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COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Francisco Varder Braga Junior Francisco Varder Braga Junior COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) Editora Universitária (EdUFERSA) Bibliotecário-Documentalista Pacelli Costa (CRB15-658) Editora filiada: S861r B813c Braga Junior, Francisco Varder. Comunicação educacional / Francisco Varder Braga Junior — Mossoró: EdUFERSA, 2018. 68p.: il. color ISBN: 978-85-5757-088-7. 1. Comunicação. 2. Comunicação humana. 3. Comunicação - Metodologia. 4. Comunicação - Ensino. 5. Processo educacional. I. Título. EdUFERSA CDD – 302.2 ©2018. Direitos Morais reservados ao autor: Francisco Varder Braga Junior. Direitos Patrimoniais cedidos à Editora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (EdUFERSA). Não é permitida a reprodução desta obra podendo incorrer em crime contra a propriedade intelectual previsto no Art. 184 do Código Penal Brasileiro. Fica facultada a utilização da obra para fins educacionais, podendo a mesma ser lida, citada e referenciada. Editora signatária da Lei n. 10.994, de 14 de dezembro de 2004 que disciplina o Depósito Legal. Reitor José de Arimatea de Matos Vice-Reitor José Domingues Fontenele Neto Coordenador Editorial Pacelli Costa CONSELHO EDITORIAL Pacelli Costa, Walter Martins Rodrigues, Francisco Franciné Maia Júnior, Rafael Castelo Guedes Martins, Keina Cristina S. Sousa, Antonio Ronaldo Gomes Garcia, Auristela Crisanto da Cunha, Janilson Pinheiro de Assis, Luís Cesar de Aquino Lemos Filho, Rodrigo Silva da Costa e Valquíria Melo Souza Correia. EQUIPE TÉCNICA Francisca Nataligeuza Maia de Fontes (Secretária), José Arimateia da Silva (Designer Gráfico). Av. Francisco Mota, 572 (Campus Leste, Centro de Convivência) Costa e Silva | Mossoró-RN | 59.625-900 | +55 (84) 3317-8267 | http://edufersa.ufersa.edu.br | edufersa@ufersa.edu.br http://nead.ufersa.edu.br/ • EQUIPE TÉCNICA DO NEAD • Equipe multidisciplinar Antônio Charleskson Lopes Pinheiro – Diretor de Produção de Material Didático Ulisses de Melo Furtado – Gerente de Redes e Ambientes Virtuais Ângelo Gustavo Mendes Costa - Técnico em Assuntos Educacionais Adriana Mara Guimarães de Farias – Programadora Jéssica de Oliveira Fernandes - Social Media Francisca Monteiro da Silva Perez - Gerente Acadêmico Ramon Ribeiro Vitorino Rodrigues - Gerente de Criação e Design José Antonio da Silva - Design de Artes Visuais Mikael Oliveira de Meneses – Design de Artes Visuais Ronald Soares Shyu - Intérprete de Libras Arte da capa Felipe de Araújo Alves Edição EDUFERSA Equipe administrativa Rafaela Cristina Alves de Freitas – Assistente em Administração Iriane Teresa de Araújo – Gerente Financeiro Antonio Romário Bezerra Nogueira - Assistente Acadêmico Danielle França Ribeiro - Assistente Financeiro Equipe de apoio Nayra Maria da Costa Lima – Design Instrucional Jarleide Deyse de Souza - Estágiária Reginaldo Castro da Silva Júnior - Estagiário Manoel Alcino de Lima Neto - Estagiário Maria Denise de Souza Nóbrega - Revisão Linguistica Governo Federal Ministro de Educação José Mendonça Bezerra Filho Universidade Aberta do Brasil Responsável pela Diretoria da Educação à Distância Carlos Cezar Modernel Lenuzza Universidade Federal Rural do Semi-Árido Reitor José de Arimatea de Matos Pró-Reitor de Graduação Rodrigo Nogueira de Codes Núcleo de Educação a Distância Coordenadora UAB Valdenize Lopes do Nascimento APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Este livro didático dará a base conceitual necessária para que você possa atuar na docência de forma a construir práticas e ambientes coerentes a sua realidade institucional e profissional no que tange ao ato de produzir uma comunicação persuasiva e saudável, mediante a eliminação de barreiras comunicativas em qualquer situação educacional. Temos como objetivo principal desenvolver uma visão transversal, perpassando todos os níveis e circunstâncias educacionais, com o intuito de conscientizá-lo da importância do papel da comunicação oral no seu desempenho profissional bem como na aquisição de novos conhecimentos e aprendizagens. Dessa forma, buscaremos com os conteúdos trabalhados neste livro levar você a: • Desenvolver a capacidade comunicativa e persuasiva a partir dos conhecimentos e técnicas específicas direcionadas aos cuidados vocais para com o ensino e a aprendizagem; • Promover a habilidade comunicativa para impedir as interferências do nível coloquial da linguagem nas situações de formalidade cada vez mais frequente quer na sua vida acadêmica, quer na profissional; • Propiciar oportunidades de expressividade, tendo em vista a clareza e a adequação da transmissão de suas ideias por meio da fala, eliminando as barreiras de comunicação existentes; • Compreender conhecimentos e práticas de ensino, bem como metodologias e técnicas de apresentação, postura em sala de aula, condutas comunicativas e relações interpessoais na instituição educacional. Contudo, esperamos que você se sinta motivado e envolvido com as temáticas que abordaremos na intenção de sensibilizá-lo para importância da comunicação, pois ela é extremamente necessária para seu sucesso profissional e de todos os que de certa forma a utilizará como modelo, referencial ou formação. Boa leitura e bons estudos! SOBRE O AUTOR FRANCISCO VARDER BRAGA JUNIOR Graduado em Fonoaudiologia pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR, especialista em Audiologia e em Fonoaudiologia Educacional pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia - CFFª. Tenho pós-graduação em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pela Universidade Regional do Cariri - URCA. Realizei meu curso de mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade na Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, cuja temática de defesa de dissertação foi “Saúde vocal e docência no ensino superior”. Atuei na Fonoaudiologia Clínica e educacional com as diversas deficiências, síndromes, distúrbios e dificuldades na comunicação humana (fala, voz, audição e linguagem oral e/ou escrita) e aprendizagem, fazendo promoção e prevenção da saúde, diagnóstico, habilitação, reabilitação e pesquisa. Também tive a oportunidade de trabalhar e desenvolver projetos com gestantes, idosos e bebês. Na Educação, trabalhei com a formação de professores, nas linhas de Saúde Vocal do Professor, Ensino e Aprendizagem. Ainda, desenvolvi trabalhos nas áreas de Saúde Mental e Ocupacional, na clínica e na pesquisa. No ensino superior fui professor de disciplinas nos cursos de graduação em Enfermagem na URCA, Licenciatura em Ciências Biológicas e Licenciatura em Matemática presencial e a distância na UFERSA, bem como nas disciplinas de Deficiência Auditiva e AEE, Atendimento Educacional Especializado - AEE e Transtorno do Espectro Autista - TEA, nos cursos de aperfeiçoamento e de especialização em Atendimento Educacional Especializado, desta mesma instituição, além de ministrar diversas palestras, oficinas e cursos voltados para área de comunicação, docência e Educação Especial. Ainda estive como coordenador adjunto no Núcleo de Educação a Distância UAB/UFERSA no período de 2012/2013, coordenador do curso de aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado (2015), coordenador do curso de especialização em AEE (2016/2017), coordenador do curso de aperfeiçoamento em AEE para estudantes com transtorno do Espectro Autista (2017/2018) e revisor de conteúdo de cadernos didáticos para Educação Especial. Escrevi alguns livros e publiquei alguns trabalhos científicos. Tenho como foco de estudo e trabalho a Fonoaudiologia Educacional, no que se refere aos temas: Educação Especial/Inclusão, Voz Profissional e Educação a Distância. SUMÁRIO UNIDADE 1: Comunicando... 1.1 Evoluçãoda comunicação humana, seus contextos e conceitos. 1.2 O processo de comunicação e os diferentes tipos de Linguagens. 1.3 A Comunicação e o mundo contemporâneo. UNIDADE 2: Comunicado... 2.1 A comunicação e sua interface com a educação numa abordagem interdisciplinar. 2.2 O sistema de comunicação nas organizações educacionais. 2.3 As possibilidades de comunicação entre professores e alunos, e as mudanças sociais produzidas pelo conhecimento através dos meios de comunicação. UNIDADE 3: Comunicando-se 3.1 A comunicação e sua relação entre objetivo, público e assunto (sensação, percepção, afetividade, cognição, motivação, comportamento e empatia). 3.2 Fundamentos da comunicação para conversação em público: técnicas e estratégias de comunicação oral, expressividade e performance comunicativa. 3.3 Uso profissional da voz para a docência e as implicações com seu ambiente de trabalho. I COMUNICANDO... Nesta unidade, abordaremos a comunicação numa perspectiva teórica, tendo seu processo histórico como referência, enfatizando características de determinadas sociedades ou comunidades, dentro de um espaço e tempo determinados. No entanto, sabemos que em uma abordagem de historiografia contemporânea, os acontecimentos e concepções não ocorrem de forma linear, temporal e espacial bem definidas. O propósito desta unidade é fornecer uma visão global de como a comunicação se desenvolveu e se especificou na nossa sociedade, considerando os diversos meios de linguagens e seu processo comunicacional ao longo dos séculos, nos mais variados segmentos da sociedade. Queremos que você perceba, principalmente, o panorama atual da comunicação e sua importância na vida profissional e pessoal das pessoas. E faça um contraponto com as comunidades e séculos passados, desenvolvendo a capacidade de projetar o futuro dessa ferramenta. Desta forma, temos como objetivos: - Estudar a evolução da comunicação humana, suas teorias e conceitos; - Apropriar do processo de comunicação, seus contextos e os diferentes tipos de Linguagens; - Refletir sobre a Comunicação e o mundo contemporâneo. I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CEAutor: Francisco Varder Braga Junior 13 A comunicação humana iniciou-se com a convivência dos homens primitivos em pequenas comunidades. Nessa época, os homens se comunicavam entre si por meio de gritos ou grunhidos, gestos ou utilizando objetos para produção de sons. Com o desenvolvimento da linguagem oral, a comunicação passa a ser mais compreensível e utilizada entre os membros do grupo. Cada grupo social criava seus próprios códigos linguísticos, aparecendo o diálogo entre o grupo. Porém, essa linguagem oral primária possui algumas limitações, relacionadas tanto ao registro quanto a abrangência. Dessa forma, para registrar suas mensagens e/ou ideias, os sujeitos recorreram ao desenho e, mais tarde, criaram a linguagem escrita. Os desenhos feitos nas paredes das cavernas foram tomando um sentido convencional e passaram a designar conceitos abstratos, transformando-se em ideogramas. Nesses ideogramas, os signos, tinham correspondência direta entre o desenho e o objeto representado, a sequência dos signos reproduzia a cronologia dos eventos narrados. A escrita, inicialmente, seguia a mesma sequência da língua falada, depois sílabas que se uniam e formavam palavras. Em seguida, surgiram os signos alfabéticos que reproduziam graficamente a voz humana. E assim, vários povos foram se apropriando e desenvolvendo cada vez mais a escrita, até que os Fenícios, em função dos diversos contatos comerciais que mantinham com diferentes povos, sentiram necessidade de um meio prático para facilitar a comunicação e desenvolveram uma das mais fabulosas invenções da história humana: o alfabeto. O Alfabeto Fenício era composto por 22 sinais, sendo, mais tarde, aperfeiçoado pelos gregos que lhe acrescentaram outras letras. O alfabeto grego deu origem ao alfabeto latino que é o mais utilizado atualmente. Um marco importante na história da comunicação humana foi quando os homens perceberam que os nomes de objetos eram compostos por unidades de som, os fonemas. Com 1.1- Evolução da comunicação humana, seus contextos e conceitos UN 01 Figura 01 - Desenhos nas paredes das cavernas Fo nt e: ht tp :/ /w w w .v er so se un iv er so s.c om .b r/ ve rs os _e _u ni ve rs os _d a_ ar te /p in ce la da s_ so br e_ ar te _1 3/ in de x. ht m I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CE Autor: Francisco Varder Braga Junior 14 os fonemas, os signos podiam representar as unidades de som e não mais objetos ou ideias. Com esse fato, os signos gráficos passam a representar unidades de som menores que as palavras, dando origem ao conceito de letras. Assim, qualquer pessoa podia aprender a combinar os sons sem ter que conhecer as equivalências dos signos gráficos com ideias e objetos. Bordenave (2003), fala que apesar de existirem os alfabetos, por muitos séculos a cultura transmitiu-se oralmente, pois não havia uma maneira prática e rápida para a transmissão das informações escritas de um determinado local para outros mais distantes, a maioria das informações eram feitas em pedras e pergaminhos de couro. Na Antiguidade, a voz se constituía no mais importante elemento de comunicação e de transmissão de conhecimentos por ser acessível a todos. A polis grega elevou ao máximo o prestígio da oratória e a partir daí apareceram às primeiras escolas de filosofia onde os mestres falavam não somente de filosofia, mas também de política, artes, ciências e sociologia. Sendo assim, a voz precisava ser corretamente expressada para que pudesse transmitir com clareza a mensagem. Em especial, os artistas do famoso Teatro Grego observaram a necessidade do uso requintado da voz, originando os primeiros ensinamentos a respeito do seu uso profissional (PORDEUS et al., 1996). Foi somente na Europa do século XV que os professores de técnica vocal, tanto para a voz cantada, como para a voz falada, tiveram seu reconhecimento. Entretanto, apenas no final do século XIX, com o desenvolvimento de mecanismos para o estudo do aparelho fonador, foi possível o conhecimento da anátomofisiologia da laringe, possibilitando a realização de diagnósticos mais precisos, bem como o desenvolvimento de propostas terapêuticas mais eficazes, beneficiando a todos e, principalmente, àqueles que fazem da voz o seu instrumento de trabalho (PORDEUS et al., 1996). Antes do advento da imprensa, já havia redes organizadas de comunicação funcionando na Europa, controladas por instituições ou pessoas importantes da época, como: a Igreja Católica, as autoridades políticas dos estados e principados, e os comerciantes. Todas voltadas para seus interesses, dentre eles: o de utilizar essas redes de comunicação para ter contato com o clero e as elites políticas dispersas pelo continente, de servir como ferramenta de facilitação na administração e pacificação de cada território, e criação de uma própria maneira de comunicação para fornecer informações aos seus clientes, no caso dos comerciantes. As informações também eram transmitidas às cidades e aldeias por meio das redes de comerciantes, mascates e entretecedores ambulantes. Ao se reunirem em espaços públicos de uma localidade, relatavam acontecimentos ocorridos em lugares mais distantes. Essas redes Figura 02 - Oradores famosos Fo nt e: ht tp s: // w w w .g oo gl e. co m .b r/ ur l? sa =i & rc t= j& q= & es rc =s & so ur ce =i m ag e s& cd =& ve d= 0a hU K Ew iX i9 Ca 2r LQ A hV KC 5A K H c3 N A 0M Q jh w IB Q & ur l= ht tp % 3A % 2F % 2F es .s li de sh ar e. ne t% 2F ru fa sa nc he z% 2F la -l it er at ur a- gr ie ga -a po lo - y- da fn e- pa ul a- ru fo & ps ig =A FQ jC N E IZ N L- F1 81 kD dg nE H gL M e4 ta U 7k w & u st =1 47 95 71 91 64 54 97 9 I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CEAutor: FranciscoVarder Braga Junior 15 Figura 02 - Representação da impressa antiga Fo nt e: h tt p: // w w w .se cu lt. es .g ov .b r/ no tic ia s/ lis ta r/ pa ge :2 5 de comunicação se desenvolveram e deram origem ao correio e a imprensa para produção e disseminação de notícias. O correio na antiguidade se caracterizou por uma linha regular de troca de informações, a qual, para manter sua regularidade, era dotada de infraestrutura permanente. Referências do ano 2400 a. C. atestam a existência, já àquela época, da profissão de mensageiro no Egito. Historiadores relatam também que nenhum correio da Antiguidade mostrou-se tão bem organizado quanto o dos persas. As notícias eram manuscritas e se caracterizavam por uma carta circular que passava de mão em mão e, depois de lida, reproduzia-se de boca a boca. As cartas eram trocadas, sendo assim, as informações circulavam entre um grande número de pessoas em diferentes lugares. O jornal impresso foi um dos acontecimentos mais marcantes da evolução da comunicação. É necessário fazer distinção entre jornal e tipografia. O jornal impresso somente surgiu um século e meio após o advento da tipografia. Antes do aparecimento do jornal impresso, porém, tivemos o jornal feito à mão, representado pelas gazetas manuscritas dos séculos XV a XVIII, as quais as pessoas começaram a reunir os noticiários variados em um texto único, do qual tiravam cópias escritas à mão para vender. Segundo Costella (2002, p. 22), “o jornal impresso tipograficamente surgiu pela associação de vários elementos, dentre os quais sobrelevam em importância o papel, a tipografia e o correio”. Para alguns historiadores, o registro mais antigo de jornal impresso da história é o “Noviny poradné celého mesice zari léta 1597”, cujo nome pode ser traduzido para “Jornal completo do mês inteiro de setembro de 1597”. No Brasil, a história da impressa não se configura como uma aplicação da realidade ou necessidade da população do país como marca as teorias europeias ou norte-americanas. E sim, para mascarar uma realidade, no intuito de evitar o embate com as complexidades, contradições e misturas que marcam a realidade nacional do nosso país. O Brasil sempre foi, segundo Barbosa (2013), uma sociedade onde prevaleceu uma comunicação oral devido ao aglomerado das cidades e grau de instrução da maioria das pessoas. No período colonial, leituras públicas, fofocas e conversas pelas ruas alimentavam a comunicação nas cidades. Já nas fazendas, o universo dos escravos, na sua maioria, comportava rituais que envolviam música, dança e rimas, atravessado pelas letras dos seus senhores. Com a chegada da Família Real ao Brasil, em 1808, e a disseminação do comércio devido à chegada