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ROTEIRO
Aula de 
CONTRATOS
CONTRATOS
Sobre este curso
O OBJETIVO colaborativo de aprimoramento do conhecimento para melhoria do exercício da atividade dos ADVOGADOS, tem a satisfação de oferecer o curso “CONTRATOS” para ampliar o entendimento a respeito.
1- CONCEITO DE CONTRATO
	1. Teoria geral dos contratos no direito brasileiro
Diferença entre contratos de direito civil, consumidor, imobiliário, trabalho.
Contratos típicos X contratos atípicos
- Adjetos especiais - conforme Código Civil 
Nas civilizações antigas, os usos e costumes das cidades regulavam as relações comerciais, os quais eram verbais e informais. Com o crescimento dessas civilizações, percebeu-se a necessidade de regular tais relações à medida que as necessidades socioeconômicas foram ficando cada vez mais volumosas. O verbo contrahere conduz a contractus, que traz o sentido de ajuste, convenção ou pacto, sendo um acordo de vontades criador de direitos e obrigações. É o acordo entre duas ou mais partes para um fim qualquer. É o trato em que duas ou mais pessoas assumem certos compromissos ou obrigações, ou asseguram entre si algum direito. 
Para Maria Helena Diniz, “contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade da ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesses entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial”.
Atualmente, após a Revolução Industrial, e consequentemente a evolução do direito e das necessidades humanas, podemos conceituar os contratos como um negócio jurídico bilateral que gera obrigações para ambas as partes, que convencionam, por consentimento recíproco, a dar, fazer ou não fazer alguma coisa, verificando assim, a constituição, modificação ou extinção do vínculo patrimonial, sendo o negócio jurídico bilateral, ou plurilateral, que sujeita as partes à observância de conduta idônea à satisfação dos interesses que regularam.
	2.A validade do contrato exige: 
(i) agente capaz;
(ii) (ii) objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
(iii) e (iii) forma prescrita ou não defesa em lei. 
(iv) De acordo com o artigo 104 do Código Civil de 2002, são todos esses os requisitos para que a vontade manifestada pelas partes possa valer no mundo jurídico. Ademais, a função social do contrato consiste, assim como já previsto na constituição, o 
Não confunda o Principio da função Social da Propriedade com Principio da Função Social do contrato 
Exemplo – confundir o Principio da fungibilidade
artigo 421 do Código Civil -> Liberdade de contratar 
“Art. 421: A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato”.
Podemos criar !!!!!
2 Classificação dos contratos
Os contratos são classificados em função das obrigações que originam, de como são formados, dos requisitos específicos e particulares e das prestações que geram para as partes contratantes. Diante desta segregação que a lei e a doutrina fazem, será objeto de maior atenção deste capítulo as diferenças entre os contratos típicos e nominados em relação aos contratos atípicos e inominados.
O contrato é uma espécie de negócio jurídico, de natureza bilateral ou plurilateral, carecendo, para sua formação, do encontro de vontade das partes. 
Os contratos representam uma das mais importantes fontes de obrigações, são convenções de direito pelas quais alguém pode ser constrangido a dar, fazer ou não fazer alguma coisa.
Sendo o contrato um negócio jurídico, requer para a sua legitimidade, a observância dos requisitos do artigo 104 do Código Civil, como mencionado acima e que descreveremos abaixo:
	a) Requisitos objetivos
1. Licitude de seu objeto, que não pode ser oposto a lei, à moral, aos princípios da ordem pública e aos bons costumes.
2. Probabilidade física ou jurídica do objeto, ou seja, se no período da constituição do contrato, havia um impedimento para a sua concretização, ter-se-á a inexecução do contrato com ou sem perdas e danos, de acordo com a culpa do devedor.
3. Objeto determinado, o contrato deve conter os elementos indispensáveis para que se possa definir o seu objeto, de modo que a obrigação do devedor tenha sobre o que recair.
4. Economicidade de seu objeto, que precisa ser possível de conversão, direta ou indiretamente, em dinheiro
b) Requisitos subjetivos:
1. Existência de duas ou mais pessoas.
2. Capacidade das partes contraentes para exercer os atos da vida civil, as quais não podem configurar-se nos artigos. 3º e 4º do Código Civil, sob pena da anulabilidade ou nulidade do contrato.
3. Capacidade típica para contratar, ou seja, os contratantes deverão ter legitimação para executar o negócio jurídico.
4. Concordância das partes acerca da existência e natureza do contrato, do seu objeto e das cláusulas que o formam.
Os requisitos formais são aqueles referentes a forma do contrato, porém, não há rigidez a tal requisito, sendo permitido na forma oral ou escrita, de uma forma ou de outra o vinculo jurídico estará criado e consequentemente seus efeitos também.
Como trabalhar nas pecas judiciais –(Pergunta) – exemplo locação
O papel econômico-social do contrato foi reconhecido, recentemente, como o motivo essencial de sua proteção jurídica. É por conta de sua finalidade econômico-social que o Direito interfere na relação que seria apenas das partes, protegendo tal interesse. Todo contrato tem finalidade econômica, que é, enfim, o motivo de sua existência. Na asseveração de que o contrato exerce finalidade social, o que se quer expressar, em resumo, é que deve ser socialmente proveitoso, de modo que haja interesse público na sua proteção.
Fundamento importante para reconhecimento de contratos, conforme jurisprudência do Supremo.
Por essa razão, existem alguns princípios que são basilares para a construção e existência de tais contratos.
O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ deve ser entendido em dois sentidos; primeiro referente à divergência entre o conteúdo literal da linguagem e o intento revelado na declaração de vontade, e outro sentido concernente à conduta moral do contratante, considerada antes e depois do contrato firmado. Tal comportamento deve submeter- se a regras de ética, buscando evitar que uma das partes contraentes oponha obstáculos à ação da outra na defesa dos direitos emergentes do contrato.
Isso que o Juiz vai olhar (pergunta)
O princípio da autonomia da vontade significa dizer que as partes podem acordar livremente, como melhor lhes convier, mediante acordo das vontades, a disciplina de seus interesses, provocando efeitos tutelados pela ordem jurídica, abarcando, além da liberdade de criação do contrato, a liberdade de contratar ou não contratar, de escolher o outro contraente e de fixar o conteúdo.
A importância principal não consiste em qualificar um contrato como típico ou atípico em sua integração e interpretação, mas sim a intenção das partes, mais vale a finalidade da vontade contratual do que as palavras expressas.
Por fim, falando especificamente do contrato de locação, nas palavras de Orlando Gomes:
“locação é o contrato pelo qual uma das partes se obriga, mediante contraprestação em dinheiro, à conceder à outra, temporariamente, o uso e o gozo de coisa não fungível.”
3 Contratos típicos e nominados
No negócio jurídico bilateral por excelência impera a autonomia da vontade como regra geral. As partes irão valer-se do instrumento contratual de que necessitam, podendo este ser um dos instrumentos previstos em lei. Se a avença contratual for daquelas descritas e especificadas em lei, estaremos diante de um contrato típico. São chamados típicos pois sofreram a tipificação por parte da lei. São típicos também todos os demais contratos disciplinados por leis extravagantes ao Código Civil. Grande exemplo da lei 8078 e da lei 8 245.91
Essas espécies contratuais que tem nomen iuris, inserem-se em uma figura que tem disciplina legal, portanto uma designação legal e própria, estando previstos e regulados por norma jurídica, formando espécies determinadas. O Código Civil de 2002rege e esquematiza vinte e três tipos dessa modalidade de contrato.
23 espécies 
Ter um nome não é o bastante para um contrato ser classificado como nominado, para isso importa que o contrato além de nominado seja regulado por lei, como os contratos de locação no direito civil, que estão previstos no Livro I, artigo 565 do Código Civil e regulados pela Lei n. 8.245, de 18 de outubro de 1991, conhecida como “Lei de Locação de Imóveis Urbanos”.
Pelo exposto fica mais claro perceber que o contrato firmado entre lojistas e empreendedores é mesmo de locação. De acordo com Nardim Darcy Lemke, essa norma sempre há de ser geral, visto que, se assim não for, há probabilidades imensas de raramente existirem contratos típicos no mundo real. Quando na essência, o contrato se amoldar ao tipo legal, estaremos diante de um contrato típico. Somente será atípico, se desconfigurar esse tipo legal.
Contratos atípicos e inominados
Após feitas as considerações acima, lembramos que atualmente é possível criar, mediante vínculo contratual, qualquer tipo de obrigação. A essência dos contratos, ou seja, seu conteúdo, pode ser constituído livremente. As pessoas que almejam obrigar-se não estão limitadas a utilizar-se de espécies contratuais definidas na lei, gozam da liberdade de contratar, ou de obrigar-se.
Se a avença contratual tiver por objeto regular relações negociais menos comuns, mais ou menos empregadas na sociedade, e estas não estiverem descritas ou especificadas em lei, estaremos diante de um contrato atípico, que será regulado por normas gerais e não por normas específicas. Nos contratos atípicos, a manifestação de vontade é protegida pela lei, entretanto a determinação formal do contrato será definida pelas partes, o que faz desses contratos fonte inesgotável e infinita de obrigações.
Seria ignorar a realidade se assumíssemos que as partes, ao se vincularem em um contrato estejam preocupadas em fazer ingressar suas cláusulas em um esquema predisposto pela lei. Não é comum os contratantes conhecerem a fundo a lei que regula sua contratação, por isso, é muito fértil o campo dos contratos atípicos.
Alguns doutrinadores os caracterizam como contratos “atípicos”, e sob esse manto, são praticados os maiores abusos em matéria de locação, traduzindo toda a concentração do poder nas mãos dos empreendedores.
[1] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Vol. 3. São Paulo: Saraiva, 2008. P. 30.
[2] GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 10.
[3] Maria Helena Diniz. Curso de Direito Civil Brasileiro. 18. Ed. São Paulo: Saraiva. P. 27.
576, outubro de 1983.
[5] ALVES, Geraldo Magela; MILHOMENS, Jônatas. Manual prático dos contratos. 2. Ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 1997.
[6] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. Vol. 3. São Paulo: Saraiva, 2008, p.40.
[7] GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 321.
[8] VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: Atlas, 2008, p. 397.
[9] SANCHES, José Alexandre Ferreira. Os contratos atípicos e sua disciplina no Código Civil de
2002. Julho, 2004.
[11] GOMES, Orlando. Contratos. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 115.
[12] VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos. São Paulo: Atlas, 2008, p. 398.
	3.CLASSIFICAÇÃO DOUTRINARIA DOS CONTRATOS
Contratos gratuitos/ benéficos e onerosos
Quanto às vantagens patrimoniais que podem produzir, podem ser gratuitos ou onerosos.
Gratuitos são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou vantagem. Ex: doação pura, comodato, reconhecimento de filho. Para a outra, só há sacrifício, obrigação. Outorgam-se vantagens a uma das partes sem exigir contraprestação da outra.
Nos contratos onerosos, ambas as partes obtêm proveito, ao qual corresponde um sacrifício. Impõem ônus e ao mesmo tempo acarretam vantagens a ambas as partes. Sacrifícios e benefícios recíprocos. Ambos buscam um proveito, ao qual corresponde um sacrifício. Dividem-se em:
Contratos comutativos
Prestações certas e determinadas. As partes podem antever as vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não envolvem nenhum risco.
Na ideia de comutatividade está presente a de equivalência das prestações.
Contratos aleatórios por natureza
Pelo menos um dos contraentes não pode antever a vantagem que receberá, em troca da prestação fornecida. É que a perda ou o lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. Ex: contratos de jogo, aposta e seguro. O contrato de seguro é comutativo porque o segurado o celebra para se acobertar contra qualquer risco. No entanto, para a seguradora sempre é aleatório, pois o pagamento ou não da indenização depende de um fato eventual.
Contratos acidentalmente aleatórios
Contratos tipicamente comutativos que em razão de certas circunstâncias, tornam-se aleatórios. Duas espécies: a) venda de coisas futuras; b) venda de coisas existentes mas expostas a risco. Nos que tem por objeto coisas futuras, o risco pode referir-se à própria existência da coisa e à sua quantidade.
Do risco respeitante à própria existência da coisa tem-se a hipótese da venda da esperança, isto é, da probabilidade de as coisas ou fatos existirem.
	
	4. Quanto à formação:
Contratos paritários e de adesão. Contrato-tipo
Paritários são do tipo tradicional em que as partes discutem livremente as condições porque se encontram em situação de igualdade. 
Há uma fase de negociações preliminares na qual as partes discutem as cláusulas e condições do negócio.
De adesão são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato previamente confeccionado, não podendo modifica-las: aceita-as ou rejeita-as, em bloco. Ex: contratos de seguro, consórcio, de transporte, celebrados com as concessionárias de serviços públicos.
Neste nos deparamos com uma restrição mais extensa ao tradicional princípio da autonomia da vontade. Comumente é celebrado em relação de consumo, sendo regido pelo CDC. Na dúvida, a interpretação deve favorecer o aderente, porque quem estabelece as condições é o outro contratante, que tem a obrigação de ser claro e evitar dúvidas.
São nulas as cláusulas que estipulem renúncia antecipada do aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Contrato-tipo ou contrato de massa. É apresentado por um dos contraentes, em fórmula impressa ou datilografada, ao outro, que se limita a subscrevê-lo. Não lhe é essencial a desigualdade econômica e admite discussão sobre o conteúdo. As cláusulas não são impostas, apenas pré-redigidas. Em geral, são deixados claros, a serem preenchidos pelo concurso de vontades.
Os contratos de adesão são endereçados a um número indeterminado de pessoas, enquanto os contratos-tipo destinam-se a pessoas ou grupos identificáveis.
Podem ser acrescentadas às impressas, cláusulas datilografadas ou manuscritas.
4.QUANTO AO MOMENTO DA EXECUÇÃO:
Contratos de execução instantânea, diferida e de trato sucessivo
Momento em que devem ser cumpridos.
a)De execução instantânea são os que se consumam num só ato, sendo cumpridos imediatamente após sua celebração. Ex: compra e venda à vista. Cumprida a celebração, exaurem-se. Extingue-se a obrigação. A nulidade ou resolução por inadimplemento reconduz as partes ao estado anterior.
b)De execução diferida ou retardada são os que devem ser cumpridos em um só ato, mas em momento futuro. A prestação de uma das partes não se dá imediatamente após a formação do vínculo, mas a termo.
c)De trato sucessivo ou execução continuada são os que se cumprem por meio de atos reiterados. A ação para exigir o cumprimento das prestações vencidas, nos contratos de trato sucessivo, começa a fluir da data do vencimento de cada prestação.
5.QUANTO AO AGENTE:
Contratos personalíssimos e impessoais
Personalíssimos são os celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. O obrigado não pode fazer-se substituirpor outrem, pois essas qualidades tiveram influência decisiva no consentimento do outro contratante. São intransmissíveis aos sucessores e não podem ser objeto de cessão. Havendo erro essencial sobre a pessoa do outro contratante, são anuláveis.
Impessoais são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente pelo obrigado ou por terceiro.
Exemplo – contrato de advogado (clausula de substabelecimento – honorários) 
Contratos individuais e coletivos
No individual as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva várias pessoas. Não é a singularidade da parte que o identifica.
Os coletivos perfazem-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de direito privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominados convenções coletivas. Não tem eles verdadeiramente natureza contratual, constituem um acordo normativo. Porém a doutrina em geral tem admitido essa classificação e a natureza contratual. Gera deliberações normativas, que poderão estender-se a todas as pessoas pertencentes a uma determinada categoria profissional, independente do fato de terem ou não participado da assembleia que votou a aprovação de suas cláusulas.
QUANTO AO MODO PORQUE EXISTEM:
CONTRATOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS. CONTRATOS DERIVADOS
Acessórios dependem de outro como premissa indispensável. Tem sua existência subordinada à do contrato principal. Ex: cláusula de fiança. Tem como função principal garantir o cumprimento do principal (maioria).
Principais são autônomos, têm existência própria.
Nulo o contrato principal, nulo o acessório, mas a recíproca não é verdadeira. A prescrição da obrigação principal acarretará a da acessória, mas a recíproca também não é verdadeira.
- EXEMPLO GARANTIA NA LOCAÇÃO 
As partes podem convencionar a extinção do contrato principal em virtude do desparecimento do acessório. Ex: nos contratos de locação pode haver uma cláusula resolutória baseada no falecimento, na falência ou na interdição do fiador, salvo se o locatário dentro de certo prazo apresentar outro fiador idôneo a critério do locador.
Os contratos acessórios podem ser preparatórios, integrativos ou complementares.
Alguns são denominados derivados ou subcontratos. Derivados têm por objeto direitos estabelecidos em outro contrato. Ex: sublocação, subempreitada e subconcessão. Tem em comum com os acessórios que também dependem de outrem, mas diferem dos mesmos por participar da própria natureza do direito versado no principal.
Poderá dar sequencia CRONOLOGICA – aditivo (salvo locação) 
Quanto à forma: Contratos solenes e não solenes
Como se aperfeiçoam.
Solenes devem obedecer à forma prescrita em lei para se aperfeiçoar. A forma é exigida como condição de validade do negócio. Constitui a substância do ato. Não observada, o contrato é nulo. Ex: escritura pública na alienação de imóveis, pacto antenupcial, testamento público. A vontade das partes não basta à formação do contrato.
Não solenes são os de forma livre. Basta o consentimento para sua formação. Em regra, os contratos têm forma livre, salvo expressas exceções.
DISCUSSÃO VALE MAIS O CONTRATO PUBLICO QUE O PARTICULAR (PERGUNTA)
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente.
As partes podem convencionar que determinado contrato só poderá ser celebrado por instrumento público. Nesse caso este será ‘substância do ato’. O contrato que não seria, em princípio, formal, passa a sê-lo.
Distinção entre solenes e formais: solenes exigem escritura pública e formais exigem apenas a forma escrita.
Contratos consensuais e reais
Consensuais são aqueles que se formam unicamente pelo acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma.
Reais são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe serve de objeto, como os de depósito, comodato, mútuo e alguns poucos. Não se formam sem a tradição da coisa. Antes pode existir a promessa de contratar.
Exemplo entrega das chaves
Quanto ao objeto:
Contratos preliminares e definitivos
Preliminar é aquele que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo. Assim tem um único objeto. Também denominado de pré-contrato. Quando tem por objeto a compra e venda de imóvel é denominado promessa de compra e venda ou compromisso de compra e venda, se irretratável e irrevogável.
Quando o contrato preliminar gera obrigações para apenas uma das partes, constituindo promessa unilateral, denomina-se opção. Uma parte assume uma obrigação enquanto a outra não. Na sua formação a opção é negócio jurídico bilateral, mas nos efeitos é contrato unilateral. A parte que recebe a oferta verificará a conveniência de aceita-la ou não. Seu exercício pode culminar em outro contrato preliminar ou em um definitivo. Se para a aceitação do destinatário da promessa não se estabeleceu o termo, este pode ser fixado pelo juiz.
Definitivo tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada avença.
Quanto à designação:
Contratos nominados e inominados, típicos e atípicos, misto e coligados. União de contratos
Contratos nominados têm designação própria. Espécies contratuais que têm nome jurídico e servem de base à fixação dos esquemas, modelos ou tipos de regulamentação específica da lei.
23 contratos no CC. O legislador não consegue prever todas as situações que levam as pessoas a se relacionar e a contratar. Contratos não tipificados são chamados inominados e atípicos. Não tem denominação própria.
Contratos típicos são regulados pela lei, tem o seu perfil nela traçado. Todo contrato nominado é típico e vice-versa.
Atípicos são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características regulados na lei. Para que sejam válidos basta o consenso, que as partes sejam livres e capazes e o seu objeto lícito, possível, determinado ou determinável e suscetível de apreciação econômica.
A celebração de contratos dessa espécie justifica-se como aplicação dos princípios da liberdade de obrigar-se e do consensualismo.
O contrato típico não requer muitas cláusulas, pois passam a integrá-lo todas as normas regulamentadoras estabelecidas pelo legislador. Já o contrato atípico exige uma minuciosa especificação dos direitos e obrigações de cada parte, por não terem disciplina legal.
O contrato misto resulta da combinação de um contrato típico com cláusulas criadas pela vontade dos contratantes. Deixa de ser um contrato essencialmente típico, mas não se transforma em outro totalmente atípico. A nova combinação gera uma nova espécie contratual.
Pode ser atípico misto. Não se enquadra em nenhum tipo contratual legal mas reúne em seu conteúdo dois ou mais tipos contratuais previstos. Pode ainda ser atípico misto em sentido amplo, quando reúne em seu conteúdo elementos que apenas apresentam afinidades com outros institutos jurídicos.
8.FORMAÇÃO DOS CONTRATOS ELETRÔNICOS
A formação dos contratos, mesmo entre ausentes, presume a existência de duas pessoas naturais que analisarão as declarações de vontades das partes, o que, nem sempre ocorre no âmbito da formação dos contratos eletrônicos, no qual máquinas programadas podem realizar as declarações de vontade. Investigaremos, assim, como se dá o consentimento nos contratos eletrônicos comparativamente na Convenção das Nações Unidas sobre os Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias, no Código Civil brasileiro (CC Br), no Código Civil português (CC Pt).
O surgimento [ da Internet desencadeou uma revolução global nos meios de comunicação e na informação. Tendo surgido inicialmente com fins militares, passou a funcionar com fins científicos e, inevitavelmente, atingiu a seara comercial, alcançando uma magnitude de situações e de contratos, inclusive os contratos internacionais do comércio .
Dentre os inúmeros problemas que surgem na seara da formação dos contratos eletrônicos, doisadquirem especial relevância no âmbito da compra e venda internacional: os contratos eletrônicos formados com intervenção humana a) não programada e os b) contratos eletrônicos formados com intervenção humana programada, que são planejados para emitir comandos perante certas situações.
Exemplo – petições 
2.NOMENCLATURA E PRINCÍPIOS GERAIS
Paula Costa e Silva diferencia os contratos eletrônicos «com» intervenção humana e os «sem» intervenção humana. Para ela, um sistema informático não tem vontade, pois apenas "reage às ordens que nele entram de acordo com um programa preestabelecido" .
 Oliveira Ascensão, no entanto, foge do critério vontade, preferindo dividir os contratos eletrônicos entre aqueles que têm por objeto realidades informáticas e aqueles que são realizados por via informática; no entanto, quando vem a tratar dos contratos «entre computadores», concorda com o fato de que a vontade existe, ainda que não haja consciência do conteúdo individualizado que afinal se celebra .
No ordenamento jurídico português, o art. 33º do Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, segue a mesma denominação utilizada por Paula Costa e Silva, no entanto tal não possui precisão científica, pois inexiste contrato «sem» qualquer intervenção humana; para além disso, também não se pode defender que não exista uma vontade, ainda que remota, pois previamente programável . Por essas razões, utilizaremos a nomenclatura relacionada à vontade programada e à vontade não programada, vez que ambas categorias detêm intervenção humana; a única diferença verificável é que uma delas apenas se limita aos casos em que a vontade foi programada e a outra abrange o restante das situações onde o contratante não pré-programou sua vontade em uma máquina.
De todo modo, o princípio geral nos três sistemas analisados é o da liberdade na utilização dos contratos eletrônicos, pois inexiste qualquer proibição de uso dos mesmos, assim como do modelo de formação utilizado por eles. 
Esse princípio foi consagrado no art. 9º da Diretiva nº 2000/31/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 8 de Junho de 2000, que prescreve que os Estados-Membros assegurarão que os seus sistemas jurídicos permitam a celebração de contratos por meios eletrônicos. No direito português, esse princípio encontra-se assegurado pelo art. 25 do Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, que realizou a transposição da Diretiva 2000/31/CE, de 8 de Junho.
