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1 GESTÃO DE BIBLIOTECAS PUBLICAS 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 1.1- METODOLOGIA ...................................................................... 3 3. BIBLIOTECA PÚBLICA ............................................................... 7 5. COMPORTAMENTO DE USUÁRIOS EM BIBLIOTECAS ........ 12 5.2- BARREIRAS DA USABILIDADE ............................................ 14 6.1- A TRAJETÓRIA DA GESTÃO DA QUALIDADE EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO NO BRASIL ................................................................... 18 7.1- A GESTÃO EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS: DESAFIOS ....... 23 9. A IMPORTANCIA DO BIBLIOTECARIO COMO GESTOR DOS SERVIÇOS INFORMACIONAIS ................................................................... 28 11. A ORGANIZAÇÃO DA BIBLIOTECA......................................... 31 11.2- ORGANIZAÇÃO DE ITENS ................................................... 34 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 38 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 1. INTRODUÇÃO A gestão de bibliotecas publica é um serviço árduo na sociedade contemporânea uma vez que os profissionais da informação necessitam estarem constantemente atualizados e se desfazerem do tradicional modelo de administração onde é ignorado fatores de satisfação humano deixando os serviços pouco receptivos aos usuários. A questão da eficiência e eficácia nos centros de informação são objetos de qualidade onde podem ser contemplados a excelência nos serviços garantindo assim o desenvolvimento das atividades em pouco tem pouco com maiores resultados. Para que haja essa excelência nos serviços da biblioteca se faz necessário todo um planejamento estratégico alocando e fazendo uma adaptação de técnicos e estagiários na biblioteca como também o bibliotecário por sua vez deve ter empatia pelos os usuários qualificando e agilizando os serviços oferecidos, transformando as necessidades da biblioteca em metas a serem alcançadas em um curto, médio e longo período de tempo dependendo dos objetivos. A qualidade nos serviços oferecidos pelas bibliotecas públicas faz com que a comunidade veja esse espaço como um ambiente sociável, interativo e dinâmico, onde os usuários possam compartilhar e trocar informações e serviços de forma colaborativa e participativa, encontrando na biblioteca um espaço para desenvolvimento do potencial humano e consolidação de uma consciência critica cidadã. Nesta perspectiva, este trabalho objetiva analisar o fator qualidade nos serviços oferecidos pelas bibliotecas públicas do triangulo Crajubar enfatizando a gestão e o planejamento dessas unidades informacionais e os resultados dos serviços oferecidos enfocando a satisfação do usuário como aspecto principal. 1.1- METODOLOGIA Para a construção deste material, foi utilizada a metodologia utilizada de pesquisa bibliográfica e descritiva, com o intuito de proporcionar um levantamento de maior conteúdo teórico a respeito dos assuntos abordados. 4 Segundo Gil, a pesquisa bibliográfica consiste em um levantamento de informações e conhecimentos acerca de um tema a partir de diferentes materiais bibliográficos já publicados, colocando em diálogo diferentes autores e dados. Entende-se por pesquisa bibliográfica, a revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica, a qual pode ser realizada em livros, periódicos, artigo de jornais, sites da Internet entre outras fontes. Outro método utilizado foi à metodologia de ensino Waldorf, esta metodologia é uma abordagem desenvolvida pelo filósofo Rudolf Steiner. Ele acreditava que a educação deve permitir o desenvolvimento harmônico do aluno, estimulando nele a clareza do raciocínio, equilíbrio emocional e a proatividade. O ensino deve contemplar aspectos físicos, emocionais e intelectuais do estudante. A pesquisa é descritiva, de campo e histórica, apoiada em técnicas de análise documental sobre a legislação e os planos de ensino obtidos, bibliográfica (MALHOTRA, 2006; COOPER; SCHINDLER, 2003; VERGARA, 2003; LUNA, 2002), e de análise de conteúdo (BARDIN, 2004). O planejamento e a revisão da literatura ocorreram durante o segundo semestre de 2007; a coleta dos dados, a análise e a apresentação dos resultados ocorreu durante 2008. Ainda para a construção deste, foi utilizado a etnometodologia, pela fenomenologia e pelo legado de Wittgenstein, além de alguns elementos marxistas e outros pensamentos mais contemporâneos, como os desenvolvidos por Pierre Bourdieu e Anthony Giddens. Segundo Nicolini, Gherardi e Yanow (2003) a noção de prática, na sua essência filosófica, está baseada em quatro grandes áreas do saber - na tradição marxista, na fenomenologia, no interacionismo simbólico e no legado de Wittgenstein, das quais podem ser citados fenômenos como: conhecimento, significado, atividade humana, poder, linguagem, organizações, transformações históricas e tecnológicas, que assumem lugar e são componentes do campo das práticas para aqueles que delas compartilham. Com tudo, o intuito deste modelo é possibilitar os estudos e contribuir para a aprendizagem de forma eficaz, clara e objetiva. 5 2. BIBLIOTECA E SUA FUNÇÃO A partir das leituras de fundamentação teórica desenvolvidas neste estudo, verificou-se como a estrutura e a administração da biblioteca foram, gradativamente sendo pensada e modificada, com o intuito de aperfeiçoamento dos métodos empregados nos espaços das bibliotecas, com objetivo de democratizar e aperfeiçoar os recursos deste ambiente de informação. Neste sentido, busca-se no item de discussão, um olhar mais específico para realidade na qual se vivencia no cotidiano, neste caso, a biblioteca e a escola. A convivência organizacional entre a biblioteca e a escola, como espaço prático e funcional, ainda não e uma realidade materializada em nosso país. Embora exista biblioteca em parte de nossas escolas, esse ambiente ainda vive em segundo plano, considerando este como espaço de recursos essenciais dentro do fazer pedagógico das escolas (SILVA e BORTOLIN, 2006). A biblioteca deve dar suporte à formação daqueles que a procuram, estimular a leitura e a pesquisa, pois este local é parte integral do processo educativo, conforme aponta o Manifesto da Unesco/IFLA (MACEDO, 2005, p. 173). Este mesmo autor informa que, na biblioteca existem informações de todas as áreas do conhecimento. Cada livro se bem organizado, de forma prática e inteligente, permite uma melhor exploração de seu potencial de informação. Por isso, o contatodo aluno com o livro deve ser estimulado de todas as maneiras possíveis. Para tanto, deve-se procura gerenciar este espaço de interação com o conhecimento, de forma, que este possa colaborar de fato com a unidade escolar em que se encontra. Macedo (2005) assinala que a biblioteca da escola deve estar organizada de modo que proporcione aos alunos e aos demais membros da comunidade escolar a busca pelo conhecimento. Além disso, ela coopera com as ações da escola, pois fornece aos estudantes espaço para pesquisa e estudos nos momentos de aprendizagem. Para tanto, faz-se necessário estabelecer uma ação organizacional entre biblioteca e escola, entre biblioteca e seu acervo. Se a biblioteca da escola 6 estiver bem estruturada, tanto física quanto pedagogicamente, servirá a comunidade escolar como um todo: alunos, professores e pais. No caso dos alunos, (BARÓ; MAÑA; VELLOSILLO, 2001, p.16-17) uma biblioteca bem organizada proporcionará: Encontrar seu ritmo e buscar na biblioteca os materiais que mais lhes interessam; permitir que ampliem as explicações da sala de aula, de acordo com seus interesses; ensinar a trabalhar com documentos muito diferentes e em todos os suportes; preparar os alunos para utilizar outras bibliotecas; preparar para o uso de novas tecnologias; compreender o mundo; despertar o gosto pela leitura. Os mesmos autores afirmam que para comunidade escolar, a biblioteca organizada, de uma maneira, mais dinâmica contribuirá: Para construir o projeto educativo e facilitador aos professores a preparação de materiais docentes; Para formação continuada de professores; Para aproveitar melhor os recursos da escola e compartilhá-los; Para manter-se informada cotidianamente; Para ter acesso mais facilmente a outras bibliotecas, no caso de um sistema interligado em rede. (p. 16-17). As possibilidades de conhecimento que a biblioteca proporcionará à comunidade escolar são inestimáveis, entretanto, Silva (2009) aponta que é preciso que ela esteja integrada ao um programa de gerenciamento de espaços e acervos, capaz de verificar, propor e potencializar os pontos positivos do ambiente escolar, se colocando na pauta das discussões que dizem respeito ao andamento pedagógico da instituição. O bibliotecário ou profissional que atua neste local deve participar ativamente das discussões gerais, do planejamento anual previsto pela escola, ou seja apresentar e discutir o seu plano de trabalho em relação à escola, de modo que a biblioteca esteja inserida integralmente no cotidiano escolar. (SILVA, 2009, p. 61). Bajard (2002) considera que a maximização dos recursos da biblioteca supõe que cada atividade seja identificada a partir de suas características próprias e encontre o seu local apropriado. O autor entende que a busca da informação remete ao uso da própria biblioteca, único lugar, que contém (deveria conter como visualização ideal) acervo rico, diversificado e amplo. 