de diversos estrangeiros, a escrita passa a fazer parte da realidade do povo, mas envolvida em um mundo marcadamente oral. O letramento tropical é assim atravessado pela fala. I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CE Autor: Francisco Varder Braga Junior 16 A implantação tipográfica no Brasil mais conhecida e relevante foi quando Antônio Isidoro da Fonseca Imprimiu quatro modestos folhetos. Um deles foi a “Relação de Entrada” em 1747, no rio de Janeiro, só em 13 de maio de 1808, Dom João, institui a Imprensa Régia, surgindo o primeiro jornal impresso no Brasil, a “Gazeta do Rio de Janeiro”, tendo seu primeiro impresso em 10 de setembro de 1808. Logo em seguida, século XIX, veio aparições mais frequentes entre o público, com o uso de imagens em revistas e jornais, graças a tecnologia como a litografia e a fotografia. Paralelo a isso, o telégrafo surge como importante tecnologia da comunicação que possibilita uma aceleração brutal na circulação de informações, iniciando um sistema de redes interligadas. Já no século XX, com o processo de industrialização no Brasil, os jornais têm outra formatação e seus números de tiragens são cada vez maiores. O rádio passa a ser peça importante na dinâmica cotidiana, pois a “Era de Ouro” do rádio seria responsável por instaurar uma linguagem verbal toda própria, por meio de suas novelas, noticiários e cantos. Na segunda metade do século XX, a televisão já ocupava lugar de destaque na sala dos brasileiros, apresentando o mundo através da tela, atração esta, ainda de poucos, porém de cunho coletivo. A TV Globo surge após o golpe militar e se consolida na década de 1970 como a maior emissora do país. Os telejornais e as novelas ganham força como as principais atrações para o povo brasileiro. O século XXI é marcado por grandes transformações e mudanças sociais, sendo a maior responsável por essa metamorfose, ocorrida no mundo contemporâneo, a tecnologia. A globalização e as tecnologias da informação e comunicação trouxeram uma nova realidade às relações sociais. Tais transformações ocorreram de forma tão rápidas que ainda hoje temos dificuldades de lidar com determinadas situações no nosso cotidiano. Logo, o universo comunicativo fica mais complexo e a televisão passa a ter fortes concorrentes em um processo em que hibridizações, misturas e convergências parecem ditar as regras. Nesse sentido, podemos observar que a cultura da comunicação oral tem uma maior abrangência e presença entre os povos e o tempo, e que sua evolução acontece paralelamente ao desenvolvimento dos meios de comunicação. Contudo, os meios de comunicação têm diversas finalidades, dentre as quais informar, manipular, persuadir, educar, entreter, influenciar e interferir na vida dos indivíduos, que de alguma forma participam dele, sendo emissores ou receptores da mensagem que é transmitida. I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CEAutor: Francisco Varder Braga Junior 17 Do processo histórico da comunicação podemos destacar como elementos essenciais utilizados até hoje para produção de uma boa performance comunicativa: a valorização da retórica e a persuasão, ambos herdados da Grécia Antiga, porém, propagados de maneira específica e informal. Só no século XX é que a comunicação associa-se as mais variadas disciplinas acadêmicas com estudo formal, tendo uma emersão acadêmica em meados deste mesmo século, evoluindo-se de maneira contextualizada com as tecnologias, chegando ao século XXI de forma concisa e robusta com uma identidade definida na sociedade. A palavra comunicação vem do latim _ communicare, o que significa tornar comum, compartilhar, repartir, pois envolve um emissor, um receptor e uma mensagem. Segundo Thayer (1979, p. 35), comunicação “é o processo vital através do qual indivíduos e organizações se relacionam uns com os outros, influenciando-se mutuamente”. Já Silva et al. (2000) diz que a comunicação é um processo de interação no qual compartilhamos mensagens e ideias, podendo influenciar no comportamento dos indivíduos, que por sua vez, reagirão a partir de suas crenças, valores, cultura e história de vida. Qualquer linguagem é, na verdade, uma atividade humana que representa o mundo, que constrói a realidade, revelando aspectos históricos, culturais e sociais. É com a linguagem que o ser humano organiza e dá forma às suas vivências. Alguns pensadores consideram que a capacidade de representação do mundo pela linguagem é o que diferencia o homem dos outros animais. Pensando nisso, Braga Junior (2013. p. 8) relata que a voz humana é um dos meios de comunicação de que dispomos para mantermos contato com o ambiente e as pessoas, numa sociedade em que prevalece a comunicação oral. Ela se caracteriza de maneira única e exclusiva, revelando sentimentos e emoções. Nessa particularidade, a voz nos passa características biológicas, psicológicas e sociais de quem fala; resultando em uma combinação de informações do indivíduo que deve sempre ser analisada dentro do seu contexto e cultura. Assim, a voz é utilizada no cotidiano, em reuniões sociais e familiares, lazer e nas relações de trabalho. Segundo Behlau e Algodoal (2009), estima-se que um percentual de 5% a 8% da população apresenta alguma dificuldade em relaçãoà voz que possa comprometer a comunicação, podendo aumentar esse índice para 25%, quando se trata de alguns profissionais da voz, como professores, os quais são considerados uma população de risco, em condições de trabalho desfavoráveis. Logo, com o advento das tecnologias da informação e comunicação, a necessidade do aprimoramento vocal aumentou muito, devido ao número de profissões que demandam do uso da voz. Segundo Vilkman (2004), um terço da força de trabalho americana atua em profissões onde esta é a principal ferramenta de trabalho. A voz assumiu, então, um papel de destaque nas atividades ocupacionais e, por conta disto, seu nível de performance ficou cada vez mais valorizado, onde se sobressai sempre aquele que a domina melhor. 1.2 - O processo de comunicação e os diferentes tipos de Linguagens UN 01 I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CE Autor: Francisco Varder Braga Junior 18 Figura 04 - Representação de comunicação Fo nt e: ht tp :/ /a dv an ce ge st ao .co m .b r/ co m un ic ac ao -in te rn a- na s- em pr es as / Na comunicação humana, o código é a linguagem, que na conversação é complementada por elementos da comunicação não-verbal (gestos, expressões faciais, movimentos dos olhos e do corpo, etc) e o canal utilizado é a fala. Ainda, no processo de conversação, existe o feedback, representado pela resposta do receptor no momento em que responde, o receptor inverte o processo e passa a ser o emissor, e aquele que antes emitia passa a ser o receptor, que irá decodificar e interpretar a nova mensagem. É esta inversão do processo que permite a uma pessoa saber se a outra entendeu a sua mensagem, podendo esta resposta também ser feita por alguma expressividade sem ser a fala. Dessa forma, a transmissão de uma mensagem por meio da linguagem só existe quando quem fala e quem ouve tem a intenção de se comunicar e possuem o mesmo código linguístico, sem que haja barreira na comunicação. Para começarmos a discorrer sobre a comunicação e a linguagem precisamos entender a diferenciação entre voz, fala e linguagem. De uma forma bem sucinta e objetiva, a voz é um som produzido pela vibração das pregas vocais, sendo o elemento sonoro da linguagem, a fala é a produção oral de unidades de sons combinados em palavras advindo da linguagem, sendo uma espécie de voz articulada, e a linguagem é um conjunto de símbolos linguísticos organizados de forma que o ser humano possa se comunicar, expressando e compreendendo seus sentimentos, pensamentos e mensagens trocadas. Figura 05 - Ilustração dos elementos que compõe a comunicação Fo nt e: B an do d e Da do s d o N ea d Linguagem Fala Voz I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CEAutor: Francisco Varder Braga Junior 19 Diante dessa diferenciação é importante destacarmos que a linguagem, vai muito além da comunicação, é ela que media a construção do sujeito, ou seja, sua formação do pensamento. Segundo Vygotsky (1991), é a partir da linguagem que o indivíduo transforma funções elementares como reflexos e vontades, que são de origem biológica, em funções psicológicas superiores como: pensamento, memória, atenção, que são de origem sociocultural. Ainda segundo esse autor, quando a criança domina o código linguístico de sua cultura, torna-se possível a mediação entre o sujeito e o objeto do conhecimento e, portanto, a aprendizagem. Contudo, seguindo essa ideia, podemos observar que pensamento e linguagem caminham juntos, influenciando um ao outro. Já o desenvolvimento da linguagem e da fala, apesar de intimamente ligados, caminham de certa forma separados. Por tanto, a mídia não domina as ações e os pensamentos das pessoas, é o próprio ser humano, que a partir dos recursos simbólicos que lhe são disponíveis, vai construindo a sua identidade. A linguagem pode ser Verbal e Não-Verbal. A primeira consiste na utilização das palavras, ou seja, do signo linguístico na comunicação. A linguagem verbal tem duas modalidades: a língua escrita e a língua oral. A língua oral é utilizada quando o interlocutor está frente a frente conosco, por telefone ou outros meios de comunicação que a tem como troca de mensagem. Já a língua escrita é usada quando o interlocutor está ausente ou tem esta modalidade como recurso de diálogo. Entre a língua oral e a escrita há muitas diferenças, mas não uma oposição rígida. A escrita não reproduz muitos os fenômenos da oralidade, como: a prosódia, a gestualidade, os movimentos do corpo e dos olhos, entre outros. Ela apresenta, contudo, elementos significativos próprios, ausentes na fala, tais como o tamanho e o tipo de letras, cores e formatos, sinais de pontuação e elementos pictóricos, os quais operam como gestos, mímica e prosódia, graficamente representados. Dessa forma, na leitura da escrita, o autor pode ser desconhecido ou distante, sua ideia nem sempre é claramente entendida e, mais importante, não existe a possibilidade do diálogo, ocorre uma transmissão da informação de maneira passiva. Já a linguagem Não-Verbal é constituída pelos gestos, movimentos, posturas, expressões faciais, desenho, pintura, símbolos, gráficos, música instrumental, vestimenta, etc. Logo, atitudes e comportamentos do nosso corpo demonstram algum tipo de informação ao receptor como: um sorriso, erguer a sobrancelha, apertar a mão, olhar nos olhos, mexer nos cabelos, balançar a cabeça concordando ou discordando, respirar fundo, a própria postura, os braços cruzados, entre outros. Este tipo de linguagem deve estar em consonância com a linguagem Verbal, merecendo certa atenção e adaptação ao público, porém com uma dose de formalidade, seguindo algumas regras e orientações para que a relação interpessoal seja estabelecida com sucesso. Sendo assim, percebemos que a comunicação não se dá apenas pela fala. Mesmo na fala, existem entonações de voz, silêncios, pausas, alterações no volume que também produzem um sentido naquele que ouve. De acordo com Platão e Fiorin (2002), o bom falante culto não é necessariamente quem usa corretamente as regras gramaticais, mas aquele que é capaz de adaptar o nível de linguagem, ou seja, de utilizar a linguagem adequada a cada situação. Não se pode afirmar, portanto, que exista um padrão de linguagem superior em termos absolutos. O código verbal possui o objetivo de transmitir um conteúdo de valor informativo. Já o código não verbal é quase sempre utilizado para manter a relação interpessoal. Se houver concordância entre elas, o impacto da mensagem é mais forte e a recepção é melhor. Os elementos básicos para a comunicação são: - Emissor: aquele que emite a mensagem; - Receptor: pessoa que recebe a mensagem; - Mensagem: a ideia, aquilo que se quer comunicar; I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CE Autor: Francisco Varder Braga Junior 20 - Canal: o meio como entrar em contato emissor e receptor; - Código: sistemas de signos, linguagem. Dessa forma, para que esse processo seja bem sucedido tem que acontecer um Feedback, ou seja o retorno do receptor ao emissor, aquilo que permite verificar se a mensagem foi bem compreendida ou não. O feedback pode ser uma resposta enviada explicitamente pelo outro ou pode ser a ação dele depois do entendimento da mensagem. Caso a mensagem não seja compreendida podemos dizer que houve algum tipo de interferência que atribuímos a um ruído ou barreira de comunicação que pode ocorrer em qualquer elemento da comunicação, podendo ter várias origens, como: a) No emissor ou no receptor, devido a razões: - psicológica: problemas emocionais ou de personalidade que geram atitudes para si, para o assunto e para o receptor; - perceptual: é a forma de como o individuo vê e ouve, ponto de vista, geralmente está atrelado a cultura e formação do indivíduo, também envolve tabus e preconceitos; - fisiológica: problemas relacionados a saúde ou que comprometam a expressão do emissor e compreensão do receptor. Exemplo: perdas auditivas, problemas de processamento auditivocentral, problemas articulatório ou vocal. b) No ambiente, quando há: - excesso de barulho interno e/ou externo; - temperatura e/ou luminosidade inadequadas; - acústica comprometida. c) Na mensagem e no código, quando o tipo de linguagem e de vocabulário utilizado não é adequado ao receptor. Exemplo: Figura 06 - Processo da comunicação Fo nt e: p ró pr ia Canal I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CEAutor: Francisco Varder Braga Junior 21 Para Rush (2005), o ato de conversar não garante um entendimento correto entre as partes envolvidas no processo, ocorrendo o mesmo com uma mensagem por escrito. Ele lista algumas barreiras que interferem na comunicação, entre elas: interpretar de modo distorcido o que os outros dizem, ouvindo apenas aquilo que nos interessa; permitir que as próprias emoções distorçam a informação; descrédito com relação à motivação do outro e os diversos sentidos de uma mesma palavra. Portanto, para obtermos um bom desempenho da comunicação institucional devemos investir primeiramente na competência comunicativa pessoal, pois entre a transmissão e a recepção da mensagem, tem havido muitas interferências, as quais distorcem a mensagem que foi passada ou impedem a transmissão e recepção eficazes do conhecimento, o que implica na comunicação das organizações, ou seja, se as pessoas que a integram se comunicam eficazmente, os processos organizacionais de comunicação propendem a ser eficazes também. Nossa sociedade dispõe hoje de todo tipo de ferramenta para produzir a comunicação desejada, graças ao movimento produzido pela globalização e o desenvolvimento das tecnologias, o que faz chegar a mensagem pretendida até nós de diversas maneiras e de forma rápida. Segundo Guareschi (1991, p. 18): [...] os meios de comunicação se tornam o meio e o espaço privilegiado onde a cultura é criada, fortificada, reproduzida e retransmitida, dum lado; como podem se tornar paradoxalmente o espaço e o meio onde essa cultura é negada, descaracterizada, transformada e dominada para servir a outros interesses que não são os do próprio povo. Figura 07 - Barreira de comunicação Fo nt e: h tt p: // ea ds te .fo ru m ei ro s.c om / t4 p2 5- te cn ol og ia s- na -e du ca ca o- a- di st an ci a- jo se -m an ue l-m or an 1.3 - A Comunicação e o mundo contemporâneo UN 01 I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CE Autor: Francisco Varder Braga Junior 22 Neste contexto, é fundamental o conhecimento dos meios e dos formatos de comunicação que têm se consolidado através dos tempos. A discussão em sala de aula de materiais informativos advindos das diversas mídias tem um papel pedagógico, desde que empregada corretamente a outras fontes de pesquisa. Tanto a mídia quanto a escola “constroem um universo simbólico estruturado por referências de apreciação da realidade” (BARROS FILHO, 1996, p.28). Segundo Guareschi (2005, p.88) “[...] o mais importante é ensinar a pensar, a questionar, a interpretar e a reinterpretar a sociedade”. Logo, a capacidade de comparação dos mais diversos meios de comunicação nos conduz a um caminho para a cidadania, a democracia, a melhor informação e a consequente transformação de nossa realidade a partir da mudança de comportamento advinda do conhecimento fruto de uma boa comunicação. Pensando nisso, podemos observar que a necessidade de se comunicar, de diminuir distâncias, clarificar mensagens e fazer esta mensagem ultrapassar os tempos, foi o que fez a evolução da comunicação e da sociedade acontecer, porém, ainda há muito a descobrir e desenvolver. A comunicação sempre foi e continua sendo uma ferramenta fundamental para a constituição de um mundo contemporâneo, pois ela é capaz de absorver a diversidade, as identidades, as diferenças, os interesses ou discursos, e devolver de forma simplificada o entendimento do tempo e do espeço atual a todos os contextos, fazendo com que a sociedade se organize e evolua. Assim, a comunicação desempenha um papel fundamental na construção da realidade contemporânea, pois é entendida, segundo Pereira e Herschmann (2002, p. 30), “[...] como um espaço de construção e circulação de sentidos e informações”. Ao refletirmos esta concepção, observamos que quem domina a comunicação tem o poder de causar impactos econômicos, sociais e políticos conforme seus interesses no meio no qual está inserido. Dessa forma, os processos comunicativos geram informação e conhecimento os quais são produzidos, processados, veiculados e consumidos. Então, uma reflexão entorno dessa temática faz-se necessário devido ao seu poder de persuasão e seu papel na contemporaneidade, seja na política, economia ou na educação. Figura 08 - Ilustração dos meios de comunicação no mundo contemporâneo Fo nt e: h tt ps :/ /s on or iz an do co m ti. bl og sp ot .co m .b r/ 20 11 /1 2/ at ec no lo gi a- da -in fo rm ac ao -e -c om un ic ac ao . ht m l I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CEAutor: Francisco Varder Braga Junior 23 No mundo atual, onde quem domina é quem tem o capital intelectual, saber manipular utilizando a comunicação com todos os seus recursos e adaptando ao público, contexto