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O CONTO FANTÁSTICO: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA 
 
 
Valdison Ribeiro da SILVA 
Felipe Garcia de MEDEIROS 
Elisângela Soares de OLIVEIRA 
Vanessa da CONCEIÇÃO 
Professora Orientadora: Maria da Penha Casado ALVES 
Departamento de Letras - UFRN 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A aversão à escrita por parte dos alunos, quando em situação de produção 
textual solicitada pelo professor, a qual requer dele um posicionamento autoral e um 
cuidado acurado com a linguagem, é uma realidade que se repete em sala de aula. Por 
isso, visando à desconstrução desse sentimento de desprazer e descontentamento, por 
meio deste trabalho, articulando a teoria à prática docente – a qual é possibilitada pelo 
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) que tem como 
objetivo o aprimoramento das competências discursivas dos alunos –, propomo-nos 
mostrar que uma abordagem diferenciada dos gêneros textuais, em nosso caso, 
especificamente, o gênero Conto Fantástico, de certa forma, contribui para o 
apagamento do sentimento de ojeriza, compartilhado por grande parcela dos discentes. 
Nosso trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual José Fernandes Machado, situada 
em Ponta Negra/RN, com uma turma de 1º de Ensino Médio. Para tanto, tomamos 
como fundamentação teórica a abordagem de gêneros discursivos de Bakhtin (1992), 
que compreende o real valor do texto na esfera comunicativa, e a teorização do gênero 
conto, de Gotlib (1998). 
 
Palavras-chave: sequência didática, Conto Fantástico, escrita, reescrita 
 
INTRODUÇÃO 
 
O ensino de Língua Portuguesa tem como uma de suas finalidades fazer 
com que os estudantes desenvolvam e ampliem sua competência linguística, para que 
possam empregá-la de maneira adequada nas diversas situações do convívio social em 
que se encontrem e interagindo junto à sociedade de forma crítica. Em consonância a 
esse objetivo, o PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, 
mais especificamente o subprojeto de Língua Portuguesa – visa ampliar as 
competências linguístico-textuais dos alunos do ensino médio da Escola Estadual 
Professor José Fernandes Machado, localizada no bairro de Ponta Negra/Natal-RN, 
onde o subprojeto é desenvolvido. 
Pautadas na concepção de dialogismo da linguagem de Bakthin (1997) que é 
norteado pela grande metáfora “eu e o outro”, segundo a qual o sujeito se constrói na 
alteridade, se posiciona para um outro e interage socialmente por meio dos mais 
variados gêneros discursivos, o PIBID oportuniza a ampliação tanto da competência 
linguística quanto da competência genérica dos alunos. 
Neste trabalho, apresentamos uma das atividades relacionadas às práticas de 
leitura e de escrita dos gêneros do discurso, especificamente o gênero Conto Fantástico, 
abordado por nós bolsistas do PIBID, em uma turma de primeira série do ensino médio 
do turno noturno, no primeiro semestre do ano letivo de 2010. Tal como propõe os 
PCN para o ensino de Língua Portuguesa, um ensino pautado nos gêneros do discurso, 
buscamos proporcionar uma compreensão mais acentuada dos mecanismos que 
regulam a língua e que estão presentes nos textos representativos do gênero em questão, 
promovendo, assim, o desenvolvimento das habilidades desses discentes com relação à 
leitura e à escrita, procurando fazer com que estes deixassem de lado os sentimentos 
contrários ao ato de escrever, sentimento este explicitado por grande parcela dos 
alunos. Nossas ações procuraram, então, levá-lo à produção de bons textos, 
despertando o prazer deles no que se refere à escrita e à leitura. 
A atividade, em sala de aula, com o gênero Conto Fantástica consistiu em 
uma abordagem diferenciada que, de certa forma, fugiu da didática tradicional de 
“redação escolar”, motivando os alunos à prática de produção textual e, 
consequentemente, culminando no apagamento do sentimento de ojeriza quanto aos 
atos de leitura e de escrita. 
Essa atividade incidiu na leitura em sala de aula de alguns contos 
promovidapor nós, bolsistas, na apresentação do gênero conto por meio de slides, no 
direcionamento à escrita da primeira versão, nas orientações individuais, na elaboração 
da segunda versão, na leitura feita pelos alunos de seus próprios contos em ambiente 
de sala de aula e no recolhimento da versão final. 
 
REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Para a realização deste trabalho, fundamentamo-nos na abordagem Bakhtin 
(1997), o mestre russo, que fala não haver o eu sem o outro para que um gênero textual 
ou discursivo se efetue e que é de suma importância a circulação desse gênero 
impresso no meio em que é produzido para promover, dessa forma, a interação entre os 
esses dois pólos de existência. 
Com isso, dada a importância do conhecimento dos gêneros discursivos para 
a interpretação satisfatória do texto, o que é, essencialmente, ou como se configura um 
gênero? 
O gênero, como é sabido, se realiza em texto. A perspectiva desenvolvida 
por Bakhtin (1992) é a de que cada sociedade ou esfera da atividade humana possui 
tipos relativamente estáveis de enunciados, os conhecidos gêneros do discurso. A 
diversidade e heterogeneidade dos gêneros discursivos é mantida por causa das 
constantes relações entre gêneros e as diversas formas de organização do discurso do 
sujeito, que pode mesclá-los consoante à sua necessidade comunicativa intencional. 
Bakhtin (1992) afirma, ainda, que os falantes de qualquer língua materna 
não criam os gêneros discursivos – se criassem, seria quase impossível a comunicação 
verbal, pois os gêneros do discurso respeitam um caráter normativo que fora se 
formando durante o decorrer do tempo e as constantes contribuições dos sujeitos para a 
forma do gênero. O grau de estabilidade, sujeito à mudança, permanece até se entender 
que aquele gênero, por exemplo, “a carta pessoal”, é útil para a sociedade sendo, de 
acordo com o “eterno ciclo de evolução” dos gêneros do discurso, substituído por 
outro. Tendo em vista os aspectos sócio-históricos e dialógicos que motivam a 
produção do gênero, sustentado pelo princípio de estabilidade, é de vital importância 
para o leitor, aluno, compreender todo o fenômeno que constrói o texto – a 
configuração do gênero e, portanto, sua importância para a vida e para a sociedade que 
recebe e o define. 
Somada a concepção dialógica da linguagem de Bakhtin que perpassa a sua 
grande metáfora eu e o outro e sua conceituação de gêneros discursivos, utilizaremos, 
como embasamento, Garcez (1998) quando esta teoriza sobre a formação de leitores a 
partir da abordagem e da resposta do outro. Nesse sentido, a autora se aproxima 
inteiramente, ainda, das concepções bakhtinianas de que é a situação e os participantes 
mais imediatos que determinam a forma e o estilo ocasionais da enunciação. 
 
 
CONCEITUAÇÃO DE GÊNERO CONTO FANTÁSTICO 
 
De acordo com Gotlib (1998), o ato de contar estórias vem desde os tempos 
remotíssimos ainda não marcados pela tradição da escrita. Os costumes, mitos e lendas 
e ritos de uma tribo eram transmitidos oralmente de uma geração a outra como forma 
de manter vivas as tradições de um povo, conservando, assim, os traços de sua cultura. 
A prática de contar estórias sempre apresentou um cunho moralizante, visando, tão 
somente, à educação e à preservação de costumes. As estórias eram contadas por 
alguém mais velho visto como um sábio e era, portanto, de suma relevância, uma vez 
que este era tido como um profundo conhecedor da vida. E é por intermédio do ato de 
contar estórias que surgiu o conto. Sendo somente a partir do século XIV que a 
tradição de verbalizar estórias por meio da modalidade oral da língua, ganha outra 
conotação, a estética. Não se sabe com exatidão quando e onde o conto surgiu, mas, 
para alguns, os primeiros escritos considerados contos datam, aproximadamente, de 
4.000 anos antes de Cristo, os contos egípcios. 
Moisés (2004), crítico literário reconhecido, nos esclareceuma definição de 
conto precisa e fiel ao gênero literário em questão como Bakhtin delineou, com rara 
perícia, a importância sócio-histórica e cultural dos gêneros do discurso, Moisés 
começa por apresentar, em seu Dicionário de termos literários, a história do gênero 
conto até sua relativa estabilização, tomando esse como univalente: contém um só 
drama, um só conflito, uma só unidade dramática, uma só história, uma só ação, enfim, 
uma única célula dramática. 
Já Gotlib (1998), ao caracterizar o conto, contrasta-o à fábula e à parábola: 
 
Modernamente, sabe-se que a fábula é a estória com 
personagens animais, vegetais ou minerais, tem por objetivo instrutivo 
e é muito breve. E se a parábola tem homens como personagens, e se 
tem sentido realista e moralista, tal como a fábula, o sentido não é 
aparente e os detalhes de personagens podem ser simbólicos. O conto 
conserva características destas duas formas: a economia do estilo e a 
situação e a proposição temática resumidas. (p. 15) 
 
