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CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
AULA 1 
Profª Paolla Hauser 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Já se passaram alguns anos depois da convergência das normas 
internacionais de contabilidade no Brasil. Tais alterações foram iniciadas a partir 
da Lei n. 11.638/2007 e da Medida Provisória n. 448/2008, convertida na Lei n. 
11.941/2009. Ambas normas alteraram diversos dispositivos da Lei das S/As, 
como é conhecida a Lei n. 6.404/1976. 
Estas alterações tiveram (e ainda têm) o objetivo de facilitar a análise dos 
investidores internacionais, principalmente. De acordo com Viceconti e Neves 
(2013, p. 33), “a necessidade de manusear diversas demonstrações financeiras 
com várias normas distintas e diferenciadas, dificultava sobremaneira a 
comparação das mesmas e, consequentemente, a aplicação dos recursos pelos 
investidores residentes ou domiciliados em outros países”. 
Desta forma, a convergência das normas contábeis garante que a leitura 
da informação que as demonstrações financeiras apresentam possa ser 
entendida por qualquer investidor em qualquer lugar do mundo. 
Nesta disciplina, nós vamos conhecer algumas normas contábeis trazidas 
pela chamada contabilidade internacional, por meio do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis (CPC). 
Nesta primeira aula, vamos conhecer o CPC 01 – Redução ao Valor 
Recuperável de Ativos. Este pronunciamento objetiva estabelecer 
procedimentos que a empresa deve aplicar para garantir que seus ativos estejam 
registrados contabilmente por valor que não exceda seus valores de 
recuperação. 
Em nossa segunda aula, falaremos sobre aspectos conceituais, cálculo e 
contabilização dos empréstimos e financiamentos, tratando aqui um pouco do 
CPC 20. 
Na aula de número três vamos conhecer mais um pouco sobre a estrutura 
conceitual do Patrimônio Líquido. Vamos abordar de forma mais aprofundada as 
contas existentes neste grupo do balanço. 
Em nossa quarta aula, falaremos sobre todas as reservas existentes no 
balanço, assim como a conta de ajuste de avaliação patrimonial. Vamos 
conhecer os conceitos, limites e regras aplicáveis a estas contas contábeis. 
Em nossa aula cinco, veremos o CPC 23, que trata das Políticas 
Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. 
 
 
3 
Por fim, em nossa sexta aula, conheceremos o CPC 02, que trata dos 
efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações 
contábeis, contabilização de transações em moeda estrangeira e conversão de 
ativos e passivos monetários. 
CONTEXTUALIZANDO 
De acordo com a notícia extraída do portal do Valor Econômico, de 
22/02/2017, a empresa Gerdau apresentou em 2016 um prejuízo líquido de R$ 
2,89 bilhões durante o ano. “Os principais motivos para o segundo ano 
consecutivo de perdas foram um faturamento menor, baixas contábeis e 
operações com controladas e coligada” (Rostás, 2017). 
Ainda segundo o jornal, “Durante o ano de 2016, as baixas contábeis pela 
não recuperabilidade de ativos foram todas realizadas no último trimestre e 
subtraíram R$ 2,92 bilhões do balanço. Em 2015 os impairments foram de R$ 5 
bilhões”. 
Este é apenas um exemplo do que ocorre no balanço das empresas, 
quando realizado ajuste pelo teste de impairment test, também chamado de teste 
de recuperabilidade. Este teste serve para verificar se o valor escriturado 
contabilmente é de fato recuperável, caso não seja, o valor deverá ser reduzido 
ao seu valor recuperável. Por recuperável, vamos entender como o valor que a 
entidade poderá recuperar com o uso do ativo. 
TEMA 1 – CPC 01 – ASPECTOS NORMATIVOS E CONCEITUAIS 
O impairment test ou teste de recuperabilidade, ou ainda redução ao valor 
recuperável de ativos, está disposto no art. 183, parágrafo 3º da Lei das 
Sociedades por Ações (Lei n. 6.404/1976), conforme transcrito a seguir: 
§ 3o A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a 
recuperação dos valores registrados no imobilizado e no intangível, a 
fim de que sejam: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) 
I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver 
decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se 
destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir 
resultados suficientes para recuperação desse valor; ou (Incluído pela 
Lei nº 11.638, de 2007) 
II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da 
vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão 
e amortização. 
 
 
4 
A legislação supracitada determina que a companhia deverá realizar de 
forma regular uma análise sobre o valor contábil dos seus ativos (imobilizado e 
intangível), com o intuito de identificar se estes ativos estão escriturados por 
valor que não exceda seu valor de recuperação. 
De acordo com o CPC 01, valor contábil “é o montante pelo qual o ativo 
está reconhecido no balanço depois da dedução de toda respectiva depreciação, 
amortização ou exaustão acumulada e ajuste de perdas”. 
O CPC traz ainda outas definições importantes para nossa aula, conforme 
transcrevemos: 
Unidade geradora de caixa é o menor grupo identificável de ativos 
que gera entradas de caixa, entradas essas que são em grande parte 
independentes das entradas de caixa de outros ativos ou outros grupos 
de ativos. 
Despesas de venda ou de baixa são despesas incrementais 
diretamente atribuíveis à venda ou à baixa de um ativo ou de uma 
unidade geradora de caixa, excluindo as despesas financeiras e de 
impostos sobre o resultado gerado. 
Valor depreciável, amortizável e exaurível é o custo de um ativo, ou 
outra base que substitua o custo nas demonstrações contábeis, menos 
seu valor residual. 
Depreciação, amortização e exaustão é a alocação sistemática do 
valor depreciável, amortizável e exaurível de ativos durante sua vida 
útil. 
Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou 
que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação 
não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração. 
Perda por desvalorização é o montante pelo qual o valor contábil de 
um ativo ou de unidade geradora de caixa excede seu valor 
recuperável. 
Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o 
maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e 
o seu valor em uso. 
Vida útil é: 
(a) o período de tempo durante o qual a entidade espera utilizar um 
ativo; ou 
(b) o número de unidades de produção ou de unidades semelhantes 
que a entidade espera obter do ativo. 
Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados 
que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa. 
Para facilitar o entendimento da norma, vamos começar com o conceito 
de ativo. O Ativo é representado pelos bens e direitos controlados pela empresa 
tendo como característica a capacidade de gerar benefícios presentes e futuros 
(fluxos de caixa). 
A utilidade do impairment test é calcular o valor de retorno deste bem ou 
direito (de longo prazo), isto é, quanto de benefícios decorrentes de seu uso ele 
ainda pode gerar para a empresa. 
 
 
5 
O Impairment significa dano, prejuízo, deterioração, depreciação. Para 
fins contábeis, dizemos que é a redução do valor do ativo. (Padoveze, 2016) 
O impairment test, ou teste de recuperabilidade, como também é 
chamado, tem como finalidade identificar e ajustar o valor de um ativo, evitando 
que este esteja escriturado por um valor superior ao que pode ser recuperado 
pelo uso ou por sua venda. 
Desta forma, a entidade demonstra sua real situação financeira e 
patrimonial, garantindo assim transparência quanto às informações contábeis e 
financeiras da entidade. 
O Impairment test é obrigatório pelo menos no encerramento do balanço 
CPC 01, e deve ser efetuado quando houver evidências de uma provável perda 
do potencial do ativo ou de um grupo de ativos. 
Para Ferrari (2012, p. 646), o teste de recuperabilidade do ativo 
imobilizado e ativo intangível é consequência do princípioda prudência, o qual 
determina que, diante de opções igualmente válidas, deve-se sempre adotar o 
menor valor para os itens do ativo. 
O autor traz o seguinte exemplo para ilustrar tal conceito: 
Se uma empresa tivesse em seu imobilizado um equipamento adquirido 
por R$ 45.000,00 com uma depreciação acumulada de R$ 12.000,00, seu valor 
contábil seria de R$ 33.000,00. Se, ao ser realizado o impairment test deste valor 
(R$ 33.000,00), fosse constatado que o valor recuperável por uso ou por venda 
(destes dois, escolhe-se o maior) fosse de R$ 28.000,00 (por exemplo), isto 
significaria que o referido bem estaria contabilmente registrado por R$ 5.000,00 
a mais do que deveria. 
Neste caso, em conformidade com o CPC 01, deve-se registrar a perda, 
para que o bem apresente um valor líquido de R$ 28.000,00. 
De acordo com o Pronunciamento Contábil – CPC 01 
A entidade deve avaliar ao fim de cada período de reporte, se há 
alguma indicação de que um ativo possa ter sofrido desvalorização. Se 
houver alguma indicação, a entidade deve estimar o valor recuperável 
do ativo. 
Independentemente de existir, ou não, qualquer indicação de redução 
ao valor recuperável, a entidade deve (i) testar, no mínimo anualmente, 
a redução ao valor recuperável de um ativo intangível com vida útil 
indefinida ou de um ativo intangível ainda não disponível para uso, 
comparando o seu valor contábil com seu valor recuperável. Esse teste 
de redução ao valor recuperável pode ser executado a qualquer 
momento no período de um ano, desde que seja executado, todo ano, 
no mesmo período. Ativos intangíveis diferentes podem ter o valor 
recuperável testado em períodos diferentes. Entretanto, se tais ativos 
intangíveis foram inicialmente reconhecidos durante o ano corrente, 
 
 
6 
devem ter a redução ao valor recuperável testada antes do fim do ano 
corrente; e (ii) testar, anualmente, o ágio pago por expectativa de 
rentabilidade futura (goodwill) em combinação de negócios. 
TEMA 2 – CPC 01 – UNIDADE GERADORA DE CAIXA E GOODWIL 
Segundo Martins et al. (2013, p. 290), “pode haver situações nas quais 
não é possível estimar o valor recuperável de um ativo imobilizado de maneira 
individual, considerando a unidade de propriedade definida pela empresa. 
Nessas situações a entidade deve identificar a unidade geradora de caixa à qual 
o imobilizado pertence e determinar seu valor recuperável”. 
2.1 Unidade geradora de caixa 
Para Rios e Marion (2017, p. 248), “uma unidade geradora de caixa pode 
ser conceituada como o menor grupo identificável de ativos, cujas entradas de 
caixa sejam altamente independentes dos demais ativos. A unidade geradora de 
caixa pode ser um único ativo ou até mesmo um segmento operacional todo”. 
Se não for possível estimar o valor recuperável para o ativo individual, a 
entidade deve determinar o valor recuperável da unidade geradora de caixa à 
qual o ativo pertence (unidade geradora de caixa do ativo). 
O valor recuperável de um ativo individual não pode ser determinado se 
(i) o valor em uso do ativo não puder ser estimado como sendo próximo de seu 
valor justo líquido de despesas de venda (por exemplo, quando os fluxos de 
caixa futuros advindos do uso contínuo do ativo não puderem ser estimados 
como sendo insignificantes); e (ii) o ativo não gerar entradas de caixa que são 
em grande parte independentes daquelas provenientes de outros ativos (CPC 
01). 
Nesses casos, o valor em uso e, portanto, o valor recuperável, somente 
pode ser determinado para a unidade geradora de caixa do ativo. 
A fim de facilitar o entendimento, vamos citar o exemplo trazido pelo 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis: 
Uma entidade de mineração tem uma estrada de ferro particular para 
dar suporte às suas atividades de mineração. Essa estrada pode ser 
vendida somente pelo valor de sucata e ela não gera entradas de caixa 
que são, em grande parte, independentes das entradas de caixa 
provenientes de outros ativos da mina. 
Não é possível estimar o valor recuperável da estrada de ferro privada 
porque seu valor em uso não pode ser determinado e é provavelmente 
diferente do valor de sucata. Portanto, a entidade deve estimar o valor 
 
 
7 
recuperável da unidade geradora de caixa à qual a estrada de ferro 
particular pertence, isto é, a mina como um todo. 
Vamos conhecer também os exemplos mencionados por Rios e Marion 
(2017): 
Vamos supor que, para a produção de um determinado produto, uma 
empresa industrial possui uma série de máquinas. Essa série forma o 
que se chama de linha de produção. Embora as máquinas possam ser 
tratas contabilmente de forma separada, por diversas razões, como 
depreciação, etc., o conjunto dessas máquinas, ou seja, essa linha de 
produção pode ser considerada uma unidade geradora de caixa, pois 
é esse conjunto que de fato fabrica o produto e, portanto, gera 
benefícios econômicos para a entidade. Nesse caso, a aplicação do 
teste de recuperabilidade será feita na unidade geradora de caixa. 
2.2 Valor recuperável de uma unidade geradora de caixa 
O valor recuperável de uma unidade geradora de caixa é o maior valor 
entre (i) o valor justo líquido de despesas de venda e (ii) o valor em uso. O valor 
contábil de uma unidade geradora de caixa deve ser determinado de maneira 
consistente com o modo pelo qual é determinado o montante recuperável da 
unidade geradora de caixa. 
Já o valor contábil de uma unidade geradora de caixa compreende os 
seguintes elementos: 
(i) Valor contábil dos ativos que podem ser alocados em base razoável e 
consistente à unidade geradora de caixa e que gerarão fluxos de caixa 
futuros utilizados na determinação do valor em uso da referida unidade 
geradora de caixa; 
(ii) Ágio ou deságio decorrente e relativo ao ativo pertencente à unidade 
geradora de caixa proveniente de uma aquisição ou subscrição, cujo 
fundamento esteja na diferença entre o valor de mercado do referido 
ativo e o seu valor contábil; 
(iii) Não inclui o valor contábil de qualquer passivo reconhecido, exceto se 
o valor contábil da unidade geradora de caixa não puder ser 
determinado sem considerar esse passivo. (Martins et al., 2013, p. 291) 
2.3 Ágio por expectativa de rentabilidade futura – goodwill 
Conforme explica Andrade Filho (2016, p. 692) “a palavra ágio pode ser 
utilizada para fazer referências a diversas realidades. Em geral, a palavra 
designa um plus sobre determinado preço ou valor previamente determinado”. 
De acordo com o art. 20 do Decreto-Lei n. 1.598/1977, o ágio por 
rentabilidade futura (goodwill) corresponde à diferença entre o custo de 
aquisição do investimento e o somatório do valor de patrimônio líquido na época 
da aquisição e mais ou menos-valia, que corresponde à diferença entre o valor 
justo dos ativos líquidos da investida. 
 
 
8 
O ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), reconhecido em 
uma combinação de negócios, é um ativo que representa benefícios econômicos 
futuros advindos de outros ativos adquiridos na combinação de negócios que 
não são identificados individualmente e não são reconhecidos separadamente 
(CPC 01). 
“Combinação de negócios é quando o adquirente obtém o controle de um 
negócio. Controle é o poder para governar a política financeira e operacional da 
empresa ou do negócio, de forma a obter benefícios de suas atividades” 
(Almeida, 2014, p. 5). 
O ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) não gera 
fluxos de caixa independentemente de outros ativos ou grupos de 
ativos, e frequentemente contribui para os fluxos de caixa de múltiplas 
unidades geradoras de caixa. Às vezes, o ágio por expectativa de 
rentabilidade futura (goodwill) não pode ser alocado em base não 
arbitrária a unidades geradoras de caixa individuais, mas apenas a 
grupos de unidades geradoras de caixa. Assim, o menor nível dentro 
da entidade, no qual o ágio por expectativa de rentabilidade futura 
(goodwill) é monitorado para fins gerenciais internos, às vezes,inclui 
algumas unidades geradoras de caixa às quais o ágio se relaciona, 
mas às quais não pode ser alocado. (CPC 01) 
O ágio resultante de uma combinação de negócios é demonstrado ao 
custo na data da combinação do negócio líquido da perda acumulada por 
redução ao valor recuperável, se houver. 
Para fins de teste de redução ao valor recuperável, o ágio é alocado a 
cada uma das unidades geradoras de caixa do grupo que irão se beneficiar das 
sinergias da combinação. 
As unidades geradoras de caixa às quais o ágio foi alocado são 
submetidas anualmente a teste de impairment, ou com maior frequência quando 
houver indícios de que uma unidade poderá apresentar redução ao valor 
recuperável. 
De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 15 – Combinação de 
Negócios, se o tratamento contábil inicial da combinação de negócios puder ser 
determinado somente provisoriamente ao término do período no qual a 
combinação de negócios ocorre, o adquirente deve: 
(a) contabilizar a combinação utilizando esses valores provisórios; e 
(b) reconhecer quaisquer ajustes a esses valores provisórios como 
resultado da conclusão do tratamento contábil inicial dispensado 
dentro do período de mensuração, o qual não excederá doze meses a 
partir da data da aquisição. 
 
 
9 
Em tais circunstâncias, pode não ser possível concluir a alocação inicial 
do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), isto é, pode não ser 
possível segregar os intangíveis atrelados ao ágio adquirido em combinação de 
negócios, antes do término do período anual em que ocorre a combinação. 
Desta forma, o CPC 15 diz: 
Se o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) tiver sido 
alocado a uma unidade geradora de caixa e a entidade se desfizer de 
uma operação dentro dessa unidade, o ágio por expectativa de 
rentabilidade futura (goodwill) associado à operação baixada deve ser 
(i) incluído no valor contábil da operação quando da determinação dos 
ganhos ou perdas na baixa; e (ii) mensurado com base nos valores 
relativos da operação baixada e na parcela da unidade geradora de 
caixa mantida em operação (retida), a menos que a entidade consiga 
demonstrar que algum outro método reflita melhor o ágio por 
expectativa de rentabilidade futura (goodwill) associado à operação 
baixada. 
Vejamos um exemplo trazido pelo próprio Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis: 
2.3.1 Exemplo 
Uma entidade vende por R$ 100 uma operação que fazia parte de unidade 
geradora de caixa na qual houve alocação de ágio pago por expectativa de 
resultado futuro (goodwill). 
O ágio alocado à unidade não pode ser identificado ou associado, exceto 
arbitrariamente, a um grupo de ativos em nível mais baixo do que aquela 
unidade. O valor recuperável da parcela remanescente da unidade geradora de 
caixa retido é de R$ 300. 
Como o ágio alocado à unidade geradora de caixa não pôde ser 
identificado ou associado, de forma não arbitrária, a um grupo de ativos em nível 
mais baixo do que aquela unidade, o ágio associado à operação alienada é 
medido com base nos valores relativos da operação alienada e na parcela da 
unidade remanescente. Portanto, 25% do ágio alocado à unidade geradora de 
caixa são incluídos no valor contábil da operação que é vendida. 
TEMA 3 – CPC 01 – MENSURAÇÃO DO VALOR RECUPERÁVEL DE UGC´S 
O impairment test consiste em avaliar cada ativo ou unidade geradora de 
caixa, testando sua recuperabilidade. Sendo assim, faz-se necessário 
determinar o valor recuperável do ativo ou da unidade geradora de caixa. 
 
 
10 
O valor recuperável é o maior valor entre (i), valor justo líquido de 
despesas, e o (ii), valor em uso. 
Lembrando que o valor justo é o preço que seria recebido pela venda de 
um ativo. As despesas de venda ou de baixa são despesas incrementais 
diretamente atribuíveis à venda ou à baixa de um ativo ou de uma unidade 
geradora de caixa. E por fim, o valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa 
futuros esperados que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa. 
3.1 Estimativa do valor em uso 
A estimativa do valor em uso de um ativo envolve: (Viceconti e Neves, 
2013, p. 346/347) 
1. Estimar futuras entradas e saídas de caixa decorrentes de uso contínuo 
do ativo e de sua baixa final, e 
2. Aplicar taxa de desconto adequada a esses fluxos de caixa futuros. 
De acordo com o CPC 01, ao mensurar o valor em uso a entidade deve: 
(i) basear as projeções de fluxo de caixa em premissas razoáveis e 
fundamentadas que representem a melhor estimativa, por parte da 
administração, do conjunto (range) de condições econômicas que 
existirão ao longo da vida útil remanescente do ativo. Peso maior deve 
ser dado às evidências externas; 
(ii) basear as projeções de fluxo de caixa nas previsões ou nos 
orçamentos financeiros mais recentes aprovados pela administração 
que, porém, devem excluir qualquer estimativa de fluxo de caixa que 
se espera surgir das reestruturações futuras ou da melhoria ou 
aprimoramento do desempenho do ativo. As projeções baseadas 
nessas previsões ou orçamentos devem abranger, como regra geral, o 
período máximo de cinco anos, a menos que se justifique, 
fundamentadamente, um período mais longo; 
(iii) estimar as projeções de fluxo de caixa para além do período abrangido 
pelas previsões ou orçamentos mais recentes pela extrapolação das 
projeções baseadas em orçamentos ou previsões usando uma taxa de 
crescimento estável ou decrescente para anos subsequentes, a menos 
que uma taxa crescente possa ser devidamente justificada. Essa taxa 
de crescimento não deve exceder a taxa média de crescimento, de 
longo prazo, para os produtos, setores de indústria ou país ou países 
nos quais a entidade opera ou para o mercado no qual o ativo é 
utilizado, a menos que se justifique, fundamentadamente, uma taxa 
mais elevada. 
3.2 Estimativa do valor líquido de venda 
As despesas com a baixa de algum bem, exceto as que já foram 
reconhecidas como passivo, devem ser diminuídas ao se mensurar o valor justo 
líquido de despesas de alienação (CPC, 2010). 
 
 
11 
Exemplos desses tipos de despesas são as despesas legais, tributos, 
despesas com a remoção do ativo e gastos diretos incrementais para 
deixar o ativo em condição de venda. Entretanto, as despesas com 
demissão de empregados e as associadas à redução ou reorganização 
de um negócio em seguida à baixa de um ativo não são despesas 
incrementais para baixa do ativo. 
Em alguns momentos, a baixa de um ativo poderia exigir que o comprador 
assumisse um passivo e somente um único valor justo líquido de despesas de 
venda, contemplando o ativo e o passivo imputado ao comprador, estaria 
disponível (CPC, 2010). 
Exemplo 
 A empresa RM possui um único item em seu ativo imobilizado: uma 
máquina fabril. Seu valor contábil é de R$ 520.000,00, e sua depreciação 
acumulada é de R$ 260.000,00. Há indícios de desvalorização apontados pela 
administração. Diante disso, faz-se necessário a realização do teste de 
recuperabilidade (Rios; Marion, 2017, p. 250-251). 
Após a realização do teste, chegou-se ao valor justo líquido de R$ 
200.000,00, e ao valor em uso de R$ 220.000,00. Desta forma, deveremos 
utilizar como base o maior valor entre os dois, ou seja, R$ 220.000,00. 
Agora, para saber se deveremos reconhecer uma perda por 
desvalorização, deveremos encontrar o valor contábil liquido. 
Para determinação do valor contábil liquido, teremos: 
Tabela 1 – Valor contábil 
Valor contábil 520.000,00 
(-) Depreciação acumulada (260.000,00) 
= Valor contábil líquido 260.000,00 
Devemos agora compará-lo com o valor recuperável encontrado no teste: 
Tabela 2 – Valor contábil líquido 
Valor contábil líquido 260.000,00 
Valor recuperável 220.000,00 
Diferença 40.000,00 
Verificamos que o valor recuperável é menor que o valor contábil líquido 
e a diferença é de R$ 40.000,00. Dessa forma, devemos reconhecer uma perda 
por desvalorização nesse valor. 
 
 
12O lançamento contábil ficará: 
D – Perda por desvalorização de ativo (resultado) 40.000,00 
C – (-) Perda estimada por valor não recuperável (redutora do ativo) 40.000,00 
TEMA 4 – CPC 01 – MENSURAÇÃO DO VALOR RECUPERÁVEL DE 
INVESTIMENTOS 
Conforme o CPC 01: 
Para o propósito do teste de redução ao valor recuperável, o ágio por 
expectativa de rentabilidade futura (goodwill) adquirido em combinação 
de negócios deve, a partir da data da operação, ser alocado a cada 
uma das unidades geradoras de caixa do adquirente, ou a grupos de 
unidades geradoras de caixa, que devem se beneficiar das sinergias 
da operação, independentemente de os outros ativos ou passivos da 
entidade adquirida serem, ou não, atribuídos a essas unidades ou 
grupos de unidades. 
Cada unidade ou grupo de unidades ao qual o ágio (goodwill) é alocado 
dessa forma deve: 
(i) representar o menor nível dentro da entidade no qual o ágio (goodwill) 
é monitorado para fins gerenciais internos; e 
(ii) não ser maior do que um segmento operacional, conforme definido 
pelo item 5 do Pronunciamento Técnico CPC 22 – Informações por 
Segmento, antes da agregação. 
Segundo Rios e Marion (2017, p. 254), “O goodwill é reconhecimento em 
uma combinação de negócios, torna-se um ativo que gera benefícios 
econômicos para a entidade que provem de outros ativos adquiridos na 
combinação de negócios e que não são identificados individualmente e não são 
reconhecidos separadamente”. 
O ágio não gera fluxo de caixa sozinho, depende de outros ativos ou grupo 
de ativos, e normalmente contribui para o fluxo de caixa de diversas unidades 
geradoras de caixas. 
Se o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) tiver sido 
alocado a uma unidade geradora de caixa e a entidade se desfizer de uma 
operação dentro dessa unidade, o ágio por expectativa de rentabilidade futura 
(goodwill) associado à operação baixada deve ser (CPC, 2010): 
(i) incluído no valor contábil da operação quando da determinação dos 
ganhos ou perdas na baixa; e 
(ii) mensurado com base nos valores relativos da operação baixada e na 
parcela da unidade geradora de caixa mantida em operação (retida), a 
menos que a entidade consiga demonstrar que algum outro método 
 
 
13 
reflita melhor o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) 
associado à operação baixada. 
Se a entidade reorganizar sua estrutura de reporte de forma que altere a 
composição de uma ou mais unidades geradoras de caixa às quais o ágio por 
expectativa de rentabilidade futura (goodwill) tenha sido alocado, este ágio deve 
ser realocado às unidades afetadas (CPC, 2010). 
Essa realocação deve ser realizada utilizando-se uma abordagem de 
valor relativo semelhante àquela utilizada quando a entidade se desfaz de uma 
operação componente de uma unidade geradora de caixa, a menos que a 
entidade consiga demonstrar que algum outro método reflita melhor o ágio por 
expectativa de rentabilidade futura (goodwill), associada às unidades 
reorganizadas (CPC, 2010). 
4.1 Exemplo de acordo com o CPC 01 
O ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) foi 
alocado originariamente à unidade geradora de caixa A. O ágio alocado 
a A não pode ser identificado ou associado de forma não arbitrária a 
um grupo de ativos em nível mais baixo do que A. A unidade A será 
dividida e integrada em três outras unidades geradoras de caixa, B, C 
e D. 
Como o ágio alocado a A não pode ser identificado ou associado de 
forma não arbitrária a um grupo de ativos em nível mais baixo que A, 
ele deve ser alocado proporcionalmente para as unidades B, C e D, 
com base nos valores relativos das três partes de A, antes que essas 
partes sejam integradas a B, C e D. 
Quando o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) se 
relacionar com uma unidade geradora de caixa, mas não tiver sido 
alocado a ela, essa unidade geradora de caixa deve ser testada para 
redução ao valor recuperável sempre que houver indicação de que a 
unidade possa estar desvalorizada, pela comparação do valor contábil 
da unidade, excluindo qualquer ágio por expectativa de rentabilidade 
futura (goodwill), com seu valor recuperável. 
Qualquer perda por desvalorização deve ser reconhecida. 
Se a unidade geradora de caixa incluir em seu valor contábil um ativo 
intangível que tenha vida útil indefinida, ou que ainda não esteja 
disponível para uso, e esse ativo somente puder ser testado para 
redução ao valor recuperável apenas como parte da unidade geradora 
de caixa. 
TEMA 5 – CPC 01 - REVERSÃO DE IMPAIRMENT 
É possível que, ao longo do período, algum novo fator possa indicar uma 
possível valorização do ativo, que tenha sido reduzido ao seu valor recuperável. 
Isso pode ocorrer também na realização de um novo teste de recuperabilidade. 
Nesses casos, a perda constituída anteriormente poderá ser revertida, porém 
limitada ao valor contábil líquido (CPC, 2010). 
 