e interesses, torna-se fácil orientar diferentes organizações e deter o capital, porém, vale ressaltar que devido à interação provocada pelo uso das diversas mídias, o público tem a necessidade de ser coadjuvante nesse processo. A presença significativa das tecnologias da informação e comunicação no nosso cotidiano traz uma enorme carência de estudos que reflitam sobre o novo papel do campo da comunicação num mundo globalizado. De acordo com Hachten (1987, p. 9) “a globalização é fruto da “revolução tecnológica” responsável pela circulação instantânea das notícias em todo o planeta”. Não podemos perder de vista o papel da comunicação nesse processo o qual insistimos em trata-la como um fenômeno dinâmico que depende de fatores econômicos, políticos e/ou socioculturais, de natureza local, nacional ou internacional. Segundo Miége (1999, p. 13), “a comunicação, evidentemente, corresponde a um movimento largamente transnacional, e eis por que não se hesita (...) em considerar que ela participa da tendência à globalização”. Hoje, são utilizados milhares de programas e aplicações capazes de melhorar a comunicação em muitos e diferentes aspectos, principalmente garantindo o acesso a informação e ao conhecimento. Contudo, é a partir da comunicação que uma sociedade estabelece a sua cultura, seus hábitos, valores e crenças. Logo, o aperfeiçoamento da comunicação é peça fundamental para a propagação da informação, do conhecimento de forma efetiva, além de promover a aprendizagem com mais facilidade e rapidez devido ao uso dos diversos recursos de expressividade somados a uma boa linguagem oral. Ao reportarmos a importância da comunicação para o campo da educação, esta não diferencia seu papel e pode servir como elemento transformador no processo de ensino e aprendizagem, sendo necessária uma renovação e qualificação emergencial, pois os atores que constituem esse cenário são outros, a cena também é outra, porém a educação insiste em utilizar o mesmo processo comunicacional. Dessa forma, é preciso que se alterem as formas de ensino e aprendizagem, pois só assim a educação evoluirá junto com a comunicação e a sociedade. Assim, a imagem adquire importância como estratégia de comunicação e ensino, podendo servir como ferramenta de aprendizagem facilitadora, desvendando processos de ensinar e aprender que são alheios à racionalidade descontextualizada. Pensando nisso, cabe à escola tomar como desafio no seu processo educacional os interesses dos alunos e construir com eles uma aprendizagem coletiva, utilizando os meios de comunicação, já que são tão mais “coloridos” e “atrativos” do que seu método de ensino tradicional. Vale ainda ressaltar, que dentro do campo educacional requer uma necessidade emergencial de aprender a conviver comas transformações sociais para coloca-las em prática em sala de aula, construindo o conhecimento a partir de uma comunicação efetiva. Portanto, a comunicação e o mundo contemporâneo são indissociáveis, pois há uma retroalimentação entre eles para que a sociedade evolua de forma dinâmica e interativa, onde se estabelece um feedback entre o conhecimento e o comportamento social que se redefinem de maneira estratégicas, organizacionais e comunicativas, sendo o indivíduo o ser regulador desse processo, não podendo a educação ficar de fora. I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CE Autor: Francisco Varder Braga Junior 24 EXERCÍCIO PROPOSTO Faça uma linha do tempo para a evolução da comunicação, em seguida conceitue a comunicação e diga qual seu papel no mundo contemporâneo. # DICA DE FILME – O DISCURSO DO REI. I - COMUNICANDO... COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL CEAutor: Francisco Varder Braga Junior 25 REFERÊNCIAS BARBOSA, M. História da Comunicação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2013. BARROS FILHO, C. de. Agenda setting e educação. In: Comunicação e educação. n. 5, p. 27 a 33, jan-abr, 1996. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/ view/36219/38939>. Acesso em: 15 jun. 2018. BEHLAU, M.; ALGODOAL, J. SOCIEDADE BRASILEIRA DE FONOAUDIOLOGIA. Departamento de voz. São Paulo, 2009. Disponível em: http://www.sbfa.org.br. Acesso em: 15 mai. 2012. BORDENAVE, Juan E. Diaz. O que é comunicação. 1ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2003. BRAGA JUNIOR, F. V. Saúde vocal e docência no ensino superior. 2013. 82f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Ambiente, tecnologia e sociedade, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, Mossoró, 2013. COSTELLA, Antonio F. Comunicação: do Grito ao Satélite. 5º ed. São Paulo: Mantiqueira, 2002. GUARESCHI, Pedrinho. Comunicação e Controle Social. Petrópolis: Vozes, 1991. GUARESCHI, Pedrinho; BIZ, Osvaldo. Mídia e Democracia. Porto Alegre: Evangraf, 2005. HACHTEN, William. El prisma mundial de las notícias. México: Prisma, 1989. MIÈGE, B. A multidimensionalidade da comunicação. In: BOLAÑO, C. R. S. (org.). 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O propósito desta unidade é fornecer uma visão geral de como as diversas formas de comunicação são necessárias no contexto educacional, e também nas relações interpessoais da instituição, possibilitando uma nova realidade organizacional educativa a qual possa corresponder a transformação social ocorrida nos últimos tempos. Esperamos que você perceba, no processo de ensino e aprendizagem atual, os entraves, os desafios e a importância da comunicação como recurso metodológico em sala de aula diante da diversidade e modernidade encontrada. Logo, faz-se necessário que você trace um contraponto do ensino com e sem a utilização desse recurso, desenvolvendo assim, a capacidade de utilizá-lo no seu fazer docente. Desta forma, temos como objetivos: - Conhecer a comunicação e sua interface com a educação numa abordagem interdisciplinar; - Refletir sobre o sistema de comunicação nas organizações educacionais; - Apropriar das possibilidades de comunicação entre professores e alunos, e as mudanças sociais produzidas pelo conhecimento através dos meios de comunicação. 29 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior 2.1 - A comunicação e sua interface com a educação numa abordagem interdisciplinar UN 02 Nos últimos tempos, temos observado muitas mudanças e transformações no cenário educacional do nosso país, com vistas a melhorias na educação, sendo notória e necessária a colaboração e a participação de outros conhecimentos, além de adaptações a nova realidade, público e condições socioeconômicas, cada vez mais, merecendo uma abordagem interdisciplinar na tentativa de resolver tamanha complexidade. Segundo Mantoan (2003, p.16), As diversidades culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gênero, enfim a diversidade humana está sendo cada vez mais desvelada e destacada e é condição imprescindível para se entender como aprendemos e como compreendemos o mundo e a nós mesmos. A Educação no Brasil vem sendo influenciada por uma ideologia de “Educação para Todos”, a partir de leis que foram aprovadas, decretos estabelecidos e várias mudanças propostas. Entretanto, ainda encontramos práticas discriminatórias e tradicionais por conta da desinformação, da falta de profissionais habilitados e dúvidas quanto ao papel da escola na superação da lógica da exclusão em algumas instituições de ensino. Isso se configura numa necessidade de mudança estrutural que promova mais acessibilidade, formação profissional e mudanças culturais com a tomada de conscientização em nível de instituição para que todos os alunos tenham suas especificidades atendidas, garantindo o acesso social, curricular e pedagógico. Na área da Educação, a interdisciplinaridade é um tema que tem se desenvolvido e vem ganhando cada vez mais espaço, devido às necessidades atuais da escola, pois contempla as relações entre os diversos saberes, entre os diversos profissionais de diferentes áreas, permitindo análises de problemas reais, tendo como premissa o diálogo e a intersecção entre as áreas. Figura 09 - Exemplificando a interdisciplinaridade Fo nt e: h tt p: // es pi ri tis m oc om pr of un di da de .b lo gs po t.c om .b r/ 20 12 /0 7/ bl og -p os t.h tm l A interdisciplinaridade surgiu em resposta ao modelo positivista exposto na teoria do conhecimento. A metodologia deste modelo levou especialistas a uma fragmentação do saber, e somente nos anos 50 é que acontece uma discussão de uma proposta interdisciplinar. Tal proposta, não significa a defesa de um saber genético, nem se trata de substituir as especificidades por generalidades, mas surge para promover a superação da superespecialização e da desarticulação entre a teoria e a prática como alternativa à disciplinaridade. Logo, a interdisciplinaridade 30 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONALAutor: Francisco Varder Braga Junior caracteriza-se pelas trocas entre os especialistas e a integração das disciplinas em função de um bem comum. Para Libâneo (2001, p. 31) a interdisciplinaridade é [...] a interaçãoentre duas ou mais disciplinas para superar a fragmentação, a compartimentalização do conhecimento, implicando em troca entre especialistas de vários campos do conhecimento na discussão de um assunto, na resolução de um problema, tendo em vista uma compreensão melhor da realidade. Pensando nisso, podemos entender a interdisciplinaridade como uma possibilidade de trabalho conjunto na busca de uma solução, o qual se deve respeitar os limites disciplinares específicos, havendo uma articulação entre as variadas profissões. Tal conduta exige do profissional: flexibilidade, confiança, paciência, conhecimento de áreas afins, capacidade de adaptação, sensibilidade, humildade, ação na diversidade e aceitação de novos papéis. Ao percebermos a concepção da interdisciplinaridade, podemos constatar que o trabalho interdisciplinar na escola pode promover o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes propiciando a produção de conhecimento sob uma nova perspectiva, que exige novas soluções, novas maneiras de atuação, de modo que todos se sintam parte do processo. A educação e a comunicação tem uma relação similar, porém querer mais reciprocidade entre si, pois no que se refere aos processos vitais e sociais, os sujeitos formam, organizam e desenvolvem ideias, além de se relacionarem e influenciar uns aos outros. Rodríguez Rodríguez Dieguez (1985, p. 65) relata que se o ensino-aprendizagem não pode entender-se plenamente sem a consideração prévia dos processos de comunicação, tão pouco a teoria da comunicação pode prescindir das situações de ensino-aprendizagem como núcleo conceptual de notável importância, porquanto arroja luz suficiente sobre uma peculiar forma de realizar a comunicação interpessoal. Já Berlo (1985, p. 79) defende que “falar sobre a comunicação no contexto pessoal é falar em parte como as pessoas aprendem”. Logo, podemos pensar que a educação está ligada a processos de comunicação e interação pelos quais os membros de uma sociedade assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores existentes no meio culturalmente organizado e, com isso, ganham o patamar necessário para produzir outros saberes, técnicas, valores, etc. Nesse sentido, a necessidade de formação geral se repõe, implicando reavaliação dos processos de aprendizagem, familiarização com os meios de comunicação e apropriação de competências comunicativas, de capacidades criativas para análise de situações novas e de pensar e agir com horizontes mais amplos. Diante disso, estamos frente a exigências de formação de um novo educador com configurações que a interdisciplinaridade propõe. Em um processo de ensino e aprendizagem efetivo ocorre uma mudança de comportamento mediante a experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, relacionais e sociais entre o professor e o aluno. É uma atividade que acontece em ambos atores e que é realizada por eles próprios. O professor não pode obrigar o aluno a aprender, mas ele pode despertar o interesse e a atenção desse aluno a partir de habilidades comunicativas e didáticas. Assim, o processo de aprendizagem pode ser definido como o modo que os seres humanos adquirem novos conhecimentos, desenvolvem competências e mudam de comportamento. Ao seguirmos nossa proposição de trabalho interdisciplinar, o professor e demais profissionais da educação precisam entender todos os aspectos que abrangem a interdisciplinaridade para atuar adequadamente, visando colocar em prática um novo modelo de educação, pautado pela flexibilidade e contextualização dos problemas a partir de várias ciências em colaboração, de forma que a disciplinaridade não se torne mais uma barreira. Mesmo diante de uma interface tão nítida e necessária entre a educação e a comunicação, 31 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior porém ainda pouco praticada, a educação, assim como a publicidade, a política, a religião, pode fazer da comunicação uma ferramenta do processo educativo, pois as teorias da comunicação, todas têm forte influência na educação. E porque não lançarmos mão de uma “performance comunicativa” para educação, em que esta possa contar com toda uma expressividade ao seu favor na hora de ministrar um conteúdo. Para Citelli (2001, p.8), “cabe à retórica mostrar o modo de construir as palavras visando a convencer o receptor acerca de dada verdade”. Um dos profissionais que pode contribuir nesse processo é o fonoaudiólogo devido ser o profissional responsável pela promoção da saúde, prevenção, avaliação e diagnóstico, orientação, terapia (habilitação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos aspectos fonoaudiológicos da função auditiva periférica e central, da função vestibular, da linguagem oral e escrita, da voz, da fluência, da articulação da fala e dos sistemas miofuncional, orofacial, cervical e de deglutição (CFFª, 2002). É atuando como fonoaudiólogo educacional, junto à instituição de ensino que se colabora no processo de ensino-aprendizagem por meio de programas educacionais de aprimoramento das situações de comunicação oral e escrita de modo integrado à equipe escolar a fim de criar ambientes físicos favoráveis à comunicação humana e ao processo de ensino-aprendizagem (CFFa nº 387/2010). Ao tomarmos o viés da comunicação como ferramenta persuasiva na educação, o fonoaudiólogo pode estar ainda, mediando esta lacuna entre a educação e a comunicação, por meio do aprimoramento da comunicação do professor, pois se consta uma consonância entre o conceito de comunicação com a necessidade da educação, devido ambas trabalhar com o ato ou efeito de emitir, transmitir e receber mensagens por meio de métodos ou processos, quer seja por meio da linguagem falada ou escrita, sinais ou símbolos. Sendo assim, precisamos destacar que educar é comunicar e precisamos dizer que o professor que educa de fato está comunicando e esta comunicação tem que se fazer mais efetiva possível. Contudo, a interface da comunicação com a educação é uma linha muito tênue que só vem reforçar a questão da interdisciplinaridade para que se conquiste processos educativos mais interativos com possibilidade de feedbacks mais efetivos, reforçando as relações professor- aluno e ensino-aprendizagem de maneira que se configurem numa via de mão dupla a partir do uso dos recursos que a comunicação possa oferecer. Pesquisas e experiências exitosas na relação da comunicação com a educação já constataram resultados favoráveis na formação de sujeitos mais críticos e ativos na sociedade. Porém, a educação tradicional, ainda é um entrave para que essa relação aconteça de forma efetiva e tenha sucesso. Isso se dá devido aos conteúdos e as metodologias utilizadas não terem relação com o contexto dos estudantes e o professor representar a figura detentora absoluta do conhecimento, utilizando uma comunicação não acessível aos seus alunos. Assim, a educação e a comunicação nestas instituições que pregam o ensino tradicional, não conseguem dialogar entre si, devido a fortes preconceitos, resistências e inseguranças de ambos os lados. Ao considerarmos a educação no sentido mais amplo, poderíamos atribuí-la a um sistema e subdividi-lo em três categorias de formação que vão variar de acordo com o contexto empregado. Segundo Cury (1989) a educação é categorizada em três dimensões, são elas: • Educação Informal: é a educação que está presente desde o nascimento da criança, 2.2 O sistema de comunicação nas organizações educacionais UN 02 32 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONALAutor: Francisco Varder Braga Junior pois esta vai aprendendo com seus pais e outros membros da comunidade, os modos de vida do grupo social como: os hábitos, os costumes, os mitos e as crenças, onde na maioria das vezes é transmitida através da linguagem oral. Estes conhecimentos são acumulados e aceitos como pertinentes pelo grupo, sendo passado de geração a geração. • Educação Formal: esta acontece na escola, instituição cujo objetivo principalé a ação pedagógica. Ela ocorre em um espaço formal, criado especialmente para esse fim. O ensino é sua função explícita. A escola é uma instância privilegiada para a realização do processo de construção do conhecimento e tem a capacidade de criar condições para que as pessoas descubram suas potencialidades, tenham compreensão da realidade e participem de todos os processos sociais, políticos e culturais no exercício da cidadania, na construção de sua existência e da estrutura social democrática e não excludente. • Educação Não-Formal: acontece em outros espaços institucionais, cuja função e objetivos não são eminentemente o exercício da prática pedagógica. São os meios de comunicação em massa, associações, sindicatos, conselhos, outros grupos da sociedade civil e serviços de saúde. Diante dessas categorias de educação, podemos observar que em todas elas prevalece a comunicação oral como o principal recurso de transmissão de conhecimento, cultura ou informação. Porém, vale ressaltar, que nas três formas de educação, há peculiaridades distintas na maneira de expressão e intensão comunicativa, o que dificulta em muitos casos a compreensão da mensagem, requerendo uma orientação especializada e um aprimoramento a partir de intervenções interdisciplinares. A junção dos aspectos expressivos da comunicação presente nas três categorias pode