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Educação a Distância Curso: Pedagogia O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ana Rosa Mazeto Santoro / RA: 1751980 Carla da Silva Medina / RA: 1766894 Renata Cristina Ferraz / RA: 1755630 Polos São José do Rio Preto, Taubaté e Osasco 2020 Ana Rosa Mazeto Santoro Carla da Silva Medina Renata Cristina Ferraz O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL São José do Rio Preto, Taubaté e Osasco 2020 Trabalho Monográfico – Curso de Graduação – Licenciatura em Pedagogia, apresentado à comissão julgadora da UNIP EAD sob a orientação da professora Maria Sirleide Lima de Melo. Ana Rosa Mazeto Santoro Carla da Silva Medina Renata Cristina Ferraz Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _______________________/__/___ Prof. Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Universidade Paulista UNIP São José do Rio Preto, Taubaté e Osasco 2020 DEDICATÓRIA Dedicamos esse Trabalho de Conclusão de Curso aos nossos familiares que sempre nos apoiaram e incentivaram com muito amor. AGRADECIMENTOS Nossos agradecimentos vão primeiramente a Deus, por estar sempre presente em nossas vidas, nos proporcionando saúde e sabedoria necessárias para concluir o curso. À nossa querida orientadora Maria Sirleide Lima de Melo que não mediu esforços para nos orientar. Aos nossos familiares pelo incentivo, apoio e paciência. A todos os professores e funcionários da UNIP EAD que estiveram conosco durante esses três anos, fazendo o possível para que conseguíssemos concluir o curso com confiança e tranquilidade. Aos nossos amigos que em momentos de preocupação nos trouxeram alegrias. Aos professores, supervisores e diretores das escolas em que estagiamos, pela paciência, ajuda e carinho conosco. “A criança aprende brincando. Mais importante, ao brincar, a criança aprende a aprender”. O. Fred Donaldson SUMÁRIO INTRODUÇÃO..................................................................................................... ..11 CAPÍTULO 1: JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS COMO RECURSOS DIDÁTICOS............................................................................................................13 1.1 A Origem dos jogos, brinquedos e brincadeiras..........................................13 1.2 A importância do lúdico na formação da criança.....................................15 1.3 Como o brincar facilita o processo educacional..........................................17 CAPÍTULO 2: A FORMAÇÃO DOCENTE E O TRABALHO COM O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL......................................................................................... 20 2.1 O Papel do professor na aprendizagem por meio da brincadeira.............21 2.2 O Lúdico e a formação profissional do educador...................................... 22 CAPÍTULO 3: A PRÁTICA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL..................27 3.1 A Importância da seleção do jogo ao estágio de desenvolvimento da criança...................................................................................................................27 3.2 A organização dos tempos e espaços para jogos no ambiente escolar.................................................................................................................. 34 3.3 Como avaliar os alunos durante as atividades lúdicas................................37 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................42 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Jogo de Exercício - Fonte: (COELHO, 2018) .............................. 28 Figura 2: Jogo de Construção - Fonte: (DOMINGO, 2016) ........................ 29 Figura 3: Jogo simbólico - Fonte: (CARDOSO, 2019) ................................ 29 Figura 4: Jogo de regras - Fonte: (OLIVEIRA, 2012) .................................. 30 Figura 5: Jogos Funcionais - Fonte: (GUERREIRO, 2017) ........................ 31 Figura 6: Jogo de Ficção - Fonte: (RABINOVICH, 2009) ............................ 32 Figura 7: Jogo de Aquisição - Fonte: (VIEIRA, 2017) ................................ 32 Figura 8: Jogo de Fabricação - Fonte: (LIMA, 2018) .................................. 33 RESUMO A pesquisa a seguir aborda o tema: O Lúdico na Educação Infantil, a fim de analisar a importância da ludicidade, enfatizar a aprendizagem, apontando os benefícios que os jogos, brinquedos e brincadeiras proporcionam à educação infantil. Essas atividades lúdicas são necessárias para qualquer ser humano, principalmente para as crianças e quando mediadas por educadores, as tornam extremamente efetivas para a educação, pois influenciam no desenvolvimento físico, motor, cognitivo, cultural, social, entre outros. Neste sentido, esse trabalho utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica onde foram relatados por diversos autores, conceitos essenciais sobre o assunto, mostrando sobretudo sua finalidade, características dos jogos para cada faixa etária, como aplicar e avaliar os resultados. Com esse levantamento bibliográfico, ficou claro que cada criança é única, porém todas tem algo em comum, gostam de brincar e o lúdico permite que haja aprendizagem com as diferentes formas de brincadeiras, ou seja, enquanto se satisfazem e sentem prazer com o brincar, as crianças são estimuladas para a construção do seu conhecimento, uma vez que com o planejamento e acompanhamento da equipe pedagógica, sempre há uma aprendizagem envolvida e ao final, uma avaliação. Infelizmente ainda são encontrados gestores de escolas que não acreditam na eficiência das brincadeiras, consequentemente não apoiam o método e se recusam a comprar brinquedos e materiais para a realização da prática do lúdico. Espera-se ao final deste levantamento bibliográfico, que os educadores possam contar com o apoio desses gestores, reconhecendo o lúdico não só como atividades rotineiras para distração, mas como um complemento fundamental para a melhoria do ensino-aprendizagem tanto do aluno quanto dos professores, ou seja, contribuindo com o desenvolvimento educacional. Palavras-chave: Lúdico; Jogos; Brincadeiras; Aprendizagem; Educação Infantil. ABSTRACT The following research addresses the theme: Playfulness in Early Childhood Education, in order to analyze the importance of playfulness, emphasize learning, pointing out the benefits that games, toys and playful provide to early childhood education. These recreational activities are necessary for any human being, especially for children and when mediated by educators, they become extremely effective for education, as they influence physical, motor, cognitive, cultural, social development, among others. In this sense, this work used a bibliographic research in which several authors reported essential concepts on the subject, showing mainly its purpose, characteristics of the games for each age group, how to apply and evaluate the results. With this bibliographic survey, it was clear that each child is unique, but they all have somethingin common, they like to play and the ludic allows learning with different forms of play, that is, while they are satisfied and feel pleasure with playing, children are encouraged to build their knowledge, since with the planning and monitoring of the pedagogical team, there is always learning involved and at the end, an evaluation. Unfortunately, school managers are still found who do not believe in the efficiency of playfulness, consequently do not support the method and refuse to buy toys and materials to carry out the playful practice. At the end of this bibliographic survey, it is expected that educators can count on the support of these managers, recognizing playfulness not only as routine activities for distraction, but as a fundamental complement for the improvement of teaching- learning for both students and teachers, that is, contributing to educational development. Keywords: Playfulness; Games; Play; Learning; Child education. 