicionais incidentes em áreas de UCs. d) Sobreposição das áreas de reforma agrária por dirigentes políticos da CUT. e) Uso e ocupação de áreas de UCs para fins de adensamento de arborização, plantio compensatório ou para exploração de monoculturas, assim como para criação de Reservas da Biosfera, Flonas, Reservas Legais e RPPNs. 2. O direito dos povos tradicionais é legítimo e previsto em Lei. Quem são os ditos povos tradicionais que foram abordados nesse capítulo com maior ênfase? a) Agricultores, latifundiários e madeireiros. b) Povos indígenas e quilombolas. c) Mineradores e extrativistas. d) Ambientalistas e ecólogos. e) A fauna habitante legítima dos ecossistemas protegidos pela UCs. 3. Na busca de equilíbrio do uso sustentável de UCs com adensamento das populações humanas, surgem os mosaicos de UCs, que reúnem áreas com diversas finalidades e distintos graus de uso permitido, possibilitando a continuidade de atividades tradicionais das comunidades locais e a geração de novas 117Populações humanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 117 22/02/2018 11:15:49 alternativas de renda. Nesse sentido, aponte a alternativa correta para esses novos modelos: a) Reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável. b) Reservas extrativistas, apenas. c) Comunidades alternativas. d) Unidades de conservação com fins lucrativos. e) Reserva legal. 4. Quantos aos instrumentos de gestão e plano de manejo das UCs, no caso das unidades de proteção integral, responda apontando a alternativa com os objetivos corretos. a) Seus objetivos são: destacar a representatividade da UC no SNUC frente aos atributos de valorização dos seus recursos, como biomas, convenções e certificações internacionais, e estabelecer normas específicas regulamentando a ocupação e uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos, visando à proteção da UC. b) Seus objetivos são: fazer uma breve descrição dos meios a utilizar para manter a reserva como unidade destinada à exploração autossustentável e à conservação dos recursos naturais renováveis pelos seus moradores. c) Seus objetivos são: exercer responsabilidade pela execução do plano, fiscalização das atividades da reserva, penalidades pelo descumprimento dos objetivos da reserva, disposições sobre obras dentro da reserva, zoneamento das UCs. d) Seus objetivos são: intervenções do homem na floresta, com os princípios a serem respeitados, as atividades que podem ser realizadas, as atividades não permitidas e as quantidades e formas de intervenção. e) Seus objetivos são: representarem unidades de uso sustentável e com plano de manejo que contêm elementos de Resex e RDS. 5. De acordo com o conteúdo do capítulo, quanto às categorias de intervenção do homem na floresta, assinale a alternativa que representa verdadeiramente uma categoria de intervenção voltada para o Resex e RDS. a) Intervenções extrativistas e agropastoris são as atividades que os moradores estão habituados a realizar. b) Intervenções socioambientais como catequizar os camponeses. c) Intervenções socioeconômicas, com exploração de populações tradicionais das florestas e domínio dos seres inferiores. d) Intervenções na fauna, como caça predatória. e) Intervenções na vegetação, como a extração de madeira ilegal. Populações humanas em unidades de conservação118 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 118 22/02/2018 11:15:50 SANTOS, B. D. F. dos. Projeto de Lei n° 2178. Altera a Lei 1.234, de 14 de novembro de 1950, que “Confere direitos e vantagens a servidores que operam com Raios X e substâncias radioativas”, para incluir os servidores diretamente expostos às radiações solares. 2015. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadet ramitacao?idProposicao=1548953>. Acesso em: 17 jan. 2018. Leituras recomendadas ANDRADE, C. D. G.; KURIHARA, L. P. Gestão integrada e participativa: mosaico de áreas protegidas. In: BENSUSAN, N.; PRATES, A. P. (Orgs). A diversidade cabe na unidade?: áreas protegidas no Brasil. Brasília: IEB, 2014. BRASIL. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Instrução nor- mativa n° 26. 2012. Estabelece diretrizes e regulamenta os termos de compromisso entre o Instituto Chico Mendes e populações tradicionais residentes em UCs onde a sua presença não seja admitida ou esteja em desacordo com os instrumentos de gestão. Disponível em: <https://uc.socioambiental.org/sites/uc.socioambiental.org/ files/populacao_0.pdf>. Acesso em: 17 jan. 2018. BRASIL. Ministério Público Federal. Território de povos e comunidades tradicionais, e as unidades de conservação de proteção integral. 2014. Disponível em: <https://goo.gl/ p5h2XT>. Acesso em: 17 jan. 2018. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Áreas protegidas. [200-?]. Disponível em: <http:// www.mma.gov.br/areas-protegidas>. Acesso em: 17 jan. 2018. BRASIL. Instituto Socioambiental. Participação social. [201-?]. Disponível em: <https:// uc.socioambiental.org/gest%C3%A3o/participa%C3%A7%C3%A3o-social>. Acesso em: 17 jan. 2018. BRASIL. Instituto Socioambiental. Populações humana em UCs: sonho impossí- vel? [201-?]. Disponível em: <https://uc.socioambiental.org/territ%C3%B3rio/ popula%C3%A7%C3%A3o-humana-em-ucs-sonho-imposs%C3%ADvel>. Acesso em: 17 jan. 2018. BENSUSAN, N.; PRATES, A. P. Introdução: Sobre esse livro. In: BENSUSAN, N.; PRATES, A. P. (Orgs). A diversidade cabe na unidade?: áreas protegidas no Brasil. Brasília: IEB, 2014. DELELIS, C. J.; REHDER, T.; CARDOSO, T. M. Mosaicos de áreas protegidas: reflexões e propostas da cooperação franco-brasileira. Brasília: MMA, 2010. GRABNER, M. L. Unidades de conservação de uso sustentável: harmonizando competên- cias. Brasília: MPF, 2013. Disponível em: <http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/ccr4/ dados-da-atuacao/eventos/encontros/encontros-estaduais/encontro-nordeste-2013/ unidades-de-conservacao-de-uso-sustentavel-harmonizando-competencias>. Acesso em: 17 jan. 2018. Referência 119Populaçõeshumanas em unidades de conservação Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 119 22/02/2018 11:15:50 HERRMANN, G.; COSTA, C. Gestão integrada de áreas protegidas: uma análise de efeti- vidade de mosaicos. Brasília: WWF, 2015. LIÇÕES aprendidas sobre participação social na elaboração de planos de manejo para unidades de conservação. Brasília: WWF, 2013. Disponível em: <https://goo.gl/ Sw246p>. 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Populações humanas em unidades de conservação120 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 120 22/02/2018 11:15:50 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR O adensamento de populações humanas em unidades de conservação (UCs) é um tema bastante dramático e que, certamente, merece a atenção de todos, pois é de interesse geral e envolve a conservação de áreas com importantes recursos naturais que devem ser preservados, além da garantia de qualidade de vida aos que, por legitimidade, têm direitos, como é o caso dos povos tradicionais que tiram a subsistência inteiramente do local onde vivem. Na Dica do Professor a seguir, você vai conhecer um pouco mais sobre esse assunto. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Com base no que foi estudado, podem-se citar diversos tipos de conflitos que podem ocorrer, variando apenas as causas ou as fontes. Assinale a alternativa cuja situação corresponde a uma sobreposição quanto à presença de populações humanas em unidades de conservação (UCs). A) Presença de grupos sociais diferenciados ocupando historicamente territórios transformados em UCs, principalmente as de proteção integral. B) Reivindicação da Via Campesina ao Ministério Público sobre as UCs. C) Presença do MST e de outros ocupantes, portando títulos de propriedade dos territórios ocupados por povos tradicionais incidentes em áreas de UCs. D) Sobreposição das áreas de reforma agrária por dirigentes políticos da CUT. Uso e ocupação de áreas de UCs para fins de adensamento de arborização e plantio compensatório ou para exploração de monoculturas, assim como para criação de reservas E) de biosfera, floras, reservas legais e RPPNs. 2) O direito dos povos tradicionais é legítimo e previsto em lei. Quem são os ditos povos tradicionais que foram abordados nesta unidade com maior ênfase? A) Agricultores, latifundiários e madeireiros. B) Indígenas e quilombolas. C) Mineradores e extrativistas. D) Ambientalistas e ecólogos. E) Fauna habitante legítima dos ecossistemas protegidos pelas UCs. 3) Na busca de equilíbrio do uso sustentável de unidades de conservação (UCs) com adensamento das populações humanas, surgem os mosaicos de UCs que reúnem áreas com diversas finalidades e distintos graus de uso permitido, possibilitando a continuidade de atividades tradicionais das comunidades locais e a geração de novas alternativas de renda. Nesse sentido, aponte a alternativa CORRETA para esses novos modelos: A) Reservas extrativistas e de desenvolvimento sustentável. B) Reservas extrativistas apenas. C) Comunidades alternativas. D) UCs com fins lucrativos. E) Reserva legal. 4) Quanto aos instrumentos de gestão e plano de manejo das unidades de conservação (UCs) de proteção integral, assinale a alternativa que apresenta os objetivos corretos: A) Destacar a representatividade das UCs no SNUC diante dos atributos de valorização dos seus recursos, como biomas, convenções e certificações internacionais, e estabelecer normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos, visando à proteção das UCs. B) Fazer uma breve descrição dos meios a utilizar para manter a reserva como unidade destinada à exploração autossustentável e à conservação dos recursos naturais renováveis pelos seus moradores. C) Exercer responsabilidade pela execução do plano, fiscalização das atividades da reserva, penalidades pelo descumprimento dos objetivos da reserva, disposições sobre obras dentro da reserva e zoneamento das UCs. D) Intervir na ação do homem na floresta, com os princípios a serem respeitados, as atividades que podem ser realizadas, as atividades não permitidas e as quantidades e as formas de intervenção. E) Representar unidades de uso sustentável e com plano de manejo que contém elementos de Resex e RDS. 5) De acordo com o conteúdo do capítulo desta unidade, quanto às categorias de intervenção do homem na floresta, assinale a alternativa que representa verdadeiramente uma categoria de intervenção voltada para o Resex e o RDS: A) Intervenções extrativistas e agropastorais, como as atividades que os moradores estão habituados a realizar. B) Intervenções socioambientais, como a catequização dos camponeses. C) Intervenções socioeconômicas com exploração de populações tradicionais das florestas e domínio dos seres inferiores. D) Intervenções na fauna, como a caça predatória. E) Intervenções na vegetação, como a extração de madeira ilegal. NA PRÁTICA Como principal estratégia de preservação ambiental, as unidades de conservação (UCs) não têm sido capazes de frear a crescente perda de biodiversidade. Contudo, nos últimos anos, têm ganhado força a abordagem territorial e os conceitos de biorregião ou ecorregião, isto é, projetos de transformação do território que estabelecem zonas de ação que possibilitem a integração de propósitos ambientais, econômicos e socioculturais para o desenvolvimento local. Conheça Joana, uma ecóloga e jornalista que está realizando uma pesquisa acerca desse assunto. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Populações tradicionais e meio ambiente: espaços territoriais especialmente protegidos com dupla afetação Leia o artigo a seguir que trata da legislação vigente sobre os direitos dos povos tradicionais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Contribuições da educação ambiental para a gestão integrada em mosaicos de áreas protegidas: o caso do mosaico central fluminense Confira a reportagem a seguir, que apresenta uma discussão sobre a gestão de UCs no Brasil e sobre os pressupostos metodológicos da educação ambiental que fundamentam as estratégias de gestão participativa nesses espaços territoriais. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Educação no processo de gestão ambiental: uma proposta de educação ambiental transformadora e emancipatória Leia o artigo a seguir que propõe a educação ambiental como elemento estruturante na organização do processo de ensino-aprendizagem, construído com os sujeitos nele envolvidos, para que haja de fato controle social no processo decisório sobre a destinação dos recursos ambientais na sociedade. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Sistema nacional de unidades de conservação (snuc) APRESENTAÇÃO O Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC é o conjunto de diretrizes que viabilizam tanto acriação quanto a gestão de Unidades de Conservação (UCs), a partir da participação dos três níveis de governo – estadual, federal e municipal – e também da iniciativa privada, garantindo maior preservação ambiental no Brasil. O SNUC estabelece 12 categorias de Unidades de Conservação, que se diferenciam quanto à forma de proteção e aos usos permitidos. Ele foi criado pela Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, e gerado como resposta ao art. 225, inciso I, do Capítulo VI da Constituição Federal, que determina a definição de espaços e componentes protegidos, ou seja, a proteção de espaços naturais e seus recursos. Alguns dos objetivos do SNUC são a proteção de espécies ameaçadas de extinção, a conservação das variedades de espécies biológicas e seus recursos genéticos, a preservação de ecossistemas naturais e a promoção do desenvolvimento sustentável. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, conhecido também como SNUC, e as dificuldades para a sua implementação. Bons estudos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC.• Identificar o funcionamento do SNUC.• Apresentar os desafios para a implementação do SNUC.• DESAFIO A finalidade do SNUC é garantir a correta implementação e gestão das Unidades de Conservação, potencializando o papel de cada uma. Ele tem o objetivo de garantir que as UCs sejam planejadas e administradas de forma integrada com as demais UCs, assegurando amostras significativas e ecologicamente viáveis de diferentes populações, habitats e ecossistemas. Um determinado fazendeiro é dono de grandes parcelas de terras que têm recursos naturais a serem preservados. Ele está preocupado com essa preservação a longo prazo e quer implementar uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), garantindo também o seu uso para alguns cultivos. Ele precisa da sua ajuda: INFOGRÁFICO O SNUC tem o objetivo de garantir uma efetiva conservação das áreas no Brasil. Por meio dele são estabelecidas diretrizes para criação e gestão de Unidades de Conservação. O SNUC define alguns passos para a criação de uma UC que são fundamentais, como: - A realização de estudos ambientais da área. - Diagnósticos sociais. - Plano de Manejo estabelecendo o zoneamento da UC. - Restrição de usos. A gestão do SNUC é feita com a participação das esferas do Poder Público federal, estadual e municipal. As atribuições dos órgãos para a gestão do sistema vão desde a coordenação e o acompanhamento do sistema até a sua implementação propriamente dita. Veja no Infográfico algumas das principais características do SNUC. CONTEÚDO DO LIVRO A criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC – Lei nº 9.985/2000) foi necessária para que ocorresse, de fato, a proteção das áreas. Nesse sistema estão determinados os conjuntos de Unidades de Conservação (UCs) federais, estaduais e municipais e também a definição das 12 categorias de UC, que podem ser mais restritivas, como as de proteção integral, ou menos restritivas, como as de uso sustentável. Na obra Sistema Nacional de Unidades de Conservação, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, leia o capítulo Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Caracterizar o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).  Identifi car o funcionamento do SNUC.  Apresentar os desafi os para implementação do SNUC. Introdução Neste capítulo, você vai estudar o SNUC, conjunto de diretrizes e procedi- mentos oficiais que viabilizam tanto a criação quanto a gestão das unidades de conservação. O SNUC funciona a partir da participação das esferas gover- namentais federais, estaduais e municipais e da iniciativa privada. Também veremos algumas dificuldades enfrentadas pelo SNUC ao longo dos anos. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) O Sistema Nacional de Unidades de Conservação é um conjunto de normas e procedimentos ofi ciais para a criação, instauração e gestão das unidades de conservação (UCs) no Brasil. Ele age sobre em nível federal, estadual e municipal e também rege ações envolvendo a iniciativa privada. Ele classifi ca as UCs em 12 categorias, com diferentes objetivos quanto a formas de proteção e de usos permitidos — desde as que precisam de maiores cuidados devido a suas fragilidade e particularidade até as que podem ser conservadas e utiliza- das de forma sustentável ao mesmo tempo. Ele possibilita que a preservação ambiental aconteça de forma organizada. Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 1 18/12/2017 14:41:02 O objetivo principal do SNUC é potencializar as UCs, de forma que o planejamento e a administração de todas as UCs sejam integradas, para as- segurar que amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas estejam representadas adequadamente no território nacional e nas águas jurisdicionais. Por isso todas as esferas governamentais, anteriormente citadas, participam da sua gestão. Seu conjunto de estratégias permite que as UCs, além de conservarem os ecossistemas e a biodiversidade, transformem-se em espaços geradores de renda, emprego, desenvolvimento e que garantem mais qualidade de vida para as populações, em especial os habitantes locais. Criado pela Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, o SNUC foi uma resposta ao artigo 225, inciso 1º, do Capítulo VI da Constituição Federal, que determina a definição de espaços protegidos, como aponta a transcrição abaixo: [...] definir, em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção (BRASIL, 1988). O SNUC serve para garantir a preservação da diversidade biológica, pro- mover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais e fazer a proteção das comunidades tradicionais, seus conhecimentos e cultura. Os objetivos do SNUC são:  contribuir para a conservação das variedades de espécies biológicas e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais;  proteger as espécies ameaçadas de extinção;  contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecos- sistemas naturais;  promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;  promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento;  proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;  proteger as características relevantes de natureza geológica, morfológica, geomorfológica, espeleológica, arqueológica, paleontológica e cultural;  recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;  proporcionar meio e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental;  valorizar econômica e socialmente a diversidade biológica; Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)2 Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 2 18/12/2017 14:41:03  favorecer condições e promover a educação e a interpretação ambiental, além da recreação em contato com a natureza;  proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando o seu conhecimento e a sua cultura e promovendo-as social e economicamente. Em 1959, foi elaborada pela Organização Nações Unidas (ONU) a primeira lista das unidades de conservação e reservas equivalentes. A União Internacional para a Conservação da Natureza (International Union forConservation of Nature — IUCN) estabeleceu, no ano seguinte, a Comissão de Parques Nacionais e Áreas Protegidas, que foi chamada de Comissão Mundial de Áreas Protegidas (World Commission on Protected Areas — WCPA), criada para promover, monitorar e orientar o manejo desses espaços. No seu 4º Congresso Mundial, em 1992, na Venezuela, foi estabelecido um conjunto de categorias de áreas protegidas, adotado pela IUCN em 1994 e que vigora até hoje, listadas a seguir.  Categoria Ia — Reserva natural estrita: área natural protegida, que possui algum ecossistema excepcional ou representativo, características geológicas ou fisiológicas ou ainda espécies disponíveis para pesquisa científica e monitoramento ambiental.  Categoria Ib — Área de vida selvagem: área com suas características naturais pouco ou nada modificadas, sem habitações permanentes ou sig- nificativas, que é protegida e manejada para preservar sua condição natural.  Categoria II — Parque nacional: área designada para proteger a in- tegridade ecológica de um ou mais ecossistemas para a presente e as futuras gerações e para fornecer oportunidades recreativas, educacio- nais, científicas e espirituais aos visitantes, desde que compatíveis com os objetivos do parque.  Categoria III — Monumento natural: área contendo elementos naturais — eventualmente associados com componentes culturais — específicos, de valor excepcional ou único dada a sua raridade, representatividade, qualidades estéticas ou significância cultural.  Categoria IV — Área de manejo de habitat e espécies: área sujeita à ativa intervenção para o manejo, com a finalidade de assegurar a manutenção de habitats que garantam as necessidades de determinadas espécies.  Categoria V — Paisagem protegida: área na qual a interação entre as pessoas e a natureza ao longo do tempo produziu uma paisagem de características distintas, com valores estéticos, ecológicos e culturais significativos e, em geral, com alta diversidade biológica. 3Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 3 18/12/2017 14:41:03  Categoria VI — Área protegida para manejo dos recursos naturais: área abrangendo, predominantemente, sistemas naturais não modificados, manejados para assegurar proteção e manutenção da biodiversidade, fornecendo, concomitantemente, um fluxo sustentável de produtos naturais e serviços que atenda às necessidades das comunidades (BRA- SIL, [200-?]). Funcionamento do SNUC A gestão do SNUC é feita com a participação das esferas do poder público federal, estadual e municipal. As atribuições dos órgãos para a gestão do sistema vão desde a coordenação e o acompanhamento do sistema até a sua implementação propriamente dita. O SNUC é gerido pelos seguintes órgãos, com as respectivas atribuições:  Órgão consultivo e deliberativo: representado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), tem a função de acompanhar a imple- mentação do SNUC.  Órgão central: representado pelo Ministério do Meio Ambiente, tem a finalidade de coordenar o SNUC.  Órgãos executores: representados, na esfera federal, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e, em caráter supletivo, pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); nas esferas estadual e municipal, são representados pelos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente. Os órgãos executores do SNUC têm a função de implementá-lo, subsidiar as propostas de criação e administrar as unidades de conservação federais, estaduais e municipais nas respectivas esferas de atuação. As UCs produzem benefícios diretos para toda a sociedade, pois atuam em diferentes frentes: protegem mananciais de água, ajudam a regular o clima, contêm erosões, mantêm riquezas naturais. Além disso, possibilitam a conservação de paisagens únicas, que podem ser aproveitadas no turismo, e trazem alternativas econômicas sustentáveis de desenvolvimento. Podemos afirmar que investir nessas áreas traz retorno imediato na forma de benefícios sociais e econômicos para toda a população. Para legitimar a busca e consolidar os diferentes mecanismos de financia- mento das UCs, é fundamental que a sociedade reconheça esses seus benefícios. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)4 Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 4 18/12/2017 14:41:03 É nesse ponto que as atividades econômicas locais, regionais e nacionais podem ajudar, dando visibilidade social e contribuindo para preservação da biodiversidade e para o incremento de recursos para manutenção das UCs, sejam eles físicos, humanos ou financeiros. Destacamos que uma gestão eficiente de qualquer UC precisa de recursos humanos e financeiros que sejam adequados e regulares. A disponibilidade desses recursos e sua gestão determinam as possibilidades de manutenção, consolidação e expansão do SNUC — e, por consequência, a capacidade do país em cumprir metas nacionais e internacionais que foram assumidas. Na formulação do SNUC, foram dispostos mecanismos para viabilizar, principalmente, a regularização fundiária e a expansão desses espaços. Mas os recursos necessários para a operacionalização do SNUC são escassos e requerem políticas e estratégias eficientes de gestão e integração de esforços do governo e da sociedade. Dessa forma, a estratégia de sustentabilidade financeira, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, agrupa esforços para criar e aperfeiçoar ferramentas que possam diagnosticar as lacunas de investimento no SNUC, calcular as contribuições econômicas das UCs em desenvolvimento e sensibilizar os cidadãos e o setor produtivo sobre a importância desses espaços. A inserção das UCs e dos seus gestores nos cenários político-sociais, produtivos e científicos é um desafio, no qual a participação e o controle popular são fundamentais para o sucesso e a sinergia das ações propostas. O desafio inicial é trilhar as fontes de fomentos do SNUC, que, basicamente, estão associadas ao orçamento público e à cobrança de ingresso de visitantes. Como elementos adicionais, mas limitados a um conjunto específico de UCs, temos os recursos provenientes das ações de compensação ambiental e de cooperação internacional. Existem ainda mecanismos com potencial de recursos para as UCs, como fundos de áreas protegidas, concessões florestais, pagamento por serviços ambientais, aproveitamento de recursos genéticos, extrativismo e parcerias para a gestão das UCs. Todavia, o acesso requer o estabelecimento de critérios e de procedimentos para a seleção de projetos. Além disso, existem mecanismos que indiretamente podem fomentar a ampliação e a consolidação do SNUC, como o ICMS ecológico e o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos. A gestão financeira do SNUC é complexa quanto às fontes de financia- mento, mas é limitada quanto à disponibilização de recursos para manter seu funcionamento de forma adequada. Esse desafio orienta a formulação de políticas para a sustentabilidade financeira, que deve conciliar a preservação ambiental e o uso sustentável dos recursos. 5Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 5 18/12/2017 14:41:03 A Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), aprovada em 2000, obriga o poder público a consultar previamente a sociedade, com atenção especial à população local, sobre qualquer proposta de criação de uma unidade de conservação (exceto no caso de uma estação ecológica ou de uma reserva biológica). Diz a Lei, também, que toda UC deve dispor de um conselho de gestão, com caráter consultivo ou deliberativo, conforme a categoria da unidade, composto por represen- tantes governamentais e da sociedade. Histórico da implementação do SNUC Apesar de instituído no ano 2000, a ideia de um sistema que propicie uma gestão mais racional das UCs é mais antiga que isso e foi objeto de várias tentativas de ambientalistasdesde a criação da primeira UC brasileira — o Parque Nacional de Itatiaia, em 1937. Foram várias as difi culdades antes da defi nitiva implementação do SNUC. Podemos perceber isso pela atuação, na época, do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), no âmbito do qual foi criada uma seção para a gestão de parques nacionais. Mais tarde, ainda buscando alcançar esse objetivo, funcionários do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), que, em substituição ao extinto SFB, acumulou a competência para a instituição e gestão de parques nacionais, reservas biológicas e florestas nacionais, lançaram, em 1979, a primeira etapa do que foi chamado de Plano do Sistema de Unidades de Conservação do Brasil. Esse plano introduziu a ideia de utilização de critérios científicos para a criação de UCs, pois, até então, a escolha da categoria de manejo, das dimensões e do formato da nova unidade era realizada em função de oportunidades políticas e de questões como beleza cênica, proximidade de grandes centros e existência de poucos problemas fundiários, e não de prioridades para proteção do ambiente natural. O documento estabeleceu, entre a gama de espaços ambientais então exis- tentes, aqueles que conformavam as categorias de manejo de UCs e seriam geridos pelos órgãos ambientais competentes, constituindo um sistema. Foram também determinadas quais seriam as áreas prioritárias para a instituição de novas UCs, com especial atenção à Amazônia. Em 1982, uma segunda etapa do plano foi concluída, mas com pouca efetividade em termos de gestão e de consolidação das unidades. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)6 Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 6 18/12/2017 14:41:03 Ainda na década de 1980, aspirava-se pela edição de uma lei que estabelecesse definitivamente um sistema de UCs, tendo o próprio IBDF, em 1988, contratado a Fundação Pró-Natureza para elaborar um pré-projeto de lei nesse sentido. O trabalho foi realizado e entregue, em 1989, ao recém-criado Ibama, que sucedeu o IBDF, e encaminhado pela Casa Civil, após aprovação pelo Conama, ao Con- gresso Nacional em 1992. Mais oito anos foram necessários para que o projeto fosse aprovado pelas duas casas legislativas e transformado em lei. O SNUC, no entanto, não resolveu os problemas estruturais mais graves que sempre afetaram e continuam a contaminar o sistema e que conduzem a uma baixíssima efetividade de todas as categorias de manejo nele contidas. Dentre as questões mais sérias, podemos citar: a escassez de recursos, os gastos desnecessários, a ausência de planos de manejo, a falta de pessoal, a falta de utilização de critérios científicos para a escolha da categoria de manejo, o formato e a dimensão das UCs, a existência de populações tradi- cionais residentes em unidades de proteção integral, a baixa aceitação pelas populações do entorno, a falta de regularização fundiária e a ausência de proteção equânime entre os biomas. Alguns desses problemas estão diretamente ligados à escassez de recur- sos, como a baixa quantidade de servidores, a ausência de planos de manejo — menos de 30% das unidades de conservação federais possuem plano de manejo — e a falta de regularização fundiária — nem mesmo o Parque Na- cional de Itatiaia tem essa questão resolvida. Outros pontos estão relacionados a uma absoluta falta de planejamento do sistema, como a instituição de UCs de proteção integral em locais onde há populações tradicionais residentes e cuja fragilidade do ecossistema envolvido não demanda tal grau de proteção, a ausência de proteção equânime entre os biomas nacionais, a falta de utili- zação de critérios científicos no processo de criação da UC e a deficiência na comunicação com as populações do entorno — a consulta pública é de extrema importância para que as pessoas estejam envolvidas nesse processo. É importante lembrar que, até hoje, questões políticas ainda são, muitas vezes, as mais relevantes para a criação de UCs. Podemos citar a criação do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, o maior do Brasil, em 22 de agosto de 2002, como parte do “pacote” que o país apresentou na Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+10), que ocorreu em Johanesburgo, entre 26 de agosto e 4 de setembro de 2002. O custo político e financeiro de se criar uma UC é insignificante se comparado aos custos de sua efetiva implementação. Vale pontuar ainda que a escassez de recursos para o meio ambiente deriva também de fatores políticos, que atingem especialmente a implementação de 7Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 7 18/12/2017 14:41:03 UCs no Brasil. Isso se reflete na baixa efetividade do sistema e se traduz na existência de diversas “unidades de papel”, ou seja, unidades que existem legalmente, mas não de fato. Em outras palavras, as principais deficiências do sistema são, em geral, resultado direto da falta de recursos financeiros suficientes para a implantação do SNUC. O Ministério do Meio Ambiente é responsável por encaminhar propostas de princípios e diretrizes que devem nortear os órgãos gestores de UCs nos procedimentos de gestão participativa, com ênfase em consultas públicas e em conselhos gestores, para sua avaliação e aprimoramento, no âmbito do Fórum Nacional de Áreas Protegidas. Apesar disso, a falta de detalhamento sobre as formas de gestão participativa na Lei que instituiu o SNUC, assim como no Decreto que o regulamentou, tem feito com que órgãos gestores de UCs apresentem diferenciados entendimentos e práticas no que diz respeito tanto à realização de consultas públicas para criação de UCs quanto à implantação e funcionamento dos conselhos gestores. 1. O SNUC foi criado no dia 18 de julho de 2000 como resposta ao Art. 225, inciso 1º do Capítulo VI da Constituição Federal que determina a definição de espaços protegidos. Sobre o SNUC podemos afirmar: a) é um decreto que define as unidades de conservação. b) é um conjunto de normas estabelecidas pelo governo federal para a proteção integral de áreas. c) são normas que estabelecem a proteção parcial de áreas. d) foi criado pela lei 5.746, de 5 de abril de 2006. e) conjunto de diretrizes e procedimentos oficiais que viabilizam a criação, estabelecimento e gestão de unidades de conservação. 2. A gestão do SNUC é fundamental para o seu funcionamento. Sobre a gestão de UCs podemos afirmar: a) é realizada apenas pela esfera federal. b) é realizada principalmente pelas esferas estadual e municipal. c) possui apenas órgãos consultivos e deliberativos. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC)8 Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 8 18/12/2017 14:41:05 d) o SNUC é gerido pelos órgãos consultivo e deliberativo, central e executor. e) possui apenas órgãos executores. 3. O SNUC é gerido por órgãos com diferentes funções. Com relação aos órgãos que fazem parte da gestão do SNUC podemos afirmar: a) o órgão consultivo e deliberativo é composto pelo MMA. b) o órgão consultivo e deliberativo tem a função de coordenar o SNUC. c) órgãos executores são representados na esfera federal pelo ICMBio e IBAMA. d) os órgãos executores têm a função de acompanhar a implementação do SNUC. e) o CONAMA faz parte do órgão central. 4. Os recursos financeiros de uma UC são essenciais para sua gestão. Em relação aos recursos é correto afirmar: a) podem ser provenientes da compensação ambiental. b) são adquiridos apenas através de doações de ONGs. c) são utilizados apenas na manutenção estrutural da UC. d) são adquiridos apenas através do orçamento do poder público. e) são utilizados apenas nas despesas com funcionários. 5. Mesmo após a implementação do SNUC a efetiva proteção das áreas enfrenta problemas. Entre os problemas enfrentados podemos citar: a) a implementação de UC de uso sustentável onde existem comunidades tradicionais. b) a implementação de UC de Proteção Integralonde existem comunidades tradicionais. c) excesso de recurso para implementação de um Plano de Manejo. d) excesso de servidores nas UCs que acabam com os recursos financeiros. e) utilização de critérios científicos para a criação das UCs. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. BRASIL. Instituto Socioambiental. Unidades de Conservação no Brasil. De onde vem essa ideia? [200-?]. Disponível em: <https://uc.socioambiental.org/o-snuc/de-onde- -vem-essa-ideia>. Acesso em: 6 dez. 2017. 9Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 9 18/12/2017 14:41:06 Leituras recomendadas BARROS, L. A. Vocabulário das unidades de conservação do Brasil. São Paulo: Unimar, 2000. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Instrução Normativa n°29, de 5 de setembro de 2012. Disciplina, no âmbito do Instituto Chico Mendes, as diretrizes, requisitos e proce- dimentos administrativos para a elaboração e aprovação de Acordo de Gestão em Unidade de Conservação de Uso Sustentável federal com populações tradicionais. 2012. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/IN_29_de_05092012. pdf>. Acesso em: 6 dez. 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Efetividade de gestão das unidades de conservação federais do Brasil. Brasília: Ibama, 2007. BRASIL. Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. Regulamenta artigos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Con- servação da Natureza - SNUC, e dá outras providências. 2002. 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A importância das unidades de conservação na preservação da diver- sidade biológica. Revista LOGOS, Rio Claro, n.12, 2005. 11Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) Cap_5_Gerenciamento_Unidades_Conservacao.indd 11 18/12/2017 14:41:06 Cap4_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 12 12/12/2017 08:00:41 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor, você vai conhecer como funciona o Sistema Nacional de Unidades de Conservação. Assista. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) O SNUC foi criado no dia 18 de julho de 2000 como resposta ao art. 225, inciso I, do Capítulo VI da Constituição Federal, que determina a definição de espaços protegidos. Sobre o SNUC, podemos afirmar que: A) é um decreto que define as Unidades de Conservação. B) é um conjunto de normas estabelecidas pelo governo federal para a proteção integral de áreas. C) são normas que estabelecem a proteção parcial de áreas. D) foi criado pela Lei no 5.746, de 5 de abril de 2006. E) é o conjunto de diretrizes e procedimentos oficiais que viabilizam a criação, o estabelecimento e a gestão de Unidades de Conservação. 2) A gestão do SNUC é fundamental para o seu funcionamento. Sobre a gestão de UCs, podemos afirmar que: A) é realizada apenas pela esfera federal. B) é realizada principalmente pelas esferas estadual e municipal. C) tem apenas órgãos consultivos e deliberativos. D) é gerido pelos órgãos consultivo e deliberativo, central e executor. E) tem apenas órgãos executores. 3) O SNUC é gerido por órgãos com diferentes funções. Com relação aos órgãos que fazem parte da gestão do SNUC, é correto afirmar que: A) os órgãos consultivo e deliberativo são compostos pelo MMA. B) os órgãos consultivo e deliberativo têm a função de coordenar o SNUC. C) os órgãos executores são representados na esfera federal pelo ICMBio e pelo Ibama. D) os órgãos executores têm a função de acomplanhar a implementação do SNUC. E) o CONAMA faz parte do órgão central. 4) Os recursos financeiros de uma UC são essenciais para a sua gestão. Em relação aos recursos, é correto afirmar que: A) podem ser provenientes da compensação ambiental. B) são adquiridosapenas por meio de doações de ONGs. C) são utilizados apenas na manutenção estrutural da UC. D) são adquiridos apenas por meio do orçamento do Poder Público. E) são utilizados apenas nas despesas com funcionários. 5) Mesmo após a implementação do SNUC, a efetiva proteção das áreas enfrenta problemas. Dentre os problemas enfrentados é possível citar: A) a implementação de UC de uso sustentável onde existem comunidades tradicionais. B) a implementação de UC de proteção integral onde existem comunidades tradicionais. C) o excesso de recurso para a implementação de um Plano de Manejo. D) o excesso de servidores nas UCs, que acabam com os recursos financeiros. E) a utilização de critérios científicos para a criação das UCs. NA PRÁTICA A implementação e a gestão de uma Unidade de Conservação pode enfrentar diversos problemas, desde a falta de recursos até a falta de funcionários para realizar todas as tarefas de manutenção e monitoramento. Essa é a situação da unidade em que Raquel é gestora. Ela está sofrendo com a falta de Plano de Manejo e a falta de recursos para a sua gestão. Vem ver a história da Raquel: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: O SNUC estabelece critérios e normas para criação, implementação e gestão das Unidades de Conservação no Brasil, que são áreas protegidas de extremo valor para a sociedade. Veja no vídeo Criação das Unidades de Conservação a importância das áreas protegidas e como é a criação destas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O Decreto nº 4340/2002 regulamenta os artigos e o funcionamento do SNUC e traz inovações na proteção de áreas como a formação de mosaicos de UCs, a condução de Planos de Manejo e gestão compartilhada com OSCIPs. Veja no Decreto como deve ocorrer o funcionamento do SNUC e a implementação de UCs. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O SNUC enfrenta grandes problemas para a sua implementação e a falta de recursos financeiros é um dos problemas principais. Sem recursos, novas UCs não podem ser implementadas e as antigas acabam sendo mal administradas, pois faltam recursos para o seu efetivo funcionamento. Veja, no artigo O financiamento do Sistema Nacional de Unidades de Conservação no Brasil, as questões relacionadas aos problemas enfrentados pelo SNUC. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Reservas da biosfera para o SNUC APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! Reserva da Biosfera é o nome dado ao instrumento de conservação e está especificado na legislação brasileira, mas além disso, é um modelo adotado internacionalmente para a gestão sustentável dos recursos naturais. Seus objetivos básicos são: a preservação da diversidade biológica, o desenvolvimento de atividades de pesquisa, o monitoramento ambiental, a educação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das populações. As RBs são áreas de relevante importância para a sobrevivência, pois guardam bens naturais essenciais à vida. No Brasil estão estabelecidas seis Reservas da Biosfera. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá estudar sobre a Reserva da Biosfera (RB) segundo o SNUC e conhecer também as RBs estabelecidas no Brasil. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar a Reserva da Biosfera segundo o SNUC.• Relacionar a Reserva da Biosfera dentro do programa O Homem e a Biosfera – MAB.• Elencar algumas Reservas da Biosfera no Brasil.