facilitar o processo de ensino e aprendizagem, principalmente na educação formal onde os conteúdos são mais densos e muitas vezes não faz parte da realidade do sujeito. Segundo Monteiro e Feldman (1999, p. 39), a cidadania, agora, é conquistada no exercício do dialogo social, definido pelos novos meios e linguagens. O instrumental teórico e tecnológico da comunicação é, portanto, indispensável para abordagens educativas que pretendam dar conta do cidadão do terceiro milênio. Escolas e educadores devem ser instrumentos que garantam o acesso de gente de todas as idades à informação e ao conhecimento de nosso tempo, formando interlocutores competentes para a participação de todos os setores da vida. Ao analisarmos tal colocação, podemos constatar que se faz necessário uma habilitação dos profissionais de educação para intervir nos ambientes educacionais com destreza comunicativa, articulando o pedagógico e as ações de comunicação em educação. Só assim, as aulas não se resumiriam apenas a função de dar ou transferir conhecimentos e sim, em propiciar uma interlocução que promova um novo tratamento dos conteúdos e formas de expressar os temas, fazendo uma educação concebida de participação, criatividade, expressividade e relacional. Diante dessa perspectiva, Ruesch e Bateson (1951) e Thayer (1979), concebem a comunicação como um processo orientado para os sistemas, apresentando quatro níveis ou contextos de comunicação. O primeiro nível é o intrapessoal, onde o indivíduo pensa ou fala para si mesmo, caracterizando-se como uma autocomunicação; já o segundo nível trata-se do interpessoal desenvolvido entre dois indivíduos em vários contextos sociais; o terceiro nível é o grupal, o qual se processa a colaboração entre vários indivíduos. E por último vem o quarto nível, que retrata o contexto cultural, também designado de massa, desenvolve-se entre uma pessoa institucionalizada e um grande público que utiliza o respectivo meio. A nossa educação é fruto das múltiplas e variadas relações comunicativas que estabelecemos com nós mesmos, com os outros e com o meio. Logo, o sistema educativo por mais estruturado que seja, expressa pistas da comunicação educativa informal e estas pistas 33 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior podem ser aproveitadas e aperfeiçoadas a favor da comunicação educativa formal. Dessa forma, aspectos como o modo de falar, seja na fluência da fala, no tom da voz, nas inflexões, nas pausas, nos silêncios, nos gestos, na postura corporal, na vestimenta, no efeito persuasivo, no conhecimento do assunto e na colocação dos participantes no espaço e como os relacionam, faz toda diferencia no processo de aprendizagem numa comunicação educativa formal, pois há uma integração da comunicação verbal e não verbal que facilita a apreensão do conteúdo devido a estruturação da mensagem para produzir efeitos educativos. Nesse sentido, aparece uma chuva de dúvidas por parte do professor quanto à conquista do intercâmbio das informações, o estabelecimento da interação entre os atores e o processo de influência sobre eles. Para resolvermos esse impasse podemos iniciar fazendo um planejamos das nossas ações a partir de questionamentos como: qual informação é mais relevante? Como devo passá-la? Vou seguir o currículo ou o interesse dos alunos? Que mudanças ocorreram nos últimos tempos para que eu atualize os conceitos? Quanto tempo devo abordar este assunto? De que forma devo trabalhar estes conteúdos para contemplar a todos? Qual abordagem utilizar? Como tratar a informação a transmitir de maneira que se facilite a descodificação por parte dos alunos? Como se melhora a compreensão e se prolonga a duração dos seus efeitos? Em primeiro lugar, a comunicação não se limita às simples trocas verbais, e sim a uma concepção de comunicação total, em que inclui a linguagem verbal e não verbal, implicando a participação da língua, da voz, do olhar, dos gestos, das posturas, dos movimentos, etc., além da interação, pois todo o comportamento pode ter um valor comunicativo que pode construir ou derrubar barreiras de comunicação. Somados a isso, não podemos desconsiderar aspectos relativos ao contexto sociocultural e às condições adversas dos alunos, suas singularidades, a pluralidade das culturas, os interesses, ou seja, a complexidade das relações. Para Moran, (1996, p.24), Conhecer significa compreender todas as dimensões da realidade, captar e expressar essa totalidade de forma cada vez mais ampla e integral. Educar é um processo de desenvolvimento global da consciência e da comunicação (do educador e do educando), integrando dentro de uma visão de totalidade, os vários níveis de conhecimento e de expressão: o sensorial, o intuitivo, o afetivo, o racional e o transcendental (a integração com o universo). Contudo, para que se dê a comunicação não basta que exista emissão de informação, é necessário que esta chegue ao receptor e provoque nesse, uma mudança de comportamento, o que indica que houve intercâmbio entre emissor e receptor, ocorrendo aprendizagem. Se tal processo configura-se numa comunicação efetiva, ela é válida para educação formal, pois em ambos os processos propõe-se conseguir a apreensão de conhecimentos, atitudes e destrezas, provocando a mudança de comportamentos, pessoal e socialmente aceites como valiosos e desejáveis. A visão interativa no processo de ensino e aprendizagem propõe uma melhoria da comunicação didática à medida que se abandone a visão pedagógica tradicional como ação social unilateral, e nos encaminhe para uma visão da ação comunicativa com base em intenções recíprocas em que haja empatia entre os sujeitos. Todavia, para que a comunicação favoreça a expressividade, a criatividade, a participação e seja útil dentro do processo educativo, é fundamental que o professor tenha a percepção da sua influência para os alunos se pautando em uma comunicação efetiva que sirva de modelo e o qualifique em nível pessoal e profissional. 34 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONALAutor: Francisco Varder Braga Junior Figura 10 - Interatividade entre recursos, pessoas e contextos ht tp s: // ed uc ab yt eb lo g. w ix si te .co m /e du ca by te /s in gl e- po st /2 01 7/ 10 /1 9/ Co m o- tr ab al ha r- a- In te ra tiv id ad e- na -s al a- de -a ul a O domínio da comunicação no mundo contemporâneo é essencial para a colocação ou promoção do profissional no mercado de trabalho, além de levar a empresa a lucros excepcionais e lugares de destaque independente do ramo que ela atua. Sendo assim,se tomarmos as instituições de ensino como uma empresa do mercado corporativo, é preciso compreender que a forma de se comunicar com os colaboradores e clientes, impacta diretamente na imagem da empresa, e consequentemente de seus profissionais. Como já frisamos, um bom planejamento passa pela construção de uma comunicação assertiva, especialmente se o professor ou a escola busca soluções inovadoras e mudanças de mentalidade. Então, o controle do ambiente, um conteúdo atraente e informações selecionadas, a partir do uso de uma estrutura simples de conversação favorece a compreensão e o desenvolvimento da aprendizagem de cada indivíduo, uma vez que a simplicidade na comunicação deve ser um desafio. A competência comunicativa seja ela, na vida pessoal ou profissional, e no caso da educação, nas ações educativas ou na docência, é resultado de habilidade nata e/ou de treino e essa competência é uma das maneiras mais rápidas para se obter sucesso profissional e satisfação pessoal. Dessa forma, o feedback é essencial para o aperfeiçoamento profissional e até mesmo do trabalho desenvolvido, desde que construtivo, o qual se valorize pontos positivos e se sugira melhoria em alguns pontos que atenderam de forma assertiva ao objetivo. Afinal a linguagem é moldável de acordo com quem escuta, com a situação em que se fala e o impacto que se pretende causar. Se a comunicação não está atingindo o outro, deve estar ocorrendo alguma barreira comunicativa, seja com o ambiente, o emissor ou o receptor. Nesses casos, o melhor é falar simples e direto, mostrando o objetivo pretendido, pois a comunicação tem como primeira função controlar o comportamento do outro. Vale ressaltar, que o emissor tem que pensar o que fala, para quem fala e buscar antecipar a forma como essa pessoa vai ouvi-lo, daí a importância de saber ouvir. Para isso, é preciso prestar atenção na linguagem verbal e não verbal, ou seja, deixar o outro falar sem interromper, mostrar interesse no que é dito e memorizar fatos do outro e usá-los ativamente dentro do contexto ou da aula. Contudo, em um processo comunicativo, não existe sujeitos passivos, e sim, diálogo entre sujeitos. O mesmo acontece na educação, pois esta caracteriza-se como um diálogo, uma troca de conhecimentos, e não uma via de mão única, ou seja, diálogo é comunicação. Logo, a responsabilidade da escola não é apenas educar por meio de conteúdos específicos, mas também orientar e utilizar-se da comunicação em todos os contextos para promover a 35 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior educação. Outra maneira de tornar a escola mais atrativa e fazer com que os estudantes sejam protagonistas da sua realidade, pois todo sujeito tem sua história e conhecimentos específicos, é levar as formas de comunicação e expressão para o processo educativo. Como por exemplo: o uso das tecnologias no cotidiano da sala de aula, aulas de campo na comunidade dos alunos, estímulo das habilidades dos discentes, promoção de campanhas, campeonatos e gincanas, e utilização das artes e mídia. Para nos auxiliar na boa comunicação, lançamos mão de alguns meios. São eles: • Meios gráficos: jornais, revistas, cartazes, panfletos, livretos, cartilhas, gibis, folder; • Meios orais: rádio, debates, exposições dialogadas; • Meios dramatizados: fantoches, teatro, dinâmicas, quebra-gelos; • Vídeo: produções, documentários; • Música: paródias, danças. Segundo KÁPLUN (1999, p. 74), Educar-se é envolver-se em um processo de múltiplos fluxos comunicativos. O sistema será tanto mais educativo quanto mais rica for a trama de interações comunicações que saiba abrir e por à disposição dos educandos. Uma comunicação educativa concebida a partir dessa matriz pedagógica teria como uma de suas funções capitais a provisão de estratégias, meios e métodos destinados a promover o desenvolvimento da competência comunicativa dos sujeitos educandos. Portanto, tanto o profissional da educação quanto as instituições de ensino, precisam encontrar o seu novo papel, ou seja, sua identidade comunicativa com características especificas, traçando um projeto pedagógico inovador, coletivo e flexível, que facilite seus processos educativos de ensino e aprendizagem para estimular a criatividade e propiciar as transformações necessárias para que a sala de aula se transforme em um espaço de comunicação consciente e assertiva. EXERCÍCIO PROPOSTO Visite uma instituição de ensino e faça uma análise da comunicação educacional, mostrando pontos positivos e/ou negativos quando existentes. 36 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONALAutor: Francisco Varder Braga Junior 2.3 - As possibilidades de comunicação entre professores e alunos, e as mudanças sociais produzidas pelo conhecimento através dos meios de comunicação UN 02 O ser humano nasce com a capacidade de desenvolver a comunicação e por meio dela pode ou não atingir seus objetivos pessoais e profissionais. Entretanto, os desafios do mundo contemporâneo, como a fluidez nas relações, o uso sem critério das mídias sociais, a competividade nos espaços organizacionais e a falta de tempo para si e para com o outro faz da comunicação um verdadeiro desafio. Dessa forma, a sociedade é desafiada a se moldar a transições importantes que vem afetando a todos nós nos últimos tempos. Por exemplo: o surgimento da sociedade do conhecimento, voltada para a produção intelectual com o uso das tecnologias, provocando mudanças que atingem a todas as instituições e em especial a educação nos seus diversos níveis e modalidades. Essas mudanças exigem das pessoas, buscar uma aprendizagem continuada e desenvolver uma capacidade investigativa para adquirir a habilidade de adaptar-se e de criar novos cenários. Os tempos mudaram e as exigências educacionais do mundo também. A escola de hoje não é, nem deve ser, a mesma de há alguns anos, sendo preciso enfrentar alguns desafios para o mundo contemporâneo. Práticas pedagógicas tradicionais, ferramentas de aprendizagem obsoletas e metodologias retrógradas já não são suficientes para suprir as atuais necessidades do cenário educacional, pois as informações se tornaram mais rápidas e acessíveis, os estudantes estão cada vez mais autônomos e conectados devido à revolução trazida pelas novas tecnologias. Logo, se o cenário mudou, se os personagens mudaram, faz-se necessário uma mudança na comunicação e formas de ensino na educação. Para suprir este perfil contemporâneo de aprendizagem e ajudar a escola a vencer os desafios impostos por uma educação moderna é necessário em primeiro lugar, tornar a escola interessante, atrativa e colorida, apresentando oportunidades e descobertas. Para muitos olhos, tornar a prática em sala de aula interessante é algo realmente desafiador, dá trabalho, requer planejamento e conhecimento de conteúdos, de metodologias, de público e domínio de técnicas de comunicação, mas não impossível! Nesse contexto, é preciso criar estratégias inovadoras de ensino, e isso não se refere unicamente ao uso de novas tecnologias. O professor pode inovar usando recursos tradicionais, desde que envolva os alunos, pois a criatividade pode “colorir” a escola e dar significado ao ensino-aprendizado por meio de projetos diferentes, interdisciplinares, dinâmicos e interativos. Para buscar a motivação dos alunos e estabelecer uma boa comunicação, o professor pode iniciar seu planejamento se fazendo algumas perguntas como: Qual é interesse dos alunos? O que as crianças e adolescentes de hoje procuram? Associado a estas respostas procurar, no planejamento da aula elaborar estratégias que contemplem os conteúdos dentro da realidade dos alunos, estabelecendo uma comunicação clara, objetiva e dinâmica. 37 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Assim, como uma criança pequena gostar de ir à escola porque vai encontrar com outras crianças para brincar, a escola deve descobrir estratégiasque façam com que estas crianças se tornem adolescentes motivados e engajados sabendo o que estão buscando no ambiente escolar e não frequentem a escola apenas porque faz parte de suas rotinas ou porque os pais obrigam. Uma boa maneira de fazer isso é oferecer um ensino contextualizado, com elementos que fazem parte da vida dos alunos e conteúdos que claramente façam sentido para eles, onde eles possam fazer ou construir aquele ambiente de aprendizagem junto com o professor. O jogo é outra forma de envolvê-los, utilizando-se dos desafios, rankings, pontuações e prêmios, pois são capazes de aumentar a motivação, melhorar a atenção e promover a participação, desde que se tenha um comportamento e uma comunicação adaptada para cada situação, de forma a não gerar nenhuma barreira. Não podemos negar que ainda hoje, um dos maiores desafios da escola contemporânea é aprender a lidar com a tecnologia e transformá-la em sua aliada. Como já vimos os computadores, tablets e smartphones fazem parte da realidade educacional do século XXI, o que precisamos aprender é utilizalá-los em benefício do processo de ensino e aprendizagem por meio do “fazer aula” coletivo e cooperativo, acabando de vez com a hierarquia tradicional existente em sala de aula que só afasta e dificulta a comunicação, e por consequente a aprendizagem. Ao contrário do que muitos pensam as tecnologias nunca substituirão os educadores, pois estes foram, são e continuarão sendo mediadores indispensáveis ao aprendizado, o que não descarta a necessidade de aprender a lidar com a tecnologia. Contudo, temos que transformar os computadores, os dispositivos móveis e a internet em coadjuvantes do ensino-aprendizagem, usando-os na pesquisa, na troca de informações, na interação entre os estudantes, no esclarecimento de dúvidas, nas leituras complementares e/ou grupos de estudo. Outro desafio que se faz necessário é a mudança da comunicação nos processos educativos. Segundo Downing (1999, p. 1), “comunicação/interacção é a chave da aprendizagem”, ou seja, sem comunicação não há aprendizagem, assim antes de qualquer coisa, deve-se ter um interesse pela comunicação para desenvolver o profissional e a partir disso atingir os objetivos almejados. Para tanto, Numes (2001, p.81), coloca que “quanto maior for a sua capacidade para comunicar, maior controle ela poderá ter sobre o seu meio ambiente”. Para que tal aconteça, é preciso compreender o processo comunicativo, seus efeitos e adaptações, sendo um profissional assertivo, tendo foco duplo, na mensagem e no interlocutor, e ter capacidade de percepção se o outro nos entendeu. Para desempenhar relações efetivas na era do conhecimento sejam elas no contexto acadêmico ou profissional, é necessário desenvolver competência comunicativa o que inclui: clareza no conteúdo, bom senso, dinamismo, uso dos recursos expressivos, preparo prévio Figura 11 - Possibilidades de comunicação e aprendizagem ht tp :/ /n ot ic ia s.u ni ve rs ia .p t/ de st aq ue /n ot ic ia /2 01 5/ 12 /2 2/ 11 34 89 9/ pr of es so r- sa ib a- au m en ta r- ca pa ci da de -a rg um en ta tiv a- al un os .h tm l 38 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONALAutor: Francisco Varder Braga Junior e boa fluência. Assim, essa competência requer ainda uma intenção comunicativa, que nada mais é do que uma consciência e compreensão de que você pode influenciar pessoas por meio da comunicação, modificar seu ambiente e atingir seus objetivos. Por exemplo: uma pessoa fazer uso de sons específicos para chamar a atenção do público que lhe está assistindo. As vantagens em saber se comunicar são muitas e para isso, o sujeito precisa conhecer o contexto e o público para, a partir daí, traçar uma comunicação efetiva, lançando mão de todos os recursos comunicativos possíveis. Segundo Wittgenstein (1968, p.111), ”os limites da minha linguagem denotam os limites do meu mundo”, o