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UNIDADE 1 OLÁ! Você está na unidade A atenção e a percepção do profissional. Conheça aqui o conceito de cuidado, o desenvolvimento do conhecimento na área da enfermagem, os padrões de conhecimento e sua importância para o cuidado em enfermagem. O arcabouço teórico é fundamental para o desenvolvimento do profissional enfermeiro. O cuidado realizado de forma ética, baseado em conceitos e aprendizados teóricos a partir dos padrões de conhecimento pré-estabelecidos e consolidados teoricamente dentro da enfermagem, são determinantes para a qualidade do cuidado. Bons estudos! 1 O cuidado O cuidado, por ser um conceito amplo, pode englobar diferentes significados, podendo ser considerado como solidariedade, remetendo a relacionamentos compartilhados entre pessoas, ou pode transmitir, a depender das circunstâncias, uma noção de obrigação, de dever e de compromisso social. Significando desvelo, solicitude, diligência, zelo e atenção, o cuidado substancializa a vida em sociedade (SOUZA et al, 2005). Por ser amplo, o cuidado também se trata de um fenômeno complexo, sistematizado por meio das múltiplas relações, interações e associações sistêmicas, com vistas a promover e recuperar a saúde do ser humano de forma integral e articulada com tudo que o cerca (BACKES et al, 2016). Se faz necessário a compreensão do significado do cuidado de modo a conhecer modelos e modos de cuidar dentro da enfermagem. Lembrar-se que os modos ou modelos de cuidar não são neutros, advindo de ideias teóricas e/ou filosóficas que norteiam sua execução. As dimensões que o cuidado abrange, tanto social, quanto política e as implicações na vida daqueles que recebem esse cuidado, não são questões unicamente instrumentais ou operacionais, mas que requerem reconhecimento de sua finalidade para a vida humana. Do ponto de vista humanístico, não podemos focar somente no biológico, nas morbidades e poderes de áreas distintas da saúde, que tentam exercer controle sobre ela do ponto de vista social, ideológico, político e econômico. Por este motivo, devemos pensar no cuidado em enfermagem a partir de um referencial teórico e filosófico com valores atribuídos no contexto social e político onde está inserido, visto que a enfermagem, como profissão historicamente filosófico-humana, promove a saúde e construção de cidadania. A valorização do cuidado em enfermagem leva à necessidade moral do respeito e dignidade com o próprio corpo junto ao corpo do outro, de tal modo que reafirme os valores, sentido e existência do cuidado que se preconiza como próprio desta prática profissional. O ato de cuidar implica em empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro, seja em situações de cunho pessoal ou social. O cuidado de enfermagem pressupõe uma visão ética em relação à vida começando por sua valorização. O cuidado em enfermagem, aproxima-se das ideias do humanismo latino ao identificar os seres humanos pela sua capacidade de solidariedade com o próximo, consistindo em uma virtude que integra os valores inerentes ao ser enfermeiro (SOUZA; SARTOR; PRADO, 2005). Precisamos pensar o cuidado em enfermagem, não de forma dissociada do contexto social, moral, político e cultural. Os próprios enfermeiros e enfermeiras estão em processo no mundo, e carregam tradições, valores, estruturações sociais que norteiam seu modo de viver em sociedade. São profissionais, que a partir desses substratos, compreendem e raciocinam como seres no mundo. 1.1 Reflexão para um cuidado ético A partir da reflexão de que, além do viver em sociedade, o cuidar da enfermagem é técnico e científico do ponto de vista biológico, os julgamentos morais se encontram neste panorama biológico-cultural. Desta forma, podemos refletir acerca de alguns aspectos da ética em enfermagem sob a ótica da prática e da responsabilidade. Para tanto é preciso que tenhamos entendimento de que a ética se estabelece ao longo da vida e é reflexo histórico da humanidade com o passar do tempo. Ainda, apresenta-se em acordo com a consciência do homem com ele mesmo, enquanto ser que vive em sociedade (SOUZA; SARTOR; PRADO, 2005). A responsabilidade promove análise cuidadosa das circunstâncias concretas do cuidar e incentiva a tomada de decisões razoáveis, prudentes e equitativas, tão importantes para a ética em enfermagem. A ética da responsabilidade, no âmbito da enfermagem, precisa ser construída no contexto ético da sociedade, pautada nas responsabilidades de saúde de forma mais abrangente e social. Inclusive, sua responsabilidade se compromete com o processo de recuperação da saúde e está motivada pelo interesse recíproco. Pode-se relacionar, portanto, a reflexão ética da responsabilidade no campo da enfermagem às questões de Saúde Pública, principalmente, no que tange ao desenvolvimento de políticas públicas de saúde. Diante dos dilemas éticos internos e que entram em conflito com os sociais, o profissional de enfermagem deve alterar aspectos de sua tradição para torná-los consistentes com seus conhecimentos, a fim de transformar esses dilemas em uma ética ressignificativa a partir dos valores existentes. Não podemos simplesmente suprimir as tradições sociomorais, pois estas, em grande parte, definem nossa sensibilidade e sem nossa tradição. 1.2 O cuidado advindo do conhecimento O cuidado expressa um “saber-fazer”, ou um conhecimento, embasado na ciência, na ética, na estética e na arte, direcionado às necessidades do indivíduo no cenário familiar e social (VALE; PAGLIUCA, 2011). Dentro deste saber-fazer, podemos nos deparar com o conhecimento intuitivo, que inserido no cuidado de enfermagem, posiciona a intuição também como conhecimento, visto que, todo conhecimento pode e deve ser discutido, refutado, ampliado, construído, desconstruído e reconstruído (SILVA; BALDIN; NASCIMENTO, 2003). Para haver formação dos sujeitos do conhecimento na área da enfermagem, necessita de coerência com o princípio da realidade da vida e das incertezas da ciência. Que o espírito científico seja capaz de abarcar os significados do conhecimento profissional coerentemente com a enfermagem-ciência e arte (CARVALHO, 2009). Desse modo, ao se considerar que a ciência se faz com teoria e método, o cuidado de enfermagem se faz com arte e ciência e, neste intento, o sentido da ciência da enfermagem encontra-se no saber-fazer, na prática do exercício de sua arte, campo de aplicação de seus conhecimentos (FERREIRA, 2011). 2 O desenvolvimento do conhecimento na enfermagem O conhecimento na enfermagem enfrentou a indefinição da identidade profissional e a imagem que a sociedade tinha da profissão. Isso fica claro na década de 1980, onde as produções são marcadas pelo investimento de afirmação do status profissional, a definição do papel do enfermeiro e a busca de autonomia. Os Anais dos Congressos Brasileiros de Enfermagem (CBEns), ocorridos nessa década, refletem em parte o processo de construção do conhecimento, e evidenciam a crise em que a Enfermagem se encontrava (SILVA; PADILHA; BORENSTEIN, 2002). No entanto, as reflexões que se sucederam nos CBEns, contribuíram para apontar caminhos na ação profissional, enquanto disseminação no processo de construção do conhecimento de Enfermagem. Essa disseminação reflete o processo dinâmico e político na construção deste conhecimento que está diretamente relacionado às transformações globais, sejam sociais, econômicas e políticas. Sabe-se que o corpo de conhecimento em enfermagem não é estático, ele se transforma conforme os acontecimentos históricos na sua trajetória. Alguns desses acontecimentos são as próprias teorias de enfermagem, expressão formal do padrão empírico de conhecimento, ou da ciência da enfermagem (GARCIA; NOBREGA, 2004). A construção do conhecimento baseado nas teorias de enfermagem se deu pela identificação e definição de conceitos que representam fenômenos do campo de interesse da enfermagem, e a inter-relação dessesconceitos em proposições teóricas que refletem visões específicas desses fenômenos, determinando inovações, evoluções e/ou revoluções no saber e no fazer da enfermagem. 2.1 As fases da enfermagem: do cuidado popular à construção de teorias Anterior às teorias de enfermagem, pôde-se identificar, para fins didáticos, quatro períodos profissionais, ou fases, que a enfermagem percorreu. O estudo de Gomes et al (2007) buscou identificar essas fases e relacionar às questões investigativas que incitaram a evolução do conhecimento científico. Ressalta-se que tais fases não aconteceram, necessariamente, em ordem cronológica, elas se sobrepuseram e ainda se sobrepõem. Desta forma temos as quatro fases a seguir: • Fase 1 - conhecida como “O QUE FAZER?”, concentrou seus esforços na identificação de quais ações, relativas ao paciente e ao ambiente, proporcionariam a manutenção e a recuperação da saúde. Também, nesta fase, há a necessidade de traçar o perfil do profissional de enfermagem a partir dos padrões morais. Foi a partir do conhecimento adquirido por Florence Nightingale que a enfermagem se tornou uma profissão respeitável. Florence procurou distinguir o saber da enfermagem do saber médico e mostrou que era possível e necessário formalidade e padronização na formação dos profissionais enfermeiros, para que esses profissionais adquirissem os conhecimentos oriundos ao campo da enfermagem. Dentre os conhecimentos produzidos por Florence, a ambientação dos hospitais, sua construção e reformas que trariam menores taxas de mortalidade. Este conhecimento está inserido na Teoria Ambientalista de Florence Nightingale, que se orientava por princípios relacionados ao ambiente físico, psicológico e social, essenciais para o bem-estar e recuperação dos pacientes internados. Dentro do controle ambiental, destaca-se a necessidade de troca de ar e de luz solar nos quartos dos hospitais, o destino adequado dos esgotos, bem como a importância de uma alimentação saudável. • Fase 2 - a enfermagem buscou a definição para o “COMO FAZER?”, centrado na conquista do domínio técnico. Nesta segunda fase, final do século XIX, a medicina teve grande avanço tecnológico no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento de morbidades. É nesta mesma época que há um grande aumento no número de hospitais, demandando profissionais para atender ao número de pacientes. Por conta disso, o ensino da enfermagem ficou centrado na técnica, na habilidade, destreza, rapidez, postura e organização. Os saberes técnicos estavam subordinados à prática da medicina, onde a enfermagem era considerada como o braço direito do profissional médico, que detinha o conhecimento. A enfermagem não mais questionava suas ações, apenas realizava seus procedimentos técnicos, limitados às ações curativas, com foco nas doenças e na ideologia de sua cura. • Fase 3 - esta fase é relativamente curta, porém, importante para a cientificidade da enfermagem, onde a mesma, baseada em princípios científicos, investigou o “POR QUE FAZER?”. É na terceira fase que a enfermagem se aproxima do saber médico com mais intensidade, buscando, nos princípios de anatomia, fisiologia, microbiologia, dentre outras disciplinas, respaldar suas ações. Além do saber científico, se dá início ao trabalho em equipe e os primeiros passos no que tange à saúde do trabalhador. Neste período o foco é o paciente como um todo, não mais somente uma patologia, em que as necessidades psicológicas e sociais também se faziam importante. No entanto, mesmo com todo o suporte científico, a subordinação à classe médica ainda se mantivera. • Fase 4 - é onde nos encontramos atualmente. A enfermagem está aplicada na pesquisa científica, na tentativa de construir uma resposta para a questão “QUAL O SABER PRÓPRIO DA ENFERMAGEM?”. Para responder este questionamento, há a construção das teorias de enfermagem, nas quais inúmeras teóricas buscam consolidar o conhecimento produzido no campo da enfermagem, sendo a percursora da enfermagem moderna, Florence Nightingale, que realiza a primeira tentativa de separar os saberes da enfermagem dos saberes da medicina. Portanto, e relembrando o caráter científico com o qual Florence constrói seu conhecimento visto na primeira fase, ela é considerada a primeira teórica da enfermagem. No decorrer do século XX, outras teóricas assumiram a tarefa de construção do corpo de conhecimento para a enfermagem a fim de lhe conceder grau de ciência. 2.2 As teorias de enfermagem As teorias dentro do campo da ciência cumprem funções ideológicas. Para a enfermagem, reconhecer o que confere ou não conhecimento dentro do campo científico é necessário para seu desenvolvimento enquanto ciência. Desta forma, é preciso discussões críticas acerca do conhecimento, das teorias e sua aplicabilidade nas investigações, possibilitando à profissão focar em suas problemáticas (GOMES et al, 2007). A seguir temos, como resultado da pesquisa de Schaurich e Crossetti (2010), em ordem de utilização na disseminação do conhecimento, uma síntese das teorias de enfermagem. • Teoria de enfermagem humanística de Paterson e Zderad Resgata a dimensão humanística do cuidado e possui fundamentação na epistemologia existencial-fenomenológica. Desta forma permite lançar um olhar ao homem como ser que vivencia situações existenciais únicas de saúde e de doença, olhar diferente daquele que o modelo biomédico perpetua na área da saúde. • Teoria do cuidado cultural de Leininger Permite a compreensão dos fenômenos de saúde e doença, individuais ou coletivos/populacionais, e apresenta sua relação com os hábitos cotidianos, crenças, costumes e demais aspectos culturais de onde demanda o cuidado. Ainda, este referencial conta com uma proposta metodológica própria, favorecendo o desenvolvimento de pesquisas. • Teoria do autocuidado de Orem Possibilita que ações educativas promovidas pelo enfermeiro possam desenvolver atitudes de autocuidado, individual ou coletivamente. Essas três teorias apresentadas foram as mais utilizadas para fundamentar produções científicas entre 1997 e 2007. No entanto, o estudo promovido por MATOS et al. (2011), apontou que as teorias mais frequentemente estudadas, junto de teóricas suas, em cursos de graduação em enfermagem, no Estado do Paraná, são as enumeradas abaixo. • Teoria das necessidades humanas básicas de Wanda Horta Teórica brasileira, bastante conceituada por sua teoria fundamenta nas necessidades humanas básicas, desenvolvida a partir de conceitos da motivação humana, onde o não atendimento de necessidades geram desequilíbrio trazendo desconforto que, se prolongado, pode causar doenças. • Teoria humanística e humanitária de Martha Elizabeth Rogers Considera o paciente de maneira global e em constante desenvolvimento, não importando seu cenário, posição social, faixa-etária ou se está ou não doente. O papel do profissional de enfermagem é interagir com o “homem unitário”, ajudando-o no alcance do máximo bem-estar. • Teoria do cuidado transpessoal de Jean Watson Propõe que a enfermagem se concentre nos cuidados de perspectiva humanística combinados com a base de conhecimentos científicos, voltados à promoção da saúde. É preciso que profissional de enfermagem desenvolva filosofias humanísticas e sistemas de valores imprescindíveis à formação sólida da ciência do cuidado, adquirindo amplo conhecimento nas artes liberais, expandindo sua visão de mundo, além de desenvolver o pensamento crítico. • Teoria do alcance de objetivos de Imogenes King Descreve a atuação do profissional de enfermagem mediante a compreensão de que o ser humano deve ser visto a partir do pessoal, do interpessoal e do social. A interação do binômio enfermeiro-pessoa estabelece o alcance de metas de saúde, propiciando o desenvolvimento de potencialidades no cliente (pessoal), pessoa (interpessoal) e comunidade (social) (MOURA; PAGLIUCA, 2004). Embora as teoriasdetenham pouca aplicabilidade além do meio acadêmico e científico, elas possibilitam o desenvolvimento do pensamento crítico para o cuidado do ser humano. Portanto, as teorias de enfermagem, representam o saber dos profissionais enfermeiros, não devendo conceber sua formação sem o estudo das mesmas. Entretanto, o fato de sua pouca aplicabilidade na prática, dificulta seu uso no cotidiano dos profissionais. 3 Os padrões de conhecimento da enfermagem Os padrões de conhecimento da enfermagem são dinâmicos e multidimensionais, não sendo sempre possível classificar o conhecimento utilizando apenas um padrão. Cada conhecimento pode subsidiar uma ação, porém, é a partir da interligação entre eles que se dá a realização do cuidar com excelência (LACERDA; ZAGONEL; MARTINS, 2006). Inicialmente, temos a descrição de quatro padrões de conhecimento: • o empírico, • o estético, • o conhecimento pessoal e • o ético. Posteriormente há a introdução e descrição de mais dois padrões: o desconhecimento e o conhecimento sociopolítico. A seguir serão conceituados os diferentes padrões de conhecimento da enfermagem. 3.1 O padrão de conhecimento empírico Conhecido também como a ciência de enfermagem, esse padrão se caracteriza por sua sistematização e organização, advindo da pesquisa, considerado fonte preliminar do conhecimento para desenvolver o cuidado. Seu propósito é o de explicar e descrever os fenômenos, testando-os em situações práticas. É a aplicabilidade do conhecimento próprio da enfermagem promovendo o seu reconhecimento como ciência. Esse padrão é coerente com a visão tradicional, e seu conhecimento é baseado em fatos, sendo descritivo e fundamentalmente voltado para o desenvolvimento de explicações teóricas e abstratas (CESTARI, 2003). 3.2 O padrão de conhecimento estético Denominado de arte da enfermagem, o padrão estético se manifesta por meio do processo de interação entre o profissional enfermeiro e o indivíduo que está sob seus cuidados. Se denomina arte no sentido de relacionar-se, de perceber o indivíduo, realizando as ações de cuidado de forma que reflitam significativa e positivamente, tornando o ser sob os cuidados coautor dessas ações;criando laços de cumplicidade. Esta percepção da ação de cuidar, integrando meios e fins, se torna extremamente visível a partir dos comportamentos, atitudes, condutas e interações entre o profissional e o paciente. 3.3 O padrão de conhecimento pessoal Se dá através do conhecimento do próprio self, pois, somente a partir do autoconhecimento, é que a pessoa é capaz de conhecer outro ser humano como pessoa. O padrão pessoal é um processo dinâmico reconhecendo o outro em sua totalidade. É estar disposto e receptivo ao outro, e compreender suas necessidades, despindo-se de todo e qualquer juízo pessoal e de valor. Incentivar o indivíduo a assumir seu próprio cuidado, aceitando a liberdade e reconhecendo que cada pessoa não é uma entidade fixa. O profissional enfermeiro deve utilizar sua imparcialidade e permitir-se uma introspecção em suas experiências de vida para construir significados próprios. O padrão pessoal permite à enfermagem agregar competência profissional junto de sua contribuição pessoal, dando aporte para um cuidado genuíno, de forma ética, científica e ao mesmo tempo sensível. 3.4 O padrão de conhecimento ético Este padrão é orientado pela responsabilidade, o julgamento sobre o que é bom ou não, se deve ou não ser realizado, perpassando a base de códigos de ética, normas e condutas, demandando do profissional conhecimento nesta área. Para intervir positivamente deve-se realizar a melhor escolha, o que é mais apropriado em determinada situação, utilizando- se do bom senso, avaliando o contexto e circunstância. O padrão ético por si só, não descreve ou prescreve como deve ser a decisão, confrontando os profissionais com escolhas que não podem ser tomadas simplesmente recorrendo às determinações do código de ética. Estabelecer critérios de avaliação para este padrão de conhecimento é difícil e importante, tornando o desenvolvimento de um conhecimento ético cada vez mais necessário. 