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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
IV. Simulado OAB
Código de Ética e Estatuto da OAB
Priscila Ferreira
Questão 01.
Fernando, advogado com inscrição regular, passou
a exercer atividade policial. Por força disso, teve
sua inscrição cancelada. Após a sua aposentadoria
no cargo, requereu o seu retorno aos quadros da
OAB. Com base no caso apresentado, assinale a
alternativa correta.
A) Na hipótese de novo pedido de inscrição, que
não restaura o número de inscrição anterior, deve
o interessado fazer prova dos seguintes requisitos:
capacidade civil; não exercer atividade
incompatível com a advocacia; idoneidade moral; e
prestar compromisso perante o Conselho.
B) Na hipótese de novo pedido de inscrição, que
restaura o número de inscrição anterior, deve o
interessado fazer prova dos seguintes requisitos:
capacidade civil; não exercer atividade
incompatível com a advocacia; idoneidade moral.
Não precisa prestar compromisso perante o
Conselho.
C) Na hipótese de novo pedido de inscrição, que
não restaura o número de inscrição anterior, deve
o interessado fazer prova dos seguintes requisitos:
capacidade civil; não exercer atividade
incompatível com a advocacia; idoneidade moral.
Não precisa prestar compromisso perante o
Conselho.
D) Na hipótese de novo pedido de inscrição, que
restaura o número de inscrição anterior, deve o
interessado fazer prova dos seguintes requisitos:
capacidade civil; não exercer atividade
incompatível com a advocacia; idoneidade moral; e
prestar compromisso perante o Conselho.
Comentário Longo
O enunciado traz que Fernando, advogado com
inscrição regular, passou a exercer a atividade de
policial. Segundo o art. 28 do EAOAB, a advocacia
é incompatível, mesmo em causa própria, com as
seguintes atividades: V – ocupantes de cargos ou
funções vinculados direta ou indiretamente a
atividade policial de qualquer natureza.
E, nos termos do Art. 11 do EAOAB, cancela-se a
inscrição do profissional que passar a exercer, em
caráter definitivo, atividade incompatível com a
advocacia.
Em sede de novo pedido de inscrição - que não
restaura o número de inscrição anterior - deve o
interessado fazer prova dos seguintes requisitos
(incisos I, V, VI e VII do art. 8º do EAOAB):
capacidade civil; não exercer atividade
incompatível com a advocacia; idoneidade moral; e
prestar compromisso perante o conselho.
Veja:
“Art. 8º do EAOAB: Para inscrição como
advogado é necessário:
I – capacidade civil;
II – diploma ou certidão de graduação em direito,
obtido em instituição de ensino oficialmente
autorizada e credenciada;
III – título de eleitor e quitação do serviço militar, se
brasileiro;
IV – aprovação em Exame de Ordem;
V – não exercer atividade incompatível com a
advocacia;
VI – idoneidade moral;
VII – prestar compromisso perante o Conselho.”
Em resumo, o interessado fazer prova dos
requisitos seguintes requisitos: capacidade civil;
não exercer atividade incompatível com a
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advocacia; idoneidade moral; e prestar
compromisso perante o Conselho.
Letra A (item árvore: 2.1)
CORRETA
Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não
restaura o número de inscrição anterior - deve o
interessado fazer prova dos seguintes requisitos
(incisos I, V, VI e VII do art. 8º do EAOAB):
capacidade civil; não exercer atividade
incompatível com a advocacia; idoneidade moral; e
prestar compromisso perante o conselho.
Letra B (item árvore: 2.1)
INCORRETA
O novo pedido de inscrição não restaura o número
de inscrição, conforme §2º do art. 11 do EAOAB.
Além disso, precisa prestar compromisso perante o
conselho!
Letra C (item árvore: 2.1)
INCORRETA
Precisa prestar compromisso perante o conselho,
conforme §2º do art. 11 do EAOAB.
Letra D (item árvore: 2.1)
INCORRETA
O novo pedido de inscrição não restaura o número
de inscrição, conforme §2º do art. 11 do EAOAB.
Comentário Curto
Conforme art.11, do EAOAB, cancela-se a inscrição
do profissional que passar a exercer, em caráter
definitivo, atividade incompatível com a advocacia;
E na hipótese de novo pedido de inscrição - que
não restaura o número de inscrição anterior - deve
o interessado fazer prova dos seguintes requisitos
(incisos I, V, VI e VII do art. 8º do EAOAB):
capacidade civil; não exercer atividade
incompatível com a advocacia; idoneidade moral; e
prestar compromisso perante o conselho.
Assim, a alternativa “a” é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: A
Questão 02.
O advogado civilista Tício exerce suas atividades
em determinada Sociedade de Advocacia, sediada
em São Paulo. As demandas patrocinadas pelo
advogado tramitam perante o juízo das varas cíveis
em São Paulo. No entanto, recentemente, o pai de
Tício adoeceu na Bahia, o que fez o advogado fixar
a sua residência nesta localidade, e com ânimo
definitivo.
Neste sentido, o advogado continuou exercendo as
mesmas funções no escritório de São Paulo, e nos
dias em que não teriam atividades profissionais,
retornaria à Bahia.
Com base no caso narrado, assinale a afirmativa
correta.
A) Tício não precisa requerer a transferência de sua
inscrição principal ou inscrição suplementar.
B) Tício deve requerer a transferência de sua
inscrição principal como advogado para o
Conselho Seccional da Bahia.
C) Tício deve requerer a inscrição suplementar
como advogado junto ao Conselho Seccional da
Bahia.
D) Tício deve requerer a inscrição suplementar
como advogado junto ao Conselho Federal da
OAB.
Comentário Longo
De acordo com o enunciado, o advogado resolveu
que fixaria sua residência, com ânimo definitivo, na
Bahia. Porém, continuaria exercendo as mesmas
funções no escritório de São Paulo. Acerca do
tema, deve-se observar o disposto no art. 10, do
EAOAB:
“A inscrição principal do advogado deve ser feita
no Conselho Seccional em cujo território pretende
estabelecer o seu domicílio profissional, na forma
do Regulamento Geral.
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede
principal da atividade de advocacia, prevalecendo,
na dúvida, o domicílio da pessoa física do
advogado.
§ 2º Além da principal, o advogado deve
promover a inscrição suplementar nos Conselhos
Seccionais em cujos territórios passar a exercer
habitualmente a profissão, considerando-se
habitualidade a intervenção judicial que exceder de
cinco causas por ano.
§ 3º No caso de mudança efetiva de domicílio
profissional para outra unidade federativa, deve o
advogado requerer a transferência de sua inscrição
para o Conselho Seccional correspondente.
§ 4º O Conselho Seccional deve suspender o
pedido de transferência ou inscrição suplementar,
ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na
inscrição principal, contra ela representando ao
Conselho Federal.”
Logo, podemos concluir que Tício não precisa
requerer a transferência de sua inscrição principal
ou inscrição suplementar, já que o seu domicílio
profissional continuará sendo em São Paulo.
Letra A (item árvore: 2.1)
CORRETA
O advogado Tício não precisa requerer a
transferência de sua inscrição principal ou inscrição
suplementar, já que o seu domicílio profissional
continuará sendo em São Paulo. Neste sentido, o
Art. 10 do EAOAB preceitua que: “A inscrição
principal do advogado deve ser feita no Conselho
Seccional em cujo território pretende estabelecer o
seu domicílio profissional, na forma do
Regulamento Geral.”
Letra B (item árvore: 2.1)
INCORRETA
Tício não precisa requerer a transferência de sua
inscrição principal, já que o seu domicílio
profissional continuará sendo em São Paulo.
Letra C (item árvore: 2.1)
INCORRETA
Não precisa requerer a inscrição suplementar, já
que não exercerá funções profissionais na Bahia.
Letra D (item árvore: 2.1)
INCORRETA
Não precisa requerer a inscrição suplementar, já
que não exercerá funções profissionais na Bahia.Comentário Curto
Conforme art. 10, do Estatuto da OAB, a inscrição
principal do advogado deve ser feita no Conselho
Seccional em cujo território pretende estabelecer o
seu domicílio profissional.
Ainda, dispõe o § 1º, do referido art. 10, que o
domicílio profissional é a sede principal da
atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o
domicílio da pessoa física do advogado.
Neste sentido, Tício não precisa requerer a
transferência de sua inscrição principal ou inscrição
suplementar, já que o seu domicílio profissional
continuará sendo em São Paulo.
Assim, a alternativa “a” é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: A
Questão 03.
A jovem advogada Rebeca resolve contratar a
empresa “Mais Divulgação” que atua na área de
propaganda e marketing. A empresa contratou
jovens, homens e mulheres, para a distribuição de
prospectos de propaganda do escritório indicando
as especialidades de atuação e apresentando
determinados temas que seriam considerados
acessíveis à multidão de interessados. O projeto é
realizado e implementado com sucesso.
À luz do quadro apresentado, assinale a alternativa
correta.
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
A) a jovem advocacia possui características mais
modernas e permite publicidade como a
apresentada.
B) atividades como as sugeridas são admissíveis,
tendo em vista a sobriedade e moderação.
C) a referida propaganda não pode ser realizada,
visto que existem restrições éticas à propaganda da
advocacia.
D) a propaganda pode ser realizada, após
autorização escrita do Conselho Seccional.
Comentário Longo
No caso apresentado, temos que: A jovem
advogada Rebeca resolve contratar a empresa “
Mais Divulgação” que atua na área de
propaganda e marketing. A empresa realizou a
distribuição de prospectos de propaganda do
escritório.
Questionamento: É permitida a publicidade do
escritório de advocacia através de prospectos de
propaganda?
Acerca do tema, o artigo 40, do CED, preceitua
que:
“Art. 40 do CED: Os meios utilizados para a
publicidade profissional hão de ser compatíveis
com a diretriz estabelecida no artigo anterior,
sendo vedados:
(...)
VI – a utilização de mala direta, a distribuição de
panfletos ou formas assemelhadas de publicidade,
com o intuito de captação de clientela.”
Logo, podemos concluir que a publicidade referida
no enunciado não é permitida, já que envolve a
distribuição de panfletos com o intuito de captação
de clientela.
Letra A (item árvore: 1.1)
INCORRETA
Observa-se que é vedada a distribuição de
panfletos ou formas assemelhadas de publicidade,
com o intuito de captação de clientela (art. 40,
inciso VI do CED).
Letra B (item árvore: 1.1)
INCORRETA
Não são admissíveis, conforme art. 40, do CED: “
Os meios utilizados para a publicidade profissional
hão de ser compatíveis com a diretriz estabelecida
no artigo anterior, sendo vedados: VI – a utilização
de mala direta, a distribuição de panfletos ou
formas assemelhadas de publicidade, com o intuito
de captação de clientela.”
Letra C (item árvore: 1.1)
CORRETA
É a exata previsão do art. 40, VI do CED: “Os
meios utilizados para a publicidade profissional hão
de ser compatíveis com a diretriz estabelecida no
artigo anterior, sendo vedados: VI – a utilização de
mala direta, a distribuição de panfletos ou formas
assemelhadas de publicidade, com o intuito de
captação de clientela.”
Letra D (item árvore: 1.1)
INCORRETA
É vedada a distribuição de panfletos ou formas
assemelhadas de publicidade, com o intuito de
captação de clientela (art. 40, inciso VI do CED).
Comentário Curto
De acordo com o art. 40, VI do Código de Ética e
Disciplina da OAB, é vedada a distribuição de
panfletos ou assemelhados com o intuito de
captação de clientela. Portanto, a publicidade
referida no texto não é permitida.
Assim, a alternativa “c” é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: C
Questão 04.
O advogado Pedro atua sozinho em seu escritório
situado no Município Beta, onde recebe os seus
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
clientes para atividades de assessoria e consultoria,
atuando também no contencioso tributário.
No verão, o advogado recebeu seu tio Marcos em
sua casa, o qual tem acesso a várias pessoas de
prestígio social, em razão da sua atividade
profissional. Diante disso, tio Marcos começou a
indicar clientes para Pedro, mas sem a existência de
qualquer acordo financeiro entre eles. Assim, com
o aumento da clientela, o advogado ampliou seu
escritório e passou a realizar parcerias.
Diante da situação descrita, nos termos do Estatuto
da Advocacia, assinale a afirmativa correta.
A) Pedro cometeu infração disciplinar ao receber
clientes de pessoa com relação de parentesco.
B) Não constitui infração disciplinar o
relacionamento social com parentes ou não.
C) Constitui atividade ilícita por valer-se de
parentes para obtenção de clientela, de forma
gratuita ou onerosa.
D) Constitui atividade vedada, uma vez que a
clientela deve ser formada espontaneamente pelo
advogado.
Questão 05.
A renomada advogada Letícia estava
representando um famoso ator global brasileiro. O
ator estava sendo acusado de matar a própria
esposa. Em determinado momento, a advogada
insinuou-se para dar algumas declarações públicas,
e com esse objetivo, procurou várias emissoras de
televisão.
Considerando o caso narrado e o disposto no
Código de Ética e Disciplina da OAB, assinale a
afirmativa correta.
A) Letícia poderia se insinuar para dar uma
declaração pública, já que tal conduta ajudaria seu
cliente.
B) Letícia não poderia se insinuar para dar uma
declaração pública.
C) Letícia poderia se insinuar para dar uma
declaração pública, apenas se autorizada pelo
cliente.
D) Letícia poderia se insinuar para dar uma
declaração pública, apenas se autorizada pelo juiz
da causa.
Comentário Longo
O Estatuto da Advocacia e da OAB (Lei 8.906/94) e
o Código de Ética e Disciplina da OAB vedam a
mercantilização e a captação de clientela.
O art. 34, III do EAOAB prevê que constitui infração
disciplinar quando o advogado se vale de
agenciador de causas, mediante participação nos
honorários a receber. Neste sentido, ainda, o inciso
IV proíbe o angariamento ou captação de causas,
como se observa:
“Art. 34. Constitui infração disciplinar:
III – valer-se de agenciador de causas, mediante
participação nos honorários a receber.
IV – angariar ou captar causas, com ou sem a
intervenção de terceiros.”
Neste sentido, observa-se que no caso exposto
ocorreram simples indicações, logo, não
caracterizando agenciamento de causa, mas
simples atividade corriqueira (indicação de cliente).
Letra A (item árvore: 12.1)
INCORRETA
A simples indicação não configura agenciamento
de causa. Logo, não caracteriza infração disciplinar.
Letra B (item árvore: 12.1)
CORRETA
No caso exposto no enunciado, observa-se a
simples indicação de cliente, não caracterizando
agenciamento de causa.
Letra C (item árvore: 12.1)
INCORRETA
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Não há configuração de atividade ilícita, trata-se de
simples indicação de cliente.
Letra D (item árvore: 12.1)
INCORRETA
A simples indicação não configura atividade
vedada.
Comentário Curto
O art. 34, III do EAOAB prevê que constitui infração
disciplinar quando o advogado se vale de
agenciador de causas, mediante participação nos
honorários a receber. Neste sentido, o inciso IV do
mesmo preceito legal proíbe o angariamento ou
captação de causas.
Contudo, no caso exposto no enunciado,
ocorreram simples indicações de cliente, não
caracterizam agenciamento de causa.
Assim, a alternativa “b” é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: B
Questão 06.
Igor Maciel, recém-formado em direito, conseguiu
um emprego para laborar em determinado
Cartório de Notas. Após insistentes tentativas, Igor
conseguiu a sua aprovação no Exame de Ordeme
ora pretende se inscrever de imediato como
advogado, e paralelamente continuar a trabalhar
no Cartório.
Diante dos fatos apresentados, assinale a
alternativa correta.
A) Igor não poderá se inscrever nos quadros da
OAB, já que exerce atividade incompatível para o
exercício da advocacia.
B) Igor não poderá se inscrever nos quadros da
OAB, já que se tornou impedido para o exercício
da advocacia.
C) Igor poderá se inscrever nos quadros da OAB,
mas não poderá intentar ações frente a
Administração Pública.
D) Igor apenas poderá se inscrever nos quadros da
OAB, se houver autorização do Conselho Seccional
competente.
Comentários
Gabarito: A
Nos termos do Art. 28, IV, do EAOAB, a advocacia
é incompatível, mesmo em causa própria, com os
ocupantes de cargos ou funções vinculados direta
ou indiretamente a qualquer órgão do Poder
Judiciário e os que exercem serviços notariais e de
registro.
Questão 07.
Cabral, advogado, foi apenado com sanção
disciplinar de exclusão, após regular processo
disciplinar. Considerando que o advogado praticou
crime patrimonial e pretenda retornar aos quadros
da OAB, após o cumprimento de sua pena, assinale
a alternativa correta.
A) O advogado não mais poderá retornar aos
quadros da OAB, após a aplicação da sanção
disciplinar de exclusão.
B) Autoriza-se ao advogado que tenha sofrido
qualquer sanção disciplinar requerer, três anos
após seu cumprimento, a reabilitação, em face de
provas efetivas de bom comportamento.
C) O advogado poderá requerer, um ano após o
cumprimento da sanção, a reabilitação, em face de
provas efetivas de bom comportamento e, ainda, o
pedido de reabilitação dependerá também da
correspondente reabilitação criminal.
D) O advogado apenas deverá fazer prova de sua
reabilitação criminal para fins de retornar aos
quadros da OAB.
Comentários
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Gabarito: C
Nos termos do art. 41, do EAOAB, é permitido ao
que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar
requerer, um ano após seu cumprimento, a
reabilitação, em face de provas efetivas de bom
comportamento. Ainda, quando a sanção
disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de
reabilitação depende também da correspondente
reabilitação criminal.
Questão 08.
Vanessa Lady foi surpreendida com a instauração
de um Processo Disciplinar, em razão de uma
denúncia realizada por um ex-cliente no Conselho
Seccional. Contudo, ao adentrar no escritório, após
a sua cientificação do processo disciplinar, foi
surpreendida com a notícia de que todos os seus
colegas de trabalho já possuíam ciência do teor do
processo.
Neste sentido, acerca das regras do Estatuto da
OAB, assinale a alternativa correta.
A) O processo disciplinar pode ser acessado por
qualquer pessoa, diante da sua natureza pública.
B) O processo disciplinar tramita em sigilo, até o
seu término, só tendo acesso às suas informações
as partes, seus defensores e a autoridade judiciária
competente.
C) O processo disciplinar tramita em sigilo, até a
instância recursal, só tendo acesso às suas
informações as partes e a autoridade judiciária
competente.
D) O processo disciplinar apenas tramitará em
sigilo, se houver solicitação da parte interessada.
Comentários
Gabarito: B
Nos termos do Art. 72, § 2° da Lei 8.906/1994, o
processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu
término, só tendo acesso às suas informações as
partes, seus defensores e a autoridade judiciária
competente.
Filosofia do Direito
Jean Vilbert
Questão 09.
No que se refere às lacunas é CORRETO afirmar:
a) A lacuna não intencional ocorre quando o
legislador relega a terceiro a solução concreta do
caso.
b) A lacuna latente é aquela em que há efetiva e
evidente ausência de norma a regular a questão.
c) Na lacuna ontológica há dissociação entre a
previsão normativa e a realidade social.
d) A lacuna ideológica ou axiológica é marcada pela
ausência de lei a regular o caso.
Comentário Longo
Lacuna é um buraco não regulamentado por lei.
Como “em nenhum lugar do mundo foram
estabelecidas regras suficientes para regular todas
as ações e palavras dos homens (o que é coisa
impossível)” (Thomas Hobbes), sempre haverá
algum espaço em branco no sistema legal. A
questão então é elucidar os tipos de lacunas que
temos: autêntica e não autêntica (quanto à norma);
intencional e não intencional (quanto à vontade do
legislador); latente e patente (quanto à amplitude);
originária ou posterior (quanto ao sistema de
normas); normativas, ideológica e ontológica
(quanto ao campo de abrangência). Eu sei que é
muita coisa... mas é isso que dá querer a carteirinha
vermelha! Simbora!
a) Claro que NÃO! Intencional: o legislador relega
a terceiro a solução concreta do caso. NÃO
intencional: o legislador não se atenta às várias
relações possíveis e deixa de regular algumas.
b) LATENTE é aquilo que está oculto! Logo, a
lacuna latente (oculta) decorre do caráter muito
amplo da norma, cujo tipo se torna
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
demasiadamente vago. Na patente é que há efetiva
ausência de norma a regular a questão.
c) BINGO! Sem tirar nem pôr! Aqui eu trago
exemplos para ser odiado kkkk, especialmente
pelas meninas. Exatamente por isso, inverterei os
polos tradicionais do delito. Vejamos. Se uma
menina de 18 anos tiver relação sexual consensual
com um menino de 13 anos e 11 meses (seu
namorado há 1 ano), responderá por estupro de
vulnerável, conforme artigo 217-A do Código
Penal, com pena de até 15 anos de reclusão,
justamente em um país que louva como mais alta
expressão da cultura nacional o Carnaval na
Sapucaí, com nudez explícita, e incentiva crianças a
dançarem funk com letras e coreografias
atentatórias ao pudor. A lei está associada à
realidade? E a jurisprudência?
Súmula 593 do STJ: O crime de estupro de
vulnerável se configura com a conjunção carnal ou
prática de ato libidinoso com menor de 14 anos,
sendo irrelevante eventual consentimento da vítima
para a prática do ato, sua experiência sexual
anterior ou existência de relacionamento amoroso
com o agente.
d) NOPS! A lacuna normativa é marcada pela
ausência de lei a regular o caso. Na lacuna
ideológica ou axiológica há falta de norma jurídica
satisfatória ou justa, isto é, adequada à solução do
caso.
Comentário Curto
Na lacuna ontológica existe lei, mas sem eficácia
social, em vista de dissociação entre a previsão
normativa e a realidade social.
Questão 10.
Quanto às fontes do direito é CORRETO afirmar:
a) Lei é a norma de conduta que disciplina relações
de fato e cuja observância é imposta
informalmente, restringindo o campo de liberdade
do cidadão.
b) Princípios gerais do direito são proposições de
caráter geral que englobam implicitamente um
conjunto de normas.
c) Doutrina é o conjunto organizado de pesquisas,
perguntas e respostas providas durante a atividade
jurisdicional.
d) Costume é a norma de conduta aceita e
obedecida habitualmente, mediante formalidades
estritas, gerando a crença na institucionalidade da
conduta.
Comentário Longo
Fonte é de onde algo brota, surge, tem origem. As
fontes do direito nada mais são do que isso: de
onde vêm as normas de conduta. De modo mais
técnico: são os modos de manifestação
(exteriorização) das normas jurídicas. A fonte
principal do direito nos países de civil law é a LEI.
Além dela, temos as fontes auxiliares: ANALOGIA,
COSTUMES, PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO
(art. 4º da LINDB), além da doutrina e
jurisprudência.
a) Mentira! A observância da lei é imposta
institucionalmente.
b) ISSO! Tais princípios são aqueles cânones que
orientam a produção dos efeitos das normas e
também as diretrizes para a integração (ou
colmatação) de lacunas no sistema.
c) NÃO! Doutrina é o direito científico – conjunto
organizado de inquietações (pesquisas, perguntas
e respostas) dos estudiosos, dos cultores do direito
(jurisperitos).Falou em jurisdição, falou em
jurisprudência: conjunto de decisões judiciais
reiteradas, constantes e harmônicas, resolvendo
casos semelhantes, de modo a constituir uma
norma geral aplicável a todos os casos similares.
d) Não exatamente! Costume é a norma de
conduta aceita e obedecida habitualmente, sem
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
maiores formalidades (prática constante e reiterada
no tempo, com crença na obrigatoriedade da
conduta).
Comentário Curto
Princípios gerais do direito são, ao mesmo tempo,
proposições de caráter geral que englobam
implicitamente um conjunto de normas e também
cânones que orientam a produção dos efeitos das
normas quanto diretrizes para colmatação de
lacunas no sistema.
Direito Constitucional
Diego Cerqueira
Questão 11.
Júlia é servidora pública estadual e foi eleita para o
cargo de Vereadora. Alguns colegas advogados
afirmaram que ela precisaria escolher entre o cargo
efetivo ou o cargo de vereadora. Pode-se,
corretamente, afirmar que Júlia:
a) havendo compatibilidade de horários, perceberá
apenas as vantagens de seu cargo, com prejuízo da
remuneração do cargo eletivo.
b) não havendo compatibilidade de horários, será
afastada do cargo, sendo-lhe vedado optar pela
sua remuneração.
c) será exonerada do cargo efetivo, podendo ser
reintegrada após o término do mandato eletivo.
d) terá seu tempo de serviço contado para todos os
efeitos legais, exceto para promoção por
merecimento, se for exigido o afastamento para o
exercício de mandato eletivo.
Comentário Longo
Em resumo, temos que: Júlia é servidora pública
estadual e foi eleita para o cargo de Vereadora.
Art. 38 da CRFB/88: Ao servidor público da
administração direta, autárquica e fundacional, no
exercício de mandato eletivo, aplicam-se as
seguintes disposições:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego
ou função;
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado
do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado
optar pela sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo
compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
havendo compatibilidade, será aplicada a norma
do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais,
exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio
de previdência social, permanecerá filiado a esse
regime, no ente federativo de origem.
Letra A (item árvore: 9.2)
INCORRETA
Art. 38, III da CF/88 - investido no mandato de
Vereador, havendo compatibilidade de horários,
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou
função, sem prejuízo da remuneração do cargo
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será
aplicada a norma do inciso anterior.
Letra B (item árvore: 9.2)
INCORRETA
Art. 38 da CF/88, II - investido no mandato de
Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou
função, sendo-lhe facultado optar pela sua
remuneração.
III - investido no mandato de Vereador, havendo
compatibilidade de horários, perceberá as
vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem
prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
havendo compatibilidade, será aplicada a norma
do inciso anterior.
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IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Letra C (item árvore: 9.2)
INCORRETA
Art. 38, III da CF/88 - investido no mandato de
Vereador, havendo compatibilidade de horários,
perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou
função, sem prejuízo da remuneração do cargo
eletivo, e, não havendo compatibilidade, será
aplicada a norma do inciso anterior.
Letra D (item árvore: 9.2)
CORRETA
Art. 38 da CRFB/88, IV - em qualquer caso que exija
o afastamento para o exercício de mandato eletivo,
seu tempo de serviço será contado para todos os
efeitos legais, exceto para promoção por
merecimento.
Comentário Curto
Art. 38 da CRFB/88: Ao servidor público da
administração direta, autárquica e fundacional, no
exercício de mandato eletivo, aplicam-se as
seguintes disposições:
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de
serviço será contado para todos os efeitos legais,
exceto para promoção por merecimento.
Gabarito: D
Questão 12.
O Presidente da República Fernando, conhecido
por realizar algumas arbitrariedades, editou uma
medida provisória indicando restrições a
candidatura de deputados federais nas próximas
eleições. A MP causou muita discussão no âmbito
político. Com base no caso apresentado, assinale a
alternativa correta.
a) a medida provisória perderá vigência, desde a
sua edição, se não for convertida em lei no prazo
de 40 dias, improrrogáveis.
b) A MP deve ser rejeitada pelo Congresso
Nacional por tratar de assunto que não poderia ser
disciplinado por medida provisória.
c) Se rejeitada, a medida provisória poderá ser
reeditada, desde que na mesma sessão legislativa.
d) a medida provisória perderá vigência, desde a
sua edição, se não for convertida em lei no prazo
de 70 dias, improrrogáveis.
Comentário Longo
O enunciado traz que o Presidente da República
Fernando editou uma medida provisória indicando
restrições a candidatura de deputados federais nas
próximas eleições. A questão está relacionada as
medidas provisórias.
O tema se encontra no art. 62 da Constituição
Federal de 1988.
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o
Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las
de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias
sobre matéria: I - relativa a: a) nacionalidade,
cidadania, direitos políticos, partidos políticos e
direito eleitoral.
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto
nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição,
se não forem convertidas em lei no prazo de
sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º,
uma vez por igual período, devendo o Congresso
Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as
relações jurídicas delas decorrentes.
§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão
legislativa, de medida provisória que tenha sido
rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por
decurso de prazo.
§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se
refere o § 3º até sessenta dias após a rejeição ou
perda de eficácia de medida provisória, as relações
jurídicas constituídas e decorrentes de atos
13
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
praticados durante sua vigência conservar-se-ão
por ela regidas.
§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão
alterando o texto original da medida provisória,
esta manter-se-á integralmente em vigor até que
seja sancionado ou vetado o projeto.
Letra A (item árvore: 12.1)
INCORRETA
Art. 62 da CF: § 3º As medidas provisórias,
ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão
eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos
termos do § 7º, uma vez por igual período,
devendo o Congresso Nacional disciplinar, por
decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes.
Letra B (item árvore: 12.1)
CORRETA
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias
sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
partidos políticos e direito eleitoral.
Letra C (item árvore: 12.1)
INCORRETA
Art. 62, § 10 da CF: É vedada a reedição, na
mesma sessão legislativa, de medida provisória que
tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua
eficácia por decurso de prazo.
Letra D (item árvore: 12.1)
INCORRETA
Art. 62 da CF: § 3º As medidas provisórias,
ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12 perderão
eficácia, desde a edição, se não forem convertidas
em lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos
termos do§ 7º, uma vez por igual período,
devendo o Congresso Nacional disciplinar, por
decreto legislativo, as relações jurídicas delas
decorrentes.
Comentário Curto
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o
Presidente da República poderá adotar medidas
provisórias, com força de lei, devendo submetê-las
de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias
sobre matéria:
I - relativa a:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos,
partidos políticos e direito eleitoral.
Logo, podemos concluir que a MP deve ser
rejeitada pelo Congresso Nacional por tratar de
assunto que não poderia ser disciplinado por
medida provisória.
Gabarito: B
Questão 13.
Foi ajuizada no Tribunal de Justiça do Estado Beta,
uma representação de inconstitucionalidade contra
lei editada pelo Município X, tendo como
parâmetro de controle dispositivo da Constituição
Federal de 1988 (CF). Com base no ordenamento
jurídico-constitucional vigente, assinale a
alternativa correta.
a) o controle abstrato de constitucionalidade pode
ser exercido pelo tribunal de justiça, caso o
parâmetro de controle invocado na ação seja
norma de reprodução obrigatória na Constituição
estadual.
b) controle abstrato de constitucionalidade não é
cabível no âmbito estadual.
c) o controle abstrato de constitucionalidade não é
cabível, pois a lei municipal deve ser questionada
no âmbito do controle difuso.
d) o controle abstrato de constitucionalidade não
deve ser admitido pelo tribunal de justiça, ainda
14
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
que se trate de norma de reprodução obrigatória
na Constituição estadual.
Comentário Longo
No caso apresentado no enunciado, temos que: foi
ajuizada no TJ do Estado Beta, uma representação
de inconstitucionalidade contra lei editada pelo
Município X, tendo como parâmetro de controle
dispositivo da Constituição Federal de 1988 (CF).
Questionamento: É possível que o TJ realize
controle abstrato de constitucionalidade tendo
como parâmetro a Constituição Federal?
O controle abstrato e concentrado realizado pelo
Tribunal de Justiça só pode ter como parâmetro a
Constituição Estadual ou, no caso do Distrito
Federal, a Lei Orgânica do DF.
A Constituição Federal determina, em seu art. 125,
§ 2º, que compete ao Estados a instituição de
representação de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da
Constituição estadual.
No entanto, em 2017 (RE 650898/RS), o Supremo
Tribunal passou a admitir, em situação excepcional,
que o Tribunal de Justiça realize controle abstrato
de constitucionalidade tendo como parâmetro a
Constituição Federal. Isso será possível quando a
norma da Constituição Federal que servirá como
parâmetro for de reprodução obrigatória pelas
Constituições Estaduais.
Letra A (item árvore: 19.1)
CORRETA
Em 2017 (RE 650898/RS), o Supremo Tribunal
passou a admitir, em situação excepcional, que o
Tribunal de Justiça realize controle abstrato de
constitucionalidade tendo como parâmetro a
Constituição Federal. Isso será possível quando a
norma da Constituição Federal que servirá como
parâmetro for de reprodução obrigatória pelas
Constituições Estaduais.
Letra B (item árvore: 19.1)
INCORRETA
Na verdade, o controle abstrato de
constitucionalidade é cabível no âmbito estadual.
A Constituição Federal determina, em seu art. 125,
§ 2º, que compete ao Estados a instituição de
representação de inconstitucionalidade de leis ou
atos normativos estaduais ou municipais em face da
Constituição estadual.