que significa que somos aquilo que falamos, cabendo a nós o bom senso em saber a hora correta de usar uma gíria, dá um exemplo ou usar uma linguagem mais formal ou coloquial, ou seja, desenvolver uma consciência comunicativa. Para melhor compreensão, vamos elucidar alguns estilos de comunicação. Um estilo bem conhecido é o passivo o qual se caracteriza pela timidez, pouca autoconfiança e receio de falar em público. Geralmente o indivíduo que possui esse estilo comunicativo tem dificuldades de se expressar, expor suas opiniões e sentimentos, sendo ainda uma pessoa influenciável. Já o estilo agressivo é o oposto do passivo, devido falar o que vem a cabeça, sem filtros, se intitulando como uma pessoa muito sincera, o que muitas vezes gera desentendimentos por apresentar tom de voz forte e olhar intimidante. Há outro estilo chamado de manipulador, ou espécie de passivo-agressivo, é aquele que aceita de forma passiva, mas por traz da pessoa tem comportamento agressivo. Geralmente estes indivíduos reclamam, mas nunca fazem nada para resolver o que os está incomodando, porque a culpa é sempre do outro. Um estilo proposto, que contempla uma boa comunicação oral e interpessoal, é o assertivo. O sujeito que possui esse estilo consegue expressar suas opiniões, pensamentos e sentimentos sem agredir o outro, de forma firme, segura e tranquila, pois não tem medo de discordar, de dizer não, nem de perguntar por quê. Busca sempre os melhores meios de comunicação, fazendo uso de um vocabulário contextualizado e adequado aos interlocutores. Daí, você pode estar se perguntando: mas como adotar este comportamento? Bom, você pode desenvolver a prática da assertividade tanto no seu ambiente de trabalho quanto na sua vida pessoal, expressando sua opinião, usando a linguagem oral e seus recursos para descrever com clareza e de forma objetiva algo ocorrido, expressando seus sentimentos e os impactos causados. Você ainda, pode dizer como gostaria que fosse mostrando pontos positivos através da mudança de comportamento ou atitudes. Isso com certeza facilitará as relações e promoverá a comunicação, bem como a aprendizagem na sala de aula. Figura 12 - Estilo assertivo ht tp :/ /l uk ar ei ss in ge r.b lo gs po t.c om /2 01 2/ 12 /a ss er tiv id ad e. ht m l 39 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Berlo (2003) corrobora do pensamento que, ao falarmos necessitamos saber como pronunciar e escolher as palavras, como gesticular, como interpretar as mensagens que recebemos dos que nos ouvem e como modificar as nossas no decorrer do discurso. Logo, é necessário, além do conhecimento do assunto que se quer falar, é preciso clareza, ritmo, uso adequado da voz e boa articulação, e adequação da linguagem ao público e ao meio. Ao reforçarmos esta concepção de comunicação assertiva na educação, Moran (2000, p. 13) coloca que educar é colaborar para que professores e alunos – nas escolas e organizações – transformem suas vidas em processos permanentes de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional – do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornarem-se cidadãos realizados e produtivos. Dessa forma, alguns estudiosos chamam essa interface entre a comunicação e a educação de “educomunicação” e a definem como um conjunto de ações cuja finalidade é integrar às práticas educativas ao estudo sistemático dos sistemas de comunicação, criar e fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos e melhorar o coeficiente expressivo e comunicativo das ações educativas. Nessa perspectiva, reafirmamos a necessidade de uma comunicação assertiva, partindo de uma boa performance comunicativa com o intuito de facilitar a aprendizagem, possibilitando um novo olhar e ações inovadoras com o apoio das TICs e a interdisciplinaridade. FICA A DICA! ESTRATÉGIAS PARA APRIMORARA COMUNICAÇÃO EM SALA DE AULA 1)Planejamento contextualizado a realidade dos alunos; 2)Fala simplificada, objetiva e clara; 3)Reunião com familiares quando necessário; 4)Empatia com o aluno; 5)Observe, escute e respeite seu aluno; 6)Crises ajudam no crescimento profissional; 7)A construção e o aperfeiçoamento da comunicação é um processo contínuo. # DICA DE FILME – O TRIUNFO . 40 II - COMUNICADO... CE COMUNICAÇÃO EDUCACIONALAutor: Francisco Varder Braga Junior REFERÊNCIAS BERLO, David K. O Processo de Comunicação. São Paulo: Martins Fontes, 1985. ______, David K. O processo de comunicação: introdução à teoria e à prática. 10 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. CITELLI, Adilson. Linguagem e persuasão. 15. ed. São Paulo: Ática, 2001. CONSELHO FEDERAL DE FONOAUDIOLOGIA. Exercício profissional do fonoaudiólogo. Brasília: CFFª, 2002. ________. Resolução nº 387, Brasília: CFFa, 2010. CURY, C.R.J. Educação e contradição. 4ª. ed. São Paulo: Editora Cortez, 1989. DOWNING, J. D. Teaching communication skills to students with severe disabilities. London: Paul Brookes Publishing Co., Inc. Baltimore, 1999. KAPLÚN, Mario. Processos educativos e canais de comunicação. In: Revista Comunicação & Educação. São Paulo: Moderna, jan-abr., 1999. pp. 68-75. LIBÂNEO, J. C. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo: Cortez, 2013. MANTOAN, M. T. E. Inclusão escolar: o que é? por quê? como fazer? São Paulo: Moderna, 2003. MONTEIRO, Eduardo; FELDMAN, Márcia. Mídia-Educação e Cidadania na Era da Informação. Revista Pátio, n. 09 Mai-jul, 1999. MORAN, José Manuel. Interferências dos Meios de Comunicação no Nosso Conhecimento. In: Tecnologia Educacional, n. 132/133. Set- Out-Nov-Dez 1996. _______, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica. São Paulo: Papirus, 2000. NUNES, C. Aprendizagem activa na criança com multideficiência: guia para educadores. Lisboa: Ministério da Educação. DEB, 2001. RODRÍGUEZ DIGUEZ, J. L. Curriculum, acto didáctico y teoria del texto. Madrid: Anaya, 1985. RUESCH, J.; BATESON, G. Communication: the social matrix of psychiatry. New York: W.W. Norton & Company Inc, 1951. THAYER, L. Comunicação, Fundamentos e Sistemas. São Paulo: Atlas, 1979. WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968. III COMUNICANDO-SE Nesta última unidade, discorreremos sobre a comunicação relacionando-a aos aspectos intrínsecos e extrínsecos envolvidos no processo comunicativo numa perspectiva de aperfeiçoamento profissional. Dessa forma, faremos uma relação entre sentimentos, voz e corpo com o intuito de promover o desenvolvimento de uma consciência comunicativa através da aquisição de técnicas e estratégias de comunicação oral. A proposição desta unidade é consolidar o conhecimento adquirido nas unidades anteriores, promovendo uma mudança de comportamento quanto a performance comunicativa do sujeito colocando mais expressividade e persuasão na fala do docente em sala de aula. Não podemos deixar de explanar peculiaridades quanto ao uso profissional da voz na docência como os cuidados com a voz e suas implicações com ambiente de trabalho, pois são fatores condicionantes para o sucesso e progresso no magistério. Temos como objetivos: - Entender a relação entre as emoções envolvidas no processo comunicativo referente aos interlocutores e o assunto desenvolvido; - Apropriar-se de conhecimentos para a conversação em público; - Refletir sobre a importância dos cuidados com a voz e suas implicações com seu ambiente de trabalho. 43 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior 3.1 A comunicação e sua relação entre objetivo, público e assunto: sensação, percepção, afetividade, cognição, motivação, comportamento e empatia. UN 03 As pessoas de um modo geral evitam falar em público por uma série de razões: vergonha, medo de enfrentar a audiência, medo de não saber responder a alguma pergunta, receio de parecer ridículo ou de dizer besteiras, etc. Essas razões, contudo, não tem o menor fundamento, elas apenas servem para esconder a única e real razão: a falta de treino ou de familiaridade com a comunicação verbal. É perfeitamente normal que algumas pessoas pareçam mais naturais ou à vontade do que outras ao falar em grupo. A diferença, contudo, reside apenas no quanto uns conseguem desligar dos falsos e infundados receios e concentrar-se na comunicação. Observaremos no decorrer deste livro, a comunicação tem um leque vasto de fatores intrínsecos e extrínsecos que devemos observá-los, dominá-los e expressá-los, partindo do objetivo que pretendemos alcançar, do conhecimento do público que iremos lidar e do domínio do assunto que iremos abordar, passando ainda, pelas emoções e sensações mais inusitadas possíveis que podemos vivenciar numa relação interpessoal por motivos motivacionais, comportamentais, presença ou ausência de empatia ou afetividade, ou até mesmo, falta de compromisso e/ou ética. Assim, atuar em uma sala de aula ou falar em público em uma reunião, palestra ou seminário não é algo fácil, pois exige do locutor conhecimento vocal e preparo prévio para que seu objetivo seja alcançado e o sucesso da comunicação seja garantido. Outro fator que não podemos esquecer é a adequação do local em que irá ocorrer a apresentação para que sejam eliminadas todas as barreiras comunicacionais que possam vira interferir no processo. Dessa forma, aquele que domina a comunicação, precisa, antes de tudo, possuir idoneidade e ética suficiente para que possa liderar com justiça e segurança todos os ouvintes de suas palavras. Frente a isso, um bom orador tem que está atendo a sua plateia e possuir a capacidade de improviso para contornar qualquer barreira comunicativa e isto deve-se a treino, perseverança e conhecimento. Figura 13 - Receio de falar em público ht tp s: // w w w .h ip no se na pr at ic a. co m .b r/ m ed o- de -fa la r- em -p ub lic o/ 44 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior A preocupação com o ouvinte é tão importante quanto o preparo do orador, pois conhecer o público e o assunto que os interliga faz com que ocorra empatia do público para com o orador, segurança do orador para com o público, linguagem acessível entre ambos e, por consequente, uma comunicação efetiva. Segundo Serviço à Pastoral da Comunicação - SEPAC (2012, p.14), “o orador deve estar concentrado em seu discurso e, ao mesmo tempo atento ao seu auditório”. Outro elogio que ouvimos falar muito sobre os bons oradores é o carisma. Muitos acham que a gente já nasce com ele, outros não. O que podemos dizer sobre esse ponto é que à medida que adquirimos o conhecimento das ferramentas da comunicação, as dominamos e as aplicamos na hora certa, com o público certo e a linguagem adequada, a probabilidade de manifestarmos esta qualidade é enorme, pois o carisma está intimamente relacionado com o conteúdo que falamos, com a maneira como falamos e a forma como nos apresentamos. Logo, podemos mencionar um provérbio latino que diz: “o poeta nasce feito, o orador se faz” (SEPAC, 2012, p. 13). Mas voltando, essa é a regra número um que devemos dominar, pois, esse domínio nos proporciona abordá-lo de diversas formas com exemplos e adaptações facilitando a compreensão de todo o público. Então, nunca devemos assumir um compromisso para falar de algo que não dominamos, pois podemos colocar nossa carreira em risco. É fato que um bom orador possui lugar de destaque e liderança, seja na vida pessoal e /ou na vida profissional. Então, é importante que o orador se conscientize de que precisa assumir e desenvolver suas características de liderança como: a autoconfiança, carisma, velocidade de pensamento, objetividade, clareza sobre suas metas, disposição para ouvir o outro e estar um passo a frente dos seus ouvintes. Pensando nisso, podemos dizer que umprofissional bem sucedido aproveita toda e qualquer possibilidade de comunicação, não deixa de aproveitar as oportunidades, falando sempre de maneira direta e assertiva, pois como já foi dito, um bom comunicador é, sobretudo, uma pessoa atenta, percebendo não somente o que está nas palavras, mas o que está no tom da voz, na expressão facial e nos gestos do seu público. Logo, ele filtra as informações que devem ser ditas naquele momento e é sensível a questionamentos como: o que eu posso dizer aqui, o que eu não posso, quem está me ouvindo, o que esta pessoa pode ouvir e o que ela precisa ouvir. Falar simples é sofisticado e requer uma habilidade, pois temos que nos adaptar à linguagem do nosso público sem perder a integridade do português para atingir o maior número de pessoas sem falar errado. Assim, a fluência da fala faz-se necessária, bem como a boa sonoridade da voz. Outro fator interessante é a simpatia e o sorriso uma vez que aproxima, consequentemente, a comunicação acontece mais fácil, ao contrário do pessimismo e a cara amarrada que afastam as Figura 14 - Desenvoltura comunicativa ht tp :/ /b lo g. m et ho du s.c om .b r/ a- hi st or ia -d a- or at or ia -d o- pa ss ad o- ao s- di as -d e- ho je 45 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Ao tratarmos sobre a voz, inicialmente, podemos dizer que o estilo da pessoa deve ser natural, pois uma das primeiras coisas que o nosso cérebro detecta é a autenticidade e a naturalidade. Então, ao fazer um curso de como falar em público ou de como se portar em reuniões é necessário incorporar esse conteúdo ao seu estilo, porque se ele não for natural, o ouvinte sinaliza e o comunicador perde a credibilidade. Vale ressaltar que, a voz é o meio carregador da mensagem na qual passam as emoções e sentimentos, provocando respostas e reflexões nos interlocutores fazendo-se necessário uma integração entre corpo e voz para que não se cause estranheza ao ouvinte. Cada vez mais temos o desafio de falar em público, sejam por motivos profissionais, acadêmicos, políticos ou sociais. De fato, basta observar que no atual cenário das diversas organizações uma apresentação bem-feita, atraente, clara e objetiva é condição indispensável para a qualidade do trabalho e para o sucesso profissional. É bem verdade que nem todo mundo tem a pretensão ou a necessidade de ser um orador profissional, mas é certo também que todos nós, em algum momento de nossas tarefas e atividades, no trabalho e na sociedade, precisamos demonstrar um bom desempenho comunicativo. Segundo Blikstein (2016, p. 19), falar em público é um ato bem específico, que se distingue de todos os outros tipos e situações de comunicação, pois implica uma engenhosa combinação de vários fatores e condições de ordem fisiológica, linguística, psicológica e cultural. Então, precisamos conhecer e dominar tal ato para termos uma comunicação assertiva. E para isso, o professor ou orador deve planejar e organizar suas ideias em função de um determinado objetivo, tema ou projeto que pretende transmitir ao público para conseguir persuadi-los. Para conseguirmos o domínio de falar em público precisamos conhecer o que chamamos “psicodinâmica vocal”, que é exatamente um processo de leitura de vozes, no qual o sujeito reconhece os elementos de sua qualidade vocal que lhe foram condicionados durante a vida, para então, desenvolver a percepção de reconhecimento de voz em si e no outro. O padrão de voz que utilizamos faz parte da construção de nossa personalidade que se dá ao longo da vida. A voz é resultado da combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais,... (FERREIRA et al., 1998). As informações contidas nos fatores biológicos dizem respeito aos nossos dados físicos básicos, tais como: sexo, idade e condições gerais de saúde; as contidas nos fatores Figura 15 - Postura comunicativa ht tp :/ /e sc ol ab et hs ei xa s.c om .b r/ co m o- pe rd er -o -m ed o- de -fa la r- em -p ub lic o/ pessoas, ficando difícil estabelecer uma comunicação. Também é necessário o cuidado para não exagerar na simpatia, para não transparecer artificialidade nem fornecer abertura demais ao público, ao ponto que lhe faltem com respeito. 