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1 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 2 2 A PROPOSTA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ................................... 3 3 Importância do Processo de Orientação PROFISSIONAL.......................... 5 4 FATORES QUE INTERFEREM NA ESCOLHA PROFISSIONAL ............... 7 5 VISÃO DO ORIENTADOR ........................................................................ 10 6 MISSÃO DO ORIENTADOR ..................................................................... 11 7 GAMIFIQUE – ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL COM JOGOS ................ 11 7.1 Como o jogo funciona......................................................................... 12 8 A GAMIFICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO E APRIMORAMENTO EM PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL .......... 14 9 TÉCNICA E JOGOS GRUPAIS PARA UTILIZAÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ........................................................................................................ 17 9.1 Técnica: interesses em comum .......................................................... 17 9.2 Técnica: “teia grupal” associada ao “nome de índio” .......................... 18 9.3 Técnica: viagem interplanetária .......................................................... 19 9.4 Técnica: gincana das profissões ........................................................ 22 9.5 Técnica para trabalhar a percepção da satisfação no trabalho (profissional feliz ou infeliz) .................................................................................... 23 9.6 Stop das profissões ............................................................................ 25 9.7 Análise de interesses e potencialidades ............................................. 26 10 JOGO PSICODRAMÁTICO ................................................................... 28 11 USO DE RECURSOS LÚDICOS NA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL . 31 12 BIBLIOGRAFIA ......................................... Erro! Indicador não definido. 2 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 3 2 A PROPOSTA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Fonte: bibliotecabelmonte.blogspot.com A escolha de uma carreira deve ser feita com confiança e mediada pelo conhecimento prévio da pessoa. A transformação social e econômica do sistema capitalista, ainda que caracterizada por contradições e movimentos heterogêneos, em torno de incerteza, oscilação e contradição, coloca novas questões sérias ao mundo do século XXI. Este novo momento traz muitas dúvidas para o futuro dos cidadãos, principalmente dentro e fora do ambiente de trabalho (Paixão & Figueiredo, 1996). Atualmente, a economia requer técnicos e especialistas com conhecimentos profundos e precisos em áreas que antes não existiam. Essa demanda por pessoal qualificado, bens e serviços mudam com o progresso, ampliando, a exigência de profissionais em algumas áreas e diminuindo em outras. A automação e a computação eletrônica remodelaram certos campos de atividade, proporcionando mais oportunidades para novas profissões e também causando desemprego da mão de obra não qualificada. É impossível saber para onde caminham todos os avanços científicos relacionados ao desenvolvimento tecnológico e à globalização, mas vale notar que o impacto desses avanços tem dado sinais de profundas mudanças na vida das pessoas, nas empresas e nos mercados de trabalho (Rodrigues & Ramos, 2000). 4 Todos esses progressos tiveram uma consequência considerável em todas as áreas da vida; por exemplo, no mercado de trabalho, além da capacidade para o cargo, os profissionais são obrigados a desenvolver novas habilidades que se tornam essenciais, como saber trabalhar e ser criativo em equipes. Essas habilidades são importantes para que os profissionais trabalhem satisfatoriamente nessa nova perspectiva. Em um mundo globalizado, onde as transformações se aceleram, os jovens sentem a pressão, seja pela complexidade do próprio mercado de trabalho, seja porque os avanços tecnológicos indicam novos rumos e caminhos. Também deve ser levado em conta que os jovens passam por um período difícil de maturidade e psicológico, durante o qual surgem dúvidas, causando confusão e conflito. Os conselheiros de carreira devem ver a adolescência como um estágio típico de grandes tribulações e mudanças, e que isso é comum de acontecer (Müller, 1988). Um dos motivos pelas quais a transição para idade adulta é mais difícil é que, quando atingem um determinado nível de maturidade, assim, espera-se que assumam novos papéis. Essas marcas de identidade e desejo de corresponder às expectativas de pessoas importantes são questões que os jovens tentam atender (Ramos, 2000). O jovem encontra-se diante de um mercado de trabalho e de uma infinidade de possibilidades, e assim passam por um período de ruptura e tem que se posicionar na sociedade (Silva, 1996). O processo de Orientação Profissional, por sua vez, surgiu como uma ferramenta de facilitação para ajudar os jovens a se compreenderem melhor e, assim, subsidiá-los para fazer as escolhas mais adequadas. Ela é definida como o processo de ajudar os indivíduos a escolher e preparar-se para ingressar e avançar na carreira, e promover o desenvolvimento do autoconhecimento e a aplicação desse entendimento às carreiras (Super & Junior, 1980). Hoje, a OP é o resultado de uma série de campanhas, pesquisas e trabalhos, reúne e organiza informações para explorar, criar testes como recursos adicionais para tornar o processo de OP mais complexo e eficiente. 