7 A divisão das atividades depende, da própria análise do cotidiano escolar, das peculiaridades de tarefas e espaços disponíveis em cada escola, porém também dos projetos planejados e administrados do profissionais que atuam no espaço da biblioteca e do coletivo da instituição escolar. O que significa que cada estabelecimento pode, gerenciar (organizar, implementar, avaliar e reorientar as atividades e recursos) de maneira particular os seus espaços. 3. BIBLIOTECA PÚBLICA A biblioteca pública se caracteriza por ser um importante meio de acesso à informação da comunidade em que está inserida. Ela também é um acesso local ao conhecimento, fornecendo as condições básicas para a aprendizagem ao longo da vida, auxiliando as pessoas na tomada de decisão independente, além de ser um pólo de desenvolvimento cultural dos indivíduos e dos grupos sociais. (IFLA, 1994). Tem como principal objetivo: Fornecer recursos e serviços em diversos suportes de modo a ir ao encontro das necessidades individuais ou coletivas, no domínio da educação, informação e desenvolvimento pessoal e também de recreação e lazer. Desempenha um papel importante no desenvolvimento e manutenção de uma sociedade democrática, ao dar aos indivíduos acesso a um vasto campo de conhecimento, ideias e opiniões (IFLA, 2013, p. 13). A biblioteca pública é uma organização criada, mantida e financiada pela comunidade, quer através da administração local, regional ou central, quer 8 através de outra forma de organização comunitária, oferecendo produtos e serviços a todos os membros da comunidade, independente de raça, idade, condição econômica, nível de escolaridade ou religião. A biblioteca pública surge na segunda metade do século XIX, nos Estados Unidos e na Inglaterra, tendo como características: serem mantidas integralmente pelo Estado; com funções específicas e com a intenção de atender a toda a sociedade (ALMEIDA JÚNIOR, 2003). No entanto, não há consenso em relação aos motivos que determinaram seu surgimento. Um fator que motivou o surgimento da biblioteca pública foi a necessidade, a partir das exigências da revolução industrial, de uma mão-de- obra mais qualificada. Nesse sentido, a biblioteca surgiria como um meio de aperfeiçoamento dos trabalhadores que já estavam no ensino formal. Outros, no entanto, sugerem que a razão de seu aparecimento foi a reivindicação da população por acesso à educação gratuita. (ALMEIDA JÚNIOR, 2003). Durante muito tempo, a razão de ser da biblioteca pública era o trabalho com a preservação de materiais. O fundamental era guardar, manter e armazenar, deixando a disseminação da informação em segundo plano. Atualmente, no entanto, as bibliotecas públicas oferecem invariavelmente os serviços de empréstimo e consulta. O empréstimo é um serviço geralmente não realizado por bibliotecários. Ao passo que o atendimento ao usuário, forma mais importante para propiciar a consulta, é exercido também por bibliotecários. Para Almeida Júnior (2003, p. 68), a preocupação exclusiva com o acervo faz parte das características da biblioteca pública tradicional, entre as quais também podemos citar: 9 “o enfoque prioritário e exclusivo no livro e na leitura, a passividade, o isolamento, a falta de interesse em promover mudanças [...]”. Algumas bibliotecas também oferecem serviços ligados à atividades culturais, denominados normalmente de ação cultural. Tais serviços são os seguintes: hora do conto, poesia, exposições, concursos, debates, palestras, oficinas etc. Normalmente tais serviços estão voltados para o incentivo do gosto pela leitura ou são oferecidos como eventos, desvinculados dos outros serviços e sem o planejamento necessário, vistos apenas como modismo das bibliotecas públicas. O autor divide as bibliotecas em duas categorias de acordo com os serviços que oferecem: tradicional e alternativa. As bibliotecas alternativas são designadas genericamente dessa maneira para referir-se às bibliotecas que possuem a intenção de atuar de modo diverso ao das bibliotecas públicas tradicionais, defendendo novas concepções de serviço, postura e mediação da informação. Por outro lado, temos as bibliotecas tradicionais, que acreditamos tratar-se da maioria e que, segundo Almeida Júnior (2003), possuem características que merecem ser melhor analisadas, tais como: Diferença entre discurso e prática; O usuário na prática não é o principal objetivo da biblioteca; Os meios são considerados mais importantes que os fins; Todo o trabalho é voltado quase que exclusivamente para o livro; Só há biblioteca quando seu espaço é repleto de livros; As técnicas, o trabalho da biblioteca e os bibliotecários são entendidos como neutros e imparciais; A matéria-prima da biblioteca, a informação, não sofre nenhum tipo de interferência, quer política, social, econômica e cultural; O serviço de referenciapode ser exercido por qualquer pessoa; Não há efetiva participação efetiva da comunidade na gestão da biblioteca; O objetivo maior da biblioteca é promover e fornecer a boa leitura; e O usuário deve procurar a biblioteca e não o contrário. 10 Tais características impedem que as bibliotecas públicas brasileiras cumpram efetivamente sua missão de disseminar a informação para toda a comunidade. Dessa forma, torna-se necessária uma análise mais acurada de estratégias que atuem no sentido de solucionar esses problemas. 4. A BIBLIOTECA PÚBLICA E A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Podemos observar que nos últimos anos o crescimento do conhecimento e da produção cientifica não é proporcional ao acesso a essas informações, o que contribui diretamente para a retenção de poder por aqueles que possuem privilégios. No que diz respeito à competitividade, também esse fato é refletido, uma vez que as camadas menos privilegiadas também não conseguem expor suas produções de conhecimento de forma igualitária e justa. O acesso ao conhecimento não se dá somente em relação à tecnologia, como a internet em computadores ou smartphones, mas na evolução tecnológica no momento de atribuir valor e qualidade à informação. Por isso é necessário saber discernir entre o que é relevante, seja em uma pesquisa ou em informações para um crescimento pessoal. O papel do bibliotecário e das bibliotecas fica totalmente comprometido, pois, essa “autonomia” do usuário é quase sempre mal usada. A biblioteca pública seria a peça fundamental para esse público carente que não se enquadra nem na área do ensino (professores e alunos), nem na área editorial e de pesquisa. 11 A população trabalhadora que move a sociedade fica órfã de acesso e apropriação da informação na formação da cidadania e de seus interesses, muitas vezes, básicos. Suaiden (1980) realizou levantamento das condições de 25 bibliotecas estaduais: As conclusões revelaram que, na maioria, não havia profissionais qualificados, o acervo era deficiente e apenas um percentual mínimo da comunidade era atendido pela biblioteca. A grande massa da população, portanto, os não-usuários desconheciam a instituição, e as autoridades não encontravam razão para investir na biblioteca. Em 1995, o mesmo autor, estudando as necessidades de informações da população, propôs prioridades para a coleta e disseminação nas bibliotecas públicas de informação utilitária que ajudaria as pessoas a resolver os problemas cotidianos. Os estudos realizados demonstram que, para as populações carentes, a informação oral é até mais importante que a informação bibliográfica. À medida que a biblioteca pública decida implantar um serviço de informação utilitária, dará́ um grande passo, contribuindo para a formação da cidadania, e poderá́ se tornar um real centro disseminador da informação. (SUAIDEN, 2000, p.58). 