• DESAFIO Realizar os levantamentos necessários e de forma correta, pode contribuir para que a criação de uma Reserva da Biosfera atinja seu principal objetivo, que é o da preservação. Leandro trabalha em uma ONG, onde acaba de ser aprovado um projeto que prevê investimentos de infraestrutura para uma Reserva da Biosfera (RB), do qual ele participa há algum tempo na gestão. Como a criação da RB ainda é muito recente, não foram produzidos os documentos básicos, apenas alguns levantamentos de fauna e flora. Por conta disso, agora Leandro precisa fazer o adequado zoneamento e construir um centro de pesquisa. Para isso ele precisa da sua ajuda. Indique a seguir as distintas zonas (Zona Núcleo, Zona de Amortecimento e Zona de Transição) descrevendo as informações básicas acerca de cada zona. INFOGRÁFICO Segundo o Ministério do Meio Ambiente, cada Reserva da Biosfera é uma coleção representativa dos ecossistemas característicos da região onde se estabelece. Ela busca melhorar a relação do homem com a natureza, preservando-a e utilizando os recursos de forma sustentável. No Brasil, existem seis Reservas da Biosfera, as quais representam os biomas brasileiros. Conheça cada uma delas! CONTEÚDO DO LIVRO A Reserva da Biosfera é reconhecida por O Homem e a Biosfera – MAB, um programa intergovernamental e estabelecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O MAB reconhece que as RBs possuem importância a nível mundial para a conservação da diversidade biológica e o desenvolvimento sustentável, devendo servir como áreas prioritárias para a pesquisa e experimentação dessas práticas. Na obra Gerenciamento de unidades de conservação, leia o capítulo Reserva da Biosfera para o SNUC, base teórica para esta Unidade de Aprendizagem, e veja de forma mais aprofundada esta relação entre a Reserva da Biosfera dentro do programa O Homem e a Biosfera – MAB. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Professora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 G367 Gerenciamento de unidades de conservação / Anderson Soares Pires... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 304 p. :il.. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-339-0 1. Gestão ambiental. I. Pires, Anderson Soares. CDU 502.13 1_Iniciais.indd 2 22/02/2018 11:33:46 U N I D A D E 2 Reservas da Biosfera para o SNUC Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Caracterizar a Reserva da Biosfera (RB) segundo o SNUC.  Relacionar a RB no Programa Homem e Biosfera (MAB).  Elencar algumas RBs no Brasil. Introdução Neste capítulo, você vai estudar sobre a Reserva da Biosfera segundo o SNUC. A Reserva da Biosfera, especificada na legislação brasileira, é um modelo adotado internacionalmente para a gestão sustentável dos recursos naturais, com o objetivo de preservar esses recursos e a diver- sidade biológica. No Brasil, estão estabelecidas seis reservas da biosfera, que você vai conhecer também neste texto. Reserva da Biosfera segundo o SNUC A Reserva da Biosfera (RB) é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, do desenvolvimento de ativi- dades de pesquisa, do monitoramento ambiental, da educação ambiental, do desenvolvimento sustentável e da melhoria da qualidade de vida das populações, defi nição adotada pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (BRASIL, 2000). Portanto, são áreas de relevante importância para a sobrevivência, pois guardam bens naturais essenciais à vida. A RB é constituída por três zonas: Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 91 22/02/2018 11:15:42  área núcleo, podendo existir uma ou mais áreas de proteção integral da natureza;  zona de amortecimento, podendo ser uma ou mais zonas onde só são admitidas atividades que não prejudiquem a(s) área(s) núcleo;  zona de transição, podendo ser uma ou várias áreas, sem limites rígidos, nas quais é permitido o processo de ocupação e o manejo dos recursos naturaisde forma planejada e conduzida de modo participativo, com base nos princípios da sustentabilidade. A RB pode ser constituída tanto por áreas públicas quanto por áreas pri- vadas. Pode ser integrada também por unidades de conservação já criadas, respeitando as regras designadas pelo plano de manejo ou as normas que competem às diferentes categorias de cada uma dessas unidades de conservação (UCs). Sua gestão é realizada por intermédio de um Conselho Deliberativo, órgão máximo que delibera e orienta as ações dentro da reserva. Esse conselho pode ser formado por representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população residente. Já o gerenciamento destas áreas é coordenado pela Comissão Brasileira para o Programa Homem e biosfera (Cobramab), que será abordada melhor no próximo objetivo. O regulamento sobre as RBs está no Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. Segundo esse regulamento, quando a reserva estabelecida abranger apenas um Estado, o sistema de gestão será composto por um conselho deli- berativo e por comitês regionais; quando abranger mais de um Estado, será composto pelo conselho deliberativo e por comitês estaduais (BRASIL, 2002). Cada conselho deliberativo possui uma série de competências, entre elas, estão:  aprovar a estrutura do sistema de gestão de sua reserva e coordená-lo;  propor à Cobramab macrodiretrizes para a implantação das RBs;  elaborar planos de ação da RB, propondo prioridades, metodologias, cronogramas, parcerias e áreas temáticas de atuação;  reforçar a implantação da RB pela proposição de projetos pilotos em pontos estratégicos de sua área de domínio;  implantar, nas áreas de domínio da RB, os princípios básicos de pre- servação de forma participativa. Já as competências dos comitês regionais e estaduais são:  apoiar os governos locais no estabelecimento de políticas públicas relativas às RBs; Reservas da Biosfera para o SNUC92 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 92 22/02/2018 11:15:42  apontar áreas prioritárias e propor estratégias para a implantação das RBs, bem como para a difusão de seus conceitos e funções. As RBs são de grande importância para a preservação e conservação, pois, conforme o Ministério do Meio Ambiente (MAM), nelas se favorece a descoberta de soluções para problemas, como o desmatamento das florestas tropicais, a desertificação, a poluição atmosférica e o efeito estufa, e ainda se privilegia o conhecimento e a prática de relações sustentáveis que visam a manutenção das comunidades locais e a melhor relação com a natureza. Para isso, a RB deve ter dimensões e zoneamento apropriados, políticas e planos de ação e um sistema de gestão que seja participativo, envolvendo os vários segmentos do governo e da sociedade. Um bioma ameaçado em que deve se manter sua RB para que os recursos sejam preservados é o Pantanal (Figura 1). Veja abaixo as atividades e as funções relacionadas a uma RB.  Centro de monitoramento da fauna, flora e de ameaças como desma- tamento e poluição.  Centro de pesquisas.  Educação ambiental.  Gerenciamento de ecossistemas.  Centro de informação e desenvolvimento profissional para técnicos da área ambiental. Figura 1. Serra do Amolar, área menos antropizada da Reserva da Biosfera do Pantanal. Fonte: Pellegrini (2017). 93Reservas da Biosfera para o SNUC Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 93 22/02/2018 11:15:42 Você sabe as principais diferenças entre uma UC e uma RB? Entre as principais diferenças, podemos citar que as UCs possuem espaço restrito, enquanto uma RB pode chegar a englobar uma grande parcela de um bioma. Além disso, enquanto algumas UCs são exclusivamente de proteção integral, as RBs priorizam o desenvolvimento sustentável das populações. Quanto às divisões, as UCs são divididas em várias categorias, já as RBs não possuem categorias, apenas três zonas em sua constituição. A RB deve possuir pelo menos uma zona núcleo de proteção integral, que pode ser uma UC já criada pelo poder público. Assim, a RB pode ser composta de várias UCs e cada é uma coleção representativa dos ecossistemas característicos da região onde se estabelece. Reserva da Biosfera e o MAB Conforme o SNUC, a RB é reconhecida pelo Programa Homem e biosfera (Man and the Biosphere — MAB), um programa intergovernamental estabelecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O MAB reconhece que as RBs possuem importância mundial para a conservação da diversidade biológica e o desenvolvimento sustentável, devendo servir como áreas prioritárias para a pesquisa e experimentação dessas práticas. Uma RB idealizada pelo MAB possui uma área núcleo bem defi nida, com a sua zona de amortecimento ao redor e, na volta da zona de amortecimento, a zona de transição (Figura 2.) No Brasil, esse programa está representado pela já citada Cobramab, criada em 1974, que possui as funções listadas abaixo.  Criar e coordenar a rede nacional de reservas da biosfera.  Planejar, coordenar e supervisionar as atividades relativas ao programa.  Apoiar a criação e instalar o sistema de gestão de cada uma das RBs reconhecidas no Brasil.  Estimular a cooperação internacional.  Apreciar as estratégias adotadas e promover a articulação interinstitu- cional e intersetorial, visando a implementação do MAB.  Harmonizar a pesquisa científica em relação ao programa.  Apreciar relatórios de gestão.  Criar câmaras técnicas, temporárias ou permanentes, com vistas ao atingimento de suas finalidades.  Divulgar amplamente as atividades desenvolvidas pela comissão. Reservas da Biosfera para o SNUC94 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 94 22/02/2018 11:15:42  Elaborar e aprovar o seu regimento interno.  Apreciar outros assuntos correlatos à sua finalidade. A Cobramab é composta por um representante de cada um dos seguintes órgãos:  Ministério do Meio Ambiente, que a presidirá.  Ministério das Relações Exteriores.  Ministério da Ciência e Tecnologia.  Ministério da Educação.  Ministério da Cultura.  Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.  Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Reno- váveis (Ibama). Além desses, dois representantes de cada um dos seguintes segmentos:  comunidade científica e acadêmica;  entidades ambientalistas da sociedade civil;  setor privado. Esse programa foi criado como resultado de uma conferência sobre a biosfera, realizada em Paris em setembro de 1968 pela Unesco. Conforme o Conselho Nacional Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, o MAB é um programa inter- nacional de cooperação científica que trata das interações entre o homem e o meio onde vive. O MAB busca o entendimento do modo como essa convivência ocorre em diferentes locais, com diferentes situações bioclimáticas e geográficas da biosfera, procurando compreender de que forma a interação humana repercute em cada ecossistema representativo do planeta. O objetivo principal do programa é promover as boas relações entre as populações e o meio ambiente por meio de uma rede mundial de áreas voltadas à pesquisa cooperativa, à conservação do patrimônio natural e cultural e à promoção do desenvolvimento sustentável. Duas linhas de ação são desenvolvidas dentro do programa:  o aprofundamento direcionado das pesquisas científicas, para o melhor conhecimento das causas da tendência de um aumento progressivo da degradação ambiental do planeta;  a concepção de um inovador instrumental de planejamento, as RBs, para combater os efeitos dos citados processos de degradação, promovendo a conservação da natureza e o desenvolvimento sustentável. 95Reservas da Biosfera para o SNUC Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 95 22/02/2018 11:15:42 A preservação ambiental no país se encontra prejudicada pela falta de ação dos órgãos ligados às UCs e às RBs. Em 2016, após oito anos parada, a Cobramab retomouos trabalhos. Após a ameaça de duas importantes áreas, o Cerrado e o Pantanal, perderem seu título de RB, a comissão avaliou a situação das áreas brasileiras reconhecidas pela Unesco por sua importância para o planeta e definiu planos de ação para essas áreas. Com as atividades da Cobramab voltando à ativa, as RBs se fortalecem. As áreas do Cerrado e do Pantanal estão cada vez mais ameaçadas. O problema prin- cipal que assola essas áreas é o desmatamento e a poluição gerada pelo agronegócio. No Cerrado há a ameaça da monocultura intensiva de grãos e da pecuária extensiva, além da contaminação por agrotóxicos, fertilizantes, atividades de mineração e caça ilegal. Por isso, é importante que essas áreas sejam mantidas como RBs. Em relação a isso, a Cobramab se colocou a favor da PEC 504/10, que tramita no Congresso Nacional e inclui o Cerrado e a Caatinga entre os bens considerados Patrimônio Nacional. Com esse título, haveria uma melhora na preservação do meio ambiente e na qualidade de vida da população dos dois biomas. Figura 2. Ilustração de como seria uma Reserva da Biosfera ade- quada, com as zonas bem definidas e uma zona núcleo livre de interferência humana. Fonte: Pellegrini (2017). Reservas da Biosfera para o SNUC96 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 96 22/02/2018 11:15:43 Reservas da biosfera no Brasil No Brasil, existe uma Rede Brasileira de reservas da biosfera criada pela Co- bramab. As RBs abrangem 1.300.000 km², cerca de 15% do território brasileiro, e estão divididas em seis. Cada uma delas representa um dos grandes biomas brasileiros: Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga, Amazônia Central e o Cinturão Verde da Cidade de São Paulo (parte integrante da RB da Mata Atlântica). Reserva da Biosfera da Mata Atlântica A Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) foi a primeira criada no Brasil, no ano de em 1991, passando por várias ampliações. Ela abrange uma área com cerca de 35 milhões de hectares, que passa por 15 Estados brasileiros. Ela está concentrada próxima a costa brasileira e forma um grande corredor ecológico. Essa reserva incorpora diversas áreas núcleo e tem superposição com outras; algumas de suas zonas núcleo são as mesmas de outras reservas. O Parque Nacional de Ubajara (CE) é uma zona núcleo tanto da RBMA como da Reserva da Caatinga, enquanto que o Parque Nacional da Serra da Bodoquena também é zona núcleo da RBMA e da RB Pantanal. Ela está representada na Figura 3. Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo A Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo (RBCVSP) foi reconhe- cida pela Unesco em 1993 como parte da RB da Mata Atlântica, porém com identidade própria devido às características peculiares do entorno de São Paulo. Nessa reserva são desenvolvidas ações como cursos ecoprofi ssionalizantes para jovens de regiões periurbanas e o estudo dos serviços ambientais (água, clima, carbono, etc.) gerados pela Mata Atlântica no entorno das cidades. Reserva da Biosfera do Cerrado A Reserva da Biosfera do Cerrado está presente no Distrito Federal, Goiás, Tocan- tins, Maranhão e Piauí. Essa reserva é de extrema importância, pois o bioma do Cerrado sofre muitas ameaças. Nessa reserva o escopo maior é a implantação do desenvolvimento sustentável. Também privilegia a conservação dos remanescentes ainda intocados de Cerrado, que são poucos, e a recuperação de áreas alteradas 97Reservas da Biosfera para o SNUC Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 97 22/02/2018 11:15:43 e de corredores ecológicos já fortemente degradados. Possui como suas zonas núcleo o Parque Nacional de Brasília e a Estação Ecológica de Águas Emendadas. Reserva da Biosfera do Pantanal A Reserva da Biosfera do Pantanal abrange os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e uma pequena parcela de Goiás. A sua relevância é grande, pois nela estão áreas de infl uência das cabeceiras dos rios que estruturam todo o sistema hídrico da planície pantaneira. Uma das principais atividades desenvolvidas é a promoção da sustentabilidade nas atividades de pecuária que se praticam na região há centenas de anos. Como exemplo de atividades estão a pesca artesanal e o ecoturismo. Reserva da Biosfera da Caatinga A Reserva da Biosfera da Caatinga abrange 10 estados, ocupando uma área de 189.990 km². Suas prioridades são o combate à desertifi cação e a promoção de atividades sustentáveis, como nas áreas de turismo, apicultura e artesanato. A Caatinga é rica em biodiversidade e possui, pelo menos, 932 espécies, sendo 380 endêmicas. Esse bioma está ameaçado pelo desmatamento gerado pelas queimadas para produção de lenha e carvão e para agropecuária. Um projeto desenvolvido nesta reserva é o Cenários para o Bioma Caatinga, que possui como objetivos: criar cenários para o bioma, que constituam informações sociais, ambientais e econômicas, visando a construção de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável; elaborar um banco de dados geográfi cos em que serão disponibilizadas informações gerais do local, e criar um sistema de consultas que abrigará um visualizador para banco de dados geográfi cos com recurso de consulta e análise interativas. Reserva da Biosfera da Amazônia Central A Reserva da Biosfera da Amazônia Central está localizada na área do pro- jeto Corredor Ecológico Central da Amazônia. Estão localizadas dentro dos seus limites: Parque Nacional do Jaú, Estação Ecológica de Anavilhanas, Reservas Ecológicas do Rio Negro, Reserva Biológica de Uatumã, Floresta Nacional de Tefé, Reservas de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá e Amanã, entre várias outras UCs. O principal objetivo é o da conservação da cobertura fl orestal e da imensa biodiversidade. Outra grande riqueza desta reserva é a existência de diversos povos tradicionais, as tribos indígenas, que Reservas da Biosfera para o SNUC98 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 98 22/02/2018 11:15:43 possuem grande conhecimento sobre a fauna e a fl ora do local e sobre os usos terapêuticos de cada planta da fl oresta. O Projeto Corredor Ecológico surgiu a partir do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil. São objetivos principais do projeto:  Planejar a paisagem, integrando unidades de conservação, buscando conectá-las e, assim, promovendo a construção de corredores ecológicos na Mata Atlântica e a conservação daqueles já existentes na Amazônia.  Demonstrar a efetiva viabilidade dos corredores ecológicos como uma ferramenta para a conservação da biodiversidade na Amazônia e Mata Atlântica.  Promover a mudança de comportamentos, criar oportunidades de negócios e incentivos a atividades que promovam a conservação ambiental e o uso sustentável, agregando o viés ambiental aos projetos de desenvolvimento. A Cobramab criou um mapa com as RBs brasileiras, que foi adaptado pela RBCV e a RBMA. Nele você pode conferir a localização dessas reservas e, clicando na legenda, uma breve descrição de cada uma. Confira no link: https://goo.gl/gd6taL Figura 3. Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Fonte: Reserva... (200-?). 99Reservas da Biosfera para o SNUC Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 99 22/02/2018 11:15:43 BRASIL. Decreto nº 4.340,de 22 de agosto de 2002. Regulamenta artigos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Con- servação da Natureza - SNUC, e dá outras providências. 2002. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4340.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Lei n.º 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/ccivil/leis/L9985.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017. PELLEGRINI, F. Unesco mantém título de Reserva da Biosfera ao Pantanal. ((o)) eco, 2017. Disponívelem: <http://www.oeco.org.br/noticias/unesco-mantem-titulo-de- -reserva-da-biosfera-ao-pantanal/>. Acesso em: 18 dez. 2017. RESERVA da biosfera da Mata Atlântica. [200-?]. Disponível em: <http://www.itpa.org. br/?page_id=775>. Acesso em: 18 dez. 2017. Leituras recomendadas BALDAUF, C. Extrativismo de samambaia-preta (Rumohraadiantiformis (G.Forst) Ching) no Rio Grande do Sul: fundamentos para o manejo e monitoramento da atividade. Dissertação (Mestrado em Biologia Vegetal) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. BRASIL. Unidades de Conservação no Brasil. Governo federal discute Reservas da Biosfera. 2016. Disponível em: <https://uc.socioambiental.org/noticia/governo-federal-discute- -reservas-da-biosfera>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Reserva da Biosfera. [200-?]. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/areas-protegidas/instrumentos-de-gestao/reserva-da- -biosfera>. Acesso em: 18 dez. 2017. O PROGRAMA MAB e as reservas da biosfera. 2004. Disponível em: <http://www. rbma.org.br/mab/unesco_01_oprograma.asp>. Acesso em: 18 dez. 2017. 100Reservas da Biosfera para o SNUC Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 101 22/02/2018 11:15:45 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor de hoje você verá a importância da Reserva da Biosfera na conservação ambiental e como ela é constituída. Nestas unidades de gestão integrada são realizadas as diversas atividades essenciais para que os objetivos das RBs sejam atingidos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Reserva da Biosfera (RB) é um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica, desenvolvimento de atividades de pesquisa, monitoramento ambiental, educação ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida das populações. Sobre a RB é correto afirmar: A) Possui um Plano de Manejo. B) É composta por três zonas. C) Pode ser constituída apenas de áreas públicas. D) Não permite a ocupação humana. E) É um modelo exclusivo do Brasil. 2) As reservas da biosfera possuem uma gestão integrada. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) define que a gestão das RBs deve ser realizada da seguinte forma: A) Por um conselho deliberativo, conselhos regionais e estaduais, quando abranger mais de um estado. B) Apenas pelos conselhos regionais e estaduais. C) Apenas por um conselho deliberativo. D) Pelo conselho estadual, orgão máximo. E) Pelo conselho regional formado por representantes de instituições públicas, de organizações da sociedade civil e da população residente. 3) Marque a alternativa que apresenta corretamente as atividades e/ou funções relacionadas a uma Reserva da Biosfera: A) Centro de pesquisas em agricultura. B) Educação ambiental e pecuária sustentável. C) Gerenciamento de ecossistemas e pesquisas em pesca. D) Centro de monitoramento de fauna, flora e agricultura. E) Centro de monitoramento de fauna, flora e ameaças como desmatamento e poluição, além de gerenciamento de ecossistemas. 