5 3 IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Fonte: www.getninjas.com.br Os seres humanos crescem sabendo a importância e o valor do trabalho para a vida; para a maioria das pessoas, a identidade profissional é uma parte importante de sua identidade geral. Ter um trabalho valorizado pela sociedade – e obter sucesso e prestígio nele – aumenta a autoestima e ajuda a promover um senso de identidade mais seguro e estável. Por outro lado, quando a sociedade aponta que uma pessoa não é útil e que para ela não existe opções de um bom emprego, pode gerar dúvidas, incertezas e, em alguns casos, até sentimento de culpa e rebeldia, levando a identidades negativas. O processo orientação profissional traz como alternativa ajudar os jovens, orientando-os na escolha de uma carreira, ajudando-os a compreender-se melhor como indivíduos integrados no seu contexto social, económico e cultural. A orientação profissional é um campo de trabalho que intervém no cotidiano humano (Azevedo & Santos, 2000), proporcionando aos indivíduos um modelo mecanicista de adaptação à vida (Super & Junior, 1980). Isso pode evitar alguns dos obstáculos na vida do adolescente, como decepções e fantasias, e pode ajudar a melhorar a qualidade de vida em diferentes níveis (Azevedo & Santos, 2000). Atualmente, a demanda por serviços de orientaçãoprofissional tem aumentado significativamente. Até certo ponto, a mídia está cada vez mais interessada no tema da escolha de uma carreira. A orientação profissional que há algum tempo não era discutida no meio acadêmico, agora está totalmente restaurada. Para muitos jovens, a escolha de uma carreira é vista como uma de suas necessidades mais importantes, 6 pois os avanços tecnológicos e a complexidade do mercado de trabalho trazem incertezas que afetam diretamente suas carreiras. O jovem, sem esse conhecimento, passa a viver com medo de carreiras malsucedidas, fazendo com que se sinta inseguro quanto à questão da escolha certa. O processo OP interessa a diversas áreas, como a educação em todos os níveis, favorecendo informações sobre a realidade do mercado de trabalho e as necessidades nacionais. Dessa forma, pode-se dizer que a OP acompanha o processo educativo, colabora com ele e não apenas atende às suas possíveis necessidades. A OP desempenha um papel extremamente importante ao orientar o sujeito a refletir sobre si mesmo, analisar suas características, explorar sua personalidade e aprender a escolher e lidar com situações conflitantes. Além disso, esse processo revelou possíveis problemas e tendências psicopatológicas no sujeito, pois condensou toda a história pregressa da pessoa ao mesmo tempo em que predizia seu futuro. Por meio do processo OP, o indivíduo se reconhece melhor como sujeito autêntico, percebe sua própria identidade, identidade e singularidade, expande e transforma sua própria consciência, e assim obtém melhores condições para organizar seus próprios projetos de vida, principalmente no momento presente fazendo suas escolhas, reduzindo as fantasias. Esse não é apenas um momento de descoberta de uma carreira para seguir, pois no processo surgem conflitos, estereótipos e preconceitos sendo preciso trabalhar para superá-los, no processo de enfrentar a desinformação e traçar possíveis soluções, no processo em QUE o autoconhecimento adquire o status de algo baseado nas relações com os outros, ao invés de algo que surge da reflexão isolada, da realidade social, ou conquistada pelo esforço pessoal. A Orientação Profissional é uma intervenção psicológica, cujo objetivo é abordar a relação homem-trabalho, nas suas mais diferentes concepções, seja no que diz respeito à escolha dos estudos a seguir, aos conflitos que surgem no desempenho do papel profissional ou ainda à reorientação ou ao planejamento de carreira. O trabalho ocupa grande parte do tempo da vida das pessoas. É essencial a sua escolha ter sido consciente e coerente com os interesses e as necessidades pessoais para que ele seja realizado eficientemente. 7 Uma pessoa exercendo sua profissão com motivação e prazer está se realizando pessoalmente, como também prestando um serviço de melhor qualidade à sociedade. Embora a escolha profissional seja responsabilidade de cada um, as consequências da decisão têm inúmeras implicações sociais. Quando escolhemos uma atividade pela qual temos muito interesse e prazer em realizar, temos mais segurança de que poderemos ser felizes ao desempenhá-la. A Orientação Profissional em nosso contexto histórico e social tem como desafio a melhor maneira de preparar o Orientando para suas opções de vida num mundo em mudanças. Prepará-lo melhor significa despertar a percepção sobre suas próprias facilidades e dificuldades pessoais e sobre as circunstâncias externas a ele. Desta forma, a Orientação Profissional não se limita apenas à escolha profissional, vai muito mais além. Deve mostrar as novas tendências do mercado de trabalho tendo em vista a empregabilidade do Orientando. Empregabilidade é o conjunto de capacidades e características pessoais que levam a pessoa a conseguir empregar-se com mais facilidade que outras. Por capacidade entende-se as competências, habilidades, aptidões e a formação profissional, obtida mediante diploma e variados cursos. As características de personalidade incluem a facilidade na comunicação com as pessoas, no trabalho em grupo, na solução de problemas, iniciativa e criatividade. As experiências nos mais diferentes tipos de atividades também são levadas em consideração, como as vivências no exterior para estudar ou mesmo trabalhar. 4 FATORES QUE INTERFEREM NA ESCOLHA PROFISSIONAL 1) Fatores Políticos: Referem-se especialmente à política governamental e seu posicionamento perante a educação, em especial o ensino médio, ensino profissionalizante e superior. 2) Fatores Econômicos: Referem-se ao mercado de trabalho, à globalização e à informatização das profissões, à falta de oportunidades, ao desemprego, à dificuldade de tornar-se empregável, à falta de planejamento econômico, à queda do poder aquisitivo da classe média e todas as consequências do sistema capitalista neoliberal no qual vivemos. 