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O que são alterações cadavéricas As aterações cadavéricas são mudanças corporais que ocorrem imediatamente após a morte. Inicia-se nas células e envolve processos complexos e biológicos. Classificação dos fenômenos cadavéricos Alguns dos sinais abióticos imediatos são: fácies hipocrática (expressão), perda da consciência, perda da sensibilidade, perda de tônus muscular, relaxamento dos esfíncteres, arreflexia, parada cardio-respiratória e silêncio de aparelhos. Já como fenômenos abióticos consecutivos, temos: Livor mortis ou hipostase cadavérica, Algor mortis ou frialdade cadavérica, Rigor mortis ou rigidez cadavérica, embebição pela hemoglobina, embebição pela bile, timpanismo ou meteorismo pós-morte e pseudo prolapso retal. Lembrar da tríade da morte: (LAR) – Livor mortis, Algor mortis e Rigor mortis Livor mortis É uma hipóstase cadavérica, que se instala de 1 a 3 horas e se fixa de 8 a 12 horas. O mecanismo ocorre por meio da parada da circulação, onde o sangue não coagulado sofre ação da gravidade e vai para as partes mais próximas do chão, no cadáver, causando manchas hipostáticas. Da para diferenciar o hematoma ante-mortem de um livor mortis por conta que o hematoma é um trauma que rompeu vasos e as hemácias se fixam nos tecidos, permitindo que a coloração não mude perante uma pressão. Já em casos de um livor mortis, as hemácias permanecem nos vasos e não extravasa para os músculos. O sangue que circulava no corpo, depois que cessaram os movimentos cardíacos, sofre a chamada coagulação. Quando o coágulo é recente é todo vermelho (pelo excesso de hemácias), na medida em que o tempo passa se torna amarelado, assim temos dois tipos de coágulos: cruórico e lardáceo (vermelho e amarelo respectivamente). O trombo é o mesmo que coágulo, porém é formado durante a vida, enquanto o coração bate. Algor mortis O algor mortis é o esfriamento cadavérico. Ocorre por conta que o organismo morto já não consegue fazer uma termorregulação por não haver mais atividade celular. Com isso, ocorre uma dissipação de calor e consequentemente um resfriamento gradual. A dissipação é algo relativo, variando de acordo com: temperatura, tempo, situação do animal (peludo ou não) e local da morte (água, lama, terra seca, etc). A curva de esfriamento cadavérico é uma diminuição de aproximadamente 1ºC por hora. Rigor mortis O rigor mortis é uma rigidez cadavérica, que tem inicio de 2 a 4 horas e dura cerca de 12 a 24 horas pós-mortem. O rigor ocorre por falta de ATP, que era responsável em permitir que o musculo relaxe. Os mecanismos ocorrem: • Fase pré-rigor (flacidez muscular): o Reserva de glicogênio muscular (ATP) é o que mantém o relaxamento muscular; Alterações cadavéricas e necropsia o Ausência de oxigenação → Aumento de ácido láctico → Diminuição do pH e gradual do ATP. • Fase de rigor (rigidez muscular): o Esgotamento do glicogênio de reserva; o A ausência de ATP leva a uma forte união entre a actina e miosina. • Fase de pós-rigor (amolecimento muscular): o Destruição da actina e miosina pelas enzimas proteolíticas decorrente aos processos de autólise e heterólise; o Ocorre o relaxamento dos músculos e das articulações. O rigor mortis é mais comum em animais com grande massa muscular e em menor intensidade em animais jovens e idosos. O coração é o músculo que mais utiliza ATP. Por ele conter o lado esquerdo com maior espessura do que o direito, ele possui uma maior capacidade de bombeamento. Em animais sem cardiopatias, não vai haver coágulos do lado esquerdo do coração. Decomposição (fenômenos putrefativos) A decomposição é a alteração cadavérica mais distinta e definitiva. Ela inicia-se em nível molecular, imediatamente após a morte. Ocorre falhas de manutenção de gradiente de concentração, hipóxia e lise de membranas celulares. Quando as células morrem, elas liberam suas organelas para o exterior e dentre elas estão substâncias líticas que irão degradar outras células. Esta cadeia de digestão celular é chamada de autólise. Simultaneamente, inicia-se a proliferação bacteriana (putrefação), que é dividida em fases: cromática, gasoso, liquefativo e esqueletização. A fase cromática está ligada a uma alteração de coloração: esverdeada, amarronzada ou enegrecida. Embebição pela hemoglobina São manchas avermelhadas em endotélios vasculares e adjacência de vasos. A dissolução de coágulos é causada pela hemólise, onde há liberação da hemoglobina. Embebição pela bile Ocorre nas proximidades da vesícula biliar e nas cavidades onde a bile penetrou-se. Sabe-se que a bile é um pigmento. ao extravasar do ductos e vesícula biliar cora os tecidos adjacentes em amarelo esverdeado. Timpanismo pós-morte Os microosganismos do trato gastrointestinal continuam a fermentação do conteúdo. Neste processo há formação de gas e por não haver mais peristaltismo o gás se acumula promovendo o timpanismo post-mortem. Em casos de equinos, um diagnóstico diferencial seria a cólica, porém seria facilmente distinguido. Pseudo-prolapso retal O timpanismo post mortem promove um aumento da pressão intra abdominal fazendo com que as visceras saiam atravez de orificios fisiologicos. Assim ocorre a saida do reto atravez do anus promovendo o prolapso retal. Fenômenos cadavéricos transformativos É formada pela decomposição, putrefação ou heterólise. Sob o ponto de vista prático, não se justifica mais a necropsia, a não ser que exista envolvimento judicial. Enfisema cadavérico É uma crepitação que ocorre no cadáver. O motivo são bactérias putrefativas que estão presentes nos tecidos, que quando morto, é digerido e formam H2S. Maceração É a destruição em meio líquido, favorecida em ambientes úmidos e quentes. Observa-se no cadáver o destacamento de amplos retalhos de tegumentos cutâneos. Coliquação É uma dissolução pútrida com liquefação de vísceras e dos tecidos moles. Esqueletizão Pela ação da fauna e do meio ambiente com destruição dos tecidos, restando apenas o esqueleto, cabelos e dentes. Mumificação É um processo pelo qual qualquer cadáver cujos tecidos moles, em vez de se decomporem pela putrefação, endurecem pela dessecação. • Natural: desidratação e secamento do corpo e da pele provocados pela ventilação, pela alta temperatura do solo ou local de sepultamento; • Artificial: requer processo especializado (formolização e embalsamento); • Patológica: feto mumificado. Fatores que interferem nos fenômenos cadavéricos • Temperatura do ambiente: quanto maior a temperatura, mais rápida ocorre ás alterações pós-morte; • Tamanho do animal: Animais menores entram em rigor mortis mais rápido, porém, em animais maiores as alterações autolíticas são mais rápidas em relação aos animais menores; • Estado nutricional: O animal com alto flicogênio muscular entra em rigor mortis mais lentamente, ao contrário daqueles com baixo glicogênio muscular; • Cobertura corporal (pêlos, penas, gordura, etc): demora mais para resfriar e a retenção de calor acelera a autólise; • Circulação de ar: Em locais fechados sem circulação de ar demoram mais para resfriar o corpo, em relação a um lugar com boa circulação; • Causa da morte: Em casos de septicemia, ocorre uma aceleração de alterações post-mortem e em casos com tratamento prolongado com antibióticos, ocorre uma diminuição na proliferação das bactérias, retardando as alterações pós-morte.