4) A COBRAMAB é Comissão Brasileira para o Programa O Homem e a Biosfera, que representa as Reservas da Biosfera no país. Uma das funções realizadas pelo COBRAMAB é: A) Propor macrodiretrizes para a implantação das Reservas da Biosfera; B) Elaborar planos de ação da Reserva da Biosfera, propondo prioridades, metodologias, cronogramas, parcerias e áreas temáticas de atuação. C) Implantar, nas áreas de domínio da Reserva da Biosfera, os princípios básicos de preservação de forma participativa D) Apoiar a criação e instalar o sistema de gestão de cada uma das Reservas da Biosfera reconhecidas no Brasil. E) Apontar áreas prioritárias e propor estratégias para a implantação das Reservas da Biosfera, bem como para a difusão de seus conceitos e funções 5) As reservas da biosfera no Brasil são de grande importância para a preservação e proteção das comunidades tradicionais. Sobre as RBs do Brasil podemos afirmar: A) Existe uma reserva da biosfera para cada bioma. B) Na RBMA são desenvolvidos cursos ecoprofissionalizantes. C) A atividade mais desenvolvida na Caatinga é a pesca artesanal. D) A reserva da biosfera da Mata Atlântica está inserida no projeto corredor ecológico central da amazônia. E) Na RB do Pantanal estão áreas de influência das cabeceiras dos rios que estruturam todo o sistema hídrico da planície pantaneira. NA PRÁTICA Um dos objetivos da Reserva da Biosfera é garantir o desenvolvimento sustentável e o bem- estar das populações tradicionais. Infelizmente, esta proposta não se enquadra com os objetivos do agronegócio tradicional. Um exemplo disso é a Mata Atlântica, que sofre uma exploração histórica, a qual começou com a chegada dos europeus que extraíam madeiras como o pau-brasil e se aproveitavam do trabalho escravo das comunidades nativas. Atualmente, na Mata Atlântica existem diversas comunidades e grupos indígenas, quilombos (comunidades negras descendentes de escravos), caiçaras e outros grupos de pescadores tradicionais, pequenos produtores rurais e comunidades extrativistas. Infelizmente, estas comunidades sofrem com a pressão do agronegócio e ameaças, inclusive de morte. Tudo isso prejudica pessoas e o meio ambiente. Para tentar resolver, ou ao menos amenizar esta questão, o gestor ambiental Pedro está buscando uma solução. Veja: Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Presidente extingue reserva ambiental gigante da Amazônia Muitas áreas protegidas na Amazônia sofrem grande pressão para sua exploração. Áreas extremamente ricas em recursos naturais e cultura também possuem recursos de interesse econômico e este interesse econômico muitas vezes prevalece sobre a preservação. Veja no vídeo um decreto de extinção da Reserva Nacional de cobre e associados (Renca), uma área protegida na Amazônia, que causou grande repercussão internacional. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Legislação e Governança O Brasil aderiu ao Programa Homem e Biosfera da UNESCO em 1974. Este programa tem o objetivo de criar e coordenar a Rede Nacional de Reservas da Biosfera. No link a seguir, veja um resumo das leis e decretos relacionados ao MAB e as Reservas da Biosfera. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Patrimônio natural da humanidade, Pantanal guarda biodiversidade única O Pantanal possui uma biodiversidade única e além de ser um dos menores biomas brasileiros ainda sofre grandes ameaças. Veja a importância deste bioma que faz parte da Reserva da Biosfera do Pantanal. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Incentivos, isenções e penalidades APRESENTAÇÃO O incentivo fiscal é uma ferramenta que o Estado utiliza na economia para impulsionar um determinado setor econômico. Ela é caracterizada pela renúncia total ou parcial de algum tributo. Essa concessão é de interesse de ambas as partes, ou seja, uma renúncia que gera outros valores além dos recolhidos nas guias mensais, podendo ser em investimentos por parte das empresas beneficiadas ou até mesmo na redução dos custos que reflete nos preços de vendas, o que gera um consumo maior nesse setor beneficiado. Os resultados almejados com essa forma de incentivar um determinado setor representam desenvolvimento e investimento por parte dos beneficiados para o meio social e coletivo. Apesar de esses benefícios fiscais colaborarem com a economia e reduzirem consideravelmente a carga tributária passiva por parte das organizações, eles estão disponíveis em apenas algumas áreas, como cultura, esporte,infância e adolescência. A ampliação na área ambiental encontra-se em discussão com projetos de leis em âmbitos federal e estadual. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender sobre os incentivos, as isenções e as penalidades aplicáveis às unidades de conservação (UCs). Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar os incentivos e as isenções relativos a UCs.• Caracterizar os incentivos e as isenções garantidos a quem implementar UCs.• Elencar as penalidades impostas a quem cometer infrações em UCs.• DESAFIO Para transformar uma área em uma UC, é necessário que algumas medidas sejam tomadas e critérios sejam seguidos. Conheça a história de Pedro e veja como você pode ajudá-lo. INFOGRÁFICO No Infográfico a seguir, você vai conhecer a incrível relação de valorização dos serviços ambientais que a natureza presta ao planeta e a crescente vertente de pagamentos (PSA) pela conservação do meio ambiente; um bom exemplo de incentivo fiscal em detrimento da preservação ambiental. Confira. CONTEÚDO DO LIVRO A ideia de PSA vem tomando forma. Para que essa prática ocorra, algumas ações são necessárias. É nesse contexto que o ICMS Ecológico surge como uma das formas de PSA. Por se tratar de um mecanismo fiscal que não mexe no bolso do contribuinte, pois diz respeito ao repasse obrigatório de parte dos valores do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) recolhidos pelos Estados, o ICMS Ecológico passa a ser um dos critérios para o repasse desses valores e premia os municípios que têm, por exemplo, UCs e áreas de mananciais. Na obra Gerenciamento de unidades de conservação, leia o capítulo Incentivos, isenções e penalidades, base teorica para esta Unidade de Aprendizagem, e entenda mais sobre o assunto. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Professora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 G367 Gerenciamento de unidades de conservação / Anderson Soares Pires... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 304 p. :il.. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-339-0 1. Gestão ambiental. I. Pires, Anderson Soares. CDU 502.13 1_Iniciais.indd 2 22/02/2018 11:33:46 Incentivos, isenções e penalidades Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Identifi car os incentivos e isenções relativos a UCs.  Caracterizar os incentivos e as isenções garantidas a quem imple- mentar UCs.  Elencar as penalidades impostas a quem cometer infrações em UCs. Introdução Neste texto, você vai aprender sobre os incentivos, as isenções e penalidades aplicáveis às unidades de conservação (UCs). O incentivo fiscal é um recurso utilizado pelo governo para impulsionar os nichos econômicos. Esse incen- tivo atua pela isenção parcial ou total de algum tributo para as empresas, visando ao crescimento econômico e, até mesmo, à redução do custo final do produto fabricado ou vendido. Dessa forma, o incentivo fiscal beneficia, além da economia, o meio social e coletivo. No entanto, esses incentivos estão disponíveis apenas em algumas áreas sociais restritas, estando em discussão a necessidade de ampliação para projetos na área ambiental. Incentivos e isenções O incentivo fi scal é uma ferramenta econômica utilizada pelo Estado para im- pulsionar um determinado setor. É caracterizada pela renúncia total ou parcial de alguma tributação. Esse tipo de concessão interessa tanto Estado quanto benefi ciado, pois a renúncia gera outros valores além dos recolhidos nas guias mensais, que podem ser em investimentos das empresas benefi ciadas ou na Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 77 22/02/2018 11:15:38 redução dos custos, refl etindo nos preços de vendas e em um consumo maior nesse setor benefi ciado. Os resultados esperados dessa forma de incentivar um determinado setor são de desenvolvimento e investimento por parte dos benefi ciados para o meio social e coletivo. Apesar de esses benefícios fiscais contribuírem para a economia e reduzirem consideravelmente a carga tributária passiva das organizações, eles estão disponí- veis apenas para algumas áreas, como cultura e esporte. Está em discussão, com projetos de leis em âmbito federal e estadual, a ampliação para a área ambiental. Para que haja a aprovação desses incentivos, é necessária a comprovação da importância que eles exercem no meio social. Essa comprovação é regida pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) de 2000, que é responsável pelo controle dos gastos públicos combinados com a capacidade da sua arrecadação. O capítulo 5 do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000 (BRASIL, 2000), que trata dos incentivos, isenções e penalidades, não fala sobre os incentivos e isenções para aqueles que criarem uma UC e ajudarem na proteção desses recursos que trazem grandes benefícios para todos, como a prestação de serviços ambientais (Figura 1). Os incentivos e isenções são trazidos em outras leis e programas. Você vai conhecer agora alguns deles. Os benefícios ao proprietário que implementar uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) estão listados a seguir.  Isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) sobre a área da RPPN, conforme a Lei nº 9.393, de 20 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (BRASIL, 1996).  Concessão de garantias legais nas ações de proteção e defesa do patri- mônio natural existente no imóvel.  Prioridade de análise de pedidos de crédito rural em bancos oficiais.  Prioridade de análise para projetos apresentados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA).  Captação de recursos junto às ONGs, a partir de projetos referentes à implantação e gestão de RPPNs, com destaque ao Programa de Incentivo às RPPNs, da Aliança para a Conservação da Mata Atlântica.  Participação em editais para Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA).  Aplicação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) Ecológico, recurso que traz benefícios aos municípios que possuem áreas com UC, utilizado pelo governo como incentivo às atividades de preservação ambiental. O intuito é beneficiar os municípios vinculados à existência das UCs. A proposta é que uma porcentagem do valor que é repassado ao Estado seja redistribuída para os municípios que obtiverem Incentivos, isenções e penalidades 78 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 78 22/02/2018 11:15:39 resultados positivos, em forma de ações ligadas ao meio ambiente. Para que o município receba os benefícios referentes a impostos arrecadados pelo ICMS Ambiental, não basta a criação de uma UC, este é apenas o procedimento inicial. Para ser beneficiado, é preciso que as UCs mante- nham um satisfatório nível de qualidade de conservação.  Alguns Estados estão incentivando de outras formas a implementação de UCs. Em São Paulo, aqueles que implementarem uma RPPN têm benefícios como: a inclusão no Plano de Policiamento Ambiental para Apoio à Proteção das RPPN, realizado pela Polícia Militar Ambiental; a captação de recursos junto às fontes públicas; prioridade pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) na análise de pedidos de licenciamentos em imóveis que tenham RPPN. O município dispõe, ainda, de uma lei que possibilita e incentiva convênios para Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), como a preservação de nascentes, da flora que atrai polinizadores, entre outros.  Já no Rio de Janeiro, no município de Petrópolis, proprietários de áreas protegidas têm direito à isenção de IPTU. O incentivo foi incluído na legislação tributária municipal com o objetivo de proporcionar vanta- gens para a preservação,tornando-a vantajosa para quem respeita a lei. Um Projeto de Lei de número 1.548/2015 está sendo analisado na Câmara e prevê outras vantagens e incentivos a proprietários de RPPNs. Alguns dos benefícios:  Dedução no Imposto de Renda das despesas feitas pelos proprietários da RPPN durante o processo de criação, instalação, manutenção e ampliação de benfeitorias nas RPPNs.  Prioridade na obtenção de empréstimos ou financiamentos aos proprietários para melhoria e conservação da reserva.  Imóveis rurais que tenham transformado mais de 30% de sua área total em RPPN poderão se beneficiar de crédito agrícola com taxas e juros menores, limites e prazos maiores.  Isenção de pagamento de taxas referentes a custos do processo de criação da RPPN.  Assistência técnica aos imóveis rurais que tenham ou pretendam ter reservas particulares dentro dos seus limites.  Permissão aos proprietários para coleta de sementes e implantação de viveiros de mudas de espécies nativas dos ecossistemas onde está inserida a RPPN, podendo comercializar as sementes e mudas.  Criação do Fundo Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural, prove- niente da compensação ambiental e conversão de multas decorrentes de infração ambiental (BRASIL, 2015). 79Incentivos, isenções e penalidades Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 79 22/02/2018 11:15:39 Figura 1. Serviço ambiental realizado pela abelha, a polinização, que garante a continuidade das flores e alimentos. Fonte: Sumikophoto/Shutterstock.com Caracterização dos incentivos e isenções É crescente o entendimento de que serviços ambientais prestados pela natureza devem ser remunerados. Esse entendimento é fundamentado na lógica de que uma fl oresta vale mais do que uma área degradada, pois, silenciosamente, ela presta serviços à coletividade, tais como:  produção de oxigênio e purificação do ar pelas plantas;  manutenção de biodiversidade;  produção e proteção de recursos hídricos;  controle do clima;  reserva de produtos medicinais para a cura das enfermidades humanas, entre outros. Ou seja, é a natureza trabalhando para a manutenção da vida e de seus processos, o que nos fornece qualidade de vida e garante a existência de ar puro, água limpa e acessível, florestas ricas em diversidade biológica, solos férteis, alimentos abundantes e outros benefícios. Incentivos, isenções e penalidades 80 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 80 22/02/2018 11:15:39 Apesar de recente, esse entendimento já consolidou algumas experiências e, na prática, já respondeu a diversos questionamentos, como: quanto custa o processo de polinização das plantas realizado pelas abelhas? E a paisagem de uma cachoeira? Quantas máquinas seriam necessárias para prestar o serviço de produzir oxigênio e purificar o ar, serviço que as plantas e as algas fazem diariamente? Quanto vale todos esses serviços que a natureza faz? Grande parte dessas questões vem sendo respondida graças ao crescente número de instituições participantes, tanto privadas quanto públicas, os diver- sos trabalhos acadêmicos publicados sobre o tema e a variedade de arranjos institucionais que se criaram, que vêm sendo fundamentais para o processo de construção dos mercados de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e para a modelagem de uma base sólida para seu crescimento. A ideia básica do PSA é remunerar quem, direta ou indiretamente, preserva o meio ambiente. Isso significa recompensar com dinheiro, ou outros meios, aqueles que ajudam a conservar ou produzir serviços ambientais mediante a adoção de práticas, técnicas e sistemas que privilegiam a manutenção da floresta em pé. Para que esse novo mercado faça sentido, naturalmente, a preservação do meio ambiente deve gerar mais benefícios econômicos do que a sua destruição. Existem no país muitas atividades de incentivo a populações tradicionais, uma delas é a implementação de uma reserva extrativista, uma UC de uso sustentável para incentivar a extração sustentável de recursos para produzir valor econômico. Podemos citar como exemplo a APA do Jalapão, onde a co- munidade produz farinha de jatobá, óleo de buriti, pequi, macaúba e mamona, doce de buriti e doce de caju e cestaria de palha de buriti. A APA do Jalapão acompanha e apoia as famílias da região na coleta e transporte do jatobá para produção de farinha. ICMS Ecológico É nesse contexto que o ICMS Ecológico surge como uma das formas de PSA. Por se tratar de um mecanismo fi scal que não mexe no bolso do contribuinte, pois diz respeito ao repasse obrigatório de parte dos valores do ICMS reco- lhidos pelos Estados, o ICMS Ecológico passa a ser um dos critérios para o repasse desses valores e premia os municípios que possuem, por exemplo, UC e áreas de mananciais. Em outras palavras, aquele município que preserva suas florestas e con- serva sua biodiversidade ganha uma pontuação maior nos critérios de repasse, recebe recursos financeiros a título de compensação pelas áreas destinadas à 81Incentivos, isenções e penalidades Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 81 22/02/2018 11:15:39 conservação e, ao mesmo tempo, um incentivo para a manutenção e a criação de novas áreas para a conservação da biodiversidade. Nesse sentido, o ICMS Ecológico é uma forma de PSA pela conservação de biodiversidade. Cada Estado possui seus critérios. O ICMS Ecológico foi criado em 1991 pelo Estado do Paraná com o intuito de compensar os municípios que possuem uma grande área de UC e, por essa razão, sofriam limitações e restrições legais para expandir suas atividades econômicas, visto que nessas UCs, estabelecidas pela Lei nº 9.985/00, há limitações para a utilização dessas áreas (BRASIL, 2000). A Constituição do Estado do Pará, anterior a esta medida, já previa em seu art. 225, § 2º, tratamento especial aos municípios que abrigam as UCs (PARÁ, 2011). Ainda que os municípios contribuíssem com a conservação do meio ambiente, sofriam diretamente com a manutenção das suas atividades estatais devido ao baixo índice de contribuição do ICMS. A Lei nº 9.985/00 define em seu art. 2º, inciso I, a UC como sendo “espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de adminis- tração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção” (BRASIL, 2000). Isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) Quem cria uma RPPN tem isenção do Imposto Territorial Rural (ITR). Esse imposto é considerado um tributo com nítido caráter extrafi scal, sendo utilizado não apenas com vistas ao desestímulo de latifúndios improdutivos, mas também de forma a promover e incentivar a utilização racional dos recursos naturais e a preservação do meio ambiente. Ganham destaque neste contexto as isenções rela- tivas a tal imposto, especialmente aquelas que benefi ciam áreas rurais destinadas à preservação do meio ambiente, seja em função da mera manutenção da vegetação nativa, seja em razão de sua utilização de forma ecologicamente sustentável. O Decreto nº 4.382, de 19 de setembro de 2002, em seu art. 10, § 3º, I, dispõe que, para fins de apuração do ITR, as áreas de preservação permanente e de utilização limitada (áreas de reserva legal, imprestáveis, de RPPN e outras declaradas como de interesse ecológico) devem ser informadas pelo contribuinte ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão que fica responsável pela emissão do chamado Ato Declaratório Ambiental (ADA), considerado, por sua vez, “declaração indispensável ao reconhecimento das áreas de preservação permanente e de utilização limitada para fins de apuração do ITR” (BRASIL, 1997; 2002). Incentivos, isenções e penalidades 82 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 82 22/02/2018 11:15:39 Aplicação do PSA A primeira aplicação nacionaldo PSA ocorreu com a Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011, que instituiu o Bolsa Verde, um programa que beneficia famílias de baixa renda com R$ 300,00 trimestralmente para que haja manutenção da vegetação da propriedade, entre outros fatores relacionados (BRASIL, 2011). Outro exemplo envolve atividades que consomem ou podem poluir recursos hídricos em altas quantidades. Esse tipo de atividade deve possuir uma outorga para o uso da água, e o pagamento também deve ocorrer. Portanto, os responsáveis pelo empre- endimento são considerados usuários do serviço e participam de um programa de PSA (devido à cobrança pelo uso da água). Esse projeto de PSA não é considerado um imposto, mas uma remuneração pelo uso de um bem público — o dinheiro arrecadado é investido para manter e recuperar bacias hidrográficas que fornecem esse serviço. Nós, como consumidores, também podemos escolher pagar por serviços ambientais em produtos sustentáveis, por meio de certificações, como selos ecológicos. Eles estão presentes em certos produtos orgânicos e em madeira reflorestada, por exemplo. Quando escolhemos pagar esse valor adicional, estamos também pagando pela proteção dos serviços ecossistêmicos. A RPPN Sesc Pantanal (Figura 2) está localizada no município de Barão de Melgaço, no limite sul do Estado de Mato Grosso, e é considerada a maior RPPN do Brasil. Ela é beneficiada pelo ICMS Ecológico, um recurso financeiro destinado ao município pelo Estado, que tem como base de cálculo a extensão de áreas protegidas em seu território. Figura 2. A RPPN Sesc Pantanal. Fonte: Alexsandro do Nascimento/Shutterstock.com 83Incentivos, isenções e penalidades Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 83 22/02/2018 11:15:39 Penalidades para infrações cometidas em UCs Segundo o art. 38 do SNUC, a ação ou omissão das pessoas, físicas ou jurídicas, que importem inobservância aos preceitos desta lei e a seus regulamentos ou resultem em dano à fl ora, à fauna e aos demais atributos naturais das UCs, bem como às suas instalações e às zonas de amortecimento e corredores ecológicos, sujeitam os infratores às sanções previstas em lei. Ou seja, aqueles que causarem prejuízos aos recursos ambientais pertencentes a uma UC devem sofrer penalidades. A lei que trata das penalidades é a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, também conhecida como lei de crimes ambientais. Nela está estabelecido que crimes cometidos em UCs têm a sua pena agravada, justamente por se tratar de uma área protegida (BRASIL, 1998). Na lei de crimes ambientais estão estabelecidos o que são os crimes co- metidos e quais suas penas, sendo eles:  Crimes contra a fauna: detenção de seis meses a um ano e multa, sendo que, quando cometida em UC, é aumentada de metade. São crimes contra a fauna: matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente ou em desacordo com a obtida; impedir a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida; modificar, danificar ou destruir ninho, abrigo ou criadouro natural; vender, expor à venda, exportar ou adquirir espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.  