Assim também ocorreria na Espanha, onde segundo Rangel Sánchez "a possibilidade de utilizar os meios telemáticos para emitir o consentimento está admitida desde há anos" pelo direito positivo (ex: Lei do Mercado de Valores de 28 de Junho de 1988) e pela jurisprudência (sentenças do Tribunal Supremo espanhol sobre o fax e o telex) . A adoção desse princípio da liberdade na utilização dos meios eletrônicos permite equiparar o sistema de contratação comum ao de contratação eletrônica .
3. CONTRATOS FORMADOS COM INTERVENÇÃO HUMANA NÃO PROGRAMADA
As características e requisitos de uma proposta contratual, de um convite a contratar e de uma aceitação não se alterarão pelo simples fato de a formação ser eletrônica .
 Assim, se a proposta for séria, precisa e suficiente, caracterizará uma proposta contratual e vinculará o proponente, como pode ocorrer via correio eletrônico  ou ainda de programas de conversação instantânea, como o messenger e cuja solução segue, na medida do possível, as regras tradicionais.
No entanto, a maior parte das ofertas disponibilizadas em páginas WWW  não podem ser categorizadas tão facilmente como propostas ou como convites a contratar. Essa é a primeira dificuldade com que nos deparamos. Todavia, considerando que a maior parte delas são ofertas ao público, resta claro perceber que, enquanto a Convenção as encara, em regra, como convite a contratar, o CC Pt e o CC Br a rotulam como proposta – desde que preencham os requisitos de precisão e demonstração da intenção de se vincular.
Questão tormentosa que se coloca, porém, é a de descobrir qual o momento da celebração do contrato eletrônico. Várias tentativas são perpetradas para conhecer se a regra aplicável seria à referente aos contratos entre ausentes ou entre presentes – que mais parece ser a principal dificuldade da doutrina.
A dicotomia clássica de contratos entre presentes e entre ausentes, inclusive, já se encontra ultrapassada e sequer deveria ter sido adotada pelo novo CC Br, a exemplo da Convenção, que, em 1980, preferiu adotar a hipótese de quando a proposta é feita verbalmente – o que poderia corresponder na doutrina clássica às declarações entre presentes, mas sem a problemática que surge a cada novo meio de comunicação que passa a ser utilizado. O que verdadeiramente importa não é o meio de comunicação utilizado ou a localização geográfica dos contratantes, mas se existe a possibilidade de diferenciar a proposta da aceitação, levando em consideração o período de duração das declarações, ou seja, se existe ou não intervalo considerável entre a proposta e a aceitação .
Essa regra da análise do intervalo, inclusive, abdica de qualquer categorização inflexível dos meios de comunicação. Assim, deixa o direito de ser utilizado como forma simplória de memorização – por exemplo: um contrato celebrado por telefone é entre presentes; um contrato celebrado por carta é entre ausentes; até mesmo porque não é em virtude de que um contrato celebrado em um programa de conversação instantânea normalmente não possua intervalo considerável entre as declarações que ele será sempre considerado entre presentes, pois pode ocorrer que, momentos antes de a proposta chegar à esfera jurídica do destinatário, ele tenha que se ausentar sem qualquer aviso, apenas vindo a conhecer a declaração minutos mais tarde, dando oportunidade, inclusive, de o proponente retirar a proposta. Tal contrato, se celebrado, seria considerado entre presentes ou entre ausentes? Levando em consideração que «minutos» em um programa de comunicação instantânea pode ser considerado um «intervalo significativo», outra não pode ser a conclusão, senão a de que o contrato seria entre ausentes, pela dicotomia clássica.
Oliveira Ascensão  também adota o critério de «intervalo significativo» e reconhece que o mesmo "leva a alterar a colocação corrente da questão", uma vez que, pela visão atual, a maior parte dos contratos seriam celebrados entre ausentes e, subsequentemente submetidos à fórmula clássica de formação do contrato (proposta + aceitação = consentimento) e por essa nova visão, percebe-se que a maior parte dos contratos celebrados são entre presentes – que por apenas exigirem como requisito o consentimento, estão "fora do esquema da proposta e aceitação". De todo modo, por sua flexibilidade, a formação do contrato eletrônico pode ser apresentada nos mais variados modelos de formação do contrato e de suas combinações.
Assim, inexistindo intervalo – como poderia ocorrer em programas de conversação instantânea – o contrato restaria celebrado no momento em que a aceitação é expedida. No entanto, havendo intervalo – como poderia ocorrer nos casos de correio eletrônico – o contrato apenas estaria celebrado quando a aceitação chegasse à esfera jurídica do proponente. Essa é a regra do CC Pt e não seria a saída adotada no ordenamento jurídico brasileiro – pelo que disciplina o art. 430 do CC Br, que considera o contrato celebrado a partir da expedição da aceitação.
Contudo, doutrina  e jurisprudência vêm se manifestando favoráveis à adoção da teoria da recepção no âmbito da formação dos contratos eletrônicos, como se vislumbra no Enunciado nº 173 do Conselho da Justiça Federal, aprovado na III Jornada de Direito Civil, segundo o qual "a formação dos contratos realizados entre pessoas ausentes, por meio eletrônico, completa-se com a recepção da aceitação pelo proponente", seguindo, assim, a mesma orientação da Convenção e do CC Pt.
Essa parece também ser a linha seguida pelo art. 22 do Projeto de Lei nº 672 do Senado Federal brasileiro, que assevera que o envio de uma mensagem eletrônica ocorre quandoessa entra em um sistema de informação alheio ao controle do remetente ou da pessoa que a envia em seu nome. Assim, o envio da mensagem eletrônica não significa sua expedição, ou seja, apenas «clicar em enviar» não significa que houve a «expedição» da mensagem eletrônica, diferentemente da teoria da expedição tradicional, onde a entrega regular ao correio representa o envio da declaração. Destarte, o envio de qualquer mensagem eletrônica só ocorreria, então, quando a mesma «chegasse» em um sistema alheio. O art. 22 do Projeto de Lei nº 672 do Senado Federal parece seguir a teoria da expedição – adotada no CC Br – no entanto, segue a teoria da recepção, pois, de maneira confusa e sem qualquer precisão científica, resolveu modificar o próprio conceito de «envio» para significar que o mesmo só ocorre quando ele «chega» no sistema de terceiro, ao invés de simplesmente adotar a teoria da recepção, o que teria sido mais preciso cientificamente e mais recomendado diante da realidade atual e da tendência mundial.
A Convenção não forneceu qualquer indício quanto à solução de problemas específicos da formação do contrato eletrônico, nomeadamente quanto ao momento da celebração do contrato, no entanto, desde que represente a fórmula clássica, aplicar-se-ão as regras da Convenção. Se o modelo utilizado for diverso, por outro lado, aplicam-se os princípios gerais, nos mesmos moldes explanados na seção anterior.
O momento da celebração do contrato eletrônico em linha (on-line) no ordenamento jurídico português é bastante controverso. A matéria é regida pelo Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, que não se aplica apenas às relações B2C, podendo ser aplicável também nas relações B2B. Pela disposição do seu art. 29.º, logo que o prestador de serviços receba uma ordem de encomenda por meio eletrônico, deve acusar o recebimento pelo mesmo meio, se não houver acordo em sentido contrário. A encomenda, no entanto, só se torna «definitiva» com a «confirmação» do destinatário, dada na sequência do «aviso de recepção», reiterando a ordem emitida. A grande questão gira em torno da natureza jurídica do aviso de recepção – seria aceitação ou não?
Oliveira Ascensão, quando ainda comentava a Diretiva nº 2000/31/CE, de 8 de Junho, questionava se o momento da celebração do contrato seria o do «aviso de recepção» do proponente ou o da recepção do produto ou serviço. Sobre esse assunto, defendia que o aviso de recepção do art. 11/1 da Diretiva só visava proteger a segurança das partes perante a grande possibilidade de falhas no envio das comunicações, mas "nada dispõe sobre a formação do contrato" [17]. Mas quanto à questão de o aviso de recepção ser ou não aceitação, defendia que assim não o era [18], posição que parece ter sido adotada no Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, pois, na sua consideração nº 5, esclarece que a posição adotada seria a majoritária: do aviso de recepção não se tratar de aceitação, pois o mesmo "destina-se assegurar a efetividade da comunicação eletrônica, apenas, e não exprimir uma posição negocial".
4. CONTRATOS FORMADOS COM INTERVENÇÃO HUMANA PROGRAMADA
Os contratos eletrônicos formados com intervenção humana mediata, como dito anteriormente, são aqueles onde há uma ou mais vontades programadas previamente em uma máquina; nessa última hipótese, são conhecidos como contratos entre computadores ou entre autômatos. Trata-se de uma das matérias mais intricadas que a formação do contrato eletrônico pode levantar.
Os contratos celebrados entre duas partes que programaram suas vontades no computador são bastante utilizados em âmbito comercial, como por exemplo numa fábrica que possui uma rede interligada com a rede de um comprador e cujo sistema está programado para emitir uma ordem de compra de material assim que seja atingida determinada quantidade de produto requerida pelo comprador.
Esse tipo de formação do contrato segue o princípio geral dos três sistemas da liberdade de contratar e da liberdade de escolha do modelo de formação contratual. Assim, a declaração eletrônica formada com vontade programada vincula o declarante nos mesmos termos que a declaração não eletrônica, a depender, apenas, de seu conteúdo.
 Nesse sentido, no ordenamento jurídico brasileiro, o Substitutivo ao Projeto de Lei nº 4.906, de 2001 (apensado aos Projetos de Lei nº 1.483 e nº 1.589), dispõe, no §1º do art. 26, que "a proposta de contrato por meio eletrônico obriga o proponente quando enviada por ele próprio ou por sistema de informação por ele programado para operar automaticamente". No ordenamento jurídico português admitiu-se, no art. 33º do Decreto-Lei nº 7/2004, de 7 de Janeiro, a contratação eletrônica com intervenção humana programada e estipulou-se sua sujeição às regras comuns da disciplina geral dos contratos compatíveis com sua natureza.
A Convenção foi omissa a respeito, mas acreditamos serem aplicáveis, por analogia, as regras da fórmula clássica regulamentada e os princípios gerais subjacentes, por haver uma semelhança entre as duas situações (intervenção humana programada e não programada), o que, em certa medida, assemelha-se ao ordenamento jurídico português.
5. CONCLUSÃO
No que toca à formação dos contratos eletrônicos, o princípio geral nos três sistemas analisados é o da liberdade na utilização dos contratos eletrônicos, assim como do modelo de formação utilizado por eles.
Quanto ao momento da celebração do contrato eletrônico, inexistindo intervalo, o contrato restaria celebrado no momento em que a aceitação é expedida. No entanto, havendo intervalo o contrato apenas estaria celebrado quando a aceitação chegasse à esfera jurídica do proponente. Essa é a regra do CC Pt, mas não a saída adotada no ordenamento jurídico brasileiro – pelo que disciplina o art. 430 do CC Br, que considera o contrato celebrado a partir da expedição da aceitação, inobstante doutrina e jurisprudência manifestarem-se favoráveis à adoção da teoria da recepção no âmbito da formação dos contratos eletrônicos. A Convenção não forneceu qualquer indício quanto à solução de problemas específicos da formação do contrato eletrônico, nomeadamente quanto ao momento da celebração, no entanto, desde que represente a fórmula clássica, aplicar-se-ão as regras da Convenção.
A formação de contrato com intervenção humana programada segue o princípio geral da liberdade de contratar e da liberdade de escolha do modelo de formação contratual, vinculando o declarante nos mesmos termos que a declaração não eletrônica, a depender, apenas, de seu conteúdo. Nos três ordenamentos aplicam-se, por analogia, as regras da fórmula clássica e os princípios gerais subjacentes, por haver uma semelhança entre as duas situações (contratos comuns e contratos eletrônicos).
6. BIBLIOGRAFIA
ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA. Dicionário da língua portuguesa contemporânea. Vol. II. Verbo.
ASCENSÃO, José de Oliveira. Direito Civil. Teoria geral: ações e factos jurídicos. Vol. II. Coimbra: Coimbra Editora, 2003.
______. Bases para uma transposição da Directriz n.º 00/31, de 8 de Junho (comércio eletrônico), in Separata da Revista da Faculdade d
13.NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES
A celebração dos contratos comporta três fases: pré-contratual, contratual e pós-contratual. 
Primeira fase - A primeira fase consiste nas negociações preliminares, que englobam os momentos de negociação, proposta e aceitação. 
ATUALMENTE DENTRO DO CONTRATO PRELIMINAR
É a fase de análise de informações, de verificação das cláusulas e da possibilidade de contratação. Na fase contratual, ocorre a execução da obrigação de dar, fazer ou não fazer. Na pós-contratual, dão-se os acontecimentos posteriores ao adimplemento da obrigação do contrato.
A primeira fase engloba as tratativas preliminares, que são dividas pela doutrina de três maneiras: a opção, o contrato preliminar e os acordos provisórios.
A opção é uma espécie de contrato a prazo, em que uma pessoa oferece a outra uma oferta que não poderá ser retirada pelo período que foi estipulado, cabendo à contraparte a aceitação, que deverá ser da integralidadedo que foi sugerido, não havendo cabimento para discussão de cláusulas. Dessa forma, o comprador possui apenas direitos, ficando isento de obrigações.
O contrato preliminar possui previsão no artigo 462 do Código Civil: “o contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado”.
No contrato preliminar, as partes buscam a conclusão de um contrato principal ou definitivo futuramente, firmando, para isso, um contrato prévio. Sendo assim, podem determinar de antemão as cláusulas que constarão no contrato definitivo. Trata-se de uma fase da contratação, porquanto os contratantes desejam o contrato final, mas não querem que seus efeitos operem de imediato.
ATENCAO - O artigo 463 do Código Civil determina: “concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir a celebração do definitivo, assinado para à outra para que o efetive”.
Não e minuta !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
O artigo mencionado refere-se à cláusula de arrependimento do contrato preliminar. Ora, sabendo que o contrato preliminar vincula as partes, é possível eximir-se dessa vinculação fazendo constar cláusula de arrependimento no contrato preliminar, a qual exclui a obrigação de se firmar contrato definitivo. Entretanto, sem a menção da cláusula em questão, e ocorrendo empecilho referente ao cumprimento do contrato definitivo por alguma das partes, o contratante poderá exigir sua execução específica, que ocorrerá com a apresentação do contrato preliminar ao juiz para a conclusão do contrato principal.
CONVÉM OBSERVAR QUE A NEGOCIAÇÃO PRELIMINAR É DIFERENTE DO CONTRATO PRELIMINAR. 
A negociação preliminar não se trata de um contrato. Por esse motivo, não gera direitos e obrigações. É uma fase antes de o contrato ser formalizado, momento no qual ocorre a análise de vontades e debates acerca das cláusulas.
Os acordos provisórios decorrem das negociações das partes quando concordam com alguns assuntos do contrato que estão por firmar, porém não ficam obrigadas a realizar o contrato principal enquanto não ajustarem os demais temas. Esses acordos possuem força vinculativa em relação ao contrato que será formalizado, uma vez que as negociações do acordo provisório serão incorporadas ao texto contratual, salvo se as partes concordarem em modifica-lo ou extingui-lo.
É um contrato que possui uma duração determinada e, por causa dele, as partes têm obrigações as quais, sob condição suspensiva, garantem que o contrato definitivo seja realizado. Se os contratantes decidirem não realizar mais o contrato definitivo, o provisório será extinto. Entretanto, se o definitivo for concretizado, as partes ficaram obrigadas a seguirem o teor do acordo provisório.
Os acordos provisórios são muito utilizados no direito empresarial uma vez que confere facilidade do fluxo de informações permitindo, a exemplo, que a parte interessada em firmar contrato com certa pessoa jurídica venha a conhecer com mais detalhes o funcionamento da empresa.
Nesse contexto, a minuta e os apontamentos contratuais não acarretam responsabilidade para as partes. Conquanto, se uma das partes de boa-fé investiu de modo exorbitante para a concretização do negócio jurídico, uma vez que havia sérios indicativos de que o contrato iria se realizar, mas este não se realizou, será cabível a ela indenização pelos prejuízos sofridos.
REVISÃO DOS CONTRATOS
Contratos – Em que possibilidade posso pedir a revisão do meu contrato?
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Vícios redibitórios
É um vício oculto em uma coisa, que a torna imprestável para sua utilidade ou que cause uma depreciação em seu apreço financeiro. Em regra, se aplica aos contratos bilaterais, onerosos e comutativos. É uma das manifestações do princípio da segurança jurídica, já que o alienante tem que garantir o uso da coisa, para que sua finalidade seja alcançada, ao adquirente. Válido aqui diferenciarmos o vício redibitório, do erro (vício do negócio jurídico): enquanto no vício redibitório o defeito está na coisa, no erro a coisa é perfeita e o adquirente é quem a adquire por engano; o prazo para reclamação no vício redibitório é de 30 dias para bens móveis e um ano para bens imóveis, 
enquanto no erro o prazo é de quatro anos; por fim, o vício redibitório dá ensejo à rescisão ou revisão contratual, enquanto o erro é passível de anulação do negócio. São requisitos do vício redibitório: vício oculto desconhecido do adquirente, o vício precisa ser grave a ponto de impedir o bom uso da coisa e deve existir no tempo do contrato. O adquirente, uma vez tendo descoberto o vício redibitório, tem duas alternativas: pedir a rescisão do contrato e exigir a devolução do valor pago, por meio de uma AÇÃO REDIBITÓRIA; ou ficar com a coisa e pedir o abatimento do preço, exigindo o valor proporcional mediante AÇÃO ESTIMATÓRIA (abatimento do preço) . A cláusula de garantia, implícita em todos os contratos, pode expressamente ser diminuída, aumentada ou renunciada, obedecendo-se aos princípios contratuais.
Evicção
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É a perda da coisa (posse ou propriedade) para seu legítimo dono, fundada em motivo jurídico anterior, que a confere a outrem, seu verdadeiro dono, e o reconhecimento em juízo da existência de ônus sobre a mesma coisa, não denunciado oportunamente no contrato. Os personagens da evicção são: 
o alienante, que transfere o domínio do bem por meio oneroso; 
o evicto, que perde o bem e que tem o direito de pleitear reparação do alienante, 
e o evictor, o verdadeiro dono do bem que recupera sua coisa. 
Diferentemente do vício redibitório, na evicção o defeito não está na coisa, e sim na titularidade dela. A evicção permite também a exclusão da cláusula de garantia. Requer a evicção: um contrato oneroso, bilateral e comutativo; a perda total ou parcial de um bem por sentença judicial em ação movida por terceiro titular do bem; e a ignorância do adquirente sobre a litigiosidade da coisa.
Vale dizer, no mais, que a evicção subsiste mesmo que a aquisição tenha ocorrido em hasta pública.
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Vícios e erros do negócio jurídico
 
 
· DIREITO CIVIL
Invalidade é o defeito de um ou mais elementos do negócio jurídico. Disso resultando a sua invalidade jurídica. Um negócio jurídico inválido pode se r: nulo, anulável ou inexistente.
              Tudo o que macula o negócio jurídico, o que acarreta na sua anulação. De acordo com a extensão deste vício, sua nulidade pode ser absoluta ou relativa. Nos vícios da vontade o prejudicado é um dos contratantes, pois há manifestação da vontade sem corresponder com o seu íntimo e verdadeiro querer. São vícios da vontade: Erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão.
             Já os vícios sociais consubstanciam-se em atos contrários à boa fé ou à lei, prejudicando terceiros. São vícios sociais: fraude contra credores e simulação.
ERRO                 
É uma noção equivocada sobre alguma coisa, há uma ideia distorcida de alguma coisa. No sentido jurídico o erro é os defeitos dos negócios jurídicos caracterizados pela falsa imagem que a declarante forma acerca do objeto da declaração, ou a pessoa a quem tal declaração se dirige, acerca da natureza do próprio negócio ou acerca da existência, ou da vigência o significado jurídico de uma lei. Esta imagem falta poderia ser sido formada por qualquer pessoa comatenção mediana. 
"Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio." 
ERRO E IGNORÂNCIA
                 A ignorância é a ausência de conhecimento sobre alguma coisa. Em se tratando de negócios jurídicos as consequências de erro e ignorância, são passiveis de anulabilidade. Tanto o erro como a ignorância tem as mesmas consequências. Dispõe o artigo 138 do CC que ‘’ são anuláveis os negócios jurídicos quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligencia normal, em face das circunstâncias do negócio. No o artigo 147 ‘’ nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.”
DOLO
Pode-se dizer que dolo é qualquer meio utilizado intencionalmente para induzir ou manter alguém em erro na prática de um ato jurídico. O dolo se assemelha ao erro, e representa uma limitação à eficácia do ato jurídico, isto porque a vontade que constituiu manifestou-se enganada. 
              Muitos escritores assimilam esses dois defeitos, por entenderem que a causa da anulabilidade do ato jurídico é sempre o erro, quer livre, quer provocado, isto é dolo. Dispõe o artigo 145 ‘’ são os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa." E o artigo 150 ‘’ se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização."
Dolo Principal e Acidental
              O Dolo divide-se em: causam dans e incidens. O causam dans principal) é o único que dá lugar a ANULAÇÃO E TAMBÉM A PERDAS E DANOS.
 O incidens (incidental) não prejudica a validade do ato, mas dá a perdas e danos.
              O Dolo principal se apresenta como causa determinante da declaração da vontade, nele se origina o ato. O dolo incidental, que só obriga a reparação do dano, não elimina a conclusão do ato, mas este se aperaria em condições diversas. O artigo 146 dispõe ‘’ o dolo acidental só obriga a satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio será realizado, embora por outro modo’’. 
Dolo Civil Criminal e Processual
              Importante não confundir o dolo civil (vicio de negócio e negócios jurídicos) com o dolo criminal com o dolo processual. De qualquer maneira é discutido se há diferença entre dolo civil e dolo penal. Porém em ambos os casos o agente procede com intenção de prejudicar. A diferença está em que num caso de dolo se verifica num ato não criminoso, porque a lei não o classifica como delito, e noutro caso se dá num ato classificado como crime. Em ambos os casos, ao agente é exigível a responsabilidade civil. 
COAÇÃO 
               É o constrangimento a uma determinada pessoa, feita por meio de ameaça com intuito de que ela pratique um negócio jurídico contra sua vontade.
O negócio jurídico tem por substrato a manifestação da vontade humana, mas para que ela alcance os efeitos desejados, é mister que ela se externe livre e consciente. Se o querer não se manifestou livremente, o negócio pode ser desfeito, por vicia-lo a coação. NO artigo. 155 subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto."
Para Washington de Barros Monteiro (1988, p.201) especifica a coação como o vício mais profundo que possa afetar o ato jurídico, uma vez que seu impacto o atinge na própria base, a vontade livre do agente. Dispõe o artigo151 ‘’ A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens."                                                  
Coação Absoluta (Vis Absoluta) e Coação Relativa (Vis Compulsiva).
              Vis absoluta, o ato se consegue pela força física, obrigando-se a vítima a assinar um documento, neste sentido não a o consentimento e consequentemente não há ato jurídico. Vis compulsiva vicio da vontade, seu mecanismo envolve uma escolha. A vítima tem como opção ou submeter-se ao ato exigido ou sofrer as consequências do ato ameaçado. 
O artigo 155 diz ‘’ subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto."
ESTADO DE PERIGO
              É quando alguém, premido de necessidade de se salvar ou a outra pessoa de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. O juiz pode também decidir que ocorreu estado de perigo com relação à pessoa não pertencente à família do declarante. 
              No estado de perigo o declarante não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas, pelas circunstâncias do caso concreto, foi obrigada a celebrar um negócio extremamente desfavorável. É necessário que a pessoa que se beneficiou do ato saiba da situação desesperadora da outra pessoa. 
              O artigo 156 ‘‘configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.”
