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Prévia do material em texto

2012
Planejamento Urbano 
e ambiental
Prof. Jorge Luis Bonamente
Prof. Arildo João de Souza
Copyright © UNIASSELVI 2012
Elaboração:
Prof. Jorge Luis Bonamente
Prof. Arildo João de Souza
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
711
P613e Bonamente, Jorge Luis
 Planejamento urbano e ambiental / Jorge Luis Bonamente e Arildo 
 João de Souza. Indaial : Uniasselvi, 2012. 
 186 p. : il 
 
 ISBN 978-85-7830- 596-3
 1. Planejamento urbano.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
 
Impresso por:
III
aPresentação
Ao iniciarmos a disciplina de Planejamento Urbano e Ambiental, 
queremos levá-lo a compreender a origem e a evolução das cidades ao longo 
da historia até se transformarem nas metrópoles e megalópoles existentes na 
atualidade. 
A cidade é o lugar onde o homem adquiriu civilidade, construiu o 
conhecimento, criando as ciências, as artes, as músicas, a filosofia. Enfim, 
uma infinidade de invenções que só foram possíveis de se desenvolverem 
com a troca de informações e conhecimentos que somente a cidade, com seu 
aglomero e fervilhar de ideias, é capaz de proporcionar. 
Porém, para especialistas em gestão pública, planejamento urbano 
e ambiental, é uma tarefa enorme transformar esse lugar em um ambiente 
aprazível para viver.
Para ordenar o espaço urbano, governos de cada país aprovaram leis 
que passaram a regulamentar o uso do espaço na cidade, através do Plano 
Diretor, que será estudado na Unidade 2.
Na terceira unidade, estudaremos o planejamento ambiental, 
colocando-o(a) em contato com as leis brasileiras de zoneamento ambiental e 
a Política Nacional do Meio Ambiente. 
É importante que você não se restrinja somente ao estudo deste 
caderno. Busque em outros autores o complemento necessário para ampliar 
seu conhecimento.
Bons estudos! 
Prof. Jorge Luis Bonamente
Prof. Arildo João de Souza
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
VII
UNIDADE 1 – PROCESSO EVOLUTIVO URBANO ....................................................................... 1
TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO ..................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 A ATIVIDADE PLANEJADORA EM DESCRÉDITO ................................................................... 3
3 PLANEJAMENTO URBANO COM PARTICIPAÇÃO: O BAIRRO ........................................... 6
4 A CIDADE ATRAVÉS DA HISTÓRIA: UM BREVE HISTÓRICO ............................................ 8
4.1 AS PRIMEIRAS CIDADES ............................................................................................................. 8
4.2 AS CIDADES MEDIEVAIS ............................................................................................................. 9
4.3 AS CIDADES RENASCENTISTAS E BARROCAS ..................................................................... 10
4.4 A CIDADE INDUSTRIAL............................................................................................................... 11
4.5 O URBANISMO MODERNO ......................................................................................................... 12
4.6 AS CIDADES IDEAIS: O URBANISMO UTÓPICO ................................................................... 14
4.7 TEMPOS ATUAIS ............................................................................................................................ 15
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 17
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 – PLANO DIRETOR ............................................................................................................ 21
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21
2 A LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E OS PLANOS DIRETORES ................................................ 22
3 O BRASIL E OS PLANOS DIRETORES .......................................................................................... 22
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 32
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 33
TÓPICO 3 – ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES 
 QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO URBANO MUNICIPAL ............ 35
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35
2 DEFINIÇÕES ......................................................................................................................................... 35
2.1 O QUE É PLANEJAR?..................................................................................................................... 35
2.2 O QUE É UM PLANO DIRETOR? ................................................................................................ 35
2.3 POR QUE PLANEJAR? ................................................................................................................... 36
2.4 PARA QUE SERVE O PLANO DIRETOR? .................................................................................. 36
2.5 PARA QUE NÃO SERVE O PLANO DIRETOR?........................................................................36
2.6 QUANDO PLANEJAR? .................................................................................................................. 36
2.7 QUANDO ELABORAR O PLANO DIRETOR? .......................................................................... 37
2.8 QUEM PLANEJA E QUEM ELABORA O PLANO DIRETOR? ............................................... 37
2.9 COMO SE ELABORA UM PLANO DIRETOR? .......................................................................... 38
3 LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA QUE REGULAMENTA O PLANO DIRETOR ...................... 38
3.1 DIRETRIZES URBANÍSTICAS ...................................................................................................... 39
3.2 PERÍMETRO URBANO .................................................................................................................. 40
3.3 EDIFICAÇÕES OU OBRAS ............................................................................................................ 40
3.4. POSTURAS ...................................................................................................................................... 41
3.5 ZONEAMENTO ............................................................................................................................... 41
sUmário
VIII
3.5.1 Índices urbanísticos ................................................................................................................ 41
3.5.2 Limites das zonas territoriais ................................................................................................ 44
3.6 PARCELAMENTO DO SOLO ....................................................................................................... 45
3.6.1 Definições mais usuais em parcelamento do solo.............................................................. 47
3.6.2 O que um bom parcelamento do solo deve realmente ter? .............................................. 49
3.6.3 Quadras e lotes em parcelamentos do solo ......................................................................... 51
3.6.4 Parcelamentos do solo: normas municipais ........................................................................ 52
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 54
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 56
UNIDADE 2 – INFRAESTRUTURA URBANA ................................................................................. 59
TÓPICO 1 – SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS .............................................................................. 61
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 61
2 SISTEMA VIÁRIO ............................................................................................................................... 62
2.1 FUNÇÕES DO SISTEMA VIÁRIO ................................................................................................ 66
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS VIAS NO SISTEMA VIÁRIO ............................................................... 67
3 SISTEMA SANITÁRIO ....................................................................................................................... 68
4 SISTEMA ENERGÉTICO .................................................................................................................... 71
5 SISTEMA DE COMUNICAÇÕES ..................................................................................................... 72
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 73
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 75
TÓPICO 2 – SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES ................................................... 77
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 77
2 EMPREENDIMENTOS URBANOS E A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: 
 A OBSERVÂNCIA DO CÓDIGO FLORESTAL ............................................................................. 79
3 SUSTENTABILIDADE URBANA NA PRÁTICA: ARBORIZAÇÃO URBANA..................... 80
3.1 BENEFÍCIOS DA ARBORIZAÇÃO URBANA ............................................................................ 80
3.2 ESCOLHA DAS ESPÉCIES PARA ARBORIZAÇÃO URBANA ............................................... 81
3.2.1 Árvores ..................................................................................................................................... 83
3.2.2 Arbustos ................................................................................................................................... 83
3.3 FORMA DE PLANTIO E MANUTENÇÃO ................................................................................. 84
3.3.1 O preparo das covas ............................................................................................................... 84
3.3.2 Manutenção e poda ................................................................................................................ 86
3.4 ELEMENTOS COMPLEMENTARES DA ARBORIZAÇÃO URBANA ................................... 87
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 88
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 90
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 92
TÓPICO 3 – ESTATUTO DA CIDADE ............................................................................................... 93
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 93
2 AS DIRETRIZES CONTIDAS NO ESTATUTO DA CIDADE .................................................... 94
3 OS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA CONTIDOS NO ESTATUTO 
 DA CIDADE .......................................................................................................................................... 96
4 O CONTROLE DO SOLO URBANO E O ESTATUTO DA CIDADE ........................................ 97
4.1 IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO...................................................................... 98
 PROGRESSIVO NO TEMPO .......................................................................................................... 98
4.2 DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS DA DÍVIDA PÚBLICA ............. 98
4.3 USUCAPIÃO ESPECIAL DE IMÓVEL URBANO ...................................................................... 99
4.4 DIREITO DE SUPERFÍCIE ............................................................................................................. 99
4.5 DIREITO DE PREEMPÇÃO .........................................................................................................100
IX
4.6. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR ........................................................101
4.7 TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR ................................................................102
4.8 OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS ...........................................................................102
4.9 ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA .............................................................................103
4.10 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA ...........................................................................................104
4.11 INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS E FINANCEIROS ...................................................104
4.12 DESAPROPRIAÇÃO ...................................................................................................................1044.13 SERVIDÃO ADMINISTRATIVA ...............................................................................................105
4.14 LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS .........................................................................................105
4.15 TOMBAMENTO ..........................................................................................................................106
4.16 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ............................................................................................106
4.17 ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL (ZEIS) ............................................................106
4.18 CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO ............................................................................107
4.19 REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA ............................................................................................107
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................108
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................113
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................115
UNIDADE 3 – PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES ..............................................117
TÓPICO 1 – IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO NO MEIO 
 FÍSICO E BIÓTICO ........................................................................................................119
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................119
2 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELAS CIDADES NO MEIO 
 FÍSICO E BIÓTICO ............................................................................................................................122
2.1 DESMATAMENTO ........................................................................................................................122
2.2 IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO ...........................................................................................123
2.3 ALTERAÇÃO NO REGIME HIDROLÓGICO ...........................................................................123
2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS DAS CIDADES NOS......................................................................125
 ECOSSISTEMAS ............................................................................................................................125
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................126
RESUMO DO TÓPICO 1 .....................................................................................................................128
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................129
TÓPICO 2 – GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL ..................................131
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................131
2 GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL ....................................................................................132
3 GESTÃO DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL .................................................................................134
4 SUSTENTABILIDADE, MEIO AMBIENTE E O PLANEJAMENTO URBANO ....................139
4.1 SUSTENTABILIDADE ..................................................................................................................139
4.2 MEIO AMBIENTE E PLANEJAMENTO URBANO .................................................................141
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................148
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................153
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................155
TÓPICO 3 – INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL ......................................157
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................157
2 O ZONEAMENTO AMBIENTAL BRASILEIRO..........................................................................158
2.1 ASPECTOS GERAIS DO ZONEAMENTO AMBIENTAL .......................................................158
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS ZONEAMENTOS ................................................................................160
2.3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO ZEE ....................................................................................163
3 PLANO DE BACIA HIDROGRÁFICA ......................................................................................... 172
X
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 176
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 177
1
UNIDADE 1
PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer os aspectos históricos da urbanização das cidades;
• verificar a importância da atividade de planejamento urbano e da legisla-
ção no ordenamento territorial;
• descobrir o que é um plano diretor e para que serve;
• identificar as etapas de elaboração de um plano diretor;
 
• conhecer a legislação urbanística que compõe e regulamenta o plano diretor.
Esta primeira unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um 
deles, você encontrará atividades que contribuirão para fixar os conteúdos 
explorados.
TÓPICO 1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO 
TÓPICO 2 – PLANO DIRETOR 
TÓPICO 3 – ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS 
LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ASPECTOS HISTÓRICOS DA 
URBANIZAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Qualquer exame, ainda que superficial, da prática e da teoria concernentes 
ao desenvolvimento das atividades ligadas ao planejamento urbano brasileiro, 
revelará uma situação de crise. As cidades brasileiras, em sua maioria, apesar dos 
progressos técnicos e científicos alcançados, prescindem ainda de cartografias 
adequadas e de dados estatísticos confiáveis. Faltam também técnicos experientes 
e qualificados em planejamento urbano e uma maior conscientização da 
população quanto à questão urbana. Credite-se isso ao fato da ausência de canais 
reivindicatórios eficientes e políticas urbanas apenas no papel, sem efetividade na 
aplicação prática. Temos uma cidade real, à margem da legislação, e uma cidade 
ideal, que está presente na maioria dos planos diretores municipais (ROLNIK, 
1997). Ainda que as demandas do cidadão não sejam levadas em conta, que as 
políticas urbanas estejam presas apenas no papel e que o quadro sociopolítico 
apresente-se confuso, sempre ocorre o aparecimento de uma luz no fim do túnel. 
Este texto pretende subsidiar seus conhecimentos, ampliando sua 
compreensão de como se desenvolveu a atividade planejadora, como se 
formaram as cidades ao longo da história e quais são as ferramentas necessárias 
ao planejamento urbano no processo de organização das políticas públicas 
urbanas. Boa leitura!
2 A ATIVIDADE PLANEJADORA EM DESCRÉDITO
Apesar das diversas e contínuas tentativas e de grande esforço técnico na 
aplicação sistemática dos mais diversos modelos metodológicos para promover o 
controle do espaço urbano, é inegável que chegamos ao século 21com a figura da 
atividade planejadora em descrédito parcial, devido ao crescimento desordenado 
observado em nossas cidades. Não bastasse a convivência entre a cidade dita legal, 
que obedece a todo o rigor da legislação urbanística, e a cidade real, que cresce 
à margem da legislação, é apenas por força legal, por ocasião da aprovação da 
Constituição Federal de 1988, que há a obrigatoriedade do planejamento urbano 
das cidades, transferindo-se uma responsabilidade sem precedentes aos governos 
municipais de cidades com mais de 20 mil habitantes. Estas cidades passaram a 
ter a obrigação de elaborar seus respectivos planos diretores, cujo delineamento 
estava previsto no artigo 182 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), definindo 
as condições para que a propriedade urbana cumprisse sua função social:
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
4
Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo poder 
público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por 
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
§ 1º. O Plano Diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório 
para cidades com mais de 20 mil habitantes, é o instrumento básico da 
política de desenvolvimento e de expansão urbana.
§ 2º. A propriedade urbana cumpre a sua função social quando atende 
às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no 
Plano Diretor.
§ 3º. As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e 
justa indenização em dinheiro.
§ 4º. É facultado ao poder público municipal, mediante lei específica 
para a área incluída no Plano Diretor, exigir, nos termos da lei federal, 
do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não 
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, 
sucessivamente, de:
I – parcelamento ou edificação compulsórios;
II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana 
progressivo no tempo;
III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida 
pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, 
com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e 
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
Examinando-se os fracassos e os sucessos das práticas de planejamento 
urbano das últimas décadas e julgando a validade de seus métodos, o grau de 
confiabilidade de suas formulações e a eficácia de suas soluções, há uma certa 
apreensão quanto à obrigatoriedade de se fazer planejamento somente para 
cidades com mais de 20 mil habitantes. De um lado, pode-se ter a reedição 
das experiências de inoperância, mistificação e cumplicidade tecnocrática que 
marcaram anos atrás a produção de vários planos diretores, gerando boa parte 
do descrédito que hoje assola a atividade planejadora. Pode-se ter, por outro 
lado, avanços significativos no sentido de implantação, nas cidades brasileiras, 
de processos de planejamento a partir do desenvolvimento do “evento” plano 
diretor. As cidades ficam à espera de um aporte de recursos que consolidem e 
transformem o planejado no papel em obras, prenunciando os novos ares de uma 
verdadeira reforma urbana. Temos, na esfera federal, um Ministério exclusivo 
para a promoção do desenvolvimento urbano, que é o Ministério das Cidades, 
que “foi instituído em 1º de janeiro de 2003, através da Medida Provisória nº 103, 
depois convertida na Lei nº 10.683, de 28 de maio do mesmo ano” (MINISTÉRIO 
DAS CIDADES, 2012).
Ainda segundo o Ministério das Cidades (2012):
o modelo de urbanização brasileiro produziu nas últimas décadas 
cidades caracterizadas pela fragmentação do espaço e pela exclusão 
social e territorial. O desordenamento do crescimento periférico 
associado à profunda desigualdade entre áreas pobres, desprovidas de 
toda a urbanidade, e áreas ricas, nas quais os equipamentos urbanos 
e infraestruturas se concentram, aprofunda essas características, 
reforçando a injustiça social de nossas cidades e inviabilizando a 
cidade para todos.
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO
5
Neste quadro de desamparo em que se inserem nossas cidades, com muitas 
delas não tendo o mínimo instrumental necessário para o desenvolvimento das 
atividades de planejamento urbano, quer por ausência de cartografia ou mesmo 
de técnicos capacitados, não basta o repensar das formas de produção de cidades, 
mas das sistemáticas de análise dessa produção. Produção que, de forma dinâmica, 
altera-se continuamente em seus aspectos conjunturais e estruturais, diagnosticada 
no século passado por Costa (1989, p. 110) pela necessidade “da superação de seus 
graves problemas sociais, ambientais e econômicos que desafiam o presente e o 
futuro de nossas cidades” e que leva ao agravamento do quadro urbano. 
A falência do planejamento globalizante e a análise dos motivos que 
levam a população a se omitir do processo urbano fazem com que se procurem 
novas estratégias de ação, trazendo confiabilidade à atividade planejadora e 
aproximando-a de um processo de planejamento mais democrático, no resgate de 
seu papel que é essencialmente político, pois isto é “fundamental para dar sentido 
e legitimidade às questões técnicas e administrativas necessariamente envolvidas” 
(COSTA, 1989, p. 25). Aproximar o instrumental básico da atividade planejadora, 
levando-o a qualquer cidadão comum, é imprescindível. Este trabalho deve dar-
se numa escala social perceptível ao indivíduo, suscitando uma democracia que 
surja de baixo para cima, evidenciando a conscientização do cidadão numa escala 
que lhe seja compreensível, como os limites do seu bairro, como, por exemplo, 
sugere o urbanista Cândido Malta Campos Filho em seu livro seminal “Cidades 
brasileiras: seu controle ou o caos” (CAMPOS FILHO, 1989).
A percepção destes conflitos faz parte do diagnóstico de todas as esferas, 
federal, estaduais e municipais, já que o diagnóstico é muito claro:
boa parcela das cidades brasileiras abriga algum tipo de assentamento 
precário, normalmente distante, sem acesso, desprovido de 
infraestruturas e equipamentos mínimos. Na totalidade das grandes 
cidades essa é a realidade de milhares de brasileiros, entre eles os 
excluídos dos sistemas financeiros formais da habitação e do acesso à 
terra regularizada e urbanizada, brasileiros que acabam ocupando as 
chamadas áreas de risco, como encostas e locais inundáveis. Por outro 
lado, em muitas cidades, principalmente em suas áreas centrais, uma 
massa enorme de imóveis se encontra ociosa ou subutilizada, reforçando 
a exclusão e a criação de guetos – tanto de pobres que não dispõem de 
meios para se deslocar, quanto de ricos que temem os espaços públicos 
–, realidade que contribui para a violência, para a impossibilidade de 
surgimento da cidadania (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2012).
 
Parte da solução também vem sendo tentada:
Visando promover ações de melhora deste quadro, o Governo Federal 
prioriza apoio ao planejamento territorial urbano e à política fundiária 
dos municípios, através da Secretaria Nacional de Programas Urbanos 
(SNPU), que tem como missão implantar o Estatuto das Cidades (Lei 
no 10.257/2001), através de ações diretas, com transferência de recursos 
do Orçamento Geral da União e através de ações de mobilização 
e capacitação, coisa que nem sempre se transforma em resultados 
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
6
palpáveis, apesar das seis áreas de atuação da SNPU, como apoio à 
elaboração de planos diretores, regularização fundiária, reabilitação 
de áreas centrais, prevenção e contenção de riscos associados a 
assentamentos precários, acessibilidade e conflitos fundiários urbanos 
(MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2012).
ESTUDOS FU
TUROS
Você verá mais tarde, na Unidade 2, do que trata e o que é o Estatuto da Cidade!
3 PLANEJAMENTO URBANO COM PARTICIPAÇÃO: O BAIRRO
A participação popular em qualquer processo, quer de cunho eleitoral, de 
planejamento urbano ou de qualquer outra forma, vem refletida no conhecimento 
prévio das regrasdo jogo em que ela, população, venha a se inserir. É como se 
fosse um jogo de cartas, como bem observa Carlos Nélson dos Santos (1988), em 
seu livro “A Cidade Como um Jogo de Cartas”, especialmente no capítulo “A 
cidade como um jogo”: não pode haver participação sem que se conheçam as 
regras do jogo urbano. Se a maioria dos participantes estiver alheia ao processo, 
pelo desinteresse típico de quem primeiramente preocupa-se com a própria 
sobrevivência ou com a participação dando-se de forma manipulada, de modo 
a conferir legitimação às propostas econômicas e políticas de grandes grupos 
detentores do capital, chega-se a um estágio de desconfiança com relação a 
qualquer processo que se diga “participativo”.
Assim, são poucas as experiências de gestão participativa no sentido 
mais amplo que o termo “participativo” possa explicitar, observando que, 
na maioria das vezes, há uma utilização da população como a avalista de um 
processo global de produção da cidade, fomentado e conduzido pelos grandes 
grupos econômicos, ao qual ela, população, não tem sequer condições de 
avaliar. Cria-se assim, de maneira forçada, uma pseudoaceitação de planos 
diretores participativos (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2005), transformando-se 
a cogestão (gerir com) para a congestão, ou seja, daquilo que lhes é empurrado 
goela abaixo e não digerível.
Se a maioria das formas de participação a nível globalizante falhou, a 
proposição da adoção de uma esfera de atuação participativa na qual o cidadão 
possa aprender a essência do que está sendo discutido passa pela aproximação 
da escala de pertencimento e de domínio do repertório cotidiano da realidade: 
a escala do bairro. O bairro é a esfera onde todas as condicionantes, carências, 
matizes e, porque não dizer, as soluções possíveis e impossíveis, são discutidas 
e ventiladas, dentro de um quadro referencial perceptível a qualquer de seus 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO
7
moradores. Torna-se lógico que fica mais fácil a um morador de um determinado 
bairro compreender, opinar e participar de decisões dentro daquilo que diz 
respeito ao seu dia a dia, do que opinar sobre os problemas que possam atingir os 
moradores do extremo oposto da cidade ou, mesmo, de bairros vizinhos, ainda 
em que pese sua proximidade (CAMPOS FILHO, 1989).
Desta forma, é na escala do bairro que a participação passa a se incorporar 
na práxis política do cotidiano de cada cidadão, podendo (e essa deve ser a 
intenção) ser estendida à compreensão e discussão da cidade, em seus aspectos 
estruturais, como um todo. 
NOTA
Práxis é a atividade humana, em sociedade e na natureza, que cria as condições 
indispensáveis à existência da sociedade.
Mais do que a propalada democratização, deve-se, portanto, objetivar 
dotar o cidadão de um senso crítico, a partir da percepção de uma realidade 
concreta, que o cerca de perto. Uma vez despertada, essa consciência pode levá-lo a 
outros caminhos que não sejam o das atitudes reivindicatórias isoladas, dispersas 
e individualizadas, muitas vezes de caráter duvidoso. Pretende-se, isso sim, 
devolver ao indivíduo a noção de identidade coletiva, onde ele passa a pertencer 
a um determinado grupo social, que, no caso, é o seu bairro de vizinhança. 
Essa organização comunitária passa necessariamente por um compromisso 
de gestão da unidade físico-territorial do bairro, pelos seus respectivos habitantes, 
evitando e passando ao largo de práticas clientelistas ou paternalistas, sendo que 
quanto mais organizada for, maior será a possibilidade de poder reivindicatório 
dentro do processo de construção da cidade, visto que a análise desse processo 
“supõe compreender um processo de conflitos, resultante que é da estruturação 
da própria sociedade” (DEBIAGGI, 1985, p. 8).
Observa-se, também, que as novas formas de planejamento participativo 
estão intimamente ligadas ao fato do aprender a ouvir, dentro de processos 
democráticos aos quais nós ainda não nos acostumamos. É necessário esse esforço 
conjunto, multidisciplinar na sua concepção e plurissocial na sua execução. A 
condução deste processo só terá legitimidade se calcada no debate e participação 
do conjunto da sociedade a quem seus objetivos pretenderem beneficiar. Para 
entender o processo de construção das cidades e sua forma de estruturação 
urbana, precisamos estudar os processos históricos, com o intuito de não cometer 
os mesmos erros. Vamos lá, estudar um pouquinho sobre como as cidades foram 
construídas ao longo do tempo!
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
8
4 A CIDADE ATRAVÉS DA HISTÓRIA: UM BREVE HISTÓRICO
Embora o Urbanismo surja como disciplina autônoma apenas a partir do 
século XIX e o Planejamento Urbano apenas no século XX, as cidades são planejadas 
e desenhadas desde o início da civilização. A história das cidades é objeto de 
estudo de muitos pesquisadores. Dois dos mais conhecidos pelos planejadores 
urbanos são Leonardo Benévolo (1984; 1987; 2003) e Lewis Mumford (1991), além 
de Françoise Choay (1979), dos quais foi extraída a maioria das informações que 
seguem neste tópico.
4.1 AS PRIMEIRAS CIDADES
Segundo pesquisas, as primeiras cidades surgiram nos países que hoje 
conhecemos como Egito, Israel, Iraque e Irã, há cerca de 8.000 a.C. Há também 
menção de que, como resultado de um esforço planejado e deliberado de 
planejamento urbano, ainda que num estágio bem incipiente, remonte a cerca 
de 3500 a 2600 a.C. o surgimento de pequenas vilas e de grandes cidades. O 
crescimento dessas cidades, bem como a formação organizada, segundo um plano 
hierárquico de ruas, segundo um padrão de gradeamento imperfeito, revela o 
desejo de proteção das áreas urbanas.
As antigas civilizações pré-colombianas também construíram cidades 
grandiosas, considerando princípios urbanos, sistemas de esgoto e de 
abastecimento de água. As cidades incas, astecas e maias tinham populações de 
cerca de 250 mil habitantes.
Ideias sobre zoneamento e a correta localização de ruas e edifícios teriam 
surgido nas cidades de Mileto e Pireu, na Grécia antiga, onde a cidade, antes 
de tudo, era uma comunidade de cidadãos. Em Atenas surgiu o traçado urbano 
ortogonal, paralelamente aos primeiros conceitos de direito urbanístico.
Já Roma praticou um urbanismo preocupado com a salubridade, 
funcionalidade, comodidade e com a estética de suas cidades. Gerou o 
quadrilátero espacial, que é uma praça quadrada central com serviços urbanos, 
cercada por uma grade de ruas e por um muro para defesa voltado para a defesa 
militar e conveniência civil. Duas ruas em diagonal cruzavam o quadrilátero, 
visando reduzir o tempo necessário para locomoção. Outra preocupação era com 
o abastecimento de água, problema resolvido pelos famosos aquedutos, já que 
os romanos foram grandes construtores de prédios públicos singulares, como o 
Coliseu, utilizando apenas o princípio da compressão entre as pedras, já que não 
existia o concreto armado. 
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO
9
4.2 AS CIDADES MEDIEVAIS
Chega-se temporalmente à cidade medieval, onde os efeitos mais 
evidentes da crise econômica e política nos primeiros cinco séculos depois da 
queda do Império Romano são a ruína das cidades e a dispersão dos habitantes 
pelo campo. 
Do século V ao século IX d.C, as cidades eram alvos muito vulneráveis 
aos ataques do povos bárbaros. Roma, que chegou a ter um milhão de habitantes 
no apogeu do Império Romano, teve sua população reduzida para apenas 20 mil 
habitantes na época de Carlos Magno. As antigas cidades romanas decresceram 
de tal maneira que muitas desapareceram por completo. 
No mundo medieval, as cidades não funcionavam mais como centros 
administrativos, ou seja, tinham um lugar marginal. O plano espacial das 
cidades medievais rompe com o quadrilátero romano e as cidades são criadas 
espontaneamente, organicamente, a partir do castelo, dos monastérios, ou ao longo 
do rio. As funções essenciais da cidade medieval são a troca, a informação, a vida 
cultural e o poder. Muitascidades e feudos medievais eram protegidos por muros, 
e quando a população intramuros crescia, simplesmente deixavam-se, na maioria 
das vezes, os muros antigos de pé, construindo-se ao redor da antiga cidade, cujo 
centro, em função da religião, era a Igreja ou catedrais, locais de destaque e que 
levavam décadas para serem construídas. As muralhas foram construídas para 
proteger as cidades das invasões dos bárbaros. Entre essas muralhas ficava a cidade 
medieval, que tinha forma não organizada, sendo orgânica. 
NOTA
Orgânica é um termo para a cidade onde os elementos arquiteturais interagem entre 
si como os componentes de um organismo, sem que haja um padrão preestabelecido ou formal.
Quanto ao sistema viário, as famosas estradas romanas, abandonadas, 
desapareceram. Estabeleceu-se o feudalismo, com pequenos burgos de ruas estreitas 
e sinuosas, totalmente desprovidas de infraestrutura, principalmente esgoto. 
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
10
NOTA
Um burgo designa geralmente uma cidade comercial, que se desenvolvia fora 
das muralhas da cidade medieval. Por essa época, boa parte da população vivia nas aldeias 
próximas aos muros dos castelos e dos mosteiros.
Tornou-se cada vez mais densa, com aproveitamento de todo o espaço 
disponível intramuros. Na cidade medieval, segundo Lamas (1992, p. 86):
as muralhas são o seu perímetro defensivo e, simultaneamente, 
separação com o campo e o mundo rural. Por razões de espaço, a 
cidade concentra-se até ser necessário alargar o seu limite e construir 
novas muralhas que englobam as expansões. Assim se formam os 
anéis sucessivos de construções e de sistemas defensivos. A muralha 
delimita a cidade e caracteriza a sua imagem e forma.
A partir do final da Idade Média (séc. X) começou o renascimento 
econômico na Europa, com o desenvolvimento do comércio e o surgimento 
de uma nova classe: a burguesia, independente financeiramente da nobreza 
aristocrática dos senhores feudais. Há uma intensa urbanização a partir do século 
XIII e novas cidades cresceram sobre o traçado de antigas cidades, com uma 
organização espacial e social diferente, com algumas delas chegando a mais de 
200 mil habitantes (Paris e Milão, por exemplo).
4.3 AS CIDADES RENASCENTISTAS E BARROCAS
Segundo Lewis Mumford (1991), no Renascimento tem início a expansão 
mundial da civilização europeia, “renascendo” econômica e culturalmente, com 
as grandes navegações, as novas invenções e os artefatos e produtos trazidos 
de todas as partes do mundo. Retomam-se os conhecimentos da era Clássica, 
produzindo grandes avanços tecnológicos e de realizações artísticas inigualáveis. 
A cidade renascentista consolida o poder político num único centro, sob a 
supervisão direta do rei, já que a cidade medieval teve sua segurança ameaçada 
pelos canhões, que tornaram obsoletas as muralhas defensivas. As cidades 
passam a ocupar as planícies e os traçados regulares dominam. Da praça central 
irradiam-se ruas, de onde os canhões protegem as entradas da cidade. As regras 
recém-descobertas da perspectiva e da simetria fazem com que do emaranhado 
da cidade medieval surjam as grandes praças, como, por exemplo, a de São Pedro 
em Roma (autoria de Bernini) e a Piazza de São Marcos, em Veneza. A cidade 
volta a ser considerada como uma obra de arte e Roma, voltando a ser a sede 
da Igreja Católica, recupera sua antiga glória, com edificações como o Capitólio 
(sede do governo municipal) e a Igreja de São Pedro. É neste período que artistas 
como Leonardo da Vinci e Michelangelo criam suas obras primas e ajudam a 
embelezar algumas das cidades italianas, nos séculos XV e XVI.
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO
11
No conjunto, as realizações urbanísticas e de construção nas colônias 
europeias são mais importantes do que as realizadas na Europa, já que as colônias 
dispõem de espaço para a realização de grandes programas de urbanização e 
o sistema de tabuleiro de xadrez é adotado, como, por exemplo, nas cidades 
coloniais das Américas, sem a necessidade de adaptação a estruturas medievais.
Espanha e Portugal dominam a exploração além-mar e após o desembarque 
de Colombo na América, é estabelecido o Tratado de Tordesilhas, dividindo as 
Américas em duas: a leste, os portugueses encontram povos indígenas sem grandes 
cidades e facilmente dominados e, a oeste, os espanhóis encontram culturas mais 
desenvolvidas, mas ainda assim incapazes de resistir aos colonizadores. A capital 
do Império Asteca (Tenochititlan) é conquistada por Cortês e se transforma na atual 
Cidade do México, enquanto que Cusco, no Peru, é dominada por Pizarro. As normas 
urbanísticas das novas colônias espanholas são estabelecidas na Carta das Índias, 
constituindo-se de uma malha urbana ortogonal, com quarteirões iguais, quase 
sempre quadrados, com a praça central ladeada pela igreja e pelo paço municipal.
Inglaterra e França, a partir do século XVII, também criam suas colônias 
no chamado Novo Mundo, empregando a retícula urbana em xadrez, como, por 
exemplo, Nova York (1811) e Filadélfia (1682), já que algumas cidades dos Estados 
Unidos foram planejadas antes de terem sido construídas, como a atual cidade de 
Washington, DC, a atual capital do país, planejada por Pierre Charles L'Enfant, 
um arquiteto francês contratado por George Washington, então presidente dos 
Estados Unidos.
4.4 A CIDADE INDUSTRIAL
Os notáveis avanços tecnológicos oriundos da Revolução Industrial 
transformaram a civilização a partir de meados do século 18. A divisão do trabalho 
em operações realizadas por diferentes indivíduos proposta por Taylor possibilitou 
o aumento da produção e o aperfeiçoamento de uma série de máquinas para 
substituir o trabalho humano. A medicina conseguiu reduzir a taxa de mortalidade 
infantil e a taxa de mortalidade geral, tendo como consequências o grande 
crescimento populacional, acompanhado da migração do campo para as cidades. 
Nas áreas urbanas, as novas fábricas absorveram esta mão de obra migrante. 
Inventos como a máquina a vapor (1775), o tear mecânico, a locomotiva a vapor 
(1832), o telefone (1876), a lâmpada elétrica (1879), o motor a explosão (1885) e o 
elevador (1887) são o exemplo da cidade que se expande. As ferrovias seccionaram 
as cidades com seus trilhos, transportando cada vez mais cargas e passageiros.
É o surgimento do capitalismo enquanto sistema, sendo época de intensa 
industrialização e urbanização. As cidades crescem exageradamente em meados 
do século 19: Londres (4 milhões de habitantes) e Paris (2 milhões de habitantes). 
Em 1800, no início da Revolução Industrial, nenhuma cidade atingia a população 
de um milhão de habitantes. Em 1850 já eram quatro cidades nestas condições 
e, em 1900, dezenove cidades haviam ultrapassado a faixa de um milhão de 
habitantes (MUMFORD, 1991). 
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
12
O inchaço das cidades, somado ao adensamento excessivo, aumentou o grau 
de insalubridade e as condições de habitação tornaram-se críticas: esgoto corria a céu 
aberto, lixo acumulava-se nas ruas estreitas, as famílias amontoavam-se em cômodos 
sem ventilação natural e a fumaça das fábricas enegrecia o ar, sem falar nos incêndios 
e epidemias, que ocorriam com frequência, destruindo bairros inteiros.
O historiador Lewis Mumford (1991, p. 484) afirmou que o “industrialismo, 
a principal força criadora do século XIX, produziu o mais degradado ambiente 
urbano que o mundo jamais vira”. Peter Hall (1995, p. 19-21), no livro “Cidades 
do Amanhã”, cita as palavras de Andrews Mearns, que em 1833 descreve assim 
as condições de vida da cidade industrial:
Poucos dos que leem estas páginas sequer concebem o que são estes 
pestilentos viveiros humanos, onde dezenas de milhares de pessoas se 
amontoam em meio a horrores que nos trazem à mente o que ouvimos 
sobre a travessia do Atlântico por um navio negreiro. Para chegarmos 
até elas é preciso entrar por pátios que exalam gases venenosos e 
fétidos, vindos das poças de esgoto e dejetos espalhados portoda parte 
e que amiúde escorrem sob nossos pés; pátios, muitos deles, onde o sol 
jamais penetra, alguns sequer visitados por um sopro de ar fresco e 
que raramente conhecem as virtudes de uma gota d’água purificante. 
É preciso subir por escadas apodrecidas, que ameaçam ceder a cada 
degrau e, em alguns casos, já ruíram de todo, com buracos que põem 
em risco os membros e a vida do incauto. Acha-se o caminho às 
apalpadelas, ao longo de passagens escuras e imundas, fervilhantes 
de vermes. E então, se não forem rechaçados pelo fedor intolerável, 
poderão os senhores penetrar nos pardieiros onde estes milhares de 
seres, que pertencem, como todos nós, à raça pela qual Cristo morreu, 
vivem amontoados como reses. Paredes e tetos estão negros com as 
acreções da imundície que sobre eles se foi acumulando ao longo dos 
anos de abandono. Imundície que transpira pelas fendas do forro 
de tábuas, escorre pelas paredes, está em toda parte. O que atende 
pelo nome de janela é apenas metade disso, entuchada de farrapos ou 
tapada com tábuas que impedem a entrada da chuva e do vento.
Friederich Engels, em seu livro “A questão da habitação”, descreveu a 
precariedade da vida urbana no período industrial ao analisar as condições do 
proletariado na Inglaterra. Mencionou os bairros operários com ruas não calçadas 
e estreitas, podendo se passar da janela de uma casa para a do vizinho oposto, e 
edificações que eram tão altas que a luz solar mal podia penetrar nas vielas entre 
elas. Sem esgotos, o lixo e os excrementos eram jogados nas ruas diariamente, 
formando uma imundície que não apenas ofendia a vista e o olfato, mas também 
colocava em risco a saúde dos moradores.
4.5 O URBANISMO MODERNO
Com a expansão das cidades, o saneamento básico passou a ser uma 
necessidade vital. Surge o Urbanismo como ciência, voltado para a resolução das 
exigências sanitárias. Segundo Benévolo (1987, p. 98):
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO
13
A teia das interligações urbanísticas criadas pelo desenvolvimento 
industrial torna-se necessariamente evidente através da constatação 
dos inconvenientes de ordem higiênica causados pela desordem e a 
aglomeração das novas periferias. Quando estes inconvenientes se 
tornam intoleráveis – devido às epidemias de cólera que proliferam 
depois de 1830 – e se estudaram as primeiras providências para 
eliminá-los, tornou-se clara a pluralidade das causas determinantes, 
pelo que as providências adquiriram necessariamente um caráter 
múltiplo e coordenado. Deste modo, a legislação sanitária torna-se o 
precedente direto da moderna legislação urbanística [...].
Legislações sanitárias começam a aparecer no Parlamento inglês e nos 
Estados Unidos em meados do século 19, a partir de exigências mínimas às novas 
construções, visando à melhoria da qualidade de vida, tendo como parâmetro a 
questão sanitária.
O Barão Haussmann, nos anos de 1851 a 1870, transformou radicalmente o 
traçado urbano da cidade de Paris. Conforme os interesses políticos do Imperador 
Napoleão III, realizou uma radical cirurgia urbana, abrindo 95 quilômetros de 
novas ruas sobre a velha Paris e mais 70 quilômetros de novas vias na periferia. 
Verdadeira revolução urbana, são criados bosques públicos (Bois de Boulogne) e 
novos serviços urbanos (como tubulações de água e esgoto, iluminação de gás e 
rede de transportes públicos com ônibus puxados a cavalo).
No Brasil: “a primeira década do século XX representa, para a cidade do 
Rio de Janeiro, uma época de grandes transformações, motivadas, sobretudo, 
pela necessidade de adequar a forma urbana às necessidades reais de criação, 
concentração e acumulação do capital” (ABREU, 1987, p. 59).
O Rio de Janeiro, então Distrito Federal, ou capital brasileira de então, 
precisava simbolizar concretamente a importância do país, maior produtor de 
café do mundo. Nomeado prefeito pelo Presidente Rodrigues Alves, Francisco 
Pereira Passos comandou no período de quatro anos (1902-1906), tempo que a 
maioria de nossos governantes atuais considera curto, “a maior transformação 
já verificada no espaço carioca até então, um verdadeiro programa de reforma 
urbana” (ABREU, 1987, p. 220). Suas principais intervenções foram: instituição 
do recuo progressivo dos edifícios; alargamento de diversas ruas; pavimentação 
asfáltica (pela primeira vez no país); embelezamento da cidade com a criação 
de praças; construção do Teatro Municipal, com estrutura metálica importada 
da Europa; túnel do Leme e Av. Atlântica em Copacabana; canalização de rios 
e saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas; proibição da mendicância e dos 
ambulantes; demolição dos cortiços, o que veio a gerar as primeiras favelas 
cariocas; construção da Av. Central pela União e construção do novo porto pela 
União, em aterro sobre o mar (ABREU, 1987).
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
14
NOTA
Francisco Pereira Passos (1836-1913) foi um engenheiro brasileiro que estudou 
na França de 1857 a 1860, onde assistiu à reforma urbana de Paris promovida por Haussmann. 
Esta reforma exerceu
4.6 AS CIDADES IDEAIS: O URBANISMO UTÓPICO
Nos rumos e contrarrumos da história sempre há insatisfeitos com as 
cidades que resultam das intervenções urbanas ou há aqueles que propõem novos 
modelos de sociedade a partir de traçados urbanos e de cidades consideradas 
ideais. Citaremos alguns urbanistas e suas propostas. Acompanhe:
- Arturo Soria y Mata, espanhol, projeta a cidade linear, em 1882, 
defendendo a tese de que “dos problemas da locomoção derivam-se todos 
os demais problemas da urbanização”. A cidade linear pode se prolongar 
indefinidamente, mantém a oferta ilimitada de terrenos na área central e o 
equilíbrio de oferta-demanda, impedindo a especulação imobiliária.
- Camillo Sitte, vienense, em 1889, defende que as cidades sejam 
projetadas com base em princípios estéticos, como uma obra de arte. Propunha 
o desenvolvimento orgânico da cidade medieval como um meio para humanizar 
a cidade contemporânea. Observou os defeitos da cidade do século XIX com 
extrema clareza, mas as medidas sugeridas não passavam de paliativos.
- Ebenezer Howard, inglês, projeta a Cidade Jardim (Garden City, 1898) 
para uma população máxima de 32 mil habitantes. Teria malha radial concêntrica, 
cercada por um cinturão agrícola. A terra pertenceria ao Estado, eliminando 
a especulação imobiliária, e haveria controle do crescimento e limitação da 
população na faixa dos 30 mil habitantes. Cada cidade jardim estaria articulada 
com outras, formando uma rede de cidades.
- Raymond Unwin, inglês, colocou a Cidade Jardim em prática em 
Letchworth (1907) e Welwyn, mas os melhores resultados práticos desta proposta 
não são cidades autônomas, mas bairros residenciais periféricos nos Estados 
Unidos e na Inglaterra.
- Tony Garnier, francês, em 1901 projeta uma cidade industrial também 
linear, com população prevista para 35 mil habitantes e separação das funções 
urbanas.
TÓPICO 1 | ASPECTOS HISTÓRICOS DA URBANIZAÇÃO
15
Além destes modelos, muitas outras propostas, que não lograram tanta 
publicidade, também buscaram a organização coletiva em detrimento da liberdade 
individual, visando resolver de forma pública os aspectos da vida familiar e social. 
Nascem das condições inaceitáveis geradas pelas disfunções da cidade proveniente 
da Revolução Industrial. Estes sonhadores propõem a criação de novas estruturas 
urbanas que são denominadas de utopias, no sentido de serem ideias inatingíveis, 
sem resolver, no entanto, os problemas que lhe deram origem.
