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PMBA01-MT-06.001PMBA01-MT-06.001 MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE PMBA01-MT-06.001 Governador do Estado da Bahia Rui Costa dos Santos Secretário da Segurança Pública Ricardo César Mandarino Barretto Comandante-Geral da Polícia Militar da Bahia Paulo José Reis de Azevedo Coutinho - Coronel PM Subcomandante-Geral da Polícia Militar da Bahia Nilton Cézar Machado Espíndola - Coronel PM Comandante de Operações da Polícia Militar da Bahia Manoel Xavier de Souza Filho - Coronel PM Comandante de Policiamento Especializado da Polícia Militar da Bahia Manuel Paulo Muniz Júnior - Coronel PM POLÍCIA MILITAR DA BAHIA MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE PMBA01-MT-06.001 1ª Edição Salvador, 2022 VENDA PROIBIDA É pemitida a reprodução de dados e informações contidos nesta publicação, desde que citada a fonte. Comissão Designada ©2022. POLÍCIA MILITAR DA BAHIA COMANDO DE POLICIAMENTO ESPECIALIZADO Rua Radioamadores, Km 01, S/N, - Pituaçu 41.741-080 | Salvador- BA Telefones: (71) 3115-7650/7651/7652 Correio Eletrônico: cpe.cmd@pm.ba.gov.br www.pm.ba.gov.br/cpe Tiragem desta edição: 1.000 exemplares. Informações Ficha Catalográfica Polícia Militar da Bahia F383m Ferreira, Wagner Luiz Alves — Ten Cel QOPM (Pres. da Com. de Elab.) Manual de Operações de Choque da PMBA: PMBA01-MT-06.001. / Wagner Luiz Alves Ferreira — Ten Cel QOPM (Pres. da Com. de Elab.); Marcos Paulo Moreira Gonzaga — Maj QOPM (Membro). — Salvador, 2020. 205 p.: il. 1. Polícia Militar - BAHIA. 2. Doutrina. 3. Operações de Choque. 4. Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo. 5. Técnicas. 6. Táticas. I. Gonzaga, Marcos Paulo Moreira — Maj QOPM (Membro). II. Título. CDD 353.9 Ficha catalográfica elaborada por Dourival da S. Guimarães Sobrinho. CRB-5: BA0013650/0 Presidente Wagner Luiz Alves Ferreira – Ten Cel PM Membros Marcos Paulo Moreira Gonzaga – Maj PM Luis Guilherme Reis Borges – Cap PM Wilner Souto dos Reis Neves – Cap PM Harley Santos Pereira – Cap PM Paulo Vinícius Teixeira de Jesus – Cap PM Jodson Souza Oliveira – Cap PM Rodrigo Marcelo Melotto – Cap PM Carleson Oliveira Nascimento – 1º Ten PM Colaboradores Marcos Paulo Mello Viroli – Cap PM Samarone Novaes Belo – Cap PM Marisa Ribeiro do Carmo – Cap PM Projeto Gráfico e Diagramação Rogerio Chaves Barreto - Sd 1ª Cl PM POLÍCIA MILITAR DA BAHIA COMANDO-GERAL PORTARIA nº 52-CG/2022 Aprova o Manual de Operações de Choque - PMBA01-MT-06.001, e dá outras providências. O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DA BAHIA, no uso das suas atribuições legais, prevista no Art. 57, inc. I, alínea "j" da Lei 13.201, de 09 de dezembro de 2014; Considerando a necessidade de modernização e melhoria continua dos serviços prestados pela Polícia Militar da Bahia ao cidadão; Considerando a necessidade de atender o que preconiza o Plano Estratégico da PM BA 2017-2025 Rumo ao Bicentenário, no Objetivo Estratégico 05 (Otimização das ações de Polícia Ostensiva), Iniciativa 5.5 (Atualizar e difundir Doutrina Operacional); Considerando a necessidade de difundir a Doutrina de Operações de Choque em todos os níveis da PMBA, e mais especificamente nas tropas que operam em ocorrências críticas de distúrbios sociais, RESOLVE: Art. 1º - Aprovar o Manual de Operações de Choque PMBA01-MT-06.001. Art. 2° - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogam-se as disposições em contrário. /' , é.. PAULO JOSE � �9E O 5P· TINHO - Cel PM p:�ERAL ORAÇÃO DO CHOQUEANO Oh! Senhor dos Exércitos, emana de ti, a nossa missão e o nosso dever! Tu és a sabedoria infinita. Dai-nos os conhecimentos específicos da nossa função. A disciplina e o auto-controle para empregá-los. A resistência ao desconforto da fadiga. A flexibilidade e a confiança para sobrepujar. A determinação e a coragem para vencer. E se preciso for, oh! Deus, pereceremos pela fidelidade à doutrina. Assim a moral, a dignidade e a força do choqueano ecoarão pela eternidade. E quando caminhar em direção a vós, terei a certeza de que serei um Homem de Choque! Nesta e em outras vidas! Pela Paz e Pela Ordem, C H O Q U E ! ! ! POLÍCIA MILITAR DA BAHIA COMANDO-GERAL MENSAGEM DO COMANDANTE-GERAL ALUSIVA AO PREFÁCIO DO MANUAL DE OPERAÇÕES DE CHOQUE Vencer sem a necessidade de lutar, mas se ocorrer a ação, que seja meu guia a LEGALIDADE, meu instrumento a TÉCNICA e meu objetivo a PROTEÇÃO. Pela ordem e pela paz. A nobreza da missão das operações de choque perpassa pela garantia dos direitos previstos na Lei, de forma que haja um equilíbrio entre o coletivo e o individual. É uma das missões mais árduas de se executar porque lida com situações de alto nível de exigência técnica em contraponto com o cenário de atuação que é majoritariamente crítico e exige uma resposta diligente. Este trabalho tem um enorme valor institucional, pois concretiza o esforço em aumentar a segurança jurídica na atuação dos policiais militares, bem como efetivamente ser uma Força a serviço do cidadão, mirando a excelência na prestação dos serviços de segurança pública. A publicação deste Manual de Operações de Choque é um grande passo em busca do aperfeiçoamento da atividade de choque no nosso Estado. Ele vem para suprir a lacuna de material positivado que pudesse, não apenas guiar os técnicos (cursados) na execução das missões, mas também sistematizar todo o arcabouço intelectual específico produzido na Polícia Militar da Bahia até os dias atuais. Parabenizo a comissão responsável pela construção do manual, valorosos policiais militares, que se dedicaram a produzir um material com conteúdo robusto, contextualizado, e de alto detalhamento, que será de suma importância para toda a Corporação. PMBA, uma Força a serviço APRESENTAÇÃO Os profissionais que atuam no Sistema de Defesa Social baiano têm agora ao seu alcance o Manual de Operações de Choque, uma extensa e detalhada doutrina de operações de choque, atualizada, revisada, fruto da abnegação, estudo e empenho dos seus autores que reuniram suas vastas experiências acumuladas nas diversas missões exitosas realizadas a serviço do Batalhão de Polícia de Choque, importante Unidade Operacional Especializada da PMBA, para sistematizar todos os fundamentos para o emprego da tropa de Choque. O convite para apresentar esta obra me confere imensa honra e, de igual forma, grande responsabilidade de aqui representar várias gerações de valorosas e valorosos policiais militares, praças e oficiais, que vestiram e nunca mais despiram o fardamento rajado que nos acompanha como segunda pele. Choqueanos que, com suas importantes contribuições, forjaram e sedimentaram valores que até hoje são cultuados na nossa corporação. O Manual de Operações de Choque, além de estabelecer um importante marco doutrinário, consolida todo trabalho desenvolvido por décadas na história recente da nossa instituição, nele o profissional de segurança pública vai encontrar todo embasamento jurídico para realizar sua missão. A obra aborda de forma minuciosa os dispositivos internacionais dos quais o Brasil é signatário, como os Princípios Básicos para o Uso da Força e Armas de Fogo (PBU- FAF) pelos encarregados da aplicação da lei, sendo esse um importante instrumento balizador que norteia as ações de Polícia de Ordem Pública, tendo como pressupostos a Declaração Universal dos Direitos Humanos e o Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL), adotados pela Assembleia Geral das Nações Unidas em sua Resolução 34/169, de 17 de dezembro de 1979, dentre outros dispositivos legais aplicáveis. O leitor encontrará de forma esmiuçada os principais Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO) depois de ter percorrido as três etapas típicas de distúrbios sociais: contenção, negociação e uso da força pela tropa de choque, onde os dois primeiros devem ser desenvolvidos pela tropa ordinária, com especial atenção aos requisitos básicos das Operações de Choque: o homem, o treinamento, a missãoe o material que, se bem observado, proporcionará o desejado fator de sucesso no cumprimento da missão. Outra importante contribuição do Manual trata das técnicas apuradas a serem utilizadas pelos profissionais da segurança pública. Tal abordagem traz um detalhamento dos fundamentos, métodos e procedimentos padronizados que norteiam às atividades de choque. Somadas a essas técnicas, estão às táticas que correspondem ao minucioso planejamento estratégico que é estudado em seus vários aspectos, antes do emprego da tropa especializada, a exemplo do terreno, da vegetação, do clima, das áreas contiguas, da motivação, da quantidade, das características da missão, dentre outros. São Informações que influenciam o Uso Diferenciado dos Meios de Força (UDMF) a ser almejado pelos operadores da tropa de choque e que completam o excelente trabalho de consolidação doutrinária apresentada pelos autores. Concluo essa breve abordagem técnica, invocando o trinômio da tropa de choque: Disciplina! Autocontrole! Resistência a fadiga psicofísica! Pela paz, pela ordem, CHOQUE!!!!!! JÚLIO CÉSAR FERREIRA DOS SANTOS Tenente Coronel PM 1° Lugar do Curso de Operações de Choque PMPA – 2001 Coordenador do 1º Curso de Operações de Choque da Bahia – 2003 Instrutor de Agentes Químicos e Uso de Munições de Impacto Controlado – 2003 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABS Anti-Bloking System ACE Arma de Condutividade Elétrica APH Atendimento Pré-Hospitalar C3 Comando, Controle e Comunicação CA Certificado de Aprovação CCEAL Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei Cia Companhia CS Clorobenzilidenomalononitrila ou Ortoclorobenzilmalononitrila EOT Espoleta de Ogiva Temporal EPC Equipamento de Proteção Coletiva EPI Equipamento de Proteção Individual GRR Grupo de Resposta Rápida HT Hand-Talk IMPO Instrumento de Menor Potencial Ofensivo MPO Menor Potencial Ofensivo OC Oleoresina da Capsaicina ONU Organização das Nações Unidas OPM Organização Policial Militar PA Plano de Acionamento PBUFAF Princípios Básicos de Utilização da Força e Armas de Fogo PlanAI Plano de Ação Imediata PlanAS Plano de Avaliação de Situação PlanCham Plano de Chamada PMBA Polícia Militar da Bahia POMarcha Plano para Ordem de Marcha PSTM Percussão Sob Tensão de Mola SocOp Socorrista Operacional UDF Uso Diferenciado da Força UDMF Uso Diferenciado dos Meios de Força LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Requisitos Básicos das Operações de Choque. .............................1-7 Figura 2: Fluxograma Básico de Acionamento da Tropa de Choque. ..........1-14 Figura 3: Formação do Pelotão de Choque por 3...........................................7-3 Figura 4: Formação do Pelotão de Choque por 2...........................................7-4 Figura 5: Formação do Pelotão em Linha.......................................................7-5 Figura 6: Formação do Pelotão de Choque em Linha, Vista Lateral. .............7-5 Figura 7: Formação do Pelotão de Choque em Cunha. .................................7-6 Figura 8: Formação do Pelotão de Choque em Cunha, Vista Lateral. ...........7-6 Figura 9: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Direita..................7-7 Figura 10: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Direita, Vista Lateral. .....................................................................................................7-7 Figura 11: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Esquerda. ..........7-8 Figura 12: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Esquerda, Vista Lateral. .....................................................................................................7-8 Figura 13: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta. .......................7-9 Figura 14: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta, Vista Lateral. .7-9 Figura 15: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta Emassada. ...7-10 Figura 16: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta Emassada, Vista Lateral. ...................................................................................................7-10 Figura 17: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa. .................. 7-11 Figura 18: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa, Vista Lateral. ...................................................................................................7-11 Figura 19: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa Emassada. 7-12 Figura 20: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa Emassada, Vista Lateral. ...................................................................................................7-12 Figura 21: Formação do Pelotão de Choque em Meia Lua. .........................7-13 Figura 22: Formação do Pelotão de Choque em Meia Lua, Vista Lateral. ...7-13 Figura 23: Formação do Pelotão de Choque em L à Direta (Frente e Vista Lateral). .................................................................................................7-14 Figura 24: Formação do Pelotão de Choque em L à Esquerda (Frente e Vista Lateral). .................................................................................................7-14 Figura 25: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Blindada. .............7-15 Figura 26: Formação do Grupo de Resposta Rápida. ..................................7-16 Figura 27: Formação para Carga (Tempo 1). ...............................................7-17 Figura 28: Formação para Carga (Tempo 2). ...............................................7-17 Figura 29: Comando por Gestos: Formação em Coluna por 3. ....................7-19 Figura 30: Comando por Gestos: Formação em Coluna por 2. ....................7-20 Figura 31: Comando por Gestos: Formação em Linha.................................7-20 Figura 32: Comando por Gestos: Formação em Cunha. ..............................7-21 Figura 33: Comando por Gestos: Formação em Escalão à Direita. .............7-21 Figura 34: Comando por Gestos: Formação em Escalão à Esquerda. ........7-22 Figura 35: Comando por Gestos: Formação em Guarda Baixa. ..................7-22 Figura 36: Comando por Gestos: Formação em Guarda Baixa Emassada. 7-23 Figura 37: Comando por Gestos: Formação em Guarda Alta. .....................7-23 Figura 38: Comando por Gestos: Formação em Guarda Alta Emassada. ...7-24 Figura 39: Comando por Gestos: Formação em Guarda Blindada. .............7-24 Figura 40: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Lateral. ...........7-25 Figura 41: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Lateral, Frente Lateral. ................................................................................................7-26 Figura 42: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Complementar. ...............................................................................................7-27 Figura 43: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Cerrado. .........7-27 Figura 44: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Central. ..........7-28 Figura 45: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Lateral. .................................................................................................7-29 Figura 46: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Lateral, Frente Lateral. ...................................................................................7-30 Figura 47: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Complementar. ...............................................................................................7-30 Figura 48: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Cerrado. ...............................................................................................7-31 Figura 49: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Central. .................................................................................................7-31 Figura 50: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: Coluna por 2. ..................................................................................................7-35Figura 51: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: em Linha (Frente). ................................................................................................7-35 Figura 52: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: em Linha (Retaguarda). .................................................................................................7-36 Figura 53: Composição do GRR com Apoio do Cão. ...................................7-36 Figura 54: Pelotão de Choque Rápido: 1ª Formação, 20 Operadores. ........7-39 Figura 55: Pelotão de Choque Rápido: 2ª Formação, 24 Operadores. ........7-40 Figura 56: Pelotão de Choque Rápido: 3ª Formação, 28 Operadores. ........7-40 Figura 57: Pelotão de Choque Rápido: 4ª Formação, 20 Operadores. ........7-40 Figura 58: Pelotão de Choque Rápido: 5ª Formação, 24 Operadores. ........7-40 Figura 59: Pelotão de Choque Rápido: 6ª Formação, 28 Operadores. ........7-41 Figura 60: Posição de Escudo ao Solo. ........................................................7-43 Figura 61: Posição de Descansar. ................................................................7-44 Figura 62: Posição de Sentido (Frente e Lateral). ........................................7-45 Figura 63: Posição de Ombro Armas e Apresentar Armas (Frente e Lateral). .......................................................................................................7-47 Figura 64: Deslocamento em Desfile. ...........................................................7-49 Figura 65: Exemplo do Uso do Porta-Bastão em Guarda Alta. ....................7-50 Figura 66: Elementos do Plano de Ação Imediata. .........................................8-7 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Aspectos Psicológicos das Ações Coletivas. ............................... 1-11 Quadro 2: Classificação de IMPO nas Operações de Choque.......................2-3 Quadro 3: Classificação das Granadas Policiais. ...........................................6-9 SUMÁRIO CAPÍTULO I ASPECTOS LEGAIS E DOUTRINÁRIOS 1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA OPERAÇÕES DE CHOQUE .............1-1 1.1 POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E POLÍCIA DE ORDEM PÚBLICA 1-4 1.2 DOUTRINA E CONCEITOS EM OPERAÇÕES DE CHOQUE .................1-5 1.2.1 Aspectos Doutrinários..............................................................................1-5 1.2.2 Agrupamentos Sociais .............................................................................1-8 1.2.3 Comportamento Coletivo .........................................................................1-9 1.2.4 Ações Coletivas dos Agrupamentos Sociais .........................................1-12 1.3 ACIONAMENTO E EMPREGO DA TROPA DE CHOQUE EM OCORRÊNCIAS DE DISTÚRBIOS SOCIAIS ............................................................................1-13 1.3.1 Planos de Acionamento .........................................................................1-15 1.3.2 Estado Operacional da Tropa de Choque .............................................1-16 1.3.3 Aprestamento e Apronto Operacional....................................................1-17 1.4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PELOTÃO DE CHOQUE ................1-18 1.5 ATRIBUTOS DO CHOQUEANO ..............................................................1-20 CAPÍTULO II DOUTRINA DE INSTRUMENTO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 1. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPO ....................................................................2-2 2. AGENTES QUÍMICOS ................................................................................2-3 3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGRESSIVOS QUÍMICOS ..................................2-4 4. PRINCIPAIS AGRESSIVOS QUÍMICOS ....................................................2-4 4.1 CLOROBENZILIDENO MALONONITRILA, (C10H5N2CL) ..........................2-5 4.2 CAPSAICINA .............................................................................................2-6 4.3 DESCONTAMINAÇÃO DE AGRESSIVOS QUÍMICOS .............................2-6 5. CONCENTRAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS .......................................2-7 6. ESTUDO DA PERSISTÊNCIA ....................................................................2-8 7. PROCESSO DE DISPERSÃO DOS AGENTES QUÍMICOS ......................2-8 CAPÍTULO III EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS 1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI .............................3-3 2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA ..........................................3-7 3. ACESSÓRIOS .............................................................................................3-8 CAPÍTULO IV MUNIÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 1. MUNIÇÕES DE IMPACTO CONTROLADO ...............................................4-1 1.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CALIBRE: ..............................................4-2 1.1.1 Munições de Impacto Controlado Calibre 12 ..........................................4-2 1.1.2 Munições de Impacto Controlado Calibre 37/40 mm ..............................4-3 1.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PÚBLICO ALVO DE SUA UTILIZAÇÃO: 4-4 1.2.1 Munições de Projetil Singular ..................................................................4-4 1.2.2 Munições de Múltiplos Projéteis ..............................................................4-4 2. MUNIÇÕES DE JATO DIRETO ...................................................................4-5 3. MUNIÇÕES EXPLOSIVAS ..........................................................................4-6 3.1 PROJÉTEIS EXPLOSIVOS NO CAL. 12 ..................................................4-6 3.2 PROJÉTEIS EXPLOSIVOS NO CAL. 40MM X 46MM ..............................4-7 4. MUNIÇÕES DE EMISSÃO ..........................................................................4-7 4.1 MUNIÇÕES DE EMISSÃO LACRIMOGÊNEA ..........................................4-8 4.1.1 Munições de Emissão Lacrimogênea de Projétil Singular ......................4-8 4.1.2 Munições de Emissão Lacrimogênea de Múltiplos Projéteis ..................4-8 4.2 MUNIÇÕES DE EMISSÃO FUMÍGENA ....................................................4-9 CAPÍTULO V VEÍCULOS 1. MOTOCICLETA ...........................................................................................5-1 2. CAMINHONETE ..........................................................................................5-2 3. VEÍCULOS PESADOS (GRANDE PORTE) ...............................................5-2 4. VEÍCULO BLINDADO .................................................................................5-3 CAPÍTULO VI ARMAS 1. ARMAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO ..........................................6-1 1.1 INCAPACITANTES ....................................................................................6-1 1.2 DEBILITANTES .........................................................................................6-2 2. ARMA DE FOGO .........................................................................................6-5 2.1 ARMA DE PORTE .....................................................................................6-5 2.2 ARMA PORTÁTIL ......................................................................................6-6 2.3 ARMA PORTÁTIL DE ALMA RAIADA ........................................................6-6 2.4 ARMA PORTÁTIL DE ALMA LISA .............................................................6-8 3. ESTUDO DAS GRANADAS POLICIAIS ....................................................6-9 3.1 GRANADAS POLICIAIS EXPLOSIVAS ...................................................6-10 3.1.1 Estrutura e Funcionamento ...................................................................6-10 3.1.2 Classificação ........................................................................................6-13 3.2 GRANADAS POLICIAIS DE EMISSÃO...................................................6-16 3.2.1 Estrutura e Funcionamento ...................................................................6-16 3.2.2 Classificação .........................................................................................6-184. NEUTRALIZAÇÃO DE GRANADAS POLICIAIS FALHADAS ................6-21 4.1 PROCEMINENTOS OPERACIONAIS PARA GRANADAS DE EMISSÃO FALHAS ..........................................................................................................6-22 4.2 PROCEMINENTOS OPERACIONAIS PARA GRANADAS EXPLOSIVAS FALHAS ..........................................................................................................6-23 4.3 DISPARO DE ELASTÔMERO COM ESPINGARDA CALIBRE 12 ..........6-23 4.4 UTILIZAÇÃO DA PLACA DE SECÇÃO ...................................................6-23 4.5 UTILIZAÇÃO DO CONE DE “MUNROE” ................................................6-24 4.6 UTILIZAÇÃO DE MATERIAL COMBUSTÍVEL ........................................6-24 4.7 SIMPATIA .................................................................................................6-25 CAPÍTULO VII TÉCNICAS DE OPERAÇÕES DE CHOQUE 1. COMPOSIÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE ............................................7-1 2. FUNÇÕES NO PELOTÃO DE CHOQUE ....................................................7-1 3. FORMAÇÕES DE CHOQUE .......................................................................7-2 3.1 FORMAÇÕES BÁSICAS ...........................................................................7-2 3.1.1 Coluna por 3 (três)...................................................................................7-3 3.1.2 Coluna por 2 (dois) ..................................................................................7-4 3.2 FORMAÇÕES OFENSIVAS ......................................................................7-5 3.2.1 Formação em Linha.................................................................................7-5 3.2.2 Formação em Cunha: ..............................................................................7-6 3.2.3 Escalão à Direita .....................................................................................7-7 3.2.4 Escalão à Esquerda ................................................................................7-8 3.3 FORMAÇÕES DEFENSIVAS ....................................................................7-9 3.3.1 Guarda Alta..............................................................................................7-9 3.3.2 Guarda Alta Emassada..........................................................................7-10 3.3.3 Guarda Baixa.........................................................................................7-11 3.3.4 Guarda Baixa Emassada .......................................................................7-11 3.4 FORMAÇÕES ADAPTADAS ...................................................................7-12 3.4.1 Formação Meia Lua...............................................................................7-13 3.4.2 Formação em “L” ...................................................................................7-14 3.5 FORMAÇÃO GUARDA BLINDADA .........................................................7-15 3.6 GRUPO DE RESPOSTA RÁPIDA (GRR) ................................................7-15 3.7 FORMAÇÃO PARA CARGA ....................................................................7-16 4. COMANDOS POR VOZ E POR GESTOS ................................................7-17 4.1 COMANDO POR VOZ .............................................................................7-18 4.2 COMANDO POR GESTOS .....................................................................7-18 4.2.1 Formação em Coluna por 3 ...................................................................7-19 4.2.2 Formação em Coluna por 2 ...................................................................7-20 4.2.3 Formação em Linha...............................................................................7-20 4.2.4 Formação em Cunha .............................................................................7-21 4.2.5 Escalão à Direita ...................................................................................7-21 4.2.6 Escalão à Esquerda ..............................................................................7-22 4.2.7 Guarda Baixa.........................................................................................7-22 4.2.8 Guarda Baixa Emassada.......................................................................7-23 4.2.9 Guarda Alta............................................................................................7-23 4.2.10 Guarda Alta Emassada........................................................................7-24 4.2.11 Guarda Blindada ..................................................................................7-24 5. FORMAÇÕES DA COMPANHIA DE CHOQUE ........................................7-25 5.1 FORMAÇÕES DE CHOQUE COM 2 PELOTÕES ..................................7-25 5.1.1 Apoio Lateral..........................................................................................7-25 5.1.2 Apoio Lateral, Frente Lateral .................................................................7-26 5.1.3 Apoio Complementar .............................................................................7-26 5.1.4 Apoio Cerrado........................................................................................7-27 5.1.5 Apoio Central .........................................................................................7-28 5.2 COMANDO POR GESTOS PAR A COMPANHIA DE CHOQUE .............7-29 5.2.1 Apoio Lateral..........................................................................................7-29 5.2.2 Apoio Lateral, Frente Lateral .................................................................7-29 5.2.3 Apoio Complementar .............................................................................7-30 5.2.4 Apoio Cerrado........................................................................................7-31 5.2.5 Apoio Central .........................................................................................7-31 5.3 FORMAÇÕES DE CHOQUE COM 3 PELOTÕES ..................................7-32 5.3.1 Apoio Lateral..........................................................................................7-32 5.3.2 Apoio Lateral Frente Lateral ..................................................................7-32 5.3.3 Apoio Complementar .............................................................................7-32 5.3.4 Apoio Cerrado........................................................................................7-32 5.3.5 Apoio Central .........................................................................................7-32 6. ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DE CÃES ...........7-33 6.1 CONSTITUIÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DOS BINÔMIOS ......................................................................................................7-35 6.1.1 Formação de Transição do Pelotão com Reforço dos Binômios, em Coluna por Dois ..............................................................................................7-35 6.1.2 Formação em Linha com Reforço dos Binômios ..................................7-35 6.1.3 Composição do GRR.............................................................................7-36 7. ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DE CAVALARIA 7-37 8. TÉCNICA DE CHOQUE RÁPIDO .............................................................7-38 8.1 COMPOSIÇÕES DO PELOTÃO DE CHOQUE RÁPIDO – POR FORMAÇÃO ...................................................................................................7-39 8.2 PROCEDIMENTOS GERAIS NA ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE RÁPIDO ..........................................................................................................7-41 9. ORDEM UNIDA .........................................................................................7-42 9.1 GENERALIDADES ..................................................................................7-42 9.2 POSIÇÕES ..............................................................................................7-439.2.1 Posição de “Escudos ao Solo” ..............................................................7-43 9.2.2 Posição de “Descansar” ........................................................................7-44 9.2.3 Posição de “Sentido” .............................................................................7-45 9.3 MOVIMENTOS A PÉ FIRME ...................................................................7-46 9.3.1 Posição de “Sentido” Partindo da Posição de “Descansar” ..................7-46 9.3.2 Posição de “Descansar” Partindo da Posição de “Sentido” ..................7-46 9.3.3 “Ombro Armas” e “Apresentar Armas” a Pé Firme ................................7-46 9.3.4 “Voltas Volver” .......................................................................................7-47 9.4 DESLOCAMENTOS ................................................................................7-48 9.4.1 Posição de Deslocamento em Desfile de Tropa....................................7-48 9.5 OBSERVAÇÕES QUANDO DA ATUAÇÃO E EM DESFILES MILITARES .....................................................................................................7-49 CAPÍTULO VIII TÁTICAS DE OPERAÇÕES DE CHOQUE 1. DIAGNOSE NAS OPERAÇÕES DE CHOQUE ..........................................8-1 1.1 OPONENTE...............................................................................................8-2 1.2 TERRENO .................................................................................................8-4 1.3 USO DA FORÇA PELA TROPA DE CHOQUE ..........................................8-6 2. PLANEJAMENTO EMERGENCIAL ...........................................................8-7 3. PROCEDIMENTOS PADRONIZADOS .......................................................8-8 3.1 REUNIÕES ILEGAIS ................................................................................8-8 3.1.1 Objetivos..................................................................................................8-9 3.1.2 Planejamento ..........................................................................................8-9 3.1.3 Sensores ...............................................................................................8-10 3.1.4 Apronto da Tropa de Choque ................................................................8-10 3.1.5 Local ......................................................................................................8-11 3.1.6 Comando, Controle e Comunicações (C3)............................................ 8-11 3.1.7 Procedimentos.......................................................................................8-12 3.2 REVISTA EM ESTABELECIMENTO PENAL ...........................................8-13 3.2.1 Objetivos................................................................................................8-13 3.2.2 Planejamento.........................................................................................8-13 3.2.3 Sensores ...............................................................................................8-14 3.2.4 Apronto da Tropa de Choque ................................................................8-14 3.2.5 Local ......................................................................................................8-14 3.2.6 Comando, Controle E Comunicações (C3) ...........................................8-15 3.2.7 Procedimentos.......................................................................................8-15 3.3 REBELIÃO EM ESTABELECIMENTO PENAL ........................................8-18 3.3.1 Objetivos................................................................................................8-18 3.3.2 Planejamento.........................................................................................8-18 3.3.3 Sensores ...............................................................................................8-19 3.3.4 Apronto Da Tropa De Choque ...............................................................8-19 3.3.5 Local ......................................................................................................8-19 3.3.6 Comando, Controle e Comunicações (C3)............................................8-20 3.3.7 Procedimentos......................................................................................8-20 3.4 REINTEGRAÇÃO DE POSSE.................................................................8-23 3.4.1 Objetivos................................................................................................8-23 3.4.2 Planejamento.........................................................................................8-23 3.4.3 Sensores ...............................................................................................8-24 3.4.4 Apronto da Tropa de Choque ................................................................8-25 3.4.5 Local ......................................................................................................8-26 3.4.6 Comando, Controle E Comunicações (C3) ...........................................8-26 3.4.7 Fases .....................................................................................................8-27 3.4.8 Reintegração De Posse De Edificações Verticais .................................8-30 3.5 EVENTOS ESPECIAIS ............................................................................8-33 3.5.1 Objetivos................................................................................................8-34 3.5.2 Planejamento.........................................................................................8-34 3.5.3 Sensores ...............................................................................................8-34 3.5.4 Apronto da Tropa de Choque ................................................................8-35 3.5.5 Local ......................................................................................................8-35 3.5.6 Comando, Controle e Comunicações (C3)............................................8-35 3.5.7 Procedimentos.......................................................................................8-36 REFERÊNCIAS ............................................................................................... R-1 1-1 CAPÍTULO I ASPECTOS LEGAIS E DOUTRINÁRIOS Este capítulo apresentará os aspectos legais e doutrinários das Operações de Choque, através de uma revisão doutrinária acerca de Ordem Pública, Segurança Pública e emprego da Polícia Militar em tais circunstâncias. Além disso, apresentará conceitos e princípios em Operações de Choque e os atributos necessários para o profissional choqueano. 1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA OPERAÇÕES DE CHOQUE É impossível dissociar as operações de choque do pressuposto da democracia. Neste sentido, um estado democrático de direito que deseja garantir o respeito aos direitos humanos e garantias fundamentais encontra amparo jurídico suficiente para harmonizar os conceitos de Estado como promotor de justiça social e como titular do uso da força coercitiva. No ordenamento jurídico brasileiro, a atuação, por parte das forças de segurança pública, com vistas a restaurar a ordem pública, tem amplo embasamento, sobretudo em dispositivos da Constituição Federal. O Art. 144 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (BRASIL, 1988) atribui, dentre outras, à Polícia Militar a responsabilidade pela preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio: Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública (BRASIL, 1988, grifo nosso). Desta forma, visto que a preservação da ordem pública abarca tanto a sua manutenção quanto a sua restauração,o emprego repressivo da tropa de choque, de forma proporcional e razoável, não se afigura ilegítimo. 