Prévia do material em texto
IANI SOARES LUZ - 2022.2 – 4° Período APG 13 ANATOMIA DO PÂNCREAS - Órgão acessório que contribui com a digestão química no intestino delgado - Glândula retroperitoneal que mede aproximadamente 12 ~15cm de comprimento, 2,5cm de espessura - Posterior a curvatura maior do estômago - Está ligado ao duodeno por dois ductos: ducto pancreático (ducto de Wirsung) e ducto pancreático acessório - O ducto pancreático forma uma ampola hepatopancreática (ampola de Vater) com o ducto colédoco do fígado, ambos se esvaziam no duodeno - Dividido em duas porções: corpo (parte central) e cauda (afilada) - O ducto pancreático se une ao ducto colédoco que vem do fígado e da vesícula biliar e entra no duodeno como ampola hepatopancreática - Essa ampola se abre na túnica mucosa duodenal conhecida como papila maior do duodeno (10cm abaixo do óstio pilórico do estômago) - A passagem do suco pancreático e do suco biliar por essa ampola é regulada pelo músculo esfíncter da ampola (esfíncter de Oddi) que circunda esse ducto - O ducto pancreático acessório (ducto de Santorini) sai do pâncreas e esvazia-se no duodeno ~2,5cm acima da ampola hepatopancreática Histologia Porção exócrina: - O pâncreas é composto por pequenos aglomerados (99%) de células epiteliais glandulares, os ácinos – constituem a porão exócrina do órgão IANI SOARES LUZ - 2022.2 – 4° Período - As células no interior dos ácinos secretam uma mistura de líquidos e enzimas digestória - > o suco pancreático Porção endócrina: - O 1% restante dos aglomerados, chamadas de ilhotas pancreáticas (ilhotas de Langerhans), foram a porção endócrina do pâncreas - As ilhotas de Langerhans secretam os hormônios glucagon, insulina, somatostatina e polipeptídio pancreático Fisiologia - O pâncreas produz diariamente 1,2 – 1,5 L de suco pancreático Suco pancreático: líquido claro e incolor que consiste principalmente de água, alguns sais, bicarbonato de sódio e várias enzimas – pH ligeiramente alcalino (7,1 – 8,2) - O suco pancreático age na: - Redução da acidez do suco gástrico ácido no quimo - Interrompe a ação da pepsina do estômago - Cria o pH apropriado para a ação das enzimas digestórias no intestino delgado - Enzimas pancreáticas: - Responsáveis pela digestão de carboidrato/amido, triglicerídeos, proteínas e ácidos nucleicos: Amilase pancreática, tripsina, quimotripsina, elastase, carboxipeptidade, lipase pancreática, ribonuclease e desoxirribonuclease - As enzimas que fazem a digestão das proteínas são produzidas em uma forma inativa, assim como no estômago, como são inativas, as enzimas não digerem as células do próprio pâncreas Ex: tripsina é secretada na forma de tripsinogênio – ativado no lúmen do intestino delgado pela enzima que fica na borda em escova a enteroquinase - Existe um mecanismo de defesa para os casos em que tripsinas são formadas acidentalmente no pâncreas, uma proteína executa essa função, a proteína inibidora da tripsina, que se combina a qualquer tripsina formada acidentalmente e bloqueia a sua atividade enzimática CÁLCULOS BILIARES Definição: a litíase biliar, ou cálculo biliar, é uma condição que se caracteriza pela formação de cálculos no interior da vesícula biliar. Classificação - Dois tipos: os cálculos de colesterol e os pigmentares. ➔ Cálculos de colesterol: são de cor castanho-claro, polidos ou facetados, únicos ou múltiplos e, à seção, têm aspecto lamelar ou cristalino. - 70-80% dos cálculos no mundo - Podem ser puros, ou misto, composto por 70% de colesterol monidratado, com quantidades variáveis de sais de cálcio, sais biliares, ácidos graxos, proteínas e fosfolipídios IANI SOARES LUZ - 2022.2 – 4° Período - Cálculos puros: raros, únicos, amarelo claros, redondos a ovoides, radio lucentes, com superfície externa dura e finamente granular - Cálculos mistos: mais comuns, múltiplos, formado por colesterol, bilirrubinato e outros sais de cálcio, são radiopacos, com superfície de corte cristalino ➔ Cálculos pigmentares: contêm menos de 25% de colesterol, são divididos em cálculos preto e castanhos - O principal componente é o bilirrubinato de cálcio - Os cálculos pretos são mais comuns em pacientes com cirrose ou hemólise crônica. São múltiplos, brilhantes, com contornos irregulares, radiopacos, originados na vesícula biliar (e tendem a permanecer nela), contêm sais de cálcio de bilirrubina indireta, carbonato de cálcio, cobre, fosfato de cálcio e glicoproteína mucina - Os cálculos castanhos são associados a infecção. São laminados, macios, de consistência saponácea e oleosa. Constituídos de bilirrubinato de cálcio monomérico e palmitato de cálcio e pequenas quantidades de colesterol e proteínas - Encontrados mias em ductos biliares - Geralmente, os pacientes com cálculos pigmentares são homens mais idosos do que aqueles com cálculos de colesterol - Tanto o cálculo de colesterol quanto os de pigmentos, possuem um núcleo constituído por pigmento