UNI
Faça uma pesquisa e descubra outras propostas ditas utópicas. Será que vale a 
pena sonhar com novos modelos de cidades? Descubra!
4.7 TEMPOS ATUAIS
O crescimento dos problemas urbanos durante o final do século XIX 
e de boa parte do século XX motivou governos de muitos países a repensar o 
processo de planejamento urbano até então existente. Os urbanistas do então 
nascente Movimento Moderno propuseram, nos anos 20 e 30 do século XX, 
um planejamento eminentemente técnicoe neutro políticamente. Os CIAM 
(Congressos Internacionais da Arquitetura Moderna) resultaram na Carta de Atenas 
e na separação das funções citadinas. Os reflexos deste pensamento urbanístico 
resultaram na cidade asséptica e em projetos de novas áreas de expansão urbana 
totalmente desvinculados das necessidades efetivas das comunidades que aí 
morariam: o plano-piloto da cidade de Brasília é considerado o exemplo mais 
perfeito deste tipo de urbanismo modernista. As funções segregadas revelaram-
se um verdadeiro fiasco.
Já a partir da métade do século passado (principalmente a partir de 1960), 
o agravamento de problemas de todo tipo – como a explosão populacional, os 
congestionamentos viários, a poluição, o surgimento ou crescimento de favelas, a 
falta de moradia e as questões ambientais – fez com que o planejamento urbano 
de uma cidade passasse à ordem do dia. 
Do envolvimento das agências governamentais, das empresas privadas, 
da participação popular presente nos planos participativos até o planejamento 
estratégico de cidades, o planejamento urbano passa por um momento de 
redefinição e reflexão, não havendo, por assim dizer, um modelo ideal a ser 
aplicado. Do planejamento centralizado, estruturado em projetos residenciais 
movidos mais pelo caráter quantitativo que pelo qualitativo, o planejamento 
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
16
urbano no Brasil, pelo menos nos últimos anos, tem se esforçado para agir como 
mediador do conflito social pelo solo urbano instaurado. O foco do planejamento 
urbano atual desloca-se do regulamento das práticas de comando e controle 
convencionalmente presentes na aplicação dos instrumentos de uso e ocupação 
do solo para o tratamento dos processos especulativos de produção do espaço 
urbano, com as decisões sendo tomadas através de um processo democrático no 
qual os urbanistas passam a ocupar o lugar de condutores de processo ao invés 
de um projeto autoral de cidade ideal. Em contraponto a esta tendência, há o que 
se convencionou chamar de planejamento urbano estratégico, que procura tratar 
as cidades sob a lógica da guerra fiscal e de sua localização na suposta nova rede 
de cidades globais.
17
Neste tópico você estudou que:
• As cidades brasileiras, em sua maioria, apesar dos progressos técnicos e 
científicos alcançados, não possuem cartografias adequadas, dados estatísticos 
confiáveis, técnicos qualificados em planejamento urbano e uma maior 
conscientização da população quanto à questão urbana.
• Em função dos fatos elencados, chegamos ao século 21 com a figura da atividade 
planejadora em descrédito parcial, devido ao crescimento desordenado 
observado em nossas cidades.
• Os governos municipais de cidades com mais de 20 mil habitantes têm a 
obrigação de elaborar seus respectivos planos diretores, cuja previsão consta 
do artigo 182 da Constituição Federal de 1988, definindo as condições para que 
a propriedade urbana cumpra sua função social.
• Boa parte das cidades brasileiras abriga assentamentos precários, normalmente 
distantes, sem acesso, desprovidos das mínimas condições de infraestrutura e 
equipamentos urbanos.
• O bairro é uma das escalas de planejamento urbano mais adequado, já que as 
soluções podem ser discutidas dentro de um quadro onde as decisões fiquem 
dentro daquilo que diz respeito ao dia a dia do cidadão.
• A gestão da unidade físico-territorial do bairro deve evitar e passar ao largo de 
práticas clientelistas ou paternalistas, sendo que quanto mais organizada for, 
maior será a possibilidade de resolução dos conflitos urbanos.
• O Urbanismo surge como disciplina autônoma apenas a partir do século 
XIX e o planejamento urbano apenas no século XX, embora as cidades sejam 
planejadas e desenhadas desde o início da civilização. 
• A história das cidades é objeto de estudo de muitos pesquisadores e as primeiras 
cidades surgiram nos países que hoje conhecemos como Egito, Israel, Iraque e 
Irã, cerca de 8.000 a.C. 
• Em Atenas surgiu o traçado urbano ortogonal, paralelamente aos primeiros 
conceitos de direito urbanístico, e Roma gerou o quadrilátero espacial, que é uma 
praça quadrada central com serviços urbanos, cercada por uma grade de ruas e 
por um muro para defesa voltado para a defesa militar e conveniência civil. 
RESUMO DO TÓPICO 1
18
• A cidade medieval surge nos primeiros cinco séculos depois da queda do 
Império Romano e suas funções essenciais eram a troca, a informação, a vida 
cultural e o poder, dentro de muros construídos para proteger as cidades das 
invasões dos bárbaros. 
• A cidade renascentista consolida o poder político num único centro e os 
traçados regulares dominam. Da praça central irradiam-se ruas, de onde os 
canhões protegem as entradas da cidade. As regras recém-descobertas da 
perspectiva e da simetria fazem com que do emaranhado da cidade medieval 
surjam as grandes praças. 
• O sistema de tabuleiro de xadrez é adotado nas cidades coloniais das Américas, 
sem a necessidade de adaptação a estruturas medievais.
• O surgimento do capitalismo, a partir da Revolução Industrial, gera intensa 
industrialização e urbanização. As cidades crescem exageradamente em 
meados do século 19, e o inchaço das cidades, somado ao adensamento 
excessivo, aumentou o grau de insalubridade e as condições de habitação 
tornaram-se críticas.
• O saneamento básico, passando a ser necessidade vital, provoca o surgimento 
do Urbanismo como ciência, voltado para a resolução das exigências sanitárias. 
• No Brasil, os primeiros anos do século XX representam uma época de grandes 
transformações urbanas, motivadas, sobretudo, pela necessidade de adequar 
a forma urbana às necessidades reais simbolizar concretamente a importância 
do país, maior produtor de café do mundo. 
• Há cidades que só ficaram no papel, sendo consideradas ideais ou utópicas.
• O crescimento dos problemas urbanos durante o final do século XIX e de boa 
parte do século XX motivou governos de muitos países a repensar o processo 
de planejamento urbano até então existente. Os urbanistas do Movimento 
Moderno propuseram, nos anos 20 e 30 do século XX, um planejamento 
eminentemente técnico e neutro politicamente.
19
Caro(a) acadêmico(a), para melhor fixar o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Para onde estão indo nossas cidades? A globalização tem afetado as cidades? 
O que você acha? Faça uma pesquisa e anotações sobre sua posição.
2 Por que o bairro é uma escala interessante para se trabalhar com as questões 
urbanas e de planejamento urbano?
3 Quais as consequências urbanas e ambientais da Revolução Industrial para 
as cidades?
4 Comente sobre as cidades ditas utópicas, mencionando alguns autores e suas 
propostas.
5 Faça uma pesquisa sobre outros modelos urbanos utópicos de cidades e traga 
para a sala de aula para discutir com seus colegas.
AUTOATIVIDADE
20
21
TÓPICO 2
PLANO DIRETOR
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O Plano Diretor, conforme o art. 182, parágrafo 1º, da Constituição Federal 
Brasileira (BRASIL, 1988), é um documento de natureza técnica e política que tem 
por objetivo direcionar o crescimento físico-territorial e socioeconômico dos núcleos 
urbanos do município, ordenando sua expansão e estimulando as principais 
funções e atividades urbanas (habitação, trabalho, educação, saúde etc.). 
A elaboração de planos diretores para cidades com mais de 20 mil 
habitantes é uma exigência constitucional tanto em nível federal, como também é 
exigência de alguns estados brasileiros. 
A complexidade dos planos diretores varia de local para local, mas 
podemos identificar basicamente três etapas que obrigatoriamente deverão estar 
presentes em todos eles. São elas:
a) o diagnóstico ou análise da situação existente, compreendendo estudos e 
levantamentos para a identificação das principais características, vocações, 
potencialidades, problemas e recursos do município;
b) as proposições ou diretrizes urbanísticasderivadas do diagnóstico precedente; e
c) a legislação urbanística, que consubstancia o proposto pelas diretrizes, sendo 
o conjunto de leis ou códigos que regulam o uso e a ocupação do solo urbano.
Sendo um instrumento do planejamento e correto ordenamento urbano 
das cidades, é constituído por:
• Documentos de informação e análise (diagnósticos, relatórios, mapas).
• Documentos de orientação (definição de políticas, diretrizes, estratégias).
• Documentos operativos (planos de ação, projetos).
• Documentos normativos (projetos de lei), que formam um conjunto de leis ou 
códigos que tratam de assuntos concernentes à vida urbana, como ordenamento 
do território, a localização das atividades, a largura das ruas, as regras para os 
loteamentos e construções.
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
22
2 A LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA E OS PLANOS DIRETORES
Os planos diretores, enquanto documentos de ordenamento do espaço 
urbano, surgiram na esteira do desenvolvimento das primeiras legislações 
urbanísticas. O Estado (aqui entendido como governos federal, estaduais e 
municipais), a partir da Revolução Industrial e de suas consequências também 
nefastas ao espaço urbano, sentiu-se na obrigação de controlar a deterioração da 
qualidade de vida nas cidades. Passou-se a regular principalmente a construção 
de edificações particulares, que surgiram no afã de prover habitação à população 
migrante em busca de trabalho nos grandes centros.
Segundo Benevolo (1987, p. 9):
a urbanização moderna não surgiu contemporaneamente aos 
processos técnicos e econômicos que deram origem e implicaram a 
transformação da cidade industrial, mas formou-se posteriormente, 
quando os efeitos quantitativos das transformações em curso se 
tornaram evidentes e entraram em conflito entre si, tornando inevitável 
uma intervenção reparadora.
Este inchaço das cidades e seu adensamento excessivo aumentaram 
sensivelmente o grau de insalubridade e as condições sanitárias tornaram-se 
críticas: o saneamento básico passou a ser uma necessidade imperiosa e surgiu 
o urbanismo moderno e, por assim dizer, surge um embrião da legislação 
urbanística, a partir da aplicação da legislação sanitária da época: pode ser 
considerada como uma primeira legislação urbanística aquela aprovada pelo 
Parlamento inglês em 1848, determinando a interdição e demolição de construções 
existentes consideradas insalubres. Em 1875, o Ato de Saúde Pública permitiu a 
regulamentação das novas construções. A partir de 1901, nos Estados Unidos, 
passou-se a impor exigências mínimas às novas construções, como ventilação 
para os cômodos, rede de água e esgoto e afastamento entre as edificações 
(BENEVOLO, 1987). Daí por diante, mais e mais regulamentações edilícias (sobre 
a construção de edifícios) ocorrem em todos os locais, todos os dias.
3 O BRASIL E OS PLANOS DIRETORES
O Brasil, sendo eminentemente um país rural nas primeiras décadas do 
século XX, teve seu planejamento urbano voltado para as grandes cidades da 
época. Visava, sobretudo, às intervenções e legislações sanitaristas, visando à 
higienização pública e ao embelezamento das cidades. Os planos diretores do Rio 
de Janeiro, São Paulo e Recife são desse período. Le Corbusier, urbanista francês, 
tem influência direta sobre o ordenamento das cidades brasileiras, a partir de 
1930, com a divulgação da Carta de Atenas, com propostas sobre zoneamento 
das cidades. A Carta de Atenas, tendência mundial do urbanismo moderno da 
época, que dividia as cidades pelo zoneamento nas funções de habitar, trabalhar, 
recrear e circular, passa a ser a nota dominante em urbanismo, até recentemente 
(LE CORBUSIER, 1993).
TÓPICO 2 | PLANO DIRETOR
23
NOTA
A Carta de Atenas é o manifesto urbanístico resultante do IV Congresso 
Internacional de Arquitetura Moderna (CIAM), realizado em Atenas em 1933, que teve como 
tema a “cidade funcional”. O documento traçou diretrizes e fórmulas que consideravam a 
cidade como um organismo a ser concebido de modo funcional, preconizando a separação 
das áreas residenciais, de lazer e de trabalho, propondo, em lugar do caráter e da densidade 
das cidades tradicionais, uma cidade na qual os edifícios se desenvolvem em altura e se 
inscrevem em áreas verdes, por esse motivo, pouco densas.
Durante o regime militar (décadas de 60 e 70, principalmente), tivemos 
políticas urbanas federais no país. Apesar de sua adoção, a crítica fica pelo excesso de 
centralização e tecnocracia, já que todas as definições vinham do Governo Federal. 
NOTA
Tecnocracia é uma alternativa de governo na qual o controle das decisões 
é feito por especialistas (cientistas, engenheiros e demais profissionais tecnológicos) e as 
decisões são tomadas com base na qualidade técnica ou acadêmica.
Os governos locais eram meros gestores da política central. O Banco Nacional 
de Habitação (BNH) foi criado nesta época, em 1965, sendo o órgão responsável 
pelo financiamento da habitação e pelo saneamento, assim como o Serviço Federal 
da Habitação e Urbanismo (SERPHAU), órgão responsável pela formulação de 
políticas urbanas e “principal financiador dos planos diretores para as principais 
cidades do país, tendo por objetivo disciplinar o crescimento físico-territorial das 
cidades segundo uma postura e perspectiva de racionalidade técnica” (TAVARES, 
1997, p. 28; GONÇALVES, 1989, p. 123). Ocorreram sucessivas transformações 
de nomenclatura e desmantelamento dos órgãos federais responsáveis pelo 
planejamento urbano, até chegarmos ao atual Ministério das Cidades, criado 
em 2003. Após o SERPHAU, tivemos o Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Urbano (CNDU, de 1979), o MDU (Ministério de Desenvolvimento Urbano) e até o 
Ministério que virou vaca, o MHU (Ministério de Habitação e Urbanismo).
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
24
Os planos diretores, neste período, eram elaborados por equipes externas 
com o intuito de recebimento de verbas federais, notadamente para pavimentação, 
sem qualquer participação da comunidade local e, pasmem, às vezes sem 
interferência dos técnicos locais. Como dito, o intuito da realização destes planos era 
a obtenção de financiamentos junto ao Banco Mundial e demais órgãos de fomento, 
e não o controle ou o ordenamento do desenvolvimento urbano. Geralmente, as 
peças constantes dos volumes do Plano Diretor tinham destino certo: a gaveta ou os 
armários da prefeitura, longe do dia a dia da administração municipal.
Portanto, desde sua gênese, o planejamento urbano no Brasil se caracterizou 
pela forte presença do Estado intervencionista, sobretudo a partir da década de 
60. Naquele momento, a forte influência dos preceitos modernos de planejamento 
urbano instigava o planejador à ideia da ‘criação’ do espaço urbano, a partir de 
normas racionais, baseadas na Carta de Atenas e de grandes projetos nacionais 
de estímulo ao desenvolvimento econômico, através dos quais se acreditava ser 
possível interferir e modificar as bases dos processos sociais (GRAZIA, 1990).
Já a partir da década de 70, com o processo de redemocratização do país, 
as estruturas centrais de planejamento foram sendo aos poucos desmontadas: 
extinguem-se o BNH em 1986 e o SERFHAU em 1974. 
Esse malogro do planejamento urbano centralizado, somado aos fracassos 
anteriores, fez com que surgissem movimentos sociais lutando por um processo 
de reforma urbana, defendendo a importância do planejamento se dar em nível 
municipal e, mais que isso, destacando-se sua dimensão política, no sentido de 
sua legitimação se dar através do envolvimento comunitário. 
Elaborou-se em 1982 um texto bastante abrangente, conhecido como 
anteprojeto de Lei Federal do Desenvolvimento Urbano. Posteriormente, através 
da Resolução n° 18, datada de 22/02/1983, aprovou-se um anteprojeto de lei que 
foi remetido para o Gabinete da Presidência da República. Em 09/03/1983, o 
Ministro do Interior encaminhou-o ao Presidente da República João Figueiredo, 
ficando conhecido como Anteprojeto de Lei de Desenvolvimento Urbano, com a 
Exposiçãode Motivos n° 12/83. 
Na Câmara dos Deputados esta proposta de lei foi designada como Projeto 
de Lei n° 775/83, e depois de longa tramitação chegou ao Senado Federal, sendo 
alvo de inúmeros projetos substitutivos, dentre os quais o do Senador Pompeu 
de Souza, o de n° 181/1989, que, mais tarde, de volta à Câmara dos Deputados, se 
transformaria no PL n° 5.788/1990, que, depois de 12 anos, se transformou no que 
hoje é conhecido como Estatuto da Cidade. Apesar de não ter sido aprovado, dois 
de seus artigos foram incorporados parcialmente ao texto constitucional de 1988 
através de uma emenda popular contendo cerca de 150 mil assinaturas. 
TÓPICO 2 | PLANO DIRETOR
25
Dentre os avanços da Constituição Federal de 1988 estão: o reconhecimento 
da função social da propriedade como superior ao direito de propriedade; o solo 
criado e o imposto progressivo sobre terrenos ociosos. Além disso, remeteu a 
responsabilidade pela elaboração dos planos diretores aos municípios sem, no 
entanto, definir nenhuma sanção para os municípios que não cumprissem a 
exigência constitucional.
Um dos grandes planejadores urbanos, com visão crítica sobre os problemas 
que rondam o planejamento urbano, é o urbanista Jaime Lerner, que já foi prefeito 
de Curitiba. Veja o que ele diz sobre as cidades na leitura complementar.
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
26
JAIME LERNER: “O FUTURO ESTÁ NA SUPERFÍCIE”
Claudio Leal
O urbanista e ex-governador do Paraná Jaime Lerner, 70 anos, quebra 
uma das certezas dos debates eleitorais: o futuro das grandes cidades brasileiras 
não está no metrô. Em vez de procurar respiros no subsolo, Lerner propõe a 
redescoberta da superfície, a integração dos sistemas de transporte.
“Planejar é uma trajetória”, avisa aos apressados. Em entrevista a Terra 
Magazine, o administrador que transformou Curitiba em uma das referências do 
urbanismo contemporâneo avalia o presente e o futuro das cidades. Para Lerner, 
vencedor do prêmio das Nações Unidas para o meio ambiente, a mobilidade, a 
sustentabilidade e a coexistência são as ideias norteadoras do planejamento das 
metrópoles. Atualmente, ele é consultor da ONU para assuntos urbanos.
— Acredito que a gente consegue transportar em superfície um número 
de pessoas em tão grande quantidade, e em melhores condições, que um metrô. 
Só que a superfície precisa ser repensada. Temos que metronizar a superfície. São 
Paulo já errou três vezes e vai continuar a errar enquanto achar que a solução é só 
colocar a pista exclusiva - critica.
O ex-prefeito de Curitiba, que já presidiu a União Internacional de 
Arquitetos, analisa as alternativas para o Rio de Janeiro. Não assume um olhar 
fatalista sobre a criminalidade nas favelas, antes indica a capacidade de interagir 
do carioca - na praia, nas ruas, nos morros - como um dos elementos fundamentais 
para superar os conflitos provocados pelo tráfico de drogas.
— A droga complicou todas as cidades do mundo. Mas a cidade de melhor 
qualidade de vida é mais segura. A cidade que cuida melhor da mobilidade, 
da sustentabilidade, da coexistência, ela já é, em si, menos violenta. Agora, o 
problema da droga é um componente novo nessa história.
Lerner opina também sobre os choques das cidades modernas com o 
patrimônio histórico, a exemplo de Salvador e do Rio de Janeiro.
— Você não rasga o retrato de família, mesmo que você não goste do 
nariz de um tio. Porque esse retrato é você mesmo. A cidade é como um retrato 
de família.
Leia a entrevista:
Terra Magazine - As grandes cidades brasileiras caminham para ser 
megacidades. O que deve ser priorizado pelo homem público?
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 2 | PLANO DIRETOR
27
Jaime Lerner - Acho que, além dos problemas normais que todas as 
cidades têm - de educação à saúde, atenção às crianças, segurança, saneamento -, 
existem hoje três pontos que são fundamentais, não só para cada cidade, mas para 
a humanidade. São problemas essenciais para essas cidades e a responsabilidade 
perante o futuro: a mobilidade, a sustentabilidade e a coexistência, a 
sociodiversidade. Bom, primeiro a mobilidade. Nós estamos vivendo, nas grandes 
cidades, um estado de perplexidade. Todo mundo apavorado com o número de 
carros, a incapacidade que as cidades têm em dar resposta à mobilidade.
E a crise do transporte público. 
O problema é que existe um pensamento muito centrado em dois pontos: 
ou é o carro, ou é o metrô. E nós temos que pensar um sistema integrado. 
Principalmente porque eu acho que o futuro está na superfície.
Por quê?
Porque as cidades que fizeram redes completas de metrô, elas fizeram 
há cem anos, quando era mais barato trabalhar no subsolo. Hoje é impossível 
uma cidade ter a rede completa. O que vai acontecer? Algumas cidades vão ter 
algumas linhas. Vou dar um exemplo: São Paulo tem quatro linhas de metrô. Mas 
84% dos deslocamentos são na superfície. Então, apesar de achar que o futuro está 
na superfície, eu não procuro provar qual é o sistema melhor. O que não é bom 
é esperar uma rede completa que nunca vai existir. Às vezes ficam esperando 30 
anos por uma linha.
É inevitável a restrição ao transporte individual?
Não. Veja, nós temos que oferecer todas as alternativas. Se houver mais 
linhas de metrô, tem que ser um smart metrô. Ou, na linguagem carioca, um 
metrô “esperto” (risos). Se você tem superfície, ônibus, esse ônibus tem que ser 
esperto. Se você tem bicicleta, é a mesma coisa. Carro, a mesma coisa. Estou 
evitando falar “smart card” porque não é “smart”. Você tem que ter um smart 
táxi, um smart metrô, um smart bus. Com uma condição fundamental: jamais um 
sistema competir com o outro no mesmo espaço. Aí você começa a ver que eles 
são complementares. Tenho certeza de que, assim como hoje, os financiamentos 
só acontecem quando você prova seu compromisso com o meio ambiente. Daqui 
a pouco, esse compromisso vai ter que ser com a sustentabilidade. As cidades 
serão obrigadas a melhorar seu sistema de transporte. Hoje, 75% dos problemas 
de emissões de carbono estão nas cidades. A gente fica assistindo, no mundo 
inteiro, a essas discussões. Muitos pensam que a sustentabilidade está em novos 
materiais. É muito importante, mas não é suficiente. Outros acham que está nos 
edifícios verdes (green buildings). É importante, mas não é suficiente.
A construção civil não é uma grande poluidora?
Você pode ter “green buildings” daqui pra frente, mas não é suficiente. 
Novas formas de energia. Todo mundo acha que isso é a solução. Não é. É 
importante, mas não é suficiente. Reciclar é importante, mas não é suficiente. O 
que a gente tem que entender, é: como 75% dos problemas de emissão de carbono 
estão relacionados às cidades, é na concepção das cidades que nós temos que 
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
28
atuar. Alguns compromissos têm que existir daqui pra frente em todas as cidades 
do mundo. Primeiro, usar menos o automóvel. Não é “não usar o automóvel”. 
Usar menos. Se você analisar sua carteira de motorista, está escrito: “permitido 
para carro a passeio” (risos). As grandes cidades serão obrigadas a melhorar seus 
sistemas de transporte público.
Essa redução do uso dos automóveis, naturalmente, passa por uma 
campanha de reeducação?
Reeducação. Você não pode concentrar na dependência do automóvel e, 
também, achar que a única solução é trocar automóvel pelo metrô… O metrô não 
acontece de uma hora pra outra. Há 50 anos que se discute em Nova Iorque a 
“Second Avenue line”, o metrô da Segunda Avenida. Cinquenta anos! Agora, estão 
começando. Vai levar mais uns 20 anos pra fazer. São 70 anos pra fazer uma linha 
que vai custar US$ 4 bilhões. E essa linha não vai transportar mais passageiros do 
que o ônibus biarticulado que passa em frente ao meu escritório, em Curitiba. Por 
isso que eu acredito que a gente consegue transportar em superfície um número 
de pessoas em tão grande quantidade, e em melhores condições, que um metrô. 
Só que a superfície precisa ser repensada. Temos que metronizar a superfície. SãoPaulo já errou três vezes e vai continuar a errar enquanto achar que a solução é só 
colocar a pista exclusiva.
O debate sobre transporte se centrou nisso…
É uma burrice. O fundamental é o conjunto; a pista exclusiva, mas exclusiva 
mesmo - pensada, fisicamente separada -, a estação de embarque onde você paga 
antes, aguarda e embarca no mesmo nível, na plataforma do ônibus biarticulado, 
triarticulado… A tendência vai ser essa. E tem a frequência. Você não pode esperar 
mais do que um minuto. Ficam às vezes dizendo: “Não, a gente tem que estabelecer 
aqui um sistema eletrônico que vai dizer a que horas vai passar o ônibus” (risos). 
Não precisa. É só botar o ônibus de minuto em minuto. Ou de 30 em 30 segundos, 
como nós temos aqui em Curitiba. Uma cidade maior ou menor não diferencia 
muito porque se nós temos hoje cinco grandes linhas, integradas, São Paulo vai 
ter 15 linhas. É o número de eixos importantes. Então, eu estava falando: primeiro, 
usar menos o automóvel; segundo, separar o lixo; terceiro, viver mais perto do 
trabalho ou trazer o trabalho pra mais perto da moradia.
Como trazer a moradia pra mais perto do trabalho em cidades como Rio 
de Janeiro, São Paulo? Dá pra resolver?
Resolve, resolve. Veja bem. Qual é a grande revolução que aconteceu nas 
cidades? As cidades não se transformaram em paisagens do Flash Gordon ou 
do Blade Runner. A grande revolução foi a redução da escala dos geradores de 
emprego e o wireless. Claro que vão existir ainda as grandes petroquímicas, mas 
os grandes geradores de emprego hoje são os serviços, a indústria da alimentação 
- que está mais decomposta, não é mais enorme -, a indústria do vestuário… 
Cada vez você tem mais esses geradores de emprego decompostos, que podem 
conviver perfeitamente com a cidade. Isso permite, qualquer que seja sua renda, 
morar mais perto do trabalho. Outra coisa: a cidade é uma estrutura de vida, 
TÓPICO 2 | PLANO DIRETOR
29
mobilidade, tudo junto. No momento em que nós abandonamos o Centro, quando 
separamos as funções urbanas, começamos a criar o desastre.
As pessoas acham que morar em condomínio fechado vai lhes garantir 
a segurança. Estão cada vez mais distantes da cidade, cada vez se cercam mais, 
até o momento em que vão reparar que os prisioneiros são eles. Na hora que 
eles quiserem sair, vai ter gente esperando por eles. E a expansão desnecessária 
das cidades… Pra mim, a cidade tem que ser uma mistura de funções, de renda, 
de idade. Quanto mais houver essa mistura, mais humana a cidade vai ser. Por 
que nós gostamos das cidades europeias? Porque elas têm isso. Aí é que entra a 
terceira característica da coexistência. Se você separar muito a população, por 
renda, por religião, você acaba criando inimigos. Tenho a sorte de morar numa 
cidade em que 70% ou 80% da população vive em vizinhanças diversificadas.
O caso do Rio de Janeiro chama a atenção. Há uma cidade conflagrada 
pelo tráfico, com guerras entre organizações criminosas. Por onde se deve seguir 
nesse território? A droga complicou todas as cidades do mundo. Mas a cidade 
de melhor qualidade de vida é mais segura. A cidade que cuida melhor da 
mobilidade, da sustentabilidade, da coexistência, ela já é, em si, menos violenta. 
Agora, o problema da droga é um componente novo nessa história. Às vezes 
me perguntam: qual é a solução pra favela no Rio? Eu digo: “olha, não posso ter 
todas as soluções, mas algumas, sim”. Por exemplo, dá pra resolver o problema 
do lixo, de energia e da água. Fácil. Sem precisar mexer no terreno. Dá pra 
resolver o problema de esgoto. Hoje existe tecnologia para isso. Dá pra criar 
zonas francas nas favelas, onde quem gerar empregos e serviços, dentro da favela, 
não pagaria impostos. Você acaba criando atrações que diminuem essa situação 
de marginalidade. Tenho certeza de que, se houver isso, o problema da droga 
fica ligado ao problema da droga em si. Não é porque está na favela. É porque 
ninguém chega lá ou ela está muito separada. O problema de segurança está 
no mundo inteiro, não é só no Rio. Acho que São Paulo, talvez, tenha condições 
piores de segurança.
São Paulo tem um cinturão mais seguro e fora dele não há as mesmas 
garantias… O Rio tem mais integração, mais coexistência. É que a gente só sinaliza 
a má coexistência, não a boa coexistência. O que acontece na praia…
Uma mistura humana bem maior, não?
É. Bom, eu me esqueci de dizer mais uma coisa no que diz respeito à 
cidade. O multiuso. Hoje nós não podemos nos dar ao luxo de deixar vazias 
determinadas regiões das cidades, durante 16 horas por dia. Temos que ocupar 
sempre com a função que está faltando. Por exemplo, se no Centro do Rio falta 
moradia, temos que injetar mais moradia. Se na Barra faltam serviços, tem que 
injetar mais serviços, criar mais trabalho. E ocupar de maneira integrada. O melhor 
exemplo de cidade, de qualidade de vida, é a tartaruga. Porque a tartaruga é 
vida, trabalho e mobilidade, tudo junto. E o casco da tartaruga tem um desenho 
urbano. Imagina se você cortar o casco da tartaruga em vários pedaços? Você 
mata a tartaruga. É isso que nós estamos fazendo. Morando aqui, trabalhando 
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
30
lá… Estamos cortando o casco da tartaruga. Mas as pessoas pensam… É que o 
metrô está no imaginário dessas pessoas. Morei em cidades que têm metrô. Não é 
tão fácil assim. Você tem que descer, aguardar, a frequência…
Há o problema da acessibilidade.
A acessibilidade é difícil. Se você contar as estações em que tem que 
trocar… Pegue em Paris, o melhor metrô do mundo. Se você tiver que pegar a 
estação Montparnasse, Châtelet ou République, você fica andando 20 minutos 
embaixo da terra. Quando você contar o tempo de grande circulação, tá bom, 
na superfície é mais lento. Mas, em compensação, as integrações são feitas em 
questão de segundos. Acredito seriamente que é possível metronizar a superfície. 
Tenho discutido isso em algumas cidades do mundo. A tendência é os metrôs 
andarem mais rápido, cortarem estações… Como em Londres, o mais antigo do 
mundo, que está apresentando problemas. Ajudar as estações com a superfície, 
a reintegração com a superfície, um sistema ajudar o outro. É fundamental. Bem, 
e tem outra coisa: os franceses transformaram a bicicleta em transporte público. 
Eles criaram o veículo individual sem ser dono. Eu estou trabalhando no protótipo 
de um carro sem dono. Um carro que você possa colocar na cidade, assim como 
a bicicleta. Tudo isso tem que ser pensado, numa cidade, se quiser resolver o 
problema de mobilidade.
As cidades brasileiras são pensadas do ponto de vista do asfalto?
Do asfalto e da falta de visão do que seja uma cidade. Acho que existem 
vários desafios pela frente que podem ser resolvidos. Qualquer cidade pode 
resolver melhor o problema de mobilidade. Tenho certeza de que qualquer uma 
pode melhorar sua qualidade de vida em três anos. Agora, ela tem que sair pra 
inovar, entender que as cidades têm uma responsabilidade. E os governos têm 
que entender que a cidade não é problema, é solução.
E a questão dos centros históricos? Entre grandes capitais, Salvador e Rio 
de Janeiro registram agressões ao patrimônio histórico, não há uma integração 
harmônica entre a cidade moderna e a antiga. No caso de Salvador, há alguns 
aspectos até desastrosos. Como conciliar, superar esse choque?
Eu digo o seguinte: você não rasga o retrato de família, mesmo que você 
não goste do nariz de um tio. Porque esse retrato é você mesmo. A cidade é 
como um retrato de família. Na hora de cortar e destruir as nossas diferenças, 
perdemos a nossa ligação, a nossa identidade. E a identidade é um componente 
de qualidade de vida muito importante.
Como tem sido adotado o modelo de Curitiba?
Bem, em relação à mobilidade existem hoje, no mundo, 83 cidades que 
estão usando sistema de transporte de superfície. São cidades grandes, como 
Seul, Cidade do México, Bogotá, Los Angeles. Eles estão implantando o BRT (Bus 
Rapid Transit), de Curitiba.
TÓPICO 2 | PLANO DIRETOR31
O que falta aos prefeitos brasileiros?
Não falta. Falta fazer, começar. Inovar é começar. Existe uma visão de as 
pessoas quererem todas as respostas, aí vão adiando as decisões. Nós não podemos 
ser tão prepotentes de querer todas as respostas antes. Planejar uma cidade é uma 
trajetória. O importante é começar. E dar espaço para que a população lhe corrija 
se não estiver no caminho certo.
FONTE: Disponível em: <http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3237679-EI6578,00.
html>. Acesso em: 10 jun. 2012.
32
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
• O Plano Diretor é um documento de natureza técnica e política que tem por 
objetivo direcionar o crescimento físico-territorial e socioeconômico dos núcleos 
urbanos do município, ordenando sua expansão e estimulando as principais 
funções e atividades urbanas (habitação, trabalho, educação, saúde etc.). 
• Sua elaboração, para cidades com mais de 20 mil habitantes, é uma exigência 
constitucional, conforme o art. 182, parágrafo 1º, da Constituição Federal 
Brasileira.
• Podemos identificar basicamente três etapas que obrigatoriamente deverão 
estar presentes em todos eles. São o diagnóstico ou análise da situação existente, 
as proposições ou diretrizes urbanísticas derivadas do diagnóstico precedente 
e a legislação urbanística, que é o conjunto de leis ou códigos que regulam o 
uso e a ocupação do solo urbano.
• É constituído por documentos de informação e análise, de orientação, operativos 
e normativos.
• Os planos diretores surgiram na esteira do desenvolvimento das primeiras 
legislações urbanísticas, visando controlar a deterioração da qualidade de vida 
nas cidades.
• O Brasil, sendo eminentemente um país rural nas primeiras décadas do século 
XX, teve seu planejamento urbano voltado para as grandes cidades da época. 
Os planos diretores do Rio de Janeiro, São Paulo e Recife são desta época e têm 
influência direta da divulgação da Carta de Atenas.
• A Carta de Atenas era um documento proposto por urbanistas, que dividia as 
cidades pelo zoneamento nas funções de habitar, trabalhar, recrear e circular.
• Durante o regime militar (décadas de 60 e 70, principalmente), as políticas 
urbanas federais brasileiras eram centralizadas e tecnocráticas, com os planos 
diretores sem qualquer participação da comunidade local. 
• Movimentos sociais lutaram pela reforma urbana, cujos processos culminaram 
no documento legal conhecido como Estatuto da Cidade.
• Dentre os avanços da Constituição Federal de 1988 estão o reconhecimento da 
função social da propriedade como superior ao direito de propriedade; o solo 
criado e o imposto progressivo sobre terrenos ociosos.
33
Caro(a) acadêmico(a), para melhor fixar o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 A lei denominada Estatuto da Cidade estabelece normas de ordem pública e 
interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem 
coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio 
ambiental. Segundo tal estatuto, o Plano Diretor é obrigatório para cidades 
com mais de: 
a) ( ) 30 mil habitantes. 
b) ( ) 20 mil habitantes.
c) ( ) 40 mil habitantes. 
d) ( ) 60 mil habitantes. 
e) ( ) 50 mil habitantes. 
2 Quais leis e recomendações tratam do Plano Diretor?
3 O Plano Diretor tem uma função social?
4 O Plano Diretor só abrange a área urbana?
5 Os planos devem conter todos os instrumentos do Estatuto da Cidade?
6 Quem faz o Plano Diretor?
7 O que foi a Carta de Atenas? 
8 Pesquise se as cidades de sua região têm ou não Plano Diretor, relacionando-
as à população existente em cada uma delas.
AUTOATIVIDADE
34
35
TÓPICO 3
ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO 
DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE 
REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico vamos conhecer as etapas de elaboração de um plano diretor 
e as legislações urbanísticas que regulamentam o planejamento urbano municipal. 
É preciso que se saiba que o planejamento deve ser entendido como um processo 
contínuo, do qual o plano diretor é um dos principais instrumentos.
Como processo, o planejamento é uma atividade-meio e não um fim em 
si próprio. E como instrumento deste processo, o plano diretor não é um produto 
final acabado, estanque, mas sim um instrumento de planejamento que deve ser 
periodicamente revisto e aperfeiçoado.
2 DEFINIÇÕES
2.1 O QUE É PLANEJAR?
Planejar é o contrário de improvisar. É antecipar soluções para problemas 
que possam surgir, é propor medidas preventivas para evitar o surgimento de 
problemas, é preparar o futuro a curto, médio e longo prazo.
Em planejamento urbano costuma-se dizer que quem não planeja não 
tem futuro, só tem destino. Planejar é, portanto, moldar o destino (tendências), 
modelando o futuro que se deseja.
2.2 O QUE É UM PLANO DIRETOR?
O plano diretor é o resultado de um processo de planejamento, sendo 
um conjunto de propostas para o desenvolvimento de um município, expressas 
em forma de lei. Nestas leis estarão definidas as diretrizes para o crescimento 
socioeconômico e físico-territorial do município. Exemplo de itens abordados em 
um plano diretor:
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
36
• localização de indústrias, prestação de serviços e comércio;
• arruamento: traçado e largura das ruas existentes e das que futuramente 
comporão o sistema viário;
• normas para a execução e aprovação de loteamentos;
• dimensões das construções: altura, recuos etc.
2.3 POR QUE PLANEJAR?
Quando a administração de um município é feita dentro de uma visão 
de planejamento, há economia de recursos humanos e materiais, através da 
coordenação das ações. O planejamento define a linha mestra do governo 
municipal, sintonizando as atividades dos diversos órgãos da administração 
direta e indireta, equacionando as necessidades com os recursos disponíveis e 
coordenando as ações conjuntas.
2.4 PARA QUE SERVE O PLANO DIRETOR?
O objetivo do plano diretor de um município é direcionar o seu 
desenvolvimento, para que a qualidade de vida da população seja assegurada. 
Sem plano diretor a cidade cresce de forma anárquica, à mercê dos interesses 
particulares, políticos ou imediatistas. Com o plano diretor há garantia do 
crescimento saudável e ordenado da cidade, dentro de uma visão de longo prazo.
2.5 PARA QUE NÃO SERVE O PLANO DIRETOR?
A mera elaboração do plano diretor não assegura alcançarmos os objetivos 
colocados no papel, em lei. É fundamental implementá-lo, colocá-lo em prática.
O plano diretor não serve para ficar parado em uma prateleira, ele deve 
ser instrumento de trabalho, constantemente manuseado pelos funcionários 
responsáveis por sua execução e também pela comunidade em geral.
2.6 QUANDO PLANEJAR?
Sempre. As cidades estão sempre mudando, sofrendo influência de outros 
fatores internos (locais) e externos (regionais, estaduais, federais, internacionais). 
Por isto é fundamental considerar o planejamento como um processo contínuo, 
sem começo nem fim, onde haja constante retroalimentação. Não se pode deixar 
para amanhã o planejamento, para quando “der tempo”. Também é errado 
planejar elaborando propostas rígidas, que não permitam redirecionamento 
diante dos fatos novos.
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
37
2.7 QUANDO ELABORAR O PLANO DIRETOR?
Se o município ainda não tem seu plano diretor, o ideal é elaborá-lo no início 
do mandato do prefeito, para que haja maiores condições de programá-lo. Pode-
se estimar em um ano, na média, o período de elaboração de um plano diretor, 
considerando do início dos trabalhos até a aprovação pela Câmara de Vereadores.
Se o município já tem seu plano diretor, é recomendado que se façam 
revisões formais aproximadamente a cada quatro anos, com a possibilidade de 
pequenos aperfeiçoamentos sempre que se fizer necessário.
Para municípios emancipados de outros que já disponhamde plano 
diretor, convém revisar de imediato a parte concernente ao novo município, 
caracterizando-a em lei própria.
A Constituição Federal, em seu artigo 182, parágrafo 1º, determina que 
todas as cidades com mais de 20 mil habitantes disponham de plano diretor. 
Esta exigência é considerada tão importante que deveria ser estendida a todos os 
municípios, independente de seu porte.
Isto porque, quanto antes o município dispuser de sua legislação 
urbanística, estará mais preparado para crescer harmonicamente. Mesmo em um 
município pequeno, uma indústria mal localizada ou uma construção que estreite 
a rua principal pode acarretar problemas de custosa solução futura.
É evidente que quanto menor for o município, mais simples será 
seu plano diretor, que deverá crescer em complexidade paralelamente ao 
desenvolvimento municipal.
2.8 QUEM PLANEJA E QUEM ELABORA O PLANO DIRETOR?
Como deve haver continuidade no processo de planejamento, recomenda-
se que haja uma equipe técnica local na prefeitura ou pelo menos na associação 
de municípios, para acompanhar permanentemente a elaboração e a execução do 
plano diretor e promover as atualizações e adaptações contínuas que a dinâmica 
urbana exige.
Esta equipe, por permanecer na cidade mesmo depois que o plano diretor 
estiver pronto e por conhecer a realidade local, terá as condições ideais para 
elaborar um plano diretor adaptado às necessidades do seu município, fazendo 
dele um efetivo instrumento do processo de planejamento.
Caso a equipe técnica da prefeitura ou da associação não disponha de 
experiência na elaboração de planos diretores, poderá receber treinamento ou, 
opcionalmente, poderá ser contratada uma firma prestadora de serviços para 
elaborar, em conjunto com a equipe local e com a participação da comunidade, o 
plano diretor.
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
38
A experiência do prefeito e de seus assessores diretos e secretários 
também deverá ser incorporada ao plano diretor através de seu envolvimento 
no processo. Da mesma maneira, a comunidade deve ser motivada a participar 
da elaboração do plano diretor através de reuniões onde se discuta o futuro da 
cidade. A Câmara de Vereadores pode ser um dos locais para essas discussões 
com a comunidade, já que é ali que o plano diretor será aprovado em forma de lei 
pelos vereadores, representantes legítimos da sociedade local.