1-2 Recepcionado pela sobredita Lei Maior, no que não contraria os preceitos constitucionais, o Decreto-Lei 667, de 02 de julho de 1969, que Reorganiza as Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros militares dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal, e dá outras providências, no seu art. 3°, alínea “c”, assevera tal entendimento, in verbis: Art. 3°: Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna dos Estados, nos Territórios e nos Distrito Federal, compete às Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: a) executar com exclusividade, ressalvadas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem; c) Atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas (BRASIL, 1969, grifo nosso). O Regulamento para as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares (R-200), aprovado pelo Decreto n°. 88.777, de 30 de setembro de 1983, regulamentou o Decreto-Lei 667, trazendo, em seu Art. 2°, os seguintes conceitos: 19) Manutenção da Ordem Pública - É o exercício dinâmico do poder de polícia, no campo da segurança pública, manifestado por atuações predominantemente ostensivas, visando a prevenir, dissuadir, coibir ou reprimir eventos que violem a ordem pública. 21) Ordem Pública - Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum. 25) Perturbação da Ordem - Abrange todos os tipos de ação, inclusive as decorrentes de calamidade pública que, por sua natureza, origem, amplitude e potencial possam vir a comprometer, na esfera estadual, o exercício dos poderes constituídos, o cumprimento das leis e a manutenção da ordem pública, ameaçando a população e propriedades públicas e privadas. As medidas preventivas e repressivas, 1-3 neste caso, estão incluídas nas medidas de Defesa Interna e são conduzidas pelos Governos Estaduais, contando ou não com o apoio do Governo Federal (BRASIL, 1983, grifo nosso). Ademais, aliado aos instrumentos normativos já citados, juntamente com os elencados temos o regime jurídico administrativo que, caracterizado pelos conjuntos de regras e princípios implícitos e explícitos em nosso ordenamento jurídico, coloca a Administração Pública, limitada pelo interesse público (princípio da indisponibilidade do interesse público), em posição de superioridade em relação ao administrado (princípio da supremacia do interesse público). Tal regime, envolto nos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, realiza-se por meio de atributos ou prerrogativas, todas de caráter instrumental, com vistas ao alcance do interesse público. Nesse diapasão, o poder de polícia, prerrogativa do Estado de, em prol do interesse público e bem estar social, restringir, impedir ou limitar a atuação do particular, apresenta-se como instrumento necessário à manutenção da ordem pública. É a inteligência do Art. 78 da Lei Federal n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, que dispõe sobre o Sistema Tributário Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e Municípios: Artigo 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos (BRASIL, 1966, grifo nosso). Isto posto, ainda que de forma repressiva, a atuação da tropa de choque revela-se legal e legítima, respeitados os princípios da administração pública e a vinculação às normas afetas às operações de choque. 1-4 1.1 POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E POLÍCIA DE ORDEM PÚBLICA Conforme inferido do subitem anterior, o ordenamento jurídico pátrio tem, na formulação de suas normas, a necessidade de promover o convívio harmônico e pacífico dos cidadãos no exercício regular de seus direitos e deveres, tendo como atributo preponderante a liberdade. Depreende-se, então, que para atender a vontade constitucional, faz-se mais que evidente a necessidade da existência de um sistema de convivência pública, no qual as relações entre os indivíduos precisem de uma organização mínima em que se observe uma ordem ética mínima, a fim de que se exerçam tranquilamente as liberdades individuais. Neste contexto, conclui-se que o sistema de convivência pública pressupõe também a sua ordem, a qual se chama ordem pública. Ela é composta por valores, princípios e normas que permitem o funcionamento regular e estável da sociedade, assegurando, assim, a liberdade de cada um. Neste caso, a ordem pública pressupõe a existência de uma ordem jurídica capaz de “regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica” (BRASIL, 1983). Assim, a ordem pública se constitui pela paz pública, pela disposição harmoniosa da convivência e pela ausência de perturbações no cotidiano da sociedade e, para tanto, estrutura-se com base em três elementos: a tranquilidade pública, a salubridade pública e a segurança pública. Nessa tríade, a segurança pública é o elemento que permite a estabilidade do sistema de convivência pública, por possuir em seu sistema estruturas e funções desenvolvidas e ativadas para estabilizar e manter a ordem pública, a fim de “salvaguardá-la de perturbações (inevitáveis) de todo tipo, que possam comprometê-la, evertê-la ou subvertê-la” (LAZZARINI, 1989). Para Moreira Neto (1988), segurança pública é “o conjunto de processos políticos e jurídicos, destinados a garantir a ordem pública na convivência de homens em sociedade”. Dessa forma, a garantia da ordem pública é a segurança pública. A polícia administrativa, sendo um dos subsistemas da Segurança Pública, possui dois elementos que formatam a atuação das Polícias Militares: a polícia de segurança pública (que atua preventivamente, através de ações dissuasórias ostensivas) e a polícia de ordem pública (que atua repressivamente, quando se apresenta um quadro de quebra de ordem no qual a polícia de segurança pública não foi capaz de conter ou evitar). Desta forma, conclui-se que, numa situação na qual não houve 1-5 condições para que a polícia de segurança pública evitasse o dano à ordem pública, quer seja por limitações de técnicas operacionais ou pelo vulto do evento danoso, o restabelecimento da ordem pública deverá ocorrer através da polícia de ordem pública, a qual só poderá ser utilizada em circunstâncias especiais, atendidos os seus critérios legais e doutrinários. Assim, a polícia de choque ou tropa de choque enquadra-se perfeitamente no conceito de polícia de ordem pública. 1.2 DOUTRINA E CONCEITOS EM OPERAÇÕES DE CHOQUE 1.2.1 Aspectos Doutrinários As Operações de Choque são operações policiais militares desenvolvidas por efetivos em superioridade relativa, devidamente selecionados e treinados com técnicas especiais e equipados com material de tecnologia diferenciada, para intervenção em ocorrências de distúrbios sociais, quando esgotados os esforços dastropas convencionais e de solução negociada. Tais operações são executadas pela tropa de choque, que têm sua fundamentação no controle de pessoas por quebra da resistência, através, principalmente, de ações de impacto psicológico, podendo ocorrer por meio de dois tipos específicos de estratégias: de dispersão ou de submissão. A intervenção em ocorrências típicas de distúrbios sociais ocorre em três etapas: contenção, negociação e uso da força pela tropa de choque. As duas primeiras etapas devem ser executadas por efetivo da tropa convencional. A contenção é o ato que visa manter a ocorrência controlada no espaço e tempo determinados, impedindo que se alastre, além de estabelecer o controle de locais estratégicos para, em sendo necessário, empregar a tropa de choque. A negociação, que ocorre durante a crise de distúrbios sociais, deve ser conduzida por um policial militar capacitado para tal mister e nunca pela tropa de choque. Esta prática busca a solução da crise sem que haja necessidade do uso da força. O uso da força pela tropa de choque é o último estágio para a resolução da crise de distúrbio social. Nesta etapa, a tropa utilizará Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO), visando dispersar ou submeter os causadores desta, haja vista que o profissional operacional de choque é o especialista para a execução dessas ações e do uso dos IMPO. Assim, para atingir o objetivo 1-6 da missão, as Operações de Choque se valem do Uso Diferenciado dos Meios de Força (UDMF), que é a adequação do emprego de tecnologias de menor potencial ofensivo, ou até letal, ao nível de resistência do infrator da lei. A doutrina utilizada no Brasil tem origem germânica, a qual visa a manutenção da distância entre a tropa e os oponentes, com a busca da quebra do elo psicológico que garante a coesão da coletividade. Neste contexto, as ações da tropa de choque em casos de dispersão devem manter, prioritariamente, uma distância de segurança mínima de 30 (trinta) metros. A aproximação entre o oponente e a tropa de choque evidencia um risco no processo de intervenção do distúrbio, aumentando o grau de lesividade dos instrumentos empregados, podendo acarretar em danos para os envolvidos na crise1, com resultados indesejáveis para a ocorrência. Além do exposto, incorporou-se também, às Operações de Choque, outro tipo de ação estratégica que é a submissão. Neste caso, o objetivo das Operações de Choque é o de controlar ou conter os causadores, em decorrência do terreno para a ação e das características deste tipo de crise. A estratégia de dispersão é desenvolvida com o objetivo de enfraquecer a relação criada pelos indivíduos quando atuam em coletividade, reduzindo assim, os efeitos característicos dos comportamentos coletivos. Para tanto, são utilizados IMPO que busquem diminuir a intensidade dos efeitos psicológicos da coletividade, efeitos que estabelecem vínculos entre os componentes de uma determinada categoria de agrupamento social devido à proximidade entre os indivíduos e a reação destes frente a uma situação que afeta a todos. Na estratégia de dispersão, o uso da arma letal é uma exceção, devendo ocorrer apenas em resposta à ameaça ou risco de morte contra o policial militar ou terceiros. Já a estratégia de submissão se desenvolve de forma a sujeitar o indivíduo a obedecer às ordens emanadas, através do controle do espaço e do próprio oponente, evitando que se executem atos hostis ou de violência contra a tropa ou terceiros. Neste caso, a utilização de IMPO visa manter o controle do indivíduo, através de recursos debilitantes brandos (com o objetivo de evitar pânico ou descontrole) ou meios incapacitantes. É importante ressaltar que a relação existente entre o nível de resistência do oponente e o uso adequado do nível de força nas Operações de Choque só poderá estar legitimada na sua doutrina quando forem atendidos os quatro requisitos básicos: 1 Considera-se crise todo incidente ou situação extrema não rotineira, que exija uma resposta especial dos órgãos operativos de segurança pública e defesa civil, em razão da possibilidade de agravamento conjuntural, com grave risco à vida e ao patrimônio (BAHIA,2016). 1-7 Figura 1: Requisitos Básicos das Operações de Choque. Fonte: A Comissão. - HOMEM: elemento principal que compõe a tríade das Operações de Choque. Deve possuir o perfil profissiográfico indicado neste manual para o profissional técnico no uso de IMPO em ocorrências típicas de distúrbios sociais. - TREINAMENTO: realizado através de processos planejados de preparação, que visem levar o homem de choque ao nível permanente de proficiência nas ações de dispersão ou submissão desenvolvidas nas Operações de Choque. - MATERIAL: todo tipo de ferramenta ou tecnologia própria e específica utilizada pela tropa de choque como meio de defesa ou ataque nas situações que envolvam distúrbios sociais. A MISSÃO é o componente central que define a adequada seleção, capacitação e apronto operacional. Neste contexto, a tropa de choque, sendo especializada na aplicação de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO) para resolução de crises resultantes de atos de desordem e violência do coletivo social, atenderá a sua atribuição legal e doutrinária, através das estratégias de dispersão e/ou submissão, como já mencionado. Diante disso, cabe ao especialista em Operações de Choque, além da capacitação técnica para o manuseio de IMPO e do treinamento constante, conhecer as peculiaridades e a categorização dos agrupamentos sociais, bem como o comportamento coletivo. 1-8 1.2.2 Agrupamentos Sociais Ao Choqueano compete conhecer e reconhecer as formações, categorizações e atuações dos agrupamentos sociais, sob pena de empregar força desnecessária em condições adversas do que prevê as técnicas e táticas de Choque. Os agrupamentos sociais, para efeito das Operações de Choque, podem ser divididos em duas categorias: os agregados sociais e os grupos sociais. A diferença entre os dois está na interação entre as pessoas, nas ações produzidas por elas e nos resultados pretendidos. Os agregados sociais são caracterizados pela reunião de pessoas com fraco sentimento de grupo. Não são organizadas, sendo sua estrutura instável e sem hierarquia de posições e funções. Há anonimato entre as pessoas e o contato social é limitado e de curta duração. Fazem parte dos agregados sociais: a. Massa: é o agrupamento de pessoas formadas espontaneamente, porém, separadas fisicamente, as quais recebem estímulos de forma passiva, através de algum meio de comunicação. Apesar de ser um agrupamento que atinge um grande número de indivíduos, não há, nele, consciência de grupo. Isso decorre das informações recebidas, que visam manipular a opinião dessas pessoas. b. Multidão: reunião de pessoas espontânea, temporária e, por vezes, desorganizada, formada por indivíduos que dividem sentimentos comuns, de modo que uns podem afetar os outros. Outras características da multidão são: o anonimato, a indiferença e a proximidade física entre os indivíduos. Pode assumir forma pacífica ou violenta, a depender dos estímulos e de outros fatores externos. Os indivíduos estão propícios a tomar decisões e a gerar ações homogêneas. c. Público: é o agrupamento de pessoas que se reúnem espontaneamente, seguindo os mesmos estímulos decorrentes de assuntos sociais relevantes, os quais canalizam a atenção dos partícipes pelo interesse comum. A integração entre os indivíduos é intencional, diferente da multidão, que é ocasional. Suas decisões são individuais, podendo até gerar ações homogêneas. Isso ocorre devido à existência da racionalidade nesse tipo de agrupamento social. Os grupos sociais são ajuntamento de pessoas que interagem, possuem organização, hierarquia, normas, valores, objetivos comuns e estrutura 1-9 social razoavelmente consolidada e perceptível por outras pessoas, de fora do grupo. Há, ainda, consciência grupal, sentimento depertencimento e duração prolongada. Os grupos sociais de interesse das Operações de Choque são: a. Movimentos sociais: grupo de indivíduos que, reunidos por uma ideologia comum, envolve-se num esforço organizado e coletivo para promover ou impedir mudanças na sociedade ou no próprio grupo. A classificação dos movimentos sociais depende da sua relação com a sociedade. Eles podem ser: conservadores, reformistas ou revolucionários. 1. Conservadores: buscam preservar a sociedade de mudanças e alterações; 2. Reformistas: buscam modificar alguns aspectos sociais, mas sem transformá-los completamente. Estão subdivididos em: - Reivindicatórios ou de Classes: ações focadas em questões de exigências imediatas; - Políticos: buscam influenciar a população para a participação política direta, enquanto garantia para transformações estruturais na sociedade. 3. Revolucionários: buscam subverter a ordem social e, consequentemente, alterar as relações entre distintos fatores na conjuntura nacional. b. Presos: pessoas privadas de sua liberdade por cometimento de delito, as quais são mantidas em confinamento nos locais chamados de estabelecimentos penais. Quando amotinados, formam grupo(s) que responde(m) a um ou mais líderes e, através da quebra da ordem nos estabelecimentos penais, buscam atingir objetivos comuns. Normalmente, são estruturados hierarquicamente e possuem valores e códigos de condutas próprios. Importante salientar que os presos, quando em situação rotineira, sem quebra de ordem, são categorizados como multidão. 1.2.3 Comportamento Coletivo A conduta individual, que se torna presente na coletividade, é governada, basicamente, pelas normas sociais e legais aprendidas ou transmitidas ao longo 1-10 do processo de socialização, de forma que exista uma ordem que subordina os indivíduos a conviver harmonicamente em sociedade. A ordem pública, juntamente com a tranquilidade, a salubridade e a segurança pública, são partes relevantes neste contexto de harmonia social. Entretanto, neste processo de convivência em coletividade, existem determinadas condutas afetas aos grupamentos humanos. Segundo o Dicionário de Sociologia, os comportamentos coletivos ocorrem de forma relativamente espontânea e normalmente não são estruturados, sendo, portanto, tipos de condutas que ocorrem em agrupamento de pessoas que reagem a algum tipo de circunstância afeta a todos. As teorias que explicam o comportamento coletivo são fundamentadas em duas escolas: a individualista e a interacionista. Sendo assim, extraem-se destas escolas as quatro teorias básicas do comportamento coletivo: - Teoria do Contágio: Esta teoria tem como base a ideia da sugestão entre os participantes. A “indução solitária da emoção” seria uma ação homogênea, desenvolvida por indivíduos em grupo, ou seja, o comportamento de um indivíduo despertaria no outro o mesmo comportamento. - Teoria da Desindividualização: O indivíduo, ao fazer parte de um agrupamento ao qual se identifica, vê-se tomado pelo anonimato, tornando sua responsabilidade difusa entre os demais componentes. Tal circunstância tende a maior desinibição e impulsividade pessoal, havendo assim a perda de restrições morais e comportamentais, o que favorece para que o indivíduo adote práticas antissociais, agindo de forma diferente do seu cotidiano. - Teoria da Convergência: Os indivíduos que fazem parte do agrupamento se identificam com a consciência e as orientações que prevalecem no coletivo. Neste caso, as pessoas tendem a convergir suas posições de forma a minimizar as diferenças entre o grupo. A teoria defende que os indivíduos em grupo expostos a uma situação crítica se tornam sugestionáveis, sendo essa uma condição psicológica para a convergência. - Teorias das Normas Emergentes: Estabeleceu que as normas sociais surgem durante as interações simbólicas do grupo, controlando, assim, o comportamento coletivo. Alguns indivíduos podem se destacar e se consolidam como líderes, podendo surgir também outras lideranças transitórias. Suas ações são caracterizadas como um padrão do grupo, surgindo, por conseguinte, a homogeneidade. As atitudes dos que se destacam facilitam o aparecimento de novas normas que induzirão os demais a segui-las. 1-11 Assim, o entendimento dos comportamentos e atitudes individuais, quando executados em coletividade, e a consequente reverberação dessas ações no agrupamento social tornam-se fundamentais para as Operações de Choque. Os comportamentos coletivos, segundo as principais teorias da psicologia sociais já citadas englobam as seguintes condicionantes: a. Fase de controle exercido pela presença ou ação de outrem - modificando os comportamentos individuais através do anonimato; b. As reações circulares – trata da influência de cada indivíduo sobre os comportamentos do outro; os indivíduos refletem, reciprocamente, suas maneiras de sentir e, ao fazê-lo, intensificam- nas, promovendo, assim, o contágio; c. O “milling” – o senso de desconforto pela proximidade conduz os indivíduos a movimentarem-se a ermo, uns em redor dos outros, ao acaso e sem meta; d. A excitação coletiva – quando o comportamento, excitado, fixa poderosamente a atenção dos integrantes; sob a sua influência, então, os indivíduos tornam-se emocionalmente excitáveis e a decisão pessoal destes indivíduos é mais rapidamente quebrada; e. O contágio social – disseminação rápida, impensada e irracional de um estado de espírito, de um impulso ou de uma forma de conduta que atrai e se transmite aos que originalmente se constituíam em meros espectadores e assistentes. Quadro 1: Aspectos Psicológicos das Ações Coletivas. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DAS AÇÕES COLETIVAS Contágio Desinibição Sugestão Indução Anonimato Homogeneidade Excitação coletiva Fonte: A Comissão. 1-12 1.2.4 Ações Coletivas dos Agrupamentos Sociais As ações coletivas, em locais onde há reunião de pessoas, tem se apresentado como um fenômeno da contemporaneidade. Vem chamando a atenção dos meios de comunicação em massa e servindo, assim, como objeto de estudo da própria polícia. Ainda há muitas questões a serem formuladas e respondidas, entretanto, podemos verificar que muitas dessas ações têm orientações ideológicas e políticas que se utilizam dos comportamentos coletivos para atingir objetivos preestabelecidos. As mobilizações coletivas podem ocorrer de forma pacífica, atendendo aos preceitos constitucionais e, desta forma, a obediência às normas garantirá a tranquilidade dos atos da coletividade. Esta forma de ação coletiva é categorizada como manifestação coletiva: a. Manifestação coletiva: reunião lícita, de caráter pacífico, na qual as pessoas se mobilizam livremente para expressar suas opiniões e pensamentos sobre temas de interesse comum aos participantes. Contudo, quando as mobilizações se tornam descontroladas e, por conta de estímulos negativos (gerados por líderes ou eventos), os indivíduos passam a cometer ações de desordem e violência, em notória desobediência às normas sociais estabelecidas, praticando atos ilegais, apresenta-se aí um quadro de distúrbio. Neste contexto, a reunião é ilegal. b. Distúrbio ou Distúrbio social: atos de desordem e violência decorrentes do comportamento coletivo, perturbadores e prejudiciais à ordem pública e/ou à ordem social vigente. O distúrbio social pode se apresentar através de diversos atos praticados por infratores das normas vigentes, sendo dividido nas seguintes espécies: - Tumulto ou Turbação: atos de desobediência e/ou desrespeito à ordem e à lei, não necessariamente de caráter violento e hostil, que podem ser traduzidos, muitas vezes, em vandalismo. Podem ocorrer após um planejamento prévio ou por ação inopinada, levados a efeito por uma liderança negativa, que pode surgir eventualmente naquele contexto. - Rebelião ou motim: ação ilegal de perturbação da ordem ou desrespeito contra a autoridade instituída em estabelecimento penal. 1-13- Revolução: ato de revolta contra um poder estabelecido, pelo ordenamento jurídico vigente, com uso de violência, que tem o objetivo de promover mudanças profundas na sociedade, através das instituições políticas, sociais, econômicas, culturais e morais. 1.3 ACIONAMENTO E EMPREGO DA TROPA DE CHOQUE EM OCORRÊNCIAS DE DISTÚRBIOS SOCIAIS Como visto, as ocorrências críticas de distúrbios sociais decorrentes do comportamento coletivo têm características que reforçam a necessidade de preparo, armamentos e equipamentos especiais para o policial que nelas atuará. Hodiernamente, são situações de alta complexidade, por envolver grande número de pessoas que podem adotar ações violentas e ilegais, tornando-se assim ocorrências politicamente sensíveis, cujas decisões para o emprego da tropa de choque ficam adstritas ao nível estratégico da Corporação, sem olvidar a necessidade de cumprir fielmente a lei aliada à doutrina. Nesse diapasão, a atuação da tropa de choque se torna necessária quando pessoas reunidas por quaisquer circunstâncias praticam atos atentatórios à ordem pública ante as quais a tropa convencional não tenha condições de resolução. Para que uma ocorrência de distúrbio social exija o acionamento e o emprego de uma tropa de choque deverá existir as seguintes condicionantes: - Perturbação da ordem pública; - Concentração de pessoas praticando ações ilegais e/ou violentas; - A tropa convencional não dispor de condição de resolução ou não possuir os atributos para tal; - Fracasso na solução negociada. O acionamento e o emprego da tropa de choque exigem o cumprimento de um fluxo organizacional que procure preservar a atuação desse tipo de força policial, especialista no uso de tecnologias de menor potencial ofensivo, que responde especificamente às ocorrências de alto nível de complexidade e sensivelmente políticas. Assim, é apresentado neste manual o Fluxograma Básico de Acionamento da Tropa de Choque: 1-14 Figura 2: Fluxograma Básico de Acionamento da Tropa de Choque. Fonte: A Comissão. 1-15 1.3.1 Planos de Acionamento Os Planos de Acionamento da tropa de choque (PA) são compostos por um conjunto de planos de ação que devem ser executados conforme o tipo de ocorrência crítica de distúrbio social e o estado operacional da tropa. Assim, os documentos que compõem o PA são: a. Plano de Avaliação de Situação (PlanAS) Documento baseado no estudo operacional e de inteligência policial da ocorrência, que visa identificá-la, respondendo às seguintes perguntas: - A ocorrência corresponde a um distúrbio social? - Qual o perfil dos causadores? - Há liderança aparente ou confirmada? - A tropa responsável pela área fez a contenção? - A tropa local, através de seus recursos pessoais e materiais, tem condições de resolução? - A ocorrência pode ser solucionada com negociação? - Quais direitos estão sob ameaça? - Quais as condições de terreno/ambientais relevantes? - Qual o tipo de risco e quais danos se apresentam? - A ocorrência pode ser controlada por recurso especializado local? b. Plano de Chamada (PlanCham) Documento que registra os dados que facilitarão o acionamento, no mais curto prazo, do efetivo que não está aquartelado, devendo conter: - Meios de chamada; - Prioridade de chamada; - Controle dos efetivos reunidos; - Medidas de segurança. Deve fazer parte do aprestamento de pessoal e ser mantido permanentemente atualizado. c. Plano para Ordem de Marcha (POMarcha) Documento de estrutura simples, que visa dar conhecimento da missão ao efetivo empregado, devendo indicar os seguintes itens: 1-16 - Qual a missão; - Qual o objetivo a ser alcançado; - A identificação dos oponentes; - A situação do terreno; - Os meios que serão utilizados (armas, munições, equipamentos, materiais extras, viaturas, etc.); - A provável duração da missão. Em situações emergenciais, para ações imediatas, e com vistas à manutenção da integridade tática nas Operações de Choque, o Plano poderá ser suprimido por preleção oral, realizada pelo Comandante da tropa de choque, o qual indicará os principais aspectos do problema, utilizando-se, para isso, do recurso do Plano de Ação Imediata (ver subitem 8.3). 1.3.2 Estado Operacional da Tropa de Choque Por ter natureza de emprego aquartelado, os estados operacionais da tropa de choque decorrem das ordens de prontidão, de sobreaviso ou de marcha, conforme conceitos e condições estabelecidas no Regulamento Interno de Serviços Gerais (R-1), no Caderno de Instrução de Aprestamento e Apronto Operacional (EB70-CI-11.404) e nas Normas Gerais de Ação da Unidade. PRONTIDÃO: estado em que o efetivo do serviço diário fica na OPM (Organização Policial Militar) devidamente preparado para deslocar do quartel, a fim de cumprir uma missão, tão logo receba uma ordem. Neste estado, exige-se que a OPM esteja devidamente aprestada, através do conjunto de medidas de prontificação relativas à instrução, ao adestramento, ao pessoal, ao material ou à logística, que visem preparar ou deixar pronta a tropa de choque, além de executar constantes exercícios de apronto operacional, colocando a unidade em condições de emprego a qualquer momento. SOBREAVISO: estado em que o efetivo da OPM fica em condições de ser acionado para uma missão de caráter especial ou extraordinário. O acionamento do efetivo que esteja de folga deve ocorrer atendendo ao Plano de Chamada, o qual deverá estar em estado de Ordem de Marcha no menor tempo possível. ORDEM DE MARCHA: estado em que a tropa de choque, estando pronta para ser empregada com todo o seu armamento, munição, equipamento, 1-17 viatura, demais materiais e tecnologias, fica em condições de deslocamento para execução de qualquer missão de distúrbio social. Neste estado, devem ser observadas as condições de aprestamento e apronto operacional da tropa de choque. 1.3.3 Aprestamento e Apronto Operacional APRESTAMENTO: conjunto de medidas para se deixar pronta ou preparada uma força ou parte dela, especialmente as relativas à instrução, ao adestramento, ao pessoal, ao material ou à logística, destinado a colocá-la em condições de ser empregada a qualquer momento (BRASIL, 2014). APRONTO OPERACIONAL: grau de preparo de uma tropa considerada pronta para ser empregada em missão de combate, com todo o seu equipamento, armamento, viaturas, munições, suprimentos e demais fardos de materiais (BRASIL, 2014). A Situação de Apronto Operacional é a condição que a tropa tem de passar, no prazo mais curto de tempo, para a Situação de Ordem de Marcha. Ou seja, a tropa de choque deverá adotar as medidas cautelares para que o seu pessoal e material sejam capazes de estar prontos para iniciar a missão surgida inopinadamente. As diretrizes para se determinar a Situação de Apronto Operacional são: 1. Composição Geral dos Meios: - Designação dos efetivos para cumprimento da missão, manutenção da segurança e funcionamento administrativo da Unidade. 2. Aprestamento de Pessoal: - Forma de reunião do pessoal aquartelado e de sobreaviso; - Providências, de ordem pessoal, para garantir o afastamento da Sede, por longo tempo, sem prejuízos para o homem nem para a missão (uniforme de muda, medicamentos, material de higiene, roupa extra, garantir recursos e de suprimentos para a família, etc.); - Preparação do material individual; - Previsão de suprimentos individual. 3. Aprestamento de Material: 1-18 - Distribuição do material bélico, EPI, EPC e demais materiais e suprimentos adequados à missão; - Manutenção da disponibilidade de material pela Unidade, de forma simples, prática e objetiva, observando-se o controle; - Estabelecimento de níveis de suprimento por tipo de missão, local e duração, mantendo os materiais acondicionados de forma adequada. 4. Transporte de Tropa: - Providência dos veículos manutenidos e sempre em condições de deslocamento; - Antecipação da carga para os motoristas e operadores; - Composição do comboio de acordo com otipo de missão. 1.4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PELOTÃO DE CHOQUE Os princípios fundamentais do pelotão de choque são o alicerce das ações que envolvem o controle de pessoas por uma tropa de choque. A obediência a tais princípios é de extrema importância para a manutenção da integridade técnica e tática do emprego da tropa de choque. O pelotão de choque deve respeitar os preceitos que servem de fundamentos orientadores da sua atuação, visto que, tanto a dispersão quanto a submissão têm como pressupostos a preservação da vida e da integridade física, tanto por parte do operacional de choque quanto por parte do seu oponente: 1. O pelotão de choque é indivisível; - O pelotão não deverá ser desmembrado para aplicação em circunstâncias que não sejam a de atuar como força dissuasória no controle de pessoas. 2. Todo Choqueano é responsável pela segurança do pelotão e pelo colega do lado; - O fundamento da segurança é essencial para o sucesso da ação da tropa de choque. A atenção para tal fundamento é individual e coletiva. 3. Todo PM do pelotão de choque zela sempre pelo seu equipamento individual e o conhece perfeitamente; 1-19 - O conhecimento do material utilizado em operações de choque e o seu consequente zelo garantem ao operador confiança na execução da missão a ele atribuída. 4. O escudeiro sempre tem prioridade sobre os demais PM do pelotão de choque; - Tal princípio é decorrente das exigências psicofísicas da função exercida pelo choqueano escudeiro quando em ação. Assim, em qualquer circunstância, o escudeiro é o elemento mais importante do pelotão. 5. Todo Choqueano conhece a missão e todos os objetivos a serem alcançados; - O conhecimento da missão e do seu objetivo visa deixar todos os componentes do pelotão no nível ideal do seu estado de alerta, assim como, proceder adequadamente de acordo com as condições operacionais. 6. Todo operador do pelotão de choque só atua mediante ordem de seu Comandante; - É o acatamento total da disciplina e da unidade de comando. 7. O pelotão de choque só atua quando há visibilidade e conhecimento do terreno e do oponente; - Ver o terreno e conhecê-lo favorece o direcionamento do oponente numa possível dispersão. Ver o oponente significa evitar a agressão direta e inopinada contra a tropa. Por isso, evita-se, em algumas circunstâncias, a atuação noturna da tropa de choque. 8. O pelotão de choque deve manter distância de segurança do oponente; - O controle da distância evita o contato físico entre as partes, o que minimiza as ações diretas contra a tropa de choque, bem como, amplia a possibilidade de utilização de meios de menor potencial ofensivo. 9. O pelotão de choque atua estritamente dentro da lei, demonstrando autoridade sempre, deixando as questões sociais ou políticas a cargo das pessoas responsáveis; - A impessoalidade é a uma das principais características das Operações de Choque, impedindo o direcionamento das ações e mantendo o foco no cumprimento da missão. 1-20 10. O pelotão de choque age sempre observando os critérios de uso diferenciado da força, através das tecnologias de IMPO. - O emprego da força, decorrente do uso dos IMPO, atendendo a seus princípios, como resposta a eventual ou real agressão dirigida ao pelotão, deve ser feito de forma técnica, a fim de que não restem dúvidas acerca da legitimidade da atuação da tropa de choque. 1.5 ATRIBUTOS DO CHOQUEANO O estabelecimento do perfil do especialista em Operações de Choque funciona como uma ferramenta que possibilita determinar as características desejáveis no Operacional. Assim, o perfil desejado para o choqueano deverá atender aos preceitos ora indicados: a. Descrição sumária das atividades A missão estabelecida para o choqueano define as atividades a serem desenvolvidas por ele e, em razão de sua natureza excepcional, são caracterizadas pelo alto nível de risco, compressão de tempo em ocorrências politicamente sensíveis, notadamente em locais críticos, sendo elas: - Dissuasão de distúrbios sociais pelo emprego de IMPO; - Cumprimento de mandados de reintegração de posse rural ou urbana de alta complexidade; - Revistas em estabelecimentos penais; - Retomada do controle em estabelecimentos penais; - Eventualmente, operação como tropa de radiopatrulhamento tático. b. Pré-requisitos - Ser voluntário; - Possuir bom estado físico e de saúde. c. Capacidade cognitiva e comportamental - Capacidade de compreender e de resolver conflitos; - Raciocínio rápido; - Objetividade; - Motivação constante; 1-21 - Ausência de traços sádicos e fóbicos; - Firmeza de caráter e atitude; - Ausência de inibição e ansiedade; - Conduta ilibada no serviço e na folga. d. Características Técnicas - Conhecer e manusear o armamento de dotação da PMBA; - Identificar e manusear IMPO; - Ter capacidade de trabalhar em equipe; - Ter desenvoltura para progressão sob condições adversas; - Ser capaz de dominar as técnicas e táticas de Operações de Choque. Como visto, é imprescindível que o choqueano possua os conhecimentos, habilidades e atitudes próprias dos homens que compõem as tropas especiais. Para tanto, será exigido deste os seguintes atributos: Autocontrole: ser capaz de dominar suas emoções e impulsos; Combatividade: ter ímpeto de lutar; Companheirismo: ser camarada com os irmãos de farda; Coragem: ser capaz de enfrentar algo moralmente árduo; Disciplina: ser obediente a regras e normas, com conduta ilibada; Força de vontade: ter esforço superior para atingir o objetivo; Perseverança: não desistir com facilidade do objetivo; Resistência à fadiga psicofísica: ser tolerante a situações de alto nível de stress físico e psicológico; Vivacidade: ser capaz de agir com desembaraço e vigor; Zelo: ter forte disposição em cuidar de alguém ou de algo. 2-1 CAPÍTULO II DOUTRINA DE INSTRUMENTO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO No contexto de um Estado Democrático de Direito, sedimentado sob a égide dos Direitos Humanos e pelo Princípio da Dignidade Humana cabe, aos Encarregados da Aplicação da Lei, a utilização de alternativas táticas que possibilitam uma atuação segura e adequada frente aos anseios sociais. Neste mister, valem-se as Forças de Defesa Social de um conjunto de armas, técnicas, munições e equipamentos desenvolvidos e empregados especificamente com a finalidade de preservar vidas e minimizar os riscos de lesões permanentes. Em geral, estes instrumentos são utilizados em eventos onde se faz necessária uma intervenção do Estado com um nível adequado de força. Tais equipamentos promoveram mudanças no cenário mundial no que tange aos meios utilizados na preservação da Ordem Pública. Destarte, preconizando a Doutrina do Uso Diferenciado da Força (UDF), adotada no cenário mundial de segurança pública, compreende-se que o emprego desse tipo de tecnologia provoca uma inovação estratégica e o desenvolvimento de novas metodologias de abordagem tático/operacional. Todas essas ações estratégicas estão também sob o amparo das orientações internacionais e nacionais sobre o uso da força e de armas de fogo, a exemplo do Código de Conduta dos Encarregados de Aplicar a Lei, os Princípios Básicos de Uso da Força e de Armas de Fogo e principalmente as Diretrizes de Uso da Força implementadas no Brasil através da Portaria Interministerial (Ministério da Justiça e Secretaria de Direitos Humanos) nº 4.226, de 31.10.2010, publicada no Diário Oficial da União (D.O.U.) do dia 03.01.2011. Dentre a vasta gama de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO), estudaremos, em capítulos específicos deste Manual, as técnicas, armamentos, munições e equipamentos de Menor Potencial Ofensivo - MPO utilizados pela Tropa de Choque com o objetivo de reduzir os efeitos colaterais nas intervenções estratégicas onde se faz necessário o emprego da força policial. Importante destacar que os IMPO devem ser priorizados como opção de uso da força, desde que o seu uso não coloque em risco a integridade físicae psíquica dos seus operadores. É indispensável o entendimento de que as armas de menor potencial ofensivo não substituem a disponibilidade e nem a possibilidade de emprego do recurso letal. A doutrina de UDF, através do 2-2 princípio “menor potencial ofensivo”, não afasta ou mesmo exclui a possibilidade e disponibilidade do emprego da força letal. 1. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPO Objetivando facilitar o estudo dos instrumentos de menor potencial ofensivo, podemos classificá-los, quanto ao tipo de alvo, em Antipessoal e Antimaterial: a. Antipessoal São os IMPO desenvolvidos e empregados exclusivamente na debilitação/incapacitação de pessoas, respeitando os preceitos de seletividade de alvos, reversibilidade de lesões e abrangência da área de atuação. Os IMPO antipessoal serão aqui classificados quanto à tecnologia empregada e quanto ao seu emprego tático: 1. Quanto à tecnologia: Física; Química; Energia Dirigida e Impacto Psicológico. Física – Transferência de energia mecânica de instrumento, arma ou munição ao oponente, objetivando, principalmente, a debilitação através da dor. Química – Produção de irritação sensorial no organismo do oponente através de processos químicos, objetivando, principalmente, sua debilitação através do desconforto e do mal- estar. Energia Dirigida – Emprego de energia “não mecânica” através de instrumento canalizador, objetivando a debilitação ou incapacitação do oponente, através do desconforto físico, da confusão mental, de reações involuntárias do organismo e/ou de desordem muscular. Impacto Psicológico – Emprego de dissuasivo sonoro, físico ou visual que desencoraje a atuação agressiva do oponente. O impacto psicológico está intrinsecamente presente em todas as tecnologias descritas acima, na medida em que atuam no enfraquecimento do animus agressivo do oponente. 