 
14 
Importante ressaltar que as perdas para ágio por expectativa de 
rentabilidade futura (goodwill) não podem ser revertidas. 
Ao avaliar se há alguma indicação de que perda por desvalorização 
reconhecida em períodos anteriores para um ativo, exceto o ágio por 
expectativa de rentabilidade futura (goodwill), possa ter diminuído ou 
possa não mais existir, a entidade deve considerar, no mínimo, as 
seguintes indicações: 
Conforme CPC 01 - Fontes externas de informação: 
(i) há indicações observáveis de que o valor do ativo tenha aumentado 
significativamente durante o período; 
(ii) mudanças significativas, com efeito favorável sobre a entidade, tenham 
ocorrido durante o período, ou ocorrerão em futuro próximo, no 
ambiente tecnológico, de mercado, econômico ou legal no qual ela 
opera ou no mercado para o qual o ativo é destinado; 
(i) as taxas de juros de mercado ou outras taxas de mercado de retorno 
sobre investimentos tenham diminuído durante o período, e essas 
diminuições possivelmente tenham afetado a taxa de desconto 
utilizada no cálculo do valor em uso do ativo e aumentado seu valor 
recuperável materialmente; 
Conforme CPC 01 - Fontes internas de informação 
(i) mudanças significativas, com efeito favorável sobre a entidade, tenham 
ocorrido durante o período, ou se espera que ocorram em futuro 
próximo, na extensão ou na maneira por meio da qual o ativo é utilizado 
ou se espera que seja utilizado. Essas mudanças incluem custos 
incorridos durante o período para melhorar ou aprimorar o 
desempenho do ativo ou para reestruturar a operação à qual o ativo 
pertence; 
(ii) há evidência disponível advinda dos relatórios internos que indica que 
o desempenho econômico do ativo é ou será melhor do que o 
esperado. 
Uma perda por desvalorização reconhecida em períodos anteriores para 
um ativo, exceto o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), deve 
ser revertida se, e somente se, tiver havido mudança nas estimativas utilizadas 
para determinar o valor recuperável do ativo desde a última perda por 
desvalorização que foi reconhecida (CPC, 2010). 
A reversão de perda por desvalorização reflete um aumento no potencial 
de serviços estimados de um ativo, ou pelo uso ou pela venda, desde a data em 
que a entidade reconheceu pela última vez uma perda por desvalorização para 
o ativo. 
Para isso, a norma contábil requer que a entidade identifique a mudança 
nas estimativas que causam o aumento no potencial de serviços estimados. 
Os exemplos de mudanças nas estimativas incluem: 
1. Mudança na base do valor recuperável (exemplo, se o valor recuperável 
é baseado no valor justo líquido de despesas de venda ou no valor em 
uso); 
 
 
15 
2. Se o valor recuperável foi baseado no valor em uso, mudança no 
montante ou no período previsto de ocorrência de fluxos de caixa futuros 
estimados ou na taxa de desconto; ou 
3. Se o valor recuperável foi baseado no valor justo líquido de despesas de 
venda, mudança na estimativa dos componentes do valor justo líquido de 
despesasde venda. 
O valor em uso de um ativo pode se tornar maior do que seu valor contábil 
simplesmente porque o valor presente de futuras entradas de caixa aumenta na 
medida em que essas entradas se tornam mais próximas da data atual (CPC, 
2010). 
Entretanto, o potencial de serviços do ativo não aumentou. Portanto, a 
perda por desvalorização não deve ser revertida simplesmente por causa da 
passagem do tempo (algumas vezes reconhecida pelo termo “fluência” do 
desconto – unwinding of discount), mesmo que o valor recuperável do ativo se 
torne maior do que seu valor contábil. (CPC, 2010) 
5.2 Divulgação 
De acordo com a Lei n. 6.404/1976, as entidades deverão elaborar e 
publicar suas demonstrações financeiras, conforme transcrevemos abaixo: 
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com 
base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes 
demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a 
situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no 
exercício: 
I. balanço patrimonial; 
II. demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; 
III. demonstração do resultado do exercício; e 
IV. demonstração dos fluxos de caixa; e 
V. se companhia aberta, demonstração do valor adicionado. 
§ 1º As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a 
indicação dos valores correspondentes das demonstrações do 
exercício anterior. 
Segundo Borinelli e Pimentel (2017), divulgar é o fato de distribuir a 
demonstração ao público externo. O que pode ser feito por meio de publicação 
em jornais e revistas. 
Segundo as legislações comercial (que regulamenta o comércio) e 
fiscal (que regulamenta aspectos tributários), as empresas em geral 
devem elaborar demonstrações contábeis, exceto pequenos 
empresários e empresários rurais. No entanto, as sociedades 
anônimas são obrigadas, pela Lei das S/As, a publicar as 
 
 
16 
demonstrações, ao menos uma vez ao ano. (Borinelli, Pimentel, 2017, 
p. 40) 
Abaixo vejamos as regras de divulgação das demonstrações financeiras, 
de acordo com a previsão da legislação societária. 
Figura 1 – Regras de divulgação das demonstrações financeiras 
 
Fonte: Borinelli, Pimentel, 2017, p. 41 
De acordo com CPC 01 “a entidade deve divulgar as seguintes 
informações para cada classe de ativos”: 
(i) o montante das perdas por desvalorização reconhecido no resultado 
do período e a linha da demonstração do resultado na qual essas 
perdas por desvalorização foram incluídas; 
(ii) o montante das reversões de perdas por desvalorização reconhecido 
no resultado do período e a linha da demonstração do resultado na 
qual essas reversões foram incluídas; 
(iii) o montante de perdas por desvalorização de ativos reavaliados 
reconhecido em outros resultados abrangentes durante o período; e 
(iv) o montante das reversões das perdas por desvalorização de ativos 
reavaliados reconhecido em outros resultados abrangentes durante o 
período. (CPC, 2010) 
Uma classe de ativos é um agrupamento de ativos de natureza e uso 
similares nas operações da entidade. 
A entidade deve divulgar as seguintes informações para cada perda por 
desvalorização ou reversão reconhecida durante o período para ativo individual, 
incluindo ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), ou para unidade 
geradora de caixa: (i) os eventos e as circunstâncias que levaram ao 
reconhecimento ou à reversão da perda por desvalorização; (ii) montante da 
perda por desvalorização reconhecida ou revertida; (iii) para um ativo individual: 
 
 
17 
(iii.a) a natureza do ativo; e (iii.b) se a entidade reporta informações por 
segmento. 
Se o valor recuperável for o valor justo líquido de despesas de alienação, 
a entidade deve divulgar as seguintes informações: 
(i) o nível da hierarquia do valor justo (ver Pronunciamento Técnico 
CPC 46) dentro do qual a mensuração do valor justo do ativo (unidade 
geradora de caixa) é classificada em sua totalidade (sem levar em 
conta as despesas de alienação que são observáveis); 
(ii) para a mensuração do valor justo classificado no nível 2 e no nível 
3 da hierarquia de valor justo, a descrição da técnica de avaliação 
usada para mensurar o valor justo menos as despesas de alienação. 
Se tiver havido mudança na técnica de avaliação, a entidade deve 
divulgar a mudança ocorrida e os motivos para fazê-la; e 
(iii) para a mensuração do valor justo classificado no nível 2 e no nível 
3 da hierarquia de valor justo, cada pressuposto-chave em que a 
gerência baseou a sua determinação do valor justo menos as despesas 
de alienação. Pressupostos-chave são aqueles para os quais (unidade 
geradora de caixa) o valor recuperável do ativo for mais sensível. 
(CPC, 2010) 
A entidade também deve divulgar a taxa de desconto utilizada na 
mensuração atual e anterior, se o valor justo menos as despesas de alienação 
for mensurada usando a técnica de valor presente. 
TROCANDO IDEIAS 
As perdas por valor recuperável (impairment) devem ser descritas em 
notas divulgadas nas notas explicativas das entidades, conforme determina o 
Pronunciamento Técnico. Assim, acesso o link a seguir, localize, na 
Demonstração Financeira, o impairment e a respectiva nota explicativa, 
indicando no fórum as informações que foram possíveis extrair desta divulgação. 
NA PRÁTICA 
A empresa UNT produz apenas um produto denominado de Produto X. 
Mediante estudo do CPC 01, verificou-se a possibilidade dos ativos 
apresentarem indícios de desvalorização. Tais indícios foram observados por 
meio de fatores internos e externos, conforme elencados a seguir (adaptado de 
Rios e Marion, 2017): 
• Fatores externos: 
✓ Novas tecnologias surgiram no mercado para fabricação do mesmo 
produto; 
 
 
18 
✓ Forte entrada de concorrentes no mercado no último ano, o que 
acarretou redução no preço do praticado no mercado; 
✓ Elevado aumento nos preços de energia elétrica. 
• Fatores Internos: 
✓ As máquinas adquiridas estão obsoletas em razão de novas 
tecnologias desenvolvidas; 
✓ Em função do excesso de produção de anos anteriores, as máquinas 
sofreram desgastes mais rapidamente. 
A empresa tem apenas uma linha de produção formada por cinco 
máquinas que realizam funções diferentes, mas que trabalham em conjunto para 
a fabricação do produto X, sendo elas: 
1. Máquina de preparação de matéria-prima; 
2. Máquina de transformação de matéria-prima; 
3. Máquina estruturadora de embalagem; 
4. Máquina de corte; 
5. Máquina de empacotamento. 
O conjunto dessas máquinas é que fabrica o produto X, ou seja, 
isoladamente elas não produziriam nada. Dessa forma, é esse conjunto que gera 
benefícios econômicos à empresa. Portanto, podemos dizer que temos uma 
unidade geradora de caixa formada por cinco máquinas da linha de produção. 
Para determinar o valor contábil da UGC, serão consideradas as 
seguintes informações: 
1. Os ativos da unidade geradora de caixa foram adquiridos 
simultaneamente e começaram a operar em janeiro de X1; 
2. Neste período em que estamos, final de X3, os ativos estarão depreciados 
por três anos; 
3. A vida útil total da máquina é de 20 anos; 
4. O valor residual dos ativos é irrelevante. 
Assim, a situação contábil dos ativos é: 
 
 
 
 
 
19 
Quadro 1 – Situação contábil dos ativos 
Ativo Custo (R$) Depreciação 
(R$) 
Valor contábil 
líquido (R$) 
Máquina de preparação 100.000 (15.000) 85.000 
Máquina de transformação 30.000 (4.500) 25.500 
Máquina estruturadora 250.000 (37.500) 212.500 
Máquina de corte 900.000 (135.000) 765.000 
Máquina de empacotamento 130.000 (19.500) 110.500 
Totais 1.410.000 (211.500) 1.198.500 
Dessa forma, o valor contábil líquido da unidade geradora de caixa da 
Empresa UNT é R$ 1.198.500. É este valor que deverá ser testado, ou seja, 
deve-se verificar se ele é recuperável quer seja pela venda, quer seja pelo uso. 
Resolução 
Iniciamos o teste, lembrando que deveremos encontrar dois valores: 
1. Valor justolíquido de despesas; e 
2. Valor em uso 
Valor justo líquido: 
Neste caso, foi realizada uma pesquisa de mercado pela Empresa UNT e 
esta chegou a duas possibilidades: 
Possibilidade 1: vender ativos de forma separada 
Os valores que poderiam ser obtidos caso as máquinas fossem vendidas 
separadamente seriam os seguintes: 
Quadro 2 – Venda de ativos de forma separada 
Ativo Valor líquido de 
venda (RS) 
Máquina de preparação 85.000 
Máquina de transformação 11.500 
Máquina estruturadora 127.815 
Máquina de corte 512.800 
Máquina de empacotamento 58.615 
Totais 795.730 
 
 
 
20 
Possibilidade 2: vender os ativos de forma conjunta 
Da mesma forma, a Empresa UNT também realizou uma pesquisa para 
venda da linha de produção toda. O valor obtido foi de R$ 835.000. 
Em ambos os casos, já foram descontados os valores de despesas para 
realização da venda os ativos. 
Verifica-se que o valor para vender os ativos de forma conjunta é maior 
do que o valor para vende-los de forma separada. Portanto, usaremos o maior 
valor como valor justo líquido de despesas. 
Agora será necessário determinar o valor em uso: 
A empresa UNT utilizará um dos métodos mais utilizados para estimar 
fluxos de caixa líquidos: o método do fluxo de caixa descontado. 
Para isso, precisará analisar: 
1. Magnitude dos fluxos de caixa (fluxos esperados); 
2. Momentos em que os fluxos acontecem (para quando estão previstos); 
3. Risco associado ao fluxo de caixa (taxa de desconto). 
No caso das máquinas da linha de produção, a vida útil remanescente é 
de 17 anos. Portanto, espera-se que ela gere 17 anos de fluxo de caixa. As 
incertezas são muito grandes e podem prejudicar a avaliação. Então, a empresa 
UNT decide montar os fluxos de caixa para cinco anos. Para isso, precisará: 
1. Realizar uma estimativa de volumes e preços futuros para os próximos 
cinco anos; 
2. Planejar os custos diretos e indiretos, atribuíveis à produção para os 
próximos cinco anos; 
3. A taxa de desconto escolhida foi de 12% ao ano. 
O fluxo de caixa da empresa UNT ficará assim: 
 
 
 
21 
Tabela 3 – Fluxo de caixa 
Ano Entradas Saídas Líquido Desconto Fluxo líquido a 
valor presente 
1 686.000,00 417.500,00 268.500,00 0,8929 239.743,65 
2 698.150,00 448.000,00 250.150,00 0,7972 199.419,58 
3 710.603,75 456.415,00 254.188,75 0,7118 180.931,55 
4 723.638,90 464.050,00 259.588,90 0,6355 164.797,16 
5 736.815,60 472.564,00 264.251,60 0,5674 149.936,36 
Total 934.828,30 
Agora, já temos o valor líquido de despesas e o valor em uso, vejamos: 
• Valor justo líquido de despesa R$ 835.000,00 
• Valor em uso R$ 934.828,30 
Para finalizar o teste de recuperabilidade, deveremos determinar o valor 
recuperável da unidade geradora de caixa, que é o maior valor entre o valor justo 
líquido e o valor em uso (neste caso, o valor em uso), com o valor contábil líquido. 
Temos então: 
Tabela 4 – Valor contábil líquido 
Valor Contábil líquido 1.198.500,00 
Valor recuperável 934.828,30 
Diferença 263.671,70 
Há uma diferença de R$ 263.671,70 entre o valor da unidade geradora de 
caixa registrado no ativo da empresa e o seu valor recuperável. Dessa forma, 
faz-se necessário promover uma redução, por meio do reconhecimento de uma 
perda no valor dos ativos. 
O lançamento contábil ficará: 
D Perda por desvalorização de ativo (resultado) 263.671,70 
C (-) Perda estimada por valor não recuperável (redutora do ativo) 263.671,70 
 
 
22 
 
FINALIZANDO 
Prezados alunos, nesta aula conhecemos o CPC 01, que trata da redução 
do valor do ativo, quando constatado que seu valor líquido escriturado é superior 
ao seu valor recuperável, quando da utilização e/ou venda do ativo. 
A verificação do impairment é bastante importante e obrigatória, quando 
falamos de Práticas Contábeis. O intuito de toda norma contábil internacional é 
a representação do ativo da forma “mais real” que garanta transparência aos 
usuários da informação contábil. 
Não deixem de participar do Fórum e resolver a atividade proposta, para 
conhecer um pouco mais na prática como é realizado o teste de recuperabilidade 
assim como ele é apresentado nas Demonstrações Contábeis. 
 
 
 
 
23 
REFERÊNCIAS 
ALMEIDA, M.C. Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC. São Paulo: 
Altas, 2014. 
ANDRADE FILHO, E. O. Imposto de renda das empresas. 12. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
BRASIL. Lei 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por 
Ações. Diário Oficial da União, Brasília-DF, 17 dez. 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 4 jun. 
2018. 
BRASIL. Decreto-Lei 1.598 de 26 de dezembro de 1977. Diário Oficial da 
União, Brasília-DF, 27 dez. 1977. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm>. Acesso em: 4 
jun. 2018. 
BRASIL. Lei 12.973 de 13 de maio de 2014. Diário Oficial da União, Brasília-
DF, 14. Maio 2014. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm>. 
Acesso em: 4 jun. 2018. 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas 
e outros profissionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 01 – Redução ao valor 
recuperável de ativos. Disponível em: 
<http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/27_CPC_01_R1_rev%2012.
_____. CPC 15 – Combinação de negócios. Disponível em: 
<http://static.cpc.mediagroup.com.br/Documentos/235_CPC_15_R1_rev%2012
.pdf>. Acesso em: 4 jun. 2018. 
FERRARI, E.L. Contabilidade geral: teoria e mais de 1.000 questões. 12. ed. 
rev. Rio de Janeiro: Impetrus, 2012. 
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013. 
PADOVEZE, C. L. Contabilidade geral. Curitiba: InterSaberes, 2016. 
 
 
24 
RIOS, R. P.; MARION, J. C. Contabilidade avançada: de acordo com as 
normas brasileiras de contabilidade (NBC) e normas internacionais de 
contabilidade (IFRS). 1. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
ROSTÁS, R. Gerdau continua com prejuízo e perde receita em 2016. Valor 
Econômico, 22 fev. 2017. Disponível em: 
<http://www.valor.com.br/empresas/4877724/gerdau-continua-com-prejuizo-e-
perde-receita-em-2016>. Acesso em: 2 jun. 2018. 
VICECONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade avançada e análise das 
demonstrações financeiras. 17. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Paolla Hauser 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá, aluno! Na aula de hoje, nossa conversa será sobre o CPC 20, que 
trata de Custos de Empréstimos. 
Aqui, não vamos falar somente da provisão do valor devido em 
empréstimos no passivo circulante ou não circulante. Vamos tratar, também, de 
empréstimos para fins de aquisição ou fabricação de ativos que levam tempo 
para fabricação ou transformação ou, ainda, de empréstimos em que se tenha a 
necessidade de adquirir por meio de capitalização de terceiros, como instituição 
financeira, por exemplo. 
Conforme o CPC 20, “custos de empréstimos que são diretamente 
atribuíveis à aquisição, construção ou produção de um ativo qualificável formam 
parte do custo de tal ativo. Outros custos de empréstimos devem ser 
reconhecidos como despesa” (CPC, 2011a, p. 1). 
Vamos, ainda, aprender a identificar o valor presente do empréstimo ou 
financiamento para fins de segregação contábil, conforme indicação das normas 
internacionais de contabilidade, e conhecer sobre as “novas garantias”, 
denominadas covenants. 
Esta é uma aula bastante teórica e densa, por isso, leia o material com 
bastante atenção, assista a todas as aulas e fique atento às atividades 
propostas. 
CONTEXTUALIZANDO 
Muitas empresas realizam operações de empréstimos em instituições 
financeiras a fim de garantir, principalmente, seu fluxo de caixa. Alguns 
empréstimos são concedidos mediante um plano de negócios empresarial.Além 
disso, a instituição financeira faz uma pesquisa do histórico da entidade 
solicitante para, então, disponibilizar ou não o valor. 
Apesar de existirem diversas instituições financeiras, e algumas somente 
trabalharem com empréstimo, tal operação envolve riscos, riscos de não 
quitação e até mesmo de falência da entidade em que o montante está sendo 
“investido”. 
Para que os bancos possam ter seus riscos reduzidos, muitos 
empréstimos são concedidos com garantias, como imóveis e outros bens. 
 
 
3 
Atualmente, é comum que grandes empresas realizem empréstimos com 
garantia denominada de covenants. 
O trecho a seguir, retirado do portal do Valor Econômico, demonstra como 
as garantias podem interferir nas operações das empresas que as contratam 
com cláusulas de covenants. 
No quarto trimestre de 2017, a Fibria investiu R$ 964 milhões, uma 
queda de 45% ante o mesmo período de 2016, quando foram 
investidos R$ 1,748 bilhão. Se considerado todo o ano de 2017, os 
aportes somaram R$ 4,670 bilhões, uma queda anual de 24%, de 
acordo com o informe de resultados da companhia, divulgado. [...] A 
Fibria lembra que, nos últimos três meses do ano passado, fez 
antecipação das negociações para equalizar e alongar o cronograma 
de amortização da dívida e excluir os “covenants” (cláusulas 
contratuais restritivas ao tomador de empréstimos) financeiros. Além 
disso, concluiu uma emissão de US$ 600 milhões no mercado 
internacional em título de dívida (bond 2025) e um contrato de pré-
pagamento de exportação de US$ 700 milhões. Com parte destes 
recursos, a companhia liquidou US$ 1,487 bilhão de contratos de pré-
pagamento de exportação, que possuíam “covenants” financeiros 
(Gutierrez, 2018). 
 O covenants são formas de garantia relacionadas com contratos de 
empréstimo e financiamento, criados para proteger o credor sobre o montante 
disponibilizado. Essas garantias estabelecem algumas condições, como manter 
certo índice de liquidez, que, se não forem cumpridas, permitem ao credor 
antecipar a quitação do empréstimo ou financiamento. 
TEMA 1 – ASPECTOS NORMATIVOS E CONCEITUAIS DE EMPRÉSTIMOS E 
FINANCIAMENTOS 
De acordo com Martins et al. (2013, p. 367), “as operações de 
empréstimos e financiamentos estão atreladas às necessidades de caixa das 
empresas para a manutenção ou expansão de suas atividades”. Representam 
dívidas contraídas pela empresa em instituições financeiras ou em outras 
entidades no país ou no exterior. 
Basicamente, os empréstimos e financiamentos estão acobertados por 
contratos que estipulam as características contratadas, como valor total, forma 
de liberação dos recursos, condições de pagamento, taxa de juros, garantias e 
outras. 
Os empréstimos e financiamentos são compostos das seguintes contas 
para passivo, segundo (Martins et al., 2013): 
a) Passivo circulante 
 
 
4 
 Parcela a curto prazo de empréstimos e financiamentos. 
 Credores por financiamentos. 
 Financiamentos bancários a curto prazo. 
 Desconto de duplicatas / desconto de notas promissórias. 
 Títulos a pagar. 
 Custos a amortizar (conta devedora). 
 Encargos financeiros a transcorrer (conta devedora). 
 Juros a pagar de empréstimos e financiamentos. 
b) Passivo não circulante 
 Empréstimo e financiamento de longo prazo. 
 Em moeda nacional / em moeda estrangeira. 
 Credores por financiamentos. 
 Títulos a pagar. 
 Custos a amortizar (conta devedora). 
 Encargos financeiros a transcorrer (conta devedora). 
 Juros a pagar de empréstimos e financiamentos. 
1.1 Modalidades 
Para Ferrari (2012, p. 512-513), “empréstimos representam operações 
financeiras sem comprovação de aplicação de recursos, isto é, obtenção de 
dinheiro sem o compromisso de destinação específica”. 
Já financiamentos representam operações financeiras direcionadas a 
recursos específicos aplicados no ativo das empresas, como financiamento para 
aquisição de um ativo imobilizado. 
Arrendamento mercantil é um acordo pelo qual o arrendador transmite ao 
arrendatário, em troca de um pagamento ou série de pagamentos, o direito de 
usar um ativo por um período de tempo acordado. 
Com relação a arrendamento, o CPC 06 trata desse modelo de 
empréstimo, sendo que, para tal, há duas modalidades: o arrendamento 
mercantil operacional e o financeiro. 
Veja as diferenças entre eles, conforme determina o referido CPC: 
O arrendamento é classificado como arrendamento financeiro se 
transferir substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à 
propriedade do ativo subjacente. O arrendamento é classificado como 
arrendamento operacional se não transferir substancialmente todos os 
 
 
5 
riscos e benefícios inerentes à propriedade do ativo subjacente (CPC, 
2017, p. 11). 
Martins et al. (2013, p. 255) classifica o arrendamento financeiro como a 
modalidade de arrendamento em que existe a transferência substancial dos 
riscos e benefícios para o arrendatário. 
O item 63 do CPC 06 traz as situações em que o arrendamento será 
classificado como financeiro: 
(a) o arrendamento transfere a propriedade do ativo subjacente ao 
arrendatário ao final do prazo do arrendamento; 
(b) o arrendatário tem a opção de comprar o ativo subjacente a preço 
que se espera que seja suficientemente mais baixo do que o valor justo 
na data em que a opção se tornar exercível, para que seja 
razoavelmente certo, na data de celebração do arrendamento, que a 
opção será exercida; 
(c) o prazo do arrendamento é equivalente à maior parte da vida 
econômica do ativo subjacente, mesmo se a propriedade não for 
transferida; 
(d) na data da celebração do arrendamento, o valor presente dos 
recebimentos do arrendamento equivale substancialmente à totalidade 
do valor justo do ativo subjacente; e 
(e) o ativo subjacente é de natureza tão especializada que somente o 
arrendatário pode usá-lo sem modificações importantes (CPC, 2017, p. 
11-12). 
O item 82 do CPC 06 dispõe que o “arrendador deve reconhecer os 
custos, incluindo a depreciação, incorridos na realização da receita de 
arrendamento como despesa” (CPC, 2017, p. 15). 
Podemos dizer, de forma geral, que o arrendamento financeiro tem 
características de financiamento, enquanto o arrendamento operacional é 
parecido com uma locação. 
Para Adriano (2018, p. 375) o arrendamento mercantil financeiro 
“transfere substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à 
propriedade”. Já o arrendamento mercantil operacional não transfere 
substancialmente todos os riscos e benefícios inerentes à propriedade. 
Assim, a forma de contabilização de um arrendamento mercantil 
operacional poderia ser: 
 D – Contraprestação de arrendamento mercantil (Despesa). 
 C – Disponibilidade (AC). 
Tal lançamento é realizando mensalmente, de acordo com o valor da 
parcela paga. 
 
Já no arrendamento operacional financeiro, o registro fica: 
 
 
6 
 D – Bem do Imobilizado (ANC) – pelo valor total do contrato. 
 C – Financiamento / leasing a pagar (PC / PNC). 
 D – Encargos financeiros a apropriar (conta redutora) (PC / PNC). 
1.2 Classificação 
Todos os empréstimos firmados pela entidade são segregados em 
parcelas circulantes e não circulantes. 
A Lei n. 6.404/1976 traz esse entendimento no art. 180, transcrito a seguir: 
As obrigações da companhia, inclusive financiamentos para aquisição 
de direitos do ativo não circulante, serão classificadas no passivo 
circulante, quando se vencerem no exercício seguinte, e no passivo 
não circulante, se tiverem vencimento em prazo maior, observado o 
disposto no parágrafo único do art. 179 desta Lei (Brasil, 1976). 
Ainda conforme regula o CPC 26, 
O passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer 
qualquer dos seguintes critérios: (a) Espera-se que seja liquidado 
durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) Está mantido 
essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) Deve ser 
liquidado no período de até doze meses após a data do balanço[...]. 
Todos os outros passivos devem ser classificados como não 
circulantes (CPC, 2011b, p. 21). 
1.3 Critérios de avaliação 
Os empréstimos são contabilizados por ocasião de seu reconhecimento e 
avaliados pelas quantias efetivamente devidas na data do encerramento do 
exercício. 
“As obrigações, inclusive as decorrentes de operações de financiamento 
na forma de arrendamento mercantil, os encargos e os riscos, conhecidos ou 
calculáveis, e os resultados não realizados serão mantidos pelo valor atualizado 
e ajustados a valor presente” (Brasil, 1976). 
 Os empréstimos são reconhecidos inicialmente pelo valor justo, líquido 
dos custos incorridos na transação, e são demonstrados pelo custo amortizado. 
Custos incorridos são equivalentes aos juros cobrados nas operações de 
empréstimos. 
A utilização do custo amortizado faz com que os encargos financeiros 
reflitam o efetivo custo do instrumento financeiro e não somente a taxa 
de juros contratual do instrumento, ou seja, incluem-se neles os juros 
e os custos de transação da captação, bem como prêmios recebidos, 
ágios, deságios, descontos, atualização monetária e outros. (CPC, 
2010b, p. 5). 
 
 
7 
Os custos de transação incorridos (juros) na captação de empréstimos 
devem ser contabilizados como redução do valor justo inicialmente reconhecido 
do instrumento financeiro emitido, para evidenciação do valor líquido recebido. 
(CPC, 2010b). 
TEMA 2 – CPC 20: RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO 
“O IAS 23 recomenda que os custos dos empréstimos tomados sejam 
registrados como gastos do período no momento em que ocorram, 
independentemente do uso dado aos empréstimos” (Brasil, 2006). 
Contudo, prevê tratamento alternativo que prevê a capitalização de custos 
de empréstimos que sejam diretamente vinculados à aquisição, construção ou 
produção de um ativo qualificado. Os referidos gastos devem ser registrados 
como parte do custo desse ativo. 
Capitalização é quando o recurso é aplicado em um ativo, a fim de gerar 
benefícios econômicos futuros, sendo que sobre tais recursos há incidência de 
taxa de juros. 
Por exemplo, se ao realizar um empréstimo em uma instituição financeira, 
no valor total de R$ 50.000,00 tendo incidência de juros, que totalizará R$ 
5.000,00, na escrituração contábil, a empresa poderá registrar o valor do passivo 
e os juros de forma segregada, o que é recomendado. 
No caso de a entidade utilizar tal empréstimo para adquirir uma máquina, 
essa máquina será registrada no ativo, considerando o valor pago por ela, por 
exemplo, os R$ 50.000,00 emprestados, assim como deverá incluir no custo os 
juros cobrados desse empréstimo, dessa forma, o custo total de aquisição da 
máquina será de R$ 55.000,00. 
Precisamos ainda definir outros conceitos antes de prosseguirmos com a 
aula. Conforme dispõe o CPC 20: “Custos de empréstimos são juros e outros 
custos que a entidade incorre em conexão com o empréstimo de recursos” (CPC, 
2011a, p. 2). 
São custos de empréstimos: (i) encargos financeiros calculados com base 
no método da taxa efetiva de juros, (ii) encargos financeiros relativos aos 
arrendamentos mercantis financeiros reconhecidos; e (iii) variações cambiais 
decorrentes de empréstimos em moeda estrangeira, na extensão em que elas 
sejam consideradas como ajuste, para mais ou para menos, do custo dos juros. 
 
 
8 
Ativo qualificável é um ativo que, necessariamente, demanda um 
período de tempo substancial para ficar pronto para seu uso ou venda 
pretendidos. [...] Dependendo das circunstâncias, um ou mais dos 
seguintes ativos podem ser considerados ativos qualificáveis: 
(a) estoques; 
(b) plantas industriais para manufatura; 
(c) usinas de geração de energia; 
(d) ativos intangíveis; 
(e) propriedades para investimentos; 
(f) plantas portadoras. 
Ativos financeiros e estoques que são manufaturados, ou de outro 
modo produzidos, ao longo de um curto período de tempo, não são 
ativos qualificáveis. Ativos que estão prontos para seu uso ou venda 
pretendidos quando adquiridos não são ativos qualificáveis. (CPC, 
2011a, p. 2). 
A norma do IAS 23 define como ativo qualificável aquele que, 
necessariamente, exige longo tempo de maturação para uso ou para venda. 
Como exemplo, podemos mencionar os estoques que requeiram um período 
substancial de tempo para se colocarem em condições de uso ou de venda, as 
instalações industriais, as instalações de geração de energia e as propriedades 
de investimento. 
Podemos ainda destacar que ativos qualificáveis são aqueles que 
demandam um período de tempo substancial para ficarem prontos para o uso ou 
para a venda, como a construção de uma hidroelétrica, de um prédio ou de um 
estádio de futebol (Adriano, 2018). 
Excluem-se desse conceito os estoques produzidos rotineiramente ou em 
larga escala durante um curto período de tempo (Brasil, 2006). 
De acordo com o CPC 16, o valor de custos do estoque compreende todos 
os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos 
para trazer os estoques à sua condição e local atuais (CPC, 2009a). 
Para Padoveze (2016, p. 128), “a mensuração do estoque de materiais e 
de mercadorias é feita pelo custo de aquisição somando todos os gastos 
necessários até a estocagem e a disponibilização dos itens para consumo ou 
revenda”. 
Para identificação do custo, devem ser incluídos o preço de compra, os 
impostos de importação e outros tributos (exceto os recuperáveis junto ao Fisco), 
os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuíveis à 
aquisição de produtos acabados, materiais e serviços. Descontos comerciais, 
abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação 
do custo de aquisição do estoque. 
 