Letra C (item árvore: 19.1)
INCORRETA
A lei municipal pode ser impugnada por meio de
controle abstrato de constitucionalidade.
Letra D (item árvore: 19.1)
INCORRETA
Em 2017 (RE 650898/RS), o STF passou a admitir,
em situação excepcional, que o Tribunal de Justiça
realize controle abstrato de constitucionalidade
tendo como parâmetro a Constituição Federal. Isso
será possível quando a norma da Constituição
Federal que servirá como parâmetro for de
reprodução obrigatória pelas Constituições
Estaduais.
Comentário Curto
O Supremo Tribunal (RE 650898/RS) passou a
admitir, em situação excepcional, que o Tribunal de
Justiça realize controle abstrato de
constitucionalidade tendo como parâmetro a
Constituição Federal. Isso será possível quando a
norma da Constituição Federal que servirá como
parâmetro for de reprodução obrigatória pelas
Constituições Estaduais.
Gabarito: A
Questão 14.
Mariana, renomada escritora da Revista “A vida
luxuosa dos artistas”, decidiu elaborar uma
pesquisa a respeito da vida pessoal e profissional
de conhecido ex-deputado federal que resolveu
15
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
misteriosamente se retirar da vida pública. Mariana
solicitou orientação de um advogado a respeito da
necessidade de obter a autorização do ex-
deputado federal durante a elaboração da obra. À
luz da sistemática constitucional, é correto afirmar
que:
a) a obra não dependerá de autorização do político
ou mesmo de seus familiares, já que a liberdade de
expressão e informação deve preponderar no caso
concreto apresentado.
b) a obra dependerá de autorização, pois, como o
político retirou-se da vida pública, a sua intimidade
prepondera sobre o direito à informação e
expressão.
c) a obra somente dependerá de autorização caso
o ex-deputado federal esteja vivo quando da
publicação.
d) a autorização não é exigível, caso a publicação
não venha a ter críticas ao ex-deputado federal.
Comentário Longo
Na ADI 4815, o Supremo Tribunal discutiu a
possibilidade de publicação das chamadas “
biografias não autorizadas”. Há um confronto
entre o direito à intimidade e à liberdade de
expressão.
O STF entendeu que é “inexigível o
consentimento de pessoa biografada relativamente
a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo
por igual desnecessária autorização de pessoas
retratadas como coadjuvantes (familiares ou
pessoas falecidas...)”. (...) “não se escreve apenas
a vida de uma pessoa, mas o relato de um povo, os
caminhos de uma sociedade".
Cumpre esclarecer que eventuais abusos por parte
dos escritores poderão ser objeto de ação de
reparação de danos pelo biografado.
Por exemplo, a disposição em biografia de fatos
inverídicos ou ofensas à honra ou à imagem do
artista.
Letra A (item árvore: 3.1)
CORRETA
O STF entende que é “inexigível o consentimento
de pessoa biografada relativamente a obras
biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por
igual desnecessária autorização de pessoas
retratadas como coadjuvantes (familiares ou
pessoas falecidas...)”. (...) “não se escreve apenas
a vida de uma pessoa, mas o relato de um povo, os
caminhos de uma sociedade".
Letra B (item árvore: 3.1)
INCORRETA
Segundo o STF (ADI 4815), é inexigível o
consentimento de pessoa biografada relativamente
a obras biográficas literárias ou audiovisuais.
Letra C (item árvore: 3.1)
INCORRETA
Na verdade, não dependerá de autorização, com
base no entendimento do STF (ADI 4815).
Letra D (item árvore: 3.1)
INCORRETA
Independentemente de ter ou não críticas, o STF
entende que é inexigível o consentimento de
pessoa biografada relativamente a obras
biográficas literárias ou audiovisuais.
Comentário Curto
O STF (ADI 4815) entendeu que é “inexigível o
consentimento de pessoa biografada relativamente
a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo
por igual desnecessária autorização de pessoas
retratadas como coadjuvantes (familiares ou
pessoas falecidas...)”.
(...) “não se escreve apenas a vida de uma pessoa,
mas o relato de um povo, os caminhos de uma
sociedade".
Gabarito: A
16
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Questão 15.
A instituição privada com fins lucrativos “+ Saúde
”, uma entidade filantrópica e uma instituição
privada sem fins lucrativos demonstraram interesse
de participar de forma complementar do Sistema
Únicode Saúde - SUS. Alguns juristas questionaram
a constitucionalidade da participação das
instituições no SUS. À luz do quadro apresentado,
com base no ordenamento jurídico-constitucional
vigente, assinale a alternativa correta.
a) todas as instituições mencionadas poderão
participar de forma complementar do SUS e
receber recurso público para auxílio.
b) apenas a instituição privada com fins lucrativos
poderá participar de forma complementar do SUS
e receber recurso público para auxílio.
c) todas as instituições mencionadas poderão
participar de forma complementar do SUS, mas
nenhuma poderá receber recurso público para
auxílio.
d) a instituição privada sem fins lucrativos poderá
participar de forma complementar do SUS e
receber recurso público para auxílio.
Comentário Longo
A questão trata a assistência à saúde. A solução
está prevista no art. 199 da CRFB/88.
Art. 199 da CRFB/88: A assistência à saúde é livre à
iniciativa privada.
§ 1º - As instituições privadas poderão participar
de forma complementar do sistema único de
saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato
de direito público ou convênio, tendo preferência
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos
para auxílios ou subvenções às instituições privadas
com fins lucrativos.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de
empresas ou capitais estrangeiros na assistência à
saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os
requisitos que facilitem a remoção de órgãos,
tecidos e substâncias humanas para fins de
transplante, pesquisa e tratamento, bem como a
coleta, processamento e transfusão de sangue e
seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.
Letra A (item árvore: 18.1)
INCORRETA
Com base no art. 199 da CRFB/88, § 2º É vedada
a destinação de recursos públicos para auxílios ou
subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos.
Letra B (item árvore: 18.1)
INCORRETA
De acordo com o art. 199 da CRFB/88, § 2º É
vedada a destinação de recursos públicos para
auxílios ou subvenções às instituições privadas com
fins lucrativos.
Letra C (item árvore: 18.1)
INCORRETA
Na verdade, é vedada a destinação de recursos
públicos para auxílios ou subvenções às instituições
privadas com fins lucrativos. (art. 199, §2º da
CRFB/88)
Letra D (item árvore: 18.1)
CORRETA
Com base no art. 199 da CRFB/88, § 2º É vedada
a destinação de recursos públicos para auxílios ou
subvenções às instituições privadas com fins
lucrativos.
Logo, podemos concluir que a instituição sem fins
lucrativos poderá participar de forma
complementar e receber recurso público para
auxílio.
Comentário Curto
Art. 199 da CRFB/88: A assistência à saúde é livre à
iniciativa privada.
17
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
§ 1º - As instituições privadas poderão participar
de forma complementar do sistema único de
saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato
de direito público ou convênio, tendo preferência
as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos
para auxílios ou subvenções às instituições privadas
com fins lucrativos.
Gabarito: D
Questão 16.
O Estado Gama não editou lei para a
regulamentação de norma da Constituição da
República de 1988. Diante da omissão, o Partido
Político “Unidos pelo Povo” solicitou que sua
assessoria jurídica analisasse a possibilidade de ser
ajuizada ação direta de inconstitucionalidade por
omissão (ADO). Com base na situação hipotética
apresentada, assinale a alternativa correta.
a) a ADO somente pode ser ajuizada para impugnar
omissões de órgãos federais em face da
Constituição Federal de 1988.
b) a ADO tem por objeto a omissão
inconstitucional, deverá relacionar-se a normas
constitucionais de eficácia limitada de caráter
mandatório, cuja aplicabilidade requer uma ação
do Poder Público.
c) a ADO tem por objeto a omissão
inconstitucional, deverá relacionar-se a normas
constitucionais de eficácia contida de caráter
mandatório, cuja aplicabilidade requer uma ação
do Poder Público.
d) a omissão impugnada por meio de ADO precisa
ser total.
Comentário Longo
Com base no enunciado, temos que: o Estado
Gama não editou lei para a regulamentação de
norma da Constituição da República de 1988.
Diante da omissão, o Partido Político “Unidos pelo
Povo” analisa a possibilidade de ser ajuizada
ADO.
A ação direta de inconstitucionalidade por omissão
tem previsão nos arts. 12-A a 12-H da Lei 9.868/99
e tem por objeto a omissão inconstitucional,
caracterizada pela inobservância da Carta Magna
devido à inércia do poder constituído competente
para promover sua implementação.
A omissão deverá relacionar-se a normas
constitucionais de eficácia limitada de caráter
mandatório, cuja aplicabilidade requer uma ação
do Poder Público.
Podem ser impugnadas omissões de órgãos
federais e estaduais em face da CF/88. Também
podem ser impugnadas omissões de órgãos do DF
quanto às suas competências estaduais. Por outro
lado, não podem ser impugnadas, via ADO,
omissões de órgãos municipais ou omissões de
órgãos do DF relativas às competências municipais.
Entende-se que a omissão impugnada por meio de
ADO pode ser total ou parcial. Será uma omissão
total quando o legislador não produz qualquer ato
no sentido de atender à norma constitucional. Será
uma omissão parcial quando há edição de um ato
normativo que atende apenas parcialmente à
Constituição.
Letra A (item árvore: 19.1)
INCORRETA
Por meio de ADO, podem ser impugnadas
omissões de órgãos federais e estaduais em face da
CF/88.
Letra B (item árvore: 19.1)
CORRETA
A omissão deverá relacionar-se a normas
constitucionais de eficácia limitada de caráter
mandatório, cuja aplicabilidade requer uma ação
do Poder Público.
Letra C (item árvore: 19.1)
INCORRETA
18
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Na verdade, a omissão deverá relacionar-se a
normas constitucionais de eficácia limitada.
Letra D (item árvore: 19.1)
INCORRETA
Entende-se que a omissão impugnada por meio de
ADO pode ser total ou parcial. Será uma omissão
total quando o legislador não produz qualquer ato
no sentido de atender à norma constitucional. Será
uma omissão parcial quando há edição de um ato
normativo que atende apenas parcialmente à
Constituição.
Comentário Curto
A ação direta de inconstitucionalidade por omissão
tem previsão nos arts. 12-A a 12-H da Lei 9.868/99
e tem por objeto a omissão inconstitucional,
caracterizada pela inobservância da Carta Magna
devido à inércia do poder constituído competente
para promover sua implementação.
A omissão deverá relacionar-se a normas
constitucionais de eficácia limitada de caráter
mandatório, cuja aplicabilidade requer uma ação
do Poder Público.
Gabarito: B
Questão 17.
A Deputada Estadual Marta consultou sua
assessoria jurídica a respeito da constitucionalidade
formal e material de um projeto de lei que
pretendia apresentar. A assessoria da deputada
constatou que o projeto ingressava em matéria de
competência legislativa privativa da União, já que
compete privativamente à União legislar sobre
direito espacial. De acordo com o caso
apresentado, assinale a alternativa correta.
a) a informação dada pela assessoria está incorreta,
a deputada estadual pode apresentar projeto de lei
sobre direito espacial.
b) a informação dada pela assessoria está correta,
é vedado ao Estado legislar sobre a matéria, mas a
União pode autorizá-lo, por meio de lei
complementar, em questões específicas.
c) a informação dada pela assessoria está incorreta,
o Estado pode legislar sobre a matéria apenas
naquilo que diga respeito a interesse unicamente
local.
d) a informação dada pela assessoria está correta,
o Estado pode apenas complementar as normas
editadas pela União no exercício dessa
competência.
ComentárioLongo
O enunciado dispõe que a Deputada Estadual
Marta consultou sua assessoria jurídica a respeito
da constitucionalidade formal e material de um
projeto de lei sobre direito espacial que pretendia
apresentar. A assessoria da deputada constatou
que o projeto ingressava em matéria de
competência legislativa privativa da União.
Questionamento: a assessoria jurídica da deputada
está correta?
De acordo com o art. 22, inciso I e PU da CRFB/88,
a informação dada pela assessoria está correta, é
vedado ao Estado legislar sobre a matéria, mas a
União pode autorizá-lo, por meio de lei
complementar, em questões específicas.
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho.
Parágrafo único. Lei complementar poderá
autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Letra A (item árvore: 8.3)
INCORRETA
É vedado ao Estado legislar sobre a matéria, mas a
União pode autorizá-lo, por meio de lei
complementar, em questões específicas (art. 22,
inciso I e PU da CRFB/88).
19
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Letra B (item árvore: 8.3)
CORRETA
É a previsão do art. 22, inciso I e PU da CRFB/88!
Art. 22. Compete privativamente à União legislar
sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho.
Parágrafo único. Lei complementar poderá
autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Letra C (item árvore: 8.3)
INCORRETA
É vedado ao Estado legislar sobre a matéria, mas a
União pode autorizá-lo, por meio de lei
complementar, em questões específicas (art. 22,
inciso I e PU da CRFB/88).
Letra D (item árvore: 8.3)
INCORRETA
Na verdade, a informação dada pela assessoria está
incorreta. Legislar sobre direito espacial compete
privativamente à União.
Comentário Curto
Art. 22 da CRFB/88: Compete privativamente à
União legislar sobre:
I - direito civil, comercial, penal, processual,
eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e
do trabalho.
Parágrafo único. Lei complementar poderá
autorizar os Estados a legislar sobre questões
específicas das matérias relacionadas neste artigo.
Gabarito: B
Direitos Humanos
Ricardo Torques
Questão 18.
Wagner, advogado especialista em direitos
humanos, foi consultado sobre a origem e sobre a
natureza formal da Declaração Universal dos
Direitos Humanos. Wagner explicou corretamente
que:
a) A Declaração Universal dos Direitos Humanos
surgiu no contexto do fim da Segunda Guerra
Mundial e tem natureza jurídica de tratado, com
efeitos vinculantes.
b) A Declaração Universal dos Direitos Humanos
surgiu no contexto do fim da Primeira Guerra
Mundial e tem natureza jurídica de tratado, com
efeitos vinculantes.
c) A Declaração Universal dos Direitos Humanos
surgiu no contexto do fim da Segunda Guerra
Mundial e não tem natureza jurídica de tratado,
mas de declaração, sem efeitos vinculantes.
d) A Declaração Universal dos Direitos Humanos
surgiu no contexto do fim da Primeira Guerra
Mundial e não tem natureza jurídica de tratado,
mas de declaração, sem efeitos vinculantes.
Comentário Longo
A Declaração Universal de Direitos Humanos é de
1948 e está relacionada diretamente ao fim da
Segunda Guerra Mundial, não da Primeira.
Quanto à natureza da Declaração, é de se ver que
ela não tem natureza jurídica de tratado, não
contando com força vinculante, mas tem natureza
de declaração sem efeito vinculante, consistindo
em normas de soft law.
Comentário Curto
Apesar da sua importância, a DUDH não é,
formalmente, um tratado, e sim uma declaração de
direitos sem força vinculante. Seu surgimento está
relacionado ao fim da Segunda Guerra Mundial.
A alternativa C está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 19.
20
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Policiais militares estaduais do Estado Ômicron
conseguiram apreender importante líder do tráfico
de drogas na região, conhecido como Zezinho. O
policial responsável pelo comando da operação
determinou que seus subordinados não efetuassem
a prisão em delegacia de polícia, mas que
amarrassem o Zezinho numa árvore em região
desabitada até que ele confessasse seus crimes e
delatasse o funcionamento da operação ilícita.
Após uma semana ao relento, Zezinho prestou
declaração que foi aceita pelo comandante da
operação e devidamente autuada. Pedro, um dos
policiais subordinados que agiram nessa situação,
buscou seu amigo Almir, advogado, a Em de obter
esclarecimentos sobre eventual possibilidade de
exclusão da ilicitude por obediência hierárquica e
sobre a validade do depoimento prestado. Almir,
com fundamento na Convenção Interamericana
para Prevenir e Punir a Tortura, que:
a) Não é viável a alegação de obediência
hierárquica como cláusula excludente da ilicitude
nem é válido o depoimento prestado sob tortura.
b) É viável a incidência da excludente de ilicitude
consistente na obediência hierárquica, no entanto,
o depoimento obtido sob tortura não é válido.
c) Não é viável a alegação de obediência
hierárquica como cláusula excludente da ilicitude,
mas é válido o depoimento prestado sob tortura.
d) É viável a incidência da excludente de ilicitude
consistente na obediência hierárquica e é válido o
depoimento obtido sob tortura.
Comentário Longo
Em relação à alegação de obediência hierárquica,
o art. 3 da Convenção determina que são
responsáveis pelo delito de tortura tanto as
pessoas que ordenaram a sua comissão quanto
aquelas que o cometeram diretamente. Quer dizer,
não é viável a alegação de obediência hierárquica
a fim de excluir a ilicitude do fato:
ARTIGO 3. Serão responsáveis pelo delito de
tortura:
a) Os empregados ou funcionários públicos que,
atuando nesse caráter, ordenem sua comissão ou
instiguem ou induzam a ela, cometam-no
diretamente ou, podendo impedi-lo, não o façam;
b) As pessoas que, por instigação dos funcionários
ou empregados públicos a que se refere a alínea a,
ordenem sua comissão, instiguem ou induzam a
ela, comentam-no diretamente ou nela sejam
cúmplices.
Quanto à validade do depoimento prestado, este
não tem nenhum valor e não pode ser admitido
como prova, sendo nulos, pois prestado sob
tortura:
ARTIGO 10. Nenhuma declaração que se
comprove haver sido obtida mediante tortura
poderá ser admitida como prova num processo,
salvo em processo instaurado conta a pessoa ou
pessoas acusadas de havê-la obtido mediante atos
de tortura unicamente como prova de que, por
esse meio, o acusado obteve tal declaração.
Comentário Curto
Não é viável a alegação de obediência hierárquica
a fim de afastar a ilicitude da conduta de tortura,
nem será válido o depoimento prestado nessas
condições.
A alternativa A está correta e é o gabarito da
questão.
Direito Internacional
Vanessa Arns
Questão 20.
Ricardo, nacional do Estado X, solicitou asilo
diplomático na embaixada do Estado Y, localizada
no território do Estado Z, alegando que tem sofrido
perseguição política por ação conjunta dos Estados
X e Z. O asilo diplomático foi concedido pelo
Estado Y, que reconhece como norma de direito
21
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
internacional costumeiro o asilo diplomático, ao
passo que o Estado Z alega que nunca reconheceu
tal norma como válida e obrigatória para si. Nessa
situação hipotética:
a) o Estado Y não pode entregar Ricardo às
autoridades do Estado Z após a concessão do asilo,
mas pode entregá-lo às autoridade de seu próprio
Estado.
b) o Estado Z está obrigado a conceder a Ricardo
um salvo-conduto para que ele deixe o seu
território.
c) a embaixada do Estado Y, localizada no território
do Estado Z, é inviolável, mesmo estando Ricardo
em seu interior.
d) Ricardo tem direito a ter reconhecidopelo
Estado Z o asilo diplomático concedido pelo
Estado Y.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O Estado Y poderá
sim, entregar o asilado ao governo local. O termo
asilo diplomático é um instituto característico da
América Latina. Desta forma, pressupõe-se ser
aplicável a Convenção de Caracas sobre Asilo
Diplomático (decreto no. 42.628, de 13 novembro
de 1957) a qual promulga sobre o referido instituto,
em seu artigo III. [...] As pessoas mencionadas no
parágrafo precedente, que se refugiarem em lugar
apropriado para servir de asilo, deverão ser
convidadas a retirar-se, ou, conforme o caso, ser
entregues ao governo local, o qual não poderá
julgá-las por delitos políticos anteriores ao
momento da entrega.
A alternativa B está incorreta. O Estado territorial
não é obrigado a conceder o salvo-conduto.
A alternativa C está correta, sendo gabarito da
questão. Conforme Convenção de Viena sobre
Relações Diplomáticas, em seu artigo 22. 1. Os
locais da Missão são invioláveis. Os Agentes do
Estado acreditado não poderão neles penetrar sem
o consentimento do Chefe da Missão. A
inviolabilidade é uma imunidade que abrange as
Missões Diplomáticas, Repartições Consulares e
Representações de Organismos Internacionais, de
seus arquivos e de seus funcionários;
A alternativa D está incorreta. O Asilo é uma
instituição jurídica que visa a proteção ao cidadão
estrangeiro perseguido politicamente, mas aos
Estados é facultada a escolha de concedê-lo ou
não.
Questão 21.
Considerando as normas de direito internacional
privado (DIPr), assinale a afirmativa correta.
a) Para o direito brasileiro, na hipótese de um
domiciliado no Brasil e uma domiciliada na
Argentina vierem a se casar e estabelecer como
domicílio comum primeiro o Brasil e depois a
Argentina, o regime de bens será regulado pela
legislação argentina.
b) Para o direito brasileiro, na hipótese de um
domiciliado no Brasil e uma domiciliada na
Argentina vierem a se casar, poderão escolher qual
o direito interno regerá os bens.
c) Para o direito brasileiro, na hipótese de um
domiciliado no Brasil e uma domiciliada na
Argentina vierem a se casar, o regime de bens será
o brasileiro.
d) Para o direito brasileiro, na hipótese de um
domiciliado no Brasil e uma domiciliada na
Argentina vierem a se casar, o regime de bens,
legal ou convencional, obedece à lei do país em
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
Comentários
A alternativa A está incorreta. O regime de bens,
legal ou convencional, obedece à lei do país em
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
A alternativa B está incorreta. O regime de bens,
legal ou convencional, obedece à lei do país em
22
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
A alternativa C está incorreta. O regime de bens,
legal ou convencional, obedece à lei do país em
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
A alternativa D está correta. O regime de bens,
legal ou convencional, obedece à lei do país em
que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for
diverso, a do primeiro domicílio conjugal. De
acordo com a LINDB, art. 7º.
§ 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá
os casos de invalidade do matrimônio a lei do
primeiro domicílio conjugal.
Direito Tributário
Rodrigo Martins
Questão 22.
André, residente e domiciliado no Estado X, doou
um apartamento localizado no Estado Y para seu
irmão, Carlos. A escritura pública de doação foi
lavrada perante tabelião localizado no Município
M, no Estado Z, local do domicílio de Carlos. Ao
recolher o imposto incidente sobre essa
transmissão de bem imóvel, o contribuinte
constatou que a entidade tributante adota um
sistema progressivo de alíquotas para o ITCMD -
Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e
Doação. Sobre essa hipótese, é correto afirmar
que:
A) O ITCMD é devido ao Estado X e a
progressividade das alíquotas é inconstitucional.
B) O ITCMD é devido ao Estado Y e a
progressividade das alíquotas é constitucional.
C) O ITCMD é devido ao Estado Z e a
progressividade das alíquotas é inconstitucional.
D) O ITCMD é devido ao Município M e a
progressividade das alíquotas é constitucional.
Comentário Longo
A questão gira em torno dos seguintes aspectos:
para qual entidade federativa (tributante) é devido
o ITCMD - Imposto sobre a Transmissão Causa
Mortis e Doação incidente sobre a doação de bem
imóvel? Para o Estado onde domiciliado o doador,
o donatário ou para aquele onde localizado o
imóvel? Esse imposto pode ter alíquotas
progressivas?
No caso:
> André, que é residente e domiciliado no Estado
X, doou um apartamento para seu irmão, Carlos.
> O apartamento objeto da doação é localizado no
Estado Y.
> A escritura pública da doação em questão foi
lavrada perante tabelião localizado no Município
M, no Estado Z, local do domicílio de Carlos
(donatário).
> Ao recolher o imposto incidente sobre tal
doação, o contribuinte constatou que a entidade
tributante adota um sistema progressivo de
alíquotas para o ITCMD - Imposto sobre a
Transmissão Causa Mortis e Doação.
> Eis o cerne da questão: qual entidade federativa
detém competência para exigir o ITCMD - Imposto
sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação
incidente sobre essa doação? o ITCMD pode ter
alíquotas progressivas?
A resposta é dada pelo art. 155, § 1º, inciso I, da
CF/88 e pela jurisprudência do STF (RE 542.485):
CF/88: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito
Federal instituir impostos sobre: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer
bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 3, de 1993);
(...).
§ 1º O imposto previsto no inciso I: (Redação dada
pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)
I - relativamente a bens imóveis e respectivos
direitos, compete ao Estado da situação do bem,
ou ao Distrito Federal;
23
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos,
compete ao Estado onde se processar o inventário
ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao
Distrito Federal;
(...).
EXTRAORDINÁRIO – ITCMD – PROGRESSIVIDADE
– CONSTITUCIONAL. No entendimento
majoritário do Supremo, surge compatível com a
Carta da República a progressividade das alíquotas
do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e
Doação. Precedente: Recurso Extraordinário nº
562.045/RS, mérito julgado com repercussão geral
admitida (STF, 1ª T., RE 542.485/RS, Rel. Min.
Marco Aurélio, j. em 19/02/2013, DJe em
07/03/2013).
De acordo com o art. 155, § 1º, inciso I, da CF/88,
o ITCMD - Imposto sobre a Transmissão Causa
Mortis e Doação incidente sobre a transmissão de
bem imóvel (seja transmissão por doação ou causa
mortis) é devido, sempre, ao Estado-membro onde
localizado o imóvel (independentemente de onde
seja domiciliado o doador, o donatário ou de onde
o ato translativo da propriedade tenha sido
porventura celebrado). Paralelamente, o STF já
reconheceu, em regime de repercussão geral (RE n
º 562.045), a constitucionalidade da adoção de
alíquotas progressivas para o ITCMD. Portanto, no
caso do problema em questão, o ITCMD é devido
ao Estado Y e a progressividade das alíquotas é
constitucional, estando correta, assim, a LETRA B,
que é o gabarito da questão.
Comentário Curto
De acordo com o art. 155, § 1º, inciso I, da CF/88,
o ITCMD - Imposto sobre a Transmissão Causa
Mortis e Doação incidente sobre a transmissão de
bem imóvel (seja transmissão por doação ou causa
mortis) é devido, sempre, ao Estado-membro onde
localizado o imóvel (independentemente de onde
seja domiciliado o doador, o donatário ou de onde
o ato translativo da propriedade tenha sido
porventura celebrado). Paralelamente,o STF já
reconheceu, em regime de repercussão geral (RE n
º 562.045), a constitucionalidade da adoção de
alíquotas progressivas para o ITCMD. Portanto, no
caso do problema em questão, o ITCMD é devido
ao Estado Y e a progressividade das alíquotas é
constitucional.
Assim, a LETRA B é a correta e gabarito da questão.
Questão 23.
A RFB - Receita Federal do Brasil autuou a empresa
Gama Ltda. pela prática de sonegação fiscal. A
multa punitiva foi de 150% sobre o valor dos
tributos sonegados e a multa moratória foi de 25%
sobre o valor dos tributos não recolhidos na data
do vencimento. Sobre essa hipótese, é correto
afirmar que:
A) Somente a multa punitiva afrontou o Princípio da
Vedação da Tributação com Efeito de Confisco.
B) Somente a multa moratória afrontou o Princípio
da Vedação da Tributação com Efeito de Confisco.
C) As duas multas afrontaram o Princípio da
Vedação da Tributação com Efeito de Confisco.
D) As multas tributárias não se submetem ao
Princípio da Vedação da Tributação com Efeito de
Confisco, que é aplicável somente aos tributos.
Comentário Longo
A questão gira em torno dos seguintes aspectos: o
Princípio da Vedação da Tributação com Efeito de
Confisco é aplicável às multas tributárias? Se
positiva a resposta, a qual tipo de multa? À multa
punitiva ou à multa moratória? Ou às duas
espécies?
No caso:
> A RFB - Receita Federal do Brasil autuou (multou)
determinada contribuinte pela prática de
sonegação fiscal.
> Foram lavradas duas multas: uma punitiva e outra
moratória.
> A multa punitiva foi de 150% sobre o valor dos
tributos sonegados.
24
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
> A multa moratória foi de 25% sobre o valor dos
tributos não recolhidos na data do vencimento.
> Eis o cerne da questão: tais multas afrontaram o
Princípio da Vedação da Tributação com Efeito de
Confisco?
A resposta é dada pelo art. 150, inciso IV, da CF/88
e pela jurisprudência do STF (RE 602.686 AgR-
segundo e RE 582.461):
CF/88: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias
asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
(...)
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
(...).
A multa punitiva é aplicada em situações nas quais
se verifica o descumprimento voluntário da
obrigação tributária prevista na legislação
pertinente. Trata-se da sanção prevista para coibir
a prática de ilícitos tributários. Nessas
circunstâncias, conferindo especial relevo ao
caráter pedagógico da sanção, que visa
desestimular a burla à atuação da Administração
tributária, deve ser reconhecida a possibilidade de
aplicação da multa em percentuais mais rigorosos.
Nesses casos, a Corte vem adotando como limite o
valor devido pela obrigação principal (RE 602.686
AgR-segundo, rel. min. Roberto Barroso, j. 9-12-
2014, 1ª T, DJE de 5-2-2015 e RE 523.471 AgR., rel.
min. Joaquim Barbosa, j. 6-4-2010, 2ª T, DJE de 23-
4-2010).
A aplicação da multa moratória tem o objetivo de
sancionar o contribuinte que não cumpre suas
obrigações tributárias, prestigiando a conduta
daqueles que pagam em dia seus tributos aos
cofres públicos. Assim, para que a multa moratória
cumpra sua função de desencorajar a elisão fiscal,
de um lado não pode ser pífia, mas, de outro, não
pode ter um importe que lhe confira característica
confiscatória, inviabilizando inclusive o
recolhimento de futuros tributos. O acórdão
recorrido encontra amparo na jurisprudência desta
Suprema Corte, segundo a qual não é confiscatória
a multa moratória no importe de 20% (vinte por
cento). (RE 582.461, rel. min. Gilmar Mendes, j. 18-
5-2011, P, DJE de 18-8-2011, tema 214).
De acordo com o inciso IV do artigo 150 da CF/88,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios utilizar tributo com efeito de
confisco, consubstanciando o constitucionalmente
consagrado Princípio da Vedação da Tributação
com Efeito de Confisco ou, simplesmente, Princípio
da Vedação ao Confisco. Não obstante tal
dispositivo se refira a “tributo”, o STF já
consolidou o entendimento de que tal princípio
também é aplicável às multas tributárias, sejam elas
punitivas ou moratórias. Nos julgados (RE 602.686
AgR-segundo e RE 582.461) ficaram estabelecidos,
inclusive, os seguintes tetos (percentuais máximos
de multas tributárias): 100% do valor do tributo
para as multas punitivas e 20% do valor do tributo
para as multas moratórias. Qualquer multa
tributária que supere esses percentuais será
considerada confiscatória e, portanto,
inconstitucional, por afronta ao Princípio da
Vedação da Tributação com Efeito de Confisco
(inciso IV do art. 150 da CF/88). Portanto, no caso
do problema em questão, as duas multas
afrontaram o Princípio da Vedação da Tributação
com Efeito de Confisco, estando correta, assim, a
LETRA C, que é o gabarito da questão.
Comentário Curto
De acordo com o inciso IV do artigo 150 da CF/88,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos Municípios utilizar tributo com efeito de
confisco, consubstanciando o constitucionalmente
consagrado Princípio da Vedação da Tributação
com Efeito de Confisco ou, simplesmente, Princípio
da Vedação ao Confisco. Não obstante tal
dispositivo se refira a “tributo”, o STF já
consolidou o entendimento de que tal princípio
25
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
também é aplicável às multas tributárias, sejam elas
punitivas ou moratórias. Nos julgados (RE 602.686
AgR-segundo e RE 582.461) ficaram estabelecidos,
inclusive, os seguintes tetos (percentuais máximos
de multas tributárias): 100% do valor do tributo
para as multas punitivas e 20% do valor do tributo
para as multas moratórias. Portanto, no caso do
problema em questão, as duas multas afrontaram o
Princípio da Vedação da Tributação com Efeito de
Confisco.
Assim, a LETRA C é a correta e gabarito da
questão.
Questão 24.
João é funcionário público municipal. Quanto à
Contribuição Social por ele devida, destinada ao
custeio do seu plano de aposentadoria, deve ser
recolhida:
A) Ao órgão ou entidade de previdência federal,
independentemente do seu regime de vinculação
ao serviço público (estatutário/efetivo ou não
estatutário/temporário) e da existência, no
Município, de regime previdenciário próprio.