2.9 COMO SE ELABORA UM PLANO DIRETOR?
Diversas metodologias podem ser empregadas para a elaboração do plano 
diretor (FERRARI, 1982; SANTA CATARINA, 1990; DEL RIO, 1990). Geralmente, 
distinguem-se três fases básicas:
a) Levantamento de dados: nesta etapa é realizado um verdadeiro raio X da cidade, 
uma fotografia instantânea, com a coleta de informações socioeconômicas 
e físico-territoriais, dentro de uma visão técnica, mas também com a visão 
comunitária trazida pela participação popular. É preparada a cartografia 
básica, seja através de levantamentos aerofotogramétricos, fotos de satélite ou 
levantamentos de campo. Nestes mapas base são assinalados todos os pontos 
de referência do município, sua infraestrutura e equipamentos sociais, suas 
barreiras físicas etc. Ainda nessa fase são compilados dados estatísticos sobre a 
cidade em seus aspectos físicos e socioeconômicos e são tomados depoimentos 
de pessoas que tenham profundo conhecimento do município.
b) Diagnóstico: levantados os dados sobre a realidade local, é feita uma análise 
das principais condicionantes, deficiências e potencialidades urbanísticas da 
localidade. Os dados levantados anteriormente são processados, cruzados e 
analisados para que se definam quais são os maiores problemas do município, suas 
causas, bem como seus pontos fortes, pontos fracos, ameaças e oportunidades.
c) Proposta: nesta fase são elaboradas propostas para a solução dos problemas 
apontados anteriormente e para explorar ao máximo os potenciais do município. 
Nessa fase, mais do que nas anteriores, é fundamental a participação da 
comunidade local, para que ela possa contribuir com sugestões e fazer parte das 
decisões sobre seu próprio futuro. As propostas são apresentadas em mapas, 
tabelas, textos e reunidos em forma de anteprojeto de lei para encaminhamento 
ao Legislativo. A legislação urbanística é tema que será desenvolvido a seguir.
3 LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA QUE REGULAMENTA O PLANO 
DIRETOR
A legislação urbanística transforma as propostas de ações obtidas através 
do diagnóstico e das discussões com a comunidade, convertendo-as em linguagem 
jurídica. É elaborado um projeto de lei, cujo conjunto popularmente é chamado 
de plano diretor, que será encaminhado à Câmara de Vereadores para aprovação 
e posterior sanção por parte do prefeito do município. Normalmente, um plano 
diretor costuma ser composto da seguinte legislação:
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
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3.1 DIRETRIZES URBANÍSTICAS
Esta legislação define os objetivos a serem alcançados pelo plano diretor. 
Estrutura um arcabouço geral de toda a legislação urbanística que comporá o 
plano diretor, fazendo menção a estratégias, diretrizes e propostas. Nos últimos 
anos, serviu também como legislação para enquadramento ao que dispõe o 
Estatuto da Cidade. Traz, na maioria dos planos diretores, dispositivos sobre a 
avaliação, revisão e atualização dos planos diretores já existentes, promovendo 
sua adequação à Lei Federal no 10.251/01, de 10/07/01 (Estatuto da Cidade), e visa 
propiciar melhores condições para o desenvolvimento integrado e harmônico e 
o bem-estar social da comunidade dos municípios, atendendo às aspirações da 
população e direcionando as ações do poder público e da iniciativa privada.
Esta legislação, em geral, normalmente é chamada de Lei do Plano 
Diretor, sendo o instrumento básico da política de desenvolvimento e 
de expansão urbana do município e parte do processo de planejamento 
municipal, devendo o Plano Plurianual, as Diretrizes Orçamentárias e o 
Orçamento Anual incorporar as diretrizes e prioridades nele contidas, na 
forma do § 1º, art. 40 do Estatuto da Cidade.
Visa que a propriedade urbana cumpra sua função social e atenda às 
exigências fundamentais de ordenação da cidade, assegurando o atendimento 
das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao 
desenvolvimento das atividades econômicas e os seguintes requisitos:
a) compatibilidade do uso da propriedade com a infraestrutura urbana, 
equipamentos comunitários e urbanos e serviços públicos disponíveis e 
com a preservação da qualidade do ambiente natural e cultural;
b) distribuição de usos e intensidades de ocupação do solo de forma equilibrada 
em relação à infraestrutura urbana disponível, aos transportes e ao meio 
ambiente, de modo a evitar ociosidade ou sobrecarga dos investimentos 
coletivos.
Sem prejuízo da autonomia municipal, o planejamento físico-territorial e 
ambiental municipal procurará articular-se com os planos nacionais, estaduais 
e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e 
social. Engloba uma definição das demais legislações urbanísticas, sendo as 
principais sobre:
- a delimitação do perímetro urbano, áreas de expansão urbana e núcleos 
urbanos isolados;
- as edificações e obras;
- as posturas municipais;
- o zoneamento, uso e ocupação do solo;
- o parcelamento do solo.
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
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O processo de planejamento urbano municipal dar-se-á de forma 
integrada, contínua e permanente, em conformidade com as diretrizes 
estabelecidas nesta legislação, devendo promover:
• a revisão e adequação do plano diretor e do ordenamento urbanístico à 
dinâmica do desenvolvimento sustentável e das novas tecnologias, sempre 
que necessário;
• o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade e da cidade e 
garantia do bem-estar de seus habitantes;
• a articulação do plano de ação da administração municipal com a legislação 
orçamentária;
• a atualização e disseminaçãodos dados e informações pertinentes de 
interesse local;
• a participação popular.
FONTE: Adaptado de: <http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNPURedeAvaliacao/
JaraguaSul_PlanoDiretorSC.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
3.2 PERÍMETRO URBANO
Esta legislação define a linha divisória entre a área urbana e a área rural 
do município, influenciando diretamente sobre a tributação e o parcelamento 
do solo. 
3.3 EDIFICAÇÕES OU OBRAS
Também conhecido por Código de Edificações, determina os parâmetros 
construtivos como pé direito, materiais de construção, vãos de iluminação etc. 
Estabelece ainda normas para a execução das obras, de forma que elas não 
interfiram com a segurança ou a tranquilidade da vizinhança. 
FONTE: Disponível em: <http://www.contenda.pr.gov.br/pdiretor/metodologia_plano_de 
trabalho.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
Abrange todos os detalhes construtivos, estabelecendo ainda critérios 
para a elaboração de projetos e a execução de obras e edificações no município, 
com o objetivo de assegurar a observância de padrões para todas as edificações.
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
41
3.4. POSTURAS
Esta legislação fixa normas de conduta e comportamento urbanos, como, 
por exemplo, o silêncio na proximidade de hospitais, a criação de animais, a 
propaganda, o comércio ambulante etc.
FONTE: Disponível em: <http://www.contenda.pr.gov.br/pdiretor/metodologia_plano_de
trabalho.pdf>. Acesso em: 19 set. 2012.
3.5 ZONEAMENTO
O Código de Zoneamento classifica as atividades em diversas categorias 
de uso e define sua adequação ou não às áreas da cidade definidas como zonas 
residenciais, comerciais ou industriais no mapa de zoneamento. Esta lei fixa também 
o número mínimo de vagas de estacionamento necessárias para cada imóvel.
Não será feita aqui nem a apologia da segregação de usos, especialmente 
particularizada na Carta de Atenas proposta por Le Corbusier (lembre-se das 
funções circular, recrear, trabalhar e habitar!), nem da complementaridade e 
mistura total de usos. Há também quem advogue a total falta de zoneamento, 
como alguns teóricos americanos, argumentando que o mercado é capaz de se 
autorregular. Lembrando uma frase do jornalista e escritor Nélson Rodrigues: 
“Toda unanimidade é burra”. Entende-se que alguns usos são compatíveis com 
outros usos; alguns nem tanto, podendo ser tolerados ou permissíveis, e alguns 
são incompatíveis ou proibidos: quem gostaria de morar nas proximidades de 
uma indústria com um nível de degradação ambiental de porte considerável?!
Portanto, é disto que trata o zoneamento: ele é a síntese do planejamento 
físico-territorial, sendo um mecanismo que disciplina tanto o uso quanto a 
ocupação do solo urbano, onde:
• uso é o tipo de função ou atividade desempenhada no lote: residencial, 
comercial, de serviços, industrial, institucional etc.;
• a ocupação é a intensidade de utilização do lote, quase sempre expressa pelos 
seguintes elementos. 
3.5.1 Índices urbanísticos
No Código de Zoneamento são estabelecidos os índices urbanísticos, que 
determinam a forma e o volume das construções para cada parte da cidade. São eles:
a) Taxa de ocupação
É o quociente entre a projeção da área construída sobre o terreno 
relacionada com a área total do lote. Determina a área máxima que a projeção 
horizontal de uma edificação pode ocupar no terreno em que esta se implanta. A 
taxa de ocupação é expressa em percentual.
42
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
FIGURA 1 – TAXA DE OCUPAÇÃO
FONTE: Santa Catarina (1990, p. 25)
b) Coeficiente ou índice de aproveitamento
É o quociente entre a soma da área total da edificação relacionada com 
a área total do lote. Determina a área máxima que pode ser construída em um 
determinado terreno. Esta área é obtida através da multiplicação do coeficiente 
pela área do terreno.
FIGURA 2 – COEFICIENTE OU ÍNDICE DE APROVEITAMENTO, TAXA DE 
OCUPAÇÃO
FONTE: Santa Catarina (1990, p. 26)
Projeção da Edificação - 
Taxa de Ocupação - x%
Coef. de Aproveitamento
Potencial Edificável = 
4x área do terreno
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
43
c) Afastamentos frontais, laterais e de fundos
Estabelecem as distâncias a serem obedecidas de acordo com a localização 
da edificação dentro do lote e seus limites. O principal objetivo ao se estabelecer os 
afastamentos é o de garantir a perfeita iluminação e aeração natural da edificação 
e seus compartimentos e entre uma construção de um lote e outra de outro.
FIGURA 3 – AFASTAMENTOS FRONTAIS, LATERAIS E DE FUNDOS
FONTE: Santa Catarina (1990, p. 27)
d) Gabaritos
Correspondem ao número máximo de pavimentos a ser adotado, sendo 
definidos os pés-direitos mínimo e máximo conforme as diferentes atividades, 
objetivando a otimização da infraestrutura e dos serviços urbanos disponíveis no 
parcelamento.
FIGURA 4 – GABARITOS
FONTE: Santa Catarina (1990, p. 27)
Afastamento 
de fundos
Afastamento 
lateral
Afastamento 
frontal
A
lin
ha
m
en
to
Ru
a
G
ab
ar
ito
44
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
3.5.2 Limites das zonas territoriais
Vale ainda lembrar que os limites das zonas nada mais são do que os 
perímetros territoriais, sobre os quais se aplicam determinadas características de 
uso e ocupação do solo. Assim são definidas as zonas residenciais, comerciais, 
mistas, industriais, de preservação ambiental, de expansão etc., seguindo também 
critérios de alta, média ou baixa densidade. Ainda assim, complementando-se ou 
dissociando-se os usos do solo, alguns critérios básicos devem ser observados 
quando se promove um zoneamento do espaço urbano, tais como:
• não se admitem usos incompatíveis dentro de uma mesma zona, como por ex: 
usos industriais altamente poluidores x usos residenciais;
• a intensidade de ocupação deve ser aproximadamente uniforme dentro da 
mesma zona, para todos os usos;
• os níveis de incômodo gerados para diferentes atividades, como um bar dentro 
de uma área residencial, devem ser mantidos sob controle para evitar danos à 
vizinhança;
• um uso pode ser gerador de uma maior ou menor capacidade de fluxo e, 
consequentemente, causar danos a uma atividade, devendo estar localizado 
junto a uma ou outra determinada via. Como exemplo, considere-se uma 
creche, que é um uso que deve estar, se possível, longe de vias com grande 
fluxo de veículos, dado ao ruído e ao perigo de uma criança atravessar a rua 
para chegar aos braços da mãe com segurança. Outro exemplo é o de um posto 
de saúde, cujo acesso deve ser facilitado à população e próximo de paradas de 
ônibus, dado o fluxo de pessoas, notadamente as mais humildes, que fazem 
uso daquele serviço público e que se utilizam de transporte coletivo para 
locomoção.
Cabe ressaltar que o zoneamento não tem a mera função de apenas ordenar 
os espaços ou controlar densidades. Acrescenta-se a função de compatibilizar o 
crescimento urbano com a oferta possível de serviços públicos diante da escassez 
de recursos municipais. Quanto às vantagens de um correto zoneamento urbano, 
temos as seguintes:
a) criar um sistema de classificações e significados, induzindo a determinadas 
tendências de ocupação do solo, corrigindo algumas distorções de mercado;
b) preservar os interesses coletivos;
c) orientar o desenvolvimento urbano, direcionando os investimentos municipais 
em equipamentos urbanos e comunitários onde realmente são necessários.
Mas temos também as seguintes desvantagens:
• criar uma camisa de força, cristalizando distorções, pela falta de compreensão 
da cidade real;
• criar um sistema fechado, com a criação de guetos ou castas no espaço urbano;
• “fazer” o jogo do mercado pela manipulação de informações.
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
45
Para uma maior clareza das compatibilidades de usos, reproduz-se a 
seguir, comosugestão, uma tabela retirada do livro “A cidade como um jogo de 
cartas”, cuja utilização deve ser ponderada e refletida, dadas as peculiaridades de 
cada local de aplicação. O zoneamento a ser utilizado em grandes glebas poderá 
ser balizado utilizando-se estes critérios, embora o autor, Carlos Nélson dos 
Santos (1988; 1987), estranhamente não relacionou o uso industrial na tabela, tão 
presente nas nossas vidas.
FIGURA 5 – COMPATIBILIDADE DE USOS
FONTE: Santos (1988, p. 86)
3.6 PARCELAMENTO DO SOLO
Esta legislação é o instrumento regulador das áreas onde podem ser 
realizados loteamentos, desmembramentos e unificações, determinando as 
diretrizes urbanísticas para sua execução. Os municípios catarinenses com 
legislação municipal sobre parcelamento do solo própria normalmente se baseiam 
na Lei Federal no 6.766/79, alterada pela Lei no 9.785/99. Devem seguir ainda os 
dispositivos contidos na Lei Estadual no 6.063/82, alterada pela Lei no 10.957 e 
balizar-se pelo Código Florestal (Lei Federal no 4.771/65), alterado pela Lei no 
7.803/89, e também pela Lei de Crimes Ambientais (Lei Federal no 9.605/98). Caso 
o município não tenha uma lei municipal específica para parcelamento do solo, 
deverá obedecer aos preceitos contidos nas legislações estadual e federal acima 
mencionadas, não podendo ser mais flexível que as legislações federal e estadual. 
46
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
Normalmente, o conteúdo básico de uma lei de parcelamento do solo 
municipal estabelece:
• as áreas parceláveis;
• as áreas não parceláveis ou de edificação restrita, como os terrenos alagadiços 
sujeitos a inundações, as encostas com declividade superior a 30%, as faixas de 
domínio de rodovias, ferrovias, dutos e redes de transmissão;
• as relações entre as áreas públicas (repassadas ao poder público) e as de uso do 
loteador quando da apresentação/aprovação dos projetos de loteamento;
• os requisitos gerais para aprovação de loteamentos, desmembramentos ou 
remembramentos de lotes;
• dimensionamento e hierarquização de vias;
• tamanho de lotes, destacando-se o lote mínimo, que é igual a 125 m2 de área, 
com cinco metros de testada, tanto na esfera federal, salvo maiores exigências 
do poder público municipal;
• percentual de áreas que deve ser transferido ao patrimônio público no ato 
de lotear, como reserva mínima de área necessária para implantação de 
equipamentos comunitários e urbanos;
NOTA
Cabe observar que este percentual, estabelecido pela Lei Federal nº 6.766/79, 
que regulamenta o parcelamento do solo urbano e que era obrigatoriamente de 35%, teve 
este dispositivo legal alterado pela Lei Federal nº 9.785/99, transferindo aos municípios e às 
respectivas legislações de parcelamento do solo municipais a responsabilidade pela definição 
deste índice.
• esclarecimentos sobre as obrigações do loteador quanto à provisão dos serviços 
de infraestrutura básica; 
NOTA
Conforme o parágrafo 5º da Lei federal no 9.785/99, consideram-se infraestrutura 
básica “os equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, 
redes de esgoto sanitário e abastecimento de água potável, e de energia elétrica pública e 
domiciliar e as vias de circulação pavimentadas ou não.
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
47
• os direitos dos compradores e da preservação do interesse coletivo, com a 
imposição de deveres aos vendedores, estabelecendo as penalidades cabíveis.
3.6.1 Definições mais usuais em parcelamento do solo
Há diferenças básicas entre os termos loteamento, desmembramento e 
condomínio, uma vez que é frequente a confusão quando da utilização destes 
conceitos. Há outros termos e figuras jurídicas menos utilizadas no fracionamento 
ou junção de lotes que as três citadas, como, por exemplo, o desdobro, o 
remembramento ou unificação, que não iremos abordar neste trabalho. Tendo 
presente, pois, a legislação citada na introdução, define-se, portanto:
a) Loteamento
É a subdivisão de glebas em lotes destinados a edificação, com a abertura 
de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamentos, 
modificação ou ampliação das vias existentes. 
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lote_(propriedade)>. Acesso em: 19 set. 
2012.
NOTA
Gleba representa nada mais que os terrenos a serem loteados ou desmembrados.
b) Desmembramento
É a subdivisão de glebas em lotes destinados a edificação com o 
aproveitamento do sistema viário existente e da infraestrutura disponível.
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Lote_(propriedade)>. Acesso em: 19 set. 
2012.
48
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
FIGURA 6 – DIFERENÇA ENTRE LOTEAMENTO E DESMEMBRAMENTO
FONTE: Santa Catarina (1990, p. 36)
c) Unificação ou remembramento
É a união de lotes ou parte deles.
FONTE: Santos (1988, p. 85)
FIGURA 7 – REMEMBRAMENTO
Loteamento
Desmembramento
Remembramento
Desmembramento
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
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d) Condomínio 
O condomínio, segundo o jurista Hely Lopes Meirelles (1994, p. 17), “é 
o direito de propriedade de duas ou mais pessoas sobre partes ideais de uma 
mesma coisa indivisa (pro indiviso)”. Há uma disposição de quotas pertencentes 
a cada condômino que são ideais, uma vez que cada condômino poderá dispor 
delas como titular de uma determinada fração do terreno (1/2, 1/5, 1/6 etc.) sem, 
entretanto, identificá-la espacialmente. É como ser sócio de um clube ou de uma 
empresa com as respectivas cotas, sendo muito utilizado em partilhas familiares 
para que não haja retalhamento do patrimônio familiar, representado muitas 
vezes por um único terreno.
Entretanto, observadas as atuais busca de segurança e maior privacidade, 
vemos, nas últimas décadas, a apropriação do conceito de condomínio para o 
surgimento dos chamados condomínios horizontais. Podem ser considerados 
como uma nova maneira de expansão da cidade, ou como uma reinterpretação das 
antigas cidades medievais e seus muros. Embora os mesmos não se constituam 
em parcelamento do solo, dado que o terreno permanece juridicamente integral 
(com o domínio de diversas pessoas), alguns autores asseveram ser uma forma 
de condomínio imperfeito. Ainda segundo Hely Lopes Meirelles (1994, p. 38), 
são imperfeitos:
 
porque a copropriedade só abrange o terreno, os elementos de 
sustentação do edifício, as áreas livres ou de circulação, e os 
equipamentos de utilização comuns, bens, estes, indivisíveis e 
inalienáveis individualmente, sendo as unidades isoladas – como as 
denomina a lei vigente – propriedades exclusivas de seus adquirentes.
Acrescente-se que as observações de Meirelles (1994) foram feitas para os 
condomínios de construções edificadas sobre o mesmo terreno e que atualmente 
se utilizam as mesmas regras para os chamados condomínios horizontais 
ou deitados, que são regularizados à luz da Lei no 4.591/64, em conjunto com 
o art. 3º do Decreto Lei no 271/67, legislação esta que precedeu a legislação de 
parcelamento do solo.
3.6.2 O que um bom parcelamento do solo deve realmente 
ter?
Considerando-se a obviedade da importância do sistema viário para o 
parcelamento do solo, são igualmente importantes as dimensões de quadras e 
lotes e a presença das áreas públicas e áreas verdes. Cabe destacar a importância 
das diretrizes de zoneamento a serem adotadas ou a serem observadas no 
parcelamento do solo a se efetuar. Por vezes, não haverá diretrizes a serem 
propostas, mas a serem seguidas em respeito ao cumprimento do plano diretor 
da cidade em que se realiza o parcelamento. 
50
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
Entretanto, caso surja a oportunidade de definição de grandes áreas a 
serem parceladas, deve-se ter o máximo cuidado com o macrozoneamento, com a 
definição dos índices urbanísticos, com as características da população que deve 
abrigar e também com a compatibilização, definiçãoe mudanças de uso e com as 
densidades a serem atingidas.
Com relação às densidades, para Acioly e Davidson (1998), a percepção 
sobre a densidade varia de um país para outro, de um estado para outro e entre 
as cidades de um mesmo país, sendo que há inúmeros fatores intervenientes: a 
disponibilidade de terras, o quadro legal institucional, o mercado imobiliário, o 
contexto social e o tamanho das famílias e a própria economia. Isto sem contar 
as formas de se encarar os dados numéricos sobre densidade: bruta ou líquida? 
Habitacional ou construída? Mas, então, qual é a densidade ideal a ser atingida? 
Segundo dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio 
Ambiente de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1997), a densidade bruta 
média ideal é de 40 hab./hectare para cidades pequenas, 80 hab./hectare para 
cidades médias e entre 100 a 300 hab./hectare para cidades grandes.
Acioly e Davidson (1998, p. 15), nesta passagem, ilustram muito bem o 
“depende” contingencial e relativo da densidade a ser atingida: 
Pergunte a um planejador indiano o que é que ele pensa a respeito de 
um lote de 100 m2 para famílias de baixa renda e ele responderá que 
esse tamanho de lote é demasiadamente grande e, portanto, inacessível 
financeiramente. Seu colega da África Oriental ou Cone Sul da África, 
entretanto, argumentará que esse tamanho é demasiadamente 
pequeno e inaceitável por parte da população.
NOTA
Densidade é a relação entre pessoas e a terra disponível, normalmente fixada em 
habitantes por hectare (10.000 m²).
Bom senso ainda é a melhor observação que se pode recomendar ao 
planejador urbano e, como tal, a densidade não pode ser apenas um número 
estatístico!
É oportuna, e cabe aqui, a lembrança de que nos loteamentos brasileiros 
de baixa renda, soluções como ruas mais estreitas ou passagens para pedestres, 
em detrimento de um sistema viário que seria subutilizado, poderia ser uma das 
formas baratas de serem atingidas altas densidades, barateando o custo do solo 
urbano e promovendo o acesso de mais pessoas à aquisição de seu tão sonhado 
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
51
lote. Entretanto, nossa legislação ainda é mais voltada para o sistema de acesso que 
privilegie os veículos do que as pessoas: basta observar nas legislações municipais 
as dimensões mínimas para largura das vias, que são superdimensionadas em 
alguns casos. Não há nenhuma preocupação com a escala do desenho urbano das 
cidades (DEL RIO, 1990; MASCARÓ, 1989; MASCARÓ, 1994). 
3.6.3 Quadras e lotes em parcelamentos do solo
Consideramos lote o terreno servido de infraestrutura básica, cujas 
dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei 
municipal para a zona em que se situe.
Um conjunto de lotes, com acessos direcionados para vias públicas, 
definido por um polígono de quatro ou mais lados, definimos como uma quadra 
ou, em alguns locais, como quarteirão. 
As quadras e os lotes devem ter dimensões compatíveis com o padrão 
que se deseja imprimir ao parcelamento. Salvo disposições específicas, os lotes, 
pela atual legislação federal, devem ter áreas mínimas de 125,00 m2 (cento e 
vinte e cinco metros quadrados) e frentes mínimas (testadas) de 5 (cinco) metros, 
respeitando-se ainda se a legislação municipal determinar maiores exigências. 
Estas áreas mínimas municipais variam muito de região para região, em 
razão da oferta e da procura. Assim, em grandes metrópoles um lote de 125,00 m2 
poderá estar de acordo com seu respectivo espaço urbano e ser ínfimo para quem 
mora em outras, menos habitadas. Deve-se ter sensibilidade para perceber estas 
diferenças e procurar a adequação de tamanhos, respeitando sempre a legislação 
e as peculiaridades locais. Apenas como referência, lotes de padrão médio situam-
se na faixa dos 450,00 m2 (quatrocentos e cinquenta metros quadrados) a 600,00 
m2 (seiscentos metros quadrados). Acima desta faixa, são lotes considerados de 
padrão médio-alto para alto e, abaixo deste padrão referencial, considerados 
médio-baixos (em torno de 360,00 m2) a baixos (próximos da legislação federal).
Conforme a autora Marta Romero (1988), as várias condicionantes 
climáticas devem interferir no planejamento dos lotes. Por exemplo, para as 
regiões quente-úmidas, de baixa densidade, os lotes devem ter dimensões que 
privilegiem a largura (testada principal) em detrimento do comprimento (lateral 
do lote). De acordo com Romero (1988), as vedações devem ser escassas e, caso 
houver, devem ser naturais, permitindo a permeabilidade dos ventos que vêm 
da rua. Observa também que o alinhamento das construções não pode ser rígido, 
permitindo a circulação abundante do ar. E assim, devem ser observadas as 
diferentes condições climáticas, adequando o tamanho dos lotes às necessidades 
de cada região.
52
UNIDADE 1 | PROCESSO EVOLUTIVO URBANO
FIGURA 8 – DIMENSÕES DOS LOTES CONFORME O CLIMA
FONTE: Romero (1988, p. 45)
3.6.4 Parcelamentos do solo: normas municipais
Após apresentado o terreno que se deseja parcelar, o órgão municipal 
indicará, nas plantas apresentadas junto com o requerimento, de acordo com as 
suas diretrizes de planejamento:
• as ruas ou estradas existentes ou projetadas, que compõem o sistema viário 
da cidade e do município, relacionadas com o loteamento pretendido e a 
serem respeitadas;
• traçado básico do sistema viário principal;
• a localização aproximada dos terrenos destinados a equipamento urbano e 
comunitário e das áreas livres de uso público;
• as faixas sanitárias do terreno necessárias ao escoamento das águas pluviais 
e as faixas não edificáveis;
• a zona ou zonas de uso predominante da área, com indicação dos usos 
compatíveis.
FONTE: BRASIL. Lei no 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo 
Urbano e dá outras Providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6766.htm>. Acesso em: 19 set. 2012.
De posse destas diretrizes oficiais, o loteador apresentará para análise 
todos os projetos contendo os desenhos necessários, o memorial descritivo, o 
cronograma de execução das obras, acompanhado de certidão atualizada da 
matrícula da gleba (escritura do terreno), expedida pelo Cartório de Registro de 
Imóveis competente e as certidões negativas. 
Ventos Dominantes
TÓPICO 3 | ETAPAS DE ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR E AS LEGISLAÇÕES QUE REGULAMENTAM O PLANEJAMENTO 
URBANO MUNICIPAL
53
O memorial descritivo deverá conter, obrigatoriamente, a descrição do 
loteamento proposto, com suas características e a fixação da zona ou zonas de 
uso predominante; as condições urbanísticas do loteamento e as limitações 
que incidem sobre os lotes e suas construções, além daquelas constantes nas 
diretrizes fixadas; a indicação das áreas públicas que passarão ao domínio do 
município no ato de registro do loteamento; e a enumeração dos equipamentos 
urbanos, comunitários e dos serviços públicos ou de utilidade pública, já 
existentes no loteamento e adjacências.
FONTE: BRASIL. Lei no 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo 
Urbano e dá outras Providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l6766.htm>. Acesso em: 19 set. 2012.
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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico você estudou que:
• O planejamento deve ser entendido como um processo contínuo, do qual o 
plano diretor é um dos principais instrumentos, sendo atividade-meio e não 
um fim em si próprio. 
• Como instrumento deste processo, o plano diretor não é um produto final 
acabado, estanque, mas sim um instrumento de planejamento que deve ser 
periodicamente revisto e aperfeiçoado.
• O plano diretor é o resultado de um processo de planejamento, sendo um 
conjunto de propostas para o desenvolvimento de um município, expressas 
em forma de lei, onde estarão definidas as diretrizes para o crescimento 
socioeconômico e físico-territorial do município, como localização de 
indústrias, prestaçãode serviços e comércio.
• O plano diretor não serve para ficar parado em uma prateleira, ele deve ser 
instrumento de trabalho, constantemente manuseado pelos funcionários 
responsáveis por sua execução e também pela comunidade em geral.
• Deve haver continuidade no processo de planejamento e uma equipe técnica 
local para acompanhar permanentemente a elaboração e a execução do plano 
diretor e promover as atualizações e adaptações contínuas que a dinâmica 
urbana exige.
• Na elaboração de um plano diretor distinguem-se três fases básicas: 
levantamento de dados, diagnóstico e as propostas para a solução dos 
problemas. 
• A legislação urbanística transforma as propostas de ações, obtidas através do 
diagnóstico e das discussões com a comunidade, convertendo-as em linguagem 
jurídica. 
• As diretrizes urbanísticas definem os grandes objetivos a serem alcançados, a 
política de desenvolvimento e de expansão urbana do município, devendo o 
plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporar 
as diretrizes e prioridades nelas contidas, na forma do § 1º, art. 40 do Estatuto 
da Cidade.
• O perímetro urbano estabelece o que é área urbana e o que é área rural no 
município.
55
• A lei de edificações ou obras determina os parâmetros construtivos para a 
execução de obras e edificações no município.
• O código de posturas fixa normas de conduta e comportamento urbanos.
• O zoneamento classifica as atividades em diversas categorias de uso e define 
sua adequação ou não às áreas da cidade definidas como zonas residenciais, 
comerciais ou industriais, e os usos em compatíveis, tolerados e proibidos.
• O zoneamento disciplina tanto o uso (tipo) quanto a ocupação (intensidade) do 
solo urbano.
• No Código de Zoneamento são estabelecidos os índices urbanísticos, que 
determinam a forma e o volume das construções para cada parte da cidade, 
que são a taxa de ocupação, o coeficiente ou índice de aproveitamento, os 
afastamentos frontais, laterais e de fundos e os gabaritos.
• O parcelamento do solo é o instrumento regulador das áreas onde podem ser 
realizados loteamentos, desmembramentos e unificações ou remembramentos 
de lotes, determinando as diretrizes urbanísticas para sua execução. 
• O loteamento é a subdivisão do terreno com a abertura de novas vias de 
circulação, de logradouros públicos ou prolongamentos, modificação ou 
ampliação das vias existentes. 
• O desmembramento é a subdivisão de glebas em lotes destinados a edificação, 
aproveitando o sistema viário existente e a infraestrutura disponível.
• A unificação ou remembramento é a união de lotes ou parte deles. 
• O condomínio é uma modalidade de divisão de terrenos através do 
compartilhamento do mesmo através de frações.
• Os lotes, pela atual legislação federal, devem ter áreas mínimas de 125,00 
m2 (cento e vinte e cinco metros quadrados) e frentes mínimas (testadas) de 
5 (cinco) metros, respeitando-se ainda se a legislação municipal determinar 
maiores exigências.
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Caro(a) acadêmico(a), para melhor fixar o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu 
caderno. Bom trabalho!
1 Previsto na Lei nº 10.257/2001, denominada Estatuto da Cidade, o plano 
diretor: 
I- É o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. 
II- É parte integrante do processo de planejamento municipal, devendo o plano 
plurianual, as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual incorporarem as 
diretrizes e as prioridades nele contidas. 
III- Englobará apenas a zona urbana do município. 
IV- Será aprovado por lei municipal, que deverá ser revista pelo menos a cada 
15 anos. 
Agora, assinale a alternativa CORRETA: 
a) ( ) As afirmativas I e II estão corretas.
b) ( ) Somente a afirmativa I está correta. 
c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas. 
e) ( ) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. 
2 O zoneamento é a síntese do planejamento físico-territorial, sendo um 
mecanismo que disciplina tanto o uso quanto a ocupação do solo urbano. 
Diferencie uso de ocupação, se possível com exemplos.
3 Em loteamentos, considerando os requisitos urbanísticos exigidos pela Lei 
Federal nº 6.766/76, os lotes terão área:
a) ( ) Mínima de 125 m² e frente mínima de 5 metros. 
b) ( ) Mínima de 125 m² e frente mínima de 5 metros, apenas para conjuntos 
habitacionais de interesse social. 
c) ( ) Mínima de 150 m² e frente mínima de 5 metros. 
d) ( ) Proporcional à densidade de ocupação prevista nos planos diretores ou 
aprovada por lei municipal para a zona em que se situem. 
e) ( ) Mínima de 125 m² e frente mínima de 8 metros. 
4 Escreva sobre as seguintes legislações urbanísticas: códigos de edificações e 
obras e código de posturas.
AUTOATIVIDADE
57
5 Quais são as principais legislações urbanísticas que um plano diretor deve 
conter?
6 Explique a diferença entre um loteamento e um desmembramento.
58
59
UNIDADE 2
INFRAESTRUTURA URBANA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• conhecer os sistemas infraestruturais urbanos e suas funções;
• entender a importância da sustentabilidade ambiental para as cidades;
• verificar a necessidade de se respeitar o Código Florestal em novos empre-
endimentos;
• compreender a importância e benefícios da arborização urbana para as 
cidades;
• conhecer o Estatuto da Cidade e suas diretrizes;
• identificar os instrumentos jurídicos, fiscais e administrativos de política 
urbana contidos no Estatuto da Cidade.
Esta segunda unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um 
deles, você encontrará atividades que contribuirão para fixar os conteúdos 
explorados.
TÓPICO 1 – SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS
TÓPICO 2 – SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES
TÓPICO 3 – ESTATUTO DA CIDADE
60
61
TÓPICO 1
SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O espaço urbano é constituído pela combinação de áreas edificadas 
e áreas livres. Além delas, também fazem parte do espaço urbano as redes de 
infraestrutura (MORETTI, 1997; MASCARÓ, 1994; SANTOS, 1988; RODRIGUES, 
1986). “O sistema de redes de infraestrutura de uma cidade pode ser dividido, 
para sua melhor compreensão, em vários subsistemas, conforme suas funções” 
(STUCHI, 2005, p. 7), em:
a) Sistema viário.
b) Sistema sanitário. 
c) Sistema energético.
d) Sistema de comunicações.
As diversas redes de infraestrutura urbana são implantadas em nível 
aéreo e subterrâneo. Devem ser projetadas de maneira harmônica, de forma a 
reduzir os custos de execução e de manutenção. Uma das maneiras de alcançar 
este objetivo é localizar as redes em diferentes níveis e em diferentes faixas. Até 
por uma questão de segurança e higiene, a rede de esgoto deve sempre ficar 
abaixo da rede d’água.
A responsabilidade pela execução da infraestrutura urbana em loteamentos 
é do loteador. Aprovado o loteamento e as obras executadas, esta infraestrutura 
passa a ser pública, devendo ser mantida pelo município. Na maioria dos 
municípios brasileiros, a pavimentação não é exigida pela legislação urbanística, 
para não encarecer demasiadamente os lotes. Isto vem sendo paulatinamente 
mudado, devido à manutenção destas vias, que recai sobre os cofres públicos.
Outro fator que deve ser considerado na gestão das cidades é o da 
densidade urbana (ACIOLY; DAVIDSON, 1998), que não deve ser baixa 
demais (encarecendo os custos da infraestrutura e inviabilizando econômica e 
financeiramente sua implantação e manutenção) ou alta demais (colapsando as 
redes que não irão suportar a demanda), de modo que os custos da infraestrutura 
urbana sejam absorvidos pela população beneficiada. 
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
62
2 SISTEMA VIÁRIO
O sistema viário consiste no conjunto mais caro dos sistemas urbanos, 
sendo responsável por aproximadamente 75% dos custos de urbanização e por 
25% do solo urbano (MASCARÓ, 1989). Uma vez implantado, é o subsistema quemais dificuldade apresenta para aumentar sua capacidade, logicamente devido à 
questão de espaço físico. Deve ser projetado de forma a adaptar-se às curvas de nível, 
evitando movimentações de terra, por cortes e aterros desnecessários, facilitando o 
escoamento das águas pluviais (das chuvas) e do esgoto sanitário, por gravidade.
NOTA
Curva de nível origina-se com a finalidade de escolher uma linha imaginária que, 
unida em dois pontos distintos, forma a mesma altitude. Com ela conseguimos organizar 
mapas topográficos, pois é a partir destas observações que conseguimos as informações 
necessárias tridimensionais de um relevo.
De acordo com a modalidade de transporte a ser adotada (pedestre, 
veículos automotores, bicicletas, veículos leves sobre trilhos etc.), devem ser 
projetadas várias faixas ou redes de circulação. 
Novas vias a serem abertas devem estar articuladas com as vias 
adjacentes (próximas) já existentes, harmonizando-se com a topografia local. 
Suas larguras variam conforme a utilização e classificação e as declividades 
até 11% são consideradas normais. Já as declividades que se situam entre 
11% e 17% são aceitáveis apenas em trechos curtos (inferiores a 150 metros). 
(SAREM - IBAM, 1987).
FIGURA 9 – DECLIVIDADES EM VIAS PÚBLICAS
FONTE: Sarem – IBAM (1987)
17%
11%
TÓPICO 1 | SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS
63
Os perfis longitudinais de um terreno são de fundamental importância 
para que possamos visualizar, avaliar e projetar novas vias acompanhando tanto 
quanto possível a topografia local. A movimentação de terras, com seus cortes 
e aterros, é um dos itens mais caros para a implantação, por exemplo, de um 
loteamento. Quanto menos cortes e aterros efetuarmos e mais seguirmos as curvas 
de nível naturais, mais estaremos contribuindo para a sustentabilidade ambiental 
e econômica do empreendimento. Os perfis longitudinais também são necessários 
para o projeto e a correta implantação das redes infraestruturais, principalmente 
aquelas que acompanham o caimento das vias (água, esgoto, drenagem e gás). 
Já os perfis transversais do projeto permitem avaliar se as vias estão 
condizentes com os fluxos a serem comportados e se os passeios têm largura 
suficiente para comportar a arborização ou a passagem de duas ou mais pessoas 
no mesmo sentido. Serve também para a visualização de como será implantada 
a infraestrutura e, fundamentalmente, para que possamos compreender como se 
dão as relações entre os espaços construídos x espaços não construídos, espaços 
cheios x espaços vazios, espaços públicos x espaços privados e assim por diante.
FIGURA 10 – PERFIL TRANSVERSAL DE UMA VIA
FONTE: Santos (1988)
O comprimento máximo sugerido para as quadras é de cerca de 200 a 300 
metros, tendo em vista o percurso que um pedestre poderá fazer tranquilamente, 
com pontos de parada e descanso. Observa-se em nossas cidades que o perfil 
das atuais ruas atuais privilegia os veículos automotores (motos e automóveis), 
sacrificando o pedestre. Pensando nisto é que critérios de acessibilidade e 
mobilidade urbana vêm passando por uma discussão em todos os municípios 
a partir da aprovação do Estatuto da Cidade. Mais do que cidadania, você pode 
perceber que se trata de uma questão de sensibilidade com as pessoas que 
transitam pelas cidades. Temos alguns conceitos básicos, definidos pelo Programa 
Brasil Acessível do Governo Federal, que é importante conhecer. 
Passeio
Faixa
livre
Pista de
Trânsito
Faixa
livre
Passeio
3.00 5.00 7.00 9.00 3.00
23.00
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
64
NOTA
Conheça algumas definições básicas!
QUADRO 1 – CONCEITOS DE ACESSIBILIDADE E MOBILIDADE
FONTE: Ministério das Cidades (2012) 
A mobilidade urbana é crucial para o desempenho das demais atividades 
urbanas, como moradia, trabalho, estudo, lazer e compras. Os aspectos sociais 
e econômicos são definidos pelo deslocamento de pessoas e mercadorias. Um 
maior ou menor deslocamento é definido pela localização das atividades na área 
urbana. Daí a importância de um planejamento de cidade.
Considerando que os planos diretores preveem alargamentos das vias 
já existentes e estabelecem gabaritos para aquelas que serão abertas, é preciso 
prever espaços para os pedestres, os ciclistas e espaço para a arborização urbana, 
que também é muito importante para o clima das cidades.
Para o dimensionamento de uma faixa veicular podemos considerar que 
um carro em baixa velocidade ocupa pelo menos três metros da pista, e que um 
carro em alta velocidade ocupa 3,50 metros. Quanto aos estacionamentos em vias 
públicas, cada vez mais raros, podemos considerar que um carro estacionado 
TÓPICO 1 | SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS
65
paralelo à via ocupa uma faixa de 2,50m, e o estacionamento a 45º ou 90º ocupa 
5,50m, ou seja, duas vezes mais, além de obstruir o trânsito quando sair da vaga 
onde estava estacionado. Com estas dimensões básicas, podemos dimensionar a 
pista de uma rua conforme os seus sentidos de tráfego, o número de faixas e a 
presença ou não de estacionamento.
FIGURA 11 – ESQUEMAS ALTERNATIVOS DE ESTACIONAMENTO
FONTE: Mascaró (1989)
A pavimentação da pista (também chamada de leito carroçável, talvez por 
causa do tempo das carroças!) das vias é composta pelo revestimento e pelas 
camadas de base. A redução da espessura da pavimentação pode reduzir o custo 
de implantação, mas vai, ao longo do tempo, seguramente reduzir também sua 
vida útil, implicando manutenções de custo elevado. O revestimento tem como 
função primordial receber e suportar o tráfego: esforços verticais (pressão e 
impacto) e horizontais (rolamento, frenagem, força centrífuga). 
Podemos adotar, conforme as características das vias (declividade, 
hierarquia e economia), revestimentos asfálticos (usinado ou pré-misturado 
a frio), paralelepípedos de granito, lajotas de concreto ou paver (articulados ou 
não) ou o simples ensaibramento, realizado com o popular macadame. O asfalto, 
por ser mais liso, permite maiores velocidades, sendo, portanto, adequado para 
vias expressas. O paralelepípedo e as lajotas de concreto oferecem a vantagem 
do reaproveitamento quando da necessidade de abertura de canalizações 
subterrâneas.
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
66
NOTA
Macadame é uma terra arenosa que, sendo compactada, torna-se muito 
resistente às chuvas e outros meios naturais que possam destruí-la, portanto excelente para 
pavimentar estradas. O engenheiro escocês John Loudon McAdam o desenvolveu em 1820. 
Esta mistura recebeu o nome de Macadam em homenagem ao seu criador McAdam, sendo 
abrasileirado para macadame.
O embasamento da pista das ruas tem por função distribuir as cargas e 
proteger o revestimento de possíveis falhas do subleito. É geralmente dividido 
em duas partes: base e sub-base. Cada uma destas camadas terá, normalmente, 
uma resistência maior à medida que se aproxima do revestimento.
Entre a pista e a calçada são constituídos o meio-fio e a sarjeta. Podem 
ser executados em granito ou em concreto, pré-fabricado ou moldados no local. 
A altura do meio fio é de aproximadamente 15cm em relação ao nível inferior da 
sarjeta. Uma altura maior dificultaria a abertura da porta dos automóveis, e uma 
altura menor diminuiria a capacidade de vazão da sarjeta.