8 3) Fatores Sociais: Dizem respeito à divisão da sociedade em classes sociais, à busca da ascensão social por meio do estudo (curso superior), à influência da sociedade na família e aos efeitos da globalização na cultura e na família. 4) Fatores Educacionais: Compreendem o sistema de ensino brasileiro, a falta de investimento do poder público na educação, a necessidade e os prejuízos do vestibular e a questão da universidade pública e privada em uma forma mais geral. 5) Fatores Familiares: Impõem à família uma parte importante no processo de impregnação da ideologia vigente. A busca da realização das expectativas familiares em detrimento dos interesses pessoais influencia na decisão e na fabricação dos diferentes papéis profissionais. 6) Fatores Psicológicos: Dizem respeito aos interesses, às motivações, às habilidades e às competências pessoais, à compreensão e conscientização dos fatores determinantes. Para o desenvolvimento da Orientação Profissional utilizamos como tripé três referenciais teóricos: O primeiro é Frank Parsons, que no início do século passado, apontava que o profundo autoconhecimento era a chave que abriria as portas do mercado de trabalho para aqueles que se prepararam para escolher uma profissão. Frank Parsons, (1854-1908) é conhecido como o Pai da Orientação Profissional. Engenheiro e advogado, lecionou história, matemática e francês em escolas públicas, foi professor de Direito na Universidade de Boston e criou o primeiro serviço de orientação profissional conhecido. Entre 1905 e 1908, desenvolveu sua teoria, organizou um curso e formou professores para serem consultores de orientação profissional. De acordo com Parsons, o OP deve orientar os alunos a: Olhar para si mesmo, olhar ao seu redor; pesquisar o próprio nome; perceber seu lugar na família; melhorar a autoestima; Ter empatia com as outras pessoas e respeitá-las; perceber as diferenças e aceitá-las; Conhecer e trabalhar em equipe, apoiando e colaborando; aprendendo a falar e ouvir, dando a todos espaço e voz para se expressarem; Olhar para os pais ou responsáveis com atenção perceber a importância que eles têm representado na sua vida, percebendo a função complementar, além de solicitar apoio para continuar o processo de maturidade até se tornar um adulto; 9 Relembrar suas características pessoais, suas habilidades, seus gostos e descubra que estes são fatores importantes na escolha de uma carreira. O segundo é Rodolfo Bohoslavsky, que disse que, para entender cada profissão em profundidade, é preciso primeiro entender qual é a finalidade de cada profissão para desempenhar suas tarefas; qual é sua finalidade social; qual é o papel dos diferentes profissionais na o contexto socioeconômico; tecnologia e ferramentas; qual é a necessidade da comunidade para o trabalho desses especialistas, distinguindo-a da necessidade, qual é a real necessidade da comunidade desses especialistas; onde esses trabalhos são realizados, etc. Fonte: slideplayer.comRodolfo Bohoslavsky, psicólogo argentino e importante teórico da Orientação Profissional, publicou em 1971, o livro Orientação Vocacional – a estratégia clínica que, desde então, exerceu forte influência nos estudos realizados por brasileiros. Para Bohoslavsky, a O P deve levar quem é orientado a: Tomar contato com as profissões mais relevantes na região em que se vive e saber por que elas são importantes naquela comunidade/sociedade; Saber a diferença entre profissão, função e ocupação, para que possa se preparar profissionalmente, de acordo com a necessidade do mercado de trabalho; Conhecer todas as possibilidades de cursos profissionalizantes e superiores existentes na região, incluindo como é o curso, para que serve e como é a profissão a que ele se refere; 10 Entender que há um longo caminho a ser percorrido até tornar-se profissional; Considerar a ideia de que vale a pena batalhar para ter uma profissão. O terceiro é Jacob Levy Moreno, que propõe o adestramento da espontaneidade, onde o aprender a ser espontâneo pressupõe um organismo apto a manter um estado flexível, de um modo mais ou menos permanente, de forma que o sujeito possa usar esse recurso para ampliar as suas possibilidades ao desejar assumir novos papéis. Jacob Levy Moreno (1889-1974), psiquiatra romeno, é o criador do Psicodrama, da Sociometria e da Psicoterapia de Grupo. O Psicodrama é uma metodologia científica de investigação e intervenção nas relações interpessoais ou grupais que se utiliza de recursos cênicos e dramáticos. O Psicodrama considera o exercício da espontaneidade e da criatividade, a aprendizagem de papéis e o desenvolvimento das redes relacionais como elementos facilitadores e transformadores do desenvolvimento social e pessoal do ser humano. Moreno acredita no homem como sujeito de sua própria vida, como ser capaz de realizar o seu projeto de vida, de determinar sua história pessoal dentro de uma história social Segundo Moreno, a O P deve fazer com que a pessoa orientada: Expressa-se livremente, contando com o respeito e acolhimento do grupo; Deixe aflorar a espontaneidade, mostrando-se mais instruído, mais preparado para fazer escolhas; Experimente vários papéis profissionais, desde aqueles que já existiam dentro dos limites de sua rede social até os novos, que surgiram das informações recebidas durante os encontros; Relacione características pessoais com fatores inerentes a cada profissão apresentada, podendo ampliar suas possibilidades de escolha profissional; Dê asas a imaginação para construir sonhos com chances reais de realização. 