4 Ampliação dos padrões Após esses quatro padrões de conhecimento, podemos dizer que eles foram ampliados. E eles acabam entrelaçando-se. Confira a seguir os dois novos padrões inseridos neste rol. 4.1 O padrão de desconhecimento Compreende o reconhecimento do enfermeiro em perceber que não conhece o mundo do outro e sua subjetividade. Está atrelado ao saber ético e é capaz de promover prontidão a aprender como, quando e onde a teoria e a pesquisa podem ser usadas para produzir um resultado desejado, focalizando o outro, que se encontra muitas vezes fragilizado e necessitando de cuidados. O deixar-se de lado do enfermeiro faz emergir o outro através de seus pensamentos, anseios e perspectivas de vida. Colabora para uma compreensão maior, propiciando um relacionamento mais próximo, satisfatório e confiante entre enfermeiro e o ser cuidado, subsidiando o cuidado terapêutico. 4.2 Padrão de conhecimento sociopolítico O padrão de conhecimento sociopolítico foca em um amplo contexto do processo de cuidado, que incluem o processo organizacional, cultural e político que influenciam o paciente, a família, o enfermeiro, outros profissionais da saúde, a profissão e outras estruturas que envolvem o processo de cuidar. O enfermeiro precisa prover um domínio crítico do meio social, da política e da economia e analisar como este domínio afeta a saúde das pessoas e das comunidades. Esses efeitos incluem a posição e a visibilidade da enfermagem no planejamento das políticas e decisões sobre as questões de saúde de forma crítica. A enfermagem necessita ter sua formação voltada para esse padrão do conhecimento a fim de desenvolver e/ou aperfeiçoar formas de enfrentar e superar entraves que dificultam seu cuidado. Apesar de buscarmos conhecer todos os padrões de conhecimento na enfermagem, o cuidar nos reserva inúmeras surpresas, pois como disserta Lacerda, Zagonel e Martins (2006): “ É preciso aceitar o inexplicável e não conhecido dos pacientes, enfermeiras, relacionamentos, processo saúde-doença, questões sociopolíticas que podem admitir exploração dos significados e caminhos nos quais algumas experiências vividas não podem ser declinadas ou explicadas porque nunca talvez tenhamos tido aquela experiência. ” 5 Identidade profissional e autonomia da enfermagem A tentativa de definir a enfermagem, em um primeiro momento, parece algo bastante simples e direto. Geralmente o nosso pensamento nos leva a definir a enfermagem descrevendo-a pelo fazer do enfermeiro, pelo que ele exerce enquanto profissional. Isso ocorre pois o “fazer”, a arte da enfermagem, o padrão estético, é tão evidente e palpável que conseguimos enxergar a enfermagem a partir e somente por meio destas lentes. No entanto, precisamos de um olhar mais aprofundado e ampliado da enfermagem, se distanciando da singularidade do “fazer”, para consolidar-se por três grandes bases: disciplina, identidade e profissão (CHANES, 2018; TEODOSIO et al, 2017). 5.1 Enfermagem enquanto disciplina Como já foi visto, a enfermagem tenta se impor enquanto ciência desde o início da enfermagem moderna a partir dos conhecimentos difundidos por Florence. Quando a definimos como a ciência do cuidado, estamos contribuindo para a consolidação de sua identidade. Enquanto disciplina a enfermagem necessita de duas vertentes para se estabelecer como tal, se apropriar de saberes e conhecimento e produzir o seu próprio conhecimento e saberes que irão guiar o pensamento e trabalho do profissional enfermeiro. Ao se apropriar de fatos, dados, conceitos, investigações e abordagens que a distinguem de outras disciplinas da saúde, a enfermagem define e delimita suas fronteiras do conhecimento. 5.2 Reconhecimento da enfermagem enquanto profissão Quando pensamos na enfermagem compreendida como profissão,nos remetemos a algo mais palpável, tais como seus métodos e recursos profissionais, no entanto, nem sempre foi desta forma. Historicamente a imagem da enfermeira não tinha o status que tem hoje, de profissional respeitável por seu amplo conhecimento depositado no processo de cuidado. Novamente invocamos a precursora da enfermagem, Florence Nightingale, que iniciou este processo de profissionalizar esta ocupação. A enfermagem, anteriormente à Florence, era executada por pessoas leigas e marginalizadas, não havendo formação de nenhum tipo para execução de suas atividades. A partir da falta de um padrão de ensino de enfermagem, Florence elaborou um modelo de Escola de Enfermagem, ensinando raciocínio crítico, atenção às necessidades individuais e o respeito aos direitos do paciente. A sistematização do ensino transformou a enfermagem em uma das ocupações mais importantes dentro dos hospitais em sua época. Porém, ainda não havia alcançado o patamar de profissão, sendo reconhecida sua formação como um treinamento para uma ocupação. Alcançar o status de profissão, exigiu da enfermagem o estabelecimento de métodos e recursos, provenientes dos saberes da disciplina de enfermagem (conhecimento). A educação, treinamento, implementação e avaliação destes métodos e recursos só foi possível quando a enfermagem teve domínio de seu conhecimento. Desta forma, novos instrumentos e/ou métodos surgiram para fortalecer a enfermagem como profissão. Estabelecendo a enfermagem na qualidade de profissão, o Processo de Enfermagem (PE) e a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) surgem como tecnologias para o alcance das metas dos profissionais da área de enfermagem, auxiliando no processo do cuidado, visando qualidade na assistência, sendo ambas ferramentas de uso exclusivo da profissão. O PE e a SAE possuem características que enaltecem a enfermagem tanto como ciência, quanto arte, pois exige conhecimentos atualizados e cuidado executado de forma humana e ética. Assim, o olhar para Enfermagem como profissão e disciplina se consolida em um único conceito. A busca por ferramentas decorrentes do conhecimento e dos saberes oriundas da enfermagem como ciência só possível a partir da produção de Teorias de Enfermagem, vistas anteriormente. As teorias são essenciais para o reconhecimento da enfermagem como profissão, visto que elas tratam exatamente do objeto foco da profissão que é o cuidado e o processo de cuidar. A primeira teorista foi Florence Nightingale, que descreveu o papel do enfermeiro como alguém que deveria colocar o paciente na melhor condição possível para que a natureza pudesse restaurar ou preservar sua saúde. As teorias surgiram com a finalidade de atingir uma identidade própria, buscando um campo de conhecimento específico para dar significado às práticas da enfermagem, bem como conquistar um papel social para as enfermeiras, este último, bastante importante para o estabelecimento do status de profissão. A construção da imagem profissional para a enfermagem, também surge como um importante dispositivo para que a profissão não ficasse à sombra de outras ocupações da área da saúde. Portanto, o estabelecimento de saberes próprios, sua própria ciência e seus métodos, busca a não sobreposição e a não realização do trabalho de outras disciplinas e profissionais da área da saúde. Essa imagem da enfermagem como profissão só é possível se o próprio profissional entender seu papel enquanto enfermeiro, ou seja, sua identidade profissional. 5.3 Identidade profissional A identidade profissional é um processo de significação a todo momento, é enxergar-se, reconhecer-se e aceitar-se com a possibilidade de afirmação como um sujeito de saberes, conceitos e espaços e que, ao possuir um autoconceito adequado, consegue alcançar melhores resultados profissionais. O autoconceito, inerente à identidade profissional, provém do seu papel na sociedade, sendo produto de mecanismos sociais, de características pessoais e do contexto. Assim, com um autoconceito bem definido, o enfermeiro consegue atuar em seu papel social de maneira consciente e preditiva, não se esquecendo de sua importância e relevância social. Para contribuir com o autoconceito e a identidade profissional, o PE e a SAE são, novamente, ferramentas promotoras de autonomia, gerando benefícios como o reconhecimento pela qualidade da assistência prestada permitindo, refletir acerca da importância social e da responsabilidade profissional do enfermeiro. Esta autonomia pode ser definida como habilidade de autodeterminação, de ser independente, isto é, o indivíduo tem o poder e a habilidade de decidir ou agir sobre si mesmo. A luta pela identidade e autonomia profissional do enfermeiro é histórica e incessante, tanto que essas questões ainda são bastante discutidas no meio acadêmico, profissional e político-social, pois perpassam por diversos fatores, como imagem profissional, salário, reconhecimento, espaço de trabalho, papel e saber/fazer próprios. Desta forma Teodosio et al (2017), conceitua a identidade profissional de enfermeiros como: um processo histórico, complexo, multidimensional e coletivo, se constituindo tanto de elementos da trajetória biográfica do indivíduo, quanto das suas relações sociais e profissionais, origina-se no processo de formação e é (re/des)construído pelo modo de ser e estar dos enfermeiros no cotidiano da prática profissional. Portanto, diante dessa descrição conceitual, conseguimos concluir que o tripé que engloba a disciplina, profissão e identidade, é importante para proteção da autonomia, caráter, competência e reconhecimento social da enfermagem, possibilitando a realização de um cuidado de qualidade. Esse tripé fica representado na imagem a seguir, onde podemos ver a “Interrelação da disciplina, profissão e identidade como pilares da enfermagem”. É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as noções e conceitos do cuidado em enfermagem; • compreender e refletir acerca do cuidado centrado na ética e na valorização da enfermagem enquanto detentora de conhecimento; • aprender que o cuidado é proveniente de conhecimento científico; • estudar sobre o desenvolvimento do conhecimento na enfermagem a partir de um resgate histórico e teórico que abrangeu algumas teorias de enfermagem; • conhecer os padrões de conhecimento através de seus conceitos; • desenvolver pensamento crítico e reflexivo acerca da identidade profissional e autonomia da enfermagem. REFERÊNCIAS BACKES, D. S. et al. Interatividade sistêmica entre os conceitos interdependentes de cuidado de enfermagem. Aquichan., v. 16, n. 1, p. 24-31, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.5294/AQUI.2016.16.1.4. Acesso em: 19 mar. 2020. CARVALHO, V. 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A importância de se estabelecer teorias de enfermagem se justifica em virtude de que, conforme dispõe o Conselho Federal de Enfermagem - COFEN (2020), o número de enfermeiros dispostos nas unidades federativas brasileiras alcança a soma de cerca de 2.249.362 profissionais, divididos em auxiliares, técnicos, enfermeiros e obstetrizes (BRASIL, 2020). Logo, um número crescente e que, já na formação acadêmica, precisa compreender sua importância, postura, ética, criticidade e finalidade. 1.1 Conceito Conforme disposto no Dicionário Online de Português (2020), enfermagem é considerada como a função de quem é responsável pelo tratamento de pessoas enfermas, providenciando remédios, fazendo curativos, cuidando da higiene do paciente. E, para Horta (1974), a enfermagem não surgiu do acaso, uma vez que tem como propósito o homem e sua finalidade é o homem, existe para servir pessoas e tem responsabilidade com a sociedade. Evidentemente, nas ações pertinentes à enfermagem, há uma gama complexa e indexada de intervenções, dentro de um cenário, um contexto, no qual há protagonistas e fatores antagônicos. Nesse sentido, assinalam Vale e Pagliuca (2011) que, “o foco da atenção da enfermagem é o ser humano, com suas necessidades biopsicosocioespirituais, e a função precípua do enfermeiro é o cuidado de enfermagem, cujo objetivo centra-se na promoção da saúde, na prevenção de doenças e na recuperação e reabilitação da saúde”. De tal forma, fica evidente que há muitas interfaces ou inter-relações que ligam e implicam na área de enfermagem, em suas ações, suas intervenções, rotinas e demandas. E, nesse cenário, o conhecimento e o desenvolvimento de habilidades, por parte do profissional em saúde, revela mais do que um modelo fundamentado numa experiência terapêutica que parte do ser, independente do ser-paciente ou do ser-enfermeiro, sobretudo, num partilhar, numa co-ação entre aquele que é alvo do cuidado e daqueles que o cuidam. Logo, questões emergem visando alcançar como desempenhar o cuidado terapêutico na área de enfermagem. Em que se fundamenta o fazer do enfermeiro, o que norteia as ações e intervenções em enfermagem? De quais teorias a enfermagem lança mão? Vale lembrar aquilo que o Dicionário Online de Português (2020) define como teorias: princípios, doutrinas, ideias, conjunturas, ensinamentos, fundamentos, generalidades. 1.2 Fundamentos da enfermagem Historicamente, essa sistematização teórica foi formulada visando fundamentar os cuidados de enfermagem e possibilitar autonomia e independência quando da atuação junto ao paciente, surgindo, então, as primeiras teorias de enfermagem. 2 Teorias da enfermagem Santos et al. (2018, p. 595) destacam que, “ao longo do tempo, o “saber” e o “ser” da enfermagem eram constituídos a partir dos modelos religiosos do cuidado que perduraram até o final do século XIX. Esses modelos eram baseados em procedimentos caseiros e executados por grupos voluntários de igrejas e mesmo escravos. O objeto do cuidado eram os mais necessitados”. Você pode estar se perguntando: quem deu início à teorização da enfermagem? Confira. 2.1 Teoria ambiental De acordo com Santos et al. (2018, p. 594), até a década de 1910, tal teorização partiu da construção do processo do pensamento científico da enfermagem proposto por Florence Nightingale, com a Teoria Ambiental, que, em sua “trajetória, realizou a identificação do conhecimento e conteúdos necessários para a tomada de decisão da área. Delimitou padrões morais para o perfil de profissional e os relacionou com a doença e o ambiente na manutenção da saúde. O foco da época, denominada “enfermagem moderna”, permeou o “o que fazer?””. Para Florence Nightingale, a saúde do paciente estaria atrelada a um ambiente com condições de higiene e aspectos sanitários adequadas (aeração, luz, aquecimento, silêncio e nutrição adequada). Logo, o foco era o ambiente, uma vez que este exercia influência na saúde do indivíduo. A saúde visava a um processo de reparar danos que o ambiente causara. Cabendo à enfermagem o papel de alocar o paciente em posição que culminasse num bom cuidado e, consequentemente, na sua melhora (CARVALHO, 2013). 2.2 Teoria do autocuidado Carvalho (2013) aponta que, em 1914, Dorothea Orem definiu a teoria do autocuidado,fundamentada nas necessidades (biológicas, psicológicas sociais ou de desenvolvimento) do autocuidado enquanto atividade aprendida e orientada por metas estabelecidas pelo próprio indivíduo para a manutenção da vida, da saúde e do seu bem-estar. Nesta teoria, a enfermagem auxilia o indivíduo a maximizar, progressivamente, suas metas de autocuidado. Segundo define Albuquerque (2015), esta teoria postulada por Orem, focada no autocuidado, seria executada através da prática de atividades que os indivíduos desempenham em seu próprio benefício para manter a vida, saúde e bem-estar. Estando o indivíduo com o poder/competência/potencial para se engajar no autocuidado, entendendo suas necessidades individuais para a manutenção desse tripé. 2.3 Teoria da adaptação Outra teoria proposta surge, então, em 1939, por Sister Calista Roy, a chamada teoria da adaptação, levava em conta o auxílio ao paciente (ser social, mental, espiritual e físico, afetado por estímulos do ambiente interno e externo) em adaptar-se às mudanças enquanto em estado de enfermidade. As intervenções em enfermagem só aconteceriam quando o paciente não conseguisse ou pudesse se adaptar às demandas internas ou externas (estas determinadas pela enfermagem que, então, determina os cuidados necessários) (CARVALHO, 2013). Albuquerque (2015) salienta ainda acerca da teoria proposta por Roy que, a adaptação se daria sobre quatro aspectos: • necessidades fisiológicas (exercício/repouso, nutrição/alimentação, fluido/eletrólito, oxigênio/circulação; regulação da temperatura, regulação dos sentidos e do sistema endócrino; • autoconceito (integridade psicológica do indivíduo); • função no papel (regras ou limites de comportamento para ocupar uma série de posições na sociedade); e • interdependência (o homem está em constante relação com os outros). 2.4 Teoria das relações interpessoais em enfermagem Carvalho (2013) aponta que, em 1952, Hildegard Peplau postulou a Teoria das relações interpessoais em enfermagem. Esta com foco nas relações interpessoais entre o enfermeiro e o paciente. Dessa relação, quando da confiança expressa pelo paciente ao enfermeiro, se estabeleceria quais seriam os problemas e quais as soluções potenciais. Logo, ambos lutariam para as tensões advindas das necessidades. Nascendo, assim, uma enfermagem fundamentada na empatia, significativa, terapêutica, interpessoal, na qual o enfermeiro observa, reconhece a necessidade do paciente e reage a ela. Logo, com os avanços nas ciências física e química e das tecnologias, estas com determinantes impactos na medicina, além do fato de que, cresceu o número de instituições hospitalares, a proposição de práticas médicas e de enfermagem gerando, de tal modo, o modelo de assistência biomédico na prática de enfermagem (SANTOS et al., 2018). 2.5 Teoria holística Myra Levine, em 1967, define os pressupostos da Teoria Holística, que concebe o paciente enquanto ser dinâmico que interage num ambiente também dinâmico. Conforme Levine, o ambiente estimula fisiologicamente os níveis de resposta do organismo e, neste, a enfermagem conservaria as energias do paciente avaliando as respostas que este dá diante desse estímulo (CARVALHO, 2013). 2.6 Teoria do modelo conceitual do homem Em 1970, Martha Rogers postula a Teoria do modelo conceitual do homem. Parte do foco de que o homem, enquanto ser unificado, íntegro, continuamente interage com o meio, e, o enfermeiro entende essa interação e dela extrai o máximo de bem-estar para o paciente. Para Rogers, a enfermagem seria para todos: ricos ou pobres, saudáveis ou doentes, independentemente do local: em casa, na escola, no trabalho, hospital ou asilo. Visava conceituar cientificamente a enfermagem como ciência e como prática, para que, assim, a enfermagem se efetivasse de forma crítica, fundamentada e segura (CARVALHO, 2013). 