12 No Brasil, pouco se conhece sobre estudos de usuários em bibliotecas públicas e suas necessidades. Já nos Estados Unidos, há um grande investimento nesses estudos resultando em bibliotecas cheias de usuários satisfeitos cada vez mais com os produtos e serviços, o que faz com que estreitem os laços de fidelidade e interação entre a sociedade e a biblioteca. O usuário necessita sentir-se acolhido e pertencido à unidade de informação de forma natural e espontânea. Planejamento estratégico resulta em melhorias de relacionamento com os usuários reais e em potências, ou seja, a curto, médio e longo prazo. O modelo de marketing utilizado nas bibliotecas brasileiras é o marketing indiferenciado, que é nivelar todos os usuários como um único público, não respeitando as necessidades singulares e particulares, características socioeconômicas, regionais e etárias de cada um. A sociedade da informação ainda atinge altos índices de desinformação, o que não muda muito no processo histórico a dominação dos mais fortes sobre os fracos. Medidas como alinhar os recursos das bibliotecas públicas com os interesses, muitas vezes simples e essenciais de uma comunidade, são fundamentais para reverter o cenário no qual mesmo sendo um país rico, não reconhece e nem legitima os direitos de seus cidadãos. 5. COMPORTAMENTO DE USUÁRIOS EM BIBLIOTECAS Foi somente no início do século XX, com o surgimento da conectividade e devido a diferentes registros manipulados e disseminados pelas bibliotecas para diferentes públicos que surgiu a ideia de usuário. Atualmente com a evolução tecnológica, o usuário não necessita estar presente em uma única biblioteca para ter acesso à informação, o que acaba otimizando o seu tempo, porém, tais tecnologias não farão diferenças se não forem bem utilizadas, problema denominado barreiras de usabilidade. O usuário precisa se sentir confortável no espaço físico bem como com a tecnologia. A informática foi criada com o objetivo de controlar a grande quantidade gerada de informação. De acordo com Machado (2003 apud SILVA, 2008), o cérebro humano não suporta o peso desse conhecimento acumulado registrado em diferentes suportes. 13 As bibliotecas, além de possuírem a função de organizadoras dos saberes e de sistematização do acesso à informação, passam a atuar como centros de educação, recreação e pesquisa. São também reconhecidas como espaços informativos, para conhecer, discutir, criar e recriar, disponibilizando informações de maneira rápida e eficaz, ou seja, caracterizando-se pelas seleções qualitativas, que implicam redução de tempo e de precisão dos serviços. Sistemas podem ser considerados elementos organizados para um objetivo comum que, no caso da informação recupera, processa e distribui de forma manual ou informatizada. Em uma unidade de informação a equação deve ser: usabilidade x custos x benefícios. O maior desafio na criação de sistemas de informação é pensar nas reais necessidades dos usuários que possuem maiores dificuldades quanto ao uso das tecnologias. Portanto, é preciso buscar frequentemente melhorias quanto ao uso da informação e ao comportamento dos usuários. Para Maia e Cendón (2005 apud SILVA, 2008), existem outros fatores que também comprometem o comportamento do usuário, como, por exemplo, a habilidade técnica específica desse usuário, influenciado diretamente na utilização dos sistemas, assim como, o contexto e o espaço onde a pessoa desenvolve o uso. 14 5.1- CARACTERÍSTICAS DA USABILIDADE Usabilidade é a característica que determina se o manuseio de um produto é fácil e rapidamente apreendido, com uma quantidade pequena de erros operacionais e oferecimento de um alto grau de satisfação, atingindo seus objetivos. (FERREIRA; LEITE, 2003; LIRA, 2005). Para Vidotti e Sanches (2004, apud SILVA, 2008) as características da usabilidade são: Eficácia de uso: domínio do sistema pelo usuário; Satisfação subjetiva: de maneira geral, o usuário está satisfeito com o sistema; Baixa taxa de erros: mesmo que ocorram erros a recuperação das tarefas ocorre sem transtornos; Consistência: as ações são padronizadas ocorrendo uma familiaridade sobre o uso e as formas; Flexibilidade e feedback: o sistema é flexível e responde de maneira interativa a usuários de diferentes necessidades; Facilidade de aprendizado: sistema de fácil aprendizado por todos os níveis de usuários; Facilidade de memorização: uma vez aprendido, o usuário não esquece a utilização do sistema e retoma de forma mais rápida. 5.2- BARREIRAS DA USABILIDADE As barreiras da usabilidade podem ser: Barreiras econômicas: miséria, que por sua vez, pode ser considerada falta de crédito, analfabetismo e carência; Barreiras tecnológicas: desinteresse de conteúdo ou dificuldades tecnológicas ou comodismo; Barreiras psicológicas: cyberphobia, preconceito tecnológico ou de mudanças no sistema; Barreirasinstitucionais: sistemas que não possuem manutenção, uso restrito de pessoas, coleções defasadas e pessoas destreinadas. 15 A capacitação do usuário e dos funcionários em unidades de informação é fundamental para romper quaisquer barreiras de usabilidade, porém, o estudo de como o usuário busca a informação também é fundamental para o desenvolvimento dos sistemas e de treinamento de pessoal. O usuário além de conhecer o sistema, deverá estar apto a localizar, selecionar e utilizar fontes mais adequadas para a realização de uma busca pertinente e eficaz. (SILVA, 2008). Quanto ao profissional da informação, é preciso que este também se considere um usuário para que o desenvolvimento de todas as etapas seja coerente com a realidade de todos. 6. GESTÃO DA QUALIDADE: CONCEITOS E FUNDAMENTOS A abordagem conceitual a respeito do termo qualidade tem sido discutida na literatura sob diversos aspectos. Apesar de não haver um consenso entre os teóricos, assume-se que o conceito de qualidade reflete um objetivo comum: o de atingir a satisfação do cliente. As definições clássicas de qualidade propostas por Oakland (1994) incluem as abordagens de outros autores: Adequação à finalidade ou uso – Juran; Conformidade com as exigências – Crosby; A qualidade deve ter como objetivo as necessidades do usuário, presentes e futuras – Deming; O total de características de um produto e de um serviço referentes a marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando em uso, atenderá às expectativas do cliente – Feigenbaun. Além do conceito de qualidade, o autor afirma que é importante se compreender a definição de confiabilidade, já que, tão importante quanto à qualidade, ela é fator-chave nas decisões de compra, quando outras opções estão sendo consideradas. Nesse sentido, a confiabilidade se define pela “capacidade de o serviço continuar atendendo às exigências do cliente” (OAKLAND, 1994, p. 16). 16 Para uma melhor compreensão do conceito de qualidade dentro da proposta deste trabalho, ela será entendida sob a ótica da NBR ISO 9000. Assim, a norma define que qualidade é o “grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2005, p. 8). As características, sob este ponto de vista, são entendidas como propriedades diferenciadoras (grifo nosso). Já os requisitos são as necessidades ou expectativas que são expressas, geralmente de forma implícita ou obrigatória. Partindo disso, entende-se que um sistema de gestão da qualidade são as “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização” (ABNT, 2005, p. 9). Ou seja, é determinada pela administração dos bens e serviços dentro de uma organização, de forma a alcançar a excelência e assim, satisfazer o cliente. As características que identificam um sistema de gestão baseado nas teorias da qualidade são, segundo Alentejo e Baptista (2012, p. 135): Um objetivo fundamental: a satisfação total do cliente; Uma filosofia: contínua melhoria da qualidade, da produtividade e da adaptabilidade; Ideias organizadoras do sistema: administração por liderança, participação de todos os funcionários e gestão participativa; Foco na melhoria dos processos: através da utilização do método científico e visão sistêmica. A ISO 9000 estabelece que, para que a alta direção conduza uma organização à melhoria do desempenho, sejam adotados oito princípios fundamentais de gestão da qualidade: Foco no cliente-usuário: organizações dependem de seus clientes e, portanto, convém que atendam às necessidades atuais e futuras do cliente, e seus requisitos e procurem e procurem exceder as suas expectativas; Liderança: líderes estabelecem unidade de propósito e o rumo da organização. Convém que eles criem e mantenham o ambiente 17 interno, no qual as pessoas possam estar totalmente envolvidas no propósito de atingir os objetivos da organização; Envolvimento de pessoas: pessoas de todos os níveis são a essência de uma organização, e seu total envolvimento possibilita que as suas habilidades sejam usadas para o benefício da organização; Abordagem de processo: um resultado desejado é alcançado mais eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados são gerenciados como um processo; Abordagem sistêmica para a gestão: identificar, entender e gerenciar processos inter-relacionados como um sistema contribui para a eficácia e eficiência da organização no sentido desta atingir os seus objetivos; Melhoria contínua: convém que a melhoria contínua do desempenho global da organização seja seu objetivo permanente; Abordagem factual para tomada de decisão: decisões eficazes são baseadas na análise de dados e informações; Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: uma organização e seus fornecedores são interdependentes, e uma relação de benefícios mútuos aumenta a habilidade de ambos em agregar valor. Sob uma perspectiva histórica, Valls (2005, p. 19) entende que não há como se pensar na gestão da qualidade em seus padrões atuais sem identificar a forma como ela evoluiu, tendo como elementos fundamentais a modernização das práticas gerenciais e as relações entre as Organizações. A mesma autora afirma que a evolução histórica da gestão da qualidade foi acompanhada de perto pela ascensão da International Organization for Standardization (ISO). Criada oficialmente em 23 de fevereiro de 1947, esta Organização tinha o objetivo inicial de “facilitar a coordenação internacional e a unificação de padrões técnicos [...]”