2. Quanto ao emprego tático: Debilitantes e Incapacitantes. 2-3 Debilitantes – São os Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo que tem por objetivo reduzir a capacidade combativo-operativa do oponente, baseando-se, principalmente, na dor, desconforto e/ou inquietação. Incapacitantes - São Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo que tem por objetivo cessar a capacidade combativo-operativa do oponente, atuando diretamente no sistema nervoso, causando confusão mental, reações involuntárias do organismo e/ou desordem muscular. b. Antimaterial. São os IMPO desenvolvidos e empregados exclusivamente na neutralização de instalações, veículos e equipamentos. Tem aplicabilidade reduzida nas Operações de Choque. Quadro 2: Classificação de IMPO nas Operações de Choque. QUANTO AO TIPO DE ALVO ANTIPESSOAL QUANTO A TECNOLOGIA FÍSICA QUÍMICA ENERGIA DIRIGIDA IMPACTO PSICOLÓGICO QUANTO AO EMPREGO TÁTICO DEBILITANTE INCAPACITANTE ANTIMATERIAL Fonte: A Comissão. 2. AGENTES QUÍMICOS Neste estudo é importante conceituar os Agentes Químicos na esfera da Segurança Pública, distinguindo-os daqueles utilizadas no contexto de guerra. No conceito “militar”, agentes químicos são “todas as substâncias que, quando empregadas para fins militares, produzem efeitos tóxicos, fumígenos ou incendiários”, sendo destinados a causar baixas no contingente inimigo, bem como a destruição de instalações e de equipamentos. 2-4 As forças de segurança e de defesa social, pautadas pelos princípios da legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência e em observância à dignidade da pessoa humana, utilizam apenas agentes químicos que promovem a debilitação temporária, através do desconforto físico do oponente. A definição legal de agentes químicos se extrai do Decreto nº 2.977, de 01 de março de 1999, como sendo “toda substância química que, por sua ação química sobre os processos vitais, possa causar morte, incapacidade temporal ou lesões permanentes a seres humanos ou animais” (Art. II nº 2 do Decreto nº 2.977, de 01 de março de 1999). Do mesmo decreto, em referência ao contexto da segurança pública, extrai-se a definição de Agressivo Químico como sendo “qualquer substância química […] que possa rapidamente produzir nos seres humanos irritação sensorial ou efeitos incapacitantes físicos que, em pouco tempo, desaparecem depois de concluída a exposição ao agente”(Art. II nº 7, do Decreto nº 2.977, de 01 de março de 1999). 3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGRESSIVOS QUÍMICOS Os Agressivos Químicos podem ser classificados quanto ao seu emprego tático e quanto aos efeitos produzidos sobre o organismo humano (fisiológica). Quanto ao emprego tático, os Agressivos Químicos são classificados como “Agentes Inquietantes”, que são os agentes de efeitos leves e temporários, porém desagradáveis, que diminuem a capacidade combativa do oponente. Quanto à classificação fisiológica, os Agressivos Químicos são classificados como “Agentes Lacrimogêneos”, que são os agentes que atuam produzindo irritações nas mucosas como efeito primário (dor intensa nos olhos e lacrimejamento abundante, irritação das mucosas dos sistemas respiratório e gastrointestinal) e, como efeito secundário, vesicância, observada através do ardor, vermelhidão e coceira da pele. Seus efeitos são temporários, raramente passando de meia hora. 4. PRINCIPAIS AGRESSIVOS QUÍMICOS Neste subitem serão apresentados os agressivos químicos mais utilizados pelas forças policiais no controle direto de pessoas e em distúrbios, com 2-5 indicação de sua composição química, emprego operacional, descontaminação e outras especificidades, conforme segue: 4.1 CLOROBENZILIDENO MALONONITRILA, (C10H5N2CL) A clorobenzilidenomalononitrila, 2-[cloro(fenil)metileno]malononitrila, Ortoclorobenzilmalononitrila ou CS , fórmula C10H5N2Cl - 188,01 g.mol-1, é uma substância sólida cristalina esbranquiçada (TF 95 oC) nas condições ambientes. Na molécula de CS salienta-se: Anel benzênico; Grupamento ciano; Átomo de cloro; Ligação dupla conjugada ao anel aromático. O clorobenzilidenomalononitrila, conhecido vulgarmente como CS, é uma substância irritante empregada no controle de distúrbios, também conhecido como um agente antimotim. Seu emprego provoca a sensação de irritação em mucosas, seguido de forte desconforto e de mal-estar, sem causar efeitos letais. A descoberta do CS foi feita por dois americanos, Ben Corson e Roger Stoughton, no Middlebury College, nos EUA, em 1928, e sua sigla se refere às iniciais de seus sobrenomes. Foi testado no polêmico centro de pesquisas de armas químicas de Porton Down, na Inglaterra, entre os anos de 1950 e 1960, em animais e em voluntários do exército e,a partir daí, passou a ser empregado amplamente em guerras, para posteriormente passar a ser empregado no controle de distúrbios. O CS é sintetizado a partir da reação do 2-clorobenzaldeído com a malonitrila, através da condensação de Knoevenagel e catalisada com uma base fraca como a piperidina. O CS, à temperatura ambiente, é sólido e não um gás e, para ser aplicado como agente antimotim, pode ser manipulado, fundido e sobre pressão em aerossol. Pode ser dissolvido em solvente orgânico e espargido também em embalagens de aerossol na forma de pó seco micropulverizado, bem como pode ser disperso por granadas térmicas pela geração de gases aquecidos. Assim, o CS é um perfeito irritante sensorial periférico, que atua nas mucosas e afeta de modo mais intenso os olhos, o sistema respiratório e o gastrointestinal. É capaz de causar, inicialmente, fortes sensações de irritação e queimadura e os olhos passam a lacrimejar (e se fecham). Ele irrita fortemente a pele tanto em forma de pó, solução ou aerossol. 2-6 4.2 CAPSAICINA A capsaicina é uma neurotoxina obtida de uma resina oleosa extraída de plantas do gênero Capsicum, popularmente conhecidas como pimenta malagueta, tabasco e caiena, as quais pertencem à família Solanácea. A oleoresina da capsaicina (OC) é utilizada em concentrações que podem variar de 1% a 15%, podendo ser misturada com líquidos propelentes e embalada em frascos spray ou acondicionadaem granadas explosivas em sua forma desidratada micropulverizada. Em condições ambientais, a Capsaicina pura é um pó branco, com peso molecular de 305,4, ponto de fusão a 65°C e ponto de ebulição de 220°C. É também conhecida como 8-METHIL-N-VANILLYL-6-NONEAMIDA, sendo o composto mais pungente do grupo de substâncias denominadas de capsaicinóides, isoladas das pimentas. Considerada uma neurotoxina que causa uma estimulação em nível dos nervos aferentes sensoriais, além de hipotermia e inflamação neurogênica com dor, atua nos olhos causando lacrimação, ardência, eritema e eventuais náuseas, seguidas por vômitos. A substância é praticamente insolúvel em água fria e parcialmente solúvel em água quente. É livremente solúvel em álcool, éter, benzeno, clorofórmio e óleos vegetais e animais. 4.3 DESCONTAMINAÇÃO DE AGRESSIVOS QUÍMICOS A descontaminação de pessoas afetadas por agentes lacrimogêneos é simples e não requer nenhum tratamento específico para a sua recuperação completa. Após 20 a 30 minutos depois de cessada a exposição, o corpo recupera suas funções vitais normais, não resultando em nenhum tipo de sequela permanente, de forma que a recuperação completa do organismo ocorre através dos seus mecanismos naturais. No entanto, é apropriado ajudar a desintoxicação da pele, olhos e de outras regiões afetadas em decorrência de contaminações mais intensas. a. Clorobenzilidenomalononitrila: A medida básica para promover a descontaminação deste agressivo químico na sua formatação em aerossóis (granadas de emissão lacrimogênea) é a retirada do indivíduo da área contaminada, conduzindo-o, se preciso for, à local aberto e ventilado. Desta forma, os efeitos fisiológicos decorrentes de sua 2-7 exposição desaparecem em não mais que dez minutos, não sendo necessários cuidados médicos posteriores à sua utilização. Na forma micro pulverizada (granadas explosivas lacrimogêneas), para promover a descontaminação do CS, além da retirada do indivíduo da área contaminada, é recomendável, caso a contaminação tenha sido intensa, re-mover a roupa contaminada e, imediatamente, banhar o corpo com grande quantidade de água fria. Pode-se optar por uma solução de 5% de bicarbonato de sódio em água para remover os eventuais cristais do agente lacrimogêneo. Para a descontaminação do CS dissolvido em solvente orgânico utilizado em recipientes espargidores, recomenda-se a utilização de óleos vegetais e animais. b. Capsaicina Inicialmente, quando da exposição das vias respiratórias à capsaicina, deve-se proceder a descontaminação do indivíduo, retirando-o da exposição ao agente e levando-o ao ar livre. Deve ser monitorada a sua dificuldade respiratória e, em caso de tosse constante ou aumento da dificuldade de respirar, encaminhá- lo para atendimento especializado. Nestes casos, o procedimento inicial é a administração de oxigênio a 100%, umidificado, além de outros procedimentos de assistência ventilatória, se necessários. Os olhos devem ser irrigados com grande quantidade de água, à temperatura ambiente, durante 15 minutos, no mínimo. Se, após este período, persistir a irritação, dor, lacrimação e fotofobia, a pessoa atingida deve ser conduzida para o atendimento médico imediato. A utilização de anestésicos pode diminuir a dor, persistindo, contudo, o eritema causado. A descontaminação dermal da Capsaicina deve ser feita aplicando-se água morna e sabão na área afetada, várias vezes. A capsaicina é mais solúvel em água morna do que em água fria. Pequenas quantidades de álcool podem ser usadas na pele se as lavagens anteriores não surtirem o efeito desejado. Para a descontaminação da OC dissolvido em solvente orgânico utilizado em recipientes espargidores, recomenda-se a utilização de soluções em álcool, éter, benzeno, clorofórmio e óleos vegetais e animais, sobretudo, para possibilitar a neutralização da oleoresina deste agente. 5. CONCENTRAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS Chama-se concentração de um agente químico a quantidade desse agente existente em determinado volume de ar. Os efeitos químicos e tóxicos dos agentes químicos dependem de sua natureza e composição para que possam ocorrer. Entretanto, é necessário, ainda, que seja lançado em certa quantidade. 2-8 A concentração é expressa em miligramas de agente por metro cúbico de ar (mg/m3), podendo ser eficiente, letal ou inquietante: Concentração eficiente - É aquela em que o agente produz o efeito que lhe é característico para a obtenção do objetivo da sua utilização (efeitos primários e secundários). Concentração letal - É aquela em que o agente é capaz de produzir a morte em pessoal desprotegido. Concentração inquietante - É aquela em que o agente, embora não produza integralmente seu efeito característico, exige o uso de EPI respiratório, para evitar outros efeitos primários ou inquietantes. 6. ESTUDO DA PERSISTÊNCIA A persistência é o tempo em que o agente permanece em concentração “eficiente” na atmosfera em que foi lançado. Tal persistência varia de acordo com as propriedades físicas e químicas do agente que, por sua vez, estão na dependência de fatores comuns, tais como temperatura, velocidade do vento, processo de dispersão, estabilidade do ar (gradiente de temperatura), topografia do terreno, vegetação, natureza do solo, bem como a quantidade de agente lançado. Quando a nuvem de agressivo químico, composta de aerossol e de vapor, permanece efetiva no ponto em que foi lançada, por um período de tempo relativamente curto, diz-se que o agente é “Não Persistente”, quando permanece por um período de tempo relativamente longo, antes de ser disperso no ar, diz-se que o agente é “Persistente”. No processo de dispersão, as condições atmosféricas, a topografia, a vegetação da região e a natureza do solo são fatores que modificam a maneira de atuação e a eficiência, sob o ponto de vista tático. 7. PROCESSO DE DISPERSÃO DOS AGENTES QUÍMICOS De uma maneira geral, os agentes químicos são dispersos na atmosfera por queima, espargimento ou explosão. Na queima ocorre a ação de um dispositivo de acionamento do tipo queima (espoleta, misto de ignição) e o agente é liberado, lentamente, para 2-9 o exterior, na forma gasosa ou aerossol. É o modo de dispersão de algumas granadas e dos tubos fumígenos. No âmbito policial, encontramos granadas que operam basicamente por sublimação do agente lacrimogêneo através da queima. O espargimento ocorre quando o agente é lançado na forma liquida ou sólida micropulverizada de espargidores instalados em aeronaves ou viaturas, ou ainda por espargidores portáteis. É a forma de dispersão apropriada para a contaminação de grandes eixos ou áreas. Na explosão, os agentes químicos que são acondicionados em artefatos, ao serem detonados ou deflagrados pela ação da carga explosiva, têm destruído o invólucro que os acondiciona, sendo liberados instantaneamente, a exemplo das granadas policiais explosivas. 3-1 CAPÍTULO III EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS O Equipamento de Proteção Individual (EPI), segundo a Norma Regulamentadora Nº 06 (NR-06) do Ministério do Trabalho e Emprego é: “Todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador” (BRASIL, 1978). Tais equipamentos devem possuir de Certificado de Aprovação (CA) expedido pelo órgão nacional competente em segurança e saúde no trabalho, atendendo a normas técnicas nacionais e internacionais. Assim, o policial militar de Operações de Choque está exposto a diversos riscos nas missões específicas às quais é submetido. Neste contexto, o EPI se torna um produto que visa minimizar a exposição deste profissional aos riscos, evitando assim danos à sua segurança ou à sua saúde. O uso deste tipo de equipamento deve ocorrer concomitantemente à adoção de medidas outras que permitam reduzir os riscos do ambiente em que se desenvolve o evento crítico de distúrbio social, ou seja, com autilização das medidas de proteção coletiva, que devem ser a primeira barreira de proteção física contra os perigos existentes neste tipo de ocorrência policial. Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) são dispositivos utilizados no ambiente de atuação com o objetivo de proteger do perigo, simultaneamente, mais de um policial militar, minimizando os riscos inerentes à atividade de choque. Portanto, o EPI e o EPC serão obrigatórios e isso irá atenuar consideravelmente os riscos, oferecendo proteção total ou parcial, dentro das possibilidades de cada equipamento. Analogamente à NR-06, válida no âmbito do Direito do Trabalho, em que a empresa é obrigada a fornecer aos seus empregados, gratuitamente, o EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e de funcionamento, no caso da PMBA, o entendimento é o mesmo e, por conseguinte, é dever da Corporação fornecer aos seus policiais militares os EPI e EPC necessários à sua atuação. Assim, compete ao Comandante e aos demais componentes do Pelotão de Choque, especialistas e técnicos em Operações de Choque, 3-2 observar criteriosamente as condições dos EPI e EPC à disposição da tropa, analisando se estes são adequados ao risco existente na missão a ser cumprida, cabendo, ainda, verificar a uniformidade da tropa e o perfeito funcionamento dos equipamentos, antes do deslocamento para o local de atuação. Os tipos de EPI utilizados podem variar, dependendo do tipo de atividade ou de riscos que poderão ameaçar a segurança e a saúde do componente do Pelotão de Choque e da parte do corpo que se pretende proteger, tais como: - Proteção respiratória: máscara e filtro; - Proteção visual e facial: viseira e óculos de proteção; - Proteção da cabeça: capacete e balaclava; - Proteção de mãos e braços: luvas e cotoveleiras; - Proteção de pernas e pés: coturno e perneiras; - Proteção do corpo: uniforme com material retardante às chamas ou antichamas e exoesqueleto. Como dito, o EPI de fabricação nacional ou importado só poderá ser utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação expedido pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e de saúde no trabalho do MTE. Dentre as atribuições da Corporação, no tocante a aquisição e disponibilização dos equipamentos, cabem as seguintes obrigações: - Adquirir o EPI adequado ao risco de cada atividade; - Exigir seu uso; - Fornecer somente o equipamento aprovado pelo órgão nacional competente em matéria de segurança e de saúde no trabalho; - Orientar e treinar o policial militar sobre o uso adequado, a guarda e a conservação do equipamento; - Substituir ou repor imediatamente o EPI, quando este estiver danificado, extraviado ou vencido. Ao policial militar também caberá observar as seguintes obrigações: - Zelar pela higienização e manutenção periódica; - Comunicar ao seu superior hierárquico qualquer irregularidade observada ou alteração que o torne impróprio ao uso; - Utilizar o EPI apenas para a finalidade a que se destina; - Responsabilizar-se pela guarda e conservação do equipamento; 3-3 - Cumprir as determinações do seu Comandante sobre o uso pessoal do equipamento. Com a utilização do EPI e EPC adequados, a Corporação e o próprio usuário buscam minimizar, eliminar ou neutralizar o risco de danos pessoais durante o exercício da missão em Operações de Choque. 1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI Os equipamentos listados neste manual fazem parte do rol daqueles atualmente utilizados, sendo esta lista considerada apenas exemplificativa e não taxativa. Logo, com o decurso do tempo e das inovações tecnológicas, poderão surgir novos EPI, que deverão aperfeiçoar esta relação de itens, conforme entendimento do mando institucional. a. EPI PARA PROTEÇÃO DA CABEÇA 1. Capacete com proteção balística Equipamento de proteção individual que deverá ser antibalístico. Deve ser composto por corpo do capacete, viseira, protetor de cervical e jugular. Os capacetes com proteção balística deverão possuir também a viseira com proteção balística e a sua identificação deve atender às normas internacionais em vigor. É de uso obrigatório e quando em operação a viseira estará sempre baixa. Tem como objetivo(s): - proteção contra impactos de objetos sobre o crânio, face e cervical. - proteção do crânio e face contra agentes térmicos. - proteção dos olhos contra partículas volantes. 2. Capuz tipo “balaclava” Capuz tipo “balaclava”, para proteção da cabeça e do pescoço, devendo ser confeccionado com material retardante às chamas. Seu uso pode ser simultâneo ao do capacete. Tem como objetivos: - proteção do crânio e do pescoço contra riscos de origem térmica. 3-4 - proteção do crânio, da face e do pescoço contra respingos de produtos químicos. 3. Óculos de proteção Equipamento que deve ser de estrutura leve e possuir lentes panorâmicas contra impactos, transparentes ou contra luminosidade intensa, com proteção contra raios UVA e UVB. Tem como objetivo: - proteção dos olhos contra partículas volantes e luminosidade, se for o caso. b. EPI PARA PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA Equipamento que permite a permanência do policial militar em ambiente contaminado por agentes químicos. Essa contaminação pode ocorrer, inclusive, em ambientes abertos, daí a importância do porte obrigatório do respirador ou da máscara nas Operações de Choque. 1. Respirador purificador de ar facial: Equipamento de proteção individual respiratório composto por um facial completo moldado em silicone ou borracha com suporte para visor ocular ou panorâmico e tiras de ajuste de elastodieno. Internamente, são estruturados basicamente com nascarilhas, válvulas de inalação e exalação, defletores e diafragma de comunicação. O elemento filtrante deve ser do tipo combinado, capaz de promover a filtragem mecânica e química dos aerodispersóides da atmosfera contaminada. Tem como objetivos: - proteção das vias respiratórias contra agentes químicos contaminantes, gases e vapores e/ou material particulado, que podem trazer riscos à segurança e a saúde. c. EPI PARA PROTEÇÃO DO TRONCO Equipamento que protege a região que abriga os órgãos vitais de ação direta contra a parte frontal do tronco (tórax e abdômen) e dorsal (costas). É de uso obrigatório para as Operações de Choque, devendo proteger o profissional não somente de projéteis balísticos, mas também de ataques de armas perfuro cortantes. 3-5 1. Colete à prova de balas. Tipo de equipamento que oferece a proteção balística convencional, devendo possuir também a característica de proteção conta ataques através de instrumentos perfurantes ou cortantes. Esse tipo de colete balístico, também chamado de colete multi ameaça, é o adequado para as Operações de Choque, entretanto, não exime o especialista de utilizar o colete que possui apenas a proteção balística. Tem como objetivos: - proteção contra agressão oriunda do uso de arma de fogo e de objetos ou armas perfurantes/cortantes; - proteção do tronco contra riscos de origem térmica; - proteção do tronco contra riscos de origem mecânica; - proteção do tronco contra riscos de origem química. d. EPI PARA PROTEÇÃO DE PÉS E PERNAS Equipamentos que permitem a proteção de parte dos membros inferiores, tanto das intempéries (terreno, ambiente e clima), quanto dos objetos lançados. 1. Coturno Equipamento do tipo de calçado ocupacional, igual ou similar à bota tática de alta performance, adequado para a atividade policial, confeccionado em couro hidrofugado (tecido respirável, de toque macio e confortável), com solado adequado ao terreno e aprovado em testes de normas internacionais. Tem como objetivos: - Proteção dos pés contra objetos perfurocortantes e objetos arremessados; - Proteção do tornozelo contra torções. 2. Perneira ou caneleira antitumulto Equipamento para proteção de membro inferior, mais especificamente os ossos tíbia e fíbula, protegendo também a patela e os pés. Confeccionado em material resistenteao choque 3-6 de objetos (termoplástico injetado) e forrado internamente com material fibroso e antichama. Tem como objetivos: - Proteção do membro inferior contra objetos arremessados; - Proteção do membro inferior contra riscos de origem térmica e mecânica. e. EPI PARA PROTEÇÃO DO CORPO INTEIRO Conjunto de peças que protege o corpo, em quase sua totalidade, de agressão oriunda de objetos contundentes ou da ação térmica de intenso calor ou frio. 1. Uniforme (gandola e calça) Vestimenta confeccionada com material retardante às chamas, com proteção que visa minimizar a ação de risco de origem térmica (intenso calor ou frio). A pintura “rajada” deve apresentar características que impactem psicologicamente no oponente, nos aspectos de quantidade e força. Tem como objetivos: - proteção do corpo contra riscos de origem térmica; - proteção do corpo contra agentes químicos. 2. Exoesqueleto Traje de proteção contra trauma contuso que tem como objetivo reduzir os riscos de lesões nos membros e no tronco, provocadas por objetos contundentes e perfurantes de baixa velocidade. Deve ser confeccionado em material termoplástico ou polímero de alta resistência, anatomicamente projetado para ajustar ao corpo, sem que se restrinjam os movimentos naturais e a mobilidade. Tem como objetivos: - proteção dos membros (superiores e inferiores, incluindo mãos e pés), tronco e região pélvica, sendo contra riscos de lesão por objeto contundente; - proteção do corpo contra riscos de origem térmica e química. - utilizado em ações na qual há contato direto com os oponentes. 3-7 2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA São equipamentos necessários para evitar danos a integridade física de um ou mais policiais militares. a. Escudo Deverá ser adotado o escudo à prova de balas, de alta resistência, sem possibilidade de rupturas, com montagem interna ambidestra, com proteção balística mínima no nível II. São utilizados para proteção do pelotão contra objetos diversos, arremessados ou por disparos de armas de fogo. b. Extintores de Incêndio São utilizados com o fim de debelar focos de incêndio, em especial nos integrantes da tropa que, por ventura, sejam atingidos por bombas incendiárias, denominadas “coquetéis molotov”, ou extinguir pequenos focos de fogo em barricadas, comumente utilizadas em obstrução de vias. Na atualidade, o integrante da tropa que exerce a função de “Socorrista Operacional” deve carregar consigo uma mochila de médio porte contendo: extintor pequeno, uma manta e um kit de atendimento pré-hospitalar. c. Kits de Primeiros Socorros ou de Atendimento Pré-Hospitalar (APH) Conjunto de materiais utilizados nos casos de lesões contundentes, cortantes e proveniente de calor, em que se pode dar o primeiro atendimento. No pelotão de choque todo policial militar estará habilitado a exercer a função de Socorrista Operacional, estando apto, assim, para atuar no APH em Operações de Choque. O Kit será composto de: - Algodão, gaze estéril e gaze vaselinada; - Água oxigenada, soro fisiológico e álcool; - Anti-inflamatório e analgésico tópico aerossol; - Colar cervical; - Atadura e compressa; - Talas para membros inferiores e superiores; - Luva de procedimento; - Esparadrapo comum e microporo; - Bolsa térmica de gel. 3-8 3. ACESSÓRIOS São considerados acessórios os equipamentos e outros objetos não definidos como de proteção individual ou coletiva, que também auxiliam as atividades desenvolvidas pela tropa de choque. a. Algemas descartáveis São mais recomendadas para o uso pela tropa de choque, em comparação às algemas metálicas tradicionais, pois, além de atender ao objetivo principal de manter o oponente imobilizado, por serem mais leves e flexíveis, são mais fáceis de conduzir. b. Megafone Aparelho utilizado para amplificar a voz. Utilizado para executar os comandos de tropa, assim como para orientar e/ou determinar as ações de um grupamento de pessoas. Pode ser utilizado o megafone manual ou aqueles já instalados no sistema de comunicação das viaturas policiais. c. Equipamentos de arrombamento ou transposição Equipamentos utilizados para transpor grades, portas, romper cadeados, etc. Normalmente, são utilizados nas ocorrências em locais confinados, onde há obstáculos que impedem o avanço da tropa. Incluem-se, neste item, “aríetes”, alicate “corta frio”, alicate e macaco hidráulicos, dentre outros que possam auxiliar a tropa de choque na possibilidade de avanço. d. Máquinas filmadoras e fotográficas Aparelhos utilizados para o registro das ações da tropa de choque e dos oponentes. Juntamente com os aparelhos celulares, os quais atualmente possuem excelentes níveis de resolução, constituem-se em equipamentos essenciais e indispensáveis nas Operações de Choque, pois a captação de imagens é imprescindível para servir como meio de prova, além de se constituir como um fator inibidor de ações violentas por parte dos oponentes, haja vista retirá-los da condição de anonimato. e. Equipamentos de comunicação São recomendados os equipamentos de comunicação portátil, conhecidos como handtalk (HT). Convém que os dispositivos de comunicação permitam o uso de frequência exclusiva para os operadores da tropa de choque, para evitar qualquer ruído na transmissão de ordens, bem como no exercício de comando da tropa. 3-9 f. Caixa Choque A tropa de choque empregada deverá possuir uma ou mais caixas denominadas “caixas choque”, confeccionadas em madeira e com dimensões que facilitem seu acondicionamento em viaturas leves, que conterá: material bélico de CDC e químico sobressalente, algemas convencionais e outros materiais e equipamentos de pequeno porte. Esta caixa deverá se levada para todas as operações. 4-1 CAPÍTULO IV MUNIÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO O objetivo deste estudo é conhecer as principais munições de menor potencial ofensivo, realizando enquadramentos em categorias específicas, bem como, estabelecer diretrizes técnicas de emprego com base nas doutrinas de Operações de Choque e de Operações Químicas. MUNIÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO - São aquelas projetadas e/ou empregadas, especificamente, com a finalidade de conter, debilitar ou de incapacitar temporariamente pessoas, preservando vidas e minimizando danos à sua integridade. Considerando que a munição, de forma geral, é a reunião dos elementos necessários à alimentação da arma em um único corpo, temos, então, que estas serão todo artefato bélico apto a ser disparado por uma arma, sem a necessidade de adaptadores ou de artifícios complementares. O princípio de funcionamento, respeitadas suas particularidades, ocorre de maneira uniforme após a percussão da espoleta e, então, será ignitada uma carga de projeção, disparando os projéteis do seu interior. O estudo das munições de menor potencial ofensivo se baseará nas seguintes classificações: Munições de Impacto Controlado; Munições de Jato Direto; Munições Explosivas; e Munições de Emissão. 1. MUNIÇÕES DE IMPACTO CONTROLADO São munições desenvolvidas para a neutralização de ameaças reais e iminentes à equipe policial, através da energia cinética de projéteis, geralmente confeccionados em borracha butílica ou nitrílica, também conhecidos como elastômeros. O principal objetivo na performance de projéteis cinéticos não letais é o de deter um oponente, sem causar-lhe lesões que necessitem de cuidados médicos especiais e sem causar-lhe debilidade ou dano permanente. O tiro policial com munições de impacto controlado não deverá ser empregado para dispersão de multidões, mas sim para a incapacitação de alvo selecionado que coloque em risco a tropa ou terceiros. Considerado o último recurso de menor potencial ofensivo antes 4-2 de recorrer à arma de fogo, somente operadores devidamente treinados e capacitados, com plena consciência do seu uso correto e das consequências de sua má utilização, deverão utilizar tais munições. Para obter-se o controle desejado no impacto de taismunições no corpo humano os principais aspectos de segurança para sua aplicação se referem à distância mínima entre o operador e o oponente, bem como quanto ao local do corpo a ser atingido. Considerando a energia cinética, bem como o formato e as dimensões das munições de impacto controlado, as pernas são a única parte do corpo que podem ser atingidas sem causar lesões mais graves ao oponente. A expressão “da linha da cintura para baixo” é equivocada, pois devemos evitar atingir a região do baixo ventre, a fim de não causar lesões permanentes, como esterilidade nos homens, perfuração do intestino, entre outros efeitos danosos. Quanto à distância mínima de segurança, se empregadas a distâncias inferiores das recomendadas pelos fabricantes, tais munições poderão causar grave lesão ou mesmo o resultado morte, independente da área do corpo atingida. A distância mínima de segurança estipulada pelos fabricantes nacionais é de 20 metros entre o operador e o oponente para a maioria das munições de impacto controlado. Algumas munições desenvolvidas para confrontos aproximados possuem distância mínima de segurança de 5 metros entre o operador e o oponente. As munições empregadas a distâncias maiores do que os 50 metros do oponente têm sua eficiência comprometida, ou seja, podem não alcançar o resultado desejado. Caso atinjam o resultado, não obterão a energia necessária para fazer cessar a agressão e alcançar a intimidação psicológica. No caso das munições desenvolvidas para confrontos aproximados sua eficiência é comprometida a partir de 20 metros do oponente. As munições de Impacto Controlado podem ser classificadas quanto ao seu calibre e quanto ao público alvo de sua utilização. 1.1 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CALIBRE: 1.1.1 Munições de Impacto Controlado Calibre 12 Consideraremos a utilização destas munições exclusivamente em espingardas calibre 12, sem “choke” ou “choke” cilíndrico. O “Choke” é uma 4-3 redução no diâmetro da boca do cano da arma, destinado a forçar o agrupamento da coluna de balins (esferas) de chumbo, mantendo-a unida por maior distância ao longo da trajetória. A utilização de elastômeros em espingardas com este tipo de constrição provoca, frequentemente, a obstrução do seu cano. Não recomendamos a utilização de munições de impacto controlado nos cassetetes/bastões projetores, devido às suas restrições táticas: baixa precisão, decorrente do tamanho do cano, e limitação em carregamento. A estrutura das munições de impacto no calibre 12 é basicamente a mesma: - Estojo cilíndrico confeccionado em plástico branco translúcido, o que permite a observação do tipo de projétil presente em seu interior, além de diferenciar os cartuchos que contém balins ou balotes de chumbo, que normalmente são vermelhos- cor consagrada mundialmente para indicar um padrão de perigo; - Culote de metal para facilitar a extração do estojo; - Espoleta de fogo central; - Carga de projeção; - Projétil. 1.1.2 Munições de Impacto Controlado Calibre 37/40 mm Consideraremos a utilização destas munições exclusivamente em lançadores próprios para calibre 37mm, 38.1mm ou 40mm. Não recomendamos a utilização de munições de impacto controlado nos cassetetes/bastões projetores devido às suas restrições táticas: baixa precisão, decorrente do tamanho do cano, e limitação em carregamento. A estrutura das munições de impacto no calibre 37/40 mm é basicamente a mesma: - Estojo cilíndrico confeccionado em alumínio; - Culote de metal para facilitar a extração do estojo; - Espoleta de fogo central; - Carga de projeção; - Projétil; - Cinta de forçamento Algumas munições de impacto no calibre 40 mm são dotadas de uma 4-4 “cinta de forçamento”, localizada próximo à base do projétil com a finalidade de estabilizar a munição em sua trajetória. A interação desta estrutura com as raias do lançador específico para esse calibre proporcionará um tiro preciso e estável. 1.2 CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO PÚBLICO ALVO DE SUA UTILIZAÇÃO: 1.2.1 Munições de Projetil Singular Como descrito no início deste estudo, o objetivo das munições de impacto controlado é a incapacitação do alvo selecionado que coloca em risco a tropa ou terceiros. Desta forma, é imperioso que o operador possa distinguir, por exemplo, comportamentos agressivos contra a equipe policial, dentre inúmeros manifestantes pacíficos. O emprego de projéteis singulares se mostra adequado, portanto, quando se pretende atingir um único oponente, individualizando e neutralizando a sua conduta agressiva. 1.2.2 Munições de Múltiplos Projéteis São munições utilizadas para neutralização de ameaças desencadeadas por um grande número de oponentes em comportamento agressivo contra a equipe policial. Nas situações em que a totalidade dos oponentes desencadeia atos de risco iminente para a tropa, faz-se necessária a utilização de munições de impacto controlado que possam neutralizar o maior número de oponentes violentos com um único disparo. Salientamos, contudo, que as munições com múltiplos projéteis possuem elevado índice de deflexão, que é o afastamento dos projéteis em relação ao centro do alvo. Obviamente que, quanto maior a distância entre o operador e o oponente, maior será a dispersão entre os projéteis de elastômero. Se considerarmos, por exemplo, que uma munição de impacto controlado calibre 12, com 3 esferas de elastômero, obterá uma deflexão de 1/3 de precisão a cada 10 metros do disparo, ou seja, observando a distância de segurança preconizada pelo fabricante – de 20 metros do oponente, teoricamente, apenas 01 das 03 esferas atingiria algum membro inferior do oponente, aumentando o risco de atingir terceiros. 4-5 2. MUNIÇÕES DE JATO DIRETO São munições que, quando deflagradas, emitem uma carga de pó lacrimogêneo de capsaicina ou de CS para reduzir a capacidade combativa do agressor e necessitam de projetores específicos para sua aplicação. Tem como objetivo principal evitar o contato físico dos agressores com a equipe policial, bem como, de promover a dispersão destes quando não haja a distância suficientemente segura para o emprego de outras tecnologias. As munições de jato direto podem se apresentar nos calibres 12 e 37/40 mm. Nas munições de jato direto no calibre 12, os fabricantes autorizam a sua projeção em espingardas do mesmo calibre, porém, a inteligência prática nos mostra que a utilização deste tipo de armamento pode ter alguns inconvenientes, a exemplo: - Perda de percentual significativo do agente lacrimogêneo no interior do cano das espingardas, principalmente se estas estiverem lubrificadas com óleo; - Risco de oxidação das partes metálicas das espingardas, caso permaneçam resíduos de agente lacrimogêneo por falta de manutenção. Em razão desses inconvenientes, orientamos que sejam utilizados projetores específicos para estas tecnologias, que são oferecidos nos catálogos dos fornecedores. Para as munições de jato direto nos calibres 37mm e 38.1mm são utilizados os lançadores dos mesmos calibres, que são empregados com munições de elastômeros e projéteis de emissão. Observações importantes em relação ao emprego: - Não direcionar diretamente no rosto do agressor; - Angular a arma de tal forma que permita que a carga lacrimogênea se disperse um pouco acima da cabeça do oponente; - Atentar que as distâncias maiores possuem eficiência comprometida; - Evitar o disparo contra o vento, sob risco de provocar a autocontaminação do operador (efeito blowback); - Aplicar as munições de jato direto no cal. 37mm ou 38.1mm, por conterem uma quantidade maior de agente lacrimogêneo, por sugestão deste estudo, evitando o uso das munições deste tipo, no cal. 12 as quais são pouco eficazes em áreas de operação. 4-6 3. MUNIÇÕES EXPLOSIVAS São munições dotadas de uma pequena carga explosiva que podem ser deflagradas através de um sistema de retardo ou através de acionadores de impacto, de utilização antipessoal ou antimaterial. Apresentam-senos calibres 12 e 40mm x 46mm, podendo ser acompanhadas de uma carga de pó lacrimogêneo de CS ou de carga atordoante de luz e som. 3.1 PROJÉTEIS EXPLOSIVOS NO CAL. 12 São munições explosivas deflagradas unicamente pelo sistema de retardo, ou seja, a percussão da espoleta transmite chama à carga de projeção, que provoca a ejeção do projétil e aciona a coluna de retardo até a detonação da carga explosiva. Projetados, segundo seus fabricantes, para as finalidades de desalojar infratores em ambientes fechados e para dispersar grupos de agressores localizados a distâncias superiores à capacidade de arremesso de uma granada manual. Devem ser projetadas em forma parabólica em relação ao solo e, depois de um dado tempo, apresentam seu resultado explosivo em segundos. Estas munições nunca devem ser utilizadas diretamente em pessoas, sob pena de causar graves lesões ou até mesmo a morte. Também é prudente evitar o “tiro tenso”, pois há possibilidade, dependendo da distância do anteparo, de quebrar a coluna de retardo e de interromper o funcionamento da munição. As munições explosivas, no calibre 12, não devem ser utilizadas em espingardas, mesmo não existindo esta restrição por parte dos fabricantes, pois, se ocorrer uma obstrução no cano, este será destruído pela explosão do projétil, podendo ferir o operador. Deve-se utilizar o cassetete projetor que tem o cano menor se comparado ao cano da espingarda, minimizando a probabilidade de retenção do projétil. O projetor (cassetete projetor rosqueável), contudo, possui capacidade operacional reduzida, devido ao seu modo de recarga. De uma forma geral, são munições ineficazes para aplicação em operações de dispersão de pessoas e perigosas para operações de desalojamento de perpetradores, considerando seu longo alcance e o tempo de retardo, bem como por sua falta de precisão. Mesmo ocorrendo uma explosão no local desejado, a pequena quantidade de agente químico (cerca de 08g) não seria hábil para contaminar 4-7 um grupo de agressores, o que obrigaria o operador a utilizar mais projéteis para alcançar uma concentração eficiente. 