Quanto ao termo fantástico, este designa aquilo ou aquele que só existe na 
imaginação. Logo, a temática que o conto aborda é de cunho diferenciado, pois 
apresenta estórias imaginadas que envolvem acontecimentos fictícios e de cunho 
sobrenatural, não tendo compromisso com o real, permitindo que a ficção não tenha 
limites precisos. 
Por abordar estórias sobrenaturais, o Conto Fantástico versa por temáticas e 
simbologias relacionadas a esse mundo de mistérios e segredos tais como: manuscritos 
escondidos, torturas e crimes com horror sobrenatural, profecias, maldições, seitas 
secretas, segredos do passado, possessões demoníacas entre outras. 
Além das características já mencionadas, o conto, por ser uma narrativa, 
possui outros elementos constitutivos como: argumento para a história, narrador, que, 
por sua vez, é construído a fim de proporcionar a fruição do imaginário dos leitores de 
forma a transportá-los a lugares tenebrosos e medonhos envolvendo-os de maneira 
bastante singular. 
Ainda acerca das características do Conto Fantástico, este tem um efeito 
singular de especial importância, uma vez que brota dos recursos de expectativas 
crescentes por parte do leitor ou da técnica de suspense diante de um enigma que é 
sustentado no desenvolvimento do conto até o seu desfecho. 
 
UMA SEQUÊNCIA DIFERENCIADA 
 
Quando nos propomos a trabalhar com o gênero em questão com os alunos 
da 1ª série do ensino médio da escola onde o subprojeto de Língua Portuguesa do 
PIBID se desenvolve, pensamos inicialmente em uma forma de fazer com que a “aula 
tradicional de redação” fosse redimensionada e com isso fazer com que os discentes se 
interessassem pelos atos de leitura e de escrita – objetivo do subprojeto -, nesse 
momento, do gênero conto, já que esse era o tipo que pensamos ser mais instigante e 
poderia render desde a atenção dos alunos até boas produções, é claro, se fosse 
trabalhado de forma interessante. 
Nosso tratamento com esse gênero se deu por meio de, primeiramente, um 
planejamento no qual delimitamos a sequência didática que seguiríamos, pois as 
sequências didáticas são instrumentos que podem auxiliar o professor, propiciando 
intervenções sociais, ações recíprocas dos membros dos grupos e intervenções 
formalizadas nas instituições escolares, tão necessárias para a organização da 
aprendizagem em geral e para o progresso de apropriação de gêneros em particular. 
Planejar atividades, por meio de sequências didáticas, deve permitir, portanto, a 
transformação gradual das capacidades iniciais dos alunos para que esses dominem 
determinado gênero, levando em consideração questões relativas às complexidades de 
tarefas, em função dos elementos que excedem as capacidades iniciais dos alunos. 
Dessa maneira, para o trabalho com o gênero Conto Fantástico, seguimos a 
seguinte sequência didática: 
 
 Introdução: 
O gênero discursivo escolhido para o trabalho com a turma da 1ª série do 
turno noturno foi o Conto Fantástico, no qual, nós bolsistas do PIBID, explanamos 
ludicamente, criando toda uma ambientação em torno do tema fantástico, lendo textos 
de tal gênero num cenário que contribuísse para a fruição da imaginação, também, 
trazendo vídeos, músicas e poemas que abordassem a mesma temática, para só, 
posteriormente, mostramos a composição, estilo e tema do gênero em questão. 
 
 Objetivos: 
- despertar o interesse pela leitura e escrita do gênero proposto; 
- mostrar que a língua se materializa em gêneros diversos; 
- ampliar as competências discursivas relativas à leitura e escrita; 
- aguçar o conhecimento dos mecanismos que regulam o funcionamento da 
língua; 
 
 Conteúdos: 
- composição, temática e estilo do gênero 
- ortografia 
- acentuação 
- pontuação 
- paragrafação 
- coesão e coerência. 
 
 Desenvolvimento: 
- leitura lúdica (por nós) de textos representativos do gênero Conto 
Fantástico em um ambiente, também lúdico, criado por nós 
- entrega dos contos lidos para alunos 
- apresentação do filme Coraline, de Neil Gaiman 
- exposição do gênero por meio de slides 
- proposta da primeira produção textual 
- discussão em grupo a fim de analisarmos os problemas mais recorrentes 
- orientações em grupo e individuais 
- reescrita da primeira versão 
- leitura oral promovida pelos alunos de seus próprios contos 
 
 Metodologia: 
- motivação 
- aulas expositivas e dialogadas 
- discussão em grupo 
- orientações individuais e grupais 
 
 Recursos: 
- livros de Conto Fantástico 
- TNT roxo e vermelho para o tapete (ambientação) 
- velas brancas, vermelhas, pretas e azuis (ambientação) 
- música (ambientação) 
- data show 
- vídeo com a temática do fantástico 
- livro de poesia com a temática do fantástico 
- quadro branco 
- pincel piloto 
 
 Avaliação: contínua. 
 