. (VALLS, 2005, p. 19). No entanto, nos dias atuais sua aplicabilidade também está direcionada aos padrões de gestão, tendo impacto no setor de bens tangíveis e na área de serviços. 18 Desta forma, considera-se que, aliada aos eventos históricos que marcaram a evolução da gestão da qualidade, a norma ISO série 9000 é responsável por parte deste processo, já que contribuiu de forma significativa para que as organizações adequassem seus padrões de qualidade às exigências do mercado. 6.1- A TRAJETÓRIA DA GESTÃO DA QUALIDADE EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO NO BRASIL A participação das unidades de informação nas iniciativas relacionadas à gestão da qualidade tem sido influenciada pela própria instituição mantenedora que, ao incorporar os programas de qualidade aos seus planos diretores, o faz envolvendo todos os setores da instituição. Segundo Valls e Vergueiro (2006), a iniciativa pode partir também do próprio profissional da informação, que vê nessa ação uma oportunidade de melhoria na qualidade dos serviços prestados. Conforme observaram Alentejo e Baptista (2012), já na década de 1970 se demonstrava na literatura uma preocupação com o desempenho de bibliotecas. Nessa época, o desempenho das bibliotecas ainda carecia de padronização, o que inviabilizava o planejamento e melhoria de processos e serviços. A partir de então, somente em 2000 é que passa a constar, na 19 literatura, abordagens sobre a qualidade baseada na Teoria da Qualidade Total. A revisão dos trabalhos voltados para essa temática feita por Alentejo e Baptista revela que, entre os anos de 1970 e 2000, a preocupação com o desempenho das bibliotecas no país foi manifesta nos seguintes assuntos: Padronização de bibliotecas – na década de 1970, a padronização de produtos já observada na indústria passa a influenciar o setor de serviços, consequentemente o da biblioteca. Segundo Alentejo e Baptista (2012, p. 140), nessa época os bibliotecários se preocupavam com uma padronização que “permitisse a garantia da qualidade de produtos e serviços de informação com foco centrado no desempenho”. Assim, todas as atividades dentro das bibliotecas eram baseadas na padronizaçãoe uniformização de processos. Formação e desenvolvimento de coleções – neste momento percebe-se que o foco da qualidade está no acervo. Voltam-se os esforços para as políticas de aquisição e a qualidade passa a ser dependente de planejamento. Sob essa perspectiva, acredita-se na ideia da quantidade (o tamanho do acervo) como garantia de satisfação do usuário. Estudos de uso e de usuário – os bibliotecários passam a ter uma maior preocupação com a satisfação do usuário, no entanto, pelo menos em um primeiro momento (até a década de 1970), desenvolve os estudos de usuários com abordagem voltada para o sistema. A partir da década de 1970, tende-se a focar mais no usuário. Mesmo sob essa ótica, ainda não se percebia nessa época, o desenvolvimento do estudo de usuário do ponto de vista da Gestão da Qualidade. Há ainda que se considerar que, apesar de haver na literatura uma variedade de trabalhos que tratam do assunto, não havia um padrão nas abordagens e tipos de pesquisas realizadas. Sistemas de automação em bibliotecas – a automação em bibliotecas no Brasil tem início na década de 1970. Neste momento, o foco da preocupação com o desempenho da biblioteca muda das coleções e passa a ser centrado no sistema de 20 automação dos serviços. A qualidade, então, está em ordenar e tornar os sistemas mais eficazes, de forma que a informação passe a ser mais acessível, através do domínio das tecnologias. Acredita- se que “o emprego da automação promove a satisfação do usuário” (ALENTEJO; BAPTISTA, 2012, p. 148). Marketing em bibliotecas – usado como artifício para ajudar a melhorar o desempenho da biblioteca, o marketing contribui para que a mesma cumpra satisfatoriamente o seu papel como “organização essencial para o desenvolvimento social, econômico, político, cultural brasileiro” (AMARAL, 1990, apud ALENTEJO; BAPTISTA, 2012, p. 150). Neste sentido, o marketing em bibliotecas se aproxima da qualidade quando as teorias e técnicas de coleta de dados se baseiam em termos de gestão e marketing dos serviços, que se baseiam em alguns fatores, como a necessidade de informação, atendimento às demandas e prospecção de nichos de mercado, de forma a conhecer o contexto onde o usuário está inserido. No Brasil, os primeiros relatos de aplicação da gestão da qualidade em unidades de informação datam do início da década de 1990. Valls (2005) afirma que alguns desses trabalhos foram pioneiros ao adaptarem ferramentas que até então eram utilizadas apenas nas indústrias para os serviços, com todas as dificuldades de adequação de entendimento. Nota-se, a partir de 1997, que o tema da qualidade passa a ser objeto de pesquisa, indicando que a questão da qualidade, até então abordada de maneira pragmática, ganhava aos poucos espaço nas escolas e faculdades de biblioteconomia e ciência da informação, como tema de estudos e análises teóricas mais aprofundadas (VALLS; VERGUEIRO, 2006, p. 119-120). Visando obter maior eficiência no oferecimento dos seus produtos e serviços, percebe-se que no Brasil as unidades de informação têm levado em consideração a importância da gestão da qualidade para o seu desempenho. Isso demonstra que os gestores de unidades de informação estão conscientes da necessidade de se buscar ferramentas e tecnologias gerenciais que forneçam bases para a implantação de uma política de gestão da qualidade. 21 Apesar do avanço considerável da questão da gestão da qualidade em unidades de informação no Brasil, nota-se ainda que há uma carência de estudos que contemplem a biblioteca pública. Algumas experiências de implantação de sistemas de gestão da qualidade que foram feitas comprovam que tal prática ainda está sendo feita somente em unidades onde a informação é tratada visando o lucro. 7. GESTÃO DE QUALIDADE EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS A análise dos registros feita durante a revisão de literatura identificou que não há abundância de trabalhos que vislumbrem a aplicação da gestão da qualidade em unidades de informação mantidas por organizações públicas. Uma resposta para essa questão pode ser alcançada no fato de que a gestão da qualidade, em sua essência, visa alcançar a melhoria contínua de produtos e serviços de forma a satisfazer o cliente. Entende-se, portanto, que os princípios de gestão da qualidade foram pensados tendo em vista uma organização cujo objetivo final é o lucro financeiro. Uma biblioteca universitária ou uma biblioteca especializada dentro de uma organização farmacêutica, por exemplo, possuem seus objetivos claramente definidos, que são atender aos clientes da sua instituição mantenedora da forma mais excelente possível. Assim, esse estudo tem o intuito buscar a melhoria contínua faz parte do plano de gestão da organização, já que o serviço prestado na biblioteca também faz parte dos produtos e serviços prestados pela própria empresa. Numa unidade de informação pública, a instituição mantenedora é o setor público. No Brasil, percebe-se que não há investimento significativo na melhoria dos equipamentos culturais e educacionais, exceto em alguns casos. Nesse sentido, admite-se que a implantação de um modelo de gestão da qualidade nessas unidades se torna quase inviável, já que a relação entre a biblioteca e a sua instituição mantenedora não se