LESÃO              Diante a desproporcionalidade de valores, surge a possibilidade de alegar se lesão. É o juízo que em contratante experimenta quando, em contrato comutativo, não recebe da outra parte, valor igual ao da prestação que forneceu. Art. 157 CC. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
FRAUDE CONTRA CREDORES
                                      Traduz-se fraude contra credores quando o devedor insolvente, ou na iminência de torna-se tal, pratica atos suscetíveis de diminuir seu patrimônio, reduzindo desse modo, a garantia que este presenta para resgate de suas dívidas. 
              Tal fato inspirasse no princípio do Direito das Obrigações, no princípio de que o patrimônio do devedor responde por suas dívidas. No artigo 158 ‘’ os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos."
SIMULAÇÃO É A DECLARAÇÃO ENGANOSA DA VONTADE.
              É a declaração enganosa da vontade, visando obtenção de resultado diverso da finalidade aparente, para iludir terceiros ou burlar a lei. Vale dizer, a simulação é causa autônoma de nulidade do negócio jurídico, diferente dos demais vícios desligando-se da tradição do direito pátrio que a considerava como defeito ligado ao interesse particular das partes. No artigo 167 ‘’ é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma."
§ 1o Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem;
II - contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira;
JURISPRUDÊNCIA
Negócio Jurídico é toda ação ou omissão humana cujos efeitos jurídicos - criação, modificação, conservação ou extinção de direitos - derivam essencialmente da manifestação de vontade, exemplos de negócio jurídico são os contratos os testamentos.
A validade do negócio jurídico exige que esses elementos tenham determinados requisitos ou atributos, qualidades que a lei indica, como a declaração de vontade deve resultar de agente capaz, o objeto deve ser lícito, possível, determinadoou determinável e a forma deve ser conforme à lei. O negócio jurídico, para que seja válido e tornar-se efetivo, necessita de alguns elementos chamados de fundamentais.
 Esses elementos são: Plano da existência; Plano da validade; Plano da eficácia.
Invalidade é o defeito de um ou mais elementos do negócio jurídico. Disso resultando a sua invalidade jurídica. Um negócio jurídico inválido pode se r: nulo, anulável ou inexistente;
REFERÊNCIAS
CARRIDE, Norberto Almeida. Vícios do Negócio Jurídico. São Paulo: Saraiva, 2009.
MATEIRO, Mário Martins. Erro de Direito e Falsa Causa no Negócio Jurídico. Passo Fundo: Ediupf. 2011.
Qual a diferença entre Responsabilidade Civil Contratual de Extracontratual? - Joice de Souza Bezerra
Para se caracterizar a responsabilidade civil é necessário que se coadunem quatro elementos, a saber: a ação ou omissão do agente, a culpa ou o dolo do agente, a relação ou o nexo de causalidade e o dano.
A Responsabilidade Civil Contratual, como o nome mesmo já sugere, ocorre pela presença de um contrato existente entre as partes envolvidas, agente e vítima. Assim, o contratado ao unir os quatro elementos da responsabilidade civil (ação ou omissão, somados à culpa ou dolo, nexo e o consequente dano) em relação ao contratante, em razão do vínculo jurídico que lhes cerca, incorrerá na chamada Responsabilidade Civil Contratual.
Em relação à Responsabilidade Civil Extracontratual, também conhecida como aquiliana, o agente não tem vínculo contratual com a vítima, mas, tem vínculo legal, uma vez que, por conta do descumprimento de um dever legal, o agente por ação ou omissão, com nexo de causalidade e culpa ou dolo, causará à vítima um dano.
Ambas as figuras de responsabilidade civil estão fundamentadas, genericamente, nas palavras do artigo 186 do Código Civil, in verbis :
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Desse modo, pode-se verificar que a única diferença entre as duas figuras de responsabilidade civil encontra-se no fato de a primeira existir em razão de um contrato que vincula as partes e, a segunda surge a partir do descumprimento de um dever legal.
Inadimplemento Contratual
INADIMPLEMENTO CONTRATUAL – PESQUISA
1) Em que casos se pode falar em resilição unilateral do contrato? É possível no contrato de compra e venda?
A resilição unilateral, tratada no artigo 473 do Código Civil, é a modalidade de extinção do contrato que decorre da simples manifestação de vontade de uma das partes para o desfazimento da relação contratual, diferentemente do distrato, o qual exige o consenso de ambas partes para extinção de determinado vínculo.
O direito de resilir unilateralmente um contrato está fundado no princípio de ordem pública, segundo o qual ninguém pode obrigar-se perpetuamente. Por outro lado, questiona-se a figura da resilição unilateral com base no princípio na força obrigatória dos contratos, ou seja, não se poderia desconstituir o vínculo negocial por vontade apenas de um dos contratantes, pois tal fato causaria grande insegurança jurídica nas relações contratuais.
Por isso, a extinção do contrato por ato unilateral está condicionada a autorização legal expressa ou implícita para o exercício de tal ato, independentemente de previsão contratual nesse sentido. A permissão legal expressa para resilição unilateral consta da configuração legal do tipo de contrato, como ocorre com os contratos de depósito e comodato, enquanto a permissão implícita ocorre, em geral, em contratos por tempo indeterminado, pois estes, a princípio, podem ser denunciados a qualquer tempo mediante notificação prévia, uma vez que o engajamento perpétuo agride a liberdade individual.
Dessa forma, ainda que prevejam a possibilidade de resilição unilateral, o entendimento que prevalece nos tribunais é que os contratos celebrados por prazo determinado devem ser honrados até o final do prazo previsto sob pena de indenização a parte denunciante, a não ser em caso de mútuo acordo entre as partes para extinção do vínculo contratual.
No tocante aos contratos de compra e venda, os tribunais tem entendido que o comprador tem o direito de resilir o contrato caso não reúna mais condições financeiras para adimplir o preço acordado no contrato mediante o pagamento de indenização, conforme decisão abaixo do STJ:
“PROMESSA. COMPRA E VENDA. IMÓVEL. DESISTÊNCIA. A jurisprudência deste Superior Tribunal considera ser possível a resilição unilateral do compromisso de compra e venda por iniciativa do promitente comprador se ele não reúne mais as condições econômicas de suportar o pagamento das prestações, o que enseja retenções pelo promitente vendedor de parte das parcelas pagas para compensá-lo pelos custos operacionais da contratação. No caso dos autos, o adquirente do imóvel, devido a problemas de saúde e financeiro, propôs ação de rescisão de contrato cumulada com nulidade de cláusulas e restituição de quantias pagas. A despeito de o colegiado a quo ter consignado que a ré (ora recorrente) não poderia apresentar, na apelação, pedido não deduzido na reconvenção, a discussão quanto à legalidade de cláusula contratual que estipulou a base de cálculo da multa pelo descumprimento do contrato podia ser alegada como matéria de defesa, com o mesmo efeito prático, por não configurar pretensão autônoma a recomendar instauração de nova relação jurídica paralela por meio de reconvenção. Logo, pactuada a venda com o pagamento de arras confirmatórias como sinal, com função de assegurar o negócio jurídico, é de rigor a restituição das arras com seu desfazimento. Outrossim, embora se mostre correta a fixação da multa sobre o montante já pago das prestações (R$ 52.123,58) em vez de incidir sobre o valor total do imóvel, o percentual de 10% sobre esse quantum, destoa da jurisprudência deste Superior Tribunal que tem determinado a retenção de 25%. Com esse entendimento, a Turma deu provimento em parte ao recurso. Precedentes citados: REsp 712.408-MG , DJ 24/3/2008; REsp 489.057-PR , DJ 24/11/2003, e REsp 469.484-MG , DJ 17/12/2007. REsp 907.856-DF , Rel. Min. Sidnei Beneti, julgado em 19/6/2008.”
2) Com base no parágrafo único do art. 473 do CC é possível ao contratante que não deseja o desfazimento do pacto e que fez investimentos consideráveis, pleitear a manutenção do contrato por um certo prazo? Como se analisa essa eventual prorrogação do contrato sem a concordância do outro contratante frente ao princípio da autonomia da vontade?
Ainda que haja a possibilidade de resilição unilateral, a qualquer tempo, em algumas modalidades contratuais, o parágrafo único do artigo 473, dispõe que: “Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos”.
Nesse sentido, entende-se como resilição abusiva, o ato de extinguir um vínculo contratual após pouco tempo da relação negocial, sem ter em vista os investimentos realizados pela outra parte, pois nesse caso o exercício do direito extintivo se apresenta como contrário ao seu fim social e econômico, à boa fé e aos bons costumes.
Nas palavras de Judith Martins-Costa: “Trata-se, portanto, de deveres de adoção de determinados comportamentos, impostos pela boa-fé em vista do fim do contrato (...) dada a relação de confiança que o contrato fundamenta, comportamentos variáveis, com as circunstâncias concretas da situação. Ao ensejar a criação desses deveres, a boa-fé atua como fonte de integração do conteúdo contratual, determinando a sua otimização, independentemente da regulação voluntaristicamente estabelecida”.
Dessa forma, se estivermos diante de um contrato em que um dos contratante tenha realizado altos investimentos, a denúncia feita pela outra parte somente terá efeito após aquele reaver os valores gastos para a execução do disposto contrato, em virtude da obrigação das partes de agiremsegundo os princípios da boa fé, independentemente da previsão dessa conduta nos termos contratuais.
3) O que se entende por caso fortuito e força maior? Trata-se de institutos distintos e são expressões sinônimas ou há diferença entre elas? Quais os seus requisitos?
O Código Civil, no parágrafo único do artigo 393, atribui a ambas expressões uma única e idêntica noção: “O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Apesar disso, há grande debate doutrinário a respeito da distinção - ou não - de tais elementos.
De um lado, como registra Pontes de Miranda, a distinção entre caso fortuito e força maior “só deveria ser feita, só seria importante, se as regras jurídicas a respeito daquela e desse fossem diferentes”, o que não é o caso. Do mesmo modo, afirma Silvio Venosa que não há interesse público na distinção dos conceitos, pois o próprio Código Civil Brasileiro não faz essa distinção.
Por outro lado, como defende Rui Stoco, “em pura doutrina distingüem-se estes eventos dizendo que o caso fortuito é o acontecimento natural, derivado das forças da natureza ou o fato das coisas, como o raio, a inundação, o terremoto ou o temporal. Na força maior há sempre um elemento humano, a ação das autoridades (factum principis), como a revolução, o furto ou roubo, o assalto ou, noutro gênero, a desapropriação”.
Independentemente das divergências doutrinárias, o que importa é compreender que tais institutos têm como requisitos objetivos e subjetivos, respectivamente, a inevitabilidade do acontecimento e a ausência de culpa na produção do evento.
4) Há diferença entre o instituto do caso fortuito e força maior por um lado e, do outro, as teorias que cuidam da revisão ou rescisão por fato superveniente (cláusula rebus sic stantibus, imprevisão, base do negócio e excessiva onerosidade)?
Sim. As teorias que cuidam da revisão ou rescisão do contrato por fato superveniente consistem no reconhecimento de que a ocorrência de acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes e a elas não imputáveis, refletindo sobre a economia ou na execução do contrato, autorizam sua revisão para ajustá-lo às circunstâncias supervenientes.
Tais teorias partem do pressuposto de que os contratantes não podem prever determinadas circunstâncias supervenientes que não fossem do risco esperado do negócio.
Nos termos do artigo 478 do Código Civil de 2002: “Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação”.
Como explicitado, a teoria da imprevisão apesar de tratar da inexecução de obrigações, não possui semelhanças com a força maior ou caso fortuito, tendo em vista que no caso fortuito e na força maior os efeitos não são de desequilíbrio econômico-contratual, e sim referentes ao objeto que é prestado, isto é, à coisa devida, a qual pode se perder (impossibilidade total) ou deteriorar (impossibilidade parcial).
Se o caso fortuito ou a força maior trouxerem a deterioração da coisa devida, o devedor será eximido apenas da parte que se deteriorou, não sendo integralmente liberado da obrigação por motivo de força maior ou de caso fortuito. Se a coisa devida se perder, a obrigação se extingue por completo, e o devedor será totalmente eximido. Nota-se, portanto, que não há a possibilidade de haver revisão judicial do contrato nesses casos, pois a condição sine qua non para ocorrer revisão contratual por via judicial é haver desequilíbrio econômico-contratual, fato que não ocorre no caso fortuito e na força maior.
5) Qual a diferença entre inadimplemento e mora?
O inadimplemento de uma obrigação poderá ser absoluto ou relativo. O inadimplemento será absoluto nos casos em que a obrigação não for cumprida em tempo, lugar e forma convencionados e não mais poderá sê-lo como, por exemplo, no caso de um cantor contratado para um evento que deixa de comparecer no dia do evento. Nesse caso, ainda que o canto se disponha a aparecer no dia seguinte não há interesse para o contratante.
Por sua vez, no inadimplemento relativo (mora), apesar do descumprimento da obrigação, tal obrigação ainda poderá ser cumprida com utilidade para outra parte, como é o caso, por exemplo, do pagamento de obrigações em dinheiro que será sempre útil ao credor.
Dessa forma, podemos concluir que a diferença entre os dois conceitos não está relacionada a possibilidade de seu cumprimento, mas sim ao aspecto da utilidade para o credor, de acordo com o critério a ser aferido em cada caso de modo quase objetivo.
A importância na distinção de tais conceitos está relacionada aos efeitos de cada inadimplemento, pois havendo a possibilidade ser cumprida a obrigação, poderá haver a purgação da mora, o que não ocorre nos casos em que não há essa possibilidade (inadimplemento absoluto), casos em que deverá haver indenização por perdas e danos. Nesse sentido:
RESOLUÇÃO – PROMESSA DE COMPRA E VENDA – INADIMPLÊNCIA – MORA – PURGA DE MORA – INTERPELAÇÃO – IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – Não se operará a resolução do contrato de promessa de compra e venda de imóveis, por inadimplemento do comprador, sem que antes lhe seja oferecida oportunidade para emenda da mora, nos exatos termos do artigo 1º do Decreto-lei 745/69 e do artigo 32 da lei nº 6.766/79. O inadimplemento absoluto somente se configurará, se transcorrido, in albis, o prazo concedido para purga de mora. (TAMG – Ap. Civil Acórdão 0393046-1, 21-10-2003, 2º Câmara Cívil – Rel. Pereira da Silva).
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. INDENIZAÇÃO.
1. Testemunha não contraditada no momento oportuno, qual seja, após a qualificação e antes do início do depoimento. Preclusão.
2. Requerida contratada para a cobertura fotográfica do casamento dos autores. Demandada que, mesmo informada da mudança do local do evento, não compareceu. Inadimplemento absoluto do contrato. Dever de indenizar configurado. Indenização por danos morais fixada de acordo com os critérios de razoabilidade e moderação, em atenção ao binônimo reparação-reprimenda. Sentença mantida. Recurso não provido.
(TJ/SP – Ap. Cívil nº 0142499- 37.2005.8.26.0000, 24-09-2011, 25º Câmara de Direito Privado – Rel. Marcondes D’Angelo)
6) O que se entende por adimplemento substancial? (ver julgados a respeito).
Conforme dispõe o artigo 475 do Código Civil, no caso de descumprimento de obrigação contratual, “a parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos”. Entretanto, a doutrina e a jurisprudência têm admitido o reconhecimento do adimplemento substancial, segundo o qual o credor fica impedido de rescindir o contrato, caso haja cumprimento de parte essencial da obrigação assumida pelo devedor; porém, não perde o direito de obter o restante do crédito, podendo ajuizar ação de cobrança para tanto.
Da mesma forma, conforme definido por Clóvis Veríssimo do Couto e Silva, o adimplemento substancial constitui “um adimplemento tão próximo ao resultado final, que, tendo-se em vista a conduta das partes, exclui-se o direito de resolução, permitindo tão somente o pedido de indenização” e/ou de adimplemento, de vez que aquela primeira pretensão viria a ferir o princípio da boa fé.
Nesse sentido:
DIREITO CIVIL. CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL PARA AQUISIÇAO DE VEÍCULO (LEASING). PAGAMENTO DE TRINTA E UMA DAS TRINTA E SEIS PARCELAS DEVIDAS. RESOLUÇAO DO CONTRATO. AÇAO DE REINTEGRAÇAO DE POSSE. DESCABIMENTO. MEDIDAS DESPROPORCIONAIS DIANTE DO DÉBITO REMANESCENTE. APLICAÇAO DA TEORIA DO ADIMPLEMENTO SUBSTANCIAL.
1. É pela lente das cláusulas gerais previstas no Código Civil de 2002, sobretudo a da boa-fé objetiva e da função social, que deve ser lido o art. 475, segundo o qual "[a] parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, senão preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos".
2. Nessa linha de entendimento, a teoria do substancial adimplemento visa a impedir o uso desequilibrado do direito de resolução por parte do credor, preterindo desfazimentos desnecessários em prol da preservação da avença, com vistas à realização dos princípios da boa-fé e da função social do contrato.
3. No caso em apreço, é de se aplicar a da teoria do adimplemento substancial dos contratos, porquanto o réu pagou: "31 das 36 prestações contratadas, 86% da obrigação total (contraprestação e VRG parcelado) e mais R$ 10.500,44 de valor residual garantido". O mencionado descumprimento contratual é inapto a ensejar a reintegração de posse pretendida e, consequentemente, a resolução do contrato de arrendamento mercantil, medidas desproporcionais diante do substancial adimplemento da avença.
4. Não se está a afirmar que a dívida não paga desaparece, o que seria um convite a toda sorte de fraudes. Apenas se afirma que o meio de realização do crédito por que optou a instituição financeira não se mostra consentâneo com a extensão do inadimplemento e, de resto, com os ventos do Código Civil de 2002. Pode, certamente, o credor valer-se de meios menos gravosos e proporcionalmente mais adequados à persecução do crédito remanescente, como, por exemplo, a execução do título.
5. Recurso especial não conhecido.
(STJ – Recurso Especial nº 1.051.270 – 05/09/2011 – Rel. Ministro Luis Felipe Salomão)
No caso apresentado entende-se que o inadimplemento poderá ser relativizado tendo em vista a preservação da função social do contrato e da boa fé objetiva, devendo ser observado, contudo, que a doutrina do adimplemento substancial só deve ter aplicação na hipótese de, objetivamente, poder-se constatar que os interesses do credor, a despeito do inadimplemento do devedor, foram atendidos na relação contratual.
No mesmo sentido, o ministro do STJ Paulo de Tarso Sanseverino defende que, “no plano do direito das obrigações, a boa-fé objetiva apresenta-se, especialmente, como um modelo ideal de conduta, que se exige de todos integrantes da relação obrigacional (devedor e credor) na busca do correto adimplemento da obrigação, que é a sua finalidade última”.
Com base nestas premissas, pode-se dizer que, para a configuração do adimplemento substancial, são necessários os seguintes pressupostos (i) cumprimento expressivo do contrato; (ii) prestação realizada que atenda à finalidade do negócio jurídico; (iii) boa-fé objetiva na execução do contrato; (iv) preservação do equilíbrio contratual; (v) ausência de enriquecimento sem causa e de abuso de direito, de parte a parte. Dessa forma, podemos concluir que embora não seja expressamente prevista no Código Civil, a teoria do adimplemento substancial tem sido aplicada em muitos casos pelos tribunais desde que preenchidos os requisitos acima mencionados.
7) O que é o cumprimento imperfeito, defeituoso ou ruim?
O cumprimento defeituoso, considerado como uma espécie de inadimplemento, é caracterizado pelo cumprimento da prestação com defeitos, não correspondendo integra ou exatamente ao conteúdo obrigacional, tendo como principais requisitos (i) o cumprimento da prestação; (ii) o defeito na prestação, ou seja, uma correspondência entre o que se estipulou e o que se obteve; e (iii) a substancialidade do defeito, ou seja, tal discrepância no cumprimento deve ser relevante juridicamente
Nesse sentido:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MATERIAIS E LUCROS CESSANTES
- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - Publicação de
anúncio em guia próprio de classificados - Veiculação via internet que não desobriga a forma contratada - Cumprimento imperfeito da obrigação - Dever de indenizar limitado à devolução do valor pago, na forma fixada pela sentença – Lucros cessantes afastados por ausência de descrição dos prejuízos sofridos - Sentença nesta parte reformada - PRELIMINAR REJEITADA – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
(TJSP – Apelação 1398474720058260000 – 14/09/2011 – Rel. Antonio Nascimento)
A decisão acima, por exemplo, trata do cumprimento imperfeito da obrigação de publicar um anúncio, tendo em vista que a empresa contratada publicou o anúncio da contratante apenas na internet o que, nos termos do contrato, seria apenas um bônus a contratante, enquanto a obrigação principal, que consistia na publicação em papel, não foi cumprida.
8) O devedor em mora (por culpa sua), posteriormente afetado por um fato superveniente, imprevisível, extraordinário, que torne a sua prestação excessivamente onerosa, com benefício extra ao outro contratante, pode invocar o disposto no art. 478 do CC?
A Teoria da Imprevisão, prevista no artigo 478 do Código Civil prevê a possibilidade de resolução por parte do devedor ou revisão do contrato, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra parte, devido a um acontecimento extraordinário e imprevisível.
Os fatos causadores de onerosidade devem desvincular-se de uma atividade do devedor, portanto, deve-se verificar a ausência de culpa do obrigado. Para a doutrina, o devedor em mora não pode invocar o disposto no artigo 478. No entanto, conforme ensinamentos de Silvio Venosa, o devedor somente pode-se beneficiar da revisão se não estiver em mora no que diga respeito ao cumprimento das cláusulas contratuais não atingidas pela imprevisão, isto porque o inadimplemento poderá ter ocorrido justamente pela incidência do fenômeno. Portanto, não seria possível considerar, nesse caso, em mora o devedor se a falta não lhe é imputável.
Neste sentido,
EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. INEXISTÊNCIA DE PROVA
QUANTO AO CUMPRIMENTO DA AVENÇA. ALEGAÇÃO DE NÃO SER A CREDORA DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO REGULARMENTE ESTABELECIDA. IRRELEVÂNCIA. EXISTÊNCIA DE PREVISÃO CONTRATUAL EXPRESSA NO SENTIDO DE QUE OS COMBUSTÍVEIS SERIAM ENTREGUES A TERCEIROS. EXCESSIVA ONEROSIDADE SUPERVENIENTE. INOCORRÊNCIA. ALEGAÇÃO DE CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. INEXISTÊNCIA DE PROVA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO À TAXA LEGAL MULTA CONTRATUAL. REDUÇÃO NOS TERMOS DO ART. 413 DO CÓDIGO CIVIL.
1. As partes foram intimadas para se manifestarem sobre eventual requerimento de provas a serem produzidas, ocasião em que a recorrente peticionou nos autos solicitando o imediato julgamento do feito ((fls. 284/285 e 288). Desta forma, não lhe assiste razão quanto à necessidade de efetuar-se comparativo entre os recibos acostados à inicial dos embargos e as planilhas anexadas pela recorrida na inicial da ação executiva, incidindo, portanto, a regra do art. 333, I, do CPC.
2. Outrossim, não assiste razão à recorrente quando afirma que a recorrida, por não ser empresa distribuidora de petróleo regularmente estabelecida e, logo, não dispunha de licença e notas fiscais para a entrega do produto, utilizasse, portanto, de outras pessoas jurídicas para retirar o produto contratado. De fato, a recorrida destaca não ser efetivamente uma distribuidora de combustíveis, havendo no contrato cláusula contratual dispondo expressamente que as emissões de notas seriam realizadas em nome de distribuidora regularmente constituída.
3. Não constam dos autos elementos que demonstrem qualquer influência da crise financeira de 2008 na execução do contrato entabulado entre as partes. Além disso, embora exista discussão na doutrina sobre a possibilidade de o devedor em mora se valer do art. 478 e seguintes do Código Civil, “não se pode outorgar um benefício à parte que acabou por dar causa à onerosidade excessiva, já que, se ela não estivesse em mora, pelo menos as prestações anteriores à alteração das circunstâncias estariam adimplidas”. Mesmo se pressuposto que a aludida crise influenciou na execução do contrato, a devedora deixou de cumprir o contrato desde abril de 2007, portanto, mais de um ano antes do início da crise de 2008.