B) Ao órgão ou entidade de previdência estadual,
do Estado-membro onde localizado o Município, se
ele for funcionário não estatutário/temporário,
nomeado em cargo de livre provimento e
exoneração, desde que o Município não tenha
regime previdenciário próprio.
C) Ao órgão ou entidade de previdência municipal,
se ele for funcionário estatutário/efetivo, nomeado
após aprovação em concurso público, desde que o
Município tenha regime previdenciário próprio.
D) Ao órgão ou entidade de previdência municipal,
se ele for funcionário não estatutário/temporário,
nomeado em cargo de livre provimento e
exoneração, desde que o Município tenha regime
previdenciário próprio.
Comentário Longo
A questão gira em torno do seguinte aspecto: qual
entidade federativa detém competência tributária
para exigir Contribuição Social de servidor público,
destinada ao custeio do seu plano de
aposentadoria?
No caso:
> João é funcionário público municipal.
> Tal como todas as pessoas que exercem alguma
função remunerada, está sujeito ao pagamento de
Contribuição Social destinada ao custeio do seu
plano de aposentadoria (Contribuição Social
Previdenciária).
> Eis o cerne da questão: quem detém
competência tributária para instituir e recolher a
Contribuição Social em questão? O órgão ou
entidade de previdência federal, estadual (do
Estado-membro onde o Município pagador da
renda é localizado) ou municipal?
A resposta é dada pelo art. 149, § 1º, da CF/88:
CF/88: Art. 149. Compete exclusivamente à União
instituir contribuições sociais, de intervenção no
domínio econômico e de interesse das categorias
profissionais ou econômicas, como instrumentode
sua atuação nas respectivas áreas, observado o
disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem
prejuízo do previsto no art. 195, § 6º,
relativamente às contribuições a que alude o
dispositivo.
§ 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão, por meio de lei,
contribuições para custeio de regime próprio de
previdência social, cobradas dos servidores ativos,
dos aposentados e dos pensionistas, que poderão
ter alíquotas progressivas de acordo com o valor da
base de contribuição ou dos proventos de
aposentadoria e de pensões. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
(...).
26
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Além do regime previdenciário geral (que é
custeado, dentre outras receitas, pelas
contribuições previdenciárias devidas ao INSS -
Instituto Nacional de Seguridade Social, órgão
autárquico federal), existe também o Regime
Próprio de Previdência Social, que pode ser
designado como Regime Estatutário, cuja
finalidade é a manutenção do sistema
previdenciário de servidores públicos estatutários,
ou seja, que ingressaram no serviço público
mediante concurso, desde que o ente ao qual
esteja vinculado tenha instituído órgão
previdenciário próprio (o regime geral é custeado,
dessa forma, pelas contribuições dos demais
trabalhadores não enquadrados na hipótese em
questão). De acordo com o art. 149, § 1º, da
CF/88, cada entidade federativa (a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios) detém
competência tributária para instituir contribuição
previdenciária para o custeio do seu regime
previdenciário próprio (por óbvio, desde que tenha
implantado órgão previdenciário próprio). É
importante destacar que a contribuição
previdenciária para o regime próprio poderá ser
cobrada somente dos servidores estatutários
(efetivos, isto é, que ingressaram no cargo por meio
de concurso público). Quanto aos funcionários
públicos não estatutários (comissionados “puros
”, não concursados, nomeados para cargos de
livre provimento e exoneração), a respectiva
contribuição previdenciária continua devida ao
regime geral (ou seja, ao INSS),
independentemente de a entidade federativa ter
ou não regime previdenciário próprio. Portanto, no
caso do problema em questão, a Contribuição
Social devida por João, destinada ao custeio do seu
plano de aposentadoria, deve ser recolhida ao
órgão ou entidade de previdência municipal, se ele
for funcionário estatutário/efetivo, nomeado após
aprovação em concurso público, desde que o
Município tenha regime previdenciário próprio,
estando correta, assim, a LETRA C, que é o
gabarito da questão.
Comentário Curto
De acordo com o art. 149, § 1º, da CF/88, cada
entidade federativa (a União, os Estados, o Distrito
Federal e os Municípios) detém competência
tributária para instituir contribuição previdenciária
para o seu regime previdenciário próprio (por
óbvio, desde que tenha implantado órgão ou
entidade de previdência próprios). É importante
destacar que a contribuição previdenciária para o
regime próprio poderá ser cobrada somente dos
servidores estatutários (efetivos, isto é, que
ingressaram no cargo por meio de concurso
público). Quanto aos funcionários públicos não
estatutários (comissionados “puros”, não
concursados, lotados em cargos de livre
provimento e exoneração), a respectiva
contribuição previdenciária continua devida ao
regime geral (ou seja, ao INSS),
independentemente de a entidade federativa ter
ou não regime previdenciário próprio. Portanto, no
caso do problema em questão, a contribuição deve
ser recolhida ao órgão ou entidade de previdência
municipal, se ele for funcionário estatutário/efetivo,
nomeado após aprovação em concurso público,
desde que o Município tenha regime previdenciário
próprio.
Assim, a LETRA C é a correta e gabarito da
questão.
Questão 25.
A pessoa jurídica Beta Ltda. teve sua falência
decretada em 22/05/2020, quando já possuía: i) um
imóvel hipotecado para garantia de dívidas
contraídas junto à uma instituição financeira; ii)
débitos de IPI - Imposto sobre Produtos
Industrializados; iii) débitos decorrentes da
legislação do trabalho, no valor de 130 salários-
mínimos; e iv) multas por infração à legislação
27
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
ambiental. Considerando que esses são as únicas
dívidas da massa falida, é correto afirmar que o
débito de natureza tributária deve ser quitado em:
A) Primeiro lugar.
B) Segundo lugar.
C) Terceiro lugar.
D) Quarto lugar.
Comentário Longo
A questão gira em torno do seguinte aspecto:
acaso uma pessoa jurídica devedora de tributo
tenha sua falência decretada, e acaso ela possua
outros débitos de naturezas diversas, qual a ordem
de preferência para a quitação de todas essas
dívidas? Qual a posição do crédito tributário na
ordem de pagamento?
No caso:
> A pessoa jurídica Beta Ltda. teve sua falência
decretada em 22/05/2020.
> Nessa data ela já possuía: i) um imóvel
hipotecado para garantia de dívidas contraídas
junto à uma instituição financeira; ii) débitos de IPI
- Imposto sobre Produtos Industrializados; iii)
débitos decorrentes da legislação do trabalho, no
valor de 130 salários-mínimos; e iv) multas por
infração à legislação ambiental.
> Eis o cerne da questão: qual a posição do crédito
tributário na ordem de pagamento?
A resposta é dada pelo art. 186 do CTN e pelo art.
83 da Lei Federal nº 11.101/05 - Lei de Falências:
CTN: Art. 186. O crédito tributário prefere a
qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o
tempo de sua constituição, ressalvados os créditos
decorrentes da legislação do trabalho ou do
acidente de trabalho. (Redação dada pela Lcp nº
118, de 2005)
Parágrafo único. Na falência: (Incluído pela Lcp nº
118, de 2005)
I – o crédito tributário não prefere aos créditos
extraconcursais ou às importâncias passíveis de
restituição, nos termos da lei falimentar, nem aos
créditos com garantia real, no limite do valor do
bem gravado; (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
II – a lei poderá estabelecer limites e condições
para a preferência dos créditos decorrentes da
legislação do trabalho; e (Incluído pela Lcp nº 118,
de 2005)
III – a multa tributária prefere apenas aos créditos
subordinados. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)
Lei Federal nº 11.101/05: Art. 83. A classificação
dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:
I - os créditos derivados da legislação trabalhista,
limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-
mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
acidentes de trabalho; (Redação dada pela Lei nº
14.112, de 2020)
II - os créditos gravados com direito real de garantia
até o limite do valor do bem gravado; (Redação
dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
III - os créditos tributários, independentemente da
sua natureza e do tempo de constituição, exceto os
créditos extraconcursais e as multas tributárias;
(Redação dada pela Lei nº 14.112, de 2020)
(...).
VII - as multas contratuais e as penas pecuniárias
por infração das leis penais ou administrativas,
incluídas as multas tributárias; (Redação dada pela
Lei nº 14.112, de 2020)
(...).
De acordo com os dispositivos legais em questão,
chega-se à seguinte ordem de preferência: 1º)
créditos extraconcursais, dentre os quais aqueles
passíveis de restituição (rol de todos os créditos
especificados no art. 84 da Lei de Falências); 2º) os
créditos derivados da legislação trabalhista,
limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-
mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
28
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
acidentes de trabalho; 3º) créditos com garantia
real (como, por exemplo, hipoteca imobiliária), até
o limite do valor do bem gravado; 4º) créditos
tributários (tributos, correção monetária e juros
moratórios até a data da falência); etc., estando
situado, após o crédito tributário, as multas
administrativas. Portanto, no caso do problema em
questão,considerando que o enunciado não
menciona a existência de créditos extraconcursais,
o débito de natureza tributária será pago em
terceiro lugar, pois lhe precedem os débitos
decorrentes da legislação do trabalho e a hipoteca
imobiliária, estando correta, assim, a LETRA C, que
é o gabarito da questão.
Comentário Curto
De acordo com o art. 186 do CTN e o art. 83 da Lei
Federal nº 11.101/05 - Lei de Falências, chega-se à
seguinte ordem de preferência: 1º) créditos
extraconcursais, dentre os quais aqueles passíveis
de restituição (rol de todos os créditos
especificados no art. 84 da Lei de Falências); 2º) os
créditos derivados da legislação trabalhista,
limitados a 150 (cento e cinquenta) salários-
mínimos por credor, e aqueles decorrentes de
acidentes de trabalho; 3º) créditos com garantia
real (como, por exemplo, hipoteca imobiliária), até
o limite do valor do bem gravado; 4º) créditos
tributários (tributos, correção monetária e juros
moratórios até a data da falência); etc., estando
situado, após o crédito tributário, as multas
administrativas. Portanto, no caso do problema em
questão, considerando que o enunciado não
menciona a existência de créditos extraconcursais,
o débito de natureza tributária será pago em
terceiro lugar, pois lhe precedem os débitos
decorrentes da legislação do trabalho e a hipoteca
imobiliária.
Assim, a LETRA C é a correta e gabarito da
questão.
Questão 26.
A pessoa jurídica ABC Ltda. prestou serviços
sujeitos ao ISS - Imposto sobre Serviços nos meses
de janeiro a junho do ano de 2009, mas deixou de
declarar e recolher o imposto devido. Ao constatar
essa omissão, o Fiscal Tributário Municipal lançou
de ofício o imposto e a multa devidos, que foram
definitivamente constituídos em 30/10/2014. Como
tais débitos não foram pagos e como não foram
objetos de qualquer providência por parte da
contribuinte, a Fazenda Pública Municipal ajuizou a
Execução Fiscal de cobrança em 05/12/2019, tendo
o juiz determinado a citação da devedora por meio
de despacho exarado em 15/12/2019. Com base na
hipótese apresentada, é correto afirmar que os
créditos tributários em questão.
A) Estão com a exigibilidade suspensa, impedindo
a cobrança.
B) Ainda não foram extintos, sendo regular a
cobrança.
C) Já foram extintos pela decadência, sendo
indevida a cobrança.
D) Já foram extintos pela prescrição, sendo
indevida a cobrança.
Comentário Longo
A questão gira em torno dos seguintes aspectos: os
créditos tributários em questão foram ou não
extintos? Ou estão com a exigibilidade suspensa?
Acaso tenham sido extintos, foi em razão da
decadência ou da prescrição?
No caso:
> Determinada pessoa praticou o fato gerador do
ISS - Imposto sobre Serviços nos meses de janeiro
a junho do ano de 2009.
> Apesar de ter praticado o fato gerador do
referido imposto, ela não declarou e não recolher o
ISS devido.
> O Fisco Municipal constatou tal omissão por
parte da contribuinte (falta de declaração e
29
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
recolhimento do imposto) e lançou, então, de
ofício, o ISS e a multa devidos.
> Tais lançamentos foram definitivamente
constituídos em 30/10/2014.
> Esses débitos não foram pagos e não foram
objetos de qualquer providência por parte da
contribuinte.
> Então a Fazenda Pública Municipal ajuizou a
Execução Fiscal de cobrança em 05/12/2019.
> Por conseguinte, o juiz determinado a citação da
devedora em 15/12/2019.
> Eis o cerne da questão: os créditos tributários em
questão foram ou não extintos? Ou estão com a
exigibilidade suspensa? Acaso tenham sido
extintos, foi em razão da decadência ou da
prescrição?
A resposta é dada pelos arts. 151, inciso V, 173,
inciso I e 174 do CTN: CTN: Art. 156. Extinguem o
crédito tributário:
(...)
V - a prescrição e a decadência;
(...).
CTN: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública
constituir o crédito tributário extingue-se após 5
(cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em
que o lançamento poderia ter sido efetuado;
(...)
CTN: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito
tributário prescreve em cinco anos, contados da
data da sua constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em
execução fiscal; (Redação dada pela Lcp nº 118, de
2005)
II - pelo protesto judicial;
III - por qualquer ato judicial que constitua em mora
o devedor;
IV - por qualquer ato inequívoco ainda que
extrajudicial, que importe em reconhecimento do
débito pelo devedor.
De acordo com o inciso V do art. 156 do CTN, tanto
a decadência quanto a prescrição extinguem o
crédito tributário. Assim, se ocorrer decadência ou
prescrição, o débito (a dívida) restará extinto. Pois
bem: o artigo 173, inciso I, do CTN veicula uma das
regras de decadência no Direito Tributário
(decadência se refere ao prazo para constituir o
crédito tributário); de acordo com esse dispositivo,
acaso o fato gerador de um tributo ocorra em
qualquer dia de um determinado ano, o Fisco terá
o prazo de até 5 (cinco) anos, contados do primeiro
dia do ano seguinte (1º de janeiro do ano seguinte
ao ano em que ocorrido o fato gerador) para
constituir o crédito tributário. Acaso ultrapassado o
último dia do quinto ano (31 de dezembro) sem a
constituição do crédito tributário, a obrigação
tributária restará extinta pela decadência, nada
mais sendo devido. Ao aplicarmos essa regra na
questão em análise, chegaremos à conclusão de
que não houve a extinção do crédito tributário pela
decadência, pois os fatos geradores foram
praticados em 2009 e os respectivos créditos foram
definitivamente constituídos de ofício pelo Fisco
em 30/10/2014, havendo, assim, um período
inferior aos 5 (cinco) anos previstos no inciso I do
art. 173 do CTN em questão. Logo, não houve a
extinção dos créditos tributários pela decadência.
Diferentemente, ocorreu, in casu, a prescrição
(prazo para cobrar um tributo por meio da
propositura de uma Ação de Execução Fiscal). De
acordo com o caput do art. 174 do CTN, ocorre a
prescrição (prazo para cobrar um tributo) se a Ação
de Execução Fiscal não for proposta no prazo de
até 5 (cinco) anos, contados da data da
"constituição definitiva" do crédito tributário; no
caso do problema em questão, como os
30
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
lançamentos foram definitivamente constituídos
em 30/10/2014 (data a partir da qual devem ser
contado o prazo prescricional de 5 anos), a Fazenda
Pública deveria ter ajuizado a Execução Fiscal,
então, até o dia 29/10/2019 (termo final do prazo
prescricional), mas só a propôs em 05/12/2019, ou
seja, após o último dia do prazo prescricional,
tendo ocorrido, assim, a extinção dos referidos
créditos tributários pela prescrição. Por fim, o
enunciado não menciona qualquer causa
suspensiva da exigibilidade dos créditos tributários
(previstas no art. 151 do CTN). Portanto, no caso
do problema em questão, é correto afirmar que os
créditos tributários em questão já foram extintos
pela prescrição, estando correta, assim, a LETRA D,
que é o gabarito da questão.
Comentário Curto
De acordo com o inciso V do art. 156 do CTN, tanto
a decadência quanto a prescrição extinguem o
crédito tributário. Pois bem: nos termos do artigo
173, inciso I, do CTN, o direito de a Fazenda
Pública constituir o crédito tributário extingue-se
após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do
exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado. Ao aplicarmos essa regra
na questão em análise, chegaremos à conclusão de
que não houve a extinção do crédito tributário pela
decadência, pois os fatos geradores foram
praticados em 2009 e os respectivos créditos foram
definitivamente constituídos de ofício pelo Fisco
em 30/10/2014, havendo, assim, um período
inferior aos 5 (cinco) anos previstos no inciso I do
art. 173 do CTN em questão. Diferentemente,
ocorreu,in casu, a prescrição (prazo para cobrar um
tributo por meio da propositura de uma Ação de
Execução Fiscal). De acordo com o caput do art.
174 do CTN, ocorre a prescrição (prazo para cobrar
um tributo) se a Ação de Execução Fiscal não for
proposta no prazo de até 5 (cinco) anos, contados
da data da "constituição definitiva" do crédito
tributário; no caso do problema em questão, como
os lançamentos foram definitivamente constituídos
em 30/10/2014 (data a partir da qual devem ser
contado o prazo prescricional de 5 anos), a Fazenda
Pública deveria ter ajuizado a Execução Fiscal,
então, até o dia 29/10/2019 (termo final do prazo
prescricional), mas só a propôs em 05/12/2019, ou
seja, após o último dia do prazo prescricional,
tendo ocorrido, assim, a extinção dos referidos
créditos tributários pela prescrição. Por fim, o
enunciado não menciona qualquer causa
suspensiva da exigibilidade dos créditos tributários
(previstas no art. 151 do CTN). Portanto, no caso
do problema em questão, é correto afirmar que os
créditos tributários em questão já foram extintos
pela prescrição.
Logo, a LETRA D é a correta e gabarito da questão.
Direito Administrativo
Igor Maciel
Questão 27.
Etevaldo, Dejane e Aricleia são servidores públicos
federais e pretendem tirar licença. Etevaldo irá
acompanhar sua esposa, que foi deslocada para
outro Estado. Dejane irá se candidatar a deputada
federal pelo PML – Partido Mulheres Livres. E
Aricleia pretende dispensar mais tempo para cuidar
de sua enteada, acometida por uma doença rara e
grave. Acerca das licenças pretendidas pelos
servidores, assinale a alternativa correta:
a) Etevaldo poderá solicitar Licença por Motivo de
Afastamento do Cônjuge, a qual será por prazo
indeterminado e com remuneração.
b) Aricleia poderá solicitar Licença por Motivo de
Doença em Pessoa da Família, a qual só será
deferida se a assistência de Aricleia para com sua
enteada for indispensável, ainda que possa ser
prestada mediante compensação de horário.
c) Dejane poderá solicitar Licença para Atividade
Política, pois faz jus a ela a partir do registro da
candidatura e até o décimo dia seguinte ao da
31
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
eleição, assegurados os vencimentos do cargo
efetivo, somente pelo período de três meses.
d) Aricleia poderá solicitar Licença por Motivo de
Doença em Pessoa da Família, a qual poderá ser
concedida a cada período de 12 meses, por até 90
dias, consecutivos ou não, mantida sua
remuneração.
Comentário Longo
A questão trata das licenças a que o servidor
público federal faz jus, de acordo com a Lei nº
8.112/90.
A Licença por Motivo de Doença em Pessoa da
Família será concedida na forma do artigo 83 da Lei
8.112/90, veja:
Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor
por motivo de doença do cônjuge ou companheiro,
dos pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e
enteado, ou dependente que viva a suas expensas
e conste do seu assentamento funcional, mediante
comprovação por perícia médica oficial.
§ 1º A licença somente será deferida se a
assistência direta do servidor for indispensável e
não puder ser prestada simultaneamente com o
exercício do cargo ou mediante compensação de
horário, na forma do disposto no inciso II do art. 44.
§ 2º A licença de que trata o caput, incluídas as
prorrogações, poderá ser concedida a cada
período de doze meses nas seguintes condições:
I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não,
mantida a remuneração do servidor; e
II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não,
sem remuneração.
Logo, Aricleia poderá solicitar Licença por Motivo
de Doença em Pessoa da Família, a qual só será
deferida se a assistência de Aricleia para com sua
enteada for indispensável e não puder ser prestada
mediante compensação de horário, conforme
artigo 83, § 1º, da Lei nº 8.112/90.
Ademais, a licença, se concedida por até 90 dias,
consecutivos ou não, será sem remuneração, na
forma do artigo 83, § 2º, II, da Lei nº 8.112/90.
Quanto a Licença por Motivo de Afastamento do
Cônjuge, esta poderá ser concedida na forma do
artigo 84 da Lei nº 8.112/90:
Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor
para acompanhar cônjuge ou companheiro que foi
deslocado para outro ponto do território nacional,
para o exterior ou para o exercício de mandato
eletivo dos Poderes Executivo e Legislativo.
§ 1º A licença será por prazo indeterminado e sem
remuneração.
Logo, Etevaldo poderá solicitar Licença por Motivo
de Afastamento do Cônjuge, a qual será por prazo
indeterminado e sem remuneração, de acordo com
artigo 84, § 1º, da Lei nº 8.112/90.
Por fim, em relação à Licença para Atividade
Política, o artigo 86, § 2º, da Lei nº 8.112/90
determina que o servidor fará jus à licença a partir
do registro da candidatura e até o décimo dia
seguinte ao da eleição, ficando a ele assegurados
os vencimentos do cargo efetivo, somente pelo
período de três meses.
Art. 86. (...)
§ 2º A partir do registro da candidatura e até o
décimo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará
jus à licença, assegurados os vencimentos do cargo
efetivo, somente pelo período de três meses.
Assim sendo, Dejane poderá solicitar Licença para
Atividade Política, pois faz jus a ela a partir do
registro da candidatura e até o 10º dia seguinte ao
da eleição, assegurados os vencimentos do cargo
efetivo, somente pelo período de 3 meses.
Letra A
INCORRETA
Etevaldo poderá solicitar Licença por Motivo de
Afastamento do Cônjuge, a qual será por prazo
32
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
indeterminado, porém sem remuneração, de
acordo com artigo 84, § 1º, da Lei nº 8.112/90.
Letra B
INCORRETA
Aricleia poderá solicitar Licença por Motivo de
Doença em Pessoa da Família, a qual só será
deferida se a assistência de Aricleia para com sua
enteada for indispensável e não puder ser prestada
mediante compensação de horário, conforme
artigo 83, § 1º, da Lei nº 8.112/90.
Letra C
CORRETA
Dejane poderá solicitar Licença para Atividade
Política, pois faz jus a ela a partir do registro da
candidatura e até o 10º dia seguinte ao da eleição,
assegurados os vencimentos do cargo efetivo,
somente pelo período de 3 meses, na forma do
artigo 86, § 2º, da Lei nº 8.112/90.
Letra D
INCORRETA Aricleia poderá solicitar Licença por
Motivo de Doença em Pessoa da Família, a qual, se
concedida por até 90 dias, consecutivos ou não,
será sem remuneração, na forma do artigo 83, § 2
º, II, da Lei nº 8.112/90.
Comentário Curto
Aricleia poderá solicitar Licença por Motivo de
Doença em Pessoa da Família, a qual só será
deferida se sua assistência for indispensável e não
puder ser prestada mediante compensação de
horário, conforme artigo 83, § 1º, da Lei nº
8.112/90; se concedida por até 90 dias,
consecutivos ou não, a licença será sem
remuneração, na forma do artigo 83, § 2º, II, da
Lei nº 8.112/90. Já no caso de Etevaldo, este
poderá solicitar Licença por Motivo de
Afastamento do Cônjuge, a qual será por prazo
indeterminado, porém sem remuneração, de
acordo com artigo 84, § 1º, da Lei nº 8.112/90.
Por fim, Dejane poderá solicitar Licença para
Atividade Política, pois faz jus a ela a partir do
registro da candidatura e até o 10º dia seguinte ao
da eleição, assegurados os vencimentos do cargo
efetivo, somente pelo período de 3 meses,
conforme artigo 86, § 2º, da Lei nº 8.112/90.
Gabarito: C
Questão 28.
Bons Frutos, pessoa jurídica de direito privado,
operou tratamento de alguns dados pessoais,
dentre eles os de Marlúcia, autônoma domiciliada
no Rio de Janeiro. Sabendo que os dados pessoais
foram coletados em território nacional, mas que a
sede de Bons Frutos fica na Alemanha, assinale a
alternativa correta:
a) As regras constantes da Lei de Proteção de
Dados Pessoais não se aplicam a Bons Frutos,
posto que é pessoa jurídica de direito privado com
sede em outro país.
b) O tratamento dos dados pessoais de Marlúciasomente poderá ser realizado mediante seu
consentimento, o qual, se fornecido por escrito,
deverá constar de cláusula destacada das demais
cláusulas contratuais.
c) Se o tratamento dos dados pessoais coletados
visar exclusivamente fins artísticos, jornalísticos,
médicos ou educacionais, não se aplica a Lei de
Proteção de Dados Pessoais.
d) Após o término do tratamento dos dados
pessoais coletados, Bons Frutos deverá arquivá-los,
sendo permitido seu acesso por terceiros, desde
que anonimizados.
Comentário Longo
A questão trata da Lei nº 13.709/2018, a Lei Geral
de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Primeiramente, o artigo 1º da LGPD determina que
pessoa jurídica de direito privado poderá, sim,
realizar o tratamento de dados pessoais. Veja:
33
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o tratamento de
dados pessoais, inclusive nos meios digitais, por
pessoa natural ou por pessoa jurídica de direito
público ou privado, com o objetivo de proteger os
direitos fundamentais de liberdade e de
privacidade e o livre desenvolvimento da
personalidade da pessoa natural.
E, além disso, o artigo 3º, caput e III, da LGPD
dispõe que independe do país de sede da pessoa
jurídica de direito privado, desde que: a operação
de tratamento seja realizada no território nacional;
ou a atividade de tratamento tenha por objetivo a
oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o
tratamento de dados de indivíduos localizados no
território nacional; ou os dados pessoais objeto do
tratamento tenham sido coletados no território
nacional.
Art. 3º Esta Lei aplica-se a qualquer operação de
tratamento realizada por pessoa natural ou por
pessoa jurídica de direito público ou privado,
independentemente do meio, do país de sua sede
ou do país onde estejam localizados os dados,
desde que:
I - a operação de tratamento seja realizada no
território nacional;
II - a atividade de tratamento tenha por objetivo a
oferta ou o fornecimento de bens ou serviços ou o
tratamento de dados de indivíduos localizados no
território nacional; ou
III - os dados pessoais objeto do tratamento
tenham sido coletados no território nacional.
Portanto, no caso concreto narrado, as regras da
LGPD se aplicam, sim, a empresa Bons Frutos,
posto que é pessoa jurídica de direito privado, e os
dados pessoais objeto do tratamento foram
coletados no território nacional. Independe, pois,
do fato de sua sede ser fora do país.
Já o artigo 4º elenca os casos em que a LGPD não
se aplica:
Art. 4º Esta Lei não se aplica ao tratamento de
dados pessoais:
I - realizado por pessoa natural para fins
exclusivamente particulares e não econômicos;
II - realizado para fins exclusivamente:
a) jornalístico e artísticos; ou
b) acadêmicos, aplicando-se a esta hipótese os arts.
7º e 11 desta Lei;
III - realizado para fins exclusivos de:
a) segurança pública;
b) defesa nacional;
c) segurança do Estado; ou
d) atividades de investigação e repressão de
infrações penais; ou
IV - provenientes de fora do território nacional e
que não sejam objeto de comunicação, uso
compartilhado de dados com agentes de
tratamento brasileiros ou objeto de transferência
internacional de dados com outro país que não o
de proveniência, desde que o país de proveniência
proporcione grau de proteção de dados pessoais
adequado ao previsto nesta Lei.
Desta feita, na forma do artigo 4º, II, alíneas a e b,
da LGPD, se o tratamento de dados pessoais for
realizado para fins exclusivamente jornalísticos,
artísticos, ou acadêmicos, as disposições da LGPD
não se aplicam. No entanto, em nenhum dos incisos
ou alíneas do artigo 4º tem-se a exclusão de
tratamento de dados pessoais visando fins médicos
ou educacionais, motivo pelo qual, nestes 2 casos,
aplica-se, sim, a LGPD.
Mencione-se que o artigo 7º, I, da LGPD determina
que o tratamento de dados pessoais somente
poderá ser realizado mediante o fornecimento de
consentimento pelo titular:
Art. 7º O tratamento de dados pessoais somente
poderá ser realizado nas seguintes hipóteses:
34
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
I - mediante o fornecimento de consentimento pelo
titular;
Ademais, o artigo 8º, caput e § 1º, determina que
esse consentimento deve ser fornecido por escrito
ou por outro meio que demonstre a manifestação
de vontade do titular; mas, se fornecido por escrito,
esse deverá constar de cláusula destacada das
demais cláusulas contratuais:
Art. 8º O consentimento previsto no inciso I do art.
7º desta Lei deverá ser fornecido por escrito ou por
outro meio que demonstre a manifestação de
vontade do titular.
§ 1º Caso o consentimento seja fornecido por
escrito, esse deverá constar de cláusula destacada
das demais cláusulas contratuais.
Logo, no caso concreto, é sim necessário o
consentimento de Marlúcia para que seja realizado
o tratamento de seus dados pessoais. E, se este
consentimento for fornecido por escrito, deverá
constar de cláusula destacada das demais cláusulas
contratuais.
Por fim, após o término do tratamento os dados
devem ser eliminados, somente sendo autorizada a
conservação em alguns casos. De qualquer
maneira, é vedado o acesso dos dados conservados
por terceiros. É o que determina artigo 16, caput e
inciso IV, da LGPD:
Art. 16. Os dados pessoais serão eliminados após o
término de seu tratamento, no âmbito e nos limites
técnicos das atividades, autorizada a conservação
para as seguintes finalidades:
I - cumprimento de obrigação legal ou regulatória
pelo controlador;
II - estudo por órgão de pesquisa, garantida,
sempre que possível, a anonimização dos dados
pessoais;
III - transferência a terceiro, desde que respeitados
os requisitos de tratamento de dados dispostos
nesta Lei; ou
IV - uso exclusivo do controlador, vedado seu
acesso por terceiro, e desde que anonimizados os
dados.
Bons Tempos, portanto, deverá eliminar os dados
pessoais coletados após o término de seu
tratamento, podendo conservá-los para seu uso
exclusivo, desde que anonimizados os dados,
sendo vedado seu acesso por terceiros.
Letra A
INCORRETA
De acordo com artigo 1º e artigo 3º, caput e inciso
III, da Lei Geral de Proteção de Dados, as regras da
LGPD se aplicam, sim, a empresa Bons Frutos,
posto que é pessoa jurídica de direito privado, e os
dados pessoais objeto do tratamento foram
coletados no território nacional. Independe, pois,
do fato de sua sede ser fora do país.
Letra B
CORRETA
Conforme artigo 7º, I, e artigo 8º, caput e § 1º, da
Lei Geral de Proteção de Dados, realmente é
necessário o consentimento de Marlúcia para que
seja realizado o tratamento de seus dados pessoais.
E, se este consentimento for fornecido por escrito,
deverá constar de cláusula destacada das demais
cláusulas contratuais.
Letra C
INCORRETA
De acordo com artigo 4º, II, alíneas a e b, da Lei
Geral de Proteção de Dados, se o tratamento de
dados pessoais for realizado para fins
exclusivamente jornalísticos, artísticos, ou
acadêmicos, as disposições da LGPD não se
aplicam. No entanto, em nenhum dos incisos ou
alíneas do artigo 4º tem-se a exclusão de
tratamento de dados pessoais visando fins médicos
ou educacionais, motivo pelo qual, nestes 2 casos,
aplica-se, sim, a LGPD.
Letra D
35
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
INCORRETA
Conforme artigo 16, caput e inciso IV, da Lei Geral
de Proteção de Dados, Bons Tempos realmente
deverá eliminar os dados pessoais coletados após
o término de seu tratamento, podendo conservá-
los para seu uso exclusivo, desde que anonimizados
os dados. No entanto, é vedado o acesso desses
dados por terceiros.
Comentário Curto
De acordo com artigo 1º e artigo 3º, caput e inciso
III, da LGPD, as regras da LGPD se aplicam, sim, a
empresa Bons Frutos, posto que é pessoa jurídica
de direito privado, e os dados pessoais objeto do
tratamento foram coletados no território nacional.