46 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior psicológicos correspondem às características básicas da personalidade e do estado emocional do indivíduo durante o momento da emissão; já os fatores sociais oferecem dados sobre os grupos a que pertencemos, quer seja sociais ou profissionais. As impressões transmitidas por um tipo de voz devem ser sempre analisadas de acordo com a cultura a que o indivíduo pertence, e os parâmetros identificados nunca devem ser analisados isoladamente, mas sim, em conjunto e na situação e contexto a que o sujeito se encontra. Sabemos que as emoções têm uma relação muito íntima com a voz e suas informações podem ser percebidas em variações muito sutis das características de fala, na frequência da voz, na velocidade ou na inflexão, melodia de fala. Dessa forma, podemos perceber, mesmo em outro idioma, a emoção de um diálogo pelas variações da voz, fala ou da expressão corporal. Kyrillos, Cotes e Feijó (2003, p. 63) diz que “com a voz e a fala manifestamos nossa personalidade e expomos emoções”. Assim, o controle desse recurso é necessário para que não criemos barreiras comunicacionais entre o orador/professor ou ouvinte/aluno, por questões de empatia, transferência ou preconceitos. Uma voz rouca passa ideia de esforço e cansaço, a voz monótona sugere falta de emoção e interesse, já uma voz áspera transmite agressividade. A voz fluída é percebida como sensual e sedutora, a voz grave geralmente é associada a pessoas que têm segurança, autoridade e energia, e a voz aguda associa-se à dependência e infantilidade. No discurso quando falamos grave geralmente estamos afirmando algo ou estamos tristes, já quando falamos mais agudo é porque estamos interrogando ou alegre com algo. É esse tipo de inflexão que devemos ter na fala para envolver o público e conseguir persuadi-lo, ou seja, passar verdade e credibilidade daquilo que falamos. Segundo Estienne (2004, p. 6) recursos de expressividade “podem ser encarados como meios que liberam emoção”. Já de acordo com Kyrillos, Cotes e Feijó (2003), as informações das emoções podem ser percebidas em variações muito sutis da ação comunicativa. Darwin ([1872] 2004) e Ekman (1984) foram os pioneiros no estudo das expressões relacionadas às emoções, consideradas por estes autores como primárias (Darwin, [1872] 2004) e básicas (Ekman, 1984): raiva, nojo, medo, alegria, tristeza e surpresa. De acordo com estes mesmos autores, estas emoções são universais e independem da cultura. Santos e Mortimer (2001) concordam com Kryllos, Cotes e Feijó (2003) e demonstraram a importância de se relacionar linguagem, expressividade verbal e não-verbal e emoções em sala de aula. Dessa forma, aspectos da comunicação oral como clareza, ou seja, objetividade, coerência e coesão, entonação, ritmo, movimentos, contato visual, expressão facial e atitudes são indispensáveis para o sucesso na comunicação das relações. Contudo, a docência é uma atividade social na qual a comunicação constitui-se como uma das ferramentas principais de trabalho, pois estabelece a interação entre interlocutores por meio da linguagem. Logo, os recursos da linguagem estão relacionados com as formas de interagir e podem proporcionar a construção de significados pelo aluno. Com o intuito de avaliar as habilidades comunicacionais e atitudes enquanto docentes, Rego (2001) demonstrou que os professores valorizavam mais a competência técnica, a preparação do material, a estruturação Figura 16 - Emoções e expressões ht tp :/ /i nf in um gr ow th .co m /f ou r- hu m an - em ot io ns -6 -w ay s- in -w hi ch -t he y- he lp -u s- in -li fe / 47 CE III - COMUNICADO-SECOMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Para desenvolver sua percepção quanto aos aspectos que envolvem a linguagem não verbal, assista ao filme “O garoto (1921), com Charles Chaplin e faça uma associação das expressões faciais e corporais com a comunicação oral. DICA DE VÍDEOS: • Como Falar Bem: FALA - Entonação e Pausa https://www.youtube.com/watch?v=DgWl_WedNGg • TED - Como falar de um jeito que as pessoas queiram ouvir https://www.youtube.com/watch?v=D236cCikGmA EXERCÍCIO PROPOSTO da aula e sua organização. Já os estudantes valorizavam mais a atitude simpática dos professores e a eficácia comunicacional no que se refere a uma linguagem simples e atrativa, preparação e organização das aulas, empenho na aprendizagem do aluno, o uso de exemplos práticos durante a aula e de como a aula é ministrada. Por tanto, é ouvindo e percebendo o outro que vamos conseguir aplicar os recursos mais adequados da comunicação para persuadir nossos ouvintes, conseguindo driblar qualquer tipo de barreira, e consequentemente, obter o sucesso profissional, atender as necessidades da instituição, e no caso da educação, a aprendizagem mais rápida e satisfatória dos alunos. DICA DE COMO PREPARAR UMA BOA APRESENTAÇÃO! • Conhecimento do público; • Definição do objetivo; • Resumo da ideia principal; • Delimitação do assunto conforme o tempo disponível; • Preparar um esboço ou sumário; • Organização e utilização de recursos audiovisuais; • Oralidade, clareza, postura, aparência, concisão, coerência na apresentação. DICA – COMO ESTIMULAR A MENTE PARA IMPROVISAÇÃO! 1- Se informar constantemente, através dos veículos de comunicação; 2- Ouvir rádio, para estimular o nosso imaginário; 3- Manter contato com as mais várias expressões artísticas; 4- Observar o cotidiano e o comportamento das pessoas. 48 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior 3.2 - Fundamentos da comunicação para conversação em público: técnicas e estratégias de comunicação oral, expressividade e performance comunicativa UN 03 Nos últimos anos, temos observado a importância que a voz representa na vida profissional das pessoas, onde se sobressai aquele que a domina melhor. Ela se faz presente nos processos de socialização humana como um dos mais importantes componentes da linguagem oral e da relação interpessoal, produzindo impactos na qualidade de vida dos sujeitos, especialmente daqueles que fazem o uso da voz na sua profissão. Na docência, a voz é fator significante para o desempenho profissional e a atuação do professor em sala de aula, ou seja, para sua performance, bem como para o processo de ensino-aprendizagem (PENTEADO, 2003; PENTEADO e BICUDO- PEREIRA, 2003; GRILLO, 2004). O termo performance, segundo o dicionário Michaelis (1998), significa realização, feito, façanha, atuação, desempenho. Assim, podemos fazer uma analogia desse termo ao desempenho vocal do professor que, para ser bem sucedido, depende de vários fatores intrínsecos e extrínsecos relacionados ao seu estilo de vida e aos fatores condicionantes à saúde vocal. Citamos alguns destes importantes fatores: os hábitos vocais e alimentares, condições ambientais e organizacionais de trabalho. Logo, numa tentativa construtiva do termo performance vocal, usaremos na sua totalidade, como sendo o desempenho e domínio da voz na emissão sonora no que diz respeito ao seu uso correto, saudável e estético, envolvendo aspectos técnicos, expressivos e pedagógicos. Tecnicamente, a performance aparece como uma ação oral-auditiva complexa, pela qual uma mensagem é transmitida e percebida dentro da atuação individual de cada um e do ambiente no qual este está inserido. “Não podemos falar dela sem renunciar às simbolizações abstratas e às taxonomias, por que toda palavra pronunciada constitui, enquanto produto vocal um signo global e único, tão abolido quanto percebido” (ZUMTHOR, 1993, p. 220). A performance vocal é composta por vários aspectos que a fazem particular, individual e única, estando relacionada a fatores condicionantes à saúde vocal que podem comprometer seu desempenho. No caso da docência, a performance vocal do professor, quando bem aperfeiçoada, Figura 17 - Ilustração para performance Fo nt e: ht tp :/ /w w w .v er so se un iv er so s.c om .b r/ ve rs os _e _u ni ve rs os _d a_ ar te /p in ce la da s_ so br e_ ar te _1 3/ in de x. ht m 49 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior provoca nos alunos o desenvolvimento da aprendizagem com maior facilidade e empatia na comunicação entre professor e aluno. Nela está embutida a voz do sujeito que expressa sua personalidade, ação pretendida, intenção persuasiva, transmitindo ainda aspectos biológicos e sociais do mesmo. Tudo isso forma um conjunto de requisitos para uma boa atuação e obtenção do sucesso profissional. Uma pesquisa da universidade da Califórnia, em Los Angeles, revelou que em uma apresentação os maiores impactos vêm da voz (38%) e da linguagem corporal (55%). Daí a importância de desenvolvermos a percepção para o conhecimento corporal, pois facilitará na administração do modo de nos expressarmos, seja verbalmente ou não. O aprimoramento da performance vocal pode ser promovido e aperfeiçoado por meio do trabalho da Fonoaudiologia, que trabalha com o aperfeiçoamento da voz profissional, conforme a necessidade profissional do sujeito e a função exercida, pois os aspectos envolvidos no processo vão desde a tomada de consciência da importância do seu instrumento de trabalho às suas condições de trabalho, por meio de informações e treinamento vocal para o desenvolvimento das habilidades técnicas e de expressão vocal. Isso envolve trabalhar com respiração, articulação, ressonância, entre outros aspectos vocais. E, se tratando de professores, inclui também metodologias de ensino. Nas ações fonoaudiológicas em saúde vocal docente, é preciso ampliar a percepção e a análise dos determinantes do processo saúde-doença vocal de professores, deslocando o eixo patologia/ tratamento para saúde/promoção e incorporando os aspectos do cotidiano e da qualidade de vida que estão relacionados à profissão. Nessa perspectiva, a afirmação: é muito pertinente, quando comenta que um trabalho visando à promoção da saúde vocal em professores deve priorizar a melhora da performance vocal do professor, enriquecendo a dinâmica da comunicação com os alunos, influenciando a fala dos alunos e permitindo ser influenciado por ela. (DRAGONE, 2000, p.178) Portanto, entende-se que para trabalhar com a performance do professor, é importante conhecer sua história e o meio em que está inserido, seus hábitos e comportamentos, observar sua atuação em sala, para que junto com ele possamos reconstruir ou aprimorar performances vocais mais efetivas, favorecendo uma melhor saúde vocal e por consequente melhor aprendizagem aos alunos. Como afirma Bloch (2003, p. 43), “a comunicação perfeita é a voz de cada um, utilizada da melhor maneira”. E de acordo com Behlau, Dragone e Nagano (2004, p. 05), “uma voz saudável é aquela que atende plenamente às necessidades profissionais e/ou pessoais do falante e que se mantém sem dificuldades no decorrer da vida”. Segundo Hersan (1989), uma voz bem imposta é aquela produzida com o máximo de naturalidade, clareza, segurança e com o menor esforço possível. Para conseguirmos este feito é necessário evitarmos fatores que afetam o sucesso da comunicação como: conhecimento insuficiente do assunto, interferência de uma fonte sonora externa e/ou interna, atitude para si próprio, para o assunto e/ou para o receptor. Nesse sentido, o domínio do assunto e das técnicas de expressividade vai nos garantir passar confiança, segurança e experiência daquilo que nos propomos falar. Nesse sentido, listaremos algumas barreiras de comunicação para melhor entendimento desse processo, visando evitá-las no intuito da promoção da comunicaçãopessoal e da instituição a qual o sujeito faça parte. Má articulação; Ambiguidade; Desconhecimento das regras gramaticais; Subjetividade; Desconhecimento do vocabulário exato; Inibição, nervosismo, timidez, insegurança; 50 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Falta de concisão ou excesso de concisão; Exagero de expressões desconhecidas e de palavras difíceis; Discurso decorado de forma mecanizada; Usar a imaginação a seu desfavor; Velocidade vocal inadequada, lenta ou exageradamente rápido; Colocação inadequada da voz e mau uso do aparelho fonador; Exagero de articulação não natural, fabricada; Imitação/imagem de outro orador; Excesso de cortesias e delicadezas; Muita movimentação do corpo ao falar; Corpo totalmente parado; Expressões de abatimento, cansaço, depressão, inferioridade ou superioridade; Repetição constante de um mesmo gesto; Olhos voltados apenas para o papel; Ausência da mais elementar noção das regras de combinação de roupas; Falar num só tom sem flexão vocal; Desconhecimento das técnicas de uso do microfone; Excesso de autoconfiança. Para superar tais barreiras na comunicação precisamos primeiro aceitá-las que existem e detectá-las a partir do desenvolvimento da percepção para só assim, conseguirmos uma comunicação eficaz. Há três formas de superar as barreiras da comunicação quando: - AMBIENTAIS: escolher um local apropriado para a discussão para podermos falar em um ambiente sem distração ou interrupção; - VERBAIS: ter muito claro o que quer ser comunicado, e o expressar com clareza, além de escutarmos e observarmos atenciosamente o nosso público; - INTERPERSSOIS: não considerar suposições e preconceitos, pois sempre há diferentes percepções e opiniões. O melhor é ser flexível, e caso o público não nos compreenda procurar expressar-se de diferentes formas, até seu entendimento. Figura 18 - Barreira de comunicação ht tp s: // w w w .te or ia do fu te bo l.c om /a pp s/ bl og / sh ow /2 01 20 73 4- as -b ar re ir as -d a- co m un ic ac ao 51 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Figura 19 - Expressão corporal ht tp s: // w w w .g re en m e. co m .b r/ vi ve r/ sa ud e- e- be m -e st ar /3 78 7- co rr ig ir -p os tu ra -d ic as -e xe rc ic io s Como já vimos, a expressividade é o somatório da linguagem verbal com a linguagem não- verbal, e é esse domínio da voz e suas modulações associada aos gestos, expressões faciais, aparência física, vestimenta e postura corporal que nos garante uma boa performance. Logo, a competência de ouvir e entender o outro inclui não apenas a fala, mas também a leitura das expressões corporais (Stefanelli, 1993). O desenvolvimento da expressividade é fator essencial para uma boa desenvoltura nas atividades comunicativas e docente, pois as técnicas e as estratégias adquiridas farão com que possamos vencer os medos, anseios, nervosismos e ansiedade. Dessa forma, discorremos mais sobre esses aspectos, fazendo apontamentos de superação para tais. A expressão corporal é reflexo daquilo que pensamos, sentimos e somos. Pensando nisso, precisamos apreender meios de dominarmos nossos pensamentos, ideias e emoções, porque alguns desses fatores pode não agradar nossos ouvintes se forem passados de uma forma incisiva, mas não podemos perder nossa essência e naturalidade, pois nenhuma técnica substitui o efeito da naturalidade. Contudo, o uso de gestos sóbrios e variados faz-se necessário numa apresentação, bem como os movimentos das mãos de acordo com o conteúdo, pontuando, reforçando e fixando conceitos, fazem a apresentação mais interessante e compreensível. Então, deve-se evitar tanto o excesso de movimentos quanto a ausência de gestos, pois passa a sensação de artificialidade e rigidez corporal, respectivamente, temos que demonstrar entusiasmo, naturalidade sem artificialismo, pois os gestos antes ou com o início da fala é sempre promissor em um discurso. Os gestos são uma linguagem secundária, porém muito importante, e tem como finalidade complementar a expressão oral, desde que sejam coniventes com a mensagem, assim, eles devem ser espontâneos, sinceros, harmoniosos, sóbrios, denotando boa educação. A importância da expressividade no processo de aprendizagem é um tema que já vem sendo estudado e debatido há muito tempo, porém pouco praticado. Barreiras comunicativas de origens intrínsecas e extrínsecas não detectável podem impedir que alunos apreendam informações com eficiência. Dentro desta expectativa, essa questão deve ser entendida tanto pelo professor, quanto pelo aluno. Docentes experientes buscam perceber de forma especializada os estados emocionais dos alunos e, a partir desta observação, tomar alguma atitude que permita impactar positivamente no aprendizado. Fabron (2005) afirma que no contexto de sala de aula, a expressividade comanda a interação entre professor e aluno, e pode facilitar a construção do conhecimento, podendo até mesmo garantir a atenção dos alunos. 52 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior No cotidiano das instituições de ensino, alguns alunos se queixam de que a comunicação de determinado professor contribui para sua desatenção em sala de aula, devido ser monótona e não atrativa. É possível que isto aconteça porque muitos professores não sabem da importância do uso d a expressividade na comunicação e consequentemente, no processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, supondo a falta de conhecimento dos professores quanto a importância da comunicação não-verbal no exercício de sua profissão, acreditamos que se esta comunicação não ocorrer de modo efetivo, não ocorre aprendizagem. Por este motivo, entende-se que uma adequada comunicação não-verbal é fundamental, pois pode contribuir para melhorar o desempenho do docente em sala de aula e aprendizagem dos alunos. Nesse contexto, para não nos tornarmos contraditórios e não provocarmos desinteresse no ouvinte devemos sempre olhar para a pessoa a qual cumprimentamos ou mantemos diálogo, para não demonstrar timidez ou desinteresse, evitar desviar o olhar, procurar expressar, através dos olhos, os sentimentos contidos em nossa fala, evitar fixar o olhar em uma única pessoa quando estiver falando em público, ser atencioso e prestar atenção ao que os outros falam, pois é através do olhar que revelamos o nosso estado emocional, indicando coerência, objetividade e sinceridade. Situações como: - Sobrancelhas abaixadas=> expressa ideia de reflexão ou seriedade; - Sobrancelhas elevadas=> surpresa ou alegria; - Elevar uma sobrancelha e abaixar a outra=> dúvida ou pergunta; - Olhos muito abertos=> denotam espanto, surpresa ou medo. - Olhos baixos: remete a vergonha, insegurança, timidez ou respeito. - Sobrancelhas aproximadas: reflexão, raiva, dureza ou pavor. Segundo Oliveira (2007), a comunicação não-verbal pode divulgar o que se tem em mente através do corpo, gestos, comportamentos e atitudes, muito mais do que se gostasse ou se desejasse dizer. Já Silva (2000), relata que por sua espontaneidade e difícil domínio, a comunicação não-verbal é vista como verdadeira por manifestar as verdadeiras intenções. É através da expressividade do corpo que podemos perceber se o professor está seguro e entusiasmado com o tema abordado, favorecendo ou não a atenção do aluno. Araújo, Silva e Puggina (2007), acreditam que a comunicação não-verbal é dada pelo tom da voz e pela maneira Figura 20 - Gesto que falam ht tp s: // ci en ci a. es ta da o. co m .b r/ bl og s/ ra da r- ci en tif ic o/ fa la r- co m -a s- m ao s- pa ra -p en sa r- m el ho r/ 53 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior com que as palavras são expressas, por olhares e expressões faciais, por gestos que acompanham o discurso, pela postura corporal,pelo tamanho da distância física que as pessoas mantêm umas das outras e até mesmo por suas roupas e acessórios, podendo estes, de modo inadequado, chamar mais a atenção do ouvinte do que para o conteúdo da conversa. Portanto, vale destacar que, além de estudos que analisam o desempenho comunicativo do professor, é de grande importância o desenvolvimento de programas preventivos e de preparação do mesmo para a complexa atuação em sala de aula, envolvendo aspectos que transitam desde a saúde e qualidade vocal até a expressividade para que os alunos possam se envolver mais nos conteúdo formais e o processo de ensino e aprendizagem seja beneficiado através da comunicação e suas ferramentas. # DICA – BOA EXPRESSIVIDADE! • Use um tom de voz natural e confortável; • Procure adequar seu volume de voz à situação de comunicação em que você se encontra, lembrando que falar constantemente em alta intensidade pode ser prejudicial; • Articule bem os sons das palavras, abrindo e movimentando a boca adequadamente; • Faça pausas respiratórias enquanto fala; • Mantenha um ritmo de fala moderado, com cuidado para não falar rápido ou devagar demais; • Enfatize as palavras mais importantes na frase, para marcar o sentido que você quer dar a ela; • Associe sua fala às expressões faciais e aos gestos, de forma natural, porém sem exageros; • Esteja sempre atento às necessidades do seu interlocutor, mantendo contato visual e mostrando-se interessado também no que está ouvindo, e não só no que está falando. (2015, www.campanhadavoz.com.br) # DICA – COMO SUPERAR O NERVOSISMO! - Aprender a treinar técnicas de postura e gestos; - Ter consciência do seu potencial; - O uso da gesticulação correta passa mais confiança; - Respire profundamente, relaxe e concentre-se; - A prática e a calma proverá o controle do medo; - Não sofra de antecipação; - Pense sempre positivamente; - Medo e nervosismo são comuns; - Decore o início da apresentação; - Sorria no início da apresentação; - Trabalhe a respiração; - Apertar as mãos para descarregar as tensões antes da apresentação. 