5 VISÃO DO ORIENTADOR O Orientador despertará nos Orientandos o desejo de construir um Projeto de Vida, ajudando-os a proverem-se dos recursos individuais necessários para atingirem suas metas profissionais. Incentivará o uso da espontaneidade e a criatividade como 11 recurso para a escolha da profissão e ferramentas para serem usadas até que se tornem, de fato, profissionais. 6 MISSÃO DO ORIENTADOR O Orientador deverá, dentro de um determinado prazo, ajudar o Orientando a se conhecer melhor e a conhecer melhor as necessidades reais do mercado de trabalho, para poder escolher uma profissão que compatibilize os seus desejos e aspirações de vida com os de realização profissional. Desta forma, será construído um Projeto de Vida mediante o entendimento do caminho que leva alguém a se tornar uma pessoa autônoma, um bom cidadão e um profissional de sucesso. 7 GAMIFIQUE – ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL COM JOGOS Os recursos educacionais “GamIFique – Orientação Profissional com jogos: manual de utilização do jogo e roteiro para desenvolvimento de processos de orientação profissional com gamificação” e o jogo “GamIFique – Orientação Profissional com Jogos” são Produtos Educacionais vinculados à Dissertação “A Orientação Profissional Vivenciada a Partir da Gamificação” desenvolvida no Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT) do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão), Campus Salgueiro – PE. Os materiais têm como público-alvo estudantes do Ensino Médio Integrado ao Curso Técnico em Edificações da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). O trabalho de investigação e levantamento de requisitos para o desenvolvimento do GamIFique, contou com a participação de Estudantes e Egressos do curso no IFCE Campus Juazeiro do Norte, de professores, servidores Técnico Administrativos em Educação e Monitores de disciplinas na área da Construção Civil, na instituição. Esse material faz parte de uma pesquisa sobre Processos de Orientação Profissional baseados em estratégias de Gamificação, e tem como objetivo proporcionar a imersão dos jogadores em desafios e questionamentos sobre as atribuições desenvolvidas pelo Técnico em Edificações, fazendo uma integração entre 12 teoria e prática, aproximando o estudante do cotidiano de trabalho da profissão. Assim, espera-se provocar reflexões sobre a identidade e as inclinações profissionais do estudante e fortalecer o comportamento exploratório em relação à escolha profissional. O jogo foi desenvolvido com três fazes. Em cada uma delas os jogadores irão ser confrontados com perguntas e desafios que os colocarão no papel de Técnico em Edificações, fazendo os pensar como profissionais e articular conhecimentos teóricos e práticos para resolver os questionamentos. Ao final do processo de orientação profissional com gamificação e após ter participado do jogo, é esperado que o estudante possa ter sentido a experiência de imersão e se aproximado da realidade que o Técnico em Edificações vivencia, reunindo mais elementos para reconhecer suas inclinações e realizar suas escolhas profissionais futuras de forma mais assertiva e satisfatória. Esse material apresenta um manual com instruções sobre a utilização do jogo, informações sobre o desenvolvimento da narrativa, as ferramentas necessárias para a criação do jogo e dos materiais empregados, modelos de peças que podem ser utilizados para reprodução e adaptação do jogo para outras áreas, as respostas das perguntas e desafios. Também apresenta um roteiro para aplicação do processo de orientação profissional com gamificação com modelo de planejamento e plano de aplicação da intervenção, e as referências utilizadas para embasar a criação dos questionamentos do jogo. 7.1 Como o jogo funciona Ao iniciar o jogo, cada participante assumirá o papel do Profissional Técnico em Edificações. Os jogadores deverão formar grupos com até 8 membros. Cada grupo passará a ser uma empresa cooperativa de Técnicos em Edificações formada por egressos do Instituto Federal. As equipes deverão escolher uma cor (disponibilizar 5 opções), um nome para a empresa cooperativa e anotar junto com seu nome no crachá da cor de sua equipe. Os jogadores enfrentarão perguntas e desafios relacionados às atribuições profissionais do Técnico em Edificações, distribuídas da seguinte forma: Fase 01: 08 perguntas de múltipla escolha; estou aqui para ajudar! Fase 02: 04 perguntas de múltipla escolha e 2 desafios; 13 Fase 03: 04 desafios. A cada fase os jogadores poderão acumular pontos. Caso errem a resposta, não pontuarão e nem perderão os pontos já acumulados. Os pontos válidos no jogo serão chamados de arenitos, e será nossa moeda de circulação, que ao final do jogo será utilizada para trocar por recompensas no Home Center GamIFique. Durante o jogo poderão ser acumulados até 500 arenitos, sendo 160 arenitos disponíveis na Fase 1, 140 na Fase 2 e 200 na fase 3. O tempo para resposta varia de acordo com a complexidade da pergunta. Nas perguntas de 1 a 12 que são de múltipla escolha, os jogadores terão 1 minuto para a resposta, com cronômetro automático na tela. Nos desafios 1 a 5 os jogadores terão 5 minutos para a resposta, com cronômetromanual. No desafio 6 terão 15 minutos para a resposta, com cronômetro manual. As respostas de múltipla escolha deverão ser respondidas com as placas personalizadas, de acordo com a cor de cada equipe. Cada Equipe terá seu cartão de respostas para anotar e conferir posteriormente os erros e acertos no momento da devolutiva. Para responder as perguntas de múltipla escolha, as equipes deverão exibir a placa da com a alternativa que consideram corretas. Após esgotado o tempo no cronômetro, será exibida uma outra tela durante cinco segundos, é nesse momento em que simultaneamente, as equipes deverão mostrar suas respostas. O aplicador deverá anotá-las, bem como os membros da equipe no cartão-resposta para posterior conferência e feedbacks para as equipes. Os desafios serão respondidos por escrito e apresentados pela equipe, que deverá sustentar a argumentação para defender os procedimentos que julgam adequados para resolver o problema proposto. Contabilize o tempo de resposta para os desafios com cronômetro manual. Ao final do tempo estipulado para resposta, será exibido durante um minuto outra tela solicitando as respostas das equipes. Caso esse tempo não seja suficiente para a exposição das respostas, pause a apresentação e retome em seguida. As respostas serão avaliadas e comparadas ao gabarito padrão-resposta do aplicador. Serão consideradas corretas as respostas com mais de 50% de compatibilidade. 