 
9 
De acordo com Martins et al. (2013), a entidade deve capitalizar os custos 
de empréstimo quando forem diretamente atribuíveis à aquisição ou à produção 
da mercadoria destinada ao estoque. 
 Para fins de determinação de ativo intangível, o CPC 04 dispõe que é o 
custo de ativo intangível gerado internamente que se qualifica para o 
reconhecimento contábil nos termos do Pronunciamento (CPC, 2010a). 
 O CPC 28 aponta que o custo de uma propriedade para investimento 
comprada compreende o seu preço de compra e qualquer dispêndio diretamente 
atribuível. Os dispêndios diretamente atribuíveis incluem, por exemplo, as 
remunerações profissionais de serviços legais, impostos de transferência de 
propriedade e outros custos de transação (CPC, 2009b). 
Para fins de reconhecimento de ativo imobilizado, o custo compreende: (i) 
seu preço de aquisição, acrescido de impostos de importação e impostos não 
recuperáveis sobre a compra, depois de deduzidos os descontos comerciais e 
abatimentos; (ii) quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no 
local e condição necessárias para ser capaz de funcionar da forma pretendida 
pela administração; (iii) a estimativa inicial dos custos de desmontagem e 
remoção do item e de restauração do local (sítio) no qual ele está localizado. 
Os conceitos dos ativos são importantes para entendermos o que é 
considerado, para fins contábeis, como ativo qualificável para reconhecimento 
dos encargos financeiros cobrados sobre empréstimos, a fim de capitalizar o 
ativo dentro da entidade. 
Martins et al. (2013, p. 306) diz que “os encargos financeiros devem ter o 
mesmo tratamento das variações monetárias quanto a sua contrapartida, ou 
seja, são contabilizados como despesas, exceto no caso dos incorridos para 
financiamento de ativos qualificáveis”. 
O CPC 20 determina que “a entidade deve capitalizar os custos de 
empréstimos que são diretamente atribuíveis à aquisição, construção ou 
produção de ativo qualificável como parte do custo do ativo. A entidade deve 
reconhecer os outros custos de empréstimos como despesa no período em que 
são incorridos” (CPC, 2011a, p. 3). 
Ressalta-se que o CPC 08 determina que “o valor a ser capitalizadodeve 
corresponder aos encargos financeiros totais, e não apenas às despesas 
financeiras” (CPC, 2010, p. 5), ou seja, além dos juros, também devem ser 
 
 
10 
capitalizados todos os gastos incrementais originados da transação de captação 
de recursos diretamente atribuíveis ao financiamento do ativo. 
“A alocação desses encargos nos resultados deve ser feita em consonância com 
os prazos de depreciação, amortização, exaustão ou baixa dos ativos 
financiados” (Brasil, 1976). 
TEMA 3 – AMORTIZAÇÃO 
A amortização do empréstimo é o processo em que a dívida é reduzida 
conforme as premissas do contrato, suprimindo assim a dívida mediante 
pagamentos periódicos. 
Quando tratamos de empréstimos, devemos considerar que, para 
escrituração da dívida, há de se conhecer os juros aplicados para segregação 
contábil e consequente amortização do saldo. Dessa forma, a dívida é trazida a 
valor presente, caso não esteja, e os juros devidos são registrados contabilmente 
em conta redutora do passivo, como juros a transcorrer ou juros a apropriar. 
O IAS 23 define que os custos de empréstimos obtidos incluem 
 Juros sobre contas bancárias negativas e sobre empréstimos obtidos a 
curto e longo prazos. 
 Amortização de descontos, prêmios ou custos extras relacionados a 
empréstimos obtidos. 
 Encargos relacionados a leasing financeiro. 
 Diferenças de câmbio oriundas de empréstimos obtidos em moeda 
estrangeira, caracterizadas como ajustes dos juros. 
3.1 Ajuste a valor presente 
Conforme determina o inciso III do art. 184 da Lei n. 6.404/1976, as 
obrigações, os encargos e os riscos classificados no passivo não circulante 
serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando 
houver efeito relevante. 
Ferrari (2012) menciona o CPC 12, que trata do ajuste a valor presente e 
resume os itens do Pronunciamento da seguinte forma: 
 Os elementos integrantes do ativo e do passivo decorrentes de operações 
de longo prazo, ou de curto prazo quando houver efeito relevante, devem 
ser ajustados a valor presente. 
 
 
11 
 A mensuração contábil do valor presente é, em geral, aplicada no 
reconhecimento inicial dos ativos e passivos. 
Ajustar um ativo ou passivo a valor presente é estimar o valor do item 
como se fosse recebido ou quitado na data do encerramento do exercício. Por 
exemplo, se a entidade possui um empréstimo registrado em seu passivo, sem 
dividi-lo entre valor emprestado e juros decorrentes dele, terá de, no 
encerramento do balanço, realizar um ajuste do valor total devido, como se este 
fosse quitado naquela data, dividindo, assim, o valor dos juros futuros. 
3.2 Juros a transcorrer 
De acordo com Martins et al. (2013), existem determinados empréstimos 
em que os encargos financeiros são preestabelecidos em valor prefixado, sendo 
que a empresa contratante recebe somente o valor líquido do empréstimo. 
“Nesse caso, a empresa deve registrar o valor recebido na conta Bancos e o 
empréstimo total na conta de Passivo; os encargos financeiros a transcorrer 
devem ser debitados em uma conta redutora, denominada Encargos Financeiros 
a Transcorrer” (Martins et al., 2013, p. 306). 
Como regra geral, os juros a transcorrer são apropriados mensalmente 
para despesa financeira. 
Nos casos em que o empréstimo é utilizado para aquisição de ativos 
qualificáveis, conforme conceitos do CPC 20, as parcelas dos juros que forem 
sendo apropriadas mensalmente não serão registradas como despesa, e sim na 
conta do ativo a que ele corresponde. 
 Observe, agora, um exemplo numérico de empréstimo contraído. 
Posteriormente, realizaremos os lançamentos contábeis. 
O cálculo apresentado segue o modelo de amortização pela tabela price 
(parcelas iguais): 
Tabela 3.1 – Exemplo numérico de empréstimo contraído 
 Empréstimo 200.000,00 
 TAC - 
 Valor total 200.000,00 
 Taxa a.m. 2,00% 
 Taxa a.a. 26,82% 
 Meses 24 
 Valor parcela R$10.574,22 
 Data da 
liberação 
31/01/2015 
 
 
12 
 Vencimento final 31/01/2017 
 
 Parcela 
Valor 
devido 
Juros Amortização Parcela 
1 28/02/2015 200.000,00 R$4.000,00 R$6.574,22 R$10.574,22 
2 31/03/2015 193.425,78 R$3.868,52 R$6.705,70 R$10.574,22 
3 30/04/2015 186.720,08 R$3.734,40 R$6.839,82 R$10.574,22 
4 31/05/2015 179.880,26 R$3.597,61 R$6.976,61 R$10.574,22 
5 30/06/2015 172.903,64 R$3.458,07 R$7.116,15 R$10.574,22 
6 31/07/2015 165.787,50 R$3.315,75 R$7.258,47 R$10.574,22 
7 31/08/2015 158.529,03 R$3.170,58 R$7.403,64 R$10.574,22 
8 30/09/2015 151.125,39 R$3.022,51 R$7.551,71 R$10.574,22 
9 31/10/2015 143.573,68 R$2.871,47 R$7.702,75 R$10.574,22 
10 30/11/2015 135.870,93 R$2.717,42 R$7.856,80 R$10.574,22 
11 31/12/2015 128.014,13 R$2.560,28 R$8.013,94 R$10.574,22 
12 31/01/2016 120.000,19 R$2.400,00 R$8.174,22 R$10.574,22 
13 29/02/2016 111.825,98 R$2.236,52 R$8.337,70 R$10.574,22 
14 31/03/2016 103.488,28 R$2.069,77 R$8.504,45 R$10.574,22 
15 30/04/2016 94.983,83 R$1.899,68 R$8.674,54 R$10.574,22 
16 31/05/2016 86.309,28 R$1.726,19 R$8.848,03 R$10.574,22 
17 30/06/2016 77.461,25 R$1.549,22 R$9.024,99 R$10.574,22 
18 31/07/2016 68.436,25 R$1.368,73 R$9.205,49 R$10.574,22 
19 31/08/2016 59.230,76 R$1.184,62 R$9.389,60 R$10.574,22 
20 30/09/2016 49.841,16 R$996,82 R$9.577,40 R$10.574,22 
21 31/10/2016 40.263,76 R$805,28 R$9.768,94 R$10.574,22 
22 30/11/2016 30.494,81 R$609,90 R$9.964,32 R$10.574,22 
23 31/12/2016 20.530,49 R$410,61 R$10.163,61 R$10.574,22 
24 31/01/2017 10.366,88 R$207,34 R$10.366,88 R$10.574,22 
 Totais R$53.781,27 R$200.000,00 R$253.781,27 
 
 Note que a amortização é menor que o valor da parcela, uma vez que 
parte dela corresponde aos juros. 
 Perceba, ainda, que o foco desta aula é o entendimento quanto à 
escrituração do valor dos juros sobre o empréstimo. Dessa forma, considere 
somente os valores apresentados na tabela acima, e não a forma de apuração 
deles. 
 Agora, vamos ver o lançamento contábil, que fica da seguinte forma: 
a) Na aquisição do empréstimo: 
 D – Banco conta movimento (AC): R$ 200.000,00 
 C – Empréstimo a pagar – (PC / PNC): R$ 200.000,00 
A segregação entre curto e longo prazos deve ser alterada em cada 
encerramento de exercício e a contabilização entre curto e longo prazos ocorrerá 
com base no fechamento de cada exercício. 
b) No reconhecimento dos juros: 
 
 
13 
 D – Juros a transcorrer – (PC / PNC) redutora da conta de empréstimos: 
R$ 
53.781,27. 
 C – Empréstimo a pagar – (PC / PNC): R$ 53.781,27. 
c) Pelo pagamento do empréstimo: 
 D – Empréstimo a pagar – (PC) no curto prazo: R$ 10.574,22. 
 C – Banco conta Movimento – (AC): R$ 10.574,22. 
Na apropriação dos juros, no pagamento de cada parcela, pode haver dois 
lançamentos. 
Quando se tratar de empréstimo para aquisição de um ativo, conforme 
CPC 20, mensalmente a escrituração será: D – Ativo qualificável (conforme 
aquisição); D – Juros a transcorrer – (PC) redutora da conta de empréstimos. 
Quando se tratar de empréstimo para capital de giro: D – Despesa 
financeira (Resultado do exercício); D – Juros a transcorrer – (PC) redutora da 
conta de empréstimos. 
TEMA 4 – PERÍODO DE CAPITALIZAÇÃO, SUSPENSÃO E CESSAÇÃO DA 
CAPITALIZAÇÃO 
4.1 Período de capitalização 
De acordo com o CPC 20, o início da capitalização dos custos de 
empréstimos como parte do custo de um ativo qualificável deve ocorrer na data 
de início: “A data de início para a capitalização é a primeira data em que a 
entidade satisfaz todas as seguintes condições: (i) incorre em gastos com o ativo; 
(ii) incorre em custos de empréstimos; e (iii) inicia as atividades que são 
necessárias ao preparo do ativo para seu uso ou venda pretendidos” (CPC, 
2011a, p. 4). 
 
Os gastos com o ativo qualificável incluem somente aqueles que resultam 
em pagamento em caixa, transferências de outrosativos ou quando passivos 
onerosos forem assumidos. 
Ainda conforme descrito no referido CPC, “as atividades necessárias ao 
preparo do ativo para seu uso ou para venda pretendidos compreendem mais do 
que a construção física do ativo” (CPC, 2011a, p. 4-5). 
 
 
14 
Tais atividades incluem trabalho técnico e administrativo anterior ao início 
da construção física, como atividades associadas à obtenção de permissões 
para o início da construção física, por exemplo. 
Entretanto, tais atividades excluem a de manter um ativo quando 
nenhuma produção ou nenhum desenvolvimento que altere as 
condições do ativo estiverem sendo efetuados. Por exemplo, custos de 
empréstimos incorridos enquanto um terreno está em preparação 
devem ser capitalizados durante o período em que tais atividades 
relacionadas ao desenvolvimento estiverem sendo executadas. 
Entretanto, custos de empréstimos incorridos enquanto o terreno 
adquirido para fins de construção for mantido sem nenhuma atividade 
de preparação associada não se qualificam para capitalização (CPC, 
2011a, p. 5). 
4.2 Suspensão 
O CPC dispõe que “a entidade deve suspender a capitalização dos custos 
de empréstimos durante períodos extensos em que suspender as atividades de 
desenvolvimento de um ativo qualificável” (CPC, 2011a, p. 5). 
Normalmente, não suspende a capitalização dos custos de empréstimos 
durante um período em que exista trabalho técnico e administrativo sendo 
executado. 
A entidade também não deve suspender a capitalização de custos de 
empréstimos quando um atraso temporário é parte necessária do 
processo de concluir o ativo para seu uso ou venda pretendidos. Por 
exemplo, a capitalização deve continuar ao longo do período em que o 
nível elevado das águas atrasar a construção de uma ponte, se tal nível 
elevado das águas for comum durante o período de construção na 
região geográfica envolvida (CPC, 2011a, p. 5). 
4.3 Cessação da capitalização 
A entidade deve cessar a capitalização dos custos de empréstimos 
quando todas as atividades necessárias ao preparo do ativo qualificável para seu 
uso ou venda pretendidos estiverem concluídas. 
Um ativo normalmente está pronto para seu uso ou venda quando sua 
construção física estiver finalizada, mesmo que o trabalho administrativo de 
rotina possa ainda continuar. 
Quando a entidade completa a construção de um ativo qualificável em 
partes e cada parte pode ser utilizada enquanto a construção de outras 
partes continua, a entidade deve cessar a capitalização dos custos de 
empréstimos quando completar substancialmente todas as atividades 
necessárias ao preparo dessa parte para seu uso ou venda 
pretendidos. Um centro de negócios compreendendo diversos 
edifícios, cada um deles podendo ser utilizado individualmente, é um 
exemplo de ativo qualificável no qual cada parte está em condições de 
 
 
15 
ser utilizada enquanto a construção das outras partes continua. Um 
exemplo de ativo qualificável que precisa estar completo antes de 
qualquer parte poder ser utilizada é uma planta industrial que envolve 
diversos processos que são executados sequencialmente nas diversas 
partes da planta no mesmo local, tal como uma siderúrgica (CPC, 
2011a, p. 5). 
4.4 Divulgação 
A entidade deve divulgar (i) o total de custos de empréstimos capitalizados 
durante o período e (ii) a taxa de capitalização utilizada na determinação do 
montante dos custos de empréstimos elegíveis à capitalização. 
Lembre-se de que divulgação é o ato de tornar pública a demonstração 
financeira, conforme estudamos na aula passada. 
TEMA 5 – COVENANTS 
“As garantias bancárias básicas utilizadas para colaborações financeiras 
de longo prazo são, normalmente, as garantias reais e as garantias pessoais” 
(Borges, 2002, p. 3). 
Para Mello (2015), na prática do direito contratual aprendemos que, 
“muitas vezes, as garantias dispostas na legislação não são suficientes”. 
Hipoteca, fiança e outras espécies podem ter sua efetividade 
comprometida, sobretudo quando a natureza do negócio é financeira ou quando 
há obrigações concorrentes e privilegiadas. 
Além disso, há momentos em que a conjuntura conduz o devedor ao 
inadimplemento. Para evitar situações como esta e garantir que a 
“garantia” seja de fato algo que garanta as partes em um empréstimo 
financeiro, por exemplo, podemos citar um instituto oriundo do direito 
anglo-saxão: os covenants (Mello, 2015). 
Tibúrcio explica que 
Covenants são itens dos contratos dos empréstimos e financiamentos, 
criados para proteger o interesse do credor. Estes itens estabelecem 
condições que não podem ser descumpridas; caso isto ocorra, o credor 
poderá exigir o vencimento antecipado da dívida. Para quem está 
emprestando, os covenants reduzem o risco de não pagamento da 
dívida; para quem está captando o recurso, uma dívida com covenants 
geralmente possui uma taxa de juros menor (Tibúrcio, 2014, grifo do 
original). 
 
 Segundo Perin e Glitz (2015, p. 1376), covenants “é a figura recentemente 
utilizada pelo mercado financeiro como uma condição, criada pela instituição 
 
 
16 
financeira, e conferida ao tomador dos recursos, a fim de minimizar o risco de 
inadimplemento”. 
Em geral, o não cumprimento da cláusula tem como consequência, a 
princípio, a existência do direito de o credor antecipar o vencimento da operação. 
Além disso, o covenant representa verdadeira tentativa de 
padronização global do tratamento dispensado pelo agente bancário 
aos seus clientes nos diversos países em que aquela determinada 
instituição atua. [...] Pode-se, inicialmente, definir o covenant, então, 
como uma cláusula pactuada entre o agente financiador e o tomador 
de crédito, de modo a se resguardar o credor em situações de possível 
inadimplemento ou de eventuais modificações estruturais por parte da 
tomadora dos recursos. Trata-se, portanto, de mecanismo de proteção 
do credor bancário em operações creditícias (Perin; Glitz, 2015, p. 
1376-77, grifo do original). 
O chamado covenant não se trata exatamente de uma garantia, uma vez 
que não garante o crédito com patrimônio existente ou eventual do devedor, mas 
é uma antecipação de um possível inadimplemento mensurado, em que, sendo 
possível constatar uma situação de risco do devedor, o credor pode antecipar o 
vencimento do empréstimo. 
Prática comum do mercado bancário, no entanto, ao invés de se 
invocar o vencimento antecipado de toda a dívida que certamente seria 
extremamente onerosa para o devedor, é a cobrança de uma “fee” 
(taxa) ou “waiver fee” (taxa de renúncia). A primeira figura é, 
simplesmente, uma “multa” por descumprimento contratual, enquanto 
a segunda vincular-se-ia a um prazo específico para que o devedor 
consiga cumprir com a condição, postergando assim o covenant 
através de pagamento de “taxa” (Perin; Glitz, 2015, p. 1378). 
Borges (2002) entende que covenant constitui uma espécie de garantia 
indireta, própria de financiamentos, que possui importantes obrigações 
contratuais acessórias, positivas ou negativas, objetivando, de fato, o pagamento 
da dívida. 
TROCANDO IDEIAS 
Confira, a seguir, as cláusulas que podem ser encontradas em um 
contrato de covenant e responda: quais são as condições previstas para que a 
instituição que concedeu o empréstimo possa antecipar sua liquidação? 
 CLAUSULA 08. Do vencimento antecipado – A dívida contida na presente 
cédula poderá ser considerada antecipadamente vencida e desde logo exigível, 
independentemente de qualquer notificação judicial e/ou extrajudicial, na 
ocorrência de qualquer dos seguintes casos, que as partes reconhecem, desde 
 
 
17 
logo, serem causa direta para aumento indevido do risco de inadimplemento das 
obrigações assumidas pela EMITENTE e AVALISTA(S) COOBRIGADO(S), 
tornando mais onerosa a obrigação de concessão de crédito assumida pelo 
CREDOR nesta cédula: 
a) Falta de cumprimento pela EMITENTE e/ou por qualquer AVALISTA 
COOBRIGADO, no prazo e pela forma devidos, dequalquer obrigação, principal 
ou acessória, contraída junto ao CREDOR em decorrência desta cédula ou em 
qualquer outro contrato celebrado pela EMITENTE com o CREDOR e/ou com 
qualquer outra empresa ligada/coligada/controlada e/ou controlada de forma 
direta e/ou indireta, do/pelo CREDOR. 
b) Se a EMITENTE tiver requerida e/ou decretada sua falência, for dissolvida 
ou sofrer legítimo protesto de título por cujo pagamento seja responsável, ainda 
que na condição de garantidora, que não sejam sanados ou declarados 
ilegítimos no prazo de 30 (trinta) dias contados da respectiva ciência pela 
EMITENTE e cujo valor, individual ou em conjunto, seja superior a R$ 500.000,00 
(quinhentos mil reais). 
c) Se a EMITENTE, ou o(s) AVALISTA(S) COOBRIGADO(S), propuser 
plano de recuperação extrajudicial ao CREDOR ou a qualquer outro credor ou 
classe de credores, independentemente de ter sido requerida ou obtida 
homologação judicial do referido plano. 
d) Se a EMITENTE, ou o(s) AVALISTA(S) COOBRIGADO(S), ingressar em 
juízo com requerimento de recuperação judicial, independentemente de 
deferimento do processamento da recuperação ou de sua concessão pelo juiz 
competente. 
e) Vencimento antecipado de qualquer outro contrato cédula ou instrumento 
firmado pela EMITENTE com o CREDOR ou com qualquer outra sociedade 
pertencente ao mesmo grupo econômico no qual o CREDOR se situa. 
f) Mudança no estado econômico-financeiro da EMITENTE e/ou de 
qualquer do(s) AVALISTA(S) COOBRIGADO(S) que afetem significativamente a 
capacidade financeira da EMITENTE e/ou AVALISTA(S) COOBRIGADO(S). 
g) Mudança ou alteração do objeto social da EMITENTE, ou de qualquer 
AVALISTA COOBRIGADO, de forma a alterar as atuais atividades principais da 
EMITENTE, ou do respectivo AVALISTA(S) COOBRIGADO(S), ou a agregar a 
essas atividades novas negócios que tenham prevalência ou possam 
representar desvios em relação às atividades atualmente desenvolvidas. 
 
 
18 
h) Se houver alteração ou modificação da composição do capital social da 
EMITENTE e/ou de qualquer AVALISTA(S) COOBRIGADO(S), ou se ocorrer 
qualquer mudança, transferência ou a cessão, direta ou indireta, do controle 
societário/acionário, ou ainda a incorporação, fusão ou cisão da EMITENTE e/ou 
de qualquer AVALISTA(S) COOBRIGADO(S), sem a prévia e expressa anuência 
do CREDOR, exceto se realizada entre sociedades pertencentes ao grupo 
econômico da EMITENTE, desde que mantido o controle indireto. 
i) A inobservância, pela EMITENTE, dos seguintes índices financeiros 
(covenants) durante a vigência da presente cédula a serem verificados 
anualmente, com base nas demonstrações financeiras consolidadas da EM 
NTE, auditadas por auditores externos. 
(i) Dívida líquida/EBTIDA – menor ou igual a 3,5x em 2015, 3,0x em 2016 e 
2,5x a partir de 2017 até o vencimento desta cédula. 
(ii) ICSD – Índice de Cobertura de Serviço de Dívidas: maior ou igual a 1x. 
NA PRÁTICA 
Considere um empréstimo de R$ 600.000,00. Com uma taxa de 1,5% ao 
mês, em 50 prestações e levando em conta que o dinheiro foi disponibilizado em 
31/01/2018 e a última parcela será paga em 31/03/2022. 
Tal empréstimo foi adquirido para construção de um imobilizado, sendo 
assim, o custo do empréstimo será alocado no ativo. 
Com base nessas informações, calcule o valor da parcela e, após isso, 
demonstre como ficarão os lançamentos contábeis. 
Tabela 5.1 – Exemplo de tabela de empréstimo contraído 
 
Empréstimo 
 
600.000,00 
 TAC - 
 
Valor total 
 
600.000,00 
 Taxa a.m. 1,50% 
 Taxa a.a. 19,56% 
 Meses 50 
 Valor parcela R$ 17.143,01 
 
Data da 
liberação 
31/01/2018 
 
 
Vencimento 
final 
31/03/2022 
 
 
 valor devido juros amortização parcela 
 
 
19 
1 28/02/2018 
 
600.000,00 
 
9.000,00 R$8.143,01 R$17.143,01 
2 31/03/2018 
 
591.856,99 
 
8.877,85 R$8.265,16 R$17.143,01 
3 30/04/2018 
 
583.591,84 
 
8.753,88 R$8.389,13 R$17.143,01 
4 31/05/2018 
 
575.202,70 
 
8.628,04 R$8.514,97 R$17.143,01 
5 30/06/2018 
 
566.687,73 
 
8.500,32 R$8.642,69 R$17.143,01 
6 31/07/2018 
 
558.045,04 
 
8.370,68 R$8.772,33 R$17.143,01 
7 31/08/2018 
 
549.272,70 
 
8.239,09 R$8.903,92 R$17.143,01 
8 30/09/2018 
 
540.368,79 
 
8.105,53 R$9.037,48 R$17.143,01 
9 31/10/2018 
 
531.331,31 
 
7.969,97 R$9.173,04 R$17.143,01 
10 30/11/2018 
 
522.158,27 
 
7.832,37 R$9.310,64 R$17.143,01 
11 31/12/2018 
 
512.847,63 
 
7.692,71 R$9.450,30 R$17.143,01 
12 31/01/2019 
 
503.397,34 
 
7.550,96 R$9.592,05 R$17.143,01 
13 28/02/2019 
 
493.805,29 
 
7.407,08 R$9.735,93 R$17.143,01 
14 31/03/2019 
 
484.069,36 
 
7.261,04 R$9.881,97 R$17.143,01 
15 30/04/2019 
 
474.187,39 
 
7.112,81 R$10.030,20 R$17.143,01 
16 31/05/2019 
 
464.157,19 
 
6.962,36 R$10.180,65 R$17.143,01 
17 30/06/2019 
 
453.976,53 
 
6.809,65 R$10.333,36 R$17.143,01 
18 31/07/2019 
 
443.643,17 
 
6.654,65 R$10.488,36 R$17.143,01 
19 31/08/2019 
 
433.154,81 
 
6.497,32 R$10.645,69 R$17.143,01 
20 30/09/2019 
 
422.509,12 
 
6.337,64 R$10.805,37 R$17.143,01 
21 31/10/2019 
 
411.703,75 
 
6.175,56 R$10.967,45 R$17.143,01 
22 30/11/2019 
 
400.736,30 
 
6.011,04 R$11.131,97 R$17.143,01 
23 31/12/2019 
 
389.604,33 
 
5.844,06 R$11.298,94 R$17.143,01 
24 31/01/2020 
 
378.305,39 
 
5.674,58 R$11.468,43 R$17.143,01 
25 29/02/2020 
 
366.836,96 
 
5.502,55 R$11.640,46 R$17.143,01 
26 31/03/2020 
 
355.196,50 
 
5.327,95 R$11.815,06 R$17.143,01 
27 30/04/2020 
 
343.381,44 
 
5.150,72 R$11.992,29 R$17.143,01 
28 31/05/2020 
 
331.389,15 
 
4.970,84 R$12.172,17 R$17.143,01 
29 30/06/2020 
 
319.216,98 
 
4.788,25 R$12.354,76 R$17.143,01 
30 31/07/2020 
 
306.862,22 
 
4.602,93 R$12.540,08 R$17.143,01 
31 31/08/2020 
 
294.322,15 
 
4.414,83 R$12.728,18 R$17.143,01 
 
 
20 
32 30/09/2020 
 
281.593,97 
 
4.223,91 R$12.919,10 R$17.143,01 
33 31/10/2020 
 
268.674,87 
 
4.030,12 R$13.112,89 R$17.143,01 
34 30/11/2020 
 
255.561,98 
 
3.833,43 R$13.309,58 R$17.143,01 
35 31/12/2020 
 
242.252,40 
 
3.633,79 R$13.509,22 R$17.143,01 
36 31/01/2021 
 
228.743,18 
 
3.431,15 R$13.711,86 R$17.143,01 
37 28/02/2021 
 
215.031,31 
 
3.225,47 R$13.917,54 R$17.143,01 
38 31/03/2021 
 
201.113,77 
 
3.016,71 R$14.126,30 R$17.143,01 
39 30/04/2021 
 
186.987,47 
 
2.804,81 R$14.338,20 R$17.143,01 
40 31/05/2021 
 
172.649,27 
 
2.589,74 R$14.553,27 R$17.143,01 
41 30/06/2021 
 
158.096,00 
 
2.371,44 R$14.771,57 R$17.143,01 
42 31/07/2021 
 
143.324,43 
 
2.149,87 R$14.993,14 R$17.143,01 
43 31/08/2021 
 
128.331,29 
 
1.924,97 R$15.218,04 R$17.143,01 
44 30/09/2021 
 
113.113,25 
 
1.696,70 R$15.446,31 R$17.143,01 
45 31/10/2021 
 
97.666,94 
 
1.465,00 R$15.678,01 R$17.143,01 
46 30/11/2021 
 
81.988,93 
 
1.229,83 R$15.913,18 R$17.143,01 
47 31/12/2021 
 
66.075,75 
 
991,14 R$16.151,87 R$17.143,01 
48 31/01/2022 
 
49.923,88 
 
748,86 R$16.394,15 R$17.143,01 
49 28/02/2022 
 
33.529,73 
 
502,95 R$16.640,06 R$17.143,0150 31/03/2022 
 
16.889,66 
 
253,34 R$16.889,66 R$17.143,01 
 
 
257.150,50 R$600.000,00 R$857.150,50 
 
Na aquisição do empréstimo: 
 D – Banco conta Movimento (AC). 
 C – Empréstimo a pagar – (PC) Curto prazo. 
 C – Empréstimo a pagar – (PNC) Longo prazo. 
No reconhecimento dos juros: 
 D – Juros a transcorrer – (PC) Redutora da conta de empréstimos. 
 C – Empréstimo a pagar – (PC) Curto prazo. 
 D – Juros a transcorrer – (PC) Redutora da conta de empréstimos. 
 C – Empréstimo a pagar – (PNC) Longo prazo. 
Pelo pagamento do empréstimo: 
 D – Empréstimo a pagar – (PC) Curto prazo. 
 C – Banco conta movimento – (AC). 
 