Crimes contra a flora: pena de detenção de um a três anos, multa ou ambas as penas cumulativamente, sendo que no crime culposo a pena será reduzida à metade e quando, atingir UCs, a pena é de reclusão de um a cinco anos. São crimes contra flora: destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção. Nos crimes contra a flora, a pena é aumentada de um sexto a um terço se: ■ a infração resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime climático, ou ■ o crime é cometido no período de queda das sementes, no período de formação de vegetações, contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no local da infração, em época de seca ou inundação, durante a noite, em domingo ou feriado. Incentivos, isenções e penalidades 84 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 84 22/02/2018 11:15:39 A lei traz também que a ocorrência de dano afetando espécies ameaçadas de extinção no interior das UC de proteção integral e UC de uso sustentável é considerada uma circunstância agravante para a fixação da pena. Nos casos em que o infrator penetrar em UC conduzindo substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente, a pena será de detenção de seis meses a um ano e multa. Em relação às penas restritivas de direito, pode ser destacada a prestação de serviços à comunidade, que consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a parques, jardins públicos e UCs; no caso de dano de bem particular, pública ou tombada, na sua restauração, se possível. Embora tenha avançado bastante em relação às sanções administrativas ambientais, a Lei nº 9.605/98 não definiu especificamente as respectivas infrações, nem o procedimento para a sua imposição. Essa definição foi feita pelo Decreto nº 3.179, de 21 de setembro de 1999, hoje substituído pelo Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008. Esse último decreto especificou os tipos infracionais e as sanções correspondentes (BRASIL, 2008). Ele não se limitou a reproduzir as sanções administrativas elencadas no art. 72 da Lei nº 9.605/98, mas inovou ao trazer detalhamentos para sua aplicação prática no âmbito do exercício do poder de polícia ambiental. Conforme esse decreto, as infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções: advertência, multa simples, multa diária, apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora e demais produtos e subprodutos objeto da infração, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de qualquer natureza utilizados na infra- ção, destruição ou inutilização do produto, suspensão de venda e fabricação do produto, embargo de obra ou atividade e suas respectivas áreas, demolição de obra, suspensão parcial ou total das atividades e restritiva de direitos. Com base nisso, a apuração das infrações administrativas ambientais começa com a constatação, pelo agente autuante, do cometimento de uma conduta tipificada no Decreto nº 6.514/08, o que deve gerar a instauração de um procedimento administrativo adequado. No curso do referido procedimento, é dada a oportunidade para o infrator exercer seu direito à defesa, bem como se é confirmada a ocorrência ou não da infração ambiental. Após o rompimento da barragem do Fundão em Mariana (Figura 3), em Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015, os rejeitos de mineração foram levados pelo Rio Doce e chegaram ao litoral do Espírito Santo no dia 21 de novembro. Durante o percurso, eles afetaram a Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas, o Refúgio de Vida Silvestre (RVS) de Santa Cruz e a zona de amortecimento da Reserva Biológica (Rebio) de Comboios. Devido a isso, a Samarco foi multada em R$ 143 milhões por danos a UCs. 85Incentivos, isenções e penalidades Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 85 22/02/2018 11:15:39 Figura 3. Pequena amostra dos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana, MG. Fonte: Gustavo Basso/Shutterstock.com 1. Entre os benefícios aos proprietários de terras que implementam Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), podemos citar: a) isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) sobre a área da RPPN, e prioridade de análise de pedidos de crédito rural em bancos oficiais ou para para projetos apresentados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA). b) prioridade de crédito rural em bancos oficiais e emprojetos apresentados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA). c) prioridade de análise de projetos em qualquer edital aberto. d) isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) sobre a área total do terreno onde está a RPPN. e) acesso a recursos de ONGs para a área total de terras onde a RPPN está inserida. 2. O incentivo fiscal é uma ferramenta que o Estado utiliza na economia para impulsionar um determinado setor econômico. É caracterizada pela renúncia total ou parcial de algum tributo. Com base nessa afirmação e no conteúdo desse capítulo, identifique a sentença correta acerca desses benefícios. Incentivos, isenções e penalidades 86 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 86 22/02/2018 11:15:41 a) São benefícios concedidos como Isenção do Imposto Territorial Urbano (ITU) sobre a área da RPPN dentro das zonas urbanas. b) São benefícios concedidos como concessão de garantias para exploração ilegal do patrimônio natural existente no imóvel. c) São benefícios concedidos como garantia vitalícia de empréstimos como crédito rural aos bancos oficiais. d) São benefícios concedidos como participação em editais para Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA). e) São benefícios concedidos como arrecadação do ICMS Ambiental para fins de compras e bens pessoais dos gestores das UCs. 3. Com base na leitura sobre esse assunto, complete a frase: o (a) __________ é um benefício aos municípios que possuem áreas com UCs com rendimento satisfatório na conservação ambiental. Qualquer subsídio envolvendo impostos são uma ótima maneira de incentivo fiscal, principalmente sobre circulação de mercadorias e serviços. a) IPTU b) ICMS Ecológico c) RPPN d) PSA e) UC 4. É crescente o entendimento de que serviços ambientais prestados pela natureza devem ser remunerados. Esse entendimento é fundamentado na lógica de que uma floresta vale mais do que uma área degradada. Nesse sentido, marque a alternativa correta sobre os serviços ecológicos prestados pela natureza que podem ser a motivação para incentivos e isenções fiscais se preservados pelas UCs. a) Produção de oxigênio e purificação do ar pelas plantas. b) Produção de lava vulcânica que nos beneficia com a fabricação de produtos essenciais. c) Criação do homem para equilibrar a cadeia alimentar do planeta. d) Produção de plantas venenosas e animais peçonhentos para que os índios possam usar o veneno e a peçonha em suas flechas de caça. e) Produção de petróleo para que possamos fazer combustível por intermédio desse recurso natural fóssil e renovável. 5. Assinale a alternativa que completa corretamente a frase: quem cria um (a) ____________ tem isenção do Imposto Territorial Rural (ITR). a) Flona b) APP c) RPPN d) SNUC e) Parque Nacional 87Incentivos, isenções e penalidades Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 87 22/02/2018 11:15:42 BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de lei n.º 1.548-a, de 2015. Dispõe sobre a cria- ção, gestão e manejo de Reserva Particular do Patrimônio Natural - RPPN, e dá outras providências; tendo parecer da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, pela aprovação, com emenda. 2015. Disponível em: <http:// www.camara.gov.br/sileg/integras/1372649.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011.Institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais; altera as Leis nºs 10.696, de 2 de julho de 2003, 10.836, de 9 de janeiro de 2004, e 11.326, de 24 de julho de 2006. 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011- 2014/2011/lei/l12512.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Decreto nº 6.514, de 22 de julho de 2008. Dispõe sobre as infrações e sanções administrativas ao meio ambiente, estabelece o processo administrativo federal para apuração destas infrações, e dá outras providências. 2008. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/decreto/D6514.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Decreto nº 4.382, de 19 de setembro de 2002. Regulamenta a tributação, fis- calização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR. 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/ d4382.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Lei nº. 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000. Disponível em: <http://www.mma.gov. br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=322>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Portaria nº 162, de 18 de dezembro de 1997.Dispõe sobre o Ato Declaratório Ambien- tal - ADA, e dá outras providências. 1997. Disponível em: <http://www.farsul.org.br/ sindical/portaria_ibama_%20n_162_97_la.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996. Dispõe sobre o Imposto sobre a Pro- priedade Territorial Rural - ITR, sobre pagamento da dívida representada por Títulos da Dívida Agrária e dá outras providências. 1996. Disponível em: <http://www.planalto. gov.br/Ccivil_03/Leis/L9393.htm>. Acesso em: 18 dez. 2017. PARÁ. Constituição do Estado do Pará. Belém: [S.n.], 2011. Disponível em: <http://pa.gov. br/downloads/ConstituicaodoParaateaEC48.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2017. Incentivos, isenções e penalidades 88 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 88 22/02/2018 11:15:42 Leituras recomendadas BRASIL. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodversidade. Unidades de con- servação. 2017. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/ unidadesdeconservacao/categorias.html>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Instrução normativa nº 29, de 5 de setembro de 2012. Disciplina, no âmbito do Instituto Chico Mendes, as diretrizes, requisitos e procedimentos administrativos para a elaboração e aprovação de Acordo de Gestão em Unidade de Conservação de Uso Sustentável federal com populações tradicionais. 2012. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/ portal/ images/IN_29_de_05092012.pdf>. Acesso em: 18 dez. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa nacional de áreas protegidas. Brasília: MMA, 2007. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Roteiro metodológico de planejamento: parque nacional, reserva biológica, estação ecológica. Brasília: IBAMA. 2002. BRASIL. Decreto Nº. 4.340, de 22 de agosto de 2002. 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A.; FRANCO, J. L. de A.; OLIVEIRA D. Análise sobre a história e a situ- ação das unidades de conservação no Brasil. In: GANEM, R. S. (Org.). Conservação da biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília: Câmara dos Deputados, 2010. DRUMMOND, J. A. O sistema brasileiro de parques nacionais: análise dosresultados de uma política ambiental. Niterói: EDUFF, 1997. GANEM, R. S. (Org.). Conservação da biodiversidade: legislação e políticas públicas. Brasília: Câmara dos Deputados, 2010. 89Incentivos, isenções e penalidades Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 89 22/02/2018 11:15:42 Cap1_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 14 08/12/2017 14:45:12 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor de hoje, você vai conhecer um pouco dos incentivos, das isenções e das penalidades inerentes às UCs. Além disso, vai descobrir importantes instrumentos que contribuem para incentivar a criação dessas áreas e vai obter conhecimento sobre algumas diretrizes técnicas que regulamentam esses incentivos fiscais, assim como instituem as penalidades para crimes ambientais dentro das UCs. Assista. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Dentre os benefícios aos proprietários de terras que implementam Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), podemos citar: A) isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) sobre a área da RPPN, e prioridade de análise de pedidos de crédito rural em bancos oficiais ou para projetos apresentados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA). B) prioridade de crédito rural em bancos oficiais e em projetos apresentados ao Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA). C) prioridade de análise de projetos em qualquer edital aberto. D) isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) sobre a área total do terreno onde está a RPPN. E) acesso a recursos de ONGs para a área total de terras onde a RPPN está inserida. 2) O incentivo fiscal é caracterizado pela renúncia total ou parcial de algum tributo. Os resultados almejados com essa forma de incentivar um determinado setor representam desenvolvimento e investimento por parte dos beneficiados para o meio social e coletivo. Com base nessa afirmação e no conteúdo do capítulo desta Unidade de Aprendizagem, identifique a sentença verdadeira acerca dos benefícios para as UCs. A) São benefícios concedidos, como isenção do Imposto Territorial Urbano (ITU) sobre a área da RPPN dentro das zonas urbanas. B) São benefícios concedidos como concessão de garantias para exploração ilegal do patrimônio natural existente no imóvel. C) São benefícios concedidos como garantia vitalícia de empréstimos como crédito rural aos bancos oficiais. D) São benefícios concedidos, como isenção do Imposto Territorial Rural (ITR) sobre a área da UC. E) São benefícios concedidos, como arrecadação do ICMS Ambiental para fins de compras e bens pessoais dos gestores das UCs. 3) Assinale a alternativa que completa corretamente a frase: "O(A) ______ é um benefício aos municípios que têm áreas com unidades de conservação com rendimento satisfatório na conservação ambiental. Qualquer subsídio envolvendo impostos é uma ótima maneira de incentivo fiscal, principalmente sobre circulação de mercadorias e serviços". A) IPTU. B) ICMS Ecológico. C) RPPN. D) PSA. E) UC. 4) É crescente o entendimento de que serviços ambientais prestados pela natureza devem ser remunerados. Esse entendimento é fundamentado na lógica de que uma floresta vale mais do que uma área degradada. Nesse sentido, marque a alternativa que apresenta exemplos sobre os serviços ecológicos prestados pela natureza que podem ser a motivação para incentivos e isenções fiscais se preservados pelas UCs. A) Controle do clima e produção de carne e derivados. B) Manutenção de biodiversidade e ambientes preservados para prática de rally. C) Agricultura extensiva e controle do clima. D) Produção de oxigênio e purificação do ar pelas plantas e controle do clima. E) Preservar o petróleo para que possamos fazer combustível por meio desse recurso natural fóssil e renovável. 5) Assinale a alternativa que completa corretamente a frase: "Quem cria um(uma) ______ tem isenção do Imposto Territorial Rural (ITR)". A) Flona. B) APP. C) RPPN D) SNUC. E) Parque Nacional. NA PRÁTICA A Lei Federal n.º 11.284/06, que trata da gestão de florestas públicas para a produção sustentável, estabelece como princípios: a proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e dos valores culturais associados; • o respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação; • o acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de florestas públicas; • a promoção e a difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacionada à conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas; • o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos florestais, dentre outros. • A exploração comercial de produtos, subprodutos ou serviços obtidos ou desenvolvidos a partir dos recursos naturais, biológicos, cênicos ou culturais ou da exploração da imagem de unidade de conservação, exceto área de proteção ambiental e reserva particular do patrimônio natural, dependerá de prévia autorização e sujeitará o explorador a pagamento, conforme disposto em regulamento. Nesse contexto, conheça a história de Juliano. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Áreas de preservação permanente urbanas: o Novo Código Florestal e o Judiciário O artigo publicado na Revista de Informação Legislativa, tem o objetivo de realizar uma análise das áreas de preservação permanentes (APP) urbanas à luz do Novo Código Florestal e da jurisprudência dos tribunais judiciais. É uma leitura interessante que contribui para um melhor entendimento sobre o tema. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ICMS no Estado do Rio de Janeiro: Criação, Gestão e Uso Público em Unidades de Conservação O ICMS Ecológico é um instrumento econômico de incentivo à adoção de ações ambientais. Por meio dele, parte da receita de ICMS repassada aos municípios fica destinada a ações ambientais. Veja como foi a implementação do ICMS Ecológico no RJ. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Ecossistemas e biomas APRESENTAÇÃO Você conhece os conceitos de ecossistema e bioma? Ecossistema é um conjunto formado pelas interações entre componentes bióticos, como os organismos vivos, plantas, animais e micróbios, e os componentes abióticos, elementos químicos e físicos, como o ar, a água, o solo e minerais. Estes componentes interagem através de transferências de energia dos organismos vivos entre si e entre estes e os demais elementos de seu ambiente. Já um bioma é o conjunto de vida (vegetal e animal) definido pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, resultando em uma diversidade biológica própria. Em outras palavras, ele pode ser definido como uma grande área de vida formada por um complexo de ecossistemas com características homogêneas. Muitas vezes, o termo bioma é utilizado como sinônimo de ecossistema, mas, diferente do ecossistema, a classificação de bioma interessa mais ao meio físico (a fisionomia da área, principalmente da vegetação) que às interações que nele ocorrem. O Brasil, apesar de ter uma das maiores biodiversidades do planeta, vem sofrendo uma perda progressiva de sua diversidade biológica. Muitos são os motivos para essa perda, mas podemos apontar como principal causador o crescimento populacional e a pobreza generalizada. Uma das alternativas para tentar minimizar tais impactos, diz respeito à criação deUnidades de Conservação (UCs), que devem contar com a participação de toda a sociedade e fundamentar-se em sólidas bases científicas. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) estabeleceu critérios e normas para a criação, implantação e gestão das UCs. Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá conhecer os biomas brasileiros e a necessidade de protegê-los, além de compreender a diferença entre bioma e ecossistema. Por fim, você verá como está sendo a eficiência do SNUC na proteção dos ecossistemas e biomas brasileiros. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Elencar os biomas brasileiros e entender a necessidade de protegê-los.• Caracterizar biomas e ecossistemas brasileiros.• Reconhecer a eficiência do SNUC na proteção dos ecossistemas e biomas brasileiros.• DESAFIO O termo ecossistema refere-se ao conjunto formado por comunidades bióticas e fatores abióticos que interagem em uma determinada região. Qualquer ambiente onde há interação entre os fatores abióticos e os seres vivos é um ecossistema. O Brasil possui um vasto território, os tipos de clima e de solo são muito variados, o que confere diferentes condições ambientais. Esses fatores propiciam o surgimento de diferentes ecossistemas. Os principais ecossistemas brasileiros são os seguintes: - Amazônia - Caatinga - Cerrado - Mata Atlântica - Mata dos Cocais - Pantanal - Mata de Araucárias - Mangue - Pampa Nesse sentido, o estudo da biodiversidade brasileira é fundamental, pois precisamos conhecer nossas riquezas para poder preservá-las. Acompanhe a história do biólogo Anderson. Seu desafio é ajudar o professor Anderson. Faça um roteiro e aponte as características importantes que ele deve destacar sobre esse bioma. INFOGRÁFICO O I3Geo é uma ferramenta que foi desenvolvida sobre a plataforma Google de dados de satélite e tem o objetivo de associar dados importantes sobre a distribuição das Unidades de Conservação (UCs) em todo o território brasileiro. Por meio dessa ferramenta, é possível aprender sobre as UCs em determinados biomas, por exemplo. É sabido que o Brasil possui 75,1 milhões de hectares de Unidades de Conservação Ambiental federais, distribuídos em: - Cento e 39 Unidades de Proteção Integral, com 36,2 milhões de hectares. - Cento e 73 Unidades de Uso Sustentável, com 38,9 milhões de hectares. Confira a seguir, o mapa de distribuição dessas UCs federais nos Biomas Brasileiros e um exemplo de bioma. CONTEÚDO DO LIVRO Bioma pode ser definido como um conjunto de espécies de animais e plantas que vivem em determinada região. Cada bioma tem uma flora e fauna específicas que são definidas pelas condições físicas, climáticas, geográficas e litológicas (das rochas). Além disso, cada bioma possui uma diversidade biológica única e própria. Sabe-se que cada bioma é conhecido por um tipo principal de vegetação; embora num mesmo bioma possam existir diversos tipos de vegetação e também de animais típicos, essas características não influenciam tanto na definição. No Brasil, temos os biomas: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Marinho Costeiro. Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna. Leia na obra Gerenciamento de Unidades de Conservação, o capítulo sobre os Ecossistemas e biomas, que serve como base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Ecossistemas e biomas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Elencar os biomas brasileiros e entender a necessidade de protegê-los.  Caracterizar os biomas e ecossistemas brasileiros.  Entender a efi ciência do SNUC na proteção dos ecossistemas e biomas brasileiros. Introdução O Brasil, apesar de possuir uma das maiores biodiversidades do planeta, vem sofrendo uma perda progressiva de sua diversidade biológica. Muitos são os motivos, mas podemos apontar como principal causador o crescimento populacional e a pobreza generalizada. Uma das alter- nativas para tentar minimizar tais impactos diz respeito à criação de unidades de conservação (UCs), que devem contar com a participação de toda a sociedade e fundamentar-se em sólidas bases científicas. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) estabeleceu critérios e normas para a criação, implantação e gestão das UCs. Neste capítulo, vamos conhecer os biomas brasileiros e entender a necessidade de protegê-los, além de compreender a diferença entre bioma e ecossistemas e, por fim, o andamento da eficiência do SNUC na proteção dos ecossistemas e biomas brasileiros. Os biomas brasileiros e a necessidade de protegê-los O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade é responsável pela gestão de 324 UCs federais. Essas UCs estão espalhadas em todos os biomas brasileiros, incluindo Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Marinho Costeiro. A seguir, faremos uma breve descrição de cada bioma brasileiro e suas situações. Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 1 18/12/2017 16:52:33 O bioma Marinho Costeiro é uma transição entre os ecossistemas conti- nentais e marinhos. Possui uma área de 4,5 milhões de km² e trata-se de um ecossistema litorâneo, que apresenta uma intensa variação geológica e uma rica biodiversidade, com a ocorrência de manguezais, falésias, ilhas, recifes de corais, dunas, costões rochosos, praias, lagoas, restingas, brejos e estuários. São cerca de 1,3 mil espécies de peixes, 19 ameaçadas de extinção e 32 em situação de declínio. Existem, no Brasil, 60 UCs no bioma Marinho Costeiro. A Mata Atlântica é um bioma de clima tropical úmido, presente em 17 Es- tados do país. Possui formações florestais, restingas, manguezais e campos de altitude, que fazem da Mata Atlântica um patrimônio nacional. Com uma área de aproximadamente 1,3 milhão de km², a principal parte dos remanescentes da vegetação nativa ainda se mostra vulnerável às ações humanas. Isso porque é o bioma que, historicamente, mais sofre com impacto antrópico, desde a chegada dos colonizadores com a extração de plantas e madeiras e, mais recentemente, com a degradação para ocupação humana. Vivem no ecossistema cerca de 20 mil espécies vegetais, 261 espécies de mamíferos, 200 de répteis, 370 de anfíbios, 350 de peixes e 849 espécies de aves. A Amazônia abocanha 49,29% do território brasileiro e é o maior bioma do mundo — abrange nove países. São cerca de 40 mil espécies de plantas, 300 espécies de mamíferos, 1,3 mil espécies de aves, habitando em exatos 4.196.943 km² de florestas densas e abertas. Apesar de ampla e rica em bio- diversidade, mostra-se frágil e sensível às ações antrópicas, cujas pequenas interferências podem causar danos de proporções irreversíveis. O ecossistema amazônico também sofre com a instabilidade climática e os baixos índices socioeconômicos da região. O bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ação humana, o Cer- rado conta com 6 mil espécies de plantas nativas e uma notável diversidade de espécies animais endêmicas. Ocupa 23,9% do território brasileiro, cerca de 2,03 milhões km². O bioma abriga cerca de 200 espécies de mamíferos, 800 espécies de aves, 180 de répteis, 150 de anfíbios e 1,2 mil espécies de peixes. O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, mas é o com a menor porcentagem de áreas sobre a proteção integral — menos de 9% da área total do território é legalmente protegida com UCs. Esse bioma conta com inúmeros animais e plantas correndo risco de extinção e estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas da região já não ocorram em UCs. A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro, abrangendo 11% do território nacional. Tem rico patrimônio biológico, alguns exclusivos do Brasil, o que torna esse bioma tão importante para o país. Apesar disso, 46% de seu territórioestá hoje desmatado e explorado de forma ilegal. Apesar do Ecossistemas e biomas2 Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 2 18/12/2017 16:52:33 clima semiárido e do baixo teor de matéria orgânica no solo, o ecossistema abriga a maior diversidade de plantas conhecida no Brasil. O Pantanal tem uma das maiores extensões úmidas contínuas do mundo (Figura 1), com grande potencial cênico e rica biodiversidade. É o menor bioma do Brasil, cerca de 210 mil km². São cerca de 3,5 mil espécies de plantas, 124 espécies de mamíferos, 463 espécies de aves e 325 espécies de peixes. O pantanal se destaca pela forte presença de comunidades tradicionais, como os povos indígenas e quilombolas. As UCs abrangem apenas 4,4% de seu território. O Pantanal também sofre com as ações antrópicas, sobretudo com a as atividades de agropecuária. Além da inadequada ocupação irregular do solo, o extrativismo, a caça e a pesca predatória são encorajados pelo contra- bando de peles e espécies raras. A fronteira com outros países sul-americanos aumenta os riscos no ecossistema. O bioma Pampa, presente apenas no Estado do Rio Grande do Sul, ocupa uma área de 178 mil km². Embora pouco representativo no SNUC, é uma das áreas de campos temperados mais importantes do mundo. O bioma conta predominantemente com campos, capões de mata, matas ciliares e banhados. Possui cerca de 3 mil espécies de plantas, 102 espécies de mamíferos, 476 de aves e 50 espécies de peixes. Figura 1. Pantanal, característico por suas zonas úmidas. Fonte: ESB Professional/Shutterstock.com 3Ecossistemas e biomas Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 3 18/12/2017 16:52:33 Você sabe a importância de proteger a Amazônia? O maior problema que atinge esse bioma é o desmatamento de áreas para a agri- cultura, pastagens e para a construção de hidrelétricas. Essas ações têm várias consequências. A área desmatada se torna mais quente e a chuva aumenta sobre essa área, diminuindo na floresta e em outros locais. Há também uma redução no vapor d’água que seria originado pela evapotranspiração das árvores, gerando chuva. Quando há um grande desmatamento, a dinâmica da floresta é afetada, causando seca em muitos lugares, mesmo que distantes. A falta de árvores e mata ciliar causa também uma saturação de água na região desmatada próxima a rios, aumentando as chances de enchentes. Estudos mostram que, devido ao desmatamento, a estação seca está sendo prolonga em diversos lugares. Outra grande causa é o aumento de aerossóis na atmosfera que impedem a formação de gotículas, criam uma nuvem de poeira que obstrui a luz solar, dificulta a fotossíntese. Há também as consequências da inundação para construção de hidrelétricas, que devastam grandes áreas com floresta nativa, matam diversos animais e destroem áreas de fundamental importância para as populações tradicionais. Por isso é tão importante proteger esse bioma: ele é fundamental para a vida. Biomas e ecossistemas brasileiros Bioma pode ser defi nido como um conjunto de espécies de animais e plantas que vivem em determinada região. Cada bioma tem uma fl ora e fauna espe- cífi cas, que são defi nidas pelas condições físicas, climáticas, geográfi cas e litológicas (das rochas). É importante ressaltar que cada bioma possui uma diversidade biológica única e própria. Cada um é conhecido por um tipo principal de vegetação (embora num mesmo bioma possam existir diversos tipos de vegetação) e também por animais típicos, embora estes não infl uam tanto na defi nição. No Brasil, temos os biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlân- tica, Pampa Pantanal e Marinho Costeiro. Cada um desses ambientes abriga diferentes tipos de vegetação e de fauna. É comum a utilização do termo “bioma” como um sinônimo de “ecos- sistema”, mas, diferente de ecossistema, bioma tem uma referência maior ao meio físico (a fisionomia da área, principalmente da vegetação) do que às interações que nele ocorrem. O perfil do ambiente e sua dimensão também importam na classificação: um ecossistema só será classificado como bioma se suas dimensões forem de grande escala. Ecossistemas e biomas4 Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 4 18/12/2017 16:52:34 Dessa forma, existe o bioma da Mata Atlântica e, no interior dele, ecos- sistemas como a floresta ombrófila mista ou densa, os campos de altitude, a mata de araucária, a restinga e os manguezais (Figura 2). Ecossistema pode ser definido como um conjunto formado pelas in- terações entre componentes bióticos, como micróbios, plantas e animais e, os componentes abióticos, elementos químicos e físicos como o ar, a água, o solo e minerais. Esses componentes se relacionam por meio da transferência de energia dos organismos vivos entre si e entre estes e os demais elementos de seu ambiente. A rede de interações entre organismos, e entre os organismos e seu ambiente pode ser de qualquer tamanho, assim, não há limites máximos definidos para um ecossistema, mas há algumas convenções para distinguir a compreensão e possibilidades na pesquisa científica. Assim, temos, inicialmente, uma separação entre os meios aquáticos e terrestres. Os ecossistemas aquáticos são os lagos, naturais ou artificiais (represas), os mangues, os rios, mares e oceanos. Os ecossistemas terrestres são as f lorestas, as dunas, os desertos, as tundras, as montanhas, as pradarias e pastagens. Entre os ecossistemas brasileiros, existem alguns de alta relevância:  Mata de Araucárias: ocorre no sul do Brasil, principalmente Santa Catarina e Paraná e estendendo-se até São Paulo ao norte e até o Rio Grande do Sul ao sul. A Mata de Araucárias é um ecossistema perten- cente ao bioma Mata Atlântica. Neste ambiente as chuvas são distri- buídas ao longo do ano e duas estações são bem definidas: o inverno, com temperaturas baixas, e o verão, com temperaturas moderadas. O nome desse ecossistema se deve à predominância de uma planta chamada araucária (Araucária angustifólia). Há também a presença marcante de imbuia, pinheiro-bravo e erva-mate, além de diversas outras espécies vegetais. São observadas nesse ecossistema várias espécies de aves como macuco, inhambus, gralha-azul, jacus, gralha-picaça, jacutinga, tucanos, beija-flores, papagaios, periquitos, maitacas, entre outras. A araucária e, por consequência, as aves associadas a ela estão aos poucos desaparecendo, sendo que, atualmente, restam menos de 2% desse ecossistema.  Mata das Cocais: esse ecossistema ocorre na transição entre os biomas Floresta Amazônica, Caatinga e Cerrado. Nesse ambiente há predominância de coqueiros, ou palmeiras, na vegetação. São espécies muito comuns o buriti, a carnaúba, o babaçu e o açaí, entre outras vegetações. Já a fauna é diversificada e os frutos das 5Ecossistemas e biomas Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 5 18/12/2017 16:52:34 palmeiras são a base das diversas teias alimentares desse ecossis- tema. A carnaúba é de extrema importância para os moradores das áreas em que ela ocorre; seus frutos são comestíveis, a madeira é usada na fabricação de casas e as folhas são fonte de fibras para a produção de cordas, chapéus, cestos. Mas, o produto mais conhecido da carnaúba é a cera, que já esteve na lista dos principais produtos exportados pelo Brasil.  Manguezais: no país, eles distribuem-se pela região litorânea, desde o Amapá até Santa Catarina, constituindo uma das maiores extensões de manguezais do mundo. Eles ocorrem em estuários, que são regiões onde os rios se encontram com o mar. Assim, sofrem a influência das marés e suas águas apresentam salinidade mais baixa que a do mar. Na maré alta, a água invade os manguezais; na maré baixa, recua para o mar, expondo o solo lamacento. As plantas dos manguezais apresentam raízes com adaptações ao solo lodoso e com baixo teor de gás oxigênio. Possuem, ainda, ramos que partem do caule em direção ao solo, onde penetram, auxiliando, assim, a fixação da planta. A principal funçãodesse ecossistema é abrigar um grande número de animais marinhos para a reprodução, principalmente espécies de peixes, camarões e caranguejos. Os manguezais também são a fonte de sustento para muitas famílias que vivem da coleta de caranguejos entre as raízes do mangue. Essa coleta deve respeitar os períodos de reprodução dos caranguejos, para não prejudicar a sobrevivência da espécie.  Ecossistemas de restinga: constituído por vegetações que vivem sob a influência direta do mar, exposta aos respingos da água salgada e à elevada salinidade do solo. O sistema se inicia da areia da praia, com plantas rasteiras que se fixam no solo arenoso e suportam os respingos do mar, a vegetação rasteira ajuda a proteger e conservar o solo. As restingas sofrem grande devastação no litoral brasileiro por causa da exploração imobiliária, gerando desequilíbrios em outros ecossiste- mas que interagem com a restinga, como os manguezais. As dunas de areia fazem parte desse ecossistema e podem se desestabilizar com a retirada da vegetação e o nível de umidade na região se altera. Apesar de existirem leis brasileiras visando proteger as áreas de restinga, esse ecossistema é um dos mais ameaçados. Ecossistemas e biomas6 Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 6 18/12/2017 16:52:34 Figura 2. Manguezal, um ecossistema em que ocorrem estuários, regiões em que os rios se encontram com o mar. Fonte: Andremarinst/Shutterstock.com Ecossistema aquático? Pouco se fala sobre os ecossistemas aquáticos, mas eles também necessitam de proteção. Diversos são os problemas que os afetam, entre eles a poluição proveniente do continente, como o lixo jogado nas ruas e cursos d’água, efluentes de empresas com produtos químicos e esgoto sem tratamento, a drenagem de áreas alagadas para utilização na agricultura, o derramamento de petróleo e a pesca predatória. A poluição desse ecossistema acarreta em uma intoxicação dos peixes, que são muito utilizados na alimentação, fazendo mal também para a população. 7Ecossistemas e biomas Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 7 18/12/2017 16:52:34 SNUC e a proteção dos ecossistemas e biomas brasileiros O estabelecimento de UCs no Brasil pode ser considerado um fenômeno ainda recente, sendo que a maioria foi criada há menos de 30 anos. No entanto, oportunidades para a expansão do SNUC nos próximos 20 anos estão restritas. São necessários esforços para a criação de um maior número possível de UCs em todos os biomas brasileiros, valendo-se, principalmente, de critérios técnicos. O país possui um sistema de UCs extenso, mais de 1,6 mil unidades, totali- zando cerca de 115 milhões de hectares. Porém, se considerarmos somente as UCs de proteção integral, que possuem maior relevância para a preservação da biodiversidade, menos de 3% da superfície do território brasileiro encontra-se dedicado oficialmente a esse objetivo. Para piorar o cenário, essa porcentagem não está distribuída segundo cri- térios de representatividade ao longo dos diferentes ecossistemas, reduzindo drasticamente a efetividade do sistema que deveria proteger a biodiversidade do país. Isso se deve ao histórico de uso e ocupação territorial e, por conse- quência, às pressões antrópicas internas e externas diferenciadas ao longo da rede de UCs em cada bioma. O bioma Mata Atlântica, por exemplo, não possui nem 2% do seu território protegido por UCs; assim, 98% do espaço apresenta outras formas de uso, como agricultura, cidades, estradas, hidrelé- tricas, remanescentes florestais, etc. (Figura 3). As distorções na representatividade dos ecossistemas são encontradas inclusive dentro do mesmo bioma. Nas regiões mais ao sul, são encontrados centros de endemismo da Mata Atlântica protegidos por um bom número de UCs. Ao mesmo tempo, no Nordeste os centros de endemismo regionais estão sub-representados. Conforme a ONG Conservação Internacional, uma organização que visa a proteção de hotspots de biodiversidade da Terra, áreas selvagens ou regiões marinhas de alta biodiversidade ao redor do globo, em estudo focado na Mata Atlântica, indica que o atual sistema de UCs não protege adequadamente as espécies ameaçadas. A extensão de área é insuficiente para garantir as metas de proteção para as espécies, é preciso dar maior ênfase aos grupos mais ameaçados. Várias das populações demograficamente estáveis das Ecossistemas e biomas8 Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 8 18/12/2017 16:52:34 espécies que figuram nas chamadas listas vermelhas estão restritas a UCs e suas probabilidades de persistência, ligadas, em grande parte, ao futuro dessas áreas. A identificação dessas lacunas no SNUC é de extrema importância. Inicia- tivas existem, e um bom exemplo é a revisão das áreas e ações prioritárias para conservação por intermédio de workshops regionais de biodiversidade, que ocorrem pelo Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira, conhecido também apenas como Probio, desenvolvido no âmbito do Ministério do Meio Ambiente. Assim, as áreas prioritárias para a conservação são apontadas, iniciativas que são importantes para a produção de um diagnóstico da situação e do conhecimento científico da biodiversidade em escala regional e para indicar as potenciais áreas para criação de UCs. A fragilidade do SNUC no país não se resume a aspectos de natureza técnico-científica ligados à sua extensão e distribuição. Também são associa- dos à falta de capacidade gerencial dos órgãos governamentais, que oferecem instrumentos inadequados ao manejo e proteção das UCs. Problemas encontrados nas UCs Entre os principais problemas encontrados nas UCs estão caça e queimadas predatórias, presença de humanos em UC de proteção integral, invasões, indefi nições fundiárias de diversas unidades, falta de pessoal técnico e de recursos fi nanceiros e instabilidade política dos órgãos fi scalizadores. Uma questão que divide os defensores de UCs é a discussão sobre qual deve ser a prioridade do SNUC, criar novas UCs ou implementar as já criadas. Se houver a espera pela implementação efi ciente das UCs existentes para depois serem criadas novas, o risco de perder áreas de extrema importância para a biodiversidade é signifi cativo. Deve haver um equilíbrio entre as estratégias. O SNUC ainda é frágil para suportar as pressões sobre a biodiversidade e a sua eficiência está intimamente ligada a investimentos significativos por parte do governo. Por outro lado, a rede de UCs cumpre papel fundamental nas estratégias de conservação da natureza, servindo como foco para projetos de educação ambiental e para laboratórios de pesquisa científica e bioprospecção. Cabe aos governos e à sociedade assegurarem a viabilidade do SNUC para manter a sustentação da diversidade biológica do Brasil. 9Ecossistemas e biomas Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 9 18/12/2017 16:52:34 Figura 3. Mata Atlântica no estado de São Paulo interrompida por uma estrada e casas. Fonte: Gustavo Frazao/Shutterstock.com O surgimento do SNUC e a criação de UCs não conseguiram garantir a devida proteção dos biomas e ecossistemas. Existem diversas UCs criadas que são atingidas por queima- das criminosas, desmatamento, extração irregular, caça, perseguição às comunidades tradicionais e diversos outros problemas que atingem áreas não protegidas. A grande dificuldade é monitorar todas essas áreas. Há falta de recursos para a efetiva proteção. Outro problema é que muitas UCs não possuem seu plano de manejo, como estabelece o SNUC, dificultando, assim, o conhecimento das características daquela área para realizar o manejo adequado. Ecossistemas e biomas10 Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 10 18/12/2017 16:52:35 1. A Mata Atlântica é um dos maiores biomas do Brasil. Sobre ela, pode-se afirmar: a) O bioma possui 13 milhões de quilômetros quadrados. b) É um bioma exclusivo do Brasil. c) Começou a sofrer exploração há poucotempo. d) Possui um clima semiárido. e) Possui espécies de mamíferos, répteis, anfíbios, peixes e aves. 2. O Pantanal e a Caatinga são biomas presentas no Brasil. Em relação a eles, podemos afirmar. a) O Pantanal é um bioma exclusivamente brasileiro. b) O Pantanal é um dos menores biomas e abriga muitas comunidades tradicionais. c) O Pantanal possui clima semiárido e do baixo teor de matéria orgânica no solo, porém abriga a maior diversidade de plantas do Brasil. d) A Caatinga, por ser um bioma exclusivo do Brasil, é altamente protegida e pouco explorada. e) A Caatinga é um bioma que faz divisa com outros países sul-americanos, dificultando a sua preservação. 