14 8 A GAMIFICAÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE INOVAÇÃO E APRIMORAMENTO EM PROCESSOS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL A Orientação Profissional tal como compreendemos no século XXI é fruto de uma concepção relativamente nova acerca deste processo e das variáveis nele envolvidas. Pesquisas remontam que antes de despertar o interesse de áreas como a Educação e a Psicologia, a versão embrionária da OP era concebida como um aconselhamento ou ajuda e estava baseada em concepções religiosas e filosóficas, e há ainda quem remeta o início da preocupação com as ocupações profissionais a pensadores da Grécia antiga, como Aristóteles e Platão [Tavares 2009]. Segundo Bock [2013], a questão da escolha profissional só passou a ganhar espaço e fazer sentido com o advento do capitalismo. A partir desse período, o trabalhador encontra-se desprovido de meios de produção e vê-se impelido a vender sua força de trabalho. O empregador, por sua vez, interessa-se por essa força de trabalho no intuito de produzir excedentes que possam gerar lucros. Com as revoluções industriais e a divisão técnica do trabalho, a tarefa de produzir torna-se mais complexa, e, portanto, as escolhas profissionais passam a ter importância para direcionar de forma eficaz a força de trabalho em uma sociedade capitalista. Podemos dizer que a perspectiva atual sobre a orientação profissional evoluiu da concepção inatista, na qual o sujeito teria uma vocação pré-determinada, para a visão desenvolvimentista [Zatti et al. 2017; Munhoz, Melo-Silva e Audibert 2016]. Nesses termos, a OP passou a ser compreendida como um processo que acontece ao longo da vida, considerando que, diante de mudanças nos papéis sociais, novas escolhas podem ocorrer, bem como o surgimento de outras inclinações profissionais. Como uma das principais premissas adotadas na sua experiência com orientação profissional, Lisboa [2017] aponta ser importante que esse processo sirva para estimular o sujeito a refletir sobre suas características e demais elementos que influenciam nas escolhas da vida profissional. Para a autora, o orientador assume o papel de incentivar a reflexão do orientando sobre sua identidade individual e o significado do trabalho que é executado, seja para ele próprio ou para os outros. Em outras palavras, os atores envolvidos no processo assumem um papel de construção de um entendimento, tanto do orientando e das influências para sua escolha, como da identidade profissional. 15 Outro aspecto importante de ser assinalado é a perspectiva sócio-histórica em OP que permeia essa pesquisa, a qual considera o ser humano como multideterminado e busca entender dialeticamente o indivíduo na sua relação com a sociedade [Bock 2013]. Nessa abordagem, há entendimento de que a escolha profissional não nasce de uma aptidão inata, sendo construída através de arranjos sociais e culturais nos quais o sujeito está imerso. Por tanto, é um processo dinâmico e mutável. Percebendo-o dessa forma, Oliveira [2016] defende que a OP pode ser realizada nas escolas, principalmente com adolescentes, enfocando a possibilidade de trabalhar de forma ativa, envolvendo os professores e outros agentes da comunidade escolar no processo de escolha profissional do estudante. Esse cenário permite que a gamificação entre em cena e traga contribuições significativas. A gamificação que tem sido trabalhada como estratégia de apoio à aprendizagem em instituições como escolas, universidades, empresas, entre outras e tem se mostrado capaz de se adequar a contextos e temáticas variadas, como mostram as experiências de Almeida et al. [2016], Silva et al.[2017] Silva, Sales e Castro [2018] e Terçariol et al. [2018]. Nas palavras de Jorge e Sutton [2016, p. 104], a gamificação trata-se de “uma estratégia holística, capaz de engajar os indivíduos organizacionais até fora dos limites do ambiente interno das organizações”. Os autores apontam que a gamificação vai ao encontro de características das gerações que nasceram e cresceram em contato maior com a tecnologia, uma vez que a familiaridade com essas ferramentas resulta em mudanças comportamentais. Voltando a atenção para o contexto educacional, Massi [2017] sugere o uso de jogos na educação como uma estratégia para manter os aprendizes envolvidos e motivados, já que o ambiente lúdico cria o envolvimento necessário para que os jogadores se sintam desafiados e busquem testar e desenvolver suas habilidades. A gamificação permite inovar as metodologias de ensino “criando espaços de aprendizagem mediados pelo desafio, pelo prazer e entretenimento, proporcionando graus de imersão e diversão que dificilmente são atingidos pelos métodos tradicionais” [Massi 2017, p. 20]. Esse tipo de intervenção permite que o sujeito interaja e se relacione de forma ativa com o que se espera dele em relação à aprendizagem, e é essa forma de interação prazerosa e capaz de provocar a imersão, que se espera da combinação da OP com gamificação. 