3.2 PROJÉTEIS EXPLOSIVOS NO CAL. 40MM X 46MM As munições no cal. 40mm x 46mm são projéteis com maior capacidade de contaminação, atordoamento e alcance útil. Podemos encontrar modelos que utilizam o tempo de retardo para promover a explosão e as que operam por acionamento, através do impacto a anteparos rígidos para provocar a explosão. Em suas estruturas mecânicas podemos encontrar: gatilhos de disparos, pinos de disparo e pinos de contra pesos. São projetadas para utilização em lançadores mais ergonômicos e com melhor capacidade operativa. Tanto as munições explosivas acionadas por retardo quanto as acionadas por impacto não podem ser utilizadas diretamente nos oponentes, sob pena de causar graves lesões ou até mesmo a morte. As munições explosivas acionadas por retardo não devem ser utilizadas diretamente contra anteparos rígidos (tiro tenso), pois há a possibilidade de quebra da coluna de retardo e interrupção do funcionamento da munição. Na utilização de projéteis explosivos com carga lacrimogênea deve-se observar a direção do vento, bem como, avaliar se o local permite o emprego deste agente químico. Na utilização de projéteis explosivos por impacto, deve- se avaliar a superfície que receberá o impacto, a fim de não provocar resultados desastrosos, como a transfixação do alvo e a explosão em local não desejado. 4. MUNIÇÕES DE EMISSÃO São munições não explosivas, antipessoais, que funcionam por meio da emissão de agentes químicos, sejam eles lacrimogêneos ou fumígenos. As munições de emissão usam a queima como processo de dispersão, emitindo o agente químico sublimado para atmosfera com os objetivos de sinalização ou de contaminação. Sua principal razão tática se destaca quando o operador, em razão da distância, não alcança o objetivo através de lançamento de granadas manuais, recorrendo a uma arma para a deflagração dos projéteis de emissão, que poderão alcançar uma distância de até 150 metros. 4-8 As munições de emissão se apresentam nos calibres 37/40mm. Quanto ao seu emprego tático, dividem-se em: munições de emissão lacrimogênea e munições de emissão fumígena. 4.1 MUNIÇÕES DE EMISSÃO LACRIMOGÊNEA São munições de emissão que utilizam a queima como processo de dispersão do agente químico lacrimogêneo CS, emitindo-o na atmosfera através de sublimação da massa química. São munições empregadas nas ocorrências, em áreas abertas, com o intuito de provocar contaminação lacrimogênea no grupo de agressores, visando reduzir exponencialmente a capacidade agressiva destes. Quanto a sua estrutura, dividem-se em: munições de projétil singular e munições de múltiplos projéteis. 4.1.1 Munições de Emissão Lacrimogênea de Projétil Singular São munições que possuem apenas um projétil metálico de emissão lacrimogênea. Seu funcionamento se inicia com a percussão da espoleta, gerando uma centelha, que ignitará a carga de projeção, deflagrando o projétil e, consequentemente, iniciando a queima de uma pequena coluna de retardo. Em seguida, a centelha inicia a queima da “pedra de queima lenta”, uma estrutura que se incandesce às elevadas temperaturas e que tem por objetivo promover a sublimação da carga química lacrimogênea que, por fim, é dispersa para a atmosfera a ser contaminada. O lapso temporal decorrente da queima da coluna de retardo é importante para que, somente após a munição ter alcançado seu objetivo, ele produza seus efeitos lacrimogêneos. 4.1.2 Munições de Emissão Lacrimogênea de Múltiplos Projéteis São munições que possuem múltiplos projéteis metálicos (pastilhas) de emissão lacrimogênea. Seu funcionamento se inicia com a percussão da espoleta, gerando uma centelha, que ignitará a carga de projeção, que passará pelo meio das pastilhas vazadas, projetando-as já em funcionamento no ambiente. As pastilhas de emissão lacrimogênea alcançam o objetivo com uma dispersão de aproximadamente 5 metros entre elas, o que as torna aptas a promover a contaminação de grandes áreas com um único disparo. 4-9 4.2 MUNIÇÕES DE EMISSÃO FUMÍGENA São as munições fumígenas coloridas que utilizam a queima como processo de dispersão do agente químico hexacloretano pigmentado ou agente químico similar com pigmento, emitindo-o na atmosfera através de sublimação da massa química. São munições empregadas nas ocorrências em áreas abertas, com o intuito de sinalização de locais ou de transmissão de mensagens pré-estabelecidas. Estas munições possuem apenas um projétil metálico de emissão fumígena sinalizadora. Seu funcionamento se inicia com a percussão da espoleta, gerando uma centelha, que ignitará a carga de projeção, deflagrando o projétil e, consequentemente, iniciando a queima de uma pequena coluna de retardo. Em seguida, a centelha inicia a queima da “pedra de queima lenta” promovendo a sublimação da carga química hexacloretana que, por fim, é dispersa para a atmosfera do local a ser sinalizado. As munições de emissão sinalizadora podem ser utilizadas no controle de grupos violentos, em conjunto com munições de emissão lacrimogênea, como vetor de potencialização da intimidação psicológica causada pelo agressivo químico. De forma geral, as munições de emissão são um dos principais artifícios utilizados pela equipe policial no controle de grupos violentos, uma vez que permitem a dispersão dos grupos, ao tempo em que promovem a manutenção de uma considerável distância de segurança entre os operadores e os oponentes. Contudo, alguns cuidados devem ser observados quanto a sua utilização, sobretudo, considerando seu longo alcance, bem como a elevada temperatura dos seus projéteis: - Não realizar o tiro direto (no agressor) e o tiro tenso (tiro em anteparos rígidos); - Observar a direção do vento, bem como, avaliar se o local permite o emprego deste agente químico; - Avaliar o risco de provocar incêndios; - Não utilizar próximo ou dentrode atmosferas explosivas; - Avaliar o risco de esses projéteis caírem sobre as cabeças das pessoas; - Avaliar a direção do vento, pois os projéteis são suscetíveis à influência do vento durante a sua trajetória. 5-1 CAPÍTULO V VEÍCULOS Este capítulo visa apresentar os principais meios de transporte utilizados para o deslocamento da tropa de choque. Com a evolução das técnicas e táticas em Operações de Choque, além das novas tecnologias aplicadas a logística de condução de pessoas, o atendimento às ocorrências críticas de distúrbios sociais se tornou mais efetivo. O tempo-resposta é um fator preponderante na decisão de utilizar a força de uma tropa de choque. Entretanto, o deslocamento para uma situação crítica deve visar às seguintes condicionantes: a) segurança da tropa; b) conforto c) facilidade para embarque e desembarque; d) adequação para condução e utilização de armas, munições e equipamentos; e) trafegabilidade. O processo motorizado, nas operações de choque, consiste no apoio através do uso de veículos atuando na condução de pessoal e de material (armas, munições, equipamentos, etc), podendo desempenhar também apoio como emprego de força, a exemplo do uso de veículo blindado com jato lançador de água. O veículo a ser utilizado na operação de choque deve ser definido pelo especialista, e tal escolha irá influenciar decisivamente no sucesso da atuação, ou não. Portanto, os principais fatores que influenciam na decisão são: o terreno, o público, a duração e o tipo de evento. 1. MOTOCICLETA Descrição: Veículo motorizado, de duas rodas, de fácil deslocamento no trânsito em face da sua maneabilidade, capaz de atingir altas velocidades com segurança. Características básicas: Preferencialmente, a motocicleta deve ser do modelo conhecido comercialmente como “Maxi Trail” ou “Big Trail”, com cilindradas entre 600cc e 1000cc, com sistema de frenagem tipo “anti-blocking system” (ABS), com amortecedores e suspensão diferenciadas, podendo transitar em diferentes tipos de terreno e com capacidade para carregar até dois policiais militares equipados e armados. Uso: Destinado à condução de parte do efetivo do pelotão de choque quando empregado como Choque Rápido, realizando a escolta e a segurança 5-2 no acompanhamento dos veículos de maior porte, com uso individual ou em dupla, operando em ambiente urbano ou rural. Não será usado como meio de emprego de força. 2. CAMINHONETE Descrição: Veículo motorizado leve, de médio porte, para transporte de pessoal ou utilitário (tipo misto). Características básicas: Veículo tipo pick-up, preferencialmente à diesel, possuindo tração 4x4, cabine dupla, capacidade para 04 passageiros mais o motorista, com carroceria coberta, possuindo estrutura de presídio. Pode possuir blindagem, proteção por grade e itens para desbloqueio de barreiras. Uso: Destinada à condução do pelotão de choque quando empregado como Choque Rápido, conduzindo até quatro policiais operacionais, carregando os equipamentos de proteção na carroceria, operando em ambiente urbano ou rural. Não será usado como meio de emprego de força. 3. VEÍCULOS PESADOS (GRANDE PORTE) Descrição: Veículo motorizado de grande porte, utilizado para transporte coletivo de passageiros. Características básicas: Veículo tipo micro-ônibus ou ônibus, com capacidade para 18 passageiros ou mais, devendo possuir cadeiras confortáveis, ar condicionado refrigerado, portas de fácil acesso, proteção nas janelas contra objetos, com escotilhas para uso operacional, para-choque dianteiro reforçado tipo “limpa trilho” e compartimento que possa carregar todo o material de uso individual, coletivo e bélico da tropa. Uso: Destinados à condução da tropa de choque próxima ao objetivo para ações direta (emprego imediato) ou indireta (emprego por oportunidade), em deslocamentos curtos ou longos, conduzindo todos os EPI e EPC, armamentos e munições, e material de suporte logístico, operando em ambiente urbano ou rural. Não será usado como meio de emprego de força. 5-3 4. VEÍCULO BLINDADO Descrição: Veículo motorizado, de grande porte, modelo furgão integral blindado, tração 4x4, equipado com canhão d’água e sistema de transposição de barreiras. Características básicas: Veículo tipo furgão integral, com a carroceria, vidros com proteção antibalística, possuindo acesso fácil pela lateral e pela traseira, com para-choque dianteiro reforçado tipo “limpa trilho”, lotação da viatura com o mínimo de 21 e máximo de 26 policiais operacionais equipados, incluindo o condutor; o compartimento interno (habitáculo) deverá possuir cadeiras e revestimento que propiciem conforto para a tripulação, com sistema de ar-condicionado refrigerado, ventilação e exaustão forçada, deve possuir escotilhas ou seteiras para facilitar o emprego operacional, sendo capaz de operar em ambiente urbano ou rural. Uso: Destinado à condução do pelotão de choque em ações para o controle de distúrbios cujas condições ambientais não permitam a progressão da tropa a pé, estando, assim, sujeita a injusta agressão por diversos objetos, inclusive projéteis de arma de fogo. Será utilizado como recurso de força para proteção da tropa de choque que atua na dispersão, quer seja pelo impacto psicológico de sua presença, quer seja pelo uso do canhão de jato d’água. 6-1 CAPÍTULO VI ARMAS Numa definição ampla, arma é todo objeto ou instrumento, manufaturado ou artesanal, que pode ser utilizado para atacar, intencionalmente ou como autodefesa, tendo como objetivo causar dano. Neste estudo, serão analisadas, objetivamente, as principais armas de menor potencial ofensivo e de fogo utilizadas no controle de distúrbios sociais, sendo apresentados aqui os seus conceitos, características, classificações e aplicabilidade, em conformidade com as normas nacionais, a doutrina e as técnicas de Operações de Choque. O presente capítulo visa abordar o conteúdo de maneira sucinta, contextualizando as peculiaridades dos equipamentos à empregabilidade adequada nas Operações de Choque. A relevância de tal estudo para as Operações de intervenção em Distúrbios Sociais é vital, uma vez que a seleção do emprego da força pode variar do meio menos lesivo até o letal, à medida que as circunstâncias se apresentarem no cenário operativo. Desta forma, se torna imperioso identificar e analisar qual o armamento condizente com o nível de força a ser aplicado para garantir uma atuação segura para a tropa e de acordo com os anseios sociais, objetivando sempre preservar vidas e minimizar os riscos de lesões permanentes. 1. ARMAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO São armas desenvolvidas e empregadas especificamente com a finalidade de preservar vidas e para minimizar os riscos de lesões permanentes, sendo classificadas, quanto ao seu emprego tático, em: incapacitantes e debilitantes. 1.1 INCAPACITANTES São armas de menor potencial ofensivo que tem por objetivo cessar a capacidade combativa/operativa do oponente, causando confusão mental, reações involuntárias do organismo e desordem muscular. Para este estudo, as principais armas incapacitantes são as Armas de Condutividade Elétrica (ACE). 6-2 a. Arma de Condutividade Elétrica As ACE, conforme previsto no Anexo I do R-105, são definidas como armas de pressão por ação de gás comprimido, onde a ação do gás proporcionará a projeção de dardos eletrizados, direcionando-os ao agressor, emitindo pulsos elétricos em seu sistema neuromuscular, causando fortes contrações musculares, desorientação e consequente queda. O disparo é realizado pelo Operador através do acionamento do gatilho de ação progressiva que, ao ser pressionado, a ação do ar comprimido projetará os dardos eletrizados em direção ao indivíduo que, ao atingi-los, emitirão pulsos elétricos, num tempo não superior a 05 segundos. Dessa forma, diferente dos aparelhos de choque utilizados, não há necessidade do contato corpo a corpo entre o operador e o agressor (alcance de 4 a10 metros, adepender do fabricante e do tipo de cartucho utilizado), criando oportunidade para que a força policial possa imobilizar e conter o agressor com segurança. Por se tratar de uma tecnologia de incapacitação que afeta o sistema neuromuscular do oponente, seu emprego requer condições de execução adequadas para uma utilização segura e eficiente. Desta forma, o operador deverá evitar a utilização desse equipamento quando o agressor estiver em atmosfera inflamável ou encharcado com substância inflamável; quando o agressor estiver em local alto, em via com trânsito movimentado ou em locais com risco de afogamento. Se o agressor estiver em posição horizontal, o operador deverá modificar a posição da arma, de forma que viabilize e aumente a probabilidade de os dois dardos atingirem o agressor. 1.2 DEBILITANTES São armas de menor potencial ofensivo que tem por objetivo reduzir a capacidade combativa/operativa do oponente, se baseando, principalmente, na dor, no desconforto ou na inquietação. As principais armas debilitantes utilizadas no Controle de Distúrbios Sociais são: as de propulsão por ar comprimido, as acústicas, os espargidores, os projetores, as espingardas, granadas e munições de menor potencial ofensivo, sendo que estas duas últimas, devido as suas peculiaridades, serão estudadas em capítulo próprio. a. Arma de ar comprimido É um armamento com o princípio de funcionamento através da ação de ar comprimido, o qual arma o ferrolho e proporciona o lançamento dos projéteis, 6-3 caracterizando-se como uma arma semiautomática, extremamente precisa a uma distância de 30m, que sofre pouca deflexão até os 50 metros. No entanto, o projétil pode atingir um agressor em até 100 metros de distância. A capacidade dos carregadores varia de acordo com o fabricante: entre 10 a 15 munições. Os projéteis de menor potencial ofensivo são utilizados com a finalidade primária de causar debilitação ao agressor, através da utilização de munição de impacto controlado, visando causar trauma sem que se penetre a pele. Os efeitos secundários variam de acordo com a necessidade, dependendo do tipo de munições utilizadas: com pó inerte de efeito moral; com tinta lavável ou tinta não lavável para identificar os líderes em distúrbios civis; e contendo o agressivo químico capsaicina. Por se tratar de armamento que utiliza munição de impacto controlado, o operador deverá se atentar e obedecer a distância de segurança, bem como direcionar o local específico ao atingir o agressor, visando diminuir os riscos de se atingir locais que possam gerar lesões permanentes. b. Canhão de Jato d’água São mecanismos geralmente dispostos em veículos específicos, empregados no controle de distúrbios sociais. Possuem pressão de jato d’água elevadíssima e constituem uma ferramenta bastante interessante para favorecer a dispersão dos oponentes, tanto por fatores físicos, como também pelo aspecto psicológico. Além disso, a carga de água pode conter pigmento atóxico, visando identificar eventuais líderes ou grupos mais exaltados em meio à multidão. Pode, ainda, ser utilizado para conter focos de incêndio provocados pelos manifestantes. c. Armas Acústicas É toda arma que manipula o som ou provoca vibrações acústicas intensas com o objetivo de causar desconforto, atordoamento e desorientação espaço-temporal. Constituem uma realidade manifestada de diversas formas. Nas operações de choque, geralmente se apresentam através das granadas explosivas de atordoamento. Também podem ser utilizados emissores de som com frequência elevada e controlada para confundir e dissuadir os manifestantes. d. Espargidores São armas de menor potencial ofensivo, desenvolvidas, inicialmente, para ações de autodefesa e, posteriormente, aprimoradas para o emprego policial no controle de pequenos distúrbios e para contaminação de ambientes com o objetivo de causar debilidade combativa temporária ao agressor. Sua 6-4 estrutura é bastante simples, sendo constituídas, basicamente, por um invólucro cilíndrico com um acionador de pressão manual, contendo, em seu interior, uma substância propelente (preferencialmente não inflamável) e agressivos químicos. Para que o operador tenha uma utilização adequada, deverá segurar o espargidor verticalmente na direção da face do agressor, pressionando o acionador, respeitando uma distância mínima de utilização de 01 a 05 metros entre o espargidor e o agressor, variando conforme o modelo e o fabricante, e evitar realizar o disparo contra o vento. O jato, contendo agressivo químico, ao atingir as partes expostas do agressor, provocará grande desconforto, dificuldade de respiração, impossibilidade de abertura dos olhos e a sensação de forte ardência, causando desorientação e redução da sua capacidade de reação. Os agressivos químicos mais utilizados nos espargidores policiais são a Capsaicina (OC) e o Clorobenzelideno (CS), sendo que seus efeitos são imediatos e possuem duração média de 40 minutos. São eficazes contra animais e pessoas alcoolizadas ou drogadas. A contaminação de ambientes, utensílios e roupas é branda e não requer providências especiais para a descontaminação. Quanto ao emprego tático, estes armamentos podem ser utilizados para a contenção individual ou coletiva. O emprego em contenção individual tem como objetivo a neutralização de um oponente específico, reduzindo a possibilidade de contaminação ambiental e de terceiros não envolvidos na ocorrência. Na contenção coletiva, seu emprego promove a contaminação do local da ocorrência e tem como objetivo o controle e a dispersão de pequenos grupos de oponentes. Quanto ao tipo de espargimento, subdividem-se em névoa, gel e espuma. O espargimento em névoa é constituído por micropartículas de agressivo químico e de soluções oleosas, que tem por objetivo dificultar sua remoção, devendo o acionador ser pressionado de uma a duas vezes em jatos de 0,5 a 1 segundo. Tem como característica a contaminação pessoal e ambiental. Os espargimentos em gel e espuma não promovem a contaminação ambiental, sendo empregados exclusivamente na contenção individual de oponentes, devendo o acionador ser pressionado até que o gel/espuma tenha coberto completamente os seus olhos. Comparativamente, o espargimento em gel é mais preciso que o de espuma, contudo, este produz efeitos debilitantes mais rapidamente que o gel. 6-5 2. ARMA DE FOGO É toda arma capaz de lançar determinado projétil letal, ao imprimir força mediante a ação dos gases gerados pela combustão em seu mecanismo. Tal projétil pode atingir um alvo a curto, médio ou longo alcance, de acordo com as suas especificações técnicas e com o nível de estabilidade proporcionado pela arma que o projeta. Uma vez que os distúrbios sociais se caracterizam como atos de violência e de desordem desencadeadas por quantidade expressiva de pessoas, as intervenções realizadas pelo efetivo policial devem priorizar a utilização de instrumentos de menor potencial ofensivo, ressalvando o emprego de armas de fogo como o último recurso na proteção da vida e, exclusivamente, aos casos de risco letal real ou iminente à tropa ou a terceiros. Considerando que o emprego de IMPO não excluiu a possibilidade de emprego da arma de fogo, conforme observado no Capítulo de Doutrina de IMPO e, considerando ainda que o Pelotão de Choque, embora indivisível, poderá ser taticamente fracionado em Grupos de Resposta Rápida, com composição variada de acordo com as características da atuação e com capacidade de neutralização letal se necessário, torna-se imperioso que, em algumas atuações, todos os integrantes da Tropa de Choque estejam portando arma de fogo (pistola), sem prejuízo do emprego de armamento de segurança coletiva (Carabina, Sub Metralhadora ou Fuzil). A determinação para o porte de arma de fogo por integrantes específicos do Pelotão de Choque levará em consideração os elementos indicadores na Diagnose Operacional e deverão constar nos respectivosPlanos de Operação ou de Ação, e em casos emergenciais, por critério do Comandante de pelotão, observando-se as peculiaridades de cada ocorrência. 2.1 ARMA DE PORTE Entende-se como uma arma de fogo, de dimensões e de peso reduzidos, que pode ser portada por um indivíduo em um coldre. O disparo deve ser realizado, comodamente, somente com uma das mãos do atirador, sem que haja a necessidade de apoio no ombro. a. Pistola A Tropa de Choque utiliza-se das pistolas como arma de porte, que pode ser entendida da seguinte forma: arma curta, de alma raiada, com sistema 6-6 de disparo semiautomático ou automático, podendo ser de ação simples, ação dupla, dupla ação ou ação híbrida, possuindo a câmara dentro do cano, que é alimentada com munições através de um carregador retangular, podendo este ser unifilar ou bifilar. Estendendo a este conceito, encontra-se tal tipificação no R-105, a saber: “Arma de fogo de porte, geralmente semiautomática, cuja única câmara faz parte do corpo do cano e cujo carregador, quando em posição fixa, mantém os cartuchos em fila e os apresenta sequencialmente para o carregamento inicial e após cada disparo; há pistolas de repetição que não dispõem de carregador e cujo carregamento é feito manualmente, tiro-a-tiro, pelo atirador.” (Art. 3º, inciso LXVII do Decreto 3.665/00 – R 105). Normalmente, é uma arma pequena, de boa empunhadura e de rápido manuseio, feita, originalmente, para uso pessoal em ações de pequeno alcance. O calibre utilizado é o cal.40 S&W, por ter um bom “poder de parada” (termo utilizado para expressar a capacidade que um projétil tem de neutralizar o atingido, sem que, necessariamente, tenha que matá-lo), e ter o baixo poder de transfixação, diminuindo, assim, os riscos de resultados indesejados. 2.2 ARMA PORTÁTIL a. Não-Portátil Quando, devido ao volume e ao peso, pode ser conduzida somente por uma viatura ou dividida em fardos, por vários homens. b. Portátil Entende-se como uma arma de fogo, de dimensões e de peso maiores que as de porte, exigindo, em situações normais, a utilização de ambas as mãos para a realização eficiente do disparo. 2.3 ARMA PORTÁTIL DE ALMA RAIADA As armas de alma raiada são aquelas que possuem estrias helicoidais no seu cano. O estriamento em armas de fogo favorece para que seja conferida ao 6-7 projétil uma rotação em torno do seu eixo mais longo. Isso significa que o projétil terá uma melhoria na sua aerodinâmica, estabilidade e, consequentemente, na precisão. a. Fuzil É uma arma de fogo portátil, de cano longo e superior a 48 cm ou 19 polegadas, e cuja alma do cano é raiada. Pode ser de repetição, semiautomática ou automática. Esse armamento tem um alcance de até quatro quilômetros, dependendo do modelo. Desta forma, no contexto das Operações de Choque, busca-se empregá-lo para atuações em ambientes rurais, comumente encontradas nas missões de Reintegração de Posse Rural, visto seu longo alcance. Normalmente, são utilizados os calibres 7,62mm e 5,56mm. Outrossim, dada a sua capacidade de penetração, corre-se o risco de transfixação de um alvo, onde o operador deverá analisar e ponderar adequadamente, de modo a evitarem-se danos colaterais indesejáveis. b. Carabina Basicamente, a carabina se difere do fuzil pelo comprimento do cano, que é inferior a 48 cm ou 19 polegadas, conforme se descreve no R-105: “arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada” (Art. 3º, inciso XXXVII do Decreto 3.665/00 – R 105). No Brasil, usualmente, considera-se carabina a arma de fogo de cano longo, raiado, de calibres permitidos. A carabina calibre .40 é uma arma de funcionamento semiautomático, que não faz tiro de rajada, mas permite maior precisão à média distância. A desvantagem, em relação aos fuzis, é a redução do alcance e da precisão a longas distâncias. c. Submetralhadora Caracteriza-se como uma arma longa, de alma raiada, cano longo e com sistema de disparos automáticos ou semiautomáticos, utilizando calibres equivalentes aos das pistolas. Normalmente, as submetralhadoras possuem cano inferior a 25,5cm ou 10 polegadas e são empregadas nas Operações de Choque, na segurança do pelotão, em atuações no perímetro Urbano. d. Lançadores O Lançador Federal é uma arma destinada à projeção de uma grande variedade de munições de menor potencial ofensivo nos calibres 37, 38.1 e 40 mm, que tem como principais características a robustez, versatilidade e facilidade de manejo. Desenvolvido, inicialmente, como uma arma de projeção de granadas explosivas no apoio à infantaria, foi adaptado para disparo de 6-8 munições de menor potencial ofensivo em virtude de uma necessidade das forças de segurança empregarem equipamentos com características especiais, com capacidade de deflagração de projéteis de longo alcance. Sua principal razão tática se destaca quando o operador, em razão da distância, não alcança o objetivo através do lançamento de granadas manuais, recorrendo a uma arma para a projeção de munições que poderão alcançar uma distância de até 150 metros. Além das munições de emissão, o Lançador Federal pode ser utilizado na projeção de munições explosivas, de impacto controlado e Jato Direto, destacando-se como uma das principais ferramentas no controle de Distúrbios Sociais, em face da mobilidade operativa que proporciona. A legislação brasileira proíbe a utilização de lançadores multi-tiro, desta forma, o Lançador Federal se limita a um disparo por vez, o que irá exigir do operador uma maior agilidade para realizar a recarga ao término do disparo. 2.4 ARMA PORTÁTIL DE ALMA LISA As armas de alma lisa são aquelas que não utilizam nenhum raiamento no cano. Foram desenvolvidas para disparar diversos projéteis, conhecida pelo termo “gaugio” (gauge). a. Espingarda A espingarda calibre 12 é uma arma de fogo portátil, de cano longo e sem raiamento (alma lisa), com alimentação manual e com funcionamento semiautomático ou de repetição por ação muscular do atirador. É uma arma que se caracteriza por sua eficiência, robustez e flexibilidade operacional, permitindo o emprego de diferentes tipos de munições letais e de menor potencial ofensivo. No entanto, para a atividade de Choque, é aconselhável que o operador não utilize munição letal, utilizando apenas as munições de impacto controlado, uma vez que o emprego das munições de jato direto promove o acúmulo de resíduos no cano e na câmara, que comprometem o bom funcionamento da arma, e o emprego de munições explosivas ser taticamente inviável. Embora existam modelos de espingardas de funcionamento semiautomático, não se deve utilizar esse tipo de arma com as munições de impacto controlado, tendo em vista que suas cargas de projeção são menores do que as utilizadas nas munições letais, não proporcionando força suficiente para que a ação dos gases promova a ejeção do estojo e a recarga do armamento. 6-9 3. ESTUDO DAS GRANADAS POLICIAIS O objetivo deste estudo é conhecer as principais granadas policiais, realizando enquadramentos em categorias específicas, bem como, estabelecer diretrizes técnicas de emprego com base nas doutrinas de Operações de Choque e Operações Químicas. Granadas são armas de menor potencial ofensivo, de emprego antipessoal, cujo princípio de funcionamento, respeitadas as suas particularidades, ocorre de maneira uniforme. Um grampo de segurança é retirado da granada antes que ela seja lançada, acionando um dispositivo que dispara uma espoleta. A espoleta incendeia-se, sensibilizando a carga explosiva, e a granada explode, rompendo o invólucro das granadas explosivas. Nas granadas de emissão, após a ignição do dispositivo acionador, um misto incandescente promove a dispersão de uma carga lacrimogênea ou fumígena, acomodada em invólucros ou recipientes próprios. Desta forma, este estudo se baseará na seguinte classificação: Quadro 3: Classificação das GranadasPoliciais. CLASSIFICAÇÃO DAS GRANADAS POLICIAIS 1. GRANADAS EXPLOSIVAS 1.1 Quanto ao efeito De efeito moral De atordoamento Lacrimogênea Híbrida 1.2 Quanto ao ambiente Aberto (outdoor) Fechado (indoor) 2. GRANADAS DE EMISSÃO 2.1 Lacrimogênea 2.2 Fumígena De sinalização De camuflagem / cobertura Fonte: A Comissão. 6-10 3.1 GRANADAS POLICIAIS EXPLOSIVAS São artefatos explosivos industrializados, antipessoais, utilizados pelas forças de segurança em seus treinamentos e operações como vetor de menor potencial ofensivo, com o objetivo de reduzir os efeitos colaterais nas intervenções estratégicas, onde se faz necessário o emprego da força policial. Estes artefatos possuem em sua estrutura básica um dispositivo acionador e uma carga explosiva (de baixa velocidade), utilizando a energia da explosão como processo de dispersão dos mais variados tipos de agentes químicos na atmosfera. 3.1.1 Estrutura e Funcionamento Da análise dos componentes básicos de uma granada policial explosiva, podemos destacar alguns elementos estruturais comuns aos mais diversos modelos de granadas existentes, como se observa abaixo: - Acionador tipo EOT ou base da EOT; - Carga de depotagem; - Colunas de retardo; - Carga explosiva; - Corpo de borracha. ACIONADOR TIPO EOT (ESPOLETA DE OGIVA TEMPORAL) O Acionador tipo EOT é um conjunto de estruturas que tem como objetivo iniciar o funcionamento da granada através de acionadores temporizados. Atualmente, o sistema de ignição por ogivas temporais é o mais seguro no manuseio de granadas explosivas, tanto para o operador quanto para o público alvo, por permitir maior controle do local e dos desdobramentos da explosão. Basicamente, o sistema funciona da seguinte maneira: ao destravar o sistema de segurança com os movimentos de rotação e de tração da argola, juntamente com o grampo de segurança, a alça da EOT será projetada pela ação do percussor. Este, por sua vez, atinge a espoleta, produzindo a centelha no interior da espoleta, iniciando a queima da coluna de retardo da EOT. O conjunto EOT é constituído pela Base da EOT; Argola e Grampo de Segurança; Alça da EOT; Percussor; Mola Disparadora do Percussor; Espoleta e Coluna de Retardo da EOT. 6-11 A Base da EOT é a estrutura responsável por agregar todos os componentes do Conjunto Acionador EOT. Também conhecido como “Capacete”, toda essa estrutura de ignição se separa do corpo da granada após o seu acionamento, representando um importante processo de segurança na utilização de granadas explosivas. A argola e o grampo de segurança são estruturas metálicas que constituem o sistema de segurança da granada, impedindo seu acionamento acidental pela negligência ou imperícia do operador. A liberação do sistema de segurança ocorre com os movimentos de rotação e de tração da argola, juntamente com o grampo de segurança, o que permitirá a ação do percussor e os demais processos de funcionamento da granada. A liberação do sistema de segurança com a extração da argola e do grampo deve ocorrer apenas no exato momento de utilização da granada. A alça da EOT é uma haste metálica que fica em cima da sua base, com a função de reter o percussor que está sob tensão de uma mola comprimida. Esta alça é travada pelo grampo de segurança da granada. Após a liberação da argola e do grampo de segurança, a única forma de bloquear a alça da EOT é através da pressão exercida pela mão do operador. O percussor de uma granada explosiva policial é uma peça metálica com ponta que tem a finalidade de impactar a espoleta e de inflamá-la. A mola disparadora do percussor é uma estrutura metálica localizada logo abaixo da alça da EOT e tem a função de disparar o percussor para a incitação da espoleta. A espoleta é um corpo metálico alojado no interior da base da EOT. A espoleta possui, em seu interior, uma pequena quantidade de mistura explosiva destinada a inflamar a coluna de retardo quando ela é violentamente impactada pelo percussor. A coluna de retardo da EOT é composta por uma mistura à base de pólvora negra amoldada como coluna, envolta por uma estrutura metálica, que tem como função deixar um lapso temporal suficiente entre o acionamento e a expulsão do corpo da EOT, tempo este necessário para que o operador se afaste do artefato explosivo. Desta forma se evita, assim, lesões que ocasionalmente poderiam ser provocadas pela EOT, bem como para que, no lançamento, haja tempo suficiente para que a EOT seja ejetada antes que a granada exploda. O seu tempo de queima varia conforme o fabricante do material. CARGA DE DEPOTAGEM É composto por pólvora negra e é responsável pela ejeção de todo 6-12 o corpo da EOT para longe do corpo da granada, evitando, assim, que a EOT se transforme em projétil secundário e que, durante o seu deslocamento, atinja pessoas, provocando lesões indesejadas. Após a incitação da espoleta e depois de iniciada a queima da primeira coluna de retardo, tal queima chega até a carga de depotagem, um propelente sólido que possui queima controlada e progressiva e, ao queimar, gera gases a uma velocidade muito rápida, que ocupam volumes maiores que os sólidos que os geraram. Destarte esta ação, a EOT é separada da granada. Esta separação da EOT do corpo da granada nos indica o “primeiro estágio de funcionamento”. Em seguida, logo após a queima total da coluna de retardo da carga explosiva, ocorrerá “o segundo estágio”, ou seja, a explosão propriamente dita. COLUNA DE RETARDO DA CARGA EXPLOSIVA Assim como a primeira coluna de retardo é formada, igualmente, por uma mistura à base de pólvora negra e acondicionada dentro da granada em forma de coluna, a duração da sua queima, como já citado anteriormente, varia conforme o fabricante. Esta coluna de retardo, aliada com a primeira coluna, darão ao operador tempo suficiente para que, após o arremesso da granada, ela percorra a sua trajetória, toque ao chão e somente depois exploda. Dependendo da distância a qual o artefato deve ser lançado ou do objetivo a ser alcançado, este tempo em que o fogo levará para consumir a coluna de retardo em sua integridade será o suficiente para que o operador busque um abrigo. CARGA EXPLOSIVA É formada, em sua essência, por pólvora branca sob pressão e sua função básica é romper o corpo da granada e dispersar a sua carga no ambiente. Neste caso, pelo fato da carga explosiva ter uma velocidade de explosão variando de 100m/s a 1000m/s, teremos, então, uma deflagração do objeto ou uma explosão. Dependendo do objetivo, bem como do tamanho do artefato explosivo, ele pode conter uma carga maior ou menor de pólvora, consequentemente, aumentando ou diminuindo, neste caso, o poder de micro pulverização ou de produção de som, conforme especificação de cada granada. CORPO DE BORRACHA As granadas explosivas, que tem por objetivo fragmentar-se para 6-13 alcançar seu resultado, seja lançando agente químico na atmosfera, ou seja, emitindo algum tipo de energia dirigida, possuindo seus corpos manufaturados com borracha maleável, geralmente do tipo nitrílica ou butílica, evitando, desta forma, que fragmentos do corpo da granada projetados na sua deflagração causem lesões indesejadas. 