3. Um bioma pode possuir mais de um ecossistema. Sobre as diferenças entre um bioma e ecossistema, marque a alternativa correta. a) Ecossistema e bioma possuem exatamente as mesmas características, por isso um é utilizado como sinônimo para o outro. b) Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Marinho Costeiro são ecossistemas. c) O Manguezal é um bioma. d) Ecossistema é um conjunto formado pelas interações entre componentes bióticos e abióticos. e) O bioma se refere às interações que ocorrem na natureza. 4. Qual é o único bioma exclusivamente brasileiro? a) Caatinga. b) Mata Atlântica. c) Amazônia. d) Pampa. e) Pantanal. 5. O Brasil possui mais de 1,6 mil unidades, totalizando cerca de 115 milhões de hectares. Se considerarmos somente as UCs de proteção integral, que possuem maior relevância para a preservação da biodiversidade, qual a porcentagem aproximada da superfície do território brasileiro encontra-se dedicado oficialmente a esse objetivo? a) 7%. b) 3%. c) 23%. d) 9%. e) 11%. 11Ecossistemas e biomas Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 11 18/12/2017 16:52:37 ALGER, K.; LIMA, A. Políticas públicas e a fragmentação de ecossistemas. In: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Fragmentação de ecossistemas: causas, efeitos sobre a biodiversidade e recomendações de políticas públicas. Brasília: MMA, 2003. BRASIL. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Geoprocessamento. [2017]. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/geoprocessamentos>. Acesso em: 18 DEZ. 2017. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. [200-?]. Disponível em: <http://www.mma.gov. br/areas-protegidas/cadastro-nacional- -de-ucs>. Acesso em: 18 dez. 2017. CÂMARA, I. de G. Plano de ação para a Mata Atlântica: roteiro para a conservação de sua biodiversidade. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 1996. v.4. HENRY-SILVA, G. G. A. A importância das unidades de conservação na preservação da diversidade biológica. Revista LOGOS, v. 12, p. 127-151, 2005. MILARÉ. E. Direito do ambiente: doutrina, prática, jurisprudência, glossário. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. MORAES, F. Amazônia: Cientistas elucidam como desmatamento altera chuvas. ((o)) eco. 2012. Disponível em: <http://www.oeco.org.br/reportagens/25722-amazonia- -cientistas-mostram-como-desmatamento-altera-chuvas/>. Acesso em: 18 dez. 2017. PRATES, A. P.; GONÇALVES, M. A; ROSA, M. Panorama da conservação dos ecossistemas Costeiros e Marinhos no Brasil. 2. ed. Brasília: MMA, 2010. ROCHA, A. A.; COSTA, J. P. de O. A reserva da biosfera da Mata Atlântica e sua aplicação no Estado de São Paulo. São Paulo: Terra Virgem, 1998. SCHAFFER, W. B.; PROCHNOW, M.; REIS, A. Mata Atlântica e você: como preservar, re- cuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira. Brasília: Apremavi, 2002. TONHASCA, A. Ecologia e história natural da Mata Atlântica. Rio de Janeiro: Interciência, 2005. Ecossistemas e biomas12 Cap_10_Gerenciamento_Unidade_Conservacao.indd 12 18/12/2017 16:52:37 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor, você verá mais detalhes sobre os ecossistemas e biomas brasileiros, além de algumas características importantes sobre a fauna e a flora nativa de cada região, onde se localizam, suas extensões e peculiaridades. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) A Mata Atlântica é um dos maiores biomas do Brasil. Ela possui um clima tropical úmido, 20 mil espécies vegetais, 261 espécies de mamíferos, 200 de répteis, 370 de anfíbios, 350 de peixes e 849 espécies de aves. Este bioma não é exclusivo do Brasil. Historicamente ele sofre exploração e por isso é tão ameaçado. Sobre a Mata Atlântica, assinale a alternativa que apresenta um dado muito relevante e preciso sobre sua conservação: A) O bioma possui 13.000.000 de quilômetros quadrados. B) É um bioma exclusivo do Brasil. C) Começou a sofrer exploração há pouco tempo. D) Possui um clima semiárido. E) É hotspot mundial devido à sua biodiversidade. O Pantanal e a Caatinga são biomas presentes no Brasil. A Caatinga, por exemplo, ocupa grande parte da região Nordeste do país e abrange os estados do Ceará, Bahia, 2) Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe. Há presença desse tipo de bioma em pequenas partes do Maranhão e de Minas Gerais. Já o bioma Pantanal é considerado o de menor extensão territorial do país, abrangendo dois estados brasileiros apenas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em relação a estes biomas, é possível afirmar que: A) O Pantanal é um bioma exclusivamente brasileiro. B) O Pantanal é um dos menores biomas e abriga muitas comunidades tradicionais. C) O Pantanal tem clima semiárido e baixo teor de matéria orgânica no solo, porém abriga a maior diversidade de plantas do Brasil. D) A Caatinga por ser um bioma exclusivo do Brasil é altamente protegida e pouco explorada. E) A Caatinga é um bioma que faz divisa com outros países sul-americanos dificultando sua preservação. 3) O Brasil apresenta diferentes biomas e por isso paisagens que se transformam radicalmente em cada região. Um bioma pode ter mais de um ecossistema e pode haver áreas de transição entre um e outro. Sobre as diferenças entre um bioma e um ecossistema, marque a alternativa correta: A) Ecossistema e bioma têm exatamente as mesmas características, por isso um é utilizado como sinônimo do outro. B) Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Marinho Costeiro são ecossistemas. C) O manguezal é um bioma. D) Ecossistema é um conjunto formado pelas interações entre componentes bióticos e abióticos. E) O bioma se refere às interações que ocorrem na natureza. 4) É o único bioma presente somente em um único estado do Brasil. O clima é subtropical, com as quatro estações do ano bem definidas e sua vegetação é marcada pela presença de gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte. Qual é esse bioma? A) Caatinga. B) Mata Atlântica. C) Amazônia. D) Pampa. E) Pantanal. 5) O Brasil possui mais de 1.600 Unidades de Conservação (UCs), totalizando cerca de 115 milhões de hectares. Se considerarmos somente as UCs de proteção integral, que têm maior relevância para a preservação da biodiversidade, qual porcentagem aproximada da superfície do território brasileiro encontra-se dedicada oficialmente a esse objetivo? A) Sete por cento. B) Três por cento. C) Vinte e três por cento. D) Nove por cento. E) Onze por cento. NA PRÁTICA Atualmente, cerca de 20% de todo o território nacional está protegido por unidades federais, estaduais e municipais. Essas áreas distribuídas por todos os biomas do País são fundamentais para a preservação de nascentes, rios e espécies ameaçadas. Se esse quantitativo for somado às terras indígenas e outras formas de uso coletivo do território, como os quilombolas e assentamentos sustentáveis na Amazônia, lugares onde não é permitido desmatar, o resultado será uma área ainda maior de proteção ambiental. SAIBA MAIS Para ampliar o seuconhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Atlas da fauna brasileira ameaçada de extinção em Unidades de Conservação federais Este Atlas representa o esforço de compilar e disponibilizar as informações existentes sobre a ocorrência de espécies da fauna ameaçadas de extinção em nossas UCs, de maneira simples, acessível e representada espacialmente. O material serve como reflexão sobre a efetiva conservação da nossa biodiversidade, contribuindo para apontar os caminhos para a melhoria da gestão de nossas UCs e para o planejamento da conservação de nossas espécies ameaçadas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! ICMBio Você pode visitar virtualmente os principais biomas abrangidos pelas Unidades de Conservação, assim como conhecer a biodiversidade que abrigam em seus diversos ecossistemas. Ou ainda, quem sabe você possa em algum momento visitar um desses biomas e compartilhar a sua foto lá no site do ICMBio. Confira. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Biodiversidades Veja neste site mapas atualizados dos biomas do Brasil, de zoneamento ecológico, de áreas de conservação, entre outros materiais interessantes de que você pode dispor para aprofundar os estudos desta Unidade de Aprendizagem. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Introdução à biogeografia APRESENTAÇÃO Seja bem-vindo! Biogeografia é uma ciência multidisciplinar que relaciona informações de diversas ciências, tais como biologia, ecologia, geografia, geologia, climatologia e evolução. Os métodos biogeográficos podem ser aplicados como ferramentas para a escolha de áreas com o propósito da conservação. O estudo de Biogeografia é dividido em duas grandes subáreas: a Biogeografia Histórica, que objetiva reconstruir a origem, dispersão e extinções; e a Biogeografia Ecológica, que analisa a distribuição atual e a variação geográfica da diversidade em função das interações entre organismos e o meio físico e biótico. Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar a Biogeografia Ecológica, a relação entre Unidades de Conservação com o estudo da biogeografia de ilhas e mosaicos de UC. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar Biogeografia Ecológica.• Relacionar Unidades de Conservação com o estudo da biogeografia de ilhas.• Identificar mosaicos de Unidades Conservação.• DESAFIO Um fragmento de floresta se difere de uma amostra da original por sofrer muito mais o chamado Efeito de Borda. O Efeito de Borda ocorre quando há o isolamento de uma área e ela passa a ter espaços vazios em suas bordas. A partir daí, as bordas do fragmento florestal sofrem alterações microclimáticas. Quanto menor o fragmento, mais suscetível ao efeito de borda ele está. Veja a situação a seguir: uma Unidade de Conservação, do município de Carazinho sofreu um incêndio florestal e você, como gestor ambiental, foi solicitado para ajudar no problema dessa UC. O seu desafio é apresentar uma maneira de reduzir/ amenizar o efeito de borda para que a mata primária se restabeleça e, com o tempo, ocorram sucessões ecológicas até que o PRAD alcance seu objetivo. Fique atento! Você deve resolver o desafio sem aumentar o tamanho da área. INFOGRÁFICO O desenvolvimento da teoria de biogeografia de ilhas, na década de 1960, e sua posterior utilização na conservação delas, na década seguinte, inaugurou uma nova era nos debates sobre os critérios de alocação e desenho de reservas. Logo após sua concepção, os ecólogos reconheceram sua potencial aplicação para a conservação. Em 1975, usando a teoria como base, Jared Diamond propôs que as reservas naturais fossem consideradas ilhas com taxas de extinção previsíveis. Diamond também sugeriu que as taxas de extinção poderiam decrescer se as áreas protegidas fossem desenhadas segundo alguns princípios da teoria de biogeografia de ilhas: Reservas grandes são preferíveis a reservas pequenas.• Uma reserva é melhor do que várias de tamanho cumulativo equivalente.• Reservas próximas são preferíveis a reservas mais espaçadas.• Reservas agrupadas em torno de um centro são melhores do que aquelas dispostas em linha. • Reservas circulares são preferíveis a reservas alongadas.• Reservas conectadas por corredores são preferíveis a reservas não conectadas.• No Infográfico a seguir, entenda melhor a teoria da Biogeografia de Ilhas voltada para UCs. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! CONTEÚDO DO LIVRO O Mosaico de UCs é caracterizado por um modelo de gestão que busca a integração dos gestores de UCs e da população local na administração das mesmas. Esse mosaico nada mais é do que o conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes, ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas, públicas ou privadas, que garantem a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável. Na obra Introdução à Biogeografia, leia o capítulo Caracterização dos Mosaicos de UCs, que serve como base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Boa leitura. GERENCIAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Anderson Purus Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Bióloga Mestre e Doutora em Ciências Professora do Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB-10/2147 G367 Gerenciamento de unidades de conservação / Anderson Soares Pires... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre: SAGAH, 2018. 304 p. :il.. ; 22,5 cm. ISBN 978-85-9502-339-0 1. Gestão ambiental. I. Pires, Anderson Soares. CDU 502.13 1_Iniciais.indd 2 22/02/2018 11:33:46 Introdução à biogeografia Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:  Caracterizar biogeografi a ecológica.  Relacionar Unidades de Conservação (UCs) com o estudo da bioge- ografi a de ilhas.  Caracterizar mosaicos de UC. Introdução Biogeografia é uma ciência multidisciplinar que relaciona informações de diversas outras ciências, como biologia e ecologia. Seus métodos podem ser utilizados como ferramenta para a escolha de áreas de conservação. O estudo de biogeografia é dividido em duas grandes subáreas: a biogeografia histórica, que objetiva reconstruir a origem, dispersão e extinções, e a biogeografia ecológica, que analisa a dis- tribuição atual e a variação geográfica da diversidade em função das interações entre organismos e o meio físico e biótico. Neste texto, você vai estudar a biogeografia ecológica, a relação entre Unidades de Conservação com o estudo da biogeografia de ilhas e sobre mosaicos de UC. Caracterização da biogeografia ecológica Biogeografi a é uma ciência multidisciplinar que relaciona informações de diversas outras ciências como biologia, ecologia, geografi a, geologia, clima- tologia e evolução. Os métodos biogeográfi cos podem ser aplicados como ferramentas para a escolha de áreas com o propósito da conservação. O estudo de biogeografia é dividido em duas grandes subáreas:  biogeografia histórica, que objetiva reconstruir a origem, a dispersão e as extinções; Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 121 22/02/2018 11:15:50  biogeografia ecológica, que analisa a distribuição atual e a variação geográfica da diversidade em função das interações entre organismos e o meio físico e biótico. A biogeografia ecológica estuda a distribuição dos seres vivos no espaço com base em sua dinâmica em uma escala de espaço, ou seja, como eles se distri- buem no planeta. Assim, é descoberto o porquê de alguns organismos estarem localizados onde estão. A biogeografia ecológica também analisa a distribuição dos seres vivos em função de suas adaptações às condições atuais do meio Um dos principais conceitos que surge da biogeografia ecológica é o efeito de borda. Seu entendimentoé fundamental para áreas protegidas, principal- mente fragmentos florestais que se degradam e diminuem devido a esse efeito. O efeito de borda é um dos motivos pelos quais é melhor criar grandes áreas de proteção do que pequenos fragmentos. Vejamos sua definição a seguir. Efeito de borda O efeito de borda ocorre quando há o isolamento de uma área e ela passa a ter, em suas bordas, espaços vazios (Figura 1). Um fragmento de fl oresta se difere de uma amostra da fl oresta original, pois sofre muito mais o efeito de borda. As bordas do fragmento fl orestal sofrem alterações microclimáticas. Quanto menor o fragmento, mais suscetível ao efeito de borda ele está. As alterações causadas pelo efeito de borda são:  aumento na intensidade da luz solar sobre o solo, o que acarreta um ambiente mais quente e seco;  maior ação dos ventos, com maior chance de queda de árvores;  maior exposição a pragas e agentes químicos, causando a morte lenta;  alteração da estrutura e composição da mata;  maior crescimento de espécies heliófitas, que preferem a luz solar, desestabilizando as plantas adaptadas à sombra e à umidade;  surgimento de uma vegetação mais densa e menor que impede a repro- dução e o crescimento das plantas maiores do interior do fragmento;  dificuldade de adaptação das espécies;  fuga de animais adaptados à sombra e à umidade;  morte de espécies em decorrência da mudança de hábitat;  diminuição do fragmento, até afetar a área inteira;  invasão de plantas rasteiras, trepadeiras e capim que sufocam o desen- volvimento de outras espécies. Introdução à biogeografia122 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 122 22/02/2018 11:15:50 Os efeitos de borda são tão prejudiciais que, além dos efeitos imediatos, causam efeito de segunda e terceira ordem. Mas nem sempre ocorre esse efeito — tudo depende de fatores como tipo de vizinhança, formato da área e grau de isolamento. Figura 1. Efeito de borda em um fragmento de floresta, com vege- tação menor e áreas vazias no entorno. Fonte: Gwoeii/Shutterstock.com. Os efeitos de borda podem ser de primeira, segunda ou terceira ordem Os efeitos de segunda e terceira ordem são ocasionados pelos efeitos de primeira ordem que ocorrem de forma imediata. As mudanças iniciais são abióticas, causadas pela mudança na temperatura, umidade relativa, penetração de luz e exposição ao vento. As mudanças que vêm a seguir são biológicas. A seguir estão listados os diferentes tipos de efeitos de borda. Biológico de primeira ordem:  elevação de mortandade de árvores (árvores mortas ainda de pé);  queda de árvores nas margens;  queda excessiva de folhas;  crescimento de plantas (arbustos) na margem;  diminuição da população de pássaros perto da margem;  efeitos de superpopulação de aves refugiadas. 123Introdução à biogeografia Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 123 22/02/2018 11:15:50 Biológico de segunda ordem:  crescimento da população de insetos. Biológico de terceira ordem:  distúrbios na população de borboletas no interior da floresta;  crescimento de animais “que gostam da luz”;  aprimoramento e crescimento demográfico das espécies insetívoras, exceto as aves. A UC vista pelo estudo da biogeografia de ilhas A teoria da biogeografi a de ilhas foi desenvolvida na década de 1960 por Robert MacArthur e E.O. Wilson para explicar como o número de espécies em uma ilha se mantém sem muitas variações enquanto que a composição dos grupos muda ao longo do tempo. Essa teoria considera a taxa de colonização das ilhas e a extinção das espécies que estão nela, relacionando o tamanho de ilha e a proximidade da área-fonte onde estão as espécies que migrarão para colonizar a ilha. Logo após o surgimento dessa teoria, ecólogos perceberam que ela poderia ser aplicada na conservação. Por isso possui ligação com áreas protegidas e Unidades de Conservação (UCs). Para utilizar essa teoria em UCs, foi realizada uma analogia entre as áreas que possuíam a fragmentação de hábitats e os fragmentos de ilhas, levando os cientistas a se perguntarem se era melhor preservar um fragmento grande ou vários fragmentos pequenos. Em resumo, essa é uma das teorias utilizadas para definição do desenho de áreas a serem protegidas. A teoria defende que preservar uma grande área única possui mais eficiência do que vários fragmentos, pois essas áreas grandes possuem capacidade para abrigar um maior número de espécies. Apesar disso, alguns estudos afirmam que há perigos na criação de grandes áreas, pois estão mais suscetíveis a catástrofes e extinção em massa, enquanto que em pequenos fragmentos protegidos a probabilidade de algum deles se manter intacto é maior. Introdução à biogeografia124 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 124 22/02/2018 11:15:50 O formato da UC também é um fator importante na proteção. A forma circular garante mais a preservação devido ao efeito península. Em penín- sulas, extensões de terra cercadas de água por todos os lados menos um, que a liga ao continente ou a uma região maior de terra, existem menos espécies do que em áreas de igual tamanho e sua riqueza diminui da base para o topo. Por isso a forma circular, que não apresenta penínsulas, possuiria maior riqueza de espécies. A partir da teoria de biogeografia de ilhas surgiram também os con- ceitos de corredores naturais ou artificiais, que lembram os atuais corre- dores ecológicos. Esses corredores são ligações entre áreas preservadas, principalmente pequenos refúgios, que aumentam ou mantêm estável a riqueza específica, a diversidade das espécies, o tamanho populacional e diminuem o cruzamento entre parentes, que reduz a variabilidade genética (endocruzamento). O endocruzamento é um problema em áreas de preservação, pois a dimi- nuição da variabilidade genética pode levar à extinção de espécies. Assim surge o conceito de população mínima viável, que é o número mínimo de espécies que devem ocorrer em uma área para que não haja o endocruzamento e se mantenham as diferentes características entre as mesmas espécies. Ainda há o conceito de ilhas ambientais, que são áreas naturais isoladas por um ambiente diferente. Como exemplo, podemos citar os fragmentos florestais em meio a cidades (Figura 2). Essas ilhas possuem relação com as ilhas continentais e oceânicas, pois têm dinâmicas parecidas. A partir do descobrimento dessa relação, esses tipos de ilhas começaram a ser relacionados para o estudo de preservação das áreas. A premissa dessa teoria é que a redução da área de uma ilha (por des- matamento, por exemplo) resultaria na redução da capacidade dessa ilha em tolerar o mesmo número original de espécies. Ao contrário, ela toleraria apenas um número de espécies correspondente àquele de uma ilha menor. Esse modelo tem sido aplicado às UCs e prediz que quando 50% de uma ilha é destruída, aproximadamente 10% das espécies que se encontram nessa ilha serão eliminadas. 