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IDADE MÉDIA E SOCIEDADE Origem da Sociologia A origem da Sociologia está vinculada à história do mundo europeu. Pensadores e obras do continente europeu iniciaram o debate e a reflexão em torno do que seria o conhecimento sociológico transformado em Ciência. Na história da sociedade humana europeia, esse período de constituição da Sociologia tem suas bases no fim da Idade Média. Idade das Trevas, Idade sem Luz, sem criatividade humana. Girava em torno de Deus pregado pela Igreja da época.Igreja Católica Apostólica Romana. Esse cenário começou a mudar por volta do ano 1.000, com o surgimento das primeiras Universidades. fim da Idade Média. Espírito renascentista, que povoou a Europa. CONHECIMENTO RELIGIOSO OU TEOLÓGICO A vida na sociedade medieval se caracterizava por um forte apelo às questões religiosas e rurais no sentido de que o modo de produção vigente, conhecido como Feudalismo, foi o mais usado em toda a história desse período, de grandes extensões de terras do Senhor Feudal, em que trabalha o servo, para fugir da miséria e buscar seu espaço no céu. Arte, Educação, Política, Religião, Leis, Cultura, entre outros setores da sociedade da época, eram fundamentadas no conhecimento religioso ou teológico. O teocentrismo era a medida de todas as coisas Período medieval Relação principal: Senhor Feudal e o Servo da terra. O Servo trabalhava nas terras do Senhor Feudal. Era considerado um produto da terra, se a terra fosse vendida, o Servo ficava nas terras como um produto a ser adquirido pelo comprador A divisão social: Era hierárquica, dividida basicamente em quatro estamentos ou estados: Rei, Nobreza, Clero e Servos, sendo que os dois primeiros possuíam privilégios em relação ao último grupo subordinado. Economia ou modo de produzir as coisas: A produção basicamente girava em torno das grandes extensões de terras, os Feudos. Esse sistema ficou conhecido como Feudalismo. As leis e os códigos de condutas sociais: Eram elaborados a partir das Tradições da Nobreza e da interpretação Bíblica. A visão de mundo, religião, educação, conhecimento, meio ambiente e cultura: Nessa época, predominava o conhecimento Teológico, marcado pela supremacia da Igreja Católica Apostólica Romana (Igreja e Fiéis). A cultura era elaborada a partir do Teocentrismo. A natureza era obra de Deus e era perfeita. Teocentrismo é uma doutrina que toma Deus como elemento central. Sociedade Medieval Viver na sociedade medieval era viver dentro dos limites da Igreja Católica Apostólica Romana. Diretrizes, princípios, normas estabelecidas na vida social tinham como parâmetro a interpretação da Bíblia por parte dos membros da Igreja. O destino da vida humana era imposto pela interpretação do clero, ou seja, o conhecimento produzido para interpretar e compreender a vida humana em todos os sentidos passava pelo crivo do conhecimento religioso amparado nas leituras bíblicas das autoridades religiosas da época. Tempo e relações estabelecidas O tempo na Idade Média e a relação com elementos religiosos e sociais: Viver no tempo: A forma como os indivíduos entenderam e viveram o seu tempo é muito importante para que possamos compreender a sociedade. Liturgia: O ano também era marcado pela liturgia e pelas datas festivas relacionadas à vida de Cristo, como o Natal, a Páscoa, a Ascensão e o Pentecostes. Aos poucos foram se inserindo festas em honra à Virgem Maria e aos demais santos. Esses festejos normalmente marcavam acontecimentos importantes para questões econômicas, como, por exemplo, o pagamento de tributos aos senhores ou a festa da colheita. O bater dos sinos: Chamando os fiéis para a celebração dos ofícios divinos, anunciando as festas; avisando o início e o fim do trabalho, lembrando triste acontecimento ou alertando as pessoas para uma ameaça iminente. Clero: O responsável pela medição do tempo útil e também pelo tempo destinado ao descanso no Domingo, pela liturgia cristã que definia quais eram os dias santos e de festa, bem como os dias de trabalho e os de jejum. O tempo da Igreja era dominante no medievo, mas pede que