Por meio dessa sequência, alcançamos o envolvimento total da turma e 
conseguimos transportá-la a um mundo, até então, não visitado por ela. Um mundo 
onde tudo se torna possível, desde um macaco que assume posturas humanas (O 
misterioso homem-macaco, de Valêncio Xavier) até a assombração por um gato preto 
(O gato preto, de Edgar Allan Poe). 
 
RELATO DE EXPERIÊNCIA 
 
O trabalho com o gênero Conto Fantástico foi extremamente gratificante e 
prazeroso tanto para nós bolsistas quanto para os alunos da turma do 1ª série do turno 
da noite, já que nós, enquanto professores em formação inicial, pudemos perceber a 
necessidade de se planejar atividades para a aula que fossem mais atrativas, 
interessantes e que seduzissem os discentes, chamando-os à participação ativa na aula, 
os distanciando do tradicionalismo das “aulas de redação”, que, de certa forma, 
termina por não permitir o desenvolvimento do sentimento de prazer desses discentes 
pela leitura e, consequentemente, culmina em não tão boas produções escritas. 
Compreendemos ser possível pensar em práticas didáticas diferenciadas a 
partir do gênero discursivo Conto Fantástico que, comumente, não costuma circular no 
ambiente da sala de aula, já que, essa modalidade de conto não é adotada pelo livro 
didático. Entretanto, como a temática abordada nesse gênero faz parte do cotidiano do 
aluno, termina tornando esse texto um excelente instrumento para o desenvolvimento 
de habilidades de escrita e de leitura, haja vista que os alunos falariam sobre algo que 
tinha domínio, logo teriam muito o que dizer. Sobre isso afirma Antunes (2009): 
 
[...] o insucesso da escrita escolar é responsabilidade mais de outros 
fatores do que do componente lingüístico. Na verdade, esse insucesso 
tem raízes em espaços e momentos anteriores àqueles da elaboração 
de um trabalho escrito. Tem raízes na ausência de uma condição 
básica, insubstituível, necessária, que é ter o que dizer. (p. 167) 
 