4. A recorrente não apontou previsão contratual de capitalização de juros, não juntou à inicial dos embargos cálculos que apontassem estar a devedora computando jurossobre juros e sequer requereu a produção de prova pericial. Desse modo, não houve a demonstração da alegação de ocorrência de capitalização de juros.
5. Assiste razão à recorrente quanto à necessidade de limitação dos juros pactuados ao limite de 12% (doze por cento) ao ano, pois a recorrida não é instituição financeira. Desta forma, esta não pode exigir juros remuneratórios de 1,9% (um vírgula nove por cento) ao mês pela antecipação do preço da compra.
6. No entanto, incide a multa de 10% (dez por cento), a qual, porém, não pode abranger todo o valor investido, referindo-se apenas aos valores dos combustíveis que não foram entregues na data aprazada.
7. Deu-se parcial provimento ao recurso, para reduzir o valor dos juros remuneratórios a 12% (doze por cento) ao ano e limitar a incidência de multa ao valor dos combustíveis não entregues nas datas aprazadas.
(73353820098260428 SP 0007335-38.2009.8.26.0428, Relator: Artur Marques, Data de Julgamento: 17/09/2012, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/09/2012)
9) O que se entende por obrigação de meio e de resultado? Qual é a utilidade desta classificação doutrinária? Exemplificar. Perde ela importância diante da possibilidade de inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII do CDC?
Segundo os ensinamentos de Silvio Venosa, as obrigações de meio são aquelas nas quais o devedor compromete-se somente em empregar os meios apropriados de seu mister, para determinada atividade, o que permitirá ao credor “esperar” um resultado satisfatório, podendo ocorrer que esse bom resultado não seja alcançado. A obrigação não consiste no resultado, mas sim no emprego das melhores técnicas e diligências no processo de obtenção do resultado. Um médico, por exemplo, tem a obrigação de empregar as melhores técnicas para cuidar de um paciente, mas não pode garantir sua cura. Da mesma forma, um advogado deve cuidar do caso de seu cliente com zelo, mas não poderá garantir o ganho da causa. Nas obrigações de meio, deve ser aferido se o devedor empregou boa diligência no cumprimento da obrigação.
Nas obrigações de resultado, o devedor se compromete com determinado resultado, portanto, o que importa é se o resultado foi alcançado ou não. Assim sendo, o resultado específico é da essência do contrato. Sem ele, a obrigação não será cumprida. Por exemplo, será obrigação de resultado um contrato com um pintor para a execução de uma obra de determinado tema.
Conforme definiu o Ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça,
RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRATAMENTO ODONTOLÓGICO. APRECIAÇÃO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. INVIABILIDADE. TRATAMENTO ORTODÔNTICO. EM REGRA, OBRIGAÇÃO CONTRATUAL DE RESULTADO. REEXAME DE PROVAS. INADMISSIBILIDADE.
1. As obrigações contratuais dos profissionais liberais, no mais das vezes, são consideradas como "de meio", sendo suficiente que o profissional atue com a diligência e técnica necessárias, buscando a obtenção do resultado esperado. Contudo, há hipóteses em que o compromisso é com o "resultado", tornando-se necessário o alcance do objetivo almejado para que se possa considerar cumprido o contrato.
2. Nos procedimentos odontológicos, mormente os ortodônticos, os profissionais da saúde especializados nessa ciência, em regra, comprometem-se pelo resultado, visto que os objetivos relativos aos tratamentos, de cunho estético e funcional, podem ser atingidos com previsibilidade.
3. O acórdão recorrido registra que, além de o tratamento não ter obtido os resultados esperados, "foi equivocado e causou danos à autora, tanto é que os dentes extraídos terão que ser recolocados". Com efeito, em sendo obrigação "de resultado", tendo a autora demonstrado não ter sido atingida a meta avençada, há presunção de culpa do profissional, com a consequente inversão do ônus da prova, cabendo ao réu demonstrar que não agiu com negligência, imprudência ou imperícia, ou mesmo que o insucesso se deu em decorrência de culpa exclusiva da autora.
4. A par disso, as instâncias ordinárias salientam também que, mesmo que se tratasse de obrigação "de meio", o réu teria "faltado com o dever de cuidado e de emprego da técnica adequada", impondo igualmente a sua responsabilidade.
5. Recurso especial não provido.
(1238746 MS 2010/0046894-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 18/10/2011, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 04/11/2011)
Essa qualificação doutrinária é importante, pois quando se apura o descumprimento da obrigação, é fundamental verificar se trata-se de uma obrigação de meio ou resultado, uma vez que nas obrigações de resultado, a inexecução implica em falta contratual e a culpa do devedor será presumida. Por sua vez, nas obrigações de meio, o descumprimento deve ser examinado na conduta do devedor, de modo que a culpa não poderá ser presumida, cabendo ao credor o ônus da prova.
A classificação doutrinária das obrigações não perde importância diante da possibilidade de ônus da prova, nos termos do artigo 6º, VIII, do CDC. Diante da dificuldade probatória, o juiz poderá inverter ao ônus da prova. Neste caso, não caberá ao consumidor/credor provar que o profissional/devedor contratado agiu com culpa em uma obrigação de meio, mas sim o próprio profissional deverá provar que não agiu com culpa.
Neste sentido:
Ação de Indenização - Erro médico -Inversão do ônus da prova - Laudo pericial que não aponta qualquer culpa do cirurgião que realizou os procedimentos com correta aplicação da técnica disponível - Obrigação de meio onde se exige que o profissional aplique sua experiência e os meios técnicos indicados, com os habituais cuidados - Intercorrência possível e admitida como risco do procedimento que era o mais indicado - Inexistência de responsabilidade -Hospital - Relação jurídica contratual com o médico que não age sob subordinação ou preposição que é autônoma em relação ao paciente - Relação com o paciente de natureza objetiva - Má prestação de serviços - Dano causado que deve ser indenizado -Condenação reduzida - Recurso interposto pelo médico provido integralmente e parcialmente provido aquele interposto pelo hospital.
(9192377642008826 SP 9192377-64.2008.8.26.0000, Relator: Luiz Antonio Costa, Data de Julgamento: 23/11/2011, 7ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 29/11/2011)
10) A empresa A vende para a empresa B determinadas mercadorias, ficando estipulado que os bens seriam entregues ao transportador indicado pelo comprador no dia 10 de março. Por problemas na produção, a vendedora só consegue entregar as mercadorias no navio transportador no dia seguinte ao previsto e, devido a uma tempestade em alto mar, os bens transportados são totalmente danificados. Pode A, para se isentar da responsabilidade, alegar a ocorrência de força maior?
A empresa A não pode alegar ocorrência de força maior para se isentar da responsabilidade, pois estava em mora com a empresa B. De acordo com o artigo 399 do Código Civil, o devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, mesmo que oriunda de caso fortuito ou força maior, desde que estes ocorram durante o atraso, exceto se provar isenção de culpa ou que o dano sobreviveria ainda que a obrigação fosse oportunamente desempenhada. Nas palavras de Silvio Venosa “quando o devedor está em mora, é atingido pela responsabilização, mesmo com as excludentes do caso fortuito e da força maior”.
Portanto, a simples alegação de ocorrência de força maior não seria suficiente para a empresa A se isentar da responsabilidade, devendo, para este fim, provar isenção de culpa ou que o dano ocorreria mesmo que a carga tivesse sido entregue ao navio transportador no prazo acordado.
Neste sentido:
Execução por título extrajudicial. Contrato de arrendamento mercantil. Força executiva reconhecida. Furto do veículo. Arrendatário que se obrigou a instituir seguro sobre o bem e não o fez. Inaplicabilidade da alegação de caso fortuito, já que ao devedor em mora não se aplica a regra do "res perit creditori", mas a da "perpetuatio obligationis". Embargos desacolhidos.Apelação provida.
(86434720118260038 SP 0008643-47.2011.8.26.0038, Relator: Arantes Theodoro, Data de Julgamento: 26/07/2012, 36ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 27/07/2012)
APELAÇAO CÍVEL AÇAO DE COBRANÇA - CASO FORTUITO - CLÁUSULA CONTRATUAL - PARTE FINAL DO ART. 393, CAPUT DO CC/02 - AUSÊNCIA DE PROVA - ART. 333, II, DO CPC - CASO FORTUITO NA OCORRÊNCIA DA MORA - ART. 399 DO CC/02 - SENTENÇA MANTIDA. Podem as partes estabelecerem outros requisitos para a caracterização da ausência de responsabilidade na ocorrência de caso fortuito. Inteligência da parte final do caput do art. 393 do CC/02.2) O ônus da prova cabe ao réu quanto a existência de fato impeditivo, modificativo, ou extintivo do direito do autor. Art. 333, II do CPC.3). O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou força maior, se estes ocorrerem durante o atraso. Primeira parte do art. 399 do CC/02.3. Recurso ao qual nega-se provimento.
(24070029558 ES 024070029558, Relator: JOSENIDER VAREJÃO TAVARES, Data de Julgamento: 14/04/2009, TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 04/05/2009)
11) Quando se fala em indenização, o que se entende por danos emergentes e lucros cessantes? Com a leitura do art. 403 do CC, o que se entende por “prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual”?
Segundo Silvio Venosa, o lucro cessante consiste naquilo que o credor razoavelmente deixou de lucrar, sendo o critério do razoável examinado em cada caso concreto pelo juiz para que a indenização não se converta em enriquecimento do credor. Por sua vez, danos emergentes consistem na efetiva diminuição do patrimônio do credor, a quem incumbe a prova do montante que perdeu.
Com a leitura do artigo 403 do Código Civil, entende-se que prejuízos efetivos são os prejuízos reais, devidamente provados pelo credor e não prejuízos hipotéticos, em razão da impossibilidade jurídica de reparar o dano hipotético no ordenamento jurídico brasileiro. Ao utilizar a expressão “direto e imediato”, o legislador faz referência à Teoria do Dano Direto e Imediato, que dispõe que o dever de indenizar surge quando o evento danoso é efeito direto e imediato de certa causa. A causa direta e imediata nem sempre será a causa mais próxima do dano, mas aquela que necessariamente o causou.
Neste sentido:
RESPONSABILIDADE CIVIL. Dano moral. Suicídio cometido em linha de trem da CPTM. Pretendida indenização por familiares contra ex-empregadora da vítima sob o fundamento de que esta teria tido problemas psicológicos após demissão injusta. Dano direto e imediato não configurado. Nexo causal não caracterizado. Ação improcedente. Ratificação dos fundamentos da sentença (art. 252, do RITJSP/2009). Recurso desprovido.
(9241168692005826 SP 9241168-69.2005.8.26.0000, Relator: Luiz Antonio de Godoy, Data de Julgamento: 04/10/2011, 1ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/10/2011)
RESPONSABILIDADE CIVIL Comunicação de fato delituoso, bem como de suspeita de sua autoria, pelo agente de segurança do estabelecimento requerido, à autoridade policial Autor, que se encontrava nas imediações do local, abordado por policiais - Adoção pelo Código Civil de 2002 da teoria do dano direto e imediato. Impossibilidade de sujeitar o autor do dano a todas as nefastas consequências do seu ato, quando já não ligadas a ele diretamente. Necessidade de existência de uma relação de causa e efeito direta e imediata entre o fato e o dano. Ocorrência do fato (comunicação de crime) que não foi apta a produzir o dano (abordagem do requerente por policiais). Nexo causal inexistente. Sentença de improcedência mantida Recurso desprovido. Código Civil
(415362120058260000 SP 0041536-21.2005.8.26.0000, Relator: Luiz Antonio de Godoy, Data de Julgamento: 04/10/2011, 1ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 05/10/2011)
12) Numa ação de indenização por descumprimento do contrato ou mora, é possível se incluir um pedido de ressarcimento pelos gastos com o advogado contratado para a propositura da ação? Procurar julgados nos dois sentidos.
A doutrina e a jurisprudência divergem sobre a possibilidade de incluir um pedido de ressarcimento pelos gastos com advogado contratado para propositura de ação de indenização por descumprimento do contrato ou mora.
A parte contrária ao pedido entende que a possibilidade de ressarcimento abriria oportunidades para que pessoas de má-fé utilizassem tal expediente de forma ardilosa, obtendo o enriquecimento sem causa. Ainda segundo este entendimento, a relação contratual decorre do que foi combinado entre o advogado e seu cliente, não podendo, portanto, a parte vencida ser obrigada a ressarcir os gastos com o advogado da outra parte, mesmo que tenha indevidamente dado ensejo à lide.
O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP) já decidiu neste sentido:
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INDENIZAÇÃO - DANO MORAL - COBRANÇA DE VALORES INDEVIDOS - MEROS DISSABORES - DEVOLUÇÃO EM DOBRO - ARTIGO 42 DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - RAZOABILIDADE - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS - VALOR INCLUÍDO NA CONDENAÇÃO - INADMISSIBILIDADE. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
1. Os transtornos narrados estão inseridos dentro do piso de tolerabilidade que todos os que vivem em sociedade estão dispostos, daí não decorrendo qualquer dano a ser indenizado. Além disso, a devolução em dobro dos valores cobrados, teve o fim sancionatório (desestimulando o autor do ilícito a reincidir no ato danoso) sem constituir modo de enriquecimento indevido.
2. Os honorários convencionais derivam do mandato e devem ser despendidos pela parte que contrata o profissional, e não se confunde com os encargos da sucumbência. A convenção sobre honorários advocatícios contratuais decorre do que foi estabelecido entre o patrono e seu constituinte. Daí advém tal obrigação. A parte vencida não pode ser obrigada a ressarcir este montante, ainda quando indevidamente tenha dado ensejo à lide.
3. Recurso parcialmente provido.
(9254035942005826 SP 9254035-94.2005.8.26.0000, Relator: Artur Marques, Data de Julgamento: 29/08/2011, 35ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 30/08/2011)
Por sua vez, a parte favorável ao pedido de ressarcimento entende que o Código Civil de 2002 determina, expressamente, que os honorários advocatícios contratuais integram os valores devidos a título de perdas e danos, devendo ser ressarcidos pela parte que deu causa ao processo. Nas palavras da Ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ):
O Código Civil de 2002 – nos termos dos arts. 389, 395 e 404 – determina, de forma expressa, que os honorários advocatícios integram os valores devidos a título de reparação por perdas e danos. Os honorários mencionados pelos referidos artigos são os honorários contratuais, pois os sucumbenciais, por constituírem crédito autônomo do advogado, não importam em decréscimo patrimonial do vencedor da demanda. Assim, como os honorários convencionais são retirados do patrimônio da parte lesada – para que haja reparação integral do dano sofrido – aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos com os honorários contratuais.
O entendimento favorável ao ressarcimento com gastos advocatícios incorridos pela parte que não deu causa ao processo prevalece no STJ, que já decidiu que “aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos pela outra parte com honorários contratuais, que integram o valor devido a título de perdas e danos”.
CIVIL E PROCESSUAL CIVIL - VALORES DESPENDIDOS A TÍTULO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAIS - PERDAS E DANOS - PRINCÍPIO DA RESTITUIÇÃO INTEGRAL
1. Aquele que deu causa ao processo deve restituir os valores despendidos pela outra parte com os honorários contratuais, que integram o valor devido a título de perdas e danos, nos termos dos arts. 389, 395 e 404 do CC/02.
2. Recurso especial a que se nega provimento.
(STJ - REsp 1.134.725 - (2009/0067148-0) - 3ª T. - Relª Minª Nancy Andrighi- DJe 24.06.2011 - p. 1904)
Não obstante a decisão supracitada contrária ao ressarcimento emitida pelo TJSP, o referido Tribunal já emitiu decisão favorável ao ressarcimento de honorários advocatícios pela parte que injustamente deu causa ao processo:
Honorários advocatícios contratuais. Contratação de advogado para o ajuizamento de ação em virtude de negativa de cobertura por plano de saúde, a qual foi julgada parcialmente procedente, reconhecendo o descumprimento contratual, afastando apenas a indenização por danos morais. Relação contratual existente, imputando-se à ré a obrigação de ressarcimento dos honorários contratuais a título de perdas e danos. Recurso provido.
(120096020118260114 SP 0012009-60.2011.8.26.0114, Relator: Maia da Cunha, Data de Julgamento: 11/10/2012, 4ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 17/10/2012)
13) É cabível indenização por dano moral em caso de inadimplemento ou mora no cumprimento da obrigação?
A princípio, o inadimplemento contratual, por si só, não enseja danos morais, uma vez que o simples inadimplemento gera mero aborrecimento, sem se configurar uma ofensa anormal à personalidade ou reputação da outra parte. Nas palavras de Silvio Venosa “geralmente, o descumprimento de um contrato não leva a um dano moral. E o dano moral é exatamente isso, um prejuízo que não afeta o patrimônio econômico, mas afeta a mente, a reputação da vítima”.
O entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai ao encontro dos ensinamentos de Silvio Venosa:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL EM
CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AUTOMÓVEL. DANO MORAL NÃO COMPROVADO. SÚMULA N. 7/STJ. RECURSO DESPROVIDO.
1. O recurso especial não comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos autos (Súmula n. 7/STJ).
2. A caracterização do dano não se satisfaz apenas pelo inadimplemento contratual. Precedentes.
3. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 103.684/MA, DJe 31/08/2012, 4ª Turma, Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira)
Ainda segundo o entendimento do STJ, nas palavras do Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira,
“O inadimplemento do contrato, por si só, pode acarretar danos materiais e indenização por perdas e danos, mas, em regra, não dá margem ao dano moral, que pressupõe ofensa anormal à personalidade. Embora a inobservância das cláusulas contratuais por uma das partes possa trazer desconforto ao outro contratante – e normalmente o traz – trata-se, em princípio, do desconforto a que todos podem estar sujeitos, pela própria vida em sociedade”.
(RESP 338162/MG, DJU de 18.2.2002, 4ª Turma, Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira)
No entanto, em caráter de exceção, a indenização por danos morais pode ser cabível em casos específicos, tais como o inadimplemento contratual por parte de planos de saúde ou em outros casos nos quais a inadimplência gera um dano ao indivíduo que extrapole o mero aborrecimento, pois, como afirma Venosa “o desconforto anormal, que ocasiona transtornos à vida do indivíduo, por vezes, configura dano indenizável, como, por exemplo, o atraso ou cancelamento de um voo ou um título de crédito indevidamente protestado”. Essa posição vai ao encontro da jurisprudência do STJ, que considera o dano moral por inadimplemento contratual cabível em determinados casos, como exceção, desde que presentes circunstâncias que extrapolem o mero aborrecimento, conforme entendimentos dos julgados a seguir:
Civil. Recurso Especial. Ação de indenização por danos materiais e morais. Embargos de declaração. Omissão, contradição ou obscuridade. Não indicação. Súmula 284/STF. Inadimplemento de contrato de compra e venda de casa pré-fabricada. Ausência de mero inadimplemento contratual. Violação ao princípio da dignidade da pessoa humana. Danos morais. Ocorrência.- A recorrente celebrou com a recorrida contrato de compra e venda de um "kit de casa de madeira", pagando-lhe à vista o valor acordado, sendo que, após alguns meses, pouco antes da data prevista para a entrega da casa, a recorrente foi informada, por terceiros, que a recorrida inadimpliu o contrato.- Conquanto a jurisprudência do STJ seja no sentido de que o mero inadimplemento contratual não ocasiona danos morais, tal entendimento, todavia, deve ser excepcionado nas hipóteses em que da própria descrição das circunstâncias que perfazem o ilícito material é possível extrair consequências bastante sérias de cunho psicológico, que são resultado direto do inadimplemento culposo.- No presente processo, o pedido de compensação por danos morais declinado pela recorrente não tem como causa o simples inadimplemento contratual, mas também do fato de a recorrida ter fechado suas instalações no local da contratação (Estado do Rio de Janeiro) sem lhe dar quaisquer explicações a respeito de seu novo endereço e/ou da não construção do imóvel.- Essa particularidade é relevante, pois, após a recorrente ter frustrado o seu direito de moradia, pelo inadimplemento do contrato de compra e venda de casa pré-moldada, o descaso da recorrida agravou a situação de angústia da recorrente.- A conduta da recorrida violou, portanto, o princípio da dignidade da pessoa humana, pois o direito de moradia, entre outros direitos sociais, visa à promoção de cada um dos componentes do Estado, com o insigne propósito instrumental de torná-los aptos de realizar os atributos de sua personalidade e afirmar a sua dignidade como pessoa humana.- Diante dessas circunstâncias que evolveram o inadimplemento contratual, é de se reconhecer, excepcionalmente, a ocorrência de danos morais. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(1025665 RJ 2008/0017773-8, Relator: Ministra Nancy Andrighi, Data de Julgamento: 23/03/2010, T3 – Terceira Turma, Data de Publicação: DJe 09/04/2010)
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. RECUSA INDEVIDA DE COBERTURA. ABUSIVIDADE. DANO MORAL.
- Embora geralmente o mero inadimplemento contratual não seja causa para ocorrência de danos morais, é reconhecido o direito à compensação dos danos morais advindos da injusta recusa de cobertura de seguro saúde, pois tal fato agrava a situação de aflição psicológica e de angústia no espírito do segurado, uma vez que, ao pedir a autorização da seguradora, já se encontra em condição de dor, de abalo psicológico e com a saúde debilitada.
- Agravo não provido.
(AgRg no REsp 1290051/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 26/11/2012)
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA. INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.
SÚMULAS 5 E 7 DO STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. INOCORRÊNCIA.
DANO MORAL. JUROS DE MORA. TEMPUS REGIT ACTUM. ENTENDIMENTO PACIFICADO NA JURISPRUDÊNCIA DO STJ.
1. A conclusão do Tribunal Estadual, sobre a responsabilidade da recorrente na condição de incorporadora do empreendimento, decorreu da análise dos elementos fático-probatórios dos autos, bem como da interpretação dos pactos celebrados entre as partes e demais interessados. Entender de forma diversa implicaria na necessária incursão na seara fática para reexame de provas e interpretação de cláusula contratual, conduta vedada em sede de recurso especial, ante o óbice das Súmulas 5 e 7/STJ.
2. "A incidência da referida Súmula desta Corte impede o exame de dissídio jurisprudencial, na medida em que falta identidade entre os paradigmas apresentados e os fundamentos do acórdão, tendo em vista a situação fática do caso concreto, com base na qual deu solução à causa a Corte de origem". (AgRg no AREsp 62.120/PE, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 13/12/2011, DJe 19/12/2011)
3. As instâncias ordinárias chegaram à conclusão de que a ocorrência de dano moral, no caso, decorreu do não-cumprimento de contrato de promessa de compra e venda de imóvel, cujo atraso trouxe tensão, ansiedade, angústia e desequilíbrio no estado emocional, circunstâncias que extrapolam o meroaborrecimento.A valoração pretendida pela recorrente, em relação ao dano moral, é vedada pela Súmula 7/STJ.
4. É firme a jurisprudência do STJ no sentido de que os juros (de mora) legais devem ser fixados à taxa de 0,5% ao mês, no período anterior ao início da vigência do novo Código Civil, art. 1062 do CC/1916, e, posteriormente, regidos pelo disposto no artigo 406 do CC/2002. Precedentes.
5. Agravo regimental a que se nega provimento
(AgRg no Ag 1161069/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe 24/02/2012)
14) O que se entende por responsabilidade pré-contratual ou culpa in contrahendo? Qual a ligação deste instituto com a boa-fé objetiva?
A responsabilidade pré-contratual, ou culpa in contrahendo, corresponde à obrigação de indenizar surgida anteriormente à conclusão de um negócio jurídico.