2.7 Teoria das necessidades humanas básicas No Brasil, segundo destacam Silva et al. (2017), já na década de 1960, através dos pressupostos definidos e propagados pela enfermeira Wanda de Aguiar Horta nasce a Teoria das necessidades humanas básicas - NHB. A preocupação estava voltada para a prática não reflexiva e dicotomizada da enfermagem, bem como, numa tentativa de unificar o conhecimento científico da enfermagem para proporcionar-lhe autonomia e independência. Teoria esta embasada na teoria de motivação humana, de Abraham Maslow. Além de precursores, os estudos de Horta motivaram, em 1979, o fazer da enfermagem por processos. No entender de Horta (1974, p. 1) a NHB: Desenvolve-se [enquanto] uma teoria que procura explicar a natureza da enfermagem, seu campo especifico e sua metodologia de trabalho. Fundamenta-se na teoria de Maslow para explicar ser a enfermagem um serviço prestado ao Homem visando assisti-lo no atendimento de suas necessidades básicas e desta maneira contribuir para mantê-lo em equilíbrio no tempo e espaço, seja prevenindo desequilíbrios, ou revertendo estes em equilíbrio. Da teoria proposta inferem-se os conceitos de enfermagem, assistir, assistência e cuidados em enfermagem. Algumas proposições e princípios também são expostos. Tendo a Teoria das Necessidades Humanas Básicas por fundamento, estabelece-se a metodologia ou Processo de Enfermagem em 6 fases: histórico, diagnóstico, plano assistencial, plano de cuidados, evolução e prognóstico. Salienta-se a importância do desenvolvimento de habilidades denominadas instrumentos básicos, para a execução do Processo de Enfermagem. Para melhor ilustrar as cinco categorias de necessidades humanas propostas por Horta, observe a hierarquia das necessidades humanas compostas na Pirâmide de Maslow. Figura 1 - Hierarquia das necessidades de Maslow Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de Albuquerque (2015). #PraCegoVer: A imagem mostra um triângulo, indicando a fisiologia (respiração, comida, água, sexo, sono, homeostase e excreção) na base na cor vermelha, aí mais pra cima tem a segurança (segurança do corpo, do emprego, de recurso, da moralidade, da família, da saúde, da propriedade) na cor laranja, em seguida tem o amor/relacionamento (amizade, família, intimidade sexual) em amarelo. Na sequência, a estima (em verde), com a autoestima, confiança, conquista, respeito dos outros, respeito aos outros. E, por fim, no topo da pirâmide, a realização pessoal na cor lilás (moralidade, criatividade, espontaneidade, solução de problemas, ausência de preconceitos e aceitação dos fatos. A década de 1970, fora tão marcante para a área de Enfermagem que, nos Estados Unidos, o processo de enfermagem consistia nas seguintes fases: assessment (avaliação), diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Aquele crescimento incorreu na padronização de linguagem dos diagnósticos de enfermagem sendo introduzida pela NANDA - North American Nursing Diagnosis Association (SANTOS et al., 2018). Aprofundando um pouco mais acerca da Teoria das NHBs, Souza (2013) assinala ainda as percepções dessa metodologia segundo João Mohana que a considera descritiva, sequencial, com caráter didático, sob a égide filosófica de que o “homem é um todo indivisível” e suas necessidades estão intimamente ligadas, ainda, classifica as Necessidades Humanas Básicas em três níveis: • necessidade psicobiológicas; • necessidades psicossociais; e • necessidades psicoespirituais. Para Souza (2013), Mohana considera que os aspectos psicológicos do indivíduo estão intimamente relacionados com o seu próprio corpo físico, com o seu contexto social e com a sua espiritualidade (normalmente manifestada por uma religião por ele eleita), e, nesta visão, os dois primeiros níveis, as necessidades psicobiológicas e as psicossociais são comuns a todos os seres vivos, com prevalência das psicoespirituais, pois são do terceiro nível, logo, característica exclusiva dos seres humanos. Destaca-se que, de tal forma que, todo esse avanço no planejamento e nateorização das ações e intervenções do campo da Enfermagem foram extremamente profícuos, pois, naquela década (1970), as teorias de enfermagem corroboraram para o advento de um planejamento da assistência de enfermagem por meio do arcabouço conceitual construído sobre os fenômenos do cuidado, prática consolidada pelo processo de enfermagem (SANTOS et al., 2018). Santos et al. (2018) assinalam ainda que, em meados de 1980, acontece, no Brasil, via promulgação de resolução do COFEN (Conselho federal de enfermagem), a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) enquanto atividade privativa do enfermeiro, implementada no contexto em que existe atendimento de enfermagem, com o emprego do método científico e embasamento nas teorias da área. As teorias de enfermagem proporcionam a oportunidade de reflexão para que o graduando faça relações entre as atividades reais do trabalho e os conceitos elaborados na área. Isso permite a atribuição de significado às ações e avaliação da prática. A compreensão do potencial de suporte teórico subsidiado pelas teorias gera oportunidades para que o aluno possa ressignificar o cenário didático e apreender dele um potencial transformador em suas ações do cuidado (SANTOS et al., 2018, p. 595). Outras teorias propuseram uma sistematização da enfermagem em diferentes visões acerca do foco, da saúde, do ambiente, da enfermagem desde então. Como exemplos, ainda, há como teorias do cuidado a Teoria da Enfermagem Transcultural de Madeleine M. Leninger, fundamentada nos cuidados da enfermagem. Estes, variam de cultura para cultura em suas expressões, processos e padrões, tais como estrutura social, religião, tradição, em que as pessoas expressam cuidado de acordo com seus valores. Logo, o cuidado seria um construto social (uma relação construída ativamente) (CARVALHO, 2013). Há também, segundo ressalta Carvalho (2013), a Teoria da Ciência Filosófica do Cuidado de Jean Watson e a Teoria do Alcance dos Objetivos de Imogenes King. Albuquerque (2015) destaca ainda outras teoristas da Enfermagem, tais como: Lydia E. Hall, Virgínia Henderson, Faye Abdellah, e, Ida Orlando. Pois, para Albuquerque (2015, p. 4) “cada uma das teoristas descreve a natureza do homem oferecendo uma visão abrangente de um humanismo pluridimensional que engloba indivíduo e pessoa, corpo, mente e alma - soma psique - em constante interação com o meio ambiente formando um todo integrado ou sistema”. De acordo com Carvalho (2013), embora cada uma das teorias da Enfermagem tenha peculiaridades, a maior parte dessas teorias de enfermagem têm quatro fundamentos como pilares básicos: • o ser humano (pessoa receptora do cuidado da enfermagem, desde indivíduos a família, comunidade e grupos); • a saúde; • o meio ambiente (físico, social e simbólico que exercem influência sobre as pessoas, cenário em que se prestam os serviços de cuidados às pessoas); e • a enfermagem. Para resumir e ilustrar algumas das teorias de Enfermagem, observe o quadro a seguir. Teórica Teoria Fundamentação Básica Florence Nightingale Teórica ambientalista O enfermeiro deve manipular o ambiente do paciente para facilitar os “processos reparadores do corpo". Wanda Horta Teórica da Necessidades Humanas Básicas (NHB) Baseado nas necessidades psicossociais e psicoespirituais, propõe uma metodologia para o processo de enfermagem focando o ser humano integral, na busca do equilíbrio biopsicossocial. Virgínia Henderson Teorias das Necessidades Básicas Função da enfermagem é assistir o paciente, ajudando-o a ganhar independência. Hildegard Peplau Teorias das Relações Interpessoais Desenvolver interação enfermeiro - paciente. Imogene King Teorias do alcance dos objetivos Focaliza o processo de interação enfermeiro-paciente com a ideia objetivos central que há um sistema social, interpessoal e pessoal. Lydia Hall Teoria da Pessoa, do Cuidado e da Cura Afirmou que o cuidado individual pode ser visto em três diferentes áreas: cuidados (o corpo): núcleo (a pessoa); e cura (a doença). Ida Jean Orlando Teoria do Processo de Enfermagem Focado nos cuidados das necessidades dos clientes propondo uma relação dinâmica entre enfermeiro e paciente. Utilizou pela primeira vez a expressão Processo de Enfermagem. Myra Levine Teoria da conservação da energia e da Enfermagem Holística Entendia o paciente como corpo-mente, ou seja, um todo com interação com o meio. A finalidade da intervenção de enfermagem era a conservação da energia, da integridade estrutural, pessoal e social Dorothea Orem Teoria do Autocuidado Sistema de ajuda para o autocuidado. Quando o paciente apresenta um déficit de autocuidado ou não possui condições de realizá-lo, a enfermagem relaciona a educação em saúde a fim de tornar o paciente independente. Marha Rogers Teorias do Seres Humanos Unitários ou Teoria do Modelo Conceitual do Homem Interação harmoniosa entre paciente e ambiente para maximizar a saúde, ambos são campos de energia de quatro dimensões. Sister Calista Roy Teoria da Adaptação Identificar tipos de demanda colocados sobre o paciente, analisar a adaptação às demandas e ajudar o paciente a se adaptar. Madeleine Leninger Teoria do Cuidado Transcultural A enfermagem deve considerar os valores culturais e as crenças das pessoas. Jean Watson Teorias do Cuidado Humano O cuidado é a essência da enfermagem, e a interação entre enfermeiro e cliente ocorre através de sentimentos, emoções, troca de energia e afeto. Margaret Newman Teorias de Saúde como Consciência Expandida Fay Abdellah Teoria Centrada nos problemas Usava o método de resolução de problemas (21 problemas) para sustentação, restauração, prevenção, autoajuda, déficit ou excesso de necessidades. Patterson Teoria Humanista A enfermagem é uma experiência existencial de cuidar. Betty Neuman Teoria dos Sistemas / Teorias da relação - educação-trabalho Desenvolveu o modelo dos sistemas holísticos, com foco nos aspectos psicológicos, fisiológicos, socioculturais e desenvolvimentistas dos seres humanos. Joyce Trevelbee Teoria da Relação Interpessoal Foca as relações interpessoais com o objetivo de auxiliar o indivíduo e a família a enfrentar a doença e sofrimento propondo um cuidar holístico. Ernestine Wiedenbach Teoria prescritiva do Cuidado O foco é a necessidade do paciente e a enfermagem desempenha processo nutridor, apresentando 4 elementos de assistência : a filosofia, o propósito, a prática e a arte. Quadro 1 - Teorias da enfermagem Fonte: Elaborada pela autora, adaptada de Tapia (2014). #PraCegoVer: A imagem mostra um quadro com teorias que tanto fundamentam o fazer do enfermeiro quanto apontam para as interfaces ou inter-relações que a área de enfermagem apresenta quando do cuidado do outro. Como resultado da necessidade de reconhecer o significado do mundo da enfermagem, as teorias têm extrema relevância, uma vez que propõem identificar, descrever e explicar os fenômenos da enfermagem, solidificando os conceitos que fundamentam a profissão. Sobretudo porque, conforme apontam Mororó et al. (2017, p. 328), ainda que perjure um paradigma que evidencie uma prática gerencial “do enfermeiro voltada para as atividades administrativas burocráticas, pouco articulada ao cuidar, [há muitos outros estudos] que apresentaram a articulação e integração como características essenciais da gestão desse cuidado, bem como, a liderança, o trabalho em equipe, a comunicação, a articulação e a cooperação exercida pelo enfermeiro com os integrantes da equipe de enfermagem, demais profissionais de saúde e usuário”. Percebe-se, então, que há mais do que adquirir conhecimentos acerca de curativos ou aferições a serem executadas por parte do enfermeiro diante de quadros de enfermidades. No entender de Mororó et al. (2017), o enfermeiro ao desenvolver suas habilidades e competências enquanto adquire conhecimentos, precisa compreender seu papel,determinar sua atitude no sentido de desempenhar o cuidado com o outro enquanto cuida de si. Uma vez que, exerce o cuidado em enfermagem primando pela assistência integral e humanizada, centrada, principalmente, nas necessidades do usuário (alguém que participa de sua experiência terapêutica, não um ser passivo). Mororó et al. (2017) apontam que, nesse cenário em que o ser-paciente e o ser-enfermeiro são protagonistas e o quadro de enfermidade seria o antagonista, o enfermeiro precisa lançar mão das tecnologias relacionais e por meio do acolhimento interagir com o paciente e sua família, visando estabelecer vínculo, mediante a concepção de que essa vinculação lhe possibilitará o estabelecimento de afetividade e confiança (interfaces imprescindíveis e essenciais para gerir o cuidado). De tal forma, através da utilização do processo de enfermagem sistematiza uma assistência humanizada, verdadeiramente terapêutica, que identifica as necessidades do paciente, delineia os diagnósticos de enfermagem, planeja e realiza a prescrição de enfermagem, implementa as intervenções voltadas para o cuidado integral e avalia os cuidados prestados. Assim sendo, o papel da Enfermagem em se tratando dos processos de cuidado parte das Necessidades Humanas Básicas (NHB), estas enquanto aquelas necessidades comuns a qualquer ser humano, logo, universais. Considerando que, o que varia de um indivíduo para o outro seria a sua manifestação e a adequada maneira de satisfazê-las ou atendê-las. Isto entendendo-se que, se o organismo humano está em equilíbrio dinâmico (homeostasia), as NHBs não se manifestam (SOUZA, 2013). Portanto, conforme assinala Souza (2013), processo de assistência de enfermagem (SAE) pode ser caracterizado a partir da teoria proposta por Horta, em 1979, enquanto o conjunto de ações sistematizadas e relacionadas entre si, visando principalmente a assistência ao cliente-paciente a partir de fases tais como: • histórico; • exame físico e sinais vitais; • diagnóstico e prescrição; e • evolução. Acerca de como se dá o Sae a partir da metodologia do cuidado em Enfermagem é o que será abordado no tópico a seguir. 3 Metodologia do cuidado em enfermagem Após visto as teorias de enfermagem, evidencia-se que, o processo de cuidado se estabelece por meio de formas, meios ou modos de fazer esse cuidado para com o outro. Contudo, por que há teorias, metodologia que ensine o homem a cuidar? Por que na sociedade contemporânea seria preciso humanizar o cuidado para com o outro? No entender de Santos et al. (2017) esta necessidade advém do fato de que, vivenciamos um contexto em que há a hegemonia da economia e da tecnologia. Estas se sobrelevaram à política, à religião e, principalmente, às relações humanas. Embora com o advento da industrialização tenha se originado a modernização, o avanço tecnológico e a supervalorização da ciência, a sociedade atual encontra-se imersa em exacerbado processo de mudança, ocasionando, assim, dispersão e carência de referenciais, um vazio racional e ontológico fundamental (este relativo às noções de existência, realidade e natureza do ser). Sendo assim, faz-se necessário o entendimento de que, embora haja este contexto que evoca um abandono das relações existenciais, segundo apontam Santos et al. (2017, p. 1) “a enfermagem, como profissão da área da saúde, tem historicamente, seu conhecimento disciplinado no cuidado humano. É, pois, incoerente e inaceitável que esse cuidado seja desempenhado por meio de ações consideradas 'robotizadas'”. O fazer da enfermagem não parte somente do modo como é preciso que se faça. É compreender que, o que se faça, precisa ser feito de forma precisa, segura, orientada, postulado por dois princípios: o respeito ao outro, e, a mutualidade como ponto de equilíbrio, sem paternalismos, mas, sim, autonomia de todos os envolvidos no processo de cuidado, no momento doença-saúde. De tal forma, conforme postulam Vale e Pagliuca (2011, p. 107), esse entendimento do fazer por meio de um modo ou metodologia fundamentada no processo do cuidar, focado no ser humano já precisa emergir quando da formação acadêmica do profissional de saúde, culminando em enfermeiros “aptos a intervirem no processo saúde-doença por meio da utilização de cuidados competentes”. Sobretudo, segundo assinala Costa (2014, p. 234), adotar a metodologia do cuidado se faz necessária em virtude de que, “a procura de níveis cada vez mais elevados da qualidade do desempenho profissional e dos cuidados prestados, aliados aos problemas quotidianos decorrentes da escassez de recursos humanos e financeiros, afetam os enfermeiros de todo o mundo e tem motivado a exploração de vias alternativas, surgindo novas concepções de cuidados de enfermagem e de novos modelos de organização da prestação dos mesmos cuidados”. Logo, ações como o cuidar como função primeira do enfermeiro visando promover saúde, prevenir doenças, recuperar e reabilitar a saúde do outro emergem como pilares do fazer da enfermagem. “ Ao posicionar o cuidado de enfermagem no contexto de um agir solidário na vida e na morte, a Enfermagem respeita as razões morais de cada cidadão ao mesmo tempo em que convive com dores e alegrias advindas da relação interpessoal. Ao operar nesta dimensão, às vezes extremas, o cuidado orientado pela solidariedade busca a simetria e o equilíbrio nas suas múltiplas atividades enquanto função cuidadora (SANTOS et al., 2005, p. 267). ” Antes, compreende-se que, o cuidar é mais do que um ato. Tem relação com a atitude de quem cuida para quem é o alvo do cuidar, dentro de um contexto que envolve aspectos sociais, econômicos, emocionais, individuais, dentre outros. Então, envolve mais do que atenção e zelo, envolvendo, primeiramente, atitude de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento afetivo com o outro (GRAÇAS; SANTOS, 2009). 3.1 Atitude de cuidado O que seria, afinal, o cuidar em enfermagem? Um ato técnico? Procedimentos? Intervenções? Técnicas? Nas concepções de Graças e Santos (2009, p. 201), cuidar estaria para um “fenômeno que dá possiblidade à existência humana como humana. Nesse sentido, o homem é um ser de cuidado que é um modo de ser, particular, do homem. Sem cuidado, deixamos de ser humanos”. É parte integrante do processo de sobrevivência e manutenção da vida, é parte dos valores da humanidade. “ O cuidado manifesta-se na preservação do potencial saudável dos cidadãos e depende de uma concepção ética que contemple a vida como um bem valioso em si. Por ser um conceito de amplo espectro, pode incorporar diversos significados. Ora quer dizer solidarizar-se, evocando relacionamentos compartilhados entre cidadãos em comunidades, ora, dependendo das circunstâncias e da doutrina adotada, transmite uma noção de obrigação, dever e compromisso social. O cuidado significa desvelo, solicitude, diligência, zelo, atenção e se concretiza no contexto da vida em sociedade. Cuidar implica colocar-se no lugar do outro, geralmente em situações diversas, quer na dimensão pessoal, quer na social. É um modo de estar com o outro, no que se refere a questões especiais da vida dos cidadãos e de suas relações sociais, dentre estas o nascimento, a promoção e a recuperação da saúde e a própria morte (SANTOS et al., 2005, p. 267). ” Então, como fazer esse cuidado? Pois, de acordo com Graças e Santos (2009), há teorias de enfermagem que norteiam o fazer no campo da aquisição do conhecimento. Contudo, dessas teorias disponíveis, poucas são de natureza prescritiva, ou seja, que elencam instrumentos para a prática, o fazer do enfermeiro. 