tomemos cuidado ao fazer essa afirmação, pois mesmo que a ideologia cristã tivesse total domínio sobre a população, a maioria dos camponeses não sabia e nem se importava que dia fosse (com exceção dos domingos e dias de festas), e é bem provável que não soubessem nem mesmo qual era sua própria idade e o dia do seu aniversário. Horas canônicas: São as várias partes do Ofício divino, escalonadas ao longo do dia: Laudes, como oração da manhã; horas menores (Tercia, Sexta e Nona, das quais se pode optar por uma única, hora intermédia, a mais adequada à hora do dia); Vésperas, ao anoitecer (considerada hora principal, juntamente com Laudes); Completas, ao deitar; e Ofício de Leitura, com o valor de tempo de oração meditativa durante a noite, embora podendo celebrar-se a qualquer hora. Adubamento: Cerimônia de iniciação dos jovens parra a cavalaria, no qual acontecia a benção cristã do novo cavaleiro. Multiplicidades de tempo: O tempo natural e rural; o tempo senhorial; o tempo religioso. Criação do mundo: Segundo a Igreja o mundo e o homem, foram criados em seis dias e o Criador descansou no sétimo, contemplando a sua obra. O domingo representava esse dia, e por isso devia ser reservado às orações e ao descanso. O TEMPO NATURAL E RURAL Estamos falando de uma época em que a agricultura era a principal atividade econômica e, portanto, uma época em que a terra e o seu uso eram fundamentais para a sobrevivência. A natureza imperava na medição e contagem do tempo rural. Existia o tempo das chuvas e o das secas; o do dia e o da noite; o do plantio e o da colheita; o do inverno e do verão. É o tempo dos dualismos tão enfocados durante o período medieval: luz e escuridão, calor e frio, ócio e trabalho, vida e morte. Esse tipo de tempo é cíclico, lento e longo, e os camponeses estavam habituados a esperar, pacientes, pela mudança – se é que ela ocorreria. Esse cenário é uma representação imagética do tempo cíclico: um fato precede o outro, mas voltará a acontecer – como as estações do ano. TEMPO SENHORAL O tempo senhorial é, antes de tudo, militar, isso porque tem como pontos culminantes no ano os períodos dos combates, das reuniões da cavalaria e dos adoubements. TEMPO RELIGIOSO Os mosteiros levaram para além de suas muralhas o seu ritmo de vida. As atividades diárias eram ritmadas pelo badalo dos sinos e pelo eco das orações vindas dos interiores dos mosteiros. A importância dos sinos na Idade Média era muito grande, pois cada som emitido significava um acontecimento diferente. Obs. Os mosteiros foram grandes centros civilizacionais na Idade Média. Espaço e relações A relação espaço e ser humano no período medieval: Fixação ao solo: A primeira condição para o funcionamento do sistema feudal era a fixação dos homens ao solo. Ora, a ligação dessas pessoas com a terra é indiscutível, pois a base da sobrevivência era a agricultura. Além do mais, é a organização espacial em feudos que estabelece o lugar de cada um: vassalo e suserano, servo ou senhor. Obs. Vassalo: É o título dado ao subordinado de um soberano. (vassalo recebia terra, objetos materiais ou até mesmo um castelo de seu suserano. Em troca, o vassalo devia oferecer fidelidade absoluta e proteção ao seu suserano.) Suserano: Era responsável e tinha o domínio do feudo principal de que dependiam outros feudos e vassalos; senhor feudal. Paróquias: A divisão espacial em paróquias mostra que a Igreja teve importância ímpar também nesse aspecto, a criação do quadro paroquial. A paróquia reunia os grupos, formando aldeias ao redor da igreja (que era um edifício sacralizado) e do cemitério. O lugar central e para onde convergiam as atenções e os olhares era o altar – lugar onde a Igreja confirmava sua unidade através da eucaristia. Essa distribuiçãopopulacional ao redor dos edifícios sagrados origina um espaço “heterogêneo e hierarquizado, polarizado pelos santos e suas relíquias”. Movimentação: Dava pelo fato de que, nesse tempo, as propriedades podiam ser provisórias. Os indivíduos estavam inseridos em uma hierarquia que determinava sua posição social: o senhor tinha todo o direito de retomar do servo