 
21 
Na apropriação dos juros: 
 C – Banco conta movimento – (AC). 
 D – Ativo qualificável (conforme aquisição). 
 C – Juros a transcorrer – (PC) Redutora da conta de empréstimos. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, você conheceu uma nova forma de considerar os 
empréstimos, para fins de capitalização de ativos qualificáveis, conforme 
indicado no CPC. 
Aprendeu também a maneira de calcular o valor dos juros cobrados para 
fins de escrituração contábil, assim como a nova formatação de garantia 
realizada pelas instituições financeiras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
REFERÊNCIAS 
ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos contábeis comentados. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
BRASIL. Banco Central do Brasil. Diagnóstico da convergência às normas 
internacionais IAS 23 Borrowing Costs. dez. 2006. Disponível em: 
<https://www.bcb.gov.br/nor/convergencia/IAS_23_Custo_de_Emprestimos.pdf
>. Acesso em: 17 maio 2018. 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 17 
maio 2018. 
BORGES, L. F. X. Covenants: instrumento de garantia em project finance. 6 fev. 
2002. Disponível em: 
<https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/A
rquivos/conhecimento/revista/rev1106.pdf>. Acesso em: 17 maio 2018. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 04 – Demonstração dos 
fluxos de caixa. out. 2010a. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/183_CPC_03_R2_rev%2010.pdf>. 
Acesso em: 18 maio 2018. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 06 – Operações de 
Arrendamento Mercantil. dez. 2017. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/533_CPC_06_(R2).pdf>. Acesso em: 
18 maio 2018. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 08 – Custos de transação 
e prêmios na emissão de títulos e valores mobiliários. dez. 2010. Disponível 
em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/171_CPC08_R1.pdf>. Acesso 
em: 18 maio 2018. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 16 – Estoques. maio 
2009a. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/243_CPC_16_R1_rev%2012.pdf>. 
Acesso em: 18 maio 2018. 
https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/revista/rev1106.pdf
https://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/revista/rev1106.pdf
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/533_CPC_06_(R2).pdf
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/171_CPC08_R1.pdf
 
 
23 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 20 – Custos de 
Empréstimos. out. 2011a. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/281_CPC_20_R1_rev%2012.pdf>. 
Acesso em: 18 maio 2018. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 26 – Apresentações das 
Demonstrações Contábeis. dez. 2011b. Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=57>. Acesso em: 18 maio 2018. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 28 – Propriedade para 
investimento. jul. 2009b. Disponível em: 
<http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/320_CPC_28_rev%2012.pdf>. 
Acesso em: 18 maio 2018.FERRARI, E. L. Contabilidade geral: teoria e mais 
de 1.000 questões. 12. ed. Rio de Janeiro: Impetrus, 2012. 
GUTIERREZ, M. Fibria registra queda nos investimentos em 2012. 30 jan. 
2018. Disponível em: <http://www.valor.com.br/empresas/5291429/fibria-
registra-queda-nos-investimentos-em-2017>. Acesso em: 17 maio 2018. 
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013. 
MELLO, F. R. B. Covenants atribuem maior segurança aos negócios 
favorecendo o adimplemento. 7 maio 2015. Disponível em: 
<https://www.conjur.com.br/2015-mai-07/fabio-mello-covenants-favorecem-
adimplemento-contratos>. Acesso em: 17 maio 2018. 
PADOVEZE, C. L. Contabilidade geral. Curitiba: Intersaberes, 2016. 
PERIN, M. S.; GLITZ, F. E. Z. Covenants em contratos de financiamento de longo 
prazo: uma perspectiva jurídica. RJLB, ano 1, n. 1, p. 1375-1393, 2015. 
Disponível em: 
<https://www.cidp.pt/publicacoes/revistas/rjlb/2015/1/2015_01_1375_1393.pdf>
. Acesso em: 17 maio 2018. 
TIBÚRCIO, C. Curso de contabilidade básica: covenants. 30 jul. 2014. 
Disponível em: <http://www.contabilidade-financeira.com/2014/07/curso-de-
contabilidade-basica-covenants.html>. Acesso em: 17 maio 2018. 
. 
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/281_CPC_20_R1_rev%2012.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE 
SOCIETÁRIA 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Paolla Hauser 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Nesta aula nossa conversa será sobre uma parte do CPC que trata de 
estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-
financeiro. 
Aqui não vamos falar especificamente sobre os saldos e operações nas 
contas do grupo do patrimônio líquido. Vamos tratar também dos conceitos e 
regras para integralização de capital social, sobre custos de transação na 
emissão de ações e cálculo do ágio na emissão de ações. 
Esta é uma aula bastante densa, por isso leia com bastante atenção o 
material de aula e materiais complementares ao tema, assista a todas as aulas 
e fique atento às atividades propostas. 
CONTEXTUALIZANDO 
Deve ser de seu conhecimento que o patrimônio líquido de uma entidade 
demonstra a diferença entre as operações de ativo e passivo, sendo que o 
resultado ideal é um patrimônio líquido positivo, ou seja, é um resultado lucrativo. 
Entretanto, algumas empresas, quer estejam relacionados à sua atividade 
ou à sua necessidade, podem buscar recursos para expandir suas operações. 
A captação de recursos via instrumentos patrimoniais, regra geral, é 
realizada por meio de emissão de ações. Outra forma de captação é ainda por 
meio de bônus de subscrição. 
 A emissão de ações pode ocorrer no mercado primário, e as ações da 
companhia são negociadas pela primeira vez. O mercado secundário ocorre na 
sua renegociação. 
Para melhor entender a diferença entre mercado primário e secundário, 
vamos supor a seguinte situação hipotética: 
A Petrobras, com a finalidade de captar recursos financeiros para 
alavancar os seus investimentos na exploração de petróleo em águas 
profundas, emitiu novas ações no montante de 1 bilhão de reais. 
A Exxon Mobil, na qualidade de investidora, adquiriu à vista no 
mercado primário 50 milhões de reais em ações da Petrobras e, 
passados oito meses da data de aquisição, aproveitando a grande 
valorização dessas ações, negociou-as na BM&F Bovespa por 55 
milhões de reais, vendendo-as para a IBM. 
Conclusão: a Exxon Mobil, para vender as ações adquiridas da 
Petrobras, teve que colocá-las novamente no mercado, e esse 
mercado é o secundário, pois a emissora originária é a Petrobras. 
 
A investidora IBM, ao comprar as ações da investidora Exxon Mobil, 
estará comprando de um segundo, o que caracteriza a definição de 
mercado secundário. 
 
 
3 
O mercado secundário em que atuam as bolsas de valores tem por 
função dar liquidez aos investidores e garantir que, no momento de 
uma operação de venda, exista um comprador (IBM) e um vendedor 
(Exxon Mobil), viabilizandoo crescimento do mercado primário e a 
consequente capitalização das empresas via mercado de ações. 
(Adriano, 2018, p. 480) 
TEMA 1 – ESTRUTURA CONCEITUAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO – CPC 00 
R1 
Ao observarmos o balanço patrimonial de qualquer entidade, notamos que 
os elementos do patrimônio líquido são demonstrados ao lado direito e 
evidenciam a diferença entre o valor total do ativo e do passivo. 
Borinelli e Pimentel (2017, 102) destacam que 
Assim definido, o montante pelo qual o patrimônio líquido é 
apresentado no balanço patrimonial depende da mensuração dos 
ativos e passivos. Como consequência, o patrimônio líquido deve 
evidenciar todos os valores decorrentes de ajustes de avaliação 
patrimonial referentes à avaliação de ativos e passivos a valores de 
mercado. 
Antes de nos aprofundarmos na estrutura do patrimônio líquido, vamos 
relembrar a estrutura do balanço patrimonial. 
Quadro 1 – Estrutura do balanço patrimonial 
ATIVO 
 
[...] 
PASSIVO 
 
[...] 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital 
- Capital a integralizar 
Reserva de lucros 
Reservas de capital 
Ajustes de avaliação patrimonial 
Prejuízos acumulados 
- Ações em tesouraria 
Fonte: Adriano, 2018. 
A classificação das contas do patrimônio líquido, também denominado de 
PL, é: 
 No capital social temos os valores recebidos dos sócios, quando já 
integralizados. O a integralizar representa os valores “prometidos” pelos 
 
 
4 
sócios, com prazo para integralização. Esses valores podem ser gerados 
pela própria empresa, como no caso de lucro renunciado pelos sócios e 
revertido em capital social; 
 As reservas de lucro representam os lucros obtidos e retidos pela 
entidade; 
 Reservas de capital representam valores recebidos que não transitaram 
e não transitarão pelo resultado como receitas, pois derivam de 
transações de capital com os sócios (Gelbcke et al., 2018); 
 Em ajustes de avaliação patrimonial temos os valores referentes a 
contrapartidas de aumentos ou reduções de valor atribuído a elementos 
do ativo e do passivo, em decorrência de avaliação a valor justo. 
 Os prejuízos acumulados representam o resultado negativo gerado pela 
entidade; 
 Ações em tesouraria representam as ações da companhia que são 
adquiridas pela própria sociedade (podem ser quotas, no caso das 
sociedades limitadas) (Gelbke et al., 2018); 
O pronunciamento contábil do CPC 00, que trata da estrutura conceitual 
para a elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro conceitua o 
patrimônio líquido da seguinte forma: “(c) patrimônio líquido é o interesse residual 
nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos” (CPC 00 
R1, 2011). 
Iudícibus (2015) destaca que, devido ao fato de que, em regra, definimos 
o patrimônio líquido como simples diferença entre ativo e passivo, não damos a 
este um tratamento adequado. 
Podemos destacar o que o próprio CPC descreve que o resultado 
apresentado no PL demonstra, de certa forma, a saúde financeira da empresa, 
o que pode atrair (ou não) interesse de investidores ou interesse na distribuição 
de dividendos. 
Com isso, Iudicibus (2015, p. 166) destaca ainda que, 
à medida que uma boa evidenciação dos elementos constitutivos do 
patrimônio líquido possa auxiliar no discernimento de tais interesses, 
estaremos cumprindo a finalidade principal das demonstrações 
contábeis, ou seja, a de ajudarem o investidor a avaliar a tendência do 
empreendimento. 
 
 
5 
Os resultados apresentados pela entidade, tal como demonstrados no 
patrimônio líquido, serão relevantes para a tomada de decisão dos usuários das 
demonstrações contábeis. 
Este grupo de contas pode indicar restrições legais ou de outra natureza 
sobre a capacidade que a empresa tem de distribuir ou aplicar seus recursos 
patrimoniais. 
TEMA 2 – CAPITAL SOCIAL E SUA CONTABILIZAÇÃO – SUBESCRITO, 
INTEGRALIZADO E AÇÕES EM TESOURARIA 
O capital social, como vimos no tema anterior, corresponde ao 
investimento dos sócios, quando tratamos de uma empresa limitada, ou dos 
acionistas, quando sociedade por ações. 
2.1 Capital integralizado 
O capital pode ainda ser formado por valores obtidos pela própria 
empresa, como no caso de lucros não destinado ao sócio/acionista, mas sim a 
nova integralização para aumento do capital investido. 
Gelbcke et al. (2018, p. 380) definem: 
Trata-se o Capital Social, na verdade, de uma figura mais jurídica que 
econômica, já que, do ponto de vista econômico, também os lucros não 
distribuídos, mesmo que ainda na forma de Reservas, representam 
uma espécie de investimento dos acionistas. Sua incorporação ao 
Capital Social é uma formalização em que os proprietários renunciam 
à sua distribuição; é como se os acionistas recebessem essas reservas 
e as reinvestissem na sociedade. 
O capital social pode ser integralizado em espécie ou outros bens e 
direitos, como estoque de mercadorias, por exemplo. Quando isso ocorrer, o 
valor a ser registrado no capital é igual ao valor do custo de aquisição (custo 
histórico). 
A contabilização do capital social integralizado fica assim: 
 
D – Banco, estoque, imobilizado (etc) 
C – Capital Social 
 
 
 
6 
O montante do capital social é composto pelo total subscrito pelos sócios, 
podendo existir a figura de capital a integralizar, isto é, a parcela ainda não 
realizada e que deverá ser entregue pelos sócios/acionistas no futuro. 
2.2 Capital a integralizar 
O capital a integralizar deve constar no balanço patrimonial, no grupo do 
patrimônio líquido, juntamente com o montante do capital social, sendo que o 
valor a integralizar será demonstrado em conta redutora. 
Por exemplo: 
A empresa UNI acaba de ser constituída com capital social de R$ 
100.000,00. Entretanto, os sócios só possuem R$ 70.000,00 para integralizar de 
imediato. Dessa forma, temos um capital a integralizar de R$ 30.000,00, que 
ficará representado no balanço, da seguinte forma: 
 
Capital Social 100.000,00 
(-) Capital a Integralizar (30.000,00) 
 
Borinelli e Pimentel (2017, p. 229) destacam o seguinte; 
Além da formação do capital social por aporte (integralização) dos 
sócios, o capital social também pode ser aumentado com a utilização 
de reservas, que já fazem parte do patrimônio líquido. Nesses casos, 
não há qualquer implicação econômica para a entidade, ou seja, não 
há novo ingresso de recursos no ativo, nem ocorre aumento no 
patrimônio líquido total. Assim, o aumento de capital utilizando reservas 
é uma figura mais jurídica do que econômico-financeira, pois apenas 
formaliza a incorporação de recursos sob a forma de reservas para a o 
capital social. 
Trata-se da renúncia que o sócio/acionista faz com relação ao 
recebimento do lucro, em favor da sociedade, para aumento do capital social, 
sendo utilizadas para isso as contas de reservas. 
O Código Civil determina que: 
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular 
ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, 
mencionará: 
[...] 
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo 
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação 
pecuniária; 
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la; 
(Brasil, 2002) 
 
 
7 
Com relação ao prazo para integralização, a legislação não traz nenhuma 
determinação, nem tampouco penalidades para os sócios que não o fizerem, 
entretanto tal condição pode estar prevista no contrato social ou na Ata de 
constituição. 
2.3 Ações em tesouraria 
Ações em tesouraria são as ações adquiridas pela própria companhia. 
Isso ocorre, normalmente, quando a organização pretende fazer o cancelamento 
de ações ou quando concede bonificação (remuneração) aos gestores em forma 
de ações. 
Gelbcke et al. (2018) destacam que “a aquisição de ações de emissão 
própria e sua alienação são transações de capital da companhia com seus 
sócios, não devendo afetar o resultado”.A Lei das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404/1976) proíbe a negociação 
das próprias ações, quando houver: 
a. as operações de resgate, reembolso ou amortização previstas em 
lei; 
b. a aquisição, para permanência em tesouraria ou cancelamento, 
desde que até o valor do saldo de lucros ou reservas, exceto a legal, e 
sem diminuição do capital social, ou por doação; 
c. a alienação das ações adquiridas nos termos da alínea b e mantidas 
em tesouraria; 
d. a compra quando, resolvida a redução do capital mediante 
restituição, em dinheiro, de parte do valor das ações, o preço destas 
em bolsa for inferior ou igual à importância que deve ser restituída 
(Brasil, 1976) 
Tratando-se de companhia aberta, a CVM traz normas que devem ser 
analisadas para as operações de negociação com as próprias ações. 
A Instrução CVM n. 567/15, em seu art. 7º, ressalta que é vedada a 
aquisição das próprias ações, quando: 
a. tiver por objeto ações pertencentes ao acionista controlador; 
b. for realizada em mercados organizados de valores mobiliários a 
preços superiores aos de mercado; 
c. estiver em curso o período de oferta pública de aquisição de ações 
de sua emissão, conforme definição das normas que tratam desse 
assunto; ou 
d. requerer a utilização de recursos superiores aos disponíveis. (Brasil, 
2015) 
A referida norma ressalta ainda que as companhias abertas não poderão 
manter ações em tesouraria superior a 10% de cada classe de ações em 
circulação no mercado. 
 
 
8 
Segundo a Lei n. 6.404/1976, parágrafo 2º, “Consideram-se ações em 
circulação no mercado todas as ações do capital da companhia aberta menos 
as de propriedade do acionista controlador, de diretores, de conselheiros de 
administração e as em tesouraria”. (Brasil, 1976) 
Conforme o art. 182, parágrafo 5º, da Lei das S/As, “as ações em 
tesouraria deverão ser destacadas no balanço como dedução da conta do 
patrimônio líquido que registrar a origem dos recursos aplicados na sua 
aquisição” (Brasil, 1976). 
De acordo com Gelbcke et al. (2018, p. 396), “As compras das próprias 
ações são contabilizadas por seu custo de aquisição e a baixa pela alienação 
deve ser feita pelo mesmo valor de compra”. 
No que se refere aos aspectos fiscais de transações que envolvem ações 
em tesouraria, o Regulamento do Imposto de Renda determina, em seu art. 442: 
Art. 442. Não serão computadas na determinação do lucro real as 
importâncias, creditadas a reservas de capital, que o contribuinte com 
a forma de companhia receber dos subscritores de valores mobiliários 
de sua emissão a título de: 
I. ágio na emissão de ações por preço superior ao valor nominal, ou a 
parte do preço de emissão de ações sem valor nominal destinadas à 
formação de reservas de capital; 
II. valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição; 
III. prêmio na emissão de debêntures; 
IV. lucro na venda de ações em tesouraria. 
Parágrafo único. O prejuízo na venda de ações em tesouraria não será 
dedutível na determinação do lucro real. (Brasil, 1999) 
Dessa forma, podemos observar que a operação de venda das ações em 
tesouraria não será computada na apuração do lucro real. 
TEMA 3 – TRANSAÇÃO NA EMISSÃO DE AÇÕES 
3.1 Gastos com emissão de ações 
Conforme Gelbcke et al (2018, p. 383), 
Os Balanços Patrimoniais dos exercícios sociais encerrados a partir de 
31-12-2008, deverão apresentar os gastos com captação de recursos 
por emissão de ações ou outros valores mobiliários pertencentes ao 
Patrimônio Líquido (bônus de subscrição, por exemplo) em conta 
retificadora do grupo Capital Social ou, quando aplicável, na Reserva 
de Capital que registrar o prêmio recebido na emissão das novas 
ações. 
Em função disso, a alteração do patrimônio líquido pela emissão de novas 
ações é reconhecida pelo valor líquido efetivamente recebido. 
 
 
9 
Vejamos o exemplo trazido pelo Manual de Contabilidade das Sociedades 
Anônimas: 
supondo-se que em uma determinada sociedade sejam emitidas 
2.000.000 de novas ações, com preço de $ 1,50 por ação, cujos gastos 
de emissão somaram $ 150.000. Os efeitos líquidos dessa 
contabilização serão os seguintes: 
D – Caixa 2.850.000,00 
D – Gastos com emissão de ações 150.000,00 
(retificadora do capital social) 
C – Capital Social 3.000.000,00 
Os saldos pertencentes à conta “Gastos com emissão de ações” poderão 
ser utilizados apenas para compensação com reservas de capital ou para 
redução do próprio capital social. 
Nos casos em quem não houver sucesso na captação de ações, tais 
gastos devem ser baixados como perdas do exercício. 
Esse procedimento se baseia no fato de que não é encargo da 
empresa o que se gasta para obter mais recursos dos sócios. Essa é 
uma transação de capital, e não uma atividade operacional da 
entidade. E é uma transação de capital entre a empresa e os sócios, 
que redunda num ingresso líquido de recursos, estes sim reconhecidos 
como aumento líquido de capital. (Gelbcke et al, 2018, p. 383) 
3.2 Custo de transação na emissão de ações 
De acordo com Adriano (2018, p. 479) “a operação mais comum de uma 
empresa captar recursos financeiros é por meio da emissão de ações, que pode 
ocorrer de três formas distintas: primária, secundária ou mista.” 
3.2.1 Emissão primária 
É a emissão de novas ações e ocorre no mercado primário uma vez que 
nessa operação as ações da companhia são negociadas pela primeira vez. 
Segundo Adriano (2018, p. 479), “É nesse setor de mercado que as companhias 
buscam efetivamente a captação de recursos próprios para implementar os seus 
projetos de investimentos com a finalidade de promover o seu crescimento e 
consequente incremento de riqueza gerada”. 
 
 
 
10 
3.2.2 Emissão secundária 
 Trata-se das renegociações entre os agentes econômicos das ações 
adquiridas no mercado primário: “nessas operações, os recursos monetários 
resultantes não são transferidos para o financiamento da companhia, pois quem 
recebe efetivamente esses recursos são os acionistas que decidiram vender as 
suas ações”. (Adriano, 2018, p. 480) 
Vejamos um exemplo trazido pelo referido autor: 
A Petrobras, com a finalidade de captar recursos financeiros para 
alavancar os seus investimentos na exploração de petróleo em águas 
profundas, emitiu novas ações no montante de 1 bilhão de reais. A 
Exxon Mobil, na qualidade de investidora, adquiriu à vista no mercado 
primário 50 milhões de reais em ações da Petrobras e, passados oito 
meses da data de aquisição, aproveitando a grande valorização dessas 
ações, negociou-as na BM&FBovespa por 55 milhões de reais, 
vendendo-as para a IBM. 
Conclusão: a Exxon Mobil, para vender as ações adquiridas da 
Petrobras, teve que colocá-las novamente no mercado, e esse 
mercado é o secundário, pois a emissora originária é a Petrobras. A 
investidora IBM, ao comprar as ações da investidora Exxon Mobil, 
estará comprando de um segundo, o que caracteriza a definição de 
mercado secundário. O mercado secundário em que atuam as 
bolsas de valores tem por função dar liquidez aos investidores e 
garantir que, no momento de uma operação de venda, exista um 
comprador (IBM) e um vendedor (Exxon Mobil), viabilizando o 
crescimento do mercado primário e a consequente capitalização das 
empresas via mercado de ações. (Adriano, 2018) 
3.2.3 Emissão mista 
 Nesse caso, há concomitantemente a emissão primária e a emissão 
secundária. Segundo Adriano (2018, p. 480), “Com relação às novas ações 
emitidas, temos uma emissão primária que resultará na entrada de recursos para 
a companhia, enquanto para as ações existentes que serão vendidas pelos seus 
respectivos acionistas temos uma emissão secundária, que não resultará na 
entrada de recursos para a companhia”. 
 A definição do valor das ações é a representação de um investimento e, 
dependendo do contexto, poderá apresentar os seguintes valores distintos: 
nominal, patrimonial, de emissão e de mercado. 
De acordo com a Lei no 6.404/76, o valor nominal é determinadono 
estatuto, e a ação pode ser emitida com ou sem valor nominal (Brasil,1976). Na 
hipótese de emissão de ações sem valor nominal, todas as ações deverão ter o 
mesmo valor e não será permitido à companhia emitir novas ações com valores 
diferentes. 
 
 
11 
O valor nominal da ação resulta da divisão do capital social pelo número 
de ações que a empresa emitiu. 
Por exemplo, se o capital social é de 200.000,00 e a empresa emitiu 
50.000 ações, o valor nominal é de 4,00. 
 Já o valor patrimonial da ação resulta da divisão do patrimônio líquido pelo 
número de ações que a empresa emitiu. Por exemplo, se o patrimônio líquido é 
de 400.000,00 e a empresa emitiu 50.000 ações, o valor patrimonial é de 8,00. 
O valor de emissão ou valor de subscrição corresponde ao preço pago 
por quem subscreve a ação, se à vista ou parceladamente. 
De acordo com Adriano (2018, p.481), 
Por exemplo, caso um subscritor adquira por 1,20 a ação de uma 
empresa, cujo capital social é composto de 100.000 ações no montante 
de 100.000,00, temos que o valor nominal da ação é de 1,00, enquanto 
o seu valor de emissão será de 1,20. Quando existe diferença entre o 
valor de emissão e o valor nominal das ações, temos o ágio na emissão 
de ações, que corresponde a uma reserva de capital. 
A Lei 6.404/1976 determina que: 
Art. 13. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor 
nominal. 
§ 1º A infração do disposto neste artigo importará nulidade do ato ou 
operação e responsabilidade dos infratores, sem prejuízo da ação 
penal que no caso couber. 
§ 2º A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal 
constituirá reserva de capital (artigo 182, § 1º). (Brasil, 1976) 
Para as ações sem valor nominal, o preço será fixado no momento da 
constituição da companhia ou no momento do capital: “O preço de emissão pode 
ser fixado com parte destinada à formação de reserva de capital; na emissão de 
ações preferenciais com prioridade no reembolso do capital, somente a parcela 
que ultrapassar o valor de reembolso poderá ter essa destinação” (Brasil, 1976). 
TEMA 4 – CÁLCULO DO ÁGIO NA EMISSÃO DE AÇÕES 
A ação é a menor parcela em que se divide o capital social da companhia. 
As ações podem ser ordinárias, ou preferenciais, ou de fruição, de acordo com 
a natureza dos direitos ou vantagens conferidas a seus titulares. 
 
 
 
12 
Ação ordinária: 
Tipo de ação que confere ao titular os direitos essenciais do acionista, 
especialmente participação nos resultados da companhia e direito a 
voto nas assembleias da empresa. Cada ação ordinária corresponde a 
um voto na Assembleia Geral. 
Preferencial: 
As ações preferenciais (PN) conferem ao titular prioridades na 
distribuição de dividendo, fixo ou mínimo, e no reembolso do capital. 
Entretanto, as ações PN não dão direito a voto ao acionista na 
Assembleia Geral da empresa, ou restringem o exercício desse direito. 
(Entenda..., 2006) 
4.1 Ágio na emissão de ações 
O valor de exceder ao preço de subscrição das ações pago pelos 
acionistas à Companhia e o valor nominal dessas ações são denominados de 
ágio na emissão de ações. 
Este excedente deve ser contabilizado em conta de reserva de capital, 
conforme exemplo a seguir. 
Supondo que a Companhia tenha ações ao valor nominal de $ 1,00 e 
faça um aumento de Capital de 50.000.000 de ações ao preço de $ 
1,30 cada uma, teríamos: 
D – Bancos - 65.000.000 
C – Capital Social – 50.000.000 de ações a $1,00 - 50.000.000 
Reserva de Capital 
C – Ágio na emissão de ações – 50.000.000 de ações a 0,30 - 
15.000.000 (Gelbcke et al, 2018) 
4.2 Ações sem valor nominal 
A Lei das S/As criou as ações sem valor nominal, cujo preço de emissão 
é fixado, na Constituição, pelos fundadores, e, nos aumentos de capital, pela 
assembleia geral ou pelo conselho de administração, conforme dispuser o 
estatuto. 
O preço de emissão das ações sem valor nominal pode ser fixado com 
parte destinada à formação de reserva de capital. Nesse caso, a Lei das 
Sociedades por Ações define, na letra a do parágrafo 1º do art. 182, que a parte 
do preço de emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância 
destinada à formação do capital social será classificada como reserva de capital. 
(Gelbcke et al, 2018, p. 383) 
 
 
 
 
 
 
13 
Por exemplo, 
A sociedade emite 50.000.000 de ações sem valor nominal, a serem 
vendidas por $ 1,30 cada uma, mas destina ao capital social apenas $ 
1,10 por ação. A contabilização, nesse caso, é idêntica à anterior: 
D – Bancos - 65.000.000 
C – Capital Social - 55.000.000 
Reserva de Capital 
C – Ágio na emissão de ações - 10.000.000 (Gelbcke 
et al., 2018) 
4.3 Reembolso e resgate das ações 
As ações reembolsadas podem ser consideradas como pagas à conta de 
lucros ou reservas, exceto a legal, isto é, sem redução do capital social. Durante 
sua permanência em tesouraria, o valor pago no reembolso dessas ações será, 
para fins de apresentação no balanço patrimonial, deduzido das contas de 
reservas utilizadas para o reembolso. 
De acordo com o art. 45 da Lei no 6.404/76, o valor do reembolso para 
acionistas dissidentes poderá ser estipulado com base no valor econômico da 
companhia, caso o estatuto assim o possibilite (Brasil, 1976) 
O valor econômico será fixado com base em avaliação realizada por 
peritos e poderá ser menor que o valor patrimonial da companhia, calculado com 
base no patrimônio líquido constante do último balanço aprovado em assembleia 
geral. 
De acordo com a Lei n. 6.404, “A operação em que a companhia paga aos 
acionistas o valor de suas ações por razões de dissidência nos casos previstos 
na legislação societária é denominada reembolso de ações” (Brasil, 1976). 
Segundo a mesma lei, 
As ações reembolsadas podem ser consideradas como pagas à conta 
de lucros ou reservas, exceto a legal, isto é, sem redução do capital 
social. Durante sua permanência em tesouraria, o valor pago no 
reembolso dessas ações será, para fins de apresentação no Balanço 
Patrimonial, deduzido das contas de reservas utilizadas para o 
reembolso. (Brasil, 1976) 
TEMA 5 – RESERVAS DE CAPITAL 
As reservas de capital contemplam os valores que a companhia recebeu 
e que acrescem o patrimônio sem aumentar o valor do capital social, e sem 
transitar pelo resultado no período, uma vez que não exigem qualquer sacrifício 
da entidade em termos de entrega de bens ou prestação de serviços, ou seja, 
 
 
14 
não são derivadas das atividades operacionais da organização. (Borinelli, 
Pimentel, 2017) 
Na prática, de maneira geral, o principal exemplo de reserva de capital 
refere-se ao ágio na emissão de novas ações e aos resultados positivos da 
alienação de ações em tesouraria. 
Vamos ver um exemplo, trazido por Borinelli e Pimentel (2017, p. 230) 
 Imagine, por exemplo, que o valor nominal de cada ação de uma empresa 
é $ 2,00; no entanto, no momento da emissão das novas ações, existe uma 
grande demanda por tais ações, haja vista que há excelentes expectativas 
futuras sobre o desempenho futuro da entidade. 
Assim, os acionistas estariam dispostos a pagar $ 2,30 por ação. Nesse 
caso, cada ação geraria uma entrada de caixa de $ 2,30 e haveria acréscimo no 
capital social pelo seu valor nominal de $ 2,00. Os $ 0,30 adicionais seriam 
alocados na reserva de capital. 
Assim: 
Ativo 
 
Disponibilidades 2,30 
 
 
Total do Ativo 2,30 
Patrimônio Líquido 
 
Capital Social 2,00 
Reserva de Capital 0,30 
 
Total Patrimônio Líquido 2,30 
 
Gelbcke, et al (2018) destacam que as reservas de capital somente 
podem ser utilizadas para: 
a. Absorver prejuízos, quandoestes ultrapassarem as reservas de lucros. 
Convém observar que, no caso da existência de reservas de lucros, os 
prejuízos serão absorvidos primeiramente por essas contas; 
b. Resgate, reembolso ou compra de ações. 
c. Resgate de partes beneficiárias. O art. 200 da Lei no 6.404/1976, em seu 
parágrafo único, determina que o produto da alienação de partes 
beneficiárias, registrado na reserva de capital específica, poderá ser 
utilizado para resgate desses títulos (ver observação logo a seguir); 
d. Incorporação ao capital; 
e. Pagamento de dividendo cumulativo a ações preferenciais, com 
prioridade no seu recebimento, quando essa vantagem lhes for 
assegurada pelo estatuto social (art. 17, parágrafo 6º, da Lei n. 
6.404/1976, conforme nova redação dada pela Lei no10.303/2001). 
 