Pensando nos pedestres, os passeios ou calçadas podem ser executados 
em vários materiais: cimento bruto alisado, pedra portuguesa, pavers, pedras 
aparelhadas ou em outros materiais que sejam antiderrapantes, segundo o padrão 
estabelecido pelas administrações municipais, sendo normalmente executados 
pelo proprietário do lote fronteiriço à via. 
2.1 FUNÇÕES DO SISTEMA VIÁRIO
O sistema viário tem algumas funções no espaço urbano, sendo as 
principais:
• dar acesso aos mais diversos usos do solo;
• interligar os novos parcelamentos (loteamentos) à cidade;
• separar fluxos de pessoas e de veículos, através da distinção de altura 
(normalmente 15 cm) entre o nível do passeio e a pista de rolamento;
• promover a correta circulação do ar e a entrada de sol,tanto nos terrenos quanto 
na própria rua;
• servir de suporte para a implantação de mobiliário urbano, como, por exemplo, 
telefone público, bancos, luminárias etc. O passeio (calçada), apesar de mantido 
pelo cidadão, é público, ou seja, pode ser utilizado por todos;
• servir de suporte para a implantação da arborização urbana;
TÓPICO 1 | SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS
67
• servir de memória e orientação urbana, estimulando os sentidos. Lembra-se 
daquela rua onde existia aquele casarão histórico em sua cidade? Ou será que 
ele foi demolido? 
• servir como canal de serviços públicos, principalmente do acesso pelos lotes à 
infraestrutura básica.
2.2 CLASSIFICAÇÃO DAS VIAS NO SISTEMA VIÁRIO
Numa ordem de importância, temos a seguinte hierarquização de vias:
• vias arteriais ou interurbanas, ligando duas cidades separadas por área rural 
ou dois polos de uma área em conurbação, como, por exemplo, a que liga as 
cidades de Florianópolis e São José, em Santa Catarina. Podem ser de três tipos: 
autoestradas, expressas e vias comuns;
NOTA
Conturbação ocorre quando duas ou mais cidades se desenvolvem uma ao 
lado da outra, tornando-se apenas uma, em consequência de seu agrupamento geográfico, 
dando origem, geralmente, à formação de regiões metropolitanas, podendo causar inúmeras 
deficiências de infraestrutura, pela formação descontrolada de seu crecimento.
• vias principais, que são aquelas que conciliam a fluidez do tráfego com o acesso 
às propriedades vizinhas à via e com o transporte coletivo. Diferentemente das 
arteriais, aqui a velocidade não é importante;
• vias coletoras, ou de segunda grandeza, coletam e distribuem o tráfego por 
bairros, alimentando as principais;
• vias locais são aquelas que dão acesso direto às áreas residenciais, comerciais e 
industriais;
• vias especiais são aquelas destinadas ao uso exclusivo para o transporte 
coletivo, bicicletas ou pedestres.
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
68
FIGURA 12 – CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA VIÁRIO 
FONTE: Sarem – IBAM (1987)
3 SISTEMA SANITÁRIO
O sistema sanitário compõe-se dos subsistemas da rede de abastecimento 
de água potável, da rede de esgotos sanitários e da rede de drenagem pluvial. É 
fato comum que, em muitas das cidades brasileiras, a rede pluvial acumule, além 
da coleta das águas da chuva, também a função de rede coletora de esgotos.
Faz-se a ligação das residências (que devem ter o tratamento primário 
composto por fossa séptica e filtro anaeróbio) até a rede pluvial. Este sistema 
precário faz com que haja a necessidade de um sifonamento hídrico (fechamento 
por água) pelas conhecidas bocas-de-lobo. As bocas-de-lobo são caixas de captação 
das águas pluviais, colocadas ao longo das sarjetas e ligadas às galerias de águas 
pluviais. São colocadas alternadamente, sendo um par de bocas-de-lobo (uma de 
cada lado da via) atendendo a cerca de 200 a 800 m² de via, o que corresponde a um 
espaçamento entre 40 a 100 m. Assim, evita-se a volta do mau-cheiro, resultante do 
chorume que sobra do tratamento primário (cerca de 80% a 85% de eficiência) que 
é encaminhado sem tratamento para os cursos d’água mais próximos.
NOTA
O chorume é uma substância líquida advinda do processo de apodrecimento de 
matérias orgânicas. Este líquido poluente é muito encontrado em lixões e aterros sanitários. 
É viscoso e possui um cheiro muito forte e desagradável (odor de coisa podre), poluindo o 
meio ambiente.
Arterial
Principal
Coletora
Coletora
TÓPICO 1 | SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS
69
Normalmente, calcula-se que 80% do volume de água consumido, que 
chega pela rede de abastecimento de água, são encaminhados à rede de esgoto. 
Considerando o consumo diário de, em média, 200 litros por pessoa, isto significa, 
em média, 160 litros de esgoto por dia jogados no rio, nas cidades que não têm 
nenhuma forma de tratamento. Também não é possível contar como simples efeito 
da infiltração no solo urbano, impermeabilizado em boa parte pela pavimentação, 
já que, caso ocorra a infiltração, o esgoto poluirá o subsolo da cidade, aumentando 
sensivelmente a possibilidade de doenças infecciosas na área urbana. 
A falta de saneamento básico, com o esgoto correndo a céu aberto, é uma 
das maiores causas de veiculação de doenças. A rede de esgotos compõe-se de 
coletores secundários, poços de visita, coletores-tronco, interceptores, emissários, 
estação de tratamento e corpo receptor.
Já a rede de abastecimento de água trabalha sob pressão, ou seja, é um 
sistema fechado, que obedece ao princípio dos vasos comunicantes. Como 
a rede de esgoto funciona por gravidade, há a necessidade de utilização de 
bombeamento em alguns casos, devido a diferenças de níveis. Ambas conduzem 
quase os mesmos volumes, embora a velocidade de circulação do líquido é maior 
na rede de água, o que determina o uso de tubulações de maior diâmetro para a 
rede de esgotos.
O sistema de abastecimento de água compõe-se das etapas de captação 
(águas superficiais ou subterrâneas), adução, recalque (ou estação elevatória), 
tratamento (em estações de tratamento de água), reservatórios e rede de 
distribuição. O dimensionamento incorreto da rede de abastecimento de água 
potável pode implicar falta d’água nas horas de maior consumo, o que pode ser 
parcialmente suprido por reservatórios domiciliares maiores. 
A abertura de loteamentos em altitudes superiores ao reservatório que 
abastece uma determinada área implica a implantação de estações elevatórias e 
de novos reservatórios, encarecendo a infraestrutura urbana. Onde não houver 
capacidade de abastecimento de água potável pelas concessionárias locais, 
poderão ser utilizadas soluções como poços artesianos ou captação em mananciais 
locais, o que evidentemente não garantirá a qualidade da mesma.
A rede de águas pluviais deveria, pelas normas técnicas brasileiras, 
observar diâmetros mínimos de 40cm, assim como declividade mínima de 
implantação de 0,2%, devendo ser dimensionada conforme a vazão da bacia 
contribuinte, para evitar alagamentos durante chuvas de maior duração. A rede 
de águas pluviais é composta de bocas-de-lobo, condutos de ligação, caixas de 
ligação, poços de visita e galerias. Estas canalizações deverão ser executadas com 
recobrimento por terra, de pelo menos um metro de altura.
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
70
FIGURA 13 – ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DA REDE DE DRENAGEM PLUVIAL COM 
SIFONAMENTO HÍDRICO
FONTE: O autor
Dados sobre o sistema sanitário no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro 
de Geografia e Estatística – IBGE (2011), são os seguintes:
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 revela que 97,9% 
dos municípios brasileiros têm serviço de abastecimento de água; 
78,6% têm serviço de drenagem urbana e 99,4% têm coleta de lixo. 
Esgotamento sanitário ainda é o serviço que apresenta a menor 
taxa, mas já é oferecido em mais da metade (52,2%) dos municípios 
brasileiros.
No Brasil, 52% dos municípios e 33,5% dos domicílios têm serviço de 
coleta de esgoto. O esgotamento sanitário é o serviço de saneamento 
básico com menos cobertura nos municípios brasileiros, embora tenha 
crescido 10,6%. Se, em 1989, dos 4.425 municípios existentes no Brasil, 
47,3% tinham algum tipo de serviço de esgotamento sanitário, em 
2000, dos 5.507 municípios, 52,2% tinham esgotamento sanitário, o que 
representa um crescimento de 10% no período de 1989-2000.
Em Santa Catarina a realidade é ainda mais alarmante. Conteúdo divulgado 
no site do jornal Diário Catarinense (GERAL, 2011) apresenta os seguintes dados:
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária 
(ABES) apontou Santa Catarina como o segundo pior Estado em 
tratamento de esgoto do Brasil, na frente apenas do Piauí. De acordo 
com o levantamento, 12% da população urbana têm saneamento 
adequado. Dos 293 municípios de Santa Catarina, apenas 30 têm rede 
coletora e tratamento de esgoto. 
TÓPICO 1 | SISTEMAS INFRAESTRUTURAIS
71
4 SISTEMA ENERGÉTICO
No Brasil utilizam-se principalmente redes de energia elétrica,fornecida 
principalmente por hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), e 
também redes de gás encanado (Rio de Janeiro como exemplo), o que pode causar 
alguns riscos na manutenção de vias, podendo haver explosões, exemplificada na 
charge a seguir:
FIGURA 14 – REPARAÇÃO DE REDES SUBTERRÂNEAS
FONTE: Mascaró (1994)
A rede elétrica pode ser aérea ou subterrânea, sendo esta última solução 
a mais cara, de melhor efeito visual e de menos interferência com a arborização 
urbana. Mesmo nas urbanizações mais precárias, é a primeira rede de infraestrutura 
a ser implantada, já que não depende de movimentação de terras.
A rede de energia elétrica é composta de geração, transmissão (linhas 
em cobre ou alumínio), rebaixamento, distribuição, estações transformadoras e 
distribuição secundária.
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
72
5 SISTEMA DE COMUNICAÇÕES
É constituído pela rede de telefonia e pela rede de televisão por cabo. 
A telefonia celular e a comunicação por satélites complementam o sistema de 
comunicações, sem, contudo, necessitar de redes físicas. Com a informática, a 
rede de telefonia assumiu importância estratégica para o desenvolvimento 
econômico. A explosão do consumo levou a praticamente todos os lares a 
comunicação telefônica e digital, embora existam áreas de sombreamento ou de 
subatendimento, devido ao excesso de linhas, prejudicando a população. 
Embora estes sejam os principais sistemas utilizados, o conceito de 
infraestrutura pode ser mais abrangente, englobando os sistemas necessários à 
sustentabilidade das cidades, como a área rural com sua produção, os recursos 
minerais utilizados na construção civil (areia, pedras, argila), o sistema hídrico, o 
sistema geológico, entre outros sistemas naturais.
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico você estudou que:
• O espaço urbano é constituído pela combinação de áreas edificadas e áreas livres. 
Dele fazem parte as redes de infraestrutura, divididas em vários subsistemas, 
conforme suas funções. 
• As redes de infraestrutura urbana são implantadas em nível aéreo e subterrâneo, 
em diferentes níveis e faixas. Até por uma questão de segurança e higiene, a 
rede de esgoto deve sempre ficar abaixo da rede d’água.
• A densidade urbana tem relação direta com a infraestrutura: não deve ser baixa 
demais, encarecendo os custos e inviabilizando econômica e financeiramente 
sua implantação e manutenção; nem alta demais, colapsando as redes que 
não irão suportar a demanda, de modo que os custos sejam absorvidos pela 
população beneficiada. 
• O sistema viário consiste no conjunto mais caro dos sistemas urbanos, sendo 
responsável por cerca de 75% dos custos de urbanização e por 25% do solo 
urbano. É o subsistema que mais dificuldade apresenta para aumentar sua 
capacidade. Deve ser projetado de forma a adaptar-se às curvas de nível, 
evitando movimentações de terra, facilitar o escoamento das águas das 
chuvas e do esgoto sanitário, de preferência por gravidade, prevendo ainda 
estacionamentos, faixas diferenciadas e pavimentação.
• A mobilidade urbana é crucial para o desempenho das atividades urbanas, 
como moradia, trabalho, estudo, lazer e compras, já que os aspectos sociais e 
econômicos são definidos pelo deslocamento de pessoas e mercadorias. 
• A hierarquia viária compõe-se de vias arteriais, principais, coletoras, locais e 
especiais.
• O sistema sanitário compõe-se dos subsistemas da rede de abastecimento de 
água potável, da rede de esgotos sanitários e da rede de drenagem pluvial. 
• O abastecimento de água é composto de captação (águas superficiais ou 
subterrâneas), adução, recalque (ou estação elevatória), tratamento (em estações 
de tratamento de água), reservatórios e rede de distribuição. 
• A rede de águas pluviais é composta de bocas-de-lobo, condutos de ligação, 
caixas de ligação, poços de visita e galerias. 
74
• O sistema energético utiliza-se de redes de energia elétrica, fornecida 
principalmente por hidrelétricas e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), e 
também redes de gás encanado. 
• A rede elétrica pode ser aérea ou subterrânea, sendo esta última solução mais 
cara, de melhor efeito visual e de menor interferência sobre a arborização 
urbana. 
• A rede de energia elétrica é composta de geração, transmissão (linhas em 
cobre ou alumínio), rebaixamento, distribuição, estações transformadoras e 
distribuição secundária.
• O sistema de comunicações é constituído pela rede de telefonia e pela rede de 
televisão por cabo. 
• A telefonia celular e a comunicação por satélites complementam o sistema de 
comunicações, sem, contudo, necessitar de redes físicas. Com a informática, 
a rede de telefonia assumiu importância estratégica para o desenvolvimento 
econômico. 
• O conceito de infraestrutura pode ser mais abrangente, englobando os sistemas 
necessários à sustentabilidade das cidades, como a área rural com sua produção, 
os recursos minerais utilizados na construção civil, o sistema hídrico e o sistema 
geológico, entre outros sistemas naturais.
75
AUTOATIVIDADE
Caro(a) acadêmico(a), para melhor fixar o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Quais são os principais sistemas infraestruturais existentes? 
2 De que trata o sistema viário?
3 Quais as funções do sistema viário?
4 De que forma a densidade urbana afeta a infraestrutura urbana?
5 Por que a mobilidade urbana é tão importante para as cidades?
76
77
TÓPICO 2
SUSTENTABILIDADE URBANA 
NAS CIDADES
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Qual é o verdadeiro caminho da evolução de nossas cidades? Qual 
das expressões, desenvolvimento ou crescimento, mais se aplica à análise 
desapaixonada do fato de que vivemos uma expansão urbana jamais vista nas 
últimas décadas? Pode-se falar em qualquer tipo de sustentabilidade possível 
(mesmo que entendida nos termos de atender às necessidades do presente, sem 
comprometer a capacidade das gerações futuras também atenderem as suas) ante 
a convivência diária com uma multidão de excluídos, cujo contingente de milhões 
de miseráveis e de desempregados, à guisa de sobrevivência, não se apercebem 
ou pouco podem, ou querem, se importar com a espessura da camada de ozônio, 
com a cor vermelha do rio, com a fuligem da indústria mais próxima ou com a 
qualidade do ar decorrente do “progresso” econômico, preocupados que estão 
apenas com o próximo almoço?
Ainda que, nos dizeres de Joan Martínez Alier (1998, p. 24-25), esta seja 
uma simples visão pós-materialista, típica da América do Norte, ou citando Lester 
Thurow, que, em sua obra A sociedade de soma zero, cita que “os indivíduos 
pobres simplesmente não se interessam pelo meio ambiente”.
Como conciliar o trinômio formado pelo crescimento econômico, pela 
justiça social e pela necessária prudência ecológica, estabelecendo metas seguras 
para o desenvolvimento sustentável? Muitas são as questões, algumas ainda 
sem as respostas. E é por isso que se torna importante pensar globalmente e 
agir localmente, no âmbito da esfera municipal. Entende-se que os governos 
municipais, no tocante às políticas públicas ambientais para a busca da 
sustentabilidade, têm um papel fundamental, quer por suas ações embasadas 
por suas propostas, quer, opostamente, pela sua “não ação” ou omissão. 
Mas que papel representarão as indústrias presentes nos territórios 
municipais? Será somente o da geração de empregos e de riquezas, que encara a 
natureza “tanto como receptora de resíduos como fonte de materiais e energia” 
(MERICO,1996, p. 19), ou ainda poder-se-á acreditar que é a riqueza que tem 
a ver com a melhoria da qualidade de vida da população e que podemos nos 
expandir despreocupados com a poluição, podendo promover a industrialização 
dos municípios, incentivando as empresas locais e atraindo novas empresas, que 
vêm de fora? Apenas para fazer uma reflexão, que se utilizem as palavras de Oscar 
Motomura, em entrevista em maio de 1999, há mais de 10 anos, portanto,para a 
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
78
Revista Empreendedor, Negócios e Gestão Empresarial, questionando se ainda 
fazia “sentido importarmos indústrias poluidoras, em setores obsolescentes, ao 
invés de apostarmos em setores de futuro, como os da Era do Conhecimento, 
Ecologia, Entretenimento e Lazer?” (MOTOMURA, 1999, p. 2). 
Qual é a alternativa? Será guiada pelo caminho da expansão de parques 
tecnológicos? Ou por formas menos impactantes de produzir e de localizar estas 
novas indústrias? 
O comprometimento com a sustentabilidade pressupõe a superação 
de teses nada animadoras (por exemplo, como o clássico estudo “Limites do 
crescimento” (1970) elaborado pelo Clube de Roma ou dos recentes fracassos 
da Rio+20) sobre a possibilidade de conciliar desenvolvimento econômico com 
proteção ao meio ambiente, apoiando-se na conjugação possível entre o tripé 
crescimento econômico, justiça social e prudência ecológica necessários. O assunto 
vem ganhando espaço crescente nas agendas políticas municipais, estaduais, 
nacional e internacional, com a discussão e construção de diversas Agendas 21, o 
que tem promovido um intenso debate sobre a melhor escolha relativa às políticas 
ambientais a serem adotadas e, consequentemente, de quais serão os melhores 
instrumentos de política ambiental a serem aplicados. Obviamente na contramão 
da onda de desregulamentação e desestatização mundiais, a área ambiental não 
pode prescindir de ferramentas que, em contraste com esta tendência globalizante, 
ajudem a regulamentar as relações entre a atividade econômica e o meio ambiente 
(SOUZA, 2000; TAUK, 1995). 
Dos já conhecidos instrumentos de política ambiental com base em regulações 
diretas, isto é, das chamadas políticas baseadas no “comando e controle” - como 
os padrões ambientais, licenciamento de atividades poluidoras e do tradicional 
zoneamento –, chegamos até os instrumentos de controle econômico, como as 
taxas, os subsídios e criação de mercados, por exemplo. O emprego de técnicas e 
instrumentos advindos da ciência econômica, encarado por seu viés ecológico, fez 
com que a contribuição dos economistas de diversas escolas matizasse este debate 
por proposições ora de orientação neoclássica, ora institucionalista ou, ainda, de 
caráter evolucionista (neoschumpterianos) (ALMEIDA, 1998). 
Embora partissem de princípios teóricos completamente diferentes, as 
premissas de política ambiental acabam de vir ao encontro. As políticas ambientais 
vão de uma opção estrita pelo livre mercado até concepções mais integradas 
e pragmáticas de política ambiental. Este enfoque pragmático rompe com o 
dogmatismo de favorecer os instrumentos econômicos e admite uma combinação 
de instrumentos, fazendo um mix de políticas de “comando e controle” ou de 
regulação direta e por instrumentos econômicos, usados simultaneamente para 
enfrentar o mesmo problema, como, por exemplo, a adoção de incentivos fiscais e 
econômicos pelo poder público municipal, como principal chamariz para a atração 
de empresas. Cabe levar em consideração que essa praticidade não significa uma 
orientação de política completamente em aberto, pois, em princípio, as vantagens 
previstas dos instrumentos econômicos em face das desvantagens das regulações 
TÓPICO 2 | SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES
79
diretas devem confirmar a preferência pelos primeiros, mas isto só se define a 
partir da realização de análises custo-benefício, que devem apontar a melhor 
solução política. No dizer de Luciana Togueiro de Almeida (1998, p. 63), “pode-
se afirmar que ambas as alternativas de política ambiental implicam demandas 
de informações privadas relevantes pelos órgãos reguladores, o que deve ocorrer 
em maior ou menor extensão, a depender do caso”. 
A discussão das prováveis políticas de sustentabilidade a serem adotadas 
no que se refere aos instrumentos que devem ser empregados oscila entre um 
approach mais flexível, envolvendo negociações e acordos, até um enfoque 
mais incisivo, ditado por no rmas, padrões e prazos, passando por soluções 
intermediárias, tais como auditorias ambientais e até mesmo os “impostos 
ambientais”, embora o papel dos instrumentos econômicos possa ser visto com 
certa reserva. Um ponto a ser frisado é que a orientação do governo é crucial 
para que a trajetória tecnológica se estabeleça e que não parece prudente julgar 
que exista, a priori, uma política ambiental mais apropriada a ser escolhida 
e, sim, reconhecer que cada uma delas se concentra em diferentes recortes da 
problemática ambiental. O tema específico - instrumentos de comando e controle 
- figura como expoente na política ambiental com abordagem mais tradicional, 
dita neoclássica pelos economistas, enquanto que outras se voltam mais para as 
questões relativas ao método de abordagem ou pretendem explorar a importância 
da tecnologia na área ambiental (MARGULIS, 1996; MOTA, 1981). 
A escolha de instrumentos de política ambiental, conforme relato feito no 
livro de Luciana Togueiro de Almeida (1998), é enriquecida com a experiência 
internacional nesta área, revelando o predomínio da orientação “comando e 
controle”, da qual uma das ações mais utilizadas é o zoneamento, notadamente 
o zoneamento industrial, presente em diversos planos diretores. Há, porém, uma 
nítida tendência a uma maior difusão de instrumentos econômicos, na forma de 
tributação verde, na Europa, e de licenças de poluição negociáveis, nos EUA. 
Nestes tempos de incerteza, lembre-se do lema ambiental: “Pense 
globalmente e aja localmente”. Mas aja! Faça a sua parte!
2 EMPREENDIMENTOS URBANOS E A SUSTENTABILIDADE 
AMBIENTAL: A OBSERVÂNCIA DO CÓDIGO FLORESTAL
É importante observar que os projetos de expansão urbana das cidades 
devem atender a todos os requisitos referentes à legislação ambiental. Desse modo, 
é importante observar o respeito às áreas consideradas como de preservação 
permanente pela legislação federal, expressa no Novo Código Florestal – Lei nº 
12.651 (BRASIL, 2012), que está em fase de avaliação para sanção ou veto pela 
Presidência da República.
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
80
3 SUSTENTABILIDADE URBANA NA PRÁTICA: ARBORIZAÇÃO 
URBANA
A ocupação irregular das cidades gera ambientes cada vez mais 
desprovidos de áreas vegetadas, provocando alterações impactantes no meio 
ambiente urbano. A poluição e a ilha de calor são exemplos de impactos das ações 
humanas.
NOTA
Ilha de calor (ou ICU, ilha de calor urbana) é um fenômeno que se dá sobre 
regiões urbanas em altitudes relativamente maiores do que nas regiões fora da cidade, regiões 
rurais ou periféricas. Isto acontece geralmente devido às condições do vento e à umidade do 
ar que se direcionam ao centro urbano.
Já os impactos ambientais são descritos como:
qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do 
meio ambiente causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, 
afetam: I- a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II- as 
atividades sociais e econômicas; III- a biota; IV- as condições estéticas 
e sanitárias do meio ambiente; V- a qualidade dos recursos ambientais 
(CONAMA, 1986).
3.1 BENEFÍCIOS DA ARBORIZAÇÃO URBANA
Por arborização urbana compreende-se o conjunto de terras públicas e 
privadas recobertas por vegetação predominantemente arbórea que uma cidade 
apresenta. (MILANO, 1994). 
A arborização representa a persistência do elemento natural dentro da 
estrutura urbana. Constitui fator determinante da salubridade ambiental, tendo 
influência direta sobre o bem-estar do ser humano, em virtude dos múltiplos 
benefícios que proporciona ao meio, contribuindo com a estabilização climática, 
embelezamento, abrigo e alimento à fauna, sombra e lazer nas praças, parques 
e jardins, ruas e avenidas (MELLO FILHO, 1985), além de se constituir em 
fonte de marketing ambiental (DIAS, 2009).
TÓPICO 2 | SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES
81
Entretanto, arborizar uma cidade não significa apenas cultivarespécies 
vegetais aleatoriamente ou por simples modismos. O conhecimento das 
características e das condições do ambiente é um pré-requisito imprescindível 
ao sucesso da arborização. Também as condições do ambiente que se pretende 
arborizar devem ser bem conhecidas, uma vez que a multiplicidade de fatores 
relativos ao ambiente artificial humano torna complexa a tarefa de arborizar 
as cidades, exigindo para tanto bons conhecimentos técnicos. (BALENSIEFER; 
WIECHETECK, 1987).
FONTE: Adaptado de: <http://eduep.uepb.edu.br/biofar/n1v1/pdf_danos_causados_ao_
patrimonio_publico.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.
Consideram-se como benefícios ecológicos promovidos pela arborização 
urbana os seguintes (STEFFEN; FREITAS, 2002, p. 59): 
● estabilidade climática, por meio da diminuição da temperatura e do 
aumento da umidade do ar;
● melhoria das condições do solo urbano;
● melhoria do ciclo hidrológico;
● redução da poluição atmosférica, por meio da fotossíntese;
● melhoria das condições de conforto acústico e redução da intensidade 
da luz refletida;
● aumento da diversidade e quantidade da fauna nas cidades. 
Todos estes benefícios podem ser obtidos pela arborização urbana, 
apesar de as pessoas considerarem somente o fator estético. A percepção das 
árvores, devido ao seu estado fenológico de acordo com as estações do ano, e o 
contraste com o ambiente urbano de concreto, fazem com que as árvores sejam 
importantíssimas para o bem-estar físico e mental do homem, proporcionando 
sombras para veículos e pedestres, frutos que servem ou para consumo humano 
ou para pássaros e animais, diminuindo a temperatura, pois absorvem os raios 
solares, contribuindo para combater as ilhas de calor, formando uma barreira 
natural contra os ventos, auxiliando na preservação da fauna silvestre e 
minimizando os efeitos da poluição sonora, tão presente nos centros urbanos.
A necessidade de seleção das espécies mais indicadas para cada rua ou 
cidade vem do fato de que a presença das árvores nas vias públicas não seja 
inconveniente. Na escolha das espécies é importante dar preferência àquelas 
mais resistentes às pragas, evitando o uso de produtos fitossanitários, muitas 
vezes desaconselhados (SANTIAGO, 1977). Também se recomenda a utilização 
de espécies locais ou da região, já que as mesmas possuem uma adaptabilidade 
melhor ao ambiente, visto que no meio urbano estarão submetidas a condições 
diferentes de seu hábitat natural.
3.2 ESCOLHA DAS ESPÉCIES PARA ARBORIZAÇÃO URBANA
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
82
NOTA
Raízes pivotantes: uma raiz principal que penetra verticalmente no solo, e desta 
partem raízes laterais que se ramificam também.
Raízes fasciculadas: conjunto de raízes finas que partem de um único ponto da planta, todas 
têm mais ou menos um mesmo grau de desenvolvimento.
3.2.1 Árvores
No caso da utilização de árvores, pode-se optar por espécies com sistemas 
de persistência foliar durante o inverno, escolhendo entre as caducifólias (perdem 
suas folhas), semicaducifólias (perdem parte de suas folhas) e perenifólias 
(mantêm suas folhas).
QUADRO 2 – ESPÉCIES ARBÓREAS
Nome comum Nome científico Persistência Foliar
Angelim-bravo Lonchocarpus campestris Caducifólia
Angico-vermelho Parapiptadenia rigida Semicaducifólia
Aroeira-piriquita Schinus molle Perenifólia
Bartimão Cassia leptophylla Perenifólia
Camboatá-vermelho Cupania vernalis Perenifólia
Canafístula Peltophorum dubium Perenifólia
Canela-amarela Nectranda rigida Caducifólia
Canela-do-brejo Machaerium stipitatum Perenifólia
Para estacionamentos devem ser utilizadas espécies que produzam 
bastante sombra, evitando-se árvores que produzam grandes frutos, pois os 
mesmos podem cair sobre os veículos ou até mesmo sobre os pedestres, devido 
a galhos frágeis à ação do vento, ou até mesmo por flores e frutos que podem ser 
tóxicos ou manchar a pintura dos automóveis. Deve ser priorizado o plantio de 
espécies que possuem raízes não superficiais, do tipo pivotantes ou fasciculadas. 
Conforme a RGE - Rio Grande Energia S/A (2000, p. 11), quando se tem por 
objetivo arborizar locais de estacionamento de veículos, “devem-se utilizar 
espécies que proporcionem sombra, mas que não tenham frutos grandes, que 
possam causar danos aos veículos, folhas caducas de grande tamanho e outras 
características que dificultem o trânsito dos veículos”. Do mesmo modo, também 
devem ser evitadas de uma forma geral, para calçadas, jardins e praças, espécies 
que possuam espinhos ou que produzam alguma substância tóxica, tanto para 
humanos quanto para animais.
TÓPICO 2 | SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES
83
FONTE: RGE (2011)
3.2.2 Arbustos
Se o espaço físico disponível for restrito, pode-se optar pela utilização 
de arbustos ao invés de árvores, fazendo uso de espécies de pequeno ou médio 
porte, que ajudam na redução de ruídos. 
Canela-ferrugem Nectranda rigida Caducifólia
Capororoca Rapanea umbellata Perenifólia
Carne-de-vaca Styrax leprosus Perenifólia
Carvalho-brasileiro Roupala brasiliensis Caducifólia
Catiguá Trichilia clausenii Perenifólia
Cedro Cedrella fissis Caducifólia
Corticeira-da-serra Erytrhrina falcata Caducifólia
Grápia Apuleia leiocarpa Caducifólia
Guajuvira Pataonula americana Caducifólia
Ingá-macaco Inga sessilis Perenifólia
Ingazeiro Lonchocarpus sericeus Perenifólia
Marmeleiro-do-mato Ruprechtia laxiflora Caducifólia
Pau-ferro Caesalpinia ferrea Caducifólia
Quaresmeira Tibouchina granulosa Perenifólia
Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides Perenifólia
Timbó Ateleia glazioveana Perenifólia
QUADRO 3 – ESPÉCIES ARBUSTIVAS
Nome comum Nome científico
Ardísia ou Café de jardim Ardisia crenata Sims
Azaleia Rhododendron simsii
Bico-de-papagaio Euphorbia pulcherrima Willd
Bruxinho Buxus sempervirens
Dracena Cordyline terminalis
Leia Vermelha Leea rubra blume
Pingo-de-ouro Duranta repens aurea
Tibuchina ou Quaresmeira Tiboucnina urvilliana
FONTE: Faz Fácil (2011)
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
84
3.3 FORMA DE PLANTIO E MANUTENÇÃO
Observe que deve ser seguida a sequência correta antes de qualquer 
plantio ser realizado. A planta pode ser encontrada antes do plantio na forma de 
raiz nua, saco de aniagem ou vaso. Geralmente no início da primavera, utiliza-
se o método de raiz nua, na época em que a planta estiver dormente. As plantas 
em saco de aniagem devem ser plantadas o quanto antes, logo após sua compra. 
Já plantas em vaso podem aguardar um pouco mais, sendo que já estão em um 
ambiente estabilizado, tomando o cuidado de regar adequadamente até que 
sejam plantadas. 
FIGURA 15 – FORMAS DE MUDAS
FONTE: UOL (2012)
3.3.1 O preparo das covas
No preparo das covas para receber as mudas, pode-se seguir as 
recomendações encontradas no Manual de Vegetação Rodoviária do DNIT - 
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (2012), com as covas 
devendo ter:
no mínimo, 0,30 m de diâmetro por 0,40 m de profundidade, cuja 
escavação pode ser mecanizada para maior eficiência ou manual com 
cavadeira; para o plantio em linha, uma alternativa é a abertura de um 
sulco contínuo nas dimensões acima. A adubação deve ser efetuada 
duas semanas antes do plantio, a qual deve ser incorporada ao solo 
do fundo da cova, entretanto, como não se dispõe de dados confiáveis 
sobre as necessidades nutricionais das plantas nativas, recomenda-se 
adotar uma adubação padrão, com a incorporação de matéria orgânica 
no volume de 1/3 da cova.
Outro exemplo de tamanho de covas encontra-se na figura a seguir:
TÓPICO 2 | SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES
85
FIGURA 16 – PREPARO DE COVAS E ESQUEMA DE PLANTIO
FONTE: Meio ambiente Santa Rosa (2012)
A utilização de matéria orgânica é muito importante para o plantio de 
mudas, ainda que em alguns aspectos a adubação química seja mais eficiente. 
Almeida (2006) cita as vantagens da adubação orgânica, como a melhoria 
na retenção e infiltração da água, melhor aeração e descompactação do solo, 
atenuação do escoamento superficial, favorecimento da atividade microbiana e 
aumentona absorção de nutrientes.
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
86
3.3.2 Manutenção e poda
Após o plantio, deve ser dedicado todo um cuidado com a manutenção 
da vegetação que foi plantada no local, que irá competir com ervas daninhas, 
formigas e outros insetos, ocorrência de animais domésticos no local, entre outras 
situações de risco. 
QUADRO 4 – PROBLEMAS DE MANUTENÇÃO
Problema apresentado Soluções Viáveis
Mortalidade de mudas plantadas. Replantio de mudas.
Presença de vegetação competidora. Capina mecânica ou química.
Seca pronunciada. Irrigação de mudas (manhã e final da tarde).
Presença de plantas competidoras nas 
covas. Coroamento ao redor das mudas.
Entrada e presença de animais 
domésticos. Revisão do cercamento da área.
Mudas plantadas apresentando 
problemas nutricionais.
Aplicação de cobertura nas covas das 
mudas plantadas.
FONTE: Almeida (2006)
Geralmente, uma única fertilização anual é suficiente, surtindo melhor 
efeito durante a primavera e no início do verão, já que há a necessidade de 
fortalecer as plantas nesta época do ano, para que passem bem pelo inverno.
A poda por si só já é traumática para a planta, existindo vários tipos de 
podas, cada uma indicada para um tipo específico de situação. Entre as principais 
podemos citar as podas:
• de formação, que é indicada para eliminar ramos mortos, danificados, doentes 
ou com pragas;
• de limpeza, que é indicada para remover partes da árvore que colocam em risco 
a segurança das pessoas;
• de emergência, que é indicada para remover partes da árvore que causam ou 
possam causar danos às edificações ou aos equipamentos urbanos em geral;
• drásticas, que são aquelas que removem totalmente a copa ou os ramos principais. 
Devem ser evitadas, sendo permitidas apenas em situações emergenciais.
TÓPICO 2 | SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES
87
3.4 ELEMENTOS COMPLEMENTARES DA ARBORIZAÇÃO 
URBANA
Além de uma vegetação adequada, existem outros elementos que devem 
ser levados em consideração na hora de um projeto de arborização urbana:
a) Terra: deve-se preservar a cobertura do solo caso se faça movimentação de 
terra, sendo mais rica em matéria orgânica. A análise do solo deve preceder 
o plantio. A textura e a cor da terra podem ser indicadores da sua qualidade, 
relacionando-as à sua fertilidade e às condições necessárias ao plantio.
b) Água: o ideal é agregar ao projeto a captação das águas provenientes da 
drenagem das chuvas para uso nas regas, e em elementos estéticos, como 
um espelho d’água, pois proporciona conforto aos usuários e aumenta a 
umidade no local.
c) Equipamentos: as escolhas de equipamentos como captadores de água 
pluvial e de drenagem devem obedecer a normas específicas e contemplar 
a sustentabilidade.
d) Mobiliário urbano: da mesma forma que a vegetação, contribui para a 
estruturação e organização do espaço, combinando a arborização com 
bancos, postes de iluminação, protetores de árvores, pisos etc. Estes devem 
ser resistentes e exigir pouca manutenção. A área pavimentada deve ser 
minimizada, deixando o máximo de solo permeável, sempre que possível. 
Deve-se privilegiar o uso de elementos drenantes, como pedriscos ou pisos 
articulados. A iluminação tem a finalidade de aumentar a segurança e 
criar condições para a melhor utilização do espaço externo pelo usuário, 
prevenindo atos de vandalismo contra as pessoas e a arborização.
e) Detalhes construtivos: são as escadas, rampas, passeios, pisos, pérgolas, 
canaletas e bueiros, cujas soluções para desníveis deverão ser feitas com 
a construção de rampas, de acordo com a norma NB9050, que garante a 
acessibilidade a pessoas portadoras de deficiência física.
FONTE: Adaptado de: <http://www.cdhu.sp.gov.br/download/manuais-e-cadernos/manual-de-
paisagismo.pdf>. Acesso em: 20 set. 2012.
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
88
O QUE PODE LEVAR A UMA CIDADE SUSTENTÁVEL?
 Washington Novaes
 
Pois não é que, enquanto o eleitor se pergunta, aflito, em quem votar para 
resolver os dramáticos problemas das nossas insustentáveis grandes cidades, 
um pequeno país de 450 mil habitantes – a África Equatorial – anuncia (Estado, 
10/6) que até 2025 terá construído uma nova capital “inteiramente sustentável” 
de 40 mil casas para 140 mil habitantes, toda ela só com “energias renováveis”, 
principalmente a fotovoltaica? Mas como afastar as dúvidas do eleitor brasileiro 
que pergunta por que se vai eliminar uma “florestal equatorial” – tão útil nestes 
tempos de problemas climáticos – e substituí-la por áreas urbanas?
Bem ou mal, o tema das “cidades sustentáveis” entra na nossa pauta. Com 
Pernambuco, por exemplo, planejando todo um bairro exemplar em matéria de 
água, esgotos, lixo, energia, telecomunicações, em torno do estádio onde haverá 
jogos da Copa de 2014, inspirado em Yokohama (Valor, 24/6), conhecida como 
“a primeira cidade inteligente do Japão”. E até já se noticia que o Brasil ocupa 
o quarto lugar no ranking de “construções sustentáveis” no mundo, depois de 
Estados Unidos, China e Emirados Árabes – já temos 52 certificadas e 474 “em 
busca do selo”, por gastarem 30% menos de energia, 50% menos de água (com 
reutilização), reduzirem e reciclarem resíduos, além de só utilizarem madeira 
certificada e empregarem aquecedores solares.
“As cidades também morrem”, afirma o professor da USP João Sette 
Whitaker Ferreira (Eco 21, junho de 2012), ressaltando que, enquanto há 50 anos 
se alardeava que “São Paulo não pode parar”, hoje se afirma que a cidade “não 
pode morrer” – mas tudo se faz para a “morte anunciada”, ao mesmo tempo 
em que o modelo se reproduz pelo país todo. Abrem-se na capital paulista mais 
pistas para 800 novos automóveis por dia, quem depende de coletivos gasta 
quatro horas diárias nos deslocamentos, os bairros desfiguram-se, shoppings e 
condomínios fechados avançam nos poucos espaços ainda disponíveis, 4 milhões 
de pessoas moram em favelas na região metropolitana.
Não é um problema só brasileiro. Em 1800, 3% da população mundial 
vivia em cidades, hoje estamos perto de 500 cidades com mais de 1 milhão de 
pessoas cada uma, quase 1 bilhão vive em favelas. Aqui, com perto de 85% da 
população em áreas urbanas, 50,5 milhões, segundo o IBGE, vivem em moradias 
sem árvores no entorno, seis em dez residências estão em quarteirões sem bueiros, 
esgotos correm na porta das casas de 18,6 milhões de pessoas. Quase metade do 
solo da cidade de São Paulo está impermeabilizada, as variações de temperatura 
entre uma região e outra da cidade podem ser superiores a 10 graus.
Estamos muito atrasados. Na Europa, 186 cidades proibiram o trânsito ou 
criaram áreas de restrição a veículos com alto teor de emissão, com destaque para a 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 2 | SUSTENTABILIDADE URBANA NAS CIDADES
89
Alemanha. Ali, em um ano, o nível de poluição do ar baixou 12%. Londres, Estocolmo, 
Roma, Amsterdam seguem no mesmo rumo, criando limite de 50 microgramas de 
material particulado por metro cúbico de ar, obedecendo à proposta da Organização 
Mundial de Saúde. No Brasil o limite é três vezes maior.
E há novos problemas claros ou no horizonte, contra os quais já tomaram 
posição cidades como Pyongyang, que não permite a ocupação de espaços públicos 
urbanos por cartazes, grafites, propaganda na fachada de lojas, anúncios em néon 
(New Scientist, 19/5). É uma nova e imensa ameaça nos grandes centros urbanos, 
atopetados por informações gráficas e digitais projetadas. Quem as deterá? Com 
que armas, se as maiores fabricantes de equipamentos digitais lançam a cada dia 
novos geradores de “realidade ampliada”, a partir de fotos, vídeos e teatralizações 
projetados? O próprio interior das casas começa a ser tomado por telas gigantescas.
Um bom ponto de partida para discussões sobre as áreas urbanas 
e seus problemas pode ser o recém-editado livro “Cidades Sustentáveis, 
Cidades Inteligentes” (Bookman, 2012), em que o professor Carlos Leite (USP, 
Universidade Presbiteriana Mackenzie) e a professora Juliana Marques Awad 
argumentamque “a cidade sustentável é possível”, pode ser reinventada. Mas 
seria “ingênuo pensar que as inovações tecnológicas do século 21 propiciarão 
maior inclusão social e cidades mais democráticas, por si sós”. As cidades – que 
se tornaram “a maior pauta do planeta” – “terão de se reinventar”, porque já 
respondem por dois terços do consumo de energia e 75% da geração de resíduos e 
contribuem decisivamente para o processo de esgotamento de recursos hídricos, 
com um consumo médio insustentável de 200 litros diários por habitante. 
“Cidades sustentáveis são cidades compactas”, dizem os autores, que estudam 
vários casos, entre eles os de Montreal, Barcelona e São Francisco. E propõem 
vários caminhos, com intervenções que conduzam à regulação das cidades e à 
reestruturação produtiva, capazes de levar à sustentabilidade urbana.
Mas cabe repetir o que têm dito vários pensadores: é preciso mudar o olhar; 
nossas políticas urbanas se tornaram muito “grandes”, distantes dos problemas do 
cotidiano do cidadão comum; ao mesmo tempo, muito circunscritas, são incapazes 
de formular macropolíticas coordenadas que enfrentem os megaproblemas. No 
caso paulistano, por exemplo, é preciso ter uma política ampla e coordenadora das 
questões que abranjam toda a região metropolitana; mas é preciso descentralizar 
a execução e colocá-la sob a guarda das comunidades regionais/locais. Não 
custa lembrar que há alguns anos um grupo de professores da Universidade de 
São Paulo preparou um plano para a capital paulista que previa a formação de 
conselhos regionais e subprefeituras, com a participação e decisão de conselhos 
da comunidade até sobre o orçamento; mas as discussões na Câmara Municipal 
levaram a esquecer o macroplano e ficar só com a criação de novos cargos.