ou do vassalo a extensão territorial a ele concedida, desde que o transferisse para outra da mesma proporção. Entretanto, esse novo local poderia estar situado bem longe do local de origem. Já a peregrinação estava associada às experiências de exterioridade e poderia funcionar como um meio de reforçar o vínculo com o lugar de origem. Vínculo a terra: No entanto, não podemos confundir vínculo à terra com imobilidade, pois, ao contrário do que se acredita, nem todos os homens e mulheres da Idade Média passavam a vida inteira no lugar onde nasceram, muitos deles viviam em constante movimentação e peregrinação. Aparece como um elemento fundamental do encelulamento, que contribui para a estabilidade das populações rurais e, então, para a solidez do laço entre os homens e o seu lugar, indispensável ao funcionamento da dominação feudal. Religiosidade: O espírito religioso que imperava nessa época empurrava as pessoas para a estrada. A busca pelos lugares santos e pelas relíquias sagradas movia boa parte da população medieval. A travessia era, na maioria das vezes, cercada de dificuldades: os caminhos longos e tortuosos, o frio e a fome, o medo da noite e da floresta, os ladrões e o mau estado das estradas e dos caminhos percorridos. Peregrinação: Não visava a satisfação do desejo pessoal de conhecer novos lugares, nem mesmo era uma atividade de lazer. A peregrinação era praticada como uma penitência, como uma provação. Era uma das formas de purgar pecados graves, de se sacrificar pelo perdão divino. Essas mobilidades e deslocamentos deixavam cada vez mais clara para os indivíduos a importância dos seus lugares e isso reafirmava neles o laço imaginário que os prendia ao seu espaço. FeudalismoFeudalismoFeudalismo Sistema político, econômico e social denominado feudalismo. A agricultura era a base econômica dos povos europeus ocidentais. Predominou na Idade Média. O feudo era tido como um “modo de posse de bens reais” e ‘feudal’ relacionava-se não apenas ao feudo propriamente, mas também aos encargos decorrentes deste tipo de posse. Posteriormente, durante a monarquia absolutista, a expressão que denominava o aspecto jurídico, passa a incorporar um conteúdo político. Com isso, passa-se a enfatizar como principais características do âmbito feudal os vários aspectos relativos à fragmentação da soberania. Mais tarde, a partir dos estudos e conceitos desenvolvidos por Karl Marx e Friedrich Engels, entre 1845 e 1846, o período medieval passa a ser visto pelos historiadores marxistas como um modo de produção, o chamado “modo de produção feudal”. Esse modo de perceber o feudalismo como fenômeno histórico implicava num entendimento em que a expressão “feudal” incorporasse também um conteúdo econômico, referindo-se não apenas à organização política e às relações pessoais estabelecidas entre os homens pertencentes às classes dominantes, mas também à própria maneira como estes sujeitavam uma população mais ampla para a organização de uma produção agrícola da qual todos dependiam para a sua subsistência. Assim, as relações verticais entre senhores e servos e todo um complexo sistema de trabalho e propriedade passavam a figurar o “modo de produção Feudal”. Portanto, o Feudalismo incluía tanto um sistema senhorial de exploração econômica-social, como o conjunto de mecanismos feudo-vassálicos, por onde se organizava a hierarquia. Renascimento e Sociedade Entre o final da Idade Média e início da Idade Moderna, o conhecimento dito científico começa a colocar em questão muitos conhecimentos da época e o próprio entendimento do mundo pelo conhecimento religioso/teológico. Por exemplo, lembremos a descoberta de que a Terra não era o centro do Universo. A Revolução Francesa, por exemplo, foi inspirada nas ideias iluministas e representa o principal marco desse movimento intelectual (Renascentista). Iluminismo: Contrário à visão teocêntrica que dominava a Europa. Essa forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. De acordo com Mello e Donato (2011, p. 252), movimento filosófico e intelectual que aconteceu entre os séculos XVII e XVIII na Europa (França). Os