 
15 
Art. 167. A reserva de capital constituída por ocasião do balanço de 
encerramento do exercício social e resultante da correção monetária 
do capital realizado (artigo 182, § 2º) será capitalizada por deliberação 
da assembléia-geral ordinária que aprovar o balanço. 
§ 1º Na companhia aberta, a capitalização prevista neste artigo será 
feita sem modificação do número de ações emitidas e com aumento do 
valor nominal das ações, se for o caso. 
§ 2º A companhia poderá deixar de capitalizar o saldo da reserva 
correspondente às frações de centavo do valor nominal das ações, ou, 
se não tiverem valor nominal, à fração inferior a 1% (um por cento) do 
capital social. 
§ 3º Se a companhia tiver ações com e sem valor nominal, a correção 
do capital correspondente às ações com valor nominal será feita 
separadamente, sendo a reserva resultante capitalizada em benefício 
dessas ações. 
Saiba mais 
Leia e entenda um pouco mais sobre o ágio na operação das empresas: 
<https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/artigo_agio_-
_anderson.pdf>. 
Com base nessa leitura e no CPC 15, descubra quais foram as principais 
alterações do ágio após as regras previstas neste CPC, em comparação com as 
regras domésticas previstas antes das normas internacionais de contabilidade. 
NA PRÁTICA 
 Resolva a questão a seguir. A resposta e o comentário estão ao final deste 
documento. 
(Contábeis MPE AP FCC 2012): Os custos de capitação de recursos (aumento 
de capital com emissão de ações) efetivamente realizada, como gastos com 
advogados, contratação de agente financeiro e outros, realizados para a 
captação de recursos por meio de emissão de títulos e valores mobiliários, 
devem ser registrados na conta. 
a. de despesa do exercício em que ocorrer a capitalização. 
b. redutora do capital social no patrimônio líquido. 
c. de reserva de capital no patrimônio líquido. 
d. redutora de investimento para o qual o recurso for capitado. 
e. de despesa do ano em que o gasto for realizado. 
Fonte: Adriano, 2018, p. 504. 
 
 
 
16 
FINALIZANDO 
Nesta aula estudamos parte das contas existentes no grupo do patrimônio 
líquido de uma entidade, que pode muitas vezes passar despercebido pelos 
gestores, mas que se trata de uma importante informação na tomada de 
decisões para o negócio. 
 
 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos contábeis comentados. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
ALMEIDA, M. C. Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC. São 
Paulo: Altas, 2014. 
ANDRADE FILHO, E. O. Imposto de renda das empresas. 12. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. 
_____. Lei n. 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. 
_____. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 29 mar. 1999. 
BRASIL. Comissão de Valores Imobiliários. Instrução CVM 567. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 set. 2015. Disponível em: 
<http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst567.html>. Acesso em: 4 jun. 
2018. 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas 
e outros profissionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R1) – Estrutura 
conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil-financeiro. 15 dez. 
2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 4 jun. 2018. 
ENTENDA a diferença entre ações preferenciais e ordinárias. O Globo, 13 nov. 
2006. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/entenda-diferenca-
entre-acoes-preferenciais-ordinarias-4549107#ixzz5BIW85Veistest>. Acesso 
em: 4 jun. 2018. 
FERRARI, E. L. Contabilidade geral: teoria e mais de 1000 questões. 12. ed. 
rev. Rio de Janeiro: Impetrus, 2012. 
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2018. 
 
 
18 
IUDICIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013. 
VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade avançada e análise das 
demonstrações financeiras. 17. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
 
 
 
19 
RESPOSTA 
Gabarito: b. redutora do capital social no patrimônio líquido. 
Comentário 
Os gastos com emissão de ações representam as despesas relativas com 
advogados, instituições financeiras, auditores, publicidade etc. necessárias para 
a emissão de ações. Antes da Lei no 11.638/07, as despesas decorrentes da 
emissão de novas ações eram lançadas diretamente no resultado do exercício, 
impactando-o. 
Agora, essas despesas são lançadas em uma conta chamada gastos com 
emissão de ações, sendo compensada depois como contrapartida de uma 
reserva de capital ou redução do capital social. 
Quando não houver sucesso na operação de captação das ações, os 
gastos com emissão de ações são lançados como perdas no referido exercício. 
O objetivo da mudança foi a proteção do atual acionista, pois os mesmos 
eram prejudicados pela decisão da empresa em se capitalizar. 
Antes, como as despesas decorrentes da emissão de novas ações eram 
lançadas diretamente no resultado, as mesmas diminuíam o resultado do 
exercício, e, com a redução do resultado, os acionistas atuais da empresa 
passavam a receber menos dividendos. Com a mudança decorrente da Lei no 
11.638/07, os atuais acionistas não são mais prejudicados com as operações de 
capitalização da empresa (Adriano, 2018, p. 504). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Paolla Hauser 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Em nossa aula de hoje vamos continuar falando sobre as contas 
existentes no patrimônio líquido, especificamente as contas de reservas de 
lucros e ajuste de avaliação patrimonial. 
Além disso, trataremos também sobre a distribuição de dividendos, 
prevista na Lei n. 6.404/1976 assim como uma outra forma de remunerar os 
sócios, através dos juros sobre o capital próprio. Este último meio de 
remuneração é uma espécie de correção monetária do investimento inicial que 
o sócio/acionista realizou ao iniciar sua participação na entidade. 
CONTEXTUALIZANDO 
Como você viu na aula anterior, o patrimônio líquido (PL) é composto 
pelo capital social investido na entidade, assim como o resultado líquido do 
período de apuração representado pelo lucro ou prejuízo. 
Este resultado líquido é apurado da seguinte forma: ativo – passivo. Ou 
seja, o PL é a soma de todos os ativos da entidade diminuído de todos os 
passivos. Dessa forma, podemos dizer ainda que o patrimônio líquido é um 
importante indicador de desempenho de uma empresa e que pode, de forma 
rápida, apresentar o crescimento ou não de uma entidade. 
Imagine que você é sócio de uma empresa, e que vai encerrar suas 
atividades na datade hoje! Para isso, você deve levantar todos os bens e 
direitos (ativos) e com esse montante total você deverá quitar todas as suas 
obrigações (passivo). O que sobrar dessa operação é o patrimônio líquido da 
entidade. 
Em um balanço patrimonial, você vai enxergar operações realizadas 
com o resultado positivo (lucro), que irão se “transformar” em outras contas 
contábeis, como as reservas. Como o próprio nome já indica, trata-se de uma 
reserva do lucro que será destinada para algum fim específico ou 
simplesmente para aumentar o PL sem aumento do capital. 
TEMA 1 – CONCEITO DE RESERVA E RESERVA LEGAL 
Na aula passada, conhecemos a estrutura do patrimônio líquido, em que 
constam as contas de reservas de uma entidade. 
Vamos relembrar como fica então essa estrutura patrimonial: 
 
 
3 
Quadro 1 – Estrutura do balanço patrimonial 
ATIVO 
 
[...] 
PASSIVO 
 
[...] 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
Capital 
- Capital a Integralizar 
Reserva de Lucros 
Reservas de Capital 
Ajustes de Avaliação Patrimonial 
Prejuízos Acumulados 
- Ações em tesouraria 
Fonte: Adriano, 2018. 
Nesta aula, vamos focar nas reservas de lucros, já que as reservas de capital 
já foram tratadas na aula passada. 
O art. 192 da Lei n. 6.404/1976 determina que a administração da companhia 
deverá apresentar à assembleia geral ordinária uma proposta sobre a destinação a ser 
dada do lucro líquido do exercício (Brasil, 1976) 
Segundo Ferrari (2012), as reservas de lucro representam um dos “pedaços” 
do líquido no processo de destinações. Esse lucro poderá ser destinado para 
constituição de reservas, compensação de prejuízos acumulados ou ainda para 
distribuição de dividendos. Dessa forma, a conta de lucros acumuladas deverá ser 
zerada no final de cada exercício. 
São tipos de reservas de lucros: 
 Reserva legal, prevista no art. 193 da Lei das S/As; 
 Reservas estatutárias, prevista no art. 194 da Lei das S/As; 
 Reservas para contingências, prevista no art. 195 da Lei das S/As; 
 Retenção de lucros para constituição de reservas de lucros para expansão ou 
reservas de planos para investimentos, prevista no art. 196 da Lei das S/As; 
 Reserva de lucros a realizar, prevista no art. 197 da Lei das S/As; 
 Reserva específica de prêmios de emissão de debêntures, prevista no art. 19 
da Lei n. 11.941/2009; 
 Reserva especial de lucros para dividendos obrigatórios, prevista no art. 202, 
parágrafo 5º da Lei das S/As; e 
 Reserva de incentivos fiscais, prevista no art. 422 do RIR/99 
A Lei n. 6.404/76, alterada pela Lei n. 11.638/07, estabelece que o somatório 
das reservas de lucros, excetuando-se as reservas para contingências, de incentivos 
fiscais e de lucros a realizar, não poderá ser superior ao montante do capital social da 
sociedade. Caso o referido somatório ultrapasse o capital social, caberá à assembleia 
 
 
4 
deliberar sobre a aplicação do excedente, que poderá ser utilizado para integralização 
ou aumento de capital, desde que com a devida fundamentação, ou distribuído como 
dividendos (Gelbcke et al., 2018) 
1.1 Reserva legal 
Para Gelbcke et al. (2018), a reserva legal, basicamente instituída para 
dar proteção ao credor, deve ser constituída com a destinação de 5% do lucro 
líquido do exercício. 
Essa reserva deve ser a primeira a ser constituída, obrigatoriamente, 
tendo como limite de saldo o equivalente a 20% do capital social realizado. A 
critério da companhia, a reserva legal pode ainda deixar de receber créditos, 
quando o saldo, somado ao montante das reservas de capital, atingir 30% do 
capital social. 
Por exemplo: 
Saldo de reserva legal em 31/12/X1 R$ 3.900,00 
Capital social R$ 21.000,00 
Lucro líquido em 31/12/x2 R$ 8.000,00 
Valor a ser destinado à reserva legal em 31/12/X2 será ... ? 
 
Limite da reserva – 20% de 21.000,00 = 4.200,00 
5% do lucro líquido – 5% de 8.000,00 = 400,00 
 
Saldo anterior da reserva + 5% do lucro líquido = 3.900 + 400 = 4.300,00 
Dessa forma, a companhia não poderá destinar o total dos 5% do lucro 
para conta de reservas, uma vez que irá ultrapassar o limite de 20% do capital 
social. Sendo assim, a empresa deve destinar R$ 300,00 (parte) do resultado, 
para conta de reserva legal no ano X2. 
Nesse caso, a contabilização da destinação à reserva legal, ficará assim: 
D – Lucro líquido do exercício R$ 300,00 
C – Reserva legal R$ 300,00 
A reserva legal é constituída para fins de aumento de capital ou 
absorção de prejuízos contábeis. 
Vejamos agora outro exemplo para a constituição da reserva legal. 
Considerando o segundo limite previsto na legislação, que é de 30% do saldo 
da reserva legal somada a reserva de capital. 
 
 
 
5 
Lucro Líquido – 400.000,00 x 5% = R$ 20.000,00 
Reserva legal (saldo) R$ 170.000,00 
Reserva de capital R$ 120.000,00 
Capital Social R$ 1.000.000,00 
 
1º limite: 20% do capital social: R$ 200.000,00 
2º limite: 30% da reserva legal + 
reserva de capital 
(170.000,00 + 120.000,00) R$ 290.000,00 
 
Reserva a ser constituída: R$ 20.000,00 
O saldo final da conta de reserva legal será de R$ 190.000,00, 
correspondente ao saldo anterior de R$ 170.000 acrescido do valor apurado no 
exercício de R$ 20.000. 
 O total a ser constituído é menor que os dois limites estabelecidos pela 
lei das sociedades anônimas. 
TEMA 2 – OUTRAS RESERVAS DE LUCROS 
Como vimos no tema anterior desta aula, a Lei n. 6.404/1976 traz uma 
relação das contas de reservas existentes no patrimônio líquido das 
companhias. 
Vamos conhecer cada uma delas. 
2.1 Reserva estatutária 
 A reserva estatutária está prevista no art. 194 da Lei das S/As e é 
constituída por determinação do estatuto da companhia, como destinação de 
uma parcela dos lucros do exercício. 
 O referido artigo descreve: 
Art. 194. O estatuto poderá criar reservas desde que, para cada uma: 
I - indique, de modo preciso e completo, a sua finalidade; 
II - fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros líquidos 
que serão destinados à sua constituição; e 
III - estabeleça o limite máximo da reserva. (Brasil, 1976) 
 As reservas estatutárias deverão ser criadas dentro do PL, em 
subcontas que indiquem sua natureza e que sejam intituladas conforme sua 
 
 
6 
finalidade. Outra condição prevista no art. 198 da Lei das S/As é de que essas 
reservas não podem restringir o pagamento dos dividendos obrigatórios. 
 A contabilização dessa reserva ficará: 
D – Lucros ou prejuízos acumulados 
C – Reserva estatutária 
2.2 Reserva para contingências 
A reserva para contingência está prevista no art. 195 da Lei n. 
6.404/1976, que determina: 
Art. 195. A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da 
administração, destinar parte do lucro líquido à formação de reserva 
com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a diminuição do 
lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser 
estimado. 
§ 1º A proposta dos órgãos da administração deverá indicar a causa 
da perda prevista e justificar, com as razões de prudência que a 
recomendem, a constituição da reserva. 
§ 2º A reserva será revertida no exercício em que deixarem de existir 
as razões que justificaram a sua constituição ou em que ocorrer a 
perda. (Brasil, 1976) 
O objetivo da reserva para contingências é reservar uma parte do lucro 
que não será distribuído para utilização futura em provável perda, como a 
redução do lucro ou até mesmo prejuízo. Dessa forma, no momento em que 
ocorrer a perda, essa reserva é revertida para a conta de lucros acumulados. 
A constituição dessa reserva é opcional e a proposta da administração 
deverá indicar a causa da perda prevista e justificar a constituição da reserva. 
A contabilização dessa reserva ficará: 
D – Lucros ou prejuízos acumulados 
C – Reservapara contingências 
 A reversão da reserva, quando necessária, será contabilizada: 
D – Reserva para contingências 
C – Lucros ou prejuízos acumulados 
2.3 Retenção de lucros para constituição de reservas de lucros para 
expansão ou reservas de planos de investimentos 
 A retenção de lucros está prevista no art. 196 da Lei n. 6.404/1976, que 
dispõe o seguinte: 
 
 
7 
Art. 196. A assembleia-geral poderá, por proposta dos órgãos da 
administração, deliberar reter parcela do lucro líquido do exercício 
prevista em orçamento de capital por ela previamente aprovado. 
§ 1º O orçamento, submetido pelos órgãos da administração com a 
justificação da retenção de lucros proposta, deverá compreender 
todas as fontes de recursos e aplicações de capital, fixo ou circulante, 
e poderá ter a duração de até 5 (cinco) exercícios, salvo no caso de 
execução, por prazo maior, de projeto de investimento. 
§ 2o O orçamento poderá ser aprovado pela assembleia-geral 
ordinária que deliberar sobre o balanço do exercício e revisado 
anualmente, quando tiver duração superior a um exercício social 
(Brasil, 1976). 
A referida reserva tem a finalidade de separar parte do lucro apurado, 
com intuito de manter tais recursos na companhia, para aplicação em projetos 
de expansão. 
A criação dessa reserva é baseada nos orçamentos de capital 
aprovados pela assembleia geral. Tal reserva não poderá ser constituída em 
prejuízo da distribuição de dividendo obrigatório. 
A contabilização dessa reserva ficará assim: 
D – Lucros ou prejuízos acumulados 
C – Reserva de lucros para expansão 
A reversão dessa ficará escriturada: 
D – Reserva de lucros para expansão 
C – Lucros ou prejuízos acumulados 
A capitalização ficará: 
D – Reserva de lucros para expansão 
C – Capital social 
2.4 Reserva de lucros a realizar 
A reserva de lucro a realizar está prevista no art. 197 da Lei n. 
6.404/1976, que prevê o seguinte: 
Art. 197. No exercício em que o montante do dividendo obrigatório, 
calculado nos termos do estatuto ou do art. 202, ultrapassar a parcela 
realizada do lucro líquido do exercício, a assembléia-geral poderá, 
por proposta dos órgãos de administração, destinar o excesso à 
constituição de reserva de lucros a realizar (Brasil, 1976) 
O objetivo dessa reserva é a não distribuição de dividendos obrigatórios 
quando a entidade ainda não tiver apurado tais lucros financeiramente. 
 
 
8 
Sabemos que a escrituração contábil é realizada considerando fatos 
econômicos e por competência. Dessa forma, é possível que a contabilidade 
apure resultado positivo, sem que a companhia possua caixa suficiente para 
distribuí-lo. 
A contabilização dessa reserva poderá ser: 
D – Lucro do exercício 
C – Reserva de lucros a realizar 
TEMA 3 – RESERVA DE INCENTIVOS FISCAIS 
A reserva de incentivos fiscais foi criada pela Lei n. 11.638/2007, que 
adicionou à Lei n. 6.404/76 o art. 195-A o seguinte: 
A assembleia geral poderá, por proposta dos órgãos de 
administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela 
do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções 
governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base 
de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta 
Lei). (Brasil, 2008) 
Incentivos podem ser dados por meios financeiros ou mesmo por 
dedução de tributos devidos. 
Complementarmente, a Lei n. 11.638/2007 revogou a reserva de capital 
– doações e subvenções para investimentos, provocando a necessidade de 
alteração no tratamento contábil que era dispensado às doações e 
subvenções. 
A partir do exercício social de 2008, conforme o Pronunciamento 
Técnico CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais (2010), as 
doações e subvenções recebidas pela companhia devem transitar pelo 
resultado, e terão seus registros contábeis determinados em função das 
condições estabelecidas para recebimento dessas doações e subvenções. 
Apesar de transitarem pelo resultado do exercício, não serão 
computadas na determinação do lucro, desde que sejam registradas como 
reserva de incentivos fiscais, que somente poderá ser utilizada para absorção 
de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas as 
demais reservas de lucros, com exceção da reserva legal; ou então para 
aumento do capital social. 
 
 
9 
3.1 Subvenção condicional 
Subvenção é uma espécie de incentivo dado pelo órgão público, 
podendo ser em transferência financeira, por exemplo, para custeio de uma 
operação, ou até mesmo por incentivo fiscal, que é a redução de algum tributo. 
Se a subvenção tiver contraprestação da empresa para com a 
administração pública, a empresa deverá atender a todas as condições 
previstas para então reconhecer tal rendimento no resultado. 
Dessa forma, se uma empresa recebe uma subvenção de uma prefeitura 
na forma de um terreno a ser utilizado para a construção de uma fábrica, e a 
legislação e/ou contratação dizem que esse terreno será da empresa 
unicamente depois de passados dez anos, e desde que ela gere pelo menos 
1.000 novos empregos, a entidade deverá então contabilizar o terreno no seu 
imobilizado assim que adquirir sua posse, seu controle e puder utilizá-lo para 
as finalidades negociadas (não a sua propriedade, que ainda não será 
transferida) (Gelbcke et al., 2018). 
Dessa conta será feita a transferência ao resultado da empresa tão 
somente quando forem eliminadas todas as restrições que impeçam a 
plena e final incorporação desse terreno ao patrimônio da companhia. 
Assim, se ao final do décimo ano a empresa não houver cumprido, 
por exemplo, a exigência da contratação dos 1.000 novos 
empregados, não poderá reconhecer a receita, a não ser que haja 
perdão dessa cláusula por quem de direito. (Gelbcke et al., 2018, p. 
393) 
3.2 Subvenção incondicional 
Segundo Gelbcke et al. (2018, p. 393), se a entidade receber 
subvenções ou outros tipos de incentivos e não houver absolutamente 
nenhuma obrigação adicional a cumprir, o reconhecimento como receita será 
imediato. 
Assim, por exemplo, se a empresa destina um pedaço do seu imposto 
de renda nas quotas de um fundo por conta de um incentivo fiscal, e desde 
que, ao efetuar o pagamento do imposto, não haja obrigações, ou tenha 
cumprido a última de suas obrigações, nesse momento reconhecerá essa 
parcela como receita de subvenção (Gelbcke et al., 2018). 
Se o imposto for apropriado por competência a um período, mas o 
pagamento se der em outro, a despesa será lançada como antes se fazia, 
 
 
10 
quando do registro dos resultados que a geraram, e a receita com a subvenção 
será reconhecida apenas no período em que cumprida a última das obrigações 
para fazer jus a esse incentivo. Não poderá a empresa, quando do 
reconhecimento da despesa com o imposto de renda, registrar um ativo relativo 
a um direito a ser exercido no futuro, contra o resultado, já que não cumpriu 
ainda com todas as suas obrigações (Gelbcke et al., 2018). 
3.3 Benefícios em forma de redução ou isenção tributária 
Quando o incentivo é dado pelo não pagamento do imposto (redução, 
isenção etc.), quando da existência de lucro que normalmente exigiria tal 
tributo, não havendo compromissos de investimento e outros que já terão sido 
cumpridos pela entidade (Gelbcke, et al., 2018). 
Nesse caso, registra-se a despesa do imposto que deveria ser pago, 
mas, imediatamente após, registra-se como redução dessa despesa uma 
receita pela subvenção. Isso faz com que sejam devidamente evidenciados, na 
demonstração do resultado, a todos os usuários, que há um resultado 
incentivado a compor o desempenho da empresa (Gelbcke et al., 2018). 
Anteriormente, o procedimento adotado evidenciava uma despesa com o 
tributo, como se esse tributo fosse efetivamente ser pago, e o crédito era no 
patrimônio líquido, distorcendo-se o desempenho da entidade. 
3.4 Constituição da reserva de incentivos fiscais 
A Lei n. 11.941/2009deliberou no sentido de evitar que as empresas 
sejam prejudicadas, do ponto de vista tributário, por conta da nova forma de 
registro contábil das doações e subvenções, fazendo isso da seguinte forma: 
permitindo que a entidade registre, em cada exercício em que reconhecer esse 
tipo de receita, a transferência da conta de lucros acumulados para a conta de 
reserva de incentivos fiscais o exato valor de tal receita, de forma a não 
distribuir esse valor como lucros ou dividendos aos sócios. 
Esse controle deverá ser efetuado com a utilização do Livro de Apuração 
do Lucro Real (LALUR) para que a empresa possa ajustar seu lucro tributável, 
tanto para fins de cálculo do imposto de renda quanto da contribuição social 
sobre o lucro líquido (Gelbcke et al., 2018). 
 
 
11 
O LALUR é utilizado para calcular o imposto de renda devido pela 
empresa, quando esta tiver tributação pelo lucro real. Esse livro é utilizado, pois 
o lucro tributável (real) não é o lucro apurado pela contabilidade, mas sim o 
ajustado neste livro, para que as receitas que não sejam tributadas possam ser 
retiradas do resultado, assim como as despesas que não forem dedutíveis 
possam ser adicionadas. 
TEMA 4 – AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL 
O ajuste de avaliação patrimonial é uma conta contábil que faz parte do 
patrimônio líquido. Essa conta foi introduzida na contabilidade brasileira por 
meio da Lei n. 11.638/2007 e tem o objetivo de receber as contrapartidas de 
aumentos e reduções de valor atribuído a elementos do ativo e do passivo, 
quando da sua avaliação a valor justo, enquanto não forem computados no 
resultado do exercício, considerando o regime de competência. 
 De acordo com Viceconti e Neves (2013, p. 199) 
Valor justo é definido pela estrutura conceitual da contabilidade como 
o valor pelo qual um ativo pode ser negociado ou um passivo 
liquidado entre partes interessadas, conhecedoras do assunto e 
independentes entre si, com ausência de fatores que pressionem 
para a liquidação da transação ou que caracterizem uma transação 
compulsória. 
 Podemos então dizer que o valor justo é o valor de mercado de um bem, 
em que as partes concordam em pagar e receber em uma operação de venda. 
O ajuste de avaliação patrimonial é, portanto, um ajuste ao valor do ativo 
ou passivo, fazendo com que estes aproximem-se ao seu valor real. 
Alguns exemplos de ajuste de avaliação patrimonial são: 
a. Efeitos das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de 
demonstrações contábeis; 
b. Instrumentos financeiros; 
c. Combinação de negócios; 
d. Estoques de produtos agrícolas com origem em ativos biológicos; 
e. Recomposição do custo do imobilizado (deemed cost). 
É importante observarmos que, apesar de a conta do ajuste de avaliação 
patrimonial fazer parte do PL, ela não pode ser confundida com uma reserva, 
 
 
12 
uma vez que seus valores não transitam pelo resultado, o que somente 
ocorrerá na medida da realização dos ativos e dos passivos que os geraram. 
Vejamos a seguir alguns exemplos para ajuste a valor justo e criação da 
conta de ajuste de avaliação patrimonial. 
4.1 Variação cambial 
Para investimentos no exterior, faz-se necessária a realização de uma 
avaliação a valor justo em cada encerramento de período, de forma que tal 
avaliação reflita o valor justo do investimento. 
Seguindo o exemplo de Rios e Marion (2017), a empresa UNT realizou 
investimentos no exterior, no valor de US$ 10.000, em janeiro de X1; a cotação 
o dólar nesta data era de R$ 1,95. Dessa forma, o investimento em reais 
correspondia a R$ 195.000, ficando escriturado assim: 
D – Investimentos no exterior – R$ 195.000 
C – Disponibilidade – R$ 195.000 
 Em dezembro do ano X1, a empresa UNT fez uma avaliação do seu 
investimento. Como este está representado em moeda estrangeira, no caso, o 
dólar, faz-se necessária a verificação da taxa de câmbio na data do 
encerramento do período. O valor do dólar nessa data é R$ 1,89. 
 Ao calcularmos, teremos US$ 100.000 x R$ 1,89 = R$ 189.000. Portanto 
podemos observar que houve uma redução, tendo então um ajuste contábil 
representado da seguinte forma: 
D – Ajuste de avaliação patrimonial (PL) – R$ 6.000 
C – (-) Variação cambial (redutor do investimento) – R$ 6.000 
 A transferência do valor da conta de ajuste de avaliação patrimonial para 
o resultado do exercício só ocorrerá na realização do investimento. No caso de 
alienação. 
 Ao admitirmos a venda do investimento pelos R$ 189.000, teremos: 
D – Disponibilidade – R$ 189.000 
D – (-) Variação cambial (redutor do investimento) – R$ 6.000 
C – Investimento no Exterior – R$ 195.000 
 
 
 