Independe, pois, do fatode sua sede ser fora do
país. Além disso, conforme artigo 7º, I, e artigo 8º,
caput e § 1º, da LGPD, realmente é necessário o
consentimento de Marlúcia para que seja realizado
o tratamento de seus dados pessoais. E, se este
consentimento for fornecido por escrito, deverá
constar de cláusula destacada das demais cláusulas
contratuais. Ademais, em nenhum dos incisos ou
alíneas do artigo 4º tem-se a exclusão de
tratamento de dados pessoais visando fins médicos
ou educacionais, motivo pelo qual, nestes 2 casos,
aplica-se, sim, a LGPD. Bons Tempos realmente
deverá eliminar os dados pessoais coletados após
o término de seu tratamento, podendo conservá-
los para seu uso exclusivo, desde que anonimizados
os dados. No entanto, é vedado o acesso desses
dados por terceiros, conforme artigo 16, caput e
inciso IV, da LGPD.
Gabarito: B
Questão 29.
O Governador do Estado Zeta, em decisão
administrativa, pretende estabelecer nova
interpretação acerca de uma norma, o que
culminará na imposição de um novo dever. Ocorre
que esta norma, até então, possui conteúdo
indeterminado, motivo pelo qual o Governador Eca
em dúvida quanto a legalidade de sua decisão. Por
este motivo, resolve consultar você, como
advogado, em busca da melhor alternativa. Você,
então, informa ao Governador de Zeta que:
a) é possível que, em esfera administrativa, seja
estabelecida nova interpretação acerca de uma
norma de conteúdo indeterminado, desde que não
culmine na imposição de novo dever.
b) não é possível que, em esfera administrativa, seja
estabelecida nova interpretação acerca de uma
norma, ainda que ela tenha conteúdo
indeterminado.
c) é possível que, em esfera administrativa, seja
estabelecida nova interpretação acerca de norma
de conteúdo indeterminado, com imposição de
novo dever, mas deverá haver previsão de regime
de transição, se este for indispensável para o
cumprimento proporcional do novo dever.
d) somente é possível a imposição de novo dever a
partir de interpretação sobre norma de conteúdo
indeterminado, na esfera judicial.
Comentário Longo
A questão trabalha as disposições mais recentes da
LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, incluídas pela Lei nº 13.655/2018 e
relativas à segurança jurídica e eficiência na criação
e na aplicação do direito público.
Em especial, temos o texto do artigo 23:
Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou
judicial que estabelecer interpretação ou
orientação nova sobre norma de conteúdo
indeterminado, impondo novo dever ou novo
condicionamento de direito, deverá prever regime
de transição quando indispensável para que o novo
dever ou condicionamento de direito seja
cumprido de modo proporcional, equânime e
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
36
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Veja que, tanto nas esferas administrativa,
controladora ou judicial pode se estabelecer
interpretação ou orientação nova sobre norma de
conteúdo indeterminado, mesmo que culmine na
imposição de novo dever ou novo
condicionamento de direito.
No entanto, nestes casos, deverá haver previsão de
regime de transição quando indispensável para que
o novo dever ou condicionamento de direito seja
cumprido de modo proporcional, equânime e
eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.
Portanto, no caso concreto narrado, é possível que
o Governador de Zeta, em decisão administrativa,
estabeleça nova interpretação acerca da norma de
conteúdo indeterminado, ainda que culmine na
imposição de um novo dever, devendo prever
regime de transição quando este for indispensável
para que o novo dever seja cumprido de modo
proporcional.
Letra A
INCORRETA
Conforme artigo 23 da LINDB, é possível que o
Governador de Zeta, em decisão administrativa,
estabeleça nova interpretação acerca da norma de
conteúdo indeterminado, ainda que culmine na
imposição de um novo dever, devendo prever
regime de transição quando este for indispensável
para que o novo dever seja cumprido de modo
proporcional.
Letra B
INCORRETA
Conforme artigo 23 da LINDB, é possível que o
Governador de Zeta, em decisão administrativa,
estabeleça nova interpretação acerca da norma de
conteúdo indeterminado, ainda que culmine na
imposição de um novo dever, devendo prever
regime de transição quando este for indispensável
para que o novo dever seja cumprido de modo
proporcional.
Letra C
CORRETA
Conforme artigo 23 da LINDB, é possível que o
Governador de Zeta, em decisão administrativa,
estabeleça nova interpretação acerca da norma de
conteúdo indeterminado, ainda que culmine na
imposição de um novo dever, devendo prever
regime de transição quando este for indispensável
para que o novo dever seja cumprido de modo
proporcional.
Letra D
INCORRETA
Conforme artigo 23 da LINDB, é possível que o
Governador de Zeta, em decisão administrativa,
estabeleça nova interpretação acerca da norma de
conteúdo indeterminado, ainda que culmine na
imposição de um novo dever, devendo prever
regime de transição quando este for indispensável
para que o novo dever seja cumprido de modo
proporcional.
Comentário Curto
Conforme artigo 23 da LINDB, é possível que o
Governador de Zeta, em decisão administrativa,
estabeleça nova interpretação acerca da norma de
conteúdo indeterminado, ainda que culmine na
imposição de um novo dever, devendo prever
regime de transição quando este for indispensável
para que o novo dever seja cumprido de modo
proporcional.
Gabarito: C
Questão 30.
A Empresa Bons Transportes, responsável pelo
transporte público no Município Gama, vem
prestando, nos últimos meses, serviço inadequado,
posto que não há segurança nos ônibus de sua
frota, além do serviço estar se mostrando irregular
e descontínuo. O Município Gama, portanto,
pretende extinguir a concessão de serviço público
37
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
realizada com a Empresa Bons Transportes. Sobre
essa situação, assinale a alternativa correta.
a) O Poder Público de Gama deverá declarar a
caducidade.
b) A extinção da concessão se dará por
encampação.
c) A extinção da concessão se dará por meio de lei
autorizativa específica, e somente após prévio
processo administrativo que comprove a
inadimplência.
d) A extinção da concessão não resultará para
Gama qualquer espécie de responsabilidade em
relação aos encargos, ônus, obrigações ou
compromissos com terceiros.
Comentário Longo
A questão trata das concessões de serviço público,
dispostas na Lei nº 8.987/1995, mais
especificamente no tocante à extinção.
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
I - advento do termo contratual;
II - encampação;
III - caducidade;
IV - rescisão;
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária
e falecimento ou incapacidade do titular, no caso
de empresa individual.
A encampação se dará por motivo de interesse
público, conforme artigo 37 da Lei nº 8.987/1995:
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do
serviço pelo poder concedente durante o prazo da
concessão, por motivo de interesse público,
mediante lei autorizativa específica e após prévio
pagamento da indenização, na forma do artigo
anterior.
Já a caducidade se dará pela inexecução do
contrato, em especial quando o serviço for
prestado de forma inadequada. É o que dispõe
artigo 38, caput, e § 1º, I, da Lei nº 8.987/1995:
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato
acarretará, a critério do poder concedente, a
declaração de caducidade da concessão ou a
aplicação das sanções contratuais, respeitadas as
disposições deste artigo, do art. 27, e as normas
convencionadas entre as partes.
§ 1º A caducidade da concessão poderá ser
declarada pelo poder concedente quando:
I - o serviço estiver sendo prestado de forma
inadequada ou deficiente, tendo por base as
normas, critérios, indicadores e parâmetros
definidores da qualidade do serviço;
Observe a expressão “poderá ser declarada”.Significa dizer que o poder público não “deverá”
, obrigatoriamente declará-la, e sim que ele PODE,
a seu critério, declarar a caducidade, em caso de
inexecução do contrato.
Primeiramente o poder concedente deverá
comunicar à concessionária, detalhadamente, os
descumprimentos contratuais, dando-lhe um prazo
para corrigir as falhas e transgressões apontadas.
Se não forem corrigidas as falhas, o poder
concedente deve instaurar processo administrativo
para verificar a inadimplência da concessionária,
assegurada ampla defesa. Somente após isso, se
comprovada a inadimplência, é que a caducidade
será declarada. Essa declaração se dará por
decreto do poder concedente,
independentemente de indenização prévia. É o
que dispõe o texto dos §§ 2º, 3º e 4º do artigo
38 da Lei nº 8.987/1995:
§ 2º A declaração da caducidade da concessão
deverá ser precedida da verificação da
inadimplência da concessionária em processo
administrativo, assegurado o direito de ampla
defesa.
§ 3º Não será instaurado processo administrativo
de inadimplência antes de comunicados à
38
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
concessionária, detalhadamente, os
descumprimentos contratuais referidos no § 1º
deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as
falhas e transgressões apontadas e para o
enquadramento, nos termos contratuais.
§ 4º Instaurado o processo administrativo e
comprovada a inadimplência, a caducidade será
declarada por decreto do poder concedente,
independentemente de indenização prévia,
calculada no decurso do processo.
Por fim, mencione-se que, na forma do artigo 38,
§ 6º da Lei nº 8.987/1995, a caducidade não
resultará para o poder concedente qualquer
espécie de responsabilidade em relação aos
encargos, ônus, obrigações ou compromissos com
terceiros ou com empregados da concessionária:
§ 6º Declarada a caducidade, não resultará para o
poder concedente qualquer espécie de
responsabilidade em relação aos encargos, ônus,
obrigações ou compromissos com terceiros ou com
empregados da concessionária.
Letra A
INCORRETA
O Poder Público de Gama PODERÁ (e não “
deverá”) declarar a caducidade, conforme artigo
38, caput, e § 1º, da Lei nº 8.987/1995.
Letra B
INCORRETA
O caso em concreto trata de extinção por
caducidade, e não por encampação, conforme
artigo 38, caput, da Lei nº 8.987/1995.
Letra C
INCORRETA
Instaurado o processo administrativo e
comprovada a inadimplência, a caducidade será
declarada por decreto do poder concedente,
independentemente de indenização prévia,
calculada no decurso do processo, conforme artigo
38, § 4º, da Lei nº 8.987/1995.
Letra D
CORRETA
A extinção da concessão não resultará para Gama
qualquer espécie de responsabilidade em relação
aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos
com terceiros, conforme artigo 38, § 6º, da Lei nº
8.987/1995.
Comentário Curto
O caso em concreto trata de extinção por
caducidade, e não por encampação, conforme
artigo 38, caput, da Lei nº 8.987/1995. O Poder
Público de Gama PODERÁ (e não “deverá”)
declarar a caducidade, conforme artigo 38, caput,
e § 1º, da Lei nº 8.987/1995. Instaurado o
processo administrativo e comprovada a
inadimplência, a caducidade será declarada por
decreto do poder concedente,
independentemente de indenização prévia,
calculada no decurso do processo, conforme artigo
38, § 4º, da Lei nº 8.987/1995. A extinção da
concessão não resultará para Gama qualquer
espécie de responsabilidade em relação aos
encargos, ônus, obrigações ou compromissos com
terceiros, conforme artigo 38, § 6º, da Lei nº
8.987/1995.
Gabarito: D
Questão 31.
Janice, dirigente de autarquia municipal de Alfa,
cidade localizada no Estado Zeta, Eca sabendo de
um terreno localizado no centro da cidade que está
sem uso há muitos anos. Ela, então, pretende
desapropriá-lo, para dar lugar à construção de um
hospital público, que beneficiará toda a população
de Alfa e das cidades vizinhas. Acerca da situação
narrada, assinale a alternativa correta.
a) A autarquia municipal dirigida por Janice não
pode promover a desapropriação.
39
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
b) A autarquia municipal dirigida por Janice poderá
declarar a utilidade pública do terreno, pois as
autarquias são entes públicos de direito público.
c) Se intentada judicialmente a desapropriação
pelo município Alfa, o foro competente será o da
capital de Zeta.
d) Se o Poder público não destinar o terreno a
construção do hospital e nem a nenhuma outra
utilização, permanecendo inerte, o proprietário do
terreno não fará jus à retrocessão.
Comentário Longo
A questão trata de desapropriação, especialmente
no tocante aos dispositivos do DL 3.365/1941.
É preciso ressaltar que o procedimento de
desapropriação é composto por duas fases: fase
declaratória e fase executória.
Na fase declaratória, o processo administrativo irá
verificar a caracterização da utilidade pública, com
o objetivo de expedir o decreto expropriatório.
Veja o que determina artigo 6º do Decreto:
Art. 6º A declaração de utilidade pública far-se-á
por decreto do Presidente da República,
Governador, Interventor ou Prefeito.
Portanto, quem deve declarar a utilidade pública é
o chefe do executivo; no caso concreto, o prefeito
de Alfa.
Já na fase executória, a desapropriação será
efetivamente promovida. Na forma do artigo 3º do
Decreto:
Art. 3º Podem promover a desapropriação,
mediante autorização expressa constante de lei ou
contrato:
I - os concessionários, inclusive aqueles contratados
nos termos da Lei nº 11.079, de 30 de dezembro
de 2004;
II - as entidades públicas;
III - as entidades que exerçam funções delegadas
do poder público; e
IV - as autorizatárias para a exploração de ferrovias
como atividade econômica.
Desta forma, autarquia municipal dirigida por
Janice poderá, sim, promover a desapropriação, se
houver autorização expressa constante de lei ou
contrato.
A fase executória poderá se dar mediante acordo
ou intentada judicialmente, conforme artigo 10 do
Decreto:
Art. 10. A desapropriação deverá efetivar-se
mediante acordo ou intentar-se judicialmente,
dentro de cinco anos, contados da data da
expedição do respectivo decreto e findos os quais
este caducará.
Em caso de processo judicial, a ação deve ser
proposta na forma do artigo 11 do Decreto:
Art. 11. A ação, quando a União for autora, será
proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital
do Estado onde for domiciliado o réu, perante o
juízo privativo, se houver; sendo outro o autor, no
foro da situação dos bens.
Se o autor da desapropriação, portanto, for o
município Alfa, o foro competente será o de
situação do bem imóvel, ou seja, Alfa.
Por fim, falemos da adestinação. Segundo a
doutrina majoritária, a adestinação seria a ausência
de qualquer finalidade dada ao bem após finalizada
a desapropriação. Celso Antônio Bandeira de Melo
defende que em hipóteses de adestinação não
cabe o direito de retrocessão, ou seja, não cabe
reclamar o bem de volta, haja vista que o Poder
Público não é obrigado a, dentro de determinado
prazo, dar um fim ao imóvel.
Portanto, caso o município Alfa não destine o
terreno a construção do hospital e nem a nenhuma
outra utilização, permanecendo inerte, o
proprietário do terreno não fará jus à retrocessão.
Letra A
INCORRETA
40
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
A autarquia municipal dirigida por Janice poderá,
sim, promover a desapropriação, se houver
autorização expressa constante de lei ou contrato,
conforme artigo 3º do DL 3.365/41.
Letra B
INCORRETA
A declaração de utilidade pública far-se-á por
decreto do Presidente da República, Governador,
Interventor ou Prefeito, conforme artigo 6º do DL
3.365/41.
Letra C
INCORRETA
Se intentada judicialmente a desapropriação pelo
município Alfa, o foro competente será o de Alfa,
conforme artigo 11 do DL 3.365/41.
Letra D
CORRETA
Caso o município Alfa nãodestine o terreno a
construção do hospital e nem a nenhuma outra
utilização, permanecendo inerte, isso será caso de
adestinação, a qual não dá ao proprietário do
terreno direito à retrocessão.
Comentário Curto
As autarquias podem promover a desapropriação,
se houver autorização expressa constante de lei ou
contrato, conforme artigo 3º do DL 3.365/41. A
declaração de utilidade pública far-se-á por
decreto do Presidente da República, Governador,
Interventor ou Prefeito, conforme artigo 6º do DL
3.365/41. Se intentada judicialmente a
desapropriação pelo município Alfa, o foro
competente será o de Alfa, conforme artigo 11 do
DL 3.365/41. Caso o município Alfa não destine o
terreno a construção do hospital e nem a nenhuma
outra utilização, permanecendo inerte, isso será
caso de adestinação, a qual não dá ao proprietário
do terreno direito à retrocessão.
Gabarito: D
Questão 32.
Maurício é parte em processo administrativo no
órgão federal no qual é servidor. Inconformado
com a decisão, pretende interpor recurso dirigido
à autoridade superior. Ressalte-se que a decisão foi
proferida em decisão proferida e Maurício
cientificado em 07/02/2022, um dia de segunda-
feira, e que não há nenhum feriado nos próximos
dias. Acerca dessa situação, assinale a alternativa
correta.
a) Maurício não deve dirigir o recurso à autoridade
superior, e sim à autoridade que proferiu a decisão.
b) O recurso de Maurício poderá tramitar por até 2
instâncias administrativas.
c) Maurício tem até o dia 21/02/2022 para interpor
recurso.
d) Para obter o efeito suspensivo em relação a seu
recurso, Maurício deverá requerer à autoridade
recorrida, a qual não poderá concedê-lo de ofício.
Comentário Longo
A questão trata da Lei 9.784/1999, relativa ao
processo administrativo no âmbito da
Administração Pública Federal, mais
especificamente do tocante aos recursos e revisão.
Na forma do artigo 56, § 1º, da Lei:
Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso,
em face de razões de legalidade e de mérito.
§ 1º O recurso será dirigido à autoridade que
proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no
prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade
superior.
O recurso deve ser dirigido à autoridade que
proferiu a decisão, e apenas se esta não
reconsiderar no prazo de 5 dias, é que o recurso é
encaminhado à autoridade superior.
Este recurso poderá tramitar por até 3 instâncias
administrativas, conforme artigo 57:
41
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Art. 57. O recurso administrativo tramitará no
máximo por três instâncias administrativas, salvo
disposição legal diversa.
O prazo para interposição do recurso será de 10
dias, na forma do artigo 59. Este prazo conta-se em
dias corridos, conforme determina artigo 66, caput
e § 2º da Lei:
Art. 59. Salvo disposição legal específica, é de dez
dias o prazo para interposição de recurso
administrativo, contado a partir da ciência ou
divulgação oficial da decisão recorrida.
Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da
data da cientificação oficial, excluindo-se da
contagem o dia do começo e incluindo-se o do
vencimento.
§ 2º Os prazos expressos em dias contam-se de
modo contínuo.
Portanto, no caso concreto narrado, o prazo
começa a correr da cientificação de Maurício
(07/02/2022). Excluindo-se o dia de começo e
incluindo o dia do vencimento, tem-se que o dia
final do prazo para Maurício interpor o recurso será
17/02/2022.
Por fim, mencione-se que o recurso administrativo,
em regra, não tem efeito suspensivo, mas o juiz
poderá concedê-lo, de ofício ou a requerimento da
parte, se houver justo receio de prejuízo de difícil
ou incerta reparação decorrente da execução. É o
que determina artigo 61, caput e parágrafo único
da Lei:
Art. 61. Salvo disposição legal em contrário, o
recurso não tem efeito suspensivo.
Parágrafo único. Havendo justo receio de prejuízo
de difícil ou incerta reparação decorrente da
execução, a autoridade recorrida ou a
imediatamente superior poderá, de ofício ou a
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso.
Desta feita, Maurício poderá, sim, requer o efeito
suspensivo do recurso, se houver justo receio de
prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente
da execução.
Letra A
CORRETA
Maurício não deve dirigir o recurso à autoridade
superior, e sim à autoridade que proferiu a decisão,
conforme artigo 56, § 1º, da Lei 9.784/99.
Letra B
INCORRETA
O recurso de Maurício poderá tramitar por até 3
instâncias administrativas, conforme artigo 57 da
Lei 9.784/99.
Letra C
INCORRETA
Maurício tem até o dia 17/02/2022 para interpor
recurso, conforme artigos 59 e 66, caput e § 2º, da
Lei 9.784/99.
Letra D
INCORRETA
A autoridade recorrida poderá, de ofício ou a
pedido, dar efeito suspensivo ao recurso, se houver
justo receio de prejuízo de difícil ou incerta
reparação decorrente da execução, conforme
artigo 61, caput e parágrafo único, da Lei 9.784/99.
Comentário Curto
Maurício não deve dirigir o recurso à autoridade
superior, e sim à autoridade que proferiu a decisão,
conforme artigo 56, § 1º, da Lei 9.784/99. O
recurso de Maurício poderá tramitar por até 3
instâncias administrativas, conforme artigo 57 da
Lei 9.784/99. Maurício tem até o dia 17/02/2022
para interpor recurso, conforme artigos 59 e 66,
caput e § 2º, da Lei 9.784/99. A autoridade
recorrida poderá, de ofício ou a pedido, dar efeito
suspensivo ao recurso, se houver justo receio de
prejuízo de difícil ou incerta reparação decorrente
da execução, conforme artigo 61, caput e
parágrafo único, da Lei 9.784/99.
42
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Gabarito: A
Direito Ambiental
André Rocha
Questão 33.
Governo Federal pretende expandir a malha
ferroviária e irá construir mais de mil quilômetros
de ferrovia ligando a região sudeste ao sul do país.
Neste caso, será competente para realizar o
licenciamento ambiental:
a) O órgão ambiental federal.
b) Os órgãos ambientais dos municípios
impactados pelo empreendimento.
c) O órgão ambiental federal e os órgãos
ambientais dos estados e municípios impactados.
d) O licenciamento será realizado pelos órgãos
ambientais dos estados atingidos, com a
supervisão do órgão federal.
Comentários
De acordo com o art. 7º, XIV, “e” da LC 140/11
compete à União promover o licenciamento
ambiental de empreendimentos e atividades
localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais
Estados. Logo, o órgão ambiental federal será
competente para realizar o licenciamento
ambiental.
Questão 34.
Uma barragem de rejeitos de empresa mineradora
localizada no norte do estado de Minas Gerais
sofreu um rompimento causando grandes danos. A
barragem da mineradora usava uma tecnologia de
construção bastante comum nos projetos de
mineração, mas é considerada uma opção menos
segura e mais propensa a riscos de acidentes,
porque a barragem é construída em cima de
rejeitos que já foram depositados.
Neste caso, considerando as normas referentes ao
licenciamento ambiental e à responsabilidade
ambiental:
A) O órgão ambiental competente, mediante
decisão motivada, poderá modificar as
condicionantes e as medidas de controle e
adequação, suspender ou cancelar uma licença
expedida.
B) Se a empresa tiver licença ambiental válida, a
empresa poderá continuar suas atividades e o
órgão ambiental não poderá modificar as
condicionantes e as medidas de controle e
adequação.
C) A responsabilidade civil por dano ambiental
dependerá da comprovação de culpa.
D) Em nenhuma hipótese, a empresa responderá
criminalmente, haja vista decisão do STF não
reconhecendo a responsabilidade de pessoa
jurídica por crimes ambientais.
Comentários
De acordo com o art. 19, da Resolução CONAMA
237/97, o órgão ambiental competente, mediante
decisão motivada, poderá modificar os
condicionantes e as medidas de controle e
adequação, suspender ou cancelar uma licença
expedida, quando ocorrer:I - Violação ou
inadequação de quaisquer condicionantes ou
normas legais. II - Omissão ou falsa descrição de
informações relevantes que subsidiaram a
expedição da licença. III - superveniência de graves
riscos ambientais e de saúde.
Direito Civil
Paulo Sousa
Questão 35.
Bia, manicure, entregou a Pedro empresário,
duzentos adesivos de decorativos de unha para
serem vendidos em sua loja. Ficou ajustado no
contrato, que Pedro pagaria a Bia o valor de cinco
43
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
reais por adesivo vendido, no prazo de um mês,
totalizando mil reais. Os adesivos não vendidos
deveriam ser devolvidos a Bia. Pedro não estava
vendendo nenhum adesivo, então decidiu fazer
uma promoção, vendendo os adesivos pela metade
do preço, arrecadando quinhentos reais com a
venda. Com a promoção, Pedro vendeu todos os
adesivos. Findo o prazo do contrato, Bia foi até a
loja de Pedro e exigiu o valor inicialmente
acordado, de mil reais. Sobre o caso, é correto
afirmar que
A) Por se tratar de contrato estimatório ou de
consignação, cabe a Pedro (consignatário) pagar a
Bia (consignante) cinco reais por adesivo vendido,
independentemente do valor de venda a terceiros.
Ainda, por ser dever do consignatário restituir a
coisa não vendida, cabe a ele arcar com as
despesas necessárias à sua conservação, sem
deduzi-las do preço a ser pago à consignante.
B) Por se tratar de contrato estimatório ou de
consignação, cabe a Pedro (consignatário) pagar a
Bia (consignante) o valor que vendeu a terceiros,
independentemente do valor previsto no contrato,
devido ao risco que as vendas se sujeitam. Ainda,
por ser dever do consignatário restituir a coisa não
vendida, cabe a ele arcar com as despesas
necessárias à sua conservação, sem deduzi-las do
preço a ser pago à consignante.
C) Por se tratar de contrato estimatório ou de
consignação, cabe a Pedro (consignatário) pagar a
Bia (consignante) o valor inicialmente previsto no
contrato mais o dobro, por ter alterado o valor do
produto sem autorização. Ainda, por ser dever do
consignatário restituir a coisa não vendida, cabe a
ele arcar com as despesas necessárias à sua
conservação, sem deduzi-las do preço a ser pago à
consignante.
D) Por se tratar de contrato estimatório ou de
consignação, cabe a Pedro (consignatário) pagar a
Bia (consignante) cinco reais por adesivo vendido,
independentemente do valor de venda a terceiros.
Ainda, o consignatário pode cobrar as despesas
necessárias à conservação do bem, deduzindo-as
do preço a ser pago à consignante.
Comentário Longo
A questão versa sobre o contrato estimatório ou de
consignação.
Popularmente conhecido como “venda em
consignação”, é o contrato pelo qual o
proprietário (consignante) entrega a posse da coisa
à outra pessoa (consignatário), cedendo-lhe o
poder de dispor da coisa, dentro de prazo
determinado.
O consignatário fica obrigado a devolver o bem ou
entregar ao consignatário o preço previamente
ajustado pela coisa (preço de estima) dentro do
prazo determinado, como estabelece o art. 534, o
que torna a propriedade resolúvel. O consignatário
é responsável pelos riscos da coisa, integralmente,
ainda que não seja o fato a ele imputável, a teor do
art. 535. Caso fortuito, força maior, culpa exclusiva
de terceiro não excluem a reponsabilidade civil do
consignatário, portanto. Em outras palavras, a
responsabilidade do consignatário é exatamente
igual à do proprietário, ainda que ele não o seja.
Gabarito: A
Letra A (item árvore: 12)
A alternativa está correta, pois Pedro deve pagar a
Bia o valor inicialmente acordado,
independentemente do valor vendido a terceiros,
conforme dispõe o art. 534: "Pelo contrato
estimatório, o consignante entrega bens móveis ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los,
pagando àquele o preço ajustado, salvo se preferir,
no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa
consignada". Ainda, Pedro não pode deduzir o
valor da conservação do bem do valor do contrato,
conforme art. 535.
Letras B, C e D (item árvore: 12)
44
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
As alternativas estão incorretas, nos termos do art.
534 e 535.
Comentário Curto
Pedro deve pagar a Bia o valor inicialmente
acordado, independentemente do valor vendido a
terceiros, conforme dispõe o art. 534: "Pelo
contrato estimatório, o consignante entrega bens
móveis ao consignatário, que fica autorizado a
vendê-los, pagando àquele o preço ajustado, salvo
se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a
coisa consignada". Ainda, Pedro não pode deduzir
o valor da conservação do bem do valor do
contrato, conforme art. 535.
Gabarito: A
Questão 36.
Um ar-condicionado localizado no interior do
prédio da Prefeitura do Município Alfa e utilizada
por seus servidores é considerado:
A) uma pertença, sendo imóvel por acessão
intelectual;
B) um bem imóvel, apenas, por estar associado ao
bem principal;
C) uma parte integrante do bem imóvel;
D) uma pertença, permanecendo como bem móvel.
Comentário Longo
A questão versa sobre pertenças. Segundo dispõe
o art. 93, são pertenças, também conhecidas como
res annexa, os bens que, não constituindo partes
integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao
uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. É
o caso, por exemplo, de um rádio destacável do
veículo ou de um piano numa casa.
A peculiaridade das pertenças é que elas
conservam sua autonomia, de modo que sua
caracterização como acessório é de mera
conveniência econômico-jurídica. Isso porque a
pertença não se incorpora ao bem principal.
Em regra, o negócio estipulado entre as partes não
abrange as pertenças, salvo se o contrário resultar
da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso, segundo o art. 94 do
CC/2002. Trata-se de exceção ao princípio da
gravitação jurídica.
Gabarito: D
Letras A, B e C (item árvore: 2)
As alternativas estão incorretas, pois trata-se de
uma pertença.
Letra D (item árvore: 2)
A alternativa está incorreta, o ar-condicionado é
uma pertença, pois serve à utilização do bem, mas
pode ser retirado, conservando o bem imóvel a sua
autonomia. Não se incorpora, portanto, ao bem
principal.
Comentário Curto
O ar-condicionado é uma pertença, pois serve à
utilização do bem, mas pode ser retirado,
conservando o bem imóvel a sua autonomia. Não
se incorpora, portanto, ao bem principal.
Gabarito: D
Questão 37.
João se obrigou a entregar um celular para Noé.
No dia da entrega, eles combinaram de se
encontrar no estacionamento de um mercado.
João entregou o celular e antes de Noé sair do
estacionamento, foi abordado por dois homens
armados que roubaram o celular. Sobre o caso, é
correto afirmar que:
A) A coisa se perdeu sem culpa de João, portanto,
a obrigação fica resolvida e ele deverá devolver o
valor recebido por Noé.
B) A coisa se perdeu sem culpa de João, portanto,
a obrigação fica resolvida e ele deverá devolver o
valor recebido por Noé mais perdas e danos.
45
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
C) A coisa se perdeu após a tradição, não tendo
João responsabilidade alguma.
D) João deverá arcar com metade do valor da coisa,
pois se perdeu ainda no local da entrega.
Comentário Longo
A questão versa sobre a obrigação de entregar
coisa certa.
Para sabermos a responsabilidade de cada um,
precisamos saber quando o negócio jurídico é
concluído?
Nesse caso, como a entrega é de coisa móvel, o
negócio é concluído com a tradição. Portanto,
quando o celular foi roubado, o negócio já havia
sido concluído.
Assim, Danilo não tem responsabilidade alguma
sobre o roubo do carro, que ocorreu após a
tradição.
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a
coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos,
pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o
credor não anuir, poderá o devedor resolver a
obrigação.
Letra A (item árvore: 6)
A alternativa está incorreta, poisa perda da coisa
ocorreu após a tradição, portanto, a obrigação não
fica resolvida, não tendo João nenhuma
responsabilidade sobre o acontecimento.
Letra B (item árvore: 6)
A alternativa está incorreta, as perdas e danos
seriam devidas apenas se a coisa tivesse se perdido
por culpa de João.
Letra C (item árvore: 6)
A alternativa está correta, a perda da coisa ocorreu
após a tradição, isentando João de qualquer
responsabilidade, art. 237: "Até a tradição
pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá
exigir aumento no preço; se o credor não anuir,
poderá o devedor resolver a obrigação".
Letra D (item árvore: 6)
A alternativa está incorreta, não havendo previsão
legal nesse sentido.
Comentário Curto
A perda da coisa ocorreu após a tradição,
isentando João de qualquer responsabilidade, art.
237: "Até a tradição pertence ao devedor a coisa,
com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos
quais poderá exigir aumento no preço; se o credor
não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação".
Gabarito: C
Questão 38.
Pablo, brasileiro, famoso jogador de futebol, que
atua em um time na Europa, ao vir passar as férias
no Brasil, deparou-se com uma editora que
publicava fotos suas, considerando-o um dos mais
talentosos e marcantes jogadores de futebol da
atualidade. Contudo, por não ter tido sua
autorização, Pablo procurou seu advogado que o
orientou a ingressar com uma ação indenizatória
por uso indevido de sua imagem. Sobre o caso, é
correto afirmar que:
A) Não é cabível a indenização, pois a obra não
expõe Pablo ao desprezo público nem acarreta
qualquer prejuízo à sua honra.
B) É cabível a indenização, devido ao uso não
autorizado da imagem em publicação destinada a
fins comerciais.
C) Não é cabível a indenização, pois Pablo é pessoa
pública, assim, sua imagem poderá ser usada,
mesmo sem autorização.
D) É cabível a indenização pelo uso indevido da
imagem para fins comerciais, uma vez que Pablo é
pessoa pública. Contudo, a indenização não é
cabível se a pessoa não for famosa.
