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FACULDADE UNAMA PORTO VELHO - RO CURSO DE FISIOTERAPIA AMANDA MONTEIRO DE OLIVEIRA JOELHO EM EVIDÊNCIA: MEDIDAS DE ANÁLISE AVALIATIVA ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ PORTO VELHO - RO 2022 AMANDA MONTEIRO DE OLIVEIRA JOELHO EM EVIDÊNCIA: MEDIDAS DE ANÁLISE AVALIATIVA Trabalho “Joelho em evidência: medidas de análise avaliativa”, para obtenção de nota, na disciplina de Tópicos Integradores II, no curso de graduação de Fisioterapia na Faculdade Unama Porto Velho-RO. Professor: Lucas José Sales de Araújo PORTO VELHO - RO 2022 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 REFERENCIAL TEÓRICO 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 9 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 10 3 INTRODUÇÃO O joelho é a maior e mais complexa das articulações existentes no corpo humano. É formado por duas articulações, a femorotibial e a femoropatelar, dentro de uma bolsa articular . A articulação tibiofibular proximal, apesar de se encontrar na região do joelho, não é incluída no conjunto, porque funcionalmente atua no tornozelo (ROHEN; YOKOCHI, 1993). Palastanga (2002) afirma que o joelho é uma articulação de sustentação apresentando considerável grau de estabilidade, particularmente na extensão. A articulação desempenha papel importante na locomoção, pois, ao se flexionar e estender, contribui para a execução da marcha. Segundo Palastanga (2002): A estrutura articular do joelho é formada pelos côndilos femorais, côndilos tibiais e patela. O fêmur inclina-se sobre a tíbia ligeiramente oblíquo, fazendo ângulo de seis graus com o eixo mecânico dos membros inferiores. As superfícies articulares dos fêmures são convexas e recobertas de cartilagem hialina. As da tíbia são planas. A superfície patelar é dividida por uma crista bem definida em uma parte medial menor e outra lateral maior e mais proeminente. Devido a essa conformação anatômica, pode-se afirmar que o joelho é uma articulação estável biomecanicamente. Na palpação, observa-se a presença das interlinhas articulares lateralmente ao tendão patelar e entre os côndilos da tíbia e fêmur. Nessa região, a cápsula articular é bastante superficial.Os dois côndilos femorais são assimétricos, sendo o medial maior no sentido ântero posterior que o lateral, o qual, por sua vez, é mais largo que o medial (PALASTANGA, 2002). Para Calais-Germain (1991), os meniscos desempenham um importante papel na estabilidade dos joelhos,atuando juntamente com os ligamentos e os músculos, evitando deslocamentos durante a marcha, subir e descer escadas e demais AVDs. Os meniscos têm como principais funções: melhorar a estabilidade; aumentar a superfície de apoio, proporcionando melhora na distribuição das pressões; absorver choques e aumentar a distribuição do líquido sinovial, para a lubrificação articular. Outro aspecto importante é a inervação. Para Caillet (2001), os nervos femoral e ciático são responsáveis pela inervação do joelho. O ciático divide-se em 4 nervo fibular comum e nervo tibial. O nervo femoral é responsável pelo mecanismo de extensão, a musculatura flexora é inervada pelas ramificações do nervo ciático (fibular comum e tibial) que se situam na fossa poplítea. O músculo semimembranoso, semitendinoso e a cabeça longa do bíceps femoral são inervados pelo nervo tibial. A cabeça curta do bíceps é inervada pelo fibular comum. Quanto aos ligamentos, pode-se dizer que são compostos por tecido conjuntivo do tipo fibroso e estão dispostos sobre uma articulação com o objetivo de impedir uma movimentação excessiva ou anormal da articulação do joelho. Os ligamentos estabilizam essa articulação, auxiliando os meniscos, que além de estabilizarem o joelho, atuam também como amortecedores das cartilagens que envolvem esta articulação, absorvendo impactos e choques. São muito ricos em receptores nervosos sensitivos, que percebem a velocidade, o movimento, a posição da articulação e eventuais estiramentos e dores. Eles transmitem permanentemente tais informações ao cerebelo que responde com ordens motoras aos músculos sendo chamada de sensibilidade proprioceptiva. Os ligamentos estão tensos em praticamente todos os movimentos do joelho e, além de impedir o cisalhamento do mesmo, atuam de maneira a guiar a flexão e rotação (CALAIS-GERMAIN, 1991). REFERENCIAL TEÓRICO Para a avaliação do joelho do paciente, de forma eficaz,é importante coletar a história clínica do paciente durante a consulta fisioterapêutica. Devemos ficar cientes a respeito da idade, profissão, quais as atividades de vida diária, quais são os locais da dor, a característica da dor: superficial? Profunda? Em pontada? Em queimação? Irradia para outra parte do corpo? Qual é o limite da dor? A dor está limitando alguma AVD do paciente? Qual foi o mecanismo de lesão? Todas as perguntas citadas anteriormente fazem parte da anamnese, no qual são essenciais para traçar o diagnóstico e tratamento da doença/disfunção apresentada no joelho (assim como em qual outra parte do corpo). Sendo assim, a coleta de informações da história clínica para o reconhecimento de sinais e sintomas. O exame de outras articulações adjacentes também é recomendado, realizando a inspeção em vista anterior (ângulo Q), lateral e posterior ambos em pé. Importante também é a vista anterior e lateral sentado (MAGEE, 2002; PALMER; EPLER, 2000). 