3.1.2 Classificação Para os fins de estudo deste Manual, e objetivando contribuir com os aspectos táticos das Operações de Choque, classificaremos as granadas policiais explosivas quanto ao seu efeito e quanto ao ambiente de sua utilização. QUANTO AOS EFEITOS PRODUZIDOS Nesta classificação, as granadas explosivas policiais classificam- se em: explosivas de efeito moral; explosivas de atordoamento, explosivas lacrimogêneas e explosivas híbridas. Granadas Explosivas de Efeito Moral: as granadas de efeito moral têm como principal objetivo provocar a intimidação psicológica dos indivíduos através da deflagração de uma carga explosiva que dispersa um agente químico inócuo na atmosfera, desestimulando a continuidade das ações do grupo de agressores. Granadas Explosivasde Atordoamento: são granadas que tem como objetivo ofuscar e atordoar o oponente, criando uma distração para uma atuação policial mais segura. Além de uma carga explosiva, estas granadas são comumente compostas por uma substância química que produz luz, capaz de ofuscar ou cegar momentaneamente, e de outra substância química capaz de produzir energia sonora suficiente para atordoar ou distrair o agressor. A equipe policial deve adotar procedimentos preventivos durante a utilização de granadas explosivas atordoantes, de modo a evitar os prejuízos à tropa com a produção de seus efeitos. No mercado nacional podemos encontrar, como principais representantes desta classificação, as granadas para ambientes abertos de luz e som, as granadas para ambientes fechados de luz e som e, por fim, as granadas em aço, com estágio único para ambientes fechados, chamadas também de granadas de adentramento. Granadas Explosivas Lacrimogêneas: são granadas explosivas que contém carga lacrimogênea. São empregadas em ações policiais com o intuito 6-14 de provocar a contaminação lacrimogênea nos agressores, para que estes tenham a sua capacidade agressiva diminuída. Os agentes químicos lacrimogêneos mais usados nestas granadas são o CS (Ortoclorobenzilmolononitrilo) e o OC (Oleoresin de Capsicum). O percentual desses agentes químicos encontrados nas granadas explosivas lacrimogêneas, segundo os fabricantes nacionais, diz respeito a 10% da massa química. Granadas Explosivas Híbridas: são consideradas híbridas as granadas explosivas que reúnem dois gêneros, ou seja, duas funcionalidades ou duas valências em um mesmo artefato. Essas valências podem ser a combinação de uma carga explosiva, que é inerente às granadas explosivas, com balins de borracha. Esta combinação nos oferece a valência da carga explosiva, que seria o efeito atordoante, e a valência do impacto mecânico das esferas de borracha. Para esta combinação, podemos identificá-las, dentro deste grupo, como “granadas multi-impacto”. Neste mesmo modelo, poderemos encontrar granadas explosivas com os balins de borracha e um agente lacrimogêneo, ou seja, “granadas multi-impacto lacrimogêneas”. Outro elemento usualmente empregado nas granadas híbridas é o agente marcador. Este agente nos oferece a valência de marcar as pessoas envolvidas em um determinado conflito para uma posterior identificação e detenção. O agente utilizado atualmente pelos fabricantes nacionais é o chamado “Gel CMC”, ou seja, uma solução gelatinosa com um corante à base de carboximetilcelulose. QUANTO AO AMBIENTE DE UTILIZAÇÃO Nesta classificação, as granadas policiais explosivas classificam- se em: granadas explosivas de utilização em ambientes abertos e granadas explosivas de utilização em ambientes fechados. Granadas Explosivas para Ambientes Abertos: são granadas desenvolvidas especificamente para aplicações em áreas abertas, entendendo- se como área aberta qualquer ambiente amplo, não coberto, que não permita o confinamento da onda positiva da explosão. As granadas explosivas para ambiente abertos possuem, em sua composição, quantidades consideráveis de pólvora na carga explosiva, que podem gerar grande energia acústica, atingindo 175 decibéis de pico máximo de pressão sonora. Isto é energia suficiente para quebrar estruturas envidraçadas próximas ao epicentro da explosão, causar lesões no aparelho auditivo das pessoas e dos animais e outros efeitos secundários da sua ação. 6-15 As granadas explosivas para ambiente abertos não poderão ser empregadas em ambientes fechados sob quaisquer hipóteses, pelo risco de provocar danos às pessoas e às estruturas que estejam neste recinto. Por se tratar de um artefato explosivo, o principal aspecto de segurança para sua aplicação se refere à distância de segurança que esta deve preservar das pessoas. Recomenda-se que, para as granadas explosivas para ambientes abertos, a distância prudente seja de pelo menos 10 metros, tanto para os agressores quanto para a equipe policial. Estas granadas possuem um dispositivo temporizador para o seu funcionamento, ou seja, elas possuem um tempo para apresentar o seu resultado. A este lapso temporal de funcionamento compreendido entre seu lançamento e a sua deflagração denominamos de “tempo de retardo”. O tempo de retardo para as granadas explosivas para ambientes abertos comercializadas no mercado nacional é de 03 segundos. Este tempo pode variar de fabricante para fabricante, mas sempre estarão entre 2,5 e 3,0 segundos, possibilitando ao operador maior versatilidade no arremesso da granada, dependendo da circunstância operacional. Granadas Explosivas para Ambientes Fechados: são granadas desenvolvidas especificamente para emprego em ambiente confinado, ou seja, qualquer espaço coberto e cercado por qualquer estrutura ou material que crie uma barreira para propagação da onda positiva da explosão. Se comparadas com as granadas para ambientes abertos, as granadas para ambientes fechados possuem uma carga explosiva menor, bem como, uma carga química menor para as lacrimogêneas, atordoamento, efeito moral e para as marcadoras. Podem atingir um pico máximo de pressão sonora em torno de 165 decibéis. Essa diferença de 10 decibéis das granadas para ambientes abertos torna a sua aplicação segura em ambientes confinados. Estas características transformam as granadas para ambientes fechados em um recurso com capacidades menos gravosas. As granadas explosivas para ambientes fechados, apesar da sua indicação específica de emprego em ambientes confinados, podem ser utilizadas em ambientes abertos como uma alternativa tática ao uso das granadas para ambientes abertos quando a distância para o emprego destas não for suficientemente segura. A respeito do tempo de retardo, possuem um tempo curto de funcionamento. As granadas desta categoria, que são comercializadas no mercado nacional, têm um tempo de retardo de 1,5 segundo. Com este tempo curto de retardo o operador fica vinculado a arremessá-las sempre rente ao solo, 6-16 pois, caso realize o arremesso por cima, este artefato deflagrará no ar, bem ao nível da altura das pessoas, podendo ferir os olhos ou outra região sensível com a fragmentação do seu corpo. Além disso, se a deflagração ocorrer em níveis mais altos, o operador perderá uma granada sem ter alcançado seu objetivo. Sua utilização em ambientes confinados deverá ser feita sempre próximo aos acessos do cômodo e em local visível ao operador, evitando, desta forma, que o lançamento atinja diretamente pessoas ou materiais inflamáveis no interior do mesmo. 3.2 GRANADAS POLICIAIS DE EMISSÃO São artefatos industrializados, não explosivos, antipessoais, que funcionam por meio da emissão de agentes químicos, sejam eles lacrimogêneos ou fumígenos, utilizados pelas forças de segurança em seus treinamentos e operações como vetor de menor potencial ofensivo, com o objetivo de reduzir os efeitos colaterais nas intervenções estratégicas, onde se faz necessário o emprego da força policial. São artefatos que possuem, em sua estrutura básica, um dispositivo acionador, um misto incandescente e uma carga lacrimogênea ou fumígena, acomodados em invólucros ou recipientes próprios. Estas granadas não explodem, pois, sua estrutura não utiliza carga explosiva para ruptura do seu invólucro. Seu princípio de funcionamento ocorre com a queima da massa química que está em seu interior no estado sólido, gerando aerossóis (micropartículas em suspensão), que serão dispersos no ambiente. Os aerossóis provenientes do processo de queima da massa química tem melhor capacidade de abranger áreas extensas, tendo em vista a grande quantidade de micropartículas emitidas e a sua boa capacidade de dispersão, devido a seu peso molecular. 3.2.1 Estrutura e Funcionamento Na composição de uma granada de emissão temos uma estrutura bem mais simples do que nas granadas explosivas. Porém, atualmente, no mercado nacional temos uma variedademaior no que diz respeito ao seu sistema de iniciação, que pode ser do tipo EOT (espoleta de ogiva de tempo) e PSTM (percussão sob tensão da mola), sendo que, neste último, temos dois modelos, a saber: PSTM por tração de cordão e PSTM por disparo do percussor. 6-17 As granadas de emissão usam a queima como processo de dispersão, ou seja, a estrutura identificada no interior da granada como misto iniciador inflama e queima a massa química, provocando a sublimação da massa, consequentemente “carregando” as partículas do agente químico para a atmosfera que se pretende contaminar. Percebe-se que não ocorrerá a sublimação do agente químico principal em si, mas apenas da massa distinta ao agente. Por atuar pelo processo da queima, as granadas de emissão aquecem atingindo altas temperaturas, algo em torno de 347 graus Celsius. SISTEMA DE INICIAÇÃO DAS GRANADAS DE EMISSÃO Conjunto acionador do tipo EOT (espoleta de ogiva de tempo): Esse sistema é o mesmo já estudado nas granadas explosivas, porém, para as granadas de emissão, ele sofre pequenas alterações. Na composição do conjunto acionador do tipo EOT utilizado nas granadas de emissão, identificamos as ausências da carga de depotagem, da coluna de retardo da carga explosiva e da carga explosiva propriamente dita. É fácil justificar as ausências destas estruturas: primeiro: como essas granadas não explodem, o conjunto da EOT não funcionará com o duplo estágio, pois não existe a necessidade de ejeção da base da EOT (“capacete”); segundo: como já dito, se elas não explodem e sim emitem aerossóis no ambiente, não há necessidade de uma carga explosiva em sua estrutura. As granadas de emissão comercializadas no país possuem, em seu iniciador EOT, uma estrutura que atua como um reforçador de chama, localizada no final da coluna de retardo. Essa estrutura compõe-se de um recipiente plástico e de uma pequena carga de pólvora. Esse recipiente possui um orifício em sua base, que é vedado com uma fita plástica e permitindo que a chama produzida pela pólvora alcance o misto iniciador da granada. SISTEMA DE INICIAÇÃO PSTM (PERCUSSÃO SOB TENSÃO DE MOLA) Assim como no sistema EOT, os acionadores PSTM são formados por estruturas mecânicas e químicas e, igualmente, são classificados como temporizadores mecânicos-químicos. Sua função é dar início ao funcionamento da granada. Podemos encontrar várias configurações de sistemas PSTM, porém, nosso estudo irá abordar somente os sistemas PSTM comercializados no mercado nacional. São eles: sistema PSTM por tração de cordão e sistema PSTM por disparo do percussor. 6-18 Sistema PSTM por tração de cordão: Nesse sistema temos a presença de um cordão para tracionamento, que é preso a uma camisa retentora; um percussor tensionado por uma mola; uma cápsula de iniciação (espoleta); uma coluna de retardo, um reforçador de chama e um misto iniciador. Funcionamento: - Tração longitudinal do cordão; - Remoção da camisa retentora; - Lançamento do percussor pela mola disparadora; - Distensão do Percussor, ferindo a cápsula de iniciação (espoleta); - Explosão do Iniciador, inflamando a coluna de retardo; - Incitação do reforçador de chama; - Ignição do misto iniciador e da carga lacrimogênea ou fumígena. Sistema PSTM por disparo do percussor: Nesse sistema, o percussor, que sofre a tensão de uma mola, é preso por um grampo de segurança que, quando retirado, libera-o para incitar mecanicamente uma cápsula de iniciação (espoleta). Logo, esta incita quimicamente a coluna de retardo, que irá sensibilizar um misto iniciador. O reforçador de chama pode compor essa estrutura em alguns modelos. Funcionamento: - Tração lateral da argola com o grampo de segurança; - Lançamento do percussor pela mola disparadora; - Distensão do Percussor, ferindo a cápsula de iniciação (espoleta); - Explosão do Iniciador, inflamando a coluna de retardo; - Ignição do misto iniciador e da carga lacrimogênea ou fumígena. 3.2.2 Classificação As granadas de emissão podem ser classificadas em dois importantes grupos: as granadas de emissão lacrimogênea e as granadas de emissão fumígena. GRANADAS DE EMISSÃO LACRIMOGÊNEA São granadas que utilizam a queima como processo de dispersão do agente químico lacrimogêneo, emitindo-o na atmosfera através do vapor. 6-19 Além do sistema de funcionamento padrão descrito acima, no qual o misto incandescente inflama e queima a massa química provocando sua sublimação, as granadas de emissão possuem outro sistema de funcionamento no qual são deflagradas do seu interior múltiplas pastilhas metálicas de emissão lacrimogênea (cânisters). O sistema de iniciação das granadas de emissão lacrimogênea com pastilhas é exclusivamente o EOT. Seu funcionamento se inicia com a percussão da espoleta, gerando uma centelha que ignitará uma carga de projeção, que passará pelo meio das pastilhas vazadas, gerando pressão suficiente para expeli-las já em funcionamento no ambiente, o que as torna aptas a promover a contaminação de grandes áreas com um único lançamento. As granadas de emissão lacrimogêneas são empregadas nas ocorrências em áreas abertas, com o intuito de provocar uma contaminação lacrimogênea no grupo de agressores, visando reduzir exponencialmente a capacidade agressiva destes. Sua ação lacrimogênea é bem mais eficaz do que a ação de uma granada explosiva lacrimogênea, por ter uma melhor capacidade de abrangência na atmosfera. Este fato se deve ao estado físico da massa química depois da queima. A nuvem de aerossóis, por excelência, se propaga com rapidez no ar e, consequentemente, contamina uma área maior. Outro fator importante é que a carga química emitida na atmosfera por uma granada de emissão é consideravelmente maior em comparação à carga química da granada explosiva. Seu uso em ambientes confinados não é recomendado. Segue algumas das principais razões das restrições ao seu uso em áreas fechadas: Temperatura: são artefatos que aquecem muito e podem provocar a inflamabilidade em objetos combustíveis, como tapetes, cortinas, madeiras, entre outros. Quantidade de agente químico: a quantidade de agente químico é elevada, tornando o ar do habitáculo confinado irrespirável. Importante destacar que, mesmo o operador equipado com a máscara contra gases, deve-se sopesar se o percentual seguro de oxigênio naquela atmosfera contaminada foi preservado, pois os elementos filtrantes dos equipamentos de proteção respiratória têm suas limitações. É sabido que o agente químico lacrimogêneo tende a expulsar o ar “puro” do ambiente e a ocupar o seu lugar. Isto sem contar no tempo de exposição do operador, pois, quanto maior o tempo de exposição, maior será a exigência das estruturas da máscara. Dificuldade no controle da dispersão do agente: uma vez lançada a granada de emissão, o operador não terá mais o total controle do direcionamento 6-20 da “nuvem” lacrimogênea, pois esta ficará à mercê da corrente de ar previamente identificada, fenômeno que dificilmente ocorreria com as granadas explosivas lacrimogêneas, tendo em vista que o agente químico pulverizado na explosão tem um peso maior, se comparado aos aerossóis. Ambientes fechados em instalações prisionais: risco de migração do agente lacrimogêneo para outros corredores de cela ou outra ala dominada, causando inquietação na população carcerária daqueles setores. Como tais granadas trabalham com queima, é importante salientar que toda queima necessita de oxigênio para seguir queimando, logo, ela consumirá oxigênio e, em um ambiente fechado onde lançamos uma granada de emissão que produz grande quantidade de agente químico, tal agente compete com o ar livre, expulsando-o do ambiente. Além disso, a granada consome oxigênio para manter a queima do agente químico, assim, esse ambiente torna-se inseguro para a permanência de pessoas por um período muito longo, uma vez que o oxigênio será consumido. Atmosferas explosivas: estas atmosferas são facilmenteencontradas em postos de combustíveis e plataformas petrolíferas, pois os vapores formados no interior dos reservatórios de combustíveis são altamente inflamáveis e, como estão encapsulados pelos tanques, tornam-se explosivos. As granadas de emissão geram grandes temperaturas, por isso, não se recomenda o seu uso nesses ambientes. GRANADAS DE EMISSÃO FUMÍGENA Os fumígenos são agentes que, por queima, hidrólise ou condensação produzem fumaça. São partículas suspensas em meio gasoso. O termo é geralmente aplicado às emissões visuais de materiais em combustão. São também substâncias empregadas pelos militares para produzirem cortinas de fumaça, a fim de ocultar tropas e equipamentos. Fumígeno é um obscurante artificial normalmente produzido pela combustão ou vaporização de algum produto. Lembrando que “agente obscurante” é um conjunto de partículas produzidas pelo homem em forma natural, suspensas no ar, que impedem ou enfraquecem a transmissão de uma parte específica ou de partes do espectro eletromagnético, tais como a luz visível, raios infravermelhos ou micro-ondas. Nevoeiro, névoa, poeira e resíduos são obscurantes. As granadas de emissão, no conceito moderno, são granadas que emitem agentes fumígenos, coloridos ou não, com propósitos específicos, como sinalização e cobertura. 6-21 As granadas de emissão fumígena tem sua aplicação limitada na segurança pública, por se tratar de um segmento que não realiza manobras militares de vulto, que exijam apoio orientador de um sinalizador fumígeno. Tipicamente, essas granadas são utilizadas pelos órgãos de segurança em solenidades de formatura, treinamento e como elemento de dissuasão nas operações, simulando o papel de um agente lacrimogêneo. Nesta classificação, podemos dividir as granadas de emissão fumígena em dois grupos: granadas de emissão fumígena de sinalização e granadas de emissão fumígena de camuflagem e de cobertura. Granadas fumígenas de sinalização: são granadas fumígenas, coloridas, à base de haxacloretana pigmentada ou de agente químico similar com pigmento. Podem ser aplicadas em manobras de equipes em terrenos com o intuito de orientar deslocamentos, sinalizar o início e o fim das operações, transmitir mensagens através de códigos preestabelecidos, dentre outras situações. Geralmente, no âmbito militar, a fumaça branca é empregada para ocultar viaturas individuais, enquanto que as coloridas são usadas para marcar ou assinalar posições. Granadas fumígenas de camuflagem e de cobertura: são granadas fumígenas, que produzem uma fumaça com densidade maior que as granadas de sinalização. Possuem um tempo de emissão maior, variando entre 1 a 3 minutos. São também conhecidas como granadas fumígenas de alta emissão. Taticamente, a camuflagem e a cobertura fumígenas podem ter vários aspectos quando empregadas por forças terrestres, tais como: a. Aplicação como cortina de fumaça: utilizada para prejudicar a observação e o tiro inimigo, proteger mudanças de locais das equipes, para substituição, abastecimento e evacuação; b. Aplicação como teto de fumaça: empregada para proteção de equipes ou de pontos estratégicos contra a observação ou ataques de grupos de agressores vindos de cima; c. Aplicação como neblina: usada para proteger as equipes em deslocamentos, quando estas necessitam de certa visibilidade para poder executá-los. 4. NEUTRALIZAÇÃO DE GRANADAS POLICIAIS FALHADAS Como todo produto industrializado, as granadas são passíveis de 6-22 apresentarem os mais diversos problemas que impeçam o seu funcionamento. Uma situação recorrente é a nega de funcionamento nas granadas de mão, como ocorre nas granadas explosivas e nas granadas de emissão. A granada que falhou é conhecida no meio policial como “tijolo quente”. Para a granada falha ser considerada um tijolo-quente, é necessário que seu capacete ainda esteja no corpo da granada após o seu lançamento. Caso o corpo esteja separado do capacete, aquele poderá ser manipulado livremente. 4.1 PROCEMINENTOS OPERACIONAIS PARA GRANADAS DE EMISSÃO FALHAS A ocorrência de falha nas granadas de emissão não oferece tanto risco, tendo em vista o seu baixo poder de lesividade, determinado, principalmente, pela ausência da carga explosiva. A granada pode ter falhado ou estar em funcionamento, porém, como seus orifícios de escape de gases obstruídos ou os cânisters (pastilhas) não foram expelidos do corpo da granada e estão em funcionamento dentro dela, deve-se, após 05 minutos do lançamento, realizar uma aproximação (com proteção do escudo) e observação da granada (sem manipular). Se os orifícios de escape de gases estiverem rompidos e queimados ou se os cânisters não estiverem dentro do corpo da granada, significa, então, que a granada funcionou, podendo ser manipulada. Se os orifícios de escape de gases estiverem intactos ou se os cânisters estiverem dentro do corpo da granada, porém, e a granada apresentar características visuais externas normais, significa que ocorreu falha interna e a granada não funcionou, podendo ser manipulada. Todavia, se a granada apresentar um aumento de volume corpóreo, aliado à alta temperatura externa e trepidação no local, entende-se que a granada está em funcionamento, mas com os orifícios de escape de gases obstruídos, ou a tampa de proteção (local por onde são expelidas as pastilhas) está travada, impedindo a saída das pastilhas. No último caso citado o operador deverá: 1. Afastar-se imediatamente do local; 2. Realizar um isolamento perimetral de 25 metros, e; 3. Aguardar a explosão desta granada pelo alívio descontrolado da pressão (explosão mecânica) ou a vazão dos gases por algum orifício. 6-23 4.2 PROCEMINENTOS OPERACIONAIS PARA GRANADAS EXPLOSIVAS FALHAS Diferente das granadas de emissão, a nega de funcionamento de uma granada explosiva já requer maior atenção. A granada explosiva falhada deve ser tratada como um verdadeiro explosivo, ou seja, com extremo cuidado, pois seu poder lesivo pode provocar mutilações e morte. Analisaremos os seguintes procedimentos operacionais comumente realizados para a neutralização de granadas explosivas falhas: - Disparo de elastômero com Espingarda Calibre 12; - Utilização da Placa de Secção; - Utilização do Cone de “Munroe”; - Utilização de Material Combustível; - Simpatia. 4.3 DISPARO DE ELASTÔMERO COM ESPINGARDA CALIBRE 12 Consiste na utilização do disparo de elastômero, a ser realizado no terço superior do corpo da granada, com o objetivo de neutralizá-la. Os disparos serão realizados até que se separe o capacete do corpo da granada, até expor a ogiva da granada (expondo sua carga de arrebentamento, momento no qual será jogada água em seu corpo para transportá-la a um local seguro) ou até que os disparos cessem com sua deflagração. O atirador deverá atirar protegido por um escudeiro, utilizando munições de impacto controlado de projétil singular. 4.4 UTILIZAÇÃO DA PLACA DE SECÇÃO Este método ocasiona apenas a detonação do tijolo-quente, visto que trabalha com altos explosivos. Consiste na utilização de uma placa de papelão ou madeira – com um corte longitudinal no tamanho do corpo de uma granada – e um orifício na sua metade. Será colocado cordel detonante (alto explosivo) no corte e montado um sistema pirotécnico de acionamento, com espoleta padrão (NP08). O acionamento do estopim acionará a espoleta e, consequentemente, o cordel detonante, explodindo também a granada falha. 6-24 4.5 UTILIZAÇÃO DO CONE DE “MUNROE” Este método também ocasiona, apenas, a detonação do tijolo-quente. Trabalha com o “efeito Munroe”, que é o direcionamento da onda positiva decorrente da explosão, onde o cordel detonante, assumindo a forma de um cone, terá o efeito potencializado. A abertura do cone será direcionada para a granada, deflagrando-o após o acionamento do procedimento já descrito. Este procedimento é mais eficaz que o relativo à placa de secção, pois, em nenhum momento, ocorrerá a manipulaçãodo tijolo-quente, uma vez que o cone possuirá hastes moldáveis que se aproximarão o máximo possível da granada, sem, contudo, tocá-la. 4.6 UTILIZAÇÃO DE MATERIAL COMBUSTÍVEL Considerando que existe a possibilidade destes artefatos falharem em operações policiais e que nem sempre teremos a existência ou a disponibilidade de uma equipe do esquadrão de bombas para o apoio, a equipe policial responsável pela utilização do artefato falhado deverá tomar as providências para a destruição deste, pois não poderá abandoná-lo em via pública. Para esta ocorrência a equipe policial pode utilizar um equipamento próprio para remoção e destruição de granadas de menor potencial ofensivo. Um equipamento muito comum, utilizado por algumas Instituições policiais, é o Kit Tolva. O Kit Tolva contempla um recipiente confeccionado em aço maciço, com no mínimo 25 cm de altura, com braços para transporte. Acompanhando à Tolva, existe uma haste de recolhimento com uma mão mecânica, que funciona através de uma corda esticada ao longo dessa haste. Fazem parte deste conjunto um estopim, com aproximadamente 70 cm de comprimento, e vários pedaços de tecidos para queima do artefato falhado. De posse deste equipamento, o operador trajado com EPI (capacete com viseira, luvas e colete balístico) irá posicionar o recipiente denominado de Tolva em local seguro, próximo ao artefato a ser destruído. Colocam-se quatro pedaços de tecido no interior da Tolva, conectando o estopim e deixando a sua extremidade para o lado de fora do recipiente. Umedecem-se os tecidos com querosene ou gasolina até ficarem encharcados e, utilizando a haste de recolhimento, remove-se o artefato do local e coloca-se no interior da Tolva, sobre os tecidos já úmidos. Depois disso, aciona-se o estopim e afasta-se. 6-25 Iniciado o fogo, deve-se aguardar o tempo para destruição do artefato, que pode variar de 7 a 18 minutos. Ocorrerá, então, a queima da massa e, em alguns casos, uma pequena explosão nos dispositivos que possuem espoleta como componente interno. Após a queima completa dos tecidos, juntamente com o artefato falhado, a condição de segurança se confirma caso o artefato esteja totalmente destruído e sem a presença de pólvoras confinadas. 4.7 SIMPATIA Consiste na utilização de outro baixo explosivo, de qualquer outro artefato ou de objeto com o objetivo de gerar a deflagração do tijolo-quente, como, por exemplo, a utilização de uma granada para ambiente aberto, a fim de sensibilizar uma granada para ambiente fechado que veio a falhar. A sensibilização do artefato falho e sua propensa deflagração pela explosão de outra granada explosiva, contudo, não ocorre. Geralmente a deflagração de uma granada explosiva colocada próxima ao tijolo quente promoverá a neutralização deste pela extração de seu capacete, resultante da expansão da onda positiva da explosão. É importante, porém, que a granada que promoverá a extração do capacete seja mais potente que a granada falhada. Ressaltamos que o índice de neutralização utilizando este método é consideravelmente baixo, não se alcançando o objetivo proposto, além de utilizar um recurso por demais valoroso para tal fim. 7-1 CAPÍTULO VII TÉCNICAS DE OPERAÇÕES DE CHOQUE Neste capítulo será abordado o tema “Técnicas de Operações de Choque” que diz respeito aos fundamentos, métodos e procedimentos padronizados para as ações da Tropa de Choque. 1. COMPOSIÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE A composição ideal de um pelotão de choque é de, no mínimo, 18 (dezoito) e de, no máximo, 26 (vinte e seis) policiais militares, o que não significa que não se possa atuar fora desses limites, contudo, vale dizer que não é prudente, a depender da situação, atuar abaixo do mínimo efetivo ideal, sob pena de se colocar em risco o êxito da missão. Em um pelotão de choque, cada elemento da tropa possui uma função específica, tornando o pelotão indivisível justamente pela complementaridade das funções. 2. FUNÇÕES NO PELOTÃO DE CHOQUE Comandante: Exercida por um Oficial do posto de Tenente. Aquele que conhece detalhadamente a missão ao qual foi designado, além de ser o responsável pelo emprego tático da tropa de choque. Auxiliar do Comandante: Exercida pelo Sub Tenente ou Sargento. É quem deverá substituir o comandante do pelotão de choque no caso de alguma eventualidade em que esse não possa exercê-la. Responsável pela transmissão de ordens ao pelotão. Comandantes de Grupo: Exercida por Sargento. O pelotão de choque é composto por 03 (três) grupos, onde cada Comandante de Grupo é o responsável direto pelo seu grupo. Devem verificar todo o material que os integrantes de seu grupo mantêm sob carga. É de fundamental importância na manutenção das formações adotadas durante o emprego tático da tropa. Escudeiros: Exercida por Soldados ou, excepcionalmente, por Cabos. São os responsáveis pela proteção do pelotão de choque quando do lançamento 7-2 de objetos contra a tropa. De preferência, serão os mais altos. Quanto maior a quantidade de escudeiros, respeitando-se as outras funções, maior será a segurança da tropa. Por critério do Comandante de Pelotão, para a execução das formações, os escudeiros poderão colocar o bastão no porta-bastão. Granadeiros: Deverão portar bornais com as granadas explosivas e de emissão. Necessariamente, esta função deverá ser exercida por possuidores do Curso de Operações de Choque ou Operações Químicas. Atiradores: Utilizam as munições de menor potencial ofensivo através da espingarda calibre 12 ou do lançador federal. Quando da utilização de munição química, será denominado atirador-lançador. Socorrista Operacional (SocOp): Embora outrora fosse usado para debelar pequenas barricadas de fogo, na atualidade está voltado para uma possível intervenção, caso haja arremesso de artefatos incendiários contra a tropa e no atendimento pré-hospitalar. Segurança: Havendo utilização de arma de fogo pelos oponentes, será o responsável pela resposta letal. Deverá agir com bastante cautela, haja vista que seu campo de visão para o tiro ficará prejudicado, seja pela quantidade de manifestantes na turba, seja até mesmo para identificar aquele que fez o disparo. Motorista: Responsável pela condução da tropa e pela segurança do veículo empregado. 3. FORMAÇÕES DE CHOQUE As formações de um pelotão de choque podem ser divididas em: Formações Básicas, Formações Ofensivas, Formações Defensivas, Formações Adaptadas e Formação de carga. 3.1 FORMAÇÕES BÁSICAS São 2 (dois) tipos de formações básicas: 7-3 3.1.1 Coluna por 3 (três) Utilizada para deslocamentos curtos, solenidades, desfiles militares, deslocamentos em acelerado, checagem de efetivo e enumeração. Na formação por “3”, cada integrante do Pelotão de Choque fica ciente da sua respectiva função. São dispostos de forma enfileirada, um atrás do outro e seguindo uma sequência numérica, obedecendo sempre à ordem “centro, direita, esquerda”. Será comandado: “ATENÇÃO PELOTÃO DE CHOQUE... POR FUNÇÕES... ENUMERAR!”. A partir daí, cada componente do pelotão brada sua respectiva função e número. Figura 3: Formação do Pelotão de Choque por 3. Fonte: A Comissão. 7-4 3.1.2 Coluna por 2 (dois) Também conhecida como formação de transição, pois, a partir desta formação, o Pelotão de Choque adotará as demais formações de choque. Poderá ser utilizada para deslocamentos curtos ou estreitos. Estando formado em coluna por 3, o comandante comandará: “ATENÇÃO PELOTÃO DE CHOQUE... DE COLUNA POR 3 A COLUNA POR 2... MARCHE MARCHE!”. O 1º Grupo, que é o do centro, se infiltrará nos demais, de modo que os integrantes ímpares deslocarão para a esquerda e os integrantes pares para a direita, devendo intercalar-se à frente de quem está posicionado imediatamente ao seu lado. O auxiliar do comandante incorpora ao 2º grupo, imediatamente à frente do comandante do 2º grupo. Figura 4: Formação do Pelotão de Choque por 2. Fonte: A Comissão. 7-5 3.2 FORMAÇÕES OFENSIVAS São formações utilizadasem confrontação direta a oponentes perturbadores da ordem. 3.2.1 Formação em Linha Formação mais utilizada no controle de distúrbios. Proporciona proteção aos integrantes do Pelotão de Choque, bem como permite o seu avanço, movimentando os oponentes. Figura 5: Formação do Pelotão em Linha. Fonte: A Comissão. Figura 6: Formação do Pelotão de Choque em Linha, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 7-6 3.2.2 Formação em Cunha: Poderá ser utilizada em lugares em que não haja espaço suficiente para que o pelotão forme em linha. Os escudos deverão estar voltados para frente. Figura 7: Formação do Pelotão de Choque em Cunha. Fonte: A Comissão. Figura 8: Formação do Pelotão de Choque em Cunha, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 7-7 3.2.3 Escalão à Direita Utilizada para movimentar os oponentes para determinado ponto. Neste caso, à direita do pelotão de choque. Na formação, os escudos deverão estar voltados para frente. Figura 9: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Direita. Fonte: A Comissão. Figura 10: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Direita, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 7-8 3.2.4 Escalão à Esquerda Utilizada para movimentar os oponentes para determinado ponto. Neste caso, à esquerda do pelotão de choque. Na formação, os escudos deverão estar voltados para frente. Figura 11: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Esquerda. Fonte: A Comissão. Figura 12: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Esquerda, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 7-9 3.3 FORMAÇÕES DEFENSIVAS São formações especificamente utilizadas para a proteção, guarda e segurança do Pelotão de Choque. Pressupõe-se que ao utilizar as Formações Defensivas, para táticas de aproximação ou infiltração, a tropa de choque estará mais próxima dos oponentes e mais exposta às possíveis agressões. 3.3.1 Guarda Alta Utilizada para proteção do pelotão de choque quando haja arremesso de objetos de forma parabólica por parte dos oponentes. Os escudos deverão estar inclinados para trás, de forma a proteger a cabeça, e os escudeiros utilizarão a alça de apoio do escudo, bem como quem está à retaguarda destes também deverá prestar o suporte. Embora seja uma formação defensiva, permite o avanço da tropa, sendo, portanto, dinâmica. Figura 13: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta. Fonte: A Comissão. Figura 14: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 7-10 3.3.2 Guarda Alta Emassada Similar à formação anterior, distinguindo-se apenas pelo fato dos três últimos escudeiros de cada grupo, alinhados, ficarão lateralizados em relação aos demais, mantendo-se a escamação dos escudos, apresentando-se na forma de um arco, protegendo o pelotão de lançamento de objetos tanto frontal, quanto lateralmente. Figura 15: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta Emassada. Fonte: A Comissão. Figura 16: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta Emassada, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 7-11 3.3.3 Guarda Baixa Nesta formação, todos permanecerão abaixados, de modo que os escudeiros apoiarão os escudos com o pé esquerdo, do lado esquerdo. É uma formação de rápida execução e que permite uma proteção quando houver disparo de arma de fogo, quando não se tenha visão de quem tenha sido o autor do disparo. É uma formação estática. Figura 17: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa. Fonte: A Comissão. Figura 18: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 3.3.4 Guarda Baixa Emassada Nesta formação, metade dos escudeiros estará abaixada, enquanto a outra metade estará sobreposta a estes. Poderá ser utilizada para um socorro a algum integrante ferido. É preciso que os escudos permaneçam escamados, 7-12 tanto os de cima quanto os de baixo – de modo a não permitir que nenhum objeto arremessado transpasse a formação. Para sua execução, os três primeiros escudeiros do 2º e 3º grupo abaixarão e os três últimos de cada respectivo grupo é que ficarão formando a cobertura. Também é uma formação estática. Figura 19: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa Emassada. Fonte: A Comissão. Figura 20: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa Emassada, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 3.4 FORMAÇÕES ADAPTADAS São formações não abrangidas pelas formações anteriores, utilizadas 7-13 conforme o ambiente de atuação da tropa de choque e/ou caso haja a necessidade de desmembramento do pelotão de choque. 3.4.1 Formação Meia Lua Nesta formação, os escudeiros adotarão um semicírculo com os escudos devidamente cerrados. Poderá ser utilizada, por exemplo, quando da entrada no raio em estabelecimento penal, estando as celas em um único pavimento e em ambos os lados. Figura 21: Formação do Pelotão de Choque em Meia Lua. Fonte: A Comissão. Figura 22: Formação do Pelotão de Choque em Meia Lua, Vista Lateral. Fonte: A Comissão. 7-14 3.4.2 Formação em “L” Geralmente utilizada em estabelecimentos penais para tomada de celas. Os escudeiros 1 e 2 permanecem na diagonal em relação ao objetivo, os escudeiros 4, 5 e 8 escamados ao escudeiro 2, com os escudos voltados para frente, e os escudeiros 10 e 11 incorporam ao grupo do escudeiro 1. Se o objetivo estiver do lado “direito”, da mesma forma, o escudeiro 1 e 2 – em diagonal – escamados com o escudeiro 1 estarão os escudeiros 3, 6 e 7 permanecendo com os escudos voltados para frente, e os escudeiros 9 e 12 incorporam-se ao grupo do escudeiro 2. Em estabelecimentos penais, esta formação poderá ser flexibilizada, de acordo com a quantidade de celas em qualquer dos lados, aumentando a quantidade de escudeiros na coluna de tomada das celas, respeitando-se apenas a quantidade mínima de 2 (escudeiro 1 e 2) na diagonal das celas. Figura 23: Formação do Pelotão de Choque em L à Direta (Frente e Vista Lateral). Fonte: A Comissão. Figura 24: Formação do Pelotão de Choque em L à Esquerda (Frente e Vista Lateral). Fonte: A Comissão. 7-15 3.5 FORMAÇÃO GUARDA BLINDADA É uma formação para ser utilizada quando há perigo de arremesso de objetos, tanto por cima quanto frontalmente. O ideal é que todos os escudeiros tenham o mesmo tamanho para facilitar a formação. Assim, os escudeiros 1 e 2 cerram seus escudos voltados para frente, reduzindo suas silhuetas, e cada escudeiro de seus respectivos grupos levantam seus escudos sobrepondo-se uns aos outros. Para facilitar a execução da formação, ao ser dado o comando: “PARA A GUARDA BLINDADA...”, todos os integrantes do pelotão de choque, à exceção dos escudeiros (ou seja, atiradores, granadeiros e os comandantes de grupo), obedecendo à ordem dos grupos (1º, 2º e 3º), inserem-se entre os escudeiros, bem como o Comandante do pelotão e o seu Auxiliar. Na voz de execução: “POSIÇÃO!”, os escudeiros 1 e 2 escamam seus escudos, reduzindo suas silhuetas, de forma que os escudos da frente se sobrepõem aos da retaguarda. É uma formação que permite o avanço da tropa. Figura 25: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Blindada. Fonte: A Comissão. 3.6 GRUPO DE RESPOSTA RÁPIDA (GRR) Consiste em subdivisões do Pelotão de Choque para a execução de missões atípicas. Levando-se em consideração a formação do pelotão em 3 grupos, cada grupo corresponderia a 1 (um) GRR. O comandante do pelotão, ao seu critério e dependendo da atividade a ser executada, poderá adotar uma 7-16 composição menor de GRR, com, no mínimo, um escudeiro, um comandante de grupo e um atirador. Esta configuração é a ideal, por exemplo, para varredura de celas em estabelecimentos penais, bem como em situações de reintegração de posse para verificação de possíveis homiziados em ambientes. Figura 26: Formação do Grupo de Resposta Rápida. Fonte: A Comissão. 3.7 FORMAÇÃO PARA CARGA A formação de ataque é o último recurso a ser utilizado, depois de cessados os outros meios de dispersão dos oponentes, como a utilização dos agentes químicos e do elastômero, visto que a tropa parte para o confronto físico quandoda utilização do bastão policial. Deverá ser precedida pela “demonstração de força” da tropa de choque. O Comandante do Pelotão de Choque, estando a tropa na formação em linha, comandará: “ATENÇÃO PELOTÃO DE CHOQUE... PARA DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA...”. Nesse momento, a linha de escudeiros se abre a uma distância aproximada de 50 cm uns para os outros a partir do escudeiro 1. Os pés dos escudeiros ficam em posição paralela aos ombros, escudos protegendo a vanguarda do corpo, o bastão voltado para baixo no prolongamento do corpo, e os demais integrantes do pelotão, à retaguarda dos escudeiros, permanecem protegidos pelos escudos. O comandante da tropa, então, comandará: “ORDINÁRIO, MARCHE!”. Todos adotam a posição de sentido, rompem marcha com o pé esquerdo e, a cada pé esquerdo tocado ao solo, todos bradam: “CHOQUE!”, concomitante com os escudeiros batendo os bastões nos escudos. 7-17 O Comandante deve-se atentar que a formação não deve percorrer longas distâncias. Num dado e curto momento, então, o Comandante cessará o brado e as batidas ao comandar “ATENÇÃO”. No comando de “ALTO!”, todos permanecem na posição de sentido, instante em que será comandado: “PREPARAR PARA CARGA...”. Daí, os escudeiros trazem o pé direito à retaguarda, de modo a ter um maior apoio, bem como os bastões são levantados na altura das cabeças, todos bradam: “CHOQUE!” e aguardam o comando sobre a distância a ser percorrida: “CARGA A TANTOS METROS, OU ATÉ TAL PONTO” – não devendo ser uma distância superior a 20 metros. Ao comando de “CARGA!”, todos partem, correndo, em direção aos oponentes, mantendo um relativo alinhamento de escudos. Se não houver a necessidade da carga, o comandante do Pelotão de Choque, após a demonstração de força, comandará a formação em linha, para que os escudeiros escamem os seus escudos. Figura 27: Formação para Carga (Tempo 1). Fonte: A Comissão. Figura 28: Formação para Carga (Tempo 2). Fonte: A Comissão. 4. COMANDOS POR VOZ E POR GESTOS Considerando que a atuação da tropa de choque ocorre em ambiente de desordem, confusão e por vezes barulhento, os comandos por voz e por gestos são mais que uma ferramenta; são ações imprescindíveis para a consecução dos resultados positivos nas Operações de Choque. 7-18 4.1 COMANDO POR VOZ Tem como característica o modo claro, firme e em elevado tom de voz, para que todos do pelotão de choque possam ouvir e entender a ordem que foi dada. A depender da operação, o comandante poderá ter auxílio de megafone. Os tempos no comando por voz se subdividem em três: Advertência; Comando propriamente dito; e Voz de execução. ADVERTÊNCIA: O Comandante do Pelotão de Choque atrai a atenção para si: “ATENÇÃO PELOTÃO DE CHOQUE!”. Se a tropa estiver à vontade, com os escudos ao solo, ao comando de advertência os escudeiros empunham seus escudos. COMANDO PROPRIAMENTE DITO: Este tempo requer atenção especial, pois é onde, exatamente, o comandante do Pelotão de Choque quer a tropa disposta no terreno e a formação desejada. Subdivide-se em: POSIÇÃO: diz respeito à distância que a tropa deverá percorrer. Pode ser dada em metros (estimativa), ou basear-se em determinado ponto no terreno. FRENTE: se refere à direção que os escudeiros devem estar voltados. Requer bastante atenção, para evitar que o pelotão de choque fique exposto aos ataques dos oponentes. À frente da tropa sempre será em relação à última frente adotada. Se não for indicada a frente, permanecerá a mesma anterior. FORMAÇÃO: são as formações de choque a serem executadas. VOZ DE EXECUÇÃO: É a última etapa para a execução do comando. Para o comando de formações ofensivas usa-se a expressão “MARCHE, MARCHE!”