biliar envolvido por matriz proteica, geralmente uma glicoproteína Etiologia - Mutações genéticas (anomalia do gene MDR3 hereditariedade - O MDR3 permite a transferência através da membrana do principal fosfolipídio biliar, a fosfatidil-colina - Fatores ambientais (ocidente predominam cálculos de colesterol, no oriente predominam os cálculos de bilirrubinato de cálcio) - Embora seja observado na infância e na adolescência, a litíase biliar é mais comum a partir da quarta década de vida - Dietas hipercalóricas e jejum prolongado - Dietas ricas em fibras diminuem a concentração biliar do colesterol, havendo IANI SOARES LUZ - 2022.2 – 4° Período menor tendência à formação de cálculo de colesterol (o mesmo foi observado em pessoas que consomem maior quantidade de álcool) Fisiopatologia Litíase de colesterol - A formação dos cálculos de colesterol compreende três estágios principais: - Supersaturação biliar, com formação de bile litogênica - Nucleação - Crescimento dos cálculos Supersaturação biliar - O fígado secreta bile supersaturada em colesterol, bile litogênica, ou seja, a bile contém excesso de colesterol em relação aos sais biliares e fosfolipídios - Nessas condições, o estado físico da bile se altera, deixa de ser uma solução homogênea e transforma-se em um sistema bifásico, contendo colesterol em estado cristalino - Esse fenômeno ocorre quando as concentrações de sais biliares e fosfolipídios são menores que o nível crítico e a quantidade de colesterol é maior Diagrama triangular de Admirande Small, modificado por Hay e Carey - O diagrama mostra as diferentes fases físicas que a bile pode apresentar de acordo com a composição relativa dos seus três componentes lipídicos - A zona micelar é aquela em que todo o colesterol é solubilizado sob a forma de micelas. As biles que têm composição fora da zona micelar apresentam geralmente duas ou três fases, ou seja, além de micelas, existem cristais de colesterol, líquidos ou sólidos, isola ou associadamente - Índice litogênico ou índice de saturação, avalia o potencial litogênico de biles individuais com litíase de colesterol, os portadores de cálculos biliares, quase sem exceção, têm biles hepática e vesicular supersaturadas - Pessoas normais também apresentam bile hepática hipersaturada em certos períodos do dia, particularmente no jejum noturno prologado, momento em que há a redução da secreção hepática de sais biliares e relativo aumento da secreção de colesterol - Essa bile hipersaturada se mistura depois com uma grande quantidade de bile vesicular insaturada, perdendo as suas características litogênicas - Diversos mecanismos intrae extra hepáticos podem produzir /secretar essa bile hipersaturada em colesterol - Intra-hepáticos: deficiência de solventes (sais biliares e / ou fosfolipídios) que pode ocorrer em condições de: 1. hipersensibilidade do mecanismo de retroalimentação de sais biliares ao nível do fígado 2. perda excessiva de sais biliares (doenças ou operações sobre o íleo terminal) 3. síntese deficiente de sais biliares 4. redução na síntese de fosfolipídios IANI SOARES LUZ - 2022.2 – 4° Período 5. Deficiência de solvente 6. Excesso de soluto (colesterol), por uso de drogas (clofibrate) fatores genéticos, período final da gravidez e distúrbios hormonais - Extra-hepáticos: 1. circulação acelerada de sais biliares 2. distúrbios primários da vesícula, canais ou esfíncteres 3. trânsito intestina mais lento associado à hipomotilidade da vesícula, isso acarreta maior quantidade de bile hepática no intestino proximal por mais tempo, ou seja, fica sobre uma exposição prolongada a ação das bactérias anaeróbicas - Essas bactérias transforam o colato em desoxicolato, que é um sal altamente hidrofóbico que diminui ainda mais o transporte intestinal, permitindo que maior quantidade de colesterol seja absorvida e recirculada e aumenta o processo de cristalização do colesterol - Dieta rica em fibras reverte Nucleação do colesterol - Para haver a formação de cálculos a partir de bile hipersaturada, é preciso que ocorra a nucleação - A nucleação é o processo pelo qual os cristais de colesterol monoidratado se formam e aglomeram - O tempo de nucleação está relacionado aos transportadores do colesterol na bile e com a fração de colesterol transportada pelas vesículas de fosfolipídios - Estágio: 1. formação das vesículas (organelas) unilamelares de colesterol (fosfolipídios) 2. Esses fosfolipídios ingressam em uma fase mestatática, foramndo vesículas multilamelares 3. As vesículas multilamelares dão origem aos cristais líquidos e depois cristais sólidos - Existem fatores antinucleantes (apoproeinas A1 e A2) da bile não litogênica, que impedem em parte a formação de agregados de cristais de colesterol - O cálcio promove a fusão de vesículas ricas em colesterol e acelera o crescimento dos cristais de colesterol Crescimento dos cálculos - Os fatores encontrados no interior da