5 Em seguida, deve-se realizar palpação nos pontos anatômicos específicos; amplitude articular (flexão e extensão do joelho); avaliação funcional, como a análise da marcha que favorece a visualização de alterações no comprimento do passo, velocidade da marcha, cadência ou desvio linear e angular; presença de movimentos anormais da patela, pelve, quadril e tornozelo. A amplitude articular do joelho pode ser avaliada tanto pelo goniômetro universal como pelo dinamômetro isocinético, pois ambos apresentam mensurações confiáveis (BATISTA et al., 2006). No teste de Lachman iremos verificar a integridade do ligamento cruzado anterior, o paciente deve estar em decúbito dorsal com o joelho fletido (entre 20 e 30 graus de flexão) e o fisioterapeuta irá fazer um movimento antagônico com uma mão atrás da tíbia e a outra no quadríceps (acima do joelho).É importante que o polegar do examinador esteja na tuberosidade da tíbia. Ao puxar a tíbia anteriormente, um LCA intacto deve impedir o movimento de translação anterior da tíbia no fêmur (“sensação de firmeza final”).A translação anterior da tíbia associada a uma sensação final macia ou mole indica um teste positivo. Mais de cerca de 2mm de translação anterior em comparação com o joelho não acometido sugere um LCA rompido (“sensação de toque suave”), assim como 10mm de translação anterior total. Neste mesmo teste, quando invertemos a força de cisalhamento aplicando-a para empurrar a tíbia para baixo podemos verificar a integridade do ligamento cruzado posterior (LCP). Figura 1: Teste da Gaveta Anterior e Teste de Lachman. Disponível em <https://www.institutotrata.com.br/teste-de-gaveta/>. Acesso em 15 out. 2022. https://www.institutotrata.com.br/teste-de-gaveta/ 6 Para realizar o teste da Gaveta Anterior, o paciente deve estar em decúbito dorsal com o joelho fletido. O profissional deve apoiar-se sobre o seu pé do paciente e em seguida ( com as mão na região superior da tíbia) , fazer uma tração para frente. O teste é positivo se o membro vem para frente lembrando “uma gaveta”, acusando alteração no LCA. No teste de McMurray verificamos a integridade dos meniscos (lateral ou medial) com o paciente em decúbito dorsal relaxado, com o joelho a ser testado totalmente flexionado. O examinador segura a sola do pé com uma das mãos e palpa a face medial ou lateral da articulação tibiofibular. A palpação deve ocorrer no lado da articulação sendo testada. Ao testar o menisco medial, a tíbia inicia a manobra em rotação interna enquanto no testedo menisco lateral, a tíbia inicia a manobra em rotação externa. Figura 2: Teste de McMurray. Disponível em: <https://campcursos.com.br/teste-de-mcmurray/>. Acesso em 16 out. 2022. O teste de Apley é realizado com o paciente em decúbito ventral, com o joelho em flexão de 90 graus, o fisioterapeuta realiza uma compressão (para baixo, a favor da gravidade) e faz uma rotação medial e lateral segurando o pé do paciente. O fisioterapeuta pode estabilizar a perna do paciente apoiando o seu próprio joelho na coxa do mesmo; enquanto gira lateralmente e medialmente a tíbia fazendo uma descompressão do joelho, puxando o pé para cima. O teste é positivo na presença de dor ou estalido durante o teste, e se o desconforto for durante a descompressão e apresentar rotação aumentada provavelmente há lesão ligamentar. Se o https://campcursos.com.br/teste-de-mcmurray/ 7 desconforto for maior na compressão, e apresentar rotação diminuída em relação ao lado normal, a lesão pode ser do menisco. Figura 3: Teste de Apley Disponível em : <https://www.sanarmed.com/ortopedia-os-principais-testes-especiais-realizados-colunistas> . Acesso em 16 out. 2022. Exames complementares ajudam na conclusão do diagnóstico, um deles é o raio X, um exame de imagem que permite avaliar a rótula, o fêmur distal, a tíbia proximal e a fíbula proximal. É um exame de primeira linha na avaliação do joelho, além de ter um baixo custo é de fácil execução. Cada incidência do raio X corresponde a um disparo, a incidência PA (ântero- posterior), a incidência lateral (ou de perfil) são as mais usadas. Este exame é requerido quando o joelho apresenta dor, o paciente sofreu alguma lesão, trauma, apresenta