46
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Comentário Longo
A questão versa sobre o direito de personalidade
imagem.
No direito à imagem, entende o STJ que o dano é
a própria utilização indevida da imagem com fins
lucrativos, não sendo necessária a demonstração
do prejuízo material ou moral. Ou seja,
desnecessário fazer prova de dano que não a
utilização inadequada da imagem, sem autorização
da pessoa (REsp 45.305/SP).
Nesse mesmo sentido, o Enunciado 587 aduz que
o dano à imagem restará configurado quando
presente a utilização indevida desse bem jurídico,
independentemente da concomitante lesão a outro
direito da personalidade. Por isso, é dispensável a
prova do prejuízo do lesado ou do lucro do ofensor
para a caracterização do referido dano, por se
tratar de modalidade de dano in re ipsa.
É o caso do empregador que usa a imagem do
empregado com fins comerciais, sem autorização.
Não precisa ele comprovar dano, já que o mero uso
indevido, sem autorização, já é suficiente para
render uma indenização.
Assim, independentemente de não haver intenção
difamatória, o uso indevido da imagem para fins
comerciais sem autorização gera o dever de
indenizar.
Gabarito: B
Letra A (item árvore: 13)
A alternativa está incorreta, pois o dano está na
própria utilização indevida da imagem para fins
comerciais.
Letra B (item árvore: 13)
A alternativa está correta, pois independentemente
de não haver intenção difamatória, o uso indevido
da imagem para fins comerciais sem autorização
gera o dever de indenizar, conforme o art. 20:
"Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a
transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe
atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais".
Letra C (item árvore: 13)
A alternativa está incorreta, pois a utilização sem
autorização para fins comerciais gera o dever de
indenizar.
Letra D (item árvore: 13)
A alternativa está incorreta, pois mesmo que a
pessoa não seja pública, sua imagem não poderá
ser utilizada para fins comerciais sem autorização.
Comentário Curto
Independentemente de não haver intenção
difamatória, o uso indevido da imagem para fins
comerciais sem autorização gera o dever de
indenizar, conforme o art. 20: "Salvo se
autorizadas, ou se necessárias à administração da
justiça ou à manutenção da ordem pública, a
divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou
a publicação, a exposição ou a utilização da
imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a
seu requerimento e sem prejuízo da indenização
que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama
ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
comerciais".
Gabarito: B
Questão 39.
Maria celebrou contrato de corretagem com Alice,
inserindo cláusula de exclusividade pelo prazo de 1
ano, a Em de que esta realizasse a venda de seu
imóvel. Passados 11 meses, o imóvel não tinha sido
vendido, não por culpa de Alice, que realizou o
47
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
trabalho de forma adequada. Certo dia, antes do
Em do contrato, Maria foi procurada por Pedro,
que desejava adquirir o imóvel, vindo a efetivar a
compra do bem, sem intervenção de Alice. Ao
saber do negócio jurídico celebrado, Alice ajuizou
ação indenizatória, cobrando de Maria o percentual
ajustado sobre o valor da venda do imóvel a título
de corretagem. Sobre o caso, assinale a alternativa
correta.
A) Maria deve pagar a Alice o percentual ajustado
a título de corretagem. Por ter sido ajustada
cláusula de exclusividade, mesmo que o negócio
jurídico tenha sido diretamente entre as partes sem
a intermediação da corretora, Alice terá direito à
remuneração integral pela sua corretagem, salvo se
comprovada sua inércia ou ociosidade.
B) Maria deve pagar a Alice metade do percentual
ajustado a título de corretagem. Por ter sido
ajustada cláusula de exclusividade, mesmo que o
negócio jurídico tenha sido diretamente entre as
partes sem a intermediação da corretora, Alice terá
direito à metade remuneração pela sua
corretagem, salvo se comprovada sua inércia ou
ociosidade.
C) Maria nada deverá pagar a Alice, pois o negócio
jurídico foi realizado diretamente entre as partes
sem a intermediação da corretora.
D) Maria deve pagar a Alice o percentual ajustado
a título de corretagem. Por ter sido ajustada
cláusula de exclusividade, mesmo que o negócio
jurídico tenha sido diretamente entre as partes sem
a intermediação da corretora, Alice terá direito à
remuneração integral pela sua corretagem, mesmo
se comprovada sua inércia ou ociosidade.
Comentário Longo
A questão versa sobre o contrato de corretagem e
suas disposições.
Segundo Orlando Gomes, “a corretagem consiste
a atividade de corretor em aproximar pessoas que
desejam contratar, pondo-as em contato”. Tal
atividade será feita mediante aconselhamento e
informação na conclusão de contrato, além de
procurar o corretor conciliar os interesses das
pessoas que aproxima, segundo previsão do art.
722.
A corretagem é contrato bilateral, consensual, não
solene, oneroso, acessório e aleatório. É contrato
não solene, porque pode ser mesmo verbal.
Acessório porque depende de um contrato
principal, evidentemente. Aleatório, dado que há
risco ligado à celebração ou não do contrato
principal.
Segundo a regra do a art. 724, a remuneração do
corretor, se não estiver fixada em lei, nem ajustada
entre ele e o comitente, será arbitrada segundo a
natureza do negócio e os usos locais. A
remuneração da corretagem é também chamada
de comissão, daí muitos confundirem os dois
contratos. Diferem, evidente, pelo objetivo de cada
um.
E aquem cabe o pagamento da comissão ao
corretor? Ora, evidentemente, a quem buscou o
corretor para que o aproximasse de outrem para
realizar o negócio. Esse, inclusive, é o
entendimento do STJ (REsp 1.288.450) num caso
de corretagem imobiliária, na qual o comprador
buscou o corretor para que encontrasse um imóvel.
De qualquer forma, nada impede que as partes
ajustem em contrário e mesmo dividam os custos,
em vista do princípio da autonomia privada.
Em regra, segundo o art. 723 e seu parágrafo único,
cabe ao corretor prestar ao cliente,
espontaneamente, de maneira diligente e
prudente, todas as informações sobre o andamento
do negócio. Além disso, deve prestar
esclarecimentos sobre a segurança, o risco e
quaisquer outros fatores que possam influenciar o
resultado do negócio, sob pena de responder por
perdas e danos.
Por outro lado, a remuneração do corretor é
devida, inclusive, se o negócio não se finaliza por
48
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
arrependimento de uma das partes, na dicção do
art. 725. Ele a receberá, ainda, mesmo quando
dispensado e o negócio se realizar posteriormente,
como fruto da sua mediação, conforme estabelece
o art. 727.
Assim, a remuneração de Alice é devida, em seu
total.
Gabarito: A
Letra A (item árvore: 1)
A alternativa está correta, pois Maria deverá pagar
a Alice o valor ajustado pela corretagem
integralmente, nos termos do art. 726: "Iniciado e
concluído o negócio diretamente entre as partes,
nenhuma remuneração será devida ao corretor;
mas se, por escrito, for ajustada a corretagem com
exclusividade, terá o corretor direito à
remuneração integral, ainda que realizado o
negócio sem a sua mediação, salvo se comprovada
sua inércia ou ociosidade".
Letra B (item árvore: 1)
A alternativa está incorreta, pois a remuneração de
Alice deve ser integral, não apenas a metade.
Letra C (item árvore: 1)
A alternativa está incorreta, pois Alice tem direito
ao valor ajustado a título de corretagem.
Letra D (item árvore: 1)
A alternativa está incorreta, pois caso comprovado
a inércia ou ociosidade do corretor, a remuneração
deixa de ser devida.
Comentário Curto
Maria deverá pagar a Alice o valor ajustado pela
corretagem integralmente, nos termos do art. 726:
"Iniciado e concluído o negócio diretamente entre
as partes, nenhuma remuneração será devida ao
corretor; mas se, por escrito, for ajustada a
corretagem com exclusividade, terá o corretor
direito à remuneração integral, ainda que realizado
o negócio sem a sua mediação, salvo se
comprovada sua inércia ou ociosidade".
Questão 40.
Paula, casada com Marcos, desapareceu de seu
domicílio, localizado na cidade de Goiânia/GO,
sem dar notícias e não deixando procurador
conhecido para administrar seus bens. Passados
dez anos do trânsito em julgado da sentença de
abertura da sucessão provisória dos bens deixados
por Paula, seu marido requereu a sucessão
definitiva. Sobre o caso, assinale a alternativa
correta.
A) haverá a presunção de morte de Paula passados
cinco anos da abertura da sucessão provisória. O
casamento de Paula e Marcos poderá ser dissolvido
com a abertura da sucessão provisória.
B) haverá a presunção de morte de Paula após a
abertura da sucessão definitiva. O casamento de
Paula e Marcos poderá ser dissolvido com a
abertura da sucessão definitiva.
C) haverá a presunção de morte de Paula após a
abertura da sucessão provisória. O casamento de
Paula e Marcos poderá ser dissolvido com a
abertura da sucessão definitiva.
D) haverá a presunção de morte de Paula após a
abertura da sucessão definitiva. O casamento de
Paula e Marcos não poderá ser dissolvido, pois não
há previsão legal para a dissolução por ausência.
Comentário Longo
A questão versa sobre a ausência e a possibilidade
da dissolução do casamento nesses casos.
A ausência é estabelecida pelo art. 22 do CC/2002:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu
domicílio sem dela haver notícia, se não houver
deixado representante ou procurador a quem caiba
administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de
qualquer interessado ou do Ministério Público,
declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Em outras palavras, a ausência ocorre quando a
pessoa desaparece do domicílio sem deixar
49
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
representante ou procurador, havendo dúvida
quanto à sua existência. Nesse caso, segundo tal
artigo, instaura-se um processo para que possa o
juiz decretar a ausência. No entanto, mesmo que
tenha deixado mandatário, pode a pessoa ser
considerada ausente. Quando? O art. 23, na
sequência, delimita essas hipóteses:
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se
nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer
ou continuar o mandato, ou se os seus poderes
forem insuficientes.
Esse processo é regulado pelo CC/2002 e pelo
CPC. Como? Primeiro, o juiz vai mandar arrecadar
os bens do ausente e nomear um curador, que será,
segundo o art. 25, prioritariamente, o cônjuge do
ausente, sempre que não estejam separados
judicialmente, ou de fato por mais de dois anos
antes da declaração da ausência.
Depois disso, começa o procedimento de
arrecadação, que nada mais é do que a indicação
dos bens que compunham o patrimônio do
ausente. Feita a arrecadação, o juiz publica editais
durante um ano, na internet, no site do Tribunal, na
plataforma do CNJ, ou, não havendo sítio, no
órgão oficial e na imprensa da comarca,
reproduzidos de dois em dois meses, anunciando a
arrecadação e chamando o ausente a entrar na
posse de seus bens, na forma do art. 745 do CPC.
Cuidado, porém, porque há uma exceção a esse
prazo ânuo. O art. 26 estabelece que no caso de o
ausente ter deixado representante ou procurador
(nos casos de art. 23), esse prazo será de três anos,
e não de apenas um.
Em outras palavras, esse prazo é uma espécie de
chance que o juiz dá para o ausente voltar, antes
que seus bens sejam postos à disposição dos
herdeiros. Caso o ausente, seus descendentes ou
ascendentes apareçam, cessa a curadoria,
conforme o art. 745, §4º do CPC. Do contrário,
continua-se com o procedimento regularmente.
Quem fará o pedido de abertura provisória da
sucessão? Os interessados, resumidamente. Quem
são os interessados, aqueles dispostos no art. 27,
do CC.
Se não reaparecer o ausente, começa nova fase, a
sucessão definitiva. Quando essa fase terá início?
Em duas situações, que contam com prazos
distintos:
• Art. 37
• 10 anos depois de transitada em julgado a
sentença de abertura da sucessão provisória, em
geral
• Art. 38
• 5 anos depois das últimas notícias do ausente,
quando tiver mais de 80 anos na data do
desaparecimento.
Após a abertura da sucessão definitiva, haverá a
presunção de morte de Paula, conforme dispõe o
art. 6º, do CC.
Quanto a dissolução do casamento, o art. 1.571,
inc. I e §1º estabelecem que a sociedade conjugal
termina com a morte de um dos cônjuges, assim,
havendo a presunção de morte, com a abertura da
sucessão definitiva, esta pode ser requerida.
Gabarito: B
Letra A (item árvore: 1 e 22)
A alternativa está incorreta, pois a presunção de
morte ocorre com a abertura da sucessão definitiva,
conforme o art. 6º. O casamento, só poderá ser
com abertura da sucessão definitiva, quando há
presunção de morte, conforme art. 1.571, inc. I e §
1º.
Letra B (item árvore: 1 e 22)
A alternativa está correta, pois a morte presumida
é declarada com a abertura da sucessão definitiva,
nos termos do art. 6º: “A existência da pessoa
natural termina com a morte; presume-se esta,
quanto aos ausentes, nos casos em que a lei
autoriza a abertura de sucessão definitiva”.
50
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Quanto ao casamento, este é dissolvido com a
declaração de morte presumida, conforme art.
1.571, inc. I e §1º: “A sociedade conjugal
termina: I - pela morte de um dos cônjuges; § 1 º
O casamento válidosó se dissolve pela morte de
um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a
presunção estabelecida neste Código quanto ao
ausente”.
Letra C (item árvore: 1 e 22)
A alternativa está incorreta, pois a morte presumida
ocorre com a abertura da sucessão definitiva.
Letra D (item árvore: 1 e 22)
A alternativa está incorreta, pois com a declaração
de morte presumida, é possível a dissolução da
sociedade conjugal.
Comentário Curto
A morte presumida é declarada com a abertura da
sucessão definitiva, nos termos do art. 6º: “A
existência da pessoa natural termina com a morte;
presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos
em que a lei autoriza a abertura de sucessão
definitiva”. Quanto ao casamento, este é
dissolvido com a declaração de morte presumida,
conforme art. 1.571, inc. I e §1º: “A sociedade
conjugal termina: I - pela morte de um dos
cônjuges; § 1 º O casamento válido só se dissolve
pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio,
aplicando-se a presunção estabelecida neste
Código quanto ao ausente”.
Gabarito: B
Questão 41.
Lucas deve R$ 500,00 (quinhentos reais) a Marcos,
valor que pegou emprestado para quitar uma
dívida. Contudo, na data combinada para o
pagamento, Lucas não tinha o dinheiro. Assim, para
não ficar em mora, Lucas ofereceu a Marcos um
relógio avaliado em R$ 2.000,00 (dois mil reais)
para quitar a dívida. Sobre o caso, é correto afirmar
que:
A) Trata-se de dação em pagamento e Marcos
deverá aceitar o relógio, pois mais valioso que a
prestação.
B) Trata-se de novação, pois Lucas inovou a dívida
dando o relógio como pagamento, mas Marcos não
será obrigado a aceitar a prestação diversa.
C) Trata-se de pagamento com sub-rogação, onde
Lucas ofereceu prestação diversa e Marcos deverá
aceitar, pois mais valiosa que a dívida principal.
D) Trata-se de dação em pagamento, mas Marcos
não será obrigado a receber prestação diversa,
ainda que mais valiosa.
Comentário Longo
O credor não é obrigado a receber coisa diversa da
devida, ainda que mais valiosa. Quando,
entretanto, o devedor oferece coisa diversa da
devida e o credor aceita receber, para liberação
total ou parcial da obrigação, opera-se a dação em
pagamento, segundo o art. 356. Ou seja, ela é um
acordo sobre o pagamento por oferta feita pelo
devedor e aceitação do credor de coisa diversa da
devida.
Assim, caso Marcos aceite o relógio, haverá a
dação em pagamento, mas ele não é obrigado a
aceitar, mesmo que seja mais valioso que a dívida,
conforme art. 356: "O credor pode consentir em
receber prestação diversa da que lhe é devida".
A novação, por sua vez, ocorre quando surge uma
nova obrigação com o condão de extinguir a
anterior. Ou seja, a novação traz em si uma
operação tríplice: desfazimento da relação jurídica
obrigacional original (1), para que com ânimo de
novar (2), constitua-se nova relação (3). Com ela,
criam-se novos direitos e obrigações para as partes,
que não se ligam às obrigações anteriores,
novadas. Sua principal utilidade é em relação aos
efeitos, pois a novação extingue a obrigação
anterior com todas as suas garantias, acessórios,
51
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
exceções pessoais, privilégios creditórios e
solidariedade, salvo estipulação em contrário
(novação parcial), conforme se estabelece nos arts.
364 e 365.
Já o pagamento com sub-rogação, primeiro ocorre
o pagamento feito por outrem e, posteriormente,
a sub-rogação deste no lugar do credor. Nesses
casos, o sujeito sub-roga-se, assume a posição do
credor, com todos os bônus da assunção.
Gabarito: D
Comentário Curto
Caso Marcos aceite o relógio, haverá a dação em
pagamento, mas ele não é obrigado a aceitar,
mesmo que seja mais valioso que a dívida,
conforme art. 356: "O credor pode consentir em
receber prestação diversa da que lhe é devida".
Gabarito: D
Estatuto da Criança e do Adolescente
Ricardo Torques
Questão 42.
Cristina é advogada e está defendendo Tiago em
juízo, o qual teve contra si proposta pelo Ministério
Público ação de destituição do poder familiar de
seus filhos. Após regular trâmite processual, foi
prolatada decisão deferindo o pedido de
destituição. Cristina pretende apelar da decisão.
Sobre o recurso, assinale a alternativa correta:
a) O prazo recursal é de 10 dias.
b) O prazo recursal é contado em dias úteis.
c) É necessário comprovar o recolhimento do
preparo para o processamento do recurso.
d) A apelação não terá prioridade de tramitação.
Comentário Longo
A questão exige conhecimento de particularidades
dos recursos nos procedimentos relativos aos
direitos de criança e adolescente.
É melhor analisar as alternativas separadamente,
pois se referem a regras diferentes:
Letra A
CORRETA
Conforme dispõe o inciso II do art. 198, o prazo
recursal nos procedimentos do ECA é de 10 dias:
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
Infância e da Juventude, inclusive os relativos à
execução das medidas socioeducativas, adotar-se-
á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as
seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de
declaração, o prazo para o Ministério Público e para
a defesa será sempre de 10 (dez) dias; (Redação
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Letra B
INCORRETA
Conforme dispõe o § 2º do art. 152, os prazos do
ECA são contados em dias corridos, previsão que
se estende aos recursos, para os quais não há
previsão diversa.
Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei
aplicam-se subsidiariamente as normas gerais
previstas na legislação processual pertinente.
§ 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis
aos seus procedimentos são contados em dias
corridos, excluído o dia do começo e incluído o dia
do vencimento, vedado o prazo em dobro para a
Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído
pela Lei nº 13.509, de 2017)
Letra C
INCORRETA
Os recursos do ECA estão dispensados de preparo,
conforme o art. 198, inciso I:
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
Infância e da Juventude, inclusive os relativos à
52
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
execução das medidas socioeducativas, adotar-se-
á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as
seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
I - os recursos serão interpostos
independentemente de preparo;
Letra D
INCORRETA
Na forma do inciso III do art. 198, os recursos têm
preferência de julgamento:
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da
Infância e da Juventude, inclusive os relativos à
execução das medidas socioeducativas, adotar-se-
á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as
seguintes adaptações: (Redação dada pela Lei nº
12.594, de 2012) (Vide)
III - os recursos terão preferência de julgamento e
dispensarão revisor;
Comentário Curto
É importante estar atento para os detalhes dos
procedimentos do ECA, correndo o advogado
desatento risco de incorrer em erros que
prejudiquem o seu representado.
A alternativa A está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 43.
João Vitor, criança de 4 anos, é filho de Cláudio.
Cláudio está preso por ter praticado o crime de
homicídio culposo. Cláudio pretende, durante seu
período na prisão, manter contato com João Vitor.
Sobre essa situação, assinale a alternativa correta:
a) A convivência do pai preso só é viável com filhos
que sejam adolescentes.
b) Se Cláudio comprovar que é o único responsável
por João Vitor, será possível que este permaneça
em ala própria do estabelecimento prisional
permanentemente enquanto Cláudio estiver preso.
c) Depende de autorização judicial a possibilidade
de que presos recebam visitas de seus filhos
menores.
d) É garantido o direito de convivência de João
Vitorcom seu Cláudio, o que é efetivado por meio
de visitas periódicas.
Comentário Longo
A questão exige conhecimento do direito ao
convívio familiar entre os filhos menores e seus pais
presos.
De acordo com o § 4º do art. 19 do ECA, é
garantida a convivência da criança e do
adolescente com a mãe ou pai privado de
liberdade, por meio de visitas periódicas
promovidas pelo responsável ou, se o menor
estiver em situação de acolhimento institucional, as
visitas serão promovidas pela entidade de
acolhimento. Não se exige autorização judicial para
a realização das visitas: trata-se de direito que
decorre da própria lei:
Art. 19. § 4 Será garantida a convivência da criança
e do adolescente com a mãe ou o pai privado de
liberdade, por meio de visitas periódicas
promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de
acolhimento institucional, pela entidade
responsável, independentemente de autorização
judicial.
Com isso, vejamos as alternativas:
Letra A
INCORRETA
Crianças também têm direito à convivência familiar
com os pais presos.
Letra B
INCORRETA
O direito de convivência é exercido por meio de
visitas periódicas. Não é viável a permanência de
53
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
crianças em estabelecimentos prisionais, que são
voltados exclusivamente para a detenção dos
reclusos.
Letra C
INCORRETA
Não se exige autorização judicial. O direito decorre
da própria lei.
Letra D
CORRETA
É garantido o direito de visita periódica aos pais
presos pelos filhos menores.
Comentário Curto
O direito à convivência familiar é essencial para
garantir a permanência da família. Os filhos têm o
direito de manter relação com os pais, ainda que
presos.
A alternativa D está correta e é o gabarito da
questão.
Direito do Consumidor
Igor Maciel
Questão 44.
Clóvis firmou com determinada instituição bancária
contrato de empréstimo consignado, sendo certo
que possuía outras dívidas que o levaram à
condição de superendividado. Diante disso,
procurou você, na qualidade de advogado,
pretendendo quitar todas as suas dívidas, mas não
sabia como fazê-lo. Você deverá informar
corretamente que:
a) O pedido do consumidor de repactuação de
dívidas importará em declaração de insolvência civil
e poderá ser repetido somente após decorrido o
prazo de 5 (cinco) anos, contado da liquidação das
obrigações previstas no plano de pagamento
homologado, sem prejuízo de eventual
repactuação.
b) Superendividamento corresponde à
impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa
natural ou jurídica, de boa-fé, pagar a totalidade de
suas dívidas de consumo, desde que vencidas, sem
comprometer seu mínimo existencial, nos termos
da regulamentação.
c) Excluem-se do processo de repactuação as
dívidas, ainda que decorrentes de relações de
consumo, oriundas de contratos celebrados
dolosamente sem o propósito de realizar
pagamento, bem como as dívidas provenientes de
contratos de crédito com garantia real, de
financiamentos imobiliários e de crédito rural.
d) Se não houver êxito na conciliação em relação a
quaisquer credores, o juiz instaurará de ofício
processo por superendividamento para revisão e
integração dos contratos e repactuação das dívidas
remanescentes mediante plano judicial
compulsório e procederá à citação de todos os
credores, participantes ou não do acordo
porventura celebrado.
Comentário Longo
A questão aborda o tema do superendividamento.
Inicialmente, o art. 54-A, §1º, do CDC estabelece
o conceito de superendividamento:
Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção
do superendividamento da pessoa natural, sobre o
crédito responsável e sobre a educação financeira
do consumidor. (Incluído pela Lei nº 14.181, de
2021)
§ 1º Entende-se por superendividamento a
impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa
natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas
dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem
comprometer seu mínimo existencial, nos termos
da regulamentação.
Adiante, o CDC prevê o procedimento de
repactuação de dívidas, do seguinte modo:
54
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Art. 104-A. A requerimento do consumidor
superendividado pessoa natural, o juiz poderá
instaurar processo de repactuação de dívidas, com
vistas à realização de audiência conciliatória,
presidida por ele ou por conciliador credenciado no
juízo, com a presença de todos os credores de
dívidas previstas no art. 54-A deste Código, na qual
o consumidor apresentará proposta de plano de
pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos,
preservados o mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, e as garantias e as formas de
pagamento originalmente pactuadas. (Incluído pela
Lei nº 14.181, de 2021)
§ 1º Excluem-se do processo de repactuação as
dívidas, ainda que decorrentes de relações de
consumo, oriundas de contratos celebrados
dolosamente sem o propósito de realizar
pagamento, bem como as dívidas provenientes de
contratos de crédito com garantia real, de
financiamentos imobiliários e de crédito rural.
(...)
§ 5º O pedido do consumidor a que se refere o
caput deste artigo não importará em declaração de
insolvência civil e poderá ser repetido somente
após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado
da liquidação das obrigações previstas no plano de
pagamento homologado, sem prejuízo de eventual
repactuação.
(...)
Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em
relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do
consumidor, instaurará processo por
superendividamento para revisão e integração dos
contratos e repactuação das dívidas remanescentes
mediante plano judicial compulsório e procederá à
citação de todos os credores cujos créditos não
tenham integrado o acordo porventura celebrado.
Portanto, correto o item C ao afirmar que são
excluídas do processo de repactuação as dívidas
oriundas de contratos celebrados dolosamente
sem o propósito de realizar pagamento, bem como
as dívidas provenientes de contratos de crédito
com garantia real, de financiamentos imobiliários e
de crédito rural.
Letra A
INCORRETA.
Segundo o art. 104-A, §5º, do CDC, o pedido do
consumidor de repactuação de dívidas não
importará em declaração de insolvência civil e
poderá ser repetido somente após decorrido o
prazo de 2 (dois) anos, contado da liquidação das
obrigações previstas no plano de pagamento
homologado, sem prejuízo de eventual
repactuação.
Letra B
INCORRETA.
Segundo art. 54-A, §1º, do CDC, entende-se por
superendividamento a impossibilidade manifesta
de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar
a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis
e vincendas, sem comprometer seu mínimo
existencial, nos termos da regulamentação.
Letra C
CORRETA.
Segundo art. 104-A, §1º, do CDC, excluem-se do
processo de repactuação as dívidas, ainda que
decorrentes de relações de consumo, oriundas de
contratos celebrados dolosamente sem o
propósito de realizar pagamento, bem como as
dívidas provenientes de contratos de crédito com
garantia real, de financiamentos imobiliários e de
crédito rural.
Letra D
INCORRETA.
Segundo art. 104-B do CDC, se não houver êxito
na conciliação em relação a quaisquer credores, o
juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo
por superendividamento para revisão e integração
dos contratos e repactuação das dívidas
55
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
remanescentes mediante plano judicial
compulsório e procederá à citação de todos os
credores cujos créditos não tenham integrado o
acordo porventura celebrado.
Comentário Curto
Segundo art. 104-A, §1º, do CDC, excluem-se do
processo de repactuação as dívidas, ainda que
decorrentes de relações de consumo, oriundas de
contratos celebrados dolosamente sem o
propósito de realizar pagamento, bem como as
dívidas provenientes de contratos de crédito com
garantia real, de financiamentos imobiliários e de
crédito rural.
Gabarito: C
Questão 45.Valdemar, gari, estava em serviço no dia
03⁄08⁄2018, quando foi vítima de atropelamento
provocado pelo auto-ônibus placa XXX, de
propriedade da empresa concessionária de
transporte urbano municipal, causando-lhe lesões.
O motorista evadiu-se do local sem prestar socorro,
sendo certo que o fato se deu devido à
imprudência do preposto da concessionária, na
condução do veículo, já que ao manobrá-lo para
sair do ponto de ônibus existente no local,
atropelou o autor, que se encontrava varrendo o
meio-fio. Sobre o tema, é correto afirmar:
a) É para ao CDC suficiente a existência de uma
relação de consumo, ou seja, que o produto seja
fornecido e o serviço esteja sendo prestado dentro
do escopo do Código de Defesa do Consumidor,
para que, advindo daí um acidente de consumo a
vitimar alguém, integrante ou não da cadeia de
consumo, incidam os institutos protetivos do CDC.
b) O Código de Defesa do Consumidor exige que
o consumidor, conjuntamente ao terceiro
considerado consumidor por equiparação
(bystander), seja vitimado pelo acidente de
consumo para que a extensão se verifique.
c) Como a relação não é de consumo, aplica-se a
prescrição trienal do art. 206, §3º, inciso V, do
Código Civil de 2002, afastando o prazo
prescricional quinquenal previsto no Código de
Defesa do Consumidor para acidentes de consumo.
d) O Código de Defesa do Consumidor classifica
como bystander a pessoa natural ou jurídica,
pública ou privada, que adquire ou utiliza produto
como destinatário final do bem ou serviço que lhe
causou o dano.
Comentário Longo
A questão aborda o conceito de consumidor por
equiparação, diante de um acidente de consumo.
Na situação, um gari foi atropelado por ônibus de
concessionária de serviços públicos.
Primeiramente, o art. 22 do CDC dispõe:
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento,
total ou parcial, das obrigações referidas neste
artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a
cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma
prevista neste código.
Ademais, o art. 2º do CDC conceitua:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que
indetermináveis, que haja intervindo nas relações
de consumo.
Contudo, para o CDC, também são consumidores
por equiparação todas as vítimas do evento danoso
(bystander) e todas as pessoas determináveis ou
56
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
não, expostas às práticas comerciais previstas no
Código, nos termos dos arts. 17 e 29 do CDC.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se
aos consumidores todas as vítimas do evento.
(...)
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte,
equiparam-se aos consumidores todas as pessoas
determináveis ou não, expostas às práticas nele
previstas.
Assim, para o STJ, o Código de Defesa do
Consumidor, em nenhum dos seus dispositivos
exige que o consumidor, conjuntamente ao
terceiro considerado consumidor por equiparação
(bystander), seja vitimado pelo acidente de
consumo para que a extensão se verifique.
É para ao CDC suficiente a existência de uma
relação de consumo, ou seja, que o produto seja
fornecido e o serviço esteja sendo prestado dentro
do escopo do Código de Defesa do Consumidor,
para que, advindo daí um acidente de consumo a
vitimar alguém, integrante ou não da cadeia de
consumo, incidam os institutos protetivos do CDC.
Desse modo, quando a relação é de consumo e o
acidente ocorre no seu contexto, desimporta o fato
de o consumidor não ter sido vitimado para que o
terceiro por ele diretamente prejudicado seja
considerado bystander. Assim, afasta-se a
prescrição trienal do art. 206, §3º, inciso V, do
CCB, incidindo o prazo prescricional quinquenal
previsto no art. 27 do CDC.
Nesse sentido:
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E
CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL.
ALEGADO ACIDENTE DE CONSUMO. FALHA NA
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE
PESSOAS. ATROPELAMENTO. CONSUMIDOR
POR EQUIPARAÇÃO. INCIDÊNCIA DO CDC.
PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. 1. Demanda
indenizatória ajuizada por pedestre atropelado por
ônibus durante a prestação do serviço de
transporte de pessoas. 2. Enquadramento do
demandante atropelado por ônibus coletivo,
enquanto vítima de um acidente de consumo, no
conceito ampliado de consumidor estabelecido
pela regra do art. 17 do CDC ("bystander"), não
sendo necessário que os consumidores, usuários do
serviço, tenham sido conjuntamente vitimados. 3. A
incidência do microssistema normativo do CDC
exige apenas a existência de uma relação de
consumo sendo prestada no momento do evento
danoso contra terceiro (bystander). 4. Afastamento
da prescrição trienal do art. 206, §3º, inciso V, do
CCB, incidindo o prazo prescricional quinquenal
previsto no art. 27 do CDC. 5. Não implementado
o lapso prescricional quinquenal, determinação de
retorno dos autos ao primeiro grau de jurisdição
para que lá se continue no exame da pretensão
indenizatória. 6. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
(REsp 1787318/RJ, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em
16/06/2020, DJe 18/06/2020)
Portanto, correta a letra A.
Letra A
CORRETA.
Segundo entendimento do STJ, é para ao CDC
suficiente a existência de uma relação de consumo,
ou seja, que o produto seja fornecido e o serviço
esteja sendo prestado dentro do escopo do
Código de Defesa do Consumidor, para que,
advindo daí um acidente de consumo a vitimar
alguém, integrante ou não da cadeia de consumo,
incidam os institutos protetivos do CDC.