enquadra nos modelos cujo programa de gestão de qualidade de fato funcionaria. Apesar de a gestão da qualidade total exigir uma política, o compromisso e a participação efetiva da alta administração das organizações, pode-se implantar um programa da qualidade em uma unidade de informação em que a 22 política da qualidade não seja de iniciativa institucional. (ROCHA; GOMES, 1993, p. 144). Considerando que uma unidade de informação possui características que a diferencia das demais organizações, Rocha e Gomes (1993) ainda afirmam que, em casos como esses, o conceito de qualidade total, que envolve totalmente a organização, não é aplicável. Adota-se, portanto, os mesmos requisitos para implantação da gestão da qualidade que seriam adotados na organização como um todo, assumindo se a responsabilidade pela política da qualidade apenas no âmbito da administração da unidade de informação.Se nas unidades de informação vinculadas às organizações com fins lucrativos, as características que as diferenciam já são visíveis, na biblioteca pública elas se tornam ainda mais evidentes. No entanto, considerando que o objetivo geral das unidades de informação, independente da sua natureza, é oferecer produtos e serviços visando à satisfação do seu usuário, os princípios de gestão da qualidade também podem ser utilizados em bibliotecas públicas. Valls (2004) afirma que, em unidades de informação, um dos princípios de gestão da qualidade aplicáveis e que vem sendo utilizado por organizações, alcançando resultados bastante satisfatórios, é a abordagem de processo. Segundo a NBR ISO 9000, o processo é o “conjunto de atividades inter-relacionadas ou interativas que transforma insumos (entradas) em produtos (saídas)” (ABNT, 2005, p.7). Deste modo, a abordagem de processo se define como qualquer atividade ou conjunto de atividades que usa os recursos para transformar esses insumos em produtos. A NBR ISO 9001 promove a adoção de uma abordagem de processo para o desenvolvimento, implementação e melhoria da eficácia de um sistema de gestão da qualidade, para aumentar a satisfação do cliente pelo atendimento aos requisitos do cliente (ABNT, 2000, p. 2). Valls (2004) ainda argumenta que o enfoque por processos consiste em enxergar a organização de forma horizontal, ou seja, independente dos setores ou funções envolvidos na realização de uma atividade. Diferentemente das estruturas tradicionais onde as atividades são organizadas verticalmente, a 23 abordagem por processos permite a visão do todo,incentivando todos os setores na busca por um objetivo maior, a satisfação do cliente. 7.1- A GESTÃO EM BIBLIOTECAS PÚBLICAS: DESAFIOS Milanesi (1983) em sua publicação o que é biblioteca discute os desafios que as bibliotecas públicas enfrentam para se manterem vivas. Um problema que ainda hoje é recorrente é a precariedade das bibliotecas, que gestores buscam solucionar ou dirimir. Milanesi (1983, p.62) afirma “apesar de sua precariedade, têm uma procura abaixo das suas possibilidades de atendimento”. É preocupante, e precisa ser discutido por seus gestores, o motivo de a população brasileira não fazer uso das bibliotecas públicas. Deve haver uma reflexão no intuito de se diagnosticar e pensar possíveis soluções para a situação que se apresenta. “É mínima a parcela da população que se utiliza delas. Quase sempre são estudantes fazendo os seus deveres escolares de acordo com as exigências dos professores” (MILANESI, 1983, p.62). Um ponto interessante a ser discutido por gestores é o que está explicito no documento Biblioteca Pública: princípios e diretrizes, publicado pela Biblioteca Nacional é que afirma: A biblioteca pública ainda não faz parte da paisagem urbana como o fazem o correio, o banco, a igreja e o hospital. É necessário que ela se faça conhecer para atingir os usuários em potencial. Deve 24 ter seus serviços valorizados pelos que tomam decisão, pelos políticos e pelo público em geral.(BIBLIOTECA..., 2000, p. 28). Com isto surgem os questionamentos o que os seus gestores têm feito para que a biblioteca publica tenha visibilidade perante a população? Há a preocupação dos políticos com este equipamento cultural? As ações da biblioteca devem ser norteadas em conformidade com as chamadas técnicas de marketing. O marketing, pode ser utilizado para criar ou ”vender” a própria imagem da biblioteca, isto é denominado marketing institucional. Consiste em uma série de atividades desenvolvidas com o objetivo de criar, manter ou modificar as atitudes e comportamento do público-alvo com relação à biblioteca. Normalmente, as instituições sem fins lucrativos, como as bibliotecas, os museus, as igrejas, etc.,Têm no marketing institucional um poderoso instrumento para atrair patronos, buscar parcerias e atrair patrocínios para seus projetos. Através do marketing institucional é possível tornar a biblioteca pública parte integrante da paisagem da comunidade. (BIBLIOTECA..., 2000, p.29) No que tange à utilização dos seus serviços e produtos, Figueiredo (1986, p. 411) ressalta que “Marketing tem que ser considerado como parte integrante das atividades do sistema de informação, caso contrário, os produtos, na sua maior parte, permanecerão nas estantes e os serviços não serão utilizados, exceto por algumas poucas pessoas”. Quando o marketing é aplicado e bem direcionado conduz a biblioteca a índices positivos no que tange não só a frequência de seus usuários na biblioteca, mas também propicia com o estudo de usuários que sejam criados produtos e serviços que atendam as expectativas e necessidades, bem como a adequação dos produtos que oferece a comunidade. Outro ponto a ser tocado e que traz um novo cenário de enfrentamento para gestores é a explosão informacional e o acelerado desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação advindas da sociedade da informação e que trazem uma série de outros desafios às bibliotecas públicas e gestores. A velocidade do desenvolvimento das novas tecnologias possibilita serviços paralelos e alternativos aos das tradicionais bibliotecas públicas, com a 25 vantagem de serem mais cômodos a esta instituição que se vê em crise em plena sociedade da informação (MACHADO e SUAIDEN, 2013, p.3). Faz-se necessário a esta instituição pública se repensar e se reinventar. A apropriação das novas tecnologias é uma imposição às bibliotecas, entretanto, não é suficiente para que estas assumam sua responsabilidade social. “Subordinada a uma fundação cultural, às secretarias de educação e cultura ou diretamente ao gabinete do prefeito, a biblioteca depende do poder público para sua implantação e continuidade dos trabalhos” (BIBLIOTECA PÚBLICA, 2000, p. 30). Nesse sentido, é essencial que o responsável pela biblioteca tenha a capacidade de dialogar com a administração local, isso se deve, por exemplo, no momento de buscar recursos para a biblioteca. Essa ideia e compartilhada pela gestora da biblioteca pública de São Paulo e é ampliada quando afirma que gestor deverá ter: Competências políticas, que se traduzem em habilidades de comunicação, relacionamento e análise estratégica. Nesse contexto, o gestor precisa dialogar com os diferentes atores e líderes locais para interferir positivamente na realidade das Bibliotecas Públicas e comunitárias. Além disso, suas decisões são pautadas nas demandas locais, portanto, deve levar em consideração, por exemplo, indicadores sociais, econômicos, educacionais e culturais. (BIBLITOECÁRIO..., 2013) A biblioteca pública não pode ser uma instituição isolada, ilhada em si mesma. Para que a biblioteca pública obtenha êxito é fundamental trabalhar em cooperação com diversos organismos, bem como organizar-se, em âmbito estadual, participando dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Públicas e, consequentemente, integrar-se ao Sistema Nacional de Bibliotecas Púbicas. É importante também integrar-se a outros sistemas ou redes, tais como escolas arquivos e museus do mesmo município. A reunião de bibliotecas em redes e sistemas amplia sua capacidade de acesso à informação e possibilita, ainda, através do compartilhamento de recursos, o barateamento de custos e uma maior racionalização de serviços e recursos. Os recursos da biblioteca pública provêm do orçamento municipal ou estadual, sendo que algumas bibliotecas têm dotação própria no orçamento de 26 suas secretarias. Os responsáveis podem ser ordenadores de despesas, tendo que apresentar, anualmente, a proposta orçamentária. Embora esta seja a situação ideal, a maior parte das bibliotecas dependem de outras unidades municipais ou estaduais para efetuar seus gastos, o que limita sobremaneira sua atuação. Talvez, esta dependência seja uma das causas do desenvolvimento limitado das bibliotecas