11 INTRODUÇÃO Antigamente os jogos e as brincadeiras eram tratados apenas como um passatempo para as crianças, sendo feitos sem qualquer significado pedagógico, existiam apenas para distração. No início do século XX, algumas instituições de ensino, a partir de teorias pedagógicas, influenciadas por Frobel, Claparède, Dewey, Decroly e Montessori, desenvolveram os jogos e brinquedos na educação infantil e com o passar do tempo foi se tornando mais claro a possibilidade de utilizá-los para desenvolver a aprendizagem de forma lúdica, acreditando que eles não são apenas uma forma de entretenimento para gastar a energia das crianças, mas um meio que contribui e enriquece o desenvolvimento intelectual. A teoria piagetiana adota a brincadeira como uma conduta livre, onde a criança expressa a sua vontade com o prazer que a brincadeira lhe dá. A importância do brincar para o desenvolvimento infantil está inserida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), pois através dele é estimulado o desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, psíquico e físico, além de ser um dos seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento da criança. Brincar de diferentes formas, em diferentes lugares, com diferentes pessoas, ampliando seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. Este assunto tem conquistado seu espaço no cenário nacional, principalmente na educação infantil e acreditando nesse direito será realizada uma pesquisa cujo tema é “O Lúdico na Educação Infantil” com o objetivo de tratar a importância da Atividade Lúdica (jogos, brinquedos e brincadeiras) no processo de aprendizagem da Educação Infantil, visando disseminar informações obtidas por meio de uma pesquisa bibliográfica sobre teóricos que defendem a ludicidade e brincadeiras na educação infantil. A escolha do tema se deu pelo interesse de buscar novos conceitos a respeito das atividades lúdicas na prática pedagógica, para conscientizar as escolas que não apoiam esse método, se negando a obter os materiais necessários, como os brinquedos por exemplo. Percebe-se que existe um problema no ensino e aprendizagem pela falta deste recurso, tornando-os insatisfatórios, por isso a sugestão de mudanças no âmbito educacional. 12 Será desenvolvida uma pesquisa bibliográfica, onde a bibliografia relacionada ao assunto, destaca a importância de se obter novos conhecimentos para desenvolver trabalhos pedagógicos na educação infantil. Pois através do lúdico, é possível ensinar de uma forma em que o conhecimento dos alunos, se amplie significativamente a partir do que já trazem em sua bagagem cultural. Para um melhor entendimento, esse trabalho é apresentado e dividido em três capítulos, onde no primeiro capítulo, é abordada a utilização de jogos, brinquedos e brincadeiras como recursos didáticos, desde a sua origem até a atualidade, a importância do lúdico na formação da criança e como o brincar facilita o processo educacional. No segundo capítulo, a formação docente e o trabalho com o lúdico na educação infantil, assim como o papel do professor na aprendizagem por meio da brincadeira e o lúdico e a formação profissional do educador. Concluindo, o terceiro capítulo aborda a prática do lúdico na educação infantil, a importância da seleção do jogo ao estágio de desenvolvimento da criança, a organização dos tempos e espaços para jogos no ambiente escolar e como avaliar os alunos durante as atividades lúdicas. 13 CAPÍTULO 1: JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS COMO RECURSOS DIDÁTICOS Quando a criança brinca muitas aprendizagens estão ocorrendo, quando ela está em uma atividade lúdica, se organiza inteiramente em função da sua ação. É indispensável que a criança sinta atração pelo brinquedo e nossa função como mediadores é mostrar a ela as possibilidades de exploração que ele oferece. Friedrich Fröebel, pedagogo alemão, defendia que: a pedagogia considere a criança como atividade criadora e desperte, mediante estímulos, os métodos lúdicos na educação. O grande educador consegue, pelo jogo, um admirável meio para promover a educação das crianças (COTRIM e PARISI 1985, p 77). John Dewey, pedagogo e filosofo norte-americano, relatou que o jogo “faz o ambiente natural da criança, ao passo que as referências abstratas e remotas não correspondem ao interesse da criança”, e que “ a escola deve representar a vida presente, uma vida tão real e vital para a criança como a que vive em sua casa na vizinhança ou no campo de jogo” (DEWEY 1940, p22) É brincando que a criança começa a se relacionar com as pessoas, a descobrir o mundo, a se desenvolver com o que aprendeu. Ela se desenvolve com mais saúde, diminuindo o estresse, aumentando a criatividade e a sensibilidade e estimulando o social. Brincar é uma das ações mais importantes da infância, é a atividade que permite que a criança desenvolva todo o potencial que existe nela, desde os primeiros anos de vida. Portanto pode-se dizer que é por meio da brincadeira que faz a criança ser criança, Luckesi diz: [...] o que a ludicidade traz de novo é o fato de que o ser humano, quando age ludicamente, vivencia uma experiência plena. [...] Enquanto estamos participando verdadeiramente de uma atividade lúdica, não há lugar, na nossa experiência, para qualquer outra coisa além desta atividade. Não há divisão. Estamos inteiros, plenos, flexíveis, alegres, saudáveis. [...] Brincar, jogar, agir ludicamente exige uma entrega total do ser humano, corpo e mente ao mesmo tempo. (LUCKESI, 2000, p. 21). 1.1 A ORIGEM DOS JOGOS, BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS A história dos jogos, brinquedos e brincadeiras, assim como toda história é uma construção da humanidade, sempre se moldando às necessidades de cada 14 época e local, a maioria deles chegaram ao Brasil vindos da Europa, África e até mesmo do Oriente e dos povos indígenas. Dentre os autores que expõe a importância sobre essas histórias, destacamos: Kishimoto, Philippe Ariès e Brougère. Segundo Ariès (1978) a infância é reconhecida por volta do séc. XVI e a maioria dos jogos como de saquinhos (ossinhos), amarelinha, bolinha de gude, jogo de botão, pião, pipa, assim como contos, lendas e histórias, chegaram por interferência dos primeiros portugueses. Não se sabe ao certo onde deu início, já que cada cultura tem sua própria analogia. Entre os povos da mesopotâmia foram encontrados vários registros de atividades que retratavam os aspectos da época, já na antiguidade os gregos e romanos deixaram um legado muito importante como as atividades físicas e as primeiras bonecas. De acordo com Brougère (1998) os jogos romanos eram divididos entre teatro, mímica, dança, concursos de poesia e circo e do outro lado por corridasde biga, combates, encenações de animais, caça e jogos atléticos que vagavam entre a religiosidade e a política. Na Grécia faziam luta e combate por concurso, jogos públicos e ginásticos, inclusive lá foram realizadas as primeiras olimpíadas que a princípio eram de modo religioso e somente em 1986 foram realizados os jogos olímpicos modernos, e é nessa fase que tem a separação muito importante entre o jogo e religião, mesmo sendo de aparência desordeira e violenta, começa-se a ver o sentido da aprendizagem e a construção da identidade. Tudo isso voltado aos adultos, pois junto com as primeiras guerras surgiu uma necessidade por ela criada, logo os jogos eram para satisfazer essa necessidade. Como parte da cultura popular, o jogo tradicional guarda a produção cultural de um povo em certo período histórico. Essa cultura não oficial, desenvolvida pela oralidade, não fica cristalizada. Está sempre em transformação, incorporando criações anônimas das gerações que vão se sucedendo. Por ser elemento folclórico, o jogo tradicional assume características de anonimato, tradicionalidade, transmissão oral, mudança e universalidade. Não se conhece a origem desses jogos [...] os jogos assentam-se no fato de que povos distintos e antigos como os da Grécia e Oriente brincaram de amarelinha, de empinar papagaios, e até hoje as crianças o fazem da mesma forma. (KISHIMOTO, 1993, p. 15) Por volta do século XVII a educação através dos jogos passou a ser mais valorizada, adotando medidas menos radicais, sendo introduzidos nas escolas para relaxamento. 