Por aí não se vai a lugar nenhum – a não ser a problemas mais dramáticos.
FONTE: NOVAES, Washington. O que pode levar a uma cidade sustentável? Disponível em: 
<http://www.ecodebate.com.br/2012/07/30/o-que-pode-levar-a-uma-cidade-sustentavel-artigo-
de-washington-novaes/>. Acesso em: 12 set. 2012
90
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico você estudou que:
• O caminho da evolução de nossas cidades parte do princípio de que devemos 
pensar globalmente e agir localmente.
• As políticas públicas ambientais, no tocante à busca da sustentabilidade, têm 
um papel fundamental, por suas ações embasadas por suas propostas, ou, 
opostamente, pela inação ou omissão dos governos municipais. 
• O comprometimento com a sustentabilidade pressupõe a conjugação possível 
entre o tripé crescimento econômico, justiça social e prudência ecológica. 
• São necessárias ferramentas que regulamentem as relações entre a atividade 
econômica e o meio ambiente, como as políticas baseadas no “comando 
e controle”, como os padrões ambientais, o licenciamento de atividades 
poluidoras e o zoneamento, somados aos instrumentos de controle econômico, 
como as taxas, os subsídios e criação de mercados.
• Novos empreendimentos urbanos devem atender a todos os requisitos 
referentes à legislação ambiental, observando o respeito às áreas consideradas 
como de preservação permanente pela legislação federal, expressa no Código 
Florestal.
• A ocupação irregular das cidades e os ambientes cada vez mais desprovidos de 
áreas vegetadas têm contribuído para o aumento da poluição e a formação de 
ilhas de calor.
• A arborização urbana é o conjunto de terras públicas e privadas recobertas por 
vegetação predominantemente arbórea que uma cidade apresenta.
• Os benefícios ecológicos promovidos pela arborização urbana são: estabilidade 
climática, por meio da diminuição da temperatura e do aumento da umidade 
do ar; melhoria das condições do solo urbano; melhoria do ciclo hidrológico; 
redução da poluição atmosférica, por meio da fotossíntese; melhoria das 
condições de conforto acústico e redução da intensidade da luz refletida e 
aumento da diversidade e quantidade da fauna nas cidades. 
• Na escolha das espécies para arborização urbana deve-se dar preferência 
àquelas mais resistentes às pragas, que sejam espécies locais ou da região, que 
produzam bastante sombra e com raízes não superficiais, utilizando árvores 
ou arbustos, conforme o espaço.
91
• É importante a sequência correta antes de qualquer plantio ser realizado, com 
a planta sendo encontrada antes do plantio, na forma de raiz nua, saco de 
aniagem ou vaso. 
• No preparo das covas para receber as mudas, a utilização de matéria orgânica 
é muito importante, proporcionando: melhoria na retenção e infiltração da 
água, melhor aeração e descompactação do solo, atenuação do escoamento 
superficial, favorecimento da atividade microbiana e aumento na absorção de 
nutrientes.
• O cuidado com a manutenção da vegetação pressupõe preocupação com as 
ervas daninhas, formigas e outros insetos, ocorrência de animais domésticos no 
local, e a fertilização anual. 
• A poda por si só já é traumática para a planta, existindo vários tipos de podas: 
de formação, de limpeza, de emergência ou drásticas.
• Além de uma vegetação adequada, outros elementos devem ser levados em 
consideração na hora de um projeto de arborização urbana: a terra, a água, 
os equipamentos, o mobiliário urbano e detalhes construtivos, como escadas, 
rampas, passeios, pisos e pérgolas.
92
Caro(a) acadêmico(a), para melhor fixar o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 Você considera sua cidade sustentável? Ela possui legislação ambiental? É 
aplicada?
2 Quais os principais benefícios da arborização urbana?
3 Espécies com que tipo de raízes devem ser priorizadas na arborização urbana?
4 Que tipo de espécies para arborização urbana devemos empregar, supondo 
ainda que queiramos bastante sol no inverno? Gostaríamos de empregar 
árvores que perdem todas as folhas com o intuito de obter bastante sol. Que 
espécies são estas? Cite dois exemplos.
AUTOATIVIDADE
93
TÓPICO 3
ESTATUTO DA CIDADE
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
O Estatuto da Cidade, criado pela Lei n° 10.257 (BRASIL, 2001), regulamentou 
os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelecendo diretrizes gerais de 
política urbana. Entrou em vigor a 9 de outubro daquele ano, visando melhorar a 
qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, através de uma adequada realização e 
preservação da função social da cidade e da propriedade urbana.
A regulamentação do artigo 182 estabelece que a política de 
desenvolvimento urbano, executada pelo poder público municipal, 
conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno 
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus 
habitantes, definindo que o instrumento básico desta política é o Plano Diretor.
Já o artigo 183, por sua vez, estabelece que todo cidadão que possuir, como 
sua, área urbana de até 250 metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente 
e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirirá 
o seu domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural. Este artigo abriu a possibilidade de regularização de extensas áreas de 
nossas cidades ocupadas por favelas, vilas, alagados ou invasões, bem como 
loteamentos clandestinos espalhados pelas periferias urbanas, transpondo estas 
formas de moradia para a cidade denominada formal. 
FONTE: Adaptado de: <http://www.fec.unicamp.br/~labinur/Estatuto_comp.html>. Acesso em: 
20 set. 2012.
O material desenvolvido neste tópico aborda, de maneira um tanto 
resumida, uma visão geral do Estatuto da Cidade a partir de textos de diversos 
juristas, urbanistas e planejadores urbanos (AZEVEDO, 2001; CONSÓRCIO 
PARCERIA 21, 2000; CRETELLA JÚNIOR, 2002; DE AMBROSIS, 1999; DI 
PIETRO, 2000; FERNANDES, 2001; FERNANDES, 2000; FIORILLO, 2002; 
FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO/LINCOLN INSTITUTE OF LAND POLICY, 
2001; GASPARINI, 2002; GRAZIA, 2001; MACHADO, 1998; MACRUZ, 2002; 
MARICATO, 2000; MEDAUAR, 1999; MEIRELLES, 1994; MELLO, 1993; MUKAI, 
1998; MUKAI,2001; OLIVEIRA, 1991; QUADROS, 2002; ROLNIK, 2001; SILVA, 
1998; VILLA, 2001; entre outros). 
Caso você precise aprofundar alguns dos temas, consulte as referências 
sugeridas.
94
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
2 AS DIRETRIZES CONTIDAS NO ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto da Cidade, ao regulamentar as exigências constitucionais, 
fixou importantes diretrizes básicas, em seu art. 2°. Foram listados 16 incisos 
onde são enunciadas diretrizes gerais através das quais será operacionalizada 
a política urbana. São normas de ordenamento do espaço público, visando ao 
interesse social e à regulação do uso da propriedade urbana em atenção ao bem-
estar coletivo. 
De acordo com tais diretrizes (BRASIL, 2001), visa-se:
 - a garantia do direito a uma cidade sustentável, entendida como aquela que 
garanta os direitos à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à 
infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao 
lazer;
- a gestão democrática da política urbana, possibilitando a participação popular 
e de associações representativas dos diversos segmentos da comunidade na 
formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de 
desenvolvimento urbano;
- a cooperação entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da 
sociedade, de sorte a atender ao interesse social;
- o planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da 
população e das atividades econômicas do município, visando evitar e corrigir 
as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio 
ambiente; 
- a oferta de equipamentos urbanos e comunitários, transportes e serviços 
públicos adequados aos interesses e necessidades da população e às 
características locais;
- a ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: 
a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; 
b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; 
c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivo ou inadequado em 
relação à infraestrutura urbana; 
d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como 
polos geradores de tráfego, sem previsão de infraestrutura correspondente; 
e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na subutilização ou 
não utilização; 
f) a deterioração das áreas urbanas arborizadas; 
g) a poluição e a degradação ambiental.
- a integração entre as atividades urbanas e rurais, visando a um desenvolvimento 
socioeconômico complementar dos municípios e suprimindo a dicotomia entre 
campo e cidade;
- a adoção de padrões de produção e consumo sustentáveis, compatíveis com os 
limites da sustentabilidade municipal;
- a justa distribuição dos ônus e bônus decorrentes do processo de urbanização;
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
95
 - a adequação dos instrumentos de política econômica, tributária e financeira 
e dos gastos públicos aos objetivos do desenvolvimento urbano, de modo a 
privilegiar os investimentos geradores de bem-estar geral e a distribuição e 
utilização dos bens pelos inúmeros segmentos da sociedade;
- a recuperação dos investimentos do poder público na valorização de imóveis 
urbanos, com recuperação de parte da valorização imobiliária gerada pelos 
investimentos públicos em infraestrutura social e física, realizados com 
a utilização dos impostos recolhidos e que vinham sendo apropriados, 
privadamente, por parcela privilegiada da população;
- a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente, natural e construído, 
do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico, 
garantindo a convivência entre o homem e o meio onde vive, bem como para a 
manutenção de nossa história urbana, seja ela local, regional ou nacional;
- a realização de audiências públicas, dando publicidade da política urbana e a 
plena participação comunitária na escolha e definição dos empreendimentos 
ou atividades que não terão efeitos potencialmente negativos sobre o meio 
ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;
- a regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população 
de baixa renda, devendo o poder público municipal se responsabilizar pelo 
estabelecimento de normas especiais de urbanização, de uso e ocupação do 
solo e de edificação, consideradas a situação socioeconômica da população 
atendida, fixando para estas áreas as normas ambientais pertinentes. Atende à 
população que adquiriu o terreno onde se encontra e, mesmo assim, continua 
sendo percebida como ocupante “ilegal” da área;
- a simplificação da legislação urbanística de parcelamento, de uso e ocupação 
do solo, de modo a facilitar o enquadramento das construções, realizadas pela 
própria população, às normas estabelecidas para as edificações, com o objetivo 
de possibilitar a redução de custos nos processos construtivos adotados e o 
aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais;
- a isonomia de condições para os agentes públicos e privados na promoção de 
empreendimentos e atividades relativos ao processo de urbanização, atendido 
o interesse social.
Compreende-se, pelo conjunto de diretrizes gerais adotadas pelo 
Estatuto da Cidade, que o imóvel urbano ganha nova conotação, que não seja 
aquela meramente de fins de incidência tributária, passando a se destinar para 
a moradia dos cidadãos e à dignidade humana dentro do que seja aceitável no 
sistema capitalista vigente. Enfim, as parcerias entre o poder público municipal, 
a iniciativa privada e a população de um modo geral é que podem fazer com que 
as políticas urbanas contidas no Estatuto ganhem vida e saiam do papel.
96
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
3 OS INSTRUMENTOS DE POLÍTICA URBANA CONTIDOS NO 
ESTATUTO DA CIDADE
O Estatuto prevê instrumentos, jurídicos e políticos, postos à disposição 
das municipalidades, a fim de dar plena efetivação à mesma. Tais instrumentos 
são todos os meios capazes de, isolada ou conjuntamente, dar conta da plena 
execução da política urbana.
Os instrumentos podem ser jurídicos ou políticos e estão contidos no 
artigo 4o da Lei do Estatuto da Cidade. Nos incisos I e II do art. 4º observam-
se instrumentos de cunho político mais amplo, tais como os planos nacionais, 
regionais e estaduais de ordenação territorial e de desenvolvimento econômico 
e social das regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e de microrregiões. 
O planejamento municipal está contido no inciso III, apontando os 
instrumentos mais importantes de toda e qualquer política urbana: o plano 
diretor; a disciplina do parcelamento, do uso e ocupação do solo; o zoneamento 
ambiental; o plano plurianual; as diretrizes orçamentárias e o orçamento anual; 
a gestão orçamentária participativa; os planos, programas e projetos setoriais e o 
plano de desenvolvimento econômico e social.
Os institutos tributários estão no inciso IV, sendo o IPTU (Imposto 
sobre a propriedade predial e territorial urbana); a contribuição de melhoria e os 
incentivos e benefícios fiscais e financeiros.
Com relação aos instrumentos jurídicos, estes se encontram no inciso 
V: a desapropriação; a servidão administrativa; as limitações administrativas; o 
tombamento de imóveis ou de mobiliário urbano; a instituição de unidade de 
conservação; a instituição de zonas especiais de interesse social; a concessão 
de direito real de uso; a concessão de uso especial para fins de moradia; o 
parcelamento, edificação ou utilização compulsórios; o usucapião especial de 
imóvel urbano; o direito de superfície; o direito de preempção; a outorga onerosa 
do direito de construir e de alteração de uso; a transferência do direito de construir; 
as operações urbanas consorciadas; a regularização fundiária; a assistência técnica 
e jurídica gratuita para as comunidades e grupos sociais menos favorecidos; o 
referendo e o plebiscito.
Finalmente, o inciso VI trata do Estudo Prévio de Impacto Ambiental 
(EIA) e do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV), instrumentos de 
tutela do meio ambiente artificial, sendo esteúltimo instrumento uma inovação 
trazida pelo Estatuto. A exigência do EIV não dispensa a prévia apresentação de 
Estudo de Impacto Ambiental (EIA), nem do Relatório de Impacto Ambiental 
(RIMA), quando exigidos pela legislação ambiental. Também não dispensa outras 
exigências legais, a exemplo dos Alvarás de construção e dos Habite-se.
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
97
Outra importante novidade introduzida, não com o caráter de ineditismo, 
pois a Lei de Responsabilidade Fiscal já o previa, é a questão do orçamento 
participativo. Assim, a gestão democrática da cidade está presente nos arts. 
43 a 45 do Estatuto da Cidade, prevendo a criação de órgãos colegiados de 
política urbana, nas três esferas federativas; a realização de debates, audiências 
e consultas públicas; a promoção de conferências sobre assuntos de interesse 
urbano; e a iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos 
de desenvolvimento urbano.
4 O CONTROLE DO SOLO URBANO E O ESTATUTO DA 
CIDADE
Dos instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, vários guardam 
semelhança com instrumentos adotados e experimentados internacionalmente no 
controle do uso do solo urbano. A maioria deles é conhecida, porém sua utilização 
é de cunho restrito. Vários motivos explicam sua não adoção, principalmente 
motivos culturais, históricos, jurídicos e, principalmente, aqueles decorrentes 
dos interesses políticos em jogo. Como cada município tem suas peculiaridades, 
justificam-se as experiências com as composições e adaptações necessárias, 
adequadas a cada um dos lugares.
O Estatuto da Cidade dedica grande parte de seu conteúdo aos instrumentos 
para a promoção da política urbana, em especial na esfera municipal. Classificam-
se, de acordo com sua natureza, em tributários, financeiros, econômicos jurídicos, 
administrativos e políticos. Dos instrumentos previstos, serão abordados aqueles 
mencionados nos artigos 182 e 183 da Constituição Federal: parcelamento, 
edificação ou utilização compulsórios; imposto predial e territorial urbano 
progressivo no tempo; desapropriação com pagamento em títulos da dívida; e 
usucapião especial de imóvel urbano. 
Contudo, há outros instrumentos interessantes, como o direito de 
superfície; o direito de preempção (de preferência); a outorga onerosa do 
direito de construir e de alteração de uso; as operações urbanas consorciadas; 
a transferência do direito de construir; e o estudo de impacto de vizinhança. 
Vejamos alguns deles a seguir:
98
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
4.1 IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO
PROGRESSIVO NO TEMPO
A ideia central desse instrumento é onerar com um tributo de valor 
crescente, ano a ano, os proprietários de terrenos cuja ociosidade ou mal 
aproveitamento acarrete prejuízo à população. É aplicado aos proprietários 
que não atenderam à notificação para parcelamento, edificação ou utilização 
compulsórios. 
Seu objetivo é estimular a utilização socialmente justa e adequada 
desses imóveis ou promover sua venda. Neste caso, os novos proprietários se 
responsabilizarão pela adequação pretendida. 
O IPTU progressivo no tempo está na sequência das sanções previstas 
pelo art. 182 da Constituição Federal, que se vincula ao não cumprimento do 
parcelamento, edificação ou utilização compulsórios. A aplicação do imposto 
predial e territorial progressivo no tempo ocorrerá, segundo o Estatuto, mediante 
elevação da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos, tendo como limite 
máximo 15% do valor venal do imóvel. A efetividade do IPTU progressivo no 
tempo ocorrerá nos municípios que possuam um adequado sistema de cobrança, 
fazendo-se necessária, também, a permanente organização e atualização do 
cadastro imobiliário.
O imposto progressivo no tempo requer preparo cuidadoso por parte do 
poder público municipal, cabendo avaliar se a cidade tem problemas decorrentes 
da ocupação excessivamente dispersa, e se o governo municipal está preparado 
para adotar um instrumento novo e sofisticado de gestão.
4.2 DESAPROPRIAÇÃO COM PAGAMENTO EM TÍTULOS 
DA DÍVIDA PÚBLICA
O poder público municipal poderá proceder à desapropriação do imóvel, 
com pagamento em títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada 
pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, 
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais, caso 
tenham decorrido cinco anos de cobrança do IPTU progressivo no tempo, sem 
que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou 
sua utilização.
As áreas objeto de desapropriação poderão servir para a promoção 
de transformações urbanas na cidade, como, por exemplo, a implantação de 
unidades habitacionais, espaços públicos para atividades culturais, de lazer e de 
preservação do meio ambiente; bem como a destinação de áreas para atividades 
econômicas voltadas à geração de renda e emprego para população pobre.
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
99
O poder público municipal poderá dar ao terreno ocioso a destinação 
socialmente mais adequada, e somente se dará no caso de ineficácia das 
penalidades anteriormente citadas.
4.3 USUCAPIÃO ESPECIAL DE IMÓVEL URBANO
O usucapião especial de imóvel urbano é a regulamentação do artigo 
183 da Constituição Federal. Estabelece a aquisição de domínio para aquele que 
possuir área ou edificação urbana de até 250 metros quadrados, por cinco anos, 
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua 
família, com a ressalva de que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou 
rural. Onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, 
poderá ocorrer o usucapião coletivo, desde que os possuidores também não sejam 
proprietários de outro imóvel urbano ou rural.
Cabe notar que o usucapião constitucional (art. 183) não é o mesmo 
instituto regulado pelo Código Civil. A Constituição introduziu o instituto do 
usucapião pró-moradia em áreas urbanas, acrescido, pelo Estatuto da Cidade, 
da figura do usucapião coletivo, importante para a regularização fundiária de 
favelas, loteamentos clandestinos e cortiços.
É instituto jurídico antigo, aplicado na área rural, embora este princípio 
ainda não fizesse parte da Constituição Federal. Trata da posse efetiva do bem, 
transformando-a em domínio, propriedade ou em outro direito real, após o mero 
decurso do prazo previsto em lei. Será direito conferido ao homem ou à mulher, 
ou a ambos, independentemente do estado civil.
Visa à promoção da justiça e redução das desigualdades sociais. A histórica 
negação da propriedade para grandes contingentes populacionais residentes 
em favelas, invasões, vilas e alagados, bem como em loteamentos clandestinos 
ou em cortiços, pode ser corrigida por este instrumento, em áreas urbanas já 
consolidadas, como em áreas de expansão.
4.4 DIREITO DE SUPERFÍCIE
O direito de superfície é um instrumento que possibilita que o proprietário 
de terreno urbano conceda a outro particular o direito de utilizar o solo, o subsolo 
ou o espaço aéreo de seu terreno, em termos estabelecidos em contrato – por 
tempo determinado ou indeterminado –, mediante escritura pública firmada em 
cartório de registro de imóveis. 
Surge, basicamente, de convenção entre particulares: o proprietário de 
imóvel urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado poderá atender às 
exigências de edificação compulsória estabelecida pelo poder público, firmando 
contrato com pessoa interessada em ter o domínio útil daquele terreno, mantendo, 
100
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
contudo, o terreno como sua propriedade. Os interesses de ambos são fixados 
mediante contrato, onde as partes estabelecem obrigações e deveres entre si. 
No direito de superfície dissocia-se o direito de propriedade do solo 
urbano do direito de utilizá-lo, com a finalidade de lhe dar destinação compatível 
com as exigências urbanísticas. Quem se responsabiliza por tal tarefa adquire 
o direito de uso das edificações e das benfeitorias realizadassobre o terreno. 
Transfere-se para quem se beneficia do direito de superfície a prerrogativa de 
uso daquele espaço. Findo o contrato, as benfeitorias realizadas no terreno serão 
revertidas para o(s) proprietário(s) do terreno, sem indenização. Deve-se observar 
que o contrato pode estabelecer se o proprietário está ou não obrigado a indenizar 
quem usou o direito de superfície em seu terreno.
A concessão do direito de superfície poderá ser gratuita ou onerosa e quem 
usufrui da superfície de um terreno responderá, integralmente, pelos encargos 
e tributos que na propriedade incidirem, arcando, ainda, proporcionalmente à 
sua parcela de ocupação efetiva, com os encargos e tributos sobre a área objeto 
da concessão, salvo disposição contrária estabelecida em contrato. Tal direito se 
extingue caso haja desvio da finalidade contratada.
A adoção do direito de superfície visa estimular a utilização de terrenos 
urbanos mantidos ociosos. Este direito permite oferecer ao proprietário de solo 
urbano uma vantajosa alternativa para cumprimento da exigência de edificação e 
utilização compulsórias, sem que se cumpra a sequência sucessória prevista, e onde 
os benefícios da adoção deste instrumento serão rebatidos na cidade como um todo.
4.5 DIREITO DE PREEMPÇÃO
É o instrumento que confere ao poder público municipal a preferência 
para a compra de imóvel urbano, conforme valores do mercado imobiliário, antes 
que o imóvel de interesse do município seja comercializado entre particulares.
Ao instituir o direito de preferência sobre uma área, o município deverá 
estabelecer lei municipal e enquadrá-la em uma ou mais finalidades relacionadas 
no Estatuto da Cidade e baseado no plano diretor, que delimite as áreas onde 
incidirá a preempção. A lei que fixa as áreas objeto de incidência deste direito não 
poderá vigorar por mais de cinco anos, porém, pode ser renovada após um ano de 
seu término. O instrumento permite ainda que o poder público tenha preferência 
na aquisição de imóveis de interesse histórico, cultural ou ambiental, para que 
estes recebam usos especiais e de interesse coletivo.
Permite, também, a aquisição de áreas para a construção de habitações 
populares, atendendo a uma demanda social, para atividades destinadas ao lazer 
e recreação coletivos, como parques ou para a realização de obras públicas de 
interesse geral da cidade.
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
101
O uso deste instrumento permite que o município, se o desejar, e a partir 
de cuidadoso planejamento, constitua gradativamente uma reserva fundiária 
ou estoque de terrenos, sem a necessidade de adoção de desapropriação, que na 
maioria das vezes acarreta problemas sociais e jurídicos. Os limites existentes para 
a adoção do direito de preempção dizem respeito à disponibilidade de recursos 
públicos para a aquisição preferencial de imóveis e que o poder público possua 
um sistema de planejamento que permita enquadrar as áreas em finalidades 
específicas e programadas, conhecendo a dinâmica do mercado imobiliário.
4.6. OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE CONSTRUIR
Consiste na possibilidade do município estabelecer relação entre a área 
edificável e a área do terreno, a partir da qual a autorização para construir passaria 
a ser concedida de forma onerosa. Por exemplo: um terreno que possa construir 
uma vez a área do terreno passa para uma situação que permita construir duas 
ou mais vezes a área do mesmo terreno, e assim por diante. O proprietário poderá 
construir para além da relação estabelecida, pagando ao poder público este direito 
concedido, com valor proporcional ao custo do terreno.
O plano diretor fixará as áreas nas quais o direito de construir e de 
alteração de uso poderá ser exercido, estabelecendo a relação possível entre a área 
edificável e a do terreno. Poderá, também, fixar um coeficiente de aproveitamento 
básico, único para toda a zona urbana, ou nos casos necessários, adotar coeficiente 
diferenciado para áreas específicas. Serão definidos também os limites máximos 
de construção a serem atingidos, considerando a infraestrutura existente e o 
potencial de densidade a ser alcançado em cada área.
As condições a serem observadas para a outorga onerosa do direito de 
construir e de alteração de uso deverão constar em lei municipal específica, onde 
serão estabelecidos: a fórmula de cálculo para a cobrança, os casos passíveis de 
isenção do pagamento da outorga e a contrapartida do beneficiário. Os recursos 
auferidos com a adoção da outorga onerosa do direito de construir e de alteração de 
uso deverão ser aplicados na construção de unidades habitacionais, regularização 
e reserva fundiárias, implantação de equipamentos comunitários, criação e 
proteção de áreas verdes ou de interesse histórico, cultural ou paisagístico.
Este instrumento possibilita um maior controle das densidades urbanas, 
permitindo a geração de recursos para investimentos em áreas pobres e a 
desaceleração da especulação imobiliária. Entretanto, sua adoção exige do poder 
público controles muito ágeis e complexos.
102
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
4.7 TRANSFERÊNCIA DO DIREITO DE CONSTRUIR
Trata-se de um instrumento que traz flexibilidade na aplicação da legislação 
urbanística e na gestão urbana, tendo inúmeras aplicações, como na preservação de 
imóveis de interesse histórico, proteção ambiental ou operações urbanas.
Lei municipal transfere ao proprietário de imóvel o direito de construir, 
previsto nas normas urbanísticas e ainda não exercido. Este direito de transferência 
previsto no plano diretor, ou na legislação urbanística, só poderá ser aplicado 
quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de: 
a) implantação de equipamentos urbanos e comunitários;
b) preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, 
paisagístico, social ou cultural; e
c) servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas 
por população de baixa renda e habitação de interesse social.
Nos procedimentos da transferência, o poder público deve considerar 
a possibilidade de a vizinhança absorver o impacto urbanístico decorrente e o 
possível aumento de densidade provocado pelos índices transferidos. Outra 
exigência se refere à possível concordância dos proprietários para efetiva 
negociação e à própria capacidade do poder público para gerenciar o processo.
A origem desse instrumento em nosso país está vinculada à proteção do 
ambiente natural e do construído (patrimônio arquitetônico) e objetiva o incentivo 
à sua preservação. Sendo parte de uma política de incentivo à preservação, deve 
ter sua adoção inserida em um planejamento cuidadoso, com objetivos e metas 
bem definidos, com custos avaliados em função do interesse público. 
4.8 OPERAÇÕES URBANAS CONSORCIADAS
São um conjunto de intervenções e medidas, coordenadas pelo poder 
público municipal, com a finalidade de preservação, recuperação ou transformação 
de áreas urbanas, contando com a participação dos proprietários, moradores, 
usuários permanentes e investidores privados. 
O objetivo é alcançar, numa determinada área, transformações urbanísticas 
estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.
A legislação específica de aprovação deste instrumento deverá conter:
- o plano de operação urbana consorciada, definindo a área a ser atingida, com 
programa básico de sua ocupação;
- a previsão de um programa de atendimento econômico e social para a população 
diretamente afetada pela operação; 
- as finalidades da operação;
- um estudo prévio de impacto de vizinhança; 
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
103
- a contrapartida a ser exigida dos proprietários, usuários permanentes e 
investidores privados em função da utilização dos benefícios previstos na lei; 
- a forma de controle da operação, obrigatoriamente compartilhada com 
representação da sociedade civil.
A viabilização de uma operação urbana possibilita a modificação de 
índices e de características do parcelamento, uso e ocupação do solo e subsolo;as 
alterações das normas para edificação; a regularização de construções, reformas 
ou ampliações executadas em desacordo com a legislação vigente; e a emissão, 
pelo município, de certificados de potencial adicional de construção, a serem 
alienados em leilão.
Os condicionantes impostos para aplicação deste instrumento referem-
se à dinâmica do mercado imobiliário, à existência de interesse dos agentes 
envolvidos na participação e à capacidade do poder público em estabelecer 
parcerias e mediar negociações, bem como firmar sua competência para gerir a 
aplicação da operação urbana consorciada.
Trata-se de instrumento que possibilita ao município maior amplitude 
para tratar de diversas questões urbanas, resultando em recursos para dotar de 
serviços e de equipamentos áreas urbanas desfavorecidas e para o financiamento 
do desenvolvimento urbano, em especial quando as operações urbanas envolvem 
empreendimentos complexos e de grande porte. 
4.9 ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA
Está estabelecido no Estatuto da Cidade que lei municipal definirá 
os empreendimentos e atividades privados ou públicos em área urbana, que 
dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV) para 
obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento, a 
cargo do poder público municipal.
O EIV será executado de forma a contemplar a análise dos efeitos positivos 
e negativos do empreendimento ou atividade na qualidade de vida da população 
residente na área e em suas proximidades, incluindo, ao analisar os impactos do 
novo empreendimento, pelo menos: 
- o aumento da população na vizinhança; 
- a capacidade e existência dos equipamentos urbanos e comunitários; 
- o uso e a ocupação do solo no entorno do empreendimento previsto;
- o tráfego que vai ser gerado e a demanda por transporte público;
- as condições de ventilação e de iluminação; 
- as consequências, para a paisagem, da inserção deste novo empreendimento no 
tecido urbano e, também, suas implicações no patrimônio cultural e natural.
104
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
O EIV deverá considerar a opinião da população diretamente afetada pelo 
empreendimento e a abrangência destes impactos, que podem vir a se estender 
para área além dos limites da própria cidade, não substituindo a elaboração e 
aprovação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental – EIA, requerido nos termos 
da legislação ambiental.
4.10 CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
A contribuição de melhoria encontra-se prevista no artigo 81 do Código 
Tributário Nacional, sendo uma das espécies tributárias, ao lado dos impostos e 
taxas. É instituída para recuperar para os cofres públicos os recursos aplicados 
em obras públicas que tenham gerado valorização imobiliária. Sua incidência 
ocorre em função de cada imóvel beneficiado, na medida do acréscimo do seu 
valor venal.
NOTA
O valor venal é um parâmetro que o poder público tem para poder calcular o 
preço sobre diversos bens. Poderíamos simplificar a base do cálculo de certos tributos em 
acertos judiciais e/ou administrativos. Vários são os critérios a serem utilizados, dependendo 
do gênero e espécie, área, posição, tipologia, enfim, vários são os métodos utilizados para 
este fim.
4.11 INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS E FINANCEIROS
Normalmente concedidos na forma de isenções à atividade empresarial 
que se instala nos municípios. Cabe lembrar que a Lei de Responsabilidade 
Fiscal (Lei Complementar no 101/00) condiciona os incentivos à não renúncia 
de receita quanto ao não aumento de despesa. Por outro lado, o art. 150, § 6o 
da Constituição Federal, estipula condições para o tratamento tributário, mais 
benéfico ao contribuinte.
4.12 DESAPROPRIAÇÃO
Procedimento através do qual o poder público impõe a perda do direito 
à propriedade sobre determinado bem, que passa ao patrimônio da entidade 
expropriante. Justificam a desapropriação por utilidade ou necessidade pública 
os casos previstos no Decreto-lei no 3.365/41, o qual regulamenta também o 
respectivo procedimento, tanto na via administrativa quanto na via judicial. 
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
105
Para os casos de interesse social aplicam-se, conforme a hipótese, as 
Leis Federais no 4.132/62 e nº 8.629/93 (para fins de reforma agrária) e o próprio 
Estatuto da Cidade, em seu artigo 8º.
4.13 SERVIDÃO ADMINISTRATIVA
O poder público institui um ônus sobre um imóvel de propriedade 
alheia, ou sobre parte dele, para assegurar a realização de serviço público ou 
preservar bem afetado à utilidade pública. Não há uma lei geral sobre essa forma 
de intervenção na propriedade, estando mencionado de passagem no artigo 
40 do Decreto-lei no 3.365/41. Há a necessidade de indenização sempre que o 
sacrifício no direito à propriedade trouxer prejuízos especiais a seu titular. As 
faixas de recuo estabelecidas às margens de rodovias e a instalação de aquedutos 
em terrenos particulares para aproveitamento de águas no interesse público são 
exemplos de servidão administrativa.
4.14 LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS
Conjunto de restrições impostas à propriedade de modo a definir a extensão 
das prerrogativas que possui o proprietário. Conformam as possibilidades de 
usar, gozar e dispor que, do ponto de vista jurídico, somente existem nos termos 
amparados por lei. 
Os índices urbanísticos (coeficiente ou índice de aproveitamento e taxa 
de ocupação do solo etc.) são espécies de limitações. Do ponto de vista mais 
prático, destacam-se das servidões porque atendem a interesses difusos, como 
a saúde pública, adensamento populacional, paisagismo etc., sem ensejar o 
aproveitamento direto do imóvel em favor de serviço ou bem público. São 
genéricas, não geram direito a indenização e são definidoras do próprio direito à 
propriedade, que não é absoluto, pois há de cumprir sua função social.
NOTA
Interesses difusos são um tipo de benefício que interessa a um determinado 
grupo, nível ou categoria indeterminável de pessoas, que juntos se reúnem pelo mesmo 
objetivo. Eles têm natureza indivisível, ou seja, são compartilhados em igual medida por todos 
os integrantes do grupo.
106
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
4.15 TOMBAMENTO
O tombamento é uma restrição ao direito à propriedade, tendo por objetivo 
proteger o patrimônio cultural. O proprietário submete-se aqui a sacrifício parcial 
de seu direito definido pelas limitações administrativas. A inscrição do bem no Livro 
de Tombo - daí o nome tombamento - será fruto de procedimento administrativo, 
buscando preservar aquelas características físicas do bem que estão associadas à 
história, às artes, ou a qualquer outro aspecto relacionado à cultura da sociedade. 
Aplicam-se as normas legais dispostas no Decreto-lei federal no 25/37. Neste mesmo 
diploma legal são tratadas questões específicas ao procedimento administrativo 
promovido pela União, estados, municípios e o Distrito Federal, que devem ter 
suas regras próprias, observando as regras gerais mencionadas.
4.16 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Espaços territoriais que apresentem significativa importância para o meio 
ambiente natural devem ser objeto de especial proteção, como dispõe o artigo 
225, § 1o, III da Constituição Federal. A Lei Federal no 9.985/00 estabelece uma 
série de unidades de conservação (parques, estações ecológicas, áreas de proteção 
ambiental etc.), cada qual adequada para um tipo de situação. Todos os entes 
federativos são competentes para estabelecer tais unidades em seus respectivos 
territórios, observando o disposto na legislação federal.
4.17 ZONAS ESPECIAIS DE INTERESSE SOCIAL (ZEIS)
A legislação de direito público se refere à expressão “interesse social”, 
reportando-se ao atendimento das necessidades das camadas mais pobres da 
população ou à redução das desigualdades econômicas e sociais. No zoneamento 
urbano se faz a divisão do território em várias zonas para serem definidas as 
formas de uso e ocupação de cada um desses espaços, a fim de conferir-lhes 
maior homogeneidade.
A zona especial de interesse social será aquelamais comprometida com 
a viabilização dos interesses das camadas populares. À legislação urbanística 
recomenda-se adotar, pelo menos em algumas áreas, padrões compatíveis com 
a realidade das pessoas de baixa renda, para não lançá-las na ilegalidade. Muitas 
vezes, os padrões urbanísticos idealizados são inviáveis na prática para boa parte 
da população, em razão de dificuldades econômicas. A Lei Federal no 6.766/79, 
com redação alterada pela Lei no 9.785/99, por exemplo, faz referência às zonas 
habitacionais de interesse social, para as quais traça exigências mínimas mais 
brandas que a média (art. 2º, § 6o). O município pode, portanto, instituir zonas 
com regras especiais, quando o uso admitido vier a promover a integração das 
pessoas mais necessitadas aos espaços habitáveis.
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
107
4.18 CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO
A concessão de direito real de uso ocorre por meio de contrato e está 
prevista no artigo 7º do Decreto-lei no 271/67. Através dela o proprietário transfere 
a outra pessoa a prerrogativa de usar seu imóvel, com as garantias típicas de um 
direito real. 
Este instrumento se destina para fins específicos de urbanização, 
industrialização, edificação, cultivo de terra ou outra utilização de interesse social.
4.19 REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
É o procedimento jurídico pelo qual se busca tornar lícita a ocupação da 
terra nos casos em que o acesso àquele bem tenha ocorrido de modo irregular. 
A expressão “regularização fundiária” é utilizada para designar a atuação 
destinada a revestir com maiores proteções a posse existente sobre determinado 
imóvel, mediante a instituição de um título de propriedade ou de outro direito 
real. Observe-se que a posse é situação de fato com proteções jurídicas em menor 
grau do que as existentes para os direitos reais. Não há lei geral sobre o assunto.
108
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
Um dos instrumentos utilizados pelo Estatuto da Cidade são as Operações 
Urbanas, que visam transformar estruturalmente determinados setores das 
cidades, com o propósito de renovação e requalificação urbanas. Veja alguns 
exemplos descritos no livro “Estatuto da Cidade: guia para implementação pelos 
municípios e cidadãos” (2005), sendo transcritos sete casos (três grandes e quatro 
pequenos) de operações urbanas.
“SÃO PAULO E A EXPERIÊNCIA DAS GRANDES OPERAÇÕES 
URBANAS”
Em SÃO PAULO, a continuidade da obra de reurbanização do Vale 
do Anhangabaú levantou a questão mais ampla da “revitalização” da área 
central e da valorização dos imóveis privados no entorno da obra gerada por 
este investimento. Esta foi a motivação para o estabelecimento da Operação 
Urbana Anhangabaú, (Lei nº 11.090/91), que tinha como objetivos a melhoria 
da paisagem urbana e da qualidade ambiental, o melhor aproveitamento dos 
imóveis vagos ou subutilizados, o incentivo à preservação do patrimônio 
histórico, cultural e ambiental urbano e a regularização de imóveis construídos 
em desconformidade com a legislação urbanística e edilícia vigentes. Visava, 
ainda, à ampliação e articulação dos espaços de uso público, em particular dos 
arborizados e destinados a pedestres e à complementação das obras de drenagem 
e infraestrutura. Foram protocolados até outubro de 1992 (um ano após o início da 
operação que durou 4 anos) apenas cinco propostas, das quais três se utilizavam 
de mecanismo da regularização, uma era de construção nova e uma era reforma 
com aumento de área construída em prédio de valor histórico e arquitetônico. 
De qualquer forma, até o fim da operação, somente foi aprovada a proposta de 
regularização de 5.368,29 m² de área construída da Bolsa de Valores de São Paulo, 
pela CNLU – Comissão Normativa de Legislação Urbanística em 14 de julho de 
1992, resultando a contrapartida financeira de 5.282.807,20 UFIRs, o equivalente, 
na época, a US$2.666.665,00.
Com o fim de prazo de vigência da operação Anhangabaú, uma nova 
operação foi definida para a área (Lei m² 12.349/97), a chamada OPERAÇÃO 
URBANA CENTRO, agora ampliada para uma área de 660 hectares, incluindo 
os chamados Centro Velho e Centro Novo e parte de bairros centrais, como 
Glicério, Brás, Bexiga, Vila Buarque e Santa Ifigênia. Foram definidas duas áreas 
de intervenção: Área de Especial Interesse, que corresponde ao núcleo da área de 
intervenção, e a Coroa Envoltória. Nessas áreas poderão ser concedidos vários 
tipos de incentivos, como a modificação dos índices urbanísticos, características 
de uso e ocupação do solo e das disposições do Código de Edificações (exceto 
itens relativos à segurança), a regularização de edificações, a cessão de espaço 
público aéreo ou subterrâneo e a transferência do potencial construtivo de imóveis 
preservados ou tombados. O coeficiente de aproveitamento máximo dos terrenos 
LEITURA COMPLEMENTAR
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
109
na região dado pelo zoneamento, igual a 4,0, poderá ser substancialmente elevado, 
em função do uso a ser instalado e da área onde se localiza o terreno, de acordo com 
o que se deseja incentivar. Os recursos auferidos devem ser destinados a obras de 
melhoria urbana, à recuperação e reciclagem dos próprios públicos em geral, ao 
pagamento de eventuais desapropriações realizadas no perímetro da Operação 
Urbana Centro ou à restauração de imóveis tombados, condicionados ao seu 
posterior ressarcimento. Não há propriamente um projeto para o Centro incluído 
na operação. A concepção presente na maneira como a operação foi desenhada é 
a atração de investimentos com oferta de potencial. As propostas de participação 
são submetidas à apreciação da Comissão Executiva da Operação Urbana Centro, 
constituída por representantes de secretarias municipais e diversas entidades que 
atuam na região central, composição esta e atribuições já definidas na lei, que 
igualmente apontou para os aspectos a serem considerados na análise técnica 
precedente. A operação urbana Centro, em 5 anos de vigência, aprovou apenas 
uma proposta de construção nova com índices alterados (um Shopping Cultural, 
do Grupo Silvio Santos, no bairro do Bexiga) e uma regularização, totalizando 
R$ 940.000. Além destas, duas transferências de potencial de imóveis tombados 
foram realizadas.
A OPERAÇÃO URBANA ÁGUA BRANCA (Lei nº 11.774/95) abarca um 
território com cerca de 500 hectares e sua criação se justificou por se referir a uma 
área próxima ao centro, com muitos terrenos vagos ou subutilizados e, ao mesmo 
tempo, bem servida por transporte coletivo nos vários modos – trem, ônibus 
e metrô –, além de apresentar problemas crônicos de drenagem. Dentre seus 
objetivos estão o de promover a complementação e otimização da infraestrutura 
já instalada, a reintegração de áreas seccionadas pela ferrovia e o aumento da 
taxa de permeabilidade do solo. Poderão ser concedidas alterações na legislação 
de uso e ocupação do solo e edilícia, regularização de edificações, concessão 
do espaço aéreo e subterrâneo e transferência de potencial construtivo, sempre 
limitadas ao estoque de área construída computável adicional de 1.200.000 
m², estes distribuídos em 300.000m² para usos habitacionais e 900.000 m² para 
usos não habitacionais. A análise técnica de cada proposta é realizada por uma 
Comissão Intersecretarial, cuja composição e coordenação foram já definidas na 
lei. A contrapartida pode ser paga em moeda corrente nacional, cujos recursos são 
integrados ao Fundo Especial da Operação Urbana, em obras públicas vinculadas 
aos seus objetivos ou em bens imóveis inseridos no perímetro da operação. Faz 
parte ainda da lei de criação da Operação Urbana Água Branca o programa de 
obras a implementar na área. Como resultado até o momento, a operação tem 
um grande empreendimento aprovado, de um empreendedor (Ricci Engenharia 
e Comércio): a implantação de um grande Centro Empresarial, sobre um 
terreno com cerca de 100.000 m². A contrapartida financeira correspondente às 
modificações concedidas é da ordem de R$ 19 milhões, pagos em obras públicas 
a seremexecutadas pelo proponente. Cabe aqui observar que esta operação até o 
momento foi restrita a um empreendimento e a obras que na verdade viabilizam 
o acesso e a valorização do próprio empreendimento. 