em nosso país, sendo necessário um grande esforço pelo responsável para que a biblioteca tenha seu próprio orçamento. Face às limitações de verbas públicas que afetam o seu serviço, a biblioteca não pode depender unicamente delas, necessitando dispor de recursos adicionais. (BIBLIOTECA..., 2000 p.38) 8. A INFLUÊNCIA DA GESTAO DA QUALIDADE PARA OS SERVIÇOS INFORMACIONAIS A gestão da qualidade possui uma enorme influência na prestação de serviços, uma vez que um serviço bem feito traz enormes benefícios para quem o recebe e o resultado é conhecido por diversos usuários. Os serviços informacionais por sua vez necessitam serem aprimorados e dessa forma o profissional da informação deve ter em mente os ideais claros do que significa implantar qualidade no fazer biblioteconômico, centrando-se numa cultura organizacional que vise a melhoria constante dos serviços e produtos oferecidos pala biblioteca. Nessa perspectiva, é exigida atuação efetiva das unidades de informação, o que certamente implicará, entre outros requisitos a serem satisfeitos, no interesse em satisfazer as necessidades de informação dos usuários e na preocupação com o constante aprimoramento do desempenho profissional dos prestadores de serviços de informação. Não bastará pensar em métodos e técnicas. Será preciso, antes de mais nada, buscar a melhor maneira de atuar, avaliando sempre para manter a atualização. (AMARAL, 1996, p.2) A biblioteca publica infelizmente já é conhecida pelo insuficiente serviço que desempenha na sociedade, tal serviço muitas vezes é feito porfazer com um interesse ínfimo na satisfação dos seus usuários, que por sua vez param de 27 freqüentar as bibliotecas por não visualizar nelas um espaço estruturado que de apoio e incentivo na melhoria da população. Nesse sentido o trabalho do gestor com as autoridades responsáveis, é primordial para que se consiga uma dotação orçamentária para a biblioteca. No orçamento a ser repartido entre educação, saúde, transporte, cultura e outras áreas, a fatia é muito pequena, mas pode se tornar ainda menor, ou crescer de acordo com o desempenho da biblioteca frente à população e às autoridades governamentais. Oferecer serviços e produtos de qualidade na biblioteca pública não significa dizer que esta necessita de um considerável aporte financeiro para atingir esse alvo, mas sim, uma política clara com uma gestão profissional competente que trabalhe com a prioridade de realizar os objetivos e a missão que tal organização possui. Isto significa dizer que a qualidade nos serviços informacionais não é tão somente possuir na biblioteca pública, grandes obras de autores renomados, isso também é qualidade, mas vai muito além, a idéia que se tem e a de que a qualidade obedece a diversas instancias que leva em conta o fator humano e técnico nos serviços da biblioteca. Depende da administração da organização das pessoas que colaboram com os serviços do treinamento de pessoal e aprimoramento de suas capacidades. Nesta perspectiva Vanti, (1999, p. 333) destaca que: Os dirigentes destas unidades, em sintonia com as modificações de paradigmas administrativos que estão se produzindo no mundo, enfrentam o desafio de adequarem- se a tais mudanças, visando à melhoria da qualidade dos serviços que prestam a sua comunidade de usuários. No entanto vale salientar a importância de um profissional bibliotecário qualificado para que este compreenda as necessidades dos usuários bem como a efetivação de serviços e produtos de qualidade. 28 9. A IMPORTANCIA DO BIBLIOTECARIO COMO GESTOR DOS SERVIÇOS INFORMACIONAIS A intensa busca de melhoria da qualidade, tão comum em empresas industriais, passou a ser prioridade também nas organizações prestadoras de serviços. Assim, a gestão dos processos passa a ter um importante papel nas organizações de serviços, principalmente para as organizações voltadas à prestação de serviços de informação, como são o caso das bibliotecas, em especial as bibliotecas públicas, objeto desse estudo. As bibliotecas públicas incontestavelmente servem de instrumento catalisador, ao menos na teoria, de democratização da informação para um público que se constitui essencialmente e indistintamente de toda a população de um determinado local. Como é densamente defendido na literatura biblioteconômica quando a referir-se em biblioteca pública, vale explicitar e analisar a brilhante citação de Suaiden (1995) que condensa todas essas conjunturas literárias, que segue afirmando que a função da biblioteca pública é: [...] melhorar a qualidade de vida da comunidade; a biblioteca pública é a base fundamental do sistema educacional e cultural; seu objetivo principal é a formação do hábito de leitura; sua missão é assistir os usuários através de um acervo compatível com as necessidades da população, etc. (SUAIDEN, 1995, p. 19). Refletindo essa afirmação, é possível configurar a biblioteca pública como um espaço de imprescindível existência em uma cidade ou região, e como tal necessita oferecer serviços eficazes e eficientes à seu público objetivando satisfazer as necessidades de informações aos usuários que a ela utilizar. 29 As bibliotecas públicas, como senso comum, sofrem com a necessidade de investimentos em estrutura e em outras ambiências que nesse momento não caberá descrever, o que reflete em muitas vezes o não atendimento as necessidades básicas de informações solicitadas pelos usuários e prestadas a partir dos serviços de informação existentes na biblioteca. É fato reconhecido que as bibliotecas públicas indiferentes de outras organizações precisam melhorar continuamente os seus serviços em busca da excelência, tendo em vista essa necessidade visou-se constituir esse estudo que buscará analisar situacionalmente as bibliotecas públicas do triângulo Crajubar da região do Cariri no estado do Ceará, que é formado pelas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha. É irrefutável a importância de uma gestão dos serviços em uma biblioteca, com ênfase na qualidade, pois, como essa instituição possui uma heterogeneidade no seu público, necessita assim de satisfazer as necessidades de informação deles. Para conseguir tal prodígio o bibliotecário, profissional essencial nessas instituições, tem que gerenciar os serviços disponibilizados pela biblioteca com destaque na qualidade, que é o que se propõe nesse estudo, pois, para gerir os serviços de informação de uma biblioteca com eficiência, torna-se necessário que esse profissional apóie-se em estudos da qualidade total na prestação desses serviços. 10. UMA PROPOSTA DE GESTÃO DE QUALIDADE NAS BIBLIOTECAS PÚBLICAS BRASILEIRAS Como já foi discutido, as unidades de informação de natureza pública possuem algumas limitações, principalmente no que diz respeito ao fornecimento de recursos visando à adequação às exigências dos usuários. Desta forma, propor-se-á, neste trabalho, um modelo de gestão de qualidade que busca adaptar os requisitos da NBR ISO 9001, agregando também as propostas analisadas durante a revisão de literatura. Visto que as bibliotecas públicas não podem contar tanto com o apoio da sua instituição mantenedora no que se refere às melhorias na qualidade dos seus produtos e serviços, sugere-se que a administração da biblioteca estabeleça sua própria política de gestão da qualidade, de forma que possa 30 dinamizar e oferecer qualidade, dependendo minimamente possível dos recursos e verbas. Por outro lado, é provável que, uma vez que se verifique na biblioteca um aumento na quantidade e na assiduidade dos usuários, resultante de uma política de gestão da qualidade, a instituição mantenedora, neste caso, entidade governamental, passe a considerar a viabilização de recursos para a biblioteca. Para tanto, recomenda-se que o bibliotecário assuma uma postura pró-ativa, que vá em busca de melhorias para a sua biblioteca e se mostre disposto a modificar o cenário atual. Além da postura pró-ativa, o bibliotecário à frente de uma biblioteca pública deve assumir uma posição de gestor de pessoas. Um bom líder é aquele que consegue mobilizar a sua equipe tendo em vista o bem comum. Considerando que a norma NBR ISO 9001 é aplicável a “todas as organizações, sem levar em consideração o tipo, tamanho e produto fornecido” (ABNT, 2000, p. 3), sugere-se uma auto-avaliação por parte da biblioteca, a fim de identificar os serviços e processos dentro da instituição, e uma interface com os demais serviços da instituição mantenedora, fornecendo bases para o planejamento de ações favoráveis à implantação da Gestão da Qualidade. A partir daí, identificar os usuários assíduos e potenciais, visando disponibilizar produtos e serviços que atendam de maneira eficiente às suas necessidades. Este trabalho pode ser feito através dos estudos de usuário centrados no usuário. Uma vez identificados os perfis desses usuários, estabelecer canais de comunicação, visando obter um feedback sobre a sua satisfação. Sugere-se também estabelecer padrões para os processos, bem como o treinamento de todos os colaboradores. É importante que os membros da equipe estejam qualificados para as tarefas para os quais foram designados. É fundamental a utilização das ferramentas da qualidade, bem como medidores do Índice de Desempenho dos dados do processo, visando à melhoria contínua e/ou correções. Ainda, recomendam-se posturas favoráveis àsmudanças. Embora possam causar desconforto a princípio, as mudanças são importantes para que a biblioteca 31 acompanhe a evolução da sua comunidade, podendo manter-se atraente e capaz de estabelecer um diálogo com os seus usuários. 