15 De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Criança, “Toda criança tem direito à alimentação, habitação, recreação e assistência médica.” Então cabe à família, à escola e à sociedade garantir este direito, por meios de ações. A porta de entrada à cultura para as crianças são as brincadeiras, assim podendo identificar sua própria cultura, esse pequeno ato é um ponto fundamental para o equilíbrio do ser humano, pois além de ter a função pedagógica também é prazeroso e terapêutico. Brincar é tão natural, quanto a própria criança não ter como entender sua vida sem o seu brinquedo, pois cria um desenvolvimento proximal, trazendo a imaginação, a imitação e as regras na vida delas, mostrando quando é a hora de brincar, compartilhar, organizar e guardar dando as responsabilidades desde cedo. De acordo com Brougère (1998) com as misturas de etnias no Brasil as crianças nasciam e recebiam as influências de cultura indígena, portuguesa e africana, isso só nas brincadeiras, pois suas mães nunca deixavam de transmitir a história de suas terras, por isso muitos brinquedos conhecidos hoje eram passados de geração em geração e fazem parte do folclore brasileiro. Os adultos sempre introduziram brinquedos para as crianças, isso explica os inúmeros estudos sobre a influência que eles ocupam no seu desenvolvimento, por exemplo, uma criança indígena através da brincadeira com arco e flecha, que é uma atividade para adultos, aprenderá a sobrevivência de sua comunidade, então nota-se que existe uma conexão entre a natureza dos jogos e brinquedos e a vida da criança na sociedade. De acordo com Kishimoto (1993) não tem história de uma sociedade, sem uma história de jogo, como parte da identidade de um povo. A história da cultura lúdica é importante para a construção humana, marcada por relações socioculturais particulares a cada tempo e sociedade. 1.2 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA FORMAÇÃO DA CRIANÇA De acordo com Kishimoto (2011) as brincadeiras e os jogos sempre fizeram parte da vida das pessoas, para a maioria dos adultos é apenas uma recordação. Essas atividades proporcionam benefícios às crianças, já que o brincar faz parte do 16 mundo infantil, faz parte da natureza humana, permite buscar conhecimento numa troca intensa de fora para dentro. Os jogos e as brincadeiras ajudam as crianças a vivenciarem regras preestabelecidas que devem ser respeitadas. Com isso, elas entendem que para tudo existem regras e ao mesmo tempo desenvolvem uma atividade lúdica. Elas aprendem a esperar a sua vez e a ganhar e perder. Incentivam a autoavaliação, constatando por si mesma os avanços que é capaz de realizar, fortalecendo assim sua autoestima. Alguns dos jogos “tradicionais brasileiros”, são: queimado/caçador, carniça, pique, cabra-cega, escravos de Jó, peteca, amarelinha, chicotinho queimado, pau de sebo, cabo de guerra, totó/pebolim, bambolê, ciranda, cirandinha, futebol de botão, pião, passa anel, estátua, palitinhos, malmequer, reco-reco, papagaio, pipa, arraia. Fonte: Kishimoto (1993). Fica claro nas obras de Piaget (1978) que o brincar não é apenas uma forma de entretenimento ou apenas para ocupar as crianças, mas também colaboram com o desenvolvimento intelectual. Segundo ele, o livre acesso a manipulação dos materiais mais variados faz com que a criança reinvente as coisas, contribuindo para seu crescimento interior, fazendo a transformação do lúdico em uma coisa real, construindo seus próprios conceitos, estimulando o mundo imaginário, ampliando os horizontes para o desenvolvimento de sua vida social. Brincar é usar a imaginação e colocá-la em ação. O bom jogo não é aquele que pode ser dominado corretamente pela criança, mas o que faça com que ela possa jogar de maneira lógica e desafiadora, e que estimule suas atividades mentais ampliando sua capacidade de cooperação, libertação, liderança e competição. É uma necessidade da criança, a brincadeira com as coisas do mundo adulto, pois elas precisam fantasiar, criar, mexer etc., para que se tornem adultos seguros, capazes de fazer escolhas, tomar decisões, enfim, viver em harmonia consigo mesmo e com a sociedade. Nem sempre, se têm o conhecimento do valor da brincadeira, acreditando que o brincar seja somente um entretenimento, como se não tivesse outras utilidades mais importantes, não percebem que no momento em que a criança está brincando, consequentemente ela está aprendendo, experimentando o mundo, elaborando sua autonomia de ação, organizando suas emoções. Sendo assim, os 17 educadores estão contribuindo com o desenvolvimento e amadurecimento tanto físico quanto mental, ajudando na formação de um adulto e facilitando a socialização entre ele e o mundo. 1.3 COMO O BRINCAR FACILITA O PROCESSO EDUCACIONAL Segundo Friedmann (1996) os jogos têm uma função social muito importante para a criança. No início eram vistos apenas como um recurso para distração e recreação não contribuindo para a aprendizagem. Ao longo dos tempos foram se moldando às necessidades de cada época, fundindo cultura local e novas culturas, dando-se a complexidade da definição de jogos, brinquedos e brincadeiras, pois cada cultura estabelece um significado diferente e o que é visto como uma brincadeira lúdica para uns, são atividades importantes na educação para outros. De acordo com Vygotsky (1984) o educador tem que estar ciente que não é só deixar a criança brincando livremente, deve utilizar apropriadamente as atividades didáticas, sendo ele o mediador entre os objetos e as crianças e nunca deve ser levado como objetivo de preencher um tempo vago, criando sempre um objetivo a ser alcançado. Nesta visão, o desenvolvimento da criança é mais aproveitado nas atividades lúdicas do que nas lições pedagógicas do dia a dia. Na educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar é um potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o conhecimento através das características do conhecimento do mundo. O lúdico promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido. Segundo O ReferencialCurricular Nacional, para a educação, brincar é um ganho enorme e não perda de tempo, sendo uma atividade fundamental para o desenvolvimento da identidade e autonomia, pois a comunicação através dela, começa desde muito cedo, por meio dos gestos e dos sons, desempenhando no futuro, o papel importante para imaginação e fantasia. A criança não tem nenhuma preocupação em adquirir conhecimento, portanto, o brincar é a melhor forma de comunicação e de aprendizagem aproximando o lúdico com o mundo real, através disso a criança desenvolve seu 18 intelecto e habilidades para vida como interagir socialmente, ter empatia, resolver problemas desenvolver autoconfiança, respeitar regras e estimular a imaginação, já que cada atividade tem uma finalidade diferente. Piaget (1975) apud Cória-Sabini (1998) critica os métodos tradicionais de ensino, pois aquilo que o professor transmite fica sem ser compreendido pela criança, não sendo um instrumento útil para ser aplicado em diferentes situações, fora e dentro da sala de aula. Defende o método ativo de ensino, ou seja, aquele que estabelece diálogo com as características do pensamento infantil, propõe que a sala de aula deve ser um espaço aberto onde a cooperação se faz presente nas relações entre o professor e aluno. A escola deve se voltar para uma educação prazerosa, no qual o aluno tenha interesse em realizar suas atividades e motivação em aprender, onde os professores quebrem os paradigmas de currículos rígidos e abrem as portas para uma educação lúdica e uma aprendizagem flexível. Na educação infantil, a ludicidade facilita a convivência entre as crianças e os professores, com isso nota-se que o lúdico beneficia o desenvolvimento de uma prática educativa em torno das necessidades das crianças, por proporcionar um ambiente favorável. Não se trata só de uma complementação, o momento lúdico é um auxiliar fundamental no processo educativo, onde se aprende brincadeiras que desenvolvem objetivos reais e significantes sem que percebam. Assim, “as aulas lúdicas parecem preencher uma importante lacuna: a catarse da alegria, além do afeto mútuo envolvendo professor/criança e crianças/crianças” (MIRANDA, 1964, p. 83). O jogo testa habilidades físicas, como correr, pular, desenvolve também a aprendizagem da linguagem e a habilidade motora. Já a brincadeira em grupo favorece alguns princípios como o compartilhar, o solidarizar, o cooperar, o liderar, o competir e o mais importante, o obedecer às regras. É uma forma da