pensadores iluministas defendiam as liberdades individuais e o uso da razão para validar o conhecimento, um movimento da Idade Moderna que rompeu com o teocentrismo – doutrina que coloca Deus no centro de tudo – e passou a ver o indivíduo como o centro do conhecimento. Século das Luzes: o movimento iluminista representa a ruptura do saber eclesiástico, isto é, do domínio que a Igreja Católica exercia sobre o conhecimento. E dá lugar ao saber científico, que é adquirido por meio da racionalidade. O pensamento iluminista tem como fundamentos a crença no poder da razão humana de compreender nossa verdadeira natureza e de ser consciente de nossas circunstâncias. O homem, então, creia ser o detentor de seu próprio destino, formulando o racionalismo e contrariando as imposições de caráter religioso, sua “razão” divina de existir, e os privilégios dados à nobreza e ao clero – ainda predominantes à época (séculos XVII e XVIII). O Racionalismo: É uma corrente filosófica que atribui particular confiança à razão humana, ao passo que acredita que é dela que se obtém os conhecimentos. Somente o pensamento por meio da razão é capaz de atingir a verdade. A teoria do Racionalismo tem sido denunciada como sinônimo de irreligião. Ou seja, o conhecimento que não aceita a Intuição, os valores humanos ligados aos sentimentos. O Racionalismo expandiu-se, abrindo novos horizontes do conhecimento. Ainda no século XVII, conquistou espaços na política e nas artes . O racionalismo descreve que há um tipo de conhecimento que surge diretamente da razão, considera que o ser humano tem ideias inatas, ou seja, que não são derivadas da experiência, mas se encontram no ser humano desde seu nascimento e desconfia das percepções sensoriais. O Renascimento cultural foi um movimento artístico, cultural e científico, ocorrido nos séculos XIV, XV e XVI, marcando o início da Idade Moderna. Foi marcado pela crítica à cultura religiosa medieval, baseada na “fé cega”, quase que a rejeição da ideologia da Igreja Católica Romana, apesar dos temas religiosos presentes em algumas de suas manifestações artísticas. O movimento difundiu-se primeiramente na Península Itálica, devido à enriquecida burguesia da região que se beneficiou com o comércio mediterrânico ocidente-oriente na Itália, mais precisamente em cidades ligadas ao comércio, como Veneza, Pisa, Gênova e Florença. Tais cidades receberam uma forte influência dos sábios bizantinos. Além disso, após a Queda de Constantinopla, muitos pensadores do antigo Império Bizantino fugiram para a Itália, auxiliando na difusão dos saberes da cultura greco- romana clássica. Além dessa influência, havia os árabes que mantinham contatos comerciais com os italianos. Características do Renascimento Individualismo: valorização da capacidade do ser humano em fazer escolhas livremente, valendo-se de suas próprias forças Racionalismo: ênfase na razão como principal instrumento para compreender o Universo, a natureza e até mesmo Deus. Humanismo e Antropocentrismo: perspectiva de que o homem deveria ser o centro das indagações dos pensadores em detrimento do teocentrismo medieval, centrado na natureza de Deus. No entanto, o fato de os humanistas serem antropocêntricos não quer dizer que fossem ateus. Ao contrário, eles eram profundamente cristãos. Sem se afastarem da religião cristã, os humanistas fizeram da capacidadede conhecer as coisas através do uso da razão uma das qualidades mais elevadas do homem. A fim de poder empregar e desenvolver a inteligência humana eles defenderam o livre exame dos textos sagrados, inclusive da Bíblia. Foi essa imensa confiança nas qualidades humanas que caracterizou o humanismo. Hedonismo: busca do prazer individual. Naturalismo: preocupações com a natureza, dentro de uma perspectiva metafísica sobre as coisas e sobre as capacidades da razão em moldar a realidade natural. Neoplatonismo: ideia de que o homem deveria se elevar até Deus. Influência da cultura Greco-Romana: o movimento se inspirou na cultura da antiguidade clássica, adaptando-a de acordo com os interesses da burguesia europeia da Idade Moderna. Mecenato: A