16 No entendimento de Busarello [2016, p.28] a gamificação “não se limita apenas à utilização das mecânicas de jogos, mas contempla a utilização destas para a resolução de problemas e para a motivação e o engajamento de um público determinado”. Em outras palavras, a estratégia compreende a utilização dos elementos que podem estar presentes em jogos e que se mostram mais eficientes para o engajamento e envolvimento do público-alvo. Esses elementos podem ser contemplados no modelo MDA (do inglês Mechanics, Dynamics e Aesthetics) de Hunicke, LeBlanc e Zubek [2004]. Quando combinadas adequadamente, a mecânicas, dinâmica e estética podem produzir os resultados desejados com o uso da gamificação. A utilização de gamificação pode ser um elemento a mais para contribuir com essa integração, agregando elementos que tornam a experiência do processo de OP mais próxima da realidade, como por exemplo, por meio de desafios, competições, simulações e experiências de imersão. Nesse sentido, a gamificação como estratégia de apoio na OP pode ser uma outra maneira para gerar um ambiente lúdico, dinâmico e tornar o processo mais vivencial, um espaço de simulação onde o estudante poderá experimentar e desenvolver papéis profissionais em um ambiente controlado. A possibilidade de vivenciar diferentes situações durante a realização de um percurso, seja no jogo ou na carreira profissional, pode trazer muitos ensinamentos, especialmente a experiência, e emambos podem ser seguidos diferentes caminhos para se chegar ao objetivo almejado. Essa experiência através do jogo e da incorporação de papéis profissionais, aproxima os sujeitos da realidade e pode agregar mais maturidade às decisões tomadas daquele momento em diante. Busarello [2016, p.39] reforça isso ao dizer que na gamificação, “o foco está nas pequenas conquistas para se chegar a um objetivo maior, este fator pode ser multiplicado em variados caminhos, e estes podem ter como fundamento as habilidades, as atitudes e outras características dos alunos. O importante é não perder o foco no objetivo principal”. Desta feita, o desafio da proposta metodológica de orientação profissional com gamificação é agregar os elementos da gamificação a intervenções, de modo a permitir a ampliação do autoconhecimento, o desenvolvimento das escolhas profissionais, o reconhecimento de inclinações e a reflexão sobre a identidade profissional entre os estudantes. 17 9 TÉCNICA E JOGOS GRUPAIS PARA UTILIZAÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL O uso de tecnologia ou jogos em grupos de orientação profissional é cada vez mais realizado por profissionais orientadores nos mais diversos contextos. Pois visa com grande eficiência o objetivo geral do coaching de carreira: ajudar os jovens a compreender a si mesmos e ao mundo do trabalho para escolher um futuro de carreira com maior autonomia. A seguir, abordaremos algumas técnicas. 9.1 Técnica: interesses em comum De um modo geral, a primeira reunião do grupo é difícil de começar. É necessário criar uma atmosfera que bloqueie a equipe, permita que todos se sintam mais à vontade para falar de si e ofereça uma oportunidade para o primeiro contato. 18 Essa técnica permitirá que as equipes se integrem rapidamente de uma maneira interessante. Como por exemplos: uma pessoa fez um navio e comentou: “Luana ama um cruzeiro”, outro fez um celular, comentou: “Aline é muito sociável”. Outra, que desenhou uma flor, comentou que "Marina é sensível " e Luís, que fez luvas de boxe, comentou que " João é um lutador". Marcos vê a colega como uma bola de neve, comentando 'onde ela vai, todo mundo ele leva' 9.2 Técnica: “teia grupal” associada ao “nome de índio” A hora em que o grupo vai se apresentar pode ser o momento para abordar dois temas importantes: o contrato de trabalho e um nome que represente à sua personalidade. 19 Quando perguntado o que aconteceria se alguém soltasse a corda, o grupo geralmente respondia que ela se desfazia e que ficaria faltava algo. Esse momento é utilizado para definir o que se espera do grupo (contrato) em termos de confidencialidade, participação, assiduidade e conluio na rede para que o grupo alcance o que todos esperam. 9.3 Técnica: viagem interplanetária Essa técnica foi projetada na obra de Whitaker (1997), Escolha de carreira e globalização. A experiência com situações ocupacionais futuras facilita lidar com incertezas que poderem surgir e facilita o debate sobre as dificuldades que essas incertezas criam. 20 21 22 Aqui estão alguns comentários de uma simulação: Júlio alojou-se no planeta 3, porém depois se arrependeu, desejou ter alojado no planeta 1. Andréa decidiu ficar no Planeta 2, pois nos demais não poderia ajudar os outros. O Planeta 3 é muito equilibrado, harmonioso e não a há nada para fazer. Michel decidiu por ficar no Planeta 2 e ele conscientizaria as pessoas dentro da cúpula para ajudar as pessoas que estão de fora. Para ele a mudança é possível. Sergio não escolheu o Planeta 2 porque não quer ficar sozinho tentando mudar algo que não pode ser mudado. No Planeta 3, Mariana primeiro se imaginou plantando uma árvore, depois cuidando dos idosos da Terra e depois construindo um spar. Mas então ela pensou sobre isso e chegou à conclusão de que não funcionaria porque todo mundo já estava feliz sem ele. Por esta razão, ele quer ficar no Planeta 1 e pôr em pratica todos os seus projetos no Planeta 3. 9.4 Técnica: gincana das profissões De forma positiva, essa dinâmica proporciona maior compreensão das diferentes profissões que existem hoje no mercado, esclarecendo dúvidas e descortinando novas possibilidades além das ações mais tradicionais. 