11. A ORGANIZAÇÃO DA BIBLIOTECA A ordem dos livros na biblioteca envolve procedimentos inerentes à formação, organização e desenvolvimento de coleções, e nem sempre é tratada sob ótica científica, na medida em que aqueles procedimentos estão fundamentados em práticas consagradas pelo uso, do tipo “sempre se fez assim” e “é assim que tem de ser” e, genericamente, são abordadas como simples técnica para “disposição dos livros nas prateleiras” (PRADO, 1992). A ordenação é, na verdade, um recurso da Organização do Conhecimento para acesso à informação. Embora a Organização do Conhecimento e o acesso à informação, sob o escudo da Sociedade da Informação, sejam objeto do interesse e do discurso social, a ordenação continua a ser negligenciada. Ao longo dos últimos cinco séculos a biblioteca se consolidou como espaço social para promoção da educação e cultura através de atividades específicas e serviços orientados para uma comunidade ou público alvo. O advento da imprensa no século XV acelerou o processo de democratização do livro, que se desenvolveu desde a dessacralização da produção de manuscritos – o que era um privilégio dos scriptoria monásticos, foi reivindicado e assumido pelas universidades do século XII (LABARRE, 1981). Essa mudança contribuiu para um deslocamento conceitual da biblioteca, até então, um repositório de registros do conhecimento, de acesso restrito, aos “iniciados” para condição de espaço de acesso, pesquisa e produção do 32 conhecimento. As bibliotecas ainda reproduzem esse modelo, através de sua formação e organização. Com a evolução de teorias associadas ao seu tamanho, a biblioteca adquiriu o perfil que hoje, define aquele modelo como função. Dentre essas várias teorias destaca-se: a) A teoria da biblioteca enciclopédica, aberta e universal que vigorou a partir de Alexandria, fundamentada na capacidade, na biblioteca, de armazenar todos os registros do conhecimento produzidos pelo homem (OTLET, 1934); b) A teoria da biblioteca infinita, delineada para não ter fim, como a Biblioteca Vaticana, organizada pelo papa Nicolau V, ou a biblioteca babélica, idealizada por Jorge Luis Borges (BORGES, 1995; PINHEIRO, 2006); c) As leis da Biblioteconomia, formuladas por Ranganathan, que preconizam “princípios normativos, cânones, técnicas, práticas [...], essenciais para a organização de bibliotecas e serviços, segundo linhas científicas” (MANGLA, 1984 apud FIGUEIREDO, 1992, p.186), embora favoreçam uma interpretação prática, como leis “orientadas para o serviço” (PALMER, 1969; GARFIELD, 1985 apud FIGUEIREDO, 1992); d) A teoria do crescimento exponencial do acervo versus o crescimento aritmético do uso apontado por (1944) citado por Pinheiro (2007), que confronta a falta de espaço para armazenamento com a crescente demanda de pesquisa e consulta (LEMOS, 1996); e) A teoria do “caos documentário”, que conclui que se há efetivo crescimento periódico do acervo, pela incorporação de outras coleções, os bibliotecários não dispõem das condições necessárias para mantê-lo organizado no mesmo ritmo em que cresce. Segundo esta teoria, no início da década de 1960, menos da metade dos documentos úteis disponíveis em bibliotecas estavam indexadas conforme apontado por Bradford (apud Pinheiro, 2007); f) A teoria do desenvolvimento de coleções, fundamentada, a partir do século XIV, na ideia de colecionismo, pelo amor do livro (BURY, 2004) e, hoje definida por políticas que envolvem a formação e o desenvolvimento de coleções, propriamente dito (VERGUEIRO, 1995); 33 g) A teoria da organização do conhecimento, tendo como paradigma a “galáxia de Gutenberg”, alicerçada no livro e na biblioteca discutida por Audin em 1972 (apud CHARTIER, 1997) e complementada pela teoria do livro como monumento discutida por Roche (apud CHARTIER, 1995), à luz da sociedade da informação (informação disseminada) e da sociedade de leitores (a garantia de acesso). Estas teorias reforçam a concepção gutenberguiana da biblioteca, orientadas para captação, difusão e acesso ao conhecimento registrado em suporte material. O acesso e as ações decorrentes remetem a sensibilidade do suporte; isto é, a informação deveria estar ao alcance, desde que localizada fisicamente em uma biblioteca. A busca por modelos não se configura como renovação, mas como inovação, pois busca na memória dos estudos científicos, padrões e procedimentos que mantiveram vivas as bibliotecas que alcançaram o século XXI. 11.1- LOCALIZAÇÃO E ACESSO No mundo digital o acesso à informação deve, necessariamente, tratar da identificação (descrição física e temática disponíveis em ferramenta de busca), localização física (links das URLs) e texto completo (páginas contendo os documentos eletrônicos). Este é o modelo que está transformando e ampliando o conceito de biblioteca da atualidade. Uma biblioteca digital, por exemplo, oferece coleções eletrônicas aos leitores remotos e assistência on-line por bibliotecários especializados. Além disso, já é possível conceber uma biblioteca virtual na qual os leitores podem passear entre as estantes sem sair do lugar. Porém, o sentido de biblioteca que ainda vigora é aquele que aplica o formato do livro (concepção gutenberguiana), que requer não só sua descrição, como também, a sua localização no espaço, como garantias de acesso. Toda biblioteca, por menor que seja e segundo condições determinadas, é “uma representação sintética do conhecimento” (GRAESEL apud PINHEIRO, 2007). 34 Há, que estabelecer a harmonia entre os sistemas de organização e a organização da ciência, ou seja, acordar o sistema bibliográfico com o sistema científico. Para isto, o sistema bibliográfico deve, em geral, seguir um sistema mais rígido, não somente para distribuição de livros nas diferentes classes, mas também por tudo o que se refere as subdivisões dessas classes. Entretanto, a classificação detalhada e, especialmente, a ordenação dos livros em suas respectivas seções dependerá exclusivamente do sistema bibliográfico. Pinheiro (2007) assinala que o sistema bibliográfico, de fato, releva as necessidades impostas pelos próprios livros. Há um momento em que, para ser localizado e recuperado, o item precisa de um “endereço”, de um esquema de localização e de uma estrutura de pronta recuperação. Cabe ao bibliotecário, então, ocupar-se de por os livros em seus lugares. Esta questão, a despeito de sua simplicidade, apresenta certas dificuldades. A autora ainda esclarece que essa ideia, de que a importância não estava nos modos de organização, mas na certeza de localização, recuperação e acesso. Levada a extremos, essa visão do século XIX ganhou no século XX uma nova interpretação: a valorização do conceito de recuperação da informação, alicerçada em catálogos “perfeitos” e exaustivos, segundo estruturas sistêmicas e normativas. Respectivamente, a ordem dos livros nas estantes foi desconsiderada como sistema (entendeu-se que bastava aplicar, como recurso de localização material o mesmo mapa de organização do conhecimento utilizado em catálogo). Vigorava, então a certeza de que a indicação do “ter” (citação em catálogo) implicava a garantia do “localizar” (arranjo da biblioteca). Na sequência das etapas de processamento, atribuir “localização” passou a constituir atividade administrativa, metódica, de tal modo que “não encontrar” nas estantes um livro descrito no catálogo é, ainda hoje, situação bastante tolerável, surpreendentemente justificável (estar fora do lugar) em bibliotecas de todos os portes. 