110
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
A OPERAÇÃO URBANA FARIA LIMA (Lei nº 11.732/95), envolvendo 
uma área com aproximadamente 450 hectares, situada na região sudoeste do 
Município de São Paulo, uma das mais dinâmicas do ponto de vista do mercado 
imobiliário foi apresentada com a justificativa da necessidade de prolongamento 
da Av. Faria Lima, pretendendo-se a criação de uma via paralela à Av. Marginal 
do Rio Pinheiros, para aliviar a saturação viária da região sudoeste. Seu perímetro 
compreende duas áreas distintas: Área Diretamente Beneficiada, lindeira às obras 
de prolongamento da Av. Faria Lima e Av. Hélio Pellegrino, e uma área mais 
ampla, denominada Área Indiretamente Beneficiada. Originalmente, previam-se 
para essas áreas procedimentos diferentes de aprovação de propostas, que, nas 
primeiras, seria automático; esse automatismo seria possível com a criação do 
Certificado de Potencial Adicional de Construção – CEPAC –, um título negociável 
em bolsa, que poderia ser convertido, na ocasião desejada por seus detentores, 
em quantidades de metros quadrados de área de construção computável, e que 
poderiam ser aplicados em qualquer ponto do território delimitado pela Operação. 
Porém, a emissão de CEPACs não se viabilizou e o pagamento da contrapartida 
é realizado em moeda corrente nacional, como já autorizado na própria lei da 
Operação Urbana Faria Lima. Nessas áreas poderá ser concedida a modificação 
dos parâmetros urbanísticos estabelecidos na legislação de uso e ocupação do 
solo e a cessão do espaço público aéreo ou subterrâneo. Nesse caso, também a 
lei estabeleceu um estoque de área edificável adicional, que na Área Diretamente 
Beneficiada é de 1.250.000 m², e na Área Indiretamente Beneficiada, de 1.000.000 
m². A lei definiu um programa de investimentos que inclui, além das obras 
viárias, um novo terminal de ônibus, habitações de interesse social destinadas à 
venda financiada para a população favelada existente no perímetro e seu entorno, 
a construção de habitações multifamiliares para venda financiada à população 
residente em área de desapropriação e que queira permanecer na região e, ainda, 
a aquisição de imóveis para implantação de praças e equipamentos institucionais. 
Apenas o custo do viário (incluindo as desapropriações) seria de 120 a 150 
milhões de reais. Estes programas, no entanto, nunca saíram do papel, tendo 
a Operação Faria Lima, até hoje, investido apenas em melhoramentos viários, 
como os dois prolongamentos da Av. Faria Lima e o prolongamento da Av. Hélio 
Pellegrino, além de começar também a configurar uma nova situação fundiária 
com as propostas já aprovadas, já que em mais de 60% dos casos houve agregação 
de pequenos lotes para formar os terrenos que se beneficiaram da Operação 
Urbana. A aprovação dessa proposta trouxe para os cofres municipais mais de 
R$ 200 milhões, montante que já cobriu o custo da implantação da avenida – 
que foi feita às expensas do poder público – apenas no que se refere à própria 
obra, já que os recursos para as desapropriações (possivelmente em torno de 200 
milhões, número estimativo, pois são recorrentes os questionamentos na justiça 
dos valores pagos em desapropriações) saíram dos cofres públicos.
PEQUENAS OPERAÇÕES URBANAS
Pequenas operações resultantes de acordos formais entre o poder público 
e a iniciativa privada, materializados em contratos, têm sido experimentados no 
TÓPICO 3 | ESTATUTO DA CIDADE
111
RIO DE JANEIRO, gerando recursos diretos e indiretos. A Secretaria Municipal de 
Urbanismo implementa pequenas operações que podem ser divididas em quatro 
categorias: a) obrigações relativas a grupamentos de edificações residenciais, cujo 
objetivo é obter edifícios, terrenos ou recursos para a construção de equipamentos 
municipais; b) obrigações de urbanização cujo objetivo é a complementação ou 
extensão da infraestrutura; c) operações interligadas que são os únicos contratos 
feitos nos quais a contrapartida financeira é mensurada e d) obrigações relativas 
à gestão de recursos decorrentes das normas de alinhamento. A Fundação de 
Parques e Jardins da Prefeitura do Rio de Janeiro também tem buscado, como 
tem acontecido em muitas cidades, parcerias com a iniciativa privada ou 
associações para a manutenção de praças, jardins, mobiliário. Além da ampliação 
dos recursos a serem utilizados na manutenção desse patrimônio, os aspectos da 
educação ambiental, da responsabilidade coletiva sobre a paisagem construída e 
da participação também são importantes.
Em BELO HORIZONTE, o instrumento operação urbana foi instituído 
pelo Plano Diretor (lei nº 7165/1996), mas apenas uma operação urbana foi 
aprovada e está em andamento, uma parceria entre poder público municipal, 
particulares e rede ferroviária. A área de propriedade da rede ferroviária está 
vazia e possui uma edificação tombada, a Casa do Conde de Santa Marina, 
que tinha sido até então cedida para a realização de eventos. O terreno e a casa 
passarão a ser propriedade pública, a casa deverá ser restaurada para abrigar o 
Museu do Trem e todo o terreno em volta terá uso cultural. Em contrapartida 
será cedido parâmetro urbanístico adicional para o terreno remanescente, que 
permanece patrimônio da Rede Ferroviária, e que irá a leilão já com esse valor 
adicionado à propriedade.
Em CAMPO GRANDE, a figura da Operação Urbana aparece como 
Urbanização Negociada. A chamada Urbanização Negociada aparece no Plano 
Diretor na forma da lei complementar nº 2.813, de 17 de junho de 1991 e a 
Urbanização Consorciada aparece no artigo 14, parágrafo (Plano Diretor – lei 
complementar nº 5, de 22 de novembro de 1995). A lei da Urbanização Negociada 
foi criada para o projeto específico Urbanização do Parque das Nações Indígenas. 
Existia um projeto para o parque, anterior à aprovação do Plano Diretor, que 
previa sua implementação entre duas avenidas que seriam abertas e abrigariam 
nas suas margens edificações verticalizadas. Essas avenidas localizam-se no 
centro de Campo Grande, em uma área muito valorizada, de uso estritamente 
residencial horizontal. O proprietário cedeu a área à municipalidade em troca 
de potencial construtivo em outra área. A área remanescente, às margens da 
avenida, também seria fruto da liberação do potencial construtivo, permitindo a 
verticalização. Como o processo foi muito demorado, apesar de uma parte da área 
ser alvo de instrumentos de indução dessa legislação de Urbanização Negociada, 
outra parte foi simplesmente desapropriada pelo Governo do Estado através de 
um decreto. A legislação não foi mais utilizada e foi reformulada no final de 2000, 
admitindo a transferência de potencial quando se tratasse de área ambiental ou 
cultural e restringindo a alteração de índices e usos, vinculando-a à realização 
de obras de interesse social ou qualificação urbanística. Nessa reformulação 
112
UNIDADE 2 | INFRAESTRUTURA URBANA
foram delimitadas algumas áreas para serem foco dessas operações urbanas, de 
interesse do município, de caráter cultural, como o Centro e a Estação de Trem 
originária da cidade; e de caráter ambiental, como por exemplo cabeceiras de 
córregos ocupadas.
Em MAUÁ-SP, as operações urbanas estão previstas no Plano Diretor (lei 
nº 3.052, de 21 de dezembro de 1998), e cada uma delas tem uma lei específica que 
determina desafetações de área pública e termo de compromisso de contrapartidas. 
Algumas operações urbanas aconteceram, com destaque para duas. A primeira 
aconteceu na área abandonada da antiga rodoviária, próxima à Prefeitura. 
Uma parte da área foi comprada pelo McDonald’s, que se comprometeu em 
construir um teatro e duas EMEIs – Escola Municipal de Educação Infantil. Para 
esse empreendimento foi feita uma lei específica desafetando a área pública e 
descrevendo essas obras. O teatro seráinaugurado ainda este ano e as escolas já 
estão em uso. Uma segunda área muito grande ao longo da Avenida dos Estados 
onde havia um estacionamento, uma fábrica e uma rua pública, foi desafetada 
para dar lugar a um Shopping Center, que em contrapartida assumiu um termo 
de compromisso de construir um centro de educação para o menor.
As Operações Urbanas em NATAL são áreas que, embora passíveis de 
adensamento, apresentam valor histórico-cultural significativo para o patrimônio 
da cidade e carecem de formas de recuperação e vitalização. Devem ser objetos 
de plano específico, com participação da iniciativa privada e população local. O 
plano deve prever a reacomodação no próprio perímetro da operação de usos e 
atividades que precisem ser deslocadas em função das transformações aprovadas. 
Incentivos fiscais e outros serão previstos para proprietários que aderirem ao 
programa de intervenção nos lotes privados. Um Comitê de Gestão da Operação 
deve geri-la, composto por agentes envolvidos no processo. Há a determinação de 
um estoque de área edificável específico em função das modificações pretendidas 
e um programa de obras públicas previstas e necessárias. Esse estoque é vendido 
aos empreendedores interessados na operação, os recursos obtidos integrarão 
o Fundo de Urbanização e deverão ser aplicados na própria área da operação, 
portanto, não são objeto de especulação, servem para financiar as modificações 
pretendidas. Os bairros de Cidade Alta e Ribeira são áreas de operação urbana 
que ainda estão em andamento. Entretanto, os resultados são ainda muito 
pequenos. Não há muita participação popular no processo, pois é uma área de 
uso predominantemente comercial e há pouca habitação precária e esparsa, cuja 
população não é organizada.
FONTE: BRASIL. Estatuto da cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos. 3. 
ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2005. p.87-91.
113
RESUMO DO TÓPICO 3
 Neste tópico você estudou que:
• O Estatuto da Cidade, criado pela Lei n° 10.257, de 2001, regulamentou os 
artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelecendo diretrizes gerais de 
política urbana. 
• A regulamentação do artigo 182 estabelece que a política de desenvolvimento 
urbano executada pelo poder público municipal tem por objetivo ordenar o 
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar 
de seus habitantes, definindo que o instrumento básico desta política é o Plano 
Diretor.
• O artigo 183, por sua vez, estabelece que todo cidadão que possuir, como sua, 
área urbana de até 250 metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e 
sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirirá o seu 
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
• O Estatuto da Cidade, ao regulamentar as exigências constitucionais, fixou 
importantes diretrizes básicas, através das quais será operacionalizada a 
política urbana. 
• São diretrizes básicas previstas no Estatuto: a garantia do direito a uma 
cidade sustentável, a gestão democrática da política urbana, a cooperação 
entre os governos, a iniciativa privada e os demais setores da sociedade, o 
planejamento do desenvolvimento das cidades, a oferta de equipamentos 
urbanos e comunitários, a ordenação e controle do uso do solo, a integração 
entre as atividades urbanas e rurais, a adoção de padrões de produção e 
consumo sustentáveis, a justa distribuição dos ônus e bônus decorrentes do 
processo de urbanização, a adequação dos instrumentos de política econômica, 
tributária e financeira e dos gastos públicos, a recuperação dos investimentos 
do poder público da valorização de imóveis urbanos, a proteção, preservação 
e recuperação do meio ambiente, a realização de audiências públicas, a 
regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de 
baixa renda, a simplificação da legislação urbanística e a isonomia de condições 
para os agentes públicos e privados. 
• O Estatuto prevê instrumentos tributários, jurídicos e políticos, sendo que o 
planejamento municipal aponta os instrumentos mais importantes de toda e 
qualquer política urbana: o plano diretor; a disciplina do parcelamento, do uso 
e ocupação do solo; o zoneamento ambiental; o plano plurianual; as diretrizes 
orçamentárias e o orçamento anual; a gestão orçamentária participativa; os planos, 
programas e projetos setoriais e o plano de desenvolvimento econômico e social.
114
• A gestão democrática da cidade está presente no Estatuto da Cidade, prevendo 
a criação de órgãos colegiados de política urbana nas três esferas federativas; 
a realização de debates, audiências e consultas públicas; a promoção de 
conferências sobre assuntos de interesse urbano; e a iniciativa popular de 
projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano.
• São instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, com o intuito de promover 
a justiça social urbana: o imposto predial e territorial urbano progressivo 
no tempo, a desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública, 
o usucapião especial de imóvel urbano, o direito de superfície, o direito de 
preempção, a outorga onerosa do direito de construir, a transferência do 
direito de construir, as operações urbanas consorciadas, o estudo de impacto 
de vizinhança e a contribuição de melhoria.
• São igualmente instrumentos os incentivos e benefícios fiscais e financeiros, 
a desapropriação, a servidão administrativa, as limitações administrativas, 
o tombamento, as unidades de conservação, as zonas especiais de interesse 
social (ZEIS), a concessão de direito real de uso e a regularização fundiária.
115
Caro(a) acadêmico(a), para melhor fixar o conteúdo estudado, vamos 
exercitar um pouco. Leia as questões a seguir e responda a elas em seu caderno. 
Bom trabalho!
1 A lei denominada “Estatuto da Cidade” estabelece normas de ordem pública 
e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem 
coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio 
ambiental. Considere os seguintes instrumentos da política urbana:
I - Usucapião especial de imóvel urbano: confere o domínio àquele que possuir 
como sua área ou edificação urbana de até 300 metros quadrados, por cinco 
anos, ininterruptamente e sem oposição. 
II - Direito de superfície: confere ao proprietário urbano o poder de conceder a 
outrem o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo de seu terreno, 
mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis.
III - Outorga onerosa: consiste na possibilidade do município estabelecer relação 
entre a área edificável e a área do terreno, a partir da qual a autorização para 
construir passaria a ser concedida de forma gratuita.
IV - Direito de preempção: confere ao poder público municipal preferência para 
aquisição de imóvel urbano, antes que o imóvel de interesse do município seja 
comercializado entre particulares.
Agora, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As afirmativas I e IV estão corretas. 
b) ( ) As afirmativas I, III e IV estão corretas. 
c) ( ) As afirmativas I, II e III estão corretas.
d) ( ) As afirmativas II e IV estão corretas.
e) ( ) As afirmativas II, III e IV estão corretas.
2 Quais são os instrumentos de indução do desenvolvimento do Estatuto da 
Cidade?
3 Quais os instrumentos do Estatuto da Cidade para regularizar as áreas 
habitadas por população de baixa renda?
4 Como será garantida a participação social na elaboração do Plano Diretor?
5 O Estatuto da Cidade regulamenta que artigos da Constituição Federal?
AUTOATIVIDADE
116
117
UNIDADE 3
PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS 
CIDADES
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir desta unidade, você será capaz de:
• compreender as origens e possíveis soluções para os atuais problemas am-
bientais;
 
• analisar os impactos ambientais da urbanização no meio físico e biótico;
• conhecer os instrumentos que regem e direcionam o planejamentoambien-
tal no âmbito do meio ambiente urbano.
Esta unidade está dividida em três tópicos e em cada um deles você encontra-
rá atividades visando à compreensão dos conteúdos apresentados.
TÓPICO 1 – IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO NO MEIO FÍ-
SICO E BIÓTICO
TÓPICO 2 – GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
TÓPICO 3 – INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
118
119
TÓPICO 1
IMPACTOS AMBIENTAIS DA 
URBANIZAÇÃO NO MEIO 
FÍSICO E BIÓTICO
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Sabemos que toda atividade humana é potencialmente impactante no 
meio físico e biótico, seja no corte de uma árvore, até a devastação de uma floresta, 
a poluição de um rio, a poluição do ar etc. 
Sociedades primitivas causavam pouco impacto no ambiente à sua volta, 
por fatores culturais, que os levavam a considerar os elementos da natureza 
como sagrados, mas também devido à ausência de recursos tecnológicos que lhes 
permitissem promover grandes devastações na floresta, por exemplo. 
Segundo Tofler (2007), a civilização humana passa por três grandes ondas 
de desenvolvimento: a primeira onda inicia com a descoberta da agricultura, 
até meados do século XVIII, com o surgimento da Revolução Industrial, onde 
o principal meio de produção estava baseado na posse de terra, fixando a maior 
parte das pessoas no campo, evitando assim a formação de muitas cidades. 
A segunda onda inicia com a Revolução Industrial, onde o capital passou 
a ser o principal meio de produção, provocando um processo de urbanização na 
humanidade sem precedentes, por vários fatores, entre os quais podemos destacar: 
a) a oferta de trabalho na cidade e a facilidade de consumo de bens manufaturados;
b) a mecanização do campo reduziu a necessidade de mão de obra na agricultura, 
provocando desemprego e o êxodo rural.
NOTA
Caro(a) acadêmico(a), você sabe o que é êxodo rural? 
Foi um fenômeno que iniciou nos países que promoveram a Revolução Industrial, como 
Inglaterra, França, Alemanha, EUA etc., que acabou provocando a concentração de oferta de 
mão de obra na cidade, diminuindo no campo em função da mecanização.
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
120
As cidades surgiram com a descoberta da agricultura e pecuária, quando o 
homem fixou-se em um mesmo lugar, largando assim a vida nômade. Entretanto, 
até a Revolução Industrial a maior parte da população, em todos os países ou 
reinos, vivia no campo, sendo poucas e pequenas as cidades existentes; o que 
era muito natural, afinal toda atividade produtiva concentrava-se no campo, 
exigindo grande quantidade de mão de obra. 
Não sem razão, Tofler (2007) classifica o início da Revolução Industrial 
como uma segunda onda de mudanças, ou transformações da humanidade; afinal, 
as máquinas, inicialmente movidas a vapor, depois a petróleo e eletricidade, 
transformaram a civilização, permitindo a concentração de grandes aglomerados 
urbanos, uma vez que a indústria necessitava das cidades para se desenvolver, tanto 
do ponto de vista técnico, pela necessidade de mão de obra, como pelo consumo. 
Hoje, passados quase três séculos desde que teve início a Revolução Industrial, 
é possível constatar que o fenômeno da urbanização, ou seja, quando a maior parte da 
população de um país passou a morar nas cidades, seguiu o rastro da industrialização.
Os países de economia industrializada tiveram um rápido crescimento urbano, iniciado 
desde 1750; enquanto países de economia agrária continuavam e ainda continuam 
mantendo grande parte de sua população no campo, como ocorre, com países da 
África subsaariana, países da Ásia, como Bangladesh, entre outros. 
Os chamados países em desenvolvimento, tais como Brasil, Argentina, México, 
Índia etc., iniciaram o processo de industrialização com o fim da Segunda Guerra 
Mundial, quando as indústrias dos países desenvolvidos passaram a se expandir 
para países com grande quantidade de matérias-primas e mercado consumidor.
A indústria trouxe não apenas o acesso a máquinas, equipamentos 
que facilitaram a vida em sociedade da civilização, mas a cura para muitas 
doenças, que eram a causa das altas taxas de mortalidade infantil nos países 
subdesenvolvidos. A vacinação em massa da população e a adoção de métodos de 
higiene e melhoria nas condições sanitárias derrubaram as taxas de mortalidade 
nos países de economia periférica, causando um fenômeno que ficou conhecido 
entre as décadas de 1960 a 1990 como explosão demográfica. 
Enquanto as cidades dos países desenvolvidos experimentaram um 
crescimento lento e ordenado, nos países subdesenvolvidos este crescimento foi 
rápido e desordenado, onde o espaço urbano passou a ser procurado por hordas 
de trabalhadores do campo, que, sem qualificação ou habilidade, procuravam 
por um trabalho na cidade.
Sem condições econômicas e sem ter onde morar, estas pessoas se 
aglomeraram nas periferias das grandes cidades brasileiras, formando as 
conhecidas favelas.
Com esta explosão de crescimento desordenado das cidades dos países 
subdesenvolvidos, vieram os problemas, como o fornecimento de água, destino do 
TÓPICO 1 | IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO NO MEIO FÍSICO E BIÓTICO
121
lixo e esgoto, impermeabilização do solo, escoamento da água da chuva, transporte, 
fornecimento de energia, além da violência causada pelo estresse provocado pela 
miséria e as condições sub-humanas de vida. 
Analise na figura a seguir os quadros referentes ao crescimento da população 
urbana no mundo e a relação das 10 maiores cidades em 2005 e em 2015. 
FIGURA 17 – EVOLUÇÃO DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO URBANA NO MUNDO 
(1950-2030) E AS DEZ MAIORES METRÓPOLES (2005-2015)
FONTE: UNFPA, 2007. Disponível em: <http://www.faculdadedeengenharia.
com/?p=528>. Acesso em: 22 set. 2012
Na sequência analisaremos os principais problemas que as cidades e o 
crescimento desordenado das mesmas causam no meio físico e na biota. 
eAs dez maiores megalópoles do mundo
Cresce a população urbana no mundo
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
122
2 IMPACTOS AMBIENTAIS PROVOCADOS PELAS CIDADES 
NO MEIO FÍSICO E BIÓTICO
2.1 DESMATAMENTO
Para se expandir, a cidade necessita avançar sobre a vegetação nativa, seja 
esta formada por florestas, cerrado, restingas, mangues etc.
A retirada da cobertura vegetal provoca a erosão do solo pelo escoamento 
superficial, causando o assoreamento de ribeirões, córregos e rios, diminuindo a 
profundidade de sua calha, aumentando desta forma os riscos de enchentes. 
Como se observa, nenhum problema pode ser analisado de forma 
isolada, ou linear, próprio da visão cartesiana, uma vez que tudo está interligado, 
formando a grande teia da vida (CAPRA, 1996). 
Muitos autores abordam os impactos causados pela urbanização, entre 
estes destacamos um texto de Araújo (2010, p. 64):
Durante a urbanização, os espaços permeáveis, inclusive áreas 
vegetadas e bosques, são convertidos para usos que, geralmente, 
provocam o aumento de áreas com a superfície impermeável, 
resultando no aumento de volume do escoamento superficial e da 
carga de poluentes. [...]
A cobertura vegetal é retirada da terra e começam a ocorrer atividades 
de corte e aterro, que aumentam o potencial de desenvolvimento 
da área. Por exemplo, depressões naturais que originalmente eram 
reservatórios temporários de água são niveladas, aumentando o 
volume de escoamento superficial durante as chuvas (SCHULER, 
1987). Conforme a densidade populacional aumenta, há também 
um aumento correspondente nas cargas de poluentes geradas pelas 
atividades humanas. Esses poluentes entram nas águas superficiais, 
via escoamento superficial, sem serem submetidos a nenhum tipo 
de tratamento. 
A supressão da cobertura vegetal não gera impactos apenas no solo, 
causado devido ao escoamento superficial, mas provoca também a perda ou 
diminuição na biota.
 Estudos como os de Lombardi (1985) apontaram que o surgimento 
de uma metrópole onde antes havia florestas ou pastagens cria ilhas de calor 
devido à absorção da irradiação solar pelo asfalto, telhados,prédios, além das 
atividades geradas pela própria urbanização, como a circulação constante de 
veículos e pessoas. Tudo isso faz com que as temperaturas nos grandes centros 
urbanos cheguem até 5º C acima da temperatura das áreas com vegetação no 
entorno das cidades. 
TÓPICO 1 | IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO NO MEIO FÍSICO E BIÓTICO
123
2.2 IMPERMEABILIZAÇÃO DO SOLO
Um dos fatores que colaboram com as enchentes em cidades situadas 
em vales, próximas a rios principais ou afluentes, é a impermeabilização do solo 
através do asfaltamento de ruas e das construções. 
Tirando os excessos provocados pela natureza com os picos acentuados de 
chuvas, a maior parte das enchentes poderia ser evitada com normas simples de 
construção civil. Por exemplo, se cada edifício, indústria ou residência construísse 
uma cisterna subterrânea, para armazenar o excesso da água da chuva, reduziria 
o impacto da enchente, poupando vidas e danos materiais, além de proporcionar 
um reservatório de água de uso geral. 
Em geral, atribui-se apenas ao poder público a responsabilidade em 
conter os danos causados por todos. Mas, voltamos a insistir, esta é uma visão 
fragmentada do problema e que não levará à solução do mesmo. Os problemas e 
soluções devem ser analisados de forma sistêmica. 
Outro problema causado pela impermeabilização do solo urbano é a 
diminuição drástica da recarga dos aquíferos. O subsolo é um dos responsáveis 
por armazenar a água que irá abastecer as nascentes, que forma ribeirões, que 
deságua nos rios, que forma corredeiras onde são construídas hidrelétricas, que 
traz luz à sua casa, permitindo-lhe ligar o computador e todos os eletrodomésticos 
que tornam a nossa vida mais fácil e civilizada. 
Você já havia pensado que, ao impermeabilizar o terreno de sua casa com 
concreto e calçadas, está contribuindo para diminuir a água dos rios durante as 
estiagens e causar enchentes, quando ocorrem enxurradas? Não? Então comece 
a pensar de forma ecológica e sistêmica, descobrindo de que forma tudo está 
ligado, e de como uma atitude pequena, realizada em sua casa, pode ajudar a 
salvar o planeta da destruição. 
2.3 ALTERAÇÃO NO REGIME HIDROLÓGICO
Terrenos expostos causam erosão através do escoamento superficial, 
cujo solo, retirado das áreas desmatadas, irá depositar-se nos rios, diminuindo a 
capacidade de vazão, a profundidade da calha, aumentando o risco de enchentes, 
cujos danos materiais e a perda de vidas humanas são enormes e conhecidos. Os 
moradores do Vale do Rio Itajaí, em Santa Catarina, da região serrana do Rio de 
Janeiro e outras afetadas por enchentes, conhecem bem esta realidade. 
Pesquisa da Profa. Magda Lombardi (1985) já apontava para a 
interferência das grandes metrópoles na alteração dos microclimas locais, 
criando ilhas de calor, impedindo a infiltração da água nos lençóis freáticos e 
alterando o regime de chuvas. 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
124
Flannery (2007) tem chamado a atenção para as alterações climáticas que 
o homem vem provocando no planeta, criando um futuro imprevisível do ponto 
de vista ambiental e climático. 
Segundo Araújo (2010, p. 64): 
Conforme a urbanização acontece, as mudanças na hidrologia natural 
de uma área são inevitáveis. Mudanças hidrológicas e hidráulicas 
ocorrem em resposta à limpeza do terreno, à terraplenagem e à 
adição de superfícies impermeáveis (SCHUELER, 1987). Os maiores 
problemas são o grande aumento nos volumes de escoamento 
superficial e as subsequentes cargas de erosão e sedimentos às águas 
superficiais que acompanham essas mudanças na paisagem. Existem 
relatos que informam que o descontrole nas cargas de sedimentos 
provenientes de canteiros de obras é, em média, da ordem de 11t/ha 
(YORKE; HERB, 1978; NOVOTNY, 1991). As cargas provenientes das 
florestas não perturbadas são, tipicamente, de menos de 4t/ha por ano 
(LEOPOLD, 1968). 
Com a construção das cidades e a impermeabilização de grande parte de 
suas áreas, aumenta o escoamento superficial, o que exigirá do poder público a 
construção de galerias e sistemas subterrâneos de escoamento da água da chuva, 
a dragagem periódica de rios, córregos e ribeirões ou a canalização dos mesmos, 
que, quando a cidade não possui um eficiente sistema de tratamento de esgoto, 
acabam sendo o depositário dos esgotos domésticos. 
Schueler (1987 apud ARAUJO, 2010, p. 65) salienta que:
as mudanças na hidrologia dos cursos d’água resultantes da 
urbanização incluem o seguinte: 
● Elevação do pico de descarga, quando comparado aos níveis de pré- 
desenvolvimento (Leopoldo, 1968).
● Aumento no volume do escoamento superficial urbano produzido 
em cada tempestade, em comparação com as condições de pré-
desenvolvimento. 
● Diminuição do tempo necessário para que o escoamento superficial 
alcance o curso d’água (Leopoldo, 1968), especialmente se foram 
realizados melhoramentos na rede de drenagem. 
● Aumento da frequência e magnitude dos alagamentos. 
● Redução no fluxo dos cursos d’água, durante períodos prolongados 
de seca, devido ao nível reduzido da infiltração na bacia hidrográfica. 
● Maior velocidade do escoamento superficial durante as tempestades, 
devido aos efeitos combinados de maiores picos de descargas, rápido 
tempo de concentração e superfícies hidráulicas mais lisas, que 
ocorrem como resultado do desenvolvimento urbano. 
É claro que os impactos causados pelas cidades no meio físico e hidrológicos 
são muito maiores do que aqueles apresentados aqui. 
Cabe a você, caro(a) acadêmico(a), aprofundar-se no estudo deste tema, 
procurando ler outros autores, especialmente aqueles citados ao longo dos textos. 
TÓPICO 1 | IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO NO MEIO FÍSICO E BIÓTICO
125
2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS DAS CIDADES NOS
ECOSSISTEMAS
Os impactos que a urbanização causa no desmatamento, na 
impermeabilização do solo e no regime hidrológico, apontados nos itens 
anteriores, já nos dão uma ideia das consequências que o crescimento das cidades 
vem causando aos ecossistemas. 
Com a redução das florestas, tomadas pelas cidades e expansão de 
áreas agrícolas, reduz-se também o hábitat de muitas espécies de aves, répteis, 
mamíferos, além de insetos e outros invertebrados, muitos deles responsáveis 
pela polinização das plantas, especialmente as frutíferas. 
Ainda, muitas espécies de mamíferos brasileiros de grande porte, como 
a onça pintada, que necessitam de grandes extensões de florestas para que 
consigam sobreviver, já se encontram na lista de animais ameaçados de extinção.
As cidades litorâneas, onde se concentra grande parte da população 
brasileira, por exemplo, avançam sobre áreas de mangues, restingas, dunas etc. 
Os mangues são conhecidos como maternidades e berçários dos mares, 
dada a sua importância na reprodução de várias espécies de peixes e crustáceos, 
que abastecem oceanos e mares de vida. Com a necessidade de expansão das 
cidades, estas avançam sobre estes importantes ecossistemas, seja aterrando 
para a construção de loteamentos, shopping centers, indústrias, portos etc., ou, 
quando não são destruídos pelo aterramento, estão sendo poluídos com esgoto 
doméstico, dejetos industriais, lixo urbano, ou mesmo ocupados por populações 
de baixa renda que constroem suas casas sobre palafitas. 
O que se constata é que sem um plano de gestão, um sério trabalho de 
educação ambiental, com ação de cidade civil organizada, governos, empresas 
e toda a sociedade em geral, será muito difícil reverter o quadro de destruição 
dos ecossistemas brasileiros e mundiais, trazendo para as futuras gerações 
consequências desastrosas que afetarão a vida de todos. 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
126
LEITURA COMPLEMENTAR
IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO
Para compreendermos as questões relativas aos impactos ambientais 
gerados pelos processos de urbanização, primeiramente precisamos lembrar 
que esse ambiente tem particularidades, traz consigo as marcas das construções 
humanas. Desta forma, podemos verificar quetratamos o ambiente urbano 
através de uma concepção social que inclui, concomitantemente, aspectos 
econômicos e ambientais. 
Ao tratar de meio urbano, Ultramari apud Catuzzo (2002) o considera 
um sistema aberto, insustentável e bastante dependente da “hinterland”, que 
demanda uma imensa quantidade de energia que não é capaz de produzir com 
autossuficiência. 
Esta demanda de energia (input) em forma de trabalho humano, materiais, 
combustíveis, recursos naturais dos mais diversos tipos, se concentra no meio 
urbano e, uma vez atendida a demanda, esses fluxos de energia geram um outro 
fluxo (output) ampliado, de resíduos dos mais variados. 
De modo sintético, podemos considerar que é do aspecto concentrador, 
marcado pelas relações do modo de produção capitalista e da incapacidade de 
absorção pelo sistema urbano destes resíduos, que surge uma série de alterações 
e impactos no meio ambiente urbano contemporâneo. 
Da intensificação deste fluxo de energia (input) surgem problemas tais 
como a queima excessiva de combustíveis fósseis, alterações cada vez mais 
profundas do uso e da ocupação do solo urbano, alterações climáticas das mais 
variadas, adensamento populacional, entre outros impactos provocados pela 
urbanização. Vale lembrar ainda que há uma multiplicidade de impactos não 
citados. Esta multiplicidade se deve ao fato de as cidades, enquanto construções 
humanas, possuírem particularidades sociais, culturais e ambientais diversas. 
Todavia, há aspectos das alterações e impactos causados pelos processos 
de urbanização que são encontrados nos mais variados tipos de cidades, com 
maior ou menor intensidade. 
Como exemplo, podemos citar o aumento de temperatura nos centros 
urbanos. Esse, por sua vez, pode ser relacionado ao adensamento de construções 
humanas, que nada mais são do que materiais e trabalho humano empregados de 
forma concentrada numa dada localidade. 
Essa concentração de fatores urbanos específicos, tais como efeito de 
transferência de energia nas construções urbanas enquanto formas particulares 
de estruturas verticais, cores, albedo e tipos de materiais que as constituem, e 
TÓPICO 1 | IMPACTOS AMBIENTAIS DA URBANIZAÇÃO NO MEIO FÍSICO E BIÓTICO
127
a diminuição de vegetação, levam, consecutivamente, a alterações do ciclo 
hidrológico e também a problemas como enchentes e deslizamentos de encostas. 
Este último pode também ser associado a problemas de ordem socioambiental, 
relativos à ocupação de áreas de proteção por parte de uma população de baixa 
renda, principalmente. 
Os aspectos socioeconômicos também se traduzem em impactos de ordem 
socioambiental. Com o aumento da população vivendo em áreas urbanas e as 
particularidades de como se deu esse processo de êxodo rural no Brasil, as cidades 
concentraram e agravaram grande parte destes impactos sobre o ambiente, que 
se deram tanto pelo aumento da demanda de infraestrutura urbana e mais 
concentração de fluxos de energia, quanto pelas disparidades socioespaciais 
dentro dos próprios centros urbanos e suas consequências no uso e ocupação do 
solo nas cidades. 
Atualmente, o surgimento de um novo paradigma relacionado ao 
desenvolvimento sustentável apresenta-se como a busca de soluções para um 
impasse no planejamento: questões relacionadas à equidade e eficiência dadas 
através das relações do modo capitalista de produção que, por sua vez, imprimem 
suas contradições no espaço, gerando disparidades e impactos em todos os níveis, 
sejam eles locais, regionais ou nacionais. 
Como lembra Cruz (1998), os impactos e problemas ambientais de toda 
ordem nada mais são do que a materialização, no espaço, das distorções e 
contradições presentes nas relações sociais. 
Partindo destas considerações, podemos ver que os problemas ambientais 
possuem em seu cerne uma questão menos visível, mas também fundamental: 
trata-se do problema estrutural relativo ao modo de produção capitalista e a forma 
eficiente de se apropriar de recursos e transformá-los em produtos, sem possuir a 
mesma eficiência para distribuir as riquezas e tecnologias por ele desenvolvidas. 
Portanto, a busca por soluções para os problemas ambientais deve se 
dar através de uma somatória de esforços políticos, institucionais, econômicos e 
sociais, tais como têm sido feitas as propostas como a Agenda 21, preocupadas 
com uma nova concepção em desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável, 
inclusive para o ambiente urbano. Somente desta sinergia de forças é possível 
alcançar mudanças significativas. Do contrário, como alerta Marques (2000), este 
paradigma corre o risco de se transformar em dispositivo de controle ideológico 
por Estados interessados na perpetuação de um quadro de dominação bastante 
conhecido, sem levar à grande maioria das populações os reais benefícios de 
um modelo preocupado em sanar os problemas socioambientais das diferentes 
sociedades. 
FONTE: Disponível em: <http://www.rc.unesp.br/igce/ceurb/impactos%20ambientais%20da%20
urbanizacao.htm>. Acesso em: 28 ago. 2012.
128
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você viu que: 
• Após a Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu uma explosão demográfica, 
sobretudo nos países subdesenvolvidos, provocada pela industrialização tardia 
destes países, os avanços promovidos pela ONU nas melhorias nas condições 
sanitárias, vacinação em massa, com a consequente redução da mortalidade 
infantil e o crescimento repentino da população. Tudo isso somado ao êxodo 
rural, o resultado foi o inchaço das cidades e o agravamento dos problemas 
ambientais e sociais, tendo em vista que estas não estavam preparadas para 
receber um contingente tão grande de pessoas. 
• Entre os impactos da urbanização no meio físico e biótico está o desmatamento, 
seja para a expansão das cidades, abertura de estradas, expansão de áreas 
agrícolas e pecuárias, para abastecer o mercado consumidor da cidade de 
alimentos, extrativismo de madeira, minérios que abastecem a indústria etc. 
• Entre as consequências do desmatamento estão a erosão do solo e o 
assoreamento de ribeirões e rios; diminuição da infiltração da água da chuva 
no solo, reduzindo o lençol freático, aumentando o escoamento superficial 
durante as chuvas torrenciais, aumentando o risco de enchentes.
• A impermeabilização do solo nas cidades pelas construções e o asfaltamento 
das ruas aumenta o escoamento superficial na cidade, exigindo do poder 
público maiores investimentos em obras de escoamento pluviométrico; ou a 
inundação das ruas, com grandes prejuízos econômicos e sociais. 
• A alteração do regime hidrológico causa ilhas de calor nas grandes metrópoles, 
provocando aquecimento acima do normal estabelecido pelas médias de 
temperaturas para a região. Além disso, os rios têm sua vazão reduzida, a água 
contaminada, a calha assoreada, aumentando o risco de enchentes. 
• A cidade, como um corpo vivo em expansão e em constante mutação, avança 
sobre ecossistemas, causando a perda da biodiversidade, secando nascentes, 
prejudicando o abastecimento de água das cidades, que necessitam buscar em 
fontes cada vez mais distantes. 
• Ecossistemas como mangues, dunas e restingas vêm desaparecendo cada vez 
mais, para dar lugar ao crescimento das cidades.
129
AUTOATIVIDADE
1 Segundo o autor Alvin Tofler, existiram grandes ondas de desenvolvimento 
que marcaram a humanidade, determinando a economia, as relações sociais e 
de poder, com características específicas de cada época. Quantas foram estas 
ondas, que fatores determinaram a economia de cada uma delas, e em que 
período aconteceram? 
2 Que fatores causaram a explosão demográfica nos países subdesenvolvidos 
após a Segunda Guerra Mundial, com o consequente inchaço das grandes 
cidades, causando um crescimento desordenado, levando ao surgimento de 
favelas e inúmeros problemas ambientais, tais como falta de saneamento, 
fornecimento de água potável e coleta e tratamento de esgoto, entre outros?
3 Estudamos que uma das consequências da expansão urbana é o desmatamento 
e a impermeabilizaçãodo solo. Escreva um pequeno texto com suas 
palavras, analisando as consequências ambientais do desmatamento e da 
impermeabilização do solo para o crescimento das cidades.
4 Após o estudo sobre os impactos ambientais das cidades nos ecossistemas, 
escreva uma redação abordando a importância de conciliar desenvolvimento 
e sustentabilidade.
130
131
TÓPICO 2
GESTÃO DO PATRIMÔNIO 
CULTURAL E AMBIENTAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Planejar a cidade, para que se torne sustentável, não será uma tarefa fácil 
para planejadores e gestores do presente e do futuro. 
O grande desafio dos gestores públicos será conciliar tantos atores 
envolvidos e multiplicidade de interesses, sejam estes econômicos, ambientais, 
preservacionistas etc. O certo é que cada um lutará por seus interesses, em 
detrimento dos interesses dos demais.
Os atuais centros urbanos mundiais, especialmente as grandes metrópoles 
como São Paulo, Rio de Janeiro, Cidade do México, Caracas, além de grandes 
cidades da África e Ásia, estão se tornando insustentáveis, tanto pelas condições 
de degradação social, visível na violência urbana, na falta de valores éticos 
e morais, na perda de valores culturais; como na degradação ambiental, que 
normalmente está associada à miséria e ao descaso com o patrimônio ambiental, 
tanto por parte de governos quanto da população em geral. 
Olhando para um grande centro urbano como a cidade do Rio de Janeiro, 
por exemplo, onde acompanhamos pelos noticiários a violência nas favelas, 
que já chegou à orla da zona sul, podemos tentar encontrar vários culpados 
ou responsáveis. Entre estes poderíamos citar: o governo; o poder econômico; 
a sociedade capitalista e consumista, a desigualdade social etc. A lista poderia 
ser interminável. Porém, esquecemos que qualquer sistema, órgão ou instituição 
que apontemos é formado por seres humanos, o que nos leva a pensar que a 
verdadeira causa está no homem enquanto espécie, o que nos faz concluir que, se 
fazemos parte da humanidade, a causa de todos os problemas e de suas soluções 
está em cada um de nós, sem redundância nem exageros. 
Em uma nação como a brasileira, formada por uma miscigenação de 
diferentes “raças” ou etnias e uma grande variedade de valores culturais, pode 
parecer difícil promover a união das pessoas em prol de uma causa comum, 
como a proteção do meio ambiente. Porém, a realidade mostra que quando é 
necessário, este povo, que quer apenas viver em paz, é também muito solidário 
quando é chamado a ajudar. 
Não é nosso propósito, neste tópico, encontrar as soluções para os 
problemas urbanos, especialmente a desigualdade social; mas levantar a questão 
para o debate, pois destes intercâmbios podem surgir ideias que ajudem a 
solucionar tais problemas. E você pode ajudar a encontrar a solução.
132
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
2 GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
O patrimônio cultural de um povo é algo tão importante para a 
preservação da memória e dos valores que identificam uma nação, que foi 
incluído na Constituição Brasileira de 1988, determinando que o poder 
público, com o apoio da comunidade, deve promover o “patrimônio cultural 
brasileiro”, definindo-o como o conjunto dos bens materiais e imateriais 
que se referem à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos que 
constituem a sociedade brasileira, a saber: 
a) as formas de expressão;
b) os modos de criar, fazer, viver;
c) as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
d) as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais. 
Não encontramos, nas pesquisas bibliográficas realizadas para a escrita 
deste Caderno de Estudos, um conceito universal para gestão. Por esta razão, 
buscamos o conceito daquele que é apontado como o idealizador da gestão 
administrativa de empresas, conceito este que posteriormente foi adaptado a 
muitas outras atividades que envolvem liderança, como a gestão do patrimônio 
cultural; gestão de pessoas; gestão de bacias hidrográficas; gestão ambiental etc. 
Estamos falando de: 
Jules Henri Fayol (Istambul, 29 de julho de 1841 — Paris, 19 de 
novembro de 1925) foi um engenheiro de minas francês e um dos teóricos 
clássicos da Ciência da Administração, sendo o fundador da Teoria Clássica da 
Administração e autor de Administração Industrial e Geral. 