3.2 Sistematização do cuidado No entender de Santos et al. (2005), a ação do cuidar em enfermagem consiste em empenhar esforços transpessoais de um ser humano para o outro, nos quais tarefas como proteger, promover e preservar a humanidade, ajudar pessoas a encontrar significados na doença, no sofrimento e na dor, bemcomo, na existência sejam parte da rotina do profissional em saúde, o enfermeiro. Além de ajudar outra pessoa a obter autoconhecimento, controle e auto cura. Vale lembrar que, conforme postulam Trindade et al. (2016, p. 76), PE (processo de cuidado) tem como conceito que, “constitui-se em um método de trabalho utilizado por enfermeiros para guiar a prática assistencial. Este organiza-se de forma sequencial e sistemática, que contribui para auxiliar na organização e promoção de estratégias de atenção específicas para a clientela assistida, incluindo as diretrizes para o cuidado humanizado e a segurança do paciente”. Principalmente, enquanto método, o processo de cuidado organiza-se em cinco fases inter-relacionadas que direcionam tanto o enfermeiro quanto o paciente-ativo para que, juntos, usando do princípio da mutualidade, realizem a investigação da busca e determinação das necessidades de cuidados a serem efetivados quando do quadro doença-saúde, bem como na determinação dos diagnósticos de enfermagem para problemas de saúde reais ou potenciais, na identificação dos resultados esperados, quando do planejamento e da implementação do cuidado e da avaliação dos resultados, possibilitando, ainda, ao enfermeiro avaliar sua prática assistencial (TRINDADE et al., 2016). Evitando, de tal modo que, “ a enfermagem tem procurado compreender o ser humano em sua totalidade, deixando de lado aquele ser fragmentado que, muitas vezes, revela-se apenas como depositário de seu fazer. Um fazer que se respalda no conhecimento objetivo, técnico-científico, numa relação sujeito-objeto, esvaziada de qualquer ação de natureza expressiva (GRAÇAS; SANTOS, 2009, p. 201). ” Assim, a adoção da metodologia do cuidado configuraria mais do que mera utilização do modelo teórico de enfermagem, uma vez que, o uso de tal metodologia precisa, antes de tudo, refletir e contemplar a demanda do cenário, do contexto em que há a necessidade do processo de cuidado. Para Santos et al. (2017, p. 1) esta adoção precisa acontecer de forma efetiva, sobretudo porque, “há a necessidade de se refletir que a crescente cultura tecnológica não pode e não deve afastar o cuidado, a relação, o diálogo, as trocas e empatias entre profissionais e sujeitos do cuidado. Elas devem ser incorporadas para dinamizar, facilitar e guiar condutas de melhoria da saúde das pessoas e das condições do trabalho no setor saúde”. De tal modo, o enfermeiro tem a disposição teorias, modelos de enfermagem que o conduz no fazer da enfermagem. O que vai diferir entre os vários modelos é o modo como a base de dados será organizada, abrangendo as diferentes abordagens para o cuidado, pois os diferentes modelos de enfermagem conduzem às formas diversas de cuidado, devendo sempre primar para um fazer mais humanizado e qualificado (SANTOS et al., 2019). Vê-se, assim que, há a possibilidade de que aconteça nas rotinas em enfermagem a prática do enfermeiro, com tendência à adesão a práticas rotineiras do que à aplicação de práticas reflexivas por parte dos profissionais. Possiblidade esta que precisa ser revista e aprimorada de forma a perjurar as práticas reflexivas, empáticas e humanizadas. “ A práxis do enfermeiro deve envolver o seu conhecimento a respeito das transformações e inovações adaptadas às novas tendências do cuidado, buscando a promoção da saúde e bem-estar do ser humano. Necessariamente, devido às mudanças sociais, políticas e econômicas, o corpo de conhecimento de enfermagem deve ser aprimorado para acompanhar e propor um cuidado avançado (SANTOS et al., 2019, p. 596). ” Então, o enfermeiro precisa buscar construir seu fazer a partir de uma base do conhecimento científico postulado para a área da enfermagem. Este conhecimento advindo das concepções das teorias de enfermagem. Sobretudo, o enfermeiro tem como exigência a incorporação de novos conhecimentos para o desenvolvimento não apenas quando do cuidado com o paciente, mas também, de tecnologias a nível de educação, investigação, assistência e gestão (SANTOS et al., 2019). De acordo com Rodrigues (2019, p. 1), a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) configura-se em uma metodologia desenvolvida “a partir da prática do enfermeiro para sustentar a gestão e o cuidado no processo de enfermagem. O método é organizado em cinco etapas, que ajudam a fortalecer o julgamento e a tomada de decisão clínica assistencial do profissional de enfermagem”. Nesse sentido, o profissional enfermeiro consegue agir de acordo com as fases como: • a priorização; • a delegação; • a gestão do tempo; e • a contextualização do ambiente cultural do cuidado prestado. Principalmente porque, com a utilização da SAE enquanto metodologia, fica possível analisar as informações obtidas quando da observação e inferência junto ao paciente e seu quadro doença-saúde, definindo, assim, padrões e resultados decorrentes das condutas disponíveis. Lembrando sempre que, todos os dados observados e levantados deverão ser devidamente registrados no prontuário do paciente-cliente. 4 O cuidado como processo O processo do cuidado, conforme assinala Rodrigues (2019, p. 1), nestes termos, passa a ser organizado em cinco etapas relacionadas, interdependentes e recorrentes. Confirma a seguir. 4.1 Coleta de dados de enfermagem ou histórico de enfermagem Rodrigues (2019) define que, neste primeiro passo para o atendimento de um paciente faz-se a busca por informações básicas que definem os cuidados a serem efetivados pela equipe de enfermagem. Vale lembrar que, esta etapa não é aleatória nem sem fundamentos, pois, faz parte de um processo deliberado, sistemático e contínuo, na qual a coleta de dados e as informações podem ser alcançadas do próprio paciente, da família ou então, por outras pessoas envolvidas. Assim, a importância dessa etapa está nas informações obtidas, uma vez que proporcionarão maior precisão de dados ao processo de enfermagem dentro da metodologia da SAE. E, o que se busca? Desde informações sobre alergias, histórico de doenças e até mesmo questões psicossociais, como, por exemplo, a religião, lembrando que, o ambiente interno e externo tem influência sobre o quadro doença-saúde do paciente e pode alterar de forma contundente os cuidados prestados ao paciente (RODRIGUES, 2019). Entende-se que o processo de cuidado pode ser otimizado por meio da utilização de PEP (prontuário eletrônico do paciente); também há a possibilidade do uso de formulários específicos que direcionem o questionamento do profissional enfermeiro e possibilitem até o registro on-line dos dados, que podem ser acessados por todos da instituição de saúde, inclusive de forma remota. Tornando, dessa forma, possível a realização das intervenções necessárias para a prestação dos cuidados ao paciente, isto com maior segurança e agilidade para ambos os protagonistas deste cenário (RODRIGUES, 2019). 4.2 Diagnóstico de enfermagem Para Rodrigues (2019), esta etapa efetiva um processo de interpretação e agrupamento dos dados coletados que conduz à tomada de decisão sobre os diagnósticos de enfermagem, que irão representar as ações e intervenções, para alcançar os resultados esperados. Nesse sentido, faz-se, então, uso de bibliografias específicas que possuam a taxonomia adequada, bem como as definições e as causas prováveis dos problemas levantados quando da etapa 1 no levantamento do histórico de enfermagem. Dessa forma, se faz a elaboração de um plano assistencial adequado e único para cada pessoa. Portanto, tudo que for definido deve ser registrado no prontuário do paciente, revisitado e atualizado sempre que necessário (RODRIGUES, 2019). 4.3 Planejamento de enfermagem Rodrigues (2019) destaca que, com a adoção da SAE, há uma organização do trabalho profissional quanto ao método, pessoal e instrumentos, dando aos enfermeiros a possibilidade de atuar para prevenir, controlar ou resolver os problemas de saúde.Nesta terceira etapa, define Rodrigues (2019) que, ocorre o planejamento de enfermagem, no qual são determinados os resultados esperados e quais ações serão necessárias, sendo realizado a partir dos dados coletados e diagnósticos de enfermagem com base dos momentos de saúde do paciente e suas intervenções. Informações esta que, igualmente, devem ser registradas no prontuário do paciente, incluindo as prescrições checadas e o registro das ações que foram executadas, por exemplo. 4.4 Implementação Segundo assinala Rodrigues (2019), uma vez efetivada a busca e coleta das informações obtidas e focadas na abordagem da SAE, a equipe de profissionais de enfermagem realiza as ações ou intervenções determinadas e definidas na etapa do planejamento de enfermagem. Estas são aquelas atividades que podem ir desde uma administração de medicação até auxiliar ou realizar cuidados específicos, como os de higiene pessoal do paciente, ou mensurar sinais vitais específicos e acrescentá-los no prontuário, por exemplo. Neste momento do fazer da enfermagem, pode o enfermeiro lançar mão do uso de dispositivos que otimizam o registro destas informações para dentro do prontuário eletrônico do paciente, citando como exemplo o aplicativo Beira- Leito, que permite que os dados sejam registrados assim que mensurados ou executados ainda à beira leito do paciente, assim, ajudando na coleta de dados, aferindo os dados vitais do paciente, checando as prescrições e medicações, dentre outros. Isso sendo possível por meio de smartphones e tablets (RODRIGUES, 2019). Evidenciando-se que: “ Segundo a resolução do Conselho Federal de Medicina CFM 1638/2002, prontuário é o “documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência prestada ao indivíduo”. O prontuário do paciente pode ser em papel ou digital. Contudo, a metodologia em papel não garante uniformidade nas informações e permite possíveis quebras de condutas, além de ser oneroso na questão do seu armazenamento, bem como na questão da sustentabilidade (RODRIGUES, 2019, p. 1). ” Rodrigues (2019) defende também que, o emprego de aplicativos de auxílio nos processos de cuidado tais como o beira- leito incidem em menos erros das equipes médicas. Fator este que figuram entre as principais causas de morte no Brasil e no mundo. Aplicativos de auxílio evitariam falhas como trocas de medicação até falhas na identificação e registro dos dados, citando como exemplos. Esses problemas são ainda maiores quando pensamos em hospitais lotados, com profissionais que atendem um grande fluxo de pacientes por dia e realizam vários processos manuais. Logo, aplicativos como o beira-leito serviriam para auxiliar ações como tipo, horário e quantidade da medicação, alterações no estado clínico, sinais vitais, se a medicação foi aplicada ou não, dentre outros. 4.5 Avaliação de enfermagem (evolução) Por fim, Rodrigues (2019) aponta como última etapa o registrar dos dados no prontuário eletrônico do paciente de forma deliberada, sistemática e contínua. Nele, deverá ser registrado a evolução do paciente para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado. De tal maneira, com todas essas informações, o profissional enfermeiro tem a possibilidade de verificar a necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do processo de enfermagem, bem como a possiblidade de proporcionar informações que irão auxiliar as demais equipes multidisciplinares na tomada de decisão de condutas, como no próprio processo de alta. Rodrigues (2019, p. 1) salienta ainda o uso da tecnologia no processo de cuidado da enfermagem em todas as etapas da metodologia SAE, uma vez que, “os recursos tecnológicos prestam suporte para que a metodologia seja realizada com efetividade. A integração dos dados e a possibilidade de estar a par de todo atendimento ao paciente de forma remota, auxiliam o processo, aumentam a segurança e o cuidado com o paciente”. Nas concepções de Trindade et al. (2016, p. 76), o maior desafio para a consolidação da metodologia do cuidado através da SAE estaria “no pouco conhecimento sobre este método, resistência dos profissionais em realizá-lo e a carência de recursos humanos para seu desenvolvimento. Destaca-se ainda o ensino incipiente sobre tal metodologia durante a graduação”. Assim sendo, verifica-se que há modos e mecanismos que norteiam o fazer da enfermagem para uma prática assistencial efetiva, segura e de qualidade, focado no cuidado, mesmo que a metodologia do cuidado ainda esteja em implementação em muitas instituições de saúde, e, ainda persistam alguns apresenta desafios para a sua consolidação em todas as suas fases, os enfermeiros podem desde sua formação acadêmica procurar meios para a superação de tais obstáculos quando do cuidar. 5 Raciocínio em enfermagem Conforme assinalam Santos et al. (2019, p. 596) em decorrência de a enfermagem “estar inserida em cenários caracterizados por assistência biomédica, hospitalocêntrica, fragmentada e tecnicista, podem ocorrer influência nos perfis de atuação dos enfermeiros com divergências de modelos conceituais da profissão que estruturam o raciocínio clínico do enfermeiro”. A prática assistencial de enfermagem e a ampliação da autonomia profissional dependem da consolidação do saber próprio da profissão. Esse “saber” relaciona-se com o “ser”, sustentado pelas teorias da área. Tal compreensão da função e do papel social do enfermeiro para o pleno exercício legal, ético e moral da profissão caracteriza a postura e atitude do enfermeiro (SANTOS et al., 2019). 5.1 Habilidades do profissional Conforme definem Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017) o raciocínio em enfermagem é uma habilidade a ser desenvolvida pelo profissional enfermeiro, isto porque é essencial para um processo de cuidado seguro e eficaz. É também um desafio, uma vez que, o enfermeiro precisa buscar e desenvolver, por meio de estratégias e experiências, o aprimoramento de tal habilidade. Todo o processo começando pelos processos de pensamento que são: conceber, julgar, raciocinar. Estes auxiliam o alcance dos dados junto ao paciente quando do quadro doença-saúde. Tendo o enfermeiro optado por uma metodologia do cuidado, realiza a seleção das melhores intervenções de assistência, e, então, julgando a melhor estratégia de cuidado, efetiva a tomada de decisão. Para melhor ilustrar essa definição de Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017) acerca do raciocínio crítico e do julgamento clínico do enfermeiro, observe a figura a seguir. Quadro 2 - Processos do pensamento Fonte: Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017, p. 691). #PraCegoVer: A imagem mostra os processos do pensamento, apoiados nas habilidades para o pensamento crítico, que compõem o raciocínio clínico, subsidiando a tomada de decisão clínica (diagnóstica ou terapêutica). Logo, deve o enfermeiro reconhecer os significados conceituais das teorias de enfermagem desde a sua formação. Teorias e modos que contribuem para dar sentido à sua prática assistencial, podendo esta postura e atitude por parte do enfermeiro diferenciar-se na construção do raciocínio e do julgamento clínico, além de interferir na escolha das melhores intervenções de enfermagem, na identificação dos fenômenos pelos quais é responsável. Dessa forma, poderá alcançar os melhores resultados (SANTOS et al., 2019). No entender de Peixoto e Peixoto (2017, p. 126) “o pensamento crítico em enfermagem pode ser definido como o processo de julgamento intencional e reflexivo sobre problemas de enfermagem, onde o foco é a tomada de decisões clínicas, a fim de prestar cuidados seguros e eficazes”.“ Neste complexo e mutável ambiente de prestação de cuidados, os profissionais de enfermagem necessitam de pensar permanentemente e desenvolver habilidades que permitam a resolução de problemas reais ou potenciais, através de um efetivo julgamento clínico e uma eficaz tomada de decisão (PEIXOTO; PEIXOTO, 2017, p. 126). ” Para Santos (2017, p. 1) a questão do raciocínio crítico e o julgamento clínico do profissional enfermeiro estaria estabelecido já desde a própria história da enfermagem, uma vez que, tudo começou com a técnica, avançou para os princípios científicos, chegou à teorização do seu saber e enfrenta no momento atual o desafio de operacionalizar a sua prática, incluindo exatamente técnicas, métodos, teorias e instrumentos que auxiliem a tomada de decisão e organização do trabalho sob uma égide crítico-clínica. 5.2 Renovação na busca por mudanças Segundo Santos et al. (2017, p. 1), para desenvolver senso crítico e aprimorar seu julgamento clínico, faz-se necessário que o profissional enfermeiro esteja empenhado “com a sua prática, buscando renovar constantemente seus conhecimentos. Deve também buscar sempre aproximação com o principal sentido da sua profissão, o cuidado, que se traduz por proteger, promover e preservar a humanidade, ajudando pessoas a encontrar significados na doença, no sofrimento, na dor e na própria existência”. Nas concepções de Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017), uma definição para julgamento clínico do profissional enfermeiro parte do fato de que, julgamento pode ser compreendido igualmente como o raciocínio crítico, uma capacidade flexível e diferenciada para reconhecer aspectos (dados) relevantes de uma situação clínica indefinida, levando o enfermeiro a interpretar seus significados e dar uma resposta apropriada diante de determinado quadro ou situação, pois, ao realizar um julgamento, o enfermeiro usa o seu pensamento crítico. Segundo postulam Carvalho, Oliveira-Kumakura e Morais (2017), tanto o raciocínio crítico quanto o julgamento clínico do enfermeiro são habilidades que podem ser aprendidas e configuram atitudes necessárias para o profissional. Habilidades estas que estão alocadas em três categorias: Habilidades cognitivas Análise, aplicação de padrão, auto regulação, discernimento, busca de informações, explanação, inferência, interpretação, predição e transformação do conhecimento. Habilidades comportamentais Análise, autoconfiança, busca autêntica, investigação, mente aberta e sistematização. Hábitos da mente Compreensão, confiança, criatividade, curiosidade, flexibilidade, integridade intelectual, intuição, perseverança, perspectiva intelectual e reflexão. Segundo destacam Peixoto e Peixoto (2017), o desenvolver raciocínio crítico e julgamento clínico efetivo por parte do profissional enfermeiro tem três motivos essenciais: • pela necessidade de o enfermeiro utilizar julgamento independente, ou seja, de atuar suportado por uma avaliação racional da situação e não de forma preconceituosa ou de submissão sem questionamento, às imposições de outros profissionais e das instituições; • pela libertação do indivíduo, em que o profissional se afasta do controle de crenças e atitudes injustificadas, e age de acordo com os próprios ideais tendo em consideração sempre os dos outros; e • pela necessidade de se desenvolver, em benefício do receptor de cuidados, a racionalidade no julgamento clínico e cientifico inerente ao processo de enfermagem. Verifica-se, então que, a habilidade do raciocínio clínico em enfermagem se estabelece a partir de um processo mental complexo e dinâmico, que pode acontecer já na identificação de situações que demandam atendimento de enfermagem, envolvem também a seleção de ações necessárias para esse atendimento de assistência ou cuidado, isto para o alcance de resultados de promoção de saúde e manutenção da vida pelos quais a enfermagem é responsável. Sobretudo, para o pleno exercício profissional sob a égide do raciocínio crítico por parte do enfermeiro, este precisa estar imbuído de amplo conhecimento teórico, alicerçado pela experiência adquirida na prática, e, tendo aprimorada a capacidade de julgamento e de raciocínio com o constante uso do bom senso. É propor ao enfermeiro desde a sua formação acadêmica e pela vida profissional a fora a continua busca pelo desenvolver e dominar habilidades de pensamento suportado pelo facto de que o raciocínio e a crítica, quando inseridos no pensar, são ferramentas mentais essenciais para a compreensão da realidade e ajuste do conhecimento. É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender que o fazer da enfermagem compreende as muitas relações que se estendem com os avanços científicos, com a postura e empatia do profissional de enfermagem, dentro de um contexto; • conhecer as teorias de enfermagem (princípios, doutrinas, fundamentos, generalidades, dentre outros) é também reconhecer inter-relações ou interfaces que implicam nas ações, intervenções, rotinas e demandas da enfermagem; • entender que há muitas teorias de enfermagem. A 1ª nasceu dos preceitos de F. Nightingale, em 1910, com a Teoria Ambiental e, a teoria que embasa a SAE fora postulada por W. Horta, em 1979; • estudar que a enfermagem tem, historicamente, seus conteúdos e fundamentos voltados para o cuidado humano; • compreender que o raciocínio crítico em enfermagem configura-se nas muitas habilidades, conhecimentos e destrezas que o profissional precisa desenvolver e aprimorar para o efetivo processo de assistência. E que o julgamento clínico inicia-se quando o enfermeiro adota um processo de pensamento baseado nas ações: conceber, julgar e raciocinar. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, R. Teorias da Enfermagem. Disponível em: http://files.robertoalbuquerque.webnode.com.br/200000007-233b223b88/Teorias%20da%20Enfermagem.pdf. Acesso em: 13 fev. 2020. BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Enfermagem em números. Disponível em: http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros. Acesso em: 14 fev. 2020. CARVALHO, E. A. As teorias de enfermagem e sua interface nos, notas de estudo de Enfermagem. Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) - Enfermagem. 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E é a partir desta evolução que são realizadas adequações do cuidado, bem como avaliam-se marcadores clínicos do usuário. Todas essas fases devem ser executadas utilizando-se de saber científico para a qualificação do cuidado. Bons estudos! 1 Processo de enfermagem Neste tópico, iremos conceituar o PE (processo de enfermagem), descobrir qual é sua função na prática profissional do enfermeiro, conhecer sua origem histórica e compreender a importância de sua implementação com a finalidade de promover qualidade na assistência de enfermagem. 1.1 O que é o processo de enfermagem? O PE é fundamentado em um sistema de valores e crenças morais e no conhecimento técnico-científico da área; vem sendo descrito como a essência da prática da enfermagem. Ainda, pode ser considerado o principal modelo metodológico para o desempenho sistemático da prática profissional, encarado como um instrumento tecnológico com a finalidade de acrescentar qualidade ao cuidado, melhorar à visibilidade e o reconhecimento profissional (GARCIA; NOBREGA, 2009). A complexidade do PE encontra-se nos componentes implícitos em seu desenvolvimento. Para tanto, é necessário que o profissional de enfermagem possua: • conhecimento das necessidades humanas diante de alterações em seu estado de saúde; • raciocínio lógico; • destreza manual no desempenho das ações de cuidado; • novas e avançadas tecnologias; • habilidade no relacionamento interpessoal; • empatia; e • comportamento ético. É definido como um método pelo qual se aplica teoria para a prática de enfermagem. A aplicação deste método exige habilidades cognitivas, técnicas e interpessoais de forma a atender as necessidades relacionadas à doença. É composto de cinco fases: • o histórico; • o diagnóstico; • o planejamento; • a implementação; e • a avaliação de enfermagem. Essas fases pressupõem uma série de ações dinâmicas e interrelacionadas para a sua realização (OCHOA-VIGO et al, 2001; BARROS; LOPES, 2011). 1.2 Do conceito à prática Embora o conceito de PE não fosse aplicado como é na atualidade, Florence Nightingale, precursora da enfermagem moderna, implementou alguns de seus componentes, ainda no século XIX. A observação e julgamentos podem ser, tranquilamente, inseridos nas fases de histórico e diagnóstico do PE. Apesar do pioneirismo de Florence, a introdução do PE no ensino aconteceu somente no século XX. As escolas de enfermagem dessa época buscavam atender o método de solução de problemas, com a sistematização da coleta e análise de dados com rigor metodológico (GARCIA; NOBREGA, 2009). No entanto, o PE começou a ser largamente estudado entre os anos 50 e 70 do século XX, sendo que, no Brasil, nossa referência para o tema é a teórica de enfermagem Wanda Horta (CHANES, 2018). Horta prevê seis fases no PE: • histórico de enfermagem ou investigação; • diagnóstico de enfermagem; • plano assistencial; • plano de cuidados; • evolução de enfermagem; • avaliação de enfermagem. Outros autores também teorizam o PE como tendo seis fases. Abaixo podemos comparar Horta, Wilkinson e o próprio Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), com suas seis fases na figura “Comparação entre as fases do Processo de Enfermagem” (CHANES, 2018; BARROS; LOPES, 2011). Quadro 1 - Comparação entre as fases do processo de enfermagem Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de Chanes (2018); Barros; Lopes (2011). #PraCegoVer: A figura mostra um quadro comparativo entre os pensamentos de Wanda Horta, Judith Wilkinson e do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) sobre o processo de enfermagem com seis fases. Como observado, é possível perceber que, apesar de algumas pequenas diferenças, as fases propostas pelos distintos autores seguem um padrão de desenvolvimento do processo. Historicamente, o cuidado de enfermagem carece de sistematização, que surge a partir do PE enquanto instrumento metodológico. A fim de colocar em prática a gestão do cuidado, inserida no PE, emerge a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) (CHANES, 2018; BARROS; LOPES, 2011). A SAE surge como possibilidade de a enfermagem alcançar autonomia profissional, sendo legalmente imposta pelo Cofen desde a década de 1980. A primeira resolução prevê que o “enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe privativamente: o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem”. Fase Autores Wanda Horta Cofen Cofen Fase 1 Histórico de enfermagem ou investigação Coleta de dados Coleta de dados de enfermagem Fase 2 Diagnóstico de enfermagem Diagnóstico Diagnóstico de enfermagem Fase 3 Plano assistencial Planejamento: resultados Planejamento de enfermagem Fase 4 Plano de cuidados Planejamento: intervençõesImplementação Fase 5 Evolução de enfermagem Implementação Avaliação de enfermagem Fase 6 Avaliação de enfermagem Avaliação - Precisamos lembrar que o processo de enfermagem engloba a sistematização da assistência em enfermagem, no entanto a SAE não tem propósito sem o PE. São dois processos que não podem ser dissociados para que haja, efetivamente, qualidade no cuidado. Nas décadas seguintes, novas resoluções, uma em 2002 (Resolução Cofen n. 272/2002), reforçava a importância e a necessidade de planejar a assistência de enfermagem; e outra em 2009 (Resolução Cofen n. 358/2009), que revogava a anterior e estabelecia que o PE “deve ser realizado, de modo deliberado e sistemático, em todos os ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem” (BARROS; LOPES, 2011). 2 Histórico de enfermagem Como visto anteriormente, tanto o PE quanto a SAE preveem que seja realizado o histórico de enfermagem (HE), além das demais fases que serão vistas a seguir. Desta forma, iremos conceituar o HE, sua aplicabilidade dentro do PE e da SAE. #PraCegoVer: A imagem mostra uma enfermeira, com roupa azul, segurando um tablet com um holograma do corpo humano sendo analisado da cabeça aos pés, com imagens holográficas do cérebro, DNA, coração e gráficos de monitoramento cardíaco e outros marcadores biológicos. 2.1 O que é o histórico de enfermagem? O HE (histórico de enfermagem), também conhecido como a coleta de dados para a enfermagem, é um processo deliberado, sistemático e contínuo, realizado com o auxílio de métodos e técnicas variadas. A sua finalidade é a obtenção de informações sobre a pessoa/paciente, a família ou a coletividade humana e suas respostas em um dado momento do processo saúde-doença. A partir do HE, é possível identificar problemas e necessidades do paciente a fim de determinar seu estado de saúde, considerada etapa inicial do PE, também conhecida como investigação. Os dados coletados durante o HE, são necessários para identificação dos problemas correntes ou potenciais do paciente, sendo subsídio para o planejamento dos cuidados e, também, prevenindo possíveis complicações. 2.2 Aplicabilidade do HE na prática assistencial O processo de levantamento do HE, deve ser realizado no primeiro contato com o paciente, pois as informações coletadas neste primeiro momento direcionam o planejamento de todas as outras etapas do PE. Para que o HE seja efetivo, é imprescindível que essas informações sejam as mais precisas e fidedignas possíveis. Caso contrário, todo o processo pode ser afetado, ao deixar de atender necessidades não identificadas pelo levantamento ineficiente. Esses dados ou informações podem ser obtidas de fontes primárias, como o próprio usuário, sua família (acompanhante), ou sua comunidade (seu meio de convívio social); ou de fontes secundárias como a equipe de saúde, o prontuário do paciente (caso seja uma reinternação), evidências na literatura (PBE - prática baseada em evidências) ou a experiência clínica do enfermeiro. É neste momento que o profissional de enfermagem realizará anamnese e exame físico. 2.3 Anamnese e exame físico A anamnese é conhecida como o histórico de saúde que o paciente refere, que vai desde os sintomas iniciais até o momento da observação clínica. É definida como a primeira fase do processo, na qual a coleta destes dados permite ao profissional de saúde identificar problemas, determinar diagnósticos, planejar e implementar a sua assistência. Os dados ou informações a serem coletados neste primeiro momento do PE são dados subjetivos, objetivos, históricos e atuais. Estas informações são coletadas por meio de entrevista, de observação, exame físico, os resultados de provas diagnósticas, a revisão de prontuário e a colaboração de outros profissionais O exame físico avalia o cliente através de sinais e sintomas, procurando por desequilíbrios que impactem no processo de saúde e doença. Realizado de maneira sistematizada, no sentido cefalocaudal, o exame físico necessita de uma avaliação minuciosa de todos os segmentos do corpo. Para tanto, além do olhar, necessita da inspeção, palpação, percussão e ausculta. O enfermeiro deve utilizar sua visão, audição, tato e olfato para subsidiar o seu plano de cuidado. E, para que esta tarefa seja realizada de forma completa, é preciso dispor de ferramentas, tais como esfigmomanômetro, estetoscópio, termômetro, lanternas, otoscópios, luvas de procedimento estéril ou não, dentre outros. 3 Diagnóstico O DE (diagnóstico de enfermagem) é conhecido como a segunda fase do PE, e é definido como um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo (oriundas do HE), família ou comunidade aos problemas de saúde. Correspondendo à análise dos dados coletados e à avaliação do estado de saúde do usuário; sendo um julgamento clínico, no qual se descreve o estado de saúde do paciente. Ele fornece a base para a seleção de intervenções, e é quando se utiliza uma taxonomia para identificar um diagnóstico de enfermagem que explicite a situação de saúde do usuário, a fim de alcançar resultados pelos quais o enfermeiro é responsável. 3.1 Diagnose Durante a diagnose, fase correspondente à análise dos dados levantados, o enfermeiro mapeia todos os DEs (diagnósticos de enfermagem) identificados e, junto ao julgamento clínico, interpreta e conclui os DEs que remetem às respostas humanas mais preocupantes. Assim, os DEs que afetam de forma mais drástica ao usuário, sua condição de saúde, suas necessidades mais prementes e suas preocupações, são incluídos na decisão de seu plano de cuidados. Portanto, os DEs de maior necessidade são dispostos como prioridade. 3.2 Ferramentas para o diagnóstico Dentre as principais ferramentas para definição e classificação de DE estão as seguintes taxonomias: • North American Nursing Diagnosis Association International (NANDA-I), • Nursing Interventions Classifications (NIC) e • Nursing Outcomes Classification (NOC). 4 Diagnóstico, intervenção e resultado Você aprenderá agora sobre cada uma das sistemáticas NANDA, NIC e NOC. A NANDA trata dos diagnósticos de enfermagem; a NIC remete às IE (intervenções de enfermagem) e a NOC, por sua vez, refere-se aos resultados. 4.1 Diagnóstico de enfermagem pela NANDA O termo diagnóstico de enfermagem é definido pela NANDA-I como o: Julgamento clínico a respeito da motivação e do desejo de aumentar o bem-estar e alcançar o potencial humano de saúde. Essas respostas são expressas por uma disposição para melhorar comportamentos de saúde específicos, podendo ser usadas em qualquer estado de saúde. Em pessoas incapazes de expressar sua própria disposição para melhorar comportamentos de saúde, o enfermeiro pode determinar a existência de uma condição para promoção da saúde e agir em benefício do indivíduo. As respostas de promoção da saúde podem existir em um indivíduo, família, grupo ou comunidade (NANDA-I, 2018, e-book). A NANDA surgiu da necessidade dos enfermeiros norte-americanos de desenvolver uma linguagem clara e consistente para nomear o que faziam. Foi oficializada em 1982 e é constantemente atualizada e revisada. Fornece os diagnósticos mais precisos para a enfermagem, tentando abranger o maior número de acometimentos possíveis. Este processo diagnóstico inclui duas fases, com a primeira englobando a análise e a síntese dos dados coletados, e a segunda estabelece o enunciado do diagnóstico a partir de uma taxonomia (técnica de classificação) existente. Esse processo de raciocínio requer habilidades cognitivas e perceptivas, pensamento crítico, experiência, base de conhecimento científico e raciocínio dedutivo e indutivo para a tomada de decisão. A NANDA possui sua estrutura da taxonômica constituída em três níveis: domínios (13), classes (47) e DE (244). A tabela “Diagnósticos de enfermagem a partir de suas classes e domínios” apresenta, de forma sucinta, como são classificadosos DE dentro da taxonomia da NANDA-I. Domínios Classes Definições de DE Diagnósticos Novos Domínio 1 Promoção da Saúde 1. Percepção da saúde 2. Controle da saúde Devem ser definidos por 1 - eixo e por 2- tipo. Eixo 1 - conceito diagnostico Eixo 2 - sujeito do diagnostico (individuo, família, comunidade) Eixo 3 - julgamento (prejudicado, ineficaz) Eixo 4 - localização (vesical, auditiva, cerebral) Eixo 5 -idade (bebê, criança, adulto) Eixo 6 - tempo (crônico, grave, intermitente) Tipos: real, de promoção da saúde, de risco, de bem-estar e síndrome. • Risco de tentativa de fuga (00290) • Disposição para engajamento em exercícios melhorado (00307) Comportamentos ineficazes de manutenção da saúde (00292)* Autogestão ineficaz da saúde (00276)* • Disposição para autogestão da saúde melhorada (00293)* Autogestão ineficaz da saúde familiar (00294)* • Comportamentos ineficazes de manutenção do lar (00300)* • Risco de comportamentos ineficazes de manutenção do lar (00308) • Disposição para comportamentos melhorados de manutenção do lar (00309) Domínio 2 Nutrição 3. Ingestão 4. Digestão 5. Absorção 6. Metabolismo 7. Hidratação • Resposta ineficaz de sucção-deglutição do lactente (00295)* • Risco de síndrome metabólica (00296)* Domínio 3 Eliminação e Troca 8. Função urinária 9. Função gastrintestinal 10. Função tegumentar 11. Função respiratória • Incontinência urinária associada à incapacidade (00297)* • Incontinência urinária mista (00310) • Risco de retenção urinária (00322) • Continência intestinal prejudicada (00319)* Domínio 4 Atividade e Repouso 12. Sono/repouso 13. Atividade/exercício 14. Equilíbrio de energia 15. Respostas cardiovasculares/pulmonares 16. Autocuidado • Tolerância à atividade diminuída (00298)* • Risco de tolerância à atividade diminuída (00299)* • Risco de função cardiovascular prejudicada (00311) • Autogestão ineficaz do linfedema (00278) • Risco de autogestão ineficaz do linfedema (00281) • Risco de trombose (00291) • Resposta disfuncional ao desmame ventilatório do adulto (00318) Domínio 5 Percepção/Cognição 17. Atenção 18. Orientação 19. Sensação/percepção 20. Cognição 21. Comunicação • Distúrbio no processo de pensamento (00279) Domínio 6 Autopercepção 22. Autoconceito 23. Autoestima 24. Imagem corporal - Domínio 7 Relacionamentos de Papel 25. Papéis do cuidador 26. Relações familiares 27. Desempenho de papel • Síndrome de distúrbio na identidade familiar (00283) • Risco de síndrome de distúrbio na identidade familiar (00284) Domínio 8 Sexualidade 28. Identidade sexual 29. Função sexual 30. Reprodução - Domínio 9 Enfrentamento e Tolerância ao Estresse 31. Respostas pós-trauma 32. Respostas de enfrentamento 33. Estresse neurocomportamental • Luto desadaptativo (00301)* • Risco de luto desadaptativo (00302)* • Disposição para luto melhorado (00285) Domínio 10 Princípios de Vida 34. Valores 35. Crenças 36. Coerência entre valores/crenças/atos - Domínio 11 Segurança e Proteção 37. Infecção 38. Lesão física 39. Violência 40. Riscos ambientais 41. Processos defensivos 42. Termorregulação • Autogestão ineficaz do ressecamento ocular (00277) • Risco de quedas no adulto (00303)* • Risco de quedas na criança (00306) • Lesão no complexo aréolo-mamilar (00320) • Risco de lesão no complexo aréolo-mamilar (00321) • Lesão por pressão no adulto (00312) • Risco de lesão por pressão no adulto (00304)* • Lesão por pressão na criança (00313) • Risco de lesão por pressão na criança (00286) • Lesão por pressão neonatal (00287) • Risco de lesão por pressão neonatal (00288) • Risco de comportamento suicida (00289)* • Hipotermia neonatal (00280) • Risco de hipotermia neonatal (00282) Domínio 12 Conforto 43. Conforto físico 44. Conforto ambiental 45. Conforto social - Domínio 13 Crescimento e Desenvolvimento 46. Crescimento 47. Desenvolvimento • Desenvolvimento atrasado da criança (00314) • Risco de desenvolvimento atrasado da criança (00305)* • Desenvolvimento motor atrasado do lactente (00315) • Risco de desenvolvimento motor atrasado do lactente (00316) Quadro 2 - Diagnósticos de enfermagem a partir de suas classes e domínios Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de NANDA-I (2021-2023). #PraCegoVer: A figura mostra um quadro (com três colunas) com os diagnósticos de enfermagem a partir de suas classes e domínios, conforme a taxonomia da NANDA-I. Com o processo do diagnóstico realizado, há mais duas etapas que devem ser realizadas: a definição de intervenções a partir deste diagnóstico e, posteriormente, a avaliação dos resultados conforme as intervenções aplicadas. 