11.2- ORGANIZAÇÃO DE ITENS Tradicionalmente,a ordem dos livros na biblioteca deve pressupor a coerência de raciocínio e favorecer sua memorização. A ordenação lógica nas 35 estantes constituía uma das recomendações de Gabriel Naudé (1627) (apud PINHEIRO, 2007), em seu tratado sobre organização de uma biblioteca. Esse preceito evoluiu em três sistemas de ordenação de livros em estantes: ordem de entrada; ordem alfabética de autores; e ordem sistemática. O sistema de ordenação considerado mais simples era pela ordem de entrada na biblioteca, expressa cronologicamente, considerando ou não a distribuição dos livros por tamanho. A ordem cronológica, embora tenha alcançado certa popularidade até o primeiro quarto do século XX, era criticada sob a justificativa de que o tipo de notação gerada poderia atingir cifras consideráveis, além de ser apontada como não científica. A ordenação cronológica é, hoje, amplamente utilizada por sistemas de informação eletrônicos, que numeram sequencialmente cada entrada no sistema (número de controle), com a finalidade específica de recuperar dados do processo gerencial. Nesse contexto, a “não científica” cronologia obtém nível de praticabilidade e objetividade inquestionáveis. A ordem de itens por tamanho, que atribui ao arranjo da coleção uma organização simétrica, independentemente do conteúdo de cada item do acervo (CONSTANTIN apud PINHEIRO, 2007), é o mais antigo sistema de organização de bibliotecas, que remonta às bibliotecas claustrais, denominado Sistema de Localização Fixa, posto que implica a atribuição de notação que fixa o item em local determinado. Este sistema, encarado como estético, posto que gerava uma biblioteca visualmente organizada, foi abertamente criticado porque, entendia-se, não apresentava qualquer praticidade em circunstâncias de acesso livre e não era recomendável para bibliotecas de médio e grande porte (FERRAZ, 1972). O sistema era considerado, também, como aquele que mais facilidades de controle oferecia ao bibliotecário e mais prejudicial para o leitor, pelo tempo de busca que exigia, em consequência das dificuldades que impunha (PINHEIRO, 2007), como a separação de volumes de uma mesma obra. Curiosamente, o Sistema de Localização Fixa é utilizado por bibliotecas nacionais e outras de grande porte, que se identificam com o compromisso da memória bibliográfica, como os gabinetes de leitura e as bibliotecas monásticas. 36 A ordenação alfabética foi outro sistema bastante adotado em bibliotecas. Os itens eram arranjados segundo os nomes de autores ou títulos. Este sistema foi considerado defeituoso e superficial, por não representar a importância das obras e, especialmente, por condicionar sua recuperação à capacidade de memorização do usuário, quanto à grafia e a atribuição correta de nomes e títulos. A ordenação alfabética é, hoje, amplamente utilizada em conjuntos pré- classificados por grandes assuntos, como ocorrem em livrarias, núcleos literários em bibliotecas científicas e bibliotecas escolares. Pinheiro também assinala que a ordem sistemática, em termos de volume de uso, suplantou os demais sistemas de ordenação, a partir de meados do século XX. Denominado Sistema de Localização Relativa, fez repetir na estante as notações atribuídas em catálogo, consagrando o assunto como fator preponderante na sucessão dos itens. A biblioteca passou a ter arranjo sistemático, quando os itens de uma ciência forma reunidos em um lugar comum, dentro de uma ordem precisa, segundo princípios científicos rigorosos e uniformes. Nessas circunstâncias, o novo método foi considerado o mais natural, lógico, útil e funcional em bibliotecas de acesso livre, tanto que se preservou na maioria absoluta de bibliotecas. Uma das questões apontadas como de maior gravidade, nos sistemas de ordenação, era a dificuldade de intercalação de itens. Essa dificuldade foi superada no final do século XVII, com o advento das prateleiras contínuas em estantes paralelas, em substituição aos armários, gerando espaços e favorecendo o remanejamento de itens. As estantes paralelas, com penetrais (espaços de circulação entre as faces de estantes) mínimos e suficientes, favoreciam o acesso livre aos itens e o manuseio constante do acervo. A escolha por este ou aqueles sistema de localização acabou por ser definida em função do tamanho da biblioteca, de suas perspectivas de crescimento, do nível de sua organização e da natureza do acervo. 37 No âmbito da organização de bibliotecas, a numeração dos itens pode revelar diversas metodologias e rotinas, nem sempre compatíveis entre si. Importa, no entanto, examinar, independentemente da antiguidade do sistema, os princípios sob os quais foi fundado, avaliando suas qualidades e, principalmente, sua capacidade de suportar mudanças, melhoramentos e aperfeiçoamentos necessários. 11.3- ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO DA BIBLIOTECA Rovilson José da Silva em seu trabalho intitulado “A volta às aulas e a biblioteca escolar” assinala que o descaso com as bibliotecas não é incomum em nosso país, pois parte das escolas não possui biblioteca, contudo, as que possuem, não a exploram como deveriam, usam-na apenas como depósitos de livros, sem uma organização pedagógica, sem integra-lo ao projeto educativo da escola. Existe ainda aquela parte que funciona no improviso, por ação de um ou outro funcionário sem, no entanto, fazer parte do projeto educativo da escola. Nesse contexto, o autor acrescenta que não se pode esquecer que dificilmente encontra-se nas escolas públicas brasileiras uma biblioteca que possua espaço, mobiliário e acervo adequados, além do profissional bibliotecário habilitado para realizar o trabalho. Em geral, as bibliotecas escolares brasileiras dispostas em espaços que não oferecem segurança e conforto para receber pelo menos uma turma de alunos, pois o ambiente é pequeno, o mobiliário está incompleto, sendo composto pelas sobras de outras salas da escola. Além disso, a iluminação não é boa e a ventilação revela-se precária, uma vez que tudo foi improvisado desde o começo, sem planejamento para criação de um espaço adequado. Por isso, é necessário que se estabeleçam parâmetros mínimos para estruturar das bibliotecas. 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS Para tal, iniciamos nossa reflexão com a caracterização da biblioteca pública, suas funções, histórico, produtos e serviços. As bibliotecas públicas, desde o seu surgimento, passaram por várias mudanças, tanto na sua estrutura quanto nos seus objetivos. Um ambiente, que antes tinha a função de basicamente atender a comunidades de usuários específicas, se vê nos dias atuais engessado dentro de um modelo que não atende às necessidades reais da comunidade para a qual deveria oferecer seus produtos e serviços. Aliados a esse problema, a biblioteca pública, assim como a biblioteca escolar e outros setores da educação e da cultura, são vítimas do descaso das entidades governamentais, assim como da falta de interesse do próprio profissional da área. Dentro dessa perspectiva, observou- se pela análise da literatura voltada para o assunto, que as iniciativas para melhoria da qualidade nas bibliotecas, baseadas em Teorias da Qualidade já aplicadas em outras organizações, não são tomadas por gestores de bibliotecas públicas. Isso porque a gestão de qualidade geralmente é aplicada em instituições que utilizam a informação de modo estratégico, a fim de se alcançar a inovação que será posteriormente aproveitada pelo mercado. Nesse contexto, portanto, a gestão de qualidade é fundamental para que se alcance a excelência. Desta forma, buscou-se neste trabalho uma apropriação dos conceitos relacionados à Gestão da Qualidade, visando elaborar uma proposta de modelo de Gestão da Qualidade que fosse aplicável, mesmo no contexto das unidades de informação de natureza pública. Mesmoconsiderando que as instituições públicas possuem uma missão distinta ao adotado por instituições de cunho privado, acreditamos que seja possível adotar os princípios da Gestão de Qualidade. Pensar em gestão de qualidade nas bibliotecas públicas significa sair da inércia em que nos encontramos. Significa pensar em alternativas para a falta de inovação e qualidade nos produtos e serviços prestados aos usuários dessas instituições. 39 REFERÊNCIAS AUGUSTO; Márcia Silva. PALLETA; Francisco Carlos. SILVA; Joelma Alves. SILVA; Yara Cristina Pereira da. Gestão da Qualidade em Bibliotecas Públicas. Ci. Inf. Rev., Maceió, v. 2, n. 2, p. 17-28, maio/ago. 2015. Acessado em: 09 de julho de 2020. Disponível em:<https://www.seer.ufal.br /index.php/cir/article/view/1786/1441>. DAVOK; Delsi Fries. Gestão da biblioteca pública de santa catarina: planejamento, organização, liderança, controle e avaliação. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.16, n.1, p. 325-340, jan./jun., 2011. Acessado em: 09 de julho de 2020. Disponível em:< https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/755>. SILVA; Talita Mara Martins Da.O Desafio na gestão das bibliotecas públicas da região do maciço de Baturité. Redenção 2014. 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