54 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior 3.3 - Uso profissional da voz para a docência e as implicações com seu ambiente de trabalho UN 03 A forma como os professores utilizam a voz para trabalhar é conhecido como voz profissional, devido não se tratar apenas de uma comunicação oral, pois o profissional depende dela para desenvolver sua atividade ocupacional e garantir seu sustento. Esses profissionais são os mais acometidos por transtornos vocais devido às condições e organizações de trabalho desfavoráveis e/ou desconhecimento dos cuidados que devem ter com a voz, o que acaba provocando uma série de abusos à saúde vocal, requerendo uma adaptação adequada dos órgãos da fonação, com o intuito de se evitar o surgimento de sintomas de disfonia, prejudiciais ao prosseguimento na docência (ORTIZ et al., 2004). “A voz do professor é apontada por ele mesmo como um de seus principais recursos profissionais” (PARK e BEHLAU, 2009, p. 466), sendo o recurso essencial do professor na relação ensino-aprendizagem e, quando adaptada à função exercida e aperfeiçoada, podemos caracterizá- la como um recurso natural e sustentável para o prosseguimento de toda carreira docente. Para a comunidade científica, como postulado por Grillo (2002), Behlau, Dragone e Nagano (2004) e Souza (2010), é consenso que a voz é um dos instrumentos essenciais na prática do magistério, por se tratar do meio de comunicação verbal mais utilizado entre os seres humanos, merecendo uma melhor atenção e cuidados, discussão essa, também contemplada pela área da saúde do trabalhador. A Saúde do trabalhador integra a área da Saúde Pública e tem por objetivo o estudo e a intervenção nas relações entre o trabalho e a saúde, por meio da elaboração e aplicação de medidas articuladas que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde do trabalhador, que são atribuições do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2001). A saúde no trabalho é condicionada por fatores sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais relacionados ao perfil de produção e consumo, além de fatores de risco físicos, químicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos presentes nos processos de trabalho. Essa complexidade requereu a criação de uma Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador (PNSST), de caráter interministerial, para buscar a integralidade e a articulação das ações desenvolvidas, assim como estabelecer diretrizes, responsabilidades institucionais, financiamento, gestão, acompanhamento e controle social nesse campo (BRASIL, 2004). Concomitantemente à institucionalização de tais práticas, é importante que haja um trabalho de sensibilização dos indivíduos, pois segundo Simões e Latorre (2006), a falta de percepção dos problemas vocais é bastante acentuada entre professores. Há ainda, a aceitação passiva da alteração vocal, pois muitos acreditam ser esta uma consequência natural de sua profissão. Além disso, cientes do tempo e do ônus financeiro dispensado ao tratamento da disfonia, mostram-se relutantes a buscar um acompanhamento apropriado. No entendimento de Fortes et al. (2007), a disfonia, sintoma pouco valorizado durante muito tempo na vida do docente, é considerada atualmente um distúrbio importante, acarretando em consequências que influenciam diretamente na vida profissional e social do indivíduo. Nos anos recentes, os cuidados com a voz profissional, o diagnóstico, o tratamento e a prevenção das patologias vocais relacionadas ao trabalho vêm ganhando importância. Diversos trabalhos demonstram que as pessoas cujas profissões requerem uso contínuo da voz possuem elevado risco de desenvolver desordens vocais se comparadas com a população em geral (YIU, 2002). Os profissionais que utilizam sua voz como ferramenta de trabalho, cantando ou falando, 55 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior possuem demanda vocal aumentada, uma vez que necessitam falar e/ou cantar por longos períodos, geralmente em condições estressantes e em ambientes desfavoráveis. Nesse grupo estão incluídos os professores, cantores, atores, locutores de rádio e televisão, padres, advogados, políticos, operadores de teleatendimento/telemarketing, entre outros. Um dos problemas da voz falada profissional é a falta de conhecimento dos usuários para sua correta utilização frente às demandas necessárias. Dessa forma, em geral, o profissional inicia e mantém sua carreira sem qualquer treinamento ou orientação vocal. Segundo a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-facial (ABORL- CCF, 2004), a análise dos fatores de risco relacionados à voz profissional deve incluir tanto questões individuais, como aspectos ambientais e organizacionais. De modo análogo às perdas auditivas induzidas pelo ruído (PAIR), é importante reconhecer e valorizar as alterações vocais induzidas pelo ambiente, o que levaria à interpretação da disfonia como uma doença relacionada ao trabalho, ou seja, causada principalmente por fatores físicos (competição sonora, umidade do ar), químicos (poeiras, pó de giz), biológicos e ergonômicos (organizacionais do trabalho, demanda vocal excessiva, acústica deficiente do local de trabalho, mobiliário inadequado, equipamentos auxiliares, entre outros). Outros fatores responsáveis são, por exemplo, alergia, tabagismo, hidratação oral insuficiente e a presença de refluxo gastroesofagiano (MEDEIROS, BARRETO e ASSUNÇÃO, 2008). Behlau e Pontes (2008), Ferreira, Befi-Lopes e Limongi (2004) e Pinho (2007), argumentam a relação da disfonia com a atividade ocupacional e acreditam que o principal fator seja o uso excessivo da voz. Entretanto, é importante considerar diversos fatores ambientais que podem estar indiretamente relacionados ao trabalho e que podem agravar o problema, como exposição a irritantes, condições inadequadas de temperaturae umidade, ruídos de fundo e acústica ruim. As condições climáticas, de temperatura e umidade determinam, entre outras coisas, o grau de perda de líquido de quem fala, provocando queda em seu rendimento físico e, consequentemente, da produção vocal (OLIVEIRA, 2004, p. 12). Alguns aspectos organizacionais precisam ser considerados nesta análise, entre os quais a literatura destaca: jornada de trabalho prolongada, sobrecarga e acúmulo de atividades ou de funções, ausência de pausas e de locais de descanso durante a jornada, ritmo estressante, trabalho sob forte pressão e insatisfação com o mesmo, ou com sua remuneração, além de relações desgastantes no ambiente de trabalho. Estudos de Barros, Marchiori e oliveira (2005) relacionam em suas pesquisas alguns hábitos que podem colaborar para o desgaste da voz do profissional, tais como: tabagismo, etilismo, hidratação insuficiente, grito, uso abusivo da voz, entre outros aspectos. Figura 21 - Abuso vocal ht tp :/ /c ha lfe lip em us ic .b lo gs po t.c om /2 01 3/ 12 /c ui da do -c om -o -a bu so -v oc al .h tm l 56 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior A frequência, a gravidade e as repercussões sociais do problema transformaram-no em uma questão relevante para a Saúde Pública, e para a Saúde do Trabalhador, considerando o grande contingente de trabalhadores nessa categoria no Brasil e no mundo (ABORL-CCF, 2004). É necessário que os fatores de risco à saúde devam ser analisados sob múltiplos aspectos: a intensidade, o tempo de exposição, a organização temporal da atividade, a duração do ciclo de trabalho, a distribuição das pausas e/ou a estrutura de horários. O uso incorreto da voz, originando ajustes inapropriados no modo de produção vocal, é um fator importante para o desencadeamento de alterações no aparelho fonador. Para que possam lidar com essas circunstâncias sem sobrecarregar o aparelho fonador, alguns trabalhadores adquirem comportamentos vocais apropriados de forma intuitiva. Não obstante, uma parcela significativa desses profissionais faz uso inadequado da voz, desenvolvendo sintomas laríngeos de diferentes tipos e graus de severidade, que afetam, principalmente, a qualidade da voz de maneira lenta e gradual. Em muitos casos, as alterações são de tal ordem que obrigam o afastamento temporário ou definitivo do trabalho, com repercussões importantes para a vida do indivíduo, representando um ônus para a sociedade. O absenteísmo e frequentes afastamentos decorrentes de licenças médicas, além das incapacidades permanentes nesse grupo de profissionais, sobrecarregam os serviços de saúde e de perícia médica. (...) as enfermidades relacionadas ao aparelho fonador, decorrentes ou prejudiciais ao trabalho, têm importante impacto social, econômico, profissional e pessoal, representando prejuízo estimado superior a duzentos milhões de reais ao ano, em nosso País. (ABORL-CCF, 2004) O Consenso Nacional sobre Voz Profissional-CNVP (2004, p. 02) reconhece os efeitos da atividade laboral sobre o aparelho fonador. E traz os seguintes conceitos: Voz Profissional é “a forma de comunicação oral utilizada por indivíduos que dela dependem para sua atividade ocupacional”. Por disfonia entende-se “toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão natural da voz, caracterizando um distúrbio que limita a comunicação oral e pode repercutir de forma significativa no uso profissional da voz”. A laringopatia Relacionada ao Trabalho (LRT) é conceituada como o conjunto de sinais, sintomas, disfunções e enfermidades do aparelho fonador, que possam ter origem no uso inadequado da voz ou outra sobrecarga ao aparelho fonador, em decorrência da atividade laborativa e/ou ambiente de trabalho, ou refletir em sua função e nas condições de uso da voz no trabalho, em termos de qualidade, estabilidade e resistência (ABORL-CCF, 2004). O termo Portador de Laringopatia Relacionada ao Trabalho se refere ao “trabalhador que, tendo seu diagnóstico médico-ocupacional firmado, necessita ter acesso à assistência médica e cuidados especiais, recebendo tratamento específico, visando o retorno ao pleno uso profissional da voz” (ABORL-CCF, 2004, p. 02). Embora haja evidências científicas da relação causal entre o uso inadequado da voz e o sobre- esforço vocal em algumas profissões e ocupações, em muitos países como o Brasil, as alterações resultantes dessa situação não são reconhecidas como enfermidades relacionadas ao trabalho. Apesar do que expressa o CNVP, é interessante destacar que a Lista Brasileira de Doenças Relacionadas ao Trabalho, produzida pelo Ministério da Saúde e adotada pelo Ministério da Previdência (Instituto Nacional do Seguro Social - INSS), não incluiu os transtornos da voz relacionados ao trabalho. Na seção II – Doenças Relacionadas ao Trabalho encontra-se o capítulo sobre Doenças do Ouvido Relacionadas ao Trabalho - Grupo VIII da Classificação Internacional das Doenças - CID-10 (BRASIL, 2005, cap. 13). Ao verificarmos as patologias 57 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior ali listadas, encontramos não só transtornos dos ouvidos, médio e interno, como também das cavidades paranasais. Em uma busca mais acurada, encontramos, no capítulo Doenças do Sistema Respiratório Relacionadas ao Trabalho (BRASIL, 2005, cap. 15), alterações relativas aos outros segmentos anatômicos incluídos na otorrinolaringologia. Ainda assim, nenhum dos dois capítulos cita os distúrbios da voz relacionados ao trabalho, estando em vigor ainda hoje, mesmo depois do CNVP. Ao pensarmos nos ambientes de trabalho educacionais, como espaço de socialização e na educação como processo de conscientização e transformação da sociedade, encontramos o professor, sujeito fundamental nessa temática socioambiental e tecnológica, e que tem a voz como um dos principais instrumentos de seu trabalho A educação é uma das ferramentas essenciais nesse processo contemporâneo para promovermos um desenvolvimento sustentável e aprendermos a utilizar racionalmente os recursos naturais, garantindo as mesmas condições às gerações futuras. Educar é mais do que ensinar conhecimentos: é promover o desenvolvimento do sujeito, é possibilitar a construção de uma ética, é expor os valores em que acreditamos para construção de um futuro melhor. Na escola, o professor é o profissional que possui um papel de destaque, estabelecendo vínculos diretos com os alunos, com as famílias e a comunidade, devido seu papel de formador. Muitas vezes, torna-se referência de hábitos, conhecimento, comportamentos e práticas de saúde e cidadania para a população, ocupando o papel de agente formador e ator social na educação e na saúde da população. O professor é um indivíduo cuja função de comunicação tem papel central em seu desempenho profissional e, portanto, a presença de uma desordem vocal passa a ter implicações amplas na sua qualidade de vida, na sua condição de trabalhador e na sua condição de cidadão. Ao longo de sua carreira, o professor tende a desenvolver hábitos compensatórios ou técnicas para minimizar as dificuldades vocais e esses mecanismos devem influenciar até a sua própria percepção de qualidade de voz. Tais profissionais estão propensos a considerar as desordens vocais, em especial a rouquidão, como uma consequência inevitável do trabalho e provavelmente eles têm pouco conhecimento de que isto é passível de prevenção ou de que pode, pelo menos, ser aliviado. Sendo assim, observa-se que a prevalência dos problemas relacionados à voz nos professores apresente grande variedade na literatura científica, incluindo como causas a diversidade de nomenclatura para as desordens vocais (problemas vocais, desordens vocais, disfonia) e emprego de metodologias diferentes durante as pesquisas (questionários de sintomas autorreferidos, ou achados de exames complementares, como - laringoscopia indireta, videolaringoscopia).O professor, muitas vezes, apresenta alterações cumulativas, limitando o seu desempenho profissional ao longo de sua carreira letiva, devido ao seu despreparo vocal. Nesse caso, seu auditório está lá para ouvi-lo obrigatoriamente e, às vezes, sem nenhum interesse no que vai ser ensinado, aumentando o ruído dentro da sala de aula, devido a falta de interesse no assunto, obrigando o docente a buscar estratégias para manter a atenção e não prejudicar o aprendizado. Nessas condições, o professor deve ministrar uma matéria/disciplina concreta, ensinar regras de comportamento e oferecer um suporte afetivo, o que resulta em uso mais intensivo da voz quando comparado às demais profissões (FRADEJAS, 2009). Os problemas de voz relacionados à categoria profissional dos professores têm chamado a atenção de diversos pesquisadores (TAVARES e MARTINS, 2007). Diante de dados científicos por eles divulgados, é possível compreender a magnitude do problema estudado neste texto. Os sintomas referidos como mais frequentes de disfonia são: cansaço vocal, rouquidão, mudança de registro vocal e desconforto faríngeo (SIMÕES e LATORRE, 2002). Já entre os achados físicos mais encontrados estão: a fenda vocal, a hiperconstrição laríngea e os nódulos vocais (SIMBERG, et al., 2005). 58 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Figura 22 - Disfonia funcional ht tp :/ /m ed im ag em .co m .b r/ no tic ia s/ vo z- de -p ro fe ss or es -r eq ue r- m ai s- cu id ad os -s eg un do -p es qu is a- br as ile ir a, 35 21 A disfonia pode ser entendida como uma dificuldade na emissão vocal que foge da sua produção natural da voz. Esta patologia é hoje um problema de impacto social, econômico e profissional. Dentre as várias patologias de pregas vocais que causam alteração na voz, podemos citar algumas lesões orgânicas benignas mais comuns como: os nódulos e os pólipos causados pelo abuso e mau uso vocal, como também as lesões orgânicas malignas, como é o caso do câncer de laringe que tem associação direta com uso prolongado de álcool e fumo, além das alterações funcionais, as chamadas fendas glóticas. Há evidências de que os nódulos de pregas vocais sejam a patologia mais frequente nos profissionais da voz. Entretanto, há uma diversidade de outras alterações orgânicas e funcionais na laringe e no trato respiratório que podem provocar disfonia, ressaltando-se assim a sua multifatorialidade (ORTIZ et al., 2004). Ela resulta da interação ou não de fatores genéticos, comportamentais, ocupacionais e estilo de vida. Pensando nisso, por mais que o professor tenha uma boa resistência vocal e utilize vários recursos didático-pedagógicos, ele não estará livre de ser acometido por um problema vocal, pois dentre os muitos fatores que podem acarretar uma alteração vocal, encontramos o abuso e o mau uso vocal devido à carga horária excessiva e tipo de disciplina ou nível escolar no qual o professor leciona. Logo, através da consulta às obras de Behlau e Pontes (2008), Ferreira, Befi-Lopes e Limongi (2004) e Pinho (2007), podemos constatar que o melhor meio de auxiliar os professores nos cuidados com a voz é utilizando a informação por meio de ações preventivas. Os fatores condicionantes à saúde vocal na docência dizem respeito a hábitos vocais e alimentares praticados pelo sujeito que podem vir a prejudicar ou não sua voz, dependendo da frequência e intensidade, além das condições ambientais e organizacionais do trabalho no qual o indivíduo está inserido. Podemos elencar alguns fatores condicionantes à boa saúde vocal como: Alimentação: uma boa composição alimentar é feita com um consumo elevado de carboidratos (grãos, vegetais, legumes e frutas), baixos níveis de gordura e muitas fibras. Segundo Behlau e Pontes (2008), a produção da voz é um processo de alto gasto energético e, portanto, se o indivíduo usa a voz profissionalmente e/ou de forma intensa, seja, para lecionar, ministrar palestras, vender produtos, etc., deve praticar uma alimentação saudável. Cabe notar ainda algumas orientações relevantes quanto à alimentação no momento imediato a uma emissão vocal prolongada. Assim como os profissionais da voz cantada, os