Segundo Silvio Venosa, há duas hipóteses de responsabilidade pré-contratual: a recusa de contratar e o rompimento de negociações preliminares. A recusa de contratar se insere no âmbito sociológico. Em sociedade, cada um exerce uma atividade para suprir necessidade dos outros, que não podem satisfazê-las. Assim sendo, o vendedor de determinada mercadoria, ou prestador de serviços, validamente estabelecidos, desempenham uma função social relevante. Fornecem bens e serviços à sociedade e estão obrigados a fazê-los, se essa foi a atividade escolhida para seu mister. A recusa injustificada na venda ou prestação do serviço constitui ato que se insere no campo do abuso de direito. Essa conduta, portanto, extravasa os limites do direito, configurando prática abusiva, devido à existência de um desvio de finalidade. No entanto, é importante observar que apenas pode ser responsabilizado pela recusa aquele que estava em condições de contratar e não o fez. O que é passível de responsabilização é a recusa arbitrária de contratar, nunca a recusa justificada. Por exemplo, um hoteleiro não pode recusar serviços a um viajante. No entanto, não será considerado recusa arbitrária caso o viajante se apresente embriagado, colocando em risco sua segurança e a dos demais hóspedes. Ainda segundo Venosa, a recusa de contratar não se coloca propriamente como uma modalidade de responsabilidade contratual, situando-se no plano geral da responsabilidade aquilana.
Por sua vez, o rompimento abusivo e arbitrário das tratativas ou negociações preliminares, considerado a outra modalidade de reponsabilidade pré-contratual, exige que o estágio das preliminares de contratação já tenha imbuído o espírito dos postulantes da verdadeira existência do futuro contrato. A frustração da contratação gerará então dano moral, além de dano material.
O princípio da boa-fé objetiva está intimamente ligado à responsabilidade pré-contratual, uma vez que este instituto deve ser observado em todas as fases contratuais, incluindo a fase pré-contratual. Laerte Marrone de Castro Sampaio assim define a relação entre a boa-fé objetiva e a culpa in contrahendo:
“Sua aplicação, ocorre, não só durante a fase contratual propriamente dita, mas também na etapa que antecede a efetivação da avença, denominada pré-contratual (culpa in contrahendo), chegando a irradiar efeitos após o cumprimento da prestação principal, falando-se, então, na responsabilidade pós-contratual ou post pactum finitum.”
A jurisprudência também se posiciona neste sentido:
Indenização. Dano moral. Responsabilidade pré-contratual. Culpa in contrahendo. Contratação de serviços de assessoria e intermediação para obtenção de vaga de emprego. Conduta de empresa ré que despertou no autor a justa expectativa de ocupação da vaga disponível, e a adesão era apenas para intermediar e assessorar a contratação. Princípio da boa-fé objetiva, geradora de deveres de conduta, de modo a não defraudar a confiança despertada na parte contrária. Dever de indenizar gastos com taxas cobradas pela agência. Existência de dano moral indenizável. Caracterização de ofensa a interesse digno de tutela. Ação procedente. Recurso provido.
(556207620088260564 SP, Relator: Francisco Loureiro, Data de Julgamento: 09/12/2010, 4ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/12/2010)
15) Ao parar meu carro no estacionamento, recebo um “ticket” onde consta a seguinte afirmação: “Não nos responsabilizamos pelos furtos de objetos que se encontram no interior do veículo”. Ao retornar para apanhar o automóvel, constato que o GPS foi subtraído. É válida essa cláusula contratual?
A cláusula contratual que exonere a responsabilidade do estacionamento nos casos de furto e roubo é inválida, nos termos do artigo 25 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), que veda cláusulas contratuais que impossibilitem, exonerem ou atenuem a obrigação de indenizar um dano em uma relação de consumo. Assim sendo, os estacionamentos, que possuem o dever de guarda do veículo a eles confinados, têm a obrigação de indenizar danos que ocorram por sua culpa no dever de guarda do bem.
Esse entendimento é pacífico na doutrina e jurisprudência. Conforme ensinamentos de Silvio Venosa,
quem entrega seu automóvel a um estacionamento pago está almejando sossego e tranquilidade. Realiza na verdade um negócio jurídico, um contrato de garagem. O contrato de adesão, nessa situação, tendo em vista as situações de estacionamento nas grandes cidades, é equivalente a um verdadeiro contrato coativo. Qualquer cláusula de não indenizar, ainda que simplesmente limitativa, temos para nós, contraria a índole do contrato e deve ser tida como não escrita, nula ou ineficaz.
Por sua vez, o Superior Tribunal de Justiça (STJ), determinou a responsabilidade dos estacionamentos perante os clientes em casos de dano, por meio da Súmula 130, que afirma que “a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”.
Neste sentido:
CIVIL. RESPONSABILIDADE. FURTO DE RADIO TOCA-FITAS INSTALADO EM AUTOMÓVEL.
1. CONSOANTE A ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL QUE VEIO A PREVALECER NESTA CORTE, DEVE O ESTABELECIMENTO COMERCIAL RESPONDER PELOS PREJUÍZOS CAUSADOS A SUA CLIENTELA NO INTERIOR DE ÁREA PRÓPRIA DESTINADA AO ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS.
2. RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.
(REsp 30.961/SP, Rel. Ministro BUENO DE SOUZA, QUARTA TURMA, julgado em 09/03/1993, DJ 23/08/1993, p. 16584)
RESPONSABILIDADE CIVIL. Aparelho de GPS veicular furtado no interior do estacionamento pago e controlado pelo estabelecimento ré. Relação de consumo configurada. Dano material. Dever de indenizar reconhecido com base no princípio jurídico da responsabilidade objetiva. Art. 14, CDC. Excludentes da culpa exclusiva do ofendido ou de terceiro não evidenciados. Omissão no dever de vigilância do bem sob sua guarda, contribuiu para a ocorrência do evento danoso. Prejuízo alegado não satisfatoriamente impugnado. Dano patrimonial apurável pelo valor da nota-fiscal apresentada. Apelo desprovido.
(9198828712009826 SP 9198828-71.2009.8.26.0000, Relator: Galdino Toledo Júnior, Data de Julgamento: 13/12/2011, 9ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 13/12/2011)
INDENIZAÇÃO - Responsabilidade civil - Furto de veículo - Estacionamento de supermercado - Dever de guarda - Contrato de depósito tácito - Ação procedente – Recurso não provido.
O estacionamento que os supermercados proporcionam a
seus clientes, verdadeiro serviço mediante contraprestação indireta, gera o dever de guarda e consequente obrigação de indenizar em caso de ineficiência, independentemente da existência de contrato escrito.
(Apelação Cível n. 230.234-1 - Atibaia - 8ª Câmara Civil - Relator: Antonio Villen – 09.08.95 - V. U.).
É importante observar que a responsabilidade da empresa prevalece mesmo nos casos em que os estabelecimentos comerciais oferecem estacionamento com ou sem manobrista. Para Silvio Venosa, tal estacionamento não é gratuito e o estacionamento é um acessório do contrato principal que o cliente firma com o estabelecimento. Dessa forma, o estacionamento oferecido pelo estabelecimento integra o estabelecimento comercial e seus serviços. Nesses casos, portanto, a cláusulalimitativa ou excludente de adesão não tem valor. Dessa forma, quem recebe o veículo é responsável por sua devolução, em tais hipóteses.
Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves:
“Não é somente no contrato de depósito que existe o dever de guarda e vigilância. Tal dever pode ser assumido, mesmo tacitamente, em outras circunstâncias. Se não há contrato de depósito, pela falta de entrega das chaves do veículo ao empreendedor ou a seu preposto, nem por isso deixará de existir o dever de guarda ou de vigilância quando houver todo um aparato destinado a atrair clientes em razão das facilidades de compras e de estacionamento seguro que lhes são acenadas.”
Neste sentido:
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. Veículo furtado em estacionamento de supermercado. Indiscutível a responsabilidade da ré. Afastada a condenação por danos morais. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO.
(994040843521 SP, Relator: Gilberto de Souza Moreira, Data de Julgamento: 07/04/2010, 7ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 26/04/2010).
16) A relação entre advogado e cliente é uma relação de consumo? Mesmo que entendêssemos que não é, seria válida a cláusula de isenção de responsabilidade firmada nesse contrato, onde o advogado tivesse agido com culpa grave ou dolo?
A natureza da relação entre advogado e cliente não é pacífica.
Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a relação entre advogado e cliente não configura relação de consumo, por ser a atividade advocatícia regida por norma específica (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil) e por não ser fornecida no mercado de consumo. Para o Ministro César Asfor Rocha, do STJ, ainda que o exercício da advocacia possa ser entendido como um aspecto do gênero de prestação de serviços, a relação entre advogado e cliente é regida por norma especial, que afasta a incidência da norma geral, que no caso seria o Código de Defesa do Consumidor (CDC).
A jurisprudência majoritária acompanha este entendimento:
PROCESSO CIVIL. AÇÃO DE CONHECIMENTO PROPOSTA POR DETENTOR DE TÍTULO EXECUTIVO. ADMISSIBILIDADE. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. INAPLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. O detentor de título executivo extrajudicial tem interesse para cobrá-lo pela via ordinária, o que enseja até situação menos gravosa para o devedor, pois dispensada a penhora, além de sua defesa poder ser exercida com maior amplitude. Não há relação de consumo nos serviços prestados por advogados, seja por incidência de norma específica, no caso a Lei nº 8.906⁄94, seja por não ser atividade fornecida no mercado de consumo. As prerrogativas e obrigações impostas aos advogados - como, v. G., a necessidade de manter sua independência em qualquer circunstância e a vedação à captação de causas ou à utilização de agenciador (arts. 31⁄ § 1º e 34⁄III e IV, da Lei nº 8.906⁄94)- evidenciam natureza incompatível com a atividade de consumo. Recurso não conhecido. (RECURSO ESPECIAL Nº 532.377 - RJ (2003⁄0083527-1) RELATOR: MINISTRO CESAR ASFOR ROCHA RECORRENTE: CÉLIA MARIA PEIXOTO DE ARAÚJO ADVOGADO: LUIZ CLÁUDIO MOREIRA GOMES E OUTRO RECORRIDO: GILBERTO CAMPOS TIRADO ADVOGADO: GUSTAVO SOARES AZEVEDO E OUTRO).
ADVOGADO X CLIENTE. RELAÇÃO DE TRABALHO E NÃO DE CONSUMO. COBRANÇA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO. Com o advento da EC 45/04 passou a ser da Justiça do Trabalho a competência para conhecer e julgar ações que objetivam o recebimento de honorários decorrentes de serviços prestados pelo advogado ao seu constituinte. O contrato que o advogado celebra como pessoa física com seu cliente, seja tácito ou expresso, consubstancia uma relação de trabalho, ao talhe do art. 114, I, da CF, vez que se trata de prestação laboral de natureza autônoma, pactuada de forma pessoal - intuitu personae, objetivando a execução de um feixe de serviços profissionais estipulados no contrato. Óbvio assim, que não se trata de mera relação de consumo: a uma, porque está presente na relação advogado-cliente, a pessoalidade, e não apenas quantidade ou forma de serviço que constitui a tônica do consumo; a duas, porque nessa relação não está presente a hipossuficiência a ser resguardada, como se dá nas hipóteses previstas no CDC; a três, porque o advogado exerce função profissional e social indispensável à administração da Justiça (art. 133, CF) para cujo exercício é expressamente vedada qualquer feição de consumo ou mercantilismo, a teor da Lei 8.906/94 (arts. 1o, parágrafo 3o; 2o, caput e parágrafo parágrafo 1o e 2o; 15, parágrafo 4o e 6o; 16 caput, parágrafo parágrafo 2o e 3o; 28, VIII). Em suma, a banca de advocacia em momento algum pode ser confundida com um balcão de negócios, vez que o exercício da representação judicial se dá sob rígidos parâmetros deontológicos e estatutários, e a ação fiscalizadora da OAB. Daí porque a controvérsia decorrente da prestação de trabalho do advogado (pessoa física) com o cliente, não se submete ao marco regulatório do CDC(Lei 8.078/90), resultando inaplicável à espécie a Súmula no363 do STJ, em descompasso com o comando constitucional e da própria Lei 8.906/94. Ao trazer para esta Justiça os conflitos relativos às relações de trabalho (contratos de mandato, prestação de serviço, transporte, representação etc), a intenção primordial da E. 45/04 foi a de colocar todas as formas de trabalho regular e exercício profissional, sob o manto protetor do segmento mais sensível da jurisdição. Recurso provido para declarar a competência desta Justiça para apreciar a matéria. (TRT/SP - 01825200804502007 - RS - Ac. 4aT 20090487308 - Rel. Ricardo Artur Costa e Trigueiros - DOE 03/07/2009)
RECURSO ESPECIAL. SERVIÇOS ADVOCATÍCIOS. CONTRATO. NÃO INCIDÊNCIA DO CDC. DEFICIÊNCIA NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. NEGATIVA DE QUE FORA EFETIVAMENTE CONTRATADO PELO CLIENTE. DANOS MORAIS. CARACTERIZAÇÃO. SÚMULA 7/STJ. PRESCRIÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. RECURSO ESPECIALIMPROVIDO.71.- As relações contratuais entre clientes e advogados são regidas pelo Estatuto da OAB, aprovado pela Lei n. 8.906/94, a elas não se aplicando o Código de Defesa do Consumidor. Precedentes. 2.- A convicção a que chegou o Tribunal de origem quanto ao nexo de causalidade entre a conduta do advogado que negou que fora contratado e recebera procuração do cliente para a propositura de ação de cobrança e os danos morais suportados por esse decorreu da análise do conjunto fático-probatório, e o acolhimento da pretensão recursal demandaria o reexame do mencionado suporte, obstando a admissibilidade do especial à luz da Súmula 7 desta Corte.3.- Sendo a ação de indenização fundada no direito comum, regular a aplicação do art. 177 do Código Civil, incidindo a prescrição vintenária, pois o dano moral, na presente hipótese, tem caráter de indenização, de reparação de danos e pela regra de transição (art. 2.028 do Novo Código Civil) há de ser aplicado o novo prazo de prescrição, previsto no art. 206, § 3º, IV do mesmo diploma legal.177Código Civil2.028Novo Código Civil206§ 3ºIV4.- Recurso Especial improvido.
(1228104 PR 2010/0209410-5, Relator: Ministro SIDNEI BENETI, Data de Julgamento: 15/03/2012, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 10/04/2012)
No entanto, há quem sustente que tal relação configura uma relação de consumo. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) já afirmou que há na relação entre cliente e advogado uma prestação de serviços advocatícios, exercida por profissional autônomo diretamente contratado pelo destinatário final do serviço, o que caracteriza uma relação de consumo.
Segundo o Ministro Walmir Oliveira da Costa, do TST:
“a ação de cobrança de honorários advocatícios ajuizada por profissional liberal contra cliente decorre de relação de consumo, tipo de prestação de serviços autônomo em que o fornecedor mantém o poder de direção sobre a própria atividade, não se inserindo, portanto, na competência material da Justiça do Trabalho equacionar o conflito”.
A referida divergência doutrinária, no entanto, não é relevante nos casos referentes à validade de cláusula de isenção de responsabilidade, em queo advogado tivesse agido com dolo ou culpa grave. Isso porque, como ensina Silvio Venosa “não é porque o contratante sabe que está isento de indenizar que intencionalmente possa causar o dano. Como, nessa inconveniente cláusula, naturalmente o agente relaxa no cumprimento da obrigação, se sua culpa for de elevado nível (culpa grave), sua conduta se equipara ao dolo.”
Dessa forma, independente da aplicação ou não do CDC às relações entre advogado e cliente, a cláusula de isenção de responsabilidade, nos casos de dolo ou culpa grave, será considerada nula.
17) É válida a cláusula contratual onde o banco se exime de responsabilidade em caso de furto ou roubo do cofre locado?
A cláusula contratual pela qual o banco se exime de responsabilidade em caso de furto ou roubo de cofre locado é vedada e, portanto, nula, em razão da aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor (CDC)às instituições financeiras, prevista na Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O CDC proíbe cláusulas excludentes de responsabilidade e, portanto, as mesmas devem ser consideradas nulas.
Segundo entendimento jurisprudencial do STJ, o banco tem responsabilidade objetiva, decorrente do risco profissional, no caso de assalto ou furtos a cofres bancários, devendo, portanto, indenizar o valor correspondente aos bens reclamados, desde que comprovado o depósito.
Como bem explica o Professor Flávio Tartuce,
No caso do depósito de cofre são da sua essência a segurança e a proteção que se busca por meio negócio, sendo essas as suas causas. Desse modo, pela própria estrutura do negócio jurídico em questão, e também pela incidência do Código de Defesa do Consumidor, em diálogo das fontes com o Código Civil, deve ser considerada como nula a cláusula que exclui ou atenua a responsabilidade civil do depositário. Para tal conclusão, de início, cite-se a previsão do art. 25, caput, do CDC: “É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores”. Ato contínuo, a nulidade absoluta da cláusula de não-indenizar ou de limitação da indenização é consagrada pelo art. 51, inc. I, do CDC (“São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: I – impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia ou disposição de direitos”).
A jurisprudência também se posiciona nesse sentido:
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. BANCO. COFRE DE ALUGUEL. ARROMBAMENTO E SUBTRAÇÃO DE BENS. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO. Provado está que o furto aconteceu no interior da agência bancária e em cofre de aluguel, não tendo o Apelante se desincumbido com eficiência do dever de guarda. Não prevalece a cláusula de não indenizar invocada (pelo banco), porque atenta contra o princípio da boa-fé e dos bons costumes, demonstrando antagonismo à obrigação que lhe é imposta de adotar medidas de segurança pertinentes, tendo recebido durante anos (desde 1988) pelos serviços.
(TJSP, Apelação com Revisão n. 892.846-0/8, Acórdão n. 46294/02, São Paulo, Trigésima Quarta Câmara de Direito Privado, Rel. Des. IRINEU PEDROTTI, julgado em 30/11/2005).
“RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. ROUBO EM AGÊNCIA BANCÁRIA. SUBTRAÇÃO DE BENS DOS AUTORES DEPOSITADOS EM COFRE SITUADO NA AGÊNCIA. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS QUE TEM NATUREZA DE DEPÓSITO E NÃO DE LOCAÇÃO. CONDUTA NEGLIGENTE DO BANCO CONFIGURADA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO BANCO NOS TERMOS DO ART. 14, DO CDC. CLÁUSULA EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE CONSIDERADA NULA EM CONTRATOS DE CONSUMO. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO. DANOS MATERIAIS E MORAIS QUE DEVEM SER REPARADOS, PORÉM, COM A DIMINUIÇÃO DO VALOR A TÍTULO DE DANOS MORAIS. VALOR QUE NÃO PODE ENSEJAR O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA DOS AUTORES. RECURSOS PARCIALMENTE PROVIDOS. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS E MATERIAIS. VALOR DE ATUALIZAÇÃO DE MERCADO DOS DANOS MATERIAIS. CONTAGEM QUE SE DÁ A PARTIR DA DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA TRAZIDA AOS AUTOS. MODIFICAÇÃO IMPOSSIBILITADA PELA AUSÊNCIA DE ELEMENTOS PROBATÓRIOS TEMPESTIVAMENTE OFERTADOS. Documentos juntados com o recurso de apelação que não podem ser considerados, por ofensa aos arts. 396 e 397, do CPC. Recursos parcialmente providos. Sentença parcialmente reformada. SUCUMBÊNCIA. Reciprocidade. Procedência. Repartição da sucumbência proporcionalmente de acordo com a parcela vencida por cada uma das partes na demanda. Recursos parcialmente providos. Sentença parcialmente reformada”. (TJSP, Apelação n. 7218784-7, Acórdão n. 3437153, Piracicaba, Vigésima Primeira Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Ademir de Carvalho Benedito, julgado em 03/12/2008, DJESP 05/02/2009).
“RESPONSABILIDADE CIVIL. BANCO. ROUBO DE JÓIAS MANTIDAS EM COFRE ALUGADO PELA CLIENTE. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PROCEDÊNCIA. RESPONSABILIDADE DO DANO CONFIGURADA, DADA SUA OBRIGAÇÃO DE GARANTIR A VIGILÂNCIA E A INTEGRIDADE DO COFRE. DESCABIMENTO DA INVOCAÇÃO DA CLÁUSULA DE INDENIZAR CONSTANTE DO CONTRATO. Ocorrência do dano alegado pela autora que comporta ser admitida no caso, tendo-se em vista a prova documental que apresentou, podendo ser aplicada em seu favor, ainda, a inversão do ônus da prova estabelecida pelo Código de Defesa do Consumidor. Cabimento, outrossim, da indenização por danos morais também postulada pela autora. Procedência da ação que deve ser mantida. Recurso do réu improvido, com observação”. (TJSP, Apelação n. 9159727-37.2003.8.26.0000, Acórdão n. 5073254, São Paulo, Décima Quarta Câmara de Direito Privado, Rel. Des. Thiago de Siqueira, julgado em 30/03/2011, DJESP 03/05/2011).
18) Há diferença entre causas de exclusão de responsabilidade e cláusula de não indenizar? Em caso afirmativo, qual é ela?
Segundo ensinamentos de Silvio Venosa, a cláusula de não indenizar simplesmente exclui o dever de indenizar. Nesta hipótese, haverá renúncia prévia, convencionada ao direito de pedir reparação. A cláusula de não indenizar exclui totalmente a indenização ao passo que a cláusula de limitação de responsabilidade minora a responsabilidade da parte, que responderá limitadamente pelo dano, pagando a indenização até o montante estipulado, independente do valor do dano.
A cláusula de não indenizar não pode ser confundida com as causas de exclusão de responsabilidade, quais sejam, caso fortuito ou força maior. Estes institutos, segundo Silvio Venosa, representam situações invencíveis, que fogem às forças humanas, ou às forças do devedor em geral, impedindo e impossibilitando o cumprimento da obrigação. Nos termos do artigo 393 do Código Civil, o devedor não responde por prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não houver se responsabilizado por eles.
Assim sendo, enquanto a cláusula de não indenizar limita ou exclui o direito à indenização, por danos de natureza diversa, as causas de exclusão de responsabilidade exoneram o devedor do pagamento de danos por elas decorrentes, independente de cláusula de exclusão de responsabilidade, salvo se o devedor tiver expressamente se responsabilizado por tais causas anteriormente.
19) Qual a diferença entre inadimplemento e desistência de um contrato?
O inadimplemento contratual consiste no descumprimento do contrato, geralmente por parte do devedor, podendo ser absoluto ou relativo. No inadimplemento absoluto, a obrigação não foi cumprida em tempo, local e forma convencionados e não mais poderá sê-la. Por sua vez, o inadimplemento relativo consiste no retardamento ou mau cumprimento culposo da obrigação.
Por sua vez, a desistência do contrato consiste na vontade das partes ou de uma das partes de desistir do que foi pactuado. Assim sendo, a desistência contratual, diferentemente do inadimplemento, configura a cessão do vínculo contratual e o desfazimento voluntário do contrato e não o descumprimento do contrato.
Extinção dos contratos: resolução, resilição e rescisão
 
 
Extinçãodos Contratos
            A extinção normal dos contratos ocorre com o cumprimento das prestações avençadas, ou ainda, com o termo final nos contratos de trato sucessivo. Nesta situação não há dúvida quanto ao término do vínculo, já que, conforme explicita Orlando Gomes, temos nessa situação “a morte natural do contrato”.
            Mas o contrato pode extinguir-se  antes do cumprimento das obrigações, por variados motivos. Por esse motivos, estudaremos cada situação e seus efeitos.
            É necessário distinguir a anulação do contrato de sua dissolução. A anulação ocorre quando causas anteriores a formação do contrato atuam de modo a extinguir a relação contratual, determinando sua anulação. Na dissolução, causas supervenientes a formação do negócio é que ensejam sua extinção.
            São formas de extinção dos contratos: A) resolução;  B) resilição; C) rescisão.
1. RESOLUÇÃO:
Surge de situações de inexecução das obrigações contratuais. (não cumprimento das obrigações; mora; cumprimento defeituoso.