4.2 Intervenções de enfermagem a partir da NIC As classificações de intervenções de enfermagem (NIC - sigla em inglês), da mesma forma que a NANDA, também teve origem nos Estados Unidos, em 1987. O impulso deu-se, em parte, com as atividades da NANDA, pois era preciso, ao formular um diagnóstico de enfermagem, fazer algo sobre ele. Da mesma forma que a NANDA, as intervenções também não possuíam linguagem padronizada, dificultando a comunicação dos tratamentos que os profissionais executavam. O sistema NIC surge como linguagem padronizada de tratamentos para uso dos profissionais da área de enfermagem, e os cuidados inclusos podem ser diretos e/ou indiretos ao paciente. A NIC significa intervenções de enfermagem executadas com base em julgamento clínico e conhecimento que o profissional enfermeiro executa para melhorar os resultados a serem alcançados pelo paciente/cliente. Na NIC, as intervenções incluem aspectos psicossociais e fisiológicos, sendo composta de título, definição e conjunto de atividades, dispostas em forma de lista. Do mesmo modo que a NANDA, a estrutura taxonômica da NIC, apresenta domínios (07), classes (30), intervenções (542) e mais de 12 mil atividades e ou ações a serem executadas. O profissional irá determinar as intervenções que serão realizadas a partir das listas, que estão relacionadas aos diagnósticos de enfermagem da NANDA e aos resultados da NOC. 4.3 Classificação dos resultados de enfermagem por meio da NOC A NOC (classificação dos resultados de enfermagem, em português), assim como a NIC, sua origem é de em um projeto de pesquisa desenvolvido também nos Estados Unidos, com sua primeira publicação em 1997. A NOC é a mais recente das classificações apontadas, sendo a primeira a padronizar a descrição aos resultados obtidos pelos pacientes em decorrência das intervenções de enfermagem Apesar de ser considerada complementar à taxonomia da NANDA-I e da NIC, ela pode ser usada com outras classificações, da mesma forma que apresenta caráter multidisciplinar, de modo que outras disciplinas podem considerá-la útil para avaliar a efetividade das intervenções que realizam. Apesar dos resultados mais responsivos às ações de enfermagem, a NOC pode ser utilizada tanto de forma independente quanto em equipes interdisciplinares com enfermeiros. Da mesma forma que a NANDA e a NIC, a NOC encontra-se em constante evolução, sendo que a cada edição são adicionados ou aprimorados cada vez mais resultados. Sua estrutura taxonômica segue certo padrão das demais classificações, aprestando domínios, classes e resultados. Além disso, a NOC possui outros dois níveis, que são os indicadores e as escalas de mensuração. Todos eles possuem um código para facilitar o seu uso na prática. A NOC apresenta sete domínios, seguidos por 31 classes e 385 resultados. Cada domínio, classe e resultado possui definições, de modo a facilitar o seu entendimento e uso. Quanto aos resultados, há uma série de interferências que podem ocorrer. Características do paciente como sua saúde física e emocional, variáveis ambientais e organizacionais do serviço, ações de outrosprofissionais de saúde, de tal forma que o enfermeiro consiga definir os resultados mais sensíveis ao cuidado de enfermagem e os que sofrem mais interferência de outros meios. Os resultados são mensurados por meio de escalas de medida ou combinações da escala do tipo Likert de cinco pontos para avaliar indicadores. Os indicadores são considerados resultados mais específicos, e podem servir como resultados intermediários. A NOC apresenta 13 escalas de medidas, em que a pontuação final representa a condição mais esperada para o paciente quanto ao resultado, podendo, as escalas, serem usadas tanto para indicadores como para resultados. Assim, as escalas possibilitam monitorar a variação, ou não, da condição do paciente durante um período de cuidado, sendo necessário no mínimo duas avaliações. 4.4 A relação entre NANDA, NIC e NOC Os diagnósticos (NANDA-I), intervenções (NIC) e resultados (NOC), podem ser utilizadas em conjunto, apesar de não ser fundamental. Inclusive, existem outras classificações, porém as mais conhecidas e consolidadas são essas. Sua sequência de utilização, quando dentro do PE, prevê, inicialmente, o diagnóstico, o resultado esperado, antes da intervenção, a intervenção propriamente dita e o resultado alcançado após a intervenção. Ou seja, a partir do HE são identificados os possíveis DEs (NANDA-I); planejam-se as intervenções definindo os resultados (NOC) a serem alcançados, realizando a primeira mensuração através das escalas; decidem-se as intervenções (NIC) para solucionar/minimizar os DEs, executando-as; avalia-se e mensura-se os resultados (NOC), comparando-os com a primeira medida; verifica-se a evolução do quadro clínico para, possíveis, novas intervenções ou DEs que possam surgir ou que não foram evidentes num primeiro momento. A figura “Representações do uso na prática clínica das classificações NANDA-I/NOC/NIC/NOC” busca representar o dinamismo nas tarefas do PE na implementação das classificações. Figura 2 - Representações do uso na prática clínica das classificações NANDA-I/NOC/NIC/NOC Fonte: Elaborada pelo autor. #PraCegoVer: A imagem mostra a representação gráfica do dinamismo do uso das classificações NANDA, NIC e NOC, sendo que setas circulares se interligam, demonstrando o movimento de uma classificação para a outra. 5 Evolução de enfermagem Após as etapas do HE e do DE, chegou o momento de evoluir tudo o que fora realizado até o momento. Considerado como o quinto passo do PE, a EE (evolução de enfermagem) é o relato diário das mudanças sucessivas que ocorrem no paciente. A EE é o registro feito pelo enfermeiro após a avaliação diária do estado geral do paciente e contempla, geralmente, os registros das condições de saúde, em que são evoluídas condições que denotem atenção a algum problema pontual ou situação clinica nova que mereça destaque. As evoluções são realizadas diariamente ao término de cada plantão, sendo que estas anotações seguem a sistemática de registro de dados subjetivos (S), objetivos (O) e condutas (C). 5.1 Registro sistemático e de qualidade da EE A estrutura da evolução compreende os aspectos subjetivo e objetivo. • Subjetivo - compreende o que o paciente e/ou familiar refere; e • Objetivo - descreve o exame físico, enfatizando os sinais e sintomas que geraram os DEs. Conforme o surgimento, ou não, de novos sinais e sintomas, estes deverão ser descritos para justificar a abertura ou o encerramento de determinado DE. As condutas são registradas, e as intervenções que respondem aos sinais e/ou sintomas coletados, bem como os encaminhamentos realizados, o planejamento dos cuidados, as orientações por parte do paciente/familiar, também devem ser inseridas na EE. Estas etapas de registro (subjetivas, objetivas e condutas) podem ocorrer em vários momentos, sendo na admissão do paciente de uma unidade para outra, da volta de algum encaminhamento para exames ou procedimentos e até no momento de alta. O PE prevê, que mesmo sistemática, a EE não necessita ser inflexível, mas sim organizada e completa. Sabe-se que, infelizmente, apesar do PE e da SAE oferecerem ao enfermeiro uma possibilidade de organizar seu trabalho com base em uma filosofia e método que priorizam a individualidade do cuidado, promovendo qualidade, visibilidade e credibilidade, os profissionais preferem ser antiquados prestadores de serviço, utilizando um modelo assistencial de apenas duas etapas sendo o exame físico e a EE. Entretendo esse modelo é descontextualizado dos verdadeiros princípios e da necessidade do PE e da SAE, pois não há dados suficientes para uma completa EE, que possa ser utilizada para um cuidado de qualidade. Os profissionais devem estar preparados para a EE como procura demonstrar a figura “Equipe de saúde disposta com suas ferramentas de registro de evolução de enfermagem”. A real função da EE, dentro do PE, é de relatar, criticamente, as mudanças na condição clínica do usuário, visando a identificar melhorias ou continuidades nos planos assistenciais ou de cuidados, avaliando a condição dos resultados de enfermagem de forma contínua, através de dados plenamente registrados. 5.2 Informatização da EE A EE é um relato diário das mudanças de saúde do paciente, e deve ser realizada com tanta qualidade quanto o cuidado prestado. Para auxiliar aos profissionais de enfermagem nesse processo, a tecnologia, por meio da informática, tenta auxiliar em vários aspectos. Atualmente, existem centenas de DE, inúmeras intervenções e vários resultados esperados dentro do PE e da SAE. A informatização da SAE veio contribuir para o PE, de modo que as classificações estão dispostas a um clique, tendo suas relações de prontidão na tela do computador. Dessa forma, além dos DE, suas intervenções e resultados, com o uso do prontuário eletrônico, a evolução também se torna informatizada. A evolução de sinais e sintomas de forma informatizada fica simplificada, do mesmo que a evolução de procedimentos e demais cuidados prestados ao usuário. No entanto, a informatização não deve privar o enfermeiro da constante avaliação crítica da evolução do paciente. Exercendo a todo tempo o pensamento crítico e científico sobre os resultados que os sistemas informatizados entregam. Sendo uma opção positiva, o uso do registro eletrônico da EE, torna evidente a necessidade de qualificação dos enfermeiros, sendo fator fundamental para que os mesmos sejam envolvidos como participantes ativos, capazes de analisar, dar sugestões e fazer críticas sobre a operacionalização dessa forma de registro, cada vez mais próximo do ponto de cuidado. É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as noções e conceitos do processo de enfermagem; • compreender as diferentes etapas do processo de enfermagem; • aprender sobre o histórico de enfermagem e sua aplicabilidade na prática assistencial; • estudar sobre o diagnóstico de enfermagem e as ferramentas utilizadas para traçar diagnósticos mais precisos; • reconhecer a importância da evolução de enfermagem dentro do processo e como a qualidade desta evolução ocasiona em um melhor cuidado. REFERÊNCIAS BARROS, A. L. B. L.; LOPES, J. L. A legislação e a sistematização da assistência de enfermagem. 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Assim, o objetivo desta unidade visa levantar que, em tal metodologia há etapas que conduzem o fazer da enfermagem de forma a assegurar o amparo ao paciente em seu momento saúde-doença de forma segura, eficaz e moldada normativamente às previsões legais e instrucionais visando à promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade. Isto porque tal modelo assistencial precisa ser aplicado em todas as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro, uma vez que tal método de cuidado emerge como resultado de estudos, teorias e de experiências que culminaram em organização do fazer da enfermagem. Bons estudos! 1 Metodologia O processo de cuidado em enfermagem (PE), enquanto ferramenta metodológica que o enfermeiro utiliza para sistematizar a assistência em saúde, nasce, antes de qualquer uma das ações do fazer da enfermagem, no âmbito normativo. 1.1 Legislação Logo, não se configura fazer aleatoriamente, um fazer como quer o profissional de enfermagem, muito embora este tenha previsão de autonomia, mas, fazer de forma a atender a uma sistematização imbuída de prerrogativas normativas. E o produto disso são as etapas organizadas deste processo de cuidado, que existe para que a assistência prestada alcance o seu objetivo de maneira mais eficiente e segura. Destacando-se que, justifica-se aprofundar conhecimento acerca da prescrição em enfermagem, uma vez que, historicamente, de acordo com Silva et al. (2016) alcançar competências e habilidades refletem as preocupações relacionadas à segurança tanto do enfermeiro como ainda do paciente. Vale destacar que, alcançar estas questões advêm da década de 1990, a partir da publicação americana entitulada “To err is human: building a safer health system”, do Instituto Norte Americano de Medicina (IOM). Na ocasião, houve o relato da morte de 44 mil a 98 mil americanos resultantes de incidentes que eram, em grande parte, evitáveis (SILVA et al., 2016). Logo, justamente visando salvaguardar todos os protagonistas no contexto da saúde, é que há a previsão normativa acerca das atribuições e incumbências do enfermeiro na Constituição Federal do Brasil, nos artigos 5º, inciso XII, e 197, na Lei n. 7.498/1986 e, ainda, no Decreto n. 94.406/86, respectivamente no artigo 11, alíneas “c”, “i” e “j” e artigo 8º, alíneas “c”, “e” e “f”. Há no órgão competente, o COFEN (Conselho Federal de Enfermagem), premissas acerca das ações da enfermagem, principalmente, a prescrição de enfermagem contidas no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, aprovado pela Resolução COFEN 240/2000, e, nas Resoluções-COFEN n. 195/1997, 267/2001 e 271/2002 que: a Sistematização da Assistência de Enfermagem - SAE, sendo atividade privativa do enfermeiro, utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência de Enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade (BRASIL, 2002). Nesse sentido, verifica-se que o fazer da enfermagem tem fundamento científico, sistematizado, organizado de forma a dar sustentação tanto ao que é feito, sobretudo, a quem o faz e por quem é realizado este fazer, uma vez que, a institucionalização da SAE como prática de um processo de trabalho adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro, emerge como resultado de estudos, teorias e de experiências que culminaram nessa organização em prol da melhora na qualidade da assistência de enfermagem. Ainda, conforme expresso no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (COFEN, 2015), é responsabilidade e dever do enfermeiro prestar assistência ao paciente, família e coletividade evitando, sobretudo, imperícia, negligência ou imprudência, logo, a enfermagem precisa garantir a assistência com segurança e prestar informações adequadas ao paciente e à família sobre os direitos, riscos, intercorrências e benefícios acerca dessa assistência prestada (BRASIL, 2015). De tal forma, conforme disposto na Lei n. 7.49/1986 dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem e figuram dentre as incumbências privativas do enfermeiro (indelegável, somente este profissional pode efetivar junto ao paciente em que nem o técnico ou o auxiliar de enfermagem podem fazê-lo) o planejamento, a organização, a execução e a avaliação do processo de enfermagem (BRASIL, 1997). Quanto a implementação, a lei deixa abertura para todos os profissionais de saúde. 1.2 Assistência Destas incumbências ou tarefas, emergem as seguintes etapas da assistência em enfermagem conforme determina as instruções nas resoluções do COREN (BRASIL, 1997). Consulta de enfermagem Compreende o histórico (anamnese ou entrevista), exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem. Visando alcançar além da identificação do paciente, o motivo da visita e sua queixa principal, a história da doença atual e posterior, a história pessoal e social e revisão de sistemas. Histórico Visa levantar e alcançar alguns dos hábitos individuais e biopsicossociais do paciente visando sua adaptação à unidade de tratamento, assim como a identificação de problemas. Exame físico Etapa em que o enfermeiro precisa realizar técnicas como a inspeção, a ausculta, a palpação e a percussão, de forma criteriosa, efetuando o levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e anotação das anormalidades encontradas para validar as informações obtidas no histórico. Diagnóstico de enfermagem Uma vez colhidos, os dados na etapa do histórico e exame físico, precisa o enfermeiroidentificar os problemas de enfermagem, então, determinar as necessidades básicas afetadas, bem como o grau de dependência, fazendo, assim, o julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família e comunidade, aos problemas, processos de vida vigentes ou potenciais. Logo, identificando desequilíbrios. Usando protocolos como referência como o NANDA, CIPE, dentre outros. Isto para padronizar as terminologias de cuidado entre todos os enfermeiros do mundo. Prescrição de enfermagem O conjunto de medidas decididas pelo enfermeiro, que direciona e coordena a assistência de Enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde. Evolução ou avaliação de Enfermagem O registro feito pelo Enfermeiro após a avaliação do estado geral do paciente. Desse registro constam os problemas novos identificados, um resumo sucinto dos resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas subsequentes. Linearmente, todas estas etapas da SAE (sistematização da assistência de enfermagem) precisam ser registradas formalmente no prontuário do paciente/cliente/usuário, começando pelo histórico de enfermagem, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição da assistência de enfermagem, passando pela evolução da assistência de enfermagem até culminar no relatório de enfermagem. Esta observância é normatizada a ponto de, mesmo nos casos de assistência domiciliar - home care - o prontuário deve permanecer junto ao paciente/cliente/usuário assistido, objetivando otimizar o andamento do processo, bem como, atender ao disposto no Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990). Aqui, vamos evidenciar estas etapas da prescrição em enfermagem. Uma vez que, estas têm como características a coerência, bases científicas, a individualização, a provisão de um ambiente seguro e terapêutico. Ainda, visa oportunizar a educação. Sobretudo, enquanto atividades prescritas pelo enfermeiro aos membros da equipe após estabelecer os diagnósticos de enfermagem. Então, pode-se evidenciar que, conforme apontam Lira et al. (2015), a prescrição de enfermagem se configura num conjunto de intervenções/cuidados (atividades ou ações). Logo, um processo planejado para ser efetivo dentro de um determinado período de tempo, e, tem como base os diagnósticos ou problemas de enfermagem detectados em uma das etapas do processo de cuidado, visando promover, manter ou restaurar a saúde do cliente/paciente/usuário. Processo este definido a partir do julgamento clínico sobre a resposta de um ser humano, uma família ou uma comunidade em relação a problemas de saúde reais ou potenciais/processos de vida que fornecem a base para uma terapia definitiva, que busca alcançar, em uma estrutura designada, resultados nos quais a enfermagem é necessária (LIRA et al., 2015). Nesse sentido, a sistematização tem como finalidade servir: como instrumento para garantir o bem-estar do paciente e a redução de danos decorrentes da omissão de cuidados é importante que seus componentes sejam individualizados e sempre atualizados. Dificuldades do enfermeiro em identificar as informações necessárias para instrumentalizar o processo de trabalho e a assistência de enfermagem ocasionam, muitas vezes, coleta e retenção de um volume de informações que não correspondem às necessidades cuidativas (FAEDA; PERROCA, 2017, p. 419). 2 Prescrições e intervenções As prescrições de enfermagem, devidamente documentadas no prontuário do cliente, além de atenderem às exigências éticas e legais pertinentes à profissão, propiciam garantias a quem cumpre, respaldo a quem prescreve e colocam todas as pessoas participantes desse processo concretamente informadas do que foi ou deverá ser realizado. Esse processo tem o intuito de fornecer subsídios ao enfermeiro para o planejamento dos cuidados por meio da prescrição de enfermagem (FAEDA; PERROCA, 2017). 