criança se expressar, de manifestar seus sentimentos e desprazeres. Assim, o brinquedo passa a ser a linguagem da criança. De acordo com Resende (1999, p.42-43): Não queremos uma escola cuja aprendizagem esteja centrada nos homens de “talentos”, nem nos gênios, já rotulados. O mundo está cheio de talentos fracassados e de gênios incompreendidos, abandonados à própria sorte. Precisamos de uma escola que forme homens, que possam usar seu conhecimento para o enriquecimento pessoal, atendendo os 19 anseios de uma sociedade em busca de igualdade de oportunidade para todos. Através dos jogos, uma série de situações que envolvem equilíbrio e desafios corporais para as crianças com uso de objetos, de obstáculos e alvos podem ser criados. Combinados entre si, podem garantir situações de aprendizagem, favorecendo o desenvolvimento cognitivo e social da criança. Dentro de casa, o espaço reservado à atividade lúdica da criança, podendo ser o quarto, o quintal, o pátio, a área comum de um condomínio e outros, é “transformado” pela criança, dentro de suas possibilidades, para adaptá-lo à sua brincadeira. Já na escola, a própria sala de aula pode ser transformada em espaço de jogos, podendo ser desenvolvidas atividades aproveitando mesas, cadeiras, divisórias etc. como recursos. Assim como, fora da sala, sobretudo no pátio, a brincadeira “corre solta” e a atividade física predomina. Fazendo a transformação do lúdico em uma coisa real, construindo seus próprios conceitos, estimulando o mundo imaginário, representado pela conquista de quem pode sonhar, sentir, decidir, arquitetar, aventurar e agir com energia para superar os desafios da brincadeira, recriando o tempo, o lugar e os objetos que contribuirão para seu crescimento interior. 20 CAPÍTULO 2: A FORMAÇÃO DOCENTE E O TRABALHO COM O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Quando o lúdico é trabalhado pedagogicamente, pode ser uma ferramenta fundamental na aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança. Todos os professores e futuros professores da educação infantil, devem adquirir conhecimentos para trabalhar com a ludicidade no ensino/aprendizagem, pois a prática educacional voltada para o lúdico facilita a aprendizagem, tornando- se um mecanismo de maior assimilação e fazendo menção ao prazer, à satisfação, à brincadeira, à espontaneidade e à alegria ao desenvolver as atividades. Para Vygotsky (1989) o objetivo da ludicidade se resume em um espaço para a criança brincar, como forma de reorganizar experiências. É possível adquirir conhecimento através da brincadeira remetendo-se às soluções dos problemas. A educação se torna mais eficiente quando proporciona atividades significantes e participativas às crianças; é por esse motivo que o lúdico aparece como uma forma de educar e aprender, pois é considerada a melhor forma para conduzir a criança à atividade, à auto expressão e à socialização, que de fato, possibilita uma grande contribuição para a educação infantil. Quando são realizadas atividades lúdicas, as crianças engajam-se de maneira mais prazerosa e assim trazendo benefícios à estrutura do corpo e da mente. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de relevância para desenvolvê-la. (KISHIMOTO, 1999, p. 36). Para Szymanski (2006), é fundamental no processo de aprendizagem, trabalhar com o lúdico partindo de ações pedagógicas que valorizam jogos, brinquedos, histórias infantis, música e poesia, onde as crianças desenvolvam a representação simbólica. As histórias, músicas e poesias infantis trazem um grande leque de possibilidades para utilizar o lúdico em sala de aula, com elas, as crianças poderão dançar, interpretar, declamar, mostrando suas habilidades que dificilmente são detectadas pelo professor em uma aula “normal”. 21 2.1 O PAPEL DO PROFESSOR NA APRENDIZAGEM POR MEIO DA BRINCADEIRA Segundo Bomtempo (1999), é função do educador fazer o papel de mediador do conhecimento no ambiente escolar, e para que o jogo seja um bom instrumento de ensino para as crianças, é preciso que o professor goste de brincar e, principalmente, respeitar a criatividade e espontaneidade das crianças durante as brincadeiras. As brincadeiras por sua vez, são um bom meio de interação entre as crianças, onde umas podem ensinar e ajudar as outras a desenvolver habilidades que ainda não amadureceram, proporcionando assim a ZDP (zona de desenvolvimento proximal) proposta por Vygotsky. Para que essa interação se dê da melhor forma possível, é necessário que o professor saiba quando e de que maneira interferir no jogo das crianças, procurando guiar e auxiliar fazendo parte do jogo. A distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, caracteriza o que Vygotsky denominou de Zona de Desenvolvimento Proximal: "A Zona de Desenvolvimento Proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão, presentemente, em estado embrionário" (VYGOTSKY 1984, p. 97). Segundo a ideia de Vygotsky (2001, p. 114)"O único bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento". Então, o processo educacional na escola deve iniciar a partir dessa zona de desenvolvimento real dos alunos, objetivando estimular a zona de desenvolvimento proximal e atingir a zona de desenvolvimento potencial delas. Nesse contexto, o professor tem um papel importantíssimo para interferir na zona de desenvolvimento proximal dos alunos, estimulando o desenvolvimento a partir de demonstrações, fornecimento de pistas, instruções e assistência. A criança não tem condições de percorrer, sozinha, o caminho do aprendizado. A intervenção de outras pessoas – que, no caso específico da escola, são o professor e as demais crianças – é fundamental para a promoção do desenvolvimento do indivíduo. (OLIVEIRA 1993, p. 63). Sendo assim, as crianças são tão importantes nesse processo, quanto os professores, pois é a partir da troca de informações e estratégias entre elas, que a 22 zona de desenvolvimento proximal é estimulada. Como já foi citado, o brinquedo e as brincadeiras criam uma zona de desenvolvimento proximal no indivíduo, e o incentivo que os professores realizam, envolvendo a criança em brincadeiras, principalmente as que promovem o pensamento imaginário, tem forte função pedagógica (OLIVEIRA, 1993). Alguns professores preferem escolher qual tipo de brincadeira ou jogo será utilizado, podendo influenciar de forma negativa, na liberdade de escolha da criança, com isso, a brincadeira perde um pouco a sua característica de ser espontânea e livre. Porém, a maioria dos professores costuma aceitar e acatar as sugestões feitas pelos seus alunos (MARTINS, VIEIRA & OLIVEIRA, 2006). Sendo assim, a participação do professor, no âmbito escolar, para a aprendizagem infantil através da brincadeira é de suma importância, tanto para que haja essa mediação citada por Vygotsky, quanto para se ter uma maior organização da brincadeira, de maneira que não se perca o foco da proposta inicial de aprender e ensinar. 2.2 O LÚDICO E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO EDUCADOR Profissionais qualificados, informados, atualizados para que possam acompanhar as mudanças educacionais, comportamentais e sociais dos alunos, agregando valor à aprendizagem, à formação e aos métodos e práticas de ensino, são requisitos exigidos pela sociedade contemporânea na educação. O fato de ser professor já abrange responsabilidades mais exigentes do que apenas ministrar aula, pois formar cidadãos é um fenômeno que acarreta certa plenitude e exige do “professor uma formação primorosa e a sua formação inicial merece destaque já que se constitui o pré-requisito legal para o exercício da profissão e o substrato sobre o qual é construída toda a sua carreira” (DEMO, 2002). Para atingir uma educação de qualidade, os docentes possuem um papel essencial no desempenho dos esforços para todas as crianças. Em muitos países, crianças ficam fora da escola sem adquirir conhecimentos básicos, pelo simples fato de não haver um número suficiente de professores qualificados, trazendo com isso, consequências negativas para elas e para o desenvolvimento da sociedade. Portanto, os professores são peças fundamentais para que as metas de educação propostas pelo governo sejam alcançadas. Metas essas que objetivam 23 proporcionar uma educação de qualidade