. Para o comando de formações defensivas usa-se a expressão “POSIÇÃO!”. Exemplo: Atenção Pelotão de Choque! Vinte metros à direita, frente à retaguarda, em linha, Marche, Marche! 4.2 COMANDO POR GESTOS O comando por gestos se dá quando há alto nível de ruído no local da operação, de forma que não seja possível ouvir o comando por voz ou devido à utilização de equipamento de proteção individual respiratória. O comandante do pelotão deverá percorrer uma distância considerada segura, acompanhado do 7-19 escudeiro 1 e do atirador do primeiro grupo, de modo a permanecer protegido contra o lançamento de objetos para, a partir daí, procederá com os comandos por gestos. Os demais integrantes do pelotão de choque formam a partir do escudeiro 1, que servirá como guia. Assim como no comando por voz, divide-se em: ADVERTÊNCIA: Braço direito estendido acima da cabeça, palma da mão voltada para frente, “ATENÇÃO!”. COMANDO PROPRIAMENTE DITO: No momento em que o comandante do Pelotão de Choque desloca até determinado ponto no terreno (POSIÇÃO), volta sua frente para onde ele quer que a tropa forme (FRENTE), e sinaliza, através do gesto, a formação de choque a ser executada pela tropa (FORMAÇÂO). EXECUÇÃO: Com o braço direito estendido sobre a cabeça, punho cerrado, dedos voltados para frente, realizará o movimento de descer e subir duas vezes, de forma enérgica, indicando que o passo deverá ser acelerado: “MARCHE, MARCHE”. 4.2.1 Formação em Coluna por 3 Com o braço direito estendido, palma da mão voltada para frente, os dedos indicador, médio e anelar ficam distendidos. Figura 29: Comando por Gestos: Formação em Coluna por 3. Fonte: A Comissão. 7-20 4.2.2 Formação em Coluna por 2 Com o braço direito estendido, palma da mão voltada para frente, com os dedos indicador e médio distendidos. Figura 30: Comando por Gestos: Formação em Coluna por 2. Fonte: A Comissão. 4.2.3 Formação em Linha Com os dois braços paralelos ao solo, palmas das mãos voltadas para baixo. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 31: Comando por Gestos: Formação em Linha. Fonte: A Comissão. 7-21 4.2.4 Formação em Cunha Com os dois braços acima da cabeça, mãos espalmadas, e dedos médios se tocando. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 32: Comando por Gestos: Formação em Cunha. Fonte: A Comissão. 4.2.5 Escalão à Direita Com o braço esquerdo estendido e angulado acima da linha dos ombros, palma da mão voltada para baixo, da mesma forma, o braço direito estendido e angulado abaixo da linha dos ombros, e palma da mão voltada para baixo. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 33: Comando por Gestos: Formação em Escalão à Direita. Fonte: A Comissão. 7-22 4.2.6 Escalão à Esquerda Com o braço direito estendido e angulado acima da linha dos ombros, palma da mão voltada para baixo, da mesma forma, o braço esquerdo estendido e angulado abaixo da linha dos ombros, e palma da mão voltada para baixo. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 34: Comando por Gestos: Formação em Escalão à Esquerda. Fonte: A Comissão. 4.2.7 Guarda Baixa Com o braço direito na linha da cintura, estendido, a palma da mão voltada para dentro, faz-se um movimento circular – da direita para esquerda – retornando à posição inicial. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 35: Comando por Gestos: Formação em Guarda Baixa. Fonte: A Comissão. 7-23 4.2.8 Guarda Baixa Emassada Com o braço direito na linha da cintura, estendido, palma da mão voltada para dentro, faz-se um movimento circular – da direita para a esquerda – retornando à posição inicial, momento em que se trará a mão direita para a linha da cintura e se fará o movimento de cima para baixo, por duas vezes, com a palma da mão voltada para baixo. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 36: Comando por Gestos: Formação em Guarda Baixa Emassada. Fonte: A Comissão. 4.2.9 Guarda Alta Com o braço direito estendido na altura dos olhos, a mão direita espalmada voltada para o rosto, movimenta-se o braço no sentido da direita para a esquerda e retorna-se para a posição inicial. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 37: Comando por Gestos: Formação em Guarda Alta. Fonte: A Comissão. 7-24 4.2.10 Guarda Alta Emassada Com o braço direito estendido na alturados olhos, a mão espalmada para o rosto, movimenta-se o braço no sentido da direita para a esquerda e retorna-se à posição inicial, momento em que se trará a mão direita para a linha da cintura e se fará o movimento de cima para baixo, por duas vezes, com a palma da mão voltada para baixo. A tropa formará à frente do Comandante. Figura 38: Comando por Gestos: Formação em Guarda Alta Emassada. Fonte: A Comissão. 4.2.11 Guarda Blindada Com a mão direita acima da cabeça, a palma da mão voltada para baixo, movimenta-se o braço à retaguarda e, em seguida, à frente do rosto, retornando- se à posição inicial. Nesta formação o Comandante estará incorporado aos demais. Figura 39: Comando por Gestos: Formação em Guarda Blindada. Fonte: A Comissão. 7-25 5. FORMAÇÕES DA COMPANHIA DE CHOQUE A Companhia de Choque deverá ser formada por, no mínimo, dois Pelotões de Choque. Contudo, o ideal são três pelotões. O comando deverá ser o mais claro possível, indicando o que cada pelotão deverá executar, a fim de evitar confusão quando das formações. Quanto maior o nível de treinamento e adestramento, mais fácil será a execução. 5.1 FORMAÇÕES DE CHOQUE COM 2 PELOTÕES 5.1.1 Apoio Lateral O primeiro pelotão (principal) executará a formação comandada e o segundo pelotão se dividirá e cada grupo cobrirá uma lateral do pelotão principal. Os escudos estarão voltados para frente. O comando deverá ser executado conforme o exemplo: “ATENÇÃO COMPANHIA: PRIMEIRO PELOTÃO, VINTE METROS, EM LINHA. SEGUNDO PELOTÃO, EM APOIO LATERAL, MARCHE MARCHE!” Figura 40: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Lateral. Fonte: A Comissão. 7-26 5.1.2 Apoio Lateral, Frente Lateral O primeiro pelotão (principal) executará a formação comandada e o segundo pelotão, em apoio, o complementará, evitando ataque pelas laterais. O comando deverá ser executado conforme o exemplo: “ATENÇÃO, COMPANHIA: PRIMEIRO PELOTÃO, VINTE METROS, EM LINHA. SEGUNDO PELOTÃO, EM APOIO LATERAL, FRENTE LATERAL. MARCHE MARCHE!” Figura 41: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Lateral, Frente Lateral. Fonte: A Comissão. 5.1.3 Apoio Complementar O primeiro pelotão (principal) executará a formação comandada e o segundo pelotão se postará à esquerda do pelotão principal. O comando deverá ser executado conforme o exemplo: “ATENÇÃO COMPANHIA: PRIMEIRO PELOTÃO, VINTE METROS, EM LINHA. SEGUNDO PELOTÃO, EM APOIO COMPLEMENTAR. MARCHE, MARCHE!” 7-27 Figura 42: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Complementar. Fonte: A Comissão. 5.1.4 Apoio Cerrado Os escudeiros do primeiro pelotão (principal) executarão a formação comandada, e os escudeiros do segundo pelotão formarão à retaguarda daqueles, de forma intercalada, de modo a reforçá-los. Os demais integrantes do pelotão principal (atiradores, granadeiros, comandantes de grupo, SocOp, auxiliar e comandante) ficam distribuídos à retaguarda do grupo do escudeiro 1 deste pelotão à esquerda, e os demais integrantes do pelotão de apoio distribuídos à retaguarda do grupo do escudeiro 2, do seu próprio pelotão à direita. O comando deverá ser executado conforme o exemplo: “ATENÇÃO COMPANHIA: PRIMEIRO PELOTÃO, VINTE METROS, EM LINHA. SEGUNDO PELOTÃO, EM APOIO CERRADO. MARCHE MARCHE!” Figura 43: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Cerrado. Fonte: A Comissão. 7-28 5.1.5 Apoio Central Nesta formação, o pelotão principal executará a formação comandada, estando o segundo pelotão à retaguarda deste, em coluna por 3 ou por 2 (sendo essa a ideal por ser a formação de transição para as Formações de Choque), aguardando a determinação do Comandante da Companhia de Choque. É uma reserva tática. Figura 44: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Central. Fonte: A Comissão. 7-29 5.2 COMANDO POR GESTOS PAR A COMPANHIA DE CHOQUE Segue os mesmos tempos, como no comando por voz: Advertência; Comando Propriamente Dito; e Execução. O Comandante da Companhia de Choque deverá deixar claro, através da sinalização, os comandos que serão dados, tanto ao pelotão principal quanto ao pelotão de apoio. O comando de Execução das formações por gestos, sempre será o “MARCHE, MARCHE!”. 5.2.1 Apoio Lateral Antebraços perpendiculares ao solo, palmas das mãos para dentro. Figura 45: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Lateral. Fonte: A Comissão. 5.2.2 Apoio Lateral, Frente Lateral Antebraços perpendiculares ao solo, palmas das mãos para fora, ambos os braços descem à linha do ombro, ficando estendidos e com as palmas das mãos agora para baixo. 7-30 Figura 46: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Lateral, Frente Lateral. Fonte: A Comissão. 5.2.3 Apoio Complementar Com os antebraços perpendiculares ao solo, palmas das mãos para dentro, movimentam-se na direção das laterais do rosto, retornando, em seguida, para a posição inicial. Figura 47: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Complementar. Fonte: A Comissão. 7-31 5.2.4 Apoio Cerrado Com os braços semiflexionados acima da cabeça, mão esquerda aberta e o punho direito cerrado tocando a palma da mão. Figura 48: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Cerrado. Fonte: A Comissão. 5.2.5 Apoio Central Com os braços semiflexionados por cima da cabeça, dedos da mão direita indicando a quantidade de colunas do pelotão de apoio, tocando a palma da mão esquerda. Figura 49: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Central. Fonte: A Comissão. 7-32 5.3 FORMAÇÕES DE CHOQUE COM 3 PELOTÕES A aplicação das formações de Choque com três pelotões segue a mesma metodologia das formações com dois pelotões. 5.3.1 Apoio Lateral Indicará aos pelotões de apoio a formação a ser executada, devendo o 2º Pel formar na lateral direita do principal e o 3º Pel na lateral esquerda do Pelotão principal. Os escudos ficam voltados para frente. 5.3.2 Apoio Lateral Frente Lateral Indicará aos pelotões de apoio a formação a ser executada, devendo o 2º pelotão formar na lateral direita do principal e o 3º pelotão na lateral esquerda. Os escudos ficam voltados para a lateral. 5.3.3 Apoio Complementar O 2º pelotão formará à direita do principal e o 3º pelotão, à esquerda. 5.3.4 Apoio Cerrado Os 2º e 3º pelotões formarão à retaguarda do principal. 5.3.5 Apoio Central Os pelotões de apoio servirão como reserva tática do Comandante, permanecendo em condições de pronto emprego. Poderão estar nas formações básicas. 7-33 6. ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DE CÃES A tropa composta com o apoio de cães policiais poderá, eventualmente, ser utilizada para Operações de Choque. Entretanto, tal emprego deverá obedecer a uma avaliação apropriada por parte do Cinotécnico, tendo em vista que os citados semoventes atuam de forma mais exposta. De acordo com os princípios, normas e convenções internacionais devidamente estabelecidos, sobretudo os Princípios Básicos de Utilização da Força e Armas de Fogo (PBUFAF) e o Código de Conduta para os Encarregados da Aplicação da Lei (CCEAL), ambos chancelados pela Organização das Nações Unidas (ONU), dos quais o Brasil é signatário, e através da regulamentação estabelecida pela Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010, a qual estabelece diretrizes sobre o uso da força pelos agentes de segurança pública, o cão é reconhecido e legitimado como Instrumento de Menor Potencial Ofensivo. O grupamento com cães atuará em reforço ao Pelotão de Choque, como complemento tático, em quantidade de 04 (quatro) binômios – Homem/ Cão, ou mais, de acordo com o efetivo total do pelotão e a viabilidade de emprego, conforme análise do Cinotécnico. Além disso, prestará apoio ao segmento de tropa de primeiro escalão, caso haja constituição deste efetivo como pelotão de choque com cães. A função tática do cão, prioritariamente, nesse contexto, é a demonstração de força de maneira dissuasiva, através do fator psicológico provocado nos oponentes, o que atinge o efeito desejadona maioria dos casos. O objetivo principal dos cães, quando necessário, é a imobilização do(s) agressor(es), buscando-se a extração imediata da zona de conflito. É muito importante a avaliação no emprego do cão, já que se trata de uma ferramenta de contato direto com os oponentes, assemelhada à carga de bastões utilizada pela tropa, seguindo o Uso Diferenciado de Meios (UDM), observando-se, portanto, a distância mínima de segurança em relação aos oponentes. Considerando seu maior potencial agressivo e lesivo, é interessante que o cão seja utilizado apenas quando ocorrer o esgotamento dos demais recursos. Os cães, quando destacados para imobilização e extração de oponentes, deverão, juntamente com seus condutores, estar devidamente protegidos e inseridos em GRR. Quando em reserva tática, os binômios deverão ser preservados e mantidos fora da vista dos manifestantes; para efeito de dissuasão, os binômios 7-34 deverão postar-se em destaque, próximos da linha de proteção dos escudeiros, de forma que sejam vistos pelos manifestantes; e, quando direcionados para a captura e imobilização dos agressores, os cães deverão avançar, sob a proteção do GRR, efetuando a imobilização através de ataque. A extração do oponente deverá ser feita com o auxílio do próprio condutor. Apesar de tratar-se de um animal geralmente amistoso aos humanos, mesmo com todo o treinamento, não é possível assegurar, com total precisão, o resultado do emprego direto do cão. Sendo assim, esse deverá sempre estar sob o controle de seu condutor através da guia adequada. Jamais deverá ser solto no agrupamento de pessoas, sob pena de prejudicar a operação e expor o animal a riscos desnecessários. Para utilização dos cães nas Operações de Choque é necessário observar os seguintes aspectos: - Presença e acompanhamento de médico-veterinário, com kit de primeiros socorros; - Uso de peitoral de identificação e/ou proteção para o cão, guia apropriada e focinheira de combate, de acordo com a necessidade; - Observância do posicionamento dos binômios, levando-se em conta as situações de reserva tática, demonstração de força e imobilização de agressores; - Visando à integridade física e psicológica dos cães policiais e ressalvados os aspectos fisiológicos, a tropa de choque poderá efetuar a utilização de agentes químicos em conjunto com a ação dos semoventes, desde que preservados os aspectos técnicos de emprego para cada recurso de menor potencial ofensivo. O cão policial, por possuir temperamento firme e equilibrado, dificilmente terá seu desempenho afetado diante da saturação do ambiente pelo agressivo químico. Todavia, os cães deverão ser monitorados todo o tempo e retirados da situação caso alguma alteração seja percebida; Portanto, os cães policiais em Operações de Choque constituem um excelente recurso para a restauração e manutenção da ordem, devido ao grande impacto psicológico provocado nos oponentes, além de possuir características como: a versatilidade, agilidade, destreza, combatividade, impetuosidade e firmeza. 7-35 6.1 CONSTITUIÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DOS BINÔMIOS 6.1.1 Formação de Transição do Pelotão com Reforço dos Binômios, em Coluna por Dois Figura 50: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: Coluna por 2. Fonte: A Comissão. 6.1.2 Formação em Linha com Reforço dos Binômios Figura 51: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: em Linha (Frente). Fonte: A Comissão. 7-36 Figura 52: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: em Linha (Retaguarda). Fonte: A Comissão. 6.1.3 Composição do GRR Figura 53: Composição do GRR com Apoio do Cão. Fonte: A Comissão. 7-37 7. ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DE CAVALARIA Este manual trará tão somente a forma como as tropas especializadas devem interagir numa atuação conjunta em Operações de Choque, não se atendo aos comandos da tropa montada para atuação em distúrbios. A tropa montada tem como características principais: seu elevado grau de ostensividade, visto a posição em que o policial montado fica em relação ao solo; o efeito psicológico trazido pelos equipamentos que fazem parte da proteção individual dos animais e o cavaleiro; a mobilidade por poder atuar em mais variáveis terrenos. Consequentemente, a tropa montada possui um alto poder repressivo. A composição de um pelotão de choque montado é de 19 conjuntos (cavaleiro e cavalo). É dividido em 03 (três) esquadras, sendo cada uma destas compostas por 06 (seis) conjuntos e o comandante do pelotão montado. A tropa montada deverá manter-se sempre à retaguarda da tropa de choque a pé, constituindo-se uma efetiva proteção aos animais e cavaleiros, pois, apesar dos animais utilizarem uma cabeçada apropriada para a proteção das vistas e parte da cabeça, os membros inferiores – mãos e pés – ficam expostos aos lançamentos de objetos. As formações de choque montado seguem os mesmos padrões das formações da tropa a pé firme, sempre em formações ofensivas (linha, cunha e escalões). Como as tropas possuem comandantes próprios de seus respectivos pelotões, é preciso que haja uma efetiva integração para as Operações de Choque. O objetivo deste trabalho em conjunto é sempre o ganho de terreno e a consequente dispersão dos oponentes, visto o forte impacto psicológico da tropa a pé com a tropa montada. Quando da passagem pelo Pelotão de Choque, a tropa montada deverá atentar para a segurança, principalmente dos escudeiros, pois, devido a proximidade com estes, poderá haver algum tombo do animal no escudo ou pisada nos pés dos operadores. É prudente que, antes de qualquer formação, a tropa montada passe pelo Pelotão de Choque “ao passo”. Esse deslocamento não poderá ser muito extenso, visto que a tropa a pé deverá formar novamente à frente da tropa montada. São três as formas de infiltração da tropa montada na tropa a pé: infiltração pelo centro, infiltração pelo flanco direito e infiltração pelo flanco esquerdo. O comandante da tropa de choque a pé deverá avaliar a melhor forma de infiltração e informar ao comandante da tropa de choque montado por qual direção este deverá infiltrar. 7-38 INFILTRAÇÃO PELO CENTRO: os escudeiros 1, 3 e 6 rebatem à retaguarda, bem como os escudeiros 2, 4 e 5. Todos ficam lateralizados, mantendo-se a escamação e voltados uns de frente para os outros. INFILTRAÇÃO PELOS FLANCOS (DIREITO OU ESQUERDO): a depender de qual seja o flanco de infiltração, todo o grupo retrai, permanecendo lateralizado e escamado. Tão logo haja a passagem da tropa montada, o Pelotão de Choque deverá formar novamente, à frente dos cavalarianos. Neste retorno à frente da tropa montada, por questão de segurança, a tropa de choque a pé passará em coluna por 2 (dois), cada grupo por uma lateral do pelotão de choque montado. 8. TÉCNICA DE CHOQUE RÁPIDO Das variáveis indicadas no Manual Básico de Policiamento Ostensivo (IGPM, 1981), o processo é aquele que indica o modo ou o meio de locomoção para desempenho da atividade de policiamento ostensivo. Com o crescimento das cidades e o desenvolvimento econômico e tecnológico, o processo de policiamento ostensivo motorizado se tornou o mais evidente dentre os demais. Entretanto, devido a base doutrinária e a natureza das missões, a tropa de Choque desloca coletivamente, sendo conduzida por veículo de grande porte, o que dificulta a sua chegada ao local do distúrbio, devido ao trânsito intenso nas grandes cidades. Em decorrência disso, as Operações de Choque introduziram, como meio de locomoção mais ágil e flexível, os veículos de pequeno porte e as motocicletas, com vistas ao atendimento cujo tempo-resposta seja mais diminuto. Este tipo de processo é chamado de Choque Rápido. Choque Rápido é uma forma de deslocamento da tropa de choque que possibilita um atendimento com tempo de resposta menor para atuação, sendo realizado apenas por viaturas leves de 04 (quatro) rodas, tipo veículo utilitário, ou ainda com acompanhamento de motocicletasque exercerão a função de escolta e/ou batedores. Como visto no Capítulo 2 – Aspectos Legais e Doutrina de Operações de Choque, para acionamento da tropa de choque a ocorrência deverá atender as quatro condicionantes e seguir o fluxo organizacional. Além dessas condições, a doutrina indica que “o Pelotão de Choque é indivisível”. Nesse sentido, a tropa, ao ser acionada, priorizará o deslocamento em veículo de transporte de tropa que conduza todo o pelotão. Isso decorre do efeito psicológico que um efetivo 7-39 coeso e disciplinado impõe aos perturbadores da ordem e, como um organismo vivo, cada elemento do pelotão exerce uma função para que “o todo” funcione sem problemas. Assim, a regra é o deslocamento em transporte de tropa que conduza a todos os integrantes do Pelotão de Choque. O emprego do Choque Rápido é exceção. Para o atendimento de ocorrências através deste modal de locomoção, deve-se atender aos seguintes critérios: 1 – Ocorrência emergencial (não programada); 2 – Imperiosa compressão de tempo-resposta; 3 – Itinerário que não favorece o trânsito de veículos de porte; 4 – Ocorrência nos limites do município da Sede da OPM ou naqueles mais próximos. As composições do Pelotão de Choque Rápido atendem ao estabelecido neste Manual sobre o efetivo mínimo e máximo do Pelotão de Choque. Assim, elas são apresentadas a seguir, através das seguintes formações: 8.1 COMPOSIÇÕES DO PELOTÃO DE CHOQUE RÁPIDO – POR FORMAÇÃO Figura 54: Pelotão de Choque Rápido: 1ª Formação, 20 Operadores. Fonte: A Comissão. 7-40 Figura 55: Pelotão de Choque Rápido: 2ª Formação, 24 Operadores. Fonte: A Comissão. Figura 56: Pelotão de Choque Rápido: 3ª Formação, 28 Operadores. Fonte: A Comissão. Figura 57: Pelotão de Choque Rápido: 4ª Formação, 20 Operadores. Fonte: A Comissão. Figura 58: Pelotão de Choque Rápido: 5ª Formação, 24 Operadores. Fonte: A Comissão. 7-41 Figura 59: Pelotão de Choque Rápido: 6ª Formação, 28 Operadores. Fonte: A Comissão. 8.2 PROCEDIMENTOS GERAIS NA ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE RÁPIDO a. A escolha da formação de Choque Rápido está condicionada ao tipo de ocorrência crítica de distúrbio social e das condições de trafegabilidade até o local do evento crítico. b. As funções no Pelotão de Choque Rápido serão definidas no momento da Ordem de Marcha. O Comandante do Pelotão fará a adequação das funções de acordo com o tipo de ocorrência crítica que irá atender. c. O Comandante do Pelotão seguirá sempre embarcado em viatura 04 rodas. Esta viatura será sempre a segunda no comboio. d. O grupamento de motociclistas será comandado por Sargento PM especialista em Motopatrulhamento, Escolta e Segurança ou Motopatrulhamento Tático. Os demais componentes do referido grupamento também deverão possuir as especializações ora citadas. e. O primeiro veículo comboio será chamado de FRENTE, e o último de FECHA COMBOIO. Cada veículo será identificado com o nome Choque Rápido, acompanhado do número que representa sua posição no comboio, exemplo: Choque Rápido 01 é o primeiro veículo do comboio; Choque Rápido 02, o segundo, e assim sucessivamente. f. Os Escudos Balísticos e a(s) Caixa(s) Choque serão conduzidos nas viaturas 04 rodas tipo caminhonete. O veículo que conduzir a Caixa Choque poderá, a critério do Comandante da tropa, acompanhar o Pelotão de Choque à sua retaguarda, guardando, para isso, uma distância de segurança. 7-42 g. Se o fluxo do trânsito estiver tranqüilo, as motocicletas deslocarão em coluna por 02, à frente das viaturas 04 rodas. h. Caso a via esteja congestionada ou engarrafada durante o deslocamento, as motocicletas terão o papel de fechar as interseções da via principal de deslocamento, a fim de proporcionar maior fluidez no deslocamento das viaturas 04 rodas. i. Chegando ao destino, dois operacionais, preferencialmente os motoristas da primeira viatura 04 rodas e da FECHA COMBOIO, deverão permanecer na segurança de custódia das viaturas. j. Ao receber a ordem para atuação e após o desembarque, a tropa realizará a carga do material embarcado nas viaturas 04 rodas, conforme estabelecido na Ordem de Marcha. k. Os equipamentos e os armamentos embarcados deverão estar dispostos de forma que cada operacional faça a sua carga sem dificuldades quanto a localização e ao posicionamento, evitando, assim, o retardamento no apronto do Pelotão. l. Após o desembarque, o Pelotão de Choque Rápido atuará em conformidade com as técnicas e táticas estabelecidas neste Manual. 9. ORDEM UNIDA Neste subitem, serão apresentadas as posições, os movimentos e os deslocamentos de ordem unida que buscam padronizar os movimentos executados por uma tropa de choque, em exercícios individuais e coletivos, seja em formaturas militares ou em operações. Será utilizado, subsidiariamente, o Manual C 22-5 – Ordem Unida do Exército Brasileiro. 9.1 GENERALIDADES Conforme indica o Manual de Campanha C 22-5 (p. 1-2), a ordem unida “se caracteriza por uma disposição individual e consciente altamente motivada, para a obtenção de determinados padrões coletivos de uniformidade, sincronização e garbo militar”. Assim, a ordem unida torna-se uma exigência imprescindível para a tropa que opera em ambiente de desordem, como a tropa de choque. 7-43 Nas formaturas e solenidades, a ordem unida garantirá a demonstração de disciplina e marcialidade inerentes à tropa de choque. Nas Operações de Choque, deslocar em perfeita ordem, atuando em cenário complexo e conflituoso que envolva número elevado de pessoas, exige treinamento específico de posições, movimentos e deslocamentos sincronizados, com especial atenção para a fiel obediência às ordens do Comandante da tropa de choque. Isto garantirá a coesão do efetivo e o impacto psicológico necessário para dissuadir quaisquer más intenções do oponente. 9.2 POSIÇÕES As posições serão definidas em conformidade com o previsto no Manual de Ordem Unida, ajustados às peculiaridades do equipamento o qual esteja portando. 9.2.1 Posição de “Escudos ao Solo” O Choqueano colocará o escudo ao solo à sua frente, perpendicular ao solo, e colocará o bastão sobre o escudo, paralelo ao solo, segurando-o com ambas as mãos posicionadas nas extremidades do escudo. Figura 60: Posição de Escudo ao Solo. Fonte: A Comissão. 7-44 9.2.2 Posição de “Descansar” O Choqueano empunhará o escudo com a mão esquerda, com o braço distendido, deixando o equipamento paralelo ao solo; e o bastão, empunhado com a mão direita, na altura da cintura, ao lado direito do corpo no prolongamento do braço, alinhado à perna. Figura 61: Posição de Descansar. Fonte: A Comissão. 7-45 9.2.3 Posição de “Sentido” O Choqueano levantará o escudo, o qual permanecerá à frente do corpo, em posição perpendicular ao solo, na altura do queixo, ao tempo em que levará o bastão à retaguarda do escudo, segurando-o com ambas as mãos, de forma perpendicular, sendo que a mão esquerda segurará – simultaneamente – a alça superior e o bastão; a mão direita, além do bastão, irá segurar a alça inferior do escudo, possibilitando que o militar distribua o peso do escudo em ambos os braços. [ Figura 62: Posição de Sentido (Frente e Lateral). Fonte: A Comissão. 7-46 9.3 MOVIMENTOS A PÉ FIRME É necessário que o movimento seja executado mantendo a postura pertinente à situação de tropa em forma e, para tanto, serão descritas as etapas, em detalhes, das mudanças de uma posição para outra. 9.3.1 Posição de “Sentido” Partindo da Posição de “Descansar” Tal procedimento será executado em dois tempos. Tempo 1: O Choqueano juntará a perna esquerda à direita, unindo os calcanhares. Tempo 2: o policial militar levantará o escudo, que permanecerá à frente do corpo, em posição perpendicular ao solo. Levará o bastão à retaguarda do escudo, segurando-o com ambas as mãos, de forma perpendicular, sendo que a mão esquerda segurará simultaneamente a alça superior e o bastão, e a mão direita, além do bastão, irá segurar a alça inferiordo escudo, possibilitando que o militar distribua o peso do escudo em ambos os braços. 9.3.2 Posição de “Descansar” Partindo da Posição de “Sentido” Tal procedimento será realizado em três tempos: Tempo 1: o Choqueano levará o escudo novamente à lateral do corpo, conforme descrito acima. Tempo 2: irá flexionar o joelho esquerdo para trás, mantendo a posição inicial e chocará o pé esquerdo ao solo. Tempo 3: irá flexionar o joelho direito para trás e chocará o pé direito ao solo. O bastão retornará novamente à frente, na direção do coturno direito. 9.3.3 “Ombro Armas” e “Apresentar Armas” a Pé Firme Sempre que forem executados tais comandos, o Choqueano permanecerá na mesma posição de “Sentido”. Não há alteração na posição, contudo, em situações de solenidade, deverá olhar para o pavilhão nacional durante o seu deslocamento. 7-47 Figura 63: Posição de Ombro Armas e Apresentar Armas (Frente e Lateral). Fonte: A Comissão. 9.3.4 “Voltas Volver” Todas as voltas (esquerda, direita, meia volta, oitava à direita, oitava à esquerda “volver”) serão executadas com o posicionamento do escudo e do bastão de forma análoga à posição de sentido. Cabe salientar que é comum nas tropas de choque a utilização de 7-48 comandos de “frente à esquerda”, “frente à direita” e “frente à retaguarda” com o escopo de dar celeridade à movimentação da tropa e para a execução das formações. Desta forma, ao ser comandado, por exemplo: “Frente à direita... (voz de advertência), Posição! (voz de execução)”, o Choqueano, depois da voz de execução, na posição de descansar, irá executar um salto suficiente para que seus pés saiam do chão – simultaneamente – e girará o corpo para o lado determinado, permanecendo na posição de descansar. 9.4 DESLOCAMENTOS Analogamente à ordem unida das demais tropas militares, quando se trata de Pelotões de Choque que atuam em distúrbios sociais, é também objetivado o adestramento dos elementos da tropa. Além disso, no caso específico da atuação no restabelecimento da ordem pública, tal disciplina e sincronia tornam-se um fator de grande importância na dissuasão, o que terá grande influência psicológica sobre os manifestantes ilegais, dissuadindo-os de seu intento. Existem algumas diferenças da ordem unida nas Operações de Choque em relação às demais tropas. Entretanto, os movimentos de “Ordinário”, “Acelerado”, e “Sem cadência”, são executados conforme estabelece o Manual C 22-5 – Ordem Unida do Exército Brasileiro, sendo eles adaptados a utilização dos equipamentos e armas próprias para as ações da tropa de choque. 9.4.1 Posição de Deslocamento em Desfile de Tropa O Choqueano colocará o bastão apoiado no ombro direito, mantendo o ângulo de noventa graus entre o cotovelo e o antebraço, na altura da cintura, ao tempo em que o escudo estará no braço esquerdo, na posição horizontal, paralelo ao solo. 7-49 Figura 64: Deslocamento em Desfile. Fonte: A Comissão. 9.5 OBSERVAÇÕES QUANDO DA ATUAÇÃO E EM DESFILES MILITARES Faz-se necessário dizer que, preliminarmente, o escudo antibalístico foi utilizado – inicialmente – por tropas especializadas em operações especiais, grupos de assalto e etc. Foi ao longo do tempo e por necessidade de se ofertar maior segurança ao efetivo responsável pela atuação frente às desordens públicas, incorporado ao equipamento de proteção coletiva das tropas de choque. Em situações operacionais é possível a utilização de “porta-bastão”, permitindo que o escudeiro possa utilizar ambas as mãos para segurar o escudo e para executar as formações de choque, proporcionando maior estabilidade e 7-50 segurança ao efetivo do pelotão. Exemplo de “Guarda Alta” utilizando escudo antibalístico: Figura 65: Exemplo do Uso do Porta-Bastão em Guarda Alta. Fonte: A Comissão. Quando, em deslocamento em desfiles militares, ao ser comandado o movimento de “Ordinário”, o Escudeiro romperá marcha e, imediatamente, passará para a posição de “ombro armas”, que consiste na colocação do escudo de forma paralela ao solo, ao lado esquerdo do corpo, e a ponta do bastão tocando a região interna do ombro direito, formando um ângulo de 90°, com o antebraço e o cotovelo mantidos sempre junto ao corpo. O Escudeiro permanecerá desta maneira durante todo o deslocamento. Após o comando de “Alto”, o Escudeiro retornará à posição de Sentido. 8-1 CAPÍTULO VIII TÁTICAS DE OPERAÇÕES DE CHOQUE A tática, palavra etimologicamente originada do grego taktika, significa “aquilo que diz respeito à disposição”. De forma sumária, a definição mais aceita no meio militar para tática é: manobra de forças em combate. Diz respeito às ações do homem em combate e ao emprego das forças. A tática está diretamente ligada à estratégia e não a técnica. Na estratégia se planeja; na tática se executa o planejado. Nas Operações de Choque, os aspectos estratégicos/táticos nas ações de dispersão ou de submissão são estabelecidos através de critérios que fornecem os principais parâmetros a serem observados em ocorrências de distúrbios sociais. Por serem politicamente sensíveis e com possibilidades de desdobramentos imprevisíveis, tais ocorrências necessitam de preparação não só nos níveis técnico e tático, mas, sobretudo, no nível estratégico. Desse modo, a aplicação da tropa de choque em ocorrências típicas para o controle de pessoas no processo de retomada da ordem que, por sua natureza não convencional necessita de autorização dos setores estratégicos e por vezes políticos, exige o atendimento de critérios específicos de aplicação. Para tanto, há necessidade de se fazer um minucioso processo de diagnóstico e de análise de risco pelos atores que patrocinam as ações que visam solucionar as ocorrências de perturbação da ordem pública. Além disso, o enfretamento direto aos agentes perturbadores da ordem exige a aplicação da força pela tropa de choque através do uso diferenciado dos meios, no qual a seleção dos IMPO seja adequada à situação, impondo ao especialista em Operações de Choque a responsabilidade pelo uso dos meios e resultados de suas ações. Assim, a disposição dos homens de choque, a adoção de procedimentos e o emprego de força destes em ocorrências típicas de distúrbios sociais, através do diagnóstico e da análise de riscos e do uso diferenciado de meios, remetem- se às táticas em Operações de Choque. 1. DIAGNOSE NAS OPERAÇÕES DE CHOQUE O emprego da tropa de Choque requer a análise de fatores que 8-2 possibilitem a contextualização da atuação e dos seus efeitos nos âmbitos tático e operacional, possibilitando a adequada utilização deste recurso tático. A avaliação do cenário irá possibilitar que o mando institucional delibere de maneira técnica e objetiva no tocante ao acionamento e ou à atuação do efetivo especializado em operações de choque, com a observação de critérios objetivos, os quais deverão subsidiar a tomada de decisão em nível de execução, buscando a minoração de riscos e a redução de danos. Assim, os critérios táticos que estabelecem a diagnose operacional em ocorrências de distúrbios sociais são assim definidos: 1.1 OPONENTE O planejamento nas operações de choque, ainda que o emprego seja emergencial, ou seja, sem que haja uma previsão que permita maior antecipação por parte das forças de segurança pública, não pode prescindir da coleta de informações relevantes acerca do oponente. Por mais exíguo que seja o tempo entre o início da ocorrência e o acionamento da tropa, o sucesso da missão depende da coleta de dados capazes de subsidiar o comandante da operação quanto ao efetivo a ser empregado e ao apronto operacional correspondente ao tipo de ocorrência. É imperioso destacar que os citados fatores não devem ser analisados de forma isolada, pois se comunicam entre si, de forma que a variação de um interfere substancialmente no outro. Assim, uma quantidade de pessoas motivadas pelo ódio, por exemplo, em princípio, exigirá efetivo e um apronto diverso do necessário para a mesma quantidadede pessoas motivadas por sentimentos de ordem reivindicatória. Nesse sentido, 05 (cinco) são os fatores que deverão ser levados em consideração para que se defina o oponente em Operações de Choque: QUEM Embora seja um fator subjetivo, nada tem a ver com uma análise discriminatória, mas com as questões comportamentais que acompanham as características dos mais diversos tipos humanos: apenados, posseiros, estudantes, professores, idosos, crianças inseridas no ajuntamento, entre outros. Cada tipo deve ser observado com vistas a uma adequação mínima entre o ato ilegal e a intervenção da tropa. 8-3 ONDE O local em que o oponente está situado tem relevância não apenas para a segurança da tropa, mas também na preservação da vida e na integridade física do próprio oponente e de terceiros. Em regra, a complexidade da operação será maior à medida que a liberdade de locomoção do oponente também o seja. Assim, a possibilidade de dominar pontos sensíveis, como os níveis superiores ou os locais que permitam maior captação de recursos para serem usados contra a tropa, bem como a proximidade de locais que resultem em danos ao próprio oponente ou a terceiros, como pontes e viadutos, diques, edifícios, pontos comerciais, hospitais, escolas, dentre outros, são dados importantes na seleção do efetivo e do devido apronto operacional. RECURSOS O conhecimento dos recursos de que o oponente dispõe ou de que poderá dispor, desde a utilização de meios incendiários até o emprego de armas de fogo, passando por objetos cortantes, contundentes ou perfurantes, também subsidiará o comandante da operação na tomada de decisões. O local da ocorrência e o tipo humano costumam definir o presente fator, visto que, por exemplo, em estabelecimentos prisionais, é comum a utilização de perfuro-cortantes e meios incendiários contra a tropa, já em conflitos agrários e obstruções de vias, nas proximidades de localidades com elevado índice de violência, a probabilidade de uso de armas de fogo é aumentada. MOTIVAÇÃO As razões que conduzem o indivíduo a participar de determinada ação, em regra, definem o seu nível de envolvimento, por isso, conhecer a origem da ocorrência é de suma importância para o sucesso da operação. Questões ideológicas, por exemplo, tendem a formar oponentes mais coesos e decididos, com ações mais planejadas e duradouras, exigindo um aumento no efetivo, assim como um aprestamento e apronto mais reforçados. Já nas ações de cunho reivindicatório, é comum o desejo de chamar a atenção das autoridades, o que ocorre meramente pelos transtornos causados à rotina social. Nesse último caso, as resistências diminuem consideravelmente. QUANTOS A quantidade de envolvidos na ocorrência é o fator que mais sofre 8-4 influência dos demais fatores, por isso, o efetivo a ser empregado, bem como o seu aprestamento, devem ser previamente analisados, sempre com base na volatilidade dos outros fatores. A mudança na motivação, a captação de novos recursos, a transferência de local e a agregação de tipos humanos diferentes, nas ocorrências em que há maior liberdade de locomoção, podem resultar na necessidade de um maior contingente de tropa, necessidade que possivelmente não será atendida em tempo hábil. 