Henri Fayol é um dos principais contribuintes para o desenvolvimento 
do conhecimento administrativo moderno. Uma das contribuições da teoria 
criada e divulgada por ele foi o desenvolvimento da abordagem conhecida 
como Gestão Administrativa ou processo administrativo, onde pela primeira 
vez falou-se em administração como disciplina e profissão, que, por sua vez, 
poderia ser ensinada através de uma Teoria Geral da Administração.
Outra contribuição da teoria de Fayol é a identificação das principais 
funções da administração, que são: planejar, organizar, controlar, coordenar, 
comandar.
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Jules_Henri_Fayol>. Acesso em: 22 ago. 
2012.
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
133
A gestão do patrimônio cultural é sem dúvida da maior importância, 
tendo em vista que povo sem memória é povo sem história, onde a história é 
contada apenas nos livros. Contudo, não faz parte da cultura de um povo 
recordar seu passado, orgulhar-se dos expoentes da cultura, da literatura, das 
artes, das ciências, da música, mas também das tradições de cada grupo étnico, 
com suas danças típicas, roupas de época, festas etc. 
Dada esta importância, a Organização dos Estados Ibero-Americanos 
publicou as linhas de cooperação do patrimônio cultural: 
Seu propósito central é contribuir para o fortalecimento das estruturas 
públicas de gestão, dotando os gestores do patrimônio de ferramentas 
adequadas para a formação, o trabalho em rede e a cooperação. Para isso, 
avançar-se-á na consolidação de mecanismos integradores entre instituições 
e profissionais especializados da região, com o objetivo de analisar e 
sistematizar as experiências práticas e acadêmicas existentes, elaborar novas 
propostas acadêmicas que respondam às necessidades atuais e difundir um 
novo paradigma de patrimônio cultural.
De igual modo, continuidade e aprofundamento serão dados aos 
trabalhos da Cátedra de História da Ibero-América, enquanto espaço que 
pretende pôr à disposição dos Ministérios de Educação os instrumentos 
necessários para facilitar a incorporação do estudo dos processos históricos 
dos países ibero-americanos nos currículos do Ensino Médio. Esta iniciativa 
ver-se-á acompanhada de um projeto editorial sobre a História da Arte Ibero-
americana, que inclui a elaboração de materiais para o ensino e a aprendizagem 
desta matéria no Ensino Médio.
FONTE: Disponível em: <http://www.oeibrpt.org/programacion/cultura1.htm>. Acesso em: 17 
set. 2012.
IMPORTANT
E
Prezado(a) acadêmico(a): observe em sua comunidade, em sua cidade, quais os 
valores culturais existentes que podem estar morrendo na memória do povo. 
Identifique danças típicas, expoentes da arte, literatura, poesia, apresente este tema em 
conversa com seus amigos. Lembre-se de que a cultura de um povo está em cada um de nós.
134
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
A gestão apropriada do patrimônio ambiental brasileiro constitui tarefa 
complexa, havendo, a rigor, maiores perspectivas de êxito à medida que 
existem organizações voltadas à consecução eficiente dos objetivos propostos. 
O primeiro passo concreto nessa direção ocorre no Brasil em 1973, com a 
criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), ligada diretamente 
à Presidência da República. Oito anos depois, em 1981, é promulgada a Lei n° 
6.938, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, marco para a gestão 
do meio ambiente brasileiro. Subsequentemente, o processo de incremento na 
capacidade de gestão ambiental do Estado brasileiro testemunha a criação do 
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis(IBAMA), em 1989, e, três anos mais tarde, a do Ministério do Meio Ambiente. 
Paralelamente, a Constituição de 1988 fornece revigorado respaldo 
jurídico para o reconhecimento da problemática ambiental e das questões 
derivadas de sua gestão. Destina, pela primeira vez na história do país, um 
Ao concluir este item sobre a Gestão do Patrimônio Cultural, não 
poderíamos deixar de envolvê-lo no processo de preservação e gestão deste 
patrimônio existente em seu bairro, cidade ou região. 
Cada um de nós, como parte da cultura de um povo, tem o dever ético e 
moral de preservar este patrimônio. 
3 GESTÃO DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL
Com um território de 8.514.876 km², o Brasil possui cinco grandes biomas, 
que são: Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Pantanal e Pampa. 
Os biomas formados por grandes áreas cujas características da vegetação 
e da fauna são determinadas por fatores como: clima, hidrografia e solo, criando 
ecossistemas complexos que escondem a maior biodiversidade do planeta. 
A exploração dos recursos naturais, necessária para atender à demanda de 
consumo e expansão da economia e crescimento das cidades, tem levado alguns 
destes ecossistemas à ameaça de extinção. Da Mata Atlântica, por exemplo, que 
ocupava originalmente todo o litoral brasileiro, sobram menos de 4% preservados.
 A gestão de todo este patrimônio ambiental estava à mercê do acaso e 
da velocidade com que o consumismo desenfreado avançava sobre os recursos 
naturais, até a aprovação da Política Nacional do Meio Ambiente, através da Lei 
no 6.938, de 1981.
Conforme informações do site do Ministério do Meio Ambiente: 
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
135
capítulo específico ao meio ambiente, considerado como um bem público 
essencial à qualidade de vida. Com efeito, o capítulo constitucional prescreve, 
ao Estado brasileiro e à coletividade, o dever de defender e preservar o meio 
ambiente para as gerações presentes e futuras. 
Os compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na área de 
meio ambiente têm, similarmente, representado estímulos positivos para 
uma gestão ambiental eficiente. A exemplo, tem-se a Conferência das Nações 
Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio 92), da qual se 
desdobra a criação da Comissão Interministerial sobre Desenvolvimento 
Sustentável (CIDES), em 1994. Essa comissão tem como objetivo assessorar o 
Presidente da República na tomada de decisões sobre as estratégias e políticas 
nacionais necessárias ao desenvolvimento sustentável, conforme as diretrizes 
estabelecidas pela Agenda 21. Em 1997, com o intuito de complementar os 
trabalhos da Comissão Interministerial, tornando a política de meio ambiente 
mais representativa, cria-se a Comissão de Políticas de Desenvolvimento 
Sustentável e da Agenda 21 Nacional, da qual participam representantes do 
governo e da sociedade civil, sob a presidência do MMA. À comissão cabe 
propor e avaliar estratégias e instrumentos voltados para o desenvolvimento 
sustentável do país e elaborar a Agenda 21 Nacional. 
É nesse ambiente de amadurecimento institucional e participação 
da sociedade civil que o MMA vem buscando novas alternativas para a 
conservação ambiental aliada ao ideal de desenvolvimento sustentável. De 
particular importância, destacam-se as recentes modificações na estrutura 
regimental do Ministério e de entidades a ele vinculadas. 
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/gab/asin/ambp.html>. Acesso em: 18 set. 
2012.
Como se observa pelo texto do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil deu 
grandes passos para preservar os ecossistemas que resistiram à devastação para 
atender à expansão das fronteiras agrícolas e pecuárias. 
Com o objetivo de deixá-lo(a) melhor informado(a) sobre os programas 
de gestão e proteção ambiental desenvolvidos pelo governo brasileiro, através 
do Ministério do Meio Ambiente, transcrevemos na íntegra a relação dos 
principais projetos: 
O MMA desenvolve os seguintes programas:
136
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
– Programa de Avaliação do Potencial Sustentável dos Recursos Vivos 
da Zona Econômica Exclusiva - Programa REVIZEE. Visa a realizar 
o inventário dos recursos vivos marinhos e das características de seus 
ambientes, determinar suas biomassas e estabelecer os potenciais de captura 
sustentável.
– Programa Nacional de Gerenciamento Costeiro - GERCO. Objetiva a gestão 
ambiental da zona costeira do Brasil, de forma integrada, descentralizada e 
participativa, com vistas a seu desenvolvimento sustentável. 
– Programa Nacional de Biodiversidade - PRONABIO. Contempla a 
implantação do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da 
Biodiversidade (PROBIO), bem como a implantação do Fundo Brasileiro 
para a Biodiversidade (FUNBIO). 
– Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil - PPG-7. 
Tem por objetivo viabilizar a harmonização do desenvolvimento econômico 
e a proteção do meio ambiente nas florestas tropicais. Tem entre seus 
componentes os seguintes subprogramas: política de recursos naturais, de 
conservação e manejo, de ciência e tecnologia, e projetos demonstrativos que 
visem a difundir modelos de desenvolvimento sustentável. 
– Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia – 
PROECOTUR. Objetiva promover e criar condições para o desenvolvimento 
de práticas de ecoturismo na região amazônica, como forma de compatibilizar 
a diversificação das atividades econômicas e a conservação ambiental. Tem 
como principais componentes a regulamentação da atividade, o investimento 
na formação de recursos humanos e infraestrutura adequados, o incentivo à 
ação comunitária, a utilização do ecoturismo como instrumento de educação 
ambiental. 
– Amazônia Solidária. Visa promover a ascensão econômica e social dos 
extrativistas da Amazônia. Surge de proposta discutida no Senado Federal 
e comunidades locais interessadas e tem como instrumentos o fornecimento 
de subvenções econômicas a produtores de borracha natural, e em particular 
aos seringueiros da Amazônia Legal, mediante mecanismos específicos de 
incentivos ao uso da floresta e programas de promoção social. 
– Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da 
Biodiversidade – PROBEM. Objetiva viabilizar o aproveitamento econômico 
da biodiversidade através da capacitação em pesquisas básicas e aplicadas, 
do desenvolvimento de tecnologias específicas e da modernização de 
atividades empresariais. Procura ainda definir e implementar mecanismos 
institucionais que tornem possível a parceria entre o governo e setores 
envolvidos. O projeto compreende, em linhas gerais, a implementação 
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
137
de uma rede nacional de laboratórios e a implantação de um complexo 
laboratorial voltado para pesquisas básicas e aplicadas, transferência de 
tecnologia e prestação de serviços, a ser instalado em Manaus e denominado 
Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA). 
– Programa Nacional do Meio Ambiente - PNMA. Procura fortalecer 
institucionalmente os organismos responsáveis pelas ações relativas ao meio 
ambiente em nível estadual e local. Procura ainda implantar e manter o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação, promover o desenvolvimento de 
instrumentos de gerenciamento e ações de proteção a ecossistemas especiais 
(Pantanal, Mata Atlântica, Zona Costeira), implementar projetos demonstrativos 
de desenvolvimento sustentável, com base nos princípios de fomento à gestão 
ambiental descentralizada (participação de municípios e sociedade civil), e 
viabilizar a aplicação dos mecanismos de análise de mercado à gestão do meio 
ambiente e ao uso sustentável dos recursos naturais. 
– Programa Nacional de Educação Ambiental - PNEA. É uma atividade 
conjunta dos Ministérios do Meio Ambiente, da Educação, da Cultura, e da 
Ciência e Tecnologia, em parceria com a sociedade e os governos municipais 
e estaduais. O programa é conduzido pela recém-criada Diretoria de 
Educação Ambientale tem em vista elaborar as diretrizes definidas pela Lei 
n° 9.9795/99, que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental. 
O programa tem sido a mola mestre da atual gestão e tem por finalidade 
expandir os fundamentos da educação ambiental para os diversos setores 
da sociedade. Para viabilizar esses objetivos, estão sendo empregados os 
instrumentos da difusão de informação, da capacitação de recursos humanos 
e da disseminação de práticas sustentáveis. 
– Programa Nacional de Áreas Protegidas. É responsável pela formulação e 
implementação da Política Nacional de Áreas Protegidas e pela formulação 
de instrumentos e normas relativas à criação, implantação, consolidação e 
gestão das Unidades de Conservação. Além disso, responde pela articulação 
e cooperação entre os órgãos federais, estaduais, municipais e internacionais 
e a sociedade civil na formulação das medidas a serem tomadas. Esse 
programa é de responsabilidade da Diretoria de Áreas Protegidas da 
Secretaria de Biodiversidade e Florestas. 
– Programa Nacional de Florestas - PNF. O objetivo deste programa é o uso 
sustentável das florestas nativas e plantadas do Brasil e a sua proteção, através 
da adoção do conceito de desenvolvimento sustentável na exploração dos 
recursos naturais; fortalecimento do setor florestal; recuperação de florestas; 
repressão de desmatamentos ilegais, queimadas e extração predatória; 
apoio à indústria sustentável com base florestal; incentivo às atividades 
econômicas das populações das florestas; e proteção ambiental. 
FONTE: Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/gab/asin/ambp.html>. Acesso em: 18 set. 
2012.
138
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
O site do MMA conclui que: 
O Brasil, não obstante sua condição de país em desenvolvimento, 
pratica e investe em políticas ambientais sintonizadas com o paradigma do 
desenvolvimento sustentável. Tal paradigma compreende em seis pontos 
o essencial das ações do governo na área do meio ambiente e dos recursos 
hídricos: 
- introdução da questão ambiental nos programas e políticas econômicas do 
governo, cujo exemplo mais significativo é o Protocolo Verde;
- implementação da Política Nacional Integrada para a Amazônia Legal, que 
visa à reorientação do crescimento econômico na região, sua maior integração 
e à valorização do homem amazônico; 
- implantação de um modelo de gestão descentralizada e compartilhada dos 
recursos hídricos; 
- aceleração da disponibilização e aplicação dos recursos externos; 
- execução do Programa Especial de Retomadas de Obras Inacabadas, 
destinadas tanto ao aproveitamento hidroagrícola quanto ao aumento da 
oferta de água no Semiárido nordestino; 
- implantação de modelos e de iniciativas para gestão integrada dos ambientes 
costeiro e marinho.
O Brasil é considerado o país que tem uma das melhores legislações 
ambientais do mundo, entretanto, o problema não está na falta de legislação 
adequada, como se tem visto até este ponto de nosso estudo. O problema está 
na falta de aplicação da lei, do famoso jeitinho brasileiro de fazer as coisas, 
seja usando influência para se safar de uma multa ambiental, poluindo rios, 
desmatando matas ciliares e de nascentes.
A legislação existe, as sanções para os crimes ambientais também existem. 
O que falta é educação de nós mesmos, de nosso povo em geral. 
Antes de apontarmos a culpa para alguém, seja este indivíduo, instituições 
ou governos, é necessário perguntar-se enquanto cidadão brasileiro e como futuro 
gestor público: quais têm sido minhas ações em relação ao meio ambiente? Sou 
um poluidor? Vivo de forma sustentável ou consumo mais do que o planeta pode 
me oferecer? Reciclo o lixo de minha casa? Jogo lixo na rua?
Ensina Pecotche (2007, p. 80-81) que: “Todo ensinamento moral não 
avalizado pelo exemplo de quem o dita, atua em sentido contrário na alma de 
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 18 set. 2012.
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
139
quem o recebe”. Portanto, o exemplo tem que partir de cada um, especialmente 
daqueles que em função da responsabilidade que exercem na sociedade, sejam 
educadores, gestores públicos etc., não podem cobrar da sociedade quando suas 
palavras não são avalizadas pelo exemplo moral. 
4 SUSTENTABILIDADE, MEIO AMBIENTE E O PLANEJAMENTO 
URBANO
4.1 SUSTENTABILIDADE
O conceito de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável começou 
a ser construído na conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento Humano, realizada em Estocolmo entre os dias 5 a 16 de 
junho de 1972, durante a primeira iniciativa da comunidade internacional para 
discutir os impactos das atividades humanas no meio ambiente: 
A Conferência de Estocolmo lançou as bases das ações ambientais em 
nível internacional, chamando a atenção internacional especialmente para 
questões relacionadas com a degradação ambiental e a poluição que não se 
limita às fronteiras políticas, mas afeta países, regiões e povos, localizados 
muito além do seu ponto de origem. A Declaração de Estocolmo, que se 
traduziu em um Plano de Ação, define princípios de preservação e melhoria do 
ambiente natural, destacando a necessidade de apoio financeiro e assistência 
técnica a comunidades e países mais pobres. 
[...]
A ECO-92 - oficialmente, Conferência sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento -, realizada em 1992, no Rio de Janeiro, consolidou o 
conceito de desenvolvimento sustentável. A mais importante conquista da 
Conferência foi colocar esses dois termos, meio ambiente e desenvolvimento, 
juntos - concretizando a possibilidade apenas esboçada na Conferência de 
Estocolmo, em 1972, e consagrando o uso do conceito de desenvolvimento 
sustentável, defendido, em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento (Comissão Brundtland): o desenvolvimento que atende 
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras 
gerações de atenderem às suas próprias necessidades. 
FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Sustentabilidade>. Acesso em: 19 set. 2012.
140
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
NOTA
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, 
que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992 (ECO 92), aprovou a definição de desenvolvimento 
sustentável e sustentabilidade da seguinte forma: atender às necessidades do presente 
sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias 
necessidades.
Ao estudarmos a história do surgimento das cidades brasileiras e 
mundiais, percebe-se que a grande maioria surgiu espontaneamente, ao longo da 
história, a partir de vilas das mais variadas origens, desde áreas portuárias, vilas 
agrícolas, vilas de pescadores, vilas de desterrados (bandidos). 
Tais cidades cresceram desordenadamente, procurando seu espaço para 
expandir-se, como já mencionado, sobre florestas, restingas, mangues; sem 
nenhum tipo de preocupação ou respeito com a natureza à sua volta, numa época 
em que sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável não faziam parte do 
vocabulário. 
A ordem de colonizadores e expansionistas era ocupar, povoar, explorar, 
afinal havia tantas terras vazias, continentes desconhecidos, que jamais se 
imaginaria que as florestas fossem acabar, os rios secar, o campo virar deserto. 
Mas a realidade atual é de rios poluídos com esgotos domésticos e 
industriais, agrotóxicos, florestas desaparecendo para dar lugar às novas 
fronteiras agropecuárias, sob o argumento de que o país necessita desenvolver-
se, mesmo que seja à custa da degradação ambiental. 
Segundo Leff (2011, p.. 15-16): 
A crise ambiental veio questionar a racionalidade e os paradigmas 
teóricos que impulsionaram e legitimaram o crescimento econômico, 
negando a natureza. A sustentabilidade ecológica aparece assim como 
um critério normativo para a reconstrução da ordem econômica, 
como uma condição para a sobrevivência humana e um suporte para 
chegar a um desenvolvimento duradouro, questionandoas próprias 
bases da produção. 
Ante o exposto, fica claro que não é mais possível ignorar a questão 
ambiental, especialmente quando se fala em planejamento urbano. 
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
141
4.2 MEIO AMBIENTE E PLANEJAMENTO URBANO
A cidade é um lugar onde centenas, milhares ou milhões de pessoas 
convivem juntas buscando atender seus interesses, se apropriando de espaços, 
vivendo, empreendendo, aprendendo. Mas também é um lugar de intensos 
conflitos de interesses, de desigualdade social, riqueza e miséria, trânsito caótico, 
poluição, violência urbana, criminalidade, problemas comuns em grandes 
cidades, sejam brasileiras ou não. Cabe aos planejadores e gestores urbanos, 
juntamente com uma equipe multidisciplinar, pensar a cidade, para transformá-
la em ambiente saudável do ponto de vista social e ambiental. 
Não nos ocuparemos, neste Caderno de Estudos, da saúde social da cidade, 
tendo em vista que este é um tema para ser trabalhado por educadores, sociólogos, 
psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais ligados às humanidades.
Vamos nos ocupar da saúde ambiental das cidades, porém abordaremos 
os principais pontos a serem observados pelo gestor. 
O aprofundamento do tema deve ser feito com outras leituras, como 
artigos científicos e livros indicados na bibliografia. 
Como já abordamos, a cidade se expande sobre o espaço natural para 
se transformar em espaço geográfico, ou seja, aquele construído pelo homem, 
que necessita atender desde as necessidades mais básicas, tais como: água, 
alimentação, moradia, vestuário, saneamento, trabalho, transporte, atendimento 
à saúde, espaços de lazer; até as necessidades mais supérfluas. 
O problema é que o atendimento a tais necessidades tem um alto preço 
ambiental: rios e ribeirões se transformam em lugar de despejo dos rejeitos; desde 
o lixo, utensílios domésticos que deixaram de ter utilidade, até o esgoto, jogado 
in natura em rios e mares pelo poder público, uma vez que a grande maioria das 
cidades brasileiras não possui sistema de coleta e tratamento de esgoto. E mesmo 
nas cidades onde o sistema existe, há sempre uma parcela da população que tenta 
driblar as leis e faz uma ligação clandestina, jogando seu esgoto no ribeirão ou rio 
mais próximo. 
Nas cidades industrializadas ou grandes metrópoles há ainda outro 
problema grave, que é a poluição do ar. São Paulo é o melhor exemplo disso. 
Quem já foi a São Paulo (vide figuras a seguir) percebe uma névoa preta que 
cobre a cidade permanentemente. Faça chuva, faça sol, vento ou calmaria, a 
fumaça preta não se dissipa, ficando pior quando a umidade relativa do ar baixa 
muito, deixando o ar seco, causando problemas respiratórios, com grave impacto 
na saúde pública.
142
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
Na periferia, onde vivem as populações de baixo poder aquisitivo, os 
problemas ambientais oscilam em ruas sem calçamento, que viram um lamaçal 
em dias de chuva, com esgoto a céu aberto, lixo espalhado pela rua e ribeirões que 
viram verdadeiras cloacas, expostas às crianças que brincam por cima do lixo e 
esgoto. (vide figuras a seguir):
FIGURA 18 – POLUIÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO EM DIA DE GREVE DOS 
METROVIÁRIOS
FONTE: Disponível em: <http://egqnarede.blogspot.com.br/2012/07/sem-metro-
poluicao-aumenta-75-em-sao.html>. Acesso em: 20 ago. 2012.
FIGURA 19 – POLUIÇÃO EM RIBEIRÃO NO MEIO DE UMA FAVELA
FONTE: Disponível em: <http://sosriosdobrasil.blogspot.com.br/2008/08/nossos-
rios-e-poluio.html>. Acesso em: 20 ago. 2012.
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
143
Outro grave problema ambiental que afeta a vida social, com grandes 
prejuízos à economia, é representado pelas enchentes, problemas estes em que o 
poder público costuma culpar os rigores da natureza, como o excesso de chuva, 
como o que ocorreu em Blumenau-SC em 2008, com grandes desbarrancamentos 
de encostas mal conservadas ou ocupadas irregularmente, e a enchente de 2011, 
também em Blumenau.
FIGURA 20 – DESBARRANCAMENTOS, BLUMENAU, 2008
FONTE: Disponível em: <http://www.miriamprochnow.com.br/diretrizes-sc-
sustentavel/mudancas-climaticas/>. Acesso em: 20 ago. 2012.
144
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
FIGURA 21 – ENCHENTE DE 2011 – BLUMENAU/SC
FONTE: Acervo dos autores
Os excessos de chuva ou de estiagem, ainda mais em uma época de 
aquecimento global, têm desequilibrado o clima, e serão cada vez mais frequentes. 
Os problemas causados por anomalias climáticas poderiam ser minimizados com 
um adequado planejamento urbano, onde as regras ambientais sejam respeitadas 
pelas autoridades públicas e pela população em geral. Caso contrário, nossas 
cidades serão sempre um verdadeiro caos. 
Para Cassilha (2009, p. 10): 
Uma cidade, não importa sua localização geográfica ou seu tamanho, 
deve ter preocupações como coleta seletiva de lixo, abastecimento 
de água potável, rigor na localização dos diversos usos: residencial, 
comercial, de serviços ou industrial, locais de lazer para uso público 
como praças e parques, enfim, uma dimensão de cidade a ser vivida 
por uma comunidade e que deve possuir obrigatoriamente certo nível 
de organização. 
O mais curioso é que existe toda uma legislação que disciplina e regulariza 
todo o uso do espaço urbano e rural, porém a realidade na maioria das cidades 
brasileiras ainda é a de rios poluídos por esgotos domésticos e dejetos industriais, 
ausência de tratamento de esgotos, poluição do ar, caos no trânsito por ausência 
de transporte público confortável e eficiente. 
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
145
Mais uma vez, percebe-se que o problema está na falta de educação do 
brasileiro, cuja realidade bem conhecemos. 
O planejamento ambiental urbano deve partir da realidade que possui, 
procurando aproximar-se do ideal a ser alcançado, que consiste em oferecer aos 
habitantes da cidade um lugar saudável e aprazível para viver. Caso nosso povo 
não tenha a educação para ajudar a criar este ambiente, não jogando lixo na rua, 
nem poluindo ribeirões, por exemplo, é necessário incluir na gestão ambiental da 
cidade a educação ambiental em todos os níveis, já prevista na legislação federal, 
como vimos em tópicos anteriores. 
Portanto, necessitamos de água potável em abundância, rios limpos, 
esgoto tratado, áreas de lazer, trabalho, habitação, transportes públicos eficientes 
e, principalmente, povo educado ambientalmente, para que tudo isto venha a ser 
uma realidade. 
No município, o poder público é exercido pelo prefeito, responsável por 
executar obras públicas, seja por solicitação popular, por iniciativa própria do 
Executivo ou por legislação aprovada pelo Legislativo, representado no município 
pela Câmara de Vereadores. 
Cabe aos gestores e planejadores dizer o que e como pode ser feito para 
evitar catástrofes, como os desbarrancamentos por ocasião das enchentes de 2008 
em Blumenau. 
A realidade da cidade de Blumenau, situada no Vale do Rio Itajaí-Açu, 
e espremida entre o rio e as montanhas, com o crescimento urbano forçou 
moradores a ocupar as encostas, fazendo cortes nos morros sem considerar as 
condições geológicas do terreno e desconhecendo as leis da física. O resultado foi 
o soterramento de muitas casas, com enormes perdas de vidas humanas. 
A cidade já possuía uma lei de zoneamento urbano, porém ignorada pela 
população. Com as vistas grossas do poder público, o resultado foi uma catástrofe. 
Após a tragédia, geólogos, geógrafos e outros profissionais foram 
chamados para estudar e mapear as áreas de risco, que deveriam ser desocupadas, 
e as áreas que não poderão ser ocupadas. 
Fazendo cumprir a legislação ambiental e as leis de zoneamento urbano, 
Estatuto da Cidade, zoneamento ambiental, poder público e população em geral 
estarão prevenindo tragédias como as que ocorreram em Santa Catarina, no 
Rio de Janeiro, em Alagoas, apenas para citar as últimas tragédias de grandes 
proporções. 
As causas das enchentes já são conhecidas.Os vales são áreas de inundação 
natural dos rios; entretanto, como muitas cidades surgiram às margens de rios, 
ocuparam estes vales sem os devidos cuidados, como a construção de cisternas 
146
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
para armazenamento da água da chuva, ou mesmo a elevação da casa, ocupando 
o andar térreo para garagem e área de serviço. Seriam medidas para evitar os 
danos materiais para moradores de áreas sujeitas a inundação. 
Para garantir o abastecimento de água potável, as florestas em torno das 
cidades, quando existirem, devem ser preservadas, transformando-as em parques 
municipais, que poderão servir de área de lazer para a população. 
Toda cidade deveria ter um sistema de coleta e tratamento de esgoto. A 
maioria das cidades brasileiras possui apenas coleta, porém o material coletado é 
jogado sem o tratamento adequado nos rios, lagos e mares. 
Nos bairros carentes, o esgoto é jogado nas ruas e corre a céu aberto. 
O poder público municipal tem o dever de fazer a coleta e tratamento do 
esgoto, ou, na impossibilidade, orientar a população a instalar fossas sépticas, 
dentro das técnicas adequadas para evitar poluir o lençol freático. 
Uma cidade ambientalmente saudável deve ter parques públicos bem 
arborizados, oferecendo à população o contato direto com a natureza, e a criação 
de importantes áreas de lazer. 
Sabemos que a realidade brasileira no que diz respeito ao planejamento 
ambiental das cidades é sofrível, para não dizer caótica e, muitas vezes, à beira 
do colapso ambiental. Esta realidade necessita ser revertida urgentemente, 
implantando e tratando os esgotos de todas as cidades; criar parques municipais 
nas florestas que estão no entorno das cidades, preservando as fontes de 
abastecimento de água, impedindo o assoreamento da calha dos rios, a erosão 
dos solos, além de ajudar a preservar a biodiversidade do planeta. 
Em pesquisa realizada pela Federação da Indústria do Rio de Janeiro em 
2011, com o objetivo de avaliar o crescimento das cidades e a gestão das prefeituras, 
a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, foi apontada como a melhor cidade do 
Estado para se viver e a 39ª do Brasil. 
Blumenau foi considerada a melhor cidade do Estado para se viver, de 
acordo com o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM). O estudo 
é realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), 
responsável por desenvolver e coordenar estudos, pesquisas e projetos que 
orientem as ações de promoção industrial e novos investimentos.
A pesquisa foi criada com o objetivo de avaliar o crescimento das cidades 
brasileiras e a gestão das prefeituras. A forma de avaliação é semelhante à 
utilizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para medir o Índice de 
Desenvolvimento Humano (IDH) dos países. O cálculo leva em consideração o 
acesso da população à saúde, educação e emprego formal.
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
147
De acordo com o IFDM, os números blumenauenses são crescentes 
desde 2005, quando a cidade ocupava a 11ª colocação no Estado e a 143ª no 
Brasil. Hoje, além de ser o município com melhor desenvolvimento em Santa 
Catarina, Blumenau é considerada a 39ª melhor cidade do país. Todos os 
indicadores estão acima de 0,8 pontos, o que posiciona o município na categoria 
de Alto Desenvolvimento. “O crescimento dos índices é resultado de um trabalho 
planejado, de olho no futuro e visando ao crescimento ordenado da cidade”, 
explica o prefeito João Paulo Kleinübing.
FONTE: Disponível em: <http://www.blumenaunoticias.com.br/2011/11/09/blumenau-
considerada-cidade-estado-viver/>. Acesso em: 20 ago. 2012.
Mas observa-se que a pesquisa considerou apenas: o acesso da população 
à saúde, educação e emprego formal. Ou seja, não foi incluída a saúde ambiental, 
como tratamento de esgoto, preservação das florestas no entorno da cidade, rios 
sem poluição, coleta seletiva de lixo etc. Estas questões ainda não fazem parte 
dos índices de desenvolvimento, apesar da existência de uma eficiente legislação 
ambiental.
Embora a cidade de Blumenau possua matas preservadas em torno da 
cidade e o sistema de tratamento de esgoto esteja em construção, a coleta do lixo, 
embora exista, não é obrigatória, havendo baixa adesão da população. 
Há cidades como Curitiba, por exemplo, onde a coleta seletiva é obrigatória 
e a população é educada a separar o lixo corretamente, em latas, plástico, vidro, 
papel, rejeitos. 
Teríamos que escrever um livro específico para abordar todas as questões 
envolvidas no planejamento ambiental das cidades. O que fizemos aqui foi apenas 
chamar os principais problemas ambientais das cidades e as possíveis soluções. 
Na bibliografia que indicamos e outras que o(a) acadêmico(a) possa 
encontrar, existem trabalhos excelentes sobre este tema, porém todos partiram 
da criatividade de pessoas iguais a você, prezado(a) acadêmico(a). Portanto, 
ponha a sua criatividade para funcionar e pense em soluções para os problemas 
ambientais de sua cidade. 
Comece educando a si mesmo, separando seu lixo, não jogando lixo na rua, 
não derrubando árvores. Feito isso, comece a educar aqueles que estão à sua volta 
a fazer o mesmo.
São ações como esta que mudam uma sociedade, e você pode ser o agente 
desta transformação.
No próximo tópico, apresentaremos alguns instrumentos de planejamento 
ambiental que auxiliam o planejamento das cidades. Vamos lá?
148
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
O FUTURO DAS CIDADES
Maria da Glória Gohn
Este artigo é fruto de minha participação em uma conferência ocorrida 
em julho de 1999 em Xangai, China, sobre “O Futuro das Cidades”. Ele tem 
um duplo objetivo: delinear o cenário das cidades num futuro próximo e 
sistematizar algumas propostas de encaminhamento de seus problemas via a 
participação da sociedade civil. 
Uma primeira indagação a ser feita é: o século XXI significa o fim das 
cidades ou o século das cidades? Segundo projeção da ONU, em 2025 teremos 
61% da população mundial vivendo em cidades. Em 1975 este índice era de 37%. 
Das 21 maiores metrópoles do mundo, 14 estão em países subdesenvolvidos. Esse 
percentual deverá aumentar 89% em 2025. Ou seja, as projeções indicam uma 
multiplicação das grandes cidades nas regiões pobres, num cenário radicalmente 
diferente de 50 anos atrás, quando apenas 100 aglomerações urbanas tinham mais 
de 1 milhão de habitantes, e a maioria delas localizava-se em países ricos. Ainda 
segundo a ONU, em 2025 haverá 527 grandes cidades, sendo 2/3 delas localizadas 
nos países menos desenvolvidos.
Os dados e as projeções indicam, portanto, que o ritmo de urbanização 
continuará forte no início do milênio. A urbanização acelerada dos países pobres 
fará a população das cidades superar a do campo, pela primeira vez na história, 
por volta de 2006. A China tem hoje 1 bilhão e 270 milhões de habitantes. Em 2025 
deverá ter 1 bilhão e 600 milhões de habitantes. A Índia já deverá atingir a cifra 
de 1 bilhão no ano 2000.
Na América Latina, Ásia e África, o número de moradores usuários 
vivendo em pobreza absoluta cresceu nos anos 80 e 90. A conferência promovida 
pela ONU em 1996 – Habitat - demonstrou o contínuo agravamento da situação, 
dada a globalização, o desemprego, a desigualdade e a exclusão social. A 
desigualdade entre as próprias cidades é outro ponto enfocado. A renda média 
domiciliar das cidades dos países industrializados é 38 vezes maior do que a das 
cidades africanas. Há mais telefones em Tóquio que em toda a África (que tem 749 
milhões de habitantes). A situação torna-se mais dramática quando olhamos para 
a crise dos Estados e o reordenamento de suas políticas. Ele perdeu ou transferiu 
o poder de investimento em infraestrutura de serviços sociais. Como resultado, 
para uma parcela crescente da população a vida urbana passou a ser sinônimo 
de desemprego, miséria, violência, favelas, congestionamento, poluição etc. O 
processo de urbanização acelerada no mundoestá fazendo surgir arquipélagos 
formados pelas ilhas de modernidade e bem-estar, cercados por um oceano de 
exclusão, cidades onde impera a miséria. São as cidades globais.
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
149
Cidades globais são aquelas que concentram perícia e conhecimento em 
serviços ligados à globalização, independente do tamanho de sua população. 
Para avaliar se uma cidade é global, considera-se: o número de escritórios das 
principais empresas (em contabilidade, consultoria, publicidade e banco e 
consultorias), a sua rede financeira/bancária, de telecomunicações etc. As cidades 
globais são vetores importantes da globalização. Elas são sede de poder e é por 
meio delas que a economia global é administrada, coordenada e planejada. 
Elas formam uma rede onde transitam os trilhões que alimentam os mercados 
financeiros internacionais. Elas formam também uma teia que dissemina serviços 
especializados para a indústria e para o comércio, concentram as estruturas de 
comando das 37 mil empresas transnacionais atualmente existentes.
Estudos recentes registram 55 cidades globais no mundo. O tamanho tem 
um pouco a ver com o nível de desenvolvimento da cidade. Zurique, na Suíça, 
é uma cidade global, enquanto Lagos, na Nigéria, com uma população 10 vezes 
maior, não é. As projeções indicam que Lagos deverá ser a terceira maior cidade 
do mundo em 2015, mas atualmente sua renda per capita é de apenas 68 dólares. 
Nas cidades globais desenvolvem-se dois tipos de grupos sociais opostos: um 
composto por mão de obra extremamente qualificada para executar serviços 
financeiros, legais, técnicos, de consultoria; e outro, composto por trabalhadores 
pouco qualificados, para os serviços de limpeza e manutenção. Com renda 
salarial baixa, estes últimos vão morar nas periferias e subúrbios, num contexto 
de enormes desigualdades sociais. 
Megacidade é outra categoria dos estudos urbanos. As megacidades são 
áreas urbanas com mais de 10 milhões de habitantes. Elas diferem das cidades 
globais porque não concentram poder (que é o que caracteriza as cidades globais). 
Ao contrário, a maioria das megacidades concentra pobreza e problemas. Com 
renda pequena, essas cidades arrecadam pouco em impostos, investem pouco em 
infraestrutura e saneamento; aumentando os problemas ambientais e as questões 
sociais, principalmente saúde, educação e segurança. Os índices de violência 
tendem a ser crescentes. 
Algumas cidades são megacidades e cidades globais, simultaneamente. 
Nova York, por exemplo, uma das três principais cidades globais na atualidade, 
tem uma renda per capita de 12 mil e 420 dólares. São Paulo também é uma 
cidade global e uma megacidade. Segundo a ONU, as megacidades vão mudar 
de endereço. Em 1996 elas totalizavam 16 cidades e em 2025 serão 25.
As cidades médias são outra categoria de classificação das cidades, com 
população entre 50 mil a 800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil são as pequenas 
cidades, ideal utópico de moradia feliz no imaginário de milhares de pessoas. Além 
de cidades globais, megalópoles, metrópoles, cidades médias e pequenas cidades, 
temos também a categoria dos polos regionais de aglomerações urbanas. Eles se 
caracterizam pela aglomeração de pessoas e atividades econômicas numa mesma 
área, composta de várias cidades que formam uma malha com fluxo de trocas 
intensas entre si. Pessoas moram num local, trabalham ou estudam em outro etc.
150
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
No Brasil ocorreu um dos mais rápidos processos de urbanização do 
mundo: em 1940 as cidades abrigavam 46% da população do país; em 1975 esse 
índice já era de 61%; e em 1991 era 75%! Atualmente o índice estimado é de 80% 
e em 2025 deverá ser de 88%. São Paulo é hoje a terceira cidade no mundo em 
termos de população. 90% de tudo o que é produzido no país vêm das indústrias 
concentradas nas cidades. 35,4% da população brasileira vivem em 15 metrópoles 
(abrangendo 204 municípios). Dos 42 milhões de pobres do país, 29% vivem 
nessas metrópoles. Existem ainda 400 cidades de porte médio onde vivem 29% da 
população do país. Pesquisas recentes indicam que a urbanização tomou novos 
rumos nos anos 90. Houve uma interiorização do crescimento: a população das 
cidades médias tem crescido muito mais rapidamente, em termos absolutos, do 
que as grandes metrópoles. As pequenas cidades apresentam saldos migratórios 
negativos, expulsam mais do que recebem novos moradores. A explicação mais 
plausível para o fenômeno da interiorização é a crise econômica e a terceirização 
da economia das metrópoles. São Paulo, por exemplo, registrou um crescimento 
de apenas 2% entre 1991 e 1996, mas Guarulhos cresceu 23,4% no mesmo período. 
A tendência nos próximos anos será a continuidade do processo de interiorização 
e espraiamento da população.
Os problemas no planejamento e gestão das cidades no futuro
A formação de consórcios tem sido uma saída para administrar cidades 
que polarizam a vida econômica de uma região, com vários municípios gravitando 
ao seu redor. A região de Campinas-SP, por exemplo, composta por 87 cidades ou 
núcleos, tem tido taxas de crescimento superiores à média do país: ela recebeu 173 
mil imigrantes entre 1991-96. Ela é um dos polos preferidos para os investimentos 
econômicos, mas essa importância gera também a perda da qualidade de vida, 
com mais: trânsito, poluição, problemas de segurança etc. Ela atrai migrantes que 
não conseguem colocação devido à crise econômica e à alta tecnologia necessária 
em seu parque industrial. A grande inter-relação com Sumaré, Monte Mor, 
Indaiatuba, Hortolândia, Mogi Mirim etc. gera outro problema - a diluição entre 
áreas urbanas e rurais. Várias áreas rurais e semiurbanas da região de Campinas 
têm sido objeto de ocupação por acampamentos do MST, gerando-se inúmeros 
conflitos sociais. 
Segundo os planejadores urbanos, num futuro breve as cidades globais 
desenvolvidas continuarão a concentrar as sedes das multinacionais e de grande 
parte do dinheiro que gira pelo mundo. Mas continuarão a sofrer com: poluição, 
congestionamento e violência - ponto comum nos prognósticos dos urbanistas: o 
aumento da tensão urbana nas cidades provocada pela crescente desigualdade 
entre seus habitantes. Eles recomendam o planejamento como antídoto para o 
caos. Apostam em parcerias entre a sociedade civil e o governo. Preconizavam 
que será necessário coordenar ações locais e iniciativas conjuntas entre cidades 
de uma mesma região.
Descentralização, parcerias do governo com a iniciativa privada e 
participação popular são palavras de ordem e diretrizes preconizadas como 
TÓPICO 2 | GESTÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL E AMBIENTAL
151
solução para os atuais dilemas das cidades. Uma revolução na administração 
também é proposta: menos burocratas, menor burocracia nos procedimentos de 
gestão e maior participação dos cidadãos. Essa é a fórmula recomendada nos 
quatro cantos do universo, em congressos e relatórios de diferentes instituições. 
Mas a tese atual mais importante entre os planejadores urbanos é - a necessidade de 
se pensar na sustentabilidade do desenvolvimento urbano, porque a cidade pode 
até estar limpa, sem poluição, com belos parques etc., mas se não tiver empregos 
ela estará com seu desenvolvimento estagnado. No cenário de desemprego atual 
é preciso criar políticas públicas solidárias que valorizem a res-publica.
Outros problemas relevantes, além da pobreza e do desemprego, 
conformam a própria situação ambiental das cidades: lixo, água, esgoto e poluição 
atmosférica. Para alguns urbanistas, a mudança do combustível e a mudança no 
motor dos automóveis e dos ônibus é algo que se impõe. É preciso cuidar não 
apenas do zoneamento (que divide as cidades em diferentes áreas de uso, mas se 
refere usualmente, aos espaços privados); temos que estar atentos para os planos 
diretores das cidades, aqueles que definem o que será feito com as cidades, e 
que dizem respeito também aos seus espaços públicos. O Fórum Nacionalde 
Reforma Urbana defende que haja sanções nos municípios que não elaborarem 
seus planos diretores num determinado prazo.
Uma agenda de pesquisa sobre o desenvolvimento das cidades deve 
incluir alguns tópicos como: elaboração de planos estratégicos contendo operações 
urbanas que implicam em alterar a distribuição e uso do solo; revisão/criação das 
legislações; e intensificação do modelo de gestão via parcerias - que significa a 
construção de redes para que grupos trabalhem juntos.
A cidade do futuro deverá contar cada vez mais com redes de articulação 
entre o poder público e o chamado Terceiro Setor (sem fins lucrativos, voltado 
para questões sociais, composto por ONGs, entidades, associações, movimentos 
e até algumas pequenas empresas ou cooperativas denominadas cidadãs). Em São 
Paulo, por exemplo, a ONG “Associação Viva Centro” coordenou o trabalho que 
envolveu pintura, ajardinamento, recuperações de fontes e operação de limpeza no 
piso da Vale do Anhangabaú. O Banco de Boston deu apoio financeiro e a Procter 
Gamble, uma gigante da indústria química, doou os produtos para a limpeza.