13 
O lançamento da conta de ajuste (PL) para o resultado, será: 
D – Variação Cambial (resultado) – R$ 6.000 
C – Ajuste de avaliação patrimonial (PL) – 6.000 
4.2 Recomposição do custo do imobilizado (deemed cost) 
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis permitiu, por meio do ICPC, 
que as entidades realizassem, avaliação do seu imobilizado pelo valor justo, 
entretanto somente na adoção inicial dos pronunciamentos contábeis (regras 
internacionais) 
De acordo com a Interpretação Técnica ICPC 10, no momento da 
adoção inicial dos Pronunciamentos Técnicos CPC 27 – Ativo 
Imobilizado, CPC 37 – Adoção Inicial das Normas Internacionais de 
Contabilidade, e CPC 43 (R1) – Adoção Inicial dos Pronunciamentos 
Técnicos CPC 15 a 41, a entidade pode detectar itens do ativo 
imobilizado ainda em operação, capazes de proporcionar geração de 
fluxos de caixa futuros, que estejam reconhecidos no balanço por 
valor consideravelmente inferior ou superior ao seu valor justo. 
Nesses casos, entende-se que a prática mais adequada a ser 
adotada é empregar o valor justo como custo atribuído (deemedcost) 
para ajustar os saldos iniciais possivelmente subavaliados ou 
superavaliados. (Gelbcke et al., 2018, p. 249) 
A adoção inicial às normas internacionais de contabilidade iniciou em 
2008 e 2015, após a publicação das Lei n. 11.634/2007 e n. 11.941/2009. Nada 
diz a legislação sobre aquelas empresas que, por algum motivo, não aderiram 
às normas internacionais de contabilidade. 
O objetivo é a recomposição do valor dos ativos, mesmo nos casos em 
que estes estejam totalmente depreciados, mas que ainda se encontrem em 
plena atividade operacional. O ajuste nesse caso funciona como se fosse uma 
reavaliação desses ativos. 
Vejamos um exemplo prático dessa avaliação no imobilizado, seguindo 
como base o exemplo trazido por Rios e Marion (2017). 
A empresa VIX, ao adotar os pronunciamentos do CPC no ano X, 
resolve rever o valor do seu imobilizado, mensurando-o pelo valor justo, 
possuindo apenas três ativos relevantes, sendo: 
Ativo Custo original (_) Depreciação Valor contábil Valor Justo 
Máquina 1 325.000 97.500 227.500 415.000 
Máquina 2 715.000 107.250 607.750 680.000 
Máquina 3 2.000.000 400.000 1.600.000 1.750.000 
Totais 3.040.000 604.750 2.435.250 2.845.000 
 
 
14 
As diferenças geradas pela avaliação a valor justo são as seguintes: 
Ativo Valor contábil Valor Justo Diferença 
Máquina 1 227.500 415.000 187.500 
Máquina 2 607.750 680.000 72.250 
Máquina 3 1.600.000 1.750.000 150.000 
Totais 2.435.250 2.845.000 409.750 
 
Os lançamentos contábeis serão: 
D – Máquina 1 (Imobilizado) – R$ 187.500 
D – Máquina 1 (Imobilizado) – R$ 72.250 
D – Máquina 1 (Imobilizado) – R$ 150.000 
C – Ajuste de avaliação patrimonial (PL) – R$ 409.750 
 À medida que os bens forem sendo realizados, ou pela venda ou pela 
depreciação, o saldo constante na conta de ajuste de avaliação patrimonial 
deverá ser transferido para o resultado. 
4.3 Reavaliação 
 Com a publicação da Lei n. 11.638/2007, foi eliminada a possibilidade, 
descrita até então na Lei n. 6.404/1976, de uma empresa avaliar os ativos por 
seu valor de mercado quando este fosse superior ao custo (Brasil, 2007). 
 De acordo com Gelbcke et al. (2018), essa eliminação está em 
desacordo com asnormas internacionais, as quais permitem esse tipo de 
procedimento. No entanto, o principal motivador para essa impossibilidade no 
Brasil foi o mau uso desse mecanismo. 
 Com a edição das normas internacionais, tivemos a possibilidade de 
realizar o ajuste de avaliação patrimonial, que é uma espécie de “reavaliação”, 
no entanto tal ajuste somente poderia ocorrer quando da adesão pela entidade 
às normas internacionais de contabilidade, conceito este que deve ser 
respeitado pelas entidades. 
TEMA 5 – DIVIDENDOS 
Os dividendos correspondem à parcela do lucro que é distribuída aos 
sócios/acionistas como forma de remuneração. 
A Lei n. 6.404/1976 dispõe ainda: 
 
 
15 
Art. 202. Os acionistas têm direito de receber como dividendo 
obrigatório, em cada exercício, a parcela dos lucros estabelecida no 
estatuto ou, se este for omisso, a importância determinada de acordo 
com as seguintes normas: 
I - metade do lucro líquido do exercício diminuído ou acrescido dos 
seguintes valores: 
a) importância destinada à constituição da reserva legal (art. 193); e 
b) importância destinada à formação da reserva para contingências 
(art. 195) e reversão da mesma reserva formada em exercícios 
anteriores; 
II - o pagamento do dividendo determinado nos termos do inciso I 
poderá ser limitado ao montante do lucro líquido do exercício que 
tiver sido realizado, desde que a diferença seja registrada como 
reserva de lucros a realizar (art. 197); 
III - os lucros registrados na reserva de lucros a realizar, quando 
realizados e se não tiverem sido absorvidos por prejuízos em 
exercícios subseqüentes, deverão ser acrescidos ao primeiro 
dividendo declarado após a realização (Brasil, 1976) 
Gelbcke et al. (2018) esclarecem que, antes do dividendo obrigatório, já 
existiam o dividendo mínimo e o dividendo fixo, ambos atualmente previstos no 
art. 17 da Lei das S/As (Brasil, 1976). 
Nas sociedades limitadas não existe exigência para pagamento de 
dividendo mínimo. Nessa natureza societária, há liberdade para que as 
próprias empresas determinem suas políticas de pagamento de dividendos. 
Já nas sociedades anônimas há exigências mínimas que devem ser 
seguidas e que podem, inclusive, constar no estatuto social da companhia. 
Segundo Viceconti e Neves (2013), a Companhia somente poderá pagar 
dividendos à conta de lucro líquido do exercício, lucros acumulados e de 
reservas de lucros. No caso de ações preferenciais, pode-se utilizar a conta de 
reserva de capital. 
A contabilização dos dividendos, poderá ser feita da seguinte forma: 
D – Lucros acumulados (PL) 
C – Dividendos a pagar (PC) 
 Veja que inicialmente há a criação de uma obrigação de dividendos a 
pagar e, em seguida, há o efetivo pagamento, baixando o saldo do passivo 
contra disponibilidade. Esse valor pode ainda voltar ao PL da entidade, na 
forma de aumento de capital, conforme opção e acordo entre sócios/acionistas. 
 Viceconti e Neves (2013) nos ensinam que o estatuto da companhia 
pode fixar política de distribuição de dividendos que melhor se ajuste às suas 
particularidades. Podemos ainda visualizar de forma resumida a tipologia de 
dividendos, com base na Lei n. 6.404/1976. 
 
 
16 
Quadro 2 – Tipologia dos dividendos 
1. Quanto à ordem de distribuição 
1.1 Prioritários Quando existe prioridade no recebimento de dividendos, normalmente 
concedida aos acionistas detentores de ações preferenciais. 
1.2 Não prioritários Quando não existe prioridade na distribuição de dividendos aos 
acionistas (acionistas detentores de ações ordinárias) 
2. Quanto ao direito ao seu recebimento – dividendo: 
2.1 Cumulativo Quando o acionista tiver direito ao recebimento do dividendo no 
exercício em que não houver lucros suficientes para sua distribuição 
ou quando não for possível distribuí-lo no exercício social, seu 
montante será acumulado e distribuído em exercício futuro. 
2.2 Não 
cumulativo 
Quando os acionistas perdem o direito ao recebimento do dividendo 
quando os lucros forem insuficientes ou quando não for possível 
distribuí-lo no exercício social. 
3. Quanto à forma de distribuição dos lucros 
3.1 Mínimo Quando possibilita aos acionistas participar da distribuição dos lucros 
remanescentes, ou seja, após todas as distribuições previstas no 
estatuto e, no mínimo, em igualdade de condições com os acionistas 
detentores de ações ordinárias. 
3.2 Fixo Quando a ação não participa nos lucros remanescentes, ou seja, 
quando o montante a ser recebido a título de dividendo é, 
normalmente, prefixado. Nessa hipótese, caso o montante dos lucros 
possibilitasse a distribuição de importância superior os acionistas com 
direito a dividendo fixo não participam dessa distribuição. 
3.3 Obrigatório Quando o estatuto for omisso, os acionistas terão o direito de receber 
os dividendos na forma estabelecida pelo artigo 202 da lei 6.404/76, ou 
seja, 50% do lucro ajustado. 
Fonte: Vicenconti; Neves, 2013, p. 192. 
5.1 Juros sobre o capital próprio – JPC 
Os juros sobre o capital próprio (JCP) refere-se a uma espécie de 
“correção monetária” paga ao sócio ou acionista sobre o valor que este investiu 
naquela empresa (capital social). Não há obrigatoriedade de pagamento 
desses juros aos sócios ou acionistas, sendo isso uma opção feita por meio de 
acordo entre os participantes do capital. 
A norma brasileira permite que as empresas remunerem seus 
sócios/acionistas com o chamado juros (ou remuneração) sobre o capital 
próprio. Essa regra foi instituída pela Lei n. 9.249/1995, permitindo então que 
os sócios ou acionistas recebam um valor pelo capital investido na empresa. 
Os juros sobre o capital próprio, além de serem mais uma forma de 
remunerar os sócios/acionistas de uma entidade, são ainda uma forma de 
planejamento tributário, já que o valor pago a título de JCP pode ser dedutível 
na apuração do imposto de renda pelo lucro real, desde que o montante dos 
juros remuneratórios não ultrapasse o maior entre os seguintes valores: (i) 50% 
 
 
17 
(cinquenta por cento) do lucro líquido do exercício antes da dedução dos juros, 
caso estes sejam contabilizados como despesa; ou (ii) II - 50% (cinquenta por 
cento) do somatório dos lucros acumulados e reservas de lucros. 
Vejamos a previsão do JCP descrito na Instrução Normativa da Receita 
Federal n. 1.700/2017: 
Art. 75. Para efeitos de apuração do lucro real e do resultado ajustado 
a pessoa jurídica poderá deduzir os juros sobre o capital próprio 
pagos ou creditados, individualizadamente, ao titular, aos sócios ou 
aos acionistas, limitados à variação, pro rata die, da Taxa de Juros de 
Longo Prazo (TJLP) e calculados, exclusivamente, sobre as 
seguintes contas do patrimônio líquido: 
I - capital social; 
II - reservas de capital; 
III - reservas de lucros; 
IV - ações em tesouraria; e 
V - prejuízos acumulados. 
Observem que o valor dos juros sobre o capital é calculado, em regra, 
pela TJLP e sua base de cálculo é o saldo do patrimônio líquido, com exceção 
da conta de ajuste de avaliação patrimonial, que deve ser desconsiderada para 
realização do cálculo. 
Quadro 3 – Exemplo de apuração do JCP 
Patrimônio Líquido da entidade: 
CONTAS SALDO 
Capital Social 100.000,00 
Reserva de Capital 35.000,00 
Reserva Incentivos Fiscais 11.000,00 
Reserva Legal 22.500,00 
Ajuste de Avaliação Patrimonial 55.000,00 
Reserva de Contingência 61.000,00 
Reserva Estatutária 11.500,00 
PL Total 296.000,00 
 
Lucro do Exercício 250.000,00 
TJLP 7,5% 
 
Valor dos juros sobre o capital a pagar aos sócios/acionistas pode ser de R$ 18.075,00 
 
Cálculo: 
 
Total PL 296.000 
(-) ajuste de avaliação patrim. (55.000) 
Saldo 241.000 
TJLP x 7,5% 
Total JCP 18.075 
 
 
18 
TROCANDO IDEIAS 
Agora você precisa buscar uma demonstração financeira de alguma das 
empresas listadas na bolsa e identificar as contasdo PL. Participe do fórum 
indicando quais são as contas de reserva que você identificou, leia as notas 
explicativas referente às reservas e conte para nós e para seus colegas a que 
se referem. Faça o mesmo com a conta de ajuste de avaliação patrimonial e 
nos diga qual é a conta do ativo ou do passivo que foi ajustada com base no 
valor justo. 
NA PRÁTICA 
É admitido pela legislação que as empresas do lucro real deduzam de 
sua apuração os juros pagos ou creditados individualmente a titular, sócios ou 
acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as 
contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro-rata dia, da taxa de 
juros de longo prazo – TJLP. 
Diante disto, uma empresa apresentou o patrimônio líquido de acordo 
com os dados a seguir: 
Capital social 70.000,00 
Reserva de capital 14.000,00 
Reserva incentivos fiscais 5.000,00 
Reserva legal 9.000,00 
Ajuste de avaliação patrimonial 23.000,00 
Reserva de contingência 6.000,00 
Reserva estatutária 2.500,00 
Considerando que a TJLP do período é de 7,5% e o lucro do exercício é 
R$ 180.000,00, calcule o valor do JCP devido ao sócio e indique qual é o valor 
passível de dedução na apuração do lucro real. 
Resolução: 
Total PL 129.500,00 
(-) AAP (23.000,00) 
Base de cálculo 106.500,00 
TJLP x 7,5% 
 
JCP 7.987,50 
 
 
 
19 
Dedutibilidade 
50% Lucro líquido 90.000,00 
50% Lucro acumulado + Reserva de lucro 11.250,00 
O total de JCP pago é totalmente dedutível no lucro real. 
FINALIZANDO 
Nesta aula conhecemos um pouco mais sobre as contas do patrimônio 
líquido, especificamente as reservas de lucros, reserva de incentivos fiscais e 
ajuste de avaliação patrimonial. 
É importante destacar ainda que as reservas de lucros são partes do 
resultado da empresa, em regra geral, que foram transferidas às contas de 
reservas de acordo com a finalidade e estatuto da entidade. Já as reservas de 
incentivos fiscais referem-se a incentivos dados pelos órgãos públicos, como a 
subvenção, com o objetivo de incentivar uma atividade em um determinado 
local. 
Já a conta de ajuste de avaliação patrimonial é o ajuste do ativo ou do 
passivo, a valor justo, ou valor de mercado, para que o balanço apresente, de 
forma real, o saldo dos seus bens, direitos e obrigações. 
Por último, conhecemos também as regras de dividendos previstas na lei 
das sociedades anônimas, que podem ser aplicadas a empresas limitadas. 
Vimos ainda outra forma de remuneração dos sócios, os juros sobre o capital, 
que é bastante utilizada entre as empresas, muito mais com intuito de 
planejamento tributário. 
 
 
 
 
20 
REFERÊNCIAS 
ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos contábeis comentados. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
ALMEIDA, M. C. Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC. São 
Paulo: Altas, 2014. 
ANDRADE FILHO, E. O. Imposto de renda das empresas. 12. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 11 jan. 2002. 
_____. Lei n. 6.404 de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. 
_____. Decreto n. 3.000, de 26 de março de 1999. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 29 mar. 1999 
_____. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2008. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 28 dez. 2008. 
BRASIL. Comissão de Valores Imobiliários. Instrução CVM 567. Diário Oficial 
da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 set. 2015. Disponível em: 
<http://www.cvm.gov.br/legislacao/instrucoes/inst567.html>. Acesso em: 4 jun. 
2018. 
BRASIL. Receita Federal. Instrução Normativa RFB n. 1700, de 14 de março 
de 2017. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 mar. 
2017. 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas 
e outros profissionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 00 (R1) – Estrutura 
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. 15 
dez. 2011. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 4 jun. 2018. 
_____. CPC 07 – Subvenção e Assistência Governamentais. 2 dez. 2010. 
Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=38>. Acesso em: 6 jun. 2018. 
 
 
21 
ENTENDA a diferença entre ações preferenciais e ordinárias. O Globo, 13 nov. 
2006. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/economia/entenda-diferenca-
entre-acoes-preferenciais-ordinarias-4549107#ixzz5BIW85Veistest>. Acesso 
em: 4 jun. 2018. 
FERRARI, E. L. Contabilidade geral: teoria e mais de 1000 questões. 12. ed. 
rev. Rio de Janeiro: Impetrus, 2012. 
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: 
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IUDICIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São 
Paulo: Atlas, 2016. 
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: 
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RIOS, R. P.; MARION, J. C. Contabilidade avançada. São Paulo: Atlas, 2017. 
VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade avançada e análise das 
demonstrações financeiras. 17. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
AULA 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Paolla Hauser 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Nesta aula vamos tratar do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – 
CPC 23 (Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro). A 
contabilidade não é isenta de erros e as demonstrações contábeis podem conter 
erros acidentais ou intencionais (que, na verdade, são fraudes). 
Assim, o objetivo desse pronunciamento é definir critérios para a seleção 
e a mudança de políticas contábeis, juntamente com o tratamento contábil e a 
divulgação de mudança nas políticas contábeis, além de mudanças nas 
estimativas contábeis e retificações de erros. 
Boa aula! 
CONTEXTUALIZANDO 
A reapresentação das demonstrações contábeis para retificação de erro 
poder passar, sobre a empresa que faz a reapresentação, uma visão ruim 
perante os investidores e outros usuários da informação contábil. Para você 
conhecer tal operação, veja a seguir sobre a reapresentação das demonstrações 
financeiras do exercício de 2015. 
Nota sobre reapresentação das demonstrações financeiras de 2014 
Em relação às publicações envolvendo as demonstrações financeiras do ano de 2014, o 
Sport Club Corinthians Paulista esclarece que durante os procedimentos contábeis e de auditoria 
externa para o fechamento do balanço do exercício de 2015 foram identificadas necessidades 
de ajustes aos valores registrados – e que não caracterizam qualquer tipo de maquiagem – e 
publicados referentes ao exercício de 2014. 
Os ajustes realizados foram discutidos com a auditoria independente e também foram 
obtidos pareceres de especialistas para suportarem os registros desses valores ajustados. 
O balanço de 2015, publicado em 30 de abril de 2016, tem a devida informação sobre 
os critérios utilizados, conforme a nota explicativa número 2, com o título Reapresentação das 
Demonstrações Contábeis do Exercício Findo em Dezembro de 2014: “O balanço patrimonial e 
as respectivas demonstrações do resultado (…) foram ajustados e estão sendo reapresentados 
como previsto no CPC23 – Políticas Contábeis Mudanças de Estimativas e Retificação de Erro 
e CPC 26 (R1) Apresentação das Demonstrações Contábeis e da norma internacional IAS 1 (R)”. 
A opinião dos auditores independentes relata, conforme parágrafo de ênfase número 1 
do Relatório dos Auditores Independentes, sobre as Demonstrações Contábeis: “Examinamos 
também os ajustes descritos (…) que foram efetuados para reclassificar as demonstrações 
contábeis de 31 de dezembrode 2014 (…). Em nossa opinião, tais ajustes são apropriados e 
foram adequadamente efetuados”. 
Assim sendo, por tratar-se de mera interpretação divergente acerca de normas 
contábeis, entendemos não haver razão para o prolongamento do assunto. 
Fonte: Sport Club Corinthians Paulista, 2017. 
 
 
 
3 
TEMA 1 – ASPECTOS INICIAIS CPC 23 
Para que ativos, receitas, passivos ou despesas sejam registrados na 
contabilidade, há que ser observado dois requisitos básicos: (i) probabilidade de 
futuros benefícios econômicos; e (ii) confiabilidade e mensuração. O CPC 00 
conceitua esses requisitos da seguinte forma: 
4.40. O conceito de probabilidade deve ser adotado nos critérios de 
reconhecimento para determinar o grau de incerteza com que os 
benefícios econômicos futuros referentes ao item venham a fluir para 
a entidade ou a fluir da entidade. O conceito está em conformidade 
com a incerteza que caracteriza o ambiente no qual a entidade opera. 
As avaliações acerca do grau de incerteza atrelado ao fluxo de 
benefícios econômicos futuros devem ser feitas com base na evidência 
disponível quando as demonstrações contábeis são elaboradas. Por 
exemplo, quando for provável que uma conta a receber devida à 
entidade será paga pelo devedor, é então justificável, na ausência de 
qualquer evidência em contrário, reconhecer a conta a receber como 
ativo. Para uma ampla população de contas a receber, entretanto, 
algum grau de inadimplência é normalmente considerado provável; 
dessa forma, reconhece-se como despesa a esperada redução nos 
benefícios econômicos. 
4.41. O segundo critério para reconhecimento de um item é que ele 
possua custo ou valor que possa ser mensurado com confiabilidade. 
Em muitos casos, o custo ou valor precisa ser estimado; o uso de 
estimativas razoáveis é parte essencial da elaboração das 
demonstrações contábeis e não prejudica a sua confiabilidade. 
Quando, entretanto, não puder ser feita estimativa razoável, o item não 
deve ser reconhecido no balanço patrimonial ou na demonstração do 
resultado. Por exemplo, o valor que se espera receber de uma ação 
judicial pode enquadrar-se nas definições tanto de ativo quanto de 
receita, assim como nos critérios probabilísticos exigidos para 
reconhecimento. Todavia, se não é possível mensurar com 
confiabilidade o montante que será recebido, ele não deve ser 
reconhecido como ativo ou receita. A existência da reclamação deve 
ser, entretanto, divulgada nas notas explicativas ou nos quadros 
suplementares. 
Por vezes, há o atendimento de apenas um os dois requisitos citados 
acima, o que impede o registro contábil. Tais conceitos iniciais foram 
apresentados para que você relembre os princípios iniciais aplicados à 
escrituração contábil, e em seguida conheça as regras trazidas pelo CPC 23, 
que trata de políticas contábeis, mudanças de estimativa e retificações de erro. 
A Lei n. 6.404/1976, trata, em seu art. 186, “§ 1º Como ajustes de 
exercícios anteriores serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da 
mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado 
exercício anterior, e que não possa ser atribuído a fatos subsequentes”. 
O Pronunciamento Técnico CPC 23, então, tem como objetivo “definir 
critérios para a seleção e a mudança de políticas contábeis, juntamente com o 
 
 
4 
tratamento contábil e divulgação de mudança nas políticas contábeis, a mudança 
nas estimativas contábeis e a retificação de erro.” (CPC, 2009) 
Este pronunciamento visa melhorar a relevância e a confiabilidade das 
demonstrações contábeis da entidade, assim como permitir que os saldos sejam 
comparáveis ao longo dos anos com as demonstrações de outras entidades. 
Segundo Rios e Marion (2018, p. 373), “entre outras coisas, o 
pronunciamento determina que os erros e omissões de períodos anteriores 
devam ser ajustados no exercício corrente, no patrimônio líquido, em lucros ou 
prejuízos acumulados.” 
Outra determinação do CPC 23 foi a reapresentação retrospectiva, o que 
não havia sido tratado na Lei das S/As. Isso é, os efeitos de mudanças de 
políticas contábeis e de erros e omissões devem ser verificados nos períodos 
anteriores, que deverão ser reelaborados. 
Para estudarmos o assunto, vamos conhecer primeiro as definições 
essenciais, de acordo com o CPC 23 (2009). Primeiramente, a própria definição 
de políticas contábeis: são os princípios, as bases, as convenções, as regras 
e as práticas específicas aplicadas pela entidade na elaboração e na 
apresentação de demonstrações contábeis. 
O conceito de mudança na estimativa contábil trata de um ajuste nos 
saldos contábeis de ativo ou de passivo, ou dos montantes relativos ao consumo 
periódico de ativo, decorrente da avaliação da situação atual e das obrigações 
dos benefícios futuros esperados, que são associados aos ativos e passivos. As 
alterações nas estimativas contábeis decorrem de nova informação ou de 
inovações; portanto, não se trata de retificações de erros. 
Saiba mais 
Uma estimativa contábil envolve julgamento baseado na última informação disponível e 
confiável, o que pode precisar de uma revisão em virtude de alterações nas circunstâncias que 
tal estimativa se baseou, com base em novas informações ou até mesmo considerando a 
experiência adquirida posteriormente. 
Nesse sentido, uma revisão na estimativa não se relaciona com períodos anteriores e 
nem é retificação de erro. 
Vejam um exemplo: 
se uma nova tecnologia na manutenção de um equipamento faz com que ele tenha, a 
partir de agora, uma mudança na vida útil econômica originalmente estimada, a alteração das 
taxas de depreciação é uma mudança de estimativa, e não retificação de erro, já que nada tinha 
de errado até então. O mesmo aconteceria caso a entidade revisasse o valor residual da máquina 
aplicando alteração das taxas de depreciação, neste caso, tampouco haveria qualquer retificação 
de erro. 
Porém, uma mudança na base de avaliação é uma mudança na política contábil e não 
uma mudança na estimativa contábil. Aqui se configura uma mudança de prática contábil em que 
a forma de avaliação foi alterada em virtude de alteração em princípios, bases, convenções, 
regras e/ou práticas específicas aplicadas. 
 
 
5 
Por exemplo, optar por sair do PEPS e passar para o custo médio ponderado móvel para 
a avaliação dos estoques é uma mudança de política contábil. Note-se que a mudança de política 
contábil, demandará ajustes retrospectivos de forma a se garantir a comparabilidade entre 
períodos. No exemplo, o resultado do período anterior que foi apurado utilizando-se o PEPS 
precisará ser ajustado e reapresentado com base no custo médio ponderado móvel; só assim os 
resultados serão comparáveis. 
Fonte: Gelbcke, et al., 2018, p. 518. 
Seguimos para o conceito de omissão material ou incorreção material, 
que é a omissão ou a informação incorreta que pode, individual ou coletivamente, 
influenciar as decisões econômicas que os usuários das demonstrações 
contábeis tomam como base nessas demonstrações. A materialidade depende 
da dimensão e da natureza da omissão ou da informação incorreta julgada à luz 
das circunstâncias às quais está sujeita. A dimensão ou a natureza do item, ou 
a combinação de ambas, pode ser o fator determinante. 
Já os erros de períodos anteriores são omissões e incorreções nas 
demonstrações contábeis da entidade de um ou mais períodos anteriores 
decorrentes da falta de uso, ou do uso incorreto, de informação confiável, a qual: 
(i) estava disponível quando da autorização para divulgação das demonstrações 
contábeis desses períodos; e (ii) pudesse ter sido razoavelmente obtida e levada 
em consideração na elaboração e na apresentação dessas demonstrações 
contábeis. 
Tais erros incluem os efeitos de erros matemáticos, erros na aplicação de 
políticas contábeis, descuidos ou interpretações incorretas de fatos e fraudes. 
Saiba mais 
Os erros “incluem os efeitos de erros matemáticos, erros naaplicação de políticas 
contábeis, descuidos ou interpretações incorretas de fatos e fraudes”. 
A omissão ou incorreção material pode, individual ou coletivamente, influenciar as 
decisões econômicas dos usuários baseadas em demonstrações contábeis. 
Nesse caso, avaliar se a omissão ou o erro é ou não material requer análise das 
características dos usuários e deve levar em conta a maneira como os usuários, com seus 
respectivos atributos, poderiam ser razoavelmente influenciados na tomada de decisão 
econômica. 
Por exemplo, o fato de se descobrir em maio que o estoque de aparelhos telefônicos 
utilizados para repor os avariados está errado desde outubro do ano anterior, e só existem 50 e 
não 120 como contabilizados, provavelmente não ensejará qualquer tratamento contábil para 
esse ajuste como retificação de erro, pela imaterialidade dos valores envolvidos e não relevância 
da informação para o usuário das demonstrações contábeis. 
Mas se acontecer o mesmo com os estoques totais da sociedade, que representam, por 
exemplo, 25% do ativo, não há dúvida de que será necessário contabilizar o ajuste como 
retificação de erro. 
Fonte: Gelbcke, et al., 2018, p. 518. 
A ideia de aplicação retrospectiva trata da aplicação de nova política 
contábil a transações, a outros eventos e a condições, como se essa política 
 
 
6 
tivesse sido sempre aplicada. Por outro lado, a reapresentação retrospectiva 
é a correção do reconhecimento, da mensuração e da divulgação de valores de 
elementos das demonstrações contábeis, como se um erro de períodos 
anteriores nunca tivesse ocorrido. 
O conceito de aplicação impraticável de requisito ocorre quando a 
entidade não pode aplicá-lo depois de ter feito todos os esforços razoáveis nesse 
sentido. Para um período anterior em particular, é impraticável aplicar 
retrospectivamente a mudança em política contábil ou fazer a reapresentação 
retrospectiva para corrigir um erro se: (i) os efeitos da aplicação retrospectiva ou 
da reapresentação retrospectiva não puderem ser determinados; (ii) a aplicação 
retrospectiva ou a reapresentação retrospectiva exigir premissas baseadas no 
que teria sido a intenção da Administração naquele momento passado; ou (iii) a 
aplicação retrospectiva ou a reapresentação retrospectiva exigir estimativas 
significativas de valores e, se for impossível identificar objetivamente a 
informação sobre essas estimativas, considera-se aquela que: 
i. proporciona evidências das circunstâncias que existiam à data em que 
esses valores deviam ser reconhecidos, mensurados ou divulgados; 
ii. estaria disponível quando as demonstrações contábeis desse período 
anterior tiveram autorização para divulgação. 
A aplicação prospectiva de mudança em política contábil e de 
reconhecimento do efeito de mudança em estimativa contábil representa, 
respectivamente: (i) a aplicação da nova política contábil a transações, a outros 
eventos e a condições que ocorram após a data em que a política é alterada; e 
(ii) o reconhecimento do efeito da mudança na estimativa contábil nos períodos 
corrente e futuro afetados pela mudança. 
TEMA 2 – POLÍTICAS CONTÁBEIS 
De acordo com Rios e Marion (2018), políticas contábeis são princípios, 
bases, convenções, regras e práticas específicas aplicadas por entidades na 
elaboração e apresentação de suas demonstrações contábeis. Antes de 
tratarmos de alterações nas políticas contábeis, vamos falar um pouco sobre a 
convenção da consistência, ou princípio da uniformidade. Iudicibus (2015, p. 
65) trata esta convenção como talvez a mais importante da contabilidade: 
 