a todas as crianças. E como foi exposto, a escassez, cada vez maior de professores qualificados, tornou-se o principal obstáculo para atingir esses objetivos (FACCI, 2004). Há muito a ser mudado, pois a formação dos educadores é um dos principais problemas da educação brasileira, por falta de valorização e reconhecimento pelos seus governantes, falta de apoio das famílias e da sociedade, cabe aos educadores se unirem em busca de um mesmo ideal. Segundo Demo (2002), a qualidade de ensino e a formação do educador é um assunto de suma importância, pois a educação abrange mais que simplesmente formar para ministrar aulas, compete saber a qualidade da educação que o professor vai transmitir aos cidadãos sobre seu entendimento, por isso, nos dias de hoje, requer profissionais qualificados e atualizados cuja formação foi através de novos métodos de ensino. Autores como Lapo & Bueno (2002) constataram indicadores de insatisfação no exercício do educado, destacando a falta de apoio técnico-pedagógico, a falta de recursos, escassez de materiais e principalmente a falta de incentivos ao aperfeiçoamento profissional, concluindo que para evitar a desistência dos professores que são fundamentais à sociedade, é imprescindível que o aprendizado seja produtivo, transformando o contexto escolar a seu próprio modo, com esforço e qualidade. Infelizmente, a grande maioria das instituições educacionais ainda se baseia numa prática que considera a ideia do conhecimento como repetição, sob uma ótica comportamentalista e não como um saber historicamente construído. Por isso é importante uma educação mais abrangente, que faça com que os professores procurem outros meios para suprir as carências encontradas nessas instituições formadoras de professores. Trazendo o estudo das universidades de educação para a realidade, nota- se que houve uma mudança no currículo do curso de pedagogia em diversas partes do país com o objetivo de aproximá-lo das exigências do mundo do trabalho e da educação contemporâneos. Essas mudanças se deram para responder aos anseios por mudanças reclamadas desde os anos oitenta, quando professores e alunos desse curso, formularam críticas e propostas alternativas à proposta implantada em 1969. 24 Debate referente a essa formação “adequada” em sala de aula, como também a baixa remuneração dos professores e condições precárias de ensino, foi realizado e em resposta a esse debate, a LDB nos diz em seu Art. 62 que: A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores em educação, admitida como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Assim, a mudança resultou em um novo currículo com maior número de disciplinas cujas ementas incluem os elementos para a compreensão dos fundamentos teóricos do lúdico, seu papel no desenvolvimento do ser humano e as implicações para a prática educativa, e consideram ser possível uma educação voltada para a formação nos quesitos éticos, estéticos, cognitivos, sociais, afetivos e corporais, atentando para a importância do prazer, da alegria nos mais variados espaços e tempos. Na sua formação, estimular o educador a viver a experiência proporcionada pelo lúdico, aprimorando seus conhecimentos, faz com que tenha mais confiança para desenvolver sua função e coloque em prática quando estiver em sala de aula, tornando a aula mais prazerosa para ele e para os alunos. Segundo Cardoso (2008), a ludicidade é um momento de plenitude, provoca a entrega total do sujeito com a atividade realizada, proporcionando incríveis experiências para as crianças e para o educador, não se limitando somente a jogos e brincadeiras, envolvendo várias possibilidades de criatividade e integração como um todo. A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista como apenas diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. (SANTOS; CRUZ,1997, p.12) Diante dos argumentos apresentados, vale o seguinte questionamento: Por que incluir o lúdico na formação do professor? Conforme Santos (1997), o lúdico, possibilitariaao educador se conhecer como pessoa, detectar suas possibilidades e limitações, sentir a importância do 25 jogo e do brinquedo na vida da criança, do jovem e do adulto. O professor não deve acomodar à realidade social em que vive, deve assumir o seu papel e ser capaz de colocar mais cor, mais sabor, mais vida, tanto na sua vivência, como naquilo que se propõe a fazer e isso só é possível quando ele reconhece os benefícios que o lúdico lhe trouxe durante todo o seu desenvolvimento. Na formação acadêmica, os professores normalmente relacionam com pouca intensidade a formação profissional e a ludicidade, não oferecendo ao educador em formação, em algumas vezes, um embasamento teórico que permita compreender efetivamente a ludicidade como um fator de desenvolvimento humano. Isso acontece devido a ludicidade ainda não ser vista como uma dimensão importante e que deve ser estudada e vivenciada em sua plenitude. As atividades artísticas e as recreativas, por exemplo, só são permitidas pelos professores, quando não planejaram a aula a ser ministrada, ou quando estão indispostos ou em situações de prêmio por bom comportamento ou às vezes, em datas comemorativas. A vivência da ludicidade durante a formação do educador instiga o ato crítico, criador e recriador, aguça a sensibilidade, a alegria de viver e o espírito de liberdade, com isso a manifestação lúdica estimula o viver de experiências prazerosas pela geração de novos e relevantes valores como a lealdade, o respeito ao outro a cooperação e a solidariedade. Não só com o objetivo de ampliar seus estudos, mas para ter conhecimento ao longo da vida, o educador em formação tem que estar disposto a aprender e deixar de lado seus pré-conceitos, entendendo que a aprendizagem é continua. Segundo Feijó (1992), “o lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente e faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana”. Portanto, de forma que venha aperfeiçoar sua prática pedagógica, é importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica existente em sua essência e no seu trajeto cultural. A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula. (CAMPOS 1986, p.111) 26 A dimensão lúdica na formação do educador permite que ele se questione quanto a sua postura e conduta em relação ao objetivo principal de proporcionar aos alunos um desenvolvimento integral no qual a competência técnica combina com o compromisso político. 27 CAPÍTULO 3: A PRÁTICA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL A atividade lúdica é um grande laboratório onde ocorrem experiências inteligentes e reflexivas. A experiência produz conhecimento, portanto nos possibilita tornar concretos os conhecimentos adquiridos. A escola precisa ser um ambiente onde proporcione muitas experiencias. “A distância entre o escolar e o vivido fora da escola é tão grande que a escola se descobre, por essa razão, desbotada e fantasiosa” (Snyders 1993, p120). A escola deve ser ativa, isto é, deve mobilizar a atividade da criança. Deve ser mais um laboratório do que um auditório. Com esse fim, poderá tirar um partido útil do jogo, estimulando ao máximo a atividade da criança, fazer amar o trabalho. Demasiadas vezes, ensina a detestá-lo, criando, em torno dos deveres impostos, associações afetivas desagradáveis. Portanto, é indispensável que a escola seja para a criança um meio alegre. (COTRIM E PARISI 1985, p.293) Muitas propostas pedagógicas para creches e pré-escolas baseiam-se na brincadeira. O jogo infantil tem sido defendido na educação infantil como recurso para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. O modo como ele é concebido e apropriado pelos professores infantis, todavia, revela alguns equívocos. (OLIVEIRA, 2008, p.230). Deve-se tomar alguns cuidados ao aplicar os jogos na escola, o professor não deve apenas aplicar o jogo no dia a dia da sala de aula, mas sim, mostrar qual papel o jogo desempenhará no desenvolvimento infantil. E para uma prática bem elaborada é necessário planejamento, realização de ações, registro e avaliações das experiências realizadas. Para um bom planejamento é necessário selecionar os jogos conforme a idade da criança, organizar o espaço, o tempo e fazer uma boa avaliação. Para Luckesi, (2011, p. 125), “Planejar significa traçar objetivos, e buscar meios para atingi-los”. Nesse capítulo serão abordados esses quesitos. 