1.2 TERRENO A minuciosa análise do terreno é um ato primordial para a correta disposição e movimentação da tropa, bem como a identificação das melhores condições para as estratégias de dispersão ou de submissão dos oponentes. A análise do terreno comporta o estudo de importantes variáveis, como a topografia, as condições ambientais e as estruturas edificadas, sobretudo, em um Estado de grande extensão territorial, com diversificados biomas e centros urbanos. A topografia é a configuração de uma extensão de terra com a posição de todos os seus acidentes naturais ou artificiais. Tem a importância de determinar, analiticamente, as medidas de área e de perímetro, localização, orientação, variações no relevo e, ainda, de representá-las graficamente em cartas topográficas. De posse destas informações é possível estabelecer os pontos de acesso e as possíveis áreas de aglomeração e de resistência, as vias de fuga, os desníveis do terreno, o local de estabelecimento do Posto de Comando, a identificação dos pontos dominantes e sensíveis para a operação. Dentre os vários aspectos ambientais, os de maior relevância nas Operações de Choque são: o solo, a vegetação e o clima. A análise do tipo de solo tem importante relação com as condições de acessibilidade e de locomoção da tropa no local de atuação, interferindo diretamente na escolha de veículos com tração, no emprego da tropa montada ou ainda na necessidade de longos deslocamentos a pé. Outro importante fator associado ao solo é a possibilidade de sedimentação ou a suspensão de partículas micropulverizadas de agressivos químicos utilizados, bem como a possibilidade de lançamento de fragmentos no solo durante a deflagração de granadas explosivas. A vegetação tem grande relevância nas condições de acesso, locomoção e visibilidade da área de atuação. Áreas com vegetação muito densa, além de dificultarem a locomoção da tropa e restringirem sua visibilidade do 8-5 terreno, favoreceram a persistência de agressivos químicos eventualmente utilizados. O clima pode ser brevemente conceituado como um conjunto de variação de elementos meteorológicos, dos quais, para as Operações de Choque, destacam-se o vento e a umidade relativa do ar. A direção e a força do vento serão determinantes para a escolha do posicionamento da tropa durante o emprego de agressivos químicos. A umidade relativa do ar, considerada, brevemente, como a quantidade de água presente no ar atmosférico, interfere no comportamento dos agressivos químicos, de tal forma que os ambientes com elevada umidade favorecem sua persistência, enquanto que os ambientes com baixa umidade favorecem a sua rápida dispersão. O emprego da tropa de choque em estruturas edificadas, a exemplo das operações em estabelecimentos penais e em operações de reintegrações de posse de imóveis, acentua ainda mais o risco e a complexidade destas ações, justamente por se tratarem de locais confinados, com acessos restritos e níveis diferenciados de patamar. Neste contexto, não há que se falar em dispersão, dada a impropriedade do espaço físico para uma livre mobilidade dos oponentes, podendo, inclusive, gerar pânico e graves acidentes. Segundo a doutrina de operações de choque, em ambientes confinados deve-se proceder com ações de contenção e de submissão, visando manter a ocorrência controlada no espaço determinado, impedindo que ela se alastre, além de estabelecer o controle de locais estratégicos para, sendo necessário, empregar a força. Assim, em intervenções desta natureza, é imprescindível o conhecimento prévio das configurações essenciais da instalação, tais como: extensão total, acessos, quantidade de níveis e cômodos, formatação de saguões e escadarias, localização do quadro de energia e registro geral de abastecimento de água e gás. Sempre que possível, deve ser utilizado um veículo blindado para a aproximação e acesso da tropa às edificações, onde, prioritariamente, serão controladas as áreas comuns, como saguões, corredores e escadarias. Posteriormente, será realizada a vistoria dos cômodos, com início obrigatório do último para o primeiro pavimento. Ante o exposto, é possível inferir que a diagnose operacional se constitui como um mecanismo decisivo para o sucesso da missão, podendo, sobretudo, figurar como um dos principais parâmetros da tecnicidade das Operações de Choque. 8-6 1.3 USO DA FORÇA PELA TROPA DE CHOQUE Como analisado no subitem anterior, o emprego de uma Tropa de Choque no restabelecimento da ordem pública decorrente da atuação ilegal de agrupamentos sociais é pautado pela análise de uma série de fatores relacionados aos oponentes, ao ambiente e por fim, à própria força da Tropa de Choque. Desta forma,a atuação de um Pelotão de Choque no controle de pessoas com características agressivas é da mais elevada complexidade, seja pela participação de número expressivo de pessoas (com características passivas e agressivas no mesmo ambiente), seja pela necessidade de adoção de medidas pontuais e eficazes que individualizem ao máximo a conduta de cada um destes personagens. Diante disto, faz-se notória a necessidade de uma intervenção que garanta a ordem e a paz social com um nível adequado de força, respeitando o principal pressuposto dos direitos humanos que é a dignidade da pessoa humana. Através da análise dos princípios que norteiam o uso da força, especificamente os aplicados à atuação de uma Tropa de Choque, conclui-se que, além do aspecto legal, configurado através da observância do enquadramento formal das missões e dos diplomas internacionais, tal intervenção necessita se revestir de legitimidade. Neste diapasão, o emprego de força pela Tropa de Choque deverá, prioritariamente, recorrer a meios que objetivem a preservação da vida e a minimização de lesões permanentes. Neste sentido, sendo o uso da força o último estágio para a resolução da crise de distúrbio social, seu emprego deverá priorizar os recursos menos lesivos e estritamente necessários para se alcançar os objetivos estratégicos de dispersão ou de submissão desejados, com intensidade proporcional à gravidade da oposição. Assim, as Operações de Choque se valem da Doutrina de Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo para a adequação de tais recursos ao nível de resistência do infrator da lei. Considerando que a atuação da Tropa de Choque na intervenção de distúrbios sociais ocorrerá apenas quando se configurarem esgotadas as negociações e os demais recursos operacionais para a resolução do conflito, além da inadequação do emprego preventivo deste recurso tático, seu emprego já se insere nos níveis de resistência passiva ou ativa dos oponentes. Desta forma, os procedimentos de dispersão ou de submissão e os instrumentos a serem utilizados serão aqueles que melhor se adequarem às circunstâncias da ocorrência, sobretudo, diante da ação dos infratores da lei durante o confronto. Os procedimentos de dispersão são pertinentes aos ambientes abertos, 8-7 com ampla visão do terreno e livre mobilidade dos oponentes para as vias de fuga. A dispersão se fundamenta na manutenção da distância de segurança entre a tropa e os oponentes e no enfraquecimento dos elos que mantém a unidade entre o grupo. Os procedimentos de submissão são pertinentes a ambientes confinados com restrição de visão do terreno ou estrutura edificada, carência ou ausência de vias de fuga e consequente imobilidade dos oponentes. 2. PLANEJAMENTO EMERGENCIAL O planejamento previsto no nível tático em Operações de Choque deve levar em consideração as respostas indicadas nos Planos de Avaliação de Situação (PlanAS), como visto no subitem 2.4 (Acionamento e emprego da tropa de choque em ocorrências de distúrbios sociais – Planos de Acionamento). Entretanto, nas situações emergenciais, em que surgem problemas que não foram previstos no PlanAs, ou quando não houve tempo hábil para a consecução do referido plano, cabe ao Comandante da Tropa de Choque designado para a ocorrência, definir o plano de ação para o cumprimento da missão, chamado de Plano de Ação Imediata (PlanAI). A técnica indicada para a construção do plano de ação do Comandante da Tropa de Choque no Teatro de Operações (TO) é utilizar o Q3OCP: Figura 66: Elementos do Plano de Ação Imediata. Fonte: A Comissão. 8-8 O QUÊ: Refere-se ao fato que originou a operação policial. Define a missão. QUEM: Identificação dos atores envolvidos na ocorrência. QUANDO: Momento em que ocorreu o fato gerador da ocorrência. Pode indicar também o momento correto para a atuação da tropa. ONDE: Diz respeito à análise do local da operação. Tem relação com as Condições Ambientais. COMO: Uso de métodos (técnicas e táticas) para a resolução da ocorrência. POR QUE: Diz respeito à razão ou ao motivo da ocorrência. Outro elemento essencial para a construção do Plano de Ação Imediata são os Sensores2. A identificação, avaliação e acompanhamento das ameaças reais realizadas pelos Sensores no campo das Operações de Choque, através da busca de dados, podem ocorrer em dois momentos: 1) antecedente a realização da operação policial para eventos críticos previsíveis; e 2) durante a operação policial, com o fim de assessorar o Comandante da Tropa de Choque na tomada de decisões e na produção de provas. 3. PROCEDIMENTOS PADRONIZADOS A sistematização das ações da tropa de choque favorece a tomada de decisões de forma rápida e precisa, com vistas à obtenção dos resultados esperados pelas autoridades e pela comunidade, que é a retomada da ordem pública. Assim, a padronização feita através de procedimentos pré-estabelecidos visa minimizar a possibilidade de erros nas ações e decisões no Teatro de Operações, a fim de que se atinja o resultado desejado. Para tanto, este manual apresenta os procedimentos a serem adotados pela tropa de choque nos eventos críticos de distúrbios sociais. 3.1 REUNIÕES ILEGAIS De acordo com os conceitos já vistos, é previsto constitucionalmente o livre direito de manifestação. Contudo, deve-se analisar o respeito aos outros 2 Elementos da Inteligência Policial que produzem ou salvaguardam conhecimentos necessários para subsidiar os tomadores de decisão. 8-9 aspectos legais previstos na constituição e as circunstâncias que venham a desencadear as reuniões de pessoas. Via de regra, a Tropa de Choque sempre estará em regime de sobreaviso, prontidão relativa ou prontidão absoluta e o que determinará o estágio empregado será o estudo da situação. Após análise do plano de acionamento, através da aplicação dos critérios vistos no diagnóstico e na análise de riscos, a tropa de choque – taticamente – adotará posturas de acordo com o grau de complexidade de cada situação. Quando ocorrer o acionamento ou quando já se tem planejamento anterior para tal, todo o material necessário para o cumprimento da missão deverá ser aprontado com tempo hábil e acondicionado nos veículos de transporte de tropa. Essas regras são essenciais e necessárias, principalmente pela multiplicidade de funções e atribuições, incluindo a possibilidade de recursos operacionais adicionais, como a utilização de grupamento com cães, o que por si só já implica numa preparação técnica mais criteriosa, por exemplo. Após o esgotamento das negociações para o restabelecimento da ordem, a tropa de choque, imediatamente, partirá do local estratégico de prontidão para a zona de conflito. A partir daí, deverá seguir o uso diferenciado dos meios, ou seja, utilizar-se-á dos IMPO, de acordo com o grau de complexidade, visando, tão somente, atingir o objetivo principal de dispersão e de retomada da ordem. 3.1.1 Objetivos Estratégico: No nível estratégico, o objetivo é dissuadir a reunião ilegal,no sentido de cessar outros atos contra a paz e a ordem social, evitando efeitos colaterais lesivos numa reação em cadeia, com o objetivo de preservar a integridade física das pessoas e do patrimônio. Tático: Neste nível, o objetivo é realizar a dispersão, evitando a perda de controle da tropa sobre as pessoas, o que poderia gerar um evento crítico de maior proporção. 3.1.2 Planejamento As reuniões ilegais de pessoas podem ser eventos previsíveis ou extraordinários. No caso de evento previsível, o planejamento deve ser realizado com antecedência, bem como todas as variáveis que podem impactar no resultado do emprego da tropa de choque, pois todas devem ser analisadas, visando evitar o desgaste desnecessário de recursos. 8-10 Contudo, a solicitação pode ocorrer em caráter emergencial devido à necessidade de intervir de forma inopinada, para evitar possíveis ações perturbadoras, agressivas e predatórias causadas pelos manifestantes. 3.1.3 Sensores O setor de InteligênciaPolicial deve atuar com antecedência na coleta de informes e informações, na análise dos dados, no apoio ao planejamento da operação e no suporte operacional à tropa de choque, além de ser responsável pelo recolhimento de provas. O responsável pelo Setor de Inteligência deve conhecer a doutrina de Operações de Choque e as principais peculiaridades para o desenvolvimento deste tipo de operação. Os principais dados a serem observados e descritos pelo setor de Inteligência para a operação são: a. Quantidade de manifestantes; b. Imagens do local com visualização dos pontos críticos e das vias de fuga disponíveis; c. Motivação específica da reunião e do nível de instabilidade emocional; d. Fatores de ordem política relacionados; e. Identificação dos líderes; f. Histórico relacionado ao fato, com possibilidade de tratar-se de ato contínuo de manifestações anteriores. g. Identificação da necessidade de outros recursos para auxiliar na operação (trânsito, combate a focos de incêndio, facilidade para detenção de líderes, etc.). 3.1.4 Apronto da Tropa de Choque a. Efetivo correspondente ao local e ao vulto da operação; b. Informação à tropa sobre a intensidade e a duração da operação, preparando-a psicológica e fisiologicamente para tal emprego; c. Definição das funções na tropa de choque; d. Verificação dos EPI e EPC - utilização de lista de conferência; e. Tipos de armas e de munições apropriadas para a situação. f. Adequação do transporte da tropa frente à urgência da atuação. 8-11 3.1.5 Local a. Características do ambiente (área urbana ou rural, vias com passagem de veículos, faixas, acessos, áreas de risco, lugares elevados em relação à tropa); b. Desembarque da tropa e demonstração de força; c. Melhor acesso da tropa visando à dispersão, preferencialmente com observância aos fatores ambientais; 3.1.6 Comando, Controle e Comunicações (C3) As reuniões ilegais caracterizam-se pelas ações de desobediência à ordem e a lei, através de ações violentas de depredação do patrimônio e por atos de hostilidade contra o policiamento. Da atuação da tropa de choque e da dispersão do grupo de manifestantes ilegais pode haver a possibilidade de reagrupamentos em menor proporção, os quais requerem atuação em conjunto com outras tropas. Neste caso, o C3 refere-se, especificamente, à correlação existente entre as informações recebidas através da Inteligência e as decisões do Comandante do Policiamento designado pelo mando institucional, bem como pela disseminação de ordens para as tropas envolvidas. A tropa de choque, sendo um efetivo de apoio, resguardará seu comando operacional, bem como sua disciplina tática. a. Durante a demonstração de força e ação de dispersão, as decisões correlatas serão executadas pelo Comandante da tropa de choque. Outras medidas administrativas serão tomadas pelo Comandante do Policiamento; b. A determinação das ordens para os manifestantes será realizada pelo próprio Comandante da tropa de choque, podendo haver o emprego da unidade apoiada; c. As informações novas que, porventura, surjam durante a operação, oriundas do setor de Inteligência Policial ou de outros meios, devem ser direcionadas para o Comandante do Policiamento e repassadas para a tropa de choque, objetivando o seu pleno conhecimento, a fim de favorecer as decisões nos aspectos táticos e técnicos; d. Após a dispersão, mediante direcionamento dos procedimentos legais necessários, o Comandante da tropa de choque restituirá o controle do local para a unidade apoiada, a qual ficará responsável pela manutenção da ordem. 8-12 3.1.7 Procedimentos 1. Chegada ao local da reunião ilegal: a depender do estudo da situação, inicialmente, a tropa de choque deverá manter-se em estado de prontidão em local estratégico. Se a situação já exigir presença imediata, então a tropa deverá observar o melhor trajeto possível para o acesso; 2. Demonstração de força: ocorrerá de forma ostensiva, com utilização de sirenes e brados para a intimidação dos manifestantes, de forma que provoque impacto psicológico; 3. Ordem de dispersão: será emitida verbalmente, com auxílio de instrumentos de amplificação de som, caso necessário, com vistas a informar sobre a ilegalidade da manifestação, sendo o último aviso antes da atuação propriamente dita da tropa de choque. Ressalta- se que a ordem de dispersão é procedimento discricionário do Comandante da tropa de choque; 4. Adoção de formação adequada: ficará a critério do Comandante da tropa de choque a escolha da formação ou das formações que melhor atendam ao objetivo de dispersão; 5. Posicionamento da tropa: a distância de segurança, os fatores ambientais que viabilizem as vias de fuga e a utilização do material bélico deverão ser observados; 6. Identificação de líderes: ocorrerá mediante informações passadas pelo setor de inteligência e pela observação da tropa de choque; 7. Detenção de líderes: preferencialmente, não será realizada pela Tropa de Choque, e sim por outro efetivo designado através do acompanhamento e monitoramento realizado pela Inteligência; 8. Recolhimento de provas: tal ação deverá ser providenciada pela equipe de inteligência, ou ainda, por um preposto previamente designado da tropa de choque. As unidades envolvidas podem unir esforços para otimizar os resultados, atribuindo responsabilidades; 9. Retração da tropa: após o êxito da missão, com a clara retomada da ordem, a tropa de choque retornará para a unidade de origem ou, em último caso, para o local estratégico, caso ainda existam informações de ameaça real de nova quebra de ordem. Tal procedimento deverá ser obedecido para evitar desgastes desnecessários e para preservar o efetivo; 8-13 10. Confecção do relatório: é um documento de extrema importância, onde deverão ser relatadas todas as informações pertinentes e relevantes para o resultado da missão; 11. Utilização de armas e de munições específicas: será executada de forma criteriosa, com observância ao gradiente de força, a distância dos oponentes, as peculiaridades do terreno e o objetivo da missão. 3.2 REVISTA EM ESTABELECIMENTO PENAL 3.2.1 Objetivos Estratégico: No nível estratégico, o objetivo de uma revista em estabelecimento penal é evitar que possíveis ações dos presos ou de comparsas, perturbadoras da ordem interna, como o uso de armas e drogas, gerem uma crise maior e, assim, sejam explorados pela mídia e politicamente. Tático: Neste nível, o objetivo é realizar a contenção, evitando a perda de controle da tropa sobre os presos, o que pode gerar um evento crítico de maior proporção. 3.2.2 Planejamento A revista em estabelecimento penal é um evento previsível, devendo ser planejado antecipadamente. Diante disso, todas as variáveis que impactam no resultado da operação a ser desenvolvida pela tropa de choque neste evento podem ser analisadas com antecedência, o que evita o desgaste pessoal e logístico. Entretanto, a solicitação para a revista pode ocorrer de forma emergencial, devido à necessidade de intervir de forma inopinada para evitar possíveis ações perturbadoras causadas pelos presos ou para localização e retirada de armas e de drogas do ambiente penal. No planejamento operacional, o Comandante da tropa que será empregada deve atentar para os seguintes procedimentos: difusão da missão; revista de pessoal e de material (armas, munições, equipamentos e logística); contato com os Comandantes de outros efetivos empregados; preparação psicológica, fisiológica e de segurança da tropa. 8-14 3.2.3 Sensores O setor de Inteligência Policial deve atuar com antecedência na coleta de informes e informações, na análise dos dados, no apoio ao planejamento da operação e no suporte operacional à tropa de choque, além de ser responsável pelo recolhimento de provas. O responsável pelo Setor de Inteligência deve conhecer a doutrina de Operações de Choque e as principais peculiaridades para o desenvolvimento deste tipo de operação. Os principais dadosa serem observados e descritos pelo setor de Inteligência para a operação de revista são: a. Quantidade de internos; b. Planta baixa do estabelecimento; c. Facções que atuam no estabelecimento penal; d. Setores de atuação das facções; e. Lideranças das facções; f. Quantidade de agentes prisionais; g. Histórico das apreensões de armas e de drogas. 3.2.4 Apronto da Tropa de Choque a. Efetivo correspondente ao local e ao vulto da operação; b. Informação à tropa sobre a intensidade e a duração da operação, preparando-a psicológica e fisiologicamente; c. Definição das funções na tropa de choque; d. Verificação dos EPI e EPC – utilização de lista de conferência; e. Tipos de armas e de munições específicas para os ambientes confinados. 3.2.5 Local a. Características do estabelecimento penal (pavilhões, pavimentos, acessos, celas, escadas); b. Desembarque da tropa; c. Acesso da tropa a eclusa e pátio; d. Custódia dos presos. 8-15 3.2.6 Comando, Controle E Comunicações (C3) Referem-se, especificamente, à correlação existente entre as informações recebidas através do planejamento e da Inteligência, as decisões do comandante e a disseminação das ordens para as suas tropas. É o sistema de apoio à decisão do comando da tropa baseado em informações, que engloba os meios para a transmissão das ordens e a manutenção da integridade da cadeia de comando. a. Durante a revista, o comando da operação e as decisões correlatas serão executados pelo Comandante da tropa de choque. As decisões e as medidas administrativas serão tomadas pelo Diretor do estabelecimento penal. b. A comunicação das ordens para os agentes prisionais será realizada pelo Comandante da tropa de choque e passadas através do Chefe ou do Líder dos agentes. c. As informações novas que, porventura, surjam durante a operação, oriundas do setor de Inteligência Policial ou de outros meios, devem ser direcionadas para o Comandante da operação. d. Após a revista, não ocorrendo fato gravoso ou crise, o Comandante da tropa de choque restituirá o controle do local revistado para os agentes penais responsáveis. 3.2.7 Procedimentos 1. Chegada ao estabelecimento penal: Será feita de forma silenciosa, evitando-se o uso de sirenes para não chamar a atenção dos presos, de forma que estes não sejam surpreendidos com o procedimento de revista. 2. Entrada no pátio: Assim como na chegada ao estabelecimento, a tropa deverá adotar a disciplina de ruído, devendo, neste momento, estar atenta ao sinal do comandante para adentrar ao pátio e tomar as celas. 3. Ordem aos presos: Tão logo a tropa de choque adentre ao pavilhão e proceda com a formação adequada para a tomada das celas, cada escudeiro, responsável por uma única cela, ordenará que os internos permaneçam de pé, no fundo da cela, com as mãos na cabeça e em silêncio. Havendo dificuldade em visualizar o 8-16 interior da cela – por conta de lençóis ou outros tipos de objeto que atrapalhem a visão do ambiente, o escudeiro deverá determinar que um dos internos proceda com a sua retirada. Caso haja algum tipo de desobediência, de imediato o comandante da tropa de choque deverá ser informado. 4. Adoção de formação adequada: A tropa de choque deve adotar a formação mais adequada de acordo como tipo de estabelecimento prisional, levando-se em conta a quantidade de pavimentos, onde, prioritariamente, obedecerá a ordem do pavimento superior ao inferior, ou seja, sempre começar a revista de cima para baixo. Além disso, deve considerar a disposição das celas no pavilhão, se apenas de um lado, se em ambos os lados, ou se em ambos os lados e na frente. 5. Posicionamento dos escudeiros e das demais funções: Todas as celas deverão ser tomadas ao mesmo tempo pelos escudeiros. O ideal é que o pelotão possua um número maior de escudeiros e atiradores, levando-se em conta que este tipo de operação se dá em ambiente confinado. O Comandante da tropa deverá distribuir a quantidade de atiradores em relação ao seu número de escudeiros, e os comandantes de grupo deverão ficar em apoio para a tomada de celas. 6. Preparação da custódia: O Comandante deverá atentar para que a custódia seja realizada (posicionada) em local contrário, ou o mais distante possível da entrada do pátio. Se houver lugar em que todos os internos permaneçam trancados, estes poderão permanecer até o término da operação de revista. 7. Tomada de cela: Será feita por cada escudeiro integrante do pelotão de choque, o qual permanecerá na frente da cela, com o escudo na posição de guarda, atento a segurança e a movimentação dos internos, determinando os procedimentos necessários. 8. Retirada dos presos: O escudeiro determinará a saída dos internos, um a um, vindos de costas e com as mãos na cabeça, caminhando até a porta, para que seja procedida a busca pessoal, responsabilidade dos agentes penitenciários. 9. Controle do pátio: Só após a tomada das celas pelos escudeiros e da distribuição no pátio dos demais integrantes do pelotão de choque é que deverá ser autorizada a entrada dos agentes. 10. Contenção dos presos: A retirada dos internos para a área 8-17 de contenção (custódia) deverá obedecer à ordem das celas, conforme a sua distribuição no pátio, atentando-se para o fato de que, em hipótese alguma, o preso deverá passar pela retaguarda do escudeiro da cela subsequente. O preso deverá deslocar rapidamente até a área determinada, com as mãos na cabeça. Após a saída dos presos da cela, a equipe realizará a varredura no ambiente, com o objetivo de verificar se há algum interno homiziado. Feita a varredura, o escudeiro deverá deslocar para a área mais próxima em que foi determinada a permanência dos presos (área de contenção), aguardando até o final da revista. Na custódia, os presos deverão estar sentados, lado a lado e em silêncio. Nas revistas, com o objetivo de verificação estrutural das celas, por conta do tempo prolongado para a realização do procedimento, os custodiados deverão permanecer em área de convívio previamente ajustada com a administração do estabelecimento penal. 11. Revista nas celas: Deverá ser realizada pelo agente penitenciário. Um custodiado por cela, devidamente algemado, poderá acompanhar o procedimento. Após a revista, o Comandante da Tropa de Choque designará um policial, preferencialmente do setor de inteligência, para recolher informações sobre o material ilícito encontrado, para fins de subsidiar a confecção do relatório da operação. 12. Recolhimento de presos: Será realizado na mesma ordem de retirada, devendo os presos retornar às suas celas conforme saíram, com as mãos na cabeça e em silêncio. 13. Retração da tropa: À medida que os presos adentrarem as celas, a tropa deverá se posicionar o mais próximo possível da porta de entrada do pátio até a última cela ser fechada, momento em que a tropa sairá. Após o processo de revista, o pelotão de choque deverá permanecer no estabelecimento prisional, preventivamente, a fim de evitar uma possível evolução para uma rebelião. 14. Reunião das provas coletadas: Deverá ocorrer durante toda a operação de revista, para respaldar a atuação da tropa, tendo como responsável o efetivo do setor de inteligência. 15. Confecção do relatório: Ao final da operação, deve-se circunstanciar, minuciosamente, todo o procedimento adotado pela tropa, bem como deverão ser constados todos os pontos relevantes, como o efetivo empregado, o material a cargo, a quantidade de pavilhões revistados, a quantidades de presos, a quantidade de agentes disponíveis para a revista, o material ilícito e a quantidade 8-18 apreendida, se houve emprego de força pela tropa e o material bélico utilizado, dentre outros dados que o comandante julgar necessário. 16. Utilização de armas e de munições específicas: A revista em estabelecimento prisional é feita em ambiente confinado, portanto, a utilização das munições de emissão deverá ocorrer após análise técnica do operador especialista. Deve-se priorizaruma quantidade maior de atiradores com munições de elastômero para este tipo de operação. 3.3 REBELIÃO EM ESTABELECIMENTO PENAL 3.3.1 Objetivos Estratégico: O objetivo estratégico numa rebelião em estabelecimento penal é a resolução da crise, evitando a potencialização desta, buscando aperfeiçoar os recursos a fim de reduzir as perdas e os danos decorrentes do processo de retomada da ordem. Tático: Neste nível, o objetivo é solucionar a crise utilizando o IMPO adequado à situação fática. 3.3.2 Planejamento O evento crítico pode ser divido em fases, para a sua melhor compreensão e atendimento. Neste sentido, o planejamento de tais ocorrências deve atender critérios atribuídos às peculiaridades de cada uma das fases para a elaboração de Planos de Ação específicos. Na pré-confrontação, os órgãos de defesa social devem adotar medidas proativas, no sentido de capacitar seu pessoal e adquirir os recursos logísticos necessários. Neste contexto, a tropa de choque deve estar previamente capacitada com o Curso de Operações de Choque e de posse dos diversos equipamentos, armas e munições para a adequada resolução do evento crítico. A confrontação do evento comporta desde as medidas emergenciais de contenção e de isolamento até a montagem dos gabinetes com as equipes de profissionais especializados. Durante a confrontação, a Tropa de Choque é uma alternativa tática inserida no contexto da resolução do processo com meios 8-19 de menor lesividade, por se tratar de uma tropa especializada em IMPO. Sendo assim, o seu emprego exige que sejam observados os critérios para o diagnóstico e para a análise de risco, bem como os critérios operacionais de tomada de decisão em tais eventos. Ressalta-se que, muito embora as possibilidades de resolução do evento crítico sejam diversas, após o emprego da alternativa escolhida deverá ser realizada uma revista minuciosa pela Tropa de Choque para fins de se estabelecer a segurança dos envolvidos no evento, bem como o controle do local. A pós-confrontação é a fase de avaliação do que foi produzido na pré- confrontação e na confrontação, no sentido de aprimorar o atendimento a eventos dessa natureza. Assim, o Comandante da tropa de choque deverá confeccionar o relatório circunstanciado, contendo o maior número possível de detalhes sobre o emprego da tropa e o resultado obtido, objetivando a melhoria das técnicas e dos procedimentos, bem como a seleção dos equipamentos a serem adquiridos. 3.3.3 Sensores O setor de Inteligência Policial será responsável pela obtenção dos informes, pelo tratamento dos dados e deverá fornecer as informações ao Comandante da tropa de choque para subsidiar a sua atuação. Será também responsável pelo recolhimento de provas. 3.3.4 Apronto Da Tropa De Choque a. Efetivo correspondente ao local e ao vulto da operação; b. Informação à tropa sobre a intensidade e a duração da operação, preparando-a psicológica e fisiologicamente; c. Definição das funções na tropa de choque; d. Verificação dos EPI e EPC - utilização de lista de conferência; e. Tipos de armas e de munições específicas para os ambientes confinados. 3.3.5 Local a. Características do estabelecimento penal (pavilhões, pavimentos, acessos, celas, escadas); 8-20 b. Desembarque da tropa; c. Acesso da tropa a eclusa e ao pátio; d. Custódia dos presos. 3.3.6 Comando, Controle e Comunicações (C3) A rebelião ou motim em estabelecimento penal caracteriza-se como um evento crítico e requer atuação específica de diversos atores especializados, sendo que, neste cenário, a tropa de choque será uma das alternativas táticas para a solução da crise. Neste caso, o C3 refere-se, especificamente, à correlação existente entre as informações recebidas através do Gabinete de Situação, do planejamento e da Inteligência, com as decisões do gerente da crise e da disseminação de ordens para as tropas envolvidas. Funciona como um sistema de apoio para a decisão do gerente da crise, baseado em informações que englobam os meios para a transmissão das ordens e a manutenção da integridade da cadeia de comando. a. Durante a rebelião, o comando da operação e as decisões operacionais e administrativas ficarão a cargo do gerente da crise. b. O Comandante da tropa de choque deve compor a equipe que terá como responsabilidade propor as alternativas de intervenção tática. c. A tropa de choque, sendo uma alternativa tática, somente atuará mediante a determinação do gerente da crise. Poderá atuar isoladamente ou em conjunto com outras tropas. d. As informações novas que, porventura, surjam durante a operação, oriundas do setor de Inteligência Policial ou de outros meios, devem ser direcionadas para o Gabinete de Situação. e. Após a retomada da ordem o gerente da crise restituirá o controle do local para o Diretor do Estabelecimento Penal. 3.3.7 Procedimentos 1. Chegada ao estabelecimento penal: Será feita ostensivamente, com o uso de sirenes e de outros meios para chamar a atenção dos presos, de forma que provoque o impacto psicológico para uma possível atuação. 2. Recebimento e coleta das informações: Sendo membro da equipe 8-21 que compõe o Gabinete de Situação, o Comandante da tropa de choque coletará as informações pertinentes e fará a difusão junto a seu efetivo daquilo que for cabível. 3. Definição de plano de ação: Antecedente à ordem de retomada do Gerente da Crise, o planejamento da ação será flexível, devendo-se elaborar as revisões e adaptações cabíveis, em face da dinâmica da própria situação. 4. Posicionamento da tropa: Durante o processo de negociação, a tropa estará desembarcada, acomodada em local apropriado, com o suporte logístico para hidratação e alimentação, sempre em condições de atuação. Quando o Gabinete de Situação sinalizar a retomada da ordem, a tropa deverá se posicionar próxima ao local de acesso rebelado. 5. Tomada do pátio: A tropa deverá estar preparada, com os equipamentos adequados para a transposição de barricadas e de obstáculos. Com atuação enérgica e vigorosa, deverá entrar no local rebelado utilizando a formação adequada, aliada ao uso dos IMPO. 6. Contenção dos presos: Deverá ocorrer com o direcionamento dos presos para as celas. 7. Tomada de cela: Será feita por cada escudeiro, preferencialmente acompanhado por um atirador ou segurança integrante do pelotão de choque, o qual permanecerá à frente da cela, com o escudo na posição de guarda, atento a segurança e à movimentação dos internos, determinando os procedimentos necessários. 8. Preparação da custódia: Deverá atentar para que a custódia fique em local contrário ou o mais distante da entrada do pátio, e que não ofereça riscos à integridade física dos presos ou da tropa. Havendo local onde em que todos os internos permaneçam custodiados e trancados, estes deverão permanecer até o término da operação de revista. 9. Retirada dos presos: O escudeiro determinará a saída dos presos, um a um, vindos de costas e com as mãos na cabeça, até a porta, para que seja procedida a busca pessoal, realizada pelo Comandante do GRR. 10. Controle do pátio: Ocorrerá com a distribuição da tropa de choque no pátio para o controle dos presos na custódia. 11. Contenção dos presos na custódia: A retirada dos internos para a 8-22 área de contenção (custódia) deverá obedecer à ordem das celas, conforme a sua distribuição no pátio, atentando-se para o fato de que, em hipótese alguma, o preso deverá passar pela retaguarda do escudeiro da cela subsequente. O preso deverá deslocar – rapidamente – até a área determinada, com as mãos na cabeça. Após a saída dos presos da cela, a equipe realizará a varredura no ambiente, com o objetivo de verificar se há algum interno homiziado. Realizada a varredura, o escudeiro deverá deslocar para a área mais próxima em que foi determinada a permanência dos presos (área de contenção) até o final da revista. Na custódia, os presos deverão estar sentados, lado a lado e em silêncio. 12.Revista nas celas: Será executada pela tropa de choque. O Comandante deverá designar pessoal próprio para realização da revista, com a finalidade de verificar a existência de armas. Após esta revista, o Comandante convocará os agentes penitenciários para proceder com uma revista minuciosa, a fim localizar outros objetos ilícitos. 13. Recolhimento de presos: Será feito com o apoio dos agentes penitenciários, os quais têm o controle por celas, devendo os presos retornar às celas com as mãos na cabeça e em silêncio. 14. Identificação e encaminhamento de feridos para atendimento médico: Com vistas a preservar a integridade física do preso, essas ações poderão ocorrer a qualquer tempo, tão logo seja possível, observando-se a segurança da tropa. 15. Retração da tropa: À medida que os presos adentrem as celas, a tropa deverá se posicionar o mais próximo possível da porta de entrada do pátio até a última cela ser fechada, momento em que a tropa sairá. Após o processo de revista, o pelotão de choque deverá permanecer no estabelecimento penal, preventivamente, a fim de atuar em caso de nova rebelião. 16. Reunião das provas coletadas: Deverá ocorrer durante toda a operação, a fim de respaldar a atuação da tropa, tendo como responsável por coletar e catalogar as provas o efetivo do setor de inteligência. Não obstante, qualquer integrante da tropa de choque também poderá realizar o referido ato. 17. Confecção do relatório: Ao final da operação, deverá ser circunstanciado, minuciosamente, todo o procedimento adotado pela tropa, bem como, deve-se constar todos os pontos relevantes, como o efetivo empregado, o material a cargo, a quantidade de 8-23 pavilhões revistados, a quantidade de presos, a quantidade de agentes disponíveis para a revista, os materiais ilícitos e a quantidade apreendida, se houve emprego de força pela tropa e o material bélico utilizado, dentre outros dados que o comandante julgar necessário registrar. 18. Utilização de armas e de munições específicas: A utilização das munições de emissão deverá ocorrer após a análise técnica do operador especialista. Deve-se priorizar uma quantidade maior de atiradores com munições de elastômero para este tipo de operação. 3.4 REINTEGRAÇÃO DE POSSE Reintegração de posse é a operação policial em apoio ao Poder Judiciário para cumprimentos de mandados, onde existe possibilidade de resistência à sua efetivação. As operações de apoio à Justiça são de competência da OPM com responsabilidade territorial, cabendo, inicialmente, a esta unidade o seu planejamento e organização. Algumas operações de reintegração de posse, por suas características e complexidade, podem figurar como potenciais ocorrências de distúrbio social, necessitando do apoio da Tropa de Choque. 3.4.1 Objetivos Estratégico: Prover apoio especializado ao Poder Judiciário nos cenários de crise decorrentes de resistência ao cumprimento de mandado de reintegração de posse. Tático: Promover o controle territorial das principais áreas de aglomeração de invasores e sua respectiva desocupação, através da utilização de IMPO, se for o caso, reduzindo ou anulando a resistência para a concretização do cumprimento da ordem judicial. 