Itália foi durante muito tempo apenas uma expressão geográfica e não um país. Desde a Idade Média ela era composta de uma multidão de cidades-estados independentes e assim continuou até sua unificação no século XIX. Na época do Renascimento, algumas cidades-estados, como Florença, Milão e Veneza, destacavam- se não só pela riqueza, mas também pela proteção que dispensavam aos artistas e intelectuais. Os governantes dessas cidades representavam certas famílias, como a Sforza, de Milão, e os Medici, de Florença, notabilizando-se como mecenas, isto é, como protetores e financiadores de sábios e artistas. O Iluminismo floresceu na França, na Inglaterra, na Alemanha e nos Países Baixos. A Filosofia Social Iluminista desdobrou-se em duas correntes: de um lado, os Reformadores Sociais Moderados que buscavam um ajuste na sociedade aos interesses da burguesia; de outro, os Radicais, que pareciam intuir vagamente os interesses de um futuro proletariado. Os Moderados deram origem ao que mais tarde ficou conhecido como o pensamento liberal conservador e positivista, e os Radicais deram origem aos Socialistas. A primeira corrente do pensamento sociológico propriamente dito foi o Positivismo, primeira teoria a organizar alguns princípios a respeito do ser humano e da sociedade de forma cientifica. Seu primeiro representante foi o pensador francês Auguste Comte, influenciado por Saint Simon. Auguste Comte e Saint Simon Saint Simon Foi o autor de muitas ideias atribuídas ao seu secretário particular August Comte. Seu pensamento ficou entre uma bifurcação ideológica: parte foi aproveitada pelos conservadores e parte pelos socialistas. Foi o precursor do positivismo e, em alguns aspectos, das ideias de Karl Marx, o mais importante teórico do socialismo. Quais eram os principais pensamentos, ideias e princípios defendidos por Saint Simon? Vejamos a seguir. Sobre o Desenvolvimento da Humanidade, Bins (1990, p. 14) afirma: A humanidade progride por etapas. Na primeira a teológica, o mundo fora interpretado em termos religiosos. Na segunda a metafisica, por meio da filosofia e por fim, a positiva ou científica. O progresso para ele não se reduziria somente ao mundo das ideias, pois seria também material. Você pode notar acadêmico, que ele influenciou muito August Comte nessas ideias de que a humanidade progrediu por etapas. Ao que parece, ele olha a humanidade em seus tempos históricos: no início, a sociedade teria sido influenciada pela magia e rituais sagrados; depois, viria a instituição da religião (idade média); a crítica humana à influência religiosa no mundo (antropocentrismo e racionalismo), fase ou etapa dos intelectuais, pensadores e filósofos; e, por último, a busca pelo conhecimento científico. Olhando para educação e os conhecimentos criados e incorporados no dia a dia das escolas e universidades da época, seriam as seguintes possíveis etapas: conhecimento religioso, conhecimento filosófico e sociológico (com o suporte da geografia e história entre outros conhecimentos) e, por fim, o conhecimento científico. Simon vivenciou a revolução Francesa, que interpretou como luta de classes: os industriais, os que produzem, contra a aristocracia parasitária. Não percebeu, porém, que esta categoria era composta por duas classes, a dos burgueses e a dos trabalhadores. Após a revolução, concluiu que se os industriais haviam teoricamente vencido, quem de fato tinha liderado o processo e continuava a manter o poder eram os metafísicos, os advogados e outras categorias bastardas (BINS,1990, p. 14). É o primeiro teórico que esboça a ideia da luta de classes, muito embora esse conceito seja divergente daquele apresentado por Marx. De acordo com Bins (1990, p. 15), “imaginava que para o futuro, as sociedades tornar-se-iam orgânicas, com suas partes perfeitamente integradas e sem conflitos, comandadas por uma elite técnica- científica”. Influenciou muitos pensadores com esse princípio de sociedades orgânicas, sobretudo Herbert Spencer, e a sociologia evolucionista, que permite conceber o sistema social composto por elementos interdependentes constituindo uma unidade