23 Usando como exemplo, um dos grupos fez as seguintes regras: um grupo deveria ler uma instrução, algumas dicas para o outro grupo, e o outro grupo tinha duas chances em um minuto para adivinhar a ocupação descrita. Caso acerte, somaria um ponto, se errar, o outro grupo ganharia um ponto. Normalmente nesses encontros podem ser citados até cinquenta profissões. Normalmente, os participantes solicitam a abordagem de uma carreira em que estão interessados ou têm dúvidas mais. É importante que os coordenadores tenham em mãos livros e revistas específicos como por exemplo, dicionário das profissões, guia do estudante com várias versões e edição e também apostilas de cursos oferecidos pelas universidades da região onde o grupo está localizado, para que qualquer dúvida ou curiosidade seja esclarecida. 9.5 Técnica para trabalhar a percepção da satisfação no trabalho (profissional feliz ou infeliz) Esta dinâmica foi utilizada pela primeira vez em trabalho de orientação profissional para uma turma da 8ª série. A vantagem é que pode ser ministrada a partir do final do ensino fundamental. O modo e a intensidade da apresentação e exposição dependerão da quantidade de alunos por turma e do nível de maturidade dos discentes. É frequentemente utilizado para um primeiro encontro com um grupo de estudantes para sensibilizar para o trabalho de orientação profissional, enfatizando a 24 importância de escolher uma carreira que goste para estar satisfeito com o seu desempenho profissional. 25 Para as meninas, as profissionais felizes são geralmente atrizes, apresentadoras de TV e manequins, enquanto os meninos colocam em seus quartos fotos de jogadores de vôlei, tênis ou futebol. Os profissionais infelizes muitas vezes são trabalhadores rurais, “os sem-terra”, ou pessoas que trabalham “no pesado”. Normalmente são trabalhos pessoais e, através da seleção de imagens, podem ser aprendidos aspectos pessoais relacionados a diferentes profissões. Caso apareça aspectos preconceituosos o assunto deve ser debatido no grupo. Também pode ocorrer uma ênfase em profissões que estão na moda. As meninas, costumam considerar como profissionais felizes atrizes, apresentadores de TV e modelos, já para os meninos consideram como felizes a profissão de jogador de vôlei, tênis principalmente futebol. E os profissionais infelizes para eles, tendem a ser trabalhadores rurais, ou trabalhos que exigem muita força física, ou seja, trabalho braçal. No caso de uma nova orientação, por se tratar de pessoas que já vivenciaram experiências de trabalho, suas percepções estarão mais voltadas para as realidades do mundo do trabalho. Não é o caso dos jovens, que expressam prioritariamente ideias padrão, utopistas fantasiadas sobre a possibilidade de ser feliz no trabalho (Soares, 1987). 9.6 Stop das profissões Essa técnica foi desenvolvida durante uma aula de filosofia no primeiro ano do ensino médio (a autora realizava um estágio em psicologia escolar - trabalhando com orientação e informação profissional). Um aluno sugeriu em fazer um jogo “stop das profissões” assim foram idealizando como esse jogo funcionaria para os adolescentes em geral. Neste jogo, formam-se equipas concorrentes, no entanto, pode ser jogado individualmente. A coluna determinada pelo jogador deve ser preenchida o mais rápido possível com palavras que comecem com as letras previamente sorteadas. Por exemplo: a letra C é selecionada, a coluna é composta pelos seguintes itens: nomes de cidades, frutas, carros, novelas, filmes, profissão..., por exemplo, Carangola, Caqui,Corsa, Carteiro...) quem terminar primeiro diga “Stop” se tudo estiver correto, ganha um ponto. 26 Durante o jogo, o orientador profissional pode refletir com os alunos sobre as profissões emergentes, caso todos as conheçam, perguntar sobre o campo de atuação, local de trabalho, se enquadra em uma categoria, ressaltando que essa divisão (exatamente, humana e biológica) não é rígida; uma mesma profissão pode pertencer a diferentes áreas. Os alunos muitas vezes não têm muita informação e classificam erroneamente muitas das ocupações listadas. Outras ordens podem ser dadas, como listar as ocupações que existem no ar, na terra e na água; ou se trabalha dentro ou fora de casa..., para poder lidar com estereótipos relacionados às profissões. 9.7 Análise de interesses e potencialidades É importante levar em consideração tudo o que é considerável constante na vida de uma pessoa, o que muda muito pouco, como uma pessoa perpetua esses interesses e gratificações em seu trabalho e quais cursos podem melhor se adequar 27 a esses interesses que se repetem ao longo de sua vida. Considera-se que as pessoas têm uma ampla gama de interesses e podem estar interessadas em vários campos, por isso é necessário analisar as carreiras que podem ser relevantes para os interesses primários atuais e futuros. Várias áreas serão destacadas por meio de um levantamento de interesses, habilidades e potencialidades. Por exemplo, ao imaginar as profissões de médico ou engenheiro, percebe-se que são vidas diferentes e, portanto, projetos diferentes, que também significam interesses e potencialidades diferentes. É possível observar que ao listar suas habilidades, os participantes sentiram que são competentes em muito mais coisas do que pensavam antes de iniciar o teste. 