3.4.2 Planejamento As operações de reintegração de posse, sendo eventos programáveis e planejáveis, quando demandarem o emprego de uma Tropa de Choque por conta da possibilidade de confronto motivado pela resistência dos ocupantes ilegais, serão consideradas como eventos críticos. Sendo assim, o planejamento 8-24 para tais operações deve atender os critérios atribuídos às peculiaridades de cada uma das fases do gerenciamento de crises para a elaboração de Planos de Ação específicos. Na pré-confrontação, a tropa de choque deve estar previamente capacitada com o Curso de Operações de Choque e de posse dos diversos equipamentos, armas e munições, para a adequada resolução do evento crítico. Com o objetivo de otimizar os recursos humanos e logísticos especializados, garantir o emprego técnico da tropa e a efetividade da operação, é imprescindível salientar a necessidade da participação de um representante da Tropa de Choque no planejamento e na elaboração do plano de operações. Neste caso, em que há necessidade de emprego da Tropa de Choque, o setor de Inteligência da Unidade Especializada é o principal vetor na confecção do plano de operações e do plano de ação. Deverá, portanto, produzir os dados e as análises necessárias, observando a busca das informações indicadas no item 3.4.3 Sensores. A confrontação do evento comporta desde as medidas emergenciais de contenção e de isolamento até a montagem dos gabinetes com equipes de profissionais especializados. Na desocupação do terreno ou do imóvel, depois de encerradas as negociações e havendo resistência ao cumprimento do mandado, a Tropa de Choque se configura como a principal alternativa tática de resolução do processo através da utilização de meios de menor lesividade, por se tratar de uma tropa especializada em IMPO. Sendo assim, o seu emprego exige que sejam observados os critérios para diagnóstico e análise de risco, bem como os critérios operacionais de tomada de decisão em tais eventos. Uma vez acionada a tropa, através do Comandante do policiamento, o seu emprego será desmembrado nas fases de atuação, através de procedimentos específicos. A pós-confrontação é a fase de avaliação de tudo que foi produzido na pré-confrontação e na confrontação, no sentido de aprimorar o atendimento a eventos desta natureza. Assim, o Comandante da tropa de choque deverá confeccionar o relatório circunstanciado, com o maior número de detalhes sobre o emprego da tropa e o resultado obtido, objetivando a melhoria das técnicas e dos procedimentos adotados, bem como da seleção dos equipamentos a serem utilizados. 3.4.3 Sensores O setor de Inteligência Policial da Unidade Especializada em Operações de Choque deve atuar com antecedência na coleta de informes e informações, na análise dos dados, no apoio ao planejamento da operação e no suporte 8-25 operacional à tropa de choque, além de ser responsável pelo recolhimento de provas. O responsável pelo Setor de Inteligência deve conhecer a doutrina de Operações de Choque e suas peculiaridades para o desenvolvimento deste tipo de operação. Os principais dados a serem observados e descritos pelo setor de Inteligência para subsidiar o planejamento da operação são: a. Local, data e hora da reintegração; b. Dados sobre o mandado de reintegração e sobre o Oficial de Justiça; c. Informações acerca do itinerário, as vias de acesso e as vias de fuga no local da atuação; d. Breve histórico da ocupação ilegal; e. Dados acerca da extensão, do mapeamento, fotos de sobrevoo do terreno e a planta-baixa, em caso de edificação; f. Estimativa do número de ocupantes, de barracos e dos locais ocupados; g. Confirmação da existência de lideranças e da possibilidade de resistência; h. Confirmação da presença de crianças e de pessoas com dificuldade de locomoção; i. Verificação da presença dos demais órgãos com competência legal para a efetiva reintegração da posse, em conformidade com as atas das reuniões preparatórias; j. Verificação da suficiência de caminhões para transporte de material, ônibus para transporte de pessoas, tratores para eventual destruição e trabalhadores braçais para a retirada e a acomodação dos pertences nos transportes. 3.4.4 Apronto da Tropa de Choque a. Efetivo correspondente ao local e ao vulto da operação; b. Informação à tropa sobre a intensidade e a duração da operação, preparando-a psicológica e fisiologicamente; c. Definição das funções na tropa de choque; d. Verificação dos EPI e EPC – utilização de lista de conferência; e. Verificação dos tipos de armas e de munições específicas para o ambiente de atuação. 8-26 3.4.5 Local a. Características do ambiente (se urbano ou rural, se em terreno aberto ou em edificação); b. Desembarque e posicionamento datropa no perímetro de atuação; c. Acesso da tropa e as vias de fuga. 3.4.6 Comando, Controle E Comunicações (C3) As operações de reintegração de posse envolvem diversos órgãos ligados às tratativas legais de retomada da posse. Neste contexto, a Polícia Militar é o órgão acionado para, em apoio ao Poder Judiciário, utilizar a força necessária para o cumprimento da ordem judicial nos casos de desobediência e de resistência ao seu cumprimento. Neste cenário, a tropa de choque se configura como a principal alternativa tática para a solução da crise. Neste caso, o C3 refere-se, especificamente, à correlação existente entre as informações recebidas através do Gabinete de Situação, do planejamento e da Inteligência, com as decisões do gerente da crise e a disseminação de ordens para as tropas envolvidas. Funciona como um sistema de apoio para a decisão do gerente da crise, baseado em informações que englobam os meios para transmissão das ordens e a manutenção da integridade da cadeia de comando: a. Durante a operação de Reintegração de Posse, o comando da operação e as decisões operacionais e administrativas ficarão a cargo do gerente da crise; b. O Comandante da tropa de choque deverá compor a equipe responsável por propor as alternativas de intervenção tática; c. A tropa de choque, sendo uma alternativa tática, somente atuará mediante a determinação do gerente da crise. Poderá atuar isoladamente ou em conjunto com outras tropas. d. As informações novas que, porventura, surjam durante a operação, oriundas do setor de Inteligência Policial ou de outros meios, devem ser direcionadas para o Gabinete de Situação. 8-27 3.4.7 Fases As operações de reintegração de posse que demandam a necessidade do apoio de Tropas de Choque em face da real possibilidade de resistência ao cumprimento da ordem judicial se configuram como eventos críticos sui generis, sejam pelo risco e complexidade da atuação de diversos órgãos dos Poderes Executivo e Judiciário, sejam pela necessidade de coleta de informações e de planejamento antecipado e minucioso. Por conta de tais características e com o objetivo de melhor entender o complexo contexto destas operações, aplicando recursos humanos e logísticos de forma racional e ponderada, faz-se necessária à sua divisão em Fases de Atuação. Ressalta-se que os procedimentos operacionais relativos à atuação da Tropa de Choque serão detalhados em cada uma das fases, objetivando a melhor identificação das medidas a serem adotadas durante a evolução do processo de gerenciamento. 1ª FASE – PLANEJAMENTO - Obtenção de dados e de informações através dos Sensores; - Realização de reuniões preparatórias com todos os órgãos responsáveis pelo cumprimento da determinação judicial; - Lavratura de Atas das reuniões preparatórias, estabelecendo providências e responsabilidades de cada um dos órgãos participantes da reintegração de posse; - Confecção dos Planos de Operação e de Ação. 2ª FASE – MONTAGEM DO TEATRO DE OPERAÇÕES - Revista da Tropa de Choque e deslocamento em comboio; - Chegada ao Posto de Comando de forma discreta e silenciosa. O Posto de Comando constitui um perímetro de segurança próximo à área a ser reintegrada, com capacidade para comportar os diversos veículos necessários à operação, bem como estrutura física que possibilite a reunião de autoridades que compõe o Gabinete de Situação; - Estabelecimento de desvios/bloqueios de trânsito no perímetro de atuação pelo órgão competente; 8-28 - Desembarque e posicionamento da Tropa de Choque em local de acesso à área a ser reintegrada; - Leitura do Mandado de Reintegração de Posse pelo Oficial de Justiça, acompanhado pelo Comandante do Policiamento e por preposto do policiamento local; - Nos casos em que os Sensores sinalizarem a possibilidade de utilização de armas de fogo pelos invasores, antes da entrada do Oficial de Justiça na área a ser reintegrada, os pontos sensíveis do terreno deverão ser ocupados por efetivo especializado em operações especiais; - Início do processo de negociação com as lideranças dos invasores, caso sejam identificadas, em caso de resistência à imediata desocupação da área/imóvel a ser reintegrado; - Observação de indícios de resistência ativa ao cumprimento do mandado judicial (barricadas, atos hostis ao Oficial de justiça, lançamento de objetos, etc.). Nos casos em que a resistência se efetivar, caberá ao Comandante do Policiamento (gerente da crise) o acionamento para a atuação da Tropa de Choque. Sempre que possível, o emprego da Tropa de Choque deverá ser precedido da atuação de outras unidades, de forma a cumprir o gradiente do uso da força. 3ª FASE – EMPREGO DA TROPA DE CHOQUE - Uma vez acionada pelo Comandante da Operação de Reintegração de Posse, a Tropa de Choque atuará com autonomia de comando, objetivando, primordialmente, o controle territorial das principais vias de aglomeração e de resistência dos invasores, através da observância do uso diferenciado de meios; - É imprescindível que, antes do emprego de tropas na operação de reintegração de posse, o órgão responsável providencie a suspensão do fornecimento de energia elétrica na área a ser reintegrada; - O controle territorial deverá ser iniciado, sempre que possível, pela área mais elevada do terreno. Nos casos de impossibilidade, deverá existir o suporte de vetor aéreo no monitoramento da área mais elevada do terreno durante o avanço da tropa para este local; - O efetivo do policiamento local ou outra tropa disponível deverá 8-29 promover a segurança de retaguarda da Tropa de Choque, ocupando as áreas previamente desocupadas e evitando novos focos de resistência; - Vencida a resistência, com o efetivo controle territorial pelas forças policiais sobre a área invadida, dá-se início ao processo de retirada dos invasores e o atendimento dos eventuais feridos na atuação. 4ª FASE – RETIRADA DOS INVASORES - A retirada dos invasores poderá ocorrer, pacificamente, após a leitura do Mandado de Reintegração ou através do controle territorial promovido pelo emprego de força policial. Em ambos os casos, os procedimentos de segurança abaixo elencados deverão ser observados: - A principal medida de segurança nesta fase é a imediata triagem e escoamento dos invasores para os pontos de embarque. É primordial, para a efetivação desta etapa, que seja autorizada a permanência de apenas uma pessoa por habitação para acompanhar a retirada de pertences, evitando, desta forma, novas aglomerações e focos de resistência; - A triagem dos invasores, bem como a organização dos veículos de transporte de pessoas e de materiais são medidas que devem ser providenciadas pelo Gabinete de Situação, de forma a permitir a fluidez do tráfego no local e a rápida retirada dos invasores para o destino pré-ajustado. - Permitir o acesso dos trabalhadores braçais na área a ser reintegrada somente após o efetivo controle territorial da força policial e após o escoamento dos invasores para os pontos de embarque; - Havendo determinação judicial para a destruição de construções, estas deverão ocorrer somente após a realização de varreduras nas instalações e da confirmação da inexistência de pessoas em seus interiores. Ressalta-se a importância da segurança do maquinário e dos veículos de transporte, antes e durante a operação, evitando, desta forma, a possibilidade de sabotagens; 5ª FASE – PROVIDÊNCIAS FINAIS - A detenção dos envolvidos na resistência ao cumprimento da ordem judicial será realizada pelo policiamento local, em momento 8-30 oportuno, preferencialmente, durante o processo de triagem e de escoamento dos invasores; - Encaminhamento de todas as evidências da resistência ao cumprimento da ordem judicial coletadas durante a operação à Polícia Judiciária; - Verificação do efetivo cumprimento do quanto determinado pelo Mandado Judicial e a respectiva lavratura do Termo de Reintegração de Posse pelos componentes do Gabinetede Situação; - Liberação das vias desviadas/bloqueadas; - Aplicação do policiamento local para a preservação da ordem; - Desmobilização do Gabinete de Situação e retraimento da Tropa de Choque. 3.4.8 Reintegração De Posse De Edificações Verticais As operações policiais no interior de edificações são atuações de elevado risco e complexidade, exigindo da tropa empregada conhecimentos específicos sobre confronto em ambientes confinados. Destacamos os seguintes aspectos acerca dos riscos enfrentados nessa atuação: a) maior dificuldade de controle territorial e manutenção de distância dos invasores; b) necessidade de adaptação dos recursos, armas e munições utilizados, por conta da proximidade do confronto; c) invasores ocupando patamar superior, expondo à tropa ao lançamento de objetos e disparos de arma de fogo; d) complexidade, diversidade e extensão das estruturas físicas; d) necessidade de controle físico dos invasores (submissão), em virtude da impossibilidade de emprego de técnicas de dispersão; e) restrição do uso de agressivos químicos. Considerando as peculiaridades acima citadas, bem como a necessidade de fiscalização do processo de retirada dos pertences dos invasores pela força policial. Nas reintegrações de posse em edificações verticais a tropa de choque deverá ocupar as áreas comuns de circulação de tais construções (saguões, escadarias e corredores), com o objetivo de favorecer o controle territorial da edificação e a segurança do efetivo, que procederá com as respectivas varreduras nos seus cômodos. As reintegrações de posse em edificações verticais serão realizadas observando-se os critérios de planejamento e de montagem do Teatro de Operações das reintegrações em ambientes abertos anteriormente analisadas. Contudo, alguns procedimentos referentes ao emprego da Tropa de Choque e à retirada dos invasores sofrem algumas modificações: 8-31 a. Emprego da Tropa de Choque em desocupações pacíficas: Após a leitura do Mandado de reintegração de posse pelo Oficial de Justiça e não havendo sinais de resistência ao seu cumprimento, o Comandante da Operação determinará aos invasores que saiam pelo acesso principal da edificação, para que sejam realizados os procedimentos de triagem e de embarque. Apenas uma pessoa por habitação será autorizada a permanecer e a acompanhar a retirada e o embarque dos pertences. Ato contínuo à saída dos invasores, a Tropa de Choque, já previamente posicionada no acesso principal, adentrará a edificação e procederá ao controle de todos os saguões, corredores e escadarias, do primeiro ao último pavimento. Existindo elevador na edificação, este deverá ser desativado no pavilhão de acesso. A tropa de choque deverá ser fracionada em Grupos de Resposta Rápida (GRR) e distribuída de forma a ocupar toda a área comum da edificação, mantendo o contato visual entre as equipes. Os invasores, localizados nas áreas comuns da edificação, serão proibidos de retornar para o interior das habitações, sendo fiscalizados e orientados pelas equipes para que desçam as escadarias até o local de triagem no acesso da edificação. Somente quando as habitações se encontrarem com apenas uma pessoa os trabalhadores braçais serão autorizados a adentrar a edificação. A retirada de pertences deverá ser realizada do último para o primeiro pavimento. Havendo controle e, por critério do comandante da tropa de choque, poderá ocorrer a retirada de pertences em diferentes andares, sendo, obrigatoriamente, do último para o primeiro. Finalizada a retirada de pertences de um pavimento, as equipes ali empregadas deverão proceder com as varreduras nas habitações, a fim de confirmar as suas respectivas evacuações, sendo, em seguida, remanejadas para o reforço das equipes dos pavimentos inferiores. As providências finais serão executadas conforme o subitem anterior. b. Emprego da Tropa de Choque em desocupações com resistência: Após a leitura do Mandado de reintegração de posse pelo Oficial de Justiça, havendo resistência ao imediato cumprimento da determinação judicial, o Comandante da Operação deverá priorizar as medidas para a solução negociada junto às lideranças dos invasores. Com o insucesso das negociações e a efetivação da resistência, caberá ao Comandante do Policiamento o acionamento para a atuação da Tropa de Choque. 8-32 Devido ao risco de lançamento de objetos vindos dos patamares superiores da edificação, a aproximação da tropa de choque deverá ser feita, preferencialmente, com a utilização do Veículo Blindado. Visando minorar os riscos advindos dos patamares superiores, sempre que possível, concomitantemente ao adentramento da tropa de choque pelos acessos inferiores, a tropa especializada em operações especiais deverá proceder com o domínio dos patamares superiores da edificação, se for o caso. A tropa de choque deverá ser fracionada em Grupos de Resposta Rápida (GRR) e distribuída de forma a ocupar toda a área comum da edificação, do primeiro para o último pavimento, mantendo o contato visual entre as equipes. O controle aos acessos de cada um dos pavimentos será realizado com o emprego de cão policial. Os invasores localizados nas áreas comuns da edificação serão dominados e proibidos de retornar para o interior das habitações, sendo fiscalizados e orientados pelas equipes para que desçam as escadarias até o local de triagem no acesso da edificação. Com o efetivo controle das áreas comuns de todos os pavimentos, será realizada a varredura das habitações, prioritariamente, pela tropa de choque e, na sua impossibilidade, por outra tropa capacitada em abordagens em edificações. Havendo a confirmação de invasores armados homiziados nas habitações, recomenda-se que a abordagem seja realizada tropa especializada em operações especiais. A varredura das habitações deverá, sempre que possível, ser realizada do último para o primeiro pavimento e da primeira para a última habitação de cada corredor. Todos os ocupantes de cada habitação serão dominados e encaminhados para o local de triagem no acesso da edificação. Após o completo domínio da edificação e da retirada de todos os invasores, o comandante da tropa de choque autorizará o acesso de uma pessoa por habitação para o acompanhamento da retirada de pertences. Não havendo essa possibilidade, a Tropa de Choque manterá o controle territorial, enquanto os pertences de cada unidade habitacional serão inventariados e embarcados, sob a responsabilidade do comandante da operação. As providências finais serão executadas conforme o subitem anterior. 8-33 3.5 EVENTOS ESPECIAIS É cediço que o policiamento em eventos especiais requer atenção diferenciada, pelo fato de ser direcionado para locais onde se converge um grande número de pessoas e que o seu principal fundamento é a proteção dos direitos ao lazer, à reunião e à incolumidade física e do patrimônio do cidadão. Além disso, é importante considerar que, num mesmo ambiente, estão reunidas pessoas com interesses diversos, desde o lazer, passando por atividades de sustento próprio e da família, até a prática de delitos, além da presença de agentes públicos e de representantes de entidades privadas. Tais características exigem o suporte de uma tropa especializada, formada por policiais preparados, capazes de compreender a importância de se distinguir aquele participante bem-intencionado daquele que, eventualmente, envolveu-se em uma ocorrência policial e, ainda mais, aquele que tem como intento a prática de crimes ou de contravenções penais. A necessidade de capacitação torna-se ainda mais evidente quando se trata da ação repressiva contra grupos de pessoas mal intencionadas e inseridas no contexto do evento especial, o que precisará ser feito com o máximo de cuidado, em razão da dificuldade de dispersão desse público que, possivelmente, encontra-se confinado ou envolvido por um público ainda maior. Neste cenário, onde estão presentes pessoas que nada tem a ver com as condutasilegítimas que resultaram na atuação repressiva da tropa (inclusive crianças, idosos e portadores de necessidades especiais), salienta-se que o risco de lesões e de mortes por esmagamentos e/ou pisoteamentos é sempre real. Neste diapasão, é imperioso destacar que a tropa especializada para o policiamento ostensivo em eventos especiais deve ser submetida a um treinamento específico que a possibilite, respeitadas as peculiaridades citadas, a agir de forma repressiva, como esforço intermediário, anterior ao último esforço (Tropa de Choque), com vistas à dispersão ou à submissão de infratores inseridos no contexto do público, e com uso de IMPO legitimado por especialistas. Dessa forma, a tropa especializada em operações de choque atuará como último recurso, devendo ser mantida como reserva tática, preferencialmente, em local não visível, para empregos pontuais, sendo aplicada somente quando os demais recursos disponíveis não forem capazes de garantir a ordem, o que é comumente caracterizado pela grande predominância de grupos violentos, já que o público bem intencionado não costuma permanecer no setor convulsionado. 8-34 3.5.1 Objetivos Estratégico: No nível estratégico, o objetivo da atuação da tropa de choque em um evento especial é impedir que possíveis ações violentas por parte do público, participante ou não, contra pessoas ou contra patrimônios públicos ou privados, gerem intranquilidade, sensação de insegurança e falta de controle estatal. Tático: Neste nível, o objetivo é realizar a dispersão ou a submissão do oponente, fazendo cessar eventuais atentados contra a integridade física de pessoas ou a prática de danos patrimoniais. 3.5.2 Planejamento Os eventos especiais são eventos previsíveis, o que permite o planejamento antecipado das ações. Diante disso, todas as variáveis que impactam no resultado da operação a ser desenvolvida pela Tropa de Choque podem ser analisadas com antecedência, o que evita o desgaste pessoal e material. Entretanto, a solicitação para a intervenção pode ocorrer de forma emergencial, caso as características do evento, por falha no planejamento ou por uma eventualidade, sejam modificadas no decorrer de seu desenvolvimento e tal modificação tenha efeitos diretos nas variáveis que impactam na sua segurança, tais como: porte do evento, tipos de oponentes e motivação. Ato contínuo, ao iniciar a intervenção da Tropa de Choque diante de uma quebra de ordem em que o efetivo designado para o evento não tenha sido capaz de dissuadi-la, o Comandante da tropa que será empregada deve atentar para a difusão da missão, revista de pessoal e do material (armas, munições, equipamentos e logística), contato com os Comandantes de outros efetivos empregados; preparação psicológica, fisiológica e de segurança da tropa. 3.5.3 Sensores Os setores de Inteligência Policial da OPM responsável pelo local do evento e da Tropa de Choque devem atuar em conjunto e com antecedência na coleta de informes e de informações, na análise dos dados, no planejamento da operação e no suporte operacional às suas respectivas tropas, além de serem os responsáveis pelo recolhimento de provas. 8-35 Os responsáveis pelos Setores de Inteligência devem conhecer a doutrina de Policiamento em Eventos Especiais, de Operações de Choque e as principais nuances para o desenvolvimento deste tipo de operação. Os principais dados a serem observados e descritos pelo setor de Inteligência para a intervenção em eventos especiais são: a. Porte do evento; b. Pontos sensíveis no local do evento; c. Existência de grupos violentos ou adversários; d. Lideranças de grupos violentos ou adversários; e. Prováveis pontos de encontro entre grupos violentos ou adversários; f. Prováveis pontos de encontro entre protagonistas e grupos que os hostilizem; g. Hospitais próximos; h. Histórico do evento. 3.5.4 Apronto da Tropa de Choque a. Efetivo e material bélico correspondente ao local e ao porte do evento; b. Informação à tropa sobre a intensidade e a duração da operação, preparando-a psicológica e fisiologicamente; c. Definição das funções na Tropa de Choque; d. Verificação dos EPI e EPC – utilização de lista de conferência. 3.5.5 Local a. Conhecimento das áreas, subáreas, setores e subsetores internos e externos. b. Desembarque da tropa. c. Posicionamento da tropa em local estratégico. 3.5.6 Comando, Controle e Comunicações (C3) Refere-se, especificamente, à correlação existente entre as informações recebidas através do que está previsto no plano, as decisões do comandante e 8-36 a disseminação de ordens para as tropas envolvidas. Esse sistema de apoio para a decisão do comando da tropa será baseado em informações (do plano de operações e da Inteligência), que engloba os meios para a transmissão das ordens e a manutenção da integridade da cadeia de comando. a. Durante o evento, o comando da operação será executado pelo Comandante da OPM com responsabilidade territorial ou específica sobre o local do evento. As decisões operacionais e administrativas serão tomadas por ele, no entanto, por ser um efetivo de apoio, a movimentação da Tropa de Choque, além de atender ao que estiver preestabelecido no plano de operações, deverá ser feita em comum acordo com o Comandante da Tropa de Choque; b. As informações novas que surgirem durante a operação, oriundas do setor de Inteligência Policial ou de outros meios, devem ser direcionadas para o Comandante da operação e compartilhadas, no que interessar, com o comandante da Tropa de Choque; c. Após a intervenção da Tropa de Choque, com o objetivo pré-definido, os detalhes da atuação deverão ser passados para o comandante da operação, o qual deverá estar munido de todas as informações relevantes. 3.5.7 Procedimentos 1. Chegada ao local do evento: deverá ser anterior ao horário de maior fluxo de chegada ao evento. 2. Posicionamento em local estratégico e não visível: deverá estar em um local que possibilite o melhor tempo resposta possível, respeitando o caráter subsidiário do emprego da Tropa de Choque. 3. Conflito não suportado pelo efetivo designado para o evento: o emprego da Tropa de Choque ocorrerá como último esforço operacional. 4. Acionamento da tropa: será feito pelo Comandante do Policiamento, quando este entender que a tropa designada para o evento não possui mais condições de solucionar o conflito instalado. 5. Posicionamento do pelotão: deverá sempre respeitar a distância mínima de segurança. 6. Dissuasão, dispersão ou submissão: deverá ser explorado, primeiramente, o efeito psicológico da presença da Tropa de 8-37 Choque para que, não sendo suficiente, ocorra a dispersão e/ou submissão. 7. Detenção de envolvidos: visa à responsabilização dos causadores de possíveis conflitos, bem como o efeito preventivo para a ocorrência de futuros conflitos. 8. Reunião das provas coletadas: tem como objetivo a instrução criminal, bem como a salvaguarda da imagem da Polícia Militar. Será de responsabilidade do setor de Inteligência Policial. 9. Utilização de armas e de munições específicas: a atuação da Tropa de Choque será, predominantemente, a médias e curtas distâncias, bem como poderá ocorrer em ambientes confinados, como praças desportivas, arenas destinadas a shows, parques de exposições, etc., portanto, a utilização de granadas de emissão e explosivas deverá ser feita após criteriosa análise do especialista. 10. Confecção do relatório: o relatório-crítica registrará todos os atos de serviço, além da adoção de medidas para sanar eventuais falhas de planejamento ou de execução, quando da ocorrência de distúrbios. R-1 REFERÊNCIAS ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANAGEMENT PROFESSIONALS (ABPMP). Business Process Management Common Body of Knowlwdge (BPM CBOK). Guia para o Gerenciamento de Processos de Negócio V3.0. São Paulo: ABPMP, 2013. BAHIA. Academia de Polícia Civil. Curso de Formação de Agente e Escrivão de Polícia. Apostila de Gerenciamento de Crises, 2008.BAHIA. Decreto nº 16.852, de 14 de julho de 2016. Institui o Centro de Operações e Inteligência e o Comitê de Gestão de Crises, no âmbito da Secretaria da Segurança Pública. Diário Oficial do Estado da Bahia. 15 jul. 2016. BAHIA. Decreto nº 2.906, de 19 de outubro de 1989. Diário Oficial do Estado da Bahia. 20 out. 1989. BAHIA. Decreto nº 28.799, de 16 de maio de 1982. Diário Oficial do Estado da Bahia. 15 mai. 1982. BAHIA. Decreto nº 29.458, de 24 de janeiro de 1983. Diário Oficial do Estado da Bahia. 25 jan. 1983. BAHIA. Lei nº 13.201, de 09 de dezembro de 2014. Diário Oficial do Estado da Bahia. 10 dez. 2014. BAHIA. Polícia Militar da Bahia. Comando de Policiamento Especializado. Histórico. http://www.pm.ba.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=594&Itemid=514. Acesso em: 10 set. 2017. BAHIA. Polícia Militar da Bahia. Manual do Aluno do V Curso de Operações de Choque. Lauro de Freitas, 2014. BAHIA. Polícia Militar da Bahia. Portaria nº 041/CG-16, de 18 de maio de 2016. 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Negociação em crises: atuação policial na busca da solução para eventos críticos. 1. ed. Brasil: Ícone Editora, 2011. SÃO PAULO. Polícia Militar do Estado deSão Paulo. M-13-PM Manual de Padronização de Procedimentos Policiais Militares. São Paulo: 2003 SÃO PAULO. Polícia Militar do Estado de São Paulo. M-8-PM Manual de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Militar. 3 ed, São Paulo: 1997. SÃO PAULO. Polícia Militar do Estado de São Paulo. Plano Estratégico PMESP (2008-2011). Planejamento Estratégico para o quadriênio 2008-2011 publicado em 2007. Disponível em <www.intranet.polmil.sp.gov.br> Acesso em: 11 mai.2017. SILVA, Valeska Suellen Rodrigues. A política da multidão: a Constituição da Democracia do Comum no Pensamento de Antonio Negri. Rio de Janeiro, 2014. PMBA01- MT-06.001 2022 Figura 1: Requisitos Básicos das Operações de Choque. Figura 2: Fluxograma Básico de Acionamento da Tropa de Choque. Figura 3: Formação do Pelotão de Choque por 3. Figura 4: Formação do Pelotão de Choque por 2. Figura 5: Formação do Pelotão em Linha. Figura 6: Formação do Pelotão de Choque em Linha, Vista Lateral. Figura 7: Formação do Pelotão de Choque em Cunha. Figura 8: Formação do Pelotão de Choque em Cunha, Vista Lateral. Figura 9: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Direita. Figura 10: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Direita, Vista Lateral. Figura 11: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Esquerda. Figura 12: Formação do Pelotão de Choque em Escalão à Esquerda, Vista Lateral. Figura 13: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta. Figura 14: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta, Vista Lateral. Figura 15: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta Emassada. Figura 16: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Alta Emassada, Vista Lateral. Figura 17: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa. Figura 18: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa, Vista Lateral. Figura 19: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa Emassada. Figura 20: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Baixa Emassada, Vista Lateral. Figura 21: Formação do Pelotão de Choque em Meia Lua. Figura 22: Formação do Pelotão de Choque em Meia Lua, Vista Lateral. Figura 23: Formação do Pelotão de Choque em L à Direta (Frente e Vista Lateral). Figura 24: Formação do Pelotão de Choque em L à Esquerda (Frente e Vista Lateral). Figura 25: Formação do Pelotão de Choque em Guarda Blindada. Figura 26: Formação do Grupo de Resposta Rápida. Figura 27: Formação para Carga (Tempo 1). Figura 28: Formação para Carga (Tempo 2). Figura 29: Comando por Gestos: Formação em Coluna por 3. Figura 30: Comando por Gestos: Formação em Coluna por 2. Figura 31: Comando por Gestos: Formação em Linha. Figura 32: Comando por Gestos: Formação em Cunha. Figura 33: Comando por Gestos: Formação em Escalão à Direita. Figura 34: Comando por Gestos: Formação em Escalão à Esquerda. Figura 35: Comando por Gestos: Formação em Guarda Baixa. Figura 36: Comando por Gestos: Formação em Guarda Baixa Emassada. Figura 37: Comando por Gestos: Formação em Guarda Alta. Figura 38: Comando por Gestos: Formação em Guarda Alta Emassada. Figura 39: Comando por Gestos: Formação em Guarda Blindada. Figura 40: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Lateral. Figura 41: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Lateral, Frente Lateral. Figura 42: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Complementar. Figura 43: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Cerrado. Figura 44: Formação de Choque com 2 Pelotões em Apoio Central. Figura 45: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Lateral. Figura 46: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Lateral, Frente Lateral. Figura 47: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Complementar. Figura 48: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Cerrado. Figura 49: Comando por Gestos para Cia de Choque: Formação em Apoio Central. Figura 50: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: Coluna por 2. Figura 51: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: em Linha (Frente). Figura 52: Formação do Pelotão de Choque com Apoio de Cães: em Linha (Retaguarda). Figura 53: Composição do GRR com Apoio do Cão. Figura 54: Pelotão de Choque Rápido: 1ª Formação, 20 Operadores. Figura 55: Pelotão de Choque Rápido: 2ª Formação, 24 Operadores. Figura 56: Pelotão de Choque Rápido: 3ª Formação, 28 Operadores. Figura 57: Pelotão de Choque Rápido: 4ª Formação, 20 Operadores. Figura 58: Pelotão de Choque Rápido: 5ª Formação, 24 Operadores. Figura 59: Pelotão de Choque Rápido: 6ª Formação, 28 Operadores. Figura 60: Posição de Escudo ao Solo. Figura 61: Posição de Descansar. Figura 62: Posição de Sentido (Frente e Lateral). Figura 63: Posição de Ombro Armas e Apresentar Armas (Frente e Lateral). Figura 64: Deslocamento em Desfile. Figura 65: Exemplo do Uso do Porta-Bastão em Guarda Alta. Figura 66: Elementos do Plano de Ação Imediata. Quadro 1: Aspectos Psicológicos das Ações Coletivas. Quadro 2: Classificação de IMPO nas Operações de Choque. Quadro 3: Classificação das Granadas Policiais. CAPÍTULO VIII TÁTICAS DE OPERAÇÕES DE CHOQUE 1. DIAGNOSE NAS OPERAÇÕES DE CHOQUE 1.1 Oponente 1.2 Terreno 1.3 Uso Da Força Pela Tropa De Choque 2. PLANEJAMENTO EMERGENCIAL 3. PROCEDIMENTOS PADRONIZADOS 3.1 Reuniões Ilegais 3.1.1 Objetivos 3.1.2 Planejamento 3.1.3 Sensores 3.1.4 Apronto da Tropa de Choque 3.1.5 Local 3.1.6 Comando, Controle e Comunicações (C3) 3.1.7 Procedimentos 3.2 Revista Em Estabelecimento Penal 3.2.1 Objetivos 3.2.2 Planejamento 3.2.3 Sensores 3.2.4 Apronto da Tropa de Choque 3.2.5 Local 3.2.6 Comando, Controle E Comunicações (C3) 3.2.7 Procedimentos 3.3 Rebelião Em Estabelecimento Penal 3.3.1 Objetivos 3.3.2 Planejamento 3.3.3 Sensores 3.3.4 Apronto Da Tropa De Choque 3.3.5 Local 3.3.6 Comando, Controle e Comunicações (C3) 3.3.7 Procedimentos 3.4 Reintegração de Posse 3.4.1 Objetivos 3.4.2 Planejamento 3.4.3 Sensores 3.4.4 Apronto da Tropa de Choque 3.4.5 Local 3.4.6 Comando, Controle E Comunicações (C3) 3.4.7 Fases 3.4.8 Reintegração De Posse De Edificações Verticais 3.5 Eventos Especiais 3.5.1 Objetivos 3.5.2 Planejamento 3.5.3 Sensores 3.5.4 Apronto da Tropa de Choque 3.5.5 Local 3.5.6 Comando, Controle e Comunicações (C3) 3.5.7 Procedimentos CAPÍTULO VII TÉCNICAS DE OPERAÇÕES DE CHOQUE 1. COMPOSIÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE 2. FUNÇÕES NO PELOTÃO DE CHOQUE 3. FORMAÇÕES DE CHOQUE 3.1 Formações Básicas 3.1.1 Coluna por 3 (três) 3.1.2 Coluna por 2 (dois) 3.2 Formações Ofensivas 3.2.1 Formação em Linha 3.2.2 Formação em Cunha: 3.2.3 Escalão à Direita 3.2.4 Escalão à Esquerda 3.3 Formações Defensivas 3.3.1 Guarda Alta 3.3.2 Guarda Alta Emassada 3.3.3 Guarda Baixa 3.3.4 Guarda Baixa Emassada 3.4 Formações Adaptadas 3.4.1 Formação Meia Lua 3.4.2 Formação em “L” 3.5 FORMAÇÃO GUARDA BLINDADA 3.6 GRUPO DE RESPOSTA RÁPIDA (GRR) 3.7 FORMAÇÃO PARA CARGA 4. COMANDOS POR VOZ E POR GESTOS 4.1 Comando por voz 4.2 Comando por Gestos 4.2.1 Formação em Coluna por 3 4.2.2 Formação em Coluna por 2 4.2.3 Formação em Linha 4.2.4 Formação em Cunha 4.2.5 Escalão à Direita 4.2.6 Escalão à Esquerda 4.2.7 Guarda Baixa 4.2.8 Guarda Baixa Emassada 4.2.9 Guarda Alta 4.2.10 Guarda Alta Emassada 4.2.11 Guarda Blindada 5. FORMAÇÕES DA COMPANHIA DE CHOQUE 5.1 Formações de Choque com 2 pelotões 5.1.1 Apoio Lateral 5.1.2 Apoio Lateral, Frente Lateral 5.1.3 Apoio Complementar 5.1.4 Apoio Cerrado 5.1.5 Apoio Central 5.2 Comando por gestos par a Companhia de Choque 5.2.1 Apoio Lateral 5.2.2 Apoio Lateral, Frente Lateral 5.2.3 Apoio Complementar 5.2.4 Apoio Cerrado 5.2.5 Apoio Central 5.3 Formações de Choque com 3 pelotões 5.3.1 Apoio Lateral 5.3.2 Apoio Lateral Frente Lateral 5.3.3 Apoio Complementar 5.3.4 Apoio Cerrado 5.3.5 Apoio Central 6. ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DE CÃES 6.1 Constituição do pelotão de choque com apoio dos binômios 6.1.1 Formação de Transição do Pelotão com Reforço dos Binômios, em Coluna por Dois 6.1.2 Formação em Linha comReforço dos Binômios 6.1.3 Composição do GRR 7. ATUAÇÃO DO PELOTÃO DE CHOQUE COM APOIO DE CAVALARIA 8. TÉCNICA DE CHOQUE RÁPIDO 8.1 Composições do Pelotão de Choque Rápido – Por Formação 8.2 Procedimentos Gerais na atuação do Pelotão de Choque Rápido 9. ORDEM UNIDA 9.1 Generalidades 9.2 Posições 9.2.1 Posição de “Escudos ao Solo” 9.2.2 Posição de “Descansar” 9.2.3 Posição de “Sentido” 9.3 Movimentos a pé firme 9.3.1 Posição de “Sentido” Partindo da Posição de “Descansar” 9.3.2 Posição de “Descansar” Partindo da Posição de “Sentido” 9.3.3 “Ombro Armas” e “Apresentar Armas” a Pé Firme 9.3.4 “Voltas Volver” 9.4 Deslocamentos 9.4.1 Posição de Deslocamento em Desfile de Tropa 9.5 Observações quando da atuação e em desfiles militares CAPÍTULO VI ARMAS 1. ARMAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 1.1 INCAPACITANTES 1.2 DEBILITANTES 2. ARMA DE FOGO 2.1 ARMA DE PORTE 2.2 ARMA PORTÁTIL 2.3 ARMA PORTÁTIL DE ALMA RAIADA 2.4 ARMA PORTÁTIL DE ALMA LISA 3. ESTUDO DAS GRANADAS POLICIAIS 3.1 GRANADAS POLICIAIS EXPLOSIVAS 3.1.1 Estrutura e Funcionamento 3.1.2 Classificação 3.2 GRANADAS POLICIAIS DE EMISSÃO 3.2.1 Estrutura e Funcionamento 3.2.2 Classificação 4. NEUTRALIZAÇÃO DE GRANADAS POLICIAIS FALHADAS 4.1 PROCEMINENTOS OPERACIONAIS PARA GRANADAS DE EMISSÃO FALHAS 4.2 PROCEMINENTOS OPERACIONAIS PARA GRANADAS EXPLOSIVAS FALHAS 4.3 DISPARO DE ELASTÔMERO COM ESPINGARDA CALIBRE 12 4.4 UTILIZAÇÃO DA PLACA DE SECÇÃO 4.5 UTILIZAÇÃO DO CONE DE “MUNROE” 4.6 UTILIZAÇÃO DE MATERIAL COMBUSTÍVEL 4.7 SIMPATIA CAPÍTULO V VEÍCULOS 1. MOTOCICLETA 2. CAMINHONETE 3. VEÍCULOS PESADOS (GRANDE PORTE) 4. VEÍCULO BLINDADO CAPÍTULO IV MUNIÇÕES DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 1. MUNIÇÕES DE IMPACTO CONTROLADO 1.1 Classificação quanto ao calibre: 1.1.1 Munições de Impacto Controlado Calibre 12 1.1.2 Munições de Impacto Controlado Calibre 37/40 mm 1.2 Classificação quanto ao público alvo de sua utilização: 1.2.1 Munições de Projetil Singular 1.2.2 Munições de Múltiplos Projéteis 2. MUNIÇÕES DE JATO DIRETO 3. MUNIÇÕES EXPLOSIVAS 3.1 Projéteis Explosivos no Cal. 12 3.2 Projéteis Explosivos no Cal. 40mm x 46mm 4. MUNIÇÕES DE EMISSÃO 4.1 Munições de emissão lacrimogênea 4.1.1 Munições de Emissão Lacrimogênea de Projétil Singular 4.1.2 Munições de Emissão Lacrimogênea de Múltiplos Projéteis 4.2 Munições de emissão fumígena CAPÍTULO III EQUIPAMENTOS E ACESSÓRIOS 1. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI 2. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO COLETIVA 3. ACESSÓRIOS CAPÍTULO II DOUTRINA DE INSTRUMENTO DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO 1. CLASSIFICAÇÃO DOS IMPO 2. AGENTES QUÍMICOS 3. CLASSIFICAÇÃO DOS AGRESSIVOS QUÍMICOS 4. PRINCIPAIS AGRESSIVOS QUÍMICOS 4.1 Clorobenzilideno Malononitrila, (C10H5N2Cl) 4.2 CAPSAICINA 4.3 Descontaminação de Agressivos Químicos 5. CONCENTRAÇÃO DOS AGENTES QUÍMICOS 6. ESTUDO DA PERSISTÊNCIA 7. PROCESSO DE DISPERSÃO DOS AGENTES QUÍMICOS CAPÍTULO I Aspectos legais e doutrinários 1. FUNDAMENTAÇÃO LEGAL PARA OPERAÇÕES DE CHOQUE 1.1 POLÍCIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E POLÍCIA DE ORDEM PÚBLICA 1.2 DOUTRINA E CONCEITOS EM OPERAÇÕES DE CHOQUE 1.2.1 Aspectos Doutrinários 1.2.2 Agrupamentos Sociais 1.2.3 Comportamento Coletivo 1.2.4 Ações Coletivas dos Agrupamentos Sociais 1.3 ACIONAMENTO E EMPREGO DA TROPA DE CHOQUE EM OCORRÊNCIAS DE DISTÚRBIOS SOCIAIS 1.3.1 Planos de Acionamento 1.3.2 Estado Operacional da Tropa de Choque 1.3.3 Aprestamento e Apronto Operacional 1.4 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PELOTÃO DE CHOQUE 1.5 ATRIBUTOS DO CHOQUEANO REFERÊNCIAs