3.1 A IMPORTÂNCIA DA SELECÃO DO JOGO AO ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA Para que o jogo infantil seja um recurso efetivo ao processo educativo é necessário que o professor adeque sua seleção de jogos aos estágios de desenvolvimento do grupo de crianças com o qual vai trabalhar. 28 Jean Piaget (1978) classificou o jogo em quatro tipos: jogos de exercício, de construção, simbólico e de regras que estão ligados aos estágios de desenvolvimento da inteligência: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório informal. O jogo de exercício é a ação da criança sobre seu próprio corpo e sobre objetos, visando a satisfação de necessidades. É através dele que a criança repete gestos e assimila ações, incorporando a novos fazeres. O princípio é de exploração e repetição. Dentre os jogos de exercício estão: jogo sonoro, visual, olfativo, tátil, gustativo, motor e de manipulação. Outro exemplo dessa forma de jogo é o ato de chupar uma chupeta: ainda que isso não lhe alimenta é uma ação que lhe oferece muito prazer e que permite descobrir suas potencialidades e possibilidades corporais, ocorre no estágio sensório motor (0 a 2 anos). Esse jogo de exercício tem seu percurso evolutivo, que Piaget declina em relação ao proceder do desenvolvimento intelectual (PIAGET, 1974, p. 129−138) Figura 1: Jogo de Exercício - Fonte: (COELHO, 2018) O jogo de construção consiste na manipulação de objetos com o objetivo de criar algo, não é um jogo específico de uma determinada fase e diferentes autores afirmam que ele se mantem ao longo do ciclo de desenvolvimento do indivíduo, pois nele, o indivíduo pode executar atos menos elaborados, como juntar cubos, por exemplo, como pode também dominar jogos mais complexos, como montagem de um quebra cabeça. Eles trazem à criança um assunto desconhecido apresentando situações para as quais a criança sente necessidade de novos conhecimentos para resolver as situações-problema (LARA, 2005, p. 17) 29 Figura 2: Jogo de Construção – Fonte: (DOMINGO, 2016) O jogo simbólico consiste na representação corporal do imaginário. São os jogos em que a criança entra no faz de conta, deixando solta a imaginação e a fantasia para assimilar e compreender a realidade. Nesses jogos, as crianças tendem reproduzir as relações e valores que vivenciam em seu contexto, permitindo, assim, exteriorizar seus medos, conflitos, frustações e suas descobertas. Exemplos desses jogos são o brincar de ser professor, papai e mamãe, médico, super herói, imitar animais e ocorre no estágio pré-operatório (2 aos 6 anos). De acordo com Vygotsky (1992), através desse jogo, a criança “coloca em cena” a função e, então, o significado que atribui aos objetos, aos papéis, às situações e assim, em um contexto protegido, sem as pressões da realidade, ela se apropria. Figura 3: Jogo simbólico – Fonte: (CARDOSO, 2019) 30 O jogo de regras começa a se desenvolver a partir dos 7 anos, na etapa das operações concretas. O componente simbólico cede parte de sua centralidade nas brincadeiras para o regramento colocado pelogrupo, pressupondo a existência de ações articuladas com os companheiros. Desenvolve o raciocínio lógico, afetivo e social. Um exemplo de jogo de regra simples e extremamente fácil de se aprender, é o jogo do galo, conhecido também como jogo da velha. Com esse jogo será possível a criança desenvolver estratégias para enfrentar problemas. Ao se encontrar em situações difíceis em sala de aula, a criança poderá ter desenvolvido através desses jogos, mecanismos que o ajudarão a regular seus atos, assim como prioridade e estratégias de estudo, maneiras de como estudar, pois para ganhar um jogo, ela terá que desenhar caminhos a seguir. Ao jogar, a criança interpreta informações, busca soluções, levanta hipóteses, estratégias que a auxiliam em seu processo de aprendizagem, pois suas estruturas cognitivas se desenvolverão dando condições à criança de resolver situações- problema (ZAIA, 1996). Figura 4: Jogo de regras – Fonte: (CAWAHISA; CALSA; GALLO; LACANALLO, 2012) Resumidamente, jogo de exercício, simbólico e de regra são os três grandes elementos que demarcam as classes de jogos para Piaget, caracterizando as estruturas mentais da criança em determinada etapa de seu desenvolvimento. Henri Wallon (1810-1962), sendo um estudioso do psiquismo infantil, destaca a importância do jogo. A psicogenética walloniana prevê quatro aspectos fundamentais que estão presente na atividade lúdica e se relacionam entre si incessantemente. São eles, a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação 31 do “eu”. Também propõe uma classificação para os jogos infantis, defendendo que no curso do desenvolvimento infantil, passam por quatro etapas: - Jogos funcionais; - Jogos de ficção; - Jogos de aquisição e - Jogos de fabricação, onde: Os jogos funcionais, ou espontâneos, são jogos que realizam movimentos simples de exploração do corpo, com os sentidos. A criança descobre o prazer de executar as funções que a evolução da motricidade lhe possibilita e sente necessidade de pôr em ação as novas aquisições, tais como: os sons, quando ela grita, a exploração dos objetos, o movimento do seu corpo. Esta atividade lúdica identifica-se com a “lei do efeito”. Quando a criança percebe os efeitos agradáveis e interessantes obtidos nas suas ações gestuais, sua tendência é procurar o prazer repetindo suas ações. Para Piaget (1975), esses jogos fazem com que as crianças se aproximem de outras pessoas durante a primeira infância, ajudando a estabelecer ou manter o equilíbrio afetivo. Figura 5: Jogos Funcionais – Fonte: (GUERREIRO, 2017) 32 Os jogos de ficção que são atividades lúdicas caracterizadas pela ênfase no faz-de-conta, jogos de imitação, de desempenho de papéis, correspondentes aos jogos simbólicos de Piaget, na representação a criança assume papéis presentes no seu contexto social, brincando de “imitar adultos”, “casinha”, “escolinha” etc. Figura 6: Jogo de Ficção – Fonte: (RABINOVICH, 2009) Os jogos de aquisição começam desde que o bebê se empenha para compreender, conhecer, imitar canções, gestos, sons, imagens e histórias. Um exemplo desse jogo é quando o bebê imita o adulto a bater palmas. Figura 7: Jogo de Aquisição – Fonte: (VIEIRA, 2017) 33 Os jogos de fabricação, são jogos onde a criança usa atividades manuais de criar, combinar, juntar e transformar objetos. Os jogos de fabricação são quase sempre as causas ou consequências do jogo de ficção, ou se confundem num só. Quando a criança cria e improvisa o seu brinquedo: a boneca, os animais que podem ser modelados, isto é, transforma matéria real em objetos fictícios. Figura 8: Jogo de Fabricação - Fonte: (LIMA, 2018) Conhecendo os diferentes formatos e possibilidades dos jogos, será possível ao professor planejar corretamente sua aula, selecionando as atividades de acordo com os objetivos a serem alcançados, também será possível diversificar os desafios e a natureza das tarefas propostas, bem como adequá-las ao perfil e desenvolvimento de seu aluno. Na educação infantil, por exemplo, seria adequado explorar os jogos simbólicos, os pequenos jogos e os jogos de formação livre, pois a brincadeira simbólica vai fazer a primeira passagem do concreto para o abstrato, sendo essas as bases da educação. A base da educação infantil está nas interações e nas brincadeiras, então se os professores não reconhecerem o papel do brincar não vão utilizar a linguagem que os traz mais perto das crianças. Não só jogar o brinquedo no chão, mas intervir na forma que a criança brinca e qual objetivo daquilo, provavelmente, um grupo dessa etapa escolar apresentaria dificuldades para compreender os jogos em tabuleiro ou os grandes jogos. 34 É importante destacar que, independente da faixa etária do grupo a ser trabalhado, é fundamental se proponham atividades com diferentes intensidades durante a aula, ou seja, que seja composta tanto por jogos moderados como por jogos ativos e calmos, de modo que os participantes possam experimentar suas potencialidades e reconhecer suas dificuldades. Essa variação também permite ao professor observar melhor o seu grupo e identificar que tipo de atitude dos participantes surge em cada tipo de atividade. 