 
7 
Caracteriza-se como um conceito de que, desde que tenhamos 
adotado certo critério, entre os vários que poderiam ser válidos à luz 
dos princípios contábeis, não deveria ele ser alterado nos relatórios 
periódicos, a não ser que absolutamente necessário e desde que a 
alteração de critério e os efeitos que possa ter acarretado na 
interpretação por parte dos usuários das tendências e dos resultados 
da empresa sejam evidenciados. 
Consistência não significa uniformidade de uma empresa em relação a 
uma outra, mas sim uniformidade no âmbito da própria empresa e no contexto 
temporal, para que a comparabilidade seja assegurada, pelo menos quanto aos 
dois últimos exercícios. 
A consistência ainda está relacionada à materialidade; tanto uma como a 
outra devem ser consideradas para que a mudança de um critério seja 
evidenciado, porque primeiramente, representa uma mudança (consistência) e, 
em segundo lugar, já que material, a diferença que a mudança provocou nos 
resultados, quando comparados com os obtidos se tivéssemos continuado a 
usar o critério antigo, pode tornar enganosos, para os usuários, os 
demonstrativos contábeis, se não for evidenciada. 
2.1 Seleção e aplicação 
Quando um Pronunciamento Técnico, Interpretação ou Orientação for 
aplicado especificamente a uma transação, a outro evento ou circunstância, as 
políticas contábeis aplicadas a esse evento devem ser determinadas pela 
aplicação do mesmo Pronunciamento, Interpretação ou Orientação. 
Conforme o CPC 23, na ausência do pronunciamento técnico, 
interpretação ou orientação, a empresa deverá exercer julgamento no 
desenvolvimento e na aplicação de política contábil que resulte em informação, 
qual seja (CPC, 2009): 
(a) relevante para a tomada de decisão econômica por parte dos 
usuários; e 
(b) confiável, de tal modo que as demonstrações contábeis: 
(i) representem adequadamente a posição patrimonial e financeira, o 
desempenho financeiro e os fluxos de caixa da entidade; 
(ii) reflitam a essência econômica de transações, outros eventos e 
condições e, não, meramente a forma legal; 
(iii) sejam neutras, isto é, que estejam isentas de viés; 
(iv) sejam prudentes; e 
(v) sejam completas em todos os aspectos materiais. 
Para exercer julgamento, a entidade deve consultar e considerar a 
aplicabilidade das seguintes fontes, por ordem decrescente (CPC, 2009): 
 
 
8 
(a) os requisitos e a orientação dos Pronunciamentos, Interpretações e 
Orientações que tratem de assuntos semelhantes e relacionados; e 
(b) as definições, os critérios de reconhecimento e os conceitos de 
mensuração para ativos, passivos, receitas e despesas contidos na 
estrutura conceitual. 
2.2 Uniformidade nas políticas contábeis 
Conforme entendem Rios e Marion (2017), as políticas contábeis devem 
ser consistentes e não devem ser alteradas, a menos que resultem em 
informação contábil mais confiável. Assim, a entidade deve selecionar e aplicar 
suas políticas uniformemente para transações semelhantes, que devem ser 
consistentes para cada categoria. 
2.3 Mudanças nas políticas contábeis 
A mudança na política contábil pode resultar de duas situações: (i) exigida 
por norma, pronunciamento, interpretação ou orientação; ou (ii) mudança 
voluntária que resulte em informação mais confiável e mais relevante para 
melhor apresentação dos efeitos de transações ou de outros eventos na posição 
patrimonial e financeira da entidade, no seu desempenho e na sua 
movimentação financeira (Gelbcke et al., 2018). 
Os usuários das demonstrações contábeis devem ter a possibilidade de 
comparar as demonstrações contábeis da entidade ao longo do tempo para 
identificar tendências na sua posição patrimonial e financeira, no seu 
desempenho e nos seus fluxos de caixa. Por isso, devem ser aplicadas políticas 
contábeis em cada período, e de um período para o outro. 
Não constituem mudanças nas políticas contábeis: (i) a adoção de política 
contábil para transações, entre outros eventos ou condições que difiram em 
essência daqueles que ocorriam anteriormente; e (ii) a adoção de nova política 
contábil para transações, outros eventos ou condições que não ocorriam 
anteriormente ou eram imateriais. 
A regra de mudanças em políticas contábeis é a seguinte: 
i. Se a mudança for voluntária, a aplicação deve ser feita 
retrospectivamente; 
ii.Se a mudança for exigida por um pronunciamento ou interpretação, então 
deverá ser verificado se nessa norma há requerimentos específicos na 
 
 
9 
transição; se houver, aplicam-se os requerimentos específicos da norma; 
se não houver, deverá ser aplicada a mudança retrospectivamente. 
2.4 Limitação à aplicação retrospectiva 
 Segundo Rios e Marion (2018, p. 375), “aplicação retrospectiva significa 
dizer que a aplicação de uma nova política contábil deve ser feita como se essa 
política tivesse sido sempre aplicada.” Para isso, a entidade deve ajustar o saldo 
de abertura de cada componente do patrimônio líquido afetado, para o período 
anterior mais antigo apresentado e para os demais montantes comparativos 
divulgados para cada período anterior apresentado. 
 A aplicação retrospectiva não deverá ser aplicada se: 
i. for impraticável determinar o efeito de período específico; nesse caso, é 
preciso aplicar a nova política contábil no início do período mais recente 
no qual a aplicação retrospectiva é praticável; 
ii. for impraticável determinar o efeito acumulado da mudança; nesse caso, 
é preciso aplicar a nova política contábil de forma prospectiva a partir da 
data mais recente que for praticável, e também ajustar a informação 
comparativa. 
A aplicação prospectiva determina que o reconhecimento dos efeitos da 
mudança seja feito em períodos correntes e em futuro afetados. 
TEMA 3 – ALTERAÇÃO DE PRÁTICA CONTÁBIL E MUDANÇA DE 
ESTIMATIVA 
 Estimativas contábeis são julgamentos realizados acerca da mensuração 
de determinados itens das demonstrações contábeis. O julgamento é realizado 
com base em informações e fatos disponíveis naquele momento pela entidade; 
com base nessas informações, as estimativas são realizadas (Rios; Marion, 
2018). 
Para Gelbcke et al. (2018, p. 520) “as estimativas são parte do processo 
de reconhecimento e mensuração contábil, já que a incerteza é uma 
característica inerente à atuação das empresas e à dinâmica do mercado.” 
Assim, muitos itens patrimoniais de uma entidade não são mensurados 
com precisão e sim pela utilização de estimativas confiáveis, como, por exemplo: 
perdas estimadas de liquidação duvidosa, provisões de garantias, provisão para 
 
 
10 
contingências, provisão para estoque obsoleto, determinação de vida útil, valor 
justo, entre outros. 
O uso de estimativas razoáveis é parte essencial da elaboração de 
demonstrações contábeis e não reduz sua confiabilidade. A estimativa pode 
necessitar de revisão se ocorrerem alterações nas circunstâncias em que a 
estimativa se baseou ou em consequência de novas informações ou de maior 
experiência. Dada a sua natureza, a revisão da estimativa não se relaciona com 
períodos anteriores nem representa correção de erro. 
A mudança na base de avaliação é uma mudança na política contábil e 
não uma mudança na estimativa contábil. Quando for difícil distinguir uma 
mudança na política contábil de uma mudança na estimativa contábil, a mudança 
é tratada como mudança na estimativa contábil. 
O efeito da mudança na estimativa contábil deve ser reconhecido 
prospectivamente, incluindo nos resultados: (i) do período da mudança, se a 
mudança afetar apenas esse período; ou (ii) do período da mudança e de futuros 
períodos, se a mudança afetar todos eles. 
Vejamos alguns exemplos de mudança de estimativas. 
 Exemplo A – Alteração da forma de cálculo para definição das obrigações 
com provisões de garantia, a qual deverá ser ajustada a valor presente. A 
base de avaliação foi alterada e, portanto, representa uma mudança de 
política contábil e não de estimativas. 
 Exemplo B – Mudança na estimativa de perda com estoques afeta 
apenas os resultados do período corrente. Por exemplo, o supermercado 
usa um percentual estimado de perda de estoque em seus balanços 
trimestrais, e faz inventário apenas ao final de outubro de cada ano. Ao 
verificar, nessa data, qual o montante efetivo do ajuste, trata-se a 
diferença entre o estimado e o real como receita ou despesa dessa data 
do ajuste. 
 Exemplo C – A mudança nas estimativas atuariais utilizadas para 
mensuração da obrigação relacionada a benefícios a empregados afeta a 
provisão do período corrente e de cada um dos períodos futuros, que 
serão baseados nas novas estimativas. Em ambos os casos, o efeito da 
mudança relacionada com o período corrente é reconhecido como receita 
ou despesa no período corrente. O efeito em períodos futuros, caso exista, 
será reconhecido como receita ou despesa nesses períodos futuros. 
 
 
11 
A entidade deve divulgar a natureza e o montante de mudança na 
estimativa contábil que tenha efeito no período corrente ou que se espera que 
tenha efeito em períodos subsequentes, salvo quando a divulgação do efeito de 
períodos subsequentes for impraticável. Se o montante do efeito de períodos 
subsequentes não for divulgado porque a sua estimativa é impraticável, a 
entidade deve divulgar tal fato. 
Exemplo: Empresa S/A 
Em 01/01/2010 a empresa Americana S/A adquiriu o direito de exploração de uma mina 
de minério de ferro por 1.485.000,00. Ao realizar a prospecção na mina, a empresa Americana 
S/A encontrou uma possança de 30.000 toneladas de minério de ferro, extraindo no exercício de 
2010 um montante de 3.000 toneladas de minério. Em 01/01/2011, devido ao avanço tecnológico, 
a empresa realizou uma nova prospecção, encontrando uma capacidade adicional de 3.000 
toneladas. Sabe-se que, no exercício de 2011, a empresa extraiu 4.500 toneladas. Com base 
nestas informações, a empresa apresentou, em 31/12/2011, um saldo de: 
a. amortização acumulada de 337.500,00. 
b. exaustão acumulada de 337.500,00. 
c. exaustão acumulada de 348.975,00. 
d. exaustão acumulada de 351.000,00. 
e. exaustão acumulada de 371.250,00. 
Atenção: a descoberta de uma capacidade adicional de 3.000 toneladas de minério em 
01/01/2011, devido ao avanço tecnológico, está relacionada com a mudança na estimativa 
contábil, e tem aplicação prospectiva. 
 
 
1º passo: Calcular a despesa com exaustão em 2010: 
Direito de exploração ..................................... 1.485.000,00 
Extração em 2010 .......................................... 3.000 toneladas 
Possança de mina em 2010 ........................... 30.000 toneladas 
Exaustão em 2010 = Extração em 2010 / Possança em 2010 x Direito de exploração. 
Exaustão em 2010 = 3.000 toneladas / 30.000 toneladas x 1.485.000,00 
Exaustão em 2010 = 148.500 
Registro contábil: 
D – Despesas com exaustão em 2010 – 148.500,00 
C – Exaustão acumulada em 2010 – 148.500,00 
2º passo: Calcular a nova possança da mina em 2011. 
Com o avanço tecnológico dos equipamentos, a empresa Americana S/A em 01/01/2011, ao 
realizar uma nova prospecção, encontrou uma capacidade adicional de minério de ferro no 
montante de 3.000 toneladas. 
 
 
12 
 Possança da mina em 2011 = Possança da mina em 2010 – Extração em 2010 + 
Capacidade adicional 
 Possança da mina em 2011 = 30.000 toneladas – 3.000 toneladas + 3.000 toneladas 
 Possança da mina em 2011 = 30.000 toneladas 
3º passo: Calcular a despesa com exaustão em 2011, após a mudança na estimativa contábil. 
Direito de exploração ..................................... 1.485.000,00 
Exaustão acumulada ....................................... 148.500,00 
Extração em 2011 .......................................... 4.500 toneladas 
Possança de mina em 2010 ........................... 30.000 toneladas 
Exaustão em 2011 = Extração em 2011 / Possança em 2011 x (Direito de exploração – exaustão 
acumulada em 2010) 
Exaustão em 2011 = 4.500 toneladas / 30.000 toneladas x (1.485.000,00-148.000,00) 
Exaustão em 2011 = 200.475,00 
Registro contábil da exaustão em 2011: 
D – Despesas com exaustão em 2011 – 200.475,00 
C – Exaustão acumulada em 2011 – 200.475,00 
Saldo da conta de exaustão acumulada: 348.975,00 
Fonte: Adriano, 2018, p. 592. 
TEMA 4 – CORREÇÃO DE ERROS 
 No processo de elaboração das demonstraçõescontábeis, podem ocorrer 
erros relativos a registros, mensuração etc. Com isso, as demonstrações não 
estariam sendo apresentadas de forma fidedigna, e sua qualidade ficaria 
prejudicada. Além de erros, omissões também contribuem para este cenário. O 
ideal seria ajustar tais equívocos antes da divulgação das demonstrações 
contábeis; entretanto, caso sejam descobertos depois, a solução é a correção 
na informação comparativa apresentada nas demonstrações contábeis do 
período subsequente. 
A entidade deve corrigir os erros materiais de períodos anteriores 
retrospectivamente no primeiro conjunto de demonstrações contábeis cuja 
autorização para publicação ocorra após a descoberta de tais erros: 
i. Por reapresentação dos valores comparativos para o período anterior 
apresentado em que tenha ocorrido o erro; ou 
ii. Se o erro ocorreu antes do período anterior mais antigo, antes da 
reapresentação dos saldos de abertura dos ativos, dos passivos e do 
patrimônio líquido para o período anterior mais antigo apresentado. 
Ao aplicar as regras acima, a entidade deve divulgar: 
 A natureza do erro de período anterior; 
 
 
13 
 O montante da retificação para cada período anterior apresentado, na 
medida em que seja praticável: (i) para cada item afetado da 
demonstração contábil; e (ii) se o Pronunciamento Técnico CPC 41 – 
Resultado por Ação se aplicar à entidade, para resultados por ação 
básicos e diluídos; 
 O montante da retificação no início do período anterior mais antigo 
apresentado; 
 As circunstâncias que levaram à existência dessa condição e uma 
descrição de como e desde quando o erro foi corrigido, se a 
reapresentação retrospectiva for impraticável para um período anterior em 
particular. 
As demonstrações contábeis de períodos subsequentes à retificação do 
erro não precisam repetir essas divulgações. O efeito do erro referente a um ou 
mais períodos anteriores deve ser excluído na determinação do lucro ou prejuízo 
do período em que o erro foi descoberto. Qualquer outra informação contábil 
apresentada para períodos anteriores, tal como resumo histórico de informações 
contábeis, deve ser corrigida para a data mais antiga que for praticável. (Gelbcke 
et al., 2018) 
4.1 Evento subsequente 
Evento subsequente é aquele evento, favorável ou desfavorável, que 
ocorre entre a data final do período a que se referem as demonstrações 
contábeis e a data na qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. Os 
eventos, entre a data do balanço e a data em que é autorizada a emissão das 
demonstrações, podem ser agrupados em dois blocos, isso é, são de dois tipos 
(Gelbcke et al., 2018): 
 Os que evidenciam condições que já existiam na data do balanço; e 
 Os que evidenciam condições que surgiram subsequentemente à data do 
balanço. 
Saiba mais 
O que é data de autorização para emissão das demonstrações contábeis – 
obrigatoriedade de divulgação dessa data 
Data na qual é autorizada a emissão das demonstrações contábeis é aquela em que 
essas demonstrações são apresentadas, pela primeira vez, a algum órgão no qual pessoa(s) 
externa(s) à diretoria e ao corpo funcional da entidade participa(m). Assim, nas sociedades por 
 
 
14 
ações, a apresentação das demonstrações contábeis ao conselho de administração, por 
exemplo, caracteriza a data da autorização para a sua emissão. Note-se que não é a data da 
divulgação ao público, da publicação em jornal etc. Em cada entidade pode haver variação em 
função de sua estrutura administrativa e do processo seguido para a finalização das 
demonstrações. 
Se houver apresentação, em primeiro lugar, ao comitê de auditoria, e como ele 
provavelmente possui pessoa(s) externa(s), essa é a data da autorização para emissão. No caso 
de informações não anuais, pode ser a data em que a diretoria autoriza a entrega das 
demonstrações à bolsa de valores, à CVM etc. 
É obrigatório, pelo CPC 24, que a empresa divulgue, em nota explicativa, qual é a data 
em que houve a autorização para a emissão das demonstrações, de forma que o usuário tenha 
conhecimento desse momento de corte das informações e dos registros contábeis. Isso porque, 
como esta é a data de “corte” para fins de evento subsequente, o usuário necessita saber quais 
“eventos” estão sendo considerados naquelas demonstrações. 
Fonte: Gelbcke et al., 2018. 
 Os eventos da primeira categoria, mostrados atrás – ou seja, os que 
evidenciam condições que já existiam na data do balanço – obrigam a entidade 
a reconhecer os efeitos no balanço, mesmo que a definição, por exemplo dos 
valores, ocorra após essa data, desde que reflita condição que já estava 
presente na data do balanço. 
É o caso, por exemplo, de em janeiro a empresa descobrir que um cliente 
abriu falência em dezembro. A condição falimentar já existia; mesmo que o fato 
seja conhecido depois, obriga a empresa a reconhecer os efeitos dessa falência 
no balanço como, por exemplo, a constituição de uma perda estimada por 
créditos de liquidação duvidosa. 
Ou pode ser a situação de a empresa descobrir, 40 dias após o balanço, 
que uma grande parte do estoque de um produto (feijão, por exemplo) estava 
deteriorada há mais de 60 dias, só que isso só foi percebido quando o volume 
desse estoque baixou. 
Pode também ser o caso de gratificações definidas após a data do 
balanço, mas que já eram negociadas, contratadas ou até mesmo esperadas por 
tradição da entidade na data do balanço. Pode ter sido necessário esperar o 
resultado da empresa para fazer essa definição, mas a obrigação já existia à 
data do balanço. Portanto, tais efeitos devem ser ajustados no balanço, e 
reportados. (Gelbcke et al., 2018) 
 
 
 
15 
Quadro 1 – Resumo de políticas contábeis, estimativas e erros 
Fato O que a entidade faz 
Mudanças em 
políticas 
contábeis 
Segue o pronunciamento, interpretação ou orientação se for exigido; 
A evidenciação é obrigatória; 
Aplicação retrospectiva. 
Mudanças de 
estimativas 
contábeis 
Existindo dúvida entre mudança política ou estimativa, prevalece a 
mudança de estimativa; 
A evidenciação é obrigatória; 
Aplicação prospectiva. 
Correção de erros Erros materiais de todas as espécies; 
Eventualmente exige-se a republicação; 
A evidenciação é obrigatória; 
Aplicação retrospectiva. 
Fonte: Adriano, 2018, p. 839. 
TEMA 5 – DIVULGAÇÃO ACERCA DA REAPRESENTAÇÃO DAS 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS 
A entidade deve divulgar a natureza e o montante de mudança na 
estimativa contábil que tenha efeito no período corrente ou que se espera que 
tenha efeito em períodos subsequentes, salvo quando a divulgação do efeito de 
períodos subsequentes for impraticável. 
Se o montante do efeito de períodos subsequentes não for divulgado 
porque a sua estimativa é impraticável, a entidade deve divulgar tal fato. 
Um erro de período anterior deve ser corrigido por reapresentação 
retrospectiva, salvo quando for impraticável determinar os efeitos específicos do 
período ou o efeito cumulativo do erro. 
Quando isso ocorrer em um período específico na informação 
comparativa para um ou mais períodos anteriores apresentados, a entidade deve 
retificar os saldos de abertura de ativos, passivos e patrimônio líquido para o 
período mais antigo para o qual seja praticável a reapresentação retrospectiva 
(que pode ser o período corrente). 
Quando for impraticável determinar o efeito cumulativo, no início do 
período corrente, de erro em todos os períodos anteriores, a entidade deve 
retificar a informação comparativa para corrigir o erro prospectivamente a partir 
da data mais antiga praticável. 
A retificação de erro de período anterior deve ser excluída dos resultados 
do período em que o erro é descoberto. Qualquer informação apresentada sobre 
 
 
16 
períodos anteriores, incluindo qualquer resumo histórico de dados financeiros, 
deve ser retificada para períodos tão antigos quanto for praticável. 
Quando for impraticável determinar omontante do erro (por exemplo, erro 
na aplicação de política contábil) para todos os períodos anteriores, a entidade 
retifica a informação comparativa prospectivamente a partir da data mais antiga 
praticável. 
Dessa forma, ignorará a parcela da retificação cumulativa de ativos, 
passivos e patrimônio líquido relativa a períodos anteriores à data em que a 
retificação do erro foi praticável. 
As correções de erro distinguem-se de mudanças nas estimativas 
contábeis. As estimativas contábeis, por sua natureza, são aproximações que 
podem necessitar de revisão à medida que se conhece informação adicional. Por 
exemplo, o ganho ou a perda reconhecida no momento do desfecho de 
contingência, que, anteriormente, não podia ser estimada com precisão, não 
constitui retificação de erro. 
5.1 Impraticabilidade da aplicação e da reapresentação retrospectivas 
De acordo com o CPC 23, as mudanças de políticas contábeis são 
permitidas mesmo que seja impraticável aplicar a nova política a qualquer 
período anterior. A aplicação torna-se impraticável quando uma entidade não 
pode aplicá-la após fazer todo o esforço possível. (Gelbcke et al., 2018) 
No caso de adoção de nova política contábil ou correção de erro de 
período(s) anterior(es), o referido ato normativo requer, na aplicação 
retrospectiva, que se faça distinção entre: 
i. A informação que fornece evidência das circunstâncias que existiram à 
época em que a transação ou o evento ocorreu, e que estavam presentes 
e disponíveis quando as demonstrações contábeis relativas àquele 
período anterior foram preparadas; 
ii. A informação que teria estado disponível quando as demonstrações 
contábeis desse período anterior foram autorizadas para divulgação. 
No caso de uma aplicação retrospectiva exigir uma estimativa significativa 
para a qual seja impossível distinguir esses dois tipos de informação, é 
impraticável aplicar a nova política contábil ou retificar erro de período anterior 
retrospectivamente (Gelbcke et al., 2018). 
 
 
17 
Essa preocupação está bem clara no CPC 23, que traz a seguinte redação 
(contida no item 53): 
Não se deve usar percepção posterior ao aplicar nova política contábil 
ou ao corrigir erros atribuíveis a período anterior, nem para fazer 
suposições sobre quais teriam sido as intenções da administração em 
período anterior nem para estimar os valores reconhecidos, 
mensurados ou divulgados em períodos anteriores. 
TROCANDO IDEIAS 
Abra a Demonstração Financeira que se encontra nos materiais 
complementares, e identifique os motivos para a reapresentação da 
demonstração, conforme descrito nas notas. Após você identificar o motivo para 
reapresentação da demonstração, descreva no fórum o motivo que você 
encontrou e identifique na norma tal condição. 
NA PRÁTICA 
(Exame de Suficiência Bacharel CFC FBC 2015.2): De acordo com o disposto 
na NBC TG 23 (R1) – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação 
de Erro, julgue os itens abaixo e, em seguida, assinale a opção correta. 
I. O efeito da mudança de estimativa comporta aplicação retrospectiva, no caso 
de aplicação praticável, resultando no ajuste dos saldos anteriores impactados 
pela mudança. 
II. A mudança na estimativa de vida útil de um ativo depreciável deve ser tratada 
como mudança de política contábil com aplicação retrospectiva, quando 
praticável. 
III. Na aplicação da mudança de uma política contábil de forma retrospectiva, 
quando for exigida e praticável, a entidade deve ajustar o saldo de abertura de 
cada componente do patrimônio líquido afetado para o período anterior mais 
antigo apresentado. 
Assinale a alternativa correta: 
a) I e II estão corretos. 
b) I e III estão corretos. 
c) I, II e III estão corretos. 
d) apenas o item III está correto. 
 
 
18 
Analisando os itens, temos: 
I. Errado. De acordo com o CPC 23, a mudança de estimativa não comporta 
aplicação retrospectiva. Nesse caso, a aplicação é prospectiva. 
II. Errado. De acordo com o CPC 23, a mudança na estimativa de vida útil de um 
ativo depreciável deve ser tratada como mudança na estimativa contábil com 
aplicação prospectiva, quando praticável. 
III. Correto. Quando uma mudança na política contábil é aplicada, 
retrospectivamente, a entidade deve ajustar o saldo de abertura de cada 
componente do patrimônio líquido afetado para o período anterior mais antigo 
apresentado e os demais montantes comparativos divulgados para cada período 
anterior apresentado, como se a nova política contábil tivesse sempre sido 
aplicada. 
Resposta: d. 
FINALIZANDO 
Prezados alunos, para entender o CPC 23, é importante que vocês 
entendam os critérios e princípios contábeis relevantes, assim como as políticas 
e as mensurações aplicadas a cada empresa, para que possamos compreender 
as regras trazidas pelo pronunciamento. Importante não esquecermos que há 
diferenças entre mudanças de políticas contábeis, mudanças de estimativas 
contábeis e correção de erros. Bons estudos e até a próxima aula! 
 
 
 
 
 
19 
REFERÊNCIAS 
ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos contábeis comentados. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
ALMEIDA, M. C. Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC. São 
Paulo: Altas, 2014. 
ANDRADE FILHO, E. O. Imposto de renda das empresas. 12. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Brasília, DF, 17 dez. 1976. 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas 
e outros profissionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. Pronunciamento 
Técnico CPC 23: estoques. Brasília, 26 de junho de 2009. 
FERRARI, E. L. Contabilidade Geral: teoria e mais de 1.000 questões. 12. ed. 
rev. Rio de Janeiro: Impetrus, 2012. 
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2018. 
IUDICIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013. 
SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA. Nota sobre reapresentação das 
demonstrações financeiras de 2014. 3 mar. 2017. Disponível em: 
<https://www.corinthians.com.br/nota-sobre-reapresentacao-das-
demonstracoes-financeiras-de-2014/>. Acesso em: 31 maio 2018. 
VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade Avançada e análise das 
demonstrações financeiras. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONTABILIDADE SOCIETÁRIA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Paolla das Graças Felix Munarim Hauser Villena 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Na aula de hoje vamos conhecer o Comitê de Pronunciamentos 
Contábeis – CPC 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão 
de Demonstrações Contábeis. Quando as empresas possuem investimentos 
societários no exterior, por exemplo filiais, coligadas ou controladas, seus 
resultados são afetados pelas mudanças da taxa de câmbio, especialmente no 
que diz respeito à variação cambial oriunda de tais investimentos. 
Assim como qualquer outro investimento, as empresas precisam registar 
os investimentos do exterior nas demonstrações contábeis, e, para isso, vamos 
entender como funcionam as regras para tal registro com base no CPC 02, que 
tem por objetivo orientar acerca de como incluir transações em moeda 
estrangeira e operações no exterior nas demonstrações contábeis da entidade e 
como converter demonstrações contábeis para moeda de apresentação. 
Desejamos a você uma boa aula! 
CONTEXTUALIZANDO 
Está cada vez mais comum vermos, nas grandes empresas, participação 
societária de empresas estrangeiras, empréstimos de instituições financeiras do 
exterior, importação ou exportação de mercadorias. Com isso, as entidades 
passaram a ter operações com moedas estrangerias. 
Como em qualquer outropaís, mesmo que a entidade possua operações 
com empresas no exterior, as demonstrações contábeis devem ser 
apresentadas em moeda corrente do país, que, nosso caso, é o real. 
Além disso, há a necessidade de consolidar as informações contábeis de 
grupo empresarial, por exemplo, mesmo que haja localidades distintas. 
Desta forma, as empresas que realizam tais operações deverão fazer a 
conversão da moeda. Para saber como podemos efetuar essa conversão, vamos 
à nossa aula de hoje! 
TEMA 1 – ASPECTOS INICIAIS – CPC 02 
O objetivo deste pronunciamento técnico é orientar acerca de como incluir 
transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações 
contábeis da entidade e como converter demonstrações contábeis para moeda 
de apresentação. 
 
 
3 
 Este pronunciamento deve ser adotado: i. na contabilização de transações 
e saldos em moeda estrangeira, exceto para aquelas transações com derivativos 
e saldos dentro do alcance do CPC 48 – Instrumentos Financeiros; ii. na 
conversão de resultados e posição financeira de operações no exterior que são 
incluídas nas demonstrações contábeis da entidade por meio de consolidação 
ou pela aplicação do método da equivalência patrimonial; e iii. na conversão de 
resultados e posição financeira de uma entidade para uma moeda de 
apresentação. 
 O objetivo do CPC 02 é orientar as entidades sobre a inclusão de 
transações em moeda estrangeira e operações no exterior nas demonstrações 
contábeis da entidade, bem como na conversão de demonstrações contábeis 
para moeda de apresentação. 
A conversão das demonstrações contábeis permite ao investidor 
estrangeiro realizar um melhor acompanhamento do seu investimento, pois as 
demonstrações contábeis convertidas estarão expressas na moeda corrente do 
seu país de origem. 
A operação no exterior é quando a investidora possui uma entidade no 
exterior por meio de controlada, filial, sucursal, agência, coligada ou 
empreendimento controlado em conjunto, enquanto a transação em moeda 
estrangeira é um conjunto de atos que tem por finalidade, por exemplo, a compra 
ou a venda de bens e serviços cujos preços estão fixados em moeda estrangeira, 
exigindo liquidação ou recebimento em moeda estrangeira. 
Saiba mais 
Atenção para não confundir procedimentos de conversão de 
demonstrações contábeis e contabilidade em moeda estrangeira, pois, apesar 
de atenderem aos mesmos objetivos, são conceitos distintos. 
Na conversão de demonstrações contábeis, a investida mantém a 
sua contabilidade em moeda local e, no encerramento do exercício social, 
aplica os procedimentos de conversão de suas demonstrações contábeis para 
moeda estrangeira do país de origem do investidor. 
Na contabilidade em moeda estrangeira, as operações em moeda 
local são convertidas automaticamente para a moeda estrangeira à medida 
que ocorrem, e, no encerramento do exercício social, a entidade levanta as 
suas demonstrações contábeis em moeda estrangeira, não havendo 
necessidade de conversão (Adriano, 2018, p. 156). 
 