Obs.: resolução é diferente  da suspensão (parcial ou total dos efeitos do contrato). Na suspensão há apenas interrupção temporária das relações contratuais, em caso de força maior, “exceptio non adimpleti contractus” ou mútuo consenso.
A causa da resolução é a inexecução relevante das obrigações de uma das partes, seja ela culposa ou involuntária, ou derivada de considerável  dificuldade na execução da prestação contratual em razão de onerosidade excessiva advinda das prestações. No primeiro caso, aquele que não cumpre com a obrigação pode ser compelido a cumpri-la, ou então a satisfazer as perdas e danos.
A.1) Resolução por inexecução voluntária e suas modalidades:
Pressupõe inadimplemento e extingue o contrato desde sua origem (salvo os contratos de trato sucessivo). As prestações cumpridas são restituídas, para que não ocorra o enriquecimento sem causa., arcando o inadimplente com o pagamento das perdas e danos.
São modalidades de resolução por inexecução voluntária:
· Cláusula resolutiva tácita : é a cláusula que, implícita, autoriza o término da relação contratual nos casos de inadimplemento das obrigações. No Brasil, seguimos o sistema francês, sendo necessária ação judicial para que se possa extinguir o contrato com base na cláusula resolutiva tácita, que não atua senão através de sentença constitutiva (diferentemente do que ocorre no sistema alemão, onde a resolução age sem a necessidade de intervenção judicial).
· Pacto Comissório Expresso:  é a cláusula resolutiva quando clausulada expressamente no contrato, não sendo necessária aqui a intervenção judicial. Não obstante as controvérsias, opera de imediato suas conseqüências em favor de que padece com o inadimplemento.
A.2)  Resolução por inexecução involuntária:
      Ocorre por impossibilidade superveniente, total e definitiva, do cumprimento da prestação avençada. Segundo Orlando Gomes, é a impossibilidade que produz a resolução, e não a simples dificuldade de cumprir com a prestação.
      Neste caso a parte inadimplente libera-se do vínculo contratual, de pleno direito, estendendo-se os efeitos da liberação até a origem do contrato. Mas é facultado ao devedor que se responsabilize por indenizar as perdas e danos em caso de fortuito ou força maior, desde que o faça de forma expressa.
O devedor responde pelo fortuito ou força maior se estiver em mora.
A inexecução tem efeitos diversos de acordo com o tipo de contrato. Vejamos:
· Contratos unilaterais: quem suporta o risco é o credor, parte que esperava a satisfação e não pôde receber por algum motivo.
· Contratos bilaterais: resolvido o contrato as partes voltam a situação anterior, devolvendo inclusive o que tiverem pago umas as outras.
A.3) Resolução por onerosidade excessiva (rebus sic standibus)
      Ocorre nos contratos comutativos de execução diferida quando, em virtude de acontecimento extraordinário e imprevisível, surge onerosidade que dificulta muito o cumprimento das obrigações de um contratante. Note-se que apenas dificulta, mas não impossibilita a prestação. Requisitos: diferença de valor da prestação no momento da formação para o da execução do contrato; diferença causada por acontecimento imprevisível e extraordinário; contrato comutativo de execução diferida ou periódica.
      Aqui não opera propriamente a resolução, mas sim, quando possível,  a intervenção judicial para reequilibrar as prestações.
      Cabe a parte que sofre o desequilíbrio requerer pronunciamento judicial antes de seu inadimplemento, e a sentença, caso venha a resolver o contrato, terá efeito retroativo, eximindo o inadimplente inclusive das perdas e dados.
1. RESILIÇÃO:
Extinção dos contratos pela vontade de uma ou ambas as partes. Para que ocorra é necessário acordo das partes neste sentido,  partindo a vontade de um ou ambos os contratantes. Por isso falamos em resilição bilateral ou unilateral:
B.1) Distrato:
É a resilição bilateral na qual as partes resolvem, de comum acordo, dissolver o negócio rompendo a relação jurídica. Conforme a expressão de Orlando Gomes, “é um contrato para extinguir  outro”. Pode ocorrer através do distrato  ou estar prevista no contrato a autorização para que uma das partes dissolva o negócio sem a necessidade da outra (resilição convencional).
O distrato deve tomar a mesma forma do contrato quando esta integra a substância do ato. Caso não integre a forma a substância do contrato, podem as partes seguir a forma que lhes aprouver.
B.2) Resilição unilateral:
            Aceita-se a resilição unilateral não obstante o contrato derivar de um acordo de vontade. Tal resilição pode ser exercida: nos contratos por tempo indeterminado; nos contratos de execução continuada ou periódico; contratos onde  não tenham se iniciado os atos de execução; contatos benéficos; contratos de atividade.
            Poder de resilir é um direito potestativo, exercido mediante declaração de vontade da parte a quem o contrato não mais interessa. Tal declaração recebe o nome de denúncia.
            A denúncia, a princípio, não precisa ser justificada, e tem efeito liberatório com repercussão “ex nunc”.
1. RESCISÃO:
É a ruptura do contrato onde houver lesão e não seja possível restaurar o equilíbrio contratual. Aproxima-se tal hipótese da anulação, já que há necessidade de sentença judicial para sua declaração.
Há no contrato vantagem desproporcional obtida por uma das partes, em prejuízo da outra.
A sentença rescisória tem efeitos “ex tunc” e o que receber fica obrigado a restituir.
Efeitos dos Contratos. Contrato bilateral e suas regras ( arras; “exceptio non adimpleti contractus”; vícios redibitórios; evicção; cláusula resolutiva tácita e expressa.)
1. EFEITOS DOS CONTRATOS:
            O contrato cria uma ligação entre as partes, isto é, estabelece um vínculo jurídico. Tanto assim que a própria expressão popular o indica como “a lei entre as partes”.
            As normas do negócio devem ser cumpridas sob pena de aplicação das sanções cabíveis. De tal força vinculante surge o fato de que as partes estão obrigadas entre si e que, portanto, não podem desfazer o negócio, salvo nos casos de distrato.
            No entanto, a força obrigatória dos contratos é relativa e não atinge a terceiros. Embora todos convivam entre os contratos e tenham que reconhecer seus efeitos, é às partes contratantes que o contrato obriga e não a terceiros exteriores ao negócio (princípio da relatividade dos contratos). Não obstante isso, as obrigações contratuais, salvo as personalíssimas, transferem-se a seus herdeiros, com exceção das personalíssimas.
1.a) Irretratabilidade:
É o maior reflexo da força vinculante dos contratos. O arrependimento de uma das partes (unilateral), não tem o poder de romper o vínculo, que só pode ser dissolvido da mesma forma que foi construído: através do acordo das vontades. Apenas em casos especiais autorizados pelo legislador é possível que o contrato se dissolva pela vontade unilateral de um dos contratantes.
            Mas a regra geral é de que o vínculo contratual sórompe sua força obrigatória se houver mútuo acordo nesse sentido. O acordo no qual as partes optam pela revogação de um contrato é conhecido como distrato, e seus efeitos operam retroativamente, desde a celebração do contrato, rompendo com a força obrigatória da avença.
1.b) Intangibilidade:
            Também em decorrência da força vinculante, o contrato não admite modificação de seu conteúdo sem que para isso concorra novamente o acordo das partes, seja ele tácito ou expresso.(exceção: contrato de trabalho, que não admite modificação, ainda que consensual, que venha a ser prejudicial ao empregado. “O contrato além de irrevogável é inalterável”(Orlando Gomes).
            A alteração, de acordo com grau de modificação, pode determinar apenas a modificação do negócio ou ainda determinar o surgimento de novo contrato, com extinção do anterior.
            “Jus variandi” pode ser exercido com relação a cláusulas secundárias, unilateralmente, já que isso não compromete o próprio negócio.
1.c) Relatividade quanto às pessoas:
            O contrato é “res inter alios acta”.
            A obrigatoriedade do contrato estabelece-se entre as partes e não se estende a terceiros.
            A casos em que, por exceção legal, e não por extensão dos efeitos do próprio contrato, os efeitos  do negócio acabam por estender-se a terceiros (ex.: sucessores a título universal). Mas nesse caso a obrigação surge em decorrência da lei e não do próprio contrato.
            A única exceção realmente considerável é o chamado CONTRATO COM ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO, devendo-se ainda ponderar sobre os contratos com pessoa a designar.
Ressalte-se que o contrato com promessa de fato de terceiro não é exceção (art. 929 CC). Esta figura não é apresentada expressamente no Código de 1916, tendo sua disciplina nas regras das obrigações, art. 929 do CC. No NCC, ganhou tratamento explícito, ingressando no capítulo das disposições gerais dos contratos, nos arts. 439 e 440. Neste caso uma pessoa assume a responsabilidade de fazer com que outra assuma determinada obrigação. Mas não há afetação do princípio da relatividade pois o terceiro pode ou vir a obrigar-se, de acordo com a sua vontade. O seu tratamento explícito é inovação do NCC.
            - Estipulação em favor de terceiro: atualmente é encarada como relação contratual. Contrato no qual  há vantagem patrimonial gratuita à pessoa estranha a formação do contrato.
Partes -             Promitente
       Estipulante                Beneficiário (estranho)
Contrariedade ao princípio da relatividade dos contratos, estendendo efeitos a terceiro estranho a relação.
            A obrigação do promitente, neste caso, pode ser exigida:
· pelo estipulante, salvo se este estabeleceu que o beneficiário pode reclamar a execução do contrato (art. 1098 c/c 1099 CC /  436 c/c 437 NCC);
· pelo beneficiário, de acordo com as normas e condições do negócio, se concordou com ele e se o estipulante não houver resguardado o direito de substituí-lo. Se puder ser substituído livremente, não tem o poder de exigir o adimplemento da obrigação (art. 1098 c/c 1100, parágrafo único CC  /  436 c/c 438 parágrafo único NCC).
São requisitos para existência deste tipo de contrato: atribuição patrimonial gratuita sem exigência de qualquer contraprestação; não pode valer contra terceiro, mas só a seu favor; terceiro deve anuir ao benefício, embora seja estranho ao contrato. Se não concorda com a estipulação, não há efeito no contrato. A validade do contrato não depende de sua vontade, mas a eficácia sim.
            O terceiro pode agir autonomamente em relação ao promitente, sendo tal contrato exceção clássica ao princípio da relatividade dos contratos em relação às pessoas.
            - Contrato com pessoa a designar: não é exceção, pois há dois sujeitos em alternativa. O contratante estipula com a cláusula “pro amico eligendo”  a possibilidade de nomear terceiro (o electus) que o substitua em sua posição (art. 467 NCC). Recebeu também tratamento expresso no NCC. Embora ocorresse na prática, era ignorado pelo Código atual. Encontra-se previsto nos arts. 467 a 471 do NCC.
Requisitos: designação deve ocorrer dentro de certo prazo e pela mesma forma que as partes usaram para o contrato (art. 468 NCC), com necessidade de que haja anuência e conhecimento por parte do contratante que deverá reconhecer a substituição, que tem efeito retroativo (art. 469 NCC).
            Em caso de não ocorrer a nomeação no prazo acordado,  o nomeado não aceitar a nomeação, ou o nomeado ser insolvente ou incapaz a relação se fixa em relação ao primeiro contratante, que permanece na relação (art. 470 e 471 do NCC).
1. CONTRATOS BILATERAIS OU SINALAGMÁTICOS E SUAS REGRAS EXCLUSIVAS: ARRAS, “EXCEPTIO NON ADIMPLETI CONTRACTUS”, VÍCIOS REDIBITÓRIOS, EVICÇÃO, CLÁUSULA RESOLUTIVA TÁCITA.
2.a) Arras.
            Nome advém de arrha,, radical latino que significa “garantia”. Sua primeira utilização deu-se no direito de família, migrando posteriormente para o direito das obrigações.
            Sua primeira utilidade no direito obrigacional era assegurar a perfeição do contrato. Posteriormente ganhou caráter de penitencial, dando a possibilidade de arrependimento às partes e prefixando a indenização das perdas e danos. As arras são garantia em dinheiro ou outra coisa móvel dada, de modo geral,  com o intuito de concluir o negócio. Portanto, com a execução do contrato devem ser restituídas ou computadas na prestação devida. Significam garantia acessória real.
            Tratadas no Código de 1916 no Título dos contratos, no capítulo das disposições gerais dos contratos, migraram no NCC para o Título do inadimplemento das obrigações.
            Função principal: confirmatória (art. 1096 CC / art. 417, 418 e 419 NCC) Convenção acessória real que prova o contrato principal está concluído, considerando-se as partes vinculadas. Dadas as arras o negócio está concluído e não é possível arrepender-se. Quem se arrepende não usa de um direito, mas descumpre o contrato, incorrendo nas sanções cabíveis.
            Função secundária: penitencial (art. 1095 do CC / art. 420 do NCC) a entrega das arras torna livre o arrependimento, ficando a perda do sinal regulando a indenização. Aqui não se pode pleitear indenização suplementar, como aliás salienta o NCC no art. 420. A retratação pode ocorrer até o final da execução da obrigação. Assemelha-se a cláusula penal, sendo diferente por ser convenção acessória real que se perfaz com a tradição antecipada de uma coisa. Têm caráter de pena convencional, eqüivalendo a uma penalidade e pré-fixação das perdas e danos.
            Se houver  impossibilidade da prestação sem culpa de quem deu as arras, quem as recebeu deve devolvê-las.
            As arras surgem em contratos bilaterais.
            Em nosso código atual e no Novo Código Civil, sua função precípua é confirmatória, só assumindo função penitencial se houver estipulação expressa. A vida social, entretanto, vem dando grande ênfase a função penitencial, devendo-se atentar à sua disciplina no NCC.
2.b) “Exceptio non adimpleti contractus” (exceção de contrato não cumprido):
            Em decorrência da simultaneidade das prestações, típica dos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes pode exigir o cumprimento de uma obrigação contratual caso não tenha cumprido as suas. Há uma necessária correspectividade, e, na falta do adimplemento de uma prestação pode a parte prejudicada negar-se a cumprir a sua obrigação no negócio.
            Se o contratante não cumpre a sua obrigação, não é lícito exigir que o outro cumpra a sua (art. 1092, primeira parte / art. 476 NCC).
            Este instituto está mal localizado no NCC, incluído de forma pouco técnica no Capítulo “Da Extinção dos Contratos”. Em verdade não há extinção do contrato, hipótese em que incorreríamos em resolução, mas sim suspensão temporária de seus efeitos.
            Só é válida a exceção quando não houver previsão contratual ou legal de quem deve cumprir primeiro com a prestação. Nestecaso, aquele que primeiro tiver que cumprir com sua prestação não pode negar-se a cumprir com a obrigação, salvo se houver fundado receio de que o segundo não terá obrigações de cumprir com a sua (art. 1.092, segunda parte e parágrafo único  /  art. 477 NCC).
            Há pequena diferenciação no instituto, relativa ao fato de ser o inadimplemento total ou parcial:
- “exceptio non adimpleti contractus”: inadimplemento total        prova cabe a quem não cumpriu a obrigação.
-“exceptio non rit adimpeti contractus”: inadimplemento parcial ou defeituoso           já que a princípio o pagamento se presume regular, a prova cabe a quem alega que a prestação não se deu de forma total ou ainda, deu-se de forma defeituosa.
            Não pode ser oposta tal exceção caso tenha havido renúncia das partes ou nos casos em que a prestação torna-se impossível.
2.c) Vícios redibitórios:
            No contrato bilateral, onde  haja transmissão de propriedade, é responsabilidade do alienante entregar a coisa de forma que se possa cumprir com a finalidade esperada pelas partes e sem qualquer defeito. Caso isto não ocorra, pode o adquirente rejeitar a coisa ou exigir o abatimento do preço, se esta traz consigo defeito oculto que lhe torne imprópria ao uso ou diminuam seu valor (art. 1101 c/c 1105 do CC  / art. 441 c/c 442 do NCC). A estes defeitos chamamos vícios redibitórios. Seus efeitos legais não se aplicam apenas ao contrato de compra e venda, mas em todos os contratos bilaterais comutativos (art. 1.101/ art. 441 NCC).
            O defeito deve estar oculto e existir quando da conclusão do contrato, sendo considerável e não insignificante. O fato do transmitente conhecer ou não do vício é irrelevante. Mas se conhecia previamente, surge também a obrigação de indenizar possíveis prejuízos (art. 1.103 CC / art. 443 do NCC).
            É garantia de natureza especial a que se submete o transmitente, e sua responsabilidade perdura ainda que  a coisa pereça em poder do alienatário se o perecimento se der em virtude do vício. (art. 1104 CC / 444 NCC)
            Ações edilícias:
            São os meios postos a disposição do adquirente para que possa pleitear, segundo sua livre escolha a recomposição do prejuízo pelo defeito oculto. Deve fazer isso através de um dos procedimentos conhecidos como ações edilícias. As ações edilícias são inacumuláveis. Uma vez feita a opção, não se pode mais manejar um ou outro procedimento, muito menos podem ser manejados em conjunto.
· ação redibitória (art. 1101 CC / 441  NCC) : rejeição da coisa, com resolução do contrato.
· Ação estimatória ou “quantis minoris” (art. 1.105 / 442 NCC): abatimento proporcional no preço.
Questão polêmica na doutrina é o termo inicial do prazo para propositura destas ações: conclusão do contrato, tradição da coisa ou descoberta do vício? Para Orlando Gomes, o melhor critério é o do momento da efetiva entrega da coisa, não obstante autores modernos deslocarem o termo inicial para o momento do conhecimento efetivo do vício, dado o exíguo prazo para a propositura destes procedimentos.
Legislação brasileira: No Código Civil existem prazos diferentes para móveis e imóveis, mas comuns para qualquer das duas ações (art. 178 § 2º e § 5º, IV CC).  O NCC reuniu o termo inicial do prazo e o prazo em um único artigo: 445 NCC – surgem neste artigo regras específicas para animais. Solução diversa para as relações de consumo nos arts. 18 e 26 do CDC (Lei 8.078/90), inclusive no que diz respeito ao prazo de propositura da ação: 1. Vícios aparentes ou de fácil constatação: contagem do prazo decadencial tem início com a entrega do produto ou término da execução do serviço do serviço; prazos diferentes para bens e serviços duráveis e não duráveis. Art. 26 caput, inc. I, II, § 1º.; 2. Tratando-se de vício oculto o prazo inicia-se no momento em que se verificar o defeito. Art. 26,  § 3º. ATENÇÃO AOS FATOS QUE OBSTAM A DECADÊNCIA, elencados no § 2º do art. 26 do CDC.
            Não cabe alegação do vício redibitório em casos de venda em hasta pública, onde a alienação é compulsória, nem nos casos em que o adquirente conhecia do vício quando da entrega da coisa (art. 1016 do CC). O Código atual foi silente com relação a esta regra, já que não há artigo correspondente ao 1106 do atual diploma legal.
2.d) Evicção:
            É própria dos contratos bilaterais, comutativos e onerosos, com obrigação de transferência de propriedade de uma coisa.
            Em virtude da expectativa do adquirente, o alienante tem o dever de garantir a posse da coisa transmitida, impedindo que terceiros tenham pretensão judicial sobre ela. (art. 1.107 e 1108 CC  / 447 , 448 e 449 do NCC).
            A evicção ocorre quando o adquirente perde a posse ou a propriedade da coisa em virtude de sentença judicial que entrega a outrém tais direitos. (evictio = recuperação judicial de uma coisa).
            A garantia contra a evicção envolve assegurar o adquirente contra a perda do bem por decisão judicial, garantindo-se-lhe: a restituição do preço + indenização dos frutos que tiver de ter devolvido + despesas contratuais e processuais e prejuízo sofrido (art. 1.109 e 1.114 CC / 450  e 455 do NCC).
            Requisitos de configuração: privação do direito do adquirente, sentença judicial reconhecendo direito preexistente; risco anterior a aquisição; ignorância do adquirente sobre o fato da coisa ser alheia ou litigiosa (art. 1117 CC / 457 do NCC).
            O adquirente deve denunciar a lide o alienante (art. 1.116 CC / 456 NCC).
2.e) Condição resolutiva tácita:
A reciprocidade de deveres existentes no contrato bilateral justifica a existência desta cláusula implícita e presumida nestes negócios.
            Como as prestações são correspectivas, a inexecução de uma delas por parte de um dos contratantes justifica a resolução do contrato, com base em uma presunção legal que cria a chamada “condição resolutiva tácita” do contrato. Não era disciplinada expressamente no código de 1916, mas ganha seção especial (art. 474 NCC, segunda parte) no novo código, ao lado da cláusula resolutiva expressa. Como já vimos, depende de interpelação judicial, ao contrário do que ocorre com a cláusula resolutiva expressa .
            Segundo os termos do novo Código, a parte lesada pode pedir a resolução do contrato ou exigir o seu cumprimento, cabendo em qualquer dos casos indenização por pedras e danos (art. 475 CC).
            O NCC também disciplinou expressamente a cláusula resolutiva expressa. A grande diferença é que neste caso a resolução já é fixada claramente pelas partes, e o inadimplemento leva o contrato a resolução sem a necessidade de interpelação judicial. (art.
474 NCC,  primeira parte).
CONTRATO DE FRANQUIA EMPRESARIAL
Franquia empresarial é o sistema pelo qual um franqueador cede ao franqueado o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços.
Eventualmente, também pode compreender o direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício.
Temos então:
Franqueador: aquele que detém a marca, tecnologia, patente e conhecimentos específicos de negócios, e que os disponibiliza, parcial ou totalmente, mediante sistema de franquia, para o franqueado.
Franqueado: aquele que aceita utilizar, mediante remuneração ao franqueador, a oferta específica do franqueador para utilizá-lo em seu negócio próprio.
A Lei 8.955/1994 estipulou as condições para o relacionamento entre as partes relativas ao contrato de franquia empresarial, conhecido como franchising.
CIRCULAR DE OFERTA DE FRANQUIA
Sempre que o franqueador tiver interesse na implantação de sistema de franquia empresarial, deverá fornecer ao interessado em tornar-se franqueado uma Circular de Oferta de Franquia.
A Circular de Oferta de Franquia deverá ser por escrito e em linguagem clara e acessível,contendo obrigatoriamente as seguintes informações:
a) histórico resumido, forma societária e nome completo ou razão social do franqueador e de todas as empresas a que esteja diretamente ligado, bem como os respectivos nomes de fantasia e endereços;
b) balanços e demonstrações financeiras da empresa franqueadora relativos aos dois últimos exercícios;
c) indicação precisa de todas as pendências judiciais em que estejam envolvidos o franqueador, as empresas controladoras e titulares de marcas, patentes e direitos autorais relativos à operação, e seus subfranqueadores, questionando especificamente o sistema da franquia ou que possam diretamente vir a impossibilitar o funcionamento da franquia;
d) descrição detalhada da franquia, descrição geral do negócio e das atividades que serão desempenhadas pelo franqueado;
e) perfil do franqueado ideal no que se refere à experiência anterior, nível de escolaridade e outras características que deve ter, obrigatória ou preferencialmente;
f) requisitos quanto ao envolvimento direto do franqueado na operação e na administração do negócio;
g) relação completa de todos os franqueados, subfranqueados e subfranqueadores da rede, bem como dos que se desligaram nos últimos doze meses, com nome, endereço e telefone;
h) informações claras e detalhadas quanto à obrigação do franqueado de adquirir quaisquer bens, serviços ou insumos necessários à implantação, operação ou administração de sua franquia, apenas de fornecedores indicados e aprovados pelo franqueador, oferecendo ao franqueado relação completa desses fornecedores;
i) situação perante o Instituto Nacional de Propriedade Industrial - (INPI) das marcas ou patentes cujo uso estará sendo autorizado pelo franqueador;
j) modelo do contrato-padrão e, se for o caso, também do pré-contrato-padrão de franquia adotado pelo franqueador, com texto completo, inclusive dos respectivos anexos e prazo de validade.