3.2 A ORGANIZAÇÃO DOS TEMPOS E ESPAÇOS PARA JOGOS NO AMBIENTE ESCOLAR Para Horn (2007), a prática pedagógica na Educação Infantil, no dia a dia das crianças, implica refletir que o estabelecimento deve oferecer uma sequência básica de atividades diárias que são necessárias para as crianças. Sendo a brincadeira, de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998), uma das atividades mais importantes realizadas nas instituições infantis, a organização do espaço deve ser feita com a colaboração da criança que brinca, pois na organização dos espaços e brinquedos, a criança já está demonstrando a sua personalidade, seus desejos e sonhos, mas também reconstruindo aos poucos, sua representação de mundo. O brincar se faz importante, tanto em casa como na escola. Por isso, as instituições de Educação Infantil devem oferecer espaços adequados para as atividades lúdicas. Para Vygotsky (1992): É na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário. A criança vivencia uma experiência no brinquedo como se ela fosse maior do que a realidade, o brinquedo fornece estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência da criança (VYGOTSKY,1992, p.117). As brincadeiras e interações são os eixos norteadores da proposta curricular da educação infantil. Sendo assim, o espaço tem papel fundamental, porque é nele que as brincadeiras acontecem, entrando como a dimensão física e a dimensão que possibilita que a atividade de imaginação e de imitação sejam concretizadas. O jogo deve ser utilizado com frequência na sala de aula, ficando sempre a critério do professor colocá-lo na rotina escolar. É importante o professor ter na sala 35 os dias, horários e tempo de duração para que a criança compreenda que para tudo existe o momento certo. É evidente que não existe uma regra para o tempo de duração, para isso o professor como mediador deve perceber quando aquele jogo não está mais chamando a atenção das crianças. É responsabilidade do educador garantir o tempo e o espaço para brincar pois como diz Machado (1998), “brincar tem hora, sim, e inserir essa temporalidade é dever do adulto.” O limite do tempo de cada aula deve ser obtido junto ao aprendiz, avaliando-se a dimensão de seu interesse. Nenhuma lição, nenhuma “aula” pode exceder esse limite e é extremamente desejável que sempre fique um pouco aquém e que termine deixando“aquele certo gostinho de quero-mais” aquele insubstituível sabor de apetite não saciado. Experiências realizadas em inúmeros projetos implantados, coordenados ou supervisionados por este autor, revela que esse limite temporal, ainda que variando muito conforme a idade da criança deve situar-se entre seis a doze minutos, se possível, sempre no mesmo horário tal como se age para uma aula de piano, língua estrangeira ou prática esportiva. (ANTUNES, 2014, p. 73). Segundo definições de Forneiro (1998), “espaço” diz respeito ao espaço físico, ou seja, o local caracterizado pelos equipamentos, materiais, objetos, mobiliários e decoração que o compõe. Já o termo ambiente diz respeito ao conjunto do espaço físico e as relações nele estabelecidas, como “os afetos, relações interpessoais entre as crianças, entre crianças e adultos, entre crianças e sociedade em seu conjunto”. É de extrema importância o olhar aos materiais, assim como aos espaços mobiliários e externos disponibilizados e acessíveis para as experiências das crianças. - Materiais: os objetos e brinquedos devem ser de diferentes composições, e as quantidades suficientes e adequadas às necessidades de bebês e crianças menores para que possam explorar as texturas, os sons, as formas, além de poderem morder, puxar, empilhar, abrir, fechar, encaixar etc. Enfim, na escola de um modo geral, e na própria sala de aula, o material deve ser bem adaptado às crianças e planejado, pois a forma como eles estão organizados, influenciam os processos de ensino e de aprendizagem podendo ou não auxiliar na construção da autonomia, da segurança emocional e do equilíbrio do aluno. - Espaços mobiliários: é conveniente que os espaços mobiliários da sala de aula favoreçam o aprendizado das crianças, de maneira que estejam ao alcance delas, que sejam adequados à idade, que estejam organizados, higienizados etc. 36 Como a sala de aula é o lugar onde as crianças passam a maior parte do tempo, Bassedas e Solé (2008, p.340), destacam que a decoração e a ambientação dela são muito importantes e influencia consideravelmente no comportamento das crianças e até mesmo das professoras, por isso deve-se revisar e observar cada detalhe da sala de aula, tentando adotar o ponto de vista das crianças. De acordo com Tiriba (2008): por fim, será necessário buscar a parceria das crianças nas decisões sobre a organização e na decoração da escola, pois, se as crianças são sujeitas de conhecimento e de desejo, se crescem e modificam seus interesses e possibilidades, também os espaços podem ser por elas permanentemente modificados. (Tiriba, 2008, p. 43) - Espaços externos: o espaço escolar não se resume às salas de aula. Para Horn (2007) os espaços externos são considerados uma extensão dos espaços internos e devem ser utilizados pedagogicamente. Em algumas escolas de educação infantil, os espaços externos são pouco aproveitados e o que deveria ser um prolongamento do espaço interno acaba não sendo usado como deveria, com isso, se desvalorizando. Os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para instituições de Educação Infantil (2006, p. 26) dizem que o parque, por exemplo, é um espaço externo que merece atenção, pois proporciona diversas formas de aprendizagem e interações sociais. Alguns autores descrevem como os brinquedos e pisos dos parques devem ser, ressaltando que estes devem ter variação nos pisos, como, por exemplo, grama, terra e cimento. Possibilitando, a contemplação de casa em miniatura, bancos, brinquedos como escorregador, “trepa-trepa”, balanços, túneis etc. Os espaços mobiliários, externos e os materiais oferecidos ao longo da sequência didática, precisam favorecer as crianças para que elas percebam as possibilidades e os limites do corpo nas brincadeiras e para que interajam com outras crianças da mesma faixa etária, assim como com os adultos durante a exploração de materiais e brinquedos. Devido à sua importância na vida escolar da criança, os espaços construídos devem ser cultivados numa relação de aprendizagem, já que é no espaço escolar que ela, também, se desenvolve. Por esse motivo, o espaço escolar pode e deve estar voltado para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças e, assim, ser organizado e planejado, também pelas próprias crianças, sendo isso fator de 37 qualidade na educação infantil, ou seja, oferecer recursos adequados é fundamental para um ensino de qualidade. É preciso ressaltar que as instituições de educação infantil devem se preocupar com a organização do espaço escolar a fim de proporcionar uma rotina que favoreça o desenvolvimento das experiências diversas das crianças. 