125Introdução à biogeografia Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 125 22/02/2018 11:15:50 Figura 2. Ilha ambiental, caracterizada pela mancha escura: um fragmento florestal. Fonte: S.Borisov/Shutterstock.com Apesar de ainda prosseguirem os debates sobre as melhores formas de conservação de áreas, acreditamos que a ênfase que a teoria de biogeografia de ilhas dá à diversidade de espécies limita sua aplicação ao desenho de reservas. Isso porque ele envolve muitas outras considerações importantes, como a raridade das espécies e a representatividade dos hábitats. Foram desenvolvidos diversos métodos para escolha e desenho de áreas prioritárias para formação de UCs, mas, paralelamente, continuaram surgindo áreas protegidas fruto de oportunismo. A representatividade que deve haver em um conjunto de áreas protegidas, para assegurar a máxima proteção possível da biodiversidade, é colocada em risco por esse oportunismo, pois há recursos limitados para as reservas que acabam sendo usadosem áreas menos importantes. Os sistemas de UCs possuem, em geral, uma amostra rica em biodiversidade, dado que muitas reservas foram alocadas em locais remotos ou simplesmente em áreas que não apresentavam nenhum outro uso potencial. Introdução à biogeografia126 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 126 22/02/2018 11:15:51 Princípios da biogeografia de ilhas e espécies a serem protegidas A biogeografia possui alguns princípios que, quando aplicados, ajudam na dimi- nuição da taxa de extinção. Esses princípios estão relacionados ao tamanho das áreas protegidas e ao formato com que elas se estabelecem. Os princípios são:  reservas grandes são preferíveis a reservas pequenas;  uma reserva é melhor do que várias de tamanho cumulativo equivalente;  reservas próximas são preferíveis a reservas mais espaçadas;  reservas agrupadas em torno de um centro são melhores do que aquelas dispostas em linha;  reservas circulares são preferíveis a reservas alongadas;  reservas conectadas por corredores são preferíveis a reservas não conectadas. Existem espécies fundamentais a serem protegidas, cuja extinção acarretaria mu- danças negativas em todo o ecossistema. Elas são consideradas espécies-chave. As espécies-chave possuem uma função ecológica de grande influência na sobrevivência das demais espécies, como, por exemplo, servindo de abrigo e proteção ou alimento. Além delas, existem outros tipos de espécies importantes para a criação de uma UC:  Indicadoras: espécies sensíveis a mudanças no ecossistema.  Guarda-chuvas: espécies que necessitam grandes áreas.  Símbolos: espécies carismáticas que incentivam iniciativas de conservação.  Vulneráveis: espécies raras, sujeitas à extinção pelas atividades humanas. Caracterização dos mosaicos de UCs O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) reconhece como modelos de gestão territorial para conservação da natureza e ordenamento territorial as reservas da biosfera, os corredores ecológicos e os mosaicos de áreas protegidas como instrumentos de gestão e ordenamento territorial voltados à conservação da natureza. O mosaico de UC é caracterizado por um modelo de gestão que busca a integração dos gestores de UC e da população local na sua gestão das mesmas. Esse mosaico nada mais é do que o conjunto de UCs, de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas que garantem a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável. 127Introdução à biogeografia Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 127 22/02/2018 11:15:51 Os mosaicos conseguem fazer com que haja maior interação entre a popula- ção local, o governo local e os órgãos gestores de diferentes esferas de atuação para promover ações de proteção das áreas ambientais. Os grandes benefícios ultrapassam a conservação de pequenas áreas. Os mosaicos conseguem me- lhorar as dinâmicas de grandes áreas, fazendo com que a sociodiversidade seja respeitada, a fauna e a flora sejam protegidas e as atividades sejam de- senvolvidas de maneira sustentável. Um mosaico é composto por fragmentos naturais ou não com diferentes formas, conteúdos e funções. O Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2010) é responsável por reco- nhecer mosaicos, conforme procedimentos instituídos na Portaria nº 482, de 7 de dezembro de 2010. Alguns dos mosaicos de UCs presentes no Brasil são:  Mosaico Capivara-Confusões  Mosaico do Litoral de São Paulo e Paraná  Mosaico Bocaina  Mosaico Mata Atlântica Central Fluminense  Mosaico Mantiqueira  Mosaico Sertão Veredas – Peruaçu  Mosaico do Espinhaço Alto Jequitinhonha – Serra do Cabral  Mosaico Mico-Leão-Dourado  Mosaico do Baixo Rio Negro  Mosaico da Foz do Rio Doce  Mosaico do Extremo Sul da Bahia  Mosaico Carioca  Mosaico da Amazônia Meridional No Brasil, há, atualmente, 20 mosaicos reconhecidos e, apesar desse número significativo e da existência de aproximadamente outros 20 em processo de discussão ou reconhecimento, não existem regras ou conteúdos formalmente estabelecidos sobre eles. Mosaicos, corredores ecológicos e reservas da biosfera Os mosaicos são capazes de fortalecer os corredores ecológicos na medida em que essas áreas passam a ter uma gestão integrada, pois garantem o seu manejo sustentável sem ocorrer impacto em nenhuma área, seja um corredor ecológico, uma zona de amortecimento ou a própria UC. Já com relação à reserva da biosfera, o mosaico é um instrumento de gestão que abrange os três os tipos de zonas territoriais — as zonas núcleo, de amortecimento e de Introdução à biogeografia128 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 128 22/02/2018 11:15:51 transição. Para diferenciar, ainda, esses três elementos de proteção podem ser comparados em relação às UCs: na reserva da biosfera, elas são a zona núcleo; nos corredores ecológicos, são ligações que possibilitam o fl uxo gênico das espécies, e, por fi m, nos mosaicos, elas são a própria composição do território, que é defi nido a partir dos limites delas mesmas. Um exemplo é o Mosaico do Jalapão (Figura 3), que abrange uma área de quase três milhões de hectares, incluindo UCs na Bahia e no Tocantins. Com o Jalapão, o Brasil passou a ter 15 mosaicos reconhecidos oficialmente. Outro bom exemplo é o Programa Mosaicos e Corredores Ecológicos da Mata Atlântica, coordenado pela Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), programa criado em 2004 e que possui os seguintes objetivos básicos:  promover a gestão integrada de UCs vizinhas, otimizando recursos humanos, técnicos e materiais, bem como a integração de políticas entre seus órgãos gestores e a sociedade local;  utilizar a figura do mosaico como mecanismo de adequação de limi- tes de categorias de UCs para um melhor ordenamento territorial e harmonização das necessidades de conservação e desenvolvimento sustentável na Mata Atlântica;  no âmbito desse Programa, a RBMA está desenvolvendo e apoiando a elaboração e implementação de diversos projetos para reconhecimento, fortalecimento e intercâmbio de mosaicos de UCs e áreas protegidas na Mata Atlântica. Figura 3. Parque Estadual do Jalapão, integrante do mosaico do Jalapão. Fonte: Brasil (2016). 129Introdução à biogeografia Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 129 22/02/2018 11:15:51 Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, e os mosaicos O capítulo 3 do decreto que regulamenta o SNUC trata apenas dos mosaicos de UCs. Nele estão algumas definições e normas para mosaicos, como:  o mosaico de UCs será reconhecido pelo MMA a pedido de seus gestores;  o mosaico deverá dispor de um conselho consultivo, com a função de atuar como instância de gestão integrada das UCs que o compõem;  a composição do conselho será estabelecida na portaria que o instituir;  o conselho de mosaico terá como presidente um dos chefes das UCs;  a competência do conselho será elaborar seu regimento interno, propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar as atividades desenvolvidas em cada unidade de conservação, tendo em vista, em especial, os usos na fronteira entre uni- dades, o acesso às unidades, a fiscalização, o monitoramento e avaliação dos planos de manejo, a pesquisa científica e a alocação de recursos advindos da compensação do licenciamento ambiental, a relação com a população residente na área do mosaico;  para fins de gestão, os corredores ecológicos reconhecidos pelo MMA integram os mosaicos para esses fins (BRASIL, 2002). 1. Complete a frase: o estudo de biogeografia é dividido em duas grandes subáreas; a _______________ é aquela que objetiva reconstruir a origem, dispersão e extinções, e a ________________ é a que analisa a distribuição atual e a variação geográfica da diversidade em função das interações entre organismos e o meio físico e biótico. Assinale a alternativa que possui o padrão de resposta quecomplementa a questão. a) Biogeografia Ecológica e Biogeografia Epistêmica b) Biogeografia Histórica e Biogeografia Ecológica c) Biogeografia Epistêmica e Biogeografia Histórica d) Biogeografia Ecológica e Biogeografia Histórica e) Biogeografia Epistêmica e Biogeografia Ecológica 2. A biogeografia ecológica estuda a distribuição dos seres vivos no espaço. Um dos principais conceitos que surge da biogeografia ecológica é o efeito de borda. Seu entendimento é fundamental para áreas protegidas, principalmente fragmentos florestais que se degradam e diminuem devido a esse efeito. Com base no conteúdo e nas alterações causadas pelo efeito de borda, assinale a alternativa que indica corretamente um ou mais impactos. a) Recuperação da fauna e da flora rapidamente. b) Não há impacto na natureza e o efeito de borda é apenas um conceito teórico definido Introdução à biogeografia130 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 130 22/02/2018 11:15:52 por ambientalistas. c) Dificuldade de adaptação das espécies, assim como a alteração da estrutura e composição da mata. d) Maior diversidade de espécies, uma vez que elas, sob ameaça, acabam se reproduzindo mais rapidamente. e) Abre espaço para outros nichos e, consequentemente, outras variedades de espécies nativas. 3. Assinale a alternativa que completa corretamente a frase: “Os Efeitos de Borda podem ser de primeira segunda e terceira ordem. Os efeitos de segunda e terceira ordem são ocasionados pelos efeitos de primeira ordem que ocorrem de forma imediata. As mudanças iniciais são abióticas causadas pela mudança na __________________”. a) temperatura, umidade relativa, penetração de luz e exposição ao vento. b) aprimoramento e crescimento (demográfico) das espécies insectívoras exceto às aves. c) queda excessiva de folhas. d) crescimento de animais “que gostam da luz”. e) elevação de mortandade de árvores (árvores mortas ainda de pé). 4. Para utilizar a teoria da biogeografia de ilhas em unidades de conservação, foi realizada uma analogia entre as áreas que possuíam a fragmentação de hábitats e os fragmentos de ilhas, levando os cientistas a se perguntarem se era melhor preservar um fragmento grande ou vários fragmentos pequenos. Em resumo, essa é uma das teorias utilizadas para definição do desenho de áreas a serem protegidas. Em relação a esse conceito, responda assinalando a sentença correta. a) A teoria defende que uma grande área única possui mais eficiência do que vários fragmentos, pois estas áreas grandes possuem capacidade para abrigar um maior número de espécies. b) A teoria defende que deveriam ser criados pequenos e diversos fragmentos de áreas, como vários hábitats, para que em uma grande catástrofe não ocorresse uma extinção em massa. c) A teoria defende que a forma retangular das UCs é um fator importante na preservação, de acordo com o formato de ilhas. d) A teoria defende que o endocruzamento é fundamental para a biodiversidade das espécies. e) A teoria defende que, apesar de terem desenvolvido vários métodos para o formato das UCs, o melhor deles seria o triangular. 5. Os mosaicos conseguem fazer com que haja maior interação entre a população local, o governo local e os órgãos gestores de diferentes esferas de atuação para promover ações de proteção das áreas ambientais. Nesse sentido, assinale a alternativa que contém dois dos mosaicos de UCs presentes no Brasil. a) Mosaico RS e SC. b) Mosaico Foz do Iguaçu e Mosaico Argentina. c) Mosaico Capivara do Nordeste e Mosaico Amazônia Meridional. d) Mosaico do Litoral de São Paulo e Paraná e Mosaico Mico-Leão-Dourado. e) Mosaico Carioca e do Espírito Santo. 131Introdução à biogeografia Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 131 22/02/2018 11:15:53 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sarney Filho cria o Mosaico do Jalapão. 2016. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/index.php/comunicacao/agencia- -informma?view=blog&id=1889>. Acesso em: 27 dez. 2017. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Instituto Na- cional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Portaria n.º 482, de 07 de dezembro de 2010. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/legislacao/rtac/pdf/ RTAC001638.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2017. BRASIL. Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002. Regulamenta artigos da Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Con- servação da Natureza - SNUC, e dá outras providências. 2002. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4340.htm>. Acesso em: 27 dez. 2017. Leituras recomendadas BIOGEOGRAFIA de Ilhas. [200-?]. Disponível em: <http://www.ib.usp.br/~delitti/ projeto/alexandre/biogeografia%20de%20ilhas.htm>. Acesso em: 27 dez. 2017. INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Critérios para a criação de UCs. [200-?]. Disponível em: <https://uc.socioambiental .org/a-criacao-de-uma-uc/criterios-para-a-criacao-de- -ucs>. Acesso em: 27 dez. 2017. INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL. Mosaicos de áreas protegidas. [200-?]. Disponível em: <ht- tps://uc.socioambiental.org/territ%C3%B3rio/mosaicos-de-%C3%A1reas-protegidas>. Acesso em: 27 dez. 2017. LINO, C. F.; ALBUQUERQUE, J. L. (Org.). Mosaicos de unidades de conservação no cor- redor da Serra do Mar. São Paulo: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, 2007. MACIEL, B. de A. Mosaicos de Unidades de Conservação: uma estratégia de conservação para a Mata Atlântica.182 f. 2007. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, Brasília, 2007. SCHIAVETTI, A. O papel da ecologia teórica na delimitação das Unidades de Con- servação. IF Série Registros, São Paulo, v. 17, 1996. Disponível em: <http://iflorestal. sp.gov.br/institutoflorestal/files/2014/04/IFSR17_13-20.pdf> Acesso em: 27 dez. 2017. TEORIA da Biogeografia de Ilhas: (MacArthur e Wilson, 1963;1967). [200-?]. Dispo- nível em: <http://www.geografia.fflch.usp.br/graduacao/apoio/Apoio/Apoio_ Sueli/2s_2015/Biogeografia/Aula_TEBI_2015_A.pdf>. Acesso em: 27 dez. 2017. Introdução à biogeografia132 Gerenciamento_de_Unidades_Conservacao_Book.indb 132 22/02/2018 11:15:54 Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra. Conteúdo: DICA DO PROFESSOR Na Dica do Professor de hoje, você saberá um pouco mais sobre a ciência que envolve os efeitos na vida dos seres vivos e ainda acompanha a pesquisa da distribuição da vida na Terra. Confira! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Assinale a alternativa que completa corretamente a frase: "O estudo de Biogeografia é dividido em duas grandes subáreas: a _____ é aquela que objetiva reconstruir a origem, dispersão e extinções; e a _____, que analisa a distribuição atual e a variação geográfica da diversidade em função das interações entre organismos e o meio físico e biótico." A) Biogeografia Ecológica e Biogeografia Epistêmica. B) Biogeografia Histórica e Biogeografia Ecológica. C) Biogeografia Epistêmica e Biogeografia Histórica. D) Biogeografia Ecológica e Biogeografia Histórica. E) Biogeografia Epistêmica e Biogeografia Ecológica. A Biogeografia Ecológica estuda a distribuição dos seres vivos no espaço. Um dos principais conceitos que surge da Biogeografia Ecológica é o Efeito de Borda. Seu entendimento é fundamental para áreas protegidas, principalmente fragmentos florestais que se degradam e diminuem devido a esse efeito. 2) Com base no conteúdo e nas alterações causadas pelo Efeito de Borda, assinale a alternativa que indica corretamente um ou mais impactos desse efeito: A) Recuperação da fauna e da flora rapidamente. B) Não há impacto na natureza e o efeito de borda é apenas um conceito teórico definido por ambientalistas. C) Dificuldade de adaptação das espécies, assimcomo a alteração da estrutura e da composição da mata. D) Maior diversidade de espécies, uma vez que as mesmas, sob ameaça, acabam se reproduzindo mais rapidamente. E) Abre espaço para outros nichos e, consequentemente, outras variedades de espécies nativas. 3) Assinale a alternativa que completa corretamente a frase: "Os Efeitos de Borda podem ser de primeira, segunda e terceira ordem. Os efeitos de segunda e terceira ordem são ocasionados pelos efeitos de primeira ordem, que ocorrem de forma imediata. As mudanças iniciais são abióticas, causadas pela mudança na _____" A) Temperatura, umidade relativa, penetração de luz e exposição ao vento. B) Aprimoramento e crescimento (demográfico) das espécies insetívoras, exceto as aves. C) Queda excessiva de folhas. D) Crescimento de animais que “gostam da luz”. E) Elevação de mortandade de árvores (árvores mortas ainda de pé). 4) Para utilizar a teoria da biogeografia de ilhas em Unidades de Conservação foi realizada uma analogia entre as áreas que possuíam a fragmentação de habitats e os fragmentos de ilhas, levando os cientistas a se perguntarem se era melhor preservar um fragmento grande ou vários fragmentos pequenos. Em resumo, essa é uma das teorias utilizadas para definição do desenho de áreas a serem protegidas. Em relação a esse conceito, assinale a afirmativa correta. A) A teoria defende que uma grande área única possui mais eficiência do que vários fragmentos, pois estas áreas grandes possuem capacidade para abrigar maior número de espécies. B) A teoria defende que deveriam ser criados pequenos e diversos fragmentos de áreas, como vários habitats, para que em uma grande catástrofe não ocorresse uma extinção em massa. C) A teoria defende que a forma retangular das UCs é um fator importante na preservação, de acordo com o formato de ilhas. D) A teoria defende que o cruzamento é fundamental para a biodiversidade das espécies. E) A teoria defende que apesar de terem desenvolvido vários métodos para o formato das UCs, o melhor deles seria o triangular. 5) Os mosaicos conseguem fazer com que haja maior interação entre a população local, o governo local e os órgãos gestores de diferentes esferas de atuação, para promover ações de proteção das áreas ambientais. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta dois exemplos de mosaicos de UCs, dentre os existentes no Brasil: A) Mosaico RS e SC. B) Mosaico Foz do Iguaçu e Mosaico Argentina. C) Mosaico Capivara do Nordeste e Mosaico Amazônia Meridional. D) Mosaico do Litoral de São Paulo e Paraná e Mosaico Mico-Leão-Dourado. E) Mosaico Carioca e do Espirito Santo. NA PRÁTICA Compreender os conceitos que mostram o efeito negativo decorrente da introdução de uma estrada na natureza é fundamental, pois uma estrada sempre resulta em impactos ambientais, efeito de borda e fragmentação de biomas, ou seja, sempre haverá modificações no habitat. José Luís é um engenheiro ambiental e compõe a equipe técnica de uma empreiteira que está trabalhando para a construção de uma nova Rodovia Estadual. O projeto é ambicioso e complexo, mas José Luís tem um papel determinante nesse contexto, que é o de levantar os impactos ambientais causados por essa obra na natureza. Vem ver como ele pode fazer isso! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Alternativa metodológica para alocação de Corredores Ecológicos utilizando modelagem ambiental Confira uma tese de doutorado da UNESP, que mostra como se pode aliar ciência a tecnologia. Ele trata de alguns conceitos da biogeografia dando uma abordagem bastante tecnológica, voltada para as métricas utilizadas por programas da Nasa e imagens de satélite para enfocar áreas de estudo como a ecologia de paisagens e a biogeografia. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Biogeografia: Reflexões sobree temas e conceitos O aritog a seguir trata de uma breve análise das produções científicas apresentadas no XI Encontro Nacional da Anpege de 2015. Voltado para Biogeografia e Geoecologia da Paisagem, destacando as bases conceituais e metodologias das pesquisas e a apropriação de tecnologias de geoprocessamento nas análises biogeográficas. Apresenta ainda, uma caracterização do campo de conhecimento da Biogeografia na Geografia e algumas articulações conceituais com outros campos científicos. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Discussões sobre corredores ecológicos no Brasil 2006-2016 Confira o artigo que faz uma abordagem sobre produções do contexto de corredores ecológicos publicados em periódicos nacionais de Geografia no recorte temporal de 2006 a 2016, atentando para as discussões realizadas para conservação dos ecossistemas e de seus remanescentes. Serve como um acervo do contexto histórico sobre esse importante conceito da biogeografia. Ótimo para a compreensão do conceito! Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! O que são Unidades de Conservação? Veja o vídeo a seguir que permite ter uma visão geral de tudo que você estudou nesta Unidade de Aprendizagem. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!