Especificações
Na Circular de Oferta de Franquia deverão constar as especificações quanto ao:
1) total estimado do investimento inicial necessário à aquisição, implantação e entrada em operação da franquia;
2) valor da taxa inicial de filiação ou taxa de franquia e de caução; e
3) valor estimado das instalações, equipamentos e do estoque inicial e suas condições de pagamento.
Taxas Periódicas e Outros Valores
Também deverão constar informações claras quanto a taxas periódicas e outros valores a serem pagos pelo franqueado ao franqueador ou a terceiros por estes indicados, detalhando as respectivas bases de cálculo e o que as mesmas remuneram ou o fim a que se destinam, indicando, especificamente, o seguinte:
a) remuneração periódica pelo uso do sistema, da marca ou em troca dos serviços efetivamente prestados pelo franqueador ao franqueado (royalties);
b) aluguel de equipamentos ou ponto comercial;
c) taxa de publicidade ou semelhante;
d) seguro mínimo; e
e) outros valores devidos ao franqueador ou a terceiros que a ele sejam ligados.
Local de atuação do Franqueado - Território
Em relação ao território, deve ser especificado o seguinte:
a) se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre determinado território de atuação e, caso positivo, em que condições o faz; e
b) possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu território ou realizar exportações.
Oferta de Atividades ao Franqueado pelo Franqueador
Exige-se a indicação do que é efetivamente oferecido ao franqueado pelo franqueador, no que se refere a:
a) supervisão de rede;
b) serviços de orientação e outros prestados ao franqueado;
c) treinamento do franqueado, especificando duração, conteúdo e custos;
d) treinamento dos funcionários do franqueado;
e) manuais de franquia;
f) auxílio na análise e escolha do ponto onde será instalada a franquia; e
g) layout e padrões arquitetônicos nas instalações do franqueado.
Situação do Franqueado – Expiração do Contrato de Franquia
Deverá ser estipulado a situação do franqueado, após a expiração do contrato de franquia, em relação a:
1) know how ou segredo de indústria a que venha a ter acesso em função da franquia; e
2) implantação de atividade concorrente da atividade do franqueador.
Prazo de Entrega pelo Franqueador e Sanções
A Circular de Oferta de Franquia deverá ser entregue ao candidato a franqueado no mínimo 10 (dez) dias antes da assinatura do contrato ou pré-contrato de franquia ou ainda do pagamento de qualquer tipo de taxa pelo franqueado ao franqueador ou a empresa ou pessoa ligada a este.
Na hipótese do não cumprimento do prazo de entrega e das informações obrigatórias, o franqueado poderá arguir a anulabilidade do contrato e exigir devolução de todas as quantias que já houver pago ao franqueador ou a terceiros por ele indicados, a título de taxa de filiação e royalties, devidamente corrigidas, pela variação da remuneração básica dos depósitos de poupança mais perdas e danos.
Aplica-se, também, a anulabilidade e exigência de devolução de valores ao franqueador que veicular informações falsas na sua Circular de Oferta de Franquia, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
CONTRATO DE FRANQUIA
O contrato de franquia deve ser sempre escrito e assinado na presença de 2 (duas) testemunhas e terá validade independentemente de ser levado a registro perante cartório ou órgão público. Não poderá o contrato de Franquia Empresarial ser celebrado sem a presença de 2 (duas) testemunhas, é condição obrigatória e que deve ser cumprida, sob pena de nulidade.
Aplicação da Norma de Franquia Empresarial
O disposto na Lei 8.955/1994 aplica-se aos sistemas de franquia instalados e operados no território nacional.
O contrato de franquia é essencialmente uma figura de comércio, celebrado entre comerciantes para o fornecimento de produtos e serviços para terceiros, estes sim os destinatários finais. Portanto, as disposições do Código de Defesa do Consumidor (CDC) não se aplicam aos franqueados.
Os tribunais superiores vêm confirmando que não é cabível aos contratos de franquia as regras do CDC, pois a relação entre o franqueador e o franqueado não está subordinada ao CDC, pois há uma lei especial - Lei 8.955/1994 - que define a formação do contrato e as condições prévias da contratação. 
Principais características e tipos de Contrato de Financiamento de Veículos
Artigo sobre as diferenças entre o contrato de CDC e Leasing oferecidos pelas Instituições Financeiras no Brasil
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Publicado por Thais dos Santos Porto Garcia
há 3 anos
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No momento em que o consumidor brasileiro decide adquirir um veículo automotor para próprio uso, ele comparece a uma concessionária ou agência de veículos, para avaliar o valor e as condições estéticas do bem. Após, se suas expectativas forem atendidas, opta em comprar o veículo pagando à vista, ou recebe uma aquisição de crédito concedida por uma instituição financeira (a maioria dos consumidores adota modalidade mencionada, por não possuir condições financeiras de comprar um carro com a forma de pagamento à vista).
Atualmente, as instituições financeiras nacionais disponibilizam duas modalidades de cessão de crédito para aquisição do financiamento de veículo aos consumidores e empresas, sendo elas: o CDC (Crédito Direito ao Consumidor) e o Leasing (Arrendamento Mercantil). Ambas modalidades possuem vasta diferenças entre si. O Crédito Direto ao Consumidor hoje é a modalidade usada por mais de 75 % dos brasileiros que aderem ao financiamento, conforme pesquisa da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras).
A instituição bancária não pode exigir do consumidor nenhum outro tipo de pagamento adicional para aquisição da propriedade do veículo, devendo assumir a responsabilidade somente da quitação das parcelas estipuladas anteriormente na adesão contratual. Caso o consumidor tenha interesse em obter desconto em juros integrados ao financiamento, pode ser feito o adiantamento do pagamento das parcelas que ainda não venceram, conforme autoriza o artigo 52, parágrafo 2º do CDC:
Art. 52. No fornecimento de produtosou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: [...]
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
Cláudia Lima Marques complementa a definição do Crédito Direto ao Consumidor como aquilo: [...] que impõe uma relação contratual entre o consumidor e o financiador-fornecedor, são duas: a) financiamento direto ao consumidor; e b) financiamento com interveniência do fornecedor-vendedor. No crédito direto, há negócio jurídico entre a financeira e o consumidor, para que este possa pagar ao fornecedor-vendedor, exigindo o financiador como garantia obrigatória a alienação fiduciária, a favor da financeira, do bem que este adquiriu. [...].
A segunda modalidade contratual disponível para o consumidor que obtém o financiamento é o leasing. Tem o termo de origem norte-americana, pode ser conhecido também como arrendamento mercantil, que consiste na operação de crédito com semelhança a um aluguel. Durante o financiamento, o consumidor fica apenas com a cessão de uso do veículo, e a propriedade para fins de garantia, permanece com a instituição financeira.
Silvio de Salvo Venosa entende que "para o arrendador, o leasing é um contrato de fruição, que lhe proporciona frutos, e, para o arrendatário, é um contrato de utilização, embora exista a possibilidade da propriedade, no final do contrato, pelo denominado VRG (valor residual garantido)". No leasing, o consumidor só pode adiantar o pagamento das parcelas que ainda não estão vencidas, após 2 anos de vigência do financiamento, conforme dispõe o artigo 8º, da resolução do BACEN nº 2.309/1996:
Art. 8º Os contratos devem estabelecer os seguintes prazos mínimos de arrendamento: I - para o arrendamento mercantil financeiro: a) 2 (dois) anos, compreendidos entre a data de entrega dos bens à arrendatária, consubstanciada em termo de aceitação e recebimento dos bens, e a data de vencimento da última contraprestação, quando se tratar de arrendamento de bens com vida útil igual "ou inferior a 5 (cinco) anos;30
Nos dias de hoje, o índice de consumidores (pessoa física) que aderem ao contrato de leasing é muito baixo. Algumas instituições financeiras formalizam este contrato atrelado ao valor do dólar, pelo fato da moeda ser estrangeira e ultimamente sofrer inúmeras alterações de valores, estes aspectos podem trazer prejuízos ao consumidor do modo de atingir a onerosidade excessiva do contrato. A jurisprudência majoritária não concorda que o contrato de leasing deva ser formalizado em parâmetros ao valor dólar.
O que é Ação Revisional de Contratos?
Em meio a tantas dificuldades financeiras que enfrentamos é comum nos depararmos com situações onde necessitamos de ajuda para conseguirmos conquistar bens como veículos e imóveis ou mesmo pagar as contas do dia a dia, onde acabamos efetuando contratos de financiamentos ou empréstimos bancários.
No Brasil, a taxa de juros é uma das maiores do mundo devendo o consumidor ficar atento para não cair em armadilhas no que se referem à prática de juros abusivos, muito comum principalmente quando falamos de instituições financeiras que prometem empréstimos para pessoas desempregadas ou que já estejam com seu nome negativado. Essas instituições costumam praticar taxas de juros que correspondem ao dobro, triplo ou até quatro vezes maiores do que a média de mercado.
Quando o consumidor não consegue arcar com as parcelas contratadas em empréstimos bancários, além dos juros abusivos contidos nesses contratos de financiamentos, existem encargos como multas e taxas que incidem sobre o valor em atraso, chamada de comissão de permanência. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – IDEC considera a cobrança desses encargos sobre os valores em atraso como abusivos sendo uma afronta ao Código de Defesa do Consumidor. Esta prevista também a cobrança de multa de até 2% do valor devido podendo ser cobrada uma única vez independentemente do período de inadimplência, além dos juros de mora de 1% ao mês quando há o atraso no pagamento das parcelas contratadas.
Contra todas essas cobranças de taxas abusivas e juros abusivos existe algo que o consumidor pode e deve fazer, a chamada revisão contratual. Um contrato de empréstimo ou financiamento é ema ferramenta legal para registro do pacto firmado entre as partes com respaldo jurídico e deve ser cumprido. Ocorre que abusos contidos nesses contratos segundo o atual Código Civil podem ser revistos se causarem onerosidade excessiva a alguma dessas partes.
Infelizmente a maioria das pessoas desconhecem a possibilidade da revisão contratual e acabam arcando financeiramente com dívidas impagáveis ou excessivamente onerosas, que lesam sua qualidade de vida e tiram seu sono por comprometerem consideravelmente os rendimentos mensais familiares. Sustentar essa cobrança de juros abusivos promovida pelos bancos e instituições financeiras gera uma decepção enorme a milhares de pessoas que acabam tendo que privar-se de confortos em vestimentas, alimentação e lazer para simplesmente sustentar o enriquecimento dos bancos que vivem da exploração de seus produtos que seduzem e atraem o consumidor a essas verdadeiras armadilhas.
O Brasil já há algum tempo vive uma situação muito instável no setor econômico e financeiro com o desemprego assombrando grande parte das pessoas, que acabam passando muito tempo sem uma renda fixa até conseguirem a recolocação profissional. Em alguns contratos de financiamentos existe a cobrança do chamado “Seguro Prestamista” que deveria suprir algumas parcelas do empréstimo até que a pessoa consiga um novo emprego. Ocorre que a maioria dos contratantes desses empréstimos acabam nem sabendo que possuem esse direito, pois o seguro foi “embutido” no contrato sem o conhecimento e sem o consentimento da pessoa. Em suma, ela arca com o seguro durante o pagamento das prestações mensais e quando precisa usufruir do benefício não o faz por puro desconhecimento dos direitos que possui. Esse é apenas um exemplo de um caso típico que necessita de revisão contratual, a chamada ação revisional de contrato.
Outra situação é em relação a cobrança das taxas de juros excessivas, os chamados juros abusivos. Dificilmente uma pessoa sabe se a taxa cobrada em seu contrato de empréstimo ou financiamento é superior as taxas médias de mercado e arcam com esse prejuízo. Os juros abusivos esta presente na maioria desses contratos sob a justificativa dos bancos nos altos índices de inadimplência que ocorrem no Brasil.
O consumidor não pode ser lesado e arcar com cobranças de juros abusivos cometidos por bancos e financeiras porque essa prática gera um desequilíbrio na relação de consumo, onerando excessivamente esse contrato de empréstimo e como conseqüência gera o enriquecimento dessas instituições. Fazer uma revisão do contrato e discuti-lo judicialmente é quase que uma obrigação do consumidor para coibir essa prática corriqueira e injustificável cometida pela parte forte da relação, ou seja, bancos e financeiras.
Como funciona o processo revisional?
Quando o consumidor desconfia que esta pagando uma dívida excessivamente onerosa, e percebe em algum momento que os valores não correspondem com coerência ao empréstimo efetuado, ela pode estar sofrendo a cobrança de juros abusivos.
Para identificar essa cobrança, um profissional deve efetuar uma análise criteriosa do contrato de financiamento, verificando as cláusulas contratuais e os valores que foram tomados como empréstimo, confrontando com as tarifas e taxas de juros cobradas nesse contrato. Todas as informações devem estar presente no contrato de financiamento de forma clara e direta, devendo uma via original ser entregue ao contratante no momento da sua assinatura.
Após essa análise, as taxas e os valores das prestações são confrontados com os valores considerados justos pelos órgãos reguladores. No Brasil, o responsável por fiscalizare acompanhar as taxas de juros que ocorrem em todos os contratos de financiamentos, empréstimos bancários, cartões de crédito, empréstimos pessoais e toda forma de cobrança de juros é o Banco Central – Bacen. Quando é identificada uma discrepância nesses valores, então um laudo deve ser efetuado para comprovar a cobrança de juros abusivos e taxas abusivas.
Com esse laudo em mãos, deve ser ingressada uma Ação Revisional na justiça onde haverá a solicitação da revisão das taxas de juros e valores das parcelas, readequando o contrato para que este volte a promover o equilíbrio entre as partes e assim banir a cobrança de juros abusivos. A Ação Revisional irá passar pela análise do juiz responsável, que é nomeado no processo através de sorteio, devendo este analisar o conteúdo da ação e conforme o caso, oferecer ao réu (bancos e financeiras) a oportunidade de se defender.
Com a análise das provas, caso o juiz esteja convencido que realmente houve uma cobrança de juros abusivos no contrato de financiamento, este poderá determinar o recalculo das parcelas readequando o contrato às condições normais que visam o reequilíbrio financeiro da relação.
Em alguns casos, o processo é submetido às instancias superiores para análise de desembargadores, e em casos extremos pode ser submetido ao Superior Tribunal de Justiça para somente então haver o julgamento definitivo da lide.
Como devo fazer para ingressar com ação revisional?
Quando uma pessoa necessita de um reparo em seu veículo ela logo pensa em um mecânico idôneo que seja de sua confiança e transmita a ela a segurança necessária para efetuar a manutenção em seu carro.
Da mesma maneira ocorre com a ação revisional. Uma vez desconfiado da cobrança de juros abusivos em seu contrato de financiamento ou empréstimo bancário, procurar um profissional qualificado e com histórico inquestionável é fundamental para se obter o sucesso na sua revisão e evitar continuar sofrendo com a cobrança de juros abusivos.
Infelizmente hoje em dia existem muitas pessoas que se aproveitam da situação crítica em que se encontra uma vítima da cobrança de juros abusivos e acaba piorando a situação, que além de pagar juros abusivos ao banco acaba tendo outro prejuízo com a ação revisional.
Por isso pesquisar bastante o histórico do profissional que esta sendo contratado é fundamental para conseguir o sucesso na revisão. Analisar a data de início da empresa, pesquisar o CNPJ e verificar na internet e órgão de proteção ao consumidor se quem estamos contratando merece nosso respeito é uma questão básica e que deve ser tratada com muito cuidado.
Não são todas as pessoas que prezam pelo respeito e cumprem o que prometem. Devemos ficar muito atentos as falsas promessas pois como todos sabemos não existem milagres. Quando existem promessas milagrosas a preços relativamente baixos o consumidor pode ter a certeza que esta caindo em mais uma cilada além daquele já promovida pelo banco que cobrou os juros abusivos do consumidor.
Segundo o CEO da empresa Reis Revisional, líder no Brasil em revisão contratual contra a cobrança de juros abusivos Evandro dos Reis, para se ter um trabalho sério com profissionais que realmente entendem o que pode e o que não pode ser feito e atingir o sucesso na revisão contratual o trabalho é longo e exige muito cuidado: “A luta contra os juros abusivos muitas vezes é longa e exige o tempo e a experiência de profissionais altamente qualificados como peritos, advogados e negociadores. Hoje no Brasil, existem muitos aventureiros que visam apenas o lucro e acabam enganando os clientes com falsas promessas, por isso é fundamental a pesquisa antes da contratação dos serviços”.
Caso você desconfie que esta sendo lesado com cobrança de juros abusivos, preencha o formulário abaixo e receba o cálculo com conforto e segurança promovido pelos melhores profissionais do mercado. Diga não aos juros abusivos!
Cláusulas abusivas nos contratos de financiamento
 
 
· DIREITO DO CONSUMIDOR
· CLÁUSULAS ABUSIVAS NO DIREITO DO CONSUMIDOR
Pode-se afirmar que, cláusulas abusivas estão cada vez mais presentes na esfera da sociedade de consumo, principalmente no que tange aos contratos de financiamento em longo prazo.
RESUMO
          O objetivo deste artigo é demonstrar como as cláusulas abusivas estão cada vez mais presentes na esfera da sociedade de consumo, principalmente no que tange aos contratos de financiamento em longo prazo, bem como as medidas cabíveis contra este tipo vício, como a ação revisional de contrato e a ação declaratória de nulidade. Ainda há situações que não são acolhidas pela legislação atual, bem como a falta de coação adequada para que as instituições financiadoras não usem desse tipo de artifício para gerar onerosidade excessiva para um e prejuízos para o outro polo da relação contratual. A relação de consumo, no que tange o tema Contratos, deve ser equilibrada, ou seja, não deve trazer danos ou prejuízos a nenhuma das partes envolvidas no contrato.                     
Palavras-chave: Cláusulas Abusivas, Contratos de financiamento, Sociedade de Consumo.
  INTRODUÇÃO
            Tratar de Cláusulas Abusivas nos contratos de financiamento é muito importante, pois é uma realidade cada vez mais presente nas relações de consumo. Os ditos contratos de financiamento são formas que a economia acolheu para trazer grande parte da população à esfera do mundo de consumo, pois permite que o consumidor possa desfrutar do bem ao mesmo tempo em que vai amortizando as parcelas referentes ao valor do bem adquirido, dentro de um longo ou pequeno espaço de tempo, por meio de prestações pecuniárias que são fixadas pelas financiadoras.
      Para o desenvolvimento da questão abordada utilizou-se o método exploratório. Este método consiste principalmente na obtenção de informações, argumentos e ideias a serem desenvolvidas. Para que isto seja possível faz-se necessária a utilização de livros, legislações, internet e trabalhos acadêmicos, trazendo para a pesquisa a visão de importantes doutrinadores e leis, em vigência, relacionados ao tema. 
      Serão destacados neste estudo os principais tipos de cláusulas abusivas existentes no mercado de consumo, que estão relacionados com o contrato de financiamento. Desta forma busca-se demonstrar qual a proteção contratual que o consumidor poderá utilizar, assim como os meios jurídicos que podem ser usados por este, bem como os seus impactos no mundo jurídico. Com a evolução e concentração da população urbana, as relações de consumo também se estabeleceram de diversas formas, chegando assim, de maneira mais fácil ao consumidor, como por exemplo: pela mídia, através da publicidade, meios de comunicação etc; e é neste momento que o consumidor deve se atentar para não sofrer abusos por parte do fornecedor de serviços ou produtos.
            1. Princípios Norteadores
            Os princípios relativos aos contratos de financiamento à longo prazo são os citados no artigo 4º e incisos da lei 8.078/90, pois buscam de forma direta atender as necessidades e proteção do consumidor.
           1.1 Princípio da boa-fé
             O principio da boa-fé está positivado no art. 4º, III, Código de Defesa do Consumidor, este é, sem duvidas, o mais importante dos princípios no âmbito do Direito Contratual, pois se presume que todas as relações de consumo devem ser regidas por ele.
            O princípio da boa-fé se divide em duas modalidades: Boa-fé objetiva e Boa-fé subjetiva. No entanto, a mais importante para o direito do consumidor, e que será tratada no presente trabalho, é a boa-fé objetiva, que na definição de Cavalieri Filho (2011, p.173):
É a chamada boa-fé objetiva que, desvinculada das intenções intimas do sujeito, indica o comportamento objetivamente adequando aos padrões de ética, lealdade, honestidade e colaboração exigíveis nas relações de consumo.
            Como se pode notar, a boa-fé objetiva, no que tange aos contratos, está diretamente ligada às condutas das partes envolvidas na sua celebração. Está relacionada à honestidade, confiançae consideração entre as partes. Como explica Tartuce (2010, pag. 33):
A cláusula de boa-fé, mais especificamente, traz aos contratos e aos negócios jurídicos deveres anexos para as partes: de comportarem-se com a mais estrita lealdade, de agirem com probidade, de informarem o outro contratante sobre todo o conteúdo do negócio. Nesse tom, a colaboração está presente de forma inequívoca. Sob esse prisma, o enunciado número 24 do Conselho Superior da Justiça Federal, aprovado na I Jornada de Direito Civil, realizada em setembro de 2002, prevê que o desrespeito desses deveres anexos gera a violação positiva do contrato, espécies de inadimplemento a imputar responsabilidade contratual objetiva àquele que viola um desses deveres anexos.
       Desta forma, presume-se que o princípio da boa-fé esteja presente nos dois polos da relação de consumo, ou seja, cada um agindo dentro do seu limite evitando reprimir os direitos do outro.
            1.2 Princípio da transparência
Este princípio se relaciona com o direito do consumidor, pois está intimamente ligado ao princípio da boa-fé, no momento em que busca a clareza e a nitidez dos contratos de consumo. 
Está explicito no artigo 6º, inciso III, do CDC – a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem;
 
             O objetivo basilar desse princípio é garantir o direito à informação, sendo assim, visa combater as famosas propagandas enganosas, pois a ocorrência desta se torna possível a partir da omissão de informação acerca do produto ou serviço a ser adquirido pelo consumidor, podendo vir a ser objeto de nulidade do contrato.
1.3 Princípio da confiança
Este princípio trata da credibilidade que o prestador/fornecedor de serviços/produtos possui, pois se baseia na expectativa de que as pessoas ajam de modo previsto, ou seja, típico. Nada mais é do que a concretização do comportamento pautado na confiança em que as partes têm de que as condutas ocorrerão de acordo com o que sucede normalmente. Posto isto Cavalieri Filho (2008, pag. 36):
O principio da confiança é uma irradiação normativa da boa-fé está intimamente ligado ao principio da transparência. Confiança é a credibilidade que o consumidor deposita no produto ou no vinculo contratual como instrumento adequado para alcançar os fins que razoavelmente deles se espera. Prestigia as legitimas expectativas do consumidor no contrato. Quem por exemplo, compra um carro financiado tem a legitima expectativa de que as bases do negocio não serão alteradas no curso do contrato e, assim continuará tendo condições de pagar as prestações até o final do financiamento e a plena aquisição do veículo;
Sendo assim, procura proteger as expectativas dos contratantes, baseando-se nas informações passadas pelo fornecedor de serviços, que é a certeza de que tudo o que foi descrito no contrato será cumprido. Podendo ser possível, caso o fornecedor venha a ferir este princípio, responder de forma objetiva pelos danos causados ao consumidor.
1.4 Princípio da vulnerabilidade
Um dos princípios mais importantes, na esfera do direito do consumidor, é derivado do princípio constitucional da isonomia, pois sua fundamentação é baseada na vulnerabilidade do consumidor, que é considerado o lado mais fraco da relação de consumo.
Segundo o Cavalieri filho (2010, pag. 98): “(...) o princípio da vulnerabilidade, expresso no art. 4º, I, do CDC, é também um princípio estruturante do seu sistema, na verdade o elemento informador da política nacional de relações de consumo.”.
A vulnerabilidade a que se refere o princípio está pautada na fragilidade do consumidor, ou seja, está atrelada ao fato do consumidor estar exposto a qualquer investida dos fornecedores/prestador, tornando a relação desequilibrada, pois o contratante não possui proteção direta contra esse tipo de prática, e acaba se tornando o polo mais frágil e com mais chances de sofrer prejuízos.