Letra B
INCORRETA.
Entende o STJ que o Código de Defesa do
Consumidor, em nenhum dos seus dispositivos,
exige que o consumidor, conjuntamente ao
terceiro considerado consumidor por equiparação
(bystander), seja vitimado pelo acidente de
consumo para que a extensão se verifique.
57
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Letra C
INCORRETA.
No caso, afasta-se a prescrição trienal do art. 206,
§3º, inciso V, do CCB, incidindo o prazo
prescricional quinquenal previsto no art. 27 do
CDC.
Letra D
INCORRETA.
O art. 17 do CDC traz o conceito de consumidor
bystander ao dispor que são consumidores
equiparados todas as vítimas do evento.
Comentário Curto
Correta a letra A, pois, segundo entendimento do
STJ, é para ao CDC suficiente a existência de uma
relação de consumo, ou seja, que o produto seja
fornecido e o serviço esteja sendo prestado dentro
do escopo do Código de Defesa do Consumidor,
para que, advindo daí um acidente de consumo a
vitimar alguém, integrante ou não da cadeia de
consumo, incidam os institutos protetivos do CDC.
Direito Empresarial
Alessandro Sanchez
Questão 46.
A respeito da resolução da sociedade quanto a um
sócio e liquidação societária, é correto afirmar que:
a) esse ato desconstitui a pessoa jurídica.
b) o liquidante é proibido de pagar dívidas
vincendas.
c) esse ato obsta a possibilidade de efetuar a
transformação.
d) a sociedade se extingue ao ser averbada a ata da
assembleia de liquidação.
Comentários
A alternativa está correta, nos exatos termos do art.
1109, CC, a seguir: "Art. 1.109. Aprovadas as
contas, encerra-se a liquidação, e a sociedade se
extingue, ao ser averbada no registro próprio a ata
da assembleia." A alternativa "A" está incorreta, já
que a pessoa jurídica apenas será desconstituída
com a extinção, que vem em sequência. A
alternativa "B" está incorreta, pois o liquidante
pode efetivar o pagamento de suas dívidas, e, aliás,
deve fazê-lo. A alternativa "C" está incorreta, já
que é possível efetivar a transformação da
sociedade, desde que a empresa não tenha sido
extinta.
Gabarito:D
Questão 47.
A Lei nº 11.101/2005 trouxe para o nosso
ordenamento jurídico o instituto da recuperação
judicial, tendo os seguintes princípios basilares:
Preservação da Empresa e Viabilidade Econômica.
Diante do exposto, o instituto mencionado não se
aplica-se à Sociedade
a) microempreendedor individual.
b) simples.
c) limitada.
d) empresária.
Comentários
Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a
recuperação extrajudicial e a falência do
empresário e da sociedade empresária, doravante
referidos simplesmente como devedor. A
alternativa "B" é a única que demonstra uma
situação não empresarial.
Gabarito: B
Questão 48.
Assinale a opção que indica a denominação dada a
um atributo do estabelecimento empresarial com
direta relação com a organização e administração
da empresa, e que muitas vezes assume papel
preponderante para o sucesso da empresa, seja
pela relação com os clientes, seja pela relação com
58
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
os fornecedores, e que não pode ser
comercializado individualmente.
a) clientela.
b) aviamento.
c) trespasse.
d) ponto empresarial.
Comentários
O aviamento é um atributo do estabelecimento.
Confere valor econômico ao instituto, muito
embora não tenha valor separado. A doutrina é
pacífica nesse sentido e a jurisprudência
acompanha.
Gabarito: B
Questão 49.
Responda de acordo com o Código Civil Brasileiro,
assinalando a assertiva CORRETA:
a) A sociedade anônima funciona sob firma
integrada pelo vocábulo "companhia".
b) A omissão da palavra "limitada" determina a
responsabilidade solidária e ilimitada dos
administradores que assim empregarem a firma ou
a denominação da sociedade.
c) A sociedade em que houver sócios de
responsabilidade ilimitada operará sob
denominação.
d) Cabe ao prejudicado, no prazo de cinco anos,
ação para anular a constituição da pessoa jurídica
por violação da lei ou do contrato.
Comentários
A hipótese estampada na alternativa “B” está de
acordo com a letra do código civil no artigo 1158,
3.º “A omissão da palavra "limitada" determina a
responsabilidade solidária e ilimitada dos
administradores que assim empregarem a firma ou
a denominação da sociedade.”
Gabarito: B
Questão 50.
Os atos do empresário individual impedido por
exercer atividade incompatível com a empresa
serão considerados:
a) nulos;
b) anuláveis;
c) válidos;
d) ineficazes.
Comentários
A alternativa “C” está correta. Nos termos do art.
973 do Código Civil: “Art. 973. A pessoa
legalmente impedida de exercer atividade própria
de empresário, se a exercer, responderá pelas
obrigações contraídas.” As alternativas A, B e D
estão incorretas. Os argumentos são exatamente
os mesmos.
Gabarito: C
Direito Processual Civil
Ricardo Torques
Questão 51.
A empresa Paladin teve contra si proposta ação
monitória fundada em contrato preliminar. O
advogado Jair Macedo foi contratado para atuar na
defesa da empresa. Jair verificou que a empresa
poderia formular algumas objeções relativas ao
próprio negócio jurídico, mas o pedido estava, no
mais, adequadamente instruído. Além disso,
analisando o contrato, Jair constatou que a
empresa teria direitos contrapostos em relação à
autora. Sobre essa situação, é correto afirmar que:
a) não é possível formular objeções relativas ao
próprio negócio jurídico em sede de embargos à
ação monitória nem cabe a formulação de
reconvenção nesse procedimento especial.
b) A cognição dos embargos à ação monitória é
ampla, cabendo a formulação de objeções relativas
59
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
ao negócio jurídico, no entanto, não cabe a
formulação de reconvenção nesse procedimento
especial.
c) Não é possível formular objeções relativas ao
próprio negócio jurídico em sede de embargos à
ação monitória, mas é possível a formulação de
reconvenção nesse procedimento especial.
d) A cognição dos embargos à ação monitória é
ampla, cabendo a formulação de objeções relativas
ao negócio jurídico e é possível a formulação de
reconvenção nesse procedimento especial.
Comentário Longo
Questão que exige conhecimento do
procedimento de embargos à ação monitória.
Em primeiro lugar, a cognição em sede de
embargos à monitória é ampla, sendo viável a
alegação de fatos que poderiam ser formulados em
defesa no procedimento comum. Portanto,
qualquer objeção, inclusive aquelas que tratam da
própria relação jurídica, pode ser formulada nesses
embargos. É a previsão do § 1º do art. 702 do
CPC/2015.
Além disso, é admissível a formulação de
reconvenção em sede de ação monitória. É vedada
tão somente a reconvenção da reconvenção, de
acordo com o art. 702, § 6º:
Art. 702. Independentemente de prévia segurança
do juízo, o réu poderá opor, nos próprios autos, no
prazo previsto no art. 701 , embargos à ação
monitória.
§ 1º Os embargos podem se fundar em matéria
passível de alegação como defesa no
procedimento comum.
§ 6º Na ação monitória admite-se a reconvenção,
sendo vedado o oferecimento de reconvenção à
reconvenção.
Comentário Curto
A ação monitória não se confunde com o
procedimento de execução, cabendo em sede de
embargos à monitória amplo conhecimento do
negócio jurídico subjacente. Além disso, é viável a
formulação de reconvenção nos embargos,
justamente porque há certa confusão com a fase de
conhecimento.
A alternativa D está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 52.
Marcos, advogado, recebeu substabelecimento de
um colega seu para representar a empresa Tellus
SA numa execução movida contra ela. O juiz
deferiu o processamento da execução e, até o
momento, não havia qualquer manifestação da
empresa nos autos. Alguns bens da empresa, no
entanto, já haviam sido penhorados. Analisando os
documentos que instruíam o título executivo,
Marcos constatou que havia cláusula que
condicionada a obrigação executada a certo
evento. Verificou ainda que não havia qualquer
demonstração do implemento do evento por parte
da exequente. Sobre essa situação, é correto
afirmar que:
a) A falta de implemento da condição leva à
nulidade da execução, que pode ser conhecida de
ofício do juiz ou alegada a qualquer momento.
b) A falta de implemento da condição leva à
nulidade da execução, fato que deve ser alegado
em sede de embargos à execução sob pena de
preclusão.
c) A falta de implemento da condição leva à
ineficácia dos atos executivos, mas não conduz à
nulidade da execução, cabendo suspender o
processo até que haja o implemento.
d) A falta de implemento da condição não leva à
nulidade da execução ou à ineficácia dos atos
executivos.
Comentário Longo
60
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
A questão exige conhecimento das causas de
nulidade do processo de execução, uma das quais
diz respeito à instauração do procedimento antes
da verificação da condição ou termo a que estiver
sujeita a obrigação executada, conforme dispõe o
art. 803. Além disso, de acordo com o parágrafo
único, a nulidade independe de embargos à
execução e pode ser pronunciada de ofício ou a
requerimento da parte:
Art. 803. É nula a execução se:
I - o título executivo extrajudicial não corresponder
a obrigação certa, líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição
ou de ocorrer o termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este
artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a
requerimento da parte, independentemente de
embargos à execução.
Comentário Curto
No caso narrado, uma vez que não houve o
implemento da condição, a execução é nula e o
reconhecimento dessa nulidade não depende de
alegação por meio de embargos à execução.
Assim, a alternativa A está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 53.
Pâmela, que mantém atividade econômica por
meio do seu Instagram, foi surpreendida por uma
postagem de uma amiga sua, Isaura,na qual esta
acusava Pâmela de enganar seus seguidores e de
vender fotos íntimas por meio da rede social.
Pâmela remeteu o vídeo para sua advogada, Carla,
pois pretende promover ação de indenização por
danos morais em razão do fato. Carla compareceu
a um tabelionato de notas a Em de documentar o
fato. Sobre esse procedimento, assinale a
alternativa correta:
a) O tabelião poderá lavrar uma escritura pública
por meio da qual irá documentar o vídeo, no
entanto, não será possível arquivar dados
eletrônicos representativos de imagem ou som
gravados.
b) O tabelião poderá lavrar uma ata notarial por
meio da qual irá documentar o vídeo, no entanto,
não será possível arquivar dados eletrônicos
representativos de imagem ou som gravados.
c) O tabelião poderá lavrar uma escritura pública
por meio da qual irá documentar o vídeo, sendo
possível arquivar dados eletrônicos representativos
de imagem ou som gravados.
d) O tabelião poderá lavrar uma ata notarial por
meio da qual irá documentar o vídeo, sendo
possível arquivar dados eletrônicos representativos
de imagem ou som gravados.
Comentário Longo
O art. 384 do CPC/2015 autoriza os tabeliões a
lavrar ata notarial por meio da qual se atesta a
existência ou o modo de existir de algum fato.
Além disso, conforme o parágrafo único, é viável o
arquivamento de dados representados por imagem
ou som gravados:
Art. 384. A existência e o modo de existir de algum
fato podem ser atestados ou documentados, a
requerimento do interessado, mediante ata lavrada
por tabelião.
Parágrafo único. Dados representados por imagem
ou som gravados em arquivos eletrônicos poderão
constar da ata notarial.
Não se trata de hipótese de escritura pública, a
qual é utilizada para a lavratura de negócios
jurídicos, não para a documentação de fatos.
Comentário Curto
De acordo com o exposto, o tabelião deveria lavrar
uma ata notarial, sendo possível o arquivamento do
vídeo. É importante conhecer os meios de prova à
61
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
disposição, o que permite o devido exercício das
pretensões jurídicas em juízo.
A alternativa D está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 54.
Sabrina é sócia minoritária da empresa Cypher
LTDA. Sabrina entende que os dividendos da
sociedade não estão sendo pagos de forma
adequada, por isso, pretende propor uma ação de
cobrança. O advogado de Sabrina, Salomão,
constatou que é preciso a realização de uma perícia
sobre as finanças da empresa para que seja possível
averiguar se o pleito tem ou não fundamento.
Assim, Salomão resolveu ingressar com pedido de
produção antecipada de prova. Sobre a situação, é
correto afirmar que:
a) não é viável o pedido de produção antecipada
no caso narrado, pois esse procedimento só cabe
quando houver risco de a produção da prova vir a
se tornar impossível, o que não se verifica na
situação.
b) é viável o pedido, sendo que o provimento
jurisdicional consistirá tão somente na produção da
prova, sem adentrar no exame das possíveis
consequências jurídicas.
c) é viável o pedido e o provimento jurisdicional
deverá se manifestar sobre a licitude ou não do
cálculo dos dividendos.
d) é viável o pedido, mas eventual decisão de
indeferimento da produção da prova não será
recorrível.
Comentário Longo
No caso, o procedimento de Salomão foi
adequado. Cabe a produção antecipada de prova
pois o prévio conhecimento das finanças
empresariais pode justificar ou evitar o ajuizamento
de ação. É o que autoriza o art. 381, III, do
CPC/2015:
Art. 381. A produção antecipada da prova será
admitida nos casos em que:
III - o prévio conhecimento dos fatos possa justificar
ou evitar o ajuizamento de ação.
Além disso, é preciso saber que, na produção
antecipada de provas, o juiz não vai se manifestar
sobre a relação jurídica em si: o provimento
jurisdicional se resume à determinação de
produção probatória. Essa regra consta do art. 382,
§ 2º, segundo o qual o juiz não se pronuncia sobre
o fato nem sobre as consequências jurídicas:
Art. 382. § 2º O juiz não se pronunciará sobre a
ocorrência ou a inocorrência do fato, nem sobre as
respectivas consequências jurídicas.
Além disso, em regra, não cabe defesa ou recurso
nos procedimentos de produção antecipada de
prova. Caberá recurso, no entanto, quando o
pedido for totalmente indeferido. É o que dispõe o
art. 382, § 4º:
Art. 382. § 4º Neste procedimento, não se
admitirá defesa ou recurso, salvo contra decisão
que indeferir totalmente a produção da prova
pleiteada pelo requerente originário.
Sabendo disso, vamos às alternativas:
Letra A
INCORRETA.
Cabe a produção antecipada, pois a produção
probatória irá justificar ou evitar o ajuizamento de
ação.
Letra B
CORRETA.
O juiz, no procedimento de produção antecipada,
não se manifesta sobre as consequências jurídicas
da prova produzida, mas tão somente determina a
produção da prova.
Letra C
INCORRETA.
62
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
O juiz não deve se manifestar sobre a relação
jurídica no âmbito do procedimento de produção
antecipada de prova.
Letra D
INCORRETA.
A decisão de indeferimento do pedido de
produção antecipada é recorrível por meio de
apelação.
Comentário Curto
É importante conhecer o procedimento de
produção antecipada de prova, que pode resolver
alguns litígios antes mesmos da judicialização,
como no caso descrito.
A alternativa B está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 55.
Está em curso no Tribunal Regional Federal da 3ª
Região litígio entre a União e o Município de São
Paulo a respeito da competência para
licenciamento de determinada atividade
empresarial, questão exclusivamente de direito a
respeito da competência constitucional dos entes
públicos. O relator do processo reputa a questão
de grande relevância, no entanto, consultando a
jurisprudência dos Tribunais superiores e do
próprio TRF-3, verificou que não há precedentes
sobre o assunto. Constatou, no entanto, que está
em curso processo com discussão similar perante
outra turma do TRF-3. Sobre essa situação, é
correto afirmar que:
a) Estão presentes os requisitos para a instauração
de Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas, para o qual se exige apenas a
existência de possível risco à isonomia e à
segurança jurídica decorrente de decisões
contraditórias.
b) Não cabe a instauração de Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas, pois não se
pode afirmar que há repetição da questão em
múltiplos processos, mas seria possível a
instauração de Incidente de Assunção de
Competência, o qual só pode ser provocado de
ofício pelo relator do processo.
c) Não cabe a instauração de Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas, pois não se
pode afirmar que há repetição da questão em
múltiplos processos, mas seria possível a
instauração de Incidente de Assunção de
Competência, através do qual é possível formar
tese vinculante para os juízes e órgãos fracionários
do TRF-3.
d) Não cabe a instauração de Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas, pois não se
pode afirmar que há repetição da questão em
múltiplos processos, nem a de Incidente de
Assunção de Competência, pois esse incidente é
voltado para a resolução de questões fáticas.
Comentário Longo
Na situação retratada, temos questão de direito
que se repete em um único outro processo.
Não se pode afirmar que há repetição em múltiplos
processos, portanto, está excluída a possibilidade
de instauração de Incidente de Resolução de
Demandas Repetitivas.
No entanto, a questão é exclusivamente de direito
e não há repetição em múltiplos processos,
portanto, caberia a instauração de incidente de
assunção de competência, na forma do art. 947. O
incidente pode ser provocado pelo próprio relator
de um processo, pelas partes, pelo Ministério
Público ou pela Defensoria Pública, na forma do §
1º. Além disso, o precedente que se forma em IAC
é vinculantepara os juízes e para os órgãos
fracionários do próprio tribunal, conforme o § 3º:
Art. 947. É admissível a assunção de competência
quando o julgamento de recurso, de remessa
necessária ou de processo de competência
originária envolver relevante questão de direito,
63
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
com grande repercussão social, sem repetição em
múltiplos processos.
§ 1º Ocorrendo a hipótese de assunção de
competência, o relator proporá, de ofício ou a
requerimento da parte, do Ministério Público ou da
Defensoria Pública, que seja o recurso, a remessa
necessária ou o processo de competência originária
julgado pelo órgão colegiado que o regimento
indicar.
§ 2º O órgão colegiado julgará o recurso, a
remessa necessária ou o processo de competência
originária se reconhecer interesse público na
assunção de competência.
§ 3º O acórdão proferido em assunção de
competência vinculará todos os juízes e órgãos
fracionários, exceto se houver revisão de tese.
§ 4º Aplica-se o disposto neste artigo quando
ocorrer relevante questão de direito a respeito da
qual seja conveniente a prevenção ou a
composição de divergência entre câmaras ou
turmas do tribunal.
Com essa noção, vejamos cada umas das
alternativas:
Letra A
INCORRETA.
Não estão presentes os requisitos para o IRDR, uma
vez que não há repetição da questão em múltiplos
processos.
Letra B
INCORRETA.
O erro está na parte final, pois não é apenas o
relator que pode provocar o incidente.
Letra C
CORRETA.
A questão discutida é de direito e não há repetição
em múltiplos processos, portanto, cabe a
instauração de IAC, que forma precedente
vinculante para os juízes e órgãos do Tribunal.
Letra D
INCORRETA.
Cabe a instauração de IAC, que é voltado para a
resolução de questões de direito, não de fato.
Comentário Curto
É importante conhecer os incidentes de
competência dos tribunais, principalmente os
incidentes pelos quais se formam precedentes
vinculantes.
A alternativa C está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 56.
O relator de um processo de apelação verificou que
o preparo recursal foi recolhido, mas de maneira
insuficiente. Sobre a situação, assinale a alternativa
correta:
a) O relator pode reconhecer de imediato a
deserção do recurso, proferindo decisão de não
conhecimento do recurso.
b) O relator deverá determinar a intimação do
recorrente pessoalmente para efetuar o
pagamento da parcela restante em dobro no prazo
de 5 dias, sob pena de deserção.
c) O relator deverá determinar a intimação do
recorrente pessoalmente para efetuar o
pagamento da parcela restante, sem necessidade
de pagamento em dobro, no prazo de 5 dias, sob
pena de deserção.
d) O relator deverá determinar a intimação do
recorrente na pessoa do seu advogado para efetuar
o pagamento da parcela restante, sem necessidade
de pagamento em dobro, no prazo de 5 dias, sob
pena de deserção.
Comentário Longo
No caso, o preparo foi pago de forma insuficiente.
De acordo com o § 2º do art. 1.007, não há
deserção de imediato: o recorrente deve ser
64
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
intimado, na pessoa de seu advogado, para pagar
o valor restante no prazo de 5 dias.
Art. 1.007. § 2º A insuficiência no valor do
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
implicará deserção se o recorrente, intimado na
pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no
prazo de 5 (cinco) dias.
Além disso, não incide a previsão de pagamento
em dobro, prevista no § 4º: o pagamento em
dobro só se aplica quando não houver
recolhimento do preparo. Se o recolhimento for
parcial, basta a complementação:
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de
interposição do recurso, o recolhimento do
preparo, inclusive porte de remessa e de retorno,
será intimado, na pessoa de seu advogado, para
realizar o recolhimento em dobro, sob pena de
deserção.
Com isso, vejamos cada uma das alternativas:
Letra A
INCORRETA.
Não ocorre de imediato a deserção: apenas após a
intimação para complementação na pessoa do
advogado é que poderá haver deserção, se o
pagamento não for feito no prazo.
Letra B
INCORRETA.
A intimação deve ser feita na pessoa do advogado
e não se exige o pagamento em dobro no caso de
insuficiência.
Letra C
INCORRETA.
A intimação deve ser feita na pessoa do advogado.
Letra D
CORRETA.
A intimação para complementação do preparo é
feita na pessoa do advogado e não se exige o
pagamento em dobro do valor faltante.
Comentário Curto
O Código facilitou a vida do advogado ao admitir
o pagamento posterior do preparo recursal,
vedando a prolação de decisões surpresas. Quando
for possível suprir o vício processual, deve-se
privilegiar a solução dos problemas processuais.
A alternativa D está correta e é o gabarito da
questão.
Questão 57.
Uma associação de servidores públicos federais
obteve, em mandado de segurança coletivo,
decisão reconhecendo a abusividade de certo
desconto previdenciário. Um grupo de cem
servidores federais, desvinculado da associação,
contratou um advogado para promover o
cumprimento da decisão em face da União a Em de
reaverem os valores pagos indevidamente de
forma retroativa. Recebida a petição de
cumprimento, o juiz entendeu que o número
excessivo de litisconsortes seria prejudicial ao
andamento do processo. Além disso, o juiz
constatou que o montante total ultrapassava a faixa
de valor que poderia ser paga por meio de
requisição de pequeno valor, no entanto, alguns
dos servidores tinham direito a parcela que estava
contida no limite suscetível de cumprimento
mediante requisição de pequeno valor. Sobre essa
situação, é correto afirmar que:
a) O juiz não poderia limitar o número de
litisconsortes de ofício, mas apenas por meio de
requerimento da União.
b) O juiz não poderia limitar o número de
litisconsortes de ofício, já que o litisconsórcio que
se formou é necessário.
c) O juiz pode limitar o número de litisconsortes de
ofício, no entanto, a Constituição Federal veda o
fracionamento de precatórios, portanto, o valor
devido deverá ser cumprido mediante precatório,
já que o montante total executado ultrapassa o
65
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
limite de valor que pode ser cumprido mediante
requisição de pequeno valor.
d) O juiz pode limitar o número de litisconsortes de
ofício e é possível o cumprimento mediante
requisição de pequeno valor em relação aos
servidores cujo crédito esteja abrangido pela
respectiva faixa, uma vez que os litisconsortes são
considerados litigantes autônomos.
Comentário Longo
Em primeiro lugar, é de se ver que o litisconsórcio
formado não é necessário, mas é facultativo, já que
cada litisconsorte tem uma relação jurídica
autônoma com a União e não se exige a formação
de processo em conjunto.
Além disso, não se exige requerimento do réu para
que haja controle do número de litisconsortes. De
acordo com o art. 113, § 1º, do CPC, a limitação
do litisconsórcio facultativo pode ocorrer quando o
número excessivo comprometer a rápida solução
do litígio ou dificultar o cumprimento da sentença.
Não se exige requerimento do executado:
Art. 113. § 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio
facultativo quanto ao número de litigantes na fase
de conhecimento, na liquidação de sentença ou na
execução, quando este comprometer a rápida
solução do litígio ou dificultar a defesa ou o
cumprimento da sentença.
Quanto à proibição de fracionamento de
precatório, o Supremo Tribunal Federal, em sede
de repercussão geral, no julgamento do RE
568.645, decidiu que os exequentes são
considerados litigantes autônomos entre si, pois o
litisconsórcio que se forma é facultativo. Assim, não
se considera o montante global devido para fins de
apuração da forma de cumprimento da decisão, se
por precatório ou por requisição de pequeno valor:
deve-se considerar o valor devido a cada um dos
litisconsortes.
Dessa forma,os servidores que fizerem jus a valor
que esteja na faixa de pagamento por requisição
de pequeno valor serão pagos por RPV, e não por
precatório.
Com isso, vejamos cada uma das alternativas:
Letra A
INCORRETA.
Não se exige requerimento do executado para que
haja limitação do litisconsórcio facultativo.
Letra B
INCORRETA.
O litisconsórcio não é necessário, mas sim
facultativo.
Letra C
INCORRETA.
A jurisprudência se firmou no sentido de que se
deve considerar o valor devido a cada um dos
litisconsortes facultativos, e não o valor global
executado.
Letra D
CORRETA.
Como o litisconsórcio é facultativo, é possível o
cumprimento da decisão de acordo com o crédito
devido a cada um dos servidores, e não conforme
o montante global.
Comentário Curto
É necessário o conhecimento da teoria geral do
processo civil para se obter a solução de problemas
complexos, como os que ocorrem no âmbito dos
precatórios. A noção de que o processo é um meio
de cumprimento do direito material também ajuda
a resolver a questão: se as relações jurídicas são
diversas, não há por que se tomar em conta o valor
global cobrado no processo, o qual tem natureza
instrumental.
A alternativa D está correta e é o gabarito da
questão.
Direito Penal
66
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Cristiano Rodrigues
Questão 58.
Enquanto Pedro, portador de deficiência de saúde
mental caminhava pela rua, João, que já o conhecia
e sabia de sua deficiência, ao encontrá-lo, decidiu
desferir diversas agressões físicas contra ele por
pura maldade. Pedro, no mesmo instante,
revidando a situação, desferiu diversos golpes na
face de João para fazer cessar sua conduta. Os
policiais militares, que estavam próximo ao local, ao
avistarem a confusão, imobilizaram os agentes e os
conduziram à Delegacia de Polícia. Levando em
consideração que a condição de saúde mental de
Pedro afastava totalmente a sua capacidade de
discernimento, pode-se afirmar que:
A) Diante da ausência de culpabilidade em razão de
Pedro ser inimputável, o juiz proferirá sentença
absolutória imprópria e aplicará medida de
segurança detentiva.
B) Pedro será condenado, porém sua pena será
reduzida de 1 a 2/3, pois apesar de ser considerado
semi-imputável, é responsável pelo crime
praticado.
C) Diante da ausência de culpabilidade em razão de
Pedro ser inimputável, o juiz proferirá sentença
absolutória imprópria e aplicará medida de
segurança detentiva.
D) inexiste injusto penal no comportamento de
Pedro e não será possível aplicar qualquer sanção
penal à sua conduta.
Comentários
O enunciado da questão narra hipótese de
excludente de ilicitude e não de culpabilidade.
Observe que foi descrito que Pedro reagiu à
conduta de João para fazer cessar as agressões
sofridas, razão pela qual é possível concluir que
Pedro agiu em manifesta legítima defesa. Como o
substrato da ilicitude da conduta é analisado antes
mesmo da culpabilidade, será desnecessário
analisar a culpabilidade do agente.
A – Incorreta, conforme comentário exposto no
item “D”. Para complementação do estudo,
lembre que medida de segurança detentiva
consiste na internação do sujeito em hospital de
custódia e tratamento psiquiátrico e tem previsão
no inciso I do art. 96 do CP, sendo destinada aos
ilícitos penais cuja pena cominada no tipo penal
importa em reclusão.
B – Incorreta, conforme comentário exposto no
item “D” pois não há crime por exclusão da
ilicitude
C – Incorreta, conforme comentário exposto no
item “D”. Para complementação do estudo,
lembre que medida de segurança restritiva consiste
na imposição de tratamento ambulatorial e tem
previsão no inciso I do art. 96 do CP, sendo
destinada aos ilícitos penais cuja pena cominada no
tipo penal importa em detenção.
D – Correta. Por inexistir injusto penal na conduta
de Pedro, não será possível aplicar qualquer sanção
penal a ele já que ele agiu em legitima defesa.
Lembre que parte da doutrina explica o injusto
penal como gênero, que é composto pela
tipicidade e ilicitude. Logo, inexistindo ilicitude,
não há injusto penal. E não havendo injusto penal,
não poderá ser aplicada qualquer sanção penal ao
agente, seja pena ou medida de segurança.
Gabarito: D
Questão 59.
Vítor foi condenado pelo crime de lesão corporal
leve na modalidade qualificada, cuja pena é de 01
a 04 anos de reclusão, porque teria agredido
fisicamente Maria, sua esposa à época dos fatos.
Na sentença condenatória, o juiz deixou claro que
a motivação do crime foi porque Vítor não queria
aceitar o divórcio proposto por Maria. Ao realizar a
dosimetria da pena, foi imposta a reprimenda de 02
anos de reclusão a ser cumprido no regime aberto,
sendo exposto nos fundamentos da sentença que
67
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
não seria cabível a substituição da pena fixada por
restritiva de direitos e não seria possível aplicar a
suspensão condicional da pena, pois Vitor tinha
sido condenado por homicídio culposo e era,
portanto, reincidente. Caso a defesa de Vítor
interponha recurso de apelação, é correto afirmar
que:
A) a defesa não poderá requerer a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, porém, será possível requerer a aplicação
da suspensão condicional da pena (sursis).
B) a defesa não poderá requerer a substituição da
pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos e tampouco a aplicação da suspensão
condicional da pena (sursis), pois esta prevê a
prestação de serviços à comunidade como
condição de cumprimento.
C) a defesa poderá pleitear a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos
porque a pena é inferior a 04 anos e porque a
reincidência em crime culposo não é óbice para a
substituição, também não poderá pleitear a
suspensão condicional da pena (sursis) porque é
incabível aos reincidentes de qualquer natureza.
D) A defesa não poderá pleitear a substituição da
pena por restritiva de direitos por expressa
vedação legal, tampouco poderá requerer a
suspensão condicional da pena (sursis) porque a
pena fixada foi maior que 1 ano.
Comentários
A questão narra hipótese de lesão corporal leve
praticado no contexto de violência doméstica. Para
respondê-la, é necessário conhecimento acerca os
requisitos da substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos e da suspensão
condicional da pena.
No que se refere à substituição da pena por
restritiva de direitos, o artigo 44 do Código Penal
dispõe que os requisitos a serem preenchidos são:
“I – aplicada pena privativa de liberdade não
superior a quatro anos e o crime não for cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa ou,
qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;
II – o réu não for reincidente em crime doloso;
III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do condenado, bem como
os motivos e as circunstâncias indicarem que essa
substituição seja suficiente. (...)
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá
aplicar a substituição, desde que, em face de
condenação anterior, a medida seja socialmente
recomendável e a reincidência não se tenha
operado em virtude da prática do mesmo crime.”
Já para a suspensão condicional da pena, o Código
Penal prevê os seguintes requisitos previstos no art.
77:
“Art. 77 - A execução da pena privativa de
liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser
suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime
doloso
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e personalidade do agente, bem como os
motivos e as circunstâncias autorizem a concessão
do benefício
III - Não seja indicada ou cabível a substituição
prevista no art. 44 deste Código”.
Além disso, prevê no artigo 78 que durante o prazo
da suspensão, o condenado ficará sujeito à
observação e ao cumprimento das condições
estabelecidas pelojuiz, que, no primeiro ano do
prazo, deverá o condenado prestar serviços à
comunidade (art. 46) ou submeter-se à limitação de
fim de semana (art. 48).
A – Correta. Incabível a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos, por
expressa vedação legal (art. 44, I, CP), mas cabível
68
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
a suspensão condicional da pena, pois o sujeito foi
condenado a pena igual ou inferior a 2 anos e não
há vedação legal para aplicar o benefício para os
condenados por crime praticado com violência ou
grave ameaça à pessoa.
B – Incorreta. Não há vedação nesse sentido para a
suspensão condicional da pena. O art. 17 da Lei
11.340/06 veda apenas “a aplicação, nos casos de
violência doméstica e familiar contra a mulher, de
penas de cesta básica ou outras de prestação
pecuniária, bem como a substituição de pena que
implique o pagamento isolado de multa”.