 
4 
1.1 Definições 
 Para entendermos totalmente este tema, faz-se necessária a definição de 
alguns conceitos, como descrito no próprio CPC 02, conforme transcrito a seguir: 
Taxa de fechamento é a taxa de câmbio à vista vigente ao término do 
período de reporte. 
Variação cambial é a diferença resultante da conversão de um 
número específico de unidades em uma moeda para outra moeda, a 
diferentes taxas cambiais. 
Taxa de câmbio é a relação de troca entre duas moedas. 
Valor justo é o preço que seria recebido pela venda de um ativo ou 
que seria pago pela transferência de um passivo em uma transação 
não forçada entre participantes do mercado na data de mensuração. 
Moeda estrangeira é qualquer moeda diferente da moeda funcional 
da entidade. 
Entidade no exterior é uma entidade que pode ser controlada, 
coligada, empreendimento controlado em conjunto ou filial, sucursal ou 
agência de uma entidade que reporta informação, por meio da qual são 
desenvolvidas atividades que estão baseadas ou são conduzidas em 
um país ou em moeda diferente daquelas da entidade que reporta a 
informação. 
Moeda funcional é a moeda do ambiente econômico principal no qual 
a entidade opera. (CPC, 2010) 
Saiba mais 
Moeda funcional: 
O ambiente econômico principal no qual a entidade opera é 
normalmente aquele em que, principalmente, ela gera e despende caixa. A 
entidade deve considerar os seguintes fatores na determinação de sua moeda 
funcional: 
a. A moeda: 
i. que mais influencia os preços de venda de bens e serviços 
(geralmente é a moeda na qual os preços de venda para seus bens 
e serviços estão expressos e são liquidados); e 
ii. do país cujas forças competitivas e regulações mais influenciam na 
determinação dos preços de venda para seus bens e serviços; 
b. A moeda que mais influencia fatores como mão de obra, matéria-prima 
e outros custos para o fornecimento de bens ou serviços (geralmente é 
a moeda na qual tais custos estão expressos e são liquidados). 
Os seguintes fatores também podem servir como evidências para 
determinar a moeda funcional da entidade: 
 
 
5 
a. A moeda por meio da qual são originados recursos das atividades de 
financiamento (exemplo: emissão de títulos de dívida ou ações). 
b. A moeda por meio da qual os recursos gerados pelas atividades 
operacionais são usualmente acumulados (CPC 02). 
Ainda segundo o CPC 02: 
Grupo econômico é uma entidade controladora e todas as suas 
controladas. 
Itens monetários são unidades de moeda mantidas em caixa e ativos 
e passivos a serem recebidos ou pagos em um número fixo ou 
determinado de unidades de moeda. 
Investimento líquido em entidade no exterior é o montante que 
representa o interesse (participação na maior parte das vezes) da 
entidade que reporta a informação nos ativos líquidos dessa entidade. 
Moeda de apresentação é a moeda na qual as demonstrações 
contábeis são apresentadas. 
Taxa de câmbio à vista é a taxa de câmbio normalmente utilizada para 
liquidação imediata das operações de câmbio. (CPC, 2010) 
TEMA 2 – FORMAS DE INVESTIMENTO NO EXTERIOR 
O Pronunciamento Técnico CPC 02 determina que as agências, 
sucursais, dependências e controladas no exterior sejam tratadas como filiais, 
efetivas coligadas ou controladas conforme a essência econômica, não pela 
forma jurídica. 
Assim, no caso de entidades que, por não possuírem corpo gerencial 
próprio, autonomia administrativa, não contratarem operações próprias, 
utilizarem a moeda da investidora como sua moeda funcional e funcionarem, na 
essência, como extensão das atividades da investidora, devem normalmente ter, 
para fins de apresentação, seus ativos, passivos e resultados integrados às 
demonstrações contábeis da matriz no Brasil como qualquer outra filial, agência, 
sucursal ou dependência mantida no próprio país (Adriano, 2018). 
Caso contrário, se possuírem, por exemplo, suficiente corpo gerencial 
próprio, autonomia administrativa, contratarem operações próprias, inclusive 
financeiras, caracterizando-se, assim, como entidade autônoma, a matriz, no 
Brasil, deve reconhecer os resultados apurados nas filiais, agências, 
dependências ou sucursais pela aplicação do método de equivalência 
patrimonial e incluí-las nas suas demonstrações consolidadas. 
Uma empresa pode entrar no mercado internacional de diversas 
maneiras, devendo escolher a estratégia mais adequada e coerente com os seus 
objetivos no mercado internacional. Equivale a dizer que a empresa deve 
 
 
6 
escolher como deseja atuar no mercado internacional e, a partir disso, escolher 
qual é a melhor estratégia a ser adotada (Ferreira, Cardoso, 2011). 
O Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimento 
Controlado em Conjunto está previsto no CPC 18, que tem por objetivo 
estabelecer a contabilização de investimentos em coligadas e em controladas e 
definir os requisitos para a aplicação do método da equivalênciapatrimonial 
quando da contabilização de investimentos em coligadas, em controladas e em 
empreendimentos controlados em conjunto (joint ventures). 
Coligada é a entidade sobre a qual o investidor tem influência significativa. 
Método da equivalência patrimonial é o método de contabilização por 
meio do qual o investimento é inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, 
é ajustado para refletir a alteração pós-aquisição na participação do investidor 
sobre os ativos líquidos da investida. As receitas ou as despesas do investidor 
incluem sua participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros 
resultados abrangentes do investidor incluem a sua participação em outros 
resultados abrangentes da investida. 
Negócio em conjunto é um negócio do qual duas ou mais partes têm 
controle conjunto. 
Controle conjunto é o compartilhamento, contratualmente convencionado, 
do controle de negócio, que existe somente quando decisões sobre as atividades 
relevantes exigem o consentimento unânime das partes que compartilham o 
controle. 
Empreendimento controlado em conjunto (joint venture) é um acordo 
conjunto por meio do qual as partes que detêm o controle em conjunto do acordo 
contratual têm direitos sobre os ativos líquidos desse acordo. 
Investidor conjunto (joint venturer) é uma parte de um empreendimento 
controlado em conjunto (joint venture) que tem o controle conjunto desse 
empreendimento. 
Influência significativa é o poder de participar das decisões sobre políticas 
financeiras e operacionais de uma investida, mas sem que haja controle 
individual ou conjunto dessas políticas. 
2.1 Influência significativa 
Se o investidor mantém direta ou indiretamente (por meio de controladas, 
por exemplo), 20% ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele 
 
 
7 
tenha influência significativa, a menos que possa ser claramente demonstrado o 
contrário. 
Por outro lado, se o investidor detém, direta ou indiretamente (por meio 
de controladas, por exemplo), menos de 20% do poder de voto da investida, 
presume-se que ele não tenha influência significativa, a menos que essa 
influência possa ser claramente demonstrada. 
A propriedade substancial ou majoritária da investida por outro investidor 
não necessariamente impede que um investidor tenha influência significativa 
sobre ela. 
A existência de influência significativa por investidor geralmente é 
evidenciada por uma ou mais das seguintes formas: 
 Representação no conselho de administração ou na diretoria da investida; 
 Participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em 
decisões sobre dividendos e outras distribuições; 
 Operações materiais entre o investidor e a investida; 
 Intercâmbio de diretores ou gerentes; 
 Fornecimento de informação técnica essencial. 
2.2 Método da equivalência patrimonial 
Pelo método da equivalência patrimonial, o investimento em coligada, em 
empreendimento controlado em conjunto e em controlada (neste caso, no 
balanço individual) deve ser inicialmente reconhecido pelo custo, e o seu valor 
contábil será aumentado ou diminuído pelo reconhecimento da participação do 
investidor nos lucros ou prejuízos do período, gerados pela investida após a 
aquisição. 
A participação do investidor no lucro ou no prejuízo do período da 
investida deve ser reconhecida no resultado do período do investidor. As 
distribuições recebidas da investida reduzem o valor contábil do investimento. 
Ajustes no valor contábil do investimento também são necessários pelo 
reconhecimento da participação proporcional do investidor nas variações de 
saldo dos componentes dos outros resultados abrangentes da investida, 
reconhecidos diretamente em seu patrimônio líquido. 
Tais variações incluem aquelas decorrentes da reavaliação de ativos 
imobilizados, quando permitida legalmente, e das diferenças de conversão em 
 
 
8 
moeda estrangeira, quando aplicável. A participação do investidor nessas 
mudanças deve ser reconhecida de forma reflexa, ou seja, em outros resultados 
abrangentes diretamente no patrimônio líquido do investidor. 
O reconhecimento do resultado com base nas distribuições recebidas 
sobre este pode não ser uma mensuração adequada da receita auferida pelo 
investidor no investimento em coligada, em controlada e em empreendimento 
controlado em conjunto, em função de as distribuições recebidas terem pouca 
relação com o desempenho da investida. 
Em decorrência de o investidor possuir o controle individual ou conjunto 
ou exercer influência significativa sobre a investida, ele tem interesse no 
desempenho da investida e, como resultado, interesse no retorno de seu 
investimento. O investidor deve reconhecer contabilmente esse interesse por 
meio da extensão do alcance de suas demonstrações contábeis com a inclusão 
de sua participação nos lucros ou prejuízos da investida. 
Como resultado, a aplicação do método da equivalência patrimonial 
proporciona relatórios com maior grau de informação acerca dos ativos líquidos 
do investidor e acerca de suas receitas e despesas. 
Quando existirem potenciais direitos de voto ou outros derivativos que 
contenham potenciais direitos de voto, os interesses da entidade na investida 
devem ser determinados exclusivamente com base nos interesses de 
propriedade existentes e não devem refletir o possível exercício ou a conversão 
dos potenciais direitos de voto ou de outros instrumentos derivativos. 
Em algumas circunstâncias, a entidade tem, na essência, interesses de 
propriedade decorrentes do resultado de transação que lhe dê, no momento 
corrente, acesso aos retornos associados aos interesses de propriedade. 
Nessas circunstâncias, a proporção alocada à entidade deve ser determinada 
levando em consideração o eventual exercício de direitos potenciais de voto e 
outros instrumentos derivativos que no momento corrente dê à entidade acesso 
aos retornos. 
A entidade com o controle individual ou conjunto (compartilhado) ou com 
influência significativa sobre uma investida deve contabilizar esse investimento 
utilizando o método da equivalência patrimonial. 
 
 
9 
TEMA 3 – RECONHECIMENTO INICIAL 
Uma transação em moeda estrangeira é a transação que é fixada ou 
requer sua liquidação em moeda estrangeira, incluindo transações que são 
originadas quando a entidade: 
 Compra ou vende bens ou serviços cujo preço é fixado em moeda 
estrangeira; 
 Obtém ou concede empréstimos, quando os valores a pagar ou a receber 
são fixados em moeda estrangeira; 
 De alguma outra forma, adquire ou desfaz-se de ativos ou assume ou 
liquida passivos fixados em moeda estrangeira. 
Uma transação em moeda estrangeira deve ser reconhecida 
contabilmente, no momento inicial, pela moeda funcional, mediante a aplicação 
da taxa de câmbio à vista entre a moeda funcional e a moeda estrangeira, na 
data da transação, sobre o montante em moeda estrangeira. “A taxa de câmbio 
a vista é a taxa de câmbio normalmente utilizada para liquidação imediata das 
operações de câmbio; no Brasil, a taxa a ser utilizada é a divulgada pelo Banco 
Central do Brasil” (Adriano, 2018, p. 160). 
Para Adriano (2018, p. 160) as taxas de câmbio podem ser: 
Figura 1 – Tipos de taxas de câmbio 
 
Saiba mais 
A taxa histórica é a taxa de câmbio vigente na data da transação. 
A taxa corrente é a taxa de câmbio vigente no dia da operação. Na 
data de encerramento do exercício social, a taxa corrente é também chamada 
de taxa de fechamento. 
A taxa média é a taxa de câmbio obtida da média aritmética ponderada 
das taxas de câmbio vigentes durante um determinado período, normalmente 
uma semana ou um mês, com o objetivo de melhor representar a evolução das 
taxas de câmbio no período. 
A taxa média é a taxa de câmbio obtida da média aritmética ponderada 
das taxas de câmbio vigentes durante um determinado período, normalmente 
 
 
10 
uma semana ou um mês, com o objetivode melhor representar a evolução das 
taxas de câmbio no período (Adriano, 2018, p. 160). 
A taxa de câmbio usualmente adotada que se aproxima da taxa vigente 
na data da negociação é a taxa de câmbio média semanal ou mensal, que pode 
ser aplicada a todas as negociações, em cada moeda estrangeira, ocorridas 
durante o período. 
A data da transação é a data a partir da qual a transação se qualifica para 
fins de reconhecimento, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. 
Ao término de cada período de reporte: 
 Os itens monetários em moeda estrangeira devem ser convertidos, 
usando-se a taxa de câmbio de fechamento; 
 Os itens não monetários que são mensurados pelo custo histórico em 
moeda estrangeira devem ser convertidos, usando-se a taxa de câmbio 
vigente na data da transação; e 
 Os itens não monetários que são mensurados pelo valor justo em moeda 
estrangeira devem ser convertidos, usando-se as taxas de câmbio 
vigentes nas datas em que o valor justo tiver sido mensurado. 
De acordo com o item 32 do Pronunciamento Técnico CPC 02 (R2), as 
variações cambiais resultantes desses itens monetários, integrantes do 
investimento líquido da entidade em uma entidade no exterior, deverão ser 
reconhecidas: 
 No resultado, nas demonstrações contábeis separadas da investidora ou 
nas demonstrações contábeis individuais da entidade no exterior, 
conforme apropriado; e 
 Em conta específica do patrimônio líquido e reconhecidas como receita 
ou despesa na venda do investimento líquido, nas demonstrações 
contábeis consolidadas (aquelas demonstrações que incluem a 
investidora e a entidade no exterior) e nas demonstrações contábeis 
individuais da investidora (aquelas demonstrações em que a entidade no 
exterior é avaliada pelo método de equivalência patrimonial, conforme as 
práticas contábeis brasileiras). 
 
 
11 
3.1 Variação cambial 
Segundo o CPC 02, em regra geral, as variações cambiais advindas da 
liquidação de itens monetários ou da conversão de itens monetários por taxas 
diferentes daquelas pelas quais foram convertidos quando da mensuração 
inicial, durante o período ou em demonstrações contábeis anteriores, devem ser 
reconhecidas na demonstração do resultado no período em que surgirem. 
Já as variações cambiais advindas de itens monetários que fazem parte 
do investimento líquido em entidade no exterior da entidade que reporta a 
informação devem ser reconhecidas no resultado nas demonstrações contábeis 
separadas da entidade que reporta a informação ou nas demonstrações 
contábeis individuais da entidade no exterior, conforme apropriado. 
Nas demonstrações contábeis que incluem a entidade no exterior e a 
entidade que reporta a informação (por exemplo: demonstrações 
contábeis individuais com avaliação das investidas por equivalência 
patrimonial, ou demonstrações contábeis consolidadas quando a 
entidade no exterior é uma controlada), tais variações cambiais devem 
ser reconhecidas, inicialmente, em outros resultados abrangentes em 
conta específica do patrimônio líquido, e devem ser transferidas do 
patrimônio líquido para a demonstração do resultado quando da baixa 
do investimento líquido [...]. (Brasil, 2010) 
Quando itens monetários são originados de transações em moeda 
estrangeira e há mudança na taxa de câmbio entre a data da transação e a data 
da liquidação, surge uma variação cambial (CPC 02). 
Quando a transação é liquidada dentro do mesmo período contábil em 
que foi originada, toda a variação cambial deve ser reconhecida nesse mesmo 
período (CPC 02). 
Entretanto, quando a transação é liquidada em período contábil 
subsequente, a variação cambial reconhecida em cada período, até a data de 
liquidação, deve ser determinada pela mudança nas taxas de câmbio ocorrida 
durante cada período (CPC 02). 
TEMA 4 – MÉTODOS DE CONVERSÃO 
 Para Rios e Marion (2018), a entidade pode apresentar suas 
demonstrações contábeis em outras moedas. Se a moeda de apresentação for 
diferente da moeda funcional, deve ser convertida a demonstração para a moeda 
de apresentação. 
 
 
12 
Por exemplo, se uma controlada estabelecida no Brasil tem sua 
controladora nos Estados Unidos, terá suas demonstrações contábeis 
elaboradas em sua moeda funcional, neste caso, o real. No entanto, ao 
apresentar as demonstrações a sua controladora, deverá convertê-las em 
moeda de apresentação, ou seja, o dólar. 
Para a conversão da moeda em moeda diferente da funcional, devemos 
seguir estes procedimentos: 
 Ativos e passivos para cada balanço patrimonial apresentado (incluindo 
os balanços comparativos) devem ser convertidos, utilizando-se a taxa de 
câmbio de fechamento na data do respectivo balanço; 
 Receitas e despesas para cada demonstração do resultado abrangente 
ou demonstração do resultado apresentada (incluindo as demonstrações 
comparativas) devem ser convertidas pelas taxas de câmbio vigentes nas 
datas de ocorrência das transações; e 
 Todas as variações cambiais resultantes devem ser reconhecidas em 
outros resultados abrangentes. 
Estas últimas variações cambiais são decorrentes de: 
 Conversão de receitas e despesas pelas taxas de câmbio vigentes nas 
datas de ocorrência das transações e conversão de ativos e passivos pela 
taxa de câmbio de fechamento; 
 Conversão dos saldos de abertura de ativos líquidos (patrimônio líquido) 
pela taxa de câmbio de fechamento atual, que difere da taxa de câmbio 
de fechamento anterior. 
 Em países cuja economia é hiperinflacionária, a conversão da moeda 
deve adotar os seguintes procedimentos: 
 Todos os montantes (isto é, ativos, passivos, itens do patrimônio líquido, 
receitas e despesas, incluindo saldos comparativos) devem ser 
convertidos pela taxa de câmbio de fechamento da data do balanço 
patrimonial mais recente; 
 A exceção ao item anterior ocorre quando os montantes forem convertidos 
para a moeda de economia não hiperinflacionária, pois, então, os 
montantes comparativos devem ser aqueles que seriam apresentados 
como montantes do ano corrente nas demonstrações contábeis do ano 
 
 
13 
anterior (isto é, não ajustados para mudanças subsequentes no nível de 
preços ou mudanças subsequentes nas taxas de câmbio). 
4.1 Baixa de entidade no exterior 
Na baixa de entidade no exterior, o montante acumulado de variações 
cambiais relacionadas a essa entidade no exterior, reconhecido em outros 
resultados abrangentes e registrado em conta específica do patrimônio líquido, 
deve ser transferido do Patrimônio Líquido para a demonstração do resultado 
(como ajuste de reclassificação) quando o ganho ou a perda na baixa for 
reconhecido. 
Para o caso de baixa de entidade situada no exterior, o montante 
acumulado da variação cambial relacionada a essa entidade deverá ser 
transferido para o resultado, quando for reconhecido o ganho ou a perda da 
baixa. 
Segundo Gelbcke (2018), quando da baixa, também possuem tratamento 
similar à baixa integral da participação em investimento no exterior as seguintes 
baixas parciais: 
 Quando a baixa parcial envolver a perda de controle de controlada que 
contenha entidade no exterior, mesmo que a entidade mantenha 
participação na ex-controlada após a baixa parcial; e 
 Quando a participação retida após a alienação parcial de uma 
participação em um negócio em conjunto ou uma alienação parcial de uma 
participação em coligada que incluir uma operação no exterior for um ativo 
financeiro que inclui uma operação no exterior (CPC 02). 
Exemplo 
A Cia. Alfa sediada no Brasil em 11/02/2018 criou a subsidiária integral, a Cia. Delta, 
sediada nos USA, com integralização de um capital no valor de US$ 2.500.000,00. Em 
16/03/2018, a Cia. Alfa, necessitando expandir as suas operações no exterior, obteve um 
financiamento de longo prazo junto ao BIRD no montante de US$ 5.000.000,00, com carência 
de 3 anos. Por medidas de precaução, no ato do empréstimo, a Cia. Alfa designou US$1.000.000,00 como um hedge de seu investimento líquido na subsidiária integral nos USA. 
Dados: 
I. A taxa de câmbio no período de 11/02/2018 a 16/03/2018: US$ 1,00 = R$ 2,00. 
II. Balanço patrimonial da Cia. Alfa em 11/02/2018 imediatamente antes da aquisição do 
investimento na Cia. Delta: 
 
 
14 
 
(1) Registro na Cia. Alfa da aquisição dos investimentos da Cia. Delta em 11/02/2018 em reais: 
 
(2) Registro na Cia. Alfa da aquisição dos empréstimos no BIRD em 16/03/2018 em reais: 
 
(3) Registro na Cia. Alfa da operação de hedge em 16/03/2018 em reais: 
 
Balanço patrimonial da Cia. Alfa em 16/03/2018 imediatamente após as operações de 
empréstimos e hedge: 
 
O CPC 02 não se aplica à contabilização de operações de hedge para itens em moeda 
estrangeira, incluindo o hedge de investimento líquido em entidade no exterior. Portanto, a 
parte da dívida no montante de US$ 1.000.000,00 qualificada como um instrumento de hedge 
na Cia. Delta está fora do âmbito do CPC 02, mas no alcance do CPC 38. O restante do 
empréstimo, no montante de US$ 4.000.000,00, está dentro do alcance do CPC 02. 
Fonte: Adriano, 2018, p 158. 
 
 
15 
TEMA 5 – DIVULGAÇÃO 
 Com relação à divulgação das variações cambiais, o CPC determina que 
a entidade deve divulgar: 
 O montante das variações cambiais reconhecidas na demonstração do 
resultado, com exceção daquelas originadas de instrumentos financeiros 
mensurados ao valor justo por meio do resultado, e 
 Variações cambiais líquidas reconhecidas em outros resultados 
abrangentes e registradas em conta específica do patrimônio líquido e a 
conciliação do montante de tais variações cambiais, no início e no final do 
período. 
Quando a moeda de apresentação das demonstrações contábeis for 
diferente da moeda funcional, esse fato deve ser relatado juntamente com a 
divulgação da moeda funcional e da razão para a utilização de moeda de 
apresentação diferente. 
Algumas vezes, a entidade apresenta suas demonstrações contábeis ou 
outras informações financeiras em moeda que não é a sua moeda funcional, sem 
cumprir as exigências do item 55. Por exemplo, a entidade pode converter para 
outra moeda somente itens selecionados de suas demonstrações contábeis. Ou, 
ainda, a entidade cuja moeda funcional não é a moeda de economia 
hiperinflacionária pode converter suas demonstrações contábeis para outra 
moeda, aplicando a todos os itens a taxa de câmbio de fechamento mais recente. 
55. Quando a entidade apresentar suas demonstrações contábeis em 
moeda que é diferente da sua moeda funcional, ela só deve mencionar 
que essas demonstrações estão em conformidade com as práticas 
contábeis adotadas no Brasil se elas estiverem de acordo com todas 
as exigências de cada Pronunciamento Técnico, Orientação e 
Interpretação do CPC aplicáveis, incluindo o método de conversão 
definido nos itens 39 e 42. (CPC 02) 
Quando a entidade apresentar suas demonstrações contábeis ou outras 
informações financeiras em moeda que seja diferente da sua moeda funcional 
ou da moeda de apresentação das suas demonstrações contábeis, e as 
exigências do item 55 não forem observadas, a mesma entidade deve: 
 Identificar claramente as informações como sendo informações 
suplementares para distingui-las das informações que estão de acordo 
com as práticas contábeis adotadas no Brasil; 
 
 
16 
 Divulgar a moeda utilizada para essas informações suplementares; e 
 Divulgar a moeda funcional da entidade e o método de conversão utilizado 
para determinar as informações suplementares. 
TROCANDO IDEIAS 
(Contador CEFET Cesgranrio 2014): O pronunciamento técnico CPC 02 (R2) do 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis trata das mudanças nas taxas de câmbio 
e conversão de demonstrações contábeis. De acordo com o acima citado CPC, 
a expressão “é a relação de troca entre duas moedas” indica a definição de: 
a. taxa de câmbio. 
b. moeda funcional. 
c. variação cambial. 
d. moeda estrangeira. 
e. taxa de fechamento. 
A resposta está no final deste documento. 
NA PRÁTICA 
Este caso foi extraído da obra de Adriano (2018, p. 168), e a resposta está 
no final deste documento. 
A empresa Asa Norte S.A. obteve um empréstimo em uma instituição 
financeira americana no valor de US$ 100.000,00, em 01/10/2018, com prazo de 
vencimento de 5 anos. Os juros incidem trimestralmente a uma taxa de 8% ao 
trimestre e são incorporados ao principal. O dólar estava cotado para compra no 
dia do empréstimo a 2,00 e no encerramento do exercício social de 2018 a 2,20. 
Sabendo-se que a taxa de câmbio média no período foi de 2,30, a empresa Asa 
Norte S.A., ao realizar a conversão do balanço patrimonial em 31/12/2018, vai 
obter, em reais, um valor para os empréstimos: 
a. 200.000,00. 
b. 220.000,00. 
c. 230.000,00. 
d. 237.600,00. 
 
 
17 
FINALIZANDO 
Prezado aluno, com a economia globalizada, é importante que o contador, 
principalmente das grandes empresas, para que sejam realizadas operações 
com investidores, parceiros, fornecedores e clientes do exterior, de forma que a 
empresa pode crescer em outras localidades. Para isso, precisamos aplicar as 
regras do CPC 02, que trata da conversão da moeda estrangeira e da 
consolidação das demonstrações entre empresas com moedas distintas. 
Espero que você tenha conseguido realizar as atividades propostas neste 
material, assim como nas demais aulas. 
Bons estudos. 
 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
ADRIANO, S. Manual dos pronunciamentos contábeis comentados. São 
Paulo: Atlas, 2018. 
ALMEIDA, M. C. Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC. São 
Paulo: Altas, 2014. 
ANDRADE FILHO, E. O. Imposto de renda das empresas. 12. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
BRASIL, Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. 
_____. Resolução n. 1.295, de 17 de setembro de 2010. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 7 out. 2010. 
BORINELLI, M. L.; PIMENTEL, R. C. Contabilidade para gestores, analistas 
e outros profissionais. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2017. 
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 02 (R2) – Efeitos das 
mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis. 
Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=9>. Acesso em: 8 jun. 2018. 
FERRARI, E. L. Contabilidade geral: teoria e mais de 1.000 questões. 12. ed. 
rev. Rio de Janeiro: Impetrus, 2012. 
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária. 3. ed. São Paulo: 
Atlas, 2018. 
IUDICIBUS, S. de. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
IUDICIBUS, S. de; MARION, J. C. Contabilidade comercial. 10. ed. São Paulo: 
Atlas, 2016. 
MARTINS, E. et al. Manual de contabilidade societária. 2. ed. São Paulo: 
Atlas, 2013. 
VICECONTI, P.; NEVES, S. das. Contabilidade avançada e análise das 
demonstrações financeiras. 17. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2013. 
 
 
 
19 
RESPOSTAS 
Resposta da atividade da seção TROCANDO IDEIAS: 
Alternativa correta: a. 
Resposta da atividade da seção NA PRÁTICA 
Registro na data do empréstimo: 
D – Banco conta Movimento 200.000,00 
C – Empréstimos 200.000,00 
De acordo com o CPC 02, as variações cambiais advindas da liquidação 
de itens monetários ou da conversão de itens monetários por taxas diferentes 
daquelas pelas quais foram convertidas quando da mensuração inicial, durante 
o período ou em demonstrações contábeis anteriores, devem ser reconhecidas 
na demonstração do resultado no período em que surgirem. 
Nesse caso, em 31/12/2018, a variação cambial passiva decorrente dos 
empréstimos em dólares e os juros passivos, ambos, devem ser apropriados 
para o resultado do exercício de 2018. 
Registro da variação cambial passiva em 31/12/2018: 
Empréstimo em US$ em 01/10/2018 100.000,00 
x (Câmbio em 31/12/2018 – Câmbio em 01/10/2018) x(2,20 – 2,00) 
= Variação Cambial Passiva em31/12/2018 20.000,00 
D – Variação Cambial Passiva (resultado) 20.000,00 
C – Empréstimos 20.000,00 
Registro dos juros passivos em 31/12/2018: 
Empréstimo em US$ em 01/10/2018 100.000,00 
Taxa de Câmbio em 31/12/2018 2,20 
= Empréstimo em 31/12/2018 220.000,00 
X Taxa de juros no período x8% 
= juros passivos em 31/12/2018 17.600,00 
D – Juros Passivos (resultado) 17.600,00 
C – Empréstimos 17.600,00 
Data da contratação do empréstimo 
Empréstimo US$ 100.000,00 
Taxa câmbio histórica 2,00 
Empréstimo R$ 200.000,00 
Data da conversão – 31/12/2018 
Empréstimo US$ 108.000,00 
Taxa câmbio fechamento 2,20 
Empréstimo R$ 237.600,00 
 
 
20 
Na data da conversão das demonstrações contábeis, aplica-se a taxa de 
fechamento. A diferença de R$ 37.600,00 corresponde a uma variação cambial 
passiva de R$ 20.000,00 e à incidência de juros passivos de R$ 17.600,00, que 
são reconhecidos no resultado do exercício. 
Alternativa correta: d.

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