vesícula transformam os microcalculos em macrocalculos Fatores: muco vesicular, estase vescilar e estratificação da bile - O muco vesicular (gel de mucina) forma bolsões que retem os cristais, depois as moléculas de glicoproteínas da mucina formam um cimento intercristalino que provoca a aderência entre os cristais. Devido a hipomotilidade vesicular, o conglomerado gel de mucina, permanece com os cristais por tempo prologando, permitindo a moldagem de cálculos grandes pela adição contínua de novos cristais Lama biliar - Mistura de muco, bilirrubinato de cálcio e cristais de colesterol monoidratado - Presente no interior da vesícula, pode persistir por longos períodos, com episódios de desaparecimento e reaparecimento - Precursora da litíase - A lama é um fenômeno reversível, desparece se eliminar a causa, que pode ser por estase IANI SOARES LUZ - 2022.2 – 4° Período vesicular ou suspensão de medicamentos indutores Manifestações clínicas - 80% assintomática ou oligossintomática - Sintomática em consequência da obstrução do canal cístico - Dor recidivante (podendo evoluir para colecistite aguda, empiema e perfuração vesicular) - 75 a 90% apresentam: - crises dolorosas - icterícia obstrutiva - colangite e / ou pancreatite biliar - O quadro inflamatório é brando e transitório, persistindo leve inflamação crônica da mucosa com exarcebações agudas de permeio - São sintomas não específicos - A litíase vesicular silenciosa representa grande número de casos - Sintomas mais comuns: - dor epigástrica ou no quadrante superior direito (geralmente intermitente ou contínua) - cólica biliar (hipocôndrio direito ou epigástrio) pode irradias para região enterescapulovertebral - É de início súbito, aumentando do intensidade rapidamente - Ocorre mais frequentemente a noite (porque a vesícula fica na posição horizontal, facilitando a mobilização dos cálculos para o ducto cístico - Intervalo de cólicas é variável - É frequente a presença de náuseas e vômito - Os cálculos podem desparecer, migrando para o intestino ou sendo dissolvidos de forma espontânea Diagnóstico - Cólica biliar simples é tipicamente associada a exames hepatológicos normais - Métodos complementares: exames radiológicos e ultrassonografias - Deve-se iniciar pela ultrassonografia (possui 95% de especificidade para cálculos com mais de 2 mm) - Se o paciente é suspeito, mas não se observou nenhuma alteração na ultrassonografia, a conduta é seguir com colecistrografia oral e prova motora - Radiografia simples do abdome pode diagnosticar cálculos radiopacos (15% dos casos de cálculo biliar) - Se na colecistografia, não foi possui visualizar a bile, repetir com o dobro de contraste no dia seguinte, se ainda assim não foi possível visualizar, é um forte indicio de doença vesicular - Colangiografia retrógrada por via endoscópica (CRE): muito sensível no diagnostico de litíase ductal - Tubagem duodenal: apresenta bons resultados, mas é pouco usado, indicado quando o paciente é alérgico ao contraste - TC: sensibilidade de 78 a 83%, devido a uma mínima diferença de densidade entre os IANI SOARES LUZ - 2022.2 – 4° Período cálculos e a bile em que estão mergulhados, pode dar um falso negativo - Exame físico: icterícia, fezes hipocólicas, colúria, palpação do quadrante sup. Direito é discretamente dolorosa. Normalmente não se palpa vesícula - Contagem de leucócitos está aumentada, com o predomínio de polimorfonucleares PANCREATITE AGUDA Definição: é uma inflamação aguda do pâncreas, podendo envolver tecidos peripancreáticos ou órgãos a distância. - É uma doença comum e com amplo escpectro de apresentação Formas leves: mais comuns e que respondem bem ao tratamento conservador - baixa morbimortalidade Formas graves: que requerem internações prolongadas em unidades de terapia intensiva, uso de antimicrobianos de amplo espectro e intervenções cirúrgicas) - alta morbimortalidade - Distinção das duas formas por critérios clínicos, laboratoriais e radiológicos isolados ou agrupados sob a forma de escores prognósticos - Fisiopatologia ainda é mal conhecida e as evidências de um tratamento ideal são poucas, a classificação mais amplamente adotada para estudo das pancreatites agudas é a classificação de Atlanta Epidemiologia - Incidência varia de 4,8 a 24,2 casos / 100.000 habitantes em países desenvolvidos, mas não há dados concretos a respeito de sua incidência no Brasil - A mortalidade na pancreatite aguda respeita um padrão bimodal: - Nas primeiras duas semanas, decorre da resposta inflamatória sistêmica e das disfunções orgânicas por ela induzidas - Após esse período, costuma ocorrer por causa das complicações infecciosas da doença - Melhor conhecimento da fisiopatologia da pancreatite aguda e desenvolvimento e implementação de novas medidas terapêuticas reduziram a mortalidade nos casos graves, embora ela ainda atinja 35% - As pancreatites graves são, geralmente, de etiologia biliar Etiologia -