C – Incorreta. As duas partes da alterativa estão
erradas. A primeira parte porque é incabível a
substituição da pena importa por restritiva de
direitos quando o crime é praticado com violência
ou grave ameaça à pessoa (art. 44, I, CP, e Súmula
588-STJ dispõe que “a prática de crime ou
contravenção penal contra a mulher com violência
ou grave ameaça no ambiente doméstico
impossibilita a substituição da pena privativa de
liberdade por restritiva de direitos”). Na segunda
parte está incorreta porque a suspensão
condicional da pena é aplicável para hipóteses em
que o réu não é reincidente em crime doloso ou
quando o crime foi praticado com o emprego de
violência ou grave ameaça à pessoa, desde que
menor ou igual a 2 anos.
D – Incorreta. Na segunda parte da alternativa não
está correto afirmar que o benefício se aplica
apenas para penas menores ou igual a 1 ano. Não
confunda o sursis da pena com o sursis processual,
previsto no art. 89 da lei 9.099/95.
Gabarito: A
Questão 60.
Luis, visando matar Rogério, seu desafeto desde a
infância, por vingança, decide comprar uma arma
de fogo para executar o crime planejado. Com a
arma em mãos e mais 5 munições para carregá-la,
Luis e se dirige ao sítio onde se encontrava Rogério
e, ao avistá-lo, mira a arma de fogo na direção da
pena direita de Rogério e dispara. Rogério cai sob
o chão e Luis ainda efetua novo disparo
propositalmente em seu braço direito. Ao se
aproximar para dar o tiro de misericórdia, Luis mira
a arma para a face de Rogério e o alerta para ficar
esperto, indo embora em seguida sem efetuar o
disparo. No contexto narrado, é correto afirmar
que:
A) Luis responderá pelo crime de tentativa de
homicídio qualificado com diminuição da pena de
1/3 a 2/3, sendo tanto a vingança quanto o uso da
arma de fogo fundamentos para qualificar o delito.
B) Luis responderá apenas pelos atos de lesão
corporal praticados porque incide a figura da
desistência voluntária.
C) Luis responderá apenas pelos atos de lesão
corporal praticados porque incide a figura do
arrependimento eficaz.
D) Luis responderá pelo crime de tentativa de
homicídio qualificado com diminuição da pena de
1/3 a 2/3, sendo apenas possível qualificar o delito
em razão da vingança que configura motivo torpe,
mas não pelo uso da arma de fogo.
Comentários
O enunciado narra hipótese de configuração da
desistência voluntária (Art. 15 CP). Para responder
a questão, é preciso distinguir o referido instituto
com o arrependimento eficaz e a configuração da
tentativa. Inicialmente, observe que a desistência
voluntária e o arrependimento eficaz não se
confundem com a tentativa.
A tentativa configura quando o sujeito não
consuma o delito por circunstâncias alheias à sua
vontade (Art. 14 II CP). Por outro lado, a desistência
e arrependimento eficaz, hipóteses denominadas
pela doutrina de “tentativa abandonada” ou “
tentativa qualificada”, são causas de não
consumação do delito de forma voluntária por
69
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
parte do agente. Ambas são causas de exclusão da
adequação típica do crime tentado, ou seja, tanto
no arrependimento eficaz como na desistência
voluntária, que incidem em momentos anteriores à
consumação do delito, como teoricamente já
estava configurada a tentativa do delito no plano
fático, ao sujeito mudar de plano voluntariamente
e desistir da consumação, será possível excluir a
hipótese da tentativa para que o agente responda
apenas pelos atos praticados.
A desistência voluntária ocorre quando o há início
da execução mas o sujeito abandona o intento sem
terminar de esgotar os atos executórios que
estavam à sua disposição.
O arrependimento eficaz, por outro lado, há início
da execução e esgotam-se os atos executórios, mas
o sujeito atua positivamente de maneira à impedir
o resultado e a consumação do delito.
A – Incorreta. Não responderá pelo crime de
homicídio qualificado na modalidade tentada
porque o agente desistiu de prosseguir na conduta
de forma voluntária, razão pela qual responderá
apenas pelos atos praticados. Apenas por
curiosidade, com a derrubada dos vetos que o
Presidente da República havia feito em alguns
dispositivos da Lei anticrime (13.964/19), o
Congresso Nacional reinseriu ao artigo 121 a
hipótese de qualificadora pelo uso da arma de fogo
de uso restrito ou proibido.
B – Correta. Luis ainda tinha consigo outras 3
munições da arma de fogo para disparar contra
Rogério. Logo, como desistiu voluntariamente de
prosseguir na consumação do delito quando os
meios executórios ainda estavam à sua disposição,
responderá apenas pelos atos praticados,
excluindo-se a hipótese de configuração da
tentativa pelo crime inicialmente desejado. Incide o
artigo 15 do CP (“O agente que, voluntariamente,
desiste de prosseguir na execução ou impede que
o resultado se produza, só responde pelos atos já
praticados”).
C – Incorreta. Não se trata de arrependimento
eficaz porque Luis não tinha esgotado todos os
meios executórios à sua disposição e apenas se
afastou sem atuar positivamente para evitar o
resultado (disparou apenas 02 vezes contra Rogério
quando ainda tinha consigo mais 3 munições) .
D – Incorreta. Conforme comentários do item “A
”. Lembrando que atualmente é possível a
qualificadora do homicídio pelo uso da arma de
fogo de uso restrito ou proibido.
Gabarito: B
Questão 61.
Luísa estava grávida de 03 meses quando realizou
sua primeira ultrassonografia. Durante o exame, o
médico comunicou que se tratava de feto
anencéfalo. Como Luísa já tinha outros 5 filhos e
não tinha boas condições financeiras, decidiu que
realizaria um aborto em uma clínica clandestina. Os
fatos chegaram ao conhecimento da Promotoria de
Justiça que denunciou Luísa pelo crime de aborto.
Considerando o caso narrado, é correto afirmar
que:
A) que Luísa agiu sob causa excludente da ilicitude
do fato.
B) que Luísa agiu sob em razão da manifesta de
causa excludente da culpabilidade do agente.
C) que o fato narrado evidentemente é atípico e
não constitui crime.
D) que Luísa será criminalmente processada pelo
aborto porque realizou fato típico, ilícito e culpável.
Comentários
A questão trata da interrupção da gravidez em
razão de feto anencefálico e requer o
conhecimento acerca da natureza jurídica deste
ato.
Para respondê-la é preciso lembrar que o STF, no
julgamento da ADPF 54, decidiu que a interrupção
70
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
da gravidez nos casos de anencefalia é
formalmente atípico, pois não há o bem jurídico
vida para ser tutelado nessas condutas (o feto não
tem vida nos casos de anencefalia).
A – Incorreta. O fato narrado, na visão do STF,
exclui a tipicidade da conduta. Logo, não se analisa
o substrato da ilicitude porque o fato já é
formalmente atípico por inexistir vida como bem
jurídico a ser tutelado.
B – Incorreta. Não há que se falar em
inexigibilidade de conduta diversa nesse caso, pois
o fato já é formalmente atípico, conforme
comentário doitem “A”.
C – Correta. Como o STF julgou a ADPF n. 54 para
afirmar que a interrupção de gravidez de feto
anencefálico não tem o condão de tornar a conduta
criminosa porque inexiste vida a ser tutelada como
bem jurídico, o fato narrado evidentemente não
constitui crime, sendo atípico.
D – Incorreta. Conforme comentários dos itens
anteriores não há crime, pois o fato é atípico.
Gabarito: C
Questão 62.
Simprônio, desejando ceifar a vida de uma figura
pública, planejou que colocaria uma bomba no
carro para explodi-la quando fosse alcançada a
velocidade de 100 km/h. Simprônio tinha
conhecimento que a pessoa famosa apenas andava
no carro quando o motorista Antônio a levava.
Então, para ele, tanto a morte da figura pública
desejada bem como a de seu motorista eram
esperadas. Após o Em das investigações,
Simprônio foi apontado como autor do delito,
tendo o Ministério Público oferecido denúncia pelo
crime de homicídio qualificado em concurso
material. Diante desse contexto, Simprônio
consulta seu advogado sobre os possíveis
resultados do processo, que deverá explicar que:
I– aplica-se o concurso formal perfeito e não o
concurso material de crimes, pois Simprônio
alcançou o resultado apenas com uma única
conduta, com um único desígnio.
II – aplica-se o sistema da exasperação da pena,
devendo o juiz considerar a pena de um homicídio
praticado com aumento de 1/6 até a metade.
III – em razão dos desígnios autônomos, aplica-se o
concurso formal improprio e sistema do cúmulo
material das penas, devendo a pena dos dois
homicídios serem somadas ao final.
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
Comentários
O enunciado trata do concurso formal de crimes.
Para responder a questão, é preciso diferenciar o
concurso material do concurso formal e, além disso,
diferenciar as espécies de concurso formal
existentes no ordenamento jurídico.
Sinteticamente, enquanto o concurso material
ocorre nas hipóteses em que o agente pratica dois
ou mais resultados com a prática de 2 ou mais
condutas, o concurso formal incide quando
mediante o sujeito realiza 2 ou mais resultados com
a prática de apenas uma conduta.
No que se refere às espécies de concurso formal,
há que diferenciar o concurso formal próprio
(perfeito) do concurso formal impróprio
(imperfeito). O primeiro ocorre quando o sujeito
age em sua conduta sem desígnios autônomos, ou
seja, age sem querer ou saber que irá produzir mais
de um resultado. O concurso formal impróprio, por
consequência, ocorre quando o sujeito age com
desígnios autônomos, ou seja, pratica uma conduta
com dolo de produzir mais de um resultado, seja
com dolo direto de 1º ou de 2º grau..
71
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
No concurso material e no concurso formal
impróprio há aplicação do sistema do cúmulo
material. Portanto, as penas dos crimes são
somadas ao final.
O concurso formal próprio, por outro lado, aplica o
sistema de exasperação de pena, na qual o juiz
considera o crime mais grave (se distintos) ou a
pena de qualquer dos crimes (se idênticos) e
exaspera, ao final, de 1/6 a 1/2.
O item “I” está incorreto porque há concurso
formal impróprio. Simprônio agiu com desígnios
autônomos ao colocar a bomba no carro (mediante
uma conduta) sabendo que produziria dois
resultados certos (morte da figura pública e do
motorista).
O item “II” está incorreto, pois o concurso formal
impróprio ocorrido (conforme narrado no item I)
enseja a aplicação do sistema do cúmulo material
(soma das penas).
O item III está correto, conforme itens I e II, sendo
aplicável o sistema do cúmulo material de penas
porque Simprônio agiu com desígnios autônomos
com relação às mortes da figura pública e do
motorista.
Gabarito: C
Questão 63.
Mévio passeava na rua do ouro, localizada no
centro da cidade, quando viu na vitrine de uma loja
um relógio de ouro da marca “rolex”. Planejando
praticar o crime de furto, Mévio aguardou o
momento que a vendedora se distraiu para atender
o telefone e adentrou rapidamente na loja para
subtrair o bem. Ao sair correndo na rua na posse
do relógio, Cássio, que observava toda a ação,
empurrou Mévio no chão e o deteve para ser preso
em flagrante delito. Na Delegacia de Polícia, a
vendedora reconheceu Mévio como autor do crime
e informou que o relógio que ficava na vitrine era
uma réplica que custava R$ 10,00 (dez) reais e que
lá ficava apenas como demonstração dos originais
que estavam guardados no cofre no interior do
estabelecimento era na verdade. Após o Ministério
Público oferecer denúncia contra Mévio, o
Magistrado recebeu a peça acusatória e
determinou a citação de Mévio. De acordo com o
caso hipotético narrado, é correto afirmar que:
A) a conduta de Mévio é típica, ilícita e culpável,
motivo pelo qual responderá ao processo pela
prática do crime de furto simples em sua
modalidade consumada.
B) a conduta de Mévio é típica, ilícita e culpável,
motivo pelo qual responderá ao processo pela
prática do crime de furto simples em sua
modalidade tentada.
C) o erro sobre a natureza ou valor do objeto pode
tornar formalmente atípica a conduta de furto de
Mévio caso o erro seja inescusável, e, se escusável,
também tornará atípica a conduta, pois inexiste
furto na modalidade culposa.
D) o erro sobre a natureza ou valor do objeto é
irrelevante para o Direito Penal, sendo
formalmente típica a conduta de furto de Mévio,
mas materialmente atípica diante da aplicação do
princípio da bagatela ao caso narrado.
Comentários
A questão abrange conhecimento acerca do erro
sobre a natureza do objeto que não afasta a
responsabilidade penal do agente, e a aplicação do
princípio da insignificância.
A doutrina ensina que o erro sobre o objeto é
irrelevante para o Direito Penal. Logo, a conduta do
agente será formalmente típica. No entanto,
poderá apreciar o fato sobre o prisma da tipicidade
material para aplicar o princípio da insignificância
(da bagatela) para tornar atípica a conduta do
agente, por ausência de lesividade ao bem jurídico
tutelado.
A – Incorreta. A conduta de Mévio não preenche a
tipicidade penal, pois ausente a tipicidade material
72
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
da conduta, conforme comentário do Item “D”.
Lembre-se que a tipicidade penal é composta pela
tipicidade formal e tipicidade material. A tipicidade
formal é o juízo de subsunção entre a conduta
praticada e o modelo descrito pelo tipo penal.
Mévio não preenche, no entanto, a tipicidade
material.
B – Incorreta. Conforme comentários do item “A
” e também porque no caso sequer poderia
considerar a modalidade tentada do crime de furto,
pois aplica-se, quanto ao momento consumativo do
crime de furto, a teoria da amotio, na qual ensina
que o crime se consuma no momento da inversão
da posse, que torna o agente efetivo possuidor da
coisa, ainda que não seja de forma mansa e
pacífica, sendo prescindível que o objeto subtraído
saia da esfera de vigilância da vítima.
C – Incorreta. O erro narrado no caso é irrelevante,
não sendo possível excluir a responsabilidade do
agente pelo crime praticado, ou seja, o crime será
formalmente típico e não poderá excluir o dolo de
sua conduta.
D – Correta. Como o erro sobre a natureza do
objeto é irrelevante para o Direito Penal e a
conduta de Mévio será formalmente típica, e
somente se poderá aferir a tipicidade material para
aplicar o princípio da insignificância excluindo
assim a tipicidade penal. Como o relógio era de
valor insignificante, não houve lesividade ao bem
jurídico tutelado (patrimônio da vítima).
Gabarito: D
Direito Processual Penal
Ivan Luís Marques
Questão 64.
Tororoca foi eleito senador da República com
ampla maioria de votos. Após a sua diplomação, ou
seja, durante o exercício de seu mandato, solicitou
R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) a Wladimir,
empresário do ramo de tecidos de Martinópolis,
para apresentar um projeto de lei que o
beneficiariaperante os concorrentes diretos. O
parlamentar recebeu uma notificação da Delegacia
de Martinópolis para prestar esclarecimentos.
Indignado com a notificação, afinal de contas, já era
parlamentar e tem foro de prerrogativa de função
perante o STF, procura seu escritório de advocacia
para uma consultoria. De acordo com os fatos
narrados, você deverá informar ao parlamentar
que:
a) Apesar da notificação estar correta, não pode o
Ministério Público oferecer denúncia sem
autorização do Senado Federal.
b) O Ministério Público pode oferecer denúncia
sem autorização do Senado Federal e também não
haverá possibilidade de suspender a ação penal na
Casa Legislativa, pois se trata de crime comum e
não de responsabilidade.
c) O Ministério Público pode oferecer denúncia
contra o Senador sem qualquer exigência de
autorização do Senado, no entanto, para que o
Supremo Tribunal Federal possa receber a
denúncia, a Casa Legislativa deverá ser cientificada
previamente para decidir acerca da
procedibilidade.
d) O Ministério Público pode oferecer denúncia
contra o Senador sem qualquer exigência de
autorização parlamentar, assim como será essa
dispensável para que o Supremo Tribunal Federal
possa recebê-la, no entanto, após o recebimento
da denúncia, será dará ciência ao Senado, que, por
iniciativa de partido político nela representado e
pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até
a decisão final, sustar o andamento da ação.
Comentários
A questão retrata o foro por prerrogativa de função
e requer do aluno conhecimento acerca das
imunidades constitucionais dos parlamentares.
A – Incorreta. A CF/88 não exige autorização prévia
da Casa Legislativa respectiva para iniciar a ação
73
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
penal envolvendo deputado federal ou senador em
virtude de crime praticado após a diplomação.
B – Incorreta. O art. 53, § 3º, da CF, possibilita
expressamente a hipótese de sustação da ação
penal, conforme comentários disponíveis no item
“D”.
C – Incorreta. Não há exigência imposta na CF
tanto para oferecer denúncia quanto para receber
nos crimes comuns praticados por deputado
federal ou senador após a diplomação, conforme
comentários disponíveis no item “D”.
D – Correta. Em razão de crimes praticados após a
diplomação, o STF, ao receber ação penal
envolvendo deputados federais ou senadores,
deverá notificar a Casa Legislativa respectiva para
que seja deliberado acerca do procedimento da
ação penal em curso, assim como dispõe
expressamente o art. 53, § 3º da CF (“Recebida
a denúncia contra o Senador ou Deputado, por
crime ocorrido após a diplomação, o Supremo
Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva,
que, por iniciativa de partido político nela
representado e pelo voto da maioria de seus
membros, poderá, até a decisão final, sustar o
andamento da ação”).
Gabarito: D
Questão 65.
Durante a sessão plenária do Tribunal do Júri,
Jorge, que havia sido pronunciado por crime de
homicídio qualificado, foi mantido algemado para
garantir a segurança dos jurados, tendo o juiz-
presidente do Tribunal do Júri devidamente
fundamentado essa questão. Ao iniciar os debates
orais, o Promotor de Justiça, para convencer os
jurados, alegou que Jorge era tão perigoso que foi
preciso mantê-lo algemado e que era tão culpado
pelo delito praticado que em seu interrogatório
preferiu se manter em silêncio, já que sequer teria
argumentos para se defender. Nos debates da
defesa, o advogado sustentou que Jorge teria
praticado o feminicídio porque defendeu a sua
honra, já que teria descoberto as infidelidades de
sua esposa. Com base nesse contexto, é correto
afirmar que a defesa:
A) não poderia utilizar a tese de legítima defesa da
honra em seus debates e caso Jorge vier a ser
condenado, deverá interpor recurso de apelação
para submeter Jorge a novo julgamento, sob o
fundamento de que o uso das algemas e do silêncio
do acusado constituem referências proibidas nos
debates, sob pena de nulidade.
B) não poderia utilizar a tese de legítima defesa da
honra em seus debates e caso Jorge vier a ser
condenado, apenas será possível a interposição do
recurso de apelação caso as nulidades com relação
ao uso das referências às algemas e ao silêncio do
acusado forem arguidas até o momento da votação
dos quesitos.
C) é plenamente possível a alegação da tese de
legítima defesa da honra em seus debates, em
atenção ao princípio da plenitude de defesa, e caso
Jorge vier a ser condenado, deverá interpor
recurso de apelação para submeter Jorge a novo
julgamento, sob o fundamento de que o uso das
algemas e do silêncio do acusado constituem
referências proibidas nos debates, sob pena de
nulidade.
D) é plenamente possível a alegação da tese de
legítima defesa da honra em seus debates, em
atenção ao princípio da plenitude de defesa, e caso
Jorge vier a ser condenado, apenas será possível a
interposição do recurso de apelação caso as
nulidades com relação ao uso das referências às
algemas e ao silêncio do acusado forem arguidas
até o momento da votação dos quesitos.
Comentários
A questão aborda dois aspectos. O primeiro
relacionado à possibilidade de arguir a legítima
defesa da honra nos debates orais para justificar a
74
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
prática do homicídio e o segundo relacionado às
referências proibidas.
Com relação à alegação de legítima defesa da
honra, precisa ter atenção que em março de 2021,
o Plenário do Supremo Tribunal Federal considerou
inconstitucional a alegação dessa tese durante os
debates do Tribunal do Júri, em especial quando o
contexto se refere ao feminicídio. Com isso, o STF
prestigiou o princípio constitucional da dignidade
da pessoa humana e vedou a sua utilização no
Tribunal do Júri, sob pena de anulação do
julgamento.
Partindo do pressuposto que os jurados são
pessoas leigas que podem ser influenciados por um
argumento de autoridade, o art. 478 do CPP dispôs
expressamente que, durante os debates, as partes
não poderão, sob pena de nulidade, fazer
referências:
I - à decisão de pronúncia, às decisões posteriores
que julgaram admissível a acusação ou à
determinação do uso de algemas como argumento
de autoridade que beneficiem ou prejudiquem o
acusado; e
II - ao silêncio do acusado ou à ausência de
interrogatório por falta de requerimento, em seu
prejuízo.
A – correta, pois o uso da legítima defesa da honra
é inconstitucional, não podendo ser arguida, sob
pena de nulidade, e o uso das referências proibidas
causam nulidade, podendo ser objeto de
impugnação no recurso de apelação para pleitear
novo júri.
B – incorreta. Na segunda fase de rito do Tribunal
do Júri, o momento para arguir nulidades relativas
no plenário do Júri será da seguinte forma: as
nulidades relativas ocorridas após a pronúncia
devem ser arguidas até o pregão. Depois disso, as
nulidades relativas devem ser arguidas
imediatamente (art. 571 do CPP).
C – incorreta, conforme comentários do item “A”
.
D – incorreta, conforme comentários do item “B”
.
Gabarito: A
Questão 66.
Angelina foi vítima de um estelionatário que lhe
causou um prejuízo econômico no valor de 800 mil
reais. Após investigação policial, descobriu-se que
o criminoso era Francisco, vulgo “chiquinho ligeiro
”. No fato praticado contra Angelina, senhora com
63 anos de idade, o Ministério Público ofereceu a
denúncia em desfavor de Chiquinho requerendo a
condenação pelo crime de estelionato e nada
falando a respeito do ressarcimento da vítima.
Após as alegações finais, Angelina procurou você
em seu escritório de advocacia para a seguinte
consulta: “é possível a habilitação como assistente
de acusação nessa fase processual? Pode o juiz fixar
uma indenização para repor meus prejuízos na
sentença criminal? Diante do caso prático narrado,
as suas respostas para Angelina serão:
A) será possível a habilitação como assistente de
acusação desde que seja antesda sentença; será
possível a fixação de valor mínimo de indenização,
pois trata-se de efeito automático da sentença
penal condenatória.
B) será possível a habilitação como assistente de
acusação até o trânsito em julgado da sentença;
porém, o pedido de valor mínimo a título de
indenização não poderá mais ser pleiteado na ação
penal, pois inviabilizaria o exercício do
contraditório de Chiquinho. Nada impedirá, no
entanto, que seja executada a sentença penal
condenatória por meio de ação civil ex delicto.
C) será possível a habilitação como assistente de
acusação até o trânsito em julgado da sentença; no
entanto, o valor a título de indenização só pode ser
buscado na seara civil, pois no processo penal a
75
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
sentença de mérito se destina apenas a condenar
ou absolver o acusado pelo crime praticado, sendo
inviável qualquer pedido de reparação do dano na
seara penal, mesmo referente a danos morais ou
materiais.
D) será possível a habilitação como assistente de
acusação desde que seja antes da sentença; Se
absolvido, Chiquinho não deverá indenizar
Angelina, não importando o inciso da absolvição.
Comentários
A questão abrange dois aspectos: prazo para o
assistente de acusação se habilitar e indenização
pelos danos causados pelo autor do delito.
Inicialmente precisa apontar o limite temporal para
requerer a habilitação como assistente de acusação
é o trânsito em julgado da sentença, conforme
dispõe o artigo 269 do CPP.
A segunda parte da questão requer conhecimento
acerca da possibilidade de Maria pleitear fixação
de valor mínimo como indenização ou de haver
para si a reparação dos danos na esfera civil.
O art. 387, inciso IV, do CPP, dispõe que o juiz
fixará valor mínimo para reparação dos danos
causados pela infração, considerando os prejuízos
sofridos pelo ofendido. Para que seja viável essa
fixação, será preciso que a acusação ou ofendido
tenham requerido expressamente na inicial
acusatória, pois viabiliza a ampla defesa e o
contraditório do acusado.
A – Incorreta. A habilitação do assistente de
acusação poderá ser feita até o trânsito em julgado
da decisão, e não até o momento anterior do juiz
proferir a sentença. Na segunda parte, é preciso
requerer a fixação de valor mínimo como danos
pelo crime praticado na inicial acusatória para
viabilizar o exercício da defesa.
B – Correta. Para que haja a fixação na sentença do
valor mínimo devido a título de indenização civil
pelos danos causados à vítima, é necessário pedido
expresso, sob pena de afronta à ampla defesa. No
enunciado, narra-se um contexto de que o
Ministério Público não requereu a fixação do valor
mínimo na acusação e que a vítima pretende
pleitear apenas em sede de alegações finais
C – Incorreta. O art. 387, IV, do CPP, permite ao
juiz fixar valor mínimo de indenização pelos danos
causados.
D – Incorreta. O art. 269 do CPP permite ao
ofendido se habilitar como assistente de acusação
até o trânsito em julgado. Ademais, não é qualquer
hipótese de absolvição que fulmina o pleito de
reparação de danos na esfera civil. No caso de
absolvição por falta de provas: não haverá a
produção de qualquer efeito na esfera cível ou
administrativa. Desta forma, se foi absolvido pelo
art. 386, II, V, VI segunda parte ou VII não haverá a
produção de nenhum efeito e poderá pleitear em
ação de conhecimento no juízo civil a reparação de
danos.
Gabarito: B
Questão 67.
Peter decidiu furtar uma mansão no bairro mais
nobre de sua cidade. Porém, a casa estava muito
bem protegida, com câmeras, cerca elétrica e
ofendículas nas grades. Não vendo outra
alternativa, comprou dinamite e explodiu o muro,
em um dia que a residência estava vazia. Após a
explosão, entrou e furtou as joias, relógios e saiu
dirigindo um fusca 1967 que estava na garagem.
Com as imagens das câmeras, a polícia civil logrou
êxito e localizou o furtador. Durante as
investigações, a autoridade policial representou
pela prisão temporária por entender se
imprescindível para a continuidade das
investigações. Após vistas ao Ministério Público
que nada requereu. O juiz competente decretou a
prisão temporária por 30 dias. Findo o prazo da
prisão e com o recebimento da denúncia, o juiz
converteu de ofício a prisão temporária em prisão
76
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
preventiva. Analise as assertivas a seguir e indique
a correta:
A) A prisão temporária é ilegal porque somente
poderá ser decretada pelo prazo de 5 (cinco) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade.
B) A prisão temporária é ilegal, não sendo cabível
para o furto.
C) A prisão temporária é ilegal porque o
magistrado não poderia decretá-la sem
requerimento do Ministério Público, sendo
insuficiente a representação do delegado de
polícia.
D) A prisão preventiva é ilegal porque não poderia
o magistrado ter convertido a prisão temporária em
preventiva sem requerimento do MP.
Comentários
A questão aborda aspectos da prisão temporária e
da preventiva.
Alternativa A – ERRADA. O crime de furto
qualificado pelo emprego de explosivo ou de
artefato análogo que cause perigo comum tem
natureza hedionda, e, por isso, poderá ser
decretado pelo prazo de 30 (trinta) dias,
prorrogável por igual período em caso de extrema
e comprovada necessidade (Lei 8.072/90, art. 1º,
IX, e art. 2º, § 4º).
Alternativa B – ERRADA. Trata-se de crime
hediondo e, portanto, cabível prisão temporária,
conforme comentários do item “I”.
Alternativa C – ERRADA. A prisão temporária
poderá ser decretada pelo Juiz, em face da
representação da autoridade policial OU de
requerimento do Ministério Público, e terá o prazo
de 5 (cinco) dias, prorrogável por igual período em
caso de extrema e comprovada necessidade.
Alternativa D – CERTA. É vedada a decretação de
ofício (sem ninguém representar ou requerer) da
prisão preventiva ou da prisão temporária em
qualquer hipótese.
Gabarito: D
Questão 68.
Marli acabou se envolvendo com Luigi, criminoso
conhecido em sua região, e, após dois meses de
namora, a moça engravidou. Ao contar para Luigi,
recebeu um ultimato – “ou aborta, ou morre”.
Após duas semanas sem notícias, Luigi decide
matar Marli e, ao chegar em sua casa armado, é
recebido com 4 disparos de arma de fogo e morre.
Marli foi presa e processada perante a 2ª Vara do
Júri da Capital do Estado do Piauí. O magistrado
recebeu a denúncia e determinou a citação pessoal
da ré. A respeito desse momento processual,
responda:
A) a defesa poderá alegar na resposta à acusação
que Marli agiu em legítima defesa real e requerer a
sua absolvição sumária, sem a oitiva prévia do
Ministério Público e antes da audiência de
instrução.
B) a defesa poderá alegar na resposta à acusação
que Marli agiu em legítima defesa real e requerer a
sua absolvição sumária, após a oitiva prévia do
Ministério Público e antes da audiência de
instrução.
C) a defesa poderá alegar na resposta à acusação
que Marli agiu em legítima defesa real e requerer a
sua absolvição própria a ser deferida após a
audiência de instrução.
D) a defesa poderá alegar na resposta à acusação
que Marli agiu em legítima defesa real e requerer a
extinção da punibilidade antes mesmo da
audiência de instrução.
Comentários
A absolvição sumária do procedimento comum tem
previsão no artigo 397 do CPP e ocorre logo após
a resposta à acusação, ou seja, antes da audiência
77
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
de instrução e julgamento. O juiz, se aceitar a tese
da defesa, deve absolver sumariamente a ré sem a
oitiva do Ministério Público
Existem duas absolvições sumárias no rito especial
do Júri: a) art. 406 c.c. 397 do CPP; e b) art. 415 do
CPP, que ocorre ao final da 1ª fase do júri, ou seja,
depois da audiência de instrução.
Como o enunciado trata da resposta à acusação,
apresentada logo após a citação, e não após a
audiênciade instrução, vamos às respostas:
A – Correta. Mesmo sendo o rito do júri, a
absolvição sumária, logo após a citação, deve
ocorrer antes da audiência de instrução. Não há
previsão de oitiva do MP caso o juiz atenda a tese
excludente da defesa.
B – Errada. O erro está no trecho: “após a oitiva
prévia do Ministério Público”.
C – Errada. O erro está no trecho: “e requerer a
sua absolvição própria a ser deferida após a
audiência de instrução”.
D – Errada. O erro está no trecho: “e requerer a
extinção da punibilidade” – a legítima defesa
exclui a ilicitude, e não a punibilidade.
Gabarito: A
Questão 69.
O acordo de não persecução penal (ANPP) incluído
no Código de Processo Penal pelo pacote
anticrime (Lei 13.964/2019), possui requisitos
expressos em lei. A respeito desse instituto, aponte
a alternativa compatível com o texto da lei:
A) O acordo de não persecução penal será
formalizado por escrito e será firmado pelo
membro do Ministério Público, pelo investigado e
por seu defensor.
B) A indicação de proveitos da infração pelo
Ministério Público abrirá incidente apartado e não
impedirá a proposta do ANPP.
C) Não há relação da espécie de crime praticado
com a apresentação do ANPP.
D) Encaminhado o inquérito policial ao Ministério
Público, a apresentação da proposta por parte do
representante do Parquet depende exclusivamente
de sua vontade.
Comentários
GABARITO: A
Art. 28-A do CPP.
A - § 3º O acordo de não persecução penal será
formalizado por escrito e será firmado pelo
membro do Ministério Público, pelo investigado e
por seu defensor.
B - ERRADA - II - renunciar voluntariamente a bens
e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
C - ERRADA - § 2º, IV - nos crimes praticados no
âmbito de violência doméstica ou familiar, ou
praticados contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino, em favor do agressor. (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
D - ERRADA - há condições determinadas por lei,
não depende 100% da vontade do
promotor/procurador federal.
Direito do Trabalho
Priscila Ferreira
Questão 70.
Paulinho Nunes foi contratado para trabalhar na
Empresa "x", como gerente geral, e com efetivos
poderes de gestão. Desde a contratação,
estipulou-se salário mensal de R$ 4.600,00,
acrescido de adicional de 40% pelo exercício do
cargo de confiança. Após sua dispensa, Paulinho
propôs Reclamação Trabalhista, pleiteando o
pagamento de horas extras e indenização do
intervalo que era parcialmente suprimido.
78
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Diante da hipótese apresentada, assinale a
afirmativa correta.
A) O pedido deverá ser julgado procedente, já que
a jornada de trabalho cumprida por Paulinho
ultrapassa o limite legal.