3.3 COMO AVALIAR OS ALUNOS DURANTE AS ATIVIDADES LÚDICAS As diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil determinam que as escolas criem procedimentos para avaliar seus alunos, pois é através dessa avaliação, que os professores acompanham o desenvolvimento das crianças e se certificam se os métodos utilizados estão sendo eficazes. É extremamente importante que as propostas lúdicas sejam readequadas ao contexto. Após cada atividade realizada, há a exigência de avaliação, onde se deve anotar imediatamente (para não dispersar na memória de curto prazo), se os objetivos pretendidos foram alcançados, se o jogo pode ser conduzido de outra maneira e que aspectos podem e devem ser corrigidos na próxima realização. Durante a condução do professor, deve-se ter um cuidado para não intervir a todo momento, deixando o jogo correr e orientar somente quando necessário. Os momentos de verbalização após os jogos são de especial valor, procurando ter sempre uma visão geral da turma durante os jogos e sempre construir agrupamentos diferentes entre as crianças para que se relacionem com todas elas. A avalição de uma forma geral, deve seguir um padrão, porém não se resume só em ver o que o aluno aprendeu ou verificar acertos e erros, o professor deve usar esse momento para identificar as dificuldades de aprendizagem. Tanto o professor quanto o aluno, deve estar em sintonia, caminhando em busca de um mesmo objetivo, superando as dificuldades por eles apresentadas. No lugar da prova é urgente colocar outros procedimentos que, ao avaliar, não se restrinjam aos laivos negativos sempre também presentes, mais impliquem o contexto necessariamente pedagógico da avaliação, ou seja, cuidar da aprendizagem dos alunos. (DEMO, 2009, p. 7). Luckesi (2010) afirma que ao realizar uma atividade lúdica com jogos e brincadeiras, o professor pode usar uma avaliação educacional diferenciada, 38 possibilitando um registro mais dinâmico e aulas mais prazerosas, fazendo com que cubra o esforço do aluno, obtendo um melhor resultado, anotando os processos qualitativos ao longo do tempo, como por exemplo: - Participação do aluno nos jogos e brincadeiras; - Principais habilidades e dificuldades; - Comportamento durante as intervenções; - Relacionamento com colegas e professores; - Reações às conquistas e aos fracassos e - Reações aos conflitos e às adversidades. Os educadores têm uma participação ativa na construção do saber, devendo sempre aplicar técnicas que tenham efeitos de amenizar as dificuldades de aprendizagem, não pensando no lúdico como “brincadeira”, mas sim como uma ferramenta de aprendizado e avalição. Como já visto, antes os jogos, brinquedos e brincadeiras acompanhavam os indivíduos desde o nascimento, atualmente, o educador tem o dever de guiar sem desviar do objetivo educacional, trazendo assim um excelente resultado. Segundo Hoffmann (2000), os PCN’s dão uma direção onde o conceito de “avaliação” não passa de um rótulo, devendo basear na aprendizagem real, com um conjunto de ações, com uma abordagem que não cause ansiedade e medo, dentre outros fatores psicoafetivos, então, o emocional e afetivo deve ser trabalhado para que nãoafete a confiança, para que durante uma avalição o aluno não fique nervoso com a situação. A escola que usa as avaliações como método de imposição, não promove uma autonomia aos alunos e sim a reprovação. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) tem como objetivo avaliar o aluno de forma contínua e processual, sem levar em conta as condições de aprendizagem do meio em que o aluno se encontra, seguindo alguns critérios como: avaliar de forma clara e objetiva e criar novas formas de avaliação, sem restringir a capacidade do aluno. Muitos professores revelam a sua impossibilidade de desenvolver processos avaliativos mediadores, porque estão cercados por normas classificatórias exigidas pelas escolas. Mas também se percebe a sua dificuldade em alterar sua prática por falta de subsídios teóricos e metodológicos que lhe deem segurança para agir de outra forma. (HOFFMANN, 1998, p.70) 39 Um bom planejamento e controle garantem a produtividade necessária para esse processo. Um aspecto importante para assegurar uma educação de qualidade, é o bom relacionamento entre o professor, o aluno e a equipe pedagógica. É possível concluir que o ato de avaliar não é estático, ou seja, sempre está se modificando junto com as práticas do professor, em cada avaliação, para cada aluno, levando em conta a realidade social e cultural em que vive, compreendendo que cada um tem seu momento de aprendizagem. 40 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação infantil nos primórdios da humanidade era responsabilidade dos pais, a sociedade via a criança como um “mini adulto”, o que contribuiu para a sua exclusão socioeducativa durante séculos, e finalmente com o surgimento de inúmeras leis e das políticas públicas, em conjunto com vários autores que fizeram importantes contribuições para a inserção do lúdico sempre respeitando as necessidades de cada sociedade, e é um assunto que tem conquistado bastante espaço na atualidade. Com a realização deste trabalho foi possível perceber a importância das atividades lúdicas no desenvolvimento da aprendizagem na educação e que o lúdico é uma necessidade do ser humano principalmente na infância, como uma metodologia ativa, já que tem uma relação natural com jogos brinquedos e brincadeiras, conseguindo assim extravasar a agitação do dia a dia e desenvolver o conhecimento simultaneamente. Com isso, o lúdico está sendo cada vez mais considerado o eixo norteador do processo ensino-aprendizagem, principalmente, da Educação Infantil. É um dos suportes principais das ações pedagógicas. As brincadeiras têm se tornado recurso pedagógico indispensável nas ações mediadoras dos professores. As propostas lúdicas direcionam o fazer pedagógico ao mesmo tempo em que auxilia, facilitando a aprendizagem das crianças, contribuindo de todas as formas: motivando, incentivando, despertando a atenção da criança, conduzindo-a em direção a aquisição de uma aprendizagem significativa e prazerosa. Desse modo, através do ato de brincar as crianças podem desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a maturação, a percepção, a imitação e a imaginação, além do desenvolvimento físico, intelectual e social. Os jogos, brinquedos e brincadeiras colabora para o alcance de resultados mais satisfatórios, adaptando de uma forma agradável os conteúdos passados em sala, sendo eficaz para a concepção do pensamento, despertando o interesse e a curiosidade, colaborando para a aprendizagem, sendo assim podemos dizer que o lúdico foi uma ótima proposta na aprendizagem, desenvolvendo no aluno um ser reflexivo, critico, questionador, ampliando seu conhecimento. Verificou-se que a ludicidade em contexto escolar estimulada desde cedo é um grande facilitador no processo de aprendizagem, pois as situações problemas 41 contidas nos jogos e brincadeiras faz com que a criança procure soluções e alternativas, favorecendo a concentração, a aceitação de regras e socialização, melhorando a relação da criança consigo mesma e com a sociedade em que está inserida. Acredita-se que a criança aprende muito mais quando brinca e a maioria dos educadores sabe da importância do brincar, e que é extremamente necessário para o desenvolvimento sociocognitivo, para a coordenação e identidade da criança. O professor precisa desafiar e surpreender o seu aluno, elaborando tarefas que estimulem a criatividade envolvendo-o por inteiro, tornando um cidadão responsável pelos seus atos. De um modo geral, é natural que as crianças brinquem e se envolvam na vivência lúdica, abrindo caminho para a interação como cita a legislação e diversos pensadores. Sabendo que cada aluno tem sua dificuldade e necessidade, o professor deve promover uma atividade que inclua a todos, que interaja com o ambiente, passando do brincar para o estudar sem que leve ao desinteresse. O brincar transforma e amplia tanto o desenvolvimento do educando quanto do educador, fazendo com que a educação seja inovadora, trazendo a importância de repensar as metodologias, que é possível criar e executar atividades por meio do brincar, sendo uma troca que ocorre de forma integrada e simultânea. Na educação infantil considera-se insatisfatória a metodologia de ensino mais rígida, sem o uso do lúdico, já que ficou claro que o lúdico desenvolve o aluno como um todo, sendo um aliado a ser utilizado no planejamento das aulas. Nesse contexto, o presente trabalho apresentou um rico estudo bibliográfico sobre o assunto, afim de conscientizar as escolas que não apoiam a inclusão do lúdico no processo educacional, se negando na obtenção dos materiais necessários, como por exemplo, brinquedos e jogos, pois é visto que a falta do lúdico se tornou um grande problema no ensino e aprendizagem. 42 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, C. O jogo e a educação infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir. Petrópolis, RJ. Vozes, 2014. ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1978. BASSEDAS, E.; HUGUET, T.; SOLÉ, I. Aprender e ensinar na Educação Infantil. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. BOMTEMPO, E. Brinquedo e educação: na escola e no lar. Psicol. Esc. Educ., v.3, n.1, p.61-69, 1999. BRASIL, Referencial curricular nacional para a educação infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 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