instabilidades (“o joelho falha”), défices de extensão, deformidades, entre outros sinais e sintomas. Podemos citar as seguintes patologias: artrose (gonartrose), osteoartrite, fraturas, luxações, tumores ósseos, doença de Osgood- Schlatter e entre outras. Usando o exemplo da doença de Osgood- Schlatter, no qual ocorre a separação da região proximal da inserção do tendão patelar, resultando na elevação do tubérculo tibial. Tendo a radiografia abaixo como exemplo: 8 Figura 4: Radiografia lateral com evidente fragmentação óssea na tuberosidade tibial. Disponível em : <https://www.portalped.com.br/especialidades-da-pediatria/pediatria-geral/doenca-de-osgood-schlatte r/> . Acesso em 16 out. 2022. A lesão é mais bem visualizada no perfil, com o joelho em ligeira rotação interna (10-20°) [Medscape 2017]. No estágio agudo, as margens do tendão da patela tornam-se borradas na radiografia, devido ao edema dos tecidos moles. Após três a quatro meses, a fragmentação óssea na tuberosidade tibial é vista. No estágio subagudo, o edema dos tecidos moles desaparece, mas o ossículo na tuberosidade tibial permanece. No estágio crônico, o fragmento ósseo pode se fundir com a tuberosidade tibial, que pode parecer normal; no entanto, às vezes, o fragmento ósseo é deslocado [Review Cureus]. A fisioterapia atua na recuperação, visando a melhora dos sintomas e para devolver a qualidade de vida para o paciente. O tratamento pode ser feito através da laserterapia, TENS, combinados com a crioterapia (compressas de gelo) com o objetivo de fazer analgesia e reduzir a inflamação na fase inicial. Também podemos https://emedicine.medscape.com/article/1993268-overview https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5063719/pdf/cureus-0008-000000000780.pdf 9 utilizar da terapia manual para aliviar a tensão dos músculos e tendões adjacentes, junto da termoterapia (água quente) para diminuir a rigidez articular . O fortalecimento muscular é essencial para ajudar na absorção dos impactos/ cargas do joelho e prevenir a evolução de doenças (como é no caso da artrose) como também para prevenir novas lesões. O fisioterapeuta deve avaliar e definir os melhores exercícios isométricos para a fase inicial/ fase aguda e após a melhora, executar exercícios isotônicos para o ganho de força, resistência e propiocepção. CONSIDERAÇÕES FINAIS Quando ocorre uma ruptura do LCA ou do LCP o paciente manifestará falseios durante a marcha e atrofia muscular. Raramente o paciente manifestará dor durante os testes. As lesões nos ligamentos podem ser classificadas em três tipos, de acordo com a gravidade (PETERSON; RENSTROM, 2002): 1º Grau - leve estiramento, com pequena tumefação e sem perda da estabilidade. Neste caso o ligamento permanece íntegro e após o trauma o indivíduo consegue andar; 2º Grau – o ligamento é estirado e na lesão parcial; 3º Grau - ruptura ligamentar total ou avulsão, com rompimento da cápsula e possível ruptura meniscal que consiste em uma lesão grave. O fisioterapeuta atuará tanto em tratamento conservador, sem a necessidade de cirurgia, como também no pós- operatório. Tendinites e lesões ligamentares são comuns em atletas e demais indivíduos que fazem atividades que causam sobrecarga no joelho. Já em pessoas idosas, as lesões degenerativas são as mais frequentes. A prática de exercícios é o principal recurso fisioterapêutico para recuperar a mobilidade articular, a resistência, a força muscular e melhorar contraturas. 10 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO CASTRO, Danielle Marialva de; VIERA, Luiz Carlos Rabelo. Joelho: revisão de aspectos pertinentes à Fisioterapia. Disponível em: https://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/32/111_-_Joelho_revisYo_de_aspectos_ pertinentes_Y_Fisioterapia.pdf. Acesso em: 12 out. 2022. PEIXOTO, Claudio Afonso. Ortopedia: Os Principais Testes Especiais Realizados | Colunistas. Disponível em: https://www.sanarmed.com/ortopedia-os-principais-testes-especiais-realizados-coluni stas. Acesso em: 15 out. 2022. Teste de Apley Ir para: navegação, pesquisa. 2021. Disponível em: https://campcursos.com.br/teste-de-apleyir-para-navegacao-pesquisa/. Acesso em: 16 out. 2022. Raio X do Joelho. Disponível em: https://www.saudebemestar.pt/pt/exame/imagiologia/raio-x-do-joelho/. Acesso em: 16 out. 2022. Fisioterapia na Artrose de Joelho. Disponível em: https://curefisioterapia.com.br/fisioterapia-na-artrose-de-joelho/#:~:text=O%20tratam ento%20fisioterap%C3%AAutico%20da%20artrose,inflama%C3%A7%C3%A3o%20 s%C3%A3o%20a%20fase%20inicial.. Acesso em: 16 out. 2022. NERY, Breno. Doença de Osgood-Schlatter: o que é, quais são as causas e como tratar? Disponível em: https://www.portalped.com.br/especialidades-da-pediatria/pediatria-geral/doenca-de- osgood-schlatter/. Acesso em: 16 out. 2022.