própria, à semelhança dos organismos biológicos. Spencer buscou no evolucionismo os mecanismos e objetivos da sociedade, e defendeu o ensino da ciência para formar adultos competitivos. A concepção organicista, em oposição à perspectiva historicista, influenciou Durkheim e a corrente funcionalista. Por último, a maior das contribuições. Segundo Bins (1990, p. 15), Simon “propôs a criação de uma ciência especializada, no estudo da conduta humana, a física social, depois rebatizada por Comte de sociologia”. Crítico ferrenho da aristocracia e do clero, Saint-Simon distingue nas transformações sociais de sua época os prenúncios de uma nova era na história da humanidade. Ele foi, ao mesmo tempo, o referencial ideológico dos socialistas, dos positivistas e dos anarquistas. Suas ideias para a Educação são notadas nessas três vertentes, nas concepções teóricas e práticas da educação usada por parte de professores e sistemas de ensino. Seu maior objetivo era a criação de uma sociedade ideal, mais justa e igualitária. Para alguns pensadores de Saint Simon, esse era o grande objetivo do Socialismo Utópico criado por ele. Outro grande pensador e fundador da Sociologia foi August Comte. Nasceu em Montpellier, França, em uma família católica e monarquista. Viveu a infância na França napoleônica. Estudou no colégio de sua cidade e depois em Paris, na escola Politécnica. Tornou-se discípulo de Saint Simon, de quem sofreu enorme influência. Devotou seus estudos à filosofia positivista, considerada por ele como uma religião da qual era o pregador. Segundo sua filosofia política, existiam na história três estados: um teológico; outro metafísico e, finalmente, o positivo. Esse último representava o coroamento do progresso da humanidade. Sobre as ciências, distinguia as abstratas das concretas, sendo que a ciência mais complexa e profunda seria a Sociologia, ciência que batizou na sua obra Curso de Filosofia Positiva, em seis volumes, publicada entre 1830 e 1842. Além dessa, publicou Discurso sobre o espírito positivo, Discurso sobre o conjunto do positivismo, Sistema de política positivista, Catecismo positivista e a Síntese subjetiva. Morreu em Paris (COSTA, 1987). O positivismo foi uma corrente teórica criada por Auguste Comte que influenciou a política praticada nos primeiros anos do período republicano no Brasil. Auguste Comte Corrente Positivista O positivismo foi uma corrente teórica criada pelo filósofo francês Auguste Comte (1798-1857) que defendia que a regra para o progresso social seria a disciplina e a ordem, o que influenciou a teoria moral utilitarista de John Stuart Mill (1806-1873). Stuart Mill reformulou o primeiro utilitarismo fundado por seu professor, o filósofo e jurista Jerehmy Bentham. No Brasil, o positivismo político de Comte, renovado pela carga moral utilitarista, influenciou a política praticada nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930), devido às referências positivistas trazidas pelos militares e pelo primeiro presidente, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca.Principais características positivismo • Doutrina filosófica: como uma continuidade do Iluminismo, a inspiração política e científica do positivismo estava nos ideais iluministas. As aspirações dos primeiros filósofos iluministas de alcançar um estágio de desenvolvimento moral da sociedade foram mantidas. No entanto, um novo modo de agir era necessário para garantir a ordem social, desestabilizada após a Revolução Francesa. • Doutrina sociológica: visando garantir a ordem social, o positivismo atua como uma doutrina que, partindo dos estudos sociológicos, serve de base para o comportamento social e moral das pessoas. A Lei dos Três Estados estaria no topo dessa cadeia de desenvolvimento da sociedade. • Doutrina política: a disciplina, o rigor e a ordem social eram requisitos políticos para a garantia do avanço social na ótica positivista. • Desenvolvimento das ciências e das técnicas: o progresso social estaria intimamente ligado ao progresso intelectual, científico e tecnológico. A ideia de uma escola laica, universal e gratuita, que já havia