profissionais da voz falada devem evitar o consumo de chocolate, alimentos e bebidas achocolatadas, leite e derivados, antes de uma apresentação _ oral seja uma aula, reunião, entrevista _ devido ao fato de que esse 59 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Figura 23 - Hidratação ht tp s: // w w w .y ou tu be .co m /w at ch ?v =L RN O1 xC 5S rs tipo de alimentação provoca a densificação do muco (saliva), fazendo com que as pregas vocais vibrem com dificuldade, produzindo ainda, a necessidade de pigarrear para limpar a garganta o que soma a outro agente agressor devido o pigarro provocar atrito nas pregas vocais. A melhor atitude a ser tomada, neste caso, seria a ingestão d’água. Hidratação: para a manutenção da boa vibração das pregas vocais, a hidratação oral é indispensável, sendo necessária a ingestão de dois a três litros de água por dia, a fim de fluidificar o muco e compensar a perda de líquido pelo organismo ao longo do dia. Ademais, as atividades metabólicas e o próprio ar seco que respiramos implicam na necessidade de hidratação constante. Amato (2010), postula que um organismo adequadamente hidratado tende a ser mais eficiente em suas respostas fisiológicas, inclusive naquelas relativas à emissão da voz. Cabe ressaltar que a lubrificação das pregas vocais deve se dar especialmente pela ingestão de água à temperatura ambiente, pois os líquidos, quando em temperaturas extremas, podem provocar choque térmico, ressecando o aparelho fonador, prejudicando ainda a eficiência do sistema imunológico. Bebidas gaseificadas (cervejas, refrigerantes, etc.) devem ser evitadas, principalmente antes de uma aula, pois este tipo de bebida estimula o refluxo gastroesofágico (subida do ácido clorídrico do estômago em direção ao esôfago e à faringe, que atinge indiretamente a laringe, provocando o inchaço das pregas vocais). O Monitoramento da hidratação pode ser realizado pela observação da urina, cuja coloração, quando mais clara, indica maior hidratação, quando mais escura indica necessidade de hidratação. Outras formas de evidenciar a insuficiência de hidratação são: saliva espessa, esforço para falar e pigarro constante. Além da ingestão de água, outras formas de hidratação seriam: a inalação de vapor d’água através de inaladores, do aquecimento de água numa panela comum e aplicação de solução fisiológica de cloreto de sódio a 0,9% nas narinas sempre que senti-las ressecadas. Esportes: a prática de atividade física favorece o controle de peso, da pressão arterial e da taxa de glicose no sangue. Além de fazer bem à autoestima, causa bem-estar, alivia o estresse, fortalece os ossos, melhora a força muscular, a qualidade do sono e a capacidade respiratória que, consequentemente, acarretará ao indivíduo melhor postura, condicionando uma boa comunicação e uma melhor emissão vocal, tanto falada quanto cantada. Tendo em vista que uma boa saúde vocal é condicionada por uma boa saúde física, a prática regular de exercícios é altamente recomendável, principalmente a de atividades de baixo impacto, 60 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior tais como caminhadas, ciclismo, dança, natação, ioga, alongamento e massagens. Durante exercícios de alto esforço muscular, como levantamento de peso, não se deve realizar produção vocal, o que levaria a uma sobrecarga do aparelho fonador (BEHLAU e PONTES, 2008). A boa postura é aquela em que mantemos os pés separados (na largura dos ombros), atingindo um bom equilíbrio físico para nosso corpo e uma correta distribuição do peso para o apoio em ambas às pernas. Devemos manter os ombros relaxados, mais baixos, e elevarmos a cabeça,que fica levemente para trás, apoiando-se na coluna vertebral. A correta postura, além de nos manter mais relaxados, é essencial para a boa projeção vocal (AMATO, 2010). Portanto, a tomada de consciência corporal aliada à emissão vocal, é bastante necessária para o profissional da voz. Logo, os aspectos posturais como a inclinação de cabeça, a tensão muscular cervical, o posicionamento do queixo em relação ao peito, a inclinação dos ombros, a curvatura da coluna vertebral no andar e no sentar devem ser policiados habitualmente, adequando-os para o ato fonatório. Sono: a quantidade de sono necessária para um repouso varia de indivíduo para indivíduo, sendo observada uma média de sete ou oito horas. Vale ressaltar que a qualidade de sono não está relacionada apenas com a quantidade de horas e sim com fatores fiscos que vão desde o colchão ao ambiente no qual o indivíduo dorme. A falta de sono, assim como o estresse, diminui a memória e a capacidade de assimilação de informações pelo nosso cérebro, pois nessas situações os neurônios perdem muito de sua eficiência. Desse forma, não dormir diminui nossa performance intelectual no dia a dia, consequentemente nossa performance vocal. Cabe considerar que a falta de repouso determina menos energia para o organismo e, sendo a emissão vocal uma atividade de alto gasto energético, o déficit de sono pode ocasionar dificuldades, como voz cansada e alterações no ritmo, no tom e na clareza da fala. Após dormir mal, sua voz pode acordar mais rouca, fraca e soprosa. Repouso vocal: o silêncio é extremamente salutar e altamente tonificante, potencializando a qualidade vocal e evitando o desgaste. Além de favorecer a sonoridade, o brilho, a riqueza harmônica e a pureza, atributos essenciais à performance vocal. O professor é obrigado a falar muito alto e durante muito tempo, logo requer procurar momentos do dia para repousar sua voz, antes, durante e depois da atividade profissional. Figura 24 - Repouso vocal ht tp s: // w w w .e sp ac op el uc ia .co m .b r/ pr od ut o/ de ta lh es /1 64 5/ em ot io n- de -p el uc ia - m ac aq ui nh o- na o- fa lo -4 0c m .h tm l 61 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Merece destacar mais quatro fatores condicionantes a boa produção vocal, quais sejam: realização de treinamento vocal, conhecimento do trabalho fonoaudiológico, conhecimento de fisiologia vocal e inclusão da consulta ao fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista nos exames de rotina. Tais fatores não se constituem diretamente em hábitos de bem-estar vocal, mas condicionam a saúde da voz de forma indireta. Existem hábitos que estão ligados a esses fatores condicionantes que, quando praticados de maneira errada ou abusiva, colocam a saúde vocal numa situação de perigo. Os agentes agressores que mais contribuem para uma má saúde vocal, causados por imprudência, negligência ou até falta de conhecimento por parte do sujeito, seriam: ingestão de bebidas alcoólicas, uso de fumo e de automedicação, mudanças de temperatura, ar condicionado, poluição, alergias e drogas ilícitas. Agregam-se a esses agentes, entre outros, a má alimentação e o descanso inapropriado, maus hábitos vocais (pigarrear, tossir com força, competir com os sons de fundo, etc.), posturas corporais inadequadas e vestuário impróprio que impeça o fluxo respiratório nas regiões do pescoço e abdômen. Cabe notar que as alterações vocais, apesar de serem consideradas de menor importância, são essenciais para a qualidade de vida do profissional da voz (KASAMA e BRASOLOTTO, 2007). O cuidado com o ambiente de trabalho é outro fator essencial para a saúde do professor, tais como o tamanho e a acústica das salas de aula, número de alunos por turma reduzido, pois o ruído gerado por uma turma muito numerosa de alunos são fatores que obrigam, de forma reflexa, o aumento do volume da voz do professor, para que o mesmo possa se ouvir e seja ouvido (PEREIRA, SANTOS e VIOLA, 2000). Este aumento do volume da voz sem o suporte de um programa de prevenção apropriado, com o uso de técnica vocal adequada, costuma levar ao aparecimento de sintomas vocais indesejados. A necessidade de se aumentar a carga horária de trabalho, com o objetivo de melhorar a receita mensal e a interferência das reações emocionais nos ajustes vocais acabam favorecendo o adoecimento desses profissionais, além de acelerar o desgaste do aparelho fonador, tornando- os vulneráveis ao desenvolvimento de problemas relacionados à voz e grande fonte de estresse físico e emocional (KOOIJMAN et al., 2007). As relações sociais no trabalho e na vida particular do professor envolvem habilidades de relacionamento, responsabilidades, compromissos, conflitos e tensões que acabam por contribuir para deixá-lo susceptível ao estresse como, por exemplo, mudanças políticas e sociais; questões trabalhistas e salariais; a necessidade de o professor fazer outras atividades como forma de aumentar a renda; aumento das atividades burocráticas e a organização social do trabalho (atividades de planejamento e execução); os interesses transversais da instituição escolar que redirecionam o papel social do professor; o acúmulo de atividades, os trabalhos extraclasse; as mudanças pedagógicas e a necessidade de atualização frequente; a introdução de novos recursos pedagógicos e tecnológicos; número excessivo de alunos por sala de aula; os problemas com a violência urbana; a violência na escola (brigas entre alunos, roubos, ameaças dos alunos, depredação do espaço); o trajeto frequentemente longo entre a casa e local de trabalho; e, por fim, as cargas psíquicas acumuladas. Dentre as questões de saúde que mais afetam os professores, Gasparini, Barreto e Assunção (2005) citam como uma das mais frequentes o Burnout (exaustão física ou emocional causada por longa exposição à situação estressante). Ou seja, entrar em burnout significa chegar ao limite da resistência física ou emocional, podendo desenvolver desordens osteomusculares e vocais. O professor é um desses profissionais que tem na comunicação um papel central para o desempenho profissional, sendo assim, a desordem vocal tem implicações diretas na sua qualidade de vida. Alguns especialistas dão demasiada ênfase a fatores pessoais na hora de se analisar as causas dos problemas de voz na classe dos professores. Os hábitos pessoais, alimentícios, de consumo de tabaco e também a forma de falar do professorado não diferem daqueles do resto da população que trabalha em outras ocupações. Sendo assim, se entre o professorado as patologias de voz tem uma incidência muito maior seria, portanto, devido à sua profissão. 62 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior Os fatores de risco mais citados pelos professores como contribuintes para o desenvolvimento da sua patologia vocal são: a própria tarefa, o ruído, acústica das salas de aula, condições inadequadas de temperatura, umidade, ventilação e qualidade do ar, a idade dos alunos quando se trata de crianças, o número de alunos por sala de aula, a não existência de pausas, o estresse e a falta de formação específica. A prevenção como resposta positiva ao tratamento não pode ser alcançada apenas resolvendo um dos fatores causais. Uma saúde ocupacional de qualidade e eficiente é a questão chave para tratar as desordens vocais de origem multifatorial. Os estudos sobre a relação entre condições do trabalho docente e saúde são relativamente recentes no país. Este fato não pode ser desconsiderado. Há ainda um conjunto de questões que carecem de aprofundamento teórico e de pesquisa empírica. Considerando-se também o fato de que a maior parte dos estudos sobre este objeto é predominantemente originada da área das ciências biológicas, em detrimento das humanas, tornam-se evidentes os desafios que continuam colocados para a discussão do tema a partir do ponto de vista sociológico, ouainda da educação (LEITE e SOUZA, 2006). O exercício da profissão impõe ao docente responsabilidades e desafios para exercer suas atividades diárias de ensino, promover a saúde e melhorar a qualidade de vida nas relações e ambientes educacionais e comunitários. Para tanto, não se pode deixar sucumbir nem adoecer e mais, deve manter-se sempre saudável e feliz (SMOLANDER e HUTTUNEN, 2006). Contudo, somente nas últimas décadas o interesse pelas suas condições de saúde e de trabalho vem crescendo. A voz é recurso didático, controladora da disciplina e reveladora das emoções do professor. É usada com alta demanda e intensidade, por várias horas ao dia, gerando um desgaste que se manifesta através de vários sintomas. A voz, presente no dia a dia da sala de aula, é um aspecto pouco valorizado e percebido, mas que atua nas relações professor-aluno e no processo de aprendizagem. Há uma tendência em se deixar sob a responsabilidade do professor o encargo de prevenir as disfonias. Não parece haver dúvidas que hábitos saudáveis de vida, como uma boa alimentação e exercícios físicos regulares, melhoram as condições de saúde e permitem enfrentar os desafios do cotidiano laborativo. Entretanto essas atitudes, por si só, não são capazes de “imunizar” as condições de trabalho prejudiciais à sua saúde. A prevenção de um problema é muito mais eficiente que a sua cura e, por sua vez, a erradicação de doenças é sempre mais difícil que a sua prevenção. Duffy e Hazlett (2004) consideram três níveis de prevenção, citados a seguir: a prevenção primária, baseada em ações de promoção da saúde, atuando em um nível anterior à instalação do problema em professores expostos aos fatores de risco mencionados; a prevenção secundária, que se refere às medidas para a identificação do problema e evitar seu agravamento, e por último, a prevenção terciária, focada na remediação dos prejuízos ou lesões (impairment), das incapacidades (disabilities) e das desvantagens (handicap) enfrentadas pelo trabalhador adoecido, com objetivo reabilitador. Grillo (2004) avaliou o impacto de um curso de Aperfeiçoamento Vocal, com carga horária de 32h30min, na prevenção e manutenção da saúde vocal de 06 professores universitários participantes do curso, através da utilização de entrevistas e questionários. Os professores valorizaram o aquecimento vocal; responsabilizaram-se por utilizar os conteúdos e atividades não incorporadas à rotina; seguiram às orientações de saúde vocal em sala de aula e consideraram o tempo do curso insuficiente para fixar os novos conceitos. A autora observou que houve mudança, em maior ou menor grau, no uso da voz dos professores participantes do curso. Vilkman (2004) debate a respeito da eficácia do treinamento vocal dado aos profissionais da voz com alterações vocais de origem ocupacional e diz que essas terapias empregadas atualmente podem variar entre as Escolas, mas que, geralmente, tendem a possuir uma abordagem holística, incluindo componentes como a higiene vocal. Para o desenvolvimento das práticas clínicas e das pesquisas científicas no campo das desordens vocais de origem ocupacional é importante que o 63 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior conhecimento acumulado até agora seja utilizado e aprimorado dentro do contexto da segurança e saúde ocupacional e, ainda, que seus princípios devam ser incluídos nos domínios da terapia vocal. Quando os aspectos musculoesqueléticos da produção vocal são levados em consideração, é importante fazer com que os profissionais da voz sejam capazes de identificar não só os sinais de fadiga vocal, mas também distinguir entre uma produção vocal tensa e uma laringe relaxada, para que possam tomar medidas no sentido de evitar maiores danos à saúde vocal. Contudo, as medidas mais importantes a serem tomadas para a manutenção e restauração da saúde vocal dos profissionais da voz estão relacionadas aos fatores geradores da sobrecarga vocal. Isto envolve repensar as práticas pedagógicas, utilizando mais recursos audiovisuais para reduzir o tempo de fonação, redução do ruído de fundo, melhoria das condições acústicas das salas de aula, entre outros. Em alguns casos, a utilização de um sistema de amplificação vocal como equipamento de proteção individual (EPI) pode ser uma medida eficaz e rápida para a redução da sobrecarga vocal (VILKMAN, 2004). Portanto, como forma de prevenir os problemas vocais apresentados pelos professores, podemos orientar um bem-estar vocal, que consiste em normas básicas que auxiliam na promoção e na prevenção de alterações e doenças relacionadas aos fatores condicionantes à saúde vocal, quanto a sua prática dentro e fora do trabalho, como: hábitos vocais, condições ambientais de trabalho, hábitos de alimentação, além da tomada de consciência e conhecimento do seu instrumento de trabalho: a voz. # DICAS PARA VOCÊ SER AMIGO DA SUA VOZ! - Fale sem esforço e articule bem as palavras; - Mantenha uma boa postura corporal ao falar ou cantar; - Beba 2 litros ou mais de água diariamente; - Durma bem; - Tenha uma alimentação saudável rica em frutas e proteínas; - Use vestuário confortável; - Procure reduzir a quantidade de fala durante quadros gripais, crises alérgicas e período pré-menstrual; - Evite falar por longos períodos, principalmente em ambientes ruidosos; - Evite pigarrear, gritar e dar gargalhadas exageradas; - Evite ingerir leite e derivados, bebidas gasosas, chocolate antes de utilizar a voz continuamente; - Evite ingerir álcool em excesso, bem como outras drogas; - Cuidado ao cantar inadequadamente ou abusivamente; - Esteja atento aos primeiros sintomas de alteração vocal como cansaço, ardor ou dor ao falar, falhas na voz, mudança de tom, pigarro e rouquidão; - No caso de problemas vocais, procure um fonoaudiólogo e um médico otorrinolaringologista. (Campanha Nacional da Voz – Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia - https://www.sbfa.org.br/ campanhadavoz/dicasparavoceseramigodavoz.pdf) 64 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior EXERCÍCIO PROPOSTO Atividade proposta: Diante de tudo que foi estudado grave um pequeno vídeo falando de um assunto que você gosta ou domina, evitando as barreiras de comunicação e mostrando seu aperfeiçoamento vocal. 65 CE III - COMUNICADO-SE COMUNICAÇÃO EDUCACIONAL Autor: Francisco Varder Braga Junior REFERÊNCIAS AMATO, Rita de Cássia Fucci. Manual de saúde vocal: teoria e prática da voz falada para professores e comunicadores. São Paulo: Atlas, 2010. ARAÚJO, M. M. T; SILVA, M. J. P; PUGGINA, A. C. G. A comunicação não-verbal enquanto fator iatrogênico. Rev Escola Enferm USP, n. 41, v. 3. P. 419-25, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE OTORRINOLARINGOLOGIA E CIRURGIA CÉRVICO-FACIAL– ABORLCCF. 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