1.5 Princípio da equidade
            O princípio da igualdade está retratado no caput do artigo 5º da Constituição Federal. Tem como principal objetivo alcançar a justiça máxima dentro do caso concreto.
            Segundo o mestre Cavalieri Filho (2010, p. 102): No artigo 7º, in fine, e no inciso IV, do artigo 51, o CDC refere-se também à equidade – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou seja, incompatíveis com a boa-fé ou a equidade.
            A efetivação desse princípio é feita de várias maneiras, através dos institutos elencados no CDC, que buscam coagir práticas abusivas contra o consumidor.
            2. Cláusulas Abusivas nos contratos
Os contratos celebrados entre as pessoas nem sempre são perfeitos, pois podem trazer normas que prejudiquem uma das partes envolvidas, oferecendo vantagens á outra parte; essas são as chamadas cláusulas abusivas, pois geram desvantagem a um dos lados envolvidos na celebração do contrato, como por exemplo, a exclusão da responsabilidade do fornecedor em caso do produto apresentar imperfeições. Segundo Andreza Cristina Baggio ( 2010, p.342):
No âmbito das relações de consumo, a presença de cláusulas abusivas se faz comumente em contratos de adesão. Todavia, o código de defesa do consumidor brasileiro não fez conexão, pelo que há que dizer que também poderão existir clausulas consideradas abusivas quando o contrato não seja de adesão. O fato é que não é a norma pela qual o instrumento contratual é redigido que explica a existência de uma clausula abusiva, mas sim é o conteúdo dessa mesma clausula que determina a sua abusividade da clausula vinculada á existência de uma relação de consumo, e sim ao conteúdo da clausula, que, se violar a boa-fé e a confiança, será considerada abusiva.
Nada obstante, pode-se dizer que cláusula abusiva é aquela que é notoriamente desfavorável à parte mais fraca na relação contratual, que, no caso em análise, é o consumidor, por expressa definição do art. 4º, nº I, do CDC. A existência de cláusulas abusivas no contrato de consumo torna inválida a relação contratual pela quebra do equilíbrio entre as partes, pois normalmente verifica-se nos contratos, nos quais o estipulante outorga todas as vantagens em detrimento do aderente, que são retiradas as vantagens e a quem são carreados todos os ônus derivados do contrato.
      O artigo 51, Código de Defesa do Consumidor, demonstra de forma clara, em seus incisos, características de cláusulas contratuais abusivas capazes de lesionar quaisquer das partes envolvidas no contrato, desta forma, este instituto se torna o principal campo de incidência de cláusulas abusivas, pois na maioria das vezes em que a unidade fornecedora de serviços ou produtos tenta proteger a sua posição acaba ferindo o princípio da boa-fé e consequentemente lesionando o consumidor.
      As cláusulas abusivas fazem parte da realidade jurídica, e por meio do controle judicial o consumidor pode combater elementos que o prejudiquem no contrato como a cobrança de encargos, juros além do permissivo legal, entre outros embutidos e cobrados pelas instituições financeiras. A falta de informação do consumidor contribui bastante para o aumento da incidência das cláusulas abusivas nos contratos, pois a grande maioria dos consumidores não sabem até que ponto determinada cláusula pode ou não ser considerada abusiva. Não é apenas o fato da relação de consumo “parecer” desequilibrada que indica a real existência de uma cláusula abusiva, pois pressuporia o estabelecimento de novos limites para o controle judicial, assim, haveria a livre determinação no conteúdo do contrato.
      De acordo com o entendimento de Nelson Nery (2004, pag.44): “(...) O instituto de das clausulas abusivas não se confunde com o abuso de direito do art. 187 do Código Civil. Podemos tomar a expressão ‘clausulas abusivas’ como sinônimo de clausulas opressivas, clausulas vexatórias, clausulas onerosas, ou, ainda, clausulas excessivas.”Não se pode deixar de lado a Teoria da Imprevisão que torna abusiva a cláusula que proíbe qualquer alteração contratual, mesmo o fato sendo superveniente e imprevisível, deixando, assim, uma das partes em uma situação complicada. Existem muitas opiniões a respeito desta teoria, entretanto, deve-se reportar ao posicionamento da Ministra Nancy Andrighi: “O preceito insculpido no inciso V do art. 6º do CDC dispensa a prova do caráter imprevisível do fato superveniente, bastando a demonstração objetiva da excessiva onerosidade advinda para o consumidor.”
 Em outras palavras, caso venha acontecer uma situação não prevista no contrato, este poderá ser modificado para que seja adaptado à nova situação.  Essa teoria se fundamenta numa exceção, pois possibilita a alteração do contrato depois de firmado pelas partes, e isso ocorrerá sempre que existir incoerência entre o que foi firmado no contrato e na sua execução.
           3. Contratos de financiamento
           3.1 Surgimento
            O contrato de financiamento a longo prazo surgiu nos Estados Unidos da América, na década de 30 a partir das companhias de seguro. Inicialmente, o objetivo dessas empresas não era gerar dinheiro a partir dos juros, encargos, multas etc, mas de se apropriarem do bem adquirido caso as pessoas contratantes do financiamento não honrassem com o que foi acordado no contrato.
              Somente a partir de 1934 as operações de financiamento começaram a funcionar como atualmente, porém não mais com o objetivo simples de se apropriarem dos bens, mas sim de impulsionar o país economicamente, aumentando cada vez mais os prazos e facilitando o acesso do serviço/produto à população. 
              No Brasil, pode-se notar que a partir do ano de 1944 o financiamento a longo prazo se deu juntamente com o financiamento imobiliário, que veio como uma solução para que uma grande parcela da população pudesse adquirir suas casas, visto que grande maioria percebia baixos salários.
            3.2 Características
     O principal meio de formalização de acordos entre as pessoas são os contratos, e por meio destes é que se dará a prova física da prestação de uma obrigação, e consequentemente estabelecerá os direitos e deveres das partes que celebram o contrato. Nesse sentido o contrato de financiamento tem como principal finalidade gerar recursos para que as pessoas possam adquirir bens/serviços que não poderiam ter na sua real condição financeira, consiste num empréstimo feito pela financeira ou prestadora de serviços à aquele que deseja adquirir determinado bem ou serviço, tal empréstimo é devolvido em forma de parcelas onde são inseridos juros, taxas e demais encargos.
      Este contrato pode ser considerado plurilateral, pois envolve três sujeitos com objetivos distintos: a financiadora, a pessoa que deseja adquirir algo a partir do financiamento e o fornecedor do bem. Sendo assim, pode ser considerado um negócio de natureza jurídica mista ou relacional, pois num momento envolve elementos de um contrato de compra e venda, em outro envolve características de prestação de serviços.
      A partir da celebração do contrato surgem obrigações para todas as partes envolvidas. A financiadora deve efetivar o pagamento do bem/serviço adquirido perante o fornecedor/prestador, bem como a prestação de serviço para o contratante que solicitou o financiamento. Sendo assim, o contratante do financiamento se obriga a efetuar os pagamentos em forma de parcelas com acréscimos de juros, encargos, multas etc, que são resultantes do próprio financiamento, podendo adiantar o pagamento das parcelas, tendo direito ao abatimento proporcional dos juros, como preza o art. 52, caput, Código de Defesa do Consumidor. E por fim, o fornecedor do bem que celebra o contrato de compra e venda com a financiadora, onde esta se obriga a pagar o bem e àquela a entrega da coisa.
3.3 Cláusulas Abusivas no Contrato de Financiamento
      A desigualdade presente nas relações contratuais se tornou evidente a partir do momento em que ocorreu, também, a concentração de forças econômicas, e isso se refletiu diretamente nas relações contratuais, o que fez com que o estado buscasse formas de estabelecer ações para tornar essas relações mais equilibradas, trazendo para Constituição Federal de 1988 a certeza de que o estado garantiria a defesa do consumidor, como apregoa o artigo 5º, inciso XXXII, da Carta Maior.
De acordo com a circular nº 1.273/87, o Banco Central definiu os contratos de financiamento como: “operações realizadas com destinação especifica, vinculadas à comprovação da aplicação dos recursos”. Em outras palavras, é uma maneira de emprestar dinheiro de diversas formas dependendo exclusivamente do que o indivíduo necessita, ou seja, uma quantia de dinheiro que é disponibilizada diretamente para uma finalidade, não podendo ser desviada para outros objetivos. Nas palavras do professor Carlos Roberto Gonçalves (2004, p. 243), “O contrato de financiamento constitui uma subespécie da abertura de credito. É aquele pelo qual a instituição financeira adianta ao cliente recursos necessários para determinado empreendimento, mediante cessão ou garantias.
O contrato de financiamento pode vir conjugado a outras operações acessórias, sendo a mais comum o mandato, para que o banco represente o financiado junto ao devedor deste. O banco financiador cobrará do contratante uma taxa a título de execução do mandato. “É também chamado de adiantamento, porque o banco antecipa numerário sobre créditos que o cliente, pessoa física ou jurídica possa ter”.
A forma de realização do financiamento é muito fácil, levando em conta a grande quantidade de empresas e instituições financeiras existentes hoje em dia no país que oferecem inúmeras formas e benefícios para que o contrato seja celebrado. Em seguida, o tomador de crédito contrai a dívida por meio de uma transação bancária onde constarão os juros, as taxas e o tempo que irá durar o pagamento das prestações definidas em contrato.
Neste ponto da celebração do contrato é bastante comum a ocorrência de cláusulas abusivas que lesam o consumidor, justamente dentro dos termos estabelecidos no contrato, pois muitas vezes a grande maioria das pessoas, por não dar tanta importância a uma leitura minuciosa ou mesmo consultar um advogado antes de assinar determinado contrato, acabam se prejudicando e tomando ciência posteriormente, quando lesadas materialmente.
Sendo assim, estas cláusulas, são nulas de pleno direito, e esta nulidade está garantida no artigo 51 do Código de Defesa do Consumidor. A Mestre Claudia Lima Marques (2002, P. 898) observa que:
O método escolhido pelo CDC para harmonizar e dar maior transparência às relações de consumo tem dois momentos. No primeiro, cria o código novos direitos para os consumidores e novos deveres para os fornecedores de bens, visando assegurar a sua proteção na fase pré-contratual e no momento da formação do vínculo. No segundo momento, cria o código de normas proibindo expressamente as cláusulas abusivas nestes contratos, assegurando, assim, um proteção a posteriori do consumidor, através de um efetivo controle judicial do conteúdo do contrato de consumo.
Na tentativa de buscar equilibrar a relação entre consumidor e fornecedor, a legislação deve primar que toda e qualquer relação desse tipo precisa ser baseada em princípios como o da boa-fé objetiva e da equidade, já citados anteriormente. Segundo estes princípios e outros, para que se possa analisar esse tipo de cláusula, o intérprete deve adquirir uma postura diferente, não ferindo o Código de Defesa do Consumidor, buscando através da nulidade, o objetivo de restabelecer o equilíbrio entre as partes na relação de consumo.
Ainda assim, a falta de informação dos consumidores diante do conteúdo de um contrato de financiamento é muito grande, principalmente no sentindo de interpretá-lo. Atualmente há instituições financeiras e bancárias que prestam este tipo de serviço, em todos os lugares, de forma fácil e rápida, usando para tanto diversos meios para divulgaçãode seus serviços, desde a mídia a panfletos, portando conteúdos ambíguos e imprecisos, de maneira que, não passam para o adquirente a veracidade dos fatos ou da proposta. Um exemplo claro é o fato das instituições tentarem sempre camuflar informações pertinentes ao contrato.
            4. Controle das cláusulas abusivas
Antes da Criação do Código de Defesa do Consumidor não existia um instituto legislativo que tratava as cláusulas abusivas de forma clara, portanto não existia controle direcionado somente a esse tipo de cláusula. Anteriormente à criação do Código de Defesa do Consumidor, as cláusulas abusivas eram tratadas de forma esparsa na legislação, fazendo com que o judiciário usasse a analogia, buscando assistência nos artigos 4º e 5º da Lei de Introdução do Código Civil para prover as lacunas existentes à época.
A aplicação do Código de Defesa do Consumidor aos contratos de financiamento foi bastante questionada até a pacificação do tema pelo STF, que deixou claro na ADIn 2.591/DF, impetrada pela Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CONSIF), que objetivava a inconstitucionalidade formal e material de parte do art. 3º do CDC, que torna os serviços bancários, financeiros, de crédito e securitários, em objetos de relação de consumo. No entanto, a decisão proferida pelo STF foi de improcedência da referida ação, tornando plenamente constitucional a aplicação do CDC nos contratos de financiamento.
A defesa do consumidor com relação às clausulas abusivas se dá por meio de ações dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Qualquer tipo de contrato que verse sobre fornecimento de serviço e dê ensejo a uma relação de consumo está sujeito às normas de proteção e devem estar calcados nos princípios primordiais que regem o Código Civil e Código de Defesa do Consumidor. Mas há dois princípios que merecem uma atenção especial, que são os princípios da boa fé e da equidade, que devem ser sempre aplicados às relações de consumo em geral. Segundo Cavalieri Filho (2011, pág. 102):
A boa-fé como limite ao exercício de todo e qualquer direito subjetivo (função de controle) representa o padrão ético de confiança e lealdade indispensáveis para a convivência social. As partes devem agir com lealdade e confiança recíprocas. Esta é a expectativa de um comportamento adequado por parte do outro, é um componente indispensável na vida e na relação de consumo. Como principio infraconstitucional mais importante, tanto no CDC quando no Código Civil, a boa fé na sua função de controle, passou a ser um sinto de segurança da ordem jurídica.
O controle feito pelo judiciário, com relação ao instituto das cláusulas abusivas é pautado especificamente sobre o artigo 5º, inciso XXXV, da Carta Maior, “a lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a direito.”, deixando claro que a norma atinge a todas as pessoas. No entanto, o controle judicial age buscando sempre reprimir a existência de cláusulas abusivas na relação contratual, e consequentemente, protegendo o consumidor. Neste contexto João Batista de Almeida (2009, p. 152) trata da seguinte forma o tema:
A intervenção estatal fez com que o contrato passasse a ser dirigido, no seu conteúdo, por meio de leis que impõem ou proíbem certas condutas. O dirigismo contratual resultou na limitação da liberdade contratual com o fim precípuo de reestabelecer o equilíbrio das partes contratantes e obviar proteção ao consumidor.
No que concerne ao controle legislativo, há apenas que se considerar que este controle visa reforçar a segurança dos contratos, fazendo com que os preceitos legais possam garantir assistência e aparo ao consumidor para que este tenha a garantia plena dos seus direitos.
As cláusulas abusivas, na esfera do judiciário, devem ser decretadas tanto a pedido do consumidor, como também de ofício pelo magistrado, pois os artigos previstos no Código de Defesa do Consumidor são de ordem pública e de interesse social. Porém, existe uma exceção à regra que está descrita na súmula 381 de STJ trazendo em seu bojo que: "Nos contratos bancários, é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas.".
Vale lembrar que, o direito nesses casos preclui, pois, como já foi dito, trata-se de ordem pública e de interesse social, ainda assim, o prazo prescricional vai depender de cada caso. Cabe ressaltar que, as sentenças provenientes de demandas judiciais, que envolvam cláusulas abusivas, têm efeito ex tunc, no entanto, nem sempre esse fato culmina com a anulação total do contrato, podendo atingir somente atos e fatos advindos das cláusulas questionadas.
Deve-se levar em consideração que, infelizmente, nem sempre o controle de repressão de cláusulas abusivas pela via judicial atinge seus objetivos de forma plena, ou seja, nem sempre as determinações legais são cumpridas integralmente, ficando evidente a discrepância entre a realidade teórica e a realidade prática. De acordo com Éder Maurício Pezzi López (2003, p.54):
Na última década, tem-se visto no Judiciário um número cada vez maior das chamadas “ações revisionais de contrato bancário”, demandas onde o consumidor busca de alguma forma modificar ou invalidar um determinado negócio jurídico entabulado com instituição financeira. Ocorre que, em muitos casos, alegando ou não invalidades do contrato, o demandante se torna inadimplente, impondo à instituição financeira buscar o exercício de sua pretensão junto ao Judiciário, geralmente por meio de execução judicial.
No que tange ao controle executivo, há que se considerar que existem controversas em relação à intervenção deste poder na relação contratual ou de consumo. Deve apenas levar em consideração os poderes que o Presidente da República possui diante do artigo 62 da Constituição Federal, ou seja, poder de editar leis, medidas provisórias relacionadas à inversão do ônus da prova, cobrança de taxas de juros acima do permitido e principalmente, caso entenda determinada lei inconstitucional, tem o poder de veto como explica o artigo 84 da Constituição Federal.
 Conclusão
Desta forma, a realização do presente estudo demonstrou um dos grandes problemas relacionados às relações de consumo celebradas por meio de contrato, em especial os de financiamento a longo prazo e sua influência no mundo jurídico, pois está relacionado à evolução econômica do país e o aumento do poder aquisitivo dos consumidores. Todavia, vem refletindo de forma intensa nos preceitos legislativos, que devem se renovar e se adequar a essas modificações no decorrer dos próximos anos.
É imprescindível a importância da análise da incidência de cláusulas abusivas nos contratos de financiamento, pois, infelizmente, este é um dos principais meios que grande parte da população do nosso país possui para obter bens como moradia digna ou um automóvel, excluindo a necessidade de perder grande parte da vida esperando por isso, como ocorre na maioria dos países subdesenvolvidos e aqueles que sustentam altas cargas tributárias, que geram a impossibilidade dos cidadãos adquirirem bens de forma mais rápida, quitando-os em sua integralidade, como nos países desenvolvidos.
No entanto, caso haja a incidência de cláusulas abusivas, serão decretadas a sua nulidade e consequentemente estas perderão seus efeitos perante o contrato firmado, já que a legislação deixa claro que as cláusulas abusivas devem ser decretadas nulas de pleno direito, levando em conta que a regra geral vela pela permanência dos contratos, desde que não haja ônus às partes, resultante da ausência da cláusula.
Pode-se notar que os avanços do legislador no que concerne à  relação contratual, juntamente com o Código de Defesa do Consumidor, proporcionam um meio de defesa maior à parte mais fraca da relação contratual não se restringindo apenas ao Código Civil e à Constituição Federal,  como ocorrera no século passado. A previsão das cláusulas abusivas no Código de Defesa do Consumidor foi um grande avanço, pois atualmente é o principal meio de apoio ao Código Civil com relação ao tema abordado, trazendo para o consumidora possibilidade de se defender quando este apresentar comprovação que está sendo lesado mediante práticas abusivas da prestadora de serviços com a qual celebrou contrato.
           Bibliografia
CAVALIERI  FILHO, Sérgio. Programa de Direito do Consumidor. 3.ed Imprenta: São Paulo, Atlas, 2011. 
MARQUES, Cláudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 4. Ed., rev., atual. E ampl. São Paulo: RT, 2002.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2004, v3.
SCHIMITT, Cristiano Heineck. Aa Cláusulas abusivas no Código de Defesa do Consumidor, Revista de Direito do Consumidor. São Paulo: RT, n. 33, jan./mae. De 2000.
CAVALCANTE, Karla Karênia Andrade Carlos, Artigo As Cláusulas Abusivas a Luz da Doutrina e da Jurisprudência. Fonte Ambito Juridico..Ceará 2010.
ALMEIDA, João Batista. A Proteção Jurídica do Consumidor. São Paulo, 7. Ed, Editora Saraiva. 2009.
SANTOS, Rafael Carneiro, Artigo As Cláusulas Abusivas no Contrato de Adesão. Escola de Magistraturado Estado do Rio de Janeiro. 2009 exdruxulas
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Ultimo acesso: 18/09/2013 às 08h05min
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http://www.jusbrasil.com.br/topicos/347688/contrato-de-financiamento-bancario
Ultimo acesso: 17/03/2013 às 07h30min
Temas Jurídicos em Debates - "O Princípio da Boa-Fé Objetiva em Matéria Contratual. Apontamentos em Relação ao Novo Código Civl e Visão do Projeto nº 6.960/02". Disponível em:  http://www.professorsimao.com.br/artigos_convidados_tartuce.htm
Qual a diferença entre mora, multa, juros?
• Mora quer dizer atraso. O CDC permite a cobrança de juros de mora (juros moratórios) de, no máximo, 2% do valor da parcela em atraso. O não-pagamento de uma conta na data de vencimento obrigatoriamente resulta na cobrança de multa ou juros de mora.
• A multa (ou cláusula penal) é um percentual previsto em contrato que o fornecedor retém do total pago, no caso de rescisão imotivada do contrato por parte do consumidor. No caso da alienação fiduciária (financiamento em que o veículo está em propriedade do banco, que cede a posse do mesmo ao alienante), o consumidor perde totalmente o que pagou, uma vez rescindido o contrato. Além disso, se prevista em contrato, deverá ser paga uma multa, que a jurisprudência entende nunca poder ser superior a 20% do valor do bem.
• Juro (diz-se juro remuneratório) é um percentual cobrado sobre a dívida, acrescendo seu valor. Normalmente, eles são devidos em virtude de contrato, independentemente de atraso no pagamento.
O que são juros de mora?
Quando alguém está obrigado, por um contrato ou pela lei, a realizar um pagamento dentro de um prazo determinado e, por sua culpa, não o faz, diz-se que essa pessoa se encontra em mora.
Ao encontrar-se em mora, o devedor fica legalmente obrigado a indenizar o credor pelos eventuais danos por este sofridos, decorrentes do não pagamento em tempo devido.
Esta indenização traduz-se no pagamento de juros de mora. Assim, além da dívida propriamente dita, há que pagar uma compensação ao credor pelo atraso do pagamento.
CONTRATOS - CLÁUSULA PENAL
A denominada "cláusula penal" é aquela que determina, no contrato, as penalidades para o contratante inadimplente com suas obrigações.
Incorre de pleno direito o devedor na cláusula penal pactuada, desde que, culposamente, deixe de cumprir a obrigação ou se constitua em mora.
Cláusula penal compensatória
É firmada entre as partes contratantes através da qual se estipula o ressarcimento do credor na hipótese de inadimplemento absoluto da obrigação.
Cláusula penal moratória
É a contratual prevista para o caso de mora.
Forma da cláusula penal
A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
Credor
Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor.
Cumulação
Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal.
Limite
 O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal.
Redução judicial
A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio.
Obrigação indivisível
Sendo indivisível a obrigação, todos os devedores, caindo em falta um deles, incorrerão na pena; mas esta só se poderá demandar integralmente do culpado, respondendo cada um dos outros somente pela sua quota.
Veja também tópico Obrigações Divisíveis e Indivisíveis.
Aos não culpados fica reservada a ação regressiva contra aquele que deu causa à aplicação da pena.
 
Obrigação divisível
Quando a obrigação for divisível, só incorre na pena o devedor ou o herdeiro do devedor que a infringir, e proporcionalmente à sua parte na obrigação.
Inexigibilidade de prejuízo
Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo.
Ainda que o prejuízo exceda ao previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente.
Arras ou Sinal
Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra, a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida, se do mesmo gênero da principal.
Natureza jurídica
As arras ou sinal é uma cláusula real e acessória ao contrato principal.
As arras ou sinal é o valor em dinheiro ou outro bem móvel (fungível ou infungível) dado por dos parceiros contratuais ao outro, no momento da conclusão do contrato, confirme propósito de assegurar o cumprimento do objeto contratual. 
Espécies de arra
As arras podem ser classificadas em:
·       Arras confirmatórias: possuem um condão (pretenso a fazer), de garantir o vínculo obrigacional;
·       Arras penitenciais: possibilitam aos contratantes o desfazimento do contrato por vontade própria.
Inexecução do contrato
Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado.
Indenização suplementar
A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos, valendo as arras como o mínimo da indenização.
Função indenizatória
Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.
Base: Código Civil, artigos 408 a 420.

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