28 10 JOGO PSICODRAMÁTICO LEVENFUS E SOARES (2002) apontam que, dadas as mudanças ocorridas e seu impacto na relação pessoa/trabalho, a possibilidade de escolha de carreira é muito importante, não apenas na busca da realização pessoal, mas fundamentalmente em termos de abertura de consciência e uma compreensão mais profunda dos novos cenários que surgem. O mundo do trabalho é entendido como o processo desde a forma de produção até as relações estabelecidas no novo paradigma apresentado. De acordo com Bauman (2001), a dúvida do presente é uma grande força individualizadora, e espera-se que o próprio mundo do trabalho seja satisfatório. Desta forma, a busca da realização individual está se distanciando cada vez mais da ideia de realização coletiva, pela qual os sujeitos/cidadãos buscam o seu próprio bem-estar através do bem-estar do coletivo. Para Levenfus e Soares (2002), a orientação profissional pode ser entendida como a estratégia usadas por psicólogos profissionais para ajudar seus clientes que são pessoas que precisam tomar decisões em momentos específicos de suas vidas. Esse momento de decisão torna a escolha um momento crucial de mudança de vida pessoal. Nessa lógica, entender os aspectos de um determinado ciclo de vida (como a adolescência) é um dos recursos pertinentes para os profissionais que atuam na área. A metodologia do psicodrama é bem adequada para atingir os objetivos da orientação profissional, principalmente a representação dramática e a dramatização. O jogo dramático é uma das técnicas mais usadas para trabalhar com adolescentes, pois proporciona formas criativas e divertidas de lidar com os conflitos vivenciados nesta fase da vida. Os jogos dramáticos estão dispostos a trabalhar na área do comportamento despreocupado para que os indivíduos descubram formas alternativas de comportamento, em vez de uma única resposta a uma determinada situação. O jogo dramático é qualquer atividade que permite que um indivíduo expresse livremente a criação de seu mundo interior, na forma de encenação através da produção mental de fantasia, ou através de atividade física específica. 29 Treinamento de Papéis (Role-playing) é um processo psicodramático projetado para aprender e construir personagens. Ele pode ser usado para treinar personagens profissionais ou qualquer personagem social que você queira otimizar. Buscando resolver as dificuldades geralmente causadas por qualquer personagem desconhecido. Distinguimos duas etapas no processo de Orientação Profissional: FASE SUBJETIVA ou de AUTOCONHECIMENTO: onde o Orientando aprende a se conhecer e percebe a importância do autoconhecimento no processo de escolha. Como consequência imediata, ele inicia um processo de análise e definição de seus próprios valores, elabora seus medos, desfaz tabus, repara situações traumáticas de sua vida e aprende a generalizar sistematicamente as conclusões tiradas de sua experiência. FASE OBJETIVA ou de INFORMAÇÃO PROFISSIONAL: onde o Orientando é levado a conhecer as características de profissões, perspectivas de emprego, mercado de trabalho, cursos de formação profissional, etc.. 30 As recomendações de trabalho de orientação profissional da metodologia do psicodrama são divididas em quatro etapas: 1ª) Fase de Estruturação do Grupo: É a fase de levantamento de necessidades e identidade do grupo. Nesta fase deve ser feito o aquecimento para o trabalho subsequente, bem como a criação de um clima de confiança e motivação para o processo de Orientação Profissional. São utilizados basicamente os Jogos Dramáticos, onde a problemática da Orientação é apresentada sob a forma de uma colocação pessoal de um membro do grupo que se anima a expor-se. 2ª) Fase de Treinamento de Papéis (Role- Playing): É a fase de dramatizações de papéis profissionais escolhidos pelo protagonista, ou seja, o membro do grupo que apresenta a problemática de todos. Nesta fase geralmente é percebido pelo grupo que os rótulos que possuem sobre as várias profissões estão esvaziados de conteúdo e que todos necessitam buscar para si informações sobre as mesmas. 31 11 USO DE RECURSOS LÚDICOS NA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Recursos lúdicos podem ser usados para criar desafios, como é o caso dos jogos. Os desafios, por sua vez, tornam o processo de orientação mais interessante para quem está participando – e quanto mais interessante for, melhores serão os 3ª) Fase das Informações Profissionais: Nela os membros do grupo organizam-se e saem à procura de profissionais ou literatura para responder aos seus questionamentos. Também são feitos role-playing da situação de busca de informações. Neste ponto, através dos Jogos Dramáticos e dramatizações, o grupo percebe a importância do autoconhecimento para se poder equacionar o problema da escolha profissional. 4ª) Fase da Elaboração das Informações Profissionais e Pessoais: Nesta fase os membros do grupo já devem ser capazes de reconhecer suas características básicas e mobilizar seus próprios recursos pessoais, analisar as alternativas viáveis de carreiras e terem condição de iniciar o seu processo de decisão. 32 resultados obtidos. Eles funcionam como um apoio aos testes psicológicos tradicionais e ajudam a trazer resultados ainda mais precisos. Veja alguns benefícios dos elementos lúdicos aplicados na orientação profissional: Os recursos lúdicos podem ser interessantes para criar desafios, assim como os jogos. Esses desafios, por sua vez, tornam o processo de orientação mais divertido para os envolvidos – e quanto mais divertido, melhores são os resultados obtidos. Eles servem como suporte para os testes psicológicos tradicionais e ajudam a obter resultados mais precisos. Aqui estão alguns benefícios dos elementos divertidos aplicados na orientação profissional: 33 34 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABADE, Flávia Lemos. Orientação profissional no Brasil: uma revisão da produção científica. 2005. Revista Brasileira de Orientação Profissional.v.6 n.1 São Paulo jun. 2005. Almeida, C. et al. (2016) “Avaliação do processo de Gamificação acerca do tema Direitos Humanos.” In: Anais do XXII Workshop de Informática na Escola p.379- 386. ALMEIDA, Fabiana Hilário de; SILVA, Lucy Leal Melo. Avaliação de um serviço de orientação profissional: a perspectiva de ex-usuários. 2006. Revista Brasileira de Orientação Profissional. v.7n.2 São Paulo dez. 2006. ALMEIDA, Maria Elisa G. Guahybade; PINHO, Luís Ventura de. Adolescência, família e escolhas: Implicações na orientação profissional. 2008. Psicologia Clínica. Rio de Janeiro, vol.20, n. 2, p.173-174. 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