ganhado certo espaço durante o Iluminismo, passou a ser defendida com mais força pelos intelectuais positivistas. • Religião positiva: Comte entendia que a humanidade precisava de relações de devoção. A devoção – antes baseada na fé em Deus ou nos deuses – no positivismo, dá lugar para a fé na ciência como única depositária de confiança da humanidade, surgindo o cientificismo, caracterizado pela aposta incondicional nas ciências como fonte total do conhecimento verdadeiro. Comte e o positivismo O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação dos fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, por meio da promoção do primado da experiência sensível, única capaz de produzir a partir dos dados concretos (positivos) a verdadeira ciência (na concepção positivista), sem qualquer atributo teológico ou metafísico, subordinando a imaginação à observação, tomando como base apenas o mundo físico ou material. O positivismo nega à ciência qualquer possibilidade de investigar a causa dos fenômenos naturais e sociais, considerando este tipo de pesquisa inútil e inacessível, voltando-se para a descoberta e o estudo das leis (relações constantes entre os fenômenos observáveis). A origem da Sociologia está vinculada à história do mundo europeu. Pensadores e obras do continente europeu iniciaram o debate e a reflexão em torno do que seria o conhecimento sociológico transformado em Ciência. A Idade Média teve como fonte de compreensão, de interpretação da vida e tudo que se relacionava com a sociedade, o conhecimento religioso ou o conhecimento teológico. A vida na sociedade medieval se caracterizava por um forte apelo às questões religiosas e rurais no sentido de que o modo de produção vigente conhecido como Feudalismo foi o mais usado em toda a história desse período, onde grandes extensões de terras do Senhor Feudal eram usadas pelos servos para fugir da miséria e buscar seu espaço no céu. O pensamento iluminista tem como fundamentos a crença no poder da razão humana de compreender nossa verdadeira natureza e de ser consciente de nossas circunstâncias. O homem, então, cria ser o detentor de seu próprio destino, formulando o racionalismo e contrariando as imposições de caráter religioso, sua “razão” divina de existir, e os privilégios dados à nobreza e ao clero, ainda predominantes à época (séculos XVII e XVIII). O Renascimento cultural foi um movimento artístico, cultural e científico, ocorrido nos séculos XIV, XV e XVI, início da Idade Moderna. Foi marcado pela crítica à cultura religiosa medieval, baseada na “fé cega”, quase que a rejeição da ideologia da Igreja Católica Romana, apesar dos temas religiosos presentes em algumas de suas manifestações artísticas. Saint Simon foi o autor de muitas ideias atribuídas ao seu secretário particular August Comte. Seu pensamento ficou entre uma bifurcação ideológica: parte foi aproveitada pelos conservadores e parte pelos socialistas. Foi o precursor do positivismo e, em alguns aspectos, das ideias de Karl Marx, o mais importante teórico do socialismo. Comte nasceu em Montpellier, França, em uma família católica e monarquista. Viveu a infância na França napoleônica. Estudou no colégio de sua cidade e depois em Paris, na escola Politécnica. Tornou-se discípulo de Saint Simon, de quem sofreu enorme influência. Devotou seus estudos a filosofia positivista, considerada por ele como uma religião da qual era o pregador. O positivismo foi uma corrente teórica criada pelo filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), que defendia que a regra para o progresso social seria a disciplina e a ordem, o que influenciou a teoria moral utilitarista de John Stuart Mill (1806-1873). Stuart Mill reformulou o primeiro utilitarismo fundado por seu professor, o filósofo e jurista Jerehmy Bentham. No Brasil, o positivismo político de Comte, renovado pela carga moral utilitarista, influenciou a política praticada nos primeiros anos da Primeira República (1889-1930), devido às referências positivistas trazidas pelos militares e pelo primeiro presidente, o marechal Manuel Deodoro da Fonseca. RESUMO DO TÓPICO