Nos estudos sobre as cidades e os processos de urbanização, um novo 
indicador foi criado, e ele se constitui categoria importante dentro dos parâmetros 
das pesquisas sobre o associativismo e o terceiro setor. Trata-se do “Capital 
social”, uma medida qualitativa que abrange as relações que um indivíduo 
tem. Estas relações podem ajudá-lo a prosperar, a se integrar em certos meios e 
círculos, ou simplesmente ajudá-lo a sobreviver. Várias instituições dão o suporte 
para o capital social de um indivíduo, como a Igreja, a escola, a associação do 
bairro, o sindicato, uma seita religiosa, um clube, e seitas religiosas, os centros 
comunitários, centros de saúde, esporte, lazer etc. São forças sociais locais, da 
comunidade. Várias pesquisas realizadas nos USA mostraram o papel do esporte 
para aumentar o capital social de uma comunidade.
152
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
Em São Paulo, por exemplo, o Jardim Angela, na periferia do sul da 
cidade, é o bairro com maior índice de violência da capital; lá não há centros de 
lazer, mas há um bar a cada dez casas. Por outro lado, na favela Monte Azul, 
na mesma região sul, os índices de criminalidade são praticamente inexistentes. 
Lá existe uma série de ONGs e associações comunitárias que criaram um denso 
tecido associativo desde os anos 70. A migração, muitas vezes, destrói os laços 
familiares e comunitários estabelecidos nas pequenas cidades. Num ambiente de 
desemprego, baixo salário, falta de justiça e de polícia, ou seja, de baixo capital 
social, os índices de violência tendem a ser mais altos. 
Portanto, diminuir os índices de violência, melhorar a qualidade de vida 
e de relacionamento entre as pessoas etc., são fatos que dependem não apenas 
da melhoria da situação econômica, mas também da capacidade da sociedade 
aumentar seu capital social. Apenas se estiver ligado a uma vida associativa o 
indivíduo aprende a discutir, a tomar decisões, e assumir responsabilidades. Não 
adianta esperar que o Estado crie ou desenvolva este associativismo. É a própria 
sociedade civil que deve impulsioná-lo. Várias pesquisas têm demonstrado que 
escolas administradas por pais e mestres, cooperativas de compras ou construção 
de casa própria, incentivos locais para limpeza pública e prevenção de crimes, 
programas criados pela sociedade civil para a preservação da natureza, têm sido 
mais eficientes que os programas públicos também destinados àquelas questões, 
administrados por burocratas distantes, insensíveis, quando não corruptos. A 
dificuldade existente na organização social civil diz respeito às verbas para dar 
continuidade aos programas.
Retomar o crescimento econômico com melhor distribuição de renda 
é a primeira grande e vital válvula de segurança para as tensões sociais. Mas 
outra providência é ampliar a abrangência e a eficiência das políticas sociais que 
incentivam a sociedade civil a resgatar sua cidadania, decidindo prioridades e 
envolvendo-se na operação de programas públicos.
FONTE: Disponível em: <http://www.lite.fae.unicamp.br/revista/gohn.html>. Acesso em: 22 set. 
2012.
153
Neste tópico, você viu que: 
• A Constituição de 1988 determinou que o poder público, com o apoio da 
comunidade, deve promover o “patrimônio cultural brasileiro”, definindo-o 
como o conjunto dos bens materiais e imateriais que se referem à identidade, à 
ação e à memória dos diferentes grupos que constituem a sociedade brasileira, 
a saber: 
a) as formas de expressão;
b) os modos de criar, fazer, viver;
c) as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
d) as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às 
manifestações artístico-culturais. 
• A gestão do patrimônio cultural é da maior importância, tendo em vista que 
povo sem memória é povo sem história, onde a história é contada apenas nos 
livros, mas não faz parte da cultura de um povo recordar seu passado.
• A gestão do patrimônio ambiental brasileiro está amparada na Lei nº 6.938, 
aprovada em 1981. 
• O conceito de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável começou 
a ser construído na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento Humano, realizada em Estocolmo entre os dias 5 a 16 de 
junho de 1972, durante a primeira iniciativa da comunidade internacional para 
discutir os impactos das atividades humanas no meio ambiente. 
• A ONU, através da ECO 92, Conferência das Nações Unidas sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, aprovou o seguinte conceito de desenvolvimento 
sustentável: atender às necessidades do presente sem comprometer a 
possibilidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. 
• O planejamento ambiental urbano deve partir da realidade que possui, 
procurando aproximar-se do ideal a ser alcançado, que consiste em oferecer 
aos habitantes da cidade um lugar saudável e aprazível para viver.
• No município, o poder público é exercido pelo prefeito, responsável por executar 
obras públicas, seja por solicitação popular, por iniciativa própria do Executivo 
ou por legislação aprovada pelo Legislativo, representado no município pela 
Câmara de Vereadores. 
RESUMO DO TÓPICO 2
154
• Fazendo cumprir a legislação ambiental e as leis de zoneamento urbano, 
Estatuto da Cidade, zoneamento ambiental, poder público e população em 
geral estarão prevenindo tragédias como as que ocorreram em Santa Catarina, 
no Rio de Janeiro, em Alagoas etc.
• O poder público municipal tem o dever de fazer a coleta e tratamento do esgoto, 
ou, na impossibilidade, orientar a população a instalar fossas sépticas, dentro 
das técnicas adequadas para evitar poluir o lençol freático.
155
AUTOATIVIDADE
1 Cite quais são os elementos que constituem o patrimônio cultural do povo 
brasileiro e por que devem ser preservados. 
2 Qual é a importância de se preservar o patrimônio ambiental brasileiro?
3 “Atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade 
das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades”. Analise 
o conceito de desenvolvimento sustentável aprovado na ECO 92, no Rio de 
Janeiro, e escreva um texto abordando de que forma indivíduos, cidades e 
países devem proceder para viver de acordo com este conceito.
156
157
TÓPICO 3
INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO 
AMBIENTAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Nas diversas seções anteriores deste Caderno de Estudos, estudamos o 
histórico de desenvolvimento das grandes aglomerações urbanas: sua origem, 
expansão e consequências. Discutimos, também, as questões envolvendo o 
planejamento urbano em si, sem focar, no entanto, na questão ambiental. 
Conforme o meio ambiente foi se tornando foco das discussões mundiais, 
através da verificação dos impactos que as atividades humanas causam nos 
mais diversos ciclos naturais e na biodiversidade, instrumentos de planejamento 
ambiental foram sendo desenvolvidos. Com base nisso, o objetivo destetópico é 
explorar as ferramentas disponíveis para a conciliação entre as atividades antrópicas 
e a preservação do meio ambiente – o tão almejado desenvolvimento sustentável.
Com relação ao meio ambiente urbano, há alguns instrumentos 
principais, a saber: o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), o Plano Diretor 
Municipal, o Plano de Bacia Hidrográfica, a Agenda 21 local e o Plano de 
Gestão Integrada da Orla (site MMA). Outros planos que, por envolverem a 
qualidade de vida no processo de urbanização, também podem ser destacados, 
são aqueles que consideram o saneamento básico, a moradia, o transporte e a 
mobilidade. Neste tópico, focaremos o Zoneamento Ecológico-Econômico e o 
Plano de Bacia Hidrográfica. No entanto, sugerimos fortemente a procura por 
informações que considerem os outros instrumentos, como, por exemplo, a 
exigência feita aos municípios pelo órgão ambiental do Rio Grande do Sul do 
Plano Ambiental Municipal. 
Como já dito anteriormente, a questão ambiental tornou-se regulamentada 
no Brasil a partir do estabelecimento da Política Nacional do Meio Ambiente, Lei 
no 6.938, de 1981. Nela estão previstos muitos dos instrumentos que abordaremos. 
Portanto, indicamos a sua leitura!
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
158
NOTA
Você pode ler a Política Nacional do Meio Ambiente na íntegra acessando: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6938.htm>.
2 O ZONEAMENTO AMBIENTAL BRASILEIRO
O Zoneamento Ambiental criado pelo Decreto nº 4.297, de 10 de julho 
de 2002 (BRASIL, 2002), está legalmente amparado na Política Nacional de Meio 
Ambiente, Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 (BRASIL, 1981), artigo 9º, inciso II. 
Tem como objetivo dar amparo legal para o ordenamento do uso do 
território, estabelecendo a demarcação das zonas ambientais, respeitando suas 
restrições e explorando de forma sustentável os recursos naturais e demais 
potencialidades, sem afetar o equilíbrio dos ecossistemas.
O propósito específico do Zoneamento Ambiental é o de estabelecer, 
geograficamente falando, as áreas do território que devem obrigatoriamente 
seguir um regime especial de usufruto. Isso significa que o proprietário continua 
exercendo seu direito legal à propriedade, porém o uso da mesma deve estar de 
acordo com a regulamentação do ZEE e demais leis ambientais vigentes no país.
2.1 ASPECTOS GERAIS DO ZONEAMENTO AMBIENTAL
A Constituição Federal de 1988 determina que a propriedade deve 
cumprir uma função social. Baseado neste preceito, o uso da propriedade privada 
deve seguir as determinações governamentais estabelecidas em leis e decretos.
 
O ZEE é um instrumento para planejar e ordenar o território brasileiro, 
harmonizando as relações econômicas, sociais e ambientais que nele acontecem. 
Demanda um efetivo esforço de compartilhamento institucional, voltado para a 
integração das ações e políticas públicas territoriais, bem como articulação com 
a sociedade civil, congregando seus interesses em torno de um pacto pela gestão 
do território. O ZEE é ponto central na discussão das questões fundamentais para 
o futuro do Brasil, como, por exemplo, a questão da Amazônia, do Cerrado, do 
Semiárido brasileiro, dos biocombustíveis e das mudanças climáticas.
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento-territorial/
zoneamento-ecologico-economico>. Acesso em: 8 set. 2012.
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
159
Desta forma, o proprietário da terra poderá usá-la de acordo com suas 
necessidades, porém respeitando os princípios gerais de preservação do meio 
ambiente e do uso social da propriedade. 
Esta regulamentação do Estado para o uso responsável e sustentável da 
propriedade visa, em última instância, ao crescimento econômico com base na 
sustentabilidade. 
É claro e notório, sendo isto de domínio público, que o ser humano, por 
falta de conhecimento das teias ecológicas que sustentam a vida na Terra, e movido 
principalmente pela ganância ou a busca de lucro fácil, é capaz de destruir em 
meses o que a natureza levou milhares de anos para construir. 
Costumamos analisar os problemas, especialmente os ambientais, de 
forma impessoal, sempre encontrando culpados nos outros; o que consiste numa 
visão puramente cartesiana ou fragmentada. 
Experimente colocar-se no papel do poluidor, do destruidor dos 
ecossistemas. Possivelmente encontrará as razões que levam o indivíduo, de 
forma pessoal ou no comando de empresas, a sugar a seiva da terra sem dar a ela 
a chance de se recompor. 
Pensando a partir das responsabilidades e atitudes individuais, percebe-
se porque o Estado teve que regular o uso das propriedades, dentro do modelo 
capitalista de propriedade privada, evitando assim o colapso ambiental num 
futuro não muito distante. 
É importante ressaltar que as leis aprovadas pelo Congresso Nacional e 
sancionadas pelo Presidente da República, seja no Brasil ou em outros países, não 
são garantia de que não enfrentaremos colapsos ambientais no futuro, a ponto de 
ter que evacuar áreas litorâneas em função do aquecimento global e do aumento 
do nível dos oceanos; ou cidades, em função de mudanças climáticas profundas, 
seja por secas que as transformam em desertos, ou excesso de chuvas. 
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
160
Prezado(a) acadêmico(a), você já pensou se sua vida é sustentável? Pense, 
analise e descubra. Procure na internet métodos que avaliam o impacto de seu estilo de vida 
na sustentabilidade do planeta. 
Feito isto, observe em sua região se há áreas degradadas, como extração de minério, rios 
poluídos, desmatamento, lixos espalhados nas ruas e em ribeirões etc. Faça um estudo destes 
problemas e, se possível, use uma destas pesquisas em seu Trabalho de Graduação.
ATENCAO
Ante as reflexões acima, não será difícil compreender a importância de 
se criar uma Política Nacional do Meio Ambiente e o Zoneamento Ecológico 
Econômico (ZEE), pois sem esta ação interventora e reguladora do Estado, tudo 
se transformaria num verdadeiro caos. 
Atualmente, diversos estados brasileiros estão formulando e 
implementando seus respectivos zoneamentos. Ao mesmo tempo, o governo 
federal já elaborou uma proposta de macrozoneamento para a Amazônia Legal 
e está em fase de elaboração do macrozoneamento do bioma Cerrado. Isso, a 
partir de uma perspectiva nacional do planejamento, permitirá a formulação de 
estratégias de gestão territorial mediante uma abordagem mais estratégica da 
realidade (site MMA).
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS ZONEAMENTOS
A legislação vigente estabeleceu alguns tipos de zoneamento, a saber: 
TIPOS DE ZONEAMENTO
Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) - O ZEE é instrumento para 
planejar e ordenar o território brasileiro, harmonizando as relações econômicas, 
sociais e ambientais que nele acontecem. Demanda um efetivo esforço de 
compartilhamento institucional, voltado para a integração das ações e políticas 
públicas territoriais, bem como articulação com a sociedade civil, congregando 
seus interesses em torno de um pacto pela gestão do território. O ZEE é ponto 
central na discussão das questões fundamentais para o futuro do Brasil, como, 
por exemplo, a questão da Amazônia, do Cerrado, do Semiárido brasileiro, dos 
biocombustíveis e das mudanças climáticas. 
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
161
IMPORTANT
E
Uma das suas características principais é sobrepor todos os outros tipos de 
zoneamento existentes.
Zoneamento Ambiental - É o zoneamento que leva em consideração, 
inicialmente, apenas o aspecto preservacionista. É elencado como um dos 
instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei no 6.938/1981). O 
termo, posteriormente, evolui para zoneamento ecológico-econômico, com a 
prerrogativa de englobar as questões social e econômica à ambiental.
Zoneamento Socioecológico e Econômico (ZSEE) - Significa o mesmo 
que ZEE, a nomenclatura apenas tenta evidenciar a questão social que já faz 
parte do zoneamento ecológico-econômico.
Zoneamento Geoambiental- Zoneamento voltado para os elementos e 
aspectos naturais do meio físico e biótico.
Zoneamento Agroecológico (ZAE) - Com essa forma de zoneamento é 
possível determinar o que e onde será possível plantar; quais as limitações 
de uso do solo, em atividades agropecuárias; quais as causas da poluição 
ambiental e da erosão do solo, o que pode ser feito para combater esses 
problemas; e como reduzir os gastos com insumos agrícolas, aumentando a 
produtividade e mantendo a qualidade da produção, facilitando o rendimento 
da mão de obra. É realizado o estudo do uso do solo para a agricultura, 
pecuária, silvicultura, extrativismo, conservação e preservação ambiental, a 
partir da elaboração de mapas na escala de 1:100.000 com informações sobre 
caracterização climática, solos, aptidão agrícola, cobertura vegetal e uso das 
terras, potencial para uso de máquinas, sustentabilidade à erosão, e potencial 
social para diferentes atividades.
Zoneamento Agrícola de Risco Climático - Útil para a agricultura, 
mostra meios para planejar os riscos climáticos, direcionar o crédito e o 
seguro à produção. A Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da 
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) define o zoneamento agrícola 
de risco climático para o cultivo de algumas culturas.
Zoneamento Costeiro - ZEE aplicado à zona costeira.
Zoneamento Urbano - Zoneamento dos municípios de acordo com o 
Plano Diretor.
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
162
Zoneamento Industrial - Zoneamento de áreas destinadas à instalação 
de indústrias. São definidas em esquema de zoneamento urbano, aprovado 
por lei. Visa à compatibilização das atividades industriais com a proteção 
ambiental.
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento
territorial/zoneamento-ecologico-economico/item/8188>. Acesso em: 9 set. 2012.
Conforme mencionado, o zoneamento ambiental evoluiu para um 
termo mais amplo, que abrangesse, além da preservação ecológica, os interesses 
econômicos, passando a se chamar ZEE, ou Zoneamento Ecológico-Econômico, e 
este se sobrepõe aos outros tipos de zoneamento. 
Cabe destacar também a importância do Zoneamento Agroecológico 
(ZAE) e o Zoneamento Agrícola de Risco Climático, uma vez que fornece 
orientações claras para a prática agrícola, regulamentando o uso do solo para 
os vários tipos de cultura, uso de máquinas, bem como as áreas sujeitas a riscos 
climáticos. 
A Lei no 8.171, editada em 1991, definiu a obrigatoriedade do poder 
público em realizar o Zoneamento Agroecológico, conforme texto da lei: 
“realizar zoneamentos agroecológicos que permitam estabelecer critérios para o 
disciplinamento e o ordenamento da ocupação espacial pelas diversas atividades 
produtivas, bem como para a instalação de novas hidrelétricas” (BRASIL, 1991, 
art. 19, inciso III).
O Zoneamento Costeiro foi incluído na Política Nacional do Meio Ambiente 
por conter muitos ecossistemas frágeis, como dunas, mangues, restingas, lagoas, 
estuários, porém com intensa ocupação, tendo em vista que a maior parte da 
população brasileira concentra-se na faixa litorânea, exercendo enorme pressão 
sobre os 7.367 km da costa brasileira.
Em relação ao Zoneamento Urbano, a Constituição de 1988 determina 
que toda cidade acima de 20 mil habitantes deve obrigatoriamente ter um Plano 
Diretor, tema este já estudado na Unidade 2, por tal razão não nos aprofundaremos 
neste tema nesta unidade. 
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
163
PARTICIPATIVO - Os atores sociais devem intervir durante as diversas 
fases dos trabalhos, desde a concepção até a gestão, com vistas à construção 
de seus interesses próprios e coletivos. Para que o ZEE seja autêntico, legítimo 
e realizável:
EQUITATIVO - Igualdade de oportunidade de desenvolvimento para 
todos os grupos sociais e para as diferentes regiões.
SUSTENTÁVEL - O uso dos recursos naturais e do meio ambiente 
deve ser equilibrado, buscando a satisfação das necessidades presentes sem 
comprometer os recursos para as próximas gerações.
HOLÍSTICO - Abordagem interdisciplinar para a integração de fatores 
e processos, considerando a estrutura e a dinâmica ambiental e econômica, 
bem como os fatores histórico-evolutivos do patrimônio biológico e natural.
SISTÊMICO - Visão sistêmica que propicie a análise de causa e efeito, 
permitindo estabelecer as relações de interdependência entre os subsistemas 
físico-biótico e socioeconômico.
2.3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO ZEE
O Ministério do Meio Ambiente estabeleceu os seguintes princípios 
norteadores do Zoneamento Ecológico-Econômico: 
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento-territorial/
zoneamento-ecologico-economico/item/8187>. Acesso em: 8 set. 2012.
Chama a atenção o fato de a legislação incluir o princípio participativo, 
ouvindo todos os atores sociais envolvidos no processo decisório, garantindo 
a sustentabilidade, através de um processo equitativo e sustentável, levando a 
todos a ter um olhar holístico, realizando abordagens interdisciplinares e, por fim, 
compreender as causas e efeitos envolvidos em uma zona específica, ou em todos 
os ecossistemas ou zonas de forma integrada, através da visão sistêmica. 
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) publica a terceira edição das 
Diretrizes Metodológicas para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil, na 
certeza de que o aperfeiçoamento e o zelo dedicados a este novo documento irão 
suplantar o sucesso das edições anteriores, rapidamente esgotadas pela grande 
demanda do público especializado e leigo, dada a relevância do assunto. 
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 8 set. 2012.
A seguir, um esboço gráfico destas diretrizes metodológicas:
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
164
FIGURA 22 – DIRETRIZES METODOLÓGICAS
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento-territorial/
zoneamento-ecologico-economico/item/7529-diretrizes-metodol%C3%B3gicas>. Acesso em: 9 
set. 2012.
Ciente de sua grande responsabilidade social, o MMA vem incentivando 
e desenvolvendo ações compartilhadas entre Estado e sociedade civil a fim de 
fortalecer o sistema nacional de meio ambiente, conservar nosso patrimônio 
natural e promover a gestão integrada do território nacional.
O Programa Zoneamento Ecológico-Econômico - PZEE, coordenado pelo 
MMA e com ações descentralizadas por diversos órgãos federais e estaduais, 
por sua natureza múltipla, demanda a integração intersetorial das instituições 
governamentais e respectivas políticas públicas, orientando suas diretrizes 
estratégicas para os sistemas de planejamento, as parcerias, o debate público e 
o controle pela sociedade.
Assim, este documento vem reafirmar o incessante esforço do MMA 
em consolidar o ZEE como instrumento da nova política ambiental do 
Governo Federal, orientada para as demais políticas públicas, a fim de dotar 
a gestão do território nacional com medidas inovadoras, capazes de gerar 
novas oportunidades de melhoria de vida com qualidade ambiental para 
milhões de brasileiros.
FONTE: Disponível em: <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/zoneamento-territorial/
zoneamento-ecologico-economico/item/7529-diretrizes-metodol%C3%B3gicas>. Acesso em: 9 
set. 2012.
O Zoneamento Ecológico-Econômico foi, sem dúvida, um grande avanço 
na normatização do uso do território; porém, como já afirmamos, a lei não dá 
garantia de que os ecossistemas irão ser preservados pelas gerações presentes e 
futuras. 
Mobilização
de Recursos
Estratégias
de Ação
Consolidação
do Projeto
Identificação
de Demandas
Meio Físico
Biótico
Dinâmica 
Socioeconômica
Organização
Jurídico
Institucional
Situação
Atual
Cenários
Diretrizes Gerais 
e Específicas
Unidades de
Intervenção
Apoio à
Gestão
Centro de 
InformaçãoBase de Informação
Análise e Estrutura 
das Informações
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
165
A seguir reproduzimos na íntegra o Decreto-Lei nº 4.297, de 10 de julho de 
2002.DECRETO Nº 4.297, DE 10 DE JULHO DE 2002.
Regulamenta o art. 9o, inciso II, da Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, 
estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do 
Brasil - ZEE, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 
84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 16 e 44 da 
Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965,
DECRETA:
Art. 1º O Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, como instrumento 
da Política Nacional do Meio Ambiente, obedecerá aos critérios mínimos 
estabelecidos neste Decreto.
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS E PRINCÍPIOS
Art. 2º O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente 
seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, 
estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar 
a qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo e a conservação da 
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das 
condições de vida da população.
Art. 3º O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as 
decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, 
projetos e atividades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, 
assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos 
ecossistemas.
Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, 
levará em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos 
ecossistemas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração 
do território e determinando, quando for o caso, inclusive a relocalização de 
atividades incompatíveis com suas diretrizes gerais.
Art. 4º O processo de elaboração e implementação do ZEE:
I - buscará a sustentabilidade ecológica, econômica e social, com vistas a 
compatibilizar o crescimento econômico e a proteção dos recursos naturais, 
em favor das presentes e futuras gerações, em decorrência do reconhecimento 
de valor intrínseco à biodiversidade e a seus componentes;
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
166
 II - contará com ampla participação democrática, compartilhando suas ações 
e responsabilidades entre os diferentes níveis da administração pública e da 
sociedade civil;
III - valorizará o conhecimento científico multidisciplinar.
Art. 5º O ZEE orientar-se-á pela Política Nacional do Meio Ambiente, 
estatuída nos arts. 21, inciso IX, 170, inciso VI, 186, inciso II, e 225 da Constituição, 
na Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, pelos diplomas legais aplicáveis, 
e obedecerá aos princípios da função socioambiental da propriedade, da 
prevenção, da precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador, da 
participação informada, do acesso equitativo e da integração.
CAPÍTULO II
DA ELABORAÇÃO DO ZEE
Art. 6º Compete ao Poder Público Federal elaborar e executar o ZEE 
nacional e regionais, quando tiver por objeto biomas brasileiros ou territórios 
abrangidos por planos e projetos prioritários estabelecidos pelo Governo 
Federal. (Redação dada pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
§ 1º O Poder Público Federal poderá, mediante celebração de termo 
apropriado, elaborar e executar o ZEE em articulação e cooperação com os 
Estados, cumpridos os requisitos previstos neste Decreto. (Redação dada 
pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
§ 2º O Poder Público Federal deverá reunir e sistematizar as informações 
geradas, inclusive pelos estados e municípios, bem como disponibilizá-
las publicamente. (Redação dada pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
§ 3º O Poder Público Federal deverá reunir e compatibilizar em um único 
banco de dados as informações geradas em todas as escalas, mesmo as 
produzidas pelos estados, nos termos do § 1o deste artigo. 
Art. 6-A. O ZEE para fins de reconhecimento pelo Poder Público Federal 
deverá gerar produtos e informações nas seguintes escalas: (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
I - ZEE nacional na escala de apresentação 1:5.000.000 e de referência 1:1.000.000; 
(Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
II - ZEE macrorregionais na escala de referência de 1:1.000.000 ou maiores; 
(Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
III - ZEE dos estados ou de regiões nas escalas de referência de 1:1.000.000 a de 
1:250.000, nas Macrorregiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste e de 1:250.000 a 
1:100.000 nas Macrorregiões Sudeste, Sul e na Zona Costeira; e (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
IV -ZEE local nas escalas de referência de 1:100.000 e maiores. (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
167
§ 1ºO ZEE desempenhará funções diversas, segundo as seguintes escalas: 
(Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
I - nas escalas de 1:1.000.000, para indicativos estratégicos de uso do território, 
definição de áreas para detalhamento do ZEE, utilização como referência para 
definição de prioridades em planejamento territorial e gestão de ecossistemas. 
(Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
II - nas escalas de 1:250.000 e maiores, para indicativos de gestão e ordenamento 
territorial estadual ou regional, tais como, definição dos percentuais para fins de 
recomposição ou aumento de reserva legal, nos termos do § 5º do art. 16 da Lei 
nº 4.771, de 15 de setembro de 1965; e (Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
III - nas escalas locais de 1:100.000 e maiores, para indicativos operacionais 
de gestão e ordenamento territorial, tais como, planos diretores municipais, 
planos de gestão ambiental e territorial locais, usos de Áreas de Preservação 
Permanente, nos termos do art. 4º da Lei nº 4.771, de 1965. (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
§ 2º Os órgãos públicos federais, distritais, estaduais e municipais poderão 
inserir o ZEE nos seus sistemas de planejamento, bem como os produtos 
disponibilizados pela Comissão Coordenadora do ZEE do Território 
Nacional, instituída pelo Decreto de 28 de dezembro de 2001, e pelas 
Comissões Estaduais de ZEE. (Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
§ 3º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se região ou regional a área 
que compreende partes de um ou mais estados. (Incluído pelo Decreto nº 
6.288, de 2007).
Art. 6º-B. A União, para fins de uniformidade e compatibilização com 
as políticas públicas federais, poderá reconhecer os ZEE estaduais, regionais 
e locais, desde que tenham cumprido os seguintes requisitos: (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
I - referendados pela Comissão Estadual do ZEE; (Incluído pelo Decreto nº 
6.288, de 2007).
II - aprovados pelas Assembleias Legislativas Estaduais; e (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
III - compatibilização com o ZEE estadual, nas hipóteses dos ZEE regionais e 
locais. (Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
Parágrafo único. O reconhecimento a que se refere o caput será realizado 
pela Comissão Coordenadora do ZEE do Território Nacional, ouvido o 
Consórcio ZEE Brasil. (Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
168
Art. 6º-C. O Poder Público Federal elaborará, sob a coordenação da 
Comissão Coordenadora do ZEE do Território Nacional, o ZEE da Amazônia 
Legal, tendo como referência o Mapa Integrado dos ZEE dos estados, elaborado 
e atualizado pelo Programa Zoneamento Ecológico-Econômico. (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
Parágrafo único. O processo de elaboração do ZEE da Amazônia Legal 
terá a participação de estados e municípios, das comissões estaduais do ZEE e 
de representações da sociedade. (Incluído pelo Decreto nº 6.288, de 2007).
Art. 7º A elaboração e implementação do ZEE observarão os pressupostos 
técnicos, institucionais e financeiros.
Art. 8º Dentre os pressupostos técnicos, os executores de ZEE 
deverão apresentar:
I - termo de referência detalhado;
II - equipe de coordenação composta por pessoal técnico habilitado;
III - compatibilidade metodológica com os princípios e critérios aprovados 
pela Comissão Coordenadorado Zoneamento Ecológico-Econômico do 
Território Nacional, instituída pelo Decreto de 28 de dezembro de 2001;
IV - produtos gerados por meio do Sistema de Informações Geográficas, 
compatíveis com os padrões aprovados pela Comissão Coordenadora do 
ZEE;
V - entrada de dados no Sistema de Informações Geográficas compatíveis 
com as normas e padrões do Sistema Cartográfico Nacional;
VI - normatização técnica com base nos referenciais da Associação Brasileira 
de Normas Técnicas e da Comissão Nacional de Cartografia para produção e 
publicação de mapas e relatórios técnicos;
VII - compromisso de disponibilizar informações necessárias à execução do 
ZEE; e
VIII -projeto específico de mobilização social e envolvimento de grupos 
sociais interessados.
Art. 9º Dentre os pressupostos institucionais, os executores de ZEE 
deverão apresentar:
I - arranjos institucionais destinados a assegurar a inserção do ZEE em programa 
de gestão territorial, mediante a criação de comissão de coordenação estadual, 
com caráter deliberativo e participativo, e de coordenação técnica, com equipe 
multidisciplinar;
II - base de informações compartilhadas entre os diversos órgãos da 
administração pública;
III - proposta de divulgação da base de dados e dos resultados do ZEE; e
IV- compromisso de encaminhamento periódico dos resultados e produtos 
gerados à Comissão Coordenadora do ZEE.
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
169
Art. 10. Os pressupostos financeiros são regidos pela legislação 
pertinente.
CAPÍTULO III
DO CONTEÚDO DO ZEE
Art. 11. O ZEE dividirá o território em zonas, de acordo com as 
necessidades de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e 
do desenvolvimento sustentável.
Parágrafo único. A instituição de zonas orientar-se-á pelos princípios 
da utilidade e da simplicidade, de modo a facilitar a implementação de seus 
limites e restrições pelo poder público, bem como sua compreensão pelos 
cidadãos.
Art. 12. A definição de cada zona observará, no mínimo:
I - diagnóstico dos recursos naturais, da socioeconomia e do marco jurídico-
institucional;
II - informações constantes do Sistema de Informações Geográficas;
III - cenários tendenciais e alternativos; e
IV - Diretrizes gerais e específicas, nos termos do art. 14 deste Decreto.
Art. 13. O diagnóstico a que se refere o inciso I do art. 12 deverá conter, 
no mínimo:
I - unidades dos sistemas ambientais, definidas a partir da integração entre os 
componentes da natureza;
II - potencialidade natural, definida pelos serviços ambientais dos ecossistemas 
e pelos recursos naturais disponíveis, incluindo, entre outros, a aptidão 
agrícola, o potencial madeireiro e o potencial de produtos florestais não 
madeireiros, que inclui o potencial para a exploração de produtos derivados 
da biodiversidade;
III - fragilidade natural potencial, definida por indicadores de perda da 
biodiversidade, vulnerabilidade natural à perda de solo, quantidade e 
qualidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos;
IV - indicação de corredores ecológicos;
V - tendências de ocupação e articulação regional, definidas em função 
das tendências de uso da terra, dos fluxos econômicos e populacionais, da 
localização das infraestruturas e circulação da informação;
VI - condições de vida da população, definidas pelos indicadores de condições 
de vida, da situação da saúde, educação, mercado de trabalho e saneamento 
básico;
VII - incompatibilidades legais, definidas pela situação das áreas legalmente 
protegidas e o tipo de ocupação que elas vêm sofrendo; e
VIII - áreas institucionais, definidas pelo mapeamento das terras indígenas, 
unidades de conservação e áreas de fronteira.
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
170
Art. 13-A. Na elaboração do diagnóstico a que se refere o inciso I do art. 
12, deverão ser obedecidos os requisitos deste Decreto, bem como as Diretrizes 
Metodológicas para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil, aprovadas 
pela Comissão Coordenadora do ZEE do Território Nacional. (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
Art. 13-B. Na elaboração do ZEE mencionado no inciso I do § 1o do art. 
6o-A, os critérios para divisão territorial e seus conteúdos serão definidos 
com o objetivo de assegurar as finalidades, integração e compatibilização dos 
diferentes níveis administrativos e escalas do zoneamento e do planejamento 
territorial, observados os objetivos e princípios gerais deste Decreto. (Incluído 
pelo Decreto nº 7.378, de 2010).
Parágrafo único. Compete à Comissão Coordenadora do Zoneamento 
Ecológico-Econômico do Território Nacional - CCZEE aprovar diretrizes 
metodológicas com o objetivo de padronizar a divisão territorial do ZEE 
referido no caput.
Art. 14. As Diretrizes Gerais e Específicas deverão conter, no mínimo:
I - atividades adequadas a cada zona, de acordo com sua fragilidade ecológica, 
capacidade de suporte ambiental e potencialidades;
II - necessidades de proteção ambiental e conservação das águas, do solo, 
do subsolo, da fauna e flora e demais recursos naturais renováveis e não 
renováveis;
III - definição de áreas para unidades de conservação, de proteção integral e 
de uso sustentável;
IV - critérios para orientar as atividades madeireira e não madeireira, agrícola, 
pecuária, pesqueira e de piscicultura, de urbanização, de industrialização, de 
mineração e de outras opções de uso dos recursos ambientais;
V - medidas destinadas a promover, de forma ordenada e integrada, o 
desenvolvimento ecológico e economicamente sustentável do setor rural, com o 
objetivo de melhorar a convivência entre a população e os recursos ambientais, 
inclusive com a previsão de diretrizes para implantação de infraestrutura de 
fomento às atividades econômicas;
VI - medidas de controle e de ajustamento de planos de zoneamento de 
atividades econômicas e sociais resultantes da iniciativa dos municípios, 
visando a compatibilizar, no interesse da proteção ambiental, usos conflitantes 
em espaços municipais contíguos e a integrar iniciativas regionais amplas e 
não restritas às cidades; e
VII - planos, programas e projetos dos governos federal, estadual e municipal, 
bem como suas respectivas fontes de recursos com vistas a viabilizar as 
atividades apontadas como adequadas a cada zona.
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
171
CAPÍTULO IV
DO USO, ARMAZENAMENTO, CUSTÓDIA E PUBLICIDADE DOS DADOS 
E INFORMAÇÕES
Art. 15. Os produtos resultantes do ZEE deverão ser armazenados em formato 
eletrônico, constituindo banco de dados geográficos.
Parágrafo único. A utilização dos produtos do ZEE obedecerá aos critérios 
de uso da propriedade intelectual dos dados e das informações, devendo 
ser disponibilizados para o público em geral, ressalvados os de interesse 
estratégico para o país e os indispensáveis à segurança e integridade do 
território nacional.
Art. 16. As instituições integrantes do Consórcio ZEE-Brasil, criado pelo Decreto 
de 28 de dezembro de 2001, constituirão rede integrada de dados e informações, 
de forma a armazenar, atualizar e garantir a utilização compartilhada dos 
produtos gerados pelo ZEE nas diferentes instâncias governamentais.
Art. 17. O poder público divulgará junto à sociedade, em linguagem e formato 
acessíveis, o conteúdo do ZEE e de sua implementação, inclusive na forma de 
ilustrações e textos explicativos, respeitado o disposto no parágrafo único do 
art. 15, in fine.
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 18. O ZEE, na forma do art. 6o, caput, deste Decreto, deverá ser analisado 
e aprovado pela Comissão Coordenadora do ZEE, em conformidade com o 
Decreto de 28 de dezembro de 2001.
Parágrafo único. Após a análise dos documentos técnicos do ZEE, a Comissão 
Coordenadora do ZEE poderá solicitar informações complementares, inclusive 
na forma de estudos, quando julgar imprescindíveis.
Art. 19. A alteração dos produtos do ZEE, bem como mudanças nos limites 
das zonas e indicação de novas diretrizes gerais e específicas, poderão ser 
realizadasapós decorrido prazo mínimo de dez anos de conclusão do ZEE, ou 
de sua última modificação, prazo este não exigível na hipótese de ampliação 
do rigor da proteção ambiental da zona a ser alterada, ou de atualizações 
decorrentes de aprimoramento técnico-científico.
§ 1º Decorrido o prazo previsto no caput deste artigo, as alterações somente 
poderão ocorrer após consulta pública e aprovação pela comissão estadual 
do ZEE e pela Comissão Coordenadora do ZEE, mediante processo 
legislativo de iniciativa do Poder Executivo.
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
172
§ 2º Para fins deste artigo, somente será considerado concluído o ZEE que 
dispuser de zonas devidamente definidas e caracterizadas e contiver 
Diretrizes Gerais e Específicas, aprovadas na forma do § 1o.
§ 3º A alteração do ZEE não poderá reduzir o percentual da reserva legal 
definido em legislação específica, nem as áreas protegidas, com unidades 
de conservação ou não.
Art. 20. Para o planejamento e a implementação de políticas públicas, 
bem como para o licenciamento, a concessão de crédito oficial ou benefícios 
tributários, ou para a assistência técnica de qualquer natureza, as instituições 
públicas ou privadas observarão os critérios, padrões e obrigações estabelecidos 
no ZEE, quando existir, sem prejuízo dos previstos na legislação ambiental.
Art. 21. Os ZEE estaduais que cobrirem todo o território do Estado, 
concluídos anteriormente à vigência deste Decreto, serão adequados à 
legislação ambiental federal mediante instrumento próprio firmado entre a 
União e cada um dos estados interessados.
§ 1º Será considerado concluído o ZEE elaborado antes da vigência deste 
Decreto, na escala de 1:250.000, desde que disponha de mapa de gestão e 
de diretrizes gerais dispostas no respectivo regulamento.
§ 2º Os ZEE em fase de elaboração serão submetidos à Comissão Coordenadora 
do ZEE para análise e, se for o caso, adequação às normas deste Decreto.
Art. 21-A. Para definir a recomposição da reserva legal, de que trata o § 
5º do art. 16 da Lei nº 4.771, de 1965, a oitiva dos Ministérios do Meio Ambiente 
e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento será realizada por intermédio 
da Comissão Coordenadora do ZEE do Território Nacional. (Incluído pelo 
Decreto nº 6.288, de 2007).
Art. 22. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 10 de julho de 2002; 181o da Independência e 114o da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
José Carlos Carvalho
3 PLANO DE BACIA HIDROGRÁFICA
O Brasil possui, desde o ano de 1997, a Política Nacional de Recursos 
Hídricos (Lei nº 9.433) e é a partir desta legislação que é organizado um sistema 
de gestão de bacias hidrográficas (PORTO; PORTO, 2008). 
TÓPICO 3 | INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO AMBIENTAL
173
DICAS
Conheça a Política Nacional de Recursos Hídricos acessando o link <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9433.htm>.
Segundo afirmam Porto e Porto (2008, p. 48):
Sobre o território definido como bacia hidrográfica é que se desenvolvem 
as atividades humanas. Todas as áreas urbanas, industriais, agrícolas 
ou de preservação fazem parte de alguma bacia hidrográfica. Pode-se 
dizer que, no seu exutório, estarão representados todos os processos 
que fazem parte do seu sistema. O que ali ocorre é consequência das 
formas de ocupação do território e da utilização das águas que para 
ali convergem.
Segundo a Resolução nº 32 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, 
de 15 de outubro de 2003, a divisão hidrográfica nacional em regiões hidrográficas 
ocorre da seguinte forma:
FIGURA 23 – REGIÕES HIDROGRÁFICAS BRASILEIRAS
FONTE: CNRH (2003)
UNIDADE 3 | PLANEJAMENTO AMBIENTAL DAS CIDADES
174
Sendo assim, é necessário o desenvolvimento do Plano Diretor da Bacia 
Hidrográfica, que permite fundamentar e orientar a implantação da Política 
de Recursos Hídricos em Bacias Hidrográficas. Esses planos servem como 
referenciais para os instrumentos técnicos de gestão e sua aprovação se insere no 
escopo decisório dos Comitês de Bacias Hidrográficas, aliando o fator técnico ao 
fator político, nos moldes de um gerenciamento participativo e integrado.
A aplicação do Plano Diretor da Bacia Hidrográfica justifica-se pela 
necessidade de soluções urgentes para diversos problemas, tais como: redução 
da disponibilidade hídrica, deterioração da qualidade das águas superficiais e 
insucesso da maioria dos empreendimentos voltados à proteção e conservação 
dos recursos hídricos da Bacia Hidrográfica.
175
Neste tópico, você viu que: 
• O Zoneamento Ambiental está legalmente amparado na Lei no 6.938, de 31 de 
agosto de 1981, artigo 9º, inciso II, que estabelece a Política Nacional de Meio 
Ambiente. 
• O Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil – ZEE é um instrumento da 
Política Nacional do Meio Ambiente, que obedecerá aos critérios mínimos 
estabelecidos pelo Decreto Nº 4.297, DE 10 de julho de 2002.
• O propósito específico do Zoneamento Ambiental é o de estabelecer, 
geograficamente falando, as áreas do território que devem obrigatoriamente 
seguir um regime especial de usufruto; o que significa que o proprietário 
continua exercendo seu direito legal à propriedade, porém o uso da mesma 
deve estar de acordo com a regulamentação do ZEE e demais leis ambientais 
vigentes no país. 
• O proprietário da terra poderá usá-la de acordo com suas necessidades, porém 
respeitando os princípios gerais de preservação do meio ambiente e do uso 
social da propriedade.
• Os tipos de zoneamento estabelecidos pela Lei do Zoneamento Brasileiro são 
as seguintes: 
- Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) 
- Zoneamento Ambiental
- Zoneamento Socioecológico e Econômico (ZSEE)
- Zoneamento Geoambiental
- Zoneamento Agroecológico (ZAE)
- Zoneamento Agrícola de Risco Climático
- Zoneamento Costeiro
- Zoneamento Urbano
- Zoneamento Industrial
- Zoneamento Etnoecológico
• São princípios norteadores do Zoneamento Ambiental: 
- Participativo
- Equitativo
- Sustentável
- Holístico
RESUMO DO TÓPICO 3
176
AUTOATIVIDADE
1 Após o estudo deste tópico e do Decreto-Lei nº 4.297, que estabelece as 
normas do zoneamento ambiental brasileiro, escreva um texto salientando os 
benefícios que o mesmo trouxe para o meio ambiente e a sociedade brasileira. 
2 Por que razão o Zoneamento Ambiental evoluiu para ZEE ou Zoneamento 
Econômico-Ecológico? 
3 Elabore um texto com as próprias palavras, com o propósito de desenvolver 
a análise crítica sobre os princípios norteadores do Zoneamento Ecológico-
Econômico:
177
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Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências. 
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ANOTAÇÕES
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