B) O pedido deverá ser julgado improcedente, já
que Paulinho exercia cargo de gerente, com efetivo
poderes de gestão, recebendo gratificação de
função de 40% sobre seu salário efetivo.
C) O pedido deverá ser julgado procedente, já que
a gratificação de função não era de, no mínimo,
50% sobre seu salário efetivo.
D) O pedido deverá ser julgado improcedente,
caso houvesse compensação de jornada durante a
semana ou mês.
Comentário Longo
A: Errada: O pedido deverá ser julgado
improcedente, tendo em vista que Paulinho exercia
cargo de gerente, com efetivo poderes de gestão,
recebendo gratificação de função de 40% sobre
seu salário efetivo.
B: Certa – Nos termos do art. 62, II, da CLT, os
gerentes com poderes de gestão e, que percebem
gratificação mínima de 40% sobre o salário efetivo
não possuem controle de jornada.
C: Errada – O pedido deverá ser julgado
improcedente, tendo em vista que Paulinho exercia
cargo de gerente, com efetivo poderes de gestão,
recebendo gratificação de função de 40% sobre
seu salário efetivo.
D: Errada - Nos termos do art. 62, II, da CLT, os
gerentes com poderes de gestão e, que percebem
gratificação mínima de 40% sobre o salário efetivo
não possuem controle de jornada.
O artigo 62, da CLT preceitua que:
“Art. 62 - Não são abrangidos pelo regime previsto
neste capítulo:
I - os empregados que exercem atividade externa
incompatível com a fixação de horário de trabalho,
devendo tal condição ser anotada na Carteira de
Trabalho e Previdência Social e no registro de
empregados;
II - os gerentes, assim considerados os exercentes
de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para
efeito do disposto neste artigo, os diretores e
chefes de departamento ou filial.
III - os empregados em regime de teletrabalho que
prestam serviço por produção ou tarefa. (Redação
dada pela Medida Provisória nº 1.108, de 2022)
Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo
será aplicável aos empregados mencionados no
inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de
confiança, compreendendo a gratificação de
função, se houver, for inferior ao valor do
respectivo salário efetivo acrescido de 40%
(quarenta por cento).”
Nos termos do art. 62, II, da CLT, os gerentes com
poderes de gestão, e que percebem gratificação
mínima de 40% sobre o salário efetivo, não
possuem controle de jornada. Logo, como Paulinho
exercia a função de gerente geral, a ele não será
cabível o direito a horas extras e indenização de
intervalo.
Comentário Curto
Nos termos do art. 62, II, da CLT, os gerentes com
poderes de gestão, e que percebem gratificação
mínima de 40% sobre o salário efetivo, não
possuem controle de jornada. Logo, como Paulinho
exercia a função de gerente geral, a ele não será
cabível o direito a horas extras e indenização de
intervalo.
Assim, a assertiva "B" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: B
Questão 71.
Tenório, aprendiz, foi contratado pela empresa “
Boutique Priscilinha” para realizar a atividade de
79
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
auxiliar de marketing. Contudo, após cinco meses
da contratação, a empresa promoveu a
transferência do empregado para o regime de
teletrabalho, conforme registro em aditivo
contratual.
Considerando as regras do regime de teletrabalho,
assinale a alternativa correta.
A) Poderá ser realizada a alteração entre regime
presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo
acordo entre as partes, registrado em aditivo
contratual.
B) Poderá ser realizada a alteração entre regime
presencial e de teletrabalho desde que prevista tal
possibilidade em negociação coletiva.
C) O empregador apenas poderá realizar a
alteração entre regime presencial e de
teletrabalho, se houver autorização do Ministério
do Trabalho neste sentido.
D) O empregador apenas poderá realizar a
alteração, desde que o empregado não mais
compareça às dependências do empregador para
qualquer trabalho presencial.
Comentário Longo
A: Certa: Nos termos do artigo 75-C, §1º, da CLT,
poderá ser realizada a alteração entre regime
presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo
acordo entre as partes, registrado em aditivo
contratual.
B: Errada – Nos termos do artigo 75-C, §1º, da
CLT, poderá ser realizada a alteração entre regime
presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo
acordo entre as partes, registrado em aditivo
contratual.
C: Errada – Nos termos do artigo 75-C, §1º, da
CLT, poderá ser realizada a alteração entre regime
presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo
acordo entre as partes, registrado em aditivo
contratual.
D: Errada - Não há qualquer impedimento legal de
comparecimento do empregado às dependências
do empregador, ainda que em teletrabalho.
Nos termos do artigo 75-C, §1º, da CLT, observa-
se que:
“§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre
regime presencial e de teletrabalho desde que haja
mútuo acordo entre as partes, registrado em
aditivo contratual.”
Neste sentido, para que seja alterada a forma de
prestação de serviços de trabalho presencial para
teletrabalho é necessária a existência de mútuo
acordoentre as partes, registrado em aditivo
contratual.
Comentário Curto
Observa-se que a alteração da forma de prestação
de serviços de trabalho presencial para
teletrabalho é necessária a existência de mútuo
acordo entre as partes, registrado em aditivo
contratual.
Assim, a alternativa “a” é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: A
Questão 72.
Juma Marruá foi contratada para trabalhar como
vendedora, e para a prestação dos serviços, o
gerente da loja determinou o uso de uniformes.
Contudo, a empregada não concordava com os
padrões de vestimenta impostos, o que a motivou
a comparecer no departamento de Recursos
Humanos para questionar a obrigatoriedade do uso
de uniformes.
Considerando o caso narrado e o disposto na CLT,
marque a alternativa correta.
a) Cabe ao empregador definir o padrão de
vestimenta no meio ambiente laboral, sendo ilícita
a inclusão no uniforme de logomarcas da própria
empresa ou de empresas parceiras.
80
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
b) O empregador pode determinar o padrão de
vestimenta dos empregados, e a ele cabe a
higienização do uniforme em qualquer hipótese.
c) Cabe ao empregador definir o padrão de
vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a
inclusão no uniforme de logomarcas da própria
empresa ou de empresas parceiras.
d) O empregador não pode obrigar os empregados
a um determinado padrão de vestimenta.
Comentário Longo
A: Errada: De fato, cabe ao empregador definir o
padrão de vestimenta no meio ambiente laboral.
Contudo, é lícita a inclusão no uniforme de
logomarcas da própria empresa ou de empresas
parceiras e de outros itens de identificação
relacionados à atividade desempenhada.
B: Errada – A regra geral é que a higienização do
uniforme é de responsabilidade do trabalhador,
salvo nas hipóteses em que forem necessários
procedimentos ou produtos diferentes dos
utilizados para a higienização das vestimentas de
uso comum.
C: Certa – Nos termos do art. 456-A, ''caput'' da
CLT, cabe ao empregador definir o padrão de
vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a
inclusão no uniforme de logomarcas da própria
empresa ou de empresas parceiras e de outros
itens de identificação relacionados à atividade
desempenhada.
D: Errada - A determinação do uso do uniforme aos
empregados faz parte do poder de organização do
empregador.
O empregador possui poderes para dirigir seu
negócio e estabelecer algumas regras. Neste
sentido, por meio do poder de organização, o
empregador poderá determinar regras, como o uso
do uniforme.
A CLT regulamenta o tema no seguinte sentido:
''Art. 456-A, CLT - Cabe ao empregador definir o
padrão de vestimenta no meio ambiente laboral,
sendo lícita a inclusão no uniforme de logomarcas
da própria empresa ou de empresas parceiras e de
outros itens de identificação relacionados à
atividade desempenhada.
Parágrafo único. A higienização do uniforme é de
responsabilidade do trabalhador, salvo nas
hipóteses em que forem necessários
procedimentos ou produtos diferentes dos
utilizados para a higienização das vestimentas de
uso comum.''
Assim, cabe ao empregador definir o padrão de
vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a
inclusão no uniforme de logomarcas da própria
empresa ou de empresas parceiras.
Comentário Curto
Nos termos do art. 456-A, ''caput'' da CLT, cabe ao
empregador definir o padrão de vestimenta no
meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no
uniforme de logomarcas da própria empresa ou de
empresas parceiras e de outros itens de
identificação relacionados à atividade
desempenhada.
Assim, a assertiva "C" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: C
Questão 73.
Priscilinha foi contratada para trabalhar como
vendedora na loja Roupas e Acessórios Diva’s
LTDA., a título de experiência, pelo prazo de 60
dias. Contudo, após 45 dias de prestação de
serviços, o empregador decidiu dispensar
Priscilinha, diante da sua inaptidão em cumprir as
metas mínimas estipuladas pela empresa.
Considerando as regras contidas na CLT, assinale a
alternativa que apresenta o prazo máximo do
contrato de experiência.
81
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
A) 60 dias.
B) 120 dias.
C) 180 dias.
D) 90 dias.
Comentários Longo
A: Errada: O contrato de experiência não poderá
exceder de 90 (noventa) dias.
B: Errada – O contrato de experiência não poderá
exceder de 90 (noventa) dias.
C: Errada – O contrato de experiência não poderá
exceder de 90 (noventa) dias.
D: Certa - Nos termos do art. 445, parágrafo único,
da CLT, o contrato de experiência não poderá
exceder de 90 (noventa) dias.
A questão abordou a temática dos contratos com
termos estipulados, em especial, quanto ao
contrato de experiência. Neste sentido, deve-se
observar o disposto no art. 445, da CLT:
Art. 445 - O contrato de trabalho por prazo
determinado não poderá ser estipulado por mais
de 2 (dois) anos, observada a regra do art. 451.
Parágrafo único. O contrato de experiência não
poderá exceder de 90 (noventa) dias.
Vale mencionar que admite uma única
prorrogação, mas dentro do período máximo, qual
seja, noventa dias.
Comentário Curto
O contrato de experiência poderá ser estipulado
por até 90 dias, nos termos do art. 445, parágrafo
único, da CLT.
Assim, a assertiva "D" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: D
Questão 74.
Cornélio foi contratado para trabalhar na empresa
“Fenos e Gados Agropecuária LTDA.”,
cumprindo jornada de trabalho em sistema de
revezamento de turnos, da seguinte forma: das 7
horas às 14 horas, com uma hora de intervalo para
refeição e descanso; e das 23 horas às 6 horas, com
uma hora de intervalo para refeição e descanso.
Considerando a situação hipotética acima
informada, assinale a alternativa correta.
A) O trabalho em regime de turnos ininterruptos de
revezamento não gera direito à hora noturna
reduzida, quanto ao labor das 22 horas às 5 horas.
B) A jornada de trabalho pactuada é irregular,
sendo admitida apenas em caráter de exceção e
por negociação coletiva.
C) A interrupção do trabalho destinada a repouso
e alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo
para repouso semanal, não descaracteriza o turno
de revezamento.
D) É indevido o pagamento de adicional de serviço
noturno aos empregados sujeitos ao regime de
turnos ininterruptos de revezamento.
Comentário Longo
A: Errada: O trabalho em sistema de turnos
ininterruptos de revezamento não retira do
empregado o direito à hora noturna reduzida de 52
minutos e 30 segundos, previsto no artigo 73 da
CLT.
B: Errada – O regime de turno ininterrupto de
revezamento deverá ser aplicado aos empregados
que alternam os turnos constantemente (diurno /
noturno), independentemente de negociação
coletiva.
C: Certa – Nos termos da Súmula 360, do TST, a
interrupção do trabalho destinada a repouso e
alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo
para repouso semanal, não descaracteriza o turno
de revezamento com jornada de 6 (seis) horas
previsto no art. 7º, XIV, da CF/1988.
D: Errada - O adicional noturno é um acréscimo no
valor da hora diurna trabalhada para quem atua
82
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
entre as 22h e as 5h. No caso do turno ininterrupto
de revezamento, o colaborador também possui
esse direito, conforme estabelece o Art. 73 da CLT.
A questão abordou a temática quanto ao turno
ininterrupto de revezamento. E neste sentido,
devemos nos ater a algumas informações:
- O trabalho em sistema de turnos ininterruptos de
revezamento não retira do empregado o direito à
hora noturna reduzida de 52 minutos e 30
segundos, previsto no artigo 73 da CLT. Portanto,
cabe à empresa que adota este sistema de trabalho
adaptar-se à previsão legal para garantir o direito a
quem trabalha entre as 22h e as 5h do dia seguinte;
- Dispensa a necessidade de negociação coletiva
para estipulação da jornada de 06 horas em turnosininterruptos de revezamento;
- A interrupção do trabalho destinada a repouso e
alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo
para repouso semanal, não descaracteriza o turno
de revezamento com jornada de 6 (seis) horas
previsto no art. 7º, XIV, da CF/1988 (Súmula 360,
do TST);
- O adicional noturno é um acréscimo no valor da
hora diurna trabalhada para quem atua entre as 22h
e as 5h. No caso do turno ininterrupto de
revezamento, o colaborador também possui esse
direito, conforme estabelece o Art. 73 da CLT.
Assim, nos termos da Súmula 360, do TST, a
interrupção do trabalho destinada a repouso e
alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo
para repouso semanal, não descaracteriza o turno
de revezamento com jornada de 6 (seis) horas
previsto no art. 7º, XIV, da CF/1988.
Comentário Curto
Nos termos da Súmula 360, do TST, a interrupção
do trabalho destinada a repouso e alimentação,
dentro de cada turno, ou o intervalo para repouso
semanal, não descaracteriza o turno de
revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto
no art. 7º, XIV, da CF/1988.
Assim, a assertiva "C" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: C
Questão 75.
Analise as afirmativas abaixo considerando as
disposições da legislação trabalhista:
1. A convenção coletiva e o acordo coletivo de
trabalho prevalecem sobre a lei quando dispõem
sobre banco de horas anual.
2. Constitui objeto ilícito de convenção coletiva ou
acordo coletivo de trabalho, a supressão ou a
redução, dentre outros direitos, do adicional de
remuneração para atividades penosas, insalubres
ou perigosas.
3. Não será permitido estipular duração de
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho
superior a um ano, sendo vedada a ultratividade.
4. As condições estabelecidas em acordo coletivo
de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em convenção coletiva de trabalho.
Assinale a alternativa que indica todas as
afirmativas corretas.
A) São corretas apenas as afirmativas 1 e 2.
B) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
C) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
D) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
Comentário Longo
A: Errada – Apenas a afirmativa 01, 02 e 04 estão
corretas.
B: Errada - Apenas a afirmativa 01, 02 e 04 estão
corretas.
C: Certa - Apenas a afirmativa 01, 02 e 04 estão
corretas. Veja:
Afirmativa I: Certa - O banco de horas anual pode
ser previsto em negociação coletiva e o disposto se
sobrepõe a lei, conforme art. 611-A, II, da CLT.
83
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Afirmativa II: Certa - Trata-se de objeto ilícito de
negociação coletiva a supressão ou a redução do
adicional de remuneração para atividades penosas,
insalubres ou perigosas, conforme art. 611-B, XVIII,
da CLT.
Afirmativa III: Errada - Não será permitido estipular
duração de convenção coletiva ou acordo coletivo
de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a
ultratividade (art. 614, parágrafo terceiro, da CLT).
Afirmativa IV: Certa – Nos termos do artigo 620 da
CLT, as condições estabelecidas em acordo
coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em convenção coletiva de trabalho.
D: Errada - Apenas a afirmativa 01, 02 e 04 estão
corretas.
No caso em tela, observa-se as seguintes
considerações:
Afirmativa I: Certa - O banco de horas anual pode
ser previsto em negociação coletiva e o disposto se
sobrepõe a lei, conforme art. 611-A, II, da CLT.
Afirmativa II: Certa - Trata-se de objeto ilícito de
negociação coletiva a supressão ou a redução do
adicional de remuneração para atividades penosas,
insalubres ou perigosas, conforme art. 611-B, XVIII,
da CLT.
Afirmativa III: Errada - Não será permitido estipular
duração de convenção coletiva ou acordo coletivo
de trabalho superior a dois anos, sendo vedada a
ultratividade (art. 614, parágrafo terceiro, da CLT).
Afirmativa IV: Certa – Nos termos do artigo 620 da
CLT, as condições estabelecidas em acordo
coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em convenção coletiva de trabalho.
Comentário Curto
No caso em tela, deve-se considerar os seguintes
aspectos:
- O banco de horas anual pode ser previsto em
negociação coletiva e o disposto se sobrepõe a lei,
conforme art. 611-A, II, da CLT;
- Trata-se de objeto ilícito de negociação coletiva a
supressão ou a redução do adicional de
remuneração para atividades penosas, insalubres
ou perigosas, conforme art. 611-B, XVIII, da CLT;
- Nos termos do artigo 620 da CLT, as condições
estabelecidas em acordo coletivo de trabalho
sempre prevalecerão sobre as estipuladas em
convenção coletiva de trabalho.
Assim, a assertiva "C" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: C
Direito Processual do Trabalho
Priscila Ferreira
Questão 76.
A empresa “Grana LTDA.” ajuizou inquérito
judicial para apuração de falta grave em face do
empregado José Leôncio, dirigente sindical, para
fins de verificação da falta grave por ele cometida.
Em sede de audiência, a empresa apresentou 5
testemunhas para serem ouvidas na instrução, mas
o magistrado limitou a oitiva a três testemunhas.
Diante do caso apresentado, assinale a alternativa
correta.
A) O magistrado agiu equivocadamente, já que
neste procedimento autoriza-se apenas a oitiva de,
no máximo, 2 testemunhas para cada parte.
B) Em sede de Inquérito Judicial para Apuração de
Falta Grave torna-se vedada a oitiva de
testemunha, por tratar-se de procedimento
especial.
C) O magistrado agiu equivocadamente, já que é
permitida a oitiva de, no máximo, 6 testemunhas
em sede de inquérito judicial para apuração de falta
grave.
D) O magistrado agiu acertadamente, já que neste
procedimento autoriza-se apenas a oitiva de, no
máximo, 3 testemunhas para cada parte.
84
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Comentário Longo
A: Errada - Nos termos do art. 821, da CLT, cada
uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito,
caso em que esse número poderá ser elevado a 6
(seis).
B: Errada – Nos termos do art. 821, da CLT, cada
uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito,
caso em que esse número poderá ser elevado a 6
(seis).
C: Certa – Nos termos do art. 821, da CLT, cada
uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito,
caso em que esse número poderá ser elevado a 6
(seis).
D: Errada - Nos termos do art. 821, da CLT, cada
uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três)
testemunhas, salvo quando se tratar de inquérito,
caso em que esse número poderá ser elevado a 6
(seis).
O número de testemunhas tem relação direta com
o rito do processo em que a audiência acontecerá.
Neste sentido, o art. 821, da CLT preceitua que:
''Art. 821 - Cada uma das partes não poderá indicar
mais de 3 (três) testemunhas, salvo quando se tratar
de inquérito, caso em que esse número poderá ser
elevado a 6 (seis).''
O procedimento do inquérito judicial - único rito
especial previsto na Consolidação das Leis do
Trabalho - para apuração de falta grave do
empregado com estabilidade no emprego é mais
amplo que o da ação ordinária, como se vê na
possibilidade de oitiva de seis testemunhas (art.
821 da CLT).
Comentário Curto
O procedimento do inquérito judicial - único rito
especial previsto na Consolidação das Leis do
Trabalho - para apuração de falta grave do
empregado com estabilidade no emprego é mais
amplo que o da ação ordinária, como se vê na
possibilidade de oitiva de seis testemunhas (art.
821 da CLT). Ou seja, o juiz agiu equivocadamente
ao limitar a oitiva das testemunhas em três, em
sede de Inquérito Judicial para Apuração de Falta
Grave.
Assim, a assertiva "C" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: C
Questão 77.
O empregado Rodrigo Cintra foi dispensado
injustamente durante a pandemia, ocasionada pelacovid-19, e propôs Reclamação Trabalhista em face
da empresa Optimus LTDA., postulando o
recolhimento de contribuições previdenciárias não
efetuadas durante todo o período contratual.
Com relação à competência material da Justiça do
Trabalho, assinale a alternativa correta.
A) Não compete à Justiça do Trabalho a execução
das contribuições previdenciárias, ainda que
relativas a sentenças condenatórias em pecúnia
que proferir.
B) A competência da Justiça do Trabalho, quanto à
execução das contribuições previdenciárias, limita-
se às sentenças condenatórias em pecúnia que
proferir e aos valores, objeto de acordo
homologado, que integrem o salário de
contribuição.
C) A Justiça do Trabalho apenas não possui
competência de executar contribuições
previdenciárias de que tenha acordo homologado.
D) A competência da Justiça do Trabalho, quanto à
execução das contribuições previdenciárias, limita-
se apenas às sentenças condenatórias em pecúnia
que proferir.
Comentário Longo
85
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
A: Errada - Nos termos da Súmula 368, inciso I, do
TST, a Justiça do Trabalho é competente para
determinar o recolhimento das contribuições
fiscais. A competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição.
B: Certa – Nos termos da Súmula 368, inciso I, do
TST, a Justiça do Trabalho é competente para
determinar o recolhimento das contribuições
fiscais. A competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição.
C: Errada – Nos termos da Súmula 368, inciso I, do
TST, a Justiça do Trabalho é competente para
determinar o recolhimento das contribuições
fiscais. A competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição.
D: Errada - Nos termos da Súmula 368, inciso I, do
TST, a Justiça do Trabalho é competente para
determinar o recolhimento das contribuições
fiscais. A competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição.
A Súmula n. 368, I, do TST preceitua que:
“A Justiça do Trabalho é competente para
determinar o recolhimento das contribuições
fiscais. A competência da Justiça do Trabalho,
quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores, objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição.”
Assim, de acordo com o item I da Súmula 368 do
TST, a competência desta Justiça Especializada,
quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças
condenatórias em pecúnia que proferir e aos
valores objeto de acordo homologado, que
integrem o salário de contribuição, não alcançando
contribuições previdenciárias incidentes sobre os
salários pagos ao longo do vínculo de emprego.
Comentário Curto
Nos termos da Súmula 368, inciso I, do TST, a
Justiça do Trabalho é competente para determinar
o recolhimento das contribuições fiscais. A
competência da Justiça do Trabalho, quanto à
execução das contribuições previdenciárias, limita-
se às sentenças condenatórias em pecúnia que
proferir e aos valores, objeto de acordo
homologado, que integrem o salário de
contribuição.
Assim, a assertiva "B" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: B
Questão 78.
Guilherme ajuizou Reclamação Trabalhista em face
de seu ex-empregador, Dr. James. O processo
tramita na 10ª Vara do Trabalho de São Paulo/SP e
a audiência una foi designada para às 10h do dia
10/10/2022. Contudo, no dia da audiência, até às
10h30, o juiz ainda não havia comparecido ao
fórum para abertura da pauta de audiências, o que
motivou o advogado de Guilherme a solicitar que o
ocorrido constasse do livro de registros de
audiência e se retirasse com o seu cliente.
86
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Diante da situação narrada, e nos termos da CLT,
assinale a alternativa correta.
A) O advogado de Guilherme não agiu de forma
acertada, pois deveria aguardar o magistrado para
a audiência, independente do tempo.
B) O advogado de Guilherme agiu acertadamente,
pois caso o juiz não tenha comparecido até 30
minutos após a hora marcada, as partes poderão se
retirar, constando o ocorrido do livro de registros
de audiência.
C) O advogado de Guilherme não agiu de forma
acertada, já que deveria aguardar por uma hora a
chegada do magistrado para, então, se retirar.
D) O advogado de Guilherme agiu acertadamente,
pois caso o juiz não tenha comparecido até 15
minutos após a hora marcada, as partes poderão se
retirar, constando o ocorrido do livro de registros
de audiência.
Comentário Longo
A: Errada - O advogado de Guilherme agiu de
forma correta, pois caso o juiz não tenha
comparecido até 15 minutos após a hora marcada,
as partes poderão se retirar, constando o ocorrido
do livro de registros de audiência.
B: Errada – Nos termos do art. 815, parágrafo
único, da CLT, se, até 15 (quinze) minutos após a
hora marcada, o juiz ou presidente não houver
comparecido, os presentes poderão retirar-se,
devendo o ocorrido constar do livro de registro das
audiências.
C: Errada – O advogado de Guilherme agiu de
forma correta, pois caso o juiz não tenha
comparecido até 15 minutos após a hora marcada,
as partes poderão se retirar, constando o ocorrido
do livro de registros de audiência.
D: Certa - Nos termos do art. 815, parágrafo único,
da CLT, se, até 15 (quinze) minutos após a hora
marcada, o juiz ou presidente não houver
comparecido, os presentes poderão retirar-se,
devendo o ocorrido constar do livro de registro das
audiências.
No que tange ao atraso em audiência, verifica-se
que há uma tolerância de atraso tão somente
relacionada a figura do magistrado, o qual poderá
atrasar em no máximo 15 minutos para a primeira
audiência da pauta. Ultrapassado este prazo, as
partes poderão se retirar e constar o ocorrido no
livro de registro de audiências. Tome nota do
disposto na CLT:
''Art. 815 - À hora marcada, o juiz ou presidente
declarará aberta a audiência, sendo feita pelo
secretário ou escrivão a chamada das partes,
testemunhas e demais pessoas que devam
comparecer.
Parágrafo único - Se, até 15 (quinze) minutos após
a hora marcada, o juiz ou presidente não houver
comparecido, os presentes poderão retirar-se,
devendo o ocorrido constar do livro de registro das
audiências.''
Assim, o advogado de Guilherme agiu de forma
correta, pois caso o juiz não tenha comparecido até
15 minutos após a hora marcada, as partes poderão
se retirar, constando o ocorrido do livro de
registros de audiência.
Comentário Curto
Nos termos do art. 815, parágrafo único, da CLT,
se, até 15 (quinze) minutos após a hora marcada, o
juiz ou presidente não houver comparecido, os
presentes poderão retirar-se, devendo o ocorrido
constar do livro de registro das audiências.
Assim, a assertiva "D" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: D
Questão 79.
Maria propôs Reclamação Trabalhista em face de
seu ex-empregador, pleiteando o pagamento de
horas extras e reflexos. Na data da audiência una,
87
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Maria compareceu acompanhada de seu
advogado, sendo que a reclamada estava
representada por um preposto não empregado da
empresa. A autora arguiu a irregularidade de
representação da reclamada em audiência, já que
o preposto nãomantinha vínculo empregatício com
a empresa, o que implicou na aplicação de revelia
para parte.
Diante do caso narrado, assinale a alternativa
correta.
A) A empresa estava regularmente representada
em audiência, já que se torna desnecessário que o
preposto seja empregado da reclamada.
B) A empresa não estava regularmente
representada em audiência, já que o preposto
precisa ser empregado e ter conhecimento dos
fatos.
C) A empresa não estava regularmente
representada em audiência, já que o preposto
precisa ser gerente da empresa.
D) A empresa estava regularmente representada
em audiência, já que o preposto não precisa ser
empregado e tampouco conhecer dos fatos.
Comentário Longo
A: Certa - Nos termos do art. 843, §1º, da CLT, é
facultado ao empregador fazer-se substituir pelo
gerente, ou qualquer outro preposto que tenha
conhecimento do fato, e cujas declarações
obrigarão o proponente.
B: Errada – A empresa estava regularmente
representada em audiência. Ademais, é necessário
que o preposto tenha conhecimento dos fatos.
C: Errada – A empresa estava regularmente
representada em audiência. Ademais, o preposto
não precisa ser empregado da empresa, bastando
somente que tenha conhecimento dos fatos.
D: Errada - A empresa estava regularmente
representada em audiência. Ademais, o preposto
não precisa ser empregado da empresa, bastando
que tenha conhecimento dos fatos.
O artigo 843, parágrafo primeiro, da CLT, preceitua
que:
“É facultado ao empregador fazer-se substituir
pelo gerente, ou qualquer outro preposto que
tenha conhecimento do fato, e cujas declarações
obrigarão o proponente.”
Ademais, o parágrafo terceiro do
supramencionado artigo aborda que:
''§ 3º O preposto a que se refere o § 1o deste
artigo não precisa ser empregado da parte
reclamada.''
Assim, podemos concluir que o preposto não
precisa ser empregado da reclamada e também
não precisa ter presenciado os fatos, bastando que
tenha conhecimento dos mesmos.
Logo, a empresa estava regularmente
representada em audiência, já que é desnecessário
que o preposto seja empregado da reclamada.
Comentário Curto
Nos termos do art. 843, §1º, da CLT, é facultado
ao empregador fazer-se substituir pelo gerente, ou
qualquer outro preposto que tenha conhecimento
do fato, e cujas declarações obrigarão o
proponente. Logo, a empresa estava regularmente
representada em audiência, vez que é
desnecessário que o preposto seja empregado da
reclamada.
Assim, a assertiva "A" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: A
Questão 80.
Alejandro trabalhou como atendente na Empresa
"XW" em Londrina/PR. Após a sua dispensa,
Alejandro retornou para a sua cidade natal,
Capitólio/MG, e propôs reclamação trabalhista em
88
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
face da empresa. Cinco dias após receber a
notificação para comparecimento à audiência una,
a reclamada apresentou exceção de incompetência
territorial, o que fez o juiz da 14ª Vara do Trabalho
de Capitólio/MG determinar a suspensão do
processo.
Diante do caso apresentado, assinale a afirmativa
correta.
A) Ao excipiente, em sede de exceção de
incompetência territorial, torna-se vedada a
produção de prova oral.
B) Ao excipiente torna-se autorizada a produção de
prova oral, desde que as testemunhas sejam
ouvidas no local de ajuizamento da ação.
C) Ao excipiente é permitida a produção de prova
oral, sendo garantido o direito de ouvir suas
testemunhas, por carta precatória, no juízo que
houver indicado como competente.
D) Ao excipiente, em sede de exceção de
incompetência territorial, fica autorizada apenas a
produção de prova documental
Comentário Longo
A: Errada - Nos termos do art. 800, §3º, da CLT,
se entender necessária a produção de prova oral, o
juízo designará audiência, garantindo o direito de o
excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos,
por carta precatória, no juízo que este houver
indicado como competente. Logo, não há qualquer
vedação de prova oral para o excipiente.
B: Errada – Nos termos do art. 800, §3º, da CLT,
se entender necessária a produção de prova oral, o
juízo designará audiência, garantindo o direito de o
excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos,
por carta precatória, no juízo que este houver
indicado como competente.
C: Certa – Nos termos do art. 800, §3º, da CLT, se
entender necessária a produção de prova oral, o
juízo designará audiência, garantindo o direito de o
excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos,
por carta precatória, no juízo que este houver
indicado como competente.
D: Errada - Nos termos do art. 800, §3º, da CLT,
se entender necessária a produção de prova oral, o
juízo designará audiência, garantindo o direito de o
excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos,
por carta precatória, no juízo que este houver
indicado como competente.
O tema ora em análise, exceção de incompetência
territorial, está regulamentado na CLT, no seguinte
sentido:
''Art. 800. Apresentada exceção de incompetência
territorial no prazo de cinco dias a contar da
notificação, antes da audiência e em peça que
sinalize a existência desta exceção, seguir-se-á o
procedimento estabelecido neste artigo.
§ 1º Protocolada a petição, será suspenso o
processo e não se realizará a audiência a que se
refere o art. 843 desta Consolidação até que se
decida a exceção.
§ 2º Os autos serão imediatamente conclusos ao
juiz, que intimará o reclamante e, se existentes, os
litisconsortes, para manifestação no prazo comum
de cinco dias.
§ 3º Se entender necessária a produção de prova
oral, o juízo designará audiência, garantindo o
direito de o excipiente e de suas testemunhas
serem ouvidos, por carta precatória, no juízo que
este houver indicado como competente.
§4º Decidida a exceção de incompetência
territorial, o processo retomará seu curso, com a
designação de audiência, a apresentação de defesa
e a instrução processual perante o juízo
competente.''
Assim, torna-se clara a possibilidade de o
excipiente produzir prova oral, sendo garantido o
direito de ouvir suas testemunhas, por carta
precatória, no juízo que houver indicado como
competente.
89
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
Comentário Curto
Nos termos do art. 800, §3º, da CLT, se entender
necessária a produção de prova oral, o juízo
designará audiência, garantindo o direito de o
excipiente e de suas testemunhas serem ouvidos,
por carta precatória, no juízo que este houver
indicado como competente.
Assim, a assertiva "C" é a correta e gabarito da
questão.
Gabarito: C
90
IV. Simulado OAB 1ª Fase – 04/02/2023
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