2.1 Intervenções As prescrições ou intervenções de enfermagem, conforme disposto no Manual Prescrição de Enfermagem (2019), podem ser: • dependentes; • interdependentes; e • independentes, como se verificam a seguir. • Intervenções dependentes São aquelas atividades ou ações que englobam as diretrizes de implementação. Têm por objetivo compor o conjunto de intervenções determinadas pelo enfermeiro e pelo médico. Logo, são vinculadas à decisão de outro profissional. Exemplo: prescrições medicamentosas, testes-diagnósticos, exigências alimentares, tratamentos, dentre outras. Para ilustrar: o paciente tem definido um problema no qual uma das intervenções precisa aferir e verificar o seu peso. O médico prescreve pesar este paciente três vezes por semana. E o enfermeiro define a forma com esta prescrição deve ser aplicada: pesar na segunda, quarta e sexta-feira, utilizando balança de leito. • Intervenções interdependentes São as atividades que o enfermeiro aplica em colaboração com outros membros da equipe de saúde, podendo ser nutricionistas, fisioterapeutas, médicos. São intervenções em que diante de um quadro tal, há múltiplas recomendações, como por exemplo, o paciente apresenta comprometimento renal. Logo, como recomendação médica há uma restrição hídrica de um volume de líquidos aplicados via oral, dentro de um tempo determinado. De tal forma, os enfermeiros, em conjunto a uma nutricionista, calculam a quantidade de fluídos que este paciente pode receber por turno, por via oral. Assim, há uma dependência de atividades para que o cuidado atinja seus objetivos. • Intervenções independentes São aquelas atividades prescritas pelo enfermeiro aos membros da equipe após ter estabelecido os diagnósticos de enfermagem. Vale destacar-se que, conforme assinalam Ferreira, Alves e Jacobina (2014, p. 63), “o ambiente físico de trabalho, quando não apropriado ou muito movimentado, o cansaço e estresse dos profissionais, distração, falha na comunicação ou entendimento de uma prescrição, sobrecarga de trabalho” podem influenciar no desenvolvimento das intervenções. 2.2 Prescrição De acordo o Manual Prescrição de Enfermagem (2019), há algumas importantes diretrizes que norteiam as atividades prescritivas em enfermagem visando minimizar este quadro assinalado por Ferreira, Alves e Jacobina (2014). De tal forma, segundo o apontado no Manual Prescrição de Enfermagem (2019), como primeira diretriz que, a prescrição de enfermagem precisa ser realizada pelo profissional enfermeiro, sendo dele atividade privativa. Podendo a equipe de enfermagem opinar em relação aos cuidados prescritos, à aplicabilidade, às dificuldades encontradas para efetivar os cuidados prescritos, além de sugerir modificações, quando necessárias. Outras diretrizes orientam o enfermeiro a utilizar letra legível no preenchimento do prontuário se este não for informatizado, sem rasuras, ou espaços em branco, evitando, assim, interpretações errôneas, logo, oportunizando plena identificação do autor do prontuário por meio de data, assinatura. Também, salientam a prioridade na observância do horário para a prescrição (quando não fixas para a execução, podem ter recomendação manhã, tarde ou noite), pois, deve ser caracterizada como rotina, possibilitando, de tal maneira, condições de adaptação aos costumes e hábitos do paciente (BRASIL, 2019). Verifica-se, então que, se observadas tais diretrizes, oportuniza quando das prescrições de enfermagem, um processo de cuidado em que se minimiza o desconforto e se maximiza os benefícios ao paciente. Conforme apontado no Manual Prescrição de Enfermagem (2019) que já promove ao enfermeiro o preenchimento de prontuário eletrônico, há orientação de que, nas intervenções os verbos (sempre no infinitivo, como por exemplo, fazer, auxiliar, orientar, encaminhar, observar, anotar, verificar) denotam as atividades executadas e devem ser precisas, elencando as atividades específicaspara o alcance dos resultados desejados. As intervenções de enfermagem precisam definir o foco, o alvo das ações planejadas (quem, o que, onde, quando, como e com que frequência), uma vez que, quanto mais detalhadas as informações, menores são as chances de erro. De acordo com Faeda e Perroca (2017, p. 422), é importante observar as diretrizes e orientações acerca da prescrição em enfermagem em virtude de que estas oportunizam monitoramentos periódicos dos registros de enfermagem, inclusive a prescrição, para identificar não conformidades e estabelecer medidas corretivas. Logo, a adequação da prescrição de enfermagem às necessidades do paciente promove também a identificação de fatores facilitadores e restritores ao processo de assistência em enfermagem. No entender de Faeda e Perroca (2017), as prescrições de enfermagem podem ser: Diárias Conjunto de cuidados relacionados aos diagnósticos padronizados, por exemplo, em serviços ou unidades que atendam uma especialidade médica, por exemplo, oncologia, cardiologia, obstetrícia, pediatria, dentre outros. Os cuidados padronizados são diretrizes detalhadas que representam o atendimento indicado previsto para uma situação específica, contudo, este tipo de prescrição está sujeito a erros, uma vez que, por estar padronizada, corre-se o risco de prescrever ações desnecessárias. Disponível em meio impresso ou computadorizado. Diárias específicas Conjunto de cuidados relacionados com os diagnósticos de enfermagem individualizados de cada cliente. Uma vez que, a cada problema do cliente, se emitida uma prescrição que atenda a necessidade afetada. É comum nas instituições de saúde acontecer uma combinação de prescrições, em que a específica complementa e individualiza a assistência a ser prestada. Plano de alta Conjunto de orientações escritas, recomendado ao paciente por ocasião da alta médica, relacionado com os diagnósticos de enfermagem individualizados. Para Faeda e Perroca (2017), esta última prescrição é planejada e sistematizada no decurso da internação, já visando o preparo do cliente para a alta médica. Nela deve constar informações e orientações referentes aos problemas, à patologia, cuidados, sequelas, atividades realizadas, dentre outros. Neste plano se identifica as necessidades específicas do paciente e/ou familiar, visando proporcionar condições favoráveis de saúde. De tal maneira, a etapa da prescrição em enfermagem, bem como todas as outras consideram ainda o nível de entendimento e conhecimento tanto do cliente como dos familiares visando não apenas obter resultados efetivos quando do processo de cuidado. Isto em virtude de que: Questiona-se, neste cenário de prática, como se torna possível ao enfermeiro fazer o acompanhamento individualizado do paciente para identificação das necessidades e prescrição adequada dos cuidados. O conhecimento das condições clínicas, o estabelecimento de vínculo entre paciente/família e a participação ativa no planejamento e na execução do processo de cuidar são fundamentais para tornar o processo avaliativo mais eficiente (FAEDA; PERROCA, 2017, p. 422). Podendo ainda o enfermeiro, quando finalizadas as etapas de cuidado e assistência, oportunizar ao paciente um sistema de referência e contrarreferência para a continuidade do tratamento e avaliações necessárias da equipe de saúde. 3 Modelos de sistematização da assistência de enfermagem Como visto até aqui, o profissional enfermeiro tem como auxílio ou ferramenta modos sistematizados para desempenhar suas competências durante o cuidado com o paciente. Assim, serão agora evidenciado a você os modos organizados do fazer da enfermagem. 3.1 Definições De acordo com Siqueira (2016), quando se fala da SAE (sistematização da assistência de enfermagem), esta figura em textos científicos como sinônimos, equivalentes, similares a processo de enfermagem (previsto na Resolução COFEN 358/2009), também a consulta de enfermagem. Isto dificulta a conceituação e alinhamento do que vem a ser SAE. Logo, por que seria importante determinar qual é a definição para modelos de sistematização da assistência de enfermagem? Na concepção de Siqueira (2016), para que se evidencie a abrangência da competência do enfermeiro. Pois, na atualidade, há quatro “perigos” que emergem desse desalinho conceitual para modelo de sistematização de assistência, a saber: • tarefismo (atividades previstas em programas e políticas públicas que não estão definidos em lei), • burocratização (preenchimento de dados, atividades administrativas desfocando a assistência), • descaracterização (dentro das unidades de saúde não se identifica quem é o enfermeiro de tão assemelhado nas funções com outros profissionais de saúde), e, • invisibilidade do enfermeiro (não se verifica a importância desse profissional no quadro profissional das unidades). Concorda com estes pressupostos os achados de Baqui (2012), que destaca que, o modelo de sistematização de assistência de enfermagem precisa ser pautado num contexto (ambiente no qual ocorre a assistência de enfermagem), conteúdo (o assunto da teoria), e, processo (método pelo qual a enfermagem age). Para a autora, a importância não estaria no modelo, mas, antes, na sistematização, pois apressa os diagnósticos e o tratamento dos problemas de saúde, reduzindo a incidência e a duração da estadia no hospital, promove a flexibilidade do pensamento independente, melhora a comunicação e previne erros, omissões e repetições desnecessárias; os enfermeiros obtém satisfação de seus resultados (BAQUI, 2012, p. 13). De acordo com Siqueira (2016), o modelo de assistência de enfermagem só pode alcançar êxito e efetividade se feito de forma científica, fundamentada em critérios, logo, sistematizada (esta enquanto dinâmica de ações sistematizadas e inter-relacionadas que tem por objetivo a prestação de assistência ao indivíduo). Para a autora, a postulação da teoria seria a sistematização, e, a prática seriam as atividades elencadas no processo de enfermagem em que estas são efetivadas desde os domicílios, escolas, até as instituições de saúde bem como hospitalares. Logo, sistematização postulada em normatizações (teoria, leis, resoluções) e, processo não limitado em esfera de ação. Isto porque, conforme apontam Nascimento et al. (2008, p. 644), “a sistematização da assistência de enfermagem, enquanto processo organizacional é capaz de oferecer subsídios para o desenvolvimento de métodos/metodologias interdisciplinares e humanizadas de cuidado”. Nesse sentido, no entender de Silva (2015, p. 3), a melhor definição para modelo seria “o conjunto de conhecimentos sobre um determinado assunto que geram hipóteses” enquanto que, teorias serviriam para explicar eventos naturais que têm relação entre outros tantos fatos. E, uma vez que, a enfermagem, enquanto ciência que exprime relação entre fatos e atos, estes atos devem, privativamente ou indelegavelmente, ser sistematizados. Quadro 1 - Teorias e modelos de enfermagem Fonte: Silva (2015, p. 11). #PraCegoVer: A imagem mostra um quadro com atos e fatos sistematizados durante o exercício da enfermagem. 3.2 Modelos de enfermagem Segundo as concepções de Silva (2015), a sistematização da assistência de enfermagem que vigora no Brasil não se configura apenas o melhor modelo para o fazer da enfermagem, mas, antes, melhora a qualidade da assistência prestada e, sobretudo, fortalece a enfermagem como profissão. Uma vez que, o profissional enfermeiro deve lançar mão de conhecimento e habilidade na consecução das ações, de forma orientada e organizada. E, possibilita ainda, a comunicação entre multiprofissionais de saúde na assistência ao paciente. Logo, verifica-se que, se atendidos os pressupostos da SAE, a enfermagem romperia com a ideia de prática focada apenas na prescrição médica. Conforme assinalam Soares et al. (2015, p. 48) existem diversos modos de sistematizara assistência de enfermagem, sendo formas diferentes de desenvolver o cuidado, vários métodos que podem ser empregados em enfermagem numa situação real, por determinado tempo, com finalidade de alcançar a melhora da saúde do paciente. Modalidades de fazer a enfermagem que não são excludentes e têm natureza diferente, embora a SAE as orientem, entre os quais se podem citar: • os planos de cuidados; • os protocolos; • a padronização de procedimentos; e • o processo de enfermagem. Gerolin e Cunha (2013, p. 37) ressaltam que, “o processo de trabalho da enfermagem particulariza-se em uma rede ou subprocessos que são denominados cuidar ou assistir, administrar ou gerenciar, pesquisar e ensinar”. E, cada um desses subprocessos pode ser tomado como um processo à parte com seus próprios elementos (objeto, meios/instrumentos e atividade), que podem ou não coexistir em determinado momento e instituição de saúde, principalmente. Existe, portanto, um constante movimento do repensar a gestão e a assistência de enfermagem, sempre em busca de melhores práticas baseadas em evidências, que otimizem recursos e garantam uma assistência segura, organizada, com foco no cliente, pautada nas relações interpessoais que envolvem a Enfermagem, o paciente e a família (GEROLIN; CUNHA, 2013, p. 38). Na concepção de Gerolin e Cunha (2013) fundamentados na SAE, há dois modelos de enfermagem. Modelo de gestão Por indicadores, avaliação dos serviços de saúde, processos de acreditação na área da atenção primária, bem como a busca por melhores resultados, associando ações na gestão, na prática do dia-a-dia, trazendo resultados mensuráveis. Modelo assistencial Forma de organização e articulação entre os diversos recursos físicos, tecnológicos e humanos disponíveis para enfrentar e resolver os problemas de saúde de uma coletividade. Acerca do modelo de gestão da enfermagem, Camacho (2015, p. 8) define que “a função do gestor envolve a prestação e o controle dos serviços e ações de saúde dos usuários, e o exercício desta atividade requer compromisso, ética e respeito”. Tendo a gestão sinônimo há desenvolvimento de competências enquanto o conjunto de faculdades que envolvem três dimensões: os conhecimentos, as habilidades e as atitudes que permitem ao profissional da enfermagem desenvolver suas funções, tarefas e /ou atribuições de gestão com eficiência e eficácia em benefício do paciente. Para Camacho (2015) tais destrezas que aprimoram o fazer da enfermagem nestas três dimensões compreendem para tanto que: • conhecimento: é a categoria mais ampla, proveniente de experiências, aprendizagem, de busca de informações e de elaborações mentais aplicados com um objetivo e de forma eficaz. • habilidades: são aptidões desenvolvidas e que tornam as pessoas diferenciadas em alguns aspectos. • atitudes: comportamento relacionado a princípios e valores, são resultados de ações conscientes. Acerca dos modelos assistenciais de enfermagem, Pelzer et al. (2005, p. 1) assinalam que, precisa o profissional de enfermagem compreender que, os modelos assistenciais adotados influenciam direta ou indiretamente o fazer profissional. Inevitavelmente, assim, devem tais modelos de assistência primar pelas mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais, necessárias à sociedade. Assim, Pelzer et al. (2005) apontam dois modelos tecno-assistenciais de saúde: • o clínico; e • o epidemiológico. Para Pelzer et al. (2005) são as formas que diferenciam o modo de compreensão e apreensão do objeto de trabalho, ainda que o serviço de enfermagem seja efetivado no setor público ou no privado, no hospitalar ou na rede básica de atenção à saúde. Deve, sim, para tanto ter definida uma metodologia de assistência, em consonância com os objetivos traçados pela organização institucional, coerente com sua missão e em inter-relação com o Sistema de Saúde. Logo, o profissional enfermeiro compreende que, as ações direcionadas ao ser/cliente/usuário/paciente/indivíduo, mesmo que por tempo determinado incide diretamente sobre o corpo, tem repercussões coletivas. Então, a escolha de um modelo apropriado à determinada situação, na prática do enfermeiro, envolve tanto o conhecimento dos diferentes modelos existentes, como das variáveis que afetam a situação do cliente (PELZER at al., 2005, p. 1). Ribeiro, Martins e Tronchin (2016) os modelos assistenciais de enfermagem são também chamados de modelos de prática profissional (Magnet Recognition Program - MPP), sendo essenciais à promoção da excelência na prática de enfermagem, originário dos Estados Unidos e serviram de impulso para a implementação da assistência do cuidado em enfermagem. Tais modelos têm como como elementos chave: • autonomia; • responsabilidade; • relações profissionais; • modelo de prestação de cuidados ao cliente; • gestão partilhada e mecanismos de compensação; e • recompensa. Sendo nada mais que uma representação esquemática dos cuidados prestados pelo enfermeiro com intuito de atingir resultados de alta qualidade. Citando como exemplos de aplicação internacional, o The Compass (criado um grupo composto por enfermeiros, enfermeiros chefes, educadores, gestores de caso e enfermeiros de prática avançada, no qual a atenção está centrada no cuidado ao doente e família), o modelo da qualidade de Donabedian, há também o modelo de aquisição de competências de Dreyfus e Dreyfus (reforça a ideia de que os profissionais devem dominar cada etapa antes de avançar para a próxima; a inovação e o trabalho, em equipe empreendedora, foram acrescentados enquanto elementos fundamentais para a criação de um ambiente de prática profissional que abraça a mudança. (RIBEIRO; MARTINS; TRONCHIN, 2016). Ribeiro, Martins e Tronchin (2016) destacam também que, estes modelos no âmbito da revisão de literatura têm, na grande maioria dos modelos, uma base teórica e seis componentes comuns. Um MPP é uma estrutura que permite aos enfermeiros integrar e articular as contribuições da teoria na prática. Com uma estrutura bem definida, os enfermeiros sentem-se ligados à sua relação com o cliente, ao seu próprio desempenho, a outros enfermeiros e à instituição. No seguimento do referido, o MPP para além de constituir uma estrutura que fornece aos enfermeiros orientação para a prática, também define o relacionamento estabelecido entre os enfermeiros, os clientes e a organização (RIBEIRO; MARTINS; TRONCHIN, 2016, p. 128). Entende-se, de tal maneira que, precisa o profissional enfermeiro lançar mão dos modelos tanto os assistenciais quanto os gerenciais, como seres participativos, reflexivos, críticos, capazes de contextualizar situações e utilizar seu conhecimento para decidir a melhor forma de agir no contexto do âmbito profissional. Um modelo de assistência pode ser construído e reconstruído, de acordo com as características do serviço, da clientela e da equipe de trabalho; assegura o planejamento e sistematização das ações da equipe de enfermagem, contribuindo, também, para a credibilidade e visibilidade da enfermagem. É importante estarmos atentos para sabermos reconhecer as necessidades do cliente e escolher modelos capazes de contemplar as necessidades relativas ao processo de saúde-doença, individuais e coletivas. Um modelo pode, então, ser considerado uma estrutura de ideias que guia e reflete a prática assistencial, calcado em princípios que ajudem o enfermeiro a conduzir a assistência em todas as suas fases, de acordo com a complexidade do cuidado (PELZER et al., 2005, p. 1). Pode-se entender que, no Brasil, em virtude das normatizações e resoluções que molduram o fazer da enfermagem, o modelo sistematizado de assistência da enfermagem figura como o modelo vigente. Entretanto, o enfermeiro pode, dentro do ganho de destrezas, habilidades e no âmbito de suas competências privativas realizar da melhor maneira este fazer dentro do processo do cuidado emsaúde. Para o desenvolvimento da competência administração e gerenciamento são considerados indispensáveis o conjunto de conhecimentos identificados para planejar, tomar decisões, interagir, gestão de pessoal. Assim, com ênfase nas funções administrativas, destacam-se o planejamento, organização, coordenação, direção e controle dos serviços de saúde, além dos conhecimentos específicos da área social/ econômica que permitem ao gestor acionar dados e informações do contexto macro e micro organizacional, e analisá-los de modo a subsidiar a gestão de recursos humanos, recursos materiais, físicos e financeiros (CAMACHO, 2015, p. 12). 