As ações ocorreram da seguinte forma: para o contato inicial da turma com 
o gênero Conto Fantástico, fizemosa leitura lúdica de três contos de terror, a saber, O 
gato preto, de Edgar Allan Poe; O misterioso homem- macaco, de Valêncio Xavier e; 
O espírito, de Artur de Azevedo, para tanto ambientamos a sala onde desenvolvemos 
as atividades do PIBID (Laboratório de Linguagens), com velas, já que as luzes seriam 
apagadas; forramos parte do chão com TNT, para que ficássemos todos nele sentados e 
providenciamos efeitos sonoros para a contribuição da climatização do cenário de 
medo e pavor. A partir de tal ambientação, conseguimos alcançar nosso objetivo que 
era atrair a atenção dos alunos ao gênero. 
Na aula seguinte, passamos o filme Coraline, uma novela fantástica de 
terror do autor britânico Neil Gaiman, a fim de fazer com que os alunos visualizassem 
e percebessem os elementos que compõem todo o cenário fantástico e que contribuem, 
sobremaneira, para a fruição do imaginário, transportando assim, os leitores a um 
mundo irreal onde tudo é possível. 
O terceiro passo foi a aula de explanação da macroestrutura prototípica do 
gênero, a qual se deu de maneira bastante participativa, onde os próprios alunos, a 
partir da experiência com a leitura dos contos em sala ambientada e da exposição do 
filme, conseguiram depreender os elementos estruturais que perpassam o gênero em 
questão. Essa explanação aconteceu por meio de slides, já que detínhamos o recurso 
midiático do data-show. Posteriormente, para dar início ao processo da escrita, 
lançamos uma proposta na qual os alunos teriam que criar um personagem 
protagonista de um conto de terror, descrevendo-o minuciosamente, pois isso os 
ajudaria a pensar em uma história para esse personagem, consequentemente, esses 
alunos escreveram textos bons e enquadrados no gênero em questão. 
A atividade relatada foi muito proveitosa, pois percebemos que os alunos 
entraram realmente “no clima” do fantástico, criando personagens pavorosos e até 
desenhos para representá-los. 
Após todas essas etapas, elaboramos uma proposta de escrita, em que os 
alunos teriam que atentar para o gênero solicitado (o Conto Fantástico), o público alvo 
(que seriam seus colegas) e o suporte onde o texto seria veiculado (no caso, a coletânea 
de gêneros produzidos no PIBID, que seria apresentada na Mostra de Linguagem, 
evento promovido por este programa para divulgar as produções escritas dos alunos). 
Dessa forma, nós bolsistas, pensando numa reescrita dos textos, fizemos a análise do 
material recebido, diagnosticando as maiores dificuldades do aluno na produção do 
texto. Em seguida planejamos uma aula que superasse as dificuldades, na qual 
explicamos para todos os alunos alguns elementos essenciais no texto, a exemplo da 
importância do título, da paragrafação, da coesão e coerência, entre outros. Em outro 
momento, fizemos atendimentos individuais aos alunos, pelo fato de termos mais 
chances de sanar as dúvidas que ainda permaneciam, e, principalmente, ajudar o aluno 
a organizar suas idéias, sempre mostrando que a escrita é um processo, na qual para se 
ter um bom texto é necessário repensar o seu próprio texto, observando se está 
adequado ao interlocutor. Dessa forma, desconstruindo o mito de que “a escrita é um 
dom que apenas poucos podem ter”. 
 Posteriormente, solicitamos a reescrita da produção textual, visto que o 
aluno já tinha noção de como promover os melhoramentos possíveis em seu texto e já 
podia visualizar a escrita como uma atividade contínua, pensando na reescrita como 
um ato importante, pois propõe a revisão textual, ou seja, um conjunto de 
procedimentos por meio dos quais um texto é trabalhado até o ponto em que se decide 
que está, para o momento, suficientemente bem escrito. 
A culminância das ações em sala de aula envolvendo o gênero se deu com a 
leitura lúdica pelos alunos de seus próprios Contos Fantásticos, momento esse em que 
fizemos um círculo, no qual cada um pôde contar a sua narrativa. Os alunos foram 
muito criativos em suas produções, criaram textos surpreendentes, próprios de contos 
de terror. Ao final do trabalho pudemos perceber um progresso significativo entre a 
primeira produção escrita e a última, demonstrando um avanço relevante na escrita dos 
alunos. 
 
CONCLUSÃO 
 
O trabalho com o gênero Conto Fantástico alcançou excelentes resultados, 
uma vez que todos os alunos envolveram-se nos processos de escrita e reescrita que 
foram desenvolvidos a partir da proposta de produção textual, além de participarem 
desde a leitura dos contos em sala decorada para esse fim até a presença na sala de 
vídeo onde assistiram ao filme. 
 Notamos que, no decorrer do processo, o fato de trabalharmos com 
orientações individuais contribuiu, sobremaneira, para que os alunos nos procurassem 
com a finalidade de descobrir o norte para as adequações necessárias em suas 
produções, pois, como os professores, atualmente, não têm tempo nem disposição para 
dedicarem-se a este trabalho, terminam por encerrar as produções dos alunos em uma 
única versão, na qual são apontados os erros sem sugestões de reescrita. 
Percebemos também que, a partir desses atendimentos, os alunos puderam 
observar e refletir sobre a necessidade da reescrita, do olhar do outro sobre sua 
produção, da leitura como elemento fundamental para obterem bons resultados com a 
escrita e, também, sobre a necessidade de uma prática de reelaboração permanente, 
pois, segundo Garcez (2001), escrever bem é o resultado de um percurso constituído de 
muita prática, muita reflexão e muita leitura. 
Contudo, apesar dos grandes avanços no trabalho com esse gênero, 
enfatizamos que ainda há muitos desafios a serem superados, haja vista as carências 
evidenciadas no processo de desenvolvimento da escrita dos alunos, o qual se baseia 
em elaborações textuais sem rascunhos e encerradas em uma única versão. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANTUNES, Irandé. Da intertextualidade à ampliação da competência na escrita de 
textos. In: _____. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola 
Editorial, 2009. p. 161-168. 
BAKHTIN, M/VOLOCHINOV. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: 
Cultrix, 1997. 
BAKHTIN, M. Estética da Criação Verbal. 2. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: 
língua portuguesa Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: 1997. 
GARCEZ, L. H. do C. Técnicas de redação: o que é preciso para saber escrever bem. 
São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
 _____. A escrita e o outro: os modos de participação na construção do texto. Brasília: 
Editora universidade de Brasília, 1998. 
GOTLIB, N. B. Teoria do conto. 8.ed. São Paulo: Ática,1998. 
MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. 12. Ed. Cultrix, 2004.

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