4 Atividades da enfermagem Compreende-se, então que, modernamente falando, as práticas e atividades da enfermagem visam o cuidado por duas vertentes: a da assistência e a da gestão. Estas efetivadas pelo profissional enfermeiro. 4.1 Aptidão Nesse sentido, de acordo com Gerolin e Cunha (2013, p. 37), atividades que antes imbuíam a competência e abrangência do fazer do enfermeiro, tradicionalmente responsável pela gerência do cuidado, tiveram que, ao longo da história da enfermagem, sofrer adaptações e se preparar para o enfrentamento de novos desafios, logo, ampliando a área de atuação e de conhecimento. Nessa busca, precisa o profissional em enfermagem compreender e desenvolver aptidões de forma contínua, pois, há desde então, questões estratégicas tanto do cuidado e assistência quanto do negócio, o que, no passado, não era discutido como sendo uma competência essencial para esse profissional. 4.2 Novas práticas Gerolin e Cunha (2013) salientam que, em estudos nacionais e internacionais por elas analisados, há 11 modelos identificados, com predominância para o modelo de prática baseada em evidência (enfatizam o fato de que o enfermeiro é o centro do processo, pois é ele quem observa, avalia, questiona, comunica e implementa novos conhecimentos na prática clínica), seguido do modelo assistencial centrado no paciente (tornar o paciente informado e envolvido com a tomada de decisão em relação aos seus cuidados, fazendo-o sentir-se apoiado, confortável e confiante). Para ilustrar esta revisão da modelagem da assistência em enfermagem, a seguir, algumas informações sobre o MAE (Modelo de Assistência de Enfermagem) da Associação Congregação de Santa Catarina (2019) que prima que o “enfermeiro é quem está mais próximo do paciente e da comunidade. Por isso, são fundamentais na construção de políticas de saúde e de novos modelos de cuidado. É hora de dar a eles mais reconhecimento, mais investimento e mais influência e poder de decisão”. E, tem como fundamentos a combinação de duas dimensões: o amor, representado por valores como humanização, união e respeito, espiritualidade, cuidado individualizado, diálogo e empatia, e, a Enfermagem enquanto ciência, por seus valores como ética, qualidade e segurança, conhecimento científico, liderança e gestão. Enfermagem é tanto uma arte como uma ciência, sua prática exige uma mistura dos mais atualizados padrões de conhecimento e prática associados a uma abordagem do cuidado do paciente/cliente de forma humana e repleta de discernimento. Cuidado de Enfermagem tem uma dimensão objetiva, que se refere ao desenvolvimento de técnicas e procedimentos, e uma dimensão subjetiva, que se baseia na sensibilidade, criatividade e intuição para cuidar de outro ser (ACSC, 2019, p. 1). Há, evidentemente, além da questão da normatização para o emprego e desenvolvimento da sistematização da assistência de enfermagem, outro aspecto que implica na disseminação dos modelos importados de outros países como os referidos por Gerolin e Cunha (2013): a realidade brasileira. Assim sendo, o mais importante, independente dos diferentes processos, os agentes ou os profissionais de enfermagem, inserem-se de forma heterogênica e hierarquizada, expressando a divisão técnica e social do fazer da enfermagem. Logo, verifica-se que, mesmo em tempos de notável evolução tecnológica, do partilhamento constante de informações e demandas mesmo nas instituições de saúde na tentativa de maximizar recursos, diminuir custos e melhorar a qualidade da assistência, têm se exigido cada vez mais da enfermagem o aperfeiçoamento dos serviços, o planejamento e a operacionalização dos cuidados, reforçando a necessidade incontestável de se adotar e consolidar a SAE. Portanto, tanto sistematização quanto processo, mesmo implementado por modos diferentes na enfermagem, precisam ter fundamentos científicos e ser norteados por normatização, visando sempre a saúde do indivíduo. 5 A avaliação do sistema de assistência de enfermagem como base de desenvolvimento Uma vez que você alcançou que há, em vigor, métodos ou modelos para se efetivar a assistência de enfermagem, precisa ainda, entender que, todo o modelo pode ser implementado, melhorado, revisado, logo, nesse sentido, a avaliação emerge como forma organizada para que este processo seja profícuo e qualitativo. Assim, abordaremos agora de que forma é realizada a avaliação do sistema de assistência de enfermagem e quem faz essa apreciação. 5.1 Considerações Pensando em profissão está em forte ascendência, no Brasil, de acordo com Pati (2020), dos profissionais admitidos formalmente, segundo o Ministério do Trabalho, o número de enfermeiros contratados superou a marca de 16,7 mil em todo país. De tal forma, galgar desafios adquirindo saberes, habilidades e competências também faz parte do rol de tarefas do profissional enfermeiro que pretende executar bem o fazer da enfermagem no cuidado e assistência ao ser humano. Isto porque, quando adquire conhecimentos, executa sua prática fundamentada no saber científico e normativo, a experiência do enfermeiro se expande. Mas, o que o torna excelente é ser para cuidar do ser. Nas concepções de Ribeiro, Martins e Tronchin (2016), uma vez estabelecido e desenvolvido um modelo de assistência de enfermagem em todas as suas etapas e inerências, dá-se início à fase de implementação das ações em enfermagem. Todavia, vale lembrar que, embora exista lei que trate das competências e área de abrangência privativa ou indelegável do profissional enfermeiro, as resoluções dos conselhos federais até têm força jurídica. Entretanto, não obrigam os agentes políticos a atendê-los fielmente. Para tanto, a avaliação emerge como fator principal no sentido de aprimorar, melhorar, rever, modificar, desenvolver ou estabelecer as ações, as intervenções e os resultados alcançados. Avaliação esta que promove a implementação do modelo de assistência de enfermagem, e, esta precisa ser formalmente apresentada aos enfermeiros, através de sessões de formação interativas. Logo, é de suma importância a familiaridade do enfermeiro com o modelo de assistência de enfermagem adotado na instituição ou unidade de saúde. Lembrando que, conforme assinalam Soares et al. (2015), um dos desafios para a avaliação do modelo de assistência de enfermagem ainda consiste no fato de que, embora a SAE, implantada há décadas no Brasil, fundamentada na Teoria das Necessidades Humanas Básicas, mesmo após o advento da legalização (exigida dentro das instituições de saúde brasileiras), ainda por si só não oferece todo o apoio necessário para sua implantação, uma vez que muitos fatores desencadeiam dificuldades práticas no processo de implantação desse instrumento de assistência. Concordam com este aspecto Tavares et al. (2013). Uma vez que, a implementação da SAE ainda tem sido um desafio, porque para alguns tantos, tanto a metodologia da SAE quanto o PE são tratados como de um fazer incipiente, sobretudo, em virtude das dificuldades como a sobrecarga de trabalho associada aos desvios e a indefinição da função do enfermeiro, a exiguidade de tempo para a assistência dado o número insuficiente de profissionais, e, ainda a falta de conhecimento da equipe de enfermagem sobre a SAE. De acordo com Tavares etal. (2012), com previsão normativa, a SAE (sistematização da assistência de enfermagem) configura-se como atividade privativa do enfermeiro. Este para efetivar tal metodologia se vale de método científico para identificar as situações de saúde-doença dos indivíduos e, assim, subsidiar as ações para a assistência. Quando assim efetiva a enfermagem, o profissional enfermeiro contribui para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo. Logo, destaca-se que, a SAE possibilita a organização e direção do trabalho do profissional de Enfermagem. Isto quanto ao método, quanto ao pessoal e aos instrumentos. E, esta metodologia é operacionalizada através do PE (processo de Enfermagem: o PE contempla a avaliação do estado de saúde dos indivíduos por meio do seu histórico de saúde/doença e pela realização do exame físico, identificação dos diagnósticos de enfermagem, elaboração de plano assistencial, prescrição de cuidados, avaliação da evolução e prognóstico da assistência de enfermagem. Cabe ressaltar que a SAE e o PE são inter-relacionados, apesar de suas especificidades conceituais e operacionais, e quando incorporados no processo de trabalho permitem organizar e avaliar a prática de enfermagem de forma a melhorá-la e garantir a continuidade das informações sobre o cuidado (TAVARES et al., 2013, p. 1). No enfretamento desse desafio, antes de se proceder a avaliação de enfermagem, Tavares et al. (2013, p. 1) assinalam que, uma das formas para promover conhecimento e crescimento ao profissional enfermeiro está, principalmente, em se desenvolver uma “gestão participativa, na qual os profissionais de enfermagem tenham a possibilidade de compreender, construir ou reconstruir seu processo de trabalho em parceria com os gestores. Acredita-se que um processo participativo, subsidiado por discussões relacionadas aos desafios e às oportunidades da utilização da SAE pela equipe de enfermagem, pode romper com os movimentos centralizados, verticalizados e fragmentados de implantação da SAE”. De acordo com os achados de Boaventura, Santos e Duran (2017), vários estudos assinalam que os enfermeiros devem conhecer a SAE e o PE e aplicá-los na sua atuação na busca da melhoria da qualidade da assistência e da autonomia do fazer da enfermagem. Todavia, os autores alcançaram nos estudos por eles analisados que, a maioria dos profissionais enfermeiros demonstra falta de conhecimento tanto sobre a SAE quanto o PE, logo, não os utilizando quando da prática profissional, ou ainda, as emprega de maneira incompleta, incorreta. Então, como empregar a fase da avaliação e promover conhecimento ao profissional enfermeiro, nesse contexto? Recordando que, a sistematização da assistência de enfermagem configura-se num conjunto de atividades que tem por finalidade profissionalizar a assistência ao paciente, isto por meio de instrumentos de trabalho que auxiliem o profissional enfermeiro na tomada de decisão quando da execução de cuidado pelo viés científico, holístico e constante. E, o processo de enfermagem configura-se num método de trabalho exigido como parte fundamental para a realização da SAE (BOAVENTURA; SANTOS; DURAN, 2017). A avaliação faz parte das cinco etapas do PE. E, notadamente, conforme dispõem Lima, Chianca e Tannure (2015, p. 235), “nas últimas décadas, a busca pela qualidade do cuidado prestado aos pacientes vem ganhando destaque no cenário mundial e a enfermagem, assim como as demais profissões, depara-se com a necessidade de aprimoramento do processo de trabalho”. De tal maneira, o profissional enfermeiro pode e deve aprimorar saberes, habilidades, competências, dentro das metodologias de assistência da enfermagem, pois, as etapas do processo têm essa premissa e possibilidade. Enfermeiro dispõe, para aplicação de seus conhecimentos técnico-científicos e humanos, na assistência aos pacientes. Sua aplicação efetiva conduz à melhoria da qualidade dos cuidados de saúde, estímulo à construção de conhecimentos teóricos e científicos com base na melhor prática clínica, auxílio na elaboração de protocolos, fundamentação do ensino e raciocínio clínico, gerenciamento de custos e planejamento de alocação de recursos para a qualificação dos serviços de enfermagem (LIMA; CHIANCA; TANNURE, 2015, p. 235). No entender de Queiroga (2013), avaliação se constitui num instrumento de aprovação/reprovação, e, também uma prática que conduz o enfermeiro a maiores níveis de saberes e experiências. Sobretudo porque, as atividades de enfermagem são fundamentadas nas dimensões saber, fazer e sentir, com foco no paciente/indivíduo. Logo, promove um fazer da enfermagem dentro do processo do cuidado voltado para as necessidades do paciente, suas respostas humanas, num relacionamento dinâmico entre enfermeiro-paciente. Vale destacar que, conforme disposto na Resolução COFEN 358/2009, artigo 1, inciso V, lê-se acerca do conceito de avaliação de enfermagem: processo deliberado, sistemático e contínuo de verificação de mudanças nas respostas da pessoa, família ou coletividade humana em um dado momento do processo saúde doença, para determinar se as ações ou intervenções de enfermagem alcançaram o resultado esperado; e de verificação da necessidade de mudanças ou adaptações nas etapas do Processo de Enfermagem (BRASIL, 2009). Portanto, há previsão dentro do processo de cuidado da enfermagem a revisão de conceitos, ações, intervenções. Logo, promovendo no profissional da enfermagem, na equipe de saúde, no paciente e seus familiares um amadurecimento na busca dos objetivos. E, com isto fornece auxílio para a tomada de decisão por parte do enfermeiro durante a assistência de enfermagem, nisto deixando tanto metodologia quanto processo mais científico e menos intuitivo (QUEIROGA, 2013). De fato, há importância para todas as etapas do processo de enfermagem. E, também da avaliação ou evolução e periódica para a implementação do fazer da enfermagem, de modo a adequar o processo do cuidado e da assistência em todos os momentos não apenas se necessário. Pode-se destacar, então que, tem a avaliação mais de uma dimensão, uma vez que verifica e avalia desde o próprio desempenho, como também programas de saúde, metas institucionais e desempenho de outros profissionais da equipe de saúde. Exercitando, assim, um julgamento de valor a respeito de uma intervenção/ação, sobre qualquer um dos componentes, isto com o objetivo de ajudar na tomada de decisão e na promoção de mudanças, promovendo ações mais racionais e efetivas. Avaliar, nesse sentido, é prática processual, sistematizada e contínua que ajuda no gerenciamento, no planejamento e replanejamento, principalmente, na tomada de decisão (PETERLINI; ZAGONEL, 2003). As avaliações voltadas para as ações de saúde abordam rotineiramente dois caminhos: um é o da comparação e o outro é o de padrão. Comparar significa medir uma mesma situação em diferentes momentos e em diferentes cenários; e padrão refere-se a modelo, uma referência de uso conhecido e aceito pela comunidade científica (PETERLINI; ZAGONEL, 2003, p. 19). 5.2 Conscientização do profissional A avaliação não se configura num mecanismo importante para o universo da enfermagem porque busca e aponta acertos ou falhas, mas principalmente por possibilitar o delineamento de soluções, reorganizar atividades e serviços, apontar caminhos alternativos, visando maximizar a utilização de recursos disponíveis. Este, relevante, sobretudo em países de recursos financeiros escassos (PETERLINI; ZAGONEL, 2003). Vê-se, de tal maneira que, o processo de avaliação também tem como função melhorar a conscientização dos profissionais de saúde, da própria comunidade, pois passam a conhecer e a refletir sobre seus problemas e necessidades. Deve ser efetivada por meio de método determinar e estabelecer finalidades e objetivos para aquela determinada avaliação; estabelecer para cada objetivo um padrãoe a partir de aí pensar ou selecionar um instrumento eficiente para o processo que seja aplicável ao estudo e a cada item considerado. Após a aplicação do instrumento, interpretar achados e anotar conclusões, utilizando sempre as informações obtidas para a melhoria dos programas, numa técnica de retroalimentação. Escolha dos critérios, passar pelo compartilhamento das informações pelos parceiros formuladores e gestores e por momentos de discussão e publicização dos resultados. Ao serem divulgados de forma regular, os dados possibilitam que todos os envolvidos possam refletir sobre as mudanças e o que elas provocaram na vida da comunidade (PETERLINI; ZAGONEL, 2003, p. 20). O maior ganho de um processo de avaliação de enfermagem tem relação com a busca constante e continuada dos parâmetros de qualidade, da avaliação da estrutura, condições das instalações físicas, equipamentos, móveis, materiais, insumos e recursos humanos, logo, averiguando os aspectos qualitativos e quantitativos destes recursos disponíveis e necessários para o desenvolvimento de uma determinada ação, processo ou programa de saúde (PETERLINI; ZAGONEL, 2003). Sobretudo, todo o processo de enfermagem dentro da metodologia de sistematização da assistência da enfermagem deve ser avaliado, principalmente, pela clientela (paciente e seus familiares e comunidade), uma vez que, o sujeito-foco da ação da enfermagem no processo do cuidado e atenção torna estes nos principais protagonistas do momento saúde- doença. A avaliação do processo é orientada fundamentalmente para as ações das equipes de saúde e do cuidado com o indivíduo, família ou comunidade. Este aspecto é o mais difícil de ser avaliado, considerando-se que, no processo de cuidar, existem vários atores envolvidos e várias situações; portanto a tendência para avaliar esta dimensão é a utilização de protocolos, facilitando assim a ação comparativa dos processos. Neste caso, os protocolos seriam parâmetros, ou seja, a descrição de situações ou ações ideais que, comparados com o que está acontecendo com a realidade, indica se determinada atividade, processo ou ação se vêm adequando àquela situação específica (PETERLINI; ZAGONEL, 2003, p. 20-21). Por fim, precisa o profissional de enfermagem conhecer também a situação atual dos SIS (sistemas de informação em saúde), que dispõem uma amplitude de dados e indicadores na base federal, estadual e municipal. Assim, pode o profissional enfermeiro institucionalizar e socializar os dados e resultados obtidos no processo da avaliação para a comunidade, isto como instrumento norteador das ações de cuidado em saúde, in loco. Você deve ter percebido que o fazer do enfermeiro exige o aprimoramento de habilidades e de competências. As teorias como a sistematização da assistência de enfermagem e a metodologia como o processo de enfermagem nasceram de esforços e ações organizadas para determinar o foco das ações de cuidado. Quer saber mais? Veja a Lei n. 7.498, que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem (BRASIL, 1986). Dessa forma, a avaliação em saúde se revela num modo que contribui para o desenvolvimento de competências tanto para o enfermeiro quanto coletivamente, isto fundamental para a reorganização e produção das ações e dos serviços de saúde à altura das necessidades da população. É ISSO AÍ! Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • saber que prescrição e a sistematização da assistência de enfermagem são metodologias de assistência estabelecidas visando organizar o fazer da profissão; • conhecer as etapas da PE, que são incumbências indelegáveis, privativas do profissional enfermeiro; • aprender que as incumbências privativas do profissional enfermeiro estão normatizadas em leis; • reconhecer as ações pontuadas no prontuário do paciente; • entender que prescrições devem ser bem detalhadas. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO CONGREGAÇÃO SANTA CATARINA. Modelo de Assistência de Enfermagem - MAE, 2019. Disponível em: http://congregar.acsc.org.br/acsc-lanca-o-mae-modelo-assistencial-de-enfermagem. Acesso em: 20 fev. 2020. BAQUI, A. SAE: Sistematização da Assistência em Enfermagem. Disponível em: https://www.grancursospresencial.com.br/novo/upload/sistematizacaodeenfermagemaulaum%5D_201104181234 45.pdf. Acesso em: 19 fev. 2020. BRASIL. 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